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GE - Tópicos Integradores - III - Engenharia Mecânica - UNI 3 - SER

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TÓPICOS INTEGRADORES III

ENGENHARIA MECÂNICA

UNIDADE III
SUMÁRIO

1. SISTEMAS PARA ELEVAÇÃO DE CARGA ........................................................................ 5


1.1. Cabos de aço....................................................................................................................... 5
2. DIMENSIONAMENTO DE CABOS DE AÇO ........................................................... 16
2.1. Dimensionamento do Diâmetro conforme a Norma DIN 15020................................... 16
3. JOGO DE POLIAS PARA GANHO EXPONENCIAL DE FORÇA.............................. 22
4. ACIONAMENTO DE GUINCHO DE ELEVAÇÃO DE PÓRTICO ROLANTE .......... 24
4.1. Cálculo da Força de elevação (FE).................................................................................... 24
4.2. Cálculo do torque (MT­)........................................................................................................ 24
4.3. Cálculo da Rotação eixo do tambor (eixo de saída do redutor).................................. 24
4.4. Cálculo da relação de redução do redutor..................................................................... 25
4.5. Cálculo da potência............................................................................................................ 25

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Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida ou transmitida de
qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou
qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização,
por escrito, do Grupo Ser Educacional.

Edição, revisão e diagramação:


Equipe de Desenvolvimento de Material Didático EaD

___________________________________________________________________________

Batista, Alfredo José.

Tópicos Integradores III (Engenharia Mecânica): Unidade 3 –


Recife: Grupo Ser Educacional, 2020.

___________________________________________________________________________

Grupo Ser Educacional


Rua Treze de Maio, 254 - Santo Amaro
CEP: 50100-160, Recife - PE
PABX: (81) 3413-4611

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TÓPICOS INTEGRADORES III (ENGENHARIA MECÂNICA)
UNIDADE III

PARA INÍCIO DE CONVERSA

Prezado (a) aluno (a),


Vamos dar prosseguimento ao nosso estudo das Máquinas de Elevação de Transportes.
Até agora, nas duas primeiras Unidades de Estudo, você notou como elas são
importantes. Tratando-se de um tema muito amplo de conhecimento, envolve áreas
da engenharia, da economia e segurança das pessoas e do patrimônio das empresas.
Além disso, é muito importante no desenvolvimento de uma nação.
Então comecemos a nossa terceira Unidade!

ORIENTAÇÕES DA DISCIPLINA

Caro (a) aluno (a),

No Guia de Estudos da Unidade III, abordaremos alguns detalhes das Máquinas de


Elevação. Estudaremos os elementos mais utilizados nas máquinas de elevação, que
são os cabos de aço e Guinchos. Veremos com mais detalhes os elementos de elevação
dos guindastes, Pontes e Pórticos rolantes.

No Guia de Estudos I, foram mostradas e definidas as utilizações de vários tipos dos


equipamentos que agora estudaremos com mais detalhes. Vimos os princípios da
movimentação longitudinal deles sobre trilhos e dimensionamos o acionamento de
seus mecanismos de translação. Agora trataremos dos elementos de elevação de carga
(cabos e guinchos).

Vamos lá!

PALAVRAS DO PROFESSOR

Querido (a) aluno (a), esta disciplina não possui um livro base, portando, você deverá
estudar e seguir as orientações dos Guias de Estudos.

Desde já, desejo sucesso na continuação dos estudos. Iniciemos!

4
INTRODUÇÃO À ELEVAÇÃO DE CARGAS

1. SISTEMAS PARA ELEVAÇÃO DE CARGA

1.1. Cabos de aço

Caro (a) aluno (a),

Inicialmente, é importante que você saiba que o cabo de aço é o componente mais utilizado para a
elevação de carga em pontes e pórticos rolantes (fig. 01 e 02), na elevação de carga e içamento de
guindastes (fig.03), e equipamentos portuários (fig. 04 e 05). E muitos outros equipamentos de elevação.
Veja:

Figura 01: Ponte rolante – uso de cabos de aço


Fonte: https://cdn.pixabay.com/photo/2018/08/23/16/45/crane-3626172_960_720.jpg

Fig. 02: pórtico rolante e guindaste – uso de cabos de aço


https://www.pexels.com/pt-br/foto/aco-alto-amarelo-amplo-2894836/

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Fig. 03: Guindaste portuário – uso de cabos de aço no içamento de carga e da lança
Fonte:https://cdn.pixabay.com/photo/2019/11/27/18/54/crane-4657628_960_720.jpg

