Monografia UFLA
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Monografia UFLA
LAVRAS – MG
2019
MATHEUS BASÍLIO RODRIGUES FERNANDES
LAVRAS – MG
2019
Ficha catalográfica elaborada pela Coordenadoria de Processos Técnicos
da Biblioteca Universitária da UFLA
CDD-808.066
MATHEUS BASÍLIO RODRIGUES FERNANDES
LAVRAS – MG
2019
AGRADECIMENTOS
1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
1.1 Contextualização e motivação do estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
1.2 Organização da monografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
2 TÓPICOS DE CÁLCULO VARIACIONAL E DINÂMICA DE CORPOS
RÍGIDOS PELO PRINCÍPIO DE HAMILTON . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.1 Tópicos de cálculo variacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.2 O Princípio de Hamilton . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2.3 Equações de movimento de um mecanismo quatro-barras rígido pelo Prin-
cípio de Hamilton . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
3 DINÂMICA DE SISTEMAS MULTICORPOS FLEXÍVEIS PELA FOR-
MULAÇÃO ANCF . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
3.1 A Formulação de Coordenadas Nodais Absolutas (ANCF) . . . . . . . . . 26
3.2 Equações de movimento para os elementos finitos ANCF através do Prin-
cípio de Hamilton . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
3.3 Formulação do elemento de viga ANCF . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
3.3.1 Cinemática do elemento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
3.3.2 Energia cinética do elemento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
3.3.3 Energia potencial de deformação do elemento – Formulação 1 . . . . . . . 32
3.3.4 Energia potencial de deformação do elemento – Formulação 2 . . . . . . . 34
3.3.5 Vetor de forças externas generalizadas do elemento . . . . . . . . . . . . . 35
3.3.6 Formulação das restrições . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
3.3.7 Equações de movimento para o elemento de viga ANCF . . . . . . . . . . . 38
3.3.7.1 Vetor de forças elásticas para a Formulação 1 . . . . . . . . . . . . . . . . 39
3.3.7.2 Vetor de forças elásticas para a Formulação 2 . . . . . . . . . . . . . . . . 40
4 INTEGRAÇÃO NUMÉRICA DAS EQUAÇÕES ALGÉBRICO-DIFERENCIAIS
DE MOVIMENTO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
4.1 Técnicas de solução das equações algébrico-diferenciais de sistemas multi-
corpos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
4.2 O método de Hilber-Hughes-Taylor para DAE’s de Índice 3 (HHT-I3) . . . 46
4.3 Implementação computacional do HHT-I3 e integração das equações algébrico-
diferenciais do mecanismo quatro-barras rígido . . . . . . . . . . . . . . . 49
5 EXPERIMENTO NUMÉRICO: MECANISMO QUATRO-BARRAS FLE-
XÍVEL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
5.1 Equações de movimento de sistemas multicorpos . . . . . . . . . . . . . . . 56
5.2 Mecanismo quatro-barras flexível conservativo . . . . . . . . . . . . . . . 58
5.3 Mecanismo quatro-barras flexível não-conservativo . . . . . . . . . . . . . 59
5.4 Mecanismo quatro-barras flexível, quase rígido . . . . . . . . . . . . . . . 61
6 CONCLUSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
APENDICE A – Implementação computacional do HHT-I3 para integra-
ção das EAD’s do mecanismo quatro-barras rígido . . . . . . . . . . . . . 68
10
1 INTRODUÇÃO
Este capítulo começa com uma breve discussão sobre o Cálculo Variacional, o qual re-
presenta a fundação matemática sobre o qual o Princípio de Hamilton está posto. Para discutir os
fundamentos do Cálculo Variacional, o problema da minimização da distância entre dois pontos
é endereçado. Em seguida, o Princípio de Hamilton é apresentado em sua forma mais simples
e modificado para levar em conta, por meio de uma função potencial, forças conservativas que
agem em um sistema. Para exemplificá-lo, por fim, são deduzidas as equações de movimento
de um mecanismo quatro-barras. O problema em questão permite, ainda, ilustrar o processo
de minimização de funcionais sujeitos a vínculos, que é o caso encontrado na modelagem de
sistemas mais complexos.
df
df = dx = 0, em x = x0 (2.2)
dx
De modo análogo, a função u(x) para o qual o funcional I[u(x)] é estacionário (possi-
velmente um extremo) é aquela que faz com que a variação de I, denotada por δ I, seja igual a
01 . Enquanto d (ou ∂ ) representa a variação de uma função de ponto para ponto, δ representa
a variação de um funcional de função para função. O uso dessa notação variacional faz com
que o processo de encontrar extremos de funcionais seja, em certo grau, similar ao cálculo dos
extremos de funções.
De maneira mais concreta, toma-se o seguinte funcional como exemplo:
s 2
Z x1 Z x1
du(x)
I[u(x)] = ds = 1+ dx (2.3)
x0 x0 dx
Esse funcional representa o comprimento da curva u(x), desde o ponto (x0 , u0 ) até o
ponto (x1 , u1 ). A cada curva u(x) associa-se um comprimento específico que é, em geral,
diferente daquele associado a uma outra curva. Para, por exemplo, (x0 , u0 ) = (0, 0) e (x1 , u1 ) =
(2, 4), o comprimento das curvas u1 (x) = 2x e u2 (x) = x2 entre esses pontos é dado por:
s
du1 (x) 2 √
Z 2 Z 2√
I[u1 (x)] = 1+ dx = 1 + 4 dx = 2 5 ≈ 4.47 (2.4)
0 dx 0
s
du2 (x) 2
Z 2 Z 2q
I[u2 (x)] = 1+ dx = 1 + (2x)2 dx (2.5)
0 dx 0
√ 1
= 17 + sinh−1 (4) ≈ 4.65 (2.6)
4
Fica evidente que, quando o funcional I[u(x)] recebe entradas diferentes (funções di-
ferentes), ele retorna escalares diferentes (distâncias diferentes). É de interesse saber qual é a
função que faz com que o funcional retorne o seu valor extremo. De um ponto de vista geomé-
trico, neste caso trivial, a resposta salta aos olhos. Dado que I[u(x)] representa o comprimento
de uma curva que conecta os pontos (x0 , u0 ) e (x1 , u1 ), a curva que minimiza essa distância é a
reta que passa por esses dois pontos: a própria função u1 (x) = 2x. Qualquer outra função admis-
√
sível u(x) irá geral um escalar I[u(x)] que é maior do que 2 5. O cálculo variacional fornece
ferramentas para responder a questões como essa, mesmo para problemas mais complexos.
1 A função u(x) para o qual δ I vale zero é uma função estacionária, que não necessariamente maximiza
ou minimiza I[u]. A determinação rigorosa envolve o cálculo da segunda variação de I, denotada
por δ 2 I (LANCZOS, 1986). No entanto, muitas aplicações (como o Princípio de Hamilton) exigem
apenas a determinação de funções estacionárias, que não necessariamente devem ser extremas. Por
este motivo, aqui, os termos extremo e estacionário são usados de maneira intercambiável.
16
Para mostrar esse resultado usando os conceitos do cálculo variacional, toma-se a vari-
ação do funcional da Eq. 2.3:
Z x1 q Z x1 q
δI = δ 1 + (u0 )2 dx = δ 0
1 + (u )2 dx (2.7)
x0 x0
∂ F(x, u, u0 ) ∂ F(x, u, u0 ) ∂ F(x, u, u0 ) 0
Z x1
= δx+ δu+ δu dx (2.8)
x0 ∂x ∂u ∂ u0
∂F
Em que F(x, u, u0 ) =
p
1 + (u0 )2 . Como δ x = 0 e = 0, tem-se:
∂u
∂ F(x, u, u0 )
Z x1 Z x1
0
δI = δ u dx = u0 (1 + u0 )−1/2 δ u0 dx (2.9)
x0 ∂ u0 x0
Z x1 Z x1
0 0 −1/2 du d
δI = u (1 + u ) δ dx = u0 (1 + u0 )−1/2 (δ u) dx (2.10)
x0 dx x0 dx
h ix1 Z x1 d 0
0 0 −1/2
= u (1 + u ) δu − [u (1 + u0 )−1/2 ] δ u dx (2.11)
x0 x0 dx
Cabe aqui um comentário. Busca-se, neste exemplo, a função que minimiza a distância
entre (x0 , u0 ) e (x1 , u1 ). Por conseguinte, as funções que são possíveis candidatas à solução
do problema devem, necessariamente, passar por esses mesmos pontos. Essas são as funções
ditas admissíveis. Dizemos, neste caso, que u(x) não varia em x = x0 e em x = x1 , de modo que
δ u(x = x0 ) = 0 e δ u(x = x1 ) = 02 . Tem-se, portanto:
Z x1
d
δI = − [u0 (1 + u0 )−1/2 ] δ u dx (2.12)
x0 dx
De acordo com o Lema Fundamental do Cálculo das Variações (CASSEL, 2013), como
u(x) e sua variação δ u são arbitrários, deve-se ter, em cada ponto do domínio x0 ≤ x ≤ x1 :
d 0
[u (1 + u0 )−1/2 ] = 0 (2.13)
dx
u0 (1 + u0 )−1/2 = c1 (2.14)
u0 = c1 (1 + u0 )1/2 (2.15)
u(x) = c2 x + c3 (2.19)
u1 − u0
u(x) = u0 + (x − x0 ) (2.20)
x1 − x0
Conforme esperado, trata-se de uma reta que passa pelos pontos (x0 , u0 ) e (x1 , u1 ).
