Egípcia: História 2
Egípcia: História 2
Egípcia: História 2
Muitos dos pigmentos que foram e o British Museum, cujos resultados vermelhos, presentes em obras de
usados pelos artistas têm vindo pouco a pouco a enrique- arte egípcia, se tem observado ainda a
pré-históricos, sobretudo os ocres cer o nosso conhecimento. Uma revi- presença de ilmenite (FeTiO3).
e o carvão, continuaram a sé-lo são dos dados disponíveis sobre pig- Papel importante na pintura
depois da descoberta da escrita. mentos foi efectuada recentemente egípcia parece que desempenharam
Com a arte dos Antigos Egípcios por investigadores do Louvre e do igualmente os pigmentos negros, em
surgiram os primeiros pigmentos Laboratoire de Recherche des Musées de particular os derivados da combustão
azuis e verdes, a principio apenas France (LRMF) [2]. ou da calcinação de diversas substân-
produtos naturais mas a partir da interessante notar que, tal cias orgânicas, como madeira e ossos,
IV dinastia também materiais como muitos anos mais tarde nos e os óxidos de manganês.
sintéticos. Pouco a pouco, novos templos gregos e nas catedrais medi- Outros pigmentos, todavia, vie-
pigmentos destas e doutras cores evais ainda costumava fazer-se, os ram pouco a pouco enriquecer a pa-
foram sendo igualmente monumentos egípcios eram pintados. leta dos pintores, quase todos produ-
descobertos, alguns dos quais De acordo com os autores da revisão tos naturais mas também alguns sin-
ainda hoje fazem parte das atrás citada, cada cor desempenhava téticos. É destes novos pigmentos
paletas dos pintores. No presente na pintura um papel simbólico im- que trataremos nas linhas que se se-
artigo tecem-se breves portante. guem, focando a atenção no período
considerações sobre a sua Ainda segundo os mesmos auto- correspondente ao intervalo de
natureza e apresentam-se alguns res, os artistas egípcios distinguiam tempo compreendido entre a data do
exemplos de aplicação do ponto de vista granulométrico aparecimento da escrita — ã roda de
correspondendo ao período duas categorias de pigmentos — os 3 300 a.C. na Mesopotâmia e de
compreendido entre a data do que se apresentavam na natureza 3 100 a.C. no Egipto — e o início da
aparecimento da escrita e o início sob a forma de pós e se mediam em época ptolemaica, i.e. 332 a.C. (ver
da época ptolemaica. unidades de volume, como era o Tabela 1).
caso dos pigmentos amarelos e ver-
melhos; e os que tinham de ser moí-
1. INTRODUÇÃO dos e se mediam em unidades de
peso, como acontecia com os pig-
Deve-se a Lucas, um químico e mentos azuis e verdes. O preto e o
conservador que fazia parte da equi- branco eram considerados ã parte.
pa que em 1922 descobriu o túmulo Contudo, relativamente ãs caracterís-
de Tutankhamon, uma das maiores ticas de tais pigmentos, os textos
contribuições para o estudo dos ma- egípcios poucas informações contêm.
teriais usados pelos egípcios na Anti- Quase tudo o que se sabe sobre isso é
guidade, incluindo materiais de pin- fruto da investigação efectuada du-
tura, e a primeira compilação de rante os últimos cem anos.
grande envergadura dos conheci-
mentos existentes sobre tal matéria.
Essa compilação foi feita em 1926 e 2. PIGMENTOS HERDADOS
constitui o célebre livro Ancient Egyp- DO PASSADO
tian Materials and Industries [1], que
Harris reviu e ampliou em sucessivas Como era de esperar, verificou-
edições, a última das quais (em se que não há praticamente nenhum
1962) compreende os resultados de pigmento que tenha sido usado pelos
estudos elaborados até ao fim de pintores dos tempos pré-históricos
1960. Este livro adquiriu uma impor- que não fosse também empregado
tância de tal modo grande que ainda pelos artistas egípcios depois do apa-
hoje, passados 35 anos, é uma refe- recimento da escrita.
rência fundamental para os investi- Os mais comuns parecem ter
gadores envolvidos no estudo das sido os ocres, tanto amarelos como
tecnologias do Antigo Egipto. vermelhos. Recorde-se que eles são
Entretanto, novos trabalhos em geral constituídos por argilas con- Fig. 1 - [stela de Nefertiabete (IV dinastia),
foram sendo realizados, sobretudo tendo proporções variáveis de óxidos pormenor da figura de Nefertiabete, Museu do
por equipas de investigação associa- de ferro— goetite (a-Fe0OH) e limo- Louvre.. De acordo com análises da camada
pictórica na área do vestido, efectuadas tanto por
das aos museus europeus onde se nite(1), no caso dos ocres amarelos, e XRD como por SEM/XRF, o vestido foi p intado
conservam muitas e importantes hematite (a-Fe203), no caso dos ocres usando como pigmento uma mistura de jarosite e
obras de arte egípcia, como o Louvre vermelhos. É de notar que nos ocres natrojarosite.
