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1 Projeto de Rede Coletora de Esgoto Sanitário

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REDES COLETORAS DE

ESGOTO SANITÁRIO
Prof. Mahelvson B. Chaves
mahelvson@gmail.com
CONTEÚDO
• Esgoto sanitário no Brasil
• Concepção de sistemas de esgotamento sanitário
• Sistemas individuais de esgotamento sanitário
• Sistema coletivo do tipo separador absoluto para o esgotamento sanitário
• Locação e órgãos acessórios da rede
• Materiais das tubulações
• Vazões de projeto
• Hidráulica da rede coletora
• Dimensionamento de trechos
• Estações elevatórias
• Bombas
• Métodos construtivos
Esgoto sanitário no Brasil

• Saneamento básico refere-se á:


• Abastecimento de água potável
• Esgotamento sanitário
• Manejo de águas pluviais
• Gerenciamento dos resíduos sólidos

• Tais ações resultarão quando bem executadas e


integradas resultam em melhores condições de
saúde a população
Esgoto sanitário no Brasil

• Devido ao lançamento de efluentes de esgoto sem tratamento, com elevada


carga de poluição, nos recursos hídricos e suas proximidades, a população está
sujeita a captar água de poços ou de mananciais superficiais, imprópria
sanitariamente para consumo humano.

• De acordo com os dados levantados pelo IBGE, em 2005, somente 27% da


população do Nordeste e 48% da população do Brasil contavam com
esgotamento sanitário por rede geral.
Esgoto sanitário no Brasil
Esgoto sanitário no Brasil

• Muitos microrganismos patogênicos estão presentes nas fezes humanas e podem


alcançar outras pessoas por diversas maneiras, causando-lhes doenças

• Isso ressalta a necessidade da adoção de sistemas adequados para destinação dos


resíduos líquidos, especialmente a execução de serviços coletivos de coleta,
tratamento e destinação final de esgotos domésticos

• Do ponto de vista econômico investir em saneamento é economizar em saúde e meio


ambiente e fomentar o turismo
Esgoto sanitário no Brasil
Concepção de sistemas de esgotamento sanitário

• As fases de um projeto de sistema de esgotamento sanitário podem ser


divididas em concepção, projeto básico e projeto executivo.

• Na concepção, buscamos estabelecer as diretrizes, definições e parâmetros


que caracterizam de forma completa o sistema a ser projetado.
• Busca-se por estudos
• Demográficos
• Hidrológicos
• Topográficos
• Sociológicos e antropológicos
Concepção de sistemas de esgotamento
sanitário
• Em casos de substituição e/ou ampliações da rede, é de suma importância a análise do sistema de
esgotamento existente.

• O estudo do traçado da rede só pode ser iniciado após o levantamento topográfico completo da
região.

• O projetista, com os dados topográficos, pode delimitar as bacias e/ou sub-bacias contribuintes,
possibilitando a criação de alternativas para o sistema.

• Em alguns casos as soluções podem ser combinadas, ou seja, coletivas e individuais em um mesmo
sistema.
Concepção de sistemas de esgotamento
sanitário
• Todos os critérios e parâmetros de projeto devem ser considerados e
justificados, sendo que, no caso de falta de dados para os cálculos dos
mesmos, deve-se seguir a NBR 9649/1986.

• Os principais parâmetros são: consumo per capita, coeficientes de


variação de vazão (K1, K2 e K3), taxa de contribuição industrial,
coeficiente de retorno, taxa de infiltração na rede e etc.
Concepção de sistemas de esgotamento
sanitário
• Na concepção, o relatório deve conter para cada alternativa o pré-dimensionamento das unidades do
sistema, apresentando os detalhes das soluções coletivas e/ou individuais, o estudo das bacias de
contribuição, traçados da rede, definição do material da rede coletora, memórias de cálculo, definição
do tipo e nível de tratamento, além da identificação do corpo receptor.

• Para o projeto executivo devem-se apresentar todas as plantas e peças gráficas, bem como o memorial
de cálculo de todas as unidades da concepção.

