Temas Maçônicos
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JACÓ
A “Escada de Jacó” é uma alegoria que está associada á visão que esse
patriarca bíblico teve quando de sua viagem á Padan-Harán, em busca de
uma esposa. Segundo Gênesis, 28; 12, ele se deitou para descansar nas
proximidades de uma cidade chamada Luz e teve um sonho no qual via
uma escada com sua base apoiada na terra e o seu topo tocando no céu. E
por ela uma multidão de anjos subindo e descendo. No cume dessa escada
Deus estava sentado em um trono e lhe disse: “Eu sou o Eterno, Deus de
Abraão, teu pai, e Deus de Isaque; a terra, na qual tu dormes, eu a darei
a ti e á tua descendência”. E depois Deus renovou a Jacó a promessa que
anteriormente já havia feito ao seu avô Abraão e à Isaque, seu pai.
Jacó interpretou o seu sonho visionário como sendo aquele lugar uma
espécie de porta de ligação entre o céu e a terra. Por isso logo praticou ali
os sacrifícios próprios desse tipo de experiência mística, usuais entre os
povos antigos que habitavam aquela região. Marcou aquele lugar com
uma pedra e santificou-o com azeite. A esse lugar ele chamou de Bet-El
(Betel).[1]
A Escada de Jacó é uma imagem bem a gosto dos cabalistas, pois, como
vimos, a Cabala figura a presença de Deus no mundo físico como um
ponto luminoso que avulta no espaço cósmico dando início a todas as
realidades do mundo físico. Nesse sentido, podemos dizer que Jacó estava
contemplando, nada mais, nada menos, do que uma imagem da Árvore da
Vida, com a sefirá Kether no topo da escada. Por isso a estranha
informação constante do versículo 20 que diz que
a cidade de Betel, anteriormente á visão de Jacob, se chamava Luz.[2]
AS SETE LEIS HERMÉTICAS
De algum modo todas as "escadas" referidas nos diversos Mistérios
iniciáticos se referem aos “sete mundos”, ou os sete estágios de sabedoria
que o espírito humano deve galgar para atingir a iluminação. Representam
as seis esferas que formam os dois triângulos, os quais, na Árvore da Vida,
simbolizam a estrutura do mundo espiritual (os arquétipos, ou universais)
e do mundo físico. Estes dois triângulos, conhecidos como Ético e
Formativo, são centrados nas sefirot Geburah, Hod e Tiphered (triângulo
ético) e Hod, Netsach e Iesod (triângulo da formação). Junto com Malkuth,
a última sefirá, elas compõem os sete degraus do mundo manifesto,
descrito na Árvore da Vida. Referem-se também ás sete leis do mundo
espiritual, expressas por Hermes Trismegisto, segundo os autores do
Caibalion.[6] Essa obra (Caibalion) reúne os ensinamentos básicos da
doutrina hermética, explicitando as leis que regem a formação de todas as
coisas manifestadas. É uma doutrina, que, em resumo, deduz que o
mundo espiritual é regido pelas seguintes leis:
1.Lei do Mentalismo: expressa no enunciado: "O Todo é Mente; o
Universo é mental."
Nesse enunciado se diz que o universo é gerado pelo pensamento
divino. Há um “ser” que pensa o universo e gera leis que regem a sua
formatação. Por meio dessas leis o Criador rege e desenvolve toda a
realidade cósmica. Assim, todo grão de matéria universal tem uma
“centelha” do pensamento de Deus. Nesse sentido nós também temos,
aprisionada em nosso corpo material, uma centelha desse princípio
luminoso, essa energia latente que deu origem a tudo que existe.
2.Lei da Correspondência, expressa no enunciado: "O que está em cima é
como o que está embaixo. E o que está embaixo é como o que está em
cima".
É a lei da relatividade, expressa em termos espirituais. Aqui se diz que
as perspectivas mudam de acordo com as referências que temos das
coisas. A visão que temos da terra nos impede de enxergar outros
domínios acima e abaixo de nós. A nossa atenção fica concentrada naquilo
que podemos ver e abarcar com nossos sentidos, de maneira que o que
está além do território da nossa sensibilidade nos escapa. Mas o universo
é igual em toda parte. O microcosmo reflete o que existe no macrocosmo.
O que ocorre no infinito do espaço é como o que ocorre no interior do
átomo.
3.Lei da Vibração, que se expressa pelo enunciado: "Nada está parado,
tudo se move, tudo vibra"
Essa lei assegura que todo movimento do universo é vibratório. Esse
princípio dá vida e movimento ao cosmo em sua totalidade. Todas as
coisas têm seu próprio regime de vibração. Nada está em repouso. Nada é
inerte na natureza. Das galáxias às partículas subatômicas, tudo se
movimenta, procurando suas próprias conformações. Essa é uma verdade
já comprovada pela ciência moderna. Toda matéria (e espírito também)
são feitos de átomos, os quais são gerados por ondas e partículas de
energia que se movem e oscilam conforme suas próprias estruturas o
exigem. Não há matéria passiva ou inerte no universo, como pode parecer
aos nossos olhos, mas todas têm movimento, porque tudo é feito de
energia e a energia nunca se submete á inércia.
