Cópia de Plano de Manejo Orgânico - OCS
Cópia de Plano de Manejo Orgânico - OCS
Cópia de Plano de Manejo Orgânico - OCS
AGROECOLOGIA
E AGRICULTURA
ORGÂNICA
APRESENTAÇÃO
5
O que é Agroecologia?
O que é Agricultura orgânica? 5
Água de vidro 47
NPK Caseiro 49
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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O que é Agroecologia?
Diversidade do sistema
A monocultura representa um dos maiores problemas do modelo agrícola
convencional, porque não havendo diversidade de espécies, numa determinada
área, as pragas e doenças ocorrem de forma mais intensa sobre a cultura
cultivada, por ser a única espécie presente no local.
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Outro aspecto do monocultivo é que as plantas exploram os mesmos nutrientes
para satisfazer suas exigências nutricionais, causando desequilíbrio e
esgotamento do solo. O aumento da diversidade nos sistemas, além de evitar que
isto ocorra, favorece a interação positiva entre as espécies, diversificando a
paisagem.
O termo “praga” não é adequado na agricultura orgânica, pois o
que há na verdade, são insetos e microrganismos com
necessidades vitais de sobrevivência (uma delas é a fome),
cumprindo funções ecológicas na natureza, a fim de garantir que
os indivíduos a permanecerem no ambiente para perpetuação da
espécie, sejam os mais fortes, vigorosos e saudáveis, resultantes
do processo de seleção natural.
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Soberania e segurança alimentar
A diversidade dos agroecossistemas deve proporcionar uma mesa farta para
alimentação equilibrada das famílias, tanto em quantidade quanto em qualidade,
possibilitando a liberdade de escolha dos alimentos que desejam consumir,
alimentos seguros, livres de contaminantes. A diversificação das culturas também
se constitui em uma estratégia socioeconômica da agricultura familiar em
garantir, prioritariamente, o autoconsumo da família com a produção de
alimentos básicos e a geração de renda, bem distribuída, ao longo dos anos, o que
não seria possível no caso de monocultivo.
Sustentabilidade a partir da Agroecologia
A sustentabilidade é uma premissa da agroecologia que busca o
desenvolvimento rural sustentável e, por conseguinte, da agricultura orgânica,
enquanto agricultura de base agroecológica. Não há desenvolvimento sem
sustentabilidade, nem sustentabilidade sem desenvolvimento. Nesta
interdependência a sustentabilidade se dá pelo equilíbrio entre as dimensões
ambiental, social e econômica. Não dá pra dissociar. Logo, a agricultura orgânica é
uma agricultura sustentável. Portanto, o argumento de que é permitido o uso de
mão-de-obra escrava e infantil, monocultivo, problemas ambientais, no processo
produtivo orgânico, são na verdade distorções, visto que fere o princípio da
sustentabilidade.
Adubação verde
O uso de leguminosas como adubo verde em sistemas orgânicos além de
contribuir na nutrição dos vegetais, previne o surgimento de pragas e doenças
nas plantas, seja na parte aérea ou no sistema radicular, por melhorar as
condições de saúde do solo (fertilidade, textura, vida), com destaque para a fixação
biológica de nitrogênio atmosférico, elemento indispensável ao bom
desenvolvimento dos vegetais. Além das leguminosas, outras plantas
(adubadeiras, companheiras) podem ser usadas na adubação verde. Na
atualidade, pode-se conceituar a adubação verde como a utilização de plantas em
rotação, sucessão ou consorciação com as culturas, incorporando-as ao solo ou
deixando-as na superfície, visando-se à proteção superficial, bem como a
manutenção e melhoria das características físicas, químicas e biológicas do solo:
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Puerária e mucuna preta – favorecem o controle da erosão e de ervas
invasoras, a exemplo do capim-sapê. Também fornecem matéria orgânica. A
mucuna contém compostos nematicidas;
Feijão guandu – planta rústica de crescimento inicial lento, bastante resistente
à seca e pouco exigente em fertilidade, raiz pivotante profunda boa na
recuperação de solos compactados e controle de ervas invasoras, produtora de
grãos para alimentação humana ou forrageira rica em proteínas para
alimentação animal;
Feijão-de-porco – adubação verde intercalar e controle da proliferação de
plantas espontâneas, como a tiririca, capim-sapê;
Crotalária (spectabilis e juncea) – adubação intercalar, rotação de culturas,
com vantagem de controlar nematoides, não ser trepadeira e aceitar poda;
Gliricidia – leguminosa arbórea, introduzida da América Central, crescimento
rápido, fácil decomposição e rápida liberação de nutrientes, repelente para
formigas;
Ingazeira – adubação verde intercalar, boa produção de biomassa,
crescimento rápido, com vantagem de não ser trepadeira e ser da região;
Mamona – fonte de Nitrogênio (N), crescimento rápido e repelente de insetos;
Margaridão mexicano (Tithonia) – rápido crescimento, fonte de fósforo (P),
potássio (K) e alto volume de biomassa;
Gramíneas – fonte de fósforo. Promovem a descompactação e estruturação do
solo.
Nim – planta indiana que possui efeito nematicida contém compostos que
possuem propriedades químicas (azadiractina) capazes de afetar mais de 200
espécies de insetos.
Pimenta longa ou pimenta-de-macaco – apresenta propriedades inseticidas.
Cana-de-açúcar – gramínea com palhada excelente para cobertura de solo.
Também fornece a garapa que é fonte de alimento para microrganismos,
largamente utilizada na propriedade, essencial no preparo de biofertilizantes e
microrganismos eficientes (EM).
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Promover mobilização e reciclagem mais eficiente de nutrientes;
Promover o aporte de nitrogênio por meio da fixação biológica;
Diminuir a lixiviação de nutrientes como o nitrogênio;
Reduzir a população de ervas invasoras, em função do crescimento rápido e
agressivo de algumas espécies de adubos verdes;
Criar condições ambientais favoráveis ao incremento da diversidade
biológica do solo.
Cobertura vegetal
A cobertura vegetal do solo tanto pode ser viva com leguminosas e/ou capins ou
cobertura morta, prática cultural que consiste na aplicação de material orgânico
(palhas, capins, folhas ou qualquer outro resto vegetal) como cobertura da
superfície do solo, sem que seja incorporado. Usa-se a cobertura para influenciar
positivamente as qualidades físicas e biológicas do solo, diminuindo a erosão,
plantas invasoras e criando condições adequadas para o crescimento das raízes
(sistema radicular).
