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Os Modelos Das Demonstrações Financeiras PDF

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INSTITUTO

INSTITUTO SUPERIOR
POLITÉCNICO DE CONTABILIDADE
DO PORTO E ADMINISTRAÇÃO
DO PORTO

Mestrado em Contabilidade e Finanças

OS MODELOS DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

Cláudia Filipa Pedra Martins

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em


Contabilidade e Finanças

Orientador: Doutor, José Manuel Veiga Pereira

Porto, 2011
INSTITUTO
INSTITUTO SUPERIOR
POLITÉCNICO DE CONTABILIDADE
DO PORTO E ADMINISTRAÇÃO
DO PORTO

Mestrado em Contabilidade e Finanças

OS MODELOS DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

Cláudia Filipa Pedra Martins

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em


Contabilidade e Finanças

Orientador: Doutor, José Manuel Veiga Pereira

Porto, 2011

Os Modelos das Demonstrações Financeiras III


Os Modelos das Demonstrações Financeiras IV
Justificação

Esta dissertação, intitulada “Os Modelos


das Demonstrações Financeiras”, realizada
no âmbito da disciplina de
Dissertação/trabalho de projecto/estágio
profissional, do Mestrado em Contabilidade
e Finanças, foi elaborada pela aluna Cláudia
Filipa Pedra Martins, com o número
2030342, e orientado pelo Prof. Doutor
Veiga Pereira.

A aluna,

___________________________________
Cláudia Martins
(pedra.claudia@gmail.pt

Os Modelos das Demonstrações Financeiras V


Os Modelos das Demonstrações Financeiras VI
Os Modelos das Demonstrações Financeiras

Cláudia Filipa Pedra Martins

Dissertação apresentada para efeito de prestação de provas de Mestrado em


Contabilidade e Finanças, no Instituto Superior de Contabilidade e Administração do
Porto, sob a supervisão do Prof. Doutor Veiga Pereira.

Resumo

Em 1 de Janeiro de 2010, entrou em vigor o novo sistema contabilístico intitulado SNC


– Sistema de Normalização Contabilística. Este sistema trouxe à comunidade uma nova
realidade contabilística e de relato financeiro que assenta mais em princípios do que em
regras.

O presente trabalho realça numa primeira parte a forma como emergiu este novo
sistema contabilístico, dando especial atenção às alterações que surgiram nos modelos
das demonstrações financeiras, ou seja, mudanças de índole terminológica, estrutural, de
conteúdo e forma de apresentação, bem como o aparecimento de uma nova
demonstração financeira intitulada “Demonstração das Alterações no Capital Próprio”.

Tendo em conta que todas estas alterações afectam a tomada de decisões dos utentes, foi
dedicada uma parte deste estudo ao desenvolvimento da temática da informação
financeira.

Esta dissertação pretende ser uma ferramenta fundamental para ser utilizada por todos
os utilizadores da informação financeira, especialmente por aqueles que elaboram e
apresentam as demonstrações financeiras.

Palavras-chave: Demonstrações financeiras. Sistema de normalização contabilística.


Plano Oficial de Contabilidade. Normalização

Os Modelos das Demonstrações Financeiras VII


The Models of the Financial Statements

Claudia Filipa Pedra Martins

Dissertation submitted for the purpose of providing evidence of Master's Degree in


Accounting and Finance, in the Higher Institute of Accounting and Administration of
Oporto, under the supervision of Prof. Dr. Veiga Pereira.

Abstract

In the 1st of January, 2010, entered into force the new accounting system entitled
Accounting Standards System. This system has brought the community a new
accounting reality and financial reporting that is based more on principles than on rules.

This work highlights in the first section the way of how it emerged from this new
accounting system, giving special attention to the changes that have emerged in the
models of the financial demonstrations, i.e., changes of terminological character,
structural, of the content and form of presentation, as well as the appearance of a new
financial statement called "Statements of Changes in Equity".

Taking into account that all of these changes affect the decision-making of users, a part
of the study was dedicated to the development of the theme of financial information.

This thesis aims to be a fundamental tool to be used by all users of financial


information, especially for those who elaborate and present the financial statement.

Keywords: Financial statements. Accounting Standards System. Official Accounting


Plan. Standardization.

Os Modelos das Demonstrações Financeiras VIII


Agradecimentos

Ao terminar este trabalho tenho de agradecer a todos aqueles que de forma directa ou
indirecta contribuíram para a sua realização.

Agradeço ao meu orientador, Prof. Doutor Veiga Pereira, pelo incentivo,


disponibilidade e apoio que sempre me proporcionou e a todos os Professores da
Licenciatura e Mestrado em Contabilidade e Finanças, que influíram de forma decisiva
para a minha formação académica.

Gostaria também deixar o meu muito obrigada à minha grande amiga e colega de
trabalho Isabel Paiva, a qual sempre demonstrou a sua disponibilidade, auxílio e
estímulo.

Quero também agradecer a todas as minhas colegas do mestrado, em especial à Júlia


Brito pela sua persistência, incentivo e apoio demonstrado, ao qual tentei retribuir da
melhor forma possível.

Reconheço o apoio e incentivo do meu marido sobretudo nos momentos de maior


esmorecimento e desalento.

Por fim, mas não menos importante, agradeço à minha irmã e sobretudo aos meus pais o
melhor dote que poderia receber, pois hoje em dia a formação académica é um bem
essencial.

A TODOS,

MUITO OBRIGADA!

Os Modelos das Demonstrações Financeiras IX


Abreviaturas

ACE - Agrupamento complementar de empresas


AEIE - Agrupamentos europeus de interesse económico
BADF - Bases para a Apresentação de Demonstrações Financeiras
CC - Código de Contas
CEE - Comunidade Económica Europeia
CLC - Certificação Legal de Contas
CNC - Comissão de Normalização Contabilística
CSC - Código das Sociedades Comerciais
EBIT - Earnings Before Interest and Taxes
EBITDA - Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization
EC - Estrutura Conceptual
ECC - Estrutura Conceptual da Contabilidade
EIRL - Empresas individuais de responsabilidade limitada
IAS - International Accounting Standard
IASB - International Accounting Standards Board
IASC - International Accounting Standards Committee
IFRS - International Financial Reporting Standard
NCRF - Norma Contabilística e de Relato Financeiro
Norma Contabilística e de Relato Financeiro – Estrutura e Conteúdo das
NCRF 1 -
Demonstrações Financeiras
Norma Contabilística e de Relato Financeiro – Demonstração de Fluxos
NCRF 2 -
de Caixa
NCRF 7 - Norma Contabilística e de Relato Financeiro - Activos Fixos Tangíveis
NCRF 18 - Norma Contabilística e de Relato Financeiro - Inventários
NCRF-PE - Normas Contabilísticas e de Relato Financeiro para Pequenas Entidades
NIC - Normas Internacionais de Contabilidade
PCGA - Princípios Contabilísticos Geralmente Aceites
PE - Pequena Entidade
POC - Plano Oficial de Contabilidade
RAI - Resultados antes de impostos
RLP - Resultado Líquido do Período
SFAC - Statements oh Financial Accounting Concepts
SNC - Sistema de Normalização Contabilística
TOC - Técnico Oficial de Contas
UE - União Europeia

Os Modelos das Demonstrações Financeiras X


Índice

Introdução ....................................................................................................................... 4
PARTE I .......................................................................................................................... 6
Enquadramento .............................................................................................................. 6
1. Origem do Sistema de Normalização Contabilística ............................................ 7
2. Caracterização do Sistema de Normalização Contabilística ................................ 8
3. Âmbito de aplicação do Sistema de Normalização Contabilística ..................... 10
4. Estrutura Conceptual da Contabilidade – do Plano Oficial de Contabilidade ao
Sistema de Normalização Contabilística .................................................................... 13

PARTE II ...................................................................................................................... 16
Demonstrações Financeiras: Plano Oficial de Contabilidade vs Sistema de
Normalização Contabilística ........................................................................................ 16
1. As Demonstrações Financeiras ........................................................................... 17
2. Conjunto completo de Demonstrações Financeiras............................................ 22
2.1. Norma Contabilística e de Relato Financeiro .................................................. 23
2.1.1. Balanço .................................................................................................. 23
2.1.2. Demonstração dos Resultados ............................................................... 27
2.1.3. Demonstração das Alterações no Capital Próprio ................................. 30
2.1.4. Demonstração de Fluxos de Caixa ........................................................ 32
2.1.5. Anexo .................................................................................................... 33
2.2. Norma Contabilística e de Relato Financeiro – Pequenas Entidades .............. 35
2.3. Microentidades ................................................................................................ 37

PARTE III ..................................................................................................................... 39


Informação Financeira ................................................................................................. 39
1. A evolução do conceito ...................................................................................... 40
2. Os Utentes .......................................................................................................... 41
3. Características Qualitativas ................................................................................ 44
3.1. Compreensibilidade ...................................................................................... 45

Os Modelos das Demonstrações Financeiras 1


3.2. Relevância .................................................................................................... 45
3.3. Fiabilidade .................................................................................................... 46
3.4. Comparabilidade........................................................................................... 48
4. Constrangimentos ............................................................................................... 49
Conclusões ..................................................................................................................... 51
Bibliografia .................................................................................................................... 54

Os Modelos das Demonstrações Financeiras 2


Ilustrações

Ilustração 1 - Elementos Fundamentais do Sistema de Normalização Contabilística...... 9


Ilustração 2 - Estrutura Legal do Sistema de Normalização Contabilística ..................... 9
Ilustração 3 - Alterações Terminológicas ....................................................................... 10
Ilustração 4 - Níveis que compõem a Framework do International Accounting
Standardes Board ............................................................................................................ 13
Ilustração 5 - Mensuração e elementos das demonstrações financeiras ......................... 18
Ilustração 6 - Modelo Horizontal VS Modelo Vertical .................................................. 24
Ilustração 7 - Composição do Balanço ........................................................................... 24
Ilustração 8 - Balanço: Plano Oficial de Contabilidade ................................................. 25
Ilustração 9 - Balanço: Sistema de Normalização Contabilística ................................... 25
Ilustração 10 - Activos/Passivos: Não Correntes e Correntes ........................................ 26
Ilustração 11 - Modelo Horizontal VS Modelo Vertical ................................................ 27
Ilustração 12 -Demonstração dos Resultados por Naturezas: Plano Oficial de
Contabilidade .................................................................................................................. 28
Ilustração 13 - Demonstração dos Resultados por Naturezas: Sistema de Normalização
Contabilística .................................................................................................................. 28
Ilustração 14 - Demonstração dos Resultados por Funções: Plano Oficial de
Contabilidade .................................................................................................................. 29
Ilustração 15 - Demonstração dos Resultados por Funções: Sistema de Normalização
Contabilística .................................................................................................................. 29
Ilustração 16 - Demonstração das alterações no capital próprio .................................... 31
Ilustração 17 - Fluxos de Caixa ...................................................................................... 32
Ilustração 18 - Utentes da Informação Financeira .......................................................... 42
Ilustração 19 - Características Qualitativas das Demonstrações Financeiras ................. 44
Ilustração 20 - Restrições à informação relevante e fiável ............................................. 49
Ilustração 21 - Ponderação entre benefício e custo ........................................................ 50

Os Modelos das Demonstrações Financeiras 3


Introdução

“Trata-se de uma mudança de grande monta…é ela própria indutora


de uma alteração cultural pelo que o processo de interiorização, para
ser eficaz, terá de ser, necessariamente, lento e gradual”.
Prof. Domingos Cravo
In “Revisores e Auditores” n.º45

Segundo Borges, A. et al., “A contabilidade consiste num sistema de informação que


proporciona conhecimento da situação económica, financeira ou monetária da
entidade no seu todo ou de qualquer uma das parcelas em que se pretenda
subdividir”(2007b: 34). A posição financeira e o desempenho de uma entidade são
obtidos através das suas Demonstrações Financeiras.

