Lei Bases Do Ambiente..DR
Lei Bases Do Ambiente..DR
Lei Bases Do Ambiente..DR
cam, mostra-se como o primeiro passo a realizar, a par de c) da prevenção: — todas as acções ou actuações com
outras medidas, para a concretização da política ambiental efeitos imediatos ou a longo prazo no ambiente,
que ao Estado cabe estabelecer. devem ser consideradas de forma antecipada, por
Nestes termos, ao abrigo da alínea h) do artigo 90.º da forma a serem eliminados ou minimizados os
Lei Constitucional, a Assembleia Nacional aprova a eventuais efeitos nocivos;
seguinte: d) do equilíbrio: — deve ser assegurada a inter-relação
das políticas de desenvolvimento económico e
LEI DE BASES DO AMBIENTE social com os princípios de conservação e preser-
vação ambiental e uso racional dos recursos natu-
CAPÍTULO I rais, por forma a se alcançarem os objectivos do
Disposições Gerais desenvolvimento sustentável;
ARTIGO 1.º e) da unidade de gestão e acção: — deve ser criado e
(Âmbito) dinamizado um órgão nacional responsabilizado
A presente lei define os conceitos e os princípios básicos pela política ambiental, que promova a aplicação
da protecção, preservação e conservação do ambiente, pro- dos princípios para a melhoria da qualidade do
moção da qualidade de vida e do uso racional dos recursos ambiente e de vida em todos os sectores da vida
naturais, de acordo com os n.ºs 1, 2 e 3 do artigo 24.º e n.º 2 nacional, organize e administre uma rede de áreas
do artigo 12.º da Lei Constitucional da República de de protecção ambiental e incentive a educação
Angola. ambiental de forma sistemática e permanente;
ARTIGO 2.º f) da cooperação internacional: — determina a procura
(Definições) de soluções concertadas com outros países, com
As definições e conceitos utilizados no articulado são organizações regionais, sub regionais e interna-
definidos no glossário anexo, que faz parte integrante da cionais, quanto a problemas ambientais e à gestão
presente lei. de recursos naturais comuns.
ARTIGO 3.º g) da responsabilização: — confere responsabilidades
(Princípios gerais)
a todos os agentes que como resultado das suas
1. Todos os cidadãos têm direito a viver num ambiente acções provoquem prejuízos ao ambiente,
sadio e aos benefícios da utilização racional dos recursos degradação, destruição ou delapidação de recursos
naturais do país, decorrendo daí as obrigações em participar naturais, atribuindo-lhes a obrigatoriedade da
na sua defesa e uso sustentado, respectivamente. recuperação e/ou indemnização dos danos causa-
2. É devido o respeito aos princípios do bem estar de dos, sendo para os casos anteriores à publicação
toda a população, à protecção, preservação e conservação da presente lei, aplicado o previsto no artigo 18.º
do ambiente e ao uso racional dos recursos naturais, cujos desta mesma lei;
valores não podem ser subestimados em relação a interes- h) da valorização dos recursos naturais: — atribui um
ses meramente utilitários. valor contabilizável a todos os recursos naturais
3. Ao Estado compete implantar um Programa Nacional destruídos ou utilizados nas várias acções, tanto
de Gestão Ambiental para atingir os objectivos preconiza- como matéria prima ou matéria subsidiária, valor
dos anteriormente, criando para o efeito as necessárias a ser incorporado no produto final e que deve ser
estruturas e organismos especializados e fazendo publicar objecto de cobrança a favor de fundos de gestão
legislação que permita a sua exequibilidade. ambiental;
i) da defesa dos recursos genéticos: — confere ao Esta-
ARTIGO 4.º do a responsabilidade da defesa dos recursos
(Princípios específicos)
genéticos nacionais em todas as suas vertentes,
Com base nos princípios gerais previstos no artigo 3.º da incluindo a sua preservação dentro do espaço
presente lei devem ser observados os seguintes princípios nacional.
