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Argamassa Baritada

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ISSN 1516-392X

Tema: Materiais Cerâmicos, Compósitos e Poliméricos

CARACTERIZAÇÃO DE ARGAMASSAS PARA PROTEÇÃO


RADIOLÓGICA*
Frieda Saicla Barros1
Gustavo Macioski2
Resumo
Argamassas feitas com cimento são comumente usadas para revestimentos de
paredes, pisos e tetos. Para proteção radiológica, estas argamassas são acrescidas
de pó de bário, elemento atenuante contra radiações ionizantes. Este trabalho tem
como objetivo principal comparar argamassas usuais utilizadas como revestimento
de paredes com a argamassa baritada, cuja finalidade é proteção radiológica em
ambientes sujeitos a radiação ionizante. Com base no objetivo proposto,
estabeleceu-se a metodologia do trabalho constituída das seguintes etapas:
caracterização dos materiais constituintes das argamassas por meio dos ensaios de
análise química por fluorescência de raios-X, análise granulométrica, determinação
das densidades experimental pelo método de pesagem e medição volumétrica
manual dos corpos de prova, moldagem dos corpos de prova das argamassas
normais e argamassa baritada (material comumente utilizado para proteção
radiológica), avaliação das propriedades mecânicas e avaliação da atenuação da
radiação X utilizando o programa Xcom. Por meio deste programa, foram simulados
os coeficientes de atenuação em massa das composições, gerando curvas de
atenuação, no intervalo de energia estimado a cada 0,01 keV. Em função destas
curvas de atenuação em massa, verificou-se o desempenho das argamassas
comparando-as com outros materiais desenvolvidos e com materiais de referência
(chumbo).
Palavras-chave: Argamassa; Barita; Raios-X; Proteção radiológica.

CHARACTERIZATION OF MORTAR TO RADIATION PROTECTION


Abstract
Mortars made with cement are commonly used for wall cladding, floors and ceilings. For
radiological protection, these mortars are added with powdered barium that is a
mitigating factor against ionizing radiation. This study aims to compare the usual mortars
used as wall cladding with barium mortar, whose purpose is to radiological protection in
environments subject to ionizing radiation. Based on the proposed objective, we
established the methodology of the work consists on the following steps: characterization
of the constituent materials of mortar through the trials of chemical analysis by X-ray
fluorescence, particle size analysis, determination of experimental densities by the
method of weighing and measuring manual volume of specimens, molding of test
specimens of normal mortars and barium mortar (material commonly used for
radioprotection), assessment and evaluation of the mechanical properties of the radiation
attenuation using the program Xcom. Through this program, the mass attenuation
coefficients of the compositions were simulated; generating attenuation curves in the
energy range ships each 0.01 keV. Depending on these mass attenuation curves, there
was performance of the mortars comparing them with reference material (lead).
Keywords: Mortar; Barite; X-ray; Radiation protection.

1 Engenheira Civil, Doutorado, Professora, DAFIS, PPGEB, Universidade Tecnológica Federal do


Paraná, Curitiba, PR, Brasil.
2 Aluno do Curso de Engenharia Civil, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR, Brasil.

* Contribuição técnica ao 69º Congresso Anual da ABM – Internacional e ao 14º ENEMET - Encontro
Nacional de Estudantes de Engenharia Metalúrgica, de Materiais e de Minas,21 a 25 de julho de
2014, São Paulo, SP, Brasil.

