Cópia de Descomplicando - Neuroanatomia PDF
Cópia de Descomplicando - Neuroanatomia PDF
Cópia de Descomplicando - Neuroanatomia PDF
Colaboradores:
Aline Vieira de Souza
Beatriz Abranches Caldas Costa
Beatriz Vieira Stein
Catharina Sarmento C de G Torres
Denise Greca
Gabriela Malvezzi
Julia Montenegro Fernandes
Karen Butland
Livia Alves Gouvea Sampaio
Maria Inês Oliveira Cabral
Maria Regina de O. R. Estermann
Roberta Furtado de Vasconcelos
Ronald Gonçalves de Carvalho
Rosette Khalili Boukai
Sarah Reis Cintra
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
F869d
21.02.06 013371
2
Primeiramente, a Deus.
Ao meu amado marido, Ivair Siqueira
Franco, esteio, companheiro e incentivador em
todas as horas.
3
4
Agradecimentos
5
6
AGRADECIMENTOS
Como poderei agradecer a tantas pessoas que me ajudaram? Nenhuma palavra poderá expressar
o que fizeram por mim. Só Deus poderá colocar em seus corações o que sinto por cada um de vocês,
mas tentarei agradecer de forma sucinta.
Deixo aqui a minha gratidão àqueles cujo nome lembro: Marcelo Casé, a quem considero um
filho querido, por ter feito os neurônios animados e a capa deste livro, por ter se preocupado com a
ilustração da mesma nos seus mínimos detalhes. A figura criada na capa uniu as três etapas do ensino
prático: desenho como esquema (em preto e branco), desenho colorido (como o aluno pintará o
esquema no laboratório) e a visão real do cérebro, a fim de que ele compreenda o órgão como um todo.
Não ficou lindo? Os neurônios animados foram humanizados por ele. São especiais. Agradeço ao meu
marido querido, Ivair Siqueira Franco, pelo apoio incondicional em me ajudar em todas as etapas
desse trabalho, pelas noites acordado procurando um jeito de me ajudar; a Maria Regina Estemann,
minha querida amiga e monitora da disciplina de Tópicos Especiais em Bio-Neuro-Psicologia II da
PUC-Rio, que originou este livro, pela revisão cuidadosa e incentivo constante; ao meu irmão Nilton
Salgado e minha cunhada Regina Salgado que me impulsionaram o tempo todo; a minha amada filha
Mariana que desde cedo compreendeu as minhas ausências; a minha mãe Anna, que no silêncio fala
muitas coisas que nem o cérebro é capaz de discernir, mas que supre a alma; a Cecília Barcaui, que
fez muitos esquemas utilizados neste livro; a querida “miga” Etelma Almeida pela paciência que teve
comigo na diagramação dessa obra; a amiga Simone Ribeiro Raposo pela revisão ortográfica; a
Rosiene Márcia Vieira e Karen Butland pelo carinho e entusiasmo em todas as etapas de confecção
deste; e a todos os meus alunos colaboradores, que acreditaram na idéia mais louca que já tive e
fizeram um livro comigo em apenas quatro meses, ufa!
Agradeço também a inúmeras pessoas que me motivaram e impulsionaram a fazer este livro no
decorrer dos meus 15 anos de magistério superior, alunos, monitores e colegas de trabalho que viam as
minhas apostilas e perguntavam porque não colocá-las em forma de livro. Este livro só foi realizado
porque vocês apostaram em mim. A vocês, a minha eterna gratidão.
7
8
Sumário
9
10
SUMÁRIO
Prefácio ................................................................................................................................. 13
Capítulo 1 Organização Anatômica ........................................................................................ 17
• Aula Prática n. 1 ............................................................................................. 21
• Texto Complementar: Curiosidades sobre Cortes ........................................ 23
Capítulo 2 Embriologia do Sistema Nervoso .......................................................................... 25
• Aula Prática n. 2 ............................................................................................ 29
• Texto Complementar: Defeitos do Tubo Neural ......................................... 33
Capítulo 3 O Sistema Nervoso ................................................................................................ 37
• Aula Prática n. 3 ............................................................................................ 42
• Texto Complementar: Glia ou Neuróglia - De Serviçal a Superstar ............ 47
Capítulo 4 Medula Espinhal ................................................................................................... 49
• Aula Prática n. 4 ............................................................................................ 54
• Texto Complementar: Lesões na Coluna Vertebral .................................... 59
Capítulo 5 Tronco Encefálico ................................................................................................. 61
• Aula Prática n. 5 ............................................................................................ 66
• Texto Complementar: A Doença de Parkinson ............................................ 69
Capítulo 6 Cerebelo ................................................................................................................. 71
• Aula Prática n. 6 ............................................................................................ 77
• Texto Complementar: Do equilíbrio a atividades cognitivas perceptivas .. 80
Capítulo 7 Diencéfalo .............................................................................................................. 83
Tálamo, Subtálamo e Epitálamo ........................................................................... 86
Hipotálamo ............................................................................................................ 88
• Aula Prática n. 7 ............................................................................................ 90
• Texto Complementar: Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade
- TDAH ......................................................................................................... 95
• Texto Complementar: Curiosidades sobre o hipotálamo ............................ 96
Capítulo 8 Núcleos Basais ou Gânglios Basais ...................................................................... 99
• Aula Prática n. 8 ............................................................................................ 102
• Texto Complementar: Que movimento é esse? ........................................... 104
Capítulo 9 Telencéfalo ............................................................................................................ 105
• Aula Prática n. 9 ............................................................................................ 109
• Texto Complementar: Encefalite ................................................................. 118
Capítulo 10 Líquor, Ventrículos e Meninges ........................................................................... 121
• Aula Prática n. 10 .......................................................................................... 126
• Texto Complementar: Curiosidades sobre Líquor, Ventrículos e Meninges ...... 128
Capítulo 11 Sistema Límbico .................................................................................................... 131
• Aula Prática n. 11 ........................................................................................... 136
• Texto Complementar: Algumas curiosidades sobre o Sistema Límbico ..... 139
Capítulo 12 Córtex Cerebral ...................................................................................................... 141
• Aula Prática n. 12 ........................................................................................... 147
• Texto Complementar: “Neuróbica: Use ou perca-o” .................................. 150
Capítulo 13 Assimetria das Funções Corticais ......................................................................... 153
• Texto Complementar: Diferenças entre o Corpo Caloso do Homem e da Mulher ... 156
Capítulo 14 Nervos ................................................................................................................... 157
Capítulo 15 Sistema Nervoso Periférico ................................................................................... 163
Capítulo 16 Exames Especiais do SNC .................................................................................... 171
Respostas dos
Exercícios de
Laboratório ................................................................................................................................ 177
11
12
Prefácio
PREFÁCIO
Uma parte do material deste livro foi retirada de apostilas da Disciplina de Bio-Neuro-
Psicologia feitas por minha autoria e organização, e a outra parte foi concebida como trabalho final da
Disciplina de Tópicos Especiais em Bio-Neuro-Psicologia II, por alunos do Curso de Psicologia da
PUC – Rio orientados pela mesma.
Esse livro não tem a pretensão, de forma alguma, substituir os livros-texto e os Atlas de
neuroanatomia, pois foi escrito de forma simples, com o intuito de ser utilizado durante as práticas de
laboratório, possibilitando ao estudante adquirir rapidamente uma visão geral da neuroanatomia.
Por se tratar de um livro de práticas de laboratório, foi dividido em capítulos para melhor
compreensão e aproveitamento do aluno. A maioria deles apresenta uma estrutura do SNC com
esquemas e curiosidades e/ou pesquisas ligadas a ele, que poderão ser usadas em aulas práticas de
laboratório. Além disso, ao final de cada aula, o aluno deverá reconhecer na figura esquematizada a
estrutura estudada e observada por ele no laboratório ou no Atlas de neuroanatomia, comparando o
exercício feito com as respostas que estão disponíveis no final do livro.
Enfim, é um livro que tem uma única intenção: Descomplicar a neuroanatomia... Então, vamos
começar...
15
CAPÍTULO 1
Organização Anatômica
Sarah Reis Cintra
Aula Prática n. 1
Norma M. S. Franco
Texto Complementar:
Curiosidades sobre Cortes
Gabriela Malvezzi
Organização Anatômica
Sarah Reis Cintra
Para facilitar o estudo do corpo humano foram adotados alguns padrões de referência, a fim de
localizar ou posicionar determinadas estruturas. A posição anatômica do corpo é: a pessoa tem que
estar ereta, olhando para frente, com os braços para baixo e com a palma da mão virada para frente. Ao
estudar as estruturas do SNC o aluno deverá ter em mente essa posição, para melhor compreender a
localização da estrutura que está sendo estudada.
Apesar de ter uma certa divergência entre os anatomistas sobre o que se chama de parte ou
vista, descrevemos abaixo os pontos de referência mais usados em neuroanatomia:
A) Partes ou Direções:
B) Vista ou Face:
C) Planos ou Cortes:
Referências Bibliográficas:
19
JACOB, Stanley W.; FRANCONE, Clarice Ashworth, LOSSOW; Walter J. Anatomia e fisiologia.
5.ed. Rio de Janeiro : Guanabara, 1990.
MOORE, Keith L.; DALLEY, Arthur F. Anatomia orientada para a clínica. 4. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2001.
20
AULA PRÁTICA Nº 1
ORGANIZAÇÃO ANATÔMICA
21
22
A B
22
Curiosidades sobre cortes
Gabriela Malvezzi
• A junção das palavras de origem grega ana (= “em partes”) e tomein (= “cortar”) dão origem à palavra
anatomia, a ciência que estuda macro e microscopicamente a constituição dos seres organizados.
• O estudo da Anatomia teve um significativo avanço com os gregos, mas se iniciou muito antes, com os
egípcios. Esse estudo envolvia tanto a anatomia humana quanto a animal. Mas foi apenas na Idade
Média, com Leonardo Da Vinci, que o estudo da anatomia humana ganhou certa expressão, já que o
artista estudou a fundo o corpo do homem na busca da perfeição em suas formas artísticas. Outro
artista que procurou inspiração na anatomia foi Michelângelo. Andrea Vesalius, no entanto, foi o grande
inovador da Anatomia Humana.
• Assim como em outras ciências, a anatomia tem sua linguagem própria. Nesse caso, o conjunto de
termos é denominado Nomenclatura Anatômica e devido a falta de padronização no século passado, se
tornou extremamente complexa, com cerca de mais de 20.000 termos. Atualmente, a Nomenclatura
Anatômica possui 5.000 termos e foi aprovada em um congresso que se deu em Paris, no ano de 1955, e
é conhecida como PNA (Paris Nomina Anatomica).
• Todas as secções do corpo feitas por planos paralelos ao mediano chama-se secção sagital. Possui esse
nome, porque o plano mediano passa pela saggita, que significa seta, do crânio fetal. Essa saggita
representa os espaços suturais medianos.
• Os planos de secção paralelos aos planos anterior e posterior são chamados de planos frontais, assim
como a secção, que também é chamada de frontal. Esse plano ventral é tangente à fronte do sujeito, de
onde deriva o adjetivo frontal.
• Os cortes feitos perpendiculares ao plano mediano são denominados cortes coronais. Eles possuem
esse nome por estarem na mesma posição que a sutura coronal do crânio, que une os ossos parietais ao
frontal. Essa sutura possui esse nome pois seu desenho anatômico lembra uma coroa.
Referências Bibliográficas:
Breve História da Anatomia, disponível em: ‹http://lesnau.vilabol.uol.com.br/historia.htm›.
Acesso em: 01 jun. 2005.
DANGELO, José Geraldo; FATTINI, Carlo Américo. Anatomia Humana Sistêmica e
Segmentar, 2. ed.. São Paulo: Editora Atheneu, 2002.
23
CAPÍTULO 2
Embriologia do Sistema
Nervoso
Onde tudo começa?
Norma M. S. Franco
Aula Prática n. 2
Norma M. S. Franco
Texto Complementar:
Defeitos do Tubo Neural
Gabriela Malvezzi
Embriologia do Sistema Nervoso
Quando o espermatozóide encontra o óvulo ocorre o surgimento do zigoto1. Essa união dá início a
vários processos, até chegar a formação de três folhetos embrionários. O mais interno é chamado de
endoderma, o mais externo é denominado ectoderma e o intermediário recebe o nome de mesoderma.
O Sistema Nervoso origina-se do ectoderma. Na espécie humana isso ocorre por volta da 3ª
semana de vida embrionária, quando há um espessamento desse folheto, situado acima da notocorda2,
formando uma região mais espessa chamada de placa neural.
A placa neural adquire um sulco longitudinal denominada de sulco neural que se aprofunda e
forma a goteira neural. Os lábios da goteira se fecham para formar o tubo neural, que dará origem ao
SNC.
No ponto de encontro dos lábios do sulco neural (romântico, né?) algumas células se destacam e
formam, de cada lado, uma lâmina longitudinal chamada de crista neural, a qual dará origem ao SNP.
O embrião agora, com um mês de vida intra-uterina, a esta altura com o tubo neural fechado,
apresenta na sua extremidade cranial três dilatações, conhecidas como vesículas encefálicas primitivas
(arquencéfalo).
Estas vesículas dilatadas darão origem ao encéfalo enquanto a parte caudal dará origem à medula
espinhal.
Entre o quarto e o quinto mês de gestação as principais estruturas anatômicas já estão constituídas.
Nessa fase, tanto o córtex cerebral quanto o córtex cerebelar ainda estão lisos. Posteriormente, como os
1
- Célula que origina o embrião, formada pela união dos gametas.
2
- Dá origem ao eixo primitivo embrionário, nos cordados.
27
ossos cranianos se desenvolverão mais lentamente do que as estruturas encefálicas, o córtex adquire muitas
fissuras e sulcos, já que se desenvolve mais rapidamente. O oposto ocorre com a medula espinhal e a
coluna vertebral. Após o 4º mês de vida embrionária, a medula se desenvolve mais lentamente do que a
coluna vertebral, formando uma estrutura anatômica conhecida como cauda eqüina (maiores detalhes no
capítulo 4 de Medula Espinhal).
As cristas neurais, além de formarem as estruturas do SNP, como já foi citado anteriormente,
participam também da formação de outros tecidos que não fazem parte do SN, como os melanócitos -
células pigmentadas da pele, entre outros. Além disso, ao se proliferarem, muitas migram e se fixam
formando os gânglios espinhais, situados na raiz dorsal dos nervos espinhais (maiores detalhes no capítulo
4 de Medula Espinhal) e os gânglios autonômicos3.
Telencéfalo
Prosencéfalo
Diencéfalo
• Encéfalo
Dilatações Mesencéfalo Mesencéfalo
primitivo
(arquencéfalo) Cerebelo
do Metencéfalo
Ponte
Tubo Rombencéfalo
Mielencéfalo
• Medula Bulbo
Neural Espinhal
OBS.: A notocorda e o mesoderma têm papel importante no desenvolvimento do SN. Estudos feitos em
anfíbios mostram que a implantação dessas estruturas induzem a formação do tubo neural e a sua
extirpação resultam em anomalias da medula.
Referências Bibliográficas:
BEAR, Mark F.; CONNORS, Barry W; PARADISO, Michael A. Neurociências - desvendando o sistema
nervoso. 2. ed. Porto Alegre: Artemed Editora S.A., 2002.
COSENZA, Ramon M. Fundamentos de neuroanatomia. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
1998.
LENT, Roberto. Cem bilhões de neurônios : conceitos fundamentais de neurociência. São Paulo:
Atheneu, 2002.
LOBO, Bruno Alípio et al. Embriologia humana. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1973.
MACHADO, Angelo B.M. Neuroanatomia funcional. Rio de Janeiro: Atheneu, 1983.
MOORE, Keith L.; PERSAUD, T. V. N. Embriologia básica. 5. ed.. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2000.