Fig. 04 e 05: descarregador de grãos de navios – uso de cabos para o içamento das lanças e tubos
telescópicos
Fonte: o autor
1.1.2. O que são os cabos de aço

Os cabos são os componentes básicos dos equipamentos de suspensão de carga. São compostos de
arames de aço, de alta resistência, enrolados em torno de um arame central, formando as pernas, e estas
enroladas em torno de um núcleo, denominada alma do cabo (que pode ser de aço ou fibra).

Fig. 06: Composição de um cabo de aço, e passo


Fonte: Manual de cabos de aço CIMAF
Adaptação: o autor
6
1.1.3. Aspectos para a Escolha de um Cabo de Aço

Na especificação de um cabo de aço para um equipamento de elevação devem ser verificados alguns
aspectos, como por exemplo:

 A escolha da construção e função da aplicação;


 Os diâmetros indicados para polias e tambores;
 O ângulo de desvio máximo de um cabo de aço;
 O fator de segurança da aplicação.

1.1.4. Acessórios para cabos de aço

Os cabos de aço utilizados nos equipamentos de elevação requerem alguns acessórios, que precisam ser
identificados no projeto dos equipamentos, entre eles temos:

 Sapatas;
 Grampos;
 Soquetes;
 Manilhas;
 Terminais.

Fig. 06: acessórios para cabos de aço


Fonte: adaptação do autor

1.1.5. Construção do cabo de aço

A Construção de um cabo é um termo usado para indicar o número de pernas, o número de arames de
cada perna e a sua composição. As pernas dos cabos de aço podem ser fabricadas em uma, duas ou mais
operações, conforme sua composição.

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1.1.5.1. Composições das Pernas dos Cabos de Aço (figuras extraídas do manual da CIMAF e
adaptadas pelo autor):

 Composição Simples das Pernas (fig.07): Todos os arames possuem o mesmo diâmetro.

Fig. 07: cabo simples

 Composição Seale das Pernas (fig. 08): Há duas camadas adjacentes com o mesmo número de
arames. Para aumentar a resistência ao desgaste, devido ao atrito, os arames da camada externa
possuem um diâmetro maior.

Fig. 08: Cabo Seale

 Composição Filler das Pernas: Os arames finos, entre duas camadas, têm a finalidade de ampliar
a área de contato, a flexibilidade e a resistência ao amassamento e reduz o desgaste entre os arames.

Fig. 09: cabo Filler

 Composição Warrington das Pernas (fig. 10): Há uma camada constituída de arames de dois
diâmetros diferentes e alternados. Possuem boa resistência ao desgaste e boa resistência à fadiga.

Fig. 10: cabo Warrington

8
 Warrington- Seale das Pernas (fig. 11): Tem as principais características do Warrington e do
Seale, além de possuírem altas resistências à abrasão e a fadiga por flexão.

Fig. 11: cabo Warrington- Seale

1.1.5.2. Alma dos Cabos de Aço

Como se pôde ver na figura 06, a alma do cabo é um núcleo em torno do qual as pernas são torcidas e
tem a função de posicioná-las, de forma que o esforço aplicado ao cabo seja uniformemente distribuído.
A alma pode ser composta de fibra natural ou artificial, pode ainda ser formada por uma perna ou por um
cabo de aço independente. Você deve entender que:

 Almas de fibra: Em geral, dão maior flexibilidade ao cabo de aço. Podem ser almas de fibras naturais
(AF), geralmente sisal, ou almas de fibras artificiais (AFA), como o polipropileno;

 Almas de aço: Possuem maiores resistências ao amassamento e à tração. Podem ser formadas de
uma perna de cabo (AA) ou por um cabo de aço independente (AACI), que tem maior flexibilidade e
alta resistência à tração, por isso, é o mais adotado. Os Cabos com alma de aço, de diâmetro maior
ou igual a 6,4 mm, são do tipo alma de aço com cabo independente.

1.1.5.3. Sentido da Torção:

Existem dois sentidos de torção, a Torção à Direita e a Torção à Esquerda. Sobre elas, você precisa
saber que:

 Torção à Direita (em forma de Z): Uso comum;


 Torção à Esquerda (em forma de S): Uso incomum.

