Química e Mineralogia Do Solos SBCS I
Química e Mineralogia Do Solos SBCS I
Química e Mineralogia Do Solos SBCS I
1
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QUÍMICA E MINERALOGIA DO SOLO
Conceitos Básicos e Aplicações
V
PREFÁCIO
1513N 978-85-86504-26-6
FEVEREIRO, 2019
CONTEÚDO
PREFÁCIO ....................................................................................................................... v
CONCEITOS BÁSICOS
1 - CONCEITOS BÁSICOS DE QUÍMICA
João Carlos de Andrade ................................................................................................................. 1
vm - ÓXlDOS DE FERRO
Antonio Carlos 5. da Costa &Jerry M. Bigham ...................................................................... 505
APLICAÇÕES
XI - QUÍMICA DA MATÉRIA ORGÂNICA DO SOLO
Deborah Pinheiro Dick, Etelvina Henrique Novotny, Jeferson Dieckow & Cimélio Bayer . 69 7
11
lnstituto de Química, Unive rsidade Estadual de Campinas, CP 6154, 13084-971, Campinns (SP) .
d.indrade@iqm.unicamp.br
Conteúdo
AGRADEClMENTOS · - - -·..·····- ..- ·..·-···..·····--·-··········..··- -·- ···· .. -·.............- ................._ ....... _ ....... 71
LITERATURA CITADA ·- .. - · - -· -..··- ·-·-·.... ·--········...- ....- ................_.. _ _.......- ...... ---•..- ..... 7 1
INTRODUÇÃO
A química é um ramo das ciências naturais que se relaciona fortemente com todos os
demais. Todas as nossas atividades e tudo o que nos rodeia envolvem transformações
químicas, de modo que o entendimento desses fenômenos é essencial para o
desenvolvimento humano, sob todos os aspectos. Obviamente, considerando a extensão
e amplitude dessa matéria, torna-se muito difícil discutir em profundidade ludo isso em
apenas um capftulo. Por exemplo, as ligações químicas, sob os seus v,1rios pontos de
vista, são tema para um ou mais livros.
SOCS, Viços.i , 2009. Quí m lc,1 e ~llnc•r,,logiil i.lu Solu, Co n cc1tu s 13,,s i.:os e J\p l k ,1ç,\<'s, I J S lp .
(L"i.l:.. Vnndcr d e Frdtas Melu e Luís Re)•n.ild o Ferracdú Allconi).
2 Joi\o C ARLOS DE A NDRADE
Neste cnpflulo, sJo nprese nt ndos o S is lcmn Inte rnac io n al de Unidades (SI) e uns
unidndes de b,1sc, 0s conceitos, definições, conversões e o uso comum de a lgumas cl.1 s
s u.1s unidades mnis comuns, n Tabcln Pc ri ód icn e s uas propriedad es, a lgu n s conce itos
b tisicos sob re rcnç6cs e lig.içõcs qufmic.1s, além de princípios que e n volve m os equ ilíbrios
químicos cm soluçüo aquosa. Em vista da co mpl ex idad e cio tema e cio espaço limit ado,
apresenta-se ao le itor um tex to m a is qualilnlivo sobre esses tópicos, con s iderados
impo rta ntes no estud o dn qufmicn do solo . Para demonstrar que é possível fazer cá lculos
usando apen as os conceitos aqui .ipresentados, .ilém de al g uns exemp lo s numé ricos,
m u it as d.is figuras siio reirnlt.idos de cálculos a partir de referl!ncias bibliogrMicas,
usando pl .in ilha eletrônica. /\o final do capílulo, são citadas refe rências para cons ulta,
nas quai s os interessados podem e ncontrar info rmações adicionnis sobre os temas
aq ui abordados.
His to rica m e nte, o s iste ma decimal de unidad es foi concebido no século XVI, q ua ndo
e ra grande a confusão das unid ades d e pesos e m ed idns. A partir d e ·1 790, a Assembléia
Nacional francesa solicitou que a Academia Francesa de Ciêncins desenvolvesse um
sistema de unidades que fosse adequado para uso internacional. Este s istema, basendo
no metro como unidade de comprimento e no grama como unidade de massa, foi adotado
inicialmente com o m ed id as práticas no comércio e n.i indústr ia, e, posteriormente, nos
m e ios técnicos e científicos.
A padronização inte rnacional começou c m l 870, resultado d a Convenção Internacional
do Melro, da qual o Bras il foi um dos s ignn tários em maio d e l875, e que foi ratificnda em
1921 . Esta Convenção estabeleceu a Ag~ncia lnlernacionnl para Pesos e tvledidns (BIPM -
B11renu /11/er11nlio11n/ de~ Poirls e/ Mesures) e constitu iu também a Conferência Gera l em Pesos e
Medidas (CGPM - Co11fére11cc Cé111Jmle de Poids e/ Mesures), para trata r de todos os assuntos
relativos ao sis te ma m é trico. O BIPM, cuja tare (a principal é a unificação das medidas físicas,
opera sob a s upervisão do Comitê Inte rnacio nal para Pesos e Medidas (CIPM - Co111ilt:
/11/emnlio11n/ dcs Poids ,:/ Mesures) e sob a a uto ridade da CGPM .
As atividades do BIPM, que, no início, ern m restritas apenas às mcdidns de
comprimento e d e massa e a estu dos metrológicos relativos a estas quantid ades, for.irn
este ndidas a padrões de m edidas de eletricidade (l927), foto m etria (1937), radinçOcs
io ni za ntes (J 960) e d e esca las de te mpo ('I 988). Em virtude da abrangêncin ctns a tividndcs
d o BIPM, o C IPM criou, n partir Lit! '1927, o s Com itês Co nsul tiv os dl' Unidades (CC U -
Co111i lrs Ctmsu//nlifs des U11ilés) pc1ra assessorar a elnboração dos doc umentos .1 scrL'lll
lt•vaJ os n aprovação, assegura ndo uniformidade lllltndial p.ira ,,s unidadL•s de ,m~did,1s.
Em '1948, n 9·'. CGPM, por s u n Resoluçno n. 6, e 11ca1-re~c,u o C IP~vl de .. "cstud.u o
estabe lecimento de unw regul a nwnl,1çJo compll'l,1 d ns unida d es de mL•did,,s ".... l ' "C'mi tir
recor_n endnçõcs perlincnlcti no estnbcledml:nlo dL• um gui a pr:i tkn ele unid,llkS ck
mcd1d ,1s, p.irn ser .idotndu por lodos os p,,íscs sign,tt,, rios d a Cnnvcnç:iú dn ~ktrn". A
lllL'!..111,l Conforl!ncia Cern i ,1dolo11 lambt'm a RL· ·o luç,\o n. 7, que íi:--.ou prinl'lpios ~;,•r,1i~
para os símbolos das unidades e forneceu uma lista de nomes especiais de unidades. A
10ª. CGPM, em 1954, decidiu adotar como base deste "sistema prático de unidades" as
unidades das gra11dezas de comprimento, massa, tempo, intensidade de corrente elétrica,
temperatura termodinâmica e intensidade luminosa. A 11a. CGPM, em 1960, por meio de
sua Resolução n. 12, adotou finalmente o nome SISTEMA INTERNACIONAL DE
UNIDADES (com abreviação SI) para o sistema prático de unidades e instituiu regras
para os prefixos, para as unidades derivadas e as unidades suplementares, além de
outras indicações, estabelecendo uma regulamentação para as unidades de medidas.
Até 1862, o Brasil u tilizava as unidades e medidas de Portugal [ex: vara, braça
(extensão), quintal (massa), etc.], mas essas medidas nunca foram rigorosamente
cumpridas. Em 1862, o Sistema Métrico francês foi adotado em todo o Império (Lei lmperial
1157), mas somente em 1872 foi aprovado o Regulamento do Sistema adotado. Em 1875,
o Brasil fez-se representar na Conferência Internacional do Metro, mas como este Ato não
foi ratificado no Brasil, deixamos de manter ligações com esta Entidade a partir da
l ° CGPM (1889). Em outubro de 1921, o Brasil aderiu novamente à Convenção do Metro,
iniciando, em 1935, a elaboração de um projeto de regulamentação do seu sistema de
medidas. Com o advento do Estado Novo, foi somente a partir de 1938 que foram fixadas
as bases para a adoção definitiva do sistema de pesos e medidas, o que culminou, em
1953, com a adesão do Brasil à CGPM. Em 1960, o Brasil participou da 11º. CGPM, que
criou o Sistema Internacional de Unidades. Em conseqüência destes fatos, foi criado, em
1961, o Instituto Nacional de Pesos e Medidas (INPM), hoje designado como Instituto
Nacional de Metrologia, Normatização e Qualidade Industrial (INMETRO), ao qual cabe
a responsabilidade de manter atualizado o quadro geral de unidades e resolver as dúvidas
que possam surgir da sua aplicação ou interpretação.
No Brasil, a guarda dos padrões e a divulgação das unidades SI são de
responsabilidade do Laboratório Nacional de Metrologia (LNM), vinculado ao
INMETRO. O Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial
(SINMETRO), criado pela Lei 5966, de 11 de dezembro de 1973, apresenta ampla
abrangência, incl uindo a fiscalização compulsória. O Conselho Nacional de Metrologia,
Normalização e Qualidade Industrial (CONMETRO) é o órgão normativo do SINMETRO,
sendo responsável pela formulação da política metrológica brasileira.
Base do SI
Por convenção, são sete as unidades de base (ou fundamentais) do Sistema
Internacional de Unidades, tidas como dimensionalmente independentes. O Sl é
homogéneo, no q u al todas as outras unidades são derivadas desse conjunto, que são
definidas a seguir e resumidas no quadro 1.
Metro (m). É o cantinho percorrido pela luz no vácuo durante um intervalo d e tempo
de 1/299.792.458 de um segundo 117a. CGPM (1983)] .
Quilograma (kg). É igual à massíl do protótipo internacional (Figura 1), feito com
uma liga plalim1 - irídio, denlro dos padrões de exatidão e rnnfiabilidade que,, c ienciil
permite IP, CGPM (1889); ratificada na 3". CGPM (1901)] .
Ampere (A). É uma corrente constante que, se mantida em dois condutores retilíneos
e paralelos, d e comprimento infinito e secção transversal desprezível, colocados a um
metro um do outro no vácuo, produziria enlre estes dois condutores uma força igual a
2x10·7 newton, por metro de comprirnenlo [9". CGPM (1948)].
Kelvin (K). É a fração 1/273,16 da temperaturn termodinâmica do ponto triplo da
água [13ª. CGPM (1967)]. O intervalo de temperatura de um grau Celsius é exatamente
igual a um Kelvin. Assim, a temperatura Celsius (t) está relacionada com a temperatura
termodinâmica (T) pela equação: t = T- To, em que, por definição, To= 273,15 K.
Mol (mol). É a quantidade de matéria de um sistema que contém tantas entidades
elementares quantos forem os átomos contidos em 0,012 kg de 12C [14". CGPM (1971)]. O
nome desta quantidade vem do francês "quantité de matiere", derivado do latim "quantitas
materiae", que, antigamente, era usado para designar a quantidade agora denominada
"massa". Em inglês, usa-se o termo "amount of substance". Em português, consta no
Dicionário como "quantidade de substância", mas pode-se admitir o uso do termo
"quantidade de matéria", até uma definição mais precisa sobre o assunto. Quando se
utiliza o mol, as entidades elementares devem ser especificadas, podendo ser átomos,
moléculas, íons, elétrons ou outras partículas ou agrupamentos de tais partículas.
Candeia (cd). É a intensidade luminosa, em determinada direção, d e uma fonte
que emite radiação monocromática de freqüência 540x10 12 hertz e que tem
intensidade radiante naquela direção de 1/ 683 watt por esterorradiano (ou
estereorradiano) [164 • CGPM (1979)].
As unidades derivadas (Quadro 2) são obtidas por meio d e combinações das
unidades de base, das unidades suplementares e de outras unidades derivadas, de acordo
com as relações algébricas que as relacionam entre si. O uso de unidades não pertencentes
ao SI (Quadro 3) deve ser restrito, a fim de preservar as vantagens de um sistema
homogêneo. Algumas dessas unidades exógenas são convenientes e, por isso, seu uso
tem sido aceito juntamente com as do SI. Algumas unidades úteis e muito usadas em
Ciência do Solo são mostradas no quadro 4.
Recomenda-se que a ordem de grandeza das unidades seja ajustada com o uso dos
prefixos aprovados pelo SI, de modo que o valor numérico associado à unidade situe-se
entre 0,1 e 1.000 (Quadro 5).
Fonle: Thien & O.ster (1988); SI (1991); lnc:zéd)' el .ti. (1997); INMETRO (2003).
A tmid,,de S I de ,\re., é l' nwlro quodradn (m.i). O hectare (lrn) é um nome especial
p,w,, o h1.'..:10mdl'll qu ndnhh1 (hm 2), G randes .'ll'l.'as, d e terrns o u d e á guos, são geralmente
1.',press.,s em hecl,ll'c Llll cm quilô metro qu a drndn. Os volumes devem ser expressos em
metro ct'1bkl1 (m·') e seu:; 1miltipl()s. Poré m, n lil ro (L ou 1) e se us múltipl os são também
.,i:l.'it,,vl'is. O til l'll, mcs 1m, n,"ill sendo ex;it,,nH.•n lc igui.ll a ·t decíme tro cúbico, pode s ubstitui-
lll l'I\\ mcd idas l,,bt11-.1IMi,1is, sem lJUl' erros significai ivos sejam cometidos. C omo a relação
entre o lilrl e o d ccínwlro i:úbicll e, ·1L = ·1,000028 dm\ por r.nões práticas,,, 12·' CGPM
(1 964) l'St,\l,l'leceu l' "til ro" com() um I\Lll\\C especial parn o decímetro c úbico Assim, esta
r1.' l,,ç,10 Sü 1.."k vc s1.'r cmpreg,1dí1 em medidns de alia precisão. O símbolo do litro pode ser
csi:rilu l.'OI\\ letra minüsc td,, ou mí1iúsculn, sendo esta últinrn prefe rid a e adotada neste
11.' xln, 1x 1r cvit.,r l.'1.11\f us.10 com o algarismo um ('I) o u com a lelrn (!).
A unid,,dc de base d e mí1ssa é o quilograma (kg) e seus múltiplos . O te rmo to nelada
(l = 1.000 kg) deve ser cmpregnd o no lugar de megagrnma (Mg), pois esta grafia é idê ntica
:.. dl1 elemento mí1gnés io . O uso d e tonelada d e ve ser feito com precc1uções, dadél él
cx isll!ncia d,, lond.,da m é trica e da tonelada inglesa, com valores difere ntes . A unidc1de
S I pí1r.1 te mpo é o sc.:'gundo (s), mns o uso de minuto (min), horn (h) e dia (d) é aceitável.
Pn1-., lcmperalurn, a unidade SI é o kelvin (K), mas o grau Celsius (ºC) também é aceitável
e o mnis çomunwnle utilizado.
A unidade SI de pressão é o pascal, Pa (1. alm = 101,325 kPa), que é a pressão
exercida por umn força de 1 Nem uma área de um metro quadrado. Os múltiplos mais
comuns s,io o kPn e IVlPa. Unidades como atmosfe ra (ntm), psi (libra por polegada
qu,1drada), mm de Hg e bar deve m ser substituídas. A condutividc1de elétrica deve ser
expn'ssa em sicrnens (S m·1), no lugar da mmho cm·1(1 mmho cm· 1 = 1 dS nY 1). Os múltiplos
nrnis convenienll'S são dS m· 1 e o mS cm· 1.
A unidade "mal" foi intro duzida por volta de '1900, por Wilhelm Ostwald (1853 -
'J 932), "pa ra que não se perdesse de vista o enorme número de átomos, íons e moléculas
presentes n os nmoslrns" . Esse conce ito é considerado importante por permitir a conexão
entre o mundo microscópico dos ,'ílomos e o mundo macroscópico. Assim como 0
quilograma a unidade de medida da grandeza massa e o metro a da grandeza
co mprimento, o mol , cujo símbolo lnmbém é mal, é a unidade SI para a quantidade de
maté ria . Convencionou-se ent.10 que,, massa molar do isótopo 1~c é igual a 12 x rn-Jkg
mol · 1e que "um mol é a qunnlidade de maté ria presente em 12 x 10·3 kg deste material".
Embora O no me e o símbolo da unidade ele medida d a grandeza "quantidade d e matéria"
(ou "qu a ntidade ~ie substê1nci~") sejam id~nticos, apenas o nome pode ser grafado no
plural (mais). O s 1mbolo da unid ad e deve permanecer inalterado no plural, assim como
é reco mend a do paril quolquer símbolo de unidnde de medidn.
Do mes mo mudu que u rnol. .i nw::;sa nwl,,r .ilua c011111 po i'l, e, en l re 111c1ss,í1 .,-.
<iu.--,ntid,,dL• dl' m,1l ri,1, pOlil'ndn ser cnnsiderad,l f,,tor d e l:onversão
1
• ..-. ,,ti·,
, e mo 1s e gram.1::....
m (g) = n (mal)
M (gmo1· 1 )
6,0221367 X 10 23
Fator de conversão = N, = - - - - - -
, 1 molde Y
6,0221367 x 10 23 átomos
Número de átomos de Mg = (0,500 mol de Mg ) x - - - - - - - - -
1 mo! de Mg
Neste cnpflulo, sJo nprese nt ndos o S is lcmn Inte rnac io n al de Unidades (SI) e uns
unidndes de b,1sc, 0s conceitos, definições, conversões e o uso comum de a lgumas cl.1 s
s u.1s unidades mnis comuns, n Tabcln Pc ri ód icn e s uas propriedad es, a lgu n s conce itos
b tisicos sob re rcnç6cs e lig.içõcs qufmic.1s, além de princípios que e n volve m os equ ilíbrios
químicos cm soluçüo aquosa. Em vista da co mpl ex idad e cio tema e cio espaço limit ado,
apresenta-se ao le itor um tex to m a is qualilnlivo sobre esses tópicos, con s iderados
impo rta ntes no estud o dn qufmicn do solo . Para demonstrar que é possível fazer cá lculos
usando apen as os conceitos aqui .ipresentados, .ilém de al g uns exemp lo s numé ricos,
m u it as d.is figuras siio reirnlt.idos de cálculos a partir de referl!ncias bibliogrMicas,
usando pl .in ilha eletrônica. /\o final do capílulo, são citadas refe rências para cons ulta,
nas quai s os interessados podem e ncontrar info rmações adicionnis sobre os temas
aq ui abordados.
His to rica m e nte, o s iste ma decimal de unidad es foi concebido no século XVI, q ua ndo
e ra grande a confusão das unid ades d e pesos e m ed idns. A partir d e ·1 790, a Assembléia
Nacional francesa solicitou que a Academia Francesa de Ciêncins desenvolvesse um
sistema de unidades que fosse adequado para uso internacional. Este s istema, basendo
no metro como unidade de comprimento e no grama como unidade de massa, foi adotado
inicialmente com o m ed id as práticas no comércio e n.i indústr ia, e, posteriormente, nos
m e ios técnicos e científicos.
A padronização inte rnacional começou c m l 870, resultado d a Convenção Internacional
do Melro, da qual o Bras il foi um dos s ignn tários em maio d e l875, e que foi ratificnda em
1921 . Esta Convenção estabeleceu a Ag~ncia lnlernacionnl para Pesos e tvledidns (BIPM -
B11renu /11/er11nlio11n/ de~ Poirls e/ Mesures) e constitu iu também a Conferência Gera l em Pesos e
Medidas (CGPM - Co11fére11cc Cé111Jmle de Poids e/ Mesures), para trata r de todos os assuntos
relativos ao sis te ma m é trico. O BIPM, cuja tare (a principal é a unificação das medidas físicas,
opera sob a s upervisão do Comitê Inte rnacio nal para Pesos e Medidas (CIPM - Co111ilt:
/11/emnlio11n/ dcs Poids ,:/ Mesures) e sob a a uto ridade da CGPM .
As atividades do BIPM, que, no início, ern m restritas apenas às mcdidns de
comprimento e d e massa e a estu dos metrológicos relativos a estas quantid ades, for.irn
este ndidas a padrões de m edidas de eletricidade (l927), foto m etria (1937), radinçOcs
io ni za ntes (J 960) e d e esca las de te mpo ('I 988). Em virtude da abrangêncin ctns a tividndcs
d o BIPM, o C IPM criou, n partir Lit! '1927, o s Com itês Co nsul tiv os dl' Unidades (CC U -
Co111i lrs Ctmsu//nlifs des U11ilés) pc1ra assessorar a elnboração dos doc umentos .1 scrL'lll
lt•vaJ os n aprovação, assegura ndo uniformidade lllltndial p.ira ,,s unidadL•s de ,m~did,1s.
Em '1948, n 9·'. CGPM, por s u n Resoluçno n. 6, e 11ca1-re~c,u o C IP~vl de .. "cstud.u o
estabe lecimento de unw regul a nwnl,1çJo compll'l,1 d ns unida d es de mL•did,,s ".... l ' "C'mi tir
recor_n endnçõcs perlincnlcti no estnbcledml:nlo dL• um gui a pr:i tkn ele unid,llkS ck
mcd1d ,1s, p.irn ser .idotndu por lodos os p,,íscs sign,tt,, rios d a Cnnvcnç:iú dn ~ktrn". A
lllL'!..111,l Conforl!ncia Cern i ,1dolo11 lambt'm a RL· ·o luç,\o n. 7, que íi:--.ou prinl'lpios ~;,•r,1i~
para os símbolos das unidades e forneceu uma lista de nomes especiais de unidades. A
10ª. CGPM, em 1954, decidiu adotar como base deste "sistema prático de unidades" as
unidades das gra11dezas de comprimento, massa, tempo, intensidade de corrente elétrica,
temperatura termodinâmica e intensidade luminosa. A 11a. CGPM, em 1960, por meio de
sua Resolução n. 12, adotou finalmente o nome SISTEMA INTERNACIONAL DE
UNIDADES (com abreviação SI) para o sistema prático de unidades e instituiu regras
para os prefixos, para as unidades derivadas e as unidades suplementares, além de
outras indicações, estabelecendo uma regulamentação para as unidades de medidas.
Até 1862, o Brasil u tilizava as unidades e medidas de Portugal [ex: vara, braça
(extensão), quintal (massa), etc.], mas essas medidas nunca foram rigorosamente
cumpridas. Em 1862, o Sistema Métrico francês foi adotado em todo o Império (Lei lmperial
1157), mas somente em 1872 foi aprovado o Regulamento do Sistema adotado. Em 1875,
o Brasil fez-se representar na Conferência Internacional do Metro, mas como este Ato não
foi ratificado no Brasil, deixamos de manter ligações com esta Entidade a partir da
l ° CGPM (1889). Em outubro de 1921, o Brasil aderiu novamente à Convenção do Metro,
iniciando, em 1935, a elaboração de um projeto de regulamentação do seu sistema de
medidas. Com o advento do Estado Novo, foi somente a partir de 1938 que foram fixadas
as bases para a adoção definitiva do sistema de pesos e medidas, o que culminou, em
1953, com a adesão do Brasil à CGPM. Em 1960, o Brasil participou da 11º. CGPM, que
criou o Sistema Internacional de Unidades. Em conseqüência destes fatos, foi criado, em
1961, o Instituto Nacional de Pesos e Medidas (INPM), hoje designado como Instituto
Nacional de Metrologia, Normatização e Qualidade Industrial (INMETRO), ao qual cabe
a responsabilidade de manter atualizado o quadro geral de unidades e resolver as dúvidas
que possam surgir da sua aplicação ou interpretação.
No Brasil, a guarda dos padrões e a divulgação das unidades SI são de
responsabilidade do Laboratório Nacional de Metrologia (LNM), vinculado ao
INMETRO. O Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial
(SINMETRO), criado pela Lei 5966, de 11 de dezembro de 1973, apresenta ampla
abrangência, incl uindo a fiscalização compulsória. O Conselho Nacional de Metrologia,
Normalização e Qualidade Industrial (CONMETRO) é o órgão normativo do SINMETRO,
sendo responsável pela formulação da política metrológica brasileira.
Base do SI
Por convenção, são sete as unidades de base (ou fundamentais) do Sistema
Internacional de Unidades, tidas como dimensionalmente independentes. O Sl é
homogéneo, no q u al todas as outras unidades são derivadas desse conjunto, que são
definidas a seguir e resumidas no quadro 1.
Metro (m). É o cantinho percorrido pela luz no vácuo durante um intervalo d e tempo
de 1/299.792.458 de um segundo 117a. CGPM (1983)] .
Quilograma (kg). É igual à massíl do protótipo internacional (Figura 1), feito com
uma liga plalim1 - irídio, denlro dos padrões de exatidão e rnnfiabilidade que,, c ienciil
permite IP, CGPM (1889); ratificada na 3". CGPM (1901)] .
Ampere (A). É uma corrente constante que, se mantida em dois condutores retilíneos
e paralelos, d e comprimento infinito e secção transversal desprezível, colocados a um
metro um do outro no vácuo, produziria enlre estes dois condutores uma força igual a
2x10·7 newton, por metro de comprirnenlo [9". CGPM (1948)].
Kelvin (K). É a fração 1/273,16 da temperaturn termodinâmica do ponto triplo da
água [13ª. CGPM (1967)]. O intervalo de temperatura de um grau Celsius é exatamente
igual a um Kelvin. Assim, a temperatura Celsius (t) está relacionada com a temperatura
termodinâmica (T) pela equação: t = T- To, em que, por definição, To= 273,15 K.
Mol (mol). É a quantidade de matéria de um sistema que contém tantas entidades
elementares quantos forem os átomos contidos em 0,012 kg de 12C [14". CGPM (1971)]. O
nome desta quantidade vem do francês "quantité de matiere", derivado do latim "quantitas
materiae", que, antigamente, era usado para designar a quantidade agora denominada
"massa". Em inglês, usa-se o termo "amount of substance". Em português, consta no
Dicionário como "quantidade de substância", mas pode-se admitir o uso do termo
"quantidade de matéria", até uma definição mais precisa sobre o assunto. Quando se
utiliza o mol, as entidades elementares devem ser especificadas, podendo ser átomos,
moléculas, íons, elétrons ou outras partículas ou agrupamentos de tais partículas.
Candeia (cd). É a intensidade luminosa, em determinada direção, d e uma fonte
que emite radiação monocromática de freqüência 540x10 12 hertz e que tem
intensidade radiante naquela direção de 1/ 683 watt por esterorradiano (ou
estereorradiano) [164 • CGPM (1979)].
As unidades derivadas (Quadro 2) são obtidas por meio d e combinações das
unidades de base, das unidades suplementares e de outras unidades derivadas, de acordo
com as relações algébricas que as relacionam entre si. O uso de unidades não pertencentes
ao SI (Quadro 3) deve ser restrito, a fim de preservar as vantagens de um sistema
homogêneo. Algumas dessas unidades exógenas são convenientes e, por isso, seu uso
tem sido aceito juntamente com as do SI. Algumas unidades úteis e muito usadas em
Ciência do Solo são mostradas no quadro 4.
Recomenda-se que a ordem de grandeza das unidades seja ajustada com o uso dos
prefixos aprovados pelo SI, de modo que o valor numérico associado à unidade situe-se
entre 0,1 e 1.000 (Quadro 5).
Fonle: Thien & O.ster (1988); SI (1991); lnc:zéd)' el .ti. (1997); INMETRO (2003).
A tmid,,de S I de ,\re., é l' nwlro quodradn (m.i). O hectare (lrn) é um nome especial
p,w,, o h1.'..:10mdl'll qu ndnhh1 (hm 2), G randes .'ll'l.'as, d e terrns o u d e á guos, são geralmente
1.',press.,s em hecl,ll'c Llll cm quilô metro qu a drndn. Os volumes devem ser expressos em
metro ct'1bkl1 (m·') e seu:; 1miltipl()s. Poré m, n lil ro (L ou 1) e se us múltipl os são também
.,i:l.'it,,vl'is. O til l'll, mcs 1m, n,"ill sendo ex;it,,nH.•n lc igui.ll a ·t decíme tro cúbico, pode s ubstitui-
lll l'I\\ mcd idas l,,bt11-.1IMi,1is, sem lJUl' erros significai ivos sejam cometidos. C omo a relação
entre o lilrl e o d ccínwlro i:úbicll e, ·1L = ·1,000028 dm\ por r.nões práticas,,, 12·' CGPM
(1 964) l'St,\l,l'leceu l' "til ro" com() um I\Lll\\C especial parn o decímetro c úbico Assim, esta
r1.' l,,ç,10 Sü 1.."k vc s1.'r cmpreg,1dí1 em medidns de alia precisão. O símbolo do litro pode ser
csi:rilu l.'OI\\ letra minüsc td,, ou mí1iúsculn, sendo esta últinrn prefe rid a e adotada neste
11.' xln, 1x 1r cvit.,r l.'1.11\f us.10 com o algarismo um ('I) o u com a lelrn (!).
A unid,,dc de base d e mí1ssa é o quilograma (kg) e seus múltiplos . O te rmo to nelada
(l = 1.000 kg) deve ser cmpregnd o no lugar de megagrnma (Mg), pois esta grafia é idê ntica
:.. dl1 elemento mí1gnés io . O uso d e tonelada d e ve ser feito com precc1uções, dadél él
cx isll!ncia d,, lond.,da m é trica e da tonelada inglesa, com valores difere ntes . A unidc1de
S I pí1r.1 te mpo é o sc.:'gundo (s), mns o uso de minuto (min), horn (h) e dia (d) é aceitável.
Pn1-., lcmperalurn, a unidade SI é o kelvin (K), mas o grau Celsius (ºC) também é aceitável
e o mnis çomunwnle utilizado.
A unidade SI de pressão é o pascal, Pa (1. alm = 101,325 kPa), que é a pressão
exercida por umn força de 1 Nem uma área de um metro quadrado. Os múltiplos mais
comuns s,io o kPn e IVlPa. Unidades como atmosfe ra (ntm), psi (libra por polegada
qu,1drada), mm de Hg e bar deve m ser substituídas. A condutividc1de elétrica deve ser
expn'ssa em sicrnens (S m·1), no lugar da mmho cm·1(1 mmho cm· 1 = 1 dS nY 1). Os múltiplos
nrnis convenienll'S são dS m· 1 e o mS cm· 1.
A unidade "mal" foi intro duzida por volta de '1900, por Wilhelm Ostwald (1853 -
'J 932), "pa ra que não se perdesse de vista o enorme número de átomos, íons e moléculas
presentes n os nmoslrns" . Esse conce ito é considerado importante por permitir a conexão
entre o mundo microscópico dos ,'ílomos e o mundo macroscópico. Assim como 0
quilograma a unidade de medida da grandeza massa e o metro a da grandeza
co mprimento, o mol , cujo símbolo lnmbém é mal, é a unidade SI para a quantidade de
maté ria . Convencionou-se ent.10 que,, massa molar do isótopo 1~c é igual a 12 x rn-Jkg
mol · 1e que "um mol é a qunnlidade de maté ria presente em 12 x 10·3 kg deste material".
Embora O no me e o símbolo da unidade ele medida d a grandeza "quantidade d e matéria"
(ou "qu a ntidade ~ie substê1nci~") sejam id~nticos, apenas o nome pode ser grafado no
plural (mais). O s 1mbolo da unid ad e deve permanecer inalterado no plural, assim como
é reco mend a do paril quolquer símbolo de unidnde de medidn.
Do mes mo mudu que u rnol. .i nw::;sa nwl,,r .ilua c011111 po i'l, e, en l re 111c1ss,í1 .,-.
<iu.--,ntid,,dL• dl' m,1l ri,1, pOlil'ndn ser cnnsiderad,l f,,tor d e l:onversão
1
• ..-. ,,ti·,
, e mo 1s e gram.1::....
m (g) = n (mal)
M (gmo1· 1 )
6,0221367 X 10 23
Fator de conversão = N, = - - - - - -
, 1 molde Y
6,0221367 x 10 23 átomos
Número de átomos de Mg = (0,500 mol de Mg ) x - - - - - - - - -
1 mo! de Mg
As unidades SI para concentração [C] são mo! m·3, quando a massa mol.1r for
conhecida, e, kg m·3, se não O for. Múltiplos das unidades SI são, naturalmente, aceitos:
1
mo! cm", mmol dm·3, mg kg·1, etc. As concentrações podem também ser expressas em mo! L· •
11
A s concentrações medidas em mo! (ex.: mo! 1·1) não devem ser d enomma· d as por mo1ar ",
pois este termo, associado ao nome de uma grandeza extensiva, indica esta grandeza
dividida pela quantidade de substância (ex.: massa molar). Assim, não se devem mais
utilizar expressões como "solução 1 M de KCI".
Da mesma forma, não se usa mais O termo "fração molar", o qual foi substituído por
fração em mal. A fração em mo! de uma substância B é definida como a quantidade de
matéria de B, x0, expressa como uma fração de acordo com a quantidade de matéria total
da mistura, n, la! que:
Tomando como exemplo uma mistura com três componentes, compos ta por 0,1 mol
do componente A, 0,3 mal do componente B e 0,1 mal do componente C, as frações em mol
dos três componentes serão, respectivamente:
X J\ = O,l =0,20 3
Xa = 0, =0,60 Xc =O,l = 0,20
0,5 0,5 0,5
tornou-se inadequíldo. No entanto, n flcxihilidacfc úa Jdinír;,i" J1• rnol p1: rrnil1• q111• 111•
utilize' o molde cargíl p:irn cxprcs!iê'\ r conet·11trnçik~1de <'lcrn1•11to1, 110 1JfJlt1 e, ,Ili lfll",,rw
tempo, mant r r .i s v.intagen,:; do conceilo de fon.q lroc6vci,, ( ASA, 'J9HH; C.:an t:ir,•JI.:, f-!.
Andrildc, 1992). Ne9ll· texto, oplou-!>e pelos 11ubrnúltlplon mllíni"l c.J,, r ,1q~:i (111mc,l,J 1·
ccnlimol de carga (cmol,) por unid ade tlv volunw (dm ') u11 dt· 111J Jllí1 (r:g) d,, !,ulu,
1
dependendo do m odo como i1 nmo~lrn <: medida 110 labor,,tórln. C.:orno o lllHJ de 1wbr".rlt11r,
junto às unidades não Cbl~ prcvii,to nu SI, a furrnn prefcrlúa (, 11 exrrc:,F1Jo mrnplct.i, prJr
e xemplo: 12 mmo l (l/2 Ca 2') kg·', 2 mmol (K ' ) kg I ou '31 mrr,ol (/ 1' ➔• 'l/3 Al 1' ) dn, 1.
Embora a unidad e cmolr dni' 1 (ou crnol, kg 1) permít.i rnonlcr" rner;rno v;ilnr nurn(·rico do
antigo "mílicquiv,1lcnte por 100 cm' (ou 100 g) de ,;olo", o que facllltarír.i a i11lNprc tar;úrJ
dos res ultados por parte daqut'lc!> fomiliarizê1do9 com atJ n11tigw1 uníJ;.1dc!J, o u ,o 1.J<, 1
mmol<dm·' {ou mmol, kg' 1) lornil maí~ fácil il!l convcrnlicu, por emprega r múltiplo,, d e niil,
preferidos no SI. O fator de convc-rsJo clc crnol, dm·1 (ou r mul, ktf') para rnmul, uni'' (ou
mmol, kg 1) é dez.
TABELA PERIÓDICA
Este é um dos estudos mais interessantes no campo da q u ímica u qual rcl.icío11a at>
propriedades frs.icas dos elementos com m; fleus com portamcnloo q uírnico~, e com ,1
e strutura da matéria. Entretanto, a simples cnumcrnçiio da H!:-IUa!l c.m1c lcríHl ica» 11,lo h:in
sentido, sendo prccÍ!:io relacíoná-laa com as cauHaa destHW rropricdt1den.
Dc:.dc o s(•culo XIX, quando já se conheciam váríofl clcrrnmlou químlc:m1, ob•iervuu-
se c.1ue vários grupos deles ilprcsenlavam propriedndeHcomun!J. Disuo reHullou ., idéiJ
de cla1,5ifícar oc; elementos cm grupos ou fomfli í.rn, fazendo com que cada um dt'll'H
ogrcg.issc os e lementos químicos semelhanlc!J, Jona )é1rnb rJcrzcl i u t; ('I 779-1 fM8) f oí o
primeiro a clas!lifü:ar os eleme nto,; cm grupmi, dívldindo-wi crn llll'liliOe mclal6íde!>.
Com o ilparecimenlo úa noção c.le "val úncia" l' ob1:1crvundo que r.crloti clemcnloF. lfllc
com o mesmo ''<•!Hado de vall>ncia" comporlmarn-1,c de rnnclo ~cmclhnnhi, Jean llaptlntl'-
André DumJ9 (1800-1884) 1,ubdlvicJíu CIS melais e mclalólúl•fl l m 11111nov1,dc;nlc:>, blv;ih:nlc(),
0
trívulcn!l'tJ, e tc. Como exemplo, dlam-i1c 011 cll•nu: ntou Nn e K nou C'ornpO!llo•I NnCI e KCI
e CI, Dr e l no'l cnrnposl o!l NaCI, N.ilJr e Nnl. E!Js;, cl,1 1rniflcaçJo íoi lrnport.inh!, porc1uc
permitiu a prcvíbfio cfoi, fó rmuhl !> de rnnapc,•1lon, olé l'IIIJo clcnronlll'cidíl/J.
Em 1829, o qulm1co iJlemJo Joh;.in11 Wolíg.:111g Dl!berclrn·r (J7HO-Hitl9) ub,il•rvou ;1
po~!:libílídadc de rt·unir ccrton clt•mc11lou cm grupui; dt! ln)~:, l! lll que ,, lniJ!_H1t1 utúmic.1
(anligamcrilc conlwciJo como "p1•1;o a t()111 lcn'') de u,n tlt·ll.'•; Jil•ria, ,1proxl111,1darnenlc, .i
rnl-dlJ c1títm{·tírn dtm oulro!J duí-!l. flor e>:l'niplu, corn,íJcr.111do 1.1 (6,9), e K (~J9,·1), h: rt,11nw1
N a (21,0), Je
Outrr,n cx1•111pJotl i,c.-rí,1111: e,, (110,0J t• Ua ( D'l,~~) n:11ull,111do Sr (H8,7J; S (12,0) l' f',,
(]27,6) r<-'!1ul1,rnd11 !->e (79,HJ; Cl (Jí,~) ,. 1 (12íi,9J íl•ti11lt ,111do Br (fll ,2), 1! IC. lJOli,•n•lnn
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Figura 2. Fo rma atual da Tabela Periódica. Já foram descobertos elementos com números atômicos superiores ou iguais a 112, mas s uas
propriedades ainda não foram totalmente autenticadas. Legenda de cores: (laranja: gases nobres; marrom: hidrogênio e não-metais;
verde: semi-metais; branco: metais; azul: lantanídeos; vermelho: actinídcos).
Fonte: Cortesia d o site CkemKeys (h11p://www.chemkeys.com). 1-'
w
14 JOÃO CARLOS DE ANDRADE
Os valores de Massa Atômica Relativa (Figura 2) são aproximados. Val ores mais
exatos estão disponíveis em Loss (2003).
Os elementos da Tabela Periódica dividem-se em três categorias:
1. metais: elementos que tendem a perder elétrons para atingir as configurações dos
gases nobres correspondentes, possuem as chamadas propriedades metálicas
(n1aleabilidade e ductibilidade) e são bons condutores de calor e eletricidade. São
apresentados na cor preta.
2. não-metais: elementos que tendem a ganhar elétrons para atingir as configurações
dos gases nobres correspondentes e não conduzem bem a eletricidade e o calor.
Alguns são gases, como H , N, O e Cl, mas Br é líquido, e Si e S são sólidos. São
apresentados na cor marrom.
3. semimetais: elementos que têm algumas propriedades dos metais e outras dos
não-metais. São apresentados na cor verde.
O primeiro período é constituído apenas pelo H e pelo He, seguido por dois outros
períodos com oito elementos cada (Li ➔ Ne; Na ➔ Ar). O quarto e o quinto períodos têm
18 elementos cada (K ➔ Kr; Rb ➔ Xe), mas o sexto tem 32 elementos (Cs ➔ Rn),
incluindo os Lantanídeos (elementos químicos de números atômicos entre 57 (La-Lantânio)
e 71 (Lu-Lutécio), com propriedades semelhantes - são apresentados na cor azul). O
sétimo período é incompleto (atualmente, do Fr (Frâncio) ao elemento de número atômico
111), mas inclui os elementos com os números atômicos de 89 {Ac-Actínio) a 103 (lr-
Laurêncio) que, por também terem propriedades semelhantes, são agrupados e chamados
de Actinídeos. São apresentados na cor vermelha. Os elementos dos grupos de 3 a 12 são
os chamados de Elementos de Transição e, como são todos metais, são também conhecidos
corno Metais de Transição. Alguns grupos (arranjos verticais) têm designações específicas,
tais como os Metais Alcalinos (Grupo 1, exceto o H), os Metais Alcalino-Terrosos (Grupo
2), os Calcogéneos (Grupo 16), os I-Ialogêneos (Grupo 17) e os Gases Nobres (Grupo 18-
cor laranja).
Pela visão contemporânea, a estrutura eletrônica explica a tabela periódica, mas, na
verdade, a tabela periódica se explica por si só, pois ela é um catálogo de famílias de
ele1nentos com propriedades semelhantes. Se a teoria atômica orbital não existisse, ainda
assim a tabela periódica continuaria existindo e seria uma referência para a caracterização
dos elementos. Por meio dela, mesmo sem conhecer nada sobre estrutura eletrônica, sabe-
se que reagindo metais alcalinos com halogênios tem-se a formação de compostos iônicos.
O interessante é que a organização da tabela periódica corresponde, quase sempre, à
distribuição eletrônica prevista por resultados espectroscópicos e, posteriormente, pelos
modelos teóricos, de modo que se podem fazer associações aos modelos de ligação que
explicam as propriedades dos materiais. Os elétrons dos átomos de um e lemento no
estado fundamental são distribuídos de modo a ocuparem os orbitais que minimizan1
s ua energia sendo esta ordem determinada experimentalmente.
Esta distribuição é feita segundo algumas l'egras. Em 1926, Wofgang Pauli (1900:
1958) verificou, por meio de estudos espectroscópicos de átomos submetidos a cat11Fº!)
magnéticos, que não podem existir dois elétrons em um átomo com todos os números
quânticos iguais. Além disso, quando existirem orbitais de mesma energia (orbitais
degenerados), elétrons isolados (desemparelhados) devem ser atribuídos inicialmente a
cada um desses orbitais (regra de Hund; Ftiedrich Hund, 1896-1997). Para descrever a
configuração de um átomo, usa-se o princípio de a11fba11 (palavra de origem alemã, que
significa "construção"), que indica em qual orbital o elétron deve ser atribuído (Torres,
2000). Para os interessados em detalhes, sugere-se a leitura dos livros d e Química Geral,
citados ao final do capítulo. Utilizando estes princípios, mostra-se como devem ser
representadas as configurações eletrônicas fundamentais, do Hidrogênio ao Urânio
(Quadro6).
Historicamente, a teoria de ligação de valência existe há cerca de 150 anos, enquanto
a mecânica quântica tem apenas 100 anos, de modo que a noção de ligação pode existir
sem a mecânica quântica. A vantagem é que com as teorias orbitais tem-se uma idéia
melhor sobre a natureza das ligações quimkas.
Quadro 6. C o n figurações e letr ônicas fundamenta is dos e leme ntos, do H idrogêni o ao Urânio.
A n o tação entre parênteses in d ica q u e todas as s u bcam adas associada s ao gás nobre
evidenciad o estã o ocupadas. Legenda d e cores na fig ura 2 (Z = n úmero atô mico)
1 H 1s 1 47 Ag [Kr] 4d 1º 5s 1
2 He 1 SJ 48 Cd [Kr] 4d'º 5s2
3 Li [He] 2s 1 49 ln [Kr] 4d'º 5s2 5p 1
4 Be [He] 2s2 50 Sn [Krj 4d 1º 5s2 Sp 2
5 B IHc ] 252 2p 1 51 Sb [Krj .td 111 5s2 Sp'
6 e [He] 2s 2 2p2 52 Te [Kr] -!d'º 5s2 Sp'
7 N [He] 252 2p3 53 I [Krj 4d 1º 5s 2 5p5
8 o [He] 252 2p·1 5-l Xc [ KrJ .td 1' 1 552 5p'
9 F [H e] 252 2p 5 55 Cs [Xe] 6s 1
10 Nc [Hc ] 252 2p~ 56 Ba [Xe] 6s 2
11 Na [Ne] 3s1 57 La [Xe] 5d 1 6s 2
12 Mg [Ne] 3s2 58 Ce [Xe] 4f1 5d 1 6s2
13 AI [Ne] 3s2 3p1 59 Pr [Xe] 4fl 6s2
]-t Si [NeJ 3s 2 3p2 60 Nd [Xej 4fl 6s2
15 p [Ne] 352 3p 3 61 Pm [Xe] 4fS 6s 2
16 s (Ne]3s2 3p 4 62 Sm [Xe] 4f6 6s 2
17 CI [Ne] 3s2 3p5 63 Eu [Xe] 4fi 6s2
18 Ar [Ne] 352 3p 6 64 Gd [Xej 4f' 5d 1 6s2
19 K [Ar] 4s1 65 Tb [Xe] 4f' 6s2
20 Ca [Ar] 452 66 Dy [Xe] 4f'º 6s2
21 Se [A r] 3d1 452 67 Ho [Xe] 4f' 1 6s2
22 Ti [Ar] 3d2 4s2 68 Er [Xe] 4f1 2 652
23 V [Ar] 3d3 452 69 Tm [Xe] 4f1 3 652
24 Cr (Ar] 3d5 4s 1 70 Yb [Xe] 4fH 652
25 Mn [Ar] 3d5 4s2 71 Lu [Xe] 4f'4 5d 1 6s2
26 Fe [Ar] 3d6 4s2 72 Hf [Xe] 4.f1-1 5d2 6s2
27 Co [Ar] 3d 7 452 73 Ta [Xe] 4fu 5d3 652
28 Ni [Ar] 3d 8 4s2 74 w [Xe] 4f14 5d4 6s2
29 Cu [Ar] 3d 10 4s 1 75 Re [Xe] 4f14 5d5 6s 2
30 Zn [Ar] 3d 1º 4s2 76 Os (Xe] 4f1-1 5d 0 6s 2
31 Ga [Ar] 3d 10 4s2 4p 1 77 Ir [Xe] 4f1-t 5d7 6s2
32 Gc !A r] 3d 111 452 -lp 2 78 Pt [Xe] 4f1•1 5d9 6s 1
33 As ]A rl 3cl 11' 4s 2 4 p ' 79 Au [Xe] 4f14 5d 1º 6s1
34 Se [Ar] 3dw 4s2 4p4 80 Hg [Xe] 4f' 4 5d 10 6s 2
1
35 l3r (Ar] 3d iu 452 4p5 81 TI [Xe] 4f14 5d 1º 6s2 6p
2
36 Kr !Ar] 3d 1" -b2 -!p• 82 Pb [Xe] 4f14 5d'º 652 6p
3
37 Rb [Kr] 5s 1 83 Bi [Xe] 4f"' 5d 10 6s2 6p
38 Sr [Kr] 5s2 8'1 Po IXc] -H11 5d 111 fo/ 6p'
39 y [Kr] 4d 1 5s2 85 At [Xe l -lf1 4 Sd 1º 6s2 6p'
40 Zr [Kr] 4d2 5s2 86 Rn l>--c l -lf'' 5d 111 (,~ 61,·'
41 Nb [Kr] 4d4 5s1 87 Fr [Rn] 751
42 Mo (Kr] 4d5 55 1 88 Ra [Rn] 7s2
43 Te IKr] 4d 5 552 89 Ac IRn] Cid ' 752
44 Ru [Krj 4d 7 5s' 90 Th [Rn l (,d 2 7s2
-
1
45 Rh [Kr] 4d 8 5s' 91 P,l [Rn l Sf2 Gd 1 7
46 Pd [Krj 4d 111 92 u 1
IRn l 5f (1d 7s' 1
1
f onte:: Vn lor.:-~ o bt idos d o Alu111ir Refa·r(ur,· D11111/M Elt-ctríl11ir Slrur/11r,· Calcu /ati,ms, em h tlp:// p hvs i~s.11i-t. i;• ' •/
Ph)'s HcfDa to/ DFTdil lJ / config u ra tlon.html.
Q Uf MI CA E MI NERALOG IA DO S OLO
17
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Nn
G I
............
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I
: Nn
I
f-lt;ur,, 3. C,,mp,11-.,ç,)n cnlrl.' ,1s ddiniçOc~ dl• rnlos IOnko, covn lcnlc e íllOmico (metjlico).
z Símbolo Configuração Ii
kJ mol· 1
5 B IHe] 2s2 2p1 801
6 e IHe] 2s2 2p2 1.086
7 N [He] 2s2 2p3 1.402
8 o [He] 2s2 2p" 1.314
9 F [He] 2s2 2p5 1.681
JO Ne 2
[He] 2s 2p 6
2.081
2 - Os elétrons mais externos (número quântico principal mais alto) são protegidos
pelos elétrons mais internos. Isto explica, por exemplo, por que as energias de ionização
dos metais alcalinos são menores e seguem a ordema seguir:
z Símbolo Configuração l1
kJ mol·1
3 Li [I-Ie] 2s1 520
11 Na [Ne] 3sl 496
]9 K [Ar] 4s1 419
37 Rb [Kr] 5s' 403
55 Cs [Xej 6s1 376
a) Grupo
z Símbolo Configuração I,
kJ mo!·'
2 He l s2 2.372
10 2 6 2.081
Ne [He] 2s 2p
2
18 Ar [Ne] 3s 3p 6 1.521
36 I<r [Ar] 3d10 4s2 4p6 1.351
54 Xe [Kr) 4d 1º 5s2 5p6 1.170
86 Rn [Xe] 4P4 5d 1º 6s2 6p6 1.037
b) Período
z Símbolo Configuração I,
KJ mol· 1
11 Na [Ne]3s1 496
12 Mg (Ne] 3s2 738
13 Al [Ne]3s2 3p1 578
14 Si [Ne] 3s2 3p2 786
15 p [Ne] 3s2 3p 3 1.012
16 s (Ne)3s 3p 2 4
1.000
2 5
17 CI [Ne] 3s 3p 1.251
18 Ar [Ne] 3s~ 3p6 1521
Cs
Rb
250
§.. 200
õ
<
u
.E
9 150
o
·;a
e,::
100
LiN\ll,
l º "'
50 F
10 20 30 40 50 60 70 80
Número Atômico
Figura 4. Variação do raio atômico (para os elementos metá licos) e do mio COVi\lente (para os
elementos não-metálicos) de acordo com o número atômico.
2.500
l-lc
~ Nc
E 2.000
::;;z-
o·
'8-
-~i::: 1.500
..9
[?
1J
E
;E 1.000
,,..
...
~ 500 (j
Jj NJ K m, Fr
Ili 20 30 40 50 60 70 80 90 lll0
Nüm..,ru i\h) 111k,1
figu ra 5 Rcla1çJo cnlrt' ,1 L"ni:rgia da primeira tuniz.aç,lo e o mimcru ,lh.)mico dos clt.>nwnto!i.
Exemplo:
AE = 328 kJ moJ·1,
em que o íon fluoreto apresenta a configuração eletrônica do gás nobre Ne. Alguns
átomos, como os gases nobres, não têm qualquer tendência e m receber elétrons, mas
elementos metálicos, como o Li, podem formar fons negativos no estado gasoso. A
afinidade eletrônica é um conceito bem definido termoquimicamente, enquanto a
eletronegatividade é uma idéia empírica, mais intuitiva e mais usada, porém sem
possibilidade d e medida experimental. Ambos os conceitos traduzem igualmente a
habilidade de atração eletrônica, mas têm natu rezas diferentes (Figuras 6 e 7) .
Geralmente, as propriedades físicas dos elementos (como o ponto de fusão e o ponto
de ebulição) variam uniformemente de cima para baixo, dentro de um grupo da Tabela
Periódica, mas essa variação pode não ocorrer de modo regular e constante dentro de um
período. Por exemplo, no terceiro período, Na, Mg e AI apresentam boas condutibilidades
(térmica e elétrica), ao contrário dos não-metais P, S, CI e Ar.
H,
rotC!nC\4.I dt' lon&:u(Jo
IU,o A10m1co
------- - -- (a)o---- -- - - - -
(a) Volume Atômico
(b) Densidade
- - - - - - - - - - ( b )- - --------
Fr
Pontos Jc Fuslo
• de Ebult,3o
As rcaçõl!S l]Uímicas podl'm ser definicfos como prol:CSsos e m que uma ou mais
s ubs tánc ias são conve rtida s em o utras . Quando subsl.incias interagem, ocorre um
rea rranjo d e átomos que altera co mpl e tan1enll' as cnracterlsticas d as s ubs tà nci,,s
e nvo lvidas . Com isso, a observação d e s imples e viJ~ncias, ta is CClm o : a liberni;ão de
gases, n alteração de ~or, .:i r.o rmaçiio '-' ~- prl'cipit,1do, ,1 liul:!r,,çâo uu .,bsorç,io d,i e n"·r~;í:-i
na fo rma d e calor,,\ libe r.içao d e clelrtlldadc ou luL, ,•te., permiti..• difore ncior os cs tad ClS
final e inicial de um sistema e pode indicar se uma rcaç5o química ocorreu . Contudo,
boscando apenas nas cvid~ncias listadas nnteriormentc, pode-se não ter ccrtezn absolutn
da ocorrência de uma reação química. Uma rmmeira scgurn ele obler informações acerca
da ocorrência ou não de uma reação é o isolamento dos mate riais obtidos, seguido dn
determinação de algumas de suas propriedades (por ex., ponto de fusão, ponto de
ebulição, densidade, etc.).
Geralmente, os componentes da reação (neste caso chamados de solutos) precisam
de um meio reacional (chamado solvente) para inte ragir. Como a maior parle das reações
químicas mais comuns, usadas em la boratório, ocorre em solução aquosa (os solutos
estão dissolvidos no solvente água), esses seriio os únicos tipos de reação a serem
considerados neste texto.
As reações químicas são descritas por meio de equações e dispõem de linguagem
própria. As fórmulas dos reagentes são escritas à esquerda, e as dos produtos à direita,
conectadas por uma flecha que aponta dos reagentes (substâncias que se combinam na
reação) para os produtos (substâncias que se formam).
REAGENTES ➔ PRODUTOS
Por exemplo, o Mg é um metal que reage vigorosamente com ácido clorídrico. Quando
um pequeno pedaço de Mg metálico é colocado dentro de um recipiente com HCl
concentrado, hidrogênio gasoso é formado rapidamente. Para representar
qualitativamente o fenômeno observado, utiliza-se uma equação química balanceada
(em massa e cargas), incluindo apenas os reagentes que sofreram as transformações
químicas e os produtos formados:
e não como
pois os íons Na- e CI· não participam da reação e permacem inalterados em solução. A
única reação que ocorre é entre os íons H• e os fons OH'.
As reações químicas também podem ser vistas como processos em que ligações
qufmkas (dos compostos reagentes) são desfeitas e outras são formadas, de modo
que os novos arranjos de átomos resultantes (produtos) tenham energia menor do que
a dos arranjos atômicos originais. Como esse é um assunto bastante vasto e complexo,
pois vários são os conceitos e teorias envolvendo as ligações químicas, este capítulo
traia apenas de alguns pontos mais qualitativos e gerais, para permitir entendimento
mais fá cil dos fenô menos envolvidos. Dentro desse contexto, pode-se observar que as
ligações iónicas res ultam da atração entre as cargas opostas d~ cálions e iinion.s e ~ão
particularmente .1propriadas para descrever os sólidos cristalinos de e lementos
metálicos (especialmente os metais dos grupos 1 e 2) com os não-metais. Por exemplo,
a r1tração entre os tons Na· e o · res ul~ a ~o comp_os to iônico N.::iCI Nüo exis h.'m lig..içõcs
pum mente iô ni ca!., mns o modelo_lo naco íunc1on,, bcm p.::irn muitos co mpostús. Por
outro lad o, ao contrário düS mc1:i1s, os elcnwntos n,10 -nwt j lll.'.'o~ iuo poJcm ío rmar
cátions monoatômicos, por causa das suas altas energias de ionização, mas podem-
se combinar formando outros tipos de compostos. Aliás, os elementos C, H, N e O
podem formar enorme variedade de substâncias (os compostos orgânicos) por meio
das chamadas ligações covalentes.
Gilbert Newton Lewis (1875-1946) propôs caminhos bem simples para explicar
ambos os tipos de ligações mencionadas anteriormente. Pela sua proposta, quando
uma ligação iônica é formada, um átomo perde e outro ganha elétrons, até atingirem a
configuração de um gás nobre (um dubleto pa ra o He ou um octeto para os demais
elementos). Para as ligações covalentes, os átomos compartilhariam os elétrons, até
atingirem a configuração de um gás nobre. Com essa idéia, o conceito de ligação
covalente foi concebido mesmo antes de se conhecer a mecânica quântica ou os orbitais
eletrónicos.
A simbologia usada por Lewis representa os elétrons mais externos dos átomos por
pontos, comumente chamados de "elétrons de valência'', tais como:
H· + H· --- H·· H ou H - H
..
=f.· + :r: ___. = r.: F·.. ou F - F
H H
1
H:ç;:H ou H-C-H
1
H H
o
li
I-J- c=c- H ou H- N -C-N - H
1 1
H H
O caráter das ligações iônicas e covalentes pode variar entre extremos (puramente
iônica ou puramente covalente), mas, na prá tica, todas as ligações iônicas têm algum
caráter covalente. Como o cátion "atrai" os elétrons do ãnion, a nuvem eletrônica deste
fica distorcida, de modo que, quanto maior for essa distorção, maior o caráter covalente
da ligação iônica.
A geometria das moléculas, por outro lado, é estabelecida ou experimentalmente
o u por cálculos quânticos, confirmados experimentalmente. Os resultados desses
cálculos e experimentos, de modo geral, es tão em acordo com a Teoria da Repulsão
do Par Eletrônico da Camada de Valência (do inglês, VSEPR, Valence-Shell Electron-
Pair Rep11lsiou). Em outras palavras, essa teoria indica que os pares eletrônicos sempre
se re pelem, estando compartilhados (como parte de uma ligação química - pares
ligados) ou não (pares isolados), assumindo orientações que minimizem as repulsões.
Alguns exemplos são mostrados no quadro 7 e na figura 8, a título de ilustração.
1-1
F
H--
i~;
(Mr.i~rico)
H
109,5 º
XeF, 1::':
E:t>xe ~
-: '
F
(linear)
180 º
F
QN SF,
CH, 109,5 º 90 º
F~F
1-l~H F ' \ I'
H F
(plr.1mid" trigonnl) (octa~drico)
F
Q
OH,
0 o
\"'H
H
(anguLu)
o
109,5 º BrF,
·+ F '
.,.
1
(pir.imldal quadrado)
F
90 º
Cl ~ C I F
ro, 90 o; 120 V
XeF, 90 D
Cl F
CI
(bip11Amfde lrignlllll) (quadrado planar)
,
EQUILIBRIOS QUIMICOS EM SOLUÇAO AQUOSA
, -
As reações tendem a alingir um estado de equilíbrio, no qual ,1 razão das concentrações
dos reagentes e produtos é constante, desde que as condições experimentais mante1tham-
se as mesmas. Para uma reação genérica do tipo:
aA + bB H cC + dD
ta l qu e,
(i) = yi X [i]
em que (i) é a atividade (medida da concentração efetiva); x (x = a, b, e ou d) é o coeficiente
estequiométrico da espécie i na equação química balanceada (i = A, B, C ou D); yi é o
coeficiente de atividade da espécie i; [i] é a concentração dessa espécie, em mol L·1, ambas
no equilíbrio termodinâmico. Tem-se então:
que se reduz a
11, Parl'n lc~cs ( ) ind icam al i\'idaJc e colchete 1 1 lndkam conccnlraç.lo analltka.
carga e não seriam levados em conta fatores como as interações interiônicas. Quando
não se tem comportamento ideal (soluções mais concentradas), todas as interações físicas
e químicas possíveis em solução devem ser consideradas. Daí, podem decorrer desvios
negativos [(i) < [i]; (yi <1)) ou desvios positivos [(i) > [i]; (yi >1)].
O coeficiente de atividade pode ser calculado com o emprego da lei (limitante) de
Debye- Hückel (LLDH):
proposta por Peter Debye (1884-1966) e Erich Armand Arthur Joseph Hückel (1896-1980),
em 1923, sendo Yi o coeficiente de atividade da espécie i (tomada como um íon simples),
A é uma constante que depende da temperatura e da densidade e permissividade elétrica
do solvente (para água a 25 ºC, A= 0,512), z são as cargas do cátion (A) e do ânion (B) e
1 é a força iônica da solução, definida como:
Entretanto, a atividade de um único íon não pode ser determinada, pois não é
possível separar os coeficientes de atividade dos cátions e dos ànions (como preparar
uma solução contendo apenas íons Na•?). Pode-se apenas obter o seu produto. Assim,
define-se outro coeficiente, como a média geomérica dos coeficientes dos cátions e dos
ânions, o qual é chamado de coeficiente de atividade médio, Y~. Este é um coeficiente que
pode ser avaliado tanto teórica quanto experimentalmente.
Para um eletrólito binário do tipo AmBn, cujos íons em solução, isoladamente, atuem
como cargas pontuais, pode-se escrever:
sendo (zA) a carga do cátion e (z 8) a carga do ânion em solução, tomados como valores
absolutos, e (m) e (n) são os coeficientes estequiométricos.
Exemplos:
1 . Determinar o coeficiente de atividade médio de uma solução O, 10 mol L·1 de HCl
2. Determinar o coeficiente de atividade médio de uma solução 0,10 mol L•t de AICl 3
- log r~ =1,189
Y1= 0,0647
Esse valor (0,0647) é cinco vezes menor que o valor experimental (0,337). A figura 9
ilus tra como variam os valores de Yt com a concentração de uma solução de HCI.
5,00
4,00
3,00
2,00
1,00
o
o 2,00 4,00 6,00
.[i
-log r, 0,5 12(z,)2 .[j
l+Ba I
50,3
B = rn;-; = 0,328
..;DT
e " (, umn cons tanll' t'inpiricnml•fltl' c1ju:,tjvd, cnmo va ri;'i\'cl du.s tam,rnhos iónic,is,
cnrr~spondcn tc à disli'lncia m i'> Jia dn m,1ior c1proxinrnç,10 en tre O c,\linn ~ 0 án io n
solva tc1Jrn, (Quadro 8).
Quadro S. Coeficientes de at iv idade in dividuilis pilro a lg uns fons s im p les em soluções aquosas
a 25 "C, basl!.1.dos n.1 equilção de Dcbye-Hückel estend ida
Tamanho
ÍOn Força Ión ica, mal L·I
do íon!ll, a
YA1 = 8,2x1Q·2
-logy 0 = 0,512(z 0 )
2 Jr í. = 0,512(1) 2 Jo,6õ 1nm = 0,225
1 + B a-., I 1 + 0,328x3x v0,60
Yo = 0,596
Quadro 9. Equações mais usadas para o cálculo do coeficiente de atividade e seus limites
? .Jf
Debye-Hückel estendjda -log }'í =A(zi J- -1-+_B_a_✓l=l 1 < 10·1 mal L·I
= =
íi) para o solvente em soluções suficientemente diluídas, (i) f ,olvcnlc 1, em que f , olvt•nlc
é a fração em mo! do solvente. Por isso, em soluções aquosas diluídas, (l-12O) = 1;
ou
+ HJQ+ + OH-
ácido 2 basel
Outros solventes, além da água, são também considerados por esta teoria. Exemplo:
t\,r l'llll\ l l.1d11, ,l llll\'Od111; ,1ddL•S l' h,,~l's ,h• Ll•Wl1< 1u1(1 (• 11:rn, 111,,~ v,ui.i d e nrn rdo
l'l'fn ,, 1111tun·:10 d11 i-ubsl,\1wi,1 ,11,11ud,1d ,1. A l11llu1'11l'i,1 dl1s subslll11i11ll'S pode SL'I' dL•
1\H,ll1•r , 1 h•t1·,\11kn (1•h•11•,1110g,1ll\'ld,1d,• do 1,11b:,lit11i11h•), 1.·11111u no l'Xcmplo ,, SLigu lr:
,·\hrl.,nd l'l ,d. ( lq!i:-i) pn1pusL•r.un qtll' 11s ío11s nwl,\lkos p11dcrin111 ser cl,1ssifk,1dos
n 1 11w c·,\th111, l11L'l,ilkL,s d,, lipo (,1), c,Hlo11s mél,\licos dn lipn (b) L' l'o\li1111s ,fo 111el,1is de
tr,111si,·J11. Sq;u11dl11.•l1•s, ns ~1\th1ns ml'l,11icns du tl p11 (n) ,1prcscnt.1ri,1m confii;uraç,io
Lll'lr1\11k.1 dL• ~.\s iiwrll• (d''), sinwtriu csf'-'rk,1, h,1i:-.,1 pnl.niz,1bilid,ule (11,io se ddorm"m
1
:-ul> 1'1l'i IL1 ,h- 1·,1 mpos ,·IN ricos), c,wrd c t1111'-sl'•i,1111 p rl'Ícrcnd a l mt•n k com íons F· t•
Cl'l11111~.intcs ,•1111h.:11d\l () l' N c Sl't'i11m 11 ,,sfl'l'.is dunii,". Dcnln.' essns esp(•cies cstari,rn1:
(11 ' ), LI', N., •, K', Ih•~•. tvlg:•, C1i•, Sr' ' , /\l-' ' , S1.·(lll), Lo(III), Si(IV), Ti(I V), Zr(IV) e
Th(I\"),
()s l.\lli,111s m1.•t,1licos d11 lipn (b) tcrinm c,lllfigur,1,,io elclrúnk,, c<.n ·rcspondente .10
Ni'', 1\11' , . l't'' l ltl ,111 ·12 dC-ll'l"1nS na cnmnd,11.•xtcmn - co11figur,1çôes nd'º e nd 111(n+ l? J,
ll:ri,1m nwnor 1.•lct runcgn t ivid,hl1.1 , ,1l la po tnrizabil idade, i:oo rdcn,1r-sc-i.1m
pr,•l1.•r1.•nci,, lnwnll• c,,m b.tscs (lig,mtcs) 1.·u11tendn os clen11..•nlos 1, Sou N e seriam "csfer.,s
nwl,•:-". Denlrl' ,•s:-,1s L'sp(,dcs cst,11·i.1m: Cu ' , Ag' , Au', Tl(I), Go(I), Znl•, C1.F', Hg~•, Pb'.!•,
Sn(ll). Tl(lll), Au' ·, ln(III) o Hi(III). Os c,\liuns de ml'1,1is de t1-.rnsiçJo ,,prL'senl,Hi,1m
1·,,nligur,1,:io d,•lrô nic,l nd·1• 1.•m qu1.• ll<q<·t O, rumo as csp~dcs V(11), ivlnl•, Fez•, Col•, N i~',
Cu-'·, Tl(ll 1), V( )li), Cr '·, t\-ln(II I), FcJ• e Co 1 ' .
ll..1s,·,hlo no çl,1~:,:i(ic,1ç,lo dos lons nu.•h\ licos prnpnslo por /\hrt.111d l.'I ,li ( l 958),
PcMs,111 ( lllt1.') fez 1•111.111 um orJc11.111wnto c111pfrkn de ,ki1.h1s e b,1s1.•s, tilil n., previs.'io
das cs t.ibilid,1d1•s rd,111\-.1~ 1fo l.'omplc:-.:os, inlroduzindn o princípio dos "Jcidos 1.' b.1sl's
dumi- 1.' moll'~", 11..1 ll'nliltiv,1 dL• unifk,tr ,1 qulmka d,ts rcnç('IL•s nrg,1nkas e inorg,\nicas.
Scgundt, l\•.usnn ( 1%:1), os 111L'l,1is du tiro (.1) (,kidos - pequ1.•nos, Cllmpal:los e pourn
p,,1.1 ri7 íi vd~) rrl'f1.•r l'lll os Iig,111ll'S (li,1s,·s) di.' mesm.ts c.u,,rll rístk.1s, l'nqu,mto os nwt.iis
1
d,) tipo (b) (,kid,1s) prl'l,·r~m lib,1111l's (l>,,sl'S) 1)lW teml,•m ., s1.•r 111.1iores e m.,is pol.,riz,íveis.
As,im .•, n•l,1ç,\111.'mpírk,1 pn"11)('1sl.1 por Pe.irsot, ê íllJUcl,11.•m l)lll' ,kidos "duros" prl:'ferem
t,,,i-l '<1 "dur.1s", l'lll)ll,llllo ,\cidus ''moles" prdercm b,\Sl'S "moles". ~vl.iis cspecificaml•nte,
1,s ,1dd,,s "duros " Sl'ri,1111 todos os dliuns 11wt,íllcos d11 tipo (n), mJis Cr", Mn(lll), Cu1 • e
vo~·.'llll.' ll'rl,1111 pr~kr◊nd,l l'l-'I' b,lSl''Ô (Ol\ll 1ldo os .ítomos lig.mtl.'S N>>P; O>>S l:' F>>CI.
1
(l, ,,ddo.:; "mole·'' 1:-c-ri.1111 todo~ os i.::,rnons mct,\lkos d o tipo (b), menos Zn1 · , Pb1' e !Ji(lll),
qul.' ll'riJm pr, 1 f1.•r,•11ci.1 p,ir b,l!>es conll'ndn us .H,11nus llg.11,tt•s P>>N; S:>:>Q"' l>>F. Os
r,1M.1 ~ lnll'ruwJl,\rio-; 1,cri,1111 11,dos os c,\linns hiva.h•nll.'s ,k m('t,,is d\! tr,rnsh;.,o, m,1is
7 11:•, Pb·' • l' IJi(ll1).
Comparativamente, seriam ácidos de Lewis os ácidos "duros" H♦, Li-, Na♦, K·,
2
Mg 2• , ca 2·, Cr3+, Mn2•, Fel•, c 0 J•, A1J• eSi(IV), os ácidos intermediários (borderline) Fe · ,
Nl·2 • , C u 2• , zn 2• e Pb2•(com tendência para "mole") e os á· c1ºd os 11 mo 1e s" Cu(l) , Ag•, Cd • e
2
Hg2·. Da mesma forma, seriam bases de Lewis as bases "duras" NHy H20 , OH·, ROH,
CHJCOO·, CO/ , NO,., PO/, S0/ e F·, as bases intermediárias C6HsNH21 CsHsN :, N02·, Br· e
2 2
ct· (com tendência para "mole") e as bases "moles" CiH.v C6H 61 R3P, (ROh P, RSH, 520 3 , S · e 1·.
Apesar dessas teorias, 0 me lhor conceito para se trabalhar na prática é o de
Br0nsted e Lowry. Não é tão complicado de se entender e pode explicar os fenômenos
ácido-base mais comuns. Por essas razões, este será o conceito adotado n a seqüência
deste texto.
Como a maioria das reações e p rocessos químicos ocorrem em so lução aquosa,
deve-se dar atenção especial ao solvente água. A água pura pode se representada
p e la reaçã o:
HPHH·+ oH"
Definindo pH =-log([H ► ] YH) e pOH =- log([OI-r] Yo1-1) e admitindo que Y1-1 =Yot-1 =1 ,
tem-se a definição simplificada de pl-1 e de pOl-1, cm que
pi 1.,: 7,00
pH .. 7,00 m,iío neutro
pl·í > 7,CJO meio b~sico
0 11 i'l<:ido•, (e b,1neu) íorl c.1!1 llll<.'rngcm com o r.olvcnl c água da 1-icguíntc maneira:
ou, 'limpliflc,1d.im,·111t:
1120 t➔ 1-1' +01-1·
f-lA -4 H' + A·
,wndo I IA um ácido forte. A seta unlclircclonal eRlá indicando a tot;:il dissociação e.la
!l ub t/incin (1 IA) no tiolvcntc· jgua. Em ooluçõcu cJilufdaR, esse sistema pode ser descrito
rn:ifl'milllcomcnlC' pelém cquac;õeu de equilfbrío, pelo 13.i lanccamcnto de M.issa (BM) e
JR•lo Dillnncca mento de Carga (13C), mos trndas a i;eguír:
Nolar qut• C11 ,., (ou CJ é íl conccnlrnçilo a nalflica (c1uanlidadc de matéria d o soluto (cm
rn t,I) , on g lna lm<•nlc adlcion,1cJo n certo volume de 6olventc, dividida por esse volume) e
IA'] (, íJ cr,inet•nlrw;Jo da l.'npéci<• A, apói; o equilíbrio da Holuçilo ter s ido atingido.
Sub,,t llul ndn IOJJ·] dn ronu lçilo c..l c cq uil lbrio (K11 10 ) e IA·] do (DM) na cqunç,lo do
(UC), c'h1: g,1•r.e ,,
K
IH ' J ,,, --2!t?. + e
IH ' J
1
<f Uf• t, 11 mn cqu;içfw do 1Jegu111lo grn u pu rn a lncógn i ta 111 J. Par., concentrações analfl icac;;
d,i :íci J ov (ou d•· b;wl·II) maíu all,w, por exemplo, r-n lrc 10·1 e 10·2 mol L·',
l' pa r., cu11c1•11lrn~i.h.!t• rn11l11 b,1ixc11J, corno, por exemplo, entre 10 ri e ·1.0·10 mole·•,
[11 ' J
As cons tan tes de dissociação de alguns ácidos e bases fracos são mostradas nos
quadros 10 e 11.
Quadro 11 . Cons ta n tes de dissoci.ição oproximadas d e alg umas bases fra cas
Quinolcfna C9l-hN + l-120 <➔ Cyl-l?NH ' + OH· 1,00 X 10·9 9,00
n, O composto clrnmado "hidró,..ido de amónioº~ uma solução aquosil de amónia e o equilfbrio Jc dissociação d eve
ser descrito por NH, + 1-120 H NH, ' + 01-1". Ili As aminas orgânicas podem ser consideradas como sendo a mó nia,
nil quill o hidmgémio fo i s ubstituldo por um r,1dical orgânico. Por exemplo, a ,milina pode ser considerada como
sendo cons titufda pela :substituição de um átomo de hiJrog~nio pelo grupo -C6 l-ls (foni la).
K K C
[H ' )= 11:0 + + 11A
[H ] [ H ] + K 1-1,,
Assim, 1H
+)
= K,.1,0
[H~ ]
rv--
ou [H ] = v KH 2 o
• d
(pH 7). Do mesmo mo o que para os
ácidos fortes, o pH de soluções de ácidos fracos também tende a sete, com a diluição.
2..Para concentrações analíticas (C) mais altas tem-se a situação em que [OH] << [A·]), [}r)
do segundo grau). Se C for muito a lta, mesmo que KHA seja muito pequena, o
denominador ([H+]+KHJ\) ➔ [H+] , tal que [H+] =.J Ki-lA C .
3. Para ácidos com KnA muito pequena, tem-se que [A·] << [HA] (da equação de
equilíbrio do ácido) e que [H•] =[OH-] (do BC; notar que a solução ainda é ácida).
KHA e
Isso nos leva ao caso 1, em que [ + l será pequeno se comparado com
H +KHA
K1-1,o
~
~[H ) , tal que [H·] v~11 =
2o (pH 7). =
mais concentrados.
O mesmo raciocínio pode ser estendido aos ácidos polipróticos e às bases fortes
(como O NaOH) e fracas (como a amõnin, NH 3). No en tanto, consid('r.1ndo as teoriilS
ácido-base, alguns sais apresentam carncteríticas alca lin ns oti ,,<c i·d ",. 5- ae o seren,
dissolvidos em água, mesmo sem conter 1-1 ioni záveis ou radic.iis O H· cm sti - ""s- fó rn,u 1ns..
o fato de a dissolução desses sais gernr uma solução ricid.i ou nlc.11ina indica ,, C)\'.:orr~ncia
de a lguma interação com o solve nte, além do processo usual de s o lvataçJo d os ion~. Es -~
·ntcr.ir.1o
l .,
é con hecidn como hidró lise, qul' é um .Cilso particul"r d'-' solvó1
-
· ~,_ ('in t eraç,10
15 -
com O solvente), e se rC'sumc em um probh~ni,1,k1d~,-basl', como os j,'\ vis tüs .
Os exemplos mais comuns são os sais de buse forte com ácido fraco, como os
carbonatos de metais alcalinos (ex: Na2CO3) e o acetato de Na, e os sais de ácido forte com
base fraca, como o NH 4Cl. No caso dos sais de base forte com ácido fraco, a interação do
ânion com os íons H3o• oriundos do equilíbrio da água (.iutoprotólise) gera ácidos fracos
(associados) e produz soluções com características alcalinas. No caso do acetato de Na,
pode-se escrever:
( K11,o)
li (K,."')
H3CCOOH
+
H20
Para sais de ácidos fortes com bases fracas, como o NH4Cl, a interação do cátion com
os fons OH· produz soluções ácidas:
NaA Na+ +
A- (dissolução)
+
H20 H OH + H+
(K11,o )
li (K11A)
HA
seja obedecida.
IH/\cj [H' 1
l' a,,;\\: =- e-= K
li,\~+
11-1· 1
1.1
1.0
0.9
0,8
- - - a(ACETATO)
0,7
O.ó
ti
0,5
O,•I
0.2
0,1
o.o
u 4 b 8 10 12 14
pll
FigurJ 10. Dis lribuiçlio d.is espécies cm unrn soluçilo aquosa 0,1 1m,1 L·' de ácido acNico.
C.1kul o:; efl·luildo~ com plJnilha 1.•lt.>trônica, usando d,1dos d.i likratura (o = grau dl•
dis ~oc1Jç:io).
1,1
1,0
0,9
0,8
a (H,P0,1 - - , . . . - - - a (HP0!1
0,7
0,6
ó
0,5
0,4
0,3
1--- ex. (H,PO,)
0,2
0,1
0,0
o 2 4 6 8 10 u 1-1
pH
Figura 11 . Distribuição das espécies em uma solução aquosa 0,1 mol L·1 de ácido fosfórico.
Cálculos efetuados com planilha eletrônica, usando dados da literatura (a = grau de
dissociação).
pl-1
figura 12. Distril>uiç5o d~s csp~cics ~m uma solu\·iln aquosa 0,1 mol L•I de EDTA (H,.-\). c.th:~1°5
efetuados com plani lha clclrômc,1, us,mdu d.iuo.s ela litcr.itura (a = grau J~ d b.sociJçJul•
1,0
0,8
0,6
e:!
0,4
0,2
o 2 4 6 8 10 12 14
pH
Figura 13. Distribuição das espécies em uma solução aquosa 0,1 mol L· 1 de ca rbonato de sódio.
Cálculos efetuados com planilha eletrônica, usando dados da literatura (a = grau de
dissociação).
1.1
1.0
0,9
0,8
0,7
0,6
d
0,5
0,4
0,3
0,2
a(Al(OHt)
0,1
Figura 14. Distribuição das espécies monoméricas de alumínio c m umn solução aquosa
0,1 mol L·1 d e AJJ•_ Cálcul os efetuados com planilha eletrônica, usando dados dl\ lit~rnlurn
(u = grou de dissociação).
Outra situação interessante ocorre quando se coloca em soluç~o u_m_ sal de ácido
(ou b ase) f raco com b ase (á, c1'do) forte 1·untamente com o seu respectivo acido (ou base)
f raco. Essa nus· t ura, con st·i tuída de ácidos e bases conjugados, pela teoria
. proposta
por Br0ns t e d e Lowry, tem ,a Proprl .edade de impedir a variação drástica do pH do
meio dentro de certas condições. Estas soluções, chamadas d e soluções-tampão,
• •' •
rnm1m1zam • - s de pl-1 por meio do efeito do íon comum. Genericamente,
as vanaçoe
considerando a mistura de um sal de ácido fraco com base forte e o respectivo ácido
fraco, obtém-se:
em que o íon comum é a espécie H• (mais exatamente, H 30•). Da mesma forma que
anteriormente, usando as condições de equilíbrio para esse sistema e os seus
Balanceamentos de Massa (BM) e de Carga (BC), chega-se à equação:
K I-IA_- [H+]CNaA
--
CHA
e
pH = pKHA + l o g ~
CHA
_ dCi, _ d C,,
/J -------
d pl I dpll
sendo e. e C 1, ,1s (jUanlidaJes ncccssáriris d e maté riíl (em mol) do ácido ou da base para
produzir a v,,riaçJo de umn unidade de pH, em um lllro cli1 solução-lílmpào (considerando
(jUC tl adiçJo do ácido ou dri bnsc não riltern o volume final) . Qum1do míl io r o vnlor ele P,
m,1ior a resistência do tílmpão à varinçào do pH. Um sinal negativo na equação da
capacidade do tampão indica que o pl-1 diminui com a .iclição de ácido.
J\ figura 15 mostr.:l que a melhor região de tamponamento d e um tampão ác ido
acético-acet.:lto de sódio ocorre em pl-l = 4,75, em que CN,.,, / C 11,, = 1. O tampão não pode
ser muito diluído. A figura 16 mostra que um tampão ácido acético-acetato de sódio, no
pH de máx imo tamponamento, funciona bem desde que as concentrações dos se us
componentes sejam maiores que 10·1 mol L'1 e que a diluição eleve gradativamente o seu
pH até o limite de 7. Existem outros tipos ele tampão que elevem ser usados d e acordo
com a necessidad e. Nesses casos, a literatura básica em química analítica deve ser
consu Ita da.
Mas, como preparar um tampão ácido-base simples e eficiente? O que se faz é escolher
o melhor conjunto ácido (ou base) fraco e seu sal de ácido (ou base) fraco com base (ou
ácido) forte, dentre as várins opções disponíveis e apropriadas, de modo que a CN,,A/ C 11,,
seja o mais próximo da unidade e que a concentração total de ácido e base conjugada
(C1 = C11,, + CN.,A) seja superior ou igual a, por exemplo, 10·1 mol L·' (lembrar que tampões
diluídos têm pequena capacidade de tamponamento). Esses cálculos preliminares podem
ser feitos com a equação de Henderson-Hasselbalch, para garantir boa capacidade de
tamponamcnto.
0,25
DCb
0,20 p= dpl-1
i SoluçJo de
acctatodcsódio0,1, mol L''
0,05 pt-1 8,88
D
o
o 2 4 6 8 10 12
pH
7,5
7,0
6,5
o
•r::
Ka ) ( .
( jij+j+ 1 x [H 1-IHT
K11,o)
E 6,o
...o
111 KaC..i
( 11-1+1~ -l
)
"O 5,5
:r:o.
5,0
4,5
4,0
2 2,5 3 3,5 4 4,5 5 5,5 6 6,5 7 8
-logC,..1
Um complexo apresenta-se geralmente corno fons positivos ou negativos, mas tümbém podem
existir como moléculas sem cargas. Assim, qualquer combinação de cátions com moléculas
ou ãnions que contêm pares de elélrons livres (bases) é chamada de composto de coordenação
(complexo), podendo ser as interações eletrostáticas ou covalentes entre eles ou uma mistura
de ambas. As espécies químicas que rodeiam os cátions bem de perto, formando algum tipo
de ligação, são chamadas de ligantes, e o cátion metálico, de átomo central.
Os ligantes podem ser espécies químicas simples, como o NI-I 3, em que o átomo
responsável pela natureza básica (nucleófila) é chamado de átomo ligante (no caso, o N).
Se a base contiver mais de um átomo ligante, é então chamado de ligante multidentado,
ou quelante (ex.: EDTA, que é um ligante hexadentado). Se existir mais de um átomo
metálico (átomo central) em um complexo, têm-se então os complexos polinucleares
(também chamados de multinucleares). O chamado Número de Coordenação é uma
propriedade indicativa da estrutura (geometria) do complexo, que especifica o número
de átomos ligantes em um átomo central em particular.
Deve-se aqui estabelecer a diferença entre algumas espécies químicas, chamadas
pares iônicos, e os complexos propriamente ditos. Os complexos são entidades mais
estáveis, resultado de interações mais fortes (ligações) entre o íon metálico e u m ou mais
ligantes doadores de elétrons, cujo conjunto é solvatado (moléculas do solvente interagindo
com a espécie coordenada, por meio de ligações mais fracas). Essas espécies são
conhecidas como complexos de esfera interna (i111zer spliere). Por outro lado, os pares
iônicos são espécies iônicas de cargas opostas que se aproximam entre si, por atração
predominantemente eletrostática, até uma distância limite dada pela soma dos seus raios
iônicos solvatados. São os chamados compostos de esfera externa (Figura 17) .
Figura J7. formas de .:issociação: exemplos pictóricos para ilustrar ,1 formação de pcHes iônicos
e compl~xos (M = ion metálico; L = ligante).
Qua dro 12. Constan tes de formação (estabilidade) a proximadas de alguns complexos(ll
Desta fo rma, se íons me tálicos M '.. (sim plificadamente sim bolizados como M} são
a d. ic ionados
.. a uma . so .l ução aquosa q u e conte· m 1·1gan t es mono d e n tal:los L'
(s1mphJ1cadamente
. s1mbolizados
_ como L)' e considerando
, - ocorre1n ou t ras n:o•rõcs
q ue nao :.., ·
a lem• das de fo rmaçao•
de complexos
•
monon ucleares
<
•ct 1
e q ue as at1v1 a es pole 111 ser
• d
cons1derndas aproximadamen te iguais às concentraço~es. lj as espec1 , . _ c-
es e m so 1w.;,1 0 • en1
mal L·1, pode-se escrever que:
M + L H ML [ML J
[Ml[Ll
ML + L H ML1 K~ IML:, I
[MLJ[LJ
Q U I M I CA E M I NERALOGIA 0 0 S OLO
I - Conceitos Básicos de Química 53
[ML]
M + L H ML ou (ML]= P 1[M][L]
P1 = (M](LJ
[ML2l 2
M +2 L H ML2 ou (ML2l=P2 [M][L]
P2 = [Ml[L]2
[ML3J 3
M + 3L H MLJ ou [ML3]=P3 (M][L]
p3 = [MJ[L]3
• •
• •
M + nL <➔ ML,, pn -- [ML"] ou [ML J-p [MJ[L]"
[M][L]" n - n
1
fl1 = K1.K2 . K3••· .K1 =
00
L)k
~ ~ 1
em que i =1, 2, 3, ....n e k ='J, 2, 3, ..... i. Not.ir que, no caso de i=l, p = K1., Para fazer uso
conveniente da notação nrnlemá t ica, define-se p11 = K0 = 1, t.il que se possa usar k = O, 1,
2, ...... n. Dessa forma, o balanceamen to de massa do metal pode ser escrito como:
n 11
CM = IIMLk1= IA [MJ[L]k
k.::0 ""º
em que C r., é a concentraçiio ana lHicn do metal. Por outro lado, o balanceamento dt•
massa do ligante será igual a:
[MLd ,Bi[M][L]i
a-= - - =
I CM f PdM][Lt
k=O
n
com a condição de que Lªi : 1
i=O
em que cx0 + a.1 = 1. Pode-se demonstrar também que, para um máximo de dois ligantes
ligados ao átomo central (complexo do tipo MLi.), tem-se:
em que ao+ a 1 + ~ = 1. Por exemplo, para fons Ag• em presença de NHJ cm solução
aquosa, considerando apenas a formação dos complexos amin-prata:
3
Ag· + NH3 H AgNH3• [complexação] K1= 1,58 X 10
K 2 = 6,76 X 103
1,0
0,9
0,8
0,7
0,6
tS
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
o
1 6
Figura 18. Distribuição das espécies amin-prata como variável da concentração de NH3 (pNH3
= -log[NH 31), na faixa entre l ,0x10· 1 mo! L· 1 e 1,0x1Q·6 mo! L· 1• Cálculos efetuados com
planilha eletrônica, usando dados da literatura (o. = grau de dissociação).
Da forma como estão escritas as equações químicas, K,, K2, K3 e K4 são as constantes
de formação dos complexos passo a passo (stepwise) e K,°, KN1_13 e KH10 são o pro~u~o
solubilidade (ver definição no próximo tópico) e as constante de dissociação da amorna
e da água. A constante de dissociação é sempre o inverso da cons tante de formação, e
vice-versa, tal que:
os íons metálicos também podem ser tamponados pela adição de ligantes à soluçjo d\!
íons metálicos:
pM=pK + logl!::l_
o [MLJ
Esses tampões de íons m etálicos resistem à variação da fM) e são muito importantes
para o funcionamento das células vivas, que controlam não só [H ' ], mas também as
concentrações de outros fons importantes ao seu metabolismo, como as concentrações d e
íons cobre (pCu), manganês (pMn), magnésio (pMg), etc.
Com esta noção básica sobre compos tos de coordenação, pode-se co mpreender
por que os estudos sobre a formação de complexos em solução aquosa constituem
ilssunto muito importante para a qu ímica e vá rias áreils correlat.1s. Outros ils pec tos,
relat-ivos à influê ncia dos complexos em reações de precipitação, serão abordados no
próximo tópico.
100
90
80 . - NaNO3
70
E
....__
E 60
~
CIJ 50
"1:::1
(IJ
"1:::1
:.::l 40
;s
::s
õ
(/)
30
20
10
r- Ce (SO2 4) 3
Enquanto o termo [M r+ ]L (Xz•p· (também chamado de produ to iónico, Pi) for menor
q ue o valor limite dado pelo produto solubilidade (Ks}, 0 soluto pe rma necer,\ rOl
sol ução. Q u ando o Ks for a tingido (Pi = Ks) , tem-se uma so lução s a turad-1, 0 ·~
temperatura especificada, e, quando Pi> Ks, ocorrerá precipitaçã o do só lido M,X,, ~ll'
que o va lor P = Ks seja novamente restabelecido. En tretan to, 0 forma lismo ma tem.H 1n1
parn a obtenção dessil fórmula é limitildo il illguns poucos sais iô nicos (Qu,1d ro JJ),
. .a d e Ies f a rma co mp 1cxos e m solução a quosa, é sens íve l à ,·an:iç,
p o rqu e a maiori · 10 do
pH do m e io o u tem sol u bi lidild c re l<1tiv<1mc n te .1lt,1.
Quadro 13. Produtos solubilidade (pKs) pnra snis que formam somente duas espécies iónicas
principais em sol uções .1quosas diluídas
SJis com (ons de cJrgas iguais pI<s Sais com lons de cargas pKs
diferentes
Ks == (zS)' (yS)>'
de modo que é possível calcular a Solubilidade do sal, sabendo-se Ks, z e y. Por exemplo,
para o cloreto de prata:
AgCl H Ag' + c1-
[Ag•J == S e [CJ·J = S,
e, portanto
5==.{Ks
O que governa a precipitação é a solubilidade. Além disso, observando os valores de
pKs (pKs - -log Ks) para os sais AgCI, Agílr e Agi no quadro 13, pode-se inforir que
quanto menor Ks, menor é a solubilidade e, portanto, os sais com Ks menores precipitariam
primeiro. Entretanto, isso deve ser visto com cuidado. Por exemp!o, se um~ solução com
íons prata fosse adicionada, aos poucos e sob agitação, a uma mistura de 10ns cloreto e
cromato com a mesma concentração (ex.: C = 0,1 mal L· 1), qual o sal que precipitaria
primeiro? Considerar para efeito de cálculos que Ks(AgC I) = 1,78 x 10·10 e que
Ks(Ag 2Cr0.1)= 1,90 x 10·12 •
Desconsiderando os problemas de hidrólise que envolvem os íons cromato e
observando apenas a definição de solubilidade, tem-se que, pelos balanceamentos de
massa e as condições de equilíbrio,
e essa condição será atingida quando [Ag+] = 1,78 x 10-9 mal L· 1• Por outro lado,
condição essa que será atingidfl quando [Ag+] - 4,36x 10·6 mol L-1.
diminui se, a uma solução saturada desse sal, forem adicionados íons sulfato (ex.: sulfato
de sódio) ou íons bjrio (ex.; cloreto de bário).
Bi• +
n
sot = Ba504
ªª~
Deslocamento do equilíbrio
Figura 20. Diagrama ilustrativo sobre a ação do íon comum em uma solução saturada de BaSO4 •
o 1
solução 1,0 x 10.2 mol L- de BaCL,
em água
l.
:,
o
-4
S = 1,1 x 10.J mol L .1
=-i--=
-
-5
S = 1,05 x 10 mol L-
1
-6
l.
-8
i J 1
solução 1,0 x 10 mol L" de NaiSO,
-10
-U
o 2 4 6 8 10 12
pSO;'
Figura 21 . Variação d.:i solubilidade em uma solução saturada de sulfato de bário, pela ad ição de
sulfato de sódio. Cálculo efetuado com planilha eletrônica, considerando pKs -BaSO = 9,96
(Quadro 13 ), sendo desprezada a hidrólise d os ions sulfato. ~
:..i
õ
E 6
ô....
s~
bÔ 4
<
'
(f)
o
o 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10
Concentração do sal adicionado, mol L-1
Figura 22. Efeito salino (adição de um sal inerte, KNO3) e do íon comum (K CrO~) sobre a
solubilidade (S) do cromato de prata. 2
sendo Pbl2 (aq) um par iônico. Descrevendo o sistema de outra forma, têm-se:
o
Região governada pelo Região governada pelo
efeitos do {on comum formação de complexos
-2
l l
-
-
.o
E:.
N -4
o.o
_g -6
-8
-10
-3 -2 -1 o 1
log (í]
fig·ura 23. Solubilidade do iodt!lO de chumbo, considerando a concentr,,ção dos lons iodeto em
:.oluçáo. Cálculos eictuados com planilha eletrônica, usando d ados da literatura.
em que íons "simples" estão envolvidos, o número de oxidação do zn variou de (O) para
(l!), enquanto o núme~o d: oxidaç~o do íon Cu variou de (11) para (O). Na reação entr~
d1_cromato e F: em~e10 ~c1do, o num:ro de oxidação do Cr variou de (VI) para (III), t' o
numero de ox1daçao do 10n ferro variou de {II) para (III). Este é O caso em que ocorre
variação do número de oxidação de um átomo em um agrupamento iônico ( Cr 0~- ):
2
Em toda. reaça
_.- o de oxirredução,
. o número de elétro 115 peni'd e· ·ie quinticil
I os pe 1a esp e .
que so!re ox1daçao deve ser igual ao número de elétrons ganhos pela espécie qu~ sotrt'
reduç~o, de modo a. manter a neu_tralidade ele carga do meio. A relação entre c1 5
quantidades de matéria das substâncias rcduzid,1 e oxid"d" _,. e· . d b li.1ncNn1t'nto
" u ~ 1xa a peIo a , •
da reação.
Pode-se separar uma reação redox em dois componentes, os quais são denominados
semi-reações. As s emi-reações , també m conhecidas corno reüções de meia-celü ou
simplesmente m e ia-cela, são escritas e apresentadas sob ü forma ele sem i-reações ele
redução. Este é um modo muito conveniente de ind icar-se clarnmente qual es pécie ganha
elétrons e qual espécie perde elétrons. Para se escrever corretamente as semi-reações,
com vistas a descrever um processo químico termodinamicamente permitido, é necessário
conhecer a tendência das várias substâncias em ganhar ou em perder elétrons. Os reagentes
oxidantes possuem forte afinidade por elétrons e podem fazer com que outras substâncias
sejam oxidadas, retirando delas os elétrons de que necessitam para se reduzir. Por outro
lado, os agentes redutores facilmente cedem elétrons às espécies oxidantes, reduzindo-as.
As reações redox podem ocorrer pela transferência diretü d e elétrons do doador
(agente redutor) para o receptor (agente oxidante), pelo contato íntimo das duas espécies,
ou pela transferência dos elétrons por meio d e um condutor metálico externo, sem que as
duas espécies reagentes entrem em contato. Por exemplo, ao ser mergulhada numa
solução com íons Hg2•, uma lâmina de cobre torna-se "prateada" pela d eposição de
mercúrio metálico em sua superfície. A reação é indicada por:
em que íons Hg-1· (agentes oxidantes) migram até à placa metálica (agente redutor), sendo
reduzidos na sua superfície e depositados na forma metálica.
Para observar a transferência indireta de elétrons, deve-se construir um sistema
em que as semi-reações envolvidas no processo ocorram sem que as espécies reagentes
estejam em contato direto. Este sistema é chamado de Pilha ou Cela Galvânica e está
descrito esquematicamente na figura 24, para a reação Znº + Cu2• H Zn2• + Cuº.
Voltímetro
Fluxo 1
1 1,100
1
de
clélrons
rF 1
"
Ãnodo
--Zn
Ponte salina (KNO,)
....
Cu
Cá todo
,__..
-
Solução de Zn(NOJ, Solução de Cu(NO,)1
1,00mol L' 1,00 mol L·'
Figura 24. faquema de uma cela galvânica envolvendo eletrodos de zinco e d e cobre ml!lálicos,
imersos cm soluções separadas de Zn(NO3) 2 e d e Cu(NO3) 2, d e mesmo concentr.1çfio. O
mostrador indica a voltagem de 1,100 V. P,ua dctalhamentos, \'e r texto.
Ânodo Cá todo
sendo o ânodo o eletrodo (representado por uma simples barra vertical) onde ocorre a
oxidação, enquanto o cátodo é o eletrodo onde ocorre a redução. A barra dupla representa
a ponte salina.
No ânodo, a placa de Zn se dissolve (formando íons Zn2•), e os elétrons liberados
são conduzidos pelo cond utor externo até o cátodo, onde os íons Cu 2+ são reduzidos e
depositados sobre a placa de Cu. Considerando as semi-reações desse processo redox,
pode-se escrever que:
Em uma cela galvânica onde cada meia-cela é constituída por soluções iônicas de
mesma concentração (mais rigorosamente, de mesma atividade, em mol L· 1), a direção do
fluxo de elétrons depende da composição das duas meias-celas, ou seja, das duas semi·
reações envolvidas e, por conseqüência, dos seus potenciais. Cada meia-cela (semi-reação)
tem um Potencial Padrão de Eletrodo (em volts) medido em relação a um padrão ~e
referência, o qual p:ec_isa exibir comportamento reversível e produzir potencia_,s
constantes e reproduttve1s. Um eletrodo que preenche estas condições é O Eletrodo Padrno
de Hidrogênio (EPH; Figura 25), razão pela qual foi escolhido como referência.
A semi-reação envolvida é:
+ - Eletrodo de Pt
o Q
o o ,....-t-- Eletrodo de Pt
o
o
o
0
o (ff) = 1
aA + bB + ne· H cC + dD
b) Para T = 30 ºC (T = 303 K)
E/ = - 0,763 V
E,-º=- +l,100 V
E ~ - Ez = E<'
= E-1· = Ec 0,059
·e - - - 1og . 1 ( 0 -0,059
- log 1 )
11
p i ld u n u 2 [Cu2+] - E2n -
2 [Zn2+]
= 2
=
em que Erilh• é a FEM da pilha, (Cuº)= (Znº) = 1 e (Cu2 •) [Cu •J e (Zn •) [Zn •]. Notar que
2 2
Erilha = 1,100 V somente quando [Zn2 •J = [Cu2 •] = constante e que este valor pode ser
obtido sem inverter o sinal da semi-reação do Zn.
Como a concentração de 1 mo! L·1 não corresponde a uma atividade de 1 mo! L·1, e como
o Potencial Padrão, Eº, é definido em termos da atividade padrão para todas as espécies
envolvidas, verifica-se que os valores medidos e calculados de Eº são diferentes. Para que
isto não ocorra, todas as concentrações em mo! L"1 que aparecem na equação de Nernst
devem ser transformadas em atividades, o que é muito trabalhoso e nem sempre possível.
Além deste fator, o Potencial de Redução de uma semi-reação depende também das condições
da solução, pois, além dos efeitos de força iônica, algumas substâncias no meio reagente
podem complexar espécies químicas envolvidas no processo redox. Se a(s) forma(s) química(s)
do(s) complexo(s) fosse(m) conhecida(s), seria possível escrever outra semi-reação e determinar
o valor do seu Potencial de Redução, mas, geralmente, este não é o caso.
Para contornar tais situações, define-se o chamado de Potencial Formal de Eletrodo,
E1, que é o Potencial de Redução de uma semi-reação determinado experimentalmente.
1
Acompanhando o valor de E , devem-se assinalar as condições nas quais ele foi medido.
4 3
Por exemplo, o par Ce • /Ce • (Quadro 14) apresenta apenas valores de E1
o par Fe3• / Fe2•, entretanto, apresenta um valor de Eº e vários outros referentes íl E'
(não indicados no Quadro 14), a saber:
Eº= 0,771 V e
E'= 0,700 V (HC!O_, 1 mol L" 1),
E' = 0,732 V (HCI l mol L·'),
E1 = 0,68 V
(H2SO4 l mol L·'),
E1 = 0,61 V
(H2SO4 l mol L·1 /H ,P04 0,5 mol L·').
AGRADECIMENTOS
LITERATURA CITADA
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Conte údo
1 TK i U 7l
OtlST ALOGRAFIA . ·- · - - - - - - - - - ~ - - ··-··· -.................._____ 79
D · CR TALOQUIMICA ·- - - · - - - - - - - · · · ....- ..~•-ou ............... ·--····.. -
• - - - - - - - - - - - - - - - • . , _ • ...... --uca.••-•u.• •••• ••••I ••• -••......,;
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l -01i111o r[i m o .................................- -·--·-··~-----•-•-•-----·.. •· ..............................~ .. •h ••• (J
ríos .................................,.. ()
-------------------·-..·-·-------- 1 □:1
---··--·----·------
----···--- . ~
.
Propnedc1des .
O rg,1nolépt1cc1s ................................................. ..·············································································•... 112
.
Propnedc1des .
Térm1cc1s ............................................................. .······ ........................................................................... 113
.
Propriedades .
Elétricas .............................................................. .................................................................................. 113
Propriedades Magnéticc1s .............................................................................. . . ................................................. 114
Propriedades Mecflnicc1s ....................................................................................... .······ ............................................... 114
1, ro prie
. d a d cs Ra d 1altvc1s
. . .............................................................. .............................................................................. ll 5
MINERALOGIA SISTEMATICA ................................................................................................................................. l l5
Elementos Nc1tivos ....................................................................................................................................................... l l 5
INTRODUÇÃO
O termo mineralogia deriva da palavra latina MINERA (mina, jazida de minério,
filão), de provável origem céltica, que forma o adjetivo do Latim mineralis, "relativo às
minas" e o substantivo do Latim minerale (produto das minas), que deu origem ao adjeti\'o
e substantivo português mineral, acrescido do sufixo Grego logia (ciência, tratado, estudo);
portanto mineralogia é o estudo dos minerais em todos os seus aspectos.
Entretanto, a definição de mineral apresenta algumas controvérsias. Para a1guns, é
toda s ubstância homogênea, sólida ou líquida, de origem inorgânica e que surge,
naturalmente, na Terra ou em outros corpos extraterrestres, normalmente com composição
química definida e que, se formada em condições favoráveis, terá estrutura atômica
ordenada, condicionando sua forma cris talina e suas propriedades físicas. Para outros,
trata-se de s ubstância com estrutura interna ordenada (cris tais), de composição químic,1
definida, origem inorgânica e que ocorre, naturalmente, na crosta te rrestre ou em outros
corpos celestes. As substâncias originadas por atividades ou processos biológicos (animal
ou vegetal), a exemplo do carvão, âmbar, marfim, pérola, petróleo, que não se incluem en,
nenhuma das definições, como também as substâncias não-cristalinas, excluídas na
segunda definição, devem ser denominadas mineralóides.
Os minerais são caracterizados pela maneira com que os íons (cátions e ãnions) cstJo
dispostos (estrutura interna) e pela composição química, expressa por fórmula quinúc,1. ~\
composição química dos minerais pode variar dentro de limites definidos e previsíveis
pelas características atõmicas, gerando os diferentes grupos de minerais ou soluções sólidas.
Os minerais constituem os diferentes tipos de rochas, mono ou polimint>rálica:i,
sedimentares, metamórficas, magmáticas, hidrotermais ou pneumatolíticJs. AlgumJ5
dessas rochas, graças à granulação muito fina, a exemplo de a lguns tipos de bas,11tos.
mostram-se cm exame a olho nu, com apar~ncia de um único mineral (massas homogene,\S)·
Todavia, quando observadas ao microscópio petrográfico ou eletrônico, veriiica-sc quesJ0
constituídas por várias substâncias cristalinas e, às vezes, por material élllWrfo (vidrul•
Nos solos, os minerais conslit ut'm os fr.igmenlos de rochas e .ts frações areia, :.iltc ~ ,1q;i1J.
Elemento Número Massa Crosta Granito Basalto Raio iónico Pl Coordenação14l Caráter
Atômico(ll Atômica (% peso) (% peso) (% peso) (nm) iônico
()2· 8 16,00 46,6 48,5 44,9 (0,136)3 (0,138)4 (0,140)6 (O,M2)8 2-3-4-6-8-12
Si•- 14 28,09 27,71 32,3 24 (0,026-0,042)4 (0,01l2)h OU (0,040) 4-6 48
AP· 13 26,98 8,1 7,7 8,8 (0,039-0,052)4 (0,048)5 (0,054 ) 6 4-5-6 60
Fe:'.•.3-- 26 55,85 5,0 2,7 8,6 Fe•2 (0,063)• (0,078)6 (0,092)ª 4-6-8 69-54 ~
z
,O Fe•3 (0,065)6 (0,078)8 -4
m
e Ca2• z
20 40,08 3,6 1,6 6,7 (0,10)6 (0,112)ª (0,118)9 (0,123)10 (0,134)12 6-7-8-9-10-12 79 o
3: ;u
Na· 11 22,99 2,8 2,8 1,9 (0,099)4 (0,102)6 (0,118)8 (0,124)9 (0,139)12 4-5-6-8-7-8-12 83 N
n
)> Mg2♦ 12 24,31 2,1 0,16 4,5 (0,057)4 (0,072)6 (0,089)8 4-5-6-8 n )>
z
)>
m K· 19 39,10 2,5 3,3 0,83 (0,138)6 (0,151)8 (0,155)9 (0,159)10 (0,164)12 6-8-9-10-12 87 ;u
T~ -4• o
3: 22 47,90 0,51 0,23 0,9 (0,094-0,042), TiH (0,042)4 (0,061)6 (0,074)5 4-5-6 60-1 o
z H• 1 1,01 0,14 2-6 ~
m
p;-..s. 15 30,97 0,11 0,07 0,14 (0,044-0,017), ps• (0,017)4 (0,029)5 (0,038)6
......
;u
)>
4-6 35 o
Ili
,.... Mn:'!'.3.,••, t;..7• 25 54,94 0,1 0,04 0,15 (0,096-0,034), Mn2• (0,083)6 (0,096)8, Mn•3 (0,065)6, 4-5-6-8-9 72-38 m-
o
C) Mn•4(0,053)6 3:
)>
)> F· 9 19,00 0,0625 0,0850 0,040 (0,131)4 (0,133)6 2-3-4-6-8 ;u
,o
o Ba2• 56 137,33 0,0425 0,0600 0,0250 (0,135)6 (0,142)8 (0,147)9 (0,152)1º (0,161)12 6-7-8-9-10-12 84 e
m
o Ili
Sr2• 38 87,62 0,0375 0,0285 0,0465 (0,118)6 (0,126)8 (0,136)10 (0,144)12 6-7-8-10-12 82 ......
(/)
o 52·, gt,• 16 32,06 0,0260 0,0270 0,0250 5 2· (0,184)4, S6• (0,012)4 (0,029)6 (4-6-8)(4-6) 20 C•
z
,....
o C 4 • , C4- 6 12,Ql 0,0200 0,0300 0,0100 c•• (0,008)3 (0,015)4 (0,016)6 3-4-6 23 õ;u
Zr• 40 91,22 0,0165 0,0180 0,0150 (0,072)6 (0,078)7 (0,084)6 (0,089)9 6-7-8-9 65
V2•,l• .4•.5+ 23 50,94 0,0135 0,0020 0,0250 (0,087) (0,072) (0,067), V5• (0,036)4 (0,046)5 (0,054)6 4-5-6 57-36
CJ·, Qs♦.7• 17 35,45 0,0130 0,0200 0,0060 (0,034-0,020), (O,181)6 (4-6-8)(3-4-6)
CrJ•, h.6♦ 24 52,00 0,0100 0,0004 0,0200 er:i•(o,062)", cri· (o,o,n r (O.o5s)6, c r ,.(0,026)• 6-4 53-23
Rb•CIJ 37 85,47 90 150 30 (0,152)6 (0,16lj8 (0,166) 1º (0,172)12 6-7-8-10-12 87
Nil•.;;♦nJ 28 58,71 75 0,5 150 (0,055-0,077), Ni2 •(0,055)• (0,069)6 6 60
Zn2-tl) 30 65,38 70 40 100 (0,060)4 (0,074)6 (0,090)8 4-5-6-8 63
C e-•,t•11J 58 140,12 67 87 48 (0,107-0,137) (0,088-0,105) 6-7-8-9-12 74-73
Cul•.2•(ll 29 63,55 55 10 100 Cu• (0,046)2 (0,077)6, Cu2 • (0,057)4 (0,065)5 (0,073)6 4-5-6-8 71-57
Y•ltll 39 88,91 33 40 25 (0,090)6 (0,102)8 6-8-9 74
Con tinua ...
Quadro L t- · ntiml ação ...
Elemento Número Massa Crosta Granito Basalto Raio iônico Pt CooYdenaçi Cacl:1.-u
.A'tôm.icol?J Atômica (% peso) (% peso) (% peso) (nm) íõniêo
1m
~
r-
59
66
140,91
162,50
6.5
3,2
8,3
6,7
4,6
3,8
(0,108-0,122) (0,086-0,107)
(0,099-0,111)
6-8
6-8.
i
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,Q ~ ) 70 173,04 3 3,8 2,1 (0,095-0,106) 6-8. 3:
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Hf'·· 72 178,49 3 4 2 (0,071)6 (0,076)7 (0,083)8 6-7'-8 70 ....
3:
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o •Cs'$1 55 132;91 3 5 1 (0,167)6 (0,174)8 (0,181)10 (0,185)11 (0,188)12 ~9:-10-11-12 89 rn
00 ~ 4 9,01 2,8 5 0,5 (0,016)3 (0,027)4 (0,045)6 .3-4-6, 63,
~
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·ro Er- 68 167,26 2,8 3,8 2,1 (0,089) (00,97-0,108) 6-8 76 CD
o w ..;..:s-.6+(1J 92 238,03 2.,7 4,8 0,6 Uh (0,089)6 (0,10)8, U6+ (0,05'.WC0,073)6' (0,112'-0,052) 6-7-&-9(24-12) ~2 (1)
B emento Número M assa Crosta G ranito Basalto Rafo iônico Pl Coordenaçãol'I Caráter
Atômico(l) Atômica (% peso) (% peso) (% peso) (nm) iônico
'°
e
lnl -(11
Hgl•.2-(1)
49
80
114,82
200,59
0,1
0,08
0,1
0,08
0,1
0,08
(0,062)• (0,080)6 (0,092)8
(0,122), Hg2 •(0,096)4 (0,102)6 (0,114)8
4-6-8
2-3-4-6-8
62
62
m
z
o
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Agl•,3-(1) 47 107,87 0,07 0,04 0,08 (0,075-0,138), Ag• (0,115)6 (0,128)8 2-4-5-6-7-8-10 71 "'N
~ Sel-•~I 34 78,96 0,05 0,05 0,05 (0,037-0,042) (0,188-2)6 4, 6-8 26
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NOÇÕES DE CRISTALOGRAFIA
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corresponden te à coor denação octaédrica dos e leme ntos.
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pos~fvc1s, co m as chs lanc1as mterp la naws d l'.orrc s pon clenlés.
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p p e F
Tridlnlco Orto rrõmbico
(a,. b ,eg;H-b ,, c) (a = b 3 g = 90; a 7- b,. e)
p Pou e R p F
Tctr.1gonal Hexagonal Isométrico
(a • b = g; a e b " e) (a = b e 90; g = )20; a= b-,, e) (a = b = g = 90; a = b =e)
Figura 4. Os 14 retículos espaciais de Bravais. P- retículo primitivo, partículas apenas nos vértices;
C - retículo com base centrada; F - retículo com faces centradas; 1 - retículo centrado.
irregulares (curvos, denteados ou planos), resultantes dos espaços que tiveram para crescer,
de reações envolvendo corrosões, de disputa de espaço para o crescimento com os cristais
vizin hos, etc., não exibindo relação alguma com a estrutura interna. Nesse caso, a
cristalinidade pode ser detectada pelo rompimento em superfícies planas e paralelas do
material (clivagem), refletindo a organização interna, quando este é submetido a um esforço
adequado para a fragmentação, ou por meios ópticos e de difração de raios X.
A repetição sistemática do posicionamento dos átomos, íons ou moléculas no espaço,
ou seja, dos motivos estruturais, gerando a matéria cristalina, sustenta o conceito de
simetria cristalográfica e constitui objeto da cristalografia, ciência que estuda a origem,
desenvolvimento e classificação das formas cristalinas naturais ou artificiais. O estudo
da simetria dos cristais é feito por meio da análise dos elementos de simetria (planos,
eixos e centro) e de suas respectivas operações de simetria (reflexão, rotação e inversão)
(Figura 5). Este estudo pode ser feito a partir da análise da forma externa dos minerais,
em que o plano de simetria é uma superfície que divide o cristal em duas partes iguais
(espelho). O eixo de simetria é uma reta imaginária que passa pelo centro geométrico do
cristal ao redor do qual, num giro de 360 º, uma forma geométrica (face do cristal) repete-
se certo número de vezes (1, 2, 3, 4 ou 6), de acordo a simetria, classificando o eixo em
unitário, binário, ternário, quaternário e senário. O centro de simetria é um ponto
coincidente com o centro geométrico do cristal, em relação ao qual uma forma geométrica
(uma face do cristal) inverte-se, gerando duas faces paralelas entre si. Essas operações de
simetria podem atuar de forma combinada (Figura 5d), representando a combinação de
eixo de rotação binário e centro de simetria (Bloss, 1971; Klein & Hurbut Jr., 1993).
(a)
• molivA
j
motivo
refletido 5I i / ,•R original
·
·····-·· ...,f.. ········ y
//i
X,' i 11
l plano
◊
de simetria
espelho
(e)
_,,,...... .,,.,.,.
.,..-
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J1m
1
,j
figura 5 .. •Operações
. .,
de simetria:
.
a) plano .de simctr·1•a (cspell\O d tl re fl ex.10
_ ); b) eixos
. . d...: 5·u1u:tri.1
(1) bináno,
. . temário, (3) qualerntmo,
(-) . (4) scnário··•,") e,cn1ro d e. s1metna;
. . l:t) ro 1<11,u
. , , 1• binJrtJ
seguida de inversão (centro Jc 1nvcrsão).
funil!: Ad,1p1JJa ili: TvLn1ir,1 l'I ili. (Z0OO)
•e
... ......
·•
•• Prisma
Prtsma Romboédrico
a,=a,=a,
a,=a,=a, dispostos perpendicularmente
< perpendiculares ao e!Jo e, formanda < ao eixo e. formando um Angulo de
um ilngulo de 120" enlre si. 120" entre si.
Isométrico
Trigonal Hexagonal
9,
T
~ L:;J
8[J
1 \ ......i._..
:.·. ~, :: : _,-pi .. ::..
,, . 1 1
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1
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[[]
6•Prisma lrígonal ?•Prisma di!rigonal B•Prisma lelragonal 9•Prisma dilrelragonal 10•Prisma hexagana
.,.....
-r
+-p
•···
1
25-Blp,ri'.llnldo 26-Tr.ipozoedro 27•Trapozoudro 29-Escaleno..,>dtO
dlhl!l ,lQ0nal 28-Tl'ilpezoedro
!rloonal lolrooonal 1,.,1raoon.JI
ht1.11aqonal
,.
·-t
30-Escalenoédro
hexagonal
31-Romboédro 32-Blesfenólde
romblco
33-Blosfenóldo
tolragonal
·fiô··
..
,. .
1
1
34-Cubo
f A
- '
.-
1 1
35-0daedro 36-Dodecaedro 37-Tetrahexaedro 38-Trapezoédro
rombíco ou telraexaedro (dodecaedro trapezoidal) 39-Trisoclaedro
~
:À
--
li!I'
1
.,
1
1
43-Dodecaedro
dellolde 44-Hexatetraedro
40-Hexaoctaedro 41 -Tetraedro 42-Trístetraedro
1
45-Glroedro
(trioctaedro pentagonal)
-·
t"
® .
'
,.
46-Oooecaedro pontagonal
(Plntoedro)
1
47-Dldodecaedro
(diploedro)
48-Tetartoedro
(tritetraedro pentagonal)
LEGENDA:
/ Eixo A Eixo temário/binário
- Eixo binário !ti Eixo quaternário/binário
~ Eixo temário
■ Eixo quaternário 4 Eixo ternário e centro de inversão.
• Eixo senário
-- - - - - - - - -
P Plano de simetria
_________ __,
figura 7. As 48 formas geométricas, possíveis no reino mineral, constituídas por planos (faces)
que delimitam os cristais bem formados (e uédricos a subeuédricos).
deslizamento). Quando as translações possíveis agem nas simetrias d~s grupos ~ontuais,
o resultado são 230 gTUpos cristalográficos, que se distribuem nos sistemas cristalinos
da seguinte forma: triclínico (2), monoclínico (13), ortorrômbico (59), tetragana! (25),
trigonal (68), hexagonal (27) e cúbico (36). Parte desse grupo é obtida pela combinação
das 32 classes de simetria com as 14 redes de Bravais, enquanto a restante resulta de
operações adicionais espaciais que descrevem a organização dos átomos ou moléculas
na cela unitária (Klein & Hurbut Jr., 1993).
Os elementos que definem a geometria dos cristais (eixos, planos, zonas e formas)
são representados por índices correspondentes às direções cristalográficas, apresentando
o método de notação utilizado, proposto por W.H. Miller, vantagem sobre os outros
métodos. A posição e a orientação espacial de determinado plano em um cristal são
indicadas por três ou quatro pontos não-colineares relativos aos eixos cristalográficos.
O índice de Miller de uma face consiste de urna série de números inteiros derivados dos
interceptas, dessa face, com os respectivos eixos cristalográficos por seus inversos e, se
necessário, transforma as frações em números inteiros. Os índices de uma face são sempre
dados por três números, referentes respectivamente aos eixos a, b e e (sistema triclínico,
monoclínico e ortorrômbico), a1, a2 e e (sistema tetragana!), a1, a2 e aJ (sistema cúbico) ou
quatro quando do sistema trigonal e hexagonal, a1, a2, -a3 e c. Na figura 8, são apresentados
três planos correspondentes à orientação interna de partículas ou faces de um cristal
ortorrômbico, seccionando os segmentos positivos dos eixos cristalográficos, uma cortando
os eixos com os parâmetros (la, lb, lc) (triângulo que contém o plano escurecido da figura),
outra com (2a, 2b, 2/3c) e a terceira (retângulo delimitados por pontos) com (la, oo b, oo e)
respectivamente. Aplicando o inverso, obtêm-se (! / ,1/ 1 1/ 1)(1/ / / / / 2) e (1/ 1 1 / _ 1/ J,
resultando, respectivamente, em (111), (113) e (100), que são os índices de Miller para
esses planos.
Supondo um paralelepípedo com um dos vértices na origem e arestas formadas por
um segmento unitário de a0, três unitários de b0 e dois unitários de c01 obtêm-se os
parâmetros de intersecção dos eixos cristalográficos (la, 3b, 2c) pelo plano em questão.
Invertendo esses valores, obtêm-se (1/ 1 1/ 3 1/ 2), que resultam nos números inteiros (623),
sendo estes os índices de Miller.
Por convenção, o eixo c é representado na vertical, o b na horizontal no plano do
papel e o n frontal, atribuindo-se símbolo positivo, respectivamente, para cima, direita e
frente e negativo para as direções opostas. Quando o ponto de referência está no segmento
negativo do eixo cristalográfico, ou seja, o eixo cristalográfico é seccionado, pelo plano
em questão, no segmento negativo é colocado um hífen sobre O índice correspondente.
No exemplo, (líl) o eixo b é cortado na seção negativa, ou seja, à esquerda da origem.
Quando os parâmetros de corte não são conhecidos, utilizam-se as letras lt, k e l,
respectivamente, pa.ra os ei_x os a, b e e, ou h, ~, i e l, para n,, a?, -n;i e c, sendo O índice
correspondente ao corte do eixoª: sempr~ negah~o pelo fato de os eixos ªv ª~e~ formarem
120 graus, resultando que a porçao negativa do eixo a3 posicione-se na bissetriz do ângulo
formado pelas porções positivas dos eixos a, e 11 2 (f,igurn 6).
As for.mas consistem de um grupo de faces presentes cm um cristal, todas com a
mes ma relação com elementos de simetria e c~n, as mesmas propriedades químicas e
fís icas por serem formadas pelo mesmo con1unto de átomos com O mesmo orranjo
geométrico (Figura 7). Essas, de maneira idêntica a uma face do cristal, são representadas
pelos índices de Miller correspondentes à face primitiva, a qual dá origem às outras
pelas operações de simetria. Os índices de Miller para planos isolados ou faces específicas
são colocados entre parênteses, enquanto os que representam formas s5o colocados entre
chaves. Por exemplo, o cubo e o octaedro do sistema isométrico são representados,
respectivamente, por {100) e {1111, enquanto as faces primitivas correspondentes a estas
formas são (100) e (111).
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Figura 9. Projeções para formas de simetria cúbica (cubo, octaedro e dodecaedro). a) pr?jeç~o
esférica, b) projeção estereográfica das mesmas formas. X = pólos das faces no hem1sféno
inferior, O = pólo das faces no hemisfério superior, • = pólo sobre o círculo.
NOÇÕES DE CRISTALOQUÍMICA
Os cristais são formados pela aglutinação dos elementos químicos sob a forma de
átomos e, principalmente, cátions e ânions simples ou complexos, conforme a atração
eletrostática, resultante das ligações iônicas, covalentes, metálicas e de van der Waals
(veja capítulo I). Apresentam composição química definida e constante dentro de certos
limites, possibilitando a atribuição de fórmulas químicas.
Nas ligações iônicas, cátions e ânions unem-se de forma simples, como no caso do
mineral halita (NaCI), em que o cátion Na•, de valência unitária positiva, e o ânion CI', de
valência unitária negativa, geram estrutura cúbica (Figura 2). Estas ligações podem ser
formadas também pelos grupos aniônicos (radical aniônico) negativos a exemplo do
NO1·, CO/, 80/, S0/", PO/, SiO/, ou positivo NH/. Dessa forma, os últimos orbitais
dos átomos são completados, um cedendo elétron e outro recebendo.
Nas ligações covalentes, a união dos elementos químicos ocorre pdo
compartilhamento dos elétrons dos últimos níveis eletrônicos (camadas) a exemplo da
ligação entre os átomos de C na constituição do diamante, em que os quatro elétrons d.1s
últimas camadas são compartilhados para preencher o último nível de elé trons dos
elementos químicos envolvidos na ligação.
Nas ligações metálicas, as últimas camadas de elétrons formam uma nuvem {nuvens ck
elétrons), que não pertencem especificamente a determinado elemento, como é o caso dos
minerais do grupo dos elementos nativos {Au, Ag, Cu, etc.), que apresentam a propriedadl'
de maleabilidade, ductilidade e são excelentes condutores de calor e correnll.' détric,1.
A ligação de van der Waals ou molecular une moléculils e unidades estruturais por
meio de cargas residuais presentes cm es truh.lrns polares e, até m~smo, em estrutur,,s
apoiares que são neutras, constituindo a mais fraca elas ligações químicas. Esse tipo de
ligação não é muito comum no reino mineral, podendo ser deslncaclo como exemplo a
grafita, na qual as camadas de átomos de C ligadas de modo cova lente são unidas por
ligações de van der Waals.
Transições entre as ligações iônicas, covnlenles e metálicos são comuns nos minerais,
podendo existir mais de um tipo de ligação na constituição ele um crista l, a exemplo da
grafita (covalente e de van der V\laals) e do talco (transição iônica-covalente e de van der
Waals), fato que explica a baixa dureza desses dois minerais. Os minerais que mostram
apenas um tipo de ligação, pura ou de trnnsição, são denominados homodêsmicos, e os
com mais de um tipo de heterodêsmicos.
Em decorrência da dimensão dos raios dos cátions e ânions, de suas respectivas
cargas e do ambiente de pressão e lemperaturn, definem-se o empacotamento e, em
conseqüência, a(s) íorça(s) e tipo(s) de ligação(ções) química(s) entre os elementos
constituintes de determinado mineral. Na dependência desses fatores, forma-se
"empacotamento" de átomos com maior ou menor densidade atômica, refletindo na
densidade, dureza e índice de refração dos minerais, dentre outras propriedades.
Para ente.nder o "empacotamento", são necessários conhecimentos básicos sobre os
princípios da coordenação.
Princípios da Coordenação
Íons de cargas opostas, quando se unem para formar uma estrutura cristalina, tendem
a agiu tinar ao seu redor, ou coordenar, tantos íons quanto permitir o seu tamanho, de
forma que todos tangenciem-se ou seus orbitais externos interpenetrem-se. Quando unidos
por ligações iônicas, os elementos podem ser considerados esferas em contato, resultando
em uma simetria simples. Os íons coordenados agrupam-se sempre em torno de um íon
coordenador central. Assim, em uma estrutura estável de cristal, cada cátion está no
centro de um poliedro de coordenação de ânions, e o número de ânions ao redor do
cátion que forma o poliedro é definido como número de coordenação (N.C.) (Figura 10).
No caso do NaCI, os íons formam cubos de face centrada, estando estes cubos
encaixados de tal modo que o vértice (000) de um coincide com o vértice (½'/2V2) do outro,
ou seja, os vértices dos cubos formados pelo Na posicionam-se nos centros dos cubos
formados pelo Cl. Dessa forma, têm-se seis Cl envolvendo um N,1 e seis Na envolvendo
um CI (Figura 2). Portanto, o número de coordenação é 6 e o tipo de coordenação é
octaédrica. A relação entre os raios iônicos do cátion (Rc) e do ãnion (Ra) (Rc:Ra) determina
o tipo de coordenação, dependendo do número de coordenação também das cargas dos
ians. Dessa forma, se a relação Rc:Ra for muito pequena (cátion pequeno e fülion grande)
a exemplo da água, o tipo de coordenação será angular e o número de coordenação 1 e 2
(cada 1-1 coordena um O e cada O coordena dois H).
Se a relação Rc:Ra < que 0,225 (Pigura 10), porém não suficientemente pequenil para
originar número de coordenação 1 e 2, originam-se compostos de número de coordenação
3, a exemplo dos baratos, nitratos, carbonatos. Se a relnção fo r pequena, como no caso do
CO/ , que é 0,128, a coordenaçfio será pi.um (triangular), enquanto a coordenação tende
a Sl'r piramidal para relações mais próximas de 0,225.
Arrm~jo Geométrico
RC:RA N" de coodcnação
2
o • o
< 0,155 Coord. linear Coord. angular
1,55 - 0,255 3
0,255 - 0,414 4
~
Coord. planar
Coord. piramidal
Q,414 - 0, 225
Coord. tetraédrica
0,414 - 0,732 6
~
Coord. planar Coord. piramidal
.:= 1,0 12
o centro dos ânios ocupa o vértice de um cubo a exemplo dô CsCL No caso de Rc:Ra=l, o
número de coordt'?nação será 12 e o tipo hexagonal e regular, a exemplo do Au, Ag, Pt etc.
Dessa forma, pai,a os compostos com ligações fracas iônicas e metálicas, somente são
possíveis as ,coordenaçõ'és 2, 3, 4, 6, 8 e 12; todavia, para compostos com ligações
covalentes, em que ocorre interpenetração dos orbitais, aparecem também os números de
coordenações 5, 7, 9110 e 11.
Para fornecer elementos pâra entender o conceito de coordenação juntamente com a
estrutura da matéria na crosta terrestre, são apresentados os principais elementos
químicos presentes na crosta, com as respectivas percentagens em peso, volume que
ocupam, percentagem atômica, raios iônicos, número de coordenação calculado em
relação ao 0 2- (RO2-=0,138 run) e os observados na estrutura dos principais minerais que
constituem a crosta terrestre (Quadro 2) . As diferenças entre o número de coordenação
calculado e o observado podem ser explicadas pelo fato de as ligações químicas nos
cristais, em sua maioria, não serem perfeitamente iônicas ou serem covalentes,
moleculares ou metálicas e dependerem de particularidades da estrutura cristalina.
Cada íon em uma estrutura de cristal tem efeito sobre lodos os outros: de atração se
as cargas forem opostas, e de repulsão, quando de igual carga. Por conseguinte, os íons
tendem a agrupar-se no espaço para a formação de retículos crista linos, de tal maneira
que os cátions estejam afastéldos um dos outros o máximo possível. Assim, quando os
cál'ions comparlilhílm ânions entre si, fozem-no de tal maneirn que se colocam tão
afastados quanto possível. Em conseqüência, os poliedros de coordenação formados em
redor de célda um são unidos mais comumente pelos vértices do que pelas arestas ou
faces. Os cátions pequenos, especialmente com cargas altas, tendem a compartilhar o
menor número de ânions possível, normalmente três ou quatro.
Em 1929, Pauling enunciou cinco regras para a arquitetura dos cristais (Dana &
Hurlbut, 1978):
1 - Um poliedro de ânions é formado em torno de cada cátion, sendo a distância cátion-
ânion determinada pela soma dos raios (caso não ocorra interpenetração), e o número
de coordenação do cátion será dado pela relação dos raios e das cargas.
2- Em uma estrutura de coordenação estável, a intensidade total das ligações de valências
que alcançam um ânion, vindas de todos os cátions vizinhos, é igual à carga do ânion
(princípio da valência eletrostática ou força de atração eletrostática - FAE). A FAE define
a força da ligação e é calculada pela expressão: FAE = carga do cátion central/ número
de ânions (normalmente O) coordenados. Essa expressão deriva da premissa de que,
em uma estrutura cristalina, o cátion no interior do poliedro de coordenação deve ter
suas cargas compensadas exclusivamente pelos ânions que o rodeiam. Tomando os
tetraedros de Si"• e AP♦, coordenados com o oxigênio: FAE Si = 4/ 4 =1; FAE AI = 3/4.
Assim, a força de ligação Si-O na coordenação tetraédrica é maior que a força de ligação
AI-O, na mesma coordenação. Esse comportamento reflete-se diretamente na estabilidade
dos minerais formados por esses constituintes cristalográficos.
3 - A existência de arestas e, particularmente, de faces, comuns a dois poliedros de ânions,
em uma estrutura coordenada, diminui a estabilidade. Esse efeito é grande para os cátions
com valência alta e número de coordenação pequeno, principalmente quando a relação
dos raios aproxima-se do limite mais baixo de estabilidade do poliedro (Figura 11).
4 - Em um cristal com cátions diferentes, os de valência elevada e número de coordenação
pequeno tendem a não compartilhar os elementos do poliedro (vértice, aresta e foce)
com os outros.
5 - O número d_e espécies ~e ~o~stit_uintes em um cristal tende a ser pequeno (princípi~
da economia). Este prmc1p10 nao se refere às espécies d e constituintes diferen tes
quimicamente, mas aos tipos de lugares atômicos estruturalmente distintos. Assin1,
em cristais de composição_muito ~ompJexa, íons diferentes ocupam a mesma posiçJo
e~trutur~l e, 1~es~e caso, sao ~ons1derados "constituintes" únicos, por apresentart'íl1
d1mensoes s11rnlares. A formula química de uma variedade d e hornblend,1
1(K,Na,Rb~ú•t (C~,Na,Mn 2·)~(Mg,Fe2·,A l,Fe3• ,Mn,Ti,Cr, V, Li),(A 1,Si),SinO,,(OH,F,Cl,Ol:I•
um dos mmera1s que apr~senta o maior número de cons tituint'"es, c;emplifica e:;t~
regra.Apesardogrnndenumcrodeelementosqti,·n,, ·L-o~ 1
• • _ s ncs le minera
. ·~t•ri,ant'n-
1, ex1:, 1:: r .~
cmco pos1~0~, correspondc~n~es, rc~pectivamenle; a coordenação tetr;:i~drica - T (~'. i!
AI), octaedrica - C (Mg,l·c ',A l,h:~" , Mn ,r 1, Cr, \' , Lº)
1 , cu. b.1ca - l3 (Ca, N--"' Mn· l,
dodecaédrico -A(K,Na,Rb)cciahidroxil.:i , res ult·mdo
• na formu
' 1a 1\ <'- ' BC , TO
2 ~ :..:
(OHlt
t
t 0,.)3
1,0
..i.
!
(e)
• cátion
e.1nion
T
1.l0
0,58
!
l 1..-0.11--.1
(f)
(e)
Figun 11. Relação entre uniões de tetraedro e octaedros, tipos de coordenação mais comum nos
minerais. a) tetraedros unidos pelos vértices, que corresponde à maior distância entre cátion-
cátion, tomada como 1; b) tetraedros unidos pelas arestas, fato incomum na estruturação
dos minerais. A distância cátion-cátion reduz para 0,58, levando à repulsão dos cátions e
instabilidade estrutural; c) tetraedros unidos pelas faces, com a distância cátion-cátion
reduzindo-se para 0,33, tipo de junção não encontrado na crosta terrestre, pelo menos quando
ambos os tetraedros são ocupados por cátions; d) octaedros unidos pelos vértices, que
corresponde a maior distância entre cátion-cátion que é tomada como 1; e) octaedros unidos
por arestas, fato comum na estruturação dos minerais. A distância cátion-cátion reduz para
0,71. Esse tipo de junção está presente nos filossilicatos formando a folha octaédrica; f)
octaedros unidos pelas faces, com a dist:incia cátion-cátion reduzindo-se para 0,58, fato que
leva à repulsão fraca, dificultando o apurecimento deste tipo de junção nos minerais.
As relações Rc:Ra (raio do cátion pelo raio do ânion) de muitos compostos propiciam
resuJtados idênticos, fato que pode ser constatado pelos padrões de raios X, onde
compostos diíerentes apresentam padrões idênticos com espaçamentos similares ou bem
diferentes, de acordo com a ordenação idêntica com espaçamentos similares (elementos
químicos com relação e tamanhos absolutos similares) ou diferentes (relações idênticas
porém dimensões absolutas diferentes). Disto resulta o conceito de tipo estrutural, que
pode ser exemplificado pelos minerais U02 (uraninita) e CaF2 (fluorita), que apresentam
est·ruturas análogas, embora as dimensões da cela sejam diferentes, bem como ns
propriedades físicas e quJmié:as. Quando isto ocorre, estas substâncias são isoestruturais
ou isotípicas. Os minerais isoeslruturais em que as dimensões absolutas dos íons forem
simjJares e as cargas iguais podem constituir uma estrutura cristalina única, ou seja, os
dois compostos podem formar uma solução sólida no estado cristalino. Disto resulta o
conc<.>ito de grupo isoestru lural ou isomórfico, de grande importância para a mineralogia,
uma vez que pos!?ibililam agrupMem minerdis relacionáveis entre si por estruturas
Ison1orfismo
Pelo fato de os raios dos fons (ânions e cátions) apresentarem dimensões similares
ou relações cátion: ãnions idênticas ou semelhantes, surge o conceito de isomorfismo
(iso, igual, e morphos, forma). Minerais isomorfos apresentam estrutura cristalina
semelhante, mas composições químicas diferentes ou variáveis dentro de determinados
limites, a exemplo dos carbonatos romboédricos (calcita - CaCOy dolomita - CaMg(C0Jl'
magnesita MgCO3' rodocrosita - MnCO3 e siderita - FeCO3 ) e da Halita - NaCl e Galena-
PbS. Os minerais isomórficos, formados por elementos com raios iônicos semelhantes e
cargas iguais, podem apresentar intercâmbio entre os seus constituintes de forma total
ou parcial, na dependência de restrições de dimensões e cargas, dando origem a
substâncias de composição intermediária entre dois ou mais termos finais. Disto resulta
o fenômeno conhecido como Solução Sólida, que é exemplificado pelo grupo da olivina,
em que os termos finais forsterita (Mg2SiO4 ) e faialita (Fe2SiO4), que mostram o mesmo
radical e cátions com raios iônicos similares e mesma carga, substituem-se mutuamente
gerando compostos intermediários [(Fe,Mg)2SiOJ.
Minerais isomórficos (isoestruturais) constituídos por elementos com raios iônicos
diferentes, mesmo apresentando as mesmas relações aniônicas e cargas iguais, não formam
solução sólida a exemplo dos pares isomórficos calcita-magnesita e halita-galena. Isomorfismo
não é sinônimo de solução sólida, pois nem todos minerais isomorfos formam solução sólida,
embora todos os compostos para formarem soluções sólidas têm de ser isomorfos.
Substituições Químicas
Para que haja substituição química na estrutura dos minerais ou constitua uma
solução sólida (substituição iônica completa dentro da estrutura de um grupo
isoestrutural), é necessária a substituição de um íon por outro e, para que isso se realize,
certas regras devem ser obedecidas:
i) Um íon pode substituir outro se a diferença de raios for inferior a 15 % e as carg.is
forem iguais, a exemplo do Fe2+ e Mgh. No caso do K· (0,133 nm) e Na• (0,099 nn1),,1
diferença de tamanho superior a 30 % não possibilita a substituição, a não ser en1
altas temperaturas, apesar das cargas iguais e da semelhança química.
ii) Íons c~°: \~alências diferentes podem-se substituir, com a compensação da valência por
s~bst1tu1çoes acopla~a_s, e~volven~o dois ou mais elementos químicos, desde qu~ J
diferença de Rc:Ra seJ~ u~fenor a 15 ¼. O exemplo mais comum é O grupo do plagioà\sio,
na qual ocorre a subshtu1çào do Na' e cai♦, com a carga compensada pela substituiçãoJo
Si~' do tetraedro por AP•, e vice versa, em que a albita NaAlS~O mistura-se com CaA½5iP,
(anortita), resultando no composto (Na,Ca)AI (Si,Al)S½Os (pl~giocltisio Na/Ca).
Íons com diferenças ~e raios entre 15 e 35 %, na dependência do tipo de l!strutur•:
podem apresl!ntar substituição parcial l! até mesmo total, 110 caso de os compo51 ~'
terem sido subme tidos a temperaturas elevadas (superiores a 700 °C). Neste caso,
com a queda da temperatura, a solução sólida parcial ou total, possibilitada pela
temperatura elevada, torna-se instável e , havendo tempo suficiente (resfriamento
lento) ou atuação de processos catalíticos (deformação, passagem de fluídos, etc.),
vai ocorrer a separação das fases que constitu e m a solução (desmisturação ou
exsolução). Como resultado, forma-se cristais isolados ou intercrescimento cristalino,
a exemplo dos compostos KA!Si_.p8 e NaAISi 30 8, que, em temperatura elevada e baixa
pressão, dão origem ao anortoclásio (K,Na)A1Si3 0 8, composto que, submetido a
resfriamento le nto, dá origem ao ortoclásio ou microclínio (KAISi 3 0 8) e albita
(NaAISi30 s), cujo intercrescimento e denominado pertita, quando ocorre o predomínio
do primeiro (Figura 12), e antipertita, no caso do predomínio do segundo. Diferenças
de tamanhos maiores que 35 % não possibilitam substituição.
Exsolução (Desmisturação)
Em decorrência da geração de muitos minerais em condições de temperaturas
elevadas ocorre a incorporação de quantidades variáveis de elementos químicos com
raios iônicos que apresentaram diferenças superiores a 15 e inferiores a 35 %, resultando
em soluções sólidas na dependência da estruturação mais compacta ou mais aberta, que
é característica do mineral. A tendência dessas soluções sólidas é de dar origem a duas
ou mais fases cristalinas distintas, se houver um elemento catalisador (queda lenta da
temperatura, deformação, variação de temperatura e passagem de fluidos), que, na
dependência da mobilidade dos elementos químicos, forma cristais independentes ou
mais, comum ente, filetes, filmes, ribbons e formas irregulares no interior do mineral de
origem (hospedeiro). Este aspecto mostra texturas de desmisturação de albita (hóspede)
em feldspato potássico (hospedeiro), constituindo as pertitas (Figura 12).
Figura 12. Pertilas originadas pela desmisturação de albita (hospede) no interior de cris tal de
(c.Jdspalo pol~sslco (hospt!deiro).
Polin1orfismo
O termo polimorfismo deriva de poli (muitos) e morphos (forma) e é empregado para
compostos químicos que podem ser estruturados de diferentes maneiras. As diferentes
possibilidades de empacotamento resulta de relações aniônicas, com valores próximos
aos limites de estabilidades entre tipos de coordenação (Figura 10), de variação na
composição química e, principalmente, do ambiente de pressão e temperatura. Assim,
minerais polimorfos revelam a mesma composição mas estruturas cristalinas diferentes,
o que se reflete em suas propriedades físicas e morfológicas diferenciadas. Por exemplo,
grafita e diamante são polimorfos do C. Ambos tém a mesma composição química mas
suas estruturas são diferentes, e, como tais, são consideradas espécies separadas. Assim
ocorre também com a calei ta e a aragonita, polimorfos de CaCO3; quartzo-a, quartzo-p,
tridimita, cristobalita, coesita e stishovita, polimorfos de SiOr
Pseudomorfos
São denominados pseudomorfos (falsa forma) os minerais resultantes de
transformações internas, estruturais ou químicas, sem que ocorra modificação
correspondente na morfologia externa, resultando no fato de que a forma externa é
característica do mineral pretérito, enquanto a organização e, ou, composição interna é
de um mineral diferente. Esse fenômeno pode ocorrer de diferentes maneiras:
Substituição
Incrustação
Alteração
. ~~ste caso, ocorre adição parcial de material novo ou a remoção parcial do tllateriJI
pnm1~1vo, a exemplo ~a passagem de pirita (reS2) para goethita (FeOOH); adiçâC1 d~
mater~al, no caso de g1pso (CaSO~) para anidrita (CaSO .2H,O); ou apenas a saíd'1 ~~
no caso da alteração de in)'Oila (Ca'1 B~o w 13!-I~0 -) para paran,e}'erhoffl.'ni.1
4
matenal, como
-1
(Ca2D1.0w 7Ji 20 ). -
Paramorfismo
Quando ocorre a mudança da estrutura interna de um mineral para um polimorfo,
permanecendo a forma externa. Como exemplo, tem-se a transformação de arngonita em
calei la.
g kg·•
Cu -343,0 63,54 0,5398
f-l' - 305,9 55,85 0,5477
S - 3-,18,2 32,07 1,0857
flontc: D,m., l,. Hurlbul Jr. (197li).
s kg·l
Cn0-324,4 56,1 0,5783 :: 1
Quadro 5. C\lculo da fórmula qulmica da hornblenda a par tir de aná lise química do mineralfll
ÓXidos Teor l\1,155,1 Proporção Proporção Nºde Nºde lons Aj uste para
dos molar molecular .ill\mica de- ,inions na (órmula (órmula estrutural
óxidos (Tcor/(Massa oxigenio a na b,1se
molar partir de de 24
X 10)1 c.1d.1 mui (O,OH)
fórmula química, sendo esses grupos subdivididos com base na organização estrutural.
Dessa forma, destacam-se como grandes grupos: elementos nativos (ouro-Au, prata-Ag,
diamante-e, enxofre-S); sulfetos (galena-PbS, esfa lerita-ZnS, pirita-FeS2, arsenopirita-
FeAsS); sul fossais (tetraedrita-Cu 12Sb_15 13, enargita-Cu 3AsS.1); óxidos (gelo-Hp, magnetita-
Fe3O4, hem a ti ta-Fep.v ru ti lo-TiO 2) e hidróxidos [goethi ta-FeO(OH), gibbsi ta-Al(0H)J;
halogenetos ou halóides (lrnlita-NaCI, fluorita-CaF 2); carbonatos [aragonita-CaCOY
dolomita-CaMg(CO3)2); nitratos (salitre-KNO3, salitre-do-chile-NaNO3); baratos (boracita-
Mg31\.O13CI, bórax-Na 2B4 OrlOH 2 O); sulfatos e cromatos (barita-Ba5O4, gipsita-
Ca5O_1.2H2O, crocoíta-PbCrO4 ); fosfatos, arseniatos e vanadatos [monazita-(Ce,La,Th)P01,
apatita-Ca 5 (PO4) 5(OH,F,Cl)]; tungstatos e molibdatos [scheelita-Ca WO4, volframita-
(Fe,Mn)WO.1)] e silicatos. Este último, por sua grande importância, é subdividido de acordo
com o grau de polimerização dos tetraedros Si O te,
conseqüentemente, pela razão Si:0
dos ânions (Figura 13): nesossilicatos (tetraedros isolados - Si:O=1:4, olivina-
(Mg,Fe)2SiO4); sorossilicatos (duplas de tetraedros - Si:O = 2:7, hemimorfita-
Zn4Si2O,(OH).H2O); ciclossilicatos (anéis de tetraedros - Si:O=1:3, berilo-Be/\l 2Sip13);
inossilicatos (cadeias simples de tetraedros - grupo dos piroxênios -Si:O=1:3, enstatita-
Mg2Si2O6; cadeias duplas de tetraedros - grupo dos anfibólios - Si:O=4:11, tremolita-
Ca2Mg5Si8O22(OH)2); filossilicatos (folhas de tetraedros - Si:O=2:5, talco-Mg3Sip 10(0H):)
e tectossilicatos (estruturas tridimensionais-Si:0=1:2, quartzo-SiO,, microclínio-KAISip5,
Albita- NaAISi3O 8). -
Tetraedros isolados
(SiO,)" (Ncsossilicatos)
I .
Tetraedros duplos
(Si,O,)" (Sorossilicatos)
.
Tetraedro
12• •
cm annl
'. • ~ Tetraedro cm cad eia · ·III fiin1·1a
(51,011) (C1closs1hcato) (Si,O,)" (inossilicalos)
lnossilicalo cadeia simples
(Piroxl!nios)
figura 13. Tipos dê .urnnjos do!> letr.icdms de silkio/oxi •('nio ( nl" . , 1. .h ,) dcíinindL1 e•·
diferentes grupos dos silic.110s . g fl tmcr znç,
Das várias classes de minem is, npenas a dos silicntos é responsável peln constituição
de aproximadamente 95 % em volume da crosta continental. Minerais das demais classes,
embora menos abundantes, também são importantes pelo seu interesse econômico e, ou,
científico.
A aglutinação dos minerais com base no ãnion e natureza do radical aniônico
dominante apresenta a vantagem de considerar que estes tendem a se formar por processos
físico-químicos semelhantes e a ocorrer associados uns aos outros na natureza, além de
apresentar propriedades físicas e morfológicas muito mais semelhantes entre si que
minerais com o mesmo cátion, por exemplo, siderita-FeC03 tem nrnis afinidade com a
caJcita-CaC03 ou com magnesita-.tvlgC01 do que com pirita-FeS, ou com hematita-Fe20 3 •
Por outro lado, a subdivisão com base na ~slTutura cristalina per~ite separar as variedades
polimórficas e agrupar minerais com morfologias similares, a exemplo de carbonatos
ortorrômbicos (aragonita - CaCOy estroncianita - Caco,, witherita -BaCOy cerussita -
PbC03) e romboédricos (calei ta - CaCOy dolomita- CaC03, siderita - CaCOy magnesita -
CaC03, rodonita - CaCOJ
Existem outras classificações mineralógicas desenvolvidas para atender às
necessidades especificas, a saber: a importância do constituinte dos minerais, o modo de
ocorrência deles na natureza, gêneses e associações paragenéticas e as propriedades
físicas. Dentre estas classificações, destacam-se:
Elemento Constituinte
Os minerais são agrupados de acordo com o elemento químico mais importante, não
levando em consideração a composição química dos minerais, as propriedades
cristalográficas e físicas. Assim, todos os minerais de Fe importantes estarão reunidos
em uma mesma classe: hematita-Fe2 0 3 (trigonal romboédrica); magnetita-Fe_P ~ (isométrico);
siderita-FeC03 (trigonal romboédrico); goethita-HFe02 (ortorrômbico); pirita-Fe52
(isométrico); marcassita - Fe52 (ortorrómbico); trofüta - FeS (hexagonal); pirrotita-Fe 1.,S
(hexagonal/ ortorrômbica), etc. No caso do Cu, encontnm-se no mesmo grupo a antlerita-
CuJ(OH)~S0_1 (ortorrômbico); atacamita-CuFl(OH):i (ortorrômbico); malaquita-
Cu2(C01)(0H)2 (monoclínico); azurita-Cu 3(COJ)i(OH) 2 (monoclínico); bornita-Cule5_1
(isométrico); cakocita-Cu 25 (ortorrómbico); calco pirita-Cu FeS2 (tetragonal); covellita-CuS
(hexagonal); cupri ta-Cu 20 (isomé trico); cnargi ta-CuJAsS~ (ortorrômbico); tetraedrita-
(Cu,Fe,Zn,AG)12Sb4Su (isomét1·ico), etc.
Coloração
Minerais M~íficos ou Fémicos
Apresentam cores escuras por conterem Fe, Mg, Ti, Mn, etc. Exemplos: olivina, piroxênios,
anfibólios, etc.
Densidade
Leves
Flutuam no bromofórmio por terem densidade menor que esse composto químico
(2,89 kg dm-3), a exemplo do quartzo e minerais do grupo do feldspato .
Pesados
Apresentam densidade superior a 2,89 kg dm·3, portanto, afundam no bromofórmio,
a exemplo da turmalina, zircão, magnetita, ilmenita, rutilo, monazita, etc.
Utilização
Minerais de Gemas ou Pedras Preciosas
Usados para a confecção de jóias e bijuterias. Nos livros especializados, os minerais
de gemas podem ser classificados quanto à coloração, dureza, brilho e outras propriedades
físicas. Mais de 330 espécimes de minerais são ou foram usados como gema.
Minerais de Ganga
Presentes nas jazidas junto com os minerais de minério que, em virtude de aspectos
econômicos, tecnológicos ou composicionais, não são utilizados, sendo incorporados ao
rejeito, a exemplo do quartzo e minerais de argila no minério de Fe, explotado no
Quadrilátero Ferrífero (MG) .
.Minerais de Canga
Minerais de Carga
Correspondem aos minerais utilizfldos pela indústria como enchimento de seus
produtos, objetivando a melhoria de sua qualidade (resistência, durabilidade, textura,
etc.) e, principalmente, redução de custos de produção, por facilitar o manuseio e
diminuir o consumo de insumos mais caros. Pode-se destacar o uso do carbonato de
Ca na indústria de PVC e de tintas, de caulim nas indústrifls de papel, borracha,
tintas, etc.
Quantidade
Minerais Acessórios
Ocupam menos de 5 % do volume de uma rocha.
l\1inerais essenciais
Aparecem em quantidades iguais ou superiores a 5 % do volume d e uma rocha.
Formação
:Minerais Primários
Formam-se na mesma ocasião e condições que a rocha que os contém e que mantém
forma e composições originais, a exemplo de labradorita, olivina, augita, pigeonita e
magnetita em basalto; ortoclásio, oligoclásio, quartzo e biotita em granitos; biotita, quartzo,
granada, estaurolita e cianita em xistos aluminosos.
Minerais Secundários
São gerados após a formação das rochas que os contêm, geralmente, à custa
de outro ou de outros minerais. Quando constituídos em condições supérgenas,
ou seja, na superfície terrestre ou em pequenas profundidades, os minerai s
secundários correspondem a minerais silicatados (caulinita, illita ,
monlmorillonita, etc.), hidróxidos (gibbsita, goelhita, lepidocrocita, limonita, etc.)
e, ou, óxidos (hematila, piroJusita, etc.), do tamanho argila(< 0,002 mm) ou maiores,
podendo atingir mais de 1 mm, a exemplo de c ristais de gibbsita, caulinita,
goethita, polianila, etc.
Forma Externa
Minerais Euedrais (ldiomórficos)
Limitados por superfícies planas (faces externas), que mantêm relação com elementos
de simetria (formas geométricas, Figura 7) que correspondem ao arranjo interno, pelo que
podem ser reconhecidas com facilidade faces de prismas, pirâmides, pinacóides, etc.
Hábito
É a forma geométrica externa exibida pelos mineril.is e pode ser analisada con1°
cristal
. individual (habito cristalino). ou do agreg"do " , que pod e ser su bd·,, •.-1id0 rrn
1 1~
vários grupo~ con~ base no arran1~, forma e dimensões dos cristais. No primt>iro (~ ~0 •
, te termo ct·1nam1co
tende .i refletir mais a estrutura cristalina que O ,," mt11·!én - • de forn1:i~JLI,
·
Geminação
É a propriedade dos cristais de crescer agrupados entre si de acordo com a lguma lei
que pode ser deduzida, ou seja, de maneira regular, segundo direções cristalográfic..-is,
compatíveis com operações de simetria e os indivíduos que apresentam esta propriedade
são chamados de cristal geminado. Quando parle for derivada da outra mediante retle:\.clO,
o plano em torno do qual as duas partes do cristal estão dispostas simetricamc nt~ cham,1-
se de plano de geminação ou de composição; d e forma similar, se a derivaç,10 for pur
revolução, d linha em torno do qual ocorreu a rotação denomina-se eixo do geminado ou
eixo d e gl'min.1ção. Quando dois indivíduos apresentam simetri..-i em relaçJo ,1 urn ponto,
diz-se que o f;CminaJo tem um centro de simC'tria.
As leis de geminí:lçào v,uiam de .tcordo com os sis tcm.,s crist.,lohr.Hico~. grupos lh!
simetTia mi\is baixa, geralmente, gcrí:lm \lll\J simctri., p.w., o .,grcg,,do nrnior que,\ do
indi\'íduo, pelo falo de a oper.1çào de gcmin,\Ç,'\Cl corrcspomkr num., orcr.,çfü, de simctri.t
adicional. De maneira similar ao hábito, 0 tipo de hemin.,ç.,o, cm mui los l.'.\lSl'S, cons titui-
se em propriedade diagnóstica do minerí:11 (Figura 1-t}.
g) ,\lbit.i h) úlcita
Figur.:i 14. Principais tipos d e gcminnÇÜl'S: gcminaç.lo de cont,,to (.,; b; c), 8l'min.1,Ju ,k
pcnetr.w.lo (d; e; f), geminação polissinl~tica (g; h; i) e gcmin.tç,fo ddk., (j: k).
Divisibilidade
Refe re-sc à maneira com que os miner,1is se rompem ao serem submetidos a um
esforço adequado e é dividida em fralur.i, cliv.Jgem e p.uliç.:io.
Fratuni
Corresponde ao rompimento do mineral segundo planos irrcguln.rcs, nJo-p ..11-.,lck,s
entre si, caolicamenle dispostos esp,1cialmenlc, portanto sem rclacionamenll, C{ll\l a
estrutura in te mil do mineral. A fratura pode Sl.'r d,1ssific.1d.1 dl' arordl, ..:om ,\ mürfok,g i,l
da superfície de rompimento e m concóidc ou conchoid<ll (rompimento ger.u,d,, •upt•ríicil'
com aspecto da superfície interna de uma conch.1: exemplo do vidro e dú qu,nl w); iibrt~ l
ou estilhilçilda (quando o rompimento gera estilhaços ou fibr,ts); scrrilh,id., \supcrfldc
denteadn, irregular, com bordos cariantes}; desigual ou irrcgul.lr {supt'rfkks l'\l~l,s,, · I.'
irregulares } e ; plan.-ir (qu,1ndo gcr,1 sup,•rfícies rd.:itivamcnlc pl,Hl.\S Pl'l't1rn n,\o-
parilll'las ).
Clivugcm
C1r.1clerislici:1 d o min~r.11 dl· s"' rom.pcr gcr,tnJo ::.upe1·í1dc5 pl,111.1s p,ll',,11.'l,,-. l•ntn.' i-1
e ~I cs t-rutur,1 lnlcrn,~ do ~- n slill O ~01~1p111wntu OC()~rl' •\J"-'ll,lt, l'.lf,1k•l.1nwnlt' •"'" }'l,llW'
rl!t icul.:ire 'ondl· as lig.:iÇOé!> sJu m,11s I r,1c,1s, por mot1v1.1 dc m.1io1· c,p.11,:,\I\W11h1 ,,u li~~.,,;,'" s
(b) (c)
(a)
~ (f)
(e)
Figura 15. Representação esquemática dos principais tipos de clivagem, em que os p lanos
externos l' os traços correspondem aos planos de clivagem: a) cúbica, b) octaédrica, c)
dodecaédrica, d) romboédrica, e) prismática e f) pinacoida l ou basal.
Partição
Dureza
É a resistência que uma superfície lisa do mineral oferece ao ser riscada e é
representada pelo símbolo D (dureza) ou H (/1nrd11ess). A resistência ao risco varia de
acordo com a orientação cristalográfica {propriedade vetorial), aspecto que pode ser
constatado facilmente no mineral distênio ou cianita, o qual é riscado facilmente por
lâmina de aço (canivete) ou vidro na direção de maior comprimento (direção paralela ao
eixo c, onde a dureza é pouco superior a 4 na escala Mohs) e não é riscado
transversalmente, direção em que a dureza é pouco s uperior a 7.
A dureza de um mineral pode ser determinada por comparação com os minerais que
constituem a escala de dureza de Mohs, que varia de 1 a 10, e é representada por: talco
(1), gipso (2), calcita (3), fluorita (4), apatita (5), ortoclásio (6), quarto (7), topázio (S),
coríndon (9) e diamante (1 O). A dureza, segundo Mohs, pode ser estimada também fazendo
uso de utensílios simples e comuns: palito de fósforo (1 a 2), unha (2 a 2,5), Cu (3), lâmina
de canivete ou faca (pouco mais de 5), vidro comum (ao redor de 5,5), porcelana comun~
(6 a 7), aço de lima (ao redor de 6,5), porcelana de alto teor de AI (8,5 a 9), carbeto de 51
(SiC) (ao redor de 9,5), etc.
Para obter a dureza Mohs risca-se o minera l no outro, ou no utensílio, e vice-vers,,,
verifican,do após o teste qual dos dois foi s ulcado (riscado), após limpar a superfície ~lll
análise. As vezes, a lupa auxilia muito, principalmente, quando a dureza dos minerais~
muito próxima. Em laboratório, a dureza pode ser determinada com equipamentos
especiais, ta!s como: esclerômetros, por meio do desgaste ou da pressão de ponteiros con1
pontas de diamante.
Tenacidade
E. a res1s
· l'"1 nc·, a q u e um mmeru
· 1 o ferece ao choque, ao ser quebrado, esnta~•
,:idl1,•
curvado ou rasgado e pode ser dividida em frágil (quebra-si! focilmcnte com o m.1rtdl ~
1
os fragmentos saltam para os lados, a exemplo do S); friável (quebra-se facilmente com o
martelo, porém os fragmentos ficam no lugar, podendo ser o mineral quebrado por simples
pressão, sem bater, a exemplo da bauxita e gipso); tenaz (apresenta grande resistência
conh·a qualquer tipo de ataque mecânico, a exemplo do quartzo); séc til (pode ser cortado
em lâminas com o canivete e as lascas ficam coesas, a exemplo do gipso); maleável (ao
impacto do martelo gera lâminas sem se romper, a exemplo do Cu e Au); elástico (as
folhas ou fibras voltam à forma inicial após ccssa.r a pressão sob a qual esteve submetida,
a exemplo da muscovita); flexível ou plástico (as folhas ou fibras conservam a forma
adquirida pela deformação, a exemplo do talco e vermiculita) e; dúctil (os que apresentam
a propriedade de formar fios, sem se romper, sob tensão).
Índice de Refração
Quando a luz entra em contato com o mineral, parte reflete na superfície e parte
penelra no mineral. Por passar de um meio menos denso para um mais denso, a luz que
penetra retarda sua velocidade e, se a incidência não for normal, a superfície sofre refração,
ou seja, a luz muda a direção de propagação, proporcionalmente à alteração da velocidade
da luz. A relação entre as velocidades nos dois meios é igual à relação entre o seno do
ângulo de incidência e o seno do ângulo de refração (lei de Snell) (Klein & Hurbut Jr.,
1993).
A luz que vibra em todas as direções, ao penetrnr os minerais que não cristalizam no
sistema isométrico, passa a vibrar apenas em duas direções perpendicul.ues entre si
(polarização da lu.t de acordo com essas direções), uma obedecendo n lei de Snell (r,,i0
Diafaneidade ou Transparência
É a propriedade de os minerais deixarem a luz passar. Não existem minerais
absolutamente opacos, secções finíssimas deixam passar a luz, tampouco existem cristais
totalmente transparentes. O mais transparente é água pura, que revela cor azul em lâminas
espessas, provando que existe absorção. Uma parte do raio luminoso que incide em um
corpo reflete enquanto a outra parte penetra no interior do meio. Ao penetrar em
determinado meio, o raio luminoso muda de velocidade, sofre refração e gasta
paulatinamente sua energia, a qual se transforma em outros tipos de energia,
principalmente térmica.
S~gund~ o gra~ de transp_arência, os minerais dividem-se em: transparentes - quando
um mmeral e perfeitamente visto através do meio (topázio, gipsita, quartzo); translúcido
- quando a luz atravessa um objeto, mas não é possível a observação com nitidez através
deste (esfalerita, cinábrio); opacos - quando a luz não atravessa O meio mesmo em bordas
1
d~ l_gadas (pirita, magnetita, grafita); semitransparentes _ um 0 bjeto é visto co01
d1f1~uldad:s. através de um meio, intermediário entre transparente e translúcido;
sem1transluc1do - a luz só atravessa o mineral em bordas delgadas e com dificuldades.
. C_ristais com grande espessura podem dar a impressão de opacos (biotita, rutilo) e
cr1sta1s em agregados provocam a difusão da, luz, a paren t an d o ser ben, menos
lransparentes.
Cor
É a primeira propriedade
•
nue
·1
nos chama a ""lei,ra- d .. ,. i..:,-ervad• 0 ·
•'\e 0 , quan o un1 nunera 1t! 0 L'
Com base
. nessa
. propriedade
. . é que diversos 1111• 1,er",, ·15 fo ram d es1gnauos
. ..1 (
azur·,ta, dontJ,
rodornla, alb11a, cianita, etc.).
Para alguns minerais, a cor pode ser uma propriedade quase que definida e const;mte,
servindo como meio de identificação, isto quando observada em superfícies frescas e
quando o mineral não mostra alteração (pirila - amarelo latão; galena - cinza-chumbo;
maJaquila - verde; magnetita - preto; Au - amarelo). Contudo, a maioria dos mine rais
não exibe cor constante em suas diferentes espécies, decorrente, principalmente: da
variação na composição do mineral, a exemplo da entrada de Feno ZnS (esfalerita ou
blenda), tornando este mineral de branco a castanho; da presença de im pur ezas, a exemplo
de hidróxidos de Fe na halita gerando cores amarelas a vermelhas; da entrada de
elementos químicos cromóforos (Ti, Fe, V, Cr, Mn, Co, Ni, Cu, etc.); da alteração na
homogeneidade da estrutura cristalina e mudança do estado eletrolítico dos íons; da
presença de ians soltos ou grupos inteiros deles ocupando espaços vazios da estrutura .
A cor é uma propriednde vetorial, desta formn, os minerais que não cristalizam no
sistema isométrico podem exibir cores diferentes de acordo com a absorção seletiva da luz
nas diferentes direções cristalográficas. Este fenômeno é chamado de pleocroísmo e pode
ser observado por meio de wn polaróide; caso apresente apenas duas cores, no caso dos
minerais un.iaxiais (tetraganais, trigonais e hexagonais), são ditos dicróicos (dicroísmo) e,
no caso dos biaxiais (triclínico, monoclínico e ortorrômbico), são tricóicos (tricoísmo).
A cor como propriedade para a determinação dos minerais deve ser utilizada com
muita cautela. Os minerais podem ser agrupados em três grandes conjuntos:
idiocromáticos - termo aplicado aos minerais que apresentam sempre a mesma coloração,
sua cor é própria, condicionada por suas propriedades internas ou de constituição (S,
Cu, magnetita); alocromáticos - aqueles que apresentam grande variação na coloração
graças â presença de impurezas, inclusões, pigmentos e são incolores ou brancos, quando
puros, se pulverizados perdem a cor que possuíam, tornando-se esbranquiçados (quartzo,
turmalina, berilo); pseudocromáticos- naqueles em que se observa, às vezes, um jogo de
cores determinado pela interferência da luz incidente graças à reflexão de superfícies
internas (cHvagem, fraturas, inclusões). Neste caso, a coloração não depende da natureza
do próprio mineral (labradorita, hematita alterada).
Cor do Traço ou do Pó
Trata-se da cor do pó de um mineral, que é determinada pelo atrito desse m.ineral em
uma placa de cerâmica (porcelana) comum não esmaltada (dureza 6 a 7) ou de alta
presença de .:ilumina (dureza 8,5 a 9), para minerais mais duros que 7. Enquanto a cor
dos minerais é mu.ito variável, a cor do pó é normalmente constante. É inútil experime ntar
o traço de minerais brancos, incolores ou transparentes, uma vez que estes serão
automaticamente incolores ou brancos. O método do traço é muito útil na determinação
de minerais opacos, sem.itranslúcidos ou de cores fortes, apesar de serem tonalidades,
geralmente, muito sutis e requererem observações exatas. A cor do traço pode coincidir,
em muilos casos, com a cor do mineral e, em outros casos, ser bastante difere nte.
Brilho
É a a parência geral da superfície de um mineral â luz refletida, raz.:10 por que depende
d,1 na turez.:i da s uperfkie, do valor do índice de refr.1ç.:10, d,, absorçZ,o e de oulríls
particularidades do minernl. O brilho pode ser dividido e m três grandes grupos: metálico,
não-metálico e submetálico. O brilho metálico é típico dos minerais opacos, gue,
normalmente, revelam índice de refração superior a 3 (pirolusita, molibdenita, antimonita,
galena, pirita , e tc.). O submetálico ou semimetá lico são típicos dos cristais
semi translúcidos, normalmente com índices de refração entre 2,6 e 3,0 (cinábrio, cuprita,
volframita).
O brilho não-metálico é típico dos minerais qu e deixam a luz passar com mais
intensidade, normnlmente com índices de refração inferior a 2,6, sendo utilizados os
seguintes termos pnra descrever a aparência deste grupo: vítreo - próprio dos materiais
com índice de refração entre 1,3 e 1,7 (vidro, quartzo); resinoso - aparência de resina,
materiais com índice de refração entre 1,7 e 1,9 (S, esfalerita); adamantino - igual do
diamante, próprio dos minerais com índice de refração entre 1,9 e 2,6 (zircão, cassiterita,
diamante); perlácio - brilho como o do talco (talco); ceroso - brilho do vidro "sujo de
óleo" (nefelina); sedoso - resultado do a rranjo de fibras paralelas (crisotilo, malaquita e
outros minerais fibrosos); nacarado - com aparência iridescente de uma pérola, aspecto
resultante de esfolinção decorrente de planos de clivagem perfeita (base da apofilita,
gipso, micas e outros minerais facilmente esfoliáveis).
O brilho deve ser verificado apenas em superfícies frescas dos minerais, pequenas
películas de alteração superficial podem modificar substancialmente o brilho.
Luminescência
Propriedade que alguns minerais apresentam de emitir luz sem ser resultado
direto da incandescência. A luminescência nos minerais é fraca e geralmente só pode
ser observada em sala escura e, ou, com aparelhos específicos. Este fenômeno pode
ser produzido por várias maneiras e o fenômeno recebe denominações segundo 0
processo gerador. Dessa forma, têm-se: i) triboluminescência _ propriedade de alguns
minerais tornarem-se luminosos por ação mecânica, esmagamento, riscados ou
esfregados; ii) termoluminescência - propriedade de alguns minerais emitirem luz
quanto aquecidos a temperatura abaixo do vermelho (incandescência); iii)
fluorescência e ~osforescência - quando os minerais apresentam a propriedade _de
tomarem-se luminescentes quando expostos à luz não-visível (ultravioleta), aos raios
X~ ou aos raios c_atódicos (fluorita, scheelita, cakita, apatita, dolomita, willen1it~,
diamante, autumt~, etc.). São fosforescente quando a luminescência perdura apos
cessar a fonte excitante, e fluosrescente quando a luminescência interrompe-se
juntamente com a fonte.
Propriedades Organolépticas
Propriedades que dizem respeito a alguns d e nossos sentidos como O olfato e o t,,w.
Embora de pequena importância, são, às vezes, de grande utilid;de prática.
O sabor. somente
. . O
pode ser percebido se m,·i,ei·al
, é so 1uve • 1em agua,. " C"º'º
os s.iis,,
sendo os pnnctpats lermos empregados: salino- típico t·lo sal (N CI)· -,dstringcfltt
, . .. . , comu1n a , , .,:o1
- a lume (KAl,(50,),(01-l)J,
•
amargo- cpsom1ta (MgO4 •71-1! O)·, a 1ca 1.mo ou pt•cílnte-
t
,,otà!-o-
r
e soda; doce- li pico dos sais de B, a exemplo do bórax (Na 2 B~07'10Hp); ácido ou ilzedo
metálico-ca\cantita (CuSO~.SHp).
O odor não é comum, pois poucos minerais desprendem naturalmente cheiros
caracter!sHcos; todavia, muitos, ao serem aquecidos, friccionados, triturados, umedecidos
ou tratados com ácidm:, emitem odores, sendo os mais comuns: aliáceo - quando lembra
o cheiro do alho e é emitido por compostos de Ar, quando atritados ou aquecidos;
sulfuroso - típico do S queimado e é próprio dos sulfetos, quando aquecidos, ou da pirita,
quando friccionada; fétido - similar ao emitido por ovos podres, emitido por variedades
de quartzo e calcários, quando friccionados ou pulverizados; betuminoso - cheiro do
betume ou asfalto.
Ao tocar os m.inerais, aprecia-se o tato, propriedade resultante da textura e calor
espedfico dos minernis. Desta forma, distinguem-se minerais lisos (opala), untosos (talco
e grafita), ásperos (tripole), frios (quartzo e pedras preciosas), sedosos (amianto) e
pegajosos, a exemplo das argilas, principalmente quando tocada pela ponta da língua.
Propriedades Térmicas
A propagação de calor, a dilatação e a contração decorrentes da variação da
temperatura, a exemplo das propriedades ópticas, excetuando o sistema isométrico,
dependem da orientação cristalográfica. A velocidade de propagação de calor varia
bastante de mineral para mineral na dependência de sua composição química e tipos de
Ugações. Nos corpos isótropos, os índices de propagação de calor, dilatação ou contração
não variam com a orientação, porém, nos outros sistemas cristalográficos, esses índices
variam bastante com a direção axial.
Para a geologia, a dilatação e a contração têm grande importância no intemperismo
físico e na utilização das rochas para construção, onde os coeficientes de dilatação têm
de ser considerados. Esta propriedade também pode ser utilizada para a determinação
de minerais.
Quanto à condutibilidade térmica, os minerais podem ser classificados em i)
condutores típicos - minerais com ligação metálica a heteropolar (metais e sulfetos
metálicos); ií) semicondutores - minerais com ligação heteropolar e homopolar de
ressonância, representados principalmente pelos sulfetos e arseniatos e; iii) isoladores
típicos - minerais com ligação heteropolar fraca ou homopolar sem ressonância (silicatos
e halogenetos).
Propriedades Elétricas
Considerando as ligações iônicas, covalente e de van der Waals, a maioria dos
minerais são maus condutores de eletricidade (não-condutores). Alguns poucos minerais
são excelentes condutores por apresentarem ligações atómicas metálicas autênticas, como
é o caso dos minerais nativos (Au, Ag, Cu, Pt). Nas estruturas em que as ligações são
apena~ parcialmente metálicas, por exemplo, os sulfetos, os minem is são semicondutores.
Dessa forma, a condutibilidade elétrica, exemplo da térmica, pode ser utilizad,, para .:i
identificação de minerais ou gemas.
Por cristalizarem em classes que não apresentam centro de simetria, alguns minerais
revelam propriedades especiais, denominadas piezoeletricidade e piroeletricidade.
Piezoeletricidade é a propriedade que um cristal tem de transformar uma pressão mecânica
em carga elétrica, a exemplo do quartzo, mineral do qual uma placa cortada de forma
correta desenvolve cargas positivas e negativas extremamente regulares, se esta for
pressionada (pressão normal ou por campo eletromagnético). Esta propriedade é usada
pela indústria eletroeletrônica, no controle das rádios-freqüência. Piroeletricidade é a
eletricidade originada pelo aumento de calor, ou seja, o desenvolvimento de cargas
elétricas positivas e negativas nas terminações do cristal. A turmalina, por apresentar
elevada piroeletricidade, foi utilizada na fabricação de pirômetros, para medida de
temperaturas de altos fornos.
Propriedades Magnéticas
Magnetismo é a propriedade de serem os minerais atraídos por um imã, sendo muito
poucos os minerais que são naturalmente atraídos ou repelidos por um imã comum,
apresentando-se de forma notável apenas nos minerais: magnetita, pirrotita e ilmeníta. Ê
muito útil para a determinação de alguns minerais, para a orientação no planeta, na
prospecção e no beneficiamento de minérios.
Quanto à intensidade do magnetismo, os minerais podem ser: i) fortemente
magnéticos - magnetita, pirrotita e ilmenita; ii) moderadamente magnéticos - ilmenita,
siderita, almandina, cromita, hematita e goethita; iü) debilmente magnéticos - turmalina
e espinélio e; iv) sem magnetismo - quartzo, calei ta, feldspatos, topázio e coríndon. A
utilização de aparelhos eletromagnéticos possibilita a separação dos minerais segundo
a intensidade de seu magnetismo.
Do ponto de vista de suas propriedades magnéticas, podem ser classificados em i)
diamagnéticos - são os que, suspensos em um campo de força magnética forte dispõem-
se transversalmente às linhas de força e apresentam susceptibilidade negativa, ou seja,
são repelidos pelo imã (halita, zircão, wulfenita, Au, Ag); ii) paramagnéticos - são aqueles
que se dispõem paralelamente às linhas de força, são atraídos pelo imã (siderita, diopsídio,
turmalina) e; iii) ferro~agnéticos são os que apresentam susceptibilidade magnét_ica
alta, dependendo sua imantação do campo magnético externo (magnetita, pirrot1t.l,
ilmenita).
. Alg_uns ~erais desenvolvem um momento magnético espontâneo, quando subme~d<:5
a elevaçao umforme da temperatura, fenômeno denominado piromagnetismo, que é d1fíc1I
de ser obs~rvado e dura po~co t~mpo (dolomita, apatita). Tal fenômeno está definido por
uma rotaçao, enquanto o efeito p1roelétrico está definido por uma polaridade do cristal.
Propriedades Mecânicas
De maneira análoga à dila lação homogênea de um cristal por deito de temp~ratura,
pode-se ~eformar um sólido submetendo-o à pressão hidrostática. A deformaç5o ~,odt'
ser: clásl1ca - quando desaparece depois d e re,· t ,ov·ICi a a força ap 1ca
. d a, ,s
. to é, O corr11
. . • 1
volta à sua forma origina l; plástica - quando 0 ...orr . d t -. forn1,I d(l
'" e mu ança permanen e n..
Propriedades Radiativas
As propriedades radiativas são de grande importância uma vez que servem para a
datação de rochas, minerais e processos geológicos, geração de energia, mapeamentos,
prospecção mineral e para a determinação de minerais. Os minerais apresentam tipos e
intensidades variáveis de radiatividade, na dependência do tipo e teor de elementos
radioativos. No caso dos minerais com presença apreciável de isótopos radiativos que
emitem a partícula alfa, com o tempo ocorre a destruição parcial a total da estruturn
cristalina do mineral e, às vezes, também das porções limítrofes dos outros minerais em
contato, além de mkrofraturamento radial a partir do mineral radioativo, processo que é
chamado de metamixis. Os minerais metamícticos normalmente apresentam cor escura,
de preto a marrom, e aspecto de vidro a resina.
MINERALOGIA SISTEMÁTICA
A seguir, segue um resumo dos grupos dos minerais, citando, como exemplos, os
minerais mais comuns de cada grupo, com base em: Betekhtin (1961); Klockman & Randohr
(1961 ); Dana & Hurlbut Jr. (1978); Klein & H urlbut Jr. (1993); Banco ... (2007).
Elementos Nativos
Excetuando os gases neibres, podem ocorrer no estado nativo cerca de 29 elementos
químicos, dos qurus quatro (H, N, O e Cl) ocorrem no estado nativo como gases ou muito
raramente como líquidos em algumas inclusões fluidas de minerais. Os 25 elementos
restantes (C, S, Mn, Fe, Co, Ni, Cu, Zn, Ru, Re, Rh, Pd, Ag, Os, Ir, Pl, J\u, Hg, As, Se, Sn, Sb,
Ânions Simples
Sulfetos e Relatos
Alé m dos sulfetos estão incluídos nesta subdivisão selenetos, teluretos, arsenietos,
antimanetas, sulfossais, sulfoarsenielos, sulfoantimonietos, sulfobismutetos e oxisulfetos.
Dessa f arma, os minerais desse grupo originam-se pela combinação do S, As, Se, Te, Sb e
Bi, com metais e metalóides. Quando o As, Se ou Te ocupa o lugar do S, gerando um sal
duplo, a exemplo da enargita (Cu 3AsS,), que pode ser grafada como (Cu 2S)3.As2Sy são
chamados de sulfossais. OS pode ser S2• ou S6 ·; no primeiro caso, origina os sulfe tos e, no
segundo, os sulfatos 50/. Os s ulfetos originam-se de cristalização dos magmíls com H2S
na fase fluida. Quanto maior a pressão de H2S, maior a quantidade de sulfeto, podendo
ser o S a base de um magma sulfe tado, que é insolúvel, não se mistura com o magma
silicá tico, e por ler densidade maior concentra-se nas porções inferiores dos derrames ou
das intrusões. Também se origincJm pela desgcJseificação dos mcJgmas em profundidades
e no fundo oceânico, dificilmente formcJndo-se na s uperfície, nos tempos atuais, graç.is à
atmosfera oxid.intc, gerando, nesse caso, normalmente S m e tálico ou sulfat os. N,1
s uperfície terrestre, durante a formação UêlS rochas sedimentares (sedimcntaç,io ou
diagé ncse), o sulfeto pode formar-se desde que o ambiente seja redutor (an óxido), pmlcndl1
m esm o fo rmar-se pela putrefação d a maté ria orgânica.
Os !' ~inci ~ais s ulfe tos são pirita (FeSJ), pirrotit.-i (Fc 11 , S), ca lco pirita (C_u:S),
1
arseno pmt il {l·c AsS), ~alcna (PbS), blcndn ou l'SÍéllc rila (ZnS), m.-ncuss ita (h•S:l•
m olibdc nita (MoS) e ciná brio (Hb-S).
1halogenetos
b , e gru po ci1rac tl'ríza-se pc- l,1 rornbinaçJo deis wn-; h.1lo~~é nicos detron'-'hJli V"~
CI , O, f e J· co m m1:ta1s e mdalóides. 1: Sl's íuns 1>.-'10 gr,inde:-, frn, amcntL• úirn:g,,do~ \.' ,k
fácil polarização e, quando se combinam com cálions de baixa valência, rel ativamente
grandes e fracamente polarizados, cátions e íons comportam-se como se fossem esféricos,
gerando empacotamento de alta simetria, aspectos estes exemplificados pela halita
(NaCl), silvita (KCI) e fluorita (CaF2), que são isométricos e hexaoctaédricos. Por outro
lado, as cargas eleh·ostáticas fracas, aliadas a íons grandes, fazem com que as cargas
sejam distribuídas sobre toda a superfície dos íons quase esféricos e, em conseqüência
disto, os halóidcs constituem os exemplos mais perfeitos de ligação iônica pura. Disso
resulta dureza baixa, pontos d e fusão de moderado a alto, solubilidade fácil e má
condutibilidade térmica e elétrica no estado cristalino. Já em solução, a condução da
eletricidade dá-se pelos íons e não pelos elétrons (processo eletrolítico).
A ligação iônica confere aos halogenetos a propriedade de serem excelentes condutores
de eletricidade no estado de fusão, possibilitando a utilização comercial, para a preparação
do Cl e do Na por eletrólise do cloreto em fusão, nas celas Downs, e no processo HalJ para
a preparação eletrolítica do AJ, usando a criolita (N~AIF6) em estado de fusão.
Os íons halogênicos, quando combinam com cátions menores e mais fortemente
polarizados do que os dos metais alcalinos, resultam em estruturas de menor simetria e
a ligação passa a ser de transição para covalente. Em tais estruturas, a água e a hidroxila
entram comumente como constituintes essenciais, como na atacamita (Cu 2 (OH) 3Cl) e na
carnallita (KMgC13.6H2O).
Óxido e Hidróxidos
Os óxidos resultam da combinação do O com metais e metalóides, já os hidróxidos
são definidos pela presença da OH como elemento essencial e podem ser subdivididos
de acordo com a relação do O com os cátions. Dessa forma, podem ser classificados em
óxidos simples, óxidos múltiplos, óxidos com OH e hidróxidos, etc. Esta classe de
minerais, que corresponde a quase 4 % do volume da crosta terrestre, constitui as
principais jazidas de minério de Fe [hematita - Fep3, magnetita - Fe3O 4 e goethita -
FeO(OH)]; Cr (cromita - CrFe2O 4); Mn (pirolusita - MnO2, manganita - MnO(OH),
criptomelano - K(Mn 2•,MnH) 8O 16 e psilomelano - BaMnp 16) ; Sn (cassiterita -SnO2); AI
(bauxita); Ti (anatásio-TiO~ ilrnenita - FeTiO3 e rutilo - TiOJ
Nesse grupo também aparecem importantes tipos de estruturas, podendo ser
destacada a estrutura tipo R1O, do gelo, que, diferentemente d a maioria dos minerais, é
molecular, formada por moléculas de água bipolares, mantidas juntas, de modo que
cada uma tem quatro vizinhas muito próximas, localizadas nos vértices de um tetraedro
quase regular.
O tipo RO 2 é responsável por dois tipos de estruturas principais, um por cátions
grandes, com dimensões ao redor de 0,1 nm (coordenação 8) e outro por cátions menores,
com dimensões entre 0,06 e 0,08 nm (coordenação 6) (Quadro 2). O primeiro gera a mesm.d
estrutura apresentada pela íluorita, na qual c,'\da O tem quatro cátions vizinhos, dispostos
em tomo d ele nos vértices de um tetraedro mais ou menos regular, ao p,lsso 9Ul' cada
cátion tem oito O em redor dele, nos vértices d~ um cubo. Ess,1 cstrutur<.1 aparece nos
óxidos d e U, Ci.>, Th e a simetria resultante é alta (isométricos da classe hc•xaoctaédrk.1) .
O segundo grupo é repre!:lentado pelo cristal de rutilo, que contém seis O agrup,ldo.s lc'm
torno de cada cátion e tTês cátions ao redor do O, resultante do dobro da carga do cátion
(metade dos lugares possíveis ocupados). O efeito desta redução no número de cátions,
aliado à interpenetração dos orbitais (ligação algo covalente), é a deformação do arranjo
octaédrico usual, característico da coordenação 6, levando a uma configuração de menor
simetria, no caso tetragana!, com hábito prismático, refletindo a estrutura em cadeia.
Outra estrutura de grande interesse é a do tipo AB 2O.1, representada pela estruturas
dos espinélios e de muitos compostos artificiais. Nesta estrutura, o cátion A é
normalmente bivalente com raio entre 0,06 e 0,08 nm, maior do que o B, que é normalmente
trivalente e com raio iônico entre 0,05 e 0,07 nm. Na estrutura típica do espinélio, os íons
A têm quatro O vizinhos, ao passo que os íons B têm seis. Esta é uma estrutura isodésmica,
e os espinélios são considerados adequadamente como óxidos múltiplos. A estrutura do
espinélio está construída em torno de um retículo cúbico, dando origem a cristais
isométricos, hexaoctaédricos, de hábito octaédrico. A ausência de clivagens, as
densidades relativamente altas e a grande dureza refletem o empacotamento compacto e
as ligações uniformes. Como todos os membros do grupo do espinélio são isoestruturais, a
substituição iônica é comum dentro dos limites impostos pelo tamanho dos íons envolvidos.
A substituição de um íon B por outro depende do tamanho iônico e do poder polarizante,
sendo incompleta a solução sólida relativamente aos íons B. Assim, embora algum Fe3• e
Cr3· possam ocorrer no espinélio e na gahnita, não existe uma série completa entre o espinélio
(MgAl2O 4) e a magnesioferrita (MgFe2O4) . Já na posição A, parece haver uma solução sólida
completa. As possibilidades de substituições (solução sólida parcial a completa) dão origem
a uma ampla faixa de variação nas propriedades dos minerais do grupo dos espinélios,
tais como a cor e a densidade relativa, que dependem, principalmente, da composição
química. Já o hábito e as propriedades dependentes da geometria interna e da natureza da
ligação química são notavelmente constantes em todo o grupo.
Ânions Complexos
Ânions Complexos - XO 3
Nitratos (NOJ
Os NO3• constituem sais formados pelo ácido nítrico, são facilmente solúveis em
água e estão confinados quase que exclusivamente em formações geológicas relativamente
recentes, gt!radas em desertos continentais quentes. Eles são formados por re.1ções de
oxidação normalmente associada à ação de nitrobactérias em solos e, ainda, pela ação de
d escargas elétricas, especialmente em platôs elevados. Os nitr.-itos mais importantes s3°
de Na e K, sendo de menor importância os nitratos dos alcc1linos t('rrosos Ca, 1vlg e 13.1. Elll
nmbient('S desérticos, sobre depósitos de Cu, às Vl!Zes, ocorrem complexos nitralClS dt
cobre.
Nos NO, , o N penlavc1lc nte forma com oO i;rupos ifmicos ach.il iu.los, cunfibur,1dl1~
em trevu (triângulo!>), muito semelhantes ao grupo carbonato, uma vez qul! os (ons N
a itilmente c.irrci:;ad o e polartL,,1do unem seus tr\!S O c.:oonlcn,ido.s cm um ~rupo cC1ntp.:ir to,
~m 'JUL' força d a U1;aç.1u N-O (l ~/ 1 - valor dL•riv,1do do c,\kulo d., f-/\ E: S/3, q11I! é igll••~ '1
3/3 (1) ma is 2/3 - VL·ja Noções dL• Cris1aloqufn1ir ,1) ~ m,,ior d o qul! qudlquN lif;;iç.io
Carbonatos (COJf·
enquanto na dolomita não existem esses eixos binários por causa da falta de equivalência
(camada de Mg acima e Ca embaixo, e vice-versa), reduzindo a simetria a um centro de
simetria e um eixo ternário de roto-inversão (classe romboédrica).
Quando fons CO? unem-se a íons bivalentes grandes, não permitindo coordenação
estável 6, resultam estTuturas ortorrôrnbicas do tipo da aragonita. Nessa est·rutura, os
íons metálicos estão coordenados a nove íons O e cada íon O, coordenado a três íons
Ca. Os cálions metálicos e triângulos C-0 dispõem-se em planos perpendiculares ao
eixo c, estando os cátions arranjados de maneira similar ao empacotamento hexagonal
compacto, o que dá origem a uma simetria pseudo-hexagonal, que se reflete nos ângulos
do cristal e na geminação cíclica pseudo-hexagonal, característica de todos os membros
do grupo.
Nos CO/" ortorrômbicos, a solução sólida é mais limitada do que nos romboédricos,
e, a exemplo destes, o Ca e o Ba, respectivamente o menor e o maior íon do grupo
ortorrõmbico, fom1am um sal duplo similar à dolomita. Também neste grupo as diferenças
das propriedades químicas dos minerais são conferidas pelos cátions, e a densidade
relativa é aproximadamente proporcional à massa dos íons metálicos.
O CaC03 cristaliza-se no sistema trigonal e ortorrômbico pelo fato de a relação dos
raios iônicos entre o Ca e o O (0,73) estar próxima ao limite superior da estabilidade da
coordenação 6, que gera estrutura romboédrica (calei ta). Assim sendo, pressões altas ou
a presença de cátions grandes, tais como Ba, Sr, Pb, etc., catalisam a desestabilização da
coordenação 6 e geram estrutura ortorrômbica (aragonita) .
do grupo da apatitn, cm que a piromorfita (Pb5 (P04) 3CI) a mimelita (Pb.,(As04), Cl) e a
vanadinita (Pb, (V0 4 ):iC1) são isoestruturais, apresen tando todas as gradações de
substituição entre os compostos puros.
O constituinte mais importante e freqüente dessa classe é a apatita
(Cas(P04,COySiO~t(OH,F,C1), que apresenta solução sólida entre os ânions F, Cl, O e OH,
como também substituição parcial do fosfato pelos grupos carbonato e silicato. O Ca
pode ser substitufdo pelo Mn, Sr, Pb, Cu, Zn, La e outras terras raras. Esta substituição
iônica complexa típka dos fosfatos resulta em relações químicas e estruturas complexas.
Fosfatos e arseniatos de Ca monodínicos, a exemplo dos sulfatos (gipsita), exibem muitas
propriedades similares como tamanho das celas primitivas, dureza, densidade, etc.
Os fosfatos constituem um grupo numeroso, porém poucos são os minerais comuns
e que apresentam importância econômica, a exemplo da apatila e fosforita, utilizados
como fonte de P em fertilizantes e outros produtos; monazita [(Ce,La,Nd,Th)(P04,SiOJ),
como fornecedor de elementos terras raras e radiativos; ambligonita [(Li,Na)AlP04 F] e
turquesa [CuA1 6(P04)iOH) 8.5H20] como exemplo de gema.
Silicatos
Os silicatos constituem a classe de maior importância, abrangendo cerca de 25 %
dos minerais conhecidos e quase 40 % dos minerais comuns. Em volume correspondem
a cerca de 96 % da crosta terrestre, dos quais cerca de 59 % são representados por
feldspatos, 17 % por anfibólios e piroxênios, 12 % por quartzo, 3,5 % pelas micas,
perfazendo os outros silicatos o volume de aproximadamente 4,5 %, sobrando cerca de 4
% para os não-silicatos. A maioria das rochas é formada por essa classe de minerais,
sendo raras as rochas magmáticas, metamórficas e sedimentares que não possuem como
minerais essenciais os silicatos. Assim sendo, é impossível classificar rochas sem uma
boa base de mineralogia dos silicatos.
De modo geral a crosta terrestre é formada por cerca de 62 % de átomos de O, 21 %
de átomos de Si, 6,4 % de átomos de AI e os átomos de Fe, Ca, Mg, Na e K aparecem em
percentagens similares, ao redor de 2 % cada. Os demais elementos químicos representam
menos de 1 % da proporção atômica média encontrada na crostn terrestre e, desses,
apenas o Ti mostra alguma importância quantitativa na arquitetura da crosta. Dessa
forma,, pode-se imaginar a crosta terrestre como uma espuma de O ligado, em configuração
de maior ou menor complexidade, pelos átomos pequenos, altamente carregados, de Si
tetravalente (rafo iônico= 0,042 nm) e AI trivalente (raio iônico= 0,051 nrn). Esta estrutura
apresenta interstícios que podem ser ocupados por átomos de Fe, Ca, Mg, Na e K em
estados de coordenação adequados aos seus respectivos raios individuais.
O que norteia o aparecimento de um ou outro mineral são as condições
termodinâmicas ditadas pela concentração dos elementos, pressão confinante,
temperatura, natureza e pressão dos fluidos, pH etc. A mineralogia pode ser tomnda
como o alfabeto com que a natureza escreve sua história, aparecendo, neste contexto,
citações como: '' se as rochas são as páginas do livro da história geológica, os miner,1is
são os caracteres com os quais o livro foi impresso e, somente com uma compree ns:'io
deles e de suas estruturas, o documento pode ser lido" (Dana & Hurlbut Jr., 1978).
A-= posição de coordenação 12, ocupada pelos elementos K, Ba, Rb, etc.
B = posição de coordcnaç5o 8, ocu padn pelos elementos Ca, Na, Sr, etc.
C = posição Je coordenação 6, ocupada pelos elementos M"~' fe l• rc1• t\11 ' , Ti 4', Cr'",
°" 0 I t I
Mn-', e le.
J' = pos ição de coordl'nnçiio 4, ocupada pelos elementos Si, AI l' cs poradicaim•ntt• fl•' ',
Cr1 ', d e .
O= po~iç;'ío Jo c ll'rnento coordcnaLlor O ' IJ0cltmdo J ,...... rcccr lam bl'm 1'li OS ( ,l~1-'5•
. O I l ema~
1
J 1"" po:-.içJn '' intl' ft. ticia l" UC'llfM d n pl·lo 0 11, F, CI, o, SO ,...