PATTEN, Bradley M. Foundations of embryology. 2.ed. New York: McGraw-Hill, 1964.
POLISUK, Julio; GOLDFELD, Sylvio. Pequeno dicionário de termos médicos. 4.ed. Rio de Janeiro:
Atheneu, 1995.
3 Gânglios pertencentes ao Sistema Nervoso Autônomo (sistema que controla atividades vegetativas).
Maiores detalhes no capítulo 15 do SNP.
28
AULA PRÁTICA Nº 2
ORIGEM EMBRIONÁRIA
Identifique na figura 2, através dos números, o que se pede:
FIGURA A
1 – Prosencéfalo – verde escuro
2 – Mesencéfalo – azul
3 – Rombencéfalo – vermelho
FIGURAS B e C
Identifique na figura 4, através de números ou cores, os elementos anatômicos do encéfalo derivados das
vesículas embrionárias, observadas através do corte sagital:
29
30
A B
C D
30
A B
31
31
32
Figura 4 – Origem embrionária - Corte sagital.
32
Defeitos do Tubo Neural
Gabriela Malvezzi
Alguns dos fatores ambientais relacionados às doenças são: maior incidência em crianças nascidas no
inverno, associação quanto à incidência regional, efeito da ordem de nascimento, maior incidência de
anencefalia5 em determinadas classes de trabalhadores.
Essas anomalias afetam os tecidos ligados à medula espinhal: meninges, arcos vertebrais6, músculos e
pele. Os DNT’s se dividem em espinha bífida, anencefalia e encefalocele.
33
♦ Espinha bífida com meningomielocele: quando a medula espinhal e/ou raízes nervosas
estão incluídas neste “saco”. As meningomieloceles podem estar cobertas por pele ou
por uma membrana fina que se rompe com facilidade. É mais comum e mais grave que
a anterior.
♦ Espinha bífida com mielosquise: é o tipo mais grave de espinha bífida. Neste caso, a
medula espinhal na área afetada está aberta. Isto faz com que a medula espinhal seja
representada por uma massa achatada de tecido nervoso.
É uma doença que pode ser causada por diversos fatores, como por defeito de vários genes e
por fatores ambientais. Dentre os fatores ambientais, o maior responsável pelo não
desenvolvimento do cérebro, é a carência de ácido fólico no organismo materno. Outros fatores
que predispõem a anencefalia são: mães diabéticas, presença de febre alta no início da gestação,
costume de ir à saunas no primeiro trimestre da gestação.
Certamente, a anencefalia também é ocasionada devido à uma predisposição genética e por este
motivo, nem todas as mulheres apresentam filhos com DTN. Percebe-se que em níveis mais
elevados economicamente, a anencefalia não é detectada com muita freqüência devido à qualidade
da alimentação, mas, não quer dizer que esses casais não venham a ter filhos com a doença.
A anencefalia pode ser detectada por volta da 8ª semana de gestação, e mais adiante, após a 12ª
semana, através de ultra-sonografias. Recomenda-se, pelo menos, 3 (três) ultra-sonografias durante
toda a gestação.
Em média, 30% dos fetos com anencefalia não chegam até o final da gestação e os que
sobrevivem, morrem logo após o nascimento.
8 Protrusão (avançamento anormal) de parte ou de todo o órgão, através da parede da cavidade que normalmente o contém.
9 Espaço compreendido entre as sobrancelhas. Correspondente à porção medial do osso frontal.
34
A encefalocele é uma doença muito rara, ocorrendo 1 caso em cada 4000 nascimentos.
Referências Bibliográficas:
JUNQUEIRA, Luís Carlos Uchoa. Fundamentos de embriologia humana. 2.ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 1977.
LANGMAN, Jan. Embriologia médica: desarollo humano normal y anormal. 3.ed. México:
Interamericana, 1976.
LOBO, Bruno Alípio et al. Embriologia humana. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1973.
MOORE, Keith L.; PERSAUD, T. V. N. Embriologia básica. 5. ed.. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2000.
REY, Luís. Dicionário de termos técnicos de medicina e saúde. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2003.
35
CAPÍTULO 3
O Sistema Nervoso
Norma M. S. Franco
Aula Prática n. 3
Norma M. S. Franco
Texto Complementar:
Glia ou Neuróglia – De
Serviçal a Superstar
Norma M. S. Franco
O Sistema Nervoso
Norma Moreira Salgado Franco
Em primeiro lugar a melhor maneira de entender um pouco sobre o Sistema Nervoso (SN) é não
ficar nervoso com os inúmeros nomes que são apresentados.
A grande maioria dos nomes usados para denominar as estruturas do SN vem do latim, do grego
ou do nome de algum cientista que a descobriu. Para o nosso alívio os cientistas preferem usar nomes
derivados do latim, o que muito nos facilita, pois estes têm uma correspondência direta com a nossa língua
portuguesa.
O nosso grande problema é com os livros traduzidos que utilizam a palavra inglesa brain para
indicar tanto cérebro quanto encéfalo. O que para nós, neuroanatomistas, tem muita diferença. Tentaremos
dar aqui uma pequena base para você saber discernir melhor esse termo.
O Sistema Nervoso é formado por um tecido composto por duas células: os neurônios (elementos
ativos de condução nervosa) e as neuróglias (elementos de suporte estrutural, entre outras funções).
Assim, para realizar qualquer tarefa precisamos dessas células. As mensagens são enviadas através de
impulsos nervosos que trafegam através do axônio (a fibra do neurônio) e são passadas a outros neurônios
em junções especializadas conhecidas como sinapse (ponto de encontro entre dois neurônios). Uma cadeia
desses neurônios é chamada de via.
O SNC recebe, analisa e integra as informações. É o local onde ocorre, ao mesmo tempo, as
tomadas de decisões e o envio de ordens para executá-las.
O SNP leva as informações dos órgãos sensoriais para o SNC e deste para os efetores (músculos e
glândulas).
A separação do SN é somente uma questão didática, pois o SNC depende do SNP e vice-versa.
O SNC divide-se em encéfalo, que está localizado dentro da cavidade craniana, e em medula
espinhal, que está localizada dentro da coluna vertebral.
39
observadas macroscopicamente. A substância cinzenta é formada por corpos celulares e prolongamentos
de neurônios, já a substância branca é formada por fibras nervosas mielinizadas11. As neuróglias são
encontradas nas duas substâncias.
Os órgãos do SNC são protegidos, além das estruturas ósseas já citadas, pelas meninges chamadas
de dura-máter (a mais externa), aracnóide (a intermediária) e pia-máter (a mais interna); esta ultima adere
intimamente as estruturas do SNC. Entre as meninges existem espaços, um deles é o espaço subaracnóide
que fica compreendido entre a meninge aracnóide e pia-máter e circula o líquor também conhecido como
líquido cefalorraquidiano. Esse líquor é também encontrado em quatro cavidades chamadas de ventrículos
e circula por todo o SNC (o que estudaremos mais tarde no capítulo 10).
O SNP é formado por nervos (31 pares de nervos espinhais e 12 pares de nervos cranianos),
gânglios e terminações nervosas.
Os nervos são cordões esbranquiçados (formados por fibras nervosas) especializados em conduzir
impulsos nervosos (tanto levam a informação ao SNC quanto trazem a resposta para a periferia). Se a
união se faz no encéfalo são chamados de cranianos e se ocorre na medula são chamados de espinhais.
Os gânglios são aglomerados de corpos de neurônios, que do ponto de vista funcional podem ser
de dois tipos: gânglios sensitivos (encontrados na medula espinhal ) e gânglios viscerais pertencentes ao
Sistema Nervoso Autônomo (os quais veremos mais tarde no capítulo 15).
Nas extremidades das fibras nervosas que constituem os nervos, encontram-se as terminações
nervosas que do ponto de vista funcional, podem ser de dois tipos: as que captam informações do
ambiente levando-as ao SNC, chamadas de sensitivas ou aferentes, e as que levam as informações do SNC
ao efetores, chamadas de eferentes ou motoras.
11 Envoltório que existe na maioria das fibras nervosas. O envoltório é feito por uma substância lipoprotéica denominada mielina. As
fibras mielinizadas são muito mais velozes do que as amielínicas.
40
Referências Bibliográficas:
41
AULA PRÁTICA Nº 3
O TECIDO NERVOSO
FIGURA A – Neurônio
1 – Dendrito
2 – Corpo celular ou pericário
3 – Axônio
4 – Nódulo de Ranvier
5 – Bainha de mielina
6 – Telodendro
7 - Núcleo
1 – Astrócito protoplasmático
2 – Astrócito fibroso
3 – Micróglia
4 - Oligodendróglia
5 – Células ependimárias
42
A
. . . . .
43
43
O SISTEMA NERVOSO
FIG. A FIG. C
1 – Cérebro 1- Substância branca
2 – Cerebelo 2- Substância cinzenta
3 – Mesencéfalo
4 – Ponte
5 – Bulbo
6 – Medula espinhal
6.1. Cervical
6.2. Torácica
6.3. Lombar
6.4. Sacral
6.5. Coccígea
7 - Encéfalo
8 – Tronco Encefálico
Fig. B
1 – Encéfalo
2 – Medula Espinhal
• Cérebro
1 - Telencéfalo (verde escuro)
1.1. Corpo caloso (marrom)
2 - Diencéfalo (verde claro)
• Tronco Encefálico
3 – Mesencéfalo (azul)
4 – Ponte (rosa)
5 – Bulbo (amarelo)
• Cerebelo
6 – Cerebelo (vermelho)
44
A B
Figura 6 – A e B Estruturas do SNC. Fig. C – Corte Coronal mostrando as substâncias do cérebro (A e B foram retiradas do Livro: JACOB,
Stanley W.; FRANCONE, Clarice Ashworth, LOSSOW; Walter J. Anatomia e fisiologia. 5.ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1990.).
45
45
46
Fig. 7 – Corte sagital do encéfalo.
46
Glia ou Neuróglia –
De Serviçal a Superstar
Atualmente, sabe-se que estão envolvidas em processos muito maiores, como nas sinapses, os
pontos de comunicação entre neurônios, onde eles emitem e reconhecem substâncias como glutamato13.
Nesses locais, a função da glia é absorver rapidamente todo o excesso de glutamato que fica na fenda
sináptica.14 Se não houvesse a glia, o acúmulo de glutamato rapidamente se tornaria tóxico, excitando os
neurônios ininterruptamente levando-os a exaustão e como conseqüência à morte.
Além disso, foi observado em experimentos de laboratório que a presença da glia faz com que
ocorra seis vezes mais sinapses e estas são dez vezes mais eficientes. Isso quer dizer que os neurônios
precisam das glias para realizar suas sinapses. Isto não é lindo? A glia conhecida como cola, sempre
colocada em segundo plano, agora é reconhecida como a Super Estrela cerebral... Isso me lembra que é um
nome feminino... Será que isso explica tudo?
Referências Bibliográfica:
47
CAPÍTULO 4
Medula Espinhal
Julia Montenegro Fernandes
Aula Prática n. 4
Norma M. S. Franco
Texto Complementar:
Lesões na Coluna Vertebral
Julia Montenegro Fernandes
Medula Espinhal
A medula espinhal – localizada no canal vertebral – possui aspecto de uma massa cilindróide,
alongada, de quarenta e três (43) a quarenta e cinco (45) centímetros de comprimento, sem, entretanto,
ocupá-lo completamente. Estende-se desde a primeira vértebra cervical até a segunda lombar (onde fica o
cone medular). E, encerrando-a, tem-se a denominada cauda eqüina, que, por sua vez, é composta pelas
meninges (membranas fibrosas) e raízes dos últimos nervos espinhais.
Em cada segmento da medula origina-se um par de nervos espinhais, cada um formado por raízes
dorsais sensitivas (condutoras dos impulsos nervosos aferentes) e raízes ventrais motoras (condutoras dos
impulsos nervosos eferentes). Da medula partem trinta e um (31) pares de nervos que se ramificam. São
eles: oito (8) cervicais, doze (12) torácicos, cinco (5) lombares, cinco (5) sacrais e um (1) coccígeo (maiores
detalhes no capítulo 14).
Por meio dessa rede de nervos, a medula se conecta com as várias partes do corpo, recebendo
mensagens de vários pontos, enviando-as para o cérebro, recebendo mensagens do cérebro e transmitindo-
as para as várias partes do corpo.
A medula possui uma substância cinzenta situada em seu interior e outra branca, em posição
externa (diferentemente do cérebro e do cerebelo). Na primeira, estão concentrados os corpos celulares
dos neurônios, enquanto que na segunda estão as fibras nervosas (dendritos e axônios).
Na substância cinzenta encontra-se 3 cornos (ou colunas): corno anterior, posterior e lateral.
Este último, só aparece na medula torácica e parte da medula lombar.
A substância branca pode ser agrupada em 03 funículos ou cordões, são eles: funículo anterior,
lateral e posterior.
A superfície da medula é marcada por uma série de sulcos longitudinais, que percorrem toda sua
extensão: Na parte anterior, encontram-se a Fissura Mediana Anterior (é o sulco mediano mais
profundo) e os Sulcos Laterais Posteriores. Na parte posterior, encontram-se
51
o Sulco Mediano Posterior e os Sulcos Laterais Posteriores. Existem ainda, na medula cervical, os
Sulcos Intermédios, que ficam localizados entre o Sulco Mediano Posterior e os Sulcos Laterais
Posteriores.
Por causa da existência dos Sulcos Intermédios, o funículo posterior na porção cervical da medula,
é dividido em dois fascículos: o fascículo grácil (mais medial) e o fascículo cuneiforme (mais
lateralmente).
A aracnóide cobre as raízes nervosas e o gânglio da raiz dorsal, fundindo-se com as bainhas dos
nervos, formando uma enorme cobertura e seguindo a dura-máter espinhal até a sua terminação (no
ligamento coccígeo no segundo nível sacral).
Por sua vez, a pia-máter é a cobertura do tecido conjuntivo que enreda os vasos sanguíneos. É
inseparável da medula espinhal e se prolonga sobre suas raízes e gânglios até as bainhas dos nervos
espinhais, fornecendo uma faixa de fibras longitudinais (linha resplendente).
Ao nível do cone medular, a pia-máter continua no filamento terminal (que se estende entre as
raízes nervosas da cauda eqüina e termina fundindo-se com o periósteo15 do dorso do cóccix), substituindo
gradualmente todos os elementos nervosos dentro dele.
Esta membrana, a pia-máter, através de suas fibras longitudinais externas, forma dois ligamentos
denticulados, que são lâminas fibrosas estreitas inseridas de modo contínuo ao longo da medula espinhal
entre as raízes nervosas ventrais e dorsais. Eles proporcionam uma importante fixação para a medula
espinhal, do mesmo modo que o líquido cérebro-espinhal, também chamado de líquor, tem um papel
amortecedor essencial. Ambos protegem a medula dos choques e deslocamentos repentinos (para melhor
compreensão do líquor, ler capítulo 10).
Além das meninges, existem os espaços entre elas que são três, em número. O primeiro é chamado
de espaço extra-dural ou epidural e está compreendido entre o periósteo do canal vertebral e a dura-máter.
O segundo é chamado de espaço subdural e está localizado entre a dura-máter e a aracnóide. O terceiro e
último espaço, é denominado de subaracnóide e fica entre a aracnóide e a pia-máter. É nesse último
espaço que é encontrado o líquor, sendo que sua maior concentração está na parte inferior do canal
vertebral, onde é ocupado pelos nervos da cauda eqüina.
O líquor (LCR) – líquido extracelular, incolor, transparente, alcalino, não coagulável, que envolve
todo o SNC – se encontra também no seu interior, suportando e protegendo o SNC contra movimentos
bruscos e traumatismos, compensando as variações do volume cerebral e participando, também, da
nutrição e metabolismo dos neurônios.