1.1.5.4. Tipo de Torção:

Com relação ao Tipo de Torção, é indispensável que você saiba:

 Torção regular: A torção dos arames das pernas é realizada em sentido oposto ao das pernas entorno
da alma do cabo. Os arames situados no topo das pernas ficam paralelos ao eixo longitudinal do cabo.

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Características:

• São estáveis;
• Possuem boa resistência ao desgaste interno e a torção;
• Possuem boa resistência à amassamentos e deformações;
• São fáceis de manusear

Fig. 12: Torção Tegular


Fonte: Manual CIMAF.
Adaptação do autor

 Torção Lang: A torção dos arames das pernas é realizada no mesmo sentido ao das pernas entorno
da alma do cabo. Os arames externos das pernas ficam em diagonal ao eixo longitudinal do cabo,
porisso eles têm um maior comprimento de exposição que os da torção regular.

Características em comparação com os cabos de torção regular:

• Maior resistência à abrasão, devido a maior área de exposição dos arames externos;
• São mais flexíveis;
• Têm maior resistência à fadiga;
• São mais sujeitos à desgaste interno e deformações;
• Sujeitos à distorções. Devido a isso, as extremidades do cabo
devem ser sempre fixadas para evitar a distorção.
Não se recomenda em cargas com apenas uma linha de cabo;

Fig. 13: torção Lang


Fonte: Manual CIMAF. Adaptação do autor

10
• Baixa resistência aos amassamentos. Por isso não se deve usar cabos de torção Lang com alma
de fibra, devido à baixa estabilidade e baixa resistência aos amassamentos.

1.1.6. Construção dos cabos de aço

De acordo com a NBR ISO 2408:2008, a construção do cabo deve ter as seguintes classes ou uma construção.
Nestas devem estar incluídos cabos compactados (estampados), estabelecidos pelo fabricante:

N0 de Pernas X N0 de Fios por Perna

6 x 7; 6 x 24AF; 6 x 37M; 6 x 19,; 6 x 36; 8 x 19; 8 x 36;6 x 25TS; 18 x 7;34(M) x 7 e 35(w) x 7.

1.1.6.1. Aspectos a considerar na escolha da Construção do Cabo de Aço:

 A flexibilidade de um cabo de aço é inversamente proporcional ao diâmetro dos arames externos e


diretamente proporcional à quantidade de arames do cabo, ou seja, quanto maior o diâmetro dos
arames externos, menor será a flexibilidade; e quanto maior o número de arames do cabo, maior a
flexibilidade.
Exemplo: sejam dois cabos de mesmo diâmetro: O que tiver maior número de arames externos é mais
flexível, pois seus diâmetros serão menores;

 A resistência à abrasão é diretamente proporcional ao diâmetro dos arames externos e inversamente


proporcional à quantidade de arames do cabo. Isto é, o cabo com diâmetros externos maiores, terá
maior resistência à abrasão, portanto, os cabos mais flexíveis apresentam menor resistência à
abrasão, já que seus arames externos são de menor diâmetro.

PARA RESUMIR

Deve-se escolher uma composição de arames finos, quando a exigência for maior para
o esforço à fadiga devido ao dobramento; e escolher um cabo de composição de arames
externos mais grossos, quando seu uso exigir uma maior resistência à abrasão.

Continuando...
Tabela 01: Escolha do Cabo considerando a Flexibilidade e a Resistência a Abrasão:
Exigência de resistência a
Exigência de flexibilidade Construção do cabo de aço
Abrasão
Máxima flexibilidade 6 x 41 Warrington-Seale Mínima resistência à abrasão
6 x 36 Warrington-Seale
6 x 25 Filler
6 x 21 Filler
6 x 19 Seale
Mínima flexibilidade 6x7 Máxima resistência à abrasão

Fonte: https://www.aecweb.com.br/cls/catalogos/aricabos/CatalogoCIMAF2014Completo.pdf
Adaptação do autor

11
1.1.7. Acabamento dos cabos de aço

 Sem acabamento (polidos);


 Galvanizados;
 Revestidos com liga de zinco.

1.1.8. Lubrificação dos cabos de aço

Os cabos de aço devem ser lubrificados para a proteção contra a corrosão e o desgaste por atrito que
acontecem:

 Atrito interno entre os arames e entre as pernas, durante a operação;


 Atrito na passagem através de polias e tambores.

