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Agricultura Orgânica: Luiz Antônio

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2014.

AGRICULTURA ORGÂNICA

LUIZ ANTÔNIO
Conceitos e fundamentos da agricultura orgânica
AGRICULTURA ORGÂNICA

Conceitos

"A agricultura orgânica é um sistema de produção que evita ou exclui amplamente o uso de
fertilizantes, agrotóxicos, reguladores de crescimento e aditivos para a produção vegetal e
alimentação animal, elaborados sinteticamente. Tanto quanto possível, os sistemas agrícolas
orgânicos dependem de rotação de culturas, de restos de culturas, estercos animais, de
leguminosas, de adubos verdes e de resíduos orgânicos de fora das fazendas, bem como de
cultivo mecânico, rochas e minerais e aspectos de controle biológico de pragas e patógenos,
para manter a produtividade e a estrutura do solo, fornecer nutrientes paras as plantas e
controlar insetos, ervas invasoras e outras pragas" (Erlers, 1999).

"Considera-se sistema orgânico de produção agropecuária e industrial, todo aquele em que


otimizem o uso de recursos naturais e socioeconômicos, respeitando a integridade cultural e
tendo por objetivo a auto-sustentação no tempo e no espaço, a maximização dos benefícios
sociais, a minimização da dependência de energias não renováveis e a eliminação do emprego
de agrotóxicos e outros insumos artificiais tóxicos, organismos geneticamente modificados
(OGM/Transgênicos), ou radiações ionizantes em qualquer fase do processo de produção,
armazenamento e de consumo, e entre os mesmos, privilegiando a preservação da saúde
ambiental e humana, assegurando a transparência em todos os estágios da produção da
transformação" (MA, 1999).

Referências Bibliográficas

EHLERS, E. Agricultura sustentável: origens e perspectivas de um novo paradigma. / Eduardo


Ehlers. – 2ª ed. – Guaíba: Agropecuária, 1999. 157p.

MINISTÉRIO DE ESTADO DA AGRICULTURA E DO ABASTECIMENTO. Portaria n° 505, de


22 de março de 1999.

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BASES E PRINCÍPIOS DE SISTEMAS
ORGÂNICOS DE PRODUÇÃO

Equilíbrio Ecológico

Na natureza existe uma forte inter-relação biológica entre macro e microrganismos, a qual é
responsável pelo equilíbrio do sistema.

Nos sistemas orgânicos de produção, o equilíbrio ecológico que ocorre entre os micro e macro
organismos é de fundamental importância para manter as populações de pragas e de agentes
causadores de doenças em níveis que não causem danos econômicos às culturas comerciais.

Teoria da Trofobiose

Segundo a Teoria da Trofobiose todo ser vivo só sobrevive se houver alimento adequado e
disponível para ele. A planta, ou parte dela, só será atacada por um inseto, ácaro, nematóide
ou microrganismos (fungos e bactérias), quando tiver na sua seiva, o alimento que eles
precisam, principalmente aminoácidos. O tratamento inadequado de uma planta,
especialmente com substâncias de alta solubilidade, conduz a uma elevação excessiva de
aminoácidos livres. Portanto, um vegetal saudável, equilibrado, dificilmente será atacado por
pragas e doenças.

Diversificação

Sistemas de produção diversificados são mais estáveis porque dificultam a multiplicação


excessiva de determinada praga e agentes causadores de doenças e permite que haja um
melhor equilíbrio ecológico no sistema de produção, por meio da multiplicação de inimigos
naturais e outros organismos benéficos.

Reciclagem de matéria orgânica

Em sistemas orgânicos, a utilização do método de reciclagem de estercos animais e de


biomassa vegetal permitem a independência do agricultor quanto à necessidade de
incorporação de insumos externos ao seu sistema produtivo, minimizando custos, além de
permitir o usufruto dos benefícios da matéria orgânica em todos os níveis.

Abaixo citamos alguns dos efeitos benéficos da matéria orgânica nas propriedades dos solos,
em consequência, o bom desenvolvimento das plantas nesses solos:

 Aumento da capacidade do solo em armazenar água, diminuindo os efeitos das secas;


 Aumento da capacidade do solo em armazenar nutrientes (CTC) necessários ao
desenvolvimento das plantas;
 Fonte de nutrientes para as plantas;
 Aumento da população de minhocas, besouros, fungos e bactérias benéficos e vários
outros organismos úteis;
 Aumento da população de organismos úteis que vivem associados às raízes das
plantas, como as bactérias fixadoras de nitrogênio e as Micorrizas, que são fungos
capazes de aumentar a absorção de minerais do solo.

É crescente a preocupação da sociedade com a saúde, a qualidade de vida e


do meio ambiente, levando os consumidores a valorizarem a adoção de
métodos de produção agrícolas que garantam a qualidade dos produtos e que
sejam menos agressivos ao meio ambiente e socialmente justos com os

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trabalhadores rurais. É neste contexto que a agricultura orgânica surge como
alternativa para produção agrícola mais sustentável, ambientalmente
equilibrada e socialmente justa.

A demanda por produtos orgânicos aumenta no mundo todo e gera


oportunidades de mercado em diversas regiões do mundo. Cria oportunidades,
principalmente para pequenos e médios produtores, incluindo comunidades de
agricultores familiares e vários outros componentes da cadeia produtiva, o que
pode auxiliar o desenvolvimento de áreas rurais próximas aos grandes centros
urbanos e a corredores de exportação (Neves et al. 2004a).

Agricultura orgânica é o sistema de manejo sustentável da unidade de produção com


enfoque sistêmico que privilegia a preservação ambiental, aagrobiodiversidade,
os ciclos biogeoquímicos e a qualidade de vida humana.

A agricultura orgânica aplica os conhecimentos da ecologia no manejo da unidade de


produção, baseada numa visão holística da unidade de produção. Isto significa que o
todo é mais do que os diferentes elementos que o compõem. Na agricultura orgânica,
a unidade de produção é tratada como um organismo integrado com a flora e a
fauna.

Portanto, é muito mais do que uma troca de insumos químicos por insumos
orgânicos/biológicos/ecológicos. Assim o manejo orgânico privilegia o uso eficiente
dos recursos naturais não renováveis, aliado ao melhor aproveitamento dos recursos
naturais renováveis e dos processos biológicos, à manutenção dabiodiversidade, à
preservação ambiental, ao desenvolvimento econômico, bem como, à qualidade de
vida humana.

