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Psiquiatria - 9º Período

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SAÚDE MENTAL

Psicopatologia:
 Psico = mente, psiquê é o estudo das “ditas” doenças
 Pato = doença mentais
 Logia = estudo

 A psicopatologia observa, identifica e compreende o que compõe a doença mental – sinais,


sintomas e comportamentos. Seu objetivo não é fazer julgamento, utilizar dogmas de qualquer
tipo.
 A psicopatologia está sujeita a revisões e reformulações constantes.

 Características da entrevista psicopatológica:


. não existe uma “receita de bolo” para o exame psicopatológico. O médico precisa de
conhecimento técnico e intuitivo para fazer o exame psicopatológico
. a habilidade do entrevistador é composta por: perguntas que fórmula; perguntas que evita
formular; decisão do que falar e o que não falar no momento certo; saber desenvolver empatia
com o paciente.
. cada entrevista é singular e cabe ao médico adotar a melhor postura em cada caso,
considerando todos os aspectos envolvidos.

 A entrevista psiquiátrica:

Exame psíquico – exame da mente da pessoa


Súmula – resumo do exame psíquico
Exame físico básico apenas para justificar causas para aquela doença psiquiátrica
Não existe exame complementar que dê o diagnóstico – pq? Para excluir outras causas, ex:
depressão secundária
Diagnóstico sindrômico – é o superficial. Normalmente, a terapia entra nesse momento
Diagnostico nosológico – menos específico que o etiológico – longitudinal. Ou seja, não é dado
nas primeiras consultas, pois é necessário um tempo para avaliar os sintomas e suas evoluções
1. Anamnese: corte longitudinal
 Identificação:
. nome, DN, sexo, estado civil, naturalidade, profissão (fatores de risco para algumas doenças 
beleza, como modelos e bailarinas = transtorno alimentar, medicina = ansiedade), etnia, religião
(fator protetor e desencadeante), residência
 Queixa principal:
. relatada com menos termos possíveis, nas palavras do paciente, mesmo que absurda; “fui
abduzido por um ET”; “descobri a cura do câncer” etc.
 Motivo do atendimento: quando a queixa principal foi “fora da caixa”
. só é feito quando o paciente não tem consciência de morbidade;
. conteúdo dado por um terceiro (bombeiro, família, conjugue etc.);
. é o motivo real pelo qual a pessoa chegou à emergência, consultório etc
 História da Doença Atual (HDA):
. relato da doença atual: como começou, fatores desencadeantes, fatores que melhoram etc.
. deve ser redigida com relato dos pacientes ou informantes ou ambos e deve ser especificado
quem conta a história
. indicado fazer por ordem cronológica da doença – muitas vezes a HDA acaba abrangendo toda
a história psiquiátrica porque a doença mental é crônica e episódios anteriores geralmente
estão relacionados aos atuais
. busca de sintomas ativamente também pode ser realizado bem como pertinentes negativos,
quando necessários,
 História Patológica Pregressa (HPP):
. doenças não psiquiátricas antigas e atuais que não estão relacionadas a doença psiquiátrica
atual (senão relatar a HDA);
. medicações (dose, tempo de tratamento) ex: LITIO, diuréticos (hctz) têm interações
medicamentosas
 História pessoal: tudo o que a pessoa tinha antes de abrir o quadro psicológico
. infância, adolescência, sexualidade, vida profissional, personalidade pré-mórbida
 H. Familiar:
. doenças psiquiátricas não psiquiátricas;
. medicamentos psiquiátricos (resposta a remédios é genético)
 H. Social: fator protetor ou desencadeante da doença
. moradia, condição socioeconômica, características culturais, uso de drogas etc.

2. Exame Psíquico ou Exame do Estado Mental: corte transversal


. É o “exame físico da mente”. É captado através do que o paciente fala, comportamento e
mímicas
. Realizado mesmo antes do início da entrevista quando o médico entra em contato com o
paciente e dura toda a entrevista psiquiátrica (mesmo durante a coleta da anamnese)
. São as informações observadas pelo observados. O que é relatado cabe melhor na anamnese.
. Relatado apenas alterações que ocorrem no momento da entrevista. Ou seja, é um corte
transversal – se for um relato de algo que não está acontecendo na entrevista, deve ser
apontado na anamnese.
. Não é objetivo denotas as causas das alterações, apenas relatadas
. Não se deve usar termos técnicos, pois a descrição é através de narrativa
. Devem ser relatadas as funções psíquicas alteradas e normais

3. Súmula Psicopatológica:
. É o resumo do exame psíquico
. Corresponde a demonstrar as funções psíquicas e quais alterações ou não estão presentes
através de um termo técnico. Ex.: No exame psíquico: paciente com roupas largadas, odor
fétido, cabelo embaraçado; na súmula = aparência: descuidado
. Tudo que está na súmula deve ter sido descrito no exame psíquico
. Pode ser colocado intensidade (+++) e grau de certeza (delírio?)

 Funções Psíquicas: Substrato para o exame psíquico e a sumula psicopatológica.


. Nossa mente tem entre 15 a 20 funções
. O problema da compartimentalização: as funções psíquicas são separadas apenas por uma
questão didática, porém na prática clínica, as funções que serão estudadas a seguir estão
interconectadas. Portanto, não existem funções psíquicas isoladas
. Devemos evitar o reducionismo e entender que o adoecimento acontece na totalidade da pessoa
e não em uma parte.

1. Aparência:
 Conceituando:
. Geralmente é a primeira função psíquica avaliada pelo examinador
. Se refere basicamente aos cuidados estéticos e higiênicos do paciente
. Rosto, olhos e olhar, cabelos, pelos faciais e unhas, dentes, odor, roupas, postura, corpo.
 Como classificar?
 Forma 1:
. cuidada ou
. descuidada, ex.: depressão

 Forma 2:
. adequada;
. bizarra (excêntrica, extravagante): qualitativamente diferente do esperado para a ocasião
. exibicionista: exibição do corpo para sedução, ex.: fase maníaca do Transtorno Bipolar

! Nenhuma função psíquica isolada dá o diagnóstico!


EX.: Exame Psíquico – Encontro paciente na sala de epsera do ambulatório de psiquiatria. Ao vê-la
noto que estava usando uma roupa muito colorido, com vários adornos. Estava com cabelo pintado,
batom de coloração vermelho escuro, com maquiagem em excesso, que chegava a estar borrada,
exalando um perfume intenso.
Súmula – Aparência: Extravagante
2. Atitude:
 Conceituando:
. A atitude pode ser identificada de uma forma mais ampla durante a entrevista, mas na súmula,
o seu melhor emprego se dá do paciente em relação ao examinador e a entrevista. Ex.: atitude
suspicaz – se for em relação ao médico
. A atitude por ser:
.. positiva: de cooperação com o examinador
.. negativa: de não cooperação com o examinador
. Um paciente pode mudar a atitude ao longo da entrevista ou apresentar mais de uma atitude
ao mesmo tempo
. Os termos empregados para atitude são amplos e não há um termo único para cada atitude

 Alterações da atitude:
. atitude não cooperativa: termo vago e impreciso
. atitude suspicaz ou de desconfiança (muito comum): suspeito sobre o médico e ambiente. Ex.:
Esquizofrenia
. atitude hostil: ameaça, briga corporal
. atitude querelante: discussão por achar algo errado
. atitude reivindicativa: reivindica algo
. atitude manipuladora: manipula para obter alguma vantagem
. atitude simuladora: criação de sintomas não verdadeiros
. atitude dissimuladora: paciente esconde sintomas
. atitude invasiva: paciente quer informações sobre a vida pessoal do médico, presente em
quadros típicos de transtorno bipolar
. atitude evasiva: evita responder as perguntas sem ser explícito, presente em quadros
depressivos
. atitude indiferente: não se importa com a entrevista
. atitude esquiva: não quer contato social
. atitude inibida: não encara o examinador
. atitude desinibida: facilidade no contato, as vezes inconveniente
. atitude irônica: piadas e tom de voz refletindo arrogância (quadros de mania)
. atitude jocosa: piadas (quadros de mania)
. atitude lamuriosa: queixas intermináveis (quadros depressivos)
. atitude dramática: reflexo de hiperemotividade
. atitude teatral: chamar atenção
. atitude sedutora: tenta despertar interesse no examinador
. atitude pueril: infantil
. a. gliscróide: grudenta
. a. submissa: aceita tudo o que o examinador fala
. a. expansiva: trata médico como se fosse íntimo
. a. amaneirada: com trejeitos
. a. negativista/oposição: não quer participar da entrevista

Obs.: Um paciente pode misturar as atitudes durante a consulta


EX.: Exame Psíquico – “... durante a entrevista paciente mantém-se o tempo todo com a cabeça
para baixo, não olhando em meus olhos. Em alguns momentos, inclusive, não responde
diretamente a algumas de minhas perguntas”
Súmula – Atitude: inibida, evasiva

3. Consciência Geral: que se refere a quantidade de informações que conseguimos perceber do


mundo e da gente
 Conceituando:
A consciência pode ser entendida de 3 formas principais:
 Consciência neuropsicológica:
. equivale a lucidez (clara), vigilância
. é a consciência vertical: nível de consciência
 Consciência psicológica:
. é a soma de tudo experimentado e vivenciado pelo indivíduo em um dado momento
. equivale a dimensão horizontal da consciência: campo da consciência
 Consciência moral/ética/filosófica: a psicopatologia não estuda
. equivale a consciência do certo/errado

 Consciência Vertical (Quantitativa) – Rebaixamento do nível de consciência:

. consciência clara – indivíduo acordado. Em todas as doenças da psiquiatria a consciência está


clara.

