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Feridas em Equinos

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA

CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS, AMBIENTAIS E BIOLÓGICAS


CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

JOSÉ LUIS SILVA LIMA

ABORDAGEM CLÍNICA E TERAPÊUTICA DE FERIDAS


EM EQUINOS

CRUZ DAS ALMAS – BAHIA


JULHO – 2016
JOSÉ LUIS SILVA LIMA

ABORDAGEM CLÍNICA E TERAPÊUTICA DE FERIDAS


EM EQUINOS

Trabalho de conclusão de curso submetido


ao Colegiado de Graduação de Medicina
Veterinária do Centro de Ciências Agrárias,
Ambientais e Biológicas da Universidade
Federal do Recôncavo da Bahia como
requisito parcial para obtenção do título de
Médico Veterinário.

Orientadora: Profª Drª Ana Paula Cardoso


Peixoto.

CRUZ DAS ALMAS – BAHIA


JULHO – 2016
Autorizo a reprodução parcial ou total desta obra, para fins acadêmicos, desde que
citada à fonte.
AGRADECIMENTOS

A Deus o grande criador, à minha mãe, Maria de Fátima, minha primeira


incentivadora e professora, ao meu pai, José Nunes e avós, em especial meu
saudoso avo, Cirilo Ferreira da Silva e Eloia Maria, aos irmãos e demais familiares, a
minha orientadora, Draª Ana Paula Peixoto, mestres da medicina veterinária,
funcionários da universidade, todos os amigos, especialmente aos do setor equestre
que me ajudam e aos cavalos, sem os quais não teria escolhido ser médico
veterinário.
LIMA, J.L.S. Abordagem clínica e terapêutica de feridas em equinos. 2016. 85 p.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Medicina Veterinária).
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Cruz das Almas, 2016.

RESUMO

A abordagem clínica e a terapêutica de feridas é praticada através de protocolos


flexíveis que contribuem para a rápida reparação dos tecidos. Os ferimentos
cutâneos estão entre as doenças dermatológicas com maior prevalência e incidência
em cavalos, trazendo desvalorização zootécnica, defeitos, complicações graves, tais
como tecido de granulação exuberante (TGE) e infecções secundárias. Este trabalho
teve por objetivo realizar uma revisão bibliográfica visando uma atualização sobre
abordagem clínica e terapêutica em feridas e doenças dermatológicas de cavalos.
Observou-se que para o estabelecimento de uma abordagem clínica e terapêutica
eficiente é necessário o conhecimento da fisiologia da cicatrização, abrangendo a
genética, a bioquímica celular, a histologia, a anatomia, a patologia, microbiologia,
farmacologia dentre outras áreas relevantes. De acordo com os levantamentos
verificou-se a necessidade de atuar com flexibilidade no estabelecimento de
protocolos para o tratamento de feridas, ratificando a necessidade de mais estudos
científicos sobre a eficácia da terapêutica e dos protocolos atualmente estabelecidos
para o manejo de ferimentos em equinos.

Palavras-chave: equinos, abordagem clínica, terapêutica, feridas, complicações.


LIMA, J.L.S. Clinical Approach and Wounds Therapeutic in Equine. 2016. 85 p.
Course Completion (Undegraduation in Veterinary Medicine) Federal University of
Bahia Recôncavo, Cruz das Almas, 2016.

ABSTRACT

The clinical management and treatment of wounds is conducted through flexible


protocols which contribute to the rapid repair of tissues. Skin injuries are among the
skin diseases with higher prevalence and incidence in horses, bringing zootécnica
devaluation, defects, serious complications such as exuberant granulation tissue
(TGE) and secondary infections. This study aimed to carry out a literature review for
an update on clinical and therapeutic approach in wounds and skin diseases of
horses. It was observed that for the establishment of a clinical approach and efficient
therapeutic knowledge of the physiology of the healing process is required, including
the genetic, cellular biochemistry, histology, anatomy, pathology, microbiology,
pharmacology among other relevant areas. According to the survey there was the
need to act with flexibility in establishing protocols for the treatment of wounds,
confirming the need for more scientific studies on the effectiveness of therapeutic
and protocols currently established for the management of wounds in horses.

Keywords: horses, clinical management, treatment, wounds, complications


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Representação histológica dos primeiros estudos da pele,


representando parte de lábios, membros, e do flanco e suas
relações com o folículo piloso, vasos (V) e nervos (n) em
equino--------------------------------------------------------------------18

Figura 2 - Fotomicrografia do tegumento de equino: aspéctos


anatômicos e histológicos ------------------------------------------19

Figura 3 - Secção vertical da pele equina da região abdominal


Crania-------------------------------------------------------------------21
Figura 4 -. Distribuição (linhas oblíquas) das camadas de tecido
cordovan-couro (camada principal e camada cordovan
acessório, juntas) na pele do cavalo-----------------------------22

Figura 5 - Fases do processo de cicatrização------------------------------ 33

Figura 6 - Fases da cicatrização de feridas e a deposição dos


componentes da matriz cicatricial ao longo do tempo-------33

Figura 7- Fase de cicatrização remodelação-------------------------------39

Figura 8 - Pontos anatômicos nos quais os ossos são recobertos


apenas por pele (destaque em vermelho)----------------------44

Figura 9 - Progressão da fibroplasia-------------------------------------------49

Figura 10 - Tecido de granulação exuberante recém-formado-----------51

Figura 11- Tecido de granulação exuberante e inflamação devido a


Pythium insidiosum em um equino-------------------------------51

Figura 12- Aspecto de sarcoide equino com massa fibroblástica,


difusamente ulcerada e com característica carnosa---------52

.
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO------------------------------------------------------------------------- 12

2. REVISÃO DE LITERATURA-------------------------------------------------------- 15
2.1 Aspectos anatômicos, histológico e fisiológico da pele de 15
mamíferos -------------------------------------------------------------------------------
2.1.1. Tegumento comum dos equinos ---------------------------------- 17

2.2 Epidemiologia das afecções da pele em equinos ---------------- 23

2.3 Tipos de feridas ---------------------------------------------------------- 28

2.3.1 Classificação de ferida de acordo com a etiologia e/ou 28


causas para o aparecimento de lesões cutâneas---------------------------

2.3.2 Classificação de ferida de acordo com o grau de 29


contaminação ----------------------------------------------------------------------

2.3.3 Classificação de ferida de acordo com o 30


comprometimento tecidual -----------------------------------------------------

2.3.4 Classificação de ferida de acordo com o tempo de 31


duração da cicatrização---------------------------------------------------------

2.4 Processo de cicatrização ------------------------------------------------------ 31

2.4.1 Fases do processo de cicatrização ----------------------------- 34

2.4.1.1 Fase inicial inflamatória (inicio no dia 1-2) ---------------------- 34

2.4.1.2 Fase tardia inflamatória (inicio dia 2-3)--------------------------- 34

2.4.1.3 Inflamação crônica----------------------------------------------------- 35

2.4.1.4 Proliferação (dia 3 a semana 2)------------------------------------ 36

2.4.1.5 Remodelação e amadurecimento da cicatriz (semana 1 a


várias semanas) -----------------------------------------------------------------------
38

2.5 Tipos de cicatrização------------------------------------------------------------ 40


2.5.1 Cicatrização primária----------------------------------------------------- 40

2.5.2 Cicatrização primária atrasada---------------------------------------- 40

2.5.3 Cicatrização por segunda intenção----------------------------------- 41

2.5.4 Cicatrização por terceira intenção------------------------------------- 41

2.5.5 Cicatrização de espessura parcial------------------------------------ 42

2.6 Processo de cicatrização na espécie eqüina ----------------------------- 42

2.6.1 Cicatrização de feridas em equinos em função da localização 43


no corpo do animal----------------------------------------------------------------

2.7. Fatores que impedem a cicatrização de feridas------------------------- 44

2.8. Complicações do processo de cicatrização ------------------------------ 46

2.8.1 Infecção--------------------------------------------------------------------- 46

2.8.2 Tecido de granulação exuberante ----------------------------------- 47

2.8.3 Outras complicações que podem ser advindas por feridas---- 53

2.9 Ponderações técnicas para a abordagem terapêutica de feridas 54


em equinos------------------------------------------------------------------------------

2.9.1 Desbridamento e limpeza local --------------------------------------- 58

2.9.2 Terapêutica com antiinflamatórios e antibióticos----------------- 60

2.9.3 Pensos e bandagens----------------------------------------------------- 62

2.10 Considerações para a terapêutica de ferimentos crônicos e 63


controle de tecido de granulação exuberante em equinos------------------

2.11 Alternativas e atualidades no tratamento de feridas dos equinos 67

2.11.1 Ultra - som terapêutico------------------------------------------------- 67

2.11.2 Terapia com células estaminais e membranas biológicas---- 67

2.11.3 Plasma rico em plaquetas -------------------------------------------- 67


2.12.4 Estimulação com microcorrentes ------------------------------------- 68

2.12.5 Fitoterápicos --------------------------------------------------------------- 69

2.12.6 Utilização de mel e açucar---------------------------------------------- 70

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS--------------------------------------------------------- 71

4. REFERÊNCIAS------------------------------------------------------------------------ 72
12

1 INTRODUÇÃO

No Brasil encontra-se o maior rebanho de equinos na América Latina e o


terceiro rebanho mundial. Somados aos asininos (asnos) e muares (mulas) são oito
milhões de cabeças (MINISTÉRIO DA AGRICULTURA PECUÁRIA E
ABASTECIMENTO [MAPA], 2015). No ano de 2014 o efetivo de equinos foi de
5.450.601 milhões de cabeças (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E
ESTATÍSTICA [IBGE], 2014).
A região Sudeste possui a maior população brasileira de equinos, seguida das
regiões Nordeste, Centro-Oeste, Sul e Norte (MAPA, 2015). De acordo com o IBGE
(2014) neste mesmo ano a distribuição nas regiões foi a seguinte: 24,2% na Região
Sudeste; 22,9% na Nordeste; 19,2% na Centro-Oeste; 17,7% na Sul; e 16,1% na
Norte. Os Estados com a maior concentração deste efetivo foram: Minas Gerais
(14,0%), Rio Grande do Sul (9,9%) e Bahia (8,6%). Em nível municipal, os maiores
rebanhos de equinos estavam localizados em Corumbá (MS), Santana do
Livramento (RS) e Alegrete (RS). A realização de um estudo da configuração do
complexo do agronegócio do cavalo no Brasil traz a informação de que este
segmento tem relevante importância para a economia brasileira, uma vez que, as
estimativas apresentadas, mostram uma movimentação econômica superior a R$
7,5 bilhões anuais. Tem-se 3,2 milhões de empregos diretos e indiretos,
relacionados ao cavalo no Brasil (LIMA; SHIROTA; BARROS, 2006).
Apesar de o equino ser um exemplo clássico de processo evolutivo,
(WEINSTOCK et al., 2005) os pesquisadores sabe relativamente pouco sobre a
origem da domesticação do cavalo (LEVINE, 2005; LARSON e BURGER, 2013). O
cavalo possui a seguinte classificação zoológica: Classe: Mamalia; Subclasse:
Theria; Infraclasse: Eutheria; Ordem: Perissodactyla; Subordem: Hippomorpha;
Família: Equidae; Subfamília: Equinae; Gênero: Equus; Espécie: Caballus (Getty,
2013. p, 230).Esta espécie animal por suas características: capacidade de tração,
atlética e comportamental, é utilizada em trabalhos agropecuários na lida com o
gado, tração, meio de transporte e esportes em diversas modalidades (LIMA;
SHIROTA; BARROS, 2006).
Durante muitos anos o cavalo foi usado unicamente como meio de transporte,
todavia, os equídeos têm sido empregados em outras áreas de atuação
13

com forte tendência para lazer, esportes e terapia (LIMA; SHIROTA;


BARROS, 2006; MAPA, 2015).
O equino pode ser criado em ambiente natural, pastagens, (DITTRICH et al.,
2007, 2010; BELL et al., 2007; BRANDI e FURTADO, 2009; DOMINGUES, 2009; LE
JEUNE et al., 2009) extensivas, semi-extensivas (RIGUEIRO-RODRÍGUEZ et al.,
2012) e/ou estabulados (intensivos) em instalações construídas dentro de padrões
que garantam o manejo saudável pretendido e requerido à atividade da
equinocultura (BELL et al., 2007; LE JEUNE et al., 2009; WARTELL et al., 2012).
Devido ao comportamento equino em fugir, expressado muitas vezes por,
relutar, defender-se de situações que ameace sua integridade ou venha lhe causar
mal estar (APFELBACH et al., 2005) o cavalo acaba realizando movimentos bruscos
independente do ambiente que o circunda, vindo a se acidentar por lesões
traumáticas (DUQUE et al., 2007). Ademais, muitas instalagens encontram-se
zootecnicamente inadequadas (CASEY, 2007; WHITE, 2009; POLLOCK, 2011)
aumentando os riscos de causar lesões cutâneas nesta espécie (DUQUE et al.,
2007; WHITE, 2009; POLLOCK, 2011).
Em estudo realizado por Pessoa et al., (2014) a lesão traumática está em
primeiro lugar na prevalência das lesões de pele em equinos. Estes incidentes
podem acontecer no ambiente em que o animal vive, ou quando incentivado pelo
homem a realizar alguma ação de trabalho ou desportiva, ou ainda, quando é
submetido a algum procedimento de manejo mal executado, por exemplo: um
embarque ou contenção física (CASEY, 2007; VON PEINEN et al., 2010; POLLOCK,
2011). Podem ainda, ser provocados por arreios ou equipamentos usados de forma
inadequada (CASEY, 2007; VON PEINEN et al., 2010; KUMAR, 2011).
A maioria das dermatopatias observadas em cavalos, embora não resultando
em morte do animal, causam danos estéticos, que podem resultar na rejeição dos
animais, na incapacidade em participar em atividades esportivas coletivas, e em
perdas econômicas devido aos custos dos tratamentos (ASSIS-BRASIL, 2015).
O ferimento torna-se também porta de entrada para o desenvolvimento de
complicações e de outras doenças como, por exemplo, o tétano. A abordagem
clinica adequada, desde o inicio da lesão, torna-se importante para o processo de
cicatrização, sendo fundamental para o animal restabelecer a integridade do tecido e
voltar às suas funções.
Além das lesões de causa traumática, o cavalo é acometido ainda por lesões
14

de causa neoplásica, infecciosa, parasitária e de hipersensibilidade, que, podem


ocasionar ferimentos cutâneos (PESSOA et al., 2014).
Muitos são os tratamentos para feridas em equinos, contudo, não há uma
maneira completa e universalmente aceita, que se constitua em um protocolo pré
determinado. Existem aspectos inerentes ao tempo e ao tipo do ferimento, ao estado
de saúde do animal, à etiologia, ao estágio do processo de cicatrização, a logística
de manejo e aos custos que devem ser considerados.
A despeito dos inúmeros fatores causadores de feridas, a medicina veterinária
possui atualmente muitos recursos técnicos e eficazes a serem selecionados
conforme a condição econômica do proprietário do animal, a gravidade da ferida e a
intenção cosmética. De acordo com o diagnóstico e/ou natureza da ferida tem-se
medicamentos, procedimentos cirúrgicos, terapias alternativas e adjuvantes, que,
juntos ou isolados são os meios mais comuns de auxílio ao processo de reparação
natural.
O objetivo deste trabalho foi realizar o levantamento bibliográfico sobre a
abordagem de feridas em equinos, sobre as suas complicações e formas de
tratamento. Visa constituir num meio de consulta para alguns aspectos da
abordagem clínica e terapêutica das feridas, no vasto campo da dermatologia
equina. As lesões cutâneas primárias de causas bacterianas, fúngicas, virais,
neoplásicas ou parasitárias foram abordadas de forma suscinta, haja vista, a
importância do estabelecimento de diagnósticos diferenciais e do tratamento da
causa primária das lesões cutâneas.
15

2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Aspectos anatômicos, histológico e fisiológico da pele de mamíferos