Clinicamente, a área entre L2 e S2, no espaço subaracnóide, tem importância para a coleta do
líquido cefalorraquidiano com fins diagnósticos e para a administração de anestésicos espinhais. A
topografia vertebromedular é importante para o diagnóstico, prognóstico e tratamento de lesões da
medula.
15 Membrana fibro-vascular que fica ao redor das peças ósseas (com exceção das superfícies articulares).
52
Referências Bibliográficas:
53
AULA PRÁTICA Nº 4
ANATOMIA MACROSCÓPICA DA
MEDULA ESPINHAL
1 – Dura-máter
2 – Nervo espinhal
3 – Cone medular
4 – Cauda eqüina
5 – Filamento terminal
6 – Sulco Mediano Posterior
7 – Intumescência cervical
8 – Intumescência lombar
9 – Ligamento denticulado
a – Vértebra
b – Medula espinhal
54
FIGURA D – Corte transversal da medula
(mostrando os sulcos, cornos, funículos e fascículos)
55
56
Figuras 8 A – Vista posterior da medula espinhal (extraída do Livro:MACHADO, A. Neuroanatomia funcional. Rio de Janeiro: Atheneu, 1983).
56
57
57
58
D
58
Lesões na Coluna Vertebral
Na parte torácica (T2 a T4) ocorre à paralisia dos membros inferiores e do tronco e perda da
sensibilidade abaixo dos mamilos. Da T5 a T8, igualmente, há a paralisia dos membros inferiores e do
tronco e perda da sensibilidade abaixo da caixa torácica. Da T9 a T11 as pernas ficam paralisadas e existe a
perda da sensibilidade abaixo da cicatriz umbilical.
Na parte lombar (T12 a L1) ocorre a paralisia e a perda da sensibilidade abaixo da virilha. Da L2 a
L5 há diferentes padrões de fraqueza e entorpecimento dos membros inferiores.
Na parte sacral (S1 a S2) tem-se diferentes padrões de fraqueza e entorpecimento dos membros
inferiores. Da S3 a S5 perda do controle da bexiga e dos intestinos; entorpecimento no períneo.
• Patologias Associadas
Esclerose Múltipla: Doença imune, com lesão do fascículo cuneiforme da medula cervical, que
acarreta a perda da propriocepção17 das mãos e dos dedos.
Referências Bibliográficas:
16 Queda.
17 Autopercepção.
59
GARDNER, Weston D.; OSBURN, William A. Anatomia humana: estrutura do corpo. São Paulo:
Atheneu, 1974.
MACHADO, Angelo B.M. Neuroanatomia funcional. Rio de Janeiro: Atheneu, 1983.
REY, Luís. Dicionário de termos técnicos de medicina e saúde. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2003.
SOBOTTA: Atlas de anatomia humana. 21. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000.
WOODBURNE, Russel T. Anatomia Humana .6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1984.
Disponível em: ‹http://www.geocities.com/epamjr/neuro/medula.html› Acesso em: 30 mai. 2005.
Disponível em: ‹http://www.neurolab.ufsc.br/NEC_sistemas_LCR.html› Acesso em: 30 mai. 2005.
Disponível em: ‹http://www.msd-brazil.com/msd43/m_manual/mm_sec6_69.htm›. Acesso em: 30 mai.
2005.
60
CAPÍTULO 5
Tronco Encefálico
Lívia Alves Gouvêa Sampaio
Maria Inês Oliveira Cabral
Aula Prática n. 5
Norma M. S. Franco
Texto Complementar:
A Doença de Parkinson
Lívia Alves Gouvêa Sampaio
Maria Inês Oliveira Cabral
Tronco Encefálico
Lívia Alves Gouvêa Sampaio
Maria Inês Oliveira Cabral
O tronco encefálico é uma área do encéfalo que interpõe-se entre a medula espinhal e o
diencéfalo (mais especificamente, ligado ao tálamo), situando-se ventralmente ao cerebelo. Localiza-se
logo acima da coluna vertebral. Possui três funções gerais
2) Contém circuitos nervosos que transmitem informações da medula espinhal até outras regiões
encefálicas e, em direção contrária, do encéfalo para a medula espinhal;
3) Regula a atenção, função esta, que é mediada pela formação reticular (agregação mais ou menos
difusa de neurônios de tamanhos e tipos diferentes, separados por uma rede de fibras nervosas que ocupa a
parte central do tronco encefálico).
Muitos dos núcleos do tronco encefálico recebem ou emitem fibras nervosas que entram na
constituição dos nervos cranianos. Dos 12 pares de nervos cranianos, 10 fazem conexão no tronco
encefálico.
A- Mesencéfalo
É a menor parte do tronco encefálico. Interpõe-se entre a ponte e o diencéfalo. É atravessado por
um estreito canal, o aqueduto cerebral, que une o III ao IV ventrículo. Na face anterior encontra uma
depressão que separa o mesencéfalo da ponte chamada de sulco pontino superior. Na face posterior do
mesencéfalo distingue-se uma lâmina quadrigêmea, os colículos. Os colículos superiores recebem
informações visuais e os colículos inferiores fazem parte da via auditiva. O mesencéfalo é responsável por
algumas funções como a visão, audição, movimento dos olhos e movimento do corpo.
B- Bulbo
É também conhecido por bulbo raquídeo ou medula oblonga. Tem a forma de um cone e é a parte
mais caudal do tronco encefálico. Sua parte inferior está ligada à medula espinhal e a parte superior à ponte.
Seu limite superior se encontra no nível do sulco bulbo-pontino (margem inferior da ponte) e seu limite
inferior se encontra no nível do forame magno18 . Em sua parte lateral encontra-se uma eminência oval, as
olivas, formadas por uma grande massa de substância cinzenta.
63
O bulbo apresenta os mesmos sulcos da medula espinhal. Na parte posterior do bulbo temos:
Sulco mediano posterior que termina a meia altura do bulbo em virtude de um afastamento, sulco
lateral posterior e o sulco intermédio ( que fica entre os outros dois sulcos).
Na parte anterior temos: sulco bulbo-pontino (que separa o bulbo da ponte) , sulco lateral
anterior e a fissura ou sulco mediano anterior. Esse último, apresenta em cada lado uma eminência
alongada denominada pirâmide, que é formada por fibras nervosas descendentes das áreas motoras do
cérebro aos neurônios motores da medula espinhal (trato-córtico-espinhal ou trato piramidal). Na parte
inferior do bulbo, as fibras piramidais se cruzam para o lado oposto, antes de chegarem à medula espinhal,
o que é conhecido como decussação piramidal. Como resultado, o córtex cerebral direito controla as
contrações musculares da metade esquerda do corpo, enquanto o córtex esquerdo controla o lado direito.
C - Ponte
Situa-se entre o bulbo e o mesencéfalo. É uma grande massa ovóide. É cortada por longos feixes
de fibras orientadas transversalmente, a fibra transversal da ponte.
Curiosidades
- O tronco encefálico foi um dos primeiros elementos a evoluir. Apareceu há 200 milhões de anos, nos
primeiros animais da Terra: os répteis. O tronco encefálico é o mais primitivo e também chamado de
"cérebro reptiliano".
- O tronco transfere as informações dos órgãos dos sentidos (olhos, ouvido, pele...) e controla "coisas"
básicas como a sede, a fome, a respiração e os batimentos cardíacos. Não cria qualquer raciocínio ou
sentimento. Isso explica porque as lagartixas não amam e não servem para serem bichinhos de estimação!
- O tronco encefálico está envolvido na inibição dos movimentos e ações durante o sono.
- A substância negra (ou nigra), que está localizada no mesencéfalo, em função de sua íntima conexão
recíproca com os núcleos da base, está envolvida no controle da atividade dos músculos esqueléticos.
64
Referências bibliográficas:
BEAR, Mark F.; CONNORS, Barry W; PARADISO, Michael A.. Neurociências - desvendando o
sistema nervoso. 2. ed. Porto Alegre: Artemed Editora S.A., 2002.
DORETTO, Dario. Fisiopatologia clínica do sistema nervoso: fundamentos da semiologia. 2.ed. Rio
de Janeiro: Atheneu, 1996.
LENT, Roberto. Cem bilhões de neurônios : conceitos fundamentais de neurociência. São Paulo:
Atheneu, 2002.
MACHADO, Angelo B.M. Neuroanatomia funcional. Rio de Janeiro: Atheneu, 1983.
POLISUK, Julio; GOLDFELD, Sylvio. Pequeno dicionário de termos médicos. 4.ed. Rio de Janeiro:
Atheneu, 1995.
Disponível em: ‹http://www.cerebromente.org.br›. Acesso em: 29 mai. 2005.
Disponível em: ‹ http://www.neuropsiconews.org.br›.Acesso em: 29 mai. 2005.
65
AULA PRÁTICA Nº 5
a - Mesencéfalo (vermelho)
b - Ponte (azul)
c - Bulbo (amarelo)
d - Cerebelo
e - Colículo superior
f - Colículo inferior
g - Aqueduto cerebral
h - IV Ventrículo
66
A B C
Figura 9 (A, B e C) - Vista anterior, posterior e corte sagital do tronco encefálico e cerebelo.
67
67
68
Figura 9D - Corte transversal do mesencéfalo (na altura dos colículos superiores).
68
A Doença de Parkinson
James Parkinson, médico inglês, nascido em 11 de abril de 1755 era um humanista e por isso se
preocupava com o estudo da sociedade e da natureza. Seu pai também era médico e Parkinson foi
influenciado por ele em sua escolha pela medicina.
Aos 62 anos, em 1817, Parkinson descreveu a doença pela primeira vez de maneira quase
irretocável. Faleceu aos 69 anos, em 1824, mas a doença só recebeu seu nome em 1875 pela indicação de
Jean Martin Charcot.
A Doença de Parkinson é causada por uma degeneração das células situadas numa região do
cérebro chamada de substância negra (ou nigra), que atua no controle de movimentos. Essas células
produzem uma substância chamada dopamina, que conduz as correntes nervosas (neurotransmissores) ao
corpo. A falta ou diminuição da dopamina afeta os movimentos do paciente, provocando um aumento
gradual de tremores, lentidão de movimentos, caminhar arrastado. Ainda não há cura para a doença, ela
pode ser apenas tratada para combater os sintomas e retardar o progresso.
Referências bibliográficas:
69
CAPÍTULO 6
Cerebelo
Denise Greca
Ronald Gonçalves de Carvalho
Texto Complementar:
Do equilíbrio a atividades
cognitivas perceptivas
Denise Greca
Ronald Gonçalves de Carvalho
Cerebelo
Denise Greca
Ronald Gonçalves de Carvalho
A palavra cerebelo tem sua origem no latim e significa "pequeno cérebro". É uma estrutura
controladora e não ordenadora. Não participa diretamente do controle motor, mas sim da preparação para
o movimento e do controle direto da harmonia dos vários movimentos que são executados pela pessoa ao
mesmo tempo.
O cerebelo ocupa cerca de um quarto do volume craniano no homem, dando assim uma idéia de
sua importância funcional.
Encontra-se na parte posterior da caixa craniana, logo abaixo do cérebro, por baixo do lobo
occipital, na parte posterior do tronco encefálico.
Anatomicamente, o cerebelo possui uma região central mediana, chamada de vérmis, mais dilatada
na face superior, formando uma crista, enquanto que na face inferior do cerebelo, o vérmis afunda-se numa
depressão. O restante corresponde a duas grandes porções laterais chamadas hemisférios cerebelares
(hemisfério cerebelar direito e hemisfério cerebelar esquerdo). Na face superior, o vérmis não é bem
separado dos hemisférios, diferentemente do que ocorre quando observado na face inferior.
Os hemisférios cerebelares têm uma atuação conjunta com o cérebro, a fim de coordenar os
movimentos voluntários do corpo. Já o vérmis, tem uma atuação associada à medula e ao tronco
encefálico, nos movimentos corporais involuntários.
O córtex cerebelar, isto é, a superfície do cerebelo, é formado por vários sulcos transversais que
dividem a sua superfície em pequenas folhas, chamados folhas do cerebelo. Os sulcos mais profundos,
chamados de fissuras do cerebelo, são os que separam as folhas do cerebelo em lóbulos (cada lóbulo
contém um grupo de várias folhas do cerebelo). Esses lóbulos são agrupados em lobos, separados pelas
principais fissuras. Dentre elas, temos uma das fissuras mais importantes, a fissura prima, na face
superior do cerebelo, que o separa em duas partes de tamanhos distintos – o lobo anterior (menor e
localizado acima da fissura prima), e o lobo posterior (maior e localizado abaixo da fissura prima).
O cerebelo é também conhecido como árvore da vida, pois visualizando a sua estrutura interna
num corte sagital, vemos o formato de árvore da substância branca.
O cerebelo tem grande importância para o sistema nervoso pelas funções e inter-relações que
desempenha, tais como: regulação do tônus muscular, coordenação dos movimentos (Taxia) e equilíbrio.
Divisões do Cerebelo
A maioria dos autores cita três divisões do cerebelo: a divisão anatômica, a divisão ontogenética e a
divisão filogenética, as quais descreveremos, em linhas gerais, a seguir:
73
1. Divisão Anatômica
2. Divisão Ontogenética
3. Divisão Filogenética
Esta divisão se baseia no desenvolvimento do cerebelo considerando desde os seres mais simples
até os mais complexos. Para localizar as síndromes cerebelares devemos conhecer esta divisão, que está
baseada na filogênese do órgão e é dividida em três fases.
Disfunções Cerebelares
Os sintomas ocasionados pelas lesões cerebelares são de grande valor clínico, e o fato de conhecê-
los, facilita o entendimento das funções cerebelares.
Normalmente distúrbios cerebelares são caracterizados por alterações do equilíbrio estático, com
alargamento da base de sustentação, alterações do equilíbrio dinâmico, levando à marcha ebriosa ou
cambaleante, hipotonia muscular, desequilíbrio com os olhos abertos, hiporreflexia profunda e ataxia
19 Orelha interna é o que popularmente chama-se de ouvido interno.
74
motora, provocando dismetria, decomposição dos movimentos, disdiadococinesia, nistagmo e disartria.
Eles levam à execução anormal da função motora e não à paralisia ou a paresia20.
As lesões cerebelares produzem sinais e sintomas ipsilaterais, isto é, correspondem ao mesmo lado
em que ocorreu a lesão. As lesões no vérmis associam-se a manifestações no tronco e as dos hemisférios
cerebelares nos membros.
Assim, as lesões cerebelares estão ligadas às partes que o compõe. Se houver uma lesão, ocorrerá
um conjunto de sintomas que caracterizará síndromes do arqui, páleo e neocerebelo respectivamente.
a) Síndrome do Arquicerebelo: Seu sintoma é caracterizado por perda de equilíbrio. O paciente não
consegue ficar em pé, entretanto deitado consegue coordenar os movimentos de forma praticamente
normal. A causa principal é devido a presença de tumores que comprimem o nódulo e o pedúnculo do
flóculo Essa síndrome ocorre com certa freqüência em crianças de até 10 anos de idade.
b) Síndrome do Paleocerebelo: Esta síndrome está ligada ao alcoolismo crônico. Ocorre como
conseqüência da degeneração do córtex do lobo anterior. O paciente perde o equilíbrio, necessitando
andar com a base alargada – ataxia dos membros inferiores.
c) Síndrome do Neocerebelo: Essa síndrome tem como sintoma fundamental a incoordenação motora
(Ataxia), que pode ser testada por vários sinais, alguns descrevemos a seguir:
- Dismetria: os movimentos são executados de forma defeituosa, no momento em que visam atingir um
alvo, a pessoa com a síndrome não consegue atingi-lo, pois o erro está relacionado a “medida de
movimentos” utilizados para tal execução Uma forma de se verificar esse sinal, é pedir ao paciente para
tentar colocar o dedo na ponta do nariz, começando o movimento com os braços esticados.
