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Avaliação Do Impacto Social Da Gravidez Na Adolescência (Com Idade Menor de 18 Anos)

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Sérgio Alfredo Macore

Avaliação do Impacto Social da Gravidez na Adolescência (com idade menor de 18 anos)


no centro de saúde de Cariacó no Período de Julho ao Outubro 2016.

ISCTAC
PEMBA
2017
ii

Sérgio Alfredo Macore

Avaliação do Impacto Social da Gravidez na Adolescência (com idade menor de 18 anos)


no centro de saúde de Cariacó no Período de Julho ao Outubro 2016.

Trabalho de fim de curso apresentado a Faculdade


de Ciências de Saúde do Instituto superior de
ciências e tecnologia Alberto Chipande – Delegação
de Pemba, como exigência parcial para obtenção do
grau de Licenciatura em Saúde Publica.

Supervisor

dr.

ISCTAC
iii

PEMBA
2017
ii

ÍNDICE

LISTA DE TABELAS.....................................................................................................................v
LISTA DE GRÁFICOS..................................................................................................................vi
LISTA DE ABREVIATURAS......................................................................................................vii
DECLARAÇÃO...........................................................................................................................viii
APROVAÇÃO DO JÚRI...............................................................................................................ix
DEDICATÓRIA..............................................................................................................................x
AGRADECIMENTOS...................................................................................................................xi
RESUMO......................................................................................................................................xii

CAPITULO I – INTRODUÇÃO.....................................................................................................1
1.1.Introdução..............................................................................................................................1

CAPITULO II: METODOLOGIA DA PESQUISA.......................................................................6


2.1.Método de Procedimento.......................................................................................................6
2.2.Técnicas de Pesquisa..............................................................................................................7
2.3.Análise de Documentos e Recolha de Informações...............................................................7
2.3.1.Questionário.....................................................................................................................7
2.3.2.Observação directa..........................................................................................................8
2.4.Universo ou População Alvo.................................................................................................8
2.5.Localização e limites da cidade de Pemba.............................................................................9
2.6.Aspectos Histórico-Culturais e Económicos..........................................................................9
2.6.1.Aspectos Histórico-Culturais..........................................................................................9
2.6.2.Aspectos Económicos....................................................................................................10
2.6.3.População......................................................................................................................10
2.6.4.Clima.............................................................................................................................11
2.6.5.Relevo............................................................................................................................11

CAPITULO III - REVISÃO DE LITERATURA.........................................................................12


3.1.Conceitos..............................................................................................................................12
iii

3.2.Adolescência e Sexualidade.................................................................................................12
3.3.Gravidez na adolescência.....................................................................................................13
3.3.1.Impacto na saúde...........................................................................................................13
3.3.2.Impacto na Educação.....................................................................................................13
3.3.4.Impacto económico.......................................................................................................14
3.3.5.Impacto na comunidade.................................................................................................14
3.4.Anticoncepção na Adolescência..........................................................................................14
3.4.1.Métodos Anticonceptivos..............................................................................................14
3.4.2.Métodos Tradicionais....................................................................................................15
3.4.3.Métodos Modernos........................................................................................................15
3.4.4.Métodos de Barreira......................................................................................................15
3.4.5.Métodos Hormonais......................................................................................................15
3.4.6.Métodos Permanentes....................................................................................................15

CAPITULO IV: APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE RESUTADOS.......16


4.1.Caracterização da amostra...................................................................................................16
4.2.Características das adolescentes grávidas............................................................................17
4.2.1.Idade..............................................................................................................................17
4.2.2.Estado Civil...................................................................................................................18
4.2.3.Situação Escolar............................................................................................................19
4.2.4.Agregado Familiar.........................................................................................................19
4.3.Idade de 1ª Menstruação, do 1º contacto sexual e dos ritos de iniciação.............................20
4.4.Conhecimento das adolescentes sobre os perigos relacionados com a gravidez precoce....21
4.5.Conhecimento dos riscos relacionados com gravidez precoce............................................22
4.6.Ocorrência de Gravidezes na Adolescência.........................................................................22
4.7.Existência de Acções Comunitários.....................................................................................23
4.8.Ocorrência de Gravidez na Escola.......................................................................................23
4.9.Análise do impacto da gravidez...........................................................................................23
4.9.1.Impacto da Gravidez na Saúde......................................................................................23
4.9.2.Impacto da Gravidez na Educação da Rapariga............................................................24
4.9.3.Impacto da Gravidez na Comunidade...........................................................................24
iv

4.10.Acções levadas a cabo pela EPC de Cariacó.....................................................................25


4.10.1.Causas de gravidezes em adolescentes........................................................................26
4.10.2.Causas Relacionadas aos Pais.....................................................................................26
4.10.3.Causas Relacionadas com os Adolescentes.................................................................27
4.10.4.Causas Relacionadas com a Influência Social............................................................27
4.11.Contribuição dos Ritos de Iniciação..................................................................................27
4.12.Avaliação das Hipótese Formuladas..................................................................................28

CAPITULO V – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES.........................................................30


5.1.Conclusão.............................................................................................................................30
5.2.Recomendações....................................................................................................................31
Referência Bibliográficas..............................................................................................................32
v

LISTA DE TABELAS

LISTA DE GRÁFICOS
vi

LISTA DE ABREVIATURAS

CS Centro de Saúde
MISAU Ministério de Saúde
PL Plano de Saúde
ADEMO Associação de Deficientes de Moçambique
OMS Organização Mundial de Saúde
IDH Índice de Desenvolvimento Humano
DH Direitos Humanos
SES Sector de Educação e Saúde
EPC Escola Primaria de Cariaco
MCBP Membros da Comunidade da Baia de Pemba
SITCD Sistema de Informação Territorial da Província de Cabo Delgado
INE Instituto Nacional de Estatística
IDS Inquérito Demográfico e de Saúde
DTS Doenças de Transmissão Sexual
SIDA Sindroma de Imunodeficiência Adquirida
vii

DECLARAÇÃO

Eu Sérgio Alfredo Macore, declaro que a presente monografia científica é o resultado da minha
investigação pessoal e das orientações do meu ilustre supervisor, o seu conteúdo é devidamente
original e todas as fontes consultadas estão meramente mencionadas no texto e na biografia final.

Declaro ainda que esta monografia nunca foi apresentada em nenhuma outra instituição de
ensino para obtenção de qualquer grau académico.

Pemba, ______ /_____________ / 2017

__________________________________________________
(Sérgio Alfredo Macore)
viii

APROVAÇÃO DO JÚRI

Este trabalho foi aprovado no dia_____ de________ de 2016 por nós membros de júri
examinador do Instituto Superior de Ciências e Tecnologias Alberto Joaquim Chipande
(ISCTAC), com a nota de__________ valores.

__________________________________________
(O Presidente)

__________________________________________
(O Arguente)

___________________________________________
(O Supervisor)
ix

DEDICATÓRIA

À minha mãe.
x

AGRADECIMENTOS

A concretização deste trabalho só foi possível graças a Deus e depois a todos que de uma ou de
outra maneira disponibilizaram sua colaboração e apoio.