A lubrificação dos cabos de aço deve estar no plano de lubrificação e manutenção preventiva de máquinas
e equipamentos de elevação, assunto que será abordado na próxima unidade, em nosso último Guia de
Estudos.

1.1.9. Categorias de Resistência dos arames:

Tabela 02: Categorias de resistência à tração de arames (excluindo-se arames centrais e de enchimento)
para as seguintes categorias de resistência de cabos

Categoria da Faixa de categoria de


Resistência de resistência à tração de Denominação
cabos arames [N/mm2]

P.S. - Plow steel


1570 1 370 a 1 770
(arame de aço).

I.P.S. - Improved plow steel


1770 1 570 a 1 960
(arame de aço melhorado)

1960 1 770 a 2 160 E.I.P.S. – arame de aço extra melhorado.

2160 1 960 a 2 160 E.E.I.P.S. - arame de aço extra extra melhorado

Fonte: NBR ISO 2408:2008

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1.1.10. Fatores de segurança e Resistência dos cabos de aço (Cargas de Ruptura):
Tabela 03: Aplicações X Fator de Segurança
Aplicações Fator de Segurança
Cabos estáticos 3a4
Cabo para tração no sentido horizontal 4a5
Guinchos, guindastes, escavadeiras 5
Pontes rolantes 6a8
Talhas elétricas e outras 7
Guindastes estacionários 6a8
Laços 5a6
Elevadores de obras 8 a 10
Elevadores de passageiros 12
Fonte: NBR ISO 2408:2008

1.1.11. Resistência (ou carga de ruptura) dos cabos de aço

A Resistência (ou carga de ruptura) dos cabos de aço é dada pela seguinte equação:

Resistência = Carg adeTrabalho × FatordeSegurança Eq. 01

Tabela 04: Carga de ruptura - Resistência dos cabos de aço de acordo com a construção e tipo de alma

AF: alma de fibra | AFA: alma de fibra artificial | AA: alma aço | AACI: alma aço de cabo independente.
Composições: Filler, Seale, Warrington
Torções: TRD: torção regular à direita | TRE: torção regular à esquerda | TLD: torção Lang à direita | TLE: torção Lang à esquerda NROT: não
rotativo
Fonte: NBR ISO 2408:2008. http://www.cabosdeacocablemax.com.br/cabo-de-aco-polido.html
13
1.1.10. Designação e classificação (ABNT NBR ISO 2408:2008)

No pedido de cabo de aço devem constar as seguintes informações:


a) Diâmetro;
b) Construção;
c) Composição da perna;
d) Tipo de alma;
e) Torção;
f) Acabamento;
g) Categoria de resistência.

Exemplo: 13,0 mm, 6 x 25F, AACI, TRD, polido, 1770 N/mm²

PRATICANDO

1) Escolha um cabo de aço para uso em guindaste, com capacidade de carga de


2000 kg.

Dados:
Carga a ser transportada = 2.000 Kgf (aproximadamente 2.000 kg);
Fator de segurança: pela tabela 03, uso em guindaste o fator de segurança = 5.

Resistência = Carg adeTrabalho × FatordeSegurança ⇒ Resistência = 2000kgf × 5 = 10 .000kgf

Solução: Consultando a tabela 04, devemos utilizar o cabo 9/16” AF, de 6 pernas X
25 arames, que possui flexibilidade para uso em guincho, e uma carga de ruptura de
12.180 Kgf, arame IPS (tabela 2).

14
1.1.11. Diâmetros de polias e tambores

Para entender a relação entre os diâmetros de polias e os tambores, observe a tabela abaixo:

Fonte: Manual Técnico da CIMAF

ACESSAR CATÁLOGO DE CABOS DE AÇO

Caro (a) aluno (a),


Para ampliar seus conhecimentos, sugiro que você consulte o
Manual Técnico de Cabos da CIMAF, nas páginas 41 a 102.
Neste material você encontrará as recomendações de cabos de
aço para variadas aplicações. Acesse: https://www.aecweb.
com.br/cls/catalogos/aricabos/CatalogoCIMAF2014Completo.
pdf e excelente leitura!