específicos: ARTIGO 5.º
(Objectivos e medidas)
a) da formação e educação ambiental: — todos os cida-
Para a manutenção de um ambiente propício à qualidade
dãos têm o direito e o dever de receberem edu-
de vida da população, é necessária a adopção de medidas
cação ambiental por forma a melhor compreen-
que visem nomeadamente:
derem os fenómenos do equilíbrio ambiental, base
essencial para uma actuação consciente na defesa a) alcançar de forma plena um desenvolvimento susten-
da Política Ambiental Nacional; tável em todas vertentes da vida nacional;
b) da participação: — todos os cidadãos têm o direito b) manter um equilíbrio entre a satisfação das necessi-
e o dever de participar no controlo da execução da dades básicas dos cidadãos e a capacidade de
política ambiental quer através de órgãos colec- resposta da natureza;
tivos onde estejam representados, quer através de c) garantir o menor impacto ambiental das acções
consultas públicas de projectos específicos que necessárias ao desenvolvimento do país através de
interfiram com os seus interesses ou do equilíbrio um correcto ordenamento do território e aplicação
ambiental; de técnicas e tecnologias adequadas;
I SÉRIE — N.º 27 — DE 19 DE JUNHO DE 1998 359
d) prestar a maior atenção à qualidade do ambiente 2. O órgão central coordenador do Programa Nacional
urbano através de uma eficaz aplicação da admi- de Gestão Ambiental pode ainda criar organismos especiali-
nistração local e municipal; zados em actividades específicas da Gestão Ambiental.
e) constituir, consolidar e reforçar uma rede de áreas de 3. O órgão coordenador das actividades do Programa
protecção ambiental por forma a garantir a Nacional de Gestão Ambiental tem por principal missão,
manutenção da biodiversidade, aproveitando essas realizar e promover junto dos restantes órgãos do aparelho
áreas para a educação ambiental e recreação da de Estado e organismos não estatais, as actividades que con-
população; duzam ao Desenvolvimento Sustentável em todas as ver-
f) promover acções de investigação e estudo científico tentes da vida nacional.
em todas as vertentes da ecologia, aproveitando as
capacidades nacionais principalmente dos centros ARTIGO 8.º
universitários e de pesquisa; (Participação dos cidadãos)
g) promover a aplicação de normas de qualidade Todos os cidadãos têm o direito e a obrigação de parti-
ambiental em todos os sectores produtivos e de cipar na Gestão Ambiental, quer através de organizações
prestação de serviços, com base em normas inter- associativas, a título individual nas consultas públicas de
nacionais adaptadas à realidade do país; projectos programados, quer através da participação a quem
h) garantir a participação dos cidadãos em todas as de direito, de acções de terceiros que julgue lesarem os
tomadas de decisão que impliquem desiquilíbrios princípios do Desenvolvimento Sustentável ou de legis-
ambientais e sociais; lação em vigor.
i) promover de acordo com outros sectores da vida ARTIGO 9.º
nacional, a defesa do consumidor; (Organizações não Governamentais)
j) estabelecer normas claras e aplicáveis na defesa do As organizações associativas não governamentais devi-
património natural, cultural e social do país; damente legalizadas, cujo conteúdo programático e objecto
k) proceder à recuperação das áreas degradadas no ter- social seja da defesa do ambiente, do uso racional dos
ritório nacional; recursos naturais e da protecção dos direitos de qualidade
l) articular com países limítrofes acções de defesa am- de vida, têm o direito de participar e fazerem-se representar
biental e de aumento da qualidade de vida das nos foros de Gestão Ambiental.
populações fronteiriças.
ARTIGO 10.º
CAPÍTULO II (Consultas públicas)
Órgãos de Gestão Ambiental Todos os projectos de acções cujas actividades impli-
quem com os interesses das comunidades, interfiram com o
ARTIGO 6.º equilíbrio ecológico e utilizem recursos naturais com pre-
(Responsabilidades do Estado) juízo de terceiros, devem ser sujeitos a processos de
Avaliação de impacto Ambiental e Social, nos quais é obri-
Cabe ao Estado através do Governo e dentro da Política
gatória a prática de Consultas Públicas.