Ao apoio do Instituto Superior de Ciências e Tecnologias Alberto Joaquim Chipande (ISCTAC),


sem o qual, esse sonho não seria possível realizar.
xi

RESUMO

O presente trabalho avaliou sobre o Impacto Social da Gravidez na Adolescência (com idade
menor de 18 anos) no centro de saúde de Cariacó no Período de Julho ao Outubro 2016, sendo
assim realizada uma pesquisa no centro de saúde de Cariaco, sendo identificada idade/ localidade
onde moram/ estado civil/ e com quem residem até o momento citado. Dentro dessa lógica, a
gravidez na adolescência seria uma experiência indesejada, dado que restringiria as
possibilidades de exploração de identidade e de preparação para o futuro profissional. Em função
disso, a gravidez na adolescência passou a ser vista como uma situação de risco biopsicossocial,
capaz de trazer consequências negativas não apenas para as adolescentes, mas para toda a
sociedade. Dentro dessas situações foram pesquisados artigos referentes para mostrar as causas
pelas quais ocorrem a gravidez precoce, podendo ser evidenciado pela falta de educação sexual,
planeamento familiar e pelo uso erróneo de métodos contraceptivos. Este tema a ser citado é a
relação da adolescente grávida com sua família e seu parceiro sendo de início um acontecimento
muitas vezes perturbador por se tratar de um facto inesperado, mas que pode ser mais bem
compreendido com o passar do tempo, devendo ser encarado pelas famílias como um tema a ser
discutido no meio familiar para que se evitem novos conflitos. Segundo as constatações, este
tema foi pensado na reflexão na política da saúde envolvendo os direitos humanos/ sexuais e
reprodutivos possibilitando garantia de direitos para estas adolescentes. O estudo se deu no
centro de saúde de cariaco, cujo público investigado constituiu-se de adolescentes em período
gestacional, vinculadas ao Centro de Referência de Assistência Social. Os dados foram
colectados a partir consulta aos arquivos desse serviço. Para compreender a gravidez na
adolescência e suas consequências é necessário reconhecer que este é um fenómeno complexo e
multideterminado, que está associado a factores psicológicos, sociais e históricos.

Palavras-chave: Gravidez. Adolescência. Saúde Pública.


1

CAPITULO I – INTRODUÇÃO

1.1.Introdução

A gravidez tem graves consequências na saúde da rapariga. As evidências demonstram que há


maior probabilidade de um ser ter problemas de saúde se engravidar nos primeiros dois anos a
seguir ao início do ciclo menstrual a sua pélvis e o canal do parto estão ainda em crescimento. As
consequências na saúde incluem a morte durante a gravidez, parto e pós-parto, fístulas
obstétricas, complicações derivadas do aborto, infecções de transmissão sexual (incluindo HIV)
e maiores riscos para a saúde dos bebés.

A Educação é reconhecida como um instrumento fundamental para o crescimento económico e o


desenvolvimento social e visa promover o bem – estar do homem, tendo como principal
objectivo formar um cidadão capaz de se integrar na vida e aplicar os conhecimentos adquiridos
em benefício próprio e da sua comunidade.

A relação entre a educação e a gravidez na adolescência literatura mundial traz evidências de que
a educação por si só é o maior factor de protecção contra a gravidez na adolescência a relação
entre a educação e a gravidez é inversamente proporcional, ou seja, quanto mais anos de
escolaridade, menor a probabilidade de gravidez na adolescência.

A segurança das raparigas é uma obrigação do sistema educativo, contudo muitas vezes a escola
se converte em espaço de risco de abuso sexual e violência outro obstáculo é o Despacho
Ministerial nº 39 de 2003, que estipula a transferência da rapariga grávida para o curso nocturno,
alegadamente como forma de não incentivar as outras raparigas para o início da actividade
sexual.

A presente pesquisa cinge necessariamente em Avaliação do Impacto Social da Gravidez na


Adolescência (com idade menor de 18 anos) no centro de saúde de cariacó no Período de
Julho ao Outubro 2016.

A gravidez ocorre nas meninas na fase da puberdade e antes dos 18 anos, apesar da organização
mundial de saúde considerara adolescência como um período de 10 a 20 anos na vida do um
2

individuo como indica os documentos de referencia internacional da OMS , mas também definiu-
se consoante cada pais, especifica a idade em seus cidadãos pode ser considerados um adulto.

Adolescência nos outros Países é definido como um período de transição de criança ao adulto na
África incluindo Moçambique, a categoria “adolescência” não existe, ou seja é muito curta
especialmente se a transição de uma etapa para a outra no ciclo vital é regida por ritos de
iniciação. É importante ter em conta no desenho de programas dado que nas culturas em que não
se conceptualiza um período longo para a transição de criança ao adulto, os casamentos e
gravidezes prematuros são mais frequentes.

A influência dos níveis socioeconómico e educacionais como variáveis que fortalecem o carácter
desigual da população torna-se igualmente clara quando analisamos as diferenças de fecundação
dos adolescentes as raparigas de baixo nível económico e sem nenhuma escolaridade tem maior
probabilidade de engravidar na adolescência que as com escolaridade secundária.

No entanto a proponente ainda acredita que, a adolescente crê e quer crer nos pais e mestres que
ensinam. Com este intuito, propôs-se a falar deste ciclo vicioso entre os o a adolescente, a escola
pais e ou encarregados e Centro da Saúde, visando reflectir sobre ao impacto social da gravidez
neste estádio de vida.

A Gravidez na adolescência contribui significativamente na evasão escolar, consequentemente


na perpetuação da desigualdade de género. Associa ainda a graves problemas de saúde
decorrentes como a desnutrição, fraco desenvolvimento físico, que se aumentam as dificuldades
no processo de parto, provocando fístulas recto-vaginais, trabalho de parto obstruído ou
prolongado, rupturas uterinas até mesmo a morte.

O Centro de Saúde de Cariacó sita no bairro de Cariacó da cidade de Pemba, entre as escolas
Primária Completa de Cariacó e Escola de Associação de Deficientes de Moçambique
(ADEMO), próximo da Igreja Universal e mercado do mesmo bairro. Isto é, acolhe adolescentes
provenientes destas instituições circunvizinhas.

A Mortalidade Materna constitui um dos problemas que enfermam gravemente as comunidades


africanas. Na África Sub-sahariana, a mulher durante a sua vida corre risco de 1 em 16 de morrer
durante a gravidez e o parto, comparado com o risco de 1 em 2800 nos países desenvolvidos
3

(MISAU, 2010). A alta fecundidade, a fraca adesão em programas de saúde, factores


socioculturais como casamentos prematuros, casamentos de meninas com homens adultos
tornam a mulher mais vulnerável, entre outros factores, são apontados como estando na origem
desse problema.

Segundo OMS, em Moçambique, a taxa global de fecundidade é de 5.9 e estima-se que até 19
anos de idade, 41% das mulheres já são mães ou grávidas; (IDS, 2011). Esse cenário mostra-se
preocupante na medida em que muitas dessas gravidezes não são planificadas levando as
raparigas a recorrerem práticas de abortos colocando assim em risco a sua saúde.

Em várias escolas de Moçambique, muitas raparigas não completam o ensino básico,


interrompendo a escola por motivos de gravidez precoce e/ou indesejadas, elevando assim as
desigualdades de género e vulnerabilidade da mulher.

No âmbito do estudo sobre gravidez na adolescência, no que diz respeito a faixa etária de
menores de 18 anos, muitos são os aspectos que se precisa detalhar no sentido de se perceber a
frequência de adolescentes nas unidades sanitárias na Cidade de Pemba, concretamente no
Centro de Saúde de Cariacó.

Por tanto, a gravidez na adolescência constitui maior preocupação para o governo, por isso
existem sectores multidisciplinar para velar assuntos de adolescentes a destacar: o Sector de
Educação, Saúde, Género, Direito Humanos, Criança e Acção Social.

A proponente não encontra nenhuma investigação anterior relacionada com o tema da presente
da pesquisa, tendo apenas encontrado vários trabalhos referentes ao tema da pesquisa, pese
embora estes referem-se de forma geral a implicações de gravidez na adolescência, porem
nenhuma trata o impacto social da gravidez nesta fase. Desta forma surge a seguinte questão:
Qual é o impacto social da gravidez na adolescência de idade menor de 18 anos no Centro de
Saúde de Cariacó no período compreendido entre Junho ao Outubro de 2016?