A introdução de um novo sistema contabilístico - Sistema de Normalização


Contabilístico (SNC), veio gerar grandes mudanças nomeadamente em termos de
demonstrações financeiras.

A escolha deste tema deve-se ao facto das demonstrações financeiras constituírem uma
matéria imprescindível para qualquer profissional de contabilidade que se encontre no
activo. Tendo em conta as alterações introduzidas pelo SNC relativamente a este tema,
achei que era de grande importância e conveniência desenvolvê-lo, para além de
também me ajudar a preparar esta nova temporada que se avizinha.

Com este tema pretendo ajudar profissionais (TOC, Estudantes, etc) que estejam
envolvidos na implementação e aplicação corrente dos modelos das demonstrações
financeiras. Pretendo igualmente ajudar os utentes das demonstrações financeiras a
melhor compreenderam as alterações introduzidas pelo SNC face ao POC.

O trabalho está estruturado em três partes:

• 1ªParte – Enquadramento
• 2ªParte – Demonstrações Financeiras: POC vs SNC
• 3ªParte – Informação Financeira

Os Modelos das Demonstrações Financeiras 4


A 1ªParte oferece uma breve apresentação do percurso que levou à harmonização
contabilística internacional e à necessidade de criação do SNC. Faz uma ligeira
referência à caracterização e âmbito de aplicação do novo sistema e apresenta o
elemento basilar do SNC – Estrutura Conceptual.

A 2ªParte expõe o conceito de demonstrações financeiras e realça os seus objectivos,


elementos e forma de mensuração. Apresenta também, de modo individual, cada
modelo que compõe um conjunto completo de demonstrações financeiras (balanço,
demonstração dos resultados, demonstração das alterações no capital próprio,
demonstração de fluxos de caixa e anexo). Na parte final, é feita uma breve referência
aos modelos das Demonstrações Financeiras que se aplicam às Pequenas Entidades e às
Microentidades.

Finalmente, na 3ªParte será desenvolvida a temática da informação financeira. Esta


inicia com uma pequena referência à evolução do conceito, passando depois para a
apresentação dos vários utentes da informação financeira observando as diferentes
necessidades que cada um pretende satisfazer. De seguida, são relatadas as
características qualitativas da informação financeira e os constrangimentos que estão
associados a algumas destas características.

Neste trabalho optou-se por não utilizar o novo acordo ortográfico da língua portuguesa.

Os Modelos das Demonstrações Financeiras 5


PARTE I
Enquadramento
1. Origem do Sistema de Normalização Contabilística

A génese da contabilidade é explicada pela necessidade humana de completar as


limitações da memória, ou seja, a contabilidade primitiva era feita ao gosto de cada um
tentando suprir as limitações da memória humana. Assim, impulsionados pelo
movimento económico-político que foi a Revolução Industrial, os processos de registo
utilizados foram-se generalizando e refinando, tendo culminado com a criação de um
conjunto de princípios contabilísticos: os Princípios Contabilísticos Geralmente Aceites
(PCGA).

A Contabilidade, que tinha inicialmente um papel de natureza jurídica, passa a constituir


segundo Borges, A. et al., “…um sistema de informação que proporciona conhecimento
da situação económica, financeira ou monetária da entidade no seu todo ou de
qualquer uma das parcelas em que se pretenda subdividir”(2007b: 34).

Tomando consciência de que a informação financeira constitui um elemento essencial


do processo de tomada de decisão, a globalização e harmonização contabilística
aceleraram o passo no sentido da obtenção de informação financeira relevante, fiável e
oportuna.

Em 1977, surge o Plano Oficial de Contabilidade (POC) e a Comissão de Normalização


Contabilística (CNC) através do Decreto Lei n.º 47/77, de 7 de Fevereiro.

Em 1986, Portugal adere à Comunidade Económica Europeia – antiga CEE e actual


União Europeia (UE) –, que impôs a obrigatoriedade do nosso país se adaptar
internamente à Directiva 78/660/CEE do Conselho de 25 de Julho de 1978 (4.ª
Directiva) que regula as contas anuais e tem como destinatários os Estados-membros.
Esta obrigatoriedade foi imposta pelo Decreto Lei n.º 410/89 de 21 de Novembro, que
veio promover ajustamentos e melhorias ao POC de 1977.

Dois anos mais tarde, foi publicado o Decreto Lei n.º 238/91 de 2 de Junho, que
introduziu no normativo interno o tratamento contabilístico de consolidação de contas,
em concordância com a 7.ª Directiva (Directiva 83/349/CEE).

O relato financeiro em Portugal vem sofrendo um relevante e abrangente processo de


transformação. Em 2005, tornou-se obrigatório, para as demonstrações financeiras

Os Modelos das Demonstrações Financeiras 7


consolidadas das entidades com valores mobiliários cotados, o relato financeiro de
acordo com as Internacional Financial Reporting Standard (IFRS) emitidas pelo
International Accounting Standards Board (IASB) e adoptadas pela UE.

Face a esta evolução e seguindo as melhores práticas europeias, Portugal iniciou um


processo analogamente evolutivo de relato financeiro, o qual culminou na criação do
SNC. Este sistema, ainda que na sua grande parte concordante com as IFRS, tem
especificidades que importam ter em atenção.

A adopção do SNC desenvolve-se assim num contexto de integração internacional em


que cada vez mais países estão a acolher as IFRS como modelo de relato financeiro de
referência, existindo um claro processo de convergência das normas internacionais em
torno das IFRS.

Com este novo normativo, aprovado pelo Decreto Lei n.º 158/2009, de 13 de Julho, o
Estado Português exerceu,

[…]a opção prevista no n.º 5 do Regulamento (CE) n.º 1606/2002, do Parlamento


Europeu, […] em relação à adopção e utilização das Normas Internacionais de
Contabilidade – IAS, IFRS e interpretações conexas – dando, assim, resposta às
crescentes necessidades em matéria de relato financeiro no contexto das profundas
alterações ocorridas nos últimos anos na conjuntura económica e financeira […].

2. Caracterização do Sistema de Normalização Contabilística

O SNC é um sistema contabilístico com base em princípios e não tanto em regras


explícitas, ou seja, passamos de um modelo baseado na influência da forma jurídica dos
factos contabilísticos para uma abordagem económica voltada para o valor da empresa.

O SNC tem os seguintes objectivos:

 Aumentar a relevância da informação financeira através de divulgações


alargadas, o que origina por sua vez uma informação mais clara e transparente,
com os consequentes benefícios para a entidade decorrentes de uma atitude de
maior confiança dos utentes das contas;
 Aumentar a comparabilidade da informação financeira.

Os Modelos das Demonstrações Financeiras 8


Este normativo, oriundo da linha de modernização contabilística
contabilística desenvolvida na UE, é
formado pelos seguintes
eguintes elementos fundamentais.

Ilustração 1 - Elementos Fundamentais do Sistema


S de Normalização Contabilística
ontabilística

• conjunto de conceitos contabilísticos estruturantes que, não


Estrutura Conceptual (EC) constituindo uma norma propriamente dita, se assume como
referencial que subjaz a todo o sistema.

Bases para a Apresentação de • enunciam as regras sobre o que constitui e a que princípios
Demonstrações Financeiras essenciais deve obedecer um conjunto completo de
(BADF) Demonstrações Financeiras.

• consagram a necessidade de existência de formatos


Modelos de Demonstrações padronizados, mas flexíveis, para as demonstrações de balanço,
Financeiras (MDF) de resultados, de alterações no capital próprio e dos fluxos de
caixa, assim como um modelo orientador para o anexo.

• estrutura codificada e uniforme de contas, que visa acautelar as


necessidades dos distintos utentes, privados e públicos, e
Código de Contas (CC) alimentar o desenvolvimento de plataformas e bases de dados
particulares e oficiais.

• constituem um instrumento de normalização onde, de modo


Normas Contabilísticas e de Relato desenvolvido, se prescrevem os vários tratamentos técnicos a
adoptar em matéria de reconhecimento, de mensuração, de
Financeiro (NCRF) apresentação e de divulgação das realidades económicas e
financeiras das entidades.

Normas Contabilísticas e de Relato • contempla os tratamentos de reconhecimento, de mensuração,


Financeiro para Pequenas de apresentação e de divulgação que são considerados como
Entidades (NCRF-PE) pertinentes e mínimos a serem adoptados por estas entidades.

Fonte: Decreto Lei n.º158/2009, de 13 de Julho

A estrutura legal do SNC é composta por: um Decreto Lei, duas Portarias e quatro
Avisos.
Ilustração 2 - Estrutura Legal do Sistema de Normalização Contabilística
ontabilística

Código de Contas
Portaria n.º 1011/2009

Entidades Gerais Pequenas Entidades


Decreto-Lei n.º158/2009 Decreto-Lei
Lei n.º158/2009
Estrutura
Conceptual
MDF MDF-PE PE
Portaria n.º 986/2009 Portaria n.º 986/2009
Aviso
n.º15652/2009 NCRF-PEPE
NCRF
Aviso n.º15655/2009 Aviso n.º15654/2009

Normas Interpretativas
Aviso n.º15653/2009
Fonte: Elaboração própria.

Os Modelos das Demonstrações Financeiras 9


Em termos gerais, as novas normas não apresentam diferenças
muito substanciais ao que se vinha praticando.
Contudo em termos conceptuais e terminológicos representam um
corte com toda a tradição contabilística existente. Trazem com elas
um conjunto de conceitos, de terminologia, de processos e de
regras que diferem sensivelmente da cultura existente.

Gastambide Fernandes
In “Revista E Auditores” n.º36

Este novo modelo nacional de Normalização Contabilística veio introduzir novas


terminologias das contas e rubricas. Salienta-se
se o facto de também terem sido adoptados
novos termos, como por exemplo, activos biológicos e activos detidos para
pa venda.

Ilustração 3 - Alterações Terminológicas

POC SNC

•Existências •Inventários
•Mensuração •Valorização/Valorimetria
Valorização/Valorimetria
•Imobilizado Incorpóreo •Activo Intangível
•Imobilizado Corpóreo •Activo Fixo Tangível
•Custos e Perdas •Gastos
•Proveitos e Ganhos •Rendimentos
•Proveito •Rédito
•Reintegração •Depreciação
•Empresa •Entidade
•Valor Escriturado •Quantia Escriturada
•Valor Actual •Valor Presente
•Contas de Terceiros •Contas
Contas a Receber e a Pagar

Fonte: Elaboração própria.

3. Âmbito de aplicação do Sistema de Normalização Contabilística

De acordo com o artigo 3º do Decreto Lei n.º 158/2009 de 13 de Julho, o SNC, com
excepção das entidades que obrigatória ou facultativamente adoptem as IAS/IFRS, é de
aplicação obrigatória pelas seguintes entidades:
 Sociedades abrangida pelo Código das Sociedades Comercias (CSC);
(CSC)
 Empresas individuais reguladas pelo Código Comercial;
 Estabelecimentos individuais de responsabilidade limitada (EIRL);
(EIRL)

Os Modelos das Demonstrações Financeiras 10


 Empresas públicas;
 Cooperativas;
 Agrupamentos complementares de empresas (ACE) e agrupamentos europeus de
interesse económico (AEIE).

É de salientar que as entidades sem fins lucrativos que estavam sujeitas ao POC,
adoptarão o SNC, até que sejam publicadas normas que contemplem todas as suas
especificidades.

