LIVRO COMPLETO Fortaleza OS IMPACTOS DA
LIVRO COMPLETO Fortaleza OS IMPACTOS DA
LIVRO COMPLETO Fortaleza OS IMPACTOS DA
DIAGRAMAÇÃO
Larri Pereira
CAPA
André Mantelli
REVISÃO
Simone Souza
O b s e r v a t ó r i o d a s M e t r ó p o l e s | F i n e p | M i n i s t é r i o d a C i ê n c i a , Te c n o l o g i a e I n o v a ç ã o
Sumario
Apresentação ----------------------------------------------------------------- 9
Orlando Alves dos Santos Junior e Christopher Gaffney
Autores --------------------------------------------------------------------320
Fortaleza - OS IMPACTOS DA COPA DO MUNDO 2014
Apresentação
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O livro segue com o seu quarto capítulo sob a autoria de Valeria Pi-
nheiro, tendo como título: A cidade em movimento: arranjos insti-
tucionais, arenas decisórias e resistências urbanas em função do
projeto Copa em Fortaleza. A partir de um olhar cuidadoso sobre
as coalizões de forças políticas e sociais, suas arenas de debate e
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Resumo
Ao ser anunciada como uma das sedes da Copa de 2014, Fortaleza foi sur-
preendida com um amplo quadro de intervenções reunindo grandes equi-
pamentos e intervenções no sistema viário, algumas das quais voltadas para
inserir Fortaleza no circuito turístico internacional. Entretanto, passado um
ano da realização desse megaevento, nem todas elas foram concluídas. Nes-
te capítulo, pretende-se analisar os impactos desses projetos e obras consi-
derando os seus papéis na estruturação da cidade, as suas interfaces com a
política urbana, os seus efeitos sobre as comunidades de baixa renda situ-
adas nas proximidades e a forma como transcorreram os processos decisó-
rios e a participação social na definição das melhores soluções. Parte-se da
hipótese de que os processos de planejamento urbano promotores de uma
cidade menos desigual e atrelados à garantia de participação da socieda-
de civil passaram a ter seus conteúdos suprimidos, de modo a viabilizar a
implementação de programas de intervenções urbanísticas, visto que essas
interferências requerem menor controle dos instrumentos legais de regu-
lação, maior opacidade nos processos decisórios e maior flexibilidade na
definição dos índices urbanísticos, garantindo com isso maior rentabilidade
dos investimentos em termos de valorização imobiliária. As análises tive-
ram foco nos projetos da Arena Castelão, do Centro de Eventos do Ceará,
do Terminal Marítimo de Passageiros do Porto do Mucuripe, no segmento
de corredor exclusivo para ônibus da Avenida Alberto Craveiro e do Veículo
Leve sobre Trilhos. O quadro de constatações revela os seguintes fatores: o
crescimento do processo de segregação na cidade; o atrelamento das obras
à valorização imobiliária, abrindo novas áreas para a expansão do setor
imobiliário; as dificuldades na implementação da política urbana reformis-
ta e includente; as tendências de deslocamento residencial dos mais pobres
para a periferia.
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1. Introdução
Desde o anúncio de Fortaleza como uma das sedes da Copa de
2014 em meados de 2009, diversos projetos passaram a compor
uma agenda de intervenções na cidade, revelando a coesão entre
as diferentes esferas de governo e a abertura de espaço para novas
parcerias com o setor privado. Todavia, as escolhas localizacionais
feitas pelos tomadores de decisão, considerando os equipamentos
e as intervenções viárias, trouxeram à tona uma série de conflitos,
levando os movimentos sociais urbanos a se rearticularem, em es-
pecial devido às imposições trazidas com os projetos em termos de
remoção.
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Ainda que não seja o foco deste trabalho, as ideias aqui apresen-
tadas se dão no contexto da emergência de novas resistências,
buscando no passado recente encontrar os vínculos dessas inter-
venções às tentativas de implementação de uma política urbana
pautada na justiça social.
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Ainda que não faça parte das obras diretamente envolvidas com a
Copa 2014, o CEC, ganhou destaque como equipamento voltado
para inserir Fortaleza no circuito internacional de turismo de negó-
cios. Sua conclusão buscava atrair para Fortaleza outras atividades
vinculadas aos jogos, como o sorteio de grupos da Copa de 2014.
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Vale aqui destacar que esse projeto integra situação de maior com-
plexidade, a qual reúne, além do Terminal Marítimo de Passageiros
– a cargo do Governo Federal / Companhia Docas do Ceará –, o Pro-
jeto Aldeia da Praia, realizado com recursos do PAC, tendo à frente
inicialmente a Secretaria de Turismo de Fortaleza, em parceria com
outras secretarias e atualmente sob o comando de Coordenadoria
Especial de Projetos do Gabinete do Prefeito. Toda essa complexi-
dade aumenta a dificuldade das famílias atingidas, no que se refere
ao acompanhamento dos processos decisórios e no atendimento às
suas reivindicações para participar de discussões.
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Figura 12. Projeto de viadutos da Via Expressa Av. Raul Barbosa: 2a proposta
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10 Vale aqui mencionar que, ao comparar a primeira versão do plano diretor submetida
ao debate no Congresso da Cidade em 2007 com a outra aprovada na Câmara de Verea-
dores em 2009, RUFINO (2012) demonstra que os índices de aproveitamento previstos
para a ZOC, a ZOM 1 e as taxas de ocupação na Zona de Orla foram alterados.
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4. Considerações finais
Neste capítulo, apresentou-se num primeiro momento a realidade
da RMF, considerando suas atividades econômicas e as diferentes
formas de produção de moradia segundo seus agentes. A análise
integrada desses elementos evidenciou, entre outros, os seguintes
processos: a intensa verticalização nos bairros que concentram o
terciário mais qualificado; a conformação de eixo de segregação
ao sudeste ao longo de corredor terciário rumo a setores que con-
centram condomínios horizontais; a emergência de novas cen-
tralidades para onde o setor imobiliário começa a se deslocar; a
distribuição espacial de conjuntos habitacionais ao sul e ao sudo-
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Resumo
Fortaleza foi uma das quatro metrópoles nordestinas que recepcionaram os
jogos da Copa do Mundo Fifa-2014. Para a realização do evento, os governos
locais planejaram a implantação de nove obras de infraestrutura que consti-
tuiram uma espécie de “legado” positivo que beneficiaria a cidade. Entre as
principais obras preparatórias para copa estavam intervenções associadas
à mobilidade urbana. Este capítulo objetiva discutir o impacto dos projetos
de mobilidade e transporte público na reestruturação urbana em Fortaleza
por ocasião da Copa de 2014. Utilizam-se como principais fontes de dados
a análise de projetos e documentos, trabalhos de campo e visitas técnicas
em órgãos públicos (secretarias de infraestrutura). Pretende-se, como ponto
de partida, avaliar os projetos apresentados na matriz de responsabilidade
confrontados com as políticas urbanas relacionadas à mobilidade urbana e
as locais, como o Plano Diretor Participativo. Como ponto de chegada, ob-
jetiva-se analisar o impacto dos projetos de mobilidade na reestruturação
urbana a partir da compreensão dos processos atuais de transformações das
metrópoles contemporâneas, em especial das aglomerações periféricas, a
exemplo de Fortaleza.