2660 - 2180 Império Antigo Ill - VI Esfinge e pirâmide de Guiza (IV din.).
Pirâmide escalonada de Sakara (VI din.).
Mastabas de funcionários.
Estatuária clássica de reis e de altos funcio-nários
(escribas e sacerdotes).
2040 - 1780 Império Médio XI - XII Reaparecimento da estatuária real e das pirâ-mides.
Requinte da joalharia.
1780 - 1560 Segundo Período Intermediário XIII - XVII Estagnação artística e cultural.
1070 - 664 Terceiro Período Intermediário XXI - XXV Sarcófagos, papiros, amuletos e chauabtis
Embora os ocres ocorram abun- Estes minerais são sulfatos de ferro O auripigmento é um sulfureto
dantemente em território egípcio e e metais alcalinos, respectivamente de arsénio — As2S3 — natural, de
as suas jazidas representem a princi- K.Fe3(SO4)2(OH)6 e NaFe3(SO4)2(OH)6, um amarelo muito brilhante, que
pal fonte de matéria prima da fabri- que se formam em geral por alteração ocorre em diversos lugares mas em
cação de pigmentos amarelos natu- de óxidos de ferro em condições climá- pequenas quantidades (Fig. 2). De
rais, há indícios de que outras subs- ticas especiais. Ambos ocorrem no acordo com observações efectuadas
tâncias minerais teriam sido explora- Egipto, embora em quantidades relati- no SEM/XRF, foi utilizado para pin-
das pelos egípcios com o mesmo ob- vamente pequenas. tar a estela de Nitoua e Nitneb, datada
jectivo, em particular a jarosite, a na- A sua presença tem sido obser- da II dinastia, bem como o sarcófago
trojarosite e o auripigmento. vada em algumas obras de arte em de Senhetep referido anteriormente
Estes indícios têm sido encon- pedra do Império Antigo, conserva- [2]. Segundo Spurrell, teria sido
trados através de exames de peque- das no Museu do Louvre, como por também empregado nas pinturas de
nas amostras cortadas transversal- exemplo na estela de Nefertiabete (IV Tell el-Amarna, da mesma época que
mente à superfície das obras de arte, dinastia), proveniente da necrópole este sarcófago [4].
os quais se realizam por via de regra de Guiza (Fig. 1), e na mastaba de Note-se que o auripigmento,
com auxílio do microscópio óptico, Akhethetep (V dinastia) proveniente sob a acção da luz, se decompõe
em luz reflectida, e/ou do microscó- de Sakara. Foram detectados tam- dando origem a um óxido de arsé-
pio electrónico de varrimento associ- bém num elemento de decoração do nio — As203 — de cor branca e à li-
ado a um espectrómetro de raios X sarcófago de Senhetep (fim da XVIII di- bertação de SO2, a qual leva por
(SEM/XRF). Por vezes, recorre-se nastia), verificando-se neste caso que vezes a uma alteração das cores dos
também à difracção de raios X se encontram misturados com o pigmentos situados na sua vizi-
(XRD). cres [2]. nhança [5].
18 QUÍMICA 66 . 1997
art i
4. PIGMENTOS VERMELHOS
4.1 Realgar
4.2 Cinábrio
O cinábrio é um sulfureto de
mercúrio — HgS — natural, verme-
lho intenso (Fig. 3). No entanto,
quando finamente moído, adquire
tons alaranjados.
De acordo com Gettens e Stout
[6], há provas de natureza arqueoló-
gica de que este mineral já estaria a
ser utilizado como pigmento na
China durante o III milénio a.C.. Es-
tranhamente, porém, parece não ter
sido empregado na Mesopotâmia
pelos artistas da mesma época e, no
Egipto, só se encontraram indícios
dele em obras de arte da Época
Baixa [I].
Segundo Caley e Richards [7],
os gregos já o exploravam no séc. VI
a.C., sendo possível por isso que ti-
vessem sido eles que o fizeram en-
trar no Egipto através de trocas co-
merciais. Fig. 3 - Cinábrio.