O tegumento comum é a cobertura que protege o corpo, e possui


continuidade nas aberturas naturais com as membranas mucosas dos tratos
digestivo, respiratório e urogenital (GETTY, 1975; FEITOSA, 2008). O tegumento
comum é o principal fator de regulação da temperatura corporal, e por intermédio de
suas glândulas desempenha um importante papel na secreção e excreção (GETTY,
1975).
O tegumento comum compreende a pele normal com seu revestimento de
pelos e uma variedade de glândulas cutâneas. A pele dos mamíferos domésticos ao
nascimento já apresenta estrutura observada em animais adultos, diferente da pele
de muitos roedores e de outros pequenos mamíferos que nascem sem pelos (DYCE,
2010).
De acordo com Samuelson (2007); Junqueira e Carneiro (2008); Dyce (2010)
a pele se compõe de duas partes: um epitélio superficial (epiderme) e outra camada
fibroelástica resistente (derme). A primeira de origem ectodérmica e a segunda de
origem mesodérmica. Dependendo da espessura da epiderme se distingui a pele
fina e a espessa (JUNQUEIRA, 2008).
A pele é elástica e resistente, possuindo espessuras diferentes de acordo
com a espécie, localização no corpo do animal, sexo e idade. As pregas
permanentes da pele ocorrem em determinadas situações, e em alguns locais há
bolsas cutâneas ou divertículos (GETTY, 1975).
A epiderme é um epitélio estratificado não vascular e tem contínua renovação
(DYCE, 2010; GETTY, 2013) pavimentoso ceratinizado. Como a epiderme tem
somente dois conjuntos de células (queratinócitos e não- queratinócitos) fazem parte
exclusivamente da epiderme, os queratinócitos, cujos, formam as cinco camadas da
epiderme: camada basal, camada espinhosa, camada granulosa, camada lúcida e
camada córnea e são responsáveis pela síntese da queratina (SAMUELSON, 2007;
JUNQUEIRA e CARNEIRO 2008).
A derme é dividida em superficial e profunda (FEITOSA, 2008; Mc GAVIN e
ZACHARY, 2013). A parte mais profunda do cório, a túnica própria, consiste em uma
rede relativamente frouxa de feixes, e em muitos locais não há uma linha clara de
demarcação entre ela e a subcutis. O estrato papilar, a parte superficial, é de textura
16

fina e não possui gordura. Sua face superficial é densamente envolvida com
proeminências cônicas em forma de agulha, as papilas, que estão localizadas nas
depressões da epiderme. Elas contêm nervos e novelos vasculares, e em certas
situações terminações nervosas (GETTY, 1975; SAMUELSON, 2007; JUNQUEIRA
e CARNEIRO, 2008).
A derme por sua vez, repousa em um estrato de tecido conjuntivo frouxo (tela
subcutânea ou hipoderme). A tela subcutânea consiste em tecido conjuntivo frouxo
sendo entremeado por tecido adiposo. Esse tecido é variável em quantidade de
acordo com a situação e é mesmo ausente ou delgado onde a movimentação é
indesejada (p.ex., sobre os lábios, tetos e pálpebras) (DYCE, 2010). A derme e
epiderme, camadas mais superficiais são conectadas à fáscia e à musculatura
subjacentes pelo tecido subcutâneo (Mc GAVIN e ZACHARY, 2013).
Sobre a vascularização da pele, de acordo com Getty (1975) as artérias da
pele têm sua origem da subcutis, onde se comunicam livremente. As veias formam
dois plexos, um na junção do cório e subcútis e outro sob a papila. Os vasos
linfáticos formam os plexos subcutâneos e subpapilares. Os vasos sanguíneos
cutâneos surgem daqueles que suprem os músculos superficiais e as fáscias.
A pele possui uma inervação rica sensorial. Por meio das fáscias os nervos
acompanham os vasos e formam redes no interior da derme. A partir dessas, as
fibras dispersam para uma variedade de receptores sensoriais; alguns penetram
para dentro da epiderme.
As glândulas da pele são de dois tipos: sudoríferas e sebáceas. As
sudoríferas consistem em um tubo, o qual a parte secretória mais inferior é enrolada
na parte aprofundada da derme ou na subcutis para formar uma bola redonda ou
oval (GETTY, 1975; SAMUELSON, 2007; Mc GAVIN e ZACHARY, 2013). Já as
glândulas sebáceas em grande parte são associadas aos pelos dentro dos folículos
nos quais elas se abrem. Elas secretam uma substancia gordurosa, o sebo cutâneo,
que tem serventia como uma proteção contra a umidade e pode também (por seus
constituintes aromáticos) desempenhar importante papel na vida sexual dos animais
(GETTY, 1975). As glândulas sebáceas promovem proteção antimicrobiana por
providenciar barreira física para o fechamento dos folículos e por conter agentes
antimicrobianos incluindo ácidos graxos e imunoglobulinas IgG e IgA. De acorodo
com Samuelson (2007) a ação da glândula sebácea pode ser suprimida por
corticosteróides
17

2.1.1. Tegumento comum dos equinos

O tegumento comum dos equinos apresenta diferentes particularidades em


relação à pele dos outros animais (WAKURI et al., 1995; ANDRIÃO et al., 2009).
Desde 1888 estudos sobre a estrutura microscópica da pele do equino já traziam
evidências sobre diferenças da pele do cavalo quando comparado a outros
mamíferos. Em literaturas mais recentes enfatiza-se que poucas são as informações
que fundamentam que a pele dos animais domésticos seja semelhante à do homem
(WAKURI et al., 1995). Na (Fig.1) pode ser observado o primeiro estudo da
representação histológica da pele do equino.

“Tanto quanto sei, a anatomia da pele do cavalo nunca antes foi descrita.
Em alguns pontos a informação que dei não é de forma tão completa como
eu teria gostado, mas espera-se que o artigo possa ajudar a preencher um
vazio na literatura veterinária” (SMITH, 1888).
18

Figura 1- Representação histológica dos primeiros estudos da pele, representando parte de lábios,
membros, e do flanco e suas relações com o folículo piloso, vasos (V) e nervos (n) em equino.

Fonte: (SMITH, 1888)

A estrutura histológica da pele varia intensamente entre as diferentes


espécies animais e dos locais anatômicos em um mesmo animal (Mc GAVIN e
ZACHARY, 2013). Dessa forma, o conhecimento dos aspectos histológicos básicos
19

da pele e das principais semelhanças e diferenças estruturais da pele em diferentes


regiões do corpo são fundamentais para o exercício da dermatologia (SOUZA et al.,
2009).
Um trabalho mais recente sobre a histologia, histoquímica e morfometria da
epiderme e ductos sudoríparos do tegumento de equino, trouxe à literatura a
conclusão de que o tegumento do equino apresenta características histológicas
semelhantes às estruturas vistas em outros mamíferos. Contudo, possui uma
epiderme mais delgada e ausência de tecido adiposo, o que contribui para a perda
de grande quantidade de eletrólitos e água para o ambiente, trazendo a diminuição
da temperatura corporal, confirmando que o mecanismo de termorregulação do
equino está intimamente ligado às características histológicas do tegumento
(ANDRIÃO et al., 2009). Já Wakuri et al., (1995) relatam a existência de tecido
adiposo no subcutâneo das regiões lombares e garupa. Comparativamente a
epiderme do equino é mais delgada que outros mamíferos (Fig. 2A.) e se apresenta
mais espessa em machos do que em fêmeas, na região torácica e glútea (ANDRIÃO
et al., 2009). De acordo Faria (2009) a espessura da epiderme do tegumento de
equinos varia de acordo com a raça e região corporal.

Figura 2- Fotomicrografia do tegumento de equino evidenciando aspectos


anatômicos e histológicos .

Fonte: (ANDRIÃO et al., 2009).


A. Epiderme (EP), com suas invaginações, a derme (DE) constituída de tecido conjuntivo frouxo, com
folículos pilosos (FP), glândulas sebáceas (GS) e ductos sudoríparos (DS). Coloração H.E. 100x. B.
Epitélio pavimentoso queratinizado da epiderme (EP), formado por três extratos. Coloração H.E.
200x. C. Ductos sudoríparos (DS), localizados na derme e em grupos, apresentando um epitélio
cúbico simples. Folículos pilosos (FP). Coloração H.E. 200x.
20

A pele é mais espessa no dorso do pescoço, lombar, dorso, garupa,


tuberosidade coxal, regiões do fêmur, cauda e nas extremidades. Em média, 3,8
milímetros (1,2-7,0 milímetros) de espessura (WAKURI et al., 1995; FEITOSA,
2008). De acordo com Getty (1975) a pele do equino possui espessura variável de 1
a 5 mm em diferentes regiões, sendo maior na inserção da crina e na superfície
dorsal da cauda do animal. Segundo Pollock (2011) a pele equina possui fraca
elasticidade cutânea que contribui para o atraso de cicatrização nos membros
locomotores.
A pele relativamente espessa do cavalo pode está correlacionada com a
existência da camada cordovan nas partes mais profundas da derme, um especial
componente fibroso compacto (Fig.3). Este componente foi descrito no cavalo por
vários pesquisadores na primeira e segunda metade do século XX. Tal componente
fibro compacto formou o item mais marcante como uma camada de tecido
denominada de cordovan-couro da pele de equinos (WAKURI et al., 1995).
Independentemente da nomenclatura, a estrutura da pele do cavalo é
diferente dos pequenos carnívoros, as cobaias, do hamsters e do homem. Contudo,
confirma-se hierarquicamente composta por cinco camadas: a epiderme, camada
papilar, camada reticular, camada de tecido de couro cordovan, cuja, subdividida em
uma camada principal de couro cordovan e uma camada cordovan acessório, e
subcutâneo (hipoderme), (Fig.3) e na (Fig.4) se observa onde encontra - se
distribuída a camada de tecido cordovan-couro (WAKURI et al.,1995).
A camada papilar relativamente fina forma a camada de transição entre a
epiderme e a camada reticular. Tem sua superfície composta por uma rica
população de fibras elásticas com um delicado tecido conjuntivo frouxamente
organizado entre eles. A camada reticular consiste de feixes de fibras de colágeno e
algumas fibras elásticas (WAKURI et al. 1995).
A camada de tecido cordovan-couro é diferenciada em dois sub-
componentes. A mais superficial é a camada cordovan principal está presente ao
longo de todas as amostras de pele de equinos. Possui características grossa,
entrelaçada feixes de fibras colágenas, junto com algumas fibras elásticas. Na
garupa, femorais e algumas outras regiões, a metade mais profunda desta camada
cordovan encontra-se especialmente denso. O sub-componente do couro-cordovan,
a camada cordovan acessório, está presente abaixo da camada cordovan principal e
21

pode ser vista juntamente com esta na lombar, dorsolateral, partes do pescoço e
tronco, sacral, garupa e nas regiões do fêmur, metacarpo e digitais dos membros
anteriores e o metatarso e digitais de membros posteriores (Fig.4) (WAKURI et al.,
1995).
A camada cordovan acessório tem característica relativamente fina. Consiste
principalmente de feixes de densas fibras colágenas paralelas, com fibras elásticas e
reticulares intercaladas. As fibras elásticas formam uma lâmina bastante
desenvolvida na parte superficial da camada cordovan acessório, e algumas fibras
elásticas também são distribuída nas partes mais profundas da referida camada
(WAKURI et al. 1995).

Figura 3 - Secção vertical da pele equina da região abdominal cranial.

Fonte: (WAKURI et al., 1995).


A epiderme (E) camada papilar (P), a camada reticular (R), camada de tecido de couro cordovan
(camada cordovan principal, CL; camada cordovan acessório, T) e subcutâneo (S). Observe a distinta
separação da camada de tecido de camada reticular e cordovan-couro da derme ao nível das setas.
De Masson trichromc mancha: x 40.
22

Fig. 4 - Distribuição (linhas oblíquas) das camadas de tecido cordovan-couro (camada principal e
camada cordovan acessório, juntas) na pele do cavalo.

Fonte Adaptado: (WAKURI et al. 1995).


23

A pele do equino entre outras funções proporciona uma barreira anatômica e


fisiológica entre o ambiente externo e o interno. Através dos ceratinocitos, células de
Langherans, linfócitos e dendrócitos dérmicos, juntos, fazem a vigilância contra
neoplasma cutâneos e infecções persistentes. Auxilia na termorregulação, na
percepção da temperatura, da dor, do prurido, do toque e da pressão. Produz a
pigmentação da pele e pelos. Garante a elasticidade e a flexibilidade cutânea,
armazena eletrólitos, água, vitaminas, carboidratos, proteínas e outros materiais.
Não poucas vezes indica o estado interno de saúde, e embora de forma limitada
tenha função excretora (SCOTT e MILLER, 2010).
O pH da pele equina varia entre 4,8 e 6,8, chegando ao limite de 7,9 quando
há sudorese exacerbada. O conhecimento do pH da pele torna-se importante para a
escolha de produtos utilizados na higienização ou para fins terapêuticos da pele
equina (FEITOSA, 2008).

2.2 Epidemiologia das afecções da pele em equinos

A epidemiologia de afecções de pele é importante para auxiliar no diagnóstico


(SCHAFFER et al., 2013). De acordo com alguns autores, as afecções de pele que
acomete a espécie equina possuem predisposição geográfica (SCHAFFER et al.,
2013; DO NASCIMENTO et al., 2016), alta incidência e prevalência (BUECHNER-
MAXWELL; MANNING, 2005; PAGANELA et al., 2009) e insuficiente investigação
em medicina veterinária (WONG; BUECHNER-MAXWELL; MANNING, 2005),
todavia, a pesquisa científica nesta linha, tem evoluído nestes últimos anos
(WESTGATE et al., 2010; DE ALMEIDA E SILVA, 2010).
A maioria dos estudos epidemiológicos sobre a dinâmica de lesões cutâneas
em cavalos foi feita na América do Norte (SCHAFFER et al., 2013), também, na
eeuropa é bem conhecida. No Brasil, precisa-se estudar mais sobre a prevalência
das dermatopatias (SOUZA et al., 2011).
As feridas traumáticas são comuns na prática da clínica equina (JOHNZON,
2015) e as extremidades distais são bastante acometidas, sendo a maior incidência
nos posteriores na região do tarso (DUQUE et al., 2007). Estima-se que lesões
incluindo o carpo e tarso, representem mais de 60% das feridas nos equinos
(STASHAK, 2009).
24

Estima-se ainda que um elevado número de equinos terá no mínimo um


ferimento grave e pelo menos cinco ferimentos menos graves em suas vidas
(KNOTTENBELT, 2009). Nos Estados Unidos (EUA), feridas e suas complicações
são a segunda maior causa descarte de cavalos (SILVEIRA, 2012. p, 28).
No estado do Rio Grande do Sul-Brasil, equinos com afecções do sistema
tegumentar foram submetidos à eutanásia por opção dos proprietários, por causa da
gravidade das lesões, e/ou porque o tratamento tornou-se difícil ou oneroso. As
maiores causas de morte ocorreram por lesões tumoreformes e feridas extensas
(PIEREZAN et al., 2009).
Segundo Pessoa et al., (2014) as doenças de pele, cujas, em sua maioria
cursam com feridas são uma das principais causas de atendimento clínico em
equídeos na região semi-árida do nordeste do Brasil representando 26,05% dos
casos (PAGANELA et al., 2009).
Um estudo retrospectivo dermatopatias em equinos foi realizado entre os
anos de 1978 e 2013 no sul do Brasil, na Universidade Federal de Pelotas, para
determinar a prevalência das alterações. Os dados demonstraram a importância de
doenças da pele que afetam cavalos no sul do Brasil. As doenças prevalentes da
pele em ordem decrescente foram: sarcoide (32,9%), o tecido de granulação
exuberante (11,4%), pitiose (9,4%), carcinoma de células escamosas (7,7%),
papilomatose (4,6%) e habronemoses (4,2%). Outras lesões cutâneas são
responsáveis por 25,3% de todos os casos estudados no sul do Brasil. Cavalos com
idade entre 2-5 anos de idade (32,3%) foram os mais freqüentemente afetados.
(ASSIS-BRASIL, 2015).
De acordo com outro estudo retrospectivo das doenças que acometem a pele
e anexos de eqüídeos, desta vez, realizado no semiárido nordestino, foram
analisados os registros de atendimento na Clínica de Grandes Animais do Hospital
Veterinário da Universidade Federal de Campina Grande, de janeiro de 2002 a
dezembro de 2012, Tabela 1. Nos equinos as dermatopatias mais freqüentes foram
a pitiose (24,38%), as feridas traumáticas (23,04%), os abscessos (12,75%), o tecido
de granulação exuberante (8,5%) e a habronemose (7,38%). Estas enfermidades
totalizaram 76,05% dos diagnósticos de dermatopatias nos equinos (PESSOA et al.,
2014).
25

Tabela 1- Afecções de pele de eqüídeos diagnosticadas na Clínica de Grandes Animais do Hospital


Veterinário, Universidade Federal de Campina Grande, de jande 2002 a dez de 2012

Fonte adaptado: (PESSOA et al., 2014).

