Feridas em Equinos
Feridas em Equinos
Feridas em Equinos
RESUMO
ABSTRACT
.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO------------------------------------------------------------------------- 12
2. REVISÃO DE LITERATURA-------------------------------------------------------- 15
2.1 Aspectos anatômicos, histológico e fisiológico da pele de 15
mamíferos -------------------------------------------------------------------------------
2.1.1. Tegumento comum dos equinos ---------------------------------- 17
2.8.1 Infecção--------------------------------------------------------------------- 46
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS--------------------------------------------------------- 71
4. REFERÊNCIAS------------------------------------------------------------------------ 72
12
1 INTRODUÇÃO
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Aspectos anatômicos, histológico e fisiológico da pele de mamíferos
fina e não possui gordura. Sua face superficial é densamente envolvida com
proeminências cônicas em forma de agulha, as papilas, que estão localizadas nas
depressões da epiderme. Elas contêm nervos e novelos vasculares, e em certas
situações terminações nervosas (GETTY, 1975; SAMUELSON, 2007; JUNQUEIRA
e CARNEIRO, 2008).
A derme por sua vez, repousa em um estrato de tecido conjuntivo frouxo (tela
subcutânea ou hipoderme). A tela subcutânea consiste em tecido conjuntivo frouxo
sendo entremeado por tecido adiposo. Esse tecido é variável em quantidade de
acordo com a situação e é mesmo ausente ou delgado onde a movimentação é
indesejada (p.ex., sobre os lábios, tetos e pálpebras) (DYCE, 2010). A derme e
epiderme, camadas mais superficiais são conectadas à fáscia e à musculatura
subjacentes pelo tecido subcutâneo (Mc GAVIN e ZACHARY, 2013).
Sobre a vascularização da pele, de acordo com Getty (1975) as artérias da
pele têm sua origem da subcutis, onde se comunicam livremente. As veias formam
dois plexos, um na junção do cório e subcútis e outro sob a papila. Os vasos
linfáticos formam os plexos subcutâneos e subpapilares. Os vasos sanguíneos
cutâneos surgem daqueles que suprem os músculos superficiais e as fáscias.
A pele possui uma inervação rica sensorial. Por meio das fáscias os nervos
acompanham os vasos e formam redes no interior da derme. A partir dessas, as
fibras dispersam para uma variedade de receptores sensoriais; alguns penetram
para dentro da epiderme.
As glândulas da pele são de dois tipos: sudoríferas e sebáceas. As
sudoríferas consistem em um tubo, o qual a parte secretória mais inferior é enrolada
na parte aprofundada da derme ou na subcutis para formar uma bola redonda ou
oval (GETTY, 1975; SAMUELSON, 2007; Mc GAVIN e ZACHARY, 2013). Já as
glândulas sebáceas em grande parte são associadas aos pelos dentro dos folículos
nos quais elas se abrem. Elas secretam uma substancia gordurosa, o sebo cutâneo,
que tem serventia como uma proteção contra a umidade e pode também (por seus
constituintes aromáticos) desempenhar importante papel na vida sexual dos animais
(GETTY, 1975). As glândulas sebáceas promovem proteção antimicrobiana por
providenciar barreira física para o fechamento dos folículos e por conter agentes
antimicrobianos incluindo ácidos graxos e imunoglobulinas IgG e IgA. De acorodo
com Samuelson (2007) a ação da glândula sebácea pode ser suprimida por
corticosteróides
17
“Tanto quanto sei, a anatomia da pele do cavalo nunca antes foi descrita.
Em alguns pontos a informação que dei não é de forma tão completa como
eu teria gostado, mas espera-se que o artigo possa ajudar a preencher um
vazio na literatura veterinária” (SMITH, 1888).
