REGIONALIDADE e Discurso Midiático: Mapeamento e Análise em Mato Grosso Do Sul
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REGIONALIDADE e Discurso Midiático: Mapeamento e Análise em Mato Grosso Do Sul
Vice-Reitora
Camila Celeste Brandão Ferreira Ítavo
Conselho Editorial
Rose Mara Pinheiro (presidente)
Rose Mara Pinheiro (presidente)
Além-Mar Bernardes Gonçalves
Além-Mar Bernardes Gonçalves
Alessandra Borgo
Alessandra
Antonio Borgo
Conceição Paranhos Filho
Antonio Conceição
Antonio Paranhos
Hilario Aguilera Filho
Urquiza
Antonio Hilario
Elisângela Aguilera
de Souza Urquiza
Loureiro
DelasnieveAparecida
Elizabete Miranda Daspet de Souza
Marques
Marcelo
ElisângelaFernandes Pereira
de Souza Loureiro
Nalvo Franco
Elizabete de Almeida
Aparecida MarquesJr
Rosana Cristina Zanelatto Santos
Geraldo Alves Damasceno Junior
Ruy Caetano Correa Filho
Marcelo Fernandes Pereira
Vladimir Oliveira da Silveira
Rosana Cristina Zanelatto Santos
Vladimir Oliveira da Silveira
Formato: digital
ISBN 978-65-86943-11-5
1ª edição
Campo Grande/MS
Organizadores:
Daniela Cristiane Ota
Mario Luiz Fernandes
Taís Tellaroli Fenelon
© dos autores: Autores
Ana Paula Martins Amaral
Aline de Oliveira
Andréa Flores Silva Marcelo Vicente Câncio Soares
Alline Ribeiro
Andréia de de
Laura GóisMoura Cristaldo Márcia Gomes Marques
Anna
Ana Theresa
Barbosa Santos de Arruda
de Souza Marcos Paulo da Silva
Antonio Hilário Aguilera Urquiza
Ângela Eveline
Catarina Werdemberg
Andrés dos Santos Mario Luiz Fernandes
Caram Guimarães
Cláudia
CássioRegina Ferreira
Francisco Machado Neto Maurício de Melo Raposo
Gisele Ota
Daniela Melo Sanches Naiane Gomes de Mesquita
Giselle Marques de Araújo
Gerson Luiz Martins
Irene Maria da Silva Oswaldo Ribeiro da Silva
Gesiel Rocha
Joselia de Araújo
Aparecida Pires Vicente Patrick Alif Fertrin Batista
Lia Câmara
Hélder SamuelFigueiredo Pedreira
do Santos Lima Rose Mara Pinheiro
Lívia Gaigher Bosio Campello
Hélio Augusto Godoy de Souza
Luciani Coimbra de Carvalho
Taís Marina Tellaroli Fenelon
Katarini
NatáliaGiroldo
AdriãoMiguel
Freitas da Silva PreviteraVictor Hugo Sanches Pereira
Patricia
Lynara Martinez
Ojeda de SouzaAlmeida
Samanta Felisberto Teixeira
Teylor Fuchs Cardoso dos Santos
Valnice Aparecida Gazola
1ªViviane
edição:Jesus
2020 de Souza
Welington Oliveira de Souza Costa
Ynes da Silva Félix
Projeto Gráfico, Editoração Eletrônica
Life
1ª Editora
edição: 2020
Revisão
A revisão linguística e ortográfica
é de responsabilidade dos autores
Direitos exclusivos
para esta edição
Editora associada à
ISBN:
ISBN: 978-65-86943-11-5
978-65-86943-25-2
Versão digital: junho de 2020
Agradecimentos
Prefácio.....................................................................................................09
Introdução.................................................................................................13
Referências
Introdução
Migração para FM
Radiojornalismo Rural
Considerações finais
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rena-fm-easy-em-campo-grande>. Acesso em: 18 ago. 2020.
Introdução
Fonte: Desenvolvido pelas autoras (2020). *Tempo apresentado por Lucht (2015).
Metodologia da pesquisa
O Puerta Abierta segue até as 11h25. Logo após, até as 11h40, é trans-
mitido o Rotativo Nacional, um boletim com os destaques das principais
notícias de onde a rede tem emissoras.