Ambiental a definição e execução do Programa de Gestão
Ambiental, no qual devem ser estabelecidas:
CAPÍTULO III
a) responsabilidades a todos os órgãos do Governo cujo Medidas de Protecção Ambiental
controlo e/ou actividade tenha influência no
ambiente, através da utilização de recursos natu- ARTIGO 11.º
rais, produção e emissão de poluentes e influência (Legislação de gestão ambiental)
nas condições sócio-económicas das comunida- 1. Cabe ao Governo fazer publicar os regulamentos
des; necessários para a execução do Programa Nacional de
b) responsabilidades a todos os agentes não estatais que Gestão Ambiental, responsabilizando os diversos órgãos
façam uso de recursos naturais, influenciem o nele integrados pelo cumprimento do estabelecido.
equilíbrio ambiental e as condições sócio-eco- 2. Os órgãos judiciários devem acompanhar e dar pare-
nómicas das comunidades; cer sobre as propostas de regulamentos resultantes da pre-
c) responsabilidades aos cidadãos pelo uso incorrecto sente Lei de Bases do Ambiente, devendo introduzir no sis-
de recursos naturais, emissão de poluentes e pre- tema de princípios judiciais, os conceitos de Ambiente e
juízos à qualidade de vida. Desenvolvimento Sustentável necessários a sua actividade.
1. Qualquer cidadão que considere terem sido violados O Governo deve criar nos termos a regulamentar, um
ou estar em vias de violação os direitos que lhe são conferi- sistema de fiscalização ambiental para velar pela imple-
dos pela presente lei, pode recorrer às instâncias judiciais, mentação da legislação ambiental.
para pedir, nos termos gerais do direito, a cessação das
causas de violação e a respectiva indemnização. ARTIGO 31.º
2. Compete ao Ministério Público a defesa dos valores (Dever de colaboraçãol)
ambientais protegidos por esta lei, sem prejuízo da legiti-
midade dos lesados para propor as acções referidas na pre- Todas as pessoas independentemente das suas funções e
sente lei. sujeitas à fiscalização ambiental, devem colaborar com os
ARTIGO 24.º agentes da fiscalização na realização das suas actividades
(Embargos) profissionais.
Aqueles que se julguem ofendidos nos direitos a um ARTIGO 32.º
(Participação das comunidades)
ambiente ecologicamente equilibrado, podem recorrer a
suspensão imediata da actividade causadora da ofensa, Com vista a garantir a necessária participação das comu-
através dos meios processuais adequados. nidades locais e a utilizar adequadamente os seus conheci-
362 DIÁRIO DA REPÚBLICA
mentos e capacidades humanas, o Governo deve promover 3. Áreas de Protecção Ambiental: — são espaços bem
a criação de um corpo de agentes de fiscalização comu- definidos e representativos de biomas ou ecossistemas que
nitários. interessa preservar, onde não são permitidas actividades de
CAPÍTULO VII exploração dos recursos naturais, salvo, em algumas delas,
Disposições Finais a utilização para turismo ecológico, educação ambiental e
investigação científica. As áreas de protecção ambiental
ARTIGO 33.º
(Incentivos) podem ter várias classificações de acordo com o seu âmbito
e objectivo.
O Governo deve criar incentivos económicos ou de
outra natureza com vista a encorajar a utilização de tec- 4. Avaliação de Impacto Ambiental: — é um instrumen-
nologias, processos produtivos e recursos naturais de acor- to da gestão ambiental preventiva e consiste na identifi-
do com o espírito do Desenvolvimento Sustentável. cação e análise prévia, qualitativa e quantitativa dos efeitos
ambientais benéficos e perniciosos de uma actividade pro-
ARTIGO 34.º posta.
(Revogação de legislação) 5. Biodiversidade: — é a variabilidade entre os orga-
É revogada toda a legislação que contrarie as dis- nismos vivos de todas as origens, incluindo, entre outros, os
posições da presente lei. dos ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas
aquáticos, assim como os complexos ecológicos dos quais
ARTIGO 35.º fazem parte; compreende a diversidade dentro de cada espé-
(Legislação a publicar) cie, entre as espécies e de ecossistemas.