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1 INTRODUÇÃO

De acordo com Carasek [1], as argamassas são materiais empregados na


construção civil, sendo os seus principais usos no assentamento de alvenarias.
Argamassa, segundo a NBR 13281:2001 [2], é uma mistura homogênea de
agregado(s) miúdo(s), aglomerante(s) inorgânico(s) e água, contendo ou não
aditivos ou adições, com propriedades de aderência e endurecimento, podendo ser
dosada em obra ou em instalação própria (argamassa industrializada).
A principal função da argamassa é transmitir todas as ações atuantes, de forma a
solidarizar as unidades, criando uma estrutura única. Outras funções que deve
exercer são a acomodação das deformações e a compensação das irregularidades
das peças [3].
O revestimento das paredes e tetos com argamassa tem a finalidade de: proteger a
alvenaria e a estrutura contra a ação de intemperismo, no caso dos revestimentos
externos; integrar o sistema de vedação dos edifícios, contribuindo com acústico
(≈ 50%), estanqueidade à água (70 a 100%), segurança ao fogo e resistência ao
desgaste e abalos superficiais; regularizar a superfícies dos elementos de vedação e
servir como base para acabamentos decorativos, contribuindo para a estética da
edificação [1].
Visando satisfazer às funções citadas anteriormente, algumas propriedades tornam-
se essenciais para essas argamassas, a saber: retração; aderência; permeabilidade
à água; resistência mecânica, principalmente a superficial e capacidade de absorver
deformações.
A argamassa baritada é um composto de areia, cimento e aglomerante, podendo ter
como agregado a barita, um minério de alta densidade, ou o sulfato de bário
hidratado (BaSO4) utilizada como revestimento de superfícies sujeitas a radiação
ionizante.
Na área da construção civil, a argamassa para revestimento feita na obra apresenta
uma variedade na sua composição, referente à quantidade dos materiais
constituintes da mesma (agregado miúdo, cal, cimento e às vezes incorporação de
fibras) [4]. Também existe uma variedade de marcas comerciais de argamassas
baritadas, função da quantidade de barita na mistura resultando em uma alta
densidade, absorvendo mais radiação. Sua aplicação na área de proteção
radiológica se dá pelo custo do produto, comparado ao valor das lâminas de
chumbo, sem precisar de mão-de-obra especializada. A aplicação desta argamassa
se dá da mesma maneira que a argamassa tradicional.
Diferentes materiais podem ser estudados como alternativa as lâminas de
chumbo [5] e a argamassa baritada [6], disponíveis comercialmente, além de haver
ainda a possibilidade de desenvolvimento de novos tipos de materiais, tais como: os
polímeros [7,5], os cerâmicos [8] e os compósitos poliméricos misturados com óxido
de chumbo [9,10].
Este trabalho tem como objetivo principal comparar argamassas usuais utilizadas
como revestimento de paredes com a argamassa baritada, material usado para
proteção radiológica, bem como suas propriedades de atenuação , aplicando o
programa computacional Xcom [11] para determinar as propriedades de atenuação.
Foram feitas a caracterização dos materiais constituintes da argamassa por meio
dos ensaios de análise química por fluorescência de raios X, análise granulométrica,
determinação das densidades experimental pelo método de pesagem e medição
volumétrica manual dos corpos de prova; moldagem dos corpos de prova de
argamassa e argamassa baritada (material comumente utilizado para proteção

* Contribuição técnica ao 69º Congresso Anual da ABM – Internacional e ao 14º ENEMET - Encontro
Nacional de Estudantes de Engenharia Metalúrgica, de Materiais e de Minas,21 a 25 de julho de
2014, São Paulo, SP, Brasil.

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radiológica), avaliação das propriedades mecânicas e avaliação da atenuação da


radiação X utilizando o programa Xcom [11]. Utilizando-se este programa, podem-se
simular coeficientes de atenuação das argamassas de acordo com a metodologia do
trabalho de Frimaio [8,5] e construir curvas de atenuação em massa no intervalo na
energia estimada de 0,01 keV. Em função destas curvas de atenuação em massa,
verificou-se o desempenho das argamassas comparando-as com o material mais
utilizado, ou seja, laminas de chumbo.

2 MATERIAIS E MÉTODOS

Para a confecção das argamassas normais foram utilizados: Cimento Portland, cal
hidratada, agregado miúdo, água e fibras de vidro. Como material de comparação foi
também avaliado um lote de argamassa baritada comercial.

2.1 Cimento Portland

Para as argamassas dosadas em laboratório foi utilizado o CPII-Z 32 da marca


Itambé, que leva, em sua composição, de 6 a 14% de pozolana. As características
físicas e químicas destes materiais foram obtidas diretamente com o fabricante, bem
como a sua massa específica de 2.97 g/cm³. As Tabelas 1 e 2 apresentam as
características químicas e físicas do cimento adotado.