A agricultura orgânica fundamenta-se em princípios agroecológicos e de conservação


de recursos naturais. O primeiro e principal deles, é o do RESPEITO À NATUREZA.
O agricultor deve ter em mente que a dependência de recursos não renováveis e as
próprias limitações da natureza devem ser reconhecidas, sendo a ciclagem de
resíduos orgânicos de grande importância no processo. O segundo princípio é o da
DIVERSIFICAÇÃO DE CULTURAS que propicia uma maior abundância e
diversidade de inimigos naturais. Estes tendem a ser polífagos e se beneficiam da
existência de maior número de hospedeiros e presas alternativas em ambientes
heterogêneos (Risch et al, 1983; Liebman, 1996). A diversificação espacial, por sua
vez, permite estabelecer barreiras físicas que dificultam a migração de insetos e
alteram seus mecanismos de orientação, como no caso de espécies vegetais
aromáticas e de porte elevado (Venegas, 1996). A biodiversidade é, por conseguinte,
um elemento-chave da tão desejadasustentabilidade. Outro princípio básico muito
importante da agricultura orgânica é o de que o SOLO É UM ORGANISMO VIVO.
Desse modo o manejo do solo privilegia práticas que garantam um fornecimento
constante de matéria orgânica, através do uso de adubos verdes, cobertura morta e
aplicação de composto orgânico que são práticas indispensáveis para estimular os
componentes vivos e favorecer os processos biológicos fundamentais para a
construção da fertilidade do solo no sentido mais amplo. O quarto e último princípio é
o da INDEPENDÊNCIA DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO em relação a insumos
agroindustriais adquiridos altamente dependentes de energia fóssil que oneram os

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custos e comprometem a sustentabilidade.

Na agricultura orgânica os processos biológicos substituem os insumos tecnológicos.


Por exemplo, as práticas monoculturais apoiadas no uso intensivo de fertilizantes
sintéticos e de agrotóxicos da agricultura convencional são substituídas na agricultura
orgânica pela rotação de culturas, diversificação, uso de bordaduras, consórcios,
entre outras práticas. A baixa diversidade dos sistemas agrícolas convencionais os
torna biologicamente instáveis, sendo o que fundamenta ecologicamente o
surgimento de pragas e agentes de doenças, em nível de danos econômicos (USDA,
1984; Montecinos, 1996; Pérez & Pozo, 1996). O controle de pragas e agentes de
doenças e mesmo das plantas invasoras (na agricultura orgânica essas espécies são
consideradas plantas espontâneas) é fundamentalmente preventivo.

Figura 1 Café arábica cultivado organicamente associado à bananeiras, na Estação


Experimental da Embrapa Gado de Leite, Fazenda Santa Mônica, município de
Valença, RJ.

Histórico e importância da agricultura orgânica.


Revisão do conceito de agricultura orgânica: conservação do e seu efeito sobre
a água. 69
Biológico, São Paulo, v.65, n.1/2, p.69-73, jan./dez., 2003
PALESTRA
REVISÃO DO CONCEITO DE AGRICULTURA ORGÂNICA:
CONSERVAÇÃO DO SOLO E SEU EFEITO SOBRE A ÁGUA
Ana Primavesi
Sindicato Rural de Itaí (SINDAI)
A "Revolução Verde" foi lançada para poder utilizar as tecnologias
desenvolvidas durante a 2o Guerra Mundial, abrindo a agricultura para a
indústria. Com isso iniciou-se o desmatamento e a exploração dos solos no
mundo inteiro. Já em 1970 preocupava-se com a compactação excessiva dos
solos, a erosão, as enchentes, as tempestades de poeira e as secas que
apareceram com estas tecnologias. A água começou a diminuir e os rios a
secar. Nos trópicos, com ecossistemas completamente diferentes dos de clima
temperado, esta tecnologia não aumentou as colheitas como esperado, mas
levou à decadência total dos solos especialmente pela lavração profunda, a

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neutralização do alumínio por calagens elevadas, o desequilíbrio entre os
nutrientes, causado pela adubação com NPK e uso de pesticidas, e a
exposição dos solos a chuvas e sol. Como resultado aparecem cada vez mais
pragas e doenças que atacando as culturas foram combatidas por substâncias
tóxicas desenvolvidas durante a guerra para a guerra como os fosforados,
desenvolvidos como neurotóxicos e os clorados, como inseticidas. (CARSON,
1956) As monoculturas, introduzidas para permitir a mecanização em grande
escala, os herbicidas e as queimadas acabaram rapidamente com as reservas
do solo em matéria orgânica que se substituiu por adubos químicos e, a mão
de obra foi substituída por máquinas, iniciando a migração de bilhões de
pessoas para as cidades e as favelas. Perdeu-se o contato com o solo e a
natureza embora sejam a base de qualquer vida.
REVOLUÇÃO VERDE E A AGRICULTURA CONVENCIONAL
A "Revolução Verde" foi inspirada pelo Prof. Borlaug, famoso pela criação de
milho e trigo anão que reuniu biotecnologia com a adubação química. Não usou
variedades adaptadas ao solo e clima, mas fez os solos produzir com ajuda de
adubos, defensivos e irrigação. Em 1961 o presidente Kennedy lançou a
"Revolução Verde" sob o lema "Alimentos para a Paz" abrindo a agricultura,
pela primeira vez na história, para produtos químicos industriais. A tecnologia
em uso foi desenvolvida para os solos de clima temperado, mesmo assim foi
diretamente transferida para os trópicos, sem consideração ao ecossistema
completamente diferente. Como se tratava de um convênio entre Agricultura e
Indústria, a agricultura mecânica química ficou conhecida como
"Convencional". A agricultura que antes pagava a industrialização ficou cara
demais e trabalhou no vermelho. A indústria teve ganhos altos e pagou
impostos elevados. Parte dos impostos os governos dirigiram à agricultura.
Atualmente tanto os EUA como a EU empregam ao redor de 90 bilhões de
dólares como subvenções para sua agricultura. Solos de clima temperado
Solos de clima tropical rasos profundos neutros (pH 7,0) ácidos (pH 5,6) ricos (
CTC 500- 2200) pobres (CTC 10 a 150) frios (ótimo 12 oC) quentes (ótimo 25
oC) pouca microvida (1,5 .106) muita microvida (20.106) produzem pela
riqueza produzem pela em nutrientes vida diversificada. Porém já em 1970 a
decadência dos solos pelo uso de máquinas pesadas, aração profunda, adubos
químicos (KLINKENBORG, 1993), herbicidas, monoculturase a conseqüente
falta de matéria orgânica (REICOVSKY,1996) levou a uma compactação
preocupante dos solos (BARNES, 1971), causando erosão, enchentes e em
seguida uma seca. Cada vez mais prolongada (PRIMAVESI, 1980, MARELLI,
1996). Começou a desertificação que RODRIGUES (2000) define como "a
degradação de terra em zonas áridas, semi-áridas e subúmidas secas
resultante de vários fatores, incluindo as variações climáticas e as atividades
humanas" 55% do NE (FERREIRA, 1994) e 27,6% dos continentes são
desertos ou em desertificação (UNEP, 1991). A poluição da água está
aumentando, em parte pela erosão levando substâncias químicas dos campos
para os rios, em parte pela evaporação de defensivos durante sua aplicação,
que pode ascender até 60 % do total (OMETTO, 1981) e que chegam através
das chuvas até os oceanos, pólos e matas virgem
AGRICULTURA ORGÂNICA
Atualmente a agricultura orgânica é orientada pelas Normas de IFOAM com o
objetivo de proteger o consumidor sem pretender orientar o agricultor. Ela

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continua com o enfoque temático-analítico da agricultura convencional,
continua combatendo sintomas, embora com meios menos tóxicos, não se
preocupa muito com o solo, tomando sua melhora como dado pela aplicação
de composto do qual acredita ser NPK em forma orgânica e não se preocupa
pela profundidade de sua aplicação, nem das variedades importadas a
hibridadas.