. qualquer rebaixamento do nível de consciência suspeita-se de uma condição clínica e não


psiquiátrica

 Delirium (estado confusional agudo) = quadro caracterizado por rebaixamento do nível de


consciência leve a moderado;
. Não é uma doença, é um estado confusional agudo.
. Denota que existe uma doença que causa esse estado.
. Principais causas de delirium em idosos: infecção urinária, polifarmácia.
. Sintomas psiquiátricos dentro do delirium, quando trata a clínica, o sintoma psiquiátrico
desaparece.
. Associado a:
.. desorientação temporoespacial
.. perplexidade
.. dificuldade de concentração
.. alteração do pensamento e discurso
.. ansiedade em graus variáveis
.. lentificação (delirium hipoativo) ou agitação psicomotora (delirium hiperativo) ou misto
.. ilusões e/ou alucinações (principalmente visuais)
. Delirium geralmente piora no final da tarde/início da noite

 Consciência Horizontal (Qualitativa) – Alterações do campo da consciência:


. É um estado alterado da consciência:
.. ocorre uma redução no conteúdo que a consciência abarca (restrição à determinadas
vivências)
.. uma parte do campo da consciência está inalterada e outra alterada
.. comum associação com algum grau de rebaixamento do nível de consciência
. Neurologia: chamado de distúrbios focais.
Ex.: estado pós convulsivo – indivíduo não se situa ao mundo  consciência estreitada; Hipnose
 estreitamento de consciência

Ex.: Exame Psíquico – “... durante toda nossa conversa, paciente interagiu de forma adequada e
em nenhum momento pareceu sonolento, mantendo-se desperto durante toda a entrevista”
Súmula – Consciência: clara

4. Consciência de Morbidade:
 Introdução:
. é o entendimento que o indivíduo tem acerca do seu próprio estado de saúde
. Reconhecimento de:
.. uma doença o está acometendo
.. a doença é mental e não física
.. determinados comportamentos ou vivências são anormais
. IDEAL: Consciência de Morbidade >> Adesão ao tratamento

 Lembrar que sempre há uma relação direta entre consciência de morbidade e adesão ao
tratamento:
. ausência de consciência de morbidade – paciente se trata por atribuir significado falso à
medicação ou por pressão familiar
. presença de consciência de morbidade – largar o tratamento por conta de efeitos colaterais,
por achar ineficaz etc.
 Alterações:
. presença de consciência de morbidade
. ausência de consciência de morbidade
. consciência parcial de morbidade – pode ser usada como forma para conseguir medicar o
paciente

EX.: Exame Psíquico – “... durante a conversa, paciente afirmou que não entendia o motivo de
ele estar no hospital e que não iria tomar nenhum medicamento porque estava sendo
perseguido e outros é que deveriam estar internados...”
Súmula – Consciência de morbidade: ausente
EX.: Exame Psíquico – “... paciente relatava estar sendo perseguido por extraterrestres e
quando foi oferecida medicação, afirmou que iria tomá-la porque aquilo poderia deixar ele
menos nervoso para melhor suportar tal perseguição...”
Súmula – Consciência de morbidade: parcial

5. Atenção: foco da consciência


 Definição:
. é a direção ou foco da consciência – está intimamente relacionada à consciência
. “a atenção dá mais clareza e nitidez ao que está sendo observado”
. Está ligada diretamente, também, a memória, sensopercepção e orientação
. Implica em abdicar de algumas coisas para lidar de forma eficaz com outras
 Outras definições:
. Tenacidade/Concentração:
.. é a capacidade de manter a atenção em um objeto por um determinado tempo
.. corresponde à concentração, foco da atenção
.. é ativa, direcionada
. Vigilância:
.. é a capacidade, em um momento qualquer, de desviar a atenção para estímulos diversos
.. corresponde à mobilidade da atenção

 Alterações Qualitativas:
 Hipertenacidade + hipovigilância:
. também conhecida como: rigidez de atenção, distração, estreitamento da atenção
. indivíduo foca, com aumento da atenção voluntária. Ex.: ler um livro, fazer uma tarefa,
quadros histéricos
Obs.: Despolarização da atenção – a atenção se volta a uma vivência interna, por exemplo, na
depressão (normalmente, é hipo + hipo, eventualmente ta hipertenai “para dentro”), TOC,
pânico
 Hipervigilância + hipotenacidade:
. também conhecido como: labilidade da atenção e distraibilidade
. indivíduo não consegue sustentar a atenção voluntária. Há predominância da atenção
espontânea, por exemplo, na ansiedade, quadros maniformes, TDAH, delírios persecutórios,
intoxicação por cocaína.

 Alterações Quantitativas:
 Hiperprosexia (hipertenacidade + hipervigilância): mais teórico do que prático
. é o aumento global da atenção
 Hipoprosexia (hipotenacidade + hipovigilância):
. é a diminuição global da atenção - ex.: depressão, sonolência, tédio, delirium, demência
. tenacidade: fatigada
. vigilância: aumento do limiar para desviar atenção
 Aprosexia:
. abolição da atenção – ex.: sono e coma
EX.: Exame Psíquico - “... conforme conversávamos, qualquer fator externo que acontecia, fazia
o paciente parar o que estava falando e começava a interagir com o ocorrido. Isso aconteceu
por diversas veze durante a consulta, de tal forma que o paciente pedia para refazer as
perguntas inúmeras vezes”
Súmula – Atenção: hipervigil e hipotenaz

6. Orientação:
 Classificação:
 Autopsíquica – para dentro:
. orientação quanto a si: nome, idade, DN, profissão, estado civil
. Poderia ser classificada em consciência da identidade do Eu
 Alopsíquica no tempo – para fora:
. é a orientação adquirida mais tardiamente e que primeiro se perde.
. avaliada pelo momento cronológico (hora do dia, turno do dia, dia da semana, mês e ano; mais
fácil pra mais difícil: Ano, mês dia da semana, dia do mês e etc.)
. avaliada pela duração e continuidade temporal: Quanto tempo está no local, quando se
alimentou pela última vez?
 Alopsíquica no espaço:
. significa saber onde se está: Instituição, bairro, rua, andar.
. tipo de lugar, nome do lugar e onde se situa o lugar

7. Memória:
 Definição: Memória é a capacidade de registrar, conservar e evocar as experiências/fatos já
ocorridos (perceptivos, motores, pensamentos e sentimentos).
 Classificada em:
 Memória biológica ou cognitiva
 Memória genética
 Memória Imunológica
 Memória Cultural

 Alterações Quantitativas:
 Definição Geral: podem ser classificadas em amnésia, hipomnésia e hipermnésia (capacidade de
decorar as coisas)
 Classificação:
. Quanto a extensão do conteúdo: generalizada, lacunar e seletiva
. Quanto ao tempo em que as memórias pretencem: anterógrada, retrógrada e
retroanterógrada
 Amnésia ou Hipomnésia anterógrada (ou de fixação):
. prejudica a capacidade de fixação de novas informações.
. ex: não lembrar de onde passou, não reconhecer alguém que acaba de conhecer etc/ hipo: uso
de maconha e depressão
 Amnésia ou Hipomnésia retrógrada (ou de evocação):
. prejudica a recordação de memórias fixadas
. ex.: histeria
 Amnésia ou hipomnésia retroanterógrada (ou mista ou fixação-evocação):
. forma mais comum/ hipo: TCE

 Amnésia (hipomnésia) generalizada:


. dificuldade de evocação de grandes partes do passado ou vida inteira
. ex.: Alzheimer avançado
 Amnésia (hipomnésia) lacunar (ou localizada):
. dificuldade de relembrar um espaço de tempo delimitado, preciso
. ex: crises convulsivas
 Amnésia (hipomnésia) seletiva (ou sistemática):
. dificuldade no conteúdo e significado afetivo
. ex: brigou com o pai e esqueceu do que aconteceu e quem é o pai (quadro histórico)

 Hipermnésia anterógrada:
. alta capacidade de armazenamento de novas informações, processo mecânico
. ex.: autismo e retardo mental
 Hipermnésia retrógrada:
. capacidade aumentada de lembrar de informações do passado
. ex.: síndrome maníaca, EQM
 Hipermnésia lacunar:
. rememoração de um episódio no tempo
. ex.: acidente no TEPT, ataque de pânico
 Hipermnésia seletiva:
. rememoração de um episódio
. ex.: depressão (fixa-se em algo ruim), mania, delírio etc

8. Afeto:
 Definição:
. É a dimensão psíquica que da cor, brilho e calor as experiências humanas.
. Agradáveis: satisfação psíquica e corporal
. Desagradável: não satisfação das necessidades psíquicas e/ou corporais
 O que é afeto?
 Humor ou estado de ânimo – é longitudinal:
. Definição 1: é o estado emocional de base ou de fundo do indivíduo (tônus afetivo basal) em
um determinado momento
. Definição 2: é o somatório ou síntese dos afetos presentes na consciência em um determinado
momento
. Definição 3: é uma lente afetiva que permeia as experiências afetivas e dá colorido e sentido a
elas (ampliando ou diminuindo)
. Outras características:
.. é difuso (não relacionado a um objeto específico, geralmente persistente e não reativo)
.. tem características psicossomáticas (mente e corpo)
. Apresentação:
.. oscila entre alegria, tristeza e irritabilidade; ansiedade e calma
.. disforia: humor desagradável
 Emoções:
. são reações afetivas agudas, de curta duração e grande intensidade desencadeada por
estímulos significativos. Internos ou externos; conscientes ou inconscientes
. inclui reações psicossomáticas

 Sentimentos:
. “perceber através dos sentidos”
. vivência afetiva estável, menos intensa e menos dependentes de estímulos
. é um fenômeno mais mental do que somático
. Associado à conteúdo intelectual:
.. depende da linguagem e cultura para ser expresso. Ex.: saudade
. Classificação:
.. da esfera da alegria: euforia, satisfação
.. da esfera da tristeza: melancolia, saudade7
.. da esfera da agressividade: raiva, rancor
.. da espera da atração pelo outro: amor, carinho
.. associados ao perigo: temor, receio
.. narcísico: orgulho, arrogância
 Afetos
 Paixões

 Alterações de humor: Pode haver disforia tanto na hipertimia quanto na hipotimia.


