Artigo - Parafuso de Arquimedes
Artigo - Parafuso de Arquimedes
Artigo - Parafuso de Arquimedes
E APLICAÇÕES
Allan Seeber¹
Flávia Marina Souza da Costa Ávila ²
RESUMO
1. INTRODUÇÃO
imprecisos e constam da obra do historiador grego Políbio (203 a.C.-120 a.C.), citado por
Rorres (2000).
Uma das preocupações de Arquimedes era de melhorar o sistema de irrigação dos
jardins de Siracusa. Para isso, desenvolveu um dispositivo conhecido hoje como “parafuso de
Arquimedes” que consiste em um eixo com lâminas helicoidais em um canal (Figura 01). A
extremidade inferior é mergulhada no fluido e, através do movimento de giratório contínuo
por meio de uma manivela, desloca o líquido para cima até transbordar na parte superior.
Diodorus Siculus (historiador grego, cerca de 100 anos a.C. escreveu:
“os homens irrigam facilmente toda ela (uma ilha no delta do Nilo)
por meio de um determinado instrumento concebido por Arquimedes
de Siracusa, e que leva o seu nome (cóclias) porque tem a forma de
uma espiral ou parafuso.”
Rorres (2000), descreve que além de ser amplamente utilizado com a função de
bombeamento, o parafuso de Arquimedes também pode ser aplicado de forma inversa como
um conversor de energia para pequenas diferenças de desnível (Figura 02). No entanto,
mesmo sendo este dispositivo conhecido por tanto tempo, parece haver poucos registros de
um modelo matemático que descreva o seu limite de eficiência mecânica.
Nagel and Radlik (1988), relatam que a eficiência de um parafuso hidráulico ou de
Arquimedes é percebida como uma função das perdas mecânicas, hidráulicas e por
vazamento.
Gonçalves (2015), descreve que o parafuso de Arquimedes, também denominado
bomba de Arquimedes tem uma ampla aplicação em estações de tratamento de resíduos.
Segundo a autora, “…é uma máquina hidráulica cuja função é o transporte de líquido entre
dois pontos com elevações distintas, aumenta a energia do líquido”.
3
A autora ainda relata que uma modificação no dispositivo foi realizada por Leonardo
da Vinci (1452 – 1519), onde a hélice foi substituída por um tubo contínuo disposto ao redor
do eixo central.
Baseado na ideia de Leonardo da Vinci, este trabalho tem como objetivo a construção
de um modelo didático do parafuso de Arquimedes e a análise da vazão obtida pelo
dispositivo.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
uma volta completa do fuso contendo m voltas na hélice, bom como os raios internos DH e
externo D e a inclinação da calha α.
De acordo com Albizu (2018), a potência produzida pela turbina leva em consideração
a quantidade de água necessária para girar o parafuso. É o fluxo que determina a velocidade
de rotação e os níveis de água nos bolsões do interior do fuso.
Rorres (2000), define a velocidade de rotação máxima de um parafuso de Arquimedes
usado como bomba como sendo,
50
ω≤ 2 /3
(min−1). [1]
(2 D)
Muller (2009) descreve que a potência é igual ao produto força x velocidade e uma
vez que o vetor velocidade atua tangencialmente ao fuso, somente uma pequena parte da água
contida no bolsão contribui para conversão de energia. Isso é diferente da água contida numa
roda d’água, onde o peso do volume de água contido numa célula coincide com a direção de
movimento. No caso do parafuso de Arquimedes, a contribuição do peso é desconsiderada.
A figura 04 (a) mostra os níveis de água dentro do fuso. Nota-se que entre duas
lâminas existe um desnível de maneira que uma pressão hidrostática (p1) é gerada sobre a
superfície da lâmina. Essa pressão é maior que a pressão a jusante da lâmina (p2) de maneira
que apenas a componente na direção de rotação do parafuso contribuirá para produção de
trabalho (Figura 04 (b)).
Dessa forma, Raza (2013) demonstra que o trabalho total por unidade de área P será
dado por:
5
vx
P= p z . A z . v z =p x . A x . tg β . = px . A x vx [2]
tg β
Portanto, o trabalho realizado pelo parafuso pode ser expresso como uma função da
área da seção transversal e da velocidade vx da lâmina. Como o parafuso é constituído de m
lâminas por unidade de comprimento, a energia gerada dependerá da diferença de pressão
hidrostática (Ps) entre os lados da lâmina e da velocidade horizontal do parafuso (v1).
Figura 04 – (a) Vista lateral dos níveis de água no fuso. (b) Vista de topo do fuso.
(a) (b)
Raza (2013), descreve que os níveis diferenciais de água montante e a jusante geram
uma força hidráulica (Fhyd). Esta força é definida como,
2 2
(d 0 + Δ d) −d 0
Fhyd = .ρ . g [3]
2
d0
v 1= .v [4]
d 0 +Δ d 0
Com isso, podemos definir a potência produzida na lâmina como sendo força x
velocidade. Como o parafuso é constituído de m lâminas a potência total (P) resulta em P =
mPlâmina, e a potência hidráulica é dada por
Phyd =ρ . g . Q. h= ρ . g . d 0 . v 0 . m. Δ d [5]
6
P
η= [6]
Phyd
3. MATERIAIS E MÉTODOS
(a) (b)
Como ilustra a Figura 7 (b), o recipiente plástico maior foi preenchido com um
volume de aproximadamente 670 ml de água.
A rotação do eixo foi realizada de forma manual, procurando manter uma frequência
de rotação constante da ordem de 12 voltas a cada 10 s.
As medidas de vazão foram realizadas em intervalos de tempo de 1 minuto. Para cada
intervalo de tempo foi medida a quantidade de água transportada pelo parafuso para o
recipiente de coleta posicionado junto ao apoio de madeira.
Para medida do volume de líquido transportado, foi utilizado um recipiente graduado
com divisões de escala de 25 ml, inferindo uma margem de erro de 12,5 ml para mais ou para
menos, conforme disposto na Figura 08.
5. CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
ALBIZU, Jéssica Buchner; Ota, José Junji; Buchner, Paulo Cezar; Eficiência mecânica de
turbina parafuso de Arquimedes invertido; XXVII Congresso Latinoamericano de
hidráulica, Buenos Aires, 2018.
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POLÍBIO. Historias. [S.l.]: Trad. y notas de M. Balasch Recort. Intr. de A. Díaz Tejera. Rev. :
J. M. Guzmán Hermida. Madrid : Editorial Gredos. Apud Rorres (2000).
RAZA, Ali; Mian, Muhammad Saleem; Saleem, Yasir; Modeling of Archimedes Turbine
for Low Head Hydro Power Plant in Simulink MATLAB. Int. J. of Eng. Res. & Tech.
(IJERT), Vol. 2 Issue 7, July – 2013.
RORRES, Chris. (2000). The turn of the screw: Optimal design of the Archimedean screw. J.
Hydr. Eng. 126(1), 72–80.
SICULUS, Diodorus (circa first century B.C.). Bibliotheke, i.34.2. Translation by Ivor
Thomas in Greek mathematical works, Loeb Classical Library, Harvard University Press,
Cambridge, Mass., 1941. Apud Rorres (2000).