No Quadro 1, podem ser verificados agentes etiológicos comumente


envolvidos em lesões de pele de equinos, cujos, em sua maioria, utilizam da ferida
como porta de entrada. Este conhecimento torna-se importante para o
estabelecimento de diagnóstico diferencial, classificação e tratamento das feridas,
todavia, nesta revisão, não serão abordados os tratamentos e diagnósticos
específicos para enfermidades que podem cursar com feridas.
26

QUADRO 01: Alterações dermatológicas ou agentes etiológicos comumente envolvidos processos que cursam com feridas em equinos
Enfermidade Causa/ Agente etiologico Diagnostico e Tratamento Autores

Carcinoma de Multifatorial, Idade Citológico e histopatológico. (PICKERING et al., 2013; Mc GAVIN


células escamosas avançada e genética. e ZACHARY, 2013).
Diferenciação de Excisão cirúrgica.
ceratinócitos. (Mc GAVIN e ZACHARY, 2013;
CHACUR et al., 2014).

Dermatoses Bactérias Distribuição dos nódulos e abscessos incluindo (RIET-CORREA et al., 2003;
nodulares (por a região da face, peitoral, pescoço, axila, virilha ANTHONY, 2015).
bactérias) e pernas. Se tiver rompimento de lesões terá
liberação de exsudato purulento.

Tratamento de lesões isoladas envolve limpeza


com clorexidina caso o nódulo seja rompido.
Sulfa, Trimetoprim, Ceftiofur.

Granuloma eosinofílico Picadas de insetos. Histórico, palpação e aparência clínica são (ANTHONY, 2015).
(alergia). muito sugestivos. Confirmação por
dermatopatologia. A calcificação pode ser
observada em lesões mais antigas.

Os glicocorticóides, extirpação cirúrgica ou a


laser de CO2 e quando várias lesões são
presentes a aplicação de prednisolona, é o
principal meio de tratamento destas lesões.

Habronemose cutânea Habronema sp pelas Clinico: ferida não curada, marrom (KLEI, 2014; PUGH; HU; BLAGBURN, 2014).
moscas. avermelhada, granulomas, material calcificado
do tamanho de grãos de arroz e, também,
larvas no raspado das lesões. Histopatológico.
(ANTHONY, 2015).
Ivermectina considerado o tratamento de
escolha para tratar as larvas. (SCHUSTER e SILVAKUMAR, 2013).

Corticosteróides e Moxidectina.

Organofosforado
27

Melanomas. Alteração em melanócitos. Distribuição da lesão e associação (ANTHONY, 2015).


comum a animais acima de 06 anos
tordilhos. Tratamento por excisão do
nódulo perianal, regiões da cauda
periretais ou ventral. A quimioterapia
pós-cirúrgica pode ajudar a diminuir a
recorrência. A cimetidina diminui o
número e tamanho de crescimento do
tumor.

Miiase -Calliphoridae, Sarcopharidae e a Clínico (URQUHART et al., 2008)


Oestrida.
Inseticidas e larvincidas. (HENDRIX, 2013).

Pitiose cutânea. Pythium insidiosum, Diagnóstico: sinais clínicos e - (GAASTRA et al.,2010).


(Oomiceto). confirmação histopatológica com
as colorações HE e Grocott. -(CARDONA ÁLVAREZ;
VARGAS VILORIA; PERDOMO
Excisão cirúrgica, imunoterapia, AYOLA, 2013).
ou uma combinação destes,
podem ser eficazes. Anfotericina -(THOMASSIAN, 2005;
B. TABOADA, 2014).

Sarcoide Não definido. Possui bem Clínico e definitivo por biópsia. (VILLALOBOS, 2014).
estabelecida relação causal com o
papillomavirus BPV-sendo
sugestivo que as moscas tenham
capacidade de transmissão do Quimioterapia, excisão cirúrgica,
vírus. carbono dióxido de laser,
criocirurgia, radiofreqüência (FINLAY et al., 2009; CORTEGGIO et al.,2012;
hipertermia, radioterapia, Mc GAVIN e ZACHARY, 2013; VILLALOBOS,
imunoterapia ou suas 2014).
combinações exemplos de formas
de tratamento. Auto hemoterapia. (ANTHONY, 2015).

(THOMASSIAN, 2005).
28

2.3 Tipos de feridas

Ferida é toda e qualquer solução de continuidade da pele, geralmente


produzida por um agente, cuja intensidade de ação ultrapassa a resistência dos
tecidos atingidos (THOMASSIAN 2005, p.29). Existem diferentes formas de
classificação de feridas cutâneas. As características mais importantes para se
desenvolver uma avaliação é a natureza e a profundidade das feridas. Neste
trabalho foram exploradas as seguintes classificações: de acordo com o agente
causal, de acordo com o grau de contaminação, comprometimento tecidual e de
acordo com o tempo de duração (THOMASSIAN 2005, p.29; CCIHSCIH, 2005;
TAZIMA; VICENTE; MORIYA, 2008).

2.3.1 Classificação de ferida de acordo com a etiologia e/ou causas para


o aparecimento de lesões cutâneas.

As feridas traumáticas são provocadas acidentalmente por agentes


mecânicos (perfuração, contenção, corte); químicos (por iodo, ácido sulfúrico, etc.);
físicas (calor, frio, radiação) ou intencionalmente provocadas denominadas incisões
cirúrgicas (CCIHSCIH, 2005; THOMASSIAN, 2005).
As feridas traumáticas por ação mecânica em equinos, principalmente os de
trabalho, também, podem ser causadas por arreios e geralmente estão localizadas
em várias partes anatômicas: fronte, chanfro, comissura labial, peito, abdome,
quartela, cirnelha, dorso, garupa, nádega e jarrete. A falta de recursos das pessoas
que possuem os cavalos de trabalho e a falta de informação entre os proprietários
contribui para muitos problemas de bem-estar de equideos, incluindo lesões por
arreio, uma questão relevante em países em desenvolvimento. A medida mais
importante para evitar as feridas causadas por arreio em equinos de trabalho é
educar os proprietários sobre práticas de adequado uso destes equipamentos
(KUMAR, 2011).
As feridas perfurantes, penetrantes ou de punção são causadas por objetos
pontiagudos. Possuem característica de pequena extensão e profunda (ASQUITH e
JOHNSON, 2003; THOMASSIAN, 2005, p.29; TAZIMA; VICENTE; MORIYA, 2008)
pouca hemorragia e frequentemente os fragmentos dos materiais podem
permanecer da lesão e produzir contaminação local (ASQUITH e JOHNSON, 2003;
29

THOMASSIAN, 2005).
As feridas incisas apresentam cortes causados por objetos afiados, e podem
ser acompanhadas de grandes lacerações (THOMASSIAN, 2005; CCIHSCIH, 2005;
TAZIMA; VICENTE; MORIYA, 2008).
As feridas dilaceradas ao contrário das feridas incisas possuem bordas
ásperas e irregulares e tem mais tendência à infecção (ASQUITH e JOHNSON,
2003).
As feridas contusas são feridas originadas por objetos planos, não
ponteagudos ou corte, com capacidade de provocar solução de continuidade da pele
por traumas em variados graus, podendo comprometer estruturas profundas como
vasos, ossos e nervos (THOMASSIAN, 2005).

2.3.2 Classificação de ferida de acordo com o grau de contaminação

Na classificação quanto ao conteúdo microbiano são denominadas de feridas


limpas: a lesão encontra-se em condições assépticas, sem microrganismo
(CCIHSCIH, 2005). Nas feridas assépticas a probabilidade de infecção é baixa, em
torno de 1 a 5 %. São por exemplo, feridas produzidas em ambiente cirúrgico
(TAZIMA; VICENTE; MORIYA, 2008).
De acordo com os critérios de classificação de feridas do National Research
Council (NRC), a ferida limpa é aquela formada em procedimentos eletivos,
principalmente fechado; ou seja, o trato gastrointestinal, respiratório, geniturinário,
biliar ou orofaríngeo não é penetrado, não tem inflamação aguda e se espera
percentagem de infecção menor ou igual a 2% (KATZUNG; MASTERS; TREVOR,
2014).
Para Thomassian (2005, p.30) tal classificação de ferida é quando o ferimento
foi causado por objeto esterilizado, cujo, o período transcorrido seja de no maximo
seis horas de evolução e não teve contato com terra e fezes.
Nos ferimentos limpos contaminados o risco de infecção é cerca de 10%. Um
exemplo destes ferimentos são os que apresentam contaminação em situação
cirúrgica por haver contato com os tratos respiratório, digestivo, urinário e genital,
mas em situações controladas (TAZIMA; VICENTE; MORIYA, 2008). São lesões que
ocorrem da seguinte forma: menor que 6 horas entre o trauma e o atendimento, sem
contaminação significativa (CCIHSCIH, 2005).
30

As feridas contaminadas são as feridas acidentais, com tempo superior a seis


horas de trauma ou que tiveram contato com fezes e terra, por exemplo. No
ambiente cirúrgico, são consideradas contaminadas, as em que a técnica asséptica
não foi devidamente respeitada (TAZIMA; VICENTE; MORIYA, 2008).
De acordo com Thomassian (2005, p.30) essa classificação se diz quando no
ferimento apresenta microorganismos advindos por contato com terra, fezes, ou
objetos contaminados, sem que, tenha infecção suas conseqüências locais ou
gerais.
Conforme os critérios de classificação de feridas do National Research
Council (NRC) existe inflamação não purulenta aguda; extravasamento maior do
órgão oco ou ruptura maior na técnica, traumatismo penetrante ocorrido há menos
de sete horas; feridas abertas crônicas a serem cobertas; a infecção percentual
esperada é cerca de 20% (KATZUNG; MASTERS; TREVOR, 2014).
Enquanto que nas feridas infectadas é quando a ferida apresenta-se com
necrose, secreção purulenta, sem tendência a reparação (THOMASSIAN, 2005,
p.30; CCIHSCIH, 2005; TAZIMA; VICENTE; MORIYA, 2008) e presença do agente
infeccioso no local ferido com evidência de intensa reação inflamatória e necrose,
podendo haver pus (CCIHSCIH, 2005).

2.3.3 Classificação de ferida de acordo com o comprometimento tecidual

Existe uma escala de graus que varia de I a IV, que deve ser observada em
relação ao grau de comprometimento tecidual: no estágio I, apenas ocorre o
comprometimento da epiderme, sem perda tecidual; no estágio II acontece a perda
tecidual com comprometimento da epiderme, derme ou ambas; no estágio III, existe
necrose de tecido subcutâneo e comprometimento total da pele, entretanto não
atinge a fáscia muscular, já no estágio IV, ocorre uma extensa destruição de tecido,
chegando a ocorrer lesão muscular ou óssea ou necrose tecidual (TAZIMA;
VICENTE; MORIYA, 2008).
Similarmente, Thomassian (2005, p.29) classifica em: superficiais: as feridas
que têm as bordas limpas e regulares, não apresentam lesão nos vasos ou nervos, e
profundas aquelas que apresentam - se atingidos vários planos, músculos, tendões,
vasos, nervos e ossos.
31

2.3.4 Classificação de ferida de acordo com o tempo de duração da


cicatrização

As feridas agudas são as feridas recentes (ENOCH e LEAPER, 2008;


JUSTINIANO, 2010). As feridas agudas, com terapêutica realizada de forma correta
e orientada, cicatrizam em torno de seis semanas, através de dois processos, um de
reparação, em que os tecidos são substituídos por tecidos iguais, e outro processo
de fibrose ou fibroplasia, a qual tem a finalidade de substituição do tecido conectivo
(JUSTINIANO, 2003).
As feridas crônicas possuem um tempo de cicatrização superior ao esperado
(CCIHSCIH, 2005; ENOCH e LEAPER, 2008; JUSTINIANO, 2010). As feridas que
não cicatrizam em seis semanas, com terapêutica corretamente orientada, deve ser
considerada uma ferida crônica. Estudos da biologia molecular e da histoquímica
trouxeram conhecimentos novos da fisiopatologia das feridas crônicas. Também a
microbiologia, ao mostrar a presença de biofilmes no leito das feridas crônicas,
conduziu a novas orientações terapêuticas (JUSTINIANO, 2010).
O mecanismo exato das feridas crônicas ainda permanece por esclarecer
(LAURIANO e RODRIGUES, 2011). De acordo com Enoch e Leaper (2008) na ferida
crônica o processo de cicatrização é interrompido num ou mais pontos nas fases de
hemostasia, inflamação, proliferação ou remodelação tendo como resultado um
atraso de cura que pode ser ocasionado por diversas causas como alterações nos
fatores de crescimento, citocinas, proteases, e elementos extracelulares, que, fazem
papéis importantes em diferentes fases deste processo.

2.4 Processo de cicatrização

De acordo com a extenção da lesão e da população de celulasenvolvidas o


processo de cura pode ser por regeneração e reparação usando células do
parênquima e estroma da área lesada.
Na regeneração há proliferação de células do parênquima sem deixar
vestígios (WERNER, 2010). Isto acontece em tecidos que têm uma população de
células capazes de sofrer divisão mitótica (osso, epitélio, fígado) (THEORET, 2006).
Na reparação, fibroplasia, a lesão se torna preenchida por proliferação de
32

tecido conjuntivo resultando em cicatriz (THEORET, 2006; WERNER, 2010).


Conceitua-se que a cicatrização de feridas é o esforço dos tecidos para
restaurar a função e estruturas normais decorrente da lesão por agentes mecânicos,
térmicos, químicos e bacterianos (TAZIMA; VICENTE; MORIYA, 2008) que se inicia
logo que haja uma lesão para que o tecido lesionado seja substituído por um tecido
conjuntivo vascularizado, reestabelecendo assim a homeostase (ENOCH e
LEAPER, 2008; OLIVEIRA e DIAS, 2012).
Uma sequência de eventos celulares e moleculares, destacando-se as
citocinas e os fatores de crescimento, sistemas mensageiros inter e intracelulares
(KUMAR et al.,2010; LAURIANO e RODRIGUES, 2011) interagem para que ocorra a
restauração do tecido lesado e qualidade da cicatriz (CLARK, 1993). Desde o
extravasamento de plasma, com a coagulação e agregação plaquetária até a
reepitelização e remodelagem do tecido lesado há a ação do organismo tentando
restaurar a funcionalidade do tecido (MENDONÇA e NETTO, 2009; KUMAR et
al.,2010).
O processo de cicatrização envolve a sobreposição de cinco bem definidas
as fases: hemostasia, inflamação, proliferação, remodelação e maturação. Durante
tais fases vários eventos celulares e moleculares acontecem para restaurar o tecido
como se pode ver na (Fig.5) (ENOCH e LEAPER, 2008), todavia, a cicatrização de
feridas cutâneas de forma didática envolve três fases: inflamação, formação de
tecido de granulação e deposição de matriz extracelular (proliferação) e
remodelação (KUMAR et al. 2010).
O tecido cicatricial é o resultado da interação entre a síntese, fixação e
degradação do colágeno, cujo, é o principal componente da matriz extracelular dos
tecidos e se estrutura numa rede densa e dinâmica resultante da sua constante
deposição e reabsorção (CAMPOS; BORGES-BRANCO; GROTH, 2007). De acordo
com o passar do tempo e condições normais, o colágeno tipo III vai sendo
substituído pelo tipo I e, também, a resistência da ferida vai aumentando (Fig.6)
(CLARK, 1993; BALBINO; PEREIRA; CURI, 2005).
33

Figura 5 - Fases do processo de cicatrização.

Fonte: (ENOCH e LEAPER, 2008).

Figura 6 - Fases da cicatrização de feridas e a deposição dos componentes da matriz cicatricial ao


longo do tempo.

Adaptado: (Broughton et al., 2006) citado por (ISAAC, et al., 2010).


34

2.4.1 Fases do processo de cicatrização


2.4.1.1 Fase inicial inflamatória (inicio no dia 1-2)

Logo que a lesão tecidual é causada dar se início à inflamação.