A legislação a aprovar como resultado das exigências da 6. Componentes Ambientais: — são os diversos elemen-
presente lei, deve ser publicada num prazo máximo de um tos que integram o ambiente e cuja interacção permite o seu
ano, a partir da entrada em vigor desta lei. equilíbrio, incluindo o ar, a água, o solo, o subsolo, os seres
vivos e todas as condições sócio-económicas que afectam
ARTIGO 36.º as comunidades, são também designados correntemente por
(Dúvidas e omissões)
recursos naturais.
As dúvidas e omissões que se suscitarem na interpre- 7. Degradação ou Dano do Ambiente: — é a alteração
tação e aplicação da presente lei, são resolvidas pela Assem- adversa das características do ambiente e inclui, entre
bleia Nacional. outras, a poluição, a desertificação, a erosão e o desflo-
ARTIGO 37.º restamento.
(Entrada em vigor)
8. Desflorestamento: — é a destruição ou abate indis-
A presente lei entra em vigor à data da sua publicação. criminado de matas e florestas sem a reposição devida.
Vista e aprovada pela Assembleia Nacional, em Luanda, 9. Desenvolvimento Sustentável: é o desenvolvimento
aos 21 de Abril de 1998. baseado numa gestão ambiental que satisfaz as necessi-
dades da geração presente sem comprometer o equilíbrio do
O Presidente da Assembleia Nacional, Roberto António ambiente e a possibilidade de as gerações futuras satisfa-
Víctor Francisco de Almeida. zerem também as suas necessidades.
10. Desertificação: — é um processo de degradação do
Publique-se.
solo, natural ou provocado pela remoção da cobertura vege-
Promulgado, aos 27 de Maio de 1998. tal ou utilização predatória que, devido a condições
climáticas, acaba por transformá-lo num deserto.
O Presidente da República, JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS.
11. Ecossistema: — é um complexo dinâmico de comu-
nidades vegetais, animais e micro-organismos e o seu ambi-
ente não vivo, que interage como uma unidade funcional.
Anexo à Lei de Bases do Ambiente 12. Erosão: — é o desprendimento da superfície do solo
Para efeitos de interpretação da presente Lei de Bases do pela acção natural dos ventos ou das águas, que muitas
Ambiente, são adoptadas as seguintes definições, para as vezes é intensificado por práticas humanas de retirada de
palavras e conceitos utilizados no seu articulado: vegetação.
13. Estudo de Impacto Ambiental: — é a componente do
1. Actividade: — é qualquer acção de iniciativa pública
processo de avaliação de impacto ambiental que analisa
ou privada, relacionada com a utilização ou a exploração de
técnica e cientificamente as consequências da implantação
componentes ambientais, a aplicação de tecnologias ou
de actividades de desenvolvimento sobre o ambiente.
processos produtivos, planos, programas, actos legislativos
ou regulamentares, que afectam ou podem afectar o ambi- 14. Gestão Ambiental: é o maneio e a utilização racional
ente. e sustentável dos componentes ambientais, incluindo o seu
2. Ambiente: — é o conjunto dos sistemas físicos, recurso, reciclagem, protecção e conservação.
químicos, biológicos e suas relações e dos factores 15. Impacto Ambiental: — é qualquer mudança do
económicos, sociais e culturais com efeito directo ou indi- ambiente, para melhor ou para pior, especialmente com
recto, mediato ou imediato, sobre os seres vivos e a quali- efeitos no ar, na terra, na água, na biodiversidade e na saúde
dade de vida dos seres humanos. das pessoas, resultante de actividades humanas.