Esse simples exemplo pode, à primeira vista, não deixar claro o poder do Cálculo Vari-
acional. Acontece, no entanto, que a formulação por primeiros princípios de algumas questões
da física leva, de maneira natural, a formulações variacionais. Não raro, essa forma variacional
do problema fornece um elegante insight quanto às sutilezas do processo físico subjacente a ele.
Frequentemente, essas sutilezas não são evidentes quando se analisa a sua formulação diferen-
cial, que é mais comumente apresentada e discutida. O Princípio de Hamilton, que é discutido
a seguir, é um notório representante desse fenômeno.
O Princípio de Hamilton estabelece que a trajetória r(t) de uma partícula, sobre a qual
atua uma força f(t), é a função estacionária do seguinte funcional:
Z t2 Z t2
δ T dt + f · δ r dt = 0 (2.21)
t1 t1
18
Onde T é a energia cinética e f · δ r é o trabalho virtual das forças que atuam sobre a
partícula. Fala-se em trabalho virtual para levar em consideração todas as forças que agem no
sistema, independente se elas realmente produzem trabalho, ou não. O trabalho virtual f · δ r é
o trabalho produzido por uma força real f agindo sobre uma distância δ r, em uma direção que
seja compatível com a cinemática do problema, isto é, que seja consistente com os vínculos
impostos. A mesma forma do Princípio de Hamilton da Eq. 2.21 pode ser estabelecida para
sistemas de partículas, corpos rígidos e mesmo corpos deformáveis, bastando que as expressões
para T e f sejam escritas de maneira adequada.
Da forma como a Eq. 2.21 está posta, f deve contemplar todas as forças que agem
no sistema, sejam elas conservativas ou não-conservativas. A uma força conservativa f c , no
entanto, pode-se associar um escalar V de modo tal que f c pode ser escrito como o gradiente de
V , isto é:
f c = −∇V (2.22)
O sinal negativo é introduzido para que a força aja na partícula na direção em que a
energia potencial V decresce (∇V tem a direção do máximo crescimento de V ). Dessa maneira,
a Eq. 2.21 pode ser reescrita como:
Z t2 Z t2
δ T dt + (f c + f nc ) · δ r dt = 0 (2.23)
t1 t1
Z t2 Z t2 Z t2
c
δ T dt + f · δ r dt + f nc · δ r dt = 0 (2.24)
t1 t1 t1
Z t2 Z t2 Z t2
δ T dt − ∇V · δ r dt + f nc · δ r dt = 0 (2.25)
t1 t1 t1
Z t2 Z t2 Z t2
∂V ∂V ∂V
δ T dt − δx+ δy+ δ z dt + f nc · δ r dt = 0 (2.26)
t1 t1 ∂x ∂y ∂z t1
Z t2 Z t2 Z t2
δ T dt − δV dt + f nc · δ r dt = 0 (2.27)
t1 t1 t1
Z t2 Z t2
δ (T −V ) dt + f nc · δ r dt = 0 (2.28)
t1 t1
Z t2 Z t2
δ L dt + f nc · δ r dt = 0 (2.29)
t1 t1
Z t2
δS = δ (T −V ) dt = 0 (2.30)
t1
19
Z t2
δS = δ L dt = 0 (2.31)
t1
T = T1 + T2 + T3 (2.32)
1 1 1 1 1 1
= m1 v21 + I1 θ̇12 + m2 v22 + I2 θ̇22 + m3 v23 + I3 θ̇32 (2.33)
2 2 2 2 2 2
V = V1 +V2 +V3 (2.34)
L1 L2 L3
= m1 g sin θ1 + m2 g L1 sin θ1 + sin θ2 + m3 g sin θ3 (2.35)
2 2 2
Os vínculos geométricos entre esses ângulos podem ser estabelecidos notando-se que:
Onde:
θ
1
L cos θ L cos θ
1 1 2 2
q = θ2 , rOA = , rAB = ,
L sin θ L sin θ
θ
1 1 2 2
3
(2.37)
x L cos θ
P 3 3
rOP = e rPB =
0 L sin θ
3 3
Mesmo para um mecanismo simples como o quatro-barras em estudo, não é trivial es-
crever θ2 e θ3 como funções explícitas de θ1 . De fato, nem mesmo o pacote de matemática
simbólica do MATLAB foi capaz de fazê-lo. Por conseguinte, é bastante conveniente escrever
as equações de movimento em termos de θ1 , θ2 e θ3 e levar em conta os vínculos entre eles
através de multiplicadores de Lagrange (CASSEL, 2013). Escreve-se, para tanto, a seguinte
expressão para o Lagrangiano aumentado:
L̃ = L − λ T C(t, q) (2.40)
21
L̃ = T −V − λ T C(t, q) (2.41)
Onde Ci é a linha i do vetor C(t, q), que está dado na Eq. 2.36, e λ (t) = {λ1 λ2 }T é o
vetor de multiplicadores de Lagrange. Tem-se, portanto, um multiplicador de Lagrange associ-
ado a cada vínculo independente. De modo geral, os multiplicadores de Lagrange são funções
de todas as coordenadas independentes (no caso, apenas o tempo t). A mesma expressão para
o Princípio de Hamilton pode ser utilizada, meramente substituindo-se L por L̃ nas Eq. 2.21 ou
2.29.
Calculando-se as velocidades dos centros de massa dos links, as suas energias cinéticas
podem ser escritas como:
T = T1 + T2 + T3 (2.42)
1 1 1 1 1 1
= m1 v21 + I1 θ̇12 + m2 v22 + I2 θ̇22 + m3 v23 + I3 θ̇32 (2.43)
2 2 2 2 "2 2
2 2
1 L1 1 2 1 L2 θ̇2 cos θ2
= m1 θ̇1 + I1 θ̇1 + m2 L1 θ̇1 cos θ1 +
2 2 2 2 2
2 # 2 (2.44)
L2 θ̇2 sin θ2 1 2 1 L3 1
+ L1 θ̇1 sin θ1 + + I2 θ̇2 + m3 θ̇3 + I3 θ̇32
2 2 2 2 2
L̃ = T −V − λ T C(t, q) (2.45)
2 " 2
1 L1 1 2 1 L2 θ̇2 cos θ2
= m1 θ̇1 + I1 θ̇1 + m2 L1 θ̇1 cos θ1 +
2 2 2 2 2
2 # 2
L2 θ̇2 sin θ2 1 2 1 L3 1
+ L1 θ̇1 sin θ1 + + I2 θ̇2 + m3 θ̇3 + I3 θ̇32
2 2 2 2 2 (2.46)
L1 L2 L3
− m1 g sin θ1 − m2 g L1 sin θ1 + sin θ2 − m3 g sin θ3
2 2 2
− λ1 (L1 cos θ1 − xP + L2 cos θ2 − L3 cos θ3 ) − λ2 (L1 sin θ1 + L2 sin θ2 − L3 sin θ3 )
Para emprego do Princípio de Hamilton calcula-se a variação de δ L̃, tal qual a seguir:
∂ L̃ ∂ L̃ ∂ L̃ ∂L ∂L ∂L
δ L̃ = δ θ1 + δ θ2 + δ θ3 + δ θ̇1 + δ θ̇2 + δ θ̇3 (2.47)
∂ θ1 ∂ θ2 ∂ θ3 ∂ θ̇1 ∂ θ̇2 ∂ θ̇3
22
∂ L̃ ∂L
De onde usou-se o fato de que = , pois os vínculos são todos holonômicos, de
∂ θ̇i ∂ θ̇i
modo que C(t, q) não depende de q̇. Continuando o desenvolvimento da Eq. 2.47, tem-se:
∂ L̃ ∂ L̃ ∂ L̃ ∂L ∂L ∂L
δ L̃ = δ θ1 + δ θ2 + δ θ3 + δ θ̇1 + δ θ̇2 + δ θ̇3 (2.48)
∂ θ1 ∂ θ2 ∂ θ3 ∂ θ̇1 ∂ θ̇2 ∂ θ̇3
∂L ∂L ∂L ∂C1 ∂C1 ∂C1
= δ θ1 + δ θ2 + δ θ3 − λ1 δ θ1 + δ θ2 + δ θ3
∂ θ1 ∂ θ2 ∂ θ3 ∂ θ1 ∂ θ2 ∂ θ3
(2.49)
∂C2 ∂C2 ∂C2 ∂L ∂L ∂L
− λ2 δ θ1 + δ θ2 + δ θ3 + δ θ̇1 + δ θ̇2 + δ θ̇3
∂ θ1 ∂ θ2 ∂ θ3 ∂ θ̇1 ∂ θ̇2 ∂ θ̇3
Z t2
δ L̃ dt =
t1
Z t2
δ θ
1
δ θ1