1. Introdução
No final do século XX, novas práticas de planejamento e gestão fo-
ram redefinidas em grande parte dos espaços metropolitanos, redi-
recionando as políticas urbanas sob a influência do mercado. Essas
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1 O Estádio Governador Plácido Castelo, após a reforma para a copa, passou a ser conhe-
cido como Arena Castelão.
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3 Grupo político de cooperação formado pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
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3. Mobilidade e desigualdade
socioespacial na metrópole
Assim como na maioria das metrópoles brasileiras, o ciclo de cres-
cimento econômico do Brasil na primeira década dos anos 2000,
associado às políticas públicas de incentivos fiscais, à desoneração
do IPI para vários produtos, dentre eles automóveis e motos, ao au-
mento real do salário mínimo e ao crescimento de fontes cada vez
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Terminal Marítimo
Total: R$ 149,0 milhões Governo Federal
de Fortaleza
(Mucuripe)
Fonte: Balanço de Ações para Copa (2012)/Governo Federal.
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8 O último estudo sobre origem e destino foi realizado em 1970, na ocasião do Plano de
Desenvolvimento Integrado de Fortaleza (PLANDIF).
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9 O CFO terá piscina olímpica e de salto ornamental, campo e pista de atletismo, pistas
de skate e BMX, quadras de vôlei de praia e de tênis, edifício de treinamentos com sala
de lutas, espaço para ginástica olímpica e rítmica, academia, refeitório e sala das fede-
rações. Além de hotel para abrigar 248 atletas e ginásio climatizado que comportem até
21 mil pessoas, com arquibancada retrátil, conterão telão de quatro faces, camarotes,
bares e estúdios de TV. (http://globoesporte.globo.com/ce/noticia/2014/12/incomple-
to-centro-de-formacao-olimpica-e-inaugurado-em-fortaleza.html).
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4. Conclusão
Como na maioria das cidades brasileiras, a estratégia espacial de
localização dessas obras de mobilidade urbana, expressa no Dos-
siê da Copa 2014 em Fortaleza, revelou os interesses específicos
da Fifa e dos governos ao preparar a cidade para a realização do
evento, priorizando os investimentos em obras que facilitassem
o acesso entre à zona hoteleira da cidade, às áreas de desembar-
que de turistas e à arena esportiva. Em virtude do próprio escopo
das obras, suas localizações restringiram-se a alguns setores do
município polo da RMF, ligando os quatro polos: Arena Castelão,
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Referências
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bana: Fortaleza 1960-1992. 2008. Tese (Doutorado em Arquitetura e Ur-
banismo) – Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da
Universidade Federal da Bahia, Universidade Federal da Bahia, Salvador.
BORJA, J.; CASTELLS, M. (1997). Local y global: la gestión de las ciuda-
des em la era de la información. Madrid: Taurus,.
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Resumo
Desde os anos 1990, o turismo apresenta-se como um importante vetor eco-
nômico do estado do Ceará, privilegiado por várias políticas governamen-
tais federais e estaduais. Nesse contexto, o turismo consegue ter um papel
relevante na produção espacial das cidades no Ceará, notadamente as li-
torâneas, e em destaque sua capital, Fortaleza. Como subsede da Copa de
2014, várias infraestruturas urbanas foram construídas no intuito de colocar
a cidade num patamar turístico que ultrapassasse os atrativos já conheci-
dos do turismo de sol e praia, e, com isso ampliasse os fluxos turísticos, até
então consideráveis. Neste escrito, objetiva-se analisar as novas estratégias
de consolidação e ampliação dos fluxos turísticos na metrópole cearense.
São analisados, principalmente, dados fornecidos pela Secretaria de Turis-
mo do Estado do Ceará e outros relatórios de investimentos. Conclui-se que
o aumento de público em congressos e feiras é resultado sobremaneira do
crescimento econômico da região Nordeste na última década, todavia ainda
de forma embrionária e complementar aos fluxos turísticos direcionados ao
turismo de sol e praia.
1. Introdução
A imagem do Ceará moderno é elaborada, principalmente, pela
promoção da identidade turística da cidade de Fortaleza, especifi-
camente associada às práticas desenvolvidas na sua orla marítima
(DANTAS, 2008). Processo iniciado mais incisivamente na década
de 1990, a organização da atividade turística no Ceará tem como
condição importante o convencimento da sociedade local acerca
da vocação turística do estado, notadamente a face litorânea da
Na visão de Vainer (2007), talvez esta seja, hoje, uma das ideias mais
populares entre os planejadores urbanos: “[...] a cidade é uma mer-
cadoria a ser vendida, num mercado extremamente competitivo,
em que outras cidades também estão à venda” (p. 78). Nessa pers-
pectiva, os administradores da cidade (governadores e prefeitos)
utilizam as mais variadas opções do marketing urbano para promo-
ver, turisticamente, os aglomerados urbanos. Harvey (2008) conclui
que as cidades estão cada vez mais se inovando para acelerar a re-
produção do capital, e a consequência disso é um falso modelo de
desenvolvimento urbano e um menosprezo aos direitos sociais:
Ainda de acordo com este autor, as cidades são vistas como “atores
políticos” que necessitam adequar-se às normas do mercado para
desenvolver suas economias. Dessa forma, a globalização exige das
cidades conteúdos normativos e projetos de urbanismo para atrair
capital, em especial o de origem turística.
5. Considerações finais
O período de 2009 a 2014 nas metrópoles brasileiras é caracterizado
pelas grandes intervenções urbanas associadas à Copa do Mundo,
demonstrando a importância do poder público na produção do
espaço. A adequação da cidade às principais demandas do evento
funcionou como argumento para acelerar a implantação de obras
e captar recursos para projetos que, em muitos casos, já estavam
previstos, independentemente da realização do megaevento espor-
tivo. Todavia, as políticas públicas em função do turismo propor-
cionam mudanças pontuais na organização territorial das cidades,
Referências
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Região Metropolitana de Fortaleza. Dissertação (mestrado) – Universi-
dade Federal do Ceará, Departamento de Geografia – Programa de Pós
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tos, diálogos e práticas. Chapecó: Argos, 2008.