I SÉRIE — N.º 27 — DE 19 DE JUNHO DE 1998 363
17. Ordenamento do Território: é o processo integrado Considerando a difícil situação que o País vive, em con-
da organização do espaço biofísico, tendo como objectivo o sequência das vicissitudes da guerra e da não conclusão das
uso e transformação do território de acordo com as suas tarefas estabelecidas pelo Protocolo de Lusaka;
capacidades, vocações, permanência dos valores de equi- Considerando que tal situação tem incidências gravosas
líbrio biológico e de estabilidade geológica, numa perspec- em todos os aspectos da vida da Nação e das suas insti-
tiva de manutenção e aumento da sua capacidade de suporte tuições;
à vida. Constatando que um dos sectores mais afectados por
essa situação, sendo consequência directa da mesma, é o
18. Padrões de Qualidade Ambiental: — são os níveis sector prisional que carece de infra-estruturas adequadas,
admissíveis de concentração de poluentes prescritos por lei particularmente no âmbito da higiene, da protecção à saúde,
para os componentes ambientais com vista a adequá-los a à alimentação e à recuperação humana;
determinado fim. Constatando a falta de celeridade e cumprimento dos
prazos dos processos judiciais, nomeadamente o excesso
19. Património Genético: — inclui qualquer material de de prisão preventiva e a acumulação do tempo de detenção
origem vegetal, animal, de micro-organismos ou de outra dos arguidos, para além do previsto para as penas
origem, que possuam unidades funcionais de heredi- aplicáveis;
tariedade de valor actual ou potencial. Constatando a existência de dificuldades na adminis-
tração da justiça, devido à razões estruturais e organizati-
20. Política Ambiental: — é a articulação de ideias e ati- vas;
tudes dos cidadãos, que determinam um rumo na vida da Nestes termos, ao abrigo da alínea b) do artigo 89.º e do
sociedade humana com vista ao aumento da qualidade de n.º 6 do artigo 92.º, ambos da Lei Constitucional, a
vida, sem pôr em risco os ciclos biogeoquímicos indispen- Assembleia Nacional emite a seguinte resolução:
sáveis a manutenção da biodiversidade, onde se inclui a
sobrevivência do ser humano. 1.º — Recomendar a estrita aplicação dos prazos
21. Poluição: — é a deposição no ambiente de substân- previstos na Lei da Prisão Preventiva
cias ou resíduos, independentemente da sua forma, bem (Lei n.º 18-A/92, de 17 de Julho).
como a emissão de luz, som e outras formas de energia, de 2.º — Recomendar que o Estado tome as medidas ne-
tal modo e em quantidade tal que o afecta negativamente. cessárias, tendentes a dignificar e melhorar as
condições de aplicação da justiça e particular-
22. Programa Nacional de Gestão Ambiental: — é o mente do funcionamento do sistema prisional.
conjunto de medidas legislativas e executivas do aparelho 3.º — Recomendar ao Governo que, no âmbito da com-
de Estado que conduzem a vida nacional para uma Polí- petência que lhe é conferida pelo n.º 2 do arti-
tica Ambiental de acordo com os p rincípio s d o go 111.º da Lei Constitucional, acelere o estu-
Desenvolvimento Sustentável. do dos mecanismos e das acções tendentes à
23. Qualidade do Ambiente: — é o equilíbrio e a reestruturação da administração da justiça,
sanidade do ambiente, incluindo a adequabilidade dos seus nomeadamente nas suas componentes da In-
componentes às necessidades do homem e de outros seres vestigação Criminal e da Instrução Processual,
vivos. clarificando definitivamente o seu enquadra-
mento orgânico.
24. Qualidade de Vida: — é o resultado da interacção de
múltiplos factores no funcionamento das sociedades Vista e aprovada pela Assembleia Nacional, em Luanda,
humanas que se traduz no bem-estar físico, mental e social aos 6 de Maio de 1998.
e na afirmação cultural do indivíduo.
25. Resíduos ou Lixos Perigosos: — são substâncias ou Publique-se.
objectos que se eliminam, que se tem a intenção de elimi-
nar, ou que se é obrigado por lei a eliminar e que contêm O Presidente da Assembleia Nacional, Roberto António
características de risco por serem inflamáveis, explosivas, Víctor Francisco de Almeida.
corrosivas, tóxicas, infecciosas ou radioactivas, ou por apre-
sentarem qualquer outra característica que constitua perigo
para a vida ou saúde das pessoas e para a qualidade do
Resolução n.º 6/98
ambiente.
de 19 de Junho
O Presidente da Assembleia Nacional, Roberto António Considerando que os recentes acontecimentos que tive-
Víctor Francisco de Almeida. ram lugar na República da Indonésia e a consequente renún-
cia do então Presidente Suharto, abrem as portas para uma
O Presidente da República, JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS. maior democratização da Indonésia;
364 DIÁRIO DA REPÚBLICA
Considerando que existe uma relação intrínseca entre Art. 3.º — É objecto de alienação o seguinte património:
esses eventos e a situação de Timor Leste, território ocupa-
do há longa data pela Indonésia; a) os bens e activos confiscados através do Decreto
Nestes termos, ao abrigo das disposições combinadas da n.º 72/78, de 13 de Abril;
alínea b) do artigo 88.º, e do n.º 6 do artigo 92.º, ambos da b) os bens activos, imóveis e móveis constantes do
Lei Constitucional, a Assembleia Nacional emite a seguinte inventário da empresa.