Nesta perspectiva, o presente trabalho apresenta o seguinte objectivo geral: Avaliar o impacto
social da gravidez na adolescência nas idades menores de 18 anos, no Centro de Saúde de
Cariacó, Julho ao Outubro de 2016.Este objectivo geral, foi desdobrado em os seguintes
objectivos específicos:
4

 Medir o nível de conhecimento das adolescentes grávidas sobre o perigo relacionado com a
gravidez precoce;
 Descrever a ocorrência de gravidezes na adolescência nos meses de Julho a Outubro de 2016
 Identificar os factores de risco que contribuem para ocorrência de gravidez na adolescência.
 Propor métodos de prevenção de modo a estancar os índices de propagação a gravidez na
adolescência.

Para investigação do tema deve-se ao facto da proponente ser uma enfermeira, profissão na qual
foi deparando com adolescentes em estado de gravidez e pais e ou encarregados de educação que
são discretos na colaboração com a escola ou mesmo no acompanhamento da saúde desses
adolescentes.

Esse desejo agravou-se por se observar maior número de as adolescentes grávidas na faixa etária
acima referida e fazem seguimento neste centro de saúde, colocando em causa a progressão dos
estudos e seu estado de saúde. Assim, surge necessidade de se estudar o caso em busca de
informações credíveis obtidas no campo de pesquisas, sobretudo no que concerne como
preocupação da Saúde Pública. Sendo assim, suscitou a necessidade de desencadear esta
pesquisa de forma a perceber as reais causas que estariam por detrás do problema.

Com esta pesquisa espera-se a redução dos casamentos precoces que também propicia a
gravidez na adolescência na cidade de Pemba e em Moçambique no geral. A sua pertinência
também reside em disponibilizar mais um material útil para as pesquisas subsequentes, não só,
um instrumento de uso para o pessoal da Centro de saúde de Cariacó.

Para efectivação da presente pesquisa conciliou-se alguns métodos de pesquisas, tais como: a
consulta de fichas ou obras bibliográficas de alguns autores, observação directa no trabalho do
campo realizado no Centro de Saúde Cariacó, seguido de um inquérito subordinado à certas
personalidades ligadas ou conhecedores do tema em destaque, pois conduz à resultados mais
aproximados com a realidade e evita a viciação dos resultados.

Do ponto de vista geral, para este trabalho de carácter qualitativo e quantitativo, aplicaram-se os
seguintes métodos: pesquisa bibliográfica, como forma de discutir teorias entorno das questões
psicológicas abordadas ao longo do trabalho. Ainda com este método fez-se a fundamentação
teórica para proporcionar a melhor percepção em torno do tema.
5

Durante o trabalho de campo, permitiu fazer observações dos elementos constituintes da infra-
estrutura básica do local da pesquisa e colectar dados para conseguir informações e utilizar os
sentidos na obtenção de determinados aspectos da realidade.

Com esta técnica, não consistiu apenas em ver e ouvir mas também em examinar factos que se
deseja estudar, pois esta tem o principal objectivo, registar, acumular informações e possibilitar
um contacto pessoal e restrito do investigador com fenómeno pesquisado.

Neste trabalho, são arroladas as seguintes hipóteses: (H1): Falta de conhecimento sobre os riscos,
propícia a gravidez na adolescência; (H2): Fraco poder económico familiar cria a vulnerabilidade
nessa faixa etária. (H3): Prática de ritos de iniciação femininos na zona de estudo em idade tenra,
condiciona a ocorrência da gravidez na adolescência (H4): Falta de acção de sectores sociais na
prevenção a gravidez precoce, contribui a ocorrência da gravidez na adolescência.

A pesquisa apresenta quatro capítulos: O primeiro trata dos aspectos ligados com apresentação
do tema e do seu objecto de estudo e a sua pertinência; o segundo faz abordagem de aspectos
metodológicos e uma breve apresentação do distrito de Pemba, em particular o Centro de Saúde
de Cariacó, focando a sua localização, via de acesso, actividade; organigrama e funcionamento.
O capítulo seguinte tem a fundamentação teórica, no qual apresenta-se a base teórica do estudo,
definições e discussão de conceitos chaves sobre a gravidez e adolescência, focando o seu
enquadramento mundial, nacional e Pemba particularmente; o quarto apresenta os resultados do
estudo de campo, derivando a sua analise e interpretação e consequentemente para apurar se as
conclusões e as recomendações no final do trabalho.
6

CAPITULO II: METODOLOGIA DA PESQUISA

Os métodos científicos são caminhos ou procedimentos usados para chegar a um determinado


fim ou concretização dos objectivos. LIBÂNO (1990:150).

O método, segundo GARCIA (1998:44), representa um procedimento racional e ordenado


(forma de pensar), constituído por instrumentos básicos, que implica utilizar a reflexão e a
experimentação, para proceder ao longo do caminho (significado etimológico de método) e
alcançar os objectivos preestabelecidos no planeamento da pesquisa (projecto).

A opção pela escolha do tipo de método ou técnica de pesquisa dependeu pela natureza do
problema que se pretende investigar. Por tanto usou-se a pesquisa quantitativa neste trabalho,
visto que será aplicado e exigido no estudo exploratório.

Este estudo privilegia uso de informação de natureza numérica onde estão envolvidos alguns
moradores deste bairro e outros utentes que frequentam neste centro de saúde de Cariacó, na
cidade de Pemba com objectivo de criar sectores multissectorial para ajudar a colmatar o
problema e posteriormente fazer uma análise do resultado.

Segundo LAKATOS & MARCONI (1995:106), os métodos podem ser subdivididos em métodos
de abordagem e métodos de procedimentos. Neste estudo, usam-se duas abordagens para definir
e classificar os métodos, assim temos os métodos de abordagem e de procedimento.

2.1.Método de Procedimento

Dos vários métodos de procedimentos propostos, no presente trabalho somente utilizar-se-ia os


seguintes procedimentos:

a) Monográfico: o método monográfico também é conhecido como Estudo de Caso e


envolve uma análise e estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objectos de maneira
que se permita o seu amplo e detalhado conhecimento. Para LAKATOS & MARCONI
(2003:49), este método consiste no estudo de determinados indivíduos, profissões,
condições, instituições, grupos ou comunidades, com a finalidade de obter
generalizações.
7

b) Estatístico: Método que implica utilização de números, percentuais, análises estatísticas,


probabilidades. Quase sempre associado à pesquisa quantitativa. No caso em análise, os
dados colectados no campo, serão quantificados em tabelas de forma separada e gráficos
de acordo com a natureza desses dados. Fora dos métodos acima indicados para este
trabalho, o autor para operacionalizar estes métodos utilizara as técnicas de pesquisa
documental directa e indirecta, que seguidamente se descrevem.

2.2.Técnicas de Pesquisa

Pesquisa é um conjunto de acções, propostas para encontrar a solução para um problema, que
têm por base procedimentos racionais e sistemáticos. A pesquisa é realizada quando se tem um
problema e não se tem informações para solucioná-lo.

Segundo LAKATOS & MARCONI (2003:155), pesquisa […] é um procedimento formal, com
método de pensamento reflexivo, que requer um tratamento científico e se constitui no caminho
para chegar a realidade ou para descobrir verdades parciais.

2.3.Análise de Documentos e Recolha de Informações

Uma das formas mais rápidas e económicas de amadurecer ou aprofundar um problema de


pesquisa, considera o conhecimento dos trabalhos já feitos por outros. Este levantamento envolve
a procura de livros sobre o assunto, revistas especializadas ou não, dissertações e teses
apresentadas em universidades e informações publicadas nos jornais, impressos e electrónicos,
nos boletins informativos, internet e outros.

Assim, na análise da literatura incidira em estudos sobre a situação do impacto social da gravidez na
adolescência no centro de Cariacó. Analisaram-se, igualmente, documentos contendo propostas,
programas e planos de acção para o combate e a prevenção de gravidez na adolescência envolvendo
outros actores.

