Monografia Lara
Monografia Lara
Monografia Lara
INSTITUTO DE FLORESTAS
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA FLORESTAL
SEROPÉDICA, RJ
NOVEMBRO – 2014
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE FLORESTAS
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA FLORESTAL
SEROPÉDICA, RJ
NOVEMBRO – 2014
MÉTODOS DE PROPAGAÇÃO VEGETATIVA PARA Bambusa tuldoides
Banca Examinadora:
______________________________________________________________
Prof. Dr. Alexandre Miguel do Nascimento
UFRRJ/IF/DPF
Orientador
______________________________________________________________
Eng. Agronômo Msc. Daniel Gomes de Souza
UFRRJ/PPGCTIA
Membro
______________________________________________________________
ii
AGRADECIMENTOS
Para sempre a Deus, Pai Superior, Fonte de Amor Verdadeiro, por tudo o que fez por
mim, pelo o que está fazendo agora, por cada pequena coisa. Pelo Dom da Vida, Dom de ser
capaz e de ser feliz. Grata Senhor!
Ao Mestre Gabriel e a sua divina obra, a Jesus, a Buda e Vipassana, aos Anjos e
entidades de Luz, a Krishna, pelo fortalecimento espiritual, autoconhecimento, superações e
guarnição Divina! Luz, Paz e Amor!
Grata sempre aos meus pais, a força de minha mãe, e a orientação de meu pai. Sei que
sempre fazem o melhor por mim, e é fundamental. Também por me ensinarem a respeitar e
amar a natureza desde pequena, muitíssimo grata! A energia masculina metade de mim, meu
irmão Mathias. Minha avó Gatinha, pela magia na vida e amor à natureza. Dinda, irmã, tios,
tias, primos, e primas há um pouco de cada em mim. A família Ribeiro pela representação da
força e fragilidade feminina, por todo amor.
As grandes, breves e longas amizades que cativei durante o caminho até aqui, aos que
vieram com carinho, sorrisos e abraços. A força gerada em mim vem dessa conexão. E
principalmente aos da Rural, aos quais tanto compartilhei e cresci como pessoa. A Illa, por
toda grande amizade e por ter me proporcionado a alegria de ser dinda do Caê. A Loury,
Miriam e Lívia pedacinho, pela base de amor, reconexão e alegrias. Aos momentos e meninas
da Cambuci 33 e aos irmãos da cidade baixa da Colina. As novas e antigas moradoras do F4
103 (principalmente a Tay, Bru e Sá pelo auxílio com a mono), meninos do 432 (Oss!), a
família florestalzera 2008-I por todas as loucuras e auxilio, e a todos os camaradas
floresteiros. Aos espaços Erva-Doce, GAE, Grupo da Permacultura, Sítio Bicho Solto, amado
Teco e equipe de Luz da salinha azul, por me conduzirem a enxergar um novo sentido e
orientação na vida, e como brilha!
A Anninha, Mine e Ráh, as brothers e irmãs camaradas do coração, pelos momentos
na natureza e compreensão.
A mãe Rural, pelos momentos inesquecíveis, de amor, de descoberta, de alegria, de
crescimento, de irmãos, de terra do nunca, de bolha, de dentro da baleia, de intensidade. Tão
vivos! Um ciclo imensamente importante que me moldou hoje ao que sou, ao que creio a ao
que vivo! Salve Rural! Salve Florestal!
A mãe Natureza, Gaia, Pachamama, por quem vibro e quero seguir nessa Lei Divina.
A todos os professores e funcionários da Rural por contribuírem para hoje eu me
tornar uma engenheira Florestal. Especialmente a mãe Profa. Alexandra Pires pelo ‘primeiro
empurrão’, ao Prof. Alexandre Miguel pela disciplina que me deu uma direção, Tião pelo
carinho de todos esses anos, e Dona Maria pelos cafézinhos e sorrisos.
Aos irmãos da Ilha por me acolherem e possibilitarem minha alegria e estadia. A Jê,
Rafa, Rep. Fumaça e família Çarakura! Principalmente ao Eduardo cascão, pelo
companheirismo e auxilio integral na implantação e coleta dos dados do experimento.