Estão excluídas da aplicação deste sistema as entidades que apliquem as NIC (art. 4º
Decreto Lei n.º 158/2009) e as entidades sujeitas a supervisão do sector financeiro, ou
seja, o Banco de Portugal, o Instituto de Seguros de Portugal, a Comissão do Mercado
dos Valores Mobiliários, etc (art. 5º Decreto Lei n.º 158/2009).

De acordo com o artigo 10º do Decreto Lei n.º 158/2009, ficam dispensadas da
aplicação do SNC, as pessoas singulares que não realizem na média dos últimos três
anos um volume de negócios superior a € 150.000,00.

Este novo sistema contabilístico contempla três níveis, de aplicação obrigatória ou


facultativa, consoante os casos.

» 1º Nível – IAS/IFRS tal como adoptadas na União Europeia

Obrigatório: - Contas consolidadas de grupos com valores mobiliários admitidos à


negociação em mercado regulamentado;
- Contas de empresas cotadas que não sejam grupos.

Facultativo: - Contas consolidadas de grupos não cotados;


- Contas individuais da empresa-mãe e subsidiárias de grupos cotados e
não cotados.

» 2º Nível - NCRF

Obrigatório: - Empresas dos sectores não financeiros que não tenham obrigação de usar
as IFRS e não sejam PE (Pequenas Entidades) não sujeitas a Certificação
Legal de Contas (CLC).

Facultativo: - Contas consolidadas de grupos não cotados;

Os Modelos das Demonstrações Financeiras 11


- Contas individuais da empresa-mãe e de subsidiárias de grupos cotados e
não cotados;
- Pequenas entidades não sujeitas a CLC.

» 3º Nível – NCRF-PE

Este nível é de aplicação facultativa e destina-se a empresas que:

1. Não pertençam a grupos económicos;


2. Não estejam sujeitas a CLC por razões legais ou estatutárias;
3. Não ultrapassem dois dos três limites:
- Volume de Negócios e outros rendimentos: € 1.000.000,00
- Total do Balanço: € 500.000,00
- N.º médio de empregados: 20.

No entanto, com a publicação da Lei n.º 20/2010 de 23 de Agosto, estes limites foram
alargados para os constantes do art. 262º do CSC, a saber:
- Volume de Negócios e outros rendimentos: € 3.000.000,00
- Total do Balanço: € 1.500.000,00
- N.º médio de empregados: 50.

Quando o SNC for omisso em alguma matéria, deve ser aplicado supletivamente:
- as NCRF e Normas Internacionais (NI);
- as IAS adoptadas ao abrigo do Regulamento n.º 1606/2002;
- as IAS/IFRS emitidas pelo IASB e respectivas Interpretações.

Após a publicação do SNC, na Lei n.º 35/2010 de 2 de Setembro, foi criado um regime
especial simplificado das normas e informações contabilísticas a serem aplicadas
exclusivamente às empresas consideradas como microentidades nesse diploma.
Microentidades são aquelas empresas que não integram a consolidação, que não são
sujeitas a CLC e que, à data do balanço, não ultrapassem dois dos três limites:
- Total de balanço: € 500.000,00;
- Volume negócios líquido: € 500.000,00;
- N.º médio de empregados: 5.

Os Modelos das Demonstrações Financeiras 12


4. Estrutura Conceptual da Contabilidade – do Plano
lano Oficial de
Contabilidade ao Sistema
ma de Normalização Contabilística

A Estrutura Conceptual
onceptual é um documento autónomo do SNC publicado
publicado pelo Aviso n.º
15652/2009 do Diário da República n.º 173, Série II, de 7 de Setembro de 2009, que
tem por base a EC do IASB.

Segundo Tua Pereda (1997)1 a EC é “…uma


uma interpretação da teoria geral da
disciplina, mediante a qual se estabelecem, através de um itinerário lógico dedutivo, os
fundamentos teóricos em que se apoia a informação financeira”. Em suma, pode dizer-
se que é um agregar de várias noções
noçõe fundamentais da contabilidade,
ontabilidade, e como tal torna-
se um elemento basilar para qualquer sistema contabilístico.

Os primeiros esforços para estabelecer uma EC são atribuídos ao FASB com a


publicação das Statements oh Financial Accounting Concepts (SFAC) n.º 1, 2, 3, e 5
expressamente dirigidas às empresas. Grenha, C. e al. (2009) definem a EC como sendo
um “…sistema
sistema de objectivos inter-relacionados
relacionados e fundamentos que podem levar a
normas consistentes”. A EC do IASB ou chamada Framework incorpora quatro níveis.

Ilustração 4 - Níveis que compõem a Framework do International


I Accounting Standardes
S Board

1º Nível •Refere-se
se aos objectivos das demonstrações financeiras.

•Trata
Trata das características qualitativas e dos componentes
2º Nível principais das demonstrações financeiras.

•Compreende
Compreende o reconhecimento e a mensuração dos
3º Nível elementos das demonstrações financeiras.

•Integra
Integra os conceitos de capital e de manutenção do
4º Nível mesmo.

Fonte: Conceptual Framework do IASB2

1
Tua Pereda, Jorge, “Necessitamos un “Marco Conceptual”, Estúdios de Contabilidad y Auditoria en
Homenage a Don Carlos Cubillo Valverde”,
Valverde Ed. ICAC, Madrid, 1997 in Guimarães,
Guimarãe J. F. Cunha., “A
estrutura conceptual da contabilidade – do POC ao SNC”, Revista OTOC, n.º 91,, 2007, pp. 45.
2
Disponível em <http://www.iasb.org/NR/rdonlyres/E29DA762-C0E1-40F8-BDD4-A0C6B5548B81/0
<http://www.iasb.org/NR/rdonlyres/E29DA762 A0C6B5548B81/0
/Framework.pdf>, consultado a 26 de Setembro de 2010 (Tradução livre).

Os Modelos das Demonstrações Financeiras 13


De uma forma geral, a EC do IASB estava prevista na antiga Estrutura Conceptual da
Contabilidade (ECC), através do POC e das Directrizes Contabilísticas, como se pode
confirmar pela Directriz Contabilística n.º 18/97 - Objectivos das Demonstrações
Financeiras e Princípios Contabilísticos Geralmente Aceites.

Com efeito, esta directriz esclarece que os segundos e terceiros níveis estão previstos
parcialmente no POC (Capítulos 2 a 8) e descreve o primeiro nível quanto aos
objectivos das demonstrações financeiras e, relativamente ao terceiro nível,
conceptualiza os princípios contabilísticos geralmente aceites3. Ou seja, a própria CNC
reconheceu a necessidade de emitir uma directriz contabilística que incluísse uma
perspectiva conceptual acerca da preparação e apresentação das demonstrações
financeiras.

Contudo, ficou por definir o quarto e último nível relativo aos conceitos de capital e de
manutenção do mesmo.

Refira-se, ainda, que na antiga ECC faltavam outros elementos contidos na EC do


IASB, como são os casos dos conceitos de activo, de passivo, de capital próprio, de
proveitos e de custos.

Neste sentido, temos assistido de forma recorrente, ao longo dos últimos anos, à crítica
de que o antigo sistema contabilístico nacional baseado no POC não integrava uma EC
completa, uma vez que este elemento fundamental da contabilidade era de grande
utilidade para os utentes da informação financeira.

Assim, importa referir que a EC que integra o SNC difere da até então utilizada no
POC. Esta não é uma norma, nem define normas para qualquer mensuração particular
ou divulgação.

De acordo com o parágrafo 3 da EC, este elemento fundamental “…estabelece


conceitos que estão subjacentes à preparação e apresentação das demonstrações
financeiras para utentes externos, seja pelas entidades que preparam um conjunto

3
Disponível em <http://www.otoc.pt/noticias_site/detalhes.php?id=339>, consultado a 28/08/2010.

Os Modelos das Demonstrações Financeiras 14


completo de demonstrações financeiras, seja pelas pequenas entidades”. Contudo esta
EC, no seu parágrafo 5 trata:

a) do objectivo das demonstrações financeiras;


b) das características qualitativas que determinam a utilidade da informação
contida nas demonstrações financeiras;
c) da definição, reconhecimento e mensuração dos elementos a partir dos quais
se constroem as demonstrações financeiras; e
d) dos conceitos de capital e de manutenção de capital.

O parágrafo 2 da EC vem descrever a finalidade deste elemento fundamental:

a) Ajudar os preparadores das demonstrações financeiras na aplicação das Normas


Contabilísticas e de Relato Financeiro (NCRF) e no tratamento de tópicos que ainda
tenham de constituir assunto de uma dessas Normas;
b) Ajudar a formar opinião sobre a aderência das demonstrações financeiras às NCRF;
c) Ajudar os utentes na interpretação da informação contida nas demonstrações
financeiras preparadas; e
d) Proporcionar aos que estejam interessados no trabalho da CNC informação acerca
da sua abordagem à formulação das NCRF.

Ressalve-se que em caso de conflito entre esta EC e uma outra norma, prevalecem os
requisitos dessa norma em detrimento dos da primeira.

Em suma, a EC é o principal elemento do SNC e, assim, documento essencial para


todos os profissionais de contabilidade, sob pena de não se interpretar correctamente a
teoria geral da contabilidade mediante a qual se estabelecem os fundamentos da
informação financeira.

Os Modelos das Demonstrações Financeiras 15


PARTE II
Demonstrações Financeiras: Plano Oficial
de Contabilidade vs Sistema de
Normalização Contabilística
1. As Demonstrações Financeiras

A contabilidade tem por actividade o registo e relato sobre as interacções, os fluxos e os


processos, quer gerados dentro da entidade, quer entre as várias entidades, desde que
traduzidos numa mesma unidade monetária.

Segundo Grenha, C. et al.,


“A elaboração de Demonstrações Financeiras, é o acto de “proporcionar informação”
sobre esses fluxos4, nomeadamente a “posição financeira”, através do Balanço, o
“desempenho” através das Demonstrações dos Resultados, e “das alterações na
posição financeira” através da Demonstração dos Fluxos de Caixa (2009: 247)”.

Neste seguimento, as Demonstrações Financeiras apresentam as seguintes finalidades:


 Proporcionar informação útil aos utilizadores;
 Avaliar a capacidade da empresa gerar dinheiro e equivalentes de dinheiro e da
tempestividade e certeza da sua geração;
 Informar sobre os recursos económicos controlados pela empresa, estrutura
financeira, liquidez e solvência.

No sentido de melhor satisfazer estes objectivos, as demonstrações financeiras


proporcionam a seguinte informação sobre uma determinada entidade:

 Activos;
 Passivos;
 Capital Próprio;
 Rendimentos (réditos e ganhos);
 Gastos (gastos e perdas);
 Outras alterações no Capital Próprio; e
 Fluxos de Caixa.

Com a aprovação do SNC assiste-se a uma reforma no modo de agregar os dados (existe
uma razoável alteração no modo de pensar essa agregação), mas mantém-se a criação de
um código de contas regulamentado e automatizado face ao POC (Portaria n.º
1011/2009). Assim, com o SNC, poderão ser acrescentadas linhas de itens adicionais,

4
Existem três tipos de fluxos: os financeiros (despesas e receitas), os económicos (gastos e rendimentos)
e os monetários (pagamentos e recebimentos).

Os Modelos das Demonstrações Financeiras 17


títulos e subtotais,
totais, aos modelos obrigatórios definidos no mesmo, quando tal for
relevante para a melhor compreensão da entidade.

As demonstrações financeiras serão elaboradas segundo uma estrutura e conteúdo


constante nas Normas Contabilísticas de Relato Financeiro 1 e 2 (NCRF 1 e NCRF 2).