2.3.1.Questionário

“Questionários consiste num documento escrito, usado para guiar uma ou mais pessoas a
responder a uma lista de questões. Há um contacto directo entre os dois intervenientes e pode ser
administrado pelo correio, telefone e outros meios” (SERRA, 2003:55).
8

De acordo com MARCONI e LAKATOS (1999:13) apud IVALA e LUIS (2007:33), “ O


questionário é um instrumento de colecta de dados constituído por uma série ordenada de
perguntas, que devem ser respondidas por escritos e sem a presença do inquiridor”.

Isto implicou a utilização de uma linguagem simples com vista a permitir uma boa compreensão
das questões por parte dos inquiridos. A escolha desta técnica deve-se pelo facto de ser pouco
dispendioso; Economiza-se tempo, recursos humanos e financeiros, especialmente quando
administrado colectivamente, normalmente é de curta duração.

Nesta perspectiva, contou-se com um questionário subordinado a enfermeiras do Centro de


Cariacó, alguns professores e membros da direcção da Escola Primaria Completa de Cariacó,
alguns alunos e alguns membros da comunidade ou população do bairro Cariacó, particularmente
mulher grávida que frequenta naquele centro de saúde.

2.3.2.Observação directa

A observação é uma técnica de colecta de dados para conseguir informações e utilizar os


sentidos na obtenção de determinados aspectos da realidade. Não consiste apenas em ver e ouvir
mas também em examinar factos que se deseja estudar. Ela tem como principal objectivo,
registar, acumular informações e possibilita um contacto pessoal e estreito do investigador com o
fenómeno pesquisado (MARCONI & LAKATOS, 2004:275).

2.4.Universo ou População Alvo

Quando realizamos uma pesquisa de carácter científico, pretendemos estudar as características de


uma população ou universo. Normalmente, falamos de população ao referirmo-nos a todos os
habitantes de determinado lugar.

População ou universo entende-se como sendo “conjunto de elementos que possuem


determinadas características comuns que se pretendem estudar”, (SERRA, 2003:46).

A pesquisa teve lugar na cidade de Pemba, Distrito de Pemba, no período compreendido de Julho
ao Outubro de 2016,envolvendo dez (10) Enfermeiros e técnicos do Centro de Saúde, cinco (5)
Professores e membros da direcção da EPC de Cariacó. Contemplaram-se também na pesquisa
9

45 alunos da EPC de Cariacó e quarenta (40) membros da comunidade da baia de Pemba,


particularmente adolescente grávida que frequenta no centro de saúde de Cariacó.

2.5.Localização e limites da cidade de Pemba

De acordo com o SITCD – Sistema de Informação Territorial da Província de Cabo Delgado


(2003), o Município de Pemba localiza-se na costa Oriental de África, em Moçambique, à Sul da
Província de Cabo Delgado e junto à Baia de Pemba. Este distrito faz fronteira à Norte com à
Baia de Pemba, à Sul faz fronteira com o distrito de Mecufi, à Este é banhado pelo Oceano
Índico e à Oeste limita-se com o distrito de Pemba-Metuge e a Baia de Pemba (vide em anexo 1
o mapa de localização e de limites do Município de Pemba).

2.6.Aspectos Histórico-Culturais e Económicos

2.6.1.Aspectos Histórico-Culturais

Segundo Alvarinho (1991) o embrião que veio dar origem ao actual Município de Pemba data de
1857, como parcela da “Colónia 8 de Dezembro”, fundada por Jerónimo Romero. Em 1898 é
criado o Conselho de Pemba com sede na povoação de “Pampira”. A 22 Novembro de 1899 o
Ministério da Marinha e Ultramar muda o nome de Pemba para “Porto Amélia” em homenagem
à última rainha de Portugal D. Amélia de Bragança; em 1932 Porto Amélia torna-se Câmara
Municipal e a 19 de Dezembro de 1934 ascende a vila. É elevada à categoria de cidade em 1958
pelo decreto-lei de 18 de Outubro do Governo-Geral da Província.

A etimologia do nome da cidade deriva do termo Muamba/Upemba que na língua local significa
flutuar A resolução no7/87 de 25 de Abril, classificou-a com nivél “C”. Por ordem do Presidente
Samora Machel a cidade de Porto Amélia volta a denominar-se Pemba a escassos meses da
independência de Moçambique (Alvarinho, 1991).

A religião predominante é a muçulmana seguindo-lhe a católica e as protestantes; as línguas


predominantes são o kimwani, shimakonde, emakwua, ciyao, cimakwe, cingone e kiswahili
(INE, 2011). Salientar que o Município apresenta uma mistura das influências árabes,
portuguesas e tradicionais (locais) factos que torna as suas manifestações culturais muito
atraentes.
10

2.6.2.Aspectos Económicos

As principais actividades económicas no Município de Pemba são a pesca, o comércio, serviços


(água, energia, finanças, turismo dentre outros), turismo, a indústria transformadora. Possui o
quinto Porto Costeiro mais importante do país e um sistema de transporte marítimo relevante
(INE, 2011).

O sector comercial tem desenvolvido bastante devido ao crescimento interno do município e sua
excelente localização. Para além do comércio formal, existem 9 mercados com bancas e pontos
de comércio informal espalhados pela cidade, constituindo este um grande potencial tributário
para o Conselho Municipal (INE, 2011). O município possuiu excelentes infra-estruturas
turísticas incluindo hotéis, complexos turísticos, residenciais, pensões, casas para aluguer, vários
restaurantes bares (INE, 2011). A indústria transformadora é constituída basicamente por
fábricas de processamento de caju, moagem, padaria, processamento de madeira, e outros (INE,
2011).

2.6.3.População

De acordo com o INE - Instituto Nacional de Estatística (2015) a população no Município de


Pemba demonstra uma crescente evolução (veja tabela 1 abaixo) projectando-se para o presente
ano (2016) uma população de cerca de 174.572 habitantes, onde a maior percentagem de
50.046973 %.

Tabela 1: Evolução da População nos últimos 5 anos

Anos 2012 2013 2014 2014 2015

Nº de População 147.015 153.328 160.023 167.104 174.572


Nº de Homens 74.007 77.064 80.309 83.743 87.368
Nº de Mulheres 73.008 76264 79.714 83.360 87.205

Fonte: Adaptada pela autora/ Instituto Nacional de Estatística - 2015


11

2.6.4.Clima

Segundo o Instituto Nacional de Estatística (2011) o clima do Município de Pemba é tropical


sub-húmido seco com uma precipitação entre 800 e 1000 mm e a humidade do ar de 78,8%, com
registo de temperatura média anual de 25,8 ºC.

2.6.5.Relevo

O Município de Pemba, de acordo com observações constatadas no terreno, apresenta desníveis


ao longo da sua superfície terrestre, registando-se predominância de planícies costeiras são
dissecadas por alguns rios. Os solos são arenosos, lavados a moderadamente lavados, sendo
predominantemente entre amarelos e castanhos acinzentados.
12

CAPITULO III - REVISÃO DE LITERATURA

3.1.Conceitos

Adolescência é o período que marca a transição da infância para a vida adulta, durante o qual se
operam muitas transformações, inter-relacionadas, ao nível do corpo, da mente e das relações
sociais do indivíduo. São estas transformações que tornam a adolescência um período crítico,
turbulento e dificil em qualquer sociedade.(OMS, 2004)

A Organização Mundial da Saúde (2004) define adolescente como todo o indivíduo com idade
entre 10 a 19 anos.

Gravidez Precoce Segundo a OMS é a que ocorre antes da maturação física e mental. Atribui a
essa designação toda aquela gravidez que ocorre antes dos 18 anos.