Quanto à época de aplicação é recomendável empregar a cobertura morta antes
do período de verão para a obtenção dos efeitos positivos no desenvolvimento das
plantas pela retenção de umidade e equilíbrio da temperatura do solo. Por outro
lado, a utilização da cobertura antes de períodos chuvosos melhora o controle da
erosão e a proteção do solo, evitando que os nutrientes sejam lavados,
principalmente em áreas inclinadas.
Consorciação
Em consórcios é recomendável a utilização de plantas de diferentes famílias com
variadas exigências nutricionais e diferentes sistemas radiculares, em uma mesma
área, que se complementam, como por exemplo, a associação de plantas de raízes
profundas com plantas de raízes superficiais, permite melhor aproveitamento dos
nutrientes em diferentes profundidades do solo ou solanáceas (berinjela)
plantadas com leguminosa (feijão de metro). A intenção é que as plantas
consorciadas possam interagir e se ajudar mutuamente.
Rotação de culturas
A rotação de cultura inspirada na sucessão natural é feita com o objetivo de
controlar pragas e doenças, que atacam as monoculturas de forma constante,
quebrando o ciclo biológico dos organismos pela alternância de espécies vegetais,
preferencialmente de diferentes famílias botânicas, no mesmo local e na mesma
estação anual, principalmente hortaliças com características fitossanitárias
distintas.
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Faixas de retenção
São faixas feitas em curvas de nível para evitar a erosão em terrenos acidentados.
As faixas são permanentes, nas quais deve-se deixar crescer a vegetação para
servir de abrigo, fonte de alimentos e permitir a reprodução dos inimigos naturais
dos insetos nocivos à lavoura, restabelecendo o equilíbrio ecológico do sistema.
As faixas também servem de quebra-ventos que protegem as plantas contra a
ação de ventos fortes que poderiam prejudicar as culturas, evita o ressecamento
do solo pelo vento e protege contra a entrada de pragas.
As faixas não devem ser feitas somente em terras com declive acentuado. Pode-
se ainda plantar dentro das faixas, espécies que atuam como repelentes para
insetos, que tenham alguma utilidade e que retenham água.
Exemplos de espécies que podem ser plantadas nas faixas de retenção: pimenta,
arruda, capim santo, cariru, capim napier, hortelã, capim citronela, cana-de-
açúcar, bambu, milho, margaridão.
Pousio
Em geral, o pousio é uma prática simples que consiste em deixar a área em
repouso por determinado tempo pra que a vegetação natural se recomponha,
elimina nematoides por inanição, tendo em vista a ausência do hospedeiro e a
quebra do ciclo evolutivo. Porém, a exposição do solo a erosão, perda de matéria
orgânica, redução da fertilidade do solo e da retenção de nutrientes, custos
elevados com a manutenção do solo e a diminuição populacional de organismos
benéficos na área, são alguns dos entraves para a realização dessa prática.
Manejo e controle de plantas espontâneas
A vegetação local é muito importante para o equilíbrio ecológico da população de
insetos em sistemas orgânicos, se mal manejada as plantas espontâneas podem
provocar perdas de rendimento comercial em várias culturas. Recomenda-se a
capina, em faixas, de forma a evitar a presença dessas plantas próximas à cultura
de interesse comercial, deixando-se uma estreita faixa de vegetação nas
entrelinhas do plantio.
Solarização do solo
Para áreas que apresentam alta infestação de plantas indicadoras persistentes,
como a tiririca (capim barba-de-bode), capim-sapê (furão), entre outras, o cultivo é
dificultado em sistemas orgânicos, uma vez que não é permitido o emprego de
herbicidas sintéticos. Assim recomenda-se o aquecimento do solo para a
eliminação dos patógenos, insetos e plantas invasoras.
A solarização é um método de desinfecção do solo de canteiros, para controle de
patógenos, pragas e plantas invasoras por meio dos raios solares. Consiste na
cobertura do solo, devidamente preparado, com filme plástico transparente (se
não houver, utiliza-se o preto), antes do plantio, preferencialmente no período de
maior incidência de radiação solar (verão).
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A solarização é indicada para o controle de pragas e patógenos de solo
(Sclerotinia sclerotiorum, Sclerotium rolfsii, Verticillium, e Rhizoctonia solani, entre
outros, pois são sensíveis ao calor).
Para a colocação do plástico, o terreno deve ser preparado com aração e
gradagem. Devem ser retirados materiais pontiagudos e saturado com água.
Colocar o plástico manualmente sobre o terreno, eliminando as bolsas de ar,
enterrando-se as bordas em sulcos no solo. Deixar o solo solarizando por 30 a 50
dias.
Adubação orgânica
As consequências danosas causadas pelo processo de degradação progressiva
dos solos amazônicos pelas práticas convencionais de produção agropecuária
podem e devem ser amenizadas por meio de tecnologias sustentáveis. Neste
sentido, o uso da matéria orgânica é uma realidade, com base principalmente no
uso do esterco animal curtido e compostado. Conhecer os efeitos benéficos que a
matéria orgânica provoca nas estruturas químicas, físicas e biológicas de solos
tropicais, aliados aos métodos que potencializem a produção de adubo orgânico
são fundamentais na busca da sustentabilidade agrícola, pois a forma mais fácil e
barata de se conseguir uma nutrição saudável e equilibrada é através da
adubação orgânica.
Compostagem orgânica
A compostagem é o processo de transformação biológica de resíduos orgânicos
grosseiros, como galhos, palhadas, estrumes, em compostos orgânicos usados na
agricultura. Esse processo envolve transformações complexas de natureza
bioquímica, promovidas por milhões de microrganismos que têm na matéria
orgânica sua fonte de energia. A compostagem é um método de reciclagem que
promove a fermentação da matéria orgânica de origem animal e vegetal, no qual
a relação carbono/nitrogênio (C/N), o controle da umidade e temperatura são
fundamentais.
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A montagem da pilha (monte, leira) demanda o máximo de quantidade e
variedade de restos e rejeitos orgânicos (folhas de hortaliças, talos, cascas,
sementes) que são ricas fontes de nutrientes, fibras, vitaminas, minerais e carbono
que podem e devem ser reaproveitados, adicionando-os a resíduos de animais.
Geralmente são usados esterco de animais, restos culturais, serragem, paú, ervas,
cascas, folhas verdes e secas, palhas, apara de grama, folhas, galhos, restos de
culturas agrícolas, enfim, todo material orgânico de origem animal e/ou vegetal.
Quanto mais variado e picado os componentes utilizados, melhor será a qualidade
do composto e mais rápido o processo de preparo.