18
Figura 1- Representação histológica dos primeiros estudos da pele, representando parte de lábios,
membros, e do flanco e suas relações com o folículo piloso, vasos (V) e nervos (n) em equino.
pode ser vista juntamente com esta na lombar, dorsolateral, partes do pescoço e
tronco, sacral, garupa e nas regiões do fêmur, metacarpo e digitais dos membros
anteriores e o metatarso e digitais de membros posteriores (Fig.4) (WAKURI et al.,
1995).
A camada cordovan acessório tem característica relativamente fina. Consiste
principalmente de feixes de densas fibras colágenas paralelas, com fibras elásticas e
reticulares intercaladas. As fibras elásticas formam uma lâmina bastante
desenvolvida na parte superficial da camada cordovan acessório, e algumas fibras
elásticas também são distribuída nas partes mais profundas da referida camada
(WAKURI et al. 1995).
Fig. 4 - Distribuição (linhas oblíquas) das camadas de tecido cordovan-couro (camada principal e
camada cordovan acessório, juntas) na pele do cavalo.
QUADRO 01: Alterações dermatológicas ou agentes etiológicos comumente envolvidos processos que cursam com feridas em equinos
Enfermidade Causa/ Agente etiologico Diagnostico e Tratamento Autores
Dermatoses Bactérias Distribuição dos nódulos e abscessos incluindo (RIET-CORREA et al., 2003;
nodulares (por a região da face, peitoral, pescoço, axila, virilha ANTHONY, 2015).
bactérias) e pernas. Se tiver rompimento de lesões terá
liberação de exsudato purulento.
Granuloma eosinofílico Picadas de insetos. Histórico, palpação e aparência clínica são (ANTHONY, 2015).
(alergia). muito sugestivos. Confirmação por
dermatopatologia. A calcificação pode ser
observada em lesões mais antigas.
Habronemose cutânea Habronema sp pelas Clinico: ferida não curada, marrom (KLEI, 2014; PUGH; HU; BLAGBURN, 2014).
moscas. avermelhada, granulomas, material calcificado
do tamanho de grãos de arroz e, também,
larvas no raspado das lesões. Histopatológico.
(ANTHONY, 2015).
Ivermectina considerado o tratamento de
escolha para tratar as larvas. (SCHUSTER e SILVAKUMAR, 2013).
Corticosteróides e Moxidectina.
Organofosforado
27
Sarcoide Não definido. Possui bem Clínico e definitivo por biópsia. (VILLALOBOS, 2014).
estabelecida relação causal com o
papillomavirus BPV-sendo
sugestivo que as moscas tenham
capacidade de transmissão do Quimioterapia, excisão cirúrgica,
vírus. carbono dióxido de laser,
criocirurgia, radiofreqüência (FINLAY et al., 2009; CORTEGGIO et al.,2012;
hipertermia, radioterapia, Mc GAVIN e ZACHARY, 2013; VILLALOBOS,
imunoterapia ou suas 2014).
combinações exemplos de formas
de tratamento. Auto hemoterapia. (ANTHONY, 2015).
(THOMASSIAN, 2005).
28
THOMASSIAN, 2005).
As feridas incisas apresentam cortes causados por objetos afiados, e podem
ser acompanhadas de grandes lacerações (THOMASSIAN, 2005; CCIHSCIH, 2005;
TAZIMA; VICENTE; MORIYA, 2008).
As feridas dilaceradas ao contrário das feridas incisas possuem bordas
ásperas e irregulares e tem mais tendência à infecção (ASQUITH e JOHNSON,
2003).
As feridas contusas são feridas originadas por objetos planos, não
ponteagudos ou corte, com capacidade de provocar solução de continuidade da pele
por traumas em variados graus, podendo comprometer estruturas profundas como
vasos, ossos e nervos (THOMASSIAN, 2005).
Existe uma escala de graus que varia de I a IV, que deve ser observada em
relação ao grau de comprometimento tecidual: no estágio I, apenas ocorre o
comprometimento da epiderme, sem perda tecidual; no estágio II acontece a perda
tecidual com comprometimento da epiderme, derme ou ambas; no estágio III, existe
necrose de tecido subcutâneo e comprometimento total da pele, entretanto não
atinge a fáscia muscular, já no estágio IV, ocorre uma extensa destruição de tecido,
chegando a ocorrer lesão muscular ou óssea ou necrose tecidual (TAZIMA;
VICENTE; MORIYA, 2008).