Valéria Pinheiro
Resumo
A preparação de Fortaleza enquanto sede da Copa do Mundo de 2014, para
além das transformações físicas que viriam por conta dos projetos previs-
tos, causou diversos impactos sobre a governança urbana e sobre a coalizão
de forças sociais e políticas. O desenvolvimento de uma análise referente
a esses pontos mostra-se fundamental para a compreensão dos processos
mais amplos vivenciados neste ciclo de desenvolvimento urbano marcado,
conforme teoriza Harvey, por uma governança urbana empreendedorista
empresarial. A partir da análise de documentos, de participação em audi-
ências, reuniões e atos, acompanhamento de movimentos sociais urbanos,
pesquisa bibliográfica, e de leitura de materiais da imprensa, a autora regis-
tra como se deu a implementação do “Projeto Copa” na cidade de Fortaleza
em termos de arranjos institucionais criados, espaços de gestão e reorgani-
zação das resistências locais. Com base no levantamento feito, percebe-se
que os movimentos populares, os quais carregam uma rica história de mobi-
lizações e resistências em Fortaleza, diante do acirramento das contradições
urbanas, se adaptam a essa conjuntura e reagem, apontando para mudanças
significativas no que diz respeito à luta pelo direito à cidade.
1. Introdução
A partir da pesquisa “Metropolização e Megaeventos: os impactos
da Copa do Mundo 2014 e das Olimpíadas 2016”, conduzida pelo
Observatório das Metrópoles em seus diversos núcleos, construiu-
-se em Fortaleza uma reflexão cujo conteúdo tratou de Governança
Urbana e Metropolização, considerado como Eixo 4 da pesquisa.
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Não nos cabe neste artigo detalhar a execução das obras, assunto já
presente em outras análises neste livro. Aqui se pretende discorrer
sobre como se deu o rearranjo institucional para que essas obras
fossem tocadas de maneira a garantir as condições para a realiza-
ção do campeonato e, para além disso, proporcionar um legado es-
petacular de produção de cidade.
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Não defendo que não haja as iniciativas de controle, mas, por incrí-
vel que pareça, com a quantidade de burocracia e de órgãos fisca-
lizando, o processo fica mais demorado, chega até a parar, e, lá na
frente, é preciso acelerar e atropelar algumas etapas. O que era para
ser correto acaba ficando ruim (DIÁRIO DO NORDESTE, 2011).
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Criação e Soc.
Órgão Composição Atribuições
caráter Civil
Acompanhamento dos
investimentos públicos,
Consultivo
mobilização de recursos
e Acompa-
Comissão Oito verea- financeiros para infraestrutura,
nhamento
Especial da dores (todos integração com o trabalho de
Legislativo NÃO
Copa 2014 da base do outras comissões relacionadas
Municipal
(Cecopa) prefeito) ao evento e realização de
Fevereiro de
audiências públicas com
2011
secretarias municipais
envolvidas com o evento*.
Parlamen-
tares e Di-
Comitê de rigentes de
Acompa- Consultivo Instituições Acompanhamento e discussão
nhamento Legislativo públicas e do andamento das obras e
das Ações Estadual privadas. ações de preparação para a SIM
relativas à Maio de Das 32 Copa do Mundo de 2014 em
Copa 2014 2011 instituições, Fortaleza e no Ceará.
(CAPCOPA) 9 são da
sociedade
civil
Objetivo de ser um
instrumento de planejamento,
coordenação, articulação,
gerenciamento e controle das
Domingos ações necessárias à realização
Executivo Gomes de da Copa do mundo de Futebol-
Secretaria Municipal Aguiar Neto Fifa 2014, contribuindo para
Extraordiná- Decreto (substituído a melhoria da qualidade da
NÃO
ria da Copa 13.120 de 29 em feverei- vida urbana, da prestação
(Secopafor)** de abril de ro de 2012 de serviços públicos e da
2013. por Patrícia promoção e divulgação do
Macêdo) município, visando maximizar
o legado econômico e social da
Copa do Mundo de Futebol -
Fifa 2014. (FORTALEZA, 2013,
s/p).
Fonte: Observatório das Metrópoles-UFC
*As informações referentes aos itens Criação, Objetivo e Competências estão disponíveis
em: <http://wp.cmfor.ce.gov.br/cmfor/leonelzinho-presta-contas-das-acoes-da-comissao-
-especial-da-copa-de-2014/>
**Em algumas matérias na imprensa se fala, até o fim de 2012, em GECOPA – Gerência Exe-
cutiva da Copa Fortaleza, mas não foi mais possível encontrar detalhes sobre sua criação
e atribuições. Acredita-se que na mudança de gestão muitas informações foram deletadas
junto com o site anterior da prefeitura.
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(...) apelou como médico que atende à população, para que não
desloquem as pessoas do lugar onde residem para outro lugar de
moradia distante. Isso é muito ruim e atinge, emocionalmente, a
população. Requereu uma rediscussão com a Prefeitura Municipal
para tentar colocar os moradores “do trilho” em áreas mais próxi-
mas, para evitar traumas psicológicos.” (Vereador Iraguassu Teixei-
ra, 1ª reunião)
8 Essas falas, bem como todas seguintes deste item, foram retiradas dos relatos das
reuniões do CapCopa, registrados em “Memórias”, pelo Inesc, ao qual a autora teve
acesso.
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Falou que já fez reuniões junto com o Secretário Ferrucio para le-
var orientações às comunidades e mediar conflitos na questão das
desapropriações. (Herivelto Teixeira (Del), representante da CUFA,
4ª reunião)
Uma exceção à avaliação acima feita sobre a Cufa foi quando o tema
tratado era Segurança na Copa. Após falas que demonstravam um
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9 Para mais detalhes sobre este processo, sugere-se consultar MACHADO, E. G.,
Planejamento Urbano, democracia e participação popular: o caso da revisão do Plano
Diretor de Fortaleza (2003-2008), 2011. Tese (Doutorado em Sociologia) - Universidade
Federal do Ceará, Fortaleza: 2011, e a dissertação de mestrado em planejamento urbano
de Valéria Pinheiro apresentada no IPPUR.
10 Obviamente antes da vitória eleitoral de Luizianne Lins os privilégios concedidos, a
facilidade de acesso às mais altas instâncias de poder por parte do capital, entre outras
condições, já existiam. Mas era de se esperar que tal ciclo fosse senão rompido, ao menos
enfraquecido com a chegada do Partido dos Trabalhadores à prefeitura, pelo perfil de
sua candidatura.