Muito embora o conteúdo e a estrutura das demonstrações financeiras do SNC sejam


substancialmente diferentes das adoptadas pelo POC como veremos adiante, é de realçar
a importância dada ao anexo, como espaço privilegiado para uma informação detalhada
da razão de ser dos valores constantes nas demonstrações financeiras. Tal importância
import
advém do facto do SNC assentar mais em princípios do que em regras definidas. Assim,
estamos perante uma norma de conduta que, poderá incorporar em si mesma, um certo
grau de subjectividade, que carece
carece por vezes de explicação pormenorizada.

A EC no parágrafo 47 vem estabelecer os elementos das demonstrações financeiras:

“As
As demonstrações financeiras retratam os efeitos financeiros das transacções e de
outros acontecimentos ao agrupá-los
agrupá em grandes classes de acordo com as suas
características económicas. Estas grandes classes são constituídas pelos elementos das
demonstrações financeiras. Os elementos directamente relacionados com a
mensuração da posição financeira no balanço são os activos, os passivos
pass e os capitais
próprios. Os elementos directamente relacionados com a mensuração do desempenho
na demonstração dos resultados são os rendimentos e os gastos. A demonstração de
alterações na posição financeira reflecte geralmente elementos da demonstração
demonstraç dos
resultados e as alterações de elementos do balanço; concordantemente, esta Estrutura
Conceptual não identifica nenhuns elementos que sejam exclusivos daquela
demonstração”.

Ilustração 5 - Mensuração e elementos das demonstrações


demonstrações financeiras

Elementos das demonstrações


Demonstração financeira Mensuração
financeiras
• Balanço • Posição financeira • Activos, passivos e capitais próprios
• Demonstração dos resultados • Desempenho • Rendimentos e gastos
• Demonstração de alterações • Alterações na posição • Elementos do balanço e da
na posição financeira financeira demonstração dos resultados

Fonte: J. F. Cunha Guimarães, “As


As demonstrações financeiras – Do POC ao SNC”, Revista da OTOC
TOC, n.º95, 2008, pp. 31.

Da análise da ilustração 5 retira-se


retira se que os activos, passivos e capitais próprios são
elementos da posição financeira.

Os Modelos das Demonstrações Financeiras 18


“Activo é um recurso controlado pela entidade como resultado de acontecimentos
passados e do qual se espera que fluam para a entidade benefícios económicos futuros”
(EC a) parágrafo 49). Entende-se por benefícios económicos futuros todos os recursos
que contribuem, directa ou indirectamente, para o fluxo de caixa e de seus equivalentes
da entidade. A noção de activo evoluiu, sendo que anteriormente se centrava no termo
posse, passando a centrar-se no termo controlo, ampliando assim a esfera do que pode
ser considerado activo, como por exemplo, as marcas, as patentes, os direitos legais
(dívidas a receber se estas gerarem benefícios económicos futuros), regime de locação
financeira, etc.

De acordo com a alínea b) do parágrafo 49 da EC, “Passivo é uma obrigação presente


da entidade proveniente de acontecimentos passados, da liquidação da qual se espera
que resulte um exfluxo de recursos da entidade incorporando benefícios económicos”.
É condição essencial, para que possa ser considerado um passivo, que a entidade tenha
uma obrigação presente (cuja origem já acontecerá) para fazer face a um compromisso
futuro.

A diferença entre estes dois elementos é o capital próprio, isto é, estamos perante a
equação fundamental da contabilidade. “Capital próprio é o interesse residual nos
activos da entidade depois de deduzir todos os seus passivos (EC c) parágrafo 49)”.

Os elementos que estão directamente relacionados com a mensuração do desempenho


são: os rendimentos e os gastos.

“Rendimentos são aumentos nos benefícios económicos durante o período


contabilístico na forma de influxos ou aumentos de activos ou diminuições de passivos
que resultem em aumentos no capital próprio, que não sejam os relacionados com as
contribuições dos participantes no capital próprio” (EC a) parágrafo 69). Esta
descrição abrange as designações de réditos e de ganhos. Os réditos são rendimentos
que decorrem da actividade principal da entidade e que resultam de aumentos de activos
ou de diminuições de passivos, por exemplo, as vendas, honorários, dividendos,
royalties e rendas. Já os ganhos são rendimentos que podem ou não provir da actividade
principal da entidade. Estes não têm uma natureza diferente do rédito uma vez que
representam aumentos no património líquido.

Os Modelos das Demonstrações Financeiras 19


De acordo com a alínea b) do parágrafo 69 da EC, “Gastos são diminuições nos
benefícios económicos durante o período contabilístico na forma de exfluxos ou
deperecimentos de activos ou na incorrência de passivos que resultem em diminuições
do capital próprio, que não sejam as relacionadas com distribuições aos participantes
no capital próprio”. Tendo em conta a sua ligação ou não à actividade ordinária da
entidade, esta definição engloba duas realidades:

 Gastos - decorrem da actividade principal da entidade e resultam de diminuições


de activos ou de aumentos de passivos, por exemplo, custo das vendas, salários e
depreciações.
 Perdas - podem ou não provir da actividade principal da entidade. Estes têm uma
natureza igual aos gastos uma vez que representam diminuições no património
líquido.

A demonstração de alterações na posição financeira espelha, por regra, elementos da


demonstração dos resultados e as alterações de elementos do balanço. A revalorização
ou reexpressão de activos e passivos dá origem a aumentos ou diminuições do capital
próprio, isto é, estes ajustamentos contribuem para a alteração do valor de capital
próprio satisfazendo desta forma as definições de rendimentos e de gastos. Todos estes
ajustamentos ajudam o utente a ter uma visão mais alargada das alterações verificadas
no capital próprio daquele exercício.

Segundo a EC, os pressupostos subjacentes à elaboração das demonstrações financeiras


são dois:

 Regime do acréscimo: os efeitos das operações devem ser reconhecidos na


altura em que ocorrem e não quando são pagos ou recebidos, ou seja, a
contabilidade não é efectuada numa base de caixa, mas sim quando as
transacções ocorrem. Assim, não só as operações passadas (já pagas ou
recebidas) mas também as obrigações de pagar e os recursos que representam
recebimentos no futuro devem ser consideradas na preparação das
demonstrações financeiras.
 Continuidade: as demonstrações financeiras são normalmente preparadas no
pressuposto de que a entidade irá prosseguir a sua actividade operacional, e
nesse sentido, não tem necessidade, nem a intenção de liquidar ou reduzir

Os Modelos das Demonstrações Financeiras 20


significativamente o nível das suas operações. Se tal necessidade se vier a
verificar, as demonstrações financeiras devem reflectir e divulgar o regime
utilizado na sua preparação.

Antes de passarmos para a análise específica de cada uma das demonstrações


financeiras, é importante salientar alguns aspectos a ter em conta na elaboração de todas
elas, e que não estavam explícitos no antigo plano de contabilidade:

 As demonstrações financeiras devem ser identificadas, de uma forma clara e que


permita distingui-las de outra informação que conste dos documentos de
prestações de contas. De acordo com o parágrafo 8 da NCRF 1, deve ser
indicado:
“- nome da entidade que relata e qualquer alteração desde a data do balanço
anterior;
- se as Demonstrações Financeiras abrangem a entidade individual ou um
grupo de entidades;
- a data do balanço ou o período abrangido pelas Demonstrações
Financeiras;
- a moeda de apresentação;
- o nível de arredondamento usado na apresentação das Demonstrações
Financeiras”.

 Nas BADF, o princípio da não compensação de saldos ganha forma e clarifica


que os activos e passivos, e os rendimentos e gastos, não devem ser
compensados.

Os Modelos das Demonstrações Financeiras 21


2. Conjunto completo de Demonstrações Financeiras

De acordo com o previsto no ponto 2.1.4 das BADF do SNC, que está em sintonia com
o ponto 8 da IAS 15, um conjunto completo de demonstrações financeiras6 inclui:

 Balanço;
 Demonstração dos Resultados;
 Demonstração das Alterações no Capital Próprio;
 Demonstração de Fluxos de Caixa (método directo);
 Anexo em que se divulguem as bases de preparação e políticas contabilísticas
adoptadas e outras divulgações.

A NCRF 1 trata de quase todo o conjunto completo de demonstrações, reservando


apenas o desenvolvimento da Demonstração de Fluxos de Caixa para a NCRF 2. A
expressão “conjunto completo” conjectura que as demonstrações financeiras não devem
ser analisadas e interpretadas individualmente mas sim no seu todo, com a finalidade de
se obter uma leitura mais ampla e completa do relato financeiro da entidade,
funcionando assim como suporte da tomada de decisões pelos stakeholders das
demonstrações financeiras.

Já no anterior modelo nacional de normalização contabilística se impunha que as


demonstrações financeiras deveriam apresentar uma imagem verdadeira e apropriada da
posição financeira e do resultado das operações da empresa. Este novo modelo decidiu
manter essa imposição, conforme vem explícito no ponto 2.1.6 do anexo ao Decreto Lei
n.º 158/2009 de 13 de Julho:

“Na generalidade das circunstâncias, uma apresentação apropriada é conseguida pela


conformidade com as NCRF aplicáveis. Uma apresentação apropriada também exige
que uma entidade:

5
De acordo com a versão do Regulamento (CE) n.º1126/2008, da Comissão, de 3 de Novembro de 2008,
publicado no Jornal Oficial da União Europeia L320, de 29 de Novembro de 2008.

6
A Portaria nº 986/2009, de 7 de Setembro e o Aviso nº 15652/2009, de 7 de Setembro também vêm
estabelecer quais os elementos que compõem um conjunto completo de demonstrações financeiras.

Os Modelos das Demonstrações Financeiras 22


a) Seleccione e adopte políticas contabilísticas de acordo com a NCRF aplicável;

b) Apresente a informação, incluindo as políticas contabilísticas, de uma forma que


proporcione a disponibilização de informação relevante, fiável, comparável e
compreensível;

c) Proporcione divulgações adicionais quando o cumprimento dos requisitos


específicos contidos nas NCRF possa ser insuficiente para permitir a sua compreensão
pelos utentes”.

Comparativamente com o POC, podemos salientar que não existem alterações


substanciais nas demonstrações financeiras ditas obrigatórias, sendo apenas introduzida
a Demonstração das Alterações no Capital Próprio.

Todas as entidades sujeitas ao SNC são obrigadas a apresentar um conjunto completo de


demonstrações financeiras. Apesar de não explícito no conjunto completo divulgado
anteriormente, a Demonstração dos Resultados por Naturezas assume um carácter
obrigatório. Contudo, pode ser apresentada adicionalmente a Demonstração dos
Resultados por Funções.

Todavia, para as entidades que adoptem as NCRF-PE ou o Regime Especial


Simplificado, os modelos acima apresentados são menos desenvolvidos e são
dispensadas as Demonstrações das Alterações no Capital Próprio e dos Fluxos de Caixa.

2.1. Norma Contabilística e de Relato Financeiro

2.1.1. Balanço

De acordo com Borges, A. et al., “O Balanço é um quadro alfanumérico que contém


informação reportada a determinada data, acerca dos recursos que a entidade utiliza e
da forma como estão a ser financiados pelos titulares da entidade e por terceiros”
(2007a: 29).

Os Modelos das Demonstrações Financeiras 23


Em relação a esta demonstração financeira,
financeira, o SNC veio introduzir algumas alterações
das quais se destaca a adopção pelo modelo vertical, ou seja, o Capital Próprio e Passivo
deixam de estar à direita
eita do Activo, e passam para baixo deste.

Ilustração 6 - Modelo Horizontal VS Modelo Vertical

ACTIVO

CAPITAL
PRÓPRIO CAPITAL
PRÓPRIO
ACTIVO
PASSIVO PASSIVO

Fonte: Elaboração Própria

É assumido um formato único, que servirá de modelo para o relato financeiro quer para
as contas individuais, quer para as contas consolidadas.