Potencialidades da produção orgânica.


Expansão da agricultura orgânica no mundo e potencial de crescimento
da produção orgânica no estado de Santa Catarina

Ana Carla Oltramari

A agricultura orgânica está constituindo, cada vez mais, uma parte importante
do setor agrícola. Suas vantagens ambientais, econômicas e sociais têm
atraído a atenção de diferentes organismos governamentais e não-
governamentais.

Segundo a FAO/OMS (1999), a agricultura orgânica é um sistema holístico de


gestão da produção que fomenta e melhora a qualidade do agroecossistema
(em particular, a biodiversidade), dos ciclos biológicos e da atividade biológica
do solo. Os sistemas de produção orgânica se baseiam em normas de
produção específicas e precisas cuja finalidade é lograr agroecossistemas, que
sejam sustentáveis do ponto de vista social, ecológico, técnico e econômico.

De acordo com SÖL1 – Survey (2001) -, cerca de 15,8 milhões de hectares são
manejados organicamente no mundo. Atualmente, a maior parte dessa área
está localizada na Austrália (7,6 milhões de hectares), Argentina (3 milhões de
hectares) e Itália (@ 1 milhão de hectares).

Na Oceania, encontra-se aproximadamente 50% da área orgânica do mundo,


seguida pela Europa (23,6%) e a América Latina (20%) (Gráfico 1).

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As porcentagens, entretanto são maiores na União Européia (EU), e,
particularmente, nos países em ascensão (Bulgária, Estônia, Letônia, Lituânia,
Malta, Polônia, Romênia, Eslovénia, Eslováquia, República Tcheca, Hungria e
Chipre), nos países pertencentes à Comissão Econômica de Mercado Livre
Europeu - Efta – (Islândia, Liechtenstein, Noruega e Suíça), bem como a
Bósnia-Herzegowina, a Croácia e a Iugoslávia. Este conjunto europeu de
países possui mais de 3,7 milhões de hectares sob manejo orgânico, o que
corresponde a aproximadamente 2% do total de terra utilizado para agricultura.
Em todos eles a agricultura orgânica está em expansão SÖL – Survey (2001) -
, a qual está associada, em grande parte, ao aumento de custos da agricultura
convencional, à degradação do meio ambiente e à crescente exigência dos
consumidores por produtos isentos de agrotóxicos.

O crescimento da área orgânica certificada nos anos de 1993 a 1998, em


diversos países da Europa, pode ser observado no gráfico 2.

Na América do Norte, mais de 1 milhão de hectares são mantidos


organicamente. Somente os Estados Unidos possuem uma área de 900.000
hectares, seguidos pelo Canadá (188.195 hectares) e México (85.676 hectares)
(Tabela 1). Segundo Harding (2000), em 1995 os Estados Unidos possuíam
uma área de 370.000 hectares, a qual cresceu 2,43 vezes até o ano de 2000.
TABELA 1 – NÚMERO DE FAZENDAS ORGÂNICAS, ÁREA SOB MANEJO
DE PRODUÇÃO ORGÂNICA E % DA ÁREA AGRÍCOLA DOS PRINCIPAIS
PAÍSES PRODUTORES

ÁREA DE
PRINCIPAIS NÚMERO DE % DA ÁREA
PRODUÇÃO
PAÍSES FAZENDAS AGRÍCOLA
ORGÂNICA
PRODUTORES ORGÂNICAS DO PAÍS
(ha)
Oceania
Austrália* 1.657 7.654.924 1,62
Nova Zelândia* 700 11.500 0,07
Europa
Áustria* 19.741 287.900 8,43
Alemanha** 10.400 452.279 2.64
Bélgica** 550 18.572 1,34

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Dinamarca** 3.099 146.685 5.46
Finlândia* 5.225 147.423 6,76
França** 8.149 316.000 1,12
Espanha** 11.773 352.164 1,37
Holanda* 1.391 27.820 1,39
Hungria** 451 34.500 0,56
Irlanda** 1.058 32.478 0,75
Itália** 49.018 958.687 6,46
Portugal** 750 47.974 1,26
Reino Unido** 3.000 380.000 2,40
República
473 110.756 3,15
Tcheca**
Suécia** 3.330 174.000 5,60
Suíça** 5.070 84.271 7,87
América do Norte
Canadá* 2.321 188.195 0,25
Estados
6.600 900.000 0,22
Unidos**
México* 27.282 85.676 0,08
América Latina
Argentina* 1.000 3.000.000 1,77
Brasil** 4.500 1 100.000 0,04
Chile* 200 2.700 0,02
Costa Rica* 3.676 9.607 0,4
Paraguai* - 19.218 0,08
Peru** 2.072 12.000 0,04
Uruguai** 150 1.300 0,01

FONTE: WILLER; YUSSEFI (2001).


Dados referentes a : * 2000 ** 1999 ***1998
1 Darolt (2000).

Em muitos países desenvolvidos, a agricultura orgânica foi estabelecida devido


às novas tendências na preferência dos consumidores, caracterizadas
principalmente pela preocupação com a preservação ambiental, a saúde e a
qualidade dos alimentos.

Os países da América Latina com maior percentagem de áreas orgânicas são a


Argentina, o Brasil e Costa Rica (Tabela 1).

Na América do Sul, a Argentina é o país com a maior área certificada; a


agricultura orgânica cresceu de 5.500 hectares em 1992, para 3 milhões de
hectares em 2000, o que representa um crescimento de 550 vezes, sendo a
maior parte destinada a pastagens (Gráfico 3).

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GRÁFICO 3 – DESENVOLVIMENTO DA AGRICULTURA ORGÂNICA NA
ARGENTINA

FONTE: WILLER & YUSSEFI (2001).

Atualmente, o Brasil possui 100.000 hectares sob manejo orgânico; somente o


Instituto Biodinâmico de Desenvolvimento - IBD - certifica 60.000 hectares,
pertencentes a aproximadamente 2.000 produtores. Estima-se que outras
2.500 unidades de produção tenham sido certificadas por entidades como a
Cooperativa Colméia do Rio Grande do Sul, Associação de Agricultura
Orgânica - AAO -; a Associação de Agricultura Natural de Campinas - ANC - e
a Fundação Mokiti Okada -MOA - do estado de São Paulo; a Associação de
Agricultores Biológicos - Abio - do Rio de Janeiro; a Assesoar e a Associação
de Agricultura Orgânica - Aopa - no Paraná, o que perfaz um montante de
aproximadamente 4.500 produtores certificados no Brasil na safra 99/00,
ocupando uma área aproximada de 40.000 hectares (Darlot, 2000).

O Brasil ocupa atualmente o 34º lugar no ranking dos países exportadores de


produtos orgânicos. Estimativas indicam que no País, nos últimos três anos, o
crescimento do mercado orgânico se encontra entre 25% e 50% ao ano.