1.1.12. Critério de Substituição de cabo de aço:

As condições listadas a seguir são razões suficientes para se condenar o uso de um cabo ou para se
aumentar a frequência das inspeções:

 10 fios rompidos em um passo;


 05 fios rompidos em uma única perna;
 Aparecer corrosão acentuada;
 Os arames externos se desgastarem mais do que 1/3 de seu diâmetro original;

15
 Diâmetro do cabo diminuir mais do que 5% em relação ao seu diâmetro nominal;
 Apareçam sinais de danos por alta temperatura no cabo.

1.1.13. Registro de Inspeção

Prezado (a) estudante, é importante que você esteja atento (a) ao fato de que os registros ajudarão na
previsão da vida útil média assim como a rastreabilidade de problemas.

Tabela 06: modelo para registro de inspeções em cabos de aço

Fonte: o autor

2. DIMENSIONAMENTO DE CABOS DE AÇO

2.1. Dimensionamento do Diâmetro conforme a Norma DIN 15020

d = K F [mm] Eq. 02

Vamos entender os itens presentes na fórmula acima:

K = constante que depende da classe da máquina; µ


K=
F = Força atuante no cabo em kgf; 47,75 Eq. 03
d = diâmetro mínimo em mm;
μ = coeficiente de segurança, que é a relação entre a carga de ruptura e a carga admissível.

16
Tabela 07: Coeficientes para o cálculo dos diâmetros mínimos
de cabos, polias e tambores

Fonte: Norma DIN 15020

2.1.1. Classe das Máquinas de Levantamento (Conforme Norma DIN 15020)

CLASSE I: Máquinas manuais ou motorizadas para serviços ocasionais, por exemplo, para montagem de
usina de força. Movimentos de baixa velocidade, 150 % da capacidade nominal. O n0. de operações à
plena carga é 6 por hora. Os rolamentos devem ser dimensionados para 3.000 horas de vida útil.

CLASSE II: Máquinas para serviço leve, como oficinas mecânicas, armazéns. Velocidades baixas, 125% da
capacidade nominal. As operações por hora variam de 6 a 18 e os rolamentos devem ser dimensionados
para 5.000 horas de vida útil.

CLASSE III: Máquinas para serviço moderado, como para fundições leves, pátios de depósito, montagens.
Velocidades médias, serviço intermitente moderado, capacidade nominal de 100%. As operações por
hora variam de 18 a 30 e os rolamentos devem ter vida útil de 15.000 horas.

CLASSE IV: São máquinas para serviço constante pesado, como em fundições e linhas de produção
pesada. Velocidades médias e rápidas: 30 a 60 operações por hora, com rolamentos previstos para 30.000
horas de vida útil.

CLASSE V: Máquinas para serviço muito pesado, como na operação de eletroímãs, caçambas,
equipamentos para grandes siderurgias (fornos Pit, estripadeiras, de cadinho, lingoteira, fornos Siemens,
Martin, etc.). Aqui as altas velocidades conjugadas a serviços constantes, em ambiente desfavorável,
exigem construção robusta. Número de operações por hora superior a 60. Capacidade nominal de 50%.
Rolamentos para 50.000 horas de vida útil.

17
PRATICANDO

Encontre o diâmetro de um cabo de aço, para uma carga de 1000 kgf ( ≈ 1.000kg), considerando
a Norma DIN 15020, para uma ponte rolante de uma linha de montagem, onde o cabo tenha
velocidade média, serviço intermitente moderado e que realize até 25 operações por hora.

Solução:

De acordo com o serviço: “ponte rolante de uma linha de montagem, onde o cabo tenha
velocidade média, serviço intermitente moderado, e que realize até 25 operações por
hora”, trata-se de classe III, portanto o valor de K = 0,32 e F = 1.000kgf
d = K F [mm]

d = 0,32 1000 [mm] ⇒ d = 10mm ≈ 3 in


8

2.2. Dimensionamento do Diâmetro conforme a Normas da Federação Europeia de Manutenção


(FEM)

As Normas FEM usam a fórmula DIN, mas consideram 06 Classes de mecanismos (adotadas pela NBR-
9967), e fixam as seguintes limitações:

 σ R ( arame) ≥ 160 kgf = 160 daN ; 1daN = 10 N = 1,0197 kgf ; daN = decaNewton
mm 2 mm 2
0
 N arames cabo > 100

Tabela 08: Coeficientes para cálculos do diâmetro mínimo de cabos de aço

Fonte: Normas FEM/NBR-9967

Observação: O coeficiente K depende do grupo no qual está classificado o mecanismo do cabo (normal ou
não rotativo) e do tipo de levantamento efetuado. Para operações perigosas (levantamento de material
em fusão, produtos corrosivos, etc.), escolher K no grupo imediatamente superior.