Tabela 1. Características Químicas do Cimento Itambé - CPII-Z 32


Características Químicas
P. Eq.
Al2O3 SiO2 CaO MgO SO3 CaO L. R. Ins.
Fe2O3(%) Fogo Alc.
(%) (%) (%) (%) (%) (%) (%)
(%) (%)
6,35 22,41 2,96 53,76 4,00 2,54 5,35 0,95 11,48 0,68
Fonte: Adaptado de Cimento Itambé

Tabela 2. Características Físicas do Cimento Itambé CPII-Z 32


Características Físicas
Exp. Tempo de Cons. Resistência
Pega (h:min) Blaine #200 #325 à Compressão (Mpa)
Quente Normal
(cm²/g) (%) (%)
(mm) Início Fim (%) 1 3 7 28
0,36 03:07 03:52 26,3 3.589 3,1 13,78 11,9 24,6 31,4 40,4
Fonte: Adaptado de Cimento Itambé

2.2 Agregado Miúdo

O agregado miúdo foi coletado no canteiro de obras da Universidade Tecnológica


Federal do Paraná (UTFPR) e colocado em estufa para remoção da umidade. Após
esta etapa, foram feitos os ensaios relacionados na Tabela 3 de acordo com as
normas vigentes para caracterização de Agregados Miúdos.

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Tabela 3. Características do Agregado Miúdo


ENSAIO MÉTODO RESULTADO
Massa específica seca NBR NM 52:2009 [12] 2,63 g/cm³
Massa unitária no
NBR NM 45:2006 [13] 1,53 g/cm³
estado solto
Material pulverulento NBR NM 46:2001 [14] 3,2%
Dimensão Máxima Característica:
Composição NBR NM
0,6mm
granulométrica 248:2001[15]
Módulo de finura: 1,82

A Figura 1 mostra a curva granulométrica do agregado miúdo usado na preparação


dos corpos de prova.

0%
10%
Porcentagem retida Acumulada

20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
0,1 1 10
Abertura (mm)

Figura 1. Curva granulométrica do agregado miúdo.

2.3 Cal Hidratada

A massa específica da cal CH-III da marca Pinocal foi determinada a partir das
recomendações da norma NBR 23:2001 [16] obtendo o resultado de 2,43 g/cm3.

2.4 Fibra de Vidro

Para fazer a comparação da argamassa baritada com as argamassas


convencionais, foi necessário o acréscimo de fibra de vidro na confecção das
amostras das argamassas. A principal característica da utilização desta fibra é
aumentar a resistência mecânica em peças sujeitas aos esforços de flexão.
A fim de se determinar o teor de fibras de vidro utilizadas na argamassa baritada,
uma amostra foi peneirada através de uma abertura de 2,4mm e o teor de fibras em
relação à massa seca total da mistura foi determinada.
O percentual de fibra utilizado foi o mesmo recomendado pelos fabricantes de
argamassas baritadas, ou seja, 0,04% em massa.

2.5 Argamassa Baritada

Os componentes da argamassa baritada apresentada pelo fabricante é mostrada na


Tabela 4.

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Tabela 4. Componentes da argamassa baritada


Areia quartsoza 57,12%
Sulfato de bário bruto 28,56%
Catalizador 14,28%
Fibra de vidro 0,04%

2.6 Determinação das Propriedades das Argamassas

2.6.1 Dosagem
Foram ensaiadas argamassas mistas de revestimento com o traço “1:2:9”. O teor de
fibra de vidro foi fixado em 0,04% da massa do cimento utilizada. A quantidade de
água para o traço de referência foi ajustada com o objetivo de se obter um índice de
consistência fixo de 250 ± 10 mm para a argamassa de referência.

2.6.2 Propriedades no estado fresco


As argamassas dosadas em laboratório foram confeccionadas utilizando os
procedimentos descritos pela NBR 7215:1996 [17], em um misturador (Figura 2) de
acordo as etapas descritas na Figura 3.

Figura 2. Misturador mecânico utilizado no ensaio.

Figura 3. Procedimento de mistura adotado para argamassas [17].

2.6.2.1 Índice de consistência


O índice de consistência foi obtido com base nas indicações da
NBR 13276:2002 [18] na mesa de abatimento (flowtable). A Figura 4 mostra uma
medida de consistência.