- Rechaço: verifica-se o sinal desta síndrome mandando o paciente forçar a flexão do antebraço contra a
resistência que o aplicador do teste faz em seu pulso. No paciente com a síndrome neocerebelar, os
músculos extensores (que são coordenados pelo cerebelo) custam a agir e o movimento gerado pode ser
muito violento, levando o paciente, na maioria dos casos, a dar um forte tapa em seu próprio rosto.
- Tremor: tremor característico, o qual se acentua no fim do movimento, quando a pessoa está próxima de
atingir o seu objetivo/alvo.
20 Paralisia parcial.
75
- Nistagmo: A ocorrência é devido à falta de coordenação dos músculos extrínsecos do globo ocular. O
nistagmo é caracterizado pelo movimento oscilatório rítmico dos bulbos oculares, podendo ser vertical,
horizontal ou rotatório, que ocorre especialmente em lesões do cerebelo e do sistema vestibular. Para
verificar a existência do nistagmo de origem cerebelar, pede-se ao paciente, sem mexer a cabeça, para
acompanhar com os olhos o dedo do examinador até o limite do movimento ocular. Na pessoa que não
possui a síndrome pode ocorrer um pequeno nistagmo, diferente do doente neocerebelar, que se
caracteriza por ser muito intenso e persistente, surgindo quando o olho desvia-se para o lado do cerebelo
que foi lesionado (devido a ipsilateralidade).
O cerebelo é um órgão com uma notável capacidade de recuperação funcional (plasticidade), quando as
lesões aparecem gradualmente ou quando elas ocorrem em crianças.
Referências Bibliográficas:
BEAR, Mark F.; CONNORS, Barry W; PARADISO, Michael A. Neurociências: desvendando o sistema
nervoso. 2. ed. Porto Alegre: Artemed Editora S.A., 2002.
GUYTON, Arthur C. Fisiologia humana e mecanismos das doenças. 3.ed. Rio de Janeiro:
Interamericana, 1984.
_________. Neurociência básica: anatomia e fisiologia. 2.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1991.
KANDEL, Eric R.; SCHWARTZ, James, H.; JESSELL, Thomas M. Fundamentos da neurociência e
do comportamento. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000.
LENT, Roberto. Cem bilhões de neurônios : conceitos fundamentais de neurociência. São Paulo:
Atheneu, 2002.
MACHADO, Angelo B.M. Neuroanatomia funcional. Rio de Janeiro: Atheneu, 1983.
POLISUK, Julio; GOLDFELD, Sylvio. Pequeno dicionário de termos médicos. 4.ed. Rio de Janeiro:
Atheneu, 1995.
76
AULA PRÁTICA Nº 6
Identifique na figura 10 (A, B e C), através de letras e/ou cores, o que se pede:
a – Lobo flóculo-nodular
b – Lobo anterior
c – Lobo posterior
d – Hemisfério cerebelar direito
e – Hemisfério cerebelar esquerdo
77
78
A B
78
C
79
79
Do equilíbrio a atividades cognitivas e perceptivas
Denise Greca
Ronald Gonçalves de Carvalho
Após passar vários anos sendo considerado somente o coordenador dos movimentos corporais,
cientistas descobriram que o cerebelo também participa de diversas atividades cognitivas e perceptivas, pois
se encontra ativo quando são realizadas outras atividades que não estão ligadas ao movimento.
Através de estudos cognitivos, concluíram que lesões em algumas áreas específicas do cerebelo
podem gerar danos em atividades alheias ao movimento. Essas atividades são ligadas à velocidade e
precisão que as informações sensórias são processadas.
Também concluíram que o cerebelo está diretamente ligado à memória de curto prazo, à atenção e
ao controle da impulsividade, às emoções, ao planejamento e também a psicopatologias, tais como autismo
e esquizofrenia.
O cerebelo, assim como a córtex cerebral, pode ser comparado a um imenso chip, devido a sua
capacidade de armazenagem de muitos circuitos num espaço proporcionalmente pequeno. Ele possui mais
neurônios que o restante do encéfalo.
O cerebelo dobra-se várias vezes sobre a sua própria estrutura. E, se conseguíssemos desfazer essas
dobras, o mantendo estendido chegaria a ter uma área média de 1120 cm2, o que corresponde a mais da
metade de ambos hemisférios cerebrais juntos.
Por ter persistido e até aumentado o seu tamanho ao longo da evolução do homem, certamente
exerce funções importantes.
Hoje os cientistas concluíram, ao contrário do que se imaginava, que o cerebelo está mais envolvido
em processar os sentidos, ao invés de somente controlar os “circuitos” motores.
A seguir, citamos alguns estudos, sobre o cerebelo e suas conclusões, escritos no artigo da Scientific
American de setembro de 2003, por James m. Bawer e Lawrence M. Parson:
1. Julie A. Fiez e colaboradores – Washington University: verificaram que pacientes com cerebelo
lesado eram mais propensos a cometer erros em tarefas verbais.
2. Peter Thier e colaboradores – University of Tübingen, Alemanha: descobriram que pessoas com
lesões, ou encolhimento parcial e total do cerebelo, eram mais propensas a cometer erros em testes
onde deveriam detectar a presença, velocidade e direção de padrões móveis.
3. Hermann Ackermann e colaboradores – University of Tübingen, Alemanha: pacientes com
degeneração cerebelar tinham dificuldade para diferenciar sons similares em palavras como, por
exemplo, “caneta” e “vareta”.
4. Jeremy D. Schmahmann – Massachusetts General Hospital: pacientes com danos no cerebelo,
tanto adultos quanto crianças, apresentavam dificuldades em modular suas emoções.
80
5. Jordan Grafman e colaboradores – National Institutes of Health: pessoas com cerebelo atrofiado
apresentam dificuldades de planejamento e articulação temporal necessárias para resolver certos
tipos de desafios.
6. Xavier Castellanos, Judith L. Rapoport e colaboradores – National Institute of Mental Health:
crianças portadoras do transtorno de défict de atenção/hiperatividade apresentam o cerebelo em
tamanho reduzido.
7. James M. Bower e Lawrence M. Parsons, em colaboração com Peter T. Fox da University of Texas
Health Science Center: o cerebelo está mais envolvido com funções sensoriais quem apenas com o
controle motor, e ele é ativado de forma intensa durante a aquisição de dados sensoriais.
8. Nancy C. Andreason – University of Iowa: déficts cerebelares estariam por trás da desorganização
das funções mentais que caracterizam a esquizofrenia.
Referências Bibliográficas:
BEAR, Mark F.; CONNORS, Barry W; PARADISO, Michael A. Neurociências: desvendando o sistema
nervoso. 2. ed. Porto Alegre: Artemed Editora S.A., 2002.
BOWER, James M.; PARSONS, Lawrence M. O Cerebelo Reconsiderado. Revista Scientific American -
Brasil, p. 66-73, set. 2003.
LENT, Roberto. Cem bilhões de neurônios: conceitos fundamentais de neurociência. São Paulo:
Atheneu, 2002.
MACHADO, Angelo B.M. Neuroanatomia funcional. Rio de Janeiro: Atheneu, 1983.
81
CAPÍTULO 7
Diencéfalo
Uma visão geral
Norma M. S. Franco
Tálamo, Subtálamo e Epitálamo
Catharina Sarmento C. de G. Torres
Hipotálamo
Beatriz Abranches Caldas Costa
Maria Regina de O. R. Estermann
Aula Prática n. 7
Norma M. S. Franco
Textos Complementares:
Transtorno do Déficit de Atenção e
Hiperatividade - DDAH
Catharina Sarmento C. de G. Torres
Norma M. S. Franco
Curiosidades sobre o Hipotálamo
Maria Regina de O. R. Estermann
Diencéfalo
O III ventrículo se comunica com os ventrículos laterais (do telencéfalo) através dos forames
interventriculares e com o IV ventrículo (que está situado ventralmente entre o bulbo e a ponte e
dorsalmente ao cerebelo) através do aqueduto cerebral.
O diencéfalo é formado por muitos “álamos”, a saber: tálamo, subtálamo, epitálamo e hipotálamo.
85
Tálamo, Subtálamo e Epitálamo
Catharina Torres
A – Tálamo
No grego seu significado é “câmara interior”, pois encontra-se na parte mais central do encéfalo.
O tálamo é constituído por duas massas volumosas (de substância cinzenta), de forma oval, uma ao
lado da outra, na porção látero-dorsal do diencéfalo.
Observa-se que em função do tálamo situar-se sobre o topo do mesencéfalo, quase todos os sinais
deste e de outras regiões mais inferiores (como também a medula espinhal), são transitados por sinapses
ocorridas no tálamo.
É importante ressaltar que as conexões não são feitas somente do tálamo para o córtex, mas o
inverso também (conexões bidirecionais). O tálamo também realiza conexões das regiões mais inferiores
do encéfalo e da medula espinhal diretamente para os gânglios basais, assim como destes para o córtex.
CÓRTEX
MESENCÉFALO
Outras
Regiões
Inferiores
Conclui-se que o tálamo é a principal estação transmissora para o tráfego de sinais, sem este, o
córtex seria inútil.
Alguns exemplos dos tipos de sinais que o tálamo transmite:
• Todos os sinais somestésicos do corpo (pressão, temperatura, dor, tato, etc) e sensitivos (com
exceção do olfato) .
86
• Sinais de controle muscular
B- Subtálamo
A visualização nas peças é um pouco complicada já que o subtálamo não se relaciona com as
paredes do III ventrículo, sendo mais bem observado nos cortes frontais. Neste corte, encontramos o
subtálamo na parte inferior do tálamo. Seu elemento mais evidente é o núcleo subtalâmico.
Sua função consiste em, juntamente com os gânglios da base, realizar o controle da atividade
motora subconsciente (mais detalhes no capítulo 8).
C – Epitálamo
• Memória
O tálamo e os corpos mamilares são componentes do diencéfalo envolvidos na memória. Esses
recebem aferencias de estruturas no lobo temporal medial.
• Tálamo
Este não só retransmite os impulsos sensitivos ao córtex, mas também pode integrá-los e modificá-
los. Impulsos sensitivos como temperatura, tato e dor podem ser interpretados a nível talâmico. Porém
esta interpretação não é discriminativa, não podendo, por exemplo, reconhecer formas e tamanhos de
um objeto através do tato.
• Epitálamo
O epitálamo tem como maior representante a glândula pineal (ou epífase). Esta secreta melatonina,
que é o hormônio que tem efeito inibidor sobre os testículos e ovários.
Referências Bibliograficas:
Situado no centro do Sistema Límbico (que se localiza na base do encéfalo) está o hipotálamo,
principal centro integrador das atividades dos órgãos viscerais, sendo um dos principais responsáveis pela
homeostase corporal. Ele faz ligação entre o sistema nervoso e o sistema endócrino e envia sinais eferentes
em três direções: (1) para baixo, até o tronco cerebral; (2) para cima, até várias áreas superiores do
diencéfalo e telencéfalo; e (3) até o infundíbulo (que é a haste pertencente ao hipotálamo, que segura a
hipófise), para controlar a maioria das funções secretoras da hipófise.
O hipotálamo mantém vias de comunicação com todos os níveis do Sistema Límbico e tem o
tamanho de uma ervilha (cerca de 1/300 do peso total do cérebro). Apesar de seu tamanho “insignificante”
ele é responsável pelo controle da maioria das funções vegetativas e endócrinas do corpo, bem como de
vários aspectos do comportamento emocional. Suas principais funções são:
As partes laterais do hipotálamo parecem estar envolvidas com o prazer e a raiva, enquanto sua
porção mediana parece mais ligada à aversão, ao desprazer e ao riso sem controle. O hipotálamo também
controla a hipófise, que por sua vez controla o sistema endócrino.
Como vimos, o hipotálamo controla a maioria das funções vegetativas e endócrinas do corpo e é
também responsável por vários aspectos do comportamento emocional.
88
Referências Bibliográficas:
BEAR, Mark F.; CONNORS, Barry W; PARADISO, Michael A. Neurociências - desvendando o sistema
nervoso. 2. ed. Porto Alegre: Artemed Editora S.A., 2002.
GUYTON, Arthur C. Anatomia e fisiologia do sistema nervoso. 2.ed. Rio de Janeiro: Interamericana,
1977.
_________. Neurociência básica: anatomia e fisiologia. 2.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1991.
LENT, Roberto. Cem bilhões de neurônios : conceitos fundamentais de neurociência. São Paulo:
Atheneu, 2002.
MACHADO, Angelo B.M. Neuroanatomia funcional. Rio de Janeiro: Atheneu, 1983.
REY, Luís. Dicionário de termos técnicos de medicina e saúde. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2003.
89
AULA PRÁTICA Nº 7
a - Tálamo
b - III ventrículo
c - Núcleo subtalâmico
a - Tálamo
b - III ventrículo
a - Corpos mamilares
b - Tuber cinério
c - Infundíbulo
d - Quiasma óptico
e - Hipófise
a - Tálamo
b - Aderência intertalâmica
c - Sulco hipotalâmico
d - Hipotálamo
e - Quiasma óptico
f - Infundíbulo
g - Hipófise
90
Figura 11 A – Corte coronal do encéfalo.
91
91
92
Figura 11 B – Corte transversal do encéfalo.
92
Figura 11 C – Vista inferior do encéfalo (mostrando as estruturas visíveis do hipotálamo).
93
93
94
Figura 11 D – Face medial do hemisfério cerebral.
94
Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade – TDAH
Estudos recentes mostram que existe uma base biológica na origem dos TDAH. Através da
neuroimagem, pesquisadores observaram que existe uma relação entre a capacidade de uma pessoa prestar
atenção às coisas e o nível de atividade cerebral. Foi observado em pessoas portadoras de TDAH que
existem áreas menos ativas no lóbulo frontal e em estruturas diencéfalo-mesenfálicas, entre outras, do que
em pessoas sem essa desordem.
Referências Bibliografia:
BEAR, Mark F.; CONNORS, Barry W; PARADISO, Michael A. Neurociências - desvendando o sistema
nervoso. 2. ed. Porto Alegre: Artemed Editora S.A., 2002.
BRANDÃO, Marcus Lira. Psicofisiologia. São Paulo: Atheneu, 1995.
LENT, Roberto. Cem bilhões de neurônios: conceitos fundamentais de neurociência. São Paulo:
Atheneu, 2002.
MANUAL DIAGNÓSTICO E ESTATÍSTICO DE TRANSTORNOS MENTAIS. 4. ed. (DSM-
IV). Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.
STEDMAN. Dicionário Médico. 27. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003.
Disponível em: ‹http://ddah.planetaclix.pt/o_que_e.htm›. Acesso em: 01 junho 2005.
95
Curiosidades sobre o Hipotálamo
Efeitos da estimulação:
- a estimulação do hipotálamo lateral aumenta o nível geral de atividade do animal, podendo levar a
raiva e até a briga.
- a estimulação do núcleo ventromedial e áreas adjacentes causam efeitos opostos, isto é, sensação de
saciedade, redução da ingestão de alimentos e tranqüilidade.
- a estimulação de uma zona delgada do núcleo periventricular, leva geralmente a reações de medo e
punição.
- o impulso sexual pode ser estimulado por várias áreas do hipotálamo, principalmente pelas regiões
mais anteriores e posteriores.
Efeitos de lesões:
- lesões bilaterais do hipotálamo lateral reduzem a ingestão de água e alimento podendo levar o animal
à desnutrição. Causam também extrema passividade do mesmo.
- lesões bilaterais das áreas ventromediais, contrariamente, levam o animal à ingestão excessiva de água
e alimentos, bem como hiperatividade e episódios de raiva extrema.