3.2.Adolescência e Sexualidade

O início precoce da actividade sexual, a falta de informação correcta sobre anti-concepção, a


falta de acesso aos contraceptivos, o casamento prematuro, muitas vezes forçado e o abuso
sexual da rapariga, são principais factores que predispõe adolescentes a gravidez precoce e
infecções sexualmente transmitidas, incluindo o HIV/SIDA. (MISAU, 2010)

O Inquérito Demográfico e de Saúde (IDS) realizado em 2011, indicou que a idade média na
primeira relação sexual é de 16.1 anos para as raparigas e de 17.1 anos para os rapazes. Para a
cidade de Maputo, a idade média de inicio da relação sexual foi de 17.3 e 17.8 para mulheres e
homens respectivamente. Indicou ainda que 10% das adolescentes entre os 15 e 19 anos que
fizeram parte do inquérito, estavam grávidas e 30% referiram já ser mães.

De acordo com MISAU (2001) os resultados de um estudo realizado em 1995 na Cidade do


Maputo, entre adolescentes do ensino secundário de ambos os sexos e com idade entre os 13 e os
19 anos, revelaram que 73% dos adolescentes inquiridos eram já sexualmente activos. Sendo a
idade média da primeira relação sexual, 13 anos para os rapazes e de 15 anos para as raparigas.
Revelou ainda que 19% das adolescentes inqueridas já tinham engravidado pelo menos uma vez
até a data.
13

3.3.Gravidez na adolescência

3.3.1.Impacto na saúde

A gravidez tem graves consequências na saúde da rapariga as evidências demonstram que há


maior probabilidade dela ter problemas de saúde se engravidar nos primeiros dois anos a seguir
ao início do ciclo menstrual a sua pélvis e o canal do parto estão ainda em crescimento. As
consequências na saúde incluem a morte durante a gravidez, parto e pós-parto, fístulas
obstétricas, complicações derivadas do aborto, infecções de transmissão sexual (incluindo HIV)
e maiores riscos para a saúde dos bebés.

O rácio de mortalidade materna em Moçambique ainda é elevado - 408 por 100.000 nados-vivos
(IDS 2011) - e sem variação comparativamente ao de 2003 em cada quatro mortes (24%) são
adolescentes maternas. A proporção diminui para 16%mulheres de 25 a 29 anos.

Aproximadamente 20% do total de óbitos maternos em raparigas que não completaram o seu
vigésimo ano de idade as fístulas obstétricas constituem uma das complicações mais
incapacitantes e dolorosas da gravidez e do parto. Estas podem acontecer em qualquer idade, mas
aparecem com maior frequência em adolescentes, porque são mais vulneráveis ao parto
prolongado e obstruído.

Isto agravado à frequente falta de aos serviços de saúde sexual e reprodutiva de rotina e cuidados
obstétricos de emergência, especialmente para as raparigas das zonas rurais e mais pobres, onde
as distâncias até as unidades sanitárias com condições de emergência são longas.

3.3.2.Impacto na Educação

Existe uma relação entre a educação e a gravidez na adolescência, a literatura mundial traz
evidências de que a educação por si só é o maior factor de protecção contra a gravidez na
adolescência, quanto mais anos de escolaridade, menor a probabilidade de gravidez na
adolescência.

Desta forma, a falta de oportunidades educativas limita os direitos das adolescentes, aumenta o
número de gravidezes nas raparigas e tem consequências graves na dinâmica do
desenvolvimento de um país.
14

Moçambique não foge esta regra actualmente, nove em cada dez raparigas ingressam no ensino
primário, mas apenas 1,5 de cada dez raparigas ingressam no ensino secundário. Dentre as
principais causas de desistência escolar está a gravidez na adolescência, que perfaz cerca de
9.300 casos por ano.

3.3.4.Impacto económico

A gravidez na adolescência limita o acesso a educação e consequentemente impede a


concorrência ao mercado do emprego. As raparigas que dão à luz precocemente colocam em
risco a sua educação e assim, provavelmente terão uma perda na produtividade do mercado de
trabalho e baixos salários ao longo de toda a vida.

3.3.5.Impacto na comunidade

A gravidez na adolescência resulta de uma combinação de factores que operam em diferentes


níveis, desde a falta de acesso à informação e serviços de saúde sexual e reprodutiva, a aceitação
do casamento precoce por comunidades, as pressões por parte dos parceiros, colegas, famílias, e
falta de poder individual. Nas comunidades rurais muitas raparigas não possuem o poder de
decidir sobre a sua sexualidade, nem de escolher parceiros. (UNESCO, 1982:67)

3.4.Anticoncepção na Adolescência
O uso de anticonceptivos na adolescência constitui um desafio em todo mundo. As causas de
gravidezes indesejadas são diversas destacando-se a falta de informação, factores sociais, falta de
acesso a serviços específicos para atender essa faixa etária, o início cada vez mais precoce de
experiências sexuais e a insegurança do adolescente em utilizar métodos contraceptivos (VIERA
et al, 2006). O IDS (2011) revelou que 91.6% dos adolescentes entre 15 a 19 anos não usavam
nenhum método anticonceptivo e apenas 8.3% usavam pelo menos um método moderno, com o
preservativo a contribuir com 5.2%

3.4.1.Métodos Anticonceptivos

Os métodos anticonceptivos podem ser divididos em dois grandes grupos, os tradicionais e os


modernos.
15

3.4.2.Métodos Tradicionais

O termo «tradicional» refere-se a práticas que permitem controlar a fertilidade através da


aplicação de métodos comportamentais associados a ovulação tais como a abstinência, o sexo
não-penetrativo, coito interrompido, amenorreia da lactação (prolongamento da amamentação) e
o método do ritmo ou calendário (MIGUEL, 2009).

3.4.3.Métodos Modernos

Nesse grupo estão os métodos oferecidos nos serviços públicos de saúde, dentro desse grupo
podem ser encontrados variados subgrupos.

3.4.4.Métodos de Barreira

Os contraceptivos de barreira impedem fisicamente a entrada do esperma no útero da mulher.


Esses métodos incluem o uso do preservativo, masculino e feminino e o uso de espermicidas
(MISAU, 2009).

3.4.5.Métodos Hormonais

Eles evitam a gravidez impedindo que os ovários liberem óvulos (ovulação) e mantendo a
secreção do colo do útero espessa, de modo que os espermatozóides não conseguem atravessá-lo
facilmente. Fazem parte deste grupo as pílulas, uso de implantes, DIU (Dispositivo Intra-
Uterino) e medroxiprogesterona injectável. (MIGUEL, 2009)

3.4.6.Métodos Permanentes

São métodos utilizados pelos indivíduos ou casais que tomaram a decisão de não ter mais filhos.
São métodos cirúrgicos e dificilmente irreversíveis. Incluem a laqueação das trompas para as
mulheres e vasectomia para os homens (MISAU, 2010).
16

CAPITULO IV: APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE RESUTADOS

Neste capítulo são apresentados e analisados os resultados da pesquisa que foi levada a cabo no
bairro de Cariacó na cidade de Pemba com o objectivo de Avaliar o Impacto Social da
Gravidez na Adolescência (com idade menor de 18 anos) no centro de saúde de cariacó no
Período de Julho à Outubro 2016.

4.1.Caracterização da amostra

Tabela 2: Amostra da População inquerida

Amostra
Centro de
Saúde de
Cariacó

Profissionais Professores da Adolescentes Moradores do bairo


de Saúde EPC de Cariacó
H M H M H M H M
3 5 2 3 10 17 13 17
Sub-total 8 5 27 30
Total 70

Fonte: Adaptado dos instrumentos de recolha de dados.

A amostra dessa pesquisa constituiu de setenta (70) pessoas, sendo oito (8) profissionais de
saúde, trinta (30) membros da comunidade, cinco (5) professores da EPC de cariacó e vinte e
sete (27) estudantes adolescentes.