Este modelo apresenta um conteúdo mínimo, podendo ser adicionadas rubricas em


função dos conceitos de materialidade
materialidade e de agregação. Contrariamente, também se
podem remover as linhas que não apresentem valores, de forma a beneficiar a leitura
aos utentes das demonstrações
emonstrações financeiras e optimização do espaço.

Ilustração 7 - Composição do Balanço

»Regra: Contas »Regra:


Regra: Agregação de Contas

»Excepção: Agregação de Contas POC SNC Excepção: Contas


»Excepção:

Fonte: Elaboração Própria

É igualmente importante prestar atenção ao que vem definido em cada NCRF


relativamente às subclassificações, por exemplo, os itens do activo fixo tangível são

Os Modelos das Demonstrações Financeiras 24


desagregados em classes de acordo com a NCRF 7 – Activos Fixos Tangíveis; as contas
a receber são desagregadas em contas a receber de clientes comerciais, conta a receber
de partes relacionadas, pré-pagamentos e outras; os inventários são subclassificados, de
acordo com a NCRF 18 – Inventários.

Outra alteração importante face ao antigo modelo é a remoção das colunas do Activo
Bruto e das Amortizações e Ajustamentos, isto é, passa apenas a existir a coluna relativa
aos valores líquidos do Activo.

Ilustração 8 - Balanço: Plano Oficial de Contabilidade

Fonte: www.cnc.min-financas.pt/POC/6_balanco.PDF, disponível em 17 de Fevereiro de 2010

Ilustração 9 - Balanço: Sistema de Normalização Contabilística

Fonte: Portaria n.º 986/2009 de 7 de Setembro

Da análise das ilustrações 8 e 9 apresentadas, verifica-se que o modelo introduzido pelo


SNC excluiu as colunas relativas ao código das contas e acrescenta uma coluna
denominada de “Notas” que se destina à referência cruzada para o anexo.

Este novo modelo trouxe algumas alterações no que respeita à forma de organizar as
rubricas, isto é, as entidades passam a apresentar os Activos e Passivos, separados entre
correntes e não correntes, conforme o definido nos parágrafos 10 a 13 da NCRF 1 –
Estrutura e Conteúdo das Demonstrações Financeiras. A diferença entre correntes e não
correntes, prende-se com a definição de ciclo operacional.

Os Modelos das Demonstrações Financeiras 25


Segundo Grenha, C. et al.,
al. o ciclo operacional é “…oo tempo entre a aquisição de
activos para processamento e sua realização
realizaç em caixa ou seus equivalentes”
equivalentes (2009:
261).

Ilustração 10 - Activos/Passivos: Não Correntes e Correntes

• Fora do Ciclo Operacional


Não Correntes
• Mais de 12 Meses (Longo Prazo)

• Dentro do Ciclo Operacional


Correntes
• Menos (ou igual) de 12 Meses (Curto Prazo)

Fonte: Elaboração Própria

Para um activo ser classificado como corrente tem de satisfazer qualquer um dos
seguintes critérios:

a) Espera-se
se que seja realizado, ou pretende-se
se que seja vendido ou consumido, no
decurso normal do ciclo operacional da entidade;
b) Esteja detido essencialmente para a finalidade de ser negociado;
c) Espera-se
se que seja realizado num período até doze meses após a data do balanço;
ou
d) É caixa ou equivalente de caixa, a menos que lhe seja limitada a troca ou uso para
liquidar um passivo durante pelo menos doze meses após a data do balanço.
NCRF 1 parágrafo 14

Por conseguinte, todos os activos que não cumpram um destes critérios serão
classificados como não correntes. Relativamente aos passivos, estes serão classificados
de correntes se satisfizerem qualquer um dos seguintes critérios:

a) Se espere que seja liquidado durante o ciclo operacional normal da entidade;


b) Esteja detido essencialmente
essencialme para a finalidade de ser negociado;
c) Deva ser liquidado num período até doze meses após a data do balanço; ou
d) A entidade não tenha um direito incondicional de diferir a liquidação do passivo
durante pelo menos doze meses após a data do balanço.
NCRF 1 parágrafo 17

Consequentemente,, todos os passivos que não cumpram um destes critérios serão


classificados como não correntes.

Os Modelos das Demonstrações Financeiras 26


2.1.2. Demonstração dos Resultados

Para Borges, A. et al., “A Demonstração dos Resultados é um quadro alfanumérico que


contém informação reportada
portada a um determinado intervalo de tempo, isto é,
é a um
período de tempo que medeia entre as datas do Balanço” (2007a: 39).

Tal como aconteceu no Balanço,


Balanço, também se adoptou para este modelo um formato
vertical (interligado),, ou seja, em vez dos Gastos se encontrarem à esquerda num
membro e os Rendimentos noutro, os Gastos vão passar agora a estar situados por
debaixo dos Rendimentos. Nesta conformidade, o modelo vai apresentar linhas de
resultados intercalares,, eliminando o resumo dos resultados que integrava o anterior
modelo.

Ilustração 11 - Modelo Horizontal VS Modelo Vertical

RENDIMENTOS

GASTOS

RESULTADO 1

RENDIMENTOS

GASTOS
CUSTOS
RESULTADO 2
PROVEITOS
RENDIMENTOS
RESULTADO
FINAL GASTOS

RESULTADO FINAL

Fonte: Elaboração Própria

É assumido um formato único, que servirá de modelo para o relato financeiro quer para
as contas individuais, quer para as contas consolidadas.

Este modelo apresenta igualmente um conteúdo mínimo, podendo ser adicionadas


adi
rubricas em função dos conceitos de materialidade e de agregação. Seguindo a mesma

Os Modelos das Demonstrações Financeiras 27


prática que o Balanço, as linhas que não apresentem valores podem ser removidas,
removidas
beneficiando-se a leitura e optimização do espaço.

Relativamente às subclassificações, sempre que se entendam apresentá-las


apresentá deveremos
ter em atenção o constante em cada uma das NCRF.

Ilustração 12 -Demonstração
Demonstração dos Resultados por Naturezas: Plano
P Oficial
ficial de Contabilidade

Fonte: www.cnc.min-financas.pt/POC/7_drn.PDF
financas.pt/POC/7_drn.PDF, disponível em 19 de Fevereiro de 2010

Ilustração 13 - Demonstração dos Resultados por Naturezas: Sistema


S de Normalização
ormalização
Contabilística

Fonte: Portaria nº 986/2009 de 7 de Setembro

Da análise das ilustrações 12 e 13 apresentadas verifica-se igualmente que o modelo


introduzido pelo SNC excluiu as colunas
colunas relativas ao código das contas e acrescenta
uma coluna denominada de “Notas”, que se destina à referência cruzada para o anexo.

Os Modelos das Demonstrações Financeiras 28


Este novo modelo de Demonstração dos Resultados por Naturezas introduzido pelo
SNC, disponibiliza os seguintes resultados, enumerados pela ordem que aparecem no
modelo:

 Resultados antes de depreciações, gastos de financiamento e impostos


(EBITDA);
 Resultado operacional (antes de gastos de financiamento e impostos – EBIT);
 Resultado antes de impostos (RAI);
 Resultado líquido do período (RLP).

Estes são conceitos que não estamos muito familiarizados, mas que permitem perceber a
evolução do cash-flow operacional
peracional até ao cash-flow
cash flow líquido antes de distribuição de
dividendos.

Como foi referido anteriormente, pode ser apresentado adicionalmente a Demonstração


dos Resultados por Funções.

Ilustração 14 - Demonstração dos Resultados


Resultado por Funções: Plano Oficial de Contabilidade
C

Fonte: www.cnc.min-financas.pt/POC/POContabilidade.pdf,
financas.pt/POC/POContabilidade.pdf, disponível em 19 de Fevereiro de 2010

Ilustração 15 - Demonstração dos Resultados por Funções: Sistema de Normalização


ormalização Contabilística

Fonte: Portaria n.ºº 986/2009 de 7 de Setembro

Analisando as ilustrações 14 e 15,


15 conclui-se que o SNC não trouxe grandes alterações a
este modelo, ou seja, introduziu apenas uma coluna para as notas. Este modelo é

Os Modelos das Demonstrações Financeiras 29


considerado por muitos como a demonstração dos resultados que proporciona
informação mais relevante aos utentes. Contudo, salientamos a possibilidade de existir
alguma arbitrariedade na classificação dos fluxos a considerar pelas diferentes rubricas
desta peça contabilística devido a alguma ponderação por parte do preparador da
informação financeira.

2.1.3. Demonstração das Alterações no Capital Próprio

Este novo modelo é uma inovação introduzida pelo novo sistema contabilístico. Foi
criado com o objectivo de reflectir todas as modificações no Capital Próprio entre dois
períodos contabilísticos, isto é, explicar as alterações ocorridas na expressão monetária
e na composição do Capital Próprio.

É um quadro de dupla entrada onde as linhas são discriminadas em função das razões
que originaram as alterações no capital próprio e nas colunas se listam os itens do
capital próprio constantes do balanço.

Segundo Grenha, C. et al. (2009: 272), as variações no Capital Próprio podem ter três
possíveis origens:
 As que resultam das transacções com detentores de Capital Próprio, na sua
figura e capacidade de detentores;
 O resultado líquido que representa a diferença entre rendimentos e gastos em
cada período, ou seja, a gerada pelas actividades da entidade;
 Todas as alterações que são geradas pelas actividades da entidade mas que não
transitam pela Demonstração dos Resultados.

O modelo vem introduzir um novo conceito: o de resultado integral (total ou extensivo),


“…que resulta da agregação directa do resultado líquido do período com todas as
variações ocorridas em capitais próprios não directamente relacionadas com os
detentores de capital, agindo enquanto tal” (NCRF 1 parágrafo 41).

Os Modelos das Demonstrações Financeiras 30


Ilustração 16 - Demonstração das alterações no capital próprio

Fonte: Portaria nº 986/2009 de 7 de Setembro

À semelhança dos outros modelos, as linhas que não apresentem valores podem ser
removidas, beneficiando-se a leitura e optimização do espaço.

Este modelo é importante na medida em que aumenta a informação disponível para a


tomada de decisão dos stakeholders das demonstrações financeiras devido a uma
melhor explanação dos movimentos ocorridos no capital próprio.

Os Modelos das Demonstrações Financeiras 31


2.1.4. Demonstração de Fluxos de Caixa

A Demonstração de Fluxos de Caixa é uma parte integrante das Demonstrações


Financeiras, sendo mesmo considerada a parte de maior importância, uma vez que:

 Permite a comparabilidade entre empresas;


 Está imune à contabilidade criativa;
 Permite avaliar a capacidade da empresa continuar em actividade.

Este modelo vem regulado na NCRF 2 – Demonstração de Fluxos de Caixa, e tem por
finalidade “…exigir
exigir informação acerca das alterações históricas de caixa e seus
equivalentes de uma entidade por meio de uma demonstração de fluxos de caixa que
classifique os fluxos de caixa durante o período em operacionais, de investimento e de
financiamento” (NCRF 2 parágrafo 1).

A NCRF 2 teve por base a Norma Internacional de Contabilidade IAS 7 –


Demonstrações de Fluxos de Caixa, adoptada pelo Regulamento
Regulamento (CE) n.º 1725/2003 da
Comissão, de 21 de Setembro, com as alterações do Regulamento (CE) n.º 2238/2004
da Comissão, de 29 de Dezembro.

Ilustração 17 - Fluxos de Caixa

Actividades de • são aquelas que alteram a dimensão e composição do


Financiamento Capital Próprio contribuído e dos empréstimos obtidos.