Ponta Porã é só quando acontece coisa feia mesmo [...] quando al-
guém é assassinado a tiros, isso chama a atenção [...]. Então quan-
do acontece uma coisa dessas no Brasil a gente fica mais atento.
Mas tem um monte de coisas que podem ser também abordadas
que formam a realidade do Brasil, mas que a gente, lamentavel-
mente até agora, não conseguimos cobrir. Essa é uma matéria pen-
dente para nós. [...] Mas sem nos esquecermos de outros aspectos
da fronteira como o movimento comercial e a deserção escolar que
acontece aqui (ÉDER RIVAS EM ENTREVISTA, 2020).
Considerações Finais
Referências
Entrevistas
CÉZAR, Paulo. Entrevista pessoal realizada com o apresentador do programa
Conexão Máxima da rádio Nova 96,9 FM durante visita às emissoras em Ponta
Porã em fevereiro de 2019. RIVAS, Eder. Entrevista pessoal realizada com o
apresentador do programa Puerta Abierta e Ecos del Amambay da rádio Mbu-
rucuyá 980 AM, gravada em dezembro de 2019, em Pedro Juan Caballero. RI-
VAS, Genaro. Entrevista pessoal realizada com o repórter do programa Puerta
Abierta da rádio Mburucuyá 980 AM, gravada em dezembro de 2019, em Pedro
Juan Caballero.
SANTOS, Giovani Cesar. Entrevista pessoal realizada com o apresentador do
programa Informativo do Meio Dia, gravada em fevereiro de 2020, em Ponta
Porã.
Apresentação
Tabela 1 - Número final de textos selecionados para a análise nos quatro sites
Fonte: Do autor
Fonte: Do autor
Considerações finais
Referências
Introdução
1 Este capítulo é baseado na dissertação de Mestrado de autoria de Victor Hugo Sanches Pereira,
intitulada Pantanal, Realidade e Documentário: análise semiótica do filme Planuras (2014), que
pode ser acessada no repositório da UFMS em: https://posgraduacao.ufms.br/portal/trabalho-ar-
quivos/download/6967 Foi defendida em banca pública em 11 de agosto de 2020, tendo como
membros da banca o orientador Prof. Dr. Hélio Godoy de Souza, Prof. Dr. Marcos Paulo da Silva
(UFMS) e Prof. Dr. Marcio Luiz Costa (UCDB).
2 Mestre em Comunicação pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), jornalista,
Fotógrafo. E-mail: victorhugosanches9@gmail.com
3 Professor Titular pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), com atuação
no Curso de Mestrado em Comunicação. Doutor em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP.
E-mail: professor.heliogodoy@gmail.com
Realidade e Semiótica
matográficos e signos extracinematográficos; Metz propõe ainda mais uma subdivisão dos signos
audiovisuais em: signos audiovisuais específicos e signos audiovisuais não-específicos. Os signos au-
diovisuais específicos são signos próprios do cinema (do audiovisual).
9 Originalmente publicado em 1955.
13 A descrição do diálogo preserva os aspectos coloquiais da fala, ou seja, a forma literal da expres-
são sonora.
Conclusão
Referências
Introdução
Fragmentação
Unificação
Dissimulação
Legitimação
Referências
Introdução
Metodologia
Isso fica claro no jogo de oposições em que colocam o sul como dinâ-
mico e civilizado e o centro/norte como estatista e decadente. São, portanto,
destes documentos elaborados pela “Liga Sul-Mato-Grossense” que se depre-
ende o núcleo histórico das representações que os homens de letras de Mato
Grosso do Sul trarão à tona na conformação da identidade sul-mato-grossense
após a criação do Estado. Como consequência, as visões de um indígena
como reminiscência anacrônica e avessa à civilização se espraia nos discursos,
encontrando pontes com a retórica contemporânea. Ademais, os nativos, his-
toricamente, são vistos como inimigos do “homem sul-mato-grossense” que,
em verdade, estiveram “sujeitos aos constantes assédios dos índios e aos ata-
ques de bandoleiros” – um dos cernes do que Banducci Jr. (2009) caracteriza
como a “ideologia da cultura sul-mato-grossense”.