Em muitos países esse mercado registra um crescimento superior a 20% ao


ano nos últimos nove anos, sendo uma grande parte do mercado constituída
por frutas e vegetais (Phillips et al., 2001) movimentando em torno de 20
bilhões de dólares no ano de 2000.

O mercado internacional de produtos orgânicos, segundo o estudo realizado


pelo International Trade Centre - ITC (1999) -, demonstrou que o comércio de
alimentos orgânicos se tem convertido em um dos melhores negócios no
mercado mundial de alimentos. A comercialização de produtos orgânicos
apresenta uma taxa de crescimento raramente encontrada no mercado de
alimentos.

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De acordo com o ITC (1999), há uma oportunidade crescente de mercado para
países em desenvolvimento que oferecem produtos orgânicos que não são
produzidos na Europa e na América do Norte, como, por exemplo: café, chá,
cacau, especiarias, vegetais, frutas tropicais e cítricas.

Potencial de expansão da área agrícola destinada à produção orgânica no


estado de Santa Catarina
O estado de Santa Catarina apresenta um grande percentual de agricultores
familiares. Embora se trate, muitas vezes, de famílias que praticam agricultura
orgânica , e nem sempre comercializam os produtos como tal. A agricultura
familiar, devido aos seus saberes e aos seus conhecimentos no que se refere a
grande diversificação da produção, processamento e exploração equilibrada
dos recursos naturais, apresenta grandes potencialidades para produção desse
tipo de alimentos. Nestes casos, esse tipo de agricultura exerce um importante
papel na diferenciação dos produtos da agricultura familiar e na agregação de
valor.

No estado, a produção orgânica foi introduzida e divulgada, primeiramente, por


organizações não-governamentais; mais recentemente, por órgãos
governamentais.

A Associação dos Agricultores Ecológicos das Encostas da Serra Geral


(Agreco), fundada em 1996 no município de Santa Rosa do Sul, congrega 11
municípios localizados nas encostas da Serra Geral, entre Alfredo Wagner e
Praia Grande. A associação tem hoje 27 agroindústrias filiadas, com 200
famílias de agricultores. É uma grande fornecedora produtos orgânicos, tais
como: frutas, legumes, mel, açúcar mascavo, gengibre, conservas, cachaça e
geléia. Os produtos são comercializados em grandes redes de supermercados,
como Carrefour, Záffari, Pão de Açúcar, Angeloni e pequenos mercados.

Em abril de 1999, foi lançada no Estado a Rede Ecovida de Agroecologia, que


congrega diversas organizações e profissionais ligados à agroecologia. Atua
em 31 municípios, com 60 grupos e associações, e tem um envolvimento direto
de 600 famílias (Rede Ecovida 2000).

A Rede Ecovida possui um sistema de certificação participativa, ou seja, a


responsabilidade de garantir qualidade do produto não é somente do técnico,
mas também do agricultor e do consumidor (Rede Ecovida, 2000). Outra
entidade catarinense que está certificando é a Fundação de Apoio ao
Desenvolvimento Rural Sustentável - Fundagro.

A Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina -


Epagri - possui linhas de trabalho na área de produção agroecológica, com
diferentes subprojetos de pesquisa e cursos profissionalizantes. Segundo
dados fornecidos pela Epagri (2001), estima-se que existam cerca de 40
associações de agricultores orgânicos, perfazendo um total de 1.000 famílias
rurais, além de inúmeros produtores e empreendimentos independentes em

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Sistemas de cultivo orgânico.
SISTEMA ORGÂNICO DE PRODUÇÃO DE ALIMENTOS

Introdução

A agricultura orgânica tem como princípios e práticas encorajar e realçar ciclos


biológicos dentro do sistema de agricultura para manter e aumentar a
fertilidade do solo, minimizar todas as formas de poluição, evitar o uso de
fertilizantes sintéticos e agrotóxicos, manter a diversidade genética do sistema
de produção, considerar o amplo impacto social e ecológico do sistema de
produção de alimentos, e produzir alimentos de boa qualidade em quantidade
suficiente.

A agricultura orgânica moderna surgiu na década de 60 quando produtores e


consumidores começaram a reconhecer que a utilização de insumos químicos
napro dução de alimentos poderia causar sérios problemas à saúde da
população e ao meio ambiente.

Desde 1990 a agricultura orgânica vem crescendo rapidamente, tanto em área


cultivada como em número de produtores e mercado consumidor. O
crescimento da agricultura orgânica se deve, principalmente, ao fato da
agricultura convencional basear-se na utilização intensiva de produtos químicos
e à maior consciência de parcela dos consumidores quanto aos efeitos
adversos que os resíduos de produtos químicos podem causar à saúde. No
entanto, o mercado de produtos orgânicos apresenta algumas dificuldades
como a baixa escala de produção e, ainda, a necessidade do pagamento da
certificação, fiscalização e assistência técnica que, diferentemente do sistema
convencional, representam custos adicionais aos produtores.14 Mesmo diante
de tais dificuldades, alguns estudos comparativos entre os sistemas orgânico e
convencional mostraram que o sistema orgânico pode ser vantajoso e
competitivo tanto do ponto de vista econômico quanto ambiental. É importante
ressaltar que existem poucos estudos disponíveis na literatura quanto ao
aspecto nutricional e sensorial de alimentos orgânicos, embora vários relatem a
superioridade desses alimentos. As agriculturas biodinâmica, biológica,
permacultura, ecológica, agroecológica, regenerativa, sustentável e natural
integram as correntes do movimento orgânico, e o ponto comum entre elas é o
objetivo de identificar um sistema de produção sustentável mediante o manejo
e a proteção dos recursos naturais, sem a utilização de produtos químicos
agressivos à saúde humana e ao meio ambiente, mantendo a diversidade
biológica e respeitando a integridade cultural dos agricultores, não obstante as
pequenas diferenças existentes.

1.1. Requisitos para a produção de alimentos orgânicos Para se tornar um


agricultor orgânico, é necessário que o candidato seja submetido a um rigoroso

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processo de investigação das condições ambientais do estabelecimento
agrícola e de potencialidade para a produção. São considerados aspectos
como o não uso de adubos químicos e agrotóxicos nos últimos dois anos, a
existência de barreiras vegetais quando há vizinhos que praticam a agricultura
convencional, a qualidade da água a ser utilizada na irrigação e na lavagem
dos produtos, as condições de trabalho e de vida dos trabalhadores, o
cumprimento da legislação sanitária e a inexistência de lixo espalhado pelo
estabelecimento.

O produtor deve respeitar as normas durante todas as etapas de produção,


desde a preparação do solo à embalagem do alimento, sempre preservando os
recursos naturais. O agricultor assina um contrato com uma certificadora que
prevê a fiscalização da sua produção, de modo a garantir a rastreabilidade e a
qualidade do produto a ser disponibilizado para o consumidor.