É interessante notar que este
QUÍMICA. 66 • 1997 19
artigos
5. PIGMENTOS AZUIS
5.1 Azurite
mento no Egipto durante a IV dinas-
A azurite é um carbonato básico tia [1]. Deve notar-se, contudo, que
de cobre — Cu3(CO3)2(OH)2 — na- em nenhuma das obras de arte do
tural (Fig. 4), que se forma por oxi- Louvre até agora analisadas se con-
dação do cobre nativo. Tende a seguiu detectá-la [2]. É possível que
transformar-se por hidratação em isto seja o reflexo de um consumo
malaquite, o que leva a que estes muito diminuto, resultante da desco-
dois minerais se encontrem por berta do azul egípcio o qual, prova-
vezes associados. velmente, teria passado a ser produ-
Fig. 4 - Azurite.
Segundo Lucas, a azurite teria zido em condições economicamente
começado a ser aplicada como pig- mais vantajosas do que a azurite.
20 QUÍMICA 66-1997
artigo
5.2 Azul egípcio composição química do azul egípcio daí ser conhecido também pelo
e, por outro, demonstrar que ele e o nome de azul de Thénard.
Tudo leva a crer que o azul mineral natural cuprorivaíte corres- Aconteceu, porém, que em
egípcio (Fig. 5), cujo aparecimento pondem ao mesmo material. 1974 Riederer comunicou que obser-
no Egipto parece ter ocorrido duran- Recentemente, vários investiga- vara a presença de azul-de-cobalto
te a IV dinastia [1], teria sido o pri- dores [8, 15-171 deram um novo em cerâmicas pintadas de Malgatta e
meiro pigmento a ser sintetizado contributo muito significativo para o Tell el-Amarna [18]. Em 1975, Noll
pelo homem. Cerca de dois séculos conhecimento do processo de fabri- determinou a sua estrutura, chegan-
depois, viria a ser utilizado para colo- cação deste pigmento, estudando do a conclusão de que era análoga
rir os célebres "Textos das Pirâmides" não só a influência de algumas variá- do azul de Thénard. Por outro lado,
[8]. 0 seu uso mais corrente foi, to- veis sobre a qualidade do produto fa- o mesmo investigador verificou que
davia, na pintura mural, o qual se di- bricado, mas também as característi- nenhuma cerâmica pintada com este
fundiu pelo Próximo Oriente(2) e cas de várias amostras provenientes pigmento era posterior a XX dinastia,
Mediterrâneo Oriental e, mais tarde, do Egipto, da Mesopotamia e da Eu- o que sugere que o seu emprego, a
pelo Império Romano. ropa Ocidental, abrangendo um ter-se praticado, se teria confinado a
Deve notar-se que o azul egíp- largo intervalo de tempo desde os um curto intervalo de tempo [19].
cio também foi utilizado como mate- primórdios do Império Antigo até ao Note-se, no entanto, que a cir-
rial cerâmico para fazer pequenos período romano, características essas cunstância de a fabricação da cerâ-
objectos, tais como vasos (Fig. 6), es- que se revelam bastante diversas no mica obrigar a passar pela cozedura
tatuetas, contas, embutidos e escara- que respeita a composição química, do objecto decorado e, por isso, não
velhos, sobretudo nos períodos com- microestrutura, dureza e cor. A títu- ser claro se o pigmento teria sido in-
preendidos entre os sécs.XIV e XII lo de ilustração, indica-se a seguir o tencionalmente aplicado antes da co-
a.C. e os sécs. IX e V a.C. [8]. processo que foi reproduzido por zedura ou resultado ocasionalmente
Este produto desde há muito Ullrich [8]. Primeiramente, as maté- dela, e, por outro lado, o facto de o
que tem vindo a ser estudado. Em rias primas — areia quartzífera, cal, mesmo pigmento não ter sido detec-
1804, cinco anos depois da expedi- minério de cobre ou resíduos de tado em nenhum outro tipo de obra
ção ao Egipto do general Bonaparte bronze e natrão(3) de Wadi Natrum de arte, tem levado a que outros in-
— o futuro imperador Napoleão I —, — seriam moídas até à obtenção de vestigadores duvidem de que o azul-
Chaptal [9] deu início a sua investi- pós finos. Misturarar-se iam então os de-cobalto tivesse sido fabricado no
gação. Em 1815, um ano depois de pós na proporção de 5:2:2:1, intro- Antigo Egipto.