,, '- J' c t~·.
ligado a seis O, nos vértices de um octaedro regular, ao passo que os íons Ca têm um
número de coordenação 7, pouco usual, com respeito ao O.
Inossilica tos
Constitui um dos grupos mais importantes dos silicatos e sua estrutura resulta da
polimerização dos tetraedros de Si04, de maneira a formar fios, cadeias unidimensionais
infinitas. Esses fios podem ser simples, gerando o grupo dos piroxênios ou duplos, em
que duas cadeias unidimensionais infinitas estão unidas por meio do compartilhamento
dos tetraedros dos dois fios, resultando no grupo dos anfibólios.
Grupo bastante importante, que ocorre em quase todos os tipos d e rochas ígneas e
nas metamórficas de temperatura média a alta. A polimerização em fios resulta no radical
(Si20 6)4·, estando os fios unidos por meio de cátions dispostos intersticialmente, com
fórmula geral BmCn/Sip6, em que a posição B é ocupada por cátions grandes (cerca de
0,1 nm de raio), em coordenação 8 (cúbicu) com o O, representados principalmente por
Ca e Na; a posição C por cátions com dimensões de raios iônicos ao redor de 0,07 nm (Mg,
Fe, Fe3· , Mn, AI, Mn'', Li, Ti), resultando em coordenação 6 (octaédrica) com o O; me n
correspondem ao número de elementos na fórmula química. A introdução de um íon d e
carga maior ou menor pode ser compensada mediante uma substituição simultânea,
como do Si pelo AI, nas posições te traédricas.
Os inossilicatos de cadeia simples originam três subgrupos ou três variedades, uma
cri s talizada no sistema ortorrõmbico, designada de ortopiroxê nio (série dos
ortopiroxénios), outra no sistema monoclínico, denominada clinopiroxênio (série do
diopsídio, augita e es podumênio), e a terceira no sistema triclínico, denominada
piroxenóide. Nos ortopiroxê nios, os tetraedros em fios são unidos apenas por cãtions em
coordenaçã o 6 com o O, resultando cm uma simetria ortorrõmbic,,, produz.ida por um;-i
Qu t MI CA E MINERALOGIA DO SoLo
128 ANTENOR ZANARDO & JosÊ MARQUES JÚNIOR
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No5 pi roxt'.!ni os,oscálions que ocorrcml"1lcr• " 111 e unmu • ....1
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11 e ~I'.!, ' 0
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Grupo dos ortopiroxênios. O ortopiroxênio forma uma série isomórfica constituída pelos
seguintes membros [(Mg,Fe)2Si20J enstatila (clinoenstatita) (até 12 % de Fe); bronzita (12
a 30 % de Fe); hiperstênio (de 30 a 50 % de Fe); ferrohiperstênio (de 50 a 70 % de Fe); eulita
(de 70 a 88 % de Fe) e; ferrossilita (clinoferrossilita) (mais de 88 % de Fe). A fenossilita/
clinoferrossilita é muito raramente encontrada na natureza. Os ortopiroxênios podem
conter pequenas quantidades de Ca, AI, Ti, Ni, Cr, Fe3 ' , e Mn, levando o Ca à exso\uçào,
especialmente nos cristais de origem magmática.
Os termos ricos em Mg são incolores a coloridos (cinzento, verdes, amarelos,
cas tanhos), enquanto os lermos mais ricos em Fe exibem cor verde ou castanho-escura a
prelo, e cor esverdeado, e avermelhado, em seção delgada. As variedades com Fe exibem
plcocroísmo (cores difere ntes d e acordo com a a bsorção seletiva da luz nas diferentes
direções cristalográficas): ex-róseo, castanho avermelhado pálido, violeta-purpura,
Q u l ••II CA F Mr r.CRAL OG IA oo S O LO
II - CONCEITOS BÁSICOS EM MINERALOGIA 131
Grupo dos clinoanfibólios. Este grupo reúne os inossilicatos de cadeia dupla cristalizado~
no sistema monoclínico e, a exemplo dos piroxénios, constitui diversas sé ries isomórfic,,s,
. que se J~tacam_a~ s_eguint~s: Fe-magnesianos (Mg-cummingtonila, grUnerila, tirül~it.i
1.~m
e danrwmontil); anf1boltos cálcicas (tremolita, aclinolita, Fe-actinolita, edenita, Fe-cdcn11·1•
pargas il~, pargas ita forro ~a,_ fo-parg.isila, h.istingsita, Mg-hastingsita, h,1s liJl);!>it,'.
magne siana; Al-t schermak1t a, f-e-alumino tschcrmaldta fcrri-t s dicrmakit.1, fl
11
h chcrmnkita, Fe-fc rri-bchcrmakita; alumino-Mg-hornblcnd~, llClrnblend,, o(tinC1líltl'•
hornblt•nJcl lrc molitic,1,, .
hornulcnda-fcrro-nctinolílic"«, IV ~ 1\OíJ1Ll1. 1Clll1.l, 1•c-
Lt g- r. .. liornbt.:11d:,. . ,.
hornblcnd,1 l"Jcn111rn, homble11dn-fo-cdC'nitic • l,orn'·l· J (t ' 1 ornL,IL•nd, 1-h
._ . _ . ••· u ,•nua pnrg<ls ica, , . : ..
parl"'.::i"",lltl,l,
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hurnbknd..1 h,chcrm.ikílt ca • horiibl ..~ 1,J-.,,- I•e- 1e 5c 11crn1.1
· kit·
· K·, l •,lununo· 1•
11 11
h o rnblend;i , h o rnblcnd,1-M11r, -hJs tinn0 s fti r- •i1 , 1·,,rnbl
1 l'lll1a- 1l,l!, 11ng~
. - ,,·ll•l. · ll.1 , 1o~,w--
• lJ •
Filossilicatos (Si 2O 5) 2·
hexagon.iis, em que a posição central do anel n5u estn ocupada, resultando e m dois AI por
oct::iedro [J\l 2(0H)J sendo, .issim, chmn.id.i de lúmina dioctaéd rica.
As estruturas m.iis s imples dos filoss ilic.itos sõo aquelas cm que apenas uma lâmina
(Si!O~f · (T), liga-se a um.i lâmina de brucita MgJ(OH 6 ) (O) ou à lâmina de gibbsitil Al 2 (0I-l)6
(O), ger.indo estrutura do tipo T-0, ou ·1:1. No primeiro caso, os minerais res ultilntes são
do grupo da serpentina e, no segu ndo, do g ru po ela caulinita. Para él junção ela lé1mina
octaédrica (O) co m a lâmina tetra ~d ri ca (T), ocorre o posiciona m ento de dois O
correspondentes aos vértices de dois tel'raedros não compartilhados da lfünina si loxama,
no loca l das pos ições de d uas das tres OH que definem faces d os octaedros no contato da
làmina octaédrica com a tetraédrica. Desta forma, ficam satisfeitas as exigências de espaço
e de ne utra lidade e létrica, uma vez que a O H e o O têm, essencia lme n te, as mesmas
dimensões, e a carga residual do O no vértice d o tetraedro da lâmina si loxama é igual à
carga da OH, que é e li minada na junçi'io das lâmi nas Te O. As lâm inas duplas (1:1)
podem ser deduzidas da seguinte forma: Si 20 5 + Mg3 (0H) 6 = Mg3 (Si 20 5)(0HL + 2 (OH)
(grupo do serpentina - família trioctaédrica) e; Sip5 + Al 2(0H\ = Al2(Si 20,J(OH).1+ 2 (OH)
(grupo da cau lini ta - famíl ia dioctaédrica).
De maneira idêntica, pode ser deduzida a fórmula quí,nica dos outros membros
mais complexos da grande família dos filossilicatos, como do grupo do talco e da pirofilita.
Nesses mine rais, ocorre a junçi'io de duas lflm inas (T) com uma lâmina (O); no primeiro
caso, tem-se a estrutura trioctaédrica e no, segundo, dioctaéd rica . Nessa estrutura, a
lâmina (O) dispõe-se en tre as duas lflminas (T) e a junção dá-se substituindo as OH por
o do vértice dos tetraedros. Podem-se deduz ir as lâm inas triplas da seguinte maneira.
Si,05 + MgJ(OH)6 + Si10 ~= MgJ(Si~O'°)(OH) 2 + 4 (OH) (grupo do talco- famíl ia trioctaédrica)
e;-Si 2 0 5 + Al1 (0H)" + Si20 5 = Al2 (Si,p 10)(0H) 2 + 4 (OH) (grupo da pirofilita - família
dioctaédrica). De um lotai de seis OH de cada octaedro (Mg e A I), quatro (duas de cada
lado) são s ubstituídas pelos O apica is dos te traedros d e Si para a formação da estrutura
T-0-T; três lâ minas formam uma camada do tipo 2:·1.
A estrutura do talco e da pirofi lita, chamadas de lâminas T -0-T, são e letricamente
neutras e formam estruturas eslnveis, e as cam.idas 2:1 estão unidas entre si somentl!
pela ligação de van de r V\laals. A l igação fra:a das ca madas do talco e pirofilita (dureza
dos mjnerais entre 1 a 1,5 na esca la Mohs), a liada à estruturação em camadas, res ull,\ em
clivagem excelente (proeminente), deslizamento fáci l e tato untuoso.
As estruturas das micas verdadeiras resultam da estrutu ra do talco e da piroíilit,1
pela s ubsti t uição de parle do _Si~~ lâmin.i L~traédrica por AI. Como o A I é trivalentê l!
0 Si é tetTavalenle, cada s ubst1tu1çao d este tipo resulta, na superfície d ,15 lâ minas, um:i
carga e lé trica livre, que é compensada pela en trada de um cálion nwnovalcnle e,
s ubordinadamente, bivale nte~.em c?urdena_ção'l2_regu lar (K, Nn, Ca, Rb, Da, e tc.), qul'
se dispõem entre .is camadas_1-0-1 . Os _cá t1ons d ispostos ent re as 1:amadas originam
ligação iôni ca gerand~ ~1-raçao bem ~nat o r q ue 1w caso do talco e p irofilit-l, foZl'thl<1
com que dimin ua a fac tlt dade de clesl 1znme nto e ntre as ca mndas 2:·1, ,Htmcnll"' a durl''''
e propicie a perda da s ensação u n tuosa. No g ru po trioc l.léd ric<1, ktn-$l' ,\ i.mlÍli.1 d,\
fl ogopi ta/bio tita e, no grupo_ clioctnédrico, a fn'.11ílin da muscovilu, com c1!:i s ~huiilh'~
fórmulas químicos: t<Mg,(A IS1J011,)(0H)~ (flogop1ta), e ,\ 0n tr,1da de fo~• . Ft>'' e dl' t1utro:.
e lem entos cm s ubslituiçJo an IVlg, nlé m de nu trns :w bs tiluiçi"\cs d "-. /\ 1 p11r Si, l'\."Htlt,111,1
Tectossilica tos
É u grupo dos silicatos mais importante volumetricamcnte, uma vez que perfaz pouco
mais de 70 % do volume ocupado pela crosta terrestre. Os minerais dessa subdivisão são
Grupo da sílica
O termo feldspato é derivado do alemão feld (campo)+ spnth (pedra). Esse grupo
apresenta grande freqüência e ampla distribuição, constituindo a principal base de
classificação das rochas magmáticas, estando ausente apenas em algumas rochas
ultramáficas e em raríssimas rochas alcalinas. Os feldspatos são os constituintes mais
importantes dos pegmatitos e são comuns nos filões ou veios d e origem hidrotermal de
alta temperatura. São os const.ituintes principais da maioria dos gnaisses e xistos e ocorrem
também em muitas rochas geradas por metamorfismo termal, regional e dinâmico. Embora
os feldspatos sejam susccptíveis de alteração e meteorização, eles estão presentes de
maneira marcante nos sedimentos arenosos, onde aparecem sob a forma de grãos
detríticos e, ou, aulígenos, sendo de importância secundária apenas em sedimentos
pelíticos e principalmente carbonáticos.
O perfeito entendimento das relações entre os feldspatos apenas é atingido com a
caracterização química e estrutural, aspectos dependentes da temperatura e pressão de
cristalização e da his tória termal e deformacional subseqüente. Podem ser de alta
temperaturn, quando cristalizados em rochas efusivas ou hipoabissais, e de baixa
temperatura, no caso de formarem-se em ambiente plutónico (profundidades superiores
a 20 km). Os foldspalos podem ocorrer também em estados estruturciis correspondentes a
temperaturas intermediárias.
Cristalizam-se nos s istemas monoclínicas e triclínicos; todavia, apresentam
similaridades, principalmente quanto ao hábito e divisibilidude. Todos os miner,1is desse
grupo apresentam clivagens perfciléls e m duas direções, formando Zlngulos de 90 º ou
próximo a este valor, dureza em torno de 6 e densidade relutiva entre 2,55 e 2,76 kg dm.J.
QulMt CA e M1r,rni.Loc; 1A oo S o Lo
li - CONCEITOS BÁSICOS EM MINERALOGIA 139
em quatro séries: albita de alta temperatura, sanidina de alta temperatura; albita de altc1
temperatura, sanidina de baixa temperatura; albita de baixa temperatura, ortoclásio e;
albita de baixa temperatura, microclínio. A série do plagioclásio, da mesma maneira que
a dos feldspatos alcalinos, apresenta termos de alta e baixa temperatura, além de
temperatura intermediária. Os plagioclásios podem ser classificados eminentemente em
base nas percentagens " moleculares" dos componentes Ca e Na, aparecendo as
denominações albita, oligoclásio, a ndesina, labradorita, bytownita e a nortita,
respectivamente, pnra percentagens de anortita (An) de 0-10, 10-30, 30-50, 50-70, 70-90 e
90-100 %. Esta divisão é unicamente de conveniéncin apresentando não significado
estrutural, aparecendo denominações coff\O oligoclásio cálcico, andesina sódica, etc. A
solução sólida é quase completa, na série de alta temperatura, desde albita até à anortita,
mas investigações com rnios X mostram que a série de baixa temperatura é estruturalmente
complexa, tendo sido designados váJ"ios ti pos estruturais: albita de baixa temperatura,
peristerita, albita intermediária (intermediária entre dois estados de baixa temperatura)
e anortita. A estTulura da peristerita consiste em um intercrescimento fino de duas fases
e alguns exemplares apresentam iridescéncia ou labradorescéncia (brilho semelhante ao
apresentado por algumas labradoritas).
O Ba está presente em pequena quantidade na maioria dos feldspatos, mas só
raramente ocorre como constituinte principal. De modo geral, são consideradas variações
de teor de Ba, quando o teor de BaO exceder 20 g kg·1, sendo os feldspatos com mais
de 90 % da molécula constituída por BaA12Si 20 8 denominados celsiana e, com teor
m enor de Ba, denominados hialofano.
Os feldspatos alcalinos distinguem-se dos componentes da série d os plagioclásios
pela ausência (exceto no microclínio) de geminação lamelar, pelos índices de refração
inferiores, menor densidade e pela presença de texturas criptopertíticas ou pertíticas e
do quartzo pela geminação, índices de refração menores e caráter biaxial.
Os feldspalos potássicos podem ser reconhecidos por técnicas de coloração, tanto
em seção delgada como em a mostra de mão. O método mais prático é atacar a amostra
com HF concentrado (em contato direto ou com vapor) por 15 a 30 s, a fim de preparar os
minerais para a coloração. Se o ataque for só por vapor, não há necessidade de emergir a
amostra em água destilada, antes de emergir em solução de cobaltinitrito de Na (60 g em
10 mL de água), durnnte 15 a 20 s. Depois disto deve-se imediatamente passar a lâmina
ou amostra de mão em água. Os feldspatos potássicos ficam com cor amarelo-clara e,
embora a mica branca e os minerais de argila possam, por vezes, absorver a cor, podem-
se distinguir as espécies por comparação considerando a textura ou relevo ou intensidade
de coloração. O <-1uartzo e os plagioclásios não são coloridos, emborn as fáculas de
íeldspatos potássicos nas antipertílas possam ser coloridas. Existem também métodos
específicos para colorir o plagioclásio.
Grupo do feldspato potássico. Apresenta fórmula química KAISiP~. podendo conter até
169 g kg· 1 de ~O, 30 g kg-' de Rb e concentração variada de Ba, gerando a prest:'nça
signiíicaliva deste último o hialofano. Este grupo é constituído por sanidina, ortoclâsio.
microclinio, adulária. Em virtude do inlercrescimento lamela r de albita, que causa
reílexões nos limites entre as lamelas, alguns feldspatos pertiticos u mkropcrlíticos
i,1.•ri1 il..i, c~ubu n,110 l', ,1,; Vl.'7l' ~. l,1mb('.im clurit,1. pnict•s::io l.''>il' d t.!nomini1do s,111 s::-u1 iti.z..•,::~.
A a lh:raç..11, la mlw n\ pudl• ~l· r.ar l' , ,)polit,1, prchnita, :Lcolit<1s, montnhl rilnnil,l l' úllllin•
◄
II - CONCEITOS BÁSICOS EM MINERALOGIA 141
Grupo da escapolitn
O termo escapolita deriva do grego skapos (haste) + /itlws (pedra), pelo seu hábito
prismático, representa uma solução sólida entre os termos sódicas e cákicos, comª
composição (Na,Ca,K)4[Al3 (AJ,Si)3Sip24 ] (Cl,COJ'S04,0H). Cristaliza no sistema tetrngonal
e ocorre como agregados granulares e cristais prismáticos com aparência fibrosa, que se
funde com intumescência gerando vidro branco vesiculoso e dá cor amarela à charn.i,
A presenta clivagem prismática imperfeita, brilho vítreo e cor variando de branca, cinzenta,
verde-pálida e, mais raramente, azulada ou avermelhada.
de o_nda (1.) 1•dl· fri·qücncrn (f) /\ luz VJ~lvf'I n•pri·~cl\l,l umn bnnd.i rd.1ti v.1mt•nlc limil:id-1
dt· comprimi:,nlo dl' 0J1d;11.kntro ~o 1•s peclro elc-trnnrngn(•lit:o (3CJO il 770 nm). l't.>lü 1,ito
Lk O c vmp_riniE-ntu dt• onda t: frc,1th'nc1:1 t1prt':,t·11t,1r v.iri.içuc!,, llCCl' ' llt'H,e dl' unl t•s 1n.•11l'
intc rv;1 lo d e vnn;1ç,io nfJ l,• rnprim,: nl o d~ onJ.i para guL• ,1!. m1•J1da, lenham i•lt'V,,d,1
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- ~- ocular
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: lente de
: iluminação diafragma
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Y--i- ~,Jf\- -~onte de luz para
,,,>:: ---U.
1
observação da luz
refletora 1
1----- refletida 1 1 ·,- -
1 1 \ ~
. . .W,. _J polarizador
lente coletora
objetiva ~
seção polida \ / distância livre para trabalho
:---. \ -
ou transparente ($ t l
platina giratória
, 1,1 •'
feixe de luz •, ,,, ,
11111111111 condensador móvel
. . . condensador
. . . . polarizador
espelho~---~----------- - - w•• de luz para
: observação da luz
1
--- ---- - - - - -- - transmilida
Ocular
_ __J
Amici-Bcrtrand
Analisador
Compensador
Objeth•a
--
Mineral
Platina
Condensador Móvel
Polarizador
Luz Incidente
t t t
Figura 18. Esquemas de observações microscópicas para luz transmitida.
Análise Microscópica
Os estudos microscópicos podem ser realizados em seções delgadas, fragmentos ~e
minerais ou rochas e em material friável ou inconsolidado. As rochas com boa resistência
mecânica podem ser laminadas diretamente, as friáveis, os solos e matérias
inconsolidados, para serem laminados necessitam de impregnação com resinas
apropriadas em bomba de vácuo, para adquirirem a tenacidade adequada para ª
laminação. Resinas coloridas facilitam a investigação da morfologia e percentagem d~
poros, possibilitando separar as cavidades resultantes do processo de laminação da)
naturais.
Os materiais inconsolidados, a exemplo dos solos, rochas alteradas, scdiment~~
pouco canso l.d I a d os, po d em ser d csagrega d os mecanicamente gerando um " Pó'' · Es:,t , .
material deve ser peneirado para separar as difcrentes frações granulométricas, tais com~:
argila e siltc, areia muito fina, areia fina, areia média, etc. As frações podem ter os 111im•r~i:,
pesados scporados por batcamcnlo ou uso de liquados • densos, íl exemplo do · bromo 1·ór n11°·
. )
Ü!> ma leria is pL-s.idos com dens it.foJe supl!rior il 2,89 kg c1 111,1 (densiJadc do bromoión,u(I
. • llll
també m p od e m ser s1:pc.1rados de acordo com O grnu de magnl!tis mo por 101°> •
, ..
s epara,d ori:s e1drom.1gn1:l1cos. O s coniuntos
. - lS· jltt'• lr
ger.idos (mine rais le ves d,, fr,1ç,,o
mr,ila, pc·'!>a<los da fração areia muito fina, pcs ild os nZ,o-magné licos . c•h: ) podt.>nl _!,e l
rcconhí.!cido~, quantiíkc1dos e• ,111alisad os quanto,') rnorfolog i,l (,rnálisc mo rfo ... -.:-6 r 10
por meio de montagens permanentes ou por meio da imersão em líquidos com índice de
refração conhecidos.
Para as montagens permanentes, utilizam-se lâmina de vidro transparente, com as
dimensões desejadas, bálsamo do Canadá ou resinas (de preferência com índice de
refração conhecido), material com granulomelria inferior a 200 µm e lamínula com
espessura inferior a 170 ~1m. Material com granulometria superior a 200 µm deve ser
analisado, previamente, em lupa (eslereomicroscópio) quanto à morfoscopia e depois
triturado e peneirado para a montagem das lâminas de pó.
As montagens com líquidos de imersão podem ser feitas de imediato, pois necessitam
apenas de lâmina de vidro transparente, lamínula, líquidos de imersões com índices
conhecidos (óleos de imersões) e materiais com granulometria apropriada, ou seja,
inferiores a 200 µm, de preferência separados de acordo com a granulometria. Além da
separação, pode-se proceder à separação de frações quanto à densidade e intensidade de
magnetismo, para facilitar a determinação e a quantificação dos minerais em baixíssima
concentração, porém de grande importância para a caracterização genética ou evolutiva.
Para a confecção da seção de estudo, basta colocar o material sobre a lâmina de vid ro,
colocar a lamínula e introduzir o líquido de imersão por capilaridade, colocando gotículas
do líquido na borda da lamínula, disposta sobre a lâmina com o material a ser analisado.
Dessa forma, o material utilizado pode ser recuperado e utilizado para a preparação de
outras lâminas com outros líquidos de imersões, visando determinar minerais com índices
de refrações bem maiores ou menores.
LITERATURA CITADA
BANCO de Dados de Mineralogia, com fotos modelos cristalográficos e descrições. 2007. Disponível
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Conteúdo
soes. Viços,1, 2009. Qufmlca e Minerillogla do S o lo, Conceit os o :i ~icos e Ap licações, 1361p.
(L'ds. Vander dl.' Prdtas Ml.'lo e Lul~ Rcynaltlo Perr.ici.:iú Allconi).
152 JAtME W1LsoN VARGAS DE MELLO & DAN IEL VroAL PEREZ
INTRODUÇÃO
composto por: (i) fração sólida, que compõe o material do solo; (ii fração gasosn, que
compõe a atmosfera do solo; (iii) fração líquida, que compõe a solução do solo.
A maioria das argilas e da matéria orgânico humificada tem propriedades coloidais,
dentre as quais se d.estaca o fato de possuírem carga elétrica de superfície. Por isso, esses
dois componentes da fração sólida são considerados os maiores s ítios de atividade d o
solo, sendo, portanto, os principais responsáveis pela sua reatividade (Uehara & Gillman,
1981; Sposito, 1989; Tan, 1994). A água do solo é o .reservatório de sólidos e gases
dissolvidos, sendo, por isso, reconhecida como a solução do solo, ou seja, o meio em que
a maioria das reações químic.is d e solo se desenvolve (T.:in, 1993). Desta forma, em virtude
da complexidade das possíveis reações químicas no solo, os estudos normalmente ficam
restritos a princípios e métodos desenvolvidos para reações em meio aquoso.
As concentrações dos elementos químicos na solução do solo são governadas por
uma série de mecanismos (Bohn et ai., 1985; Stevenson & Fitch, 1986; Kabata-Pendias &
Pendias, 1992; Lindsay, 2001) que estão, simplificadamente, ilustrados na figura 1, onde
setas com número ímpar representam saídas e setas com números pares, entradas.
Plantas
e
Motc'.! ria Microbiota Fase
Orgânic<1 Sólid:1
~
11
'l lJ D. 2 ~ .___M_ i_nt'_ral~
V
~-~ ;2--,
12~
~3
Solução 5 ~ -- - ~
Constituintes v--' ~
Orgânicos Q6 do
Solo 6
~ Constituintes
9t?--~~ ~-~
~ - - -~ ~ O 7' ; ) Chuv<1
Evi1por,1c;ão
Dnmagt>m
Poluição
5 - Adsorção por vários tipos de interação intermoleculares, tais como, fo rças de van der
Waals, ligações de H, pontes hidrofóbicas, troca de íons e ligantes, etc.;
6 - Deserção e troca iônica;
7 - Drenagem, carreando uma série de constituíntes dissolvidos (cátions e ânions
inorgânicos, ácidos orgânicos de baixa massa molar, substâncias húmicas, entre
outros) para fora do solo, e diluição da solução do solo pela chuva;
8 - Adição de metais e ligantes à solução do solo por fertilizantes e contaminantes;
pode o co rrer <:ntre compoi:.tos inorgânicos. Outro tipo etc intcrílção dinflmicn L'ntrt! (,,, l:
sólid i'.l '-' liquida s;io as reações de adsorção que ~cralmentc envolvem ions dbsol\'id":i .,.1
soluç::io do ~alo e n &upcrflcic dL' compos tos minerais ou orgânico\; dn f,1sc sólida.
· · . 1 ,.a 1 · ·W
V,"lna~ propnl'uJul:'i-c \il\l(' da :.olução do solo têm imp,Kto dram,\tic-o n.:i espt.> 1' 1\
0
d o:- íons ml'l j Ji cos, il l':wmplo do pli e do putcncinl de o~irrt'duç:io (i•,·) na cü nn•ntr,~i,•'
lvlil l Jc·!> lf•s luns fa,S J S propricdildcs dc tL·rmin.1m. cm r,r.:inclc r,utc, l"l ll 1IÍ S e--rL;( k -5 l ~-ll'
1 11
pr~cl on 11nor · e ' e J l li"d6ll
r '> C!, prL·et· p1t.1,.:\u, ,· oniplr\.i1ÇtlC1' ou rc.,çõe, ct~•· ~orç.:io o.:-0rn•rJ
CONSTANTE DE EQUILÍBRIO
O material que será apresentado a seguir baseia-se em textos encontrados em Butler
(1964); Novozamsky et ai. (1978); Tnn (1982) e Stumm & Morgan (1996).
Definição Clássica
A constante de equilíbrio termodinâmico descreve relações entre as concentrnções dos
produtos e dos reagentes das reações químicas na condição de equilíbrio. O conhecimento
do valor desta constante (Kº) permite prever a concenrração de qualquer um dos componentes
da reação uma vez que sejam conhecidas as concentrações das outras espécies envolvidas.
Numa reação reversível sempre existirá um estado de equilíbrio que corresponde a
uma composição particular do sistema com relação a reagentes e produtos. Neste estado
de equilíbrio, as taxas de reação em ambos os sentidos (no sentido dos reagentes ou no
sentido dos produtos) são iguais; ou seja, elas se compensam mutuamente e a composição
do sistema permanece constante.
Vi
Para a reação: nA + mB ==: pC + qD,
V2
as taxas de reações são proporcionais aos produtos das concentrações dos produtos e
reagentes, como segue:
Este princípio decorre da teoria das probabilidades, posto que as reações dependem
das chances das moléculas ou átomos envolvidos colidirem entre si. A estatística clássica
ensina que a probabilidade de ocorrerem eventos simultâneos é dada pelo produto das
probabilidades dos eventos singulares.
Introduzindo constantes de proporcionalidade, tem-se:
em que k.f kz define uma nova constante, denominada constante de equilíbrio da reação (Ku):
a= f e (2)
\1'1alworth, 1992; Pavan et t1l., 1995; Jallnh & Smyth, 1995; Sirnón & García, 1999). As
equações de regressão encont·radas estão destacadas no quadro 1. É interessante observa r
que as equações obtidas em solos brasileiros siio similares (Pavan et ai., 1995; Pérez et ai.,
2004) e razoavelmente diferen tes da maioria dos outros resul tados, a despeito de alguns
deles t;unbém lerem sido obtidos parn solos altamente intemperizados.
Quadro 1. Algumas equações de regressão entre il força iônica (1) e a con du tividildc c lé tricil
(CE) encont radas cm litc raturo
1e - 0,0056 + 0,0131<:E Extrato de s;ilurnção G riffin & Jurinílk (1973) Utah (USA)
1 = - 0,0004 + 0.0U0CE Soluç:io do solo Gillrnan & Bell (19i8) Norlh Quccnslilnd
(Aus lr,1lia)
1 = - 0.0002 + 0,014CE Solução do solo Black & Campbcll (1 982)111 Ncw Zl'aland
l = - 0.000105 + 0.0l162CE Extr,110 de i:.1turação Pasricha (1987) lmlia
1 = - 0,000S + 0.0llCE Solução do solo Mcnzics & Ucll ( 1988) ri, SE Quccnsland
(1\uslralia)
1 = - 0,0005 + 0.0l0CE Solução do solo Mcnzics & Bel! (1988) SE Quee nslancl
(Aus lralia)
1 "" - 0.0002 + 0,012CE Solução do solo Alva ct ai. (1991) Georgia (USA)
1 = - 0,00(, + 0,015CE Solução do solo Alva e t ai. (1991)r-l Georgia (USA)
1=- - 0,0005 + 0,012iCE Solução do solo Walworth (1992)íll USA
1 "' - 0,00015 + 0,008SCE Extraio de s.1 turação Pavan ct ai. (1995) Paraná (Bras il)
1=0.0l2CE Solução do solo Jílllah & Smith (1995) Norlh Carolinc (USA)
1 =0,017CE Extrato de saiu.ração Simon & Garciíl (1999) Granada (Espanha)
1= - 0,0003 + 0,0093CE Solução do solo Pérez el ai. (2004) MG e SP (Brnsil)
'" Sem corn.·ç.io p.ira p ar iônico; '1 'Amostra com CE abaixo de 1,0 dS 1
111· •
Esta constante pode ser expressa em lermos de energia li\'re padrão da renção (óGº,
em kJ moJ·1), de acordo com a equação:
SOLUBILIDADE MINERAL
O texto a seguir tem por base a abordagem apresentada por Lindsay (2001).
Reações de Dissolução/Precipitação
Conforme já mencionado, parte substancial das reações químicas que ocorrem nos
solos decorre de interações nas interfaces sólido-líquido-gás. As reações de dissolução
dos minerais da fase sólida ou de precipitação de íons solúveis para formar novos
minerais fazem parte das interações s ólido-líquido, que podem ser facilmente
caracterizadas. De modo geral, estas reações são reversíveis, podendo o grau de
reversibilidade ser avaliado pela constante de equilíbrio. Por exemplo, para a reação
de dissolução (diss) de um mineral AB, os produtos são os compostos ou íons em
solução A e B:
com Kºdiss = x
As moléculas de água, mesmo que não tenham participação direta, obviamente estão
sempre envolvidas na dissolução. De certo modo, a reação acima pode ser considerada
como resultado da ação das moléculas de água sobre os elementos ou íons da superfície
do mineral. Quanto maior a constante de equilíbrio, mais efetiva é a "ação dissolvente"
da água; isto é, mais 11solúvel 11 é o mineral.
A reação inversa caracteriza a precipitação (pp) dos íons A e B para formar o mineral
AB, e a constante de equilíbrio será o inverso daquela da reação de dissolução:
Se Kºpp:.: (AB) / (A) {B) e Kºdiss = (A) (B) / (AB); então Kºpp = 1 / Kºdiss
Dis so decorre que log Kºpp = log (1/Kºdiss), ou log Kºpp:.: -log Kºdiss
1
Co mo as cons tantes de equilíbrio são usualmente expressas na forma log, bos_"
invl'rte r o sinal para obter o valor correspondente à cons tante dl! equilíbrio da ri:-açJCI
inversa .
A reversibilidade de um equilíbrio de dis:;olução/ precipitação l'i:r se é quase st'Jl'r~
1 11
· 1e po de !>Nava1rn
{ncl&Vl' · d a pe Ia cons t,mtc d e l'quilíbrio. Dc:;te po nto de v ·ist a,!>•·ão r,_.
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Neste caso, os ions em solução C e D, bem como o mineral CD, são apenas fases
transitórias e desaparecem no equilíbrio final:
Na prática, o que se faz é "somar os equilíbrios" parciais para obter a equação global,
eliminando-se aquelas fases intermediárias (que são produtos de urna reação parcial ao
mesmo tempo em que são reagentes da outra reação parcial). Partindo da definição da
constante de equilíbrio, fica fácil demonstrar que a constante da reação global é dada
pelo produto das constantes parciais ou pela soma de seus logaritmos:
Se Kº 1 = (A) (B) (C) (D) / (AB) (CD); Kº2 = (CD) (EF) / (C) (D) (E) (F)
Kº, Kº2= (A) (B) (C) (D) (CD) (EF) / (AB) (CD) (C) (D) (E) (F).
Estas situações ilustram bem o que ocorre como conseqüência do intemperismo das
rochas, em que um mineral é solubilizado, e parte de seus produtos é retirada do meio
por lixiviação, inviabilizando a reprecipitação do mineral original no solo. Os produtos
que permanecem no meio precipitam na forma de um novo mineral. A gênese dos minerais
de argila nos sofos, via de regra, segue este caminho, sendo, por isso, denominados
minerais "neoformados'' ou "pedogenéticos". O novo mineral que se forma pela dissolução
de outro caracteriza uma fase mais estável em relação ao mineral original. Estas
transformações podem ser visualizadas por intermédio de gráficos ou diagramas de
predomináncia, que ilustram a estabilidade termodinâmica das fases minerais, de ampla
aplicação em geoquímica de solos e sedimentos, conforme discutido a seguir.
Diagramas de Predominância
A manipulação matemática dos equilíbrios químicos de dissolução/precipitação, a
partir de suas respectivas constantes de equilíbrio, permite desenvolver os diagramas de
predominância ou de estabilidade, em que a atividade de espécies solú v eis é dada como
função do pH, do potencial de óxirredução (pc) ou de o u tra va riável qu a lquer do meio.
Tome-se como exemplo uma reação genérica que envolve a d issolução d e um mineral
ABO (óxido), com transferência de prótons. Neste caso, a reação caracteriza um equilíbrio
ácido-base (capítulo 1), ou decomposição por hidrólise, cuja formulação é dada por:
Como (ABO) é uma substância sólida, sua atividade é considerada igual à unidade,
da mesma forma que a atividade das moléculas de água. Portanto:
Disso decorre que 1:::; log (A' )+ log (B')- log (H•)2 ou, ainda,
Pode-se, enfim, derivar uma equação em que a atividade de uma das espécies em
solução, por exemplo (A•), é função da atividade da outra espécie solúvel (B•) e do pH do
m eio:
Iog (A•):::; 1 - log (B') + 2 log (H•). Como pH:::; -log (ri♦) :
Con i~~rn ndo ~1::,ura_o utro ,'»,!Ju g,cné r ico, dn lipo AzO (llll' 1,,mbc m l\ pa:.,.f\'l' I 1.ll'
d e ompu~1çau po r h1dro l1:.e, u l'lluil lbrio l'll\'olv id11 cri,i :
-10 = 2 log (Aº)- 2 log (H') ou ainda log (A') = -5 -pH (7)
-6
-8
........
<
_, -10
to
o
-12
Figura 2. Atividade do ion A' em equílfbrio com os minerais ABO e A2O, em funçiio do pH.
Portanto, o Si pode formar tetraedros, enquanto o Al pode formar octaedros (Figura J).
OH
011
Química do Sílicio
O Si encontra-se no solo em várias formas: como constituinte de minerais primários,
aluminossilicatos secundários e várias formas de Si02 • A dissolução desses minerais
libera H 4Si0/ em solução. A solubilidade dos minerais de Si, em termos de H _,SiO/,
varia de 10-~.:-~mo) L-1 (silica amorfa) a 10-1 mol L-1 (quartzo), enquanto os outros minerais
têm solubilidades intermediárias (Quadro 2).
A solubilidade de Si0 2 (solo) está baseada em resultados e xperimentais
considerados por Elgawhary & Lindsay (1972). Outros solos podem apresentar teores
diferentes de sílica s olúvel. De modo gemi, a solubilidade do Si0 2 nos solos é
intermediária à do quartzo e da sflica amorfa, mas em solos altamente intemperizados,
como é o caso de regiões tropicais úmidas, o Si é lixiviado, levando ao acúmulo de
óxidos de Fe e AI. Nesses solos, a atividade de H 4Si04° diminui a valores inferiores
àquele previsto para o equilíbrio com a forma mais estável (quartzo), provavelmente
em decorrência da velocidade de lixiviação que se sobrepõe à cinética de dissolução do
quartzo na fração areia.
Minerais de Sílica
(1) SiOi (amorfo)+ 2H20 H f-14Si04º - 2,74
(2) Si01 (solo)+ 2H20 H H4Si04º - 3,10
(3) Si02 (quartzo) + 2H20 H H4Si04° -4,00
íons Silicato
(4) l-i4Si04'1 H HJSi0-1· + H· - 9,71
(5) H.iSiOi H HiSiOi· + 2H• - 22,98
(6) H~Si04º H H1Si0-13- + 3H• - 32,85
(7) H-iSi0.1º H Si0-1... + 4H· - 45,95
(8) 4H4Si04º H Hr;Si,0122• + 2H· + 4H20 -13,32
fonte: Lindsay (2001).
log Kº = - 12,81
Assim procedendo para as demais espécies solúveis, obtém-se a figura 4, que mostra
as principais espécies de Si em solução, em equilíbrio com SiO2 (solo). Somente a valores
de pH superiores a 8,5 é que as espécies iônicas contribuem significativamente para a
sílica total em solução . Na faixa normal de variação de pH dos solos, o H 4Si0/
compreende a principal espécie em solução. As altas atividades de H 4SiO/ em solução,
mantida pelo SiO2 (amorfo), provavelmente impedem a formação de argilominerais de
baixa atividade como caulinita e de óxidos de AI (gibbsita). Tal situação é pouco comum
e m solos desenvolvidos sob clima tropical, salvo se condicionada por impedimentos de
drenagem ou solos localizados nas posições mais baixas do relevo, dai o predomínio de
caulinita e relativa abundância de óxidos na maioria dos solos brasileiros.
-2 Si total
-4
1:.1
"O
r.: -6
v
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;;j
Ili
-8
"O
~
~ -10
-12
-14
-16
.t 5 6 7 8 9 10
pH
Química do Alumínio
O AI é um do!. ch:ml•11lo!, m.:1is Jl>uncL.1uh!~ no sulo. Ouranll- ,, inll-'mp"ri:mW, 0 ~~I ~
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llI - EQUILÍBRIO QUÍMICO DAS REAÇÕES NO SOLO 165
agrícola, especialmente na nutrição vegetal, visto que o AI' ' , quando cm concentrações
altas cm solo, torna-se tóxico às plantas. Em solos ácidos (pH < 5,5), o AI também é
import,mtc ion !Tocável.
Montmorilonila: log AI' '= 1,56- 0,29 log Mg2• -0,13 log Fe1• -2,23 log H.1SiO 1º -3,95 pH (13)
diagrama, considerou-se (H4SiO4~ = 10-1 mol L-1 (que é a atividade do Si em equilíbrio como
31
quartzo), e para a linha da montmorilonita, tomou-se (H.1SiO/) = 10- • mol L-1 (que é a
atividade do Si em equilíbrio com SiO2-solo) e (Mg2•) = 10·3 mol L-1• Para a atividade de Fe3•,
foi considerado um valor mantido para o equilíbrio com Fe(OHh - solo (Lindsay, 2001), 0
qual é dado pela expressão: logFe3• - 2,7 ~ 3pH. Assim, a equação para a montmorilonita fica:
log AJ3 • = 9,34 - 0,13 (2,7-3pH) - 3,95 pH => log Al3 + = 9,34 - 0,35 +
+ 0,39 pH - 3,95 pH => log Al3+ = 8,99 - 3,56 pH (13a)
-6
-7
-8
-9
-10
~-11
~
..9 -12
-13
-14
'Ó
ó',s-~~- 'fl'
"o, o
-óif>'~
-15
~~
-16
4.5 5.5 6.5 7.5
pH
Ev1dcnlemcnte, se c:ons idcrnda~ ativid,1des maic; b,,ixas dl• ~ílica cm soluçJ o (H.~iO, =-
J 0 mo 11--•),pJraOCLJUI,
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1
III - EQUILÍBRIO QUÍMICO DAS REAÇÕES NO SOLO 167
pH. No entanto, as atividades de H4Si0/ dificilmente serão muito baixas na solução de solos
com predomínio de argila 2:1 na fase sólida. Da mesma forma, não se esperam atividades
elevadas de Si na solução de solos cauliníticos. Portanto, as atividades de AP• em solução
serão, de modo geral, tanto maiores quanto mais avançado o estádio de intemperismo do
solo. Por isso, os problemas de toxidez de Al3' usualmente ocorrem em solos ácidos, com
predomínio de argilas de baixa atividade, como caulinita e, ou, gibbsita. Isto, no entanto,
nem sempre se reflete em maiores teores de AI trocável nos solos, como será discutido mais
adiante.
Hidrólise do Al3•
Em soluções aquosas, o Al 3 ' não permanece como íon livre, mas é acompanhado por
seis moléculas de H 20, formando Al(H20)/' (Figura 6).
H H
o
H H
o o
H H
= Al(H20):♦
H
o
H
o
H H
Figura 6. Representação esquemática da estrutura formada pelo Al 3 ' em solução aquosa (íon
hexa-hidratado).
Para maior simplicidade, essas espécies geralmente são expressas sem as moléculas
de água, ou seja: Al 3 ' ➔ AIOH 2 ' ➔ Al(OH) 2• ➔ Al(OHhº ➔ AI (OH) 4- ➔ AI (OH)/ ·.
-5,02
3,02 = lo (Al(OH)2•)
g (H•)2 ⇒ 3,02 :; log (AlOH2•) - 2 log (H.)
Q u, 1-H c 11 t M11, rn .. 1 OG t A oo S o Lo
III - EQUILÍBRIO QUÍMICO DAS REAÇÕES NO SOLO 169
(19)
Com as equações 14 a 19, obtém-se o diagrama da figura 7, o qual mostra que a atividade
total do Alem solução decresce à medida que o pH aumenta, atingindo valores mínimos
na faixa de pH de 5,5 a 8,0. Nesta faixa de pl-I predomina a espécie, sem carga, Al(OH)/, na
solução (maior valor de atividade para essa faixa de pH : log Al(OHh = 10-6•95 mol L-1) .
2 3 4 5 6 7 8 9 10
pH
solução salina, que, por sua vez, foi deslocado do complexo de troca da amostra de solo
pelo sal extrator (us ualmente KCI 1 mal L-'). Deve-se ter em mente que o AI trocável surge
como conseqüência do aumento da atividade do Al 3 ' na solução do solo que, por sua vez
se deve às reações de dissolução dos minerias provocadas pelo intemperismo. Portanto,
o A l trocável que, inicialmente, é uma conseqüência da ac idificação dos so los, com o
tempo passa a ser uma das principais causas potenciais de acidez ativa dos solos. Assim,
podem su rgir, na prática, situações d e solos com argilas mais ativas, como vermicu lita
ou minerais interestratificados, e caulinita, com maiores quantidades de AI trocável do
que solos gibbsíticos. De modo geral, tais situações decorrem da capacidade de troca
catiônica mais elevada das argilas mais ativas e da caulinita em relação à gibbsita. Com
o intemperismo, há liberação de Al3 ' na solução do solo, o qual entra em equilíbrio com a
fase trocável. Quando a CTC é elevada, muito AI pode ser retido na fase trocável. No
entanto, esta situação representa uma condição em que ainda não se atingiu o equil íbrio
químico. Por outro lado, solos em estádio mais avançado de intemperismo não conseguem
reter grandes quantidades de Al3 + na fase trocável apesar da tendência de incremento do
AJ3' em solução em equilíbrio com a gibbsita, pela simples razão de que apresentam
baixíssima CTC.
A generalização de que o AI presente no complexo de troca é a principal fonte de
acidez extraível por sal neutro (como é o caso do KCI) é razoável para a maioria dos solos
ácidos. De modo geral, o AI é o íon mais abundante entre aqueles capazes de produzir
hidrólise ácida, no complexo de troca. Não obstante, em determinados tipos de solos, a
presença de outros cátions de hidrólise ácida no complexo de troca, como Fe e Mn, pode
comprometer a avaliação do Al trocável por titulometria. Da mesma forma, em solos
orgânicos, com presença de sulfetos ou outras fontes de acidez, o valor do AI trocável,
determinado por titulometria, pode ser superestimado. Na prática, no entanto, isso não
tem maiores conseqüências, quando o objetivo é apenas uma avaliação da fertilidade
tendo em vista a correção da acidez dos solos.
A relação entre pH e AI é tão previsível que Lindsay (2001) propôs o uso de uma
variável conjunta (log Al 3+ + 3 pH) para descrever as relações de estabilidade dos
aluminossilicatos nos solos. Lindsay (2001) demonstrou que os solos tendem a manter um
valor fixo para log AI + 3 pH em solução. Isto pode ser demonstrado aplicando-se a equação
de Boltzmann para descrever a relação entre íons trocáveis e em solução, como segue:
(AJ3+) (AJ3+) ~ A a+
Então t roe = sol ⇒ log ( l hroc = log(Al 3+) -log(H+) 3sol
(H +)3 troe (H+)llsol e--''·
-um..-1-Wr'
··· (H +) 3troe sol
Isto significa que o valor log (AJ3•) + 3 pH, na solução, mantém-se aproximadamente
constante, desde que as relações entre AI e H trocáveis não se alterem muito. Isto foi
comprovado experimentalmente por Lindsay (2001), conforme se pode verificar no guadro 5.
Caulinita e pirofilita são ~s ~i~erais mais estáveis deste grupo e ser5o 05 únicos
considerados dor_avanle. A p1rof~l1ta a_presenta a menor cons tante de equilíbrio dl'
grupo, e, presumivelmente, a mais estavel. No en tanto, este rnciucínio não l; vMidL1,
pois a relação Si/ AI dos produtos de dissolução deste mincrnl é maior 1..•m rd,,,·.'.h.J ,lllS
demais (Quadro 6). Como conseqüência, no desenvolvime nto d,is equ,,çl.'ll:'S p.ir.1
Aluminossilicatos Sódicos
Neste grupo, incluem-se aluminossilicatos que, no momento da sua formação,
sofreram substituição isomórfica de Si por AI na rede cristalina. Para compensar o
desbalanço de carga da substituição de um íon tetravalente (Si) por um trivalente
(AI), o Na• é ndmitido na estrutura do mineral, de modo a atender a exigência de
eletroneutralidade na rede cristalina. De modo geral, são minerais primários pouco
estáveis nos solos. Embora as constantes de equilíbrio para as reações de dissolução
destes minerais sejam relativamente baixas, especialmente n os plagioclásios (albita)
e micas (beidelita), as relações Si/ AI dos produtos são r e lativamente elevadas
(Quadro 7). Isto os torna instáveis nas condições de superfície da Terra, e eles não
resistem ao intemperismo intenso, posto que o Si é parcialmente lixiviado do so lo.
Por esta razão, a ocorrência d e tais minerais é pouco provável em solos de regiões
tropicais úmidas.
10,87
Albita(alta) NaAlShOe + 4H+ + 41-hO H Na++ AP+ + 3H.1SiO4º 3,67
Aluminossilicatos Potássicos
Estes aluminossi1icatos também apresentam substituição isomórfica de Si por Al
na rede cristalina. Neste caso, porém, o K• é admitido na estrutura do mine ral para
Ka liofili ta 13,05
Leucita 6,72
Vidro-K 7,87
Muscovita 13,44
Aluminossilicatos Cálcicos
Nestes aluminossilicatos, as substituições isomórficas de Si por AI, que ocorreram
durante a formação do mineral, foram compensadas pela admissão de íons ca 2• na
estrutura cristalina. O grupo inclui minerais primários, como piroxênios e
plagioclãsios, cujos equilíbrios são apresentados no quadro 9. As reações de dissolução
desses minernís, de modo geral, apresentam constantes de equilíbrio com valores
elevados. Por conseguinte, são minerais relativamente instáveis nos solos. Conforme
se pode observar nos diagramas apresentados por Lindsay (2001), Lawsonita e
Leonardita são os minerais mais estáveis deste grupo. Teoricamente, estes minerais
poderiam aparecer nos solos e, eventualmente, controlar a atividade do ca2• na solução
de solos com pH próximo da neutralidade até um meio ligeiramente ácido. Não obstante,
2
com os processos d e lix iviaçâo de Ca • e acidificação d os solos d ecorre ntes do
intemperismo, estes aluminossilicatos tornam-se instáveis e não existe m re latos de sua
presença em no ssos solos.
Aluminossilicatos Magnesianos
Este grupo inclui minerais micáceos, primários e secundários, cujas s ubstituições
isomórficas são compensadas pela admissão de Mg2+ na estrutura cristalina. Neste caso,
além do Mg2-, podem aparecer outros cátions como K•, Fe2•, Fe3 • e até Ca2~ em menores
proporções na rede cristalina. Dentre os minerais deste grupo, a montmorilonita destaca-se
como o mineral mais estável, em razão da menor constante de equilíbrio para sua reação de
dissolução (Quadro 10). A montmorilonita é um argilomineral secundário de rede expansiva
que usualmente se forma a partir do intemperismo das micas primárias (diogênese) .
Mineral Equilíbrio 0
log K
A julgar pelas constantes de equilíbrio relatadas, a vermiculita seria bas tante instável e
não deveria ocorrer nos solos. No entanto, tem-se verificado que a vermiculita é bastante
comum e até mais freqüente do que a montmorilonita em solos ácidos de regiões tropicais. A
razão desta aparente contradição é a grande diversidade de vermiculitas, desde espécies
dioctaedrais até trioctaedrais. De modo geral, as vermiculitas que ocorrem na fração argila
d e solos bas tante intemperizados são dioctaedrais, ao passo que as espécies trioctaedrais
(veja capítulo ll) são mais comuns nas frações areia e silte de solos de regiões de clima
temperado (Allen & Hajek, 1989; Douglas, 1989). A constante de equilíbrio relatada por
Linds ay (2001) se refere a vermiculitas trioctaedrais, as quais são consideradas produtos de
alteração da biotita. A presença de Fe(ll) na estrutura do mineral (Quadro 10), revela sua
orige m a partir da biotita e lhe confere baixa estabilidade. As vermiculitas de solos ácidos,
sob clima tropical, não apresentam Fe(II) estrutural. Muitas vezes estes minerais apresentam
polímeros de hidróxi-AI entre as camdas 2:1 e são denominadas VHE (Vermiculitas com
hidróxi enlTecamadas). Neste sentido, a presença de Al3+ em solos ácidos c ontribui para que
estas vermkulitas se tornem mais estáveis. Nestes casos, a constante de equilíbrio para a
reação de dissolução certamente é bem menor do que aquela relatada por Lindsay (2001).
Caulinita:
(1 1',º
.1 i 1
=> -VJ2 = :! log (Ar'·1+ 4. lng (H,SiO i") -6 ltl~ (11 ' ) ~
13,44 = 3 log (Al3 ') + 3 log (H4SiO..°) + log (K•) -10 log (H') ⇒
3 log (AJ3·) + 1OpH = 13,44 - 3 log (H4SiO/) - log (K•), dividindo por 3 ⇒
log (Al1 ' ) + 3 pH = 4,48- log (H.1SiO/) - (0,33 (-3)) - (0,33 (7)) =>
(22)
Neste caso, a penas montmoril onita e ili ta seriío considerados, com o seg ue:
2
, AI 2.3Si J.,_Q 10 (OH) 2 + 8 H . + 2 Hp H 0,6 K• + 0,25 M g
Ili ta: K0,6 Mg 0,25 • + 2,3 AI3• +
log Kº = 10,35
2,3 log (AJ 3• ) + 8 pH = 10,35 - 3,5 log (H4Si0/) - 0,6 log (K•) - 0,25 log (Mg2• ),
dividindo por 2,3
log (AJ 3·) + 3,48 pH = 4,5 -1,52 log (H4Si0/) - 0,26 log (K•) - 0,11 log (Mg~•)
log Kº = 2,68
3
2,68 = 1,71 log (Al •) + 3,81 log (H4Si0/ ) + 0,49 log (Mg2•) + 0,22 log (Fe3 • ) -6,76 log (H.) :::)
1,71 log {Al 3.) + 6,76 pH = 2,68 - 3,81 log (H.1Si0/) - 0,49 log (Mg2•) - 0,22 log (Fej•),
dividindo por 1,71 ~
3
log (Al .) + 3,95 pH = 1,57 - 2,23 log (H;SiO/ )- 0,29 log (Mg2 •) _ 0,13 log (í-e3 ' ) :::)
log (AJ l• ) + 3 pH = 1,57 - 2,23 log (H4Si04 ~ - 0,29 iog (Mg2•) _o,1 3 log (fé ') . 0,95 pH
log (At 3·) + 3 pH = 1,57- 2,23 log (H45iO/)-(0,29 (-3) -(0,13 (2,70 -3 pH)) - 0,95 pH. ⇒
log (AI' ')+ 3 pH = 1,57 - 2,23 log (H_15iO_.°) + 0,87 - 0,351 + 0,39 pH - 0,95 pH ⇒
11
10
Gibbsita
:r:
ll-
'.;.' 7
3 + - - - - -- - - - .- -- --.-- ---"---,
-6 -5 -3 -2
A equação ~5 descreve uma reta paralela ao eixo das abscissas, indicando que a
atividade do AI ' ' mantida pela gibbsita independe da atividade da silica, conforme
di scutido anteriormente.
A p~rlir_das equações 2_0 e 25_é possível estabelecer a ali vidade de H ,Si O 11) abaixo d,1
qual a g1bbs1ta lorm1-sc mai~ estnvel do que a caulinita; ou seja, 0 ponto de intersel.'.ç;·11.1
das rl:'las qu e descrevem a s linhas de estabilidade des tes minerais. Isto é foi to iguni,rndo·
se as duas cqu nçõcs:
log (AI' ") + 3 pl-l = 8,04 e log (AI '' ) ➔• 3 pl-l = 2,73- log (H.,SiOi") ⇒
8,04 = 2,7J - lo g (l l~S iO/ ) ⇒ log (I 1. i0/1) = 2,73- 8,04 ⇒ lob (I l,SiOi") = -5.JI
Para. .:.itiv. iJadc infcriurcs ,1 ·t0-' ,, mo! 1 1 nu ·1 º 1n,,, 11 1 1 11 s·o li lt1-:\(l dl1$
. • ,7 , li _ ( l~ - I I I 11,1 SO \ '
· , 1 J
solur.,, ,1 g1bb>1l.1 dc\'l.' prl·don11n •.1r l'nl rcl.1ç,1 o ,'I e ,uI·111 11 • . - • ,,11,ti,-Jô
' .., l l.''-( C C)lll' ,1 1111~1l1a s ,1 S li.! "
de equilíbrio. Isto só é possível sob condições de lixiviaçào intensa, razão pela qual a
prcscnç,1 de gibbsita, passivei de ser identificada pela baixa relação molar Si02/ A l20 J (Ki)
obtida do ataque sulfúrico, é considerada indicativo de solos altamente intemperizados.
O dióxido de carbono é um dos gases atmosféricos que pode reagir com água
permanecendo parcialmente hidratado como CO/ e parte como ácido carbônico, H1 COt
A quantidade de C01 dissolvido como ácido carbônico é dada pelo equlíbrio:
Portanto, 10-i,.ió = (H:CO,°)/ (CO:J => log (H2CO/) = -1,46 + log (CO:J (26)
Neste caso, aparece um composto gasoso (C02) na reação e natividade dos gases é
expressa em termos de pressão parcial. A razão para isso tem base nas leis da
termodinâmica e foge ao escopo do presente capítulo. Não obstante, vale lembrar que o
conceito de atividade tem relação direta com o conceito de fugacidade, que é proporcional
à pressão parcial dos gases, e que as equações de estado são praticamente as mesmas
para todos os gases. Isso se deve ao fato de que, no estado gasoso, as moléculas são
essencialmenle independe,ntes umas das oulras e, por isso, a natureza das moléculas
individuais praticamente não afeta o comportamento do gás como um todo. Pela lei de Henry
1
(C = k p), a concentração de um gás em solução (C), em mols L· , é proporcional à pressão
parcial (p) deste gás, em MPa L- , sendo a constante k expressa em MPa moJ- 1• Portanto, a
1
concentração do gás e, como conseqüência, sua atividade podem ser expressas em termos
de pressão pa rcial.
(27)
log Kº = -1,46
l-1rnl•-l) 1:0IJ IJ cc>n,oJc,.1......, c<•OCéíllr.>\UII Jc u,o,•i J c co, llll Jlmu,tcr.t lcnc:,uc No Clll,líllo , O 11, 0 ,h) \'.th•r Jllilll "ª" 3(t.!f\l
, 11 t.,,. lJln, 1almrr.lc " ' cákw11, • 111 1d "',lo íl'' , olor Jc J(l(I vrne 11l.101uJo pnr Llnd,ay (2L10l 1
l:.sre!>rir., ~ mrldu.Jr Jr p,cu án J u SI , eia ll 1 11. u UM1 ,Ja prc-,.•.fiu r .m:rul c \ p rcc,,1 crri 111111 t u..toc.ula nc,i.· le<h.1 tx·••l"I! u, ,· v o -i a11l>:; d:
1
e."11lfün " ,·11.unrn;:li,, m, h icr.11,11• <lc ,uodo t:•mi . ~u nr.1< .,,_,, i.cs1u uoi<l,uk I wtm "' 0. 1 l\ll'a. ou s.-í,1, tCO, 1 àtn11ü lcn••• "' l ~
Ili • l\·11111 Paru JJv101 ~\ Ir , .!)01 , UJ , 1Jr., wn1~, <lr rqu1llhnc, lJb.-luJ a, J r,.-,.1 cr rt',oku l: J.,., cm Ml'u
(29)
A equação 29 indica que as atividades dos ânions carbonato e bicarbonato são iguais
a pH 10,33; isto é: (CO/-) = (HCO.1-), Para cada aumento de uma unidade no pH, a atividade
do carbonato aumenta dez vezes em relação à atividade do bicarbonato e vice-versa.
A atividade do ânion carbonato a partir da pressão parcial de CO2 é dada por:
Portanto, pode-se deduzir que: -18,15 = log (H•)2 + log (COt) - log (COi) =>
log (CO/·) = -18,15 + 2 pH + log (CO:J (30)
o
-1
-2
-3
CJ
"C
,:; -4
-o
·s: H2CO/
:D
<tl
-5
,:;
-o -6
00
S!
-7
-8
-9
-10
4 5 6 7 8 9 rn 11 12
pH
figura 9. Efeito do pH nas at ividades das espécies de carbonato na sol ução em equilíbrio com
O co2 atmosférico.
Fonte: Linds:iy (2001).
Fazendo o mesmo para (H 2CO/ ) e (CO/-), podem-se calcular as frações molares p.ira
cada va lor de pI-1 (Figura 10).
0,2
u
4,5 (, 7,5 9 1ll,5 '12
p ll
log Kº = 9,74
MgCa(CO~): (dolomita) + 4 1-1• <➔ Mg2 + + Ca 2 ' + 2 C02(g) + 2!-lp; log Kº = 18,46
12
f:'4
~
bO
o
- o
Ca trocável
-4
-8
4 5 6 7 8 9 10 11
pl-1
Figura 11. Atividade do Ca2 • em solução, como função do pH, em equilíbrio anortita-caulinita
e calcita, para ambiente com [CO2] = 0,038%.
fonte: Adaptada de Lindsay (2001).
MgCa(CO.,)i (dolomlta) + 2 J-1' <➔ Mg2 ' + CO2(g) + l~O +C,CO, (calei ta) log K'' == s, 72
2
+
N
ClO o
~
~ -2 M trocável
-4
-6
-8
4 5 6 7 8 9 10 11
pH
Figura 12. Atividade do Mg-" ' cm solução, como função do pH, cm equilibrio com calcita-
dol omita, para ambiente com (CO2) = 0,038~{,.
Fonle: Adnplildo dt! Lind!>J)' (2DDJJ.
111
dos óxidos de Fe , sendo que as reações de hidrólise, complexação e oxirrcdução afetam
de m,.ml'ira significativa sua solubilidade.
A presença dos óxidos de Fe é de grande importância para o manejo do so lo, pois o
Fe é um micronutriente que, e m altas concentrações, pode ser tóxico às plantas. Além
disso, os óxidos de Fe constituem importantes m a trizes de adsorção de fosfatos e outros
elementos de importância ambiental, bem como estão envolvidos na formação de
agregados estáveis nos solos.
A equação 34 indica que a atividade do FeJ• em solução, mantida por esses óxidos, diminui
1.000 vezes para cada aume nto de umíl unidade no pl-1. Disso decorre que os problemas de
deficiência de Fe para as plantas serão mais prováveis a valores altos de pH, ao passo que a
loxidez é mais comum em solos ácidos. A charnadn "deficiência de Fe induzida pela calagem",
que tem sido relatada para algumas culturas, em parle pode ser explicada por estes equilíbrios.
Quando são adicionados sais solúveis de Fe 111 e m solos bem drenados, o Fe precipita
rapidame nte e, em poucas horas sua solubilidade aproxima-se daquela prevista pelo
equfübrio com Fe(OHh amorfo. Norvell & Lindsay CI 982) verificaram que a atividade de
reJ• na solução dos solos gernlmente é inferior àquela esperada para o Fe(OH), amorfo,
porém superior àquela permitida pelas formas mais bem cristalizadas. Esse composto
intermediário foi denominado como Fe(OHksolo (Quadro 11) e pode ser considerado
um composto de baixa cristalinidade, porém com maior grau de ordem estrutural do que
o Fe(OHh amorfo, recentemente precipitado.
A composição percentual dos óxidos de Fe no solo pode ter pouca relação com a
atividade de Fe3• em solução, visto que esta geralmente depende do mineral mais solúvel
presente. Por essa razão, o Fe(OHh-solo geralmente controla a atividade do Fe3 • na maioria
dos solos. No entanto, em solos bem drenados, altamente intemperizados, espera-se que
a hematita e goethita sejam as formas de equilíbrio e exerçam o controle da solubilidade
do Fe. Em decorrência, esses solos normalmente apresentam teores mais baixos de Fe
disponível. As solubilidades da hematita e da goethita são bastante próximas; porém, a
julgar pelas constantes de equilíbrio, a goethita pode ser considerada o produto final do
intemperismo do Fenos solos. Isso, no entanto, é questionável, pois na prática verifica-se
que a hematita pode ser a forma de equilíbrio em vários ambientes.
Hidrólise do Fe3 +
Em soluções aquosas, o Fe3• encontra-se coordenado por seis moléculas de água,
formando o íon Fe(H 2O)/♦, similar ao Al3• hexahidratado. Com o aumento do pH, há
remoção de H• das moléculas de H 20 ao redor do Fe, dando origem aos vários produtos
de hidrólise (Quadro 12). Portanto, as espécies de hidrólise do ferro que podem aparecer
na solução dos solos são: FeOH2• , Fe(OH)/, Fe(OH)/, Fe(OH)4- e Fe2 (OH)/•.
log Kº = 0,51
QuiMJ CA E MI NERALOGIA DO S O LO
III - EQUILÍBRIO QUÍMICO DAS REAÇÕES NO SOLO 191
logKº = -2,99
log Kº = -10,39
log Kº = -18,89
. d as equaçoes
A par t1r - 35 a 39, F)ode-se construir um dingrama que
. relnciona
. a atividttde
das diferentes espécies solúveis de hidrólise do Fe co m o pH do meio (Figura 13).
-1
~
-6
-S
CJ
"g -10
ü
·;;:
';õ -12
r:,
ü
co
.2 -1-1 /.'(>
·01-F.
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/.'
C>J.
-18 ,<.
(>
•Yc)
-20 ~ ,., ...
-22 -+--- ~ - - . - - - , . . _ - - - , --
3 4 5 6 7 8 9
pH
figura 13. A tivi dades das diferentes espécies solúveis ele hidrólise do Fe, em equilíbrio com
Fe(OHksolo na fose sólida, como função do pl-1.
Fonlc: Adapt.idn de Linds,1y (2001 ).
A linha correspondente ao Fe.;•, na figura 13, foi obtida a partir d a equ ação 34:
O Fe total se refere à soma de todas as espécies de hidrólise, cujo valor, por se tratar ck
escala logarítmica, é bastante próximo ao valor da espécie mais abundante. As espécies de
hidrólise são mais abundantes que o próprio Fe3• em solução, na faixa normal de variação do
pH dos solos (3,5 a 8,5). Exemplificando, para uma solução com pl-l 8,0, em equilíbrio com 0
fe(OHkso lo. a atividade do rcJ• é de apenas 0,5012 z mol L-1 (10-21•3 mo l L- 1) ; ao passo que~
Fe total solúvel é igual à soma: 10-w.4 ma l L-1 de Ft!(OH)/ + 10-10-9 mol L· 1 de Fc(OH),· + lO·
1
mol L· 1 de Fc(OH)/ + 10· 15.s mui L· 1 de Fe(OH)2• + 10-21., m ol L-t de re1 • = 10-111-2 mol L · N_0
e nta nto, a d espeito da form.:i Fe3' ser minoritória, <1Cred ita-sc que pratica me nte todn este h'
pode ser disponível aos organbmos vivo~. No que diz respeito à nutriçi'io vegetal, por e:-e_111pl,l,.
pouco imporia se a plnnta absorve uma ou outra formn, visto que ns outras esp éc1l'S dl_
hidrólbe imediata mente d is~odam-se par.i restabelecer as rclnçõcs de l'quil ibriu entre tod,t:,
as espécies.
·
O d J.:igmm, 1 J ª 1·igur,, 1" · · Jc 1111
• 1n. qul! o Fc te m solubilidad~ mmimil nn l,llX.I
·1mu~1r.i, am1
cntr'-' 7,•I e 8,5, que(! a í,1ixa d-: pi Idos solos l'ITI qut.> ,1s ddiciencias d • r~ são 111,,is (Oll\lll\.'·
log Kº = 13,04
2+
.,0 ,1-- 1og---
1,.,, (F c ) 1ogc- ⇒
(Fe3 +)
(Fe2+)
log , =13,011 -pc (40)
(Fe•1+)
A equação40 indica que: quando pr= 13,04 ⇒ log ((Fc2.)/ ( Fe1 ' )) =O; ou sej<1, (Fe2 ') = (FeJ').
A variação de uma unidade no pc altera em dez vezes a relação (Fe2 .)/ (Fe1 • ). Com o
aumento dope, essa relação diminui, ou seja, há oxidação de Fe2 • para Fe3 •. Se o pc
diminui, a relação aumenta, o que s ignifica que há redução de Fe3• para Fe2• . Em outras
palavras, pe alto indica ambiente de oxidação (solos bem drenados) e pe baixo indica
ambiente de redução (solos mal drenados). Maiores detalhes e conceitos relacionados
com o pc são abordados no capítulo XX.
Combinando a reação de redução do Fe3• com a expressão de solubilidade dos óxidos,
por exemplo Fe(OHh-solo (Quadro 12), obtém-se:
Fe3• + e· H Fe2• log Kº = 13,04
Fe(OHksolo + 3H' H Fe3• + 3H20 log Kº = 2,70
⇒ 15,74= log(Fe ~
2
• ) 15,74=log(Fe 2+)-log (H +) 3 -log(e- )
(H•)3 (e-)
A eguaç~o 41 mostra gue quanto maiores os valores de pl-1 e pc, menor é a atividade do
Fe2••Ocorre que as variações de 11e e pH nos solos são geralmente antagônicas, ou seja, à
medida que o pe diminui o pH aumenta, em razão do consumo de prótons (H') nas reações
de redução dos óxidos de Fe. Assim, à medida que a redução do solo progride, a atividade
do Fe~~ em solução aumenta até o ponto em que o pH é suficientemente alto para permitir a
reprecipitação do Fe reduzido, provavelmente na forma de óxidos o u hidróxidos amorfos.
A medidaque o potencial redox do solo diminui (pc decresce), os óxihidróxidos
férricos são reduzidos, e a atividade do Fe2 ' em solução aumenta até valores comp<1tíveis
com a precipitação de outro mineral mais estável nestas condições. Lindsay (2001)
trabalhou com a magnetita (Fe30,J como sendo este mineral, o qual apresenta dois Fe 111 e
um Fe" por mo! em s ua estrutura. Entretanto, há relatos de que outras formas de Fe
amorfo seriam responsãve is pelo controle da solubilidade do f e 2 ' e,n ambientes
reduzidos, como é o caso da hidromagnelita- f-cJ(OH)w
3
Considerando que a redução do Fe depende da presença de íons Fe '" em solução, ela
será tanto mais rápida, e as concentrações de Fe2' em solução serão tanto mais altas,
quanto maior a solubilidade do mineral que controla a atividade do Fe3 • , Portélnto, a
redução procederá mais rapidamente em solos com óxidos de Fe amorfos do que em solos
com predomínio de óxidos bem cristalizados, como goethita e hematita. [sso pode ser
demonstrado combinando-se a reação de redução do Fe3 • com as reações de dissolução
dos diferentes óxidos, como se segue:
log Kº = 16,58
log Kº = 0,09
log Kº = 13,04
QUIM1 cA E MINERALOGIA oo So LO
lll - EQUILÍBRIO QUÍMICO DAS REAÇÕES NO SOLO 195
log Kº = 35,7
2+) 35,7-8pH-211e
1og. l F◄e =------- (46)
3
Fixando um valor de pH, pode-se construir um diagrama que relaciona a atividade
de Fe3 ' em solução com o pc do meio. Por exemplo, tomando as equações 42 a 46 e fixando-
se o pH em 6,0, obtém-se a figura 14.
Para um mesmo valor de pH, a atividade de Fe2• aumenta com o decréscimo dope,
sendo tanto maior quanto maior a solubilidade do óxido presente na fase sólida (Figura 14).
Abaixo de deternúnado valor de pe, a atividade do Fe2• passa a ser controlada pelo
mineral, mais reduzido, magnetita, sendo esse valor maior para os óxidos de maior
solubilidade. Em solos bem drenados, a ltamente intemperizados, na ausência de Fe
amorfo, onde a goethita é o mineral que controla a solubilidade do Fe2• , somente a valores
de pe muito baixos (menores que -2,64, a pH 6,0) é que haverá a precipitação de magnetita.
Para os óxidos mais solúveis, como a lepidocrocita, este valor de pe será maior que aquele
previsto para a goethita, porém menor em relação ao Fe amorfo. A linha da hematita,
embora um pouco acima, confunde-se com a linha da goethita.
+
M
o
'-'
l,l..
eo
.5! -4
-8
-12
-8 -4 o 4 8 12
pe
figura 14. Atividade de (Fc2·) na solução cm equilíbrio com diferentes óxidos na fase sólida,
co mo função dope, a pH = 6,0.
Fonte: Aúoplaúa do.? l.ind!>ay (200l).
À mcdid,, l]lll' ll /'t' diminui, cnm n ,111nh'llll1 dn ,llividrhh- dl, F,,!• l'll'I tll 1ll11.;,,11, ,1pi I dn
tnl.!io lnmb0m ,H1mc nl,l, pl1b .,s n'ill,'i'w s dl' l'l'd1t1.,',lll d11:: lhldus 1k Fl' 1·1111:a111w11111111s 11 '
do mci<1. No l'n lnnll1, q11,,ndl1 ,,s c111H'l'lllr,11.,·1 l'S d11 Fl•~• l'lll s11l111.,'1 H1 -;1111 :111 fki1•nh•1111•111t•
a ll,,s, inicia-se a prccipit,,i.,·Clo da m11g1wtil,1, s1•g1111,ll1 11 l'l't1l,',i1 1:
3 Fc~· + -IH,O
•
<- > FL' l O ~ + 1-,11 · + "- l'
o u seja, h.1 libcrnç,1L1 d e 11 ' e L'h' lw11s Ih' nwit1. l' nrl 1l 11l11, ,Hl 11ws 11w l1•11qH1 ,•1n q11l' ,is
renções de re dução do Fe~· cu11sn mcm pn'l lllns ,. l' l1•lr11ns. ,1 r1.•pn•1·lpll.11,:,)11 dn llh1g111·1i1,1
os libera, d e le rmin.1ndo um t,11npon,1m1'1\l11 nus v,1l11n•s d1.' 111' 1' pi 1.
Se o s uprimento de e l01rons fnr m nis r,ipid11 (n•d11,;i l1 r,\ pid,1) dn q111' ,1 l,1 ·,1 d,·
precipitnç:'io da mngnc lil.1, e nl fh1 .,s .1 li vid,1d1.•s d1• Fc 1 ' c 111 s11l111.,·,\11 pnd,, r:111 ,,, ,·1·d1•r
te mpornriamcnlc ;) que lns esperndas pel,1 s11lubllidnd1• d,, m11g1wlil,1 . N,•ssl'S c.,s,N,
provavelme nte, o Fc2' precipita como um pwdul11 mnis 1rnH11·fo (p n1v11vl•l11w11h• F1.\ (0 1I),
- hidro m agne tita) qu e pa ulnlinnmc nte vni se convc rlv11d11 l'lll n"1gtwlll ,11', 1111 , 1111lr11~
form as m nis estáveis. Isso cxplicn us picns nns cn11c,~111r,1ç1'il'S d e F1.• L'lll s,,lu,,)n, quL' Sl.'
verifica m a lg umas semanas após a inundaçJn d l' s11l11s com tL'(lt'l'S n•l,1tiv,11111.•11tl' ,1ll11s 1h•
óxidos d e Fe c1 m orfos e maté ria o rg{lnicn. 1\ 1m1 té rin 111"g 1nk,1, no c,1so, L' i111p111·t,111ll' l'1111w
fonte d e e lé tl'o ns pnrn as reaçúes de rcduç,ill. Est n din[l mkn 1c m s idl1 Clrnflr111,1d,1
experimenta lme nte po1' vários a ulnres (Pnnnnmpl'l'uma, 1972).
água d evem ser d e finidos. Em qualqu e r ,1mbil'ntl' n,1l11rnl, ,\ l'Sl,1bllld ,hk d,1 .~g11,111 111
re lc1ção às s uas fo rmas oxid ad a (O~) L' n•du z ida (11!) 1h•li111it,1 ,.,s ~llndiçl'n:s d 1.• /'1 ' l' pi l l'll\
que us r eações pode m ocorre r. O eq uilíbrio O~- 11 10 (• d,1d1> pur:
1
⇒ 83 1 = lo~ - - - - 1- -
, (1-1 l· r l (c- )' (Ü:,i)
A equaçi'lo 47 ddin1.• o limit e s upc ri u r dl' l'Slnbilid,,dl' d ,1 l 11L). 1\,,. 1,utn, 1,,d11, ,1
red ução da ág uo é dad r1 por:
⇒ 0 - IOP (ll 2 )
- D (1 r' )2 (C )2
(48)
Nas condições de superfície da Terra, o mais correto seria adotar cerc.1 de 0,22 atm
para a pressão parcial d e O~; no entanto, isto Leria efeito muito pequeno na equ.1ção 49.
Da mesma forma, a pressão de 1 atm de 1-1 2 re presenta uma condição extremamente
redutora, mas a pressão deste gás não teria grande efeito na equação 50. Portanto, as
pressões de 1 a tm foram adotadas de modo a simplificar as equações para os limites de
estabilidade da água. Dentro desses limites, é possível estabelecer os campos de
estabilidade das formas de Fe. Considerando, por exemplo, a conversão de Fe(OH)3 amorfo
em magnetita, a linha que delimita os campos de estabilidade será dada por:
log Kº = -35,70
(51)
Os limites dos campos de estabilidade entre essas formas [Fe(OHh e Fe30.1] e os íons
2
Fe • em solução são obtidos a partir das equações 42 e 46, como se segue:
log (Fe2 ') = 11,9 - 8/3 pH - 2/3 pe ⇒ pe = 17,85 - 4 pH - 3/2 log (Fe~•) (53)
O campo de estabilidade do íon Fe3' em relnção ao Fe(OHh amorfo é dado pela equação:
(Fc 3+)
⇒ 3 54 = log - - ⇒ 3,54 =log (Fe 3+) + 3pH (54)
, (l-i+ )3
(Fe 2 +) pe =] 3,04
log = 13,04 - pe ⇒ pe= 13,04- log (1,0) {55)
(Fe 3+)
22
18
Fe3•
14
10
6
fj Fe2'
e..
2
'' Fe10 .1
''
-2
' ,_
\\ -- -- -
\
\
-6
\
\
\
\
--- ----
\
Fe1(0 H) 8
-10
-14
o 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
pH
f igura 15. Di_agrarn~ de estabilidílde pe-pli par_a formas de forro. Ft:!(OH), amorfo • Fep~
(magn~tJta) e Fc(OH)l amorfo - Fel (OJ-l)H(111d romagncli ta) na fosc sólidn. (Fe2 ') = (Pe' ) -
10·' mol L·' .
A6 línhas que delimitam os campos de estabilidade entre flS formas sólidas e os jo1! s
em solução devem deslocar-se para .1 esquerda com O aumento da atividade dos ions Fc-·
e Fe' • em solução. Da mesma forma, essas linhas deslocam-se para a esquerda no caso ele
considerar, na fase sólida, formas cristalinas (hematita, goethita), de menor solubilidc1de.
De modo geral, os campos de estabilidade das formas m,ds bem cristalizadas, hematita e
goethita, são mais amplos do que os campos de estabilidade das espécies mais amorfas,
Fe(OH)3 -solo e Fe(OHkamorfo, considerando as mesmas aLividades dos íons FeJ• e Fe2• em
solução. Em outras palavras, os campos de estabilidade das espécies mais solú veis estão
contidos nos campos de estabilidade das espécies menos solúveis. Isto indica que as
espécies amorfas, menos estáveis, tendem a converter-se em formas mc1is bem cristalizadas,
mais estáveis. Entretanto, condições anaeróbicas intermitentes, como em solos de várzea
com inundação sazonal, impõem uma dinâmica redox dos óxidos de Fe, de modo que,
geralmente, dificultam os processos de cristalização. Nestas condições, há perdas de Fe,
graças à maior mobilidade do Fe2· , e tendência de predomínio das fases amorfas. Na realidade,
estas fases amorfas, referidas por Lindsay (2001), atualmente são reconhecidas como espécies
de baixa cristalinidade que caracterizam as diferentes formas de ferridrita. As altas relações
entre os teores de Fe extraível por oxalato de amónio (FeOA) e Fe extraível por ditionito-
citrato-bicarbonato (FeDCB) confirmam o predomínio de óxidos de Fede baixa cristalinidade
em solos hidromórficos. Wowk & Melo (2005) e Zanello (2006), por exemplo, obtiveram
valores de até 0,7 e até 1,8 para a relação FeOA/FeDCB em Gleissolos e Organossolos,
respectivamente. Para Latossolos, os valores dessa relação são normalmente inferiores a
0,05 (Kampf et al., 1988; Fontes & Weed, 1991; Melo et ai., 2001; Grudin et ai., 2006).
Assim como foi feito para as formas de Fe, os diagramas também podem ser
construidos para vários outros elementos. Os diagramas pe-pH têm ampla aplicação em
estudos de geoquímica, especialmente na geoquímica ambiental. Sua principal utilidade
reside na possibilidade de prever as estabilidades das diferentes fases ou compostos
relacionados com um ou mais elementos com afinidade geoquímica, sob determinadas
condições de meio. Maiores detalhes a respeito podem ser obtidos na obra d e Brookins
(1988), na qual são apresentados diagramas Eh-pH para vários elementos e suas
respectivas espécies em sistemas aquosos.
oscilações de pl-1 e potencial redox do meio, cm relnção c10s demais metais pesados.
Portanto, é um "mnrcador" de contaminação ambiental, porque prenuncia condições
propícias à m obilidade dos demais melais pesados considerados mais tóxicos .
O Mn tem comportamento semelhante ao do Fe, emborn seja muito menos abundante
nos solos. Por outro lado, a química dos compostos de Mn é um pouco mais complexa porgue
envolve tTês estados de oxidação: Mn11, Mn111 e Mn1v. Por conseguinte, da mesma forma que o
Fe, a solubilidade dos compostos de Mn depende do pH e do pc, conforme abordndo a seguir.
Os compostos mais está veis nos solos s5o o carbomlto rodocrosita (MnCO,), que
aprescnliil Mn_na forma reduzida, e os 6".ido~ pir~lusita (11-rvtnOJ e manganita (y-MnOOl-1),
cujo ma nga_n~s c nco ntr~-sl' e~n formas mais oxidadas: Mn'v e Mn111, respectivamente. As
demais e.spec1es co mo b1mess1ta (6-Mn0 1,,), ha usmannita (Mnp_1) e pirocroita (Mn(Ol-l)J,
dHlcilmcntc st' formam nos solos, podendo a pmccer apenas como foscs trans itórias, dadas
~u.as instabilidades.
_ .
O prcdumjnio
, •
de uma o u de outra fo rni<a d.,,,.,
'-r'" 11l.,, · J 1·el 1,,,
e l i o po 1l'l1('1i\ v"'
\'
d a pre!:>s::io pJrc1<1l de CO~no me10, confornw demonstrado a !:>í.'guir:
- Solub1Udade d,1 piro lu r:.ita
- Solubfüdade da manganHa
-Solubilidade da rodocrosita
MnCOJ + 2 J-1" H Mn 2 ' + CO2 + 1-1 20 ; log Kº = 8,08
Para (COJ = 0,00038 <1tm ⇒ log (Mn 2•) = 8,08 - log (0,00038) - 2 pJ-J ⇒
20
15
10
~
e:: 5
2
.e o
~
Rotlocrosita
-5
-10
-15
o 2 4 6 6 10 12 14
p,·
figura 16. EsLJbilidade de alguns mincrnis de Mn, em função do pc, para pH = 7,0. Allcrnções
ca us adas por mudanças no pH também são indicadas,
Fonte: Adaptada Je LindsJy (2001).
Estas relações também podem ser estabelecidas para as demais espécies mais instáveis
(birnessita, hausmannita e pirocroita). A pirolusita é quem controln él ntividade do Mn em
solos bem drenados; ou seja, quando O pe é alto. Nestas condições, a manganitn é
ligeiramente mais instável do que a pirolusita. Na medida em que o potencial redox diminui,
a manganita tende a se tornnr mais estável. Isto significa que a pe < 9,62 (para pH = 7,0), a
pirolusita se dissolve e o Mn4 ' é reduzido a Mn~•, precipitando na forma de manganita. Sob
2
condições ainda mais redutoras, em solos mal drenados, o Mn 3• é reduzido a Mn •, que
precipita como rodocrosita. O valor de pc abaixo do qual o carbonato precipita depende da
pressão parcial de C02• Sob condições atmosféricas (C02 = 0,03 %), este valor de pe é
aproximndarnente 6,7 (para pH = 7,0) e diminui com o aumento dn pressão parcial de C02•
Es tes equilíbrios revelam claramente as similaridades entre a química do Fe e a do
Mn n os so los. A solubilidade do Mn aumenta sob condições de bai xo potencial redox e
pH baixo. Assim , condições que levam à saturação dos poros ou mesmo inundação dos
solos, m esmo que temporariamente, podem provocar toxidez ou mobilização do Mn.
Portanto, as atividades de Mn 2• podem ser elevadas na solução d e solos e sedimentos
inundados. Neste sentido, deve-se considerar que o pH tende a 7 (meio neutro) e a pressão
parcial de C02 pode aumentar bastante devido à barreira que uma lânúna de água representa
à livre difusão dos gases em solos inundados. Nestas condições, a formação de rodocrosita
é plausível e sua precipitação contribui para limitar a solubilidade do Mn.
Do ponto de vista ambiental, a oxidação dos sulfetos é uma reação importante a ser
consídernda na mobilidade de metais pesados em solos e sedimentos. Vários metais e
metalóidcs tóxicos formam sulfetos pouco solúveis e, portanto, os sulfetos podem controlar
a solubilidade destes elementos nocivos em ambientes de baixo potencial redox. Com a
exposição destes solos e sedimentos ao ar ntmosférico, a mobilização destes metais
pesados e metalóides ocorre como conseqüência de reações de oxidação, conforme
discutido mnis adiante.
As reações de adsorção parn metais pesados em solos, especialmente Pb, Age Hg,
ainda não são bem esclarecidas. Não obstante, snbe-se que a ndsorção de metais pesados,
tanto em argilas silicatadas quanto em colóides orgânicos e óxidos de Fe e AI, afeta de
maneira significativa sua mobilidade no ambiente (veja capítulo XVI).
Co nsideran do, agora, as proporções relati vas (ou frações mo lares, FM) destas
formas, pode-se eslél bclccer q ue:
Su bstituin do pelos respec tivos va lores derivados nas eq uações a nterio res, lem-st•:
o P0.,-3
H ~04 HPO/
1,0
.... 0,8
co
0,2
12
pl-I qu~ limitam a predominância de uma ou outra espécie correspondem aos respectivos
pK's das reações de dissociação do ácido ortofosfórico. Portanto, a espécie monovalente
(H 2PO~·) deve ser a mais abundante m1 solução de solos e sedimentos de regiões tropicais,
que geralmente são ácidos.
log Kº = -2,50
- Voriscit,1-c.,ulinit,1:
- Strengíta-goethita:
log Kº = -6,83
(66)
-Strengita-Fe(OHh amorfo:
log Kº = -10,39
o
-1
-....o
~
-2
,.
:e -3
e.o
~ -4
-5
-6
-7
4 5 6 7 8
pi--!
-5
...:.,
!:::. -6
t.l)
..2
-7
-8
b
-~
'
to\ \
-9 a= pJ-15,0 '
'
b= pl-17,0 ''
'
-10 '
-11
-100 o 100 200 300 400 500 E/1, m V
-1 1 3 5 7 pc
Figura 19. At ividade do Fe2 • em solução, mantida pelos hid róxidos e fosfatos de Fe, para
diferentes valores de p!-1 e potencial redox (H 2PO4 =2 mmol L- 1
).
A solubilidade dos fosfatos de Ca, que podem ser encontrados nos solos e sedimentoS,
obedece aos seguintes eq uilíbrios:
- fosfa to monocálcico: Ca(I-J 2PO,,h,HP H Ca 2+ + 2 I--I2 Pü_1- + H 20 log K{l == .1,15
- Fosfato tricálcico: Cé.13 (PO~h + 4 i; • <➔ 3 Cn 2 ' + 2 H2 PO., log K" == '10,lS
Destes, o fosfato monocálcico é muito solú vel e normalmente não se acumuln nos
so1(1S. Para os demais, a solubilidade decresce do fosfato bicálcico para as apatitas e a
mobilidade do P diminui com o aumento do pH, conforme é demonstrado a seguir para
os fosfatos mais (bicálcico) e menos (fluorapatita) solú ve l:
- Fluorapatita: -0,21 = 5 log (Ca 2 ') + 3 log (H2PO/) + log (F·) - 6 log (l·r) ⇒
Considerando (e.,:•)= 3,1623 mmol Lº 1 (10·2.5 mol L· ') e (.r) = 0,1 mmol L· 1 (10·4 mol L·'),
obtém-se as seguintes equações:
No desenvolvi mento d as equações para os fosfatos de AI, Fe e Ca, não foi considerado
o ânion fosfato divalente (HPO/), por ser menos abundante que o monovalente em
condições de meio ácido a neutro (pH < 7), que é o caso mais comum em solos e sedimentos
de regiões tropicais úmidas. Não obstante, a contribuição do ânion diva lente passa a ser
importante e deve ser considerada em solos alcalinos. As equações das retas 68 e 69,
desenvolvidas para o ánion fosfato monovalente, podem ser visualizadas no diagrama
de estabilidade (Figura 20), juntamente com as equações 66 e 64, desenvolvidas para os
equilíbrios slrengita-goethita e variscita-caulinita-quartzo, que são as condições mais
comuns nos solos bem desenvolvidos.
A mobilidade do P aumenta com o pH até certo valor, como conseqüência do aumento
da solubiJidade dos fosfatos de Fe e AI, e depois diminui graças à menor solubilidade
dos fosfatos de Ca a valores de pH elevados. Em solos e sed imentos ácidos, de regiões
tropicais, normalmente não se espera a formação de fosfatos de Ca, graças à limitada
presença de Ca solúvel. Portanto, espera-se um aumento consistente na mobilidade de P
com o aumento do pH, nestas condições. Em conseqüência, os fosfatos de Ca aplicndos
nos solos, como fertilizantes, aumentam a disponibilidade de P a curto prazo, mas com o
tempo se convertem em formas ligadas a AI ou Fe e a atividade do fosfato em solução
diminu i até os valores em equilíbrio com variscita ou, eventua lmente, strengita. O valor
de pH para a co-exisléncia de fosfato bicálcico (cm equilíbrio com Ca-trocável) e variscita
(em egulíbrio com ca ulinta-quartzo) pode ser calculado igualando-se as equações 64 e
68, como segue: -9,23 + pH = 3,13- pH ⇒ pH = 3,13 + 9,23 ~ pH = 6,18. Este cálculo
pode ser feito para outros equilíbrios, mas, de modo geral, o ponto de co-existência entre
os fosfatos d e Ca e os fosfatos de Fe e AI encontra-se na faixa de pH entre 5,5 e 6,5.
Considerando que este ponto de co-existéncia representa a solubilidade máxima do fosfato,
fica fácil entender por que se considera a disponibilidade má xi ma de P a valores cte pH
o
-1
-2
-3
õ
e:.. -4
iCõ -5
Fosfato
bicálcico
..2
-6
-7
-8
-9
3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
pH
Figura 20. Atividade do H 2PO~· em solução, como função do pH em equilíbrio com fo~fatos d_e AI,
Fe e Ca. (Al 3. ) e (Fe3· ) controlados por caulinita-quartzo e goethita. (Ca 2· ) = ·10-1.> mol L '·
Fonte: Adaptada de Lindsay (2001).
maioria dos casos. No entanto, a despeito das baixas concentrações, os equilíbrios químicos
envolvendo compostos de S, em solos e sedimentos, têm grande importância ambiental.
As formas de S mais comuns nos solos são os sulfatos, os su !fetos e compostos
orgânicos, estando a dinâmica do 5 orgânico relacionada com tax a s de
decomposição da matéria orgânica. Os compostos de 5 apresentam-se na natureza
sob vários estados de oxidação, com números de oxidaç.ã o que variam desde +6
(nos sulfatos) até - 2 (nos sulfetos). Nos compostos orgânicos, o S encontra-se em
formas reduzidns que geralmente são oxidadas a sulfatos (S0,.2") pela mineralização
da matéria orgânica em solos bem drenados. Por outro lado, os sulfetos e bissulfetos
2
(s -, 5/) ocorrem em solos e sedimentos mal drenados, sob condições ;inóxicas.
Estados intermediários incluem compostos como sulfitos (SO/ ), dióxido de enxofre
(502), ditionito (52 0/-), tiossulfotos (5 20/), monóxido de enxofre (50), enxofre
elementar (Sº), além de H5 e polissulfetos (S/·, 5/, st, ...),
os qu;iis são menos
comuns em solos e sedimentos.
Quadro 14. Equiübrios redox para espécies solúveis (ou gases) de enxofre
Reação log Kº
As fo rma s so lú veis, cm es tados de oxidaçã o intermed iári os e o s ulfe to, têm sua
nlividadc controladn pelo pl-1 e pe, além d e dependerem da ati vidade d o 50 ;2" cm solução.
Portnnto, pa rt1 es tnbclccer um d iagrama das at ividades des tas es péc ies com o função do
(JJL' + pH), inic ialmente, há que se fixar uma a tividade para 50/ em solução; o u seja,
d eve-se es tabelecer qual mineral, na fase sólida, é res ponsá vel pe lo con trole da a ti vidade
do su lfato s o lú vel. De modo geral, os sulfatos formam sa is s olúveis que n ormalmente
não são es táveis em climas úmidos. Entre estes, a gipsita (CaSO4 .2H 2O) é o ma is está\'e),
com rnniorcs chances de se fo rmar em solos e sedimen tos.
A sol ubilidad e da g ips ita, em eq uilíbrio com o Ca-trocável do solo, é dada por:
log Kº = -4,64
log Kº = -2,14
Portanto, Iog (SO/-") = -2,14
A atividade do s ulfato em equilíbrio com gipsita é de aproximadamente 10·2 H mot L•:.
De m odo gera l, a gipsita não é estável, e a atividade do sulfato é mais baixa em solos e
sedim en tos de regiões tropicais. Não obstante, este vaJor será adotado aqui, como referéncia.
Portanto, esta a tividade descreve a reta para (S0/') na figura 21, paraJela ao eixo das abscis::-.a.5,
pois independe das condições de pe e pH do meio. Assim, as dem ais espécies podem ter suas
a ti vidades definidas a partir dos eq uilíbrios apresentados no quadro 14, como se segue:
Para o s ulfito:
-3,73 = log (SO,2-) - 2 log (e·) - 2 log (H ' } - log (50/") ~
-3,73 = log (SO1,-) + 2 pe + 2 pH + 2,14 ~ log (SO/-) = -5,87 -1 (pH + pe) (-10)
5,04 = log (SOi.) + 2pe + 4 pH + 2,14 ⇒ log (5O:J = 2,90-2 (pH + pe)- 2 pH (í l )
Para o ditionito:
5,26 = 1/2 log <SpJ>- 3 log cc·) - 4 log íH·)- log cso.2· ) ~
(71)
5.26 = 1/2 log (Sp,-J+ 3 pe + 4 pH + 2. 14 ~ log (Sp~·) = 6,24 -6 (pH + pd - 1 pH
Para o di ssulfeto:
28,54 = 1/2 log (S/-) - 7 log (e-) - 8 log (1-14) - log (SO~ 2...) ⇒
28,54 = 1/2 log (S/ -) + 7 JJL' + B pf-1 +2,14 ~ tog (S/ ) = 52,8- 1-l (pe + pH) - 2 pH
Parc1 o sulfeto:
20,74 = log (S2-) + 8 pe + 8 pl-1 + 2,14 ⇒ log (S2-) = 18,6 - 8 (pH + pe) (74)
30
lO
-10
e.o
o -30
-50
1
-70 - - - -,
-6 -3 o 3 6 9 12
pe + pH
Figura ll. Atividades das diferentes espécies solúveis de enxofre cm função de pc + pl-1, para
pH = 7,0, com indicações d e alterações no pH para 5,0 e 9,0.
Fonte: Adaptada de Linclsay (2001).
atividades aumentam à medida que o potencial redox diminui. Com o aumento da pressão
parcial das espécies gasosas, estas tendem a escapar para a atmosfera.
O H 2Sº é um ácido fraco, cujo pK é de 7,02 (Equação 76). Isto significa que o o ácido
predomina indissociado na solução a valores de pH inferiores a 7. A partir da equação
74, pode-se calcular a atividade do sulfeto em solução (S2..) e, a partir desta, obter as
atividades das demais espécies.
Ex.: Para pe + pH = 4,0 => log (52-) = 18,60 - (8 x 4) => log (52-) = -13,40
20,92 = log (H251"1) - log (S2..) + 2 pH => log(H2S<s>) = 20,92 + log (S2-) - 2 pH,
A pH = 7,0 => log(H25 161) = 20,92 -13,40 -14 => log(H2S181) = -6,48
0,99 = .log (H 25 161) - log (H25°) => log (H2Sº) = Jog (H25 161) - 0,99 =>
7,02 = log (H 2Sº) - log (1-15 ) + pH ⇒ log (HS·) = -7,02 + log (H Sº) + pH,
2
Portanto, p.-ira umc1 condição rcdutoril, com f'C + pl-1 = 4,0 e pH = 7,0 =>
(51,) "" 10-l' • mol L 1; (H=511l/)::: 10-u" atm e (1-1 25º) = (l·IS·)::: 10-~1~ mo11 •- 1. p arn uma 1.:~O1,Ji,•j0
~
sl'melhilnt.:1, porém com pH = 5, a nliviclade do gás sulflllr·, 1.:◄ 0 sen . •a cerca. e.1e 10 , "" ln• q11~
Q u l M I CA E MI NE RALOG IA Do S OLO
III - EQUILÍBRIO QUÍMICO DAS REAÇÕES NO SOLO 215
corresponde a uma pressão parcial de H 2Sltll suficiente para causar o odor característico
do gás, em solos e sedimentos inundados.
A equação 74 estabelece que a atividade do sulfeto (S2 ·) aumenta 100.000.000 vezes
para cada decréscimo de uma unidade no (pe + pH). Considerando que o aumento da
2
atividade de S • provoca aumento correspondente na atividade do gás sulfídrico, pode-
se deduzir que a pressão parcial do H 2S!sl aumenta cerca de 100.000.000 vezes a cada
decréscimo de uma unidade no (pe + pH). Quando se estabelecem condições extremamente
redutoras, com pe + pH próximo a 3,2 (a pl-1 7), a pressão parcial do H 25(g) aproxima-se
de 1 alm e o gás escapa para n atmosfera. Portanto, é pouco provável a formação do S
elementar, em solos e sedimentos "abertos" para trocas com a atmosfera, conforme
demonstrado a seguir.
A Jtividade mínin-1J de l-1 25° em solução, necessária para a precipitação do S
elementar na fase sólida, é dada pelo equilíbrio:
log Kº = 4,89
~ 4,89 = log (Hi5°) - 2 log (e-) - 2 log (1-Ji) => log (1-1 25º) = 4,89 - 2 (pe + pH) (79)
Por outro lado, a atividade do ácido H25º em equilíbrio com gipsita e Ca-trocável,
que são as fases sulfatadas mais prováveis em solos, é dada por:
log Kº = 18,60
log Kº = 19,92
log Kº = 38,52
~ 38,52 = log (Hi5º) -8 log (e") -10 log (H.) ~ log (Hi5º) =38,52 - 10 pH - 8 pe =>
log (Hi5et) = 38,52 - 8 (pe + pH) - 2 pH (80)
log (HzSº) = 38,52 -8 (pe + pH) -14 ~ log (J-1 25°) = 24,52 - 8 (pe + pH)
pe + pi 1
Fisur;i 22. í-\ tividadc do H JSº, tomo fun,,io do pOléncinl rcdox do meio (/J!' + pM), cm cquil!brio
cC'l m C!ll!me.ntnr e com gipsito - Cíl troc"vcl (Gp-Cnt), n pl-1 5,0 e 7,0.
Fonte: Adnptndn de lindsny (2001 ).
0
Portnnto, os altas atividades de HaS t!m solução não se 1nantôm porque prod uzem
clev, das pressões parciais do gós sulfrdrico qul! escapo para n atmosforn.
Em sfntesl.!.., o formnç o de S eJemcnt.1r so1rnmte ó pos~fvtil o:
- O I otl'ncial rcdo • do meio for muito boi ·o;
• A otivid._tdt" totnl dns formo d l'm soluçl<) for el"•vada;
_ s ist('míl fo r onfinndo pnm <'Vitar C'sca po do g ulfldl.'i o.
~Jtro fator c1u Jimit;i n otivJd,1do do 11. soluti\o, e, c-on l•qnr,llC•ntC'ntc, prC' b"
l \ll\
, umi 8 o dt> ij s ulfídrlrn l"lll nml)i('nh• H11c-1t\hio . r\ prl•sc•t11;a d olnun 111 l,t ti'-.
l\ti vJ dnd r •l,1tivame11tc d c vodo rt • e tion eh• tcs nwt,1I lln, •,,tu~ .o prO\'ll m, a
prf'cipiH1ç,10 d • sulf •to m~t li o!l, onforn,c, d utldo n "1 uii'.
Reação Jog Kº
De modo geral, a ordem decrescente de solubilidade para estes sulfetos é Hg < Ag <
Cu< Pb < Cd < Fe < Zn < Mn (Quadro 15). Em igualdade de condições, o HgS será o
primeiro a precipitar, sendo o MnS o mais solúvel entre os sulfetos de metais pesados.
No enta nto, u prioridade de precipitação vui depender da atividade do metal que, por
sua vez depende da fase mineralógica que a controla. A figura 23 mostra as condições de
pe + pH para os equilíbrios entre os sulfetos e outras fases mineralógicas que contêm o
metal em questão. A valores de pe + pH abaixo de cada uma das linhas da figura 23, os
sulfetos correspondentes precipitam.
Um dos sulfetos mais comuns cm solos e sedimentos é a pirita (FeS2), em razão da
maior abundância do Fe nu crosta terrestre, cm relação aos d e mais metais pesados. Por
esta razão, os equilíbrios envolvidos na formação da pirita são aqui considerados exemplo.
Para tanto, há que se considerur él necessidade óbvia da presença dos íons bissulfeto (5/)
cm sol ução, para precipitar juntamente com o Fc2• solúvel. A atividade destes íons em
solução é significativa em ambientes com baixo potencial redox. Nestas condições, o
mineral responsável pelo controle du atividade de Fe! é él magnetita. Portanto os equilíbrios
a considerar são os seguintes:
-5
-10
C1)
"O 5 2-- MnS 2:
('0
"O
·;;:
-.e
('0
ca
-15
"lj
bO
..2
-20
-25
-30 - 1 - - - ~ - - ~ - ~ - ~ - - - . - - ' - - - + - - - - ,
-6 -4 -2 o 2 4 6 8
pe+pH
Figura 23. Atividade dos íons sulfeto solúveis, como função do potencial redox do meio (p,· +
pH), em equilíbrio com diferentes sulfetos metálicos. pH = 7; (C02) = 0,00038 atm e (SOi'
em equilíbrio com gipsita (= 10-w mo! L" 1).
Fonte: Adaptada de Lindsay (2001).
log Kº = 35,70
log Kº = 3 x 2f,,93
3 log fS/-) = ~116,49 ,._ 8 pH + 2pe :;::> log (S/-) = -38,83 + 2/3 (pi·+ pH) ++pH {SI
Da mesma forma,, o mineral mais provável de exercer o controle det l?Oh.tbilidod\! dl'
fv1n ~•, sob baix_o pohmci~l ,redox,, é a rodocrosita. Port,1nto, pnrn a fotmução dt- 1 h1S~, ~•'º
considerados qs seguintes eqµil fbrios;
.,..
III - EQUILÍBRIO QUÍMICO DAS REAÇÕES NO SOLO 219
Para Mn52 : log (5/--) = -22,87 - 3,42 + 14 ::) log (S/") == -12,39 (84)
Quando em ambientes bem aerados, o principal receptor dos elétrons liberados nestas
reações é o oxigênio molecular. Portanto, os seguintes equilíbrios devem ser considerados:
log K º = 211,03
COMPLEXAÇÃO
Os s rnpos aquosos que pe rma nece re m no complexo vão se ndo s u cessiva m e nte
substituídos p e los g rupos lig,:rntes até a fo rma ção do complexo MLn. Neste cc1so, n, que
rc prese nt.1 o número m.b.imo d e liga ntes unidos ao cátio n central, const itui o seu nº d e
Cl)Ordlc'n<1ç,10. Pc,r e--:e mplo, o n'' de coord enaçã o 4 ocorre em um grande número d e
C~)mp0stos d.t' C e Si, se nd o a geo m etria m ais importante a te tra édrica. O núm ero de
c0ordl::'n,1ç.:'lo 6 é o m ,1is commn, locali zand o os seis li gantes nos vér tices d e um octaedro.
:\l~m disso, dcYe se co nsid er,1r, também, qu e um m es mo íon metálico pode apresentar
m,1is d e um número d e coord e naçâo em função de su a , alencia e da natureza do ligante
(Yej.1 C.1pitulo li) .
Outro fato import.1nte reladona-se com o nº de pontos d e ligação . Existem ligantes
que se c n ·on tr.1m unidos ao dtion ce ntral po r ·1 só ponto, denominados monodentados.
Íons h.1h);;,cnctos (F', c 1-, Bt-·, J-); .1nio ns de oxi-ácidos (N03 ·, N0 2·, S0/, e tc) e moléculas
ncutr.1s Cl°'m ,Ho m os doadores d e N· ou o· (NH,, H 20, C H 3 CN, e tc) são exemplos disso.
O s lig.rnll' S que .1prcse nta m dois o u m a is grupos de ligação com o cátion formam
comple,o · denomina d os , no geral, multidenta d os. Exemplos d esse tipo de ligante são
o O:\abl o (bid1c:' n l,1d o ), citrato (tridentado) e o EDT A (hexa dentado). Por sinal, q u ando
o co mple,n fo rmnd o a presenta conforma ção d e a ne l, comum nos multidentados, pode-
se d enomin.1- lo l,1mbt:'m de que la to. A reação entre a g licina e o Cu é um bom e xemplo,
em que se formam dois a néis d e ci nco pontos. N este caso, glicina é um liga nte bidentado
npresenlando co m o á tomos doadores de elé trons o O- e N- (Fig ura 24a). Os complexos
de EDT A co m meta is, muito comuns em química a n a lítica qu an tita tiva e na produção
de fertili za ntes líquidos que contêm certos micronutrientes, também são quela tos (Figura
2.Jb).
== e
1
- º\ /
LI
N- CH
1
2
"0 -- = O
(a)
Fi gura 24 . Exl!m plos 1k l'.umpll!xos mul thknl,1CIL1s Ctlln g l.!0 m1.• l1ü .1 111.: l,u : t,1) i,;li,·i11,\-C u; b)
EDT/\ - o .
O s co mpl exos, L(U L' ,1prl..'sl'nln111 mais dl' u111 c,\li o n -.:1.'nlr,,I. s,,c) c h,Hl1,1dos dl..'
nmpll' xns polinul'll•M1'S. Essn s ilu nç,,u t:• l1t'm t·onntm, prindpalnwntt'. t'l\\ SI..' lr.1t,mdu
9.Q r-------------------------
co
4.S~ QJ
Vl
Vl
•Agº
• Bt • Pb(IV) O
4.0 - •Tr
• Sb(III) o
·.:::
-ro
-o
• (:J
Sn(IV) E
...
~
.5
1.5-
es·
Ba2• • <
1 O • Kº 1 • • 2 • ea1• QJ
til
· ••Na ' Sr • Vl
rJ
0.5 -
•Li' u
Figura 26. Separação dos cátlo ns em Grupo A, B e intermediário de acord o com o indice
eletrostático e covalente.
Fonte: Stumm & Morgan (1996).
A + :B <-> A: B
Para dada valência, ao a u men to do raio iônico corresponde u m aumen to dCl grau d,'.
polilriLabilicJade ._, <lo grnu de- moll'/macio. J\ssirn, emborn O Li' e K' estejam da:-siiic,Hi~
como ~e ido~ d u r_os, o~·. (0,92) é n_1ois mol~/ milcin que O u• (0,36). Alé m disso, íl n_,,, io:;~
dos í\c1dos duros npre cnlil o l ndtcl! dl• M1:-ono menor que 2,8; 05 ncidos moles ,ic10'•'
J.2 e os in termL•diórios s il Uillll·Sl' C'nlre c~scs dois v,i lorl•S.
Uma base mole/macia seria, e ntão, aquela em que o átomo doador mostra elevada
polarizabilidaue, baixa eletronegatividade e tendência à oxidação. Já uma base dura seria
o inverso, ou seja, apresentaria baixa polarizabiJidade, elevada eletronegatividade e seriam
difíceis de ser oxidadas. Do ponto de vista do solo, a capacidade de adsorç5o em s uperfície
dos colóides orgânicos (substâncias húmicas ) e minerais (argila) também pode ser
interpretndcl com bases nns proposições de Schwarzcnbach e Pec1rson. Nesse caso, por
exemplo, com respeito ao comportamento dos íons divalenles Cd, Zn e Ni, os minerais de
argila silicatados funci onariam como uma base mole, ligando-se, preferencialmente"º
Cd, e os óxidos de ferro funcionariam como uma base dura, adsorvendo, preferencic1lmente,
Zn e Ni {Alloway, 1995). Com respeito às substâncias húmictts, Ross (1994) apresenta uma
tabela que relaciona os principc1is grupos funcionais presentes nas substâncias húmicas
com respeito à afinidade por melais do tipo A, 13 ou C (Quadro 17).
Quadro 17. Classifícaçiio d os principais grupos funcion;iis presen tes cm solo cm funç5o da
prefer~nci.:i por mct11is do tipo A, B ou intermediário
o
NH 2 = NI-1 = N
li _
- e -o Grupos a minados
- SH
Sul íidrico
Carboxílico
o
-OH-
Álcoolico
li
--C-NHl
- s-
Sulieto
An1idas
óFcnólico
o
- s -s-
Dis ulfcto
li - s-
-c- Tioéter
Carborulico
o
1
O=P-OH
ó-
Fosfato
- 0 - - so3-
Sulíato
Ponte: lfoss (1994).
Desta forma, surge o princípio "ácidos duros preferem bases duras e ácidos moles
preferem bases moles", que foi universalizado. Contudo, existem exceções, o que concede
a essa regra, na melhor das hipóteses, um caráter semiquantitativo.
O quadro 18, extraído de Stumm & Morgan (1996), apresenta um paralelo entre a
classificação de Schwarzenbach (A, B, C ou intermediário) e a classificação de Pearson
(ácido/base mole/ dura).
Quadro 18. Classificações dos cátions com respeito à afinidade por bases
K:1- [CdCli )
[CdCl2][Ci-]
[CdCI~- )
CdCJ,-
.
+ Ct- H CdCI 42- K.1
[CdCl 3)[Ci-]
~ =K K K = [CdCl 3)
3 1 2 3
(CdCl2 ][Ci-]
1,0
0.8
0,6
a,
0,4
0.2
o
u.s
0,6
u, 1,0 c:----=::::-!...c::::----------- - - ,
0,4
0.2 -o 0,8
o u Cd"
0,1! ~ 0,6
o
0,6
~ 0,4
ª ' OA tl: CdCI,
0,2
0,2
o ª· = 15,4%t
o 1 2 3
-1 O
0,8 pCI
0.6
,., 0,4
(CdO,)
O.'.!
o -1 o 3
p□
M+L <➔ ML
Porém, o termo constante condicional, por sugestão de Kolthoff (Ringbom, '1979), fo~
a cxprcssJo que prevaleceu, já que, na realidade, n constante de equilíbrio de pende da~
conJiçõcs experimentais.
= l l\1L 1 ·1
Com Í5!-0, a constanll' de ClJUilíbrio que St!ria 1( -'-- ,:_ passa a ser I< ='
~
1Mlll,I
IMIILI
111
c>m que IM ') é ,1 conccntr;:ição dl! todas as L'Spfries du llll!lal que não r"'.1giranl CCl u
. d o o m c t.i 1 11vre, C' 1L' I ~ íl co ncc nlrnçfio d e tod.1s ,,s espl!\
cump 1L' ~tntl! 1. , .me 1u111 • ·1·t'~- cto
lihcrnte L qui' n~o rcagirillll com o ml'l,ll M, incluindo o lib;intc livre.
Tomando como exemplo a titufação do Zn pelo EDTA, que pode ser entendido como um
ácido poliprótico do tipo H.,Y, em uma solução tamponada de amónio, obter-se-ia:
a = (1\'f ] = [l\lI] +[MA]+ ... + MAnJ = [M'] (1 + A [A]+ A [A]2 + ... +A [A]n )
M( A) [tvn [l\lI) (111) 1-'l 1-'2 1-'n
De modo geral, neste cnso, é comum encontrar B representando 1-r. Daí, a constante
global (P) de estabilidade do complexo próton-ligante ser o produto das constantes de
formação ou o inverso das constantes de dissociação dos ácidos.
Como o cálculo de a é laborioso, os dados, em geral, são apresentados tabulados ou em
gráficos. Por exemplo, como se calculn a constante condicionnl d e complexo Ni-EDTA em
solução-tampão d e NHJ que contenha o,·t mol L-1 de Nt-13 e 0,1 mo) L- 1 de NH~CI a pH 9,4?
Sabendo que log K,,m,o,,, = 18,6; log a N i(N IIJJ = 4,2; log ªwrAJ1Jl = 1,0 tem-se que:
KM L = K\ ,L ª~, ll1.
ou seja, que log K' == logK -log aM - log.cxL=18,6-4,2-1,0 ='13,4.
1
Resultado K'N,r:JJT A = 10 H
Na t!ventualidade de haver vários interferentes, pode-se chegar a um coeficiente a global:
({M = (XM(/\) + aM(U) + •·· + a t.l(V )
ESPECIAÇÃO DE METAIS
O r~pid o a umento cios níveis de poluição ambiental, nas últimas décadas, resultou numa
pr~OCU_!JélCâo cr~srcnte guanto à conservação dos ecossistemas e prcservaç5o da snúcle humana
(Vel,, & Caruso, J 996; Kot & Namiesrtik, 2000). Nesse contexto, estudos sobre a determinação
d <? d ife rentes espécies de elementos-traço, tm1lo em materiais biológicos como ambientais,
foram fortemente incentivados, já que os efeitos ccotoxicológicos de um elemento químico,
assim corno o seu comportamento ambiental (transporte, reatividade, mobilidade, etc.),
dependem totalmente da sua forma química (Allen, 1993; Tack & Verloo, 1995; Winistorfer,
1995, Hani, 1996; Hayes & Traina, 1998; Quevauviller, 1998; Kot & Namiesnik, 2000)
Apesar de não existir uma definição internacionalmente aceita para esse termo (Tack &
Verloo, 1995, Ure & Davidson, 1995; Kot & Namiesnik, 2000), a especiação pode ser,
genericamente, definida como sendo a identificação e quantificação de diferentes e definidas
espécies, formas ou fases na qual dado elemento ocorre em determinado sistema (Tack &
Verloo, 1995). Contudo, independentemente das definições teóricas, Ure (199]) e Ure & Davidson
(1995) argumentam que as formas físico-químicas determinadas pela especiação têm de ser
definidas com base em, no mínimo, uma das três maneiras a seguir:
a) Funcionalmente, ou seja, em função de seu papel, a exemplo da determinação
das espécies absorvíveis pela planta;
b) Operacionalmente, isto é, pelos tipos de reagentes ou procedimentos usados na
sua identificação, separação e quantificação. Um bom exemplo está na própria
separação da solução do solo por centrifugação.
c) Pela sua forma química precisa, ou seja, como composto químico específico, a
exemplo do tri-butil estanho, ou pelo estado de oxidação do elemento, por
6
exemplo, Cr3 • /Cr • •
Assim m e smo, o sucesso de uma análise de especiação depende d e sua seletividade,
ou seja, de sua capacidade de determinar a espécie química correta e de sua
sensibilidade, ou seja, de permitir obter baixos limites de detecção do analito na amostra
(Angehrn-Bellinazzi, 1.990; Kot & Namiesnik, 2000). Mais detalhes sobre técnicas e
princípios de especiação d e metais pesados em solos são apresentados no capflulo
XVI.
1998). A ma ioria dos estudos ambientais que envolvem a parte sólida do solo utiliza
essa última técnica que contempla, em geral, as seguintes fases (Mclean & Bledsoe,
1992; Das et al., 1995; Ure, 1995; Morrow et ai., 1996): solúvel em água; trocável; ligado
a carbonatos; ligado ã matéria orgãnicn; e residua l.
Contudo, vários são os problemas relativos às técnicas de extração (Ross, 1994;
Candelaria & Chang, 1997; Hayes & Trainá, 1998; Sauvé et ai., 1998; Kot & Nnmiesnik,
2000): i) falta de seletividade dos exlrntores; ii) readsorção e redistribuição do elemento
durante o processo de extração; iii) influência da relação solo:soluç5o extratora na
distribuição do elemento de interesse; iv) mudança da solubilidade dos compostos minerais
e orgânicos durante o curso das extrações. Pelo foto de permitir a comparação de frações
quimicamente similares, a extração sequencial tem sido preferi da nos estudos de especiação
da fase sólida do solo (Tack & Vcrloo, 1995; Candelnria & Chang, 1997; Dean et ai., 1998;
Que\•auviller, 1998), havendo, até, grnnde esforço para criar um protocolo definido e único
para que os resultados possam ser comparados no mundo todo e usados, também, em
legislação ambiental (Tack & Verloo, 1995; Quevauvillcr, 1998).
Fase Líquida
Várias características-chave da solução do solo têm impacto dramático na especiação
do íon m etálico, a exemplo do pH e do pc na concentração total do íon metálico. Essas
medidas determinam, em grande parte, quais as espécies que irão predominar e se a
hidrólise, precipitação, complexação ou reações de sorção ocorrerão. Com vistas em
ilustrar o assunto, algumas considerações são feitas com base nos textos de Sposito
(1989), Kabata-Pendias & Pendias (1992), Ross (1994), Alloway (1995), Berthelin et a!.
(1995), Stumm & Morgan (1996), Hayes & Traina (1998) e Rieuwerts et ai. (1998ab).
Na ausência de concentração elevada de ligantes complexantes, a mais importante
classe de reações em sistemas aquosos é a protonação (ou hidrólise). Em função do pH,
os metais podem passar por uma série de reações de protonação, que podem ser
representadas da seguinte forma:
M". + H 20 H M(OI-it-1 + tt• (K 1)
r.
,·arma!> ::.o f'J
I ab d L' mntcrin · 11 n1m1co
· podi:m ndsorver, L'Xlen::,ivamcnte, íons metjficl,•·· .
d . • 1 . t . cJ 1 •
Q uan o O!i co mponl:n t:'S ,um1co::, o !iO o con tem grílndc• qu.rntid.1 cks dL' lM • tio\ll,t,
,
·
L'n Ó1::., ,1min.:i b ·1 · · · · , ·ct.1:, l 01
s 1.: car u ni as , !-'1~11111cat1v.1s qu.intidold(•S eh.• ml'lnis pod e m srr "-' 1
ct1mpk-,u:,
' ele i:-.íL'rJ jntl'rn;i u u r,h.:rnJ.
A p,1rtir do ex pos to, c1 especiação, na solução do solo, te m s ido rea lizada, enti'lo, com
b,1se em progr,,mas de computação, a partir d o conhecimento das a ti vídéldes dos ío ns de
interesse e dns cons tantes de estabilidade dos complexos mais comumente encontra d os
t'm solo:.-; com b<1se em técnicas de leitura direta; ou com base na combinação ele técnicc1s
de separaçJo e detecção.
Modelos Computacionais
A concentração Lotai do metal qu e existe na solução do s olo será a s oma do m etal
"livre " e o contido nos complexos (Allen, 1993; Stumm & Morgan, 1996):
em que, C~, é a concentração total do metal (M),P~u..n representa uma cons tante de formélçào
genérica de certo co mplexo e L é um ligante genérico.
Desta forma, a distribuição das espécies do metal pode ser calculada ilplicando-se
os princípios termodinâmicos do equilíbrio químico.
Dentre os modelos computacionais existentes, o que mais se des taca é o Geochem-
PC (Malligod & Zachara, 1996). Segundo Parker e t al. (1995), esse progra mél é um
descendente do programa de especiação multipropósito Geochern (Ma ttigod & Sposito,
1979 ), o qual é uma progénie da série de programas REDEQL (REDQL2). A diferença é
que o Ceochem-PC expandiu a base de dados, permitindo o uso de mais metais, ligan tes,
complexos e sólidos de interesse na química do solo. O programa pode ser obtido no
endereço: hl'lp:/ / wvvw.envisci.ucr.ed u/ index. php?file=faculty / parker/ parker. htmJ.
O mode lo computacional baseia-se no balanço d e massa de todils as espécies
cumponenll'S e em considerações termodinâmicas para as reações passiveis de ocorrer.
Dl'Sla forma, e le desenv olve um a série de equações não Uneares, que re lacionam a
concentr.1ção m olar de cada espécie com a constante de estab ilidade condic io n.11
(ajus tada pela (orça iônica) para os complexos ou sólidos que pod em ser formard os.
Essas equações s5o r esolvidas, simultaneamente, usa ndo uma variação do mod elo
Newlon-Raphson, até que .:i som a das concentrnções de todos os meta is e ligan tes
esteja de acord o com as concentrações iniciajs d e entn1da, com um grau de aproximação
(critl>rio d e convergéncia) selecionado pelo usuári o, mas que, norma lmente, é tomado
cnm o 0,0·1~.. . No caso em que a força iônica (1) não é estipulada pelo us uá ri o, o critério
d l' convergência tnmbé m levará em cons ideração as d ife re nças e ntre I e ilS cons tantes
de l'Sta bilidade condicio nais calculadas e m cada rodada de cálculo. Nes tes casos, a
cnn \'ergé ncia é de 0,5'\; .
E evidente, contudo, q ue a aplicação desse e de outros modelos é dificultada qu;inJo
ha faltil de d ad os sobre a const.:inte de estab ilidad e d e es pécies importa ntes, tais como
;:is rd il 1un;id.is com s ubs tâ ncias hu.micas (A llen, 1993; Ross, L994; H.:1yes & Train.,,
l 99&). Nt·,te<; c;\ S{IS, aproxim<1çõ~s l(•m ~ido testad.:1s (S pos ilo ~t a i., l 982; Spus ito, 1980;
G rimrn 1•t J I. , 1 991 ). Pr0ccdinwntos .::.inJliticos nã o devem s1.•r dispen,:id o:c-, n1 .1s
ulili z,.1 J o !.j 11,1 vn lld açJo, i.:ontrole l' mclhoriil d t'SSl'" program.is (Ve rl oo & E..:cklwul,
.1C
v= -
L1 t
(85)
A equação 85 informa que, para formar 2 m o ls de águn, são n ecessá rios 1 molde 0 2
e 2 mols d e H ~. O u seja, a ve locidade de cons umo de H~ é o dobro da de 0 2:
d[H ] 2
2 = ----==-2d[0 ]
--
dt dt
Também na eq u ação 85, observa-se que a velocidade de formação d e H 2O é o dobro
da ve locidade de consumo de 0 2 , ou seja:
nA+ mB (86)
C ontud o, cm rençoes mnis complexas, élS o rd1.ms siio re l;w iu néld.i s com os C{1eficic•ntô
da e tapn mais lc:nta d.i rcnçãu. Po r C:\cmplo, p.un" reação:
Qu iM I CA E M1 NERALOGII\ 00 S o1..o
III • EQUILÍBRIO QUÍMICO DAS REAÇÕES NO SOLO 237
v = k [NOf [H 2J
Desta forma, o conhecimento do grau ou ordem de uma reação é fundamental para
desvendar o seu mecanismo. Mais adiante, serão discutidos subsídios para se obter essa
informação a partir de dados experimentais.
Efeito da Temperatura
É bem conhecido o efeito da temperatura na velocidade de uma reação. Quanto
maior a tempera lura, mais rapidamente ela se processa. Experimentalmente, foi observado
que grande número de constantes de velocidade variava com a temperatura de acordo
com a equação de Arrhenius:
K =A e -[(Ea/RT]
em que Ré il constante universal dos gases (8,314 J mo1·1 K·1), T é a temperatura absoluta
(ºK), Ea representa a energia de ativação e A é um fator adimensional. Normalmente, essa
equação é apresentada na sua fo rma logarítmica:
Ea I E.1 1
lnK = - - . - +lnA ⇒ lnK=ln A--·- (87)
R T R T
logo E. = - b 1 R
dfA]
Na forma diferencial: dt = -k [A]
O sinal negativo é importante pois indica se tratar de um reagente, cuja concentração
diminui com o tempo. A eguação diferencial anterior pode ser reescrita como:
1
dfA] - -=-k dt
[A]
Jntegrando-se, Lem-se: ln[A] = -kt + constante
Supondo-se que, para t=O, [A]= [Ao}, ou seja, a concentração inicial de A, tem-se que
a constante da equação integral se iguala ao In[A ]. Daí:
0
ln{A] = ln{A 0 l - k t
~sa expres::ião tem a fo~ma de uma e~1uaçõo de 1º grau do tipo y = bo + b X. Cotll i6SO,
1
o gráf 1c o de ln 1~ 1em ~unçao do tempo SNá um., linha reta de ca'eíicicnte angulil r (l1, )
negativo e cocflc1enle linear (b0 ) inual ti concc 11 lra,,, · · · 1...1 A (r.·
o , .,.. 0 1111c1a ue ,•1gura 30) .
Coeficiente angular = k
Figura 30. Curva hipotética relacionando o logaritmo natural (neperiano) do reagente A com
o tempo (t), indicando se tratar de uma reação de 1 • Ordem para A.
O mesmo expediente pode ser usado caso haja o interesse em repensar a velocidade
instantânea da reação (A- B) em termos do produto, ou seja:
pode-se substituir o termo [A], então, obtendo-se [A0) - [B] = (A0] e-•t ou:
[A] = [Ao]=[~]
Uma vez que dois mols de B são produzidos para cada molde A.
Se a reação A - B fosse de segunda ordem (ela pode não seguir a estequiometria
da reação em se tratando de uma reação complexa), ter-se-ia que:
d[A] = -k[A]2
dt
Da mesma forma, poder-se-ia reescrever essa equação diferencial na forma:
1
- -d[A) = -kdt
[A]2
- 1 = - 1- - Kt
[A] [A0]
Mais uma vez, tem-se uma expressão que segue a forma de uma equação de 1° grau
(Y = b0 + bl X). Daí, o gráfico que relaciona 1/ [A] em função do tempo seria, também, uma
linha, porém, de coeficiente angular (b1) positivo (Figura 31).
Coeficiente angular = k
Na medida em que o número de reagentes aumenta, fica mais complicado obter uma
solução simples, como as expostas anteriormente. Nesse sentido, os prograI11ª 5
computacionais passam a ter grande importância. Contudo, ainda existem algumas saídas
simpli.ficadas, das quais se destaca o método do isolamento. Tome-se como exemplo a reação:
A+B Produtos
(8 l
d[A] =-k"[Aj2
dt
Existem outros métodos de simplificação, como a Meia-Vida, que podem ser
consultados nos textos inicialmente sugeridos.
De forma a facilitar a compreensão, o quadro 19 apresenta as principais características
de reações de ordem zero, l'' Ordem e 24 Ordem.
Quadro 19. Sumário das principais características de uma reação de Ordem Zero, de I" Ordem
e 2• ordem
Associação Iônica
◄ ►
Hidrólise de Íons Multivalentcs
◄ ►
R ação interface gás-á~a
4
Troca Iónica
~
- ~
Sorção
~
- .
~
µs min h mil~n10
d mês dOO
Escala T<'mporn l
figura 32 Pt•rf11Jo,; dL' tempo ncrc!-~drio,; pílí..i quc dlíer,mtcs tipos d e rl•,ic;iio qu,' onlíf í' 111
1"'
:.u lu cnco 11Lre m e u cquillbrio
rnntt-: Am~dw, fl 'J•Jl).
Batelada ("Batch")
Em geral, esses métodos são aplicados em reações gue ocorrem em escala de te mpo
mais elevadas, acima de vários minutos. Normalmente, baseiam-se em reações realizadas
em õmbiente fechado, em que, após a mistura dos reagentes no recipiente/vaso de reação,
não há mais adição de componente. Apesar da enorme quantidade de variações possíveis,
os passos mais comuns à aplicação desse tipo de metodologia envolvem:
1 - Fazer uma suspensão da fase sólida de interesse com uma solução eletrolítica que
servirá de suporte;
2- Após certo tempo de incubação, faz-se a purga do sistema e o controle do pH da
suspensão;
3-Adiciona-se o reagente de interesse a fim de obter as condições de reação desejadas,
seja pela presença de certo íon, seja pela alteração da força iônica;
4-Amostragem da suspensão, em intervalos periódicos, em um volume tal que não
perturbe o mecanismo de reação estudado;
5 - Análise do material amostrado, o que, geralmente, envolve a separação da fase
sólida da líquida.
Dependendo do que se pretende analisar, a etapa da amostragem pode ser
dispensada, quando um sensor fixo, tal como um eletrodo íon-seletivo, é embutido no
recipiente/vaso de reação.
Relaxação ("Relaxation")
Esse método foi desenvolvido para estudar reações rápidas, abaixo de 15 segundos
(Sparks & Zhang, 1991 ). Ela envolve, inicialmente, a alteração discreta de algumas condições,
tais como: pressão, temperatura, concentração e aplicação de pulsos eletromagnéticos para
alterar o campo elétrico, de um sistema em equilíbrio. Depois, é feito o monitoramento de
certas propriedades do sistema, tais como condutividade ou fluorescência, na volta ao novo
estado de equilíbrio. Contudo, essas perturbações impostas ao sistema em equilíbrio são
muito rápidas e pequenas, a fim de que o novo estado de equilíbrio seja próximo do estado
original. Com isso, a maioria das equações de velocidade das reações química é linearizada
(Primeira Ordem), simplificando o estudo do mecanismo da reaçào.
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III - EQUILÍBRIO QUÍMICO DAS REAÇÕES NO SOLO 245
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11
Depart,1mento de Solos e Engenhnriil Agrkolil, Universidade Fede rnl do Pilrnná. Rua dos
Funcionários, 1.5-10, 80035-050, C uritiba (PR).
vanderfm@u ípr.br
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Deparlamcnto de Solos, Faculdade de Agronomia Elist.?u Maciel, Universidade Federill de Pcl olils,
Caixa Poslal 354, 96.010-900, Pelotns (RS).
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Conteúdo
!> l:ICS, Vi,;ot.;1 , 200\1 Qu rmie., e Mi ne ril lflg ia J o So.lo , C on.c ci tos B,~s icos ,. i\ pi k,1,i•l"s, l 3t! 1p
h·J ~. Vander J1.• Frcitai. Melo e Lufs lfoynJldo Ferrarnu 1\lll•on1).
252 VANDER DE FREITAS MELO ET AL.
INTRODUÇÃO
O quartzo~ o p rinci pal mineral das frações a reia e siltc dos solos (Figura 1). O s(l!º
vt!lho originado de granit o (Figura 1a) a presenta, bas icame nte, apcn,,s quartzo na fraçao
0
a re ia. Com o e e minl'ral não cont~m elementos cs~cncinis às planl.is, 0 solo em qucst-'
apresenta baixa reserva de nutrientes. Por outro lado, a fração areia d o solo jovem
originado de micaxisto (Figura 1 b) apresenta, além de quartzo, grande quantidade de
mica parcialmente intemperizada (mineral com aspecto dourado). Como resultado, com
o processo continuo de intemperismo químico dos minerais micáceos, há intensa liberação
de nutrientes para as plantas (principalmente K e Mg). Já o Si, AI e Fe podem-se recombinar
na solução do solo e formar minerais secundários (por exemplo, caulinita e goethita),
aumentando o teor de argila do solo (neogênese).
(a) (b)
Figura 1. Fotografias da fração areia (minerais com diâmetro entre 0,05 e 2 mm) de dois solos
com composição mineralógica distinta: (a) solo velho originado de granito; (b) solo jovem
originado de micaxisto.
13iolita
Quadro 2. Teores totais de elementos maiores (SiO2, Alp3, CaO, MgO, Na 2O e K2O) e menores
(TiO2, MnO e Pp5) de algumas rochas
Feldspato
Óxidos Peridotito"' Basalto(ll Granodiorito!ll Sienogranitolll Alcalino Mkaxistolll Metarenitofll
Granito2
gkgl
Si02 402.,0 529,0 616,0 683,8 776,2 471,0 920,6
AhOJ 18,2 119,3 169,4 152,S 118,6 170,0 36,0
fei()3+FeO 92,9 145,2 48,6 39,2 13,4 143,2 2,5
CaO 4,0 77,7 26,9 24,1 3,4 4,4 6,3
MgO 360,0 35,7 18,3 11,9 0,7 54,5 0,7
Nn..-0 5,9 32,0 37,6 29,7 40,3 16,8 6,8
KlO 1,0 19,9 44,5 49,5 47,9 28,2 14,5
Ti02 3,0 15,8 7,1 5,8 1,4 24,7 0,6
MnO 1,0 2,0 1,0 0,7 0,6 2,0 0,2
PiOs 1,0 2,1 3,4 2,0 0,2 2,9 0,3
P.Flll 110,0 14,9 9,9 5,3 3,2 58,7 4,0
soma 999,0 993,6 982,7 1004,S 1005,9 976,4 992,5
Fonte: 111 IBGE (1986); r-1Philipp (1998); Olperda ao fogo (por ignição).
Feldspato
Elemento Peridoti10111 Basa.lto"' Granodiorito!Zl Sienogranitol2J MicaxistoPI
Alcalino
GranitollJ
mg kg-1
U11 14 480 869 843 15 1320
Sr 50 270 337 288 3 50
Zr 10 340 l31 210
213 153
V 76 280 40 45 2 22"
y
IA
10
30
67
30
14
40
66
71
274
36
"º
JO
Nb 20 20 16 51
26 19
Cr 4.2ú0 37 7J
N1 1940 60
41
18
31
10
28
2
,1
Cu 12,t 50 11 8 -3--
11
fonl.- 1''1U .,1 (IYõbJ, 'f'hlhpp 'l "9!i/,
De acordo com a relação dos raios iônicos e da ocupação cios espaços, os óxidos
podem ser classificados em estruturas isométricas, hexagonais, tetraganais e
ortorrôrnbicas (veja capítulo li). São hexagonais: água, zincita, óxidos do tipo Ap3
(h e matita, coríndon e ilmenita) e brucita. São ortorrômbicos: oxihidróxidos, crisoberilo e
columbita- tantalita. De maneira geral, existem dois tipos de estrutura nos dióxidos
(Quadro 5): uma, na quaJ cada cátion tem o ito O nos vértices d e um cubo (coordenação 8),
originando uma estru tura isométrica; e outra, na qual existem seis O em torno de cada
cátion (coordenação 6). Nesse último caso, somente metade dos sítios possíveis fica
preenchida, de forma a manter a neutra lidade elétrica, e assim ocorre deformação no
arranjo octaédrico, originando uma simetria mais baixa, tetragonal.
Quadro 5. Relação dos raios iónicos (cátion/ oxigênio), coordenação e simetr ia nos dióxidos
nm
Mn 0,060 0,45 6 tetragonal Pirolusita
Em óx idos mú ltiplos que ap resentam fórmu la gera l ABP.1 (Quadro 4), o cátion Aé
maior (raio iônico entre 0,06 e 0,08 nm) e é, geralmente, diva len te, ao passo que o B é
menor (raio iônico entre 0,05 e 0,07 nm) e é geralmente triva len te. Assim, na estrutura do
espinélio, os íons A contêm quatro O ao redor e os íons B seis, o que conforma um retículo
cúbico, dando origem a cristais isométricos. Como os m embros do grupo do espinélio são
isoestrutu rais, a substituição iônica é comum , sendo comp leta a solução sólida relativa
· aos íons ·B (AI3 •, Fe • 3 e Cr3')
r. •'-, Zn 2• , M1r'·) e .m comp 1eta re 1al!va
aos fons A ( Mg 2' , .,·e
(Quadro 6) . O c r isoberilo tem uma estru tura contraída, de s imetria ma is ba ixa
(ortorrómbico), em razão do pequeno tamanho do íon Be (0,035 nm).
A cuprila e a zincita (Qu adro 4) são m inerais sem expressão nas rochas. O periclásio
pode ser formado cm mármores a part ir da do lomita, ficando, po r tanto, restrito a esse
tipo d e rocha. O rutilo (TiO 2), assim como seus polimorfos ana lásio e brookita, a ilmenita
e 05 espinélios que con tém Ti (u lvoespinélio e titanomagnctita) são minerais acessórios
comuns na maioria das rochas ígneas e metamórficas. A perovskita (CaTiO3) é um m ineral
acessório com u m em rochas ígneas básicas e alcn linas e metamórficas calci-silicatc1díl5 •
Vcrificn-se que todos esses m inerais suo encon trados como fases detríticas em rm:haS
sedime n tares, cm rnzão da ele vada resis têncin no intempt.!rismo. Por isso, esses m iner.ii:5
são comumente iden ti ficad_o~ nas frnç~es a reia e s ilt c de solos e sa pró li tos, te ndend o ,1 :;;e
conce n trarem e m s olos mais rnlempcnzados.
Por outro lado, silicatos comuns como biotitas, hornblendas e augilas contê m, em
lemms absolutos, mais Ti do que os óxidos nas rochas. Na intemperização desses minerais,
bem como do esfeno (CaTiSiO5), é freqüentemente reportada a formação de anatásio. A
formação de outros óxidos de Ti secundários (pseudorutilo, pseudobrookita, etc.) também
é observada. Uma média de 5,1 g kg·1 nos solos, contra 3,9 e 3,3 g kg·' para as "camadas"
sedimentares e ígneas graníticas da litosfera, respectivamente, demonstra a concentração
desse elemento durante o intemperismo, podendo chegar até 150 g kg·1 em solos altamente
intemperizados desenvolvidos de basaltos (Milnes & Fitzpatrick, 1989). Essa concentração
d e Ti não tem importância na fertilidade dos solos, pois o elemento não é considerado
micronutriente ou elemento tóxico para plantas e animais. Alguns autores até mesmo
evidenciam o uso do Ti como indicador da presença de solo ou poeira na análise de
tecido vege tal 0ones, 1991).
granulados com grande área superficial específica, que exercem influência química
acentuada no solo, numa proporção maior do que quando estimada apenas com base em
suas concentrações.
A hematita (Quadro 4) é um mineral amplamente distribuído em rochas de todos
os tipos e idades, geralmente como mineral acessório. Juntamente com a goethita, que é
um oxihidróxido de Fe mais ligado ao intemperismo, forma os mais abundantes óxidos
metálicos pedogênicos e influencia, de forma decisiva, uma série de características e
propriedades dos solos (veja capítulo VIII). O Fe na estrutura desses óxidos pode ser
substituído por muitos cátions metálicos, destacando-se o AI, em maior teor na goethita,
e microelementos, como Ni, Ti, Mn, Co, Cr, Cu e Zn, em menor proporção. Além da
incorporação destes metais na estrutura, a grande área superficial específica desses
óxidos pedogénicos, o baixo grau de cristalinidade e a reatividade das superfícies
(cargas dependentes de pH) fazem com que vários ânions (fosfatos, selenatos,
molibdatos, arsenatos, fluoretos e silicatos) e cátions metálicos (Cu, Pb, Zn, Cd, Co, Ni,
Mn) sejam adsorvidos especificamente, ou melhor, sejam ligados por caráter covalente
diretamente ao O e OH estruturais, formando ligações muito fortes. Dessa forma, os
óxidos de Fe podem conter, tanto dentro de sua estrutura como adsorvidos
especificamente em sua superfície, teores razoáveis de metais, sendo alguns
micronutrientes. Essa fonte de micronutrientes passa a crescer em importância em solos
arenosos e na medida em que os solos vão ficando altamente intemperizados, como nos
Latossolos oxídicos.
O espinélio (Quadro 4) é um mineral metamórfico comum, encontrado em mármores,
gnaisses e serpentinitos, ocorrendo como mineral acessório em muitas rochas ígneas
máficas. O Fe~•, Zn2 • e Mn2 + substituem o Mg2• em variadas proporções, por isso os óxidos
puros (hercinita, gahnita e galaxita) (Quadro 6) são raros. Sua influência maior como
fonte de nutrientes, portanto, ocorre em alguns tipos de rochas metamórficas.
A magnetita (Quadro 4) é um mineral acessório comum de rochas magmáticas ferro-
magnesianas (dioritos, gabros e peridotitos e equivalentes vulcânicos) e de rochas
metamórficas. O Fe2• pode ser substituído por Mg2• e Mn2• (e zni.) em proporção variada,
sendo os termos extremos (Mg-ferrita, jacobsita e franklinita) de ocorrência restrita. Dada
sua resistência ao intemperismo, a magnetita pode acumular significativamente em
Latossolos desenvolvidos de basaltos, onde pode compor parte expressiva da fração
areia desses solos, servindo como fonte de micronutrientes, à semelhança dos óxidos de
Fe pedogénicos (hematita e goethita).
A cromila (Quadros 4 e 6) é comum em rochas ultramáficas (peridotitos e
serpentinilos). Um pouco de Mg2• está sempre presente substituindo O Fe2•. Por outro
3 3
lado, o Al • e o fe ' podem substituir o Cr1 ' . Problemas de fertilidade associados a solos
desenvolvidos sobre esses ti pos de rochas são conhecidos e relatados na literatura
interna<:_ional . (Rabenhorst et a i., 1982) e ~a n.1cional (Pinto & Kampf, l996), cotn '.'
vcgdaçao naltva soírenJo problemas de lox1dcz rel,,,-,·onndo
"'- s. co m a lt os teorcs d t:, Cr, N1,
Co (Quadro 3) e desbalanço da relação Ca/Mg troc;\vcis.
Dentre o~ hidróxidos_e oxihidróxidos de AI, a gibbsita (Quadro ti) é O miner~,1 n1,1is
co mum nos solo!l e deposito~ de Uiluxita, que se orivinam
o ,
p l' 1ll lll
. tC'mpcnsmo
. n,,•111,·,1Ul
,
1
Carbonatos
Nos carbonatos, os grupos COt combinam-se com c-<ú t1·0 ns, ct·1va entes d e (ormn l uc
• • _ 1 1
a rel ação dos raios 11npoc a coordenação 6, resultando ''Sir 1 . e se
.. u uras s11np 1es cm qu ·
alternam camadas de cátions metálicos com ãnions carbonatos (Dana & 1-lurbult, 1978).
Dessa forma, tem-se uma redução na simelria do sistema isométrico (90 º) para
romboédrico (74 º 55 ') (subdivisão do sistema hexagonal) (veja capítulo II), caracteríslico
dos cristais de calei ta (CaC03) . Sendo isoeslruturais, os cátions melálicos substituem-se
entre si, conforme seus tamanhos (Fe2 • = 0,074 nm; Mn2• =0,080 nm e Mg2 • = 0,066 nm),
produzindo substâncias intermed iárias entre carbonatos puros: s iderita (FeC03),
rodocrosita (MnC03) e magnesita (MgC03 ). Já a substituição na calei ta (Ca2 • = 0,099 nm)
não é completa, sendo particularmente difícil a do Capelo Mg por causa da diferença
nos raios (33 %). Dessa forma, o que ocorre na dolomita [(CaMg(C03) 2J não é resultado de
uma solução sólida, mas, sim, uma alternância de camadas de íons Mg com camadas de
ians Ca, ou seja, um sal duplo. Uma forma polimorfa da calei ta de estrutura ortorrómbica
denominada aragonita é comumente encontrada em depósitos recentes e nas conchas de
moluscos. Esta forma é menos estável e costuma transformar-se naturalmente em calei ta.
Os carbonatos são encontrados em rochas sedimentares denominadas calcários e
em seu equivalente metamórfico, o mármore, acumulado-se em proporções significativas
também em rochas mistas de carbonatos com argilas (margas). O ambiente típico d e
acumulação dos sedimentos carbonáticos é marinho de água rasa com origem química,
orgânica ou elástica. São muito importantes no registro geológico, perfazendo cerca de
25 % das seções estratigráficas (Suguio, 1980). As bacias evaporíticas são outro tipo de
ambiente de acumulação de carbonatos, em áreas bem mais restritas, em regiões de clima
árido, onde os depósitos são chamados de caliche ou calcrete e estão associados a sulfatos
e halóides.
Em razão da abundância e distribuição das rochas calcárias, existem muitos e
importantes solos formados sobre esse tipo de rocha, dependendo do clima a ocorrência
e distribuição dos carbonatos no solo. Em climas áridos, os carbonatos primários
permanecem no solo, enquanto os carbonatos secundários podem acumular próximo à
superfície. À medida que a precipitação pluvial aumenta, ocorre progressiva remoção
dos carbonatos das camadas mais superficiais e deposição de carbonato secundário nas
camadas mais profundas. Em climas úmidos, ocorre a remoção total, podendo formar
contato abrupto enlTe o perfil de solo ácido e a rocha de origem alcalina (Doner & Lynn,
1989). Solos derivados de calcários costumam ser férteis, em geral Chernosols ou Molisols
(conforme a Soil Taxonomy - USDA, 2006), compondo parte dos solos mais férteis da
zona temperada na América do Norte, Europa Central e Asia (Fanning & Fanning, 1989).
A relação entre rocha calcária e fertilidade do solo também pode ser observada no Brasil,
com valores de pH, teores de Ca e Mg e saturação por bases elevados (Araújo & Olivieira,
2003), mesmo em ambientes que intensificam o intemperismo (Argissolos e Latossolos)
(\laUadares, 2002).
No mundo, 0 maior consumo de calcário ocorre na fabricação de cimentos e cal, e
0 mármore é explora do como material de cons trução e ornamentação. No Brasil, dada
a ocorrência generalizada de solos ácidos, o calcário é usado para correção d e pH
(calagern). Estados que não possuem calcário sedimentar, como o Rio Grande do Sul,
usam O mármore moído para correção do solo. Para se ter uma idéia da magnitude d a
mineração de calcário no Brasil, das 1.862 minas cadastradas no ano d e 2.000 com
produção superior a 10.000 t ano·1, 314 eram de calcário (16,9 % do total), sendo 23,6;
25,4 e 13,5 % consideradas de grande, médio e pequeno porte, respectivamente (DNPM,
2001b). A maioria dessas minas é utilizada para cimento e outros usos não-agrícolas,
Fosfatos
O P pentavalente tem tamanho semelhante ao 5 hexava lente e, como este,
apresenta-se na forma de grupos tetraédricos (PO/) que não formam grupos
polimerizados. O As e o V podem substituir o P, formando arseniatos e vanadatos,
que são minerais de ocorrência restrita, ao contrário dos fosfatos, principalmente a
apatita, que é constituinte acessório em praticamente todas as classes de rochas ígneas,
sedimentares e metamórficas. Com base nos teores e na amplitude de distribuição
nas rochas comuns, o Pé considerado elemento acessório, juntamente com o Mn e o
Ti, nas análises químicas rotineiras das rochas, compondo entre 1 e 3 g kg·1 da rocha
em termos de P 2O5 (Quadro 2).
A apatita, fosfato mais abundante e importante, apresenta fórmula geral
Ca5 (POJ 3 (OH,F,Cl), com substituição (solução sólida) dos ânions F·, c1- e OH· e,
mais raramente, do fosfato pelo carbonato (carbonatoapatita). O Ca pode ser
substituído pelo Mn, Sr e outros cátions. Conforme o predomínio do ãnion
acompanhante, ocorrem a fluorapatita, a cloroapatita, a hidroxiapatita, dentre
outros. A apatita é um mineral facilmente inlemperizável no solo, liberando
prontamente o Ca (Bium et al., 2002). O fosfato pode então combinar com AI, Fe, tvfo,
Na, K, Ba, Cu, Zn, etc., formando grande variedade de fosfatos secundários, anidros
e hidratados, como, por exemplo, a variscita-strengita [(Al,Fe)(PO~).2H2O], struvita
(NH 4 Mg(PO4 ).6H2 O), vivianita (Fe 3 _,Fex(PO4 )i(OH),(H2O) 8 _,..) e muitos outros (veja
ca pítulo JJI) . Ao mesmo tempo, o P na solução pode ser absorvido pelas plantas,
ligar-se à fração húmica (P orgânico) e mineral (adsorção específica e não-específica)
e ser precipitado com fons Ca 2• e AJ 3•, dependendo do pH do solo. A complexidade
da dinâmica do P no solo aumenta mais ainda quando são incluídas as reações dos
fertilizantes fosfatados com os constituintes do solo, formando uma série de novos
compostos (Lindsay et al., 1989).
A apatila também concentra-se em veios e pegmatitos, principalmente associada él
rochas alcalinas, formando uma apatita bem cristalizada, de origem ígnea. Esse tipo de
depósito é encontrado no Brasil em Minas Gerais {Araxá e Tapira), Goiás (Ouvidor_e
Catalão) e São Paulo (Cajati) (DNPM, 2001 b). A apatita pode também concentrar a pa_rur
de processos sedimentares, derivadas de restos de animais e de precipitação qulm•~J,
formando uma rocha sedimentar conhecida como fosforito, com uma apatila de baix,,
cris talinidade (colo(ana). Depósitos desse tipo sào encontrados principalmente no nort~
dn Africa (Tunísia, Argélia e Marrocos), Oriente Médio e Estados Unidos. A colofan:t,
apesa r de compor o grupo dos fosfatos n.iturais, tem solubilidade relativamente elcv,,Jíl
11'
(> 90 S.,. k g I P2O s em á ci· <l O c ít rico
· 20 S L 1). Os fosfatos naturais de origem
- " , tr'_
fi:;nc,
snlubilid ad~ b~m mai1, bnixa (< 60 g ~t:;" P2O, cm ácido cítrico 20 ~ L·') e, geralml•nW, sJO
1
Nesossilicatos
Nos nesossi!icatos, a relação Si:0 é de 1:4, não permitindo a polimerização dos
tetraedros de Si na estrutura. Nesse caso, os tetraedros estão isolados e unidos por ligações
de cátions intersticiais (Figura 3). Em cátion divalente, forma-se uma estrutura do tipo
A;Si04, como no grupo da olivina (Mg e Fe) e da Fenacita (Be - fenacita e Zn - willemita),
com estrutura ortorrõmbica e romboédrica-hexagonal, respectivamente (veja capítulo II).
Cátions tetravalentes como Zr, Th e U têm fórmula ASi04 e estrutura tetragonal. No
grupo das granadas, a fórmula é do tipo A3B2(Si0.,h, com a posição A ocupada por c..'itions
divalcntes grandes e a B por íons trivalentes menores. O Mg2• , r e2+ e Mn2• se substituem
completamente na posição A; já com o Ca essa possibilidade é mais restrita. Na posição
B, ocorre substituição limitada em relação ao AI,•, Fe3• e Cr3 ' . A estrutura resultante é
isométrica . Ainda nos nesossilicatos, destucam-se os minerais do grupo Al20Si0.1
(andaluzita, silimanita e cianita) e o esfeno [CaTiO(Si0,1)), também conhecido como titanita.
em rochas metamórficas, como o calcário, gnaisse e xis to. Dada s ua elevada resistência
ao intemperismo, costuma concentrar-se nos sedimentos arenosos, assim como nos solos.
O zircão normalmente apresenta pequenas quantidades de Hf, Th, U e Y, responsáveis
por radioatividade no mineral.
A grnnada é um mineral comum como constituinte acessório de rochas
metamórficas (xistos e gnaisses) e de algumas ígneas. Suas subespécies mais comuns
apresentam o AI na posição B e os seguintes cátions na posição A: Mg (piropo), Fe
(almandina), Mn (espessartita) e Ca (gTDssulária). Com Fe na posição B e Cana A tem-se
a andradita e com Cr na B e Cana A a uvarovita. A granada é, como o zircão, bastante
resistente ao intemperismo, podendo acumular-se em solos desenvolvidos de rochas
metamórficas. Neste caso, pode influenciar a presença do Mn em rochas metamórficas
mais ricas em granadas, conforme comentado anteriormente.
Andaluzita, silimanila e cianita são minerais metamórficos encontrados em alguns
tipos de rochas metamórficas e, por sua composição (Al 20Si04 ), não contribuem para a
reserva de nutrientes do solo. O esfeno [CaTiO(Si0 4)] é um mineral acessório de distribuição
bastante ampla, tanto em rochas ígneas como em metamórficas, de resistência média ao
intemperismo, e pode contribuir com alguma fração do Caem rochas graníticas pobres
neste nutriente (Quadro 2).
ln ossilica tos
Nos inossilicatos, a relação Si:O é 1:3 (piroxênios) e 1:2,75 (anfibólios), o que permite
certo grau de polimerização dos tetraedros de Si, em cadeias simples (piroxênios) ou
duplas (anJibólios) que se prolongam na direção do eixo e (f-igurn 4) .
(a) (b) M M
• Si M rvt
ºM º
i\'k tJi'I
fi'lgura 4 J<v rr•-""l' nl,1çJo l'.:>•jUl'nlilliL,I d,1 l·,trutur,1 du1- ino, ..,ilic,,tos; (,l) c,,dl'i., s 1111pkj; (I•)
, ,1de1.1 Jupl,1
L MINERALOGIA DO SO LO
266 VANDER DE FREITAS MELO ET AL.
sempre apresenta ainda resíduo de K, podendo ser importante fonte desse e lemento
em alguns tipos de rochas.
Os piroxênios são considerados minerais muito pouco resistentes ao
intemperismo, mes mo assim chegam a compor parte das frações areia e sil te de
solos pouco intemperizados. Os anfibólios, por outro lado, são pouco mais
res isten tes e permanecem nas frações areia e silte de solos medianamente
intemperizados, só desaparecendo completamente nos solos de intemperismo mais
avançado.
Além da a ugi ta e hornblenda (ferromagnesianos), existem piroxênios e anfibólios
calciomagnesianos (diopsídio, wollastonita e tremolita), que são mais comumente
encontrados em mármores e talco xistos (calcissilicatadas) e piroxênios e anfibólios
sódicas (aegerina, arfvedsonita e riebeckita). Esses minerais forma m rochas ígneas
subsaturadas em sílica (sem quartzo), mas ricas em Na e K, chamadas de rochas
alcalinas (sienitos e fonolitos), onde estão presentes feldspatóides (nefelina, leucitn e
sodalita).
Filossilicatos
Em razão da inexpressiva ocorrência de outros minerais filossilicatados fontes de
nutrientes no solo, como o talco, as discussões desse item relacionam-se com os minerais
micáceos. As micas são, normalmente, mais estáveis que os demais minerais silicatados
fontes de nutrientes, tais como, feldspato, anfibólio, piroxênio e olivina (Goldich, 1938).
São, portanto, as maiores fontes de K, Fe e Mg em ambientes tropicais e desempenham
importante papel na fertilidade e gênese dos solos. Com relação aos minerais das classes
neso e inossilicatos, as micas apresentam estruturas mais complexas, e o intemperisrno
desses minerais mostra-se dependente de suas composições químicas e natureza das
ligações dos elementos.
As micas são minerais em camadas (filossilicato), negativamente carregadas,
do tipo 2:1 , sendo compostas por uma lâmina octaédrica (O) entre duas lâminas
tetraédricas (T) (Figuras Sb,c e 6a). As lâminas tetraédricas consistem de tetraedros
de Si04 arranjados de tal maneira que três O de cada tetraedro são compartilhados
com o Si de trés tetraedros vizinhos, resultando em um anel hexagonal de tetraedros
(dois tetraed ros adjacentes compartilham somente um O) (Figura Sa). Esses três O
compartilhados ficam no mesmo plano, sendo referidos como basais. O quarto O dl'
c.1da te traedro não é compartilhado com outro tetraedro de silício, ficando livre P•'~J
ligar-se com outros elemen los policdrais (O apical) . Todos os oxigênios ,1picai~
apontam para a mesma direção, formando os planos basal e a picai de O (FisurJ Sb t
6a). Já ,1 _lâmina octal-dr'.ca cons is te de seis hidroxilas, em dois planos, em coordena,:ii;
octa~dnc.i com um cé\ t1 o n central. Em a lguns cnsos, pode haver s ubstituiç,W dl' OI
por r:
Q ulMI CA E M1m.nAlOG IA DO S O LO
IV - RESERVA MINERAL DO SOLO 267
(b)
Lâmina
tetraedros
SI
: LâmJna
octaedros
' AI
@Lâmina
tetraedros
SI
figura 5. Estrutu ra 2:1 das micas e detalhes da hlmina tetraédrica: (a) com posição hexagonal
dos tetraedros de silicio com a h idroxila da lâmina octaédrica localizada no centro de cada
hexág ono no plano d os seus vértirl's. No caso da lep idolita, o flúor es tá no lu gar das
h idroxi las; (b) v is ta latera l de duas làmi nas te traédric.is com os vértices voltados para
d entro da cs trutu rn, mostrand o a localização d os átomos de AI (dioct.iedral) da lâm ina
urt.iédrica; (c) vista lateral dd camada 2:·1, com detalhe para ílS possibilidíldes de substituição
1~om õ rfica na rnuscovita .
--
268 VANDER DE FREITAS MELO ET AL,
Sítio octaédrico
(b)
(11)
(e)
Figura 6. Crescimento das micas na direção e e detalhes da lâmina octaédrica: (a) vista l~ter~I
de um mineral genérico (dioctaedral e trioctaedral) mostrando os íons potassio
promovendo a união de camadas adjacentes e a distância basal do mineral; (b) detalhe
(vista superior) de uma lâmina dioctaédrica, mostrando que, a cada três posições,_ d~as
são ocupadas pelo cátion octaedral (Al 3'); (e) detalhe (vista superior) de uma lam1,~ª
2
trioctaédrica, onde todas as Ires posições são ocupadas pelo cátion octaedral (Fe • e Mlf ).
lâmina octaédrica. A estrutura é constituída de tal forma que quatro das seis O H estão
substituídas por O apicais das lâminas tetraédricas. As duas OH restantes orientam-se
para o centro do poro hexagonal deixado pelos vértices dos tetraedros (Figurc1 Sa).
As camadas 2:1 adjacentes são ligadas por cátion, principalmente K, que promove
o crescimento do mi neral na direção basal (eixo e) (Figura 6a). A entrada de cátions nessa
posição~ de vida ao excesso de carga negativa na estrutura em razão da substituição
isomórfica de cátions nas lâminas telr.1édricas e octaédricas. A carga nas camadas de micas
está em tomo de-1,0 por unidade de fórmula, resultante de três mecanismos (figura Se): i)
4
substituição de Si • por R3 • (primariamente Al 3• e Fch) nas posições tetraédricas; ii)
2
substituição de R • ou R' • por R' ou R2• nas posições octaédricas ou; iii) posições
octaedrais vazias.
O K, chamado de "cimento eletrostático", é retido dentro dos espaços deixados
pelo retículo hexagonal dos O dos tetraedros de Si, proveniente do déficit de carga positiva
nos cátions tetraédricos e octaédricos pura balancear as cargas negativas do O e 0 1-J e,
eventualmente, F. A coordenação do K com os ânions dentro do hexágono é um problema
complexo. Em uma disposição hexagonal ideal dos O basais, o K deveria coordenar 12
Momos de O, seis acima e seis abaixo dele. Nessa coordenação, o raio do cátion deveria
ser de 0,168 nm, o qual excede de maneira considerável o raio iônico do K, que é de
0,133 nm. A análise de cristais isolados de muscovita e outras micas indica que o K nas
e.ntrecamadas encontra-se próximo a apenas seis O basa is, três acima e três abaixo,
situando-se os outros seis O a uma distância maior (Sparks & Huang, 1985). Na verdade,
os O basais da camada tetraédrica não apresentam um plano hexagonal, mas, sim,
ditrigonal, definido pela rotação dos tetraedros (Figura 7). O tamanho da lâmina
tetraédrica excede o tamanho da octaédrica e, para efetuar o ajuste no momento da
união entre elas, a lâmina tetraédrica sofre contração. A redução no tamanho se dá
pela rotação d e seus tetraedros de tal forma que se origina a estrutura ditrigonal.
Simuh-aneamente, a lâmina octaédrica se distende. Como conseqüência, o número d e O
coordenados em torno do K cai de 12 (hexágono ideal) para seis (estrut ura ditrigonal -
três O em cada lâmina tetraédrica adjacente), resultando em ligação mais próxima e
mais forte (Figura 7b).
O grau de rotação da lâmina tetraédrica (Figura 76) irá depender do c5.tion na lâmina
octaéd.rica. Na estrutura dioctaédrica, a diferença na distância da direção b entre a lâmina
tetraéd rica e a lâmina octaédrica é maior, comparada com a trioctaédrica, resultando em
maioJ· rotação dos tetraedros. Com o incremento da rotação, há maior aproximação do K
com os o:dgênios, acentuando a coordenação com os seis á tomos de oxigênio e resultando
em retenção mais forte do K nas micas dioctaedrais.
A muscovita e ,1 biotita são as principais micas c ncontrndas nos solos. A primeira é
do tipo dioctaedral, com o AI ocupando os sítios octaéd ricos. Já na biotita, essas posições
são ocupadas por cátions divalenles, Mg e Fe (trioctaedral).
Nu muscovila !K(Sí 3 Al)AlpJIJ(OH)J e na biot:ita lK(Si3;.\l)(Fé•, Mg2·)p 10(0H)J, a c.irga
negativa das carnadils provém da substituição isomórfica de um il cada quatro Si~' nê\
fórmula c.l.t pirofililil (Si 1 AJ10 111(0H)J, por um Al3 ' (X = 1). A pirofilita (como o t.:ilco) é um
mineral que não apresenta substituição isomórfica (X= O) e cátions intcrcamadas (veja
capítulo ll). As forças de va n der V\laals entre os planos basais de O são responsáveis
pela uni ão de camadas 2:1. adjacentes. Já as micas "quebradiças", tais como a margarita
e a clintonita, têm X igual a 2. Na forma da pirofilita, dois tetraedros de Si, em cada
quatro, são substituídos por AI na fórmula da margarita, com as cargas intercamadas
neutralizadas por cátions divalentes, principalmente, Ca2• .
A ligação entre as camadas adjacentes pelo K na biotita e muscovi ta (Figura 6a) é tão
intensa que mol éculas de água e outras moléculas polares não podem entrar no espaço
intercarnada, e os minerais não são expansivos. Como resultado, o K dessa região é
considerado eslTutural e não pode ser trocado por cátions hidratados da solução do solo.
(b)
l
b
•ºº
oxigénio coordenado com K
051
l +- a --+
figura 7. Red~ de ~e~r~edros d~ mi~a _projetados s~bre plano (001), em que os círculos
grandes sao ox1gemos: (a) d1spos1çao hexagonal ideal; (b) distribuição ditrigonal obtida
pela rotação dos te traedros e m 20" cada um. Observar a formação de uma região em
"c unha '', em que o K fica coordenado com apenas três, dos seis, oxigênios do retículo
ditrigonal.
fonte: Adaptado de McC1ulcy & Newnham {1971).
(a)
(b)
(c)
Mistura
Biotita
Muscovita
Mica
Hidrat.ida
Minerais
llila _. de argila ~ Vem1iculiti1 I_. de camadas
silicatadas
_.I Esmcctit.~
de transição
Segundo Rebertus et ai. (1986), a reação apresentada na equação (1) requer perda de K,
Fe e Mg (nutrientes liberados parn a solução do solo), expansão da estrutura da biotita para
vermiculita, troca de cátions entrecamadas por ilhas de hidróxi-Al e deslocamento do5
teLraedros de AI para a posição octaedral. Isso resulta em perda de um a cada quatro cátions
tetraedais (perda lotai da substituição isomórfica nas lâminas tetraédricas: em situação idenl,
o nível de subslituição isomórfica de tetraedros de• Si por tetraedros ele AI na lâmin.1 telraédrir,,
na biotjlél é de 25 %) e inversão completa de uma lâmina tetraédrica da estrutura 2:1 da biotit,,.
Na biotila com nllcraçào hidrotermal cm solos dil Nova Zelândia, Ahn & Pl'aror (1987)
~b~ervaram, ~ar meio ~e- microsco!1i~ cll'lrônica de trans missão, que a ú 1 ulinita êSt,,~·::
1nt1m.inwnt c mh:res trnt1f1cada na b1ot1ta, com duas cnmadas de cauliniln lcrminandlH
umn ct1m<1d.:i O(' biotita. Or-. auto n:s conclufram que uma camaJa 2:1 (T-0-T) d,1 biC1tit•'.
t r.i n, fo r~o u-~c c m cl u_a s ca madas_ (T-0) d e cnulinil<1. Para is:,o, seria ncccssá ri,1 a trPl"•'-~~.
umé\ lam111,1 tnocla{•Jnn 1 nrn em h· c Mg por dua s l[lmin.1s llillct.iédric.:is co m J\I, i1Wi'í>
dL' um., láminn tclracdrica d ,, n 1madn T-O-T, e lrncíl de lodo o AI níl 1;m,in,1 lcl rnédrica por
Si. Ahn & Pc,1cor (1987) cslimarnm n rcaçno envolvida co mo:
Murphy et ai. (1998), obser v ando pMUculas de biolita cm microscópio e lch·ôn ico de
transmissão acop lado com microssonda de dispersão d e raios-X (MDRX), veri ficaram
que muitos dos cristais consistiam de uma mislurn complexa de ca mad ns de 1,05 nrn
(biotita alleruda) e camadas de 0,7 nm (caulinita) (Figura 10a): c1 região direita do crist<1l
conté m principalmente camadas d e ca ulinita (0,7 nm) (Figura 106), cm que as análises
microqulmicas por MDRX revelaram composição química p róxima n da caulinita; no
inte rior d o cristal, os autores verificaram a oco rrênc ia de ambas c1 s camadas (1 ,05 e 0,7
nm) (Figura 1 0c), com composição química intermediária entre os dois minerais; na região
e.sl1ucrda do cristal de biolita (Figusa 1Da), apenas Cílmadc1s de 1,05 nm são v is íveis, com
c-omposição típica da bio lita (Figura 1 0d).
Figur,, 10. Mic n.,grufic1!> J ., filossilirJtos obt idas _Pº~ mic~oscopia ~l~trOnica dt! trnnsm!ss~o ele
.ilia l'CSl1lução: (íl) c ris tal com camad~~ _dl' b1011ta_ (b~o) L' caulinita (cau l); (b) ílmpl1,1ç.io J .1
,\rc,l lden tifiríldíl cm (.1) como ca ulin1t_a . A m<11or1a d,1s cam~J~s .iprese~l•~ 0,7 nm Jc
e~ iwr.!,ilr,1; (e) ampliílçüo da .írca idenllf_ic~da L'm (.i) como b1ot1l,1 + c,1U lin1ta. Notílr o
,HllllL'll tO na es pt>'-SUr,1 do pacot~ ~e rn ul_in,ta t! corrt!spondenll! redução n~ es 1~cssur.1 J o
r,icn tl.' dl' bi,itit,1 em din·ç,io à dan:1tn da 1m.i~t!m. As seta:;_.1pont,11n p,H? ,1 Jun~no J.., u111, 1
1.. d ,, indi vidu,11 dl' 1,05 nm c-nt r•· du.is
C,)n li ' •
camadJ~ de 0,8:, nm. ,1s gua, s ci1rn111ham p.1rn
' .d ·r· J ( ) ,..
l'Jll1,i J .:1.~ 111 ,1i:; fina s (tJ,72 nm); (d) ilmpli.:iç,,o u a .uea I cnt1 1ca il l.' fll ,1 .:o mo u iotit,1. i\
lll,11url,1 d,lt- c.im.:iJas e dt' 1,05 nm dl' l'Sr~•~!:,Ur,1 .
l"unh•: ll l11rph v 1·1 ,d ( l'J91'i)
Os fatores que afetam a transformação das micas são agrupados em: natureza do
mineral, tamanho da partícula e condições ambientais.
Natureza do Mineral
01
ele tro nega tividade, ,1lém da ausGncia d1:.• H próximo ao K, como se verifica p;ira •' . t.
. a 1raçao - l'n 1re r·e"
L'
con { ere í'I j epidolitn mnior cstabilidaclc, que C! uni.'\ (l\lc.l1
Essa maior 11
com carac kn s teas noctac ra1· s. Qua nt o maior o teor de r, no mine r,tl, ll\,ll·or s ·
' t · t · d
c s tol>i lidadc.
Tamanho da Partícula
Espera-se que a liberação de K seja mais rápida em partículas mais finas do que em
partículas mais grossas de mieas em virtude da maior s uperfície específica. A vai iand o o
l'feito da redução da concentração de K na solução do solo sobre intemperismo da mica,
apó!> três anos de cultivo, Tributh et ai. (1987) encontraram diminuição na inte nsidade
da rdlexflo (001) da ilita e aumento da esmectíta nos diíratogramas de raios-X,
indic,rndo a tr,msformaçtio destes minerais no solo, principalmente na fraç,'io a rgi la
mab fina(< 0,06 µm) .
A liberação inicia l ráp ida de K dos minerais é, princ ipa lm e nte, d evida ao
intem perismo de borda (Figura Sa,b), processo controlado po r reações de difusão. A
difusão aumenta com a redução no tamanho da partícula. A menor liberação de partículas
grosseiras é atribuída à menor superfície específica e à maior distância em que os íons
devem d i fundir . Após a liber ação inicial, o K nas partículas finas é liberado
preferencialmente pelo intemperismo de camadas (Figura 8c) em relação às partículas
mais grosseiras, nas quais o intemperismo de borda continua a ser o p rincipal mecanismo.
Dessa forma, após a liberação inicial, pode haver inversão, ou seja, partículas mais
grosseiras liberam K a um a taxa m aior (Figura 12). Para p artículas de 50 a 60 µm, a
extração tota l ocorreu num período superior a três an os, enquanto esse período caiu para
d ois anos para partículas d e 10 a 20 µm.
100
0.7-2µm
80
~
õ 60
"...
r:J
CJ
P-
~ 40
1 10 100 1.000
Tempo de reação, dia
fig ura 12. Potássio extraído de amostras de m uscovita com diferentes classes d e tamanho eíll
solução com sódio tetraÍC'nil boro (NaTFB).
f on te: Ada ptndil dl' Scoll (191\8).
Graças à m aior focilidadc de inlc mperismo da mica lrioctacd ral, Ezza'f m et ai. (1 999)
5
ubst:!rva ra m inlc ns il altcrnção dos minera is micáccos, mes mo nas frações m.1 is b rossci rJ
1 pnnctpa
d o ,ou, . . 1ffil' n 1e b'1oll. ta cm vernuc . u 1ti
· a, vermic u lilo trioclaedrn l com 111u • . I •, i-J\ I
ru .
en treca m ildas (Vl I E) L' ca u lini t.i (Figura 13). fasas trans for m ações (biotil,1 ('nl min(•r;ii!i
~ccund j rlo ) foram ,1co mp.inhadas pela red uç;io nos teo res de K,O, MgO e Í'l'p, ••·:
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20
Figura 13. Difratogramas de raios-X (radiação CuKa) das frações arei;i grossa (a) e s ilte (b) do
horizonte subsuperficial de solo originado de Luíos vulcânicos. VHE - vcrmiculila com
h.idróxi-AI enlrccam.idas; Mi - mica; Mi-VHE - mineral intcrestrntificado; CL - ca ulinit,1;
Q7 - quartzo; Ab - albil·a; FdK - feldspato potássico.
Fonte: Adapt.:1da de Ez.-:;iim N a i. (1999) .
solução do solo é o fator ambiental mais importante para sua resistênc i<1, mesmo na
fração argila dos solos.
Com a difratometria de raios-X (DRX), é possível acompanhur, principalmente por
meio da relação entre as intensidades das reflexões busais desses minerais [(R =
intensidade da reflexão (001)/intensidade da reflexão (002)], o intemperismo da biotita
e muscovita em amostras onde os minerais coexistem. Pai et ai. (2001a) observaram que
a maior liberação de K não-trocável e estrutural em solos ricos em partícu las finas de
biotita e muscovita foi de um Typic Ustochrept (Figura 14). Esse solo apresentou teor
acumulado de K de 450 mg kg·1 após 24 extrações com BaCl 2 1 mol L·1 e o maior valor de
R, indicando o predomínio de cristais trioctaedrais. No Typic Haplaquept, houve liberação
máxima de K de 6 mg kg·1 e valores de R próximos de 1,0, principalmente para os minerais
na fração argila, indicando a ocorrência apenas de muscovita. No caso de mistura das
duas micas, ambas irão contribuir para a intensidade da reflexão basal (001) em 1,0 nm,
enquanto a contribuição da biotita para a reflexão (002) em 0,5 nm é inexpressiva,
resultando alto valor para a relação das intensidades das reflexões (R > 1,0).
45
40
35
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Typk Cluomus lcrl
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Typic l·lilplaqucpl
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O 2 -1 6 1:1 IIJ 12 1-1 H, 111 2íl 22 2-1
Núnii:rn d~ 1•xtr.1çÕ\•:,
Figura 15. Detalhe de uma hifa fúngica separando as partículas de mica da parte externa de um
fragmento de arerulo.
Fonte: Certini et al. (2003).
Tectossilicatos
Os feldspatos são os principais minerais silicatados do grupo dos tectossilicatos e
constituem importante fonte de nutrientes, especialmente K e Ca. São silicatos de AI com
K, Na e Ca e, raramente, Ba. Podem pertencer aos sistemas monoclínico ou triclínico,
porém os cristais dos diferentes sistemas mostram semelhantes hábitos cristalinos e
ângulos de clivagem (próximo de 90 º ) (veja capítulo II). Os feldspatos são constituídos
por cadeias tridimensionais de tetraedros de SiO4 e AlO4 (na proporção 3:1) ligados em
todas as direções pelos O dos tetraedros. Como, para cada quatro átomos de silício (Sif,
um é substituído por alumínio (AI) 3· , este excesso de carga negativa permite a introdução
de um cátion monovalente para cada tetraedro de AIO.1 na estru tura do mineral.
Conseqüentemente, para cada quatro tetraedros existe um átomo de K ou Na para manter
a eletroneutralidade. Por sua vez, a introdução de um cátion diva lente, como o Ca ou Ba,
exige 50 % de substituição de tetraedros de Si por tetraedros de AI. Além do K, Na, Ca e
Ba, outros cátions, em menor extensão, como Fe, Pb, Rb e Cs, podem ocupar estas posições,
existindo certo grau de substituição isomórfica entre eles.
De acordo com sua composição química, os feldspatos formam três grupos principais:
potássicos, sódio-cálcicas e báricos. Todos têm praticamente a mesma estrutura,
consistindo de cadeias de anéis com quatro tetraedros paralelos ao eixo n, ligando-se a
outras cadeias, também paralelas, por ligações iônicas por meio dos íons K♦, Na♦, Ca2- ou
Ba 2 • e, ou, pelo compartilhamento de átomos de O (Huang, 1989). Uma cadeia em zigue-
zague é formada pela superposição de cadeias de anéis com quatro tetraedros que
compartilham alguns de seus vértices para formar novos anéis. A repetição de cadeias
n<1 direção n varia entre as espécies de feldspato de 0,81 a 0,86 nm (Figura 16).
r
n = 0,81 a 0,84 nm
l
figura 16 /\ <,pér lu d:.i c:.trulur,1 c~:.cnrial d o~ fl'id)r,itns prlljctacla nu pl,uw (lllll) ~111• \ ~:
lrc uln-. prL°lv'> pcqUt•no'> !J.'\u .1tomus d1• silício e ,ilumlnll, l' 0 , ctr"·ulo~ 111 ,11m"•s s,w ª1' 11
Jl· IJ d géniu
J unh·: A d,,l't ..i.111 d,· l lu ,inlí l l 1Jb'I\.
D
lnsl,\\'l'I ""' b.1i, .1s
I.! 11lli15 l~mpcrJlur.1s
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Esl~h,cl C"m ,1lli1s tcmp,~r.1 turas
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Esljvcl em baixas
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f1gur.1 18 1v~-11·,rngra f 1.i.s
º o b l1u,1i,
· ·1 por m icroscopi J ell'lrónic,i de v,,rrl'dur.i dl.' s.iprollto
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n eu 1: m fc-ldbp,110 nu S~dcs ll' J .1 Aus tr~lia : (.i) inicio de inlcmpcris m u 110 pl,111° (Ü~~l, 11,.
~cJJ-.p.iLo; (b) s upcrfflll' frnlur,,Jn c.J~ c-ri~lal dl' fcld!.p<1tn- K, (e) Produtos :-'-'.:uni ',, 1111,
1orrnn nJo n,1 :. upi:rlín_l' fratur,1J" do folJ s p:ito; (d) l':,mcctitn (Es ) {ortr1,1nJo
l'ncru laçJu IIJ !iU)ll"rflc11: ,1llílmcn10 inti:mpl'riz,•da du fi:ld pJIII.
l'onH•: í1111u1 ,•I ;il. (lllUJ)
Os feldspatos plagiodásios formam uma série de solução sólida desde a albita pura
(Na A I Si,O~) até a anortita pura (CaAl 2 Siz05) , no qual o Ca substitui o Na , com substituição
simultc1ne.l do Si por AI, em todas as proporções (Quadro 8). A fórmula gera l para os
plagioclásios é Na 1_,CaxAl, •.Si,., 0 8, em que x varia de Oa 1 e Nn+C:i = l.
º'
/O
FORMAS DE K, Ca E Mg NO SOLO
,\IISORy \ O l'CL,\ S
l'LANTAS
i
FERTILIZ.Al\'TES E SOLUÇ,\O
COIUtCTIVOS --+ --+ LIXJVIAÇ;\O
DO SOLO
il ESTRUTUltAL
NAO-TitOCA V EL TltOCAVEI. :\lincr.iis t..•
fi,Jdo cm mincr.ii> 2:1 ,\J,on•ido, pr~dpit~Jos
Figura 19. Representação do i?guilíbrio en tre as formas de potnss io, cnkio e magnésio no solo.
Quadro 9. Distribuição percentual entre as formas de potássio na camada arável (0-2 0 cm} de
algum, olos da região s ul do Rio Grande do Sul
K I< não- K K
Unidade de
C lassificação K total estrutural trocável trocável solução
Mapeam ento
Cálcio e Magnésio
A s form as de Ca e Mg na so lução, como d isc ut ido péll'c\ o K, dcpe ndl'm do
eq uilíbri o entre ilS outras formas dl'sscs nutrientes (foigurn 19) . Os tt>ores ele C1 e t\ lg
cm so lução variam a mplamente entre so los e tcnJem .t Sl'r mnis clev.tdos d o que os de
K (Qundro 10).
Quadro 10. Teores de potássio, cálcio e magnésio trncáveis e no solução de alguns solos (0-20 cm)
dn região sul do Rio Grande do Sul
mmolckg-1 mmolr L· 1
d a taxa d e int empe ris m o e m condiçõ es naturais como variável d n te mpo é mai s difícil,
m as umc1 aprox imação que torna isso possível são os estudos d e cronosseqüéncia. Por
defini ção, cron o-seq ü ênci a é um grupo de so los que diferem cm idad e, mas apresentam
mate r ial de o rigem, c limc1, v egetação e posição na topografia similnres.
A expressiv a co ntribuição de formns d e K não-trocável na absorção des te nutriente
p e las plantas te m sid o co ns tatada e m vários estudos com s olos d o Brasil. O s uprimento
desse nutriente não é feito, exclusivamente, pela forma trocável, o que realça a im portância
de se levare m em conta as características mineralógicas dos so los nn nvaliação da
dis ponib ilid ad e d e K p ara as culturas, bem como a possível contribuição de o utras formas
(Cris ó s tomo & Castro, 1970; Oliveira et ai., 1971; Mielniczuk & Selbach, 1978; Raij &
Quaggio, J 984; Nachtiga ll & Vahl, 1991a; Meurer & Anghinoni, J 993; Rosolem et ai.,
1993; S ilv a et ai., 1995; Natale et ai., 1996; Simonete et ai, 1998; Castilhos & Meurer ,
2002) .
Res u ltados de estudos em áreas com cultivos sucessivos evidenciaram expressiva
contribuição de formas não-trocáveis de K no total absorvido pelas plantas. Patella (1980)
constato u que o teor de K tTocãvel d e um solo originado de g ranito no Rio Grande do Sul
diminuiu muito pouco, durante 15 anos de cultivo, com trigo na parcela sem adubação,
r evelando a alta capacidade do so lo estudado em repor o K absorvido pelas plantas a
partir de formas inicialmente não-trocáveis. De acordo com Richards et ai. (1988), a
contribui ção deformas não-trocáveis de K no total absorvido pela alfafo, também em
cullivos sucess ivos, variou de O a 86 %. Nos solos com elevado teor de K, as plantas
absorve ram apenas formas trocáveis do nutriente. Pela mesma razão, Nacthigall & Vahl
(1991 b) verificaram qu e a contribuição de formas não-trocáveis na nutrição de milho e
azevé m variou del a 85 %.
A contribuição d e formas não-trocáveis de Mg também é muito importante para o
s uprin1ento do nutrie nte para as plantas (Rice & Kamprath, 1968; Christenson & Dol,
1973). Segundo esses autores, grande percentagem do total de Mg absorvido pelas plantas
com cu Ili vos sucessivos adveio de formas estruturais. Em muitos solos, a maior proporção
d e Mg estava associada com argilas silicatadas, fazendo parte da es trutura cristalina de
micas e ilit.:i (Rice & Kamprath, 1968).
Potássio
o maior teo r de K é enco ntrndo nos minerais primários, principalmente nas micas
(muscovila, 7~l " Jl_0 g kg·' _d~ K2O; bi~t ita, 60 a 100 g kg- 1 de K O) e feldspatos
2
(o rtoc lás io, m1c rocl1na e s an1d11rn - 40 a 150 g kg·' de K20) (Jackson, 1979).
o K não-l~ocá v ~I é_ comumenle chamado de fixado e representa forma s n,W
prontamente d1spon1v c 1s para as p lantas. As form ,1s n ão- trocávei s e estrut ur;iis eh!
K s ão ns reservas de nH~di o ~ longo pra~o parn ils plant,1s. o
K es trutur.i l cs tn li gadü
d e ntro da es trutura d o m111~ral e a l1bernção de K nfio-troc.\vcl é um processo
r e v ers íve l, l' nquc1nto a libc raçi\o do K ~s trutural (, itT" \' "l'sí,•el cnvn 1\lt!ll ( 1o r C'u\U
" .... I
•·"e S
d e di s:.olu ç<l o .
o f< nBo-trocti
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vd .é retido n. os poros
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ditri1•nnais
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(Fii•ur'
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71)) . . t l J,.·,~·•,s
" u cn 1n• 1a 1111 n,,s e r,·wu
a dJ·élccnll"S de m111er,11s de aq;il.:i do tipo 2:1, ta is cuniu ""rn,
' •'clil"t . 1 " r , 1· 1,,;
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1 ,lClll111(!íi\lS •·
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__,. 1e
1,4 nm
:: SS:
b
_____________ b
b --~
p
\ 1,0 nm
A pos ição planar (p) e a de borda (b) (Figura 20) apresentam baixa seletividade por
K, r e presenta ndo s ítios de ad sorção d e formas trocílveis. As pos içõ es de cunha, com
m éd ia sele tiv id ad e, e de fenda, com média/ alta seletividade, são co ns iderados sítios ele
K não -trocável e a pos ição entrecamada, com alta seletividade, como K estrutural
(dis poníve l para as plantas s omente por meio d e intemperismo químico).
N o s quadros 11 e 12 é possível identificar a grande variação das formas de K de
acordo com a mineralo gia das frações dos solos. Mesmo com predomínio de caulinita na
Quadro 11. Compos ição mineralógica das frações areia, silte e argila d e solos dos Campos Gerais,
Paraná, e teor de Potássio extraído da fração argila pelo tratamento com Nal-1S0~
Minera)tll K MicaPI
Sololll Perfil
Are ia Siltc Argila
mg kg-1 g kg-'
Qz, hm, gb, mi Qz, ct, gb, hm Ct, gb, gt, hm, vhe, mi 1.988 2-1,0
ex 1 (traço) (traço)
LB 2 Qz, gb, ct, hm, im Qz. ct, gb, hm Ct, gb, gt, hm 605 7;3
RL 3 Qz, mi Qz, ct,mi Ct, Gb, mi, vhe, gt, qz, imv 24.018 289.5
Qz, lun, fd -K Qz,cl, hm, Ct, gb, gt, hm, vhe 2.432 29,3
NX 5 mi (traço)
(traço)
Qz, ct, gt, fd-K, Ct, mi, gt, qz, gb, vhe, 8.360 100,8
ex 6 Qt, (d-K
hm,mi interestratificados mi-vhe
Qz, hm, mi Qz, ct, hm, Ct, gb, qz, gt, mi (traço), -1.013 48,-1
LB 7
(traço) mi, cl cl (traço)
ex 8 Qz, ma, hm, im Qz, ct, hm, im Ct, gt, hm, vhe, gb (traço) 2.482 29,9
Qz, hm, ma Qz, ct, il, hm Ct, gb, qz, gt, hm, cl, 4.507 5-1,3
LV 9
(traço) mi (traço)
Qz, mi (traço), Qz, mi, ct, fd-K Ct, mi, fd-K, vhe, imv, 25.500 307,3
ex 10
fd -K (traço) gt,hm
,,,ex _C ambissolo Há plico;,1 1LB • Lato~sol~ Bru:no; RL - Neosso lo Litólicu; NX _ Nitossolo H:\plico;
L v _Latossolo Ve~•.n c lho; _• C~ rnctc nzaçao m~ncrnlógka por difrato mctriíl d e raios-X (DRX). /\
prim e ira le tra ma1u sc u_la 1mlica o prcd~ mí1110 J o mincr,,I : qz-quartzo, mi- mi<.:íl , im-ilnwnil,1,
(d-K-íe ld s_p at o pot ós~ •c_o,_ ~na -n_ia~n~l1tn , cl-clorit.i , ct-caulinita, gb-gil>ss ita, gt-g ,,c thitíl :
hrn-hem a 11 ta, vhc- ve 1n~1cil_1 t.i h1d I ó x1-~ I cnl rc camad,,s , inw -intcrcstrat iíic;1tlo mie ,,/ V HL·.
e il -ilit.i .O te rm o t~açu ind1rn o apJrec1rncnto de ílpcna s disne tíls reflexõe s do mincríll p0r
DR X. t111c or d e nu c a es tim a do na ír_ar,Jo ílrgilíl n pílrtir du K e x traido pelo Nnl·ISO , ~
co ns ide r,rndo uma c11ncc nlrnçi'l o m é d1.i Je 100 g kir • etc K i O no mmern . l.
Jlontc: M.irtins l' I ai. (20U-J.,) .
Quadro 12. Teores d e potássio níl terra fina seca ao ar obtidos por diferentes métodos ele cxtrnçiio
em solos dos Campos Gerais, Paraná
l\·tétodo de extração
mg kg-1
C,\'. 23 21 15 16 21 26 46 555 1.496
LB 39 37 21 23 23 36 52 456 801
RL 51 48 47 71 196 8'11 1.115 •1.1 61 4.872
ex 62 79 54 6-1 72 135 1.086 3.766 4.376
NX 47 40 33 34 35 49 70 1.543 1.993
ex 55 55 56 226 841 1.663 2.025 4.754 22.374
LB 90 91 63 72 188 802 1.115 1.938 2.886
ex 137 142 131 185 243 861 1.262 1.691 2.390
LV 121 111 82 161 196 783 1.115 3.173 -t276
ex 66 70 53 63 211 802 1.145 11.226 14.106
n>CX - Cambissolo Háplico; LB - Latossolo Bruno; RL- Neossolo Litólico; NX - Nitossolo Há plico;
LV - Latossolo Vermelho.
Fonte: Martin s et ai. (2004a).
fração argila e quartzo nas frações areia e silte, Martins et ai. (2004a) detectaram minerais
micáceos em todas as amostras, inclusive nos solos altamente intemperizados (Perfis 2,
7 e 9). Os teores de K total na terra fina seca ao ar variaram de 801 a 22.374 mg kg·1, os
quais acom panharam os teores de mica na fração argila dos solos (variação de 7,3 a
307,3 g kg· 1). A reserva mineral de K nos solos, extraída pelo HN03 (formas não-trocáveis)
e HF (total) foi determinada pelo material de origem e estádio de desenvolvimento, sendo
mais expressiva nos Cambissolos, principalmente nos originados de micaxisto (Perfis 5
e 6) e conglomerado (Perfil 10).
Utilizando os mesmos métodos de determinação das formas de K em classes de
solos no Rio Grande do Sul, Melo et ai. (1995a,b) observaram es treita relação entre reserva
de K no solo e teor de minerais primários fontes do nutrien te no material de origem. Os
maiores teores totais foram encontrados em solos originados de rochas graníticas, ricas
em microclín.io, ortoclássio e mica, portanto, com alta reserva potencial de K. Os au tores
veriíicara m tendência de os teores totais do nutriente aumentarem com a profundidade
dos solos, coincidindo com o aumento nos teores de silte mais argila do horizonte
s uperficial para o horizonte B. Essa maior liberação d e formas não-trocáveis das frações
n,ais finas do solo foi também observada por Smith & Malthev,•s (1957), Mclean & Brydon
(1963) e Simard e t ai. (1989).
Graças à gra n de ocorrência de mine rais primários fontes de K, a reserva desse
n u triente no solo é, normalmente, mais expressiva que a reserv,1 de Ca e t-.1lg. Fichter et
J00-120cm
200-220cm
ilita+
Pe.rfil 2 ai bita esmcctita/biotita
apatita feldspato-K
0-8 cm
Ca Mg K
90-110 cm
l!J0-2JO cm
Cálcio e Magnésio
Quadro 13. Teores de magnésio obtidos por diferentes métod os de extração em solos do Rio
Grande do Sul
Método de extração
Ataque
SoloOI Horizonte Disponível Ácido nítrico fervente (mo! L·l)
sulfúrico
KCI H2SO~
0,25 0,5 1 2 4
1 mol L·1 concentrado
mgkg-t
A 6 14 17 19 18 25 4.956
RU AB 25 31 35 35 37 50 8.028
B 222 258 337 256 212 277 24.396
A 83 121 120 97 103 109 10.908
PV AB 158 180 172 142 152 179 16.464
B 215 212 208 269 214 250 18.948
A 143 154 172 150 148 160 14.472
PV AB 150 166 175 166 142 179 16.452
B 148 168 154 157 164 180 19.332
A 47 77 78 82 76 120 9.912
PV AB 68 101 98 92 82 97 13.188
B 90 125 121 109 124 110 15.072
A 61 68 90 126 115 133 16.056
PV B 37 53 56 107 107 113 26.280
e 17 58 37 41 46 47 29.652
A 35 55 65 101 73 91 9.612
e B 26 41 44 68 54 64 11.496
e 13 44 26 32 13 16 8.424
A 73 103 140 220 220 281 16.860
e 13 43 61 68 154 251 356 19.824
e 24 134 140 546 1.087 1.457 30.840
A 40 7,J 79 82 77 ll.004
80
PVA D 72 103 mo 104 100 138 23.6"0
e 59 79 70 106 65 58 11 .208
RU - Neo:-!:oolo Flúvico, l'V - Argb:.olo Vcrnll'lho, e . Caml>issolo, PVA . Argissolo Verrm•lhl,.
111
A rnnn•ln.
l'untc: M.-to L"I .1) ( l'J951>).
Quadro 16. Balanço nutricional de potássio em solos dos Campos Gerais do Paraná
mg/vaso %
ex 82 46 36 44
LD 125 112 13 11
RL 174 114 60 34
NX 102 87 15 15
ex 164 128 36 22
LD 212 211 1 1
ex 254 117 137 54
C X • C.11nl>ís~olo Háplic:o; 1.0 Lato~ ~lo Bruno; RL . Ncos,olo Litô llco; N X Nito~~olo l lâplirn; 1:1,ontcúdo t<1tJI •1:
11
•
K n,1s p l:tnt.i,. c.ilculaJo pdn somai uno do,· produtos cntr. e 0 s, 1cor...-s. -..1<' K e 111~,t~r 1 lií 1 -~ p ,1rh') •1
1a seco 1. as 1. L T1.· 11 ..: ..~
A 1
planl,1 (pJrll' J ó rcJ, r:r~o ~ L• ralL••~); '''r••mo\·ilo m(·Ji.1 Jc K troc:.i,,ci Jo solo . l'lu cullh·o, oL,ti.t,1 pcl11 .tií,•rc111•1
4
700
■ Acúmulo na biomassa
600 O Manta Orgânica
■ Lixíviação liquida
500
(g Redução da forma trocável
-100
2!:O
~
300
200
JOO
o
Ca Mg K
Figura 22. Co mparnção por balanço de massa da remoção de cátions de um UHisol (nté 60 cm)
durante 28 anos de crescimento e rebrota da floresta com a depleção dos cátions obscr\'ada
pela extraçílo com NI-l~OAc 1 mol L· 1•
Fonlc: M,1rkewi11. & Rich tl'r (2000).
-:-bO
~ 400
bO y= 50,62 + 1,06x
E
tJ)- R2 = 0,846 o
r.l
~ 300
o..
tJ)
: 200
o..
o
:g
i::o 100
tJ)
..o
r.l
~ o 1......J'---_ __.,__ ___,.___ ___.__ ____,
100 150 200 250 300
1
K extraído pela resina-H, mg kg·
Figura 23. Relação entre potássio trocável mais não-trocável extraídos pela resina-H e o K
acumulado nas plantas em cultivos sucessivos de milho e trigo.
Fonte: Benipal & Pasricha (2002).