Durante os primeiros dias, a pilha pode ter seu volume reduzido até um terço do
inicial, tornando as camadas inferiores mais densas, para isso, recomenda-se fazer
o revolvimento da pilha. O ideal é que sejam feitos, pelo menos, três revolvimentos
no primeiro mês, aos 7, 17 e 30 dias, aproximadamente. Não se deve deixar de
verificar a umidade da pilha, caso seja necessário, irrigar o material para umedecê-
lo, mas sem encharcar. No verão, se o composto estiver a pleno sol, é bom cobri-lo
com folhagens ou palha para evitar o excesso de evaporação da água. Após a
conclusão da pilha de compostagem, não se deve acrescentar novos materiais.
Composto orgânico
É o resultado da decomposição controlada da matéria orgânica, em condições de
aeração (oxigênio). Esse processo gera trocas gasosas, calor, água e a matéria
orgânica compostada. Seu uso no solo aumenta o número de minhocas, insetos e
microrganismos benéficos, ajuda na nutrição das plantas e reduz a incidência de
doenças.
O composto orgânico pode ser incorporado ou lançado sobre o solo, formando
uma cobertura chamada "mulch" que influencia nas propriedades físicas,
químicas e biológicas do solo, favorecendo o desenvolvimento das raízes, a
capacidade de absorção de água e nutrientes, o aumento da capacidade de
infiltração de água, a estabilidade de temperatura e pH do solo e a reprodução de
microrganismos benéficos às culturas agrícolas. Além de reduzir o risco de erosão.
O composto maduro tem cheiro agradável e fica pronto para uso entre 60 a 120
dias. Os resíduos usados formam um material escuro e homogêneo. Depois de
pronto, o composto não deve ficar exposto à ação do tempo. Enquanto não for
utilizado deve permanecer umedecido e protegido do sol e da chuva.
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Importante! O composto é bastante utilizado em culturas de ciclo curto como
as hortaliças, pela necessidade de uso constante do adubo no preparo sucessivo
do solo, bem como na fase de estabelecimento de pomares. No entanto, não se
recomenda a produção de composto para uso em áreas maiores com cultivo de
culturas perenes, por se tornar inviável em função da grande quantidade de
materiais necessários e mão de obra dispendiosa, gasta no processo. Neste caso,
recomenda-se o uso da compostagem laminar.
Montagem da pilha
1. Escolher um local de fácil acesso com disponibilidade de água, plano ou
levemente inclinado e protegido de enxurradas.
2. Formar pilha (monte, leira), em forma piramidal (época das chuvas), com
altura entre 1,0 m a 1,5 m, com 2,5 a 3,0 m na base ou no formato trapezoidal (no
verão), com altura entre 1,0 m a 1,5 m, com 2,5 a 3,0 m na base e 1,0 m na parte
superior. O comprimento varia dependendo da necessidade de composto,
quantidade de resíduos e espaço disponível.
3. Os materiais mais fibrosos devem ser colocados na parte de baixo e na parte
de cima da pilha, colocando-se sempre no meio, os materiais de apodrecimento
mais rápido, que podem exalar cheiro desagradável ou atrair insetos e roedores.
4. Escolher dentre os materiais, aqueles mais difíceis de decompor, os quais
devem ser colocados na parte de baixo da pilha, com exceção dos galhos de
árvores, que terão função mais importante. Esses materiais podem ser a casca
de arroz e o pó de serra.
5. Procedimentos para a montagem da pilha:
·Colocar na base, uma camada de 20 cm de altura de casca de arroz ou pó de
serra. A largura e comprimento da base variam conforme indicado no item 2;
·Lançar sobre a primeira camada um pouco de esterco animal (3 a 5 cm);
·Espalhar acima da fina camada de esterco, outra camada de aproximadamente
20 cm, de outro material vegetal e assim sucessivamente, sempre alternado
resíduos de origem vegetal e animal, até alcançar 1,5 m de altura.
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Restos de comida, animais e vísceras de peixe, devem ser colocados no
centro da pilha, preservando-se 20 cm de largura nas laterais. Isto evitará o
aparecimento de ratos e insetos.
Durante a montagem da pilha, regar bem a cada 40 a 50 cm de altura para
umedecer os resíduos;
Reserve sempre uma quantidade razoável de composto pronto ou semi-
pronto para adicionar em novas pilhas;
Depois de construída, a pilha deve ser molhada em intervalos de 2 a 3 dias.
Mas se chover não precisa, o importante é manter a pilha úmida, nunca
encharcada;
Reviramento
Aconselha-se a primeira virada após 20 dias e as próximas de 10 a 15 dias. Caso
não seja possível revirar nesse prazo, revolver de acordo com as condições.
Porém, não se deve esquecer de controlar a umidade e temperatura, uma vez
que temperaturas acima de 65º pode matar os microrganismos, afetando o
processo. Caso isto aconteça revirar imediatamente a pilha, molhando aos
poucos. O tempo para a conclusão do processo depende do material usado e da
frequência de reviradas, variando entre 2 a 4 meses com reviramento e de 4 a 6
meses sem reviramento. O importante é aproveitar todo resíduo orgânico que
conseguir para transformar em adubo, evitando o risco de contaminação
ambiental.
Compostagem laminar
Consiste em se acumular os resíduos nas entrelinhas de plantio e deixar que a
própria natureza se encarregue de decompor os materiais, como ocorre na
floresta, de forma a disponibilizar os nutrientes para as culturas.
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Biofertilizantes orgânicos
São fermentados orgânicos usados como adubo desde a antiguidade e sua
utilização está sendo resgatada pela agricultura orgânica. Os biofertilizantes
equilibram a nutrição das plantas alimentando-as de acordo com suas
necessidades. Fortalecidas, as culturas apresentam resistência ao ataque de
pragas e doenças, dispensando o uso de insumos químicos, contribuindo para o
equilíbrio ecológico da flora e fauna, indispensáveis ao desenvolvimento de
todas as espécies.
Os biofertilizantes orgânicos podem ser aplicados diretamente no solo, via
sistema de irrigação ou em pulverização foliar, constitui alternativa de baixíssimo
custo à suplementação e suprimento de nutrientes dos vegetais.
O biofertilizante líquido deverá ser diluído em água, em várias concentrações
para diferentes usos e aplicações, não podendo ser armazenado por muito
tempo. Após ser coado, poderá reduzir o seu efeito fitossanitário e nutricional,
sendo preferível o uso de imediato ou até 03 meses.