Cronologicamente na ordem dos eventos dessa fase, primeiramente ocorre
vasoconstrição para conter a hemorragia local, que, traz consigo plaquetas,
hemácias e fibrina, formando um coágulo, unindo as bordas da ferida ainda sem
valor mecânico, mas facilitando as trocas, protegendo da contaminação e
fornecendo uma matriz preliminar para a migração celular essencial para o reparo
(BALBINO; PEREIRA; CURI, 2005; TAZIMA; VICENTE; MORIYA, 2008).
O tecido lesionado libera no local vários mediadores bioquímicos: histamina,
serotonina e bradicinina, que, causam vasodilatação e aumento de fluxo sanguíneo
no local, em conseqüência disso sinais inflamatórios como calor, rubor e edema,
pela permeabilidade capilar aumenta causando extravasamento de líquidos para o
espaço extracelular (TAZIMA; VICENTE; MORIYA, 2008).
Esse aumento da permeabilidade vascular, também, facilita a migração
celular para a ferida e exsudação plasmática. A prostaglandina como um mediador
químico de grande importância para a atração, mitose celular, exsudação vascular e
atração de leucócitos, os quais possuem pico de atividade nas primeiras 24-48 horas
depois do trauma, e são os primeiros a alcançar o local da ferida, precisamente,
neutrófilos e macrofagos com a função de desbridamento da superfície da ferida e
fagocitose de corpos estranhos (TAZIMA; VICENTE; MORIYA, 2008).
Os macrófagos têm seu aporte maior durante os dois a três
dias seguintes e são fundamentais para ativar os fibroblastos e células endoteliais,
elementos celulares das fases subseqüentes da cicatrização (TAZIMA; VICENTE;
MORIYA, 2008; ENOCH e LEAPER, 2008).

2.4.1.2 Fase tardia inflamatória (inicio dia 2-3)

Entende-se por haver no local da ferida, monócitos sanguíneos que são


atraídos para a ferida e alteram-se fenotipicamente tornando se macrófagos
teciduais, vindo a ser no posterior (48-72 horas) as células mais importantes
presentes no processo inflamatório, atuando como as células reguladoras
fundamentais para reparo, por fazer desbridamento da ferida e ser o principal
35

produtor de fatores de crescimento responsáveis pela fase de proliferação do


processo cicatricial (ENOCH e LEAPER, 2008). As conseqüências de redução do
numero monócitos circulantes e macrófagos teciduais, haverá baixa redução da
resposta inflamatória, alterações graves na cicatrização das feridas, levando a má
debridamento da ferida, atraso na proliferação de fibroblastos (por não haver
liberação de fator de crescimento de fibroblasto) angiogenese inadequada e fibrose
pobre (ENOCH e LEAPER, 2008).

2.4.1.3 Inflamação crônica

Segundo Kumar em al.,(2010) a inflamação crônica possui ressposta que


dura de semanas a meses e durante este tempo, coexistem em variadas
combinações: inflamação, injuria tecidual e tentativas do organismo em reparar o
tecido.Segundo Mc Gavin e Zachary (2013) a inflamação crônica surge quando a
resposta aguda inflamatória falha em eliminar o fator desencadeador, então, há
persistência da inflamação.A resposta inflamatória crônica pode ser de baixo grau e
latenete sem que haja sinais de reação aguda (KUMAR et al.,2010).
As causas desse tipo de inflamação podem ser: infecção persistente, e
exposição prolongada a agentes tóxicos (KUMAR et al.,2010; Mc GAVIN e
ZACHARY, 2013).
No decorrer do desenvolvimento da resposta inflamatória crônica as
citocinas, quimiocinas e outros mediadores da inflamação são liberados e
estimularão inflamação ativa (de crônica a granulomatosa), destruição tecidual,
proliferação de fibroblasto e deposição de colágeno, angiogenese e
neovascularização (formação de tecido de granulação) e inicio de cicatrização (re-
epitelização e reparo tecidual) (Mc GAVIN e ZACHARY, 2013).
Segundo Mc Gavin e Zachary (2013) a inflamação crônica possui aspectos
benéficos como: expulsão de estímulos inflamatórios para fora do corpo através do
colágeno produzido pelos fibroblastos, diluição e ou inativação de toxinas químicas e
biológicas, morte ou sequestro de micro-organismos, material estranho, células
neoplásicas e tecido necrótico, degradação de materiais estanhos, fornecimento de
fatores necessários à cicatrização de feridas em tecidos traumatizados e superfícies
ulceradas, restrição da movimentação de membro e articulações, dando tempo para
a ocorrência de cicatrização e reparo e por ultimo o aumento da temperatura
36

corporal ou local, que induz vasodilatação e inibição da replicação de certos agentes


microbianos.
Prejudicialmente a inflamação crônica se explica por infiltrados de leucócitos
mononucleares (macrófagos, linfócitos, células matadoras natural, (NK) no interior
das áreas de inflamação crônica, ocupar espaço e, não poucas vezes, deslocam,
substituem ou às vezes causam obstrução da estrutura do tecido original. Ao mesmo
tempo, formam se novos vasos sanguíneos, os fibroblastos proliferam e depositam
colágeno e, se a lesão estende-se, a resposta inflamatória pode afetar a função
tecidual e ou células adjacentes e por fim a função do órgão como um todo (Mc
GAVIN e ZACHARY, 2013).
Existindo necrose, o tecido morto e o exsudato são removidos pelos
macrófagos e o espaço é então preenchido por tecido fibrovascular (tecido de
granulação), comum no processo de cicatrização. O tecido de granulação finalmente
é preenchido por tecido conjuntivo fibroso imaturo com pouco colágeno e
posteriormente por tecido conjuntivo maduro com muito colágeno, fechando o
ferimento e formando a cicatriz (Mc GAVIN e ZACHARY, 2013).

2.4.1.4 Proliferação (dia 3 a semana 2)

A proliferação é a segunda fase de cicatrização da ferida. Começa cerca de


três (03) dias e tem duração de 2-3 semanas (WINKLER, 2015) ou 2-4 semanas
(ENOCH e LEAPER, 2008).
As células em proliferação e migração nessa fase são de três classes:
fibroblastos, endotélio e ceratinócitos, além da deposição de fibronectina sobre o
arcabouço de fibrina, formando o fibronexus; da secreção de colágeno III, em sua
maioria, e da síntese de outros elementos matriciais (ISAAC et al., 2010).
Esta fase se caracteriza pela migração de fibroblastos, que, entre várias
funcões, são o arcabouço para os novos vasos formados (ENOCH e LEAPER,
2008), são atraídos para a ferida a partir do 3º dia, quando os leucócitos
polimorfonucleares já fizeram seu papel higienizador da área traumatizada (TAZIMA;
VICENTE; MORIYA, 2008; WINKLER, 2015).
Uma vez dentro da ferida, os fibroblastos proliferam e auxiliam a construir a
nova matriz extracelular (ENOCH e LEAPER, 2008), que, substitui rapidamente o
coágulo depositado no leito da ferida logo após o trauma, tornando sua função
37

principal a restauração da continuidade do tecido lesado, suporte estrutural, sendo


capaz de manter a arquitetura do tecido, preenchendo os espaços entre as células e
para a migração celular, adesão celular, turgor dos tecidos moles (TAZIMA;
VICENTE; MORIYA, 2008; ENOCH e LEAPER, 2008). A matriz possui sua
composição alterada durante a cicatrização do tecido acompanhadas por alterações
no crescimento celular e migração (RAITZ, 2008).
A migração celular epitelial começa dentro de horas do inicio da ferida. As
células epiteliais basais achatam-se e migram em direções aleatórias através da
ferida aberta, pois podem deslizar através do defeito em pequenos grupos, ou
"saltar" em frente uma da outra para cobrir uma incisão cirúrgica bem fechada dentro
de 48 horas. Na migração células epiteliais secretam mediadores, como fatores de
transformação de crescimento α e β (WINKLER, 2015).
A formação de tecido de granulação pode indicar o estado da ferida e está
estabelecido por 3-5 dias (WINKLER, 2015). Para sua formação, a bradicinina, a
prostaglandina e outros mediadores químicos oriundos dos macrófagos, ativados,
estimulam a migração e a mitose das células endoteliais e assim a formação de
novos vasos (neo-angiogenese) (TAZIMA; VICENTE; MORIYA, 2008), também, o
centro da ferida é uma área de baixa tensão de oxigênio e atrai capilares para o
suprimento de sangue para a atividade de fibroblastos dependente da taxa de
oxigênio. Com a proliferação capilar e de fibroblastos, o tecido de granulação é
produzido (TAZIMA; VICENTE; MORIYA, 2008; WINKLER, 2015). A extensa
invasão capilar deixa o tecido de granulação simultaneamente muito friável e
resistente à infecção (WINKLER, 2015).
Depois da formação do tecido de granulação, que, serve como estrato para as
células da camada basal da epiderme migrarem, acontece a epitelização da ferida
(BALBINO et al., 2005; ENOCH e LEAPER, 2008). Na pele os ceratinócitos têm
capacidade de sintetizar diversas citocinas que estimulam a cicatrização cutânea e
também migram para recobrir a ferida. Nas primeiras 24 a 36 horas depois da lesão,
fatores de crescimento epidérmicos estimulam a proliferação de células do epitélio,
que, se movem desordenadamente até as bordas da ferida aproximando-as
(TAZIMA; VICENTE; MORIYA, 2008), mas, caso a ferida esteja ressecada, sem
nutrição adequada, controle bacteriológico deficiente a epitelização será retardada
(ENOCH e LEAPER, 2008; WINKLER, 2015) Quando a superfície da lesão estiver
epitelizada, o mecanismo de inibição por contato é acionado levando à inibição da
38

capacidade mitogênica das células epidermais (BALBINO; PEREIRA; CURI, 2005;


ENOCH e LEAPER, 2008).

2.4.1.5 Remodelação e amadurecimento da cicatriz (semana 1 a várias


semanas)

Durante este período, as fibras de colágeno e fibroblastos recém-


estabelecidos se reorganizam ao longo das linhas de tensão. (WINKLER, 2015) A
através da degradação de colágeno tipo III por I, (Fig.7) (ISAAC et al., 2010). Esse
processo permite a ferida força para aumentar lentamente durante um longo período
(WINKLER, 2015) e a manutenção do tecido normal (ENOCH e LEAPER, 2008),que,
necessita da degradação e re-sintetização em proporções relativamente iguais de
constituintes da matriz, neste processo de remodelação tecidual, para que isso
ocorra, é preciso a atividade das metaloproteinases (MMPs) específicas, cujas,são
produzidas por fibroblastos, neutrófilos e macrófagos no local da ferida, onde esta
inativos precursores, os quais, devem ser ativados por certas proteases (por
exemplo, plasmina) susceptíveis de estar presentes somente em locais lesionados
(ENOCH e LEAPER, 2008; KUMAR et al.,2010) Dessa forma, as (MMPs) tem a
função de manutenção e remodelamento da arquitetura tecidual (CLUTTERBUCK et
al., 2008).
A atividade das metaloproteinases precisa ser regulada porque elas têm o
potencial de degradar o colágeno e, sendo assim, essencial para que não ocorra
cicatrização deficiente (Fig.9) (ENOCH e LEAPER, 2008; KUMAR et al., 2010),
assim, as (MMPs) é controlada por inibidores de tecido de metaloproteinases
(TIMPs). As MMPs e TIMPs existem num dinâmico estado de equilíbrio, com um
rápido excesso de um ou o outro, dependendo da necessidade de qualquer avaria
ou síntese de matriz extracelular. O desequilíbrio ou desregulação das
metaloproteinases de matriz estão envolvidas em patologias do cavalo e o atraso na
cicatrização, que, pela pouca atividade de MMP-1, provoca a não remoção do tecido
de granulação (CLUTTERBUCK et al., 2008).
39

Figura 7- Fase de cicatrização Remodelação.


Cicatriz anormal

Sintese de colagenio
(fibroblaso) Desregulação

Predomínio de
colageno tipo III Predominio de
------------------------------------- colágeno tipo I

Colagenase/MMP
Degradação do calágeno

Linha cor cinza: Síntese de


colageno
Linha cor preta: Força de tensão

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Semanas após lesão
Fonte Adaptado: (LAURIANO e RODRIGUES,2011).

A maturação da ferida tem início durante a 3ª semana e dura toda a vida da


ferida, embora o aumento da força tênsil se estabilize, após um ano (TAZIMA;
VICENTE; MORIYA, 2008). Na fase de maturação há progressiva diminuição da
vascularização e dos fibroblastos, aumento da força tênsil da ferida, por causa da
maturação e reorientação das fibras de colágeno ver Fig.(5) (MANDELBAUM et al.,
2003; ENOCH e LEAPER). Por meio de um movimento centrípeto de toda a
espessura da pele circundante, a ferida sofre uma contração reduzindo o tamanho e
a quantidade da cicatriz desordenada. Caso esse processo de contração ocorra de
forma exagerada e desordenada causa defeitos cicatriciais importantes por causa da
diferenciação dos fibroblastos em miofibroblastos, estimulados por fatores de
crescimento. Este processo é um importante aliado da cicatrização das feridas,
principalmente nas abertas (TAZIMA; VICENTE; MORIYA, 2008).
40

2.5 Tipos de cicatrização

2.5.1 Cicatrização primária

Cicatrização por primeira intenção ocorre quando uma ferida tem seu
fechamento no período de 12-24 horas da sua ocorrência (pode se exemplificar
limpa incisão cirúrgica, laceração limpa). Existe um equilíbrio adequado entre todas
as fases do processo de cicatrização (incluindo a proliferação celular, o metabolismo
do colágeno, atividade de metaloproteinase de matriz, degradação de matriz
extracelular), assim, as feridas cicatrizam bem e rápido para proceder ao
fechamento completo (ENOCH e LEAPER, 2008).
É o tipo de cicatrização que ocorre quando as bordas são apostas ou
aproximadas, havendo perda mínima de tecido, mínimo de edema e ausência de
infecção. Não é visível a formação de tecido de granulação (TAZIMA; VICENTE;
MORIYA, 2008; COOMER, 2008; STASHAK, 2009). O manejo de uma ferida por
primeira intenção é indicado para feridas agudas, como ex: após incisões cirúrgicas.
Com a união das bordas da ferida com sutura, favorece a cicatrização devido à
diminuição do tempo da fase inflamatória e de remodelação do colágeno, obtendo
assim uma melhor contração da ferida e posterior reepitelização (MANDELBAUM e
SANTIS, 2003).

2.5.2 Cicatrização primária atrasada

Este tipo ocorre em ferida contaminada que é fechada após alguns dias de ter
sido deixada aberta para prevenir a infecção (pode se exemplificar, mordidas, feridas
abdominais após sujidade peritoneal). Os tecidos da pele e subcutâneo são
deixados sem oposição e o fechamento é feito depois que as defesas do hospedeiro
têm ajudado o desbridamento da ferida. Apos 3-4 dias, o recrutamento local de
células fagocíticas na ferida acontece e as células inflamatórias destroem as
bactérias. Mesmo depois de uma demora de vários dias as bordas da ferida podem
ser aproximadas. O metabolismo do colágeno é afetado e a ferida mantém a sua
resistência à tração, como se tivesse sido fechada de imediato (ENOCH e LEAPER,
2008).
41

O fechamento da ferida é feito antes da formação de tecido de granulação


(SPENCER, 2005) e é ideal para feridas contaminadas fortemente ou feridas
infectadas sobre o corpo (WINKLER, 2015).

2.5.3 Cicatrização por segunda intenção

A cicatrização por segunda intenção caracteriza-se por formação de novos


vasos. Neste tipo de cicatrização ocorre excessiva perda de tecido com a presença
ou não de infecção. A aproximação primária das bordas não é possível. As feridas
são deixadas abertas e serão fechadas por meio de contração e epitelização
(TAZIMA; VICENTE; MORIYA, 2008). É indicada para feridas grandes mais de áreas
altamente móveis, tais como o peitoral, regiões glúteas e outras áreas do tronco do
equino (COOMER, 2008; STASHAK, 2009; WINKLER, 2015).
É mais lenta, pode levar a contraturas (particularmente sobre articulações)
podendo levar à restrição funcional. A ocorrência é em uma ferida que tem grande
perda de tecido mole, por exemplo, em maior trauma, graves queimaduras e depois
de certos procedimentos cirúrgicos (por exemplo, laparostomia) A regeneração de
células epiteliais sozinhas não podem restaurar a original arquitetura, para que
ocorra o crescimento interno de tecido de granulação da margem da ferida, seguido
por acúmulo de matriz extracelular com o estabelecimento de colágeno (ENOCH e
LEAPER, 2008).

2.5.4 Cicatrização por terceira intenção

É entendida por haver a aproximação das margens da ferida (pele e


subcutâneo) depois do tratamento aberto inicial. Isto ocorre principalmente quando
há presença de infecção na ferida, que deve ser tratada primeiro, para então ser
suturada posteriormente (TAZIMA; VICENTE; MORIYA, 2008) A ferida é corrigida
por cirurgia após a formação de tecido de granulação para que apresente
resultados melhores estéticos e funcionais (SPENCER, 2005).
42

2.5.5 Cicatrização de espessura parcial

É visto em feridas, como queimaduras superficiais e escoriações onde a lesão


envolve o epitélio e a papilar, parte superficial da derme. A camada basal de células
continua permanecendo sem lesão. As células fazem migração em direção umas as
outras a partir da camada basal para contornar a ferida. A cura ocorre puramente
por epitelização, e assim a anatomia e fisiologia tornam-se praticamente concluída
(ENOCH e LEAPER, 2008).