Cinética de Liberação
O K e Mg têm si,do preferidos nos estudos de cinética de líbernção de nu trientl~~~
gr~ças ~ rlrnior ocorrên~ia de fom1as não-l'rocáveis (K) e estruturais (K e Mg) nos minerat:-
prrnH'ír~os e !>Ccun~tin~s nas f,. ações areia, s ilte e argiln cios solos. A êl plica,J~ do~
conhecunenlos de c1né t1cn quím1rn nos estudos de solos permite quantificar íl v<~lo~rdJJ
com que alguns nutrientes são liberados dos minerais e, ou, solo, contribuindo pc1ra
melhor entendimento de sua dinâmicc1 e dos fatores que c1felam sua disponibilidade pél ra
ílS plantas. A obtenção d e dados d e ciné tica baseiél-se em três grupos de métodos
experimentais: relaxação, bateladél e métodos que envolvem fluxo (Sparks, 1989), cuja
descrição é dada no capítulo III deste livro. Os dois últimos métodos são aplicados a
reações que ocorrem em escalas de tempo maiores e, portanto, para processos de liberação
mais lenta.
Os principais extratores nos estudos de cinética de liberação de K e Mg são: soluções
salinas diluídas, como BaCl 2, SrCl 21 CaCl 1 e outras (tvlunn et ai. 1976; Meurer, 1991;
Simard et al.,1992); ácidos orgânicos e inorgânicos, como cítrico, oxálico, nítrico e
clorídrico (Manley & Evans, 1986; Sadusky et a i., 1987, Song & Huélng, 1988; Simard et
al.,1992; Datta &Sastry, 1993; Mehta et ai., 1995, Meurer & Castilhos, 2001; Melo et ai,
2005); Nél letrafenil B (Reed & Scott, 1962; Cox et al.,1996) e resinas troca doras de cá tions
(Martin & Sparks, 1983, 1985; Havlin et ai., 1985; Dhilon & Dhilon, 1990; Meurer &
Rosso,1997) .
(4)
em que kn e kr2 são as taxas cons ta ntes aparentes de liberação de K avaliadas para as
1
duas temperaturas [kT1 = 0,2761 s- a 28 "C (301,15 K) e kn = 0,9468 s- 1 a 38 ºC (311,15 K)];
1 1
Ré a constante dos gases UK mol· ); T é a te mperatura em K; D.Ha é a energia de ativação
de Arrhenius (kJ mol·1). Essa energia de ativação é interpretada como o nível de energit1
Superfície Siloxana
Sítios Ativos sem Carga
Vista lateral
e Bordas do mineral \
Interior do mineral - -,
- - Silanol
Substituição Substituição
isomórfica isomórfica
octaedral tetraedral
Vista do topo
figura 8. Sll ios ali~os ~m uma estrutura 2: 1. Círculos tracejados demarca m i1proxini.
31 11,,r
1l\::
,,•111•'
A equação de primeira ordem pode ser representada por uma expressão rn:1 forma
(l'vtarlin & Sparks, 1985):
(8)
(9)
A equação 9 indica que um gráfico de ln (K0 -K 1) em fu11ção de t deve dar uma reta
com declividade k, por isso é chamada de primeira ordem.
Mortland (1961) usou lavagens sucessivas de biotita com NaCI 0,1 mo.! L· 1 para
calcular a taxa de liberação de K e encontrou qu e o aparecimento de K na solução foi
variável com o tempo:
K = k ln t + c (1 O)
Equação de Elovich
dy / dt = a e-by (11)
y=1/bln(1+abt) (12)
ou y = 1/b ln (t+t 0) - (1/b) ln t0 (13)
Assim, o gráfico de y em função de lnt para a equação 14 deve ser linear com
declividade 1/ b e intercepto (1/ b) ln (a b), em que b é a taxa constante de liberação de K.
(15)
A transformação linear é:
ln y = ln a+ b ln t (16)
(11)
Em alguns estudos são observados desvios de linea riadade para os períodos inícinis
do processo de liberação. Esses desvios podem ser devidos à ação de massa do íon
trocador sobre a superfície e, ou, ao fato de a liberação de K ou Mg dos sítios externos da
superffcie obedecer unra relação curvilinear. Chute & Quirk (1967) n ão observarnm
linearidade da equação parabólica de difusão para ili ta nos primeiros 30 min de liberação
de K e atribuíram a falta de conformidade à ação de massa promovidc1 pelo Na (solução
de NaCI 0,3 mol L·1) nos sí.tios externos na superfície das partículas, liberando maior
quanlidade de K nesse período.
Vários pesquisadores têm utilizado c1 equação parabólica de difusão para
descrever a cinética das reações de liberação de nutrientes pelos constituintes dos
solos (Sparks & Jardine, 1981; Martin & Sparks ,1983; Jardine & Sparks, 1984; Hal vi n
el ai., 1985; Simard et al., 1989; Hundal & Pasricha, 1993; Dhillon & Dhillon,1990;
Meurer & Rosso, 1997). A equação parabólica de difusão foi usada por Meurer &
Castilhos (2001) e Castilhos & Meurer (2001) para explicar a cinética de liberação de
K, em extrações sucessivas com ácido oxálico 0,01 mol 1 ·1, das frações areia, silte e
argila de três solos do Rio Grande Sul. Também foi o modelo que melhor se ajustou à
ciné tica de liberação de K e Mg da fração argila de solos do Triàngulo Mineiro, em
exlrações sucessivas com ácido cítrico 0,1 mo! L·1 até 1.380 h (Melo et al., 2005). O
melhor ajuste da equação parabólica aos resultados indica que o mecanismo
predominante de liberação de K, nesses casos, é controlado por difusão em detrimento
à dissolução de minerais.
Normalmente, a escolha da melhor equação para descrever a cinética de nutrientes
é feita com base na comparação entre o coeficiente de correlação (maior r) e o erro-padrão
estimado (menor EP) das equações. O erro-padrão estimado é determinado pelos quadrados
mínimos da análise de regressão, ou seja, EP = [:E(Kt - Kt'f / (n-2)]'", em que Kt e Kt· são as
concentrações de nutrientes medidas e estimadas pela equação, respectivamente, no tempo/;
11 é o número de observações (Havlin et ai., 1985; Simard et ai., 1989; GiJ-Stores & Rubio,
1992; Hundal & Pasricha, 1993).
Além deste critério, a escolha da equação mais apropriada para descrever a liberação
de nutrientes dos solos deve ser estabelecida também pelas relações entre as quantidades
estimadas com as absorvidas desses nutrientes pelas plantas (Meurer & Rosso, 1997).
Havlin et ai. (1985) avaliaram a liberação de K em três frações de silte e argila por extrações
sucessivas com resina saturada com Ca e constataram que, dos quatro modelos testados
(primeira ordem, difusão parabólica, função potência e Elovich), a equação de Elovich
representou melhor a cinética de liberação de K, com maior coeficiente de correlação e
menor erro-padrão estimado. As constantes d e taxa de liberação de K (declividade da
reta) foram altamente correlacionadas com o conteúdo de mica, produção e absorção do
nutriente pela alfafa
A estimativa da taxa de liberação de K (constante de velocidade por unidade de
tempo) é dada pelo coeficiente angular das transformações lineares das equações
êljustadas (declividade da reta). As transformações lineares dos principais modelos
de equações u sad<1s para descrever a cinética de liberação de K estão surnariad,1 s no
quadro 1.7.
Quadro 17. Trans formações lineares dos principais modelos de equações usadas para descrever a
ciné tica d e liberação ele p o tássio
Comportamento Multifásico
A cinética de liberação de K e Mg tem sido freqüentemente descrita com mais de uma
taxa simultânea, ou seja, por segmentos de reta com declividades diferentes (Figura 24).
O comportamento multifásico representa a liberação de K da superfície dos minerais, de
áreas intemperizadas, e da matri z mineral.
(a} (b)
12 1,2
• O Lalossolo Vermelho O L.1tossolo Vermelho-Amarelo
1
e 0,8 0,8
~
::;. 0,6 0,6
2
0.-1 0,4
U,2 0,2
Figura 24. Ciné tic~ de liberação de ~? lássio (li ~e ~1ngnésio (b) (equação parabólica de difusão)
dll fra ção Jrg1la d e solos d o Trn1ngulo Mineiro, mos trando O comportamento multifásico
Ju processo (M, = lclJres acumulados cios nutrientes libe rados até um determin,ido h..'lllP";
M ,, = teL•res ilcumulad os d es tes nulricnlL'S liberados no último tempo considcr,nlo)
fonte: Melo t::l ,1I. (2005) .
Song & 1 lua ng ( l 98~) rc~nlnra m a_existé1,ci.1ele lrt!s estádios de> libe ração de K durcir1te
0 te mpo d e cx trnção: pnmc1ro cstád10 d e Oa ·1 h; segundo, de ·1 .i 4 s_120 h (depenck dl1
tipo do mineral); e terceiro de 48-120 até 720 h. Os dois primeiros estádios, relativamente
rápidos, foram atribuídos à rápid a dissolução de partículas finas e, ou, minerais com
distúrbios med nicos. As constantes d e taxa de liberação d e K obtidos pela declividade
do terceiro es tá dio (terceiro segmento da reta) nas equações d e primeira ordem para o
ácido oxálico fo ram: biotita 0,3132 s·1; microclínio 0,018 s· 1; ortoclásio 0,0173 s· 1 e
muscovita 0.0026 s·1•
Bolt et a i. (1963) es tudaram a liberação de K de ilita utilizando vários cátions
monovalentes e d ivalentes e classificaram o K em três categorias; i) íons K que ocupam
sítios s uperficiais de troca (p.ex. superfície planar externa - Figura 20) e são trocados
rapidamente por todos os outros cátions (até uma hora); ii) íons que ocupam pos ição
entrecamada perto de áreas em cunha, sendo esses sítios muito específicos para K,
NH 4.. mas a troca por NH4 + é relativamente rápida, considerando a peque nél distância
para o K difundir em relação à solução. Nessa posição, a troca de K por outros íons,
a lé m do NH4 , é muito difícil; iii) íons K que ocupam posições jntercamadas longe d e
zonas de cunha. Esses sítios também são seletivos para K e NH/ , mas a troca envolve
processo de difusão interna. Bolt et ai. (1963) observaram que a difusão d e NH/ foi
maior que a de K, indicando q ue a presença de NH/ entrecamada promove ligeira
abertura das camadas (raio iônico maior que o do K), acelerando a difusão. Para os
feldspatos, após a liberação rápida do K dos sítios mais externos, a liberação adicional
des te nutriente, dos sítios internos, ocorrerá se houver quebra nas ligações Al-O e Si-O,
por meio das reações de protonação e complexação pelo ácido oxálico promovidas por
soluções extratoras ácidas (Rich, 1968).
A cinética de liberação de K nas frações granulométricas de um Planossolo
Hidromórfico do Rio Grande do Sul, induzida pela ação do ácido oxálico 0,01 mal L· 1
até 3.409 h, ocorreu em duas fases para as frações areia e silte, e em três fases, para
a fração argila, com taxas variando de 23,4 s· 1a 127,8 s· 1• A quantidade d e K liberada
decresceu com o tempo de extração e o total removido correspondeu a somente 2,1 %
do teor de K total encontrado n esse solo (Castílhos & Meurer, 2001). Comportamento
semelha nte foi obtido por Meurer & Castilhos (2001) para as frações granulométricas
d e um Gle issolo e de um Chernossolo do RS (15 extrações s ucessivas com á c ido
oxálico 0,01 mal L·1). Nesse caso, entretanto, Meure r & Castilhos (2001) encontraram
mai or amplitude das taxas (24,48 s·1 até 540 s· 1).
Melo et ai. (2005) verificaram que a cinética de liberação de K e Mg d e 14 a mos tTas da
fra ção argila d e solos do Triângulo Mine iro foi multifásica (Figura 24). Para a maioria
das a mos trns, ocorreu liberação 1nais rá pida de K inicialmente (Latossolo Vermelho -
Figura 24a), seguida de o utra fa se com me nor ta xa de libe rclçào. Par,, o t\lg, l'
com porta mento foi oposto, pois a maioria das a mostras apres~ntou maior taxa dt' libl'rnÇà('I
do nutri e nte na segundíl fa se (Argissolo Ve rmelho- Amarelo - Pigur,1 2-lb) . Os
comportamen tos di ferenciados das amos tras na libe r.:1çào cil' K e l'vlg forílm ,llribuidos :'I
divcrsidílde de tipos d e minerais fo ntes d estes nutrie ntes t' à pres l!nça de sítios Cl'H n
dife rentes energias de ndsorç ão. Houve predomínio dl? K na iornhl 11<\0-troc;ivd e m s1til.1::i
d e mf dia / ílltn enc rgin d e ,,dson:;ào e Mg na estrutura d e miner,1is k1-romilgnesi;1nos,
prcdomina nleme n\e bioti\<1.
Quadro 18. Contribuição estimada das frações areia, silte e argiln para O teor de potássio ~o.tal
dessorvido de três solos do Rio Grande do Sul, em 3.409 h de equilíbrio com ácido oxahco
1
0,01 mol L' 111
mg kg-• - - - - -
C leisso lo 181 RO (44) 67 (37} 3-1('19)
A contnbuiçJo rcla li \a das frações gr;:inul o m~tri cas n.:1 liberaçãn dos nutrienh.'s e
\'ari{H"cl. O, Jifer<:ntcs res ultados tem sido E''-"'pli.-::ados de acordo com o tipo de so lo,
cnmro:..ição m ineralógica, mate-ri ai de origem e es tád io de intemperis mo. V,, lc dest.1c.1r a
irnport.i.nca.i de, junt.1roente com os estud os Jl• cinétic.1 de liber.,ç5o, serem feit,1s .:i
iclcnhfírnçJo e yuantffic,1ç,'.\o J os minerais J c c,,d.1 fr,,ç<lo, ,,lém d,1 c.u,K tc riznç.'lo químK,1
(qu,mllf1.::aç3 o de íorm.J.$: trocán•I, n i\o- trorávl'I e est rutural) e grilnu lométricil do solo.
O~ ::.olo~ JO\'cns do Br.:1s il, UC!>\!ll\'ol vido::- de m.1tcri.1i de o ri g(' rn ri cos e m micil e
folds pato. podem nprc l'nt.:ir kore~ de K tul,ll dil or1frm de 35.000 rng k1;" (~lclo et ai.,
1995b). J.\ os :.o los ,111..lmi.:ntc intcmr\:rizadn.., ,\o, J'-· m,1ne1rêl ~cr.:il. pobrt:S em K trocável
e apr~i:nt.:im res erYa limit.1dJ d e".> IC' nutnenll'
Poucos est-ud os ti?m s ido ~.,hLud os em !>Olo'> dc,envoh idos s ob climu tropical úmiJo
c-om o objetivo de relanon,1r .l miner.,losr-' Jc u.is fr,1 çócs com a re:.\.'rva de nutrientes
pnr.i as plantas. Os solos do !> udoes tc dn Au:--tr. li., s.\o .11l.1menk Je-1.:nvolvidos (Ul tisols
e Ü:\15015) , com prcdomfruc• dl." C.lulimta e quartzo, com pouca ocorr~•nc ia d'-' minerais
primários fontef. de K. .M ais de 50 ~,., do5 l M solos dl." rcíl."r.:>nci., rcpresent.l tivos d e tod,1
,.1 part\'.' agrlcola dessa região esl.lvnm ddiciC>nU:s L'm K (Pa i e t ,1 I., 200 1b). Em cu lti vos
s uces~ívos com tn:\' O (adubação complc tn menos K) i.:m so lo s do oes te d,1 ,\us tr,'ilia, Pai ct
al. (200k) observaram que as plantas morreram por dcficicncia de K no p rimeiro e n o
segundo corte n os solos altnmente inlempcrizados (Oxi.sols). Os tcon:s de K nos tecidos
1
fora m c·~t rcmame nte b,.1ixos (4 g klf ).
Solos muito lntl'mperiz.:idos da Nigéria (Ull'isulos) também aprcscn t,,ram b,1íxos teores
de K toL:'ll ('I .800 a 2.600 mg kg 1 - extr.1çilo íluorídric,,) l' n.:\o-trocávcl (•IS ,l 56 mh k1;- 1 -
extração com HNO1 1 mol L·1 ícrventc) (Loga nathan e l a i., 1995). NL'sscs solos,,-, fr<1ç.'io
.1n:fa e con,titu!Ja por quartzo e ,1 Íl'.lçno argila, com predomínio de c,1t1linil,l, olprescnt.:i
c1penas resíduos dl' núnernis fil o:-si lic,,lildus inlere,;trilliíicado ·. Após cultivos s ucessivos
de milho, Log,mathan cl a i. (1995) observar,1111 baixo crescimento das plantas nos
lratamt:-nlos sem ,,dubaçJo com K (teores fo liares inferiores ,l 6 g k1;-'), refletindo a baixa
Qpacidadt• de s uprimé nto de K para .J.S pl;rnta-;.
2003) . Sn nlo s (1 993) es tudou a mineralogia de s olos c ulti v é1cl os com eucalipto no
V al e d o Ri o D oce, Mina s Gerai s e observou que a reserv a min e r al de K, de médio e
d e lo n g o p r azo pratici'\mente inexistii'I, o que evidenciou a p o bre za do material de
o ri gem c m rel ação a e s se nutriente. Melo et ai. (1995a) tamb é m e ncontraram baixa
r eser va 1nine r a l d e K e m Latossolos desenvolvidos de ro c h as sedimentares do Rio
Grand e d o Sul.
Mes m o a presentando bai xa reserva de minerais font e d e K, o s solos altamente
intempe rizad os dos trópicos úmidos revelaram teores d e K total, normalmente, da
o rdem de 300 a 2.000 mg kg· 1 • Nesses solos, estudos mineralógicos utilizando métodos
e ferramentas tradicionais, destacando-se a DR X empregada e m amostras de TFSA e
d a fra ç ão argila total (sem tratamento prévio para remoção e concentração de
min e rai s ), não mostram sensibilidade suficiente para detectar as possíveis fontes
d esses b a ixos teores deK total. Os principais minerais fontes de K estrutural nessas
condições são minerais de argila 2:1 com hidróxi entrecamadas, resíduos de minerais
2:1 fontes de K, resíduos de esmecti ta e ocorrência de camadas de mica na estrutura
da caulinita .
Num tran sccto d e partícula de VHE (d(00l) = 1,4 nm) do tamanho silte médio, Harris
et a l. (198 8), e ncontraram alta variação do teor d e K por meio d e a ná lise microquímica
(mi crosso n da d e di s p e rsão d e raios-X - MDRX) dentro da partíc ula, obtendo teores de
10,95 a 73,35 g kg·1, a p ós tratamento para remover o K trocável. Harris et ai. (1988)
o bservaram que o K n os minerais VHE (1,4 nm) apresenta-se e m camadas oclusas de
mica (1 nm ), com periodicidade insuficiente para serem d etectadas por DRX, ou,
a lternati va mente, p e la entrada rápida dos polímeros de hidróx i nas camadas de mica
intemperizada, fi xando o K dentro dos poros ditrigonais e protegendo-o de ser trocado
p o r cátions hidratados. Comerford et ai. (1990) obtiveram variação nos teores de K em
partículas d e VHE do tamanho silte de 1,74 g kg·1 nas bordas a 32,61 g kg·1 no interior.
A reserv a d e K no VHE conferiu ao Quartzipsamment altamente intemperizado
(apenas VHE, caulinita, gibbsita e quartzo) o po tencial d e liberação de K não-trocável
d e 5.800 kg ha·1, para a profundidade de dois m e tros (Comeford et ai., 1990).
estimar.:im -se º"' teores de mica no resíduo: Latossolo Vermelho-253 g kg·'; Latossolo
Verme.lho Dis tTOfl':rrico -40 g kg·1; Cimbissol·o - 448 g kg·'. As partículas de mica ant1lisadas
por \1DRX no 5 tudo de Melo ct ai., (::!002a) foram, em s ua m.:iioria, idenlifieudas como
biotHa, o qu<.> representa, também, fonte de rvlg estrutural.
LV
(e)
(e)
IC
4 U 24 3" 44 54 64
~
figura 25. Difratogram,1s de raios-X (riltlinç.'lo CuK:í) dn frnç,h1 argil,1 ori,mlacla do L,1tossolo
Vermelho (LV), L,1lossolo Vcm1elho Dislro férrico (LVdf) e Caml>issolo (C) moslr,1ndo a
evolução da mim·r.ilogi,1 com os lrntamcnlos ~C!qüenciais [(sem tralamenlo (a), após DCB
(b), apôs NaOH 0,5 mol L 1 (r), após Na0!-1 5 mol t ·' (cl) e após Nnl--1S0~ (e)]. Cl- caulinita, Gt
. goelhita, Hm - hem<1Lit~, ~b • giubs il,1,_ fd, - feld~pnlu pol,\s_sico, IL - ilita, IC - minernl
inlt>rt:':ilr,,tific<1do ilita/caulm1ta, An - Jnaljs10, l,u - rutilo e ~-IF - mmer.il formado apôs NaHS0 .
1
fonte: Mdo l'I JI. (2002:i).
Com base nesses esh1dos, conclui-se que, mesmo em solos í.11lí.1mcnle intemperizados
d os trópicos úmidos, partículas de mica resistem ao intemperis m o e passam a constituir
importantes fontes d e K es trutural. Moura Filho (1970) trabalhou com um Latossolo
Roxo d o Triângulo l'vlineiro e encontrou relação inversa entre tamanho d e agregados e
te or de cátion s bás icos . Segundo o autor, as bases concentram-se no interior dos
microagregados, o que lim_ita a lixiviação, em razão do reduzido tamanho dos poros.
Esta co nce ntração relativa de sílica e cátions básicos nos agregados dos solos altamente
intemperizados pode ser responsável pela redução do intemperismo de partículas de
mica.
A intens a e contínua pedogênese dos Latossolos pode não ser suficiente para
h omogeneiza r a mineralogia da fraçã o argila das diferentes classes de tamanho de
agregados de um m esmo horizonte. Estudando quatro perfis de Latossolo Bruno (LBd) e
três perfis d e Latossolo Vermelho (LVdf), Melo et ai. (2008) observaram maior variação
nos teores d e mine rais de acordo com a classe de tamanho dos agregados (2 - 4; 1 - 2; 0,5
-1; 0,25 - 0,5; 0,105 - 0,25; < 0,105 mm), para o perfil loca lizado na posição mais alta da
toposseqüéncia do LBd: variação de 350 g kg-1 nos teores de gibbsita no horizonte Bwl e
440 g kg-1 nos teores de caulinita no horizonte Bw2.
Resíduos de Esmectita
Para que minerais de argila 2:1 fixem K entre suas camadas, nos poros ditrigonais,
é necessária alta substituição isomórfica, o que resulta numa densidade de carga suficiente
para que as forças d e atração promovam a desidratação do K. A fixação de K ocorre nos
minerais 2:1 na seguinte seqüência dec rescente: vermiculita com alta densidade de carga,
vermiculita com média densidade de carga e, presumivelmente, montmorilonita com alta
densidade de carga; em montmorilonila con, média a baixa densidade de carga e caulinita
não fixam K.
Considerando a fórmula mínima dos minerais (por exemplo, muscovita ·
K(Si , Al)Al 2 0 10 (0H)J, tem-se a seguinte distribuição de carga negativa estrutural
(resultante de substituição isomórfica de cátion de maior valência por outro d e menor
val ê ncia) por unidade de fórmula: muscovita e biotita = 1,0·; ilita = o,s5· a 0,99·;
venniculita = 0,6 · a 0,8·; montmorilonita = 0,25· a 0,55-. o valor de o,ss- para a
montmorilonita representa o nível máximo de substituição isomórfica para O mineral,
e m que O espaçamento basal (001) é mantido em torno de 1,4 nm, mesmo após solvataçãO
da ,.11nostra com etileno glicol (Fichler e t al., 1998). Na prática, contudo, a montmorilonita
d a fra ção argila dos solos te m menor d ensidade de cargas negativas: não apresenta
ca p a cidade de fi xação de K e permite maior solvatação com a s moléculas d e etileno
glicol, 0 qu e aum~n_taria o cspaça_men~o basal ~001) para 1,7 _ 1,8 nm. C om isso, as
esm ec titas são classificadas como mine rais expans ivos (1,4 - 1,8 nm), permitindo a l'ntr.1C~•1
d e ág un e nt-re a s ca madas e ad so rve nd o, preferenc ialmente, c<'il ions de maior val!!m:li1
2
(Ca 2 ' e M g ').
A fi xnção de I< c m solos esmec líticos é ger.1lmente devida a inclus{,es d e rnmaclns <k
vermiculitn e mica inte mpc ri zada n a estn1tura da csmoctita. J\ lgun.s autores tê m 1110str,1do
n presença de mfocrais intt!restrJtificados de mica-es m ectila nas frações s ilte e «rgi L.1 de
solo!-. com rcflcxi1o basa l (001) dis tinta em 2.-1 nm, valor obtido pel,1 intcres tr.ltific,1çJo
rci;ulnr de 1.":.lm.:ldas de 1,0 e 1,4 nm d e cs pess ur,, (Figur.:i 8c) (Ross, 1971; Guzel & Wilso n ,
1978; Havlin el ,11., 1<)85; Fic-htcr ct ai., 1998). Por conseguinte, nos difratogr.imas d esses
minerais, verifi ca-se a re flc xJo basal de segunda orde m (002) e m 1,2 nm. Es tes minem is
intcre <:triltificad os siio form.-lClos pela troca mJis rápida de K por c;Hi o ns hidratados cm
cit.'lc rminadas camada~. m.:intendo partes ou Cilmadils inleir.:is colapsadas no inlerior do
m ine ral (Ross. 197 1).
G uzc l & Wilson (1 978) c nrnnlr.iram wrrelaç,"io pos itiva e altame nte s ignificativa
e nlre o teo r Jc K tot,11 e o de miner,1 is inll'rl'Stratificnd os m ica-es mec tit a nos s olos . A s
po rçõl~:- dl' mim nesses minc r,1i s libcrarJrn K ni1o-troc,\ vC'I mais fc.1 cilmcnte pnra as pl.1 ntas
que p,1rtkul.1s dl' mic,1 cm f.l~e s(•p,1r,1cl,1.
Figura 26. Micrografias obtidas por microscopia eletrônica de varredura em saprolito d e rocha
rica em potássio no Sudeste da Austrália: (a) caulinita pseudomorfa de mica. (b) mistura
de camadas de caulinita e camadas de mica.
Fonte: Tonui el ai. (2003) .
Utilizando microscópio eletrónico de transmissão com alta resolução, Lee et ai. (1975)
e Murphy et aJ. (1998) observaram cristais com mistura de camadas de mica e caulinita
(Figura 10). Lee et ai. (1975) hipotetizaram que o K entrecamadas nesses cristais pode
existir em vários lugares: entre camadas de caulinita com presença de cargas negativas
residuais (herdadas das camadas de mica); em zonas micáceas eclusas (camadas com
1,0 nm) e; como discretas partículas de biotita.
Melo et ai. (2001) analisaram amostras de caulinitas da fração argila de
diferentes classes de solos do Brasil e observaram que os teores de K variaram de
0,07 a 3,18 g kg·1 • Segundo os autores, a interestrntificação nestas amostras foi com
camadas de biotita, dada a mesma magnitude nos teores de K e Mg. Verificaram:
ainda, que as menores partículas de caulinita apresentavam maiores teores de K. E
possível que as camadas de biotita interestratificadas retardem o crescimento dos
cristais de caulinita . Contudo, a relação causa-efeito pode ser outra: partículas jovens
de caulinita são, normalmente, menores e, caso sejam formadas diretamente do
intemperismo da mica, apresentam maior possibilidade de terem oclusões de
camadas do tipo 2:1 (maior riqueza em K).
Considerando a alta estabilidade da caulinita nos solos, espera-se que a liberaç_ão
do K não trocável das camadas de mica preservadas na estrutura da caulinita seja muito
restrita, o que, praticamente, inviabiliza a utilização dessa reserva pelas plantas.
remoção cm m.issa da amostra com o tratamento (peso inicial e final da amostra seca) .
Como re-ferl>nci.1, determinaram-se os teores de K total (digestão com HF, HNO., e H;iSO1
concentrados) em amos tra de argila sem tratamento.
i
O x.ilato etc amónio 0,2 mol L·1 (OA)
(e xtração de óxidos Je Fe e AI de b,,ixil cris talinidade)
i
Ditionito-citralo-bic,ubonato de sódio (DCB)
(extr.iç::io d e óxidos de Fc de .11la cristalinidade- hem,,tit,1 e goethita)
i
Nc1OH 0,5 mol L·1
(extraçJo de AI, S i e aluminoss ilicato de baixa cristalinidade e g ibbsita)
i
NaOH. rnol L·1
(c.xtra çào dec::iulinitil)
i
NaHSO,(cristais)
(extraçüo de mica e demais nünerais 2:1)
i
HF, H;SO~ e HNO, concentrados
(dissolução final do resíduo - cxtr,1ç3o d e feldspato e quartzo)
Figura 27. Esquema de análises sl!qüenciJís (cxtr,1çõcs sclctívns de min~rais ) na frilçào argila.
Em geral, os menores teores de K foram associados aos õxidos de f-e amorfos (OA) e
cristalinos (DCB), os quais apresentaram a menor participação no K tot,11 da fração argila
(Quadro 19). Possivelmente, o tralanwnlo com OA pode ter dissolvido pequenas partícuh:is
de biotita, liberando fe, K e Mg (Jackson ct ai., 1986). Outra possibilidade
apresentada por Melo et ai. (2002.,) ( oi a pres ença de K cm camadas
aluminoss ilicatadas amorfos dissolvid as na extração. Verificou -se estreita relação
entre grau de evolução dos solos, com menor teor de K total, e 1naior participação da
caulinita (ex traçlio com NaOH 5 mol L·1) no fornecimento de K (Quadro 19). Nos
solos desenvolvidos de sedimentos do Grupo Barreiras no Espírito Santo (amostras
PAl a té LA2), a caulinita contribuiu com cercil de 50 % do K total. Apesar de a
caulinita apresentar bnixos teores de K (da ordem de 200 mg kg·1), o predomínio do
mineral na fr.:içào argila conferiu parliclpaçào destacada no conteúdo total de K desses
solos. Outra fonte i m portante de K para todos os solos foi a presença d e mica. Dado seu
baixo teor, inicialmente não se detectou mica na fração argila sem tratamento no Latossolo
Vermelho e no Latossolo Vermelho Distroférrico por DRX (Figura 25 - tratamento a). A
contribuição desses minerais micáceos atingiu 82 % do K total nos solos mais jovens
(Quadro 19 - extração com NaHSO.i). Os teores totais d e M g e os teores obtidos nas
extrações seqüenciais foram semelhantes aos teores de K (Melo et ai., 2002a). A quase
totalidade do Mg total estava associado com a caulinita e com os minerais micáceos
(biotita).
Quadro 19. Teores de potássio total e contribuição percentual das extrações seqüenciais em relação
ao potássio total da fração argi.la de diferentes classes de solos do Brasil<')
Classe Horizonte K-total OA DCB NaOH 0,5 rnol L·1 NaOH 5 rnol L·1 NaHSO~ HF
mg kg-1 O/
,o
PA1 B 341 5 1 9 49 34 2
PAl e 286 8 o 7 43 40 2
PA2 8 197 9 12 58 18 3
PA2 e 181 10 1 10 54 23 2
PA3 B 214 3 3 6 55 29 4
PA3 e 371 4 1 4 48 42 3
LAI 13 338 6 1 10 48 33 3
LA2 8 45] 5 1 12 41 37 4
LA3 B 406 12 3 7 27 51
L\IA B 252 11 11 13 30 30 5
LV B 1.303 1 3 9 7 75 5
LV 8 925 3 4 5 25 60 2
PV 8 4.277 2 1 4 41 51 1
LVdí B 398 8 9 14 36 30 2
LVdí B 256 12 12 10 47 17 3
PVA B 6.215 1 1 1 10 81 6
PVA e 3.436 3 o 2 26 51 17
e B 5.078 2 1 4 35 52 7
e e 5.461 2 1 3 30 .,s 17
e 13 2.312 1 2 2 15 77 3
e e 4.083 1 2 12 83 '.!
";PA-A r ~iss~lo An~~lo; LA- LalossoloAmarclo; LVA- Latossolo Vermelho-Amardo; LE- Lat~ulo
\ermdho, P\ - Arg1~so lu Ve~clho; LVdf - Lalo:-solo Vermelho Distroférrico· PVA _ Aq;is~oll1
Vermelho-Amardo; C - Camb1ssolo. Os números indinni íl e t ·t - - ' ·trílÇl"-'S
, •· . . . , , , , . _ . ' • on ri JUIÇ.lO perc'-•nllio1 1 l 1ns ex '
seqücm:1ills em rclaçJu ílO K 101,1I Ju fração Jrg1Ja í!xtrnções . qu . - • d · · (CM)
d" · · - · b' bo _ · ' se encrn1s: oxa 1nlo e ,mwnin '
1L1ornto-c1tralo· 1car nato (DCl3), Naül-1 O•::i mui L I , NaOJ
, 1 5 mo1 L'' N a HSO 1- F (F"
l' t • •1gura - · '>7)
fonte: f,.1ll'lu d ,1I (2002.1). ' · 1
Melo et ai. (2003) utilizaram o mesmo método proposto por Melo et ai. (2002a) (Pigurn 27)
para estudar a reserva de K na fração argila de solos altamente inlemperizados do
Triângulo ?vlineiro. Os teores de K total da fração argila fornm extremamente baixos, com
valores oscilando entre 202 e 1.717 mg kg·1, com valor médio de 795 mg kg·• . Como
observado por Melo et ai. (2002a), a contribuição de resíduos de mica mais a caulinita
nos teores de K lotai foi bastante expressiva (v,dores acima de 95% ).
Em virtude da menor diversidade mineralógica, para a fração silte,, Melo et ai. (2000)
adotaram um método mais simplüicado para estudar as mesmas amostras apresentadas
no quadro 19, optando por um menor número de extrnções seqüenciais (Figura 28).
Silte
!
Aquecimento a 550 ºC + NaOH 0,5 mo! L·1
(extração de gibbsita e caulinita)
!
NaHSO4 (cristais)
(extração de óxidos de Fe, mica e demais minerais 2:1)
Figura 28. Esquema de análises seqüênciais (extrações seletivas de minerais) na fração silte.
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Conteúdo
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334 N ESTOR KilMPF, Nll.TON CURI & JOÃO JOSÉ MARQU ES
INTRODUÇÃO
A p o rç5o s upcrficinl da crosln terres tre (lilosfern) é constituícln por uma camada de
espess ura varii'ive l, chamad a rcgolito, produzida pela allernção das rochas e minerais
e m tem pe ratura t1mbientc por meio de processos físicos, químicos e biológicos. Essa
alteração, cujo gra u va ria com as condições do ambiente, é resultante da ação do
inlemperis mo. O te rmo "intemperismo" originn-se de intempérie e indica que a alteração
dos m a teria is é fortemente afetada pelo clima, com destaque para a qunntidade de chuvas
e para a temperatura (White, 1995) . Os efeitos do intemperismo são visualizados na
f o rmn de rochas e minerais alterados e dissolvidos e na formação (geralmente
imperceptíve l a curto prazo) de novos minerais e de solos. Os processos de intemperização
química, incluindo aqueles de origem biológicn, dominam a alteração, a transformação e
a neoformação dos minerais. No solo, que compreende a parte superior do regolito, o
intemperismo te m continuidade com a pedogênese, pela ação dos mesmos processos
químicos e pela intensificação dos processos biológicos. Pelo fato de ser uma ação lenta
(milha res a milhões de anos) na natureza, a importância do processo de intemperismo
tende a ser ignornda ou subestimada pela maioria das pessoas que trabalham com solos.
No e ntanto, o intemperismo faz parte do cotidiano do sistema solo.
Os solos resis tem a mudanças de pH pelo aumento da acidez ou da alcnlinidade
do sistema, seja por via natural, seja por via antrópica. Os principais mecanismos
envolvidos nas reações d e tamponamento da acidificação do solo (ne utralização da
acidificação natural ou aquela induzida pelo uso agrícola) consistem em processos de
inte mperização de minerais. Dentre esses processos, destaca-se o tamponamento por
cátions trocáveis de caráter básico, pela dissolução de minerais carbonatados e silicatados
(McBride, 1994). Neste contexto, n prática do uso de cnlcário para neutralizar a acidez do
solo agrfcola pode ser considerada uma aplicação do processo de intemperiznção de
carbonatos e mos tra que a ação do intemperismo não se limita ao passado remoto, mas
tem continuidade e aplicação no cotidiano atual dos solos. Essa ação é mais evidente, a
curto prazo, quando são expostos o u introduzidos novos materiais ao solo, tais como
sulfetos , o u quando ocorre movimentação ou imobilização ele contaminantes.
Perturbações antrópicas desse tipo requerem o uso de solos ou materinis geológicos (p.cx.,
de minerais ) como meio d e neutralização e remediação, desencadea ndo processos de
intempe ri s m o acelerados por ntividades humanns. A prática de intemperismo
"inte ncional" é rotulada co mo interação mincrnl-ambicnte (Campbell, 2000), quc é unia
expressão "mod e rna " para d esignar o "velho" intcmperismo.
Ainda nessa linha d e rncioc_ln_io, materiais gerados sob condições distintns do
ambiente do _solo p ~r .ilg~ma al1v1dndc humnna, denominados lccno gênicus (p.l•:1..,
resíd uus de s id e rurgia e mtnNnção, pó-de-rochas oriundo de marmornrl as, entulho dl'
obrns e co ns lruçocs, resíduos de indústrias diversas como curtumcs, lintur.1rins, rd inarins
e le.), estão :,ujeilos íl trnns íormnçõcs quando dcposit.idos 110 solo. Estns transforn1,1Çlh'i
c.h:vem-sc íl pr0Cl'S/:io S de inl c mperizaçào qulmk.1 e podem ser nvali ,,das cm .1n,iloi;i:i M1
c::. lud n dos min era is nnturnis. O e nt e ndim e nto d,is poss ivcis nllcr,,ç()c:- , k ssi1:õ
l> Ub-, túnc iil6 é l'Ssencí.11 pnríl Sl' lcç11o de loca is ,llil'lJUélllus p ílr.1 S lhl dcpos iç:\u e p,H,1
poros, clivagens e fissuras das rochas e dos minerais e dissolve os constituintes mais
solúveis, transferindo-os de local. O resíduo é rico em constituintes menos solúveis, que
podem cristalizar-se e originar novas fases minerais mais estáveis e em equilíbrio com as
condições ambientais prevalecentes (Loughnan, 1969).
As alterações dependem da natureza da rocha ou do mineral, dos reagentes
(composição, pH, concentração) e de condições que controlam o equilíbrio, a saber:
temperatura, pressão, lixiviação etc. no sistema. Um sistema de intemperização química
pode ser representado pelo seguinte esquema:
em que a solução de ataque (solução do solo) é ácida, pois contém excesso de prótons
(H•) provenientes de diversas fontes (H2C03, ácidos orgânicos), os quais promovem a
dissolução do feldspato. Nessa reação, parte dos componentes dissolvidos organiza-se
na forma de caulinita (Al2Si20 5(0H)4), e os excedentes (H4Siü_11 K+) são removidos. O tipo
e o grau de desinlegração de um mineral são controlados pela composição da solução do
solo e sua interação com o ambiente circundante. Segundo essa concepção, o solo é
considerado um sistema aberto que continuamente troca matéria e energia com a
circunvizinhança. Numa condição de ambiente isolado (sistema fechado), as reações
não progridem, visto que a solução torna-se saturada com os íons dissolvidos, e isso
inlerrompe o processo de alteração graças ao equilíbrio químico alcançado. Na reação 1,
a caulinita pode ser formada a partir da dissolução do felspato, se houver exportação
(por meio da lixiviação) suficiente de H 4Si0.1 e de K' do s istema, de maneira que não seja
alcançado o equilíbrio químico, permitindo, assim, a continuidade da reação. Por outro
lado, num ambiente em que a lixiviação seja menos eficiente, com menor remoção de
H 4Si04 e permanência parcial de K♦, a formação da ili ta poderia ser favorecida a partir da
alleração do feldspato (reação 2). Portanto, a formação de um mineral secundário devido
ao intemperismo somente ocorre se os íons necessários estão presentes ou s;.io
introduzidos, enquanto os íons excedentes são removidos do ambiente em questão.
Hidratação e Solução
A I,jdratação re fere-se à associação de moléculas de água ou de grupos OH com os
m.i.nrrais, freqüentemente sem haver decomposição do mineral. No caso de sais simples,
(4)
Hidrólise
A hidrólise consiste na reação entre íons H+ e OH- (provenientes da d issociação da
água) e um mineral, produzindo o rompimento das ligações O entre os íons metal (Al, Fe,
Ca, Mn, Mg, etc.) e o Si nos silicatos e o C nos carbonatos. O resultado é a substituição dos
íons alcalinos (K, Na, Ca, etc.) pelo H♦, com o conseqüente colapso e desintegração d a
estrutura. É a principal reação na decomposição de silicatos e de carbonatos. Exemplos
simplificados da hidrólise de silicatos são as reações com o microclínio (reação 6), albi ta
(reação 7) e a anortita (reação 8):
A a lteração dos feld spatos envolve geralmente a dissolução inici.11 do felds pato 11 ,1
solução e a subseqüente preci pitação de caulinita e outras fases secundá rias da soluç,1o
(Bium & Stillings, 1995). Na fase inicial, a dissolução dos feldspatos é geralme nte nJo-
esLeq uiomé lrica (incongruente). Eln se inicia com a adsorção de prótons (H ') e hidroxibs
(OJ-f), que reagem com a s uperfície do mine ral. Os cnlions alcalinos (K', N,1 •, Cal' ) na
es trutura do feldspa to são trocad os pe lo 1-1 ' da solução e, pos te riorme nte, liber.'.ldos.
Com o conseqüé n~ia, oc~rre aum~nto d o pJ-1 da suluç5o. Em condiçõe ,kidas (pH < S) ,
há pro to nação ma is rá pida dos síl10s com AI, res ulta ndo u desestabilização d,15 li baçôt!
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(AJP, liberado / AJP, no mineral) x 100
(SiO2 liberado / SiO:no mineral) x 100
1 Figura 1 . Liberação de elementos constituintes totais de mica (flogopita, 100 mg) tratada com
i d ife re nt es ácidos o rgánicos e minerais (100 ml, 1 mm ol, L· 1). As ba r ras ind icam ª
1
percentagem d e dissolução tota l d o mineral flogopita (K2 Mg~Al 2Si4 Al 4 0 20(0HL)-
fonte: Adap1ado de Ro bert & Berthelin (1966). l
1
Jntcnsidade da Hidrólise
f
1 Na reação de hidró lise, há d espolimcrização da estrutura d os s ilica tos, com liber,wão 1
de Si na formil de H 1SjQJ e de cátions básicos (K·, Na., Ca 2• , tvlg 1") para a solução, e nquanto
1
1 o A I pude precipitar co mo Al(OH ),. O Si e os cátions básicos cm s olução podem :;i?r
1
diminad o1, du siste ma ou e ntão participar n a fo rmação de novos fi lossilicatos. A tt.\turrL,l
1
1
Jc-:.se1> novus 1nincrílis depende da ve locidade de pe rda do Si que forma ,1s làminJ~
t tctra1:dr.1is e dos cá ti o ns q ue preench e m as e nlrecamadas, bt!m como us qul.! fonnaoi • :
lê\m 1nas oct;11: d rc1is. Assim, conforme íl inhmsict,1d e d a hidró lise l' d a li xivi,,,-.ic,, h,
1
E!,-w .ira n & l3in (1978) obse rvarilm lJUC, no 11wsmo ho riz onll._ • cl,• um Oxi:-ol. qu,rnlll llt;Ut ir
. - · -10,1<1"'
,1 pr(:Sl'llÇil, 1e pNu • maJs {Ad i o o rria u (lu >1.u déls so lu1,;1'll:!S (',portanto. ,\ l , ,.,v,a,.
íons liberados. Dessa forma, a alteração dos feldspalos origin;:iv,1 diferentes minernis
secu ndários (caulinita, haloisila, gibbsita).
De acordo com a intens idade do fluxo da água (ou intensidade da lixiviação) atrnvés
do solo, a ação da hidrólise pode ser distinguida em tres níveis, que representam modelos
de formação de minerais (Pedro ct ai., 1969):
i) Quando o flu xo de água é pouco intenso, a li xiviação é fraca, e a cless ilicação é
limitad.i. Cons<'qüentemente, a quantidade de Si que permanece no sistema solo é
s uficiente p<lra a neogt•ncsc de ,ugilominer.iis 2:1 do tipo csmectita, nos quais
parte dos cátions b.'1sicos ocupa ilS posições entrec.imadils. Este processo, cham.ido
de bis...;;ialitização, é ilustrado na re.iç5o 9, com a intemperizaçno do felspalo albit.i
e a forn1aç;10 de um&1 esnlC'clit.i (bcidelita):
iii) Se o fluxo de águn é muito intenso, a li xi viação é muito forte e propicia dessilicação
completcl, permanecendo apenas o AI no sistema. Este processo, chamado de
alitização, é ilustrado pela reação de intemperização da albila cm gibbsita:
(U)
100
80
~
Óxidos livres
.i
..
'éo 60
ro
Gibbsita
Goethita
o
,ro Hematita
V
ro
.!: 40
ro
i:;
Caulinil.a
"E
CJ
.5 20
:E
o
o 760 1.520 2.290 3.050 3.810 4.570
Precipitação pluvial, mm
Figura 2. Teor de g ibbs ita, caulinita e esmectita em solos versus média a 1 d 1 as na ilhíl
do Hawaí. , nua e e 1uv, ,
Fonte: Adnpt.ido d e Sh1::rmíln (1952).
Oxidação e Redução
•
As reações. de• o xidação e • redução' tanto na' f-... s"" sól'1d a con10 em so l uç,,"'o , sJ,1
1mportanles
•
pr1nc1pa
_
lmc•nte na mtcmperiza,.ão
"' ·
de 01111..- 1e1I5 que contem ,1prec1c\\,e•I tt!<'I'
· ,_ .. · • · ·
de f.c. A ox1dacao ocorre cm rochas bem aeradas e cn• sol 1 .<. · ,,,1(1 ,,
. · . , , ,· _ • os ont e 1lu amp 1o s upnm1.: •
baixa dem:rnda b1ol óg1c.1 de O-,. A O!l:1cla,.ao
"'
é l!Xf)ressíl
• ,
p 1· d 1~,·v•\O
t! a muc a nç.1 n su.:i co l• • ~ ·
1
original nas rochas alteradas e nos sedimentos para cores avermelhadas e amareladas,
decorrentes da oxidação do Fe 2• e formação dos óxidos de Fe3 • (Carrol, 1970).
Como a oxidação do Fe ou do Mn geralmente acontece na estrutura do mineral, o
,lUmento da carga positiva é, em parte, equilibrado pela saída dos cátions oxidados ou
de outros (p.ex., Ca 1• ou Mg2• nos piroxênios) da estrutura. Os cátions oxidados liberndos
precipitam como óxidos, enquanto a estrutura remanescente do mineral fi ca instáve l,
favorecendo a continuidade da sua desintegração pelo processo de hidrólise. Dessa forma,
são intemperizados silicatos-Fe1 • e c,1rbonatos-Fc 2' , originando óxidos de Fe'' e silicatos
secundários. A participaçJo da hidrólise no intemperismo oxidante dos silicatos é
exemplificadcl pcln intcmpcriznção do piroxénio hedenbergitn (reação 12):
redução de vários compostos (NO\ tv1n·1•, Fe)• e outros) (Turner & Patrick, 1968; Rowell,
1981). Mais detalhes sobre a oxirredução constam em Rowell (1981) e Sposito (1981,
1989) e no capítulo XX. Como as condições de formação dos minerais primários no
interior da Terra são normalmente redutoras, a maior parte dos minerais primários
apresenta seus elementos químicos na forma reduzida. Logo, a redução é
principalmente, embora não exclusivamente, um processo de alteração de minerais
secundários já existentes.
4
Basicamente, sob as condições numeradas no parágrafo anterior, o Mn .. e o Fe3•
2
presentes na estrutura de minerais são reduzidos a Mn2• e Fe •. Como estes apresentam
potenciais iônicos menores que suas formas oxidadas, as fases sólidas que os contêm
tornam-se instáveis sob redução, o que leva normalmente à dissolução do mineral
rico em elementos facilmente reduzíveis. Uma vez em solução, esses elementos
químicos tendem a se movimentar e precipitar onde as condições ambientais forem
favoráveis.
As novas fases sólidas são comumente mal cristalizadas, apresentando grande
reatividade. Por exemplo, precipitados recentes de óxidos de Fe 3• (ferrihidrita) em solos
inundados e drenados mostraram elevada capacidade de adsorção de P, tornando-o
pouco disponível às plantas (Sah et ai., 1989). Os óxidos de Fe mais comuns em tais
situações são o grcc11 rusf, a ferrihidrita e a lepidocrocita. Os óxidos de Mn mais
comumente formados a partir da oxidação de soluções contendo Mn2 .. em condições
ambientais são a birnessita e a todorokita (Dixon & Schulze, 2002). Mais informações
sobre esses minerais podem ser encontradas nos capítulos VIII e IX.
lntemperização Ácido-Sulfatada
Outros ambientes onde as condições de oxidação e de redução são de grande
importância são os solos tiomórficos ou ácido-sulfatados de áreas litorâneas e de mangue
(Dent, 1986; van Breemen, 1988), bem como os rejeitas de áreas de mineração e solos
construídos a partir desses rejeitos (Kittrick et ai., 1982; Kampf et ai., 1997; Nordstrom &
Sou tham, 1997). Quando expostos ao ar, esses materiais acidificam a pH menor do que 4
mediante a formação de H 2S04 pela oxidação de sulfetos de Fe, principalmente pirita
(FeSi.). Quando drenados em sedimentos de áreas litorâneas de mangues, solos tiomórficos
são reconhecidos pela presença de mosqueados amarelos de jarosita, além do pH baixo,
3 a 4, e do cheiro putrefato.
A formação de pirita nos sedimentos litorâneos depende da presença de sulfato,
de mincrnis com Fe, de matéria orgânica rnetabolizável, de bactérias redutorns de
sulfato (Des11lfovibrio rlesulf11rica11s) e de condições anaeróbias alternadas com aernç,10
limitada (van Breemen, 1988). Sob condições aeróbias, propiciadas pela drenagem, l 1
Fe51 é rapidamente oxidado por 0 2 ou por microrganismos que catalisam a oxidação
c.fo pirita. A oxidação inicial da pirita é não-biológicu. Somente cm me ios com pH < .t
o 'f/1iulJncill11~ ferrooxidn11s tem as condições ótimas de funcionamento par,, oxidM a
pirita. O r. tl1iooxidn11s não ,1lui1 diretamente na oxidação da pirita, m«s em compostos
redu z idos de 5, produzidos na oxidação niio- biulógicn.
A oxidação da pirita pelo O pode ser descri ln s implificadamente pela reação 13,
em que 1 molde FeS2 produz 2 mols de 50/- e 4 mols de 1-1• (reação 13):
2
imediatamente seguinte. A dissolução da calei ta é rápida (CaCO3 + H • H Ca • + HCOl-),
consumindo prótons e mantendo o pH na faixa de 6,5 a 7,5. O HCO3- liberado para a
solução pode combinar-se com Fe2' liberado na oxidação dos sulfetos (reação 14),
originando siderita (HCO~- + Fe2• H FeCO3 + 1-1•) e promovendo diminuição da concentração
de Fe2 + na solução. Enquanto a siderita é dissolvida, o pH é tamponado entre 4,8 e 6,3.
Com a continuidade da acidificação (oxidação da pirita) e o esgotamento dos carbonatos,
o pH decresce abruptamente até a faixa de tamponamento da série mineral seguinte
(Al(OHh), que tampona o pH entre 4,0 e 4,3 até ser completamente consumida. Seguem-
se a dissolução do Fe(OHh e o decréscimo do pH a valores menores que 3,5. Nessas
condições extremamente ácidas, a dissolução dos aluminossilicatos no consumo de
prótons (H•) constitui o mecanismo de neutralização dominante, resultando a liberação
de AI e Si para a solução.
Da fase de tamponamento pela calei ta resulta principalmente a neoformação de
gipso (Ca5O4 .2H2O). Entretanto, a competição de outros íons (Al 3•, Fe 2+, Fe3•) pelo
sulfato na solução pode induzir a dissolução do gipso (Evangelou, 1995). Ainda na
fase de tamponamento pelos carbonatos, o Fe liberado pela pirita pode formar
ferrihidrita (em pH 6-8) e goethita (Bigham et ai., 1992; Fanning et al., 2002). Contudo,
na ausência de carbonatos ou na fase de intensa acidificação (pH < 3,5) com elevada
disponibilidade de sulfato, o Fe precipita na forma de sulfatos de Fe2+ (melanterita,
rozenita, szomolnokita etc.) solúveis, os quais são oxidados a sulfatos de Fe 2 • e Fe3•
(copiapita) e de Fe3 ~ (coquimbita) também solúveis. Esses minerais são visíveis na
forma de eflorescências esbranquiçadas e amarelo-esverdeadas. Nessas condições,
com a elevada concentração de sulfato também há precipitação de schwertmannita
(Fe8O 8 (OH) 6SO4) em pH 2,5-4,5 (Bigham et ai., 2002). Os sulfatos de Fe solúveis são
periodicamente dissolvidos pela água das chuvas, cristalizando novamente nos
períodos secos. Dentre esses sulfatos, a presença de melanterita indica oxidação ativa
e recente da pirita. Graças à alta solubilidade, todos esses compostos são capazes de
imobilizar, embora temporariamente, outros metais (Cu, Zn, Pb, Cd, etc.) em
substituição ao Fe. Havendo disponibilidade de tt•, K• ou Na\ esses sulfatos são
produtos intermediários na formação dos sulfatos de Fe3•, jarosita e natrojarosita. As
micas e os feldspatos são dissolvidos, constituindo, respectivamente, as prováveis
fontes de K e Na para a jarosita e a natrojarosita. Assim, apesar de ser metaestável em
relação â goethita, a formação e a persistência da jarosita (Kfe3 (SO~h(OH)6) no solo
são favorecidas pela acidez do meio (pH < 3,5) e pela disponibilidade de SO.t , K. e
Na· (Bigham et ai., 1992).
Com o esgotamento dos carbonatos e a progressiva acidificação, 05 aluminossilicatos
(esmectita, caulinita, muscovila} passam a ser dissolvidos, liberando AI e Si para a solução.
Nas condições de pH < 3,5, os aluminossilicatos são também fonte de mt!tais pesados
(Cu, Zn, Cd, Co, Ni, Pb) para a solução, que podem ser incorporndos nas neoformaÇÕl'S
de minerais sulfatados (Langmuir, 1997). Pelo foto de n reação de tampona mento dos
aluminossilicatos ser relativamente lenta, as quantidades de AI liberado podem ser
ins uficientes, a curto prazo, pnrn produzir sulfatos de AI. Dessa m,rne ir.t, a form.tc;Jo d,1
jarosita é favorecida em relc1ção aos sulfatos de AI, por depL•nder bnsicnmcnll• d.t t,1xa d'-'
OÃidaçào da pirita. A cinética Ja íonm1ção de jarosita tambi}m (• facilitada pelas condições
exlrcmarnenle ácidas do sistema, sendo a hidrólise do íon Fe3 ' majs rápida do que a do
Af!·_ Ao conlTário dos sulfatos de AI que não tamponam significativamente valores bnixos
de pH (meio ácido), os sulfaios de Fe2• e Fe3 • (p.ex., melanterita - FeSO,1• 7Hp, copia pi ta
2 1
- Fe 'Fe • 4(SO4)~(OH)i.20I-l2O, coquimbita -Fe(SO4h .9H 2O, jarosita - KFe3(S0,1h(OH)6) são
tampões ácidos for tes que podem manter valores de pl-1 < 3 até que sejam dissolvidos
(Langmuir, 1997).
A formação de sulfatos de AI insolúveis (p.ex., alunita - KAl_1 (5O,1)iOH)1,1
basaluminita - Ali5O4)(OH)w4H 2O) só é viabilizada a pH entre 4,5 e 5,5, quando as
soluções ácido-sulfatadas que contêm AI dissolvido são misturadas com águas de
pH mais elevado ou tamponadas por minerais carbonalados (Bigham & Nordstrom,
2000). A presença ou formação d e jurbanita (Al(SO.,)(OH) .51-1 2O) inferida da
modelagem geoquímica de soluções ácido-sulfatadas foi reportada por Ka rnthanasis
et ai. (1988, 1990) e Monterroso et a i. (1994). Todavia, o aparente equilíbrio das
soluções ácidas (pH < 4,5) com a jurbanita é considerado fortuito e inviável, pois este
mineral é muito solúvel e extremamente raro. Além disso, os valores das constantes
dos produtos de solubilidade (Kps) usados nos modelos são questionáveis, visto das
constante dos valores têm magniludes muito pequenas cuja medição experimental é
bastante difícil. Tanto os sulfatos de Fe como os de AI podem conter Cu, Mn, Zn, Co e
Pb, motivo pelo qual esses minerais são potenciais sumidouros de metais pesados em
sistemas ácido-sulfatados (Langmuir, 1997).
O intemperismo ácido-sulfatado em áreas de mineração pode ser complexo, com
diversificadas neoformações e transformações que dependem da composição do material
e do estado de intemperização alcançado. Isso reforça a necessidade de conhecimento
prévio da composição dos materiais que contêm sulfetos, para possibilitar o uso de
procedimentos adequados de mineração e de recuperação de áreas contaminadas para
atenuar os potencirus impactos da acidificação.
Complexação
A complexação ocorre quando há compostos orgânicos capazes de ligar-se com íons
metálicos. A formação de complexos pode aumentar significativamente a solubilidade
de Fe e AI, bem como de elementos-traço (Mn, Cu, Zn, etc.) e de metais pesados
potencialmente tóxicos (Hg, Cd, Pb, etc.).
Compostos húmicos e outros ácidos orgânicos aceleram a decomposição de
minerais do solo pela formação de complexos com metais. Os produtos d a dissolução na
forma de complexos tem grande importância na pedogênese (processo de podzolização),
uma vez que promovem ou inibem o desenvolvimento de novos minerais e afetam a
diferenciação de horizontes no solo. Ácidos húmicos e fúlvicos, substâncias orgânicas
liberadas na decomposição dos resíduos vegetais, substâncias sintetizadas pelos
microrganismos e excretadas pelas raízes atuam como complexantes em solos. A estes
grupos pertencem, por exemplo, ácido oxálico, ácido cítrico, ácido salicílico, polifenóis e
aminoácidos. A concentração destes formadores de complexos na solução do solo depende
da ativ idade dos microrganismos e das ra ízes.
A ligação dos metais aos complexantes o rgânicos se dá por meio de g rupos funciona·
1
~rinc~pahnente carboxílicos (-COOH), carbonílicos (=C=O), e hi~róxi-fe nól_icos (-OH). ~
h gaçao entre o m e tal e O li ga nte orgâ nico pode ser e letrovalente (1ons metálicos positivos
e grupos funcionai s n ega tivos), covalente (pares de e létrons comuns entre o metal e
á tomos O- ou N- dos grupos funciona is) ou ambos. Quando o metal fica ligado a dois ou
mais grup os funcio n ais d os ligantes originando anéis, o co mple xo é muito estável eé
ch am ado de quelato (Figura 3) .
oli o
li
e-o· e
X OH
+ Ml•
-- X1 o/
+ H'
. . - húlllll'l~
'. .
dissoluçao d e 1rncrocl11110, b1ot1ta e muscov1ta com ácidos fülvicos (AF) t' ,1C1do:- i:ni
(AH), Tan (1986) obser vo u gu e houve maior e fici ê ncia do A H na liber,1ç50 d l' Si t' 1-\I. "
. - 1 - d .. . . 1.1 ' L' ,w-
r e lação ao A F, a d 1560 uçao os 1rnncra 1s dec resce u na o rde m: biotita > lc u ::i r •
mu sco vit a (rigura 4).
22
e.o
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MICROCLINIO
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4
2
o
50 100 150 300 450 500 700 900
Tempo de agitação, h
li vin, plagioclásio-Ca
!
aug ila plagioclásio-Ca-Na
hornblenda plagioclásio-Na-Ca
biotita plagioclásio-Na
feldspatos-K
!
muscovita
quartzo
' . 'l
Minerais s1 ua c:i os na:.' pos1ç
. Õcs mms
'
a 1tns do dingrc tn C\ d e l'Sl,,bilidnde, IJt::.' · (ll tll,l
n,
olivina e plagioclásios-Co (,rnorlit,,), silo m a is fncilnwntc inlcmpl.'ri z,11.tos L' s~u ~
1
primeiros a desaparecer dr1s fr,,çõcs <Hl'in e si llc do solo comu rcsult,\llo d,, ,,~Jl.l ' ·.
0
~ f O
são mais abundantes em solos jovens; por outro lado, números elevados representam
mincr,lis ~1uc s.1o relativamente resistentes no inlemperismo e são abundantes em solos
vdhos. A frnçôo argila do solo é composto comumente por três a cinco minerais dominantes.
A m é di<l pondcrad,1 dos núme ros desses minerais estabelece o estádio de intemperização
do solo. J\ m édin de intcmperiznç5o (111) ~ cnlcu lada como m = J.:(p s)/ Ip, em que p = teor de
um mine r.11 no olo; s = estádio de intemperizaç5o do mineral (Quadro 1); Ié o somatório
dos v~lores d ' p e s de todos os minerais presentes no solo. No contexto da intemperização
d" minerais, a idnd.1;;' do so lo ni'ío está relacionada com a idad e temporal, mas com a
quantid.1de d e l gun que Uxiv iou a través do perfi l cio solo.
Quadro 1. Seqüê ncia de estabilidade e índices de inte mperisrno para minerais da fração argila
de solos
Solubilidade do Mineral
Com base nas taxas de dissolução experimentais, foi calculado O tempo ne(~:;:-.,n"
11
para a dissolução completa de alguns minerais (Quadro 3). A relaçJo mo tr,1 que 1ni11~r- ~
1
aparen temen te insolúveis são, na realidade, pouco solúveis. Observa-Sl! 1.,mbén1qut• '
m a gn itud es de tempo e as es tabilidades relativas dos miner.1is s.1o i:'l'nsi • lt.'nll'S .:,,ni .1
observação ge oló gi cc1 ex pressa na série de es tabilidc1de de Goldich (Fig ur,1 5).
11
A parente di screpâ ncia para alguns minem is (p.ex., qu.1rtzo) com rd,,ç,\o ,\ só \l1~• •:;:
1
d e es ta bi lid a d e dC' Jackson (1968) (Quadro 1) é explicc1ct,, pel.1 mc1ior .l,tut,il i.JJ,k l \
m e n or c:s tabilid a de) d esses minerais ,1u, ndo píl'Sl.'n tes n<1 frctç,io ,H g il., dl1 ~11 1•\,,~
so lubilid <1 de da s parti ula s de_u 11~ mcs mll min ' r,11 tl.'nde .-, atlll11.' nt.1r l':\f'lllll'll(i.1111\1:r
em ra;,-ão cio <'IUnll.'lllO da e1wrgic1 livre d.1 !>Lqwrfkil' um O dl'l't'('s l·iimi do ~'-' li 1., io ,1 l'J
d e J lg u11i.1s d eze n,is c.le rrnnõmdros (l\d.:imson, 1976; l ludwll ..i & IJ.mt idd , 11J'-J_'; ).
Quadro 3. Tempo aproximado calculado para a dissolução complcln de uma esfera ou cubo
com 01 mm de vários minerais cm solução diluída a pi-! 5 e 25 ºC, com base em experi mentos
de laboratório
Mineral Tempo
ano
Quartzo 34.000.000
Caulinita 6.000.000
Muscovita 2.600.000
Epidoto 923.000
Microclínio 921 .000
Albita 575.000
Sanidina 291.000
Gibbsita 276.000
Andesina 80.000
Bitownita 40.000
Biotita 38.000
Enstatita 10.100
Diopsídio 6.800
Forsterita 2.300
Anortita 112
Dolomita 1,6
CaJcita 0,1
fonte: Drever (1997); Lilngmuir (1997).
como fonte de nutrientes para rui tu ras anuõis (Lconõrdos & T heodoro, 1999), d iõnte de
s u a demanda por nutrie nt es a cur to prazo.
Os valores d o q uadro 3 permitem co mpnrnr" cs tnbi lidilde rc la ti vi'l d os di versos
mine rnis, indicand o que, sob determinadas condições, a inte mpe riwção com a dissolução
completa de determinados mine rais s ilica tos pode ser extre mamente lentn, ou e ntão muito
rápida como no caso do carbonato. Os efeitos da intcmperi zaçno ci os minernis sob
condições n a turais e m diversos <·unbientes do solo são tratad os na seção seg uinte.
aluminos,\s e n1c1is fe rriferus, mostrando a "m emoriznção" química cln mincr.il o rigin,d
no mjneral secundário (Nnhon, 199'1).
Com o progresso d n i ntemperiznçi'io, a pseudomorfosc das es truturas ririgina is nos
saprólitos tende n desaparecer por pedo turbação, sendo s ubstituídn por uma massn
nn a, idcnlificuda microscopicamente como plasma, constituída principalmente por
argilomine rais (filossiliculos) e óxidos (Fe, AI, Mn, Ti), que Cê\rt1cterizc1m os horizontes A
e B dos solos (Nahon, 1991 ). A pedotu rbação promove redis tribuição e acumulação cios
minernis, por meio dos fluxos percolantes, dos processos de expêlnsi'io e contrnção
promovidos pelos ciclos de umedecimento e secamento do solo, bem como de ações
biológicas (bioturbação). Dessa forma é composta a matri z do solo, constituída pelos
minerais secundários unidos em agregados estruturais (ped s), interngindo com as
soluções que percolam através dos poros, dando continuidade i\O intemperis mo, ilgorn
na forma de diferenciações pedológicas que são usadas na identificação das classes de
solos (Embrapa, 2006).
O quadro 4 resume os principais minerais primários e os possíveis produtos da s ua
intcmperização expressos na forma dos elementos liberados na soluç5o do solo e de
minerais secundários formados. No cnpítulo IV, s5o apresentados mais detnlbes clil
es trutura dos minerais primários, relacionados com a facilidade ele inlempcris mo e
liberação de nutrientes.
Aspectos gerais relacionados com a intemperização, formação e ocorrência dos minerais
ma.is comuns no solo são discutidos a seguir. Mais detalhes sobre o lema são encontrados em
Dixon & Weed (1989), Nahon (1991), Cburchman (2000) e Dixon & Schulze (2002).
Principais elementos
Mineral primário Mineral secundário
liberados
Feldspatos
Os feldspatos, distinguidos em feldspatos potássicos (KAISi3 0 8, ortoclásio e
microclinio) e a série dos plagioclásios (de albita NaAISi30 6 a anortita CaA12SiP8), estão
presentes nas frações areia e silte de muitos solos (Huang, 1989). Todavia, sua quantidade
varia com a rocha de origem e com a intensidade das reações de intemperização, podendo
estar a usentes em solos muito intemperizados. A persistência dos feldspatos nos solos
está relacionada com a natureza desses minerais (tamanho de partícula, composição
química, irregularidades na superfície do cristal, etc.), clima, relevo, grau de lixiviação,
ação de compostos orgânicos complexantes e outras variáveis. De acordo com a série de
Goldich (Figura 5), os feldspatos apresentam a seguinte ordem de estabilidade: anortita
< bitownita < labradorita < andesina < oligoclásio < albita < feldspatos potássicos. Estª
ordem está relacionada com o decréscimo de AI e de Ca na estrutura dos minerais. No
grupo dos feldspatos potássicos, o microclínio é mais estável do que o ortoclásio, graças
à s ua simetria triclínica onde os átomos de O ocupam me nor volume em comparação ti
simetria monoclínica do ortoclásio.
Os produtos da intemperização dos feldspatos podem ser a montmorilonitél ein
·
climas semi- . 1n.1 1d rena d as sob clima tropical e a cau\initn, n ha 10 151
. á ri"d os e bacias · ·ta' ' até
a gibbsita em condições de boa drenagem e fluxo intenso. Materiais não-cristalinos podrnt
ser produtos intermediários nestas .ilternções e neoformílções.
Micas
As rochas ígneas são a fonte original das micas na superfície terrestre. As condições
de pressão e tempernlura durante a cristalização do magma favorecem a formação ele
micas lTioctaédricas. Na subseqüente fase de baixa temperatura, as micas trioctaedrais
podem ser h·cmsformadas em muscovita ou clorila. Durante o metamorfismo e a diagênese
(p.ex., alterações mineralógicas ocorridas sob pressões e temperaturas não muito diferentes
das ambientais), as micas também podem ser transformadas ou formar-se por regeneração
de filossilicatos degrndados, bem como por crescimento autigénico (p.ex., por cristalização
no próprio local de origem). Em geral, a concentração de mica é maior em sedimentos,
principalmente folhelhos. Pelo seu caráte r detrítico, todas as espécies de micas
componentes de rochas podem ocorrer em solos (Fanning et ai., 1989; Thompson &
Ukrainczyk, 2002).
Apesar de as micas trioctaedrais serem mais abundantes nas rochas, micas
dioctaedrais predominam nos solos, graças à maior s usceptibilidade das micas
trioctaedrais ao intemperismo e à sua transformação cm micas dioctaedrais. Por isso, as
micas mais abundantes nos solos são mais semelhantes à muscovita, send o chamadas
de ili ta, quando na fração argila, enquanto as do tipo biotita tendem a ocorrer apenas nas
frações grosseiras em solos pouco intemperizados, ou persistem apenas em horizontes
subsuperficiais e saprólitos nos solos mais intemperizados. A quantidade de mica na
fração argila freqüentemente aumenta no horizonte superficial em decorrência do maior
intemperismo da mica nas frações mais grosseiras ou da incorporação de materiais
micáceos eólicos. Na fração argila do solo, a mica tende a ser mais abundante na fração
argila grossa (2 a 0,2µm).
Existe correlação positiva estreita entre o teor de mica dos solos e o se u
correspondente material de origem. Solos originados de basalto e gabro são normalmente
livres de mica, enquanto os de granito, gnaisse, calcários, filitos, folhelhos, argilitos e
a renitos podem conter minerais micáceos em quantidades expressivas (Kampf & Curi,
2003). Em solos desenvolv idos de material de origem livre de mica, a presença deste
mineral tende a indicar adição de sedimentos.
As micas são os minerais com K mais comuns nos solos. No processo de
intemperismo d as micas, o K. é liberado, transformando-as em vermiculita e esmectita,
ou intereslratificações com esses minerais. Entre as micas há diferenças quanto à
velocidade e intensidade da liberação de K' e, conseqüentemente, também quanto à sua
susceptibilidade à alteração, que é maior nas trioctaedrais (biotita) e menor nas
dioctaedrais (muscovita) (Mackintosh & Lewis, 1968). Esta diferença é atribuída aos
seguintes aspectos estruturais (Norrish, 1973): i) nas micas trioctaedrais, o comprimento
da ligação K-0 ê maior (-0,3 nm), o que faz esta ligação ser mais fraca do que nas micas
dioctaedrnis (K-O = 0,285 nm); ii) nas mkas dioctaedrais, a repulsão exercida pelos íons
AI ' ' octaedrais sobre o H . da OH desvia este H em direção ao s itio octaedral vago. Por
outro lado, nas micas i-rioctaedrais, o vetor da ligação OH é perpendicular ao plano da
camada, pois O H é igualmen te repelido pelos cátions (Mg2·, Fe1') que estno ocup.:indo
todas as posições octaedra is (Brown et ai., 1978). Em conseqüencia, a maior proximidade
dos ions J-1 • aos ians K' nas micas trioctaedrais produz maior repulsão e uma ligação
mais fraca do K do que nas micas dioctaedrais. Isso explica porque a biotita se ai tem e
libera o K mais rapidamente do que a muscovita. Esta resistência da muscovita pode
explicar o fato de a presença de micas no solo não significar, necessariamente, alta
disponibilidade de K para as plantas.
Usualmente, a presença de mica nos solos está associada com seqüências de
transformação e intemperismo do tipo mica ➔ vermiculita, mica ➔ VHE ➔ caulinita ou
mica ➔ caulinita. A transformação biotita ➔ vermiculita pela ação de plantas atuando
na absorção de K foi demonstrada por Mortland et ai. (1956). Outros autores descrevem
a neoformação pseudomórfica de caulinita a partir de biotita na fração areia de saprólitos
de rochas metamórficas (Muggler, 1998), a alteração progressiva da biotita em caulinita
(Dong et ai., 1998; Murphy et ai., 1998) e a transformação biotita -4 esmectita na fração
silte de Planossolo (Mota & Oliveira, 1999).
Vermiculitas
Vermiculitas macroscópicas (geralmente interestratificadas com biotita ou flogopita)
ocorrem em rochas máficas e ultramáficas, gnaisses, xistos, mármores e rochas graníticas.
Em solos e sedimentos, a vermiculita forma-se somente a partir da alteração da mica
(Douglas, 1989; Wilson, 1999). Há, entretanto, registro de sua formação pela alteração da
clarita por remoção do Fe2• ou sua oxidação e remoção juntamente com a lâmina Mg(OH)i
(Herbillon & Makumbi, 1975; Adams, 1976; Rabenhorst et ai., 1982). A transformação da
mica em vermiculita compreende várias etapas e condições (Douglas, 1989): i) a liberação
do K enlrecamadas por difusão e sua s ubstituição por outros cátions; a retirada do K
pode ser integral de todas as entrecamadas, ou, quando parcial, origina um mineral
inlerestratificado mica-vermiculita; ii) a oxidação do Fe2 • da biotita com perda de prótons
dos grupos OH octaédricos, seguida da retirada do Fe3 • da estrutura (Norrish, 1973); iii)
a orientação das oxidrilas favorece a a lteração mais rápida da biotita (trioctaedral) para
vermiculi ta, em comparação com a muscovita (dioctaedral) (Basset, 1960).
As vermiculitas não tendem a ser argilominerais dominantes nos solos, sendo
rara a menção de argilominerais com o comportamento padrão de vermiculita em solos
brasileiros. Geral.mente, são denominadas vermiculitas aluminosas ou "claritizadas",
ou, ainda, chamadas de clorita-vermiculita, e, atualmente, de vermiculita com hidróxi-Al
entrecamadas (VHE). Isto é explicável pelo fato de a mica, em solos ácidos, sob condições
de intenso intemperismo, poder ser transformada diretamente em VHE, sem passar pelo
estádio intermediário de vermicu lila propriamente dita. Minerais interestratificados mica-
vem1icu Iita e mica-VHE são comuns em solos em estádios intermediários de intemperismo.
Esmectitas
Cloritas
Caulinita e Haloisita
A alta ocorrência caulinita nos solos deve-se em parte à possibilidade da sua formação
a partir de muitos minerais, desde que haja remoção parcial de cátions básicos e de Si.O
processo de dessilicação parcial dominante nas regiões de clima quente e úrnido favorece
a formação e a estabilidade da caulinita (monossialitização) nos solos. Por esta razão, a
caulinita é o argilomineral mais abundante e comum nos solos brasileiros, ocorrendo
praticamente em todas as classes de solos, sendo abundante nos Latossolos, Nitossolos,
Argissolos, Plintossolos e Cambissolos (Kampf & Curi, 2003) . Em saprólitos de rochas
que contêm micas, podem ocorrer macrocris tais de caulinita (0 até 2 mm), formados
por transformação pseudomórfica da biotita e da muscovita (Muggler, 1998). Estas
macrocaulinitas tendem a desaparecer no solo, possivelmente por dissoluç~o,
recristalizando na forma de microcaulinitas (0 < 2 µm) , ou por bioturbação. A caulirulJ
e a interestratificação caulinita-esrnectita também são comuns em Vertissolos.
A haloisita é menos estável que a caulinita e é mais freqüente e abund.inte en'.
solos de depósitos vulcânicos e em estádios incipientes de intemperismo (horizo~t~~
10
C). Isto explica sua baixa freqüência em solos brasileiros. Em Cambissolos Húll11' '
0
e Latossolos Brunas (RS e SC), foi ide ntificada a presença de haloisit,1 .: ''.'
espaçamento basal igual a 0,7 nm, associada às caulinitas altamente desordl.'ll•1J,i~-
Há também referência de pequenas quantidades de haloisita 0,7 nm e m Argiss010 "'
Latossolos e Neossolos Litólicos. Haloisitas-1 ,O nm e 0,7 nm foram identificc1d,1~_ei\l
• · 1l•1•
sapr~li_tos de roe 1ias ~u 1can1_cas e em caulins originados da altcraç.'\o d e ,11~0:10~ f,ii
º
Haloisita tu bu la~, p1edo_m1nan_te ~~1 cm proporção e qui v.l lcnte _à ~.iulln 1~ ·:~,,ll'
observada por m1croscop1a e let1 õn1ca em solos dese n v olvidos d e riolilo (Nel -. ~
1
Litó lico, Cambissolo e Argissolo), cm ambiente nltimontano fa vor,1 vd ,"\ forn1,1ç,1c
preserva ção da h a loi sita (G lrnni, "1996) .
Óxidos de Ferro
O Fe originalmente presente na forma de Fe2• na estrutura de minerais primários
(olivinas, piroxênios, anfibólios, micas e outros) oxida a Fe3• antes ou depois de s ua
liberação do mineral fonte pela intemperização, precipitando como óxidos e oxihidróxidos
de Fe3\ que são tratados coletivamente pelo termo geral "óxidos" de Fe. Esses minerais
estão presentes em quase todos os solos, representados principalmente por goethita e
hematita, que imprimem, respectivamente, colorações bruno-amareladas e avermelhadas
aos solos. A goethita (cx-FeOOH) é o óxido de Fe mais comwn e freqüente nos solos, ocorrendo
comumente associada com a hematita (cx-Fe2O 3) . Todavia, estes dois minerais requerem
condições distintas para sua formação: a goethita é favorecida em ambientes mais úmidos
e, ou com teores relativamente elevados de matéria orgânica (MO), enquanto a hematita
requer ambientes mais secos com baixa concentração de MO. Na sua formação, a goethita
e a hematita admitem substituição do Fe1 • por Al3 •, na proporção de até 0,33 mol mo1· 1 e
~0,15 mo! mo1· 1, respectivamente, que está associada ao grau de dessilicação do ambiente.
Em ambientes mal drenados, que proporcionam condição para ação de microrganismos
anaeróbicos, os óxidos de Fe podem ser submetidos a ciclos de oxidação e redução,
originando precipitados de baixa cristalinidade na forma de ferrihidrita (Pe~HOd•4Hp) e
Iepidocrocita (y-FeOOH). A maghemita (y-Fep3) origina-se pela oxidação do óxido primário
magnetita [(Fe2', Fe3\)O4] e por aquecimento (300 a 425 ºC) de goethita e ferrihidrita em
presença de matéria orgânica. Por sua estreita relação com as condições do ambiente, os
óxidos de Fe podem ser úteis como indicadores pedogênicos (Kampf & Curi, 2000).
Óxidos de Alwnínio
Gibbsita
Sua ocorrência é favorecida em condições de clima quente e ú mido; materiais de
origem bnstante envelhecidos e alterados, resultand o solos argilosos; vegetação nati va
de cerrado ou floresta; relevo suavizado, favorecendo rápido fluxo de água no so lo e
conseqüente baixa atividade da sílica em solução e baixa concentração de cátions
bá s icos; a lé m d e longo tempo de exposição do materia l do solo aos age ntes
bioclimáticos.
Hematita
As condições (pedo)arnbientais que favorecem a ocorrência de ferrilúdrita (necessário
pr~cursor da hematita) e sua s ubseqüente transformação em hematita são: clima com
temperaturas mais elevadas (rápida mineralização da biomassa, proporcionando baixa
complexação do í-e) ou menor atividade da água; pH próximo de 7; alto teor de Fe na
rocha original; vegetação nativa de cerrado, floresta ou caatinga; relevo suavizado
res ultando e levada taxa de liberação de Fe e longo tempo de intemperis mo de minerais
com Fe na sua estrutura.
Goethita
Tem ocurrénciél favorecida por: clima ma is úmido e, ou, mais frio (maior prcscm;.:t dl'
mi.ltéria orgãnica, atuando na complcxação de Fe; pi 1 mais baixo; baixo teor de Fc n,1
rochil original; vegetação nativa Jc cerrado, fl oresta ou caatinga; posiç0cs tcnJt>ndo
pa ra mais cô ncavas na paisngcm, fovurccendo ma io r período d e rcsid fi ncia do tigua e
t a>.íl mai&bnixa de libl'rnç;iu d~ Fc.>, <1lém de longo tempo de 1.!xpos içcio dos mincr,1i l.'. l 1 nl
í'\: n a s ua l·s lrulurn üos ng~rth.'s biodim.itico:..
Caulinita
Venniculita
Esmectitas
As condições gerais de ocorrência destes minerais são: clima mais seco; materiais de
origem, principalmente folhe lhos, argilitos e calcários; vegetação nativa mais caducifólia
ou graminóide e matas-galerias subtropicais; relevo rebaixado ou suavizado que permita
baixas tax.-is de fluxo de água, mantendo alta concentração de sílica e de Mg no sistema;
e curto tempo de exposição de minerais, tais como micas, vermículitas e claritas má ficas,
aos agentes bioclimáticos.
Lalossolos
Vertissolos
Os princ ipais fatores (pedo)ambientais re lacio nados com os Vertissolos brasileiros são:
clima mais seco; material d e origem m a is rico em nutrientes; vegetação nativa mais
caducifólia (p.ex., no semi-árido da Bahia) ou graminóide e matas-galerias subtropicais
(por exemplo, na Campanha Oeste do RS); relevo reba ixado no primeiro caso e suave no
segundo caso, facilitando baixas taxas de fluxo de água influenciadas pe lo clima mais
seco principalmente na Bahia e por problemas d e drenage m no RS, mantendo elevada
concentração de sílica e d e Mg no sistema; e re lativamente curto período de exposição de
minerais do tipo 2:1 (micas, vermiculitas e claritas máficas) aos agentes bioclimáticos.
Desse conjunto de fatores resulta uma mineralogia da fração argila em que as esmectitas
(argilominerais expansivos do tipo 2:1) tendem a ser os minerais dominantes ou
exclusivos nestes solos.
MODELAGEM TERMODINÂMICA NA
INTEMPERIZAÇÃO DE MINERAIS
AB HA + B (15)
A viabilidade da precipitação de uma fase sólidn c1 partir dos íons em solução pode
ser testada, comparando-se o produto de ntividade iônica (PAI) com o produto de
solubilidade do sólido cristalino (Kps) . A razão PAI/ Kps define: a subsaturação (PAI/
Kps < 1), a saturação (PAI/Kps = 1) e a s upersa turação (PAI/Kps > 1) da solução com
respeito a uma fase sólida. Considerando o maior produto de solubilidade dos cristálitos
pequenos e núcleos, a precipitação em soluções homogêneas somente pode se iniciada
quando a solução estiver supersaturada por uma margem elevada (PAI/Kps > 100).
Assim, as supersaturações extremas favorecem a formação de alta taxa de núcleos de
cristal e produzem numerosos cristais muito pequenos ou mesmo sólidos não-cristalinos.
Uma supersaturação mínima, por outro lado, pode gerar taxas de nucleaçào
excessivamente baixas, limitando o crescimento de cristais a apenas poucos núcleos ou
até impossibilitando a formação de cristais.
Quanto à precipitação em soluções do solo, é provável que ocorra a formação de
núcleos de cristal na superfície de outros sólidos preexistentes, pois as superfícies minerais
e orgânicas podem catalisar a etapa de nucleação da cristalização. Tais superfícies
reduzem ou removem a barreira de energia à nucleação, especialmente em casos em que
há similaridade cristalográfica entre a superfície e a fase precipitante (ver transformação
pseudomórfica de minerais). Desta maneira, a supersaturação necessária para iniciara
precipitação é reduzida (McBride, 1994).
Para predizer a formação de espécies minerais pode ser usada a equação 19 em que
se calcula o índice de saturação (IS).
(22)
Portanto,
Uma solução do solo em que a atividade do H,1SiO_1 é igual a 1.0- 1 mol L-1 estará em
equilíbrio com o quartzo; soluções em que a atividade do H~SiO 1 é maior estarão
supersaturadas, com possibilidade de precipitação do qunrtzo. As soluções com valores
menores estarão subsaturadas, indicando tendência de dissolução do quartzo.
Apesar da sólida fundamentnção teóric.i do procedimento anteriormente exposto,
as relações entre os valores do PAI e Kps não são s uficientes para compro var n ausê ncia
ou a presença do mineral em questão. Para isso são necessários procedimentos de
identificação apropriados (difratomel-ria de raios-X, espectroscopia de infravermelho
com transformação de Fourricr, microscopia eletrônica de transmissão de alta resolução
e outros) para os minerais considerados. Outras limitações do método dizem respeito à
presença de minerais metaestáveis (existência temporária), minerais de baixa
cristalinidade e de composição variada (solução sólida), para os quais são desconhecidas
as reais constantes termodinâmicas, o que acrescenta maior incerteza nas estimativas do
PAI e Kps (Essington, 2004).
Os diagramas de estabilidade ou de solubilidade termodinâmica são outra forma
utilizada para predizer a estabilidade, formação e intemperização de minerais presentes
no solo. Para isto são considerados: as reações de solubilidade dos minerais, os valores
de energia livre padrão e as constantes de equilíbrio (ou de solubilidade) das reações
presumidas (lindsay, 1979). O texto a seguir foi compilado de vários autores (Kittrick,
1969, 1977; Lindsay, 1979; Rai & Kittrick, 1989; Sposito, 1994; Wolt, 1994; Langmuir,
1997; Drever, 1997; Karathanasis, 2002; Essington, 2004). Mais detalhes dos diagramas
de estabilidade e solubilidade dos minerais podem ser obtidos no capítulo m.
O diagrama de estabilidade (ou de solubilidade, ou d e atividade) é um gráfico em
duas ou três dimensões, no qual os eixos têm como variáveis as atividades dos íons na
solução. A estabilidade do mineral é representada por uma linha no diagrama
bidimensional e por uma superfície no diagrama tridimensional. Quando as linhas de
estabilidade de dois ou mais minerais são incluídas no diagrama, tem-se a estabilidade
relativa dos respectivos minerais. Com a inclusão das atividades dos íons mensurados
(calculados a partir da composição da solução do solo), pode ser identificado o estado
da solução em relação aos vários minerais. Na construção de um diagrama de estabilidade,
são considerados não só a identificação dos minerais presentes no sistema que contém
os elementos de interesse ao estudo e que possam controlar a atividade dos respectivos
íons no ambiente em questão, mas também o estabelecimento das reações de dissolução
dos minerais.
No exemplo a seguir, considera-se que o sistema é constituído por caulinita,
montmorilonita, gibbsita, quartzo e sílica amorfo . Para cada um destes minerais é
estabelecida uma reilção de solubilidade, que é relacionada com a constante de equilíbrio
Keq (ou constante de solubilidade Kps) conhecida (Lindsay, 1979).
Considerando a incerteza dos valores de Kps ou Keq, podem ser criadas "janelas''
de estabilidade para a caulinita e gibbsita (Figura 6), por meio da inclusão das linhas de
/
cstabilitfadc baseadas cm diferentes valores de Kcq • k , 1977·, Li nds·,y
(K'1t t ric 1
' ' 'l 97 J) e ,
como é exemplificado no caso cspccif1•co dn montmon·1 om' la pai'·a pl-1 6 e 7 · As· rclnd" )es de
estabilidade dos minerais gibbsita, caulinita e montmorilonita, represen_tacl a~ no
diagrama, permitem a lgumas interpretações sobre o comportamento desses mm crats.
3
. . ................. ..............,., . .....
Cnulinlln
t
Glbbsit.t
,l, 2
< 0.
<")
pi 17, pMg 3,7 0 11 pH 6, pMg 0,7
....
----
' Montmorllonita
õ.. pH 6, pMg3,7
1
Sílica nmorfa
Q-1----J__r------,------.-----.---------,
2 3 4 5 6 7
a coexisténcia de sílios distintos, distanciados por apenas n.lguns nanômetros, com minerais
cuja ocorrência associada nilo seria lermodinamicamente compatível. A partir da análise
da solução do solo, os valores de pH, AI e Si convertidos em atividade podem ser incluídos
no diagrama, mostrando a situação das amostras em relação às linhas de estabilidade. A
,málisc mineralógica do solo complementa as informações necessárias para a interpretação
da atual condição de estabilidade dos minerais em questão.
Em lugar do diagrama (Figura 6), a opção mais simples é usa r o cálculo do PAI a
partir da análise da solução e a predição da formação dos vários minerais com base no
índice de saturnção !IS= log (PAI/Kps)]. Valores positivos de IS indicam a condição de
supersaturação e valores negativos subsaturação, o que permite interpreta r a respectiva
condição de estabilidnde dos minerais (Sposilo, 1994; McBridc, 1994).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
LITERATURA CITADA
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11
Dcpartamcnlo de Ci{lnci., do Solo, Escol.:i Superior de Agricultura Luiz ul' Queiroz. Uni vcrsi d,1de
de São Paulo, CP 09, 13418•900, Piracicaba (SI').
aazeve do®csa lq.usp.br; pablo@esa lq .us p. br
Conteúdo
PROPR! EDA DES ELETROQU{M ICAS ·······- ··..·····-- ···........_ ...._ ..•. _...._.._ .__...___.....__..__ ._ · - - · - 393
Superfície Siloxana ····-··············· ..·-·-···-- --·..-··- ·····..................- .. ····-·······-················- - ·-··- -.. ·--·-- .. 394
Sítios Com Carga V.:irij,•cl .........................·-·- ················-·········- ···········-············..···- · - - - - · - - - - · - 395
PROPRIEDADES FÍSICAS ·········-·--···-·················- ...- ............................................. _....- ....._ .._ ....____ _ _ .... 398
sncs. Viçosa, 2009. Qufmir.i e Mincr,1logia Jo Solo, Co ncei tos B,\sicus e 1\plic-,1çues, 136 \p
(c•do;. Vander de Frcit,,s Ml'lo e• l,uls Reynnldo Í'l'ITJ,ciú Allcu11i).
382 ANTONIO CARLOS DE AZEVEDO & PABLO VIDAL- TORRADO
INTRODUÇÃO
1
d e riv ad os de sed imentos ma rinhos/ fluviais, como G le issolos e OrganossolL " t
ESTRUTURA E COMPOSIÇÃO
a) Vista do Topo
Empacotamento
Cavidade tipo B
hexagonal
(Octnedral)
Cavidade tipo A
(Tetraedral)
b) Vista Lateral
0 D D
~
Tetraedro Octaedro
Íonem Íonem
Coordenação Coordenação
Tetraedrnl Octaedral
e) Vista em Perspectiva
(a)
Figura 4. Vista superior dos modelos de lâmina dioctaedral (a) e lâmina trioctaedral (b). O
padrão de cores segue as mesmas representações das figuras anteriores. Na lâmina
trioctaedral, verde-escuro representa Mg2 +.
simi lar, os átomos de O ao redor do cíllion octaedral (AI, Mg, Fe ... ) formam os oclJt'\,t11l1
e sua união as lâminas octaedrais. A lâmina oct·aedral é simétrica em relação"º P
dos cátions odaedrais, po1'l'anto não há sentido em nomear os o basais e apicais-
A estrutura 2:1
(mica)
Alguns dos
planos de ,jtomos:
Entrccamada
com íons K'
Camada 2,1
.....................
l ...................
I Mineral 2.:1
Figura 5. Alguns detalhes estruturais (vista lateral) e hierarquia de átomos em uma estrutura
de filossilicato 2:1.
Vl atn de tõpo
Figura 6. LCtmin,1 di odni.:drn l. Nn vista de topo, n cnvidnde siloxa11., (cm vermelho) posicion,1·
Sl' snbn,• os llXig('nios do plnno supcl'illl' (sem as setas), e o hidrngún io (vL•rde-escuro) d,t
0 11 indi11;i-s1• L' I\\ dil'cç11o 1) vnd\nl'in llL' tncdrn l. Nn visln de hipo, os oxigúnios do plnnodl'
;'\ tornos in fN icir csti\o mnrccHlos com umn se lo. Vcjn n Cllt'l'cspond únci,l com a visln l,1ll'r11L
minerais coletados na natureza (Barnhisel & Bertsch, 1_989; Borchardt, 1989; Douglas
1989; Kohut & Warren, 2002; Malla, 2002; Kampf & Cun, 2003) . '
A característica mais usada para agrupar estes minerais é a carga na camada (Quadro
1). Os filossilicatos 2:1, com carga na camada próxima aos valores-limite entre os grupos,
revelam comportamento expansivo e reativo mais parecido com O de outro grupo,
evidenciando que as propriedades transicionam gradual, e não abruptamente, com J
variação da carga na camada (Borchardt, 1989; Douglas, 1989; Malla, 2002). Dentro destô
grupos, há subdivisões baseadas principalmente no caráter dioctaedral ou trioctae~r•1'.•
em relação à substituição isomórfica tetraedral ou octaedral, e no elemento substituint~-
Dentre os minerais do quadro 1, as micas são discutidas no capítulo IV.
1
Montmorilonita, beidelita e nontronita são esmectitas dioctaedrais. A cargJ 11•
camada é originada na montmorilonita, pela substituição de AI por ~•lg nos octac lr\1~,:
na beidelita e na nontronita, pela substituição de Si por AI nos tetraedros. Os s111\
octaedra1s· sao
- ocupa d os por AI na bei"d e 11ta
· e por FeJ• na nontronita. Hectonta,
· uf~ll 1111
. t aect nus.
' · t noc . A carga na camada é originada na hc 11 1
e sauconita são esmect1tas . ~·tllí,.,i,,'
Pe la substituição de Mg por Li nos octaedros, e na saponita ~ na 5 ,1 ucontt.i,I\I,1 ,,.1
subs tituição de Si por AI nos tetraedros. Os sítios octaedrais são O up,idos por 0
saponita e por Zn na sauconita (Rcid-Soukup & Ulcry, 2002).
Cátion Substituição
octaedra-V isomórfica
M ineral Com posiçãoíll
Substituição do Si4 •
isomórfica tetraedral
2002). A lâmina octaedral na entrecamada revela carga positiva e difere da l,'i mina
octaedral da estrutura 2:1 porque não compartilha O com as lâminas te traed rais
adjacentes. A estrutura das claritas pode combinar estruturas 2:1 di- ou trioctaedral com
lâmina entrecamadas di- ou trioctaedral (Quadro 3).
Ocorrenciil cm
solos Co mum
Resislcncia ao
inlempcrismo Grande
Estrutura
2:1 HE com baixo gr.:iu de intercalação
PROPRIEDADES ELETROQUÍMICAS
não podem difundir imediatamente no solvente, tampouco estar acessíveis parn reução
como as substâncias em solução.
Superfície Siloxana
Sítios Ativos sem Carga
e Vista lateral
Bo,das do minornl ~
Substituição Substituição
isomórfica isomórfica
octaedral tetracdral
Vista do topo
Figura 8. Sítios ativos em uma estrutura 2:1. Círculos lTacejados demarcam aproximadamente
a reg!ã~ ~e ~istribu_ição de cargas nos oxig~nios da superfície s iloxana, gerados por
subshtuu;ao 1somórf1ca nos tetraedros (círculo menor) e nos octaedros (círculo maior).
f onle: Johnslon & Tomb.:lo: (2002).
Nos íilossi1icatos 2:1 que não possuem substituição isomórfica, como o talco e él
pirofilita, as duas cargas negativas dos O são neutralizadas pelas cargas positivas do
4
Si ' . O Si no interior dos letraedros está ligado a quatro átomos de O, ele modo que cada
O compartilha uma carga negativa com o Si, resultando uma configuração eletronicamente
estável tanto para o Si4 • quanlo para o 0 2•• Portanto, se não houver substituição isomórfica,
a superfície siloxana é neutra e praticamente não, ou pouco, reativa com espécies químicas
iônicas e solvenles polares (como a água). Esla superfície tem caráter hidrofóbico, o qu e
a toma local termodinamicamente mais estável para substâncias hidro{óbicas e apoiares,
como alguns tipos de moléculas orgilnicas. Na medida em que a poluição de solo por
substâncias orgânicas aumenta, o entendimento destes sítios faz-se cada vez mais
necessário (Schwarzenbach et .il., 1993).
formando grupos OH. Estes grupos OH são sítios ativos tanto nos filossi lica los 2:1
quanto nos filossilicatos 1:1. Nas bordas da lâmina tetraédrica e da lâmina octaédrica
dos filossilicatos, o O que se liga a apenas um cátion estrutural fica deficiente em
carga positiva, isto é, com excesso de carga negativa. Dependendo do pH da solução
do solo, este excesso de carga pode acoplar 1-1• ou ficar disponível para contribuir com a
CTC do solo. A natureza do cátion estrutural influencia a reatividade do grupo OH
(Figura 9, Quadro 5). Como o Si possui valência 4• e se liga a quatro O, cada O
compartilha (4• / 4) = 1' carga, enquanto o AI, com valência 3• e ligado a seis O,
compartilha (3• / 6) =½•ou 0,5: carga com cada O. Portanto, os O expostos na borda
do mineral, que estão ligados a um Si (chamados de 11 silanol 11 ) , têm reatividade
diferente daqueles ligados a um AI (chamados de 11 aluminol 11 ).
Diminuição do pH
0 @] ~
Qb-
Figura 9. Esquema da dinâmica de cargas nos grupos silanol e aluminol nas bordas de um
filossilicato 2:1.
Fonte: Yu (]997).
Grupo
Os sítios ativos formados por OH ligados aos cátions terminais nas bordas das
estruturas cristalinas revelam caráter anfotérico, isto é, podem-se comportar como ácidos
ou como bases, ou de outra forma, podem apresentar cargas elétricas positivas ou
negativas, ou ainda, reagir com cátions (CTC) ou ãnions (CTA) . Além do pi-!, outros
fatores afetam o comportamento destes grupos, como a força iônica da solução circundante
e a configuração atômica dos outros cátions e dos O na vizinhança imediata do céition
estrutural. Estas reações podem também assumir caráter irreversível, constituindo reações
de quimissorção ou precipitação na superfície mineral (veja detalhes em McBride, 2000).
Esta variedade explica, em parte, a seletividade dos colóides minerais do solo em relação
à adsorção de íons (Sposito, 1989).
Os valores das constantes de dissociação dos grupos são questionáveis quélndo
tomados isoladamente (Sparks, 1986; McBride, 1994). Para aplicações práticas, o interesse
recai na reatividade do total das superfícies coloidais do solo. Neste caso, pode-se
empregar a medida do Ponto de Carga Zero (PCZ) do solo, que é o valor de pH no qu a l a
carga líquida tola! do solo é nula (veja detalhes no capítulo XII). O quadro 6 relaciona as
estimativas da conlribuição de cargas constantes e variáveis na CTC de alguns minerais
comuns na fração argila de solos.
Quadro 6. Partição da CTC de alguns minerais do solo entre carga consta nte e vari.ive.l
Relação ao Total
Mine.ral CTCpH7
Constante Variável
Os sítios ativos com carga variável constituem apenas pequena fração da reatividade
total dos minerais 2:1 (Quadro 6). Nos solos em estádio mais avançado de intcmperismo,
onde há predominio de caulinita (filossilicato 1:1) e óxidos, a contribuição deste tipo de
sítios a tivos é mais importante (veja detalhes da quimica de solos altamente
inlcmperizados no capítulo XVlll).
PROPRIEDADES FÍSICAS
O aumento na ASE do solo pela presença de minerais 2:1 expansivos não se manifesta
plenamente porque os colóides formam agregados m icroscópicos. No caso das
montmorilonit~s, as partículas_(cada partícula de montmorilonita é representada por
uma barra, na Figura 1Oa) arran1am-se em um primeiro nível em estruturas denominadas
"quase-cristais" (Quirk & Ayilmore, 1971). O tamanho dos quase-cristais varia com o fon
(a)
(b)
Figura 10. Hierarquia de organização de filossilicatos 2:1 coloidais: qu.:isc-cristal (a) e d omínio (b).
Fonte: Goldbcrg cl Jl. (2000).
Embora seja corrente a concepção de que a variação no volume de solos com grande
teor de minerais 2:1 expansíveis decorra da variação de volume do próprio mineral ao se
expandir ou contrair, Quirk & Ayilmore (1971) e Tessier (1984) propõem que a origem
destas variações de volume esteja relacionada com a dinâmica da água nos poros com
diámetro da ordem de 1 a 2 µm, criados entre quase-cristais e do111ínios. Segundo Qui rk &
Ayilmore (1971) e Tessier (1984), a saída de água das entrecamadas é um fenómeno que
exige muita energia e não ocorre em condições de campo.
A extensa área exposta dos minerais 2:1 expansíveis, especialmente as esmectitas,
resulta na magnificação das propriedades de adesão, quando o solo está molhado, e de
coesão, quando seco. As forças de adesão referem-se à atração entre superfícies de natureza
diferente (por exemplo, entre a superfície do argilomineral e a dos implementos agrícolas)
e as de coesão entre superfícies de natureza semelhante (por exemplo, entre as superfícies
d e duas partículas de argilominerais). Estas propriedades são importantes para o
planejamento de operações mecânicas no solo, como em atividades agrícolas e de
engenharia.
ESMECTITAS
Condições de Formação
Em solos tropicais, a ocorrência de esmectitas, grupo que já foi chamado de grupo
das montmoriJonitas (Olson ct ai., 2000) é restrita. Porém, o contraste das propriedades
das esm ectitas com a dos minerais 1:1 e óxidos, torna sua presença bastante importante,
mesmo em baixos teores. As esrnectitas encontradas em solos podem se formar durante a
pedogéncse ou serem herdadas do material de origem. As esmectitas dioctacdrais
(montmorilonila, beidelita e nontrnnita) podem se formar como resultado de intemperismo
Herança
Esmectitas podem ser encontradas em vários materiais geológicos e permanecerem
no solo durante a pedogênese. Rochas e depósitos sedimentares, especialmente os de
origem marinha, são particularmente ricos nestes minerais. Bentonita, por exemplo, é
um material sedimentar rico em montmorilonita, formado a partir do acúmulo e alteração
de materiais vulcânicos (Souza, 1980). Esmectitas trioctaedrais são geralmente herdadas
e menos estáveis em solos, mas, em alguns casos, podem ser observadas como
intermediárias no processo de intemperismo (Luz et ai., 1992; Garcia-Romero et ai., 2005).
Saponita e nontronita são esmectitas raras em solos, mas podem se formar por
hidrotermalisrno em alguns tipos de materiais de origem (Wilson, 1976; Garcia-Romero
et ai., 2005).
Sedimentos de origem marinha podem conter teores significativos de esmectitas,
originados tanto da deposição de esmectitas transportadas pelos rios que desembocam
no oceano, tendo-se originado em ambientes terrestres, quanto pela precipitação a partir
de íons dissolvidos na água dos oceanos ou das zonas de transição oceano-continente.
Os ambientes pedológicos atuais que mais são influenciados por este tipo de material
são os estuarinos, que, no Brasil, correspondem principalmente aos manguezais, que,
recentemente, têm sido investigados com detalhe em relação à sua mineralogia (Souza
Júnior, 2006; Ferreira, et ai., 2007).
Transformação
Mudanças na estrutura e na carga na camada de micas, sem ocorrência de dissolução
e reprecipitação, formam as esmectitas por transformação (Borchardt, 1989; Churchman,
2000). Esta transformação implica a saída de K das entrecamadas da mica e a substituição,
pelo menos em parte, do AI tetraedral por Si (Borchardt, 1989). Sem esta última, a mica
não adquire as características necessárias para ser classificada como esmectita
(principalmente a menor carga estrutural na camada). Por isto, as esmectitas derivadas
de micas tendem a ter maior substituição tetraedral (beidelitas) (Ransom et ai., 1988).
Seguindo esta mesma lógica, espera-se que micas trioctaedrais produzam esmectitas
trioctaedrais, que são pouco estáveis no solo. As vermiculitas podem ser uma fase
intermediária durante a transformação das micas para esmectitas (Borchardt, 1989).
As esmectitas podem se formar ainda por meio de transformação da clarita,
principalmente de claritas ferromagnesianas, que são altamente instáveis no solo (Pinto
& Kãmpf, 199~). Le~ et ai. (20?3) relataram que a pedogênese em serpentinito produziu
não só esmectitas tnoctacdra1s com alta carga na camada por transformação de clorita,
mas também esmectita dioctaedral com baixa carga por neoformação a partir dos produtos
de dissolução da clarita.
podem ser encontradas. Talvez este seja o caso das esmectitas encontradas por Pinto &
Kampf (1996), no escudo Sul-Riograndense, e por Vidal-Torrado et ai. (2006), nas
imediações da Serra da Fortaleza, no Sudoeste de Minas Gerais. Saponitas também fora m
encontradas em sedimentos de materiais vulcânicos (Garcia-Romero et ai., 2005).
Beidelitas podem-se formar a partir de rochas que contêm micas e claritas, porque
estes minerais já apresentam a substituição tetraedral necessária que caracteriza sua
estrutura. Apesar disto, condições de drenagem imperfeita não implicam necessariamente
a neogênese de esmectitas, mas podem apenas preservar as esmectitas depositadas
(Churchman, 2000).
Nontronita é um mineral formado a partir de alterações de rochas vulcânicas,
formação hidrotermal ou na superfície do fundo oceânico (Hillier, 1995). Em solos de
manguezais no litoral do Estado de São Paulo, Souza Júnior et ai. (2008) identificaram a
nontronita como mineral 2:1 dominante na assembléia mineralógica da fração argila.
Segundo os autores, as mudanças cíclicas do potencial redox em solos submersos
oxidariam os sulfetos de Fe (pirita), o que forneceria Fe em quantidade suficiente para a
síntese da nontronita, desde que o meio seja rico em Si, Mg e AI, condições que podem ser
encontradas nesses ambientes.
pelo cátion saturante; por exemplo, as esmectitas saturndas com Na apresen tam
comportamento plástico em amplitude de umidade maior que quando saturadns com
Ca. Por isso, em alguns casos, usa-se calcário para diminuir o comportamento plás tico
destes solos.
A grande variação de volume que ocorre nos solos esmectíticos de êlcordo com a
umidade provoca o amassamento de raízes e dificulta o crescimento e desenvolvimento
de plantas, enquanto a excessiva microporosidade dificultêl a difusão de fluidos. Esta
variação de volume também é de interesse geotécnico, pois provoca danos nas estruturas
construídas, dificulta a trafegabilidade em estradas e a estabilidade de taludes e encostas
(Maciel Filho, 1997). Materiais esmectíticos são componentes freqüentes em geomateriais
associados a movimentos de massa (Capra et ai., 2003), que podem ocorrer
lentarnentamente (Figura 11), ou em eventos catastróficos de deslizamentos dêl massa de
solo encosta abaixo (Romer et ai., 2002) . A capacidade extrema de adsorção destes
argilominerais torna-os boa opção quando se necessita de absorventes e selantes. Assim,
bentonita moída é usada em vários campos da indústria, corno a extração de petróleo e
siderurgia.
Figura 11. Padrão de luz e sombra provocada pelas pequenas elevações devidas ao escorregamento
lento do solo no sentido do declive (crcepi11g) de encosta bas.1ltica em Santa Maria - RS, extremo·
sul da formação Serra Geral.
2:1 é baseada na reflexão basal (001) que permite quantificar a expansão das camadas de
acordo com a saturação dos sítios de adsorção com íons específicos (K•, Mg2 • ), líquidos
orgânicos polares (glicerol, etileno glicol) e aquecimento (100,350 e 550 ºC). Com o controle
cuidadoso das condições das amostras, sua correta identificação pode ser feita po r
difratometria de raios-X (DRX) (Figura 12). Uma dificuldade comum na identificação de
minerais do grupo dos filossilicatos 2:1 é a ocorrência de minerais interestratificados,
que mostram alternância entre camadas que expandem (como as esmectitas) e que não
expandem (como as micas).
Embora todas as esmectitas produzam um reflexo a 1,4 nm quando saturadas com
Mg, a beidelita mantém um reflexo a 1,4 nm após solvatação com vapor ele glicerol,
enquanto montmorilonita expande a 1,8 nm. Ambas expandem a 1,7 nm qu ando
solvatadas com elilcnoglicol. Quando saturadas com K e aquecidas a no ºC (O % de
água), produzem reflexo a 1,0 nm. Estes padrões de expansão geralmente não são perfeitos
nos minerais encontrados em solos, em virtude da variação na cristalinidade, associação
com colóidcs orgânicos e óxidos de Fe e AI, e da intercalação parcial por hid róxi de AI (e
menos comumente Fe), que será discutida adiante, neste capítulo (minerais 2:1 HE) .
Etileno
1IOºC Mg Glicol
1.0 1,2 1,3 1,4 1,5 1,6 1,7 1,8 1,9 2,0
nm
Figura 12. Esquema simplificado do comportamento do reflexo (001) das esmectitas de acordo com
os tratamentos das amostras.
·
ou etileno ·
ghcol - provoca expansao.
nao - Ass1m,
· a mon t m01·1·1onita' não expande . e prod
_ uz
·
um reflexo a aproximadamente 1 Onm após o tes te. Já a be1·delita' e 'a nontromta n.10 têm
· · - a 1, 7 nm quando saturadas com etileno
sua carga neutralizada e mantem' sua expansao
glicol.
0,712 nm
KI
RE
ITA
______.,,.,,fiIGUA
PM
SG
1 1 1
J 6 15 18
---Ll270G
Figura 13. Difratogramas de raios-X da fração argila dos solos amostrados na camada de 0-20
cm de profundidade nos manguezais do Rio Sitio Grande (SG), Ilha de Pai Matos (PM),
Ilha do Caranguejo (IGUA), Rio Itapanhaú (ITA) e Rio Escuro (RE), ao longo do litoral de
São Paulo, demonstrando o leste de Greene-Kelly. N (nontronita); M (mica) K (caulinita).
Li 270 (agregado orientado da fração argila tratada com Li) e Li270G (agregado orientado
da fração argila tratada com Li e solvatada em glicerol).
Fonte: Souza Júnior (2006).
VERMICULITAS
Condições de Forn1ação
Vermiculitas são encontradas nos mais variados ambientes, desde os círculos polares
até desertos. As condições de estabilidade das vermiculitas são restritas aos sistemas
com grande atividade de Si e bases (Rai & Kittrick, 1989). Todavia, sua ampla ocorrência
deve-se à abundância dos minerais que lhe dão origem (Malla, 2002). Com freqüência
estão associadas ao intemperismo de rochas em cuja composição encontram-se mica
(Ghabru et al., 1987; Certini et al., 2003; Watanabe et al., 2006) ou clarita (Esser et al.,1992;
Certini et al., 2003), sendo também freqüente em solos desenvolvidos sobre serpentinitos
(Bonifacio et al., 1997; van der Weijden et al., 2003; Favero-Longo et ai., 2005; Vidal-
Torrado et al., 2006).
A vermiculita pode ocorrer em cristais macroscópicos, tendo, neste caso, origem
geogênica e sendo trioctaedral (Malla, 2002). Este tipo de vermiculita é utilizado para
várias aplicações tecnológicas, como condicionante de solo (Stone et al., 1984a), suporte
para aplicação de microrganismos usados no controlo biológico (Lewis & Papavizas,
1991) e mineral-teste em estudos pedológicos (Jamet et al.,1996).
A vermiculita encontrada em solos é predominantemente resultado da transformação
das mícas, sendo, durante algum tempo, este mecanismo postulado como único possível,
já que a carga na camada na vermiculita é próxima daquela das micas (Quadro 1). No
entanto, em condições específicas, vermiculitas podem se formar a partir de feldspatos
(Smith, 1965) e da precipitação de gels (Barshad & Kishk, 1969).
A transformação de micas em vermiculitas, com a conseqüente liberação de K, é
detalhada no capítulo IV. Em resumo, a transformação de mica em vermiculita segue
duas etapas, a perda de K das entrecamadas e a diminuição da carga na camada. A
perda de K pode seguir padrões distintos, ocorrendo seja nas bordas ou franjas, seja em
entrecamadas alternadas (veja Figura 8 no capítulo IV). A diminuição da carga na camada
pode ocorrer pela oxidação do Fe2+ para Fe3• (Ransom et al., 1988) na biotita (no caso da
vermiculita trioctaedral) ou pela substituição do AI tetraedral por Si.
Os estudos sobre vermiculitas, especialmente o refinamento sobre a estrutura
mineralógica, foram feitos, em sua maioria, em amostras macroscópicas e trioctaedrais
(Malla, 2002). A vermiculita trioctaedral pode ocorrer em todas as frações granulométricas
do solo (de areia até argila) e é herdada do material de origem. Já a vermiculita dioctaedral
só ocorre nas frações mais finas, o que dificulta estudos de refinamento de sua estrutura).
De modo geral, admite-se que a vermiculita trioctaedral seja derivada de biotita e a
vermiculita dioctaedral de muscovita.
A vermiculita formada a partir de serpentinito, decorrente da ação de líquens, foi
estudada com detalhe numa condiç~o de altitude maior que 2.500 m na Há.lia por Favero-
Longo el ai. (2005) . Trabalhos na Asia indicaram que a presença abundante de ácidos
orgânicos tende a produzir vermiculita com menor carga na camada (Pai et ai., 2007). A
acidez e a atividade de AI-OH na solução cio solo são fatores cruciais para definir se a
vermiculíta é estável ou se transforma em vermiculita com hidróxi entrecamadas (VHE)
Identificação da Vermiculita
As vermiculitas, quando saturadas com K colapsam para 1,0 nm e quando
saturadas com Mg, expandem para 1,4 nm (Figura 15). Tal comportamento pode ser
confundido com o das esmectitas, porém a diferenciação das vermiculitas pode ser
feita pela saturação com Mg e etileno glicol, situação em que as esmectitas expandem
para 1,8 nm, enquanto as vermiculitas mantêm seu espaçamento em 1,4 nm. A curva de
A TD da vermiculita é muito parecida com a da montmorilonita. No entanto, pode ser
diferenciada por um pico endotérmico intenso entre 800-900 ºC e ausência do pico a
600-700 ºC (Tan et ai., 1986).
300 "C,
Mg,
K Etileno
glicol
1.0 1,2 1,3 1,4 1,5 1,6 1,7 1,8 1,9 2,0
nm
Os núnerais 2:1 HE consliluem uma solução sólida entre esrnectita e verrnic ulila em
um extremo e clarita no extremo oposto. Quando a intercalação por políme ros hidróxi é
completa na entrecamada de um mineral 2:1, este é denominad o clorita peclogê nica o u
secundária (Kohut & Warren, 2002). Por formarem um co11fi111111111, muitas v ezes é bas tante
trabalhoso caracterizar detalhadamente, bem como fazer a distinção entre cla rita e 2: 1
HE. Por essa razão, houve certa confusão no uso da nomencla tura associada a es tes
grupos minerais (Bam.lúsel & Bertsch, J 989), conforme brevemente discutido na introdução
deste capítulo.
2:lHE
A intercalação de minerais 2:1 com polímeros, com a conseqüente transformação
para 2:1 HE, é um processo rápido e dinâmico na escala pedológica (Lietzke & Mortland,
1973). No solo, os polímeros que se depositam nas entrecamadas dos minerais 2:1 são,
freqüentemente, de AI. Polímeros de Mg são mais comuns em sedimentos marinhos (Rich,
1968).
Os polímeros hidróxi-Al possuem carga positiva nos valores de pH geralmente
encontrados no solo, o que aumenta sua estabilidade no espaço entrecamadas carregado
negativamente. A dificuldade de se encontrar 2:1 com polímeros Fe-OH nas entrecamadas
no solo pode estar associada à necessidade de condições muito ácidas para que estes
desenvolvam cargas positivas, situação que também desfavorece a permanência de
minerais 2:1. Além d.isto, há maior estabilidade do Fe na forma de óxido, quando
comparada à forma de hidróxido (Rich, 1968). No entanto, existem relatos de solos, no
Japão, nos quais a extração do material entrecamadas revelou pequena quantidade de Fe
(Bautista-Tulin & Inoue, 1997).
Os polímeros são denominados hidróxi-Al porque apresentam relação OH/metal
menor que 3, típica dos hidróxidos de Al, como Al(OH) 3 (Barnhisel & Bertsch, 1989;
Kãmpf & Curi, 2003). Os minerais 2:1 com estes polímeros intercalados são referidos
como 2:1 hidróxi entrecamadas, abreviados por 2:1 HE (Fontes, 1990).
Esmectitas com hidróxi entrecamadas (EHE) e vermiculitas com hidróxi
entrecamadas (VHE) podem basicamente ter duas origens: intemperismo de claritas ou
deposição de HE nas entrecamadas de 2:1 expansíveis (esmectitas e vermiculitas). Em
meio levemente ácido, o intemperismo de clarita para vermiculita pode produzir uma
fase intermediária em que a lâmina octaedral entrecamada encontra-se parcialmente
destruída, caracterizando VHE. No entanto, claritas são raras em solos. Portanto, nos
solos tropicais mais ácidos, sua origem mais provável e freqüente é a deposição de
polímeros hidróxi nas entrecamadas recém-intemperizadas das micas (ver formação de
Vermiculitas) formando interestratiiicados mica-2:lHE-2:1.
As condições mais favoráveis para deposição de polímeros hidróxi-Al estão
associadas à acidez moderada, pequena quantidade de matéria orgânica, ambiente
oxidante e alternância entre ciclos de umedecimento e secagem (Rich, 1968). Esta hipótese
(exceto pela presença de matéria orgânica) está de acordo com o relato freqüente na
literatura (Rich, 1968; Malcolm et ai., 1969; Harris, 1988; Kampf et al., 1995) de maior
abundância de 2:1 HE nos horizontes superficiais do solo.
A relação entre a presença de mineral 2:1 HE e outras fases minerais é controversa.
Em alguns casos, o aumento de 2:1 HE na superfície do solo é acompanhado por
diminuição paralela de caulinita. Nestes casos, especula-se que a seqüência de
intemperismo mica-vermiculíta-caulinita seja retardada na superfície do perfil pela
formação de VHE, diminuindo a quantidade de caulinita, enquanto em profundidade a
vermiculíta teria mais facilidade parn se inlemperizar para caulinita (Harris et ai., 1980).
Alguns autores discutem a possibilidade de que a deposição de hidróxi-Al n.t
entrecamada dos 2:1 dificultn ou até mesmo impede sua precipitação como gibbsila,
causando um efeito "anti-gibbsílico" Onckson, 1963). Por meio de cálculos termodin<'inúcos,
Quadro 8. Métodos utilizados para extração de polímeros hidróxi das entrecamadas de minerais
2:1 HE
Método Fonte
LITERATURA CITADA
AZEVEDO, A.C. Efeito da calagem na dinâmica evolutiva de Latossolo Bruno distrófico. Porto
Alegre, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 1993. 95p. (Dissertação Mestrado).
BARNHJSEL, R.I. & BERTSCH, P.M. Chlori!es and_ hyd_roxy-interlayered vermiculite an~
smectite. ln: DIXON, J.B. & WEED, S.B. Mmerals m soil environments. 2.ed. Madison, 5011
Science Society of America, 1989. p.729-788.
Cloritas
2:1 HE
Cloritas
A diferenciação entre os minerais 2:1, claritas e 2:1 HE nem se mpre é sim ples
graças ao seu tamanho geralmente pequeno, defe itos estruturais, politipismo,
interestratifjcação e ocorrência associ<1da com outros filossilica tos e minerais
acessórios.
Com as claritas e os 2:1 HE, a identificação ocorre mais pela ausência d a expansão
e contração, esperada para os 2:1 expansíveis. Com freqüência, tratamentos mais
específicos devem ser utilizados para a identificação e caracterização. Para Brindley &
Brown (1984), a ide ntificação da caulinita e da clorita na mesma amostra foi resolvid,1
com O tratamento com ácido clorídrico diluíd o a quente para solubilizar a clarita, mas
a eficiência do método depende bas tante do tamanho da partícula e d e sua composição
(clorilas magnesianas são quase insolúveis com este tra tame nto). Uma alternativj é o
tratamento térmico da amostra até 500 ~e, que elimina os padrões de difração da
caulinita. Ainda assim, há casos em que o comportamento esperado n,'io é verificado
(Brindley & Brown. 1984). Para uma discussão bastante acessível sobrt' o tratamento
d e amostras, recomenda-se a leitura d o capitulo 6 do livro de Moore & Rt>ynolds (1997).
Uma obra específica sobre a identificação de minerais em solos brasileiros foi publicada
por Resende et ai. (2005).
As claritas apresentam espaçamento basal (001) entre 1,40 a 1,44 nm, sendo esta
variação dependente de substituições isomórficas (Figura 16). Este espaçamento não
deve variar com a saturação por íons ou aplicação de tratamentos térmicos, emborn a
intensidade do reflexo possa varia r. Os reflexos de clarita nos DRX podem coincidir
com os das vermiculitas e esmectitas, dependendo do íon saturante e dos tratamentos
térmicos aplicados na amostra, e o reflexo de segunda ordem da clarita coincide com o
de primeira ordem da caulinita (0,7nm). Assim, nas amostras em que estes minerais
coexistem, a identificação de claritas pode ser prejudicada ou mesmo impedida quando
apenas um dos tratamentos de saturação e aquecimento é aplicado, procedimento
comum quando o número de amostras é grande, para agilizar a identificação dos
minerais e baratear os custos.
300ºC,
Mg,
Etileno
glicol
1,0 1,2 1.3 1,4 1,5 1,6 1,7 1,8 1,9 2,0
nm
figura 16. Esquema simplificado d o comportamento do rdlexo (001) da clorita de acordo com
os tratamentos das amostras.
Quando saturadas com Ca ou Mg, as esmectitas expandem até 1,7 ou 1,8 nm.
Quando saturadas com K, colapsam a 1,2 nm (25 ºC) e, se aquecidas a 100 "C, a l,0 nm.
As cloritas mantêm o espaçamento constante em 1.4 nm sob todos estes tratamentos. As
vcrmiculitas podem ser diferenciadas das claritas d.:i mesma maneira, expandindo a
1,4 - 1,6 nm, quando saturndas com Ca ou Mg, e colr1psando él 1,0 nm, quando saturadas
com K e aquecidas.
A identificação de claritas ricr1s em Fe é espt!cialrnente dificullnda pela d iminuição
na intensidade dos reflexos (001) e (003), o que d" ,lo clifrnlogramn um padrão parecido
com o da caulinita. Neste caso, a execução de todo o protocolo de tra tamento da amostra
é particularmente importante para a identificação correta. O uso ele s ubs tâncias qu e
expandem a caulinita (NH 4NO 3, DMSO) pode ser útil (veja capítulo Vil). No caso de os
dois minerais serem bem cristalizados, o tratamento térmico a 500 "C produ z a
decomposição da caulinita, enquanto a clarita mantém seu reflexo em l,4 nrn, ma
ainda é controverso se os minerais pedogenéticos se comportam desta mesma rnancirél.
Outra dificuldade comum durante a identificação das claritas é a pres e nça de
interestratificados (clorila-esmectita, clorila-vermicu li ta, cio ri ta-mica ou, a inda, clorité1-
clorita expansiva) e, em um grau de complexidade maior, quando o 2:1 intercalado íor
parcialmente preenchido por polímeros de hidróxido (isto é, clorita-2:1 HE). Nes te caso,
é recomendável o uso de métodos químicos, térmicos e espectroscópicos, bem com o
técnicas de amostragem (amostragem de horizontes mais profundos, por exemplo) para
subsidiar a identificação.
2:lHE
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11
Departamento de Solos e Engenharia Agrícola, Universidade Federal do Paraná, Rua dos
Funcionários, 1540 - Juverê, 80035-050, Curiti ba (PR) .
vander(m@ufpr.br
21
Departamento de Química, Universidade Federal do Paraná, CP 19081 , 81531-990,
Curitiba (PR).
wypych@quimica.ufpr.br
Conteúdo
58 CS, Viços a, 2009. Quími ca e Mine ralogia do Solo, Co n cei tos Bás icos e Aplicações, 1381p .
(eds. Vandcr de r-reitas Melo e Luís Reynaldo Ferracciú Alleoni).
428 VANDER DE FREITAS MELO & FERNANDO WYPYCH
INTRODUÇÃO
Nos solos desenvolvidos sob condições tropicais úmidas, a cau linita, normalmente, é
o principal n1ineral da fração argila. A formação desse mineral é fav o recida por condições
de intenso intemperismo químico e lixiviação dos produtos da dissolução dos minerais,
principalmente cátions de caráter básico (Ca 2 ♦, Mg2+, K• e Na •) e sílica. O principal processo
de formação de caulinita é por dissolução de minerais primários e rep recipitação do Si e do
AI a partir da solução do solo (neogênese). O processo de d essilicação (perda de Si) também
determina o i.ntemperis mo e h·ansformação de minerais secundáJ·ios mais ricos em Si (2:1),
como aqueles do grupo das esmectitas, em minerais 1:1 (grupo a que pertence a caulinita).
Invariavelmente, a cau linita do solo apresenta crescimento p referencial no plano
X-Y (a - largura e b - comprimento) em detrimento do crescimento no sentido do eixo Z
(e - espessura). Como resultado, o mineral pertence à classe dos filossilicatos e apresenta-
se na forma de placas. O crescimento no eixo e é devido à união de camadas 1:1 adjacentes,
por meio de ligações de H (a distância basal da caulinita está em torno de 0,72 nm). No
solo, normalmente, o mineral apresenta as seguintes dimensões médias: eixo e de 10 a 30
nn1; eixo n de 30 a 600 nm; eixo b de 30 a 300 nm.
A caulinita interfere em vários processos físico-químicos do so lo: formação de
agregados, porosidade, retenção de água, drenagem, reações de troca, lixiviação de
nutrientes, etc. Tipicamente, a capacidade de troca catiônica (CTC) da caulinita varia de
30 a 150 mmolc kg-1 (Grim, 1968), enquanto a área superficial específica varia de 10 a 20
m 2 g-1• A CTC da caulinita depende d~ cargas dependentes de pH que surgem nas
hidroxi las ao longo das bordas do miner?,l. D~pendendo da concentração de H+ ou OH"
da solução do solo, as hidroxilas superfici~is poqeq1 ser protonadas, originando cargas
positivas que se refletem na q1paciqpçje de troca aniônica (CT A), ou desprotonadas,
originando cargas negativ?.s (CTÇ). Dentre os minerais com cargas dependentes de pH,
mineralogia predominante nos solos do Brasil, a caulinita destaca-se na adsorção de
cátions, decorrente do baixo valor do ponto de carga zero (PCZ). Valores de pH do solo
acima de 3-4 já determinam que o mineral apresenta maior CTC do que a CT A.
mínimas de formação (octaedros, tetraedros, prismas trigonais, ele.), ligadas umt1s às ou Lrn s
nns faces, nos vértices e nas arestas, formando lâminas (Figura 1). Existe notação alternativa,
usada principalmente pelos pesquisadores da área de química, em que .is camadas são
denominadas de lamelas (compostos lamelares) e as lâminas de folhas.
Distância -
basal
(1)
(1 )
M (2)
e
(1) e
(1)
(a) (b)
Figura 2. Estrutura hipotética d e compostos do tipo MX2 em camadas, em dois politipos (a e b).
(1) e (2) são camadas idênticas (mesma composição química), mas com rotação d iferente
em 30 º . O mineral (a) é formado pela repetição de uma camada e o mineral b) d e duas
camadas ao longo da direção basal. M - metal; X - ânion; e - distância basal (unidade de
re petição na direção basal - perpendicular às camadas).
Fonte: Wypych (2002).
-- Camada
+ cáhon
. -H,O , 1 M0G G
V V 0V
--~átion hidratado
intercalado
13
e
Q uf MI CA E M IN RALOG I A DO S olo
VII - CAULINITA E HALOISITA 4 31
(A)
- Lfuni.M coincide com o cnm:ida
Dlsl&nda
bani
1111 (b]
~ Ànlons dn ;irest:l
eomp.utilliatb
~ Aresta não
eompartllha d.:l
(11)
Figura 4. Estrutura do tipo brucita (A) e do tipo gibbsita (B), com vista lateral (a) e vista
superior (b). Observar que, nesses minerais, a lâmina representa a camada.
Fonte: Wypych (2004).
ll'l'rn,, im1,,•rf1 1 it ,, d,• ,-.,11llnl1, 1, ()~ 111 tnl'rnl s 1,·11n· l111•drll'11 ..; s ,i n c lwmndo~
1·,,kti\',ll)h'nl1' d,, fl1•1·1,,•11tin,1:1 l' ,·,11 ,iit lllll'lll lllll 1•,rup11 l·,,11111,uil:i u11,dugl11 cs lrulur,,I
,11,s ,-.,11lin1t k ,,s . 111,, s iih'II"'"' i\l)~,, 1:1, 11 ,i t: l'":d,;( ,'s 11,·l .i(•dri,·.,s . 1\lgu1nn s es péc ies
d ,'sll' i~r111,,, s ,),, ,, 1'l'is ,itih, ,, li .-,,rdit, 1 (01111dn1 1) , 111l11l 1·,li:4 p111ll·11:i fn•q!l •nlcs l~lll
1
s,, l,,s, ,•,,·,•11', ,, ~l.11\ , , "•"l'"'I,•:, ul'inln,hl\ls dn l'l'li pl'i,1 nh·h ,, s ,•q 1 l·11li11,1. /\ c,1uli11ita
l' ,, 1'l'i11l'i 1,,,1 r,•,,r,•s1' 1\l.\11ll' 1..h,s ,1rgilL1111i11l'r,li s 1: 1 pur s 11 ,1 d cs l,1,·,nl.1 o currêncin
l\l' S sn l,, -: . 1\1'1' S,\I' dl' h,,v,·r ,·1·,,111r,,v1•1·sl ns, ,h'1• i l,1 •:,• qu, · u 1111 11,L' caulim e,
,·, 1 11s,'q1k nll'11h•11k , ,·1111lini1., ,,rigi11,1 -s,· 1111 ldi11111,1 ,·hi1His, d ,· o ndl' fll r,1111 cxlrn/das
.,s rrinh·ir., s ,\llwslr,, s d,• 11111 ,Hgil,,111i1wrnl 11lili,.1HI\I 11.1 f,1bri1·,11.;.,,, tl c p1Hcc lann. O
ll'rnhi l·,11ilim d,•1·iv,1 d,, p.,l,l\·rn l-,1111ll11 1~ (prll11111h' i,í -s,· C 111di11r.J l]ll l ' , c m chint'.ls,
q11,'r d i1,·r, l'lll1ll' ,,11,,.
11111
/\ furnwl,1çi111 dns mi1wr,li s dn grupn dn l',lllli11il,1 t\ n•s ull,ml,• dn dC'pLis i1,\'IC1 dt• 2 rnlil
dl' i•,ihbsil.i (vo ril'd,,d c puli111(1rl k11 du 1\1(011) ,) s nbn,• :! l\\nls dl' s ílil..·,,, m,rnlendll·SL' .,s
e s tn11 11 rn tJ com n111q1ui- i1,'i)n molm ,,prm.i11t.1d,1 dns d,1ls , ompPs lus (lip,, 1: 1). 1)11,,s
unido1dL• :-l hó:-;lc,1:-; !'i,\u e11vnlvid,1s 11,1 c11nslru,,)11 dus relkul,is 1.: rl s laliiws dcss,•s
11 11,wrni s: 01.· l.1L·drm, dl' !,\l'tlp,111w11111:, OH 111,s vvrlíc,•~ vnm um t\hnm, d1.• /\1 ,lll ç,•ntn1;
l\'ll'íH'dn>ti l'lllll ., 1n111u:; dl' ( l 1111:; v, rlil'l·:- cum 11111, h11111i d1.• Si ,\li l'.l ' l\ll"ll {Fi~~ 111-.1 St\) . 1\
1/\ niln.i tl'lr,d•drkn 1.' 1111-;fs ll• d,• ll'lr,1,•drun dl' Si(\ Mr,111j,td,1s dL' l,11 111 , , 11 \'ir,\ l(lll' Ln's L)
de cada tetraedro são compartilhados com o Si de três letrncd ros vizinhos, resu ltando
um anel hexagonal (de fato, anel ditrigonal - veja item Ordem e desordem estrutural ):
dois tetraedros adjacentes compnrtilham somente um O - ligação pelo vértice (Figura
5B,C). Esses tTês O compartilhados ficam no mesmo plano e são referidos como basais.
O quarlo O de cada tetraedro não é compartilhado com o utro te trn cclro de Si, ficando
livre para ligar com outros elementos poliedrais (plano apical ele O) . Já a liimina
octaédrica consiste de OH, em dois planos, em coordenação oct.iédrica com um cátíon
central (AI) (Figura 5B). Os octaedros compartilham as arestas entre si (Figura SC). A
ligação na estrutura 1 :1 (formação da c.imada) é feita pelo O a picai dc1 lêimina tetr,1édrica,
que se volta parn dentro da estrutura, ligando-se diretamente ao AI na posição octaédri ca,
formando três planos de ânions (í-igura SC,D). Os planos externos cons istem d e O
basais da lâmina tetraédrica e de OH ela lâmina octaédrica, enquanto o pla no interno
consiste dos O comuns às lâminas tetraédrica e octaédrica mais a s OH Ja lâ mina
oclaédrica. Na união das làminas, duas das seis OH de cada octaedro (Fig ura 5A) são
substituídas por H apicais da lâmina tetraédrica (Figura 5D). Camadas adjacentes 1:1
são unidas por ligações de H (crescimento basal do mineral) , que e nvol ve m os
grupamentos aluminol (Al-OH) e grupamentos siloxano (Si-O) (Figura 50). Esse tipo
de ligação propicia grande coesão entre as camadas, o que torna o mineral não-
expansivo nas condições de solo. A representação esquemática da estrutura da
caulinita é apresentada na figura 6, evidenciando o mineral ao longo dos tres eixos
cristalográficos. Detalhes do empilhamento das camadas são apresentados no item
Ordem e desordem estrutural.
A denominação haloisita provém da homenagem a D'I-lalloy, pesquisador que a
identificou pela primeira vez em uma mina em Liége, na Bélgica. O mineral tem coloração
branca, branco-amarelada, avermelhada, esverdeada ou amarronzada, dependendo da
origem e de contaminantes.
A haloisita ocorre em duas modificações polimórficas: a haloisita 0,7 nm, haloisita
anidra ou metahaloisita, com composição igual a da caulinita (Al 2Sip5(OH)~) e a
haloisita 1 nm, com duas moléculas de água adicionais por unidade de fórmula
(Al 2Si 2O 5(OH) ~.2H2O), dispostas na região da lacuna de van der Walls (região
intercamada). De maneira análoga à caulinita, o crescimento basal da haloisita ocorre
por ligações de H. Além das duas formulações, existe a possibilidade de se hidratar a
caulinita, porém a composição é diferente da haloisita, de tal forma que não se deve
confundir a caulinita hidratada, que só pode ser preparada em laboratório após alguns
procedimentos químicos, com a haloisita natural. O processo de desidratação da
haloisila promove a remoção das moléculas de água intercamadas em uma temperatura
relativamente baixa (menos de 100 ºC). Com isso, a haloisita desidratada passa a ter
composição química idêntica à da caulinita. Por tensões estruturais, cl haloisita
apresenta-se na forma de tubos concêntricos mais ou menos ordenados (Figura 7), com
os planos de O da lâmina tetraédrica para fora dos tubos. Além da forma tubular, a
haloisita também pode ocorrer na forma de cilindros, ele esforas, de camadas ou de
partículas írregularcs.
(A)
(a) (b)
(B)
(b)
(a)
(q
(D)
figura 5. Formação dos minerais do grupo da cauliniln (espaçamento basnl 0,7 nm). (A)·
unidades básicas: (a) tetraedro de Si; (b) octaedro de AI. (B) - ligações para fonnaçüo ~as
lâminns: (a) lámina de tetraedros de Si (ligações pelos vértices dos tetraedros); (b) l.1m 111ª
de octaedros d e AI (ligações pela aresta dos octaedros). (C) - união d,is li'lminas de tetraedros
de Si e octaedros de AI para formação da camada ·1:'l. (D) - crescimento basal do mineral
por união das camadas 1:1 por ligações de hidrogênio.
Vista ao longo do
~ eixo
igaçõcs de H
~
✓ {j. - ~
1/J
Ao longo Jo ,bo b ~.
7,
Ao longo do ,ho r
Ao longo do rb:o o
- __ ._ --· -- X
(A)
!i'.lllo ot1dd1lco
vuto
" ~'
?.: ,.
~
~ -
(b)
C1Yld1dr
•lludnh:•
(B)
(e)
Figura 6. Estrutura da caulinita (filossilicato 1:1). (A) vista da estrutura ao longo dos eixos
cristalográficos: vista ao longo do eixo e - estrutura projetada no plano X-Y (identificação
dos parâmetros da cela unitária: medidas a e b e y = 90 º); vista ao longo do eixo a •
estrutura projetada no pi.mo Y-Z (identificação dos parâmetros da cela unitária: medidas
1, e r e á > 90 " resultantes de distorções na união das lâminas tetraédrica e octaédrica. para
formação da camada 1 :1 - equivale a empurrar o eixo Z pilra a esquerda); vista ao longo do
eixo 1, - estrutura projetada no plano X-Z (identifici1ção dos parâmetros da cela unitária:
medidas a e e e ~ > 90 ° resulta.ntes de distorções no empilhamento das camadas l :l
adjac€.'ntes (deslocamento na região das ligações de hidrogênio) - equivale a empurrar 0
eixo z par.1 trás). (B) representação da estrutura. com remoção das ligações Jc hidrog~n io
para facilira.r a visualiz.ição [vista lateral (a.), vista superior (b) e vista inforior (c)!.
Fonll': mo dific,1d .1 d~ Wypych (2004).
(A)
(C)
..1-1,0
- c,o
- -ISi
, ' •I0+20M
t ,1,\1
60H
0,27 nm 0,862 nm
1
1 -0,893nm- 60
..1... / / / / / / / / ,/ ,////
Figura 8. Comparação entre a e~~rulura esq~emálica da caulinit.l (A) e d,, h,i loisit,i tubu(;ir
1 nm (13). Observar que o diamelro mlmmo d.l parte "oc.l" do tubo d.l h<llo i ·it., ,, :!5 run,
conforme cálculos de Bates el a i. ( 1951l).
Substituição Ison1órfica
Para valores de pH do solo acima de 2,8 (Reação 1), verifica-se predomínio da forma
hidrolisada Fe(OH)2 ' , a qual tende a se polimerizar e formar precipitados de baixa
solubilidade, restringindo, sobremaneira, a substituição isomórfica nos minerais do
grupo da caulinita.
Como resultado da substituição, observa-se aumento na relação molar Si02/ Al::?.O~
do mineral. Melo et ai. (2002b) avaliaram as propriedades químicas e cristalográficas da
caulinita em um pacote de sedimentos do Grupo B.ureiras (11 profundidades de
amosh·agem, variando de 0,7 a 14 m), no Espírito Santo, e observarnm estreita correlação
entre os teores de Fep3 e a relação molarSiOi Al20 1 (r = 0,95***). A substituição isomórfica,
em razão do maior raio iónico do Fe3 • em relação ao Al3., promove aumento na distância
inlerplanar, mais facilmente identificado no domínio (060) por difração de raios-X. Nos
níveis mais altos de substituição, verifica-se deslocamento da reflexão (060) em direção
aos menores ângulos 20. De acordo com a lei de Bragg (d = n À/2sen0), os valores das
distâncias i.nlerplanares são inversamente proporcionais aos ângulos difratados.
Nas anâHses químicas dos minerais do grupo da caulinita, também é comum a
presença de Ti, em teores muito inferiores aos relatados para o Fe. Existem três
possibilidades para a associação do Ti aos minerais 1:1: i) substituição isomórfic.1
(Dokater et ai., 1970; Jepson & Rowse, 1975); ii) adsorção às cnrgas negativas su perfkiais
(Weaver, 1976); iii) recobrimento dos minerais por partrcul.1s de anatâsio (TiO~)
(Nagelschimidt et al., 1949). Melo et ai. (2001b) observaram associação entre a liberação
de Ti com a dissolução da caulinita por soluções básicas concentradas e a ocorrência
de anatásio na fração argila dos solos. Os teores de Ti, nesse estudo, variaram d e 1,5 a
8 g kg·1 e de anatásio de 2,1 a 47 g kg· 1•
É difícil separar as fases minerais de amostras de solo por meio de dissoluções
químicas, dada a grande diversidade de minerais na fração argila, para se obter, com
exatidão, a composição química da caulinita. Normalmente, a extração de caulinita é
feita na fração argila tratada com ditionito-citrato-bicarbonato de sódio (DCB) (Mehra &
Jackson, 1960), empregando-se solução de NaOH 5 mal 1·1 fervente (Norrish & Taylor,
1961). Partículas de goethita podem resistir ao tratamento com DCB e contaminar a
extração de caulinita, superestimando os teores de Fe associados à substituição isomórfica
no mineral. A associação mais forte entre os óxidos de Fe deve ocorrer principalmente em
minerais do grupo da caulinita com baixa cristalinidade. Outra possibilidade é o ataque
parcial de partículas de biotita da fração argila pela solução de NaOH, liberando Feda
lâmina octaédrica do mineral.
IA= [A-B]/[A+B]
ro
.§
........ ><
,fd
ro
6
2. ro
1-<
"d
(l)
ro .a
~
--
"d
( /)
i:::
AB
....
(l)
.5
11 12 13 14
('20
Figura 9. Representação esquemática dos procedimentos parn c.ilcular O índice de ,1ssimctr~n
(IA) da reflexão (001) dn c.i ulinitn (rndi.ição CuK.,). As mi:-didc1s A e 13 são tomild,1s à nll.!lil
,1ltura, dividindo o pico ilO meio, a partir do cume.
1951; Brindley & Nakashira, 1958). Brindley & Robinson (1947) determ_i~a~am to~os os
índices das reflexões por DRX da caulinita e demonstraram que a cela umtana do mineral
é triclínica (Figma 10b), com valores de a= 0,515 nm; b = 0,89 nm; e= 0,739 nm; CJ. = 91,8°;
P= 103,5 º; y = 90 º. O desvio dos ângulos a. e p (diferentes de 90 ° caracteríz,mdo o
sistema triclínico - veja capítulo II) foi proposto por Brindley & Nakashira (1957), pois a
estrutura da caulinita implica distorção no empilhamento das lâminas tetraédricas e
octaédricas, necessária para tornar possíveis as uniões O-OH (ligações de H).
X X
(a) (b)
Figura 10. Representação espacial dos sistemas cristalinos ortorrõmbico (a) e triclínico (b)
com os parâmetros da cela unitária.
-t---il--+
ºº
®Si
...--a---+
(a)
(b)
Figura 11. Rede de tetraedros de Si projetados sobre o plano (001 ): (a) disposição hexagonal
ideal e (b) distribuição ditrigonal obtida pela rotação dos tetraedros em 20 º cada um.
Observar o encurtamento da distância b da cela unitária com a distribuição ditrigonal.
Fonte: Adaptada de McCauley & Newnham (1971) .
fi~ur,1 t:?. 'l".1ni,,nlHN 1'\'l,111\'11:, d 11: 1111:ih;l\1•:1111•1,11 d1'11·,1:1\'11:l,1:1 1• 1w111 1111l,1•1p111• :\l 1• 1'lh'III l,111w111,1
d ,1:: .1 1'\':,t,1s e,,1111'.1rt llh,1d11: 1u1 li'lmln,1 dhwt,11, ,lt·k,1 d ,1 n,11·1'11,1,
F11111t•: J\di1J'l,1d,1 d,• 11,1\li•r ( fllc,r,) ,
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Figura 14. Projeção normal sobre o plano (110) de uma camada 1:1. Das três posições octaédricas
p ossíveis, assinaladas com as letras A, B e C, somente duas estão ocupadas com Al. Na
caulinita, a segunda camada foi posicionada em -1/3: considerando a escala do desenho,
o oxigênio da segunda camada (bola maior hachurada em cima na linha vertical esquerda)
está deslocado em 1/3 da distancia n em relação ao oxigênio da primeira camada (bola
menor pontilhada ao centro da mesma linha) .
Fonte: Adaptada de Bailey (1963).
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Figura 15. Padrões de DRX (radiação CuKa) de espécies puras de minerais do grupo da caulinHa:
(A) caulinita com alto grau de cristalinidade, com reflexões basais intensas; (8) caulinita
e m camadas com empilhamento desordenado no eixo b; (C) sequência de camadas
parcialmente desordenadas nos eixos n e b; (D) seqüência de camadas altamente
desordenadas, com baixa intensidade das reflexões basais (halois it,1 desidratada na forma
tubul.u).
Fontl!: Adaptada Jc Brindle)' cl ai. (1963) .
Nas figuras 15B e 15C, são mostrados os difratogramas dl! amostras de caulinitas de
menor cristalinidade, ocorrendo a segunda distorção na direção b (± 1/3b) no miner,1l (C),
mas com forma laminar ("fire-day"), o que o diforencia da haloisita (Figura 150). Ent,io, todu
grau de ordem/ d!!sordem pode existir entre os limites apresentados na f-igurn 15. O tipo lB),
por ser mais cristalino que o tipo (C) e por apresentar forma laminar, é fadlmente orientado no
plano basal e as reflexões (001) e (002) são mais intensas que o máximo da banda difusa 02,11.
O padrão de DRX da caulinita bem cristalina mostra três linhas de reflexões basais
(020), ( 1i O) e (111), entre 20 e 23 º29, muito agudas e bem evidentes (Figura 15A). As
diferenças nas desordens estruturnis entre amostras, eslímadas nessa faixa de varredura,
foram confirmadas por Tari et ai. (1999), por meio do cálculo do fnd ice de Cristalinidade
de Hinckley (lCH) (Hinckley, 1963), que obtiveram valores de 1,01 e 0,58 para amostras
de caulinita de alta e baixa cristalinidade, respectivamente. Já para a haloisita desidratada,
o valor do ICH estimado foi 0,25. Adicionalmente, houve decréscimo na relação molar
Si/ AI da haloisita em relação à caulinitü (caulinita mais cristalina = 1,01; caulinita
menos cristalina= 0,97; haloisita = 0,68). A amostra de caulinita bem cristalina também
mostra reflexões basais bem distintas com índices (021) e (1í1) e dois tripletes (regiões
levantadas da linha de base com a presença clara de três reflexões próximas) entre 35 e
40 º28 (Figura 15A). No caso de caulinita (B) (Figura 15B), ambos os tripletes ainda existem,
mas são menos evidentes, tomando-se dois dubletes para a caulinita de pior cristalinidade
(Figura 15C) e, finalmente, desaparecendo na haloisita (Figura 15D).
Conclui-se que, mesmo diferindo pouco da fórmula ideal, a caulinita e haloisita
apresentam estruturas altamente complexas (sistemas triclínicos e monoclínicas), com
diferentes graus de ordem/ desordem estrutural, de acordo com as características de
formação e ordenamento das lâminas e camadas dos minerais:
A) eventos na formação das lâminas individuais: i) lâmina octaédrica: surgimento
de posições octaédricas vagas, que deveriam ser ocupadas por AI em um«
configuração ideal (a cada três posições, apenas uma encontra-se vazia);
substituição isomórfica de AJ3• por Fe3•; encurtamento do tamanho da làmina na
direção e, pela repulsão entre átomos de AJ3• vizinhos (corrugamento da lâmina);
ii) lâmina tetraédrica: rotação dos tetraedros de Si, formação da cavidade ditrigonal
e redução do tamanho da lâmina n« direção b.
B) eventos no empilhamento das lâminas p«ra formação das camadas: empilhamento
desordenado na direção b [padrão (diferença de tamanho das lâminas tetraédricas
e octaédricas) e deslocamento adicional em ±1/3b]; empilhamento desordenado
na direção a resultante da repulsão dos átomos de Si•1• e Al3• , evitando a
sobreposição nas camadas adjacentes.
C) interestra tificação com camadas de minerais 2:1.
Outro fator que pode interferir na cristalinidade dos minerais do grupo da caulinita
é o tratamento físico das amostras em laboratório, normalmente utilizado em sua
preparação. A caulinita padrão de baixa cristalinidade da Geórgia (padrão KGa-2) foi
estudada em condições naturais e após intensa moagem da amostra (González Jesús et
ai., ~000). A caulinita •~aturai consistiu de cristais pseudo-hexagonais, com tamanho
m?d10 deº? a 0,4 ~~ (Figura 16a), ~om cerca de 0,01 µm de espessura. As observ«ções eni
macroscopia eletromca de transmissão indicaram que a caulinita moída apresentava
formas mais arredondadas, com menor tamanho médio(< 0,1~tm) (Figura 16b). O padrão
de DRX dessa amostra revelou notável redução da ordem estrutural em relação à amostra
original (Figura 17), indicada pelo decréscimo na intensidade e aumento da largura à
meia altura das reflexões e aumento m1 altura da linha de base na faixa de 20 a 35 "20. O
processo de moagem da amostra causou delaminação das partículas e redução no número
médio de camadas para difração. Frost el ai. (2004) observaram que a moagem promoveu
efeitos apenas na caulinita de melhor cristalinidade, como a redução da intens idade das
reflexões e aumento da largura a meia altura da reflexão basal (001 ).
(b)Caullnlta mofda
10 16 20 25 30
~8
Figura 17. Padrão de DRX (radiação CuKu) obtido de a_mostras não orientadas de C,lU!inita
natural (a) e após intensa moagem (b). Ant - anatás10.
Fonte: C1,nzál!!.! jl!sús ct ai. (2000).
Mesmo tra tamentos conside rados de bai xa interfer ência na a mostra, as a lterações
na estrutura do mine ral podem comprometer todo o res tante do trabalho de preparação
e aplicação de técnicas sofis ticadas no estudo d os minerais do grupo da caulinita. Franco
et ai. (2004) observaram redução no tamanho das partículas d e uma ca ulinita de alta
cristalinidade (padrão Geórgia KGa-1) por feito d e disper são ultra-so nica . Como
conseqü ência, a área s uperfici al es pecífica aume nto u drasticamente após 20 h de intensa
2 1
exposição às v ibrações u ltra-sôniczis (de 8,5 m 2 g· 1, na amos tra orig inal, para 83 m g· ).
Alé m da redução do comprimento (dimensão b) e da la rg ura d a p,1rtícu la (di mensão a), o
tratam e nto causou uma delamirn1ção do minera l (d ime nsão e), pnssondo a espessura
m édia de 42,4 nm para 27 nm após o mesmo tempo de exposição. E s;is cnnd ições também
reduziram drasticamente a c ristalinidade d a ca ulinita, em que ICH passou de 1,19
para 0,21 . Esta redução no ICH foi devida ao aumento nos defeitos de e mpilha mento das
lâ minas d o mineral, principalmente na direção b (+b/ 3 e -li/3) .
Os métodos d e DRX e espectroscópicos e mpregados no es tu d o da desordem da
caulini ta mostram apenas uma aproximação da estrutura r ea l. Os índ ices m a is usados
p ara estimar a cristalinidade da caulinita são baseados em mud a nças d e dois grupos de
reflexões por DRX: i) a seqüência 021 e l 11 (20-23 º20) e; ii) a seqüência 131 e 201 (35-40
º20). Ambas as seqüências de difração (radiação CuKa) são sensíveis a defeitos ca usados
pelas distorções no empilhamento do mineral; contudo, a primeira é mais afe tada pelo
defeito específico de empilhamento 1/3b (Aparício & Galán, 1999). Já a faixa de 35-40 º20
reflete mais os deslocamentos (defeitos) aleatórios durante a união das lâminas adjacentes.
Os índices de cristalinidade devem ser estimados a partir de difratogramas de raios-
X d e amostras não orientadas (amostra em pó), para evitar a orientação preferencial da
caulinita. A seguir, são apresentados os procedimentos para o cálculo dos índices de
Hinckley (ICH) e o índice de Hughes & Brown (ICHB):
1) O ICH (Hinckley, 1963) é um dos índices mais usados, mas ap resenta sérias
restrições para amostras de caulinita com alta desordem estrutural, como aquelas
normalmente encontradas em solos desenvolvidos em cond ições tropicais úmidas. A
caulini ta dos solos da Brasil, normalmente, não apresenta reflexões características nos
domí nios 021 e 111, dificultando o cálculo do índice . Como ilustrado na figura JSa, o
JCH é calcu lado pela relação das alturas das reflexões I i Oe 11 í, considerando a linha
de base suspensa definida na fai xa de 20 a 23 º29, sobre a altura total da reflexão HO,
tomando como base a verdadeira linha de base do difratogra ma. Valores normais para o
ICH variam de< 0,5 (caulinita desordenada) a 1,5 (caulinita ordenada).
2) Hughes & Brown (1979) (Figura 18b). A maior dificuldade na utilização desse
índice é a interferência de outros minerais em amostras de argila d e solos, decorre nte da
sobreposição das reflexões nos difratogramas. O exemplo mais típko des ta interfer~ncia
é quando se tem alto teor de gibbsita na fração argila. A presença da re flexão (l 10) da
gibbsita e m 20,3 º20 dificulta a med ição do parâmetro hl da fórmula (Pigurn 18b). O utro
inconveniente é que a estimativa des te índice deve ser rea lizada apenas em arnCls trns
s ubmetidas à remoção de Fe (tratadas com diti onito-citrato-bicarbona to d e sódio) paro
evitar sobreposição das refl exões da hematita e goethitn na região Clt' ~5-40 •'28, 0 qm:
limitari a a medição d a dimensão h2. A alte rnativa de remoção prév ia da gibbsit,1 n,n1
so lu ções m e nos concentradas de NaOH ferven te nno é eficie nte, um,,
vez que ~:,;s,1s
soluções também dissolvem a caulinita de pior cristalinidade (Melo et ai., 2002il). Para
calcuJar o ICHB, utiliza-se a relação da altura da reflexão (020) (valor h1.) e a diferença
entre a linha de base suspensa formada pelos tripletes na região de 35 i1 40 º20 e a linha c.Jc
base real do difratogram.i (h2) (Figura 18b).
110 111
020
ICH = B+C/A
B
A
e
(a)
19 20 21 22 23
hl
15 20 25 30 35 40 45 50
Eigu.ra 18. Métodos para determinação de ln<lices de cristalinidade da caulinita por DRX
(radiação CuKo): (a) Método de Hinckley (1963) - ICH; (b) Método de 1-Iughes & Brown
(1979)-lCHB.
Melo et ai. (2001 b) encontraram valor médio de ICHB de 12,6 para caulinita de solos
formados de diferentes materiais de origem e de vários estados do Brasil, valor
significativamente maior que os valores encontrados para solos altamente intemperizados
de outros locais. Por exemplo, valores médios de 5,8 e 5,4 foram reportados para caulinitas
de solos do leste e do oeste da Austrália, respectivamente (Koppi & Skjemstad, 1981;
Singh & Gilkes, 1992). Por contraste, altos valores de ICHB (38 a 83) fornm tipic:1mcnte
obscr\'ados para caulinitas-padrão, incluindo a caulinita da Geórgia (KGn-1). Melo et «I.
em que DMC(hkl) = DMC na direção perpendicular ao plano hkl (em nn-i); K = 0,9 (constanll');
Ã.=comprimenlodeonda da racliaçrio utili za dn (parn radiação CuKu À= o,·tsL105 n1n);
O= ângulo de Bragg da refl exiio; 57,3 = fotor que transforma O valai· de pde graus pílfª
radianos;~= largura a meia-altur.1 corrigida da reflexão (em º20). A correção das distorções
instrumentais normalmente é feita pela adição de um padrão interno ii amos tra (Melo et
ai., 2001 a).
Algu mas importill1tes propriedades da caulinita de solos do Brasil, com diferentes
estádios de intemperismo e originados de d iversos ma teriais de origem, encon tram-se nos
quadros 2, 3 e 4. De maneira geral, a caulinita dos solos mais jovens apresenta menor espessura
[menor DMC(001)l devido ao menor empilhamento de camadas (menor número médio d e
camadas) (Quadro 2). Independentemente das condições pedobioclimáLicas, as caulinitas
apresentam reduzido crescimento na d ireção basal. Os maiores valores de DMC (001) para os
solos originados de sedimentos do Grupo Barreiras são atribuídos <10 alto grau de intemperismo
eii relativa pureza dos solos em caulinita, permitindo maior crescimento das partículas. Nesses
solos, cerca de 800 g kg· 1 da fração argila é constitu ída por caulini ta (Quadro 2).
Quadro 2. Solos, loc.i lização, ma terial de o rigem e características da caulinita lfa fraç.iu arg ila
de solos do Brasil
Am05tra Class c 11 l Horiz. Localiz.iç3o Mal. de Caulinita DMC Nl'.-IC12 ' TD" 1 ASEt:;1
Origem (001)
g kg•I nm ·e m: !;"I
PAI B Aracruz - ES G rupo Barreiras 85-1 22.0 30,6 515 -1-1,1
2 PAI e A r acruz - ES Grupo B.irreiras 89-l 23.2 32,2 517 38.S
3 PA2 B A r acruz - ES Grupo Barreiras 853 23,7 33,1 513 42,7
4 PA2 e A racruz - ES G r upo Barrcir,1s 870 26,1 36,3 516 35.3
5 PA3 B Ar,icr uz • ES G rupo Barreiras 872 .,,
~:,
- 31,3 517 -10,9
6 P/\3 e Aracruz - ES G rupo Barreiras 899 22.8 31,7 516 38,3
7 L\1 B Aracruz - ES Grupo Barreiras 872 21,8 30,4 516 .14,5
8 L/\2 B A racruz - ES G rupo Barreiras 885 19,5 27.-1 516 -16,0
9 LA B Boa Vis ta - RR G r upo Barreiras 9.t4 21,3 29,5 518 37,7
10 LU B Viçosa • MG Gnaissc 623 21.-1 29,3 514 -11,7
li LE B ltuiu lab,1 • MG Arenito Bauru 583 15,2 21,0 507 52.9
12 PE B Buli.i · RS A renito/Siltito 734 9,0 12,-1 500 80,6
13 LR B Capinopolis - MG Basalto 574 1-1,8 20,5 509 51,9
1-l LR D Bi>a Vt~la • RR 8i1sallo 730 151 21.2 514 52.6
15 PV B 1\ r a,ruz - ES G ranito 6bl 8,9 12.3 500 7-1,9
16 PV e Aracruz - ES Gr.milo -107 8,2 11,J -1S9 -19,0
17 e li Uuti.i - R5 Granito 861 16.8 23,-1 509 57,5
l e e But1c1 • RS Granito S72 15.3 21,3 509 5-1.S
19 e B S.1o Geraldo • MG Gn:ii?,SC 668 H.b 20,2 515 -11.9
2ü e e São GeralJt> - MC Gnai-~i: 6.30 1-l,O 19,3 505 39,9
(11 PA . Podzóli,·o Amar,..lo, L\ - 1...J10 .,._~olo ArnJrl.'lu, LU - L_it_os•olo Una, LE • L1los:.olo v~rmdho-Escurn. PE _
J>o Jn, llc-o Vt:rmdht>·t<C'Ull', LR • LJto»olo Row, PV • PoJ.rnlico Vcrmdho-Amarcfo, C - C:imbi.s.solo; (2) NMC.
numero m t dio J,• ,.im.id;>~ e D~1C(00 I )/ Jf.00 1). 13J TO· t~mp<:ratura de dcs i~ro-.lLiçó,1 Ja cJulinlta. cs limad.1 p or
~ná ll, c- têrnik 11; (4) ASE= .ira supcrún.il ,·s-p c-cífic.1 da fr.içl o arb1la dl"SÍvrní1.:;-1d:i (m~todu N2 . OETl.
ront.-: Mdc, ,•1,11 {~0\11 b)
0
Quadro 3. Dimensões das par l!culas de caulinita da fração argila do horizonte B de 5• 'JS do
13rasil('l
nm
5 PA3 167 23 80 128 23 58 1,37 3,54 2,57
9 LA 333 55 153 283 50 114 1,34 7,19 5,38
10 LU 300 33 117 233 33 82 1,43 5,49 3,84
11 LE 200 34 84 163 25 62 1,37 5,56 4,07
12 PE 175 15 57 113 15 40 1,43 6,30 4,40
13 LR 544 24 114 261 24 79 1,44 7,69 5,33
14 LR 217 40 93 175 30 68 1,37 6,14 4,49
e/,= dimensões nas direções de maior e menor tamanho, respectivnmente. Valores de a e b máximos, mínimos
111 n
Quadro 4 . Distribuição das formas das partículas de caulinita da fração arg ila de s olos do
Brasil
5 PA3 34,3 20,0 2,9 0,0 57,2 8,6 10,0 12,9 7,1 1,4 2,9 20,0
9 LV 50,0 4,0 6,0 2,0 62,0 4,0 6,0 10,0 6,0 10,0 2,0 22,0
10 LU 43,7 5,8 2,3 8,1 59,S 5,8 4,6 4,6 11,5 8,1 5,8 24,9
11 LE 28,7 11,5 5,8 0,0 46,0 4,6 3,5 8,1 11,5 16,1 10,3 37,4
12 PE 22,8 11,4 6,3 0,0 40,5 2,5 7,6 12,7 7,6 16,5 12,7 40,7
13 LR 37,6 9,7 1,1 16,1 64,5 10,8 3,2 8,6 2,2 9,7 1,1 17,8
14 LR 28,7 8,5 1,1 4,3 42,6 4,3 7,5 7,5 9,6 11,7 17,0 40,1
ll)AI, C, SC e FI = alongada, circular, semicircular e forma indefinida. Total = percentagem total das partículas
sem í.aces euh~dricas; Cl>partlculas com 1, 2, 3, 4, 5 e 6 faces euhédricas. FE = percentagem de faces euhédricas 11•1
amosi-ra.
fonte: Melo cl ai. (2001 b).
A técnica mais usada para definir as dimensões a (maior e ixo) e b (menor eixo) e as
formas da caulinita é a microscopia e letrônica de transmissão (MET). A medição direta
das part ículas de determinada amostra, após a correção da ampliação da foto, permiteª
obtenção de valores médios de largura e comprimento das partículas. De acordo coJT\ 0
estudo de Melo et ai. (2001 b), o tamanho da partícu ln n.1 direção a é 34 a 44 % maior qur
na direção beos valores elevados para ilS relaçõesn/DMC e IJ/OMC (Quadro 3) comprcwain
impurezas das amostras podem interferir sig ni ficativame nte na delerminnç5o dn /\SE
da ca ulinita da fração argi la dos solos. Mesmo trabalhnndo co m argila nas qunis os
ó xidos de Fe foram eliminad os (extração com DC l3), pequem1 q uantidad e de es meclita irá
aumentar dras tica mente o vn lo r da ASE da amos tra.
110 111 2 g· 1 para gra nde diversidade de haloisitas. O valor da ASE para a h a lo isita,
determinada por diferentes métodos, normalmente é menor que 50 m2 g·' . Os maiores
valores m éd ios de ASE pa ra a haloista em relação à caulinita são justificndos pela menor
cri s ta linid ade do primeiro mineral.
Diferente m ente da ca ulinita, a haloi s ita normalme nte apresenta a fo rmn d e tubos,
com a n é is c on cê ntri cos (Fig ura 7) . Mes mo pe rte nce nd o també m à cl asse dos
fil ossilica tos, a h a loisila é fo rmada pelo enrolamento de s uns camadns "l :l , decorrente
da fal ia d e a juste düs dimensões da s lâminns de te trae dros e octaedros, da gra nde
SI
Fe
SI
AI
SI
[fü]
FS:5" tU20
kaY
A constante de equilíbrio (K) para a reação 5 é: K = (H') 6/ (AI3 •)2 (H~SiO~) 2, em que os
parênteses representam a atividade dos elementos e compostos (considerando que a
atividade da caulinita em água seja igual a 1). Tomando o antil.ogaritmo das atividades:
(6)
3
A reação 7 é uma equação de um reta de pH -1/3pA1 • (ord~nada) versu. pH:,Si04
(abscissa), com declividade de 1/3 e intercepto de 1 / 6pK (valor estt":'ado em 1,03) (í-tgura
22). Todas as composições das soluções na linha e acima são consideradas satura~as e
supersaturadas, respectivamente, em relação à caulinita. Soluções com composições
abaixo da linha são subsaturadas.
t
Gibbsita
■ □------
..,< 2
o
__-;--ª
t
---
-
o. Caulinita
c'f')
,.....
1
:eo.
l'--------"'-"""----+-----------
2 3 4
pH,SiO1
Figura 22. Composição de soluções de equilíbrio com montmorilonita de regiões dos Estados
Unidos (amostras representadas por símbolos geométricos), após três a quatro anos de
reação. Os símbolos cheios indicam condições que determinam a formação da caulinita e
os símbolos abertos representam que o mineral não foi formado em virtude das condições
desfavoráveis dos tratamentos. A linha horizontal no topo representa a condição mínim,,
(saturada) para formação de gibbsila.
Fonte: Adaptada de Killrick (1970).
o declividade da rela igual a 1 /3. Nn íigura 22, essas condições são representadas pela
faixa onde a linha da caulinita é con tínua (direi to ela área som breélda ela sílica amorfa ).
As seguiJ1tes variações foram observadas nos tratame ntos ilO final do tempo d e reaçiio
no trabalho de Kittrick (1970); pH de 2,6 a 3,47; pH.1SiO., de 2,38 a 3,53; pAl' ·m (em qu e
m representa a concentração, mol L·1, devida às espécies hidrolisadns ) d e 2,15 a 4,09.
Presumivelmente, quanto maior o grau de supersuturação (condições acima da reta),
mais rápida a taxa de formação da caulinita. Contudo, a solução s upersa turnda e m
relação à caulinita, provavelmente, também é supcrsaturada ern relação a outros rninern is.
O risco de precipitação de outros minerais poderia ser minimiwdo pela utilização d e
soluções apenas ligeiramente supersaturndas (condições acima, mas próximas à rela e
concentração d e sílicü inferior à solubilidade ela s ílirn nmorfo). Um exe mplo é a
possibilidade de formação de gibbsita em soluções com excessiva concentração d e AI
(alta supers<1turação em relação à caulinilil - Figura 22). Todos as soluções do traba lho
de Kittrick (1970) apresentarnm características de subsnturação em rel<1 ção ã gibbs.i t-a
(valores de pH -1/3pAl 3 ' bem inferiores a 2,64 - valor correspondente ao inte rcepto da
linha horizontal da gibbsitn, na pnrte superior do gráfico), desfavorecendo a formação
do mineral. Outra situação possível de se verifica r nn figura 22 é a região de subsaturação
em relação à caulinita (área abaixo da reta da caulinita), onde a relação sílicn/,dumino
seria maior, o que favoreceria, por exemplo, a formação de minerais 2:1 (grupo d as
esmectitas).
A solubilidade da haloisita é maior do que a dn caulinita, o que, aparentemente,
toma a sua formação em condições d e laboratório mais facilitada. A re ta que descreve a
formação da haloisita é paralela àquela descrita para a caulinita (Reação 7), mas com um
valor de intercepto maior (1/6pK estimado em 1,7) (Kíttrick, 1969). Para um mesmo valor
de pH-1/3pAl3• (ordenada) (Figura 22), a solução de formação ficaria saturada em relação
à ,haloisita (condição inicial para formação) para uma concentração superior de Si (menor
valor de pH.SiO~ - abscissa) em relnção à formação da caulinita. As condições de formação
da haloisita são comparadas àquelas de formação da caulinita de alta d esordem es trutural
("fire clay").
Alguns pesquisadores têm produzido caulinita em temperatura ambiente na
presença de compostos orgânicos. Quando há precipitação em soluções , ocorre,
provavelmente, a formação de núcleos de cristal na superfície de outros sólidos pre-
existentes, pois as superfícies minerais e orgânicas podem catalisar a etapa de
nucleação da cristnliz.ição. Essas superfícies reduzem a barreira de energia de
nucleação (veja detalhe s no capítulo V). Segundo Hem & Lind (1974) a adição de
quercetina, uma flavona orgânica (C 15 H 100 7), em solução aquosa com sílica e AI e pH
final ajustado de 6,5 a 8,5, produziu um precipilndo de aluminossilicato 1:1, o qual,
após 6 a 16 meses de reação em solução a 25 "C, continha mais d e 5 % d e partículas de
caulinita bem cristalizadas (forma hexagonal). Solução s i mila r sem o material
orgânico produziu apenas precipitado amorfo com a mesma composição. Os autores
justificaram que a quercelina foi usada no experimento pela semelhança estrutural
com 0 5 ácidos fúlvicos , normalmente enconlrados em solos t> cm água e po r se r
llUimicamente estável e formar complexos com vários metais. A princip.:ll função d esll!
compos to orgânico é prevenir a formaç5o de gibbsita, .1umentdmio a produçno d e
250'C, '8.h
200'C, 722h
M11a11l lnic11l
110 50 •o 30 20 10
"28
Figura 23. Padrões d e DRX (radiação CuKa) de um gel e um grupo selccion.ido de amostras
de caulinita. Notar o aumento da intensidade das reflexões basais e resolução d.is
bandas hkO (estimativa da cristalinidade) devido à maior formação de caulinitn. A
relação Si/ AI em todos os tratamentos com variações de temperatura e tempo de
reação foi de 1,26.
Fonte: Huerlas el ai. (1999).
(Figura 24). A quantidade de caulinita formada para os géis com a relação Si/ AI igual
a 0,99; 0,84 e 0,76 foi similar. Esse comportamento foi inesperado, uma vez que maior
quantidade d o mineral deveria ser formada a partir de material com relação Si/ AI
de 0,99 (relação próxima à composição da caulinita) . A partir dos resultados de
cinética, Huertas et al. (1999) relataram que a formação da caulinita se dá em duas
fases: i) formação de caulinita metaestável com morfologia esférica a partir da reação
do gel; ii) reações de transformação deste intermediário em ca ulinitas hexagonais, com
maior cristalinidade. A taxa do primeiro estádio foi aproximadamente o dobro mais
rápido qu e o segundo. O desaparecimento das partículas esféricas de caulinita,
íormadas na primeira fase, pode ser devido a dois processos (não excludentes): i) as
esferas foram dissolvidas para a formação dns partículas laminares hexagonais; ii) as
esferas perderam os domínios. Neste último caso, pode ser sugerido que o crescimento
dos cristais ocorre pela absorção de Si e AI nos domínios, os quais atuam como
"sementes" para a formação da estrutura da caulinita (formação de partículas
hexagonais).
A morfologia dos cristais de caulinita é bastante variável na síntese em ambientes
controlados. Fiore et aJ. (1995) formaram partículas de caulinita alongadas em baixa
temperatura(< 200 ''C), a partir de géis com a relação cm concentração Si/ AI próximo
de 1. Cristais na forma hexagonal foram fa vorecidos por altas t!!mperaturas (> 200 ~q
cm géis ricos em Si ou AI (relação mais distante de 1).
Si
DTA
1
1 •
l'M c ;ll S'X,
7---t-~~--+---:.. 1 TG
1 %!,
.-:-T-'-2-uc-, ,-c...,
0 1
1 ª 2,1 h
1 1
!
1
PM =- 17.5%
• 1 '
• 1
i :
'98(
figura 24 . C urva s represe ntativa s dn anális_e ter mod iferencial (ATO) e análise
tcrmogrnv imé lrica (TG) do gel com relação S1/ AI = 0,76 e alguns produtos obtidos da
reação a 200 ''C. No tar a evolução dos picos de desidroxilação: em período curto (24 h), um
p ico npn rece a 468 ''C; mnis tarde, este pico começa a desaparecer e ou tro começa a se
for ma r n uma te mpera tur,1 maior, 540 ºC. PM = perda de massa em virtude da re tirada de
6gun cs lrutur,11 pelo aquecimento da nmostra (TG).
f-onh•: Huert ,1s \!I ai. (1999).
/\ c,lUlinit n es fé rica foi s intetiza da pe la prime ira vez por Tomura e t a i. (l983), a
pa rtir de m a te rial oluminossi lico to amorfo cm experimento hidrote rmnl efe tuado ent re
150 e 250 "C sob pr0ssào control ada . Os nu tores utilizMam uma mistur<1 de s(lica coloidal
e fl lumina co m rcl.:içi'lo m o lar de 0,5. O te mpo de r enc;."10 vnriou d e 2 a 62 di.ls. As csfer:1s
(Figura 25), cujo difl me tro ~,n~·iou confor~nc as_ ~ondiçucs d e c resci m e nto (0,1 .i 0,6 ~tm),
fori111l formnd,1 s na supcrl fc1L' d o i1 lun11noss tl1 catu ,"lmo rfo c m todos os trata mentos
realiwdos entre 150 e 250 ºC. O máximo de formnçiio de cc1ulinita esférica (74 %) foi
verificc1do parn o lrnt·amento de 200 "C com tempo de reação de oito d ias. Parn temperatu ras
.:1cim.a de 250 "C, a caulinita esférica tornou-se instá vel, formando apenn s partículéls
hexagonais. Kawano & Tomita (1995) tc1mbém observc1rnm a formação de partículas
esferoidais como fase metaestável na formc1çào de cc1ulinita. Já na formação d e ha lois ila,
essas partículas esféricas não fornm observadas. Segundo os autores, a formílção d a
haloisila em ambiente controlado requer baixc1 temperatura (cerca de 150 ºC ou menos) e
altc1 atividade de Si.
lntcmperismo
(a) F~fslco Várias partículas de feldspato
- tamanho silte
(0,002- 0,05 mm) --------.
~
Recristalização
Si e AI na (neogênese)
lntemperismo Solução do
Partícula de Quúnico solo
Feldspato-
tamanho areia
(0,05-2mm) Caulinita-
tamanho argila
(b) (< 0,002 mm)
Figura 26. Esque ma das transformações físicas e químicas dos feldspatos (a) e micrografia
obtida em microscópio eletrônico de varredu ra de partículas de feldspatos com me nor (b)
e maior (c) grau d e intemperismo.
Fonte: Melo el a i. (2000) .
figura 27. Seção fina petrog ráfica, sob luz pol.irizada cruza da d (• saprolito intemperiz.ldo. Os
plagiocl ásios (ponto preto na po nta da sela) forum quase comp.le tame nte inte mperizados
em caulinita (grãos brancos pequenos). Os espaços porosos do nrnterial (faixr1s em prctti)
são vistos na direção horizontal. O campo hori zonta l de visão possui 1.2 mm .
Fonte: Tu rner l'l ai. (2003).
Figura 28. Detalhe do contato entre horizonte caulinítico e saprolito gibbsítico em um bloco
impregnado.
Fonte: Furian et ai. (2002).
horizontes (Figura 29). Alguns mecanismos têm sido propostos paraª transfo rmação de
mineral 2:1 em mineral 1:1: i) solubilização e remoção de lâminas de tetraedros de Si
(Kukovsky, 1969); ii) rearranjamentos estruturais associados com processos de dissolução
e precipitação de p r odutos dos intemperismo (Karathanasis & Hajek, 1983).
E 40
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.,
"O
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e:
-E
...o
~ 160
200
o 25 50 75 100
Teor do mineral, %
+-0
+-AI
+- Si
l
(a)
i
0,7nm
t
0,7nm
l
(b)
Figura 31. Seções finas de amostras indeformadas d e horizonte CB formado d e biotita xisto,
vistas sob luz polarizada: (a) intemperismo de partícula de biotita, com zonas
completamente caulinizadas (Ct - caulinita - material branco) lado a lado com zonas
relativamente intactas de bioti ta (Bi); (b) partículas de biotita intemperizadas, mostrando
bordas expandidas e esfoliadas ao longo dos planos de clivagem (001); (c) biotit,1
intemperizada envolvidos por uma matriz de argila vermelha; (d) partículas de biotita
intemperizada; (e) partículas de biotíta caulinizada; (f) nódulo rico em ferro, com argila
vermelha e pseudomorfos de biotita completamente caulinizados (Ct).
Fonte: Kretzschmar et ai. (1997).
1,0
0,72nm
(b)
(a) 1
2Bt3
MgF
16 12 8 16 12 8 4
0
·20 20
Figura 32. Difratogromas de raios•X (radiação CoKct) dl! amostras de argil,1 clt!sferrificadas de
dois horizontes de um Alfisol: ta) horizonte supt!rficial e (b) horizontt? s ubsuperficial. Mg
"' Mg-saturada; Mg-F = ivfg-saturada e solvatada com formamida.
fonte: Ta kahashi l!I ai. (2001 ).
Dependendo das condições ambientais, rochas ricas em mica e feld s p ato tarnbén,
podem formar haloisita em horizontes mais jovens. Na figura 33, ve rifica-se intensa
transformação de partículas de biotita em haloisila tubular. Nas faces basais da biotita,
verifica-se menor ocorrência de haloisita (Figuras 33f). O crescimento da haloisita
nessas posições pode requerer defeitos cristalográficos para formação de pontos de
nucleação. Adicionalmente, durante o intemperismo da biotita, o Si pode difundir-se
Figura 33. Micrografias obtidas em microscópio e let rõnico de varre clurn de bi o lit,i
intemperizada e formação de haloi si ta no saprolito de solo formado de biotiln xisto: (a)
partícula de biotita altamen te intempcrizada coberta com haloi s ila tubular. As sl'l•15
indicam n face basnl (001) do mineral, com poucn formação ele haloisita; (b) :impli.1<;.ill ~e:
(n), mos trando il cobertura densa de haloisi la na bo rda da biotita; (e) p,uticula cil' bioltl,l
menos in tc mpe~i~nda exibindo es foliação e bo rcl.1 s expand idus; (d) ampliaç,10 ck (d'.
mos trnnJo h a lo1s1ta tubular n.is bordas da biotitn; (e) ampliaç.io de (d), mos tr,1mhl tl:-
cri s lais de haluisila; (f) ampliaç,io Jc (a), mos trando a haloisi la nil f,1cc b,1s,1l s upl'.ritll' de:
partícula ex trcmamL•nlc intemperizada de biotit,1.
fonte: Krct:, ~chm,H l'I ,,1. ( 1997) .
dos planos d e clivagens (faces basais) das partículas e precipitar com o AI da solução
do solo para formílr haloisitG nas bordas do mineral. No perfil analisado por
Kretzschmar e t ai. (1997), a caulinilil foi o mineral predominante nos horizontes
superficiais até o h orizonte CD (Figura 31) enquanto il haloisita predominou no
saprolito (Figura 33). Ilrt1ga e t ai. (2002) também identificarnm minerais cauliníticos,
com diferentes hábitos de crescimento, em partículas esfoliadas de biotila em saproli to
de granito, sob condições de climn temperado. Os minerais com forma tubular que
cresceram perpendicular ao eixo cri stalográfico e foram identificados como haloisita
(Figurn 34). Em um s im ples cristill de biotita, os autores ide ntifi ca ram diferentes
microssitios de formaçi'io d e minerais sec und á rios, com a prese nçc1 ele áreas co m
vermiculila, caulinitc1, haloisila e gibbs iln. Entretanto, na maioria dos es tudos de
saprolitos de solos formados de rochas graníticas, a haloisita é formada principalmente
em associação com o intempe rismo d os fcldspatos (Calvert el ai., 1980; Buol & Weed,
1991, Melo et ai., 2001b).
0,5µ.m
01 SI
1
.,
AJ
SI
K
lea 11
F'e
1 Fe
2
N
Mg Kea TI F..• Fe
figura 34. (a) tubos duplos d~ mct.:iha~oisita - im;igem_ obti~a em micro~có pio eletrônico de
transmissão; (b) biotilu 111tempcnzadu no saprollto - 11nagem obtida em microscôpio
eletrônico de varreduru; (e) espectro qu ímico da biolita na posiçã o 1 e c.1 uli nita-
melahaloisita na posição 2.
fonte: flraga et ai. (2002).
Atributos Químicos
Mesmo apresentando baixa densidade de carga superficial (CTC de 30 a 150 mmolc kg·1 -
Grim, 1968) e baixo valor de área superficial específica (10 a 20 m 2 g·1), a caulinita, por
seus altos teores na fração argila, é um dos minerais mais importantes na definição do
comportamento químico dos solos de clima tropical úmido. A CTC da caulinita é devida
às cargas dependentes de pH que surgem das ligações quebradas ao longo das bordas do
mineral. Essas cargas aumentam não só com a redução do diâmetro e da cristalinidade
do mineral, mas também com a elevação do pH dos solos. Dada a adsorção de cátions em
valores muito baixos de pH, alguns autores admitem a existência de cargas negativas na
lâmina tetraédrica da caulinita em decorrência da substituição isomórfica de Si•1• por Al3•.
Considerando as Hgações de H entre as camadas adjacentes, o que limita a possibilidade
de a caulinita expandir e expor suas faces internas, essas possíveis cargas negativas
permanentes manifestar-se-iam apenas na superfície siloxana do mineral (Figura 35).
Contudo, é mais aceito que a eventual ocorrência de cargas negativas permanentes na
caulinita é devida apenas à interestratificação de camadas 2:1. A adsorção de cátions em
condições muito ácidas na caulinita também pode ser explicada pela facilidade das OH
ligadas a apenas um átomo de Si na lâmina tetraédrica de formarem cargas negativas.
A hidratação da superfície da caulinita pode levar à formação de espécies, como:
grupos AI-OH-AI na superfície da lâmina gibbsítica terminal (superfície gibbsítica),
grupos AJ-OH (grupos aluminol) nas bordas quebradas das lâminas octaédricas e grupos
Si-OH (grupo silanol) na borda quebrada da lâmina tetraédrica terminal (superfície
siloxana) e das lâminas tetraédricas internas (Figura 35). O grau de ionização dos grupos
hidratados de superfície (Sup-OH) depende do pH do meio e das reações ácido/base que
ocorrem na interface partícula/ solução:
Atributos Físicos
Os agregados são estruturas secundárias formadas por meio da combinação de
partículas minerais com substâncias orgànicas e inorgânicas, em decorrência das cargas
elétricas superficiais das partículas coloidais. A dinâmica complexa da floculação das
partículas sólidas e agregação do solo é resultado da interação de vários fatores, incluindo
ambientais, manejo do solo, influência da planta e propriedades do solo, como composição
mineral, textura, teor de carbono orgânicos (CO), processos pedogenéticos, atividade
biológica, teor de íons trocáveis e umidade. Os agregados ocorrem em várias formas e
tamanhos e são, freqüentemente, agrupados em macroagregados (> 250 µm) e
microagregados (< 250 µm). A formação processa-se em estádios, com diferentes
mecanismos de ligação dominando em cada etapa. Uma teoria hierárquica de agyegação
propõe que os microagregados se juntem para formar macroagregados e as ligações dentro
dos microagregados são mais fortes que as ligações entre microngregados (Edwards &
l3rernmer, 1967).
As interações entre caulinita e óxidos de Fe e AI são importantes pnrn a agregnção
e definiç.'io das características físicas dos solos altamente intemperizndos. Dimirkou et
:11. (1996) verificaram expressiva redução das cargas negativa s cln caulinita em
suspensão com solução contendo Fe pela precipitação de Fe (OH) 3 a p.H 3,0. O
rrecipitado, com predomínio d e cnrgas pos itivas, cobriu a superfície da caulinita. Desta
form.l, a interação entre caulinita e compostos amorfos e óxidos d e f e AI cristalinos é
sinergística e aumenta o potencia l de agregnção da caulinita. Ou tro fato r que contribui
para aumentar a capacidade de floculação da caulinita é a atraçã o ele tros tática entre
a s cargas positivas das bordas das lâminas octnédricas de uma partíc ula e as cargas
negativas da superfície si loxana de outro cristal; ambas as cargas co-ex is le m nos valores
de pH dos solos.
Como resultado da maior capacidade de floculação da caulinitn, sobretudo em
sistemas mistos com óxidos de Fe e AI, os solos cauliníticos são menos dependentes em
matéria orgânica para a formação inicial dos agregados (Denef et ai., 2002). Por outro
lado, esses agregados somente são estabilizados pelo sinergismo entre processos físicos
e biológicos, como o crescimento ativo das raízes, atividade biológica, envelhecimento e
ciclos de umedecimento e secagem (Six et al., 2004).
Denef & Six (2004) incubaram por 76 dias agregados de um Latossolo Vermelho
férrico, com diâmetro menor que 2 mm (peneiramento e homogeneização), nns
seguintes condições: i) controle: sem adição de resíduo orgânico ou crescimento de
planta; ii) adição de resíduo orgânico; iii) crescimento de plantas; iv) adição de resíduos
mais crescimento de plantas. Após 46 dias, novos agregados maiores que 2 mm fornm
formados no tratamento-controle, apenas por partículas de silte mais argila, sem
acúmulo de CO. Os solos cauliníticos tiveram crescimento rápido dos agregados,
independentemente dos processos biológicos, em virtude de interações físicas ou
eletrostáticas entre os minerais 1:1 e os óxidos de Fe e Al. Contudo, os macroagregados
formados nos solos cauliníticos, sem a adição de matéria orgânka (processos nbió ticos),
apresentaram-se menos estáveis que os agregados formados por processos bió ticos
(efeito cime n tante da matéria orgânica).
o tipo de argila também afeta, de forma indireta, a agregação, por influir na taxa de
decomposição da matéria orgânica do solo. A presença de montmorilonita resultn numn
rápida decomposição do CO com a produção de mais moléculas de ác ido fúlvico de
baixo p eso molecular, comparado com a caulinita, él qual resulta numa decomposição
lenta e com mais C residual e ácidos húmicos (D'Acqui et ai., 1998). Resultados contrários
foram obtid os por Wattel-Koe kkoek et ai. (2003), em que a deco m pos ição da matétü
urg5ni ca associada à cnu linita foi mais rápida (360 nnos) do que aq uela assodada n
esmec lita p .'JOO anos). A diferença nos res ultados pode es tar no m~todo utili zado:
e nquanto D'A cqu i ct a i. (1998) ava linram a intcrnção mineral-matéria orgànicn, ,\pós
mis tura e incubaçã o d estes componentes, por um período dl• apenas 30 dias, no estudL'
d e \,\lalll'l-l<oekkoe k et nl. (2003), foi possívd ,\ cs tim.1tiva a longo pr.lzo, pel.-i tl?cni(',1 do
11
rndioi só to po C.
Figur.1 36. (<1) Amostra de c.wlinil.i incubndn por 30 di.1s ,1 25 ''C com folhas moid.is de nogueir.1:
íormação dt> poros entre ,1~rcg.1cios discrt•tos de grupos orient.idos de cristais de caul inita
(p = poros); (b) íl lllOstras de ca ulinita incubad.1s nas mesm;:is condições, mas sem a adição
de matc rinl o rgâ nico.
Fonte: D'Acqui ct a i. (1 996).
quantitativa desses minerais nas características físicas dos solos foi discutida por Resende
(1985), Schwertmann & Kampf (J 985), Resende el ai. (1992), Pinheirn-dick & Schwcrlmnnn
(1995), Ferreira et al. (1999a,b), Giarola et nl. (2002), Pedrotti et ai. (2003), G hidin cl nl.
(2006b) e Melo et ai. (2007).
Além do efeito dos minerais da fração argila na floculação e estabilização dos
agregados, a forma desses minerais é importante na definição ela forma e tamanho dns
estruturas do solo. Resende (1985), Resende et ai. (1992) e Resende et a i. (1997) atribuírnrn,
principalmente, à hematita, goethila e gibbsita o efeito desorganizador de mincrnis
filossilicatos na fração argila, destacando-se a caulinita. Assim, o ma io r teor desses
constituintes corresponderá ao maior grau de desorganização em nível microscó pico e
conseqüentemente, à estrutura mais próxima do tipo granular. Por outro lado, esses
autores discutiram também o efeito da caulinita na estrutura dos Latossolos, atribuindo
ao arranjo face a face do mineral a estrutura predominantemente em blocos.
Adicionalmente ao predomínio de estruturas em blocos nos solos mais cauliníticos,
resultante da forma laminar do mineral, o contato e o ajuste mais livre das partículns
também favorecem o maior crescimento dos agregados. A qualidade da fração argila tem
efeito não apenas no tamanho dos agregados, mas também na morfologia externa dos mesmos.
Segundo Melo et al. (2008), para algumas classes de tamanho de agregados dos horizontes
Bwl e Bw2 de perfis de Latossolos Bruno (LBd) e Vermelho (LVdf), o aumento no diâmetro
médio geométrico e na área, o crescimento preferencial em um eixo (alongamento) e a redução
da rugosidade externa dos agregados foram favorecidos pelo maior teor de caulinita na
fração argila. Efeito oposto foi verificado para os óxidos de Fe e AI.
No estudo realizado por Ferreira et ai. (1999a), os latossolos brasileiros foram
divididos em cauliníticos e gibbsíticos quanto à forma de estruturação. A avaliação
micromorfológica revelou que a distribuição dos grãos de quartzo no Lalossolo caulinílico,
em relação ao plasma, é eminentemente porfirogrâ.nica, isto é, os grãos estão envoltos
num plasma denso, contínuo, com pouca tendência ao desenvolvimento de microestruturn.
Esse fenômeno implica o surgimento de estruturas em blocos, fazendo com que os solos
apresentem-se mais compactos, menos permeáveis, com menor estabilidade de agregados
em água e maior tendência à erosão laminar. Desta forma, os autores justificaram a
menor estabilidade de agregados do solo desenvolvidos sob clima temperado. Nos
Latossolos gibbsíticos, a distribuição dos grãos de quartzo em relação ao plasma seguiu
o padrão 11agglutinicU, ou seja, os solos apresentaram desenvolvimento de microestrutura
com predomínio de poros de empacotamento composto. Isto provocou O surgimento de
estrutura do tipo granular, apresentando-se mais porosos, mais permeáveis, com maior
estabilidade de agregados em água e menores valores de densidade do solo.
Ghidin et al. (20066), em duas toposseqüências de Latossolos no Paraná, verificaram
que os valores de coeficiente de correlação entre características físicas e mincralógicílS
dos perfis do Lalossolo Bruno ácrico húmico (LBw) foram altos e significativos. A rcduçJo
da drenagem do LBw (aumento da microporosidade e densidade do solo e red ução na
macroporosidade e porosidade talai) foi consistenteme nte acompanhada pelo aumento
nos teores de caulinita. Com relnção às análises micromorfológicas (riguras 37 e 38), os
1 autores fizeram as seguintes observações: i) nos horizontes Bw2 do L8'.v, do topo p,1ra .,s
parles mais baixas da loposseqüência, ocorreu diminuição da macroporosidade (Figura
1
VII - CAULINITA E HALOISITA 483
37), concordando com os resullad os da análise física. Esse fato foi atribuído ao aumento
no teor de caulinita e redução no Leor de gibbsita e óxidos de foe nas purtes mais baixas
da toposseqüência, principalmente n o perfil 4 (correlações entre macroporos idade e
teores d e caulinita, gibbsita e Fe2O3-ex lraído com DCB = -0,93 '"*, 0,85*• e 0,81 ",
respectivamente); ii) a estrutura granular observada nos horizontes Bwl e Bw2 do
Lalossolo Vermelho distroférrico húmico (LV df) (Pigu ra 38) foi a tribu ídél élO mílior teor
de gibbsita e óxidos de reem relação ncaulinita. A forma granular da estrutura conferiu
ao solo maior macroporosidade. A semelhança nas características micromorfológicas
das amostras ao longo da toposseqüência (Figura 38) deveu-se à proximidade dos
teores dos minerais da fração argila entre os perfis do LV df, pri ncipa !me nte de ca ulinitn,
gibbsita e hematita.
Pl
P2
P3
P4
figura 37. Mlcrofotogn1fias d os horizonte~ Bwl e ~w2 do Latos~olo Bruno ,krico húmico de
pedis níl toposst:!qilência (na ~eq_O~ncrn, .º pe~íil 1 (P1) localizava-se na posiç.1o mais alta
do relevo t:! o perfil 4 (P~) na pos1c;ao mais baixa).
Fonte: Ghidin e l .il. (2006b).
Figura 38. Microfotografias dos horizontes Bw1 e Bw2 do L:itossolo Vermelho distrofor~i:o
húmico de perfis na toposseqiléncia (na seqüência, o perfil 1 (P 1) localizava-se na pos1çao
mais alta do relevo e o perfil 4 (P) na posição mais baixa).
Fonte: Ghidin et ai. (2006b) .
0,7 nm em amostras orientadas, reagir com etileno glicol e medir novamente. O crisotilo,
antigorila, clorita e variedades polimórficas da caulinita não alteram a distância basa l,
ao conl'r:írio da haloisita, por permitir a entrada da molécula orgànicél na região dns
pontes de H (menor energia de ligação das camadas). Outro exemplo prático do uso d a
intercalação na DRX é a solvatação da amostra com formamida para diferenciar caulinita
e haloisita desidratada (Takahashi et ai., 2001). De forma análoga ao etileno glicol, a
formantida penetra entre as camadas da haloisita, aumentando o espaçamento basal de
0,7 nm para 1,0 nm (Figura 32b).