∂L ∂L ∂L ∂C ∂C ∂C
δ θ2 − {λ1 λ2 } δ θ2
t1 ∂ θ1 ∂ θ2 ∂ θ3
∂ θ1 ∂ θ2 ∂ θ3
δ θ
δ θ
3 3
23
t2
δ θ1
δ θ1
d ∂L d ∂L d ∂L ∂L ∂L ∂L
− δ θ2 dt +
δ θ2
dt ∂ θ̇1 dt ∂ θ̇2 dt ∂ θ̇3
∂ θ̇1 ∂ θ̇2 ∂ θ̇3
δ θ
δ θ
3 3
t1
(2.52)
Z t2 Z t2
δ L̃ dt = QT δ q dt (2.54)
t1 t1
Trata-se, agora, o segundo termo da Eq. 2.29. De maneira geral, ele pode ser reescrito
de modo que se tenha δ r como função de δ q, tal qual segue:
Z t2 Z t2
f nc · δ r dt = 0
δ L̃ dt + (2.55)
t1 t1
Z t2 Z t2
T nc ∂r ∂r ∂r
Q δ q dt + f · δ θ1 + δ θ2 + δ θ3 dt = 0 (2.56)
t1 t1 ∂ θ1 ∂ θ2 ∂ θ3
Z t2 Z t2
T nc ∂ r nc ∂ r nc ∂ r
Q δ q dt + f · δ θ1 + f · δ θ2 + f · δ θ3 dt = 0 (2.57)
t1 t1 ∂ θ1 ∂ θ2 ∂ θ3
Z t2 Z t2
δ θ1
nc ∂ r nc ∂ r nc ∂ r
T
Q δ q dt + f · f · f · δ θ2 dt = 0 (2.58)
t1 t1 ∂ θ1 ∂ θ2 ∂ θ3
δ θ
3
Z t2 Z t2
T
Q δ q dt + QTe δ q dt = 0 (2.59)
t1 t1
24
Z t2
(Q + Qe )T δ q dt = 0 (2.60)
t1
Q + Qe = 0 (2.61)
T
∂L T ∂C T
d ∂L
− + λ = Qe (2.63)
dt ∂ q̇
∂q ∂q
d ∂L T
T
∂L
− + CT
q λ = Qe (2.64)
dt ∂ q̇ ∂q
força necessária para manter os vínculos cinemáticos. É claro que esse termo desaparece quando
a restrição é satisfeita pois, se isso ocorre, C(t, q) é identicamente nulo e, portanto, Cq também
o é. Isso é ratificado pelo fato de o trabalho virtual das forças de reação ser nulo, já que os
deslocamentos virtuais possíveis são ortogonais às forças de reação. Assim, a física subjacente
ao problema mantém-se inalterada, enquanto que a trajetória é forçada a ser condizente com os
vínculos impostos.
Calculando-se as derivadas presentes na Eq. 2.63 chega-se às três equações de movi-
mento do sistema, escritas a seguir:
L12
2 L1 L2
I1 + m1 + m2 L1 θ̈1 + m2 cos(θ1 − θ2 )θ̈2 − L1 sin θ1 λ1 + L1 cos θ1 λ2
4 2 (2.65)
L1 L1 L2
+ (m1 + 2m2 )g cos θ1 + m2 sin(θ1 − θ2 )θ̇22 = Qe1
2 2
25
L22
L1 L2
m2 cos(θ1 − θ2 )θ̈1 + I2 + m2 θ̈2 − L2 sin θ2 λ1 + L2 cos θ2 λ2
2 4 (2.66)
L2 L1 L2
+ m2 g cos θ2 − m2 sin(θ1 − θ2 )θ̇12 = Qe2
2 2
L2
L3
I3 + m3 3 θ̈3 + L3 sin θ3 λ1 − L3 cos θ3 λ2 + m3 g cos θ3 = Qe3 (2.67)
4 2
Ou, de forma matricial,
Mq̈ + CT
q λ = Q(t, q, q̇) (2.68)
Onde
L12
L1 L2
I1 + m 1 + m2 L12 m2 cos(θ1 − θ2 ) 0
4 2
L22
M = m2 L1 L2 cos(θ1 − θ2 ) ,
I2 + m2 0
2 4
L32
0 0 I3 + m3
4
−L1 sin θ1 −L2 sin θ2 L3 sin θ3 (2.69)
Cq = e
L1 cos θ1 L2 cos θ2 −L3 cos θ3
L1 L1 L2 2
Qe1 − (m1 + 2m2 )g cos θ1 − m2 sin(θ1 − θ2 )θ̇2
2 2
L2 L1 L2
Q(t, q, q̇) = Qe2 − m2 g cos θ2 + m2 2
sin(θ1 − θ2 )θ̇1
2 2
L3
Qe3 − m3 g cos θ3
2
As Eq. 2.36 e 2.68 formam um conjunto acoplado de três equações diferenciais e duas
equações algébricas, todas não-lineares, com variáveis desconhecidas θ1 , θ2 , θ3 , λ1 e λ2 . Na
literatura, equações desse tipo são chamadas de equações algébrico-diferenciais (EAD’s). Um
procedimento para a solução dessas equações é endereçado no Capítulo 3.
26
3 DINÂMICA DE SISTEMAS MULTICORPOS FLEXÍVEIS PELA FORMULAÇÃO
ANCF
Uma vez que as coordenadas do elemento são expressas diretamente em termos de po-
sições e inclinações globais, pode-se mostrar que a matriz de massa correspondente é constante
e semelhante àquela que aparece na dinâmica linear de estruturas. No entanto, pelo mesmo
motivo, a energia de deformação do elemento e sua matriz de rigidez são funções altamente
não-lineares das coordenadas nodais, mesmo no simples caso de um modelo linear elástico
(BERZERI; SHABANA, 2000).
Como é mostrado adiante, a definição dos graus de liberdade e das funções de forma do
elemento leva, de maneira bastante imediata, à sua matriz de massa. Talvez o grande desafio
dessa formulação esteja relacionado à definição das forças elásticas e às questões que emergem
a partir dessa definição (como problemas de locking, modos acoplados de deformação, efei-
tos de enrijecimento centrífugo, diferentes modelos constitutivos de materiais, entre outros).
Extensas pesquisas têm sido, ainda hoje, realizadas nessas temáticas (XU; LIU; QU, 2019;
BOZORGMEHRI et al., 2019; NACHBAGAUER, 2014).
A definição das forças elásticas na formulação ANCF envolve duas abordagens concei-
tualmente diferentes (NACHBAGAUER, 2014). Uma delas parte de uma formulação baseada
na mecânica do contínuo. Nela, o trabalho virtual das forças elásticas é escrito como uma inte-
gral no volume do elemento, usando o tensor de deformações de Green–Lagrange e o segundo
tensor de tensões de Piola–Kirchhoff, os quais configuram um par de conjugados energéticos
(SURANA, 2016; REDDY, 2013). Na segunda abordagem, baseada nos conceitos da mecânica
estrutural, as deformações e tensões generalizadas são definidas e escritas na linha elástica do
elemento. Esse modelo, mais simplificado, leva a elementos de viga unidimensionais, os quais
são significativamente menos custosos do ponto de vista computacional. A formulação base-
ada na mecânica do contínuo é, certamente, mais elegante e rica, no sentido de que fenômenos
como modos acoplados de deformação, incluindo da seção transversal, são capturados. Esses
elementos, no entanto, são conhecidos na literatura por apresentares problemas de locking, além
de possuírem muitos graus de liberdade por nó, o que requer mais tempo de processamento.
Nas seções que seguem, duas abordagem são discutidas. A primeira parte plenamente
dos preceitos da mecânica estrutural para a definição da energia de deformação. A segunda
abordagem utiliza conceitos de mecânica estrutural, mas com tensores de deformação provin-
dos da mecânica do contínuo, de modo que uma medida não-linear da relação deslocamento-
deformação é adotada. Ambas as formulações apresentam custo computacional semelhante,
com nós com mesma quantidade de graus de liberdade.