Não há uma receita fixa para o preparo de biofertilizantes. Na verdade, existem
inúmeras formulações, fruto das iniciativas dos agricultores. Mesmo na falta de
alguns ingredientes o biofertilizante pode ser feito.
A formulação do biofertilizante varia conforme o local ou região, ingredientes
utilizados e a cultura. A fermentação provoca mudanças nos produtos
adicionados durante o processo, tornando-os facilmente disponíveis para as
plantas.
Os biofertilizantes também podem ser enriquecidos com micronutrientes, que
são modificados pelo processo de quelação. Uma vez quelatizados os nutrientes
são mais facilmente absorvidos pelas raízes e folhas. O processo de fermentação
promove o surgimento de vitaminas, hormônios, enzimas, antibióticos, sais
minerais, importantes no equilíbrio alimentar das plantas. Os bioferetilizantes
podem ser enriquecidos com ingredientes do tipo: farinha de carne, restos
moídos de fígado, sangue de animais abatidos, restos de peixe. São materiais
ricos em minerais, substâncias orgânicas e microrganismos.
Biofertilizante aeróbio
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Ingredientes Modo de preparo Como usar
100 litros de água; Depois de pronto,
Colocar todos os
30 kg de esterco bovino misturar 01 litro de
ingredientes num
(novo e fresco); adubo para 03 litros
tambor de 200
02 litros de leite fresco de água. Regar as
litros (bombona) ou
ou colostro; plantas adultas e o
caixa d’água.
05 litros de caldo de solo em volta das
Misturar bem e
cana ou melaço; raízes, nas horas mais
deixar fermentar
02 kg de fosfato natural; frescas do dia.
durante 30 dias,
0,5 (meio) kg de folhas No caso de plantas
mexendo uma vez
de Nim ou de mamona; jovens (mudas) e
por dia.
0,5 (meio) kg de folhas hortaliças, usar a
de leguminosas (ingá, proporção de 200 ml a
puerária, gliricídia, 500 ml para 20 litros
mucuna, feijão de de água. Coar antes
praia). de pulverizar.
Atenção! Considerando a dosagem mais forte (01 litro para 20 litros de água),
esta receita resultará em 2.000 litros de adubo líquido, depois de misturado com
água, a um custo muito baixo.
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Biofertilizante “Supermagro”
É um fertilizante foliar completo que contém, praticamente, todos os nutrientes
que as plantas precisam. Usado para adubar e melhorar a saúde dos vegetais,
suas principais funções são:
Ajuda a controlar alguns insetos e doenças;
Deixa as plantas mais resistentes contra insetos e doenças;
Melhora o crescimento, vigor vegetativo e a produção.
O Supermagro é uma mistura de materiais orgânicos, minerais, esterco e água.
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Biofertilizante “Agrobio”
O biofertilizante Agrobio é um produto usado como fertilizante foliar em
produção de mudas, hortaliças e culturas perenes. Sua aplicação aumenta a
resistência natural ao ataque de pragas e doenças e seu preparo é feito
utilizando esterco bovino e micronutrientes.
Para a produção de 500 litros do Agrobio são necessários:
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Importante! A quantidade máxima permitida na legislação orgânica atual é 6 kg
de cobre/ha/ano. O uso de sulfato de cobre é proibido em pós-colheita. O sulfato
de magnésio usado para fertilização e correção do solo é permitido desde que sua
origem seja natural. Produtores orgânicos devem consultar a Organização de
Controle Social (OCS) ou Organismo de Avaliação da Conformidade (OAC) para
autorização do uso de biofertilizantes, principalmente quanto à aplicação em
partes comestíveis das plantas. O uso de biofertilizante é permitido desde que
esteja fermentado e bioestabilizado (curado). Para produção e venda comercial, os
biofertilizantes devem ter registro junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (Mapa).
Biofertilizante “Bionegão”
Biofertilizante utilizado pelo agricultor Jorge Luiz dos Santos no plantio de
abacaxi:
Para a produção de 500 litros do Bionegão são necessários:
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Tucupi Cru
O tucupi cru pode ser utilizado para fertilizar o solo, tornando-o mais rico em
nutrientes e servindo também para controlar os vermes (nematoides) que
prejudicam o desenvolvimento das plantas. O uso no solo deve ser feito 24 horas
após sua produção.
Bokashi
É um adubo farelado e fermentado desenvolvido pelos japoneses, usado na
agricultura natural. Esta formulação foi adaptada pelo produtor orgânico
Raimundo Moura, para a realidade local.
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50 kg de vísceras de Ao final, deixar o Peneirar o Bokashi
peixe; preparado no formato de antes de usá-lo na
30 kg de farelo de monte e cobrir com lona adubação de hortaliças.
arroz ou de trigo; plástica. Revirar uma Usar 2 kg/m² de canteiro
05 kg de farinha ou vez/dia, durante 15 dias. e 2 kg/cova (frutíferas).
05 kg de macaxeira Também pode ser Também pode ser
cozida ou 03 kg de preparado de forma misturado com
arroz cozido (do mais anaeróbica. Neste caso, composto, na proporção
barato); recomenda-se colocar o de 2 kg para 3 kg de
100 kg de mamona material preparado em composto orgânico.
triturada (folhas e sacos de ráfia (sacos de
galhos novos); trigo vazios) revestidos
20 kg de carvão com sacos plásticos de
triturado ou cinza; lixo para evitar entrada
01saco de calcário de ar, os quais deverão
dolomítico; ser vedados.
30 litros de água, Após 20 a 30 dias o
aproximadamente adubo estará pronto
(dependendo do teor para uso.
de umidade dos
ingredientes).
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Humus de minhoca
A minhocultura, criação racional de minhocas é uma excelente atividade para a
multiplicação de minhocas, visando à produção de fertilizante orgânico nas
propriedades rurais por meio da vermicompostagem. A obtenção do húmus
pode ser usado esterco bovino semi-curtido ou pré-compostado ou composto a
partir de estercos, cascas e restos de frutas e verduras. Além de promover a
decomposição do esterco, transformando-o em húmus, as minhocas melhoram a
qualidade do solo. A cada dois meses a população de minhocas é duplicada, um
vantajoso atributo para os criadores desses anelídeos que também servem de
alimentação animal. As minhocas vermelhas-da-Califórnia são as preferidas para
a produção de húmus.