Similarmente, Thomassian (2005, p.29) classifica em: superficiais: as feridas
que têm as bordas limpas e regulares, não apresentam lesão nos vasos ou nervos, e
profundas aquelas que apresentam - se atingidos vários planos, músculos, tendões,
vasos, nervos e ossos.
31
Sintese de colagenio
(fibroblaso) Desregulação
Predomínio de
colageno tipo III Predominio de
------------------------------------- colágeno tipo I
Colagenase/MMP
Degradação do calágeno
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Semanas após lesão
Fonte Adaptado: (LAURIANO e RODRIGUES,2011).
Cicatrização por primeira intenção ocorre quando uma ferida tem seu
fechamento no período de 12-24 horas da sua ocorrência (pode se exemplificar
limpa incisão cirúrgica, laceração limpa). Existe um equilíbrio adequado entre todas
as fases do processo de cicatrização (incluindo a proliferação celular, o metabolismo
do colágeno, atividade de metaloproteinase de matriz, degradação de matriz
extracelular), assim, as feridas cicatrizam bem e rápido para proceder ao
fechamento completo (ENOCH e LEAPER, 2008).
É o tipo de cicatrização que ocorre quando as bordas são apostas ou
aproximadas, havendo perda mínima de tecido, mínimo de edema e ausência de
infecção. Não é visível a formação de tecido de granulação (TAZIMA; VICENTE;
MORIYA, 2008; COOMER, 2008; STASHAK, 2009). O manejo de uma ferida por
primeira intenção é indicado para feridas agudas, como ex: após incisões cirúrgicas.
Com a união das bordas da ferida com sutura, favorece a cicatrização devido à
diminuição do tempo da fase inflamatória e de remodelação do colágeno, obtendo
assim uma melhor contração da ferida e posterior reepitelização (MANDELBAUM e
SANTIS, 2003).
Este tipo ocorre em ferida contaminada que é fechada após alguns dias de ter
sido deixada aberta para prevenir a infecção (pode se exemplificar, mordidas, feridas
abdominais após sujidade peritoneal). Os tecidos da pele e subcutâneo são
deixados sem oposição e o fechamento é feito depois que as defesas do hospedeiro
têm ajudado o desbridamento da ferida. Apos 3-4 dias, o recrutamento local de
células fagocíticas na ferida acontece e as células inflamatórias destroem as
bactérias. Mesmo depois de uma demora de vários dias as bordas da ferida podem
ser aproximadas. O metabolismo do colágeno é afetado e a ferida mantém a sua
resistência à tração, como se tivesse sido fechada de imediato (ENOCH e LEAPER,
2008).
41
paciente, será a base na qual os profissionais deverão se apoiar para implantar uma
terapia cicatrizante, que irá culminar com o reparo do tecido e o reestabelecimento
da homeostase do animal (OLIVEIRA e DIAS, 2012).
Figura 8 – Pontos anatômicos nos quais os ossos são recobertos apenas por pele
(destaque em vermelho)
.
Fonte: Fürst et al., (2009).
2.8.1 Infecção
Fonte:(STASHAK, 2009).
52
Existe um grande número de opções para lidar com as feridas dos eqüídeos
(COOMER, 2008; POLLOCK, 2011). Segundo Paganela et al., (2009) e Winkler
(2015) protocolos baseados na higiene diária, com limpeza das feridas, retirada do
tecido morto, proteção e hidratação são efetivos na maioria dos casos, com exceção
para as neoplasias.