Por outro lado, os indígenas são erguidos como símbolos do povo de
Mato Grosso do Sul8. Pode parecer uma contradição, mas, em uma análise
mais detida, percebe-se que o indígena é retomado de forma idealizada e
relegada a um passado idílico, inexistindo como cidadão – isto é, destituído
de seus direitos de cidadania – na contemporaneidade (BANDUCCI JR.,
2009). Recupera-se, nesse contexto, a hipótese de que os conteúdos opi-
nativos dos editoriais veiculados na imprensa sul-mato-grossense, em espe-
cial em dois de seus principais periódicos, Correio do Estado e O Progresso,
acionam como quadro de referência primário os referenciais simbólicos e
culturais afeitos à “ideologia da cultura sul-mato-grossense” (BANDUCCI
JR., 2009) quando em pauta estão os chamados “conflitos indígenas”.
Os editoriais de O Progresso
Referências
Introdução
Referências
Introdução
Tenho vindo a defender que esta linha abissal, que produz ex-
clusões radicais, longe de ter sido eliminada com o fim do co-
lonialismo histórico, continua sob outras formas [...]. O direito
Regionalidade e discursos midiáticos: mapeamento e análise em Mato Grosso do Sul 189
internacional e as doutrinas convencionais dos direitos humanos
têm sido usados como garantias dessa continuidade (SANTOS,
2013, p. 44).
Heterogeneidade e silenciamento
Apenas uma fonte foi entrevistada ao longo da matéria, o delegado,
8 Disponível em: <https://www.campograndenews.com.br/cidades/capital/menina-de-16-anos-diz-
-que-era-estuprada-pelo-pai-e-irmao-no-itamaraca>. Acesso em: 02 fev. 2020.
Heterogeneidade e silenciamento
A notícia possui somente duas fontes de informação, sendo uma oficial,
que fala em nome da equipe especializada em investigação, e a mãe de uma
das adolescentes, que aparece no último parágrafo do texto. A matéria trata de
uma temática complexa de forma leviana: o tráfico de adolescentes para fins de
200 Regionalidade e discursos midiáticos: mapeamento e análise em Mato Grosso do Sul
exploração sexual; por essa razão, alertamos para a necessidade de pluralidade
de fontes pessoais e documentais para dar conta da dimensão do assunto. Ao
não fazer isso, o conteúdo jornalístico acaba por reproduzir apenas a versão da
investigação, mantendo um discurso policialesco e sem apresentar elementos
que auxiliem a compreender e refletir sobre esse tipo de violência, inclusive no
contexto dos direitos humanos.
Na fala da mãe, presente no texto, é salientada preocupação dela
com a adolescente – “foi uma angustia muito grande”– e os momentos de
desespero, mas em momento algum o texto questiona e problematiza o pa-
pel, previsto no artigo 4° do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente),
que a família deve ter no cuidado e proteção dessas meninas.
Observamos, em muitos pontos da matéria a afirmação de que a uma
mulher “teria convidado as meninas para irem até o Rio de Janeiro”, o que
configura tráfico de pessoas para fins de exploração sexual11, porém isso
não é citado e problematizado no texto, percebemos, assim, o quanto essa
temática ainda é invisibilizada e pouco reconhecida. Por fim, avaliamos
que a tratativa do caso é totalmente episódica e não localizamos nenhum
desdobramento do caso no levantamento quantitativo.
Heterogeneidade e silenciamento
Apesar de a matéria tratar de um assunto complexo que envolve três
subtemas: mulher, indígena e criança, e cada um desses grupos possuir
aspectos singulares de ser e existir, sofrem violações de direitos de forma
também muito específica, apenas uma fonte é utilizada para dar entrevista
e, ainda assim, apenas para auxiliar na descrição do crime e dar a versão
oficial da polícia, uma vez que é justamente a delegada responsável pelo
caso. Desse modo, consideramos imprescindível mais fontes que possam
dar a dimensão conceitual do caso e não que torne sensacional a violência
que a criança sofreu, como encontramos no uso das palavras: “brutal” e
“horrível”, que acabam não auxiliando na problematização e reflexão sobre
violação de direitos.