 Hipertimia:
. humor patologicamente alterado “para cima”:
.. euforia ou alegria patológica: alegria intensa e desproporcional às circunstâncias
.. elação: alegria patológica + expansão do eu
.. com disforia: tonalidade afetiva desagradável mal humorada, irritável (para fora )ou agressiva
 Hipotimia:
. humor patologicamente alterado “para baixo”:
.. depressão ou tristeza patológica
.. com disforia: tonalidade afetiva desagradável, mal humorada, irritável (para dentro) ou
agressiva.

9. Conação (impulso e vontade):


 Processo Volitivo:
. é divido em 4 fases:
i. Fase de intenção ou propósito: impulsos e desejos, basicamente inconscientes.
ii. Fase de deliberação: ponderação consciente sobre aquilo que se quer
iii. Fase de decisão: escolha de uma alternativa e início da ação
iv. Fase de execução: fase final – atos psicomotores são realizados na prática.

Borderline: tem um desejo e faz, ou seja, pula a fase 2 e 3.

 Alterações Quantitativas:
 Hipobulia:
. diminuição da atividade conativa
 Abulia:
. ausência completa de atividade conativa
Obs.: O aparecimento de hipobulia/abulia, se verifica:
. falta de energia, fraqueza, indisposição, fadiga;
. apatia (indiferença afetiva)
. dificuldade de tomar decisões
. perda da iniciativa e da espontaneidade
. inibição de psicomotricidade
 Diminuição dos impulsos específicos:
. sono: insônia
. apetite: diminuição do apetite ou ausência de apetite (anorexia)
. libido: diminuição do libido

 Hiperbulia: presente na fase maníaca da bipolaridade


. aumento da atividade conativa
. manifesta-se com:
.. aumento da energia .. aumento da iniciativa
.. aumento de psicomotricidade
 Aumento de impulsos específicos:
. sono: hipersonia
. apetite: aumento
. libido: aumento da libido (homem: satiríase; mulher: ninfomaníaca)

10. Pragmatismo:
 Conceitos:
. é a capacidade de colocar em prática e concluir aquilo que foi decidido pela conação.
.. se identifica aquilo que o paciente quer e se propõe a fazer e, avalia-se se ele conseguiu seus
objetivos finais.
. é uma forma direta de se avaliar a vida psíquica como um todo.
. Alteração: Hipopragmatismo e apragmatismo. Todas as doenças da psiquiatria cursam com
hipopragmatimos.

11. Psicomotricidade:
 Definições:
. a psicomotricidade está diretamente ligada à conação. Ela é a quarta etapa do processo
volitivo – a execução.
. é, portanto, a expressão final do processo de voliação

 Alterações Quantitativas
12. Linguagem:
 Funções da linguagem:
. comunicação
. expressão do pensamento, das emoções e sentimentos
. transmissão de conhecimento
. dimensão artística
. tradução de estímulos externos

 Alterações Psiquiátricas da Linguagem:


 Mutismo: abolição da resposta verbal
. pode ter várias causas na psiquiatria:
.. psicológicas, psicóticas, biológicas
.. pode ser desde um silência deliberado ou inibição psíquica
 Bradifasia ou bradilalia: fala alentecida (diminuição da velocidade)
 Oligolalia ou laconismo: diminuição da produção verbal
 Taquilalia ou taquifasia: aumento da velocidade da fala
 Logorreia: aumento da produção verbal
 Ecolalia: repetição da última ou últimas palavras do examinador ou terceiros dirigidas ou não ao
paciente
 Palilalia: repetição da última palavra proferida pelo próprio paciente
 Logoclonia: repetição das últimas sílabas proferidas pelo próprio paciente
 Coprolalia: falar palavras obscenas, vulgare ou exerementos
 Glossolalia: como se o indivíduo estivesse falando outra língua
 Pedolalia: falar com voz infantilizada
 Solilóquio: ato de falar sozinho
 Mussitação: ato de falar para “dentro”
 Outros termos:
. pressão por falar
. louquacidade: aumento da fluência verbal.

13. Consciência do Eu:


 Característica do Eu:
 Consciência da atividade do Eu:
. é a consciência de que todas as atividades psíquicas são vivenciadas e experimentadas pelo
próprio EU (pensamento, sentimento, ação etc)
. Pode ser dividida em:
.. existência do Eu
.. execução do Eu
. Personalização (Jaspers): percepção das vivências psíquicas como sendo “minhas”.
o Consciência da Existência do Eu:
. é o conceito de existir o Eu.
. alteração: perda da experimentação do Eu. Ex.: “sou um robô”; “sou um autônomo”;
“estou morto”.
. Sindrome do cotard = paciente tem a convicção de que esta morto
o Consciência da Execução do Eu:
. o próprio eu pensa, sente, deseja, executa. Ex: inserção do pensamento, roubo (ou
subtração do pensamento), alucinações corporais impostas.
. alteração:
.. sensação de que algo é feito por uma “força externa”
.. sensação de perda da autonomia do corpo e mente
.. associada geralmente a delírio de autorreferência (persecutório)

 Consciência da Unidade do Eu:


. Eu experimentado como ser único e indivisível
. alteração: indivíduo sente radicalmente partido, passando a ser 2 ou mais (pessoas ou partes)
ao mesmo tempo. Essas duas pessoas ou partes são simultâneas, porém conflituosas.
.. “sou metade anjo, metade demônio”
.. “meu lado direito é homem, meu lado esquerdo é mulher”
.. “meu lado de cima está feliz, meu lado debaixo está triste”

 Consciência da Identidade do Eu:


. consciência de ser o mesmo ao longo do tempo, apesar das mudanças da personalidade
inerente ao passar do tempo
. está relacionado à continuidade
. é de certa forma parte da orientação autopsíquica
. alterações:
.. paciente sente como se não fosse mais a mesma pessoa após o quadro psicótico
.. muitas vezes fala em 3ª pessoa para se referir a si no passado.
 Consciência dos Limites Eu-Mundo:
. é a consciência da distinção entre “Eu e Não-Eu”. É a separação eu-mundo.
. separação entre meu corpo e objetos do mundo
. separação entre minhas vivências e vivências de outras pessoas
. Exemplos:
.. publicação, difusão ou divulgação do pensamento
.. sonorizalção do pensamento
. alteração: ocorre uma fusão entre o Eu e o Mundo

14. Sensopercepção:
 O que é sensopercepção?
. é a integração entre a sensação (passiva) e a percepção (ativa). Ex.: sensação pelo estímulo
visual de uma estrutura com folhas  percepção de que é um livro (somente se a pessoa já viu
um livro na vida)
. é a primeira etapa no processo de cognição de reconhecimento do mundo externo
. lida com objetos reais.
 Alterações Qualitativas:
 Ilusão:
. deturpa algo que já existe, quaisquer orgao. O objeto é real.
 Alucinações:
. percepção clara e definida de um objeto, sem o objeto real.
.. paradoxo: percepção sem o objeto (sensação)
. Classificação quanto ao tipo:
.. verdadeira, pseudoalucinações, alucinação negativa
. Classificação quanto as vivências:
.. visuais, auditivas, etc
 Pareidolia:
. completa uma imagem que já existe; ter uma nuvem e ver um bicho?
 Sinestesia:
. troca de órgão dos sentidos, sente o cheiro da cor.