Muitos autores preconizam o planejamento da abordagem de uma ferida de
acordo com as diferentes fases de cicatrização para poder conceber um plano de
tratamento adequado auxiliando no processo natural de cicatrização. Assim, tem - se
as opções de tratamento para a fase inflamatória, proliferativa e remodelação
respectivamente. (WILMINK et al., 1999 ; THEORET, 2005; PAGANELA et al., 2009;
DE SOUZA SMANIOTTO, 2010; POLLOCK, 2011; CASTON, 2012).
É importante antes de iniciar o tratamento de uma ferida, ter o conhecimento
dos detalhes técnicos imprescindíveis para o manejo de feridas para que se
estabeleça uma abordagem clínica mais segura. Assim, sabe-se que um exame
clínico é valioso em qualquer caso de ferida (KNOTTENBELT, 2007; COOMER,
2008; HOLLIS, 2014) O histórico de vacinação contra tétano deve ser levantado
(ORSINI; ELCE; KRAUS, 2004), como também, a específica avaliação da ferida,
iniciando pelas informações obtidas na anamnese e exame físico: quando e como
ocorreu a ferida; o quão grande ela é e qual parte do corpo é afetado; se existe
envolvimento das estruturas subjacentes, se o ferimento é recente, se a hemorragia
é significativa, se a ferida é antiga, verificando se há existência de infecção ou
inflamação com secreções (POLLOCK, 2011).
Devido à similaridade no aspecto clínico de muitas doenças de pele, o
diagnóstico etiológico de problemas de pele em cavalos com freqüência constitui um
desafio ao clínico (PESSOA et al., 2014). A correlação clínica, incluindo distribuição
da lesão cutânea, raça, idade, e, bem como testes complementares, tais como
cultura bacteriana ou fúngica são necessários para completar o quadro clínico e
obter um diagnóstico apropriado (SCHAFFER et al. 2013). O envolvimento de
estruturas mais profundas (articulações, tendões, ligamentos, ossos) bem como,
outros sistemas do corpo devem ser considerados durante a avaliação inicial
(ORSINI; ELCE; KRAUS, 2004).
O estado sistêmico do paciente deve ser determinado, tanto para dirigir os
cuidados médicos mais urgentes, como para identificar condições que possam
dificultar a função imune ou afetar a cicatrização da ferida (por exemplo, um quadro
56
sedação, todavia, doses basais devem ser usadas se o animal tiver sofrido grande
perda de sangue. A contenção química em combinação com curtos períodos de
contenção física é ideal a muitos casos (ASQUITH e JOHNSON, 2003; COOMER,
2008). A anestesia geral, ocasionalmente, é necessária para inspecionar, limpar e
reparar a ferida, contudo, não deve ser realizada até que o animal seja estabilizado
(COOMER, 2008). A radiografia e ultrasonografia podem ser utilizadas para ajudar
localizar alguns corpos estranhos (BLACKFORD, 2005).
O principal objetivo da avaliação é minimizar mais contaminação, limpar e
desbridar a ferida, para avaliar maior envolvimento de estrutura anatômica na região,
e fazer um plano para gerenciar corretamente a lesão (COOMER, 2008).
Conforme a avaliação da ferida idealiza-se o modo de cicatrização (ASQUITH
e JOHNSON, 2003). Após decidir o tratamento, para tal existem 03 opções para
escolher: Fechamento primário, fechamento da ferida primária atrasada e
fechamento por segunda intenção (COOMER, 2008; STASHAK, 2009).
Caso a escolha seja o tratamento cirúrgico: hemostase cirúrgica, dissecação
anatômica precisa, desbridamento com descarga contínua com solução salina estéril
combinada com curetagem e excisão afiada é o método mais simples de
desbridamento. Osso cortical exposto precisa ser de preferência coberto com tecido,
ainda que o tecido pareça desvitalizado. É necessário que o cirurgião saiba executar
as técnicas para casa caso. Durante a cirurgia o envolvimento de estruturas mais
profundas, deve ser determinada e tratada, após faz-se o fechamento do espaço
morto e tensão mínima da ferida, são os principais fatores em cirurgia bem sucedida
de feridas (COOMER, 2008).