1.2. A certificação de produtos orgânicos As certificadoras devem possuir


diretrizes próprias devendo exercer controle apropriado sobre o uso de suas
licenças, certificados e marcas de certificação. As entidades certificadoras
podem emitir um certificado declarando que um produtor ou comerciante está
autorizado a usar a marca de certificação em produtos especificados. Essa
marca de certificação é um selo de certificação, símbolo ou logotipo que
identifica que um ou diversos produtos estão em conformidade com as normas
oficiais de produção orgânica. No Brasil usam-se “Selos de Qualidade” (selo de
certificação) juntamente à marca específica de cada produtor para indicar a
concordância com as diretrizes, que são atestadas por certificadoras
credenciadas junto ao Colegiado Nacional para a Produção Orgânica
(CNPOrg).

O selo de certificação de um alimento orgânico fornece ao consumidor a


garantia de um produto isento de contaminação química e resultante de uma
agricultura capaz de assegurar uma boa qualidade ao alimento, ao homem e
ao ambiente.

O CNPOrg, vinculado à Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da


Agricultura, Pecuária e Abastecimento, tem por finalidade básica o
assessoramento e acompanhamento da implementação das normas para
produção de produtos orgânicos vegetais e animais, avaliando e emitindo
parecer conclusivo sobre os processos de credenciamento de entidades
certificadoras, e fornecendo subsídios a atividades e projetos necessários ao
desenvolvimento do setor.

O credenciamento é o procedimento pelo qual o CNPOrg reconhece


formalmente que uma entidade certificadora está habilitada para realizar a
certificação de produtos orgânicos, de acordo com as normas de produção
orgânica e com os critérios de credenciamento em vigor. As certificadoras
devem possuir políticas e procedimentos regulamentados para as análises de
resíduos, testes genéticos e demais análises, além de um sistema de inspeção
que evite o uso de produtos geneticamente modificados. As análises devem ser
executadas por laboratórios credenciados por órgãos oficiais. As análises
laboratoriais podem ser necessárias para subsidiar alguns procedimentos de

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inspeção ou para o atendimento de declarações adicionais exigidas em
algumas certificações, embora não sejam o principal instrumento adotado nos
processos relativos à certificação orgânica.

1.3. Inspeção de produtos orgânicos

Para que um produtor possa usar o selo de certificação, deve se submeter a


inspeções periódicas. As certificadoras e seus inspetores devem ter acesso a
todas as instalações, inclusive aos registros contábeis e demais documentos
relativos às unidades certificadas. As visitas de inspeção devem ter um
planejamento prévio que deve incluir, entre outros, o levantamento de
inspeções anteriores, descrições das atividades, dos processos, mapas,
planos, especificações dos produtos, insumos utilizados, irregularidades
identificadas anteriormente, infrações, medidas disciplinares adotadas e
condições especiais estabelecidas para a certificação da unidade em análise.

O tempo decorrido entre o início do manejo orgânico de culturas ou criações


animais e sua certificação como processos orgânicos é chamado de período de
conversão. Ele é necessário para a descontaminação do solo dos resíduos de
agrotóxicos e não poderá ultrapassar cinco anos. Esse período deverá ser
suficiente para o estabelecimento de um sistema produtivo viável e sustentável,
econômico, ecológico e socialmente correto.

As inspeções são efetuadas durante o período de conversão e posteriormente,


pelo menos uma vez ao ano nas unidades já certificadas, nas fases de
produção, no produto embalado, nos depósitos e armazéns, nas
transportadoras e nos insumos, sendo que o intervalo entre as inspeções
programadas não poderá ter uma regularidade que as tornem previsíveis. Tais
inspeções também são feitas nas entidades subcontratadas, que são empresas
contratadas pelo produtor orgânico para realização do processamento,
produção da embalagem ou para o transporte. Agricultura convencional versus
agricultura orgânica.

Os alimentos produzidos de acordo com os princípios e práticas da agricultura


convencional, normalmente apresentam resíduos dos compostos químicos
utilizados, seja pela intensidade da aplicação, seja pelo não cumprimento dos
prazos de carência.

A produção de alimentos por sistema convencional pode acarretar resíduos de


agrotóxicos em níveis preocupantes para a saúde pública. Pesquisa realizada
pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) em parceria com a
Fundação Oswaldo Cruz – FIOCRUZ mostrou que 22,17% de frutas, verduras
e legumes, produzidos por meio do sistema convencional, e comercializados
em supermercados de quatro Estados (São Paulo, Paraná, Minas Gerais e
Pernambuco) apresentavam níveis de agrotóxicos acima do limite permitido
pela legislação, além de produtos não autorizados. Foram analisadas 1.278
amostras de alface, banana, batata, cenoura, laranja, maçã, mamão, morango
e tomate e cerca de 81,2% continham algum resíduo de agrotóxico.

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SISTEMA INTEGRADO DE PRODUÇÃO
Manejo integrado de pragas (MIP)

A definição de MIP adotada por um painel organizado pela FAO enuncia: "Manejo
Integrado de Pragas é o sistema de manejo de pragas que no contexto associa o
ambiente e a dinâmica populacional da espécie, utiliza todas as técnicas
apropriadas e métodos de forma tão compatível quanto possível e mantém a
população da praga em níveis abaixo daqueles capazes de causar dano econômico".

Os fundamentos, tanto do Controle Integrado como do Manejo Integrado de


Pragas, baseiam-se em quatro elementos: na exploração do controle natural, dos
níveis de tolerância das plantas aos danos causados pelas pragas, no
monitoramento das populações para tomadas de decisão e na biologia e ecologia da
cultura e de suas pragas. Estas premissas implicam no conhecimento dos fatores
naturais de mortalidade, nas definições das densidades populacionais ou da
quantidade de danos causados pelas espécies-alvo equivalentes aos níveis de dano
econômico (NDE) e de controle (NC), que fica imediatamente abaixo do NDE. Outra
variável importante seria a determinação do nível de equilíbrio (NE) das espécies
que habitam o agroecossistema em questão. Em função da flutuação da densidade
da espécie-alvo e de sua posição relativa a esses três níveis (NE, NDE E NC) ao
longo do tempo, as espécies podem ser classificadas em pragas-chave (densidade
populacional sempre acima do NDE), pragas esporádicas (densidade na lavoura
raramente atinge o NDE) e não-pragas (a densidade da espécie em questão nunca
atinge o NDE). Mais recentemente tem sido proposto também o nível de não-
controle (NNC), ou seja, a densidade populacional de uma ou mais espécies de
inimigos naturais capaz de reduzir a população da espécie -alvo a níveis não
econômicos, dispensando assim, a utilização de medidas de controle.

Monitoramento

O monitoramento é o primeiro passo para se praticar o MIP. Sem monitorar a


densidade populacional da espécie-alvo no campo não há como se aplicar os
princípios do MIP. Assim, recomenda-se iniciar o monitoramento mesmo antes de
se iniciar o plantio. A freqüência e o método de amostragem depende da fase de
desenvolvimento da cultura e do nível de precisão que se pretende conduzir o
manejo. Quanto maior a freqüência e tamanho da amostra melhor, entretanto,
deve-se considerar também os custos dessas amostragens.