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11 PSB, PC do B, PMDB, PTN, PHS, PSL, PMN, PRB, PV, PP, PPS, PR, DEM, PRP, PTB,
PRTB, PSDB, PT do B (SOUTO, 2013, p. 88).
12 Disponível em <http://www1.folha.uol.com.br/poder/2008/11/473392-construtoras-
bancaram-campanha-de-luizianne-em-fortaleza.shtml>
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15 Documento que foi sendo construído desde o 1o. Fórum Social Mundial, em 2001 e
aprimorado em diversos eventos de debate sobre o direito à cidade, cuja versão final foi
lançada em janeiro de 2005, em Porto Alegre.
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18 Este campo tem no FNRU sua principal articulação. Tem caráter de coalizão, suas
entidades são autônomas e está organizado em diversas cidades brasileiras, fundamenta-
se a partir de três princípios: o direito à cidade, a gestão democrática das cidades e a
função social da cidade e da propriedade urbana. Tem forte presença junto a espaços
institucionais de discussão das políticas urbanas, como as Conferências das Cidades
e o Conselho Nacional das Cidades. Em Fortaleza, o Fórum de Reforma Urbana se
concretizou na articulação denominada Nuhab, ativa principalmente entre os anos 2002
e 2010.
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Uma das últimas ações do Nuhab no que diz respeito à luta pelo
direito à cidade em Fortaleza foi o ato de um ano da sanção do pla-
no diretor (março de 2010), no Paço Municipal, quando, exigindo a
regulamentação das leis complementares previstas e o atendimen-
to às demandas de políticas urbanas prioritárias das regiões mais
vulneráveis da cidade, houve conflito, bombas e spray de pimenta
que atingiu os muitos idosos e crianças presentes, bem como repre-
sentantes do Nuhab que estavam na linha de frente da negociação
com a guarda municipal.
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Deve-se citar aqui também os atos de rua, cujo ápice foi junho de
2013, na proximidade da Copa das Confederações, evento teste da
Fifa. Considera-se que não há o distanciamento necessário ainda
para se analisar com propriedade esses atos, dada sua proximida-
23 A Ancop deliberou por participar deste GT e André Lima, do Comitê Fortaleza foi seu
representante. O GT visitou diversas cidades-sede, e sua ação resultou em um relatório
bastante questionado pela Ancop, apesar da atuação crítica do seu representante.
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Mas ainda sobre o Comitê, cabe uma reflexão sobre uma das ten-
sões na sua trajetória, que é a que diz respeito ao perfil eminente-
mente técnico atribuído a ele, a reclamação de que não se conse-
guia colocar uma “cara popular” para o Comitê.
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Articulação Nacional
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5. Considerações finais
Neste cenário de contradições, Fortaleza faz um convite à reflexão
sobre o espaço urbano, sobre quem a constrói, quem padece dos
problemas e quem decide o modelo de cidade que se tem atual-
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Referências
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2005.
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Resumo
Os compromissos assumidos pelo Brasil para a realização da Copa das
Confederações e da Copa do Mundo em 2013 e 2014, respectivamente, de-
mandaram uma série de medidas para que o país atendesse as exigências
da Fifa. Dentre as adaptações realizadas, muitas afetaram a legislação de
forma significativa, com a aprovação de novos decretos e leis nos âmbitos
federal, estadual e municipal. No caso do município de Fortaleza uma das
sub-sedes de ambos os eventos esportivos, constatou-se uma mobilização
do aparato político-institucional que resultou em uma legislação com o ob-
jetivo de proteger os interesses comerciais da Fifa e de suas empresas parcei-
ras na promoção das competições, além da concessão de benefícios fiscais.
As mudanças legislativas visaram também a viabilizar grandes obras, como
a implantação do veículo leve sobre trilhos. O presente artigo analisa essas
alterações, considerando, ainda, a efetivação da legislação urbanística pré-
-existente, em especial no que diz respeito às zonas especiais de interesse
social. Os objetivos foram: identificar a eventual alteração de leis fiscais;
identificar de que forma tais alterações ocorreram, considerando possíveis
irregularidades nesses processos; e identificar a legislação e os parâmetros
urbanísticos que tenham sido ignorados ou alterados para viabilizar os pro-
jetos da Copa do Mundo.
1. Introdução
A realização da Copa das Confederações e da Copa do Mundo de
Futebol no Brasil, em 2013 e 2014, respectivamente, justificou uma
série de intervenções urbanísticas de grande magnitude, especial-
mente nas cidades que sediaram os jogos. Além disso, mobilizou
pelo próprio Estado. Por sua vez, quando a avaliação superar esse
valor, também é prevista a indenização e uma unidade habitacional
do PMCMV, cujo custeio das prestações da unidade residencial, até
a sua inteira quitação, caberá à própria família. Nos casos em que
os moradores não aceitarem as unidades residenciais, receberão o
valor da indenização acrescido de R$ 6.000,00 (seis mil reais) como
forma de “auxílio social”.
5. Considerações finais
Os compromissos assumidos pelo governo brasileiro para a reali-
zação da Copa das Confederações e da Copa do Mundo de Futebol
no país exigiram alterações legislativas para atender às exigências
da Fifa e de seus parceiros comerciais. As modificações promovi-
das por meio da aprovação de novos decretos e leis ocorreu não
só no âmbito federal, alcançando também estados e municípios.
Para isso, foi fundamental a adesão dos governos e parlamentares
estaduais e locais, permitindo que o projeto de realização das duas
competições fosse viabilizado.
19 VAINER, Carlos. Cidade de Exceção: reflexões a partir do Rio de Janeiro. In: XIV Encon-
tro Nacional da Anpur. Rio de Janeiro, 2011.
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pdf>. Acesso em 23 abr. 2015.
FORTALEZA. Relatório Técnico sobre a Prestação de Contas de Gover-
no – Balanço Geral 2014. Disponível em: <http://www.sefin.fortaleza.
ce.gov.br/phocadownload/downloads/Planejamento/balanco_2014.
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ROMEIRO, Paulo Somlanyi; FROTA, Henrique Botelho (org.). Megapro-
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2015.
VAINER, Carlos. Cidade de Exceção: reflexões a partir do Rio de Janeiro.
In: XIV Encontro Nacional da Anpur. Rio de Janeiro, 2011.
Resumo
Este trabalho é parte da dissertação A Metrópole e os Megaeventos: implica-
ções socioespaciais da Copa do Mundo de 2014 em Fortaleza, defendida em
agosto de 2013 no Programa de Pós-Graduação em Geografia da UFC. Este
artigo aborda as ações dos agentes sociais envolvidos nas transformações no
intraurbano de Fortaleza, com destaque para o setor imobiliário na expan-
são de Fortaleza no contexto da Copa do Mundo de 2014. Adotou-se como
recorte espacial os bairros próximos a Arena Castelão. Foi verificado que a
direção do crescimento da cidade avança para a sua porção centro-sul, onde
está situada a Arena Castelão, palco dos jogos do mundial e um dos símbolos
da estratégia de inserção da cidade na economia globalizada por meio do
megaevento.