Facilitou muito tudo na minha vida, gratidão de todo o meu coração!
iii
A equipe do subprojeto 6 – Projeto Bambu – UFSC, funcionários da Fazenda
Ressacada, por possibilitarem a implantação do meu experimento. Ao Marcelo Venturi, e ao
M. Thiago Greco por viabilizarem meu ingresso no Projeto e repassarem o incrível
conhecimento sobre o Bambu, além de implantarem esse sentimento de ser bambuzeira dentro
de mim, totalmente demais! Ao Vitor pelas caronas à Fazenda, e cia. na serrinha e facão.
Ao meu orientador Alexandre Miguel, por topar me orientar e encarar esse desafio, e
por todo o auxílio e paciência.
Muito grata!
iv
RESUMO
v
ABSTRACT
The aim of this study was to determine the response of propagules of Bambusa tuldoides in
relation of the different vegetative propagation methods that were studied the following
answers variables: number of shoots, number of leaves and total length of shoots and leaves.
The experiment tested two methods of lateral branches sections and two methods of culm
sections, and it was conducted in the greenhouse with control of irrigation and luminosity.
Evaluations and mensurations were made weekly until the twenty-eighth day. It was used the
experimental design in randomized blocks, with four treatments, four replications and 21
propagules per replication. It was found that the methods obtained by culm sections showed
better results than the methods obtained by sections of lateral branches. At the end of the
evaluation, the treatment called "Copo" had the greatest results for all variables, concluding
that this method was, between all tested methods, the most efficient to vegetative propagation
of Bambusa tuldoides.
vi
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 1
2. REVISÃO DE LITERATURA.............................................................................. 2
3. MATERIAL E MÉTODOS................................................................................... 8
3.5 Medições.............................................................................................................. 14
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES......................................................................... 15
vii
1. INTRODUÇÃO
1
Segundo Lemos et al. (2011), no presente momento, poucas espécies de bambus de
grande porte, dentre as centenas existentes, têm sido de fato cultivadas no Brasil. Dentre as
que despertam maior interesse estão: Bambusa vulgaris, Bambusa vulgaris var. vittata, B.
tuldoides, Phyllostachys aurea, Phyllostachys pubescens, Dendrocalamus giganteus e
Guadua angustifolia. Entretanto, a propagação dessas fascinantes plantas ainda apresenta
dificuldades quando se trata de multiplicação rápida e em grandes quantidades.
Uma das principais dificuldades para o desenvolvimento da cadeia produtiva do bambu é
a reduzida disponibilidade de mudas, principalmente devido à baixa taxa de sobrevivência. A
necessidade de identificar métodos de macropropagação que garantem uma maior taxa de
mudas estabelecidas e com boa qualidade seria um ponto importante para se atender à
demanda existente nas pequenas propriedades agrícolas nas zonas rurais. O método que
melhor atenderá à cadeia produtiva em larga escala será o da micropropagação, que avança
em termos de estudos e pesquisa. De acordo com Gielis e Oprins (2002) citado por Jiménez e
Guevara (2007), a micropropagação, será uma escolha para a produção em larga escala de
bambus, pois as plantas geradas são geneticamente uniformes. Uma vez que a diversidade de
espécies de bambu é muito vasta, é difícil obter um único protocolo (passo a passo) que
permita a micropropagação de todas elas. Por isso, há a necessidade de testar e refinar
condições de cultivo in vitro para cada espécie/gênero (JIMÉNEZ e GUEVARA, 2007).
Frente a essa deficiência na cadeia produtiva do bambu e também a Lei Nº 12.484/2011,
que dispõe sobre a Política Nacional de Incentivo ao Manejo Sustentado e ao Cultivo do
Bambu, as pesquisas na área de propagação vegetativa se tornaram de extrema importância. A
falta de um método adequado de propagação do bambu, visando atender as necessidades dos
agricultores familiares, além do plantio industrial de grandes áreas, tem sido um dos
principais fatores limitantes de seu cultivo como matéria-prima fibrosa (SOUZA, 2004), e
muitos destes aspectos estão relacionados a carências na área de ciência, educação e
tecnologia, tais como ausência de pesquisa de base. São poucos os trabalhos de pesquisa
relacionados ao cultivo e aproveitamento do bambu no Brasil e isto afeta o pouco uso desta
planta (SILVA, 2005). Assim, o desenvolvimento da produção de bambu é de grande
importância não só para promover ganhos econômicos, mas também para ajudar a economia
mercantil rural e aumento da renda do agricultor (GANG-ZHU & FU-QIU, 1985)
Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi comparar quatro diferente métodos de
propagação vegetativa de Bambusa tuldoides, avaliando-se o numero de brotações, tamanho
das brotações e surgência de folhas, nas quatro primeiras semanas após implantação.