28
A dedução das equações de movimento do elemento finito modelado por meio da for-
mulação ANCF pode ser realizada utilizando-se o Princípio de Hamilton (Eq. 2.29), tal qual no
caso de corpos rígidos. Para tanto, o primeiro passo é escrever a Lagrangiana do elemento, o que
passa pela determinação das expressões para as suas energias cinética e potencial. Considera-
se, por generalidade, o caso de funcionais sujeitos a vínculos holonômicos, tal qual descrito e
exemplificado na Seção 2.3. A expressão para a Lagragiana aumentada é dada por:
L̃ = L − λ T C(t, e) (3.1)
L̃ = T −V − λ T C(t, e) (3.2)
∂L ∂L ∂C
δ L̃ = δe+ δ ė − λ T δe (3.3)
∂e ∂ ė ∂e
∂L ∂L d ∂C
= δe+ (δ e) − λ T δe (3.4)
∂e ∂ ė dt ∂e
Z t2 Z t2
∂L ∂C T ∂L d
δ L̃ dt = δe−λ δe+ (δ e) dt (3.5)
t1 t1 ∂e ∂e ∂ ė dt
Z t2 Z t2
∂L ∂C
T d ∂L
δ L̃ dt = δe−λ δe− δ e dt (3.6)
t1 t1 ∂e ∂e dt ∂ ė
Z t2
∂L T ∂C d ∂L
= −λ − δ e dt (3.7)
t1 ∂e ∂ e dt ∂ ė
Z t2 Z t2
nc ∂r
f · δ r dt = f nc · δ e dt (3.8)
t1 t1 ∂e
29
Z t2
= QTe δ e dt (3.9)
t1
Pensando em termos de trabalhos virtuais, pode-se enxergar o termo QTe δ e como repre-
sentando o trabalho virtual realizado pelas forças externas generalizadas através de um deslo-
camento virtual δ e, isto é:
T T
d ∂L ∂L
− + CT
e λ = Qe (3.11)
dt ∂ ė ∂e
Essa equação, denominada Equação de Lagrange, é bastante geral e pode ser utilizada
tanto para corpos rígidos, quanto flexíveis. Para a obtenção das equações de movimento do
elemento finito baseado na formulação ANCF resta, agora, escrever a expressão para L e realizar
as diferenciações contidas na Eq. 3.11.
Figura 3.1 – Graus de liberdade nodais de uma viga pela formulação ANCF.
e = [e1 e2 e3 e4 e5 e6 e7 e8 ]T (3.13)
Com
∂ r1 ∂ r2
e1 = r1 |x=0 , e2 = r2 |x=0 , e3 = , e4 = ,
∂ x x=0 ∂ x x=0
(3.14)
∂ r1 ∂ r2
e5 = r1 |x=l , e6 = r2 |x=l , e7 = , e8 = .
∂ x x=l ∂ x x=l
Por simplicidade de notação, a dependência temporal de r(t, x), à qual decorre de e(t),
é, a partir daqui, omitida. Utilizando um polinômio cúbico para interpolar os deslocamentos, a
matriz S fica dada por:
31
1 − 3ξ 2 + 2ξ 3 0 l(ξ − 2ξ 2 + ξ 3 ) 0 3ξ 2 − 2ξ 3
S=
0 1 − 3ξ 2 + 2ξ 3 0 l(ξ − 2ξ 2 + ξ 3 ) 0
(3.15)
0 l(ξ 3 − ξ 2 ) 0 x
, ξ =
2
3ξ − 2ξ 3 0 3
l(ξ − ξ ) 2 l
Por meio da Eq. 3.12 e da definição da matriz de funções de forma, Eq. 3.15, o co-
nhecimento do vetor posição de um ponto qualquer da linha elástica da viga fica condicionado
exclusivamente ao conhecimento do vetor e(t). Embora a dependência espacial de r(t, x) já
seja, portanto, conhecida, a evolução temporal deve ser obtida por meio da integração de um
conjunto de EAD’s, como será mostrado.
1
Z
T= ρ ṙT ṙdV (3.16)
2 V
1
Z
= ρ [S(x)ė(t)]T [S(x)ė(t)]dV (3.17)
2 V
1
Z
= ρ ė(t)T S(x)T S(x)ė(t) dV (3.18)
2 V
1
Z
T T
= ė(t) ρ S(x) S(x) dV ė(t) (3.19)
2 V
1
= ė(t)T M ė(t) (3.20)
2
Onde:
Z
M= ρ S(x)T S(x)dV (3.21)
V
13 11l 9 13l
35 0 0 0 − 0
210 70 420
13 11l 9 13l
0 0 0 −
35 210 70 420
l2 13l l2
0 0 − 0
105 420 140
l2 2
13l l
Z 0 0 −
M = ρ ST S dV = 105 420 140
(3.22)
V 13 11l
0 − 0
35 210
13 11l
simétrico 0 −
35 210
l2
0
105
l2
105
i
1 rA − rO 1 (S1A − S1O )e
i= = = (3.24)
i |rA − rO | |rA − rO | (S − S )e
2 2 2 A O
33
1 e5 − e1
= (3.25)
[(e5 − e1 )2 + (e6 − e2 )2 ]1/2 e6 − e2
j
1
j= = k×i (3.26)
j
2
Com base nessas expressões e na teoria clássica de vigas, pode-se escrever a energia
potencial de deformação do elemento de viga, devido aos deslocamentos longitudinais e trans-
versais, como:
2 2 !
∂ 2 ut
Z l
∂ ul
V= EA + EI dx (3.28)
0 ∂x ∂ x2
1 T
εl = (r0 r0 − 1) (3.29)
2
1 T 1
= (eT S0 S0 e − 1) = (eT Sl e − 1) (3.30)
2 2
Z l
1
Vl = EAεl2 dx (3.31)
2 0
Z l
1
Vt = EIκ 2 dx (3.32)
2 0
1 l
Z
Vt = EIκ 2 dx (3.35)
2 0
1 l
Z
T
= EI eT S00 S00 e dx (3.36)
2 0
Zl
T 1 00 T 00
=e EI S S dx e (3.37)
2 0
Nesse modelo, a expressão para a energia total de deformação, composta pelas contri-
buições longitudinais e transversais, é dada por:
Z l
1
V = Vl +Vt = [EAεl2 + EIκ 2 ] dx (3.38)
2 0
Z
δWe = {0 − ρg}δ r dV (3.39)
ZV
= {0
− ρg}δ (Se) dV (3.40)
V
Z
= {0 − ρg}S dV δ e (3.41)
V
1 l 1 l
= mg 0 − 0 − 0 − 0 δe (3.42)
2 12 2 12
= QTe δ e (3.43)
l T
1 l 1
De onde surge que Qe = mg 0 − 0 − 0 − 0 é o vetor de
2 12 2 12
forças externas generalizadas associado à força gravitacional distribuída ao longo do elemento
finito.
36
1 ∂ r2 1 ∂ r1
sin α = , cos α = (3.45)
d 1/2 ∂ x d 1/2 ∂ x
Usando essas duas equações, pode-se chegar a:
∂ r1 ∂ r2 ∂ r2 ∂ r1
δ − δ
∂x ∂x ∂x ∂x
δα = (3.46)
d
e3 δ e4 − e4 δ e3
= (3.47)
d
Assim, tem-se:
δWe = Mδ α (3.48)
e3 δ e4 − e4 δ e3
=M (3.49)
d
Me4 Me3
= 0 0 − 0 0 0 0 δe (3.50)
d d
= QTe δ e (3.51)
T
Me4 Me3
De onde segue que Qe = 0 0 − 0 0 0 0 é o vetor de forças
d d
externas generalizadas associado a um momento aplicado à extremidade inicial do elemento
finito.
37
Considera-se, por exemplo, o vínculo mostrado na Figura 3.3, que expressa um junta de
revolução entre dois elementos i e j. Tal vínculo pode ser escrito como:
j
riP = rP (3.52)
Isto é, o vetor posição do ponto P é o mesmo visto tanto pelo elemento i quanto pelo
elemento j. Reescrevendo essa equação em termos das coordenadas nodais, chega-se a:
j
SiP ei = SP e j (3.53)
Ou:
ei − e j
5 1
C(t, e) = =0 (3.55)
ei − e j
6 2
38
Sugiyama, Escalona e Shabana (2003) deduzem as equações de restrição para uma sé-
rie de outros vínculos entre elementos de viga tridimensionais. Conforme é mostrado, essas
expressões são, em sua maioria, muito mais simples do que as expressões para esses mesmos
vínculos escritas utilizando-se a formulação FFRF ou a dinâmica de corpos rígidos.
A Lagrangiana para o elemento de viga pode ser escrita utilizando as expressões das
Equações 3.20 e 3.28 ou 3.38 para as energias cinética e potencial, respectivamente. Da Eq.