 Tipos de Alucinações:
 Verdadeiras:
. são alucinações da imagem perceptiva real (apresentam todas as características de uma
imagem real)
. plena convicção da realidade da imagem
. tem corporeidade e localização no espaço objetivo externo

 Vivências Alucinatórias:
 Alucinações auditivas: são as mais frequentes no quadros psiquiátricos
. Simples: ruidos (Linnitus)  zumbido, cliques, estalidos, sibilos, campainha
. Complexas:
.. auditivo-verbais (composta por frases): vozes de conteúdo depreciativo, perseguição (mais
comum); vozes, as vezes, com conteúdo positivo; vozes que comandam (alucinações
imperativas); vozes que comentam ações; vozes que dialogam entre si; pode ser do sexo
feminino ou masculino
.. musicais: ritmos, melodias etc; contínuas ou intermitentes.
 Alucinações visuais:
. Simples: fotopsias (cores), escotomas
. Complexas: figuras, imagens de pessoas, entidades, objetos inanimados
 Gustativas e Olfativas:
. gosto e odores estranhos: podre, fezes, lixo, veneno etc
 Táteis:
. Térmica, dolorosa, hídrica – queimadura, choquem, pequenos animais andando na pele.
 Alucinações Cenestésicas (ou viscerais):
. as sensações anormais envolvendo diferentes partes do corpo órgãos internos.
. Ex: órgãos podres, órgãos encolhedo, bicho dentro do peito, radiações atingem o corpo,
órgãos genitais sendo tocados etc.
 Alucinações Cinestésicas:
. envolvem sensação de movimentos (ativo ou passivo) de uma parte (ou todo o corpo)
. ex: voar, girar, afundar, encolher o braço etc
15. Pensamento:
 Processo de pensar:
. curso: . conteúdo:
.. velocidade .. temática
.. ritmo .. qualidade
.. quantidade de ideias .. caracterísitca das ideias
. forma: .. é o assunto em si
.. estrutura (realção entre as ideias)
.. arquitetura
 Alterações do Processo de Pensar:
 Curso do Pensamento:
. Lentificação do pensamento
. Aceleração do pensamento
. Bloqueio ou Interrupção do pensamento: roubo do pensamento (vivência
de influência)
 Forma de ideias:
o Fuga de ideias:
. ocorre com aceleração do pensamento (pode ser uma alteração do curso)
. perturbação dos juizos e conceitos
. as ideias, muitas vezes se associam por:
.. assonância
.. estímulos externos
. maioria dos autores: apesar do afastamento progressivo da ideia
princiapal, há uma preservação da coerência final do relato.
o Desagregação do Pensamento:
. perda do sentido lógico na associação de ideias
. associações incompreensíveis, discurso incoerente e, muitas vezes,
ininteligível
. sinônimos: afrouxamento associativo, descarrilhamento, desagregação,
incoerência etc

Obs.: alguns autores preferem um termo à outro. Outros autores


classificam em um continuum:

16. Delírio
:
 Definições:
. são juízos patologicamente falsos
. é um erro de ajuizar, cuja base é uma doença mental.
 Karl Jasperns (1987): hoje, na prática, não se observa desta forma.
 Convicção extraordinária:
. certeza subjetiva absoluta
. não se pode colocar em dúvida
 Não susceptível à influência:
. provas explícitas, argumentos, lógicos não são capazes de modificar o
delírio
. é irremovível
 Conteúdo impossível:
. aspecto mais marcante: a impossibilidade do conteúdo.
 Temas do delírio:
. os temas do delírio são contemporâneos
. está relacionado aos problemas que aflingem o ser humano em um dato
contexto
. um mesmo delírio pode ser enquadrado em diferentes categorias.

 Perseguição:
. é o mais comum
. está sendo perseguido por pessoas conhecidas ou não (vizinho, família,
polícia, máfia etc)
. querem matá-lo, envenená-lo, prejudicá-lo etc
. seria um mecanismo de projeção?
 De referência:
. interpreta fatos normais, cotidianos, como sendo referentes à si.
. ex.: passar por um grupo de pessoas e acreditar que falam dele. Ou ouve
que estão falando mal (associado a alucinação)
 Vivência de Influência (delírio de influência):
. indivíduo experiencia controle externo sobre si. Ex.: raio que controla,
chip, outro ser
. também é comum haver influências sobre partes do corpo
. é uma ruptura das relações entre Eu-mundo.
 Delírio de grandeza:
. é o segunto tipo mais comum
. indivíduo sente ser dotado de poderes especiais, de que é especial, tem
uma missão
. geralmente associado a autoestima elevada
. comum em mania e esquizofrenia
 Delírio Misto:
. indivíduo crê ser especial (enviado de Deus, um messias etc).
. DD: ideias prevalentes de religião
 Delírio de ruína:
. acredita que vive em um mundo repleto de desgraças
. ex.: financeira, fome, fracassos etc
 Delírio de culpa:
. sentimentos de ser culpado por acontecimentos diversos
. ex.: ser irresponsável, ter cometido algo errado, pecaminoso etc
 Delírio de ciúmes ou infidelidade: teor amoroso
. indivíduo acredita estar sendo traído o tempo todo
. DD: ideia prevalente/ciúme obsessivo
. ex.: transtorno delirante, alcoolismo crônico
 Delírio erotomaníaco (erótico ou Clerambault): teor amoroso
. acredita que uma pessoa está apaixonada por ela
. geralmente status social superior (pex: médico)
. ex: transtorno delirante
SAÚDE MENTAL
Grandes Síndromes Psiquiátricas:

 Conceitos:
 Uma síndrome é um conjunto de sinais e sintomas que definem uma
determinada patologia ou condição
 Em psiquiatria os sinais e sintomas que levam a um diagnóstico sindrômico
é obtido através de:
. anamnese, principalmente HDA – se for relacionada à situação atual
. exame psíquico e súmula (momento da entrevista – corte transversal)
 As síndromes psiquiátricas se manifestam com alterações em diversas
funções psíquicas, porém, o que direciona o diagnóstico é o entendimento
de quais funções estão primariamente alteradas (e quais se destacam no
quadro clínico do paciente).
 Levamos em consideração:
. o que surgiu primeiro no quadro clínico
. o que é mais evidente na sintomatologia do paciente
. integração de todos os quesitos de uma história psiquiátrica
 Exemplificando:
. Um paciente pode apresentar sinais e sintomas de uma possível síndrome
depressiva (humor deprimido e falta de prazer) e de uma síndrome
psicótica (delírios e alucinações).
. Como identificar em qual síndrome ele se encaixa melhor no momento?
1. Saber quais sinais e sintomas corresponde a qual síndrome psiquiátrica
2. Saber o que ocorreu primeiro (depressão ou psicose?)
3. Saber o que está predominando no quadro
4. Integrar todos os dados da anamnese (HDA) e exame psíquico
 São descritas a seguir as principais funções psíquicas das Síndromes
Psiquiátricas:
. nenhuma alteração isolada de função psíquica dá um diagnóstico
sindrômico ou nosológico
. podem ocorrer alterações diferentes do descrito, pois cada indivíduo é
singular em suas manifestações psicopatológicas e não podemos e nem
devemos enquadrá-los de forma tão exata – “conjunto da obra”
. as funções psíquicas principais de cada síndrome “arrastam” as demais
funções psíquicas
. uma síndrome pode contemplar diagnósticos nosológicos diferentes, bem
como uma entidade nosológica pode pertencer a síndromes diferentes em
momentos diferentes.
 As Grandes Síndromes Psiquiátricas:
. Psicótica . Maníaca
. Depressiva . Ansiosa
 Síndrome Psicótica:
 O que é psicose?
. “desregulação/fragmentação/desarticulação entre os fatores que compõe
a personalidade”
. “é a perda da distinção entre a realidade interna e realidade externa”.
Realidade interna: pensamentos, sentimentos e emoções; realidade
externa: compartilhado com todos.
 Principais funções alteradas na Síndrome Psicótica:
. pensamento = conteúdo – delírio
. sensopercepção = alucinação, principalmente, auditiva
. outras:
.. alteração na forma do pensamento = desorganizado
.. alteração da consciência do Eu
.. alteração da consciência de morbidade: geralmente ausente
.. alteração na atenção: hipervigilância
.. desagregação do pensamento
.. falsa orientação alopsíquica

 Síndrome delirante-alucinatória:
. é a síndrome psicótica propriamente dita
 Síndrome paranoide/delirante:
. delírios com ausência de outras manifestações psicopatológicas
significativas
 Síndrome Alucinatória:
. não se acompanha de atividade delirante

 o que desencadeia uma psicose? União entre fatores genéticos e


ambientais (historia familiar + trauma).

 Síndrome Maníaca:
 Principais funções alteradas na síndrome maníaca:
. humor: exaltado, irritável, alegre, eufórico
. vontade: hiperbulia
. atenção: hipervigilância com hipotenacidade
. pensamento: aceleração do curso, fugo de ideias
. outras:
.. agitação psicomotora .. impulsividade
.. aparência bizarra .. diminuição da necessidade
.. atitude desinibida, jocosa, do sono
irônica, hostil .. aumento de libido
.. logorreia, hiperfonia .. aumento de energia
.. consciência de morbidade .. grandiosidade
ausente
 Em um curso de Síndrome Maníaca:
. podem ocorrer sintomas psicóticos:
.. geralmente são congruentes com humor (grandeza, por exemplo)
.. não são mais proeminentes que as alterações do humor
.. são, portanto, sintomas secundários.

 Síndrome Depressiva: humor deprimido + anedonia


 Principais funções alteradas na síndrome depressiva:
. humor: hipotomia (humor deprimido)
. vontade: hipobulia ou abulia
. outras:
.. aparência descuidade .. agitação ou retardo
.. atitude lamuriosa, inibida psicomotor
.. diminuição da libido .. bradilalia
.. lentificação do .. hipofonia
pensamento .. aprosódia/hipoprosódia
.. diminuição ou aumento do .. aumento da latência da
apetite resposta
.. diminuição ou aumento do .. desorientação apática
sono .. hipoprosexia
 Em um curso de Síndrome depressiva podem ocorres sintomas psicóticos:
. esses geralmente são congruentes com humor (ruína, culpa, por exemplo)
. não são mais proeminentes que as alterações de humor
. são, portanto, sintomas secundários.