2. REVISÃO DE LITERATURA
2
A tribo Bambuseae inclui 66 gêneros e 784 espécies, distribuídas nos paleotrópicos e na
América Tropical (BPG, 2012). Os bambus lenhosos se caracterizam por possuírem rizomas
fortes, bem desenvolvidos, brotos protegidos por folhas caulinares, completo sistema de
ramificação, lâmina foliar decídua, florações cíclicas e monocárpicas e por se desenvolverem
em locais abertos, são polinizados pelo vento, de acordo com Londoño (2004) citado por
Silva (2005).
Os bambus ocorrem naturalmente em todos os continentes, exceto a Europa, e distribuem-
se entre 46 °N e 47 °S, e do nível do mar até 4.300 m. No velho mundo os bambus estão
presentes em florestas tropicais e subtropicais, decíduas e sempre verdes, e em florestas de
monções, no sudeste da Ásia, África, Madagascar e norte da Austrália. (ALVES, 2007)
A estrutura morfológica do bambu consiste principalmente em um sistema ramificado de
eixos segmentados, diferenciados em rizomas, colmos e ramos (Figura 1). Não há um eixo
principal nos bambus, e os rizomas podem ser divididos em: leptomórficos, paquimórficos e
misto (Figura 2) (ALVES, 2007).
O corpo do bambu, ou caule, é nomeado de colmo e é caracterizado por nós bem
marcados e entrenós distintos, característico à família das gramíneas, quase sempre fistuloso,
ou seja, provido de cavidade central alongada (OLIVEIRA, 2013). Embora, com raras
ocorrências de bambus maciços (gênero Chusquea, por exemplo), os colmos se caracterizam
em sua maioria por apresentar uma forma ligeiramente cilíndrica e por uma sequência de
entrenós (internos) ocos, separados transversalmente por diafragmas (septos), externamente
visíveis como nós, de onde saem ramos e folhas em disposição alternada. Os diafragmas
proporcionam maior resistência aos colmos, permitindo suportar a ação do vento e do próprio
peso (PEREIRA e BERALDO, 2007).
3
Figura 2. Sistema rizomático em bambus lenhosos. Da esquerda para direita, os sistemas
rizomáticos: leptomórfico, paquimórfico e misto. Fonte: ALVES (2007).
Figura 3. Hábitos, da esquerda para direita: colmos eretos em touceira densa; colmos eretos e
arqueados no ápice, em touceira densa; escalador ou escandente; entrelaçado; decumbente.
Os ramos laterais dos bambus se formam a partir dos brotos, também chamados de gemas,
presentes nos entrenós dos colmos, alternando de um lado para outro a cada nó
sucessivamente. Cada espécie apresenta um volume diferenciado de ramos laterais, o que é
mais uma característica distintiva entre as várias espécies de bambus (OLIVEIRA, 2013)
4
Ásia, sendo que muitas delas fazem parte do cotidiano de utilização dos brasileiros há muito
tempo, sendo as espécies exóticas mais comuns: Bambusa vulgaris Schrad, B. vulgaris var.
vittata, B. tuldoides, Dendrocalamus giganteus e algumas espécies de Phyllostachys.
Segundo o Ministério do Meio Ambiente (2004), o Brasil apresenta um déficit de 200 mil
hectares anuais de florestas plantadas para consumo, e o bambu possui características
agronômicas e tecnológicas que o torna uma matéria prima alternativa à madeira e capaz de
fazer frente às demandas emergente de diversos setores da indústria de base florestal (SILVA,
2005).
Atualmente no Brasil, a importância econômica do bambu não é relacionada apenas ao
artesanato e produção de móveis, mas também na construção de casas, quiosques, produtos
em bambu laminado-colado e para o consumo alimentar em forma de brotos, de acordo com
Greco e Cromberg (2011). A presença de algumas espécies é marcante em todas as regiões do
país, com forte ligação às atividades dos agricultores brasileiros, e dentre os principais usos
que se empreendem a estes bambus estão aplicações voltadas ao meio rural, tais como em
pequenas construções, em instalações para a criação de animais, no fabrico de ferramentas,
tutoramento de culturas e cerca-viva (GRECO, 2013).