Tabela 3: Sexo da mostra populacional que responderam o inquérito

Sexo %
Masculino 29 41
Feminino 41 59
Total 70 100

Fonte: Adaptado dos instrumentos de recolha de dados.


17

Como se pode observar a tabela acima, cerca de 41% dos inqueridos são do sexo masculino e
59% corresponde aos inqueridos do sexo feminino o que significa uma participação
representativa de todos os géneros.

Tabela 4: Idade da população que responderam o inquérito

IDADE UNI %
< 10 – 11 0 0
12 – 17 26 37
18 – 35 33 47
36 – 49 7 10
50OU MAIOR 4 6
TOTAL 70 100

Fonte: Adaptado dos instrumentos de recolha de dados.

A maioria dos inqueridos pertence a faixa etária dos 18 aos 35 anos, com cerca de 47% porém
nesse grupo se referem maioritariamente aos profissionais de saúde e a comunidade seguido de
adolescentes dos 12 aos 17 anos de com 37%.

4.2.Características das adolescentes grávidas

4.2.1.Idade

A idade em que ocorrem mais gravidezes da adolescência é aos 16 anos, sendo que a média da
ocorrência situada em 15,6 anos e a idade mínima de 14 anos. Esses resultados não diferem com
os alcançados pelo IDS (2011) o qual constatou que existiam adolescentes grávidas com 15 anos
de idade. O gráfico 1 abaixo ilustra a idade de adolescentes grávidas atendidas no C.S. Cariacó.
18

Gráfico 1: Idade das adolescentes grávidas

Fonte: Adaptada pela pesquisadora, 2017

4.2.2.Estado Civil

A grande maioria das adolescentes grávidas referiu estar casada, assumindo para esse indicador a
coabitação em união marital. Muitas dessas adolescentes referiram que começaram a coabitar
com os seus cônjuges em decorrência da gravidez, entretanto outras engravidaram já no decurso
do casamento, o que pode nos dar o entendimento de os casamentos prematuros contribuem
grandemente na ocorrência de gravidezes precoces. O gráfico 2 abaixo ilustra o estado civil
referido pelas adolescentes.

Gráfico 2: Estado Civil

Fonte: Adaptada pela pesquisadora, 2017


19

4.2.3.Situação Escolar

Mais de metade das adolescentes abandonam a escola logo que ficam grávidas, condicionando
muitas das vezes a sua capacidade de competir no mercado de emprego e consequentemente o
seu futuro. O gráfico abaixo mostra que 56% das adolescentes grávidas tinham abandonado a
escola e outras 44% ainda continuavam, mesmo assim, essas que não abandonaram estavam no
início da gravidez o que pode se prever um abandono no futuro.

Esses resultados mostram que a gravidez é um factor importante na evasão escolar da rapariga
criando um impacto social grave, pois acentua as assimetrias de género e eleva a pobreza
familiar. O gráfico3 abaixo ilustra a situação escolar das adolescentes.

Gráfico 3: Situação Escolar das Adolescentes

Fonte: Adaptada pela pesquisadora, 2017

4.2.4.Agregado Familiar

Os resultados revelaram uma associação entre o número do agregado familiar e a ocorrência da


gravidez, pois percebe-se que as gravidezes ocorreram mais em famílias onde o agregado
familiar é maior. Mas de metade das grávidas (56%) tinham um agregado familiar de 7 a 10
membros e que nenhuma das grávidas pertencia a família com menos de 4 membros, conforme
ilustra o gráfico 4 abaixo.
20

Gráfico 4: Situação de Agregado Familiar das Adolescentes Grávidas

Fonte: Adaptada pela pesquisadora, 2017

4.3.Idade de 1ª Menstruação, do 1º contacto sexual e dos ritos de iniciação

A ocorrência de uma gravidez está fortemente relacionada com esses fenómenos, apesar da
menstruação ser um fenómeno natural carrega consigo várias interpretações sociais e culturais
que podem incitar a adolescente a prática sexual.

Os resultados dessa pesquisa nos mostram que muitas adolescentes têm a sua primeira
menstruação aos 13 anos e que a idade em que muitas iniciam as relações sexuais é a mesma em
que muitas entram nos ritos de iniciação que é aos 14 anos. Mostram também esses resultados
que a idade mínima em que as adolescentes iniciaram as relações sexuais foi de 13 anos.

Pode se perceber que existe uma relação entre a idade de início de das relações sexuais com a
idade de iniciação, apesar de não ser de causa efeito, essa relação pode significar que os ritos de
iniciação representam um factor de vulnerabilidade para as adolescentes.

No entanto existiram na pesquisa adolescentes que reveram terem entrado nos ritos de iniciação
após ter mantido as relações sexuais e outras que mantiveram relações sexuais 2 anos após os
ritos de iniciação. O gráfico 5 abaixo ilustra as idades de menstruação, 1ª relação sexual e de
ritos de iniciação.
21

Gráfico 5: Idades de 1ª menstruação, 1ª relação sexual e de ritos de iniciação

Fonte: Adaptada pela autora, 2017

4.4.Conhecimento das adolescentes sobre os perigos relacionados com a gravidez precoce

Foram questionadas as adolescentes se sabiam o que era uma gravidez precoce antes delas
engravidarem, 44% delas referiram que nunca tinham ouvido falar de gravidez precoce antes, as
outras 56% referiram que teriam ouvido falar e referiram escola e os meios de comunicação
social como os principais veículos de transmissão dessas mensagens. Esses resultados mostram
que a transmissão de mensagens sobre essa temática ainda é fraca e essa fraqueza pode estar a
constituir factor de iniciação precoce das relações sexuais desprotegidas resultando assim em
gravidezes precoces. O gráfico 6 ilustra as respostas sobre o conhecimento da gravidez precoce.

Gráfico 6: Ouviu Falar dos Ritos de Iniciação

Fonte: Adaptada pela autora, 2017


22

4.5.Conhecimento dos riscos relacionados com gravidez precoce

As adolescentes mostraram falta de conhecimentos relacionados com os riscos de uma gravidez


precoce, pois apenas 22% das adolescentes inqueridas referiram conhecer os riscos e as outras
78% disseram que não conheciam os riscos. Essa falta de conhecimento dos riscos pode
representar a falta de tomada de medidas eficazes para prevenir o surgimento de uma gravidez
pois na óptica dessas, a gravidez não representa nenhuma ameaça ao seu bem-estar actual nem
futuro. O gráfico abaixo ilustra as respostas sobre o conhecimento dos riscos.

Gráfico 7: Conhece os Riscos Relacionados a Gravidez Precoce

Fonte: Adaptada pela autora, 2017

4.6.Ocorrência de Gravidezes na Adolescência

Todos os profissionais inqueridos no CS Cariacó, afirmaram que são frequentes casos de


gravidezes em adolescentes nessa unidade sanitária. Referiram que em média ponderada, cerca
de vinte (20) adolescentes são atendidas por mês com problemas relacionados com gravidez e
que a idade compreendida entre os 15 e 17 anos é a que mais se apresenta nessa unidade
sanitária. O gráfico abaixo refere aos casos que foram atendidos no período quatro (4) meses,
nomeadamente Julho, Agosto, Setembro e Outubro, durante o estágio da pesquisadora. O gráfico
abaixo ilustra a ocorrência de gravidezes em diferentes meses no CS Cariacó.
23

Gráfico 8: Frequência de Adolescentes Grávidas no C.S de Cariacó

30
25 26

20 21
18
15 16

10
5
0
Julho Agosto Setembro Outubro

Fonte: Adaptada pela autora, 2017

4.7.Existência de Acções Comunitários

Foram questionados os profissionais de saúde sobre a existência de parceiros comunitários que


trabalham na educação da rapariga no âmbito de prevenção de gravidezes onde todos afirmaram
não existir. Essa situação pode contribuir para a ocorrência de comportamentos de risco que
vulnerabilizam os adolescentes a gravidezes, pois percebe-se a falta de continuidade na
comunidade dos trabalhos prestados pelos profissionais de saúde. Segundo Miguel, 2009, a falta
de uma plataforma social de base constitui um factor de vulnerabilidade para os adolescentes
iniciarem a actividade sexual e cedo e consequentemente a terem gravidezes precoces.