se ter encontrado nas escavações de duzir-se-ia depois a mistura em cadi-
Pompeia uma quantidade razoável nhos e, por fim, estes seriam aqueci-
num pequeno vaso, achado que des- dos sem tampa, a uma temperatura 6. PIGMENTOS VERDES
pertou grande interesse na comuni- rondando os 900-950 °C, durante 24
dade científica, foi a vez de Sir a 48 horas. Produzir-se-ia assim uma Contrariamente ao que se verifi-
Humphrey Davy [10] dar uma con- massa vítrea, de cor azul intenso, ca na pintura pré-histórica, onde não
tribuição para o seu estudo. Nos anos com uma elevada percentagem de foi ainda detectado nenhum pigmen-
1880, alguns mineralogistas france- azul egípcio, percentagem esta que, to verde, na pintura egípcia posterior
ses retomaram a sua investigação e, no entanto, poderia ser aumentada e data do aparecimento da escrita já
em 1889, Fouqué [11], com base em o azul tornado ainda mais intenso se encontram diversos pigmentos
resultados da análise química, con- moendo o produto obtido e ague- desta cor, não só produtos naturais —
cluiu que ele seria o tetrasilicato de cendo-o uma segunda vez. malaquite, atacamite, paratacamite,
cálcio e cobre — CaCuSi4010. Poucos No que respeita aos objectos ce- crisocola, planchéite e sampléite —
anos depois, o mesmo investigador, râmicos de azul egípcio, o processo como ainda produtos sintéticos —
em colaboração com alguns quími- de fabricação consistiria primeiro em verde egípcio e verdigris.
cos, procurou sintetizá-lo, no que moer este pigmento, em colocar de- interessante notar, além disso,
parece ter sido bem sucedido. Os es- pois o pó num molde com a forma que no Antigo Egipto alguns artistas
tudos sobre a sua síntese foram reto- desejada e, finalmente, em submeter obtinham a cor verde na pintura so-
mados em 1914 por Laurie et al. o molde a um aquecimento. brepondo uma camada de pigmento
[12], os quais investigaram de ma- amarelo a outra de pigmento azul.
neira sistemática o efeito da concen- 5.3 Azul - de - cobalto Julgou-se durante algum tempo que
tração dos álcalis e da temperatura esta técnica só teria surgido no Im-
de aquecimento. Todavia, foi só em Até meados dos anos 70, sem- pério Novo. No entanto, exames re-
1959 que Pabst [13, 141 realizou o pre se considerou que este pigmento, centes a camada pictórica de um ele-
seu estudo cristalográfico, o qual que é sobretudo um aluminato de mento verde da decoração de um re-
permitiu, por um lado, confirmar de cobalto — CoAl204 —, havia sido levo da V dinastia — os portadores de
forma inequívoca a já conhecida descoberto por Thénard em 1802, e oferendas—, conservado no Museu
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a r t i g o s
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6.1 Malaquite
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a r t igos
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QUÍMICA • 66 • 1997 23
artigos
4111111111Met118141911C1itirii......
ração que impedisse actualmente a sarcófago de Mesré, proveniente do 3. L. M. de Araújo, em Antiguidades Egípcias, Museu
sua detecção, ou à circunstância de a Alto Egipto e datando do fim da Nacional de Arqueologia, Instituto Português de Mu-
seus, 1993, 46.
sua fabricação ter sido pouco desen- XVIII dinastia [2].
volvida. Para responder a esta ques- 4. F. C. J. Spurrell, The Archaeological Journal 52
tão torna-se necessário prosseguir as 7.3 Huntite (1895) 222.
investigações [2].
5. L. R. Green, em Brown et al. (Editores), Conservation
Este mineral é um carbonato de
in Ancient Egyptian Collections, Archetype Books,
6.7 Verdigris cálcio e magnésio - Mg3Ca(CO3)4 1995, 85.
- que resulta da alteração de rochas
O verdigris é um acetato básico dolomíticas e de outras contendo 6. R. J. Gettens, G. L. Stout, Painting Materials a Short
de cobre - Cu(C2H302)2.2Cu(OH)2 magnésio. Encyclopaedia, Dover Publications Inc., 1966.
preparação dos suportes sobre os NOTAS 19. W. Noll, Neues Jahrbuch fur Mineralogie 9 (1981)
quais foram executadas as pinturas.
416.
(1) Mistura natural complexa de óxidos e hidróxidos de
ferro com algum carbonato.
7.2 Cré 20. E. L. B. Terrace, Egyptian Paintings of the Middle
(2) Não é de excluir a possibilidade de que na Mesopo- Kingdom, Braziller, 1968.
A cré é uma rocha mole, porosa e tâmia o azul egípcio tenha sido descoberto mais cedo
do que no Egipto, ou na mesma época mas indepen-
friável constituída principalmente por dentemente, como sugerem alguns achados em Kish de 21. S. Schiegl, K. I. Weiner, A. El Goresy, Materials Re-
carbonato de cálcio. Quando formada conchas contendo pigmentos. search Society Symposim Proceedings, 1992, 831.
a partir de uma vasa marinha apre- natrão é um produto natural constituído essencial-
131 0 22. G. Kerber, M. Koller, F. Mairinger, 3rd Triennal Me-
senta em geral vestígios fósseis de mente por carbonato de sódio hidratado, eting, I COM Committee, Madrid, 1983.
algas unicelulares, alguns dos quais - Na2CO3.10H20.