Na caulinita, a presença de grupamentos OH de um lado da camada (Figura 5)
permite o processo de solvatação desses grupamentos, inclusive pelo uso de polímeros
(Gardolinski et ai., 2000b). Uma característica importante ainda pouco explorada é a
possibilidade de ligar covalentemente moléculas específicas às camadas (por meio d os
grupamentos aluminol intcrcamadas) ou modificá-las após o processo de funcionalização
(dar à matriz ouh·a função química diferente da original). Com este procedimento, materiais
interessantes poderão ser obtidos (Guimarães et ai., 1998), por meio da funcional ização
ou intercalação com compostos orgânicos ou inorgânicos (corantes ou pig mentos,
catalisadores, precursores de catalisadores, trocadores catiônicos ou aniônicos, etc.).
Além das possibilidades descritas, o confinamento (intercalação ou funcionalização) de
moléculas num nanoambiente assimétrico (superfície com grupos AI-OH e superfície
com grupos Si-O) poderá gerar materiais com propriedades físicas diferenciadas daquelas
que se observa com as moléculas livres ou na forma cristalina. Embora haja essa infinidade
de possibilidades, poucos são os estudos que utilizam a caulinita como matriz hospedeira
para tais reações. As reações mais importantes envolvem os processos de solvatação
(intercalação) e funcionalização dos grupamentos aluminol.
Funcionalização Direta
Além dos processos de simples intercalação, processos de funcionalização direta
podem ocorrer na caulinita, como descrito na reação 11.
semelhnntes possüm ocorrer no solo. Büseia-se essa observação na ocorrênciu dl' v,íri o5
compostos químicos adicionados ao solo como insumos (fertili zantes, defensivos, e le),
adicionüdos por derramamentos acidentais de produtos químicos ou dejetos industriais
ou aqueles produzidos a partir da decomposição de plantas e animais.
Caulinita
As técnicas mais comuns de identificar a caulinita e haloisita são a difrc1to metria de
raios-X, espectrofotometria da região do infrave rmelho, a nálise térmica e microscopia
eletrónica, tanto de varredura como de transmissão. A figura 41 apresenta o difrn togram,1 de
raios-X de uma amostra orientada de caulinita obtida na maior região produtora d e caulinita
do Brasil (região da bacia do Rio Capim - Estado do Pará), obtido com um difrntômetro
Rigaku, operando com radiação CoK com comprimento de onda À = O, 17902 nm e velocidade
de varredura de 1 º28 min-1. As reflexões indicadas por (001), (002) e (003) referem-se à
seqüência de reflexões basais da caulinita, com diferentes ordens (n variando de 1 a 3) e
valores de espaçamento interplanares iguais a 0,716; 0,358; 0,239 nm, respectivamente.
1500 [001)
1250
~ 1000
(J [002)
-o
"'
-o
-~ 750
tJ
e
500
2'i0
[OOJ)
o
10 20 30 40 50 60
·20
Jõigura 41 . Difrntograma de raios-X de uma ilmos tra orienlilda de caulinita, mi nc raJa n o Ri~i
Capim, Est,1do do J>arj.
40
-li:!
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·Õ 30
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J .lfüO 3.CiOO 1.2Ull 'JllU 6llll
Oml,1~.cm'
Figura 42. ERp el.:lro dl.' infr,1vl'l'lllc lho dl' 11111,1 ,1111n~tr,1 dl• c,11tlinit,1, mitll'l\ld,i 111 , Riti ,1pi111,
r.~t,Hln do P;ir.1.
••
(cJ 100.000~ (d ) 300.000ic
dif,'t\.' lll'i,,t dl' \',llTl'dur,, fLll'llL'Cl' ,l l'ncrgio L'nvnlvidn no processo (ord e nada do lado
dirL'il\, d ., Figu,-., •l•I) . O equip,ttnL'nlo L'lll qucsliio m e dens duas propriedades
simult.11ll',HllL'nlL', sl'ndn cL,nvendon,,dL1 endt,t é rmkn n evento que le ma inflexão do
l'k,, P-"'·' dma, l' l,,,,tL•rmicn, p.H,1 bnix ü , dl' .icordo com a notação al e mã. A perda de
m~ss,1 dt' I ,:?. ''., t'nlrl' ,l ll'tnpcr,1lur.i ,,mbil'nlL' c 25l) ºC (associnda num p ico endotérmico
ccnlr,tdL, L'lll •1-1 (\C) c,,1TL'Spl1lhlc ,'\ p,'rd,1 d e ,,gun dL' ndso rçii o/ abso rçfto, comum para
:-l'li,h1 s dl' dimcnsl·1es rcdu z idns. Em seg uida obsc rvn-sc um pico e nd o té rmico centrado
l'm S~t, (\ Clllll PL' rd,1 de m,1ss,1 d e ·1.:i,~5•;;, cm relação i\ base scc,1 . c n l-re 250 e 1000 º C.
Es::-:,1 r'L'rd,1 (• :1ss nci ,1d,1 ,'\ dcs idr,,~ilnç:1 0 d,1 mnlri z d n c c1ul i n 1Ln, o btendo-se a
mct,1 c 1ttlinit,1 (R c .,ç.1 0 1--1). C o nsider,rndo " formul n çiio id en l da cau li nita
(AI ~ i: 0 ~(01 IL) , ,1 perdn de mnssa tcôricél seri,1 cie 13,96 %, rcfc rind ,..1 -sc a diferença a
pcquL'n0s teores de impurcz,1s comuns cm amos tras nalurai s e s u L,s tituição pnrcial de
1,1ns. .-,
~ 1• i pnr , ~.,, .·,, na 1,1m1nn
• . octne, , :1 nca.
•
(14)
100,(1 TG 0,8
97,5 0,6
0,4 :!l
"ir 95,0 Gndo X
o
e
~ D C t a.
0,2 11)
n
~ 92,5 li)
õ
,,.,o
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fao
0,0
.:-,
111
~
~ 90,0 3
-0,2 Qq,!..
87,5
~'i.O -0,6
pico ,,gudo CL•nlrado cm 993 ºC rdcn•-sc ,'\ c risl,llizc1ç,"\o dos ó xidos obtidos (reaç.lo
14). Em l,' lll(Jl'l'~tl111-.1s L'nln' 1.100 e t.:!011 ºC, inicin-s,• ,1 c rist.tli z,,ç,,o da c ristob.1lit,1
(v.irii•d,1dl' pulimó rfic,t d L' s flic,1) l! da 11111lit,1 (21\liO,.S iO J). Sl'ndo ,, último um rnntcrii1l
rdr.1 1.lrin m11ilu irnpnrl ,mtc indus lri,dnumte. /\ nis t,,li1.aç,\n complcl,i d., mulit,1 t!
Haloisita
A figura 45 apresenta o difrntogramrt de raios-X de a mos tras d e hal oísita natura l e
após a quecimento a 100 ºC por 12 h, o btido com um difratõmetro Shimadzu XRD-6000
operando com radiaçã o CuKn p, = O, 15405 nm) e velocidade d e varredura de 1 º20 min·1•
Na amostra original (Figura 45a), a fase de 1,01 nm predominava, com peq u e n a
conlDminação da fa se desidrntada (fase de 0,7 nm) . Após aqu ecimento (Figura ,JS b), a
fase desidratélda foi predominante, embora a fase de ·1,01 nm ainda estivesse presente. A
variação da distância basal de aproximadame nte 0,3 nm corresponde ao diiime tro de
van der V\laals da m olécula de água.
0,7 nm
t
1nm
(b)
(a)
o 10 20 0
30 40
20
figlira 45 . Difr.-itograma de raios-X de uma nmos lra de haloisita (a) e após .iquecimcnlo a
100 ºC por 12 h (b).
Figura 46. Espectro de infravermelho de uma amostra de haloisita (a) e após aquecimento a
100 ºC por 2 h (b).
e m ligações insatu radas (resíd u os de ca rga), as qua is são geradc1s pelo processo
qu e queb ra/c resci mento dos crista is, além de ocupare m poros ent re as pa r tíc u las .
Em segu i d a, observa-se um p ico e n do térmico ce n trado em 516 ºC co m perda d e
massa de 14,84 % em re lação à base seca, e n tre 300 e 1.000 ºC. Essa pe rda é associada
à d esidroxilação da m ,1 tr iz da ha lo isita, obtendo-se a metacau li nita (SiO 2 e Al 2O , )
(Reação 16). Co nsiderando a fo rmu lação idea l d a halo is ita a n id ra (A l1Si 2O 5 (O H L),
a per da de m assa teór ica seria de 13,96 %. O pico agu do centrado em 994 ºC (F íguril
47) r efere-se à cris ta li zação dos óxidos obtidos, ass im como descrito para a c.:iu li n i ta
(Figura 44) .
100 1,5
95
1,0
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496 VANDER DE FREITAS MELO & FERNANDO WYPYCH
·
em que rn1 parte ex terna ocorrem ligaçoes - J·\1 - 01-1 (t ami
• ·na' octc1édrica) é na péll'le externa
.
11gações · (Iam
S1-0 · ma
· tetrael· :! n·ca ) . Mais
· raram ente, 'a haloisita pode . . . ser encontrada_ na
forma d e pseudo-esferas, aparentemente um cs 1a . do intermed1ano na forma çao da
haloisita, a qual apresenta a estrutura tubular como a mais est ável.
O s nanolubos da hal o is ita estão sendo rece nte mente propostos como
consli luintes principais em m a te riais de a lta tecnologia. Recente m e nte, com o
s urgime n to dos materia is nanocompósilos polimé ricos (polímeros reforçados c.:ont
na noparlíc ulas), c1 hal oisita passou a ser cogitada para esse fim. Além d isso, os
tu bos abertos pode m ser utili zados como "nanolubos de e nsa io", nos quais as re,1çõcs
podem ser proccs!'õ adas e componentes químicos (perfu m es, pes ticidas, icrlili zn ntl':-,
lw rm 6 nios d e crescime nto de p lan tas, e le) podem ser armazen.:idos p,irí.l libcraÇ,l l1
le nta e contro lada.
LITERATURA CITADA
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11
Depilrlanwnto de Agronomia, Universidade Eslaclual de Mnringj, A . Colombo, 5790, t\7020-1 90,
Maring.\ (PR).
acscost,1@uem.br
11
The School of Natural Resources, The Ohio Stntc Univcrsily. 2021 Coffey Road, 43210. Cc,lo mbus
(OH), EUA.
bigham.1@osu.edu
Conteúdo
ESTRUTURA CRISTALINA ..- ..... _ .......................................................................................- ..- ..........·- ······- ··.. 513
Milgnclita - ·- - - - -...- ................. _ ............................................ - .................--..··- ···................. ,..._ ._....... - ... 517
1"1aghcmita . -..· - -··..- ... -....... _ .............- ........._.............- ...... ·- ···...- ............. _ ._ ._._··-·-- --·····-···... 517
ferrihidrit.1 .- ..- - ··-..-····..······-·····..·······-·-........................ - ................._ ......... _ ......_ ........._ ...........- .... 517
Lepidocrocita ...___ ._ ..............- .- ..............._ .......- ...- - ·-·--..,-·- · - - - - •···-- ..·- · -..· ..- ·.............. 51 S
1-Iematila .._ .._ _ _.. _ .......·-·-·- ······.........- -- ·-·-··-·..- ··.... - ...._ ..... _........_.._...._ ........_._ ................... 51 S
Gocthita · - -· - - - -... - ....-_......... .......... _ .._ ................................- ....·--· ..... _ .....- ..- .... 518
Schwcrtm.mnita ·- · - · ••··--..·- ·--- - ................ _ ._.._ , _ _ ............ _ ..._ ... ___. __. __ ._ 51 B
Fougcrila (Grm1 Rusl) -- - - -· -..···- ·..··- ········- - - - - ·...- ..... · - - - ....- -.-....... . 518
KllUBUTOS QUÍMICOS, FÍSICOS E MINERALÓCICOS ..... - ..- · - · - · - - ·- - - -·--- ...- ...- ._·519
51 9
Procl!.,sos de Oxid,wão e Reduçao •·-- - ·-·-..··-·--·-·....- .... · ··- 00
- - • · · · ·- - - · - · -· - -- · . . - -. 5 11)
[)ii;ponibilldnclc de Ferro par.i ,lS Plantas,._ - __ .............- -··- - ·..- · -·..·-..- -·--·- .. - -....- -. 520
soes Vh;os ,1 , 2009. Qurmicn e Mincr.ilogia Jo So lo, Conrdlos B.\;; kos e Aplk,,ç(lc~. lJSlp .
(c•di1. \'amfor i.lc J=rclUs Melo e Lul!i Rcyrutldu ferracc111 Allconi).
506 ANTONIO CARLOS s. DA COSTA & ]ERRY M. B I GHAM
INTRODUÇÃO
Qu;idro 1. Número de citações dos lermos, em inglês, referentes aos óxidos de Fe, mine rais
silicatados e gibbsil·a isoladílmenle ou nssociados aos termos solo, sedimento ou m eio
t1mbiente em abril ele 2008 na Web of Scic11cr
o termo Iron Oxides (óxidos de Fe) foi citado em mais de 10.000 artigos científicos,
número maior do que o termo Clay Minerais (minerais de argila), que foi citado cerca de
8.000 vezes. Dos termos referentes aos nomes isolados dos minerais, a magnetita éo mais
citado, por ser um mineral comum cm rochas, sedimentos e por ser objeto de estudo em
outras áreas do conhecimento, como na á.r ea de engenharia, física e, mais rccentemcnt~,
na área médica e na área farmacêutica, por causa das suas aplicações em nanociencia.
Os outros óxidos de Fe citados após a magnetita são a hematita e a goethita. Estes dois
últimos, no entanto, perdem no número de citações para a caulinita, o segundo mais
citado dentre os minerais analisados. Quando os termos em inglês referentes a solos,
sedimentos ou meio ambiente são associados às palavras óxidos de Fe, o mineral mais
citado passa a ser goethita, seguido da hematita e ferrihidrita. Já, ao utilizar os termos
sedimento e meio ambiente, a magnetita é, novamente, mais citada do que goethita e
hematita, evidenciando os estudos recentes sobre a utilização de minerais magnéticos
como traçadores das condições ambientais, paleossolos, processos erosivos, etc.
Os óxidos de Fe são encontrados em grandes quantidades na natureza e são
considerados os mais abundantes óxidos metálicos nos solos. Até a década de 60, os
óxidos de Fe eram pouco estudados por causa da sua baixa concentração nos solos das
regiões temperadas e frias, onde se concentrava a maior parte da pesquisa científica.
Outra razão é sua fácil remoção, por processos seletivos de dissolução, o que facilitava
os estudos dos minerais silicatados. Com isso, esses minerais eram dissolvidos e
destinados "ao ralo das pias" nos principais laboratórios de mineralogia de solos do
mundo. Além disso, muitos autores consideravam esses minerais como matéria amorfo
ou de tão baixa cristalinidade que não mereciam ser estudados mais detalhadamente, a
não ser pela sua capacidade de agregação das partículas, que dificultava a dispersão
dos agregados e a identificação dos minerais silicatados, daí sua remoção por técnicas
de dissolução seletiva.
Com o avanço das pesquisas em solos tropicais e subtropicais em países como
Austrália, África, Nova Zelândia, Brasil, aliado ao desenvolvimento de um método de
dissolução seletivo da caulinita e gibbsita com NaOH 5 mol L- 1 fervente (Norrish &
Taylor, 1961), foi possível concentrar esses minerais na fração argila dos solos,
principalmente a goeth.ita e a hematita, para facilitar seu estudo e avaliar seu impacto na
gênese, morfologia, classificação e comportamento físico-químico dos solos e sedimentos.
Nesses solos, os óxidos de Fe são considerados o segundo grupo mais importante de
minerais da fração argila, superado somente, na maioria dos solos, pelos minerais do
grupo da caulinita e, menos freqüentemente, pela gibbsita e minerais de argila expansivos
do tipo 2:1. Além dos solos, esses minerais estão presentes em rochas, sedimentos e
poeira e são encontrados desde o tamanho coloidal até o macroscópico. Nos solos, os
óxidos ocorrem em partículas muito pequenas, submicroscópicas e, por causa da sua
natureza química e alta área superficial específica, atuam com eficiência na adsorção de
ánions inorgânicos, orgânicos, vários biacidas, cátions, além de facilitar a formação de
agregados e a cimentação de outros componentes do solo. Ainda, a possibilidade de
substituição isomórfica do Fe por vários cátions metálicos torna-os excelentes minerais
para a recuperação de áreas degradadas pela contaminação natural ou antrópic;-i de
solos, sedimentos, águas superficiais e subterrâneas.
Este capítulo tem corno objetivo apresentar aspectos relevantes sobre este grupo lle
~~inera_is. Serão apresentados os seguintes itens: i) Óxidos de rerro; ii) Estnttura Crist,,linn;
111) Alnb~~os Químicos, Físicos e Mineralógicos; iv) Condições de Formaç,10; v) Método:-
de Identificação. Excelentes livros (Stucki et ai., 1985; Cornell & Schwertrn<.1nn, 19%) I:'
capilulos de livros (Schwcrlmann & Taylor, 1989; Knmpf el ai., 2000; Bighi1m d ai., 200'.:!)
foram publict1dos sobre estes itens, e suge re-se sua leitura parn o n ecess,hio
aprofundamento no lema.
O Fe é o qua rto elemento mais abundante (5,06 %) da crosta da terra, depois do O, Si,
e AI. No solo, o Fe encontra-se na solução do solo (dissolvido ou formando complexos
orgânicos) e dentro da es trutura cristalina de gra nde variedade de min era is
(principalmente, silicatos e óxidos do metal) . Dos 15 óxidos de Fe já identificados, 12
ocorrem naturalmente, mas somente oito são de interesse da ciência do solo, geologin e
m ineralogia (Quadro 2): goethita, h ematita, lepidocrocita, maghernita, magnetitn,
ferríhidrita, schwert mannila e fougerita (green rust) (Schwertmann & Cornell, 1991 ).
Akaganéila, wüstita e feroxihita não são comuns em solos e rochas, ma s são encontrados
em condições especiais no meio ambiente. Os demais óxidos de Fe incluem bernalila,
FeO, ~-FeJ03, t-Fe20 3 e uma fase formada em altas pressões, FeOOH, que não são comuns
ou não existem nas condições normais da litosfera (Schwertmann & Cornell, 1991). Outro
óxido de Fe e Ti de interesse potencial é a ilmenita, mineral comum nas frações grosseiras
de solos altamente intemperizados.
Óxidos
Hematita a-Fe20J X
Maghemila y-Fe;{J3 X
Magnetita FCJO~ X
WUstita FeO
P-Fe103
E-Fc10;
Hidróxidos
Bemalit.i Fe(0!-1))
Fe.rrih id ri ta Fe,HOd,4H20 X
Fouge.rita-(Grt.--en Rust) (fe:!•,Mg)i,Fe3•2(0H)is -l(H20) X
F~(OH)!
OxihldróxJdos
G0cthita a -FeOOH X
Lepidocrocila y-Ft.-OOH X
Akaganéila P-FeOOH
F.:m:ixih1la y-FeOOH
Schwertmannit,1 Fe&Os(OH)r,50~
A nalurc7..1 l' a dis tribuiç.'io dos óxidos de Fe são freqüente mente uLiliL..1 das ('rn
s is temas de cl.:issificaç.'io de solos. O antigo s is tcm,, d e classiíícc1çJo d e ~a lo<:. brasileiro
(Camargo ct ai.. 19S7) utiliz.wa o teor de Fcp, proveniente d o ilt.ique com ,,~ido sulfú rico
1
para di stinguir, por e xemplo, um Latossolo Roxo (180 ,, 400 g kg · d e Fc:0 1) de um
Latossolo Vermelho-Escuro argiloso (até 180 g kg· ' d e Fep,). O atua l Sis tema Bra!>ilci ro de
Clas.sificaçJo de Solos - SiDCS (Embrnpa, 2006) util iz..1 o teor de óxidos d e Fc d e te rminado
no extrato s ulfúrico p.-ir.1 dife rcnc iaç3o das classes de solo: hipo fé rri co (1'7c10 , < 80 g kg·'),
1
m esoférrico (80 < Fep3 < 180 g kg· 1), fé rrico (180 < Fe;O, < 360 g kg· ) e perférrico (FepJ >
360 g kg·' ); be m como os valores de Kr para definir as familias d e solos ca ulinílicos (Kr >
0,75) e oxldicos (Kr < 0,75).
Os óxidos de Fc nos solos são classificados c m m ine rai s prim,frios, como a magnetita
(Fe30 ,) e ilmc nita (FeTiO,), encontrados freqüente mente na frc1ç3o s iltc e are ia, ou, a inda,
como minerais secundários resultados d o p roce5-5o de inte mpcris m o químico e biológico
de minerajs primá rios ricos e m Fe (Quadro 3). O Fe libcr.ldo p o r cs tC's minera is primários
pode seg uir dife rentes caminhos, dependend o dc1s co ndi ções ambie nt ais (pH.
temperatura, umidade, composiç.:\o da soluç.3o d o solo, teor d e matéria orgânica) e formar
óxidos de Fe, inicialme nte com baixo gr.-rn d e c ristc1linid,1dc.
Quadro 3. Teor m~dio de Fede alguns minl'rais primj n o encontrado<; rws roc has da crosta
terres tre
g kg-1
Magnetita 720
Ilmenita 370
oxidc1das (FeJ• ) presentes na estrutura dos óxidos de Fe à forma reduzida fe 2 ', solú vel,
e que pode ser removida do so/ 11111, ocnsionando solos claros, .1cin zentados,
praticamente livres desses minernis.
Magnetita
l\·tineral primário acessório comum e m rochas magméHicas e metamó rficas . No
processo de intemperismo dessas rochas, a magnetita tende a acumular nas froções mais
grosseiras de solos e sedimentos. Diferentemente dos outros óxidos de Fe, a ma gnetita
apresenta Fe2 • e Fe3 • em sua constituição química. Esse mineral é facilmente ide ntificáve l
em campo por causa de sua forte atração magnética a um imã comum e acumula-se na
fração areia (partículas pretas) nos sulcos de erosão d e solos derivados de rochas eruptivas
básicas.
Maghemita
Óxido de Fe secundário de estrutura cristalina muito parecida com c1 da magnetita,
mas é um polimorfo da hematita. Sua designação é, portanto, derivada da combinação dos
nomes desses minerais. A maghemita é um mineral ferrimagnético comum e m solos
desenvolvidos de rochas vulcânicas básicas e, de forma semelhante à magnetita, é
identificada facilmente na fração argila dos solos, com um ímã de mão. Sua gênese principal
ocorre por causa da oxidação do Fe2• da magnetita durante o intemperismo ou da queima
de resíduos orgânicos na superfície dos solos na presença de outros óxidos de Fe
(Schwertmann & Taylor, 1989). Recentemente, a maghemita foi identificada em associação
com minerais primários em basaltos do hemisfério norte (Steinthorsson et ai., 1992;
Helgason et ai., 1994) e em depósito de tufito do Brasil (Silva et ai., 2005).
Ferrihidrita
É um óxido de Fe precursor de outros óxidos de Fe. Apresenta baixo grau de
ordenamento estrutural que, dependendo das condições do meio, pode formar diferentes
óxidos de Fe. Ferrihidrita é encontrada freqüentemente como precipitado em águas
superficiais provenientes da exploração mineral ricas no elemento (Carlson &
Schwertmann, 1981) e é comumente associada a outros óxidos de Fe como goethita,
lepidocrocita e hematita. Nos solos, ferrihidrita é de difícil identificação por métodos
diretos de análise por causa da sua baixa concentração, em tamanho de partícula pequena
e da baixa cristalinidade. Uma combinação de técnicas de identificação como difração
diferencial de raios-X (DDRX) (Schulze, 198'1), tratamentos de dissolução seletiva (por
exemplo, extração com oxalato de amónio ácido) (Schwertmann, 1973) e Espectroscopia
Mõssbauer são comumente requeridos para identificação positiva desse mineral
(Schwertmann et ai., 1982b). A ferrihidrita, a m e nos que seja estabilizada por algum
composto orgânico ou adsorver Si, pode converter-se rapidamente em outra espécie
mineral (Schwertmann, J 985).
Lepidocrocita
Seu nome está associado à palovr.1 grega Krokfr,, que s ig nifica fibra e é u ma a lusào ao
hábito d e crescimento dos crist.1is na forma de fibras o u ripas. É um m ine ral que ocorre ern
solos de diferentes condições clim,rncas d o planeta, íorm.:ida peln oxi dação cJ.:i fo ugcrita
(Grcc11 R11st) ($chwertm.1nn & Fechter. 1984). Este mineral oco rre comumcnte cm solos que
apresentam condições redutor.1s com segregações laranja-a mMcladas (Schwertmann. 1993)
e~ um dos polimórficos que apresentam cons titu ição químicil FcOOl-1.
Goethita
É o mineral milis comum d os óxidos de re e ocorre c m q uils c todos il mbientes
pedogenicos. Sua d esignação é uma homenagem ao poeta alemão Jo ha nn Wolfgang von
Goethe (1749-1832) que poss uía, gr.mdc m terl'ssc cm mmer.-i logia. Esse m ineral, de cor
amarelada a marrom, é muito ut ili udo em proces. o ind us triais. Dos oito óxidos de Fe
possíveis de ser formados e, n ormalmcnll', encon trados n o a m biente d o solo (Quadro 2),
goelhita e h ematita são os mais estu dados. ~o cnt.:into. ilprcs e ntam dis tribuição e
formação associadas com caracte rís ticas e pedficas do meio a mbiente. A goeth ita ocorre
em solos formados a partir d e rochas com baixa conccntraçJo de Fc em s ua composição,
em climas regionais mais frios e úmidos o u pos ições no re levo que facilitam o acúmulo
de água ou temperaturas mais baixas . Ainda, a goethita ~ fo rmada nas primeiras etapas
do intemperis mo dos mjnerais primários e .:icumula, po rtanto, c m solos jove ns ou nos
horizontes próximos às rochas (Curi & Fral\2meier. 198-1).
Hematita
Segundo óxido d e Fc ma is e ncontrado na natureza, é comum e m solos e nas rochas
sedimentares, metamórficas e magmá ticas. Por exemplo, há formação de hen1<1tita du rante
o resfriamento de rochas ígneas (basalto), bem como por metamorfismo (itabirito),
hidrotermalis mo e diagênese (Lindsay, 1991; Com cll & Schwcrtmann, 1996). As hematitas
em sedimentos rcd beds são, na sua maioria, de origem diagenética (Walker et ai., 1981;
Blodgett et a i., 1993). Hematitas não-pedogênicas são, muitas vezes, referidas como
hematitas "primárias", podendo ocorrer como miner.1is res iduais a exemplo do que ocorre
em muitos solos de cores avermelhadas, de textura média a arenosa e com baixos teores
d e Fe, originados de rochas psamíticas (Resende et ai., ] 997); por exemplo, os solos
derivados do Arenito Caiuá da região noroeste do Estado do Paraná onde a h ematita é
um dos seus principais minerais constituintes (Embrapa,] 984).
Sua designação é proveniente do grego Hnimatites, cor de sangue, numa alusão à
coloração vermelha intensa do pó desse mineral. Sua cor, no entanto, varia com o tamanho
de partículas, variando de um vermelho vívido, para violeta e cinza, de acordo com 0
a ume nto no tamanho dos cristalitos de microscópicos a cristais visíveis a olho nu.
Hematitas formam minerais macrocristaJinos, utilizados, inclusive, na produção de jóias
e ornamentos. Por causa da sua ampla distribuição geográfica, a h ematita foi um dos
primeiros minerais analisados por difração de raios x. É um óxido de Fe comum na
d
VIII - Óxidos de Ferro 513
Schwertmannita
Foi identificado por Bigham et ai. (1990) em áreas de exploração de minas de carvão que
produzem águas residuais ácidas ricas em compostos de S. É outro óxido de Fe que não
apresenta estrutura cristalina muito dcfinMa e teve sua designação como homenagem ao
mineralogista e professor alemão Udo Schwertmann, considerado o maior estudioso de óxidos
de Fe. Enquanto na Terra sua ocorrência parece restrita a ambientes associados a minas de
carvão ou solos ácidos ricos em minerais sulfatados (Fanning et ai., 1993; ChiJds et ai., 1998),
há evidências de sua existência no solo de Marte (Morris et ai., 2000).
ESTRUTURA CRISTALINA
10- o u 9-
4- ou 3-
• Oxigênio • Ferro
Figura 1. Representação do octaedro de ferro (a) e sua polimerização pelo ápice (b), .irestJ (e)
e face (d).
B
A
A
B
A e
B
B A
A e
B B
A
A e
B B
A A
e
EHC ECC
A B e
.
Figura 2 E ,ntre
· :mpacotamento hexagonal compacto (EHC) e cúbico compacto (ECC) comum e
os óXJdos de ferro.
Ht'mntihl Gocthlfa
~laghemitn/Mngnctita Lepidocrocita
Schwertm:mnitu Hidrogênio
J
Oxigênio
Tetraedro
- Octaedro
Hgura 3. Modelos estruturais de alguns óxi~os de ferro c_omuns em solos e roch.:1s. Coorden,,çti_<s)
lelraedral e octaedral do fc na magnet1ta/ rnaghem1ta é representada por tetraedros (m.us
claros) e octaedros (mais escuros), respecti,•amente. Na sch wertmannita, os tetraed ros
m os tram S em seu interior.
Fonte; Mo.t iíir,iclJ dr lligham CI ai. (2002).
°'
Mineral Sistema Cel.i Unitária Densidade Cor Dure7A1 Magnetismo Produto de
Crisralográfico solubilidade
b. (pfel' + 3p(OH)J
ªª Co
Schwenmanmta Tctragonal 1,0660 0,6040 3,88 Uruno -amarelada 2,5 a 3,5 EspcrornagnNico 18
nd - não determinado.
VIII - Óxidos de Ferro 5 17
Magnetita
Pertence ao grupo dos espinélios (veja capitulo IV) onde os cátions metálicos (Fe)
distribuem-se em sítios tetraedrais (T) e octaedrais (O) numa estrutura do tipo (A 2·f
3
(B •)i° 0 4. Nos espinélios normais (por exemplo: MgA120~), a cela unitária contém oito
cátions divalentes (Mg2•) que ocupam os espaços tetraedrais (T) enquanto 16 cátions
trivalentes (Al3') ocupam os espaços octaedrnis (O) (Murad &Johnston, 1987). A es trutura
inversa do espinélio na magnetita determina que os sítios tetraédricos es tejam ocupados
3
com Fe ' , os sítios octaedrais sejam ocupados por Fe3• remanescentes, e os Fe2' produzam
a fórmula química (Fe3 Y (Fe2• Fe3 ')º04 • A cela unitária cúbica possui dimensão a0 = 0,839
nm, que pode variar com a presença de cátions na estrutura cristalina para s ubstitufr o Fe.
A forma de ocorrência desse mineral, tanto os produzidos sinteticamente quanto
os de origem natural, são cristais octaédricos gue possuem em comum a face 1111] (veja
capítulo II). É um mineral bem cristalizado que não é considerado de origem pedogênirn,
porém é possível formar magnetita pedogênica pela oxidação do Fe2• em solução, e
magnetitas formadas por bactérias têm sido observadas em solos (Fassbinder et a i.,
1990).
Maghemita
Pertence ao sistema cristalino cúbico ou tetragana! e tem a estrutura de um espinélio
não-estequiométrico relacionado com a magnetita. Quando a magnetita é oxidada para
formar maghemita, ocorre ou adição de O ou expulsão de Fe, que resulta na média de
21,33 íons de Fe3 • (2,66 vacâncias) para serem distribuídos entre os oito espaços tetraedrais
e 16 espaços octaedrais por cela unitária. As maghemitas tetraganais e maghemitas
cúbicas são conseqüência da distribuição destas vacâncias. A presença de até 30 g kg-1
de Fe~• (Taylor & Schwertmann, 1974b) na sua estrutura indica oxidação incompleta da
magnetita precursora.
A dimensão da cela unitária do mineral maghemita varia de a0 = 0,8340 nm (sistema
cúbico) - ocorrência mais comum - para a0 = 0,8346 e c0 = 2,501 nm (sistema tetragonal)
que podem variar com o tipo e grau de substituição isomórfica do Fe por outros cátions,
dentro da cela unitária.
Ferrihidrita
Sua estrutura cristalina apresenta indefinições, mas, inicialmente, presume-se
que essa poderia ser associada à da hematita, visto que na sua desidratação os reflexos
tendem a seguir o mesmo padrão desse mineral. A ferrihidrita é um óxido hidratado
mal ordenado de Fe com estrutura em empacotameto hexagonal compacto (a. = 0,5080
nm e e,, = 0,9400 nm) formado por folhas de 0 2·; OH·, e H20 com Fe 3 - nas posições
octaedrais, mas detalhes das diferenças nas estruturas da ferrihidrita e hematita
ai.nda não foram completamente esclarecidos (Eggleton & Fitzpatrick, 1988; Drits et
ai., 1993 ).
Lepidocrocita
Mineral que pertence ao sistcmn cristalino ortorrômbico (11" = 0,3880; b,, = 1,2540;
e,. = 0,3070 nm) e tem estruturn do tipo ECC, semelhante à da bochmita (a.-AIOOH). f\
cela unitária do mineral contém oito O, que formam cadeias dobradas de octaedros de
Fe(O,OH).,, orientados parnlelamente ao reflexo (001) e ligadas a outras duas cadeias
para compõrtilhar arestas (Figura 3).
Hematita
Tem estrutura do tipo EHC (n,, = 0,5034; e~= 1,3752 nm) representada por um arrnnjo
3
compacto de 18 átomos de O associados ao longo das faces (001 ), com íons Fe • ocupando
2/3 dos sítios octaedrais (estrutura dioctaedral) (Figura 3). Cada octaedro Fe06
compartilha suas arestas com outros três octaedros, no mesmo plano, e uma face é comum
com um octaedro no plano adjacente.
Goethita
Tem estrutura do tipo EHC com O e OH que formam planos paralelos com a face
(001) numa sucessão A BABA (Figura 2), com o Fe3' ocupando os sítios octaedrais (Figura 3).
A estrutura apresenta filas duplas de octaedros preenchidos e vazios alternados ao
longo do eixo e, com os octaedros compartilhando aresta dentro da corrente dupla e
vértice entre elas. Portanto, diferentemente da estrutura da hematita, não há
compartilhamento de faces entre octaedros vizinhos na goethita. A goethita pertence
ao sistema cristalino orlorrômbico e tem dimensões dn cela unitária, em que 11., = 0,1608;
b0 = 0,9956 e c0 = 0,30215 nm (Sclnvertmann & Taylor, 1989).
Sch wertmanni ta
A estrutura cristalina da schwertmannita ainda não está completamente definida,
mas é provavelmente similar à da akaganéita (cx-FeOOH), na qual cadeias duplas de
octaedros do tipo FeO3 (OHh estão associadas por ápices comuns, formando túneis de
0,5 x 0,5 nm2 que se estendem paralelamente ao eixo e. No caso da sch,vertmannita, os
túneis são ocupados por so/- (tetraedros na Figura 3), com a finalidade de estabilizar
a estrutura (Bigham et ai., 1990). A schwertmannita pertence ao sistema cristalino
tetragonal, em que a cela unitária apresenta dimensões a0 = 1,0660 nm, e c0 = 0,6040 nin
(Quadro 4).
Por causa das particularidades de sua compos ição química e estrutura c ri sta lina
(Quadro 4), os óxidos de Fe apresentam atr ibutos químicos, físicos e mineraJóg icos
diferentes dos silicatos encontrados em solos e sedimentos.
Solubilidade
As reações químicas de dissolução, complexação e precipitação dos óxidos d e Fe
controlam a disponibilidade do Fe em solução. As reações de dissolução depe ndem d as
condições do meio, p rincipalmente do pH e do potencial de óxirredução -pe (veja capítulo
XX). A dissolução da hematita pode ser descrita pela reação:
(1)
formação do Fe 2 ' ocorre cm solos ou outros nmbicntes onde há excesso d e elétrons (e-)
disponíveis para a redução do Fe1 ' dos óxidos de Fc. No caso da hematita:
(2)
(3)
A redução dos óxidos de f'e é uma rc11çào de transferência de elé trons e consumidora
de prótons, o que explica a presença de Fe~· em condições anaeróbias e de pH próximo a
7. A solubilidade dos óxidos de Fe varia com outros fatores, além do tipo do mineral, cio
pH e de condições de oxidação ou redução. Assim, a força iõnica da solução e as
características intrínsecas às partículas, corno tamanho dos crista litos, tipo e grau de
s ubstituição isomórfica, interferem na solubi lid ade destes mine rais (Cornell &
Schwertmann, 1996). Ainda, a solubilidade dos óxidos de Fe tende a crescer quanto
menor for a concentração de íons em solução porque o v.ilor de pKps diminui com o
aumento da força iõnica da solução por causa do aumento d.is forças de internção dos
íons em solução. Por exemplo, os valores de pKps da gocthita .iumentam de 39,8 para
41,6 (Quadro 4) com o aumento da força iônica da solução de 0,005 para 3 mol V 1 (Cornell
& Schwertmann, 1996).
A dissolução é dependente dos atributos d.i superfície e não do que há no interior
das partículas. Logo, o tamanho das partícul.is e, consequentemente, a superfície exposta
em solução são atributos fundamentais no processo de dissolução dos óxidos de Fe e
outros minerais. O produto de solubilidade das diferentes espécies minerais pode ser
relacionado com o tamanho (d, nm) por meio de equações baseadas em conceitos
termodinámicos. Ao assumir um modelo cúbico de part icul.i, o produto de solubilidade
da goethita (Gt) e da hematita (Hm), em relação aos valores obse rvados sem o efeito do
tamanho de partículas [Kps (Gt5) e Kps (Hm5)], pode ser calculado pelas reações
(Langmuir & Whittemore, 1971):
Sua concentração na planta é baixn (10 mg kg·' , remandes, 2006) e é absorvido do solo,
preferenciaJmenle, na forma de Fe 2' .
(7)
(8)
de pH prevalecentes na maioria dos solos, sedimentos e ecoss istemas (5 ~~I r < 7,0), os
óxidos de Fe devem apresen tar preferencia lmente capaci~ade de_troca de anions (CTA) e
baixa, ou até mesmo nula, capacidade de rc tcnçi'i o de cát1011s (C íC).
2+ o 4-
1 /OH 1 1 / OH 1 /º
Fe Fe Fe
1 "-0H1 1 "-. OH2 l '-..,.OH
o o o
1 /OHl 1 /OH 1 /o
Fe Fe Fc
1 "-ot-r l
1 '-..,. 0 1-1: 1 '-..,. OH
50 % FcOHi°'5.. 50 % FeOl.5..
pH =4 pH =9 pH =11
CTA PCZ CTC
Figura 4 . Efeito do pH (4, 9 e 11) sobre a distribu ição das cargas positivas e negativas do
gru pamento ferrol (1)-FeOH) na superfície de u m óx ido de fe rro associado à pred ominância
de capacidade de troca de ânions (CTA), ponto de carga zero (PCZ) e capacidade de troca
catiõnica (CTC).
Nas condições mais comuns de pH dos solos tropicais, os valores de CTC e CTA são
praticamente equivalentes (PCZ do solo) e m uito baixos, o que favorece a flocu lação dos
colóides e, conseq üe ntemen te, a agregação dos solos. Isto pode se r observado em
levantamentos de solos pelo Brasil (Embrapa, ·t 984) nos quaid os perfis de Latossolos,
N ilossolos e Argissolos tendem a apresentar grau elevado de flocu lação nos horizontes
B-latossólico (Bw), B-nítico e B-textu rn l (Bt), respectivamente, e m comparação aos
horizontes superficiais, onde as cargas negativas predomina m nos valores normais de
pH dos solos, em razão da maior ocorrência de colóides orgân icos (PCZ da fração húmica
é menor do que 4,0).
Na camada superficial desses solos (O - 0,2m), onde o agricultor deixa por dias
q uantidade elevada d e calcário a ser espalhado na área, observa-se, após precipitação
p luvial, a umento da quantidade de argila dispersa em águ a e redução na taxa de
infil tração de água por causa da ação combinada dei) e levação de pH; ii) redução das
cargas positivas dos óxidos de Fe; iii) aumento das cargas nega tivas dos colóid~:
inorgânicos e dos a luminossilicatos; iv) formação de com plexos mononucleares (Al(OH)" '
t
Al(OH)/), polinucleares (Al2 (OH)/+, A l6 (OH) 1 e AlO.1AJ12(OHh,.)7 •) e, e ventualm~nt~,
precipitação de gibbsita (Al(OHh), que removem o AP• da solução, que é um dos principais
agentes floculantes dos agregados do solo.
Sorção de Íons
Íons em solução podem formar três tipos de complexos com a superfície dos minerais
e da matéria orgânica do solo: (i) complexos de Esfera Interna (CEI) (ou adsorção específica
ou sorção química), (ii) complexos de Esfera Externa (CEE) (aclsorção não-es pecífica), e
(iii) demais íons em solução compensando as cargas remanescentes das superfícies sólidas
não compensadas pelos complexos anteriores (Sposito, 1984). Mais detalhes sobre
adsorção e troca iônica são encontrados no capítulo XII.
Os óxidos de Fe formam CEI com cátions metálicos e com ánions. Em ambas as
situações, as ligações químicas efetuadas são altamente estáveis (ligações com alto gra u
de covalência) em razão da reação de troca de ligantes que ocorre à revelia das forças de
repulsão eletrostcHica entre a superfície do mineral e os íons que apresentam a mesma
carga (reações 9 a 12). No entanto, mudanças nos valores de pH que alteram a distribuição
de cargas na superfície do minem] afetam fortemente o processo de formação destes
complexos. À medida que o pH aumenta, há redução na formação dos CEI com os ànions
em solução e o favorecimento da precipitação dos cátions metálicos sem que seja possível,
macroscopicamente, separar complexação de precipitação (McBride, 1994).
No processo de adsorção de ânions:
(9)
(10)
(11)
(12)
Na formação dos CEI, a ligação entre os íons (cátions ou ânions) é direta com a
superfície do óxido de Fe e faz com que elétrons caminhem indiferentemente, entre o
adsorbato (cátion/ ãnion) e o adsorbente (óxido de Fe). Os óxidos de Fe formam CEI com
grande número de cátions metálicos (Pb2 ', Cu 2 • , Ni2• , Co~·, Zn2 ·) e oxiânions (PO.t, SiO/·,
CrO/, AsO/", MoO/"). Estes complexos criam na superfície dos minerais cargas positivas
(adsorção dos cátions) e negativas (ndsorção dos ânions) que aumentam a CTA e a CTC
destes minerais, respectivamente, e influem diretamente no comportamento químico e
físico dos solos.
Gilman (1985) obteve modelos de regressão linear e utilizou o procedimento passo a
passo (Mepwise), entre os valores de PCZ, conteúd o de C de compostos orgánicos (CO),
teor de P dessorvido (mg kg·1) e teor de Fe livre (g kg·1) de amostras de solos oxídicos. No
quadro 5, observa-se que os coeficientes angulares da contribuição da matéria orgânica
(CO) e do P são neg.:ili vos, isto é, o aumento do teor de matéria orgânica no solo e de p
adsorvido cria cargas negativas na su perflcie das partículas dos solos pela formação de
complexos d e es fera interna, determinando o decréscimo nos valores de PCZ na m~dia
dos solos es tudados . Diferentemente, o coeficiente nngulnr dn contribu ição ti o f-e livre
correspondente nos óxidos de r:e do solo é positivo, is to é, como es tes mincrnis aprescntan)
predominantemente cnrgns posilivns na su n s uperfície nos va lo res de pH m nis comumente
observados cm solos ngrícolas, o numcnto na s un concentração J esloca o PCZ pnr.i va lores
mais clcvndos e aumenta o balanço de cargns positivas d os solos.
Quadro 5. Modcl0s m.ite m5ticos tine.ires das co ntribuições d e teor d e c.i rbo no (C), fósforo
desson ·ido (P) e dos óxid os dc ferro liv res (Fe) nos va lores de PCZ, p.1ra solos oxidicos
Modelo de regressão R2
A reação entre os ãnions que formam CEI com a s uperfície dos óxidos de Fe é
re lativamente rápida (< 24 h), mns pode es tender-se por semnnas o u m eses pa ra se
completar (Sposito, 1984). A reação rápida envolve a formação de CEI co m uma ligação
simples (monodentado) com a superfície d o mine ral qu e evolui na formação de uma
ligação dupla (bidentado ou binuclear) (Figura 5), o que redu z dras ticam e nte a
disponibilidade dos oxiânions adsorv idos, seja ele um nutriente, como o H 2 PO 1·, seja
um elemento tóxico aos seres vivos, como o Aso/·. No caso dos oxiànions tóxicos, os
óxidos de Fe são utilizados na remediação de áreas contaminadas por es tes íons,
reduzindo s ua fitodisponibilidade.
No caso dos cátions metálicos, o aumento do pH do m e io e o se u baixo va lor de
potencial iônico associado ao decréscimo d e sua eletronegatividade favo recem a adsorçiio
preferencial na s uperfície dos óxidos d e Fc (McBridc, 1994). Nos cátio ns metá licos,
facilmente hidrolisados, o a umento cio pH, além de favorece r s ua adsorção à s uperfície
dos óxidos Fe, també m favorece s ua precipitação, na forma de hidróxidos, carbonatos,
ele. Neste caso, ambas as reações removem da solução o cátion metá lico, sendo difícil
separar qual dos mernnismos predomina na sua remoção.
A formaçã o dos CEE na s uperfície dos óxidos de Fe envolve a presença de pelo
menos uma molécula de ág ua entre o ío n adsorvido e a superfície do mineral (veja
capítulo 1) . A presença de água envolvendo o complexo reduz a força de atração e ntre
adsorvente/ adsorbato, o que favorece o meca nismo d e trocn iônica e a eve ntual remoção
em solução, quando há excedente hídrico nos solos.
Cátions que formam CEE com os óxidos de Fe (Ca 2 ' , tvtg2•, K·, Na') apresentam baixa
relenção no solo nos valores usu ais de pH por causa da predominâ ncia de cargas
pos itivas qu e favorecem s ua repulsão eletrostática. A retenção destes cátions pelos
óxidos de Fe presentes nos solos é devida às Cílrgas negíltivas criadas pela formação dl!
CEI e m sua superfície com substâncias orgânicas dissolvidas na solução do solo e 05
ãnions a nte riormente citados. Por sua vez, os ãnions que formam CEE com os óxidos
de Fc (NO,·, CJ·) tendem a ser reridos com maior facilidnde por esses minernis cm virtude
do excesso de cnrgil superficial positiva. No horizonte s uperficia l elos solos o nd e ocorre
acúmulo de matéria orgânica, o excesso de ca rga s nega ti vas dos colóiclcs orgâ ni cos
ne utraliza « maioria das cargas pos itivas dos óxidos de r:e e favo rece a li xiv i<1ção
d esses ânions para zonas no perfil onde se rão relid os co m maio r facilidade (Kinjo &
Prau-, 1971). Esses ânio ns irão cons tituir uma reserva nutriciona l, principa lmente d e
NO; , pa ra as plantas .
o o
qu e sno ba!\ta ntc comu ns, ocilsionJm d cv,1das .SrcJs s upe rficiais es pccífic,1 e '-crn tribuem
efetivamente com !-U.l s uper fície de rcaç,,o (Schwcrtmann, 199 1).
O s v.1lorcs elevildos de ASE desses miner,1is nadil tem J ver com os tamb0m dcvados
valore de jre.1 ~upl•rfici.11 observados nos miner,1is de a r g ila cxpanc;ívo~ como as
l'Smectitas l' vermiculítas, qu e ;i.prcscntam, além da s upe rfície externa, out r.1 intern.:i,
vários VCZl'S m.1io n~s. que rcprcscnt.1 m.1is de 50 '',, da ASE to t.11 do mincr.:il. No cnso dos
óxidos de Fl', os ,1ltos villorcs de ASE (Quadro 6) es tão re lílcion.1dos com se u tamJnho
diminuto e baixo gr ,1 u de cris talinidade . Dada sua g r,mdc ASE es pecífica e e levada
reati,·idade com divcn,os compos tos tóxicos a seres hum.mos. a nim.1is e plantas, esses
m inerais t0m sido utili Zc1dos para rcmcdiaçJo de ambientes contaminados e mesmo cm
processos indus tri ais, principalmente ,1ssocí,Jdos à sorç,io de metais ló , icos. l\ lém d isso.
esses minerais não apn'scntam o processo d e cxp.10,:.,10 e co ntraç.io observado nos
minerais d e Jrgilil expansivas do tipo 2:1. que criam di íiculd,1dcs f(s icas no se u manuseio
e u t ilizaçâo.
O s valores de ASE, dentre os ôxiJO!\ JL· f c, v.ui.im e no rme m ente de alg u mas
unidades a l~ cerca de 1.000 m~g·1• U.:irr6n l'l ai. (19 S) ob tivernm v.-ilorcs de 6 a 115 m1
g·1 para 43 hematitas sintéticos. Torn•nt 1:1 .11 (1 990) obti ve ra m valo res scmclhantej
para gocthita . Para ferrihidrita. Cornell & Schwertmann (1996) o bservara m valores de
100 a 700 m 2 g·1• Para schwcrtmannit,l, Uigh,1m ct ili. (1990) ob crvaram valo res da
mesma ordem .
A dete~minaçã~ d~s valores de ASE dos óxidos de fe é complexa graças à sua baixa
co_ncentra~ao na ma1ona da~ amostr~s de solos e sedimentos ou a prováveis alterações
mmeralóg1~~s qu~ndo ~écmcas d e d1ssoluçào seletiva são utilizadas para re moção de
outras espcc1es nu_ner~1s, _ou mesmo dos óxidos de Fe. A determinação da ASE, nesse
caso, pode ser feita md1retamente, antes e depois da extração dos óxidos de f e
(Schwerlmann, 1988). A ASE dos óxidos de Fede solos av;iliados por difrntometria de
raios-X tende a ser maior do que a dos minerais sintéticos (Quadros 6 e 7). Bigham et aL
(1978) encontraram valores de até 199 m2 g-1 para os óxidos de Fe dos solos, com
decréscimo considerável na ASE da fração argila, quando os óxidos de Fe eram extraídos
com ditionito-citrato-bicarbonato de sódio.
Pena & Torrent (1984) obtiveram relação linear com alto coeficiente de determinação
(R2 =0,70), entre a ASE e a capacidade máxima de adsorção de P (CMAP) determinada a
partir de isotennas de Langmuir de solos mediterrâneos. O modelo matemático de regressão
obtido foi: CMAP = 2,06 + 1,72 ASE. Este modelo indica que, na média das arnos trns
estudadas, a adsorção máxima é de 1,72 µmal de P m-2 a adsorção máxima é de 1,7 µmolde
P m-2 da ASE dos óxidos de Fe.
Para goethitas de solos, Torrent et ai. (1992) obtiveram relação linear para a quantidade
de P adsorvido (Pads) e a ASE: Pads (µmol g-1) = - 29+2,98 ASE. Em outro trabalho, Torrent
el al. (1994) obtiveram modelo linear de regressão entre Pads de acordo com a relação entre
comprimento linear basal (CLBa) e apical (CLAc) da cela unitária dos cris talitos de
hematitas: Pads (µmo! m·1) = 4,05-0,77 (CLBa/ CLAc), R2 =0,397, isto é, cristais alongados
no eixo e possuem sítios para a formação dos CEI com os íons fosfatos em maior dens idade
do que cristais hexagonais alongados no eixo a da cela unitária.
A partir dos resultados da difração de raios-X, vários autores chegaram a modelos
para quantificação dos atributos mineralógicos dos óxidos de Fe. Ao utilizar a larg ura a
meia altura (LMA) do reflexo (111), que possui relação inversa ao tamanho do cris ta li to,
Pefia & Torrent (1984) obtiveram a seguinte equação para determinar a ASE: ASEç1 = 151
LMAm · Schwertmann & Karnpf (1985) aplicaram a equação empírica: ASEc 1 = - 4,1 +202
LMA 111 para goethitas de solos brasileiros.
Quadro 7. Á.rea superficial especifica de óxidos de Fede solos determi nada por técnicas ind iretas
como a DRX e pela dissolução seletiva de outros minerais da amostra
Propriedades Magnéticas
Nos minerais, o magnetismo é associado com a quantidade de f-e presente na sua
estrutura. O Fe é o único elemento entre os nove pri ncipais da cros ta terres tre qu e tem um
momento magnético, que s urge pela ad ição do impulso a ng ula r de elétrons nilo pareados
e o impulso angu lM orbital. O magnetismo é uma propriedade importante dos materiais.
O Fe é um e lemento químico do grupo 8B, cuja característica principal é conter orbitais
3d incompletos (veja capitulo 1). A transição dos elétrons entre os orbitais do elemento Fe
determina ,1 p resença de características magnéticas nos minerais que o contêm.
O s minerais podem ser classificados de acordo com o tipo de mag netis mo que
apresentam na presença de um campo m.1gnético externo (Thompson & O ldfielcl, 1986;
Coey, 1988). Há cinco tipos de comportamentos magnéticos que são reconhecidos entre
os materiais (Coey, 1988): ferromagnetismo, fe rrimagnetism o, antiferromagnetismo,
paramagnetismo e diamagnetismo (Quadro 8), que ser5o detalhados a seguir.
Quadro 8. i\faleriais e miner.tis s egundo seu caráter magné tico, fó rmula química, teor de Fe e
sus ceptibilidade m t1gnética (1/.)
Ferromag nético
g k1r 1
-S 3 -1
10 m kg
Antiferromagnético
Ferromagnetismo
Esse tipo de magnetismo ocorre com subslâncias puras (Fe, Co, Ni), em que cadêl
átomocomporla-secomo único ímã. A ex posição a um campo magnético alinha todos o:,
momentos magnéticos de forma que a magnetizaçtio é o somatório da adição d e milhões
de momentos magnéticos associados com cada elétron em cada átomo d o me tal.
Ferrimagnetismo
Minerais íerrimagnéticos também exibem forlc c.1rátcr magnético. Porém, s ubstã ncias
ferrimagnéticas, como os minerais mnghemita, magnetita, greigita (rc2·re, . 25 1) e py rrhotitil
(Fc(l_,15, x = On 0,2), têm dois entre três momentos magnéticos illinhados e m um.i dircçi'io,
com 1/3 orientado na direção oposta, o que diminui a magnelizaçi'io lota i líquida.
Antiferromagnéticos
São minerais iguais à goethita e hematita que apresentam momentos m<1gn é ticos
atómicos adjacentes, alinhados em direções opostas, de forma que a magnelizaç,'io total
líquida do material é positiva ou zero.
Paramagnéticos
Mi.nerais desse grupo apresentam intenso movimento térmico dos átomos presentes
em sua estrutura que, constantemente, anulam o ali.nbamento de momentos magnéticos,
do que resulta uma magnetização positiva pequena. Exemplos de minerais
paramagnéticos são a olivina, biotita, vermiculita e esmectita. Esperomagnetismo é um
lipo especial de magnetismo que ocorre entre os óxidos de Fe que apresentam partículas
muito pequenas associado a baixo grau de cristalinidade (schwertmannita, ferrihidrita,
fougerita, etc.), em que os momentos magnéticos locais estão com orientação ao arnso e
resultam numa magnetização nula (Coey, 1988).
Diamagnéticos
Esses minerais ni'io revelam momento magnético quando expostos a um campo
magnético externo. São compostos de átomos que não têm momento magnético porque os
vários orbitais e spins sofrem cancelamento de um componente sobre o outro; por
conseguinte, ocorre saldo líquido negativo de susceplibilidnde magnética. Exemplos de
minerais diamagnéticos incluem o quartzo e a caulinita.
A substituição isomórfica e o tamanho das partículas são os principais fatores que
influenciam o magnetismo de um mineral (Figura 6). A substituição isomórfica do Fe por
um elemento químico diamagnético (AI, Mg, Zn, etc.) diminui o grau de magnetização do
miner,11 (Coey, 1988). Partículas pequenas(< 1 µm), com volumes restritos, olpresenlam
um só dom1nio magnêtico, enquanto p a rtículas maiores apresentam multidominios
magnéticos, islo é, podem ler zonas múltipl,1.S co1n magnl'tização diforent('S.
50.000
45.000
o.o
~-"'
.oE 40.000 • •
~ 35.000
30.000
25.000
20.000
o 50 100 150 200 250 300 350
1
Zn, mmol mo1·
Figura 6. Susceptibilidade magnética por unidade de massa (X) grau de substituição isomórfica
de Fe por Zn em magnelitas sintéticas.
Fonte: Costa et ai. (2006).
A importância do tamanho das partículas magné ticas presentes no solo pode ser
mais bem compreendida se forem separadas as suficientemente grandes (frações areia e
silte do solo), que apresentam múltiplos domínios magnéticos, e ns muito pequenas (fração
argila) que mostram domínio magnético único. Essa distribuição dos domínios magnéticos
determina que as partículas apresentem respostas diferentes quando expostas a um
campo magnético. Partículas de domínio único são superparamagnéticas, isto é, qunndo
expostas a um campo magnético, elas perdem a magnetização induzida muito rapidamente
(1/10.000 s) porque a agitação térmica intrínseca supera os alinhamentos magnéticos
induzidos. Partícu las com domín ios múltiplos tê m tempo muito maior de
desmagnetização.
Medidas de susceptibilidade magnética parn partículas de domínio único e
domínios múltiplos, sob a influência de campos magné ticos, podem ser utilizadas
para a determinação da presença e quantidade relativa de partículas superpara-
rnagnéticas. A aplicação de um campo magnético de baixa freqüência (BF = 0,46 kHz)
traz todas as partículas de domínio simples e multidomínios à completa magnetização.
Já a aplicação de alta freqüência (AF = 4,6 kHz) muda o limite de domínio para
tamanhos de cristais menores e diminui a indução magnética. A partir do valor de
susceptibilidade magnética por unidade de massa (X), medido em duas freqüêncii\S,
é possível definir a freqüência dependente da susceptibilidade magnética (X 1J). E5te
valor, e~ perce~tag~m, é definido pela fórmula: x,,t = 100 ((XuF _XAF) / XuF). Por exempl~:
magnetitas primárias que ocorrem nas frações grosseiras dos solos apresentai
estrutura de rnultidomínios magnéticos. Em contraste, são encontradas maghemitas
pedogênicas, cornurnente nas frações menores(< 2 µm), que têm um único cnráter de
domínio magnético (Costa et ai., 1999).
%
<2 Minerais magnéticos de domínios múltiplos
2 - 10 Mistura de minerais superparamagnéticos, minerais na fração
grosseira de domínio simples e múltiplos
10-14 Virtualmente somente minerais superparamagnéticos (>75 %)
>14 Anisotropia, magnetismo fraco, contaminação por metais
Fonte: Modifici1do de 01!,iring (199-1).
Substituição Isomórfica
A constituição química básica dos óxidos de Fe é muito simples, sendo o Fe, O e H os
elementos básicos para sua formação. Na natureza, no entanto, praticamente não existem
óxidos de Fe com apenas esta constituição química. No processo de formação desses
minerais em meios aquosos (solução do solo, rios, mares, lagos, etc.) ou diretamente no
magma original das rochas magmáticas, Fe e O podem ser substituídos por outros
elementos químicos em suas estruturas. A substituição isomórfica é comum, senão a
regra, nos óxidos de Fe encontrados na natureza.
O número de elementos químicos que substituem o Fe na estrutura cristalina desses
minerais é tão grande que é possível supor que, estando o elemento químico em solução,
com condições para a formação de uma ou outra espécie de óxidos de Fe e mantidas as
relações de neutralidade do balanço de c<1rga final, o elemento químico será aceito na
estrutura cristalina. Isto ocorre, preferenciamente, com cátions metálicos de valência
variando de 2+ a 4+ que apresentem número de coordenação 6 ou octaédrica (veja
capítulo II). Portanto, a composição química dos óxidos de Fe formados em qualquer
local da crosta terrestre reflete, em grandl! parte, a condição química em que a gênese
destes minerais ocorreu (Quadro 1 O).
Numerosos autores documentam os efeitos da substituição de metais nos
atributos mineralógicos dos óxidos de Fe. Dentre os elementos estudados incluem-se
o AI (Norrish & Taylor, 1961), Ni (Cornell, 1991), V (Nalovic et ai., 1975), Ti (Curry et
ai., 1965; Fitzpatrick et ai., 1978), Zn (Lim-Nuflez & Gilkes, 1987; Costa et ai., 2006),
Ge (Bernstein & \Nay chunas, 1987), Cr (Schwertmann et ai., 1989), Mn (Corne ll &
Giovnnoli, 1987), Rh (Morrish & Eaton, 1971} e Ga e Cr (Sváb & Kren, Fl79). A
co m po~iç,f o químic.1 dL·Stc g rupo de miner,1 is pode ~1: r d c fin icf J pcl,1 pn:"-L'flÇ,'. J c F~, o.
H e A, c m qu e /\ :-,io 0 ~ c.i ti cins mct,11i cos (Qua dro 10) e o utro~ clcmc ntll., (l llt m1co. ,11ndil
n.'io idc nti fic,1d o:-.
Quadro 10. ub !'- litui ., 0 j5,o m1>rf icJ do Fc por ou tro ,; c;H1<rnr. n a C'- l r utur.1 cio ... óx idos
lfr f('
A~aganêita
G0cthila
He matita
Lcp idocrocit.1
Como vários do s e le m e nt os químicos que o;; ubs titu c m o Fe s.1o cssc nci,1is .10
cres cimento e d esenvolvime nto das plan tas e a nima is, os óxidos d e fl.' cons titu em rl'scrv,1
natural de nutrien tes (Ferreira e t ai., 199-t), que são liber,1do no processo d e intempc rismo,
mas. que, s imulta n ea m e nte, podem inc orporar outros e le ment o s cm s o lu ção.
principalmente AI, na s ua es trutura cris talina. Prá ticas agrkol;1. de c.1 l,1gcm, aJubaçJo
mineral e orgâ nica qu e nltcram o ambiente (lUímico do solo dCVL' m ,1lterar il com posiç;io
química des te grupo d e mine rai s num.i t.ixa dL• lrans fo rnrn~·.'iu maior d o que;, obcrv.-ida
para o s minerais silica tados Ja fração ;1rgil,1.
O gra u d e s ubs tituição do Fc por outros cá ti o ns dcpl'ntlt•, dl'ntrc o utra s vnriávcis,
d a simil a ridad e do raio iónico e da v a léncin do cd ti o n s ub s tituinte do Fe, bem corno
de s ua te nd ê ncia de forméll' es truturas c ri s talinas s imila r es L', finalmente, de sua
concentração no meio (Quadro 11). Por e xe mpl o, no caso ela goethita, o Fc pode ser
facilme nte s ubstituído por Mn, AI e Cr e formar soluções sólidas parciais com minerais
isoestruturais, como a grou ti ta, o diáspora, e a bracewellíta, res pectiva mente. Soluções
sólidas completas d e s ubs tituição Jo Fe dentro da estrutura cristalina são raras. No
caso do par m ag netita - ulvoespinélio, a e ntrada do Ti na magnetita ocorre para a
formação d e titanomagnetita.
A variedade de eleme ntos aceita na estrutura cris ta lina, bem como O grau máximo
que e~ta_p~d: ocorre'., ainda não foi co mpletamente investigada. Exceção ocorre co ni a
subst1tmçao 1somórf1ca do Fe pelo AI na estrutura cristalina de alg uns óxidos de Fe, a
qual será detalhada a seguir.
Quadro 11 . Fl'irmul,, qufmicn l' scqil"'nc ia de cmpncolnme nlo dos óxidos de Í'l' e ..i lg uns
mim•rais isocs lrulurnis de alumlnio (AI). manganês (Mn) t• tilânio (Ti)
Quadro 12. Raio iônico, v .1lência e potencial iônico (PI) dos principais cá ti o ns e ox i3nions
pres entes na lit osfera
C~tions
nm
Si~• 0,42 IV 0,11
K· 1,33 1,33
Na· 0,97 0,97
Ti~· 0,68 IV 0,17
Mn2• 0,80 li 0,40
Oxiãnions 11>
Goethita
A goethita forma uma solução sólida com o diáspora (a-AIOOH), e substituições de
até 330 mmol mot· • de AI têm sido encontradas (Schwertmann & Carlson, 1994), apesar
de Reis et ai. (1995) terem estimado, via dados de difração de raios -X (DRX), a partir dos
reflexos (110) e (111), valores de até 390 mmo) mo1· 1 de AI em goethitas de um Latossolo
do Triângulo Mineiro. Em goethitas, em solos fracamente ácidos ou em condições
ambientais redoximórficas, os níveis de substituição isomórfica são baixos (50-100 mmol
moJ· l Por outro lado, em goethitas em solos altamente intemperizados, da região tropicul
e subtropical, os nfveis de substituição de Fe por AI, são, em geral, superiores a 150 nunol
moJ- 1 (Schwe rtmann, 1988), um a vez que a substituição está relacionada coni ª
intensidade do processo de dessilicação (Schwertmann & Ktimpf, 1985). Bighani et ai.
(1978) determinaram para solos do Estado de Minas Gerais vaJores dc1 ordem de 160 a
200 mmol mol- 1 . Para solos do Cerrado brasileiro, Curi & Franzmcier (1984) e
Schwerlmann & Kampf (1985) encontraram níveis de substituição entre 240 e 360 rnrnol
1
moJ- • Costa (1996) estimou, via DRX, nlveis de s ubstituição de 148 até 399 mmol mol _,
para goethitas de solos derivados de rochas vulcânicas extrusivas. Melo et ai. (2001)
observaram que o grau de substituição isomórfica do Fe pelo AI em goethitas em horizontes
B e C de várias classes de solos foram de até 384 mmol moJ- 1, com a maforia dos valores
superiores a 150 mmol moJ-1• De maneira geral, têm sido encontrados para goethilas de
Latossolos brasileiros valores de substituição isomórfica que variam de 150 a 360 mmol
mo1·1 de Al (Kampf et ai., 1988).
Schulze (1984) descreveu um procedimento que utiliza a DRX para delerminar o
nível de substituição isomórfica de Fe por AI em goethHa, usando as posições dos reflexos
(110), (111) e (130). Estes reflexos são deslocados a ângu los maiores (menores valores d e d)
com teor de AI crescente em razão do tamanho menor do fon AI, quando comparado com
o Fe3... A dimensão da cela unitária c0 é mais sensível à substituição do AI. Então, Schu lze
(1984) destaca a seguinte relação entre o valor de c0 e o AI na goethita: AI (cmol moJ- 1) =
1730-572 c0 • Esta relação tem sido freqüentemente utilizada em outros estudos de goethitas
sintéticas e naturais (Palmieri, 1986; Schwertmann & Lathan, 1986; Fontes, 1988;
Schwertrnann & Carlson, 1994; Costa, 1996).
Magnetita
A magnetita forma uma solução sólida com hercynita (Fe2• AlP~) e é possível a
substituição do Fe dentro da estrutura cristalina pelo AI. Ainda há alguma discordância
na extensão da substituição do Fe pelo Al dentro da magnetita. Alguns autores afirmam
que essa solução sólida é completa entre os dois minerais (Dehe et al., 1975), mas outros
autores afirmam que o Al pode substituir somente até 100 mmol mo1-1 do Fe (Wolska &
Wolniewicz, 1987).
Maghemita
Parte do Fe3 ' na maghemita pode ser substituída por outros fons como AI (Wolska &
Schwertmann, 1989), Mg, Ti, ou Cr. Alum(nio, provavelmente, é o ion substituinte mais
comum e parece mudar o ordenamento das vacâncias (Wolska & Schwertmann, 1989),
quando da formação d este mineral pela oxidação da magnetita. Neste caso, a
distribuição do AI dentro da estrutura cristalina não é uniforme, de forma que
aproximadamente 80 % do AI está localizado nos sítios octaedrais da estrutura cristalina
formada (Wolska & Schwertmann, 1989). Schwertmann & Fechter (1984) observaram que
a substituição do Fe3 • pelo Al3 ' em maghemitas poderia ocorrer em até 200 mmol mot·•.
Esses autores observaram e desenvolveram uma equação a partir do reflexo (220) para
avaliar a substituição de Fe por AI(%): AI= 450 (8,343-a0 ). Para tal trabalho, Schwertmann
& Fechter (1984) avaliaram maghemitas aluminosas natu.rais de solo, formadas a partir
do aquecimento de magnetitas aluminosas sintéticas e maghemitas aluminosas
originárias da queima de goethilas naturais e sintéticas na presença de sacarose, como
fonte de e para combustão. Por DRX, Fontes & Weed (1991) enco n tra ram valor
significativamente maior, 260 mmol 11101· 1 de AI, parn maghemita d e um Latossolo do
Triângulo Mineiro.
Hematita
Mineral que forma uma solução sólida com o corundum (a.-Al 2O 3). Substituição
isomórfica de Fe por AI de até 160 mmol moI· 1 de AI tem sido observada tanto para
hematitas sintéticas, quanto para naturais (Pelia & Torrent, 1984; Schwertmann & Taylor,
1989; Fontes & \,\Teed, 1991; Sclnvertmann & Cornell, 1991; Reis et ai., 1995; Sambatti et
ai., 2002). Nos Latossolos brasileiros, têm sido encontrados niveis de substituição de Fe
por AI da ordem de 40 a 170 mmol mot· 1 (Kampf et ai., 1988).
É possível obter uma relação entre a dimensão n., da cela unitéiria cúbica do mineral
e a quantidade de AI que substitui o Fe em hematitas sintetizadas a 70 º C (Schwertmann
et ai., 1979). A equação de regressão linear (R2 = 0,97) que relaciona o grau de substituição
do AI (cmol moJ-1) e a dimensão 110 é: AI= 3076,8- 610,7 n0 • Schwertmann & Lathan (1986)
derivaram uma relação semelhante que utiliza o valorª~ da cela unitária e o grau de
substituição do Fe pelo AI para hematitas sintetizadas a 25 º C. Porém, esses autores
observaram que os resultados de um grupo de solos de Nova Caledónia podiam ser mais
bem descritos pela relação: AI (cmol moJ· 1) = 678 (5,0418- 11,).
Íons hidroxilas também podem substituir o 0 2• na estrutura cristalina da hematita
(Stanjek & Schwertmann, 1992). Os autores sintetizaram uma série de hematitas e
avaliaram o grau de substituição isomórfica do Fe por AI e 0 2- por 01-1- ao empregar
técnicas de dissolução química e análise térmica. Idealmente, hematita é termicamente
inerte, mas pequenas quantidades de I-J~O podem evoluir com aquecimento quando Ol-1-
está presente na estrutura do mineral. Stanjek & Schwertmann (1992) encontrarnm boa
correlação entre a dimensão 11,., a dimensão c0 e o volume (V) da cela unitária hexagonal
do mineral com a quantidade de AI e OH presente nas amostras.
Cor
Do ponto de vista humano, a cor de um óxido de Fe é o primeiro atributo que identifica
sua presença no sistema. Na pedologia, geologia e ciências ambientais correlatas, a cor é
medida pelo sistema de classificação de cores de Munsell ou simplesmente sistema de
Munsell. Esse sistema (Figura 7) define cor em termos do matiz-H (posição da cor no
espectro visível), croma-e {pureza da cor que vai do cinza à cor púrpura) e o valor-V
(brilho da cor que vai do preto ao branco).
A cor dos óxidos de Fe varia segundo suas características intrínsecas, destacando-
se tamanho das partículas, composição química, tipo e grau de substituição isomórfica e
forma das partículas. Hematitas muito pequenas são vermelhas com máxima expressão
em pa_rtículas com seção_ transversal de até lµm (Figura 8). Acima deste tamanho, a
hematita torna-se roxa e atinge cores acinzentadas em partículas visíveis a olho desarmado
(Comell & Schwertmann, 1996). A presença de outros cátions metálicos, como AI, Cr,
Mn, Co, Zn, em substituição ao Fe na eslrulura cristalina destes minem is altera, além d o
tamanho dos cristais, também sua cor e cria dificuldndes no reconhecimento do tipo de
metal presente.
Valor
10
Croma Branco
9
SR
Figura 7. Distribuição dos componentes da cor (Matriz, Valor e Croma) no Sistema Munsell.
Goethitas podem adquirir cores brunas (mineral mais puro) a esverdeadas, bruno-
oliváceas a negras quando Cr (Schwertmann et ai., 1989), V e Mn (Stiers & Schwertmann,
1985) estão presentes na estrutura cristalina desse óxido de Fe, respectivamente. Goethitas
e lepidrocrocitas sintéticas e de solo tornam-se cada vez mais escuras, conforme a redução
do tamanho do cristalito ou quando estão cimentadas em concreções, ferricretes, etc.
Matiz esverdeado associado à presença de bernalita não é comum em solos. A presença
de Mn na hemtita leva ao aparecimento de cores escuras, próximas no negro (Cornell &
Schwertmann, 1996). A presença de AI na estrutura cristalina dos óxidos de Fe, além
de diminuir o tamanho dos cristais de hematita e goethita, tende a tornar os cristais
mais claros, com o aumento no valor do sistema de Munsell (Barrón & Torrent, 1984;
Kosmas el ai., 1986).
A cor desses minerais sofre a influência de .ilguns fatores, a saber: teor de matéria
orgânica, grau de umidade do solo, agregação, condições de oxirredução, etc. Nos
solos, os óxidos de Fe determinam cores que ocorrem nos matizes: vermelho (R),
vermelho-amarelo (YR), amarelo (Y) (Quadro 13) e, eventualmente, amc1relo-
esverdeado (GY).
Goethita
Hematita Ferrihidrita
Magnetita
1
Co ns ide rando o tam a nh o diminuto de s uas pa rtículas, os ó xidos de Ft! ;iprcscnt.1~
g ra nde cap acid nd c d e pigmcntaç,1o. Mesm o c m concent rações m en o rL'S do que 5
0
Figura 9. Efeito da pigmentação dos principais óxidos de ferro (goethita, hematita, magnetita)
e uma esmectitn graçns à sua adiçüo (g kg·') cm uma mal'riz de Cíl uli nitíl .
.
•• 1•
... J •• • • •
• ' \. • , 1
figura 10. Formas de ocorr4!ncia dos óxidos de ferro na natureza. (a) Perfil de Lalossolo Vermelho
dominado por he matita (Maringá-PR); (b) Horizonte G ley, em profundidíldc, aprcscnrando
cores acinzentadas decorrl:!nll'S da presença de Fe2• (Cruzmaltina-PR), (e) Perfil de La tosso\o
Vermel ho lu;!matitico derivado de argililos (Ponta Grossa-PR), (J) Neossolo apresentando
goL?thita no Horizonte C (Maringá-PR); (e) Espo~ossolo co_m ferrihidrita no Horizonte Bsh
(ltapoá-SC): (f) Argiss~lo Ve~mclho c_on~ hematita no horizonte B-tcx_tur,1I (lguatt•mi-PR);
(~) tntemperismo d<.' ~lfO;\Í!nlOS em lam1_11a delgada de .basallo com hbcrnç,\o de F'-'' '; (h)
lntemperismo de granitos mostra ndo a hberaçáo de Fe3 (Guaruva-SC).
A presença de maghemita em solos está, geralmente, associada à hema tita com matiz
mais bruno (2,5YR-5YR). Solos onde maghemila é o único óxido de f'e presente ainda não
foram identificados. A formação de lcpidocrocita no solo resulta na expressão de cores
alaranjadas com matizes de 7,5YR e valores> 6 no caso de espécies bem cristalizadas ou
mais avermelhadas (5YR) quando os minerais apresentam menor grau de cristalinidade.
A ocorrência de ferrihidrita atribui coloração bruno-avermelhada com matizes que variam
de SYR a 7,5YR no sistema Munsell. Cores amareladas em águas de drenagem de áreas de
exploração de minas de carvão são associadas à formação de schwertmanni ta. Já em solos
mal drenados com intensa redução dos óxidos de Fe, a presença de cores verde-azuladas é
associada à formação fougerita (Gree11 Rust) (Génin et ai., 2001, Géhin et ai., 2002).
Por meio da determinação da cor, vários autores têm tentado quantificar a presença
dos dois principais óxidos de Fe, hematita e goethita. Ao utilizar os componentes do sistema
de Munsell, Torrent et ai. (1983) desenvolveram um índice de vermelho (TV), medindo a cor
do solo por reflectância espectroscópica e obtiveram relação entre o índice de vermelho e a
percentagem de hematita. O modelo obtido [IV (x103) = 0,28 + 4,87 (% hematita)] pode
ser aplicado em amostras com até 5 % de hematita com alta capacidade predititiva
(R2 = 0,82). Com procedimento experimental semelhante, Barrón & Torrent (1984)
obtiveram relação linear, com alto coeficiente de determinação (R2 = 0,83), para avaliar
o grau de substituição isomórfica de AI na hematita a partir do valor (V) do sistema
de Munsell. Schwertmann et ai. (1982a) obtiveram um modelo quadrático de regressão
relacionando o índice de vermelho (IV) com o conteúdo de hematita em solos: IV=
0,81 + 8,4 x - 0,75 x2 (R2 = 0,94), em que x é a percentagem de hematita na amostra. No
Brasil, Kampf (1981) obteve a relação: IV= 2,45 + 0,82 (% Hematita), para amostras de
solos da região Sul do Brasil, demonstrando que, para os solos derivados de rochas
eruptivas, a hematita é o principal mineral que atribui cor aos solos.
Densidade
A densidade de um mineral é a relação entre a massa e o volume que esse ocupa sem
a presença de água ou gases na amostra. Dentre os vários grupos de minerais no solo, os
óxidos de Fe são os que apresentam as maiores densidades. Os valores de densidade
encontrados para esses minerais variam de 3,0 a 5,3 kg dm-3 (Schwertmann & Taylor,
1989) e são superiores aos da maioria dos silicatos (2 - 2,8 kg dm-3), 0 que facilita a
separação mecânica desses minerais (Quadro 4). Os óxidos de Fe apresentam maior
valor de densidade do que os oxihidróxidos. Ainda, os minerais com baixo grau de
cristalinidade (fougerita, ferrihidrita, schwertmannita) apresentam valores baixos de
densidade em razão da elevada quantidade de hidroxilas ou moléculas de água em sua
constituição química (Quadro 4). A substituição isomórfica do Fe por elementos químicos
também altera os valores de densidade dos minerais formados.
■
40 nm
40M1 -
0,3µm
CONDIÇÕES DE FOR1\IAÇ;\0
Figura 12. Concreções de ferro. (a) Carapaça lateritica goethitka protegendo material ca_lcário
(Ohio:EUA); (b) Concreç~o de ferro (Ma~gá-PR); (e) Petroplintita hematílita-goethltt:ª
um Plmtossolo ~lguate~1-PR) (d); Petrophntita goethitica (Paranavai-PR); (e) Concreçao d
d:
ferro e manganes (Marmgá - PR); (f) Nódulos goethilicos em formato de raiz.
NO t1mb ic nt c ini c1c1l de ÍClrmc1ç,io dos (lx 1do!. d e í-'c, h j, <.'m o;oluç;io, grn nd e
conccn traçJo dt• difcrcnlcs formc1 s ,1 nifmi cJ (CO/-, C f·, 50/ , S iO/ , e tc.) e c,1tiõnici1s
(l\:.:i ·, Ct1: ,, AI ' ', l\ t~· , K ·. ele.). Ccm c;idcr,md o a rcg r,1 d e f,1s cs de G.1y- Lu ... ,,,c Oslwald,
inici..i lmc ntc, fo rm ,1s m.w ; !-Olu vei!, .:is~oci.idas J esse Jni o ns d evem scr for mc1das. o
compos to!- quími co!- de Fc inic ic1 lrncnte f a rmad os (fe rri hid r i ta, c hwcr lmJnnilil,
fo u gt•ri la, de.) sJo mui lo m .Jis ins l,h-cis e, co ns eqücnlc m c ntc. mc1i s solu vc ic; do que 0
ó;1.. 1dos e h idró,iJos dt• Fc. que a prese nt am m ,1inr gr.i u dt· cris talin idade. Ess,1s pnrncirJs
fases sólidos, 4u.1ndo for madas, p odem pcrmnncccr e t,1vcis st• as condiçc'.ics quírnicJs
n Jo se ;illc r,1re m. No e nta nt o, a re m oção continu,1 e ,1 rcclu çJo d.i ,1 tiv idacJ c d os ío ns cm
soluçjo f,worcccm J di ssoluç.io d ,1<: fo rm ,F, sól 1J ,1s m ,1is solu \·c is e a diilgcncsc de
110\'0S m incr;iis m.1is e!- ttiveis , co rno h c m ,1111,1. fOct h it,1. m,1g ht.•m ita, lc pidocroci ta. etc.,
que n eccssit J m d e m enores .Jti,·itfadc~ cfo<. ckrnt· nt t,._ quim 1cos que os fo rmam, cm
sol uç,io .
A fo rmaç5o dos óxido~ de f c ,,corre por tr l'.-•, rnl'c..tm m o (Big h,, m et ,1I., 2002): i)
intempc ris mo d e m inl'r,1is prim,1 rio!-; itj m inl.'r,,l11.1ç,lo d e, Fl' p1..•l;1 c1ti v id Jdc bac teriana;
iij) rcm obili7.:iç5o do Feno .:,i~ll•m a.
Remobilização do Ferro
(15)
Além da presença de microrganismos, a redução do Fe3' pode ser mediada por reações
fotoqu.fmicas (McKnight et ai., 1988).
l'c(ll)
figura 14 . Re presentação e s que m á tica da s reílções qu(mi cíls e n vo lvida s 11.1 ío rm:ição _c
transformação dos óxidos de ferro segundo algumílS vari,\ veis ambil'nt.iis. MO - 1n.,tt n,,
orgânica.
Ferrihidrita
Gocthita
Hematita
Lepidocrocita
Neste caso, a síntese deve manter a solução em meio levemente ácido a neutro (pH 5-7)
para evitar a formação de ferrihidrita, goethita, magnetita ou maghemita (Schwermann
& Cornell, 1991). Ao aquecer, a lepidocrocita desidrata-se para, inicialmente, formar
maghenúta (t = 200-300 ºC) e, subseqüentemente, hematita (t > 500 ºC) (Geh.ring &
Hofmeister, 1994).
Akaganéita
A síntese de akaganéita, em condições de laboratório, envolve a hidrólise de soluções
que contêm cloreto de Fe3•, em meio ácido (pH < 5), na presença de Cl- em solução. Este
ânion ocupa os interstícios da estrutura em forma de túneis do mineral o que favorece
sua formação e estabilidade (Schwertmann & Cornell, 1991). No processo de remoção do
excesso de sais da solução, o Cl é removido, ocorrendo o colapso da estrutura do mineral
e transformando-o em goethita ou hematita.
Magnetita
A síntese de magnetita em condições de laboratório é efetuada de diferentes formas.
A mais simples envolve a oxidação e hidrólise de uma solução de sulfato ferroso (FeSOJ
em meio alcalino (pH > 7) numa atmosfera livre de 0 2• Outros métodos utilizam soluções
com Fe3 • e Fe2 • numa relação molar de 2:1, respectivamente, que são neutralizadas
rapidamente e formam ferrihidrita a partir do Fe3• que, em seguida, reage com o Fe2• em
solução formando magnetita (Schwertmann & Cornell, 1991). A presença de Fe2• em
solução, em meio neutro, transforma ferrihidrita, lepidocrocita e outros óxidos de Fe em
magnetita. A formação de magnetita e lepidocrocita ocorre em soluções que contêm
somente Fe2• . Proporcionalmente, mais magnetita pode ser formada em relação à
lepidocrocita se ocorrer elevação do pH acima de 7.
Maghemita
Os métodos de síntese da maghemita são os mesmos utilizados na formação da
lepidocrocita e magnetita, com posterior aquecimento a 250 ºC por 2 hem forno ventilado
a ar. Outros métodos envolvem a oxidação de soluções de cloreto que contêm Fe2+ e Fe3•
numa relação molar 9:1, respectivamente, e que são oxidadas em pH 7 na presença de um
fluxo de ar de 10 mL min- 1 (Taylor & Schwertmann, 1974b).
renge com o excesso de Fc2' em solução que, ao sofrer hidrólise, favorece a formação d a
fougerita (Schwertmann & Cornell, 1991). A cslTutura crist.1lina d.1s fougeritas formados
no processo de sfnlese está diretnmente associada ao tipo de ânion em solução; portanto,
existem fougeritas formadas a parlir de carbonato, sulfato, etc. (Génin et ai., 2001, Géhin
et aJ., 2002).
de Fedo que as pequenas variações locais climáticas. Moniz. el ai. (1982), por exemplo,
encontraram hematita como óxido de Fe predominante nos solos da parte alta e m a is
seca do relevo, enquanto a goethita em o óxido de Fe dominante nas porções inferiores .
Observações similares foram feitas por Coventry (1979), na Inglaterra, e Curi &
Franzmeier (1984), no Brasil. No entanto, Macedo & Bryant (1987) observaram em
Latossolos da região do Cerrado que a hematita conce~trava-se nas porções mais
úmidas do terreno. Os autores argumentam que a hematita foi formada anteriormen te
num ambiente mais seco e não foi transformada em goethita, prova velmente por fo i ta
de uma fonte de energia para que os organismos do solo reduzissem o Fel• da hematita
e posterior síntese da goethita. Isso foi confirmado posteriormente (Macedo & Brya nt,
1989), em condição de laboratório, uma vez que a adição de açúcar ao s o lo resultou na
rápida transformação da hematita em goethita. Esta transformação de solos vermelhos
(hematíticos) em amarelos (goethíticos), denom inada xa nti zação (Kampf &
Schwertmann, 1983), ocorre pela dissolução preferencial da hematita em rela ção à
goethita.
Hidrosseqüências de solos co nfirmam as observações de laborc1tório. Solos
aerados ou bem drenados, geralmente, apresentam maior proporção da hematita do
que os mal drenados, onde processos de oxidação/redução favorecem a dissolução
da hematita para a formação da goethita (Pena & Torrent, 1984; Schwertmann, 1 985;
Sdnvertmann & Taylor, 1989).
Lepidocrocita
Ferrihidrita
Maghcmita
A distribuição da rnaghemitél cm s olos, até bem recentemente, era restrita clS reg iões
tropica is e s ubtropica is (Taylor & Sclnvertmann, 1974n; Coven try ct a i., 1983). Se u car:Hcr
depósitos de materiais glaciais (Bjork et ai., 1982) e sed imentos (Walling et ai., 1979·
1
Dearing, 1992).
l\1agnctita
MÉTODOS DE IDENTIFICAÇÃO
Métodos Químicos
Métodos químicos para identificação e quantificação dos óxidos de ft> em s,,k,~
constitue111 uma das primeiras técnicas utilizadas nes te grupo ele minerais .,tê nh '-,,Jo:i
da d~cada de 60. Os óxidos dl! Pe nos solos, eram considcrndos minerais de b.,i>-0 gr,\U
dl' crí s taliniúadc, 9uando niio matéria ,1morfa, ~ d e vl!ria m sl.'r removidos dos l•studos ~k
mineralogia, que eram focados nos estudos dos aluminossilicotos na fração argila. Logo,
métodos de dissolução seletiva baseados nil redução do Fc3 • estruturnl parn Fe~• solúvel
foram desenvolvidos (Quadro 14).
Quadro 14. Métodos de dissolução seletiva p.ira ilS diferentes forma s ele óxidos de Feda
fração .i rgila de ~olos
O método mais conhecido de dissolução seletiva dos óxidos de Fe utiliza uma solução
de citrato de sódio (agente complexante do Fe2•) e bicarbonato de sódio (agente tamponante
a pH 7) a 75 ºC, em que é adicionado Na-ditionito em pó (Na2Sp_ 1) como agente redutor
(Mehra & Jackson, 1960). O extrato dessa dissolução é utilizado para determinar o teor
de óxidos de Fe livres, isto é, excluindo aquele presente na estrutura dos minerais
silicatados da fração argila. Esse método dissolve a totalidade dos óxidos de Fe na fração
argila, mas não tem a mesma eficiência na dissolução da magnetita nas frações mais
grosseiras (silte e areia) dos solos (Hunt et ai., 1995).
Para auxiliar na identificação dos óxidos de Fe em amostra onde ocorrem v ários
minerais, outros métodos de dissolução seletiva são mais eficazes. Nesse caso, os óxidos
dP Fe, com maior solubilidade e menor grau de cristalinidade (ferrihidrita, fougerita,
schwerlmannita), são dissolvidos seletivomente ao utilizar uma solução ácida (pH
3,0) de oxalato de amônio (Schwertmann, 1973), concentrando as demais formas
cristalinas. A partir dessa dissolução seletiva, foi possível identificar a presença de
ferrihidrito em amostras de solo por difratometria diferencial de raios-X (DDR,'().
Métodos de dissolução seletiva efetivos para concentração d e hematita e ou goethita
em relação aos demais óxidos de Fe cristalinos ainda não são eficazes. No entanto,
Costa et ai. (1999) desenvolveram um processo de dissolução seletiva da maghemita
de amostras da fração argila de solos derivados de rochas eruptivas básicas com
elevada concentração do mineral. O método utiliza solução de H.S0.1 1 ,8 mol L-1 a
quente (~75 "C) por 1 h para dissolver preferencialmente a maghemila sobre a hematita
e a goethila (Figura 15).
SI
...o ~
.,,!... .,,......
o
.,,...
o o
N
"0
.,,N
.lo
~ J J
~
e,
l ♦
(b)
(a)
18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38
º20 - Cu Ka.
Figura 15. Dissolução seletiva da maghemita em relação à hematita: a) amostra tratada com
NaOH 5 mol L· 1 fervente; b) amostra tratada com 5 mal L· 1 NaOH fervente seguido de
dissolução seletiva da maghemitra com H 2S0.1 1,8 mol L·1• Observar o desaparecimento do
reflexo (220) da rnaghemita e o aumento da intensidade relativa do reflexo (110) em relação
élo (104) d a hematita. Silício (Si) - padrão interno utilizado.
fonte: Modific.:ida de Costa et .il. (1999).
Cor
A DRX é umn técnica básica para identificação dos óxidos de r eem a mos tra s
monominerálicas, minerais sintetizados ou após a concentração des te s min e rai s
por técnicas de dissoluçã o seletiva em solos e sedimentos. A prese nç a d os trê s
principais reflexos de determinada espécie mineral (Quadro 15), nc1s s uc1s respcct ivc1s
posições e intensidades, é él forma mais positiva de identificc1çào dos óxi dos d e r c.
No entanto, a presença dos três reflexos nem sempre ocorre, mesmo após tratam e ntos
de dissolução seletiva, o que dificulta a identificação de nlguns mine rai s que
apresentam alguns de seus reflexos mais intensos coincidentes íl outros minernis
(Quadro 15). Para os óxidos de Fe mais comuns, a presença dos reflexos (012) para
hematitn , (11 O) para goethita, (220) para magnetita/ maghemita e (020) para
lepidocrocita é suficie nte para a identificação positiva em solos tropicais e
subtropicais, após tratamento da amostra para dissolução seletiva dn caulinita e
gibbsita (Norrish & Taylor, 1961 ).
Com a recuperação dos dados de DRX por programas comput,1cionais, é poss ível
determinar as espécies minerais, bem como calcular uma série de atributos mineralógicos,
como a posição exata, a área e a largura a meia altura dos reflexos, que au xiliam na
determinação da abundància relativa dos minerais, tamanho cios cristilis, dimensões ela
cela unitária e composição químicn.
Em .::imostras Je solos sem Lrntamcnto prévio, a identificaçã o dos óxidos de Fe é
dificultada pela baixa intens idade da maioria dos reflexos desses minerais, quand o
a ssociados aos mint:'rais prim:'l rios encontrndos nas f rnções mais grosseiros e minerais
silicat.idos na fração argila, sobretudo os encontrados em concentrações i.nfe ri ores"
50 g kg· 1• Técnicas de dissolução seletiva removem algumns das espécies dl! óxidos de f-c,
e a difere nça entre dois espectros d e difração, dél mesma amostru, ,·mtes e depois da
dissolução, mostra-se eficiente para iJentificaçã o por DDRX, principalme nte paril
mine rais d e bai xa cristalinidade, como a ferrih idrila e sdnvertmannita. O limite inférior
de conrl'.'nlrnção para identificação da fcrrihidrita por DDRX é de 150 g kg· 1 (Schwertnmnn
et ai., '1982b).
Q uMlrn 1!i. ld1•nl lll1· 11;1h, d11111h ldt111 dt• jlp 111111:1.1111d1, 1111111111111;111111°1111111ti1111 rdl1•xw 1)'(l i' d lírllf;íln
d,• r,111111 X (lll{X), 11•111111•rn111 rn d,• d1 •rd dr11x ll11,;n{1 p111· 1111/1ll111• 11•1111Pdl (1•n·1ll'l11I (I\Tí)) ,.
h,llhl,,11 d11 1•1, p1•1·lr11 p11r lnlr11v1•r11w ll111 (IV) .
Mliwrnl/ l>HX
C;irt. o /\'l'I) IV
UC POS, ll)!)l))(il Hl'Íil-''CllH E11p,IÇOllll'lllO 1/111
hld 11111
Mnghémll.1 3 11 0,2!i 177 '100 (10tl -/!00 (1 !d) t!00, ,1SíJ, 570, 590, 6J0
('.\9-'I J4 (,) 220 0,29.530 '.)()
Schwcrlmnnniln 212 U,2550ll IOO 2'itl-300 (Ed) ll( IH, CJ7(1, 70.1, (,llH
('17-177'5) lllM IJ, 1510IJ ,11 •lllU (Ex)
::J 10 o,:D9llll 35
Propriedades Magnéticas
As propriedades magnéticas dos óxidos de Fe podem ser determinadas por diferentes
técnicas, sendo a espectroscopia tvlõssbauer e a Magnetometria as mais utili zadas (Cornell
& Schwertmann, 1996).
Espectroscopia Mõssbauer
(a) X = 0
{b) x = 0,45
(e) X= 0,90
-10 -8 -6 -4 -2 O 2 4 6 8 10
1
Velocidade, mm s·
Figura 16. Esp ectro MOssba ucr d e magnctit-as sintétic;is com níveis (Z•½., f l\,O~) crl'Scentes d~
zinco (X) na estrutura crist;ilinn.
Fonte: Cost;i t,I ai. (2006).
Magnetometria
Conjunto de técnicas utilizadas, inicia lmentl.', pelas geociências, a rqueologia eciênc}a
dos m a te riais, interessadas no tipo, na intens idade e na direção da magnetizaçao
remanescente dos óxidos de re numa amostra, expostas num campo magnético exter~o.
A partir dessa exposição si'io geradas informações utilizadas na identificação das espécies
minerais, bem como o tipo d e domínio magnético associado (Dearing, 1994). Dentre essas
técnicas, as mais utilizadas são a s usceptibilidade magnética e a magnetização de
saturação da a mostra.
A s usceptibilid a de magnética por unid ade d e massa, ou simplesn1 enlc
susceptibilidade magnética (X), constitui ah·ibuto para determinação qualitativa e, ou,
quantitativa da presença de óxidos de fe e m solos e sedimentos, alé m de apresenlair
vantagens sobre outrns determinações. Trata-se de determinação rápida (da ord em 'e
segundos), com possibilidndc de utilizar gualgucr tipo d e nmoslra, inclus ive úmida.
Além di sso, os vnlores de susccptibilidélde. magnética dos materiais diamagnéti cos ,
nntiferromagnélicos e paramagnéticos constituintes dos solos são negligívcis (< 100 x
10-s m ~kg-'), quando comparados aos dos minerais ferrimagn é ticos (20.000 n 70.000 x
3
10-s m kg- 1), o que torna as medidas uma forma incontestável de c1vali ,ir a prese nçc1
desses minerais em quaisquer solos (Quadro 8) (Costa cl ai., 1999).
Espectroscopia Infravermelha
As posições das bandas do espectro infraverme lho determinadas em equi pa mentos
de dispersão ou lransformad,1s de Fou rier dispõem de informações para ide ntificação,
quantific<1ção, caracterização (morfologi.1, cristalinidade, tipo e grau de s ubs titui ção
isomórfica) e definição das reações químicns de óxidos d e Fe com co mpos tos orgãni cos e
inorgânicos (Quadro 15). A eficiência dessa técnica é maior na identificação d as es pécies
minerais quando são utilizadas amostras de minerais puros, s intéticos ou nã o, ou qu e
sofreram processos químicos de dissolução seletiva para concentração dos óxid os d e Fc
(Figura 17). Em amostras de solos ou sedimentos em que os óxjdos de Í'e ocorrem cm
pequenas concentrações, o espectro infravermelho é pouco útil, considerando suél baixa
especificidade em relação a esse grupo de minerais e por ser o Fe um elemento co mum em
outros grupos de mjnerais ou mesmo associado à matéria orgânica do solo.
60 . . - - - - - - -- - --
~o Ak.~ganéita
20
o -t-----------:::---
Análise Térmica
Conjunto de técnic,\S (i.1náli!-c tcrmog rol v imé tri c,1, ,111,1 lisc l~r mic ,1 diferencial,
calorimdria difcrcnd.11 de.• varredura) úte is n os es tudos de idcntificaç.io. qu.intificaçiioe
caraclL•riz nçno (cris tJlinid.Jde, ~ubs titui çi'\o iso m ó rfi c.,) de óxiJos de fc p uros (na tur<1is
o u s inté ticos) ou quJndo dominanll'S cm ,,mos lrJs complexas. i\rnos tr,,s c m que os óxidos
de fe ocorrem L'm pcqucnJs concentrações n 5o ulili w m ;inc.1lbc lé rmic,1 par.:i identific.-içJo
ou qu,,ntiíicaç.10, pois o utros miner,1 is secundários do so lo {,1luminoss ilica to!>, hidróxido
de AI) têm comportamento térmico !>CmdhJnlc, c ri,mdo dificuld,1clcs n a idcntific.-içãoe
n.i separaç:io de fosc-s (Quadro 15). J\ind.J, reações cndo té rmicc1~ co m o .i desid roxilaç<io
da GOeLhit.1 e lcpid ocrocita se sobrepõem nos res ultad os d eco rrentes de VMit1ções no
t,.1manho da cr istalinidade, no orde namen to cri!>lalino e nc1 ubs tituição iso m ó rfica do Fe
por AI (Ruan & Gilkcs, 1995). J.'1 rNç ôc.-. c,o té rm ic,1~ .is.;oci.id ils i1 mu da nças de fases,
co mo a transformaç5o do Fl•~· ., Fc' · nJ ()~idaç.10 d,1 m.i&nctita J mag hcrnita, são facilmente
verifidveis p or anális es técni c.1s, ~ !'-cml'lh,111 ç.1 dJ perda dt.· 1-f~O o u hidroxilas dos
outros o xihidróxid os de Fc (Quadro 1 S). J\ hl·mati ta (, exci:ç,1o p o is , p o r definição, n.io
apresenta evolução té rm ica, carackris ticJ de m,1tcr i,1l st.•m ,\g u.i es trutural. No cn!Jnto,
Stanjek & Schwcrtmann (1992), por meio d.l ilnAli é tL•rmic..i, ()bs i:rvM,1m s ubs tituição
isomórfica de o~ por OH· e m hema tit as :-intl-licil!> cJu c perdcr,1m peque nas quantidades
de águ,1 n o processo de calcinaç.1o.
l\ilétodos Síncroton
Em laboratórios com fonte de Energia Síncroton, feixes de r,1i os-X p os~u c m energia
bilhões de vezes maior do que equipamentos com uns de bborató rio. Como rt.>Sultudo, hj
aumento s ignificativo da qualidade dos espectros de difrnçào e .1bs orçiio d e raios-X,
espectroscopia infravermelha, espectroscopia ~1lõssba u e r, ,111,1'isc de microo ndas de
rnios-X, etc. A utilização dcssus técni cas tornou poss ível detalhar <l es trutur,1 dJ
ferrihidrita (Manccau & Drits, 1993), n formação de complexos nn superfície d os óxidos
d e Fe (Manning cl ai., 2002) e a influênci,, de oxiãnions como .irscna to n,1 formnção
desses minerais (Waychunas cl ai., 1993).
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nes torkílmpf@g m,1il .com
21
Departamento de CiO:•ncí;i do Solo, UniversiJilde Federal de Lwrns, CP 3037,
37200-000, Lavr,lS (MG).
níllcuri@ufla.br; jmarques@ufla.br
Conteúdo
0XI DOS DE SILÍCIO ··- ····-········--·--··-··-···--····-··-···- ···- ·····-··- ··········- ······- ···-········- -- ·--· -·--·· ·-· 58,
Eslrutura e Composíçilo das Fases Minerais·•-···--·····-·---········-·········-···-·- - - -·· - ·····-·······-· 582
Propn...dades F1~icas c Químicas ·····-- ·········- ···-··-··--······- ·- ····--··- - - - - · - - - - -····•·-·-- 58-l
Ocorrênci.i e Formação ···---·--···-····--······ . ·······-·..·····...·.······- ·-··············-••·--•--········-··-- ......·- -·· 585
lmportjncia 1\ mbi(•ntol - ···- ···· .......... . .. ········ -··-·· - -······· .......................... ................... ·--· ........... 588
ldenhfíca,:io e Quantiflcaç5o -·- - - ---·----·--- ···- - ·--·-·- -·--·---·- ···-····--····589
O XIDOS DE MANGANt:S .- --
Estrutura c Composição Jas Fast>., lvliner.:ib ········-··-··•···-····--··- · - · ·· -·· - - · · ··- •·- •- - ··- ·- .. 59 1
O..- om.\nci,, o formaçiio ·-···-····.. ····- ······-··-····- •·-··.. ··- -- ···-·-· - ··-- ··- - ······· ..· -- ·- -·..- - 593
lmport:mna AmhiL-nt.al .. ·····- ··- ._ _ ........·---·- - - - - - -- ··-·--·- --·-·- ·-··- - ··--- -596
ldl!Jltlficaç<io l' Qu,lntiík,1çã,, - ·•··- - · ·· -·-·. •--··- ··-·-···-··--- - -············-·····---·--···-·--·-···- 5')7
ÓXIDOS IJE Til ÃNIO ·-- - - . - - - - · · - ..... - - - · - - - ···-··· · - - - ····---- _ .. 596
[<.trulura ,. Compo~iç3o d,1s P.isL,s Minc.rnis .. ·-·-·-· -· · - ·······---· -- ·- - ·--··-· .. __ ,__ ·- 598
Propm,dadcs ítsicJs r Qu1mka~ - •·- - - ·- · - -·- - - - ··- - - ··- ····--·-·-· ..........· - - ··- -··- ... . 599
S ~ICS. \'1ço,a, ~lll.l'J. Químir,1 e Mi nl'r,il<'i;1a do S1110. C0 11.: ,•110.~ Ll,h !u,s e Ap l k .,çi\e -. l 'll:i lp
f1·d~ v.,nJ,,r d o 1:r..-il.1~ ~fei o L' Lui, Rcrnalún r-..-n ,ii:du Alko ni}.
574 NESTOR. KAMPF ET AL.
Ocon l-nci.1 e Formaç-'o .......·-··········--···-·-···.........- ........ - ...-••······ ......................- ............,..... ·· ,..................... 600
lmpo rt:i nci,1 Amt>ir ntal ...............- .................................................................................................... ................... 600
ldentiJica,çjo e Qu.-intií1c,1ç~n ........ - ...... ..... ..................................................................... ---········ ··· ............... 60 1
LITERATURA CITADA ........_ ............._........................................................................................... ···- ............... 601
INTRODUÇÃO
ÓXIDOS DE ALUMÍNIO
Quadro 1. Óxidos de alumínio, fórmula química ideal, principais espaçamentos d observ ndos
na difratometria de raios-X, com seus respectivos índices de Miller
Gibbsita y-Al(OH)J 0,485 (100); 0,437 (70); 0,239 (55); 0,432 (50) 002; 110; 311; 200
Nordstrandita Al(OH)3 0,479 (100); 0,227 (30); 0,432 (25); 0,239 (25) 002; 022; 110; 004
Bayerita Al{OH)) 0,222 (100); 0,471 (90); 0,435 (70); 0,172 {40) 201; 001; 110; 202
Oiásporo o:-AJOOH 0,399 (100); 0,232 (56); 0,213 (52); 0,208 (49) 11 O; 1ll; 121; 1-10
Boehmit.1 y-AIOOH 0,611 (100); 0,316 (65); 0,235 (55); 0,186 (30) 020; 120;140; 051
Corindon o:-AJ:i{)3 0,209 (100); 0,255 (98); 0,160 (96); 0,348 (72) 113; 104;116;012
orden.:imento tridimens ion.il deficiente cm virtude do número res trito de cclns unitnrias,
além de conter .1gu.1 inlcrc,1l,1d.1 entre ílS Jnmin.is octnedrnis (Tettcnhors l & Hofmann, 1980).
O coríndon (a-Alp,), que é isocs trutur.il com .1 hcmntitn (y-r-c2O ,) (Wnychunas, 1991), é um
miner.1) primário formado c m all.:is tempcrntur,1s (> 450 ºC), cncontrndo cm roch.is ígneas e
metamórficas, sendo pouco comum cm solos (Deer ct nl., 1992).
a
ic.:..--♦ C
Figura 1. Estruturas da gibbsita (a), diásporo (b), boehmita (e) e coríndon (d). Os octaedros
contê m alumínio no centro e oxigênios nos vértices. Os círculos pretos representam
hid rogénios.
Fonte: Adaptada de Bash & Guthrie (1993) i: Je Waychun,,s (1991).
Ocorrência e Formação
O Al 3 • originalmente ocorre nos aluminossilicatos primários, de onde é liberado
pelo inh1mpt>.rismo. De m,meira s imilar aos óxidos d e Fe, cada óxido de AI é favorccido
por condiçôes ambientais específicas. Todavia, detalhes quanto à sua formação no solo
ainda s ão obscu ros , principalmente pela ince rteza dos lipos de polrmi:ros de t\l
e nvolvidos.
nestes solos, exigindo adição de elevadas doses de calcário parn correção d é1 acid ez
(Sombrock, 1966; Kampf & Klaml, 1978; Kilagawa & Mõller, 1.979; Potter & Knmpf, 1981 ).
Nestas últimas regiões, a gibbsita é abundante apenas em saprólitos bauxíticos de basal lo
e rio li to (Kampf & Schwertmann, 1995).
Esludos micromorfológicos relatam usualmente a formação de gibbsila por
substituição topotáctica de nluminossilicatos (acumulação relativn) em saprólitos e
horizontes C, e por transferência do AI em solução formando revestimentos e
preenchimento de vazios com gibbsita (acumulação absolutn) nos horizontes superiores
já intemperizados do solo (Nahon, 1991; Muggler, 1998). A via pedogênica para a formação
da gibbsitn por dessilicaçõo de .:,luminosilicatos primários ou secuncléirios é condicionada
pela intensidade de lixiviação, a qunl é afetada pela precipitaçi'io pluvial, temperatura,
material de origem, topografia, nível do lençol freático, vegetação e tempo. Resultad os
termodinâmicos apoiam as observações empíricas de que a gibbsita se forma some nt e
sob condições de forte dessilicnção, isto é, nas quais a atividade do H 1SiO 1 ~
suficientemente baixa {< 0,5 mg L·1 de Si) (Lindsay, 1979). Em conseqüencia, teores
significativos de gibbsita estão usualmente relacionados com ambientes de clima quente
e úmido, alta precipitação pluvial e drenagem livre, fatores estes que favorecem a
dessilicação e Iixiviação de íons, bem como a rápida mineralização da matéria orgânica.
l'vlateriais altamente intemperizados, tais como os La tosso los e late ritas, s ão
freqüentemente descritos como locais da ocorrência da gibbsita. Assim, a gibbs ita é um
componente principal (associada à caulinita e aos óxidos de Fe) nos Latossolos dos
Cerrados no Brasil Central (Curi & Franzmeier, 1984; Macedo & Bryant, 1987; Fontes &
Weed, 1991; Gomes et ai., 2004; Resende et ai., 2005) e em Haploperoxes da Costa Rica
(Nieuwenhuyse & van Breemen, 1997). Entretanto, a gibbsita é um componente de menor
ocorrência em muitos Latossolos da floresta e savana amazônica (Sombroek, 1966;
Kitagawa & Moller, 1979), em Udoxes das Filipinas (Poudel & West, 1999), bem como em
Latossolos subtropicais (Kampf & Schwertmann, 1983). Baixas proporções de gibbsita
também podem ocorrer em solos de climas temperados (Graham et ai., 1989; Campbell,
1997; Ogg & Baker, 1999).
Conforme esperado, em seqüências de intemperismo e lixiviação decrescentes com
a profundidade do solo, em muitos Latossolos, o teor de gibbsita aumenta dos horizontes
mais profundos à superfície do solo (Macedo & Bryant, 1987; Muggler, 1998). Entretanto,
o incremento do teor de gibbsita com a profundidade do solo não é incomum. Em
Ultissolos e Jnceplissolos de climas temperados údicos, a maior proporção de gibbsita
nos horizontes inferiores ou em saprólilos e seu decréscimo para os horizontes
superiores são explicados pela posição dos solos e m declives íngremes que favorecem
a remoção da água e do Si da zona de intemperismo intenso próximo à rocha (Graham
et ai., 1989; Norfleet et ai., 1993). Por outro lado, a ocorrêncigi de camadas gibbsiticas
abaixo de solos ca ulinílicos sob floresta úmida amazônica (oi atribuída a djversas
cousas, como biociclagem de Si, estabili zando caulinita nos horizontl:!S superiores
(Lucas ct ai., 1997), a formação de Oxissolos cauliniticos na desintegração da bauxit.-i
(Lucas, 1997), ou ainda a deposição de fluxos de lama silicosos sobre maleri,,is
bauxílicos (Kotschoubey et a i., 1997).
Importância Ambiental
Aspectos gerais relacionados com a importância ambiental dos óxidos de AI constam
na seção Propriedades Físicas e Químicas de Óxidos de AI. Considerando a alta freqüência
e abundância da gibbsita nos solos, a presente seção trata especificamente deste mineral.
A gibbsi ta, associada à caulinita e aos óxidos de Fe, é encontrada em muitos solos de
carga variável (Latossolos, Argissolos, Cambissolos) (veja capítulo XII) . A presença
significa tiva de gibbsita (usualmente associada aos óxidos de Fe) tem grande influência
nas propriedades químicas e físicas, o que está maximizado em mui tos Latossolos. Com
0 incremento da razão gi bbsita/caulinita (ou o decréscimo da razão molar SiOi/ AIP3),
os Latossolos mostram elevação nos valores de pH, aumento do PCZ, valores de .6pH
positivos (.6pH = pH em KCI 1 mol L·1 - pH em água), maior capacidade de adsorção de
ânions, menor CTC, decréscimo na capacidade de retenção de nutrientes, menores teores de
A] trocável, menor fitotoxidez por AI e menor necessidade de corretivos da acidez. Os óxidos
de AI apresentam baixa capacidade de troca, relativamente alta capacidade de adsorver p e
Si e condições de adsorver ânions como sulfato e mesmo nitrato (veja capítulo XVlll). Além
disso, as propriedades físicas dos solos são melhoradas graças ao efeito floculante dos
óxidos de AI (e de Fe), os quais formam microagregados fortes e estáveis (conhecidos como
estru Lura "pó de café" ou "pseudo-areia"), favorecendo o preparo do solo, a permeabilidade e
a drenagem (van Wambeke, 1992).
Significativo efeito na agregação de solos, até mesmo superior ao dos óxidos de Fe,
é atribuído a polímeros de AI (Deshpande et ai., 1968; Hs u, 1989), os quais atuariam
como agentes desorganizadores, dificultando o ajuste fuce a foce das placas de caulinita
(Resende el ai., 2005). Nos Lntossolos, o aumen to nos teores de gibbsita e óxidos de Fe
está relacionado com a presença de ,1grcgados menores e mi\is nrrcdondados
QufMICA E MINERALOGIA DO SO LO
IX - ÓXIDOS DE ALUMÍNIO, SILÍCIO, MANGANÊS E TITÂNIO 581
Identificação e Quantificação
Os métodos usuais para a identificação dos óxidos ele AI são DRX e an á lise
termodiferencial (ATO). A análise termogravimélrica (TG) é normalmente usada para a
quantificação de gibbsita em solos, pois detecta teores de até 10 g kg·1; entretanto, no caso
da presença associada de goethita, há necessidade da remoção prévia do óxido de Fe
com ditionito de sódio. Na DRX, o limite de detecção de gibbsita é de 50 g kg· 1 (Jackson,
1969), sendo facilmente identificada por meio do reflexo a 0,485 nm (Quadro 1) isolado
daqueles de outros minerais, que desaparece no <1quecimento a 250-300 "C por causa da
desidroxilação da g-ibbsila. A nordstrandita apresenta seu reflexo mais forte a 0,479 nm,
enquanto a bayerita tem dois reflexos fortes a 0,47'1 e a 0,222 nrn. A boehmita e o diáspora
são identificados, respectivamente, por reflexos a 0,611 e a 0,339 nm; entretanto, a
identificação da boehmila em solos é geralmente diiicultada pela sua má cristalinidade
(reflexo largo de 0,64 a 0,69 nm) e pelo baixo teor.
Ao contrário dos óxidos de fe, não há tratamentos de dissolução seletiva que
seja m específicos para óxidos de AI. Isso, aliado à escassez de informações mai s
específicas sobre óxidos d e AI em solos, indica a necessidade de incrementm este escasso
banco de dados, naci o nal e inlern;icional, quando comparado ao enorme acervo de
informações sobre caulinit-a e óxidos de í-e, compon~ntes tão impo rl'antes da Craçâo
a rgila d e> solos brasileiros. Não obstante, o tratamento com oxnlato de amónio 0,2 mol L' 1 a
pH 3, 110 esc uro (Schwertmann, 196-1), tem s ido usado para estimar forma s m.il
l' ri s ta liz adas de Al no solo.
ÓXIDOS DE SILÍCIO
Os t\:ddl)S d e ~i cll nstilucm o scg undll r, rupn mincrnl Clll nb und fi11c it1 n n crostil
tc 1-rcs trt', send o c:-.ccd idl)S ,,pcnns peln grnpn d ns s il ic,1tns. Elll co ntrnstc ;'\ mnio ri a dos
minerai s 11(' soh), sfio rn·i~inad os Lrnln c m ,11nbk·ntes (g1wos d e nllíl tc m pcrn lurn, co mo
c m L1 mbicntcs aqurilkn" de baix,, tl'1npl'1-.1turn . O qu.1 rl zn (· n ó xido ele Si prcclominnnte,
cst;i nd o prcst~ntc p rn tic,11nc nlc CI\\ todos ns s o los. termo sílic,1 rdNc-sc) co mpos ição
quimk.-i S iO ~. sendo u s,1d o co l\\o dcsi~n,1ç,in genl'.: rk,1 cfos v,frius for m,1s dos óx idos de Si.
Figura 2 . Projeção no eixo e d,,s estruturas: a-quartzo com cadeias de tetraedros cm espiral (a);
uma lâmina de tetraedros de a-tridimita (b) e uma Himin,, de tclrncclros de a-cristobalita (e),
mostrnndo anéis ovais distorcidos. As frações na figura a) indicnm a extensão dn rotação d os
tctrüedros em relação à célula unitária, cm que 1/3 e 2/3 equivalem a rota ção de 120 e 240 º,
respectivamente.
Fonte: AdaptJd:t de Heancy {199•1).
partícula, já que a superfície específica aumenta com a diminuição do tamanho. Por isso,
partículas menores de quartzo tendem a dissolver, enquanto partículas maiores
permanecem estáveis ou até mesmo aumen tam de tamanho. Esse fenômeno, chamado de
amadurecimento de Ostwald, pode explicar a baixa freqüência do quartzo na fração
argila fina do solo. Por outro lado, a solubilidade da sílica em superfícies côncavas,
como poros de solo, diminui com o decréscimo do raio de curvatura. ísso pode causar a
precipitação dn síUcíl no interior de poros do solo com eventual efeito cimentante.
Numa solução homogênea, a precipitüção das primeirns partículas de sílica pode
se r inibida pela alta solubilidade das partículas muito pequenas, que impedem a
nucleação. Assim, a nwior energia livre de superfície (isto é: energia necessária para
aumentar uma superfície mineral por precipitação) do quartzo impede sua nucleação em
temperaturas ambientais. Por isso, a precipitação de sílica amorfa, a qual apresenta
baixil energia livre d e superfície edil solução do solo, é relativamente freqüente, embora
termodinamicamente o quartzo seja mais estável. Em geral, fases mais solúveis têm energia
livre de superfície menor que fases menos solúveis, de maneira que os polimorfos mélis
solúveis de qualquer material precipitam-se primeiro a partir de soluções supersaturadas,
mesmo que, termodinamicamente, as formas menos solúveis sejam as mais estáveis. Tais
polimorfos transformam-se progressivamente nos polimorfos menos solúveis, até à
formação do polimorfo menos solúvel, mas mais estável. Este fenómeno é conhecido
como a regra das etapas de Ostwald. No caso da sílica, a opala-A precipita-se primeiro,
transforma-se em opala-CT, a qual se transforma em quartzo. Essas transformações tanto
podem ocorrer na forma de solução sólida como na solubilização e reprecipitação.
Ocorrência e Formação
O quartzo, constituinte comum em muitas rochas, ocorre como mineral secundário
(formas precipitadas quimicamente) e age como cimentante em sedimentos, em virtude
de seu pequeno tamanho de partícula e propriedades covariantes. A tridimita é um
mineral típico de rochas vulcânicas ácidas, junto com a cristobalita que é mais comum
em rochas basálticas. A tridimita também é comum em calcários e arcósios altamente
metamorfisados adjacentes a intrusões ígneas básicas, enquanto a cristobalita ocorre
em arenitos metamorfisados. A opala ocorre em ambientes sedimentares, vulcânicos e
marinhos (Deer et ai., 1992). Desta maneira, o quílrtzo é o óxido de Si mais abundante
nos solos. A cristobalita ocorre em solos desenvolvidos de materiais v ulcànicos, como,
por exemplo, em solos desenvolvidos d e bas íllto no Rio Grande do Sul (Curi et nl., 1984;
Karnpf & Schwertmann, 1995). A opaln pode ser um constituinte importante no solo,
dependendo das condições peda-ambientais, enquanto a presença de tridimita é rara.
O quartzo está presente no solo principalmente como mineral primário, herdado do
materinl de origem. Em relação a outros minerais, sua maior estabilidnde deve-se ao fato
de cristalizar a partir do magma em condições próximas ilO ambiente de s upe,rfície (é um
dos últimos minerais a cristalizar na série de Bowen; veja capítulo V), ao empacotamento
denso da eslrutura cristalina e à altn resist~ncia da ligação Si-O-Si. O quartzo m1tigênico
(neoformado) é abundante em sed imentos silicosos tipo d,er/ (quartzo microcristalino),
onde ele predomjna na forma granular (microquartzo), originado pela trans formaçiio
diagenélica de op.1la-A biogt:!nica -> opa lJ-CT-> opala-( -t quartzo, via uma séri e de
etapas de dissolução e precipitação, cm que as partículas maiores de bai,::i so lubilidade
crescem às expen sas de p.:irtícul.is m e no res de alta solubilidade, considcr,rndo a maior
reatividade e a alta superfície específica destas últimas (Knauth, 1994). 1\ fontc biogênica
da opala-A são espículas de esponja e esqueletos de diatomáccas e rad iohírios ac umulados
em ambiente marinho e calcário (\-Vilding & Orces, 1971 ). O quartzo a uti génico tumbém
pode ser formado por precipitação direta, qua ndo a concentração de Si02 cm so lu ção é>
4 mg L1, conforme experimento in v ilro (Mackcnzic & Gecs, 1971). Formas a utigénicas de
quartzo, principalmente na forma de crescimentos s uperfícia is e m cris tais preexistentes,
b e m como d e precipitação química, são relativamente comuns cm solos (Drecs ct ai.,
1989). A formação de quartzo em condições próximas ao ambiente também pode ser
atTibuída ao envelhecimento d e géis de sílic,1. A trans formação pcdogenica de opulu em
quartzo microcristalino ocorre em duripàs e cm solos cimentados por sílirn (Flélch et ai.,
1969), pois baixas concentrações de H 4Si0, e baixo teo r de impurczils favorecem u
precipitação de quartzo microcrista lino nestes ambientes.
Graças à sua resisténciél ilO intempe ri smo e ocorrénciil gencralizadél em rochas
ígneas, metamórficas e sedimentares, o quartzo é o mineral mais freqüente na maioria
dos solos. No solo, concentril-se nas frações areia e silte (mesmo cm Latossolos) e em
menor teor na fração argila grossa (2-0,2 µm); a ausência do quart zo nil fração argila fina
(< 0,2 µm) é atribuída à menor res istência das partículas muito finas à dissolução (veja a
seção Propriedade Físicas e Químicas de Óxido de Si). O quartzo tende a concentrar-se
nos horizontes eluviais (horizontes A e E) de Argissolos, Planossolos, Espodossolos e
constitui mais de 90 % da fração mineral em Ncossolos Quartzarênicos (figura 3).
(a)
.
...
Figura 4. Esquema ilustrando il formação de fragip5 em solos; (a) o espaço poroso do solo i.:,
preenchido com uma solução quusl' saturada de H 1SiO1; (b) .is raJzes das plantas absorvem a
água da solução do solo, deixando o HtSiO~ concentrar-se m,1is ainda; (e) durante a est,1 çào
seca, a silica .-imorfa precipita, unindo os élgregados do solu; (d) na L'Stação chuvosa, ma is
J-1 SiO é introdu7Jdo no solo, ponfm a sílica já précipitada mio mais :;e dissolve.
~. l
l'ontcc /\do1pta.t.1 d~ Pran7..me íi:,r ~t ;1J. (1989).
Importância Ambiental
Solos não cimentados, constituídos dominanternenle por quartzo (p.ex., Neossolos
Quartzarênicos - Figura 3), são não-plásticos, grnças à fraca cocs,'lo (forças de van der
\i\laals) desenvolvidil entre as partículas de sílica, têm baixa Cilpacidadc d e retenção de
água e alta condutividade hidráulica. Por ou tro lado, duripàs (Figura 5) cimentados por
pequenos teores de Si são duros .i extremamente duros quando secos (Flach et ai., 1969). A
deposição de sílica a morfa pode ocorrer inicialmente pelil adsorçi'io de polímeros na
superfície de cristais de ca ulinita, que promovem il continuidade da deposição (Chadwick
et aJ., 1987). O crescimento do depósito de sílica amorfa, cm ciclos de umedecimento e
secamento do solo, eventualmente solda as partículas de caulinita <1djacentes, terminando
por ligar toda a matriz do solo, mesmo sem preencher completamente os espaços porosos.
Para haver cimentação em solos arenosos, onde predominnm grãos de quartzo, há
necessidade de deposição mais extensiva de sílica (Singh & Gilkcs, 1993).
' ..... .
... -_..
Marcelino el ai., 1999). Também pode ser usado na diferenciação de materiais de origem,
como, por exemplo, de solos originados de riolito-dacito que contêm mais quartzo em
relação a solos desenvolvidos de basalto (Curi et a i., 1984). Entretanto, o uso do quartzo
como mineral-índice pode ser limitado nas situações em que sua solubilidade é aumentad a
pela lixiviação extensiva (Pye & Massullo, 1994), ou quando há formação d e qu ar tzo
autigênico ou biogénico (Wilding & Drees, 1971 ).
A opala biogênica é usncta na identificação de paleossolos, na datação e na
identificação do ambiente de formação do solo, como registro paleobotà nico para a
reconstitujção do histórico da vegetação gue se desenvolveu e afetou o solo (Drees et ai. ,
1989; Fisher et ai., 1995). A razão de isótopos Dcj1 2C do C ocluso em fitóli tos de opala foi
usado para estabelecer a s ucessão de gramíneas C3 e C4, como método quunlitativo para
monitorar mudanças climáticas (Kelly et ai., 1991).
Identificação e Quantificação
A morfologia da superfície externa dos grãos de quartzo é indicadora da sua
origem (Douglas & Platt, 1977). Na fração areia dos solos, este mineral geralmente
apresenta grãos anédricos, arredondados ou angulosos. Os cristais de cristobalita
e tridimita são geralmente achatados, enquanto a morfologia da opala biogênica é
condicionada pela estrutura biológica de origem (T,.,viss et ai. , 1969; Wilding &
Drees, 1971 ): ocorrem formas massivas, botrioidais, globulares, filamentosas,
estalactíticas, pisolíticas e microfósseis de esponjas, diatomáceas e conchas (Drees
etal., 1989).
O quartzo, quimicamente puro SiO2, é incolor e transparente com brilho vítreo. A
tTidimita varia de incolor a branca, dependendo de sua origem, enquanto a cristobalita
quase sempre é branca. Para a opala, a cor não é critério diagnóstico, pois é
condicionada pela presença de impurezas. O quartzo natural tem três variedades
coloridas (Rossman, 1994): ametista (violeta), citrino (amarelo a bruno) e esfumaçado
(bruno-amarelado a preto). Cada uma destas variedades tem um componente
substituindo isomorficamente o Si ou em posição intersticial; em adição, o
desenvolvimento de cor pode requerer exposição à radiação ionizante ou calor. A co r
violeta da ametista deve-se à presença de Fe (até 350 mg kg·•, mas não há consenso
quanto à forma) substHucional e inte rsticial, bem como irradiação por ~ºK presente
na rocha, ou artificial (raios-X ou raios-1); a cor é instável quando exposta à luz do
sol, desbotando a ametista. A cor do citrino deve-se à presença de Fe3 • substitucional
e irradiação, enquanto a cor do quartzo esfumaçado desenvolve-se por irradiação
natural d e quartzo que contém AI substitucional. Na opala preciosa, o empacotamento
hexagonal denso de partículas esféricas uniformes de opala-A (0 150-350 nm) e as
diferenças em tamanho das partículas originam sua amplitude de cores; a cor vermelha
dev e-se à presença de Fe3'. Outras variedades de quartzo natural são misturas de
quartzo e outras fases : quartzo rosa (Ti), quartzo azul (ilmenita), crisoprásio (Ni),
jaspe vermelho (hematita); amarelo e bruno (goethita); branco ou cinza (argilomi nerais)
e c'ígata (hematita).
Opala-CT 0,410 (mf); U,429 (fo); 0,250 (fo); 0,334 (I); 0,318 (f)
111mf = muito forte; fo = forte; f = fraco; foi = forte e largo; fd = fr,1co e difuso,
ÓXIDOS DE MANGANÊS
Tectomanganatos
a) c)
Figura 6. Estruturas da pirolusita (a); ramsdcllita (b); hollandita (e); romanechita (d) e
todorokita (e).
Fonte: Adapt.ada de Waychunas (1991) e Post (1992).
Filomanganatos
Os filomanganatos podem ser visualizados como o empilhamento de camadas ou
lâminas de octaedros MnO6 onde as entrecamadas podem alojar água e variedade de cátions.
Deve-se ter em mente que a distinção entre camada, lâmina e entrecamada, comumente adotada
na descrição dos filossilicatos (veja capítulo Yll), não é norma na descrição dos óxidos de
Mn. Tal nomenclatura está sendo adotada neste capítulo meramente por finalidades didáticas.
A cakofanita apresenta estrutura em camadas compostas por lâminas de octaedros
3
MnO6 compartilhando arestas alternando com planos de cátions Zn (além de Mn ' , Ba,
Ca, Mg, K, Pb, Cu, etc.) e moléculas de água (Figura 7a). Um em cada sete sítios octaedrais
na lâmina Mn-O está vago, enquanto os cátions Zn situam-se acima e abaixo destas
vacâncias. Os demais filomanganatos são estruturalmente análogos à calcofanita, com
Na, Ca, K e Mni. nas entrecamadas. A birnessita (de Birness, Escócia) mostra estrutura
em camadas análoga à da calcofanita, porém com menor número de vacâncias nas
lâminas octaedrais e com Na, K ou Mg em lugar dos cátions Zn (Figura 7b) e moléculas
de água nas entrecamadas. A rancieita (da mina Rancié, França) tem estrutura em
camadas similar à da birnessita, com Ca2'" e moléculas de água nas entrecamadas. A
estrutura e a existência da buserita, também conhecida como manganato 1,0 nm, ai ndª
estão sendo discutidas, mas ela parece ter uma estrutura em camadas similar à da
birnessita, com o espaçamento 1,0 nm provavelmente devido à água entrecamadas. A
litioforita tem estrutura em camadas constituída por lâminas de octaedros Mn?•
alternando com lâminas octaedrais (AI, Li)(OH) 6 (Figura 7c); na DRX, a Jitiofon!ª
apresenta espaçamento basal de - 0,95 nm. Os sítios octaedrais na lâmina Mn-O e5 lé10
totalmente ocupados, 2/3 com Mn·1• e 1/3 com Mn 3• , o que compensa as cargas do Li •.
As litioforitc1s podem ter ampla variação na concentração de N i, Co, Cu e Zn, onde o Co
ocorre na lâmina octaedral Mn06, enquanto Ni e Cu localizam-se na lâmina octaedral
(Al, Li)-OH provavelmente substituindo o Li. A asbolana tem estrutura em camadas
similar à da litioforita, com alternância de lâminas de octaedros Mn~· -o e lâminas d e
octaedros Co-Ni. A vernadila tem estrutura desordenada com alguma similaridade
com a birnessita, com cnmadas onde menos da metade dos octaedros são ocupados por
(ons Mn.
(a) (e)~
(bl ~ [ S J
~ âgua~
~ ~
~ água~
~ ~
Figura 7. Estruturas da calcofanita (a), birnessita (b) e lithioforita (e).
Fonte: Adaptada de Post (1992).
Ocorrência e Formação
Da ampla variedade de óxidos de Mn encontrados nos ambientes terrestres
(Quadro 3), poucos foram identificados em solos. Por exemplo, nsutita e pirolusita
são comuns em depósitos de minério de Mn, mas não foram encon trados em solos.
Provavelmente, isto decorre da maior proporção de íons estranhos no ambiente do
solo, os quais interferem na formação desses minerais (McKenzie, 1989). A influência
de microrganismos e compostos orgánicos também contribui para a comple xidade
da formação dos óxidos de Mn no solo. O Mn é um dos primeiros elemen tos liberados
durante o intemperismo de minerais primários, o que explicn sua freqüente
2
acumulação em saprólitos. Móvel e m solução como Mn •, sua oxidação para Mn 3• e
Mn~• e subseqüente precipitação são freqüentemente aceleradas por mi crorganismos
(Ghiorse, 1988). A maioria dos óxidos de Mn encontrados nos ambientes de
superfície são compostos de Mn'1', com algum MnJ•. Nos solos, o pequeno tamanho
das partículas e a mâ cristalinidade cios óxidos de Mn estão, provnvelmente,
relacionados com as mudanças sazonais de umidnde e com a interferência de
componentes orgânicos e inorgfinicos na solução do solo.
Os óxidos de Mn são comumente de origem autigênica em solos, sendo formados
pela precipitação química ou bioquímica a partir da sol ução e pela cristalização de
colóides desorganizados. Entretanto, pouco se conhece a respei to dos processos
envolvidos na sua formação pedogênica. Nn maioria dos solos, os óxidos de Mn ocorrem
como partículas finamente dispersas, mas também podem ser encontrados na forma de
revestimentos (mangàs, Figura 8) descontínuos (pretos e brunados) na superfície de
agTegados, ou preenchendo poros, formando concreções e nódulos. Sua presença e teor
são mais prováveis em ambientes de solo onde há alternância de processos de oxidação
e redução, os quais afetam a mobilidade e a precipitação do Mn (White & Dixon, 1996),
resultando da saturação do solo por cinco dias em completa redução do Mn na matriz
do solo (Schulze et ai., 1995). Entretanto, acumulações de Mn no solo não indicam,
necessariamente, o ambiente redox atual, pois podem ser relictos de condições úmidas
pretéritas.
5cm
Quadro 3. Óxidos de manganês, fórmu la química ideal e pri ncipais espaçamen tos ri obscrvcl<los
na difratomctria de raios-X.
Importância Ambiental
A grande amplitude de valores de PCZ registrados para óxidos de Mn sintéticos
(Healy et ai., 1966; Oscarson et ai., 1983; Crowther & Dillard, 1983;), de 1,5 a 3,5, para
birnessita, 2,8 a 4,6, para hollandita, e 6,4 a 7,3, para pirolusita, provavelmente decorre
das condições de síntese. Em geral, a maioria dos óxidos de Mn tem valores de PCZ
menores que 4, alta carga negativa, maior carga permanente, grande amplitude de área
superficial (5 a 360 m 2 g·1) e mostra forte adsorção específica de cátions (Dixon & White,
2002). Sua elevada capacidade de sorção de metais, geralmente crescente na seqüência
Mg < Ca <Sr< Ba < Ni < Zn < Co < Mn <Cu< Pb (Murray, 1975), favorece a acumulação
de altas concentrações de metais pesados {Childs, 1975; Sidhu et ai., 1977) e de
actinídeos (provenientes de depósitos de lixo radioativ o) nos óxidos de Mn (Means et
ai., 1978; Cerling & Turner, 1982). Os nódulos de Mn geralmente contêm maiores
concentrações de Co, Cu, Ni e Zn do que a matriz do solo circunvizinho (Fontes el
al.,1985).
Por serem oxidantes inorgânicos fortes, os óxidos de Mn afetam a disponibilidade
ou risco potencial fito tóxico e ambienlal de determinados metais. No caso da adsorção
O
processo (Crowther & Dillard, 1983). Es te forte mecanismo de adsorção tem significativa
influência na disponibilidade de Co para as plantas (Adams et ai., 1969; McKe nz ie,
1989). Os óxidos de Mn influenciam na toxidez e a biodisponibilidade de As e Cr n os
ambientes terrestres e aquát icos. A espécie reduzida As 3· , a mais tóxica, mais solúv el e
mais móvel do que a espécie oxidada As5•, é acentuadamente adsorvida e oxidada po r
óxidos d e Mn 4 ' a pH < 6 (Oscarson e t ai., 1983; Thanabal<1s ingam & Pic kering, 1986;
Scotl & Morgan, 1995). Entretanto, a habilidade d e suprimir a concentração de As 3 + e m
solução varia entre os diferentes tipos de óxidos de Mn e es tá rel acion ada co m a
cristalinidade (quanto menor a cristalinidade, maior a aclsorção), á rea s u perficial
específica (quanto maior a área s uperficial específica, m aio r a ad sorçiio) e P CZ d os
óxidos (quanto mais baixo o PCZ, maior a adsorçào) . Em contras te a outros elementos
d e tr ansição, a toxidez e a mobilidade do Cr aumentam com se u es tad o d e oxidação.
Assim, a presença d e óxidos de Mn, atuando como agentes de oxidação d o Cr3• no solo,
deve ser considerada nos casos de descarte de resíduos (Fendorf e t ai., 1992). A oxidação
do cr3· a Cr6 • pelos óxidos de Mn é inibida a pH maior que 4, devido à for mação d e um
precipitado de Cr(OH):, na superfície do óxido, que passa a atuar como um s umidouro
está vel de Cr3 •. Com isso, o descarte de resíduos com elevados níveis d e Cr3 • deve ser
feito preferencialmente em solos com pH acima de 7, pois a oxidação é inibida, enquanto
a formação do precipitado é favorecida.
Óxidos de Mn e de Fe também atuam como receptores finais d e elétrons oxida ndo
compostos orgânicos, sendo conseqüentemente dissolvidos no processo. Compostos
orgânicos que formam complexos de esfera interna com a superfície dos óxidos (p.ex.,
ca tecol) dissolvem o óxido de Mn mais rapidamente do qu e os compostos que formam
complexos de esfera externa (p.ex., hidroquinona) (Stone & Morgan, 1984; McBride, 1987).
Há evidências d e que microrganismos podem obter energia para seu crescimento
associando a oxidação da matéria orgânica à redução do Fe3• e do Mn 4• (Lovley & Phillips,
1988). Neste contexto, organismos fermentativos inicialmente metabolizam material
orgânico complexo e, no estádio seguinte, outro grupo de bactérias oxida os produtos da
fermentação para C02 pela redução do Fe3• e Mn4• . Esta seqüência pode representar um
processo de degradação de compostos orgânicos e formação de material hum ificado,
associado com aumento na mobilidade e biodisponibilidade de Mn aos organismos.
Identificação e Quantificação
As acumulações de óxidos d e Mn na forma de revestimentos e nódulos em solos
são facilme nte identificadas pela s ua característica coloração pre ta a brunada. O critério
usual de campo que confirma a presença desses minerais é a efe rvescê ncia observada
quando d a adição d e HP~, conforme a reação (Ebbing & Wrighton, 1987):
Por o utro lado, o baixo teor dos óxidos de Mn e sua baixa cristalinidade nos solos, a
n,:itureza difusa dos padrões d e DRX d e alguns minerais e a coincidência dos refle xos
com os d os minerais associados podem dificultar sua identific.ição . Por isso, a DR)(
(prefere ncialme nte com radiação FeKa.) pode ser usad a somente onde hâ segregação
ÓXIDOS DE TITÂNIO
solos, os óxidos de Ti têm pouco efeito na adsorção de ctítions e ânions. A e xceção fica
por conta de a lguns solos tropicais muito intcmpcrizados e lixivic1d os, de rivados de
rochas máficas, que tendem a apresentar acumu lações destes óxidos bem mais elevadas
em relação às de solos de regiões temperadas.
A única exceção, possivelmente, é o achado de Tessens & Zauyah (1982). Esses
autores relataram a presença de carga permanente positiva cm Oxi ssolos mui to
intemperizados da Malásia. Suas análises indicaram que Ti·1• substi tuiu isomorficamente
Fe3 • na hematita, produzindo uma hematita rica em Ti com composição gemi semelhante
a Fe 1.9955Tio.omo:v gerando um excesso de carga positiva de 0,0115 por fórmula
estequiométrica. Tanto quanto seja do conhecimento dos autores deste capítulo, este é o
único caso relatado de carga positiva permanente em solos.
Ocorrência e Formação
Rutilo, anatásio, ilmenita e, menos freqüentemente, brookita encontram-se como
minerais acessórios em muitas rochas ígneas e metamórficas e, como minerais detríticos
em sedimentos, onde o anatásio geralmente é a utigênico (Deer et ai., 1992). Nos solos,
os óxidos de Ti podem ser minerais residuais herdados do material de origem, ou
formados pelo intemperismo de minerais portadores de Ti (autigênicos) (Milnes &
Fitzpatrick, 1989). Rutilo, anatásio e ilmenita são, comumente, minerais residuais
presentes nas frações areia e silte dos solos. A ilmenita pode ser intemperizada para
pseudorutilo e misturas de rutilo, anatásio e óxidos de Fe. 1:-Iá evidênciíls do
intemperismo de anatásio e ilmenita por ácidos orgânicos no horizonte A de Podzóis
na Escócia (Berrow et a i., 1978), bem como do rutilo em Spodic Quarlzipsamments
australianos (Tejan-Kella et ai., 1991).
Há muitos exemplos de óxidos de Ti secundários formados pelo intemperismo de
minerais primários, em saprólilos e solos. A alteração da ilmenita sob condições oxidantes
forma pseudorutilo (Grey & Reid, 1975). A formaç5o autigênica de anatásio como produto
da alteração de esfeno foi observadc1 em Podzóis da Escócia (Berrow et ai., '1978).
Importância Ambiental
Dada sua baixa concentração genera lizada no solo, há pouca evidência de efeitos
dos óxidos de Ti na reatividade do solo. Ape nas nos solos t ropicais, onde s ºª
concentração é mais elevada, pode-se esperar algum efeito. O anatásio apresenta as
superfícies laterais hidroxiladas com carga variável (Fitzpatrick et ai., 1978). A
superfície do rutilo e do anatásio tem grupos hidroxilas com diferentes reatividades
(Tana ka & Whi le, 1982), que podem adsorver e reter fosfato e arsenato (Cabrera et ~I.,
• •1 wn1ta
1977; Fordham & Nornsh, 1983). Pelo fato de ser muito resistente no solo, a 1 11
pode se r usada como referência nos estudos de intemperismo e gênese do solo (Bleeker,
1972; Milchell, 1975; Claridge & Wealherhead, 1978; Tejan-Kel\a et ai., 1991 ).
. ., 1 11 .. idP
Em lermos de estudos de clesenvolv1mcnto do solo, a utilidade cio rult O ct . - ·•1a
1
reconhecida na resolução de questões fundamentais de pedogênese: (i) a origem da tOl
Identificação e Quantificação
O foto de os óxidos de Ti ocorrerem em diversas frações granulométricas e
apresentarem cristalinidade variável torna necessário o uso de diversas técnicas parn
sua identificação e caracterização. A microscopia ótirn é uma técnica útil para exa minar
e identificar estes minerais em seções delgadas nas frações arcin e s ilte. A combinação
de DRX, espectroscopia infravermelho, ATO e microscopia eletrônica é úlil pnrn a
identificação dos óxidos de Ti nas frações areiil e silte, mas me nos eficiente pilra c1
fração argila por causa da interferência dos filossiUcalos (l'vlilnes & fitzpatrick, 1989).
Os óxidos de Ti podem ser concentrados em solos caulinfticos por meio da di ssolução
dos argilominerais com solução quente de Na OH 5 mo! L·1 (Norrish & Tay lor, 196 l) ou
em combinação com DCB (Zeese et ai., 1994). Na DRX da fração argila, o reflexo a 0,352
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, , ,
X - METODOS FISICOS DE ANALISES EM
MINERALOGIA DO SOLO
José Domingos FabrisV, João Herbert Moreira Viana11, Carlos Ernesto G. R. Schaefer11,
Fernando Wypych-V & Joseph William Stucki s1
1
' Departamento de Quimic.1, ICEx, Universidade Fcderal de Minas Gerais, J'I 270-901, Be lo
Horizor1te (MG).
jdíabris@ufmg.br
21 Embrapa Milho e Sorgo, CP 285, 35701-970, Sete Lagoas (MG).
jherberl@cnpms.embrapa.br
' ' Departamento de Solos, Universidade Federal de Viçosil, 36570-000, Viços il (MG).
carlos.schile fer@uf v. br
' ' Departamento de Quimica, Universidade Federal do Paran~, CP 19081, 80060-000, Curitiba (PR) .
wypych@quimicil.ufpr.br
' ' Department of Natural Resources and Environmental Sciences, C.A.C.E.S., University o i Illinois,
W-321, Turner Hilll, 1102 South Goodwin Avenue, 61801, Urbana (IL), USA.
jstucki@ilLinois.edu
Conteúdo
sncs. v,çus,1, 2009 . Qu1mica u M1ncrulogl.i do Solo, C oncdtos Uásicos 1: Aplkiiçuc•s, 13~lp
(cd'i. Vanúcr de Fr1..•itCl.b M,,10 .: L.uls Rcyn.ildu fl'rr.i..:.ciu Allco111).
612 José D OMINGOS F ABRIS ET AL.
ANALISE l'l:.R~I ICA~· TER~IOGRAV l~IETRI,\ E 1\ NA LISE TER~IICA DIFEREN Cl,\I~ ...................... 6•16
Tcrmo~r,1,·11ndria .. ........... ............ ............. ····· ········· ······· ····· ···········...... 646
A n .\hc.c Térm1c.1 Oiíc rt'n, ial (D íA) ~• C.1lnrimctri,1 Explc,r;itô ri,1 Diforcnd,11 (DSC) cm /\mb11.?ntc
l,o ll'rmíro ··- ···· .... ................................................................... •· •·············•·••········· ··············· ····················· 651
INTRODUÇÃO
Quadro 1. Radii!çõcs car.1cterfqic.:1s (comprimen tos de o ndas) dos elementos mil is usildos na
confocçiio dL· tubos de raios X" 1
nm
Fe 0,193997 (30) 0,193604 (30) 0,175660 (40) 0,175660 (-10)
Co 0,179233 (10) 0,178899 (10) 0,162082 (30) 0,162082 (30)
Ni o,166175 (10) O,1.65793 (1 O) 0,150015 (30) 0,150015 (30)
Cu 0,154442 (50) 0,1540592 (50) 0,139223 (60) 0,139223 (60)
Mo 0,071360 (12) 0,0709317 (41) 0,06328S (13) 0,063230 (13)
Cr 0,229365 (30) 0,228972 (30) 0,208-188 (-10) 0,208488 (40)
'' Números entre par~ntcsef. sJo as lnccrtezas-padrJo, com os ,1lgarismos s ignificativos.
Fonte : De~lattcs e t ai. (2004).
v,\rios 1'1,rnos dl' rl'fle>..Jo, ,,s ond,,s devem estar l'm fase pnr.i ocorrN a intc rfcr.:Onc i.1
('OJ\S truti\·,, (Figur.l 2n), o qu e sô ocol're qunndo a relnç:io entre o comprimento de o n d,1
d.a radi.1,,10 e ,1 di st.'tncia entre os plnnos obedece 1, Lei de Brngg (Equação 1):
nÀ = 2dsen0
R,llll.lç,lo
iru:id,·nt,•
R..!J i.,ç3o
Jc.frot,1da
Frente de
onda
O = .ingulo do.! inddencia d os raios X
d = dist.\nci,1 t.!nlre os planos atômicos
A lei d e Br.1gs é obtida por dedução, com base nos parâmetros da fisura 2a. Para que
ocorra a inte rferência construtiva (com a conseqüente dctccc;ão no ins trumento), a onda
difratod., AP deve est.u em fase com a onda CQ, ou seja, deve ocorrer a coincidencia dos
vales e das cristas, como indicado pelas linhas tracejadas (Figura 2a). lsso ocorre somente
se a distância BC+ CD for equivalente a um múltiplo inteiro do comprimento de onda do
raio X incidente. Assim:
BC+ CD= n,..em que, n, nesse caso = 1:
P, Q -= raios incidentes
A, B, C, D, E, F e G =- pontos de referência
O= ângulo de incidência dos raios X
d = distância entre planos atômicos
L = comprimento de onda
p
- Q
" ....
"
......... ~ ........ .
terferência
. não construtiva
(b)
Figura 2. Ilustração da aplicação da lei de Bragg: (a) esquema da interferência construtiva e (b)
interferência não-construtiva.
completamente fora de fase (crista coincidindo com vale), a amplitude da ondn resultan te
será zero, não sensibilizando os detectores dos raios difratados.
Usando o conjunto de planos basais da caulinita [d(OOl) = 0,734 nmj como exemplo
(veja o capítulo li para obter informações sobre os índices de Miller e as carncterísticas
cristalográficas dos minerais) e aplicando a lei de Bragg, a difração construtiva, usando
radiação CuKa (À= 0,15405 nm), acontecerá no seguinte ângulo (Equação 1):
e= 7,00°,
20 = 14,00°.
Qu lM t CA E MINERALOGIA oo SoLo
X - Métodos Físicos de Análises em Mineralogia do Solo 619
r.J
Difratômetros de Luz Síncrotron
Uma fonte de raios X de alta potência e monocromática, de grande utilidade paro
cristalografia e refinamento estrutural, é a Luz Síncrotrons, como a gernda no acelerndor
de partículas do Laborntório Nacional de Luz Síncrolron {hllp://www.lnls.br/), em
Campinas - SP. A luz Sfncrotron é a intensa radiação eletromagnética produzida por
elétrons de alta energia num acelerador de partículas. A luz Síncrotron abrange ampla
faixa do espectro eletromagnético: raios X, luz ultravioleta e in.frnvermcll1c1, além da luz
visível. Esse equipamento permite a montagem de estações de tr.1balho em suas linhas,
onde a radiação gerada pelo acelerador, na faixa espectral de in teresse (no caso de
difração, os raios X monocromáticos), pode ser dirigida para n amostra, obtendo-se um
difratograma de alta resolução e baixo ruído.
São listadas abaixo várias fontes de erros experimentais, que são reflexo da
complexidade do processo e mostram os cuidados necessários para a realização das
medidas por difração de raios X.
Deslocamento da amostra
Amostra plana
Erro causado por não ser a superfície da amostra concentrica com o círculo do
gonjómetro, causando alargamento assim_étrico dos picos em baixos ângulos 28. }'ode
ser contornado pelo uso de fendas apropnadas.
\.'k1'1Tl' l'rindp;1l11w11ll' 1'111 ,\nll,slr,w ,·nm li11i\11 l'\H'fkl1•11l1• d1• 11linn1\'11n lliwur.
n,•snl111h1mw1110 do lnstrnnwnto
n d1's,1linh.111wntl, 1h--i ,n1~11h, dl' s11ld,1 d,, 1,•h1• n•~:111111 1•111 dl 1'l't•1:,·im11 d,1i11ll'nsidtlllc,
1
/\ n--it,11~:\n ,h, l'l,njun1,-, dl'l,·ctnr d,•v,' ter n duhru d ., Vl'ln,·id,,dL' d1• giro do eixo dn
,\lnost r;1 , ~,, n prt1pnr,,\l, :!: t n,,n L'Slivl'I' 1.; 11rrl'l,1, pnr dl's,,1i11h,rn1L11lo i11s lruml'ntnl, um
1
L'l'l'I' c1clic0 s,•1-.i introdu zido nos valores lk 2ll obsl'rv,H los .
O v;,lor zero mL'1.:.1nic,, do i;nniClnwtrocnrrcspondL' no :'lngulo ,•m que uma linh,, atrnvcssa
o ccntr0 d;i fcndn d,·
rccL'pçno, o t:enlrn do círculn do L'ixo d1• rotnç:io dn goniômcl1'l> e o centro
dn fonte prnjctndo do tubo d,, rnios X. r:nllms nesse njuslt· gern1n um erro sistemntico nos
valores de ling ulos 20 observndns. Esse crrn ~ ndilivo no vnlor de (lngulo lido.
)3sscs 1:rros sistcmnticos cstiJo nssociodos nos procedimentos internos e() elctrOnicn dL,
cqu ipnmento pnrn detecçl'\o, rontngem e proccssnmc>nto dos dados colel'ndos e podt•m gcrnr
distorçôes nos rcsultndos S(' ajustados inndequndnmcnll'.
A s uperflcil' d.i nmostr,, t'.• li p,1rl1• l)lll' 111nh1i11fl111•ncin n natlln•z,, d ll linh., l'L'!'i ldl,rnll',
A L'Un lribuit;,lu domi11,1nlL' p,,r,, ,1 difraç;\11 (• u d,\ pi1ri.:1•l,\ dn i\1\lnstr,1 q111• "'-' l'nn1n1t-.1 uos
pri111,•lros 100 p111 de prof111Hlidt1dl•. Um,, s11p1.•rfíci1• ll:.;,1, cum ,rr1.•~ul,1rid,1dl'S infl•riNl'S ,,
Tipo de Amostra
As características próprias de cada nmostrn influem no resultado e devem ser conhecidas
para a correta interpretação dos resu.ltados. Essas informações devem ser também fornecidas
ao analista para que o planejamento da análise possa ser feito de forma adequada.
Tamanl10 da partícula
Orientação do cristalito
Soluções sólidas
A su bstilu ição isomórfica em minerais causa ai te rações nos parâmetros de rede que
podem dificultar a correta interpretação de resultados, assim como a não-homogeneidade
de composição química pode causar deslocamento e distorções de picos.
Sobreposição de picos pode ocorrer quando amostras com muitas fases são analisadas,
e os efeitos aditivos na intensidade regish·ada podem ser separados por técnicas matemáticas
d e desconvolução. Nesses casos, é necessário que a amostra seja preparada e analisada de
modo a maximizar a resolução dos picos, minimizando a LMH.
O ruído de fundo é toda a intens idade regis h·üda que :ião é di retamente proveniente
da a rnostra, resultante do espalhamen to pelas mo léc ulas do ar, ec;pal hamento termal
difuso da amostra, espalhamento e difração pelo s ~1 po rt·e d a a m o;; tra, ruído e letrônico,
esp a lhamento e difração por fases ,1morfas ou po; meio d e indúsáo e fluorescência da
amostra. Alguns desses problemas pod em ser minimizados, cum êa esco.Lha adequada do
material do suporte, uso de filtros monocromad ores sec und á rios e ajus te fino do
equipamento para redução de ruído. A radiação indesejável proveniente da própria
amostra é mais difícil de eliminar. De forma geral, o ruído pode ser minimizado, mas não
será completamente removido. O processamento dos dados pode ajudar a remover o
ruído, mas definir o nível exato desse ruído no sinal não é trivial. A análise do suporte
sem a amostra (branco), rodada nas mesmas condições experimentais da amostra normal,
pode ser usada para medir a contribuição instrumental e do suporte. Amostras de minerais
filossilicatos, mesmo rodadas em condições instrumentais ideais, ainda vão apresentar
expressivo espalhamento em baixo ângulo, assim como outros efeitos indesejáveis de
difração não cristalina, na faixa de ângulos intermediária, que não podem ser eliminados.
Pré-'Iratamcntos
O objetivo dos pré-tratamentos é remover cimentos e coberturas indesejáveis, paril
permitir a dispersão das amostras e melhorar as características do difratograma. Deve-se
ter em mente, no entanto, que argilas são muito susceptíveis a alterações físicas e químicas,
em razão de seu pequeno tamanho e grande superfície específica, e os pré-tratamen tos
devem se restringir ao mínimo possível. Mais detalhes sobre o preparo das amostras
podem ser encontrados em Duhrke ct ai. (1998).
A secagem das amostras deve ocorrer em temperntura que não afete os minerais da
fração argila, como a perda de água estrutural em filossilicatos ou óxidos, como a haloisita
ou a goethita. Argilas do grupo das esmectitas devem ser preferencialmente liofilizadas
para evitar a formação de crostas endurecidas.
Remoção de carbonatos
Os carbonatos podem ser removidos pelo tratamento da amostra por solução de HCl
1,0 mol L·1 ou acetato de Na 1,0 mo] L·1 tamponado a pH 5,0.
A matéria orgânica pode ser removida por oxidação por H 2 0 ~ou hipoclorito d e
Na. No caso do uso do peróxido, deve-se checar o pH após o tratamento, pois pode
ocorrer acidificação do meio com a degradação de argilas.
Remoção de óleos
Amostras conlarrunadas com óleos (como as amostras de rochas portadoras de
petróleo ou sítios contaminados por vazam_entos) podem ser lavadas em solventes
orgânicos apropriados, como o cloreto de mellla.
Tipos de Montagem
A amostra pode ser montada em uma lâmina escavada, norma lmente de v idro, com
uma cavidade no centro de 0,5 a 1,5 mm, no caso das a mostras da frnçi'io argila, e daquelas
que não se pode prepnrnr uma pas ta, como as de are ias (amostra em pó). As amostras de
argila também podem ser montadas cm uma lâminn comum, es palhando-se a pasta
formada pela amostra umedecida e trnbalhada com urna es pá tula (amostra orientada).
Amostras orientadas
Amostras orientadas são usadas e m estudos d e filossilícat os graças à natureza planar
desses minerais (p. ex., esmectita, vermiculita, caulinitn, e tc.), com camadas coerentes de
0,7 a 1,8 nm de espessura, com o plano principal perpendicular às direções cris talográficas
11 e li (plano basal). A orientação das partículas no plano da direção e incrementa a reflexiio
nos planos 00/ de Bragg, ao passo que nos planos l,kO e l1kl a re flexão é reduzida. Em
virtude da sedimentação natural das partículas de filossilicatos na forma orientada, os planos
l1kO e l,kl são difusos, e têm pouca aplicabilidade na análise ele rotina, d e forma que as
amostras orientadas incrementam os componentes mais úteis para identificação nos padrões
de difração. Além disso, as dimensões relativamente pequenas dos cristalitos desses minerais
na direção e produzem picos largos e pequenos, difíceis de ser separados da linh.1 de base, se
a intensidade integrnda não é suficiente. Essa condição exige que a maior parte das partículas
esteja orientada paralela à superfície difratada, de modo n maximizar a contagem. Na figura
4, é apresentado um difratograma lípico de amostra orientada da fração argila de latossolo,
com a indicação das fases identificadas.
5 10 15 20 25 30 35 40
Graus 20 Radiação Co Ka
Ka = caulinita; Gb = Gibbsita; Go = Goethita; Hm = Hematita
Figura 4. D!fra_togi~ama de um~ amostra orientada dil fração argila sem tratamento de Latll5Sl'1t1.
com a md1c.içílo das fases identificadas.
fonlc: \liJna (2005).
1
H
Idealmente, essas amostras devem ser perfeitamente orientadas, com o plano r
paralelo à superfície e os pl,mos n e li d istribufdos aleatoriamente na componente ve.rt ÍC il 1
do plano. A segunda condição é mais facilmente obtida, mas a primeira depende d e
fatores como a espessura da amostra e a relação entre a espessura e o cliâmclro d.-is
partículas. Os métodos do esfregaço da pastn em lâminn, da sucção rá pida e da pressão
sobre o pó são os recomendndos para esse fim .
Saturação por K
A saturação por etileno glicol (ou glicerol) é! usada para identificar e s~parar
argilominerais e.>..lJansíveis, que intercalam esses compostos org.'\nicos e promovem ,l
Elc\'açüo da temperatura
Separação magnética
Bancos de Dados
A análise dos resultados pode ser feita por meio da comparação dos difratogranli:lS
gerados com padrões de bancos de dados especializados, corno o banco de dados do
Joint Commitlee on Powder Diffraction Standards (JCPDS) - International Center for
1
t'
X - Métodos Físicos de Análíses em Mineralogia do Solo 627
Oiffraction Data (http:/ /www.icdcl.com/ pro file/ overvie·w .htm). Estes bancos de d ad os
são fornecidos na forma de arquivos (PDf- - Powder Diffraction Datn), que formam a
referência primária internacional em difratomelTin em pó, publicados desde 194·1,
inicialmente na fonna de cartões e, atualmente, distribu ídos em meio digital ou im pressos
(ICDD, s/d). A informação básica nestes arquivos é o espaçamento (d) entre plan os
paralelos definidos pelo índice de Miller (veja capítulo [[), d e terminado
experimentalmente a partir do ângulo de difração 0 e da intensidade I, em amoslrilS d e
fase pura nas melhores condições possíveis. Outra base de d<1dos disponível é a russa
Mincryst (htt-p:/ / database.iem.ac.ru/ mincryst/ index.php), que combinil uma base de
dados de minerais, seus padrões de difração em pó calculados e o programa de análise.
Análise Quantitativa
Após a identificação, a quantificação de minerais é o passo s ubseqüente. A análise
quantitativa de misturas de minerais por difratomelria baseia-se na proporcionalidade
entre a intensidade da reflexão e a proporção dos componentes na mistura. Diversos
métodos foram desenvolvidos, mas sua aplicação aos argilominernis é dificultada por
sua grande variedade química e estrutural. Os principais métodos são descritos a seguir.
Uma descrição detalhada encontra-se em Bish & Post (1989).
(2)
w, ]
[ 1 +w.
I, = K• -=---_....e. (3)
/1,
(4)
As razões R,.. são obtidas pela medição de intensidade da mistura padrão dos
componentes isolados ou em conjunto, em quantidades conhecidas. O sucesso desse
método depende da adequação das misturas dos componentes puros em estudo, bem
como do atendimento dos pré-requisitos de mistura homogênea e de tamanho de partícula.
O coríndon (a-Al20,) foi definido como o padrão universal para medições de intensidade,
e os valores de razões 1/I, (intensidade de difração mais forte de uma fase em relação
àquela do coríndon, em uma mistura 1:1) são chamados "razão de intensidade de
referência". Essas intensidades são úteis como fatores de calibração, nas análises de
minerais de composição bem definida, mas, em argilas, apenas alguns minerais estão
disponíveis. Uma alternativa a esse método é a adição de quantidade conhecida de um
componente similar ao da amostra, que é adicionada à mistura e as intensidades difratadas
são medidas antes e depois da mistura. Em sua forma mais simples, o método mede um
componente único em uma amostra, e o padrão adicionado é o próprio componente em
padrão analítico.
Uma variação similar desse método envolve a adição do padrão analítico em diversas
proporções à mistura desconhecida, a medição das intensidades das reflexões em cada
proporção da mistura e o cálcu lo dos componentes com base na intensidade das reflexões.
(5)
. ~oJo
em gue K1, é uma constante, dependente do equipamento e do material; w,, e O p1:
componente P; eµ é o coeficiente de atenuação de massa da mistura.
(6)
A entrada de dados é feita por meio de um arquivo que contém O padrão de difração
em formato numérico, sendo o valor dn intensidnde dado em função do incremento (passo).
Esse incremento pode ser cm graus 20, parn ângulos de espalhamento, ou outro parâmetro
de energia, como velocidade (para dados de difração de nêutrons) ou comprimento de
onda (para detectores de energia dispersiva e radiação incidente "branca"). O refinamento
trabalha com milhares de pontos de incremento, variando esse incremento, no caso de
dados de raios X com comprimen to de onda constante, normalmente de 0,01 a 0,05 ° 28.
Em todos os casos, 0 melhor ajuste buscado é por quadrados mínimos de todos os valores
de intensidade simultaneamente, sendo a quantidade minimizada o resíduo SYdefinido
por:
(7)
\~
incluem os fatores R, (fator R0 de. Bragg, fator RF estrutural, padrão Rr' padrão RL. 1
ponderado), o fator de qualidade de ajuste Se a estatística de Durbin-Watson, d . o~ 1
na equação:
112
cr = M
_ L w, x(yi{o)-y,(c))2]
1
/ [ »
-------- (8)
N-P+C
Esse não é o erro experimental provável, mas o erro provável possível mJnimo,
proveniente de erros aleatórios isolados. Modelos inadequados podem somar erros
sistemáticos a essa medida. Uma melhor avaliação dos erros reais e da acurácia do
processo pode ser obtida pela comparação dos resultados com aqueles provenientes de
refinamento de monocristais para as fases estudadas. Algumas fontes de erros
sistemáticos no refinamento de Rietveld são: a orientação preferencial, o ruído de fundo,
o alargamento de perfil por reflexão anisotrópica, as formas de perfis, a absorção,
deslocamento e transparência da amostra, a extinção, o erro de zeragem instrumental,
a" granulosidade" da amostra (insuficientes cristalitos difratando), a instabilidade do
feixe de raios X e a instabilidade instrumental. A escolha de uma boa estratégia no
refinamento é essencial para o sucesso e para economizar tempo, mas não há uma
única abordagem para o trabalho. Sugestões de procedimentos são encontradas nos
livros especializados, como no de Young (1996).
Os programas de computador disponíveis atualmente são, em grande parte, baseados
no algoritmo original de Rietveld, e alguns são disponibilizados gratuitamente pela
internet, como o RIET7/SRS, o Fullprof e o GSAS. Uma lista de programas, incluindo
links para baixá-los, pode ser encontrada no site (acessado em 21 de janeiro de 2007):
http://ccp14.sims.nrc.ca/ ccp/ ccp14/ ftp-mirror / howardflack/ pub/ soft/ crystal/
stxnews/ riet/ faq/ progs/ riet-pc.htm#contents1.
Um exemplo de refinamento estrutural dos dados de difratometria de amostra
natural de óxidos de Fe é apresentado na figura 5 e no quadro 2. O diíratograma foi
obtido com um equipamento convencional de ralos X, e o ajuste foi feito por meio do
programa FullProf (Rodriguez Carvajal, 1993, 2001), disponível em http://www.ill.eu/
sites/fullprof/ (acesso em 01/03/2009).
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Grnu~ 2U l{11.tl,1çi\11 C,1 Ku
Figura 5. Difratogr.1mn de óxidos de fcrru de s11h, rn11111 ,1juslL' L':llntlurnl p1•h1111111,d,1 d,• 10:h•lvl'ld,
Faces minerais refinndns: Hm - hcm,1lila 1..• MI - mug11dil,1.
Fonte: Viana ct .11. (2006).
Quadro 2. Referências cristalográficas e d.idos frskos dos rcsull,1dos d11 r\'lit1,1m1.•11l11 d1..• l{ll1lwld d,1
hematita e da magnclila dn frnç.lo mngnl'.!lk,1
Hemntiln
Dados físicos< 11 - - - - - - - - -- - - - - - -- -- - - - - - - -
Rcfcr~ncln<2l Experi mental
633 i
X - Métodos Físicos de Análises em Mineralogia do Solo
1
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Gra~s 20 (). = 0,1760268 nm)
. li ?li 2.~ JO J:, 411 4S ~O % 60 6~ 70 7:- 80
Gr.1us 20 RadiaçJo Cu Ka
Figuril 6. Difratogrnmn de raios X da fração magnética da amostra de tu fito, com o ajuste estrutural
pelo método de Rietveld: (a) difratograma obtido na linha de raios X do Laboratório N,,cional
de Luz Slncotron; (b) difratogrnma da mesma amostra obtido em difratômetro convencional.
Hm = hematita; Mh = maghemita; Mf = magnesiofcrrita.
Fonte: Silva el ai. (2005,1); Silva (2008).
20 25 JU JS ~u ~s ~ S5 60 65 70 75 80
CtalD lO lla.a.(IU Cu k"
Figura 7. Difailograma de espinélio de ~erro ma1,:1esiofor_rita, ,com o ajuste cstruturul pelo mNoJo
de Rictvcld, a pilrlir dL• dados de d1fr,1lometr1n de rc11os X.
fonte: Sth"' -,1 JI. (2005b).
Quadro 3. Coordenadas estruturais (x, y, z), parâmetro térmico isolTópico (B) e ocupação relt1tivt1
(OR), obtidos para os modelos estruturais da magnesioferrita e da maghc mila
Átomolll X y X D OR
Magnesioferrita
[Mg] 0,1250 0,1250 0,1250 0,02746 0,895
[Fe] 0,1250 0,1250 0,1250 0,02746 0,105
IMgl 0,5000 0,5000 0,5000 0,00437 0,437
!Fel 0,5000 0,5000 0,5000 0,00437 0,563
o 0,2536 0,2536 0,2536 0,00837 1,000
Maghemita
[AJ) 0,1250 0,1250 0,1250 0,01986 O,ü75
[Fe) 0,1250 0,1250 0,1250 0,01986 0,804
[Mg] 0,1250 0,1250 0,1250 0,01986 0,084
[Mn) 0,1250 0,1250 0,1250 0,01986 O,O'JJ
[Ti) 0,1250 0,1250 0,1250 0,01986 0,020
IAll 0,5000 0,5000 0,5000 0,01986 0,0'19
!fel 0,5000 0,5000 0,5000 0,01986 0,589
IMg) 0,5000 0,5000 0,5000 0,01986 0,210
[Mnl 0,5000 0,5000 0,5000 0,01986 0,065
!Til 0,5000 0,5000 0,5000 0,01986 0,117
o 0,2564 0,2564 0,25641 o,oons 1,000
"'lí-c) = Fe' ' em coordenação tetraédrica; {Fel = Fe-'· em coordenação tetraédrica; [Mg) ª Mg'' cm coordcnllÇ;\u tctr.,édric,,,
jMg) = Mg'· cm coordenaçiio tetraédrica; O = oxigénio.
,.
MICROSCOPIA ELETRONICA DE VA RREDURA (MEV) E
- ,
DE TRANSMISSAO (MET) E TECNICAS ASSOC IADAS
A microscopia de solos, ou micropcdologia, originou -sr ela nccL•ssid.-.dc de> (ll,~rrv.u-
e analisar as partfc ulas sóli d as mais e lementares, da rnnnc irn como ncorrL'll\ di-;tribt1fd.,-;
Figura 10. Microscópio eletrônico de varredura com allo vácuo, com tela dupla de alta rcsoluçJL))
acopladoª Analisador de EDX Noran (corpo ciUndrico acima da câmara que contém a ª111ºstrª
e s1.s 1ema compu tacrnna
· t d e armazenamento de dados analíticos e de imagens. Neste 111odelo,
• .•
existem dois analisadores, um de EDX, e outro de WDS, mais aplicado a análises quantitati,,a:,.
Abertur.i da objetiva
Lente da objetiva
Lente intennedl.iria - - - t t ~
Abertura de dlfraçJo--,__...
Lente de difração---+
Dinocul.ir
Tela princip.il
Placa da câmara
particular do investigador: análises de superfícies com deposições iluviais (ce rosidad eJ,
cimentação carbonática ou ferruginosa, superfícies de grãos minerais, feições d (:
microintemperismo e outras. Análises quantitativas são virtualmente impossíveis nesse
caso, exceto no caso de grãos minerais com superfícies bem lisas, eventualmente presentes .
De toda forma, devem-se buscar sempre ris superfícies mnis alisadas do campo em análises,
que sejam mais horizontalizadas em relação ao feixe de elétrons incidente.
Com vistas em obter análises quantitativas mais acuradas de feições particulares,
deve proceder-se a uma preparação bem mais cuidadosa, permitindo a formação de uma
superfície lisa, praticamente isenta de irregularidades microtopográficas (rugosidade). O
feixe incidente deve incidir sobre uma superfície perfeitamente lisa, de forma a evitar que
os elétrons retomem com ângulos espúrios, com efeitos imprevisíveis de retrnespalhamento
eletrônico, afetando a detecção dos elétrons que retornam. Tal superfície é garantida pe lo
ultrapolimento de seções finas, atTavés de uso de pastas diamantadas, em que se faz uso de
abrasivos com diâmetro progressivamente menor (60, 30, 15, 6 e 1 µm) , até alcançar uma
superfície convenientemente polida, verificada em microscópio óptico comum. Esta e tapa
é fundamental para se trabalhar com qualidade analítica com equipamentos de microssonda/
EDS. De posse de amostras ultra polidas, procede-se ao recobrimento com carbono, podendo
as amostras assim ser submetidas ao MEV pélra fins de análises de EDS ou WDS.
Vários procedimentos são possíveis, mas todos utilizam uma impregnação em baixo
vácuo com resina, seguido de corte ultra fino em micrótomo por meio de faca diamantada.
Se o produto final ainda apresentar desuniformidade superficial, torna-se necessário o
uso d e polimento iônico complementar, utilizando o bombardeio eletrônico com potencial
de aceleração de voltagem de 10kV, com exames freqüentes para observar a espessura do
material. Uma vantagem é o pouco dano físico à amostra com polimento iônico, e outros
detalhes da técnica podem ser e nco ntrados em Paulus et a i. (1975).
Deve ser ressaltado que a maior parte dos problemas com uso de MET refere-se ao
preparo de amostras e introdução d e nrtefatos espúrios, em relação à simplicidade do
p rocesso de microscopia. Um dos maiores pr0blemas é a introdução de materiais dissolvidos
(sais) que podem cristalizar com a secagem sobre <1 grade de cobre. Sus pensões não devem
ser estocadas para evitar o crescimento bacteriano, bastante comum nesses casos.
Possibilidades de contaminação química, biológica, danos físirns ou térmicos durante o
preparo e polimento deve1Tt ser alvo de cuidados por parte do investigador. Um bom cuidado
deve ser dedicado ao preparo, para garantir resultados analíticos de qualidade.
Para ilustrar a técnica, foi selecionado um perfil de Terra Preta de Índio de lranduba,
próximo a Manaus, formada sobre Latossolos Amarelos da Amazônia, permitindo estudos
de formas d e fosfato em solos (Schaefer e t ai., 2004a) .
No horizonte A antrópico, a técnica confirmou a composição caulinítica da fração
nrgila, que forma agregados argilosos muito conlescidos, com grãos d e quartzo e minerais
opacos de Ti-fe, com distribuição aleatória (figura 13). Imersas na ma tri z argilosa,
encontram-se partículas de origem biogênica de P-apatita, com tamanho < 0,5 µm,
constituindo resíduos de ossos de animais e espinhas de peixe (Figura 13). Estas possuem
composição química variável, que pode ser determinada pela aplicação do EDS em
qualquer grão selecionado a partir do mapa elementar.
figura_ 13. lma?ens de retroespalhamento eletrônico da seção fina de solos (MEV) e 1napas
microquímicos de EDS de parle do horizonte A antrópico de Terra Preta de Índio: (a) agregados
e zo~as com micropartículas de apalita de osso (alta relação Ca/ P); (b) detalhe de fragmento de
nd0
apahla de osso; (c) canal biológico com preenchimento de material bioturbado for01ª
fosfatos secundários de AI após a digestão de apatita de osso por organismos do solo.
Fonte: Schacfer el ai. (200<1a).
A acurácia dos dados analíticos de EDS pode ser avaliada pela alta correlação entre
os teores de Fepy Alp3 e SiO2 extraídos pelo ataque s ulfúrico (H 25O4) e aqueles obtidos
por meio de MEV /EDS na escala do agregado (Schaefer et ai., 2004b), corroborando 0
ataque preferencial da fração argila em Latossolos pela digestão sulfúrica e a seleção
adequada do plasma argiloso na análise pontual do procedimento realizado. A mesma
consistência não foi observada para os teores de TiO, (r = 0,52) obtidos pelas duas
determinações, já que pelo EDS os teores de TiO~ devem estar associados quase
exclusivamente ao anatásio na fração argila, enquant~ o ataque sulfúrico digere outras
fases minerais detríticas, como ilmenita, rutilo, leucoxênio ou, ainda, titanomagnetitae
esfeno, se presentes.
Figura 15. Imagem por microscópio eletrônico de varredura de grãos da fração magnética separada
da amostra da rocha.
Fonte: Silva cl ai. (2005b).
Termogravimetria
até dezenas de graus, sendo um valor típico de 10 ºC min• 1• A tempera tum mtí xima êl s1.:r
atingida durante o experimento depende do material a ser analisado, normalmente até cl
temperatura de 900-1.000 ºC para amostras de argilominerais e solos. É preciso ter em
mente que o preço dos equipamentos sobe exponencialmente, de acordo com a temperatura
que o forno atinge, foto que se deve principalmente ao sistema de aquecimento do forno,
o qual normalmente ocorre com enrolamento de uma bobina metálirn. No caso de
temperaturas de cerca de 1000 ºC, utilizam-se fios de liga Ni/Cr e, excedendo essa
temperatura, utilizam-se fitas de Pt ou ligas de Pt/Rh e, em temperaturas ainda mais
altas, faz-se uso de carbetos de melais de transição. O recipiente pode ser de v,í rios
materiais confom1e a temperatura utilizada para medir a amostra. Normalmente, adotam-
se a alumina (Al2O~), sílica (SiOJ, Pt ou outras cerâmicas para temperaturas altas e
cadinhos de alumínio descartáveis, para medidas de até 550 ºC, jtí que o mes mo funde
em cerca de 660 ºC (adota-se o uso dos cadinhos em temperaturas 100 ºC abaixo do seu
ponto de fusão) .
A curva termogravimétrica gerada registra a percentagem de massa da amostra
(embora recomendado pela ABRATEC, evita-se registrar a massa) nas ordenadas com
valores decrescentes de cima para baixo e a temperatura (ou o tempo) nas abscissas, com
valores crescentes da esquerda para a direita. Uma curva TG típica é apresentada na
figura 17, onde se observa que a perda de massa pode ser registrada partindo de 100 %
(a), diminuindo-se a massa assim que se perde material volátil a partir de O% (b). Embora
não exista uma definição clara de qual situação deve ser adotada, a segunda alternativa
parece ser a mais óbvia, já que a leitura (no caso de perda ou ganJ10 de massa) acontece
diretamente no eixo correspondente.
Saída de
gás(cs)
t
Forno_. _. Programador
Amostr .- de temperatura
Temperatura l
Entrada
de gás
T
Computador Curvas
deTG
Entrada Massa
de gás Balança
inerte ::r Saída
L---------'
(l
(b)
100
-2
9S
-1
96
;,'! -6
~
~ -8
-10
90
- 12
ss
86~---~----~~-~~---l
o 200 ~00 600 WO
TcmpcrJtur.i, •c
1000 1200
-14
Figura 17. Representação de uma curva lermogravimétrica, mostrando duas formas de registrur a
perda de massa da amostra com o aquecimento progressivo (a e b).
100
DTG ➔
98
96
94
a~ 92
~
'"
Ili 90
r:I
:;E TG
88
86
84 3 -+
82
80
o 200 400 600 800 1000 1200
Tempcrnturíl, "C
figura _18. Curva l~rm~igrnvirnétrirn e lerrnogravimétrica diíercnci.11 típicas com a idl!ntiíica~ãci d••
Ires eventos tcrnucus de perda de massn, anoliidos com númt~ros (u.a. = unidndcs ilílibr.\ria~).
100
98
96
94
a-e 92
d
til
til
l1l
90
~ 86
86
8-1
82
Ti Tm Tf
80
o 200 ·100 600 800 1000
Temperatura, "C
fib'llra 19. Interpre tação de c~rva l~nnogr.wimétrica c~m apenas ~m evento térmico. Ti, Tm e Tf
representam o inicio, meio e ímal do evento ténruco, rcspl.'ctívamentc.
Evidentemente, uma série de eventos térmicos diferentes pode ser gerada na amoslra
se a atmosfera circundante for substituída. No caso da matéria orgânica, ocorre uma
combustão na presença de oxigénio e uma pirólise, na presença de atmosfera inerte.
Outro fato importante é que a ocorrência dos eventos térmicos não é uma impressão
digital da amostra, já que vários fatores podem intc_rfcrir e dl's locar os evl'ntos térmicos
para maiores ou menores temperatura~: atmosfera c1r~undant~ d.i amostr.l, tam,rnbo dos
crbtais, forma fís iCél do materi,11, veloc1dade de aquec1mcnto, formato dos recipienks dn
nm ostra (cad inho), dentre o utros . O qu e é importante enfatizar é lJU L' ,1 ..i n.\lisc,
p rinci p alme nte qu.mdo aliada a o utr,1s técnicas .,nJlític.1s, L' uma fc.>rrament ., poJeros.i,
a u xiliando n os traba lhos de m in cralogiJ do solo.
1·a frc1ç5o c1rgila do s o lo, por ser um s iste ma multif,1sico, mes m o com prl'-l ratamcnto
da amos lrél pc1rc1 rcmoçJo sele ti v.:i dl' m l n c r,11 s , o bs c r v c1m-sc dificuld .:idcs n.is
d e terminações qu .1 ntit,1tivas. S u gere-s e o seg u int e procedimento n o s C'S tud os
tcrm ogr.1v imé trico~ (,m,\lisc quantit.itiv.1) da frc1çdo ilrg ila de solos mais intempcri z..1dos,
co m predo m ínio d e silica to s do g ru po 1 :1 e óxidos de Fe e de AI: i) remoçã o prévia dos
óxidos de fe com tra t.1mcnto com DCB. A gocthita. por ser um mine rt1I hidratado (a-
FeOOH ). perde hidroxilas n a forma d e vapor d e ,1 gua, assoc iada a um pico endotérmico
c m torno de 350 ··C, o que compromete a aná lis e q u antitati v,1 d,1 g ibbs ita e cJulinita
(s nbrcpo:,.içào de c,·cntos té rmicos). A hematit.1, po r se r um mme r.-il scm ,1g u,1 estrutural
(a-F~Oj, n.'io apresenta evento endoté rmico ncs, 1 foh:.1 de tcm pN,1 tur.1. O utro trJtamcnto
prévio n l'Ccssário (! a remoção da matC-ria o rb.lnic,1 com H:O, o u hipoclorilo d e Na, p rática
normalmente ad o tildil ncl di spe rs.:io d ,)S .1mo,;tr,, s e ep.uaç.io d,1 frnçiio t1rgila d o solo.
Contudo, mesmo n essas condições,(: rt•coml'nd,h·cl utilíi.ir g,h nJo -ox idantc (como i\:
o u Argônio) para n ão qu<-'i ma r a maté ria o rg,inic..i rL-c.-ilcitr.mtc ~ prevenir. assim, .-i
interfe ré ncia d esse compon<.'nte no::. eventos tl•rmico!. d o-: miner.1is; ii} obtcnçJo cl.1 cur,;a
d e TG para a a m oslra d e Mg il.1 sem ma té ria o rgJnica e cksfer rificad.:i; iii} se paração dos
e \'entos térmicos da gibbsita (Gb) e ca ul i nita (C t) e obtc:nç,io d., p1..'rdc1 de mass a (em °';,)
equiva lente à d esidroxilaçào de cada minernl. O :; pil:o!> endotl-rmicos desses minerais
estdo em to m o de 260 e 500 "C, respec ti va mente (Fig ur..i 20); iv) com bilse n.1 fórm ul,1 ideal
(minera l puro) da Gb e Ct, quant ificaçào desses m ine ra is.
Cons iderando a perda de massa ("ó) de cada evento té rmico (exemplo na Figura 20).
aplica-s e o seguinte cálcul o:
a)Gb.
Al(OH) 3 x 2 (produzir número par de á tomos de H) = Al 2(OH)6 o u ;\) 20 3 • 31:-lp,
Teor de água== (peso molecular da águ a /peso mo lccul.u do composto) x 100, Teor de
água = 34,6 %.
b) Ct (Si4AIJOH)p 1J.
Adotando o m esmo critfrio, obtém-se teor de água = 13,9 %.
A perda de m assa d ecorrente dos eventos térmicos desses minerais será (grá fico TG -
Figura 20):
a) Gb (perda de massa = 5,94 %).
Teor do mineral= (5,94/34,6) x 1.000 = 171,7 g kg·' .
b) Ct (perda de massa = 10,44 %)
Teor do mineral = (10,44/13,9) x 1.000 = 751 ,1 g kg·';
A análise quantitativa da goethi ta na fração argila poderá ser feita em ou Ira am oslr,1
de argila tratada com solução de NaOH 5 mol L· 1 parn remover os minerais do grupo1 :'l
e os óxidos de AI.
Contudo, a precisão das determinações por TG é reduzida em amostras de argil a
de solos jovens com ocorrencia de minerais primários e secundários do grupo 2:1, por
aumentar a sobreposição dos eventos térmicos e pela falta de tratamentos químicos
seletivos para a dissolução desses minerais. Mesmo cm solos altamente intcmperizados,
com minerais 2:1 apresentando hidróxi-AI cntrecamadas, a interpretação das curvas de
TG é dificultada.
TG DTA
Der. TG mg uV
0,1 20
o
0,0 18
1 -50
-0,1 16
Figura 20. Curvas de análise térmica diferencial (DTA) e termogravimetria (TG) de amos tra da
fração argila desferrificada do horizonte B1 de Latossolo Bruno da região de Guarc1pu,wa (PR).
As rei-as na vertical que cortam a curva dn 1º derivada da TG (pontos de inflexões da curva DTG
(der. TG)) marcam os pontos de inkio e final de perda de massa da gibbsilil (Gb) e c.:iulinito (Ct),
separando os eventos térmicos desses minerais. O primeiro evento térmico (tempernturn
ambiente até 150 °q, com pico endotérmico em 72 ºC, rcpresenlil a água de ildsorção/absorção
da .imostra. PM - perda de massa do mineral em mg e em ';/, cm relação à massa inicial de
a mostra.
Saída de
gás(es)
t
Forno-. Programador
de temperatura
Entrada
degás ~e~
4
Temp. 3
Temp. Computador
l Curvas de
1 2 DTA/DSC
1
l
figura 21. Representação esquemática de um equipamento de DTA ou DSC. A= amostra; R= referência.
toda él informação d e energia recebid<1 ou gerélda pela ílmoslra deve ser quanlitíltivilme nlr
avaliada, sendo necessários sensores muito precisos e recipie nt es com exce le nte
condutividade térmica, pélrn trnnsmitir essa informação quantitativamente aos senso res.
No caso de uliliznção de uma atmosfera oxidante e o evento térmico rcladon<1do com a
queima de um gás liber<1do ou a queima da amostra propriamente dita, o terrnopnr 1 irti
acusar um aumento de temperatura (evento exotérmico), acima do ílumento díl temperc1 tura
definida pelo programador, regis trado no termopar 2. Enquanto o Lermopilí 2 aumentzi a
temperatura conforme comandado pelo programador, provoca-se novamen te uma di ferença
de temperatura enlTe os termopares, sendo registrudo o evento. No CílSO dos eventos
endotérmicos e exotérmicos, a inflexão dos picos se rá invertidn, sendo recomcndnda pela
ABRATEC a inflexão parn bnixo para picos endotérmicos (L\T negati vo, ou seja, rouba-se
caJor do meio ambiente) e para cima parn picos exotérmicos (L\T positivo o u seja libera-se
calor para o meio ambienle). Dependendo da origem do equipamcnlo as infom1ações podem
estar invertidas, no caso da nomenclatura alemã, o evento endotérmico <1presenta pico com
o máximo para cima e o eve nto exotérmico, com o pico pélra baixo. Em c«so de dúvida,
sempre que houver necessidade de se apresentélr dados de DTA ou DSC, recomenda-se que
sejam indicados os eventos endotérmico/ exotérmico, com uma seta no grMico, ao l«do das
curvas. A figura 22apresenla uma medida de TG/DSC simultâneo de uma amostra de solo,
contendo matéria orgânica, em atmosfera estática de ar, adotando él nomenclatura alemã. A
amostra sofre dois e ventos endotérmicos em 125 e 188 ºC, atribuídos à perda de material
volátil (provavelmente umidade), com conseqüente perda de massa de 25,3 % e um evenlo
exotérmico em 382 ºC atribuído a queima de matéria orgânica, com conseqüente perda de
massa de 18,2 %. Ao final, contabilizam-se a perda de massa de56,5 % e um resíduo de43,5 %.
Existem inúmeras aplicações d<1 técnica de DSC, determinando-se: c<1lor específico,
pureza, temperatura de transição vítrea, temperatura de cristalização/ fusão, diagramas
de fase, par.imetros cinéticos das reações, índice de cristalinidade, intervalo de fusão,
estabilidade a oxidação, decomposição térmica, etc.
Obviamente, as curvas DTA ou DSC podem ser obtidas de forma isolada, sem a
vinculação de perda ou ganho de massa da nmostra (TG), sendo esse procedimento
freqüentemente adotado para o cnso da análise de polímeros, onde somente fusão (quando
o polímero é cris talino) e trnnsições vítreas (aumento da cnpacidélde culorífica da nmostra
em função do a umento dos graus de liberdade da molécula - amolecimento do polímero)
são avc11iadas, sem a necessidade de destruição da a mos tra.
Outro tipo de equipamento de DSC utiliza a chamada compensação d e poténcia, ou
sejn, 0 equipamento consiste de um calorímetro que mede diretamenh.' a energia envolvida
nos eventos térmicos. A amostra e a referência são aquecidas ou resfriadas em fomos
sepMados e idênticos. O princípio de funcionamento do equipamento pressupf1e que
ilmostra e a referência sejclm mantidas se mpre em condições isotérmic,1s (mesmn
temperatura). Assim, se a amostra sofre ai tcrações de temper<1tura promov id<1 por um
evcnlo endotérmico ou exotérmico, os lermop.ues detectam a diferença d e te mpcra hir.:i
entre eln e a referéncia, e o equipamento modifica a potê ncia de entrada de um dos fomos
automa ticamente, de modo a iguafar pronta,ml!nte a temperatur.i de ,1mbos. O equipamento
qu,• utiliza esse principio de m edida é mais difícil de operar do que o equipamento dl•
fluxo de rnlor.
100 1
DSC
o
90
'TI
-1 ê
X
o
o.
~ ro
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V) o
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70 oq.,_
-4
60 TG
-5
Figura 22. Curva TG/DSC de uma amostra de solo, em atmosfera estática de ar.
A figura 23 apresenta a curva TG/DSC de uma argila típica, fornecida pela Clay
Minerais Society Repository - USA, a qual é uma fonte de argilominerais de padrão
internacional. A amostra refere-se a uma montmorilonita sódica (STX-1) minerada em
Gonzáles County (Texas - USA), cuja composição pode ser encontrada em Kogel & Lewis
(2001). A medida foi realizada em atmosfera estática de ar, com velocidade de varredura
de 8 ºC min•1, utilizando-se um equipamento Netzsch modelo ST A409 série EP, em
cadinhos de alumina. Para maiores detalhes de comportamento térmico de filossilicatos
e outros materiais em camadas, comuns em solos, consultar Wypych & Satyanarayana
(2004).
Observa-se, na figura 23, que o material sofre processo de desidratação com perda
de massa de 14,3 %, associada aos dois picos endotérmicos posicionados em 81 e 157 ºC.
Em seguida, ocorre uma perda de massa de 2,28 %, associada ao processo de
desidroxilação da argila, acompanhada de um pico endotérmico em 676 ºC, além de
pequenos picos na região de 890 e 978 ºC, onde ocorre a decomposição d e resíduos de
outros minerais.
Conclui-se que muitas informações importantes podem ser obtidas das curvas TG/
DTA e, ou, DSC, sendo essn técnka uma importante ferramenta analítica, principnlment~•,
quando frações purificadas de solos são disponibilizadas e outras técnic.is annlític.,s
complementares são simultaneamente empregadas. Evidentemente, amostrns pur;:is de
minerais ou componentes de solo, são mais facilmente interpret,lvl!is, já que, em caso d1..•
100 0,75
98
0,50
96
'.!!
0,25 e
94 ),(
o
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o.
t1)
"'"'<-.:1 92 0,00
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90
l <
-0,25 3
88 1
Exo
OQ
!,
86 -0,50
84 TG
-0,75
o 200 400 600 800 1000
Temperatura, ºC
A C E
YYV
Figura 24. Modos de vibração de um gn1po funcional do tipo -CH2 •
Até o início da década de 80, a maioria dos instrumentos para o infra vermelho
médio era do tipo dispersivo, baseado em redes de difração, embora, na última década, a
maioria dos instrumentos faz uso da Transformada de Fourier (Fo11rier Trm1sfor111 lnfrared
- FTIR), que utiliza instrumentos interferométricos. Essa técnica acrescentou muito no
que diz respeito à facilidade de operação e ganho da relação sinal/ruído, da ordem de
10. A maioria dos equipamentos de FTIR opera com feixes duplos, porém alguns
fabricantes disponibilizam equipamentos com feixe simples. A figura 25 mostra uma
representação esquemática do processo de medida e geração de um espectro de FTIR.
O espectrómetro de FTIR coleta o sinal da amostra em um interferômetro, o qual
mede todas as freqüências simultaneamente. O interferômetro utiliza um separador de
sinal, o qual divide o feixe de infravermelho em dois feixes. O primeiro feixe é refletido
em um espelho plano fixo, e o segundo feixe é refletido em um espelho plano móvel. A
posterior combinação dos dois feixes resulta em um sinal chamado de intcrferograma.
Quando o sinal do interferograma é transmitido ou refletido pela amostra, algumas
freqüências específicas são absorvidas pela amostra, graças à excitação das vibrações
dos grupos funcionais das moléculas. O feixe finalmente chega ao detector e precisa ser
d ecodificado pelo computador com uma ferramenta analítica conhecida como
transformada de Fourier, a qual gera um espectro que pode ser interpretado. Os
i.nstrumentos com transformada de Fourier, sendo computadorizados, permitem que
medidas rápidas e mais sensíveis possam ser realizadas em comparação com
equipamentos mais antigos, que usam instrumentação do tipo dispersiva.
No caso de argilominerais e outros componentes do solo, a absorção de radiação
infravermelha é fortemente dependente da ordem de cristalinidade, do tamanho, do formato
e do grau de orientação dos cristalitos. Para minimizar tais efeitos, usa-se a moagem do
material (cerca de 1 % em peso) na presença de KBr seco e de alta pureza (grau espectroscópico),
sendo que a mistura transformada em uma pnstilha transparente por prensagem em prensa
hidráulica (cerca de 8-1 Ot cm•z), da qual são obtidos os espectros por transmissão. Os espectros
são obtidos quando a percentagem de l:ransmitància (podendo ser absorbância ou reílectância)
é registrada nas ordenadas (números decrescentes ~e cima para baixo) 1.1ers11s o inverso do
comprimento de onda (o número de onda) nas abscissas em ordem crescente da esquerda
pnra a direita. Muitas vezes, qunndo ocorre a sobreposição de espectros e a informação das
ordenadas não é wna variável importante, remove-se a escala e a identifica com transmirancia,
absorbáncia ou reflectância (u.a., unidades arbitrárias). A região a ser anaUs.-ida nos
equipamentos mais comuns e adequada para a maioria das amosh·as está compreendida
entre 400 e 4000 cm·1, devendo, no caso de solos e minerais, ser a varredura, se possível,
estendida até 200 cm·1• A espectroscopia no infravermelho é uma técnica extremamente
importante para a análise solos por ser sensível à composição química, substituição isomórfica
e cristalinidade, gerando informações importantes na identificação dos minerais e
propriedades de suas superfícies e reatividade (Wilson, 1994). Além das técnicas que envolvem
a transmissão do feixe incidente sobre a amostra (especialmente em líquidos, gases e pela
técnica da pastilha de KBr), existem situações em que as amostras são bastante opacas. Neste
caso, pode ser utilizada a técnica conhecida como reflectância difusa, abreviada por DRIFT
(Diffi1se Rcflectance 111.frared Fo111ier Tra11sfo1111). Desta forma, quando o feixe incide sobre a
amostra é refletido, informações sobre o feixe absorvido são geradas e coletadas de forma
semelhante à técnica de feixe transmitido.