Observamos ainda que a intenção da matéria, a partir de dados da
delegacia é identificar os agressores, que são os tios da criança, porém não
questiona os motivos que levaram a criança a ter saído da casa dos antigos
cuidadores, nem explica com quem a menina morava antes, se com os pais,
avós e se já vivia em uma situação de vulnerabilidade. A história e quem
era a criança não aparecem no texto, somente a violência que ela sofreu. O
texto tampouco considera as falhas na proteção à criança, pois, ao responsa-
bilizar somente os tios, deixa de problematizar o não cumprimento do ECA
no que diz respeito ao papel do Poder Público e da sociedade no zelo pela
garantia da integridade da menina, conforme artigo 5°. “Nenhuma criança
ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência [...] explora-
ção, violência, crueldade [...], punindo na forma da lei qualquer atentado,
por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais”. No texto é indicado
que testemunhas, inclusive atuantes na política pública de saúde, devem
ser capacitados para identificação de ocorrências de violações de direitos,
pois acredita-se que a criança sofria agressões há meses. Contudo, não foi
apurado o tempo exato levado para que as autoridades atuassem na ruptura
da violência, preferiu deixar subtendido que foi preciso encontrar a criança
em estado grave para que houvesse uma interferência, colocando em xeque
a estrutura de acolhimento.
O texto faz uma abordagem policial puramente descritiva, notificada
pela gravidade do caso, mas não se atenta para a abrangência das proble-
máticas. O tom sensacionalista ainda reforça a imagem do indígena como
selvagem, brutal, cruel, enviesando a interpretação.
Regionalidade e discursos midiáticos: mapeamento e análise em Mato Grosso do Sul 203
Considerações possíveis
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Introdução
Discussões e conclusões
Referências
Introdução
O WhatsApp e o jornalismo
8 Lapada é o nome utilizado, no jargão jornalístico, para designar um resumo de fatos ilustrados
com imagens de fotos e/ou vídeos, geralmente narrados pelo apresentador ou repórter.
9 Pool de imagens é outra nomenclatura que faz parte do jargão jornalístico nos veículos de televi-
são. Usado para se referir a um conjunto de imagens editadas, uma sequência de vários fragmentos
pequenos de imagens sobre determinado assunto.
Considerações finais
Referências
Introdução
Jornalismo na TV
SBT MS
De acordo Cancio (2005, p. 124 - 125), em 11 de outubro de 1980,
começam as transmissões da TV Campo Grande (atual SBTMS), “a primeira
emissora de televisão criada após a divisão do Estado. Desde o início firmou
contrato com o Grupo Sílvio Santos e transmitiu primeiro os sinais da TVS e,
posteriormente do SBT”. Ainda de acordo do autor, o telejornalismo nasceu
nas primeiras transmissões. “O Jornal da Noite fez sua estreia às 18h45min”
do mesmo dia. Nessa época a emissora fazia parte do Grupo Correio do Es-
tado. Segundo o site11 oficial da emissora, a TV Campo Grande, em 2009,
passou a ser comandada pela Fundação Internacional de Comunicação (liga-
da ao missionário R.R. Soares). E dois anos depois, começou a ser chamada
de SBTMS, portanto, sem ter uma data informada em 2011 começaram as
transmissões do SBTMS 1ª e 2ª edições. Neste trabalho, por causa da regula-
ridade de exibição, o SBTMS 1ª Edição será analisado.
O telejornal SBTMS 1ª Edição vai ao ar de segunda à sexta a partir
das 12h40, tem duração média de 30 a 35 minutos na transmissão completa
contando com os comerciais. A primeira transmissão ao vivo, via Facebook,
foi realizada em 16 de janeiro de 2018, a regularidade semanal é mantida
até o dia 14 de agosto do mesmo ano. Analisando os vídeos disponíveis na
página da rede social, o primeiro disponibilizado foi em 10 de junho de
2015, no geral foram promoções, outros programas da grade e reportagens
produzidas, nenhum desses conteúdos transmitidos ao vivo. O único no
período analisado foi o SBTMS 1ª Edição.
