Retórica Jurídica - Wilson
Retórica Jurídica - Wilson
Retórica Jurídica - Wilson
Faculdade de Direito
CURSO DE LICENCIATURA EM DIREITO
1º Ano – Laboral
Retórica Jurídica
Docentes:
Gil Cambule
Abílio Diole
Discente:
É com muita honra que me dirijo aos senhores. Dirijo-me a vós, pois, sabe-se que, sois
doutores e fazeis parte dos que podem, eximiamente, discutir o assunto e com vossa
estimada opinião instigar os legisladores a alterarem as leis.2
Não passo de um estudante que ainda tem muito de embeber-se da sabedoria de muitos
de vós, doutores.3
Parece que o assunto alegra mais aos homens que às mulheres. O tema da Poligamia me
lembra uma estória engraçada de um senhor, no bairro onde eu morava, que possuía três
esposas. Sempre me pergunto se é possível amar todas elas ao mesmo tempo e de igual
forma, ou cada uma delas tem o seu dia de ser amada
Desenvolvimento
Narração
Conjugando os artigos 16º, n.º2 e 30º al. C) do n.º 1 da Lei n.º 10/2004, de 25 de agosto
[Lei de Família], entende-se que o regime de casamento civilmente aceitável em
Moçambique é o regime monogâmico.
Mas a História de África, onde se inclui Moçambique, mostra-nos que o único regime de
casamento que os africanos conhecem desde os tempos que se regem por si próprios é o
regime da Poligamia.4
Confirmação
Vejamos o exemplo concreto do chefe de uma das maiores comunidades políticas
existentes no período pré-colonial no território que hoje pertence ao Estado
moçambicano, o chefe do Estado de Mwenemutapa, este tinha de, obrigatoriamente,
possuir três esposas principais com as designações: Mazarira, Inhahanca e Nambúzia.
Preste-se que estas eram apenas as principais, podendo ter quantas mais quisesse,
dependendo do gado que possuía, pois nessas comunidades quanto mais gado se tinha,
mais capacidade de adquirir esposas se tinha. Poderia trazer vários outros exemplos, pois
a poligamia era, em certa perspectiva, o "Modus Vivendi" dos africanos.5
Percebe-se, então, que a Monogamia é algo exterior a nós, imposto pelo colono, os
mesmos que nos tiraram a dignidade humana e nos trataram como coisas. Em busca da
1
Argumento Ab captandum
2
Argumento ab captandum
3
Argumento ad misericordiam
4
Argumento natura rerum
5
Argumento ad populum
nossa identidade cultural é necessário que se volte às nossas raízes, àquilo que éramos
antes de sermos submetidos a opressão colonial.6
Sabe-se que o Direito, pela sua função de regulação social, deve espelhar a sociedade que
pretende regular, e também que, a sociedade moçambicana desde os tempos remotos é
poligámica, característica que se tentou apagar aquando da lavagem cerebral colona, que
tentava reduzir o negro, ser humano de cor preta, a simples trabalhador barato do
europeu. Então, é legítimo e necessário que se legalize a poligamia por forma a recuperar
a nossa identidade.7
Várias marcas da nossa cultura foram apagadas pelos maus tratos do colonialismo, os
europeus usaram vários métodos de opressão para a redução do africano à "coisa", mas
outra das mais graves e talvez pouco falada consequência desse horrível fenômeno
histórico foi a alienação das formas de ver e/ou dizer as coisas. E nessas, inclui-se a
concepção do casamento. Há necessidade de recuperar a nossa história, a nossa
identidade.
Peroração
Farei então, a seguir, uma recapitulação dos quatro pontos principais da nossa
conversação:
Há necessidade de legalização da Poligamia para a recuperação da nossa identidade
cultural, os nossos antepassados gratificar-se-iam se assim procedéssemos.
A monogamia é algo extrínseco ao moçambicano, consequência de um conjunto de
técnicas de lavagem cerebral.
O colonialismo deturpou a concepção africana do matrimónio
Há necessidade de se buscar a liberdade matrimonial, e por fim a felicidade.
6
Argumento ad invidia
7
Argumento ad invidia
8
Argumento ab absurdo
9
Argumento ab autoritacte