2.6 Processo de cicatrização na espécie equina

Os equinos possuem capacidade nata de reparação muito rápida (HENDRIX


e BAXTER, 2005), por outro lado, é sujeito a muitas complicações graves de feridas
e possui diferença no processo de reparação em relação a membros distais e
demais regiões do corpo.
O cavalo pode nos proporcionar um modelo apropriado de ocorrência natural
de cura de feridas crônicas, tendo muitas semelhanças com a cicatrização de feridas
encontrada na medicina humana (COCHRANE, 1997). Tanto os humanos como
cavalos são mamíferos que desenvolvem naturalmente, a granulação excessiva
durante a cicatrização das feridas. Contudo, não se encontra relatos sobre as
semelhanças e as diferenças entre populações de fibroblastos e colágeno associado
(THEORET et al., 2013).
A cicatrização da pele é alvo de observação clínica e de contínuos estudos,
(HUSSNI et al., 2004; WESTGATE et al., 2010; DE ALMEIDA E SILVA, 2010) dada
a alta incidência de feridas advindas de acidentes traumáticos em equinos, que, por
vezes são tratadas buscando-se a cicatrização por segunda intenção (HUSSNI et
al., 2004). Todavia, a cicatrização de feridas em cavalos possui muitas complicações
que precisam ser consideradas (MIRAGLIOTTA et al., 2008).
Os fatores envolvidos no processo de cicatrização bem como as interações
existentes entre eles necessitam ser bem elucidados e conhecidos para que os
profissionais possam interferir no processo cicatricial, salientando que a aceleração
do mesmo é muitas vezes um dos principais objetivos terapêuticos na rotina clínica.
O conhecimento sobre esse processo, e sobre as nuances particulares de cada
43

paciente, será a base na qual os profissionais deverão se apoiar para implantar uma
terapia cicatrizante, que irá culminar com o reparo do tecido e o reestabelecimento
da homeostase do animal (OLIVEIRA e DIAS, 2012).

2.6.1 Cicatrização de feridas em equinos em função da localização no


corpo do animal

Existem diferenças significativas na cicatrização em diferentes locais do corpo


do equino (JACOBS et al., 1984; KNOTTENBELT, 1997, 2009; WILMINK et al.,
1999; COOMER, 2006; PAGANELA et al., 2009) e diferenças entre cavalos e pôneis
(WILMINK et al., 1999; KNOTTENBELT, 2009).
No tronco a cicatrização por segunda intenção é excelente e deve ser
considerada uma opção de tratamento válida para todas as feridas superficiais
desde o início (COOMER, 2006). Ao fim de 12 semanas pós ferimento, a área do
epitélio cobrindo o local da ferida tem significância maior em comparação com as
feridas nos membros e flanco (JACOBS et al., 1984).
A cicatrização por segunda intenção nos membros distais dos cavalos é lenta
(BERTONE, 1989; KNOTTENBELT, 1997; WILMINK et al., 1999; COOMER, 2006;
PAGANELA et al.,2009). As feridas de membros mostram pouca contração e se
resolvem por uma combinação de granulação e epitelialização (KNOTTENBELT,
2009). De cordo com Bertone (1989) esse é o motivo da cicatrização por segunda
intenção se prolongar nestes casos em comparação com as feridas do tronco.
Wilmink et al., (1999) relata que devido à exibição de taxas relativamente
baixas de epitelização e contração a cicatrização por segunda intenção na parte
distal dos membros em equinos pode ser lenta e complicada. Segundo Paganela et
al., (2009) e Pollock (2011) a cicatrização, principalmente nos membros locomotores
dos equinos é mais lenta devido a fatores como: maior facilidade de contato com
sujidades, pouco tecido (Fig.8) e menor vascularização, assim, fraca irrigação
sanguínea, dificuldade de retorno venoso, tendência para formar edema, muito
pouco tecido entre pele e estruturas ósseas, articulares e tendinosa, fraca
elasticidade cutânea.
44

Figura 8 – Pontos anatômicos nos quais os ossos são recobertos apenas por pele
(destaque em vermelho)

.
Fonte: Fürst et al., (2009).

2.7. Fatores que impedem a cicatrização de feridas

Existem questões a se considerar que interferem na resposta inflamatória, e


que, por si só, são capazes de desencadear respostas locais que alteram a
cicatrização (JUSTINIANO, 2010). Conhecer os fatores inibitórios da cicatrização
normal é importante para evitar que a ferida se torne crônica ou complicada
(MIRAGLIOTTA et al., 2008; HOLLIS, 2014), haja vista que, muitos fatores inibidores
da reparação, podem ser classificados como complicação de feridas, por ex: TGE e
infecções.
A infecção, a presença de corpos estranhos, tecido necrosado, a
movimentação do animal, o déficit de tecido, a continuação de trauma, tumores ou
qualquer doença de base podem atuar negativamente nas células e moléculas
envolvidas no processo de reparação da pele (KNOTTENBELT, 2007, 2009).
A idade do animal, quadros de anemia, os baixos níveis de oxigênio tecidual,
todavia podem atuar como fatores inibidores da cicatrização. Os níveis de oxigênio,
também podem ter seu comprometimento por outros fatores como a hipovolemia, a
presença de tecido desvitalizado, hematomas e ligaduras excessivamente apertadas
(WINKLER, 2015).
Embora o nível nutricional ideal para a cicatrização de feridas seja
45

desconhecido, a hipoproteinemia atrasa a cicatrização da ferida quando o teor total


de proteína de soro é <2 g / dl, uma vez que a cicatrização de feridas é uma função
de síntese de proteínas. A obesidade também é referida como fator para a má
cicatrização (JUSTINIANO, 2010; WINKLER, 2015) através de fornecimento de
sangue diminuído e da fragilidade da sutura nas camadas de gordura subcutânea
(WINKLER, 2015).
Os produtos químicos externos que alteram a cicatrização de feridas tornam-
se inibidor da cicatrização, a exemplo da cortisona, que comumente é implicada nas
complicações da ferida. O brotamento capilar, a proliferação de fibroblastos, e a taxa
de epitelização são inibidos marcadamente pelos corticosteróides. A vitamina E, de
maneira semelhante à cortisona, afeta adversamente a cicatrização de feridas,
diminuindo a produção de colágeno.O zinco é necessário para a proliferação de
células epiteliais e de fibroblastos; No entanto, a redução exessiva de zinco afeta a
cicatrização de feridas através da inibição da função dos macrófagos. Mais fatores
retardantes da reparação são a radiação, agentes alquilantes (por exemplo,
ciclofosfamida, melfalano), uso abusivo de anti-sépticos, e AINEs (anti - inflamatórios
não-esteroides) (WINKLER, 2015).
A temperatura afeta a força tênsil da ferida, estima-se que as condições ideais
para a cicatrização de feridas seja de 30°C. A diminuição da temperatura para 12° C
está relacionada com uma perda de cerca de 20% da resistência à tração da ferida.
As forças mecânicas incluem a pressão sobre a ferida, que, pode comprometer o
fluxo sanguíneo regional, a diminuição dos níveis de oxigênio no tecido. O segundo
fator físico é a força de corte (incisão) da ferida para algum procedimento, que,
resultam em ruptura dos vasos, resultando em baixos níveis de oxigênio para a
ferida e resultando em interferência na síntese protéica, atividade de fibroblastos,
causando atraso na cicatrização de feridas (WINKLER, 2015).
Os fatores comentados podem agir de forma individual ou combinada, e ser
responsável pelo desenvolvimento de uma ferida crônica (KNOTTENBELT, 2007,
2009).
46

2.8. Complicações do processo de cicatrização

2.8.1 Infecção

A cicatrização de feridas em cavalos possui muitas complicações


(MIRAGLIOTTA et al., 2008). De maneira geral as feridas possuem algum tipo de
contaminação, todavia, feridas crônicas muitas vezes são gravemente contaminadas
ou até mesmo infectada (ORSINI; ELCE; KRAUS, 2004; SPENCER, 2005). De
acordo com estudos, o local em que há isolados bacterianos significativos é o trato
respiratório, seguido de feridas. O Streptococcus zooepidemicus é o isolado mais
comum na maioria das infecções de feridas, seguido por Escherichia coli (CLARK et
al., 2008).
A infecção da ferida é um fator importantíssimo que se deve levar em
consideração como inibidor do processo de cicatrização. Estima-se que a existência
de um número superior a 105 bactérias por grama de tecido lesional, significa que,
caso a ferida não tenha assistência, não cicatrizará por primeira nem por segunda
intenção (HACKETT; DIMOCK, BARBARA; BENTINCK‐SMITH, 1983), e trarão
complicações, como as infecções dos tecidos moles (BUDSBERG, 2005).
A existência de biofilmes explica em parte a dificuldade de cicatrização em
muitas feridas de equinos localizadas nos membros inferiores (GARDNER;
PERCIVAL; COCHRANE, 2011; WESTGATE et al., 2010, 2011). Os microrganismos
atrasam a cicatrização de feridas agudas e crônicas em cavalos que são expostos a
uma elevada carga bacteriana, principalmente nos membros. A evidência de
biofilme em feridas crônicas de cavalo, ainda não havia sido documentada, porém,
em estudo sobre o assunto realizado por Cochrane et al., (2009), observou-se que a
partir de amostras de biópsias cutêneas, há a presença de biofilmes. As bactérias
comumente isoladas em cada ferida analisadas incluíram as Pseudomonas
aeruginosa, Staphylococcus epidermidis, Serratia marcescens, Enterococcus
faecalis, e Providencia rettgeri (COCHRANE et al., 2009). A infecção por
Pseudomonas spp. muitas vezes resistentes a antibióticos é um problema muitas
vezes visto em granulação de feridas crônicas enfaixada. Neste caso tem excesso
de exsudado amarelo e mal cheiroso sobre a granulação (COOMER, 2008).
Existem relatos sobre a resistência em isolados bacterianos de feridas em
47

cavalos para bactérias comensais e patogênicas, incluindo Escherichia coli


(MADDOX et al., 2012) e Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA), a
qual,causam infecção grave no cavalo, e possui um número crescente de casos
relatados ao longo da última década. Em vários locais do corpo podem denvolver-se
infecções por (MRSA), contudo, mais comumente encontradas, são as infecções de
tecidos moles, tanto de feridas traumáticas quanto cirúrgicas. Os tipos de estirpe
MRSA isolados a partir de feridas em cavalos são tipicamente multiresistente, e em
geral diferem daqueles encontrados de seres humanos e em outras espécies
animais (MADDOX et al., 2010).
Contudo, MRSA podem infectar cavalos e os seres humanos que trabalham
com estes, constituindo - se em um problema de saúde pública (KLEVENS et al.,
2007; WEESE e VAN DUIJKEREN, 2010). Estas bactérias, MRSA, são resistentes a
todos os antibióticos b-lactâmicos (WEESE, 2005; WEESE e VAN DUIJKEREN,
2010) e, frequentemente para uma grande quantidade de outros antimicrobianos
adicionais devido à presença de uma proteína de ligação à penicilina (PBP2a), que,
torna a bactéria capaz de não sofrer a ação dos antimicrobianos (MOISAN;
PRUNEAU; MALOUIN, 2010).
Para se considerar uma ferida severamente infectada é preciso que ela
atenda a alguns critérios. Esta caracterização torna-se importante que seja instituído
o tratamento de forma adequada. Devem ser considerados: a cicatrização retardada,
qualquer infecção que envolva o osso ou uma estrutura sinovial (articulação, bainha
do tendão), qualquer infecção que envolva um implante cirúrgico (placas de metal,
parafusos, pinos, fios, malha cirúrgica, etc.), a presença de uma resposta
inflamatória sistêmica (por exemplo, desconforto, febre, neutrofilia ou neutropenia,
hiperfibrinogenemia), presença de bactérias Gram-negativas em cultura ou citologia
positiva da ferida (ORSINI; ELCE; KRAUS, 2004).

2.8.2 Tecido de granulação exuberante


Por ser tratar de uma condição comum em feridas de equinos, faz-se
necessário comentar mais profundamente sobre seus aspectos teciduais,
etiológicos, clínicos e terapêuticos a fim de embasar a conduta profissional em
feridas de equinos. Diante da complexidade da condição tecidual, deverá ocorrer a
decisão adequada e o bom senso frente às feridas com TGE (Tecido de granulação
exuberante).
48

Algumas lesões desenvolvem um tipo diferente de disposição de fibras de


tecido conjuntivo, fibroblastos e vasos sanguíneos, que vem a ser conhecido por
tecido de granulação (Mc GAVIN e ZACHARY, 2013, p.141). Há de se considerar
entretanto, que, esta a fibroplasia, ou a formação de tecido de granulação, é uma
fase essencial de cicatrização de feridas (THEORET e WILMINK, 2008).
Este tecido de granulação tem muitas funções importantes, que mudam
continuamente durante o processo de cicatrização. Ele preenche a lacuna da ferida,
fornece miofibroblastos para contração da ferida, forma uma barreira contra
contaminantes externos e faz o meio sobre o qual o epitélio pode migrar, fornece
diversos tipos celulares que têm funções importantes durante a cicatrização. Forma
ainda, as células capilares e os vasos sanguíneos através da qual tanto o oxigênio e
os nutrientes são transportados para sustentar o metabolismo celular. Atua também
na defesa, pois, facilitam que os leucócitos migrem para dentro do local da ferida.
Todavia, o tecido de granulação pode se tornar exuberante e trazer complicações ao
ferimento (THEORET e WILMINK, 2008).
O impedimento na reparação de feridas debilitante por algum fator inibidor da
cicatrização normal ou fator ainda desconhecido leva ao desenvolvimento da
desordem fibroproliferativa resultando no TGE, com formação de grande massa que
não pode ser recoberta pelo epitélio (Mc GAVIN e ZACHARY, 2013, p.141) No
estado exuberante, TGE, a cicatriz em evolução está presa na fase proliferativa de
reparação (MIRAGLIOTTA et al., 2008). Nessa condição muitas vezes o equino é
obrigado ser retirado das suas atividades (MIRAGLIOTTA et al., 2008).
Essa condição ocorre quase exclusivamente em feridas dos membros dos
cavalos (STASHAK, 2009; DESCHENE et al., 2012) e mais raramente pode ocorrer
também em feridas do tronco (THEORET, 2012).
Histologicamente o TGE é caracterizado pela acumulação de matriz
extracelular (DESCHENE et al., 2012), por inflamação crônica e restos de depósitos
de fibrina, com aparência irregular (THEORET, 2012). Há presença de fibroblastos e
fibras de tecido conjuntivo dispostos perpendicularmente aos capilares em
proliferação e distribuição homogênea dos vasos sanguíneos que penetram o tecido
(Mc GAVIN e ZACHARY, 2013, p.141).
A proliferação de fibroblastos favorece o desenvolvimento de TGE, enquanto
fibroblastos contráteis, também chamados miofibroblastos reduzem a área de
superfície da ferida que promove a reparação e protege contra fatores que
49

contribuem para a fibrose excessiva (Fig.9) (THEORET, 2012). Portanto o intuito


desta abordagem é trazer ao conhecimento os fatores que favorecem o
desenvolvimento do TGE, utilizando-o no sentido de tornar mais segura o tratamento
de feridas com a aplicação de técnicas terapêuticas, que, auxiliem o processo de
cicatrização a evoluir de forma satisfatória.
O TGE é descrito como um prolongamento aberrante da fase de formação de
tecido de granulação, em vez de a ferida fazer uma transição para contração. A
formação do TGE ocorre durante a cicatrização por segunda intenção de feridas nos
membros dos cavalos (WILMINK e VAN WEEREN, 2004).
Ainda não se sabe por que a formação de TGE é comum na espécie equina
(WILMINK et al., 1999; McGAVIN e ZACHARY, 2013.p, 141). Provavelmente, a
causa seja multifatorial (THEORET e WILMINK, 2008; IPIÑA; LUSSIER; THEORET,
2009), envolvendo fatores ambientais, bioquímicos, imunológicos e genéticos
(THEORET et al., 2002; THEORET e WILMINK, 2008; MIRAGLIOTTA et al., 2008;
STASHAK, 2009; THEORET, 2012).
Figura 9 - Progressão da fibroplasia.