18
2.2.1. Classificação dos Mecanismos Talhas (guinchos) com Acionamento Motorizado (FEM/
NBR-9967)

2.2.1.1. Definições

 Carga morta é composta dos meios de interligação ou dispositivos para o manuseio da carga útil:
correntes, laços, caçambas, eletroímãs ou similares;
 Carga útil é aquela manuseada diretamente pelos meios de levantamento ou através dos
elementos constituintes da carga morta;
 Carga parcial é uma parte da carga útil;
 Capacidade nominal é a carga máxima que pode ser manuseada pelos meios de levantamento da
talha em um determinado grupo de serviço para a qual foi projetada;
 Capacidade total é a carga para a qual o mecanismo da talha deverá ser projetado, visando o
manuseio da carga nominal e dos meios de levantamento;
 Meios de levantamento, são os componentes do equipamento de levantamento que ligam o
mecanismo à carga útil ou à carga morta, tais como: cabo de aço/corrente, moitão, ganchos e
similares;
 Meios de interligação componentes não pertencentes ao equipamento de levantamento e usados
para ligar os meios de levantamento com a carga útil: lingas ou correntes;
 Dispositivos de manuseio de carga são dispositivos não pertencentes ao equipamento de
levantamento e usados para manusear a carga útil e que podem ser fixos aos meios de
levantamento, sem necessidade de modificações especiais: eletroímãs, caçambas e barras de
carga.

2.2.1.2. Os mecanismos são classificados conforme o serviço que efetuam determinado pelos
parâmetros

São eles:

 Classes de funcionamento: O tempo médio de funcionamento (em movimento) diário de um


mecanismo em horas. Para mecanismos de uso não frequente, o tempo médio de operação diária
é determinado repartindo-se o tempo de funcionamento anual de 250 dias;
 Estados de solicitação: Percentual da carga máxima nominal que é normalmente utilizada ou que
os mecanismos estão sujeitos no ciclo de funcionamento.
Os estados de solicitação mostram a medida em que um mecanismo é submetido a sua solicitação
máxima ou parcial. Para uma classificação em grupos, o fator K é correspondente à medida cúbica
com relação à capacidade nominal, pela equação:

K = δ .3 ( β1 + α + γ ) 3 .t1 + (β 2 + α + γ ) .t 2 + ... + γ 3 .t∆


3
Eq. 04

Há quatro estados de solicitação: α, β, δ, γ:

α = massa dos meios de levantamento/capacidade nominal de carga;


β = carga útil ou parcial/capacidade nominal;

19
δ = capacidade nominal/capacidade total;
γ =carga morta/capacidade nominal;
t = tempo de funcionamento com carga útil e/ou parcial e carga morta/tempo total de funcionamento;
tΔ =tempo de funcionamento somente com carga morta do tempo total de funcionamento.

A massa dos meios de levantamento pode ser desprezada até a relação α < 0,05.
 Pela aplicação das classes de funcionamento e dos estados de solicitação, os mecanismos são
classificados de acordo com as normas FEM/ABNT.
Tabela 09: Classificação dos mecanismos em grupo

Fonte: Normas FEM/NBR-9967

Tabela 10: Classes de funcionamento X tempo de funcionamento


Classes de funcionamento Tempos médios de Tempo total de
funcionamento diário, funcionamento calculado
em horas. em horas
V 0,12 ≤ 0,25 400
V 0,25 ≤ 0,5 800
V 0,5 ≤ 1 1600
V1 ≤2 3200
V2 ≤4 6300
V3 ≤8 12500
V4 ≤ 16 25000
V5 > 16 50000
Notas: a) Os tempos totais de funcionamento indicados na 3acoluna devem ser considerados
como valores convencionais, servindo de base ao cálculo de elementos de mecanismo para os
quais o tempo de funcionamento serve de critério para escolha dos elementos, por exemplo:
rolamentos, engrenagens, eixos, etc.
b) O tempo de funcionamento não pode em caso algum ser considerado como garantia de
vida útil.