Para o fechamento primário, é necessário que o cirurgião respeite o tempo
decorrido entre o ferimento e o tratamento. Na medicina veterinária têm mantido o
princípio de que as feridas devem ser fechadas durante o período de 6 a 8 horas a
partir do momento do ferimento, mas esse período pode ser diferente entre áreas do
corpo (POLLOCK, 2011).
Se o fechamento primário de uma ferida não for possível, então, que seja
tratada pelo fechamento tardio, cura por segunda intenção ou enxerto de pele
(SPENCER, 2005). Em ferida gravemente contaminada ou infectada, o fechamento
primário não é indicado, então, pode ser adiado até que a contaminação ou infecção
seja controlada. Minimamente as feridas contaminadas podem ser fechadas depois
de 24-72 horas, enquanto que, feridas altamente infectadas, podem ser necessitar
58
períodos mais longos. Se uma ferida tiver seu fechamento> 5 dias após o ferimento
inicial são consideradas fechamento secundário (WINKLER, 2015).
Pollock (2011) diz que se a ferida está sendo deixada aberta ou sendo
fechada, a pele circundante e a ferida devem ser limpas para remover a microfauna,
contaminantes brutos, e coágulos sanguíneos. A pele que circunda a ferida deve ser
limpa com soluções anti-sépticas, todavia, este não deve ser aplicado à ferida em si
ou eles podem dificultar a cura.
A gestão da ferida aberta se baseia na bandagem repetida e desbridamento
conforme necessário até que a ferida cicatrize. Com o conceito de cura de ferida
úmida, a combinação de ligaduras com desbridamento autolítico promove a
cicatrização de feridas. Utilizando compressas em feridas úmidas mantém saudáveis
as células brancas sanguíneas, o que lhe permite ajudar no processo de
desbridamento. Existe variedade de pensos disponível (WINKLER, 2015).
antiinflamatórios não esteroidais não têm seus efeitos tão eficazes na cicatrização
de feridas (ZITELLI, 1987).
Para Knottenbelt (2007) os antibióticos e anti-sépticos, embora, estes últimos,
sendo todas as soluções anti-sépticas que se conhece causam danos às células, em
algumas circunstâncias os benefícios superam os danos e é o recurso do controle
de infecção, porém, não devem ser um substituto para a boa gestão e limpeza da
ferida.
A antibioticoterapia é indicada para casos de feridas contaminadas. Deve-se
utilizar antibiótico bactericida de largo espectro, até obter os resultados da cultura
(WINKLER, 2015). Recomenda-se, caso seja indicado, que o antibiótico sistêmico
bactericida seja administrado antes do início da limpeza da ferida (COOMER, 2008).
Os antibióticos sistêmicos devem ser utilizados de forma racional, e os testes de
cultura e sensibilidade são necessários, mas em muitas circunstâncias estes não
são realizados (KNOTTENBELT, 2007).
Caso seja diagnosticada a presença de MRSA, o tratamento será dependente
de terapia apropriada (MADDOX et al., 2010), Poucos antimicrobianos licenciados
para combater tal agente, ensaios clínicos mostraram que Ceftaroline (VILLEGAS-
ESTRADA et al., 2008; MOISAN; PRUNEAU; MALOUIN, 2010) e ME1036, tem
capacidade de inibir de forma eficaz a PBP2a (VILLEGAS-ESTRADA et al., 2008).
Na ausência de resultados de cultura isolados a administração de
gentamicina e penicilina é uma boa opção de tratamento. Pseudomonas spp deve
ter terapia baseada em cultura e sensibilidade. A administração de antibióticos
sistêmicos geralmente são feitos de 7 a 10 dias em combinação com desbridamento
da ferida local (ADAM e SOUTHWOOD, 2006).