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Figura 4. Medida de consistência.

2.6.2.2 Densidade de massa e teor de ar incorporado


A determinação da densidade de massa no estafo fresco foi realizada de acordo
com a NBR 13278:2005 [19], através do preenchimento de um recipiente metálico,
conforme Figura 5.

Figura 5. Densidade de massa no estado fresco.

2.6.3 Propriedades no estado endurecido


No estado endurecido foram realizados ensaios de resistência à compressão,
resistência à tração na flexão, módulo de elasticidade dinâmico e módulo de
elasticidade estático.

2.6.3.1 Resistência à tração na flexão e compressão


Foram moldados corpos-de-prova prismáticos (40x40x160mm) com duas camadas e
30 quedas na mesa de adensamento de acordo com a NBR 13279:2005 [20].
As amostras foram desmoldadas após 48 horas e a cura dos corpos-de-prova foi
seca ao ar. Foram realizados, aos 28 dias, rompimentos à flexão para verificação da
resistência à tração da argamassa, e ensaios de resistência à compressão nas duas
extremidades após o primeiro ensaio. O ensaio de resistência à flexão foi executado
com um incremento força de (50 ± 10) N/s e os de resistência à compressão com
incremento de (500±50) N/s. As Figuras 6 e 7 mostram os ensaios feitos nos corpos
de prova.

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Figura 6. Teste de flexão. Figura 7. Teste de compressão.

2.6.3.2 Densidade de massa aparente no estado endurecido


A densidade de massa aparente no estado endurecido foi obtida através do ensaio
prescrito pela NBR 13280:2005 [21], através de pesagem e medição das dimensões
dos corpos-de-prova.

2.6.3.3 Módulo de elasticidade dinâmico


O módulo de elasticidade dinâmico das argamassas foi obtido de acordo com a
norma NBR 15630:2008 [22] com o auxílio de um aparelho de ultrassom da marca
PUNDIT nos corpos-de-prova prismáticos de argamassa. Foi analisado o tempo que
a onda ultrassônica leva para sair do transmissor e chegar até o receptor. Nas
extremidades da argamassa foi aplicado gel de ultrassom para garantir que não
permaneçam vazios entre os transdutores do aparelho e a superfície da argamassa,
como mostra a Figura 8.

Figura 8. Determinação do módulo de elasticidade dinâmico.

2.7 Análise Química por Fluorescência de Raios-X

Na realização das análises utilizou-se o método semiquantitativo para as


argamassas com e sem fibra de vidro e para a argamassa baritada. Para obter a
composição química quantitativa, foi feita a análise química por fluorescência de
raios X - FRX Philips PW 2400, para analisar os dez óxidos dos elementos maiores
no LAMIR. As amostras foram preparadas em forma de pastilhas conforme
prescreve o procedimento de análise em FRX (fluorescência de raios-X). Os
resultados obtidos são apresentados em forma de óxidos mais estáveis dos
elementos químicos presentes. A perda ao fogo foi feita através da medida da perda
de massa com aquecimento até 1000C, em mufla marca Biotec do LAMIR.

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2.8 Avaliação da Atenuação da Radiação X Através da Simulação


Computacional

Utilizando-se o Programa Xcom, foram simulados os coeficientes de atenuação das


argamassas formuladas, utilizando a composição química das mesmas. Este
procedimento segue a mesma metodologia do trabalho desenvolvido por
FRIMAIO [8,5]. No intervalo de energia utilizado os valores de coeficientes de
atenuação foram estimados a cada 0,01 keV. Com os valores de coeficiente de
atenuação das argamassas formuladas e dos materiais de referência, foram
construídas curvas de atenuação que auxiliaram no processo de confirmação dos
melhores materiais.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 Características Mecânicas

O índice de consistência foi obtido com base nas indicações da NBR 13276:2002
[18] na mesa de abatimento (flowtable), conforme mostra a Figura 9.

252,5 252,0
Índice de consistência (mm)

252,0
251,5 251,0
251,0
250,5
250,0 249,5
249,5
249,0
248,5
248,0
Arg.Baritada Arg. S/fibra Arg. C/fibra

Figura 9. Variação do índice de consistência.