• Conforme Sobrinho e Tsutiya (2000), os sistemas de esgotamento sanitário devem ser projetados para um
horizonte de projeto de 20 (vinte) anos e devem ser justificados em casos excepcionais, podendo
também ser feito por etapas.
Concepção de sistemas de esgotamento
sanitário
Sistemas individuais para esgotamento
sanitário
• A ausência, total ou parcial, de serviços públicos de esgotos sanitários nas
áreas urbanas e rurais exige a implantação de algum meio de disposição
dos efluentes com o objetivo de evitar a contaminação em especial do
solo e da água

• Podem-se destacar as soluções por via seca, ou seja, quando não é feito
uso de água, ou por via hídrica, quando para afastar os excretas, faz-se
uso de descarga de água de modo automático ou não
Sistemas individuais para esgotamento
sanitário
• Fossa seca
• Constitui-se de uma escavação feita no
terreno, com ou sem revestimento, a
depender da coesão do solo, de uma
laje de tampa com um orifício que serve
de piso, e de uma casinha para sua
proteção e abrigo do usuário

• As fezes retidas no seu interior se


decompõem ao longo do tempo pelo
processo de digestão anaeróbia
(FUNASA, 2006).
Sistemas individuais para esgotamento
sanitário
• Vantagens da fossa seca • Desvantagens da fossa seca
• Baixo custo • Imprópria para áreas de alta
• Simples operação e manutenção densidade
• Não consome água • Podem poluir o solo
• Baixo risco à saúde • Requer solução para as águas
servidas
• Recomendada para áreas pouco
densas
• Aplicada a vários tipos de terreno
• Podem ser empregados diferentes
materiais de construção
Sistemas individuais para esgotamento
sanitário
• Fossa séptica
• Também é conhecido como
tanque séptico
• É uma câmara para reter esgoto
sanitário por um período de tempo
determinado
• O tempo de retenção influenciará
na sedimentação dos sólidos e
reações bioquímicas que
degradarão substâncias e
compostos químicos mais imples
Sistema coletivo do tipo separador absoluto
para esgoto sanitário
• Existem dois tipos de sistemas coletivos de esgotamento sanitário

• Quando o sistema recebe uma parcela das águas pluviais, é do tipo


separador parcial

• Quando isto não ocorre, é do tipo separador absoluto


Sistema coletivo do tipo separador absoluto
para esgoto sanitário
• Vantagens
• Menores custos (diâmetros, materiais de construção e da tubulação mais
baratos)
• Permite a execução da obra por etapas
• Melhora as condições para tratar o esgoto (menor variação das vazões)
• Não condiciona a pavimentação de vias públicas
• Reduz a extensão e o diâmetro da tubulações pois não exige construção de
galerias nas ruas
Locação e órgãos acessórios da rede

• Antes de se definir os órgãos acessórios da rede é necessário conceituar um


coletor de esgoto
• Coletor-tronco: é a tubulação que na maioria das redes tem o maior diâmetro e
profundidade

• Coletor principal: geralmente é o coletor de maior extensão na rede. Pode haver


mais de um, dependendo da bacia ou sub-bacia de esgotamento.

• Coletor secundário: são os coletores de menor extensão, de menor diâmetro e


que constituem a maioria dentro de uma bacia.
Locação e órgãos acessórios da rede

• Poço de visita (PV)


• ABNT (1986) define o poço de visita como uma câmara visitável através de
abertura existente em sua parte superior, destinada à execução de trabalhos
de manutenção.

• O poço de visita é uma câmara construída geralmente em concreto e que,


através de abertura existente em sua parte superior (onde há o tampão).
Locação e órgãos acessórios da rede

• Poço de visita (PV)


• Podem ser substituídos por equipamentos de limpeza mais modernos e econômicos
como os tubos de inspeção e limpeza (TIL) e terminais de limpeza (TL)
• Em projetos, os poços de visitas devem ser obrigatórios
• Na reunião de coletores com mais de três entradas
• Na reunião de coletores quando há necessidade de tubo de queda
• Nas mudanças de direção, declividade, diâmetro ou material dos coletores
• No ingresso e na saída de sifões invertidos e travessias
• Profundidades maiores que 3,0m
• Diâmetro de coletores igual ou superior a 400mm.
Locação e órgãos acessórios da rede

• Caixa de passagem (CP)


• É uma câmara subterrânea sem acesso, localizada em pontos singulares da
rede coletora por necessidade construtiva (mudanças de direção,
declividade, diâmetro ou material), que permite a passagem de
equipamento para limpeza do trecho a jusante
Locação e órgãos acessórios da rede
• Tubo de queda (TQ)
• É uma tubulação instalada na extremidade de
jusante de um coletor que se interliga um coletor
afluente em cota mais alta ao fundo de um PV.