-~
Fonte
a
.,
lnterferômetro
-+-Amirrf
[[JJ~ --f~
Espectro Detector
Computador
A, B, C = Interferogramas
(PR) (amostra de O- 20 cm) por meio dessa técnica (Figura 27). As condições de medi da
foram idênticas àquelas descrilas na figura 26 e as atribuições dos picos são apresent;id.:1
no quadro 4. Observa-se que as amostras de ambos os experimentos consistem de um u
mistura de argilominerais, especialmente a caulinita, muito comum em solos tropicais, e
matéria orgânica, especialmente derivada de restos de culh1ras.
SMP
-:i
:,
·"9 ~----~-,....__
"'
~
..
e:
,:,::
- ILYd
-2RU
-3NVJ
-4LVJ
-SLVJ
-6NY,J
....
O' - 7LYd
;;; ,1,\Y/'~,"'-11 - 8LVJ
-<JRL
·~-Ll'OI - IOCX
figura 27. Espectros de DRITF das amostras coletadas de O- ~O cm de_ dez solos de uma topossl.'qlll!ncia
do sudoe.ste do Paraná: LVd - Latossolo Vermelho D1stroférnco; RU - Neossolo Flúvico; NVd
_ Nilossolo Ve.rmclho Distroforrico; RL - Neossolo Litólico; CX - Cambissolo Háplico.
f'ontr; Adnplacfo dL• Tomawni (2006).
Banda AtTibuições
cm·1
2 v de C-H de alifáticos, combinação v e 6 0-H ou 3 V C=O carboxílicos,
5750-5900
cetonas, antidas primárias.
4530 3 v C=C de aromáticos
3700- 3620 N 0-H de caulinita
3530-3450 v AlO-H, FeO-H e Si-OH (argilas)
3390 N (OH), v N-H
2990 N ass C-H de CH2 e CHJ
2874 NC-H
2500 2 v de C-0 de COOH
2000 2 v de C-0 de carboidratos
1750-1720 N C=OdeCOOH
1650 N ass (C=O) carboxilatos v C=O de grupos amidas (banda I de amida)
1540 N C=C de anel aromático
1374 6. de C-0-H ou v de C-0
1241 N C-0 e 6 C-0-H de COOH, parcialmente v C-0 de aril éter
1100 N C-0 de polissacarídeos
1040-1030 N C-0 álcool alifático, polissacarídeos.
Fonte: GuimariiC!S (2006); Tomozoni, (2006).
ESPECTROSCOPIA MÕSSBAUER
A leitura desta seção pode, na prática, ser subdividida em três domínios de ass unto
conforme interesse prioritário mais específico: i) o item pela Ressonância Nucl ear e o
Nascimento do Efeito Mosbauer trata de breve revisão histórica, para situar o nascimento
da espectroscopia Mossbauer, a partir da descoberta do efeito Mõssbauer; ii) o item
Fundamentos Físicos do Efeito Mõssbauer aborda alguns elementos essenci a is dos
fundamentos físicos em que se baseia a espectroscopia, sob visão quase es trita mente
descritiva, conceituai, ou apenas primariamente formalística; iii) o item Interpretação
dos Espectros Mõssbauer é mais dirigidos às aplicações da es pectroscopia .Mõssbauer
em mineralogia, incluindo algumas s imulações de espectros, no intuito de ilustrar a
apresentação e iniciar a interpretação das informações espectroscópicas. Algumas
referências bibliográficas mais representativas, citadas, podem servir de sugestões de
leituras complementares sobre o assunto.
Os domínios de assunto (i), (ii) e (iii) mencionados mantêm certa interindependência,
de tal sorte que o leitor poderá explorá-los na seqüência em que aparecem ou concentrar
atenção exclusivamente aos de maior interesse.
decaimento nuclear, deveria, em princípio, também ocorrer, mas é muito mais difícil de se
obsenrar, em razão das elevadas energias associadas às transições nucleares, comparadas
às eletrônicas. A escélla de energia cl.:1s transições nucleares está na faixa da radiação gama
do espectro eleh·omagnético, sendo, então, muito maior do que a da radiação óptica,
associada às transições eletrônicas (Quadro 5). A radiação gama é, de fato, vá.rias ordens
de magnitude mais energética do que os raios ópticos.
Na Na
Estado excitado, f..,
E, • Ec - E, = 2,102 e V (Dl)
Estado fundamental,
E,
Emissor Absorvedor
(Fonte)
Figura 28. Arranjo experimental de Robert Williams Wood, representando a absorção de luz,
correspondente à transição D, em átomos de Na.
li
Quadro 5. Algumas propriedades de transição D óptica do Na t'
!11 o sigruflcado dos slmbolos de n1,·eis e.;:r<•ctroscOp1cos 111L, ~ o seguinte: o primdro número ~ o número qu.'lnllco
princípnl do elÍ!'<'lron cxtcnor (n ~ 3 parJ o Na), o sup.:rescrílo é 25 + 1 (par.\ o elHron n.\o emparclh.:idu, 11, • l , da camndn
1 1
· d o oll on, O d,c Ni• ,
,,). 1.e nor
,_ O nwmc:nlo ,mgular s~L'•
., • ,-,•l..
I:; •:;),
.. u moml!nlo angullr do spm. L, o momento ungll.lar
orbital, é denotado pda !l.'lr.l 5, para L " O; P para L • 1, ele.... e o subscrito d,\ a masnilude /, do momcnlu .:mgu.L.ir
1 1
di,lrónJ,•,, total, /., L + 5. r.ira o estado funJamentJI do Na. L '" OI.' >- í ; l!ntdo /•! ; para o pmneiro estado excitado,
L .. 1. enhio ,~ { . A ,-nezi;1.i de qualque r nh•cl paro.:ul.ir é olterad.t. de acnrdo com o v.1lur de 1.
(9)
I'n
A. largura natural
. _ de linha e o tempo de vida (t) de d e t ermma
. d o níve 1 d e en"n r1ro iJ
decaindo. por. cnussao de um . fôton estão fisicamente r"" laciona
• d· os, d e acon Io eo lll o
princípio da mcl!rteza d e Heisenberg.
('J O)
em que ã.E é a incerteza do valor de energia; M é a incerteza relacionada com o tempo d o
evento quântico; 11 = 6,626075 x 10-34 J sé a constante de Plnnck.
Se a magnitude de til é tomada como o tempo médio de vida de um nível de energia,
a equação 11 leva, no limite inferior da desigualdade, à incerteza da energia
correspondente, que significa a largurn nal'ural da linha de energia, r0 :
(1 "1)
Nota-se que a Jargura de linha para o Na é maior do que para o 57Fe (Quadro 6 e Figura
30) e que o valor depende apenas do tempo médio de vida, não da energia do nível excitado.
Quadro 6. Energia (E0), largura natural de linha e energia de recuo calculada (ER) (equação 23) para
os sistemas livres dos átomos de Na e S7fe
1,0
0,8
Transição E..,= 14412,8 eV
0,6 Gamo. T m 1'11,8 OS
11
Fe r. ~ 4,64 x 10"' eV
0,2
~-
i:i' 00
1,0
0.2
o,o.l--;:;::;::;::.:;:::.,....~~}-...~....,...;;:;:;:.=.:...- '
7
. 2xJO"' - t.<J O"' O h:10 ' :Z..10'
Deslocnmcnto de Energia de E0 (E - E0 ), eV
Figura J0. CompclTilÇÕCS entre as propriedades d.a raJiação gama do 57Fe e da radiação 01 do Na: il
largura natural da linha 14A12,8 cV, do 57Fe é cc~c.i de 1/10 d<1 lar~a da lTansição 2,102 cV, 01
do Na; a enl'rgia de rransição - ~7fo é qu.ise 7 mil ve:a.-s a da transição 01 do N.i.
A linha ressonante
Também das considerações da eletrod intl mico quflnlicn, a scçú n de choque ressonnntc
(o), ou a intensidade que corresponde ao desa pareci me nlo cio es tado inicial, pa ra um
sistema emissor (s) - absorvedor (a), ambos co m o m es ma energia ele lrans içfio, f,11, d e
comprimento de onda À, entre um estado excitado com spin /,e e ne rg ia!::, e um es tado
fundamental com J~e Ex, é d ada pela convoluç5o do perfil dil seção ele choq ue efetiva (<10)
(Malmfors, 1968):
(12)
(13)
Margulies & Ehrman (1961) trabalharam a equação 13, para muitas condições
experimentais envolvendo a ressonância gama, e mostraram que, em arranjo de fonte
suficientemente fina, e na condição em que rs = rn = rn, o perfil de ressonância é
realmente representado por uma curva Breit-Wigner, com largura de linha ressonante
rr = 2rn .
(14)
6,626075x10-34 Jsx299.792.458ms-1
Ea = 589,757x10-9m 3,368x10-19J;;2,102eV (15)
montagem de Wood, representado na figura 28. A á rea de sobreposição de ressonã nr:i t.1
(Figura 31a) depende do quão próximos estão os va lores de energia da fonte e cio
absorvedor (E. e E.) e da largura de linha de energia. Diferenças crescentes entre E, e E,
implicam absorção ressonante decrescente. A energia dos fótons gama na faixa dos rni os
gama, de 10.000 eV até 100.000 eV, corresponde a vários milhares de vezes a energia d a
radiação óptica. Essa enorme diferença impõe aos experimentos de ressonância d e
sistemas ópticos e nucleares resultados bem diferentes.
(a)
E, - E.
(b)
E, Ea
(c)
E. E.
Energia
figura 31. Condições ltipotéticas para a ressonância (a) plena e (b) e (c) parciais, baseadas nas
diferenças de energia dos níveis excitados da fonte (E.) e do absorvedor (E.). Nesta representação,
ambos com a mesma largura natural de linha. A intensidade ressonante é proporcional à
sobreposição de áreas das duas lorentzianas.
2
E - !!.!!!_ (16)
R- 2
em que ERé a energia cinética do emissor recuante, de massa me velocidade v.
A energia real do fóton, após emissão, é, então,
E= EO- ER (17)
hv
p falon =- (19)
Co
Solucionando para:
E-~2 (21)
R- 2mc
o
(23)
1,0 - r - - - - - -- - -- - - - - - - - .
0,8
0,6
r= 4,6697 x JO .. eV
0
0,4
.~
''°
] 0,2
~
-o
~
0,0 4===~=---_J_---=::::::===l
-o r,,- sr 14412,500
"'
:2 . . .. .
:S 1,0 ◄ - - - - - - ... - ... - - .... - - - ► -
..J ' .
◄ - - ... - ...... - ... ... - - - - - .. - ►
_g ER=l,9567 x 10 eV !!
o
ct - , ( ·- ·~,1- ~~. .. . , :. y
'., . . ?' ..: --►
-"'·- ·'· . .·
0,6 Emissor 1' Absorvedor
0,4
0,2
Figura 32. Efeito da energia de recuo num átomo livre de Na e em sistemas 57fe, por emissão de
radiação. O nível eletrônico excitado para o Na é muito mais baixo, em energia, e tem largura
de linha maior do que para o 57fe (para comparação de dados, veja quadro 6). Para o Na, o
núcleo recuante move-se apenas levemente de sua posição de repouso; os perfis de energia
para o emissor [veja detalhe (a)] e o absorvedor [veja detalhe (b)) não são alterados, reJativamente
à sua posição de repouso [veja detalhe (c)] e a absorção ressonante é quase completa. Para o 57 Fe,
a curva (a) representa o núcleo de 57Fe livre no estado de repouso: a relativamente alta energia
de recuo, em razão da emissão gama, desloca substancialmente os perfis de energia de sua
posição original e os requisitos necessários para a ressonância não são mais satisfeitos [curvas
(a) e (b)).
O Efeito Doppler
É importante, agora, traçar breve discussão sobre o efeito físico clássico que a
velocidade da fonte emissora impõe na freqüência da radiação emitida. O fenômeno é a
base para os argumentos principais, usados nas primeiras tentativas de observar
ressonância nuclear, pelos físicos, e de fornecer as ferramentas necessárias de concepção
e construção de um espectrómetro, baseado na absorção ressonante da radiação
eletromagnética. O Efeito Doppler pode ser formalmente representado pela seguinte
expressão matemática:
(24)
57
em que E0 é a energia o do núcleo no repouso (como a transição E0 = 14412,8 eV do Fe);
V, é o componente de velocidade na coordenada x; 0 é o ângulo entre x e a direção da
radiação y; c0 é a velocidade da luz, no vácuo.
A energia Eo = -Eo=E{~: l
Er é, então, o termo Doppler gue rnod ula a energia de
Interações Hiperfinas
Os espectroscopistas buscam acessar os níveis de energia de sistemas quantizados.
Isso é conseguido, experimentalmente, irradiando-se a amostra ou o alvo com uma
radiação com um espectro de energias que cobre o valor quântico correspondente ao
intervalo entre o estado excitado e fundamental, detectando-se, então, a grandeza da
energia que é transmitida ou espalhada, após a amostra-alvo absorvê-la. Para obter
informação sobre a estrutura de energia do sistema, pelo menos duas condições principais
devem, na prática, ser preenchidas: i) a janela de energia da sonda espectroscópica deve
ser estreita o suficiente para permitir que estados vizinhos sejam diferenciados na escala
quântica; ii) a sondagem espectroscópica deve varrer o intervalo dos estados de energia,
de forma a detectar qualquer sinal de ressonância, envolvendo as transições permitidas
(na espectroscopia Mõssbauer, nucleares).
Nos experimentos de ressonância, a incidência da radiação eletromagnética no
alvo representa a sondagem espectroscópica. Independentemente de sua origem, ela
deve provocar transições dos estados de energia sondados. A radiação reemitida vai,
então, carregar a informação sobre a transição. Em um arranjo de ressonância clássico,
a fonte e o absorv edor são da mesma natureza química e física, e os fótons incidentes
devem preservar a energia de transição, de forma a promover transições no absorvedor.
Isso não é precisamente verdadeiro se o sistema emissor a tômico usar parte da energia
para recuar, como mencionado anteriormente. Na realidade, mesmo nos casos onde
não ocorre recuo, diferentes ambientes químicos podem fazer a estrutura de energia na
fonte e no absorvedor ser ligeiramente diferentes; a radiação eletromagnética incidente
no absorvedor pode mesmo não ser suficiente para promover qualquer transição entre
os estados quantiza dos.
Para esta breve discussão, relembre os dois exemplos, usados até aqui, sobre
tran sições e le trôni cas e nucleares (linha 0 ·1 do N a e d ecaimento gama do '-7fe,
respectivamente).
-
672 JosÉ DOMINGOS FABRIS ET AL,
f-eixr. rC?.ssonnnte
Fonte)' Abs orvedor rrcmissão
57Co
(nmostro) ,
E0 e 144125 eV s1 Fc ·•
•_.. ,*~
j, -> Tempo
•
•••••
··-.
~ - - - Sincroni2:.1ção I Estocagem de dados 1-----~
- E0 (v)....:...
.
Figura 33. Representação esquemática de um arranjo experimental Mõssbauer, tipo convencional,
por transmissão do gama através do absorvedor (amostra). São indicados dados para o isótopo
57fe (núcleo-pai, 57Co).
, :Jí~:
i:~l~',.
-1,0
J -0,S 0,0 0,5 1,0
0,95
(b)
0,90
0,85
-3 -2 -1 o 1 2 3
0,98
0,96
Figura 34. Anatomia do espectro Mtlssbauer. As figuras foram numericamente gerad.is de parâmetros
Mõssbauer (r = 0,30 mm s·1, a !clrgura de linha à meia altura, da curva de resson.-'\ncia; (oi o único
valor arbilrarftmente estabelecido, na simulação numé.rica), por dados reportados na literatura,
de medidas a 298 K. (a) Espinélio de ferro, cromo e enxofre, FcCr1S4 (Zhiwen et ai., 1999):
deslocamento isomérico ô= 1,20 mm s·•, desdobramento quad.rupolar, .1 = ll, campo magnético
hiperfino, n,. , "'
O. (b) llmenita, FeTiO3, de uma a_mostra de anfibolito (Dorighetto ~t ,,1., 1998): ó -=
1,04 mm s·•, .1 = 0,67 mm s·1, Bti: = O. (e) Hema~til, Fep" encontrada na frnçào silte Je um solo
d~vovido de ~ teatito (Santana et ai., 2001): o= 0,32 mm s·1; Bh/ = 51,1 t~la, t: = 0,20 mm s 1•
Umenita (FeTi03 ). A ilmenita apresenta um dupleto espectral típico de Fe2+ (Figura 34b).
O deslocamento isomérico, 6
O centróide do espectro deve ser identificado. Sua distância para a velocidade Doppler
zero (v, é a posição central da lorentziana na coordenada de velocidade Doppler,
correspondente à linha ressonante i) é uma medida do deslocamento isomérico 8, em relação
à fonte. Note que, exceto nos casos mais simples, o centro nem sempre pode ser tomado como
0 ponto eqüidistante das linhas mais externas, como no caso da hematita (veja Equação 31).
8=v (25)
e ntão,
L1 == 1,20 mm s· 1
ô= V1+l'2
(26)
2
Notar que as equações 25 e 26 são equivalentes; na equação 25, v2 = v 1•
Da equação 26:
ó (27)
ó= - 8,04-4,37+5,20+8,44 = 0 31 mms_1
4 I
L1 = o (28)
llmenita (FeTiO3). Para qualquer dupleto de 57Fe:
(29)
Notar que as equações 28 e 29 são equivalentes; na eq uação 28, , 12 = v 1•
Hematita (Fe2O 3). Para as interações combinadas, elétrica e magnética, no núcleo de 57Fe:
(30)
(31)
O campo hiperfino, B hr
B,,t= O
Hematita (aFe2 O 3). Para qualquer sexteto do 57Fe1 :
v6
B,if = ( -1 (32)
mms
em que 8.,,,,. . , ,.. é o deslocamento isomérico relativo à fonte e ôª'' é o correspondente valor
para o cxFe relativo à mesma fonte.
A escala mostrada na figura 35 apresenta os valores para a matriz da fonte (Rd, Pd,
... ) e padrões de referência (SNP, cxFe, ...) relativos ao cxFe, e devem ser entendidos da
seguinte forma: medindo-se aFe como absorvedor, à temperatura do ambiente, com uma
fonte de 57Co em matriz de ródio, dará ónr, = -0,109 mm s·1• Se, por exemplo, a medida para
uma amostra é º•mm,,.= 0,221 mm s· 1 (relativa à mesma fonte de 57Co em uma matriz de
ródio), seu valor correspondente, da equação 33, será:
Tratamento de Dados
A forma, hoje, mais comum de tratar os espectros Mõssbauer coletados é pelo
ajuste numérico, com programas de computador específicos, como o Normos®, que
permitem a estimativa dos parâmetros hiperfinos. O procedimento de refinamento é
por convergência iterativa, baseado no método dos mínimos quadrados. O ajuste é
considerado concluído, assim que os valores dos parâmetros são adequadamente
obtidos, sob os critérios estatísticos, da rotina de convergência numérica. Não apenas
a qualidade de contorno gráfico sobre os pontos experimentais deve ser considerada
na decisão sobre a aceitabilidade dos resultados, mas também o significado físico e a
coerência dos valores dos parâmetros encontrados devem fundamentar a decisão
final. O processo pode ser trabalhoso, dependendo da natureza e da complexidade
da amostra.
O espectro Mossbauer simulado para uma amostra hipotética, que contém mistura
em pó de óxidos de Fe bem cristalizados (Figura 37) de dados coletados em uma montagem
de transmissão com uma fonte de 57Co em matriz de ródio, será usado, agora, para ilustrar
uma possível interpretação gráfica de um padrão relativamente comum em análise
mineralógica. A largura de linha foi arbitrariamente fixada em 0,30 mm s· 1, na simulação,
e a calibração com folha de cxfe tem, por consideração prévia, o valor exato de ô== -0.109
mm 5 • 1, relativo à fonte de ~7Co em matriz de ródio.
2..0
- - - ' : 1 / 2+ [+3,357)
1,5
1.0
1 'i
o
1,5 ....
<
'11 ~................. 1/ 2- [+1 ,960] 1,0
\ ,11 0,5
ll.U - l / 2. o.o
-1.0 -0.5
Figu.r.1 35. Desdubr,1mcntu hipcrfino dos duis níveis (excitado, 3/2-, e fundamental, 1/2-) da cascata
~.mi., dL' 1-.1.4128 kc\l do núcleo de :;;Fe, sob um campo magnético de 33 testa, na ausência de
qu.1lqucr inte1-.1ç.io clétric.i. As lnmsiçõcs permitidas sfio representadas. Notar que a escala de
.,cessibilidade p1,r um,, IL\:nka físico bnseada nesta sonda hiperfina é estreita: da ordem de lQ·i eV,
neslt.' c,1so. O cspl'clro co rrcspondl'nl-e é apresentado na figura 36.
l,ll\l
11,\JS
Flt\lll',l J6, J,i1-,1wctrn tv1rl~:.;h,rncr 11111111.•rk,11111.mtc :sim11l11d,1 pur,1 11 aF1•, ,\ 1L•mp1..•r.1tu 1-.1 do a mbientl.!.
1,00
f\ ·()
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+
+
~
Figura 37. Espectro Mõssbauer simulado, para mistura de óxidos de Fe bem cristalizados, com
rotulação das linhas de ressonância, que será usada como identificação na discussão.
Quadro 7. Algumas características espectrais das linhas de ressonância identificadas por insp~ão
gráfica na figura 37
Da fig11 r,, 17, .,s Ii n h,, s ma is cxlL•rnos ('I) l' ( 13) lôm n prnxi 111ad ,11ncn lc ílS mcsfflílS
inl.L'ns id.,Lks, dn mcsm., fnrmn LJUL' os i111L'di11lnmc11 tl' 11rnis i11lc rn,1 s, (2) e ('I 2) . Cad n par
PL'dl.' CLH'l'L'Spl,1hh'r ,)s linh,,s l l' 6 d l' scx lL•los 11rng11clkos. O cn mpu hipc rfino parn caclíl
um dL•ss,,s du ,,s cs trulu1-.1s cspcclrni s pl,dL• se r cs lim ndn pe l,1 cqu aç;io :12, pe la le iturn
dirc t., d.,s dis l rnci ns O1•1-.'\ fic., s 1>i LI I - 1J111 e v(l.'I - 1i(.') .
L',
Uma cs timativ,1 d o dcs loc.1 m c nlo iso mé rico corres p o ndent e C• obtida co m a equação
27, s upond o que .1s linh-1s ·1, 2, 5 L' 6 d os sext·clos siio as d o quadro 8. Pnrn o se xte to l :
e pa ra o sex teto 2,
- 6,03-3,17+3,96+6,28 = 0, l
ó (sex teto 2 ) - - - - - - - - - 26 m_111 s-
4
As posições d e linha identificadas nté agora (Quadro 8), nesta análise, são suficientes
para estimar o deslocamento quadrupolar, em cadn caso (da equação 30):
.) (8,S'l-5,"18)-(-4,47-(-8,·17))
i: (sexteto 1 =
2
Qu.idro 8. Correspondencia dus posições de linha ressonanle u n;1 figuro 37 e seus números de ltnh<1
(1 é a linha mais à esquerda no segmento negativo da"~scaln de velocidades Do ppler) nus
pndrões hiperfinos de sextetos
mm ~·•
(1) -8,173
(2) -6,033
(3) ....1,472 2
(4) -3,168
(5) -ll,939
(6) -0,592
(7) U,600
(S) 1,291
(9) 1,637
(10) 3,957 5
(11) 5,183 5 6
(12) 6,275
13) 8,505 6
1,00
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J •·
o il
1
-lU .5 5 10
Velocidade Doppler (v), mm s· 1
figura 38. (a) Espectro Müssbaul!r simulado de ~m.1 mistura de mincrílis; (b) e (e) rc·presenta,~"les
b'T.ifícas de etap,1s de um modelo d: d~co~1pos1cào do l~"!'cctro, _e~ comp~nenks correspondcnks
às fases individWliS. A inh!rrogaçuo u,J.1cíl uma fose amd.1 n.io 1d~nhfic,1cla.
Mineral
Temperatura o LI e n,,,
(Fórmula Ideal)
mms· 1 mms· 1 tesla
K mms·1
-0,197 51,75
Hematita 295 0,32
0,49 +0,41 54,17
(a.Fe2O.1) 4,2
Ilmenita 295 1,07 0,68
+l,22 4,8
(FeTiO3) 4,2 1,43
0,26 -0,02 49
Magnetita 295
(Fe3Ü4) 0,67 o 46
1,00
0,95
0,90 '
(a)
,. (Zl
> 1,00
,,
'.::l
ci
e,::
o 0,95
""
-~ 0,90
~
e (b)
f- (e)
1,00
0,95
0,90
(c) (f)
-10 -5 O S 10 -10 o 5 10
Velocidade Doppler (v), mm s·1 Velocidade Doppler (v), mm s·1
Figura 39. Conjunto completo de linhas teórirns para a amostra simulada, separadamente plot.ldo.
Completando a análise gráfica. Se duas curvas lorentzianas são traçadas como dupleto
para preencher a parte que falta das linhas 7 e 8, estas estariam centradas em v = +0,58
mm s· 1 e em v == +l,26 mm s·1• Tomando estes dupletos, o deslocamento isomé rico 8 e o
desdobramento quadrupolar L1 podem ser estimados com a equação 26 e a equação 29,
respectivamente, para dar:
0,58+1,26 = O 92mms- 1
ô= 2 ,
1,00
0,99
0,98
0,97
r.:I
>
·.:,
r.:I
ã:i 0,96 flvlR sr
~
·~
o
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"§ 0,99
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· . .,
le
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0,98
0,97 ~
0,96
0,95
FMSsr
0,94
-10 -8 -6 -4 -2 o 2 4 6 8 10
Velocidílde, mm s·1
Figura 40. Espectros Mossbauer para uma amosta esteatito (FMR) e do solo (FMS) associado a essa
rocha. em temperatura ambiente.
Fonte: Sih•a (2008).
Quadro 10. Parãmetros Môssbauer referentes às medidas íl 298 K da fração magnética do esteatito
(FMI~) e do seu solo derivado (FMS!'T), amostrados em Congonhas, Minns Gerais 11,
0,90
j(\{7
0,85 VV 1
!:~.:rw\;-·V
,
(____[J:
.":
·..:_-- v.:"
.
. :rv··--
-.--...(.../.
0,92 ·
0,88 4,2 K (B,p• 8 1)
-12-10 -8 -6 -1 -2 O 2 4 6 8 10 12
Velocidade, mm s·1
Figura 41. Espectros Mõssbauer em diferentes temperaturas para amostras de concreções magnéticas
de solos associados a rochas do grupo Bambu[.
Fonte: Viana et ai. (2006).
Quadro 11. Parâmetros Mõssbauer ajustados para os espectros da fração magnética a 298, 110 e 4,2 K
(Bap = Oe 8 T)!ll
Magnetita
Temperatura (K) Parâmetros Hiperfinos Hematita
Sítio A Sítio B
298 .1(mm s·1) 0,38 0,33 0,34
e (mm s·1) -0,19 or.i or.i
Bhí (tesla) 50,5 48,6 45,9
RA (%) 50 21 29
flmm s·1) 0,32 0,46 1,48
110 ó (mm s·1) 0,48 0,43
e (mm s·1) -0,18 -0,08
Btú (tesla) 53,3 51,7
RA (%) 59 41
flmm s·1) 0,33 0,52
4,2 ó (mm s·1) 0,38 0,28
e(mm s·1) --0,16 -0,04
Bw (tesla) 53,1 51,3
RA (%) 53 47
[lmm s·1 ) 0,67Pl 0,67Pl
4,2 (B.,. "' 8 T) ó (mm s- 1) 0,261'1 0,171'1 0,27(4)
e(mm s·1) -0,21 -0,09 -0,01
8111 (tesla) 53,2 58,3 45,0
RA (%) 50 28 22
flmm s· 1) 0,83 0,51 0.-15
0° 9,7 9,5
fll51 tios A e B e coordcn.içllo ldrnl:dri_rn e octuéd~ica. ô "' dcslocamcnto isomfaico rdativo ao a Fc O 298 K, exce to p.ira
a mcdld il a •1,2 K, com campo magnét1~0 li,, "' 81; e .. desdob~amcnto quudrupolar; li • c,,mpo hlperlino· RA., tirc,i
relativa sube!>pectr.il; r mla rg ura de linha s ubes pectrol 11 me!a a ltura; O.. .\ngulo d e ~~'Clln.tçâo; r-1 parãm~tro fi., .,do
n o J jusk ; l'J o va lo_r do largura de ~lnha s ubcspectral •' mela ultur,, foi mantido fill.o; 111 Rl'lutivo ,\ fonte )'Cu/ Rh
,na ntid u cm .ipro~ 1madamt•nte :W K.
fon te : V1an11 ct ai. (2006).
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X - Métodos Físicos de Análises em Mineralogia do Solo 687
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~ 0,96
0,92 110K
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-10 -8 -6 -4 -2 O 2 4 6 8 10
Velocidade, mm s·1
Figura 42. Espectros Mõssbaucr da fração magnét-íci:i do tufito, a 298 e a 110 K. Os parâme tros
hiperfinos correspondentes são apresentados no quadro 12.
Fonte: Silv.1 t·l ai. (2005b).
Quadro 12 Parâmetros Mõssbauer referentes às medidas a 298 e a 1'10 K com a fração magnética do tufitot 11
M.1sncsioi1!trlra Tl'trai\.lricu U.25-1(3) -0.02{1) -15,02(11) -12(:?) 0,-172(61 -0.1.12(1) 52.7-1(7) 23(3)
Mai;J1cmllJ Tctr,1Lldrico 0,362(J) 1U 49,-10(3) 2-1(2) 0.362(-1) -0,0(1( 1) so, 11(6) 27(4)
'"Ó= tlc,h,aimcutui., omcricu n:lativo 110 nFc; e= dcsloc.:uncolo quuilrupoh,r: d= '1:.~llobr.imcnt~ 4u:iurupolnr; 8, 1 = ..:umpo hir,:ct1no
e AI{= W'Cll ~ubc,p,:ctral n:wli\'a. Ch ,·.1!01 e,, cnm: p1\l'êJ11t.:..'iC.S ~~u lílLcrtc.cas ~" ,·11lor nu111<11cu, i:,,11 m11das pelo ll~•Vh>·Pj_iJr ,lu calcul:,du
iii·lu nl1,"llrilmo de IIILlllmiuçilo niin-lini!IIJ do\ _erro~ 11uadru11co,, pum UJu, 1c llO~ c., pcctrn,. c~pl\!>-.>u, ~obre o úh1m,, uli:anvnu
\lgnÍÍlc.111vu llo ~ulor 1111111.!nc,, ll.i qu:m11llad.: fll,1CJ co=pomlcnlc
Condições Experimentais
Medidas a temperatura variável
Preparo da amostra
1nst rumcntm;üo
Montagem MUss bauerconvcncrnna - 1 no mod o de lr.insmissào. Uma mont, gern cclll\'L . ~ I\ L-jp(l,ll
1
d · - t
Mt:>ssbauc r cm gcomctrrn e lrans m1ssao compõe-se ba5 ic<lmcnte de: i) íonll' l e rJ lli •,~,hl,
. .
cuj.:i caracte rís tica du isótopo emissor gama depende do tipo de .imos tr;i (p.u;i rniiwr,'.''
l
. us íl-s e uma , on 1e ue 5-c
conte n d u 1·e, -rl·
· o , que de1..' ili por c,ipturn cldrô nlc,1 par,1 . 1: 11
1
Isót opos Mõs sb,,ucr - A t.ibcla periódica Milss baucr. Os elementos químicos dos quais é
possí ve l observar o efei to tvlõssbn ue r e n lgu ns dados esse nciai s compi lados dos
isótop os Mõssbaucr são mostrados na figu ra 43. Por sua abundância n a tural e
importância, tanto a mb iental quanto tecnol ógica, o isó topo mai s es tudado é o 5'Fe,
seguido pelo 11qSn (Figura 44). O esquema de decaimento para o ' 7 Fe é ap rese ntad o na
figura 45.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 IO li 12 13 14 15 16 17 18
Li Bc B c N o F Ne
T tmptralura (7)
Up,i!rl!DeDIII malJ alta flD
que o ekllo rol observado
~ "'"" 77KST< 19SK
4,1 Ks T<77 K
Na Mg Nlo obtcrvado AI Si p s Cl Ar
K Mo NI Zn
ss 61 67
'°
29,'
Ca Se Ti V Cr 125,9 Co 67,4 Cu 93,3 Ga
0.012 100 1 13 411
Te Ru Ag
y 99 99 109
Rb Sr Zr Nb Mo 140,S 89,4
Rh Pd 88,0 Cd ln
o 12,7 48,16
e, D■ Re Os lr Pt Au n,
133 133 187 189 193 19S 197 199
36,3 71,4
TI Pb Bl Po At Rn
li.O 12.3 \
100 o 16 1
Pcrlódlcn Mõssbnucr
Fr 1b i Bh Rn
t Pm
r 166,0
Ce
1•'7
91 ,0
9991 o
Tb P■ Np
2l2 231 237
Ac -'9,1 84,2 .59,S 42,9
Cm Bk Cf Es Fm .Md No Lr
o o o
100
- ~ ~__J
F.igura 43. Tabela periódicil MUssbaucr.
l'onlc: AJaplaJn de MERDJ (2000).
119Sn
18%
5%
161 Dy
1 % 237Np
1% 1% 1%
Figura 44. Publicações em espectroscopia Mossbauer, distribuídas por isótopo.
Fonte: Adaptad o de http:/ /www.unca.edu/medc/index.html (acesso em abril/2007).
s7Mn
1,7 m
4,2 % 270d
122,05 136,48
8,8 ns
83
14,41
97,8 ns
o
s7r,e
Figura 45. Esquema de decaimento radialivo do 57Mn e do 57Co, para formação d o nível de 14,41 kcY,
do radionuclfdeo Mõssbaucr S7 f,e,
Fonte: AJaptoJa J,: MERDJ (2002).
AGRADECIMENTOS
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Bayer"'
11
Departamento de Flsico-Qulmica, Instituto de Qulmica, Universidade Federal do Rio Grand e do
Sul, Avenida Bento Gonçalves, 9500, 91501-970, Porto Alegre (RS).
d pdick@iq.ufrgs.br
:, Centro Nacional de Pesquisa em Solos, Embrapa, Rua Jardim Botânico, 1.024, 22460-000, Rio de
Janeiro (RJ).
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'' Depa.r tamento de Solos e Engenharia Agrícola, Setor de Ci~ncias Agrárias, Universidade Federai
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•t Departamento de Solos, Faculdade de Agronomia, UFRGS, Av. Bento Gonçalves, 7712
91540-000, Porto Alegre (RS).
cimelio.bayer@ufrgs.br
Conteúdo
INTRODUÇÃO••·"•··-··- --··..... ...................................- .........................·- ·--······ ..- ·......._ ...--.- ..... _. __ .. 698
DINÂMICA E ESTOQUE DA MATÉRIA ORGÂNICA NO SOLO ........·-·- ·-·--· ----- -....--- -- · 724
Proce5sos dt• Adição e Perda de Material Org"nico ......- ..·-··- ·- - - -- -- ·-·- - ··- ·--·- - -· 72-1
fatores Determinantes no Estoque de Matéria Orgânica do Solo ·- -..--·--·- ·- -··--·..-··-·· - ·- 726
MATÉRIA ORGÂNICA COMO FONTE DE NUTRIENTES·-..- .. ·-··- - - - ·----· - - -- ·--· 736
Nltrog~nio ·- -.. - .....- - .... - -•- - ·-··--··-·- ··- ..----·-·-··-· ....·.---.. - - -·-·-·-....... _ ... _........... _._., 736
fósfnro ·-···· ........- ... - ....... ......... --..- ...... - · - - ·•- · - - - - -·· - ..........._ .. ·----·-·-··· 7•10
En>.ofrc ,.- - ..·- • - "· ..----· - ·--··--- · -·-· · - · - - - · -..- - - - · - - -........_., __ - - 7-1-1.
APÍ:NDICE ·- -- ·- -... - ----·-·- ___.._ __ •OO•-· -·-·- ···-· ·-·....·-·- - ·-·... -·- ____.,_ _ __...7-1-1
Ligaçõt>S Qu1.mi.:as ..- ...- ..........- ..........._ . • ,, ___ ---··- .......- ......_....................... - .. ... - ...- ... ...... _ .. 7-1.•1
Forçb Jn tcrmok•culares ··-·.. - ·--· __ ... - - - - - - - - - .. ................- - - -·- - ····- -·-· .. -- ·- - - 7,15
LITERATURA CIT AD/\ ,,_ ,._ .__......- ..- - -··-·· - - -·-··- -·- · ..-··· ·- · ..... ·- ...... ·- · - ·- ·- -· . 7 5 l
SBCS. Viços il, 2009. Q111mic.i e MinernloglJ do So lo, Concei tos B,\sicos e ,\phrn,;n,..s . P t.Hp.
(cds. Vnndcr de frcltils Ml'IO e luls Rcyn.ildo F,·rrncc1il All,•ont).
698 0EBORAH PINHEIRO 0ICK ET AL.
INTRODUÇÃO
O conceito de matéria orgânica do solo (MOS) é tema de discussão na com unidade
científica e, por ainda não estar consensualmente definido, autores ou grupos de
pesquisadores demonstraram entendimentos distintos do que seja MOS. Stevenson (1994)
define MOS como todo material orgânico, de origem vegetal ou animal, como a liteira, os
fragmentos de resíduo parcialmente decompostos, a biomassa microbiana, os compostos
orgânicos solúveis e a matéria orgânica estabilizada no solo. Numa abordagem mais
ampla, eventualmente esse conceito pode abranger a biomassa total do solo, incluindo a
meso e macrofauna (Roscoe & Machado, 2002), e todas as substâncias resultantes da
decomposição de plantas terrestres e aquáticas, incluindo as turfas.
Neste capítulo, a MOS será definida como todo material orgânico de origem biológica,
vivo ou morto que se encontra no solo, que passa em peneira com malha de 2 mm. Esse
conceito, além de levar em conta aspectos relacionados com a natureza da matéria
orgânica, também considera aspectos operacionais dos métodos de amostragem e de
preparo das amostras. Está excluída, nesse caso, a liteira, por se entender que o material
orgânico não decomposto sobre a superfície do solo ainda não faz parte da MOS.
Por atuar em várias propriedades físicas, químicas e biológicas do solo, a MOS é
importante constituinte do ecossistema e é fundamental para seu adequado funcionamento.
Os efeitos da MOS no ambiente estão relacionados com suas características químicas e
físicas e com sua elevada reatividade. Nesse contexto, este capítulo abordará suas principais
características químicas e estruturais, seus compartimentos e sua dinâmica no solo,
enfocando principalmente sua reatividade no ambiente.
FUNDAMENTOS
Compartimentos Químicos
A fração das substâncias húmicas é constituídél por uma mistura de subs tãncias
polidispersas, sem fórmula molecular definida, contém os principais grupos funcion,ü s
do C e com.porta-se como compostos macromol eculares de peso molecular em geral de
2 kDa (Hayes & Clapp, 2001) (Figura 1). Po r suas característica s químicas e
estereoquímicas e por sua formação de complexos orgânicos e organomi nerais, essél fração
apresenta tempo de residência no solo de centenas a milhares de élnos (Stevenson, 199-t
Christensen, 1996).
Nitrog<'nio
. . C.1rbono
• Oxigênio
~ Hidrogênio
Enxofre
Cá tio n
Fig ura 1. Exempl o de estrutura de maté ria orgâni ca humificada, cm que Regiões I e 1T
represen tam espaços vazios na estrutura tridimensional, que podem aprisionar íons e
moléculas neutras.
Fonlc: Adapt.:iJa de Engt'brt'tson 6:. von l\'andrnszk.:i (1 994).
proporção foi de até 45 % para alguns Chernossolos europeus (Schmid t et ai., 1999).
Poucos estudos trataram da quantificação do C pirogênico em solos brasileiros.
Entretanto, um tipo de solo antropogênico encontrado na Amazônia, as chamadas Terras
Pretas de Índio, tem despertado grande interesse, especialmente pela sua alta fertilidade
e por sua elevada capacidade para seqüestrar C (Harder, 2006; Marris, 2006; Woods et
al., 2006). Essas propriedades são atribuídas às características químicas do material
carbonizado humificado, principalmente sua estrutura aromática policondensada que,
em virtude da atividade biológica e alterações químicas, é funcionalizada com grupos
carboxílicos, que garantem elevada reatividade desse material (Novotny et ai., 2006a;
2007). Esses solos foram formados pela deposição de material carbonizado pelas
populações indígenas pré-colombianas, e estimativas indicam que até 35 % da matéria
orgânica desses solos é constituída por C pirogênico, enquanto em solos semelhantes,
adjacentes, sem ação antrópica, o C pirogênico constitui apenas 14 % da MOS. O estoque
de C pirogênico até 1 m de profundidade nas Terras Pretas de Índio é de 4 a 11 vezes
maior que o dos solos adjacentes (Glaser et al., 2000, 2001).
Compartimentos Físicos
Quanto à localização no solo, a matéria orgânica pode ser agrupada em: matéria
orgânica particulada (MOP), matéria orgânica associada aos minerais (MOAM) e matéria
orgânica dissolvida (MOD). A MOP corresponde ao material orgânico pouco decomposto
que ainda apresenta vestígios da estrutura celular ou tecidual do organismo que lhe deu
origem. Os constituintes dessa fração são fragmentos vegetais e animais (Christensen,
1992; Gregorich et al., 1996), que são formados basicamente por biomoléculas, por estarem
em estádios iniciais de decomposição.
Em áreas de campo nativo de regiões de clima temperado, a MOP pode representar
de 15 a 40 % do estoque de C orgânico total (COT) do solo, mas essa percentagem pode-
se reduzir para menos de 10 % quando o solo é cultivado (Christensen, 2001). Num
Latossolo Bruno do Paraná, em condições de mata nativa e clima subtropical, a MOP
representou 33 % do estoque de COT (Santos, 2005). Considerando o cultivo agrícola, esta
proporção decresceu para 6 e 3 % no solo manejado sob plantio direto e no solo sob preparo
convencional, respectivamente. Já num Argissolo Vermelho do Rio Grande do Sul, sob campo
nativo, a proporção de C na fração orgânica particulada foi de 17 % do COT. O uso agrícola
reduziu esta proporção para 8,5 a 4,8 %, sendo esta fração alterada principalmente pela
rotação de cultura, seguida pelo sistema de manejo do solo (Santos, 2005).
A MOAM é formada principalmente por substâncias húmicas, que interagem com a
superfície de minerais por meio de seus variados grupos funcionais, formando complexos
organominerais. A formação de complexos organominerais aumenta a estabilidade da matéria
orgánica no solo, diminuindo a sensibilidade do estoque ao uso e manejo do solo, sendo
altamente dependente da textura e mineralogia da fração argila do solo (Parfitt et ai., 1997).
A MOD constitui a fração orgânica solúvel do solo e é composta por uma variedadl!
de compostos orgânicos que compreende desde ácidos simples e polissacarídeos a
substâncias húmicas complexas. A MOO desempenha papel ambiental importante
decorrente de sua elevada reatividade com fons e moléculas do meio. Por meio de seus
grupos funcionais carboxilicos (grupos que contêm esferas vermelhas na Figura 1), ácid os
orgãnicos podem complexar metais pesados e com isso reduzir seus efeitos tóxicos. Sítios
hidrofóbicos da MOD (parte iníerior da região J, Figural) também podem inte ragir com
xenobióticos, tais como pesticidns, e reduzir a ação deletéria desses compostos. Por outro
lado, a MOD, quando apresenta elevada mobilidade, pode atuar como carreador desses
metais pesados e xenobióticos para lençóis freá ticos e cursos d e águn.
A quantidade e a proporção de C na MOO (chamado C orgânico dissolvido - COO),
em relação ao estoque totnl de COT do solo, depende do clima, da vegetação, do man ejo
e do tipo de solo. Na cnmada de O- 2,5 cm de um Latossolo Bruno sob ma t<1 nativ a no
Estado do Paraná, a proximadamente 0,7 % do COT encontrava-se na forma d e COO,
enquanto, na mesma camada de um Argissolo Vermelho sob campo nativo no Estado do
Rio Grande do Sul, esta proporção foi de 1,26 % (Santos, 2005) . Quand o subme tidos ao
uso agrícola, o Latossolo Bruno e o Argissolo Vermelho perderam entre 75 e 85 % e entre
55 e 79 % do estoque original de COD, respectivamente. A menor redução observada na
área sob plantio direto em comparação à do preparo convenciont1l com araçào e gradagem
deveu-se ao menor revolvimento do solo e à maior proteção da superfície pela palha de
cobertura do sistema conservacionista.
A MOD na solução do solo não corresponde necessariamente à fração não-húmica,
pois sua definição é vinculada ao método empregado na sua obtenção. Metodologicamente,
a MOD é a fração orgânica solúvel na solução do solo que passa em membrana com
malha de 45 µm (Thurman, 1985; Baldock & Nelson, 2000).
Mecanismos de Formação
O termo humificação é empregado nos processos de decomposição dos resíduos
orgânicos no solo para designar a formação da MOS estabilizada. Os processos químicos
e bioquímicos envolvidos na humificação não são, todavia, completamente conhecidos,
e as teorias propostas têm sido motivo de controvérsia entre pesquisadores.
Tradicionalmente, dois tipos de abordagem podem ser destacados: (i) um deles preconiza
a depolimerização de biopolímeros que leva diretamente à MOS humificada; (ii) e outro
pressupõe a polimerização de moléculas de pequeno tamanho liberadas na decomposição
dos resíduos orgânicos (Stevenson, 1994; Sparks, 1995; Tan, 2003).
A teoria clássica da decomposição da lignina, proposta inicialmente por Wak.sman em
1936 e suas modificações posteriores (Tan, 2003), é um exemplo da primeira a bordagem e
considera as substâncias húmicas (SH) como sendo de origem puramente microbiana.
Segundo esta teoria, o ataque microbiano altera a estrutura da lign.ina ao remover
gradativamente grupos metoxila, formando h.idroxifenóis e oxidando as cadeias alifáticas
laterais levando à formação de grupos carboxíücos. As ligninas mocüficadas resulta ntt!s
desse processo são então consideradas as principais unidades estruturais das substà nci.is
húmicas. Nesse contexto, Hedges (1988) propôs a teoria da degradação de biopolimeros, em
que inicialmente forma-se a fração humina, cuja degradação posterior leva .\ fomiaç..io de
ácidos húmicos e fúlvicos (veja defuução e caracterização de substdfldas húmicas m.iis aJiantc).
Numa segunda abordagem de formação de subs tânci.is húmicas, des tac,H,e ,1 teori,,
dos pulifcnóis, que atribui a formação de SH inicialmente .:1 proc\., ssos bióticos. ~l!guiJos
de reações a bióticas. Essa teoria pressupõe que aldeídos e ácidos fenólicos, í ormados a
partir da decomposição da lignina, e outros compostos gerem polifenóis, que, após ação
enzimática, são convertidos em quinonas. Estas, por sua vez, reagiriam com compostos
aminados (reação de Maillard), e o produto formado polimerizaria, formando as
substâncias húmicas macromoleculares (Stevenson, 1994; Sparks, 1995; Tan, 2003).
O caráter macromolecular das SH e a validade das duas rotas de formação supracitadas
têm sido questionados por setores da comunidade científica, e os principais argumentos
contra estas abordagens foram muito bem sintetizados por Burdon (2001). O autor
fundamenta seus argumentos em quatro itens principais. Primeiramente, microrganismos
não gastariam energia formando um material para o qual eles não têm utilidade energética,
pois correriam o risco de sucumbir à competição de outros organismos. Em segundo lugar,
a possibilidade de as SH serem oriundas de reações bioquímicas " defeituosas", ou seja, de
serem subprodutos macromoleculares indesejados da decomposição microbiana, não
explicaria sua grande abundância na composição da MOS. Nesta situação, a exceção seria
mais freqüente que a regra, o que é improvável. O terceiro argumento questiona a hipótese
de a lignina ser a fonte exclusiva de SH, uma vez que elas também originam-se de plantas
que não contêm lignina. Por fim, Burdon (2001) alega que a contribuição da reação de
Maillard para a síntese das SH não é significativa, uma vez que: i) a concentração de
monossacaríd.ios no solo é relativamente baixa para que a reação com quinonas e conseqüente
polimerização ocorresse em larga escala; ii) o pH do solo não é alto (meio básico) suficiente
para a reação; iü) as SH de solos de regiões polares apresentam em geral baixa proporção de
grupos aromáticos. A evidência mais contundente para a pouca relevância da reação de
Maillard para a formação deSH, segundo Burdon (2001), é o fato de o N encontrar-se nasSH
principalmente na forma de amina ou amônia (Knicker & Hatcher, 1997) e não na forma de
N-heterociclico, como seria esperado para este tipo de processo.
Com base nessas críticas e no avanço das técnicas instrumentais analíticas, outras
abordagens quanto ao modelo estrutural de SH têm surgido. Em oposição ao caráter
macromolecular das SH, certos autores afirmam que esses compostos são, na realidade,
associações supramoleculares de moléculas heterogê neas m e nores, originadas
principalmente da decomposição biótica de resíduos de plantas e microrganismos, e que,
nas condições físico-químicas do solo (pH, força iônica, potencial redox, dentre outros)
comportam-se como macromoléculas (Swift, 1996; Piccolo et ai., 2004b). Esses arranjos
supramolecuJares seriam mantidos por forças não-covalentes entre as moléculas, tais como
forças dispersivas (van der Waals, n-n, CH-n) em meio neutro (pH próximo a 7) e ligações
de Hem meio ácido (Piccolo, 2002; Piccolo et ai., 2002; Simpson et ai., 2002). Por outro
lado, Garcia-Mina et ai. (2004) preconizam que o cará ter supramolecular e macromolecular
podem ser simultaneamente compatíveis. Estes autores identificaram macromoléculas
pequenas e moléculas de pequena massa molecular em associações supramoleculares
co-existindo em sistemas húmicos obtidos de solo, d e compostagem e de turfas.
Em se~ tratado The st11dy of l111111ic s11bsta11ces - ;11 senrcli of n pnrndigma, Wersh::
(2000) propoe que, para se entender a gênese das SH, é necessário que se estude o proces..
d e J,um·
• 1f1·cara- · que se mves
.. o, ou SeJa, · t'1guem as reações químicas presentes nas estrutur,i:.
q uímicas
· d os t ec1·d os vegetais durante e após a senescencia. Wershaw (2000) argu menta ..
que ª fração húmica é composta por ma teria is orgânicos relativamente refratários
altitude, tais como Neossolos, Cambissolos e Gleissolos do norte do Estado do Rio Grande
do Sul, a propoção de SH solúveis em meio alcalino variou de 44 a 96 % (Silva, 2007).
SOLO
Sobrenadanlc
Subst. não-húmica Prcci itado
1
NaOH 0,5 mol [
agitação, centrifugação
---------L-----=--~
Resíduo Solúvel Resíduo Insolúvel
(SH) HUMINA(HU)
HCl 0,Smol L" 1
l
HF10%
pH- 2,0, decantar por 24 h agitação,
,-------'-----,
centrifugação,
Precipitado Não Precipitado H,O, secagem
Ác.HÚMICO Ác.FÚLVICO
(AH) (AF) HU
PURIFICADA
!
HF/HCl5% Resina DAX -8
agitação, pH 2, diálise,
centrifugação, secagem
H 2 0, secagem
AH PURIFICADO
~
Figura 2. Esquema de fracionamento químico de substâncias húmicas.
A solução diluída de pirofosfato de sódio (Na4Pp 7, 0,1 a 0,2 mal L·1) é um solvente
mais moderado do que a solução de NaOH, sendo também empregada freqüentemente
no fracionamento químico da MOS, porém apresenta rendimento inferior à solução de
NaOH (Clapp & Hayes, 1996; Hayes et ai., 1996). Solventes orgânicos, tais como
dímetilsulfóxido (DMSO), dimetilformamida (DMF), piridina e solução ácida de acetona,
que extraem substâncias húmicas (SH) de caráter mais hidrofóbico, têm baixo rendimento
(Hayes et ai., 1975; Piccolo, 1988; Stevenson, 1994). A contaminação da substância húmica
com O extrator orgânico pode também representar obstáculo na posterior caracterização
química e espectroscópica das SH.
A HU, fração da MOS insolúvel em água a qualquer valor de pH, pode abranger
mais do que 50 % do COT em solos com predomínio de minerais 2:l e bem drenados e
aerados (Stevenson, 1994), sendo a mais recalcitrante das frações da MOS. Embora seja
representativa, a J-JU é a fraç ão húmica menos estudada, principalmente pela dificuldade
em extraí-la, isol á-la e purificá-la. Essa dificuldade advém, em muitos solos, da sua forte
~c.ocí.?Ç3o com -' fr~.lo mi ncr.l l d o solo. pnnL ip.Jlmcnte m incr., i.. u a fr.i\:io arsil.1 (Rjú',
l ) Pa ril e:\t r nçào d ,1s HC, ti: m •$t.' u tü, z.., do c;.o)u l)c!.- Jqu C', .:i~ J-: ~ ., O I I l 0,1 mnl l. 1
c-m'Tl url>i.a (6 m C1l L 1) r D~ ISO co m 6"., d t' k tJL, ~ul f u rico conc~n tr.,d~, (fü: rnc c t ,, t.. 2ílt lti;
\ ~d n t>:-n1ty c l J l.. :!Oílô, S nf; C'I ., 1., 2fl0tí; _ 1mp<nn t· I :ti .. :! 0 7). O u -.:o th .•-: "'-'~ -:1~tt: m J :; Jr
!-Clh~!M t e m rv,ru p Nad o il lé F-0 , dJ hu m tnll n·m.i nc-.cen tc n o 5olu . .1pó~ . 1 ,· , t r.:i ç.10
rouc.ti, ,, d e AJ I e A F trc·m cx;.10 911 ,1w to l.al ) co m ..o luc;:10 .1qu o<.,1 eh.' ;\J Ü H 11. l m o ! L 1
Solucl <'~ nk .,1J11;J'- d, urt ,., f j n cf1..:-icn t0 ~l (;.fc m ,1,; p.HJ rom per l 1h,1ç0<',; eh.• H, <'nqu.\11 ln
O MC,0 lr m <'lcv.ld,1 Cilp.Jciciadc ,k pcn d r,1(Jo n., c-. tru lur., hün11C,I, ~cn do cí1c it'n ll.' c m
r<" mrc-r hg,l \ OC'- d <' 11 e r.,,h•«l t.ir c 0 m poqf(lq m r n n -. rnlc.1rr . G r.:JÇ..I . .io prncc -.,o cl t•
3 uto, rol n h'-('. n ,'l.cidn r.,u Húnro p rn lon a il "' Pil'-<'"' C(1nJU~,1J,1~••wm r nt.,l'l d Cl ..i <olu h liJ,,J c-
dC'! t ,;, n n D\1.'--0. 0u trJ nl lem .111,·a p;ira q, ,~ IM J rr.,ç.\o H ü cnn·.i:,tc ,:m tr.11.,r (1 r i.' ,fduo
d o !--1..•lo cnm ~<'lu cJn ele H f 10 ··, (v /v) .:i pó~ ;, f x tr.:cJ o c xll ll';t1,·.1 d e 11 t.· A I co111 ,p)uç,h.1
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, 1~1._, C-Clm ru 1d.1 dCl Nn l"n l.rnt n . .> u i IHbd,· d , c-, irnçJo q ul m ÍCJ rL"'iJc n.i p<""'-s1bíl idJ<le
dl· mv tig.:H 11 c,J.1d.)1T1cr-tr c-lru t u , .,,. m P!•·,--iil 1rt""\ qu1• f,1/t.•m p .H IC' d e urn,1 m 1-. tur.:i
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l" p c-lroi.ct1pir,1'- a fr,rr.uçlo ,fr J'HlJo!-o • .1r1 d ~1to1 (H.1>c•q ~, c.1 1, 1996; D ick et ..d ., 1999;
H3)'t:~ E.,;. MJI o lm. J{'()JJ t t.i, , -. t; C!--rr r:!00 11 u g l.'rt·m q u e, qu<1 nd o S..:io u c;.-.d o,
r ro c:cdj m 1:nto~ d1· l~íll.11::r.r,u o r ,•,.)11\ .)1-,•-nt,• b.:,n J v ,.•, l.'.Ornpo,1ç,\ o d <b S H 1!-0 !JU,lo\ $ l ' í ol
mu1 to , unil.1r .'lq u d.1 .J r 1t-·1H.:J-1 f'Tl"''1 ., mcntl· J c, tr,1.;,\o, ..iín,l.1q ue, c-o m .:i n:tr.:JçJo , a:-
1nt L•r.-i ô l.' d e ml1){',cu las de ~lf l ntrt' t. l l' l"l) m mU'l~r ., i., , ,., 1m romp idJ, .
,\ sol11 bill.r..lç o d l' :- u °'l .\11 111-11 b umtc.s, olU\'t'l 'i (AI I é AF) c-o m ~o luç,l o J l' N.:iOH
{· verific:.1d.:i , prJ nc1p.1lm1·nll'. p.-lCI, ~gutnh~ m ,rn1s m o:,· i) rompITTh.•n lo eh: lihclÇ<'K''- de
H d .1s m olr·cu lJ:. u r g.imcJ , 1.'0 lrc .,j e co m .i , upníln c mm •rJ I; 1i) dt."s pro (l,n,1çJo d os
grupos c-.Jr bo~1 licos t.' ( 1m ôlH.:o,,;, q u l· Fª"--;.lm a rl'a liZ.l r 1nlL· r<1çõ..-, C'!<- trCl~t..Hic.is com oi;
fa ns NJ' ém a b und5 n ci.1, J u awn t.rndo• •1s~1m • .J c s p..•,s u r.l d .1 dupl.1 c.1m:1 J.1 cl(:tric,, (ver
d eíiruçã o n o ca p itulo Xll) e Jc ,•.:indo <'l d1p~r~do; 111) r,•J.çJ o d i troc .1 J ,· l ig ,,nlL--5 en tre a s
O H do meio e o s gr u p o:. c..irbm.íh rn,, e· fcn o l1co s d a s u ~'> ldn ci.i hüm1, .1. pelo!> q u J 1s 0
m o lécu!J o rgâm c.i en,ont rn-,;c• c-oorJ e nad.:1 n:i !>Up,•rflc i-.: d o m irw ra l: i v) a ume nt o d a
r~pulsão c•lctro st.l llct1 e ntn.• o s i;ru p os rcat i\'os d ;1 ~105 · i.l 'lupe rílc i1.• d o..;. n11 ncr.1is pd o
aumen to d d t-ar~a n ct~at l\'il d e 1.1ml>os com o co n, cq Ut'n ci., d.1 dL·sp roto na ç.lo d e grupo s
O H (o rgámco s e ln o rg:tn ico -.) c ca rbox il,,, : v ~ .i uml• n to J J rl?p u l<,J o l'l,•tro .. t~tica
intrDmolccu lt1r d o coló id c o rt,:jnico. dL•(o rrL'ntc J o 11.'.n õml..'no citMlo e m iv). o que fo cilit.u ia
a h id rntaçJo e o umcnt.Hrn il d i<;I JnciJ l'nlrt• .:i-; p.uttc-u l,1!i (Stc vens o n, 1994; Corneio &
lfrrm ol>l n. 1996).
A extração d l' hUbs t:l nc i,1s húmkas !!Olü vcis co m soluç.io d e p irofosfo tu de s ó dio
coru.isll' pnncipulmL·n te n o ro m pi m ento d as pontes ca tiô n ic.is i:nvolvcnd o re a çõ e s d e•
Lo o rdenaçào q u l' unem as m o lécult1s o rgi'l nicas <!nlre !l i e com i'I s u p erííci e d os mine ra is .
f'da clcv,ld<l afin1-dad c do p iro fos f.lto pelos cá tions di- e tri va lentes, tois com o C.,1· <: AI ' ',
rc~p ecti \'amente, ocorre rem o,ao d o d ti o n do com p lexo me ta l-húmico e conseq üe nll'
Q u l MI CA E M1t, ERALOG IA oo S o Lo
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D 1I110 1v,11 P1N111i m o D1 c 1< r: r /IL.
f\,rnrnç.'h'I dl' \'llml'l(•-.:n 11iwfus fnto-cMlun (Slt~v •nsun, ·1994; Curn cjo & Her mos ín, '1996).
1\km dl, dcitt, \'\'lllr'k-Xllnll', l' pH IU dn iiuluçfl u dilufdu de pirnfosfa lo ele !:lód io preparada
l'1" ,,g11,dl'stil,,d,1 l' \l'l'Cl' dcilt1 dispt~n.crnl c ::i imil nr uo dn soluçilo de NaO H, porém em
meio mcnns b,)s icn. Nl's ll' 1.:nsn, as possfv t•i s ren çiks de hidr6lise b6:;icn sc ri nm me nos
prl',n 11 nd,, d,,s .
/\ ,widifil.'.: ,1ç,'\n do nwio nlca linn q11t' ct111l(• 111 us s ubs lf\ 11cias húmicris solú ve is provoca
prl'cipit,,ç,it, dt, f\ H 1.'llljlllllllll o /\1 : 1wrnrn 11cet' 1•111 sol 11 çi.1 0 (Pi g u rn 2). Nos AH, a
p 1·nton,,ç:\o d1.1s g rupl,s fu111.:i11n11b t'\i);l'l1J d\1~, • .i rc1t1l)Çcio cios íuns Nn ' dos 1:,ítios de
trC1(\l 1t,v,1m .\ s u,, pn:cipi t.1ç,io. T11 n1bl··111 o l' Íl•il1 J ,;///li1 1.'\ 1111/ 11! prnvuca d o pela e levada
cn nCl'tll rnç,h, 1.-k Nn 1 ,w s is ll' rn,1 1.· 0 n Iri hu í pMo1 :1 ,·n,1 lc:,, l'nc i;-i d o /\ H. Os /\ F são ma is
11, ig1.' 11,1dns e s:in cnnst i111 ídl 1~ 1--i nr l': ,l r u l I n".tJ; rn,~nol'l'" , lo q uc ,,s /\ 1!, n u, ;:i ind a, formam
mi cel,,s d t' tn L'tw r t.1m trnl11., t' 1icrnian,•;:1'1,, l" ll' :;1.1lurJ ,,1 n 1c •; rrt L q u.:i nd o prolonadas. É
impDrtant c s,1licnt,1r qu e o fr,, c ionu 11wn ~1·, do M OS ,)rn /\ 11 e /\F, po r basea r-se na
solubilid,idc d n estrulu1-.1 cm me io~; de difl!r1.•1ltcs vu lorcs de pH, sepa ro1 fraç ões que diferem
quimi c,,mcnte entre si, t' nJo ncccss.i ri ~rn1 c nle qu,111lo a s ua f unçà u no solo.
Diferentes mccn nis mos cx trnlorcs nos métodos químicos permitem a ex trnção seletiva
d e subs t,rncias húmicos qu e difen~rn quanlo às ca n1clerísticas q uím icas e es truturais. A
ex traç.'io de s ubstfincins húmi cas de um Gleissolo e m diferentes va lores d e pI-f permitiu
n 1-layes e t a i. (1 996) d istinguir AH e AF ma is ricos e m g rupos ácidos e mais aromáticos
(e xtraíd os e m pl-1 7) de /\H e AF extraídos e m pH na faixa alcalinn (10,6 e 12,6), que
npn:>s1.•n tnvnm maior teo r de ca rboidratos. l·Iayes et ai. (1996) concluíram que substâncias
húmicas extraídas em pH próximo a 7 eram mais humificadas, enquan to aquelas frações
húmicas ex tn1ídas em pH na faixa alcali na ern m formadas por substâncias que se
cncontrnvam e m estádios menos avançados cio processo de humificação.
Num estudo co mparativo entre soluções ex tratorns de NaOI-1 0,1 mo! L·1 e d e
pirofos fat o de sód io (pl-l 7) em um Latossolo Vermelho e um Chernossolo sob vegetação
nativn no Es tado do Rio Grande do Su l, Dick & 13urba (l999) obtiveram valores superiores
para a massa mol ec ular apare nte média nos extratos húm icos de pirofosfato, quando
co mpa ra d os às respec tivas frações húmicas extraídas com solução de NaOH. Dick &
Burba (1999) observaram que a desagregação dns mice las formadas por moléculas de
s ubs t·fi ncias húmicas d1:• baixn massa molecular deveu-es ao rompimento d e ligações
inte rmoleculares, ta is co mo ligações de 1-1, pela solução alcalina. Essa fundamentação,
po rt a nt o, corroboraria o mod e lo d e estru tu ra s u pramolecular ele substância húmica
proposto po r P iccolo (200'1 ). Nessas mesmas amostras, Dick et ai. (1999) constataram que
AH e AF cx trnídos co m solução alcalina de Na0!-1 (AHN e AFN) apresentaram menor teor
de O do que as frações h(11n i~ns extraíd~s com solução neut~a de piro fosfato (AH,, e AFP). A
proporção de gru pos eurbox ila d elermtnada por ressonâ ncia magnética nuclear (RMN) de
1. c foi s uperi o r no AH 1, (25 %), enqua nto a proporção d e grupos C-0-alquil, es truturas
1
mais s usceplivcis ,'I d ecomposição, foi s upe rior nu AHN. Es tes resultados vão ao e ncontro
das observações d e Hnyes c t a i. ( 1996) citadas an teriormente e ev idenciam a utilidad e d as
ex trações selc liv.is de SI I pc1 rn ob ter informações cio Sl! ll grau de deco mposiç.'io.
\ltj\n lnlnu lu 1.l r ut1t L'ii ·l ró l ll11 lm •1l1.· nn 1,l 1,l 1•111,1, n11mc11t,1 ,t Íorç,1 lô 11irn u di111l11ul ,, ,1llviJ nd c do AI I É , Cl lllCl se
1,•t,lw-,,u llll'II"'• i,olv1•11ic (,, g 1w) p11r,1 o 1\1 I, p,·ln 111111 d e ,11, 111u l(,i:11lns d,• 1\1i1"' u1• nrgJnl :t,ll'cm cu , lu mu J os l nn s
N .i ' l' CI·.
Por outro lado, as características diferenciadas das frações hú mie as segundo o tipo
de extrator podem também estar relacionadas com o tipo de mecanismo d e interação da
MOS com outros componentes no solo. No trabalho de Dick & Burba (1999), a maior
proporção de grupo carboxila, considerando o principal grupo complexante das
substándas húmicas, associada à maior massa molecular aparente verificada no Af-1 1,
em comparnção aos AHr,,;, pode tnmbém ser indicativo de que estruturas húmicc1s maiores
associam-se preferencialmente a cátions por meio desse grupo funcional. Kipto n el a i.
(1992) propuseram que AP' e Fe3 ' interagem preferencialmente com moléculas húmicas
maiores(> 50 kDa), apresentando a solução de pirofosfato elevada afinidade por esses
cátions. A complexação preferencial de íons metálicos (Ni, Cu, Cd, Zn e Pb) com moléculas
húmicas de tamanho molecular aparente elevada (50 n 100 kDa) foi também observada
porSargentini et ai. (2001) com substâncias húmicas aquáticas do Rio Negro (AM). Estes
resultados evidenciam a importância da estrutura das substâncias húmicas na es peciação
de 1netais no ambiente.
e é constituída por m,ll0ri n oq_;i\ nkt1 gr1J1111el1'11 (MUH p,1·t11111Pl1·11), ,1 qtrnl 1'111·1'11 ~'1 111 llil 11 11
MOP. As frações gr.1nulu1n é lricit !:l dl' 1·u1 11t11dH• 11 lllt 1 11 111·11,1111 1111 11 IIL' l'lll'll iill 11 111 11
sed imentação co m acel ernçõo ce ntdfugu 11u 1•,rn vll t11·lu11r1I, l111111•n1 lo 1111 11 •1 dtt !llt tl· 1 1"1 1111íl t1
constituídas basicomc nlc por com pll' xoH 11rgL111u1rd11L'l'lllt1. l\11' L1111111 1·111,ílu, 111tl lL•I' ,~, llt•n l'11
(1997) consideram lodn n mol é rio nre 011 icn d1•fü1,1 frn~ /111 t11 l•111d11d111·11111111l11t11·11l11, 1'1 11111 11· 1
também possa se verificar .:i pre:w nça de MO I' ('1'1 •11111.!1t ,'1.i. !-ll1 •w r11·1, 11Hl:l; I\IL'I 11', ti ti I lif ttl .,
2002) com tamanho de parlfcu lo me,11 ,r qu1• :1:I li 111. Dl'p1•11111'I 1.111 d11 u i 1)1•11 v11 d11 1111!1li11 1, tlfi!
frnções menores qu e 53 ~lm sõo :·wp,1rudi1 :1 1•111 t➔ lllt' p,1'11t1•1q ()ill ,, ,JI 11111), ,dll t• 1'1111 1(W 11'L
µ m), argila grossa (2 ,10,2 ~1 m) e nrgi Ili íltw ( ll, 2 11111) .
Na separação por d c nsid nd t (111t'.i l111l11 d1•11:d111l'lrk11) , n:, 1ll11'1f1 •11l 11•1 1111 11 l1111•1•11r111
geralmente em solução salina de poltlunp,~l.1111 ck :,f,d l,1 Wl 'S) (N11,.(l I i \IV, ,<1,111) , I I / )) 11 11dtt
Nal, cuja densidad e va rin gera lme nt e d<: l ,(1 ,1 2,11 ki_; 1, 1 (Pl1•,1 11'i1 :1) . O 111:11l•rlol qtll' 111111111
é a matéria orgânica leve (MO~ leve) ljll L' c11rre:➔ pond1• ,1 M( )I', 1•111111 :1111111 ) 111 ,111•1·1111111 , tl 11
denso contém a ma léri,1 org:tnica pesndu (MOS pe:1,1dt1)1 rnu;ú 11 ,111ou,·ln du ,111•1 11tl1t L'l'1tl 11
no solo.
20 g de solo
(<2 nun)
(Cambardella & Elliott, 1992; Skjems tad et ai., 1993; Hassink et ai., 1997; Chris lcnsen,
2001; Sohi et ai., 2001; Freixo et ai., 2002). A FLL é separada mediante agitaçiio mélnua l
em líquido de densidade conhecida (PTS ou Na!) sem que haja o rompimento d os
agregados, enquanto a FLO é separada após a dispersão com ultrassom, ele ma neira
que toda a fração protegida fisicamente no interior dos agregados seja liberndt1 (Roscoe
& Machado, 2002).
A FLL representa o material orgânico mais jovem, d e orige m rece nt e e
biologicamente mais ativo, externo aos agregados, como partículas de resíduos vegerais
frescos ou parcialmente decompostos, e tecidos microbianos, com elevada relaçiio C/
N. A decomposição da MOS contida nesta fração é controlad.i principalmente pela
recakitráncia do material adicionado ao solo (Sollins et ai., 1996), enqua nto a
incorporação da MOS no interior de agregados de solo protege-a da rápida
decomposição e é um dos determinantes da estabilidade da FLO em solos (Golchin et
ai., 1994a,b). A localização da MOS no interior de agregados pode limitar s ua
disponibilidade para os organismos decompositores (Christensen, 2001) porque, no
interior dos agregados, a difusão de água, ar e, ou, nutrientes pode ser dificultada,
restringindo o ataque de microrganismos, assim como de enzimas (Collins e t ai., 1997;
Hassink & Whitmore, 1997). A FLO representa variado conjunto de compostos
orgânicos, com tamanho reduzido e grau de decomposição mais avançado em
comparação à FLL. Essas duas frações orgânicas apresentam diferentes exposições na
matriz do solo e a resultante susceptibilidade à decomposição microbiana acarreta
diferenças na sua estabilidade e dinâmica.
AFP é composta por materiais altamente decompostos e exerce grande influência na
reatividade de solos. Por estar sujeita a todos os mecanismos de proteção envolvidos na
sua estabilização, a FP é considerada a mais estável das frações densimétricas
(Chrislensen, 1996), com taxa de decomposição muito lenta (Golchin et ai., 1997). Segundo
Freixo et al. (2002), a FP da MOS contribui com cerca de 70 a 80 % do C total em solo sob
Cerrado no Estado de Goiás, podendo essa contribuição ser ainda maior em solos
cultivados, passando a representar mais de 90 % do C. Esses resultados comprovam a
maior estabilidade da FP em solos agrícolas.
Variações químicas da MOS produzidas pelo uso do solo podem ocorrer,
primeiramente, nos seus compartimentos mais lábeis, os quais, com o aumento da
decomposição, são metabolizados microbianamente e acumulados na fração mais estável
da MOS (Golchin et ai., 1995). A FLL é a mais lábil e facilmente decomponível das frações
orgânicas, sendo, portanto, importante fonte de nutrientes e muito sensível às práticas
de manejo do solo (Cambardella & Elliott, 1992; Six et al., 1998, 1999; Balesdent et ai.,
2000). Conseqüentemente, é altamente influenciada pelo histórico dos cultivas da área.
Ao avaliarem práticas de manejo, Freixo et ai. (2002) concluíram que a FLL é bom indicador
das variações na MOS induzidas pelo manejo.
Roscoe & Buurman (2003) verificaram decréscimo na FLL após conversão do Cerrado
(18 %) a solo cultivado com milho em preparo convencional com uma araçào e duas
gradagens (5 %) e plantio direto (4. %). Esse decréscimo foi atribu ído à redução no
suprimento de resíduos e ao aumento da taxa de decomposição desta frac_'i:io, som.ido ,1o
aJto potencial para decomposição da MO nesse solo, o que confi.rma a maior scnsi1'ilidad~
da FLL cm relação a FLO ao mane jo, já que não observara m diferenças relcv.-i ntes na FLO
~º
enlTe tratamentos (1 a 2 do COT).
Para Six e t ai. (1998), a FLO é perdid;i sob prep.-iro conve ncio na l g r.-iç;is ao freqüente
revolv imento d o solo e à conseqüe nte exposição d essa fração à d ecom pos ição. Porén,,
sob plantio direto, a MOS é protegida no interio r de ag regêld os por maio r período de
te mpo, por s e r a ta x;i de fo rmaç5o/ degr.,daçiio d os agregados m ais len ta em plantio
dire to d o qu e e m preparo convencio nal.
A dinâmica da maté r ia orgânica cm s uas frações, a lém de ser a lte rada pelo milncjo,
também sofre al te rações de acordo com o tipo de so lo. Em solos d e textura arenosa, a
macroagregilção pode ser o principal fato r de es tabili zação dél MOS, enquanto, cm solos
a rgilosos ricos e m óxidos, ocorre formaçõo de microagrcgados a !tilmente es tá veis, onde
g rande parte da MOS pode ser protegida fi sica mente c m loca is inacess íveis aos
microrganis mos. Roscoe & 13uurman (2003) cons ideram qu e o processo d e oclusão de
MOS em es trutura forte granular de solos ricos cm Ó'\: idos ilcarrc ta intcnsil transfo rmação
do mate rial o rgânico p o r seu le nt o process o d e form,,ç,io de <1gregados, acu mulando
material orgãnico quimicamente cst,ivcl.
Div ersas técnicas d e caracteri zação d o material o rg[1nico tem ido ap licadas às
frações fís icas, visando ao m e lho r en tend ime nto da dinfamicc1 da MOS no solo. Por
m e io d e técnicas espectro scópic il s , com o espec tro sco pia d e infrn vermelho e
ressonância magnética nuclea r de PC, é possível ava liar a presença e a co ncentração
de estruturas presentes na MOS o u nas s uas frações. As diferenças na s ua composição
são u sada s para des crever as va ria ções que a MOS sofre d u ran te o processo de
decompos ição d esde o momento e m que e ntrn no s olo (Golchin et ai., 1994b; Sollins et
ai., 1996).
A MOAM apresentn relação C/N inferior à da respectiva MOP, o que está associa d o
ao grau de decomposição mais elevado da fração pesada. Durante a decompos ição do
resíduo, pnrte do C e comparativamente uma proporção maior de N são incorporad as na
matéria orgânica humificada e na biomassa microbiana, ocorrendo decréscimo grnda ti vo
da relação C/N. Valores de relação C/N entre 15 e 8 têm sido observados para fração
MOAM e para MOS concentrada a partir do solo inteiro com soluç5o de HF 10% (v /v)
(Roscoe & Buurman, 2003; Dick et ai, 2005; Snntos, 2005).
O isolamento das substâncias húmicas permite que sua composição química e grupos
funcionais sejam determin,1dos sem interferências de componentes inorgânicos. No
quadro 1, constam dados de composição elemcntnr obtidos para ácidos húmicos, ácidos
fúlvicos e huminas de solos citados na literatura internacional. No quadro 2, encontram-
se dados de substâncias húmicas de solos de regiões brasileiras.
Em geral, os AH de determinada fonte apresentam teor de C s uperior ao dos
respectivos AF, enquanto esses apresentam teor de O mais elevado. A composição dn HU
pode variar de acordo com o material que a compõe. A sua insolubilidade em meio aquoso
pode ser devida simultaneamente não só à sua elevadn hidrofobicidade, mas também à
forte interação com os componentes inorgânicos. Essa fração pode conter componentes
lipídicos, estruturas de carboidratos e aromáticas em diferentes proporções (Rice, 2001).
Para determinada amostra de solo, o teor de N tende a decrescer na orde m
AH> HU > AF, enquanto a relação C/N tende a aumentar na ordem inversa. Os
compostos nitrogenados em AH e em MOS foram identificados por espectroscopia de RMN
de 15 N como grupos amida, e, portanto, de baixa recalcitrància (Knicker & LUdeman, 1995;
Knicker et ai., 2000; Dick et ai, 2005; Dieckow et ai., 2005c). Em AH de solos do Jnpão, 60 a
83 % do N encontravam-se sob forma de amida, enquanto apenas de 5 a 21 % de N na
forma de N heterocíclico, ou seja, na forma recalcitrante (Abe et ai., 2005). O enriquecimento
relativo de Nem AH e a presença de estruturas nitrogenadas relativamente lábeis indica m
um aprisionamento de compostos nitrogenados herdados do resíduo original ou
produzidos pela biomassa microbiana nessa fração húmica da MOS.
Uma vez que ns substâncias húmicas não apresentam fórmula molecular definida, as
razões atômicas (ou razões molares) H/C e 0/C são índices úteis para a avaliação e
comparação d e sua composição química. A razão H/C é usualmente empregada para
avaliar a proporção entre teor de grupos a!Háticos e teor de grupos aromáticos; para amostras
de solos valores entre 0,6 e 1,4 têm sido observados (Quadros 1 e 2). Esse índice tem como
referência o benzeno (C/i 6 ), cuja razão H/C é 1. Portanto, estruturas aromáticas
condensadas apresentariam valores baixos para razão 1-1/C, enquanto valores superiores
a 1 indicariam maior alifoticidade. Entretanto, em materiais orgânicos com elevado teor de
cinzas, 0 hidrogénio determinado pode advir das fases inorgânicas presentes (seja por co-
extraç5o seja por neo formaçâo das mesmas durante o processo d e extração e isolamento
das SH). Deve-se considerar também que a substituição do anel aromático por grupos
funcionais contribui para diminuir a razão H/C. Portanto, a utiüzação desse índice deve
ser feita com cautela, sendo mais adequada parn grupos de amostras de origem semclh,mtc
e d e baixo teor de cinzas, com confirmação das i.ndicaçõcs obtidas por oulTas técnic,,s.
Em grupo de AH extra(dos d e solos hidromórficos, Nascimento (200-l) verifico u
relaç3o positiva e ntre a razão H/Ct! o ü1dice E/E6 (R= 0,83). O indice E/ E.,, que relaciona
a absorbância em 465 n m pela de 665 nm da solução aq uosa de ~H _em NaHCO3 (pH 8,0),
pode apresentar relação inversa com o taman ho da molécula hu m1ca (Chen et ai., 1977).
Portanto, no trabalho de Nascimen to (2004), o au mento do caráter a lifático foi
acompan hado pela d iminuição do tamanho molecu lar.
Quadro 1. Composição elementar, relação C/N, razões atôm icas H/C e O/C, teor ele carboxila,
hidroxi la fenólica e acidez total de substâncias h úmicas de solos de d iferentes regiões do
mundo
AdJn
Su.b sl.\ncia e li o N COOH"I OI 1-lcnóllc,"1
IouIn1
C/N 11/C O/C
Hllmic•
s ~!.' cmol k!í'
AH S00-590 39-62 320-400 31-50 to -17 0,80 •l.20 0,42.0,.57 150-SiO 2IO -SiO ~-sw
AF 410-510 43-iO 400-530 9 -33 18 -311 0,93 .J.40 0,6.5 -1.0 520-1120 30-5;'0 6-10 -U20
HU SiO- 590 45-55 330-350 27..:lO 19-22 0,92 - 2.1 0,'12 .0,16 180 · 220 290 - 33-0 m-iJO
' "AH • ~ dos húmicos, AF- ácidos fúlvicos, HU - humina: "Dclcnninado por métodos químicos via úmida.
Fontr: Aciipudo de S1cvcnson (199-1): Sparks (1995); Kang cl ai. (2003): Tao (2003); Song cl ai. (2006).
Quadro 2. Composição elementar, relação C/N e razões a tômicas H/C e O/C para substâncias
1
1 j húmicas de solos de diversas regiões do Brasil CIJ
l
.un ostr.as), Proce~ncfa, e H N o Q'C Refen!nci•
C/N H~
Veget.açlo do solo
gkg-'
AH (8) 520->IO 4-1-51 46-72. 350-)'JO 7,3-1 5 1.ID-1,1 6 0,-19~..58 Di:ketJL (19'8);
Latossolos, Argissolo e Empinotti (199'):
Olcrnossolo, RS, Dick etal (20CO)
Vei;et_açaonal ivo c: cultur.u
HU (2) 00-150 37-40 46-W -1(,() 6.8-9.9 0.'ll-1,11 0,76-0$1 Dick é! al (20CO)
l..1tossolo e Chcmossolo, RS
Veget.lç3o nativa
Af (2) 420-190 23-48 10-l5 480-490 12- 49 0,57-1,36 0,7-1-0,S'l Dick et al (1999)
Latossolo e Chemossolo, ns
Vel,"lllçJo nal iva
AH (7) 510-550 43.57 20-48 350-110 11-26 0.91-1,25 0,48-0,60 Nasdrni!fllO (200I)
Solos hidromótficos, ES
5H aqu,Hicas, sr 330-380 6-16 1-1-40 11,d. 25.72 0,4-1,3 nd Araújo et aL (21lnl
AH decarv3o (4), RS 580-610 42-44 12-18 296-362 36-53 0,83-0.88 0,35-0,47 Dicketal~
111 AH - ócido húmico, HU - huminll, AF - licicJo fúlvico, SH - subs14ncio húmica, nd não Jclcrminado.
QU IMICA E MINERALOG I A DO SO LO
XI · QUÍMICA DA MATÉRIA ORGÂNICA DO SOLO 713
Composição Estrutural
estado sólido com polarização cruzada e rotaç~o da amos~ra em torn~ do_àngulo mágico
(CPMAS). O espectro de RMN 1~C de MOS, seia essa particulada, seia humica, pode ser
dividido nas seguintes regiões espectrais, que correspondem a dife rentes tipos de
compostos com C: i) O a 45 ppm, C alquil, que engloba o C metila (-Cl-1 3) e C metileno
(-CH 2-); ii) 45 a 60 ppm, N- alquil + C- metoxil; iii) 60 a 110 ppm, C-O alquil; iv) 110 a
140 ppm, C aromático sem heteroátomo; v) 140 a 160 ppm, C fe nólico; vi) 160 a 190 pprn,
C carboxílico; vii) 190 a 220 ppm, C cetónico (Stevenson, 1994).
Usualmente, os AH tendem a ser mais aromáticos e menos carboxilados do que os
AF (Quadro 4). Em contrapartidíl, AF de solos apresentam maior proporção de grupos
C-O alquil do que os respectivos AH, possivelmente por possuírem mílior conteúdo de
estruturas tipo polissacarídeos. Substâncias húmicas aquáticas tendem a apresentar
maior proporção de grupos C alquil quando comparadas às amostras de solos (Quadros
4 e 5). Em amostras de MOS concentrada do solo com solução de HF 10% de Latossolos e
Argissolos, a composição química é dominada pelos grupos C O-aqui!, indicando a
presença considerável de grupos relativamente lábeis como carboidratos. Esse fato tem
sido atribuído à estabilização química da MOS pela interação com óxidos de ferro (Dick
et ai., 2005; Dieckow e ai., 2005b; Dalmolin et ai., 2006). A proporção desse grupo tende
a diminuir em profundidade, com aumento concomitante da proporção de grupo C
aromático (Quadro 5). AH e MOS de origem de carvão destacam-se pelo seu elevado grau
de aromaticidade, o que é compatível com seu ambiente redutor de formação.
Reatividade da MOS
Reações com Íons
. • e de
Diversos grupos funcionais na estrut-ura da MOS permitem que ela part1c1_P is
várias reações no solo. Suas principais reações com íons e minerais, grupos func 1_0
. - 5
~ª
envolvidos e respectivos mecanismos encontram-se no quadro 6. Fundamen tos teor1co
sobre ligações químicas e interações moleculares encontram-se no Apêndice.
s. oe
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P.c::-'..zc:::.!g _;_ 22-25 42-50 13-21 10-12 1..S-3/J D:.ck e t aJ (2005j; (')
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H.ar..zar.!e h Dick et aJ (2005J
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H c:izcr~B :.1-26 3,2-1\J,2 31-39 11,9-18,8 10,9-11,9 2,.3-3,6 ~
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~~OS (6), Arp:;o}o, RS, üc:po nati•.-o e
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5H z_qll2 êcas d o Rio !\:egro, A!,1 33 17 35 12 3 Rocha et aL (1999)
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2,7-6,1 75-79 7,1-7,9 n.d J>
Ul AH de auvão (4), RS 9,5-14 Dick et ai. (2002 )
o o
r
o 105 (3), Colunas geológica de rrunas de o
1,1-4,0 -1,6-5,5 52-67 2..8-5,2 n.d. U1
anao 11-28 Dick et al. (2006b) o
r
o
AH (5), Argissolo, RS, Plantio direto 42-36 15-1 6 17-18 21-2-1 S-6 n.d Bayer et al. (2000)
• Com c >:cdj1iO de D1clt ct al. (1999 ) (''C RMN no estado líquido). a.s an5li\c> furam rcali,.ad:c. cm c,iado ~úlido ICP/MAS: MOS - matéria orgânica do M>lo. SH - sub-'lâncias húmicas. AH -
ácidlJ~ húmico}. o.d. - n5o dclcct.ado. -..J
~
u,
716 DEBORAH PINHEIRO DJCK ET AL.
[Al(H:0)1.]" ,
complexo de
esfera externa
e .J I-1 o
Figura 4. Mecanismos de interação enlrc MOS e cá lio ns.
A sorção da MOS via ponte catiônica pode ocorrer por reação de coordenação com
cátion coordenado à superfície do mineral (complexo de esfera interna, Quadro 6, reação
3c.2), como também por interação eletrostática entre cargas negativas da MOS e cargas
positivas de cátion polivalente, mantendo o cntion sua esfera de hidratação (complexo
de esfera externa, Quadro 6, reação 3c.1 e Figurn 4). Esse último mecanis mo tam bém é
chamado de "ponte de água" (Sposito, 1989).
A coordenação de s uperfície (Quadro 6, reação 3d) ocorre quand o o grupo
carboxilato (ligante) coordena diretamente com a superfície hidroxilada de Fe ou de AI
de minerais com carga dependente de pH, deslocando a hidroxila original. A ligação
química resultante é extremanente forte e é favorecida em determinadas condições de
acidez, onde a superfície do mineral encontra-se protonada, porém a carboxila encontra•
se desprotonada.
Em s ituações de elevada densidade de sorçào associada à elevada afinidade entre o
ligante orgânico e o cálion da superfície hidroxilada, ocorre remoção do cálion da fase
mineral na forma de complexo. Essa reação constitui uma das etapas iniciais do
intemperismo químico de superfícies hidroxiladas, como também ocorre na
disponibilização de Fe para as plantas pela ação de s ideróforos (Benite & Machado,
2002). Estes são compostos orgânicos exsudados pe las raízes das plantas e
microrganismos que apresentam elevada afinidade por metais, principalmente Fe,
formando complexos de alta estabilidade. Em situações de deficiencia de Fe, ocorre
liberação de sideróforos para o meio, cuja função biológica é aumentar a disponibilidade
desse elemento por meio da coordenação de superfície seguida de solubilzação do Fe.
O mecanismo de protonação (Quadro 6, reação 3e) é uma reação pouco comum e
ocorre quando o próton de grupos funcionais superficiais dos minerais associa-se ao N
ou ao O (carbonila, carboxila) de um grupo funcional da MOS. Também o próton da
molécula de água de solvatação de cátions divalentes, apresentando caráter ácido, pode
interagir por esse mecanismo com a MOS. A protonação pode se tornar relevante em
condições de pH baixo (meio ácido) do solo ou de baixa umidade, quando a acidez do
próton da superfície é mais elevada. A formação de ligações de H (Quadro 6, reação 3D é
um mecanismo de interação fraca, tornando-se relevante quando vários grupos hidroxilas
superficiais dos óxidos de Fe e de AI da fração argila interagem simultaneamente com
grupos hidroxila/amino da MOS.
Analogamente, as interações de van der Waals (Quadro 6, reação 3g), que são ligações
fracas quando consideradas separadamente, podem tornar-se importante mecanismo de
interação entre as estruturas poliméricas/ supramoleculares orgânicas e a superfície dos
minerais. Em condições de pH em que a carga líquida da estrutura orgânica é baixa ou
nula (o que pode ocorrer em microssftios da estrutura orgânica), ou também para a MOS
com baixa proporção de grupos hidrofílicos, as interações por forças de van der Waals
estabelecidas entTe os inúmer_os sítios apoiares da MOS e a superfície dos minerais
somam-se, resultando em relativamente forte associação organomineral.
A interação hidrofóbica (Quadro 6, reação 3h) ocorre com estruturas da MOS de
caráter hidrofóbico, que se concentram junto à superfície do mineral em decorrência de
sua baixa solubilidade em meio aquoso (veja abordagem da reação 4d no Quadro 6, e enl
Reações com Moléculas Orgânicas). Dada a virtual ausência de carga na superfície planar
da lâmina gibbsilica da caulinita (veja capllulo Vil), esse mecanismo pode se r expres sivo
no recobrimento dos minerais 1:1 pelas estruturas com baixa densidade de cargas dn 1\1105.
A participação de cada um desses mecanismos na interação de compostos orgânicos
com os minerais depende da mineralogia; das cond ições de pH, força iónica e cálions
presentes na solução do solo e no complexo sorlivo; bem como d,, composição, estrutura
e conformação do composto orgânico. Por exemplo, na sorção de SH, as caulinitc1s têm
maior afinidnde por grupos metilênicos -(CH 2)"- , enquanto montmorilonitas por grupos
arilas e proteínas. Nestas, os mecanismos mnis importantes são a formação de pontes de
cátions, sendo assim mais dependente do cátion sorvido, e a interação hidrofóbica. Na
caulinita, o mecanismo principal é a troca de ligantes que se verifica principalmente nas
bordas laterais do mineral com os grupos aluminol. Como resultado, as caulinjtas sorvem
mais SH que as montmorilonitas (Feng et ai., 2005). Em óxidos de Fe e de AI, a so rção
normaJmente ocorre por troca de ligantes e ponte de cátions (Zhou et ai., 1994; Chorover
& Amistadi, 2001). A interação de MOS com óxidos de Fe, em que a carboxila complexa
metais na superfície do mineral, foi comprovada por espectroscopia de Infravermelho
(Dick et ai., 2000; Kaiser & Guggenberg, 2000).
A sorção de aminoácidos normalmente depende do pH, sendo máxima no seu ponto
isoelétrico, envolvendo interação eletrostática, forças de van der Waals e interações
hidrofóbicas (Cheshire et al., 2000).
Em montmorilonitas, ácidos e ésteres graxos, seguidos por compostos aromáticos
(lignina oxidada e fenóis), são sorvidos preferencialmente em relação a aminoácidos e
carboidratos. Inicialmente, a superfície da argila está hidratada, e a interação hidrofóbica
entre essa superfície recoberta de água e a porção alifática (cauda hidrofó bica) do ácido/
éster graxo é pouco significativa. Entretanto, grupos oxigenados polares associam-se à
superfície da argila, provavelmente por ponte de cátions, e, com isso, o restante da molécula
expu.Jsa moléculas de água, produzindo uma superfície hidrofóbica na argila o que permite
que a cauda hidrofóbica se associe a ela. Dessa forma, a sorção é favorecida para compostos
que contêm grupos polares (oxigenados) e cadeias ou anéis hidrofóbicos (Simpson &
Johnson, 2006). Entretanto, após essa sorção inicial, tem-se uma superfície modificada em
que outras interações passam a ser relevantes, tais como Ligações de hidrogênio, forças de
van der Waals, partição hidrofóbica e transferência de carga (Piccolo et al., 2004-a).
A matéria orgânica sorvida em caulinitas apresenta estruturas aromáticas e
alifáticas, com grupos funcionais fenólicos, alcoólicos (carboidratos) e carbonílicos
(carboxílicos e amida) (Lombardi et ai., 2006). Essa MOS normalmente apresenta maior
teor de carboidratos do que a MOS associada às esmectitas, que contem mais estrulUJ,"as
aromáticas (\'Vattel-Koekkoek ct ai., 2001).
Naftaleno
Na ftaJeno
dC/dt = k l A- k l C (2)
e corresponde à variação a nual no estoque de C do solo. Quando dC/ dt for nulo, o estoque
de e no solo alcançou um estado estável, sem variações anuais no estoque. O estoque de C
no estado estável (C.), quando ~A= k1C, pode ser estim.:ido pela seguinte equação:
Os principais fatores determinantes no estoque d e MOS influem nas variáveis k,, kl'
e A, deforma que, qunnto maior o valor de k 1 e A e m eno r o de k 2, maior tende a ser o
estoque total de MOS.
Atualmente, o modelo Century (Parton et a i., 1987) é um dos mais utilizndos em
estudos da dinâmica da matéria orgânica. Ao contrário do modelo unicomp.utimental, o
modelo Century considera três compartimentos para a MOS, o que o torna mnis complexo
e exigente em ferramentas computacionais, porém mais representati vo dos processos
que ocorrem no solo. Os compartimentos da MOS são assim definidos: ativo, constituído
pelos microrganismos e seus produtos e com tempo de residência de algumas semanas;
lento, constituído por uma fração mais resistente à decomposição e co m tempo de
residência de até cinco anos, e; passivo, constituído pela fração mais estável, protegido
física e quimicamente, com tempo de residência de 150 anos. Além desses, também existem
os compartimentos de entrada: estrutural e metabólico, representados por material
orgânico de origem vegetal (exsuda tos e fragmentos particulados).
A seguir, discute-se a influência da textura e mineralogia do solo, do clima
(temperatura e precipitação) e do uso e manejo do solo nos estoques de C.
O mecanismo de pontes de cátions (Quadro 6), embora possa ter certa importância
em solos de carga variável, é mais expressivo em solos com predomínio de carg~:
permanentes negativas (Muneer & Oades, 1989). Nesse caso, cátions como Ca2' e Mir
fariam a ponte entre a carga negativa da cavidade siloxana dos minerais 2:1, colll0 na
montmorilonita, e o grupo funcional da matéria orgânica.
Em termos de dinâmica da MOS, a interação orgnnomineral dimi'.,ui
consideravelmente a mineralização de material orgânico por microrganismos, pois 0
demanda por energia parn o rompimento de uma ligação de coordenação do Lipo r-e-
OOC, bem como a conseqüente liberação do material orgânico é relativamente nlla. Por
isso essa interação é referida muitas vezes como proteção química ou proteção colo idal
da MOS (Chrislensen, 1996; Sollins et ai., 1996), contribuindo esse processo para d es filzer
o mito de que solos tropicais apresentam menores estoques de MOS que solos temperados.
Embora as condições climáticas de elevndas temperiltura e precipitação possam
potencializar a rninernlização da MOS nos trópicos, a interação organominernl pode
contrabalançar esses efeitos climáticos, principalmente quando associada ao maio r
potencial de aporte de fitomassn pelas culturas.
A proteção física da MOS pela microngregaçào, de certa forma, está relacionada co m
a interação organornineral. Quanto mais intensél for a interação, maior é a possibilidade
de formação de microagregados (<250 µm de diâmetro), cujél estabilidade protege
fisicamente a MOS, tanto por reduzir a difusão de oxigênio em seu interior, redu zindo,
assim, a atividade microbiana, como por atuar como uma barreira física que dificulta a
chegada do microrganismo ao substrato orgânico (Baldock & Skjemstad, 2000; Balesdent
et ai., 2000). A proteção física por rnicroagregação e a interação organomineral são
processos associados, de forma que é difícil separar a ação individual de cada um na
estabilização da MOS. A condição que favorece a interação organomineral (solo argi loso,
elevada área superficial específica e elevada densidade de grupos funcionais) também
favorece a formação dos microagregados. Além disso, a própria MOS contribui para a
estabilização desses microagregados e, em "troca", recebe a proteção física, estabelecendo-
se um efeito interativo. Esses processos são relativamente complexos, de forma que uma
abordagem não-reducionista (integradora) deve ser adotada.
Bayer (1996) exemplifica a influência de textura e mineralogia do solo sobre a
dinâmica da matéria orgânica num experimento em que sistemas de preparo de solo
(convencional e plantio direto) foram avaliados em dois solos sob condições climáticas
semelhantes (Cfa, Kõppen). Num Latossolo Vermelho com mais de 700 g kg- 1 de argila e
mineralogia da fração argila constituída de caulinita (710 g kg·1) e óxido de ferro livre
(Fe-ditionito = 274 g kg·1), a taxa anual de decomposição k2 foi de 1,14 % para o solo em
preparo convencional (uma a ração e duas gradagens anuais) e de 1,12 % para o solo sob
plantio direto. Já num Argissolo Vermelho com 220 g kg·• de argila e mineralogia da
fração ilrgila constituídn de caulinitn (720 g kg·1) e óxido de ferro (Fe-ditionito = 102 g kg· 1),
a taxa de decomposição foi consideravelmente maior, tanto para o prepnro convencional
(4,9 %) como para o plantio direto (2,5 %), em relação ao Latossolo. As menores taxas de
decomposição da MOS no Latossolo, cm relnção ao Argissolo, foi atribuidél à sua textura
mais argilosa associada à maior concentração de óxidos d e Fe.
Clima
o clima, por meio da temperatura e precipitação, influencia o estoque de MOS por
afetar tanto a adição anual de fito massa (A), como a taxa de mineralização da MOS (k,).
Em geral, a éldiçào de fitomassa e, conseqüentemente, o estoque de MOS apresen tam
relação direta com precipitação, mais especificamente com a umidade disponível no solo
(precipitação menos evapotranspiração). Por outro lado, a mineralização mos tra relaçZlo
indireta com temperatura (Post et ai., 1982). Os efeitos, porém, desses dois componentes
do clima agem de forma integrada, o que dificulta a interpretação de resultados em estudos
desta natureza.
A influência do clima sobre o teor de MOS, em condições brnsileiras, pode ser
exemplificada por Kampf & Schwertmann (1983), em uma climoseqüéncia de 600 km de
extensão no Rio Grande do Sul. Na posição de menor altitude (90 m) na climoseqüência,
a temperatura média anual (TMA) foi de 20,0 "C e precipitação menos evapotranspirnção
potencial (P-ETP) de 550 mm. Na parte mais elevada (1.100 m), a TMA foi de 14,1 ºC e p_
ETP de 1.000 mm. Com o aumento da altitude, a concentração de C orgânico no horizonte
A praticamente dobrou, passando de aproximadamente 16 g kg- 1, no início do transecto,
para 36 g kg·1, no final do transecto, demonstrando o efeito da diminuição da temperatura
e do aumento da umidade do solo sobre o incremento do estoque de matéria orgànica.
Num estudo semelhante em Latossolos, Dalmolin et ai. (2006) constataram que não apen<1s
o teor de MOS aumentou com a altitude, como também a proporção de grupos C-0 alquil,
que constituem as estruturas mais lábeis da MOS. O efeito do clima foi mais pronunciado
nos solos mais argilosos e ricos em óxidos de Fe, evidenciando o papel dos complexos
organominerais na estabilização da MOS.
Desde o clássico trabalho de Jenny (1941), que relata estudos realizados em condições
temperadas da América do Norte, conhece-se a influência da temperatura na quantidade
de MOS. Uma conclusão desse trabalho, de certa forma empírica, é que para cada
decréscimo de 10 ºC na temperatura, o teor de MOS aumenta duas a três vezes, desde que
as demais condições de solo e de clima sejam mantidas constantes. Resultados de
incremento no teor de MOS de acordo com a diminuição da temperatura encontram-se na
figura 6. Nessa climosequência do Sudoeste-Sul Paranaense, o material de origem
(basalto), vegetação (floresta subtropical), precipitação (1 700 a 1 800 mm ano- 1) e uso do
solo (vegetação nativa) são praticamente constantes, variando somente a temperatura
conforme a altitude. Embora não demonstrado na figura 6, existe correlação inversa (R!
= 0,77) entre temperatura e teor de C orgânico.
Considerando resultados de estudos que relacionam aumento de temperatura com
decréscimo do teor de MOS, extrapolações inválidas foram feitas para comparar solos de
clima h·opical e temperado. Acreditava-se equivocadamente que solos tropicais, por
estarem em regiões mais quentes, mantinham estoques menores de MOS. Entretanto, em
regiões tropicais, ocorrem amplas variações de temperatura e de precipitação, de forma
que a combinação desses fatores pode gerar resultados muito variados. É correto pensar
em uma taxa de decomposição elevada para os solos tropicais, mas isso não significa
necessariamente menor estoque de MOS. Sob temperaturas mais elevadas como as da
região tropical, a produção primária de fitomassa é superior à das regiões temperadas,
podendo assim contrabalançar o efeito da maior taxa de decomposição (Sanchez, 1976;
Greenland et ai., J 992). Além disso, como discutido anteriormente, a interação da rv10S
com os minerais de carga variável em solos s ubtropicais e tropicais determina grand~
estabilidade da MOS, a qual, mesmo sob condições de clima altamente favoráveis •1
atividade microbiana, apresenta taxa de decomposição baixa a média decorrente da ,1ll,1
estabilidade química.
1200 , - - -- - - - - - - - - - - - -- - - - . 22 Ili
1000
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Lm60 ktnll!ll ~m :!i!<J l..111-l(II
Sistema de culturas
uma verdadeira bomba de fixação de C no solo, mas requer muito cuidado e conhecimento
de m a nejo, tanto do solo como do animal, a fim de evitar prejuízos à qualida de do solo.
Para uma condição tropical de cerrado (Dourados, MS), num Latossol o Vermelho
argiloso, a contribuição dos sistemas com pastagem ficou claramente evidenciada por
Salton (2005). Após nove anos de adoção do plantio direto no sistema de culturas nabo/
milho/aveia/soja/trigo/soja, o estoque de C da camada de 0-20 cm não aumentou de
maneira relevante: de 41,9 t ha-1 de C, no início do experimento, para 42,6 t ha· 1 de C, no
nono ano. Por outro lado, no sistema in tegração lavoura-pecuária, com Brachinria
decu111be11s por dois anos e trigo/soja por mais do is anos, esse estoq ue e levou-se
s ignificativamente para 48,0 t ha-1 de C e, no sistema pastagem permanente (Brnc/1inrin
dcc11mbc11s) para 50,1 t ha·1 de C, superando o estoque no solo sob vegetação nativa de
cerrado (44,5 t ha-1 de C) . Entretanto, situações de acúmulo de C com pastagem são
obtidas somente por meio de um manejo adequado do sistema, visto que, numa condição
de pastagem degradada, as perdas de MOS serão inevitáveis.
Em termos de qualidade (características químicas) da MOS em diferentes sistemas
de cultura, o volume de informações atualmente é consideravelmente menor se comparado
aos de estoq ue de MOS. Entretanto, a partir dos resultados que já se dispõe parn condições
brasileiras, infere-se que, embora as características qualitativas do tecido das plantas
sejam diferentes, as porções mais humificadas da MOS, principalmente as associadas
aos minerais, não são afetadas pelo sistema de cultura, quando as condições de clima, de
solo e de sistema de preparo são mantidas constantes.
Trabalhando com trés sistemas de culturas em plantio dire to (aveia/ milho,
guandu+mi lho e lab-lab+milho), num Argissolo Vermelho, de textura franco-argilo-
arenosa, empregando espectroscopia de 13C, RMN, Dieckow (2003) e Dieckow et ai. (2005a)
obse rvaram q u e a composição da parte aérea de plantas variou consideravelmente entre
as espécies q ue constituem os sistemas de culturas. Plantas de guandu apresentaram a
maior proporção de C alquil (17 a 18 %) em relação às plantas de aveia (11 %) e de milho
(~ 7 %), provavelmente pelo fato de as plantas de guandu apresentarem maior conteúdo
d e políme ros de ácidos graxos de suberina presentes n o caule. Com re lação ao C
aromático, as plantas de guandu e de milho tiveram proporções similares, com um valor
médio de 11 %, superior aos 7 % observado para plantas de aveia graças, provavelmente,
à maior concentração de lignina nessas em relação à aveia. A proporção de C carbonila
entre as espécies seguiu tendência similar à do C alquil, com o guandu apresentando a
maior proporção (8 %), seguido por aveia (6 %) e por fim milho (4 %). Provave lmente, o C
carbonila das plantas está associado com o C alquil por meio das estruturas de suberin.:i.
No solo (camada de 0-2,5 cm), a fração MOP também teve sua composição afetada pelo5
sistemas de culturas, r efletindo a proximadamente a tendência observad.1 par<l ,1
composição da parte aé rea de p lantas, mas, nas frações silte e argi la (MOS pesada), es~ilS
d ife re nças praticamente d esapareceram. Tal resultado confirma os de Oa des ct :il . ( 191'S)
e Golchin et a i. (1995), que l.lmbém não evide nciaram diferenças na composiç,\o J a ~ tOS
dn fraçJo argila. Segundo ei,ses a utores, a qualidad"• da matéria orgânico nas ír,1ÇLh' .; dl.'
menor tamanho é d efinida pelas carac terísticas dos produtos de origem mkrübi.111il l'
n5o pel.t nr1tureza e quantidade d e res iJuoi, Vl'gc tai c; ,1t.licionado:; ,10 solo. lk l.ici0n,111J<1
a compo~içJo t.fa p.irtc aércc1 d,· p lan ta~ co m .1 da maté ri, 1 nrg;)nic.i p;utkul,id,1 l' d,•
ácidos húmicos, Pillon (2000) tambêm concluiu niio ha ver influênciil dél vcgc lél(Z! n na
composiçâo da porção mJis humificada dJ matéria orgânica, embora ex is ta influ e:111.1,:
sobre a compos içflo da MOP. Com emprego de espectroscopia EPR em dtf~rcnles fraç,~e~
fís icas, Baye r (1996) também cons tatou que as vnr iaçõcs na concentração de rnJicc1i"
livres semiquínona entre s istemas d e culturas fornm maiores nas fra ções s ilte e c.1rc i<.1 cm
relação à fração argila, onde as diferenças fornm m ínimas.
o
õtil AC=O ô.C<O ô.C>O ô.C=O
ô.C=O
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Tempo ...
Figura 7. Evolução temporal dos estoques de C orgânico no solo de acordo com os sistemas de
manejo adotados.
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Adição anual de C, t ha·'
Nitrogênio
Compostos Orgânicos Nitrogenados em Solos
Cerca de 90 % do N da camada superficial dos solos está na forma orgânica;
aminoácidos, aminoaçúcares e ácidos nucléicos geralmente correspondem a mais de
95 % do N orgânico dos solos (Anderson et al., 1989). Dentre esses, os aminoácidos,
componentes dos peptídeos e proteínas, são as fontes mais importantes de N orgânico
nos solos. As proteínas, peptídeos e aminoácidos provêm principalmente da vegetação,
mas a contribuição da biomassa microbiana não é desprezível e contribui com os demais
compostos bioquímicos encontrados na MOS.
Dependendo de diversos fatores, como clima e práticas de cultivo, a biomassa
microbiana pode representar de 0,2 a 6 % do C orgânico do solo (Insam, 1996). A maioria
do material proteináceo tende a ser reciclado rapidamente pela biata do solo e, assim,
seu conteúdo depende essencialmente de um equilíbrio dinâmico entre a entrada e saída
n esse sistema aberto. Entretanto, parte desse material pode ser protegida nos agregados
do solo e nas s ubstâncias húmicas, sendo preservada da decomposição microbiana (Clapp
et a 1., 2005).
Aminoácidos
Mais de 100 aminoácidos têm sido isolados de fontes naturais, entretanto, somente
cerca de 20 desses ocorrem naturalmente como componentes das proteínas. Verifica-se
que os aminoácidos são, em sua maioria, a -aminoácidos, ou seja, 0 grupo N~ está ligado
diretamente ao mesmo C (C-a) em que está o grupo carboxílico e, com poucas exceções,
esse C-a também contém um H. A quarta posição desse C é ocupada por mais do que tOO
grupos (R) diferentes (Figura 9). Assim, a maioria dos aminoácidos difere soment~ n,1
es trutura desse grupo R (Clapp cl ai., 2005).
Conlo o grupo carboxílico é ácido e o grupo a mino é bnsico, ,1 carg,1 líquid,1 dos Sl•us
íons t.lepl.'nde du pH do meiu. No v,llor de pH correspondente ao ponto isoelétriC(', 05
uminuácidos comportam-se como íons dipolarcs (::wittnio11 , ), que sno compos lClS llL'lJlíl,s
tiue pos t>uem cargas forma is, pos itiva e negativa (por l'Xl.'mplo, g licina em sl'u rl111l,l
i~oele trico: ' H ,N-CH ~-COO'). C iso o R 11.i figur,1 9 não p ossua limpos Ílll1iz,ivei.;, "'
c1minoncidos apresentam du.1s cunc; tanh,•s de ioniz.1ç,io.
HO\ j
C--C--R
// 1
o NH l
Amino-açúcares
Ácidos nucléicos
Os ácido nucl éicos (DNA e RNA) são encontrados em todos os organismos vivos.
Eles são compostos de unidades mononucleotídicas que compreende m uma base
nitrogenada (purinas ou pirimidinas), uma pentase (ribose ou desoxirribose) e um grupo
fosfa to. Normalmente, menos de 1 % do N do solo é a tribuído aos ácidos nucléicos;
entretanto, dados na literatura revelam que até 7 % do N do solo e 18 % do N de AF ocorre
como bases nitrogenadas dos ácidos nucléicos (Stevenson, 1994).
H H H
(Ó o o
1 1
N
j ( !l N
Indol Pirrol Imidazol Piridina
figura 11 . l'o limt•r os l)UL' c u nt(-111 N h1:ll'rocklico formados ,1 partir dl' nimpos1,1s fl:n,, 11,-,,s ,.
quinuna!'.
A reação de nilrilo com a MOS é favorecida em meio ácido e pode lcvJr l,.in Ln ,)
incorporação de N à MOS estável como à quimiodenilrificação, com perd a Jc N n 11
forma de gases (NO, N 20 e N,). As estruturas provavelmente envolvidas nessc1s rer1çõ..:c,
são grupos fenólicos, ácidos aromáticos, aminas e amidas alifáticas e a romát icas (Th1Jrn.
& tvlikita, 2000). Além da imporlãncia dessas reações no ciclo d o N (incorporac ...i o n .1
MOS estável ou perdas na forma de gás), a reação de nitrito com aminas p ode formar
nitrosamimls, que são carcinogênicas e mutagênicas e altamente tóxicas a b,1 i:dss 1mas
concentrações. EntTelanto, nitrosaminas formadas em solos sob condições natura is serium
lábcis e transitórias (Stevenson, 1994).
Fósforo
Compostos Orgânicos do Solo que Contêm Fósforo
Cerca de 75% do fósforo da camada superficial dos solos está na forma orgânica e,
desses, menos do que 50 % está na forma de compostos conhecidos. As principais formas são
inositol fosfatos (2 a 50 % do P orgânico dos solos), fosfolipídios (1 a 5 %), ácidos nucléicos
1 (0,2 a 2,5 %), além de traços de fosfoproteínas e fosfato metabólico (Stevenson, 1994).
1 Os compostos de P orgânico do solo podem ser classificados, segundo a natureza da
sua ligação, como fosfato éster, fosfonato e anidridos de ácido fosfórico. Fosfato associado
com a MOS por meio de pontes de cátions não é considerado P orgânico, mas, sim, P
adsorvido, uma vez que não faz parte da molécula orgânica. Fosfato monoéster é o grupo
dominante de P orgânico na maioria dos solos e ocorre principalmente como inositol
fosfato. Outros monoésteres presentes em pequenas quantidades são os açúcares-fosfatos,
fosfoproteínas e mononucleotídeos. Os fosfatos diésteres, que tipicamente constituem
menos de 10 % do P orgânico dos solos, podem ser mais representativos em solos florestais
e incluem os ácidos nucléicos (as ligações nucleotídicas formam os diésteres),
fosfolipídios e ácido teicóico, que é um polissacarídeo ácido encontrado na parede celular
de bactérias (Turner et ai., 2005).
Os fosfonatos apresentam ligações C-P, o que os diferencia dos demais compostos
de P orgânico cuja ligação é feita pelo átomo de O (C-0-P). Esses compostos são
encontrados principalme nte em solos mal drenados, ácidos ou em clima frio. Anidridos
d e ácido fosfórico, por sua vez, incluem os polifosfatos orgânicos envolvidos na
transferência bioquímica de energia, tais como a adenosina tri, di e monofosfoto (ATP,
ADP e AMP). Eles são raramente detectados em solos (Turner et ai., 2005). Muitos dos
compos tos de P orgânico podem ser estabilizados pela associação com a fase mineral
por meio de ligações envolvendo cátions metá licos polivalentes (AP', Fe 1• e C:11 ·) e
a luminossilicatos e óxidos de Fe e AI.
lnositol fosíato
Apesar de produzido em menor quantidad<.' do que ,kidos nuc lé icos, 0 inosit0l io~fot~
(Fig ura 12) acumula-se nos solos pela formaçJu d\? complexos insolúv~is com r,itlll 11~
. 1e n t l'S, 1ai· s- c()Ol l,"' l'e"
po 11v.i •
3
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e il ,- . e outrn::- s u b s tnndc1s or!)ânica s.
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I OH
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O inositol pode formar diferentes és teres de fosfato, sendo o mais comum em so los o
hexafosfato (fitina). Já em pla ntas, mono-, di- e trifosfatos são os mais comuns. Embora as
plantas ta mbé m produzam a fitina, a maior parte dela encontrada em solos tem origem
microbiana (Stevenson, 1994).
Fosfolipídios
Quadro 7. Compostos bioqufmicos quL? formam complexos estciveis com metais polivalentes
e origem desses compostos
Estruturn Origem
011 0 11 o
1100'o,J_JH_(/ Produzidos por bactérias na rizosfera,
- ·,e~
1m,...... ~o
\
01 1
exs udatos de raízes e decomposição de
resfduos orgânicos
Ácido Piscldico
o o
110-11 011 ''t- 011
\:H,1-61,
1
l-10,......
c~
~o
Ácido Cítrico
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Ácido Salicilico
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. 1
0 11
Áciido Málico
O OH
li 1
.,,..-c....._a-(Cl"l_C.,,..-Ol·I
HO I li
OM O
Ácido Tart:1rico
HO O
\ _ (! Prod uzido por fungos, inclusive
t hu micorrizas
Ácido Oxólico
O 0 11
Sidt'róforos produzidos e exsudados
~ /
C- N na rizosfera por ectomicorrizas e
/ \ plantas principalmente quando em
lt, R
llidroxamato situação de deficiência de Fe
~·
COOII
1
Ãí~' Ã "
Produzidos pela decomposição dt>
resíduos vegL?tais (linina)
y COOII
"º~º"I
OII 0 !-1
OH
Ácidos fcnóli,os
Enxofre
Compostos Orgânicos do Solo que Contêm Enxofre
Pr.1ticnmentc todo S dn cnrnntfo sup1Jrfi c inl dos solos cs t(1 nfl fo rmn o rgtl nica e, de
maneira geral, dividido cqilit,1tiv.1mL'nl1' L'ntrc S lit;nd o diretame nte a C (princ ipa lmente
na forma de estruturas complexas t'. n111inoc'ic idC1s ) e ,1quclc li gn do é1 O (prov n vclmcntc
éster sulfato), s e ndo este mni s tr,rnsiló rio e lngo mi.1i s i1np o rlt1ntc n n mincrnlização a
curto prazo (Stevcnson, 1994 ).
Éster sulfato
Cerca da metade do S orgânico do solo pode ser reduzida a ácido sulfídrico pelo
ácido iodídrico, liberando sulfato tanto na hidrólise ácida como na alcalina. Presume-se
que essa fração seja formada por ésteres de sulfatos (sulfatos fenólicos e polissacmídeos
sulfatados), embora não haja evidências diretas desses compostos (Stevenson, l994) .
APÊNDICE
Ligações Químicas
D~ mnne irn geral_, é por me!o ~l e ligações químic~s llll~ St' íormum i1s c ompll'xos dl'
esfe ra 1ntcrn n. A !corta d os orb1líllf: molcculnrns, mn1s complclu (' ,llll ,1 ''lJt~,s. 1·l 1l'l'i,~ lfLH.:,
• • I , .
Forças Intermoleculares
Na maioria dos casos, são essas forças intermoleculares responsáveis pela sorção
de complexos em esfera externa e na dupla camada difusa. Essas interações são regidas
principalmente por forças de Coulomb (atração e repulsão eletrostática) em que ocorre a
atração entre cargas de sinal contrário e repulsão entre cargas de mesmo sinal, mantendo
os fons ou moléculas participantes suas identidades químicas essencialmente inalterildas.
Essas cargas podem ser pontuais, como nos casos de monopolos ou dipolos. Esses dipolos
surgem em virtude de distorções na distribuição da carga elétrica na molécula, com isso
regiões da molécula são ligeiramente mais" positivas" e outras Ligeiramente mais "negativas".
No caso das interações entre dipolos, destacam-se as chamadas de Forças de van de
Walls, que são interações dipolares entre moléculas que mantem suas identidades
químicas essencialmente inalteradas. Elas incluem a interação entre dipolos elétricos
pcrmanentes corno as cargas parciais de moléculas polares, assim como entre dipolos
1
elétricos induzidos cm moléculas apoiares (Atkins, 1998). Além desse sentido gen~rii.:o,
freqüentemente esse termo é utilizado no sentido m.ais restrito, confundindo-se com força
de London (Interação Dipolos Induzidos - Dipolos Induzidos), como será visto em
detalhes a seguir.
Amrnjos de cargas pontuais são ch,rn1ados de n-pólos (Figura 13). O 11'\llllOpl'l~l é
uma carga pontual, como 11m elétron ou (on monov.ilcntc, e o momento monopoJ,,r (• 0
que se chnma de carga total. O dipolo é um arranjo de duas ca rg;1s de s in;11<, opostos,
ass im ele não a presenta carga líquida, porém apresenta um momento dipo lclr ell'.trico, como
numa molécula dipolar, com uma extremidade positiva e outra negativil. Já o quadrupolo
não apresenta carga Líquida nem momento dipolar, uma vez que, graças ao arranjo geométrico
das cargas, os momentos dipol,u es ell-tricos cancelam-se e a resultante é zero.
Exemplos de inter;1ções e ntre ca rgas e dipolos, assim como os va lo res típicos de
suas energias potenciais são d.idos na quadro 8.
Figura 13. Exemplos de n-pólos. O vetor momento dipola r e létrico é indicado porµ .
Dependencia da
Tipo de energia potencial Energia
interação potencial ti l Exemplo
com a dislància
entre as partículas (kj mol·1)
a ~
+----
0=0 o
b b'
b/ a> b' /a'; onde a, b, a' ,e b' são as distâncias
Figura 14. Efeito do aumento da separação entre as partículas nas dist.flncias entre o monopolo
e as cargas parciais do dipolo.
1/ r 3. A ocorrê ncia s imultâ nea d estes dois efeitos acarreta uma relação e nt re ,l energia
potencial e a distância e ntre as moléculas de 1 /r".
A-...:.~~~~~~=-~~~~~~...., A
(1i)
to
figura 15. Correlação entre os dipolos induzidos de duas moléculas apoiares. (i) representa<;~~
esquemática da correlação entre as flutuações das nuvens eletrônicas das moléculas A e B; (n)
correlação entre os dipolos instantâneos das moléculas A e B. ÃI (L, - t~) < 10·1• s.
Essa interação alnlliva enlTe duas moléculas apoiares é conhecida como jnternção
de dispersão ou interação de Londonf2l (A tkins, 1998) e tem energia potencial proporcional
ao inverso da sexta pottncia da distânciíl entre as moléculas, sendo ílssim efetiva somente
a distâncias int·ermoleculares mui lo curlns (O, 1 nm) (Quadro 8). A internção de London
entre apenns duas mol~culns é muito fraca, mas a componente ele London é aditiva e
forte guando muitns moléculas, numa estrutura polimérica ou numa associação
supramolecuJar, interagem simultaneamente.
Ligação de Hidrogênio
Ligação llidrofólJica
A partição hidrofóbica decorre da fraca interação sorbato-solvente, isso é, da baixa
solubilidade ou natureza hidrofóbica do sorbato. Com isso ele lerá maior interação com
sorvente hjdrofóbko, ou com regiões hidrofóbicas do sorvente, do que com as moléculas
de água da solução, sendo o sorbalo efetivamente repelido da solução e atrnído pelo
í-lMutto frcqU,:,nl~•m.:Hlc c..,,a i111cr,1~Jo t.imbêm C! _rcfrriJa COU\U l11lcc,1,;.\ u J e \'UI\ d e r W,,lb, 1wr(•n_, ptcfo 1.,.M.
utillz.. r ci;~l' lermo no scnlitlo lllillS gen<-rlco Ju mlcr.içlo c1111·c dipolos, l.inlo pcrm.:>.ncnh:, com,, 1nJu 7 iJo,,.
sorvente (DelleSite, 2001). Esscndnlmcnlc C'ssc (• um drihn•nlrópll-n, l'lll qI11•, 1•1111'11 1•111111111·11
diminuição da entropia do sislcmn sorvcnlc-sorbíllo, n c•nl rnpl,, da 1111l111;fio ir,, ,11IIIH·nI,11·,
visto que as moléculas do solvente cslnrJo mnls livn!S do q1w q11nndn nrh•nl,11l,1:1 hid1·,1l,1111 li,
o sorbnto, resullando em um ílumcnto d,, enlrnpln dL• lodo n sh1h:mn (/\l kin11, 11l11H).
Quadro 9. Sumário e exemplos dos mecanismos de sorçi'lo nn m,,tC'rlí1 11rgi'lnlc,1 tio s11l11
LITERATURA CITADA
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Conteúdo
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(c,.h Van,k·r .lc Frt!1tas ti-kit>,, l.u1:, l{,•y11J)Jo F,·rrn,·, 1u ,\.ll,·11 111).
766 Luls REYNALDO FERRACCIÚ ALLEONI ET AL.
INTRODUÇÃO
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Llmm., J~1<1r.1,-dro JcSI -------~
2:1:1
Os argilominerais 2:1 apresentam, de modo geral, alta área superficial especifica (ASE),
pois as unidades cristalográficas ou camadas de alguns minerais podem expandir na
presença de água (Figura 2). Esta expansibilidade garante a exposição de uma superfície
denominada "intemn", que promove aumento considerável da superfície total, principalmente
por ela ser maior do que a superfície externa. Alguns minerais 2:1 não mostrnm
expansibilidade, pois as unidades cristalográficas estiio ligadas por um elemento não-trocável
que mantém as camadas unidas. Como exemplo, tem-se o K na ilita (Figura 3).
o mpl,tWnll'S '"'l' · l'\f'íl n sÍVl'i:: lltt l' \1 fl\ ,lltn i: r,111 dl' l'ris t111!1tid,,d l' ,1 1•11 ",c'1tl.tt11 11H·11u1·
ASE do l)\H' 1"'S e ,pnn~iv1' is, p11is l'l'Vt•l,1m s 11p1•rí1 ·lt-s c' ' f' l1:\111 s l'n'de111ti11.1111e1111•11k 11,1
re~iiio ex ll't·n,1 lh"' mi,wrn l. t'nqu ,rnl o 11:; mi,wr 1i:: , •,p.111:.ivc•I:. ·'l'"''M'ltl.111 1 1•!1•v,1d11 ,\ S I(
intl'l'IH'I. A ,·,Hi.1,:in dl' s upnfk k 1'• l~1·n1hh- l'lllrt• l1:1 nii 11 n,d:1:i: 1, 1· I l' 11:1 11,i d11.•: (11- 1·1rn1
gt'nt'.!ricl, que ;,i pnrtir dnqui ntl' 11 tin;1l d , ll':'> ll' inl·l11 I h id n\\ldl,:, l' n:-.llrnln ,ld, 1:1 ) lk h' l'
d e AI (Qundr0 '!). l \ ASE do s nl1, d1~p1•nd l' dus 1t•1lt·1·:-1 tk.•i ll'~ n11n11,11 11•n11•:1 e' d ,1 :-: 11,1
ex posiçf\ o ~ s1,h1çrln do s1,lo. N ~nmadn nnivt' I ck,:,: ::1,1t,s (ll O, 11 1), ., 1\ St·: gt• t· tlml• n ll'
::iprest•ntrt ;) \tn ccwrclnç i\0 po. itivn com o túlll' lk trllllt ri n l,q~1\11kn , :wj. 1 ~wl.1 .11:.1n dirl'l,1
dos coló idcs 0rgnnic0s, scjn ~wlc1 r '1:0bl'i nwn tll dt' n l~ 111,s 11rgi111111i11t•1\ ti::, Nti:t s n lo:i
rtltamcntc intcmpcrizndos, n contl'ibuiçiu dn m 1h\ rin tlt),\1111kil t r'11ndn111l·11l til n:1ddl11iç, n
d e s u perfície to tnl de co nt nto (Qundw 2) e, p.1.2.r Cllnscguintc p n n (t d cnsl d ,,d l• d1• l 'Ol'f,,1:4,
pois estes solos con Wm grnnde teor d e compo'nc ntc~ d e boixn A G, ço m o t1 t:iwli 11lt n 1' m:
óxidos d e Fe e A I co m nlto grn u de cri~tnlin id nde.
Quadro 2. Teor cito mntêrin orgl\nkn e i\n.m sup1'l'Íl\'ili 1•t:pt:l'llkn (ASli) de nlt\llllS tHilw:
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Fonk: 11d11prndu d 11 1(,,.-h,1 (2.IJO)). ' '
Carga Permanente
As cargas permanentes, também chamadas de cargas estruturais, são intrínsecas às
pa rtículas minerais. Elas são produtos das substituições iônicas nas estruturas minerais
e independem do valor de pH do solo. As substituições iônicas, também denominadas
"substituições isomórficas", ocorrem nos minerais primários, quando de sua formação
magmática, e, nos minerais secundários, por suas transformações no solo ou pela herança
direta dos minerais primários. Cátions como AP· e Si4 • são substituídos por outros de
raio iônico semelhante, mas cargas diferentes. As substituições iônicas produzem carga
superficial significativa apenas nos minerais silicatados de argila do tipo 2:1, esmectitas e
vermiculitas e em alguns poucos minerais primários, tipo mica, quando esses atingem
tamanho pequeno o suficiente para compor a fração argila dos solos. Além destes minerais,
a caulinita também pode apresentar carga permanente, mas de pouca expressão (SmiU1 &
Emerson, 1976). De modo geral, as cargas permanentes são negativas, embora, em alguns
casos, t,1mbém possam ser formadas cargas positivas. Tessens & Zauyah (1982) observaram
a existéncia de carga permanente positiva em solos altamente inlemperi.zados e relacionaram
essas cargas com a substituição de Fc>• por Ti'' na estrutura dos óxidos de Fe.
O aparecimento de cargas negativas permanentes decorre da substituição iônica dos
cátions centrais nos tetraedros ou nos octaedros do mineral por outros de menor valência.
Os exemplos mais comuns são as substituições de Si4• por AP' na lâmina tetraédrica e as
substituições de AJJ· por Mg2' na lâmina octaédrica (Figura •l). Quando isso ocorre, há um
desequilíbrio, e a carga negativa remanescl!nlc deverá ser balanceada por uma carga positiv<\
de um cálion que será adsorvido pela supl!rfície da argila. As s ubstituições ion.ic,1s
constilul'm a mais importante fonte geradora ele carga nos minernis do tipo 2: 1, os qu,1is
,lprc•sentam cargas pn:dominanlemente perm.inenles Por outro t.,do, os argilominerais LIO
tipo 1:1 teoricamen te não apres\.'.n lam esse ti po de carg,1 inJepL•ndcnte do pH.
o h •V~• -1
H H H ·1/'
o o li 1-1 li
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1 1 1 1
Si O Si Si
Si Si
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011 O
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•v.= " •
D,\I
•Vl/4, 1
OH OH OH
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Figura 4. Substitujçào isomórfica (SI) nos minerais filossilkatados: a) nn l.'lmina ck tell·at•drúS 11,,
sillcio (Sii• po r AP·): o nú~wro de ca rg.i na ligaç;io Si-O na coordenaç,to ldr.1~drir,l 1\ t,O
(Força de atração eletrostática
- . = 1,0 · ve1·a capitulo li) • l.) .,
(FAE) nun "' rcsu . ltn ll,\ IWU 1r,l1·ll!,\lt,l: l 1,l
tetraedro em questao. Após a SI, o numero de cari,as O
na lil!ar
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l r l'IUIÇlll) 1é 1l\\ll ' '1
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~ 3/4. o que res ulta em excesso de 1/4· _ de c.u,•a
o em G ld:i
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1 + 3/
- ..1· e: l/ l)
• . • e ·. -~,1
llll\ l~~t.,,
ca.rga total no tetraedro em l)UCS• l,10 -será 1·. O lrar" n llíl• ,·1· '
, a!'l. ,..,
u 111" nn
O l ,,,so ,1,\ ,,n1111,1 ' 1,'
l 11 ·
tetraedros re. presenta a •segunda , .
hgaçno
•
de_se •
cleménlo co,,, e, 1l; l\l'l rll V l l .lll1m ; '·)
'Ir 1 . ú Ili\ ,~ .,ll,·1111•
de octaedros
• , de alumfmo
, (AI por Mg-'): o
. numero de ,·nr,, 1· ~ \I O
e-' .• u •~aç110 t • 11.\ Ct)\'lf,. cn,, ,,
1.., 11 , 1 . \1,
octaédric,1 e 1 /2,
. ,o que o ulta na 111.•utr.ihdade
~-1 res d do oct,,1.•dro cm 1111 ,..~s. 1,\l,, • •\ ó . ,.t
, p s a ~ , o 111 1 ,
·, ,,,•n•
de carg.is na 11gaç,,o 1v g· nn coor en.1ç,io octa(ldrica é 1/ 3 n n , •• 1 . ! . t/ ri'
- d o (2·_ + 1-•-, • + 1/3' + t /i• .. 1/ 6 ). Nl.!!>sc • • • ,\.,u.c . n.::,,u t,1 l' lll l' ' ( l'!,!,1.1 , ,
d e cart;•a em ca a • . , caso, c.:,\r~,I lot.,1 no ,,d,wdr,, ·l•r,\ 1.
100,0 g --►► X
x = 0,10748 equivalente de carga(-) por 100 g ou 107,48 meq lO0g·•. Levando em conta
que o fator de conversão de meq l00g·• para mmol, kg· 1 (que é a unidade mais
recomendada, por ser do Sistema Internacional) é 10, a CTC da montmorilonita
proveniente somente de substituições iônicas é igual a 1.074,8 mmol, kg-1 •
Carga Variável
Cargas variáveis são originárias da adsorção de íons na superfície dos colóides
minerais e orgânicos do solo, sendo a carga liquida determinada pelo íon que é adsorvido
em excesso. Ao serem adsorvidos, íons capazes de modificar a carga dos colóides são
chamados "íons determinadores de potencial" (IDP). Os principais IDP na solução do
solo são H• e OH", o que faz com que a denominação de" colóides de carga dependente do
pH" seja aplicada às principais partfculas carregadas eletricamente nos solos. Outros
(ons, como fosfatos, silicatos e metais pesados, por exemplo, também podem atuar como
detennjnadores de potencial. Por isso, o lermo mais genérico" colóides com carga variável"
deveria ser preferido (Uehara & Gillman, 1981). Caulinita, goethita, hematita e gibbsita,
predominantes na maioria dos solos brasileiros, são os principais minerais do solo que
apresentam carga variável. Como já destacado anteriormente, as cargas variáveis ocorrem
tanto nos colóides orgânicos quanto nos colóides inorgânicos (minerais) e podem ser
negativas ou positivas.
Nos compostos orgânicos, as cargas variáveis manifestam-se graças à dissociação
de grupamentos funcionais (veja capitulo XI), principaJmente grupos carbox!licos
(equação 1) e fenólicos (equação 2), considerando Rum radical qualquer.
o o
li OH li
R-C-OH R-C-0- +HOH (1)
♦
H
R- CH2 -OH
-w -
R-CH 2 -O+ H
+
(3)
+ I-f
A carga variável depende principalmente da atividade do íon H• na solução do
solo, o qual regula o grau de protonação ou deprotonação do grupamento. Em condições
ácidas, os grupamentos apresentam-se protonados, mas, à medida que o pH aumenta,
ocorrem a deprotonação (dissociação do H•) e o aparecimento de cargas negativas livres
nos colóides orgânicos. Cargas positivas raramente ocorrem em colóides orgânicos, como
resultado da protonação de grupamentos amídicos da matéria orgânica, em condições
de elevada atividade do íon hidrogênio (equação 4).
+I-t
(4)
Nas are~tas expostas das argilas silicatadas, existem grupamentos OH, ligados ao
$i (silanol) ou ao AI (aluminol), que podem ser ou protonados ou deprotonados (Figura
5), dependepdo do valor do pH, dando origem a cargas elétricas (veja capítulo VII). As
cargas podem ser ou positivas em condições de pH baixo ou negativas a pH alto. A
quantidade de cargas negativas geradas por esse mecanismo é proporcionalmente maior
em minerais como a caulinita (argila do tipo 1:1) do que em argilas do tipo 2:1 como a
montmorilonita. O motivo é o alto nível de substituição isomórfica nas lâminas tetraédricas
e octaédricas (cargas permanentes) e a relação entre áreas de bordas e áreas basais muito
menor nas argilas 2:1 , especialmente na montmorilonita, cujas camadas são expansíveis,
o que gera altíssima área basal em relação à baixa área de borda. Nas caulinitas, as
camadas são empilhadas na direção do eixo longitudinal da cela unitária (e), o que
confere maior área de bordas em relação à área basal. De modo geral, as argilas 2:1
apresentam apen«s 10 % de suas cargas como variáveis, ao passo que, nas argilas 1:l,
.:idmite-se que a totalidade das cargas varia conforme o pH dn solução do solo.
Figura 5. Proton,1çiio (pH di_min~1!) ou d cprnluri;1çJo (pll ,umutnt.1) dos r,rnpc, . 0 11 na t,i,r,IJ
Jc uma p,Hllcula de Mgil a i;1laca l,1d.,.
)-1(
e=] C] ___. "Ilhas" de hidróxi-Al
) (
Figura 6. Esquema de uma vermiculila com hidróxi entrecamadas.
½+ 0,5+
½"- I,,,;V: ♦
AI
OH2
2
•
1,Ç/ 1 ~2 0,5-
zH• '/ bh OH
+-- 0 0,5-
"'IAI/OH
/ I" OH0,5•
2
possibilidades de cargas de supcr(lci(•: -OH/ 1 • (2· -t 1 /2' + 2H' "'0,5'); -OH<U• p· + 1 / 2' + H •
""0.5'); 0 1.!,- (2· + 112·"' 1,5).
Óxidos de Ferro
I.::m !>olos com Cí1rga variável, os óxiJos de Fc con~títUl'll\ um dus Cl.ltnpoiwnlt'S n1,ii:.
importanlcc; na ger,1c;ão de rnrgJs pos iliv.1s. t\ influl' nci<1 do., 6,idos d~ Fé 11 ., din,\nit<J
Óxidos de Alunúnio
e pli KCI 1 mol L' - pl-1 1-1:0; CTCe =capacidade de troca catiônicil efetiva; cr,.. =c.irga variável; cr =carga permanente.
0
fonte: aJaplado de Alleoni & Gimargo (1994) e Weber el ai. (2005).
Matéria Orgânica
É um componente que contribui de maneira significativa para o balanço de
cargas do solo, principalmente pela a lta quantidade de sítios com carga negativa.
A matéria orgânica humificad a pode apresentar de 2.000 a 5.000 mmolc kg· 1 de
carga negativa. Nos solos de carga variável, os compostos orgânicos são os principais
componentes responsáveis pela carga negativa, seja pela baixa densidade de cargas
da caulinita, seja pelo revestimento desses compostos orgânicos na superfície dos
óxidos.
Compostos orgânicos também podem revestir a superfície de argilominerais do
tipo 2:1. Com isso, a densidade de cargas negativas provenientes destes minerais pode
não ser tão expressiva. Neste caso, a formação dos complexos organominerais contribui
menos p.:ira a carga negativa do solo do que a carga negativa de cada componenll'
particulêlf (Yu, 1997). Isto se explica pela precipitação de substãnci.is húmic.is na
superfície dos co lóides minerais graças à coagulação promovida por cdtions
polivnlentcs, o que não permite a exposiçi.lo dos sítios de carga n egativa dos
argilo minerais. Vale ressaltar que os compos tos orgiinicos podem Ler sua porçJo ncgati\'íl
li gada às cargas positivas dos óxidos e às mestas quebradas dos .ugilomincr,1i5 ,
reduzindo !,mio a cMga negativa quan to positiva do solo. O quadro -l ,tpresent,l L1~1
re!-iumo das carncterísticas de cMgas permnnl'nles e vari,\vcis, bl·m cumo sua ocorrf-m:i.l
noi; diversos r umponenlcs do solo.
QulMJCA E MINEl<AL OC IA oo S o t o
XII - Eletroquímica, Adsorção e Troca Iônica no Solo 777
Interface Superfície-Solução
A Água na Superfície
Em todas as reações químicas, dentro ou fora de um organismo vivo, há necessidade
de um meio onde os reagentes possam combina-se e dar origem a produtos. O mesmo
ocorre no solo, ou seja, para que ocorram trocas iõnicas, hâ necessidade de um meio
onde os íons possam movimentar-se até à superfície adsorvente, que também é fonte
dos fons trocáveis. No solo, este líquido é a água que, juntamente com os ions e moléculas
dissolvidos, constitui a solução do solo. Essa solução, constituída de água e de solutos,
está em contato íntimo com a superfície dos co1óides e com eles interage graç<1s à forças
de atrnçào que atuam na interface sólido-líquido. Tais forças va riam de acordo com o
tipo de colóide e de outros componentes do solo, inclusive das características d e
polaridade da própria molécula de água (Figura 8). Os solutos na solução podem ser
ions e moléculas de diferentes massas molares, advindos de diversas fontes, assim
como compostos orgânicos em decomposição ou exsudados por micro e
macrorganis mos.
o
/ '\.
H'-_/H
105º
+
figura 8. Motlelo csqul•mjtico da moll--.ul,1 eh: ,1gua com rc pres.:-nl,1ç;lll do5 Jipoh.1 :- pü,-1liv0 e
1\1'!-jil tÍ\' O.
partícula
do solo +-1---,!,,...,...-
A ~rcscnça de cargas_elétri cns '.'°s colóides do solo gera c.1mpos elé tricos c,1p,1ze~
d e atrair os fon_s da ~oluça~. Os cát1ons sno .1trnidos por campos de- c,irg,is neg.,tiv:t~,
enquanto os ôntons sao ,1lra1dos pelas ca rgas po::..ilivns dos colóides. Na soluç.io du solo,
cótions e ánio ns rodeiam .1s p.irticulns coluicl.\is l'IC'lrka m,mtc~ úlrrcgadns. (onu.rndi.l
uma ca mada <lifusn.
+ +
\ + + +
\ + +
+ +
-\+ - + + +
+ + + +
t+ + +
-t
Solução interna Solução externa
(Solução micdar) (Solução intcnnicelar)
Descquilíbio Equilibio
figura 10. Esquemo da çlupla camada clélrirn que envolve a superfície dél parlicula.
Teoria de Hclmholtz
+
+
+
+
+
+
+
+
+ (b)
Distância X
(11)
Figura 11. Esquemas ilustrativos do modelo de Helrnholtz: (a) distribuição de cátions n.1
superfície de uma parUcula carregada negativamente e; (b) variação do potencial el~trico
('I') de acordo com a distância da superfície carregada.
TL'Oriu de Gouy-Chapmann
Este modelo dt' dupla camada de cargas foi proposto indepl•ndcntémen tc, cm 1910,
por Gou y, e, em 1913, por Chapman. Bnsei.i-sc na prl'lllissn de qul' ,1 distribuiç,10 dci:-
íons cm torno de uma partícula carregada é res ultado do b,,lanço entr(' as fon;ns
e letrostáticas, re~pons6vcis pda .:itração de fons de cnrg,1 opo 5 tn i\ das partku(Js, t? ,1.s
forças de dif w,ào, respons.\veis pela dispersão dos ions. O produl() finnl l! un1J
'V
"'
"O
<5
õu
o
"O
~
'ü
'§
o.
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li)
Distâncicl
Teoria de Stern
e,
-o
<>
8o
-o
ci 'l's
·□
]
O-
:,
CJl
◄ ► Distância
d
figura 13. Variação do potencial elélTi~o ('li) em relação à clistá~cia da superffcie d.1 p,1rtícula
carregada, de acordo com a teoria de Stern (111s = _potenaal na camada de Ster_n; o, =
dcnsidadt! de cargas na camada de Stern; O'l = d®s1dadt! de cargas na camilda d1f usa).
(9)
Íons indiferentes
Também chamados de eletrólitos indiferentes, são contra-íons ou co-íons cuja interação
com a superfície não ultrapassa a energia da atração coulombiana, cerca de 2 kcal mol· 1
(Helfferich, 1962). Se estiverem próximos da superfície ou mesmo na camada de Stern, os
íons não perdem a camada de hidratação e não cruzam a interface sólido-líquido. Exemplos
são os cátions Ca 2·, Mi', K• e Na· e os ãnions Cl· e N03•• Deve-se, contudo, tomar o cuidado
de excluir os mecanismos de fixação de K em argila silicatada 2:1 e processos biológicos
envolvendo N. O SO/, em muitos casos, é considerado um íon indiferente.
São encontrados na solução e na fase sólida. A interface atua como uma camada
semipermeável, permitindo a passagem apenas de íons determinadores de potencial em
ambas as direções. Em virtude da alta energia da ligação entre os IDP e as superfícies dos
colóides do solo, a adsorção é considerada específica, mas o processo é reversível. A
liberação ou adsorção de íons pela superfície e o potencial elétrico superficial dependem
da atividade das espécies iônicas em solução.
Muitos desses sistemas são conhecidos em química coloilfal, e exemplos not.i\'eis
são os do sulfolo de prata cm suspensão {lwnsaki & 13ruyn, 1958), com pr,ün e sulfolo
como ians d('tcrminadorcs d e potencial, e o sistl'ma do ioctl•to de pr.Jta (Overbl!ek, 1952),
com prnta e o iodeto como ions dctl'rminadores de potencial. Em etctroquímic:,,, 0 l'letnJdl1
Ag-AgCI. usado para d elerminnr concentração de ions dorclo c•m soluçi'1es, é um l•ortl
l.'x cmplo. Íon-, de tNminadun!S dl' poll·nci;il podem sl'r visualiz,Hlos C'Ollll) c,,m.-.,.iclClres di:
cJ rga!> pc1ra a s upi:rfKil'. Nn solo, os l'>.l.'.mplos mai.:; marcantes s;io os ions 11 · e OH •
O, = ~ 2C.,ERT
7t ~ pH)
scnh 1,152(PCZ- (11)
em que cr, = densidade de carga superficial de um sistema de cargél Vélriável; PCZ = ponto
de carga zero (a ser discutido mais a diante). Os significados das outras variávejs es tão
nas equações anteriores.
O solo contém componentes com cargas permanentes e, ou, variáveis dis tribuídas
na superfície. A variação das cargas está relacionada com a dissociação de grupamentos
presentes nesses componentes. Num solo de carga variável, a mudança na carga depende
dos ions detenninadores de potencial.
Quando um IDP passa da solução para a superfície sólida, ele carrega uma carga
com ele. Tomemos, como exemplo, um grupamento na superfície de um óxido representado
por ROH (R = radical qualquer) e consideremos que a superfície está em contato com
uma solução de NaCl. O grupamento em questão pode ser protonado ou deprotonado
(equações 12a e 12b, respectivamente), podendo gerar cargas superficiais negativas ou
positivas. Os íons H· e OH· são os determinadores de potencial.
em que a diferença (cr11 • - cr0 11.) representa a a dsorção líquida. Se íons H • são adsorvidos
em excesso, a carga da s uperfície será positiva. Por outro lado, el.i será negativa se ho uver
adsorção de íons OH· em excesso.
para dado sistema e pode fornecer informações úteis a respeito das propriedades
eletroquímicas do sistema (Figura 14).
e
Minerais silicatados Z:l
1:1 ,/210
fsio.
l e
S
e
H 2•(!;)
-COO e
Húmus -coo e
--0--o H@
-O- e
FeO H2• E!;)
Óxidos FeO Ht(!;)
E!;)
FeO · ·H2•
FeO H @
FeO e
AIO H2• E!;)
AIO H2• E!;) ® Carga positiv
Figura 14. Esquema ilustrativo com possíveis fonnações de cargas na superfície de minerais de argila
silicatados, húmus e óxidos.
QUÍMICA E MIIIERALOG IA DO S O LO
XII - Eletroquímica, Adsorção e Troca Iônica no Solo 787
1) radical -SiOH. Grupo mais ácido, no qual a distância entre o par eletrônico e o H é
elevada, quando comparnda às distâncias entre o par eletrônico e o H nas ligações
com AI e com Fe. O PCZ desse radical está na faixa de 2.
1
Si •1 • OH
2) radical -AIOH . Esse grupo tem acidez interrnediárin, e o PCZ situa-se entre 7 e 8.
1
AI ► • OH
1
3) radical -FeOH. Esse é o grupo de menor acidez quando comparado ao SiOH e AIOH.
fi,so decorre da m1mor dis tància entre o par elt?trô nico e o l·l, o que diikult.i suu
deprolonação e a formação de c,uga negativa. O PCZ do radical feOH v.:irin de 8 a'>.
1
Fc •._•OH
Quadro 5. Valores de ponto de carga zero (PCZ) e variação da carga líquida dos principais colóides
encontrados nos solos em função do ptt<1>
pH
Colóide PCZ
2 4 6 8 10
A partir do quadro 5, é possível estimar o valor do PCZ do solo de acordo com sua
composição da fase sólida. Por exemplo, o horizonte B de um Latossolo caulinítico, com
baixo teor de maléria orgânica e ausência de minerais 2:1, provavelmente apresentará
PCZ na faixa de 3,5 a 4,5, o que lhe conferirá predomínio de cargas negativas na faixa
normal de pl-1 dos solos. Por outro lado, num solo altamente intemperizado, como um
Lalossolo Ácrico (veja capítulo XVlll), espera-se um valor mais alto de PCZ, da ordem de
6-7, o que limüa a capacidade de adsorção de cátions nessa camada do perfil do solo. Já
para horizontes superficiais, espera-se, via de regra, amplo predomínio de capacidade
d e troca de cátions (CTC) sobre a capacidade de troca de ânios (CTA) para valores de pH
s uperio res a 4-5, em razão do baixo valor de PCZ da fração húmica (Quadro 5). Em solos
com grande ocorréncia de minerais 2:1, como os Vertissolos, espera-se predomínio de
cargas negativas, mesmo para valores baixos d e pH (" ausência" de PCZ).
(16)
diretas. Não obs tante, alguns métodos macroscópicos podem ser utilizados para tanto,
sendo alguns estáticos, enquanto outros são dinâmicos. N<1 condição estática, ocorre
equilíbrio dinfimico determin<1do pelo balanço entre a energia térmica e a elétrica. No
método dinànúco, um componente do solo é forçado a migrar cm um campo elétrico ou de
força, o que pode ampliar os mecanismos de interação entre os colóides do solo e os íons.
Pode ocorrer migração de partículns coloicl.tis em um cnmpo elétrico (eletroforese) ou
então os fons podem ser mobilizados com partículas coloidais em um campo elétrico
(condutância) (Yu, 1997).
Dentre os métodos existentes para avaliação do comportamento da s cargas
superficiais de partículas do solo, destac<1m-se a titulação potenciométrica e a retenção
iônica, que serão apresentados em detalhe a seguir.
Titulação Potenciométrica
11
10
_,.,.
9
,,
.X
:r:e..
8
7 I
,.' ,...·•··
••
.
KCI 0,1 mol L'1
• • · +- ..
- KCl 0,01 mal L"1
- _,._ - KCI 0,001 mal L·1
6 - . ·•· :
• 1
5 1
1
4 : 1
3 -l-__:_=----.---....-.:...
' --....-----.---....------.-----,
-40 -20 o 20 40 60 80
i
-25 (a) (b)
""bO -15
PESN = 3,6
J
/,,, ,,,-/
/l
PFSN • 6,1
..:,:u -5 '-. _,.,,,,,,,, '-.
õ o
§ +5
+15 I .
f/ 0,001 mol L..
0,01 mol L '
0,1 mol L"'
3 4 5 6 4 5 6 7
pH pH
Figura 16. Carga líquida de um solo [(a) = camada superficial; (b) = camada subsuperficial)],
em três concentrações de uma solução salina, com destaque para os valores do ponto de
efeito salino nulo (PESN).
Retenção Iônica
Este método baseia-se na medição direta da adsorção de cátions e ânions ao solo, em
diferentes valores de pH, de acordo com o método de Schofield (1949). O método baseia-
se nas alterações da retenção iônica que ocorrem à medida que varia a carga superficial.
O solo é equilibrado com um eletrólito a diferentes valores de força iônica e de pH
conhecidos. Após várias lavagens e centrifugações, os cátions e os ãnions adsorvidos
são retirados com outra solução salina, e os sobrenadantes são guardados para
determinações da quantidade de fons. O pH no qual a retenção de cátions iguala-se à de
ânions é o ponto de carga líquida zero (PCLZ) (Figura 17).
-40
- -- - --
-:
00
..i.:
-20
---- -
_,,
o o pH
E 5
E
--- --- -- --
6 - • 7
Matéria orgânica
A matéria orgânica do solo (MOS) apresenta graus variados de humificação em
diferentes ambientes, 0 que influencia a capacidade de interação dn fração miner.il do~
Óxidos
De aco rdo com as regras de Pauling (1960), a carga 3' do met.:il eleve se r dividida
ig ualmente entre os seis Momos ou grupos coordenantes (veja capitulo li). Assim, urn
g rupo hidroxilí.l ligado a penas a um átomo do me lai terá uma carga res idual J c (1 /2).
Do mesmo modo, a adsorção de um próton para formar um grupo "aquo" (H2O) resulta
em uma carga (1 / 2t (Figura 7).
Importante conclusão que pode ser tirada da equação 17 é que sempre devem existir
algumas cargas positivas e negativas, visto que sempre existem arestas em cristais de
óxidos. Nos componentes do solo, a carga é inílucnciada pelo seu valor do PCZ. No caso
dos óxidos, o PCZ depende das propriedades ácidas ou básicas do sólido (Bruyn & Agar,
1962).
Alofanus
Dentre os mi.n erais que ocorrem na fração argila de alguns solos e que apresentam
propriedades de troca de íons, as alofanas estão entre os mais importantes. Alofonas são
aluminossilicatos amorfos, com relações sílica/alurnina variáveis, comuns em solos
derivados de cinzas vulcânicas e ambientes com baixo grau pedogenético, como os
Criossolos da Antártica (Simas et ai., 2006). As alofanas apresentam partículas com alta
área superficial específica e, por essa razão, a retenção de íons também é alta. Cátions e
ânions podem ser adsorvidos simultaneamente (Wada, 1980). A origem das cargas
elétricas na superfície de alofanas pode ser atribuída a grupos SiOH e AIOH, sendo
aplicável ao caso a discussão feita para a caulinita.
cr cr
cI· cr 2
Cn2• Ca • cr
cI·
Óxidos
FeO 1-1: ~ 2
Ca •
Óxidos
FeO H Ca2 ' 1-1' CJ·
FeO l
1-1· cI· FeO· H
FeO H• Cah FcO 1-1; H· Ca2•
' Ca2•
AIO H;
AlO H• ~
AIO H:
'
Cai•
Ca1 '
cr
CI"
G
cr
- A IO H;
AIO H
AIO H
w
Ca2 •
H°
cI·
H• o-
cI·
o-
AIO
ca•· CI
AJO --e Ca 1 • cI·
AIO ~ - cr AIO H c1· o-
H"
cr cI·
FeO 1-1; FeO H{
Figura 18. Elevação na carga superficial negativa de um óxido pelo aumento de força iônica.
pH da Solução
O aumento do pH da solução do solo causa elevação da carga negativa do solo, por
meio da deprotonação dos sítios de troca de minerais da fração argila, que apresentam
carga variável (hematita, goethita, gibbsita e caulinita) e dos grupos funcionais carboxílicos
e fenólicos da matéria orgânica. Quando o pH supera o valor de PCZ, há predomínio de
carga negativa e aumento na repulsão entre os colóides do solo e os ânions ou as moléculas
aniônicas, diminuindo a retenção desses ânions ou dessas moléculas. Porém, quando o
pH da solução de solos com carga variável for inferior ao PESN, a carga líquida
predominante será positiva e, então, as trocas aniônicas superarão as catiônicas. Mesmo
em valores de pH superiores ao PCZ de solos com carga variável, sítios de carga positiva
podem existir na superfície dos óxidos, se o pH for menor que o PCZ destes óxidos.
O aumento do pH da solução do solo pode ocorrer, por exemplo, pela adição de
compostos que, na presença de H 20, promovem a formação de hidroxilas (OH·) ou de
ânions derivados de ácidos fracos, como o HC0 3·, que reage com os prótons (H+),
reduzindo sua atividade na solução do solo. Assim, aumenta o valor do pH da solução,
0 que disponibiliza mais sítios de carga negativa na superfície dos componentes de
carga variável. Quando as OH· reagem com os H+ da solução do solo, outros H+ adsorvidos
são dessorvidos (deprotonação) da superfície dos colóides.
Adsorção Específica
A adsorção específica pode promover mudanças na carga líquida do solo. Alguns
compostos aniônicos podem substituir os grupos OH ou 01:--1 2 da superfície dos colóides,
caracterizando uma troca de ligantes (adsorção específica). Evanko & Dzombak (1998)
estudaram a formação de complexos entre os grupos funcionais dos ácidos orgânicos e
os hidróxidos da superfície dos óxidos d e l~e e concluíram que, com o decréscimo no
valor de pH, os sítios da superfície dos óxidos e hidróxidos ficam neutros ou com carga
posiliva (OJ-Iº ou OH/). Neste caso, a ligação ferro-oxigê nio fica mais fraca, em virtude
d a diminuição da d ensidade de e létrons da ligação, e os O são trocados como OH ou OH"
com os grupos funcionais dos ácidos orgànicos de forma específica (Figura 19). Num
valor elevado de pH, as superfícies dos óxidos ficam negativamente carregadas e, assim,
há maior força de ligação dos .ítomos de O com a superfície, ocorrendo menor capacidade
de troca de ligantes. Quanto maior o número de grupos COOI-1 das moléculas orgânicas
e menor o valor de pH da solução do solo, maior a adsorção específica dos compostos
orgânicos aos óxidos e hidróxidos presentes nos minerais de iltgila.
Figura 19. Posslveis ligações entre óxidos de forro e ácidos orgânicos monocarboxilicos sorvidos.
Fonte: Evanko & DzombJk (1998).
2: Carga ca 1"
Dispersão - Floculação
A tendência da fração coloidal de se dispersar dos agregados do solo na presença
de água (argila dispersa em água - ADA) é um fenômeno natural que ocorre, por exemplo,
após a desintegração dos agregados pelo impacto da gota de chuva na superfície do solo.
A quantidade de ADA é responsável pelo controle de vários processos físicos e mecânicos
do solo, tais como: expansão, capacidade de retenção de água, condutividade hidráulica,
friabilidade e planos de ruptura, formação de crostas no solo e erosão hídrica. Além
disso, as argilas dispersas permanecem estáveis em horizontes subsuperficiais dos solos,
suspeitando-se que possam agir como carregadoras potenciais de contaminantes para
as águas de drenagem.
A dispersão das argilas depende da estabilidade dos agregados na água, assim
como do tipo e da quantidade de cátions trocáveis, da quantidade de agentes complexantes,
minerais silicatados, óxidos de Fe e de AI, da força iônica e do valor de pH. A diferença
entre o valor de pH e o valor do PCZ (Equação 15) indica o potencial de carga e a natureza
das cargas (se negativa ou positiva). Estas cargas podem produzir forças repulsivas
entre as partículas do solo, aumentando assim a dispersão (Figura 21a). A dispersão é
quase inexistente quando o valor de pH do solo fica próximo do valor do PCZ, ou seja,
quando há floculação das partículas (Figura 21b). Esse comportamento das cargas de
acordo com o pH do solo e PCZ dos minerais pode ser observado no quadro 5.
(a) (b)
-
-
+
_=/+)fJ
t+ ~
Repulsão/ Atração/
dispersão floculação
I: (-) = 1: (+)
Figura 21. Efeito da carga na dispersão (a) e na íloculaçào (b) das particulas de argila. r(-) =
soma tório de ca rgas nega tivas; L (+) = somatóri o de cargas positivíls.
m g kg-t
('l 9)
A hidroxila reage tanto com os íons H• como com AP♦, reduzindo a quantidade
destes na solução do solo e, por conseguinte, na superfície das partículas (Figura 22).
Tanto o cátion quanto o ânion presentes no calcário são responsáveis pela redução da
acidez, enquanto o aumento de pH promove aumento da densidade de cargas negativas
no solo.
= AI., _ Cal•
........... AI''
CI
---
li li CI ~ li
=- AI 1\I
Al 1' -:,-' :\1 ,\ ll·
tbl J
Figura 22. Rc,1çilo dd!> hid rux il,1s com o hidrng.:•nio (• cum O alumínio pn:s~llll'5 11,l !'.-l1 h 1.;,l?, (.i)1
11
l' J m: ulrJ li:1ílç..'lo Jo l I c11v,1ll'n ll' pl·la 0 11 da CJ(c1gl'rn (bl) e t rol",1 du l·,\lcio pdl) AI '
:,Url·rl 1cie d,, c11lú idl· (b2)
matéria orgânica humificada é bem menor do que o PCZ dos óxidos de Fe e de AI (Quadro
5). Por ·isso, nos valores normais . agricultáve·1s, "~
· d e p 1--1, na camu"da superficial de solos
matéria orgânica apresenta carga líquida negativa, tendo CTC bem maior~~ que a CTA.
Deste modo se for necessário aumentar a capacidade de um solo trocar cattons, ou seja,
apresentar ~1 ais pontos de carga negativa na superfície dos colóides, o acréscimo de
matéria orgânica é uma opção.
Cl-1=0
1
(0·1-0H), 1
1 .-' ,
a-1=0 o' o 01-1
~ º
COOJI
"º¼xE~-{h}
~-v -y ª~Vo
01-1 oH -
COOJ·I
O NH O OH
1
R-0-l
1
c=o
r
1
figura 23. Possível estrutura de ácido húmico de solo. A geração de cargas nos grupos C00H
e OH são dependentes de pH. A seta para baixo do NH indica a possibilidade de ligação
ao nitrogênio.
fonte: Tisdale cl a i. (1993).
A adição de fosfato em meio ácido favorece sua adsorção específica ao solo (Figura
20). Porém, quando isto ocorre, há redução dos pontos de carga positiva da superfície de
troca dos colóides (Smyth & Sanchez, 1980; Naidu et ai., 1990). O íon fosfato interfere no
potencial eletrostático do solo, gue é tanto maior quanto maior sua adsorção. Por sua
vez, a adsorção específica deste íon neutraliza cargas positivas, diminuindo sua adsorção
posterior aos coJóides do solo (Barrow, 1983; Casagrande & Camargo, 1997). Por interferir
no equilíbrio de cargas, a adsorção de fosfato também pode, eventualmente, promover
aumento da repulsão entre as partículas coloidais, com prejuízo para O grau de agregaç~o
e para as propri~dades fí~ico_-hídricas dos solos, sobretudo para os pobres em materia
orgãnica (Morelh & Ferreira, 1987).
A ndi~ão de sil_ica~os d_e Ca e, ou, de tvlg também modifica a carga elétrica em solos dr
car~a van~vel. A 10nizaçao do composto nn solução do solo promove a libcrm;ãü de
cá_t1o~s b~s1cos e de uma ba~e fra: a, mas considerada mais forte que O CO/ formado Cl1nl
a 1ontzaçno dos carbonatos de Ca e Mg, que irá altcrnr ,, atividade do ion J-1', além de
liberar Si para a solução (cquaç:to 20).
As interações que mais ocorrem entr·e os solutos e a fase sólida do solo são as
eletrostáticas, as quais são dependentes da carga da superfície dos colóides. A afinidade
das interações depende do tipo de colóides do solo e do tipo de solutos (moléculas,
compostos e íons) na solução do solo. As partículas coloidais podem ser mais ou me nos
ionizáveis ou dissociáveis, assim como os solutos. Além destes, um atributo importante
é a polaridade da molécula, o que define se esta será adsorvida pelos pontos carregados
(hidrofílicos) da superfície.
Ao considerar os íons, a interação eletrostática é muito importante, pois estes
elementos possuem carga positiva ou nega tiva e se encontram rodeados por moléculas
de ág ua na solução do solo. Por seu caráter dipolar (Figura 8), as moléculas de água
també m são atraídas pelas cargas rn, superfície dos colóides. Poré m, essa hidratação
pode redu zir a interação dos ians com a superfície das partículas coloidais, pois a
adsorção depende da carga e do tamanho dos íons, sendo <li.retamente proporcional à
carga e inversamente proporcional ao raio hidratado.
O termo adsorçâo é definido como o acúmulo de uma molécula (inorgânica ou
orgllnica) na interface sólido-liquido ou sólido-gás. Os meca nismos de adsorção e
dessorção, juntamente com processos de preci pitação/ dissolução, são considerados os
principais processos que controlam a concentr,1ção de espécies químicas nu solução elo
solo. As re.içôes de precipitação e dissolução são geralmente descritas pelo produto de
solubilidnde, quando um sólido dissolve-se para formar o soluto nesta solução (C-amargo
ct ai., 2001). Esse fenómeno está normalmente associado a solos alcalinos e calcarias,
com concenlraçõcs relativamente altm; de çátions, alén1 de condlçõ~s que fovorcçam"
Equações de Adsorção
O prindpio matem,Hico par.i descrever a adsurçà n de nllil t.'.!c ul,,s considl•r~, sun
.llração a s upc rfíc iL'S sólidas. No caso geral ct,1 ,,dsorção d e i;.iscs, " qu;'lntid,,dC'
Isotermas de Adsorção
A interação de ánions com a superfície dos colóides do solo foi inicialmente
apresentada por Olsen & 'v\latanabe (1957). Estas interações podem ser descritas por
meio de "lsolermas de Adsorção", que descrevem a relação entre a massa da substância
adsorvida (adsorvalo} pelo sólido (adsorvente) e a concentração da substância (mais
propriamente atividade) na solução de equilíbrio. O termo "isoterma" é utilizado,
porque, teoricamente, esse relacionamento é estudado a uma temperatura constante
(fixa).
Giles el ai. (1974) propuseram quatro tipos gerais de isotermas (Figurn 24). O
tipo "S" é sigmoidal e tem um ponto de inflexão. Esse tipo de isoterma é resultado d e
pelo menos dois mecanismos opostos (Limousin et ai., 2007). Compostos orgânicos
não-polares, por exemplo, são um caso típico, pois têm baixa afinidade pela superfície
de argilas, mas, à medida que a superfície é coberta por esses compostos, outras
moléculas orgânicas são adsorvidas muis fucilmunte, num fenómeno chamado de
"adsorçào cooperutiva" (Hinz cl ai., 1994). O símbolo da isolerma do tipo " L" vem de
"Langmuir", cujo modelo encontra-se descrito m.:iis à frente, mas basicamente resume--
se numa progressiva saturação dos sítios de .:1dsorção. Nesse caso, atinge-se um platô,
que caracteriza a udsorção máxima do fon ou da molécula na superfície do adsorvente.
A isoterma "J-1 " (h = Jiigh = alt-a) tem declividade muito acentuada no início da
isoterma, denotando alta üfinidade entre adsorvente e adsorvato. Fin,1lmente, na
isotcrrna cio tipo "C'' , a relação entre a quantidade ad sor v ida do soluto 1..' ,1
quantidade remanescente na solução ,1pós o equilíbrio l' constante para qu,1lquer
concentração.
As isotermas de üdsorção podem ser descritas por meio ele modelos ou de cqu.:ições.
Jas quais.,., ma.is conheciJas e utilizadas slio as dl..' FreUndlich e de L.111gmuir. Pllr serem
s L
H e
Isoterma de Freündlich
q=KCl"q" (23)
O gráfico de log q no eixo Y em função de log C no eixo X produzirá uma reta com
declividade n e intercepto log K. O ajuste dos res~ltados de adsorção à iso terma de
Freündlich pode ser avaliado pelo coeficiente de determinação (R2).
Função de distribuição
K" para Cd. Deste modo, a utilização de corretivos da acidez do solo favorece a retenção
d este eleme nto no complexo de troca e, ou, s ua precipitação na forma de hidróxidos.
lsoterma de Langmuir
(26)
em que q = m assa do elemento adsorvido por unidade de massa da fase sólida adsorvente;
C cq = concentração d e equilíbrio do adsorvato em solução; K = constante relacionada com
a afinidade do a d sorvente pelo adsorva to; b = adsorção m áxima.
O diferencial do modelo de Langmuir (isoterma tipo I) é a possibilidade de obtenção
d a adsorção máxima. Assim como o modelo de Freündlich, a equação de Langrnuir descreve
m elhor a adsorção na superfície dos colóides em baixas do que em altas concentrações do
elemento. A forma linearizada da isoterma de Langmuir é dada pela equação 27:
(28)
ser usada para descrever sítios d e adsorção pilra espécies cuja adsorção total parece se r
a soma de componentes de alta energin e de baixa energia. Essa distribuição de energias
de adsorção é razoavelmente bem estabelecida para fosfato no solo (Bohn ct ai., 2001).
20
16
Região 2
12
ui{
8
Região 1
4
o
o 2 4 6 6
e
Figura 25. Esquema ilustrativo de adsorção de um íon de acordo com o modelo de adsorçâo em
múltiplas regiões, sendo a região 1 de maior afinidade entre o adsorvente e a superfície
adsorvedora. C = concentração em equilíbrio; C/(x/m) = quantidade adsorvida.
Allov,•ay (1995) evidencia que os sítios de alta afinidade são ocupados quando a
concentração do soluto é baixa, enquanto os sítios de baixa afinidade são preenchidos
sob concentrações altas do soluto. Antoniadis & Tsadilas (2007) observaram as
declividades das curvas de adsorção de Cd, Ni, Zn em um lnceptissolo e concluíram que
os sítios de baixa afinidade passaram a ser preenchidos quando a concentração dos
met·ais superou 25 mg L·1•
Embora sejam amplamente usadas, tais equações não oferecem informações a
respeito dos mecanismos químicos envolvidos na adsorção, constituindo apenas um
procedimento de ajuste matemático (Sposito, 1982). A despeito de suas limitações, os
modelos de Freündlich e Langmuir têm sido bastante utilizados em estudos de adsorção
de flnions como o fosfato e de metais (Pombo & Klaml, 1986; Bibak, 1994, Temminghoff et
ai., 1995). Allconi et ai. (1998) utilizaram estes mouelos para descrever a adsorçéio de B
em solos brasileiros. Petruzzelli et ai. (1985) observaram q ue, para o Cu, o modelo ue
Langmuir ajus tou-se melhor enquanto o modelo de Freündlich mostrou-se m.iis adequado
parn o Cu. OutTos exemplos ~no encontrados em Alcãnt.ira & Camargo (2001), p,ua C r;
Mesquita & Silva (2002), p,un Cu e Zn; Camargo et ui. (1989) e Pombo et ,11. (1989) para
Ni; Cunha ct ,d. (1994), para Zn; Pombo (1995) e Dias ct ai. (2001), p.irn Cd ~; Jordfü> l't al.
(2000) e Si lveira & All~oni (2003), pitra C u.
Constante de hidróliseCll Pb (7,7) > Cu (8,0) > Zn (9,0) > Ni (9,9) > Cd (10,1 )
Grau de "dureza" Cd (3,04) > Cu (2,89) > Ni (2,82) > Zn (2,34) > Pb (1,50)
Eletronega lividade Pb (2,33) > Cu (2,0) > Ni (1,91) > Cd (1,69) > Zn (1,65)
Potencial iônico Ni (5,71) > Cu (5,48) > Zn (5,33) > Cd (4,21)
Logaritmo ncgutivo da primeira constante de hidrólise.
111
se SNC
SoloC1l
Ni Cu Zn Cd Ni Cu Zn Cd
LV 88,2 (1,5) 412,9 (6,5) 143,6 (2,2) 247,2 (2,2) 288,2 (4,9) 584,S (9,2) 385,2 (5,9) 438,2 (3,9)
,O r
e: L v.,f 300,0 (5,1) 476,5 (7,5) e
182,8 (2,8) 303,4 (2,7) 417,6 (7,1) 622,6 (9,8) 555,0 (8,5) 505,6 (4,5) iii'
:;:
n ;;o
L <\.W 111,8 (1,9) 584,5 (9,2) 156,7 (2,4) 258,4 (2,3) 347,1 (5,9) 584,5 (9,2) 417,9 (6,4) 449,4 (4,0) m
> <
z
m PVA-1 64,7 (1,1) 146,1 (2,3) 84,9 (1,3) 101,1 (0,9) 105,9 (1,8) 165,2 (2,6) 352,6 (5,4) 370,8 (3,3) ,...)>
o
~
z PVA-2 400,0 (6,8) 908,5 (14,3) 398,3 (6,1) 831,4 (7,4) 835,3 (14,2) 2.001,2 (31,5) 999,0 (15,3) 662,9 (5,9) ,,om
m :,:,
"'
,...
)> PVA-3 347,l (5,9) 768,7 (12,1) 476,6 (7,3) 910,1 (8,1) 911,8 (15,5) 1.664,5 (26,2) 907,6 (13,9) 764,0 (6,8) :,:,
)>
n
o l iVef 335,3 (5,7) 832,2 (13,1) 476,6 (7,3) 910,1 (8,1) 835,3 (14,2) 1.245,2 (19,6) 829,2 (12,7) 764,0 (6,8)
n
C) C:•
;; )>
o
GM 111,8 (1,9) 590,8 (9,3) 182,8 (2,8) 370,8 (3,3) 417,6 (7,1) 622,6 (9,8) 430,9 (6,6) 471,9 (4,2) ,-
,-
m
o o
V,
ox 105,9 (1,8) 768,7 (12,1) 189,4 (2,9) 337,1 (3,0) 382,4 (6,5) 584,5 (9,2) 476,6 (7,3) 449,4 (4,0) ~
m
,...o ex 58,8 (1,0) 343,1 (5,4) 137,1 (2,1) 179,8 (1,6) 205,9 (3,5) 400,2 (6,3) 587,6 (9,0) 393,2 (3,5) --i
o )>
;
TC 88,2 (1,5) 190,6 (3,0) 117,5 (1,8) 179,8 (1,6) 258,8 (4,4) 343,1 (5,4) 666,0 (10,2) 415,7 (3,7)
MT 452,9 (7,7) 832,2 (13,1) 620,3 (9,5) 1.101,1 (9,8) 711,8 (12,1) 1.111,8 (17,5) 999,0 (15,3) 764,0 (6,8)
n1 Latossolo Vermelho a rgiloso (L V), Latossolo Vermelho Acriférrico muito argiloso (LVwf), Latossolo Amarelo Ácrico argiloso (LAw), Argissolo
Vermelho Amarelo A fraco textura arenosa (PVA-1), Argissolo Vermelho Amarelo A moderado textura média (PVA-2), Argissolo Vermelho
Amarelo A cherno:z:êmico textura média (PVA-3), Nitossolo Vermelho Eutroférrico A chernozêmico textura muito argilosa (NVef), Gleissolo
Melãnico A moderado textura argilosa (GM), Organossolo Háplico A húmico textura média (OX), Cambissolo I-1.\plico A moderado textura
média (CX), Luvissolo Crómico A moderado textura arenosa (TC) e Chernossolo Argilúvico A chcrnozémico textur.1 .ugilosa (MT).
Fonle: Mon~ir.l (2004).
XII - Eletroquímica, Adsorção e Troca Iônica no Solo 813
Quadro 9. lsolerma Lntossooo de rr~und lich (modelo SRS) nil descrição da adsorçJo de Ccl
num lnccptiso i argiloso cm s istema isolodo (somente Cd) e competitivo (com N i, com Z n
e com Ni e Zn)
K = (K-X)(Na')
•-q (Na - X)(K·) (31)
(Na - X) 2 (Cah)
K = - -----'--=- (32)
cq (Ca-X 2 )Na•) 2
de concentrações ou atividades dos cátions envolvidos (Fontes & AJleoní, 2006). Apenas
nos sistemas homovalenles nos quais os cátions siio muito semelhantes, a constância
pode ser obtida numa faixa ampla de variação das composições das fases do sistema.
Assim, na maioria das vezes, empregam-se coeficientes de seletividade de troca, que
descrevem o equilíbrio de troca numa maior amplitude de composições das fases do
sistema, apesar de não serem constantes verdadeiras. Os valores dos coeficientes d e
seletividade variam com a composição das foses para determinada re;;içi:io d e troca. Em
síntese, as constantes de equilíbrio das renções de troca ;;interiormente exemplificad;;is
podem ser constantes verd;;idciras, sob restritas composições do sistema, ou podem-se
tornar coeficientes de seletividade de l'roca (K.) - equações 33 e 34.
K _ IK - Xl(Na•)
15 - !Na - X)(K•) (33)
K _ {Na - XJ 2 (Ca 2 •)
5
- {Ca - X }(Na·)
2 (34)
2
nas quais os parênteses significam atividade dos cátions na fase solúvel. As chaves
significam concentração ou alguma função que modele as concentrações ou
atividades dos fons na fase trocável, conforme os enfoques definidos pelos
pesquisadores. A seguir, são apresentadas formulações que e nvolvem o mecanismo
de ação de massa.
Equação de Kerr
A lei de ação das massas e as concentrações dos íons em solução (em miliequivalentes
ou milimols de carga por volume de solução) são consideradas para um sistema simétrico
(Ca-Mg). Para os íons adsorvidos na fase sólida, Kerr utilizou concentrações em mmol,
(meq) por unidade de massa, o que ele chamou de " massas ativas" (Kerr, 1928). Embora
o autor não tenha usado atividade em seus estudos, ele assumiu uma proporcionalidade
das concentrações totais dissolvidas e as formas livres de Ca e Mg. A equação 35 mostra
o equilíbrio qu ímico considerado para o qual a equação 36 representa a constante de
Kerr(KJ
(35)
(36)
em que X= ligante aniõnico monovalente; !Ca - X2} e {Mg - X2J represent,1m as formas
Lrocáveis; [Ca~·] e !Mg2·] representam as formas livres de Ca e de Mg, respectivamente. A
constância do coeficiente de Kerr é razoável em sistemas simétricos (envolvendo ions de
mesma valência).
Equação de Vanselow
Diferentemente do trabalho com sistemas simétricos e com a definição de Kerr de
"massas ativas" com concentração na fase sólida, Vanselow (1932) realizou estudos
empregando um enfoque termodinâmico. Ele utilizo u as a tividades para representar os
íons em solução e a fração molar (FM) como a concentração dos cátions adsorvidos para
sistemas não simétricos. Considere a troca iônica entre os íons Ca2• e NH4 • (Equação 37),
sendo X um ânion divalente.
(37)
(38)
2
K = (Ca+ )[NH1h - X]2
(-11)
" (NH!)2[Ca-X][(NH1h - X + Ca -X]
Loyola Júnior & Pavan (1989) estudaram as reações d e troca entre Ca, Mg e K em
cinco La tossolos e um Cambissolo ácidos, com pH variando de 4,0 a 4,4, sob forças
iónicas variá veis, mas mantendo a relação molar entre os cátions igual a 1,0. Os autores
obtiveram os coeficientes de seletividade de troca pa ra os três possíveis pares de cátions
com uso da equação de Vanselow e observaram que os coeficientes não eram constant~~,
mas variaram com a força iônica da solução. Neste estudo, os sítios de troca apresentu,1111
maior afinidade pelo Ca e forças semelha ntes de adsorção para Mg e K.
E6ta eq uaçno foi propost.:i por Krishn<1nioorthy ct ;i l. ( l 9,&8) par,\ c.kscn.'Vl'r .i t nK,\
o
r,1 ti ó ni r,1 b.:i o;t'Jd,1 c m c-o nn•i tn:; J,1 cslntfs tic,1 tcrmuJin,1mir,,. dl.!Sl'l\\'nlvimc11h'l dc,..,I
l:!qu.:>çào lc \'nu cm co11ti1dt•r,11;i'lo ns forma~ Jc.• 111:•utr,,liznç:io d as C',\l'~ils d(• !:> ll!-)l ' rÍI.-Íl' ~h•:-
colóides pelos cfllions e as configurações da superfície dos colóides com re lação às cargas.
A equação final é semelhante à de Vansclow, diferindo apenas pela introduç5o de um
fator específico para o íon bivalente no sistema unibivalente. Krishnamoorthy & Overstreet
(1950) testaram essü equação para vnrios sistemas e colóides e concluíram que a maior
parte dos solos comporta-se de tal modo que o fator específico para o íon bivalente é 1,5.
A equação final, dcnominadn equação de Davis ou também equação de Krishnamoorthy
e Overslreet, para o sistenrn Ca-Nn, por exemplo, é dada por:
(42)
Equação de Gapon
Gapon (1933) desenvolveu uma expressão empírica para descrever a trocn catiônica
não-simétrica monodivalente, utilizando concentrações em vez de a tividades e a
equação de ação das massas com quantidades quimicamente equivalentes para os
cátions em solução e nas posições trocáveis. O sistema de troca entre Ca e Na é descrito
na equação 43, e a constante de eqüilibrio da reação está na equação 44:
(44)
Os cátions solúveis são expressos em mol L·1 ao passo que os cátions trocáveis são
expressos em cmol, g· 1• A equação de Gapon é muito ul'ilizada em estudos de solos
salinos porque o seu coeficiente é bem uniforme numa amplitude de variação de
aproximadamente O- 40 'Yo de Na' trocável, que é a faixa de interesse em muitos solos
para fins de irrigação. Nesses solos, a constante de Gapon (Kc) correlaciona-se com a
percentagem de saturação por Na trocável (PST) e com a razão de adsorçâo de Na (RAS)
por meio da equ<!ção 45 (Kinjo & Marcos,] 982):
Silva et ai. (1991) estudilram a RAS, a RST e a KGde ~rés solos illuviais de texluras
conlrastantcs e observaram maiores valores de Kc.; para maiores forças iônicas da solução.
Em determinada força iônica, os valores de Kc diminu fram com o aumento ua RAS. A
equação de Gapon pode também ser utilizada cm pesquisas ligad,1s à dinâmic,1 de
trans porte de elementos no solo. Clprandi & Wiethõlter (1994) avalinram os coeficicnh.•s
de seletividí.lde de potáss io com vários cátions e m 28 amostras de solos e conclulram que
0 coeficiente de Gapon mostrou-se adequado p.1rn c;,lcubr os p,unmdros d e difusão <h)
LITERATURA CITADA
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d.ide Fcd1m1l de São Co1rlos, CP 153, 13600-970. Ar.iras (SP).
bighouse@power. u f scar. br; m rsoares@cca.u fscar . br
Conteúdo
LITERATURA CITA DA .....................- .......- - .. - · -·-...............- ...- ....·-·--- ..- - - ------ · - -··· 85"
INTRODUÇÃO
Jackson & lnch, 1989; Cm\Obreco et ai., 1996; Radovanovic & Koelmans, 1997; Yong et ai.,
2001): i) método batch (experimentos em lote, de bancada ou em batelada) de laboratório;
ii) método batch i11 ~it11; iii) método da coluna de fluxo ou deslocamento miscível (jlow-
tliro11gh soil co/im111); iv) método dn modelagem em campo. Independentemente do protocolo
experimental, a principal limitação dos estudos de adsorção deve-se à dificuldnde não só
de reproduzir um sistema muito complexo como o solo, mas também de avaliar processos
que nele ocorrem, o que requer a simplificação do sistema de maneira suficiente para que
os resultados do estudo tenham significado cientffico (Hartcr & Naidu, 2001).
Os métodos batch e coluna de fluxo, ambos realizados em la boratório, têm sido
utilizados com maior freqüência em estudos de adsorção-dessorção de fons. No
laborntório, o estudo das reações de adsorção-dessorção no solo é feito por três operações
básicas (Sposito, 1984): i) reação do solo com um fluido de composição prescrita, durante
um período que varia com o tempo de agitação do sistema solo-solução (no método batch)
ou com a distância a ser percorrida pela solução ao longo da coluna de solo; ii) separação
das fases sólida e líquida do solo por métodos mecânicos; iii) determinação química da
fase líquida por métodos analíticos.
Mesmo que alguns estudos comparativos tenham mostrado similaridades entre os
resultados de adsorção de fons obtidos a partir de experimentos utilizando os métodos
batch e coluna de fluxo (Boekhold & van der Zee, 1992; Allen et ai., 1995; Communar et
al., 2004), os resultados provenientes dos dois métodos não são diretamente comparáveis
por representarem sistemas totalmente distintos. Experimentos tipo batch utêm-se ao
comportamento da adsorção de íons por suspensões em sistema fechado, enquanto os
estudos em coluna de fluxo avaliam a adsorção e a difusão dos íons em sistemas abertos.
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V,
Figura J. Represent<1ção esquemática das etapas de um experimento de adsorção tipo balch de laboratório.
fontt,· S(Jarc~ f21J04J.
XIII - Modelos Químicos de Adsorção 831
(1)
em que [ ].di. é a concentração adsorvida (mg kg- 1); V <Oluçlo é o volume de solução (L); C0 é a
concentração inicialmente adicionada (mg L-1); C0 é a concentração remanescente na
solução de equilíbrio (mg L- 1) e M.010 é a massa de amostra de solo (kg). Finalmente, para
que os resultados tenham sentido, os valores de C., e de [ Ld, precisam ser expressos
graficamente e submetidos ao ajuste de um modelo matemático. O gráfico C, versus [ ].d,
é conhecido por isoterma de adsorçâo (veja capítulo XII).
(Quadro 1), em que foram obtidos 0,99 µg mL·1 na solução de equilíbrio, a concentração
de B adsorvido (µg g·') foi :
1 1
B] =[(20mL)(2,0µgmL- -0,99µgme )]=l01 -1
[ nd5 ,0 g ' µgg
2
µg mL-1 [B]sot, µg mL·1 [B].ds, ~lg g-1 [B]sol, µg mL·1 (B)~ds, µg g-1
eletrólitos suporte distintos, como o NaNOy Ca(NOJ) 2, CaC1 2, NaCI, NaOCI, Mg(N03) 2,
acetato de Na e Hp, de relações sólido:solução que podem variar de 1:1 a 1:100 e,
sobretudo, da variação da força iônica, cuja faixa é de 0,5 - 300 mmol L·'. O uso de
protocolos experimentais diferentes dificulta a comparação de resultados encontrados
nas referências bibliográficas. Neste sentido, Harter & Naidu (2001) indicaram a
padronjzação de um protocolo experimental, corno primeiro passo para habilitar a
comparação inlerlaboralorinl dos resultados, pelo uso de, no mínimo, um tratamento
com os padrões mínimos de força iônica (0,01 mol L·'), de eletrólito suporte (NüN03), de
pH (entre 5,5 e 6,0) e de tempera tum (25±3 ºC).
25-r--------------------,
NaCI 0,01 mol Lº1
±24ºC
20
5
■ horizonte Ar 0-0,2 m pH 5,0
o horizonte B" 1-1,3 m pl-14,9
0 +=----,-----r------,-----T-----l
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5
13 cm soluçiio,pg mL''
Figura 2. Jso1em1as de adsorç:io de horo por amostras de um Lmossolo Amarelo ácrico (LAw).
Fonte: Suaru cl ai. (2008).
Na próxima etapa, é necessário saturar a coluna com uma fase móvel, chamada de
solução percolante, solução deslocadora ou de eluente, que pode ser água, desde que de boa
qualidade (destilada, deionizada ou ultrapura). A solução de CaCl, 0,01 mol L· 1 ou 0,005 mol
L·1 tem sido preferida para uso como eluente porque evita a dispersã~ da argila e a mobilização
dos colóídes. O processo de saturação pode ocorrer pelo preenchimento descendente da
coluna, por meio do fornecimento lenlo do eluente no topo da coluna. Entretanto, a saturação
descendente não é a mais adequada, já que existe o risco de o eluente promovet· dispersão
das partículas do solo, principalmente em experimenlos de longa duração. o ideal é promover
a saturação pela imersão da base da coluna em um recipiente [ex.: provl:'la (Figura 3)1 com o
eluente escolhido, saturnndo a coluna pelo movimento capilar ascendente até O seu topo. A
saturação ascendente evita, denl're outros problemas, a formação de zonas nõo satur,1 das ou
de bolsões de ar no interior da coluna, responsáveis pela origem de fluxos preferenciais.
n
de vidro ou
r,,.,....,::1:._. Lã
manta geotêxtil
,. .
peristálticô
: ETAPA 6 3:
o
> e.
(l)
m Construção das
curvas de e\uição
oVI
3: ,O
z (breaklhrough e:
m
L cu roes) 3
~ h Coluna de
,..
> n
o
o solo saturado VI
C'l
;: e.
Fluxo ascendente de (l)
Coleta de efluente
• Intervalo de 2 h para o traçador
• Intervalo de 12 h para a substância
de interesse
CX)
FigurJ J. Rcprõ.:atação c,qucmálicu de u111 experimento de adsorção com fl uxo cm coluna de solo. w
\.11
836 JosÊ CARLOS CASAGRANOE & MARCIO ROBERTO SOARES
Depois de saturada por baixo, a coluna está pronta para que o processo de lixiviação,
isto é, a indução de um fluxo descendente, seja iniciado. Antes disso, no tempo t = O, um
pequeno volume (<1 mL) de uma solução que contém um elemento traçador [ex.: Br-
(Prata et al., 2003); Cl· (Barizon et al., 2006)] de concentração conhecida (C0) é adicionado
a um único pulso. O traçador é escolhido com base na sua baixa afinidade com a matriz
do solo, como é o caso dos ânions Br· e CI·. Os traçadores determinam as condições do
fluxo na coluna, já que não são adsorvidos pela matriz e podem ser transportados por
fluxo de massa. Por meio da modelagem do comportamento dos traçadores, é possível
estabelecer os parâmetros hidrodinâmicos necessários para os modelos matemáticos. A
coluna é então irrigada com o eluente (fase móvel) por um período suficiente para que
seja alcançada a condição de steady-state, garantindo uma taxa de fluxo D (mL min- 1)
contínuo. Após aplicar a solução que contém o traçador, a solução percolante (ex.: CaCI,
0,005 mo! L·1) é eluída até que atravesse todo o percurso da coluna. O lixiviado passa a
ser coletado em intervalos predeterminados (ex.: 2 h) e, quando o traçador é totalmente
recuperado no percolado, a solução com o soluto de interesse é aplicada no topo da
coluna e a lixiviação é imediatamente reiniciada com a mesma solução percolante
utilizada para o traçador, numa taxa de fluxo semelhante à operação de irrigação. A taxa
de fluxo é mantida constante pelo monitoramento do volume do lixiviado.
Na maioria dos estudos, o abastecimento da solução eluente é feito por um frasco de
Mariotte ou por um sistema de bombeamento peristáltico, o que garante o fluxo pela
aplicação de pulsos a uma taxa constante (Figura 3). Em intervalos maiores (ex.: 12 h), o
lixiviado é coletado, geralmente em duas ou três réplicas, com o propósito de monitorar
a concentração da substância de interesse no efluente. Antes de aplicar a solução, é
necessário conhecer a concentração inicial C0 do elemento de interesse, para correlacioná-
la com a concentração no efluente (C). Com a concentração relativa (C/ C 0) e com o volume
de poros, são obtidas curvas experimentais para o efluente. O movimento da substância
de interesse desde o ponto onde foi introduzida (topo da coluna) até à saída na base da
coluna pode ser descrito por relações gráficas conhecidas por curvas de eluição ou
breakthrough curves (BTCs), às quais se ajustam modelos matemáticos baseados em
equações de convecção-dispersão e em modelos de cinética de adsorção (Prata et ai.,
2003; Barizon et ai., 2006).
Pela descrição do experimento com colunas de fluxo, é possível notar que, como no
método batch, o pesquisador tem autonomia para selecionar algumas variáveis do método,
conforme seus propósitos e disponibilidade de equipamentos. Normalmente, essas variáveis
estão relacionadas com a própria coluna (material, comprimento e diâmetro), com o solo
(densidade, conteúdo de água - ou grau de umidade- e volume de poros) e com as soluções
percolantes (composição, taxa e velocidade de fluxo, volume e regime de injeção da fase
móvel, dispersão hidrodinâmica, comprimento do pulso de solução, etc.) (Mon et ai., 2006).
Poucos são os estudos dedicados à dinâmica de íons inorgânicos em colunas de
solo quando comparados aos de solutos orgânicos ou aos de inúmeros experimentos que
usaram O método batch. Os trabalhos de Camobreco et ai. (1996) e de Miretzky et ai.
(2005) são exemplos de referências internacionais sobre o emprego bem-sucediJo do
método da coluna para o estudo do movimento de íons inorgânicos. Para solos brnsileiros,
é recomendada a consult-a aos estudos de Camargo & Raij (1989), Maria et ai. (l 993),
Matos el ai. (1996), Bertoncini & Malliazzo (1999) e de Alc,'lntara & Camargo (2001,
2004), que avaliaram a mobilidade de fons presentes em corretivos e condicionadores do
solo e, principalmente, de íons contaminantes em resíduos, cuja disposição para fins
agrícolas tem sido amplamente estudada. Esses pesquisadores detectaram diferentes
resultados, de acordo com o elemento analisado, características do solo (incluindo
horizonte e pl-1) e do fluído utilizado na pcrcol.tção (solução salina ou resíduo).
energia. É chamado de esfera externa quando há, pelo menos, uma molécula de água
entre o íon adsorvato e o grupo funcional de superfície. Neste caso, as ligações são
eletrostáticas, portanto menos estáveis que os complexos de esfera interna.
Pelo fato de os solos apresentarem óxidos impuros de difícil separação, óxidos
sintéticos puros têm sido utilizados para avaliação de modelos de carga e adsorção.
Ainda existem poucos resultados da aplicação desses modelos para sistemas naturais,
onde misturas complexas de óxidos, minerais silicatados e húmus são responsáveis
pelas superfícies reativas.