Em muitas regiões do país existem grandes florestas naturais de bambu, sobretudo na
enorme região amazônica, onde predominam as espécies de grande diâmetro (bambu gigante),
do tipo Guadua angustifolia e várias outras. O Estado do Acre é destacado na literatura, mas
todos os outros estados da Região Norte tem as suas florestas, que no entanto ainda não estão
devidamente mapeadas. Na Região Nordeste merecem destaque os 55.000 hectares das
florestas plantadas e regularmente manejadas do Grupo João Santos, no Maranhão e em
Pernambuco, bem como as recentes experiências bem sucedidas de implantação de três
bambuzerias em Alagoas, com apoio do Sebrae. Nas regiões Sudeste e Centro-Oeste existem
abundantes exemplos de cultivo econômico de bambu, em alguns casos também com apoio do
Sebrae, que agora está voltando a sua atenção para a Região Sul, onde hoje praticamente
inexiste uso comercial do bambu (KLEINE, 2005)
Segundo Oliveira (2013), a produção de biomassa renovável do bambu é semelhante à de
madeiras de reflorestamento como o eucalipto. A diferença e vantagem do bambu é que ele
pode ser cortado, já apresentando alta resistência mecânica e estrutural com três anos de
idade, ao ponto que o eucalipto precisa de cerca de sete anos para atingir o ponto mínimo
ideal de corte.
A Lei Nº 12.484, de 8 de Setembro de 2011, institui a Política Nacional de Incentivo ao
Manejo Sustentado e ao Cultivo do Bambu - PNMCB, que tem por objetivo o
desenvolvimento da cultura do bambu no Brasil por meio de ações governamentais e de
empreendimentos privados. Incentivou-se o interesse e os investimentos públicos e privados
na pesquisa e aplicação na cadeia produtiva do bambu.
Recentemente, foi aprovado pelo CNPQ o projeto intitulado de: Tecnologias para o
Desenvolvimento Sustentável da Cadeia Produtiva do Bambu no Sul do Brasil, pela
Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC, onde o escopo geral da proposta é identificar
e superar os pontos científicos e tecnológicos limitantes ao desenvolvimento sustentável da
cadeia produtiva do bambu no sul do Brasil sob a óptica das tecnologias apropriadas e
abordagens multidisciplinares e interinstitucionais. Outra recente iniciativa se deve ao
financiamento do Banco do Brasil, obtido pela empresa Bambu KA-HÁ, para a implantação
de um viveiro de mudas de bambu de grande capacidade, no município de Planalto-RS
(KLEINE, 2014).
A importância do bambu pode ser medida, ainda, pela quantidade de sociedades
internacionais dedicadas ao estudo, conhecimento e divulgação do bambu: INBAR
5
(International Network for Bamboo and Rattan), IBA (International Bamboo Association),
ABS (American Bamboo Society), BSA (Bamboo Society of Australia) e EBS (European
Bamboo Societies). Além destas, há ainda as sociedades latino-americanas como a Rede
Chilena del Bambu, a Bambu-brasileiro, a BAMBUSC (Associação Catarinense do Bambu), e
Instituto do Bambu, o INBAMBU (Instituto do Bambu, Maceió-Al) (SILVA, 2005).
6
Devido ao grande intervalo de tempo entre as florações, a propagação artificial ou
induzida do bambu se processa mais comumente por via vegetativa. Este tipo de propagação
pode se dar por seções de rizoma (offset), layering, seções de colmo, seções de ramos laterais
e macroproliferação, sendo que o sucesso de cada sistema difere entre as diversas espécies.
Neste trabalho, optou-se pelos métodos descritos nos itens 2.5.1 e 2.5.2.
Seção de colmo
Neste método, novas mudas são cultivadas a partir de ramos laterais que desenvolvem
raízes ao ar (raízes primárias), e normalmente, este desenvolvimento deve ser induzido no ano
anterior. A seção de ramos laterais consiste em um método prático devido à facilidade do
manuseio. São abundantes nos colmos, porém possuem desvantagens por não serem
apropriados para as espécies com ramos laterais de fino diâmetro (POPPENS, 19--).
Conveniente para multiplicação em larga escala, principalmente se possuírem os nós basais
com raiz primária (BANIK, 1995).