resolução:
Art. 4.º — O preço de adjudicação será determinado
1.º — Apelar ao Secretário Geral das Nações Unidas e com base na avaliação patrimonial a efectuar de acordo com
ao Governo Português no sentido de realizarem os critérios e metodologia previstos na legislação em vigor
junto das novas autoridades da Indonésia, ini- sobre a matéria.
ciativas visando a aplicação das pertinentes Art. 5.º — Deverá a Conservatória competente proceder
resoluções adoptadas sobre o território de ao registo do património à favor do adjudicatário, conforme
Timor Leste. auto de adjudicação homologado pelos Ministros das Finan-
2.º — Exortar as novas autoridades da Indonésia a toma- ças e da Indústria.
rem em consideração as resoluções das Nações Art. 6.º — Este decreto executivo conjunto entra em
Unidas sobre Timor Leste e a respeitarem o vigor na data da sua publicação.
legítimo direito do Povo daquele território à
auto-determinação. Publique-se.
3.º — Exortar igualmente as novas autoridades da Indo-
nésia a libertarem imediata e incondicional- Luanda, aos 29 de Maio de 1998.
mente Xanana Gusmão e todos os outros presos
políticos timorenses. O Ministro das Finanças, Mário de Alcântara Monteiro.
4.º — Encarregar o Presidente da Assembleia Nacional O Ministro da Indústria, Manuel Diamantino Borges
de transmitir a presente resolução ao Presidente Duque.
B. J. Habibie e ao Presidente do Parlamento da
Indonésia, ao Representante de Timor Leste em
Angola, ao Governo Português e ao Secretário Decreto executivo conjunto n.º 30/98
Geral das Nações Unidas.
de 19 de Junho
Vista e aprovada pela Assembleia Nacional, em Luanda, No quadro do relançamento da actividade industrial e
aos 26 de Maio de 1998. melhoria da eficiência e competitividade das empresas, um
dos instrumentos previstos a aplicar é o das privatizações.
Publique-se. Considerando estarem criadas as condições para a pri-
vatização da participação minoritária do Estado na Fábrica
O Presidente da Assembleia Nacional, Roberto António de Tintas DYRUP de Angola, Limitada.
Víctor Francisco de Almeida. Assim, ao abrigo das disposições combinadas do arti-
go 12.º, da Lei n.º 10/94, de 31 de Agosto e do n.º 3 do arti-
go 114.º, da Lei Constitucional, determina-se:
Artigo 1.º — É aprovada a privatização total da parti-
cipação do Estado detida pela empresa estatal DECO-
MINISTÉRIOS DAS FINANÇAS RANG-U.E.E., na Fábrica de Tintas DYRUP de Angola,
Limitada.
Art. 2.º — O figurino de privatização da participação do
E DA INDÚSTRIA
Decreto executivo conjunto n.º 29/98 Estado que totaliza 46% será o seguinte:
de 19 de Junho a) 26% por ajuste directo à Golfrate, Limitada, actual
No âmbito do Programa de Privatizações e tendo em sócia maioritária da Fábrica de Tintas DYRUP de
vista a reabilitação e relançamento da ex-Empresa Indus- Angola;
trial de Produtos Alimentares-EMPAL, Limitada, empresa b) 20% por ajuste directo a Tintangol, Limitada, empre-
confiscada ao abrigo do Decreto n.º 72/78, de 13 de Abril. sa constituída pelos trabalhadores da Fábrica de
Assim, ao abrigo das disposições combinadas do Tintas DYRUP de Angola.
artigo 12.º, da Lei n.º 10/94, de 31 de Agosto e do n.º 3
do artigo 114.º, da Lei Constitucional, determina-se: Art. 3.º — O preço de adjudicação será determinado
com base na avaliação patrimonial a efectuar nos termos da
Artigo 1.º — É aprovada a privatização total da ex- metodologia e critérios previstos na legislação em vigor.