3.20, nota-se que a energia cinética do elemento não depende das coordenadas generalizadas,
isto é, T 6= T (e). A energia potencial, por sua vez, não depende das velocidades generalizadas,
conforme mostram as Eq. 3.28 e 3.38, isto é, V 6= V (ė). Assim, a Eq. de Lagrange (Eq. 3.11)
pode ser escrita como:
T
∂L T
d ∂L
− + CTe λ = Qe (3.56)
dt ∂ ė
∂e
d ∂T T ∂ (−V ) T
− + CTe λ = Qe (3.57)
dt ∂ ė ∂e
d ∂T T ∂V T
+ + CTe λ = Qe (3.58)
dt ∂ ė ∂e
T
∂V T
d ∂T
+ + CT e λ = Qe (3.59)
dt ∂ ė ∂e
T
∂V T
d 1 T T
ė (M + M ) + + CTe λ = Qe (3.60)
dt 2 ∂e
∂V T
d T T T
ė M + + CT e λ = Qe (3.61)
dt ∂e
∂V T
d
(Mė) + + CTe λ = Qe (3.62)
dt ∂e
∂V T
Më + + CT
e λ = Qe (3.63)
∂e
∂V T
maneira que Qk = . Uma vez que V representa uma energia potencial de deformação,
∂e
Qk é denominado vetor de forças elásticas do elemento.
Uma vez que foram obtidas duas expressões diferentes para V (a partir das Formulações
1 e 2), tem-se um vetor de forças elásticas diferente associado a cada uma delas. Esses vetores
são deduzidos a seguir.
Utilizando as Eq. 3.24 e 3.27 na Eq. 3.28, pode-se mostrar (ESCALONA; HUSSIEN;
SHABANA, 1998; SHABANA; HUSSIEN; ESCALONA, 1998) que a expressão para o vetor
de forças elásticas pode ser escrita em termos das seguintes integrais (que são constantes):
" # " #
∂ S1 T ∂ S1 ∂ S1 T ∂ S2
Z 1 Z 1
EA EA
A11 = dξ , A12 = dξ
l 0 ∂ξ ∂ξ l 0 ∂ξ ∂ξ
" # " #
∂ S2 T ∂ S1 ∂ S2 T ∂ S2
Z 1 Z 1
EA EA
A21 = dξ , A22 = dξ
l ∂ξ 0 ∂ξ 0 ∂ξ l ∂ξ
" T 2 # " T 2 #
EI 1 ∂ 2 S1 ∂ S1 EI 1 ∂ 2 S1 ∂ S2
Z Z
B11 = 3 2 2
dξ , B12 = 3 2
dξ (3.64)
l 0 ∂ξ ∂ξ l 0 ∂ξ ∂ξ2
" T 2 # " T 2 #
EI 1 ∂ 2 S2 ∂ S1 EI 1 ∂ 2 S2 ∂ S2
Z Z
B21 = 3 2 2
dξ , B22 = 3 2
dξ
l 0 ∂ξ ∂ξ l 0 ∂ξ ∂ξ2
" # " #
∂ S1 T ∂ S2 T
Z 1 Z 1
A1 = EA dξ , A2 = EA dξ
0 ∂ξ 0 ∂ξ
T
∂V
Qk = = A11 ei21 + A22 ei22 + (A12 + A21 )ei1 i2 − A1 i1 − A2 i2 + B11 e j12 + B22 e j22
∂e
T
T T ∂ i1
+ (B12 + B21 )e j1 j2 + (e A11 ei1 + 1/2e (A12 + A21 )ei2 − AT1 e)
∂e
T
T T ∂ i2
+ (e A22 ei2 + 1/2e (A12 + A21 )ei1 − AT2 e) (3.65)
∂e
∂ j1 T
T T
+ (e B11 e j1 + 1/2e (B12 + B21 )e j2 )
∂e
∂ j2 T
T T
+ (e B22 ei2 + 1/2e (B12 + B21 )e j1 )
∂e
40
Onde:
T T
∂ i1 ∂ j2
=
∂e ∂e (3.66)
= D[−(e6 − e2 )2 (e5 − e1 )(e6 − e2 ) 0 0 (e6 − e2 )2 − (e5 − e1 )(e6 − e2 ) 0 0]T
∂ i2 T ∂ j1 T
=−
∂e ∂e (3.67)
2 2
= D[(e5 − e1 )(e6 − e2 ) (e5 − e1 ) 0 0 − (e5 − e1 )(e6 − e2 ) (e5 − e1 ) 0 0]T
E:
1
D= (3.68)
((e5 − e1 )2 + (e6 − e2 )2 )3/2
Dessas expressões, fica evidente a dependência fortemente não-linear do vetor de forças
elásticas com relação aos graus de liberdade nodais.
Utilizando as Eq. 3.31 e 3.30, a expressão para o vetor de forças elásticas longitudinais
pode ser escrita como:
T Zl T
∂Vl 1 ∂ εl
Ql = = EA2εl dx (3.69)
∂e 2 0 ∂e
Z l T
∂ 1 T
= EAεl (e Sl e − 1) dx (3.70)
0 ∂e 2
Z l T
1 T T
= EAεl e (Sl + Sl ) dx (3.71)
0 2
Z l T
T T
= EAεl e Sl dx (3.72)
0
Z l
= EAεl Sl e dx = Kl e (3.73)
0
De onde usou o fato de Sl , que foi definido na Eq. 3.30 como Sl = S0 T S0 , é simétrico.
Identifica-se, a partir da Eq. 3.73, a matriz de rigidez longitudinal do elemento, a qual é
dada por:
Z l
Kl = EAεl Sl dx (3.74)
0
A 0 B 0 −A 0 C 0
A 0 B 0 −A 0 C
D −B −A E
0 0
D −B E
EA 0 0
Kl = (3.75)
l
A 0 −C
0
A −C
simétrico 0
F
0
F
Onde:
q
dx = e5 − e1 , dy = e6 − e2 , d = dx2 + dy2 (3.76)
q
ax = le3 , ay = le4 , a = a2x + a2y (3.77)
q
bx = le7 , by = le8 , b = b2x + b2y (3.78)
E:
3
A = (a2 + b2 − 14l 2 − 6ax dx − 6bx dx − 6ay dy − 6by dy + 24d 2 ) (3.79)
70l 2
1
B= (b2 − a2 + 2ax bx + 2ay by − 14l 2 − 24ax dx − 24ay dy + 36d 2 ) (3.80)
280l
1
C= (a2 − b2 + 2ax bx + 2ay by − 14l 2 − 24bx dx − 24by dy + 36d 2 ) (3.81)
280l
1
D= (12a2 + b2 − 3ax bx − 3ay by − 28l 2 + 3ax dx − 3bx dx + 3ay dy − 3by dy + 18d 2 ) (3.82)
420
1
E = − (3a2 + 3b2 − 4ax bx − 4ay by − 14l 2 + 6ax dx + 6bx dx + 6ay dy + 6by dy ) (3.83)
840
1 2
F= (a + 12b2 − 3ax bx − 3ay by − 28l 2 − 3ax dx + 3bx dx − 3ay dy + 3by dy + 18d 2 ) (3.84)
420
T Z l
∂Vt 00 T 00
Qt = = EI S S dx e (3.85)
∂e 0
42
= Kt e (3.86)
Z l
T
Kt = EIS00 S00 dx (3.87)
0
Essa matriz é linear e semelhante àquela que aparece na dinâmica estrutural linear.
O vetor de forças elásticas para a Formulação 2, que leva em conta as contribuições
longitudinais e transversais, fica dado por:
Qk = Ql + Qt (3.89)
= (Kl + Kt )e (3.90)
Essas equações tratam-se de EAD’s de índice 3. Na teoria das EAD’s, o índice é usado
como uma medida da distância de uma EAD ao seu conjunto de equações puramente dife-
renciais relacionado. Dado que uma EAD envolve uma combinação de equações algébricas e
diferenciais, é natural esperar que consecutivas derivações dessas equações com relação à va-
riável independente irão gerar um sistema de equações puramente diferenciais. O número de
diferenciações necessárias para que isso ocorra é o índice da EAD. Um sistema de equações
diferenciais ordinárias apresenta, portanto, índice 0.
Conforme dissertado, a Eq. 4.1 possui índice 3. Isto é, para que ela se torne um sistema
somente de equações diferenciais, a equação de movimento deve ser diferenciada uma vez (para
que λ , que é função do tempo, não apareça como uma variável algébrica, mas como λ˙ ) e as
equações de vínculo devem ser diferenciadas duas vezes (para que surjam as derivadas segundas
das coordenadas generalizadas q).
Alguns solvers de equações diferenciais ordinárias (EDO’s) também podem lidar com
EAD’s de índice máximo 1. É o caso, por exemplo, dos solvers ODE15S e ODE23T do MA-
44
TLAB. Assim, através de um processo de redução de índice, a Eq. 4.1 pode ser solucionada
usando-se esses solvers. Para tanto, as equações de vínculo são diferenciadas duas vezes. A
primeira diferenciação produz:
dC(t, q)
=0 (4.2)
dt
∂C ∂C
q̇ + =0 (4.3)
∂q ∂t
∂C
Cq q̇ + =0 (4.4)
∂t
Cq q̈ = Qd (4.10)
Embora essa metodologia seja bastante simples, o processo de diferenciação das equa-
ções algébricas pode remover alguns vínculos do sistema, levando a soluções incorretas. Termos
constantes e lineares, por exemplo, desaparecem durante o processo de dupla diferenciação. Em
virtude da acumulação dos erros de integração, esse efeito é mais ressaltado para moderados ou
grandes tempos de simulação, bem como para condições iniciais de baixa acurácia, que não
respeitam os vínculos cinemáticos. Existem alguns procedimentos desenvolvidos para minimi-
45
zar esse fenômeno. Devido à sua simplicidade e facilidade de implementação, o mais comum
deles é o Método de Estabilização de Baumgarte (BAUMGARTE, 1972; NIKRAVESH, 1988).