4.Lei da Polaridade, expressa no enunciado: "Tudo é duplo no universo,
tudo tem dois pólos, tudo tem o seu oposto."
A polaridade é uma lei necessária á constituição das realidades
universais. É preciso o macho e a fêmea para gerar um novo ser, as trevas
para que a luz possa brilhar, o falso para que o verdadeiro possa ser
revelado, o frio para que o quente se manifeste e assim por diante. Essa
verdade já havia sido denunciada pelos filósofos taoístas na simbologia
yin\yang.[7] A atração entre os opostos representa a chave de poder no
sistema hermético. Os opostos são apenas extremos da mesma realidade.
Sem pólo negativo e positivo, a corrente não se movimenta e não gera
energia. Por isso os hermetistas representavam o universo através da
imagem de uma serpente que engole a própria cauda (a serpente
oroboros).
5.Lei do Ritmo, expressa pelo enunciado: "Tudo tem um fluxo e um
refluxo, tudo que sobe desce, tudo que vai, volta. Sem esse ritmo não
haveria equilíbrio."
Essa é uma lei que deriva da anterior (lei da polaridade) e a
complementa. Pode-se dizer que o princípio é manifestado pela ação
criativa e a ação destrutiva. A ciência moderna já comprovou esse fato. As
ondas de energia executam movimentos rítmicos que compreendem
ascensão e queda, onde a energia cinética se converte em potencial e a
potencial em cinética. Os opostos se movem em círculos. As correntes se
expandem até chegar ao ponto máximo, e depois de atingir sua maior
força se tornam massas amorfas, recomeçando um novo ciclo, dessa vez
em um sentido inverso. A lei do ritmo serve para assegurar a manutenção
do equilíbrio universal. É a lei que rege a vida e a morte das espécies.
6.Lei do Gênero, expressa pelo seguinte enunciado: "Tudo tem seu próprio
gênero: Os princípios, Masculino e Feminino, se manifestam em todos os
planos da criação".
Nesse enunciado se assevera que nada pode ser gerado no universo
sem a presença de um princípio feminino e um masculino. Esses princípios
não existem independentes um do outro, mas suas existências só podem
ser manifestadas na presença do seu oposto. Dessa forma não há nada no
universo que seja inteiramente masculino ou feminino. Em todos os seres
da natureza, física e orgânica, há um balanceamento entre esses dois
princípios. A predominância de um ou outro em certos elementos ou
organismos, ou eventos, ocorre por força da função que a natureza lhes
delega no processo de geração.
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7.Lei de Causa e Efeito, expressa no enunciado: "Toda causa tem seu
efeito, todo efeito tem sua causa."
Nessa lei se diz que nada acontece por acaso, pois essa possibilidade
não existe no universo. O que chamamos de acaso é simplesmente o
desconhecimento das causas que provocam um fenômeno. Desse
enunciado se deduz que existe “responsabilidade” por trás de todos os
acontecimentos, o que nos leva ao princípio admitido pelos cabalistas e
pelos adeptos das doutrinas orientais que trabalham com a noção do
carma. Essa verdade também já foi comprovada pela ciência moderna,
que nela vê um princípio atuante, chamado pelos estudiosos de “efeito-
borboleta”. Esse efeito, expresso na famosa Teoria do Caos, proposta pelo
matemático Edward Lorenz em 1963, diz que qualquer ação, por menor e
mais irrelevante que seja, gera conseqüências no equilíbrio do universo.
Devemos, portanto, tomar muito cuidado com o que fazemos.
Toda essa simbologia é encontrada nos ritos maçônicos e aproveitada
para transmissão dos seus ensinamentos. Ela pode ser verificada
principalmente no catecismo do grau 28, denominado “Cavaleiro do Sol”,
um grau de conteúdo essencialmente místico, com claras alusões a temas
alquímicos e herméticos, e que mostra, também, uma
clara influência da doutrina cabalista.[8]
FLUXO ENERGÉTICO
A Cabala nos diz que não há “vácuos” no universo. Significa dizer que se a
ciência ainda não descobriu as ligações faltantes para o estabelecimento
de uma teoria unificada do universo, não é por que ela não exista, mas sim
porque os nossos sentidos ainda não se desenvolveram o suficiente para
percebê-las.
Mas nas camadas mais profundas do nosso inconsciente há relações
insuspeitas que nos ligam á energia dos princípios, porque, afinal de
contas, a nossa alma é uma centelha desgarrada desse corpo inicial que
deu origem a tudo que existe. E a vida (inteligente) nos foi dada para que
possamos depurar essa centelha de luz que foi encerrada na matéria
quando Deus fez o mundo físico.