-Empresa Industrial de Produtos Alimentares-EMPAL, Art. 4.º — Deverá a Conservatória competente proceder
Limitada, sedeada no Lobito. ao registo do património a favor dos adjudicatários, con-
Art. 2.º — A privatização deverá ser efectuada na tota- forme autos de adjudicação homologados pelos Ministros
lidade e por concurso público. das Finanças e da Indústria.
I SÉRIE — N.º 27 — DE 19 DE JUNHO DE 1998 365
Art. 5.º — Este decreto executivo conjunto entra em Art. 6.º — Este decreto executivo conjunto entra em
vigor na data da sua publicação. vigor na data da sua publicação.
Publique-se. Publique-se.
Luanda, aos 22 de Maio de 1998.
Luanda, aos 29 de Maio de 1998.
O Ministro das Finanças, Mário de Alcântara Monteiro.
O Ministro das Finanças, Mário de Alcântara Monteiro. O Ministro da Indústria, Manuel Diamantino Borges
Duque.
O Ministro da Indústria, Manuel Diamantino Borges
Duque.
Decreto executivo conjunto n.º 32/98
de 19 de Junho
Decreto executivo conjunto n.º 31/98
Considerando que o Instituto Angolano da Propriedade
de 19 de Junho
Industrial (IAPI) criado através do Decreto n.º 30/96,
de 25 de Outubro, deverá sobreviver fundamentalmente
Considerando a necessidade da existência na República
com receitas próprias;
de Angola de um sector metalúrgico e metalomecânico
Considerando que as dotações atribuídas pelo Orça-
forte, capaz de apoiar o desenvolvimento e a recuperação de
mento Geral do Estado são insuficientes para a prosse-
áreas-chave da economia angolana, nomeadamente energia
cussão do objecto para o qual foi criado e que nesta fase de
eléctrica, petróleos e indústria.
arranque do Instituto são necessários maiores recur-
Tendo em conta as possibilidades de recuperação das
sos financeiros;
instalações da ex-Sometal Industrial/Cazenga, com recurso
Nos termos das disposições combinadas do artigo 1.º do
à iniciativa privada.
Decreto-Lei n.º 2/96 e do n.º 3 do artigo 114.º, da Lei
No âmbito do Programa de Privatizações e ao abrigo das
Constitucional, determina-se:
disposições combinadas do artigo 2.º da Lei n.º 10/94,
de 31 de Agosto e do n.º 3 do artigo 114.º da Lei Artigo 1.º — 75% das receitas resultantes da cobrança
Constitucional, determina-se: das taxas cobradas passam a constituir dotação do Orça-
mento Geral do Estado para o Instituto Angolano da
Artigo 1.º — É aprovada a privatização dos bens acti-
Propriedade Industrial.
vos, móveis e imóveis correspondentes à participação
Art. 2.º — É revogado o Decreto executivo conjunto
equivalente a 47,5% que o Estado Angolano através da ex-
n.º 19/97, de 9 de Maio.
-EMIM-U.E.E., extinta ao abrigo do Decreto executivo
Art. 3.º —
conjunto n.º 26/94, de 7 de Setembro, detém na Sociedade
As dúvidas e omissões resultantes da interpretação e exe-
Industrial Metalúrgica-SOMETAL, Limitada.
cução do presente diploma serão resolvidas por despacho
Art. 2.º — Os referidos activos serão privatizados por
conjunto dos Ministros das Finanças e da Indústria.
ajuste directo, a favor da SMM, Angola-Sociedade de Meta-
Art. 4.º — O presente decreto executivo conjunto entra
lomecânica e Montagens, SARL, empresa constituída pela
em vigor na data da sua publicação.
SMM — Sociedade de Montagens Metalomecânica, SA,
empresa do grupo ABB Portugal com 75% do capital e a Publique-se.
Sociedade Angolana Renascença, Limitada, com 25%.