Segundo Salgado et al. (1994), juntos aos nós existem gemas que quando ativas e em
contato com o solo são estimuladas a emitirem raízes, rizomas e colmos dando origem a uma
nova planta com características idênticas a planta mãe. A avaliação de brotações e folhas teve
como referência o estudo de Sánchez et al. (2011), e feito a partir das gemas dos ramos
principais, pois estão em maior número em relação a uma gema dormente. Os bambus de
paredes espessas possuem uma maior frequência de brotações e enraizamento, provavelmente
devido às maior reservas alimentares.
Quanto à idade do material para propagação vegetativa, Poppens (19--) recomenda que
amostras sejam retiradas de colmos com idade entre 1 a 2 anos, cujas gemas sejam viáveis à
brotação ou ramos primários. Azzini e Salgado (1993) utilizaram, para propagação, colmos
com dois anos de idade. Nesse experimento, foi observado que gemas oriundas de colmos
com menos de dois anos eram mais tenras, e colmos com mais de três anos, com aparência
mais fibrosa. Para a colheita do material, Medina et al.(1962) afirmam que, os colmos novos
de B. vulgaris säo relativamente de fácil distinção dos maduros pela cor e aspecto, bem como
pelo hábito de ramificação.
7
No que diz respeito à seção dos colmos, Ruiz e Montiel (1998) citados por Torres et al.
(2001) concluíram que, há menos produção de brotos na seção basal do que acontece com
seções médias e distais para Guadua chacoensis. Já Medina et al.(1962),afirma que os
resultados foram favoráveis para as seções medianas dos colmos quando comparados à parte
basal, e que apenas devem ser usadas estacas dessa parte. A seção distal e seus respectivos
ramos laterais devem ser descartados (BANIK, 1995).
Quanto aos métodos de propagação vegetativa, Vela (1982) citado por Sánchez et al.
(2011) afirmam que o melhor método de propagação para a espécie B. vulgaris ocorre através
de seções de colmos com um ou dois nós. Azzini e Salgado (1993) selecionaram três tipos de
materiais meristemáticos para propagação: gemas primárias não brotadas, gemas primárias
brotadas e gemas secundárias. Medina et al.(1962), trabalharam com estacas e tolêtes em B.
vulgaris var. vittata.
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Área de Estudo
8
3.2 Preparo da Área
Após o enleiramento dos canteiros, os mesmos receberam uma fina camada de adubo
orgânico proveniente de cama aviária e uma espessa camada de cobertura proveniente de
resíduos de cultura agrícola e madeireira, como o milho, o bambu e o sombreiro.
Figura 4. Características do colmo com idade entre um e dois anos, com indicação para folha
de colmo basal intacta e para presença de sílica no colmo.
A B
Figura 5. Ramificação lateral de colmos novos (A); gema esverdeada presente no ramo
lateral (B).
9
A B
Figura 6. Medição dos colmos (A); corte da terça parte mediana do colmo (B).
A B
Figura 7. Propágulos do tratamento Ramo Lateral (T1 e T2) obtidos através da serra de poda
(A); amostra padronizada por três gemas (B).
A B
Figura 8. Plantio do tratamento Ramo Lateral em Pé (A); ramo ao lado da abertura do sistema
de gotejamento (B).
10
-Tratamento 2 - Ramo Lateral Deitado (RLD): propágulos oriundos dos nós dos
colmos, e separados dos ramos secundários. Foram padronizados em indivíduo compostos por
três gemas, porém, difere do tratamento anterior devido o plantio na posição horizontal, de
forma que o solo cubra os propágulos, há 1,5cm da superfície do solo (Figuras 7 e 9).
A B
Figura 9. Plantio do tratamento Ramo Lateral Deitado (A); cada indivíduo possui a base do
ramo abaixo de uma abertura do sistema de gotejamento(B).
Figura 10. Amostra do tratamento Copo, com doze centímetros de altura e ramos laterais
podados.
11
A B
C D
12
implantação de cada tratamento, sendo uma abertura para cada amostra dos tratamentos T1,
T2 e T3, e duas aberturas para cada amostra do tratamento T4 (dois nós com ramos).