1. Introdução
A ocasião da Copa levantou muitas expectativas em vários setores,
entre os quais os do mercado imobiliário. As melhorias urbanas
valorizaram os imóveis e ampliaram as opções de investimento do
setor. Representantes desse segmento imobiliário visualizaram tais
oportunidades para venda e/ou aluguel de imóveis principalmen-
te nas proximidades das áreas beneficiadas com os investimentos
para o mundial. As agências imobiliárias aproveitaram o momento
para elaborar campanhas de marketing valorizando então o patri-
mônio imobiliário, buscando oferecer os seus produtos às eventu-
ais demandas potencializadas pelo mundial.
[...] o grande desnível social entre as classes nas metrópoles [...] faz
que nelas sejam realçadas aquela faceta da luta de classes que é tra-
vada em torno das condições de produção/consumo do espaço ur-
bano, isto é, em torno do acesso espacial às vantagens ou recursos
do espaço urbano. (VILLAÇA, 2001, p.47).
5 Cidade competitiva foi o termo usado por Manuel de Forn, comissário da prefeitura de
Barcelona para o plano estratégico de desenvolvimento econômico e social nas Olim-
píadas de 1992; durante a Conferência Internacional sobre Turismo, Desenvolvimento,
Inclusão Social e Integração Regional, realizada em 28 e 29 de novembro de 2011 em
Fortaleza, no Centro de Convenções da Unifor.
Por sua vez, a Av. Juscelino Kubitschek – com muitos espaços ver-
des no seu entorno – possui um grande fluxo de automóveis e in-
terliga o Boa Vista à Av. Presidente Costa e Silva, avenida que leva
ao Cemitério Parque da Paz e ao Hospital Sarah Kubitschek. Nas
adjacências, surgem novos padrões de imóveis residenciais, princi-
palmente condomínios de dois andares, de padrão moderno, aten-
dendo uma classe média que busca habitação no entorno das vias
do estádio.
Figura 1. Vista do Castelão na Rua Padre José Oliveira no bairro Boa Vista
Fonte: Elaborado por Rodolfo Góis de acordo com dados do Preurbis Cocó.
10 O índice FIP ZAP imóveis ainda não registra o Castelão e Mata Galinha como sendo o Boa
Vista.
Fonte: Sinduscon – CE (Relatório Índice de Velocidade de Vendas - IVV dos anos de 2010
e 2011).
4. Considerações finais
O período dos preparativos para o mundial foi de início suficiente-
mente intensos para alavancar mudanças na configuração espacial
de Fortaleza. A dinâmica imobiliária é a mais sensível a essas mu-
danças, principalmente pelas obras de mobilidade urbana, pois o
aquecimento do setor, verificado nos índices dos produtos imobili-
ários, aponta para tal.
tos perdurarão por muito tempo, o que leva a crer que serão neces-
sários mais estudos para vislumbrar com maior plenitude os efeitos
desse jogo que não acabou após o apito final.
Referências
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doutorado. São Paulo. FAUUSP.
SÁNCHEZ, F. A reinvenção das cidades para um mercado mundial. Cha-
pecó, Argos: 2010.
Resumo
O artigo avalia os impactos da Copa do Mundo de 2014 em Fortaleza no que
se refere à questão da habitação. A pesquisa apresentada utiliza-se de entre-
vistas, acompanhamento de audiências públicas e técnicas de manipulação
de dados espaciais e tabulares, e análise documental. Tais métodos suge-
rem que os investimentos da Copa do Mundo em Fortaleza acentuaram o
processo da segregação urbana na escala da Metrópole, impondo a transfe-
rência populacional de larga escala para bairros periféricos desprovidos de
serviços urbanos. Além disso, ao analisar os impactos dos investimentos na
escala de um assentamento urbano, percebe-se que a abordagem do estado
para viabilizar os investimentos do megaevento retrocede com relação aos
avanços recentes da política urbana federal, em particular devido ao não-
-reconhecimento dos direitos dos moradores em assentamentos informais
consolidados de baixa renda.
1. Introdução
Este artigo insere-se no projeto “Metropolização e Megaeventos:
impactos da Copa do Mundo de 2014” do Instituto Nacional de Ci-
ência e Tecnologia (INCT), Observatório das Metrópoles, particu-
larmente no seu eixo 3 “Moradia, Dinâmica Urbana e Ambiental”.
O eixo 3 investiga os impactos dos megaeventos esportivos sobre
a configuração socioespacial das cidades-sede, em termos da im-
plantação de equipamentos e serviços coletivos, da ampliação do
acesso à moradia, da distribuição dos diferentes grupos sociais na
Fonte: Elaborada pela autora com base no PLHIS, 2011, e no Decreto Estadual 30263/2010.
3 Para uma descrição aprimorada dos avanços das políticas de regularização fundiárias
brasileiras, ver Fernandes e Pereira, 2010.
Fonte: Elaborada por Thaís Sales Gonçalves a partir de EIA/Rima do VLT e de documentos
fornecidos pelo Metrofor aos moradores, além de levantamentos cadastrais em campo e
base cartográfica da prefeitura municipal, de 1996.
que previa a instalação das novas linhas na área ocupada pelas 203
edificações coladas ao muro, foi alterada para uma segunda op-
ção de projeto que desloca em alguns metros a implantação das
novas linhas na direção sul, de forma a atingir a porção de dentro
do terreno do aeroporto lindeira ao muro. Essa segunda proposta
requeria a remoção de apenas 22 edificações no extremo leste da
comunidade, onde ela encontra o trilho. Após a apresentação dessa
segunda proposta à Infraero e aos outros agentes envolvidos, defi-
ne-se o cenário final do empreendimento que, de fato, demoliu 53
edificações que possuem frente para a Avenida Lauro Vieira Chaves
e fundos para o muro do aeroporto.
Fonte: Elaborada por Thaís Sales Gonçalves a partir de entrevistas com os moradores e do
plano diretor de Fortaleza, LC 13/2009.