Os antibióticos tópicos em geral não são recomendados, pois em muitos
casos eles são ácidos ou têm efeitos diretos tóxicos aos tecidos (KNOTTENBELT,
2007). Segundo Coomer (2008) os antibióticos tópicos são frequentemente tóxicos,
inibem a cicatrização de feridas, e rapidamente estimula a resistência bacteriana.
A sulfadiazina de prata tem sido uma alternativa viável em tratamentos
podendo ser utilizada a partir do primeiro dia. Produto contendo prata é atualmente o
método bastante utilizado para controlar infecção da ferida, sem promoção de
resistência bacteriana (WRIGHT; LAM; BURRELL, 1998; COOMER, 2008). A
sulfadiazina de prata tem eficácia na maioria infecções da pele por Pseudomonas
confirmados (ADAM e SOUTHWOOD, 2006).
62
Não existem pensos que sejam adequados para todos os tipos e fases de um
ferimento, como também, não há feridas que pode tolerar todos os pensos. Cada
circunstância é diferente. Atualmente, existem mais de 2000 curativos para uso
humano e animal e cada um tem seu propósito especial de circunstâncias de
utilização. Não há muita pesquisa feita sobre o efeito de muitos curativos em feridas
em extremidades dos cavalos (JOHNZON, 2015).
Os curativos aumentam a tendência à produção de tecido de granulação e
assim em uma ferida de cura tardia deve-se considerar a possibilidade da remoção
completa de pensos e bandagens (KNOTTENBELT, 2009). Pensos devem ser
utilizados para manter o equilíbrio de umidade que permite que os fluidos da ferida e
fatores de crescimento permaneçam em contato com a ferida, assim, o
desbridamento autolítico é acelerado e a cicatrização da ferida é promovida
(STASHAK; FARSTVEDT; OTHIC, 2004; HOLLIS, 2011), ajudam a prevenir a
infecção da ferida, controlam o crescimento de bactérias e limpam a ferida de
nocivos materiais para melhorar as condições do leito do ferimento (SWAIN S. F,
1990; DE SOUZA SMANIOTTO, 2010).
Não é o objetivo de essa revisão descrever detalhadamente os métodos de
uso terapêuticos na abordagem das feridas, mas, é preciso relatar sobre a finalidade
de alguns curativos modernos disponíveis no mercado, que, favorecem aos objetivos
pretendidos em manter uma ferida em bom estado de cicatrização natural.
Segundo Hollis (2011) Curativos hemostáticos; tradicionalmente, Kaltostat ®
(Convatec), um penso de alginato, é útil para hemorragias menores. Curativos
secos; Melolin ® e outros são projetados exclusivamente para proteger a ferida e
também é ligeiramente absorvente. Controle de umidade ou curativos avançados;
espuma e gel curativos são para criar o ideal ambiente para a cicatrização e
manutenção de um ambiente saudável. Agem absorvendo exsudato (por exemplo:
espumas) ou hidratando o ambiente para o qual eles são aplicados (por exemplo:
hidrogeles). Qualquer tipo de produto utilizado para manter o equilíbrio de umidade
se considera uma abordagem avançada.
Curativos, controle de infecção; usados nos tratamentos posteriores, a
maioria dos curativos com essa útilidade contêm prata e pode ser usado apartir do
63
O tratamento das feridas crônicas deve ser diferente daquele que é feito para
as feridas agudas (JUSTINIANO, 2010). Poucas terapias médicas resolvem por
completo certos tipos de inflamação crônica, como um extenso tecido cicatricial (Mc
GAVIN e ZACHARY, 2013).
A primeira ação a realizar na intervenção clinica de um animal com
inflamação crônica é a remoção do fator desencadeante. Contra infecções micóticas
e bacterianas se usa drogas antimicóticas e antibióticas. Alguns corpos estranhos
podem ser removidos cirurgicamente (Mc GAVIN e ZACHARY, 2013). Essas feridas
crônicas com tecido de granulação necessitam geralmente de desbridamento
64
pode ser realizado caso não se tenha muita importância com o resultado cosmético.