Actividades • são aquelas que derivam da aquisição e alienação de


activos a longo prazo e de outros investimentos não
de Investimento incluídos em equivalentes de caixa.

Actividades • são as principais actividades produtoras de rédito e


outras que não sejam de investimento ou de
Operacionais financiamento.

Fonte: NCRF 2 – Demonstração de Fluxos de Caixa


Caix

Este modelo assume uma grande importância pois permite ao utente da informação
financeira obter informação relativa à forma como os recursos financeiros fluíram na
entidade de relato naquele período.

Os Modelos das Demonstrações Financeiras 32


A grande alteração introduzida pelo SNC relativamente a este modelo,
é a obrigação de apresentar os fluxos de caixa provenientes de
Referência
actividades operacionais pelo método directo. No anterior plano
Cruzada
contabilístico era possível relatar o fluxo das actividades
operacionais pelo método directo ou indirecto.

2.1.5. Anexo

Esta demonstração financeira não é propriamente uma novidade uma vez que apresenta-
se com o mesmo espírito da contida no POC, apesar de ostentar novas notas e uma nova
estrutura e sequência das mesmas.

A grande inovação desta demonstração reside na organização e facilidade de obtenção


de informação específica que justifique e ajude na compreensão de qualquer valor que
conste do balanço, demonstração dos resultados, demonstração das alterações no capital
próprio e demonstração de fluxos de caixa. Isto torna-se possível, uma vez que são
apresentadas nas respectivas faces das demonstrações ora referidas, no alinhamento de
cada item, o número da nota do anexo.

O anexo não constitui um formulário, apenas reúne um conjunto de divulgações


exigidas pelas NCRF. Neste sentido, cada entidade poderá conceber a sua própria
sucessão numérica, em harmonia com as divulgações que deva realizar, sendo que as
notas 1 a 4 serão sempre explicitadas e ficam reservadas para os seguintes assuntos:

1. Identificação da entidade;
2. Referencial contabilístico de preparação das Demonstrações Financeiras;
3. Principais políticas contabilísticas;
4. Fluxos de caixa.

A Portaria n.º 986/2009 de 7 de Setembro, apresenta o modelo obrigatório de anexo.


Contudo, pode ser acrescentado ao mesmo qualquer outra divulgação que se entenda ser
necessária para melhor compreensão por parte dos utentes das Demonstrações
Financeiras.

Os Modelos das Demonstrações Financeiras 33


Em suma, segundo o parágrafo 43 da NCRF 1, o anexo deve:
a) Apresentar informação acerca das bases de preparação das demonstrações
financeiras e das políticas contabilísticas usadas;
b) Divulgar a informação exigida pelas NCRF que não seja apresentada na face
do balanço, na demonstração dos resultados, na demonstração das alterações
no capital próprio ou na demonstração de fluxos de caixa;
c) Proporcionar informação adicional que não seja apresentada na face do
balanço, na demonstração dos resultados, na demonstração das alterações no
capital próprio ou na demonstração de fluxos de caixa, mas que seja
relevante para uma melhor compreensão de qualquer uma delas.

O anexo é o complemento à informação constante do balanço preconizado pelo SNC


(redução da densidade de informação), proporcionando ao utente todos os
esclarecimentos de que necessitará para poder fazer um juízo, enquadrado pela
observância das características qualitativas e suas limitações.

Os Modelos das Demonstrações Financeiras 34


2.2. Norma Contabilística e de Relato Financeiro – Pequenas Entidades

O Decreto Lei n.º 158/2009 de 13 de Julho, introduziu também uma Norma


Contabilística e de Relato Financeiro direccionada para as pequenas entidades, NCRF-
PE, no sentido de lhes proporcionar competitividade face às congéneres de outros
países, ou seja, simplificar as obrigações fiscais das pequenas entidades.

De acordo com o Decreto Lei acima indicado são consideradas Pequenas Entidades
todas aquelas que:

 Não pertençam a grupos económicos;


 Não estejam sujeitas a CLC por razões Legais ou Estatutárias;
 Não ultrapassem dois dos três limites:
• Total do Balanço: € 500.000,00
• Total de Venda Líquidas e outros Rendimentos: € 1.000.000,00
• Número de trabalhadores empregados em média durante o exercício: 20.

No entanto, o conceito de pequenas entidades foi revisto e alargado pela Lei n.º 20/2010
de 23 de Agosto.

Assim, consideram-se como tal, as entidades que não ultrapassem dois dos três limites
seguintes, salvo quando por razões legais ou estatutárias tenham as suas demonstrações
financeiras sujeitas a CLC:

• Total do Balanço: € 1.500.000,00


• Total de Venda Líquidas e outros Rendimentos: € 3.000.000,00
• Número de trabalhadores empregados em média durante o exercício: 50.

O referido decreto lei prevê que estes limites sejam aplicados da seguinte forma:

 Entidades existentes a 31/12/2008: os limites reportam-se às demonstrações


financeiras do exercício de 2008, produzindo efeito a partir de 2010;
 Entidades constituídas em 2009: os limites reportam-se às previsões para 2009,
produzindo efeito a partir de 2010:

Os Modelos das Demonstrações Financeiras 35


 Entidades constituídas após 2009: os limites reportam-se às previsões para o ano
da constituição, produzindo efeitos imediatos.

“A NCRF-PE condensa os principais aspectos de


reconhecimento, mensuração, e divulgação extraídos
das NCRF, tidos como requisitos mínimos aplicáveis às
referidas entidades”.
Decreto-Lei n.º 158/2009 de 13 de Julho, parágrafo 6.2

Como referido anteriormente, as entidades abrangidas pelas NCRF-PE, são apenas


obrigadas a apresentar os seguintes modelos reduzidos7 de Demonstrações Financeiras:

 Balanço;
 Demonstração dos Resultados;
 Anexo em que se divulguem as bases de preparação e políticas contabilísticas
adoptadas e outras divulgações.

A aplicação da NCRF-PE tem carácter voluntário, pelo que as entidades que nos termos
do Decreto Lei n.º 158/2009 são consideradas como pequenas entidades, têm opção de
poderem aplicar as NCRF.

7
Os modelos reduzidos de demonstrações financeiras foram aprovados pela portaria n.º 986/2009, de 7 de
Setembro.

Os Modelos das Demonstrações Financeiras 36


2.3. Microentidades

A Lei nº 35/2010 de 2 de Setembro, veio instituir um regime especial simplificado das


normas e informações contabilísticas em vigor aplicáveis às designadas microentidades.

Microentidades são aquelas empresas que não integram a consolidação, que não são
sujeitas a CLC e que, à data do balanço, não ultrapassem dois dos três limites:
- Total de balanço: € 500.000,00;
- Volume negócios líquido: € 500.000,00;
- N.º médio de empregados: 5.

De acordo com o artigo 3º desta Lei, estas empresas ficam dispensadas:

 da aplicação das normas contabilísticas previstas no Decreto Lei n.º


158/2009 de 13 de Julho, devendo passar a adoptar normas contabilísticas
simplificadas que serão objecto de regulamentação;
 da entrega dos anexos L, M e Q da informação empresarial simplificada
(IES), criada pelo Decreto Lei n.º 8/2007 de 17 de Janeiro.

Contudo a aplicação prevista na Lei n.º 35/2010 de 2 de Setembro tem limites que vêm
expressos no seu artigo 4º:
1 - Se, à data do balanço, uma empresa ultrapassar dois dos três limites enunciados no
artigo 2.º, em dois exercícios consecutivos, deixa de poder beneficiar da dispensa
referida no artigo 3.º;
2 - Se, à data do balanço, uma empresa deixar de ultrapassar dois dos três limites
previstos no artigo 2.º, em dois exercícios consecutivos, pode beneficiar da dispensa
referida no artigo 3.º.

As Microentidades têm a opção de adoptar as normas contabilísticas previstas no


Decreto Lei nº 158/2009 de 13 de Julho, devendo exercê-la através da entrega da
declaração rendimentos - Modelo 22.

A portaria n.º 104/2011 de 14 de Março, vem impôr a obrigatoriedade às


microentidades de entrega dos seguintes modelos reduzidos:

 Balanço;
 Demonstração dos Resultados por Naturezas;

Os Modelos das Demonstrações Financeiras 37


 Anexo.

Este regime simplificado é ainda mais simples e menos exigente que o regime das
pequenas entidades, não permitindo a aplicação do justo valor, remetendo para o custo
histórico.

Desta forma importa salientar algumas diferenças significativas entre as microentidades


e o SNC8:
- Não está prevista a aplicação supletiva de outras normas, tais como o SNC ou as
Normais Internacionais de Contabilidade;
- No caso de activos fixos tangíveis e intangíveis não permite a revalorização;
- Os custos dos empréstimos obtidos devem ser sempre reconhecidos como gastos
contrariando o que permite o SNC (serem acrescidos aos valores dos activos);
- Os activos biológicos consumíveis e os produtos agrícolas são reconhecidos
como inventários e tratados como tal, pelo que não se aplica o justo valor;
- Os activos biológicos de produção são tratados como activos fixos tangíveis;
- Não prevê a aplicação do custo amortizado no redito nem nas rubricas de activos
e passivos financeiros;
- Só se apuram impostos correntes, não se aplicam impostos diferidos;
- Não se aplicam as imparidades de acordo com a NCRF 12 do SNC, as normas
prevêem as situações de aplicação de imparidades e a sua forma de mensuração;
- Não se aplica o método de equivalência patrimonial nas participações;
- Não se aplicam os conceitos de propriedade de investimento, pelo que os
investimentos em imóveis são tratados como activos fixos tangíveis.

8
Disponível em <http://www.otoc.pt/fotos/editor2/SNC%20-%20as%20microentidades.pdf>, consultado
a 31/07/2011.

Os Modelos das Demonstrações Financeiras 38


PARTE III
Informação Financeira
1. A evolução do conceito

Ao longo da evolução humana, tem-se assistido a uma grande preocupação na forma


como são realizados os registos contabilísticos, afirmando alguns estudiosos que foi até
a necessidade de registos da actividade económica que estimulou a escrita e não o
inverso. Com a Revolução Industrial os registos contabilísticos começaram a obter uma
forma organizada e sistemática permitindo a análise dos factos.

Inicialmente, a função da contabilidade era evidenciar o seu património enquanto


garante do cumprimento das suas obrigações (perspectiva passada e presente) e mostrar
ao proprietário da entidade a sua situação face a terceiros. Neste sentido a informação
financeira era estritamente legalista e centrava-se na divulgação de dados sobre bens,
direitos e obrigações que constituíam garantias de terceiros, ou seja, este modelo não
reflectia a realidade da entidade.

Com a 1ª Guerra Mundial a conjuntura económica mostrou uma grande fragilidade que
se reflectiu na contabilidade. Assim impôs-se a criação de um novo conceito de
informação financeira tendo por base o funcionamento das modernas economias de
mercado de forma a permitir a interacção destas economias com a contabilidade. Neste
sentido a informação financeira produzida vai variando de acordo com as necessidades
dos utilizadores da mesma, segundo com Tua Pereda (1985:191) “assumindo que a sua
principal função é o apoio informativo à tomada de decisões”.

Contudo, este conceito levanta sérias dificuldades em assegurar a neutralidade e


imparcialidade da informação financeira uma vez que os interesses de uns utilizadores
podem não ser os de outros.

Até ao início do século XX a informação contabilística produzida pelas entidades


destinava-se exclusivamente aos seus proprietários, sendo que o controlo do património
e gestão dos negócios passava pelo simples registo contabilístico dos movimentos. Esta
informação não era divulgada a terceiros uma vez que a mesma tinha carácter privado.