Análises e Resultados
Referências
Introdução
Vamos supor que uma pessoa envia uma foto dizendo que a praça
está ruim. A gente pega a foto e a história e manda para quem
é responsável por aquela demanda que não foi atendida. Neste
caso, a gente não fala o nome de quem enviou a informação,
mas diz que é um morador da região e pergunta sobre a situação.
Dependendo do caso, quando a gente suspeita da informação, a
gente tenta fazer um filtro, muitas vezes, pesquisando no Google
Maps. Se alguma coisa está muito diferente do que a pessoa apre-
sentou, a gente vai ao lugar para confirmar. Mas é a menor parte
que a gente faz isso, pois, no geral, são demandas do tipo: uma
luz que não funciona, praça com mato alto. Agora, quando vem
uma coisa da polícia militar e de alguma delegacia da polícia
civil - elas usam muito o WhatsApp - é como se fosse a entrevis-
ta por telefone, a gente não confere (SOUSA 2017, Informação
Verbal).
Assim, pode-se concluir, a partir do que foi relatado pelos três editores
que, embora grande parte do conteúdo que chega às redações via WhatsApp
seja de informações irrelevantes, há dados precisos e que podem originar pautas
de repercussão, inclusive, nacional.
Considerações Finais
Esta pesquisa objetivou estudar quais os impactos da utilização do
WhatsApp na rotina de produção da notícia em ciberjornais, perante o flu-
xo de informação recebida via aplicativo. Com os dados coletados nesta
pesquisa, comprovou-se que o processo tradicional de seleção e produção
de notícias foi ampliado pelas informações oriundas de mensageiro instan-
tâneo móvel e sítios de redes sociais na internet. A utilização do WhatsApp
na rotina de produção contribuiu para a reconfiguração do fazer jornalísti-
co em cibermeios.
Diante dessa constatação, é possível observar também uma alteração
comportamental dos profissionais, pois os jornalistas, em poucas ocasiões,
saem das redações em busca de pauta e para checar as informações. Esta
mudança foi proporcionada pela incorporação de novas ferramentas de tra-
balho, entre elas o WhatsApp, com o objetivo de reduzir o tempo e o custo
de produção jornalística.
Erik Neveu (2006), ao descrever a sociologia do jornalismo, ques-
tionou a utilização da metáfora da fonte diante do novo fluxo de trabalho
jornalístico. Ir à fonte sugere um comportamento ativo para se abastecer de
informação, ou seja, remete ao jornalista curioso e investigador em busca
de furo jornalístico. A metáfora da fonte induz ao erro, segundo Neveu
(2006), não porque os jornalistas sejam desprovidos de iniciativa ou habi-
lidades para buscar informação, mas porque as fontes são, fundamental-
mente, ativas. Em um cenário de fluxo intenso de informação, é cada vez
maior o peso atribuído à participação do leitor, sobretudo num contexto de
enxugamento de redações e polivalência do jornalista.
Esta pesquisa comprova a participação do usuário no processo de
produção da notícia e, consequentemente, apresenta novas demandas jor-
nalísticas. Uma delas é interagir com o público que envia mensagens via
WhatsApp. A utilização deste mensageiro instantâneo móvel promoveu
aceleramento do ritmo de trabalho e acúmulo de funções. Os jornalistas
290 Regionalidade e discursos midiáticos: mapeamento e análise em Mato Grosso do Sul
foram pressionados a produzir mais conteúdo e abastecer os ciberjornais
em intervalo cada vez mais curto e com informações fragmentadas. Este
cenário segue a lógica capitalista de que quanto maior é a oferta de ma-
téria-prima, provavelmente maior será a demanda de produção e a busca
por consumidores, inclusive no jornalismo. Vale destacar que o aumen-
to de matéria-prima não resultou em jornalismo contextualizado ou que
tenha se beneficiado das possibilidades narrativas, disponibilizadas pelas
características do cibermeio, entre elas: a multimidialidade e a hipertex-
tualidade.
As causas do aceleramento e fluxo mais concentrado de produção
são, principalmente: a possibilidade de compartilhamento de mídias em
diversos formatos - fotos, vídeos, áudio, texto, documentos, pois a facilidade
de circulação de informações, possibilitada pela unificação de plataforma
e pelo aumento ao acesso à internet, potencializa a instantaneidade e a
demanda de produção exigidas pelos ciberjornais. As empresas jornalísti-
cas ainda não conseguiram estabelecer uma rotina que evite a sobrecarga
diante das características do cibermeio, como também foi constatada pela
pesquisadora Sylvia Moretzsohn (2014).