A variação da densidade de massa no estado fresco está representada na


Figura 10.

2,30
Massa específica fresca (g/cm³)

2,25
2,20
2,15
2,10
2,05
2,00
1,95
1,90
Arg.Baritada Arg. S/fibra Arg. C/fibra
Figura 10. Variação da massa específica.

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O índice de vazios e a absorção total estão apresentados na Figura 11.

20% 50%

Índice de Vazios (%)


Absorção total (%)
15% 40%
30%
10%
20%
5% 10%
0% 0%
Arg.Baritada Arg. S/fibra Arg. C/fibra

Absorção Total Índice de vazios

Figura 11. Índice de vazios e absorção total.

Foram desconsiderados os valores que se encontravam fora do desvio padrão


calculado.
As resistências relativas à flexão e compressão das amostras estão mostradas na
Figura 12.

5,00
Resistência (MPa)

4,00
3,00
2,00
1,00
0,00
Arg.Baritada Arg. S/fibra Arg. C/fibra

Compressão Flexão

Figura 12. Ensaios de resistência mecânica.

A densidade de massa aparente no estado endurecido e o módulo de elasticidade


dinâmico das argamassas estão apresentados na Figura 13.

2,1 10
Densidade no estado

Módulo de elasticidade
endurecido (g/cm³)

2 8
dinâmico (GPa)

1,9 6
1,8 4
1,7 2
1,6 0
Arg.Baritada Arg. S/fibra Arg. C/fibra

Massa especifica (g/cm³)


Módulo dinânico (GPa)

Figura 13. Densidade no estado endurecido e módulo de elasticidade dinâmico.

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A Tabela 5 mostra o resumo das características mecânicas.

Tabela 5. Resumo das características mecânicas


Características Mecânicas
Massa
Índice Resistência Densidade Módulo de
Índice de especifica Absorção Resistência
de à estado Elasticidade
Consistência estado total à Tração
Vazios Compressão endurecido dinâmico
(mm) fresco (%) (MPa)
(%) (MPa) (g/cm3) (GPa)
(g/cm3)
Arg.
252,00 2,24 11 23 4,61 1,73 2,05 9,40
Baritada
Arg.
251,00 2,06 17 29 2,16 1,12 1,77 5,40
S/fibra
Arg.
249,50 2,04 16 27 2,54 1,04 1,81 5,47
C/fibra

3.2 Análise Química por Fluorescência de Raios-X

A análise química semiquantitativa detectou todos os elementos mais pesados que o


flúor e presentes acima de 0,1%. O tempo total de varredura foi de 6 minutos
aproximadamente. As composições químicas das argamassas estão apresentadas
na Tabela 6.
As análises químicas das argamassas serviram de dados para a simulação
computacional – programa Xcom [11] que avalia as características de atenuação dos
materiais.

Tabela 6. Composição semiquantitativa das argamassas


Composição semiquantitativa das argamassas
Argamassa com fibra
Argamassa sem fibra
Argamassa baritada (%) (%)
(%)
SiO2 52,7 58,8 57,9
BaO 18,6
CaO 10,0 15,9 16,3
SO3 9,3 0,3 0,3
CO2 4,3 8,9 9,1
Fe2O3 2,9 1,7 1,9
Al2O3 1,1 3,7 3,9
MgO 0,3 8,0 8,0
SrO 0,2
K2O 0,2 1,3 1,2
Na2O 0,2 0,3 0,3
MnO 0,1 0,1 0,1
P2O5 0,1
TiO2 0,9 0,9
ZrO2 0,1 0,1

3.3 Aplicação do Modelo Matemático – Simulação no Programa Xcom

A Figura 14 apresenta as curvas de atenuação em massa para os materiais de


referência (chumbo sólido) e para as argamassas normais com e sem fibra de vidro
e argamassa baritada, resultantes da simulação matemática do programa Xcom.

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1000000

COEFICIENTE DE ATENUAÇÃO EM MASSA(cm /g)


2
100000
CHUMBO SÓLIDO
ARGAMASSA BARITADA
ARGAMASSA SEM FIBRA
10000
ARGAMASSA COM FIBRA

1000

100

10

1
1 2 3 4 5
10 10 10 10 10
ENERGIA(MeV)
Figura 14. Curvas de Atenuação em Massa x Energia – Argamassas e material de referência
(chumbo sólido).