Fonte: (THEORET, 2012).


Mas, na busca de elucidar a causa do TGE, muitos trabalhos trazem
resultados de fatores que contribuem para o seu desenvolvimento e trazem a
inflamação fraca e crônica como importantíssima. O trabalho comparativo da
resposta inflamatória entre poneis e cavalos, trouxe evidencia de que a inflamação
em resposta ao ferimento do membro de cavalos, inicialmente é fraca, seguido por
uma resposta inflamatória persistente ou crônica em comparação a pôneis
(WILMINK et al., 1999), provavelmente este padrão inflamatório está relacionado a
níveis iniciais mais baixos encontrados do fator de crescimento de transformação
(TGF-β) (VAN DEN BOOM et al., 2002; HOLLIS, 2014), o qual, se expressa
50

persistente em feridas crônica do membro do cavalo (THEORET et al., 2001). As


proteínas TGF-beta desempenham um papel-chave na resposta inflamatória normal
e formação de tecido de granulação (HOLLIS, 2014). Contudo, novas pesquisas
precisam ser desenvolvidas em torno dessa questão.
A presença de hipóxia de forma aguda em feridas dos membros dos cavalos
pode promover uma resposta inflamatória fraca e prolongada, o que poderia interferir
e retardar as fases subsequentes da cura (WILMINK et al., 1999; CELESTE et al.,
2011). O suprimento inadequado de oxigênio em feridas nos membros de equinos
com tecido de granulação exuberante (TGE), pode ter relação com a diminuição da
perfusão inerentemente no leito da ferida(STASHAK, 2009; SORENSEN et al.,2014).
O baixo grau de inflamação é acompanhado por aumento da regulação de
vários mediadores fibrótico, o que poderia promover o desenvolvimento de
transtornos fibroproliferativos (CELESTE et al., 2011).
Então, se a inflamação continua a ferida transformara-se crônica e favorece o
surgimento do TGE, e dessa interatividade entre inflamação, formação de TGE e a
falta de contração da ferida, empedida pelo TGE, estabelece um ciclo vicioso,
fazendo com que um desses fenômenos fisiológicos estimule um ao outro
(THEORET, 2012).
Os fatores clínicos gerais que contribuem para o desenvolvimento de TGE
incluem a localização de feridas juntamente com a quantidade de movimento
experimentado pela ferida e tecidos circundantes, além da raça e de processos de
infecção (FRETZ et al., 1983; STASHAK, 2009)
Alguns fatores clínicos específicos devem também ser considerados como a
influência de ligaduras e moldes, bem como fatores iatrogênicos (FRETZ et al., 1983
STASHAK, 2009). As bandagens aumentam o risco de TGE por causa dos efeitos
que exercem sobre o microclima local da ferida (FRETZ et al., 1983). No entanto,
ligaduras possuem efeito final dependente da escolha da camada de contato
primário, e também de como a ferida é controlada, que interfere no tempo
necessário para a cicatrização, e também influencia o desenvolvimento de TGE
(BERRY II e SULLINS, 2003).
Quando TGE é gerenciado corretamente, o uso de ligaduras não traz atraso
na cicatrização, e possuem vantagens, como: a prevenção da contaminação
adicional e o trauma recorrente, protegendo as estruturas expostas, da dessecação
e da contaminação. Proporcionam ainda, a redução do movimento local, e dessa
51

forma, diminui o estímulo para a formação de TGE. Os pensos feitos de âmnio


equino parece reduzir a formação de TGE (BIGBIE et al., 1991; HOWARD;
STASHAK; BAXTER, 1993), porém, curativos sintéticos totalmente oclusivos
estimulam o desenvolvimento do TGE (HOWARD; STASHAK; BAXTER, 1993).
O TGE possui as seguintes características clinica: sangra com facilidade
quando traumatizado, dada a fragilidade dos capilares recém formados, possui
aparência superficial granular ao ser visto por uma lupa, por isso, o nome tecido de
granulação (Fig.10) (THEORET, 2012; Mc GAVIN e ZACHARY, 2013, p.141).
Possuem semelhança clínica a tumores, em particular o sarcóide equino (Fig.12),
dessa forma é preciso realizar o diagnostico diferencial com outras formações
nodulares como exemplo: sarcoide, habronemose, e pitiose ver (Fig.11) (THEORET,
2012).

Figura 10 - Tecido de granulação exuberante recém-formado.

Fonte:(STASHAK, 2009).
52

Figura11 - Inflamação devido a Pythium insidiosum em


um equino.

Fonte: Cortesia do Drº Corrie Brown (TABOADA, 2014).

Figura 12- Aspecto de sarcoide equino com massa fibroblástica,


difusamente úlcerada e com característica carnosa.

Fonte: (BRUM; SOUZA; BARROS, 2010).


53

2.8.3 Outras complicações que podem ser advindas de feridas

Como já mencionado, o cavalo pode ser acometido por feridas em qualquer


parte do corpo, e conforme a situação advém as complicações por diferentes
etiologias e gravidade.
A osteomielite e o sequestro ósseo podem ser complicações de ferimentos
em equinos. A osteomielite é o termo utilizado para designar a infecção da cavidade
medular do osso (Mc GAVIN e ZACHARY, 2013), que pode ocorrer por lesão
traumática ou via hematógena, ocasionando a inflamação do osso (RADOSTITS et
al., 2002; BUDSBERG, 2005). O sequestro ósseo ocorre em casos de isquemia
óssea, com eventual morte do tecido, e possível colonização bacteriana devido a
estas alterações no fluxo sanguíneo. Se reconhece o seqüestro utilizando o exame
de raio - X (HENDRIX e BAXTER, 2005).
Outras complicações podem ainda advir de suturas excessivamente
tensionadas e administração de produtos farmacológicos inadequados, assim como
também, em feridas axilares, que podem se complicar gravemente por enfisema
subcutâneo (JOSWIG e HARDY, 2013; LASKOSKI et al., 2015) pneumomediastino e
pneumotórax (HASSEL, 2007; JOSWIG e HARDY, 2013) e deiscência de suturas
(COOMER, 2008; KNOTTENBELT, 2007, 2009). Contudo, nesta revisão, tais
complicações e enfermidades não serão abordadas minuciosamente em seus
aspectos clínicos e terapêuticos, conforme já registrado, também, para o Quadro 01.
O processo de automutilação de feridas deve ser considerado como um fator
complicador, pois através de fricção e mordedura ocorre traumatismo no tecido já
lesionado. O equino deve ser adequadamente contido ou medicado visando evitar
esta situação, e o uso do colar cervical deve ser considerado (GEISER e WALKER,
1984).
54

2.9 Ponderações técnicas para a abordagem terapêutica de feridas em equinos

No tratamento das feridas têm-se os métodos clínicos e cirúrgicos, entre os


clínicos, freqüentemente o mais utilizado é o curativo (DE SOUZA SMANIOTTO,
2010). É necessário nos protocolos estabelecidos no tratamento das feridas que
mantenham - nas com sua característica de cura: úmidas, brilhante, hiperemica e
aparência avermelhada (TAZIMA; VICENTE; MORIYA, 2008). Manter o controle de
umidade é fundamental na cura das feridas.
Os médicos veterinários de equinos têm acesso a terapias de feridas
avançadas que muitas vezes são idênticos aos fornecidos à pacientes humanos
(THEORET e WILMINK, 2013).
De acordo com Wilmink et al., (1999); Asquith e Johnson (2003); Coomer
(2008); Knottenbelt (2007, 2009); Paganela et al., (2009); Pollock (2011); Hollis
(2014) um método pré-estabelecido de tratamento de feridas não necessariamente é
de significância completa nem abrange todas as circunstâncias e possíveis
complicações. Contudo, ressalta que a partir de orientações técnicas é possível que
o manejo de feridas se estabeleça de forma a permitir uma reparação normal e
saudável do tecido.
As feridas em cavalos muitas vezes são negligenciadas ou são mal geridas
por manejo inadequado da lesão, nas quais, há de se esperar resultados ruins e
cicatrização prolongada (KNOTTENBELT, 2007).
As feridas em equinos representam um desafio significativo para médicos
veterinários (WESTGATE et al., 2010), mas, ultimamente o acesso às terapias
avançadas e as pesquisas têm trazido uma melhor compreensão para os clínicos
que podem intervir na redução da dor do paciente, no controle do sangramento e da
infecção, proporcionando melhor resultado estético, bem como, menor tempo para a
cicatrização completa (ZITELLI, 1987; THEORET e WILMINK, 2013).
Os cuidados de feridas nos equinos a campo pode ser uma tarefa desafiadora
(CASTON, 2012), visto que, não são discutidos os pontos pertinentes gerais do
exame físico, avaliação da ferida, tratamento de feridas, plano de tratamento de
fluidoterapia, controle da dor e preparação para tratamento definitivo (MUDGE e
BRAMLAGE, 2007). Contudo depende do tipo,local anatômico, extensão da ferida e
estrutura e ou equipamento para a lida com o animal enfermo.
55

Existe um grande número de opções para lidar com as feridas dos eqüídeos
(COOMER, 2008; POLLOCK, 2011). Segundo Paganela et al., (2009) e Winkler
(2015) protocolos baseados na higiene diária, com limpeza das feridas, retirada do
tecido morto, proteção e hidratação são efetivos na maioria dos casos, com exceção
para as neoplasias.
Muitos autores preconizam o planejamento da abordagem de uma ferida de
acordo com as diferentes fases de cicatrização para poder conceber um plano de
tratamento adequado auxiliando no processo natural de cicatrização. Assim, tem - se
as opções de tratamento para a fase inflamatória, proliferativa e remodelação
respectivamente. (WILMINK et al., 1999 ; THEORET, 2005; PAGANELA et al., 2009;
DE SOUZA SMANIOTTO, 2010; POLLOCK, 2011; CASTON, 2012).
É importante antes de iniciar o tratamento de uma ferida, ter o conhecimento
dos detalhes técnicos imprescindíveis para o manejo de feridas para que se
estabeleça uma abordagem clínica mais segura. Assim, sabe-se que um exame
clínico é valioso em qualquer caso de ferida (KNOTTENBELT, 2007; COOMER,
2008; HOLLIS, 2014) O histórico de vacinação contra tétano deve ser levantado
(ORSINI; ELCE; KRAUS, 2004), como também, a específica avaliação da ferida,
iniciando pelas informações obtidas na anamnese e exame físico: quando e como
ocorreu a ferida; o quão grande ela é e qual parte do corpo é afetado; se existe
envolvimento das estruturas subjacentes, se o ferimento é recente, se a hemorragia
é significativa, se a ferida é antiga, verificando se há existência de infecção ou
inflamação com secreções (POLLOCK, 2011).
Devido à similaridade no aspecto clínico de muitas doenças de pele, o
diagnóstico etiológico de problemas de pele em cavalos com freqüência constitui um
desafio ao clínico (PESSOA et al., 2014). A correlação clínica, incluindo distribuição
da lesão cutânea, raça, idade, e, bem como testes complementares, tais como
cultura bacteriana ou fúngica são necessários para completar o quadro clínico e
obter um diagnóstico apropriado (SCHAFFER et al. 2013). O envolvimento de
estruturas mais profundas (articulações, tendões, ligamentos, ossos) bem como,
outros sistemas do corpo devem ser considerados durante a avaliação inicial
(ORSINI; ELCE; KRAUS, 2004).
O estado sistêmico do paciente deve ser determinado, tanto para dirigir os
cuidados médicos mais urgentes, como para identificar condições que possam
dificultar a função imune ou afetar a cicatrização da ferida (por exemplo, um quadro
56

hipoproteinemia grave). O hemograma e o perfil bioquímico sérico quando


realizados na avaliação inicial podem ser utilizados para monitorar a resposta ao
tratamento. Pode-se incluir ainda, a avaliação do tecido ou exsudado da ferida por
meio de cultura bacteriana e testes de susceptibilidade aos antibióticos, e ou ainda
para exame citológico. A realização destes exames torna-se importante para êxito
do manejo de feridas gravemente infectadas (ORSINI; ELCE; KRAUS, 2004).
O estabelecimento do prognóstico é importante. As feridas penetrantes do
tórax ou abdômen têm um prognóstico reservado devido ao potencial de infecção e
pneumotórax (HANSON, 2009). Também, é importante saber que algumas feridas
apesar de pequenas podem ser de prognóstico mais desfavorável do que algumas
de grandes extensões (COOMER, 2008; KNOTTENBELT, 2009; POLLOCK, 2011).
O tratamento deve ser planejado em um nível individual, influenciado não
apenas pela clínica, mas também por fatores financeiros e logísticos (COOMER,
2008).
O objetivo principal do tratamento da ferida deve ser o estímulo à rápida
progressão da inflamação aguda para reparar o tecido sem a instalação de
inflamação crônica. As feridas devem ser geridas de modo a restaurar o equilíbrio,
sem prejudicar qualquer que seja das células envolvidas na cicatrização
(KNOTTENBELT, 1997).
É necessário fazer o manejo da ferida de forma que ocorra o avanço para a
próxima fase do processo de cicatrização. As feridas cicatrizam em fases comuns de
cura, e este conhecimento pode ser usado para decidir etapas do tratamento das
feridas. Como já mencionado, a seqüência de eventos progride através de quatro
fases que se sobrepõem: fase inflamatória, desbridamento, reparação, fase de
maturação (POLLOCK, 2011).
No manejo inicial de feridas, o primeiro passo no tratamento consiste em
avaliar o estado geral do animal e caso seja primeiros socorros é preciso ser feitos o
mais rápido possível com segurança (WINKLER, 2015). O uso de analgésico deve
ser aplicado precocemente a menos sinal de dor severa presente (COOMER, 2008;
WINKLER, 2015).
Havendo necessidade deve-se coibir o sangramento para uma melhor
avaliação da ferida examinando a extensão da lesão e dano tecidual. Na avaliação
da ferida é importante classificá-las para orientar-se como tratá-la (ASQUITH e
JOHNSON, 2003). A avaliação completa do ferimento não poucas vezes requer
57

sedação, todavia, doses basais devem ser usadas se o animal tiver sofrido grande
perda de sangue. A contenção química em combinação com curtos períodos de
contenção física é ideal a muitos casos (ASQUITH e JOHNSON, 2003; COOMER,
2008). A anestesia geral, ocasionalmente, é necessária para inspecionar, limpar e
reparar a ferida, contudo, não deve ser realizada até que o animal seja estabilizado
(COOMER, 2008). A radiografia e ultrasonografia podem ser utilizadas para ajudar
localizar alguns corpos estranhos (BLACKFORD, 2005).
O principal objetivo da avaliação é minimizar mais contaminação, limpar e
desbridar a ferida, para avaliar maior envolvimento de estrutura anatômica na região,
e fazer um plano para gerenciar corretamente a lesão (COOMER, 2008).
Conforme a avaliação da ferida idealiza-se o modo de cicatrização (ASQUITH
e JOHNSON, 2003). Após decidir o tratamento, para tal existem 03 opções para
escolher: Fechamento primário, fechamento da ferida primária atrasada e
fechamento por segunda intenção (COOMER, 2008; STASHAK, 2009).
Caso a escolha seja o tratamento cirúrgico: hemostase cirúrgica, dissecação
anatômica precisa, desbridamento com descarga contínua com solução salina estéril
combinada com curetagem e excisão afiada é o método mais simples de
desbridamento. Osso cortical exposto precisa ser de preferência coberto com tecido,
ainda que o tecido pareça desvitalizado. É necessário que o cirurgião saiba executar
as técnicas para casa caso. Durante a cirurgia o envolvimento de estruturas mais
profundas, deve ser determinada e tratada, após faz-se o fechamento do espaço
morto e tensão mínima da ferida, são os principais fatores em cirurgia bem sucedida
de feridas (COOMER, 2008).
Para o fechamento primário, é necessário que o cirurgião respeite o tempo
decorrido entre o ferimento e o tratamento. Na medicina veterinária têm mantido o
princípio de que as feridas devem ser fechadas durante o período de 6 a 8 horas a
partir do momento do ferimento, mas esse período pode ser diferente entre áreas do
corpo (POLLOCK, 2011).
Se o fechamento primário de uma ferida não for possível, então, que seja
tratada pelo fechamento tardio, cura por segunda intenção ou enxerto de pele
(SPENCER, 2005). Em ferida gravemente contaminada ou infectada, o fechamento
primário não é indicado, então, pode ser adiado até que a contaminação ou infecção
seja controlada. Minimamente as feridas contaminadas podem ser fechadas depois
de 24-72 horas, enquanto que, feridas altamente infectadas, podem ser necessitar
58

períodos mais longos. Se uma ferida tiver seu fechamento> 5 dias após o ferimento
inicial são consideradas fechamento secundário (WINKLER, 2015).
Pollock (2011) diz que se a ferida está sendo deixada aberta ou sendo
fechada, a pele circundante e a ferida devem ser limpas para remover a microfauna,
contaminantes brutos, e coágulos sanguíneos. A pele que circunda a ferida deve ser
limpa com soluções anti-sépticas, todavia, este não deve ser aplicado à ferida em si
ou eles podem dificultar a cura.
A gestão da ferida aberta se baseia na bandagem repetida e desbridamento
conforme necessário até que a ferida cicatrize. Com o conceito de cura de ferida
úmida, a combinação de ligaduras com desbridamento autolítico promove a
cicatrização de feridas. Utilizando compressas em feridas úmidas mantém saudáveis
as células brancas sanguíneas, o que lhe permite ajudar no processo de
desbridamento. Existe variedade de pensos disponível (WINKLER, 2015).