Os modelos de complexação de superfície constituem um grupo de modelos com
características semelhantes. Muitos modelos têm sido propostos para descrever a relação
entre a composição da solução e as propriedades de carga dos colóides. Eles representam
a combinação de reações de equilíbrio químico com um modelo eletrostático, incorporado
pela equação de Poisson - Boltzmann, e que descreve a distribuição dos co-íons e contra-
íons em torno da partícula carregada. O pré-requisito mínimo para levar em conta a
influência da concentração do eletrólito é incorporar a teoria da dupla camada difusa no
modelo. Quando se usa a distância mínima de aproximação do íon à partícula coloidal,
tem-se o modelo básico de Stern. Este pode ser considerado o modelo mais simples para
descrever a variação de carga da superfície do óxido pelo próton. O modelo de Stern pode
ser ampliado adicionando-se um plano de adsorção, passando a ser chamado de modelo
triplanar. Promovendo alterações na distância do íon ao plano de adsorção do modelo
de distribuição de carga, Híemstra et ai. (1996) propuseram o modelo denominado três
planos. Atualmente, as ligações de íons com complexos húmicos e óxidos têm sido
descritas, respectivamente, pela combinação do modelo NICA - Donnan (Koopal et ai.,
2005) com o modelo CD- MUSIC (van Riemsdijk et ai., 2006). O primeiro refere-se a um
modelo de adsorção competitiva ideal, enquanto o segundo trata da junção de um modelo
de distribuição de carga com um modelo de múltiplos sítios de adsorção. O emprego
conjunto dos modelos NICA-Donnan e CD-MUSIC resultou no modelo integrado de
adsorção LCD, denominado ligante e distribuição de carga.
Weng et ai. (2005) empregaram o modelo LCD para simular a adsorção de Ca e
ácidos fúlvicos na interface água-goethita, enquanto Weng et ai. (2008) simularam a
adsorção de Cu nas mesmas condições. O modelo de capacitância constante, de um
único plano (Stumm et ai., 1980) tem sido utilizado com sucesso para simular a adsorção
de P e B por óxidos de Fe e de AI e solos com cargas elétricas variáveis. Os trabalhos de
Goldberg (1992, 1995), Ponthieu et al. (2006), Rahnemaie et ai. (2006) e de Hiemstra et ai.
(2007) são referências para esses e oulTos modelos químicos de adsorção. Os programas
MICROQL e FITEQL são utilizados para otimizar parâmetros para esses modelos
(Westall, 1982; Goldberg, 1995). Diversos modelos de especiação contêm os modelos de
complexação de superfície, tais como o MINTEQ (Allison et ai., 1991), 0 SOlLCHEM
(Sposito & Coves, 1980) e o GEOCJ-fEM (Sposito & Mattigod, 1980). Pesquisadores
australianos elaboraram um modelo denominado teh·aplanar, que representou um avanço
significativo em relação às equações empíricas de adsorção, como as de Freundlich e
Langmuir, embora não sejam definidas as equações de equilíbrio (Barrow, 1987).
Os modelos de complexaçã~ de superfíci_e_apresentnm características comuns qu,,nto
ao balanço de carga, ao potencial de superf1c1e e aos parâmetros ajustáveis (Goldberg,
1992, 1995). As variações das cargas elétricas das superfícies dos óxidos puros ou dos
colóides dos solos altamente inlcmperizados podem ser assim apresentadas: superfície
neutra [S(OH)(OI-l l)ºJ; superfície cMrcgada positivamente pelo abaixamento do pH e
ganho de um próton (S(Ol-12)(01-1 2)• 1] ; superfície carregada negativamente pela elevação
do pl-1 e perda de um próton (S(Ol-l)(OH)· 1].
(2)
em que cr11 é a carga lfquida do próton, representada pela diferença entre o número de
rnols de prótons e hidroxilas complexados por grupos funcionais de superfície, d efinido
como SOH, em que S representa o íon metálico do óxido; cr1, é a c.irga gerada pelo grupo
funcional de superfície e o íon ou molécula, com exceção de tt· e OH- que compõem crw
na auséncia de molécula de água (complexo de esfera interna), representa íons adsorvidos
especificamente. Se existir pelo menos uma molécula de água, o complexo de superfície
(de esfera externa) é representado por íons adsorvidos não especificamente, cr Como 0
,
Potencial Eletrostático
lons em solução com cargas de mesmo sinal que a superfície são repelidos, enquanto
fons com cargas opostas são alrafdos. Por essa razão, o potencial eletrostático e a superfície
carregada podem exercer grande influência na adsorção das espécies carregadas. Essa
influência é incorporada nos modelos pela inclusão de termos nas equações que modificam
as atividades dos íons que se aproximam das superfícies carregadas (Allison et al., 1991).
A diferença de atividade entre íons próximos da superfície e aqueles distantes é o resultado
do trabalho elétrico na movimentação dos íons através do gradiente de potenci.:1I entre a
superfície carregada e a solução. A mudança de a tividade entre essas zonas está
relacionada com a carga do íon e com o potencial elétrico próximo da superfície e pode
ser expresso pela expressão exponencial de Boltzmann:
em que z = carga do íon x; (x; ) = atividade do íon x com carga z próximo da superfície;
(x2 ) = atividade do íon x em solução e fora da influência da superfície carregada; e·•iF/rn =
fator d e Boltzmann; 'I' = potencial elétrico de superfície no plano i (Volts); R = constante
dos gases (8,2054 x 1Q·2 L atm K 1 mol·1); F = constante de Faraday (9,6485 x 10·1 C moI· 1);
T = temperatura absoluta (K).
Todos os modelos de complexação de superfície contêm esse fator de correção
coulombiano e•,;,F/RT que leva em conta o efeito entre a carga da superfície e o íon.
(4)
Densidade de cnpncitíinciu
que, como o FITEQL, tem os programas de complexação de superfície, mas não otimiza
matematicamente as constantes desconhecidas. No entanto, pode ser utilizado para testar,
utilizando as constantes obtidas pelo FITEQL, a efetividade da simulação dos dados
experimentais de adsorção.
O programa de especiação química MINTEQA2 (Allison et al., 1991) contém os
modelos de adsorção eletrostáticos e não-eletrostáticos. Como o MINTEQA2 e o FITEQL
não contêm urna base de dados termodinâmicos para os modelos de adsorção, o usuário
deve fornecer o conjunto de reações de superfície e as respectivas constantes de
complexação intrínsecas de superfície. Os coeficientes de atividade podem ser calculados
pela equação modificada de Debye-Hückel ou pela equação de Davis.
Para o modelo tetraplanar, a constante de afinidade, K;, do íon com a superfície, a
adsorção máxima, o coeficiente de retroalimentação, m, e o potencial elétrico de superfície,
'!', são tratados como parâmetros ajustáveis. A adsorção máxima, no entanto, pode ser
obtida pela equação de Langmuir (veja capítulo XII), fixando, assim, seu valor. Além disso,
o modelo tetraplanar não utiliza as constantes de equilíbrio entre as espécies em solução e
a superfície dos colóides, como nos modelos de capacitância constante e triplanar.
Considerando a interpretação química do fenômeno de adsorção de cátions e ânions
em óxidos de Fe e AI e em solos, os modelos de complexação de superfície têm sido
freqüentemente utilizados para ampla faixa de pH e força iônica (Goldberg & Sposito,
1984; Goldberg & Glaubig, 1985, 1986; Goldberg et al., 1993a,b; Charlet et ai., 1993; He et
al., 1997). Além de proporcionar uma interpretação química da adsorção, também pode
evidenciar se a adsorção é específica ou não (Goldberg et ai., 1993a,b; Charlet et ai., 1993;
He et al., 1997).
Para B, por exemplo, pelo fato de o valor do pH de dissociação de 50% do primeiro
hidrogênio ser elevado, pK1 = 9,24, a variação da inclinação da curva de adsorção ocorre
em pH alto (normalmente acima de 8,0). Portanto, deve ser utilizada ampla faixa de pH
para visualização total do fenômeno e aplicabilidade do modelo em toda a sua extensão.
Hayes (1982) fez ampla revisão bibliográfica sobre adsorção de fosfato de acordo com o
pH, apontando os resultados divergentes pelo fato de os pesquisadores, na maioria das
vezes, trabalharem com estreita faixa de valores de pH.
o~
0 11
o-
OM'
OI li'
01-1:Aº
I.Jln
1
4_J
X.,
X
(5)
(6)
A carga da superfície de um mineral com carga dependente de pl-I é igual à carga
líquida de grupos OH mais a carga resultante da formação de complexos por meio de
adsorção específica com a superfície.
As reações de superfície são representadas pclc1s expressões de ação de massas.
Considerando a reação de protonação:
(8)
(9)
K = (soH;)
{SOH) + (H+)[e-ljlF/RT] (10)
(11)
(12)
e sua expressão de ação de massa,
cso-)(1-l+)[e-"'''/KI 1
K (13)
(SOH)
(14)
(15)
(50.M ')(H~)
K ( 16)
(SOH)(M~' )
K= (SOM . )(H' )
(18)
(SO H)(M 1 ' )le· 11rt,n 1
(22)
Considera-se que CHs•) = (J-1•) e ·'l'oFlln, em que J-I5 • é íon hidrônio próximo da superfície
e e:';,or-tnr é o fator de Boltzmann.
As constantes de equilíbrio são obtidas pelas equações:
(23)
, (SOH; H 2 BO~
Ku = (SOH)(H' )(1:-1 2 80:i)(c·'l'oFt RI ) (25)
l\1odelo Triplanar
O modelo foi desenvolvido por Davis et ai. (1978) e por Davis & Leckie (1978,
1980). Em contraste com o modelo de capacitância constante, o modelo triplanar presume
que apenas H' e OH· são adsorvidos especificamente, enquanto metais (M• e ligantes
0
)
(A-") formam complexos de superfície por meio de adsorção não-específica (Figura 5). A
carga da superfície é dada por:
Op
ºº 0d
. . OH
o·
o· M'"
OH/
: OH/ A"
4'o
r ~
4'
Xo Xp Xd
X
(27)
(30)
K = (SO.M•)(H')[e-'l'oP/RT]
(31)
(SOH)(Ivli. )[e'YpF/RT ]2
(32)
(33)
(34)
A constante de equilíbrio é:
(36)
(38)
l\ilodclo Tetraplanar
O modelo tetrnplanar representou um avanço s ignificativo em relação às equações
de adsorção, como as de Freundlich e de Langmuir (veja capítulo XII), embora o modelo
não utilize as constnntes de equilíbrio entre ns espécies em solução e a superfície dos
colóides, como nos modelos de capacitância constante e triplanar, o que o impossibilitn
de ser classificado como modelo químico ou de complexação de superfície. Além disso,
no modelo tetraplanar, a constante de afinidade do íon com a superfície, a adsorção
máxima, o coeficiente de relroalimentação e o potencial elétrico de superfície são tratados
como parâmetros ajustáveis. A adsorção máxima, no entanto, pode ser obtida pela
equação de Langmuir, fixando seu valor.
O modelo foi desenvolvido por Bowden, Barrow e colaboradores (Bowden et nl.,
1977; Barrow et ai., 1981; Barrow, 1987), para superfície de carga variável de óxido
artificialmente produzido, que pode entrar na composição dos solos, tal como a goethita.
Charmas & Piasecki (1996) e Charmas (1998) fizeram estudos detalhados sobre o modelo
tetraplanar, evidenciand,o, respectivamente, a dependência da capacitância elétrica dn
força iônica do eletrólito suporte e o aprimoramento de expressões do modelo, levando
em conta a heterogeneidade da superfície de adsorção de óxidos. A figura 6 ilustra o
modelo, que pode ser assim resumido, de acordo com Bolan & Barrow (1984): presume-se
que a superfície possa ser representada por um plano uniforme e que a complexa
distribuição dos íons próxima da superfície possa ser simplificada, sendo os íons
alocados em vários planos de adsorção.
Os
º· º'' Od
OH J\d,;ol{.lo
o· Espcclf1,.i: Adson;Jo
o· M." Nllo•
0 11/ Es~'C.lfiCil
Ollz' A""
1
1
>.: ------►
1
l
l
l
!!
QulMI CA E MINERAL OG IA 00 S o Lo
850 JOSÉ CARLOS CASAGRANDE & MARC!O ROBERTO SOARES
a - --
e (40)
1• - 1 - 8
Isolando 8, obtém-se
8=~ (41)
l +a ..
K, a,ce-''',F/RT
e 1 +K; a,c e-'l',F/RT
(42)
(43)
adsorção sobre a carga (Bowden et ai., 1980; Oarrow ct ai., 1981). O modelo é considerado
abrangente, pois descreve, de forma consistente, a adsorção de cátions e ãnions para
ampla faixa de pH. Quanto ao realismo, segundo o próprio Barrow (1987), o modelo
pode ser criticado pelo fato de as reações de superfície não serem especificadas.
Cas.1grande et .il. (2003) estudaram nmostTas de três Latossolos Vermelhos ácricos do
norte do Estado de São Paulo e obtiveram simulação bem-sucedida da adsorção de sulfato
(Figura 7) e de fosfa to (Figura 8) pelo modelo tetraplanar, porém com valores de potenciais
elétricos não-realísticos.
(,00 1-1.3 m
a
500
a
400
4
300
4 200
a o
100 o pH3,9
.o. pH 6.4
0-0,2m o pl-18.2
o
o 10 20 30 40 50 60 o 10 20 30 50 60
so;·em solução (C.), mg L'
Figu.ra 7. Adsorção de sulfato determinada (marcadores) e simulada pelo modelo tetraplanar
(linhas) de acordo com a concentração de equilíbrio (C.), para diferentes valores de pi-! de
amostras (superficial e subsupcrficial) de um Latossolo Amarelo ácrico (LAw).
Fonte: Casagrandc cl ai. (2003).
2600 1-1,2 m
2liOO 0-0.2 m
2400 o
2400
2200 2200
a
..J 2 2000
t
ô
1600 11100
'Q 1600 1600
o
"E 1400 a HOO o
~ a
D
'Q 1200
o 1200 6
e. l (XX) lroJ
800
600 o pH 5,0 O pH 5,0
(AI /:. pJ-16,0 600 /:. p H 6.0
o H7,0 •100 O 1-1 7,0
41XI
o 50 100 150 200 250 o 50 100 150 200
P cm s11luçào (C.). mg L''
LITERATURA CITADA
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l!l l'r ªº'. '
a111ons on thr ~urf,1 cc-rhar,;e oí va n ~•blc ..:hJrgc, oxide!,. J. Soil Sei., 35·273-2tn , 1% •1
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1
1
1
Nand Kumar Fageria 11, Adelson Paulo Araújo71 & Luís Fernando Stone11
" Embrapa Arroz c feij~o, CP 179, 753íS•OUU, Santo Antônio de Goiás (GO).
íageria@cnpaf.embrapa.br; s lone@cnpaí.embrapa. br
!' Dcpartamcnlo dc Solos, Universidade Federal Rural do Rio dc Janl.'iro, 23890·000, Scropédica (RJ).
ap.iraujoliJJufrj.br
Conteúdo
ACIDEZ ATIVA (pt-1) ····-·--·····- ···.. ··········--······-·-···... ···-·····--···....... ____....._ ..... _ .._.............- -. 86,
POTENCIAL REDOX ··--·-··..····..······..........._....- .... _ .. _ .................____._... --···..· · - -- ..- ··· 86-!
CONCENTRAÇÃO E DISPONIBILIDADE DE NUTRIENTES ............._ ..._ .._······--.. - ·..· - -...- .... 865
Nilrogê!nio ·- ·--..- -···--- ·.................. _ ._····---- -..- ·.......-..···--··· ..·-··-··-···- ·· - - ·- · - ---- -· 867
fósforo·- ---··-··-_....-...- ..............................._...............................- .... - ·- .. ·-··..- ·.. ···-· ....·-· · · -.. S68
Pol.issio, Cj[cio l' M,1gnésio ........- ... - ..............................·-··••·•.. ·· ...· ......- ..... _ __ _ •···......... _ ....._ ..... 871
Í'l!ITO •. - .... .. - ........ - . ... - ....... . .- . . . ............ .. ........................................ ........... •- -- -- ••- • - - .. - ..- ... 87">
Zinco, Cobre e Manganés ......... _ .-.....................- .....- ....- ...................- ....... _ _ _ _ ·- -..- -.- S73
Boro e Molíbd~nio ............_ .. _ .............- ..- ...........- ......... ........ .................·- -·-· -· -- -....- - - · - - 87J
REDUÇÃO DO ALUMINIO TÓXICO ..- - -· . -........... _........... - - -· - - - - · - - - - -.... 87-l
FITORREMEDIAÇÃO DE METAIS PESADOS ................. - ·..·-·-··-·- - - ·- -..·- - -·-· - ---·.. 875
A LELOPATIA .............- -..- -·-· ................ ..... _ ..............- .......... · - -.. --··--...... - - · -----· - -...- ... 876
CONSIDEJUÇÔF.S í-lNAIS . .........•-· ..- ... - ..- ·- -..·--- ..- · ..- -. ................- ..- ...--... ·- ····- 877
LITER ATURA CITADA ......- ..... - .. _ .... - .- ·.... .... - - - · · • .. _ . - .......- -·-··•·· ....._ ................... _._. 878
INTRODUÇÃO
O sis tema radicular tem muitas f unçõl!s essenciais aos vegetais, dentre as qu,1is se
tfostacam il absorção de água e nutrientes, a fixuçào ao solo e o t'st,1bekdml.\Olo dé
sues. Vit;11SJ, 2009. Qu lmka ,, r.1 llh'r,1log 1., do Sl•lo, C111lCl'I los ll,blrnf- l' "pi ic,1çfü,,,, u~ 1 p
(1•df.. VonJ cr Jc r,cilitS t.folo l' Lul:, lfoyr1Jldo F,•rrncciu i\lle 11111).
858 NANO KUMAR F AGERIA ET AL.
interações com organismos do solo. Muitos desses processos ocorrem em uma estreita
camada de solo ao redor das raízes, denominada rizosfera. A palavra rizosfera foi
utilizada, pela primeira vez, em 1904 pelo cientista alemão Hiltner, para descrever as
interações enlTe microrganismos e raízes de leguminosas. Hiltner observou que a presença
dos microrganismos era muito maior no solo adjacente às raízes das plantas e chamou
de rizosfera essa zona de solo na qual os microrganismos eram influenciados pelas raízes.
Atualmente, sabe-se que tais interações variam com a espécie da planta (Quadro 1),
constituindo tópico de fundamental importância no conhecimento das relações solo-
planta.
Várias definições de rizosfera têm sido apresentadas nas últimas décadas. Dentre
elas as mais citadas são: i) zona de solo imed iatamente adjacente às raízes das plantas,
na qual os tipos, quantidades ou atividades dos microrganismos diferem do resto do
solo; ii) volume de solo influenciado pela a tividade do sistema radicular e; iii) solo
adjacente às raízes com um ambiente físico, químico e biológico diferente do restante do
solo (Fageria & Stone, 2006).
A extensão da rizosfera não é definida precisamente, porque os organismos variam na
sensibilidade a substâncias voláteis e solúveis liberadas pelas raízes. Além disso, a extensão
do efeito da rizosfera depende da capacidade de difusão no solo dos compostos liberados
pelas raízes e do grau de umidade do solo. Alguns au tores mostraram que a rizosfor.1
estende-se por 1 a 3 mm a partir da superfície das raízes, enquanto outros autores estimar.1m·
na entre 2 e 5 mm (Yeales & Darrah, 1991; Mengel et ai., 2001 ). Entretanto, dependendo dos
gradientes de substâncias orgãnicas, microrganismos, pH, 0 2, CO, e H,O, a rizosfer,1 podl'
estender-se até 20 mm. Quando são considerados íons móveis, co;no e; nitr,,to, a rizost-.?r,1
pode es tender-se a vários milímetros a partir das raí:tes, mas para íons pouco móvl'is, f{ltlll1
o fosfato, a extensão da rizosfora C• frcqücnll'llll•ntc limitaJa il menos de 1 mm (Hubel & fk\.'.k,
1993). A extensão es padal_ci.J riwsfern também vari,1 com ns es pécit:'s dt:' planl,ls, em virtud~
de diferenças entre espécies em relação ao crescimento'-' ao dcsciwolvimcnto elo s i ll'll1il
rt1dicuJar e, indiretamente, ,1 simbím,c• com fungos micorrizkos ( Uohm, 1991 ).
ECfORIZOSFERA ENDORIZOSFERA
~ ~n
lj
/1 CILINDRO CENTRAL
PELO RADICULAR
~ (Xilcma, íloema)
MUCIGEL
~ ~ EPIDER,\IE
~ ~
{Planta & Bactéria) - - -•.w-'t
CÓRTEX
~ ~ ENDODER.ME
~
H
R
~
\1
~l
~
~
COIFA
CÉ LULAS APODRECIDAS
DA COIFA _ _ _ _ __
MUDANÇAS QUÍMICAS
•pH
• l'ntcncial nidox
• Liberação Je compostos orgãnicos
• Conccntr.iç.io e di5ponibilidadc de nutrientes
• Dcst'ntoxica,;.io cauSilda pelo alumfnio
• Fitorremediação de metais p,.'s aJos
autólise de ci'.!lulas velhas; iv) mucilagens - polissacarídeos da coifa da raiz, célulns dc1
coifa da raiz, parede celular primária e outras células e; v) mucigel - material gelatinoso
de origem vegetal ou microbiana.
Os termos exsuda tos e exsudação são algumas vezes usados coletivamente, e talvez
incorretamente, para incluir todos os compostos orgânicos liberados pelas raízes, bem
como os mecanismos envolvidos na liberação de compostos orgânicos. Os principais
mecanismos de liberação destes compostos são lixiviação e secreção. A li xi viação envolve
a difusão simples desses compostos devido a suas maiores concentrações dentro das
raízes em comparação com o solo. A secreção, por sua vez, requer energia metabólica
porque ocorre contra gradientes ele concentração (Pepper & Bezdicek, 1990).
Açúcares e aminoócidos provêm energia para os microrganismos na rizosfcra que
mineralizam ou solubilizam compostos fontes de nutrientes. Os compostos orgânicos
Hberados pe la rizosfera podem estimular a decomposição cl,1 matéria orgânica do solo,
mas este efeito varia com a e.spécie vegetal e a relação C:N dos compostos depositados
(Cheng et ai., 2003). Os ácidos orgânicos liberados pelas raízes, compostos de baixo peso
moleculilf que apresentam um ou mais grupos carboxílicos, estão associados a vários
processos como mobi1izaçào e adsorção de nutrientes, d etoxificação de efeitos causados
por melais, prolife ração microbiana na rizosfera e dissolução de núnerais do solo Qones,
1998). A liberação de mucilagens protege as extremidades das raízes d e Injúrias e
dessecação, bem como exerce papel importante na ad sorçi'lo de nutrientes por mei o de
sua capacidade de troc.i de cátions dependente do pl-1 (Jenny & Grossenbachcr, 1963).
Acidas fenólicos e~ udados pelas rai:t:es agem como sinalizadores para microrganismos
É preciso salientar ~ue o íon H2 PO/ reage não só em presença de All• e Fe3·, mas
também pode ser adsorv1do pelos óxidos insolúveis desses elementos (veja capítulo ViJI).
As mudan~as no pl-1 da rizo~fern estão associadas principalmente com o balanço
entre a absorçao vegetal de i:át10ns e ãnions e, em menor escaln, a e xsud,1ç,\O di.!
ácidos orgânicos, a respiração ~e raízes e microrganismos e alterações no potenc_iJI
redox. Como as plantas
.
ne>cess11am manter O cqu'ilf•·r · d
u 10 e cargils e o p 1 u
H ,., interior .
das c~lulas pr6x11nos da neutralidade, ocorrn" l'i·b ernçao- ou consumo d"'e F,r(ltll l\~,
res ultando neste cnso no " •io d e prót uns ou l le 1, 1•u,lroxiluS
. aumento d,1 concentr,ç" · no.
apoplas to para ncutr,11Jzar o dcsenuilíbrio
·• "ntr.
e a ,\ l1sorçao
- e é e,,-"' t'10n. 5 1:, ':\nioll>
~ 1
Quando mais cátions são absorvidos, mais 1-r• é liberndo pelas rnízcs e o pH da
rizosfera decresce, Por outro lado, quando mais ânions são absorvidos, o excesso de
cargas negativas é compensado pela absorção de prótons (ou liberação de HCo;\-
resultante da carbonatação de OH-), e o pH da rizosfcra aumenta.
O N tem imporlante papel no balanço cátion-ãnion, por ser o nutriente absorvido em
maiores quantidades ou, cm algumas cultu1·as, em quantidades pouco inferiores ao K.
Além disso, o N pode ser absorvido como cátion (NH/) ou ânion (NO:n, ou obtido na
forma neutra de N 2 atmosférico no caso de plantas em associação com microrganismos
diazotrôficos. Quando mais N é absorvido na forma de NH/, mais J--i> é liberado pelas
raízes e o pH diminui. Por outro lado, quando o NoJ- é a forma preferencial de absorção
de N, ocorre aumento da concentração de OH- na rizosfera e o pH aumenta. Ademais,
cerca de 70 % dos cátions ou ânions absorvidos pelas plantas são NH/ ou N03-
(Beusichem et ai., 1988). Geralmente, em solos bem aerados, N03- é o íon dominante e,
sob condições reduzidas (como no arroz inundado), predomina o Nl-1 1• . A absorção de
NH4• ou de N03- pode mudar o pH da rizosfera em até duas unidades para cima ou para
baixo, comparado com o restante do solo (Mengel et ai., 2001).
Em leguminosas em simbiose com rizóbios, em que parle do suprimento de N é
oriunda da fixação biológica do N 2, nota-se maior absorção de cátions que de ânions,
com a conseqüente liberação de H• pelas raízes e redução do pH da rizosfera. A
redução do N 2 atmosférico, associada com a assimilação do NH/ produzido, gera
0,33 tt• para cada N fixado (Raven et al., 1990). A acidificação da rizosfera em
leguminosas dependentes do N simbiótico está associada ao maior aproveitamento
de fontes de P pouco solúveis e à maior aquisição de Fede solos calcários (Raven et
ai., 1990).
O pH é também modificado pela excreção de ácidos orgânicos pela atividade das
raízes e microrganismos na rizosfera. Ácidos orgânicos, como cítrico, oxálico e málico,
encontram-se em elevadas concentrações nas células radiculares; e urna proporção
substancinl pode ser exsudada na rizosfera de algumas espécies (Jones, 1998). Como tais
ácidos orgânicos estão dissociados no citosol, e desta forma exsudados pelas raízes
como ânions e não corno ácidos, sua contribuição para a acidificação da rizosfera estaria
associada principalmente à simultânea liberação de H • pnra restabelecer o balanço cátion/
ânion na célula (Jones, 1998). Ademais, a respiração das raízes e dos microrganismos na
rizosfera pode causar modificações substanciais na concentrnção de CO2 na atmosfera
edáíica, e esse CO2 produzido pode dissolver-se na solução do solo, formando ácido
carbônico e baixando o pl-1 (Hinsinger et ai., 2003).
Qualquer que seja a origem das mudanças no pH, modificações de uma a duas
unidades de pH tem sido comumente relatadas na rizosfera de várins culturas
(Hinsinger, 1998). Entretanto, a medição da mudança do pH da r izosfera não
constituiu necessariamente um indicador adequndo da disponibilização de H' ou
OH- pelas raízes, uma vez que solos com diferenças no poder-tampão podem
apresentar resposta distinta na alteração do pl-1 induzida pelo cresci mento veg~tal
(Schubert el ai., 1990). Cabe ainda destacar que alterações do pH da rizosfora podem
variar ao longo do sistema radicular: como 1-1· penetra passivnmente pela pJrte apkal
da s raízes e é exsudado ativamente em regiões nwduras do sistema radicul.1r. ,,
rizosfera ao redor dos ápices radiculares é em geral mais alcalina que no restante das
raízes (Raven et ai., 1990).
A modificação do pH da rizosfera pode influenciar a disponibilidade de nutrientes,
a atividade de íons tóxicos e o metabolismo de raízes e de microrganismos. A
acidificação da rizosfera pode solubilizar várias fontes de macro e micronutrientes de
difícil solubilidade. A excreção radicular de I-1' na rizosfera mostrou-se um mecanismo
eficiente para aumentar a absorção de micronutrientes, exceto para o Mo, e mostrou-se
efetiva para aumentar a absorção de Zn, quando comparada com a excreção de agentes
complexantes (Fageria et ai., 2002). Entretanto, quando o pH da rizosfera foi muito
baixo em decorrência da liberação de H + e ácidos orgânicos pelas plantas, observou-se
efeito adverso na absorção de alguns nutrientes. Por exemplo, em solos ácidos, o Pé
fortemente adsorvido em óxidos de Fe e AI. Além disto, pH muito baixo pode provocar
toxidez causada pelo teor elevado de AI e prejudicar o crescimento radicular e a
absorção de nutrientes. Algumas espécies de plantas, entretanto, podem aumentar o
pH da rizosfera em condições ácidas e diminuí-lo em condições neutras ou alcalinas,
demonstrando a capacidade de as plantas adaptarem-se a condições adversas
(Hinsinger, 1998).
Embora haja várias evidências sobre a indução de modificações do pH da
rizosfera pela atividade vegetal, a contribuição desses mecanismos na absorção de
nutrientes em cultivas em condições de campo permanece não quantificada (Gregory,
2006). Apesar disso, como é muito restrita a região do solo de onde os nutrientes
são absorvidos, o pH da rizosfera deve assumir importância maior do que o pl-1 do
restante do solo para determinar a disponibilidade de alguns nutrientes (Gregory,
2006).
POTENCIAL REDOX
orgânica conslílui íl fonte primária de elétrons para as reações redox de n;itureza biológica
no solo, mas a aeraçào, o pH e as atividades radiculares e dos microrganismos também
influenciam essas rt>açõcs. Reações rcdox na rizosfern podem também ser influenciadas
por meb::ibólitos orgânicos produzidos pelas raízes e microrganismos (1-Iinsinger et c1I.,
2003).
Os processos rcdox na rizosíern esti\o intrinsecamente ussociados com mudanças
no pJ-1, visto que mudanças no eslíldo de oxidc.1ção do Fe, Mn e N alteram a produção ou
consumo de I-r (veja cc.1pflulo XX). Em condições anaeróbias, il redução do Fe3• cm Fe2 • é
ílcompanhada da oxidação de outros compostos como a matéria orgânica e o consumo
de H' (Hinsinger et c1I., 2003):
CONCENTRAÇÃO E DISPONIBILIDADE DE
NUTRIENTES
cm que os fons são c,Hrcnclos nlé às rnfzcs pelo fluxo lrnnspiratório vegetal, il absorção
seletiva dos mcmbrnnns celulares cnusa grndienlcs ele conccnlrnçiio cm torno dns raízes
de diferentes intensidades e clircçôcs. Quando o fluxo de massa supre um nutriente
(como n Cn) em taxa superior que n nbsorvicla pela planta, o nutricnlc acumula-se na
superfície r;idicular (Figurn 3). Qu;indo a laxn de absorçilo de um nulricnlc (como o K
ou P) é m;iior que a ele água, il concenlração clesle nutriente nn rizosícrn diminui. Isto
cria um grndienle de concenlrnçi\o entre n superfície rndicular e o solo, o gue acarreta
a difusão desses fons cm direção n raiz (Gregory, 2006). Este grnclicnlc de conccntraçfio
estende-se nté grandes dislâncins da superfície radicular, dependendo da tnxa ele difusão
do íon na solução do solo e do tempo cm que persiste este processo (13arber, 1984;
Figura 3).
a b
(.()nn d~ ncumulnçl\o
conccnlrnçilo
eia~~ÕIÜção
wnJ de ueplcçOo
Dist.'lncla dn rai1.
1,0
,. 0,8
>
·.e
,a
~ 0,6
o
110
V
10
!J
~ 0,4
u
e
8
0,2
0,0
o 0,1 0,2 0,3
Distância da raiz, cm
Nitrogênio
Microrganismos simbióticos, como as bactérias do grupo dos rizóbios, e, em menor
extensão, microrganismos não-simbióticos, podem aumentar a acumulação de N pelas
plantas a partir da reação enzimática de redução do N~ atmosférico, processo conhecido
como fixação biológica de N 2• A contribuição da fixação de N 2 efetuada por rizóbios em
simbiose com leguminosas varia de acordo com a espécie vegetal, a estirpe do rizóbio e
condições ambientais, mas, em geral, situa-se entre 50 e 300 kg ha·• de N (Boddey et ai.,
1997), Organismos diazolróficos de vida livre podem contribuir com quantidades
significativas de N para algumas culturas, e a rizosíera propicia energia e nutrientes
abundantes para efetuar a redução do N 2• Entretanto, esses organismos competem com
os demais da rizosfera, e as quantidades de N fixado são menores, situando-se entre 15
e 30 kg l,a- 1 de N por ano (Doddey & Dõbereincr, 1995). Além de suprir as plantas com o
N fixado, os organismos da rizosfera influenciam grandemente o ciclo do N no sistemu
solo-planta, por meio de processos como mincralizc1ção (conversão de um elemento da
forma orgânica em inorgânica), imobilização (conversão de íons inorgânicos como NO'.1- e
NH 4• para a forma orgànica), nitrificação (oxidação biológica de Nl-14• para No1- e N03-) e
denilrificação (reduçJo de NOJ- para NO2·, NO, e N2).
As plant,1 s tém capacidade de liberar em sua rizosfor~ o ilmônio não-trocáve l fixado
pl'las ,1 rgilas (Mcngel el· ai., 1990). Scherer & Ahrens (1996) ob~ervarum que il depleção
du NI-l/ na superfície das rafzcs contribuiu parn a liberação de Nr-t~· não-lroc.ivd na
riz.osfora Jo azevém (Lvli1111111111/tiforum) e do trevo vermelho (Trijoli11111 prt't,•11:-i:). Adcn1.iis,
Fósforo
Mudanças físicas, químicas e biológicas na rizosfera podem estai- associadas com o
aumento na disponibilidade de P na vizinhança das raízes e, conseqüentemente, com
sua absorção (Figura 4) . A concentração de fosfato na r izosfera pode decair a valores
50 % inferiores aos iniciais após poucos dias de absorção, cr;ando uma zona de depleção
que pode estender-se até cerca de 2 mm da superfície radicular Uungk, 1987). Tal depleção
provoca um reabastecimento do P por difusão a partir da fase sólida, dependendo do
tempo e das condições físico-químicas do solo (Barber, 1984) . Esta intensa depleção da
concentração de P na rizosfera pode levar à acentuada dessorção de P da fase sólida do
solo, aumentando a utilização de formas menos lábeis do nutriente (Hinsinger, 2001).
Plantas deficientes em P podem operar mudanças na rizosfera, visando a aumentar
a absorção desse nutriente, que envolvem a modificação da morfologia radicular (como a
produção de raízes mais finas e raízes proteóides), o aumento da densidade e
comprimento de pêlos radiculares, a provisão de fotossintatos para exploração do solo
por fungos micorrízicos para além da rizosfera, a liberação de fosfata.ses, para hidrolisar
o P de formas orgânicas, e a liberação de ácidos orgânicos e H+, para solubilizar p
inorgânico (Figura 5).
Exsuda.tos radiculares liberados na rizosfera contêm radicais fosfatados sujeitos
à transformação microbiana. Além disso, vários processos microbianos que incluem
mineralização, imobilização e solubilização de fosfatos inorgânicos também
influenciam a disponibilidade de P para as plantas (Vance et al., 2003). A eficiência de
absorção de P do amendoim (Arachis hypogaea) foi associada à alta solubilização de
fosfatos de Fe e AI por exsuda.tos de quelatos de células da epiderme radicular (Ae &
Otani, 1997).
As raízes de plantas podem secretar fosfata.ses, que constituem amplo grupo de
e nzimas capazes de hidrolisar ésteres orgânicos de P no solo em p inorgànico,
contribuindo com a aquisição de P pelas plantas (Figura 5). A maioria das fosfata.ses
secretadas na rizosfera tem maior atividade em pH entre 5 e 6, sendo, nesse caso,
denominadas fosfatases áci das (Duff et ai., 1994). Em várias espécies vegetais, as
fosfata.ses ácidas liberadas pelas raízes aumentam com a redução da disponibilidade de
p na solução, indicando ser a secreção de fosfatases induzida pelo requerimento de p da
planta (Vance et ai., 2003). A atividade de fosfatases ácidas na rizosfera te rn sido associada
à maior capacidade de algumas espécies, ou de genótipos dentro de uma mesma espécie,
de obter P de formas orgânicas do solo (Vance et al., 2003) .
1-1+
PartícuLJs do solo
Fosfato de Ca
Ânios
carboxilato
Difusão
-
g
--
_,.
---- ►
Troca~
ligantes
Fosfato de Fc e AI
P-ésteres orgânicos
insolúveis
., Carboxilatos de \
+-(
,...__ _,_\
- -2Hpi+ Ca, Fe ou AI
+ H:f'Oi
Q uadro 3. Conce ntrações de ácidos orgânicos e dl:' ãnions na rizosfera Je raízes proteóides
e de raízes norma is e na soluçJo do res tante do solo de tremoço (L11pi1111s a/bus)
µmal L·l
Citrato 10,9 1.231,3 6,3
Oxalato 3,0 16,7 3,2
Maiato 1,7 3,0 0,2
Acetato 19,4 54,0 25,3
Proprionato 6,3 6,6 6,5
Lacta to 33,4 29,1 33,6
Fosfato 163,2 70,9 184,2
Nitrato 101,6 33,1 301,6
Sulfato 19,8 26,2 45,8
fon te: Adap taJo de Dcs.s ureaull-Rompré ~t :il. (2007) .
Ferro
As plantas desenvolverilm difere nte:. m ec.1ni mos para a ilquis iç,io de Fe c m solos
com baixa di s ponibilidJde d este n utric-nlc. As pla ntas s 5o c lass ifi cadas quanto à
aquisição de Fe em solos com baixo teor desse elemento, o u q uanto:- ildaptilçâo ao es tresse
de deficiência d e fe, como plantas com estratégia I e plantils com es lratégiil li (1' larschner.
1995). Nas plantas com estratégin 1, como ns e uclirnti lcdó neas ou monocotiledôncas
n ão-gra míneas, a solubili zação do Fe · é ge r,,lmente m ed iad.1 pela acidific.ição cl,1
rizos fera, pela complexação com compostos que lantes e pela redução a f-c 1 ' , que l' fei ta
pe las raízes, provavelmente po r um transport.idor es pec ífico pêlra r:c 2 • (Ncumann &
Romheld, 2001 ). Essas rcspostéls rndi culMes são gl!ralmentc co nfinildas às zo nas
suba picais das raízes e estão associadas com dis tintilS mudilnças n.1 m orfol ogia radicular,
como engrossamento das extremidades dJs rníz es e forma,,1o d e cé lulils rizodermais de
tTansfer ê ncia. A acidificação ela rizosfera cm resposta n dcfi c iencia de f e é mais
provavelmenlc mediada pela ativação da 1-1 '-ATPase da plilsmalcma (Ncumann &
Romheld, 2001 ).
Já as gramíneas a dquirem fc de solos com ba ixo teor deste elemento por um
mecanis mo conhecido como estratégia li. Em rt>sposta à deficiência de fe, as gramíneas
são capazes de liberar consideráveis quantidades de aminoácidos não-protéicos, como 0
ácido muginé ico e seus de:ivados, conhecidos como fitosideróforos, que constituem u~n
gru po_de exsuda tos das ra1zes que exibem fortes propriedades complexantes com relaçao
ao Fe·'' (Neumann & Romheld , 2001). A liberação d esses fitosideróforos ocorre
1
predominantemente na zona suba picai das raízes, e esses quelalos são estáveis mesmo '
,~alo~es ~e ~H ~o solo .superio~es .ª 7 (Neumann & Romheld, 2 oo1).
A libera~ão d:
fitos1derofo~ os e um f~nomeno ntm1co, res trito a um período de 2 _8 h após O s urg1111ent
5
da
•
luz
•
do dia (Takag1
•
et ai., 1984).
_
Entretanto, a niae 1or
· 111n1
• ·t·açao
- para a e ficiência do)
f1tos1deróforos
. _e sua degradaçao
. pelos microrgani·s
. mos d a nzos
. fera (\A.
·~, ·iren e t 'ai ·• 1993
. !e·
Sendo os s1deroforos produzidos somente em resp os t·a a• d e f"1c1enc1a
.. . d e F·e, a \.1,uantidac
'
Q UI MI CA E MI NERALOGIA DO S OLO
XIV - MUDANÇAS QUÍMICAS NA RIZOSFERA 873
Boro e l\1lolibdênio
A disponibilidade de B e t\fonos solos é fortemente influenc'i.lda pc-lo pl-1. Admih.'-se
que alternções no pH da rizosfera poss,1111 motlificar n disponibilidad(• destes
micronutrientes, mas as evidências experimen tais neste sentido s,\o esc,1.ss,1s.
O aumento do pH do solo cil USil modificações nas fo rmas solu vcis de 13, co m a
progres s iva dis sociaçJo do H , 13O, c m 1-1 2BO,·, cc1 usc1ndo c1u1nento na ads o rçjo do 13 nos
colóidcs do s olo e a redução n.i tc1 xa de absorçJo pel.1s raí zes (Ba rber, 1984). Em feijoeiro,
o aumento do pH do s o lo d e -1,9 p::1ril 7 diminuiu cm 80 % a abs o rçJ o de 13 (Fagcria et ai.,
2006). )5 o fornecimento dei· como NH ,· a plantas de soj;:i aumentou <l abs o rção de 13, cm
conseqücnciil d.:i rcdu ç.30 do pH da ri zosfcra (Bilrber, 198-1). É relatado qu e n a rizos fera
o 13 n e utraliz,il o cfeito tú-.;ic0 do AI n o crescimento das plant<1s dicotiledóneas (Blev ins &
Lukaszcwski, 1998).
A disponibilidade de Mo nos solos é fo rt em ente influenciada pelo pH, com au mentos
da ordem de dez vezes nils concentrações de Mo cm soluçé1o para cadn ,mmento de uma
unidade do pH (Ba rber, 1984) . Alé m disto, ;i adso rçã o de ~10 n os coló icles do so lo diminui
com o aumento do pH e, cm gerill, ., pr,Hic.1 de cal,1gcm res o lve o proble ma de deficiencia
d e Mo em s o los ácidos. A alcalinização d a ri ;:oc;fer,1 cm p lanta s s upridas com Nol·•
assim como a zona de maio r alcalinidade 11.1s regiões .1pic,1is da rnízcs . c m conseqüência
da absorção local de l·i', pode .issumir impo rt;\ncia pilra a ,,quis ição de Mo c m solos
ácidos (Raven et ai., 1990) , ma s nã o s."lo disponíveis re s ultados experimentais
compro\'ando tal fenô meno.
ALELOPATIA
CONSIDERAÇÕES FINAIS
e m plantas sob condições d e estresse nu tric io n.il, devendo ser estabelecidn a mngnitudc
da contribuiçã o d esses m ecanis mos parn a nbsorção d e nutrie ntes c m co ndições
a g rícolas. A s m e dições i11 s i/11 n.i ri zosfe rn são muito escassas, e m virtu de das
dific uldades técnicas d e mens urações p ontuais, em pequenos volumes d e so lo, e pelo
distúrbio d o movime nto iônico que ocorre sempre que umn a mos tra é re tira d a (G regory,
2006). A m o dela gem mate mática te m contribuíd o para e luc id a r a natureza e a
contribuição re lativ a dos dife rentes processos o p e rantes n a ri zos fe ra, mas torna-se
muitas vezes difícil con s ide rar as inúmeras variá veis espaciai s e te mpora is que
influem nas interações entre o solo e a plantn .
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XV - DINÂlVIICA DE PESTICIDAS NO
SOLO
1
' Departamento de Agronomia, Universidade Estadual de Maringá, A v . Colo mbo 5790,
87020-900, M11ringá (PR).
rsojunior@ucm.br
21
L.lboratório de Ecotoxicologia, Centro de Energi11 Nuclear na Agricultura, Universidade de Siio
Paulo, CP96, 13400-970, Pirncicaba (SP).
regitano@ccna.usp.br
Conteúdo
LITEl<ATU IV\ crr,\ DA ··- · ..- -····--··-•·-· -··-···· .. ·---·~-·- ·--··- -·-···· - - -·....··---·-· 937
58CS, Viços a, 2009. Qulmic.i l! t...tincralogia cios.o.lo, Con.Cl'Ílos 1.1.is ico~ I! l\ pli,·.,ç('ll•~. tJtHp .
(cd~. Vandcr dr. Frdt.is Mdo e Luís Rcy n uldo Ferracc1u Allcom).
884 R UBEM StLVÊRIO DE ÜLJ VEIRA J R. & J uSSAR/\ B ORGES R EGITAIIO
INTRODUÇÃO
A importnncia dos pcs ticid;is p.ir,1 o sistcnrn agrícol.i é indiscutível, um;i vez que
eles constitue m p,1rte dos insu mos bnsicos. No cnt.i nt o, é íuncl.im cnt.i l q ue eles sejam
adequadamen te utili zados p ~Ha que seja prcscrv.id;i a 'lllülicl.ide não só do produto
fin;il colhid o, m as também dos próprios recursos n;iturais finitos que s us tentam il
produção, espec ia lmente o solo e a águél. Vários pcs ticidüs s ão élplicélclos diretamente
.10 solo, principalmente os hcrbicidils pré-emergen tes, e g r.indc p.irtc daqueles aplicados
e m outros alvos, tais como insetos, fungos ou nematóides, ta mbém <1caba chegand o ao
solo, direta ou indiretamente. Assim sendo, o solo atua como "depós ito final " dos
pesticidas agrícolas.
A m aio ria dos pesticidas compreend e molécul.1s org.1nicas, com características
hid rofóbicas e massas molares maiores do 'lue ns dos íons inorgã nicos, tais como Ca 1· ,
Mg~·, K-, SO/·, NOJ e Hp0 1·, naturalmen te encontrados na soluçi'io do solo. Portanto, as
interações físico-químicas entre üS moléculas de pes ticidas e ;is partículas do solo são
relati vamen te distintas do que é tradicionalme nte conceituado nas disciplinas de química
e fertilidade do solo. Dentro deste contexto, torna-se fundamental estabelecer os princípios
básicos que regem a dinámica de pesticidas no ambiente do solo.
Neste capítulo, pretende-se revisar os principais processos que ditam o destino de
compostos orgânicos hidrofóbicos, tais como os pesticidas, quando estes atingem o
solo. Énfase é dada ao processo de retenção, tendo em vis tc1 a importância do c1ssunto
e associação direta à temática do livro: Químicü e Mineralogia cio Solo. Exemplos e
implicações dos processos de retenção, trnnsformação e transporte de pes ticidas são
discutidos, tanto para o ecossis tema agrícola quanto para o ambiente. Os herbicidas
compreendem a maioric1 dos exemplos citados, cm virtude da maior expcriêncic1 dos
autores com esta classe d e produtos; no e111'anto, os conceitos aqui apresentados são
aplicáveis também a outros produtos, como os inseticidas, fungicidas, nema ticidas e
bactericidas.
j i.,-n,;,,I írclucu 1
Quadro 1. Propriedades físicils e qulmicas dos pe!-ticiclíls que influencia m se u des tino no nmbientc
Quadro 2. Dissociação dos principais herbicidas registrados para uso no Brasil e respectivos
valores de pKa: o fato de mais de um valo r de pKa ser relatado pod e ser re lacionado com
a presença de grupos químicos passíveis de ionização dentro ela molécu la, ele formas
químicas disponíveis em relação ao princípio ativo ou, ainda, com a simples discrepância
entre fontes
Continua ...
Quadro 2. Continuação
Quadro 2. Conlinu.1çJo
111 Primei el ai. (2005); OJUnivl!rs ity o{ H ertfordshire & f.ootprint (JOOS)· l'I\ I . (JOQ.,)· ,,1uSDA (:til15),
is, Spad otto ~t a1..(-JOO~)
:> ;
l•J D
even dra e t a1. ('>O -
- 04); n cennari e t ai. (199-1); enet 11 EnvironmentJ1
' "'Cantox - - ' l:(l().."').
ND = Niio-dispomvel.
Pesticidas Não-Iônicos
Os pesticidas não-iônicos não reagem com a água e não apresentam carga elétrica,
independentemente do pH do meio. Muitos pesticidas encontram-se nesta categoria e,
dentre os herbicidas, destacam-se trifluralin, alachJor, metolachlor, flumioxazin e diuron
(Quadro 2). Muitos desses pesticidas apresentam polaridade, apesar de não serem
ionizáveis. Por isso, eles podem ser influenciados pelo pH do solo, mas estes efeitos são
geralmente negligíveis comparativamente aos herbicidas iônicos.
O 2,4-0 também pode liberar íons J-1 numa solução básica ou neutra (Figura 2).
Outros herbicidas que reagem como o 2,4-D são dicamba, picloram, sulfoniluréias e
imidazolinonas. No caso do 2,4-D, em valores de pH acima de 2,8 passa a predominar
a forma aniônica da molécula e, à medida que o pH se eleva, diminui a sorção pelo
solo (Quadro 4) .
pH<pKa pH>pKa
o o
ç;:-C
-QH li
Á C H,- C - O-
li
Cl
-- Y'C
I
OH"
1--i+
CI
2,4-D (ácido fraco)
p
rr'N
~ )l
CH 3
Ht-HN
1
CH3
N NH-C H
2 5 ---- Off
Quadro 4. Variação dos valores dos coeficientes de sorção (Kd e Koc) do 2,4-D em amostras de
Jatossolo de acordo com a alteração do pH
pH Koc
mLg- 1 mL g-1
4,0 7,8 487,5
4,7 2,7 168,8
4,9 2,'I Ul,3
5,6 u 68,8
6,2 0,4 25,0
fonte: Sp.td o ttu et nl. (2003).
No caso dos herbicidas do grupo químico das imidazolinonas, por exemplo, Goetz
ct itl. (1986) demonstrou que a quantidade de imazaquin que se liga aos solos era
dire tamente relacionada com o pH (Quadro 5). A quantidade sorvida de herbicida
aumenta à medida que o pH diminui. Isto não é surpresa, uma vez que o pi-! influe ncia
grnndemente a ligação das imidazolinonas à fração húmica e mineral do solo.
A mesma relação entre pH e sorção também pode ser observada para imazethapyr
(Figura 3). De modo geral, solos ácidos têm maior cnpacidade de sorção desses herbicidas.
Além disso, certas operações de manejo, como a calagem, podem alterar significativamente
o comportamento, especialmente em termos de lixiviaçào desses herbicidas.
),O o
2.5
::()
~
..J 2,0
.,1
1,5
1,0
0,5
o.o
4 5 6 1 s
pH
Figura 3. Dis tribu ição do coeficiente d e sorção (KJ) de imazethapy r d e acordo com o pH Jo
solo. Todas as a mostras são provenic·nlcs d e um.1 áw.:i de 32 h a d.1 loc,1lid.adc Ul' Bluc Earth
Count y, MN (USA) e fora m culctadas na prolundidade de O - 20 cm.
fonh!: O livcir,1 Jr. l'l ai. (1 999).
na persistência do resíduo no solo. Todo este processo, portanto, pode resultar em perda
da identidade química do composto, uma vez que ele pode ser met.ibolizado durante o
processo e, ou, formar ligação covalente com a fração coloidal do solo (Berry & Boyd,
1985; Calderbank, 1989; Dec & Bollag, 1997).
Assim sendo, torna-se importante discutir a natureza e a intensidade das forças de
ligação que operam nos processos de sorção dos pesticidas ao solo, principalmente da
fração org.ínica. Nem todos os mecanismos ocorrem ao mesmo tempo; entretanto, dois ou
três deles podem predominar e ocorrer simultaneamente, dependendo da natureza do
grupo funcional e da acidez do sistema.
Ligações Covalentes
Uma ligação é denominada covalente quando os átomos envolvidos compartilham
um ou mais pares de elétrons. Ligações covalentes entre as moléculas dos pesticidas
e a fração coloidal do solo, principalmente a orgânica, são freqüentemente mediadas
por catalisadores químicos, fotoquímicos ou enzimáticos, que levam à incorporação
estável do pesticida ao solo. Os pesticidas que, predominantemente, formam ligações
covalentes com a MOS são os de grupos funcionais similares aos componentes das
substâncias húmicas (Bollag & Myers, 1992; Bollag et ai., 1992). Ou seja, pesticidas
com grupos fenólicos, carboxílicos e aminas aromáticas (anilinas), como o 2,4-D e o
isoproturon, podem-se ligar covalentemente às substâncias húmicas. Na natureza,
existem vários mecanismos que levam à formação de ligações covalentes entre os
pesticidas e as partículas do solo, dos quais os mais referenciados na literatura envolvem
a fusão oxida tiva, o complexo de transferência de cargas e a troca de ligantes. Para
todos esses casos, embora as etapas intermediárias da reação sejam diferentes,
resultam na formação de ligação forte (covalente), envolvendo o compartilhamento
de elétrons.
Cl ~ OCII ~O
~
CTIJ1.ld,1
(Cl) 0 1-1
Pode ser definido como um complexo e ntre duas moléculns orgfinicas, no qual o
elétron de uma delas (a doadora) é trans ferido para a o utra (a receptora), e a trnnsfe rência
s ubseqüente de um átomo de H completa il red ução do receptor, por meio da formação de
ligação covalente. As substâncias húmicas contêm dentro de s ua estrutura grupos
funcionai s deficientes em e létrons (por exemplo, as quinonas que ntuam como agente
oxidante) e centros ricos em elétrons (por exemplo, os difenóis que ntuam como agentes
redutores), podendo, ass im, formar complexos de transferência de cargns, que culminam
no compartilhamento de elétrons com pesticidas que apresentam propriedades de doador
ou receptor d e elétrons, dependendo da nntureza do grupo rcntivo da s ubs tàncin húmica
(Fig ura 5). A transferência de cnrgns é citada como importante mecanismo de ligação
pnra os seguintes pesticidns: pnrnquat, diqunt, s-tria z inas, uré ias substituídas e amitrole
(Gevao et ai., 2000).
Senesi (1992) propós a transferé ncin de e létrons entre o anel triazina (ou grupos
nmina), qu e atuaria como doador de elétrons (agente redutor), e os grupos funcionais
quinona dos ácidos húmicos, que ntunriam como receptores de e lé trons (agente oxidante),
como o principal mecanismo de sorção da atrazine à MOS, postulando que o complexo
poderia ser estabilizado como radicais " semiquinonas" pela complexa estruturíl
molecular do ácido húmico. No entanto, Martin-Neto et ai. (1994) mostraram, por meio
de métodos espectroscópicos, que o mecilnismo de transferência de cargas não era
operativo nas interações atrazine-ácidos húmicos. Posteriormente, ficou demonstrado
que a hidroxiatrazine (Figura 6), um dos principais metabólitos resultantes ela
degradação da atrazine, era o composto responsável pela formação de complexos de
transferência de cargas com os ácidos húmicos, e não a atrazine (Martin-Neto et nl.,
2001). Já era sabido que hidroxiatrazine era fortemente complexado pe los ácidos húmicos
(Clay & Koskinen, 1990), devendo seu elevado caráter básico facilitar as reações de
transferência de cargas com a MOS (Sposito et ai., 1996), mas isso ainda não havia s ido
demonstrado espectroscopicamente.
Hidroquinona hú mica
lfadic.11~ ~cmiq11inonas
Doador., de rlétmns
(Sistc111,1 do.ulor e receptor de d~tms)
OH
o
O oranll
CI
(R ecepto r de <'lélrons)
* OH
Alra.z:.lne
da mMia.
Figura 6. Estruturas químicas e coeficientes de sorção (KJ e K,,J de atrazine e de seus princip,,is
melabólitos.
Fonte: Krutz et ai. (2003).
Troca de ligantes
Refere-se à reação em que o ligante de um íon complexado é trocado por outro
diferente. Neste caso, íon complexado compreende um íon metálico cen tral circuncL:ido
por outríls moléculas ou íons (por exemplos: I-1 2O, Nl-1 1 e Cl'), que estão unidos ao íon
central por meio d e ligação covalente dativa. No solo, a troca envolve o des\ocanwnlo
Figura 7. Mecanis mo d e troca de ligantes entw .,s s ub:,t,\ nclas húmicilS e o imazaquin.
Fonte: Regitano e t ai. (2000).
Ligação Iônica
A ligação iônica resulta da atração de íons e, ou, moléculas iônicas cujos grupos
funcionais apresentam cargas opostas. Normalmente, as ligações iônicas envolvem
05 grupos carboxílicos e fenólicos ionizados ou facilmente ionizáveis da MOS e, ou,
os grupos hidroxilas dos minerais de argila, que apresentam cargas negativas após
dissociação e m condições naturais de pH, e os pesticidas catiõnicos ou aqueles corn
caráter básico, isto é, com grupos funcionais ionizáveis à forma catiõnica, como 0
grupo amina (-NHJ (Quadro 2 e Figura 8). Ligação iônica ta mbé m pode ocorrer entre
as moléculas aniónicas de pesticidas ácidos, que contenham principalmente grupos
(a) (b)
Figura 8. Ligação iônica entre as substâncias húmicas e o diquat (a) e as s-triazinas (b).
Fonte: Scnesi (1992).
norma lmente variam de 4,0 a 5,0. Usu a lmente, a sorção de pestic idas básicos junto
à MOS é m áx ima em va lo res de pH próximos ou li geiramente inferiores aos do pKª
da m olécul a (Weber et ai., 1969). À m edida q ue o pH dim inui muito em relação a
esses valores, estará ocorrendo simultaneamente a protonação dos gru p os funcionais
da superfície coloida l do solo, u ma vez que o pH também governa a ionização dos
grupos ácidos das substâncias húmicas (Gevao et ai., 2000), e dos minerais de argila
(Rocha e t ai., 2002), limita ndo a ocorrência de interações eletrostáticas com moléculas
catiônicas.
Algu m as moléc ul as de pesticidas a presen tam ca ráter anfó tero, como é o caso do
glyphosate (Figura 9), podendo liga r-se ionicamente aos grupos funciona is com cargas
positivas (principalmente dos óxidos de Fe e AI) e com cargas nega ti vas (principalmente
da matéria orgânica e dos minerais de argila silicatad as) d a superfície dos solos. Par a
o glyph osate, nota-se q u e a lguns de seus va lores de pK são bastante d istin tos dos 0
valores de pH dos solos agricultáveis (5,5 a 6,5), o que evidencia bai xas concen trações
de algumas espécies em condições naturais. Em outras palavras, apenas as espécies 0'.2
e O'.y com balanço de cargas negativas, apresentam concentrações significativas no
ambiente agrícola . Mesmo assim, estas espécies podem ligar-se ionicamente às cargas
negativas dos minerais de argila, como a caulinita e a montmorilonita, p or meio de
" pontes" com íons metálicos, a saber: Ca 2+, Fe2+e AP+. Nes te caso, torna-se interessante
salientar q ue os ciclos de secagem e umidade do solo vão influenciar diretamente a
interação entre o glyphosate e o solo, uma vez que a secagem do solo irá remover a água
de solvatação do íon metálico, estreitando a força das ligações "pesticida-íon-solo".
o ..-.. o o
. -·-·V(
o
HO- P
''~-~,)( N
H
OH
_.
pK, = 0,8
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OH
1
(a,,) OH
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HpK,=2,2
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pK, = 5,4 ,.._-.. 11 ~...._..
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pK, = ' J ~ (õ)-\l
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~ Nli )-l (ci=' )
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(~J (a,)
figura 9. Valo res das consta n les dt! Jissoci.ição (pKa) par,1 os dife re ntes g rupos fu nciona is do
g ly phosa le.
QUÍMICA E M IN ERALOGIA DO SO LO
902 R UBEM SI LV~RIO DE Ü LIVE I R/1 JR. & J usSARA B ORGES R EG ITMW
ácid o e ncon trudo par,, r:e-m 0 n tm0riloni t,1 (pH = 2,6 - 3,7) fo vo receu i1 p ro tonaçiio das
espécies aniônic.1s de 2,-1 -0, fo rm.1nd o espécies n e utrns (apoiares). o que, por s ut1 \'C7.,
favo receu inte rações físict1s fr.ici1s e as lig;:ições- H, que ocorre m e ntre o g ru po ca rbonil
(C=O) do pestic idt1 e élS m olécula d e ngu.1 na s upe rfície cio minera l d e a rgi la, além das
inte r.ições hid rofóbicas. Essas intert1ções não fornm possíveis cm ma iores va lores de pH
(para mo ntmorilo nit;:is suturndns com Ca 2' ou K'), cm decorrcncia da repulsão entre c1s
cnrg.1s n egn tivns do minernl de argilil e do 2,4-0. O fato de o es paço bc1sul da Fe-
mo ntmorilonitõ não sofrer a ltcraç5o após s ua ndiçJo e a ;il ia revers ibi lidade da rct1çiio de
sorção evidc.ncian, que us moléculns d e 2.4-D sorv m pri mnriamcnte .'Is s upe rfícies externas
facilmen te acessíveis e, o u, i!S cxlre mid,,dcs d,1 lilm ina siloxant1 (Cox e t a i., 2000).
Partição Hidrofóbica
A retenção de pes ticidas por forças hid rofó bicas não se referc necessa rinmcnte n um
mecanis mo a tivo de sorção, p odendo ser consi dcrndo como um processo de partição
e ntre a fase nquosa do solo e uma superfície não-es pecífica, mas hid ro fóbica. A teoria
da partição trata a MOS como uma fase líquida nno-misdvel c m água. Isto s ignifica
que a s s ubs tã ncias húmicas, tanto na fase sólida co mo n a fase dissolvida, são tra tadas
como solventes n ão-aquosos, nos quais o pes ticida pode particionar a partir da solução
d o solo (Chiou c t a i., 1986). Em outras pnlavras, os p es ticid as com baixa solubilidade
e m água são chamados d e hid rofó bicos e tendem a s e particionar fis icamente à
s uperfície hidrofóbica d él MOS, sendo fraCél a es tabilidnde da interação. Desta forma,
esta teoria suporta a hipótese de que a MOS compreende grupos funcionais dependentes
d e pH, mas ta mbém apresenta grande proporção de superfícies hidrofóbicas internas e
exte rnas (Gevao e t al., 2000) .
Nas últimas quatro décadas, centenas de estu dos confirmam a corre lação existente
entre o potencial d e sorção dos pesticidas e o teor de C orgânico d os solos (Hamaker &
Tl~on~pson, 1972; Wau~~ope_e t ai., 2002), most: a ndo que a matéria orgâ n ica a tua com~ a
pnnc1pal fase/s uperf1:1e nao-po!a~, res~o~snvel pela sorção dos pesticidas, que sao
constitu ídos por moleculas o rgamcas tipicam e nte não-polares. Assim, é n orma l a
representação do coefici ente de sorção (K.i) normalizado em relação ao teor de e orgânico
do solo (Koc = Ki C0 ri;), p rincipnlmente em modelos que predizem a mobilidnde do produto-
Sorção e seqüestro podem ser vistos como um único processo, 0 qual é inicialmente
rápido e depois apresenta taxa mais lenta de reação (Pignatello & Xing, l 996). Entretanto,
este conceito não implica que a fase lenta seja dependente da rápida sorção inicial e que
não irá ocorrer a menos que a fase rápida se complete. Em outras palavras, embora o
seqüestro seja um tipo de mecanismo de sorção, não existem barreiras físico-qu ímicas
que impeçam que ambas as reações ocorram simultaneamente, mas que te nham cursos
de tempo independentes. O processo de sorção, que normalmente está envolvido na fase
inicial da reação total, é geralmente atribuído a pontes de H, forças de van der Waals, atrações
eletrostáticas, partição hidrofóbica e, ou, ligações covalentes, isto é, mecanismos que podem
ocorrer instantaneamente após o contato da molécula de pesticida com as superfícies ativas
da matriz do solo. Por outro lado, as reações de difusão conjuntamente com a sorção em
microssítios remotos dentro da matriz do solo ditam o processo de seqüestro.
Xing & Pignatello (1997) desenvolveram um modelo para explicar a reação de sorção.
Este modelo é composto por dois mecanismos concorrentes: partição e preenchimento de
vazios. Xing & Pignatello (1997) relatam que os compostos orgânicos podem ser sorvidos
tanto às regiões elásticas (ntbbery) como às regiões vítreas (glass-like) da MOS. As regiões
elásticas representariam os domínios do processo de sorção ocorridas por partição na
fase rápida da reação, enquanto as regiões vítreas envolveriam ambos: a partição e o
preenchimento de vazios, que representariam os domínios do fenôme no de seqüestro
ocorrido por difusão lenta d as moléculas orgânicas para dentro dos espaços vazios da
MOS e dos microagregados do solo.
Estimativa da Sorção
A avaliação da sorção é feita normalmente por meio da estimativa de coeficientes,
denominados coeficientes de partição, coeficientes de partição solo-água, coeficientes de
sorção ou constantes de adsorção. Neste texto, utiliza-se o termo coeficiente de sorção
para denominar a relação entre as concentrações de herbicida em solução e aquelas
sorvid<1s ao solo.
O coeficiente de sorção, K1.1, pode ser estimado pela relação:
K i = C,
' cw
e m que Kd é o coefici_e nte d.e partição no solo ou coeficiente de sorção (L kg•I) e e, e C..
representam, respectivamente, a concentração de herbicida sorvida ao solo (nunol kg-1) e
a concentração que permanece em solução (mmol L·1), após O período d e equilíbrio.
. N~r~almente, é aceito q ue o equilíbrio da reação de sorçào é atingido após 24 h de
agitaç<10, mde~endentei:nen_te_ da natureza da molécula do pesticida. No entanto, este
conce ito pode mtroduz1r vanos erros se não cons'idet·"do · ,, com cau te 1a. 1n1cH1 · · 1111ente'
existem vá rins moléc ul<1s que se degradam muito rap'it·!an , 1 e-n Ie, co,no é o caso u-1 0 2,4-D,
sendo o período de 24. h. muito extenso. para s ua análise
' . Po r ou 1.ro 1él L:l o, parn a 111 ,aiorin
d<1s molécul<1s de pest1c1das, o penodo de 24 h é insuficie nte . - :ie sorção
• • . ·1·b .· ~ . . .- .· . · - para que a re.1çao L - -
at1111a d e falo. o equ1
.
1 110. 1~m 1cv1sao c11t1ca publica •ta
. , l , por
p· li & x·
1gnalc o ~ , tni; (1996),
foram compilados d ados de ensa10s de sorção '
L-1'"' • . . d
., .... l 11versos pesquisa ores, sl: 0
. , do
forma análoga, quando 0,9 < N < 1,1, também aceita-se a normalização do coeficiente de
Freündlich em relação ao teor de carbono orgânico. A normalização de Ku para o teor de
C orgânico é feita com a relação:
K = 100Kd
oc foc
em que K c representa o coeficiente de sorção normalizado para o teor de C orgânico do
0
solo (por exemplo, L kg· 1) e fL"' indica o teor (dag kg· 1) de C orgânico do solo.
Os valores de Kd medidos diretamente envolvem a combinai-ão :, das características
químicas e físicas do solo e da molécula do pesticida, independentemente da concentração
utilizada, uma vez que N = 1. Por sua vez, o K é considerado inerente às propriedades do
~ .
solo, permitindo a comparação direta entre o potencial de sorção de diferentes produtos. E,
portanto, o índice mais utilizado em métodos de classificação da mobilidade e em modelos
de simulação do comportamento de pesticidas no solo. Isto decorre do fato de que o C
orgânico representa a propriedade química do solo que isoladamente tem o mefüor potencial
de controlar a sorção de muitos herbicidas. Embora esta pressuposição seja correta para as
moléculas não-iônicas, ela apresenta limitações de aplicação nos casos em que a carga
líquida da molécula no solo varia de acordo com o pH, como discutido a seguir.
Matéria Orgânica
Teor
Qualidade
Infelizmente, até o momento, poucos estudos têm sido conclusivos quanto à influência
da "qualidade" da MOS na sorção de pesticidas, muito provavelmente pela complexidade
de sua composição, o que dificulta a realização destes estudos no solo, mesmo usando
métodos cspectroscópicos mais modernos. Há, no entanto, evidências de que para
pesticidas do grupo químico das acetamidas (não-iónicos) a sorção (avaliada por meio
do K decresce com a polaridade do sorbe,nte orgânico (Torrents et ai., 1997). Além da
0 _)
24 K, • O,G::38 • 2.6965CO
22 R' • 0,73 o
C:V• 16,I0'l'.
2D o
18 o
16
~ 1~
..J
i 12
10 o
6
2
2 3 4 5 6 7
Figura 11 Sorçào de i!lachlo r (c.-xpressa pelo cocficicnh! de sorçào, KJ) t>m !unção do te or llc e
org5nico do solo.
fonte: O li veira Jr. e l ai. (1998).
-+-- Dk11mba K, = 0,05 + 0,06CO r' = 0,9!1 - - Alachlor K, = 0,42 + 0,69CO r' = 0,97
- - lmazcthapyr K., = x = 0,36 - - /\lrnz ine K, = 0,116 + 1,30CO r' = 0,85
-Ir-- Mctsulfuron K., ~ 0,10 + 0,02CO r' = 0,89 -Ir-- Hc.xazinonc K, = 0,23 + 0,19CO r'= 0,89
~ Nkosulfuron K.. = x = 0,27 ~ Simazi.nc K,, = -0,14 + 0,84CO r'= 0,90
---sulfomc turon K., = 0,29 + 0,12CO r'= 0,70
12,0
1,4
10,0
1,2
1,0 8,0
00
..>(
..J
o.s ~-"'"° 6,0
..J
-c' 0,6
~
,,·
~
4.0
0,4
0,2 2,0
o.o
o 123 4567 8 2345 678
Teor de carbono orgnnico, d~g ~1;" Teor de carbono orgânico, dag kg '
Figura 12. Relação entre o coeficiente de sorção (KJ) e o teor de C orgânico do solo para
herbicidas ácidos (à esquerda) e para herbicidas básicos ou não-iônicos (à direita) em
solos brasileiros.
Fonte: Oliveira Jr. et al. (2001).
Granulometria
Argilas expansivas, como a montmorilonita e a vermiculita, apresentam maior CTC
e maior área superficial específica. Outro fato é o predomínio de caulinita (balanço de
carga negativo para valores de pH > 4,0) na fração argila da maioria dos solos brasileiros.
Essas propriedades originam forças de atração de grande intensidade, contribuindo
significativamente para o aumento da capacidade de sorção dos herbicidas básicos,
considerando o teor e tipo de argila dos solos.
Atualmente, a recomendação de doses de herbicidas aplicados em pré-emergência
ou pré-plantio incorporado baseia-se na função da granulometria do solo. Esse conceito
ganhou popularidade graças às observações práticas de que solos argilosos requererem
maiores doses de herbicida para apresentar a mesma eficácia agronômica observada em
solos mais arenosos. Em outras palavras, quanto maior o teor de argila no solo, maim a
sorção dos herbicidas às partículas do solo e, conseqüentemente, menor sua
dis ponibilidade para exercer sua ação biológica. Em. cei:tos casos, no entanto, a
recomendação de doses com base na granulometria é incoerente, uma vez que não se
observa correlação entre o comportamento de herbicidas no solo e os teores de argi.Ja,
como no caso de herbicidas ácidos ou de solos com teores elevados de C orgânico (Oliveira
Jr. et ai., 2000). Para herbicidas ácidos, o pH da solução e o teor de C orgânico são os
principais atributos do solo cor relacionados com o seu potencial d e sorção. No entanto,
pa.ra O h erbicida Jmnzaguin, n inclusão do teor de argila na an~llise de regressão aumentou
em 20 % a exntid~o do modelo (Regitano et ai., 200'1a). P rovavellllente, isto se d~ve ao fato
d e O inrnzaquin aprl'scntnr caráter ácido, ou seja, exi~tir um gnipo carboxHico ionizável
cm s,i., ,•strut11r,1. qul' pl1de re,11i7.nr tnll",1 d e lig,111lcs 011 lig,1ç,i11 it"inic;i co m us ó-< iclos d e
Fe e AI d t1 fr,1 ç,\o .tr~iln.
Hidró,ido-Fe 2653
J-fül.ró )..id o-A 1 174
Os solos ,icricos ocup.im 170.000 h.i da regi,"\o norte do Estado de São Paulo. em
á reas de grande import:'lncia econõ mica intcnsamcntl' c ultivadas com soja e c,rna-dc-
,1çücar (veja capítulo XVIII). Esses so los, no entanto, representam o extre mo na escala de
intemperis mo e, portanto, podem apresentar Cílrga lfquida positiva no hori zonte 13 em
virtude dos elevad os teo res de óxidos ele re e- AI e dos bnixos teores d e mnt~ria o rgjnicn.
Neles, l!nl valores de pH até 5,8. n sorçtlo do imnzilquin é ntipicnmentc m ilio r em
subs upl.?ríície do que cm s upcrficic, npcsiH' d o maior teor de C orgnnico na s uperfície
(Roch,1 e t íll., 2002). Neste caso, p o rl,mto, Sl.' o vnlor de K,_. estim,1do pnrn n cnrnada
superficial fosse utili zíldo pilra predizer o potencial de mobilkl.1de do produto no perfil
do solo, n.1 rc.:ilidade, eslM-sc-in s upcrcs tim.:,ndo consideravelmenle cStl~ potencial.
pH
O efeito d o pH sobre a sorçno dos pcst icid,1s no solo foi previamente disculidn na
seção Formas de Dissociaçiio dos Pesticidas. O pl-l pode tnmbém influenciar outros
processos e nv o lvidos n.1 din5mica de pcsticidns 110 s olo, os quais poderão estar
relacionados com o potencial de sorçJo. Por exemplo,,, lixi\'inção dl' chlorsulf uron, um
lwrbicida ácido (pKa = 3,8), é maior e m solos com pH acima d~ 4,0 (R,wl'lli ct ai., 2003) e
baixos teores(< 1,5 g kg·1) de MOS, 0 que pode ser explicado pelo seu menor potencial de
sorçào sob estas condições. Já a degradação do referido produto no solo é mais rápida em
solos mais ácidos, provavelmente pela maior atividade dos microrganismos que atuam
na degradação (Gomez de Barreda et ai., 1993).
Dessorção
A liberação das moléculas do pesticida sorvidas às superfícies das partículas de
solo para a solução denomina-se dessorção. A intensidade da dessorção reflete o grau de
reversibilidade do processo sortivo. Em alguns casos, a sorção é completamente reversível,
em outros, apenas parte d o pesticida sorvido retorna à solução do solo, dando origem ao
fenômeno denominado histerese. Nesse caso, as isotermas d e sorção e de dessorção
diferem entre si, como é possível observar pelo comportam ento das dessorções realizadas
para cada concentração inicial cio herbicida diuron em solução (Figura 13). Nesta figura,
cada isoterma foi ajustada para urn ponto (Pn) de amostragem utilizado para caracterizar
a litoseqüência da área em estudo.
Diversas explicações têm sido propostas com o intuito de elucidar a não-
singularidade das isotermas de dessorção, mas as mais aceitas são (Pignatello, 1989):
i) transformações químicas ou biológicas que o composto em questã o pode sofrer; ii)
falhas no estabelecimento do equilíbrio; iii) problemas inerentes ao método de
determinação.
Huang et al. (1998) postularam que o comportamento histerítíco observado para
vários compostos orgânicos hidrofóbicos poderia ser artificial, após constatar que a
resistência desses compostos à dessorção aumentava com seu tempo de residência no
solo. Este fenômeno é citado na literatura internacional como aging. Na realidade, mais
recentemente, foi observado que, em muitos casos, a não-singularidade entre as reações
de sorção e dessorção é um artefato que pode ser explicado pela fase lenta da reação
cinética de sorção, o que não permite que o equilíbrio da reação possa ser atingido em 24
h (Altfelder et al., 2000).
A maioria dos pesquisadores tem dado menor atenção ao entendimento das reações
de dessorção do que às de sorção. No entanto, os processos de absorção de pesticidas
pelas plantas, a sua eficácia agronômica, a sua persistência e o seu transporte no solo
dependem, em grande parte do equilíbrio entre sorção e dessorção, uma vez que somente
a fração do pesticida "livre" na solução do solo ou aquela facilmente dessorvida à solução
do solo pode ser biodegradada ou transportada. Neste sentido, Regitano et al. (2006)
observaram que a biodisponibilidade real do herbicida simazine, avaliada pela
inoculação dos solos com bactérias (Pseudomonas sp . strain ADP) altamente
especializadas na degradação deste composto, diminuiu consideravelmente (em pelo
m enos 40 % da dose aplicada) com o tempo de residência no solo (55 dias). Além disso,
os autores observaram que a qu antidade de simazine biodisponível no solo, representada
pela quantidade d e produto mineralizada pelas bacté rias, estava direta m ente
correl acio nada com as frações prontamente disponíveis no solo (extraíveis com água),
esta ndo grande parle d aquela facilmenle disponibilizada pela dessorção (extraível com
m e ta nol) .
] Ql
PS
10 1
10°
+ Sorço'\ o
O Dcssorç.lo
10-1
10 2
P6 P7
-: 101
eo
..:.:
eo
E
u-i, 10°
10·1 -+----~-- -- - - -
102
P9 P12
10-14-----.----.--- ---,
10 1 10·2 10·• 10 1
Ce1mgl"1
Figura 13. Jsotermas de Freundlich ajustadas para descrever a sorçào de diuron (círculos
cheios) e a dessorçao (círculos vazios) para diferentes amostras de solo provenientes de
Mamborê, PR. Cs = concentração sorvida; Ce = concentração em solução após atingido
o equilíbrio.
Fonte: Inoue et ai. (2006).
PROCESSOS DE TRANSPORTE
pulverização dos agregados (Siemens & Osc hwald, 1976; Johnson & Moldenha uer, 1979;
McGregor & Greer, 1982). No entanlo, lrnbalhos a respeito da jnfluência do preparo ele
solo em eventos de escoamento superficial não são consistentes. A maioria dos estudos
tem demonstrado que a manutenção de resíduos na superfície do solo reduz o escoamento
superficial (Johnson & Moldenhauer, 1979; Mcgregor & Greer, 1982). Poder-se-ia esperar
que a redução no escoamento superficial causasse redução correspondente no transporte
de herbicidas. Por exemplo, Baker & Mickelson (1994) reportaram que, em sistemas
conservacionistas de preparo de solo (pi anti o direto e preparo com aivcca), as perdas de
solo e as perdas de herbicidas decorrentes da redução do escoamento superficial foram
reduzidas, quando comparadas àquelas proporcionadas pelo prepnro convencional com
arado de discos. Em contraste, outros estudos têm indicado que resíduos de cobertura nem
sempre reduzem o escoamento superficial, particularmente em áreas de plantio direto
(Siemens & Oschwald, 1976; Ghidey & Alberts, 1998). Portanto, em alguns casos, sistemas
conservacionistas de preparo de solo que deixam resíduos na superfície do solo podem
aumentar as perdas de herbicidas por escoamento superficial. Além disso, os resíduos na
superfície do solo interceptam os herbicidas aplicados à superfície, os quais podem ser
facilmente lavados e transportados por escoamento superficial (Kenimer et ai., l 987).
Ghidey et al. (2005) realizaram trabalho com o objetivo de avaliar o efeito de três
sistemas de plantio na perda de herbicidas por escoamento superficial. O sistema de
cultivo 1 (CSl) era constituído por rotação milho-soja com herbicidas aplicados na
superfície do solo e posteriormente incorporados. O sistema de cultivo 2 (CS2) era
constituído por rotação em semeadura direta de milho-soja, com herbicidas aplicados à
superfície do solo e não incorporados. O sistema de cultivo 3 (CS3) era uma rotação ele
semeadura direta de milho-soja com aplicação de herbicidas em faixas e sem incorporação.
Durante cada evento de escoamento superfici ai, os volumes do escoamento eram medidos,
e amostras de água eram coletadas e analisndas para atrazine e metolachlor. Na média
dos três anos de experimentação, as perdas de atrazine e metolachlor do CS2 foram 2,2 e
1,6 vezes maiores do que aquelas observadas para o CS1, respectivamente. As perdas de
atrazine por escoamento superficial nos sistemas CS1, CS2, e CS3 chegaram a 1,6; 2,5 e
5,7 % do total aplicado, respectivamente. As perdas de metolachlor chegaram a 1,8; 2,0;
e 2,0 % do total aplicado nos três sistemas de plantio. As concentrações dos herbicidas
foram extremamente altas no primeiro evento de escoamento após a aplicação,
particularmente quando este aconteceu poucos dias após a aplicação. Comparando
diferentes sistemas de preparo de solo, Reddy et ai. (2001) também conclui.ram que para
os herbicidas atrazine e metolachlor a maior parte das perdas dos herbicidas acontecia
nos dois primeiros eventos de precipitação pluvial após a aplicação.
O deslocamento de herbicidas sorvidos aos sedimentos tem importància significativa
tanto do ponto de vista agronômico quanto do ponto de vista ambiental. Em certos casos,
mesmo quando a quantidade total transportada é pequena, o somatório de diferentes
pesticidas ca rreados simultaneamente pa ra uma mesma bacia hidrográfica pode
comprometer a qualidade da água em relação ao seu aproveitamen to posterior
(Domagalsky, 1996). Por exemplo, resíduos dos herbicidas oryzalin, pendimethalin l!
oxyfluorfen foram detectados em reservatórios de água na Carolina do Sul (Keese t't ai.,
1994), em áreas irrigadas com intensa a tividade ,1grkola. Cons tatou-se que a m,1ior parte
da co ntaminação e ra proveniente do escoamento s u pcr(ic inl das ó reas irri gudns trntad,1s
e que a maio r concentração de r esíd u os era o bservadn n os p rime iros 15 min d a ,\gua
proveniente do escoame nt o s upcríicinl. O piclornn co rres ponde a o ut ro exemplo típico
de herbicida com ti ltn mobilidnd c por meio el e cscon m ento s upc ríicia l (G lass & Edwars,
1974; S u (fl lng e t nl., 197•1; Bovey e t ai., 1978; Ma ye u x Jr. e t ai., 1984 ).
De íorma geral, p esti cidns que aprcsentnm maio r pe rs is tência e maio r sorção às
partículas do solo revelnm maior pote ncial de escoa mento s uperficial. O m étodo proposto
por Goss (1992) é uma das íerramentas mais - implcs utilizadas para ava liaçã o preliminar
d o potencial dos pesticidas e m serem tra nsportados por escoa m ento s uperíicial junto
com os sedime ntos do solo. Este m é todo utili za propri edades d os pes ticidas q ue siio
determinadas cm laborató rio e qu e podem ser encontradas na literntura científica (meia-
vida - t 112; coeficiente de sorçào no rmali zado para C o rgâ nico - K~ e s o lubilidade cm
água). No quadro 8, enconlrn-sc a ca racterizaçiio do potencial de trn ns portc dos pesticidas
(alto, médio ou baixo) junto com s ed imentos . O método dcíinc que as m oléculas que
apr esentam longa persistência (1 112 2: -10 dias) ilssociada i\ so rçào ao solo muito alta (K,c ~
1000 L kg-1), assim como aquelas qu e .ipresentil m longa pers is tên cia associada à sorção alta
(K,., ~ 500 L kg- 1) e baixa solubilidade c m ógua (S S 0,5 m g L 1), mos tram alto potencial de
trans porte associado aos sedimentos. Uma limitação da aplicação do mé todo de Gossestá
no fato de que ele foca basicamente o potencial d e transport e junto aos sedimentos, não
levando em conta a possibilidad e de o transporte ocorrer na água do escoam ento superficial.
Quadro 8. Caracterização das classes de po tencia l de trans porte de pes ticidas associado a
sedimentos segundo o método de Goss
Volatilização
Vo Ia t 1·1·1zaçao
- e, o processo pelo qual o pesticida presente na soluçao
- d O solo passa
_. 1
otenl1a
para a forma de vapor, podendo-se perder para a atmosfera por eva poração. O P ·0
.. - . . . por ,11e1
d e volahhzaçao de um herb1c1da geralmente pode ser estimado indire tamente te
. d d
d e suas propne . . . . cipal.rnen '
a es quurncas, tais como: estrutura, p eso molecular e, prin
• Clol'OIJO'l11mid11.,
Acetochlor 3,-1 >. 10"' Muito baixo
Al.lchlor 1,6 X }()-S Baixo a moder.ado
Butachlor{II 4,Sxl~ Baixo
s-1\ te 101.lchlor l,3x10·5 Baixo
• Dirútroanilina,;
Triflur.ilin 1,1 x lo-< Volátil, podcmdo ser perdido em quantidades significativas quando não
incorpor.ido ou l.'m solo úmido
l.sopropalinfl 1 3,0 X lQ·S Pequeno, mas pode ser significativo se nilo incorpor.ido.
Ülj7:alinfl 1 < 1,0 X 1()-8 Perdas mínimas que não reduzem a cfic.\cia do produto não
incorporado
Pcndimeth.alin 9,-1 x10<> Moderado. Padas pequenas podem ocorrer sob alta temperatura. solo
úmido I.' vento.
• Tioa:r!,mruitos
Butyl.:ite<11 1,3 X 10·2 Muito alio. PC!rdas ainda maiores se roo incorporados e ou em solos ú.midos
Ef'TCfl) 3,4 X 10·2 Idem
Molinale 5,6 X JO•l Idem
\lcmola1cfll } , } X 10·2 Ide m
• Sulfom1uriw
Oilorimuron-ethyl -1,0 X 10·12 Muito baixo
NicosulfUJ'(Jn 1,2 X 10·16 Muito b.1ixo
Ousulfuron <1,5 x ]O-li Muito baixo
• lmida=olinonas
lm;izamcth:ibcnzCl 1 },1 X 10-lí Muito baixo
lmaz:.aprr < 1,0 X 10·7 Muito baixo
lmaz.iquin < 2.0 X JO<I Muito baixo
tmaz.cthapyr < 1,0 x10-7 Muito b.JL~o
lmazamox < 1,0 X 10-7 Mullo 1.xii.xo
• P,mliuw on.as
NorflurazonClt 2,9 X JQ<I p.,rdas s ignüicativas quando mo incorporado
D1uron 6,9 X 10.. Insignificante, e,.cl!lo quando é expo,to a condições quente.~ e sc.-c.is por
v.irios dias
1'1Atualmc.nte nJo rl!gis trado p a ra uso no llrasil. .
FonI e: eompr I.:id o uc
, AI u.,ns• (1994), Halzius (1998) e Ro drigues & Almeida (2005).
Alé m do ,·alo r específico d.1 pressno de vapor,~ potencial d ~ volatili zação de uni
pesticida também depende d.1 intens idade e da vcloc1dadc de mov ime nt o até à interfoce
(normillmcntc a s up e rfíc ie do so lo), o nd e oco rr e o processo. 1\ vo la tili zilção é
particularmente importante para a lgLJns g ru pos químicos, como as dini troanilinas e
ti ocarba mat os. G rup os quími cos d e desenvolvim e nt o m a is r ecen te, c 01110 as
imid nolinon.:is e s ulfo niluré ias, a presentam potenc ia l de vo latilização muito pequeno,
o que é um ilSpecto pos itivo para suíl u tiliz<1ção c m ca mpo. Perdas por vo lat ilização são
muito va riáveis, podend o corres ponder de 10 a 90 % da dose aplicada, compurada a uma
perda típicil de Oa 4 % por li xiviaçi'io, e de Oa 10 % por escoa m en to s u perficial {Graveel
& Turco, 1994).
uc rccuper.1do
Fração Temper.itur.1 de incubação (0 C}
s 15 25 35 OMS;•,
.. . lo [acililJ
11) Aumento da unudade do solo. O aumento da disponibilidade de água no 50 .. ue a
a perda de vapor; solos úmidos volatilizam mais p esticida que um solo seco, Jª \1<:1s 5
-
agua func1ona
· ·
como uma mterfase -
entre a molécula e as parttculas d e 50 lo · Ent
, 135 de
. . .. . . pa rucu
secos, existe maior probabilidade de o pes ticida ser sorvido diretamente as
solo (Quadro 11).
r'
1
1 Q UÍM I CA E MINERALOGIA DO SOLO
XV - Dinâmica de Pesticidas no Solo 917
Quadro 11. Efeito da lempernturn na pcrd;i de EPTC após a aplicc1ção de 3,4 kg ha·1 à s upe rfíc ie
do solo
% do tota l aplicado
o 62,4 12,0
4,4 67,0 12,2
15,5 81,0 9,2
26,6 80,8 12,2
37,7 75,3 15,7
Fonte: Gray & We,crich (1965).
A volatilização pode ser tão significativa para alguns produtos que, depois de sua
aplicação, eles precisam ser incorporados imediatamente ao solo para que não haja
redução substancial de sua eficiência, o que é o caso de herbicidas como o trifluralin. Isto
mostra um tipo de conseqüência imediata da volatilização nas atividades agrícolas. No
entanto, existem algumas alternativas de manejo que podem reduzir a volatilização e
manter a eficiência agrícola desses herbicidas.
Solubilidade
A solubilidade (5) de um pesticida em água é, por d efinição, a quantidade m áxim<1
deste produto capaz de dissolver-se em água pura, em determinada temperatura. Acim<1
dest<1 concentraçno, duas fases existirão se o he rbicida é um sólido ou um líquido na
temperatura do siste ma: uma fase saturadn de solução aquosa e uma fase líl)Uida ou
sólida do pes licida (Lavorcnti, 1996).
K _ Concentração de herbicida no ar
li - Concentração do herbicida na solução do solo
KH e PV são constantes proporcionais e, por tanto, Kt, também pode ser usado como
indicativo do potencial de volatilização de determinado pesticida. De forma geral, quanto
maior a solubilidade d e um pesticida, maior sua concentração na solução do solo e,
conseqüentemente, menor seu valor de K11 e seu potencial de volatilização.
A aplicação de um herbicida na superfície do solo gera alta concentração do produto
numa fina camada(< 2,0 cm) de solo. Como a p erda por volatilização é dada pelo produto
d e Kli x concentração, mesmo compostos considerados não ou pouco voláteis podem
apresentar p erda, dependendo da alta concentração existente na fina camada superficial
do solo. Quando se realiza a incorporação do herbicida, ocorre diluição da concentrnção,
e, por conseqüência, diminuem as perdas. Além disso, a distância em relação à superíicie
do solo torna a difusão para a superfície do solo mais difícil.
Qu f MI CA E MINERALOGIA DO S O LO
XV - Dinâmica de Pesticidas no Solo 919
do total de herbicida aplicado ao solo (Shaner, ]989). Portanto, a absorção pelas plantas
participa de forma limitada na remoção do lotai de herbicidas aplicados ao solo.
Lixiviação
O destino de pesticidas aplicados ao solo depende mui lo das propriedades químicas
da substância em questão, além das propriedades do solo. As duas propriedades mais
importantes no que diz respeito ao processo de lixiviação são a sorção (KJ, K,>c' K,) e a
meia-vida (t\~) do produto. A sorção dita a disponibilidade de um pesticida na solução do
solo e a meia-vida reflete a persistência no solo e, portanto, ambos regulam o potencial de
lixiviação do pesticida. A solubilidade é de importância secundária, embora solubilidades
muito baixas possam limitar o transporte com a água.
Ao avaliar a correlação entre os valores de KJ e as percentagens lixivindns do
herbicida imazaquin em colunas preenchidas com dois Latossolos ácricos e um Nitossolo
Vermelho eutroférrico (diâmetro= 5 cm, alturn = 30 cm, chuva= 200 mm uniformemente
distribuídas durante 48 h), Regitano et ai. (2005) observaram que a lixiviação deste
herbicida ocorreu apenas quando Kd < 2 L kg1 e que mais de 70 % da quantidade aplicada
lixiviou completamente pela coluna quando Kd < 1 L kg-1 (Figura 14). A existência de pontos
discrepantes na curva mostrou as limitações do uso de valores isolados de KJ, obtido a partir
de estudos de isotermas, para determinar o potencial de lixiviação de uma molécula.
100
o
-o - - y = -3,3 + 113,5 e·•
ro 80
u
:.::: R' = 0,85
o..
ro •
o
-o
a.e 60
õ
-o
·s:ro
·s;;..., 40
.......
.5
:::1
tr
ro
N
ra 20
.§
o
o 2 4 6 8
K.v L kg'
Figura 14. Correlação entre as quantidndes ILxiviadus do herbi_ci~a imazaquin e os \•,,lorl.!s dos
seus coeficientes de sorçào (KJ) para diversos solos brasileiros.
Fonte: Regitano e t ai. (2005).
O critério mais adotado para classificar pesticidas de acordo com seu potencial de
lixiviação é o índice GUS, proposto por Gustafson (1989):
lixiviáveis, ao passo que aqueles com Kuc > 500 L kg·1 e t 11 2 < 14 dias representam
produtos não-lixiviáveis.
Embora outros critérios tenham sido propostos para esse mesmo fim (Cohen et ai.
1984; Jury et ai., 1987), o índice GUS, considerando a sua simplicidade e relativa
pequena necessidade de dados a respeito do produto, tem sido o critério mais adotado.
Um exemplo da aplicação prática do conceito dos índices pode ser encontrndo no
quadro 12. O ranqu.eamento dos principais herbicidas demonstrou que acifluorfen-
sódio, alachor, atrazine, chlorimuron-ethyl, fomesafen, hexazinone, imazamox,
imazapyr, imazaquin, imazethapyr, metolachlor, metribuzin, metsulfuron-methyl,
nicosulfuron, picloram, sulfentrazone e tebuthiuron são potencialmente lixiviáveis
de acordo com os três critérios utilizados. Este fato reveste-se de acentuada
importância, visto que a lixiviaçâo por meio do perfil do solo tem sido identificada
como a maior causa da ocorrência de pesticidas no lençol freático. Além destes, 0
acetochlor, ametryne, bentazon, clomazone, dicamba, diclofop e simazine forarn
considerados como lixiviáveis segundo pelo menos dois dos três c ritérios utilizados.
De modo geral, não há distinção entre as classes de ionização de produtos e o potencial
de lixiviação dos mesmos, isto é, dentro do grupo de moléculas potencial111ente
lixiviáveis, há representantes do grupo dos ácidos fracos, bases fracas e das moléi.•ulas
não-dissociáveis (Quadro 2). Análise detalhadn sobre as particularidndes de ç,1 d,l
produto pode ser encontrada cm lnoue et ai. (2003).
Quadro 12. Classificação do potencial de lixiviação dos p r incipa is herbicidas comerc ial izados
no Estado do Pnraná, segundo os critérios GUS, CDFA e Cohen
Critério\11
Nome comum ~ tio
GUS CDFA Cohen
mLg-1 dias
2,4-0 60 10 IN
Acctochlor 55 20 L L
Aciíluorfcn-sódio 113 44 L L L
Al,,chlor 103 80 L L L
AmclT)'llc 300 60 IN L L
Amónio-glufosinato 100 7 NL
Alrazinc 165 60 L L L
Bcnlazon 34 20 L L
Clcthodim 16,5 3 NL
Clomazonc 300 24 IN L L
Chlorimuron-cthyl 110 40 L L L
Cloransulam-mctil 485 9 NL
Cyilnazinc 190 14 IN L
Dicamba 2 14 L L
Diclofop-mcthyl 251 30 IN L L
Diquat 1000000 IOOO NL
Diuron 480 90 IN L
EPTC 200 6 NL
Fenoxaprop-p- ethyl 949 180 NL
Fluazifop-p-butil 5700 15 NL
Flurnetsulam 356 60 IN L
Fomcsafen 60 100 L L L
Glyphosatc 24000 47 NL
Halosulfuro n 93,5 16 IN L
Hc>.azinonc 34 90 L L L
lmazamox 5,36 25 L L L
lmazapyr 100 90 L L L
lmazaquin 20 60 L L L
lmazclhapyr 22 75 L L L
Lactofon 10000 3 NL NL
Linuron 400 60 IN L
Mctolachlor 200 195 L L L
Mctribuzin 60 -15 L L L
Mctsulfuron-mcthyl 12 30 L L L
MSMA 7000 185 NL
Nicosulfuron 20 21 L L L
Oxadiazon 3200 60 NL
Oxyíluorfcn 100000 35 NL
P.-iraqual 1000000 1000 NL
Pcndimclhalin 17200 -1-1 NL
88,5 90 L L L
Picloram
Promelrync 400 60 IN L
l'ropanil 149 1 NL
Quizalafop-p-t!Lhyl 510 60 IN L
100 5 NL
Sctho.A1•d im
Simazinc <97 22 IN L L
17,5 250 L L L
Sulíentr.-iwnc
80 58,5 L L L
Td.>uthiuron
1698 60 NL
Thiobc.nc-arb
7000 45 NL
Trifluralin
1L = lixi\'iável; tN
11 = intermediário; NL = niiu lixi\'i,1v1..•I.
l'ontc: lno u,· ,., a i. (2003).
PROCESSOS DE TRANSFORMAÇÃO
Persistência
De forma prática, considera-se que resíduos de pesticidas no solo são quaisquer
substâncias resultantes da sua aplicação. Essas substâncias podem, portanto, incluir
produtos de degradação (metabólitos), além da própria molécula do pesticida. A
persistência é normalmente medida pela meia-vida (t 112) do composto, a qual pode ser
definida como o período de tempo necessário para que 50 % da concentração inicial
presente no solo desapareça. A persistência de um pesticida no solo depende de fatores
relacionados com as propriedades químicas e físicas do solo, além da atividade da
população de microrganismos, do ambiente edáfico e de práticas culturais.
A classificação de um pesticida como "persistente" ou "não-persistente" varia de
acordo com o propósito da classificação. No quadro 13, encontram-se exemplos de
classificações adotadas na Inglaterra e no Brasil. As diferenças nos valores adotados
pelos países devem-se ao fato de ter sido a meia-vida adotada para a classificação
brasileira baseada exclusivamente na mineralização do produto, ou seja, na sua completa
degradação à C02, ao passo que o valor adotado na classificação inglesa foi baseado na
dissipação do produto, ou seja, na perda do produto por todas as vias, tais como:
mineralização, metabolismo, lixiviação e formação de resíduos ligados. Valores de meia-
vida para alguns herbicidas em solos brasileiros estão apresentados no quadro 14.
Classe Classe
dias dias
não-persistente <5 não-persistente <30
levemente persistente 5-21 medianamente persistente 30-180
moderadamente persistente 22-60 persistente 180-360
muito persistente >60 altamente persistente >360
Ponte: Adilptildo de Roberts (1996) e Foloni (1997).
suficiente para não serem percebidas pelo bioindicador podem ter implicações biológicas
e ambientnis relevantes, como o aparecimento de resíduos em água. As figuras 15 e 16
apresentam exemplos da persistência de herbicidas em um Latossolo Vermelho
Distroférrico, medida por meio de bioindicador (milho) sensível a imidazolinonas. Os
herbicidas tendem a persistir por período mais prolongado quando li xiviam para
horizontes subsuperficiais, quilndo comparados i\ localizilçào mais superficial, sendo
esse o caso do imazaquin em relação ao trifluralin. É possível que tal fato esteja relacionado
com a menor atividade microbiana em horizontes mais profundos do perfil do solo, com
a falta de penetração da luz no solo e menores perdas por volatilização. Eventuais
alternativas para minimizar problemas de carryovcr incluem a redução das doses ou a
adequação das mesmas às propriedades do solo, devendo ser a aplicação dirigid.i às
entrelinhas ou faixas ou em área total, o que reduza quantidade total de herbicida aplicado.
Quadro 14. Valores de meia-vida (t 1/-,) observados pnra alguns herbicidas em solos do Brasil
Tipo de solo
5 6 7 8 9 10
(A) o 1 2 3
o
60
120 0-10 cm
180
240
300
o
60
120
160
2-10 0-20 cm
300
(B)
o
"=
.::
60
f igura 15. Filointoxícilçào (t'sca la visual. em que O = nenhum a injúria nn par lt• a~rca e Ili ~
m orte lo ta i dn1, plan tas) em p la ntas ele m il h u cull iva d,1s c m a mos t1-.15 de solo colct.id,i,
aos J20 (A), 150 (D) o 180 (C) d i<1s da aplicn,.'lo do doses d e im..1z<1quin.
fonte: Silva ct ai. (1998).
Fotodecomposição ou Fotólise
A radiação solar na faixa do ultravioleta (290-450 nm) contém energia suficiente
para causar transformações químicas dos pesticidas, as quais podem levar à sua
inativação. O processo de fotodecomposição, ou decomposição pela luz, começa quando
a molécula do pesticida absorve energia luminosa, sendo que isto causa a excitação de
elétrons e pode resultar na quebra ou na formação de ligações químicas.
Apenas aqueles pesticidas na superficie do solo ou próximos dela são passíveis de
sofrer fotodecomposição, uma vez que a penetração de luz UV no solo é bastante limitada.
Exemplos de herbicidas que sofrem fotodecomposição em solução incluem o trifluralin,
paraqual, diquat, clethodim, bentazon e atrazine aquosa. Os herbicidas do grupo químico
das imidazolinonas apresentam comportamento ambíguo em relação à fotólise, ao passo
que a fotólise é bastante rápida na água, no solo, enquanto, 0 processo ocorre de maneira
lenta. De modo geral, a meia-vida de fotólise de imidazolinonas em solo seco é de
aproximadamente quatro meses. Em água tamponada a pH 5,0; 7,0 e 9,0, as meias-vidas
variaram de 7,8 a 21,0 h para o imazaquin, de 1,3 a 2,7 dias, para O imazapyr, de 44 a 57
h, para o imazethapyr, e de 6,5 a 13 h, para o imazamethabenz-methyl (Mangels, 1991).
A maioria dos pesticidas cuja coloração tende ao branco, ou próximo disso, mostra
picos de absorção de luz na faixa do UV. Compostos amarelados, como ns dinitroanilinn:;,
mostr~~ picos de absor_ção po~ volta de 370 nm. Embora a energia solar que cheg,1_il
sup~rf1c1e do solo na faix~ nba1xo de 295 nm seja considerada desprezível, a energia
luminosa pode ser a bsorvida por umn moléculn intermediária e transferida à mol~cula
do pesticida por colisão. Porl'anlo, o comprimento de onda efetivo na fotodegradaçno de
pesticidas pode estar fora do espectro de nbsorção específico do composto.
Jm.,ulruipyr
/ ~
~COOH ~ COOII
•~COOH
Degradação
Degradação Química
A importância relativa da degradação química (não-~icrobian~). difere entre os
· ·
grupos qu1m1cos d e 11erbt.cidas· O primeiro passo da. degradaçao
. . de herb1c1d.1s do grupo da
sulfoniluréas envolve a degradação química, por h1drohse. Normalmente, esses produtos
d egrad am-se ra p1'd a mente no solo, sendo a velocidade da. reação
. acentu,ldíl
. em
. . condições
.
ácidas. Já as imidazolinonas são extremamente rstáve1s ti h1dróltse nas ta1xas de pH
ANEXO
. dos pnnc1p
Estrutura quínuca · · ais herbicidas
(C
ll,
o
CI I, (
2,4-D
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'r("'c1
ncetohlor
o
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1 1
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11,C CH,
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o
lir-o- ] + H
[ 1--1ooc-o--I - a-11- eH l
- 1 N '
0--IJ
atraz inc
amônio-glufosinato
bl!ntazon
nzimsulíuron
13r
H
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chlorimuron-ethyl clethodim
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o
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quizalafop-p-ethyl
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1
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Cl
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O \ N
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3
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H
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sul fome tu ron
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CH, - 0- CH, - C - F
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F
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tembotrione OH
tepraloxydim
o
li
O-CH2-C- OH
Cl
Cl
lhiobencarb
CI
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1
CH2
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CHi - CHi- cHJ
>--N9' 'N-S ~ j
F
N02
N I li
H O
N
triflurcllin
CJ-1 1 - 0
lrifloxysu lfuron-sodium
QU ÍM I CA E MINERALOG I A DO SOLO
XV - Dinâmica de Pesticidas no Solo 9 37
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Agua ... ..... - ....._ ....................................................... ·-·-···..···---·-· - ...... _..._ ...............- ........ • - · - ........__ 97)
Sais Ni::utros ........- ...-. --- ..... ◄• .. .... . ... . - - .. - ··· · · ....... ... - .. ...... ..... ... .. _ . • •·· - - .. - ... . ...... _ - .... ... ... . _ .. •••• • .. · - · · 973
S.iis E!.p!!clJicos ...... .............._ .. _ ................- ..........- ........._ ...... _ ..____ ·· ----··---·-· ..- - - - - ..... • 97.1
Acido acéliro, Acetato dl• 1\mônio L' /\cl'lillu dl' Sódio ..... ····-····- .........._ ........ .. 97-1
S DCS, Viçoi.,,, 200!1 . Qufmicil L' M i 1wrnlo~i•~ du S o.lo, Con_cdlo~ ll,h h-1,~ L' Aplk,1.;o,•!>, 118 11'·
(1:di.. \l,,nder ele Frl'rt,1~ i\k•lo l' Lub. l{,•y n.ihlo l•('rrJcc1u /\ll1:on1).
XVI - QUÍMICA DOS METAIS PESADOS NO SOLO 947
Quadro 2. Teores pseudololaisl 11de Cd, Co, Cr, Cu, N i e Zn estimado!> por interva lo de confiança
(p = 0,05) para cada grupo apresentado no quadro l, íorm ado pelas a mos tras de horizontes
A e B de solos brasileiros
Grupo Cr Co Ni Cu Zn Cd
mg kg- 1
1 30,0± 10,2 9,6 ±2,9 19,5 ± 7,7 14,3 ±4,8 37,8 ±8,1 0,8±0,2
2 21,1 ± 8,7 7,8 ±1,8 10,8 ±4,6 '10,6 ±5,3 23,4 ±5,6 0,7±0,2
3 38,4 ±5,8 6,3± 1,4 17,] ± 3,0 12,4 ± 3,7 26,0 ±4,1 1,0 ±0,2
4 75,0± 9,8 5,3 ± 2,9 29,9 ±4,7 8,0 ±3,7 21,2 ±6,7 1,8 ± 0,7
5 54,5±7,8 2,1 ± 0,6 13,6 ± 2,0 3,2 ± 1,4 13,5 ±3,6 0,4 ± 0,1
6 9,6±2,4 1,7 ± 0,3 2,7±0,6 1,6±0,4 5,4±1,0 0,2±0,1
7 25,3± 4,6 2,9±0,8 7,3 ± 1,5 3,1 ± 1,1 11,4 ±2,3 0,3±0,1
Média Geral 36 s 14 8 20 1
'" Extr.:ifdos com água régi.:i (mistura 3:1 de HCI/HNO,)
fonte: F.:idig.:is el .:il. (2006).
O aumento anormal dos teores de metais pesados nos solos de agricultura de alta
tecnologia resulta da deposição atmosférica, da aplicação de defensivos agrícolas, de
resíduos orgânicos e inorgânicos urbanos e industriais, de fertilizantes e corretivos e
da irrigação com água contaminada (Alloway, 1990). O uso de fungicidas, herbicidas
e inseticidas também contribui para acúmulo de metais pesados (Núflez et ai., 2006).
Esses produtos podem conter metais pesados na s ua composição, como impurezas ou
sais de Mn, Zn, arsenatos de Cu e Pb e compostos metalorgânicos usados em sua
fabricação.
Os fertilizantes m inerais contêm freqüentemente impurezas, dentre elas os metais
pesados (Amaral Sobrinho et ai., 1992). Assim, seu uso indiscriminado tem causado
aumento do teor desses elementos no solo, introduzindo-os na cadeia alimentar,
conforme verificado em p lantas de tomate (San tos et al., 2002), de feijão (Santos et ai.,
2003) e de pimentão (Núnez et ai., 2006). Os fertilizantes fosfatados geralmente contêm
baixos teores de metais pesados provenientes de impurezas, (Rothbaum et ai., 1986;
Amaral Sobrinho et ai., 1992; Ramalho e t al.; 1999).Tem havido muitos estudos sobr~
os efeitos ca usados pela adubação fosfatada na contaminação com metais pesados. Em
Latossolos e Cambissolos cultivados com cana-de-açúcar que receberam ferliliz,mtc
fosfatado durante 25 anos, os teores de Cd aumenta ram em relação ao solo tnantido
sob condições naturais (Ramalho et a i., 1999). O mesmo aconteceu em plantaç6es de
fumo ad ubadas com superfosfato (Lugon-Moulin et al., 2006) e cm Paty do Alferes (RJ),
em Argissolos da microbacia de Caetés, onde se cu lt ivavam o lerícolas que rl.!cel1 er,ut1
continua mente aplicações de defensivos agrícolas e fer tilizantes fosfatados (R.1111,11110
el ai., 2000).
Den tre as fontes antropogénicas de contam inação do solo com ml'tiliS pt•saclos, ;i
irrigação constitu i fonte s ignificiltiva, principalment~ qunndo a ngu,1 utilizad,l l.!
proveniente de rios que recebem gnmde carga poluidora (Ramalho et ai., 1999). Outra
fonte de contaminação é o lodo de esgoto, resíduo insolúvel do tratamento de águéls
residuais com a finalidc1de de torná-lc1s menos poluídas, permitindo seu retorno ao
ambiente sem que sejam agentes de poluição (Chang & Oiaz, 1994). A disposição final do
lodo de esgoto constitui, hoje, um dos grandes problenrns dc1 sociedade moderna,
especialmente nos grandes centros. A produção mundial de lodo de esgoto, estimada em
2003, foi em torno de 20x109 t ano-' (rvlcBride, 2003). Nos Estados Unidos e nos países da
Europa Ocidental, foram produzidos, cm meados da d écada de 90, 5,3 milhões de
toneladas de lodo anualmente (Chang & Díaz, 1994). Os teores e formas de metais pesados
no lodo são determinados pela atividade e tipo de desenvolvimento urbnno e industrial
da área que abastece a estação de tratamento (McBridc, 2003). No Brasil, não se dispõe de
dados consistentes referentes à produção e disposição final de lodo, razão pela qual se
trabalha com estimativas a partir das informações sobre a população beneficiada com
serviço de coleta e ITatamento de esgoto. Assim, considerando o atendimento de 87 milhões
de habitantes por sistemas de esgotamento sanitário no Brasil, ha veria entre 33x10" t ano·'
e 128.106 t ano·' de lodo de esgoto por tratar (Andreoli et ai., 2003).
Em estudos sobre a disponibilidade de metais pesados em solos que receberam lodo
de esgoto, foram observados diferentes resultados, tais como: disponibilidade prolongada
de metais para a absorção, causando elevados teores de metais nos órgãos das plantas
por muitos anos após a aplicação do lodo (Burridge & Berrow, 1984); elevação dos teores
de metais pesados em folhas e grãos de milho até a terceira aplicação de lodo (Rangel et
ai., 2006), sem que esse aumento fosse suficiente para atingir o teor considerado fitotóxico,
nem para inviabilizar o uso de grãos para o consumo humano; aproximadamente, a
mesma disponibilidade de metais pesados (McGrath, 1994), ou até menor após a
aplicação de lodo (Oliveira et al., 2003, 2005).
A fração da matéria orgânica do lodo resistente à decomposição pode formar
complexos (quelatos) com metais pesados, proporciont1ndo proteção contra a absorção
desses elementos pelas plantas e contaminação de cursos de água. Entrett1nto, a fração
de ácidos orgânicos solúveis pode formar complexos solúveis com metais pesados,
protegendo-os de reações com os grupos funcionais de componentes inorgânicos, o que
aumenta a mobilidade desses poluentes nos solos (Canellas et a i., 1999; Behling, 2005).
Os resíduos inorgânicos no lodo, tais como fosfatos, silicatos, óxidos e hidróxidos de Fe
e Mn, possivelmente, também contribuem para aumentar a retenção de metais pesados
com o tempo d e aplicação, reduzindo os riscos de co1ltt1minação (Mazur, 1997; Oliveira
et tli., 2003).
Com a instalação do parque siderúrgico brasileiro, a geração de resíduos tem-se
tornado problema grave, em razão dos impactos que os materiais podem causar aos
ecossistemas terres tres e aquáticos (Amaral Sobrinho et ai., 1993). Desse modo, é
importante que seja m intensificadas as pesquisas integradas de aprove itamento dos
resíduos industriais, como maneira viável de mininuzar tais impactos ou como a lterna tiva
para a produção de corretivos e ferl'ilizantes.
No Brnsil, a produtividade de algumas culturas vem sendo seriamente limitnda, em
algumas regiões, pela deficiência de micronutrientes. O probl ~ma I! agrn v,1do pel,1 baixd
fcrlilidade dos solos, pela remoção des tes elementos nas colhC'1tas e pelo uso cresc1..•nh! de
cnld rio 1:' íldubos fosf,üados, que contribuem para menor solubilidade dos micronutrientes
(Bntc1g lin & Raij, 1989). O emprego de alguns res íduos s iderúrgicos, como fertilizantes e
corretivos ngrícolns, tem-se m ostrado nlternativa v iável parn o aproveitamento dos
subprodutos d e siderurgi a. Esses resíduos apresentam, geralmente, teores elevados de
micronutrientes (Malavolta, 1994). Entretanto, a aplicação de resíduos no solo com
finalidades agrícolas requer um estudo me ticuloso d e modo a atender não só à legislação
a mbiental vigente, evitando, d essa forma, a poluição de áreas produtivas, como também
à regulamentação que limita o teor de poluentes nos alimentos. Um d os grandes problemas
para o uso agrícola de resídu os é n p resença de metais pesados que, conforme o teor,
pode ser fito tóxico ou entrnr na cadeia trófica, causando problem as à saúde do homem e
de outros animais, além de con ta minar a 6gua s ubterrâ nea.
O res ídu o s id erúrgico proveni e nte da co ncentração d e lam a de altos-fornos
siderúrgicos apresenta elevados teores de Zn (Favarin & Marini, 2000); entretanto, outros
metais pesados são normalmente encon trados nesse resíduo sider úrgico, dentre eles, o
Pb e o Cd . Os efeitos da a plicação desse resíduo siderúrgico como fonte de Zn para
plantas de arroz (Oryzn sntivn L.) e a toxidez devida ao Cd e Pb no resíduo, foram estudados
em experimento de casa de vegetação por Andrade et ai. (2008). Foram utilizadas amostras
superficiais de um Latossolo Vermelho Amarelo e de um Neossolo Flúvico, e cultivadas
com variedade de arroz BRS Curinga. Foram adicionados 94; 281; 844 e 2531 kg ha-1 de
resíduo. As plantas crescidas no Neossolo Flúvico apresentaram a maior produção de
matéria seca e a maior acumulação de Zn e a menor de Cd. As plantas de arroz cultivadas
no Latossolo, mais ácido, apresentaram a menor produção de matéria seca, menor
acumulação de Zn, e maiores teores de Pb e de Cd. Pelas características apresentadas nos
solos estudados e pela fitotoxidez do Pb e do Cd nas plantas cultivadas no Latossolo,
Andrade et ai. (2008) não recomendaram a utilização desse resíduo como fonte de Zn
para a cultura do arroz. Resultados semelhantes foram encontrados por Accioly et al.
(2000), que avaliaram o resíduo da indústria siderúrgica, pó de forno elétrico (PFE),
como fonte de micronutrientes e contaminantes para o milho, em condições também de
casa de vegetação. Utilizou-se um Cambissolo álico, onde foram aplicadas três doses de
calcário (O; 2 e 4 t ha- 1) e cinco tratamentos: sem fornecimento de micronutrientes
(testemunha), com fornecimento de micronutrientes via reagentes p.a., e com 250; 500 e
1.000 kg ha· 1 do pó de forno elétrico. A produção de matéria seca só variou
significativamente na presença de calagem. Os tratamentos com PFE proporcionaram
aumentos na produção de biomassa e nos teores de Zn e Fe em relação à testemunha,
porém apresentaram resultados inferiores aos proporcionados pela aplicação de
micronutrientes via fontes p.a. Contudo, pela presença de Cd e Pb na matéria seca da parte
aérea, o risco de contaminação do solo e dos alimentos por metais pesados no PFE pode
limitar seu uso agrícola como fonte de micronutrientes.
Com o objetivo de reduzir os riscos de contaminação do solo e a transferência para
a cadeia alimentar de metais pelo uso de fertilizantes, corretivos e resíduos industriais 0
Minislé'.·i~ d a A~ri~ultula b_aixou a lnstru_ção Normativa SOA Nº 27, 05 d e junho d e 2006,
que d e f1rnu os limites m áx imos de meta is pesados admitidos em fertili zantes minerais
q ue cont enham: P, micronutrientes isolados e em misturn com os d e mais nutrientes. As
premissas dessa Ins tru ção Normativa são as seguintes:
A f,"'''~d1.: ,11'ílÇ':Í1c •1 n1r'-' "'''~ d('\ nrg,, l'llntr l'i,1 B )\1 u11,· •nlt•11 t11,rwn 1v tr t l,1:.;
p"'l., h,•1.nit, lk b •~-·• to k:d ,-, ,,u ,le 1,11.1 ' n1 l IHh_:.1, w, ( ·i1 1L·lill' lt oufHcnh• d ·
:\Hvid nk , Qjn c,,p,tuh.> l l'ntr0t,\\\tl\ qm\l\d N: 1,m~ l', 1)\J, 111o l0~ul,1r: ,,t ct', ltl'ffl rt k ls
int11'\(\\llC1\I" Hg,m, se nn:-l , t\ Olll l'\)~ 1• p rnl •rnt'rn·n,111' ft-)1\: '1ll\ll ll1\I I'~ :;-.1•~1 ,llo, 1osr . ti
~-Hl(,nS m ,,,rn ():,- \'~í\tt,'ff\ \'\ m d ,\d (lí'('R d. p,11'\'8 dl• 1( tl'IJllo r,w., fur1íl, ,r ~,iíl ll OH l ü::l cl'
, rd. noç,. o 1'IU compl 'Xl'i•. \ , 1•:-1' ·,·il'Hdí,ndol\l::<- 111 llg,,nl :1,,, 1 ,,,,•tn t •'I ' 111•1 muni)•; um
p . d ' dNr0ns d --~~tl\J"1n ·lh.hl, 1 --~ s 1101\ \'t•I f' í-'t'J" Íü l'II\ 1 '.h ) d í l ·: )C 1) ·e P[ h 1I"1d 1, \
gu ~ an, n'i, (:1. í0ns h k·t,, " ,11 ltn,1nt •~ 1.";11n1111,s • .-\ in ...1lorl,1 ,h,., 1t1,, :i 111 •l, 11 os
c,n solu ',\() -l('JU() '.) ~xt~l ' n.1 , , r,I. lk, ç:0mo l(JIJill:Oill) 1•:,.;fl,,, (\•ntn r"' '>-.l rnpl o,
'u l\ ~ k '·.A q1e1.mtitfod ,k ll g(\ç,, ·s Cl_\ll' os lio11s n1 •l lk o:, ll-i,ck11\ , 1t tni..,r ' itn OS
dcrndor •sd"'c'I ti:cms 'dl'íinid c111nc ntlíll'l'O d ocwcl •,,,ç. l \clo~ ,ti n, uj,,· vo lor•s
típi os sJo - • •l v('jn , p Lul ll), A~ e~p eí s fo l'fnod,1 por •1-111 1•• 1· ',)ç ,, · ~t
cooJ·ct~nnç:i() poctcm sQr (•k tri ·mnc.n k pC1si ti vns, nl'1il 1\.1~ ült n0on ti\·.,:.i .
. lignnt •s rnonod •ntndos contQm som •nl un·, p~H· do~, trnns p ,._, dn~t' l,11 omo
H ·, r:~ H~ . No ~XQrnplo li seguir, ond u sQ t'm os ligJnlll:5 1-l-;: ' 11·, o a n ·un11 1•~l)
pc,ck ·c•r r 'PP, cntndo por Al(li~ )..(OM)~.., ou_, suprimindo ,s 1nokcul, s d , ,\GHCI; po fr
se1·1·epr<:'s~nrotfo sirnplesmrnt par AI( M} /
AI ( ~l);
ou
t\l (l·l~OMOl>L)~'
Qunndo " xjstfr mo.i de um cl'l t'ion n'l. •t:\lh) 'N11'1:nl, l\\l)l'l'gn~s(• e, tcnno" mpl ~
nwlti ou polinud H:
Q unndo doi fl ou 1nniii grupo.s fllnch 1r1 is d CJ,11...h:1rt1s dC' 1 1c,1ns d\'\IITO 11, ' H'Ut,,,,... u
do Hg 1íll P c•sl, o , oorctvn,1d, 11 1 um ríHintl 1n, 1 liç,n f C'-tllt\1I. ~•. •w llg,H\t(I , d,•u()ltlfti,,,hi
1
XVI - QUÍMICA DOS METAIS PESADOS NO SOLO 953
Cr0H2+ Cr(0H)4-
Cr0i2· Cr042·
Mn2+ Mn2+, Mns:::lP, 0rg °,
Mn2+, MnS0~º, Mnü3 MnHC03+, MnB(0H)4+
Fe2+ Fe2•, Fes:Jiº, FeHro~·, 0rg FeC03º, fe2+, FeHC03+, FeS04º
Fe3+ Fe0H2+, FeüHl, 0rg(·J Fe(0H)l
Ni2+ Ni2+, Ni9J;2-, NiHC0:i, 0rg NiC03º, NiHC03+, Ni2+, NiB(0H)4+
Cu2 + 0rgc·i, cu2+ º,
CuC03 0rg, CuB(0H)4•
Zn2+ Zn2+, Zns:::liº, 0rg<·J °,
ZnHC03+, ZnC03 0rg, ZnS0,0, ZnB(0H)4+
Mo2+ H2McOi°, HMcOi HMo02·
Cd 2+ Cd2+, CdSJl, CdCl+ Cd2+, CdS04º, CdCI•, CdHC03+
Pb+2 Pb2+, 0rg, Pbs:Jiº, PbHCD.,'- PbC03°, PbHCQ3+, 0rg<·J, PbC03°, Pb0H"
(10)
~
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0,8 \
• ll,
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- 11, ti.
- O· P,
0,6 -A- 11,
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e:::. - 11,
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o
6 7 8 9 10 11
-
• • -<
..
_d
12
f1
13 H
pi-!
em que E" é a energia de hidratação do cátion. Em geral, íons pequenos têm energia de
hidratação alta, decorrente da formação de campos elétricos fortes entre os dipolos da
água e os íons. A energia livre de hidratação de cátions e ãnions, óGºh' pode ser estimada
a partir da relação empírica:
em quer= raio do cátion + 0,72 Â ou r'= raio do ânion + 0,3-0,6 Á; z = carga do íon
A equação 14 tem mais eficiência com metais mais leves, tais como Na· e Ca 2·, porque
não sofrem efeitos de ligações covalentes nem efeitos de campo cristalino, do que as
ligações de hidratação de metais pesados e de transição.
A variação de energia livre associada à transferência do íon da forma gasosa para o
estado aquoso aumenta a entropia do sistema, 65\, como também a entt1lpia, 61-1°,,,de
acordo com a equação :
(15)
Cátions que têm a razão carga/raio elevados tendem a polarizar a água fortementl!
e promover a hidrólise (Quadro 6). Isto pode ser pensado como uma hidratação intensa
levada ao extremo, na qual o potencial iônico, z 2/r, é forte o suficiente para romper as
ligações O-1-1. A reação de hidrólise para o cátion AP•é:
(16)
(17)
N a fi g ura 2 te m-se o p K' d e vários cátions de acordo com o po tencia l iônico, onde a
h •
linha marca a rd a çào entre h idrólise e potencia l iónico qu e d everi a m ser esperados
som ente em relnçào às forças eletros tá ticas (íon-dipolo). A linha prevé o comportamento
d e hidró lise dos m e tais alca linos e a lca li nos terrosos. Entre tanto, outras contribuições,
tais com o campo cris talino e ligação covn lente, a ume ntam a te n dência d e muitos metais
d e trans ição e me tais pesados hidrolisarem.
16
Na~
-.
.;,t.
..2:12
14
CJ
"'
<5
... 10
-o
:E 8 Ag'
CJ
ü •
.3 6
e:
.5
,.
"' 4
uõ Fe 3•
2 •
o
o 2 4 6 B '10 12 16
Potencial iônico (z2/r)
METAIS, M, E LIGANTES, L,
BALANÇOS DE MASSA
1
ELIMINAÇÃO DOS
COMPLEXOS
!
ALGORITMO NUMÉRICO PARA ESTIMAR
CONCENTRAÇÕES DE IONS LIVRES
CONCENTRAÇÃO DE ESPÉCIES
IÔNICAS LIVRES E DE COMPLEXOS
CONVERGÊNCIA? - - - -- - ~·
[ OUTPUT )
20
[OI-J)- = Kw 21
1H7
22
A figura 4 foi preparada com base na equação 23. Verifica-se que esses óxidos
metálicos são dependentes do pH, diminuindo cerca 1.000 vezes a solubilidade para
metais trivalentes, como o Fe3 ' e Al3', e cerca de 100 vezes, para os metais divalentes (Fé';
Cu 2 '; Zn2 ' ; Cd 2 '), a cada unidade de pH elevada.
A contenção química ou imobilização química é uma técnica de remediação de solos
contaminados com metais pesados e é baseada na redução da toxidez do metal (Mesquita
et ai., 2006). Nessa técnic.i, procura-se reduzir a toxidez por meio da solubilidade desses
metais com a incorporação de produtos de reação alcalina (calcário) (Figura 4).
A equação 24 pode ser usada para descrever a reação de dissolução para sólidos, tal
como hidróxido de alumínio:
(2-!)
(25)
.3
. 5 .l----t-...\---t--\----<t-·--+-\--'c-----f,.----+---+.......
o 2 4 6 8 10 12
pH
o
Al(OH), (amorfo)
-5
ui\l(OH), (bayerita)
uAIOOH (diJporo)
-20 L __,1-----+-- - r ---r---+---,--__,.,~,.......,,,,--+---4
2 3 -t 5 6 7 8 9 10 11 12
pH
Na figura 6, está representada a formação dos dife rentes óxidos de Fe de acordo com
o pH. Verifica-se que Fc(OH)3 amorfo é o mais solúvel e o pri meiro a se formar. As formas
mais insolúve is e as últimas a se form are m são a goethita e o hematita.
-6
-S
-10
-12
- i:,
L:.. -14
e.o
.E
-1 6
-16
-20
-22
-24
3 5 6 7 8 9
pH
H0,5" H
OH o-ZnCI
/ ZnCI'
ou
/
Fcou AI +
2n=· + cr
Fcou AI
+ H'
~H
\OH
HOS H
o.s OH
OH
\ / Ho.s• \ / li
Fc-OH Fc-0
o
I
+ Zn,. O
/ \ Zn + 21-1·
\ \ /
Fc-011 F,· - 0
/ \ li 11,s ·
/ \ 1-1
OH0.5' OH
figura 8. Esquema de adsorçào especifica com estrutura fechada e com enl,1cc cm ponte.
fonte: Kall>.i!>i cl ai. (1978).
Superfície Domjnanle
coo
"'/ \/
M
01co) E
l t-tA
-
(COIO COO
2 11'
. .:
=:y·
coo OICOJ
/ ~-
:
·y " coo,
-~- )\ J::I
ICOIO COO :
!:A /'"'")"
: (CO]O
~ MºO¾aO),
(28)
Araújo e t ai. (2002) estudaram a ordem de seletivid ade, p o r rnc io dos pa r âmet ros
dos mod e los de iso termas d e Lrngmuir e Freundli c h (vcjíl ca pi tul o X II), dos meta is
Pb, Cu, Z n, Cd e N ino h o ri zonte s uperfici t1 l das princ ipa is c losscs de so los brasi leiros.
Os autores verificaram que Pb e Cu forn m os qu e aprcscnlarêlm mai o r ildsorçã o
(Quadro 8).
S0!0«11 Seqüência
Formas Solúveis
As espécies mais móveis e potencialmente disponíveis (íons livres, complexos
solúveis com ánions inorgânicos ou ligantes orgânicos) estão contidas nessa fase
(veja Complexos Solúveis), em baixas concentrações, determinadas por técnicas
sensíveis, tais como: espectrometria de absorção atômica com atomização eletrotérmica
(ET-AAS) e espectrometria de massa com plasma indutivamente acoplado (ICP-MS)
(veja capítulo XXI. Nesta fase, os complexos orgânicos solúveis não estão prontamente
disponíveis para plantas e microrganismos em razão do eqüilíbrio formado {complexos
estáveis).
Na rizosfera, compostos orgânicos (ácidos e, ou, agentes complexantes) produzidos
por plantas e microrganismos alteram a forma de ligação dos metais com o solo,
tornando-os mais ou menos biodisponíveis (Alloway et al., 1988).
A fase solúvel é pouco tamponada e, conseqüentemente, está sujeita à
perturbação, como, por exemplo, mudanças de pH. Ânions orgânicos solúveis tendem
a complexar mais fortemente que cloreto e sulfato, que, por sua vez tendem c1 complexar
mais fortemente qu e nitrato. Esta fase pode ser isolada por centrifugação, por
deslocamento e seletivamente por diálise (para mate riais ricos em m.:itéria orgcinic;:1,
como s edimentos, lodo de esgoto, composto de lixo urbano, de.) (Fletche r & Beckettt,
l 987) .
Formas TrocáYeis
As espécies trocáveis sfio retidas preclominnntementc po r fo rçns eletrostáticas
aos colóides do solo que ;iprcsen tnm cnrga negativa perm,rnentc ou c.irgas v.iriávcis
de acordo com o pH (;irgilas silicntnd;is, óxidos d e Fc, Mn e /\1 e m;ité ria orgânica)
e material amorfo (óxidos de Fe, AI e Mn), por meio d a formação d e complexos de
esfera externa. l'vletuis pesados s ão isotopicamente trocáve is e podem também ser
deslocados por cátions bás icos comumente presentes na s olução do s olo. Parn que
a troca seja rápida e completa, n energi;i de ativação envolvid;i nesse processo deve
ser baixa.
Entretanto, algu ns cátions ligados, inicialmente, por forç;is eletrostátic;is podem se
combinar lentamente por meio de ligações coordenadas ou covalentes, passando a estar
adsorvidos especificamente (metais pesados ligados a óxidos de Fe, AI e Mn. Nesse caso,
os cátions básicos simples só conseguem des loc;ir os metais pesados, e bem lentamente,
desde que este processo esteja no início (Beckcttt, 1989).
Forn1as de Precipitado
Compostos pouco solúveis, como carbonatos, sulfetos, fosfatos, hidróxidos,
podem ser formados com os metais pesados (Beckettt, 1989) (vej.i Especiação de Metais
Pesados na Solução do Solo).
n ~t~"\>l '(IS u ._, in•~ •h \'lS, ,,dh.:ion,,dl)s su •ssiv rnrnnl ', 'SS"S reagentes
~l) •('\· 'I\\
C\ll m\ 'us ~~lt 1n ' ~qH '" i,1hn ,,11, s 111 t.~ls p, • ,dos sso ·i 1dos .)s diversas frações
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b, dísp, nfüiHd, ie, m bilid,hk pol '" •iJI "o tr,11,spo1·t, de e l m ,ntos (Ackay et a i.,
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di, •1·s ' f,110:trs: i u ·o d , difrn·ntrs rQn!) •nte~ cm ~on nlr . " es at'iadas, que
:, .,b 1m é~tl'Ji nd o qu 111ti d id e s dif ,,. •n l s 1, tn"t, i · 1 S,ldos; ii) pouca 3
'Spe --iti~id ...,dl' dos n',\ •:Qnl ' $ •m -~lr ir \ •t rmi c1,1d fa ·', o q t1 cria de pouco uso
n.1 m p. rnç'io 0m um r •01,l:nh~ nrn i · ' w , fü:o ; iii) dii •rtrnt" condições físicas e
quun.i 11~ i solo, qu, influ 'tl (1m , int •raçJo dos m e lais µ •snd com os minerais
' om n m,lt riu or 1nic,1.
lloj 'll\ diu.., eit~-s 'qu s :'1: lr.,tores n 10 s o sdeti, os I.! QLP u menor ariaçào nas
ndiç 'S "l\l)e.rimcntnL d e qu. lqu r procedimento analítico tem feito significativo nos
t· sul.tudo . Alguns probl"rn s, tanto com n extraç,10 simples qua nto com a seqüencial,
n~ l.'SSitan1 s r resolvidos, a snber: nJo-s kth idnde das rençoes e a inJlu~ncia da variação
das eandiço;:,s e:-.'l)erim ntnis. Prncedimentos nalHicos que utilizam êx'lratores fracos
pttr,1 det rminoçJo de meto is pesados nas frações necessitam ser otimizados e validados
pnrn dif ,rcu'lt •s ed imentos e tipos de solo, incluindo os orgânicos (Rauret, 1998). É
ne essd ri o J1.10 só hwestignr os prindpnls variáveis que interferem na reprodutibilidade
quru1do S" opH o un, procedimento da ex~ração, mas também escxeve.r protocolos bem
\/lQfi nidos e vnlid ,l-l os.
Outro tipo d nbordngem útil pura estimar os teores biodisponíveis dos metais e
nvnJior o risco ao m , icJ nmbi >nte ~ n utilização d~ diferentt!s reagentes químicos n a
>..lraçl'i s imples da .m etnis no solo que se corre lucionem com o absorvido por modelos
bio.1 6gicos (Qio n ~1· nl., l 96; Abreu t a i., 2002; Miranda e t ai., 2003 \iVang et ai.,
200 ).
s m todos d extroç(lo s io ti plicados em estudos de deficiência d e nutr ientes em
pl,,ntos e, ern olgumn extens 10, na determinação d e toxidez potencial de a lguns
>lem >11l()!l.
s el •merü os esl o e o, difore.nt~s formM no sol.o, com difenmt 's solubilidad~~ que
pod •m ser xtrníd ,s por f'ogentes de diferentes fo rças. A força do li~nç~o dos m~tnis
p •s. dos no, c:ornpostos do solo dep nele: i) do ti po teor do rnelnl posndo; ii) do t ar t!
do tipo d min rnis cl fro,cro argila (nluminossilic, tos óxictas de F , AI Mt ); iii) do
h'1'0lJ d c,·ist Jinidod do:i mili rnis; (iv dn qu~ ntidncto qualid ctc d(\ nmh. d a orgünic,,;
v) do J IJ do solo; 1,) vj) do 1-mpo d' ont to do fn l.ll com os sHic, ' d1.• llgaç, ~ cteutre
Grrllld • 11 ún1 ro J,, ' b· 1tor '8 tum ido usado p rn isolM ._. xtt-.,ir ctc,111, nto~, t,mHl
. . •n 1.11-, qu,mh> t • i os, J umn fnse d - 1•rminndn do ~olQ. Mu itos de -~('s "' tr,,torl's,
entretanto, são menos específicos extraindo menos ou mais da fose do solo que se deseja. As
propriedades de alguns dos mais importantes extratores de solos são consideradas a seguir.
Água
Íons que estão livres na solução do solo e também aqueles que estão na forma de
complexos solúveis (orgânicos e inorgânicos) são extraídos com água. Isso, geral mente,
precede a determinação das espécies trocáveis ou especificamente adsorvidas. Diversos
pesquisadores têm-se empenhado em quantificar os íons livres e complexados na solução
do solo: extração com água e centrifugação (Miller et ai., 1986a; Keller & Vedy, 1994; Lã,
1998); extração com água e passagem da solução resultante em resina trocadora de cátion
e ãnion para separação dos íons livres daqueles complexados pela matéria orgânica
(Sims & Patrick, 1978); extração com água para íons adsorvidos não especificamente
(Sposito et ai., 1982a,b; Lund et ai., 1985; Campbell & Beckett, 1988).
Sais Neutros
A troca e a liberação de cátions são promovidas por extração com solução de eletrólito
forte. Sais de ácidos e base fortes, como KN0 3 e MgCl2, têm sido usados para este tipo de
fração. Esses extratores não atacam os aluminossilicatos e nem a fase de óxidos e,
diferentemente dos sais de bases fracas~ não alteram o pH da extração. Alguns
II 11
pesquisadores têm estimado a fração trocável", trocável por sais neutros"," trocável e
solúvel em água", " adsorvidos não especificamente", por meio da extração com soluções
relativamente fortes de cloretos ou nitra tos de potássio, magnésio, cálcio e bário
(Quadro 9).
Quadro 9. Soluções de eletrólitos fortes utilizados para estimar a fração "trocável ",
"trocável por sais neutros ", "trocável e solúvel cm água " e "ildsorvidos não
especificamente"
De modo geral, os " ácidos molesl 1l" (veja capítulo III) são melhores deslocadores de
cátions metálicos que estão seguros por forças mais covalentes do que os "ácidos duros"
de Lewis. Porém, os sais de cloreto extraem mais Cd 2 ' do solo, ou porque o Cd2♦ se liga
mais fracamente aos compostos dos solos que Cu 2• e Pb2• , ou porque há formação de
complexos relativamente fortes com o Cd 2 ' na forma CdCl 0 2·" (CdCJl • ou CdCl2) na solução
do solo (Lã, 1998).
Sais Específicos
Este grupo compreende sais de cátions mais fracos, tal como Cu 2 • ou Pb2• , capazes
de deslocar cátions similares de sítios orgânicos ou inorgânicos, onde eles estão retidos
por força s parcialmente covalentes ou coordenadas . A solução que contém
Pb(NOJ 2 0,05 mol L·1 + Ca(NO3) 2 0,1 mol L·1 foi utilizada para deslocar Cu especificamente
ligado covalentemente a óxidos ou grupos orgânicos (Miller et ai., 1986b).
A solução de Cu(C~COO) 2 0,125 mol L· 1 tem sido empregada geralmente para
deslocar metais adsorvidos especificamente na matéria orgânica ou ligados a óxidos de
Fe, A1 e Mn (Sedberry & Reddy, 1976; Soon & Bates, 1982); Cu(CH3COO) 2 0,05 mol L·1
(Murty,1982) ou CuC12 0,5 mol L·1 (Barra et ai., 2001) para extrair metais organicamente
complexados; Cu(NO3) 2 0,05 mol L·1 + Ca(NO3) 2 0,1 mol L· 1para deslocar Pb2' e Cd2•
(contaminantes dos solos) e Mn 2• e Fe3' (nativos dos solos) (Lã, 1998). Este tipo de sal
específico desloca mais cátion da matéria orgânica do que soluções de sais neutros (Himes
& Barber, 1957) pelo fato de o Cu2• formar complexos bastante estáveis com os ácidos
húmicos e fúlvicos da matéria orgânica (Barra et ai., 2001).
' " Os fon s mc1álicos são ácidos mulcs ou duros, depcndcndu da CMabilidadc de seus complexos com certos liganle~ \Huhc~Y·
1972). l\k1ais considerados ácido~ duros são pequenos e pouco polarilávcis (pouca lcndcncio. n sofren:m deformação) e tcíll
prcfcr.:nci.:i de líga~iio con~ bnsc_s duras. qu~ siio lam~ém li~amcs pequenos e pouco polarizáveis. Os melais consh.kraJ ~s moks
~ão maiores e mni~ polunzávc1s e, combmnm prckrcnc1almcn1e com bases moles, que são liganlcs grandes e fur1cmcutt
polarizáveis.
A definição incorporJ as rcuc;õc~ 6cido-bu.,c usualmcme a,citas ( H' é um úcido duru, OH e NH são bu~cs dum~) e, al~mdi'>o, ~rUJJJc
número de rcaçoo que cnvulvcm n fonnac;ào de complexos simples e de complexos com hgu~o "n ".
Os rncu1i~ alcalinos, alcalinos lcrro~o:~ e nlguns mclab de lrnnsiçOo tom clcvudo número ue u,\ iduçào siiu ácidos duro.<,e <jUC ,e ligam
pn:fcrcncialmc:ntecom hu~cs nu scgu1111c urdem (1.Jc111ro uc cada grnpu):
N >> P > As > SI,
O>> S > Se > Te
f- > Cl > Ur > 1
o. mc1uh de tran~iç!io com baixo númcrn dc oxiuu1,Jo ~no dcidns mole, e que ~e IÍ!llllll prcfcrcncinlmc:nlC c(lm l>u~cs na wguiurc ,,rJt/11
(r..l.c:nlru de .:.idu grupo):
N << P > As :, Sb
O << S < Se - Te
F < Cl < Ur < 1
Ácido Clorídrico
O HCl 0,1 mo! L· 1 é empregado para extrair cátions trocáveis (Shuman, 1979) ou
cátions fracamente adsorvidos (H-trocáveis) e tem-se mostrado capaz de deslocar Cd, Co
e Zn recentemente adsorvidos em óxidos de Fe e Mn, carbonatos ou matéria orgânica em
decomposição. O HCI 0,5 mo! L·1 foi empregado para extrair Cu solúvel em ácido e
mostrou-se capaz de dissolver óxidos de Cu e carbonato básico de Cu, mas apenas uma
pequena porção de sulfeto de Cu (Luoma & Jenne, 1976). A extração com HCI depende da
concentração e da temperatu ra, pois pode até dissolver óxidos de Fe cristalino, em
temperatura ambiente, obedecendo à seguinte ordem: amorfos > magnetita > hematita >
goethita (veja Solubilidade de Óxidos Metá licos- Figura 6) (Chao & Zhou, 1983; Silveira
et ai., 2006).
Ácido Nítrico
O extra tor HNO 1 1 mo) L· 1 é empregado na dissolução de cátions fortemente
adsorvidos (Schalcha el ai., 1980) e não anteriormente deslocados por acetato de Cu
(Soon & Bates, 1982); cátions adsorvidos, precipitado e alguns cátions ligados
organicamente (Silviera & Sommers, 1977). O HNO 0,02 mol L·1 é utilizado associado
3
ao peróxido de hidrogê nio na oxidação de matéria orgânica de solos e sedimentos
(Tessier et ai., 1979) e nas concentrações 0,01 mo! L-1 (Keller & Ved y, 1994) e 0,1 mol L·'
(Mi.Iler e t ai., 1986b), é associado à hidroxilamina na redução de óxidos d e Mn e Fe.
EDTA e DTPA
EDTA constitui poderoso agente quelante utilizado para extrair metais pcs,id~~
adsorvidos ou oclusos em óxidos de Fe n ão-cris talinos em diferentes conccntr,iÇlll':, ~
· . O D·1·rA. extrai· os
valores d e p 11 · metais
· pesados Lroc,1vcis e ligad os organicanwn t1.:,• l••••ll
c~mo dissolve aq ueles na forma_de pr~c!pil~dos (Schalsch a et ili., 1982). N0
sno mostrados a lg uns exemplos da util1 zaçao desses agentes qud,intes nn l xlr, 1,
l~1'.ªl!'.:~~)
1
Quadro 10. Agentes quelantes para extração de metais pesados, em diferentes concentrações e
valores de pH
Cloridrato de Hidroxilamina
O cloridrato de hidroxilamina (NH2OH.HC1) em pH 1 ou 2 é um agente redutor
moderado e é utilizado na redução dos óxidos d e Fe e Mn, liberando metais pesados
adsorvidos ou oclusos nestes óxidos. Sua eficiência aumenta com a temperatura e
acidez. O cloridrato de hidroxilamina 0,1 mo) L·1 tem pH 3,6, tanto que é usualmente
acidificado com ácido nítrico, clorídrico ou acético. Em díferentes valores de pH e de
temperatura, a hidroxilamina tem comportamento diferenciado, pois dissolve formas
mais cristalinas de Fe e Mn em temperatura elevada e pH baixo. Porém, em temperatura
ambiente e pH baixo, parece atacar uma faixa menor de óxidos amorfos (Lã, 1998),
como observado na extração com: N H 2OH.HC1 0,04 mol L· 1 pH 2,0 e 96ºC +
CH3COOH 25 % (v/v) + HNO3 0,02 mol L· 1 (Tessier et ai., 1979); NH2OH.HCI 0,1 mo!
L·1, pH 2,0 e temperatura ambiente + HNO3 0,01 mol L· 1 (Keller & Vedy, 1994);
NH 2OH.HC11 mol L· 1, pH 2,0 e temperatura ambiente+ CH3COOH 25 % (v /v) (Keller
& Vedy, 1994); NH 2OH.HCl 0,01 mol L· 1, pH 1,0 e temperatura ambiente+ HNO3 0,1 mol
L· 1 (Miller et ai., 1986a).
◄
XVI - QUÍMICA DOS METAIS PESADOS NO SOLO 9 79
Hidróxido de Sódio
O NaOH 0,5 mo! L·1 é utilizado para extrair metais pesados ligados à matéria orgânica
(Emmerich et al., 1982; Sposito et ai., 1982b). Soluções concentradas de Na OH dissolvem
lâminas de octaedros de Al de minerais aluminossilicatos. O NaOH 1,25 mol L·1 é utilizado
para solubilização específica de óxidos de AI em solos (Gomes et ai., 1997).
Hipoclorito de Sódio
Hipoclorito de sódio é um agente oxidante comumente usado para dissolver matéria
orgânica do solo. É utilizado para estimar teores de metais pesados " ligados
organicamente" (Shuman, 1979; Miller et al., 1986a), presumivelmente pela destruição
de grupos ou moléculas orgânicas. NaOCI é usado a pf-1 9,6 (Miller et ai., 1986a) e em
solução 0,8 mal L·1 a pH 8,5 e 85 ºC, mobiliza Cu 2• ligado organicamente (Kuo & Mikkelsen,
1983). Em pH mais alto, pode haver perda de metais durante a oxidação com hipoclorito
por reprecipitação (Miller et al., 1986a).
Peróxido de Hidrogênio
Peróxido de hidrogênio (J-4O2) é geralmente usado para mineralizar matéria orgânica
do solo e liberar metais pesados nela retidos. Freqüentemente, é usado em meio ácido (pH
2,0), o que pode ter outros efeitos não relacionados com o peróxido, mas que evita a
precipitação de hidróxidos metálicos. Entretanto, a oxidação de todas as formas da matéria
orgânica com peróxido não é completa. Há extratores mais eficientes, porém eles podem
atacar a rede cristalina de silicatos e assim alterar os resultados (Tessier et ai., 1979).
Vários autores têm utilizado a extração com Hp2 30 % (m/v) em HNO3 0,01 mol L· 1 ou
0,02 mel L·1 (pH em torno de 2,0), uma ou duas vezes, a temperatura ambiente (Rendell et
ai., 1980), ou com aquecimento a 85 ° C, ou 100 ºC para liberar metais ligados organicamente
(Shuman, 1979; Tessier et ai., 1979; Harrison et ai., 1981; Miller et ai., 1986b).
O CH3 COOH 0,1 mol L·1 (pH 4,0) (Rendell et ai., 1980), ou CH 3COONH~ 1 mol L·1
em HNO3 6 % (m/v) (Gupta & Chen, 1975; Wilber & Hunter, 1979), ou CHFOONH4
3,2 mo] L·1 em HNO) 20 % (m/v) (Tessier et ai., 1979) são adicionados junto ao peróxido
para evitar a readsorção de cátions metálicos livres na mistura reacional (Harrison ct
ai., 1981).
(Cottenie et ai., 1979) e HNO 3 15 mal L·' + 1-!CI 12 mo) L·' (proporção 3:1) + HF 20 mol L·'
(Miller et al., 1986a). A mistura de HCI e HNO3 concentrados (3:1) é ligeiramente mais
eficiente na mobilização de metais de sedimentos do que a mistura HNO3 15 mol L·1
+ HC1O4 4 mo! L· 1 (1:1) fervente (Cottenie et ai., 1979).
Para tornar mais eficiente a digestão, pode-se utilizar um sistema fechado, sendo a
mistura reacional aquecida em bomba de Teflon, para manter o meio reacional constante.
Como exemplo, tem-se a digestão utilizando a mistura de HF+HNO3 +HCI0 1
(concentrados) adicionados em seqüência a 155 °C (Casartelli, 1992). Este método foi o
preferido dada a incapacidade de os reagentes utilizados em métodos de extração
seqüencial (Tessier et ai., 1979; Keller & Vedy; 1994; Miller et ai., 19866) mostrarem
efetivamente o Fe total no solo, bem como a dificuldade em comparar o Fe residual quando
são usados reagentes de diferentes forças . A mistura HF+HNO3 +HC1O4 (concentrados)
foi eficiente para diferentes tipos de Latossolo Vermelho Amarelo, Organossolo Háplico
e Chemossolo Argilúvico, e, embora não conseguindo solubilizar totalmente as amostras
(material mais refratário) (Lã et ai., 2003), essa mistura apresentou maior poder de digestão
que a mistura HClO 4 +HF+HCI (concentrados) a 150 °C, em sistema aberto (Tessier et ai.,
1979).
McLaren& 5 Ca02 CfüCOOH 2,5% H2C20, 0,1 mol L·1 + KiP2011 mol L·1 Evaporação à 600,,C até
Crawford (1973) 0,05 mo! L·1 (v/v) (NH1)2C204 0,175 mo! L·1 pH= secura. Digestão com
3,25 (UV) HF 20 mo! L- 1
z
m
Tessier et al. (1979) 5 MgCh 1 mo! L-1 CfüCOOH 1 mo! L•t NHzOH.HO 0,04 mo! L· 1 + Hi0z30% (v/v) + 1-INOJ HCIQ4+ HF ,-
Vl
+CfüCOONa 0,02 mol L·1 (pH=2, (concentrados) o
.o
e
pH7,0
1 mo! L·1 pH 5,0
CfüCOOH 25% (v/v) (96°C)
T=85°C. 2h); + Hz02 30 %
z
3:
3 (v/v) + HNOJ 0,02 mo! L·1 o
n)> e
(pH=2, T=S5°C, 3h); + ;o
):>
Cl-bCOON!--f4 3,2 mol L·1 CJJ
m
e r.1 l-fN0320% (v/v)
;o
)>
3: !!!
z Fõrstner (1985) 6 CHJCOONHa CfüCOOH 1 mo! L·1 a) Facilmente reduzível: H:,O130% (v/v) + HNOJ HCJQ4+ HF ,-
m +CfüCOONa NHzOH.HCI 0,1 mo! L·1+ 0,02 ir.oi L·1 (p!-1=2, (concentrados) CJ
;o 1 mol L·1 pH 7,0 o
)>
,- 1 mo! L·1 pH 5,0 HNOJ 0,02 mo! L·1 , pJ-1=2 T=ssor_:); CfüCOONH, ou HNÜJconcentrado )>
o b) Moderadamente reduzível: 3,2 mol L·1 em H N0J 20% 3:
Gl (f=120ºC) ):>
;o
)> (NH1)2C2040,2 mo! L·1+ (vív) l>
r
H2C204 0,2 mo! L·1 li)
CJ
o (pH 3,0, no escuro) o(ll
;o
(/)
o !\filler et al. (1986a) 9 a) Áquo-solúvel: a) adsorção a) Óxido de Mn:_NH20H.HO K!P:Cn O,1 mol L· 1 (24 h) 3HCl:1Hl\!03 + HF z
,- ::r:
o füO específica: Cu(NQ3)2 0,1 mo! L·1 + HNOJ O,1 mol L 1 (concentrados), llQoC o
0,05 mo! L·1 + (2h) (bomba de Teflon) m
b) sal neutro: b) Óxido de Fe amorfo: --i
Ca(NÜJ)2 Ca(N03)2 0,1 mo! L·1 H2CzQ4 0,1 mo! L·1 + ):>
,-
O,OSmol L-1 b) ácido solúvel: (NH,)2Cz04 0,175 mo! L-1 (no
CfüCOOH escuro) (4h)
0,11 mo! L-1 + c) Óxido Fe cristalino: H2Cz04
Ca(N03)2 0,1 mo! L·1 0,1 mo! L·1 + (NH,)2C204
0,175 mo! L·1 0 uz UV) (3h)
Continua .. .
Qu.dro 1L Cm tinu.ação
fuçãD solú,:el
m ~oÁci.cfD solúvel
e,, ou, FT~? z,r;q:;n±l d ~ 9 - ~ ~ ]1 :T.;,
e/ou. facilmente ~!:z~ ~
específic.amente r:'..IZ!&i!.ai c,~-;êr:2
l:roch':el
trocá.vel
6 D-L-COO. -~ CP.::;CDO. ~.,i l mol L·1 F.rzi;:w ·~ raddá7!&t P.'~ ':' t f v, 'f~JJJ -<-
] mol -l.-: pH 7,9 pH 5•9 1HJ.OH.H0.0,1 zr""1 I.:' 0~:H.1 L.«
pH2
z
fra~o mod.=um· p
rf.'d.uzi, el:: Nz;CiO; O, ~ L·'
pH"J
5 Mã<=h, CH;COO. ra] moJ L-: NH.OH.HO o~ ITJffl l.-1 ♦ , .:aoa » ,. (v/., Çffl-3
> O,S mo! L·,1 em OhCOOH 25~ HNO;; O,o2 rr.cl 1.:: p-ii 2J.J
fOSiOj> (.:: Cl;f;COOH 0,11 mo! 1,-: N HiOH.HO 0,5 rncl L-; H:.0:?8.3 :.d Lo! -
2 fla-;-"Lsc<n1<:T pH l,5 ~,4 ):::..,. i.◄
-
>
-~
• G-f..C OO;.."a 1 mol L... NHJ.OH.HO O~ me! L-> +
pi
Quadro 12. Efeito do cátion na extração de metais-traço trocáveis em solos tratados e não com
lodo de esgoto
mg kg-1
2n2• Cu2• Zn2• Cu 2•
BaCh 1,26 0,45 3,85 0,60
Reagente Cu 2•
- - - - - - mg kg-1 - - -- - -
Diversos reagentes são utilizados na extração dos metais associados e oclusos aos
óxidos de Mn e Fe nas concentrações mais variadas (interações superficiais). Na utilização
da hidroxilamina 0,1 mo! L·1 em HNO3 0,01mol L· 1 para reduzir Mn 4• a Mn1 • e
hidroxilamina 1,0 mo) L·1 em CH3 COOH 25 % (m/v) para reduzir Fe3• a Fe2·, Keller &
Vedy (1994) demonstraram a falta de seletividade desses reagentes para os óxidos de Mn
e Fe, pois na fração extraída por hidroxilamina 0,1 mol L·1 também foi extraído algum Fe,
e com hidroxilamina 1,0 mal L·1 foram extraídas grandes quantidades de Mn junto com
Fe. Nessas condições, é difícil definir se Cu2 • e Cd2• estão associados aos óxido de Fe ou
de Mn. Ainda no método Keller & Vedy (1994), o peróxido de hidrogênio foi utilizado
para oxidar matéria orgânica, destruir sítios de ligação e então solubilizar metais
complexados; contudo, em virtude da falta de seletividade desse reagente, Cu2 • e Cd2•
foram extraídos de horizontes de solo com virtual ausência de matéria orgânica.
Outro exemplo da influência da concentração da hidroxilamina na extraçiio dos
metais associados aos óxidos de Mn foi demonstrado por Lã (1998), que aplicou o método
de Keller & Vedy (1994) (hidroxilamina clorídrica O,1 mol L· 1, pH 1,0) e o método de
Miller et ai. (1986a) (hidroxilamina clorídrica 0,01 mol L·1, pH 2,0), a dois tipos dl! solos
(Latossolo Vermelho Amarelo e Chernossolo Argilúvico) e obteve resultados diferentes
para os teores de Cd 2• e Pb2• associados à fração óxido de Mn. Também foi report,1da por
Tessier e t a i. (1990) a modificação na estrutura interna (redução d a estabilidade) da
nontronita após o trata mento redutor com hidroxilamina. Nesse caso, o peró:-.idú de
hidrogênio agiu como forte agente solubilizante de minerais silicatados (esmectil,l e
clorita) que se tornaram menos resis tentes pela ação da hidroxilamina na etapa anti>lil'í-
Na ex tração de Mn, C u e Zn ligados à matéria orgânica, é u tilizado peróxido dti
hidrogénio, mas como ele pode dissolver óxidos de Mn, Tessier e t ai. (1979) lt•nt;i1-.1 n1
reso lve r o problema fazendo a extração d a ma téria orgânica após a ex tr.1ção dos l,,ido5
de Mn, mas nâo tiveram s ucesso, pois alguns metais da fração orgânica foram lib~r.idüS
duran te o extração com a hidroxilnmina em CHJCOOl-125 % (m/v), pt-l 2,0.
Vários agen tes oxidantes são propostos para a extr,1çJo da matéri.l org~inii:,1 nos SlllC'~,
m as não são solisfa tórios porque n mc1léri,1 orgânica rcfrat.irin não é rnmpkt.101<"111,._,
dt:>s trufda. Alf m disso, os sulfetos também são oxidados. Uma .iltcrn,,tiv., l' uttliLJí l'
extr.lto r Na 4PJO,, que (1 um agente complex,,nte e.• dispersante d,, m,1 tét-i.l o rg,ink-1, 0 1l
N,aOH, que solubili~ Ob ácidos húmicus e fúlvicos do solo e mobiliL.lm os d tio11.:i rnL•tJh,.l''
Todavi.1, esses rec.1genll'!> lilmbém poúl'm c1 tnc.ir ,tluminossilicatus (Hiriwr, 19Q2).
o K~P20; também atacar parcialmente o óxido de Mn, o m enor valor pode ser atribuído ao
baixo poder de extração da hidroxila mina pelo aumento de pH ocasionado pela extração
anterior (Miller el ai., 1986a).
Partículas sólidas d e solos e sedimentos são freq üentemente cobertas com camada
de matéria orgânica que pode limitar a ação de reage ntes na dissolução das várias fases
geoquímicas de solos e de sedimentos. Por esse motivo, recomenda-se que, para a extração
seqüencial de solos e sedimentos ricos em matéria orgânica, deve ser adicionado um
reagente para atacar a fração orgânica logo após a fração solúvel e trocável. Com esse
propósito, o peróxido de hidrogênio, que ataca outras fases geoquímicas, deve ser
substituído por NaOCl (Schultz et ai., 1998).
A redislribuição foi estudada porShan & Chen (1993) utilizando um modelo sintético
de solo com a composição conhecida (40 % montmorilonita, 40 % ili ta, 5 % ca lei ta, 5 %
hematita, 5 % pirolusita e 5 % ácido húmico). O método de Tessier (Quadro 11) foi aplicado
a cada componente, separadamente, e ao solo sintético para saber a quantidade de metal
associado. Pelos resultados obtidos (Quadro 15), observa-se que a redistribuição/
readsorção do Fe aconteceu desde a primeira extração, enquanto para Pb e Mn isso
ocorreu a parlir da segunda extração. Para Fe e Mn, várias porções esperad<1s nas
diferentes frações (solúvel, trocável e associada aos óxidos de Fe e Mn) foram
redistribuídas e adsorvidas nas etapas 4 e 5 (Shan & Chen, 1993). Verificou-se readsorção
de Pb tanto ao se utilizar o método de extração seqüencial de Tessier (Tessier et ai., 1979)
quanto o método de extração seqüencial do BCR (Ure et ai., 1993; Raksasataya et ai.,
1996). Uma evidência direta de readsorção é a distribuição de Pb na fração óxido de Mn
e de Fe pela ação da hidroxilamina (Tipping et ai., 1985). A análise por microscopia
eletrônica realizada na amostra antes da extração mostrou que o Pb estava associado ao
óxido de Mn. Mas, apesar disso, grande quantidade de Pb foi encontrada na fração óxido
de Fe após a extração, o que foi atribuído à adsorção de Pb no óxido de Fe durante a
extraçã.o com hidroxilamina.
a lteram i\ Íl"ll'tni\ d,, lis,,,,-, ' d,,s nw t.ds 1' 1)1'\ ,, :,;11h1 " '' l\,\ l llhl , ,,: 111,li •, 1111 IY\1' 1111:,
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Cndu ,kido cwb,'\nic-o ;:ipn'SL'lllil 11ml\ 1·up,wk\i'1d11 diit'l\'llk l\11\\ s,,l11l11li: ,11·,.,,d,1 nwt.1 1.
Então. o uso d e sol11çõ1•s r0mpl'St,1s I''"''' \ ' Mh,:,; 1Wl1.h1:1t, 1:-: t'\:-11d,hlrni I' •I \:: 1'.11.•1 •:) \'t l\\1, w,·
eficic nll' p;:it\\ prt'\11'1' n fil(ldis1'l'l\il1ilhl1\lh- d,,:,; nwt~IIS rw:i,1d,1::, ( \,ml, \' \ 1'1"1'h'. 11,,n ~:,, .,
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(Pauln c t nl., ·19q1), em qu,' 1\ prnd11,1'\n d11 ~•\ , ,:: f,,i 1•111·1'\1 l1wh1111d., ,·,,m ,, k,11' ,h• ; 11
e -traido d os Sl"'l0s, l'11m l'S s~h11inh':- l'Cwikknh.'S d,, 1·,,1'1'1.'h\1.,'l\11: 1• o;-7 l\\1'11lkh• I , I' -
0,69 (HCI 0; 1 1rn1l L.i), r "' 0,(,0 (Nüll TA) l' r • ú,:i,I (I Tl'A). í..1 ' n nti· 11d,1 1,,11· l\khl k h t
aprese ntou n ,n.,iur c<,rr,•lnç('\l, com,, l'rndu,. 0 d I l.'l11l111\ , ~ ,\km d,1 h•1' l''" 'l'\'' •h 1ll,iih1
m elho r indicnçfio do Zn disp011iv,,1. n ml tndn ,1p1\•s,•nt,1nlnd1\ ,1\\ ll\t,1~w111d,, ,,1, 1 \llill: ,i1.h1
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compurnd.1 nus C':-.tr,1torl'S c11· idos dil111d, 1~, (l\11t1,, 11 1111., 111,11 ),
A J •ll' l'IHli H\',',1o d ,1 111nbilid,11h- d11:: nwt .11:- , 1111 1'\\Wl'l1\l\'llh'i, d,• 11\ i\' ,,,-.11, ,. 111
lnbor,,t óric,, ,, dl·SpL•iln dc1 i: lt w1•rl11 í' füi 1•1w,1l\'id,1,, 1' 1'111111\ 1 t.1: ,,,. 1díl11111,\11 ,,,., \.. i'\ ,,: ,,,,11, 1,
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3,00
2.00
1.00
0.00
2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Figura 11. Teor de cromo na zona da rizosfera de solos (15) úmidos e Sl!cos pelo m~todo de
extração seq uencial do BCR: (a) fraçlo trocável+ ácido solúvel (81); (b) fr,1ção liga..la aos
óxidos (B2); (e) fração ligad,1 à ma té ria orgânica (83).
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Q ui MICA E M I NERALOG I A DO SO LO
XVI - QUÍMICA DOS METAIS PESADOS NO SOLO 997
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Conteúdo
INTRODUÇÃO
Por estar situado na região tropical e subtropical, o Brasil possui extensa área de
solos ácidos, não adequados para o estabelecimento de culturas comerciais. Os vários
tipos de vegetação naturais, como campos nativos, cerrados e florestas tropicais e
subtropicais, sofreram longo processo de adaptação, ocasião em que o acúmulo de
resíduos orgânicos e as ciclagens de nutrientes permitiram o crescimento das plantas e m
ritmo compatível com a acidez elevada dos solos. O cultivo itinerante nesses ambie ntes
pelos indígenas brasileiros, com produtividade limitada, ocorreu graças à queimada d a
vegetação nativa e plantio por curto período u li Iizando nu trientes disponibilizados nas
cinzas, com se u efeito alcalinizante, e a reserva acumulada no so lo durante o pl'riodo de
pousio. Nestes dois contextos, a acidez do so lo tem papel secund ário.
A introdução d e plantas exóticas, muitas das quais sensíveis ,1 .1cidl.'z, nu mesmo 0
cultivo de espécies nativas por longo pL'ríodo na mesm.i {lrc.i, vem ocoiTt' ndo desde o início
Sistemas Puros
Silicatos
As argilas s ilica tadas c ri s lalinas pode m ser dividid.is cm minc rnis de baíxa e a lta
atividade !limite estabelecido pela CTC da argiln n pl·I 7,0 (sem correção de carbono
orgánico) > 270 mmol, kg· 1 • Embrapa, 20061, tle ncordo com a capacidade d e troca de
cátions (CTC). Em geral, o somatório d e três a cinco tipos de nrgílas maís abundantes
no so lo representam mais de 90 % da massn totnl dessa frnção (Peixoto, 1995), tend o
corno mineral mais abundante, nas mais diversa s condições, os de baixa atividade,
geralmente caulinita (Curi & Franzmeier, 1984; Juo, 1985; Singh & Gílkes, 1992; Melo ct
ai., 2001 a).
A ocorréncia de argilas silícatadas de alta atividade cm solos ácidos é limitada
pela baixa estabilidade desses minerais. Porém, muito mais comum é a coexísténcía d e
minerais 2:1 com hidróxi-AI entrecamadas (2:1 HE) com caulinita e gíbbsíta (veja
capítulo VI).
A baixa estabilidade das argilas de alta atividade em ambiente ácido foi amplamente
discutida por Thomas & Hargrove (1984). Os minerais 2:1, quando incubados em
ambiente muito ácido, com os pontos de troca artificialmente saturados com H', sofrem
rápida solubilização parcial e liberação de AP' das lãminas octaédricas, o que, além de
saturar o complexo sortivo com o elemento, pode dar origem aos 2:1 HE (Thomas &
Hargrove, 1984).
Turner & Brydon (1967) indicaram que a bentonita (material sedimentar rico em
montmorilonita, formado a partir do acúmulo e alternção de materiais vulcânicos)
apresentou alla capacidade de adsorção de AP· e que a formação da gibbsita ocorreu
quando o teor deste elemento atingiu níveis superiores a CTC dos minerais 2:1 . Porém,
menores teores de AP' são necessários para a formação de gibbsita em sistemas com ili ta
e caulinita (Turner & Brydon, 1967). Colemam et ai. (1964) constataram grande decréscimo
na CTC efetiva de minerais 2:1, determinada por sorção de MgCl 2 e deslocamento por
KNO 3, mediante a adição de AI e Pe à bentonita, especialmente em baixo pH. Contudo,
após titulação com base, os valores de CTC foram restabelecidos, graças ao tamponamento
e dissolução das ilhas de hidróxi entrecamadas. Maior força de adsorção de AP' pela
vermiculita em relação à montmorilonita foi demonstrada por Juo & Kamprath (1979), 0
que pode favorecer a formação do 2:1 HE.
Dessa forma, minerais silicatados de alla atividade podem liberar quantidade
elevadas de AI ao solo em ambientes ácidos pelo intemperismo, bem como tamponar
esse elemento por processos de adsorção e , ou, formação de hidróxi-AI entrecamadas.
Teores de AP• trocável superiores a 500 mmol~kg- 1 d e mineral 2:1 puro foram obtidos
em condição de laboratório, mediante acidificação do meio (McLean et ai., 1958; Lin &
Coleman, 1960; Frínk & Peech, 1963; Turne r & Brydon, 1966, 1967; Juo & Kamprat,
1979) .
Os componentes da acidez dos minerais 2:l estão relacionados com as cargas
permanentes e dependentes de pi-!. As dependentes de pH ocorrem cm menor número,
representando cerca de 5 a 1 O 'Yo do total das cargas, formadas pelos radicais s ilanol
(-SiOH) e aluminol (-AIOH) nas ares las do mineral. Os radi cais -Si OH dissociam
em pH muito baixo, em decorrê ncia do f orle caráter ácido; o PCZ está e m torno d e
2,0 (veja capítulo XII). Logo, o radical silanol te m pouca possibilidade de atuar na
acidez do solo, pois, acima de pH 2,0 (quase totalidad e dos solos), a hidroxila desse
grupo já estará dissociada (Bollnnd et ai., 1976). Assim, npe nas os rndica is - AIOH
das a restas dos minernis s ilicatados poderinm atuar na acidez do solo (PCZ em
torno d e 7 a 8).
Alguns solos brasileiros com ocorrência de minerais 2:1, principalmente na região
sul, apresentam teores elevados de AP' (extraído por KCl 1 mal L·1). Almeida et ai. (1999)
encontraram teores de AP' médios de 42 mmol, kg·1, com variações de 11 a 99 mmolc kg- 1,
para 48 amostras da camada superficial de solos com elevado poder tampão da Região
Sul. Como as amostras foram tomadas na camada superficial, não se pode afirmar que
tais teores d e AP· estejam predominantemente associados aos minerais 2:1 , dada a
presença da matéria orgânica.
A seleção de perfis de solos com argila de alta a tividade, definida como valor T >
270 mmolc kg·1, do levantamento de solos de diferentes regiões do Brasil e os dados
apresentados por Lima et ai. (2006) mostram também valores elevados de AP· (máximo
de 213 mmol<kg·1) para os horizontes subsuperfíciais, onde a influência da matéria
orgânica é baixa (Quadro 1). Além da atividade da fração argila, o valores elevados de
CTC a pH 7 e de Ki indicam a ocorrência de minerais 2:1. Os teores do AJ·3 nas camadns
mais profundas são muito superiores aos teores de H extrnído com acetato de Ca pH
7,0 (relação AP· /H -Quadro 1). A CTC efetiva encontra-se próxima a CTC pH 7,0 nos
horizontes subsuperficiais, confirmando o pequeno número de cargas dependentes de
pH (entre pH do solo e pH 7,0). Logo, o principal componente da acidez deste tipo d e
argila é o AP' adsorvido às cargas permanentes ou dependentes de pH, principalmente
aquelas de caráter ácido forte (grupo silanol). Considerando a baixa estabilidade de
argilas de alta atividade, é provável que os elevados teores de Al3' estejam associados
à liberação do elemento pelo intemperismo parcial das lâminas octaédricas (mineral
2:1 dioctaedral).
Vale lembrar que, mesmos nos solos apresentndos no quadro 1, a cnulinita é o mineral
predominante, mas a existência de pequena proporção de mineral 2:1 pode gnrantir sua
maior participação na geração de cargas e na acidez. Isto porque, na maioria dos cnsos,
a CTC máxima da caulinita situa-se entre 25 e 100 mmol, kg· 1, e nquanto a dos minerais
2:1 ultrapassa facilmente 800 mmolr kg·1• Lin & Coleman (1960) também constataram
teores elevados de AP' extraídos com KCl 1 mol L·1 (maiores que 200 mmol, kg·'), próximos
aos valores da CTC efetiva (Ca2 ' + Mg2 ' + K' + AP•), em solos com minerais 2:1.
Melo et ai. (2009) estudaram a mineralogia da fração argila de dois perfis de solos
formados de argilito na Bacia Sedimentar de Curitiba até à profundidade de 4,5 me
identificaram 2:1 HE nos horizontes superiores (A, B e Cl) e esmectitn nos horizontes C2,
C3 e C4. Com testes específicos (saturnção com Li), os autores determinaram que a estrutura
básica 2:1 era constituída de montmorilonita e beidelita, ambas esmectitas dioctaedrais.
Os perfis analisados por Melo et ai. (2009) pertencem a mesma unidade pedológica, com
mesmo material de origem, do perfil 72 (Quadro 1), reforçando a hipótese da pnrticipação
de minem is 2:1 na acidez do solo.
CTC CTC
pH AJl•
efetiva pH 7,0 Argila T Ki Kr AJJ•/H co
Horizonte
HiO KCI
mmol, kg-1 g kg-' mmol, kg-1 g kg-'
Rubrozem - Períil 72 (Curitiba - PR) (Embrapa, 1984b) z►
Al 4,9 3,8 66 95 215 560 2,12 1,73 0,6 23,9 -l
o,
1,63 0,6 20,0 z
A3 4,9 3,8 70 80 195 570 2,05 o
Blt 4,9 3,8 81 91 154 620 2,08 1,66 1,3 10,6 n
,o )>
e B2t 5,0 3,8 103 111 155 640 2,38 1,91 2,3 5,6 ;c
,-
3: c 5,0 3,6 142 247 286 740 386 2,82 2,25 3,6 1,1 otil
n Podzólico Bruno Avermelhado laterítico - Perfil 154 (Carlos Barbosa - RS) (Embrapa, 1973)
)> <
)>
m A ll 4,9 3,9 14 76 124 300 2,92 1,73 0,3 12,3 ;e
G)
Al 2 5,3 4,2 8 91 124 410 2,44 1,61 0,2 7,0 )>
3: til
B2 4,7 3,8 87 127 170 600 283 2,04 1,53 2,0 6,1 3:
z
m
;c c 4,4 3,8 172 193 220 300 733 2,32 1,73 6,4 2,4 o
::t
.-> Podzólico Vermelho-Amarelo plinlico - Perfil 4 (Óbidos - PA) (Embrapa, 1984a) )>
o A 4,7 4,0 12 16 40 170 2,21 1,62 0,7 8,2 !,!')
G)
)> Bit 4,8 3,7 77 99 136 500 272 2,27 2,12 2,7 7,2 <
)>
11 B22tpl 5,0 3,5 213 246 284 310 916 3,1 2,4 5,9 3,5 3:
m
,-
Plintossolo Argilúvico alumínico abrúptico - (Benjamin Constant - AM) (Lima et ai., 2006) o
A 4,9 4,0 12 30 84 180 nd nd 0,2 21,0
Bt 5,0 3,5 114 124 160 520 300 nd nd 3,3 nd
e 5,1 3,5 173 185 222 nd nd nd nd 4,7 2,0
(atividade da fração arg ila) = [CTC pH 7,0 / teor de argila (g kg·1)l x 1000 (Embrapa, 2006); Ki = 1,7 x SiO2 (g kg·')/ Alp 1 (g kg·'); Kr = 1,7 x SiO.
111 T
(g kg-')/ IA½O 3 (g kg·1) + (0,64 x Fep3 (g kg-1) ] . Teores de Si, AI e Fe obtidos após extração com ácido s ulfúrico concentrado; CO - carbono orgânico~
XVII - Química dos Solos Ácidos 1015
Os elevados teores de AP• (Quadro 1) não podem ser diretamente relacionados com
a presença de 2:1 HE. A participação do AP• na forma de hidróxi entrecamadas no
tamponamento do solo é uma incerteza, considerando os diferentes graus de solubilidade
e de preenchimento das entrecamadas (Kirkland & Hajek, 1972). Uma estrutura em anel
com seis membros, [Al1,(0H) 15p• tem sido proposta para o material entrecamadas nestes
minerais (Hsu & Rich, 1.960). O aumento da liberação de K de minerais 2:1 HE,
determinado por eletroultrafiltragern, após a calagem em solos do sul do Brasil, indica
que pelo menos parte deste AI poderá ser liberada em curto prazo com a elevação do pH
(Nemeth, 1982). Mas, como será visto a seguir, a extração por KCI 1 mol L· 1 tem baixo
poder de troca, envolvendo a liberação apenas do AP• retido com baixo grau de energia.
A presença de hidróxi-Al pode dar estabilidade aos minerais 2:1, termodinamicamente
instáveis nas condições do meio. Em condições ácidas, a formação desses polímeros
estabiliza minerais 2:1, que estariam instáveis em relação à caulinita (Bamhisel & Bertsch,
1989). Nos sistemas naturais, caulinita, gibbsita e 2:1 HE são encontrados juntos na fração
argila de solos (Harris et ai., 1988). A estabilidade do 2:1 HE será maior ou menor que a
caulinita, dependendo do grau de ocupação pelos polímeros de hidróxi-Al.
Diferentemente dos minerais 2:1, a caulinita é virtualmente ausente em cargas
estruturais. As cargas são formadas principalmente nos radicais silanol e aluminol. A
hidratação da superfície da caulinita pode levar à formação de diferentes espécies, tais
como, grupos Al-OH-Al na superfície da lâmina gibbsítica terminal (superfície gibbsítica),
grupos Al-OH (grupos aluminol) nas bordas quebradas das lâminas octaédricas e grupos
Si-OH (grupo silanol) na borda quebrada da lâmina tetraédrica terminal (superfície
siloxana). Shoval et ai. (1999) observaram, por técnicas de infravermelho, quatro tipos de
hidroxilas superficiais na caulinita. Graças a baixa acidez do grupo aluminol (PCZ
entre 7 e 8), a OH ligada ao AI na coordenação octaédrica torna-se fonte potencial de H
(acidez potencial não trocável) até valores altos de pH (7 a 8), o que compreende à maioria
dos solos.
Três diferenças básicas podem ser destacadas na estrutura das argilas 1:1 (caulinita)
em relação às argilas 2:1: i) a proporção de cargas formadas por substituição isomórfica
é praticamente nula; ii) a maioria das cargas é formada por desprotonação do H, ou seja,
dependente do pH; iii) o grupo aluminol, por ter menor caráter ácido que o grupo silanol
e proporcionalmente por estar em maior número nos minerais 1:1, atua no tamponamento
da acidez do solo a maiores valores de pH. Assim, diferentemente dos solos com ocorrência
de argila de alta atividade, os valores da CTC efetiva apresentam-se muito inferiores aos
valores da CTC a pH 7,0 para solos cauliníticos e sem a ocorrência de 2:1 (Quadro 2).
Como o teor de AP• depende da CTC efetiva, mesmo com m% (m = AP• x 100 / CTC
efetiva) igual a 100 %, o teor de AP• nas camadas inferiores do solo (menor influência da
matéria orgânica) é, geralmente, inferior ao teor de H não-trocável ou covalente, o que
determina baixa relação AP•/H. No horizonte B dos solos do quadro 2, a atividade da
fração argila (valor T) oscila de 32 a 115 mmolt kg· 1, compat(vel com a CTC da caulinita.
Como conclusão, ao contrário dos solos ácidos com argila 2:1, onde AP• é o principal
componente da acidez, os solos caulinfticos ácidos têm como componente principal o H
das cargas dependentes de pH.
pH CTC CTC
AP• efetiva pH7,0 Argila T Ki Kr AJ3•/H co
Horizonte H2O KO
o
AB 4,5 3,5 6 16 47 290 2,00 1,84 0,2 1,0 z
o
o BA 4,3 3,6 10 14 33 430 1,97 1,81 0,5 6,0 m
:,:,
Vl 811 4,3 3,7 9 10 29 470 59 1,80 1,66 0,5 5,0 o
o m
,.... Bl2 4,2 3,8 9 9 20 490 41 1,73 1,59 0,8 3,0 "TI
o :,:,
Bw 4,4 3,9 8 9 17 520 32 1,77 1,63 1,0 2,0 m
=l
Latossolo Amarelo distrófico (Apiaú - RR) (Melo et ai., 2006) >
V1
Óxidos
Quadro 3. Análises químicas de solos com argila de baixa atividade em horizontes subsuperficiais com o valor T menor que 270 mmolc kg·•: o
~
solos oxidicos e ácidos selecionados dos manuais de levantamentos de solo do Brasil co
pH CTC CTC
AP• efetiva pH7,0 Argila T Ki Kr AP•/H co
Horizonte H20 KCI
3:
2
m
;;::,
B23 6,2 6,2 o 1 9 810 11 0,47 0,37 0,0 5,7 o
)>
,-
Latossolo Bruno distrófico - Perfil 36 (Guarapuava - PR) (Em brapa, 1984b) =I
)>
o A21 4,7 4,0 18 36 167 740 0,85 0,61 0,1 31,1 ~
C'I 16,7
)>
A33 4,5 4,1 11 18 106 750 0,77 0,56 0,1 <
)>
B1 4,7 4,5 3 9 83 75D 111 0,73 0,54 0,0 14,2 2
o om
o B22 4,8 5,4 o 4 35 760 46 0,88 0,63 0,0 3,6
Vl B3 4,6 5,5 o 5 34 730 47 0,77 0,55 0,0 3,1 "'o
m
o
,- Latossolo Roxo d istrófico - Perfil 21 (Canápolis - MG) (Embrapa, 1982b) "'11
o Al 6,2 5,6 o 105 184 520 0,73 0,-16 0,0 35,9 m"'
5,8 4,9 2 35 120 590 0,78 0,50 0,0 21,6 =1
A3 )>
l/1
81 6,0 5,2 o 21 80 630 126 0,79 0,47 0,0 13,9
3:
822 6,6 6,2 o 5 22 730 30 0,71 0,47 0,0 5,9 m,...
823 6,7 6,3 o 4 17 620 27 0,83 0,-16 0,0 3,9 o
Latossolo Distrófico cambissólico - Perfil 63 (Divino de São Loure nço - ES) (Emb rapa, 1978)
Al 4,8 4,2 12 20 133 290 0,42 0,32 0,1 27,6
B21 5,2 4,8 2 5 63 400 157 0,38 0,28 0,0 12,2
B22 5,3 5,1 l 4 44 360 122 0,31 0,24 0,0 8,8
B3 5,4 5,4 o 3 24 270 89 0,24 0,19 0,0 4,9
e 5,6 5,8 o 3 18 200 90 0,18 0,15 0,0 2,9
XVII - Química dos Solos Ácidos 1019
(a)
(b)
©
OH
oo •
Si
o
Al
Figura 1. Estrutura e radicais das alofanas e imogolitas, ricas em Si (a) ou em AI (b). Observar a
grande exposição de grupos OH.
Fonte: adaptada de Okada et ai. (1975).
Quadro 4. Análises químicas de solos ácidos com ocorrência de minerais aluminossilicatados amorfos
(alofana e imogolita)
Matéria Orgânica
A matéria orgânica tem importância significativa na acidez do solo e é considerada
o principal componente na determinação da necessidade de calagem, isoladamente ou
com outras propriedades, corno o pH (Pionke et ai., 1968). A matéria orgânica apresenta-
se no solo comurnente na forma de complexo organomineral, dificultando a avaliação
isolada de seu efeito na acidez do solo, que, de certo modo, também seria pouco útil por
não representar a condição de campo. As turfas, formadas geralmente em condições
anaeróbias, são provavelmente as condições que mais se aproximam de um ambiente
exclusivamente orgânico. Outro caso são os solos com teores muito baixos de argila,
como o acúmulo de matéria orgânica iluvial no horioznte Bh dos Espodossolos.
A matéria orgânica caracteriza-se por polímeros de alto peso molecular, de
composição e características químicas diferenciadas, com os grupos químicos funcionais
distribuídos ao longo das cadeias (veja detalhes no capitulo XI). O uso de técnica
espectrométrica auxilia na determinação e quantificação dos grupos funcionais na matéria
orgânica (Wagner & Stevenson, 1965; Schnitzer, 1978). Existem dezenas de grupos
funcionais com OH na matéria orgânica, passíveis de dissociação, sendo a maioria com
caráter ácido fraco. Os principais grupos são os carboxílicos, fenólicos, enólicos e
alcolõnicos (Stevenson, 1982).
Valores de pH de dissociação dos radicais orgânicos da matéria orgânica podem ser
vistos na curva de titulação da figura 2. A determinação dos grupos com titulação é
complexa, visto que existe sobreposição de dissociação entre eles e a dissociação é
influenciada pela força iônica da solução e pela presença de metais (Schnitzer, 1978;
Steveson, 1982). Para simplificar, a caracterização da acidez da matéria orgânica é
determinada a pH 7,0, isto é, os radicais que se dissociam acima e abaixo deste valor de
pH. Obtém-se o teor de H que é dissociável entre o pH na condição natural da amostra até
o pH 7,0 (meio neutro), sendo esta acidez normalmente chamada de carboxilica. Já a
outra acidez, representada por H dissociável entre pH 7,0 e 8,2, é denominad<1 acidez
fenólica e enólica (Schnitzer & Gupta, 1965).
O poder-tampão dos solos brasileiros é determinado até pH 7,0, incluindo-se, assim,
grande parte da acidez carboxílica. A eumada superficial dos Organossolos (solos
orgânicos) e o horizonte Bh do Espodossolo (Podzol) (Quadro 5), mesmo com altos teores
de AP', apresentam grande diferença entre os v<1lores de CTC efetiva e CTC pH 7,0. Esse
comportame nto é atribuído aos teores muito superiores de H (baixa rel,1çào AP' / 1-1), cm
que apenas uma fração de 15 a 24 % das cargas foi dissociada entre pH 3,8 e 4,9 cm água
10
3
o 0,01 0,08 0,12 0,16 0,20 0,24
NaOH, mmo~g·'
Figura 2. Curva de titulação de ácidos húmicos de turfa e de solo. Os traços pequenos na horizontal
marcam os pontos finais de ionização dos grupos ácidos (fortes em baixo pH e fracos em pH
mais próximos da neutralidade), com diferentes constantes de ionização, mas com faixas
sobrepostas de dissociação.
Fonte: Adaptada de Stcvenson (1982).
A matéria orgânica adsorve o AP• com diferentes energias, mas prevalecem ligações
com elevado grau de estabilidade (Schnitzer, 1978; Steveson, 1982). De acordo com Bloom
et al. (1979), a matéria orgânica é o principal componente no controle da atividade do
AP' em solução, e, por conseqüência, é determinante na dinâmica do AP•. Thomas (1975)
constatou que o acréscimo no teor de matéria orgânica no solo diminui O teor de AP•
trocável, extraído por KCI 1 mo! L·1, principalmente em pH baixo. Assim, a matéria
orgânica é apontada como um dreno do AI liberado da dissolução dos minerais silicatados
(Conyers, 1990). A capacidade de retenção do AP• na matéria orgânica é tão elevada que
pode ser medida pela relação molar C/ AP•. Rodeja et al. (2004) obtiveram relação molar
de C/ AP' de 45:1 em Andossolos.
Os teores de AP• em solos orgânicos de~em ser avaliados com cautela, pois, como
será visto a seguir, por problemas metodológ1cos, parte pode ser devida ao H.
cauliníticos (Quadro 2) e, principalmente, .ios solos com argila de .ilta atividade (Quadro
1). Em muitos casos, verifica-se ausênci.i de AP· nos horizontes s ubsuperfi.iis (Quadro
3} e apenas pequena quantidade de H (deprolonação de grupos OH de superfície) como
componente da acidez e de formação de carga. Os maiores teores de AP· na superfície de
solos oxídicos podem ser atribuídos à maior CTC efetiva e aos processos de complexc1çfio
da matéria orgânica, o que dificulta c1 formação e cristalização da gibbsita. Considerando
os elevados valores de PCZ dos óxidos de Fe e AI, nos horizontes de textura média e
argilosa, com baixos teores de matéria orgânica, a reduzida acidez [(H + AP'}] é comparável
à dos ambientes arenosos. Já em solos caulinílicos com altos teores de matéria orgânica,
os teores de AP•, mesmo baixos, tendem a ser mantidos em profundidade (Quadro 2),
graças à maior CTC efetiva da caulinita pela dissocic1ção de grupos -SiOH (baixo PCZ),
mesmo em condições de solos ácidos.
A c1ção combinada dos minerais silicatados de baixa atividade e óxidos de Fe e de AI
ocorre com freqüência nos horizontes subsuperficiais de solos brasileiros. Este
comportamento certamente é o sistema mais comum nos solos tropicais, onde o principal
componente da acidez é o AP•, devido, provavelmente, ao equilíbrio com minerais de
argila 1:1. Contudo, quando ocorre o predomínio de óxidos de Fe e AI (Kr < 0,75), o
principal componente passa a ser o H, originado das cargas dependentes de pH desses
minerais. Deve-se destacar, novamente, que a CTC dos óxidos de Fe e de AI é muito baixa,
permitindo um mínimo de cátions adsorvidos.
A acidez do solo está associada ao equilíbrio entre a solução do solo e a fase sólida.
Enquanto a acidez da solução é chamada de ativa, a acidez que se encontra na fase
sólida e que apresenta valores centenas até milhares d e vezes maiores é denominada
acidez potencial ou total.
Acidez Ativa
Acidez ativa é determinada pelo potencial de H· na solução do solo, em equilíbrio
com os colóides, expresso em pH. A medição da atividade de H· pode ser feita por meio
da obtenção da solução do solo em campo ou em laboratório, por diversos métodos (Wolt,
1994). Podem ocorrer, em algumas circunstâncias, variações expressivas entre o pH obtido
pela medição da solução extraída do solo (pasta de saturação) e o pH em amostra seca e
diluída em determinada relação solo/ solução (Figura 3).
A extração da solução do solo não é uma técnica simples. Assim, para análises em
laboratório, a medição de pH é feita utilizando-se mistura de terra fina seca ao ar com
água ou solução salina, a fim de estabelecer um equilíbrio entre as fases, que ocorre após
alguns minutos. Mede-se, em geral, por método potenciométrico, a atividade de H· em
equilíbrio. No trabalho de Lima (1993), o pH medido em água (relação 1:1) foi m,tior qul.!
o medido diretamente na solução do solo (efeito de diluição) para amostras de solos do
Rio Grande do Sul.
1 2 3 4
Solos e Horizontes
A maior pressão de C02 na solução do solo em relação ao ar atmosférico faz com que
as plantas no campo convivam com valores de pH inferiores aos determinados no
laboratório após secagem das amostras de solo. Contudo, Suarez (1987) não observou
diferenças nos valores de pH do solo em água nos tratamentos abertos e fechados
submetidos a vácuo (retirada do C02).
Já a solução de equilíbrio tem efeito ainda maior no pH de equilíbrio: água purificada
e solução salina em baixas e altas concentrações não tamponadas. Com exceção de
horizontes su bsu perficiais de solos ácricos, o pH determinado com solução salina
concentrada (KCl 1 mal L· 1) é inferior ao pH em água. A utilização de solução salina
diluída (sais de Ca e Na, cm concentrações entre 0,1 e 0,01 mol L•t) visa a simular a
concentração da solução solo sob condições de campo, onde a ocorrêncit1 da água pura
inexiste. A solução de CaC1 2 0,01 mo) L·1 é a mnis utilizada, provavelmente p ela
abundância de Ca nos pontos de troca e em solução. Contudo, acredita-se que tais
concentrações possam estar acima da concentração salina da solução d e solos tropicais
com elevado grau de intemperismo.
A redução do valor de pH com o aumento da concentração salina (força iônica da
solução) (Figura 5) pode ser interpretada pelo deslocamento de H• da superfície dos
colóides e, ou, hidrólise do AP• deslocado (Takachi & Pavan, 1995). Para uma mesma
concentração salina da solução, tem-se efeito diferenciado do tipo de cátion sobre os
valores de pH. Os cátions de maior carga e menor raio iônico hidratado, portanto, com
maior força trocadora, tendem a deslocar maior quantidade de H• dos colóides e promover
maior redução de pH. Takachi & Pav,m (1995) obtiveram a seguinte seqüência nos valores
de pH em função do cátion da solução salina: Ca < Mg < K < Na (Figura 5). Com os dois
métodos mais comumente usados na determinação pH no Brasil (pH água 1 :1 e pH CaCl2
0,01 mal L·1), os valores em água são superiores aos da solução salina entre 0,2 a mais d e
uma unidade, com valor médio de 0,6 unidade. Baixas variações entre esses métodos
podem ocorrer quando o meio já apresenta elevada concentração salina, como, por
exemplo, solos tratados com resíduos orgânicos (Abreu Junior et ai., 2000).
7
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7
Figura 4. Efeito da relação solo/solução e agitação (Ag.) sobre o pH em água de quatro solos dos
Estados Unidos. O pH da pasta de saturação das amostras foi tomado como valor inicial, após
incubação com quatro doses de corretivo (símbolos e curvas diferentes em cada figura).
Fonh:: Elabor.id.i .i partir dos res ull.idos de Mehlich (1942.J).
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pH co ntrole= 4,4
3,8 L1______,s
_______1L..o-----'\..~--s-=o·
Força iônica solução, mmol, L''
Figura 5. Relação entre força iônica e tipo de cátion e pl-1 da solução do solo.
Fonte: Takachi & Pavan (1995).
quantidade de OH· em relnção ao H• deslocado pelo K', sendo o solo, então, interpretado
como eletropositivo (predomínio de cargas positivas ou CTA> CTC). O oposto se verifica
para solos com predomínio de cargas negativas. Conforme discutido, deve-se considerar
também o efeito desses íons na força iônica da solução e nas atividades de H· e 01-L
Valores de pH em KCI 1 mo! L·1 maiores que em água são raros, estando restritos
apenas ao horizontes B de alguns Latossolos ácricos (Quadro 3). Mesmo nos solos
altamente intemperizados, a pequena ocorrência de matéria orgânica na superfície é
suficiente para gerar cargas negativas e compensar o excesso de cargas positivas nos
óxidos de Fe e de AI.
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AI3: cmol e kg-1
Absorção atômica
figura 6. Teores de AP· e de (H' + AP•) extraídos por KCI 1 mol L·' e det , • .d
· d b - tô · .
espectrofotometr1a e a sorçao a mica e por hlu 1ação, respectivamente, P"'ra
ermmat os por
d'f
" , 1 eren es so1os.
Fonte: Elaborada a parti.r dos resultados de Figueiredo & Almeida (1991).
O-+---~--~--....----. 0,0
o 2 4 6 8 cr NO}- sot
AP♦,cmoldm..:1
Extração KO 1 mol l:1
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IDMSo.os
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< 10
o L-----'-----'-----1,----'
1 5 10 50
Força iônica solução, mmol, dm"'
Figura 7. Força de extração de AP' com diferentes sais de metais alcalinos e alcalinos terrosos.
Fonte: Elaborndas a partir dos resultados de Pavan et ai. (1985) (a) e Yuan (1960) (b) e Adapt.idn de Takachi & Pavan
(1995)(c).
0,8 2,5
2
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•KO
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o 0,5 1,5 2 0,5 1,5 2
Conccntrac;i\o extrator Conccntrac;i\o cxlralor
mal L ·1 mal L ·1
Figura 8. Efeito da concentração da solução exlratora no teor de AI trocável em dois solos cios
Estados Unidos.