Ele envolve, no entanto, parâmetros de realimentação que são de difícil escolha, usualmente
envolvendo processos de tentativa e erro (FLORES et al., 2011).
Um segundo método para a integração das equações de movimento envolve a separação
das coordenadas generalizadas em dependentes e independentes. Isso pode ser procedido atra-
vés da identificação de uma submatriz não-singular da matriz Cq utilizando-se, para tal, técnicas
como decomposição LU, eliminação de Gauss, decomposição QR, entre outras (WEHAGE;
HAUG, 1982; SHABANA, 2013). A partir disso, mostra-se (SHABANA, 2013) que o vetor
de forças de vínculo, CT
q λ , é sistematicamente eliminado das equações de movimento, res-
tando apenas um sistema de EDO’s, que pode ser integrado no tempo utilizando-se integradores
comuns. Conhecidas as variáveis independentes, as coordenadas dependentes podem ser deter-
minadas por meio da solução do sistema de equações não-lineares C(t, q) = 0 e as velocidades
dependentes podem ser determinadas através da solução do sistema de equações lineares da Eq.
4.4. Por causa de possíveis singularidades do sistema mecânico, o conjunto de coordenadas
independentes pode não ser constante durante o processo de integração, de maneira que a sua
consistência deve ser checada e, caso necessário, um novo conjunto deve ser determinado.
Uma terceira alternativa é solucionar a Eq. 4.1 diretamente para q e para λ por meio
de técnicas específicas para EAD’s de índice 3. Um desses métodos é o chamado método de
Hilber-Hughes-Taylor de Índice 3, ou HHT-I3 (NEGRUT et al., 2005; NEGRUT et al., 2007;
HUSSEIN; NEGRUT; SHABANA, 2008; NEGRUT; JAY; KHUDE, 2009; JAY; NEGRUT,
2009), versão modificada do método HHT, sendo esse último extensivamente difundido no
campo da dinâmica de estruturas. O HHT-I3, que é um método implícito, apresenta uma série
de características que são desejáveis quando se lida com sistemas multicorpos flexíveis, como
convergência de segunda ordem (ARNOLD; BRÜLS, 2007) e a capacidade de introduzir um
controlável amortecimento numérico na solução, de modo a eliminar as contribuições em altas
frequências sem afetar os modos de baixa frequência (NEGRUT et al., 2005). É um método
adequado, portanto, para lidar com equações diferenciais rígidas, as quais são caracterizadas
por apresentar solução com diferentes escalas de tempo. Por esses atributos e pela possibilidade
de se resolver a Eq. 4.1 diretamente, sem que seja necessário identificar os graus de liberdade
do sistema, esse método é adotado no presente trabalho. Na Seção a seguir são discutidos os
aspectos teóricos relacionados ao HHT-I3.
46
Em que h = tn+1 −tn é o passo de integração e β e γ são dois parâmetros assumidos que,
para assegurar convergência, devem satisfazer as seguintes condições:
1 (γ + 12 )2
γ≤ , β≤ (4.13)
2 4
(Mq̈)n+1 + (CT
q λ )n+1 = Qn+1 (4.14)
(Mq̈)n+1 + (1 + α)(CT T
q λ − Q)n+1 − α(Cq λ − Q)n = 0 (4.15)
1 (1 − α)2
− 0.3 ≤ α ≤ 0, γ= − α, β= (4.16)
2 4
1
α
F(1) =
(Mq̈)n+1 + (CTq λ − Q)n+1 − (CT λ − Q)n
1+α 1+α q (4.17)
1
F(2) = 2 C(qn+1 ,tn+1 )
βh
(k)
∂ F(1) ∂ F(1) (k+1) (k) (k)
(1)
∂ q̈
n+1 ∂ λ n+1 q̈n+1 q̈n+1 F
− = − (4.18)
(2)
∂F (2)
F(2)
∂F λ n+1 λ n+1
∂ q̈n+1 ∂ λ n+1
Alguns dos jacobianos presentes na Eq. 4.18 podem ser calculados analiticamente. Da
Eq. 4.17 segue diretamente que:
∂ F(1)
= (CT
q )n+1 (4.19)
∂ λ n+1
48
∂ F(2)
=0 (4.20)
∂ λ n+1
∂ F(2) 1 ∂ C ∂ qn+1 1
= 2 = 2 (Cq )n+1 β h2 I = (Cq )n+1 (4.21)
∂ q̈n+1 β h ∂ qn+1 ∂ q̈n+1 β h
∂ qn+1
Onde = β h2 I é obtido a partir da Eq. 4.12. Percebe-se, a partir das Eq. 4.19
∂ q̈n+1
e 4.21, que se a equação de vínculos não tivesse sido escalada por 1/(β h2 ), os respectivos
jacobianos seriam dados por:
∂ F(1)
= (CTq )n+1 (4.22)
∂ λ n+1
∂ F(2)
= β h2 (Cq )n+1 (4.23)
∂ q̈n+1
∂ F(1) 1 ∂ ∂ h T i α ∂ h T i
= [(Mq̈)n+1 ] + (Cq λ − Q)n+1 − (Cq λ − Q)n
∂ q̈n+1 1 + α ∂ q̈n+1 ∂ q̈n+1 1 + α ∂ q̈n+1
1 1 ∂ ∂ qn+1 ∂ h T i ∂q
n+1
= (M)n+1 + [(Mq̈)n+1 ] + (Cq λ )n+1
1+α 1 + α ∂ qn+1 ∂ q̈n+1 ∂ qn+1 ∂ q̈n+1
∂ ∂ qn+1 ∂ ∂ q̇n+1
− [(Q)n+1 ] − [(Q)n+1 ]
∂ qn+1 ∂ q̈n+1 ∂ q̇n+1 ∂ q̈n+1
1 βh 2 ∂ ∂ h T i
= (M)n+1 + [(Mq̈)n+1 ] + β h2 (Cq λ )n+1
1+α 1 + α ∂ qn+1 ∂ qn+1
∂ ∂
− β h2 [(Q)n+1 ] − γh [(Q)n+1 ]
∂ qn+1 ∂ q̇n+1
(4.24)
∂ qn+1 ∂ q̇n+1
Onde, a partir da Eq. 4.12, obtém-se = β h2 I (conforme já reportado) e =
∂ q̈n+1 ∂ q̈n+1
γhI.
Necessita-se calcular, portanto, o jacobiano das forças de inércia com relação às coorde-
∂
nadas generalizadas, [(Mq̈)n+1 ], o jacobiano das forças de reação com relação às coor-
∂ qn+1
∂ T
denadas generalizadas, (Cq λ )n+1 , e os jacobianos das forças aplicadas (que incluem
∂ qn+1
tanto forças internas elásticas e dissipativas quanto forças externas) com relação às coordena-
49
∂ ∂
das e velocidades generalizadas, [(Q)n+1 ] e [(Q)n+1 ], respectivamente. No caso
∂ qn+1 ∂ q̇n+1
particular da formulação ANCF, o jacobiano das forças de inércia com relação às coordenadas
generalizadas é identicamente nulo, uma vez que a matriz de massa é constante. No caso da
formulação FFRF (SHABANA, 2013) e mesmo da dinâmica de corpos rígidos, esse termo é
não-nulo (vide Eq. 2.69). Esses jacobianos podem ser calculados numericamente por meio do
∂F
método de diferenças centrais. Genericamente, tem-se que a componente i j do jacobiano é
∂q
aproximada por:
∂F ∂ Fi
= (4.25)
∂q ij ∂qj
Fi (q1 , . . . , q j + ε, . . . , qP ) − Fi (q1 , . . . , q j − ε, . . . , qP )
≈ (4.26)
2ε
Por uma questão de clareza, as equações obtidas na Seção 2.3 e que são relevantes para
a solução do mecanismo quatro-barras são aqui repetidas.