 Síndrome Ansiosa:
 É composta por alterações cognitivas e sintomas somáticos:
. cognitivo: sensação vaga e difusa, desagradável, de apreensão ou tensão
expectante
. somático: taquicardia, sudorese, tensão muscular, tremor
 Principais funções alteradas na Síndrome Ansiosa:
. humor: humor ansioso, exaltação afetiva
. psicomotricidade: inquietação psicomotora
. outras:
.. hipervigilância e .. alteração de concentração
hipotenacidade .. aceleração do curso do
.. logorreia pensamento
.. diminuição da latência de .. insônia
resposta .. diminuição ou aumento do
.. hipomnésia anterógrada apetite
(de fixação) .. sintomas físicos diversos
TRANSTORNOS DE ANSIEDADE:

 Exemplos:
 Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG)
 Transtorno Compulsivo Obsessivo (TOC)
 Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT)
 Entre outros.
 Definição:
 É uma vivencia cotidiana comum a todas as pessoas, presente desde o início da humanidade,
relacionada à sobrevivência.
. Reação de luta x fuga x paralisa
. Ansiedade leva a melhor produtividade e motivação sem paralisar o indivíduo. Se paralisa,
deixa de ser normal e se torna patológico.
 A ansiedade capacita as pessoas a lidar com as adversidades, sendo um sinal de alerta de uma
ameaça externa ou interna.
 “Sensação difusa, desagradável e vaga de apreensão, muitas vezes acompanham de
sentimentos autonômicos (taquicardia, tremor etc)”
 Ansiedade normal:
. leva ao aumento da produção
. leva ao aumento da motivação
. não paralisa o individuo
. prepara o individuo para lidar com as adversidades
. apresenta sintomas somáticos e cognitivos (geralmente leves)
. sensibilidade individual
. geralmente autolimitada

 Ansiedade patológica
. intensidade
. frequência
. duração
. desproporcional ao estimulo
. desadaptativa
. sofrimento
. prejuízo funcional
. pré-disposição neurobiológica herdada

 Classificação quanto à intensidade:


 Leve:
. geralmente é ansiedade não patológica
 Moderada:
. sintomas levam ao sofrimento e prejuízo do individuo, embora não seja incapacitante
 Grave:
. a ansiedade é extrema e incapacitante, com piora da qualidade de vida em diversos aspectos
da vida do indivíduo.
 Classificação quanto à instalação
 Aguda:
. geralmente tem muitos sintomas somáticos (taquicardia, palpitação, taquipneia), mais
intensos e de rápida duração. Ex.: crise de pânico.
 Crônica:
. predominantemente cognitiva, preocupações excessivas, sintomas físicos menos intensos, são
sintomas mais difusos e de longa duração. Ex.: TAG
 Outros conceitos relacionados à ansiedade:
 Ansiedade antecipatória:
. ansiedade desenvolvida frente à um temor que pode vir a ser real ou imaginário
. o indivíduo sofre com algo que pode ou não acontecer
 Evitação/esquiva fóbia (alteração comportamental):
. alteração comportamental que leva o indivíduo a evitar o objeto temido (real ou imaginário) =
reforço positivo da ansiedade

 Sintomas de ansiedade:
 Sintomas centrais:
. ansiedade/medo: pânico, fobias
. preocupações: sofrimento ansioso, expectativa apreensiva, obsessão
 Sintomas secundários – de acordo com o transtorno de ansiedade específico:
. irritabilidade
. tensão muscular
. ataques de pânico

 Ansiedade X Depressão:
. compartilham os mesmos circuitos e neurotransmissores (serotonina, noradrenalina e
circuitos funcionas)
. podem ser comorbidades entre si (transtorno de ansiedade + transtorno depressivo). Ex.: TAG
+ TDM
. podem compartilhar sintomas comuns:
.. alteração do sono
.. alterações de concentração
.. fadiga
.. alteração de psicomotricidade
 Causas biológicas para transtornos de ansiedade:
 Sistema Nervoso Autônomo:
. estimulação causa sintomas cardiovasculares, musculares, gastrointestinais e respiratório
. alguns pacientes com transtornos de ansiedade (especialmente pânico) têm aumento do tônus
simpático, se adaptam lentamente à estímulos repetitivos e respondem de maneira exagerada
à estímulos moderados.
 GABA:
. é o principal neurotransmissor inibitório do SNC
. benzodiazepínicos (ansiolítocos) = melhoram ansiedade
. antagonistas benzodiazepínicos = crises de ansiedade
 Noradrenalina:
. sintomas noradrenérgicos: reação de sobressalto, ataques de pânico, insônia
. desregulação noradrenérgica = ansiedade
. medicamentos que atuam no sistema noradrenérgico podem piorar ou melhorar a ansiedade
. Locus ceruleus – projeções noradrenérgicas para córtex cerebral, sistema límbico, medula e
tronco  estimulação (ansiedade) e inibição (melhora ansiedade)
 Serotonina:
. antidepressivos serotoninérgicos = melhoram os sintomas de ansiedade
. agonista parcial serotoninérgico = melhora ansiedade
. núcleos da Rafe – projeções para o córtex, sistema límbico (amigdala e hipocampo) e
hipotálamo
. ansiedade por drogas serotoninérgicas (LSD, MDMA)
 Eixo Hipotálamo-Hipófise-Adrenal:
. Estresse psicológico = aumento de cortisol
.. aumento agudo: reabastece energia, aumenta memória, vigilância e atenção, diminui a
resposta imune
.. aumento crônico e excessivo: hipertensão, osteoporose, imunossupressão, dislipidemia,
aterosclerose e doença cardiovascular
. desregulação no TEPT
 Hormônio Liberador de corticotrofina (CRH):
. responsável pela resposta ao estresse
. estresse aumento CRH – ativa eixo HHA – aumenta cortisol
 Neuroanatomia:
. sistema límbico
. córtex cerebral
. alterações estruturais cerebrais
. alterações neurofuncionais cerebrais
 Modelo estresse-dátase
. interação de fatores genéticos e ambientais

A. TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA

 Sintomas de TAG:
 Sintomas centrais:
. ansiedade generalizada/medo
. preocupações generalizadas
 Sintomas secundários:
. sono: insônia, principalmente, inicial
. irritabilidade
. tensão muscular
. fadiga
. concentração: “brancos na mente”

 Características:
 É o protótipo dos transtornos de ansiedade
 É um transtorno de ansiedade crônico e flutuante (flutuante = de férias, está bem e no trabalho
está pior)
 Ocorre em diversas situações ou eventos rotineiros (na casa, no trabalho, nos relacionamentos
etc)
 Muitas vezes confundido com a personalidade do indivíduo

 Epidemiologia:
 Prevalência de 3% na população no ultimo ano e de 5 a 10% ao longo da vida
 Segundo transtorno de ansiedade mais comum
 Mulheres são 2x mais afetadas que os homens
 Mais comum em países desenvolvidos
 Idade de início: 3ª década de vida (mais tardio em relação a outros transtornos de ansiedade) –
é raro antes da adolescência
 Aumenta em 6x o risco de ideação suicida e 2x o risco de tentativa de suicídio

 Curso:
 Sintomas tendem a ser crônicos, com remissões e recidivas.
 Remissão completa é muito rara
 Diferença no conteúdo de acordo com a faixa etária:
. crianças: escola, desempenho esportivo, pontualidade, eventos catastróficos
. adultos: problemas de saúde e da família
 Diferença na gravidade de acordo com a faixa etária:
. quanto mais jovem, maior a gravidade
 Risco de depressão aumenta com o tempo de doença
 Geralmente indivíduos demoram uma década até o início do tratamento correto:
. desconhecimento da doença (personalidade)
. barreiras no sistema de saúde

 Comorbidades (é regra):
 77% apresentam comorbidades com depressão unipolar em algum momento da vida (50%
causa; 50% consequência)
 Feminino: maior associação com transtorno de humor e ansiedade
 Masculino: maior associação com dependência de substâncias
 Risco maior para doenças clínicas – asma, úlcera, SII, doenças cardiovasculares e enxaqueca.