Monitoramento de pragas de solo - deve-se examinar amostras de solo de 30


cm x 30 cm por 15 cm de profundidade utilizando-se uma peneira e procurando por
insetos. Para a larva-arame, medias de controle devem ser adotadas se dois ou
mais insetos forem detectadas por amostra. A média de uma larva pôr amostra é
suficiente para causar dano significativo. Neste caso, o tratamento do solo com
inseticidas é necessário.

Para a simples detecção da presença de insetos no campo, pode-se proceder da


seguinte maneira: tomar cerca de 200 g de sementes sem tratamento e enterrar
em locais, com identificação, dentro da área a ser cultivada e cobrir com um
pedaço de plástico transparente; alguns dias depois, desenterrar o material e
procurar por insetos. No caso de cupins subterrâneos, examinar pedaços de colmo
ou sabugos de milho da cultura anterior ou pode-se enterrar pedaços desses
materiais ou mesmo rolo de papel higiênico (sem cor e perfume) em pontos
estratégicos e após alguns dias examinar o material visando detectar a presença de
insetos.

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Monitoramento de pragas iniciais e do período vegetativo - Sendo realizado o
tratamento de sementes, esse levantamento pode ser iniciado a partir da terceira
semana após a semeadura do milho. A detecção de cigarrinhas pode ser feitao
através de exame direto ou utilizando-se rede entomológica. Para se estimar
densidades com maior precisão pode-se usar o método do saco plástico. Neste
caso, se em áreas e/ou condições de risco de incidência de enfezamentos e viroses,
recomenda-se fazer o controle quando detectado a presença dos insetos. No caso
da incidência da lagarta-do-cartucho, lagarta-elasmo, broca-da-cana ou lagarta-
rosca, deve-se estimar a incidência contando-se o número de plantas atacadas em
10 m de fileira e adotar medidas de controle em função do nível de dano. Para o
controle da lagarta-do-cartucho, existem recomendações de amostragemns
seqüencial.

Algumas estratégias de manejo

Controle Biológico: Papel dos inimigos naturais no controle das pragas

Em função da importância de insetos-praga da ordem Lepidoptera (mariposas,


especialmente) como pragas da cultura do milho no Brasil e também em relação ao
aparecimento de populações resistentes aos inseticidas, como é o caso da lagarta-
do-cartucho, as pesquisas com controle biológico têm aumentado no país. Deve-se
considerar que, em certas circunstâncias, os inimigos naturais podem diminuir
consideravelmente a população da praga no campo.

São importantes inimigos naturais das principais pragas do milho quatro espécies
de vespas (chamados parasitóides, ou seja, insetos cujas larvas se desenvolvem
dentro dos ovos ou das lagartas da praga) e, talvez, o mais importante, e
facilmente percebido no campo, a chamada "tesourinha", presente no cartucho da
planta ou na espiga. Todos esses inimigos naturais atuam nas primeiras fases de
desenvolvimento da praga, e, portanto, evitando danos significativos à planta.

Dos parasitóides dois atuam exclusivamente sobre os ovos da praga, impedindo a


eclosão da larva: Trichogramma spp. (Fig. 30) e Telenomus remus (Fig. 31). São
insetos facilmente criados no laboratório, a um custo inferior ao do produto químico
padrão. Esses inimigos naturais já estão sendo liberados em áreas comerciais, em
diferentes erentes regiões do Brasil, com sucesso.

Foto: Ivan Cruz

Fig. 30 Trichogramma spp.

Foto: Ivan Cruz

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Fig. 31 Telenomus remus

A vespa Chelonus insularis (Fig. 32) é de ocorrência comum no Brasil. A fêmea


coloca seus ovos no interior dos ovos da praga, permitindo no entanto a eclosão
das larvas. A larva parasitada não provoca danos significativos ao milho. O ciclo
biológico total do parasitóide é de 28 dias, distribuídos em período de incubação de
1,8 dias, período larval de 20,4 dias e período pupal de 6,2 dias. A larva parasitada
sai precocemente do cartucho, dirigindo-se para o solo, onde constrói uma câmara.
Após a construção desta câmara a larva do parasitóide perfura o abdômen da
lagarta-do-cartucho e dentro da câmara, constrói seu casulo e transforma-se em
pupa.

Foto: Ivan Cruz

Fig. 32 Vespa Chelonus insularis

Campoletis flavicincta (Fig. 33) é uma outra vespa medindo cerca de 7 mm de


comprimento, que coloca seus ovos no interior do corpo de lagartas de S.
frugiperda recém-nascidas. Uma só fêmea pode parasitar mais de 200 lagartas. O
ciclo biológico completo do inseto é de 16,5 dias. Dentro da lagarta-do-cartucho o
parasitóide passa cerca de 9,6 dias. A larva parasitada reduz significativamente o
alimento ingerido. Próximo à saída da larva do parasitóide, o inseto parasitado sai
do cartucho da planta e dirige-se para as folhas mais altas da planta. Neste local
fica praticamente imóvel até ser morto pelo parasitóide que perfura seu abdômen.

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Foto: Ivan Cruz

Fig. 33 Campoletis flavicincta

A tesourinha Doru luteipes (Fig. 34) tem presença constante na cultura de milho.
Tanto os imaturos quanto os adultos alimentam-se de ovos e de lagartas pequenas
da praga. Um adulto do predador pode consumir cerca de 21 larvas pequenas por
dia. Os ovos da tesourinha são colocados dentro do cartucho da planta, sendo que
uma postura possui em média, 27 ovos. O período de incubação dura cerca de sete
dias. As ninfas, a semelhança dos adultos são também predadoras. A fase ninfal
dura em torno de 40 dias. Os adultos podem viver quase um ano. A presença do
predador em até 70% das plantas de milho é suficiente para manter a praga sob
controle.

Foto: Ivan Cruz

Fig. 34 Tesourinha Doru luteipes

Existem vários outros inimigos naturais da lagarta-do-cartucho que de certa forma


contribuem para diminuir a população da praga na cultura do milho. No entanto, os
mencionados aqui já são criados em laboratório e apresentam com grande
potencial para serem utilizados em liberações inundativas ou inoculativas.

A conscientização de que os inimigos naturais podem ser aliados importantes no


manejo de pragas tem forçado a busca de inseticidas e/ou aplicações mais
seletivas. No caso específico da cultura de milho, o predador Doru luteipes por sua

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importância no controle biológico da praga, além de todas as suas formas
biológicas estarem intimamente ligadas ao cartucho da planta, é o mais sujeito a
ação dos produtos químicos. Por essa razão, tem-se avaliado o impacto dos
diferentes produtos químicos sobre suas fases. Sabe-se que os adultos são mais
tolerantes a vários produtos, especialmente biológicos e fisiológicos. No entanto
ovos e formas imaturas são bem mais sensíveis. A sensibilidade desse e de outros
inimigos naturais bem como os critérios para a escolha de um produto químico para
uso no manejo integrado de S. frugiperda em milho, foram abordados por Cruz
(1997).