4.8.Ocorrência de Gravidez na Escola

Foram questionados os professores sobre a existência de estudantes grávidas na escola, as


respostas convergiram afirmando que é um fenómeno comum entre as estudantes, entretanto
esses não têm números actualizados pois muitas adolescentes apenas desistem de estudar sem
comunicar o motivo que as leva a agir assim

4.9.Análise do impacto da gravidez

4.9.1.Impacto da Gravidez na Saúde

Quando questionados sobre o impacto que a gravidez na adolescência tinha na saúde dessas,
estes referiram vários problemas de saúde que são frequentes como o trabalho de parto arrastado,
eclâmpsia ou convulsões durante a gravidez ou durante o parto; nados mortos, pré-termos, baixo
peso a nascença, abortos, hemorragias antes e depois do parto; lacerações do períneo, do colo
24

uterino e do canal vaginal, ruptura uterina e mortes maternas, embora estes dois últimos não se
observar nessa unidade sanitária, porem estes são conduzidos imediatamente para hospital de
referência.

Esses resultados se assemelham com os alcançados pela pesquisadora Williamson (2013),


segundo essa autora, a gravidez pode ter consequências imediatas e duradouras para a saúde, a
educação e o potencial de geração de renda de uma menina. E, muitas vezes, altera o curso de
toda a sua vida. O risco de morte materna em mães menores de 15 anos nos países de baixa e
média renda é o dobro do risco das mulheres mais velhas. Dentre as principais complicações se
destacam as hemorragias na mãe e baixo peso no recém-nascido.

4.9.2.Impacto da Gravidez na Educação da Rapariga

Em relação ao impacto da gravidez na adolescência, os professores foram unânimes em referir a


desistência escolar, fraco aproveitamento, faltas recorrentes como principais problemas escolares
que essas enfrentam:

“Muitas meninas quando ficam grávidas abandonam a escola porque sentem vergonha dos
amigos, [...] elas ficam com medo de serem rejeitadas e abandonam...” (QP-4)

“...depois de ficar grávida já a saúde não fica boa por isso falta na escola e o aproveitamento
pedagógico baixa [...] mesmo tendo vontade de estudar as vezes não consegue” (QP-2)

Esses resultados sustentam a situação das adolescentes grávidas apresentadas nesse trabalho
onde revelam que mais de metade das adolescentes grávidas abandonam a escola. Isso é
preocupante, pois essas adolescentes ficam dada vez mais vulneráveis e dependentes dos seus
parceiros devido a falta de preparo intelectual para procurar um emprego que lhe garanta uma
fonte de rendimento.

4.9.3.Impacto da Gravidez na Comunidade

As respostas dos membros da comunidade de cariacó sobre o impacto da gravidez na


adolescência, resumem-se em estado de saúde debilitado devido a gravidez, isolamento social as
vezes pelos pais, principalmente quando o promotor da gravidez não assume, futuro
25

comprometido ou incerto, complicações no acto de parto, falta de experiencia e maturidade para


cuidar o bebe após o nascimento e pobreza que leva a nudez e problemas psicológicos:

“... Muitas adolescentes quando ficam grávidas aumentam as dificuldades da família, visto que
as famílias moçambicanas têm maior agregado familiar tornando assim difícil sustentar e
educar o novo ser” (QC-17)

“... Muitas adolescentes se complicam na gravidez até ao parto principalmente aquelas que
vivem nas zonas rurais onde existe dificuldades de meios de transportes e cuidados de saúde de
terceiro nível para atender casos de emergências [...] Muitas tem problemas severos na
gravidez devido seu estado imaturo do seu organismo” (QC-14)

Esses resultados mostram que o enquadramento social da menina após a gravidez precoce é
complicado e que a vida fica marcada por dificuldades. Essa constatação foi também encontrada
pelo Dinis (2010) na sua pesquisa intitulada Gravidez na Adolescência: Um Desafio Social onde
revelou que a adolescente depois de engravidar sente-se culpada preferindo manter em segredo o
que leva ao abandono dos locais de convívio como escola, em famílias de baixa renda essa
representa um peso acrescido o que dificulta ainda mais a situação da própria adolescente.

4.10.Acções levadas a cabo pela EPC de Cariacó

A EPC de Cariacó desenvolve actividade curriculares e extra curriculares de educação sexual aos
alunos, para além de parceria com o Centro de Saúde local nas acções de divulgação dos
métodos contraceptivos, palestras educativas entre outras actividades no âmbito de prevenção de
gravidezes.

A parceria entre os sectores de educação e saúde é indispensável para a prossecução dos


objectivos da redução do índice de gravidezes na adolescência. A redução da vulnerabilidade
passa pela educação e consciencialização sobre os riscos e o impacto que esse fenómeno tem na
vida das adolescentes.

Para as raparigas grávidas que chegam ao conhecimento da direcção da escola, essas são
encaminhadas para profissionais para o aconselhamento e sensibilização e dentro da realidade e
análise específica, são transferidas as raparigas para o curso nocturno.
26

Segundo Dinis (2010) é preciso criar processos de educação aos jovens que lhes seja adequada,
os grupos para adolescentes devem levar em conta os aspectos sociais, culturais e económicos da
comunidade em que estão inseridos. Nas acções de promoção da saúde é preciso considerar e
valorizar os saberes dos adolescentes no desenvolvimento de habilidade, identificar qual o
conhecimento e atitude que já dispõe no campo sexual e reprodutivo e a partir de então,
promover as intervenções de potencialidade e complementaridade.

4.10.1.Causas de gravidezes em adolescentes

São várias causas que foram citadas pelas comunidades, que concorrem para elevados índices de
gravidezes na adolescência. Entre várias causas referidas podem ser categorizadas em três grupos
fundamentais.

4.10.2.Causas Relacionadas aos Pais

Existe uma percepção de que os pais e/ou encarregados de educação jogam um papel primordial
na vida sexual e social dos adolescentes, foi constatado que falta de controlo, excesso de
liberalismo ou mesmo falta de dialogo acabam sendo determinantes:

“Eu acho que muitos pais não controlam aonde andam os filhos ou o que fazem [...] deixam eles
fazer o que querem isso nos dias de hoje não é bom...” (QC- 12)

“...Muitos pais não falam com seus filhos sobre a sexualidade, a criança acaba aprendendo
tudo na rua ou na televisão, assustam só enquanto já está grávida, [...] devemos falar mais com
os nossos filhos...” (QC-7)

Esses resultados mostram que os pais devem estar mais presentes na vida dos filhos. Outros
estudos também associam o amparo parental com a vulnerabilidade da adolescente em
engravidar precocemente, como é o caso de Williamson (2013) a qual refere que os pais são a
base para educação dos filhos e que muitas gravidezes que ocorrem na adolescência poderiam ser
evitadas se os pais estivessem mais atentos as mudanças dos filhos no período de adolescência.
27

4.10.3.Causas Relacionadas com os Adolescentes

Outras causas que a pesquisa aponta referem-se aos comportamentos do próprio adolescente que
contribuem para a ocorrência de gravidezes, alguns entrevistados referiram que por mais que os
pais façam tudo que os caiba fazer essas acabam engravidando:

“As meninas de agora engravidam cedo porque já não respeitam os mais velhos, você pode falar
com ela, ela não te ouve...”(QC-4)

“...Agora está difícil, as gravidezes pode se ter e tirar e aí a menina sabe que pode fazer o que
quer mesmo a mãe lhe falar ela não respeita...”(QC 11)