 Critérios Diagnóstico DSM 5:


A. Ansiedade e preocupação excessiva, na maioria dos dias por pelo menos 6 meses, com diversos
eventos ou atividades
B. O indivíduo considera difícil controlar a preocupação
C. Ansiedade e preocupação associada a pelo menos 3 dos 6 sintomas:
1. Inquietação ou sensação de nervos a flor da pele
2. Fatigabilidade
3. Dificuldade de concentração ou sensação de branco
4. Irritabilidade
5. Tensão muscular
6. Perturbações do sono
D. A ansiedade, preocupação ou sintomas físicos causam sofrimento ou prejuízo no
funcionamento.
E. Não ocorre devido a efeitos fisiológicos de substâncias ou condições médicas
F. A perturbação não é mais bem explicada por outro transtorno mental

 Tratamento:
 Psicoeducação:
. explicar sobre a doença e seus sintomas
. Melhora da alimentação
. incentivar a prática de exercícios físicos
. cessação do tabagismo
. diminuir uso de estimulantes como cafeína e estimulantes para malhação
. hábitos saudáveis no dia-a-dia
 Manejo da ansiedade:
. respiração diafragmática
. relaxamento muscular progressivo
. treino assertividade
. higiene do sono
. manejo no tempo
 Tratamento da preocupação excessiva:
. questionar e reconstruir preocupações
. meditação (mindfulness)
. exposição a preocupações e desfechos imaginários

 Tratamento farmacológico:
 Antidepressivos:
. IRSI: fluoxetina, sertralina, paroxetina, citalopram, escitalopram, fluvoxamina
 ansiolóticos: mais usados no início do tratamento ou em casos de crise de ansiedade por terem
ação mais rápida do que antidepressivos.
. benzodiazepínicos (com cautela)
. buspirona
 anticonvulsivante:
. gabapentina
. pregabalina

B. Transtorno De Pânico:

 Sintomas do Transtorno do Pânico


 Sintomas Centrais:
. ansiedade antecipatória/medo
. preocupação sobre os ataques de pânico
 Sintomas Secundários:
. ataques de pÂnico inesperados: taquicardia, sudoresem formigamento, sensação de morte,
sensação de asfixia, despersonalização, desrealização etc
. esquiva fóbica
. alteração comportamental

 Introdução:
 É um protótipo do transtorno de ansiedade que se manifesta com crises agudas
 Muitos sintomas sintomáticos de grande intensidade e curta duração, que são recorrentes
 Distorções cognitivas
 O que um ataque de pânico – Diagnóstico DSM 5:
1. Paliações, coração acelerado, taquicardia
2. Sudorese
3. Tremores ou abalos
4. Sensação de falta de ar ou sufocamento
5. Sensação de asfixia
6. Dor ou desconforto torácico: diagnóstico diferencial de síndrome coronariana
7. Náuseas ou desconforto abdominal
8. Sensação de tontura, vertigem ou desmaio.
9. Calafrios ou ondas de calor
10. Parestesias (anestesia ou sensação de formigamento)
11. Desrealização ou despersonalização: sensação de estranhança em relação a si e em relação ao
mundo, respectivamente
12. Medo de perder o controle ou enlouquecer
13. Medo de morrer
. podem ser vistos sintomas específicos (pex tinido, dor na nuca, cefaleia, gritos ou choro
incontrolável)
. é um surto abrupto de medo ou desconforto eu alcança um pico em minutos e durante o qual
ocorrem quatro ou mais dos sintomas acima – diagnóstico DSM 5
 Definições de AP:
 Não é transtorno mental
 Pode ocorrer ataques de pânico:
. em qualquer transtorno de ansiedade (TEPT, TOC etc)
. em qualquer outro transtorno mental (depressão, abuso de substâncias etc)
. em condições médicas diversas (hipertireoidismo, DPOC etc)

 Características do AP:
 Os critérios diagnósticos apresentam 11 sintomas físicos e 2 sintomas cognitivos
 O pico de ansiedade ocorre em minutos
 O ataque pode vir de um estado calmo ou ansioso e retornar ao estado basal
 A intensidade indenpende da ansiedade precedente
 Existem 2 tipos de ataques de pânicos:
. esperados: fator desencadeante identificável
. não esperados: sem gatilho óbvio (ataque de pânico noturno, por exemplo)
 O AP precisa ter um inesperado para fazer o diagnóstico

 Epidemiologia:
 É o 3º transtorno de ansiedade mais comum, ficando atrás apenas das fobias e TAG
 Prevalência ao longo da vida de 3,5%
 Prevalência de ataques de pânico é 3 a 6 vezes maior que o Transtorno do Pânico
 Início: de 20 a 24 anos
. raros na infância
. casos podem acontecer depois dos 45 anos
. no idoso é raro
 Curso: crônico – se não tratado – com oscilações
 3x mais comum em mulheres
 Mulheres tem maior risco de comorbidade com depressão maior e TAG
 1/3 dos pacientes com TP tem comorbidade com agorafobia (medo exagerado de ter crise de
ansiedade e não tem para onde fugir ou não ter ninguém perto para ajudar)

 Diagnóstico – DSM 5
1. Ataques de pânico recorrentes e inesperados
2. Pelo menos um dos ataques foi seguido de um mês (ou mais) de um ou ambas das seguintes
características:
. preocupação sobre novos ataques ou a consequência dos ataques. “vou enlouquecer”, “vou
perder controle”, “vou ter um ataque cardíaco”
. mudança desadaptativa no comportamento relacionado ao ataque. Esquiva de exercícios ou
situações desconhecidas
3. A perturbação não é consequência de efeito direto de substâncias ou outra condição médica
. droga de abuso
. medicamentos
. doenças, como hipertireoidismo, doenças cardiopulmonares
4. A perturbação não é mais bem explicada por outro transtorno mental
. transtorno de ansiedade social
. fobia específica
. TOC
. ansiedade de separação
. TEPT

 Indivíduos com TP apresentam:


 Preocupação persistentes sobre sua saúde física e mental
 Preveem sintomas catastróficos de um sintoma físico leve: dor de cabeça, dor no peito.
 Preveem sintomas catastróficos acerca dos efeitos colaterais de medicamentos: para isso
precisa iniciar o tratamento devagar e o aumento de dose é devagar também

 O que é Agorafobia?
 É a presença de ansiedade quando se está em locais ou nos quais poderia ser difícil ou
embaraçoso escapar. Na eventualidade de um ataque de pânico ou sintomas tipo pânico nessas
situações, o auxílio pode não estar disponível.
 Grande parte do indivíduos com TP evoluem para Agorofobia

 Tratamento:
 Objetivos:
. reduzir a frequência e intensidade dos sintomas
. tratamento das comorbidades
. melhora da qualidade de vida dos pacientes
. duração de 1 a 2 anos

C. Transtorno Obsessivo-Compulsivo:

 Introdução:
 É um transtorno altamente frequente:
. 1,6 a 2,3% das pessoas ao longo da vida
. até 10% dos pacientes ambulatoriais de clínicas psiquiátricas
. 4º diagnóstico psiquiátrico mais comum
. 3 a 4 milhões de portadores no Brasil
 Tende a ser crônico e pode levar a incapacidade funcional:
. sintomatologia sobre flutuações ao longo da vida com remissões e exacerbações
. 10% das pessoas acometidas encontram-se incapacitadas para atividades – sobrecarga para
família e serviços de saúde.
 Busca para o tratamento é tardia:
. indivíduo demora anos para procurar tratamento após início dos sintomas por vergonha, falta
de insight, problemas dos serviços de saúde para diagnosticar
 Em relação a idade:
. início na adolescência (por volta dos 20 anos de idade)
. geralmente é insidioso (muitas vezes imperceptível)
 Em relação ao gênero:
. infância e adolescência: mais comum em homens; 20% dos homens tem o transtorno antes
dos 10 anos
. após: H=M (ligeiramente superior no sexo feminino)
. homens tem maior probabilidade de ter transtorno de tique associado

 Critérios Diagnósticos DSM 5


A. Presença de obsessões, compulsões ou ambas:
. Obsessões são definidas como (1) e (2):
1. Pensamentos, impulsos ou imagens recorrentes e persistentes que, em algum momento,
são experimentados como intrusivos e indesejados e que, na maioria dos indivíduos, causa
ansiedade e sofrimento
2. O indivíduo tenta ignorar ou suprimir tais pensamentos, impulsos ou imagens ou neutralizá-
los com algum outro pensamento ou ação.
. Compulsões são definidas como (1) e (2):
1. Comportamentos repetitivos (p.ex.: lavar as mãos, organizar ou verificar) ou atos mentais
(p.ex.: orar, contar ou repetir palavras em silêncio) que o indivíduo se sente compelido a
executar em resposta a uma obsessão ou de acordo com regras devem ser rigidamente
aplicadas.
2. Os comportamentos ou atos mentais visam prevenir ou reduzir a ansiedade ou o sofrimento
ou evitar algum sofrimento ou situação temida; entretanto, esses comportamentos ou atos
mentais não tem conexão realista com o que visam neutralizar ou evitar ou são claramente
excessivos.
B. As obsessões ou compulsões tomam tempo (p.ex.: tomam mais de 1h por dia) ou causam
sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em
outras áreas da vida do indivíduo
C. Os sintomas obsessivos-compulsivos não se devem aos efeitos fisiológicos de uma substancia
(p.ex.: drogas de abuso ou medicamentos) ou a outra condição médica
D. A perturbação não é mais bem explicada pelos sintomas de outro transtorno mental.

 Tratamento:
 Terapia Cognitivo Comportamental
 Farmacoterapia:
. antidepressivos em doses altas
. associação com antipsicóticos em casos refratários.

D. Transtorno de Ansiedade Social – Fobia Social:

 Sintomas do Transtorno de Ansiedade Social:


 Sintomas Centrais:
. ansiedade social/de desempenho/ medo
/ preocupações quanto à avaliação negativa dos outros
 Sintomas Secundários:
. ataques de pânico esperados (nas exposições sociais, p.ex.: falar em público – formigamento,
taquicardia etc)
. esquiva fóbica
. alteração comportamental

 Epidemiologia:
 As fobias são o transtorno de ansiedade mais comum
 Início se dá entre os 8 e 15 anos
 Prevalência ao longo da vida entre 5-13%
 Prevalência igual em ambos os sexos
 Comorbidades com depressão, TAG, pânico e abuso de substâncias
 Curso:
. pode surgir devido a uma experiência estressante ou humilhante (bullying) ou insidioso
. os adultos mais jovens tem ansiedade mais alta e em situações mais específicas. Os mais
velhos tendem a ter ansiedade menos intensa e em situações mais difusas.
. curso crônico e sem remissões.