Com a 2ª Guerra Mundial, e em face da necessidade de recuperação e de utilização


eficiente dos fundos injectados pela UE para a recuperação europeia, este conceito
alterou-se, deixando a informação de estar centrada nos utilizadores internos das
organizações para estar centrada nos utilizadores externos às mesmas.

Os Modelos das Demonstrações Financeiras 40


Todavia, atendendo ao fenómeno da globalização, as demonstrações financeiras
carecem de uniformidade de critérios e valometrias, de forma a que a informação nelas
contida seja compreendida e usada por todos os seus utilizadores da mesma forma e
com os mesmos resultados.

No sentido de harmonizar as regulamentações, normas e procedimentos relacionados


com a preparação e apresentação das demonstrações financeiras, a Comissão
Internacional de Normas Contabilísticas (IASC) publicou a EC para a preparação e
apresentação das demonstrações financeiras.

De acordo com o parágrafo 1 da EC as demonstrações financeiras são “preparadas com


o propósito de proporcionar informação que seja útil na tomada de decisões
económicas” e “devem responder às necessidades comuns da maior parte dos utentes”.

2. Os Utentes

A EC no parágrafo 9 descreve os utentes da informação financeira. Esta selecção teve


por base a necessidade de informação que os utentes têm para poderem tomar decisões
económicas, como sendo:

 Decidir quando comprar, deter ou vender um investimento em capital próprio;


 Avaliar o zelo ou a responsabilidade do órgão de gestão;
 Avaliar a capacidade da entidade pagar e proporcionar outros benefícios aos
seus empregados;
 Avaliar a segurança das quantias emprestadas à entidade;
 Determinar as políticas fiscais;
 Determinar os lucros e dividendos distribuíveis;
 Preparar e usar as estatísticas sobre o rendimento nacional; ou
 Regular as actividades das entidades.

Os Modelos das Demonstrações Financeiras 41


Ilustração 18 - Utentes da Informação Financeira

• Os fornecedores de capital de risco e os seus consultores estão


ligados ao risco inerente aos seus investimentos, e ao retorno
Investidores proporcionado pelos mesmos. Necessitam de informação para
os ajudar a determinar se devem comprar, deter ou vender. Os
accionistas estão também interessados em informação que lhes
facilite determinar a capacidade da entidade pagar dividendos.

• os empregados e os seus grupos representativos estão


interessados na informação acerca da estabilidade e da
lucratividade dos seus empregadores. Estão também
Empregados interessados na informação que os habilite a avaliar a
capacidade da entidade proporcionar remuneração, benefícios
de reforma e oportunidades de emprego.

• Os mutuantes estão interessados em informação que lhes


Mutuantes permita determinar se os seus empréstimos, e os juros que a
eles respeitam, serão pagos quando vencidos.

• Os fornecedores e outros credores estão interessados em


informação que lhes permita determinar se as quantias que
Fornecedores e lhes são devidas serão pagas no vencimento. Os credores
outros credores comerciais estão provavelmente interessados numa entidade
comerciais durante um período mais curto que os mutuantes a menos que
estejam dependentes da continuação da entidade como um
cliente importante.

• Os clientes têm interesse em informação acerca da


Clientes continuação de uma entidade, especialmente quando com ela
têm envolvimentos a prazo, ou dela estão dependentes.
dependentes

• O Governo e os seus departamentos estão interessados na


alocação de recursos e, por isso, nas actividades das entidades.
Governo e seus Também exigem informação a fim de regularem as actividades
departamentos das entidades, determinar as políticas de tributação e como
base para estatísticas do rendimento nacional e outras
semelhantes.

• As entidades afectam o público de diversos modos.


modos Por
exemplo, podem dar uma contribuição substancial à economia
local de muitas maneiras incluindo o número de pessoas que
empregam e patrocinar comércio dos fornecedores locais. As
Público demonstrações financeiras podem ajudar o público ao
proporcionar informação acerca das tendências e
desenvolvimentos recentes na prosperidades da entidade e
leque das suas actividades.
Fonte: Aviso n.º 15652/2009 de 7 de Setembro

Os Modelos das Demonstrações Financeiras 42


Salientamos que se as necessidades dos investidores forem satisfeitas, então todos os
outros utentes das demonstrações financeiras serão satisfeitos.

Pode-se aplicar esta EC às demonstrações financeiras que forem preparadas anualmente


para finalidades gerais, quer individuais quer consolidadas, atendendo às necessidades
comuns de informação de um vasto leque de utentes. O parágrafo 10 desta mesma EC
realça o seguinte: “Se bem que nem todas as necessidades de informação destes utentes
possam ser supridas pelas demonstrações financeiras, há necessidades que são comuns
a todos os utentes”.

Apesar de não ter sido igualmente referenciado como interessado pela informação
financeira pelo facto de se encontrar numa posição privilegiada, a EC realça, no
parágrafo 11, a responsabilidade primária do órgão de gestão na preparação e
apresentação das suas demonstrações financeiras, continuando a existir a figura de
preparador destes documentos e conhecedor do modelo contabilístico.

A grande diferença entre os utentes referenciados acima e o órgão de gestão reside no


facto deste último ter acesso a informação adicional de gestão e financeira que o ajuda a
assumir as suas responsabilidades de planeamento, tomada de decisões e controlo.
Como é óbvio o relato de tal informação não se enquadra no âmbito da EC, contudo, no
seu parágrafo 11 “…as demonstrações financeiras publicadas são baseadas na
informação usada pelo órgão de gestão acerca da posição financeira, desempenho e
alterações na posição financeira”.

Assim, as demonstrações financeiras devem proporcionar informação sobre posição


financeira, desempenho e alterações na posição financeira de uma entidade, para que
sejam úteis a um leque alargado de utilizadores no processo de tomada de decisões
económicas. Contudo, estas demonstrações financeiras apesar de serem preparadas
tendo em conta as necessidades comuns dos utentes, não proporcionam toda a
informação necessária para as suas tomadas de decisões económicas, uma vez que
reflectem resultados financeiros de acontecimentos passados e não proporcionam
necessariamente informação não financeira.

Os Modelos das Demonstrações Financeiras 43


3. Características Qualitativas

Na observância das tarefas intrínsecas à actividade contabilística,


contabilística, não pode ser
esquecida a definição dos atributos que tornam a informação financeira, apresentada nas
demonstrações financeiras, útil para os utentes,
utentes ou seja, ass características qualitativas
das demonstrações financeiras.

Ilustração 19 - Características Qualitativas das Demonstrações


Demonstrações Financeiras

Compreensibilidade

Relevância Fiabilidade

Comparabilidade

Fonte: Elaboração Própria

A informação proporcionada pelas demonstrações financeiras deve ser compreensível


para todos os seus utilizadores e ter a capacidade de influenciar a tomada de decisão,
atendendo-se
se sempre à sua materialidade. Deverá igualmente ser fiável, o que implica
que seja uma representação fidedigna das transacções e outros acontecimentos,
acontecimentos neutra e
completa, dentro dos limites de materialidade e custo. A informação deverá ser
preparada com prudência e permitir
permitir retirar tendências para o futuro e comparar no
tempo e espaço com empresas concorrentes.

De seguida, tentar-se-áá mostrar a importância que cada uma destas características tem
no modelo contabilístico que tem por base o paradigma da utilidade e a interligação de
cada uma delas com o objectivo de tomada de decisões.

Os Modelos das Demonstrações Financeiras 44


3.1 . Compreensibilidade

As demonstrações financeiras têm que ser rapidamente compreensíveis para quem as


utiliza. Por isso, esta característica é uma qualidade essencial da informação financeira.

A EC no parágrafo 25 presume que “…os utentes tenham um razoável conhecimento


das actividades empresariais e económicas e da contabilidade e vontade de estudar a
informação com razoável diligência”.

Apesar de certas informações apresentarem uma matéria mais complexa, mas que
contudo tenham relevância para a tomada de decisões, a mesma não deve ser excluída
tendo como fundamento a incompreensibilidade de certos utilizadores.

3.2 . Relevância

Em relação a esta característica o parágrafo 26 da EC diz o seguinte:

“Para ser útil, a informação tem de ser relevante para a tomada de decisões dos
utentes. A informação tem a qualidade da relevância quando influência as decisões
económicas dos utentes ao ajudá-los a avaliar os acontecimentos passados, presentes
ou futuros ou confirmar, ou corrigir, as suas avaliações passadas”.

Desta definição sobressai uma dupla funcionalidade da informação financeira:

 Função Preditiva: a informação financeira deve permitir uma antevisão quanto


à capacidade da entidade obter vantagens das oportunidades que lhe surjam e da
sua capacidade de reagir perante eventuais situações adversas.
 Função Confirmatória: a informação financeira deve permitir saber se as
previsões efectuadas no passado foram ou não atingidas.

Estas duas funções encontram-se inter-relacionadas, ou seja, a capacidade de fazer


previsões a partir da informação financeira, oferecida nas demonstrações financeiras,
torna-se mais eficaz e credível sempre que haja confirmação das previsões efectuadas
no passado.

A relevância da informação é influenciada pela natureza, pela materialidade e pela


oportunidade dos factos patrimoniais relatados:

Os Modelos das Demonstrações Financeiras 45


 Natureza da informação: é suficiente para determinar a sua relevância, por
exemplo o surgimento de um novo negócio pode prejudicar a avaliação dos
riscos e oportunidades que se deparam à entidade.
 Materialidade: a informação é material se a sua omissão ou inexactidão do
relato de um facto patrimonial influenciar as decisões económicas dos utentes da
informação financeira. A materialidade está ligada à dimensão do erro ou ao
elemento julgado nas circunstâncias particulares da sua omissão ou inexactidão.
Esta componente está relacionada com a alteração do sentido da decisão
económica resultante do seu conhecimento.
 Oportunidade: uma informação é oportuna quando a sua disponibilidade é
compatível com as necessidades dos utentes em utilizarem-na no processo de
tomada das suas decisões. Se a informação perde oportunidade deixa de ser
relevante para a tomada de decisões, por inutilidade do seu conhecimento.

Pode concluir-se que, tendo por base que o conceito de materialidade fornece uma
medida para avaliar a relevância, se uma informação é material então essa mesma
informação também é relevante. Contudo a materialidade não constitui uma
característica qualitativa primária da informação financeira, uma vez que podem existir
informações que apesar de não serem materiais serem na sua essência relevantes.

3.3 . Fiabilidade

Para que a informação financeira seja útil para os utentes, também deve ser fiável, ou
seja, deve dar confiança aos utilizadores dessa informação. A EC no parágrafo 31
menciona que “A informação tem a qualidade de fiabilidade quando estiver isenta de
erros materiais e de preconceitos, e os utentes dela possam depender ao representar
fidedignamente o que ela ou pretende representar ou pode razoavelmente esperar-se
que represente”.

No entanto a informação pode ser relevante e não ser fiável, uma vez que o
reconhecimento de um facto pode ser potencialmente traiçoeiro.