“As meninas vestem mal [...] isso faz com que os homens adultos lhes aprecie [...] querem
experimentar as coisas por isso cedo ficam grávidas...” (QC 2)

4.10.4.Causas Relacionadas com a Influência Social

Muitos entrevistados associam a ocorrência da gravidez na adolescência com as influências


externas da vida da própria adolescente, destacam-se nessa categoria, a pressão de amigas, as
redes sócias, as televisões, os ritos de iniciação e a pobreza dos pais:

“...agora as crianças ouvem mais as amigas do que os pais [...] se no grupo as outras meninas
já namoram a sua filha em pouco tempo começa também a namorar [...] as crianças agora
sabem mais que os pais, nas novelas passam muitas informações sobre sexo...” (QC-1)

“Isso é por causa da pobreza, existem famílias que incentivam as filhas a adquirirem dinheiro
para ajudarem em casa [...] outra coisa é falta de escola, as pessoas quando não estudam
acham que casar cedo é a melhor coisa...” (QC-19)

“Os ritos de iniciação também contribuem, quando a menina está lá lhe falam que já é adulta e
pode fazer sexo a vontade [...] isso contribui muito para as gravidezes” (QC-7)

4.11.Contribuição dos Ritos de Iniciação

Foram questionados os populares sobre a contribuição dos ritos de iniciação na ocorrência das
gravidezes precoces, os resultados mostraram que cerca de 60% dos inqueridos assumem os ritos
como um factor que contribui na ocorrência da gravidez na adolescência, apontam o facto de ser
28

socialmente aceite em algumas comunidades que uma menor possa manter relações sexuais
assim que tiver passado dos ritos de iniciação. Os restantes 40% consideram os ritos de iniciação
como um processo educativo cultural e por si só, é um factor protector pois na visão desses a
menina é ensinada a se comportar de forma adulta e responsável. O gráfico abaixo ilustra de
forma percentual as opiniões em relação a contribuição dos ritos de iniciação.

Gráfico 9: Opinião sobre a contribuição dos Ritos de Iniciação na Ocorrência de Gravidez

Fonte: Adaptada pela pesquisadora, 2017

4.12.Avaliação das Hipótese Formuladas

Analisados os dados importa percorrer em cada hipótese para verificar a sua caracterização.

H1:Falta de Conhecimento sobre os riscos, propicia a gravidez na adolescência. É valida pois a


pesquisa constatou que os adolescentes não possuem conhecimentos suficientes para se
precaverem da gravidez. 44% das adolescentes grávidas referiram que nunca tinham ouvido falar
de gravidez e 78% não conhecem os riscos decorrentes de uma gravidez precoce.

H2:Fraco poder económico familiar cria a vulnerabilidade nessa faixa etária. A pesquisa
constatou que as dificuldades financeiras familiares aliadas ao número elevado do agregado
familiar constituem um factor de vulnerabilidade das adolescentes. Todas as adolescentes
grávidas viviam em famílias de mais de 4 membros, existindo algumas com mais 10. Esses
resultados nos levam a corroborar com a H2 sendo assim considerada válida.
29

H3:Prática de iniciação feminina na zona de estudo em idade tenra, condiciona a ocorrência de


gravidez na adolescência. É considerada também valida, pois mais de metade dos nossos
entrevistados da comunidade assume que ritos de iniciação quando realizada cedo condiciona o
inicio precoce das relações sexuais. Outro resultado que sustenta essa informação é de que todas
as adolescentes grávidas atendidas tinham passado dos ritos de iniciação e que havia uma
tendência de correspondência entre a idade de ritos de iniciação e a idade da primeira relação
sexual.

H4. Falta de acção de sectores sociais na prevenção da gravidez precoce, contribui na


ocorrência da gravidez precoce. Os resultados mostram que não existem sectores na comunidade
que sencibilizam as adolescentes na prevenção de gravidezes precoces e muitas adolescentes não
possuem conhecimento sobre os riscos de engravidar cedo. Essa informação apoia e valida a H4.
30

CAPITULO V – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

5.1.Conclusão

Findo o estudo e feitas as análises exaustivas sobre o tema chegou-se a conclusão, que de modo
geral, actividade de saúde levada a cabo pelo CSC tem desempenhado um papel fundamental
para a comunidade de Cariacó e, na medida em que contribui para o bem-estar das pessoas.

Constatou-se que a família é um sistema social responsável pela transmissão de valores, crenças,
ideias e significados que estão presentes nas sociedades, porem os pais e os demais familiares
não fazem o devido acompanhamento dos adolescentes de idade menor de 18 anos, deixando
toda responsabilidade para escola que é uma instituição em que se priorizam as actividades
educativas formais, sendo identificada como um espaço de desenvolvimento e aprendizagem e o
currículo. Esta é obrigada a responder as responsabilidades da família principalmente quando
procura incutir ou influenciar no comportamento dos indivíduos, especialmente dos adolescentes,
que aprendem as diferentes formas de existir, de ver o mundo e construir as suas relações sociais.

Detectou-se que a Escola Primaria Completa de Cariacó não tem um posicionamento em relação
a certos valores fundamentais, porem percebe-se que é um espaço que permite relações de troca,
de cooperação, solidariedade e, até mesmo, situações de conflitos, que são boas oportunidades
para os alunos reflectirem sobre seus actos, se colocarem no lugar dos outros e combinarem
como agir, dai que é imperioso a escola verificar no campo da Psicologia da Moralidade a
importância de se estabelecer relações com as famílias dos alunos e cooperar com outras
instituições.

Constatou-se ainda que ao engravidar a menina adolescente passa a ser tratada comummente
como uma mulher e sem restrições aos protocolos e regras de atendimento de diversos extractos
sociais. Porem é preciso entender-se que os meninos que passarão a ser pais, ainda são meninos e
que ainda carecem cuidados para com o filho que vão ter e para própria saúde da adolescente
grávida.

Notou-se que apesar de maior número de adolescentes grávidas acabam abandonando a escola
para cuidar da sua saúde e do bebé, alguns casos de adolescentes grávidas encontrados no CSC já
estavam foram da escola por várias razões.
31

5.2.Recomendações

 Oportunidades de actividades de inclusão como reintegração escolar e social devem


constituir primários para adolescente grávida;
 O momento do pré-natal deve ser também uma oportunidade de rever expectativas e
planos de vida e ou projectos;
 Estar grávida adolescência traz questionamento e conflitos de gerações, porem o apoio
deve ser total e o envolvimento do restante da família é primordial, pois melhora a
dinâmica familiar;
 Gerar indicadores sociais e clínicos para servirem como sentinela para gravidez em
menores de 15 anos derivados da fecundidade e maternidade, pois serão medidas de
controlo de funcionamento de outros programas correlatos sobre direitos reprodutivos e
sexualidade na adolescência e dos resultados dos programas de saúde e cuidados na
primeira infância;
 Promover serviços especializados para a atenção a adolescentes que facilitem a
prevenção da gravidez em menores de 15 anos, e que disponibilizem profissionais
multidisciplinares qualificados que detectem e resolvam acontecimentos mais
importantes relacionados com a gravidez, puerpério, e cuidados do recém-nascido;
 Aprimorar o Programa de Atenção à Saúde e Aleitamento Materno do Ministério da
Saúde, para priorizar e dar assistência e atenção às peculiaridades e cuidados de filhos/as
de mães adolescentes;
 Intensificar os recursos governamentais para programas de educação sexual participativa
para os jovens, famílias e estabelecimentos educativos, motivando-os a participar de
soluções de problemas de saúde sexual e reprodutiva e fomentar a comunicação afectiva
na família;
 Procurar acesso livre e informado aos programas e métodos de anticoncepção (incluindo
anticoncepção de emergência), derrubar as barreiras que impedem o acesso da população
adolescente a exercer livre e responsavelmente seus direitos sexuais e reprodutivos.
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