4. Considerações Finais
As investigações empreendidas neste capítulo permite estabelecer
uma relação entre a implementação das obras da Copa 2014 em
Fortaleza e a acentuação de um padrão pré-existente de exclusão
urbana, seja através da redistribuição espacial dos diferentes gru-
pos sociais na cidade, seja por meio dos efeitos territoriais negati-
vos dos investimentos na escala dos assentamentos atingidos. Se,
por um lado, percebe-se um alinhamento dos investimentos urba-
nos com as demandas do mercado imobiliário, por outro lado te-
mos uma aceitação tácita do processo de produção do espaço via
informalidade. Tal abordagem gera dividendos políticos imediatos
aos gestores urbanos, e os custos para a qualidade ambiental ur-
bana não são visíveis pela população em geral. Dessa forma, a in-
formalidade permanece como a única opção viável para abrigar a
demanda habitacional de baixa renda, na medida em que os inves-
timentos em habitação não são suficientes para atender a enorme
demanda habitacional da Região Metropolitana de Fortaleza, que
atualmente supera 100 mil unidades.
Referências
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GONÇALVES, T. 2013. Comunidade Lauro Vieira Chaves: Urbanizando
1. Introdução
A Copa do Mundo 2014, promovida pela Fédération Internationale
De Football Association (Fifa) e realizada no Brasil, teve 12 sedes lo-
calizadas em todas as regiões do país, capitais de diversos estados.
No Nordeste, capitais principais, como Salvador, Recife e Fortaleza,
despontam como cidades-sede de jogos e outros eventos da Copa
do Mundos, sendo privilegiadas por investimentos como os da Su-
perintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) nas dé-
cadas de 1960 e 1970.
1 Santos (2008) explica o circuito superior e o circuito inferior: o primeiro circuito é ca-
racterizado por um significativo aporte de capital, monopólios, transações comerciais
via bancos e lucros significativo. O segundo, o inferior, identifica-se por um pequeno
aporte de capital, inúmeros empreendimentos, busca pelo lucro cotidiano para a so-
brevivência de pessoas que estão inseridos nesse circuito da economia espacial.
2 Para o mesmo autor, a máquina de costura ocupa um lugar de destaque na residência,
estando a mulher intensamente relacionada com a produção confeccionista.
A referida lei, em seu Artigo 11, afirma que Estados, o Distrito Fede-
ral e os Municípios que sediaram os eventos da Copa do Mundo 2014
tinham que assegurar, à Fifa e aos seus patrocinadores,
3 Outros países como China, índia, Paquistão têm uma significativa presença de indús-
tria de confecção, produzindo mercadorias para diversas partes do mundo.
4 Santos (2008) afirma que o circuito inferior busca as técnicas tradicionais e uma grande
quantidade de mão de obra para suas atividades.
5 Entendemos que toda atividade dita informal faz parte do circuito inferior, no entanto
nem toda atividade do circuito inferior pode ser considerada informal.
As festas eram realizadas antes dos jogos com atrações locais e na-
cionais, exposição em telão para a transmissão dos jogos, seguidos
de festa até por volta das 21 horas.
Mesmo com o aparato policial feito pela Fifa e pelo Estado, a pre-
sença de comerciantes não ligados à instituição organizadora não
foi impossibilitada. A existência dos chamados ambulantes esteve
na Praia de Iracema a menos de dois quilômetros do evento. Muitos
desses ambulantes estavam do outro lado dos tapumes que cerca-
vam a Fifa Fan Fest.
6 Outros pontos da cidade também funcionaram como bolsões para os jogos na Arena
Castelão.
5. Considerações finais
A partir das análises feitas acerca da dinâmica dos circuitos da eco-
nomia urbana na Copa do Mundo 2014, é possível observar a arti-
culação que os circuitos em questão, o circuito superior e o circui-
to inferior, realizam na produção do espaço urbano de países não
desenvolvidos. Nesse contexto, Fortaleza insere-se como uma das
cidades-sede e, por conseguinte, articula a sua dinâmica urbana
com o megaevento supracitado.
Referência
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lo em sua relação com a densidade de fluxos e com o meio construído.
Mercator – Revista de Geografia da UFC, Fortaleza, Ano 8, n. 15, p 37-48,
jan./abr. 2009. Disponível em: <http://www.mercator.ufc.br/index.php/
mercator>Acesso em: 27 abr. 2013.
<http://blogs.diariodonordeste.com.br/transitodiario/tempo-real/
acompanhe-o-transito-em-fortaleza-no-dia-de-estreia-da-selecao-
-brasileira/>.
<http://www1.folha.uol.com.br/esporte/
folhanacopa/2014/06/1470542-entorno-do-castelao-tem-vende-
dores-ambulantes-e-simpatizantes-de-mujica.shtml>.
Resumo
Fortaleza, bem como muitas metrópoles, está em constante processo de
transformação espacial. A cada dia instalam-se novos equipamentos, novas
infraestruturas, que dão “cara nova” a cidade. Assim, o objetivo deste traba-
lho é mostrar a produção espacial do setor leste de Fortaleza, destacando
três projetos específicos: Terminal de Passageiros do Porto de Fortaleza, VLT
– Ramal Parangaba-Mucuripe e Shopping Center RioMar. Estas obras que
aparentemente apresentam finalidades diferentes apoiam-se no interesse
da inciativa privada de acumular e absorver excedentes (HARVEY, 2013). É
importante ressaltar que a instalação destes equipamentos e infraestrutura
ocorreu no período de preparação da cidade para a Copa do Mundo 2014,
intervalo em que as cidades-sede passavam por melhorias urbanísticas.
1. Introdução
Na busca incessante pela acumulação capitalista e absorção do
capital excedente, o espaço urbano está em constante processo de
produção. Os projetos de revitalização urbana, os Grandes Projetos
Urbanos (GPU), os projetos de embelezamento de áreas, a insta-
lação de infraestrutura e a construção de grandes equipamentos
públicos e privados são os tipos de intervenções preferidas pelo
capital, que ocorrem no espaço com a finalidade de acumulação.
7 Disponível em <http://www.portaltransparencia.gov.br/copa2014/fortaleza/mobilida-
de-urbana/vlt-parangaba-mucuripe/>. Acesso em: 17 fev. 2012.
Silva (2008) afirma que “[...] cidade é, antes de tudo, trabalho. Pro-
duzir a cidade é um ato coletivo contínuo de transformação e mu-
dança. […] Estado, empresas, comerciantes, funcionários, operá-
rios e a população, em seu conjunto, atuam de forma decisiva na
produção da cidade” (p. 136). O espaço urbano, desse modo, está
em constante processo de construção, alternado em sua paisagem
fixos modernos e antigos. Esse processo, entretanto, não é aleató-
rio, pois obedece a lógicas políticas, econômicas, bem como a lógi-
cas da necessidade (ABRAMO, 2012), ocorrendo de forma e inten-
sidade diferentes no espaço enquanto totalidade.