FERTILIZANTES ORGANICOS DE ORIGEM


ANIMAL E VEGETAL
ISSN 1415-3033

Adubação no sistema
orgânico de produção
de hortaliças
Fertilizantes (ou adubos) orgânicos são obtidos de matérias-primas de origem
animal ou vegetal, sejam elas provenientes do meio rural, de áreas urbanas ou
ainda da agroindústria. Os fertilizantes orgânicos podem ou não ser
enriquecidos com nutrientes de origem mineral (não orgânica).
Os fertilizantes orgânicos podem ser divididos em quatro tipos principais:
fertilizantes orgânicos simples, fertilizantes orgânicos mistos, fertilizantes
orgânicos compostos e fertilizantes organominerais.
Tipos de fertilizantes orgânicos
• Fertilizantes orgânicos simples: fertilizante de origem animal ou vegetal.
Exemplos: estercos animais, torta de mamona, borra de café.
• Fertilizantes orgânicos mistos: produto da mistura de dois ou mais fertilizantes
orgânicos simples. Exemplo: cinzas (fonte principalmente de K) + torta de
mamona (fonte principalmente de N).
• Fertilizantes orgânicos compostos: fertilizante não natural, ou seja, obtido por
um processo químico, físico, físico-químico ou bioquímico, sempre a partir de
matéria-prima orgânica, tanto vegetal como animal.
Pode ser enriquecido com nutrientes de origem mineral. Exemplos:
composto orgânico, vermicomposto (húmus de minhoca)

Adubação no sistema orgânico de produção de hortaliças


• Fertilizantes organominerais: não passam por nenhum processo específico,
são simplesmente o produto da mistura de fertilizantes orgânicos (simples ou
compostos) com fertilizantes minerais. No caso específico da agricultura
orgânica, estes fertilizantes minerais a serem misturados devem ser naturais
(não processados quimicamente) e de baixa solubilidade, permitidos pela
legislação para produção orgânica de alimentos.

Fertilizantes minerais de uso permitido na agricultura orgânica

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Somente os fertilizantes minerais de origem natural e de baixa solubilidade são
permitidos na agricultura orgânica, como por exemplo, os fosfatos naturais, os
calcários e os pós de rocha. Em situações específicas, para uso restrito, uma
vez constatada a necessidade de utilização do adubo e com autorização da
certificadora, poderão ser utilizados os termofosfatos, sulfato de potássio,
sulfato duplo de potássio e magnésio de origem natural, sulfato de magnésio,
micronutrientes e guano (fosfatos de origem orgânica – provenientes de
excrementos de aves marinhas).
Se o solo for ácido, pode-se fazer calagem no sistema orgânico e a quantidade
de calcário a ser utilizada deve ser calculada com base na análise química do
solo. Entretanto, a quantidade é geralmente limitada a 2 toneladas por hectare,
por ano.
Estercos frescos
Os estercos frescos podem conter microorganismos causadores de doenças no
homem. Não devem ser utilizados no cultivo de hortaliças, pois podem
contaminar as partes comestíveis das plantas. Este problema pode ser
resolvido com o curtimento, que é o envelhecimento do esterco sob condições
naturais, não controladas. Deve-se deixar o monte de esterco “envelhecer” em
local coberto ou protegido com um plástico ou uma lona contra chuvas, cujas
águas lavam o esterco removendo os nutrientes. Para ficar pronto leva em
torno de 90 dias, dependendo das condições ambientais. O esterco curtido é
uma massa escura com aspecto gorduroso, odor agradável de terra e sem
nenhum mau cheiro.
Composto orgânico
O composto orgânico é o produto final da decomposição aeróbia (na presença
de ar) de resíduos vegetais e animais. A compostagem permite a reciclagem
desses resíduos e sua desinfecção contra pragas, doenças, plantas
espontâneas e compostos indesejáveis. O composto orgânico atua como
condicionador e melhorador das propriedades físicas, fisico-químicas e
biológicas do solo, fornece nutrientes, favorece um rápido enraizamento e
aumenta a resistência das plantas.
Para produção do composto utiliza-se como matéria prima resíduos vegetais,
ricos em carbono (galhos, folhas, capim e outros) e resíduos animais, ricos em
nitrogênio (esterco bovino, de aves e de outros animais, cama de aviário de
matrizes dentre outros). Quando só se dispõe de materiais pobres em N, como
cascas de pinus, árvores velhas e capins, estas devem ser alternadas com
camadas de. O húmus de minhoca (vermicomposto) e um importante
fertilizante orgânico composto.
Adubação no sistema orgânico de produção de hortaliças resíduos de
leguminosas. A escolha da matéria prima é importante para maior eficiência da
compostagem. A relação Carbono/Nitrogênio (C/N) inicial ótima (de 25-35:1)
pode ser atingida por meio do uso de 75% de restos vegetais variados e 25%
de esterco. Esses resíduos, vegetais e animais, são dispostos em camadas
alternadas formando uma leira ou monte de dimensões e formatos variados.
O formato mais usual é o de seção triangular, sendo a largura comandada pela
altura da leira, a qual deve situar-se entre 1,5 a 1,8 m.
À medida que a pilha vai sendo formada, cada camada de material vai sendo
umedecida com água tomando-se o cuidado para que não haja escorrimento. A
pilha deve ser revirada (parte de cima para baixo e parte de dentro para fora)
aos 15, 30 e 45 dias. No momento das reviradas, o material deve ser

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umedecido para ficar com umidade em torno de 50 a 60% (na prática, esse teor
de umidade ocorre quando ao pegar o material com as mãos, sente-se que o
mesmo está úmido e, ao ser comprimido, não escorre água entre os dedos e
forma um torrão que se desmancha com facilidade). Para manter a umidade
ideal a pilha deve ser coberta com palhas, folhas de bananeira ou lona plástica.
O local deve ser protegido do sol e da chuva (área coberta ou à sombra de
uma árvore) (Figura 2). Como exemplo, podemos citar o composto que é
produzido na Unidade de Produção de Hortaliças Orgânicas da Embrapa
Hortaliças:
• 15 carrinhos de mão de capim braquiária roçado;
• 30 carrinhos de capim napier;
• 20 carrinhos de cama de matriz de aviário;
• 13 kg de termofosfato.
Formar camadas alternadas na seguinte ordem: braquiária, napier, cama de
matriz e termofosfato, montando uma meda de 1m x 10m x 1,5m (largura x
comprimento x altura) para obtenção de 2.500 kg de composto orgânico após
cerca de 90 dias. O composto orgânico é um produto estabilizado e mais
equilibrado, em que durante sua formação foram dadas todas as condições
necessárias à eficiente fermentação aeróbica, portanto sua qualidade como
condicionador ou melhorador do solo é superior à do esterco curtido. Além
disso, é mais rico em nutrientes por constituir-se de resíduos vegetais e
animais e por ser, muitas vezes, enriquecido com resíduos agroindustriais e
adubos minerais. O composto estará pronto para o uso quando apresentar as
seguintes características: temperaturas normalmente inferiores a 35oC;
redução do volume para 1/3 do volume inicial; constituintes degradados
fisicamente, não sendo possível identificá-los; permite que seja moldado
acilmente com as mãos; cheiro de terra mofada, tolerável e até mesmo
agradável para alguns.
O enriquecimento do composto pode ser obtido com a adição, no momento de
montagem da pilha, de fosfatos de reação ácida. O composto orgânico deve
ser preparado em local protegido do sol e da chuva.
Adubação no sistema orgânico de produção de hortaliças fosfatos naturais (6
kg m-3), calcário (25 a A 50 kg t-1), torta de cacau (40 kg m-3) ou de mamona
(20 a 30 kg m-3), borra de café (50 kg m-3), cinzas, entre outros. O
enriquecimento do composto deve ser realizado de acordo com as exigências
da cultura e a necessidade do solo.
Geralmente, o enriquecimento com fósforo só é recomendado nos 2 ou 3 anos
iniciais de produção, entretanto sua continuidade por maior tempo vai depender
da disponibilidade de P do solo.

