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Impulsividade - BIS 11

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Universidade Católica de Pelotas Programa de Pós-Graduação em Saúde e

Comportamento
Instrumentos de Avaliação em Saúde Mental
Professoras: Drª Luciana Quevedo e Drª Vera Figueiredo
Doutoranda: Jennifer Mendes Soares

Tradução e adaptação cultural da Barratt Impulsiveness Scale (BIS-11) para


aplicação em adultos brasileiros

1) Objetivo do instrumento e breve descrição do construto envolvido


A Impulsividade é um fenótipo complexo que envolve diferentes padrões
cognitivos e comportamentais caracterizados por mudança no curso da ação sem
julgamento prévio, comportamentos impensados e agir com menor nível de planejamento
em comparação a indivíduos mesmo nível intelectual.

Ter este traço fenotípico causa um alto impacto na vida dos sujeitos assinalado
por dificuldade nos relacionamentos, comportamentos de risco, padrões disfuncionais
com consequências de médio/longo prazo e está associado com diferentes transtornos
mentais (Transtornos de Personalidade Antissocial e Borderline, TDAH, Transtorno de
Conduta).

Segundo Ernest Barrat o modelo da impulsividade pode ser dividido em três


categorias:
1 – Motora: relacionada a não inibição de respostas incoerentes com o contexto;
2 – Atencional: tomada de decisões rápidas;
3 – Falta de planejamento, comportamentos orientados para o presente;
A Barratt Impulsiveness Scale (BIS-11) foi baseada neste modelo. Onde as
evidencias de validade da escala original incluíram 412 universitários, 248 pacientes
psiquiátricos e 73 presidiários – identificando-se 9 fatores – 2 semelhantes ao modelo
teórico proposto por Ernest Barrat.

Os objetivos da tradução e adaptação cultural foram descrever o processo de


tradução e adaptação BIS-11 para o português no contexto brasileiro e avaliar a
consistência entre as respostas dadas a BIS-11 em sua versão original e na versão
traduzida por dois grupos de jovens adultos proficientes em sua língua materna, o
português, e em inglês.

2) Características do instrumento
É um instrumento de autopreenchimento que contém 30 itens. O participante deve
relacionar as manifestações da impulsividade considerando o próprio comportamento e
classificando de acordo com uma escala do tipo Likert de quatro pontos:

1 = raramente ou nunca; 2 = de vez em quando; 3 = com frequência; 4 = quase


sempre/sempre.

A pontuação varia de 30 a 120 pontos, e altos escores indicam a presença de


comportamentos impulsivos. Além disto, a BIS-11 permite o cálculo de escores parciais
referentes a três subdomínios:
- Impulsividade motora (itens 2, 3, 4, 16, 17, 19, 21, 22, 23, 25 e 30)
- Atencional (itens 6, 5, 9 , 11, 20 , 24, 26, 28)
- Por não planejamento (itens 1 , 7, 8 , 10 , 12 , 13 , 14, 15 , 18, 27, 29 )

3) População alvo: De acordo com a validação do instrumento original é


indicada para adultos, sendo que a amostra deste estudo de tradução e
adaptação transcultural foi toda composta por sujeitos maiores de idade.

4) Forma de aplicação: A escala é autoadministrada, de forma individual ou


coletivo.

5) Tempo de aplicação: Em torno de 20 minutos.

6) Método - Tradução e adaptação cultural


Em relação ao método, na 1ª etapa a versão original da BIS-11 foi traduzida
conjuntamente por um grupo de especialistas composto de seis pesquisadores bilíngues
com ampla experiência clínica e em pesquisa sobre avaliação e tratamento de transtornos
relacionados à impulsividade. E com diferentes formações profissionais (um psiquiatra,
quatro psicólogos e um neurologista) e eram provenientes de quatro estados diferentes do
Brasil, o que contribuiu para que fossem evitados termos regionais. Todos apresentavam
pós-graduação na área da saúde e quatro apresentavam título de doutor.

Na 2ª etapa uma tradutora juramentada de origem norte-americana, fluente em


português e em inglês, fez a tradução reversa da versão obtida na primeira etapa. Após
foi feita a 3ª etapa, onde o mesmo grupo de especialistas que participou da primeira etapa
avaliou a equivalência literal, idiomática e semântica entre a tradução e a retrotradução e
então elaboraram a versão síntese.

Na 4ª etapa as versões original e síntese do instrumento foram aplicadas em uma


amostra bilíngue composta por adultos recrutados a partir das redes sociais dos
pesquisadores. Esta amostra foi composta por 25 participantes que apresentavam fluência
comprovada por certificado de proficiência no idioma inglês. Todos apresentavam ensino
superior (48% incompleto e 52% completo) e idade média de 28,9 (dp = 10,3) anos e 48%
eram do sexo feminino.