A Tabela 7 apresenta os valores dos coeficientes de atenuação em massa para uma


energia de 100 MeV.

Tabela 7. Coeficientes de atenuação em massa para os materiais ensaiados


COEFICIENTE DE ATENUAÇÃO EM MASSA (cm2/g) para 100 MeV
Chumbo sólido (referência) 5,34 x 103
Argamassa baritada 4,88 x 102
Argamassa sem fibra 1,69 x 102
Argamassa com fibra 1,68 x 102

Avaliando as curvas de atenuação, pode-se confirmar qual é o material mais


atenuante no que se refere à exposição de radiação X, sendo o chumbo sólido o
material mais atenuante seguido da argamassa baritada, argamassa sem fibra de
vidro e por último a argamassa com fibra de vidro.
Analisando o coeficiente de atenuação em massa de cada material, tomando-se
como referência o chumbo sólido, conclui-se que a argamassa baritada atenua dez
vezes menos que o chumbo e as argamassas, tanto com fibra e sem fibra de vidro,
atenuam aproximadamente trinta vezes menos que o material de referência.

4 CONCLUSÃO

Mesmo trabalhando em escala de laboratório, a argamassa baritada ensaiada


alcançou níveis de maior proteção, se comparada às argamassas com fibra e sem
fibra de vidro, podendo ser usada como revestimento para proteção radiológica.
Tomando-se como referência o valor da densidade da argamassa baritada
apresentada pelo fabricante (3,2 g/cm3) e o valor obtido no laboratório (2,24 g/cm 3),
pode-se concluir que a mesma terá uma resposta inferior, pois a diferença

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apresentada é na ordem de 40%. As demais argamassas, por apresentarem


densidades inferiores (2,04 g/cm3), não são aconselhadas para esta finalidade.
As curvas de atenuação em massa, obtidas nesta pesquisa para os diversos
materiais estudados, poderão servir de base comparativa em projetos de blindagens,
bem como, banco de dados para programas computacionais destinados ao cálculo
de barreiras de proteção.

Agradecimentos

Agradecemos a UTFPR pelo apoio através do Edital PROREC 02/2013-


UTFPR_EXTENSÃO.

REFERÊNCIAS

1 Carasek H. Argamassas Cap. 26. In: Isaia GC. Materiais de Construção Civil e
Princípios de Ciência e Engenharia de Materiais. São Paulo: Ibracon; 2010.
2 Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 13281: Argamassa para assentamento
e revestimento de paredes e tetos - Requisitos. Rio de Janeiro; 2005.
3 Mohamed G, Roman HR, Rizatti E, Romagna R. Alvenaria Estrutural. In: Isaia GC.
(org.). Materiais de construção civil e princípios de ciência e engenharia de materiais.
São Paulo: Ibracon; 2010. p.1045-75.
4 Silva RP, Barros MSB, Pileggi RG, John VM. Avaliação do comportamento da
argamassa no estado fresco através dos métodos de mesa de consistência, dropping
ball e squeeze flow. In: Anais do VI Simpósio Brasileiro de Tecnologia de Argamassas;
2005; Florianópolis, Brasil.
5 Barros FS. Utilização de resíduo de chumbo em forma de pó em compósitos poliméricos
e como revestimento em superfícies metálicas para serem aplicados em instalações
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* Contribuição técnica ao 69º Congresso Anual da ABM – Internacional e ao 14º ENEMET - Encontro
Nacional de Estudantes de Engenharia Metalúrgica, de Materiais e de Minas,21 a 25 de julho de
2014, São Paulo, SP, Brasil.

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e revestimento de paredes e tetos - Determinação da densidade de massa e do teor de
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* Contribuição técnica ao 69º Congresso Anual da ABM – Internacional e ao 14º ENEMET - Encontro
Nacional de Estudantes de Engenharia Metalúrgica, de Materiais e de Minas,21 a 25 de julho de
2014, São Paulo, SP, Brasil.

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