Referências Bibliográficas:
96
LENT, Roberto. Cem bilhões de neurônios : conceitos fundamentais de neurociência. São Paulo:
Atheneu, 2002.
REY, Luís. Dicionário de termos técnicos de medicina e saúde. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2003.
97
CAPÍTULO 8
Núcleos Basais ou
Gânglios Basais
Norma M. S. Franco
Aula Prática n. 8
Norma M. S. Franco
Texto Complementar:
Que movimento é esse?
Norma M. S. Franco
Núcleos Basais ou Gânglios Basais
Como já foi mencionado anteriormente, o núcleo é formado pela substância cinzenta (constituído
por corpos de neurônios e alguns prolongamentos celulares) e está localizado dentro da substância branca
do cérebro (aqueles pontinhos escuros que aparecem quando fazemos um corte transversal ou coronal no
cérebro).
Os núcleos basais são constituídos pelos núcleos caudados, putâmen e globo pálido. Esses
núcleos fazem conexões entre córtex motor e outras regiões do córtex cerebral e estão envolvidos no
controle do movimento. A sua lesão produz sinais unilaterais ou bilaterais, incluindo tremor, rigidez,
movimentos sem coordenação e sem controle.
O globo pálido tem íntima associação com o putâmen, formando uma estrutura que parece uma
lente chamada de núcleo lenticular ou núcleo lentiforme.
Referências Bibliográficas:
BEAR, Mark F.; CONNORS, Barry W; PARADISO, Michael A. Neurociências - desvendando o sistema
nervoso. 2. ed. Porto Alegre: Artemed Editora S.A., 2002.
BRANDÃO, Marcus Lira. Psicofisiologia. São Paulo: Atheneu, 1995.
GUYTON, Arthur C. Neurociência básica: anatomia e fisiologia. 2.ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 1991.
JACOB, Stanley W.; FRANCONE, Clarice Ashworth, LOSSOW; Walter J. Anatomia e fisiologia. 5.ed.
Rio de Janeiro : Guanabara, 1990.
KANDEL, Eric R.; SCHWARTZ, James, H.; JESSELL, Thomas M. Fundamentos da neurociência e
do comportamento. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000.
LENT, Roberto. Cem bilhões de neurônios : conceitos fundamentais de neurociência. São Paulo:
Atheneu, 2002.
MACHADO, Angelo B.M. Neuroanatomia funcional. Rio de Janeiro: Atheneu, 1983.
POLISUK, Julio; GOLDFELD, Sylvio. Pequeno dicionário de termos médicos. 4.ed. Rio de Janeiro:
Atheneu, 1995.
101
AULA PRÁTICA Nº 8
1 – Núcleo caudado
2 – Putâmen
3 – Globo pálido
4 – Núcleo subtalâmico
5 – Substância nigra (negra)
6 – Corpo estriado
102
Figura 12 – Corte coronal do encéfalo – gânglios basais e estruturas associadas.
103
103
Que movimento é esse?
Imagine uma pessoa fazendo movimentos como bater com um chicote em algo de forma violenta
ou arremessar um peso. Imaginou? Agora imagine essa mesma cena ocorrendo sem que essa pessoa tenha
algum controle do que está acontecendo. Isto ocorre quando o sujeito apresenta uma síndrome conhecida
como hemibalismo.
Referências Bibliográficas:
BEAR, Mark F.; CONNORS, Barry W; PARADISO, Michael A. Neurociências - desvendando o sistema
nervoso. 2. ed. Porto Alegre: Artemed Editora S.A., 2002.
BRANDÃO, Marcus Lira. Psicofisiologia. São Paulo: Atheneu, 1995.
DORETTO, Dario. Fisiopatologia clínica do sistema nervoso: fundamentos da semiologia. 2.ed. Rio
de Janeiro: Atheneu, 1996.
JACOB, Stanley W.; FRANCONE, Clarice Ashworth, LOSSOW; Walter J. Anatomia e fisiologia. 5.ed.
Rio de Janeiro : Guanabara, 1990.
KANDEL, Eric R.; SCHWARTZ, James, H.; JESSELL, Thomas M. Fundamentos da neurociência e
do comportamento. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000.
LENT, Roberto. Cem bilhões de neurônios : conceitos fundamentais de neurociência. São Paulo:
Atheneu, 2002.
MACHADO, Angelo B.M. Neuroanatomia funcional. Rio de Janeiro: Atheneu, 1983.
104
CAPÍTULO 9
Telencéfalo
Norma M. S. Franco
Aula Prática n. 9
Norma M. S. Franco
Texto Complementar:
Encefalite
Beatriz Vieira Stein
Telencéfalo
Juntamente com o diencéfalo forma o cérebro. O telencéfalo ocupa a maior parte da cavidade
craniana, representando 7/8 do seu peso total. Nele distinguimos dois hemisférios cerebrais (esquerdo e
direito) que são separados por um sulco sagital muito profundo chamado de fissura longitudinal (que se
estende da região posterior para a anterior), cujo assoalho é composto por uma larga faixa de 20 milhões
de fibras nervosas chamadas de corpo caloso.
O telencéfalo é constituído por dois tipos de substâncias (como todo o SNC): substância branca e
substância cinzenta. A branca é chamada de centro branco medular21 do telencéfalo, pois está localizada
mais internamente. A substância cinzenta se apresenta de duas formas: sob a forma de córtex, camada fina
e superficial de células que reveste a substância branca, e sob a forma de núcleos, que são estruturas
cinzentas internas, como uma ilha, normalmente rodeadas por substância branca por todos os lados. Os
núcleos são chamados de núcleos de base do telencéfalo.
Cada hemisfério possui três pólos e quatro faces. Os pólos são: frontal, occipital e temporal. As
faces são: lateral, medial , inferior (base do cérebro) e superior.
O telencéfalo também é dividido em lobos, sendo que quatro desses recebem os nomes de acordo
com o osso do crânio com os quais se relacionam. Sendo assim, o ser humano possui o lobo frontal
(relacionado com o pensamento abstrato, juízo crítico, linguagem, motricidade e controle de impulsos),
lobo occipital (relacionado com a visão), lobo parietal (relacionado com a somestesia, noção de
espacialidade e esquema corporal), lobo temporal (relacionado com a memória, audição e olfação). O
quinto lobo não se relaciona com nenhum osso, pois está localizado internamente, sendo chamado de lobo
insular22 (relacionado ao sistema límbico23).
Os sulcos permitem o aumento da superfície sem grande aumento do volume cerebral. O córtex
possui 2/3 de sua área “escondidos” nos sulcos.
Cada hemisfério possui seis sulcos principais: central, lateral (os dois mais importantes), cíngulo,
calcarino, parieto-occipital e colateral.
107
O sulco central é um sulco profundo que separa o lobo frontal do parietal. Este sulco percorre de
forma oblíqua a face súpero-lateral. Ladeados ao sulco encontram-se dois giros muito importantes, o giro
pré-central (situado no lobo frontal) e o giro pós-central (situado no lobo parietal).
O sulco lateral é um sulco profundo que separa o lobo temporal e está situado abaixo dos lobos
frontal e parietal . Este sulco é melhor observado olhando a face lateral do cérebro.
O sulco colateral é melhor visualizado quando observado na face inferior do cérebro. Inicia-se
próximo ao pólo occipital e dirige-se para frente. Fica paralelo ao sulco calcarino (abaixo do giro para-
hipocampal).
Referências Bibliográficas:
BEAR, Mark F.; CONNORS, Barry W; PARADISO, Michael A. Neurociências - desvendando o sistema
nervoso. 2. ed. Porto Alegre: Artemed Editora S.A., 2002.
BRANDÃO, Marcus Lira. Psicofisiologia. São Paulo: Atheneu, 1995.
COSENZA, Ramon M. Fundamentos de neuroanatomia. 2. ed. Rio de Janeiro : Guanabara Koogan,
1998.
GUYTON, Arthur C. Neurociência básica: anatomia e fisiologia. 2.ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 1991.
JACOB, Stanley W.; FRANCONE, Clarice Ashworth; LOSSOW, Walter J. Anatomia e fisiologia
humana. 5.ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1990.
LENT, Roberto. Cem bilhões de neurônios : conceitos fundamentais de neurociência. São Paulo:
Atheneu, 2002.
MACHADO, Angelo B.M. Neuroanatomia funcional. Rio de Janeiro: Atheneu, 1983.
POLISUK, Julio; GOLDFELD, Sylvio. Pequeno dicionário de termos médicos. 4.ed. Rio de Janeiro:
Atheneu, 1995.
SANVITO, Wilson Luiz. O cérebro e suas vertentes. São Paulo: Panamed, 1982.
108
AULA PRÁTICA Nº 9
a - Sulco Central
b - Hemisfério cerebral direito
c - Hemisfério cerebral esquerdo
d - Lobo frontal (vermelho)
d1 – giro pré-central
e - Parietal (amarelo)
e1- giro pós-central
f - Occipital (azul)
g - Fissura longitudinal
h - Pólo frontal
i - Pólo occipital
109
110
Figura 13 A – Vista lateral do cérebro.
110
Figura 13 B – Vista superior do cérebro.
111
111
ANATOMIA MACROSCÓPICA DO CÉREBRO
Identifique na figura 14 (A, B, C e D), através de letras e/ou números, os sulcos e giros existentes no
cérebro.
SULCOS PRINCIPAIS
a – Sulco Central (Rolando)
b – Sulco Lateral (Silvius)
LOBO FRONTAL
c – Giro frontal superior
d – Giro frontal médio
e – Giro frontal interior
e.1 – Região orbitária
e.2 – Região triangular
e.3 – Região opercular
f – Giro pré-central
LOBO PARIETAL
g – Giro pós-central
h – Giro parietal superior
i – Giro parietal inferior
j – Giro supramarginal
k – Giro angular
LOBO TEMPORAL
l - Giro temporal superior
m - Giro temporal médio
n - Giro temporal inferior
LOBO OCCIPITAL
o – Giro occipital superior
p – Giro occipital médio
q – Giro occipital inferior
SULCOS PRINCIPAIS
a – Sulco Central (Rolando)
b – Sulco do cíngulo
c – Sulco parietoccipital
d – Sulco calcarino
LOBO FRONTAL
e – Giro frontal medial
f – Lóbulo paracentral
112
LOBO PARIETAL
g – Pré-cúneo
LOBO OCCIPITAL
h – Cúneo
ÁREAS LÍMBICAS
i – Giro do cíngulo
j – Giro para-hipocampal
k – Giro occipitotemporal medial
LOBO FRONTAL
A – Giros orbitários
a.1. 1º frontal
a.2. 2º frontal
a.3. 3º frontal
a – Sulco Central
b – Giro pré-central
c – Giro pós-central
113
114
Figura 14 A – Vista lateral do cérebro.
114
Figura 14 B – Face medial do cérebro.
115
115
116
Figura 14 C – Face inferior do cérebro.
116
Figura 14 D – Vista superior do cérebro.
117
117
Encefalite
Beatriz Vieira Stein
É um tipo muito comum e grave, possuindo uma taxa de casos fatais muito grande que varia de 30
a 70%.
O que destaca bem esse tipo de encefalite das demais, são suas lesões necrosantes típicas do herpes
e que atingem, principalmente, os lobos temporais e o sistema límbico.
Não se sabe muito bem do processo de desenvolvimento da doença (patogênese). O que se sabe é
que, provavelmente, a partir de uma lesão labial causada pelo herpes, o vírus chega ao sistema nervoso
central.
Os primeiros sintomas são como o de uma gripe. Em seguida vão evoluindo para crises
convulsivas, alterações da personalidade, afasia, podendo levar ao coma.
Seu diagnóstico é difícil e o tratamento é realizado através de drogas antivirais que inibem sua
reprodução.
Também é do tipo viral e seu causador é o vírus JC do grupo papova. A doença causa inflamação
progressiva em várias áreas da substância branca do encéfalo e da medula espinhal, e quando os sintomas
começam a aparecer sua progressão é muito rápida.
Distúrbio bastante raro surge, na maioria das vezes, em pessoas de meia idade que estão com seu
sistema imunológico baixo, como em decorrência de AIDS, corticoterapia prolongada ou linfomas.
Os sintomas mais encontrados são: deterioração progressiva das funções mentais, motoras
(coordenação, inércia, fraqueza), visuais (diminuição do campo visual), sensitivas (dores na cabeça) e ataxia.
118
־Encefalite pós-infecciosa ou encefalomielite disseminada aguda (EMDA):
Este tipo de encefalite não se caracteriza da mesma forma que as outras que eram diretamente
atacadas pelo vírus. Ela nada mais é do que uma reação alérgica no SNC depois de ter tido infecções virais
como Sarampo, Varicela e Rubéola. A inflamação costuma aparecer entre 5 e 10 dias após a infecção.
Durante o processo observa-se destruição da bainha de mielina e os sintomas mais comuns são:
confusão, crises convulsivas, cefaléias, febres e ataxia. Quando envolve a medula, pode levar a paraplegia
ou tetraplegia.
O prognóstico nas encefalites dependerá do agente causal. Algumas encefalites por arbovírus
deixam graves seqüelas como demência, convulsões e sinais deficitários focais em até 50% dos casos (v.g.,
eqüina ocidental, Japonesa B, do vale de Murray e da primavera-verão Russa). Outras têm curso
relativamente benigno (v.g., Venezuelana e do Colorado). A encefalite pelo vírus da raiva, por sua vez, será
invariavelmente fatal. Pacientes que sobrevivem à encefalite herpética, com freqüência também
desenvolvem seqüelas motoras, distúrbios de comportamento ou epilepsia. O uso precoce de aciclovir
parece reduzir a incidência destas complicações.
Referências Bibliográficas:
119
CAPÍTULO 10
Líquor, Ventrículos e
Meninges
Gabriela Malvezzi
Aula Prática n. 10
Norma M. S. Franco
Texto Complementar:
Curiosidades sobre
Líquor, Ventrículos
e Meninges
Gabriela Malvezzi
Líquor, Ventrículos e Meninges
Gabriela Malvezzi
O encéfalo e a medula espinhal são estruturas delicadas e por isso necessitam de proteção. Esta é dada
de duas formas: por um envoltório ósseo rígido (a cavidade craniana, protegendo o encéfalo; e o canal vertebral,
protegendo a medula espinhal) e, no interior desse revestimento ósseo, pelo líquido cefalorraquidiano, também
chamado de líquor, ou de líquido cerebroespinhal.
Esse líquido incolor é constituído por água, proteína, glicose, linfócitos e hormônios, uma
composição parecida com a do fluido que banha as células do encéfalo. Ele é produzido por projeções da
meninge pia-máter para dentro dos ventrículos, chamadas plexos coróides, e circula pelos ventrículos, pelo
canal central da medula e num espaço existente entre as meninges, o espaço subaracnóideo (ou espaço
subaracnóide). Mas o que são esses ventrículos e essas meninges?
Os ventrículos são como “marcas”, na fase adulta, da natureza tubular do tubo neural, da fase
embrionária. Essas marcas surgem porque o tubo neural dá origem ao encéfalo por meio de uma expansão
da sua extremidade superior e, ao fazer isso, surgem algumas cavidades, os ventrículos. Eles são em número
de quatro e podem ser vistos no interior do cérebro, do diencéfalo e do tronco cerebral, ao se fazer cortes
do encéfalo. Esses quatro ventrículos são:
Os dois ventrículos laterais, que se situam próximos ao plano mediano de cada hemisfério
cerebral e estão separados um do outro por uma divisão fina, chamada septo pelúcio. Em
extensão, eles vão, em sua parte posterior, desde a porção central do lobo frontal até, em sua
parte posterior, a porção central do lobo occipital;
O III ventrículo, que tem forma de fenda, e se encontra entre as duas metades laterais do
tálamo, no centro do diencéfalo;
E o IV ventrículo, que está situado, em sua porção posterior, próximo ao cerebelo e, em sua
porção anterior, próximo à ponte e ao bulbo.