Por último, aplicaram as duas versões em uma 2ª amostra bilíngue composta por 20
participantes que moravam, em média, há 7,05 (dp = 2,14) anos nos Estados Unidos. Os
participantes dessa amostra apresentavam idade média de 38,6 (dp = 9,40) anos, sendo
50% do sexo masculino. Em relação à escolaridade, 65% apresentaram superior
completo/em formação, 25%, pós-graduação e 10%, segundo grau completo.
A análise dos resultados foi feita em 3 fases:

1ª fase: análise qualitativas da tradução e retrotradução dos itens - Analisando os


resultados referentes ás 1ª, 2ª e 3ª etapas do método, foi observado que 3 dos 30 itens
necessitaram de aperfeiçoamento – itens 1, 23, 30.

2ª fase: análise da consistência das respostas da 1 ªamostra bilingue aos itens das versões
originais e em português da escala através da correlação de Sperman - encontrou 30
coeficientes de correlações entre itens originais e traduzidos, onde:
■ 11 itens (37% do total) forte correlação (0,80 -0,91);
■ 16 itens (33% do total) correlações moderadas (0,40 – 0,80);
■ 3 itens não apresentaram correlações (4,20,26)

Após, realizou-se uma nova aplicação em 2ª amostra bilíngue, onde os itens 4, 20 e


26 apresentaram correlações moderada – alta (0,51; 0,87 e 0,70 respectivamente).

7) Parâmetros psicométricos
O escore total da versão americana foi correlacionado ao escore total da versão
brasileira a partir dos dados obtidos nas duas amostras bilíngues. Encontrou-se um escore
significativo equivalente a r = 0,93 e r = 0,91 (p < 0,001). Os índices de correlação entre
os escores parciais das duas versões variaram entre 0,80 e 0,91 (p < 0,001).

Concluindo, o presente trabalho apresentou a adaptação da versão 11 da Barratt


Impulsiveness Scale, sendo necessária a realização de estudos sobre validade de critério
e de construto, sobre a estrutura fatorial da escala adaptada e também sobre o desempenho
de um grupo normativo de brasileiros de diferentes estados para avaliação de possíveis
diferenças regionais no desempenho da escala. Tais estudos possibilitarão o uso adequado
da escala na clínica e na pesquisa em nosso contexto.

Referencias: MALLOY-DINIZ, Leandro Fernandes et al. Translation and cultural


adaptation of Barratt Impulsiveness Scale (BIS-11) for administration in Brazilian
adults. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, v. 59, n. 2, p. 99-105, 2010.
Escala de Impulsividade de Barratt - BIS 11

Instruções: As pessoas divergem nas formas em que agem e pensam em diferentes situações. Esta é uma escala
para avaliar algumas das maneiras que você age ou pensa. Leia cada afirmação e preencha o círculo apropriado no
lado direito da página. Não gaste muito tempo em cada afirmação. Responda de forma rápida e honestamente.
Quase
Raramente De vez em Com
Afirmações sempre /
ou nunca quando freqüência
Sempre
1. Eu planejo tarefas cuidadosamente.    
2. Eu faço coisas sem pensar.    
3. Eu tomo decisões rapidamente.    
4. Eu sou despreocupado (confio na sorte, "desencanado").    
5. Eu não presto atenção.    
6. Eu tenho pensamentos que se atropelam.    
7. Eu planejo viagens com bastante antecedência.    
8. Eu tenho autocontrole.    
9. Eu me concentro facilmente.    
10. Eu economizo (poupo) regularmente.    
11. Eu fico me contorcendo na cadeira em peças de teatro ou
   
palestras
12. Eu penso nas coisas com cuidado.    
13. Eu faço planos para me manter no emprego (eu cuido para
   
não perder meu emprego).
14. Eu falo coisas sem pensar.    
15. Eu gosto de pensar em problemas complexos.    
16. Eu troco de emprego.    
17. Eu ajo por impulso.    
18. Eu fico entediado com facilidade quando estou resolvendo
   
problemas mentalmente.
19. Eu ajo no “calor” do momento.    
20. Eu mantenho a linha de raciocínio (“não perco o fio da
   
meada”).
21. Eu troco de casa (residência).    
22. Eu compro coisas por impulso.    
23. Eu só consigo pensar em uma coisa de cada vez.    
24. Eu troco de interesses e passatempos (“hobby”).    
25. Eu gasto ou compro a prestação mais do que ganho.    
26. Enquanto estou pensando em uma coisa, é comum que outras
   
idéias me venham à cabeça ou ao mesmo tempo.
27. Eu tenho mais interesse no presente do que no futuro.    
28. Eu me sinto inquieto em palestras ou aulas.    
29. Eu gosto de jogos e desafios mentais.    
30. Eu me preparo para o futuro.    

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