• Esse dispositivo deve ser instalado somente quando a


diferença entre cota de chegada do coletor e a
cota de fundo do PV for maior ou igual a 0,50m (ou
outro valor estipulado em projeto)

• Sem o tubo de queda, os esgotos cairiam a uma


altura que, paulatinamente, iria erodir o fundo do PV.
Locação e órgãos acessórios da rede
• Sifão invertido (SI)
• Trata-se de um trecho rebaixado de coletor com
escoamento sob pressão que interrompe o curso do
escoamento livre do esgoto e também o fluxo da mistura de
ar e gases que ocorre na lâmina livre do tubo

• Sua finalidade é transpor obstáculos como galerias de


águas pluviais, cabos elétricos ou de comunicações,
adutoras, linhas férreas, depressões do terreno ou cursos
d’água.
Traçado da rede

• Em projetos de redes de esgoto sanitário, o modo como deve se comportar o plano


de escoamento é definido pela topografia.

• A rede depende do caimento do terreno, ou seja, o fluxo parte de pontos de cota


maior para os de cota menor, fazendo com que o escoamento seja sempre gravitário.

• A delimitação das bacias e/ou sub-bacias deve atender o requisito citado acima. A
rede deve, sempre que possível, ser traçada conforme as condições do terreno.
Traçado da rede
Traçado da rede
Traçado da rede
Traçado da rede

• As redes de esgoto podem ser divididas em simples e dupla, sendo que cada uma tem
suas características divergentes.

• Devido ao custo, é preferível o uso de uma rede simples, entretanto, pelos motivos a
seguir, pode ser necessária a duplicação
• Vias com tráfego intenso
• Vias com largura entre alinhamentos superior a 14 m
• Caso o diâmetro da tubulação ultrapasse 400 mm
• Quando a profundidade do coletor for maior que 4 m
• Vias com interferências que impossibilitem a execução do coletor
Traçado da rede

• Em relação à contribuição de vazões, podem ser divididos em bilateral, unilateral


ou sem contribuição
• Bilateral: recebem contribuições de vazões dos dois lados da via,
• Unilateral: recebem contribuições de vazões de apenas um dos lados da via, NBR 9649
• Sem contribuição: o coletor não recebe contribuições de ligações prediais ao longo de
sua extensão
Traçado da rede

• Traçado recomendado da rede


• O traçado considerado “ideal” da rede é preponderante para um menor custo em
projetos de redes de esgoto sanitário.

• A experiência do projetista aliado a ferramentas computacionais pode contribuir para


o cumprimento dos objetivos do projeto.
Traçado da rede
Materiais das tubulações

• Atualmente o mais utilizado é o PVC, seguido de seus derivados: RPVC e PRFV

• Em situações de recalque são utilizados tubos de ferro fundido ou aço

• Em relação ao material devem ser atentadas as seguintes características:


resistência às cargas externas, resistência à abrasão e ao ataque químico,
facilidade de transporte, disponibilidade de diâmetros necessários e custos
de transporte, assentamento e aquisição das tubulações.
Materiais das tubulações

• PVC
• Estes tubos foram normatizados com a
NBR 14486/2000 da ABNT.
• Essa norma fixa as condições
exigíveis para tubos de PVC,
destinados à rede coletora e
ramais prediais enterrados para a
condução de esgotos sanitários e
despejos industriais

• Um tubo de PVC possui 6,0m de


extensão e seus diâmetros (nominais)
comumente encontrados são de 100,
150, 200, 250, 300, 350 e 400mm
Materiais das tubulações

• Concreto
• Estes tubos podem ser de concreto
simples ou armado
• Para diâmetros maiores que
400mm, os tubos de concreto são
o material mais utilizado em obras
de esgotamento sanitário
• De concreto simples, variam de
200 a 600mm e tubos de concreto
armado variando de 200 a
2000mm, atendendo às exigências
da NBR 8890/2003.
Materiais das tubulações