Funle: Elaboradas a partir dos rl!Sultados de Yu;m (1960)
12
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H+Al AI H+Al AI
150ml 150ml 400ml 400ml
Volume solução
Figura 9. Efeito da relação solo (10 g)/solução na extração de AP' e H' trocáveis em quatro solos dos
Estados Unidos.
Fonte: Eboorad.:i a partir dos rc:;ult.idos de! Ki5.Sel ct ,li. (1971).
(a) (b)
8 3
""cc, 6 "b
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KCI KG (pH3) KO KO (pH2)
Figura 10. Efeito do pH da soluçào de KCl 1 mol L·1 na extração de AP· troci\vcl do solo.
Fonh:: Elnboradas a partir d o!> ri:sultados de Juo & Kamprath (1979) (.1) e de ,\hnud & Tan (19tl6) (b).
Além da forma trocável extraída por sais neutros de metais alcali~os e alcalinos
terrosos, outras formas de AP· têm sido determinadas por extrações mais fortes, sendo
então denominada Al não-trocável: i) uso de metais com maior capacidade de adsorção;
ii) uso de ácidos orgânicos complexantes, com capacidade de diminuir a atividade de AI
na solução; iii) extrações sucessivas com reagentes de baixa ou de alta capacidade de
extração.
Os teores de AP· extraídos por metais com capacidade de quimiosorção ou adsorção
especifica, como Cu2• (CuCI 2 1 mol L·•), são diversas vezes superiores aos obtidos nas
formas trocáveis (KCI 1 mal L·1) (Figueiredo & Almeida, 1991; Pedrotti et al., 2003),
principalmente, pela alta força de interação Cu-matéria orgânica do solo (Conyers, 1990;
Figueiredo & Almeida, 1991; Rodeja et ai., 2004). O CuCl2 1 mol L·1 pode extrair AP•
mesmo quando o pH do solo estiver acima de 4,8 em CaC1 2 0,01 mol L· 1 ou 5,4 em água,
onde já não mais ocorre extração de AI trocável por KCl 1 mal L·1 (pH onde se tem a
hidrólise completa do Al) (Hargrove & Thomas, 1981), mostrando que o Cu é menos
sensível às variações de pH causadas, por exemplo, pela calagem.
Os teores de AP• por CuC12 1 mol L· 1 normalmente são tão elevados que podem
ser comparados aos teores de (H + Al3•) extraídos por acetato de Ca 0,5 mo! L· 1
tamponado a pH 7,0 (Figura 11), sobretudo em solos com altos teores de matéria
orgânica.
60
~ 20
·2:- 10
o +-----.---,-----r--r----r---.---~
o 10 20 30 40 50 60 70
Figura 11. Relação entre os teores de AP' extraídos por CuC12 1 mal v1 e os teores de (H + AP')
extraídos por acetato de Ca 0,5 mal L·1 pH 7,0.
fonte: Elaborada a partir dos resultados de Figueiredo & Almeida (1991).
Relação
_
linear entre AP•_extraído
• •
com CuCI2 1 mo) L·1 e AI total obt·d • .
1 o por mcmeraçao
-
1
ou extraçao por HCl 2 mol L fo1 obtida . por Hargrove & Thomas (198l) , ao t ra b a lhar com
turfas previamente lavadas
. com ácido. e enriquecidas com Al . o teor m ,áximo . d e A)J•
extraídos por esses dois
. extratores foi
. de •1.800
. mmol, kg·• , conf·,r. man d o a a 1ta capac1c. lali e
de adsorção desse
. cátlon
. na matéria organ1ca.
. Já os teores de All• na extraçao com KCI 1
-
mol L· foram mfenores a 300 mmol, kg·• (r1gura 12).
1
O uso do Cu2• determina a capacidade de resíduos orgânicos em reter Al3· com força
superior aos teores obtidos com KCI 1 mo! L·1 (Miyazawa et ai., 1993), o que torna possível
avaliar a formação de complexos de elevadn estabilidade, mediante adição de fontes de
matéria orgânica ao solo. A dificuldade de interpretação dos dados da extração de AP·
com CuCl2 é separar o efeito de troca pelo Cu 2' com o ataque ácido de compostos de AI de
baixa cristalinidade, uma vez que o pH nntural da solução 1 mal L·' é de 2,8. Uma saída
seria ajustar o pH da solução em 5,4, igualando ao pH da solução de KCI 1 mol L· 1•
(a)
180
-e.o 150
~
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KCI
(b) 180
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60
30
Figura 12. Teores de AI retido na matéria orgânica de duas turfo.s (símbolos diforentes nos grMicos):
a) relação entre teores de AI extraídos por solução de <:_uCl2 1 mol L· 1 e de KCI : mol L·1 e teores
lotais nas cinzas, após incineração da amostra; b) rclaçao entre teores de AI obtidos por solução
de CuCI 1 mol L·1 e de HCI 2 mol L·1•
Fonte: Adaptad!s Jl' 1-iargrovc & 1l10111as (1981).
Além do Cu2 •, o La 3 • também determina o Al3' fortemente retido no solo (Bloom et ai.,
3
l 979a,b; Oates & Kamprath, 1983a,b). No trabalho de Bloom et ai. (1979b), 0 La + teve
maior capacidade de extração de AP·, em diferentes solos (soluções 0,02 mal L·1): LaCl3 >
CuCl 2 > CaCl2 > MgCl 2• Usando concentrações ligeiramente diferentes, Oates & Kamprath
(1983a) constataram menor poder de extração de AJ3• pelo LaCl3 0,33 mo! L·' comparado
ao CuCl2 0,5 mo! L·1 • O mesmo comportamento fo i relatado por Rodeja et ai. (2004) para
solos europeus de origem vulcânict1.
Utilizando solos brt1sileiros, Pedrotti et ai. (2003) ampliaram é\ seqüência de extração
do AI, adicionando-se pirofosfato de sódio (Na..P2 0 7 ) pH 10, que tem capacidade de
solubilizar melais complexados à matéria orgânica (Alexsandrova, 1960; McKeague,
1967). Esse extrator atua em duas etapas: i) efeito dispersante do Na• e do pH elevado -
dispersão da amostra e solubilização dos complexos organometálicos; ii) efeito
complexante do pirofosfato - extração dos metais. Ambas as formas, monoméricas e
hidroxiladas d e AI, reagem com a matéria orgânica para produzir complexos estáveis
(Mclean, 1976). Segundo Pedrotti et ai. (2003), o La3 • desloca o AP• da matéria orgânica,
sendo possível obter o AI reativo fracamente associado à matéria orgânica (Almo =
AILaCl3 - AlKCI). Já o CuC12retira o Alreativo fortemente associado à matéria orgânica
e aos minerais (Alr = AICuCl2 - AILaCl3). Os autores determinaram, ainda, o AI não-
reativo fortemente complexado à matéria orgânica, pela diferença entre o AI pirofosfato
e o AI extraído por CuCl 2 (Ale = A1Na4 P 2 O 7 - AICuCl 2 ). Na figura 13, verifica-se a
seqüência de força de extração de AI: pirofosfato > CuCl 2 > LaCl 3 > KCl > solução,
principalmente na camada superior do solo. A extração com LaC~ 0,33 mol L- 1 pH 4,7 aparece,
neste caso, com menor poder de extração que a solução de CuClr 2H20 0,5 mol L·1 pH 2,8. As
demais condições da extração foram: KCI 1 mol L·1 pH 5,7 e Na4Pp7 0,025 mol L· 1 pH 10,3.
Rodeja et al. (2004) também utilizaram a extração com pirofosfato, CuC] 2, LaC1 e
3
KC] para estabelecer uma seqüência de força de retenção de AP• na matéria orgânica.
Contudo, ao contrário de Pedrotti et ai. (2003), Rodeja et ai. (2004) observaram que, em
algumas amostras do horizonte B, o uso do CuCl2 propiciou maior extração de AJ3• que 0
método do pirofosfato.
A maior capacidade do Cu (cátion divalente) em relação ao La (cátion trivalente)
pode ser atribuída à perda da camada de hidratação do Cu na reação com radicais
orgânicos, facilitando a quimiossorção ou adsorção específica, o que não ocorre com os
demais cátions divalentes, corno Zn, Ni e Ca, e alguns trivalentes (Bloom & McBride,
1979). Os mesmos autores observaram, ainda, que a saturação de metade das cargas de
compostos orgânicos em substituição ao H • com K ♦, Ca2 •, Al3 ♦, La3+ e cu2+ ocorre
aproximadamente, em pH 4,1; 3,5; 2,8; 2,6 e 2,4, respectivamente, que está inversamente
relacionada com a capacidade de ligação dos metais com compostos orgânicos, ou
seja, indica que o Cu tem maior força de adsorção que o AI, que tem comportamento
similar ao do La.
Diferentemente do processo de troca do AP• por elementos retidos por adsorção
específica, como Cu 2 • e La3 ' , formas não-trocáveis têm sido obtidas pela extração com
ácidos orgânicos, que, ao complexar A(H em solução, propiciam a liberação de formas
retidas mais fortemente que a extraída por KCl 1 mol L· 1• Um dos extratores mais utilizados
dentr e os ácidos orgânicos é o acetato de amônia (Nl-r_pAc) tamponado a pH 4,8 (McLean
Figura 13. Teores médios de diferentes formas de AI e de matéria orgãnica (MO) dos horizontes A e
B de dez solos de Minas Gerais. Almo - AI reativo fracamente associado à MO; Alr - Al reativo
fortemente associado à MO; Ale - AI não-reativo fortemente complexado à MO. Os detalhes
sobre os métodos de extração das diferentes formas de AI são apresentados no texto. Os teores
médios de matéria orgânica dos horizontes A e B dos solos são indicados nas duas últimas
barras do gráfico.
Fonte: Elaborada a partir dos resultados de Pt!drotti ct ai. (2003).
Outra diíerença entre a acidez trocável (KCI 1 mo! L· 1 pH 5,7) e a não-trocável por
NH 4OAc tamponada a pH 4,8 está relacionada com a baixa sensibilidade às variações
de pH dos solos do segundo método (Pionke & Corey, 1967; Figueiredo & Almeida, 1991).
Por ser tamponada a pi-! 4,8, o NH 4OAc extrai AI mesmo em solos que apresentam pH
acima de 5,4 em água ou 4,8 em CaCl2 0,01 mo! L·1 (McLean et ai, 1958; Bhumbla &
McLean, 1965; Figueiredo & Almeida, 1991}, o que não ocorre com o KCI.
Menos comum que o NH 4OAc, a extração por oxalato de amónio (OA) também é
empregada para extração de AP', apresentando valores compatíveis ou superiores aos
do primeiro método. O método mostrou-se menos sensível à adição de resíduos orgânicos
e calcário que o NH 4OAc e KCl (Ahmad & Tan, 1986), reforçando, com isso, que formas
estruturais associadas aos minerais podem ser solubilizadas pelo OA (Figura 14). O uso
de OA 0,2 mol L·' pH 3,0 mostrou-se inerte aos minerais secundários de maior
cristalinidade, como gibbsita, caulinita, montmorilonita e ilita. Todav in, porção
significativa, 70 g kg·1 de a luminossilicatos amorfos, foi solubilizada pelo OA (McKcague
& Day, 1966). De acordo com Melo et ai. (2001 b), o material de baixa cristalinidade
dissolvido pelo OA da fração argila de diferentes classes de solos do Brasil foi conStítuído,
principalmente, por AI, com menor participação dos minerais de Fe e Si. Os óxidos de AI
de baixa cristalinidade extraídos pelo OA, principalmente dos horizontes jovens, pode
ser importante para tamponar o AI trocável.
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KCI NH,OAc OA
Figura 14. Teores de AP• extraídos com acetato de amônio (NHpAc), oxalato de amônio (OA) e KCI,
todos na concentração de 1 mo! L-1 em solo submetido à calagem (calado) e que recebeu aplicação
de resíduo orgânico.
Fonte: Elaborada a partir dos resultados de Ahmad & Tan (1986).
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70
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40
30
20
10
e M
Rca:gl!ntc
Utilizando Na-EDTA, Igue & Fuentes (1972) obtiveram teores de AP•, extraído de
solo com alofana, dezenas de vezes superiores aos do KCl 1 mol L·1 e mais de três vezes
superiores aos do NH 40Ac, todos equilibrados em pH 4,5. Os teores obtidos pelo Na-
EDT A ultrapassaran"I em muito a CTC do solo, sugerindo a solubilização além da
capacidade de adsorção não-específica. Schnitzer (1978) indicou que a constante de
estabilidade do AI com EDTA foi maior que com ácidos fúlvicos do solo.
A presença de ácidos orgânicos com elevada capacidade de complexaçào de AI
pode ser comum em ambientes naturais. Pohlman & McCoU (1988) determinaram llUe 60
a 80 % dos ácidos orgânicos livres obtidos de liteiras eram oxálicos e estavam diretamente
relacionados com o teor de AP' em solução. Driscoll et al. (1985) também verificaram que
a maioria do A I monomérico encontrado na solução estava na forma orgânica em solos
de floresta de clima temperado. A ocorréncia dos ácidos málico, oxãlico, dlrico, succínico
e outros em solução em maior concentração em âreas sob florestas do que sob c ulti vo
pode aumentar a solubilidade de AI, o que toma essa reação mais importante cm ambientes
naturais (Hue et a i., 1986). Maiores teores de C orgânico dissolvido em soluç:\o t,unbé m
Solução KCI NH.OAc CuCh C.,Ch CJaCh LaCh NH,Ox. Solos Obs.
p H 4,8 (OA) N"
mmol, kg-1
Pionke & Corcy (1967)
nd 3 17 nd nd ncl nd nd 127
Figueiredo & Almeida (1991)
nd 56 61 143 nd nd ncl nd 26
Pavan et a 1. (1985)
nd 30 115 nd 35 nd nd ncl 6
Pavan (1983)
54,Stll 2.1,4 82.3 nd 25,4 nd nd nd 14
Ahmad &Tan (1986)
nd 8,9 28,2 nd nd nd nd 28,5
nd 0,2 16,9 nd nd nd nd 3 1,7 1 C.,Ica ri.lei o
nd 2,8 20,6 nd nd nd nd 30,7 Adi~.io
resíduo
Pedrotli et .il. (2003)
1,2 4 nd 29 nd nd 17,5 nd 10 Hon ;.,_ ,\
1,3 2 nd 22 nd nd -1,8 ncl 10 Horiz. B
Juo & Kilmprat (1979)
Solo ácido
nd 31 7 76 nd nd nd nd -1 Horiz. ,\
nd 32 24 59 nd nd nd nd 5 Horiz. O
Solo ácido c.aulinllico
nd 16 6 46 nd nd nd nd 8 Horiz. A
nd 15 11 39 nd nd nd nd 8 Horiz. U
Solo le\•emente ,\cido
nd 0,3 0,6 8 nd nd nd nd 3 Horiz. A
nd 0,8 1,3 10 nd nd mi nd 3 H on z. B
Histo.sol
nd 87 nd 338 nd nd nd nd 2
Conycrs (1990} CO (g kg-1)
J5,2C'I 1O()()) nd 537Pl nd nd nd nd 7
67 296 nd 1.165 nd nd nd nd 1 80,
169 1.185 nd 14.-1-10 nd nd nd nd 1 250
Pralt & Bair (1961)
nd 16,7 32.8 nd nd 17,5 nd nd 7
Shuman (1990)
0,8 7,2 13.-1 31,1 nd nd 14,1 nd -1 Su p.:rííc1,•
1.2 5A 15,2 25,0 nd nd 9,8 nd 4 Sub:,olo
111 todos O b extratores n.l concentr;u;.l<• d~ 1 mol L·1: nd • nAo dctl"m1111.1Jo; m µmui L '; ri, dado!' pcn·cntu.iis comp.1r.1ti, o,
,ms h.v res de AI'º olitido por KCI I mui L·'
5 1-lorimntc D
7 Horizonte A
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(b)
8 o LaO ,
• KO
2 3 4 5 6 7 8 9 10
Número de Extrações
Figura 16. Teor acumulado de Al por extrações sucessivas, usando diferentes métodos e condições de
solo: a) extração com NH4Cl 1 mol L-1 e KCJ l mo! L·1 em amostra do horizonte A e B de três
solos; b) extração com LaC~ 1 mol L· 1 e KCI 1 mo) L·1 em amostra do horizonte A de um solo.
Verificar a tendéncia mais dara de as amostras do horizonte A não atingirem o equiltbrio na
liberação de AI. Os valores nas curvas da figura (b) representam os valores de pH de equilíbrio
após renovação das soluções.
Fonte: Adaptada de Jgue &. Fuentes (I9í2) (a) e de Bloom et ai. (1979b) (b).
Número de Extrações
2 7 2 7 2 7
g kg-1 %
(/) MO(3J o
m
or- (B) "TI
;;o
o (C) m
~
Reação de complexação - ânions orgânicos(-tl UI
m
Energia de complexação de AJ3+ r-
0
1C3 Tc." t. □ KCI o l..lCI, ■ CuO, 1■ Test. o KCI mL.10, Ili CuCI,
6,5 100
6
... 5,5 80
1:" 5 i!- 60
...~ 4,5
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e: -10
e. 3,5 ' 20
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2 3 4 5 6 6
2 3 5
Solos
Figura 17. Valores de pH e de saturação por AP• (m%), após correção do solo, cm que a necessidade
de calagem foi estimada com os teores de AP· obtidos por diferentes mC!todos (1mol L·1): KCI,
LaC~ e CuCl2 •
Fonte; Elaboradas a partir dos ro:!Sult.ados de! Oatcs & Kampralh (1983b).
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pH3,5\
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pH4,0 o,
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pH4,75 °...___ 0
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10 20 30 40 50
Matéria Orgânica, g kg '
Figura 18. Relaç~o entre teor de matéria orgãnica e AJJ• trocável (KCI 1 mol L·1) em Jifcrcnt6
valores de pH d o solo.
Fonte: lllodiíicada de Thomas (1975).
Solol
4 5,0
3 4,5
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1 3,5
o 3,0
0-0,l O,1-0,2 0,2-0,3 0,3-0,4 0,4-0,5 0-0,1 0,1-0,2 0,2-0,3 0,3-0,4 0,4-0,5
Profundidade, m
FigurAa 19. Efeit)o do cpuJtivoáde pinus sobre propriedades da acidez de dois solos (Podzólicos Vermelho-
mare1os no aran .
Fonte: Elaboradas a partir dos resultados de Dares (1982).
Q pH8,0
O pHB,2
■ pHB,4
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Solo
Figura 20. Valores de capacidade de troca de cátions (Crq de 12 solos de ,Kordo com o pH.
Fontt: EIJJborJd:i o pnrtir do~ rc,ultados de ~'lcltllch (19-11).
9 (a) (b)
8
'7
b.O 7
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Profundidade, m Horizonte
Figura 21. Valores de pH e teores de (H + AP·) pelos métodos de acetato de Ca 0,5 mo! L·1 pH 7,0.
Fonte: Elaborada a partir dos resultados de Albuquerque Filho et ai (2004) (perfil de Criossolo da Antártica) (a) e Embrapa
(1984a) (perfil de Argissolo do Pará) (b).
30
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"y = 3,4526 + 1,3317x •
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10 15 20
(H + AI '") pl-l 7,0, cmolckg"1
Figura 22. Relação entre (H + AP' ) determinado a pH 7,0 e 8,? em a 111 ostr"s d~ 152 l b . •
com CTC menor que 400 mmol, kg-1• - " e so os ms11e1ros
Fonte: Elaborada a p.irlir dos rc-sultados de Caslru cl ai. (1972) .
80
60
o.______.______..._______._____. J _ _
4 5 6 7 8
pH
Figura 23. Valor de CTC de sete solos paranaenses de acordo com o pH em água (1:1), mostrando a
alta taxa de incremento na CTC entre valores de pH 7 e 8.
Fonte: P.1,·iln et ai. (1985).
Com relação aos grupos funcionais da matéria orgânica, Schnitzer & Gupta (1965)
trabalharam com substâncias orgânicas puras e constataram que o acetato de Ca 0,5 mo! L·
1
pH 7,0 foi eficiente na determinação da acidez carboxílica, enquanto a acidez vinda dos
grupos fenólicos foi mais bem estimada com Ba(Ol-1) 2 0,25 mal L· 1• Os grupos aluminol
(-AIOH) e ferro! (-FeOH) da superfície dos óxidos de Fe e AI também apresentam valores
de tamponamento próximo ou acima do pH 7,0 (meio neutro).
Assim como para acidez potencial trocável, a acidez determinada pelo acetato de Ca
pH 7,0, pode ser subestimada em muitos casos, principalmente, quando ocorre
abundância de matéria orgânica. Em muitos casos sob condições de campo (Raij e t ai.,
1983, 1998; Morelli e t ai., 1992; Oliveira et ai., 1997; Prado et ai., 2003; Rossetto et ai.,
2004) e de laboratório (Munhoz, 1979; Reginato, 1987; Anjos, 1992; Lima, 1993; Silva et
ai., 2008) o uso de corretivo para completa neutralização (pH 7,0) ou para se atingir
determinado V a partir da acidez obtida pelo acetato de Ca pH 7,0 não tem sido alcançado
(Figura 24). A aplicação de corretivo superior a duas vezes ao indicado p«ra atingir pH
7,0 foi necessária em solo orgânico de elevada acidez (Munhoz, 1979). A não-reação do
material corretivo ou a mistura desuniforme não podem ser usadas como justificativa,
visto que, em muitos experimentos, mesmo como uso de produtos puros, tais solos não
atingi ram os valores calculados de saturação por bases (Silva, 2006).
Ou tra indicação que o método de correção baseado no poder-ta mp.io, obtido pelo
acetato de Ca pH 7,0, pode subestimar a dose de corretivo é a maio r dose recomendada
pelo método do pH SMP ou índice SMP, utilizados no RS e SC, em relação à dose estimada
pelo método da saturação por bases (PR e SP). Ambos os métodos prevêem a elevação do
pH próximo a 5,4 em CaC\ 2 0,01 mol L·1 ou correspondente a pH 6,0 em água.
Ainda, conforme já discutido, a extração com acetato de Ca pH 7,0 possivelmente
não tem capacidade de extrair AI ligado fortemente à matéria orgânica, uma vez que
teores não-trocáveis do elemento extraído por Cu podem ser muito próximos aos teores
de H + AP• observados para o primeiro extrator (Figueiredo & Almeida, 1991). Como era
previsto, Oliveira et ai. (1997) obtiveram aumento significativo da saturação por bases
com a calagem. Entretanto, os valores médios de V do solo determinados, após a aplicação
de cada dose de calcário, foram consideravelmente inferiores aos esperados com base na
recomendação de calcário pelo método da elevação da saturação por bases. A relação
desses valores obtida pelos autores foi: V determinado= 15 + 0,35 V estimado, R2 = 0,9T.
O mesmo foi observado por Raij et ai. (1983, 1998) para solos do Estado de São Paulo,
quando a aplicação de corretivo mais de três vezes superior (12 t ha· 1) à dose recomendada
(3,6 t ha-1 ) para atingir V= 70 % resultou apenas em V= 63 %, após 41 meses em condições
de campo. Trabalhando também com solos paulistas cultivados com cana-de-açúcar,
Rosseto et ai. (2004) calcularam a dose de corretivo para se atingir V= 70 % e aplicaram
doses equivalente½ NC, NC e 2 NC, mas só atingiram o valor de V desejado com aplicação
da maior dose em quatro de cinco solos estudados. Além da subestimativa da acidez
potencial pelo acetato de Ca pH 7,0, o que reduz a dose de corretivo aplicado, a não-
obtenção de V calculado na camada de O- 20 cm no campo foi justificada pelos autores,
em alguns casos, pela diluição do corretivo em camadas mais profundas, efeito
monitorado pelo aumento do V em profundidade (Prado et al., 2003; Rossetto et ai.,
2004). Sob condição controlada, Lima (1993) constatou que a necessidade de calagem
obtida pelo método da incubação superou em muito a quantidade de (H + AP•)
determinada por acetato de Ca pH 7,0, mesmo para solos arenosos.
50 50
°b 40 y= - 0,5476 + 1,8026x 40 y • -1,0135 + 2,2-IOl x
.<: R1 • 0,97
R2 = 0,98
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o 5 10 15 o 5 10 15 20
NC calculada, Mg ha·'
Figura 24. Necessidad~ de_ calagem (NC) estimada pelo método da saturação por bases e realment~
necessária para atingu V = 50 % e V = 70 % para solos do Estado de São Paulo.
fonte: Elaborada.~ a partir dos resultados de Rcglnalo (1987).
(1976a) constataram que as doses de corretivo para atingir pH 8,2, estabelecidas pelo
BaCl 2-TEA 0,5 rnol L· 1 pH 8,2, propiciaram elevação do pH em água apenas próximo a
7,0. Shoemaker et ai. (1961) observaram que as maiores doses de corretivo recomendadas
pelo método do BaCl2-TEA pH 8,2 para 15 solos dos Estados Unidos para atingir pH 6,8
em água foram levemente inferiores às doses estimadas pelo método de incubação por 17
meses (Figura 25).
Em suma, podem-se destacar duas prováveis justificativas para a subestimativa
da capacidade-tampão dos solos a pH 7,0 e8,2 pelos métodos do acetato de Ca e BaCl 2-
TEA, respectivamente: i) a não-determinação de todo H dissociável (acidez potencial
não trocável) entre o pH do solo e o pH da solução-tampão. Na figura 26, observa-se
que a correção prévia das amostras de solos facilitou a extração da acidez potencial
não-trocável pelo método do acetato de Ca pH 7,0, aumentando a estimativa da CTC
total; ii) parte do AP• pode não ser retirado pelo acetato de Ca ou pelo BaC12-TEA, visto
que as reações de liberação do AI não-trocável podem ocorrer lentamente e não ser
detectada por métodos rápidos em laboratório. Já com o método padrão de incubação
com doses crescentes de CaCO3, o maior tempo de reação favorece a estimativa correta
dos teores de H + AP•. Deve-se considerar também que a aplicação de corretivo como
base nos valores de acidez estabelecidos pelo método de BaCl2-TEA 0,5 mol L·1 pH 8,2
pode não atingir pH 8,2, visto que a reação dos carbonatos decresce muito em valor de
pH acima de 6,5.
20
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Dose de corretivo, Mg kg·•
Método CaCO,
Figura 25. Relação entre dose de corretivo para atingir pH 6,8 em água (1:1) determinada pelo
método de incubação com CaCO3 por 17 meses e calculada pelo método do BaCl1 -TEA pH 8,2
para 15 solos dos Estados Unidos.
Fonte: Elaborada a parlir dos resultados de Shocmakcr et nl. (1961).
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a b e d e a b e d e f g h a b c d e a b c d e f g
Figura 26. Variações nos valores de CTC a pH 7,0, determinada pelo acetato de Ca, de quatro solos
da Região Meb"opolitana de Curitiba (condições naturais dos solos:_ pH entre ~,3 e 5,0 e AP·
enb"e 1,8 e 5,8 cmolc kg-1 ) submetidos a doses crescentes de corretivos da acidez. Doses de
corretivo (Mg ha·1): a - O; b - 4 a 10; c - 6 a 12; d• 8 a 14; e -10 a 16; f -16 a 20 (apenas solos 2 e 4);
g - 20 a 24 (apenas solos 2 e 4); g - 28 (apenas solo 2). O pH em água dos solos após 90 dias de
incubação com a maior dose de corretivo foram: 1 - pH 6,8; 2 - pH 6,3; 3 - pH 6,7; 4 - pH 6,2.
Fonte: Elaborada a partir dos resultados de J\fanhoz (1979).
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Figura 27. Relação entre AP' trocável e o pH em água (1:1) em cinco solos da Depressão Central do
Rio Grande do Sul.
Fonte: Elabo.rada a partir dos resultados de Lima (1993).
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V1 %-CTC pH8,2
Figura 28. Relação entre crc·1 obtida em pH 7,0 e 8,2 e seus respectivos valores de V para os 1,onzonte:s
. _
A e B d e soIos d o Brast .
fonte: Elaborad.is a partir dos resultados de CastTo et ai. (1972).
A relação da saturação por bases com o pH foi inicialmente estudada para minerais
puros e sintéticos (Mehlich, 1941, 1942b). O autor relacionou o pH em água (1:1) com V
(relativo à CTC pH 8,2) e constatou grande diferença em função da mineralogia e da
presença de componentes orgânicos (Figura 29). A relação apresenta-se de forma linear
para caulinita e haloisita, indicando existir uma combinação de radicais com diferentes
niveis de acidez e potencial de dissociação (grupos aluntinol e silanol), determinando
tamponamento constante de H não-trocável nesses minerais na faixa de pH estudada
(Figura 29a). De certa maneira, isto significa que o mineral de argila simula a solução-
tampão SMP elaborada por Shoemaker et ai. (1961). Outros minerais têm comportamento
não-linear, com curvaturas convexas, como as argilas 2:1 (beidelita, montmorilonita e
ilita) e os ácidos húmicos. Neste caso, verifica-se forte efeito tamponante da saturação
por bases para os baixos valores de pH, diminuindo gradativamente até atingir valores
acima de 75 %. Graças à maior acidez potencial trocável dos minerais 2:1 (Quadro 1) em
condições mais ácidas, o aumento do pH não resulta em grandes incrementas da saturação
por bases. Também, nesses minerais, existe predomínio de grupos ácidos que dissociam
em baixos valores de pH (silanol - grupos ácidos mais fortes). No sentido oposto, algumas
argilas podem ter relação côncava, com maior tamponamento da saturação por bases
para maiores valores de pH.
Para ilustrar esse comportamento diferenciado em função da acidez dos grupos de
superfície, pode-se usar uma suspensão de óxidos de Fe (grupo -FeOH, que apresenta
baixa acidez) em água. Ajustando o pH em água para 6,0, por exemplo, elimina-se a
acidez potencial trocável (H + AP·); as bases (valor SB) irão ocupar 100 % das cargas
negativas do mineral nesse pH, mas a saturação por bases (V para pH 7,0) será distante
de 100 %, pois ainda restará parte da acidez potencial não-trocável (H ligado
covalentemente aos grupos ferro! de superfície), bloqueando parte das cargas negativas
dependentes de pH. Nessa situação, pode-se ter:
SB = 30 mmol, kg·1;
AP· = Ommol, kg-1;
CTC pH 7,0 = 60 mmol, kg·1;
V= [SB / (SB + AP• + H)] x 100;
V= (30 / 60) x 100 = 50 %.
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2:1, e o inverso para os grupos -Si OH, sendo os grupos -AIOH de menor acidez. Ainda,
existe nas argilas 2:1 a predominância de cargas estruturais ou permanentes, que podem
reter grande quantidade de AP♦, o qual hidrolísa completamente até pH 5,4 em I-I,O. A
diferença na curvatura entre os diferenles tipos de argila determina que os malares
contrastes entre as relações pH e V ocorre em pH intermediário (5,5 - 7,0), uma vez que as
curvas tendem a se agrupar nos extremos dos valores de pH (Figuras 29 e 30).
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0 6,0
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V, %
Figura 30. Figura 7. Relação entre saturação por bases (V) e pH medido em CaCL. 0,01 mo! L·1 de
amostras dos horizonles B de um Latossolo Bruno ácrico húmico (LBw-1), um -Latossolo Bruno
distrófico húmico (LBw-2), um Latossolo Vermelho distroférrico húmico (lVdf) e um
Cambissolo Húmico distrófico típico (CHd) e de amostra do horizonte C de um Cambissolo
Háplico alumínico típico (CXa), onde foram aplicadas doses de CaO para V calculada de 25, 45,
60, 70, 100, 125 e 150 %. Áreas 01 e 02: regiões de convergência das curvas.
Fonle; Sih-.1 el .JI. (200S).
s (a) 8 (b)
Horizonlc A Horizonlc B
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V, %
Figura 31. Relação não-linear entre pH cm água e V em relação ao pH 7,0 para os horizonte A e 8 de
. em destaque na fiºgur".. (ll) apresc1, tam o
diferentes classes de solos. As d. uas amostras de solos
mesmo V mas valores de pH diferentes em 2,2 unidades.
fonte: Modificadas de l'r.111 & Algahydo (1966) (il, b) e claboradils a partir dos rcsultilclos ck• Cn ~ 1r0 l, 1 ,l1. (!''.,...) (- I)
;,,r ~ \..t •
Por outro lado, Catani & Gallo (1955) e Quaggio (1986) obtiveram regressões lineares
entre pH e V para o horizonte A de grupo variado de solos do Estado de São Paulo. A
relação linear pode estar relacionada com a formação de cargus predominantemente na
matériu orgânica, que apresenta maior homogeneidade de grupos funcionais: cnrgas
principalmente de grupos carboxílicos. Para um mesmo pH, Silva et ai. (2008) verificaram
a seguinte seqüénciu nos valores de V, variável com a mineralogia da fração argila: solos
com predomínio de óxidos de Fe e AI < solos com predomínio de caulinita < solos
cauliníticos com presença de minerais 2:1. Principalmente para os Latossolos ácricos
(.ó.pH positivo) e com horizonte superficial com baixo teor de matéria orgânica, os autores
recomendaram cautela na recomendação de calagem pelo método da saturação por bases,
de forma a evitar elevação exagerada no pH.
Ao relacionar a acidez com o intemperismo, verifica-se, sob visão geral, que os
solos formados sob clima tropical úmido são mais ácidos do que solos da região
temperada, como conseqüência da atuação mais intensa dos processos de intemperismo.
Contudo, uma avaliação mais pontual, na qual se correlaciona poder-tampão do solo e o
grau de intemperismo, não é conclusiva. Prova disto é que maiores valores de acidez
potencial trocável (H• + AP•) ocorrem em solos com argila do tipo 2:1, ambientes
fortemente ácidos, como é caso dos Cambissolos alumínicos da Bacia Sedimentar de
Curitiba (antigos Rubrozéns) (Quadro 1).
Após a transformação de argilas silicatadas 2:1 em 1:1, ocorre grande decréscimo
nos teores de AP• e H• trocáveis e, conseqüentemente, no poder-tampão da acidez ativa
dos solos. Vale enfatizar a expressiva diferença nos valores de CTC efetiva e pH 7,0 dos
minerais 1:1, decorrência da natureza variável das cargas (Quadro 2). Tal diferença é
ainda maior quando se trata de sistema oxídico (Quadro 3).
Em geral, são comuns os baixos teores ou mesmo a ausência de AP· (acidez trocável)
no horizonte B de solos de altíssimo grau de intemperismo (Fax, 1982; Gualberto et ai.,
1987; Silva, 2006) (Quadro 3). Para que isso ocorra, o pH em água deve ficar em torno de
5,0, o que determina o predomínio de cargas positivas nos óxidos. O aumento do pH nos
solos altamente intemperizados não tem ainda uma explicação lógica e, assim, tem sido
pouco explorado. Na passagem de argila do tipo 1:1 para gibbsita ocorre o processo de
dessilicação, na forma de ácido silícico (H~SiO~), que é um ácido fraco (pKal = 9,71 -
equjvalente ao pH da primeira dissociação), provavelmente, leva grande quantidade de
H· para fora do sistema solo (Conyers, 1990). Bennema &Vettori (1960) eSumner & Noble
(2003) observaram relação inversa entre pH e grau de intemperismo dos solos, estimado
pelo índice Kr (Figura 32a). Observa-se que nos solos muito intemperizados, com valores
de Kr inferiores a 0,5, os valores de pH são os mais elevados e os valores de pH em l-1 20
são inferiores aos pH em KCI.
Com os baixos teores de AP· nos solos altamente intemperizados, os baixos teores de
bases, principalmente o Ca, tornam-se a principal limitação ao crescimento das raízes em
profundidade, como já destacado anteriormente, além da baix.i CTC efetiva e Cl'C pH 7,0.
Decréscimos na acidez potencial trocável (KCl 1 mo! L·1) e não-trocável (dcetato de
Ca 0,5 mol L·') e na soma de bases pela redução dos índices Ki e Kr for.im cons tatados por
Ramos (1981), que trabalhou com diversos Latossolos das regiões nordl!s te, subtropical,
amazónica, s udeste e central (amostras com predomínio tanto de CTC como 1.h.• CT!\)
(Figura 32b). Observa-se que nos solos com predomínio de carga positiva (Ã pI-J positivo)
praticamente há ausência de AP· . Gualberto et ai. (1987) trabalharam com horizontes B
de sete solos argilosos do p lanalto central e do Pará, com Ki entre 0,52 e 1,02, e não
observaram Al3· trocável, para pH em água entre 4,7 e 5,9. Fox (1982) tra balhou com
solos de Porto Rico, com d iferentes graus de in temperismo, e constatou relação inversa
entre teores de AP• trocável e grau de intemperismo, visto que os Ultissolos apresentavam
maior teor AI trocável que os Oxissolos, indicando maior gra u de estabilidade e menor
tamponamento de AI pela gibbsita em relação aos minernis a luminossilicatad os.
O aumento do AI livre (extrações seqüenciais com ditionito-citrato-bicarbonato) com
o intemperismo não se traduz em aumento de AI na forma trocável (KCI 1 mo! L· 1) (Ped rotti
e t a i., 2003) (Figura 33).
7 • (a)
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figura 32. Variações em atributos químicos com o grau de intemperismo dos solos· ) 1 - t
. Kr b) f"I d . a re açao en re
P H em água e em
Kcl e Ín d ice _ ; per I .eva1ores médios de Ki, Kr, se AI em Latosso1os e1as
rerriões
o· Nordes.te (38 _observaçoes), subtropical _(21 observações), A,nazô111·ca (38 OL'Sl!rvaçocs
,. - ),
Sudeste (21 obscrvaçoes), Central [49 observaçof.!s, sendo 25 amostras de· L"'t d
" osso Ios com L e 11a
P H negatívo
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•
-) e 24 amostras com delta pH positivo (central
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+)! • 0 s va1ores d e K"I e Kr
são ad11nens1on.us e os valo_rcs de SB e. teores de AI _fora m expressos em cmol,. kg·I .
Fonk: A,foplllda de Benncma & Vcllon (1960) (a) e elaborada n partir dos rcsullados de Ramos (l 9Sl).
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60 80 100 120 140 160 180 200
AI livre, g kg•I
Figura 33. Ausência de relação entre AI livre (extrações sucessivas com ditionito-citrato-bicarbonato)
e AP• trocável nos horizontes A e B de diferentes classes de solos (Cambissolos, Argissolos,
Nitossolos e Latossolos) da Zona da Mata tvlineira.
Fonte: Elaborada il partir dos resultados de Pcdrolli cl ai. (2003).
Intemperismo
(a)
uo
100
"E 80
-c BICTC
ºE
u
60 B pH (4,4-5,7)
- 12 pH (5,1-6,2)
< 40
20
o
Bentonita Vermiculita Bita Caulinita
(b)
100
80
~E
-e 60 13pH7
e·
llllpHJ
B
-
;..
40 13pH2
<
20
o
Montmorilonita Caulinita
Figura 34. Teores de AP' extraídos d~ minerais silica~ados: a) extração com solução de NH~OAc 1
1
mol L· pH 4,8 em amos tras prevrn~ente submetidas a duas condições de pl-1; b) extração com
1
solução de KCI 1 mol L· com pH ~1usta_do em 7; 3 e 2. Na figura 35a, também são apresentados
os valores médios de CTC dos mmera1s (cmo)0 kg- 1) .
fontes: Elaborndas a partir dos resultados d!! McLcan et a i. (195!1) {a) e de Un & Coleman (l%0) (b).
Teores de AP· da ordem de 359 mmol, dm·3 (KCI 1 mol L·1) foram encontrados em
solos da Antártica, próximos à Estação Brasileira Comandante Ferraz (Quadro 10)
(Schaefer et ai., 2004). Nesse caso, os minerais amorfos na fração argila de alguns solos
(Simas et ai., 2006) devem manter esses altos teores de AI trocáveis, supernndo os solos
com argila 2:1 (Quadro 1).
Quadro 10. Características químicas de dois perfis de solos da Ilha Rei George, Antártica Marítima
Camada/ pH A}3• CTC AP•/H co
Horizonte H20
efetiva pH7,0
cm mmolc kg-1 g kg- '
Perfil K24
0-10 5,14 76 385 429 1,7 5,4
10-20 4,99 154 426 473 3,3 1,7
20-30 4,74 269 491 532 6,6 1,2
30-40 4,42 310 446 506 5,1 1,0
40-50 4,27 334 410 464 6,2 0,7
50-60 4,25 319 371 431 5,3 1,0
Perfil K25
0-10 4,46 359 417 485 5,3 3,8
10-20 4,74 69 183 230 1,5 3,1
20-30 4,79 42 166 207 1,0 2,8
também que NaCl 2 mol L•I foi capaz de extrair quantidade significativa de AP' em
precipitados recentes, sugerindo, mais uma vez, a importância das formas pouco
cristalinas no equilíbrio do AP• trocável.
30
eAl(OH),
O gibbsita, pH 4,0
25
... ...
., ---
. ___ ...---•·-..._. --------•··
pH n.lo ajuslildo
3 4 5 6 7 9
Núm,•ro de c.xtrações
Figura 35. Teor acumulado de AP' ext-rnfdo de ~ateria! amorfo recém-precipitado [Al(OH)J e ele
1
gibbsita com sol ução de KCI 1 mol L· a d1ferenlcs valores de pH. Os valores da ordenada
devem ser multiplicados por 10 para a curva correspondente n extração com solução pH 3,0.
Fonte: AdaptadJ de Amcdt'C & Ps'l!ch (1976b).
2) nos solos oxídicos, o baixo poder tamponante é associado aos menores teores de
AI trocável. O maior tamponamento desses solos verifica-se para valores de pH mais
próximos à neutralidade ou superiores a 7,0 (valores de PCZ dos radicais -AIOH e -
FeOH entre 7 - 8 e 8 - 9, respectivamente). A maior dificuldade em atingir elevados valores
de V (não em relação à quantidade de corretivo, mas a necessidade de atingir valores de
pH próximos a neutralidade) com a calagem nos solos oxídicos (Kr < 0,75) com baixo teor
de matéria orgânica, é devida à baix.:i acidez dos grupos responsáveis pela acidez potencial
não-trocável (H covalente) dos óxidos de AI e de Fe. Em alguns casos, as doses de corretivos
estimadns pelo método da elevação do V e aplicadns .:ios solos oxidicos não s;'.io suficientes
para elevar os teores de Ca2·, por exemplo, a valores considerados médios, tendo d~
utilizar o artifício do uso dos teores de caz• ou Ca2 • + Mg1 • nos cálculos da necessiJ.1Je
de calagem dos solos;
......
Quadro 12. Esquema da provável influéncia dos componentes da fase sólida no tamponamento do AI na solução e no complexo sortivo do soto<•i o
AI soluçlo e AI solução e AI solução e AI solução e AI solução e AI solução e Al soluçlo e
troc.ivcl
°'°'
troc.lvcl trodvel trocável trocável trocável troc.ivel
l t l l t 1
Gcl (rcsco Gcl fresco (recém- Gel fresco (recém- llhas de hldróxi-AI de baixo Gel fresco (rccém- AI ligado ,\ MO
(recém- precipitado) de Fe e precipitado) de peso molccul,,r (recém- prccipilado) de extraido com Bal •
prroritido) AI aluminossilicalo ,om pn.~ipilado) nas cnlreci\madils aluminossilicato com
de AI relaçjo molar de minemis 2:1 com cargas nas relaçjo molar Si/ AI
)>
Si/ AI -1:1 l5minas octaédricas -1:2 (Andossolo) z
1 -i
! l l l O•
ÓXidodeAI Óxido de Fe de Aluminossilicato 1:1 de Ilhas de hidróxi-AI de alio peso Ilhas ele hidróxi-1\1 de baixo AI hgadoà MO 3
de t,.ú"a bai><a cristalinidade baixa cristalinidade molecular (L>Strutur,,s em peso molecular (recém- extraido com L.1l • o
,o cristalinidade com AI na estrutura anéis) nas entrecamadas de precipitado) nas cntrecamad.is n
>
e (SI) (p. ex. minerais 2:1 com cargas nas de minerais 2:1 com cargas nas ;o
,-
3: íenihidrita) ISminas oclaMricas lâminas tetraédricas 0
VI
n 1
)>
Ilhas de hidróxi-Al de alio AI ligado à MO <
)>
m Camadas conllnuas de hidróxi- extraído com Cu1 • ;o
p<?So molecular (estruturas em Alofana e imogolit.J Cl
AI nas entrccamadas de
anéis) nas enlrecamadas de (relação molar Si/ AI )>
minerais 2:1 com cargas nas VI
minerais 2:1 com cargas nas -1:2) (Andossolo)
z lâminas octaédricas
lâminas tetraédricas
3:
m
;:,
o
)>
,-
=l
)>
Camadas continuas de AI ligado à MO
0 Caulinita de baixa Se>
Cl hidróxi-AI nas entrccamadas extraido com
cristalinidade (" fire
> clay") e haloisita
de minemis 2:1 com cargas nas pirofosfoto !(P:0:-)~I <
)>
lâminas tetraédricas z
o o
o m
;;:,
Minerais 2:1 (lâmina Minerais 2:1 (lâmina
l/l djoctaédrica) o
o ! dioct.Jédrica) m
Caulmit.J com ""T1
o cnsta linidad "
;:,
m
i11k m 1L.:li,m.i (fom,a
m.J1, comu m nn o; "JOI~ )
i!
VI
3:
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n-LJl1n.J.,f,, o
XVII - Química dos Solos Ácidos 1067
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'' Departamento dc Solos e Engenharia Agricola, Universidade Fcder,11 do Paran.i. Ru.1 <los
Funcionários, 1.540, 80035-050, Curitiba (PR).
mottaacv@ufpr.br; vandcrfm@ufpr.br
Conteúdo
INTRODUÇÃO
Por estar situado na região tropical e subtropical, o Brasil possui extensa área de
solos ácidos, não adequados para o estabelecimento de culturas comerciais. Os vários
tipos de vegetação naturais, como campos nativos, cerrados e florestas tropicais e
subtrnpicais, sofreram longo processo de adaptação, ocasião em que o acúmulo de
resíduos orgânicos e as ciclagens de nutrientes permitiram o crescimento das plantas em
ritmo compatível com a acidez elevada dos solos. O cultivo itinerante nesses ambientes
pelos indígenas brasileiros, com produtividade limitada, ocorreu graças à queimada da
vegetação nativa e plantio por curto período utilizando nutrientes disponibilizados nas
cinzas, com seu efeito alcalinizante, e a reserva acumulada no solo durante o período de
pousio. Nestes dois contextos, a acidez do solo tem papel secundário.
A introdução de plantas exóticas, muitas das quais sensíveis à ,1cidez. ou mesmu o
cultivo dl• espécies nativas por longo período na mesm~ área, vem oco(rendo desde o inicio
soes. VI\Pl> íl, 20119. Qufrnic,l l' t-.llncr,1lug1a d o Solo, Cllnc clto~ U.h1..:o ~ e A p lk .1,0 l•, , t.l H II'
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l•.1• \':\nt'us d1h,ri1.h• s.1lts for ,lt•h•1 ml11l;,H lh111• "'lllili.•11w11ts. ~ ,il ~·I. S,~-, t\111, 1. •l, :1,\J\\,11u~.
19..~,t-.
OKAPA. K.R ; ~ \OR\~A \ Vr\. S.; 1\\':\\. R: l""ll Ili{.,\, Y. & C\.~\ K.-\, I,:\. ,.\ ~tt·111·tt11'-' 11111.t,•I ,,f 111l11ph,11w.
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~,,m ,, rt-l CTC', }'ill\.'\'111,,~\'III "'' ~1tur,1,~() ,,,, r\l ,~11\,lh'ri,I 111'~;.\nk.1. lt llr,1:-, l,'1. ~,•h'. ;;J11--h•,
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1
' Departamento de Ciência do Solo, Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Univers idade
de São Paulo, CP 09, 13418-900, Piracicaba (SP).
a lleoni@esalq.usp.br
11
Centro de Solos e Recursos Agroambientais, Instituto Agronômico de Campinas, cr 28, 130'12-
970, Campinas (SP) .
ocamargo@iac.sp.gov.br
11
Departamento de Recursos Naturais e Proteção Ambiental, Centro de Ciéncias Agrárfas, Universi-
dade Federal de São Carlos, CP 153. 13600-970, Araras (SP).
bighouse@ufscar.br; mrsoares@cca.ufscar.br
Conteúdo
ATRIBUTOS QUI.MICOS, FÍSICOS E MINERALÓCICOS ...........................- ..- .................- ....- ...........- ... 1080
Atributos Qulmicos ..............................._ ........................................_ .............- ...........- .......................- ................ _ 1080
Atributos Físicos .__ ................. _........- .....................- ....--......... __ ....._......_........ _.........._ .....- ......... _. ....- ...... 1081
Atributos Mineralógicos ..............- ...................... _ ............. - ..- ..........·-··-·- .. ·-····- -..................- -......... 10S3
CARGAS ELÉTRICAS ...................................................... ·-- ..............·-·- ·- ···...................... _ .......... _._ ..... - · 108-1
Pontos de Efeito Salino N ulo e Potencial Elétrico Supcrfici,il ............... _................- ....... ..- ..-· ...- -.... - .. 1087
Adequaçào dos Modelos da Dupla Camada Difusa de Gouy•Chapman e de Stern ··--·--· .....___ 1091
i\DSORÇÃO DE lONS .........- •-·- ·- ---...............- ····-..···..-·..-----·-·•·· ..- -..- -..- - .... - - ..... 1095
Efeito da Matéria Orgânica ....- .............- ...- ·---··..·-..- ........... _ _ ..._._ ._ ..- . - ·..·- - - -........... - 1096
Efeito dos Óxidos de Ferro e de Alumínio • - __... --- .. - - - - - - - - - · - - -..--......... _ _ . l 105
Avaliação de t-.fodelos na Descrição dc Adsorçào de fons .._ .... _ .... _ __ ._,_ ..... ....__,, __ - - - · 1119
LITERATUl<A CITADA . - ...- _.... ··-·-·--.. •·· ......--··· -·---·-· · ·- -·- 11:s
S UCS, Viçosa, 2009. Qulmic,1 t' Mint·ral ui;i.i do s.u,l11, Con.ccitos D.i s in ,, e Aplk,1çiks, 1Jt, 1 p
(L·,h Vandcr ÚL' Frt•IIJ~ ML'lv e l.uls J(,·ynult.lo F,· rruc.ciu r\ll'-'i'rt1).
1078 Luls REYNALDO FERRACCIÚ ALLEONI ET Al,
INTRODUÇÃO
A Ciência do Solo foi construída nas regiões de clima temperado, como a Europa,
Rússia e Estados Unidos. A Pedologia era uma ciência independente, amplamente baseada
no estudo dos solos localizados na zona temperada. Solos das regiões tropicais e
subtropicais eram submetidos a exame, quando possível, mas a maioria das vezes
meramente como uma questão de coleta de algumas amostras por exploradores sem
treinamento suficiente para este propósito. Esse fato prolongou-se até à década de 60 do
século passado, quando eram abundantes artigos sobre água, matéria orgânica, sais
solúveis e química de silicatos em solos com mineralogia composta principalmente por
montmorilonita, ilita e vermiculita. Entretanto, a partir dos anos 70s, houve intensa
expansão dos estudos em Ciência do Solo da Europa e Estados Unidos para a África
Equatorial, Américas do Sul e Central e o sudeste da Ásia. Aí então começaram os estudos
mais amplos e profundos dos solos dos trópicos úmidos e, de maneira especial, dos solos
altamente intemperizados, a partir daqui referidos como SAI.
Num primeiro exame, esses solos parecem muito semelhantes - profundos, vermelhos,
friáveis, com boa drenagem - e suportam uma vigorosa vegetação. Entretanto, uma análise
mais cuidadosa revela uma diversidade no mínimo tão intensa quanto aquela encontrada
nos solos das regiões temperadas. Os fatores - clima, material de origem, relevo, tempo e
organismo - e processos de formação do solo - transformação, remoção, adição e
transporte, variam dentro da região tropical úmida, refletindo sua influência na
diversidade de solos. Um problema de difícil solução é isolar um fator ou processo de
formação particular como sendo o mais importante, na medida em que há uma interação
complexa entre os cinco fatores. Com relação aos processos, o desenvolvimento dos SAI
está mais associado à transformação e remoção.
Em superfícies antigas com moderada a baixa declividade, condições de alta
pluviosidade e temperatura propiciam intensa lixiviação de nutrientes e de sílica. O
que sobra é um resíduo pouco solúvel, composto por material muito intemperizado
com baixa capacidade de reter cátions necessários para suportar uma agricultura
economicamente viável. Para que os SAis comportem uma agricultura sustentável, é
necessário que se conheça a complexidade do sistema, pois ele é frágil e não admite
erros no seu manejo.
No extremo grau de evolução pedológica e intemperização, estão os solos ácricos,
que por definição devem apresentar, no horizonte B latossólico, retenção de cátions
trocáveis [Ca + Mg + K +Na+ AI= CTC.ictm (CTC0 ) ] igual ou inferior a 15 mmol, kg•I de
argila e, ou, pH em KCI superior ou igual a 5,0 ou 6pH (pH KCl - pH H 20) positivo ou
nulo (Embrapa, 2006). Em termos práticos, o horizonte ácrico apresenta carga elétrica
líquida positiva, ou seja, a capacidade de troca de ãnions {CTA) é maior do que a
capacidade de troca de cátions (CTC). A palavra ácrico vem do grego akros, que significa
"na ponta" ou •:no fim" (Uehara,_ 1988). O prefixo ~cri~o traz a imagem de um solo perto
do fim de seu ciclo de desenvolvimento, tendo sofndo mtenso processo de intemperismo.
A classificação brasileira não utilizava o caráter ácrico até 1999, embora Oliveira &
Prado (1987, 1991) tivessem discriminado tais solos dentre os Latossolos Roxos e 05
Latossolos Variação Una na região de Ribeirão Preto e Guaíra (norte paulista). O materia l
ácrico ocupa uma das posições dos chamados quatro extremos taxonómicos. As outras
três posições são ocupadas pelos materiais hísticos (acúmulo de material orgânico),
ândicos (acúmulo de material amorfo ou microcristalino) e vérticos (acúmulo de material
com argilas expansíveis) (Figura 1). Os solos ácricos têm grande importância do ponto
de vista taxonómico, uma vez que representam o máximo de acúmulo de minerais oxídicos
sob condições de clima tropical úmido, como também econômica, visto que, no Brasil,
localizam-se numa região de intensa atividade agrícola. Portanto, em termos qualitativos,
é fundamental o conhecimento detalhado de seus atributos.
Vértice
Ãndico Ácrico
Hístico
FORMAÇÃO E OCORRÊNCIA
As regiões que comportam SAI estão localizadas próximas ao Equador e são marcadas
por alta temperatura e alto índice pluvial, o que permite maior velocidade das reações de
intemperismo do que em ambientes temperados. As condições ambientais ideais para o
intemperismo envolvem regimes hídricos, variando de údico a perúdico, e um regime
isohipertérmico de temperatura do solo (Eswaran & Tavernier, 1980). O processo mais
importante de intemperização é a intensa perda de sílica ou dessilicação, com resultante
acúmulo de óxidos insolúveis, como os de Fe (goethita e hematita) e os de AI (gibbsita),
além da caulinita, que é um mineral de argila do tipo 1:1. O solo resultante apresenta
uma fração argila com índice Kr (relação sílica/ óxidos de Fe e Al) bastante baixo, menor
do que 0,75. A frente de intemperismo move-se rápida e uniformemente ao longo do
perfil, e os processos não são acompanhados por trnnslocaçào de argila, o que daria
origem a um horizonte B textura!. Numa seqüência completa de intemperismo em Sabah,
Malásia, a composição coloidal mudou de montmorilonita/ caulinita num lnceptisol para
goeth ita/ caulinita/ gibbsita num Acrorthox (Eswaran & Sys, 1979). A CTC.,,,11,-~ caiu d1c•
mais de 500 mmol, kg·1 no Jnceptisol para menos que 50 mmol, kg·1 no solo ácrico.
· ·
Solos altamente mtempenzados J
foram reata d os em d1·versas regiões equatoriais'
como H awa1,' Porto Rico
· (onde estao - os solos acncos
, · mais· bem conhecidos' pertencentes
_
à série Nipe), Malásia, Indonésia e Brasil. Não é possível estabelecer uma relaçao
consistente entre as áreas de ocorrência de SAI e os elementos da paisagem. Entretanto,
estes solos são observados apenas nos relevos muito pouco ondulados: com a_s maiores
expressões nas cotas mais baixas, raramente ultrapassando 5 % de dechve. Oxiss~los da
classificação americana são os solos que predominam na América do Sul e Africa,
enquanto os Ultissolos têm presença marcante em quase todas as regiões dos trópicos
úmidos. Oliveira & Prado (1987) contabilizaram 74.264,5 ha ou 26 % do total da
quadrícula de Ribeirão Preto, SP, como solos ácricos sozinhos ou associados. Esta região,
composta basicamente por Latossolos Vermelhos acriférricos, comporta extensa área
agricultável, na qual se destacam a cultura da cana-de-açúcar e as culturas irrigadas,
como o feijão e a soja. Ainda no Estado de São Paulo, na região de Guaíra, foram
registrados 95.200 ha de solos ácricos, compreendendo Latossolos Vermelhos acriférricos
e Latossolos Amarelos ácricos, representando a maior área de Latossolos ácricos até
então mapeada no Estado de São Paulo. A mesma tendência continua pelas áreas
contíguas, constituindo grande superfície de solos em extremo grau de intemperização
ao norte do Estado de São Paulo e sul de Minas Gerais.
Atributos Químicos
A principal característica química dos solos altamente intemperizados é a baixa
retenção de cátions. A capacidade dos solos de reter íons por atração eletrostática depende
das cargas na superfície das argilas e da matéria orgânica. Este complexo traz na sua
superfície cargas positivas e negativas, permanentes ou não, evidenciadas pela sua
capacidade de retenção de ânions e cátions, respectivamente (veja capítulo XII). Muitas
propriedades do solo são influenciadas pelo tipo e pela quantidade dos cátions presentes,
2 2
como Ca .., Mg • , K.. e Na .., dentre outros, contrabalanceando as cargas negativas
disponíveis na superfície dos colóides. A dissociação do C02 na solução, a nitrificação,
a mineralização de compostos orgânicos e a liberação iônica pelas raízes de plantas
dispõem o íon H .. na solução do solo em quantidade suficiente para acidificar O meio. o
H. liberado revela comportam~~to excepci~n~l, aproximando-se excessivamente da carga
negativ_a e penet~an~o com fac1hdade nas lam1~as octaedrais dos minerais (p. ex. caulinita
e gibbs1ta) substttumdo o AI nas arestas do cnstal.
Em solos de áreas tropicais _úmidas com boa drenagem verifican~ se 1·n tensa remoça-
, • , • e ,- 0
e lixiviação de cat1ons de reaçao bas1ca, com resultante acúmulo de AJ3• trocável nos
sítios de carga negativa. Dada à hidrólise do Al3♦, ocorre dis poni"bi'l' - d tt•
. 1zaçao e , que
causa acidificação do meio_- ~essas ár~as, é comum encontrar solos com valores de pH
menores que 5. Quanto mais rnlempenzado for um solo, mais, O valor
, d o pon to d e carga
zero (PCZ) aproxima-se do pH medido em água ou em solução salina, como KCI.
O
Principalmente em horizontes subsuperficiais, porque os óxidos, que se acumu 1am ap6s
a intensa dessilicação apresentam altos valores de PCZ, entre 7,5 e 9,0 (Bell & Gillm.in,
1978). Em muitos c.isos, o PCZ supera o pH do solo, conferindo-lhe carga líquida positiva.
Nestas situações, a capacidade de troca de ânions (CTA) supera a capacidade de troca
de cátions (CTC). O fenômeno de reversão de carga ocorre quase sempre em profundidades
superiores a 0,5 m, pois, nesta condição, a matéria orgânica (MO), cujo PCZ é muito
baixo (menor do que 3), não tem efeito destacado.
A reversão de carga em camadas subsuperíiciais de solos altamente intemperizados
é muito importante em termos práticos, pois influi na movimentação de cãtions e ànions
ao longo dos perfis. Existem evidências (Camargo & Raij, 1989) de maior retenção deSo/·
numa amostra acidulada de Latossolo Vermelho acriférrico (pH 3,7) do que na mesma
amostra com pH 5,7. No primeiro caso, a carga líquida foi positiva (27 mmolc kg-1) e, no
segundo, ela foi nula. A importância de cargas positivas na retenção de No1- em
Latossolos e Nitossolos brasileiros foi identificada por Raij & Camargo (1974), e o efeito
da aplicação de Pede calcário, alterando estas cargas, na retenção de NO3• em amostras
superficiais e subsuperficiais de um Latossolo Vermelho-Escuro argiloso de cerrado, foi
verificado por Dynia & Camargo (1999). Constatou-se que a retenção foi maior nas camadas
mais profundas do solo e que os tratamentos diminuíram a capacidade do solo em reter
o NO3-na camada de 20-60 cm, sendo o efeito mais intenso no tratamento com calagem.
Em estudos feitos com Latossolos brasileiros, Casagrande (1993) constatou valores
da adsorção máxima de P em tomo de 3 mg g-1• Com a aplicação de um modelo de
complexação de superfície para verificar o efeito do pH e da concentração iônica na
adsorção de P em alguns solos ácricos, foi observ.ido que a adsorção foi maior nos
horizontes subsuperficiais, onde a carga líquida foi positiva (Casagrande, 1993). Na
camada superficial, onde a MO atuou como geradora de cargas negativas, a adsorção de
fosfato foi reduzida.
Atributos Físicos
Solos altamente intemperizados são normalmente profundos, com textura variando
de argiloarenosa a muito argilosa, sendo bastante friáveis e com fraco desenvolvimento
de macroestrutura no horizonte B. A diferenciação entre horizontes é pouco nítida, sendo
difícil separá-los sem que haja arbitrariedade na demarcação dos limites. A
mkroagrcgação é bastante estável. Quando se determina a textura de campo em solos no
grau máximo de intemperização, como os Latossolos Vermelhos acriférricos, por exemplo,
tem-se a sensação de elevada quantidade de areia grossa, sendo necessário manipular
bastante a amostra para que os microagregados sejam desfeitos (Oliveira & Prado, 1987).
A forte microagregação é resultado da ação cimentante dos óxidos de Fe nas argilas
silicatadas, que tendem a aglutinar-se numa distribuição bastante específic.:i, formando
os microagregados. Em razão d o grau forte de agregação, solos altamente intcmperizados
tendem a ser considerados semelhantes a solos arenosos, visto que a infiltração e ,1
movimentação de água pelo perfil são altas. No interior paulist.:i, f or,1m encontrados
Véllores de porosidade total entre 62 e 64 % para horizontes Bw de Latossolos Acricos
(Oliveira & Prado, 1987).
Os teores de água retidos a 0,03 e a 1,5 MPa são relativamente baixos~ na faixa de 20
a 25 %. Como conseqüência, a maioria dos SAI apresenta baixa quantidade de água
disponível (< 60 g kg-1 ), segundo limites definidos por Oliveira et al. (1?86). ?saltos
valores de água retida a altas tensões estão associados aos espaços vazws exi stentes
dentro dos agregados deste tipo de solo (Sharma & Uehara, 1968). Tsuji et al. (1975)
observaram, por meio de microscopia eletrônica, que a quantidade de água retida a tensões
maiores que 0,02 MPa é nulior em solos com microestrutura forte do que naqueles com
estrutura menos desenvolvida. Holzhey & Kimble (1986) obtiveram curva de retenção de
água de um Oxissolo que, em altas tensões, foi característica de solos argilosos. Em
tensões intermediárias, ela refletiu o baixo teor de silte. Entretanto, sob tensões mais
baixas, houve acentuada queda da curva, explicada, pelos autores, por um número maior
de poros com diâmetro superior a O, 1 mm. Esta curva é similar à de solos arenosos
(Sharma & Uehara, 1968).
A elevada porosidade total e a uniformidade textura! dos horizontes dos SAI ao
longo do perfil contribuem para aumento da porosidade de aeração. Conseqüentemente,
há maior retenção de água a baixas tensões, que passaria a ser disponível para as plantas.
Em virtude disso, tem-se sugerido o valor de água retida a 0,01 MPa em substituição a
0,03 MPa no cálculo de água disponível. Lal (1979), por exemplo, encontrou melhor
correspondência entre a estimativa da capacidade de campo e a água retida a 0,01 do que
a 0,03 MPa, para solos nigerianos. Oliveira & Paula (1988) contabilizaram aumentos de 4
a 6 % na quantidade de água disponível de Latossolos do Sudeste brasileiro. É interessante
observar que não é comum encontrar barreira física natural ao crescimento radicular por
causa de sua grande profundidade, o que aumenta a disponibilidade de água às plantas
(Sanchez, 1976).
A movimentação relativamente rápida de água nos SAI, principalmente no horizonte
B, está ligada ao forte grau de agregação destes solos, que é conseqüência do valor
praticamente nulo de argila dispersa em água. O principal motivo de a argila estar
praticamente toda floculada é o balanço de cargas elétricas. Sendo assim, um atributo
químico influencia diretamente um atributo físico, sendo ambos conseqüência da
mineralogia oxídica destes solos.
A argila dispersa em água (ADA), que influencia significativamente atributos
importantes do solo, como encrostamento superficial, taxa de infiltração e escoamento
superficial de água, apresenta valores próximos de zero nos horizontes subsuperficiais
de SAI, em virtude da proximidade dos valores de pH e do PCZ nestas camadas. Essa
proximidade é acompanhada de redução na carga superficial líquida, 0 que provoca
a floculação dos colóides, fruto da diminuição na repulsão entre as duplas camadas
elétricas das partículas de argila (veja capítulo XII). A dispersão ocorre de maneira
simétrica, no lado áci_do_ ou no lado alcalino_ ~o PCZ. A presença de carga líquida,
que é negativa na ma10na dos casos, ou pos1t1va, como em alguns solos levantados
por Oliveira & Prado (1987), produz forças repulsivas que são suficientemente
grandes, particularmente em baixas concentrações de eletrólito, para sobreporem as
forças eletrostáticas de atração. Neste caso, então, grande parte da argila permanece
dispersa.
Alleoni & Camargo (1994c) observaram que os teores de ADA foram cerca ele 20
vezes men~res em camadas subsuperficiais do que nas camadas superficiais de
Latossolos Acricos, com valores próximos de zero no horizonte B latossóJico. Um dos
fatores que concorrem para um valor mais elevado de ADA na camada superficial é seu
maior teor de C orgânico. Primeiramente, porque a MO constitui uma das principais
fontes de carga negativa dos solos (Raij & Peech, 1972). Em segundo lugar, há relatos de
dispersão de caulinita (que é o argilomineral predominante nos Latossolos altamente
intemperizados), graças à ação de ânions orgânicos produzidos pelü decomposição da
MO e por exsudados de raízes (Oades, 1984). Levy et ai. (1993), estudando dois solos
cauliníticos de locais distintos: um da Georgia (região úmida) e outro de Camarões (região
semi-árida), observaram que no solo da Georgia o teor de C mais alto e a maior taxa de
decomposição do material orgânico contribuíram para um maior valor de ADA.
A área superficial específica (ASE) influencia significativamente os atributos físico-
químicos do solo, já que as reações físicas e químicas processam-se, em grande parte, na
superfície de seus colóides. Os valores de ASE da fração coloidal de SAI são normalmente
baixos (de 40 a 100 m 2 g·1 no horizonte B), conseqüência da predominância de minerajs
cauliníticos e oxfdicos na fração argila e do baixo teor de MO em profundidade
(Grohmann, 1970; Paula et ai., 1986; Alleoni, 1992). A MO contribui significativamente
no valor da ASE do solo, em virtude de seu alto grau de subdivisão. Com isso, é comum
encontrar valores mais altos de ASE nas camadas aráveis de solos altamente
intemperizados do que em camadas subsuperficiais. Os óxidos de Fe e de AI também
contribuem para aumento deste atributo do solo (Grohmann, 1972).
Atributos Mineralógicos
Os óxidos insolúveis de Fe e de AI mais freqüentes em SAI são a goethHa (cx-FeOOH),
a hematita (cx-Fe20 3) e a gibbsita (y-Al(OH) 3). A primeira confere cor ama.rela ao solo (2,5Y
- l0YR) na ausência de hematita, enquanto, na segunda, a cor é avermelhada (2,SYR -
5R), mesmo quando ela aparece em pequenos teores. Os óxidos de Fe e de AI exercem
marcante influência nos atributos eletroquímicos de solos altamente intemperizados dos
trópicos. Nascimento et ai. (1988) obtiveram alta correlação negativa entre os índices Ki
e Kr (que diminuem com o teor de óxidos de AI e, ou, de Fe) e o PCZ de Latossolos
brasileiros. Alleoni & Camargo (1995) encontraram teores elevados (maiores do que 250
g kg-1) de óxidos de Fe extraídos com ácido sulfúrico (Fe,) em Latossolos Vermelhos
acriíérricos e bem menores em um Latossolo Amarelo ácrico (< 100 g kg- 1). De maneira
geral, os teores de Fe bem cristalizados - também chamados de óxidos de Fe livres - que
são extraídos com ditionito-citrato-bicarbonato de sódio (Fed), devem representar cerca
de 90% do total (Vettori, 1969). Entretanto, a diferença entre Fe.i e Fe, aumenta em solos
altamente intemperizados derivados de rochas básicas, em virtude da presença de
minerais primários, como a magnetita e a ilmenita, que não são extraídos pelo ditionilo
e citrato de sódio (Kampf et ai., 1988).
As farmas livres de Fe e de AI predominam sobre as amorfos ou mal cristalizadas. O
elevado intemperismo em ambientes tropicais promove cristalização dos óxidos de FI.' '-'
AI, arnrrctando baixas relações entre as formas amorfas extra[d.1s com ácido ox,ílico/
oxalato de amônia (Fe e formas bem cristalizadas (livres), que variaram de 0;0 3 ª ?,3
0
)
para solos cauliníticos do Japão (Sakurai et ai., 1989). Kfünpf et al. (1988) _ta~beri:
obtiveram valores de Fe /Fed nesta faixa para Latossolos do Sul e Sudeste brasileiros. E
0
comum encontrar valores ainda menores para essa relação, entre 0,01 e 0,03, para Latossolos
do Brasil (Melo et ai., 2001). Valores elevados de óxidos em profundidade, aliados~ baixos
teores de MO no horizonte B, têm participação efetiva no balanço das cargas elétncas dos
solos altamente intemperizados. Quanto maior e mais efetiva for a participação destes
óxidos, maior o PCZ do solo. Em alguns casos, os solos exibem carga positiva na faixa mais
comum de pH de solos tropicais. Estas cargas têm grande importância na retenção de
ânions, principalmente os móveis, dentre eles o N03• e o c1·.
A caulinita, com picos a 0,72 e 0,36 nm por difração de raios-X (DRX) e curvas de
reação endotérmica a 530 ºC por análise termodiferencial (ATD), a gibbsita, com difrações
a 0,48 e 0,44 nm (DRX) e reação endotérmica a 290 uc (ATD) são os minerais dominantes
na fração argila deferrificada de SAI (Galhego & Espindola, 1979; Curi & Franzmeier,
1984; Antonello, 1988; Alleoni & Camargo, 1995). É comum também o aparecimento de
traços de vermiculita ou esmectita com hidróxi entrecamadas (EHE e VHE), identificado
na faixa de 1,47 nm quando a amostra é saturada com Mg e posteriormente glicolada.
Quando ela é saturada com K e depois aquecida, há redução gradual no espaçamento
basal para aproximadamente 1 nm. O aparecimento de minerais interestratificados em
solos altamente intemperizados já foi assinalado por Moura Filho & Buol (1972) e Galhego
& Espindola (1979). O preenchimento parcial das regiões entrecamadas dos minerais 2:1
com ilhas de hidróxi-Al torna o mineral mais resistente ao intemperismo, o suficiente
para coexistência de VHE (ou EHE) e gibbsita na fração argila de Latossolos. A presença
de VHE e EHE, mesmo que em quantidades residuais, pode ser importante para aumentar
a CTC dos horizontes subsuperficiais dos SAis.
Em Latossolos Vermelhos acriférricos e num Latossolo Amarelo ácrico foi observado
que a gibbsita respondeu por metade ou mais da fração argila deferrificada do horizonte
B (Alleoni & Camargo, 1995). O teor de gibbsita tende a ser maior nos solos mais
vermelhos, enquanto a caulinita segue tendência contrária (Curi & Franzmeier, 1984;
Oli veira et ai., 1991). Alleoni & Camargo (1995) encontraram correlação positiva e
significativa (r = 0,83) entre teores de gibbsita com valores de Ponto de Efeito Salino
Nulo (PESN) (para o valor de pH na intersecção de duas ou mais curvas de titulação,
obtidas a partir de soluções com diferentes forças iônicas, onde foram adicionados ácido
e base - veja detalhes no capítul~ XII) de SAI, o que realça o efeito da mineralogia na
definição das cargas em profundidade.
CARGAS ELÉTRICAS
m mmol,kg· 1
NVef O- 0,20 6 (,8 ± 0,4 (55) (S) 51,1±0,7(45) 113,J ± 0.3
0,75 - 0,95 35,8 ± 0,6 (47) 41, 1 ± º· 1 (53) 77.0±0,6
LVw f-1 O - 0,20 28,3 ± 0,9 (71) 11.7 ± 0,2 (29) 40,0±0,8
1,00 - 1,40 17,8 ± 0,7 (66) 9,1 ±0,3 (34) 27,0±0,6
LVwf-2 0-0,20 32,0 ± 0,5 (76} 10,4 ± 0,2 (24) 42,4 ± 0.4
1,00 - 1,50 15,8 ± 0,1 (73) 5,9 ± o.o (27) 2 1,6±0,I
LAw O - 0,20 14,1 ± 0,3 (71) 5,8 ± 0,2 (29) 19,9 ± 0,2
0,30 - 0,70 10,1 ± 0,6 (73) 3,7 ± {0,2 (27) 13,8 ±0,9
LAwf O- 0,20 33,7 ± 0,3 (77) 10,6 ± 0,3 (23) 44,3 ±0,4
0,60 -0,90 18,5 + 0,3 (69) 8.4 ± o, 1 (3 1) 27.0±0,3
111 NVcí = Nito,solo Vermelh o Eutroférrico; LVwf-1 = L1tossolo Vermelho Ac.r if~rríco tcx tur.J ari;ilos,>; LVwf-2 •
Latossolo Vermelho Acriférrico textura médi~; LAw = Latoss~lo Amarelo Acnco; LAwf : Latoss~lo ,\mareio
Acriférrico· 1:1 0 11 = adsorçào do cs· para os s1110s de carga vanaveis; " 10 0 = adsorç.lo do Cs para s1110s de carga
P ern1ancn t •e,,. 1•1 0 ro r,\L .. "'•dsorrllo
'
do cs· p,ua sítios de carga total; 111: valores entre parênteses representam a
percentagem em relação ao total.
Fontl?: Weber et ai. (2005).
Ale nas arestas da caulinita. Como mostrado no capítulo XII, a carga e o potencial da
superfície variam com a concentração de H• e OH-, íons determinantes de potencial
(IDP). Para uma mesma concentração de H• ou oH-, o potencial se mantém constante,
mas a carga de superfície varia com a concentração e valência dos eletrólitos (força
iônica) da solução. Elevados teores de MO proporcionam valores mais altos de carga elétrica
negativa no horizonte superficial do que no subsuperficial de SAI. Alieoni & Camargo (1994b)
observa ram que, na concentração intermediária de KCI (0,01 mol L-1) e pH igual a 5, as
1
cargas líquidas médias dos horizontes A e B de alguns Latossolos foram -20 e +4 mmol kg·
(Figura 2). A contribuição da MO na CTC pode variar de 74 %, nas amostras superficiais,
a 35 %, nas subsuperficiais de solos paulistas (Raij, 1969). Raij & Peech (1972) observaram
que numa faixa de pH entre 4 e 7 Latossolos apresentaram uma variação nas cargas
elétricas de +15 a -100 mmol kg- 1, em média, enquanto um Nitossolo, menos
intemperizado, teve variação de -5 a -150 mmol kg- 1•
-35
LVwf0-0,2 m
-25 LVwf0-1,Sm
-15
-S
LAw 0-0,2 m
LAw 0,4-0,6 m
3 5 6 5 6 7
pH
6
PESN • 3,4
s
3 LVwf0-0,2m
20 10 O 10 20 30 20 10 O 10 20
:ee. 1r _ :_. OH" H• -~► O H ...
9 LAw 0,-1-0,6 m
7 L.Aw0-0,2 m 8
6 7
PESN •3,4
20 10 Y 10 2ll )O 20 10 O 10 20
1r _ .... 0 11· H' _:_. 011·
-1
mmol kg
Figura 3. Curvas de titulação potenciométrica e pontos de efeito sillin~ nul~ (PESN) d~ ,1mostr,1s
superficiais e subsuperficiais de um Latoss olo Ve rmelho acnfémco (L Vwf) e de um
Latossolo Amarelo acrico (LAw) de Guaírn, SP.
Fon1~· Alleoni & Camo1rgo (19 94.1).
6
::r:o..
5
Figura 4. Variação do pH medido em solução de KCI 1 mo! L-1 e do ponto de efeito salino nulo
(PESN) de acordo com o índice Ki de amostras do horizonte B de quatro solos altamente
intemperizados da região norte do Estado de São Paulo.
Fonte: AJ!eoni & Camargo (1994a).
No maior valor de Ki (1,7), o pH em KCl foi cerca de 1,5 unidade maior que o PESN;
entretanto, a diferença entre eles diminuiu à medida que os valores de Ki ficaram mais
baixos. Quando este índice aproximou-se de 1 (valor correspondente a solos mais
intemperizados), o valor de PESN superou o valor de pH em KCI, o que foi indicativo de
balanço positivo de cargas nos horizontes subsuperficiais dos solos. Apesar de não
corresponder exatamente ao PCZ pois não considera todas as fontes de carga no solo, 0
PESN corresponde a uma boa aproximação do valor de PCZ em SAI. Com isso, pode-se
inferir que o PESN corresponde à condição de máxima estabilidade química, havendo
tendência de o pH do solo dirigir-se para seu valor, à medida que aumenta O grau de
intemperização do solo, uma vez que, termodinamicamente, há tendência de as reações
atingirem um equilíbrio, correspondendo a um pH no qual a carga líquida do solo é nula
(veja detalhes no capítulo XII).
1
A diferença entre pH em KCI 1 mal 1- e pH em H 20, ~pH = pHKa _ pl-I,w, pode ser
usada como indicativo de carga líquida dos solos dentro da faixa de line~ridade da
curva pH x carga !í~uida (Mekaru & Ueha_ra: 19_72). Es~e us~, todavia, somente é possível
em algumas cond1çoes, em que há predommanc1a de mmera1s com carga variável (Tessens
& Sharnshuddin, 1982) e valor de ôpl-1 entre_ -_O,~ e +0,5 (Uehara, 1979). Perez (l 990) e
Alleoni & Camargo (1994b) encontraram egu1libno ou, em alguns casos, predomínio de
cargas positivas sobre as negativas nas amostras subsuperficiais de SAI. Nesses estudos,
os valores de pH e de PESN apresentaram alta correlação positiva.
Um solo ácido com ôpH próximo de zero possivelmente terá baixo teor de A1 3 •
trocável, em virtude do predomínio de cargas variáveis, que estão associadas a solos
mais intemperizados, nos quais o AI encontra-se na forma de óxido pouco solúvel. Por
outro lado, valor negativo e elevado de ôpH, associado com altos teores de AI, é sinal da
presença de minerais com carga permanente (veja capítulo XVJI).
À medida que o grau de intemperização do solo aumenta, os vnlores de l1pH em
horizontes subsuperficiais tendem a aproximar-se de zero, e os teores de AI tendem n ser
baixos, o que tem importância muito grande no mnnejo. Por exemplo, solos deste tipo
requerem menor quantidade de calcário para corrigir sua acidez do que solos menos
intemperizados, com argilas 2 : 1, que tenham uma mesma soma de bases e maiores
3
teores de At • trocável. Então, à medida que o 6.pH aproxima-se de zero até atingir valores
positivos, há correspondente aumento de PESN. Como o pH é de fácil obtenção em
laboratório, torna-se possível es timar, por meio dele, se o solo encontra-se próximo de
seu PESN, respeitadas as restrições anteriormente referidas.
O pH do solo tende a aproximar-se do seu PESN em camadas subsuperficiais no
extremo grau de intemperização. Essa proximidade do pH com o PESN é acompanhada
de redução na carga superficial líquida e, por causa da diminuição na repulsão entre as
duplas camadas elétricas das partículas de argila, estas passam a interagir livremente,
atraindo-se por forças de van der Waals, floculando-se rapidamente (Raij, 1971).
O potencial elétrico (\!f) da superfície dos colóides pode ser calculado pela equação
simplificada de Nernst (Raij & Peech,1972):
em que PESN é o ponto de efeito salino nulo, que corresponde ao valor de pH no qual
ocorre o cruzamento das curvas de titulação do solo, em três concentrações de eletrólito
(Alleoni & Camargo, 1993).
O potencial elétrico superficial fica mais negativo à medida que o pH aumenta, o
que ocorre pela maior diferença que o pH passa ter em relação ao PESN, na proporção em
que seus valores ficam mais altos. Nas camadas superficiais dos SAls, o potencial elétrico
é sempre negativo nos valores mais comuns de pH dos solos. A MO é a principal
responsável pelos baixos valores de PESN nessa camada. O efeito da MO está ligado à
sua interação com óxidos e argilas silicatadas do solo, podendo formar um complexo
coloidal que altera seus atributos eletroquímicos. Ao tratar uma série de alurninossilicatos
amorfos sintéticos e a alofana com extrato de trevo hurnificado, Perrot (1978) observou
que houve mudança para valores mais negativos na carga elétrica líquida e que os PESN
foram deslocados acentuadamente para valores mais baixos.
Em camadas mais profundas do perfil do solo (geralmente no horizonte B), o efeito
da MO é menos pronunciado, e os valores de potencial elétrico tendem a se manter
negativos, mas com menor valor em módulo. Como o efeito da lv!O diminui em
profundidade, o valor do \jl dependerá da constituição mineralógica da fraçJo argil,, du
solo. A caulinita, que é o argilomíneral predominante nos latossolos, apresent,, PCZ
aproximadamente igual a 3,5; portanto, quanto maior seu teor na fração argila, menor deve
ser o PESN do solo. Por outro Jado, em condições extremas de intemperização,
predominam os óxidos de Fe, AI e Mn, cujos valores de PCZ são elevados. Nessa situação,
os índices Ki e Kr do solo são baixos (menores do que 0,75) e os valores de \j/ podem-se
aproximar de zero e até atingir valores positivos, em razão dos altos valores de PCZ. Tal
fato foi observado por Alleoni & Camargo (1994b). Nas camadas superficiais (0-20 cm),
os potenciais e as cargas líquidas de um Nitossolo Vermelho eutroférrico, dois Latossolos
Vermelhos acriférricos e um Latossolo Amarelo ácrico foram negativos e de maior valor
absoluto do que nas subsuperficiais de todas as amostras, possivelmente por causa do
efeito da matéria orgânica (Figura 5). Os Latossolos ácricos apresentaram balanço de
carga dependente do pH e da concentração salina da solução do solo. O potencial e a
carga líquida dos Latossolos foram, em módulo, menores que os do Nitossolo Vermelho
e, no horizonte B, foram positivos até valores de pH entre 5,6 e 6,0. No Nitossolo Vermelho,
a carga foi positiva somente em pH inferior a 3,5.
-200
DNVef e LVwf-1
-160 ■ LVwf-2 e LAw
-120
-80 Horizonte A
>
E
o
u
-40
'E
,e, 4 5 6 7
ãi
~
·o D NVef
~o
-180
■ LVwf-1
i:;!... -140 ~LVwf-2
-100 .à LAw
-60
-20
o
+20
+60
H orizonte B
+ 100
4 5 6 7
em que N, = número disponível de sítios por cm2 para adsorção de fons; NA= número d e
Avogadro; M - massa molecular do solvente: 18g por mol para água; n =concentração de
fons (mmols L-1 x nº de Avogadro); p = densidade do solvente; lj/6 - potencial elétrico no
plano de Stern e; e)>= potencial de adsorção específica do contra-íon pelo colóide.
A densidade Lotai de carga é apresentada na equação 4:
(4)
(5)
elétrica líquida superficial foi obtida após a divisão da carga elétrica líquida pela
superfície específica.
Segundo Laverdiere & Weaver (1977), a expressão dos valores de carga em relação à
superfície específica fornece melhores comparações entre os solos, daí ter-se optado por
esta unidade. Para a construção da figura 6, foram considerados apenas os pontos entre
pH 4,0 e 7,5, faixa que engloba a maioria dos solos tropicais. Para que fossem aplicados
os modelos de Gouy-Chapman e de Stern, as equações 1, 2, 3, 4 e 5 foram simplificadas de
acordo com Raij (1971), dando origem às equações 6, 7 e 8:
(8)
Os potenciais elétricos, \j/0 e '1'6 , são dados em mV; cr, cr1 e cr2 em mmol0 cm-2 ; e é a
concentração molar do eletrólito simétrico na solução em equilíbrio e; ô aparece em
nanômetros. Considerou-se a ausência de adsorção específica, assim q, = o. A carga
superficial líquida pela teoria de Gouy-Chapman foi determinada pela equação 6, após
substituir 'l'õ por 'l'o· Cálculos para utilização do modelo de Stern foram feitos com as
equações 4, 6, 7 e 8.
Para obter cr, cr1 e cr2 e \j/6 , foi utilizada a solução numérica de Raij (1971), assumindo
valores diferentes para 'l'f>I obtendo-se cr, cr 1 e cr2 e"'"' nesta ordem. No quadro 2 aparecem
os valores assumidos de ljf61 e os demais paràmetros obtidos posteriormente. Tomando,
1
como exemplo, '1'6 = 5 mV; c = 0,01 mo! L- ; z = 1 (eletrólito 1:1); ô= 0,1 nm, 05 demais
atributos foram ass'.m calculad~s: inicialme_nte, foi determinada a carga na dupla camada
difusa (cri), por meio d~ equaçao 6. A seguu, obteve-se a carga na camada de Stern (cri),
utilizando-se a equaça~ 7. Somando cr2 e cr~, obteve-se a carga superficial total (cr).
Finalmente, com a densidade_~e carga con~1ec1da, obteve-se O potencial elétrico na dupln
camada difusa (1j10 ) , com auxilio da equaçao 8 (Quadro 2).
solos e provocar menores tensões nas superfícies reativas. Entretanto, para valores de
potencial acima de 100 mV, o modelo de Gouy-Chapman prevê densidades de carga
que são fisicamente impossíveis de ocorrer (van Olphen, 1963). Como a forçn iônica da
solução do solo dificilmente supera 0,005 mal L-1, sendo comuns valores em torno de
1
0,002 mal L- (Bell & Gillman, 1978; Black & Campbell, 1982), parece mais adequado
comparar os resultados dos SAI nas concentrações de 0,01 e 0,001 mal L- 1 de KCI.
Pelo fato de o potencial ser dependente do pH do meio, uma variação neste pH tem
efeito mais marcante na carga liquida de um solo quanto maior for sua força iônica, o que
pode ocorrer, por exemplo, quando um adubo é aplicado no solo. No caso dos SAJ, isso
é bastante importante em virtude da baixa capacidade de retenção de cátions que estes
solos revelam.
ADSORÇÃO DE ÍONS
Embora seja conhecida a forte interação entre Cu e MO, nem sempre a adsorção
máxima de Cu correlaciona-se positivamente com os valores de MO, principalmente
quando são computadas as camadas subsuperficiais dos solos (Si! veira et ai., 2002). Em
Latossolos, por exemplo, os teores de MO são baixos no horizonte B, enquanto teores de
caulinita e óxidos de Fe e de Al são menos variáveis ao longo do perfil. Deve-se ressaltar,
porém, o efeito indireto da MO, uma vez que apresenta significativa correlação com a
CTC dos solos.
A MO influi também na adsorção de outros metais, como o Cd. Dias et al. (2001)
observaram que a adsorção máxima de Cd estimada pela iso terma de Langmuir
correlacionou-se positivamente com C orgânico, CTC, S.E., teor de argila e índice Ki.
Por sua vez, o C orgânico, a S.E. e a argila foram significativamente correlacionados
com a CTC nos solos estudados. Assim, um incremento em qualquer um desses atributos
corresponde a um incremento na C_TC, com consequente aumento da capacidade de
adsorção de Cd. Lee et ~l. (19~6) e Smgh (1979) encontraram baixa correlação entre os
parâmelTos de Langmu1r e óxidos de Fe, AI e Mn, em amostras superficiais de solos, e
relataram que o Cd está ligado aos sítios de troca da MO e em menor grau aos dos
óxidos.
Camargo et a i. (1989) estu~aram o comportamento do Ni em sete a mostras de
horizontes A de Latossol~s paul'.s_t~s, saturadas com Ca. Após O ajuste bem-sucedido
dos resultados de adsorçao de N1 a isoterma de Lnngmuir, verificaram que a ndsorção
máxima dependeu do pH e dos teores de MO. Mellis et ai. (2004) verificaram diminuiçfio
da adsorção de Ni com a eliminação da matéria orgânica das amostras de um Latossolo
Vermelho acriférrico (LVwf), de um Latossolo Amarelo ácrico (LAw) e de um Nitossolo
Vermelho eulrófico (NVef). Após a remoção da matéria orgânica, o NVef apresentou a
mais alta capacidade de retenção de Ni, atribuída principalmente à sua maior
quantidade de cargas permanentes. A elíminação da matéria orgânica diminuiu a
adsorção de Ni em 21, 11 e 28 % no LAw, LVwf e NVef, respectivamente.
O pH foi o principal fator envolvido na variação da adsorção de Ni nos experimentos
de Pombo et ai. (1989) e Mellis et ai. (2004). Mellis et ai. (2004) observaram que o aumento
do pH ocasionou incrementos na adsorção de Ni em todas as amostras,
independentemente da profundidade e mesmo após a eliminação da matéria orgfinica e
dos óxidos de Fe. Entretanto, o pH em que ocorreu o pico de máxima adsorção de Ni foi
alterado de 6,0, para as amostras originais, para 6,5 e 7,0, após a retirada da matéria
orgânica e dos óxidos de Fe, respectivamente. Os desvios dos picos de adsorção máxima
em resposta aos tratamentos foram evidências de que a adsorção de Ni é sensível não
somente ao pH, mas também a outros atributos, como a CTC e os teores de argila, de
óxidos de Fe e de matéria orgânica.
Parâmetros de isotermas de adsorção de Zn por seis Latossolos de Minas Gerais
estiveram positivamente correlacionados com os teores de argila (r = 0,62**), mas não se
correlacionaram significativamente com os teores de matéria orgânica (Nascimento &
Fontes, 2004). A adsorção de Zn por Ultissolos com texturas diferentes não foi influenciada
pela matéria orgânica somente num solo argiloso (Shuman, 1999).
relação única entre estrutura e carga, o que faz com que a extrapolação de resultados
obtidos de um ãnion orgânico para outro seja difícil e provavelmente inválida (Jones &
Brassington, 1998; Wijnja & Schullness, 2000). De maneira geral, ãnions de ácidos
orgânicos podem alterar a adsorção de outros ânions por: i) competição por sítios de
adsorção; ii) dissolução da superfície adsorvente; iii) mudança da carga da superfície do
adsorvente; iv) criação de novos sítios de adsorção pela adsorção de metais, como Fe e
AI; e v) retardação do desenvolvimento de cristais de Pe e AI (Borggaard et ai., 2005).
Devido à natureza policarboxílica, substâncias húmicas e ácidos orgânicos de baixo
peso molecular podem reagir fortemente com os colóides inorgânicos do solo,
especialmente com os óxidos de Fe e AI, exercendo intensa competição com alguns ânions
no solo, como o fosfato (Lopez-1-Iernandez et ai., 1986; Cajuste et ai., 1996; Geelhoed et
ai., 1999; Haynes & Mokolobate, 2001; Hu et ai., 2001; Andrade et ai., 2003; Borggaard et
ai., 2005; Guan et ai., 2006), o sulfato (Motavalli et ai., 1993; Courchesne & Landry, 1994;
Karltun, 1998; Martinez et ai., 1998; Liu et ai., 1999), o borato (Lemarchand et ai., 2005;
Sharma et al., 2006) e o nitrato (Cahn et ai., 1992; Oliveira et ai., 2000), e com oxiânions
potencialmente tóxicos, como o cromato (Fendorf, 1995; Balasoiu, 2001; Bolan et ai., 2003);
Banks et ai., 2006), o arsenato (Grafe et ai., 2001; Redman et ai., 2002; Jiang et ai., 2005a,b;
Bauer & Blodau, 2006; Dobran & Zagury, 2006; Gustafsson, 2006) e o selenato (DhiUon &
Dhillon, 1999; Wijnja & Schultness, 2000).
Na realidade, a matéria orgânica pode retardar, mas não evitar a adsorção de P (Afif
et ai., 1995), ou não competir por sítios de adsorção (Borggaard et al., 1990; Borggaard et
ai., 2005) . A adição de substâncias húmicas em concentrações comparáveis tis
concentrações de MOO em solos tem pouca influência na adsorção de P por óxidos de AI,
ferrihidrita e goethita (Borggaard et al., 2005). No entanto, a liberação de diversos ànions
orgânicos pode atenuar a fixação de P no solo ao diminuir reações de adsorção/
precipitação de P, seja pelo efeito competitivo, seja pela formação de compostos com o
fosfato na solução do solo. Ademais, o tempo de oclusão dos sítios de adsorção de P pode
ser ampliado, dependendo do ácido orgânico. A adsorção de citrato, por exemplo, por
óxidos de Fe (Geelhoed et ai., 1999) dificulta sua mineralização, o que prolonga o efeito
de bloqueio dos sítios de adsorção de P.
A efetividade pela qual o fosfato é deslocado da superfície adsorvcnte depende do
número de grupos carboxílicos dos ácidos orgânicos. O citrato concorre pelos mesmos
sítios de adsorção que o fosfato e a sua efetividade na competição deve-se à formação de
ligações bidentadas com a superfície da goethita (Geelhoed et ai., 1999). A adição de
oxalato também diminui a adsorção de fosfato não somente pela competição, mas também
pela alteração nas cargas superficiais (Lopez-Hernandez et ai., 1986; Violante &
Gianfreda, 1993). Há decréscimo na adsorção de fosfato por solos ácidos na presença de
citrato e de oxalato, mas tartarato, benzoato e acetato têm pequena influência (Hu et ai.,
2001). Nagarajah et ai. (1970) encontraram que alguns ácidos orgânicos reduziram a
adsorção de p por superfícies de óxidos, na seguinte ordem: citrato =oxala to > ma lona to
= tartarato >acetato= succinato. Para Andrade et ai. (2003), o efeito de ácidos organicos
na diminuição dn disponibilidnde de P em Latossolos seguiu a seguinte ordem: cítrico >
oxálico >húmico> salicflico. Ligantes orgânicos monocarboxílicos, como o Íl) rm,,tll e o
acetato, são adsorvatos fracos e competem menos com os oxiânions (Dynes & Huang, 1997).
Mínima redução na adsorção de p foi observada quando O fosfato foi adicionado antes que o
ácido orgânico, e máxima redução quando os ácidos orgânicos foram adicionados antes do
que o P (Nagarajah et ai., 1970; Violante & Gianfreda, 1993; Hu et al., 2001).
A adsorção de sulfato também é negativamente correlacionada com os teores de
matéria orgânica do solo. Em geral, camadas superficiais dos solos adsorvem menos
sulfato, quando comparadas com camadas mais profundas (Johnson & Todd, 1983).
Horizontes superficiais apresentam condições desfavoráveis para a adsorção de sulfato
quando há adição de fosfato, de calcário e de matéria orgânica (Alves & Lavorenti,
2004). Couto et al. (1979) observaram que a capacidade de adsorção de sulfato dos
horizontes Ap de alguns solos do Estado de São Paulo foi consideravelmente menor do
que a capacidade de adsorção dos respectivos horizontes B2. Como os dois horizontes
tinham praticamente a mesma composição mineralógica, os autores atribuíram a
diferença de adsorção à matéria orgânica presente, que exerceu repulsão eletrostática
sobre o ânion so/-.
O sulfato é adsorvido pela goethita e pela gibbsita por troca de ligantes, formando
complexos binucleados com óxidos de Fe. O mecanismo mais provável de troca de ligantes
é o deslocamento dos grupos -OH2 ou -OH de superfície pelo sulfato (Parfitt, 1978). A
adsorção específica de sulfato ainda é assunto controvertido, mas existem evidências da
atuação de ácidos orgânicos na manifestação deste mecanismo. Diferenças nos valores
de pH da solução de equilíbrio na presença e na ausência de ácidos orgânicos foram
negativamente correlacionadas com a quantidade de sulfato adsorvida, sugerindo
adsorção específica de sulfato e liberação de OH-. O ânion so/- coexiste com vários
ácidos orgânicos na solução do solo, havendo a possibilidade de competição por sítios
de adsorção. Os ácidos orgânicos têm preferência sobre o sulfato para adsorção por
silicatos e óxidos de Fe (Martinez et al., 1998; Liu et al., 1999). Os ácidos cítrico, oxálico
e tartárico diminuem a adsorção de sulfato, a exemplo do que ocorre com o fosfato (Hu et
al., 2001). Ligantes multicarboxílicos, como oxalato, citrato, maiato e tartarato, revelam
alta afinidade e podem competir mais efetivamente por sítios da superfície de hidróxidos
de AI (Violante et ai., 1991). Por outro lado, formato, acetato, sulfato e selenato mostram
baixa ou moderada afinidade para adsorção por óxidos metálicos, mas têm maior
sensibilidade à competição com ânions de alta afinidade (Geelhoed et al., 1998; Dynes &
Huang, 1997), tais como o citrato e o oxalato. (Wijnja & Schultness, 2000). Logo, mesmo
que mecanismos de adsorção específica estejam envolvidos na adsorção, a lixiviação de
5042- pode ocorrer na presença de ácidos orgânicos de baixo peso molecular.
O pH de equilíbrio determina a relação entre as espécies químicas dos ácidos
orgânicos, o que al,tera a sua habilidade de competir por sítios de adsorção (Courchesne
& Landry, 1994). E evidente que não somente a quantidade de grupos funcionais que
contêm O é importante na redu~ão _da a_dsorção de sulfato na presença de ácidos orgânicos,
mas também a percentagem de 10mzaçao dos grupos COOH no pH de equilíbrio (Martinez
et ai., 1998). Altas concentrações de ácidos a lifáticos podem, por outro lado, intensificar
a adsorção de_sulfato pe!ª. sol~biliz~çã~ de vários óxidos metálicos, 0 que resulta 110
aumento do numero de s1hos d1spornve1s para a reação (Evans Jr. & Andersen, l 990).
A molécula neulra de ácido bórico (J-13 13O3) e o ânion borato (H 2 I3O3) podem formar
complexos orgânicos boro (13)-diol mono ou bidentados. A facilidade de formação desses
complexos explica por que a fração humificada é a principal fonte de B do solo (Evans,
1987). Entretanto, deficiencia de B pode ser observada em solos com ai tos teores de MO
(Mascarenhas et ai., 1988). Poucos são os trabalhos sobre adsorção de B pela matéria
orgânica, e raros são os resultados sobre o efeito dos ácidos orgânicos de baixo peso
molecular sobre o conteúdo de B cm solução. Teores naturais e r.1 máxima adsorção de B
pelo solo estiveram correl«cionados com o conteúdo de C orgânico (Elrashidi & O'Connor,
1982; Evans, 1987, Pavan & Corrca, 1988, Soares et ai., 2008). A retenção de B pela matéria
orgânica está relacionada com o pH e com a presença de ácidos orgânicos de alto peso
molecular, como os ácidos fúlvico e húmico (Garale & Meyer, 1983). Normalmente, os
grupos carboxílicos atuam com maior efetividade na adsorção de B (Goldberg, 1997). A
adsorção de B por ácido húmico aumentou com o aumento do pH para próximo de 9 e
decresceu acima desse valor (Gu & Lowe, 1990).
O B disponível encontra-se associado, principalmente, à matéria orgânica, o que
explica seus teores mais altos nos horizontes superficiais (Evans & Sparks, 1983). Há
estreita correlação entre teores de boro solúvel em água quente e o teor de matéria orgânica
dos solos. A destruição da matéria orgânica por oxidação leva a uma significativa
liberação de B numa forma disponível às plantas e causa decréscimo em sua fixação
(Mezuman & Keren, 1981). Entretanto, pode haver aumento na adsorção de B após a
remoção da MO, graças ao incremento na superfície exposta de óxidos de Fe e AI mal
cristalizados, cujos sítios de adsorção estão oclusos pelo recobrimento da matéria orgânica
(Marzadori et ai., 1991).
Do ponto de vista eletroquímico, existe grande diferença entre a adsorção de NO3• e
a de outros oxiânions, como o PO/", o 5042• e o H2BO3-, O NO3• é adsorvido, via de regra,
por mecanismos eletrostáticos dependentes exclusivamente da carga do solo (Alcântara
& Camargo, 2005). A baixa adsorção de nitrato em superfície deve-se, principalmente, ao
acúmulo de matéria orgânica, que é a principal fonte de cargas elétricas negativas em
SAls. Em superfície, o NO3• é excluído da dupla camada difusa em razão da alta carga
líquida negativa (Kinjo & Pratt, 1971 a,b; Black & Waring, 1976). Além disso, a menor
capacidade de troca de ãnions (CTA) dos horizontes superficiais deve-se ao efeito físico
da MO, ao bloquear os sítios de carga positiva das superfícies dos óxidos de Fe e de AI
(Marcano-Martinez & McBride, 1989). O nitrato é muito susceptível à competição com
outros ãnions, como o fosfato e o sulfato, que normalmente são adicionados à superfície
do solo por meio de fertilizantes e outros insumos (Kinjo & Pratt, 1971b).
A retenção de NO3- também é dependente da sua concentração e da presença de
outros ãnions no solo. A adição de fosfatos e de sulfatos provoca aumenlo das cargas
negativas do solo, ocasionado pela sua própria adsorção, o que favorece ainda mais
a lixiviação do No3-, uma vez que o ânion é adsorvido eletrostaticamente (Alcântara
& Camargo, 2005). Em solos que apresentam inversão de carga em subsuperfície, ,1
retenção de NO3- deve ser maior do que naqueles em que a carga elétrica líquida é
negativa em todo O perfil. Porém, Oliveira et ai. (2000) concluíram que a adsorção d1..•
No - é sempre maior nos horizontes subsuperficiais do solo, independe nte mente da
3
sua carga elétrica líquida. Esses autores argumentaram que a maior adsorção de NO3-
em subsuperfície está associada com os menores teores de MO do que com qualquer
outro fator.
Cahn et al. (1992) verificaram que a adsorção de NO3-variou de pequenas quantidades
na camada de 0-15 cm a até 25-50 % na camada 90-120, ou seja, a adsorção de NO3-
aumentou com a profundidade. Este comportamento está associado principalmente a
solos altamente intemperizados, que podem apresentar balanço positivo de cargas (~pH
> O) nas camadas subsuperficiais, em razão da pouca atuação da matéria orgânica.
Nestas condições, muito freqüentes em Latossolos com caráter ácrico, ocorre adsorção
eletrostática do ânion NO3- em subsuperfície. Tal situação pode não repetir-se em solos
menos evoluídos, já que encontraram maior adsorção de NO3- nas camadas superficiais
de um Nitossolo, quando comparado com a retenção do ânion em subsuperfície (Alcântara
& Camargo, 2005). O incremento dos teores de MO em subsuperfície pode deslocar o
No3- da superfície dos colóides, principalmente por ácidos orgânicos solúveis. Alguns
estudos com ecossistemas florestais mostram que 10-40 g m-2 ano-1 de MOD são
translocados do horizonte superficial do solo. Nos horizontes subsuperficiais, o fluxo
de MOD pode declinar para 1-10 g m-2 ano-1, o que sugere uma pronunciada retenção de
MOD com o aumento da profundidade (Michalzik et ai., 2001).
A adsorção de NO3- também é influenciada por ânions orgânicos pela competição
por sítios de adsorção e mudança da carga superficial causada pela adsorção desses
ânions (Xu et ai., 2004). Na maioria das recomendações, a dose de lodo de esgoto a ser
aplicada em solos agrícolas depende do teor de N no lodo. Oliveira et ai. (2001) observaram
que a concentração de N-NO3- aumentou na solução do solo após a aplicação de lodo de
esgoto, sendo mobilizado nas camadas 0,3, 0,6 e 0,9 me acumulado nas camadas mais
profundas (0,9~1,2m) de um Latossolo Amarelo distrófico. Corrêa et ai. (2005) detectaram
que o risco de contaminação de aquíferos por lixiviação de NO3- em solos tratados com
biossólidos com taxas que variaram de 0,5 a 8,0 t ha-1 foi muito baixo. Os autores estimaram
uma probabilidade de perda de 20 % do NO3- acumulado na zona radicular de um
Latossolo Vermelho perférrico, após a aplicação de biossólidos.
O Cr exibe um comportamento típico de ânion, já que sua adsorção diminui com o
aumento do pH e com a concentração de ânions competidores, incluindo orgânicos. o Cr
trivalente, freqüentemente encontrado na forma de cátion no solo, é menos tóxico do que
0 Cr(VI). Enquanto a espécie catiônica Cr(III) é fortemente retida pelas partículas do solo,
0 Cr(VI), presente na forma dos ânions cromato (CrO/), bicromato (HCrO ") e dicromato
4
(Cr2O/), é fracamente retido por solos alcalinos a levemente ácidos, levando a alta
mobilidade, principalmente no subsolo (James & Bartlett, 1983; Fendorf, 1995; Wittbrodt
& Palmer, 1995). Formas aniõnicas de Cr são também muito móveis, quando comparadas
com outros ânions, como o arsenato, ou quando em sistemas competitivos com eles
(Balasoiu et ai., 2001).
Ânions cromato mostram interação d~ferente com a MO, quando comparados com
outros oxiânions. O Cr(VJ) pode ser reduzido à Cr(III) em ambientes onde uma fonte de
elétrons está disponível. A matéria orgânic~ a tua como doador de elétrons e O Cr(Vl) é
reduzido a Cr(III), sobretudo em solos ácidos (Fendorf, 1995; Bolan et al., 2 003). A
A competição com outros oxiânions (PO/-, SO.t e MoO/-) por sítios d_e superfíc~es
minerais, sobretudo dos óxidos, é muito conhecida, mas há poucas informaçoes a respeito
da função da MOO nas espécies de As em solução (Xu et ai., 1988; Grafe et ai., 200l).
Mesmo assim, o efeito competitivo das substâncias húmicas sobre a adsorção de arsenato
foi constatado por Simeoni et ai. (2003) e Gustafsson (2006). A correlação positiva entre
os teores totais de As solúvel e de matéria orgânica dissolvida, apesar de não influenciar
a especiação química do elemento na solução, aponta apenas para a provável formação
de complexos entre a MOO e a superfície de adsorção, mas não com as espécies aniônicas
na solução (Dobran & Zagury, 2006). As condições que favorecem a mobilidade de Se no
ambiente, com respeito a reações de adsorção, são o pl-J elevado (meio alcalino), altas
concentrações de Se, condições oxidantes e a alta concentração de ânions competidores,
como fosfatos, sulfatos e alguns ânions orgânicos (Balistrieri & Chao, 1987).
Ácidos orgânicos de baixo peso molecular têm maior efeito sobre a adsorção de
As(V) e As(Ill) pela goethita, quando comparados com moléculas orgânicas de alto peso
molecular, na seguinte ordem: ácido cítrico > ácido húmico> ácido fúlvico (Grafe et al.,
2001). Estes resultados evidenciam que o tipo, a densidade e a acidez dos grupos
funcionais dos polímeros orgânicos, associados ao pH da solução, influenciam a adsorção
de As pela superfície da goethita. A menor adsorção de As ocorre na faixa de pH em que
o oxiánion mostra baixa afinidade, e a competição com ligantes orgânicos é mais intensa
(Grafe et ai., 2001).
Ácidos orgânicos polipróticos revelam maior probabilidade de serem adsorvidos
por superfícies minerais, por meio de mecanismos similares aos que ocorrem com a
adsorção de As, ou seja, troca de ligantes por meio de grupos carboxílicos (Simeoni et al.,
2003). Um campo elétrico desfavorável é criado em torno das moléculas orgânicas
adsorvidas pela goethita, o que dificulta a primeira aproximação do As para que reações
de maior energia ocorram (Sibanda & Young, 1986; Xu et al., 1988). Isso ocorre com maior
freqüência a valores baixos de pH, já que a constante de afinidade dos grupos COOH dos
ácidos fúlvicos para reações de quimiossorção é baixa, o que significa que complexos de
esfera-interna serão formados apenas a valores baixos de pH. O conteúdo total de matéria
orgânica do solo suprime a adsorção de ânions arsenato nos sítios de baixa energia,
enquanto o teor de MOO é negativamente correlacionado com a adsorção de As nos sítios
de baixa e de alta energia das diferentes superfícies de vários solos mais intemperizados
Uiang et ai., 2005b).
Sob condições aeróbias, a matéria orgânica dissolvida é capaz de mediar não somente
reações de redução do As(V) a As(lll), mas também de oxidação do As(Ill) a As(V) (Redman
et aL, 2002). A adição de matéria orgânica dissolvida levou ao aumento de 7,8 % e de 6,4 %
nas reações de redução e de oxidação de As, respectivamente, e a um aumento de 5,5 %
na concentração de arsenito na so_I~ção do solo (Bauer & Blodau, 2006) . Na presença de
citrato, maiato e oxalato, a solub1hdade de As aumentou significativamente em solos
contaminad~s \Zhang et ai., 2?05). ~ matéri_a _orgânica dissolvida tem potencial para
mobilizar quurucamente o As ligado a superf1c1e de diferentes colóides do solo. Bauer &
Blodau (2006) verificaram aumento de seis vezes na concentração de As na solução do
1
solo após a adição de 25 mg L- de matéria orgânica dissolvida . Na solução do solo, a
matéria orgânica dissolvida pode manter o /\sem solução pela formação de complexos
com os amino grupos positivamente carregados.
Ácidos fúlvicos e húmicos formam complexos estáveis com s uperfícies minerais,
bloqueando sítios de adsorção na superfície de óxidos de Fe e AI e da caulinita que
atuam na retenção de As (Xu et ai., 1988; Grafe et ai., 2001 ). A adsorção de arsenato por
gibbsita e por ferrihidrita diminuiu quando expostas a concentrações crescentes de ácido
fúlvico. A dessorção de As da superfície destes minert1is foi d ependente do pH, da
concentração de ácido fúlvico e do tipo de superfície (Simeoni et ai., 2003). Com a
diminuição do pH, a competição diret<1 entre os ácidos fúlvicos e ãnions nrseniatos por
sítios da superfície da goethita aumenta (Grafe et ai., 2001). Como mecanismo primário
da liberação de As da fase sólida, Bauer & Blodau (2006) identificaram a competição
entre o As e ânions orgânicos por sítios de adsorção, enquanto reações de oxirredução
foram menos importantes.
KF n R2 AdmJx KL R2
m mg kg-1 mLµg-1
NVef 0-0,2 1.592,0 0,25 0,98 5.199,9 0,17 0,98
0,7-0,9 950,6 0,25 0,98 3.505,6 0,03 0,94
Tal fato ocorre também quando O gesso agrícola é adicionado, embora, nesse caso, a
aplicação desse condicionador não cause efeito significativo no pH.
A adsorção de Cd em SAI apresenta bom ajuste aos modelos de Langmuir e de
Freundlich (Pombo, 1995; Lee et ai., 1996; Dias et ai., 1999). Dias et ai. (1999) observaram
que, em dada concentração de Cd em equilíbrio, um Nitossolo Vermelho eutroférrico
apresentou maiores valores de adsorção máxima de Cd adsorvido do que Latossolos
ácricos, tanto em superfície como em profundidade. Isso ocorreu, provavelmente, porque
o Nitossolo apresenta PESN inferior ao pH do solo, conferindo carga líquida negativa
em todo o perfil (.1pH = -0,9 em superfície e -0,7 em subsuperffcie) .
Os menores valores de adsorção máxima encontrados nos horizontes subsuperficiais
de SAis podem ser explicados pelo balanço positivo de cargas no horizonte B e pela baixa
densidade de carga negativa provenientes dos minerais oxídicos (Naidu et al., 1994). Em
pH menores que 6,5, a magnitude da adsorção é controlada pela CTC isolada de cada
constituinte do solo (Zachara et al., 1992). Com a elevação do pH, os valores de Cd adsorvido
aumentam até determinado patamar (Pombo, 1995; Gray et al.,1998; Filius et ai., 1998). O
efeito do pH na adsorção de cátions metálicos em SAI manifesta-se pela mudança da
densidade de carga na superfície dos minerais com cargas variáveis. Com elevação do pH,
há aumento das cargas negativas, com diminuição da competição entre o Cd e o íon H+
pelo mesmo sítio de troca, aumentando sua adsorção (Garcia-Miragaya & Page, 1978;
Christensen, 1984). Em valores de pH próximos de 6,5, o balanço de carga nos solos
estudados (King, 1988; Christensen, 1989; Gray et ai., 1999) foi negativo, mesmo naqueles
altamente intemperizados. Nessa condição, ocorre quase 100 % da adsorção do Cd, o que
demonstra a influência marcante do pH na adsorção do elemento, superando as diferenças
na constituição mineralógica de cada solo. Isso ocorre, provavelmente, pela mudança na
espécie iónica, de Cd2• para Cd(OH)♦, não sendo mudança apenas das cargas de superfície.
As menores quantidades de Cd adsorvido são geralmente encontradas quando os
valores de pH são inferiores a 5,5, sendo esses valores comumente encontrados em solos
de regiões tropicais que apresentam acidez variando de alta a média. Em vista do exposto,
nesses solos, nos quais a prática de calagem não é utilizada, espera-se encontrar baixa
adsorção de Cd, e o elemento pode permanecer na solução do solo, disponível para ser
absorvido pelas plantas ou lixiviado para o lençol freático.
A maioria dos estudos de adsorção Ni por sistemas com cargas variáveis refere-se aos
sistemas puros, principalmente aos óxidos de Fe e de AI e aos minerais silicatados. Há
poucos trabalhos dedicados ao estudo da adsorção de Ni em solos brasileiros (Pombo et ai.,
1989; Camargo et ai., 1989; Mellis et ai., 2004). Pombo et al. (1989) verificaram bom ajuste da
equação de Langmuir aos resultados de adsorção de Ni por um Nitossolo e por um Argissolo.
A adsorção específica parece ter sido pequena e, mesmo que a formação de complexos de
esfera externa tenha sido o mecanismo predominante na adsorção de Ni, a máxima adsorção
não alcançou 40 % da CTC total (a pH 7,0) das amostras (Camargo et al., 1989).
A remoção dos óxidos de Fe amorfos e cristalinos da fração argila, além de diminuir
intensamente a quantidade de cargas positivas, permite a exposição dos sítios de adsorção
da superfície dos ~inerais _silicat~dos, principalmente da caulinita, disponíveis para
adsorção eletrostática de N1 (Melhs el ai., 2004) . A adsorção de Ni pelas amostras sem
óxidos de Fe foi maior na faixa de pH entre 3,5 e 4, quando comparado com as amostras
nm kcal g-1átomo
Cd 2+ 0,075 1,69 10,1 8,0-9,5
Co 2+ 0,075 1,88 10,2
Cr 3+ 0,070 1,66 4,6-5,6
Cu 2+ 0,057 1,90 8,0 5,4-6,9
Ni 2+ 0,069 1,91 9,9 6,7-8,2
Pb 2+ 0,119 2,38 8,4
Zn 2+ 0,074 l,65 9,0 5,2-8,3
111 constante da
priml!ira hidrólise do lon met,m co livre; (ll prccipitaç~o como hidró,ddo: informações obtidas a partir de
soluções puras.
Fonte: AdapL:ldo de Sposito (198-1).
são fortemente repelidos pelas cargas negativas dos colóides do solo. _Em solos c~~
predominância de minerais de argila do tipo 2:1, há repulsão do NO3 _ da super~1c1e
mineral, o que acelera o movimento do ânion (Kinjo et ai., 1978). A adsorçao de NO3 em
solos ricos em óxidos de Fe e AI que ocorrem na região tropical tem o efeito de retardar o
movimento do íon e aumentar a eficiência da adubação nitrogenada (Kinjo & Pratt,
1971a,b; Kinjo et ai., 1978). Quando não são retidos pela fase sólida do solo, tendem a
permanecer em solução e podem ser lixiviados pelas águas de perco lação, resultando a
perda do N que poderia ser utilizado pelas plantas, além de apresentar alto potencial de
contaminação de águas superficiais e subterrâneas (Dynia & Camargo, 1999).
Os horizontes subsuperficiais com cargas elétricas variáveis possuem potencial para
retardar a lixiviação de NO3-. A retenção de NO3- deve ser maior em solos com inversão
de cargas em subsuperfície do que naqueles que apresentam carga elétrica negativa em
todo o perfil. Correlação positiva entre o ~pH e a adsorção de NO3- é freqüente em solos
com cargas variáveis. Em Latossolo Vermelho-Escuro do cerrado, Dynia & Camargo (1999)
encontraram valor de Capacidade de Adsorção de Nitrato (CRN) negativo na camada de
0-20 cm e aumento da adsorção de NO3- com a profundidade, com valores de CRN iguais
a 0,8 e 1,8 mmolc kg-1, nas camadas de 20-40 e 40-60 cm, respectivamente, o que implica
retenção de 70 kg ha-1 de N. Oliveira et ai. (2000) observaram que o ~pH não afetou a
adsorção de nitrato por um Latossolo Vermelho-Escuro de cerrado, com ~pH positivo em
subsuperfície. Notaram inversão de cargas apenas nas áreas cultivadas, enquanto a
carga elétrica líquida negativa manteve-se constante ao longo do perfil do Latossolo sob
vegetação nativa de Cerradão. Mesmo assim, a adsorção de NO3- foi maior em
subsuperfície, independentemente do fenômeno de inversão de cargas. Desta forma,
Oliveira et ai. (2000) concluíram que o ~pH não foi um bom índice para prever a adsorção
de NO3- e sugeriram que a determinação da proporção de cargas negativas e positivas do
solo seria o melhor indicador da intensidade de adsorção de NO3- pelos solos.
Em experimentos com colunas de lixiviação, Dynia (2000) observou uma região de
acúmulo estacionário de 0,6-2,2 mmolc kg-1 de NO3- em Latossolo Vermelho-Escuro na
profundidade de 2,2-4,6 m, contra 0,3-0,5 mmolc kg-1 na camada s uperficial (0-0,2m),
atribuída às condições eletroquímicas favoráveis à adsorção dos ânions, como alto PCZ
e baixos teores de MO. Strahm & Harrison (2006) também verificaram aumento da
adsorção de NO3- nas camadas subsuperficiais de um Andisol, com cargas elétricas
variáveis, mesmo com PCZ baixos (3,5). Donn & Menzies (2005a,b) concluíram que a
adsorção e o acúmulo de No3- ao longo do perfil de dois Oxissolos com alto teor de
óxidos de Fe p~~em ocorrer s~ ~s horiz~ntes mai~ profundos apresentarem pelo menos
10-25 mmolc kg de cargas positivas. Maior adsorçao de NQ3- em profundidade, à medida
que aumentou a concentração de NQ 3- na solução, também foi observada em Latossolo
da Amazônia por Cahn et ai. (19~2), Latossolo Vermelho-Escuro do Cerrado (Oliveira et
ai., 2000), em u~ :'~dosai (Ty?1_c Fulvudand) (Stra~~1 & Harrison, 2006) e em quatro
amostras superf1c1a1s de solos acidas com cargas vanaveis (Eick et al., 1999) das regiões
noroeste e sudeste dos Estados Unidos, respectivamente.
Alcântara & Camargo (2005) compararam a adsorção de NO - por amostras dos
horizontes A e B de Latossolo Vermelho acriférrico (LVwf) e de ~ilossolo Vermelho
eu trófico (NVef) e observaram que o Latossolo apresentou comportamento já esperado de
maior adsorção de NO)- nos horizontes mais profundos; todavia, o NVef, que também
apresentava apreciável quantidade de cargas variáveis, adsorveu mais NO3• na camada
superficial.
É importante observar que uma vez que a adsorção do NO3• não é específica e
depende da concentração da solucão do solo, a dessorção de N é ininterrupta enquanto
a água estiver percolando no perfil do solo (Kinjo et ai., 1978). Este tipo de
comportamento-tampão do NO3• adsorvido também foi observado por Donn & Menzies
(2005b) com respeito à força iônica. A elevação da força iônica da solução de dois
Latossolos húmicos com a lixiviação de fertilizante aumentou a força iônica da solução
e afetou a lixiviação de NO; em razão do aumento das cargas positivas. Com o fluxo
continuo de água ao longo do perfil, o NO3• adsorvido é liberado do complexo de troca
para manter a força iônica da solução. O decréscimo da força iônica da solução afetou
a quantidade de NO3• adsorvido pelo decréscimo da densidade de cargas positivas dos
minerais com cargas elétricas variáveis, resultando em dessorção desse ânion em um
Ferralsol (Donn & Menzies, 2005b). Veja no capítulo XII detalhes do efeito da força
iônica da solução na densidade de cargas elétricas de solos com cargas variáveis.
Kinjo & Pratt (1971b), Black & Waring (1976) e Donn & Menzies (2005a) verificaram
ser o SO/· preferencialmente adsorvido em SAI acarretando rápida lixiviação do NO3• •
Sulfato mostra maior seletividade de troca que o NO3-, o que indica que a adsorção deste
ânion é mínima em ocasiões em que o sulfato é adicionado como fertilizante ou na forma
de CaSO4.2H:P (Oliveira et ai., 2000), sendo o gesso responsável pelo significativo
decréscimo da retenção de NO3·, mesmo em camadas mais profundas.
A adsorção de fosfato pelos colóides do solo é considerada específica ou de esfera
interna ou reação de troca de ligantes (Beek & van Riemsdijk, 1977; Parfitt, 1978; Mott,
1981; Sposito, 1984, 1989). A troca de ligantes deve ocorrer, quando o ânion, tendo
afinidade específica com os átomos do metal da superfície hidroxilada, entra na camada
de coordenação dessa superfície e adsorve além da proporção de sua concentração ou
atividade em solução aquosa (Hingston et ai., 1972). Segundo esses autores, ãnions de
ácidos com dissociação incompleta, tal como o fosfato, são adsorvidos ,·liém da
neutralização dos sítios de cargas positivas, mesmo que a superfície tenha carga líquida
negativa. A adsorção específica de ânions em solos de carga variável promove aumento
da carga líquida negativa de superfície, diminuindo, assim, o PCZ dos colõides (Xu el
ai., 2004).
Os óxidos de Fe e de AI são os principais componentes da fração coloidal
responsáveis pela fixação do P (Parfitt, 1978). Casagrande et ai. (2003) observaram que
as adsorções máximas para fosfato e sulfato foram inferiores num Latossolo Amarelo
ácrico do que num Latossolo Vermelho acriférrico e num Nitossolo VermeU10 eutroférrico.
O Latossolo Amarelo apresentou as menores teores de óxidos de Fe e AI. O processo
envolve curto período de adsorção do fosfato à superfície dos minerais, seguido de um
período de reações lentas em que o íon é gradualmente removido da solução do solo
(Munns & Fox, 1976), até se atingir o equilíbrio entre a fase sólida e a solução.
O ãnion fosfato entra em coordenação com o fon Fe e, ou, AI da superficie Jos
minerais, formando ligações covalentes muito estávl'is. No caso dos óxidos de Fe, os
pares FeOHº> e, ou, -FeOH:.t 5• da superfície reagem com<> fosfato da solução form,mdo
um complexo do tipo FeOPO(OH)OFe (Parfitt et ai., 1975; Parfitt & Russel, 1977). ~eaç~o
semelhante ocorre com os minerais que contêm octaedro de AI na sua estrutura (g1bbs1ta
e caulinita). Nestes, 0 fosfato liga-se a grupos Al(OH)HP da superfície da gibbsita e ~as
arestas quebradas de caulinita (Parfitt et ai., 1975), resultando em um complexo do hpo
AlOPOOHOAI, semelhante à reação com os óxidos de Fe. Estudando Latossolos de Minas
Gerais, Fontes & Weed (1996) verificaram que os óxidos de Fe, goethita e hematita, e AI
cristalinos, gibbisita e os óxidos de AI amorfos são importantes minerais na adsorção de
fosfato.
O SO~2• é a principal forma mineral do S no solo, em condições aeróbias, bem como a
forma preferencialmente absorvida pelas plantas (Harward & Reisenauer, 1966). A
disponibilidade e a movimentação do SO/" no solo dependem, dentre outros fatores, das
reações de adsorção que ocorrem entre o ânion na solução do solo e os minerais da fração
argila. A capacidade de adsorção varia de solo para solo de acordo com suas
características físico-químicas. Solos muito intemperizados, ricos em óxidos de Fe e AI,
adsorvem quantidades expressivas de SO42• (Harward & Reisenauer, 1966; Parfitt, 1978).
No caso de solos tropicais, a capacidade de adsorção de SO42• assume grande importância,
tanto sob o aspecto do armazenamento do ânion no perfil (como meio de reduzir perdas
por lixiviação na época chuvosa), como por seus efeitos sobre a disponibilidade de S
para as plantas (Couto et ai., 1979).
Diversos autores indicam a existência de mais de um mecanismo de adsorção de
50/" pelos colóides do solo. Embora se admita a ocorrência de adsorção eletrostática
(Ryden et ai., 1977; Mott, 1981; Barrow, 1984; Marsh et ai., 1987; Sposito, 1989; Camargo
& Raij, 1989; Charlet et ai., 1993; He et ai., 1997), a maior parte dos autores indica que o
SO/- também apresenta adsorção específica, por meio de reações de troca de ligantes
entre o 504 2• da solução e as superfícies adsortivas (Gebhardt & Coleman, 1974; Parfitt &
Russel, 1977; Parfitt & Smart, 1978; Rajan, 1978, 1979; Zhang et ai., 1987; Marcano-
Martinez & McBride 1989; Turner & Kramer, 1991). O mecanismo envolve a reação do
ánion com os íons Fe e, ou, AI expostos na superfície dos minerais do solo (Harward
& Reisenauer, 1966), os quais estão coordenados com os grupos -OH2°-5+ e -OHº·s- já
mencionados.
A liberação de OH- para a solução (com consequente aumento do pH) durante o
processo de adsorção do SO/ e o aumento de carga negativa das superfícies (Zhang
et ai., 1987) são postulados como fortes evidências da adsorção específica do ânion.
No entanto, o 50/ é adsorvido menos fortemente que o fosfato (Parfitt & Russel,
1977) e o processo de adsorção é dependente do pH do meio (Barrow, 1970; Couto et
ai., 1979; Bolan et ai., 1986; Nodvin et_a_J., 1986). Além disso, o SO/" parece não competir
efetivamente com o fosfato pelos sit1os de adsorção (Ryden et ai., 1977). Curtin &
Syers (1990) evidenciaram a adsorção específica de baixa afinidade do SO/-, termo
cunhado por Uehara & Gillman (1981) para definir a situação na qual, apesar da
forle energia de ligação, o ânion não se torna quimicamente coordenado com os átomos
dos metais (Fe e AI) da superfície dos minerais. Em apoio a esta hipótese, Bolan &
Barrow (1984) e Barrow (1985)• •consideram que a aclsorção '
do SO• 2- ocorre em um
1
plano mais afastado da superf1c1e adsorvente do que o plano de adsorção do fosfato.
Segundo Bolan et ai. (1986), o aumento da força iônica do meio sempre diminui a
adsorção de S0/.
A adsorção de S0/" é altamente dependente do pH do solo. Diversos autores têm
demonstrado que a adsorção diminui com o aumento do pH da solução (Barrow
,1970; Couto et al.,1979; Bolan et al.,1986; Nodvin et al.,1986; Marsh et al.,1987;
Guadalix & Pardo, 1990) . Condições de acidez favoráveis ao desenvolvimento de
cargas positivas (Camargo & Raij, 1989) e, ou, a elevad« cap«cidade de adsorção de
50/" das camadas subjacentes à camada arável podem contribuir para mêlnter parte
do nutriente lixiviado ainda ao alcance das raízes de plantas com sistemas radiculares
profundos.
A adsorção de B por óxidos de Fe e AI (Sirns & Binghan, 1968; McPhail et nl., 1972;
Goldberg & Glaubig, 1985, 1986; Goldberg et ai., 1993), minerais de argila silicatados
(Hingston, 1964; Sims & Binghan, 1968; Keren & Mezuman, 1981; Goldberg & Glaubig,
1986) e solos (Alleoni, 1996; Alleoni et ai., 1998; Soares et ai., 2005), tem sido largamente
investigada. Grande variedade de atributos do solo influi no comportamento do B (Evans
& Sparks, 1983; Keren & Bingham, 1985). O teor de argila, o teor de C orgânico, a CTC, a
superfície específica e a condutividade elétrica do extrato saturado apresentam correlações
significativas com o B adsorvido em diferentes tipos de solos (Elrashidi & O'Connor,
1982).
A ilita é muito reativa na argila, enquanto a caulinita apresenta o mais baixo
nível de adsorção de B (Hingston, 1964; Keren & Mezuman, 1981). Entretanto,
Goldberg & Glaubig (1986) obtiveram a seguinte ordem de adsorção de B: caulinita>
ilita > montmorilonita. Os óxidos e hidróxidos de Fe e AI adsorvem grandes
quantidades de B (Keren & Gast, 1983; McPhail et ai., 1972; Goldberg & Glaubig,
1985). Bingham et ai. (1971) encontraram correlação positiva entre o teor de Al1 0 3 e a
adsorção de B. Tudo indica também que quanto menor o grau de cristalinidade do
óxido, ou seja, quanto maior o teor de óxidos mal cristalizados (extraídos com oxalato
de amônia), maior a capacidade de adsorção de B (Sims & Bingham, 1968; Goldberg
& Glaubig, 1985).
A adsorção do B é específica (Sims & Bingham, 1968); McPhail et ai., 1972), ocorrendo
por troca de ligantes, mecanismo pelo qual o composto de Bdesloca uma OH da superfície
do mineral com carga dependente de pH e forma compostos covalentes. A adsorção
específica de B, que ocorre independentemente do sinal da carga líquida da superfície
dos óxidos de Fe e AI, dá-se principalmente com as espécies B(OHh e, ou, l-12 B03- (Keren
& Bingham, 1985). De acordo com Sims & Binghan (1968), os óxidos AI retém maior
quantidade de B do que os óxidos de Fe, graças à maior ocorrência de hidroxilas no
primeiro. Entretanto, Alleoni & Camargo (2000) verificaram que o teor de óxido de Fe
livre foi O principal responsável pela variação dos valores da adsorção máxima de Bem
solos brasileiros.
A adsorção de B é altamente influenciada pelo pl:-I, aumentando à medida que o pH
aumenta, atingindo um máximo na faixa alcalina e decrescendo abruptnmcnte ,\ partir
daí (Bingham et ai., 1971; Keren et ai., 1983; Kercn & Gast, 1983; Goldberg & Gl.1Ubig,
1986; Barrow, 1989). Assim, a aplicação de CaCOJ promoveu aumento na quanliJ:iJ~ de
13 adsorvido parn Latossolos e Argissolos do Estado de São Paulo (Qu,lJro 5). i\pó:. a
Qua dro. 5 . Teor e percentagem de boro adsorvido cm dois Liltossolos nrgilosos (LR e LE,),
dois ~a tossolos de tex tura méd ia (LV e LEj e u m Argi ssolo (PV) em função das
quantidades de boro ad icionadils (A = horizon te A, A• = horizonte A com cillcélrio e B =
horizonte B)
A A' B A A. B
µg kg-1 %
1 1,15 1,18 1,45 23 24 29
LR 2 1,85 2,10 2,33 18 21 23
4 2,71 3,35 3,84 13 17 19
8 4,75 5,69 6,26 12 14 16
16 7,69 8,27 9,21 10 10 n
1 0,95 1,11 1,84 19 22 37
PV 2 1,63 1,98 2,89 16 20 29
4 2,09 2,53 4,20 10 13 21
8 2,76 3,85 5,25 7 10 13
16 3,51 4,71 6,29 4 6 8
& Bartlett, 1983; Zachara et al., 1989). Esses autores revelam que o Cr (VI) form<1
complexos de esfera externa em solos e na superfície de óxidos de Fe e de AI. A
adsorção de Cr(VI) é máxima para pH igual ou inferior a 4,0 (Mesuere & Fish, 1992).
O pH do solo determina a especiação do Cr. Acima de pI-1 6,4, o HCro-1- dissocia-se
em CrO/- como a forma dominante de Cr(Vl). O Cro/- pode formar pontes binucleadas
com a goethita ou óxidos de AI, sendo adsorvido de forma similar ao fosfato e sulfato
(Bartlett & James, 1988). O Cr(Ill) e Cr(VI) forma três tipos de complexos com a goethita:
monodentado, didentado e bidentado - mononuclear (Fendorf et ai., 1997). O HCrO-1-
realiza troca de ligantes com o OH da superfície da goethita, formando um complexo
monodentado de esfera interna.
A adsorção de selenato (SeO/-) por goethita (Rietra et ai., 2001) acima de pH 6 deve
ser de esfera externa, enquanto para valores mais baixos de pH complexos de esfera
interna são dominantes. A adsorção de selenita (Seo/-) por goethita é muito mais forte
que a de selenato (Balistrieri & Chao, 1987) e a adsorção diminui uniformemente com o
aumento do pH na faixa de 4 a 9 (Neal et ai., 1987). A afinidade do íon selenita pela
hematita, expressa pelo coeficiente de distribuição, é similar a resultados publicados
para goethita e óxidos de Fe amorfo (Grossl et ai., 1997).
Mouta et al. (2008) estudaram a adsorção de Se em dez Latossolos e verificaram que
a adsorção máxima variou de 135 a 2.245 mg kg-1. Os resultados foram mais bem ajustados
pela equação de Langmuir do que a de Freundlich, e as constantes de afinidade estimadas
pelo modelo de Freundlich correlacionaram-se positivamente com os teores de argila e
com a capacidade de troca de ânions dos solos.
Quadro 6. Potenciais elétricos calculados pelo modelo letraplan;ir (,v.,) e pela e~uaç~o- de
Nernest ('ltN), constantes de dissociação (a.), constante de afinidade (K) e a dsorçao n:1ª.xi_ma
(Adsm,i.) para fosfato e sulfato, para diferentes valores de pH de amostras superficiais e
subsuperficiais de três solos do Estado de São Paulo
Fosfato Sul.fato
Solo pH«11 ex K Adsmh pH121 'I'• llfN ex K AdsmJ,
'I'• \jlN
LVwf 5 -68 -83 0,0088 10 1152 4,8 -52 -71 0,99 0,01 280
Supe rfície 6 -102 -142 0,081 10 714 6,2 -60 -154 0,99 0,01 269
7 -124 -201 0,470 10 952 8,0 -62 -260 0,99 0,01 204
8 -125 -260 0,898 10 1760
LAw 4 -14 -35 0,00087 10 796 3,5 -19 -6 0,99 0,01 294
Superflcie 5 -58 -95 0,0088 10 564 5,0 -25 -95 0,99 0,01 219
6 -90 -154 0,0081 10 498 6,5 -30 -183 0,99 0,01 182
7 -102 -213 0,470 10 723 8,0 -36 -272 0,99 0,01 180
Profund . 4 -35 121 0,00087 10 1369 3,5 -13 150 0,99 0,001 1092
5 -73 62 0,0088 10 1398 3,9 -14 127 0,99 0,001 936
6 -103 3 0,0081 10 620 6,4 -15 -21 0,99 0,001 655
7 -116 -56 0,470 10 910 8,2 -20 -127 0,99 0,001 374
NVef 4 -31 -21 0,00087 10 1444 4,5 -26 -50 0,99 0,01 384
Superfície 5 -71 -80 0,0088 10 646 5,6 -30 -115 0,99 0,01 ??9
6 -90 -139 0,0081 10 1105 7,9 -39 -251 0,99 0,01 206
7 -111 -198 0,470 10 1395
111 Valores de pHcalculados pela varação do pH e pela adição de doses de fosfato ao solo; r.1 Valores de pH medidos após
a adwrçi\o, pois não hou\'e variação do pH da solução com adição de doses de sulfato.
Fonte: Casagrande et ai. (2003).
o modelo gerou valores para os potenciais elétricos das amostras superficiais mais
negativos do que para as subsuperficiais (Quadro 6). De acordo com Casagrande et ai.
(2003), tal falo deveu-se ao maior teor de MO, uma vez que a constituição ;lineralógicn
dos solos foi semelhante nas duas profundidndes. Com a elevação do pH, os potenciais
elétricos tornaram-se mais negativos, conforme preconizado pelo modelo. Para simu lnr
a adsorção de sulfato, as diferenças entre os potenciais obtidos com a Vilriação do pH
foram bem menores do que para a simulação da adsorção de fosfato. Por exemplo, pnr,,
Kinjo & Pratt (1971b), Black & Waring (1976) e Donn & Menzies (2005a) mostraram
que o so/- é preferencialmente adsorvido e que acarreta a rápida lixiviaçào do NoJ-·
Assim, ánion sulfato mostra maior seletividade de troca que O ãnion nitrato, 0 que
indica que a adsorção de NO3- é mínima em ocasiões em que o SO/- é adicionado como
fertilizante ou na forma de CaSO4.2H2O (Oliveira et ai., 2000). Por exemplo, após a
aplicação de gesso agrícola em dois Oxissolos, Donn & Menzies (2005a) notaram que a
adsorção preferencial do 50/- levou a dois diferentes padrões de lixiviação de No3-. o
primeiro relacionado com a rápida_ exclusão do NO3- das camadas subsuperfici.:ii:;;
menos profundas e o segundo relacionado com a retardação da lixiviaçào, resultanti..•
da adsorção deste íon nas camadas ainda mais profundas, fora da zona de atuaçJo dl,
so/-. o uso do gesso agrícola pode aumentar a lixiviaçdo d~ No,-, mas promove um
crescimento radicular que pode contrabalancear o aumento das perdas de NO3- (Oliveira
et ai., 2000).
Dynia & Camargo (1999) verificaram diminuição da capacidade de retenção de
NO3- (CRN) após a adição de calcário e de fosfato em um Latossolo Vermelho-Escuro
cultivado durante sete anos. Durante os cultivas, foram aplicados 1.530 kg ha- 1 de
P2Os e, nos primeiros três anos, o solo recebeu 5,5 t ha- 1 de calcário. A aclubílção
fosfatada e, especialmente, a calagem exerceram considerável efeito residual sobre a
CRN. Os tratamentos com calagem diminuíram a CRN inclusive em subsuperfície
(0,2-0,6 m). A CRN, que na testemunho foi de 70 kg hn- 1 de N-NO3- , caiu para 23 e
para 50 kg ha-• de N-No3 - com a calagem e com a adubação fosfatada, respectivamente.
Por sua vez, a adição de sulfato e de fosfato resultou em pequenas diminuições na
adsorção de NO3 - em um Latossolo Vermelho acriférrico estudado por Alcântara &
Camargo (2005). O 50/- e o fosfato conseguem ocupar os mesmos sítios de adsorçào
ocupados pelo NQ3-, mas com afinidades diferentes. O fosfato apresenta maior
afinidade e preenche os sítios previamente. No entanto, esta não é uma questão tão
simples, já que a adsorção de fosfato envolve dois ou mais sítios de adsorção, onde o
ânion é retido especificamente, o que não implica necessariamente a ocupação
completa dos sítios de adsorção eletrostática, onde o NO3- é preferencialmente
adsorvido (Alcântara & Camargo, 2005).
O excesso de At 3•, comum no subsolo, provoca redução no crescimento das raízes,
que não crescem em solos deficientes em Ca2 •. Desta forma, o excesso de AI e a
deficiência de Ca geram significativa limitação ao crescimento vegetal de qualquer
área degradada que se pretenda recuperar, uma vez que o sistema radicular será
superficial, explorando um pequeno volume de solo. A profundidade do sistema
radicular é importante indicador de qualidade do solo, pois está relacionada com o
volume explorado, influenciando a capacidade das plantas nn absorção de água e
nutrientes. Dessa forma, a gessagem é hoje largamente empregada para a diminuição
do excesso de A!3• e fornecimento de Ca2 • em profundidade, além de adicionar so/-
ao solo.
Lepsch et ai. (1994) monitoraram os efeitos de longo prazo de manejo de vários
Latossolos, quando comparados a áreas sob floresta natural, e observaram incrementas
nos teores de Ca e Mg em profundidade, apesar de pequenos decréscimos nos valores de
C orgânico após o cultivo. Raij et ai. (1993) estudaram o efeito da aplicação de gesso e
calcário dolomítico em um Latossolo Vermelho acriférrico ácrico cultivado com soja.
Tanto calcário quanto gesso influíram na produção da soja, tendo atingido aumentos
médios de 38 % (Quadro 8).
Silva et ai. (2008) avaliaram a relação entre pH medido em CaCl 2 0,01 mol L· 1 e a
saturação por bases de amostras dos horizontes B de um Latossolo Bruno ácrico
húmico (LBw1) oxídico, principalmente óxidos de AI, um Latossolo Vermelho
distroférrico húmico (LVdf) oxídico, principalmente óxidos de Fe, um Latossolo Druno
dist-rófico húmico (LBw2) caulínitico e um Cambissolo Húmico dislTófrico ti pico (CHd)
caulínitico e de amostra do horizonte C de um Cambissolo Há plico aluminico tipii:o
(CXa) esmectítico/vermiculítico. Os autores concluíram ser recomend,'ivél cautel,\ no
uso de calagem pelo método da saturação por bases para SAI, com dpl-1 positivo e
•
com 11onzonte . . com baixo
superficial . teor de maté na• org â ni·ca , para
e •
evitar elevação
_
e xagerada no pH. Segundo Silva et al. (2008) é mais difícil atingir saturaçao por
bases na fai xa de 70 % (recomendável para a maioria das culturas) no LBwl e L~~f
(curvas superiores na Figura 7), em virtude da baixa acidez dos grupos de superficie
dos óxidos de Fe e AI, minerais abundantes nesses solos.
Quadro 8. Produções médias de soja, para três anos, num ensaio fatorial 5 x 5 de calcário e
gesso, num Latossolo Vermelho Acriférrico
t ha·1 kg ha· 1
0,9 2.089 1.985 1.838 2.563 2.154 2.126
2,5 1.990 2.405 2.448 2.400 2.463 2.341
4,9 2.439 2.670 2.727 2.648 2.821 2.661
8,1 2.664 2.543 2.873 2.808 2.951 2.768
12,1 2.840 2.688 2.965 2.961 2.803 2.851
Méd ia 2.404 2.458 2.570 2.676 2.638
fonte : Raij et a i. (1993).
~
:1-, 6
u - -+--
a LBw-2
~LVdf
i s -&-CXa
- -CHd
4
20 30 40 50 60 70 80 90
Grau de saturação por bases (V%)
Figura 7 . Relação entre a saluração por bases e pH em CaCI~ 0,01 mo! L- 1 d~ amos tras dos
horizontes B de um Latossolo Bruno acrico húmico (LBw-1), um Latossolo Bruno distrófico
húmico (LBw-2), um Latossolo Vermelho distroférrico húmico (L Vdf) e um Cambissolo
Húmico distrófrico típico (CHd} e de amostra do horizonte C de um Cambissolo Háplico
Alumfnico típico (CXa), onde foram aplicadas doses de CaO para V% calculada de 25, 45,
60, 70, 100, 125 e 150 %.
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t•sgüh' L' h,dl, dl• \' llrtimw l' 1',\r1, n mn11ilnr:1111L'lltn d,1 q11nlid,1dt• de, snlu do Est,1dn d e S,i o
l\n1h,, t'l'S\'L'\'tiv,rnwntl', l' í\ rf•snluçi,n '.'\7!:i, dn CL)Ni\Mi\ (CON1\tvl/\ , 2llll6), p:ir,1 uso
•'}~rkü l,, dl' h 1lh, 1\\l Hr,1sil , q11t' lrnt,1111 d,, nn,rnsl' d l' spin lr,11 ,1do cum lndl, dl' c•sgulu,
.,ssim \'r,ml, ílS lllll'lll,1s lll- n1l1nilt1rnnH'lltl, d, 1 USEP/\, ('l't•cnni:,.,1111 o uso dos m(•tudus
;\05()U l' AO=' I /\ (USE I"'/\, 2tlllb) , J\ l'l'Cllllll'IHl:'lçfüi dt• 11su d t•s lcs düis rnl"todus, qu l' n ,10
l,lZl'lll USll dl1 ,lL:idP fl11nndriC'n pl'l,1s nc,rn1,1s ílmbil•nt,iis, dl'Vl'·Sl', b,1sk,1111c ntc, ,10 fili o
d e eles ('ern1it i1\·m ., libl'l',lt.\\t' de t' ll'ml'nlns lig,1dus ,)s f1-.1t.·i'll'S dt• 11rnl0ri,1 nrb.'l nic,1 e de
l~-.;idt1s, 111.1s " ·"' ,'\ ir.,, ,-H, silicnl,1da, ptwta11tn, d,1s fr,1çút•s Cllll1 ~;r,111dt• poll'11ci.1I d l'
l'l,nt,1min.1r n ,1111bi,•11tt• L' os seres vivns. Além di ss\1, t•IL•s ,1prl'SL'l\l,1t11 rd,1tiv,1 sin1plicid,1dc
e ,1t·kqu,1ç:1n P-"'•• .,s n,ndiçúl'S Lk roti11n dns l,1bm.1t(1rius l' le111 sid o utili zn d os com
st11.:esso 1~,1 r.1 d...tcrmin.1ç,'il1 dt' demcntos potem·i.ilm cntt• t{,xicc1s l'lll ,1 mostr,1s dl' solos
trnt,,tfos com n ·~t duos m1 s11jeitos ,'\ nçJo ,111trnpogt'nic.1 (R,1ij d .11., 200'1).
Os ml'.- tnd L,s J05llB e 3051 /\ n,,o permitem ,1 obtl'11ç:io de teores tot,1is l'lll ,,mos tr:is d e
solo, fk lodos l' dc outros resíd uos, visto que n:io solubiliz.1111 n frnç,ío de "mc tnis" ligndn
,1os silic.1lns. ror isso e cte bom senso explicil.1r que os result,itins obtidos por t;ii::; m6todos
n,1o siin os leo rt•s tot,1is no solo, mns, sim, teores rck1cionnctns com t•le tncn tos so lubilizados
por ácido n itrico concentrado e cujos v,1lorcs cstiio r0l,1cion,1dos com .--, qunlidncle do
solo. O N11tio1111/ l11slil11/c of St1111d11rds mui Tl'd111t1los.11 (NIST), cm seus cc rtificnd os de
;in,\lisC's de ,11110s l rns de rderênci.1 d e solo, e mprega o termo /c,1c/111/1/t' co11n •11 / m / iv11s, o u
St'jn, "concenlrnçoL'S li xivi,,vt'is" pnrn os resull,1dos obtidos por estes d o is métodos. Os
três mé todos êl()l'L'Scntnm protocolos rdntivnmentc flexíve is com re laç,io ,'I massn de
nmostrn, no vo lume e nos tipos de ácidos 0 no uso ou não dt· peróxido d e hidroge ni o.
SugerL'-SL' qut' n protocolo originnl Sl'jn consull'ndo pelo nnalistn. O mnnual SW 8-l6 e
seus ml'lodos podem ser nccssndos cldronicilmcnte no endcrt>ço hllp:/ / www .cpa.gov/
sw-846/ sw846. htm .
Qunndo d,, nnólist> de nmostrns de solo pnrn detcrminnçi\o mullielcmenta r d e teores
tot.1i s pür dissoluçno ,icid n, L'm siste111<1 foclrndo, os princip,1is probl emas si\o a
ncccssidndt• dn uso de HF I:' íl formnçfio de fluorctus insolúveis. Port,rnto, il CLHnplexnt.·.1o
du HF, ou uso dt• sistcmns dt• introcluç,10 de nmoslt-.1s que mlmitam este ,icido, e ;i
solubiliznt.·ào d os fluore tos sno os pl'indp,,is fatores n serem equacionados pilr.t Ll s ucesso
du procL•dinwnto, se jn com aquecimento convenciLHml scj,1 co m forno microond.,s
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A l'Scolha do mé todo pnrn diss0 luç,io dl! ,1mos tr,1s só lid,,s dc.,ve cnnsidL•rnr tis
scguinks .1s pL•c tns (,1d,1pt,1do dL' Krng, 20lló):
• o prun•dinll'nto ti l'.npa:t dL• dissnlvL'I' d ,llllll!ilr,1 pllr n11nph.itn, st.•111 lk'i,,tr 1vs1dtll1;
- u pnll't'dinwnto é 1-.17,l>.IVl'lml'nk r,\pidu p,tr,, ser t'"\l'Cut,1d11, pl'r111iti11dt, \l prqi.11\1 dl•
,11110:,;I1',lS L'lll 1\l·l11\l'l'I l l' q11,111t id ,1dt• ~ li fil"iL'llh'.;;
- ,1 suluç,)o obt id,1
1wnnilL' 11111.1 t,1x,, d e 11mnstr,1gcn1 cu111p.tl iv,•I (lll11 n 1fü\tl1do dl' dl'lt.'l\'.ll',
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Mateus Rosas Ribeiro 11, Maria de Fatima Cavalvanti Barros 11 & Maria Betânia Galvão
dos Santos Freire 11
11
Departamento d e Agronomia, Universidade Federal Rural de Pernambuco, 52171-900, Recife (PE).
mrosas@depa.ufrpe.br; fotima@depa.ufrpe.br; betania@dcpa.ufrpe.br
Conteúdo
LITERATURA CITADA ............................... - ·-·-··....- -..··-·..- · ..- ....._ ._._........ _._......._ .__. - ·- 11 76
SBCS, Vi çosa, 2009. Q u lmic.1 e Mineralogia <lo So lo, Conceitos B.hkus l' i\plk,1.;ÕL'!> t.:\Slp
(cda. Vomh:r de f'reil.i" Melo e Luls Rcynah.ln llcrr.iccnl A ll.-0111).
1146 MATEUS RosAS RIBEIRO ET AL
INTRODUÇÃO
Os solos salinos e sódicas, também conhecidos por solos halomórficos, são
caracterizados por conterem elevados teores de sais solúveis, Na trocável ou ambos em
horizontes ou camadas próximas à superfície. Estão relacionados com condições
imperfeitas de drenagem, em regiões áridas ou semi-áridas, onde a baixa precipitação
pluvial, a presença de camadas impermeáveis e a elevada evapotranspiração contribuem
para o aumento da concentração de sais solúveis na solução do solo (salinidade) e, ou,
aumento da percentagem de Na trocável (sodicidade), interferindo no crescimento e
desenvolvimento normal das plantas.
O aumento da concentração de sais solúveis no solo altera o crescimento das plantas
em virtude do aumento da tensão osmótica da solução, que reduz a absorção de água
pelas plantas, da acumulação de quantidades elevadas (tóxicas) de vários íons e de
distúrbios no balanço de íons (Chhabra, 1996; Henry & Johnson, 1977). Por outro lado, a
saturação do complexo de troca pelo Na~ resulta em condições físicas altamente
desfavoráveis à planta, além de provocar distúrbios nutricionais (USSL Staff, 1954;
Oliveira, 2001).
Conforme estimativas de Gupta & Abrol (1990), com base no Mapa de Solos
do Mundo, da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação -
FAO/UNESCO, os solos halomórficos ocupam uma superfície estimada de 9.500.
000 km2, distribuídos, principalmente, na Austrália, Ásia, América do Sul e África.
O aumento da população mundial e a pressão econômica têm resultado numa
expansão alarmante da área de solos degradados por salinidade e sodicidade, em
conseqüência do uso de terras marginais e do manejo inadequado da irrigação
(Ribeiro et al., 2003).
No Brasil, solos salinos e sádicos ocorrem no Rio Grande do Sul, no Pantanal Mato-
grossense e, predominantemente, na região semi-árida do Nordeste. Estimativas feitas
por Pereira et al. (1982) relacionam uma área de 91.000 km2 de solos afetados por sais no
Nordeste do Brasil. Segundo Ribeiro et ai. (2003), com base no Mapa de Solos do Brasil,
os solos salinos, solódicos e sódicos ocupam cerca de 160.000 km2 ou - 2 % do território
nacional.
Na região Nordeste, a expansão dos perímetros irrigados, particularmente nas
áreas aluviais, tem provocado agravamento da degradação dos solos por
salinização, em decorrência do manejo inadequado da água e do solo e da ausência
de drenagem. Segundo Magalhães (1995), nessa região, 20% da área total dos
perímetros irrigados estabelecidos pelo Departamento Nacional de Obras Contra
as Secas (DNOCS) está salinizada ou sodificada, acarretando grandes prejuízos
para a economia regional.
A adoção de práticas de manejo, visando à sustentabilidade dos perímetros irrigados
e ao sucesso das técnkas de recuperação, uso e manejo dos solos salinos e sódicas,
encontra-se na dependência do conhecimento da química dos solos salinos e sádicos,
principal objetivo deste trabalho.
Quadro 1. Esquema da seqüência clássica dos processos e etapas da formação dos solos
halomórficos
(1)
.
F1gura 1. Aspecto da superfície de um solo salino ,(CEes =º47 ,dS m·1), no perímetro de Moxotó,
"') d
· de lb'imirim, Pernambuco (8°32 S e. 37 41 n , mostran o a .crosta sa ma
· f pio
1·
mun1c .
es b ranqu1ça· d a e a ausência de vegetarão.
~
A (mica planta presente é o Atnplcx, esp~c1e
altamente tolerante à salinidade.
. d' n1b·1·· d pelo Centro de Referência e lníonn,:içJo de Solos do Eshldo Je Pcmambuco -GUSEP/UFRl'E.
f onte: •olo tspo I tz..:i a
'
Os solos salinos correspondem aos solos classificados como Solonchak nos antigos
sistemas de classificação taxonômica, inclusive no Brasil. No atual Sistema Brasileiro
de Classificação de Solos (SiBCS), a salinidade é considerada no caráter sálico (CEes >
7 dS m·1, a 25 ºC) e no caráter salino (4 <CE< 7 clS m·1, a 25 ºC). O caráter sálico separa
classes nos níveis de subordem e grande grupo (ex.: Gleissolo Sálico e Neossolo Flúvico
sálico), e o caráter salino, no nível de subgrupo {ex.: Planossolo Há plico órtico salino)
(Embrapa, 2006).
Os solos são classificados corno salino-sódicas quando a PST atinge valores
superiores ou iguais a 15 % e os níveis de salinidade permanecem altos, com CEes >
4 dS rn·1 • Em razão do excesso de sais, os solos salino-sódicos apresentam pH,
geralmente,< 8,5 e parte dos colóides permanece floculada (Figura 2). Estes solos
foram classificados como Solonchak-Solonétzico nos antigos sistemas de classificação
taxonôrnica (Camargo et ai., 1987).
Os solos sádicos, chamados de Solonetz (Camargo et ai., 1987) nos antigos sistemas
de classificação taxonómica, podem evoluir de um solo salino-sódico, por meio da
drenagem natural ou artificial que promova a lixiviaçiio dos sais, ficando o solo apenas
com Na no complexo de troca.
Os solos sódicos carncterizam-se por apresentar PST > 15 % e CE< 4 dS m·1, com um
pH, gemlmente, entre 8,5 e 10, resultante da hidrólise do Na do complexo de troca,
conforme reação mostrada na equação 1. O alto pH resultante dispersa a matéria orgânica
podendo dar cor escur« «o solo (álcali negro), fazendo com que a argila migre no perfil
formando um horizonte Btn, com alto teor de Na, estrutura colunar ou prismática e
condições físicas «!tamente desfavoráveis i\ penetração da água e das raízes. O solonetz
pode evoluir para o Solonetz Solodizado, ainda considerado como sódico (Quadro 1),
por meio de lavagem superficial do Na e entrada do H (solodização parcial), tornando o
solo menos alcalino e formando horizontes A e E sobre um Btn mais profundo e sódico
(Fanning & Fanning, 1989) (Figura 3).
Figura 3.Aspec\o da estrutura colunar do horizonte Dtn de um solo sódico, classificado como
Planossolo Nátrico (Solonclz Solodizado), no município de Jataúba, PE (7ª59' 5 e 36°29
W), com características físicas extremamente desfavoráveis à peneiração da Agua e das
raizcs.
Fontl!; Folo disponibiliz.1d.i p!!lo CRISEP/ UFRPE.
horizontes dos perfis estudados, o pH variou de 6,4 a 9,6, com predomínio de valores
superiores a 7,0, comum em solos afetados por sais, mas contrário à maioria dos solos
brasileiros. O complexo de troca destes solos apresentou altos teores de cátions de reação
básica (Ca2 •, Mg2•, K• e Na•), bem como valores nulos de acidez trocável e potencial, além
da soma de bases e CTC, em geral elevadas, demonstrando a reserva elevada de elementos
essenciais e de Na nestes solos. Contudo, o Na encontrado em elevadas concentrações
pode prejudicar a capacidade produtiva dos solos, promovendo dispersão de argila,
obstrução de poros e dificultando a infiltração de água e ar nos solos, além dos efeitos
tóxicos do Na nas plantas. O quadro 3 apresenta resultados da composição do extrato de
saturação de solos do Semi-Arido do Brasil, confirmando os principais cátions e ânions
nessas condições.
pH Complexo Sortivo
Horizonte KCI
Água Ca2• Mg2+ K• Na· 5B AJJ• H+AP· CTC
1 mo! L-1
cmolc kg-1
Cn1 8,1 6,7 13,1 5,2 1,15 3,01 22,5 o.o 0,0 22,5
Cm 7,8 6,3 13,3 3,3 0,69 2,31 19,6 o.o o.o 19,6
2Cru 8,1 6,2 5,8 1,4 0,41 0,80 8A o.o o.o 8,4
3Cn, 8,0 6,0 7,7 1,8 0,48 0,98 11,0 o.o o.o 11,0
4Cru 8,2 6,2 1,8 0,3 0,20 0,62 2,9 o.o o.o 2,9
Apn 7,5 6,7 8,1 3,7 2,23 1,83 15,9 0,0 o.o 15,9
Cnz1 8,8 7,5 7,6 3,2 0,48 6,56 17,8 o.o o.o 17,8
Cnz~ 8,2 6,9 8,1 3,7 0,34 6,87 19,0 o.o o.o 19,0
2Cn1 7,6 6,4 3,2 1,4 0,28 1,40 6,3 0,0 o.o 6,3
8,1 6.3 3,9 0,5 0,36 1,.15 6,2 0,0 0,0 6,2
3Cru
4Cru 8,2 6,4 1,2 0,2 0,20 0,56 2.2 o.o o.o 2,1
Ap 6,4 5,7 5,6 3,0 1,34 0,59 10,5 o.o 1,4 11,9
2C~ 6,4 6,0 2,6 0,8 0,26 0,95 4,8 o.o o.o ·1,8
JCru 8A 6,1 5,3 3,8 D,4i 3,9i 13,S o.o o.o 13.S
4C~ 9,3 6,2 3,6 2,2 0,42 ,1,05 10,2 o.o o.o ll),2
5Cru 9,6 7,5 2.3 1,9 0,61 16,40 21,2 o.o o.o 11,2
Quadro 3. Composição do extrato da pasta saturada de solos afetados por sais no semi-árido
brasi leiro
mmolc L·1
Custódia/PE 5,-l -1,3 74,9 0,8 84,1 1,3 0,0 1,0 Barros et ai. (2004)
Cust6dia/PE 12,1 11,1 35,2 0,1 48,0 2,4 0,0 3,0 Silveira (2000)
Custódia/ PE 4,4 2,9 44,5 0,4 46,4 1,8 0,0 0,9 Ramos et ai (2005)
Custódia/PE 50,3 18,2 148,5 0,6 192,2 25,8 0,0 1,8 Melo (2005)
Custódia/ PE 3,3 2,7 50,1 0,5 53,5 0,8 0,0 0,3 Barros et ai. (2004)
Custódia/ PE 2,4 1,6 221,6 0,5 207,2 13,5 0,0 4,5 Coelho (2004)
Gorutuba/ M:;0 16,9 23,6 73,2 0,7 26,2 80,7 0,0 0,1 Moura et ai. (2002)
Sumé/PB C3l 113,5 127,6 25,0 1,6 275,0 7,6 0,0 1,0 Gheyi el ai (1995)
Pentecoste/CE 111 3,6 4,2 14,1 0,2 14,5 1,0 0,0 0,9 Ferreyra & Coelho(1984)
Pl Localização dos perímetros: Custódia, PE (8º05' Se 37°38' W); 121 Gorutuba, MG (15º48' 5 e 43º18' W) ; m Sumé,
PB ( 7º39' 5 e 36º36' W); 1' 1 Pentecoste, CE (3° 40' 5 e 39°10' W)
vi
nA + bB cC + dD
A rcnção para a direita ocorre na velocidade Vl e, para a esquerda, n.1 velocidade V:-
cm qul':
Qul MI GA E M1 NE llALOGI A oo S o LO
1156 MATEUS ROSAS RIBEIRO ET AL
V1 = K,(A)ª (B)h
V 2= K2(C)' (O)d
(3)
Força Iônica
A força iônica está relacionada com a concentração total de íons na solução do solo
que, em condições de salinidade, atinge geralmente valores bem superiores às condições
reinantes na maioria dos solos desenvolvidos sob lixiviação constante. Dependendo da
presença de certas espécies de cátions e ânions, a força iônica pode ser modificada
substancialmente. Como os solos afetados por sais variam amplamente em composição e
concentração de sais, a força iônica pode ser bastante diferente em cada situação.
Segundo Lindsay (1979), força iônica é definida como:
(4)
em queµ é a força iônica, c,é a concentração do íon i (mol L·1), Z 1 é a valí!ncia do fon i e Ó
indica a soma da concentração vezes a valência elevada ao quadrado de cada espécie
iônica na solução do solo (veja capítulo I).
Sistemas salinos dominados por sais de Ca diferem de outros, onde o Na predomjna,
mesmo que as concentrações sejam equivalentes. Por exemplo, uma solução de NaCI
0,1 mol L·1 e outra de CaSO4 0,1 mol L·1 não apresentam a mesma força iônica:
Neste caso, a solução de CaSO4 apresenta força iônica quatro vezes superior à de
NaCl, acarretando alterações na atividade dos íons entre as duas situações, destaca.ndo-
se, assim, a importância do conhecimento das espécies presentes na solução do solo e em
quais concentrações. Nos solos, encontram-se diversos sais e em diferentes concentrações,
dificultando os cálculos da força iônica da solução do solo.
No caso dos solos salinos, a elevada concentração de sais solúveis eleva sobremaneira
a força iônica da solução do solo, alterando a solubilidade dos solutos e causando muitas
vezes a precipitação dos sais, que chegam a formar crostas superficiais no solo, mesmo
em solos úmjdos.
A solubilidade de um composto pode ser elevada pelo aumento da concentração de
um eletrólito, desde que os íons não sejam comuns aos do composto (aumenta a força
iônica da solução e reduz a atividade dos íons em questão). Por outro lado, a solubilidade
deste mesmo composto diminui com aumento da concentração de um eletrólito que tenha
íons comuns. Isto pode acarretar a precipitação de sais a baixas concentrações, pela
presença de outros compostos com íons comuns, ou mesmo a manutenção de diferentes
cátions e ânions em forma solúvel pela elevada força iônica da solução do solo.
Pode-se, também, destacar a importância da composição da solução do solo quanto à
solubilidade dos sais, ao se apHcar algum produto como corretivo de sodicidade. A presença
de CaCO; no solo diminui a solubilidade do CaSO4 (gesso), dificultando a correção com
gesso em solos com presença de cakita. Por outro lado, a presença de NaCl na solução do
solo pode incrementar a solubilidade do gesso como corretivo, por não conter íons comuns.
Como já destacado anteriormente, nestes solos são encontrados CI·, 50/, HCO3• e
CO 2. de Ca, Mg, Na e K, em proporções variáveis. Pela dificuldade de cálculo da força
iónica da solução destes solos, considerando inclusive as alterações de concentração
com a estação seca e chuvosa, bem como com as alterações no teor de água na agricultura
irrigada, um método conveniente de estimar a força iônica da solução do solo é a medida
de sua condutividade elétrica (Lindsay, 1979):
µ =0,013xCE (5)
FÍSICO-QUÍMICA
,
DE SOLOS SALINOS' SALINO-
SODICOS E SÓDICOS
Consid~ra nd o ~ natureza complexa dos solos, compostos por partículas de tam.1nbos
e características físicas e químicas diversas, o comportamento dos elementos químicos
neste meio pode variar amplamente. As cargas elétricas dos m.iteritds constituintes dos
solos são de extrema importância no que diz respeito às forças de atração e repulsão das
partículas. Os colóides do solo, eletricamente carregados, sofrem influência de a lguns
fatores que promovem mudanças em seu comportamento quanto aos fenômenos de
dispersão e floculação, de grande importância para o comportamento e manejo dos solos
salinos e sódicas. O equilíbrio de forças de atração e repulsão de partículas dos solos
determina a propensão destes a dispersar ou flocular, dependendo da dimensão das forças
que estiverem atuando. Sobre estas forças existem fatores que contribuem de maneira
diferenciada em solos afetados por sais. Destes, aqu i são tratados os mais importantes.
Também pode ocorrer diferenciação quanto à grnnulometria dos solos, visto que os
de textura mais grossa são menos propensos aos efeitos do Na trocável em termos de
dispersão do que os solos mais argilosos. A influência da textura foi reconhecida por
Greene et ai. (1978), ao considerar o limite de PST para caracterizar solos sódicos como
10 %, para os de textura fina, e 20 %, para os de textura grossa. Por outro lado, a
mineralogia domjnante na fração argila dos solos também tem importância fundamental
nos processos de floculação e dispersão. Quando composta a penas por minerais
filossilicatos não-expansíveis 1:1, como a caulinita, com presença de óxidos de Fe e AI, é
de se esperar que a dispersão não seja tão intensa (veja capítulo VII). Se existirem mfoerais
expansíveis 2:1, como as esmectitas, a dispersão pode ser estimulada pela presença do
Na, mesmo em menores quantidades.
Barros & Magalhães (1989) apresentaram a caracterização química de 12
amostras d e solos em dois perímetros irrigados do Departamento Nacional de Obras
Contra a Seca (DNOCS) em Pernambuco. Destas, a menor PST foi de 16,2 %, chegando
até 86,3 %; e a condutividade elétrica do extrato d e saturação encontrada variou de
23,3 a 102,0 dS m-1 a 25 ºC. Sendo assim, todas as amostras foram classificadas como
salino-sódicas. A combinação entre a concentração de sais solúveis e de Na trocável
e sua influência no estado de agregação do solo, entretanto, ainda não estão totalmente
esclarecidas. E~perimentalmente, foram detectados valores desprezíveis de
condutividade hidráulica em meio saturado para todos estes solos, graças,
provavelmente, ao efeito dispersivo dos elevados teores de Na trocável, promovendo
a obstrução de poros e conseqüente redução da permeabilidade dos solos. Por outro
lado, Coelho (1988) verificou a ocorrência de solos sódicos e salino-sódicos em 25 %
da área estudada em um perímetro irrigado do Estado do Ceará, onde apenas 2,3 %
foram mapeados como solos salinos. O comportamento destes solos depende do
equilíbrio entre a concentração salina e a proporção de Na saturando o sistema,
sendo uma informação ainda inexistente em termos dos processos d e dispersão e
floculação. Encontram-se, apenas, caracterizações físicas e químicas destes solos,
quantificando a dimensão do problema, sem o detalhamento dos processos físico-
químicos envolvidos.
Ao considerar o mineral exposto a cátions de valências diversas, os expansíveis,
comumente encontrados nos solos de regiões semi-áridas, são os que mais apresentam
comportamento diferenciado conforme o cátion. As esmectitas, por exemplo, sofrem
variação no espaço basal do mineral de 1 até mais de 1,8 nm de acordo com a espécie de
cátion envolvido, dependendo da força de ligação e da hidratação do mineral. Este
comportamento diferenciado permite a expansão entre camadas do rruneral a maiores ou
menores amplitudes (veja capítulo VI).
Os ânions presentes exercem influência no pH dos solos, pois, na presença de CO/
e HCOt, o pH atinge níveis mais elevados. Contudo, se os ânions em maiores
concentrações forem CJ· e SO•I2-, o pH não é tão alto, ficando em torno da neutralidade
(Chhabra, 1996). Como valores de pH mais altos promovem maior dispersão pela criação
~e cargas negali vas nos minerais de argila, solos que apresentem mais CO/ e HCO/:,
liberados pelos minerais das rochas formadoras dos solos, serão mais propensos ª
dispersão.
TROCA IÔNICA
Troca iônica é o processo reversível, pelo qunl íons retidos na superfície de uma fase
sólida são substituídos por quantidades de cargas equivalentes de outros íons em solução.
Os íons envolvidos na troca iônica ligam-se à fase sólida eletrostaticamente ou por
covalência e, em ambos os casos, esse tipo de união é chamado de adsorçiio iônica (veja
capítulo XII). Em solos halomórficos, as reações de troca estilo intimamente ligadas aos
processos de sodificação e de recuperação de solos sódicas e salino-sódicas.
solo-K + Na + H solo-Na + K·
solo-Ca + 2K· H solo-2K + Ca2 •
A equação 7 funciona muito bem para sistemas que envolvem um único constituinte,
mas para solos onde há mistura de materiais trocadores que mostram constantes de
equilíbrio diferentes, ela não fornece uma constante para o sistema como um todo.
Outra equação baseada na ação das massas para explicar a troca entre cátions
monovalentes e divalentes foi proposta por Gapon (Bohn et ai., 1985). A reação é
exemplificada abaixo:
solo-NH4 + 1/ 2
Ca2+ H NH/ + [solo-Ca 1, 2]
(8)
em que (NH4 • ) e (Ca2•) representam a concentração analítica dos íons em solução e [solo-
Ca112) e [solo-NH4 ) correspondem ao número de mmolcadsorvidos por unidade de peso
do material.
Substituindo NH4 • por Na• e fazendo pequena modificação algébrica da equação 8,
obtém-se:
[solo-Na)/ [solo-Ca 11 iJ1' 2 / (Na•)/ K (Ca2 ·) (9)
A intensidade com que a troca de cátions é feila nessa reação pode ser relacionada
pelo coeficiente de seletividade (KJ.
Portanto:
('I O)
(11)
As reações de troca de cátions nos solos alteradas por sais são domfoadas por Na,
Ca e Mg e por ser o comportamento químico do Ca e do Mg no solo bastante semelhante,
o Laboratório de Salinidade dos Estados Unidos modificou a equação de Gapon (USSL
Staff, 1954), incluindo o Mg na equação (11), assim
(12)
em que Kc é a constante modificada de Gapon e o termo (Na•)/ [(Ca 2•· + Mg2+)/2] 112 é
denominado Relação de Adsorção de Sódio (RAS). ARAS é calculada a partir dos teores de
Na♦, Ca2• e Mg2• no extrato de saturação com os valores expressos em m.molc t-t. O primeiro
termo da equação de acordo com USSL Staff (1954) refere-se à relação de Na trocável (RST).
Este mesmo autor cita que a RST pode ser estimada pela expressão: RST = Kc x RAS.
A relação RST-RAS é importante para os solos e para a água de irrigação porque
avalia os riscos de sodificação. Quando o valor da RAS do extrato de saturação do solo
é superior a 13, o solo é considerado sódico (McNeal, 1976). Esta característica é utilizada
para avaliar o efeito do Na sobre as características físicas do solo, pois a maior proporção
de Na em relação a Ca e Mg adsorvidos ao complexo de h·oca causa dispersão dos colóides,
reduzindo a taxa de infiltração de água no solo e a sua permeabilidade. Além disso, a
RAS do extrato de saturação do solo talvez seja a melhor 1naneirn de verificar os efeitos
da toxidez do Na• sobre o crescimento das plantas.
Na trocável (RST). A expressão RST = KGx RAS permite avaliar os teores de Na trocável
em relação a outros cátions adsorvidos ao complexo sortivo, expresso pela CTC do solo,
e também estimar a percentagem de Na trocável (PST) de acordo com a relação de adsorção
de Na• (RAS) no extrato de saturação do solo.
Um dos atributos mais utilizados para caracterização de um solo sódico é a PST,
que pode ser calculada a partir dos valores de Na trocável no complexo sortivo e dos
valores da CTC do solo, pela equação:
Os valores da PST do solo podem ser também estimados pela relação de Na trocável
a partir da equação 14:
A relação RAS-RST é aplicada para predizer a PST do solo. A PST do solo pode ser
estimada por meio da correlação entre a RST e a RAS pela expressão RST = KG x RAS,
citada anteriormente.
O Laboratório de Salinidade dos EUA (USSL) apresenta a regressão RST = -0,0126 +
0,01475 RAS para os solos do Oeste Americano, em que os valores estimados da RST por
meio da RAS do extrato da pasta saturada estão muito próximos do calculado. Desta
forma, pode-se avaliar a influência da água de irrigação, quando adicionada ao solo, no
teor de Na trocável do complexo sortivo (RST). Nesta equação, a declividade é o coeficiente
de Gapon (Kc) = 0,01475 e o intercepto é -0,0126.
Partindo da equação de regressão supracitada, a PST pode ser assim estimada:
da região 6eml-.S nd.i de l'c rnambuco. ,\ s rclJçõc•, obtiJos pL•los a uto res foram: RST=
0,0144 + 0,0200 RA S <-' RST =• -0,035-1 + 0,0 1,n RAS, res pectivamente.
(15)
em que L é a lâmina necessá ria para lixiviar 100 cm de profundidade de solo; CE1 é a
condutividade elé trica inicial do extrato da saturação do solo (d5 m·'); CE1 é a
Outra equação muito empregada para determinar a lâmina de água necessária para
a lixiviação é a obtida por Reeve (1957):
(17)
disponh,1 de uma rede <lc drenagem cm funcionnmcnto, capaz de receber todo excesso de
.1gua adicionildo ao solo.
As pr.'iticils f und.:iment.1is pnr.1 il rccuperaç,'io de solos salino-sódicos e sódicas são:
i) l'vtclhnrar il agrcgaç,io d o solo e aumentar a condutividade hidráulic.i, por métodos
químicos. mcc[lnicos ou biológicns.
ii) Drc nnr o lixiviadn e m11ntor o nível clil jgua ilbili xo da capncidildc de ascender por
c.ipilnrid,1dc.
iii} Aumcnl.ir o IL'Or de e, no solo, cm subslituiçilo ,10 Na no complexo de troca, por meio
d,, .1diçJo de correti vos químicos.
A .iplicilç5o de corretivos químicos tem como finalidade o fornecimento de Ca ou
sun liber,1ç5o, quando prcsenll' no solo. No1 recuperaç.io de solos com excesso de Na
lrocávd, vários corretivos podem ser us;icfos, como S elementar, Al 1 (SOJ:v CaCl.2' l~O I e
gL-ss0 minc-r;i 1(gips it.1 ). N,1s últimas dl-cadas, o gesso ilgrícolil ou fosfogesso, subproduto
da indú strfa de fcrtiliz.mtcs íosfat.:ido!>, \'cm sendo empregado cm todo o mundo com
bastante êxito (/\lcordo & Rechcigl. 1993; Liang ct .il., 1995). Na seleção do corretivo a ser
utiliz.1do, é n eces~.frio considN,lT as proprit:dades químicas e físicas do solo, o tempo
previs to paril rccupcr.içào, a qu,mtidadc de jgua utilizada na li xi viação, .:i capacidade
de drenagem do ~olo e os cus tos c-nvcil\'idos no uso do corretivo, da .\gua e na aplicação
d e ambos.
O s corretivos de sodicid.1de s3o classificados cm sais solúveis de Ca, .icidos ou
formadores de ácidos e sais de Ca Jl' baíx,1 solubilidade. No solo, es tes apresentam as
seguintes rnnções:
Colóide Colóidc
do solo 2Na + CaSO, do solo Ca + Na:5O1
O Na 50 resultante deve ser li xiviado para longt' d,, área de influencia das raízes.
2 '
Colóide Colóide
do solo 2Na + CaCO3 - -
do solo
Sais solúveis de Ca, tais como, gesso e cloreto de cálcio, podem ser aplicados em
todo tipo de solo, independentemente de suas características químicas. Os ácidos ou
formadores de ácidos (Se H 25O4) só devem ser usados se o solo contiver CaCOJ" Sais
pouco solúveis de Ca (calcário) só devem ser utilizados em solos com pH < 7,5. Dentre os
corretivos de sodicidade, o CaClv pela sua alta solubilidade em água, é o mais eficiente
no deslocamento do Na trocável-do complexo de troca, entretanto, seu preço é elevado
tornando-se inviável sua recomendação no campo.
Por apresentar menor custo, fácil manuseio e relativa facilidade de ser encontrado
no mercado, quando comparado a outros corretivos, o gesso é o produto mais utilizado
para correção de solos salino-sódicas e sódicas (Alcordo & Rechcigl, 1993; Qadir et ai.,
1996; Holanda et ai., 1998; Ramirez et ai., 1999; Barros et al., 2005a). Em relação às
reservas de gesso mineral ou de jazida no território brasileiro, os principais depósitos
ocorrem associados às bacias sedimentares, dentre as quais se destaca a Bacia Sedimentar
do Araripe, que abrange áreas dos Estados do Piauí, Ceará e Pernambuco, sendo o pólo
mais produtivo de gesso do País.
O gesso mineral ou de jazidas é um minério que ocorre abundantemente em todo o
mundo, e sua solubilidade é de 2,04 g L·1 a 25ºC. Usualmente, ocorre na forma <li-hidratada
(CaSO4.~O), embora a semi-hidratada (CaSO//2H2O) e a anidra (CaSO4), sejam, também,
encontradas naturalmente. O Estado de Pernambuco ocupa o primeiro lugar na exploração
de gesso de jazida do País, sendo responsável por aproximadamente 90 % da produção
nacional.
O gesso agrícola ou fosfogesso é um subproduto da produção industrial do H:lO4,
proveniente do ataque da rocha fosfática pelo processo de acidulação. Este processo
pode ser exemplificado como:
adsorvido no complexo de troca; (ii) a solubilidJdc do gess o aumentJ c,.n presenç.t dos
(ons Na ' e CI·, componentes dos sais solúwis dessl!s solos.
b) Cálculo.
NG (cmol, kg·1) = [Concentração de Ca2+ solução saturada de gesso (Schoonover) - A] x 2
d as p,1rticulas de s~~o, e es k deito fo i m.1is pronunci.1do nos trata m en tos que receberam
o corrl'l ivo incorpo r.1do nos prime iros 5 cm da colun.1 d e solo. Barros e t a i. (2005.i)
obs cr\"aram que, ind ependen te m en te d.1 forma de ap licação do co rre tivo e d.i s
granulomctri .is utiliz.1d.1'-, tod ,'l s ilS .1mos lra s forilm corrigidils quanto é
' sodicidade (PST
< 15 <'~,). l,mto p,u.1 ., profundidade de 0-5 cm como para a proíundidild e de 5-10 cm
(Quadro 6}.
Es tud,mdo J cJi sso luç,lo do gesso cm .1guil, Hira & Singh (1980) verific.1ram maior
cficil.'n ci,1 díls p.irllcul as que .1prcscntilm di,imct ros < 0,1 mm, q uando comparadas com
Qu.:,dro 6. Pt>rcent.,gcm d r ~<•Jio troc,h·l•I (PST) nJs profundid.:ides de 0-5 cm c 5-10 cm das
.lmús tras de l\:coc;solos Flúvkos !-J lino-i-ódico!' (S I, 52, 53 e~) do pcrfmctro d e irrigaçJo
d e C us tód ia, Scrt,io ele Pcm,1mbuco, c m relaç.\o ~. g rm ulo mclria (G) e form.:i da a plic.:içJo
de ~(.'~,o, n.1 s upcrífcic o u inlorprir,1Jo
Form.:, de S1 S2 S3 54
G1
Aplic.t~ão 0-5 5-10 0-5 5-10 0-5 5-10 0-5 5-10 cm
"1,
as partículas com diâmetro> 2 mm. Trabalhando com gesso extraido de jazJda localizada
em Arnripina-PE, Barros c l ai. (2005a), relataram que os m e lhores resu llados na
recu pcraçiío de solos salino-sódicos dl.' Custód ia-PE foram obtidos com o uso de partículas
de gesso de ditlmctro < 0,5 mm. Por a prcscnt.uc m maior reatividade e maior solubilidade,
as fra ções mais finas provocaram concentr,1ção e le trolítica inici.1I m a is alta e m a ior troca
do Na, diminuindo o tempo requerido pnra recuperação.
Barros & Magal hãe s (1995) u tilizaram colunas de solo para nvaliar a eficiência da
q uantidade de gesso aplicado d e .icordo com a estimativa de laboratório pelo mé todo de
Abro! ct a i. (1975), nil redução dos níveis da PST dos solos. Os a u tores verificaram que a
aplicação de gesso seguida d e lixiviação contribuiu para a redução da percentage m do
sódio trocáve l de todas as amostras de solos estudadas (Quadro 7).
QufMICA E MINERALOG IA DO SO LO
1176 MATEUS RosAs RIBEIRO ET AL
Quadro 7. Sódio trocável e percentagem de sódio trocável (PST) _d e três amostras de Neossolos
Flúv icos salino-sódicos de acordo com a dose de gesso aplicada
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rosou s.i~ ufpcl.tchc br; kv,,hl •~ufpcl.tchc.br
' ' Dcput.,mcnto de• Edafolni;i.:J e Qulm1ca AgrlcolJ, F.,culd.idc de Biologia, Univers idade de
Sant l11go de Cc,mpo~tcla. San11agc, d e Compostcl,1 - Es panha.
, 1.otcro~ u!ic.es
Conteúdo
INTRODUÇÃO _ _
- - - - - - - - - - -- - - -- - - - 1182
POTENCIAL DE OXIRJU:DUÇÃO _ _ _ __ - - - - - - - - - - - - - -- - 1162
E.q~.lo de Ncm.~t . - - - - - - - - - - - - - -- -- - - - -- - 11 S3
Conceito de pe - _ _ __ - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -- - . 11 8-1
Relaç.io entre pe e pH --- .. 11 t-6
REDUÇÃO DOS PRINOPAIS COMPOSTOS ~IINER,\15 NO SOLO _ __ 1190
Nitra to _ - - - 1190
Man~s _ _ _ ___ __ _ _ _ _ __ __
1192
mro _ _______
1193
Sulfato _ _ _ _
---· ------------ .. 1195
Tamponarnento das Condições dt! Ox1rreduç3o - - -
··- - - - ----·----- -- 11 96
Acúmulo de CO, ·- - -···--···- · -·- --···· -·- ·- ····- - -- - ·-----.,.- - - - -- - · - - - -·- . 1197
Acúmulo de Áddos Orgânicos _ ... -- • - -... •--·- - - - - .. - · - - - .... 1198
soes, Viçosa, 2009. Química e Mineralogia do S~_lo, Con_ceitos D.isicos e Aplicações, 1381p.
(eds. Vander de Freitas Melo e Luls Reyn.:ildo Fenaccau AIIL-om).
1182 ROGÉRIO ÜLIVEIRA DE SOUSA ET AL.
INTRODUÇÃO
POTENCIAL DE OXIRREDUÇÃO
Equação de Ncrnst
O pot e ncial gerado por uma reaçJo de oxirredução pode ser expresso por trabalho
cl('trico, que representa o tr,,balho realizado il partir da energia produzid.i pelo fluxo de
elétrons entre s is temas com potcnci,1is de oxirreduçJo diferentes:
(J>=nFE (1)
dG = - n F E (2)
óGº 2
- n F E" (3)
óG = óGº + R T ln Q {-1)
em que R = constante universal dos gases: 8,31 J K·1 mol·1; T = temperatura absoluta
(Kelvin); Q = quociente (atividade produtos/atividade reagentes).
- n F E = - n F Eº + RT ln Q
E= Eº - RT lnQ
nF
Como o potencial (E e Eº) é referenciado ao potencial do eletrodo de hidrogênio (Eh
e Ehº), a equação fica mais bem representada como:
Eh = Ehº - RT ln Q (5)
nF
A equação de Nernst pode ser simplificada e escrita de outras formas. Por exemplo,
1 1
se a temperatura for 25 ºC, substituem-se as constantes R (8,315 J K- mol· ), T (298,2 K) e
F (9,6485 x 104 C mol· 1), e a equação de Nernst assume a seguinte forma:
0,0257 l Q
1 = El, O - - -- n
E, (6)
n
Se o logaritmo neperiano for transformado em logaritmo decimal, a equação de Nemst
passa a ser escrita da seguinte forma:
Conceito de pe
Reações de oxirredução em sistemas biológicos ocorrem com transferências de
elétrons e de prótons. Assim, uma meia reação de redução geral é expressa da seguinte
forma:
pc = - log (e)
K= (Rcd)
(Ox)(e)" (1-1' r
1 K= (Re d) (e)""
Po ré m - -= (er ". (aplica-se log)
(et ' (Ox) (H.)"'
(Red)
log K = - n foge+ log -(O
- x'-)-(H
.....;'' -)-m (11 )
Substituindo a equação 11 na 8:
Eh º = -O' 059
n
(Rcd)
- [ - n log e+ log --'---...:.-
(Ox)(H•)m
l
Sc1be-se quepe= - log (e). Então:
• ,, _ 0,059 [
Eh - 11
+ , (Rc d)
npc 1og (Ox)(H.)"'
l
0,059 (Red)
Eh u = 0,059 pe + - - log (Ox)(H. )m (12)
11
pe = 16,95 Eh (14)
A vantagem de usar pe em vez de Eh é que ele dá idéia mais concreta do que se está
medindo, a atividade dos elétrons na solução. Quanto maior a atividade de elétrons,
mais reduzido está o sistema e menor será o valor de pe. Ao contrário do pH, entretanto,
o pe não tem valor neutro e pode ser positivo ou negativo. Em solo muito oxidado o valor
dope é alto e positivo (10 a 12) e, como as condições do solo são de redução, o valor
diminui e pode atingir valores negativos quando as condições forem extremamente
reduzidas (O a -2).
Relação entre pe e pH
Como as reações de oxirredução ocorrem com transferência de elétrons e de íons H♦,
as alterações no estado de oxirredução do solo são acompanhadas por mudanças no pH.
A equação geral que relaciona o pe com o pH do solo pode ser obtida a partir da equação
da constante de equilíbrio da reação 9:
m
pe = [log K + log (Ox)- log (Red) /n] - - pH (15)
n
A equação (15) mostra uma relação linear entre pe e pH, cujo intercepto é o termo
entre colchetes e a inclinação é negativa com valor definido pela relação m/ n, ou seja,
entre o número de prótons (m) e o de elétrons (n) envo lvidos na reação. O valor do
intercepto dependerá da constante de equilíbrio do par redox envolvido e das atividades
da fase oxidada e reduzida do par. Uma única relação teór ica de aplicação geral a todos
os solos não pode ser estabelecida, pois depende do pa r redox que está controlando o pH
e o pe, em dado momento.
10
••
6 • •
• •
t • • •
4
•
• ...,,,.,..•• •
2
o
.·, •
4 s 6 7
pH
Figura 1. Relação entre pe e pH obsen•ildo-; c•m alguns solos do Rio Grande do Sul submetidos
a alagamento em labor.itório.
Fonte: Adaptada de Vahl (1991).
Embora não seja possível estabelecer uma relação geral entre pe e pH, a relação
teórica estabelecida para um par redox cm particular pode auxiliar no estudo da
estabilidade de componentes minerais no solo. Como exemplo, aplica-se a equação 15 à
reação de redução do hidróxido férrico !Fe(OH)1l:
log K = 16,58
pe = 16,58 + log (Fc(OH)1) - log (Fe 1') - 3pH
El1_- Ehº - -
0,059 I (Red) -0,059
- og - - l og (H+)-m
n (Ox) n
Eh º = (0,059/5)105,15 = 1,2-I0V
Eh ~ = 1.240 - 0,413(6/5)=0,74-l V
Para o manganês:
Para o ferro:
Quadro 1. Scmi-rcc1ções dl' redução de a lguns compostos comuns no solo e os respectivos log K.
potencial de oxirreduçào-padrâo (Ehº) e potencial de oxirreduçJo-p.1drSo ,l pl--1 7 (Eh/ )
V
Oxigl'nio 0 2 + .JH• + 4l' <-> 2H2O 83,32 1,229 0,816
Nitrato NO3· + 6H• + Se H 1/2N2 + Jl-12O 105,15 1,240 0,744
Óxido de.Mn MnO2 + ,u-tt + 2c H tvfnl• + 2H2O 41,66 17'9 0A03
Hidróxido de Fc Fc(OHh + 3H• + e H Fel•+ 3~hO 17,91 1,057 -0,182
Sullato SOi· + lOH • + 8e <-> l·bS + 4H2O 41,08 0,303 -0,213
Na meia reação de oxidação, o C orgânico foi oxidado, pois passou de valência zero
para valência 4+ na molécula do C02 • Na meia reação de redução, o 0 2 foi reduzido, passando
de valência zero para valência 2· na molécula da água. Logo, o C orgânico é o agente redutor,
pois provocou a redução do 0 2, agente oxidante, pois provocou a oxidação do C.
Quando o solo é alagado, o suprimento de 0 2 para o seu interior torna-se
extremamente lento em virtude da baixa taxa de difusão deste gás na água, que é cerca
de 10.000 vezes menor do que no ar. Em conseqüência, nestas condições proliferam bactérias
anaeróbias facultativas e obrigatórias. Estas obtêm energia, do mesmo modo que as aeróbias,
a partir da oxidação do C orgânico. Os receptores de elétrons, em vez do O, (ausente), são
outros compostos inorgânicos (respiração anaeróbia) e orgânicos (fermentação), que são
então reduzidos. Este processo é o que se denomina "redução do solo" .
Os receptores de elétrons são reduzidos em seqüência, na ordem decrescente das
suas afinidades por elétrons. As meias reações de redução dos compostos minerais mais
importantes nos solos estão listadas no quadro 1, em ordem decrescente de Ehºr O nitrato
tem maior afinidade em receber elétrons, sendo então reduzido antes dos demais. Os
óxidos de Mn só passarão a ser reduzidos depois que o nitrato for reduzido e, como têm
maior afinidade por elétrons do que os óxidos férricos, serão reduzidos antes destes, e,
assim, sucessivamente.
Maiores detalhes das reações de equilíbrio químico do Fe, Mn e se O comportamento
dos minerais sob condições de alagamento são obtidos no capítulo Ill.
Nitrato
O nitrato é o primeiro composto do solo a ser reduzido pelos microrganismos
anaeróbios após o desaparecimento do 0 2, num processo denominado desnitrificação, e
estabiliza o potencial de oxirrcdução entre v.ilorcs de 200 íl 400 mV. Nesse processo,
praticamente todo o nitrato presente pode ser reduzido a N 20 e N 1 , sendo esses perdidos
para a atmos fera por volatilizaçjo, ,\ meia reaçiio de redução do nitr.ito é:
LAMINA DE ÁGUA
Nltriflcuçl\o CAMADA
NII/ OXIDADA
Difusllo D1íus.lo
NO i J e:.nitriflcai;.,o
t
N-orgânico CAMADA
REDUZIDA
Manganês
O Mn pode ocorrer no solo como Mn 2", Mn3• e Mff1• em grande número de minerais,
normalmente em baixas concentrações e baixo grau de cristalinidade, o que dificulta sua
identificação. Birnessita, vernadita, litioforita e holandita são os principais óxidos de
Mn identificados em solos (Me Kenzie, 1989), podendo ocorrer ainda outros minerais,
como pirolusita, ransdelita, nsulita, rodocrocita e manganita. Alguns desses minerais
podem ocorrer em ambientes altamente oxidados, mas a alternância de condições
reduzidas e oxidadas, semelhantes às que ocorrem em solos sazonalmente alagados,
favorece a formação de óxidos de Mn. No estado reduzido, o Mn é móvel e, ao se oxidar,
precipita na forma de concreções.
A maioria dos óxidos e hidróxidos de Mn é formada pela substituição extensiva
de Mn4• por Mn3• e Mn 2• em vários graus : os íons Mn podem ser oxidados ou
reduzidos sem mudar de posição no composto; quando a valência de uma fração
suficiente dos íons Mn do composto é alterada, a estrutura torna-se mecanicamente
instável e rearranja-se em nova fase (Me Kenzie, 1989). Há, deste modo, uma série
contínua de composição desde o MnO até o MnO 2, dentro da qual há um número de
arranjos estáveis e metaestáveis dos átomos para formar os minerais conhecidos,
muitos dos quais podem apresentar ampla faixa de composição (Me Kenzie, 1989).