 Diagnóstico – DSM 5:
A. Medo ou ansiedade acentuados acerca de uma ou mais situações sociais em que o indivíduo é
exposto a possível avaliação por outras pessoas. Exemplos incluem interações sociais, ser
observado e situações de desempenho diante dos outros
. interações sociais: manter conversa, encontrar pessoas não familiares
. ser observado: comendo ou bebendo
. situação de desempenho: proferir palestras
B. Indivíduo teme a agir de forma a demonstrar sintomas de ansiedade que serão avaliados
negativamente
. “será humilhante”, “será constrangedor”, “provocará rejeição ou ofenderá os outros”
C. As situações sociais quase sempre provocam medo ou ansiedade
D. As situações sociais são evitadas ou suportadas com intenso medo ou ansiedade
E. O medo ou ansiedade é desproporcional à situação
F. O medo, ansiedade ou esquiva é persistente, geralmente durando mais de 6 meses.
G. O medo, ansiedade ou esquiva causa sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo funcional
. social, profissional e outras áreas
H. O medo, ansiedade ou esquiva não ocorre por efeitos fisiológicos de substâncias
. drogas de abuso ou medicamentos
I. O medo, ansiedade ou esquiva não é melhor explicado por outro transtorno mental
. transtorno do pânico, transtorno dismórfico corporal etc
J. Se outra condição médica está presente, o medo, ansiedade ou esquiva é claramente não
relacionado ou excessivo.
. obesidade, Parkinson, desfiguração por queimadura etc

 Sintomas:
 Sintomas cognitivos:
. medo da avaliação negativa
 Sintomas somáticos:
. tremores
. rubores
. sudorese
. taquicardia
 Sintomas comportamentais:
. evitação fóbica

 Fobias Específicas:
 Sintomas:
 Sintomas Centrais:
. ansiedade/medo de um objeto específico ou situação
. preocupação quanto à exposição ao objeto temido
 Sintomas Secundários:
. ataques de pânicos esperados nas exposições ao objeto ou situação temida
. esquiva fóbica
. alteração comportamental

 Critérios Diagnósticos:
A. Medo ou ansiedade acentuado acerca de um objeto ou situação.
. em crianças o medo ou ansiedade pode ser expresso por choro, raiva, imobilidade ou
comportamento de agarrar-se
B. O objeto ou situação fóbica quase invariavelmente provoca uma resposta imediata de medo ou
ansiedade
C. O objeto ou situação fóbica é ativamente evitado ou suportado com intensa ansiedade ou
sofrimento
D. O medo ou ansiedade é desproporcional em relação ao perigo real
E. O medo, ansiedade ou esquiva é persistente, geralmente com duração mínima de 6 meses.
F. O medo, ansiedade ou esquiva causa sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo funcional
G. A perturbação não é mais bem explicada por outros transtornos mentais

 Especificadores: devemos especificar o tipo de ansiedade de acordo com o objeto ou situação


temida:
. animal: aranhas, insetos, cães...
. ambiente natural: altura, tempestades, água...
. sangue-infecção-ferimentos: procedimentos médicos invasivos, sangue, injeção e ferimentos.
Lembrar que fobia de sangue é a única que faz o paciente desmaiar
. situacional: aviões, elevadores, locais fechados, transportes coletivos...
. outros: fobias de certos alimentos, sexuais, de doença
. caso haja mais de um subtipo, especificar todos.

 Características:
. a situação ou objeto elucidador de medo é chamado de Estímulo fóbico
. é normal haver mais de 1 estímulo fóbico no mesmo indivíduo
. o medo pode ocorrer:
.. com antecipação da presença ou na presença real do objeto ou situação

 Sintomas fisiológicos:
. sudorese, taquicardia, tremores
. reação vaso-vagal: aceleração da FC, seguida de desaceleração e queda da PA
 Comportamentos publicamente observáveis:
. resposta de congelamento ou fuga
 Comportamentos encobertos
. pensamentos de antecipação da situação ou objeto temido.

 Epidemiologia:
. Prevalência entre mulheres = 2x homem; as fobias de animais, ambiente natural e situacionais
é maior em mulheres, já sangue-injeção-ferimento é igual em ambos os sexos.
. Prevalência anual de 10%
. Comorbidades em 50 a 80% dos caos: transtornos ansiosos e afetivos

 Tratamento:
. a maioria das pessoas não procura tratamento e passa a evitar o estimulo fóbico
. é um transtorno subdiagnosticado e que geralmente não é motivo que traz o paciente a
consulta.

E. Transtorno de estresse pós-traumático (TEPT):

 Critérios Diagnósticos DSM 5:


A. Exposição a episódio concreto ou ameaça de morte, lesão grave ou violência sexual em uma (ou
mais) das seguintes formas:
1. Vivenciar diretamente o evento traumático
2. Testemunhar pessoalmente o evento traumático ocorrido com outras pessoas
3. Saber que o evento traumático ocorreu com familiar ou amigo próximo (nos casos de
episódio concreto ou ameaça de morte envolvendo um familiar ou amigo, é preciso que o
evento tenha sido violento ou acidental) – exclusão de morte por causas naturais ou
esperadas.
4. Ser exposto de forma repetida ou extrema a detalhes aversivos do evento traumático (pex.:
socorrista que recolhem resto de corpos humanos; policias repetidamente expostos a
detalhes de abuso infantil)
. não se explica à exposição por meio de mídia eletrônica, televisão, filmes ou fotografias, a
menos que tal exposição esteja relacionada ao trabalho.
B. Presença de um (ou mais) dos seguintes sintomas intrusivos associados ao evento traumático,
começando depois de sua ocorrência:
1. Lembranças intrusivas angustiantes, recorrentes e involuntárias do evento traumático
2. Sonhos angustiantes recorrentes nos quais o conteúdo e/ou sentimento do sonho estão
relacionados ao evento
3. Reações dissociativas (ex.: flashbacks) nas quais o individuo sente ou age como se o evento
traumático estivesse ocorrendo novamente.
4. Sofrimento psicológico intenso ou prolongado ante da exposição a sinais internos ou
externos que simbolizem ou se assemelhem a algum aspecto do evento traumático.
5. Reação fisiológica intensa a sinais internos ou externos que simbolizem ou se assemelhem a
algum aspecto do evento traumático.
C. Evitação persistente de estímulos associados ao evento traumático começando após a
ocorrência do evento, conforme evidenciado por um ou ambos dos seguintes aspectos:
1. Evitação ou esforços para evitar recordações, pensamentos ou sentimentos angustiantes
acerca de ou associados de perto ao evento traumático.
2. Evitação ou esforços para evitar lembranças externas (pessoas, lugares, conversas,
atividades, objetos, situações) que despertem recordações, pensamentos ou sentimentos
angustiantes acerca de ou associados de perto do evento traumático.
D. Alterações negativas em cognições e no humor associadas ao evento traumático começando ou
piorando depois da ocorrência de tal evento, conforme evidenciado por dois (ou mais) dos
seguintes aspectos:
1. Incapacidade de recordar algum aspecto importante do evento traumático (geralmente
devido a amnésia dissociativa, e não a outros fatores, como TCE, álcool e drogas)
2. Crenças ou expectativas negativas persistentes e exageradas a respeito de si mesmo, dos
outros e do mundo (p.ex.: “sou mau”, “não se deve confiar em ninguém”, “o mundo é
perigoso”, “todo o meu sistema nervoso está arruinado para sempre”)
3. Cognições distorcidas persistentes a respeito da causa ou das consequências do evento
traumático que levam o individuo a culpar a si mesmo ou os outros
4. Estado emocional negativo persistente (p.ex.: medo, pavor, raiva, culpa ou vergonha)
5. Interesse ou participação bastante diminuída em atividades significativas
6. Sentimentos de distanciamento e alienação em relação os outros
7. Incapacidade persistente de sentir emoções positivas (p.ex.: incapacidade de vivenciar
sentimentos de felicidade, satisfação ou amor)
E. Alterações marcantes na excitação e na reatividade associadas ao evento traumático,
começando ou piorando após o evento, conforme evidenciado por dois (ou mais) dos seguintes
aspectos:
1. Comportamento irratadiço e surtos de raiva (com pouca um nenhuma provocação)
geralmente expressos sob a forma de agressão verbal ou física em relação a pessoas e
objetos.
2. Comportamento imprudente ou autodestrutivo
3. Hipervigilância
4. Resposta de sobressalto exagerada
5. Problemas de concentração
6. Perturbação do sono (p.ex.: dificuldade para iniciar ou manter o sono, ou sono agitado)
F. A perturbação (critérios B, C, D e E) dura mais de 1 mês
G. A perturbação causa sofrimento clinicamente significativo e prejuízo social, profissional ou em
outras áreas importantes da vida do indivíduo
H. A perturbação não se deve aos efeitos fisiológicos de uma substância ou a outra condição
medica.