O húmus é o excremento da minhoca, maior produtora biológica de húmus. A
utilização de húmus antecipa e aumenta a florada e a frutificação/produção,
equilibra o pH, agrega as partículas do solo proporcionando maior liga, tornando
o solo mais resistente à ação das intempéries (ventos, chuvas, sol), retém água,
diminuindo os efeitos da seca, promove a elevação do nível de cálcio, ajudando
na correção do solo.
O minhocário deve ser construído acima do nível do solo em local plano e
levemente inclinado para evitar o acúmulo de água.
Mesmo sendo grandes produtoras de húmus, apenas 60% da matéria orgânica
consumida pela minhoca Vermelha-da-Califórnia é transformada em húmus. Os
demais 40% a minhoca usa para seu próprio desenvolvimento e reprodução.
Assim, para cada 10 kg de esterco serão produzidos aproximadamente 6 kg de
húmus.
Apesar desta diferença em quilos, o húmus de minhoca é um produto muito
superior ao esterco. As minhocas conseguem concentrar e disponibilizar, no
húmus, os elementos nutricionais necessários às plantas de forma mais rápida do
que a decomposição natural do esterco. O húmus ainda possui uma grande
quantidade de hormônios vegetais importantes para o crescimento e
desenvolvimento das plantas, além de conter uma grande quantidade de
microorganismos que auxiliam na decomposição da matéria orgânica e na
microbiodiversidade do solo.
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Como construir e preparar um minhocário Como usar
1 – Construir os canteiros do minhocário, de madeira Fruteiras:
ou alvenaria em local coberto ou sombreado com 1m - 400 a 600 g/cova.
de largura e 30 cm de altura. O comprimento varia, - Utilizar de 1 a 2 kg por
mas não deve ultrapassar 20 m; ano/planta.
2 – Colocar uma camada inicial de esterco de 20 Hortaliças:
centímetros no canteiro (usar luvas de plástico para - 600 g a 1 kg g/m² de
manejar o esterco) juntamente com a população canteiro ou 200 g/m
inicial de minhocas. Para uma camada de 20 cm de linear ou 200 a 300
altura e 1 m² de superfície, recomenda-se uma g/cova.
população inicial de 1.000 a 1.200 minhocas adultas;
3 – Colocar a segunda camada de 20 cm é colocado É possível também
somente quando a primeira tiver sido toda aplicar o húmus na
consumida; forma líquida:
4 – Assim, as minhocas tendem a migrar da camada Para preparar o húmus
de baixo para a de cima, onde há alimento novo; líquido, usa-se a
5 – Posteriormente, esta prática facilitará a retirada proporção de 1:10, onde 1
das minhocas para a coleta do húmus pronto; kg de húmus é
6 – A colocação das camadas seguintes segue esta misturado em 10 litros de
mesma lógica, ou seja, apenas é colocada a próxima água. Esta concentração
quando a anterior já tiver sido transformada em pode variar, mas em
húmus, até encher o canteiro; geral não se usa mais do
7 – Regar com um pouco de água, apenas para que 02 partes de húmus
manter o alimento das minhocas úmido, sem para 10 partes de água.
encharcar;
8 – Cobrir o canteiro com palha ou aparas de grama,
para manter o ambiente úmido e fresco;
9 – Os canteiros devem ser de preferência, cobertos
com palha ou telhas de baixo custo, a fim de manter
o ambiente sombreado, protegido da chuva e do
excesso de luminosidade;
10 – Umedecer sempre que necessário.
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MANEJO E CONTROLE ALTERNATIVO DE PRAGAS E DOENÇAS
Defensivos naturais
São produtos que estimulam o metabolismo das plantas quando pulverizados
sobre elas. Esses compostos, geralmente preparados pelo agricultor, não são
tóxicos e são de baixo custo. A exemplo dos biofertilizantes enriquecidos, água de
vermicomposto, cinzas, soro de leite, enxofre, calda bordalesa, calda sulfocálcica,
entre outros. Os inseticidas naturais podem ser preparados a partir de minerais
ou plantas que não ofereçam riscos à saúde humana e ao ambiente.
Para serem considerados insumos alternativos ou produtos fitossanitários aceitos
na agricultura orgânica, todos os produtos e substâncias (minerais, orgânicos,
biológicos ou naturais) devem atender a alguns requisitos:
Urina de vaca
Por que o agricultor deve usar urina de vaca?
Diminui a necessidade do uso de agrotóxicos e adubos químicos;
Reduz o custo de produção;·Nutre corretamente as plantas, aumentando as
brotações, folhas e flores;
Aumenta a produção;
Não causa risco a saúde dos agricultores e consumidores;
Está pronta para uso, bastando acrescentar água;
Pode ser utilizada em quase todas as culturas e o efeito é rápido, além de ser
facilmente obtida.
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A urina de vaca pode ser guardada?
Recomenda-se guardar em recipientes plásticos com tampa,
onde deve permanecer por três dias antes de usar. Afrouxar a
tampa uma vez ao dia para liberar o gás. Em recipientes
fechados, a urina poderá permanecer por até 1 ano sem perder
propriedade.
- Como usar a urina de vaca?
Misturada com água na proporção de 200 ml de urina
fermentada para 20 litros de água, isto para plantas jovens
(mudas) e hortaliças. A aplicação deverá ser feita nas horas
mais frescas do dia.
Tucupi cru
Pode-se pulverizar 3 ou mais vezes sobre a plantação, com descanso de 1 semana
entre cada aplicação. O agricultor deve realizar testes numa pequena área do
cultivo, para saber a dosagem ideal para a plantação.
Controle de pragas: em fruteiras maiores como laranjeiras, limoeiros,
goiabeiras e mangueiras, recomenda-se pulverizar com diluições de 1 ml para
1 litro de água.
Controle de insetos: nas plantas de pequeno porte como maracujazeiro,
abacaxizeiro, pode-se pulverizar uma diluição de 1 para 2.
Em hortaliças: berinjela, pimentão e tomate, recomenda-se pulverizar
diluições de 1 para 3 ou mais.
Controle de formigas: é recomendado despejar 1 litro de tucupi puro em cada
olheiro, que depois deve ser fechado.
Controle de carrapatos: na pulverização de rebanho, com 3 aplicações
semanais.
Recomenda-se diluições de 2 para 2 acrescidos de 1 litro de óleo vegetal.
Macerado de alho
FUNÇÃO: controle de pulgões.
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Inseticida de sabão e óleo mineral
FUNÇÃO: controle de cochonilha, pulgões e outros insetos. Necessidade de
autorização pelo Organismo de Avaliação da Conformidade (OAC) ou pela
Organização de Controle Social (OCS)
Inseticida de enxofre
FUNÇÃO: controle de doenças como oídio em pepino e melancia; controle de
cochonilha, ácaro, caruncho e gorgulho. Necessidade de autorização pelo
Organismo de Avaliação da Conformidade (OAC) ou pela Organização de
Controle Social (OCS).