O vetor de restrições holonômicas, que descreve a conectividade entre os corpos, é dado
por (Eq. 2.38):
50
L cos θ − x + L cos θ − L cos θ
1 1 P 2 2 3 3
C(t, q) = =0 (4.27)
L sin θ + L sin θ − L sin θ
1 1 2 2 3 3
Mq̈ + CT
q λ = Q(t, q, q̇) (4.28)
L12
L1 L2
I
1 + m 1 + m2 L12 m2 cos(θ1 − θ2 ) 0
4 2
L22
M = m2 L1 L2 cos(θ1 − θ2 ) , (4.29)
I2 + m 2 0
2 4
2
L3
0 0 I3 + m3
4
−L1 sin θ1 −L2 sin θ2 L3 sin θ3
Cq = e (4.30)
L1 cos θ1 L2 cos θ2 −L3 cos θ3
L1 L1 L2 2
Qe1 − (m1 + 2m2 )g cos θ1 − m2 sin(θ1 − θ2 )θ̇2
2 2
L2 L1 L2
Q(t, q, q̇) = Qe2 − m2 g cos θ2 + m2 2
sin(θ1 − θ2 )θ̇1 (4.31)
2 2
L3
Qe3 − m3 g cos θ3
2
estudo, considera-se que o corpo 1, a manivela, é acionado por um momento externo, com
nenhum outro esforço externo dirigido aos demais links. As expressões para os momentos
externos estão escritas a seguir:
[10 sin(3πt)] Nm, t ≤ 0.2728 s
Qe1 = (4.32)
465.8838298e−16.324194t Nm, t > 0.2728 s
Qe2 = 0 (4.33)
Qe3 = 0 (4.34)
linhas 166 a 170, todas as variáveis já foram avançadas com sucesso até o tempo t_desired,
de modo que estas são armazenadas na matriz de solução.
Embora a implementação do integrador tenha sido apresentada juntamente com o seu
uso para o mecanismo quatro barras, ela é, de fato, bastante geral. O código referente ao
integrador propriamente dito, Figuras 3, 4, 14 e 15 do Apêndice A, pode ser utilizado para a so-
lução de quaisquer problemas de dinâmica multicorpos com vínculos holonômicos. Os demais
códigos, por sua vez, são particulares a cada problema e formulação e devem ser devidamente
adaptados.
A simulação do mecanismo quatro-barras sujeito às condições iniciais e aos esforços
anteriormente citados está dada na Fig. 4.1. Verificando se a solução obedece às restrições para
as coordenadas generalizadas, Eq. 4.27, obtém-se que a norma euclidiana do resíduo encontra
máximo valor, ao longo de toda a simulação, de 1.5E-15 m. Já os vínculos para as velocidades,
obtidos pela diferenciação no tempo da Eq. 4.27, apresentam resíduo máximo de 3.5E-05 m/s.
Como é de se esperar, os vínculos holonômicos, que são resolvidos explicitamente, apresentam
resíduo praticamente nulo. Já os vínculos para as velocidades, que não são contemplados de ma-
neira direta, apresentam um resíduo que, embora seja mais expressivo, ainda é aceitavelmente
baixo.
Figura 4.1 – Evolução temporal do quatro-barras sujeito a um momento aplicado à manivela.
Figura 4.2 – Balanço de energia para o quatro-barras conservativo, sujeito apenas ao próprio peso. · · ·,
Energia Potencial; - - -, Energia Cinética; —, Energia Total.
10
8
Energia (J)
0
0 1 2
Tempo (s)
Mi ëi + Qk i + CT
e i λ i = Qe i (5.1)
generalizadas, que pode ser obtido por meio do Princípio dos Trabalhos Virtuais. Para corpos
modelados com mais de um elemento, as matrizes e vetores do corpo como um todo podem ser
obtidas por meio do convencional processo de superposição do método de elementos finitos.
Em toda a discussão que segue, o modelo adotado para as forças elásticas é aquele discutido na
Subseção 3.3.7.2, que foi obtido por meio dos princípios da mecânica do contínuo.
É claro que os sistemas de interesse prático são compostos por um número de corpos
superior à unidade. No caso do mecanismo quatro-barras, por exemplo, tem-se três corpos com
propriedades arbitrariamente diferentes. Assim, as equações de movimento para cada corpo
devem ser escritas e adequadamente reunidas, de maneira a se formar um sistema global de
equações que contemple todos os corpos do sistema multicorpos. Para tanto, as matrizes de
57
massa de cada um dos corpos são reunidas, formando a matriz de massa global do sistema, tal
qual a seguir:
M 0 0
1
M = 0 M2 0 (5.2)
0 0 M3
ë Q Q T
C λ
1 k 1 e1 e 1 1
ë = ë2 , Qk = Qk 2 , Qe = Qe 2 , CT
eλ = CT
e 2 λ 2 (5.3)
ë
Q
Q CT λ
3 k3 e3 e3 3
Më + Qk + CT
e λ = Qe (5.4)
Para que essas equações sejam escritas no mesmo formato que a Eq. 4.1, elas são rees-
critas da seguinte maneira:
Më + Qk + CT
e λ = Qe (5.5)
Më + CT
e λ = Qe − Qk (5.6)
Më + CT
e λ = Q(t, e, ė) (5.7)
Q(t, e, ė), C(t, e) e Qd (t, e, ė) e a matriz M sejam reescritas de maneira a representar o sistema
físico em questão. Para fins de uma implementação de carácter geral, todos os jacobianos podem
ser calculados por meio de diferenciação numérica, tal qual descrito na Seção 4.2.
Da Tabela 5.1, nota-se que o acoplador é assumido ser muito mais flexível do que o
seguidor, que por sua vez é mais flexível do que a manivela. Em virtude dessas diferentes pro-
priedades e das diferentes geometrias, números distintos de elementos são utilizados para cada
corpo. A manivela é discretizada utilizando-se apenas 1 elemento, o acoplador 36 elementos e
o seguidor 4 elementos. A Fig. 5.1 mostra a malha adotada para o mecanismo.
Figura 5.2 – Evolução temporal do quatro-barras flexível sujeito à ação do próprio peso.
A partir das mesmas propriedades da Tabela 5.1, da mesma discretização e das mesmas
condições iniciais, uma nova simulação é realizada. Nessa segunda simulação, a condição
forçante da Eq. 4.32 é considerada. Existe, evidentemente, uma injeção de energia no sistema,
de modo que este não é mais conservativo.
A Figura 5.4 mostra a configuração do mecanismo em quatro instantes diferentes. O
balanço de energia para essa simulação está mostrado na Fig. 5.5. Da figura, nota-se claramente
a inserção de energia que ocorre no sistema por meio do momento aplicado. A partir de cerca
de 0.4 s, no entanto, a energia total do sistema volta a ficar aproximadamente constante. Isto é,
60
Figura 5.3 – Balanço de energia para o quatro-barras flexível conservativo, sujeito apenas ao próprio
peso. - ◦ -, Energia Potencial de Deformação; - 4 -, Energia Potencial Gravitacional; - x -,
Energia Cinética; —, Energia Total.
16
12
8
Energia (J)
-4
-8
0 0.5 1
Tempo (s)
de fato, esperado, uma vez que, a partir de 0.2778 s, o momento aplicado cai exponencialmente
com o tempo (Eq. 4.32). Também, por volta do segundo 7 de simulação, a energia potencial de
deformação é maior do que a energia total do sistema. É claro que isso só é possível porque,
nesse instante, a energia potencial gravitacional do sistema é negativa. Conforme mostra a
Fig. 5.5, o momento externo aplicado leva a uma rápida oscilação das trocas entre as energias
potencial de deformação e cinética.
Figura 5.4 – Evolução temporal do quatro-barras flexível sujeito à ação do próprio peso e de um.
Figura 5.5 – Balanço de energia para o quatro-barras flexível não-conservativo, sujeito ao próprio peso e
a um momento externo. - ◦ -, Energia Potencial de Deformação; - 4 -, Energia Potencial
Gravitacional; - x -, Energia Cinética; —, Energia Total.
34
26
18
Energia (J)
10
-6
-14
0 0.5 1
Tempo (s)
Uma última simulação é realizada para esse mecanismo. Nela, as condições iniciais,
a discretização e a condição forçante são todas mantidas constantes. Altera-se, no entanto, o
módulo de Young dos materiais que compõe o quatro-barras. Todos eles são elevados para
210E+10 Pa, número 10 vezes maior do que o módulo de Young do aço.
Conforme descrito na Seção 3.1, a modelagem exata da dinâmica de corpo rígido pode
ser obtida pela formulação ANCF. Este fato é mostrado em detalhes por Christensen e Shabana
(1998) e deve ser verificado nessa simulação. De fato, para um sistema com elevada rigidez e
solicitado por esforços relativamente baixos, é de se esperar um comportamento semelhante ao
de um corpo rígido.
A Fig. 5.6 mostra o cosseno do ângulo θ1 (definido na Fig. 2.1) para a simulação dos
mecanismos rígido e flexível. Conforme esperado, os resultados são praticamente coincidentes.
Embora não reportado, o mesmo acontece para θ2 e θ3 .
Em virtude da alta rigidez, é de se esperar, também, que as deformações elásticas sejam
pequenas. A Fig. 5.7 mostra que a energia potencial de deformação permanece praticamente
nula durante toda a simulação. O mesmo comportamento para a energia total é obtido: um
acréscimo inicial, seguido de um regime estacionário.