Ambos os ventrículos laterais fazem comunicação com o III ventrículo por meio do forame
interventricular, ou forame de Monro, localizado na região antero-lateral do III ventrículo (um para cada
ventrículo). Já este, continua num pequeno canal que passa por todo o mesencéfalo, o aqueduto cerebral de
Sylvius, se ligando, assim, ao IV ventrículo. Por fim, no IV ventrículo existem três orifícios pelos quais o
líquor passa para estar em contato com a superfície do encéfalo.
Por sua vez, meninges são três membranas que revestem toda a superfície do encéfalo e da medula
espinhal. Elas delimitam o delgado espaço mencionado anteriormente, o espaço subaracnóideo, por onde
circula o líquor. Da mais externa para a mais interna, as meninges são:
Dura-máter - como o próprio nome sugestiona, é a mais espessa das três, sendo constituída por
um denso tecido fibroso. Encontra-se fortemente presa à superfície interna do crânio, mas um
tanto quanto frouxa no canal vertebral, onde forma o canal epidural;
123
Aracnóide - é uma membrana delicada, encontrada entre a superfície interna da dura-máter (à qual
está frouxamente presa) e da pia-máter. Por baixo da aracnóide e entre ela e a pia-máter, está o já
falado espaço subaracnóideo, repleto de líquor.
Pia-máter - é uma membrana fina, mas fibrosa, e muito vascularizada, que está fortemente presa
ao encéfalo e à medula espinhal. Ela está tão presa que chega a se projetar para dentro dos
ventrículos, formando os plexos coróides (produtores de líquor). Além disso, esta membrana se
continua abaixo da medula espinhal, formando um filamento, o filamento terminal.
Depois dessas colocações, o percurso seguido pelo líquor, após ser secretado pelos plexos coróides,
já pode ser entendido.
O líquor parte dos ventrículos laterais (onde é produzido em maior quantidade) para o III ventrículo,
por meio dos dois forames interventriculares; passa pelo aqueduto para chegar ao IV ventrículo e daí passa
pelos três orifícios e flui para o espaço subaracnóideo, banhando todo o encéfalo e a medula espinhal.
124
Referências Bibliográficas:
BEAR, Mark F.; CONNORS, Barry W; PARADISO, Michael A. Neurociências - desvendando o sistema
nervoso. 2. ed. Porto Alegre: Artemed Editora S.A., 2002.
BRANDÃO, Marcus Lira. Psicofisiologia. São Paulo: Atheneu, 1995.
GUYTON, Arthur C. Neurociência básica: anatomia e fisiologia. 2.ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 1991.
JACOB, Stanley W.; FRANCONE, Clarice Ashworth; LOSSOW, Walter J. Anatomia e fisiologia
humana. 5.ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1990.
LENT, Roberto. Cem bilhões de neurônios : conceitos fundamentais de neurociência. São Paulo:
Atheneu, 2002.
MACHADO, Angelo B.M. Neuroanatomia funcional. Rio de Janeiro: Atheneu, 1983.
POLISUK, Julio; GOLDFELD, Sylvio. Pequeno dicionário de termos médicos. 4.ed. Rio de Janeiro:
Atheneu, 1995.
125
AULA PRÁTICA Nº 10
a - Ventrículos laterais
b - III ventrículo
c - IV ventrículo
a - Ventrículos laterais
b - III ventrículo
c - IV ventrículo
d - Aqueduto cerebral
e - Forames interventriculares
126
B
A
Figura 15: A e B – Vista lateral do SNC (mostrando a passagem do líquor) e Vista lateral do encéfalo (dentro da caixa craniana).
127
127
Curiosidades Sobre
Líquor, Ventrículos e Meninges
Gabriela Malvezzi
A doença meningite, nada mais é que uma infecção nas meninges. Os sinais meníngeos e as
anormalidades no líquor (cor turva, presença de elementos estranhos...) determinam o
diagnóstico da doença, que pode ser difícil de ser dado, já que esta é uma doença que se
mascara com sintomas que sugerem ser uma infecção no sistema respiratório superior.
Por muito tempo se achou que a dor-de-cabeça era resultante das dilatações dos vasos
sanguíneos em contato com o encéfalo, mas estudos mostraram que esses vasos podem se
dilatar e não produzir dor de cabeça. Assim, essa dilatação teria que estar relacionada a
algum tipo de sensibilização do encéfalo, contudo, ele não possui sensação auto-perceptiva,
por falta de receptores que façam esse papel. As meninges, no entanto, possuem diversos
desses receptores e a origem da dor está na sensibilização das mesmas, que faz com que a
pulsação dos vasos sanguíneos dilatados sejam sentidos como dor. Mesmo com essa
descoberta, ainda não se sabe o que causa a sensibilização das meninges, mas está claro que
a dor é nas meninges, e não no encéfalo.
128
Referências Bibliográficas:
BEAR, Mark F.; CONNORS, Barry W; PARADISO, Michael A. Neurociências - desvendando o sistema
nervoso. 2. ed. Porto Alegre: Artemed Editora S.A., 2002.
BRANDÃO, Marcus Lira. Psicofisiologia. São Paulo: Atheneu, 1995.
GUYTON, Arthur C. Neurociência básica: anatomia e fisiologia. 2.ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 1991.
JACOB, Stanley W.; FRANCONE, Clarice Ashworth; LOSSOW, Walter J. Anatomia e fisiologia
humana. 5.ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1990.
LENT, Roberto. Cem bilhões de neurônios: conceitos fundamentais de neurociência. São Paulo:
Atheneu, 2002.
MACHADO, Angelo B.M. Neuroanatomia funcional. Rio de Janeiro: Atheneu, 1983.
Disponível em: ‹http://www.cerebronosso.bio.br/paginas/enxaquec.html›. Acesso em 04 jul. 2005.
129
CAPÍTULO 11
Sistema Límbico
Roberta Furtado de Vasconcelos
Aula Prática n. 11
Norma M. S. Franco
Roberta Furtado de Vasconcelos
Texto Complementar:
Algumas Curiosidades
sobre o
Sistema Límbico
Roberta Furtado de Vasconcelos
Sistema Límbico
O sistema límbico, surgido com a emergência dos mamíferos inferiores, é de extrema importância,
pois controla comportamentos ligados a nossa sobrevivência. Ele nos permite distinguir o que nos agrada
ou desagrada e desenvolve funções afetivas. É através desse importante sistema que cuidamos e amamos
nossos filhos e somos capazes de desenvolver atividades lúdicas como o brincar. Emoções básicas como
amor, raiva, alegria e tristeza, que estão presentes em todos os momentos de nossas vidas, são originadas
nesse sistema. Além disso, também tem funções ligadas à memória, à identidade pessoal, à formação dos
sonhos e do inconsciente.
Mas como se deu sua descoberta? Tudo começou com um anatomista americano chamado James
Papez (1883-1958). Na tentativa de localizar em nosso sistema nervoso as bases ligadas às emoções,
percebeu que algumas regiões eram conectadas formando um circuito. Dessa forma, esse circuito passou a
ser conhecido como circuito de Papez, esquematizado através de setas na figura 1.
Desde o circuito original, outras regiões foram acrescentadas devido à contribuição de estudiosos
do assunto. Dessa forma, o circuito de Papez passou a ser apenas a mais conhecida intercomunicação entre
os diversos componentes do Sistema Límbico.
Não há, porém, completo acordo entre os autores quanto às estruturas que deveriam fazer parte do
mesmo, mas em geral encontramos o proposto a seguir:
133
1) Componentes Corticais
Córtex cingulado ou giro do cíngulo – contorna o corpo caloso, ligando-se ao giro para-
hipocampal.
Hipocampo – localizado acima do giro para-hipocampal. É como se fosse nosso HD, pois é ele
quem determina o que será conservado na memória.
Amigdala ou corpo amigdalóide – localizada no lobo temporal armazena dados e é o que aciona
toda a experiência emocional, controlando o comportamento de acordo com a situação social.
Área septal – situada abaixo da parte anterior do corpo caloso. Constitui um dos centros do prazer
do cérebro.
Hipotálamo – alguns autores o consideram por inteiro e outros apenas uma parte dele, mais
especificamente os núcleos mamilares dos corpos mamilares. De qualquer forma ele está envolvido no
sistema.
Fig. 2 – Corte sagital do diencéfalo mostrando a área septal, o tálamo e os núcleos da habênula.
134
Referências Bibliográficas:
135
AULA PRÁTICA Nº 11
FIGURA A
1 – Giro do cíngulo
2 – Corpo caloso
3 – Área septal
4 – Corpo mamilar
5 – Amigdala ou Corpo amigdalóide
6 – Núcleos anteriores do tálamo
7 – Hipocampo
8 – Giro para-hipocampal
FIGURA B
1- Área septal
2- Tálamo
3- Núcleos da habênula
136
Figura 16 A – Corte sagital mostrando os componentes do Sistema Límbico.
137
137
138
Figura 16 B – Corte sagital do diencéfalo (estruturas do Sistema Límbico).
138
Algumas Curiosidades sobre o Sistema Límbico
Consciente X Inconsciente
Um neurobiólogo chamado Joseph Lê Doux mostrou que existem dois circuitos neuronais
conhecidos do medo: o consciente e o inconsciente.
No circuito inconsciente a mensagem vai direto dos nossos olhos ao tálamo e depois para a
amigdala, onde recebe significação. Já no consciente, a mensagem também passa pelo córtex cerebral, local
onde o medo recebe uma representação consciente.
Assim, trememos de medo ao olhar um vulto preto se movendo rapidamente à noite, mas,
posteriormente, percebemos que o vulto se tratava apenas de um gatinho. É que primeiramente sentimos o
medo inconsciente e somente quando a informação visual chega à consciência é que somos capazes de
perceber que foi um medo desnecessário.
Reagir é preciso
Quem sofre da “perda de auto-ativação mental” (PAP) pode permanecer por horas ou dias apático
e abandonar até as necessidades básicas, sendo possível até morrer de fome. Porém, quem sofre dessa
síndrome é capaz de sentir não só fome, como todas as outras coisas. O que ocorre, é que apesar de sentir
fome, o indivíduo não reage. Da mesma forma, a pessoa pode estar sofrendo algum perigo, saber disso, e
mesmo assim, ser incapaz de fazer algum esforço para se proteger.
O mais intrigante é que estímulos externos funcionam muito bem, assim, se for emitida uma ordem
direta, como por exemplo “você tem que comer porque senão vai morrer de fome”, a pessoa é capaz de
respondê-la normalmente.
O que acontece é um problema na comunicação entre o nosso conhecido sistema límbico e o lobo
frontal localizado no córtex cerebral. As informações do sistema límbico não chegam ao lobo frontal e,
139
portanto, não há ação. Mas quando há um estímulo que não tenha origem emocional, o circuito funciona
normalmente. Então, quando damos uma ordem verbal, a informação passa da área de Wernicke sem
interferências para o lobo frontal.
Bibliografia:
VIVER MENTE E CÉREBRO. Sem vontade de reagir. Ano XIII, no. 148, p. 71-73.
VIVER MENTE E CÉREBRO. Os segredos das emoções e domínio emocional. Ano XIII, no. 143,
p. 54-59 e 76-79.
140
CAPÍTULO 12
Córtex Cerebral
Norma Moreira Salgado Franco
Aline Vieira de Souza
Aula Prática n. 12
Norma M. S. Franco
Texto Complementar:
“Neuróbica: Use ou perca-o”
Rosette Khalili Boukai
Córtex Cerebral
Norma Moreira Salgado Franco
Aline Vieira de Souza
I – Definição:
Córtex significa casca e , na verdade, parece com ela quando entendemos o que é realmente. O
famoso córtex é uma fina camada de substância cinzenta que cobre todo o cérebro. É cheio de sulcos e
giros parecendo uma noz. Durante a evolução, a extensão e a complexidade do córtex aumenta bastante,
tendo o seu ápice na espécie humana. Isso acabou demonstrando aos neuroanatomistas que essa área
acinzentada está relacionada ao desenvolvimento intelectual. Observe, se possível e depois de morto, que
o seu gatinho tem o córtex bem lisinho, bem diferente do seu.
O córtex interpreta e torna consciente todos os impulsos nervosos que chegam através das vias
sensitivas, comanda os movimentos voluntários e que se relacionam a ele, os fenômenos psíquicos, ou
como dizem por aí... ELE É TUDO DE BOM!
Baseia-se na divisão do cérebro em sulcos, giros e lobos (frontal, parietal, occipital, temporal e
insular). Essa divisão é mais empregada na prática médica para localização de lesões corticais.
- neocórtex (todo o resto do córtex - está ligado a percepção, pensamento, linguagem, memória e
ação planejada.)
143
As Unimodais estão relacionadas indiretamente com áreas sensitivas ou motoras primárias
(projeção).
As Supramodais estão envolvidas com atividades psíquicas superiores (memória, processos
simbólicos e pensamento abstrato), fazem conexões com áreas unimodais ou com outras supramodais.
Lesões causam alterações psíquicas sem qualquer conotação motora ou sensitiva.
1 - Áreas sensitivas
Áreas Olfatórias - Ocupam no homem uma pequena área situada na parte anterior ao uncus e o giro para-
hipocampal.
Área Gustativa (área 43) - localiza-se na porção inferior do giro pós-central (próximo a ínsula). Lesões dessa área
provocam diminuição da gustação na metade oposta da língua.
2 - Área Motora
Área 4 - Ocupa a parte posterior do giro pré-central. Estimulação nesta área determina movimentos do lado oposto.
OBS: Lesões nas áreas primárias causam deficiências sensoriais (ex. cegueira), nas áreas secundárias ocorrem as agnosias25,
apesar das áreas primárias estarem intactas.
25 Desconhecimento.
144
Distinguem-se agnosias visuais, auditivas e somestésicas (táteis).
Um aspecto importante relacionado às áreas secundárias é que do ponto de vista funcional elas não são simétricas.
Por exemplo, lesão da área secundária auditiva (22) no hemisfério esquerdo causa uma afasia (dificuldade de
compreensão de sons de linguagem) e no hemisfério direito causa uma amusia (dificuldade de compreensão dos sons musicais).
a) áreas motora suplementar ⇒ ocupa a parte mais alta da área 6, situada na face medial do giro
frontal superior. Do ponto de vista funcional relaciona-se com o planejamento de seqüências complexas de
movimentos.
b) área pré-motora ⇒ localiza-se adiante da área motora primária e ocupa toda a extensão da área
6. Lesões causam paresia (diminuição de força muscular).
c) área de Broca ⇒ localiza-se no lobo frontal (giro frontal inferior), correspondendo à área 44 e
parte da 45. A área de Broca é responsável pela programação da atividade motora relacionada com a
expressão da linguagem. Lesões causam afasias26.
a) Áreas Pré-frontais - Parte anterior não motora. No homem ocupa 1/4 da superfície do córtex
cerebral. É ligada ao sistema límbico.
b) Áreas Temporoparietal - Compreende todo o lóbulo parietal inferior. Área 40 e 39. Estendendo-
se também às margens do sulco temporal superior. Esta área é importante para a percepção espacial.
Referências Bibliográficas:
BEAR, Mark F.; CONNORS, Barry W; PARADISO, Michael A. Neurociências - desvendando o sistema
nervoso. 2. ed. Porto Alegre: Artemed Editora S.A., 2002.
BRANDÃO, Marcus Lira. Psicofisiologia. São Paulo: Atheneu, 1995.
COSENZA, Ramon M. Fundamentos de neuroanatomia. 2. ed. Rio de Janeiro : Guanabara Koogan,
1998.
DAVIDOFF, Linda L. Introdução à psicologia. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1983.