Isca fermentada
FUNÇÃO: atrair as moscas e evitar que coloquem os ovos e assim diminuir o nível
de infestação de broca das frutas.
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Inseticida de água com cinza
FUNÇÃO: a cinza originada da queimada de madeira ou lenha contém Potássio
(K) e outros minerais, que além de fertilizante serve como repelente de pragas.
Isca fermentada
FUNÇÃO: atrair as moscas e evitar que coloquem os ovos e assim diminuir o nível
de infestação de broca das frutas.
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Inseticida de água com cinzal
FUNÇÃO: a cinza originada da queimada de madeira ou lenha contém Potássio
(K) e outros minerais, que além de fertilizante serve como repelente de pragas.
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2 copos de 300 ml de No dia seguinte, mexer
detergente neutro bem e coar em um pano
marca Ipê; ou coador para não
80 litros de água. entupir o pulverizador.
Armazenar até 6 meses.
Inseticida de leite
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Inseticida de pimenta malagueta
FUNÇÃO: controle de pulgões, cochonilha e insetos em geral.
Como usar:
Pulverizar sobre as plantas, evitando usar na época do
florescimento.
Inseticida de cebola
FUNÇÃO: controle’ de lagarta, broca e ferrugem em plantas, também combate
pulgões.
Ingredientes:
100 gramas de pimenta do reino; Modo de preparo:
100 gramas de alho; Colocar a pimenta e o alho em 1 litro de
1 litro de álcool. álcool. Bater bem em liquidificador.
Deixar descansar por 3 dias numa
garrafa fechada.
Depois, agitar bem e coar em um pano
ou coador para não entupir pulverizador
e armazenar em local fresco e ventilado.
Como usar:
Pulverizar sobre as plantas nas horas mais
frescas do dia, usando 200 ml do preparado
para 20 litros de água, evitando usar na época
do florescimento.
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Inseticida de folhas de mamonas
FUNÇÃO: controle de insetos em geral.
Ingredientes:
6 folhas de mamona; Modo de preparo:
1 litro de água. Cortar 3 folhas grande de mamona em pedaços
menores e bater no liquidificador com 500 ml de
água. Repetir a operação com as 3 folhas
restantes. Coloque em um recipiente e tampar.
Mantenha em local fechado ao abrigo da luz
durante 8 dias para então usar. Ou se preferir,
ferver as 6 folhas em 1,5 litro de água. Usar ao
esfriar.
Como usar:
Diluir em água 300 ml para 20 litros de água e pulverizar, molhando bem as
plantas atacadas, a cada de 15 dias.
Ter cuidado para não deixar o concentrado ou a calda ao alcance de crianças.
Planta tóxica.
Como usar:
Coar o preparado em um pano fino. Usar 100 ml do produto para cada 10 litros
de água e pulverizar sobre os animais e plantas, nas horas mais frescas do dia.
Não aplicar na cara dos animais para evitar ingestão.
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Calda bordalesa 1%
A Calda Bordalesa é obtida pela mistura de uma solução de sulfato de cobre
com uma suspensão de cal virgem ou hidratada.
A calda bordalesa é um fungicida preventivo, eficiente no controle de várias
doenças, como: antracnose, pinta preta, requeima, cercosporiose (mancha de
cercospora), mancha púrpura, tombamento, ferrugem, verrugose, míldio.
Apresenta efeito também sobre vaquinha verde, cigarrinha, cochonilha, tripes.
Ingredientes:
Quantidade maior:
1 kg de sulfato de cobre;
1 kg de cal virgem;
100 litros de água.
Quantidade menor:
200 g de sulfato de cobre;
200 g de cal vigem;
20 litros de água.
Modo de preparo:
1- No dia anterior ao preparo da calda, Para medir o pH, pode-se usar um
colocar o sulfato de cobre dentro de um facão de metal. Estando ácida
saco de pano e deixá-lo dissolvendo em (abaixo de 7,0) deve-se acrescentar
água (usar metade do volume de água, mais cal até que esteja
ou seja, 50 ou 10 litros, de acordo com a neutralizado o cobre (pH em torno
dosagem acima) em recipiente plástico. de 7,0). Colocar o facão dentro da
A cal também deve ser hidratada no dia calda por aproximadamente 3
anterior ao preparo, utilizando a outra minutos. Ao retirar, se a parte do
metade de água (50 ou 10 litros), facão em contato com a calda ficar
também em recipiente plástico. Nunca com aspecto de ferrugem é sinal
usar vasilhame de ferro ou alumínio que está ácida e precisa
para o preparo da calda. acrescentar cal. Caso contrário, está
2- No dia seguinte, coar as soluções de no ponto de uso.
cal e sulfato de cobre, utilizando peneira
fina e, em seguida, colocar a solução de
cal num recipiente maior (com
capacidade para 100 ou 20 litros,
conforme opção do agricultor) e ir
adicionando lentamente a solução de
sulfato de cobre na solução de cal,
mexendo a solução a todo instante.
Após essa operação, a calda estará
pronta para ser usada.
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Considerações gerais:
Preparar um volume de calda suficiente para ser usado em um único dia, de
forma a evitar sobras. Caso necessário, armazenar a calda por, no máximo 24
horas, pois perde eficácia com rapidez.
Pulverizar a calda nas horas mais frescas do dia, cobrindo toda a planta.
A calda bordalesa não entra na planta, devendo ser aplicada logo no início da
doença.
Apesar da calda bordalesa ser muito pouco tóxica (classe toxicológica IV),
deve-se usar equipamento de proteção individual (macacão, luvas, óculos,
máscara e botas) nas pulverizações, e lavar bem o produto pulverizado antes
de ser consumido, 3 a 5 dias após a aplicação.
calda bordalesa pode ser misturada com os inseticidas naturais como
extratos vegetais, óleo de Nim e outros.
Não misturar agrotóxicos à calda bordalesa, pois muitos desses produtos são
desativados pelo efeito do pH elevado nas folhas.
Alguns produtores estão usando 20 litros de calda bordalesa, misturada a 350
ml de calda sulfocálcica nas culturas de maxixe e quiabo, obtendo bons
resultados.
No controle da requeima em tomateiros, a calda bordalesa também pode ser
usada misturada à calda de cinza.