Essa simulação torna evidente um aspecto já discutido e absolutamente relevante relaci-
onado ao método HHT-I3 e à simulação de sistemas multicorpos: a presença de amortecimento
62
Figura 5.6 – Cosseno do ângulo entre a manivela e o eixo horizontal. - - ◦ - -, Mecanismo Rígido; —,
Mecanismo Flexível.
) 0.5
1
0
cos(
-0.5
-1
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
Tempo (s)
Figura 5.7 – Balanço de energia para o quatro-barras flexível não-conservativo, sujeito ao próprio peso e
a um momento externo. - ◦ -, Energia Potencial de Deformação; - 4 -, Energia Potencial
Gravitacional; - x -, Energia Cinética; —, Energia Total.
34
26
Energia (J)
18
10
0 0.5 1
Tempo (s)
O objetivo principal desta monografia foi apresentar, de uma maneira sucinta e didática,
os principais aspectos relacionados à simulação dinâmica de sistemas multicorpos flexíveis por
meio da Formulação de Coordenadas Nodais Absolutas.
O pleno entendimento das técnicas comumente aplicadas à dinâmica de multicorpos
exige o domínio de uma série de fundamentos mais elementares. Por isso, inicialmente, o
trabalho iniciou-se com uma discussão introdutória de Cálculo Variacional, o qual representa a
fundação matemática sobre o qual o Princípio Variacional de Hamilton está apoiado. O processo
de minimização de funcionais sujeitos a restrições foi demonstrado por meio da dedução das
equações de movimento de um mecanismo quatro-barras rígido. Foi mostrado que as equações
de regem a dinâmica de conjuntos mecânicos são, em geral, um conjunto acoplado e não-linear
de equações diferenciais e algébricas, chamado de equações algébrico-diferenciais.
A formulação ANCF foi apresentada como uma técnica para a análise dinâmica de cor-
pos flexíveis. Mostrou-se que a definição das coordenadas nodais em um sistema inercial con-
duz a uma matriz de massa constante e a um vetor de forças elásticas altamente não-linear. Por
meio do Princípio de Hamilton, as equações de movimento de um elemento de viga ANCF
foram deduzidas. Mostrou que as forças externas generalizadas podem ser inseridas no modelo
por meio do Princípio dos Trabalhos Virtuais e também que as restrições cinemáticas costumam
apresentar uma forma bastante simples.
As principais abordagens para a solução de EAD’s foram apresentadas e discutidas. Em
particular, o método HHT-I3, recentemente introduzido na literatura para a solução de EAD’s
de índice 3, foi adotado e analisado em detalhes. Os aspectos relacionados à sua implementação
computacional foram endereçados por meio da solução das equações deduzidas anteriormente
para o quatro-barras rígido. Mostrou que o controlável amortecimento numérico do HHT-I3
não viola de modo grosseiro invariantes do sistema, tal qual sua energia total.
Por fim, a formulação ANCF foi aplicada para a simulação de um mecanismo quatro-
barras totalmente flexível. O processo de montagem das equações de movimento de um sistema
multicorpos a partir das equações de cada corpo foi delineado. Mostrou-se que a formulação
ANCF garante a conservação da energia para sistemas conservativos e também um balanço de
energia consistente para sistemas externamente alimentados. Enrijecendo substancialmente o
quatro-barras, mostrou-se que a sua resposta é bastante semelhante à do mecanismo rígido, o
que mostra que a formulação ANCF pode ser utilizada para a modelagem exata da dinâmica de
64
corpos rígidos. Esta última simulação evidenciou a necessidade do uso de métodos de integra-
ção com amortecimento numérico para a simulação de sistemas rígidos, que são caracterizados
por conter uma resposta com diferentes escalas de tempo.
Espera-se que o objetivo de explicar, de maneira didática e sucinta, os aspectos essen-
ciais relacionados à dinâmica de multicorpos flexíveis pela formulação ANCF tenha sido ple-
namente atingido, e que o presente texto possa servir de auxílio àqueles que desejam apetecer
deste prazeroso campo do conhecimento.
65
REFERÊNCIAS
NEGRUT, D. et al. On the use of the HHT method in the context of index 3 differential
algebraic equations of multibody dynamics. In: Volume 6: 5th International Conference on
Multibody Systems, Nonlinear Dynamics, and Control, Parts A, B, and C. ASME, 2005.
Disponível em: <https://doi.org/10.1115/detc2005-85096>.
SHABANA, A. Definition of the slopes and the finite element absolute nodal coordinate
formulation. Multibody System Dynamics, v. 1, n. 3, p. 339–348, Sep 1997. ISSN 1573-272X.
SURANA, K. Advanced Mechanics of Continua. [S.l.]: CRC Press, 2016. (Applied and
computational mechanics series). ISBN 9781498708111.
XU, Q.; LIU, J.; QU, L. Dynamic modeling for silicone beams using higher-order ancf beam
elements and experiment investigation. Multibody System Dynamics, Feb 2019. Disponível
em: <https://doi.org/10.1007/s11044-019-09668-2>.
∂
Figura 10 – Função para calcular (Mq̈).
∂q
∂
Figura 11 – Função para calcular (Q).
∂q
∂
Figura 12 – Função para calcular (Q).
∂ q̇
∂
Figura 13 – Função para calcular (CT λ ).
∂q q
1 function [ q_new , dq_new , d2q_new , lambda_new , norm_e , deltax ] = Increment ( max_niter , t_new , h , ...
2 modelD , q_old , dq_old , d2q_old , lambda_old , alpha , tolResid , tolNR )
3
4 nconst = 2; neq = 3;
5 beta = (1 - alpha ) ^2/4; gamma = 1/2 - alpha ;
6
7 % Calculation of ( phiq '* lambda - F)n ( old time )
8 Cqo = Cq ( t_new -h , q_old , modelD ); % = Cq
9 Qo = appForce ( t_new -h , q_old , dq_old , modelD ); % forces
10 old = alpha /(1+ alpha ) *( Cqo '* lambda_old - Qo ); % = alpha /(1+ alpha ) * ( Cq.'* lambda - Qo )
11
12 % Update q and dq for initial guess ( Newmark 's discretization )
13 d2q_new = d2q_old ; % inicial guest for d2q
14 lambda_new = lambda_old ; % inicial guest for lambda
15 q_new = q_old + h* dq_old + h ^2/2* d2q_old ;
16 dq_new = dq_old + h* d2q_old ;
17
18 for it = 1: max_niter
19 % Calculation of RHS of the Newton - Raphson equation
20 Cqn = Cq ( t_new , q_new , modelD ); % = Cq , with updated q and dq
21 Qn = appForce ( t_new , q_new , dq_new , modelD ); % generalized forces , with updated q and dq
22 M = MassMatrix ( q_new , modelD ); % mass matrix , with updated q
23 const = constVec ( t_new , q_new , modelD ); % constraint equations with updated q
24 % HHT equations of motion
25 F1 = 1/(1+ alpha )*M* d2q_new + (Cqn '* lambda_new - Qn ) - old ;
26 % Scaled constraint equations
27 F2 = 1/( beta *h ^2) * const ;
28 RHS = -[ F1 ; F2 ];
29
30 % Calculation of LHS of the Newton - Raphson equation
31 dQdq = Q_deriv_q ( t_new , q_new , dq_new , modelD ); % deriv of the generalized force wrt q
32 dQdqt = Q_deriv_dq ( t_new , q_new , dq_new , modelD ); % deriv of the generalized force wrt dq
33 phiqlamq = ReacF_deriv_q ( t_new , q_new , lambda_new , modelD ); % deriv of the reaction force wrt q
34 M_Q = InertF_deriv_q ( q_new , d2q_new , modelD ); % deriv of inertia force wrt q
35 % Jacobian of F1 wrt the generalized acceleration
36 dF1 = 1/(1+ alpha )*M + beta *h ^2*( 1/(1+ alpha )* M_Q + phiqlamq - dQdq ) - gamma *h* dQdqt ;
37 LHS = [
38 dF1 Cqn .';
39 Cqn zeros ( nconst )
40 ];
41
42 % Solve for delta ( d2q ) and delta ( lambda )
43 delta = LHS \ RHS ;
44
45 % Update d2q and lambda
46 d2q_new = d2q_new + delta (1: neq );
47 lambda_new = lambda_new + delta ( neq +1: end );
48
49 % Update q and dq ( with the updated d2q ) using Newmark 's discretization
50 q_new = q_old + h* dq_old + h ^2/2*((1 -2* beta )* d2q_old + 2* beta * d2q_new );
51 dq_new = dq_old + h *((1 - gamma )* d2q_old + gamma * d2q_new );
52
53 % Evalute errors
54 norm_e = norm ( RHS ); deltax = norm ( delta );
55 if ( norm_e < tolResid ) || ( deltax < tolNR ) % check convergence
56 return % exit , if converged
57 end
58
59 end % for
60 end % function