Legenda
1 Arena Castelão
2 BRT Raul Barbosa
3 BRT Paulino Rocha
4 BRT Dedé Brasil
5 Terminais Padre Cíce-
ro e Juscelino Kubits-
chek
6 Melhoramentos na Via
Expressa
7 VLT
8 BRT Alberto Craveiro
9 Reforma Aeroporto
Pinto Martins
10 Terminal de Passagei-
ros do Porto de Forta-
leza
Assim como a maioria das obras para a Copa 2014, o VLT não estava
em pleno funcionamento durante o evento. Apenas parte do equi-
pamento foi liberado para uso, mas o restante da obra ainda não
sem prazo definido para finalizar.
4. O Shopping RioMar
As obras do RioMar iniciaram em agosto de 2012, e o shopping foi
inaugurado em outubro de 2014, no bairro Papicu, mais especifica-
mente onde se localizava a antiga cervejaria Astra (Fábrica da Brah-
ma), implodida em maio de 2010. Trata-se de um bairro de classe
média e alta, em acelerado processo de verticalização. Próximos ao
shopping center estão também os bairros Vicente Pinzón, De Lour-
des e Cocó, sendo os dois últimos área de residência de população
de alta renda. Nas proximidades do equipamento existem, ainda,
áreas de favelas como Verdes Mares e Pau Fininho, comunidades
que sofrem grande pressão do mercado imobiliário.
5. Considerações finais
Para se entender a cidade é preciso observar o que vem sendo nela
construído e, sobretudo, perceber quem participa dessa constru-
ção e a razão dessa participação. Só assim é possível identificar a
lógica que rege essa produção espacial continuada, que muda de
tempos em tempos. Fortaleza apresenta vários atores que produ-
zem o espaço diariamente, entretanto, dentre as transformações
espaciais destacadas neste artigo, o Estado é um ator fundamental,
e, oculto nele, o capital.
Referências
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naleconomia,2899645/2012-1508ec2910.shtml > Acesso em: 15 ago. 2014.
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Resumo
O capítulo apresenta uma análise dos projetos de mobilidade urbana -
principalmente do VLT Parangaba/Mucuripe - da Copa 2014 em Fortaleza,
Ceará.O mesmo foi estruturado em quatro partes: na primeira, consta em
resgate do histórico de crescimento e planejamento da cidade; a segunda
parte versa sobre o pacote de obras da Copa, suas fases e obras; a terceira
aborda o sistema viário e o transporte público: conceitos capacidades e mo-
dais e na última, uma análise crítica dos conflitos e impactos sócio-espaciais
decorrentes da implantação do projeto do VLT Parangaba/Mucuripe.
1. Introdução
Fortaleza inicia o século XXI (2010) com uma população de
2.452.185 habitantes distribuídos em seu território de 314,9 km2,
com densidade demográfica média equivalente a 7.786 hab./km2
(IBGE, 2014), o que a torna a capital mais adensada e, de forma ge-
ral, o nono município mais denso do país (ESTADÃO, 2010).
Cavalcante (2009) aponta que se, por um lado, não foram implemen-
tadas as propostas para o sistema viário (avenidas e vias expressas a
serem construídas, e as caixas – larguras – propostas para as mesmas),
por outro, permitiu-se a verticalização e a concentração indiscrimina-
da de equipamentos, comércios e serviços, Polos Geradores de Via-
gens (PGVs), ao longo dos principais eixos de deslocamento da cidade.
Ou seja, configurou-se uma clara dissociação entre as políticas de uso
e ocupação do sol, com a política viária e de transportes.
1 Os números são: 104.097 veículos em 1980; 210.682 em 1990; 353.620 em 2000; 707.731
em 2010 (DETRAN-CE, 2012).
2 Disponível em: <http://www.maplink.com.br/CE/fortaleza/Estatisticas>. Acesso em: 8 ago.
2014.
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pe, a atual Via Expressa. Ela foi realizada apenas parcialmente, com
a abertura de algumas avenidas (como as mencionadas acima) e o
plano nem chegou a ser aprovado oficialmente na câmara de vere-
adores (ACCIOLY, 2008).
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Um dos grandes fatores limitantes da atuação local foi (e, sob di-
versos aspectos, continua sendo) a limitada autonomia (políti-
ca e financeira) e capacidade institucional dos,municípios, fator
que vem se aprimorando com o processo em curso de descen-
tralização administrativa, desencadeada pela Constituição Fede-
ral de 1988 (VASCONCELLOS, CARVALHO & PEREIRA, 2011). A
atuação do governo federal então é de vital importância para o
transporte público.
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3 No caso de Fortaleza, tal período foi marcado pelo estabelecimento e pela operação da
Cia. Ferro Carril do Ceará (1872), comprada pela Light e transformada na The Ceara
Tramway Light and Power Company, entre 1912-1946 (IACOVINI 2013).
4 Localmente, os ônibus foram introduzidos no transporte de passageiros na cidade com
o início das operações da Empresa Ribeiro & Pedreira, em 1927. Nas duas décadas se-
guintes, houve uma verdadeira guerra entre ela e a Ceara Tramway por passageiros e
preferência. Com a derrocada da última, durante o período da II Guerra (1946/47), o
sistema de ônibus acabou se tornando hegemônico. Símbolo (e também catalisador)
do poderio das empresas de transporte coletivo (ônibus) foi a fundação do Sindicato
das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Ceará (Setpec) – atual Sindiô-
nibus (IACOVINI, 2013).
5 A frota de automóveis também crescia em ritmo intenso: de 852 automóveis, em 1946,
para 1.737, em 1.949 [+ 103,8] e 4.000 em 1952 [+ 230,2%] (IACOVINI, 2013).
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Após longo período sem uma atuação federal que fosse mais sis-
temática no tratamento do transporte urbano, o cenário que se
construía da mobilidade nas cidades brasileiras se tornava cada vez
mais preocupante. Durante esses anos, observaram-se forte cresci-
mento do transporte individual e do transporte coletivo informal,
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7 Vale ressaltar que todos esses ciclos de planejamento e a “estrutura de governança” en-
volvem os escalões superiores dos entes federativos (presidência, ministérios, secreta-
rias estaduais e municipais, instâncias do judiciário (TCU e TCEs) e também, em alguns
casos, dos legislativos estaduais e municipais), não havendo nenhum espaço participa-
tivo constituído primordialmente pela sociedade civil onde seja possível o exercício do
controle social das ações governamentais.
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8 “O Estadão e a demagogia dos corredores”, ANTP, 2013. Disponível em: < http://goo.gl/
zZFv6r>. Acesso em: 13 ago. 2014.
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9 A Via Expressa é a que permite a maior diversidade de usos e de porte dos empreendi-
mentos, e a Paisagística, a menor, já que apresenta maiores restrições ao uso do solo
(PAULA, 2006 apud IACOVINI, 2013).