Na época de verão e em plantas novas ou em plena floração, a calda
bordalesa deve ser usada em concentrações mais baixas (0,5%), ou seja, 100 g
de sulfato de cobre e 100 g de cal virgem para 20 litros de água.
Calda sulfocálcica
A calda sulfocálcica é considerada um excelente fungicida, acaricida e inseticida,
além de fertilizante foliar (fornece Ca e S), sendo eficiente no controle de várias
doenças e pragas, como: oídio, ferrugem, antracnose, mancha púrpura,
cochonilhas, tripes, ácaros e outros insetos. Também apresenta ação ovicida
(mata ovos de insetos) e possui ação repelente contra brocas que atacam tecidos
lenhosos.
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3- Deixar uma vasilha menor com água no fogo, ao lado do latão para
acrescentar água quente, a fim de manter os 10 litros da solução, sempre que
necessário.
4- Após uma hora de fervura, a calda ficará com coloração pardo avermelhada
(cor que lembra vinho de buriti). Tirar a solução do fogo, deixar esfriar, coar e usar
ou guardar em garrafas plásticas completamente cheias e bem fechadas,
podendo ser armazenada por 6 meses fora do alcance de crianças e do contato
com o ar, ao abrigo da luz.
5- A borra restante poderá ser empregada na caiação de culturas como a
graviola para prevenir a broca do tronco.
Como usar:
A calda sulfocálcica deve ser utilizada nas concentrações de 2,5 a 5%, ou seja,
diluição de 0,5 a 1,0 litro de calda em 20 litros d’água para aplicação em plantas
adultas ou fruteiras.
Para limpar troncos de fruteiras, usar 2 litros de calda sulfocálcica para 20 litros de
água.
Em hortaliças folhosas ou plantas muito novas (mudas), usar calda sulfocálcica a
1% (200 ml para 20 litros de água).
A calda pode provocar uma pequena e suportável queda de folhas velhas.
Evitar aplicar durante a florada.
Aplicar a calda em períodos frescos do dia, de preferência à tarde.
Após usar o pulverizador, lave-o bem. Pode-se usar um pouco de suco de limão
ou vinagre (01parte de vinagre ou limão para 10 partes de água).
As caldas bordalesa e sulfocálcica além de protegerem as plantas contra
determinados insetos-praga e patógenos fornecem nutrientes essenciais (cobre,
enxofre e cálcio) às plantas, melhorando o desenvolvimento vegetativo, a
produtividade e a qualidade dos frutos. O uso dessas caldas nos sistemas
orgânicos deve ser feito mediante consulta e autorização do Organismo
Participativo de Avaliação da Conformidade (OPAC) ou da Organização de
Controle Social (OCS).
Produtos à base de cobre e enxofre, como as caldas bordalesa e sulfocálcica,
podem provocar desequilíbrio populacional, recomenda-se usar de forma
alternada com outros produtos (caldas e extratos) de classe diferente.
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Considerações gerais:
Apesar da calda sulfocálcica ser pouco tóxica (classe toxicológica IV), deve-se
usar equipamento de proteção individual (macacão, luvas, óculos, máscara e
botas) nas pulverizações, e lavar bem o produto pulverizado antes de ser
consumido, 3 a 5 dias após a aplicação.
A calda sulfocálcica apresenta cerca de 19% de S e 8% de Ca, contribuindo
significativamente para nutrição das plantas.
Não aplicar junto com óleo mineral, micronutrientes ou fertilizantes foliares.
A calda sulfocálcica pode ser usada junto com a calda bordalesa, na
proporção de 350 ml de calda sulfocálcica para 20 litros de calda bordalesa.
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Colocar a bandeja com arroz dentro da mata
virgem, protegida com tela fina para a
captura dos microrganismos. Afastar a
matéria orgânica (serrapilheira, liteira), no
local onde a bandeja ficará. Depois, cobrir a
bandeja com a matéria orgânica,
protegendo-a com uma tela sobre a qual
será colocado um pedaço de lona ou plástico
para evitar que entre água da chuva na
bandeja, o que prejudicaria o processo. Após
05 a 10 dias os microrganismos já estarão
capturados e criados.
As partes do arroz que ficarem com
colorações rosada, azulada, amarelada e Figura 1. Instalação de
alaranjada, estarão os microrganismos armadilhas para coleta de EM.
eficientes (regeneradores). As partes com
colorações cinza, marrom e preto devem ser
descartadas (deixar na própria mata).
Atenção! As colorações no arroz variam em
função do tipo de mata onde foram
capturados os microrganismos. Quanto mais
diversificada e estruturada for a mata mais
cores estarão presentes.
Ativar Microrganismos eficientes
Distribuir o arroz colorido em 5 garrafas
plástica de 2 litros. Colocar 200 ml de melaço
ou 200 g de açúcar mascavo em cada garrafa.
Completar as garrafas com água limpa (sem
Figura 2. Coleta de EM.
cloro) ou água de arroz. Fechar as garrafas e
deixar à sombra por 05 a 10 dias. Liberar o gás
armazenado nas garrafas de 2 em 2 dias. Basta
afrouxar a tampa e apertar a garrafa pelos
lados, retirando o ar que ficou dentro (a
fermentação deve ser anaeróbica, ou seja, sem
ar, sem a presença do oxigênio). Depois desse
período o EM estará pronto. Apertar bem a
tampa (neste momento não haverá mais
produção de gás dentro da garrafa). O EM tem
coloração alaranjada, podendo ser mais clara
ou mais escura, o que depende da matéria-
prima, não implicando na qualidade do
produto. O cheiro é forte e agradável. Pode ser
armazenado por até 1 ano. No caso de
Figura 3. Ativação de EM.
apresentar mau cheiro o EM não deve ser
usado.
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Atenção! A água tratada com cloro (água de rua, água da cidade) deve ser
previamente colocada em recipiente destampado. Somente após 24 horas a
água poderá ser usada. Isto porque o cloro mata os microrganismos. A água de
igarapé ou fontes naturais é usada diretamente. O melado pode ser substituído
por caldo de cana ou açúcar mascavo, alimento dos microrganismos. Por isso faz
crescer a comunidade microbiana ativa que pelas reações de fermentação,
produzem ácidos orgânicos, hormônios vegetais (giberelinas, auxinas e
citocininas), além de vitaminas, antibióticos e polissacarídeos, enriquecendo a
solução.