20
Tabela 11: Estados de solicitação
Estados de Solicitação
Estado de Definição Média cúbica
Solicitação
1 (leve) Mecanismos ou elementos destes, comumente K ≤ 0,50
submetidos às cargas pequenas, e só em casos
excepcionais às cargas máximas.
2 (moderado) Mecanismos ou elementos destes, comumente 0,50 < K ≤ 0,63
submetidos às cargas pequenas, porém também às
cargas médias e máximas.
3 (Severo) Mecanismos ou elementos destes, comumente 0,63 < K ≤ 0,80
submetidos às cargas médias, porém, também de forma
frequente às cargas máximas
4 (muito Mecanismos ou elementos destes, comumente 0,80 < K ≤ 1,00
severo) submetidos às cargas máximas ou próximas das máximas.

PRATICANDO

Grab

Figura 14: guindaste com Grab


Fonte:https://cdn.pixabay.com/photo/2019/11/27/18/54/crane-4657628_960_720.jpg

Vamos calcular o diâmetro do cabo para um guindaste portuário com Grab, com
capacidade nominal para 6.500 kg, o Grab pesa 3980 Kg, incluindo acessórios. O
funcionamento é contínuo de 8 horas diárias.

Condições operacionais:
50% do tempo de funcionamento com 3980 kg de carga morta, mais 1250 kg de carga
útil;
50% do tempo de funcionamento com 3980 kg de carga morta.

Resolução:

Classe de funcionamento: p/8 h classe menor ou igual a 8 h será V3, tabela 09:

21
K = δ .3 ( β1 + α + γ ) 3 .t1 + (β 2 + α + γ ) .t 2 + ... + γ 3 .t∆
3

1250 3980
T1 = 0.5 ⇒ β1 = = 0,192; γ 1 = = 0,612
6500 6500
T2 = 0.0

3980
T3 = 0.5 ⇒ γ 3 = = 0,612
6500

Capacidade total igual a capacidade nominal: δ ≅ 1

Cálculo da Média Cúbica:

K = 3 (β1 + γ 1 ) .t1 + (β 2 + γ 2 ) .t 2 + ... + t∆.γ 3 ⇒ K = 3 (0,192 + 0,612) .0,5 + 0,5.0,612 3


3 3 3 3

K = 0.74
− Para K = 0,72, o estado de solicitação é 3 (tab.11);
− Para 8 horas diárias de trabalho, a classe de funcionamento é V3 (tab.10).

Tem-se de acordo com a tabela 9, que o Grupo do mecanismo é 4m.

Considerando a capacidade nominal de 6500 kg, e o Grupo do mecanismo 4m, pela


tabela 08, temos:
d = K F [mm]
Cabo Lang, K = 0,375; ⇒ d = 0,375 6500 [mm] ⇒ d ≅ 30,23mm ≈ 1 1 4 in(comercial )
Cabo regular, K = 0,425 ⇒ d = 0,425 6500 [mm] ⇒ d ≅ 34,26mm ≈ 1 3 in(comercial )
8

3. JOGO DE POLIAS PARA GANHO EXPONENCIAL DE FORÇA

Fig. 14: jogo de polias para ganho exponencial de força


Fonte: ASSESSOTEC. Adaptação o autor

22
PRATICANDO

Considerando o jogo de polias para ganho de força, ache a força necessária para elevar
um peso de 200 kgf.
Solução: n = 2 polias móveis F = Peson ⇒ F = 200kgf
2
⇒ F = 50[kgf ]
2 2

Outras composições: Eq. 06

Fig. 14: outras composições de polias para ganho de força


Fonte: ASSESSOTEC

PRATICANDO

Calcule a força em kgf e em Newton necessária para elevar um peso de 300 kgf num:

P
F= = [kgf ]
n
300kgf
F= = 60[kgf ]
5
F = 60 × 9,81 m 2 = 588,6[N ]
s

23
4. ACIONAMENTO DE GUINCHO DE ELEVAÇÃO DE PÓRTICO ROLANTE

Fig. 15: guincho de ponte rolante


https://cdn.pixabay.com/photo/2018/08/23/16/46/crane-3626175_960_720.jpg

No guincho-talha, de uma ponte rolante, conforme a fig.15, de cabo de aço duplo, sua força necessária
de elevação (FT) é a metade do peso total. Pois, metade do peso é suportada pelo carro do guincho, onde
o cabo fica preso. Já a outra metade é tracionada pelo tambor rotativo do guincho. O carro do guincho se
movimenta transversalmente sobre a viga do pórtico.