2.9.1 Desbridamento e limpeza local

O desbridamento é um dos aspectos mais importantes no manejo de ferida.


(ASQUITH e JOHNSON, 2003; KNOTTENBELT, 2007; COOMER, 2008). As feridas
traumáticas raramente são livres de contaminação e detritos (HOLLIS, 2014) então o
desbridamento deve ser feito em todo tecido não viável, bem como qualquer tecido
aberto contaminado (KNOTTENBELT, 2007). Este procedimento serve a vários
propósitos: remove contaminantes superficiais (STASHAK, 2009), reduz a carga de
bactérias contaminantes em feridas (POLLOCK, 2011), permite o exame da
profundidade da ferida e reduz o volume de tecido suficiente para permitir o
fechamento do ferimento (STASHAK, 2009).
O desbridamento pode ser em camadas ou como uma seção completa do
tecido. Caso haja tecidos que têm viabilidade duvidosa ou associados a estruturas
essenciais, tais como feixes neurovasculares necessitam ser tratados de forma
conservadora (WINKLER, 2015).
O desbridamento cirúrgico é usado para remover o restante de material
estranho e o tecido desvitalizado ou comprometido. Durante o desbridamento
cirúrgico a ferida deve ser lavada continuamente (COOMER, 2008). Geralmente
resulta na geração de vários planos de tecido ou aprofunda muito neste, faz
remoção de tecido viável ou age de forma superficial, deixando tecido necrosado
59

que devem ser removidas em um segundo desbridamento (KNOTTENBELT, 2007).


O desbridamento hidrocirurgico pode ser realizado por meio do equipamento
eletrônico Versajet® (Smith + Nephew) (SKARLINA et al., 2015). Uma ferramenta
nova para cirurgia que é aclopado à solução salina, projetado para excisão de
feridas, de fácil manuseio e que garante o acesso de áreas anatômicas desafiadoras
(KLEIN et al., 2005). Pode ser usado em ferida aguda ou crônica com êxito,
principalmente em TGE (KNOTTENBELT, 2007).
Alguns cirurgiões especialistas defendem ter facilitado o tratamento de
feridas, permitindo o desbridamento de tecido indesejável e preservação com
precisão de estruturas viáveis, redução do tempo de execução (KNOTTENBELT,
2007; SAINSBURY, 2009) além de ter um custo acessível (SAINSBURY, 2009).
É um recente avanço em feridas infectadas (KNOTTENBELT, 2007;
SKARLINA et al., 2015). Estudo para avaliar a eficácia dos métodos de
desbridamento convencionais e hidrocirurgico na redução Staphylococcus aureus
inoculado em músculo de equino in vitro, obteve conclusões de que o desbridamento
hidrocirurgico usando diminuiu a carga de S. aureus mais do que os métodos
convencionais de desbridamento (SKARLINA et al., 2015).
A lavagem é uma parte essencial do tratamento de feridas tanto nos estágios
agudos como em feridas crônicas (KNOTTENBELT, 2007). A irrigação da ferida tem
a função de retirar os detritos e reduzir a carga bacteriana no tecido, ajudando a
diminuir complicações da ferida. Usando uma solução não tóxica, o fator mais
importante na lavagem de feridas é a utilização de grandes volumes para facilitar a
remover os detritos. É controverso o uso de antibióticos no fluido de lavagem
(WINKLER, 2015).
A solução para lavagem ideal deve ser não-irritante, estéril, normotérmica e
isotônica. Estes critérios podem ser conseguidos com (36 g de NaCl / litro de água
estéril), todavia, pode ser difícil ou impraticável para fornecer grandes volumes. Em
feridas bastante contaminadas, a água da torneira pulverizada por meio de um bocal
de mangueira por um curto período é econômica, viável e aceitável. Podem ser
ainda utilizadas soluções para ajudar a reduzir a contagem de bactérias locais:
solução de iodopovidona (1 ml da solução de reserva por 100 ml de diluente) ou
solução de clorexidina (2,5 ml de solução por 100 ml diluente) são duas soluções
práticas para usar sem causar efeitos deletérios significativos para tecidos
traumatizados (COOMER, 2008).
60

Para Winkler (2015) o iodo-povidona 1% é um anti-séptico eficaz, tem uma


atividade residual mínima, mas pode ser inativado pela ação de detritos purulentos.
A solução salina isotônica não é anti - séptico, mas é menos tóxica para a
cicatrização do tecido. As bactérias gram-negativas podem se tornar resistentes a
clorexidina e as soluções fortes de clorexidina são tóxicas para o tecido de
cicatrização.
Pollock (2011) ressalta que a concentração de bactérias contaminantes em
feridas pode ser reduzida a concentrações não-infecciosas utilizando lavagem de
alta pressão e drogas antimicrobianas administradas ou tópica ou sistemicamente. A
pressão de (08) oito libras por polegada quadrada ou superior é classificada como
de alta pressão. Uma preocupação sobre lavagem de alta pressão é que ela pode
disseminar material estranho e bactérias da superfície da ferida para áreas mais
profundas do tecido (KNOTTENBELT, 2007, POLLOCK, 2011). A lavagem de alta
pressão pode ainda, causar dano ao tecido, portanto, não deve ser usada de forma
indiscriminada.
As feridas gravemente infectadas com a lavagem da ferida com solução
equilibrada estéril cristalóides (por exemplo, soro fisiológico, solução de Ringer
lactato), usando pressão moderada idealmente, 13-15 psi tem bom resultado
(ORSINI; ELCE; KRAUS, 2004).
Quantidades grandes de solução a pressões de até 70 psi (libra por polegada
quadrada) reduzem largamente a população bacteriana, remove material necrótico e
estranho e diminui-infecção do (COOMER, 2008).
A aplicação de pomada, pó ou cobertura de pulverização de uma ferida aberta
não pode substituir uma limpeza inicial completa da ferida (ASQUITH e JOHNSON,
2003).

2.9.2 Terapêutica com antiinflamatórios e antibióticos

As cortisonas e outros esteróides são componentes comuns em diversas


pomadas comercialmente disponíveis para o tratamento de ferimentos em equinos.
Tem ação antiinflamatória, mas esta ação diminui ou retarda a taxa de cicatrização.
(ZITELLI, 1987; ASQUITH e JOHNSON, 2003; WINKLER, 2015). O uso de drogas;
corticosteróides aplicados até três dias do ferimento na dosagem de 40 mg de
prednisona ou superior causa inibição da cicatrização de feridas. Os agentes
61

antiinflamatórios não esteroidais não têm seus efeitos tão eficazes na cicatrização
de feridas (ZITELLI, 1987).
Para Knottenbelt (2007) os antibióticos e anti-sépticos, embora, estes últimos,
sendo todas as soluções anti-sépticas que se conhece causam danos às células, em
algumas circunstâncias os benefícios superam os danos e é o recurso do controle
de infecção, porém, não devem ser um substituto para a boa gestão e limpeza da
ferida.
A antibioticoterapia é indicada para casos de feridas contaminadas. Deve-se
utilizar antibiótico bactericida de largo espectro, até obter os resultados da cultura
(WINKLER, 2015). Recomenda-se, caso seja indicado, que o antibiótico sistêmico
bactericida seja administrado antes do início da limpeza da ferida (COOMER, 2008).
Os antibióticos sistêmicos devem ser utilizados de forma racional, e os testes de
cultura e sensibilidade são necessários, mas em muitas circunstâncias estes não
são realizados (KNOTTENBELT, 2007).
Caso seja diagnosticada a presença de MRSA, o tratamento será dependente
de terapia apropriada (MADDOX et al., 2010), Poucos antimicrobianos licenciados
para combater tal agente, ensaios clínicos mostraram que Ceftaroline (VILLEGAS-
ESTRADA et al., 2008; MOISAN; PRUNEAU; MALOUIN, 2010) e ME1036, tem
capacidade de inibir de forma eficaz a PBP2a (VILLEGAS-ESTRADA et al., 2008).
Na ausência de resultados de cultura isolados a administração de
gentamicina e penicilina é uma boa opção de tratamento. Pseudomonas spp deve
ter terapia baseada em cultura e sensibilidade. A administração de antibióticos
sistêmicos geralmente são feitos de 7 a 10 dias em combinação com desbridamento
da ferida local (ADAM e SOUTHWOOD, 2006).
Os antibióticos tópicos em geral não são recomendados, pois em muitos
casos eles são ácidos ou têm efeitos diretos tóxicos aos tecidos (KNOTTENBELT,
2007). Segundo Coomer (2008) os antibióticos tópicos são frequentemente tóxicos,
inibem a cicatrização de feridas, e rapidamente estimula a resistência bacteriana.
A sulfadiazina de prata tem sido uma alternativa viável em tratamentos
podendo ser utilizada a partir do primeiro dia. Produto contendo prata é atualmente o
método bastante utilizado para controlar infecção da ferida, sem promoção de
resistência bacteriana (WRIGHT; LAM; BURRELL, 1998; COOMER, 2008). A
sulfadiazina de prata tem eficácia na maioria infecções da pele por Pseudomonas
confirmados (ADAM e SOUTHWOOD, 2006).
62

2.9.3 Pensos e bandagens

Não existem pensos que sejam adequados para todos os tipos e fases de um
ferimento, como também, não há feridas que pode tolerar todos os pensos. Cada
circunstância é diferente. Atualmente, existem mais de 2000 curativos para uso
humano e animal e cada um tem seu propósito especial de circunstâncias de
utilização. Não há muita pesquisa feita sobre o efeito de muitos curativos em feridas
em extremidades dos cavalos (JOHNZON, 2015).
Os curativos aumentam a tendência à produção de tecido de granulação e
assim em uma ferida de cura tardia deve-se considerar a possibilidade da remoção
completa de pensos e bandagens (KNOTTENBELT, 2009). Pensos devem ser
utilizados para manter o equilíbrio de umidade que permite que os fluidos da ferida e
fatores de crescimento permaneçam em contato com a ferida, assim, o
desbridamento autolítico é acelerado e a cicatrização da ferida é promovida
(STASHAK; FARSTVEDT; OTHIC, 2004; HOLLIS, 2011), ajudam a prevenir a
infecção da ferida, controlam o crescimento de bactérias e limpam a ferida de
nocivos materiais para melhorar as condições do leito do ferimento (SWAIN S. F,
1990; DE SOUZA SMANIOTTO, 2010).
Não é o objetivo de essa revisão descrever detalhadamente os métodos de
uso terapêuticos na abordagem das feridas, mas, é preciso relatar sobre a finalidade
de alguns curativos modernos disponíveis no mercado, que, favorecem aos objetivos
pretendidos em manter uma ferida em bom estado de cicatrização natural.
Segundo Hollis (2011) Curativos hemostáticos; tradicionalmente, Kaltostat ®
(Convatec), um penso de alginato, é útil para hemorragias menores. Curativos
secos; Melolin ® e outros são projetados exclusivamente para proteger a ferida e
também é ligeiramente absorvente. Controle de umidade ou curativos avançados;
espuma e gel curativos são para criar o ideal ambiente para a cicatrização e
manutenção de um ambiente saudável. Agem absorvendo exsudato (por exemplo:
espumas) ou hidratando o ambiente para o qual eles são aplicados (por exemplo:
hidrogeles). Qualquer tipo de produto utilizado para manter o equilíbrio de umidade
se considera uma abordagem avançada.
Curativos, controle de infecção; usados nos tratamentos posteriores, a
maioria dos curativos com essa útilidade contêm prata e pode ser usado apartir do
63

primeiro dia, esses curativos são atualmente o método mais conveniente de


controlar infecção da ferida sem nenhuma instância gravada de resistência
bacteriana (WRIGHT; LAM; BURRELL, 1998; COOMER, 2008). Curativos ativos
modernos baseados na prata tais como Aquacell Ag®, (Convatec Ltd),
desempenham significativo papel no controle da vasta gama de bactérias que pode
influenciar adversamente a cura da ferida (KNOTTENBELT, 2007).
As feridas do membro distal tratadas por cicatrização por segunda intenção
frequentemente precisam usar bandagem por tempo prolongado e controle do tecido
de granulação exuberante (COOMER, 2008).
Contudo, uso de bandagem protege a área da ferida contra maior
contaminação e também ajuda na imobilização da ferida de bordas, a fim de acelerar
o processo de cicatrização (ASQUITH e JOHNSON, 2003). Haja vista que, o
movimento é um fator inibitório da cicatrização normal (KNOTTENBELT, 2009), além
do mais, a bandagem protege a ferida de automutilação pelo cavalo (ASQUITH e
JOHNSON, 2003).
Por outro lado, certas áreas anatômicas do cavalo não prestam - se a
bandagem e algumas feridas deixadas sem cobertura curam-se mais rapidamente.
No entanto, as feridas em membros, abaixo do joelho ou do jarrete provavelmente
devem ser enfaixadas para contribuir com fatores tais como a elasticidade da pele,
mobilidade da ferida nesta área e a falta de tecido muscular subjacente (ASQUITH e
JOHNSON, 2003; CASTON, 2012).

2.10 Considerações para a terapêutica de ferimentos crônicos e controle de


tecido de granulação exuberante em equinos.

O tratamento das feridas crônicas deve ser diferente daquele que é feito para
as feridas agudas (JUSTINIANO, 2010). Poucas terapias médicas resolvem por
completo certos tipos de inflamação crônica, como um extenso tecido cicatricial (Mc
GAVIN e ZACHARY, 2013).
A primeira ação a realizar na intervenção clinica de um animal com
inflamação crônica é a remoção do fator desencadeante. Contra infecções micóticas
e bacterianas se usa drogas antimicóticas e antibióticas. Alguns corpos estranhos
podem ser removidos cirurgicamente (Mc GAVIN e ZACHARY, 2013). Essas feridas
crônicas com tecido de granulação necessitam geralmente de desbridamento
64

(KNOTTENBELT, 2007; COOMER, 2008).