(STASHAK, 2009).
O uso de corticosteróides tópicos sob uma bandagem pode diminuir o tempo
de cicatrização, diminuição de fibrose cicatricial e se tem um resultado final
cosmético melhor (STASHAK, 2009), porque, os corticosteróides, afetam todas as
etapas do processo de cicatrização negativamente, todavia, são úteis em feridas de
membros uma vez que eles diminuem a liberação de pró-fibróticas TGF β-1 e reduz
a formação excessiva de tecido de granulação, que, inibe contração da ferida
(SPENCER, 2005).
De acordo com Robson et al., (1974) a eficácia de antibióticos sistêmicos no
tratamento de feridas de granulação não encontrou nenhuma redução significativa
em bactérias. Isto parece ser devido à ausência do antibiótico no tecido de
granulação. A sugestão e de que a base de fibrina de uma ferida de granulação
pode impedir a penetração adequada do antibiótico na ferida.
Os cuidados clínicos com cicatrizes hipertróficas, tecido de granulação
exuberante podem ser difíceis e muitos autores defendem o uso de uns recursos
favoravelmente em detrimento de outros, assim, não serão todos comentados a
forma especifica de sua aplicação nesta revisão, mas incluem compressão,
bandagens oclusivas, corticoidoterapia intralesional, interforons, demais drogas
como imiquimod (indutor de TNF), terapias com multipulsos de laser, quimioterapia
com fluorouracil (McGAVIN e ZACHARY, 2013.p, 141) esta quimioterapia, 5-
fluorouracil um agente anti-proliferativo na prevenção de uma tendência exuberante,
impede significativamente granulação exuberante (KILIÇ e ÜNSALDI, 2015).
O uso de cirurgia criogênica ou agente cáusticos não é indicado, uma vez
que, estes induzem necrose, estimula inflamação crônica, diminui a contração e
inibe a cura por promoção da proliferação do tecido de granulação (WILMINK e VAN
WEEREN, 2004; STASHAK, 2009).
A terapia laser de baixa intensidade (LBI) é uma modalidade de terapia
utilizando a aplicação de luz, em geral um laser de baixa potência ou diodo emissor
de luz na gama de potência de 12 mW e 1 W que, praticamente, promove a
regeneração de tecidos, redução da inflamação, dor e aumenta a taxa de
cicatrização da ferida (JANN et al., 2012).
A terapia com laser obtém os melhores resultados de tratamento de feridas
nos membros quando se compara com outros métodos utilizados em estudo como a
66
baixo de corrente elétrica para feridas, tem sido mostrado que facilita diferentes
fases do processo de reparação de feridas (YU; HU; PENG, 2014).
Além de promover a angiogênese a estimulação microcorrente tem
comprovação que aumenta a taxa de fluxo sanguíneo e promove a circulação
sanguínea local (PARK, et al., 2011). Estudos in vitro demonstraram que a corrente
elétrica afeta a proliferação de fibroblasto e a síntese de fibras de colágeno (BORBA
et al., 2011).
A aplicação de estimulação microcorrente exógena pode dirigir a migração e
proliferação de células, estimulam a angiogênese, diminuir a resposta inflamatória e
melhorar a cicatrização da ferida. Embora a estimulação por microcorrente para
acelerar a cicatrização de feridas foi estudado por várias décadas e vários tipos de
dispositivos foram aplicados na prática clínica, muitas questões ainda permanecem
indefinidas como a falta de um dispositivo adequado, os mecanismos a intensidade
e o tempo em que a estimulação deve ser aplicada para conseguir o melhor efeito.
Ainda pode se falar que pela dificuldade de imitar a cicatrização de feridas in vivo, a
compreensão geral dos mecanismos de cura com correntes elétrica de baixo nível
aplicada tem progredido lentamente (YU; HU; PENG, 2014).
2.12.5 Fitoterápicos
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
4. REFERÊNCIAS
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