Preparo de biofertilizante na propriedade


Não há uma fórmula padrão para produção de biofertilizante. Por esta razão,
presentamos uma receita básica de biofertilizante líquido, na qual podem ser
feitas variações:
Em uma bombona plástica coloca-se volumes iguais de esterco fresco e água,
deixando um espaço vazio de 15 a 20 centímetros no seu interior.
Essa bombona deve ser fechada hermeticamente e na sua tampa deve ser
adaptada uma mangueira plástica fina. Uma extremidade da mangueira fica no
espaço vazio da bombona e a outra deve ser imersa em um recipiente com
água para permitir a saída do gás metano e impedir a entrada de ar (oxigênio).

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O final do processo, que dura de 30 a 40 dias, coincide com a cessação do
borbulhamento observado no recipiente d’água, quando a solução deverá ter
atingido pH próximo a 7,0. Para separação da parte ainda sólida o material
deve ser coado em peneira e filtrado em um pano ou tela bem fina. Geralmente
é utilizado diluído em água em concentrações variáveis de acordo com os
diferentes usos e aplicações. Ressalta-se que esse biofertlizante nãopode ser
aplicado via foliar, apenas no solo.

Compostos de farelos ou ‘bokashis’


São compostos orgânicos produzidos a partir da mistura de materiais como
farelos de cereais (arroz, trigo), torta de oleaginosas (soja, mamona), farinha de
osso, farinha de peixe e outros resíduos com terra de barranco (argilas) ou não.
Biofertilizantes podem ser preparados em bombonas plásticas na propriedade.
Adubação no sistema orgânico de produção de hortaliças 5 mistura é inoculada
com microorganismos e submetida à fermentação aeróbica ou anaeróbica.
O inoculante microbiano pode ser terra de mata (bosque natural), soja
fermentada, microorganismos capturados da natureza por meio de arroz cozido
ou inoculantes comerciais como o EM® (microorganismos eficazes). Sua
composição deve ser ajustada de acordo com os ingredientes disponíveis e as
necessidades nutricionais das culturas. Por utilizar matérias-primas nobres, de
uso freqüente na alimentação animal, o bokashi é um fertilizante relativamente
caro e rico em nutrientes, especialmente N, P e K. Existem diferentes
formulações com duração variável de 3 a 21 dias para obtenção do composto.
Durante o processo fermentativo aeróbio, a umidade deve permanecer em
torno de 50% a 60% e a temperatura em torno de 50oC. Na maioria das
formulações, a movimentação da mistura é feita diariamente, uma vez que
devido às boas características físicas (partículas pequenas) e químicas
(riqueza em nutrientes) da matériaprima, a temperatura eleva-se com
facilidade.
O final do processo caracteriza-se pela queda de temperatura. O composto de
farelos mais conhecido é o “Nutri Bokashi”, produzido pela Kórin, empresa
criada em 1995 pela Fundação Mokiti Okada, que utiliza os microorganismos
eficazes (EM®) como inoculante.
Cálculo da quantidade de adubos a utilizar no sistema orgânico
Exemplo de cálculo
Como exemplo, considere o plantio de 1 hectare de cebola em que, utilizando
os critérios de interpretação e recomendação da agricultura convencional, a
análise de solo indicasse a necessidade de se aplicar 120 kg de N, 180 de
K2O, 300 kg de P2O5. Na propriedade em questão tem-se disponível o esterco
bovino, cinzas e fosfato natural, cujas características estão apresentadas na
Tabela 1. Neste caso, como fonte de N tem-se apenas o esterco bovino. Assim,
para suprir todo o N recomendado (120 kg de N), a quantidade de esterco
necessária será:
N = quantidade de N recomendada pela análise de solo x fc para N = 120x20 =
2.400 kg.ha-1 de esterco bovino que fornece também:
P = kg.ha-1 de esterco bovino: fc para P = 2.400/40 = 60 kg.ha-1;
K = kg.ha-1 de esterco bovino: fc para K = 2.400/20 = 120 kg.ha-1.
Para completar o K, vamos usar cinzas como adubo:
K = (quantidade recomendada de K – K fornecido pelo esterco bovino) x fc para
K = (180-120)x10 = 600 kg.ha-1 de cinzas que fornece também:

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P = kg.ha-1 de cinzas : fc para P = 600/40 = 15 kg.ha-1.
Para completar o P, vamos usar o fosfato natural:
indicadas pela análise de solo neste exemplo, para o plantio de 1 hectare de
cebola devemos aplicar 2.400 kg de esterco bovino, 600 kg de cinzas e 742 kg
de fosfato natural. Esses cálculos levam em consideração apenas a
constituição química dos adubos, sendo que os aspectos físico e biológico do
solo e o efeito residual das adubações, muito importantes nos sistemas de
produção orgânicos, não são considerados. Portanto, as quantidades
recomendadas no exemplo acima devem ser ajustadas de acordo com a
situação específica (características climáticas, de solo e histórico de manejo de
cada local) do sistema de produção.

Principais fontes de nutrientes permitidas na produção orgânica

• Nitrogênio: estercos puros de animais diversos, cama e urina de animais,


espécies leguminosas de adubos verdes (mucunas, crotalárias, guandu, feijão
de porco, feijão bravo do Ceará, etc.), resíduos agroindustriais como torta de
oleaginosas (mamona, algodão, soja) e de cacau, palhadas e resíduos de
culturas leguminosas como soja e feijão, farinha de sangue, farinha de peixe,
composto orgânico, biofertilizantes, bokashis, entre outros.
• Potássio: cinzas, cascas de café, pós derochas silicatadas com altos teores
de potássio, talos de banana, entre outros.
• Fósforo: fosfatos naturais e farinha de ossos.
• Micronutrientes: alguns pós de rocha, estercos, fontes minerais permitidas
(ex.: óxido de cobre e outros utilizados nos biofertilizantes).
De acordo com a Instrução Normativa no.007 do Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento, podem ser utilizados sulfato de potássio e sulfato
duplo de potássio e magnésio (o último de origem mineral natural),
termofosfatos, sulfato de magnésio, ácido bórico (quando não utilizado
diretamente sobre as plantas e o solo) e carbonatos (como fonte de
micronutrientes). Entretanto, estes produtos podem ser empregados somente
se constatada a necessidade de utilização mediante análise e se esses
fertilizantes estiverem livres de substâncias tóxicas.

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