T2 T2 T2
T4 T4 T4
Bloco 1
T3 T3 T3
T1 T1 T1
T2 T2 T2
T3 T3 T3
Bloco 2
T4 T4 T4
T1 T1 T1
T4 T4 T4
T3 T3 T3
Bloco 3
T2 T2 T2
T1 T1 T1
T1 T1 T1
T4 T4 T4
Bloco 4
T3 T3 T3
T2 T2 T2
Figura 12. Disposição dos quatro tratamentos (T1, T2, T3 e T4) sorteados de forma aleatória
dentro dos quatro blocos, ao longo dos três canteiros.
A divisão dos blocos e tratamentos se deu através de placas de identificação. Adotou-
se o espaçamento entre mudas de vinte e cinco centímetros, de acordo com os mecanismos
aplicadores. A Figura 13 mostra os tratamentos implantados.
A B
13
C D
C
Figura 13. Nos canteiros: (A) Tratamento Ramo Lateral Deitado; (B) Tratamento Ramo
Lateral em Pé; (C) Tratamento Copo; (D) Tratamento Colmo enterrado.
3.5 Medições
Foram feitas, a cada sete dias, após a implantação, as medições. Para cada gema foi
contabilizado o número de brotos e medido apenas o comprimento do maior broto. No maior
broto, também foram contabilizados o número de folhas emergentes e suas dimensões com a
utilização de paquímetro (Figura 14). As avaliações foram feitas até o vigésimo oitavo dia.
Figura 14. Medições de folhas e brotações nas gemas das amostras nos diferentes
tratamentos.
14
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 2, foi avaliado o desempenho dos tratamentos de acordo com as gemas que
brotaram, em cada semana de avaliação.
Observa-se na tabela 2, que na primeira semana de avaliação as gemas não
apresentaram brotações. As gemas eclodiram a partir da segunda semana. Os maiores
aumentos percentuais de gemas brotadas foram verificados entre a primeira e a segunda
semana para os quatro tratamentos.
Foi verificado que, ao final da avaliação (quarta semana), o resultado para gemas
brotadas apresentou maior eficiência para o tratamento Copo, com 73,4%, seguido do
tratamento Colmo enterrado, com 50,7%.
Ainda foi verificada a ineficiência dos tratamentos Ramo Lateral em Pé (RLP) e Ramo
Lateral Deitado (RLD), para gemas brotadas, os quais apresentaram os menores valores, com
8,3% e 29,4%, respectivamente.
Semana
Tratamento
1 Aumento (%) 2 Aumento (%) 3 Aumento (%) 4
RLP - T1 0,0% 4,8% 4,8% 1,7% 6,5% 1,8% 8,3%
RLD - T2 0,0% 23,0% 23,0% 4,0% 27,0% 2,4% 29,4%
C - T3 0,0% 39,0% 39,0% 24,8% 63,8% 9,6% 73,4%
CE - T4 0,0% 19,1% 19,1% 18,1% 37,2% 13,5% 50,7%
Figura 15. Evolução das gemas brotadas (%) segundo os tratamentos Ramo Lateral em Pé
(RLP – T1), Ramo Lateral Deitado (RLD – T2), Copo (C – T3) e Colmo enterrado (CE – T4),
ao longo das semanas.
15
4.2 Total e média de brotações
Tabela 3. Total de gemas, número de gemas brotadas, total e médias das brotações segundo
os tratamentos em função das semanas de avaliação.
Semana
Tratamento Variável
1 2 3 4
Total de gemas 168 168 168 168
Gemas brotadas 0 8 11 14
TI – RLP Total de brotações 0 21 30 33
Média de brotações * 0 0,1 0,2 0,2
Média de brotações ** 0 2,6 2,7 2,4
Total de gemas 252 252 252 252
Gemas brotadas 0 58 68 74
T2 – RLD Total de brotações 0 83 132 148
Média de brotações * 0 0,3 0,5 0,6
Média de brotações ** 0 1,4 1,9 2
Total de gemas 210 210 210 210
Gemas brotadas 0 82 134 154
T3 – C Total de brotações 0 188 493 677
Média de brotações * 0 0,9 2,4 3,2
Média de brotações ** 0 2,3 3,7 4,4
Total de gemas 215 215 215 215
Gemas brotadas 0 41 80 109
T4 – CE Total de brotações 0 55 174 274
Média de brotações * 0 0,3 0,8 1,3
Média de brotações ** 0 1,3 2,2 2,5
*Média calculada com base no total de gemas;** Média calculada com base nas gemas brotadas
16
Figura 16. Desempenho das brotações, em média, segundo os tratamentos Ramo Lateral em
Pé (RLP – T1), Ramo Lateral Deitado (RLD – T2), Copo (C – T3) e Colmo enterrado (CE –
T4), ao longo das semanas; por total de gemas (*) (A); e por gemas brotadas (**) (B).