Como usar:
Pulverização das plantas
A pulverização das plantas é feita com o
EM/planta. Adicionar em 100 litros de EM/solo, 0,5
(meio) litro de vinagre. Está pronto o EM/planta. É
indicado após a germinação ou em culturas já
estabelecidas. Aplicar via pulverizações foliares ou
via regador. Fazer aplicação semanal até melhorar
a estrutura do solo ou melhorar a saúde das
plantas. Depois fazer pulverizações quinzenais. No
ano em que se começa a usar o EM, o número de
aplicações é maior. Se as condições de
crescimento das plantas estiverem em ordem,
ano após ano, a frequência pode diminuir.
Pulverizar no período da manhã ou após a chuva.
Inoculação de sementes
Coloque as sementes imersas em solução de EM/solo
durante 1 hora. Sementes que absorvem mais água ficam
tempo menor. Sementes que absorvem menos água
ficam maior tempo imersas. Pode ser feita a peletização
das sementes. Umedecer sementes com a solução
EM/solo. Acrescentar cinza de fogão ou farelo (pode ser
farelo de arroz, soja, mamona, etc.) envolvendo as
sementes. Pronto, está feita a peletização.
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Compostagem
Faça a compostagem dos resíduos como indicado na apostila. Umedecer a leira
com a solução EM/solo. O volume a ser aplicado deve equivaler à quantia de
água a ser usada pra umedecer a pilha de compostagem.
O que é ?
São armadilhas que servem para o controle de insetos
nas hortas, pomares e lavouras. As garrafas pintadas
de amarelo atraem moscas, pulgões e besouros, e as
garrafas pintadas de azul controlam os insetos tripes
que se alimentam da seiva das plantas.
Esta tecnologia pode ser usada para controlar os
insetos de forma mais sustentável.
Ingredientes:
10 Garrafas PET (transparentes) de 500ml
Tinta acrílica azul e/ou amarela
Barbante ou cordas
40g Breu
20ml Óleo de soja
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O segredo para atrair os insetos está na cor, pois
enxergam determinadas cores no comprimento de
ondas de seus olhos, e algumas são mais atrativas
como amarelo ou azul.
Biochar
O que é ?
O biochar ou biocarvão é um material sólido rico em carbono, produzido a partir
da queima, sem oxigênio, de madeiras e cascas, que possui alta porosidade,
grande área de superfície específica.
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Modelo de forno
Modo de preparo
1. Previamente recomenda-se cortar madeiras de
diferentes espessuras para alimentar o forno, sendo
inicialmente utilizados gravetos com a bitola da largura
de um dedo da mão e comprimento de 20 – 40 cm e ao
final chegar a bitola de no máximo 7 cm e comprimento
20 – 40 cm.
2. O fogo deverá ser iniciado no fundo do recipiente, e após ignição, iniciar com
o fornecimento dos materiais de bitola mais fina. Esses gravetos deverão ser
colocados em uma determinada orientação em camada de até 20 cm, na
próxima camada, a orientação deverá ser cruzada e a bitola um pouco mais
grossa.
Como usar:
1 kg de biocarvão/ m²
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Água de vidro
O que é?
É o nome popular dado ao produto à BASE DE compostos de silício. Estes
compostos são abundantes no planeta e estão presentes em cristais, rochas e
chifres de animais
FUNÇÃO: A água de vidro atua enrijecendo,
endurecendo principalmente a superfície das
folhas e aumentando a camada externa,
formando uma barreira protetora para a
planta, auxiliando contra o ataque de fungos,
bactérias e insetos, pois dificulta a entrada
desses patógenos.
Ingredientes:
4 partes de Cinzas
1 parte de Cal hidratada Importante!! A melhor forma de PREPARAR A
5 partes de água quente ÁGUA DE VIDRO é utilizando cinzas e, dentre
95 partes de água fria estas, a melhor é a de casca de arroz, pois a
Balde palha da casca de arroz possui mais de 90% de
Peneira compostos de silício. É um importante protetor
Recipiente de vidro das plantas contra o desenvolvimento de
doenças fúngicas e bacterianas, e contra
insetos picadores.
Como preparar:
Utilize um copo de vidro de 200 ml como medida! Use
sempre os equipamentos de proteção individual, luvas,
óculos, máscara.
1. Em um balde, misture 1 copo de cal (virgem ou
hidratada) e 4 copos de cinzas (arroz ou bambu ou
fogão a lenha) a seco até ficar bem homogêneo.
2. Adicione 1 litro de água quente para solubilizar a
cinza, e mexa bem.
Depois de esfriar...
3. Adicione 19 litros de água em temperatura
ambiente. A mistura vai ficar translúcida. Coar a
mistura com peneira e pano limpo, para filtrar os grãos
de cinza.
4. Coar a mistura com peneira e pano limpo, para
filtrar os grãos de cinza.
Importante!!
Não guarde em garrafas PET ou outros plásticos, pois o produto é corrosivo.
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COAR A MISTURA COM
PENEIRA E PANO LIMPO;
COMO PREPARAR ?
1º
4 PARTES 1 PARTE CAL
DE CINZAS HIDRATADA
5º
ARMAZENAR
EM VIDRO
2º
5 PARTES DE UTILIZE FRASCOS DE VIDRO
ÁGUA QUENTE PARA ARMAZENAR, ASSIM
PODERÁ SER ARMAZENADO
POR ATÉ 01 ANO.
COMO UTILIZAR?
DILUIR 250 ML DE ÁGUA DE
VIDRO EM 20 LITROS DE ÁGUA;
REALIZAR A APLICAÇÃO A CADA
15 DIAS
95 PARTES DE
3º ÁGUA FRIA
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NPK caseiro
O que é?
São adubos que tem em sua formulação: Nitrogênio (N), Fósforo (P) e Potássio (
K), que são os macro nutrientes, ou seja, os nutrientes que as plantas precisam
em maior quantidade para se desenvolver.
Ingredientes:
5 Kg de folhas de ingá (N)
5 Kg de folhas e flores do
margaridão mexicano (P)
5 Kg de folhas de embaúba
(P)
5 Kg de folhas de urucum (K)
Recipiente com capacidade
de 200 litros
Como preparar:
1. Colocar os materiais em uma caixa d’água
com capacidade de 200 litros;
2. Acrescentar 100 litros de água;
3. Mexer os ingredientes na caixa d’água;
4. Deixar fermentando por cerca de 60 dias;
5. Peneirar e separar o líquido da parte
sólida;
6. Acondicionar o adubo líquido em garrafas
Pets e armazenar em local seco e seguro.
Como usar:
Diluir 2 L da solução em 20 L de água
(10%).
Realizar as aplicações semanalmente.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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