Uma vez desenvolvido o TGE, o tratamento deve ser dirigido para o controle
desse tecido, muitas vezes com uma preparação tópica, todavia, os tratamentos são
combinados para ajudar a estimular a inflamação aguda e os escolhidos variam de
acordo com o local e idade do ferimento. Quanto ao método mais adequado de tratar
as feridas de granulação existem grandes diferenças. As recomendações são
realizadas principalmente com base na experiência clínica (SPENCER, 2005).
Embora, tenha inúmeros produtos disponíveis para uso tópico, quase nenhum
tem sólido apoio científico utilizando estudos controlados de sua eficácia em
ferimentos de cavalo (SPENCER, 2005 MOUSTAFA e MARZOK, 2015). A
hidroterapia (ducha), que, é inicialmente utilizada para a limpeza da ferida de detritos
e bactérias, todavia o seu uso é continuado para estimular a formação de
granulação de tecido. Acredita-se que a limpeza e umedecimento da ferida
aumentam a circulação. Esta terapia deve ser usada 1-2 vezes por dia durante 10-
20 minutos. Spencer (2005) sugere o uso de uma mangueira que produza uma
pressão suficiente para provocar pequenas hemorragias dos capilares na superfície
do tecido de granulação estimulando a liberação de fatores de crescimento repetido
é importante para a cura.
Apesar de pesquisas ao longo da última década para desvendar o fenômeno
do desenvolvimento do (TGE) em cavalo não existe atualmente nenhum protocolo
de tratamento mundialmente aceito (STASHAK; FARSTVEDT; OTHIC, 2004;
SPENCER, 2005; THEORET e WILMINK, 2008). Ainda estão faltando tratamentos
para resolver ou prevenir TGE, talvez por causa do conhecimento insuficiente dos
mecanismos moleculares subjacentes na espécie equina (MIRAGLIOTTA et al.,
2008).
O tratamento é dependente da idade do tecido de granulação exuberante e a
causa (THEORET, 2012). A melhor terapia em geral é a excisão cirúrgica do tecido
(BERTONE, 1989; WILMINK e VAN WEEREN, 2004; COOMER, 2008; STASHAK,
2009; BADER e EESA, 2011; THEORET, 2012; McGAVIN e ZACHARY, 2013.p,
141), haja vista, que muitas feridas crônicas possuem baixo nível de fator de
crescimento e concentração de miofibroblasto e terá cura acelerada depois da
estimulação das feridas por excisão da camada superficial (SPENCER, 2005).
A excisão cirúrgica do tecido de granulação excessivo deixando a ferida
descoberta, e depois uso bandagem inicial, e deixando curar por segunda intenção
65

pode ser realizado caso não se tenha muita importância com o resultado cosmético.
(STASHAK, 2009).
O uso de corticosteróides tópicos sob uma bandagem pode diminuir o tempo
de cicatrização, diminuição de fibrose cicatricial e se tem um resultado final
cosmético melhor (STASHAK, 2009), porque, os corticosteróides, afetam todas as
etapas do processo de cicatrização negativamente, todavia, são úteis em feridas de
membros uma vez que eles diminuem a liberação de pró-fibróticas TGF β-1 e reduz
a formação excessiva de tecido de granulação, que, inibe contração da ferida
(SPENCER, 2005).
De acordo com Robson et al., (1974) a eficácia de antibióticos sistêmicos no
tratamento de feridas de granulação não encontrou nenhuma redução significativa
em bactérias. Isto parece ser devido à ausência do antibiótico no tecido de
granulação. A sugestão e de que a base de fibrina de uma ferida de granulação
pode impedir a penetração adequada do antibiótico na ferida.
Os cuidados clínicos com cicatrizes hipertróficas, tecido de granulação
exuberante podem ser difíceis e muitos autores defendem o uso de uns recursos
favoravelmente em detrimento de outros, assim, não serão todos comentados a
forma especifica de sua aplicação nesta revisão, mas incluem compressão,
bandagens oclusivas, corticoidoterapia intralesional, interforons, demais drogas
como imiquimod (indutor de TNF), terapias com multipulsos de laser, quimioterapia
com fluorouracil (McGAVIN e ZACHARY, 2013.p, 141) esta quimioterapia, 5-
fluorouracil um agente anti-proliferativo na prevenção de uma tendência exuberante,
impede significativamente granulação exuberante (KILIÇ e ÜNSALDI, 2015).
O uso de cirurgia criogênica ou agente cáusticos não é indicado, uma vez
que, estes induzem necrose, estimula inflamação crônica, diminui a contração e
inibe a cura por promoção da proliferação do tecido de granulação (WILMINK e VAN
WEEREN, 2004; STASHAK, 2009).
A terapia laser de baixa intensidade (LBI) é uma modalidade de terapia
utilizando a aplicação de luz, em geral um laser de baixa potência ou diodo emissor
de luz na gama de potência de 12 mW e 1 W que, praticamente, promove a
regeneração de tecidos, redução da inflamação, dor e aumenta a taxa de
cicatrização da ferida (JANN et al., 2012).
A terapia com laser obtém os melhores resultados de tratamento de feridas
nos membros quando se compara com outros métodos utilizados em estudo como a
66

pomada nitrato de prata e pomada mercúrio vermelho (BADER e EESA, 2011) A


literatura apresenta que a terapia a laser não é estudada amplamente em tratamento
de feridas nos membros, além disso, o estudo histopatológico não é usado para
documentar os resultados do laser especialmente em terapia de tecido de
granulação exuberante (BADER e EESA, 2011).
A utilização de ligaduras de pressão para restrição da fibroplasia excessiva
não é prudente porque ataduras pode efetivamente suprimir o inchaço do tecido de
granulação novo edematoso, mas não faz prejudicar a sua formação (THEORET,
2012). De acordo com Spencer (2005) as bandagens evitam trauma na ferida,
contaminação e proporciona um ambiente quente e úmido, ácido que é favorável à
cura. No corpo são difíceis de ser usado. Ocasionalmente ligaduras são usadas em
feridas do corpo. Apesar de surgir a formação de TGE em feridas dos membros,
existem cirurgiões que não continua enfaixar as feridas da perna depois do tecido de
granulação em nível com a pele, todavia, o autor continua enfaixar essas feridas até
que sejam curadas, mas outros tratamentos devem ser aplicados visando prender a
formação de tecido de granulação.
O enxerto de pele, também, pode ser usado para tratar o TGE, porque, é um
estimulante de inflamação aguda (DAHLGRE; BOOTH; REINERTSON, 2006;
COOMER, 2008). O uso de enxertos de pele ou o fechamento da ferida secundária
atrasada é freqüentemente necessário para prevenção da recorrência de tecido de
granulação exuberante (BERTONE, 1989). O enxerto de pele diminui a produção de
tecido de granulação exuberante e acelera a epitelização. A sua utilização
juntamente com pensos apropriados em feridas crônicas distais dos membros é a
chave para a cicatrização de feridas bem sucedida (COOMER, 2006; WILMINK et
al., 2006). É indicado o uso de enxertos de pele quando a ferida for superior à
capacidade de contração e epitelização e / ou fechamento cirúrgico (DAHLGRE;
BOOTH; REINERTSON, 2006).
A seleção do tipo de enxerto adaptado a um melhor caso individual é baseada
no tamanho e local da ferida, o resultado cosmético desejado, as condições
financeiras do proprietário, equipamentos disponíveis, e os conhecimentos do
profissional (DAHLGRE; BOOTH; REINERTSON, 2006).
67

2.11 Alternativas e atualidades no tratamento de feridas dos equinos

2.11.1 Ultra - som terapêutico

A utilização do ultra-som terapêutico na cicatrização de feridas em equinos é


uma forma de terapia alternativa amplamente utilizada pelos médicos como auxílio
ao tratamento especialmente em feridas complicadas. Feridas em que o tempo de
recuperação do animal geralmente se estende durante o processo de cicatrização
após lesão de diferentes origens, a utilização do equipamento reduz o tempo de
cicatrização e aceleração da epitelização de feridas (MORAES et al., 2014).

2.11.2 Terapia com células estaminais e membranas biológicas

A aplicação clinica de células estaminais do sangue periférico (PBSCs) foi o


primeiro relato de terapia de feridas cutâneas em cavalos que não respondem a
terapias convencionais, cujo, produziu um resultado visual e clínica positiva,
podendo ser um tratamento útil para as grandes feridas em cavalos, porém, estudos
futuros são necessários (SPAAS et al.,2013).
O uso de membranas biológicas em terapeutica de feridas em equinos tem
por objetivo interferir no processo de cicatrização, servindo como material de
recobrimento de feridas cutâneas como meio condutor de substâncias que interfiram
positivamente no processo cicatricial (MARTINS et al., 2013).

2.11.3 Plasma rico em plaquetas

O plasma rico em plaquetas (PRP) é um produto oriundo da centrifugação do


sangue total (DE SOUZA et al., 2014). Além de ser obtido por centrifugação, e
adição de trombina e cálcio resultando em um gel (MACIEL et al., 2012), o (PRP)
tem utilização em melhorar a reparação de diferentes tecidos, tendo em vista os
fatores de crescimento nele contido (DE SOUZA et al., 2014; MACIEL et al., 2012).
Efeitos benéficos da terapia na clínica ainda não estão totalmente
esclarecidos (DE SOUZA et al., 2014) e não existe nenhuma evidência que mostre
qualquer eficácia destes produtos em cicatrização de feridas em equinos em
68

comparação com outras espécies (SPENCER, 2005), todavia, estudo clínico


controlados deve ser feito para testar esta hipótese (MONTEIRO et al., 2009;
MACIEL et al.,2012; LÓPEZ e CARMONA, 2014).
De acordo com López e Carmona (2014) PRP (plasma rico em plaquetas) e
seus subprodutos (plasma pobre em plaquetas) podem ser utilizados como
tratamento adjuvante em feridas graves nos membros distais em cavalos. Existe a
proposta da utilização de concentrados de plaquetas autólogas (APCs) para acelerar
a cicatrização de feridas, redução da inflamação, para estimular a capacidade de
regeneração dos tecidos em lesão, para diminuição da atividade de fibroblastos e
para evitar a produção de tecido cicatricial não funcional. APC pode ser conseguido
através de vários métodos e de acordo com este, tem-se a produção de APC de
diferentes qualidades tanto celular e molecular (CARMONA, 2011).
Para Monteiro; Lepage; Theoret (2009) a aplicação tópica relevância-clínica
de plasma rico em plaquetas autólogo não acelera ou melhora a qualidade de
reparação de pequenas feridas de granulação nos membros dos cavalos. O
resultado de plasma rico em plaquetas favoreceu o desenvolvimento excessivo de
tecido de granulação e a cicatrização de feridas significativamente retardado em 1,
2, e 3 semanas após a cirurgia. O fator de crescimento transformante-β1 é
aumentado a uma concentração 1,6 vezes mais elevada em feridas tratadas, em
comparação com feridas não tratadas. Este tratamento pode melhorar feridas com
perda de tecido maciça ou alternativamente, feridas crônicas que se beneficiariam
de uma nova fonte de mediadores para acelerar o processo de cicatrização.
De acordo com Iacopetti et al., (2011) O tratamento tópico com autólogo PRG
(Gel rico em plaquetas autólogo) como terapia adicional, pode ser considerado
benéfico na gestão da cura de feridas em cavalos, e pode ser considerado
tratamento seguro e barato que pode ser utilizado no campo.

2.12.4 Estimulação com microcorrentes

Para acelerar a cicatrização de feridas nos membros distais (VARHUS, 2013)


Os efeitos da estimulação com microcorrentes na cicatrização de feridas, tem tido
muitos estudos sobre os efeitos em ambos os modelos de cura de feridas em
humanos e animais (BORBA et al., 2011) e em células envolvidas na cicatrização de
feridas (ZHAO, et al., 2012; SUNDELACRUZ et al., 2013). A aplicação de um nível
69

baixo de corrente elétrica para feridas, tem sido mostrado que facilita diferentes
fases do processo de reparação de feridas (YU; HU; PENG, 2014).
Além de promover a angiogênese a estimulação microcorrente tem
comprovação que aumenta a taxa de fluxo sanguíneo e promove a circulação
sanguínea local (PARK, et al., 2011). Estudos in vitro demonstraram que a corrente
elétrica afeta a proliferação de fibroblasto e a síntese de fibras de colágeno (BORBA
et al., 2011).
A aplicação de estimulação microcorrente exógena pode dirigir a migração e
proliferação de células, estimulam a angiogênese, diminuir a resposta inflamatória e
melhorar a cicatrização da ferida. Embora a estimulação por microcorrente para
acelerar a cicatrização de feridas foi estudado por várias décadas e vários tipos de
dispositivos foram aplicados na prática clínica, muitas questões ainda permanecem
indefinidas como a falta de um dispositivo adequado, os mecanismos a intensidade
e o tempo em que a estimulação deve ser aplicada para conseguir o melhor efeito.
Ainda pode se falar que pela dificuldade de imitar a cicatrização de feridas in vivo, a
compreensão geral dos mecanismos de cura com correntes elétrica de baixo nível
aplicada tem progredido lentamente (YU; HU; PENG, 2014).

2.12.5 Fitoterápicos

As ervas são utilizadas nas formas tradicionais e não-tradicionais de medicina


pelo menos há 5000 anos. A popularidade duradoura de ervas medicinais pode ser
explicada pela percepção de que os efeitos colaterais indesejados causados são
mínimos. Mais recentemente, os cientistas dependem cada vez mais de métodos
modernos científicos e medicina com base em evidências para provar a eficácia dos
medicamentos à base de plantas e foco em melhor compreensão de seus
mecanismos de ação. No tratamento de feridas os medicamentos fitoterápicos
envolvem desinfecção, desbridamento e fornecimento de um ambiente adequado
para ajudar o curso de cura naturalmente (MAVER TINA et al., 2015).
Existem alguns relatórios sobre o uso de plantas para o tratamento de
doenças de equinos (GORAYA et al., 2013), porém, Segundo Martins et al., (2003) é
pouco explorada a flora disponível, como agente terapêutico de feridas em equinos.
Alguns fitoterápicos possuem eficacia comprovada como agentes tópicos no
processo de cicatrização de feridas em cavalos. A Calendula officinalis (calêndula)
70

possui boa aplicabilidade na fase inflamatória, epitelização e antibacteriano. O


Stryphnodendron barbatiman (barbatimão) tem efeito benéfico na fibroplasia,
reparação, epitelização, retração da ferida e também é antibacteriano (MARTINS et
al.,2003).
A aplicação tópica de óleo de girassol é ressaltada como benéfica no
processo de cicatrização de feridas cutâneas induzidas experimentalmente em
equinos. Causa um melhor alinhamento das fibras de colágeno durante a fase de
remodelação. Tem melhores resultados para o tratamento de feridas na coluna
vertebral, se tornando uma opção terapêutica na cicatrização de equinos (OLIVEIRA
LUIZ ANTONIO et al., 2012).
A película do biopolímero de cana-de-açúcar pode ser usada no tratamento
de feridas cutâneas por segunda ou terceira intenção infectadas uma vez que
controla a infecção pelo efeito bacteriostático ou bactericida, por ser de simples
aplicação e apresentar baixo custo (MONTEIRO, 2007).

2.12.6 Utilização de mel e açucar

O mel possui popularidade como um curativo para feridas crônicas. A


literatura existente relata o mel com um número de propriedades úteis, como:
desodorização, amplo espectro de atividade antimicrobiana, desbridamento, ações
antiinflamatórias e estimulação do crescimento de novo tecido. Existem estudos de
caso publicados com resultados positivos com seu uso, todavia, no futuro, os
seguintes estudos de caso demonstram que na prática nem todos os efeitos
benéficos esperados são sempre realizados (KINGSLEY, 2001).
Os benéficos efeitos do mel advem da produção de peróxido de hidrogênio a
partir da atividade da enzima glicose oxidase e o seu ph baixo pode acelerar a
cicatrização, todavia, para usar o mel é importante que este seja pasteurizado e a
origem do mel parece ser um fator na sua eficácia. Deve se trocar o curativo
diariamente ou mais frequentemente conforme necessidade (WINKLER, 2015).
Há muito tempo o açúcar é usado no tratamento de feridas infectadas e na
reparação de feridas de animais. Entre seus efeitos estão o bactericida,
bacteriostáticos e auxiliares no estimulo de reconstituição tecidual (LIMA et al.,
2015).
71

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A ferida é uma alteração de elevada complexidade, haja visto, que representa


a perda da continuidade do maior órgão do corpo, a pele, que, protege as demais
estruturas do organismo, principalmente contra agentes infecciosos. Possui caráter
de urgência, alta prevalência e incidência na espécie equina, e mortalidade que
pode se tornar elevada em decorrência das complicações

Na abordagem clínica deve-se levar em consideração o conhecimento dos


aspectos anatômicos; a extensão, a gravidade e tempo de ocorrência da ferida; as
diferentes causas, os procedimentos prévios por parte de leigos, as enfermidades
concomitantes, o ambiente de atendimento e escassez de recursos financeiros e/ou
farmacológicos.

A abordagem terapêutica deve ser estabelecida a partir da avaliação clínica


da ferida. Poderá ser cirúrgica, sempre combinada com os vastos recursos clínicos
ou apenas o tratamento medicamentoso

Deve-se atuar diretamente ou indiretamente no processo de cicatrização


natural, tentando eliminar fatores inibitórios da cicatrização e potencializando os
estímulos benéficos por meio de medicamentos e/ou condutas adjuvantes descritas
na literatura

O conhecimento das fases do processo de cicatrização contribui para o


estabelecimento de um protocolo de tratamento eficaz, que deve ser periodicamente
reavaliado, atuando no sentido de reduzir, intensificar, suspender, e/ou alternar o
uso das terapias, de acordo com a evolução clínica em cada fase cicatricial.

As dificuldades para a execução de exames complementares, para a


aplicação correta de medicamentos e para a realização de procedimentos cirúrgicos
de podem interferir negativamente para o atendimento e o tratamento de feridas
cutâneas em equinos, principalmente a campo. Contudo, deve-se estabelecer um
protocolo factível e flexível conforme diversas condições, levando em consideração
os aspectos clínicos e econômicos para cada caso.
72

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