17
havendo uma ligeira queda entre a segunda e terceira semana. Também foi observada a forma
crescente adotada pelas curvas das médias do comprimento das brotações (cm) para os demais
tratamentos.
Semana
Tratamento Variável 1 2 3 4
Total de gemas 168 168 168 168
Gemas brotadas 0 8 11 14
TI - RLP Comprimento total de brotações (cm) 0 10,5 13,8 18,8
Média de brotações (cm)* 0 0,06 0,08 0,11
Média de brotações (cm)** 0 1,3 1,26 1,34
Total de gemas 252 252 252 252
Gemas brotadas 0 58 68 74
T2 - RLD Comprimento total de brotações (cm) 0 49,1 70,7 93,2
Média de brotações (cm)* 0 0,2 0,3 0,4
Média de brotações (cm)** 0 0,9 1 1,3
Total de gemas 210 210 210 210
Gemas brotadas 0 82 134 154
T3 - C Comprimento total de brotações (cm) 0 91,7 262 563,3
Média de brotações (cm)* 0 0,4 1,3 2,7
Média de brotações (cm)** 0 1,1 2 3,7
Total de gemas 215 215 215 215
Gemas brotadas 0 41 80 109
T4 - CE Comprimento total de brotações (cm) 0 46,1 146,6 316,8
Média de brotações (cm)* 0 0,2 0,7 1,5
Média de brotações (cm)** 0 1,1 1,8 2,9
*Média calculada com base no total de gemas;** Média calculada com base nas gemas
brotadas
18
Figura 17. Desempenho do comprimento das brotações, em média, segundo os tratamentos
Ramo Lateral em Pé (RLP – T1), Ramo Lateral Deitado (RLD – T2), Copo (C – T3) e Colmo
enterrado (CE – T4), ao longo das semanas; por total de gemas (*) (A); e por gemas brotadas
(**) (B).
19
Tabela 5. Percentagem de gemas brotadas com folhas, a cada semana, por total de gemas e o
aumento percentual entre as semanas.
Semana
Tratamento
1 Aumento (%) 2 Aumento (%) 3 Aumento (%) 4
RLP - T1 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
RLD - T2 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 1,2% 1,2%
C - T3 0,0% 0,5% 0,5% 5,7% 6,2% 26,7% 32,9%
CE - T4 0,0% 0,0% 0,0% 0,5% 0,5% 11,6% 12,1%
Figura 18. Desempenho das gemas brotadas com folhas (%) segundo os tratamentos Ramo
Lateral em Pé (RLP – T1), Ramo Lateral Deitado (RLD – T2), Copo (C – T3) e Colmo
enterrado (CE – T4), ao longo das semanas.
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Tabela 6. Total de gemas, número de gemas brotadas, total e média das folhas segundo os
tratamentos em função das semanas de avaliação.
Semana
Tratamento Variável 1 2 3 4
Total de gemas 168 168 168 168
Gemas com folhas 0 0 0 0
TI – RLP Total de folhas 0 0 0 0
Média de folhas* 0 0 0 0
Média de folhas** 0 0 0 0
Total de gemas 252 252 252 252
Gemas com folhas 0 0 0 3
T2 – RLD Total de folhas 0 0 0 3
Média de folhas* 0 0 0 0,01
Média de folhas** 0 0 0 1
Total de gemas 210 210 210 210
Gemas com folhas 0 1 13 69
T3 – C Total de folhas 0 1 13 80
Média de folhas* 0 0 0,06 0,38
Média de folhas** 0 1 1 1,16
Total de gemas 215 215 215 215
Gemas com folhas 0 0 1 26
T4 – CE Total de folhas 0 0 1 28
Média de folhas* 0 0 0 0,13
Média de folhas** 0 0 1 1,08
*Média calculada com base no total de gemas;** Média calculada com base nas gemas
brotadas
Na Figura 19, observou-se no tratamento C que a emissão de folhas ocorreu a partir da
segunda semana e a partir da terceira semana no tratamento CE, e no caso do tratamento
RLD, apenas na quarta semana.