4.1. Cálculo da Força de elevação (FE)

Ptotal
FE = = [kgf ] Eq. 07
2

Ptotal = peso da carga nominal de elevação + peso da garra com acessórios e cabo

4.2. Cálculo do torque (MT­)

M T = FE (Dt + 3d c ) = [kgf .m] Eq. 08

Dt = diâmetro do tambor [m];


dc = diâmetro do cabo de aço em [m]. É multiplicado por 3, que é o número de lances de cabo enrolado no
tambor um sobre o outro.

4.3. Cálculo da Rotação eixo do tambor (eixo de saída do redutor)


2v ×1000
n= = [RPM ]
π (Dt + 3d c ) Eq. 09

Com a velocidade de elevação v em [m/min], Dt e dc em [mm]

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4.4. Cálculo da relação de redução do redutor

nentraadaredutor Eq.10
iredutor =
nsaidaredutor

4.5. Cálculo da potência

FT × 2v
P= = [CV ] Eq.11
4500 ×η

PRATICANDO

Defina o sistema de acionamento de um guincho para um pórtico rolante com tambor


de 380 mm, utilizando cabo de aço de 5/8” de diâmetro, velocidade de elevação de
carga de 25 m/min, considerar:

Peso da carga: 1800 kgf; Peso da garra com acessórios e cabo: 400 kgf; rendimento do
redutor 97%.

1) Cálculo da Força de elevação (FE):

Ptotal = 1800 kgf + 400 kgf = 2.200 kgf Ptotal 2200kgf


FE = = ⇒ FE = 1100[kgf ]
2 2

2) Cálculo do torque (MT­):


Dt = 380 mm = 0,38m
dc =5/8” = 15,9 mm = 0,0159 m M T = FE (Dt + 3d c ) = [kgf .m]
M T = 1100kgf × (0,38m + 3 × 0,0159m ) = 471[kgf .m]

3) Cálculo da Rotação eixo do tambor (eixo de saída do redutor):


Dt e dc em [mm] 2v ×1000 2 × 25 m min ×1000
n= = ⇒ n = 37[RPM ]
π (Dt + 3d c ) π (380mm + 3 ×15,9mm )

4) Cálculo da relação de redução do redutor: Considerar o motor de


acionamento de 04 polos = 1.750 RPM
nentraadaredutor 1750
iredutor = ⇒ iredutor = ⇒ iredutor = 47
nsaidaredutor 37

5) Cálculo da potência
FE × 2v 1100 × 2 × 25
P= ⇒ = 12,6[CV ]
4500 × η 4500 × 0,97

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PALAVRAS FINAIS

Prezado aluno (a), neste terceiro Guia de Estudos você foi apresentado (a) aos principais
componentes de importantes equipamentos de elevação e transportes, que são os
guinchos e cabos de elevação.

Viu como escolher o tipo, dimensionar o diâmetro, especificar para compra e inspecionar
os cabos de aço. E, além disso, aprendeu como dimensionar acionamentos de guinchos
de carga.

Agora descanse e, logo em seguida retorne para realizar o Questionário da Unidade 3


em seu portal acadêmico e se prepare para a última unidade, a de número 4.

Até logo!

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARBOSA, J. P. Mecânica Aplicada e Resistência dos Materiais. Gerência de Ensino


Coordenadoria de Recursos Didáticos do IFES – Campus São Mateus – ES. 2010.

CABLEMAX – Catálogo de produtos. Disponível no site:


http://www.cabosdeacocablemax.com.br/cabo-de-aco-polido.html

CIMAF – Manual Técnico de Cabos. Disponível no site:


https://www.aecweb.com.br/cls/catalogos/aricabos/CatalogoCIMAF2014Completo.
pdf

NBR ISO 2408:2008 Cabos de aço para uso geral – Requisitos mínimos

Norma FEM/ ABNT NBR 9967/1987 Classes de Funcionamento dos Mecanismos Talha
de Acionamento Motorizado.

N. RUDENKO. Máquinas de Elevação e Transportes. Livros Técnicos e Científicos


Editores Ltda. Rio de Janeiro. 1976.

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