Em solos sujeitos à oxidação e redução sazonal, os óxidos de Mn envolvidos nos
equilíbrios redox são complexos não-estequiométricos de composição variável, cujas
energias livres de formação são consideravelmente menores do que suas
contrapartidas ideais; formam co-precipi ta dos, soluções sólidas e, talvez,
superestruturas com os óxidos de ferro (Ponnamperuma et al., 1969). Segundo
Lindsay (1979), a solubilidade do Mn 2• nos solos pode ser governada pela pirolusita
em condições oxidadas, pela manganita em condições levemente reduzidas e pela
rodocrocita em condições reduzidas, dependendo da pressão de CO 2 no solo (veja
capítulo III).
A redução do Mn4 ' a Mn 2• no solo alagado ocorre quase coincidentemente com a
redução do nitrato e estabiliza o Eh em valores entre 200 e 300 mV. A concentração do
Mn 2 • na solução do solo aumenta, podendo chegar a 90 mg L· 1 nos solos mais ricos em
Mn ativo, como no caso do Plintossolo (Figura 3), diminuindo, em seguida, para estabilizar
em valores abaixo de 10 mg L· 1• A diminuição dos teores de Mn na solução do solo
decorre da adsorção e precipitação como MnCO3 e MnS. As concentrações máximas são
mais altas e ocorrem em menor período de alagamento, quanto maiores forem as
concentrações de Mn e matéria orgânica no solo, A meia reação de redução do Mn pode
ser descrita como:
f.J)
' ,()
- o
- T -
ri. no- ~,,,
111n1o• ...,lo
0ll'ntl'Y-,.-, ln
o
o o
o
:..i JO
~
Ei
, o
.5 "\O
~
o
21)
a
10
o
- - • - - .- - - ... - - T - - T __ ,, - - ,. __ ,,
(1
o l 2 ) 4 5 6 7 8 9 10 11 12
C"..cnu n..i Jc ,llJgJmcrllU
Figura 3. Concl'ntr.-iç.f o dl· mani;;:ini-!! n,l <:o]uçJo de trés solos a lagados , durante doze semanas
de a lagam ento. rt.,no!-,o lo: MO = l i i; kg 1, Mn ,...i.,.,,ª 0,1 g kg 1, Fe,_.,!.o," "" 1.-l g kg·•;
Plintos olo : MO"' 39 g kg 1, Mn -...o..•, ª 0,8 g kg·'. r,.,. ,J._.., = 5, 1 g kg·1; Chemossolo : MO= 2-l
g kg 1, f.c,~,4..,= O,t g kg'
Fonte: Adaptada de Sous11 (2001) (' Goml'' (1993).
Ferro
O Fe eslá prese nte no solo mi forma de gocthita, hematita, lepidocrocita e fcrrihi<lrita,
dcntTe outros, com diferentes gril us d e cris t.ilinicladc. Durante o alagamento, a té 90 %
(mais freqüente mente cnrre 1 e 20 'X,) dos óxidos de Fe1• livres (Fe cristalino e não-cris ta lino
extTaído com ditionito-citra to-bicarbonato de sódio, representado por fe) no solo podem
ser red uz idos no período de um a três meses (van Brecmcn, 198S). Apenas uma fração do
Fe 2' produzido permanece na solução, pois a maio r parte apresenta-se na forma trocável
ou na forma sólid a. A na tu reza do Fc! • sólido cm solo reduz ido ê, todav ia, um e nig m a:
parte pode esta r prese nte como sulfe tos, cm solos a ltamente reduzidos e que poss uam s
suficiente para ta l; o u pode também ocorrer como Fe(Ol-1): p rccipit,,do nas e ntrecamadas
das a rbilas 2:l . l'o ré m, ncnhumn dt>ssas formns p,lrl'Ce ser quantitativamente importante.
Segundo van 13rcemen (1988), hidróxidos mistos de Pc!• e fc" chamados de g rec11 nist
podem ser const itu in tes importnnlcs. Esses compos tos tl!m a composição ge ral
Fe(IJ) 6 .fe(lll) 2.(0H) 1~, nos quai s o AP· pode subs tituir parte do Fc(lll) e CI·, 50/ e CO/
podem substituir os lons OH. A ide ntificação destes compostos no solo é difícil em virtude
d e s ua susccptibilidadc .'t o.xidaçâo, baixas concentrações e peq ueno tamanho de
partículas. Ponnamperuma ct ai. (1967) e Schwab & Lindsay (1983) propuseram a
ocorrência de um compos to de fórmula Fe>(OH)g, denominc1do óxido ferrósico, durante 0
período em que o solo permanece reduz ido. Esse óxido, entre tanto, não foi identificado
no solo, apenas pre vis to por meios lem1od inãmicos, usando-se o produto de solubilidade
determinado e m labora tório para a s ubstância pura (veja capítulo Ili).
250
o
- Plonossolo
• • O- • • Plintossolo
- .,,_ Chcmossolo
200
':..i 150
e.o
E
,.,Q)
"- 100
·º
_..·º·
50 _.a·
.o· ·
-~--:-.-:r;;-·-... --,,. __,,. __,,. __,,. __ .,,._
o t;=::.lJ,---~---r--r---r--,,---.---,,-"T"""-..--=..?.-~-
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Semana de alagamento
Figura 4. Concentração de ferro na solução de três solos alagados, durante doze semanas de
alagamento. Planossolo:
·1
MO= 17· g1 kg·1, Mnox,11alo = 0,1 g kg·' , Fe0 \Jl,llo = 1 ' 4 g kg· 1'• Plintossolo:
MO= 39 g kg , Mn0 , .,.,0 = 0,8 g kg , Fe0 .,1.,10= 5,1 g kg·'; Chernossolo: MO= 24 g kg·', Fc0 _,1,,.,
= 0,4 g kg·'.
Fonte: Adaptada de Sousa (2001) e Gomes (1993).
Os cátions Feh e Mn4 ' são fornecidos pelos respectivos óxidos, que fazem parte da
fase sólida do solo. Os óxidos são solubilizados e então os cátions são reduzidos e liberados
graças à desestabilização da estrutura do óxido. De qualquer modo, n dissolução redutiva
dos óxidos dependerá das suas solubilidades e da disponibilidade de elétrons. As reações
de redução dos óxidos podem ser estabelecidas reunindo as suns reações de equilíbrio com
as atividades dos cátions oxidados na solução e mei,, re.1çi'io de rcduçJo do elemento. Parn
a tcduçcio dil gocthit..1, por Ca~cmplo, pode Sl'r estélbclccida a seguint~ rel.ição:
ou, como utilizado pror Lindsay ( l 979) e s ubstituindo o termo log K por seu valor:
P.:irn cad.:i composto mineral que (· reduzido, pode ser estélbelecida n reaçilo
rorrt!Spondcntc. Com essas re.ições, podem ser construfdéls ,is relações entre as v.iriáveis
pH, pe e ativid.1dl' da f.1sc reduzida no soluç.io do solo cm equilíbrio com o óx ido
correspondente. Hcl:lçõcs des te tipo s.io úteis na identificação do óxido que estj em
cquilibrio com o fase solúvel reduzida n,1 soluçJo, ou, ao contrário, conhecendo-se o
óxido que cstj cm equilíbrio com a soluçJo, é possível estimar a atividade da fase reduzidél
na soluç.'io por meio d.is propricdad~s pc e pH. Diagramas de estabilidade, construídos
a partir de cqunções i;emclh,mtes j cqu.:içJo 19, s.io um.:i maneira prática de avaliar essas
relnçõt's e s.'io .1prl'st:ntados no capítulo 111. No entanto, esses diagramas são construídos
a partir do comportamenlo dos óxidos puros e com certas pressupos ições termodinàmicas
que não ocorrem cm solos. No solo, ocorrem limitações ligadas à cinética das reélções e a
características química!> e mineralógicas d o (ixidos. Iss o conduz a desvios significativos
das rdações entre pc, pH e ,h atividadt-s de Fc:• ou Mn:•, observadas nos solos em
rclaç.'io às previsões teóricas .ipoiadas na tNmodinâmica.
A ocorréncia des::.cs desvios cm rclaçlo à condição ideal leva a result.idos
contraditórios no que se refere à compar,1ção de dados reais com os pre vistos
termodinamicamentc. No entanlo, algum.1s relações gerais têm sido confirm.idas
experimentalmente. Os óxidos mais solúveis são reduzidos primeiro. Os óxidos de Fe
menos cristalinos s.'io reduzidos preferencialmente .ios mais cristalinos (Munch & Ottow,
1980). Is to é válido também quando se comparam óxidos ou outros compostos oxidados
de elementos diferentes.
Sulfato
O 5 pode ocorrer no solo cm diíert:ntes estados de oxidação, variando de 6· él 2·,
conforme ns condições de oxirrt:duçào do solo. Qu,rnto mais redu zido se encontrar o solo,
menor será o estado de oxidnç5o do l'nxofrc (veja c,1pitulo Ili). Em solos alagados, a reduçao
do 50/ .:i 57 ocorre após a redução do rc e lcvn o S ao seu menor estado de oxidação (2").
50 t 1· + 101-1' + Se H J-1,S
•
+ 4H,O
-
log K = 41,08
sulfato pode reagir com hidrogênios e forma r o H 2S, ou reagir com metais pesados, como
Fe, Zn e Cu . Assim, a redução do sulfato no solo alagado pode apresentar alguns efeitos
negativos para a cultura do arroz: suprimento de S insuficiente, diminuição na
disponibilidade de Zn e Cu e toxidez por J-1 2S.
Quadro 2. Potenciais de redução corrigidos pnra pH7 mantidos no solo pelos principais compostos
oxidados
Composto
V
Nitrato 0,22
Manganês 0,20
Ferro 0,12
Sulfato -0,15
Fonte: Adaptado de Ponnamperuma (1972).
cfici<.'nlc, 5-(l consegue mante r o pe cm níve l clc v.1do por pouco tempo, porque s uas
quantidades no s oln c;jo rclativamcnll' bJi xas. O!> óxidos d e Fc, ocorre ndo cm grandes
teorC''-, ~jo os que cs t,1biliz.im o Eh da m,1iori.1 dos s olos próximo ao seu potencial (Eh7 =
0,12 V) durLmlc grande p.Hk ci o período Jc alai:;amento; os óxidos de Mn s ituam-se
num,l foix(l intcrmcdinri,, (Punnílmpcrum., 1965, 1972). Em s o los ou h ori zontes com
b,1i:..o!- tcorc-s de óxido~ de Mn l' Fc, o potencial de oxirrcduç,1o é cont ro lado pclc1 r<.'duç.io
do sul foto, es tabilizando cm valores pr6ximns ., -0,15 V.
Segundo Pnnnampcrum" (1972), ,1l gu mnc; gcnC'ralizaçõcs podem se r feitas com respeito
.'.I cst.1bilid.1de do Eh de !:tolo. al.1r,c1dos: i) !:toloc; com concentrações de N-NO,· c1cim,1 de 60 mg
kg·1 m.:mlêm potcnciL1is positivos por várias ~cm,m.1s .-ipós o alag.imenlo; ii) solos com menos
Jo que 15 g kg 1 Jc m.iléria oq;,inic,1 ou cnm mais dn que 2 g kg- 1 de Mn .itivo manlt>m o
potencial po--itivo durnnlc m,lis do que seis mcsc.s .ipós o início do éll.igc1mtmlo; iii) solos com
bai,os teores Jc óxidos de Fe e Mn e com mais e.lo que 30 g kg- 1 de m.-iléria orgânica atingem
potenciilis bai,os, de -0,2 ,, -0,3 V, em élpcn.1., du.1s semanas de c1 lagélmcnto.
Considerando esse equ ilíbrio, a press;\o parcial de CO2 no solo pode ser calculada a
partir do pH, da conccn lrnçi'lo de HCOJ l' d .1 condu tividade clélrk,1 d,1 soluç:lo do solo
(veja capitulo Ili). /\ prcss.10 parcial do CO~ illini;c valores máximos de 20,3 a 81 ,1 k Pa
(0,2 a 08 atm) cm uma .i lrt!S se manas de nlag.imento e então decresce para valo res estáveis
e ntre 5,1 a 20,3 kP,1 (0,05 a U.2 ,1 lm) (Ponnampérum,1, 1972).
Embor.i e m conccntrnções muito c levaclJs o CO: seja tóxico para o élrroz, as
concentrações no rmalmente 1mconlra<l,1s nos so los cultivados com a cultura não atingem
tais níveis (Ponn.-impcrunrn, 1965). Segundo e sse autor, a toxidcz de CO1 pode ocorrer cm
solos orgânicos, solos muito ticidos ou em solos com incorporação recente de adubo
verde, que são as condições de máxi ma ,,cumulação de CO"l. Em te rmos práticos, os
maiores efeitos do CO2 no solo são o controle do pJ-1 e a .ição do HCO3• na solubilidade de
minerais do solo que fornecem nutrientes.
2002).. Em
. Cíl~os de toxidc·•
· ,.. 111•li's s cvcrn, os prc1u
· 11.os no crcsc1menlo
· elas plantns podcm-
se rcllchr cm outras" foscs
• ~, oco · ct 1··11
rrcn o menor per 1 ,amcnto, menor absorçao - de nulnenles
·
e menor rendimento de gr.\os (CnmnrgCl ct ili., 2001 ).
1
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500 ' \
Figur.1 5. Conccn1Ji1Ç1\o Jos ,kidos ncNico, propiônico e butíricl, nil so\uçào de um Planossolo
al,1gado, scrn ou com rcslduos de .u•.cv~m incorporados.
Fonte: Sousa c l ai. (2002u).
Alterações de Eh e pH
O potencial redox (Eh) é uma medida da intensidade de redução no solo. Quanto
mais baixo for o Eh, maior é a concenlrac;ão de substàncias reduzidas, ou sejn, maior é o
estado de redução no solo. No início do alagamento, os valores de Eh do solo são altos, entre
+300 e +500 m V, semelhantes aos de um solo oxidado. À medida que o metabolismo anaeróbio
intensifica-se, os compostos oxidados do solo transformam-se em formas reduzidas, e o Eh
diminui, estabilizando-se após algumas semanas. O curso do Eh e os valores finais de
estabilização dependem de características dos solos (Figura 6). Solos com altos teores de
matéria orgânica e baixos teores de nitrato e óxidos de Mn favorecem a diminuição rápida do
Eh, cujos valores podem estabilizar em poucas semanas de alagamento.
500
_ . _ Planossolo
---O·-- Plintossolo
Chemossolo
400
> 300
E
..e:
t.:J
200
100 ·o _
--o
o 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Semana de alagamento
Figura 6. Valores de potencial de oxirredução (Eh) da solução de três solos alagados, durante
dez semanas de alagamento. Planossolo: MO = 17 g kg-1; Mno u 1.llll = 0,1 g kg-1; Feo.·u.l.ilO = 1,4
g kg"1; Plintossolo: MO= 39 g kg-1; Mn0 , .1010 = 0,8 g kg-1; Fe0 .. 1, 10 = 5,1 g kg-1; Chernossolo:
MO= 24 g kg-1.I Feo,,1f.;)IO = O/ 4 g kg-1•
Fonte: Adaptada de Sousa (2001) e Gomes (1993).
No solo alagado, duas variáveis que atuam em sentidos opostos definem o seu valor
de pH. A redução tende a aumentar o pH, enquanto o acúmulo de CO, tende a diminuí-
lo. As reações de oxirredução ocorrem sempre com consumo líquido d~ H+ (Quadro 1), o
que tende a aumentar o pH do solo. Por outro lado, o acúmulo de CO, Lende a diminuir o
pH pela sua dissolução com a formação de H 2C03, que, ao dissociar,-libera H·. Em solos
alagados, o sistema CO/ carbonato mantém uma pressão parcial de CO, em valores
próximos a 10,1 kPa (0,1 atm), sendo o pH próximo a 7 (Ponnamperuma, 1978). Como
resultado dessas duas forças, o pH de solos ácidos aumenta até valores um pouco inferiores
a 7,0 (Figura 7), enquanto o pH de solos alcalinos diminui para valores próximos a 7,0. Em
solos ácidos, como os apresentados na figura 8, os óxidos de Fe são os principais oxidantes,
apresentando a redução desses maior efeito sobre o pH do que a dissociação do ncido
carbônico, resultando em aumento de pl-I, porém alé valores um pouco infe riores a 7.
- Pl,mo,o;olo
6,5 · ·C> • • Plinlo<solo
fÍ
6.0
5.5
5.0 +--..-----,---,--~--.--------~----
o 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Semana de alagamento
Figura 7. Valores de pH <la solução de três solos alagados, durante d ez semanas de alagamento.
Planossolo: MO= 17 g. \ kg·', MnauJ.uo = 0,1 ... 1
,_ •1 _ o k"·'
o • Fca-uLlil = 1-l
, g kg· •• Plintossolo·• 1v
' ·1 0 = 39 g,
"-S , Mn.,....410 - 0,8 g kg , Fc 0 u1.,,., = 5,1 g kg·'; Chemossolo: MO= 24 g kg·', Fev...i.w= 0,4 g kg·'.
Fonte: Adaptada de Sousa (2001) e Gomes (1993).
Rizosfera
A capacidade das raízes das plantas de funcionarem eficientemente em meio
anaeróbio é um dos aspectos mais interessantes e importantes da adaptação de espécies
vegetais ao solo alagado. Isto é possível graças à capacidade de as raízes oxidarem a
rizosfera, tornando-a aeróbia, e à respiração anaeróbia das raízes (Ponnamperuma, 1972).
A capacidade de oxidação da rizosfera tem sido bastante estudada por pesquisadores,
os quais parecem atribuir maior importância a este fenômeno do que à respiração
anaeróbia das raízes, como responsável pela adaptação do arroz e de outras espécies a
solos alagados.
As raízes de arroz em solo alagado conseguem oxidar a rizosfera à custa do 0 2 do ar
atmosférico transportado das folhas para as raízes via aerênquima ou espaços
intercelulares. O aerênquima é um tecido evoluído a partir das células do parênquima e
se estende das folhas até às raízes, constituindo espaço físico para o movimento de
gases. A presença do aerênquima não é característica exclusiva do arroz. Outras espécies,
principalmente monocotiledôneas de diferentes gêneros, como Plirngmites, Tlzyphn, /11nc11s,
Spnrtinn, e espécies de manguezal, como Rhizoplzorn, contêm este tecido. Na realidade,
trata-se de uma adaptação das plantas para colonizar solos e sedimentos fortemente
reduzidos.
A rizosfera oxidada, encaixada dentro do solo em anaerobiose, tem especial
importância na eliminação ou diminuição de substâncias tóxicas produzidas no solo as
quais se movem em direção à raiz. Na rizosfera, substâncias reduzidas são oxidadas,
como H 2S e Fe2 • , e seus efeitos tóxicos sobre o arroz e outras espécies são atenuados.
MediJões quilntitalivas são rcalizildas por meio de eletrodos metálicos inertes, como
os de platina, combim1dos com um eletrodo de referência acoplê1do a um potenciômetro.
O e letrodo de platina funciona como eletrodo indicador, pois é sensível ao transporte de
cl(?tro~s entre O elemento oxidado e o elemento reduzido, enquanto o eletrodo de referência
P:rmttc a determi_nac;Jo do potencial gerndo, uma vez que as medidas dt:! potencial redox
s.io sempre rdativas (Schneider, 2000). Como eletrodos de referência são utilizados
normillmcnte os de Ag/ AgCI que apresentam um potencial-padrão de 220 m V a 25 ºC, de
c,,lomelano (Hg/HgSl 2) que pode apresentar potencial-padrão de 335 mV (calomelano
decimolar), 268 m V (calomelano molar) e 244 mV (calomelano saturado) a 25 ºC.
Os valores dos potenciais-padrão dos eletrodos de refert?ncia são estabelecidos a
partir do potencial gerado no potenciómetro, quando estes eletrodos são acoplados ao
eletrodo-padrão de H, que apresenta por definição potencial nulo. Assim, o potencial de
qualquer sistema redox pode ser medido em comparação ao eletrodo de H. No entanto, a
utilização direta do eletrodo de H não é prática em trabalhos de rotina pois requer corrente
de H 2 purificada a uma pressão determinada (Schneider, 2000). Assim, para obter o
potencial redox em relação ao eletrodo de H (Eh), quando é utilizado outro eletrodo de
referéncia (como o calomclano, por exemplo), é preciso corrigir o valor obtido no
potenciómetro, visto que este apresenta o potencial gerado em relação ao eletrodo de
referência que não é o eletrodo-padrão de H. Esta correção é feita pela seguinte fórmula:
comparados com os de fio de Pt, resultando em medidas mais exatas. No entanto, eletrodos
que apresentam leitura com diferenças na casa de 10 mV já fornecem boas informações
sobre o estado de oxirredução, dependendo do objetivo do trabalho.
A deposição de substâncias orgânicas e inorgânicas no elemento de Pt do eletrodo
diminui na área de contato com o meio prejudicando as leituras. São necessárias limpezas
periódicas, com detergente, HCl 1 mol L· 1 e água destilada ou H 2O 2 e água destilada.
Eletrodos limpos funcionando adequadamente estabilizam as leituras de Eh em poucos
minutos. No entanto, o tempo de estabilização das leituras pode ser significativamente
maior quando os valores de Eh forem muito diferentes ou quando as leituras forem feitas
logo após a aferição do eletrodo em solução-padrão que apresenta Eh muito alto. Nestes
casos, o tempo para estabilização das leituras pode ser significativamente maior.
A detemúnação do potencial de oxirredução pode ser feita diretamente no solo alagado
introduzindo-se o eletrodo em determinada profundidade ou na solução do solo, desde
que esta seja adequadamente coletada (veja item "Coleta da solução de solos alagados"). O
resultado das medidas de Eh nas duas situações não é o mesmo, e as medições feitas
diretamente no solo são consideradas pela maioria dos autores como semiquantitativas
porque não têm precisão termodinâmica, devido à heterogeneidade do meio.
outra, mais longa (aproximadamente 70 cm de comprimento), foi utili zad a como s ifão,
para retirar a solução d o interior da cáps ula. A solução do solo foi extraída 2 h após a
aplicação do vácuo. Es te período de tempo permitiu que fosse recolhida solução em
quantidades ildequadas para a realização d as análises, mas não foi suficiente para que
o ar penetrasse no sistema e promovesse a oxidação da mes ma" .
No entanto, a coleta de soluç.3o do solo alagado por cápsulas porosas apresenta alguns
fat ores que podem ser fontes de erro, como: i) dificuldade cm ma ntera solução do solo em
ambiente livre de 0 2' uma vez que o sistemn não é totalmente hermético; ii) poros não-
uniformes d as c.'\psulas, que podem causar flu xo d e solução diferenciado, resu ltando em
m aior ou menor risco de oxidação, dependendo do tempo de expos ição da solução ao ar
atmosférico; iii) prccipit-ação de óxidos/hidróxidos de Fe na superfície interna da cápsula.
Vahl (1991) utilizou um método muito mais eficiente em minimizar o contato da
solução com o 0 2" O método foi assim dcscrilo pelo autor: " tubos foram construídos d e
mangueira plástica d e 6 mm de diâmetro e cerca de 12 cm de comprimento. Uma das
extremidades foi colada (usando aquecimento) e ao longo da mangueira foram fe itos
furos d e 1 mm de diâme tro, menos na porção de 4 cm da extremidade aberta, onde foi
adaptada uma rolha de borracha para fi xar o tubo na parede do vaso d e incubação; ao
longo de toda a porção perfurada foi enrolada tela d e ny lon de 200 mesh, dando sete
voltas completas n o tubo, e amarrada com fio de nylon, para impedir a entrada d e
partículas d e solo junto com a solução durante a coleta. A solução foi succionada dos
tubos através de seringa de plástico de 20 m l" (Figura 8).
u..-w
,,--A )1 ....
• 1 .,..... ,•...•......
1 • • • • -- . . .,
...
. .,
..
....__L_r_
o~lha de L manguei.ra
borracha de plástico
malha de nylon amarrada
solo
coletor
L seringn de plástico
Sousa et ai. (2002b) apresentaram uma adaptação deste método tornando-o mais
eficiente para coleta da solução dos solos alagados. O dispositivo constituiu-se de um tubo
de polietileno com 70 cm de comprimento, 0,6 cm de diâmetro interno e 0,7 cm de diâmetro
externo perfurado com duas fileiras de pequenos orifícios com aproximadamente 1 mm de
diámetro. Em uma das extremidades do tubo, com cerca de 5 cm não perfurado, conectou-
se um tubo de silicone com 5 cm de comprimento. A outra extremidade foi fechada com
ferro aquecido. O tubo de polietileno foi enrolado com tela de nylon com malha de 400
mesh ao longo de toda porção perfurada, amarrando-se firmemente com linha de nylon,
para impedir que partículas mais finas do solo penetrassem no tubo junto com a solução
do solo. O tubo foi enrolado sobre si, na forma de uma espiral, mantendo-se
aproximadamente 2 cm de distância entre cada volta da espiral. A espiral foi conectada a
um tubo de vidro, na forma de sifão, projetado para fora do vaso, para permitir a retirada
da solução do solo sem utilizar sucção forte, o que poderia causar entupimento da tela de
nylon ou arrastar partículas de solo junto com a solução. Na extremidade livre do sifão, foi
colocado um tubo de silicone com 2 cm de comprimento, fechado com um tampão de vidro.
No método proposto por Sousa et al. (2002b), as determinações de pH e de Eh da solução
do solo são realizadas com eletrodos combinados específicos, ligados a um potenciômetro, e
previamente instalados em uma célula eletrométrica construída em resina vidro e acrílica
(Figura 9). A célula possui um pequeno tubo de entrada na parte inferior, que, na amostragem,
é conectado diretamente à extremidade do sifão de coleta da solução. A parte superior da
célula tem outro tubo, por onde é expelido o excesso de solução do solo. Como a célula
permanece cheia de solução durante as leituras, consegue-se minimizar o contato desta com
o 0 2 atmosférico, diminuindo os riscos de alteração de suas características eletroquímicas.
Após as determinações eletroquímicas, transfere-se determinado volume de solução para
frascos de vidro onde é colocado previamente 1 mL de HCl em concentração de modo a ter,
no final na amostra, concentração em tomo a 0,1 mol L-1 . Em amostras acidificadas desta
forma não ocorre mais precipitação de compostos, e sua composição pode ser determinada.
O dispositivo proposto por Sousa et ai. (2002b), originalmente desenvolvido para a
coleta de solução de solo em vasos, pode ser utilizado em campo, com adaptações. Nesse
caso, o sifão de vidro é substituído por um tubo plástico projetado para fora do solo
alagado, sendo a coleta da solução do solo realizada por sucção por meio de uma seringa.
O sistema permite o contato da solução do solo com o 0 2, na porção mais externa do tubo
plástico, causando oxidação parcial da solução que se encontra nesse local. Esse problema
é minimizado, descartando-se a porção da solução que se encontra no tubo plástico, por
ocasião das coletas.
Bohnen et al. (2005) desenvolveram um dispositivo mais adequado para ser utilizado
em campo. O sistema de coletores é composto por tubos de PVC de 25 mm de diâmetro por
4 cm de comprimento com as extremidades cobertas com tela de nylon com malha de 0,1
mm (Figura 10). Os coletores são presos em outro cano de PVC de 25 mm de diâmetro e 60
cm de comprimento para serem enterrados no solo, sendo a altura dos coletores ajustc1d,,
para as profundidades de coleta desejadas. Na parte central do coletor, foi afixado um
tubo de vidro que se estendeu até à superfície do solo com a abertura da extremidad~
superior fechada com resina de silicone, que reduz a entrada de O, para o interior do
tubo. As amostras da solução do solo são coletadas por meio de s~cção, usando un,,,
i;cr inH" c om ílgulh,, ln'iurldn nit t•Xlrc m lcl.1d 1• superior do tubo de v idro. Após a cxtrnção
d1• ,1pri,,imatlm1wnk 15 mi. de 11oluç,,o, illl orno11trns s,,o lmcdiatamcnlc íillrndas e
.,riJlíkMl,111, l l,1vc·ntlo nt'rl',1•,ld,1dc dr· dcl1:rm lnoc;l\o d o Eh e do pH, as nmostr,1s podem
w r lntrnd117.hllltt ••m 111nn c,1mnrn clctromc'.-trlcn (semelhante o da figuro 9) an tes da
,wlcllftc,,çl'ln.
flgur,1 9, ll>lcmo <h! ••~lri1Ç11o d,1 lloluçao do :iOlo ,1coplJdo ,\ c~lula clc1romt:1Tica de dctcrminnçao
do potencial IL'dOll e pH. 1Tu bo do pollotllcnu pcr(urndo e recoberto com tda de nylon;
l'T ubc, dL• \'ld ro l'm form,1 ele r,UJo; 'C.\ mara d etro m~lriG1; 'Tubo de c ntr.id.1 e saíd a d il
,,oluçllo; 1,Tubo de <fo1>c,u ga do <rllCCSSo de soluçllo; 'Ele trodos Jc medida do Eh e pH.
Pontr: 50111111 L't 111. (2002b),
,~111Jn.1
d c4 •uu
11010
água doce continental (í-igura 12). Em uma posição similar a SC, enconlra-se a Phrngmilcs
nus/ralis (PA), porém com características diferentes, pois a primeira ocupa zonas inundadas
por água doce não estagnada o que proporciona polcncial redox elevnc.lo (Figura 13).
(a) (b)
(e) (d)
Figura 11. Diversas vistas de uma marisma. Como se pode obscrv.u, "ºcontrário do que
ocorre nos manguczais, a vegclação nestes ecossistcmas é herbácea. a) Aspecto da ma ris ma
alta, onde dominam as associações formadas pela csp~cic /1111cu!' 111ariti11111s. b) Detalhe de
três associações vegetais diferenlcs. Corno se pode observ.u, a mud,rnça é muito brusca,
sem transição, e obcJece a variações na salinidade e nas condições de oxirrcduc;ão do
solo. Na porçilo ocupada por Plir11gmil11s o solo é pouco salino e óxico, onde há Juncus o
solo é salino e óxico ou subóxico, enquanto na parle vegetada por Sparti,111 é salino e
anóxico. c) Detalhe ele Scirpus 111ariti11111s, espécie que aparece já nos limites da ma.risma
onde O solo é pouco salino e encontra-se fortemente reduzido. d) H,ili111i1101111 por/11/acoiilr!s:
precisa de condições óxicas e, portanto, se encontra sempre associadil às bordils de canais
onde a acração é mais efetiva. e) Perfil típico de borda de canal, onde se observa, na parte
superior, a presença de cor pardo-avcrm!!lhada indicando condições óxicas, enquanto a
cor preta, na parle inferior, rctrnla condiçõl!s anóxica~, com prescnça ele sulfetos de ferro.
f) Visão geral da marisma baixa onde apcnas S1,ar/111a consl!gue coloni:tar o substrato
fortemente reduzido (Eh< -100 mV).
(20)
'
{\
100 o º ~ o º coco i
- 8
oo o o o
-
L..
o -
o
L..
o
.... o o o o -
o o~ bo
o... o0 oº&e<à og O g; o
1 1
Piritização de Metais-Traço
A piritização de metais-traço foi estudada em detalhe nas marismas da Espanha e
atualmente, estão sendo realizados estudos nos solos dos mangues do Estado de São
Paulo. As três marismas estudadas (Esteiro, Mero e Ladrido) estão colonizadas por
Spartina marítima e representam ambientes geoquímicos diferenciados. A marisma de
Esteiro corresponde a uma marisma baixa, isto é, sempre fica alagada nas preamares
(Figura llf}, enquanto as marismas de Ladrido e Mera correspondem a uma marisma
alta, ou seja, alagam-se totalmente em preamares vivas (Figura lla). As características
gerais dos solos destas trés marismas foram similares, exceto as condições de oxirrcdução.
~
o
20
1,2
E D 0,8
':- 10 0,4
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..., 10
e
e
~ 1 -- ------ - -
i 0,1 L----lJ.--....---''fL--i
Mu~o Julho Novembro Muço Julho Novembro M.uço Julho Nov,mbro
Figura 15. Variação estacionai dos teore~ de_ AVS (média± desvio-pad~ã~) e a relação SEM/
AVS. Quando a relaçi\o é< 1, os melms d1v~lentes encontr~m:e prec1p1tados como sulfatos
e não estarão biodispon(veis. Observe a importante vanaçao estacionai d,l fração AVS.
Este aspecto é um dos principias motivos do questionamento realizados por estudos
recentes em relação ao uso do modelo AVS como indicador da qualidade dos solos e
sedimentos anóxicos.
100
..,.
o
■ Esteiro Ni Cu Cr Zn
~ 80 o Mera Q/Jº
;;
"E;
E
b. Ladrido
1111
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o 20 40 60 80 100 o 20 40 60 80 100 O 20 40 60 80 100 O 20 40 60 80 100
% Piritiz..~ção do Fc
formar seus próprios sulfetos, os quais não são solúveis em 1-ICI (Copper & Morse,
1998; Morse & Luther, 1999). No entanto, levando cm consideração que o teor de Fe
reativo é muito s uperior ao teor de metais-traço (~100 vezes superior à do Cu), o mais
provável é que se formem sulfetos mistos cm condições anóxicas. Nesse sentido a
fotomicrografia eletrónica d e piritas frnmboidais indica a presença deste elemento
(Figura 17).
cps
5
200
150
fc
Fe
CrMn Ni Cu Zn
6
Energia (kcV)
cps
s
4
300 Fe
200
100 Cu
Fc Fe
CrMn N1Cu 2.n
o 2
E.nerg,.i (l,.e V)
Figura 17. Fotomicrografia de piritas framboiclais obtidas por meio de microscopia eletrõnica.
Este tipo de textura é a mais frcqllcnlc cm solos de marismas. Observe a presença do Cu
que foi verificada por meio da análise elementar com a sondn de energia dispcrsivn
(Energy Dispasivc X-ray Spccfr11111 - EDS).
Fração Fe Mn Cu Cr Ni Zn
~1mol g- 1 nmolg·1
F1 0,10 ± 0,20 1110 ± 766 22,4 ± 24 3,30 ± 3,3 12,2 ± 14 73,1 ± 164
F2 0,62 ± 0,95 210 ± 206 17,8 ± 16 52,3 ±51,3 17,4 ± 13 63,5 ±112
F3 Reativa 33,0 ± 25 192 ± 150 21,3 ± 26 15,4 ± 7,7 18,6 ± 13 149 ±121
F4 40,0 ± 37 292± 150 20,3 ±23 23,8 ± 12 23,0 ± 24 237 ± 185
FS 41,0 ± 71 74±75 23,3 ± 22 66,5 ± 53 37,4 ± 25 94 ±113
F6 Pirítica 169 ± 110 586 ± 669 82,1 ± 67 57,7 ± 65,3 31,9 ± 42 60±73
Biodisponibilidade de Metais-Traço
Correlações significativas entre os teores de metais-traços associados às fases
geoquímicas de um sedimento e sua concentração em diferentes tipos de organismos têm
sido encontradas em amplo número de estudos, sendo estes resultados dependentes do
tipo de metal e do organismo considerado (Bryan & Langston, 1992; Carral et ai., 1995;
Otero et al., 2000a). Esses autores têm mostrado que um dos grandes problemas da
atualidade é a dificuldade em se definir a fração biodisponível desses metais em um
sedimento ou solo. Neste sentido, a fração metálica associada à pirita (Fe2S) poucas
vezes foi considerada como uma fonte potencial de elementos-traço biodisponíveis aos
organismos bentônicos, apesar de ter sido destacado em vários estudos sua importância
na adsorção e coprecipitação desses elementos em solos e sedimentos (Huerta-Díaz &
Morse, 1992; Morse, 1994; Morse & Luther, 1999).
Em solos anóxicos, a maioria dos sulfetos metálicos é estável e pouco solúvel
(Krauskopf, 1956). No entanto, os sedimentos e solos das marismas e manguezais estão
submetidos a mudanças temporárias nas suas condições de oxidação/redução, as quais
podem favorecer a dissolução desses sulfetos por oxidação e a liberação dos metais-traço
associados a eles, passando estes a serem biodisponíveis no meio (Morse, 1994; Otero &
Macías, 2002a). Os resultados obtidos em um estudo realizado nos solos das marismas
da Galícia ilustram bem a importância dos metais coprecipitados com a fração pirítica, e
serão apresentados a seguir.
O estudo dos teores de metais em populações de Nereis diversicolor dos solos das
marismas indicou teores de Ni e Cu significativamente mais elevados na população de
Esteiro que nas outras duas marismas. Entretanto, os teores de Cr entre as populações
das diferentes marismas não foram significativamente diferentes. Além disso, os teores
de Ni e Cu nesta população superou os níveis propostos para a região da Galicia por
Carral et ai. (1995) (Figura 18).
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Figura 18. Teores de metais pesados cm N. diversicolor (média ± desvio-padrão) versus grau de
piritização dos metais pesados média± desvio-padrão) obtido para os 10 cm superficiais
dos solos estudados. Para cada metal, diferentes letras indicam diferenças entre populc1ções
(a = 5 %). As linhas horizontais descontinuas indicc1m o teor sugerido de cada metal cm N.
divcrsicolor das marismas da Gallcia - Espanha
Fonte: Curai ct ai. (1995); Otcro ct ai. (2000a).
(21)
flgura 19. Efeito oxidativo de populações de Nereis diversicolor sobre sedimentos anóxicos
E5t a ~spécie faz_ pequen?s canais no sedimento permitindo a entrada de O,. Os sulfrtos
m~t~l~cos _ ªº oxi~aren~ liberam metais associados. Adicionalmente, tamb~n, se produz ª
ac1d1f1caç~10 da agua intersticial, o que permite que esses elementos-traço p!!rm,rncçan,
em soluçao e, portanto, mais tempo biodisponfveis.
LITERATURA CITADA
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Universidadl' de S.lo Paulo - USP. CP 96, 13-100-970, Piracicaba (SP).
cahabreu@ccna.usp.br
11
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martinltilcnpdia.cmbrapa.br; dcbora~ cnpdia.embrapa.br; marcclo@cnpdia.embr.:ipa.br;
wilson@cnpdia.cmbrapa.br.
Conteúdo
INTRODUÇÃO ······- ······· ..···-··- ··...- ....- ................._ ....- ....- ......_ ......- .......- ..·- ·--- -..·--·-- -.. 1 n6
ANÁLISE QUÍMICA COMO FERRAMENTA PARA A CARACTERIZAÇÃO DO SOLO - ··- - - ··- 1227
Caractl'rizaç3o Qulmica Elementar ...................- ..- ·-·--···-·..·-·..·········---···.. ·- - - -··---·..- - - -··· 1227
Método de Extração de Ferro e Aluminio de Óxidos Pedogcnéticos ............- .............- ...·-·- ··--·- ---·· 1240
Determinações Utilizadas para a Classüicaçi\o dos Solos ................... ·- ......._.._ __ .. __ ·--··-··-·---· 1243
Avaliação da Disponibilidade de Nutrientes no Solo ................................................ - _ .........- .......- · -·· 1244
MtTODOS ISOTÓPICOS ........................................................................._ .... _ .... .....- ..........- ..............·- -•- .... 1251
Prindpios da Técnicíl ....................................................................................................- .......- ......... -··-..- · -..·-· 1251
Deterrninaç,fo da Disponibilidade de Ell•mcntos Qu(micos no Solo ...........- ................... ...................._ ·- ·· 1253
Outras Aplicações ............................................................................. ................................·-········-···-·.................. 1256
MÉTODOS ESPECTROMÉTRICOS COM FONTE DE PLASMA ....·-······ ......_ ..._._.................................. ... 1256
Plasma Produzido pur ,\coplamcnto Indutivo ... .................................... .............................................- ........... 1257
Tocha e FormaçJo do Plasm.:i .............................................................. ...................................................- .............. 1259
ESPECTROMETRIA DE EMISSÃO ATÓMICA COM PLASMA ACOPLADO INDUTIVM,IEl\.l"fE .... 1263
Introdução de Amostra ..............-.............................- ..............................- ................................. ............- -.- ..... 1265
Processos de Enussi.\o no Plasma ...... ... .. .............................................................................................................. 1269
Especlrõmetros Ópticos ............................... ·-······.. ····....·.·········...·......................................._ .................................. 1270
lnteríerl-ncias .......- ................................................._......................... .......- ...···- ·............................._ ....................... 1276
ESPECTROMETRIA DE MASSAS COM PLASMA ACOPLADO INDUTIVAMENTE ........... ................ 127i
Introdução da Amostra ............................................ ........................................................... _ ......- ...........- ......... .. 1260
Tipos de Nebulizadores para Amostras Liquidas............................................................................................... 1282
lnterforl!.ncias ............. - .............................................................................................................................................. . 1283
SBCS, Viçosa, 2009. Quimlca e Mineralogía do Solo, Conceitos B,\s icos e Aplicações, 1381p.
(eds. Vander de Freitas Melo e Luls Reynaldo Ferrncciú Alleoni).
1226 (ASSIO HAMILTON ABREU JUNIOR ET AL.
INTRODUÇÃO
Considerações Gerais
(Equação 2) (Krug, 2006). Em sistema fechado, tais processos não ocorrem quando o tubo
reacional é aberto após resfriamento, permanecendo o H F e o Si n.1 solução.
(1)
(2)
Figura 1. Sistema inerte de introdução de amostra em espectrometric1 de massas com pl.1s 1n.1
(lCP- MS), para an.'ilise de solução co m Hr, com nebulizador de fluxo cruz.ido, de
perfluoroalcoxi-fluorcarbono (PFA) (a), com detalhes externo (b) e interno (e), com lt'l·h,1
(d) e tubo interno de platina (e), em conexê'io desmontãvl'I (f), e co m cones de amoslr,1i;t.>m
e de separação d1.• platina.
dissolvido, uma segunda etapa de digestão com HF pode ser necessária, antes da
solubilização do resíduo com solução de HCI. Para análise mu ltielementar, inclusive de
s, a solução final é diluída conforme a técnica de detecção. Alternativamente, para
amostras de interesse agronômico, com teor de material inerte (vidro, terra, metal, material
orgânico recalcitrante, etc.) superior a 175 g kg·1, porém com C orgânico inferior a 200 g
kg·1 e C total inferior a 475 g kg·1, pode ser feita substituição do HNO3 por HCl, para
obtenção de digeridos límpidos, conforme sugerido por Boaventura et ai. (1995) para a
digestão de amostras de composto de lixo e adaptado por Abreu Junior (1999) para
amostras de solo.
O teor de S total em amostras de solo pode ser determinado em extrato de
digestão ácida sem adição de HF e, portando, com uso de vidraria comum, porém o
método é moroso (Abreu Junior, 1993). O extrato é obtido utilizando-se tubo de
vidro e bloco de digestão ou de béquer Phillips e chapa de aquecimento. Inicialmente,
faz-se pré-digestão da matéria orgânica da amostra de solo, de 2,0 g, com 3 mL de
HNO3; posteriormente, após adição de 3 mL de HC1O4 e 7 mL ácido ortofosfórico,
são feitas duas digestões: a primeira digestão a 190-210 ºC, por 30 min após
aparecimento de fumos do HC1O4, e, posteriormente, após resfriamento e adição de
3 mL HCl, a segunda digestão, até aparecimento de fumos do HC1O4 (Tabatabai,
1996).
Para determinação de N total em amostras de solo, o método de Kjeldahl é o mais
empregado (Raij et al., 2001). O N orgânico é convertido em NH/ por digestão com
H 2SO4 em mistura com sulfato de potássio, sulfato de cobre e Se, que agem como
catalisadores.
O método 3050B (USEPA, 2006), objetivando a análise química mui tielementar,
recomenda a solubilização parcial da amostra de solo (1,0 a 2,0 g), em erlenmeyer
coberto com vidro de relógio, em chapa quente, em refluxo com 10 mL de solução de
HNO3 1:1 (v/v) por 10-15 min, sem fervura; em refluxo, após resfriamento, com 5 mL de
HNO3 concentrado por 30 minutos, sem fervura, repetindo-se esta etapa se necessário;
após resfriamento, em aquecimento com efervescência branda com 2 mL de água e 3 mL
de H 2O 2 a 30 % (v / v), com sucessivas adições de 1 mL de peróxido, sem exceder 10 mL,
até que a efervescência diminua e a aparência do digerido não se altere; para análise
por EAAS ou ICP-MS, diluir com água para 100 mL; e, para análise por espectrometria
de absorção atômica com chama (FAAS) ou ICP-OES, após tratamento com peróxido,
proceder refluxo com 10 mL de HCl concentrado, a 95 ºC, por 15 min, diluindo com
água para 100 mL. O H 2O 2 tem por objetivo oxidar a matéria orgânica contida na amostra,
enquanto o HCl objetiva aumentar a estabilidade de alguns elementos, como Ag, 8,1,
Sb, V, etc.
Fusão Alcalina
Muitos materiais não são dissolvidos com ácidos concentrados a quente, outros
materiais são digeridos lentamente e, ou, dissolvidos parcialmente, e ainda h,\ outrClS
que geram soluções ácidas instáveis, apresentando componentes com tend~nci,1 a
(6)
Neste caso, a razão isotópica foi determinada por espectrometria de massas de razão
isotópica (lRMS), situação em que os isótopos são detectados n~s- for~as gasosas e
em espectrômetro de massas de alta resolução, e a quant1f1caçao de S, por
turbidimetria. Procedimento semelhante é adequado para determinação da razão
isotópica de silício (28Si, 29Si e 'ºSi), em amostras de material vegetal e de solo, por
IRMS; porém não é adequado para determinação por lCP-MS, em virtude de
interferências isobáricas sobre os isótopos do Si e da alta concentração de Na na
matriz (Abreu Junior et ai., 2009). Todavia, esta última técnica pode permitir a
determinação simultânea da razão isotópica e da concentração total de Si em solução
aquosa (Oliveira et al., 2007).
Figura 2. Sistema microondas com rotor de 24 amostras, com tubo rcacion,11 d e referl!ncia
conectado ao sensor dl• controk de tcmperntura (,1), e com rotor de 12 amostras, com tubo
reacional de rcfcrf!ncia concct,1do nos sensores de controle dc temperatura e de pressão
(b), para d igest.io de ,1mostrns de interesse agronômico e ambiental.
remover os tu b os, es fn, 'á - los en1 banho de água fria; quando o digerido estiver _ frio, abrir
1
. ·
os tu b os, a d 1cionar· 100 i11 L de solução H 2
B0 3 15 g L· e fechar os tubos; e, entao, aquecer
os tubos a. tempera t ura de 75 ,a 100 ºC, em chapa quente, até. a solução tornar-se clara e
• p rovave 1mente, a proposta de duas etapas de aquecimento
es f nar. _ deve-se
. ao fato de os
equipamentos disponíveis, na época que el~ foi elaborado, nao disporem de controle
adequado da temperatura e pressão da reaçao.
~ca. t ? ~ --
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Figura 3. Exemplos de rotores do tipo monobloco, para 24 amostras (a), para oito amostras
(b), para dez amostras (e) e rotor do tipo segmentado, para 12 amostras (d).
◄
XXI - Métodos Analíticos Utilizados em Química do Solo 1239
1
••Aguu tipo 1: águu rccomcmluJn parJ aplicaçõ.:._, cólica..-. em l_:1borJ11, rio, lui\ como prcparai;ão Jc br.1ncos c Jiluiçõc..~
cm ICP-MS, cmmatogrulia gasosa (GC) e cromu1ograliu lfqu1dn Je uhu pc:r1onnam.:c (HPLC).
200 12
(a)
Tem pera tu ra 10
150
8
Pressão
100 6
4
50 9 mL ac. nítrico cone.
3 mL ac. fluorídrico cone 2
u
o 0,25 g de solo
o u,rou,...
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200 20 '"'
(b) Temperatura
150 15
100 10
50 5
concentrado
0L....._._---L_.__,_...J__.__.__,_.1-._L.......1__._---1.-L-1--1-_J_J o
O 5 10 15 20
Tempo (minuto)
Figura 4. Perfil típico de temperatura e pressão durante solubilização de amostra de solo (0,25 g)
pelos métodos 3052 (a) e 3051A (b) do manual SW-846.
Fonte: USEPA, (2006).
1993; Melo et ai., 2001 , 2002a), e, em combinação ou não com outros agentes extratores,
podem também ser utilizados para obtenção da fração oxídicas em extração seqüencial
e seletiva, seja no estudo da composição química e mineralógica das frações argila e
silte do solo (Melo et ai., 20026), seja na definição de micronutrientes e, ou, de elementos
tóxicos nssociados ilOs componentes da fase sólida do solo: solúvel em água, fração
trocável, fração sorvida, fração orgânica, fração oxídica, fração cnrbonatada e fração
residual (silicatada) (Tessicr et ai., 1979; Shuman, 1991; Abreu et ai., 2002; Lã et ai.,
2003) (veja capítulo XVI).
Os métodos do ditionito-citrato-bicarbonato de Na (DCB), com uma ou mais
extrnções sucessivas de 15 mina 80 "C (DCB) (Mchra & Jackson, 1960; Mckeague &
Day, 1966); do ditionilo-citrato de Na, com uma única extração após 16 h de agitação
à temperatura ambiente (DC) (Holrngren, 1967); e uma modificação deste último com
adição de NaHCO 1 como agente-tampão (DCB20) são utilizados para extrair o Fe livre
ou pedogímico (Alleoni & Camargo, 1995; Loeppert & Inskeep, 1996; Melo e t ai., 2001,
2002a; Inda Júnior & Kampf, 2003), principalmente na forma de óxidos cristalinos
(predomínio de hematita e goethita), mas também de baixa cristalinidade (como
ferrihidrita), e não-cristalinos (amorfo), ou mesmo ligado organicamente aos
constituintes do solo. Estes procedimentos de extração de óxidos de Fe permitem
também a extração do AI livre ou pedogênico (Alleoni & Camargo, 1995; Loeppert &
lnskeep, 1996; Melo et ai., 2001, 2002a; Inda Júnior & Kãmpf, 2003), principalmente
na forma de óxidos de AI de baixa cristalinidade; embora também possam extrair o AI
de complexos orgânicos (Farmer et ai., 1983; Gomes et ai., 1998). O DCB não extrai
gibbsita. Em amostras de solos e argila previamente tratadas com soluções específicas
para remoção de óxidos de Fe e AI de baixa cristalinidade, como o oxalato de amõnio
ácido, o Al extraído pelo DCB pode ser interpretado como elemento que substitui
isomorficamcnte o Fe na estrutura cristalina dos óxidos (Melo et ai., 2001, 2002a;
Inda Júnior & Kãmpf, 2003).
O método original do DCB (Mehra & Jackson, 1960) recomenda o uso de 0,5 a 1,0 g de
ditionito de Na para cada 10 g de argila por extração. Para solos de regiões de clima
tropical há a seguinte adaptação (Inda Júnior & Ktimpf, 2003), em quatro extrações
sucessivas, para garantir a dissolução dos óxidos cristalinos: adicionar 1 g de ditionito
de Na (Na 252O 4), parcelado em três alíquotas de cerca de 0,33 g, a 200 mg da amostra de
solo contida em 40 mL de soluçao de citrato de Na (Na3C61-ls07.2H2O) 0,3 mol L·' e de
solução de Nal-lCOJ 1,0 mo! L·', na razão 8:1, em tubo de centrífuga de 50 ml. Após a
adição de cada alíquota de ditionito, agitar manualmente a suspensão com uma espátula
por 1 min. Em cada extração de 15 min, a temperatura de extração deve ser mantida
rigorosamente na faixa de 75 a 80 ºC em banho-maria, para evitar a decomposição do
ditionito em temperatura acima de 80 ''C e a possível formação de FeS. Ao fim de cada
etapa de extração, centrifugar a suspensão a 3.000 rpm por 5 min, coletar o sobrenadante
e completar o volume parn 50 mL.
Para o procedimento do DCBw conforme descrito por Inda Júnior & Ktimpf (2003),
adicionar 2 g de ditionílo de Na a 200 mg de amostra contida em 40 mL de solução de
citrato de Na 0,3 mol L' 1 e de solução de Nal-lCO3 1,0 mol L·', na razão 8:1, em tubos
Q UÍ MI CA E MINERALOGIA DO SOLO
1242 (ASSIO HAMILTON ABREU JUNIOR ET AL,
plásticos de 50 mL. Tampar e agitar por 16 h os tubos à temperatura ambiente (20 ºC),
em agilador rotativo a 50 rpm. Ao fim da extração, centrifugar a suspensão a 3.000 rprn
por 5 min, coletar o sobrenadante e completar o volume para 50 mL. O método DC
(Holmgren, 1967) pode ser utilizado tal como o do DCB201 excluindo-se, porém, a solução
de NaHC03 • O método do DCB descrito pela Embrapa (1997) recomenda a extração de
Fe, AI, Mn e Si livres em 1 g de amostra, se teor de Fe 2Ü 3 total> 50 g kg· 1, ou em 2 g de
amostra, se teor de Fep3 total< 50 g kg·1, juntando-se três porções de lg de ditionito em
uma única extração de cerca de 15 min. De modo geral, para amostras de Latossolos, o
método DC apresenta eficiência de dissolução dos óxidos de Fe cristalino menor do
que os métodos DCB 20 e DCB, que apresentam eficiências semelhantes, exceto para
amostras com goethita, situação em que o DCB20 apresenta menor eficiência (Inda Júnior
& Kampf, 2003).
O oxalato ácido de amônio é usado para a extração, na ausência de luz, de parte
do Fe e do Al de materiais amorfos, de óxidos de baixa cristalinidade (Mckeague &
Day, 1966; Farmer et ai., 1983; Alleoni & Camargo, 1995; Loeppert & Inskeep, 1996). O
procedimento, descrito por McKeague & Day (1966) e modificado por Loeppert & lnskeep
(1996), consiste em tratar 500 mg de amostra com 30 mL de solução de oxalato ácido de
amônio, pH 3,0, contendo oxalato de amônia 0,175 mol L·1 e ácido oxálico 0,1 mol L·1,
em tubo de polipropileno de 50 mL de volume. Imediatamente após a adição da solução,
os tubos devem ser fechados, mantidos no escuro e agitados por exatamente 2 h.
Centrifugar a suspensão, coletar o sobrenadante e diluir com água deionizada para
volume adequado. Se o extrato não for analisado de imediato, mantê-lo no escuro para
evitar a decomposição fotoinduzida do oxalato. Amostra de solo com teor de CaC03
superior ou igual a 50 g kg·1 deve ser pré-tratada com acetato de amônia 1 mol L "1 para
remoção do carbonato em excesso. O método do oxalato ácido de amônia apresentado
pela Embrapa (1997) para extração de Fe, Al, Mn e Si amorfos difere do descrito acima
por recomendar solução de oxalato de amônio 0,2 mol L· 1 (e ácido oxálico 0,1 mo! L" 1) e
agitação por 4 h no escuro.
Com o mesmo objetivo de determinação de Fe e Al de óxidos de baixa
cristalinidade, também tem sido empregada solução de oxalato de amônia na
concentração de 2 mol L·1 (Inda Júnior & Kãmpf, 2003), para amostras de solo, ou de
0,2 mo! L-1, para amostras de argila (Melo et al., 2001, 2002a), com extração na ausência
de luz. O procedimento, conforme descrito por Tedesco et al. (1995), consiste em tratar
1,5 cm 3 de solo com 30 mL de solução de oxalato d e amônio 2 mal L·1, pH 3,0, em
frasco de vidro de 50 mL. Após adição da solução, os tubos devem ser fechados com
lampa de pressão, cobertos com papel escuro individualmente, o u, em conjunto,
coberto:, com caixa de papelão, e agitados por 2 h. Terminada a agitação, transferir
imedia tamente 1 mL do sobrenadante para outro frasco (ex., copo plástico descarl,\\'d),
adiciunar 25 m L de ~gua destilada e proceder à determinação. O Progr,11n.1 d.:i R..,.lé
Oficial de Labornt órios dl~ Análise de Solo e Tecido Vege tal dos Estados do Rio Gra nd l'
do Sul e> de Sa ntn Ca larina - ROLAS fa z uso deste procedimento parn dia~1ws ti.'M ·1
dis ponibilida <,h • d e fo no solo, estando os teores d e Fe amorfo al'im,, de 5,0 !? J ni' '
rc•lacionado.:-, c-om íl loxid cz d e re, podendo causc1r "bronzl'amcnto" d ,\~ tolhJs cm
alguns c ultiVdrl'S d t: arroz irrigado (SBCS/CQFS, 2004).
- Cnrbo110 orgânico: oxidação por via úmida com K2Cr 2O1 0,4 mo! L·1 e titulação pelo
Fe(NH.1h(SO4)i.6Hp 0,1 mal L·1, com difenilarnina corno indicador.
- Nitrogênio totnl (Kjeldnltl): digestão com mistura ácida, difusão e titulação do NH3 com
HCI 0,01 mol L·1 ou H 2SO4 0,005 mal L·1 .
- Ataque por H2SO4: tratamento por fervura da terra fina com solução de H 2SO4 1:1 (v/v)
para: i) no filtrado, proceder à exb·ação de Fe e de AI, determinados complexometricamente
por titulação e expressos nas formas de Fe2O 3 e de Al 2O 3; ii) também no filtrado, extração
do Ti, do Mn e do P (total), determinados colorimetricarnente por titulação e expressos na
forma TiO2, MnO e P 2O 5 e; iii) no resíduo do ataque sulfúrico, proceder à extração de
sílica com NaOH 0,8 mo] L·1 (baixando a 6 % p/v), determinada colorirnetricamente e
expressa na forma SiO2•
-Relações moleculares SiO/Alp3 {índice Ki = 1,7 SiOi/ Al 2O 3 ; índice Kr = 1,7 SiO2 /[Alp3
+ (0,64 Fep3))}: cálculos baseados nas determinações acima.
- Ferro livre (extraível): extraído com DCB, determinado por espectrometria de absorção
atômica (AAS) e expresso na forma de Fe2O 3 • O método DCB descrito pela Embrapa
(1997) difere do método descrito no item Método de Extração de Ferro e Alumínio de
Óxidos Pedogenéticos, principalmente quanto à relação amostra:ditionito (2 g de terra
fina: 1 g ditionito) e à quantificação (colorimetria com tiocianato de potássio).
- Percentagem de água na pasta saturada: cálculo da taxa percentual (v/p) de água de
saturação contida em preparado pastoso produzido de terra fina .
- Condutividade elétrica no extrato de saturação: preparação de pasta saturada, obtenção do
extrato por filtração e determinação por condutimetria.
- Sais sol tíveis no extrato de saturação: Ca2 +, Mg2 •, K+ e Na• determinados por métodos
similares aos das bases trocáveis; CO/", HCO3• e c1· por volumetria e SO/" por
gravimetria.
- Equivalente de CaCO3 : determinado na terra fina por ataque por HCl 0,5 mal L· 1 a
quente e acidez titulada por NaOH 0,25 mal L·1, usando fenolftaleína como indicador.
Convencionalmente, os carbonatos de Ca ou de Mg, são expressos como CaCO3•
- Enxofre total: ataque por HCl 1:1 (v /v) a quente, precipitação com BaC\1 10 % e
determinação gravimétrica.
calcário adotados pelos Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catilrina, com base no
tampão SMP (Tedesco et ai., 1995).
Em relação aos métodos d e análise de solo parn ilvaliação de sua fertilidade, pode-
se afirmnr que: "A análise de solo, na agricultura moderna, é a atividade central do
processo de correção do solo e de aplicação de adubos, que se inicia com .i retirad.i de
amostrn de solo, prossegue com a análise guímica e a prescrição de quantidades
adequadas de corretivos do solo e de fertilizantes, e terminil com a aplicação desses
insumos. Parn que esse processo tenha eficácia, a análise do solo precisa ter um
embas<1mento científico .idequado, de mnneira que .is quantidades recomendadas de
corretivos e de fertilizantes sejilm adequadas, conciliando as necessidades de correção
de solos e de exigêncins nutricionais de culturas, com a economia da produção e a
qualidade ambiental" (Raij et ai., 2001).
As principais propriedades do solo e os respectivos métodos de avaliação em rotina,
para avaliação da fertilidade, detalhados em Tedesco et ai. (1995) e Raij et ai. (2001),
dentre outros, são apresentadas resumidamente a seguir. Alguns métodos da Embrapa
(1997), relacionados no item Determinações Utilizadas para a Classificação dos Solos -
também são empregados nos estudos de fortilid.ide do solo: C orgânico, reação do solo,
acidez potencial, cátions trocáveis e P disponível e não são reapresentados abaixo; exceto
diferenças do método descrito cm Raij et ai. (2001), em que o uso de outros métodos para
determinar a mesma propriedade pode gerar resultados com valores e interpretações
distintas.
- Matéria orgâ11ica: é avaliada por colorimetria, após oxidação da matéria orgânica por
dicromato de Na e B 2504 • Como o método determina o teor de C orgânico, a conversão
para matéria orgânica é feita pelo fator de 1,724, considerando que a matéria orgânica do
solo tenha 580 g kg·1 de C orgânico. O método colorimé trico deve ser calibrado com
resultados oriundos do método volumétrico.
- Acidez pote11cial: determinada potenciometricamente após adição do tampão SMP à
mesma solução usada para determinação do pH cm CaCl 2 0,01 mol L·1•
- Cátío11s trocáveis: extração de Ca2•, K~ e Mg2 • com resina de troca de cátions, com
determinação de Ca e Mg por AAS e de K por fotometria de chama. Opcionalmente, os
cátions trocáveis, incluindo o AI e Na, podem ser extraídos com cloreto de amônia.
- Fósforo eximível: extração com resina de troca de ãnions e determinação por
espectrofotometria, em espcctroíotômelro ou fotocolorímctro.
- Sulfa/os: extrnção com solução de fosfato de cálcio e quantificação por turbidimetria,
após adição de BaCl 2•
- Micronutrientes: Cu, Mn, Zn e rc são extraídos com a solução de ácido dietileno
triaminopent.icético (DTPA), a pH 7,3, com determinação por AAS ou lCP-OES.
Zn e Cu podem ser extraídos com solução HCI 0,1 mol L· 1• Os extratos obtidos também
podem ser usados para íl determinação de Cd, Cr, Ni e Pb, por ICP-OES ou então
por ICP-MS, no caso de os contaminantes estarem em concentrações da ordem de
µg dm-:;_
d
XXI - Métodos Analíticos Utilizados em Química do Solo 124 7
Unidos, sendo atualmente pouco empregada Oones Júnior, 1990). Wolf (1982) modificou
este extrator por meio dil combinação com DTPA, para melhorar a extração de Cu, Fe, Mn
e Zn, que passou a ser conhecido como extrator Wolf-Morgan. O pH 4,8 foi escolhido
pela similaridade com a solução do solo saturada em C02, próximo às raízes secundárias,
que poderia atuar como um solvente moderado de nutrientes. O uso do acetato de Na e
ácido acético permite a extração de quase todos os nutrientes, exceto Na. A introdução de
DTPA na solução de Morgan somente foi possível após avaliação de agentes quelantes
(DTPA, Na:-EDTA e NTA), em diversas concentrações. A adição de DTPA promoveu
aumento significativo nas correlações entre as concentrações de Cu, Fe, Mn e Zn nas
folhas de várias culturas e no solo (Wolf, 1982). O extrator Wolf-Morgan tem sido utilizado
com êxito para a avaliação de AI, B, Ca, Cu, F, Fe, K, Mg, Mn, N-N03· , N-NH/, P, 5-SO/
e Zn em solos ácidos e neutros (Wolf, 1982; Jones Junior, 1990) e, pelas suas características,
mostra-se promissor para ilValiação de metais pesados em amostrns de solos do Brasil
(Abreu Junior, 1999).
Uma solução com NH~HC03 1 mo! L·1 e ácido dietileno triilminopen-tacético 0,005
mol L·1, il pH 7,6, conhecida como AB-DTPA, foi proposta por Soltanpour & Schwab
(19n) para a extrilção de N03·, P, K, Cu, Fe, Mn e Zn em amostrns de solos alcalinos.
Posteriormente, com a eliminação do uso de carvão ativado durante a filtragem, para
evitar adsorçào de complexos melais-DTPA (Soltanpour & Workman, 1979), o método
passou a ser mais abrangente e possibilitou a extração de P, K, Cd, Fe, Mn, Mo, Ni, Pb, Se
e Zn (Soltanpour, 1985). Teoricamente, este extrator também poderia avaliar o S, As e Cu
em condições normais e o Bem níveis tóxicos, por ICP-OES ou ICP-tvlS (Soltanpour et ai.,
1996). Este extrator tem apresentado bons resultados para o monitoramento de nutrientes
e de Cd, Mo, Ni e Pb em amostras de solos alcalinos (Soltanpour, 1985; Hanlon et ai.,
1996; Soltanpour et ai., 1996); os resultados, porém, não são tão animadores em amostrns
de solos ácidos, visto que o extrator não discrimina adequadamente a disponibilidade
de elemenlos, por exemplo, entre amostras do solo tratado e não tratado com calcário
(Abreu et ai., 2002, 2007).
O extrator Mehlich-1 tem sido utilizado para extração de P, Ca, Mg, K, Cu, Mn, Na e
Zn (Sims, 1989; Jones Júnior, 1990). Amaral Sobrinho et ai. (1993) estudarnm a eficiência
de extração de Cu, Fe, Mn, Ni e Zn pelos extratores Mehlich-1 e Na 2-EDTA, em um
Latossolo Vermelho-Amarelo tratado com resíduo siderúrgico. O extrator Mehlich-1
apresentou maior capacidade extra tora, exceto para o Cu. Os teores de Cu e Ni extraídos
com a solução Mehlich-1 foram positivamente correlacionados com as concentrnções
desses elementos na parte aérea de plantas de sorgo. Todavia, tal extrator mostrou-se
ineíiciente para avaliar a disponibilidade de Fe, Mn e Zn.
Posteriormente, surgiu o extrator Mehlich-3, ampliando a possibilidade para
determinação de P, Cn, Mg, K, B, Cu, Pe, Mn, Na e Zn (tvlehlich, 1984; Jones Júnior, 1990).
A solução contém ácido acético 0,2 mol L· 1, NH~N03 0,25 mol L·1, NI-1 4 F 0,015 mol L· 1,
HN03 0,013 mol L·1 e ácido etileno diaminotetrácetico (EDTA) 0,001 mol L·1• Apesar de a
presença de F na solução dificultar a determinação de Ca (Hanlon & Johnson, 1984), este
extrator tem sido utilizado sem grandes problemas para a avaliação da disponibilidade
desse nutriente no solo (Mehlich, 1984). Os teores de P, Ca, Mg, K, Cu e Zn extraídos com
Mehlich-3 e com Mehlich-1, em amostras de 400 solos da Planicie litorânea do Atlântico
dos EUA, foram altamente correlacionados entre si (r = 0,92 a 0,97), quando todos os
dados foram considerados. Todavia, quando se excluíram teores discrepantes em relação
à distribuição normal dos valores obtidos, os coeficientes de correlação variaram de 0,67
a 0,90. O extra tor Mehlich-3 apresentou teores superiores de P, K, Mn, Cu e Zn (Sims,
1989).
Outro extrator, utilizado na I3élgica, Hungria, Polônia, Repúbli ca Tcheca e,
principalmente, na Holanda, é o CaCl 2 0,01 mal L·1 (Houba et ai., 1990, 1992, 2000).
Houba et ai. (1990) propuseram a utilização de CaCl 2, originalmente indicado para a
determinação do pH do solo, como extrator multielemento do solo (P, Mg, K, Na, Zn, N-
N03·, N-NH/ e N orgânico solúvel), objetivando, em parte, conciliar a análise
multielementar com a avaliação de frações do N do solo. De acordo com Houba et ai.
(1990), a capacidade de medir o fa tor intensidade de disponibilidade dos elementos faz
a solução extratora CaCl 2 0,01 mal L·1 ter grandes perspectivas para a avaliação de
fitotoxidez dos elementos potencialmente tóxicos no solo. Ela tem sido testada em solos
ácidos e, embora extraia os elementos em baixas concentrações, apresenta bons resultados
na avaliação de disponibilidade de micronutrientes, como o B (Abreu et ai., 2007), e de
fitotoxidez de Cd, Cr, Ni e Pb (Abreu Junior, 1999; Abreu et ai., 2002).
Houba et ai. (1990) apresentaram as seguintes vantagens na utilização do extrator
CaCl 2 : i) a concentração da solução é próxima à da solução do solo; ii) sendo o Ca o
cátion predominante do complexo de troca, uma solução relativamente diluída em Ca
facilitaria a troca dos demais cátions; iii) é possível determinar diferentes frações do N,
incluindo o N orgânico solúvel, além dos p rincipais cátions; iv) facilidade na automação
da determinação de diferentes propriedades do solo com um único extrator; v) a extração
é adequada para a determinação de micronutrientes e de metais pesados, especialmente
em estudos de poluição ambiental; vi) é possível medir relevantes relações entre nutrientes;
vii) a análise química é acurada e reprodutível; viii) alta economia na quantidade de
reagentes químicos usados nas análises em comparação com os métodos convencionais,
o que também contribui para reduzir a poluição ambiental. Além de análises
multielementares, o extrato tem também sido empregado para determinação de compostos
orgânicos tóxicos em solos, como fenóis (Houba et ai., 2000).
Sippola (1994) propôs o uso de uma sol ução de acetato de amônio-EDTA
dissódico (AA-EDTA.Na 2), pH 4,65, como extrator multielementar, com base elll
trabalhos desenvolvidos pelo Centro de Pesquisa Agrícola da Finlândia. O extrator
apresentou bons resultados para a avaliação de P, Ca, Mg, K, Cd, Co, Cr, Cu, Fe, t\ln,
Mo, Ni, Pb e Zn em solos alcalinos. Conforme o autor, 0 extrator parece ser adequado
tanto para a recomendação de adubação, quanto para O monitoramen to da qunlidade
do solo.
O extrator DTPA tem sido satisfatoriamente empregado cm solos tropicai • p,1rJ •1
extração de Cu, Fe, Mn e Zn do solo, notada mente em solos áci dos do Estado k Sl,i
Pélulo (Muraoka cl a i., 1983n,b; Batnglia & Raij, 1989; Abreu e t ai., 1996, 2002; R,1ij et ,,1 •
2001 ), onde é mC!todo oficial, embora tenha s ido originalmenlt' l'Slabelecido p,u,1 ·l.lh,s
illcalinos (Lindsay & Norvell, '1978). O único inconwnienh.' de sua utiliz,1çJo i:-olJd., '-' ;i
não possibilidade de l'Xlrilção s imultânea dos macronutricntes. o DTPA t.lmb~m tl•nl
sido utilizado para a extração de elementos tóxicos, tais como Cd, Cr, Ni e Pb (Street et ai.,
19n; Abreu et ai., 1995, 2002), inclusive na rotina parn análise de solos tratados com
resíduos no Estado de Siio Paulo (Raij ct ai., 2001). A solução de DTPA, pH 7,3, apresenta
constantes de cquillbrio para formação de complexos que dão suporte teórico à sua
potencialidade cm extrair Cd, Ni e Pb do solo, embora outros agentes quelantes, tais
como EDTA, EGTA e 1-IEDTA, também apresentem constantes de equilíbrio químicos
adcquad.is para a cxtrnção des tes elementos (Sommers & Lindsay, 1979).
Muraoka cl ai. (1983a,b) estudaram a eficiência de extratores ácidos (H;3O4 0,05 mol L·1;
HCI 0,1 mol L"'; ácido cítrico 0,05 mol L·' e 0,5 mol L·'; com diferentes tempos de agitação)
salinos (MgCl 2 0,05 mol L·1; CaCl 2 0,05 mol L·'; CoSO,1 0,5 mol L"1; acetato de ílmônio 0,5
1
mol L· ; acetato de cálcio 0,5 mol L·1 e KNO1 J mol L"1), agentes quelantes (EDTA 0,005 mal
1
L· e DTPA, com difercntesconccntrnções de CaCl 2, tempos de agitação e modificações no
pH das soluções) e água na avaliação da disponibilidade de Mn e Zn para a cultura do
feijão, em solos do Estado de São Paulo. Para n avaliação da disponibilidade de Mn, a
solução de CaCI~ 0,5mol L·1 foi a que mais se destacou e o DTPA não apresentou resultados
satisfatórios, em virtude de ter superestimado o teor de Mn, principalmente, em Latossolo
Vermelho distroférrico e Nitossolo Vermelho distroférrico. O DTPA modificado, pH 6,5,
e o EDTA com CaCl2, também com pH 6,5, ambos com 60 min de agitação, foram os
melhores para a avaliação da disponibilidade de Zn. Os demais extratores, na sua maioria,
praticamente não discriminaram o comportamento do Mn e Zn conforme a reação do
solo.
Bataglia & Raij (1989) compararam a eficiência de extração de Cu, Fe, Mn e Zn com os
extratores DTPA, Mehlich-1, HCI 0,1 mol L·1 e EDTA 0,1 mol L· 1, em 26 solos de SP, e
observaram que os extratores ácidos extraíram mais Zn e menos Cu, Fe e Mn do que os
complexantes. O EDTA leve comportamento diferenciado dos demais extratores, extraindo
maior quantidade de Cu, Fe e Mn. Embora os extrntores DTPA, Mehlich e HCI tenham
extraído teores médios próximos e todos os extratores tenham sido igunlmentc eficientes,
notadamente na avaliação do Zn, Bataglin & Raij (1989) indicaram o HCI e o DTPA como
os mais adequados; o primeiro pela simplicidade e o segundo pela capacidade de
discriminação dos elementos em relação à acidez cio solo. Abreu & Raij (1996) também
constataram a capacidade do DTPA em discriminar a disponibilidade do Zn conforme a
reação do solo. Todavia, o teor de Zn obtido pelo DTPA foi menor do que aquele
proporcionado pelo Mehlich-1. Com relnçilo ao Cu, foi reportado por Abreu et al. (1996)
que o extrator Mehl ich-3 n presentou maior extração deste micronutriente (de 0,9 a 36,8 mg dm•J
1
antes da calagem e de 0,7 n 44,2 mg dm' depois da calagem), o DTPA apresentou teores
medianos (0,4 a 29,9 mg dnf3 antes da calngem e de 0,3 a 29,5 mg dm·3 depois da calagem)
e o Mehlich-1 teores bem inferiores (0,3 a 1O, 1 mg dm"3 antes dn calagem e de 0,2 a 5,5 rng
dm·3 depois da cnlagem). Deve-se salientar, porém, que a capncidade de extração não
significa a eficácia em predizer a disponibilidade ele um nutriente.
Bingham et ai. (1975), aplicaram lodo de esgoto enriquecido com doses de O a
640 mg kg·1 de CdSO.1 ao solo e observaram correlnção positiva allamente significativn
entre o teor de Cd no solo extraído com DTPA e as doses aplicadas. Silveira & Sommers
(1977) observaram que enquanto a proporção de Cu, Zn e Cd extraído com DTPA,
aumentava com o tempo de incubação, o teor de Pb permanecia constante. De ncordo com
Maclean & Dekker (1976), o DTPA não apresentou boa extração de Pb em amostra de solo
com resíduo ácido de descarte de mineração {pH entre 2,5 a 3,3), possivelmente por
causa da imobilização na forma de PbFeiS0.1MOH)12·
Em um experimento de casa de vegetação com lodo de esgoto marcado com CdSO
·1'
Street et al. (1977) encontraram correlação significativa entre o teor de Cd no solo,
extraído com DTPA, e a concentração deste elemento em plântulas de milho (r = 0,96).
O DTPA também foi o mais eficiente para a predição de Cu para a cultura de cevada
(Singh et al., 1986). Lee & Zheng (1994) compararam a eficiência dos extratores: HCI
0,1 mol L-1; CaC1 2 0,01 mol L-1; DTPA-pH 7,3 e DTPA-pH 5,3 com uma membrana de
resina quelante de metais na avaliação da disponibilidade de Cd, Cu e Pb de solos
contaminados para plântulas de trigo. Eles observaram que as correlações entre absorção
e extração de Cd, Cu e Pb foram significativas a 1 % para todos os extratores, exceto
para o Pb extraído com CaC1 2 • O melhor extrator para a avaliação de Cd foi o CaC1 2 (r =
0,93), de Cu foi a resina quelante (r = 0,82) e para o Pb foi o DTPA-pH 5,3 (r = 0,99) e
DTPA-pH 7,3 (r = 0,98).
Em estudo sobre a eficiência dos extratores Mehlich-1, Mehlich-3 e DTPA na avaliação
da disponibilidade de metais em solos representativos do Estado de São Paulo, Abreu et
ai. (1995) observaram que o extrator Mehlich-3 extraiu quantidades bem superiores de
Cd, Cr, Ni e Zn. O DTPA não foi capaz de discriminar a disponibilidade destes metais em
relação à reação do solo, diferindo, nesse caso, do comportamento que normalmente tem
sido observado com os micronutrientes. Os extratores foram ineficientes para avaliar a
disponibilidade de Cd, Cr, Ni e Pb para plantas de trigo e de Pb e Cd para plantas de
feijão. Tal fato deveu-se aos baixos teores destes elementos no solo.
Problemas analíticos, decorrentes de limite de detecção alto e de interferências
durante a quantificaç~o, são comuns em análises de amostras de solo com teores mais
baixos do elemento, na faixa qe maior interesse agronômico, em virtude da baixa
concentração çjo elementp no extrato (geralrnen~e $ 1,0 mg L·1). Nesta situação, os
resultados acapªm sendo muito variáveis e teores baixos não são diferenciados entre si.
Por exemplo, a faixa de teores na qual ocorre deficiência de B, bastante baixa, evidencia
que é importante a determinação exata do nutriente para diagnosticar situações de baixa
disponibilidade de B no solo (Raij et al., 2001). No caso de elementos tóxicos, as plantas
geralmente apresentam concentrações abaixo daquelas que são fitotóxicas, porém em
faixas que poderão ser tóxicas aos homens e aos animais. Desta forma, a técnica de
análise de elementos tóxicos em amostras de solo deverá diagnosticar teores no solo que
estão abaixo do teor fitotóxico (Mclaughlin et ai., 2000; Abreu et al., 2002). O emprego de
técnicas analíticas de maior sensibilidade, como o ICP-MS, poderá contribuir para c1
obtenção de dados confiáveis para elementos em baixas concentrações no solo.
Verifica-se importante limitação na maioria dos estudos de extratores multielementos
do solo, principalmente aqueles com Mehlich-3, DTPA e AB-DTPA. Nesses estudos.
geraJmente, são feitas regressões considerando uma faixa ele teores muito ,rn,pla,
incluindo va lores muito acima dos de interesse nas análises de solo, 0 que, obvian\C'ntt'.'.
resulta em coeficientes de correlação altos (Raij, 1994).
Abreu el ai. (2002) indicarnm que a análise quimka ele solos deve otijeliv.u lr~=-
vertentes: i) aumento da demanda de análise ele elementos cm b,,ix,,s C(ll\Cl.'ntr.,çõl'S 111
solo; ii) maior necessidade de minimizar o efeito da contaminação das amostras, desde sua
coleta, passando pelo preparo, até fim da análise, objetivando diminuir o limHe de detecção
(e resultados mais confiáveis); iii) aumento do interesse por c1nálises de especiação dos
elementos tóxicos, considerando sua imporlf\ncia para diagnosticar a biodisponibilidade
e a toxidez. Quanto à análise de solo para avnliação da disponibilidade de micronutrientes,
considerando que ela ainda tenha um uso bastante restrito (Abreu et ai., 2007), o grande
desafio é difundir esta importante ferramenta de diagnóstico da fertilidade do solo para os
agricultores e torná-la rotina, parn melhor uso de insumos e sustentabilidade da atividade
agrícola moderna, preservando a qualidade do solo agrícola.
MÉTODOS ISOTÓPICOS
Princípios da Técnica
O emprego de técnicas isotópicas para estudos de fertilidade do solo e nutrição de
plantas tem demonstrado, hã várias décadas, sua importância pela possibilidade de
diferenciar a origem do nutriente absorvido pelas plantas e sua dependência cm relação
a outros nutrientes, além de ser importante ferramenta para o entendimento dos processos
de absorção e translocação dos nutrientes (Figura 5) (Neptune & Muraoka, 1978; Vose,
1980; Muraoka, 1991 ). O mais rigoroso método para avaliar a biodisponibilidade de íons
metálicos no solo é a medida direta da porção lábil usando a técnica de diluição isotópica
com traçadores radioativos (Smolders et ai., 1999; Stanhope et ai., 2000; Almas & Singh,
2001; Alvarez V. et al., 2002, 2006a,b). A partir da década de 80, com o avanço da técnica
de ICP-MS, tem havido crescente desenvolvimento de estudos com isótopos estáveis.
A grande vantagem da técnica isotópica é a obtenção de informações sobre a origem
e destino do elemento em estudo no sistema solo-planta, que não poderiam ser obtidas
por métodos convencionais, como, por exemplo, métodos químicos de extração ou o
método da diferença entre tratamentos com ou sem aplicação do elemento de interesse.
Destaca-se, contudo, que a maior vantagem desse método, em relação ao método da
diferença ou de adição de sais solúveis, é que a razão isotópica do elemento pode ser
alterada no solo sem que ocorra aumenlo significativo da concentração original no
sistema solo-planta em estudo, causando o mínimo de distúrbios. Isto é de grande
importância em estudos sobre a íitodispotúbilidadc de elementos potencialmente tóxicos
naturalmente em concentrações muito baixas no solo, cujo aumento da concentração no
solo, por menor que seja, pode promover alterações nos processos fisiológicos de absorção,
de transporte e de assimilação de nutrientes, assim como na fotossíntese, na transpiração
e no desenvolvimento da planta (Figura 6).
Desta forma, pode-se realizar a marcação de um elemento M, considerado tóxico,
numa fonte de interesse, com seu radioisótopo (ou isótopo estável), correspondente 1,1M,
sendo a determinação da razão entre a quantidade do aplicado e do transferido para a
planta (eficiência de acúmulo) direta, ou seja, obtida por cálculo direto de diluição
isotópica (Equação 7).
Figura 6. J\utoradiografia que mostra pontus enegrecidos nas folhas de pl,mta jovl!lll tk dtr" 5
que recebernm adubo foliar que continha •· Zn radioativo (.1). Os pontos ~11l'~rl!ciclos nJ,i
apareceram nas folhas du ramo novo, que cresrcu ,\pós a aplic.1ç,\o du Jciul'l' (l>),
(•vidcnciando a ausêncic1 de lrnnslornç:ln cio z.i1wo pMa o ramo novo.
Fonte: f.olu Ji , punib1li1ada por Antonio f-111,,H Uu.H.:>tto , C EN i\/ US I'
'¼.Mr/ =( AEp)
AEf
x 100 (7)
%M F
rr
=( 1 - AEp (trat. F) ) x 100
AEp (sem F)
(8)
Valor E
O valor E, de exclm11geable em inglês, é a medida da quanticl.:ide de um elemento
químico na superfície dos colóides e na solução do solo que é trocável com O ion
quimicamente idêntico l•IM, adicionada à solução do solo. Nota-se que a determinação
do valor E, pela adição de íon quimicamente idêntico, somente é possível com o uso de
isótopo estável ou radioativo.
x M(supcrffcic ) M (supcrfkic )
x M(soluç3o )
= M(solução )
(10)
x M(supl!Tficic) . M(soluç3o) _ •
Valor E= x , para soluçao "hvre de carregador" (11)
M(solução)
x M(supcrflcic) • M(solução)
Valor E = - - - - - - - - - X, para solução "com carregador" (12)
x M(solução)
A grande vantagem deste método, em relação aos métodos com extratores químicos,
é a utilização do próprio elemento em estudo, sem a introdução de soluções salinas,
complexantes ou ácidas (Muraoka, 1991). Todavia, em virtude das dificuldades e
cuidados inerentes ao uso de radioisótopos ou do custo de um espectrômetro de massas
(ex., ICP-MS) para detecção de isótopos estáveis, além do custo do próprio isótopo, não
há perspectivas de uso em rotina deste método.
Valor L
O valor L de "lábil" (Larsen, 1952; Fardeau et ai., 1996), de natureza físico-qu imil•o-
biológica, é a quantidade do elemento M disponível que é isotopicamente troc,\vd com o
fon_ qu!~icarnente l~êntico adicionado ao solo e determinado pda rdaç,"\o d~
rad10allv1dade específ1ca na planta e na solução com M, ou St!ja, do fertiliz,mte 111J r..:,1do
com o isó topo 1•1M adicionado ao solo.
Esse método, que nilo allern o equilíbrio químico dos elementos do solo, ~ b:tse.:nlo
no princípio d e que as plantas, ,1tuJ11do como extrator (cJrarterfstic.i fisioh'i!~icJ),
(14)
' M,Xr
ou Valor L= - - - X (15)
'Mr
Valor L = • M, (Xr-Z) - X (1 6)
' Mr
Valor A
A disponibilidade de um nutriente no solo pode ser medida quantitativamente, em
termos de fertilizante-padrão, supondo-se que uma pi.mia, quando cultivada com duas
fontes de um nutriente, absorverá este nulriente em proporção direta à quantidade
disponível do elemento em cada umn das fontes. Esta disponibilidade do nutriente
equivale ao valor A, cuja quantificação~ foila pela equação 17 ou pela equação 18, após
cálculo da percentagem de M na planta proveniente do fertilizanle (Equação 19) (Fried &
Dean, 1952; Muraoka, 1991).
(1 - Y}
ValorA = B - - (17)
y
%M s
Valor A - -
""- .dose do fertilizante - padrão (18)
%MP/
Outras Aplicações
Dentre os diversos tópicos da ciência do solo, nos quais as técnicas isotópicas são
excelentes ferramentas de trabalho, além de estudos de disponibilidade de elementos
no solo, podem-se destacar (adaptado de Muraoka, 1991): determinação da eficiência
de utilização de fertilizantes; determinação do efeito residual de fertilizantes;
movimentos dos nutrientes no solo; fixação biológica do N 2 atmosférico; estudos da
matéria orgânica do solo; estudos de decomposição (e de mineralização) de resíduos
orgânicos; estudos do sistema radicular; estudos de cinética de absorção de elementos
da solução do solo pela raiz; estudos de cinética e de dinâmica de adsorção de elementos
no solo, etc.
Conforme relatado por Giné (1998), em urna das primeiras publicações em português
sobre espectrometria com plasma, o primeiro fotômetro de chama para emissão atômica,
usando chama de combustão e detecção com tubo fotomultiplicador, foi desenvolvido
na década de 30. Posteriormente, em 1955, Walsh, Alkernade e Milatz propuseram um
método baseado na propriedade de absorção da radiação pelos átomos produzidos em
uma chama, usando corno fonte de radiação e tubos de descarga de cátodo oco,
desenvolvidos em 1926 para estudos de estruturas hiperfinas, surgindo a espectrometri,1
de absorção atômica (AAS, do inglês atomic absorption spectrometnJ). Posteriormente, em
1959, foi desenvolvido um forno de grafite com aquecimento eletrotérmico, como
reservatório de átomos para absorção atômica, ou seja, a espectrometria de absorção
atômica com forno de grafite (GFAAS, do inglês grapliite Jurnace atomic ab:-ory1tioll
spectrometry). A especlTometria de emissão atômica renasceu a partir de 196-1, corn °
estudo de Grecnficld D. Fassel e a proposta do uso do plasma como fonte de excit1,çJo
(Giné, ] 998; Agilcnt, 2005).
ciclos por segundo. A importância do plasma para a técnica de JCP-MS reside no fato de
ele ter uma energia disponível de aproximadamente 15,7 eV, sendo esta energia suficiente
para produzir íons positivos monocarregados para a maioria dos elementos químicos
(Giné, 1999).
(a)
PblO0 mg L·'
-...
C /)
Q)
Q)
a. 10
10
E
..e.
Q)
i:Q) 10
l::
ou
o 10
õ
t.I.,
10
2500
figura 7. Espectro de emissão atômica obtido por ICP-OES para uma solução com 100 mg L·1 de
Pb (a) e espectro de massa por ICP-MS para uma solução com 10 mg (_·1 Jl' Pb (b).
Fonte; Adaptada de Gim! (1998) ~ Agilcnt (2005).
Figura 8. Plasmas típicos cm espectrome tria de cmiss3o óptica com plasma acoplado
indutivamente (ICP-OES), com tocha montada ,•crticalmentc (a) e cm espectrometria de
massas com plasma acoplado indutivamente (ICP-MS), com a tocha montada
horizontalmente (b).
Entrada tangencial de
argônio para manutenção
do plasma (15 L min·') e
isolamento térmico
/i
l
Gás auxiliar
Aerosol da amostra
Tesla
Figura 10. Modo dual pílra ICP-OES: plasma de visão radial com fenda vertical p.:ira raJiJ ão
emitida (a) e plasma de visão ílxial com fenda circular para rildiaçào emiliJ,, (b).
Fonte: Do~s & Frccden (1997); Perkin Elmcr (2003) .
(b) tltt.J
~~
n!lmJ===7:--I
Plasma
lnterfocl.'
óptica
G!sde
corte Espectrõmctro
Figura 11. Exem~lo do uso ~e flu xo de ar para "corte" da pluma de menor temperatura (a), para
redução de 10terferênc1a por auto absorção em ICP-OES com plasma radial (b e e).
Fonte: Adaptadól de Boss &. Frecden (1997); PerklnElmcr (2003).
A B e
,.
I Õ' o o
1 O' o o
\
a ✓' 8 8
'
D
J E
Figura 12. Secção transversal de uma tocha de quartzo e da bobina de indução, mostrando uma
seqüência de ignição: (A) o argônio é circulado através da tocha; (B) a potência é aplicada
pela fonte de radiofreqüência à bobina de carga; (C) uma faísca produz alguns elétrons
livres no argônio; (D) os elétrons livres são ace lerados por campos magnéticos,
ocasionando ionização e posterior formação do plasma; (E) o fluxo do nebulizador
conduzindo o aerossol da amostra faz um buraco no plasma.
Óptic
secund
Fendn Detector
prim6rin ~ ultiplicadores Eletrônicos
móvel de medida
Computador
Sistema dedicado
Fonte de [CP eletrônico
.--------4---IControlador eletrõnic
do instrumento
Introduçlo da nmostru
Condicionador
Figura 14. Esquemas das partes de um equipamento de ICP-OES simultâneo, com sistema
de introdução de amostras, sistema ICP ligado ao gerador de radiofreqüência, sistema
de gas es, sistema óptico de detecção , do tipo Paschen-Rounge, e sistema
computacional, com programa para controle operacional do equipamento e dos dados
gerados.
Fonte: Adaptada de Skoog el ai. (2006).
De acordo com Giné (1998), a técnica vem sendo utilizada no Brasil desde 1976,
quando foram instalados os primeiros equipamentos comerciais. A técnica foi muito
bem-sucedida graças à capacidade de análises multielementares em diversos tipos
de amostras, o que garantiu sua utilização em laboratórios de analítica química
Introdução de Amostra
Em ICP-OES, a introdução da amostras é umas das etapas mais críticas e,
como na espectrometria de absorção atômica, a forma mais comum é a introdução
de amostras líquidas. A amostrn é aspirada para um nebulizador, onde há
formação de aerossol que é então transportado para o plasma. Há vários sistemas
de nebulização instalados em câmaras de nebulização de diferentes geometrias,
sendo a formação do aerossol, a seleção de uma porção homogênea de gotas e a
condução para o plasma de extrema importància para a obtenção de bons
resultados. Dentre as propriedades do aerossol, destacam-se pela imprtância: o
tamanho e a dis tribuição dns gotículas, as quantidades de amostra e solvente
transferidas para o plasma e as flutuações do sistema de nebulização. A qualidade
do aerossol produzido depende do nebulizador, enquanto a seleção da parte do
aerossol transferido para o plasma depende da câmara de nebulização (Giné,
1998).
As propriedades da solução da amostra, tais como: viscosidade e
concentrações de ácidos, de sais e de sólidos, alteram sensivelmente o desempenho
da nebulização e devem ser consideradas na escolha do nebulizador, conforme a
aplicação. Um dos principais fatores que pode ser alterado é a eficiência de
transporte de amostras, variável dada pela razão entre a quantidade de amostra
que chega ao plasma e a quantidade de amostra que foi aspirada (Giné, 1998;
Andrade & Abreu, 2001.).
~ Amostra
Saída do gás
de arraste
Ranhura em "V"
Figura 15. _Nebulizadores _rneu~1álicos par~ ICP: conc<'.!ntricos (Meinhard) (a), fluxo cruz;:ido
(b), m1crofluxo (e), M1croM1st (d), [l.ibrngton (e) e V-Groovc (f).
ICP
+- R.adioíreqilcnd.i
Su perfície
de impacto
A rgônio
/
Soluç3o
de amostra
Dreno
P.ira n tocl,:i
---~ J~ Omcradc
o )')
1
(A) \
Dreno
-==:s=:-;::::!::::::::::::::~~
Amostra
(C) Dreno
FigW'a 17. Cámara de nebulização para !CP. CJmara de duplo passo de Scott (A), cônica de
passo único com ek?mento de impacto (B) e detalhe da formac;~o do aerossol e drenagem
da fase líquida não aspirado para o plasma (C).
Fonte: Gné (1998); Andrade & Abreu (2001).
Espectrômetros Ópticos
Para avaliar o espectro emitido no plasma pela amostra, é necessário um
espectrômetro óptico ou de emissão atômica. Um espectrômetro eficiente deve permitir a
medição de ampla região espectral (160 a 800 nm), com um máximo de sensibilid:1de e
resolução. O sistema óptico, para atender a estes requisitos, de acordo com Gine ( l 9l18),
deverá ler uma fenda de entrada que selecione uma banda fina d!! radiação óptic,1 (com
as mes mas dimensões dil fenda) e que es teja alinhada para foc.1lizar a região do plasma
onde os e le mentos de interesse ilprest!ntem a mnxima raião entre intensidade da emissão
e intensid.ide de fund o. Deve conter um colima<lor, para produzir um feixe pa ralelo que
illinja o elemento dispers ivo, geralmente uma gr.1dc de difração, e, em certas montagens,
também de prismas. Pílr,1 sep,1 r,ir as linhas es peclrnis, há elementos foca lizadores e uma
ou mais ícndas de s alda.
O cs peclrômetro é forn1ilJo por um conjunto de lentes, espelhos, rede de difração e
detectores (vj)vulas fotomultiplicaJor.1s) e pode ser do tipo monocromador ou
policrom.1dor, cuja íunçiio é sclccionur a linha espectral do elemento de interesse com o
mínimo de intcrforêncin. Pode opernr cm pressão atmosférica, sob vácuo ou, então, purgado
numa almosíer.1 inerte N~, parn evitar a absorção da radiação UV pelos componentes do ar
(02, CO.J. Os cspectTômetos apresentam redes de difração, geralmente, com 1.500 ranhuras
por milímetro, outros com 2.400, ou até 3.600 ranhuras por milímetro para a região do UV.
Equipamentos mais modernos podem ser equipados com redes de difração holográficas,
de alta qualidade, com até 6.000 ranhur.:is por milímetro, bem menos sujeitas às
interferências espectrais, huja vista que habilidade de uma rede de difração em separar
linhas espectrais adjacentes (resolução) é diretamente proporcional ao número de ranhuras
ou fendas (Figura 18). Os detectores são responsáveis pela quantificação dos elementos
por meio da conversão dos sinais ópticos em sinais e létricos proporcionais aos teores dos
elementos na amostra (Giné. 1998; Andrade & Abreu, 2001; Skoog ct ai., 2006).
(a) (b) Mg
Mg
202,58nm 202,58nm
Zn
202,55 nrn
Zn
202,55 nm
0,27 nm
.
F1gura C " . d s ·inal 1•erudo ele um monocromador convencional (a), evidenciando
18. omparaç.. o O • ri . • d h li d
. ,. d . ·nais <lo zinco e do n,agn~s,o, c um monocroma or Ec e e, e melhor
a so b rcpos1ç..o os s1 · . . .
_ s1
reso uçilo,
1 .•1u,ilç~o
u 110 qual não há sobrcpos11;ão de sinais (b).
---
XXI - Métodos Analíticos Utilizados em Química do Solo 1273
-----------
--- E.<pclhos
cõncavo•
---------------
Ambiente com
Tubo folomu.llipllc,ulor Fc:nda de !klld,t íluxu t.11! argônio
ou nilrog,~ruo
(b)
Rede
Fotomul li pi icadorcs
Janela de saída ~
Figura 19. Esquema dl! espectrõmctro seqüencial com monocromador tipo Czcrny-Turncr (a)
e do tipo Paschen-Roungc (b).
fontr: Adaptadil de Gin~ (1998.); i\nJrad~ & Allrl'U (2001).
Tubos Processamento
fotomultiplicadores
dos dados
Feixa primário
Lente
Grade de difração
holográfica
Policromador •
•
tl------
1
1
1
t--
1
lCP •
Figura 21. Equipamento de ICP-OES com combinação de espectrómetro simultâneo (no eixo
axial) e espectrómetro sequencial (no eixo radial).
Fonte: Giné (1998).
ln terferências
Comparada com outras técnicas de emissão ou absorção atômica, a técnica de
análise química por ICP-OES é normalmente considerada como livre de interferências,
todavia, elas ocorre m e devem ter seus efeitos minimizados ou corrigidos. As
interferências em ICP-OES podem ser espectrais ou não-espectrais (Andrade & Abreu,
2001).
De acordo com Andrade & Abreu (2001), as interferências espectrais são um dos
principais problemas em ICP-OES e podem ser causadas por:
i) luz espúria - toda e qualquer radiação detectada que não é emitida pelas espécies
químicas na zona de excitação do plasma. É conseqüência de espalhamentos e reflexões
de radiação no sistema óptico. Mais recentemente, o uso de grades holográficas e de
pintura interna do espectrômetro com tinta não-reflexiva tem reduzido este tipo de
interferência;
ii) sobreposição espectral - pode ser direta, quando as linhas espectrais são coincidentes
ou quando as bandas se sobrepõem, ou parcial, quando as sobreposições ocorrem
parcialmente, ou contínua ou de fundo, quando a intensidade da emissão de fundo
tem relação direta com a concentração de um interferente (Figura 18);
iii) baixa resolução do sistema óptico - quando a diferenciação entre linhas espectrais
não é adequada. Isto não deve ocorrer, e tampouco ser admitido em instrumentos
comerciais de ICP-OES, visto que a técnica exige sistema óptico com boa resolução
para análise multielementar.
As interferências não-espectrais são conseqüências de (Andrade & Abreu, 2001):
i) efeitos de matriz - problema intrínseco das propriedades da solução; ii) fenômenos de
transporte- efeitos associados ao processo de nebulização, transferência, dessolvatação,
volatilização, atomização e ionização da amostra, estão relacionados com a qualidade e
eficiência do sistema de introdução de amostra; iíi) interações químicas - provenientes
de reações ocorridas na zona de excitação do plasma.
Como conseqüência das interações, a quantificação dos elementos de interesse pode
ser interferida de modo aditivo ou multiplicativo. A interferência aditiva ou translacional
é causada pelo aumento da intensidade de radiação de fundo ou da sobreposição de
linhas de espectro, situação em que o coeficiente linear da curva de calibração é alterado,
mas o coeficiente angular não muda. A interferência multiplicativa ou rotacional é
conseqüência do tipo de matriz, neste caso, o coeficiente linear da curva não é alterado,
mas o coeficiente angular, ou seja, a sensibilidade muda.
A interferência aditiva pode ser controlada quando houver possibilidade de se
escolher outra linha espectral para o elemento interferido. Quando isto não for possível,
a interferência pode ser minimizada por meio de modelo matemático, com uso de
computador. Para minimizar o efeito multiplicativo, devem-se buscar alterações nas
condições de nebulização da amostra e do plasma, similaridade de matrizes entre a
curva de calibração e as amostras, ou, então, empregar o método de adição-padrão ,\s
amostras (Andrade & Abre u, 2001).
Gerador de ~
~:;.;;;: ,. ~ IJ , si~
~ r' _JJ.- - =
\ Plasma
Sistema de lentes
com eixo deslocado Quadrupolo hiperbólico
Sistema de introdução de ("Off.axis") de alt.1 frequência
amostras de baixo fluxo
Figura 24. Esquemas das partes de um equipamento de ICP-MS, com sistema de introdução de
amostras, sistema ICP ligado a o gerador de radiofrequência, s istema de controle de gases,
espectrõmetro de massas (quadrupolo), s istema de detecção e zona de interface (cones de
amostragem e de separação) com sistema de lentes iônicas, sem cela de reação (A) e com
cela de reação e colisão (B).
Fonte: Adaptada de Agilent (2005).
Qu.adro 1. ComparaçJo <las vantai:;ens {' desvantagens do ICP-MS com ICP-OES e com a
cspcctromclri.1 Je .:ibsorçJo atômica com forno de grafite (GFAA), ou com geraçilo de
hidrcto (AA com gcr.idor de hidrcto) e ou com vapor frio (CVAA)
ICP-1', IS Maioria dos ng L·l (ppt) Análise r,1pida, sensível, Sensível aos sólidos
metais e não- multiclementar, faixa totais dissolvidos
metais analltka ampla e bom (STS) > 2 g L•l e à
controle de interferências interferência isobárica
JCP-OES M.iioria dos Intermediário Análise rápid.i, ln tcrferências
melais e não- cntrc 11g L•l multiclcmentar e complexas e
metais (ppb) a tolerante à sólidos totais sensibilidade
mg L·l (ppm) dissolvidos (STS) > 2 g L•l relativamente baixa
G FAA Maioria dos ng L·1(ppt) Sensível e poucas Um único elemento e
metais interferências faix.i an.ilitica
(norm.ilmente,
limitada
As, Cd, Co, Cu,
Ni, Pbc Sc)
AA-hidreto Elementos ng L•l (ppt) a Sensível e poucas Um único elemento,
formadores de 11g L•l (ppb) interforõncias lenta e complc;,m
hidreto
(As, Bi, Pb, Sb,
Se, Te e TI)
CVAA Hg ng L•I {ppl) Scnslvel, simples e poucas Um único elemento e
inlerforências lenta
Fonte: Ad.:ipt.ido dt' At;ill'J1I (2005}.
De acordo com Giné (1999), considera-se que a técnica de ICP MS seja universal
porque serve para ,malisar misturas de substâncias sólidas, líquidas e gasosas e também
consegue detectar e separar ns espécies na presença de n1.1trizes complexas. Os espectros
gerados durante as análises são obtidos de forma rápida, facilitando sua aplicação no
controle de processos em tempo real.
Em análises inorgânicas, sua capacidade de detecção de isótopos permite determinar
a composição elementar e isotópica. A determinação de composição isotópica constitui-
se em ferramenta de pesquisn nas seguintes áreas: clinica, geoquímica, geocronológica,
paleoambiental, hidrológica, agronômica, ambiental e de alimentos. A espectrometria de
Introdução da Amostra
O sistema de introdução de amostras é um dos componentes mais importantes de
um equipamento de ICP-MS, pois um sistema bem projetado terá menor necessidade de
manutenção de rotina e maior desempenho analítico. Após a introdução da amostra,
no plasma, ocorrem os processos de dessolvatação, vaporização, dissociação e
atomização/ionização (Figura 13). Os átomos íonizados dos elementos químicos
contidos na solução são amostrados na zona de interface (Figura 25), e, em gradiente
de vácuo (pressão decrescente), são selecionados um a um, de acordo com a razão
massa/ carga (m/ z), pelo espectrómetro de massas, no caso, em ICP-MS, um quadrupolo;
detectados em detector do tipo modo dual (Figuras 76 e 24), e, então, quantificados por
meio da relação entre a contagem dos analitos de interesse e padrões com concentrnções
conhecidas.
Figu~a 25. Regi.lo d,"1 i~~erfoce de ICP-tvlS: corte transversal da região do plasma, da zona de
mtcrfocc e da rcg1ao de \'.1cuo (a), com detalhes do cone d e ,1mostragem (b) e do cone
separação (e).
Na maioria dos casos, a introdução das amostras cm uma fonte de plasma do ICP-
MS é feita na forma de aerossol líquido ou vapor, produzido pela passagem de uma
amostra líquida através de um nebulizador pneumático (Agilent, 2005). As amostras na
forma líquida, cm geral, facilitam o processo de homogeneização e aplicação de
procedimentos de quantificação com soluções-padrão, ou com o método das adições de
padrão, ou com diluição isotópica. Todavia, sistemas de amostragem em sólidos, seja
por processo de dissolução, seja pela ação de uma radiação laser ou centelha em
dispositivos apropriados, permitem a introdução da .imostra no plasma (Giné, 1999;
Agilent, 2005).
O principal propósito do sistema de introdução de amostra é converter a amostra
lfquida em aerossol e transportar eficientemente as pequenas gotículas para o centro do
plasma, eliminado gotículas maiores, pois estas não são completamente decompostas pelo
plasma. A análise de matrizes complexas, como ,1s de interesse na ciência de solo, requer
prclerencialmente condições de plasma de temperatura mais alta. Um sistema de introdução
de amostras eficiente deverá manter estável o plasma em alta temperatura (Agilent, 2005},
o que pode ser obtido reduzindo-se o volume de amostra introduzido no plasma.
Geralmente, os sistemas de introdução de amostra são constituídos de um
nebulizador e de uma câmara de nebulização, com uma tampa de encaixe entre eles.
Algumas câmaras apresentam dupla parede refrigerada, onde as gotículas maiores da
amostra são condensadas. Um volume grande (>95 %) da amostra é descartado e as
gotículas menores, formando uma nuvem mais homogênea do aerossol, são transportadas
para a tocha. Para a maioria das aplicações de ICP-MS em rotina são usados
nebulizadores pneumáticos (Jarvis et ai., 1995; Agilent, 2005). Em alguns casos, esses
nebulizadores são acoplados a um sistema de dessolvatação, onde a amostra perde o
solvente e é transportada pelo gás de arraste (Giné, 1999).
Interferências
Interferência Isobárica Elementar
São intcrferéncias causadas por isótopos de diferentes elementos que formam ions
atómicos com a mesma razão m/ z nominal do analito de interesse, por exemplo, 111 Cd e
1
HSn. A maioria dos lCP-MS apresenta um banco de dudos para correção deste tipo de
interfcrênciil. Isto envolve a determinação do sinal de um isótopo do elemento interferente
c a subtração do sinal que sobrepõe ao sinal do isótopo do analito de interesse.
Abundância cm Sensibilidade
Abundância em sensibilidade ~ a capacidade que o quadrupolo tem de separar um
pico de baixa intensidade de um pico adjacente de alta intensidade. Equipamentos lCP-
MS menos sensíveis fornecem uma resolução a 10 % da altura do pico nominalmente de
uma unidade de massa; assim, sinais iônicos muito altos em massas adjacentes a ele um
analito de interesse podem também contribuir para o sinal da mnssa de interesse.
Este tipo d e interferência não é comum; todavia, quando ela ocorre não é de fácil
correção e a análise de amostras que exibilm interferência significante desse tipo pode
requerer equipamentos de melhor resolução, ou sepuração de matriz, ou a detecção usando
outro isótopo documentado para o elemento, ou, ainda, o uso de outro método de detecção.
Exemplos deste problema são a detecção de Mn {m/z = 55), quando em baixa
concentração, na presença d e Fe (m/ z = 56) em alta concentração (Jarvis et ai., 1995), e a
detecção do 11 B, quando em solução com alta concentração de 12C (Boaretto, 2006).
Interferências isobáricas são aquelas causadas por íons que contêm mais de um
átomo (íons poliatômicos) (ArCi ♦), ou mais de uma carga (Ce2 +), ou por óxidos (MoO+).
Estes interferentes são formados na região do plasma ou da interface plasma/ vácuo
(Figura 25). A maioria das interferências isobáricas que podem influenciar as
determinações por ICP-MS são bem identificadas (Quadro 2). Como exemplos têm-se os
sinais do íon 40Ar35CI"" sobre o do 75As+, elemento monoisotópico; do ·10Ar+ sobre o 80Se+; e
dos íons 92 Mo 1 6O♦, 94 Mo 16O♦, 96Mo 16O+, 97Mo16O+, 98Mo 16O+, 100Mo 16O+ sobre os isótopos de
Cd, de massas 108, 110, 112, 113, 114 e 116, respectivamente. Para cada tipo de matriz,
solo, planta, etc., obrigatoriamente, as interferências potenciais devem ser avaliadas e,
quando não houver possibilidade de se analisar um isótopo alternativo do analito de
interesse, devem ser aplicadas correções para corrigir os sinais sob interferência (Tan &
Horlick, 1986; Vaughan & Horlick, 1986; Creed et al., 1994; Jarvis et al., 1995; McCurdy &
Woods, 2004; Agilent, 2005) .
Equações para correção de interferências isobáricas de íons poliatômicos podem ser
obtidas teoricamente, a partir das abundâncias isotópicas naturais, ou, então,
experimentalmente. As equações de correções devem ser estabelecidas por ocasião de
determinada seqüência analítica, haja vista que as interferências de íons poliatômicos
são altamente dependentes do tipo de matriz das condições instrumentais escolhidas
(Creed et al., 1994).
Assim, por exemplo, no caso da interferência do íon ·10Ar35Cl+ sobre o arsênio (100 %
75
As' ), como a abundância natural do 35Cl (75,77 %) é 3,13 vezes maior do que a
abundância natural do 37Cl (24,23 %) a correção pode ser calculada, aproximadamente,
conforme segue (considerando a contribuição do 38 Ar37 Ci♦ para a m/z de 75 ser um
insignificante 0,06 % do sinal do 40Ar35 CI+):
sinal 75 As = sinal m/z 75 - 3,13 x [sinal m/z 77 - (0,874 x sinal 8~Se)], ou (27)
sinal 75As = sinal m/z 75 - 3,13 x sinal m/z 77 + 2,73 x sinal m/ z 82 (28)
lon mnlrculu
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no· 62""'1 NI. Cu. Zn
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NbO· IO'l Ag
11
' A,; 111lcrfcrênci.ls oAJdicas nonn.ilml'nh! s.,o pouco sign1flCJl1,·as e son11.-nh! .il!~rarj1i os an.1lilos do m~todo, qu.mJo 05
clemen1os g,:r.idon_-s de ôi(ldos cstivl!n:m ,·m conccnlr.l~"Õc!S all;is, ou 1JuanJo .i c-.1hbraçào llc n ~ e, ou, a m.:u,ut..nç.lo dl\
10>-MS forem folias d!! forma inco nclll. r:.m••,_rn~tras de solo, de !õ<.~irncnto _e de rcsldu~s sólidos, cujos digeridos poJcm
potcncu.Jmcntc conlcr ,1 Jtas conccntraç.X-s Jc f1 l' Zr, sugen.~sc que s..,am monilor.11.ios os 1sólopos destes lnt,;-rfcn·nlcs.
Ponte: Adaptado de Creed el ai. (199-1); USEPA (1998).
Interferências da Matriz
Figura 26. lcnl<!~ iônicos do tipo "Omega• (a) e cela d<! rcaç:lo e colisão do tipo octopolo (b).
Efeito de Memória
obtendo-se um limitL· ele dctccç:io parn o '"C, de 2 ni; L 1 (ppt) e para o "'Pe 3 ng L·1 (ppt)
l'ffi a m ostr,1s com matrizes comple xa s (l\gilenl, 2005).
Qu,rndo se uti\i1.., o gns HL•, ocorre• o processo d e colisão. Esse processo consiste
no método primário de remoção de interferentes . 1~ um processo nii o-reativo, onde
nào ocorre convcrs;,o d,1s espécies . Ass im, o processo pode se r aplicado purn íons
interfcrcntes que n,)o s3o rea l ivos e intl' ríercnt es que reage m na mes m a velocidade
qu e o ,rnali to. O processo principal de re m oção ele inte rfe re ntes é discri minação de
cnNgiíl c inc-t ic,1 (KED, do ,lCrônimo c m inglés, kinctic c nergy discrimination) . Esse
processo é base,1do no raio i(inico efetivo da inte rfcrê nci.i poliató mica , que é sempre
m.iior que um nnnlito m o noa lô mico co m a m es ma m,,ssa. Portanto, a discriminação
de energ ia (ED) é d e tiva s o m e nte se a l'ncrgia inicial do íon for bai xa e bem
controlada.
O gás de co li s ão C:- u s ado p.ira promo ve r separações físicas t'ntrc o analito e as
espécies interfe re ntes. Como ne nhum cilminho da reação precisa se r considerado,
o processo de co li s3o co m um g5s inerte d eve s er independente da matriz da
amostril , da fonte de e s p fric s interfe rent es, da prese nça d e múltipla s esp é cies
interferentes co m a m es ma ma ssa do ,rn a lito, be m como indep e nd e nt e da
reatividade do analito.
A dissociação por colisão p ode ocorrer lilmbé m para algumas ligações fracas de
interferentes, tais como ArO' e NilAr·. Exis tem três modos de operação da cela de reação:
i) sem gás- o octopolo (cela do tipo ORS) g uia o íon para o quadrupolo, com alta eficiência;
ii) reação com H~ - reações simples de tra nsfercncia de carga com H1 ne utro deslocc1ndo
a massa do interferente dn milssa do ilnalito;
iii) colisão com He (ki11etic e11er:,:y discri111i11nlio11 - processo de discriminação de energia)
• dissociações de colisão quebrando os íons poliatómicos inte rfe rentes com H e e
sendo eles bloqueados de entrar no quudrupolo, em \'irtude do m enor pote ncial
energético.
O uso da cela de reação/ colisão permite minimizar as intc.rferências de poliatô micos
cm matrizes complexas, tais como água do mar, ambiental, clinica e ,1gronõmica, para
an,1lise de traços por ICP-MS. Assim, por ICP-ORS-MS (Figura 24b), alguns elementos,
como As e Se, na faixil de 0,1.i 200 11g L·'; Hg, na f.1i:\.il de 0,05 a 2 ~lS L·1, e; Ca, K, e Na, na
faixa de 0,O'I a 20 mg L·', são a nalisildos com sucesso cm matrizes complexas, que contêm
ele mentos e m teo res muito ba ixos l' outros com teores muito altos (McCurdy & Woods,
2004; Agilcnt, 2005; Abreu Junio r et ai., 2006).
Outrn configur.ição c m c.1parclhos de ICP-MS mais modernos é o uso das "lentes
eletrostáticn do tipo Omeg.i" (Figurn 26a), que eliminam fó tons e nêutrons, mantendo
alta transmissão do ion para massas menores. Após a s "lentes Ome ga", os íons e ntram
na cela ORS, montada f orn de eixo cm relnçtio aos cones de amostragem e de sepa ração,
,
da interface e no m esmo eixo em relnção ao quad rupolo e detector. Isto favorece 0
aumento da transmissão d o íon. As lentes iônicas e o sistema octopolo de reação
favorece m melhor transmissão do íon, sem comprometer o controle dn energia do ion,
0 qual é essencial para remoção eficiente dos inte rferentes por discriminação da
ene rgia. Teoricamente, por meio desse acoplamento, os limites de determinação
dependem exclusivamente da qualidade dn águn, reagentes e ácidos usados no
preparo das amostras (McCurdy & Woods, 2004; Agilent, 2005; Abreu Junior et ai.,
2006).
Princípio da Técnica
O método de análise instrumental por ativação com nêutrons (AANI), em face da
sua alta sensibilidade e capacidade multielementar, apresenta-se como opção analítica
poderosa para verificar a composição química das mais diversas matrizes (Armelin et
ai., 1992; Glascock et al.,1994; Ehmann & Vance, 1996; Primavesi et ai., 2000). A ativação
neutrônica tem por princípio a formação de nuclídeos radioativos, em conseqilência de
interações entre nêutrons - gerados em reator nuclear (Figura 27) - com os núcleos dos
elementos em uma amostra.
Os radionuclídeos formados podem ser identificados pelas energias dos seus raios
gama emitidos e por suas meias-vidas radioativas, e a suas atividades podem ser
correlacionadas diretamente com as concentrações dos elementos contidos na amostra.
O mé todo ainda é pouco utilizado para análises de rotina em laboratórios devido à
estrutura necessária, ou seja, essencialmente, disponibilidade de um reator nuclear e de
serviço de proteção radiológica (Armelin et ai., 1992; Primavesi et ai., 2000; Teruya et ai.,
2000) .
A análise elementar por ativação neutrônica apresenta vantagens em relação a
métodos analíticos convencionais, como colorimetria, espectrofotometria de
absorção ou de emissão atômica. A técnica é relativamente livre de interferências,
permite a determinação simultânea da concentração total de vários elementos na
ordem de mg kg·1 a g kg- 1, e não há necessidade de abertura de amostra, separações
químicas ou pré-concentração. Tem s ignificativa capacidade analítica para a
determinação de: As, Au, Ba, Br, Co, Cr, Eu, La, Mo, Rb, Sb, Se, Sm, Se, Ta, Ti, Th, U, W,
V e Zn, entre outros (Frontasyeva et ai., 1998; Piasentin et ai., 1998; Primavesi et ai., 2000;
Teruya ct ai., 2000; Trevizam, 2005), em amostras de fertilizante, planta, solo, e m estudos
agronômicos e ambientais.
Primavcsi e l ai. (2000), caracterizando insumos agrícolas com técnica d,1 Ar-\Nl.
demonstraram a presença em quantidades significativas d e elementos tóxicos ou qut>
não são considerados m:1 nutrição mineral. Por exemplo: Br e Rb t'm cloreto de pot,'i siCl:
As, Co, Cr, Sb e W em "fritns" (FfE BR-12); As e W cm calcé'lrios; l' As, Cr, Eu. Ln, s~, $ 11l,
Th, U e V cm fertilizantes fosfatados.
Figura 27. Reator nuclear de pesquisa IEA-Rl, do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares
- IPEN/CNEN, usado para irradiação e análise qulmica por ativação neutr(1nic,l
instrumental (a). Detalhe do núcleo do reator (b).
Fonte: Í'Olos dlsponibillz.idas por MariJ Jos~ A. Armclin.
Aplicação
O método de análise por ativação neutrônica comparativo consiste em su bmeter
simul taneamente amostras e padrões dos elementos de interesse (Figura 28) a um fluxo
de nêutrons em um reator nuclear, onde as a m ostras de interesse agronômico ou ambiental
(água, fertilizante, solo, planta, etc.) são irradiadas em reator nuclear, por exemplo, no
reator térmico de pesquisa IEA-R1 m, do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares-
lPEN (Figura 27).
(a)
-
figura 28. Etapas 1.k prep~ro de ~~oslra pa_r.i .in,íli ·1..• química por aliv.,çJo n~ulrónic,,: llllllll,\~1.•111
?e n~oslra e tlc padr,10 e r':'cip11..•nll' de.•. •~r,,diaçi\o (u) e c.isldo d1.• , humbn p.tr,l úlltkr ,,mo~1 r,1
1rrad1.:ida e .1nw:.tra irr.1d 1i1d,1 ncond 1no11ada cm di,-.cos d1.' ,,çn inoi.. p,, 1._1 ,1 nwdid,, (t-l
fonk: f fl lO~ d1 ~po 111l<11i.1<1J ,1 pu1 ~I.Jri.1 Ju,I! 1\ i\ 1111,•lm
Dois tipos de irradiação podem ser utilizados. Para a determinação de Ca, CI, Cu, K,
Mg, Mn, Na, Ti e V, que geram raclionuclídeos com meias-v idas de nlguns minutos a
algumas horns, ns ,1mostr,1s e os pndrões são irradiados por 1 n 5 min, com o envio para
o reato r e retorno a trav(•s de um s istema pneumático. Após a irradiação, as amostras e os
padrões são transfcridos o mais rápido possível para recipientes adequados e, e ntão,
quantiíicndos os rndionuclídeos produzidos por espectrometria gama de alta resolução.
Para a determinação de AI, As, J\u, 13, Ba, Br, Cd, Cr, Co, Eu, fe, Hg, La, Mo, Ni, P, Pb, Rb,
Sb, Se, Se, Sm, Sr, Ta, Th, Zn, W, U, Yb, que geram radionuclídeos de m eias-vidas de dias
cl alguns anos, as amostras e os padrões são irradiados por 8 h. Depois de um tempo de
resfriame nto (tempo entre o término da irradiação e a análise radiomé trica) de trés dias,
as amostras e os padrões são determinados por espectrometria gama (Figura 29), por
aproximadêlmen te 2 h, para a medida dos fotopicos de radiação gama correspondentes
aos elementos As, Br, La, Mo, Sb, Sn, W, U (por meio do neptúnio, Np-239) e itérbio (Yb).
Uma segunda medida radiométrica, por aproximadamente 8 h, é feita após um te mpo de
resfriamento mínimo de 10 dias para detectar os fotopicos correspondentes ao Cr, Co, Eu,
Fe, Rb, Se, Ta e Th (por meio do protactínio, Pa-233). Em ambos os métodos de irradiação,
periodicamente, materiais de refcréncia certificados são enviados para o reator nuclear
conjuntamente com as amostras, para controlar a precisão e exatidão do procedimento
analítico.
A atividade induzida, ou seja, a taxa de radiação gama emitida por um radionuclídeo
é diretamente proporcional à quantidade do elemento na amostra. Isso possibilita que a
medida da intensidade da radiação gamn emitid,.1 por um nuclídeo específico (com energia
característica) forneça a concentração deste elemento. A concentração do elemento é
obtida pela comparação de áreas de fotopicos referentes aos padrões ativ.idos juntamentl!
com as amostras.
Figura 29. Equipamento de medida na análise química p~r ativação n\.'ulrõnica: cspc,trümctro
para medida da rndi,1ção gama dos dt?mcnto:,; contidos na ,1mos trn.
l'onlc: Fotos dis ponil.JiliaJ,1s po r l\.·l.iri,1 Jus~ A. J\rmclin.
Princípio da Técnica
A técnica analítica de fluorescência de raios X (XRF, abreviação de X-ray fluorescence)
tem grande potencial de aplicação em estudos que envolvem matrizes líquidas e sólidas.
Esta técnica analítica fundamenta-se na medida das intensidades dos raios X
característicos emitidos pelos elementos químicos contidos na amostra, quando
devidamente excitada. Os raios X emitidos por tubo de raios X são normalmente utilizados
na excitação dos elementos, os quais, por sua vez, emitem linhas espectrais com energias
características e cujas intensidades estão relacionadas com sua concentração na amostra
em estudo (Nascimento Filho, 1999).
Por ser não-destrutiva e instrumental e por permitir a determinação (teor total)
simultânea de vários elementos, de modo rápido e a baixo custo, a XRF tem sido empregada
para a avaliação qualitativa e quantitativa da composição química em vários tipos de
matrizes, de interesse industrial, biológico, agropecuário, agroindustrial, geológico e
ambiental (Koopmann & Prange, 1991; Nascimento Filho, 1999; Trevizam, 2005).
Normalmente, a XRF é utilizada para amostras sólidas, permitindo a determinação
simultânea ou seqüencial da concentração de vários elementos, sem necessidade de
digestão química da amostra, e, conseqüentemente, a destruição da amostra, como na
maioria dos métodos convencionais de análises químicas. Pelo fato de não necessitar de
digestão prévia, apresenta alta velocidade analítica. Os instrumentos convencionais têm
leitura rápida, mas necessitam de um tempo longo para o preparo de amostras sólidas.
Para amostras líquidas, pode-se recorrer a uma pré-concentração, empregando-se
troca iônica, precipitação, quelação, etc., transformando-a em amostra sólida. Não obstante
a necessidade de pré-concentração, a XRF é interessante para amostras líquidas, pois é
uma técnica multielementar e simultânea (Ellis et ai., 1982; Parreira, 1993; Holynska et
ai., 1996). Assim, se forem computados todos os elementos determinados simultaneamente,
pode-se considerar que a XRF tem alta velocidade, mesmo para amostra líquida.
Até 1966, a XRF era realizada unicamente na sua variante fluorescência de raios X
por dispersão de comprimento de onda (WDXRF, wavelengt/1 dispersive X-ray Jl11oreswm:),
utilizando-se espectrômetros baseados na lei de Bragg, os quais necessitam de um
movimento sincronizado e preciso entre o cristal difratar e O detector. Com o
desenvolvimento de detectores semicondutores de Si (Li), Ge (Li) e Ge hiperpuro, capazes
d e discriminar diretamente raios X de energias próximas, foi possível O surgimento d.e
outra variante, denominada fluorescência de raios X por dispersão de energia (EDXR}:,
c11crgy dispcrsive X-ray jl11oresce11ce) (Nascimento Filho, 1999).
De modo geral, embora lenha menor sensibilidade analilica e maior interfl'rênd,i
espectral, a EDXRF apresenta vantagem do custo bastante reduzido e m rdaç.:io à WDXRf
e tem sido usada em uma s(>rie de aplicações em amos tras sóliJas ;11 natririt (Os t,11:howia
et ai., 1995; Zucchi & Nnscimento Filho, 1995; Matsumo to et a i., 200~). Desdi:' 1997, l 1
Aplicação
O sistema de detecção de raios X, para EDXRF e TXRF (Figuras 30, 31 e 32), disponível
no CENA/ USP, é composto por um espectrômetro baseado em um detector semicondutor
de Si (Li), de alta resolução, com janela de Be de 12,5 µm, 30 mm2 de área ativa e 3 mm de
espessura, acoplado a um módulo ilmplificador e placa multicanal inserida em um
microcomputador. Na excitação das amostras (de solo, planta e extratos), são utilizados
tubos de raios X de 2 kW de potência, com alvos de Mo e W, acoplados a um gerador de
alta tensão. Para validar o método da fluorescência de raios X, são previamente analisadas
amostras de referências certificadas de águas, solos e materiais vegetais, produzidas
pela Jntenincional Atomic E11crgy Agc11cy (IAEA, Viena), Nntional lllstit11te ofStm1dar,ts a11d
Teclmologtj (NIST, GaitJiersburg/ USA), Ce11tral B11rea11 ofRcferc:ucc (BCR, Bruxelas) e outros.
As amostras aquosas, como digeridos vegetais e de fertilizantes e soluções, são
analisadas diretamente por TXRF. Também é possível a análise por EDXRF, antecedendo-se
um tratamento de pré-concentração com agentes quelantes, como o APDC (am111011i11111
pyrrolidine ditl,iocarbamate, ditiocarbamato de pirrolidina de amônia) (Sin1abuco & Virgílio
Filho, 1994a, b; Simabuco et ai., 2001; Almeida et al., 2002). Quando amostras sólidas, como
fertilizantes inorgânicos e orgânicos, solos, material vegetal etc., são analisadas por EDXRF,
há necessidade de a amostra ser prensada na forma de pastilhas. Neste caso, como a amostra
é considerada espessa, utiliza-se a técnica da emissão/ transmissão para calcular o efeito de
matriz e, posteriom\ente, das concentrações químicas elementares (Simabuco & Virgílio Filho,
1994b; Carneiro & Nascimento Filho, 1996; Trevizam, 2005).
Figura 31. Módulos do espcctrômctro de raios X para uplicuçiio du íluorcscência de ru..ios X disp.:r~1,·o de
cm:rgia (EDXRF), com prolonga.dor de bronze, e rcílcxfio total (TXRF).
fonte: Foto d isponibili:uida po r VirgUio F. do Na,)cim~nto Filho, Labor.itório de lns trumcnta,lo Nud.:.ar. CEN:\ / USP
Figura 32. Detalhe do arranjo geométrico para análise química por EDXRF: tubo de raios X, recipiente
com amostra, tendo como suporte uma base em acrílico (para direcionamento do feixe de raio X) e
detector de Si (Li). A amostra fica posicionada de modo a formar ângulos de 45º com o feixe de raios
X e com o detector.
Fonte: Foto disponibilizada por Virgllio F. do Nascimento Filho, Lnborotório de lnstrumentaçJo Nuclear, CEi" IA/USP.
MÉTODOS ESPECTROSCÓPICOS
a) b)
Figura 33. a) Modelo tridimensional proposto por Schullen & Schnitzcr ( 1995) para ácido húmico com
forças covalentes como principal mecanismo de ligação enuc átomos e moléculas. Nesta figura, as
letras A, 8 e C indicam os espaços ''vazios" na molécula capazes de interagir com outros compos10s.
b) Esquema de associação proposto por Simpson el ai. (2002) para as subs1ãncias húmicas.
baseado na associação de pequenas moléculas. Essa associação seria estabilizada por forças fracas
(ligações de hidrogênio e interações hidrofóbicas). As unidades vermelhas representam os cátions
metálicos, as pretas os polissacarfdeos. as azuis os polipeptídios. as verdes as cadeias alifáticas e
as marrons os fragmentos aromáticos provenientes da lignina.
E
+½
a)
e) 11----~-g--
..___ _ _ _ _ _ _ _ _ _,.., H (Gauss)
âH
1• Derivada
Figura 34. Esquema simplificado do fenômeno de RPE, mostrando o efeito Zeeman (separação dos
níveis de energia) para um sistema com spin eletrônico (S = 1/2), e com níveis de energia (m, =
:t l/2(a); a característica da linha de absorção (b); e a primeira derivada do linha de absorçilo (e), 11
qual é normalmente detectada nos espectrômetros de RPE, gerondo os espectros observndos,
indicando os parâmetros: fotor g, largura de linho do sinal (âH) e intensidnde do sinal (l).
E=gPH (31)
hv = gpH (32)
g = hv / ~H = 0,714487 v /H (33)
(34)
a) hv = gpH+ Am,
A*
b) l-1 (Gauss)
Figura 35. a) ~~qucmu dos ~esdobramcn1os dos nlvei~de encrgiu pura uma ·ituação de spin dctrC,11i(,1 lS l tf UJI
u 1/2 ~ sp111 nuclear()) 1guul ":•mostrando .is trnnM1rões pcrmitid:is. b) No cspcctm dc KPE , :i0 dc1'°'1.1.t.1.,
duas lmhus scpumdus pelo paruml·tro de scpur.11;1111 hipcrfinu (A), mira II mcJido cm G.1u~) lA • l.
Vale observar que: i) a energia hv é a mesma nas duas trnnsições; ii) o estado d e
spin nuclear (m,) não muda na transição de spin eletrônko, ou seja, a regra de seleção
é ~ms = ±1 e llm, =O.Portanto, o espectro consistirá de duas linhas, sendo o valor de g
o centro da linha de separação entre as duas absorções. O parâmetro A*, em unidade de
campo magnl!lico [Gauss (G) ou Tesla(T)!l)J, é bastante utilizado (Knowles et ai., 1976),
podendo fornecer informações sobre o ambiente quimico onde a espécie paramagnética
está localizada (Lakatos et ai., 1977; McBride, 1978). A interação hiperfina é muito útil
para a espectroscopia de RPE, pois é possível identificar, com maior segurança, os
elementos ilbsorvedores. Por exemplo, o fon Mn2• tem I = 5/2, fornecendo 2 I + l = 2 x
(5/2) + 1 = 6 linhas com m 1 = +5/2, + 3/2, +1 /2, -1/2, -3/2, -5/2. Além disso, pode
fornecer informações a respeito do tipo e simetria dos sítios de complexação com as SH
(Senesi, 1990a). Em solução aquosa diluída, o Mn2 • apresenta as seis linhas igualmente
espaçadas (Figura 36). A largura de linha intrínseca pode ser uma informação útil também,
pois está associada ao tempo de relaxação do sistema, podendo fornecer informações
sobre a dinâmica dos seus complexos com SH, tais como a rápida troca entre os íons de
Mn2• em solução e adsorvidos, e possíveis distorções da esfera de coordenação quando
da sua adsorção (McBride, 1978).
HÂ=95Gauss
Figura 36. Espectro típico do fon Mn2' cm solução uquosa, com seis linhns igualmente scparndas com valor
de separaçiio hipcríinu A• = 95 Gauss. A largura intrínseca de caJa linha (t.H) tem valor di: 25 Gauss.
sistema para
·• •1 ; ■::..._. aná lise em baixa
• • •· • te m peratura
(N2 líquido)
fo nte de
microondas
cavidade
• • ressona nte
e letroímã
_J
Figura 37. Foto ~o espectrôme~ro de ressonância paramagnética eletrônica (RPE). mostrando O d etroím:i,
a fonte ~e mi croo ndas, o s istema para análise cm baixa te mperatura (N, líquido, até 77 K ou -196 •C)
e u cavidade ressonant:, onde as a~~slras são inseridas. para anális~s. Equipamento instalado nu
Embrapa lnstrumcntaçao Agropccu,ma, em São Carlos-SP.
Aplicações
• _. elétron
o desemparelhado OH
redução redução
oxidação oxidação
o OH OH
Quinona Semiquinona 1-lidroquinonn
figura 38. Diagrama de c)>labilit,u;ào ,lo ruJh:al livre scmi,1uinona. o ,1ual é Jctci.:t;\\icl por RPE.
Fonte: Adapt.adi1 de R1ífaldi & Schnitur (197.!).
30
o
25
z
..........
u 20
o
ll"O
V
Cll
ã:i 15
P:::
10
5
o 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4
Spin (g q · (x10
1 18
)
Figura 39. Variação da relação C/N de agregados organominerais com diferentes tamanhos de um Molissol
cm função da concentração de radicais livres do tipo semiquinona, dada cm spin (g C)" 1•
fonte: Martin-Neto ct ai. (1994a).
Saab & Martin-Neto (2004) avaliaram dados de RPE de solo intacto (Gleissolo) e d~
todas as suas frações químicas. Os autores mostraram que n CRLS foi mais elevada para
as amostras de humina, seguida pelo AH e, depois pelos AF, sendo essa ú ltima a menos
humificada entre as três frações (Figura 40a), A figura 40b npresentn a correlação
entre a CRLS do solo inteiro e da fração humina, sendo obtida co rrelação lineilr
positiva (r = 0,9'1), o que permilíu concluir que a fração humina é a fração pr~dC1min,1ntL'
para o solo analisado. As análises d e RPE na fração humina foram possíveis devido ao
fato de as amostras serem oriundas de ambientes alagados (anaeróbio) e os íons metálicos
apresentarem-se em estados de oxidação reduzidos, como no caso do Fe que deve predominar
o Fé•, em estéldo diélmagnético, não trazendo interferências no espectro de RPE.
(a) áH (ml)
~
Humina
Ácido húmico
rq
::1
:::::-
Solo inteiro
Ácido fúlvico
3,5
r- 3,0
o,.....
~ 2,5
o
õV,
2.0
CJ
'O
-: 1,5
t.O
r::
·s..
(f)
1,0
0,5
.7
0,0
0,0 2,0 ~-º 6,0 8,0 10,0
Spin g ' de humina (x10" )
Figura 40. (a) Espectros de RPE do radical livre elo tipo se~1iq_ui~ona das frações hu_mina, ácido
húmico ácido fúl vico e di: um Glcissolo. Nos espectros, estao 111d1cados a largura de hnhu do sinal
(AH), a.intensidade do sinal ( 1), cm unidade arbitt:irin (u.a.), e o fotor g. (b) Com:laçilo entre ;i
concentrnção de radicais livres do tipo semiquinona (daJa em spins por grama de ~o\o)_ do so lo
inteiro e da fração Ilumina. Os números (de I a 7) representam amostras coletaclu~ no honzonte A
na profundidude de O - 20 cm.
Fonte: S.iab & Martin-Neto (2004).
RLS (g=2,004)
a)
quartzo (g=2,000)
b)
c)
1 1 11111 11 1 11 111 1 1
3340 3400 3460
Campo magnético, Gauss
Figura 41. Espectros de RPE da fração organomineral (2-20 11m) de um Latossolo. a) fração intacta: b)
fração tratada com H~O~: e) espectro resultante da subtração dos espectros de RPE mostrados cm a
e b, mostrando o sinal do radical livre do tipo se miquinona (RLS).
fonte: Baye r 1:'I ,1I. (20026).
0,018
O,IH<, - (,1) i,;n1mfnL•11
o.o 14 -
-o- t1rgila
0,0 12 - __._ silte ílno
0,01 O - -o- sill c gorsso
11,llOH
0,110(,
0,0114
0,0112
0,000
U,006
(b) solo cm pousio
o 0,005
~
l) 0,004
.........
-o
Ili
rj
0,003 -
-o
'§ 0,002
Ili
] 0,00-1
0,000
0,006
0,005
0,003
0,002
0,001 -
0,000
o 2 6 8 10 U 14 l6
Flgur,, •12, Curvu~ 1k snlllrn~nu de p!1lÍl11c111 de 111kruu1uJns parn ummtrns de Jifcn:111c, frações minerais
j,, lllc ~111i.~11( 53 -2011111), 11i11c fi1111(10-211111) e 11ri.;íl11 (<.!11111) 1, c:mufJ ns de ~nlos ~oh plantio Jiretu:
11) g111111lnc11, h) ,oln cm pousio e e) poui.io/milho com muc111111 (l'/M + r,.,tu),
11n nll' I llur,1 1 c l nl. (200:!).
Bayer et al. (2006), analisando as frações organominerais sil te grosso (53-20 µm),
silte fino (20-2 µm) e argila(< 2~1m), observaram interação organornineral mais forte na
fração argila (< 2 µm). Isso foi constatado pelo fato de a saturação de potência de
microondas não ter ocorrido nessa fração(< 2 µm), o que foi considerada clara indicação
de que os RLS nessa fração mineral podem facilmente transferir energia para o meio no
qual se encontram, que, neste caso, são os minerais. Já para a fração silte grosso (53-20
µm), a saturação ocorreu em baixo valor de potência de microondas, refletindo a fraca
interação organomineral, o que foi considerado coerente já que essa fração mineral é
constituída principalmente por quartzo (Bayer et ai., 2006).
Bayer et al. (2002b) analisaram as frações organominerais extraídas de um Latossolo,
do campo experimental de Eldorado do Sul/RS e mostraram diminuição do grau de
humificação nas frações consideradas humificadas de 53-20 µme 20-2 µm, enquanto na
fração < 2 µm não houve mudanças após nove anos de plantio direto (Figura 43). Bayer
et al. (2002b) demonstraram que a MO mais estável, associada aos agregados
organominerais de 53-20 µm e de 20-2 µm, pode sofrer alterações em períodos
relativamente curtos.
D Plantio convencional
D Plantio direto
u 6
C)
"O
"o
.... 4
X
e:
·5.. 3
"'
2
Figura 43. Concentração de radicai s livres do tipo semiquinona nas frações organominerais (53-20 1un:
20-2 µm e < 2 µm) de um Latossolo, para áreas sob plantio convencional e direto.
fonte: Baycr et ai. (2002b).
Saab & Martin-Neto (2003) utilizaram a RPE para determinar a estabilidade térmic~
de frações físicas da MO de um Gleissolo. Por meio dessa espectroscopia, eles observar,rn1
que para todas as frações houve aumento da CRLS para temperaturas acima de 200 •e, 0
que foi atribuído à mais rápida decomposição de estruturas alif.itic,1s em rebçjo às
estruturas aromáticas. Das frações analisadas, observou-se, m~smo em tcmper,1tur;1.s
superiores a 600 ºC, quantidade residual d e RLS pam ,,s frações 2-20 µme 20-53 µm
(Figura 44). Saab & Martin-Neto (2003) propuseram que essa maior estabilidade térmica
da MO humificada pode ser resultado da maior recalcilrância química ou da associação
com a fração mineral, provavelmente em agregados ou com a fração argila.
7
120-sJµml
6
5
4 (a)
3
2
]
o
9
.::--- 8 12-2oµm 1
oH 7
6
~
";' 5 (b)
CD 4
.5 3
Q.. 2
Cfl
1
o
9
8
0-2~1m 1
7
6
5
4
(e)
3
2
1
o
RT 100 200 400 600 800 1000
Temperatura, ºC
fjgura 44. Concentração de rndicuis livres do tipo semiquinona (,1presentado cm spin por grama de amostra _
spin g·' ) de frações füicas de um Glcissolo: (a) 20-53 µm; (b) 2-20 ~1m e (e) 0-2 µm, cm função da
tempcmtura IRT - tempernturn ambiente (28 "C)J.
Fonte: Saab & Martin-Neto (2003).
nn ,1ual foi 0t>tidn signiikatiYa corrdnçtw lim~nr (r = 0,969). O re~ultnd0 foi interpretado
considerando que a precipil,1.ção p\uyial \eY,1 .i.o ,nnnento d.1 ati\·idade micrnbi,ma do
s0\o e, por conseqi.ienci.1, tem-se grau m.1.is ele,·ad0 de trans fom1.1çã0 (ou humifk.ição)
da MOS, eYidenciado pelo ,mmento d ,1 CRLS.
_\H
/
V
,/~ ~
916mm
,,
/~
V
~ •
365 mm
( l)
1
30l) -lOO 31.\1 6l.\) :\"X) ~(\) O\.\' H\\1
3-..;_io 3...-60 3-..,~ 3400 3-UO 3440 :4f,O
Pn:drit:iç.i,) ;mu;1l. mm
H. G.1uss
(a) (b)
Figura -15. (:1) Espectros de: RPE de :iddos hlimic,,s, C..'\:tr.1.iJos ,k uma dim~ -~e'-tü~ncü d!l :\rgcntin.1. Jé
um ~tolissol. com sinais típicos de rndic:1.is livres do tir,, semiquinona. c,,m intc:nsiJ.1J.:-s ,lifrrentcs.
sendo m:ii s intenso par..1. ,, c:iso <k maior precipit:1.çãt, pluvial. lh' C,m,•entr-.ição Je r.1dic.1.is li, res ,1-,
tipo so:miquino n:1 Jos :iciJos húmic,,:- cm função ,la pn.·dpi1:1çiil, pluvial unual.
Fonte: ~l.utin-:-1,•tt> d .,L (l(NS),
A recnlcitr.'111da molecul.u (grau de humific,,ç,1o) podt' :--er infNid,, p1.H· ml'il1 d.1
qunntific.1.çJo dos RLS, j,\ que esse último sup0e-se ter :--tt.1 nri~1t-•m l ' ser est,1biliz.lli0
por estruturas arom;Hicas recalcitrantes, as qu,, i s :,;,1...-1 m,,is resh,t't-'nks .\
decompos ição mil'.robion.1. {Sollins l't ai., 1 Q9t,), Dess., fo rm.,, eSSt.' p,1r,\n1t'tr1.'
espectral t: utilizado tamb~m p ,un ,w,,li,n l'Íl.'itus de m,Hwj0s do s0l1., t.' r,)t,,,~h, ._\~
culturas, permitindo n comp;uaç,11., de ,\re.,s :--1.,b ilorest,1 (:--t.'ll\ cultiy,,) . m.\fü'I'-'
com·encionnl. cultivo mini mo e plantio direto, ,fre.,s :-.1.,b ,1diç:t1.., de t.,d_,, de ~S~i.,t-.',
dentre outros.
B.1.ycr et nl. (2000, 2002.n,b) mostr.n-.,m que ,\l',',,s sob phmti...'1 di1v tü, ..-.1m m,,i...-,1r ,\rMte
de resíduos na superfície do S<'"-'- t:'ll\ rcsiô1..•s subtr...1pk,\i:-- d .., l\r,,si\. •'Pt\.'St.'nt,u-.,m
diminuiçJo 111) g1-.,u clt:' humiiicnç.1,, d1.' AH , ,'m ...:omp.n-.,ç:i.1., úH1\ s,,I ~_,;: s1.,b m,mt·j,,
com •cncion.,I. N,, figtm146, s;fo ml,s tt-.1d1.'IS d,llh,s d,, ,'1."mp,w,,ç,\1., 1.k, ~r,,u ,it' humiii,·.,,,,,,
dt> um Latoss olo, inferido por nwi,, d., 1\n,,lis1.' d,, C RI S 1.h,s r\l l. ,w,,li,hi<,s ·'l''-\." cilll:,, ,,
111.H'1c' ,1nos dt> l.':\perimento de m,rncj1., dn Sl,11.1, Ol,:--1.•n•1.,u-:--1.' ,n1mcnh, '"-' ~~r.n1 ,k
humific;-iç,fo d.is 11mostr,1s 1..h., r\l I n.,:-- ,\r1..•,,s Sl,b m.nwj1.., ...:,,n\'~\\1..' i,1n.\l 1..' ,timinui.,;.w "''
grnu humificc1ç.,o n.,~ ,\n',IS soh pl,11\th, dir\'ll,, qu.1nd\, ú'lnJ',lr,1.d,""' ._. , quint1., l.' \) 1\1..•1\l,
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XXI - Métodos Analíticos Utilizados em Química do Solo 1313
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VI 4 4
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MC-AM l'D•AM ~IC•A•V/M•C l'D A•V/M•C MC-Mt
(a) (b)
Figura 46. Concentrações de radicais livres do tipo semiquinonn e m ácidos húmicos c~traídos <le um
Latossolo. cm funç ão do manejo do solo durante cinco anos (a) e nove a nos (b). MC' - manejo
convencional: PD - pl antio direto; AM- aveia e milho: A+V/M+C· nvcia+ vica/milho+caupi.
Fonte: 8.iyl!r ct ai. (2002.i).
A MOS tem papel f und nmental na CTC do solo formando complexos com íons
micronutrien tes (Fe3•, Mn2• , Cu2♦, Zn2• dentre outros cátions polivalentes), alterando sua
biodisponibilidade para as plantas e microrganismos. Considerando a importância dos
metais para o crescimento e desenvolvimento das plantas e o fato de que alguns são
paramagnélicos (Fe3•, Cu2', Mnl♦ e vo2•), a RPE é uma ferramenta extremamente útil para
avaliar a complexação desses íons com a MOS. Vários a utores tem mostrad o a
complexação de SH e íons metálicos, apresentando seus res pecti vos parâmetros
espectroscópicos, sendo alguns exemplos mostrados neste capítulo.
Norma lmente, os íons paramagné ticos complexados com as SH podem ser
identificados, analisando os parâmetros especlroscópicos fator g e a constante h ipc rfina
(A*) (Lakatos e t ai., 1977; Mcl3ride, 1978; Boyd et ai., 1983; Senesi, 1990a, l\fartin-Neto c l
ai., 1991; Jezierski et ai., 1998; Flogeac et ai., 2004). Dependendo do íon metá lico e do tipo
g1 = 1.98 vo1•
1
1 1 1 1 1 1 1
---+ RLS
Figura 47. Espectro de RPE de amostra de ácido húmico extraído de um Latossolo npós aplicnç.lo de lodo
de esgoto, mostrando o sinal do vai. e seu respectivo gJ. (fator g perpendicular) e a separação
hiperfina (AJ e o sinal do radical livre do tipo semiquinona (RLS). Análises rcaliz.idas cm baixa
temperatura (-160 ºC}.
Fonte: González-Pérez et ai. (2006.i).
Figura 48. Espectro de RPE de amostra de ácido húmico extraído de um L:llossolo apó!> aplica,;iio de lodo
de e si;oto, mostrando o sinal do Cu:• e seus rc~pectivos fator g_ (fator g paralclol e g_ lrJtnr y
perpendicular) e a separação hiperfina (Ai ). No espectro, é observado também o i.inal do vo:• c Jo
rudicul lirn: do tipo scm1quinona (RLS). An:ilise~ realizada~ cm bai:<a tcmpt:rJturn {- 1oO ºC l.
Fonte: Gonz.11l'Z· P~rl'Z cl .il. (200-I).
24.000 _pf-12,5
-•--pH 3,0
_ _ pl-12,5
18.000
-· - · - · - pH 3,0
r;j
::J
-1\ITTl
OJ 12.000
"CI
r.l
"CI
"iii J J IOOll30JlOOJ~l.JOJJ.l50 H OO H 50 J l.S50 Jt,OOJJ.50
.§ 6.000 CAMPO MAGN~TICO, Gau~s
..::
o
~ Radical semiquinona
-----· .
-6.000
-12000 -+---...----r----,,----.---.---.----r---,----
2000 2.500 3.000 3.500 4.000
Figura 49. Espectros de RPE de ácido húmico em suspensão (50 mg de ácido húmico/ mL de água) em pH
2,5 e 3.0. Em detalhe o sinal das seis linhas do Mn 2 ♦ , em pH 2.5.
Fonte: Moreira et ai. (2006).
A espectroscopia de RPE tem também sido utilizada para estudos dos mecanismos
de reação das SH com pesticidas (Senesi, 1990a). Normalmente, os estudos analisam
variações nos parâmetros espectrais, tais como: CRLS e a largura de linha (m) do sinal
do RLS. Um mecanismo de reação entre as SH e os pesticidas s-triazinas bastante discutido
na literatura é o de transferência de carga (veja capítulos Xl e XV) (Senesi et al., 1987;
Martin-Neto et ai., 1994b, 2001; Sposito et ai., 1996) (Figura 50). A transferência de carga
é baseada na possibilidade de que as SH contenham estruturas receptoras de elétrons,
tal como o grupo guinona, podendo formar complexos via mecanismo doador-receptor
de elétrons com pesticidas que revelam propriedades doadoras de elétrons, como, por
exemplo, as s-triazinas, e, mais especificamente de seus grupos amina e, ou, dos átomos
de N. Como resultado desse tipo de mecanismo, pode ocorrer formação de radicais livres
intermediários (Figura 50), detectáveis por RPE (Senesi, 1990a).
Senesi et al. (1987) observaram aumento na CRLS de AH após interação com alguns
pesticidas do grupo das s-triazinas, como, por exemplo, prometi na, ametrina, des metrina
e metoprotina. O aumento na CRLS foi atribuído ao estabelecimento do mec,mismo d!.'
transferência de carga entre AH e os pesticidas. Entretanto, M,utin-Neto et .1I. (200 l) n.:h l
observaram alterações na CRLS de AH após inleraçüo com a a trazina (AT) (Quadni ~).
mos trando que a cnpacidade d a atrn zina de d oar elétrons não foi suficiente para
estabelecer complexos via transfcréncia de carga com o AH. Esse res ultado corroborou
os dados de 1H RMN e estudos teóricos de Welhouse & Bleam (1993a,b). A não observação
do referido mecanismo de reação foi interpretado por meio da análise da estrutura química
da atrazina [6-cloro-N-etil-N'-(1-metiletil)-1,3,5-triazina-2,4-diamina] (Figura 51a), na qual
o átomo de CI que está nil posição 6 do anel é suficientemente eletronegativo e des loca a
nuvem eletrônica do anel ilromálico, inibindo a cnpacidade de doação de elé trons e,
assim, estabelecer o mecanismo d e transferência de cnrga (Welhouse & Bleam, 1993n,b).
o OCI I, o
Transferência
de c.arga
~
~
'N /
N N......,__
/ o
Radical cátion e ànion;
s-triazina; Quinona;
complexo formado por
elétro n d oadora elétro n receptora
mecanismo de transferência de carga
Figura 50. Esquema mostrando o mecanismo de trans ferência Jc carga entre a molécula l.111 s-trialina e o
grupo quinona <las subs tâncias húmicas. com formação do radical livn: detec1úvd por RPE.
Quadro 3. Concentração de radic.:iis livres do tipo st?miquinona (CRLS) em amostras ele ,\cido
húmico (AH) de turfa na ausência ou presença de a trazina (AH-J\T) e na ,lUscncia ou
n
presença d e hidroxiatrazina (AH-HIA l!m difere ntes valores d e pH
CRLS
pH Amostra
AH AH-AT AH AH-HIAT
Cl
OH
1 1
# e"'-.. # e"-..
N~ N N~ N
H
1
H
1
H
1 e
I e
li H
1
H
1
H
1 1
H H
1
I
e
li
e
H
1
H
1
H-c-c-c-N-- ~ / ----N-C-C-H H-C-C-C-N-- ~ / ----N-C-C-H
1 1 1 1 ~N/ 1 1 1 1 1 1 1 ~N 1 1 1
H H H H H H H HHHH HHH
(a ) (b)
Figura 51. Fórmula estrutural plana da molécula do pesticida atrazina (a) e do seu principal produto de
degradação, a hidroxiatrazina (b).
(35)
l 13c -
Normalmente, os deslocamentos químicos tanto para H quanto para O sao
apresentados a partir da freqü ência de uma a mostra-padrão, po r exem_pl?, ~
tetrametilsilano (TMS), cuja fórmula química é Si(CJ-13) 4• Como o deslocamento quimico e
dependente do campo aplicado, utiliza-se a razão abaixo que é independente do campo
magnético aplicado de acordo com a equação:
(36)
Aplicações
invertidas, sondas criogênicas, sondas parn esta d o sólidu com mc1i N CS sens ibilidades e
sondas para altas velocidades no ângulo mágico. Além d isso, na parle dos procedimentos
experimentais, registram-se novas seqüências de pulso e técnicas p a ra se obter melhor
resolução espectral (Cook, 2004).
13
Considerando a natureza complexa e he terogênea das SH, o núcleo de C pode
estar em ampla variedade de ambientes químicos, que são evidenciados nos distintos
deslocamentos químicos encontrados nos espectros de 13C RMN. Esse fato permite a
avaliação quantitativa relativa dos mesmos mediante a integração das áreas relativas
aos tipos de C em consideração ao espectro total, determinando, desse modo, a
abundância percentual relativa dos mesmos.
A figura 52 mostra os respectivos grupos funcionais atribuídos às á reas de um
espectro característico das SH. Os deslocamentos representados são, basicamente,
alifáticos não substituídos (0-45 ppm), metoxil e N-alifáticos (45-60 ppm), O-alifáticos
(60-110 ppm), aromáticos (110-140 ppm), fenólicos (140-160 ppm), carboxílicos (160-185
ppm) e carbonílicos (185-230 ppm) (Stevenson, 1994).
1
HC- OH---+ - CH, OH
1
HO
<Í:;:- r - - - - - - CH,N~
-0- CH,
- CH,-
'C-0---+
/ - H
1
- e-
'
\
Figura 52. Espectro de RMN d~ 11C em estado sólido utilizando a técnica CP-MAS de uma amostra de
ácido húmico e o assinalamento dos sinais a grupos funcionais.
Fonte: Skjemstad et ai. (1998).
ppm; das cadeias laterais de proteínas de Jignina, os sinais dos C alifáticos de proteínas,
hemicelulose, lignina entre 10 e 50 ppm. Um espectro bastante similar é obtido com os
reslduos da planta. Na fração leve e livre da MOS, os sinais dos carboidratos já apresentam
pequena redução, que se acentua na fração oclusa (ver detalhes dessas frações no capítulo
XI). Já no AH purificado, o espectro é bastante diferente entre 10 e 65 ppm e entre 110 e
180 ppm tem alta intensidade, indicando o caráter aromático e a presença de grupos
alifáticos n ão oxigenados e de meti las ligadas a O, como as observadas em derivados de
lignina. Pil\on (2000) atribui as diferentes características químicas entre as frações,
observadas por RMN, à maior contribuição de síntese microbiana na fração leve oclusa
e AH, quando comparadas aos resíduos e fração leve livre em estádio inicial de
decomposição.
,,,,,,.
150 · "100· ..
ppm(TMS)
"·so
Figura 53. Espc:ctros de: RMN úe 1'C u1ilizanúo a 1éc_nica CP-MAS _para amoslrns de planlas, _re.~íduo~, ír.11;lk!s
obtidas pordiícrcnça de úcnsitlade (ma1érfaorgán1ca (MO} leve hm: e MO leve oclusa} e ámlo húmico (AH).
Fonle: Pillon (2000).
PC
PD
CN
300 250 200 150 100 50 o -50
ppm
PC
PD
CN
300 250 200 150 100 50 o -50
ppm
Figura 54. Espectros de RMN de uc parn amostras de :íciclo húmico lle solo sobre Jil'i:rentes sistemas do
manejo: plantio convencional (PC). plantio direto (PD) e cumpo nativo (CN). ln) VACP-Mr\S
co11v1:11ciu11al e (b) VACP-MAS com desacoplamcnto J ofasado de 70 ~Is.
fonte: Gonzálcr-Pc'.n<:l ct ,,1. (20011).
o o
\\ o~
j\ assimétrico
vibrações de estiramento
(ó b) b) b) o+ +o o+ -o
\ o/ \o/ \o/ \ o/
j\ j\ j\ J\
vibrações no plano vibrações fora do plano
vibrações de deformação
Figura 55. Algumas vibrações típicas de :i1omos. Os sinais + e - significam vibrações perpendiculares.
acima e abaixo do plano, respectivamente.
Fonte: Stuart (1996).
Aplicações
Caracterização de substâncias húmicas de solos sob diferentes numejos
maior absorção em seis bandas: 1650 e 1510 cm·1 (estiramento C=O de amicla 1, deformação
1
N-H e estiramento C=N); 1460 e 1450 cm·1 (C-H alifá tico); 1420 e 1415 cm· (deformação
1
OH e estiramento C-O de fenóis); 1125 cm· 1 (C-O de grupos álcool e éter), e 1036 cm·
(estiramento C-O de polissacarídeos ou impurezas contendo Si-O). Os resultados
evidenciaram humificação incompleta de ambas as frações. LAH mostrou-se menos
humificada que a fração CaAH, apresentando menor quantidade de grupos funcionais
ácidos e maior concentração aparente de amidas e carboidratos.
A incorporação de resíduos orgânicos animais ao solo é prática comum que visa
aumentar a quantidade tanto de MOS quanto de nutrientes às plantas. Plaza et ai.
(2003) estudaram o efeito consecutivo da adição anual de resíduos de suínos nos
teores de AF na MOS. FTIR foi usado com outras técnicas espectroscópicas para
caracterização da MOS. Mudanças nas bandas de absorção em 2900, 1520, 1230 e
1040 cm· 1 mostraram que o resíduo de suíno apresentou grande alifaticidade, grande
quantidade de grupos funcionais que continham Se N e, conseqüentemente, maior
degradabilidade, quando comparado com resíduos de bovinos. Observou-se aumento
de material muito lábil no solo, mostrando que esse t ipo d e resíduo deve
necessariamente passar por estabilização prévia, por meio de compostagem antes da
incorporação, a fim de aumentar seu estado de humificação e, conseqüentemente, ser
mais bem incorporado ao solo. Grube et al. (2006) mostraram que o aparecimento,
forma e intensidade de urna banda em 1384 crn·1, relativa a nitratos, podem ser
utilizados como um indicador do grau de maturidade de compostos produzidos a
partir de fezes de animais. Esta banda geralmente aparece corno um "ombro" no
espectro, já que a região de 1300 a 1400 cm·1 apresenta grande quantidade de bandas,
fato que dificulta uma análise clara, do ponto de vista qualitativo.
A adsorção pelo solo da maior parte de compostos orgânicos a polares (por exemplo,
pesticidas não-polares) está diretamente relacionada com a MOS, apesar de certos
pesticidas poderem também interagir com a parte mineral. A espectroscopia de
absorbância na região do IV possibilita a observação de como algumas funções quínúcas,
nas estruturas húmicas, estão envolvidas nos processos de sorção.
Gonzalez-Prada et ai. (2003) estudaram a adsorção de atrazina (2-cloro-4-etilamino-
6-isopropilamino-s-triazina) em kerolita, [Mg3Si4O 10(OH)i. nH2O], silicato de magnésio
quimicamente e estruturalmente parecido com talco. A kerolita foi tratada a diversas
temperaturas para observar o efeito da hidratação no processo de adsorção da atrazina.
As amostras foram estudadas por FTlR e outras técnicas (difração de raios X,
termogravimetria e porosimetria de Hg). Espectros de FTIR das amos tras d~ ki?rolita
aquecida a 200 ºC (K-200), de atrazina e de mistura K-200 mais atrazina são apresentados
na figura 57.
Foram determinados os valores da capacidade de absorção das amos tras (Kt) por
meio das isotermas de adsorção do tipo Freundlich, sendo observadl) que ,1 intensidade
da adsorção dependeu do tempo e da temperatura utilizados no tratamento térmico dcl
K-200
IAtraz.ina + K-2001
AtrilZ.Ína
Figura 57. Espectros de FTIR de K-200 (kcrolila aquecida a 200 ºC). Atrazina e Atrazina+K-200. Relação
aproximada Alrazina/kcrolila: I/ I00.
Fonte: Gonz..alez-Prada el ai. (2003).
Com relação à MO, as principais bandas no espectro de FfIR que sofrem modificações
aparecem principalmente nas regiões de 2800-2900 cm·1 (estiramento C-H de CH! e CH;i),
1700 e 1400 cm·1 (vibrações relativas a C=O de ácido carboxmco), 1600 cm· 1 (COO· de
carboxilatos), 1500 cm·' (vibrações C=C de anéis aromáticos). As principais modificações
referem-se a mudanças de posição e intensidade de bandas relativas, após a interação
com o pesticida, bem como o aparecimento de novas bandas resultantes do próprio
espectro do pesticida (Stevenson, 1994).
O mecanismo de sorção da atrazina pela MOS também tem sido bastante estudado,
e ainda é assunto de controvérsia. Weber et ai. (1969) e Ha yes (1970) mostraram que
o processo de sorção é inibido devido ao baixo valor de pKa do herbicida e a
transferência de próton. A transferência de carga entre os grupos carboxílicos, quando
em baixos valores de pH, foi apresentado como provável mecanismo de retenção da
atrazina pelos colóides orgànicos. Entretanto, Martin-Neto et ai. (1994, 2001)
observaram, por meio de espectros de FTIR e UV-vis, que o mecanismo de transferência
de carga não poderia ocorrer nas interações atrazina - ácido húmico. Os espectros de
1
FTIR mostraram que em pH < 4, a banda do íon carboxilato (1610 cm· ) foi observada
no espectro AT-AH; entretanto, não foi observada a diminuição na absorbância
correspondente ao estiramento C-H da atrazina (800 cm·1 ). Estes resultados indicaram
que somente a transferência de próton ocorria entre ambos AH e AT. Os autores
mostraram também que o processo de interação da atrazina com os AH é fortemente
dependente do pH, atingindo um máximo em valores de pH-3,0. Isso ocorre graças à
formação da h i droxiatrazina (6-hidroxi-N 2-etil-N'1-isopropi 1-1,3 ,5-triazina-2,4-
d iami na), produto da degradação da atrazina em valores de pH>2, e que esta
realmente forma complexos de transferência de carga com as SH. Outros estudos
envolvendo pesticidas e SH, acompanhados por meio de FTIR, são apresentados na
literatura. Alguns trabalhos descrevem a interação de SH com os herbicidas imazaquin
(Ferreira et ai., 2002), metribuzin (Landgraf et al., 1998) e fenvalerato (Akbal et ai.,
2000).
o* (antiligante)
'
1r* (antiligante)
. .
n-.,.o*
n 1+1t* 7t ..,.o* o ..,. o*
n: ... n:* n (não-ligante)
o- i.n:*
1t (ligante)
o (ligante)
Figura 58. Transições eletrônicas possíveis durante a excitação de uma molécula e distribuição relativa
entre seus orbitais ligantes, não-ligantes e antiligantes.
Fonte: Rohatgi-Mukherjee (1992) .
(38)
(39)
Por meio do registro dos comprimentos de onda nos quais acontece a absorção
e a intensidade de luz absorvida, os especlros de .ibsorção representam uma medida
direta da quantidad e e tipo de moléculas com sistemas eletrônicos n:, capazes de
absorver na faixa de UV, chamadas de moléculas cromóforas (Garbin et ai., 2007). O
quadro 5 mostra alguns cromóforos simples e seus comprimentos de onda
correspondentes. Para muitas das estruturas eletrônicas, a absorção ocorre em uma
porção pouco acessível do UV. Na prática, a espectroscopia de absorção no UV tem
maior aplicabilidade para s istemas conjugados, perm i tindo que grupos
característicos possam ser reconhecidos em mol éculas de complexidade bastante
variável (Silverstein et ai., 2005). A conjugação dos sistemas moleculares (n:-1t•)
geralmente desloca a absorção para maiores comprimentos de onda (ocorrendo no
visível), este fenômeno é chamado em espectroscopia de d es locamento
batocrômico.
nm
177 -C=C- 7t ➔ rt•
280 -C=O
339 -N=N- n ➔ n•
280 n ➔ n•
270 n ➔ n•
R(Cl-l=CH). R
n=5----•
100.000
~
vv
te n = 4 - -+ 5,0
50.000
t
log e
4,0
1 3,0
2, 0L__ _ _ _ _ _ _ _~ ::-::-------=:
200 300 400
- - '!..(nm) - +
200
(b)
- - ),(nm)-+
(a)
Figura 59. Deslocamento batocrômico por conjugação de polienos (a) e des locamentos batocrômicos
conjugação de s istemas aromáticos (b). Sistemas de conjugação: naftal eno. antraceno e tetracena .
Deslocamentos para a região do vermelho indicam maior condensação aromática.
Aplicações
-N=O -N=N-
o s o
li li li
-e- - C=N- -C=C- -e- -N= N-
Embora alguns nu tores tenhnm considerado o espectro de nbsorção das 51-1 de pouc.1
utilidade prática, Kulovnara et ai. (1996) e Peuravouri & Pihlaja (1997) demonstrnram
que adequada análise pode fornecer informações importantes acerca de sua estrutura
química. Na literatura, são utilizadas as absorbãncias em diversos comprimentos de
onda específicos e, ou, as razões entre elas para determinar o grau de humificação e,
ou, conteúdo de material húmico (McDonald et ai., 2004). As absorbâncias são
relacionadas com a natureza de elevada conjugação das estruturas alifáticas ou
poliaromáticas e com a presença de sistemas moleculares doador-receptor de elétrons
nas SH (Baes & Bloom, 1990).
Dentre as razões registradas, a chamada razão E~/ E6 (razão entre as ,"lbsorbâncias
em 465 e 665 nm) é a mais utilizada e controversa na ciência do solo. A equivalência cm
limnologia é a razão Eif E3 (razão entre as a bsorbàncias em 250 e 365 nm). Ambas as
razões apresentam relação inversa com o grau de condensação de estruturas arom.íticas
e com o grau de humificação das SH (McDonald et ai., 2004). Kulovaara et ai. (1996)
associam a absorbãncia em comprimentos de onda próximos a 254 nm com transições do
tipo TC-TC" encontradas em estruturas substituídas de benzeno e na maioria dos polienos
conjugados. Já a absorbância de luz visível próxima a 400 nm é relacionada com a
intensidade da cor nmarela causada por sistemas de cromóforos estendidos em estruturas
conjugadas (Uyguner & Bekbolet, 2005).
A correlação das razões Eif E3 e E.a/ E6 com o grau de aromaticidade das moléculas
húmicas tem-se mostrado pobre e tem sido repetidamente mostrada como não adequada
para predizer relações com tamanho molecular (Piccolo, 2001 ). Piccolo (1988) comparou
a razão EiEi; de várias amostras de SH com cromatogramas de permeação em gel e
observou que os resultados foram comparáveis somente quando as SH passaram por
purificação exnustiva, no sentido de remover minerais e íons metálicos. Summers ct ai.
(1987) demonstraram que a rnzão E/ E0 varia consideravelmente com a concentr«ç5.o da
SH. Saab & Martin-Neto (2007) observaram que a razão E4 / E1, correlaciono com o grt1u de
13
condensação de anéis aromáticos, obtidos por C CP-MAS RMN com des,1eoplamcnto
defasado, e não com a aromaticidade total das amostras. A razão E4 / Eb t.imb~m I.'!
dependente da concentração hidrogeniónica, da concentração iõnic.i do meio e d.1
presença e quantidade de metais na estrutura (Stevenson, 199-1). Entre tanto, Skvenson
(1994), Korshin et ai. (1997), Peuravuori & Pihbja (1997) e J\bbt-Braun et ai. (:!00-l),
QulMI CA E Mt NER.ALOG tA oo S o Lo
XXI - Métodos Analíticos Utilizados em Química do Solo 1339
observados efeitos fotocatalílicos somente dentro ele certas concentrações das SH:
aproximadamente 30 mg L·1 para a atrazina e abaixo de 10 mg L·1 para o iprodione,
diminuindo a velocidade de fotólise do pesticida quando a concentração das SH estiver
fora destes valores.
Atrazine
lrnazaquin
ª~~
Iprodione
C
1
o Ç
o
N_.C-N-Cf-1-CH,
n 1 1
OH 0-i,
(a)
1,0 ~ 100
r
1 1
-·- - Atrazine
"
"ü o Atrazina
0,8 1 - - lmazaquin .l; 80 • lmazaquin
r:
1
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o 20 80 100 uo
200 ??O 240 260 2.80 300 320 340 360 380 400
À, nm
]
"º 60
Tempo de irradiaç:lo, min
(b) (e)
Figura 61. (a) Modelos estruturais dos pesucidas utilizados; (b) espectro de absorção na região do
ultravioleta dos pesticidas ( 1O mg L 1), em meio aquoso; (e) curva de acompanhamento da fotúli,;c de
degradação dos pesticidas, e m meio aquoso.
Fonte: Garbin el ai. (2007).
(Zsolnay et ai., 1999; Kalbitz et ai., 1999; Ba ye r e t ai., 2002a; M ilor i et a i., 2002;
Chen et ai., 2003; Milori e t ai., 2006). Essas am1lises tê m con tribuído para entender
os efeito s do manejo do so lo e da rotação de cultura s so b re as ca r ac terís ticas de
SH extraídas de solos, além de permitir an á li ses de m uda n ças estruturais mais
detalhadas das SH oriundas de difere ntes ecossistemas, incluindo aq uático. Além
das tradicionais medidas de fluoresc é ncia com amostras e m so lução, usa ndo
espectrômetros comerciais, mai s recenteme nte foram viabili za das análises com
amostras em solos, em pastilhas, por me io do método de Fluorescência Induzida
por Laser (FIL), e resultados inéditos sobre MO humificada foram obtidos (Milori
et ai., 2006; Gonzalez-Perez et a i., 2007). Trata-se de relevante avanço ex perimental
e que permite avaliar alterações qualitativas da MOS sem o uso de qua lquer
procedimento de fracionamento químico ou físico, red uzindo riscos de eventuais
artefatos de laboratório nas análises.
1
uv
1
uv • v·1s1ve
1
- J •
Vácuo 1
1
1 n➔'!• sis:cmas conju~adg~ ]
l__
1 - n->n•
- -- - 1
1
1 ._______
1
n_
-_► ~-•~s~is~t~
--,
cmasc~ugados
·- -~,,- --'
~~__,__ 1
1
n-\o*
1
u➔o• 1 1
1
200 400 750 À. (nrn)
~E::: hv (41)
e
u=- (42)
À
(-13)
__J--== -- -- -
= ===l --
-- ~- - Estados excitados
-- - -I -- - +-
" v'=0
•
Fundamental
Caso a energia absorvida pela molécula não seja suficiente para a ionização ou
dissociação da molécula, ela permanecerá no estado excitado por determinado tempo,
chamado de tempo de vida do estado excitado. Logo em seguida, ela emite energia na
forma de calor e, ou, luz. Essa luz emitida por esse processo é o que se chama de
luminescência. Dependendo do tempo de vida do estado e xcitado, o processo é
denominado fluorescência ou fosforescência. Estados excitados com tempos de vida curtos
(10"7 -10·9 s) levam a processos chamados de fluorescentes enquanto os estados excitados
com tempo de vida longo(> 10-6 s) levam a processos chamados de fosforescentes. Esta
diferença entre os tempos de vida de certos estados excitados está relacionada com regras
quânticas das transições eletrônicas. Transições p r oibidas pela m ecânica quântica
revelam tempos de vida mais longos. No decorrer do texto, a diferenciação entre a
fluorescência e a fosforescência será explicada com mais detalhes.
2,0 C0
c:o·
~
r:,
"ü
~
.D
ci 1,0
1l
<
excitados sin gle tos seja m muito me nores q u e os exc it<1dos tri p le tos . Usu<1 lmente, os
tempos d e vida de estados excita d os singletos si'io da o rdem ele J0·9-·10·7 s, e nq u a nto os
triple tos são maiores que 10·5 s (Krasovitskii & Bo lotin, 1988). Como o te mpo de v ida d e
uma molécula em estado tripleto é muito mais longo do q ue o d e um estado singleto, a
probabilidade de perd as não-radiativas é mui to maior num estado triple to.
1' 11
-------------- ----?
''
''
''
''
1 o ',, Cruzamento entre sis tem as
fflº ''
"U) .f ''
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Figura 65. Níveis vibracio nais e eletrônicos de uma molécula o rgânica. e caminhos de decaimento radiativos
e não-radiativos.
Se a molécu la absorve radiação ultraviole ta-visível e não fluoresce, provave lme nte
e la p oss ui outro mecanismo não-ra di a tivo para retor nar ao estad o fund a men tal.
Decaime ntos não-radiativos do estado excitado para o fundamenta l pode m ocorrer de
du as formas:
i) pode ocorrer re distribuição intramolecu lar da energia entre os estados e le trônicos e
vibracionais, que ocorre em d ois estád ios. Primeiro, o sistema passa po r uma con versão
interna d e energia e depois dissipa a energia por um p rocesso de re laxação vibraciona l;
ii) pode ocorrer combinação de redistribuição de energia intra e intermolecula r, que ta mbé m
ocorre em dois está dios. O primeiro é a transferência d e ene rgia p ara o utro níve l de
energia molecular ab·avés d e um cruzamento entre sistemas. Nesse ponto, pod em ocorrer
perdas po r relaxação vibraciona l e, fin a lmente, uma s upressão externa, q ut> pode ser
reaJizad a por lransferénci<1 de energ ia ressona nte com outro siste ma o u, s implesme nte,
p or colisão (cxlerirnl q11e11cl,i11g).
O u I ro p rocesso que pod e ocorrer é a decom posição da moléculn se n e nerg ia rt>ccbid,1
for comparável à e ne rgia de dissociação químicn da mo lécu l,1. Ta nto ,l dissipilçJo tlll:11
d a en ergia qu a nto us mecanis mos de d ecom posição d,1 mtilécul,1 t•s tJo n,1 tig m,1 65.
Deslocamento de Stokes
1
33 31 29 7 25 21 v.10.J, cm
lO 1,0
t .lO•l CH,co , ,-i ~1'.'Ph 1/ 1.,..,
8 0,8
~ /, o
6 0,6
4 O,t
2 0,2
o o
300 350 •IOO 450 500 À,nm
Figura 66. Dcs locamenlo de Stokes e sime1ria es pecular das bandas de ab sorção (máx.imo cm
uproximadamcnlc 350 nm) e emissão (111:himo c:m aprox.imadamc:ntc 450 nm).
conseqüente dissipação, é muito mais fácil se a molécula for frou xa e flex ível porque ela
pode reorientar-se de maneira a ajudar a promover a transferência de energia. É um
comportamento similar ao de um pedaço de borracha que absorve um choque e distribui
a energia em todo o volume. Um bloco rígido de metal ou pedra, por outro lado,
simplesmente transmite as ondas de choque para sua vizinhança. Este comportamento é
semelhante ao de uma molécula rígida, que não faz de forma eficiente a conversão interna
de energia para retornar ao seu estado fundamental e, assim, é mais provável emitir um
fóton (Rendell, 1987). Entretanto, nem toda molécula rígida é fluorescente, porque existe
a possibilidade, em certas estruturas, de ocorrer o cruzamento entre sistemas. Esta rota
para o estado fundamental torna-se particularmente efetiva quando o estado excitado de
menor energia pode ser alcançado por uma transição n ➔ rt* a partir do fundamental. O
estado excitado n ➔ 1t* tem um tempo de vida muito mais longo do que o estado excitado
7t ➔ 1t* e, portanto, tem muito mais chances de ocorrer um cruzamento entre sistemas.
Uma vez ocorrido o cruzamento, as relaxações vibracionais levam a molécula para nível
v' = Oonde permanece aprisionada por um período de tempo longo (transição T 1 ➔ S0 é
proibida) o suficiente para ser desativada por colisões ou outros mecanismos de
supressão internos (quenching). Isso explica a baixa eficiência de fluorescência de
compostos, tais como cetonas e heterociclos de nitrogênio. Cruzamento entre sistemas é
também muito eficiente em estruturas que contenham metais pesados.
Excitação ¾J - - ftrr111s
Neste caso, pode-se considerar que a intensidade de luz absorvida (lab,) é igual à
intensidade de luz incidente (10) menos a intensidade da luz transmitida (1 )·
lr:m s ·
(-lS)
A lu z trans mitida é dad a pela Lei d e Lambe rt-Bee r:
(46)
Por outro lado, pela equação 44, tem-se que a eficiência quântica do processo de
fluorescência ($) ~ dada pela razão entre as intensidades de fluorescência e de luz
absorvida, e, portanto:
(48)
o 2 6 10
ConccntraçJo, u ..>.
Figura 68. Intensidade de emissão de fluoresd!ncia (1 0 ...,) como função da concentração para
amostras que não apresentam superposição entre os espectros de emissão e absorção.
Ifli = Ifluo!!
• (l'U = ""l11 (1-t(' f' J)t'·LLJ
Y
(50)
Na figura 69, tem-se uma curva típica qu e descreve a equ ação 50. Em altas
concentrações, observa-se até mesmo a total extinção cio s inal ele fluorescência.
Comportamento similar ocorre quando a amostra contém cromóforos que competem pela
absorção da luz de excitação.
o 2 4 6 8 10
Concentração, u.a
Figura 69. Intensidade de emissão de fluorescência (10 " como função da concentração para amostras que
0
)
9-□-e;=i
(i)
1
(v)
detivamenle a multiplicnç,10 cnln~~ us c:-.pCl'ln1:-1 dL1 cn,IH:-. \11 l' l' Xl' ll11<,•i111 1 pr<1d11 1i11dll
um espectro com m6x imos e picos mnl H bem Lll' fi11id11t-: t' L'1 11·nvh•ris lk11:1 d1 1· 1d,1
1 1
fluoróforo que compõe o mnleriol qul.' cslt~ sendti u1rn ll su dn. l'nr n1 t•l 11 lll'~'*' llp11 d i•
espectro, podem-se aCLllnponhnr vnrinçL es cs l rui uruiHd • 111ull'ri11i~1c11111plL·>m~1d111·111111 1
em 30 pode ser montado. Su,1 v is u,1li ·1..11.; ,1o p111.k :-.er nu ili :1d .1 pnr 11wln d1• 11m,1
apresentação topogr::Hica L'll d· curvos de ní Vl'I .
A técnica de FIL é amplame n te utili zada n,1 pl'squi s,1 par,1 v.\ ri ,1s ,1p lic,lÇlkS
analíticas, desde avaliação d e plasma 11a es pel'lrnscop ill de pl ,1s 111 .1 indu z id.i p1.H
laser (LIBS) p a ra aná li se e lementar, at:é dinbn ós tico d ' IL•c id os c,111ce rí g l no s, 1
utilizando espectroscopia de flu o rescênc ia molecu lar. A FIL 6 u111,1 d as 111,1 i:-. sensív~ is
ferramentas disponíveis para proposta s a nalíticas. Eln 6 rc l,1Liv,u11cnle f,\ ·il de
implementar e, geralmente, não-invas iv a, o que é bnsl ,rnlc t'1lil pa r,, ,1plk,11.,'L'il's
ambientais.
Todos os conceitos expostos na seção anterior a respeito dos princípios b,\s k1)::, de
fluorescência são válidos para a espectroscopia d e FlL. A diferenç·n cunsis ll' ,11wnns n\l
fato de a excitação do material fluorescente ser feita por me io de um laser. As vnnt,1i;ens
de se utilizar o laser vão desde a intensidade de luz mais alta num comprimcn t\l de onda
de excitação específico produzindo boa re lação sinal-ruido qunndll co m p,,rndn ,1
fluorescência induzida por lâmpada, seletividade maior na excitaçao, tendLJ, pLJrl'anlLl,
menos fatores de interferência no sinal da fluorescência, até n possibilidade dl:' se lraballll\r
com excitações polarizadas e coerentes com alta potência.
Na figura 71 tem-se um esquema básico da montagem experimenta l p,1rn r~.11iz.,H
análises de FIL em amostras opacas usa ndo h1ser de Ar como fonte de exdtaL;ôo. l•:sl'e
lase r é uma escolha inte ressante, pois possui linhas no ultravioleta e l1ll visiVL'I (JS I;
454,6; 457,9; 465,8; 476,5; 488,0; 496,5; 501,7; 5H,5 e 528,7 nm), pl;)rtnilindn Cl;)l'lll i;1-.1 u dL'
liberdade na escolha do comprimento de onda de excitação.
O prisma na saída do laser serve parn separar a emi8si\o laser dn fluorescl\lll.'i n 1.k
fundo do gás e permitir urna excitação "limpo" cin amostrn. A lctltL: L'úk•t,1 o s i11.,l dl•
fluorescência e focaliza sobre a fenda do monocrnmndor. O fill'm L.'limili.1 ,1 L',l'it,11,-.hi
espalhada pela superfície d a a mosl'rél. O cfW/'/'r.!r serve p,Híl mod ulM ,\ luz num,1 f1\•q(l1.'nd ,1
definida que serve de re ferência p.irn o nmplificnd(ll' /p1 ·k-i11 . Um s istl'tn,1 dl' ,1qui~: i1,·,h1
control a o passo do monocromador e n leitura do s innl do /oá-i11 gl' n 111dl11> 0s pl'1.'lt'l' dl!
e mi ssão da amostra.
Ar L.1scr
íotomultiplic.idora 2
\ , • monocromador 1- prismél
r--"',--1
2-4 espelhos
ilmostra 5- lente
6- choppcr
7 - filtro
olioscópio
fonte
-SOOV Lock-ln aquisição
Figura 71. Montagem experimental para realização de análises de fluorescência induzida por las c:r (FIL).
A fluorescência das SH é u111<1 técnica bastante utili zada e m a mos tras ambientais
(Miano et ai., 1992; Senesi et ai., 1995; Olk et ai., 2000; Sen esi et ai., 2003; Ca rvalho et ai.,
2004; Cilenti et ai., 2005; Rosa et ai., 2005; Plaza et ai., 2006; Saad i et ai., 2006). De pendendo
da origem da amostra, os espectros bidimensionais de fluorescênciél apresentam perfil
característico. Geralmente, o espectro de fluorescência déls SH é composto por bandas
largas em virtude da grande complexidade do material e presença de vários fluoróforos.
Senesi (1990b) comparou os espech·os de emissão e excitação de AF terrestres e aquáticos
e observou características bastante distintas para os dois materiais. O quadro 6 mostra
os máximos de emissão e excitação para os AF extraídos das diferentes fontes. O máximo
de fluorescência para as amostra de solo ocorre em comprimentos de onda maiores do
que os demais, indicando que sua estrutura é mais complexa e rica em grandes sistemas
rígidos com ligações insaturadas.
Origem da amostra
- - -- - -- - - - nm - - -- -- - - -- -
Terrestre
Solo 500-520 465-470
Turfa 455-461 390
Lodo 435 390
Aquático
Água fresca 410-450 325-360
Estuário 430-450 350
Mar 420 325
Oceano 488 385
Fonte: Scne,i ( 1990b).
As SH, em geral, absorvem numa banda larga desde o visível até O ultravioleta,
portanto, o efeito de inibição da fluorescência (q11enc/1i11g) pode ocorrer significativamente
em altas concentrações (como descrito no item Fluorescência das Substâncias Húmicas).
Desta forma, para medidas em solução a concentração abaixo dos 20 mg L·I é recomendada
para minimizar este efeito. A presença de metais também pode influenciar a eficiência
quântica de fluorescência das SH e causar alterações na intensidade de fluorescência.
Em alguns casos, este efeito é justamente utilizado para avaliar contaminação mnbient.1I
por metais (Hernández et ai., 2007).
ultravioleta (240 nm), os espectros de emissão das amostras de solo do Cerrndos n.:itivo
mostraram um pico na região azul {máximo cm - 450 nm), enqu anto os espectros do
plantio convencional mostraram-se mais largos e com um deslocamento para o verme.lho
(máximo no verde em - 507 nm). Comparnndo os espectros com varredura sincronizada
dos AH do Cerrado nativo com os relativos nos solos sob mnnejo convenciomtl, observa-
se inversão de intensidade bastante interessante para os máximos em 465 e 399 nm.
Considerando que dados de RPE apontam que os solos sob manejo convencional possuem
MO mais humificada, parece que a emissão acima de 500 nm e excitação em 465 nm estão
relacionadas com grau de humificação da MO. Umo conclusão similnr pode ser obtida
por meio dos espectros de excitação. As variações espectrilis mais s ignificativas do
espectro d e excitação ocorrem cm 465 nm. Utilizando este comprimento de onda de
exci tação, o espectro de emissão obtido mostra um único perfil, mas com significa ti vns
alterações na intensidade.
200
300 c..1mF'1 ruovo
c.imporw.u-.·o - puntio J1Mu
- rLantio 1.lln-10 250 - m.11,,,0 con-. a.1UfW
,: 150 - 111.ilnqO CUffi'l"nC\CnJI
;; ~
,; .E!, 200
-,:,,. 100
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"O ~ 150
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.5 50
]
50
o
À 39'1 Â-ii.s
o 1
A, A.
JOO l."-0 400 150 500 5:--0
350 400 450 500 550 600 ~
),,nm
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(b)
(il)
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~ 100
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o.J._-r----.--------,----.---'----- 450 ~l)
200 :?50 300 350 400 ~50 SOO
), , nm
(e)
Figura 72. Exernplus Hpit:oi. de c:,.pc:.ctros lk Ouorc ci:nda <lc AH c,tr.1ídu!> de i,o lo~ l.lo Br..1) 11 ,l,b J11 c n:n1c,
manejus <lc sulu. As amo:.tr.is furam prcpar..1<l..1) cm l,UIU\'ÜO a11ulha C:!U mg L '. pll=S1, (.i) cm1~,lu llc
íluore,c~ncia (À = 2.40 nm ) 1b) E:-pcctro <lc vam:Llur..1 l> in"·mmtndu f~À =55 nml. l <=) fap..--:tru il-:
cAc:i1aç;iu de 1lu~~~i.cénc1a 0-. , = 517 um) . (i.l) i:1111~,:10 Jc tluorc~ú~11.. 1u IÀ,,. : ~65 111111.
QU I MI CA E M I NERALOGIA DO S OLO
1354 CASSIO HAMILTON A BREU ) UtJl íJQ U :.~ .
Recentemente, foram publicadas técnicas p arn ava lia r o g rélu d e humifica ção
de SH em solução baseadas em fotoluminescência . Toda s as téc nicas baseiam-se no
fato de as estruturas mais complexas (como anéis conde nsados e, ou, s ubstituídos)
terem seus espectros de absorção e emissão des locados para o vermelho. Zsolna y et
ai. (1999) propuseram que o espectro de emissão com excitação no ultravioleta (240
nm) fosse dividido em quatro partes. A razão entre as áreas do qu a rto mais para o
vermelho (A 4) e o quarto mais para o azul (A 1) foi definida como índice para avaliar
a humificação de MO dissolvida (A 4 / A 1). Este m étodo privilegia a observação de
estruturas mais simples, pois 240 nm é mais ressonante com este tipo de estrutura.
Este fato, em algumas situações, pode ser uma limitação para a aplicação desse
método.
Kalbitz et ai. (1999) utilizaram a razão entre picos observados no espectro de
varredura sincronizada (intensidade do pico mais para o vermelho/intensidade do pico
mais para o azul) para avaliar o grau de humificação de AF. A melhor condição de
obtenção deste tipo de espectro depende do tipo de amostra. Para AF, em geral, a diferença
entre a emissão e excitação (t.11.) é de 20 nm. Para AH, a melhor condição é óÀ = 55 nm e,
neste caso, os máximos mais bem definidos apresentam-se em 399 e 465 nm e, portanto,
o grau de humificação pode ser avaliado pela razão entre estes máximos (lm /1399). Milori
et ai. (2002) observaram boa correlação entre a intensidade de emissão de fluorescência
com excitação no azul (465 nm) e a CRLS, determinada por RPE, para amostras de AH
extraído de solos.
Na Figura 73, tem-se um resultado típico de análises realizadas com solos do Cerrado
brasileiro. Essa alta correlação deve-se ao fato de a excitação neste comprimento de onda
ser ressonante, também, com estruturas originadas da oxidação de grupos fenólicos e
quinonas. Portanto, a área sob a curva de emissão de fluorescência com excitação no
azul é proporcional ao grau de humificação da MO. Esta área, denominada A4651 foi
definida como índice de humificação. A figura 74 mostra a correlação entre as técnicas
de flµorescência propostas por Zsolnay et ai. (1999), Kalbitz (1999) e Milori (2002) para
os mesmos AH extraídos de solos do Cerrado brasileiro.
Os cientistas de solo têm utilizado estimativas do grau de humificação da MO para
avaliar manejo de solos. Bayer et ai. (2002a) estudaram efeitos a longo prazo de sistemas
de manejo e cultivo nas características dos AH da camada superficial (O a 25 mm) de
solos subtropicais brasileiros. Os autores utilizaram as espectroscopias de fluorescência
e RPE em suas análises. Ambas os métodos foram consistentes (r = 0,84, p < 0,01),
mostrando efeito positivo dos manejas conservacionistas nas características das SH, que
possuíam comportamento similar às SH do solo de mata nativa. Por outro lado, Gonzaléz-
Pérez et ai. (2004) avaliaram os AH extraídos de um Latossolo Brasileiro sob diferentes
tratamentos em experimento de cinco anos de duração com os índices de humificação
estimados por fluorescência e não observaram variações significativas no cultivo.
Gonzaléz-Pérez et ai. (2004) concluíram que, provavelmente, o alto teor de argila oferece
proteção ao complexo argi la-Fe-MO contra as mudanças estruturais. Es tes são dois
exemplos interessantes da aplicação da espectroscopia de fluorescência e m nnâlises ll
manejo de solos.
4
2,5x10 • Argis<-0111 Vermelho r ,. O.&I • p e 0,009
■ L.1to~"<>IO Vl'rm()lho l r : 0,91 , p e 0,088
■l l A L.1to,,solo Vcrml!lho 2 r " 0,S-1 , /' " 0,026
" Argissolo ,\mareio
4
2,0x10
l'J 2
:i 4
.,:; 1,5x10
<(
...
.,:,
4
1,0x10
3
5,0x10
o 2 4 6 8 10 12 14 16 18
17
CRL5, x 10 spin g ·• AH
Figura 73. Correlação entre índice de humificação (A,65) proposto por Milori e t ai. (2002) e a conce ntração
de radicais livres cio tipo semiquinona (CRLS) ele solos ela região do cerrado brasíh:iro.
2,5
0,4
2,0
•
o
0,3
~
M
...::::.
1,5 ~...
~ <
_.,,. 0,2
1,0
0,1
~
0,5
o 5 10 15 20 25
A , u.a.
465
Figura 74. Gráfico da com:laç.uo e ntre os métodos Je fluorescência para ,1valiar o gr.iu de hunuficJç:h> J e
AH A /A é O índice propo!ot0 por Zsolnay ct ai. li 999 J; 1.../1,.,. é o inJicc prnpc•~to por Kalb111. ct
.
1
ai. ( 1999) • e ;\ ...,,, é o índkt· proposto por Milori c t ai. (2002 ).
figura 75. Especcros cridimcnsionuis dt~ fluorcsC'ê111;ia de um .ícido húmico dt• u111 Lmoi;..,ulú. (a) Topogr:iriço
r: (b) curva~ c.Jc nívd.
- - Solo ruitural
3 Solo calcinado (600 °q
~
::::,
cJ 2
-e
r::I
"O
'iii
e:
e.,
] 1
Fi,;ura 76. Especlro~ iípii:os de cnus~ão Jc fluor~ 1.:~n1.:1J tk ,.,1.,s 1111c:1m~. Em uwl. o ,ulo ilc:1111rat.m,en1v
Em vcrml.'lho, o ~ulu 1.:JlcinaJo.
l•oni.:: Mllon l'I .il. (2006).
(b)
• •
figura 77. (a) Mo11tagcm cxpo:rim,:nt.al para rcalilaçã11 J,: an,ili~cs de f-lL. ll.>l Detalhe \b) p.t tilh.1, de
~olo~.
,ó
•
2,5 •
ô'
•!:J •
~ 2,0 •
.°B
o
õ1/)
--::,
1,5 •
:t • •
1,0
r=0,85; p<0,0001
0,5
0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30
A/~ (AH em solução)
Figura 78. Correlação entre o grau de humificação da matéria orgânica de um solo inteiro. medido pela a
FIL (HF1L), e o grau de humificação do ácido húmico, medido pelo método de fluorescência em solução
cm cspcctrômetros comerciais (A/A 1) (método de Zsolnay et ai., 1999).
..J.
..,_
1,2x10-I
9,0xlQ'5
0,0 - 2,5 2,5 - 5,0 5,0 - 10,0 10,0 - 15,0 15,0 - 20,0
Profundidade (cm)
Figura 79. Comportamento do grau de humificação da MOS obtido por meio da espectroscopia de FIL
(HF11) . considerando o manejo e profundidade do solo e m experimentos realizados no Cerrado.
Fonte: Milori et ai. (2006).
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