GUYTON, Arthur C. Neurociência básica: anatomia e fisiologia. 2.ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 1991.
JACOB, Stanley W.; FRANCONE, Clarice Ashworth, LOSSOW; Walter J. Anatomia e fisiologia. 5.ed.
Rio de Janeiro : Guanabara, 1990.
KANDEL, Eric R.; SCHWARTZ, James, H.; JESSELL, Thomas M. Fundamentos da neurociência e
do comportamento. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000.
26 Problemas na fala.
145
LENT, Roberto. Cem bilhões de neurônios: conceitos fundamentais de neurociência. São Paulo:
Atheneu, 2002.
MACHADO, Angelo B.M. Neuroanatomia funcional. Rio de Janeiro: Atheneu, 1983.
POLISUK, Julio; GOLDFELD, Sylvio. Pequeno dicionário de termos médicos. 4.ed. Rio de Janeiro:
Atheneu, 1995.
SADOCK, Benjamin J.; KAPLAN, Harold F. Compêndio de psiquiatria: ciências comportamentais,
psiquiatria clínica. 6. ed. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1993.
146
AULA PRÁTICA Nº 12
LOBO FRONTAL
área 4 (motora)
área 6 (pré-motora)
área 8 (motora visual)
área 44 (área da linguagem – motora, área de Broca)
áreas 9, 10 e 11 (área pré-frontal – planejamento)
LOBO PARIETAL
área 3,1 e 2 (área da somestesia)
área 43 (área da gustação)
LOBO TEMPORAL
área 41 (sensorial auditiva primária)
área 42 (área de reconhecimento auditivo)
área 22 (área ligada a compreensão da linguagem)
áreas 20, 21 e 37 (áreas secundárias da visão)
PARIETO-TEMPORAL
áreas 39 e 40 (giro angular e supramarginal – áreas ligadas a linguagem- Wernicke)
LOBO OCCIPITAL
área 17 (área primária da visão)
áreas 18 e 19 (secundárias da visão)
LOBO FRONTAL
área 4 (motora)
área 6 (pré-motora)
área 8 (motora visual)
áreas 9, 10 e 11 (área pré-frontal – planejamento)
LOBO PARIETAL
área 3,1 e 2 (área da somestesia, membro inferior)
LOBO OCCIPITAL
área 17 (área primária da visão)
SISTEMA LÍMBICO
área 24 (giro do cíngulo – centro das emoções)
área 34 (no uncus do giro parahipocampal, na face inferior- área olfativa primária)
147
148
Figura 17A – Vista lateral do cérebro.
148
Figura 17B – Vista medial do cérebro.
149
149
“Neuróbica: Use ou perca-o ”
A Neuróbica tem um grande lema: “Use-o ou perca-o”. Assim, como ocorre com o resto do corpo, a
melhor maneira de manter esse órgão saudável é colocá-lo para “malhar”. Só que em vez de esteira e
ergométrica, os exercícios usam os cinco sentidos para estimular a tendência natural do cérebro de formar
associações entre diferentes tipos de informações.
Quanto mais ativas as diferentes áreas do cérebro e suas conexões, mais fortes e saudáveis elas
ficarão. Aliás, o declínio das funções mentais que ocorre com a idade não parece ser resultado da morte de
células nervosas, mas sim da redução do número de conexões entre elas.
Então, o objetivo dos exercícios da Neuróbica, é evitar esse declínio, ajudando o indivíduo a
potencializar sua capacidade, melhorar sua memória, ampliar sua inteligência, aumentar sua criatividade e
muito mais.
“Se a mente humana fosse simples o suficiente para ser entendida, nós seríamos simples o
suficiente para entendê-la”. Emerson Pugh, autor de livros de computação, nos demonstra com sua frase a
complexidade de nosso cérebro. Na última década, cientistas de todo mundo se empenharam em conhecer
mais sobre este órgão tão complexo. Em 1,5 Kg de massa encefálica, o equivalente a um cérebro adulto,
estão 100 bilhões de células nervosas em atividade. Cada um desses neurônios pode fazer 40 quatrilhões de
diferentes padrões de conexões! Essas complexas ligações permitem ao ser humano: pensar, raciocinar e ter
emoções.
150
Uma primeira constatação que os neurocientistas fizeram a respeito da plasticidade é que o seu grau
varia com a idade do indivíduo. Durante o desenvolvimento ontogenético o sistema nervoso é mais
plástico, e isso é de se esperar, uma vez que o desenvolvimento é justamente a fase da vida do indivíduo
em que tudo se constrói, tudo se molda de acordo com as informações do genoma e as influências do
ambiente. Mesmo durante o desenvolvimento há uma fase de grande plasticidade denominada período
crítico, fase na qual o sistema nervoso do indivíduo é mais suscetível de transformações provocadas pelo
ambiente externo. Depois que o organismo ultrapassa essa fase e alcança a maturidade sua capacidade
plástica diminui, ou pelo menos, se modifica, sem se extinguir na vida adulta. Há várias formas de
plasticidade: regeneração, plasticidade axônica, sináptica, dendrítica e somática.
Já a plasticidade sináptica pode ser a base celular e molecular de certos tipos de memória. Consiste
no aumento ou diminuição prolongados ou permanentes da eficácia da transmissão sináptica. Os dendritos
de neurônios saudáveis podem também reorganizar sua morfologia em resposta a estímulos ambientais.
Essa é a plasticidade dendrítica, máxima durante os períodos críticos do desenvolvimento, que se manifesta
nos troncos, ramos e espinhas dendríticas. Nos adultos, a plasticidade dendrítica parece se restringir às
espinhas dentríticas, sede estrutural da plasticidade sináptica.
A neuroplasticidade pode ter valor compensatório, ou seja, benéficas ao sistema nervoso atingido
pelo ambiente. Os neurocientistas puderam estudar melhor esse assunto devido ao avanço nas técnicas de
imagem que, atualmente, são capazes de revelar as regiões funcionalmente ativas do cérebro. Desse modo,
já se mostrou que as regiões lingüísticas de indivíduos surdos que utilizam linguagem de sinais é bastante
diferente em sua organização e extensão; Assim os cegos apresentam ativação das áreas visuais quando
submetidos a estimulação auditiva e quando realizam leitura Braile. Foi constatado também que esses
indivíduos apresentam uma representação maior da região do córtex motor que controla os dedos que
lêem Braille; e até que os violinistas treinados desde a infância possuem maior representação cortical dos
dedos da mão esquerda.
Porém, a plasticidade pode também se apresentar como maléfica, isto é, mal – adaptativas e,
finalmente, danosas ao indivíduo. Há várias evidências experimentais, como exemplo, há os amputados -
cujo córtex cerebral sofre uma reorganização plástica - podem sentir “dor fantasma” no membro ausente,
o que lhes causa considerável sofrimento. O psicólogo Gerald Schneider, após vários estudos nesse campo
de pesquisa, propôs a tese de que a neuroplasticidade nem sempre levaria à restauração funcional; ao
contrário, poderia levar a resultados mal – adaptativos e, portanto, danosos ao indivíduo. Schneider
avançou mais em sua proposição: seria possível imaginar que algumas doenças neurológicas e mentais de
151
crianças pudessem resultar de lesões ocorridas durante o desenvolvimento, seguidas de alterações plásticas
mal – adaptativas. Embora não se tenha ainda comprovado totalmente essa tese, ela não pode ser
descartada. Um exemplo de que ele estivesse certo é a síndrome do membro fantasma, já mencionada.
Apesar de nosso cérebro ainda ser uma máquina muito complexa, muitos avanços foram feitos em
relação a essa área de conhecimento. Como sabemos a expectativa de vida no planeta está crescendo e,
portanto, estamos vivendo mais. Nas academias, as pessoas se exercitam para chegar à terceira idade com o
corpo saudável, mas às vezes se esquecem que o cérebro também precisa de ginástica para ter a sua vida
útil prolongada. Assim, como dizem os autores, “um cérebro ativo é um cérebro saudável”. È importante
ressaltar, que não existem cérebros idênticos: esse órgão é tão sensível ao seu ambiente que até mesmo
gêmeos idênticos exibem nítidas diferenças na estrutura cerebral no momento em que nascem. E isso se dá
pela rica capacidade que nosso cérebro tem, chamada de neuroplasticidade.
Portanto, fique alerta.... deixar de fazer ‘Neuróbica’ pode ser prejudicial ao seu cérebro!!!
Referências Bibliográficas:
ALDRIEDGE, Susan. Maximize o Potencial do Seu Cérebro. Rio de Janeiro: Reader’s Digest, 2004.
BEAR, Mark F.; CONNORS, Barry W; PARADISO, Michael A. Neurociências - desvendando o sistema
nervoso. 2. ed. Porto Alegre: Artemed Editora S.A., 2002.
LENT, Roberto. Cem Bilhões de neurônios: conceitos fundamentais de neurociência. São Paulo: Editora
Atheneu, 2004.
REVISTA GALILEU. Edição Especial – Supercérebro. Coleção Tudo Sobre – Editora Globo.
152
CAPÍTULO 13
Texto Complementar:
Diferenças entre o Corpo
Caloso do
Homem e da Mulher
Karen Butland
Norma Moreira Salgado Franco
Assimetria das Funções Corticais
Karen Butland
Norma M. S. Franco
Os hemisférios cerebrais são assimétricos, ou seja, são diferentes em suas funções. Observamos
que o hemisfério esquerdo está mais relacionado com a linguagem, o raciocínio matemático, a
organização do tempo e da seqüência. Já o hemisfério direito parece estar mais ligado ao desempenho de
habilidades artísticas como música e pintura, percepção de relações espaciais , reconhecimento fisionômico
e visualização de imagens. Chama-se hemisfério dominante aquele que possui a linguagem, na maioria das
pessoas, é o hemisfério esquerdo. Alguns estudos mostram que 96% dos indivíduos são destros e 70%
são canhotos ou ambidestros. Neste caso, a dominância está no hemisfério esquerdo.
Quando o cirurgião quer saber qual é o hemisfério dominante, ele injeta em uma das carótidas um
anestésico conhecido como amital sódico, que possui uma ação rápida e vai direto ao hemisfério que ele
injetou a droga. Ao fazer o procedimento, o cirurgião pede ao paciente para contar, por exemplo, os
números. A droga causa no hemisfério “drogado” um breve período de disfunção e o paciente pára de
contar e não responde a mais nenhuma solicitação.
A assimetria se manifesta nas áreas de associação, já que as de projeção (sensitiva e motora) são
iguais nos dois hemisférios.
Referências Bibliográficas:
BEAR, Mark F.; CONNORS, Barry W; PARADISO, Michael A. Neurociências - desvendando o sistema
nervoso. 2. ed. Porto Alegre: Artemed Editora S.A., 2002.
BRANDÃO, Marcus Lira. Psicofisiologia. São Paulo: Atheneu, 1995.
JACOB, Stanley W.; FRANCONE, Clarice Ashworth; LOSSOW, Walter J. Anatomia e fisiologia
humana. 5.ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1990.
LENT, Roberto. Cem bilhões de neurônios : conceitos fundamentais de neurociência. São Paulo:
Atheneu, 2002.
MACHADO, Angelo B.M. Neuroanatomia funcional. Rio de Janeiro: Atheneu, 1983.
SANVITO, Wilson Luiz. O cérebro e suas vertentes. São Paulo: Panamed, 1982.
155
Diferenças entre o Corpo Caloso do Homem e da Mulher
Karen Butland
Norma M. S. Franco
Dessa maneira, os homens tendem a ter um cérebro mais especializado, porém com menor
comunicação entre os dois hemisférios. Muitas coisas resultam disso. Os homens são mais propensos a
problemas como dislexia e hiperatividade, que são agravadas por incoordenação dos hemisférios. Os
homens têm mais dificuldade para recuperar de “derrames” ou outras lesões cerebrais (porque as partes
danificadas são incapazes de “transmitir”suas funções e conservar as partes que estão saudáveis). As
mulheres, por sua vez, têm o que muitos chamam de “intuição feminina” que coordena a lógica com a
emoção fazendo as mulheres “emocionalmente mais inteligentes”.
Extraído do livro: KHALSA, D. Longevidade do Cérebro. 6. ed. Rio de Janeiro: Ed. Objetiva, 1997.
156
Não precisa
ficar
nervoso!
CAPÍTULO 14
Nervos
Norma Moreira Salgado Franco
Nervos
Macroscopicamente, os nervos são cordões esbranquiçados que fazem ligações entre as estruturas
periféricas e o SNC.
Os nervos que levam as informações da periferia ao SNC são chamados de aferente ou sensitivos.
Aqueles que trazem as informações do SNC para os efetores (músculos e glândulas) são conhecidos como
eferentes ou motores e, por ultimo, aqueles que são formados por fibras aferentes e eferentes são
chamados de mistos.
Quando os nervos partem do encéfalo são chamados de cranianos, e quando partem da medula
espinhal são denominados espinhais.
Nervos Cranianos
Os dois primeiros pares de nervos têm conexões no cérebro e os 10 pares restantes no tronco
encefálico.
159
VII – Facial (NC7) Movimentos da face (mímica facial).
Gustação. Misto
VIII – Vestíbulo-coclear Audição. Sensitivo
(NC8) Regulação do equilíbrio.
IX – Glossofaríngeo27 Gustação e sensibilidade geral da língua
(NC9) (tato, dor, temperatura, etc).
Percepções sensoriais da faringe, laringe e Misto
palato.
X – Vago (NC10) Percepções sensoriais da orelha28, faringe,
laringe, tórax e vísceras.
Inervação das vísceras torácicas e Misto
abdominais.
XI – Acessório (NC11) Controle dos movimentos da cabeça e dos
ombros. Motor
XII – Hipoglosso (NC12) Controle dos movimentos da língua e dos
músculos da laringe e faringe. Motor
Nervos Espinhais
Todos os 31 pares de nervos espinhais que partem da medula são mistos e relacionam-se com os
músculos esqueléticos. Os 31 pares são distribuídos de acordo com a região da coluna vertebral
relacionado à sua emergência (saída), assim temos: 08 cervicais29, 12 torácicos, 05 lombares, 05 sacrais e 01
coccígeo.
Os nervos espinhais são formados por fibras nervosas que partem do Sulco Lateral Anterior
(SLA) e do Sulco Lateral Posterior (SLP) da medula espinhal. As fibras nervosas recebem o nome de
filamentos radiculares. Os filamentos que partem do SLA são formados de fibras nervosas motoras e os
filamentos que penetram no SLP são formados de fibras nervosas sensitivas. Os filamentos radiculares se
agrupam entre si e formam as raízes, ventral e dorsal. As raízes se unirão próximo ao gânglio
espinhal30 existente na raiz dorsal. A união dessas raízes forma o nervo espinhal.
27 glosso= língua.
28 Junto ao glossofaríngeo é responsável pela inervação sensorial do meato acústico externo (canal auditivo,
existente na orelha externa).
29 O ser humano apresenta 7 vértebras cervicais, porém há 08 pares de nervos partindo desse segmento. Isto
ocorre porque o 1º par de nervo cervical emerge acima da 1ª vértebra cervical e o 2º par de nervo emerge
abaixo dessa mesma vértebra.
30 Formados por corpos de neurônios das fibras sensitivas.
160
Indique na figura ao lado:
1) SLA
2) SLP
3) Filamentos radiculares
4) Raiz ventral
5) Raiz dorsal
6) Gânglio espinhal
7) Nervo espinhal
Referências Bibliográficas:
BEAR, Mark F.; CONNORS, Barry W; PARADISO, Michael A. Neurociências - desvendando o sistema
nervoso. 2. ed. Porto Alegre: Artemed Editora S.A., 2002.
BRANDÃO, Marcus Lira. Psicofisiologia. São Paulo: Atheneu, 1995.
COSENZA, Ramon M. Fundamentos de neuroanatomia. 2. ed. Rio de Janeiro : Guanabara Koogan,
1998.