 Características Clínicas:
 O TEPT cursa com 4 domínios sintomáticos
. sintomas intrusivos
. evitação
. humor e cognição
. hiperatividade autonômica
 Tratamento:
 Psicoterapia
 Antidepressivo

TRANSTORNOS DE HUMOR:
 O que é humor?
 “é o estado afetivo basal”
 “é o que dá colorido a vida psíquica”
 “são as emoções sustentadas no tempo (o que predomina durante a entrevista, por exemplo)”

 Humor Normal X Patológico:


 Patológico:
. prejuízo funcional
. sofrimento psíquico
. intensidade
. qualidade
. duração
 Pode ser manifestado através de: tristeza, alegria, irritabilidade, vazio.

 Capítulos DSM 5:
 Os transtornos do humor estão englobados em 2 capítulos diferentes do DSM5:
1. Transtornos Depressivos:
. transtornos de humor que só tem “1 polo” – polo negativo
2. Transtorno Bipolar e Transtornos Relacionados:
. transtornos de humor que tem “2 polos” – polo positivo e negativo

A. Transtorno Depressivo Maior:


 Epidemiologia:
 É uma condição médica relativamente comum
 Apresenta curso crônico e recorrente:
. 50% dos pacientes com 1 episódio recaem
. 75% após segundo episódio
. 90% após terceiro episódio
 Ainda é subdiagnosticada e subtratada:
. 30 a 60% não são diagnosticados pelo médico da atenção primária
 Prevalência de 12,6% ao longo da vida. 3X maior em indivíduos jovens.
 Alta prevalência em doenças clinicas:
. 33% em pacientes com IAM recente
. 47% nos pacientes com câncer
 Pico na década dos 20 anos
 Relação 2M:1H
 2030: será primeira causa de incapacidade
 Pode aumentar risco de desenvolver ou piorar o prognóstico de algumas doenças crônicas:
. IAM, AVE, diabetes

 Hipótese Monoaminérgica:
 Depressão é causada por depleção/desregulação de monoaminas
 Noradrenalina, serotonina, dopamina.
 Hipótese Numero de Receptores:
 A depleção das monoaminas leva a uma alteração genética neuronal e, consequentemente,
suprarregulação dos receptores dessas monoaminas.

 Etiopatogenia:
 Alteração do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal:
. hiperatividade do eixo
. ausência de supressão a administração de dexametasona
 Atividade do eixo tireoidiano:
. 5 a 10% das pessoas com depressão tem disfunção tireoidiana
 Alterações estruturais:
. diminuição do volume do hipocampo
. diminuição das áreas do córtex pré-frontal
 BDNF:
. redução dos níveis de fator neutrotróficos derivado do cérebro – aumento de apoptose =
morte celular
 Fatores genéticos:
. incidência maior em familiares e gêmeos monozigóticos
 Estressores ambientais:
. eventos estressantes (ppm primeiro episódio)
. perda de progenitores
. perda de cônjuge
. desemprego
 Teorias:
. psicodinâmica: conflitos inconscientes
. cognitiva: crenças disfuncionais sobre si próprio, o mundo e o futuro.

 Sintomatologia:
 Humor = deprimido
 Prazer = anedonoa
 Peso/apetite = aumentado ou diminuido
 Sono = insônia ou hipersonia
 Psicomotricidade = aumentada ou diminuida
 Energia = fadiga ou falta de energia
 Sensação de utilidade = inutilidade/culpa
 Concentração/capacidade de decisão = falta de concentração/indecisão
 Conteúdo do pensamento = pensamento de morte e suicídio (ideação, plano e tentativa)

 Critérios Diagnósticos DSM 5:


A. 5 ou mais dos seguintes sintomas por pelos menos 2 semanas, sendo necessário a presença de
pelo menos sintomas (1) e/ou (2):
1. Humor deprimido, na maior parte dos dias, quase todos os dias
2. Acentuada diminuição do interesse ou prazer em todas ou quase todas as atividades, na
maior parte dos dias, quase todos os dias
3. Perda/ganho significativo de peso sem estar fazendo dieta ou redução/aumento de apetite
quase todos os dias
4. Insônia ou hipersonia quase todos os idas
5. Agitação ou retardo psicomotor quase todos os dias
6. Fadiga ou perda de energia quase todos os idas
7. Sentimento de inutilidade ou culpa excessiva ou inapropriada quase todos os dias
8. Capacidade diminuída de pensar ou se concentrar, ou indecisão, quase todos os dias
9. Pensamentos recorrentes de morte (não somente medo de morrer), ideação suicida
recorrente, tentativa ou plano de cometer suicídio.
B. Causa sofrimento e/ou prejuízo funcional
C. Não ocorre devido a efeito de substancias ou outra condição medica
D. Não ocorre devido a outros transtornos psiquiátricos
E. Nunca houve um episódio maníaco ou hipomaníaco.

 Classificação quanto a gravidade:


 Leve:
. são poucos os sintomas presentes além daqueles necessários para o diagnóstico
. intensidade dos sintomas causa sofrimento, mas é manejável
. os sintomas resultam em pouco prejuízo no funcionamento social ou profissional
 Moderada:
. o nº de sintomas, sua intensidade e/ou prejuízo funcional estão entre aqueles especificados
para “leve” e “grave”
 Grave:
. mais sintomas que os necessários para diagnóstico
. intensidade causa grave sofrimento e não é manejável
. sintomas interferem acentuadamente no funcionamento social e profissional

 Depressão Ansiosa:
 2 ou mais dos seguintes:
1. Sentir-se nervoso ou tenso
2. Sentir-se anormalmente inquieto
3. Dificuldade em se concentrar devido à preocupações
4. Temor de que algo terrível aconteça
5. Sentimento de que o indivíduo possa o controle de si mesmo
 Depressão Atípica:
A. Reatividade do humor
B. 2 ou mais das seguintes:
1. Ganho de peso ou aumento de apetite
2. Hipersonia
3. Paralisia do chumbo
4. Padrão persistentes de sensibilidade à rejeição interpessoal

 Depressão Psicótica:
 Delírios e alucinações presentes:
. Congruentes com humor: conteúdo coerente com temas depressivos de inadequação pessoal,
culpa, doença, niilismo
 Incongruentes com humor: conteúdo não apresenta temas depressivos ou mistura de temas
depressivos e não depressivos.

 Depressão Melancólica:
A. Um das seguintes, durante o período mais grave do episódio:
1. Perda de prazer
2. Falta de reatividade a estímulos em geral prazerosos
B. 3 ou mais dos seguintes:
1. Humor depressivo caracterizado por: prostração profunda, desespero ou humor vazio.
2. Depressão regularmente pior pela manhã
3. Despertar muito cedo pela manha (2h antes do normal)
4. Acentuada agitação ou retardo psicomotor
5. Anorexia ou perda de peso significativa
6. Culpa excessiva ou inadequada

 Depressão Catatônica:
A. 3 ou mais dos seguintes:
1. Esturpor 7. Maneirismo
2. Catalepsia 8. Estereotipia
3. Flexibilidade cérea 9. Agitação
4. Mutismo 10. Caretas
5. Negativismo 11. Ecolalia
6. Postura 12. Ecopraxia

 Depressão Sazonal:
A. Relação temporal entre o início dos sintomas depressivos e determinada estação do ano
B. Remissões completas também ocorrem em um período do ano
C. Pelo menos 2 episódios nos últimos 2 anos. Nenhum episódio fora do padrão
D. Episódios sazonais superam os não sazonais durante a vida do indivíduo

 Depressão Pós-Parto:
 Episódios com inicio durante a gravidez ou nas primeiras 4 semanas pós parto
 Sempre avaliar transtorno bipolar nessas pacientes.
 Luto X Depressão:

 TDM – Características Clínicas:


 Episódio depressivo não tratado dura de 6 a 13 meses e tratado 3 meses
 Quanto mais recente os sintomas, melhor o prognóstico.
 Quanto mais episódios depressivos, maior a chance de novos episódios depressivos.
 Quanto mais tempo em remissão, menor a possibilidade de novos episódios depressivos.

 Tratamento:
 Qual o objetivo?
 Remissão Completa dos sintomas:
. sintomas residuais estão associados a pior prognóstico a longo prazo: maior risco de recaída;
pior qualidade de vida e funcionalidade; maior risco de suicídio; ais uso de serviços de saúde.
 Fase Aguda:
. tempo: 2 a 3 primeiros meses de tto
. objetivo: obter a remissão, ou, pelo menos, resposta
 Fase de Continuação:
. tempo: 4 a 9 meses após a fase aguda
. objetivo: manter a melhora obtida na fase aguda, evitando recaídas, visando a recuperação.
 Fase de Manutenção:
. tempo: mais de 1 ano
. objetivo: recuperação, evitando recorrência
 Por quanto tempo devo tratar a depressão?
. 1 episódio: mínimo de 6 a 12 meses
. 2 episódios: 2 anos ou mais
. 3 ou mais: 2 a 5 anos ou mais

OBS.: Taxas de recaída de 70 a 80% após 2 episódios; 80 a 90% após 3 episódios

 Antidepressivos:
. ISRS
. inibidores duais
. mirtazapina
. bupropiona
. outros: tricíclicos, agomelatina, IMAO
 Psicoterapia:
. TCC . Interpessoal
. Comportamental . Resolução de problemas

 Exercício físico  Alimentação saudável.


 Outros:
. Eletroconculsoterapia (ECT)
. EMT
. Fototerapia
. Associação com antipsicóticos (potencialização de antidepressivos)
. Associação com hormônios tireoidianos, lítio.
. Associação de antidepressivos

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