Na quarta semana, observa-se que os resultados para a Média* foram superiores no
tratamento C, com 0,38 folhas contra 0,13 no CE, quando comparado aos demais tratamentos,
enquanto que o tratamento RLD apresentou o valor de 0,01, o menor entre eles.
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Figura 19. Desempenho das folhas, em média, segundo os tratamento Ramo Lateral em Pé
(RLP – T1), Ramo Lateral Deitado (RLD – T2), Copo (C – T3) e Colmo enterrado (CE – T4),
ao longo das semanas; por total de gemas (*) (A); e por gemas brotadas (**) (B).
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Tabela 7. Total de gemas, número de gemas brotadas, total e médias do comprimento de
folhas segundo os tratamentos em função das semanas de avaliação.
Semana
Tratamento
Variável 1 2 3 4
Total de gemas 168 168 168 168
Gemas com folhas 0 0 0 0
TI - RLP Comprimento total das folhas (cm) 0 0 0 0
Média de folhas (cm) * 0 0 0 0
Média de folhas (cm) ** 0 0 0 0
Total de gemas 252 252 252 252
Gemas com folhas 0 0 0 3
T2 - RLD Comprimento total das folhas (cm) 0 0 0 2,8
Média de folhas (cm) * 0 0 0 0,01
Média de folhas (cm) ** 0 0 0 0,94
Total de gemas 210 210 210 210
Gemas com folhas 0 0 12 69
T3 - C Comprimento total das folhas (cm) 0 0 7,6 85,3
Média de folhas (cm) * 0 0 0,04 0,41
Média de folhas (cm) ** 0 0 0,64 1,24
Total de gemas 215 215 215 215
Gemas com folhas 0 0 1 26
T4 - CE Comprimento total das folhas (cm) 0 0 1 26,9
Média de folhas (cm) * 0 0 0 0,12
Média de folhas (cm) ** 0 0 0,97 1,03
*Média calculada com base no total de gemas;** Média calculada com base nas gemas
brotadas
De acordo com Sorgato et al. (2014), o número de raízes, bem como o número de
brotações são fatores decisivos para a sobrevivência das plântulas, onde o pseudocaule
(brotações) são órgãos armazenadores de água. Quanto maiores e mais desenvolvidos maior a
chance de sobrevivência das plantas.
Considerando os resultados, pode-se observar que os tratamentos de ramos laterais
(RLP e RLD) se caracterizaram como os menos eficientes, e esse resultado provavelmente se
devem aos tratamentos não terem sido implantados com raízes primárias, como recomendado
pela literatura (BANIK, 1995). O tratamento RLP apresenta desvantagens, quando comparado
ao tratamento RLD, pelo fato de ser um método que apresenta exposição ao ar, e
consequentemente, à perda de umidade, provavelmente pelo fato do sistema de irrigação não
ter sido feito por meio da microaspersão.
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Figura 20. Desempenho do comprimento das folhas (cm), em média, segundo os tratamentos
Ramo Lateral em Pé (RLP – T1), Ramo Lateral Deitado (RLD – T2), Copo (C – T3) e Colmo
enterrado (CE – T4), e as semanas; por total de gemas (*) (A); por gemas brotadas (**) (B).
5. CONCLUSÃO
24
6. RECOMENDAÇÃO
25
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FILGUEIRAS, T. S.; GONÇALVES, A. P. S.A checklist of the basal grasses and bamboo in
Brazil (Poaceae).Bamboo Science and Culture: The Journal of the American Bamboo
Society, v.18, n.1, p. 7-18, 2014.
KIGOMO, B. Guidelines for growing bamboo. KFRI Guideline Series: Kenya Forestry
Research Institute, n.4, 2007
26
KLEINE, H. J. Região sul recebe verba federal para desenvolver a cadeia produtiva.
Florianópolis, 2014. Disponível em: < http://bambusc.org.br/?p=1449>. Acesso em: 22 nov.
2014.
SALGADO, A.L.B.; AZZINI, A.; CIARAMELLO, D.; MACEDO, E.L.; SALGADO, A.L.
Instruções técnicas sobre o bambu. Boletim técnico. Instituto Agronômico de Campinas,
Campinas, São Paulo. Maio, 1994. 44 p.
27
Ciências Florestais) – Faculdade de Engenharia Florestal, Universidade Federal Rural de
Pernambuco, Sobradinho.
28