Ferramentas tecnológicas, como o WhatsApp, limitam o desliga-
mento dos jornalistas com o trabalho e, conforme observadas na entrevista
com os editores, são utilizadas para reforçar o discurso de autolegitimação
da profissão, cujas ideias são de que os jornalistas precisam estar à disposi-
ção e atentos aos acontecimentos, mesmo fora do expediente de serviço.
Essa prática profissional pode acarretar desequilíbrios e problemas,
do ponto de vista sociológico. Agnes Heller (2008) aponta a alienação pro-
fissional como um dos problemas e contradições da vida social. Agnes Hel-
ler é estudiosa dos assuntos cotidianos e de como os indivíduos sociais se
comportam diante da realidade social em seus enfrentamentos.
Embora nesta pesquisa não tenham sido analisadas as consequências
na saúde física e mental do jornalista, causadas pelo aceleramento no pro-
cesso de produção, sem dúvida, esta é uma indicação para futuros estudos e
que contribuirão para entender amplamente as implicações das mudanças,
do campo de trabalho jornalístico, nos demais pilares que sustentam e equi-
libram a vida cotidiana desses profissionais.
Retomando a linha de pensamento de Eric Neveu (2006), o autor su-
gere que, se uma metáfora aquática pode fazer sentido perante a atual roti-
na de produção jornalística, esta metáfora é a de jornalistas submersos num
dilúvio de informações oferecidas pelas fontes. Apesar do grande volume de
mensagem que os ciberjornais recebem e, consequentemente, da deman-
da que gera para os jornalistas, as informações, na maioria delas, não têm
valor-notícia. Então, por qual motivo seguir este modelo de produção que
gera tencionamento para o jornalista e que não oferece notícias contextua-
lizadas aos leitores? Este é um forte motivo para reflexão e discussão sobre
Regionalidade e discursos midiáticos: mapeamento e análise em Mato Grosso do Sul 291
as práticas profissionais jornalísticas, diante das constatações desta pesquisa.
Outro ponto observado é a fragilidade na checagem das informa-
ções recebidas pelo WhatsApp. Embora os editores tenham afirmado que
seguem o rito tradicional de apuração das informações recebidas via What-
sApp, a velocidade do processo de produção e a ausência de equipes jorna-
lísticas que se desloquem para o local do acontecimento com o objetivo de
averiguar o que foi compartilhado por leitores via aplicativo, compromete
a veracidade do conteúdo publicado. Essas práticas podem afetar a autenti-
cidade das notícias ainda que o jornalismo, ao longo de sua história, tenha
convivido com este risco em virtude do imediatismo, conforme descreve
Souza (2017).
Mesmo com as mudanças na rotina de produção, as empresas jorna-
lísticas e os jornalistas não podem burlar as regras elementares do trabalho
e os protocolos que compõem o rito jornalístico, como por exemplo, a veri-
ficação da informação, além de uma postura ética e deontológica.
Fazem parte do jornalismo o questionar, o indagar, o duvidar para
que a informação seja noticiada para o público da melhor maneira possí-
vel, da forma mais completa e precisa. Para isso, é preciso beneficiar-se das
características do cibermeio para a produção de um jornalismo contextuali-
zado. É fundamental utilizar as tecnologias e os dados que já existem, para
contextualizar a informação. Além disso, o ciberjornalismo trabalha com
narrativa multimídia e é preciso saber trabalhar conteúdos multimídia para
uma geração que nasceu em ambiente multimidiático e que tem cultura
audiovisual.
A profissão deve manter-se atual, fiel aos códigos ético-deontológicos
e acompanhar os avanços da tecnologia absorvidos pelas audiências, mas
necessita, sobretudo, estar alinhada aos anseios da sociedade. Esta pesquisa
mostra que a discussão não se encerra aqui e estimula a busca por mais
conhecimento e estabelece um marco, no espaço e no tempo, que ajuda
a compreender o jornalismo como processo em constante transformação,
influenciado pela tecnologia.
Referências