Art. 3.º — São objecto de alienação o seguinte patri- Luanda, aos 29 de Maio de 1998.
mónio:
O Ministro das Finanças, Mário de Alcântara Monteiro.
a) imóvel sito na 5.ª Avenida, Município do Cazenga,
Luanda, descrito na Conservatória de Registo Pre- O Ministro da Indústria, Manuel Diamantino Borges
Duque.
dial sob o n.º 10559, a folhas 82, verso, do Li-
vro G-11;
b) os outros bens móveis e imóveis constantes do inven-
tário da empresa.
ao registo do património a favor dos adjudicatários, con- Tendo-se verificado a ausência injustificada do proprie-
forme autos de adjudicação homologados pelos Ministros tário por período superior a 45 dias durante a vigência da
das Finanças e da Indústria. Lei n.º 43/76;
366 DIÁRIO DA REPÚBLICA
Atendendo a que com a subsunção do referido facto na 2. O Instituto de Investigação Pesqueira com base nos
previsão da aludida lei foram automaticamente desen- conhecimentos obtidos pela investigação, deverá perio-
cadeadas as consequências jurídicas pertinentes; dicamente apresentar as recomendações técnico científicas
Nestes termos, os Ministros da Justiça e das Obras
apropriadas.
Públicas e Urbanismo, ao abrigo do n.º 3, do artigo 114.º da
Lei Constitucional e do n.º 1 do Despacho n.º 3/98, de 23 de ARTIGO 3.º
Fevereiro, do Primeiro Ministro, determinam: (Objectivo da gestão e ordenamento dos recursos)
b) auscultará os organismos ligados à Administração e 2. Após o prazo previsto no articulado referido no núme-
as Associações de profissionais de pescas. ro anterior, a habilitação da quota(s) pelos interessados não
pode exceder o dia 30 de Novembro de cada ano.
2. Os planos poderão ser revistos por despacho da 3. A fixação das quotas de pesca será feita para as
Ministra das Pescas, consoante a evolução dos factores polí- embarcações de pesca industrial, semi-industrial e artesa-
ticos, económicos e sociais. nal.
4. A utilização da quota não deve exceder os três meses
ARTIGO 6.º subsequentes à data da sua atribuição.
(Apreciação do plano de gestão e ordenamento)
d) a participação efectiva de cidadãos angolanos na tri- mento Estrangeiro, previamente aprovados pelos órgãos
pulação e gestão da embarcação e/ou do capital competentes do Estado.
social da empresa; 2. Nos projectos de investimentos nacionais, as quotas e
c) o registo de propriedade do navio na Conservatória a especificação das características das embarcações, são
respectiva. requeridos ao Ministério das Pescas devidamente funda-
ARTIGO 11.º
mentados.
(Quota adicional) 3. Os projectos de investimento estrangeiro são consi-
derados e inseridos na legislação em vigor aplicável.
Sempre que houver disponibilidade de Captura Total
Admissível (TAC) e excepcionalmente, a embarcação que 4. A atribuição da quota de pesca carece de prévia decla-
esgote a quota estabelecida poderá, por requerimento, soli- ração de disponibilidade da quota de pesca.
citar ao Ministro das Pescas a fixação de nova quota desde 5. A declaração de disponibilidade da quota de pesca, é
que a Captura Total Admissível (TAC) não esteja totalmen- feita após a sua fixação.
te preenchido e desde que estejam ligados a investimentos 6. A atribuição da quota de pesca não dispensa o pedido
para as áreas de transformação em terra. de concessão anual da licença de pesca nos termos da Lei
n.º 20/92.
ARTIGO 12.º
ARTIGO 14.º
(Reclamação)
(Entrada em vigor)
Da decisão de fixação de novas quotas de pescas cabe
reclamação ao Ministro das Pescas, nos termos gerais. O presente decreto executivo entra em vigor a data da
sua publicação.
ARTIGO 13.º
Publique-se.
(Projectos de pescas nacionais e estrangeiras)
1. Nos termos referidos nos artigos anteriores o Ministro Luanda, aos 3 de Junho de 1998.
das Pescas poderá atribuir quotas até 10 anos, a projectos de
investimentos nacionais ou no quadro da lei de Investi- A Ministra, Maria de Fátima Jardim.