• Ferro fundido
• Este tipo de tubo é o mais utilizado em estações
elevatórias e linhas de recalque.
• Resistência a altas pressões
• Alta resistência às cargas externas, possibilitando
grandes e pequenas alturas de recobrimento
• Para graus de corrosividade do solo existem diferentes
tipos de revestimento externo
• Rede com estanqueidade de 100% garantida por
diversos fabricantes, não permitindo infiltrações ou
vazamentos
Materiais das tubulações

• Outros materiais
• Cimento-amianto
• Aço
• Cerâmico
• PEAD
Vazões de projeto
• A rede coletora pode receber o esgoto doméstico (os resíduos líquidos
produzidos nos domicílios, apartamentos, comércios, etc.), águas de
infiltração (águas que se infiltram nas tubulações e que são previstas nos
cálculos das vazões) e esgotos industriais (resultantes de fábricas,
indústrias, etc).
Vazões de projeto


Vazões de projeto

• População a ser esgotada


• Deve-se estimar a população de horizonte do projeto (20 anos) com base nos
métodos:
• Geométrico
• Aritmético
• Logístico
• ...
Vazões de projeto

• Contribuição per capita


• A contribuição de esgotos é normalmente calculada com base no consumo
per capita estimado em projetos de abastecimento multiplicado pelo
coeficiente de retorno (usualmente 80%)
• Pode-se também utilizar vazões resultantes de micromedição, já que há
perdas no abastecimento devido aos vazamentos
• Se o consumo per capita de uma região é de 200 l/hab/dia, a contribuição
per capita para o sistema de esgotos é de 160 L/hab/dia.
Vazões de projeto


Vazões de projeto

• Coeficiente de retorno
• Relação entre o volume de água recebido e o volume de água que retorna
como esgoto sanitário
• Normalmente situa-se na faixa de 0,5 a 0,9
• A NBR 9649/1986 da ABNT recomenda o valor de 0,8 na ausência de valores
medidos em campo
Vazões de projeto

• Águas de infiltração
• A vazão que é transportada pela tubulações de esgoto não tem sua origem
somente nos pontos onde houver consumo de água
• Podem haver contribuições indevidas como originárias do subsolo,
vazamentos de outras redes (abastecimento de água ou drenagem pluvial)
• A ABNT recomenda a adoção de taxas de contribuição de infiltração de 0,05
a 1,0 L/s.km.
Vazões de projeto

• Resíduos líquidos industriais


• As redes coletoras de esgoto doméstico também podem receber material de
industrias, desde que estes possuam características similares ao esgoto
sanitário ou que não prejudique as formas de tratamento empregadas.
Vazões de projeto


Vazões de projeto

Vazões de projeto


Hidráulica da rede coletora

• Considera-se o escoamento nos coletores como permanente e uniforme


• O escoamento se desenvolve em sua maior parte do tempo em
superfície livre
Hidráulica da rede coletora


Hidráulica da rede coletora


Hidráulica da rede coletora


Hidráulica da rede coletora


Hidráulica da rede coletora

Material do coletor Valores de n


Cerâmica 0,013
Concreto 0,013
PVC 0,010
Ferro fundido 0,012
Hidráulica da rede coletora


Hidráulica da rede coletora


Hidráulica da rede coletora


Hidráulica da rede coletora
Hidráulica da rede coletora

Dimensionamento de trechos

• Vazão mínima
• Em qualquer coletor da rede, vazão mínima de 1,5 L/s
• Diâmetro mínimo
• Em projetos gerais, diâmetro mínimo de 100 mm
• Declividade mínima
• Deve assegurar uma tensão trativa mínima de 1 Pa
• Lâmina d’água máxima
• No caso de escoamento subcrítico, y/D = 0,75
• No caso de escoamento supercrítico, reduzir para y/D = 0,5
Dimensionamento de trechos


Dimensionamento de trechos
Dimensionamento de trechos


Dimensionamento de trechos

• Resumo do dimensionamento hidráulico


• As lâminas d’água devem ser sempre calculadas admitindo o escoamento
em regime uniforme e permanente, sendo o valor máximo para a vazão final
igual ou inferior a 75% do diâmetro do coletor (y/D)
Dimensionamento de trechos

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