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Outro modal que vem tomando corpo nos últimos anos é o Bus Ra-
pid System (BRS), também chamados de “corredores de ônibus”,
“serviço de ônibus aprimorado”. O BRS é um sistema de transporte
que consiste na operação de linhas de ônibus por meio de corredo-
res preferenciais junto ao meio fio e com paradas intercaladas (BRS
RIO, 2014). O BRS foi implantado no Rio de Janeiro, em 2011, na Av.
Pres. Antônio Carlos/Rua Primeiro de Março e na Av. Rio Branco
(op. cit.)13. Em Fortaleza, foi implantado um BRS na Av. Bezerra de
Menezes em 2012 (FORTALEZA, 2012)14. Houve um incremento de 4
a 5 km/h na velocidade média (de aproximadamente 15 km/h para
20 km/h) – com picos 10 km/h (de 12 km/h para 24 km/h) (idem).
12 Para efeito de comparação, Brasil (2008), fez uma comparação de quantos quilômetros
de sistema de transporte poderia se construir de acordo com o custo para os diferentes
modais (BRT, VLT, ferrovia elevada e metrô). Com US$ 1 bilhão seria possível construir:
426 km de BRT (US$ 2,5/km), 40 km de VLT (US$ 25/km), 14 km de ferrovias elevadas
(US$ 72,5/km) e 7 km de metrô (US$ 142,9/km).
13 BRS RIO – Benefícios. Dentre os benefícios, estão o aumento da velocidade operacional,
de 13 km/h para 24 km/h, e a redução do tempo de viagem em até 40%. Disponível em:
<http://goo.gl/ePS6SB>. Acesso em: 16 ago. 2014.
14 BRS-FOR – Mobilidade com qualidade – Avaliação da Implantação BRS-FOR (Bezerra
de Menezes). Disponível em: < http://goo.gl/30wdQQ>. Acesso em: 16 ago. 2014.
15 Apresentação de Peter Alouche – Eng. Elétrico (U. P. Mackenzie) e mestre (PÓLI-USP),
trabalhou no Metrô-SP (1972-2007) – no Seminário de Mobilidade Urbana do FIRJAN,
em 3/3/2010. Disponível em: <http://goo.gl/6Jj1TJ>. Acesso em: 16 ago. 2014.
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17 Para além da demanda originada das linhas de ônibus, teria demanda do Aeroporto
(6.000) e da Rodoviária (6.466) e dos automóveis (motoristas, 50.926), (CEARÁ, 2011).
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O projeto do VLT não gerará uma antropização maior nas áreas (...).
Deve-se ressaltar que o projeto será desenvolvido sobre um ramal
ferroviário implantado há 70 anos e ainda hoje em uso.
A implantação do projeto na verdade terá efeito contrário, pois de-
manda a desapropriação de imóveis instalados na faixa de domínio
(...) da União. Esta ação representa o principal impacto ambiental
do projeto. A criação da faixa de desapropriação, Decreto Estadual
No 30.263/2010, implica na necessidade de remoção de várias fa-
mílias, muitas das quais residentes há mais de 30 anos, quebrando
laços de amizade. Por outro lado, as famílias instaladas na área de
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23 Defensoria Pública entra com Ação Civil Pública contra Governo do Estado – DN, 2011.
Disponível em: <http://goo.gl/6BC0E2>. Acesso em: 18 ago. 2014.
24 Defensoria Pública do Ceará articula ações junto às comunidades atingidas pela constru-
ção do VLT – ANADEP, 2011. Disponível em: <http://goo.gl/P4fMyx>. Acesso em: 18
ago. 2014.
25 TCE – Detalhamento do Processo. Disponível em: < http://goo.gl/RO5pmj>. Acesso
em: 18 ago. 2014.
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1. Introdução
A transformação. de Fortaleza em uma cidade litorânea marítima
está associada ao seu processo de ocupação que ocorreu da seguin-
te forma: do interior para o litoral. A descoberta do mar é gradual e
sofre modificações ao longo dos séculos XIX, XX e XXI, quando, fi-
nalmente, se firma como uma capital do litoral. O desenvolvimen-
to das práticas marítimas em Fortaleza foi similar aos ocorridos na
Europa que, inicialmente, buscavam os tratamentos terapêuticos
com os banhos de mar e as caminhadas na praia. Isso se consolidou
em virtude do clima da Capital e com a crescente busca para trata-
mento da tuberculose. O uso do espaço para esses fins dá inicio à
Outra área que vai sofrer alterações com novos projetos é a Praia
Mansa. Consequência de um impacto ambiental decorrente da
construção do Porto do Mucuripe e de sua ampliação. O local é
utilizado por surfistas que frequentam o local com a justificativa
de que a área é propicia para a prática do esporte. Também atrai
visitantes pela vista da orla e pelo pôr do sol. É através de sua loca-
lização e os atrativos que a Praia Mansa fornece que, a Secretaria
de Turismo e o Governo do Estado irão instalar equipamentos que
estejam associados ao turismo e práticas culturais.
5 Conclusão
A escolha de Fortaleza como subsede da Copa do Mundo de 2014
proporcionou investimentos em diversos setores. Na implantação
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Autores
Renato Pequeno
Professor Associado do curso de Arquitetura e Urbanismo, do Mestrado em
Arquitetura, Urbanismo e Design (UFC) e do Programa de Pós-Graduação em
Geografia (UFC). Graduado em Arquitetura e Urbanismo FAU-USP (1991),
mestre em Planejamento de Infraestruturas - Universitaet Stuttgart / DAAD
(1995), doutor em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo
(2002) e pós-doutor pela PUC-SP (2008). Pesquisador nas áreas do planeja-
mento e política urbana e habitacional coordena o Laboratório de Estudos da
Habitação – LEHAB no Departamento de Arquitetura e Urbanismo da UFC.
Co-líder do grupo de pesquisa GLOBAU (Globalização, Agricultura e Urbani-
zação). Integra a rede de pesquisa Observatório das Metrópoles e a rede de
Pesquisa Cidade e Moradia. Email: renatopequeno@gmail.com
Valéria Pinheiro.
Graduada em Direito pela Universidade Federal do Ceará. Mestre em Plane-
jamento Urbano e Regional pelo IPPUR/UFRJ. Pesquisadora do LEHAB/UFC.
Email: val_pinheiro999@hotmail.com
Victor Iacovini.
Bacharel em Geografia (UFC), mestrando em Arquitetura e Urbanismo (FAU-
-USP). Pesquisador do Observatório das Metrópoles (Fortaleza, Geo/UFC) e
do Laboratório de Estudos em Habitação (LEHAB, DAU/UFC). E-mail: vc-
triaco@gmail.com.