GUYTON, Arthur C. Neurociência básica: anatomia e fisiologia. 2.ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 1991.
JACOB, Stanley W.; FRANCONE, Clarice Ashworth; LOSSOW, Walter J. Anatomia e fisiologia
humana. 5.ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1990.
LENT, Roberto. Cem bilhões de neurônios : conceitos fundamentais de neurociência. São Paulo:
Atheneu, 2002.
MACHADO, Angelo B.M. Neuroanatomia funcional. Rio de Janeiro: Atheneu, 1983.
POLISUK, Julio; GOLDFELD, Sylvio. Pequeno dicionário de termos médicos. 4.ed. Rio de Janeiro:
Atheneu, 1995.
161
CAPÍTULO 15
Sistema Nervoso Autônomo (SNA) – sistema nervoso que inerva músculo liso,
músculo cardíaco e glândulas.
I – Definição
O nome vem do grego e significa “autonomia”, independência, ou seja, suas funções são
executadas sem o controle voluntário, apesar de ter ações altamente coordenadas.
O SNA é a via eferente do SNP que inerva as seguintes estruturas do nosso corpo, isto é, os
seguintes efetores:
• Músculo liso – músculo que forma as vísceras, músculo da parede dos vasos.
• Músculo cardíaco – músculo que forma o coração.
• Glândulas - principalmente as exócrinas. As únicas glândulas endócrinas que possuem inervação pelo
SNA são: medula adrenal (parte interna da supra-renal) e pâncreas.
II – Importância do SNA
O SNA é importantíssimo para a homeostasia31, pois é ele que controla as funções das vísceras
(digestão, micção), as funções do coração (batimentos cardíacos), secreção das glândulas (sudorese,
salivação), etc.
O SNA é controlado por centros localizados na medula espinhal, tronco cerebral e hipotálamo, e
opera através de reflexo.
O SNA se divide em Sistema Nervoso Simpático (S) e Sistema Nervoso Parassimpático (PS). Esses
nomes vêm do grego e significam solidariedade, harmonia, pois a idéia que os neuroanatomistas queriam
passar era de que esses dois sistemas funcionavam de forma harmônica, como, na verdade, ocorre.
A maioria dos órgãos tem intervenção tanto do S quanto do PS, mas os dois têm efeitos
antagônicos, isto é, enquanto um excita, o outro inibe o órgão.
165
IV – Estrutura do SNA
O SNA é formado por fibras nervosas eferentes que se originam no SNC (medula espinhal e
tronco cerebral) O S e o PS tem origens diferentes no SNC. O S origina-se nas regiões torácica e lombar da
medula, enquanto que o PS origina-se no tronco cerebral (na região craniana) e na região sacral da medula,
por esse motivo, o PS é conhecido como uma divisão craniossacra do SNA.
De cada lado da medula espinhal existe uma cadeia de gânglios denominada cadeia ganglionar
paravertebral ou cadeia simpática lateral, pois pertence ao simpático. Os gânglios são dilatações nervosas
formadas por corpos celulares e dendritos de neurônios e são regiões de sinapses químicas.
O S e PS são formados por 2 neurônios, que por terem relações com os gânglios são chamados de:
neurônio pré-ganglionar e neurônio pós-ganglionar.
No PS, os corpos celulares dos neurônios pré-ganglionares estão localizados dentro da região sacral
da medula espinhal e dentro do tronco cerebral. As fibras pré-ganglionares destes neurônios abandonam o
SNC e seguem em direção aos órgãos fazendo sinapse química com os neurônios pós-ganglionares; as
fibras pós-ganglionares destes neurônios saem dos gânglios e seguem para os órgãos, fazendo aí também
sinapse química.
Nos gânglios do S e do PS, isto é, nas terminações das fibras pré- ganglionares do S e do PS
localizadas dentro dos gânglios, o medidor químico é a acetilcolina (ACo). Aí, a ACo é um medidor
químico somente excitatório, que é liberada para despolarizar o neurônio pós-ganglionar e, portanto,
excitá-lo. Nas fibras pós-ganglionares do S o medidor químico é a Noradrenalina33 (NA), que pode ser
excitatória ou inibitória, dependendo do órgão; por exemplo, no coração ela é excitatória enquanto que no
intestino ela é inibitória. Nas fibras pós-ganglionares do PS o medidor químico é a ACo, que também pode
ser excitatória ou inibitória, dependendo do órgão; por exemplo, no intestino ela é excitatória enquanto no
coração ela é inibitória. Nas fibras pós-ganglionares do PS o medidor químico é a ACo, que também pode
ser excitatória ou inibitória, dependendo do órgão, por exemplo, no intestino ela é excitatória enquanto no
coração ela é inibitória.
Imagine você andando sem preocupação pela rua e percebe um cão muito feroz, nada simpático,
vindo em sua direção, com os dentes “sorrindo” pra você. Nesse momento o seu organismo tem que
decidir “lutar-ou-fugir”34. Uma série de ações involuntárias ocorrerão com você, produzidas pela ação do
SNA. O primeiro Sistema a ser acionado será o Simpático. Em segundos aumentará o seu batimento
cardíaco, a sua pupila (para ver melhor, igual a história do chapeuzinho vermelho), o suor escorrerá,
32 Região de contato entre dois neurônios, onde um transfere informação para o outro.
33 Também conhecida como norepinefrina.
34 Nos EUA utilizam o método mnemônico dos 3Fs – fight (luta); flight (fuga) e fright (medo).
166
provavelmente, até os cotovelos, entre outras coisas. Agora, imagine o dono do cãozinho chegando e o
imobilizando. Após o episódio, você sentirá um alívio imenso, produzido pelo PS, que diminuirá os
batimentos cardíacos, a pupila, e com certeza seu suor não será mais sentido a quilômetros de distância.
SNS
SNA
167
Efeitos do S (NA) e do PS (ACo) em alguns os órgãos
168
Referências Bibliográficas:
BEAR, Mark F.; CONNORS, Barry W; PARADISO, Michael A. Neurociências - desvendando o sistema
nervoso. 2. ed. Porto Alegre: Artemed Editora S.A., 2002.
BRANDÃO, Marcus Lira. Psicofisiologia. São Paulo: Atheneu, 1995.
COSENZA, Ramon M. Fundamentos de neuroanatomia. 2. ed. Rio de Janeiro : Guanabara Koogan,
1998.
FATTINI, Carlo Américo. Anatomia básica dos sistemas orgânicos. Rio de Janeiro: Atheneu, 1983.
GUYTON, Arthur C. Neurociência básica: anatomia e fisiologia. 2.ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 1991.
JACOB, Stanley W.; FRANCONE, Clarice Ashworth; LOSSOW, Walter J. Anatomia e fisiologia
humana. 5.ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1990.
KANDEL, Eric R.; SCHWARTZ, James, H.; JESSELL, Thomas M. Fundamentos da neurociência e
do comportamento. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000.
LENT, Roberto. Cem bilhões de neurônios : conceitos fundamentais de neurociência. São Paulo:
Atheneu, 2002.
MACHADO, Angelo B.M. Neuroanatomia funcional. Rio de Janeiro: Atheneu, 1983.
POLISUK, Julio; GOLDFELD, Sylvio. Pequeno dicionário de termos médicos. 4.ed. Rio de Janeiro:
Atheneu, 1995.
SANVITO, Wilson Luiz. O cérebro e suas vertentes. São Paulo: Panamed, 1982.
169
CAPÍTULO 16
O seu estudo permite a investigação de um grande número de doenças neurológicas, tais como: as
doenças infecciosas (meningite), parasitárias (neurocisticercose38), vascular (hemorragia subaracnóide) e
imunológica (esclerose múltipla ).
2) Eletroencefalograma (EEG)
O exame tradicional avalia de forma qualitativa as ondas cerebrais, ao passo que o exame mais
moderno, avalia-o também de forma quantitativa.
Atualmente, o EEG Quantitativo (digital) tem sido empregado para determinar com mais precisão
a localização de focos epilépticos, tumores cerebrais, alterações cerebrais e acidentes vasculares
hemorrágicos.
Normalmente esse exame é mais empregado na avaliação da epilepsia, servindo também para
classificá-la (quanto ao tipo) e auxiliando na escolha do anticonvulsivante mais indicado, além de ajudar no
acompanhamento e alta do tratamento.
173
Cabe aqui ressaltar, que no caso da epilepsia, esse exame é apenas complementar, pois são
encontrados potenciais epileptiformes em pessoas que nunca tiveram crises epilépticas. Portanto, exames
laboratoriais, avaliação e história clínica são muito importantes para um bom diagnóstico da doença.
Foi concebida na Inglaterra por Godfrey Houndsfield e Allan Cormack e colocada no mercado na
década de 70. A TC revolucionou os métodos utilizados para o diagnóstico das patologias intracranianas
(que eram vistos através do exame de raio X).
A TC permite a identificação e diferenciação de várias entidades clínicas que cursam como distúrbios
cognitivos, como a hidrocefalia de pressão normal, os hematomas subdurais, os tumores e infartos
cerebrais.
Esta técnica está baseada na tecnologia utilizada nos raios X, capaz de produzir feixes muito estreitos e
paralelos que percorrem ponto a ponto o plano da estrutura do SNC a qual pretende-se observar,
verificando a radiodensidade de cada ponto. Na realidade é uma reconstrução matemática das densidades
dos tecidos estudados, pois os dados obtidos são enviados a um computador, o qual reconstrói a imagem.
A TC mostra o sangue, o líquor e o tecido nervoso, apesar das substâncias branca e cinzenta não serem
bem distinguidas nessa técnica.
O método não é invasivo e o paciente pode estar acordado ou em coma. É indicado para a investigação
de processos expansivos, doenças vasculares, degenerativas, parasitárias e nos traumatismos cranianos.
Muitos pesquisadores têm lançado mão desse método para a investigação de anormalidades cerebrais
que ocorrem em alguns distúrbios psiquiátricos, como por exemplo, a esquizofrenia (que apresenta os
ventrículos mais dilatados).
4 – Angiografia cerebral
Permite a visualização dos vasos sanguíneos intracranianos. Nessa técnica é utilizada uma injeção
de contraste radiopaco nas artérias carótida e vertebral.
Foi inventada por Purcell e Bloch em 1940, porém a sua utilização ocorreu somente a partir do
final da década de 80.
Nesse método, observa-se a diferenciação existente entre a substância branca e a cinzenta, o fluxo
sanguíneo cerebral e o tamanho dos ventrículos.
174
A RM possibilita obter imagens do encéfalo em qualquer plano de corte (sagital, coronal ou
transversal), superando as que são obtidas na TC, por apresentarem alta nitidez e melhor resolução.
O paciente submetido a esse procedimento deve estar acordado e não ser portador de aparelhos
metálicos, próteses respiratórias ou marcapasso.
Injeta-se no paciente uma substância radioativa que será absorvida pelo cérebro. Trata-se na
verdade, de uma molécula de glicose ligada artificialmente ao flúor radioativo. O PET detecta a atividade
das células cerebrais, através da captação da atividade do radiofarmarco (Flúor).
Infelizmente sua aplicação prática é muito restrita, pois seu custo operacional é muito alto.
Referências Bibliográficas:
BEAR, Mark F.; CONNORS, Barry W; PARADISO, Michael A. Neurociências - desvendando o sistema
nervoso. 2. ed. Porto Alegre: Artemed Editora S.A., 2002.
BRANDÃO, Marcus Lira. Psicofisiologia. São Paulo: Atheneu, 1995.
JACOB, Stanley W.; FRANCONE, Clarice Ashworth; LOSSOW, Walter J. Anatomia e fisiologia
humana. 5.ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1990.
KANDEL, Eric R.; SCHWARTZ, James, H.; JESSELL, Thomas M. Fundamentos da neurociência e
do comportamento. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000.
LENT, Roberto. Cem bilhões de neurônios : conceitos fundamentais de neurociência. São Paulo:
Atheneu, 2002.
MACHADO, Angelo B.M. Neuroanatomia funcional. Rio de Janeiro: Atheneu, 1983.
POLISUK, Julio; GOLDFELD, Sylvio. Pequeno dicionário de termos médicos. 4.ed. Rio de Janeiro:
Atheneu, 1995.
RADIOLOGY 101 : the basics and fundamentals of imaging. William E. Erkonen [Editor].
Philadelphia: Lippincott-Raven, 1998.
RATTON, José Luiz de Amorim. Medicina intensiva. 2ª ed. Rio de Janeiro: Atheneu, 1997.
175
Atenção:
Só deve olhar
depois de
fazer os
exercícios!
3 4 C 4 D
C
2.1 3.2
3.1
5 5 1.2
1.1
6
2
2
Fig. 1A Fig. 1B
1.1
A B
3 1
A 2 6
1
7 2
3 8
4
1 7 5 4 C 2
5
B 6.1
1.2 1
6.2
2
3.1
. . . . .
6
6.3
1 2
5 6.4
2.1
3.1 6.5
3.2
3 4
Respostas da Figura 6 – A e B Estruturas do SNC, Fig. C – Corte Coronal mostrando as substâncias do cérebro.
(A fig. A e B foram retiradas do Livro: JACOB, Stanley W.; FRANCONE, Clarice Ashworth, LOSSOW; Walter J. Anatomia e
Resposta da Figura 4 – Origem embrionária - Corte sagital Resposta da Figura 5 – Tecido Nervoso Fisiologia. 5.ed. Rio de Janeiro : Guanabara, 1990.).
6 7
8 1 a
d
e g
1 a
1.1 i
j
9
4 5 h
2
f
k
b b
6 c
A B
4 3 2
5 3
179
179
180
l
a m
e
d
d e
h e a
k a a g
f a f b
o d
b d
b b
j g
g
h d
i c f c c
h
e c
g
b c f
h
D
A B C
Resposta da Figura 8 D -Corte Transversal da Medula ( mostrando os sulcos, cornos,
funículos e fascículos).
Resposta da Figura 9D - Corte transversal do mesencéfalo
Respostas das Figs. 9 (A, B, e C) - Vista anterior, posterior e corte sagital do
tronco encefálico e cerebelo.
c b a
a b
d a
b
d a
b
c
c
f e e
d
A B
b d a
a b
e
c
c
d
b
e
g
a f
Resposta da Figura 11 B – Cote transversal do encéfalo Resposta Figura 11D – Face medial de um hemisfério cerebral
180
h
c1
d
a d1
c
1 d
g
6
a
2 d1
e1
3 e
f e
4
5 f
b
c b
Resposta da Figura 13 A – Vista lateral do cérebro i
Resposta da Figura 12 – Corte coronal do encéfalo – Gânglios Basais e estruturas
associadas Resposta da Figura 13 B – Vista Superior do cérebro
b a
A 1
a
2
f
c f c 3
g
d g
h
e h
i
e2 e
e1 j
e3 d j
b
l o k
p c
m q
n d
b
Resposta da Figura 14 B – Face medial do cérebro Resposta da Figura 14 C – Face inferior do cérebro
a 6
1
c
e
b
a
2
b
c
b
d 3
c
B
4
7
A
8
5
Respostas das Figuras 15 A e B – Vista Lateral do SNC (mostrando a passagem do líquor) e
Resposta da Figura 14 D – Vista Superior do cérebro Vista Lateral do encéfalo (dentro da caixa craniana)
181
181
182
8 4 3,1 e 2
6
6
4
8 24
9 3,1 e 2
43
40 9
3 10
2 39
1
11 10
19
17
44 18 11
41 17
34
22
42 20 21 37
Resposta da Figura 16 B – Corte sagital do diencéfalo (Estrutura do Sistema
Límbico) Resposta da Figura 17A – Vista lateral do cérebro Resposta da Figura 17B – Vista medial do cérebro
182
Ufa!
Acabou......
183
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