Esta característica qualitativa apresenta os seguintes atributos:

Os Modelos das Demonstrações Financeiras 46


 Representação Fidedigna: a informação financeira deve representar de uma
forma fiel as transacções e outros acontecimentos que pretende representar ou
possa razoavelmente esperar-se que represente. Este atributo está relacionado
com a expectativa gerada no utilizador da informação. Contudo existe uma
enorme dificuldade (identificação de operações e de acontecimentos a serem
valorizados; necessidade de aplicação de técnicas de valorimetria) em obter uma
representação fidedigna da informação financeira uma vez que a maior parte
desta informação corre o risco de não conseguir esse objectivo em virtude do
que ela pretende reflectir. Porém existem outras situações que, tendo em conta a
sua relevância, impõem o seu reconhecimento embora não haja garantia de
transmitirem uma representação fidedigna.
 Substância sobre a Forma: a substância deve sobrepor-se à forma, isto é, a
informação deve ser contabilizada e apresentada de acordo com a realidade
económica e não meramente com a sua forma legal. Na maioria dos casos a
substância das operações e de outros acontecimentos não é concordante com a
sua forma legal, como é o caso das operações de Locação Financeira.
 Neutralidade: a informação financeira tem estar livre de preconceitos, isto é,
não pode ser utilizada para beneficiar um determinado grupo de utentes em
prejuízo de outros de forma a atingir uma resultado ou um efeito pré-
estabelecido. As demonstrações financeiras violam este sub-atributo se a
informação por elas apresentada influenciar uma tomada de decisão ou um juízo
com base num objectivo pré-estabelecido.
 Prudência: os preparadores da informação financeira têm de ser prudentes
perante as inúmeras situações de incerteza que rodeiam muitos dos
acontecimentos e circunstâncias (ex. cobrabilidade duvidosa de dívidas a
receber). De acordo com o parágrafo 37 da EC “A prudência é a inclusão de um
grau de precaução no exercício dos juízos necessários ao fazer as estimativas
necessárias em condições de incerteza, de forma que os activos ou os
rendimentos não sejam sobreavaliados e os passivos ou os gastos não sejam
subavaliados”. Contudo este sub-atributo não permite a criação de reservas
ocultas ou provisões excessivas, pelo facto das demonstrações financeiras não
serem neutras e consequentemente não terem a qualidade de fiabilidade.
 Plenitude: a informação contida nas demonstrações financeiras deve ser plena,
isto é, deve ser completa dentro das fronteiras da materialidade e do custo. Não

Os Modelos das Demonstrações Financeiras 47


deve haver falta de informação uma vez que pode induzir os utentes em erro.
Todos os factos devem ser relatados de forma adequada para que a informação
seja fiável.

3.4 . Comparabilidade

Atendendo à actual conjuntura económica, em que a informação financeira desempenha


uma posição preponderante na divulgação de informação aos utentes, a EC no parágrafo
39 vem impor que a informação disponibilizada permita que os utilizadores sejam
capazes de “…comparar as demonstrações financeiras de uma entidade ao longo do
tempo a fim de identificar tendências na sua posição financeira e no seu desempenho”
e de “…comparar as demonstrações financeiras de diferentes entidades a fim de
avaliar de forma relativa a sua posição financeira, o seu desempenho e as alterações
na posição financeira”.

Assim os utilizadores da informação financeira podem verificar quais as semelhanças e


diferenças entre os factos económicos, uma vez que estes foram agrupados, tratados e
relatados da mesma forma.

A comparabilidade está associada ao conceito de consistência pois a informação deve


ser proporcionada do mesmo modo ao longo do tempo. Os utentes devem ser
informados caso não se possa assegurar uma forma de contabilização concordante, bem
como de quaisquer alterações nas políticas contabilísticas usadas e dos efeitos de tais
alterações. De acordo com o parágrafo 40 da EC “A conformidade com as NCRF,
incluindo a divulgação das políticas contabilísticas usadas pela entidade, ajuda a
conseguir comparabilidade”.

Não devemos confundir uniformidade com esta característica qualitativa. Para que haja
comparabilidade não é necessário que as demonstrações financeiras sejam elaboradas
sempre do mesmo modo, pois a política adoptada pode não ser a mais correcta ainda
que a finalidade seja assegurar essa característica. Sempre que uma política não seja a
mais correcta ou adaptada a determinada situação, é aconselhável alterá-la. Essa
mudança deve ser divulgada e mensurada no anexo.

Os Modelos das Demonstrações Financeiras 48


É também importante salientar que as demonstrações financeiras têm de evidenciar
informações relativas a períodos anteriores para permitir aos utentes comparar a posição
financeira,
ra, o desempenho e as mudanças na posição financeira de uma entidade ao logo
do tempo.

4. Constrangimentos

As características qualitativas que foram apresentadas atrás são os atributos


atr
fundamentais que se devem respeitar no acto da elaboração da informação financeira.
Contudo as características qualitativas da relevância e da fiabilidade apresentam
algumas limitações.

Ilustração 20 - Restrições à informação relevante e fiável

Fonte: Elaboração Própria

Uma das limitações é a Tempestividade,


Tempestividade, ou seja, se houver um atraso no relato da
informação financeira esta pode perder a sua relevância. É importante neste caso
balancear entre fornecer uma informação a tempo e ter a garantia de que essa
informação é relevante.
vante. Se optarmos pela primeira corremos o risco da informação não
ser fiável ao relevante. Contudo se optarmos pela segunda já conseguimos garantir a sua
fiabilidade ou relevância mas pode-se
se perder a oportunidade dessa informação ser
utilizada na tomada de decisão. Deste modo, sempre que haja dúvidas pelo caminho a

Os Modelos das Demonstrações Financeiras 49


seguir, a EC no parágrafo 43 esclarece “Para conseguir a ponderação entre a
relevância e fiabilidade, a consideração dominante é a de como melhor satisfazer as
necessidades dos utentes nas tomadas de decisões económicas”. Assim encontrar-se-á o
caminho para a imagem verdadeira e apropriada da situação financeira e das suas
alterações e do desempenho.

Outra limitação é a Ponderação entre benefício e custo, isto é, os custos relacionados


com a obtenção de informação devem ser inferiores aos benefícios que daí advier. Quer
os preparadores quer os utentes da informação financeira devem estar cientes desta
limitação uma vez que não é fácil fazer uma avaliação custo-benefício, pois nem sempre
os custos incidem sobre os utentes que gozam dos benefícios, e vice-versa.

Ilustração 21 - Ponderação entre benefício e custo

Fonte: Elaboração Própria

As características qualitativas têm como finalidade ir ao encontro dos objectivos das


demonstrações financeiras. Todavia, por vezes é necessário dar mais importância a uma
característica para se atingir determinados objectivos. Mas como é que sabemos que
uma característica é mais importante que a outra? A EC no parágrafo 45 diz-nos que “A
importância relativa das características em casos diferentes é uma questão de juízo de
valor profissional”. Estamos então perante outra restrição à informação relevante e
fiável que é a do Balanceamento entre características qualitativas.

Em suma, de nada serve uma informação que é prestada fora do tempo em que a mesma
é útil para o utente, também não importa obter informação excessivamente custosa e
cuja utilidade é diminuta para o utente, por vezes não é possível satisfazer
completamente todas as características da informação financeira. Nesse sentido, o que
se exige é a maximização da função integradora de todas elas.

Os Modelos das Demonstrações Financeiras 50


Conclusões

Segundo Rodrigues, J.:


O SNC surge como uma necessidade de alinhamento do normativo
português às normas internacionais de contabilidade, de forma que Portugal
esteja em sintonia com as Directivas Contabilísticas e com os Regulamentos
da UE. […] Os dois factores que contribuíram para a necessidade de
normalizar a informação contabilística foram as alterações na conjuntura
económica e financeira dos últimos anos e também o contínuo crescimento
do movimento de internacionalização das empresas (2009: 18).

Neste seguimento, foram introduzidas importantes alterações de monta no normativo


contabilístico português, nomeadamente nos modelos das Demonstrações Financeiras, o
alvo de estudo deste trabalho. Em suma, salienta-se as principais diferenças entre o POC
e o SNC:
 Balanço:
• Nova terminologia das contas e rubricas;
• Disposição vertical;
• Mesmo modelo para demonstração individual ou consolidada;
• As quantias do activo são apresentadas numa só coluna referente ao valor
líquido, desaparecendo as amortizações acumuladas e os ajustamentos do
Balanço;
• Nova coluna denominada “Notas” que permite a referenciação das rubricas do
Balanço com as notas do Anexo;
• Linha de itens adicionais, títulos e subtotais podem ser apresentados no Balanço
quando tal apresentação for relevante para uma melhor compreensão da posição
financeira da entidade;
• Os activos e passivos passam a ser divididos em “Correntes” e “Não Correntes”;
• A regra na apresentação do Balanço é a agregação de contas;
• Inexistência de referência ao código de contas.
 Demonstração dos Resultados por Naturezas:
• Nova terminologia das contas e rubricas;
• Mesmo modelo para demonstração individual ou consolidada;

Os Modelos das Demonstrações Financeiras 51


• Disposição vertical;
• Nova coluna denominada “Notas”;
• Linha de itens adicionais, títulos e subtotais podem ser apresentados na
demonstração dos resultados quando tal apresentação for relevante para uma
melhor compreensão da posição financeira da entidade;
• Os proveitos são agora designados por rendimentos e os custos por gastos;
• A nova Demonstração é intitulada em epígrafe como “Rendimentos e Gastos”,
deixando de existir qualquer referência ao total dos rendimentos e ao total dos
gastos no corpo da Demonstração;
• Novo item específico para inserir o resultado das actividades descontinuadas
incluindo no RLP;
• Novo item, exclusivo para as contas consolidadas, para divulgar o resultado do
período atribuível a detentores de capital da empresa-mãe e dos interesses
minoritários;
• Ausência de rubricas extraordinárias;
• Inexistência de referência ao código de contas;
• Novo item de resultados por acção.
 Demonstração dos Resultados por Funções:
• Nova terminologia das contas e rubricas;
• Mesmo modelo para demonstração individual ou consolidada;
• Nova coluna denominada “Notas”;
• Novo item específico para inserir o resultado das actividades descontinuadas
incluindo no RLP;
• Novo item, exclusivo para as contas consolidadas, para divulgar o resultado do
período atribuível a detentores de capital da empresa-mãe e dos interesses
minoritários;
• Os gastos de investigação e desenvolvimento passam a ser divulgados
autonomamente.
 Demonstração dos Fluxos de Caixa:
• Nova terminologia das contas e rubricas;
• Mesmo modelo para demonstração individual ou consolidada;
• Nova coluna denominada “Notas”;
• Utilização do método directo;

Os Modelos das Demonstrações Financeiras 52


• Deixam de existir os fluxos gerados por rubricas extraordinárias.
 Anexo:
• O anexo deixa de ser exclusivo do Balanço e da Demonstração dos Resultados;
• As primeiras notas do anexo são qualitativas e de preenchimento obrigatório e as
outras só são preenchidas caso exista a necessidade de informação adicional e
esclarecedora;
• Cada entidade deverá criar a sua própria sequência numérica, em conformidade
com as divulgações que deva efectuar;
• É um modelo orientador e não existem quadros predefinidos para apresentação
dos valores;
• As demonstrações financeiras indicam em coluna própria o número da
respectiva nota do anexo;
• Aumento significativo da importância e da extensão do anexo.

A Demonstração das Alterações do Capital Próprio é uma nova demonstração financeira


do SNC e por essa razão não pode ser comparada com o POC. Este modelo foi criado
com o propósito de sistematizar e evidenciar todas as alterações ocorridas no capital
próprio.

As demonstrações financeiras são preparadas com a finalidade de proporcionar


informação que seja útil na tomada de decisões económicas pelo que devem responder
às necessidades comuns da maioria dos utentes. Para que essa informação seja prestável
aos utentes é necessário que respeite as características qualitativas (compreensibilidade,
relevância, fiabilidade, comparabilidade). No entanto, este processo de preparação da
informação carece de alguns constrangimentos em relação à sua relevância e fiabilidade.
Deste modo, torna-se essencial definir um objectivo a atingir procurando um
balanceamento adequado entre as características.

Em conclusão, esta mudança vai exigir uma grande dedicação por parte de todos os
stakeholders das Demonstrações Financeiras, peças estas que terão uma particular
importância neste novo normativo, visto proporcionarem agora uma maior clareza e
transparência na divulgação da informação financeira de uma entidade.

Os Modelos das Demonstrações Financeiras 53


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