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Cópia de Plano de Manejo Orgânico - OCS

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CURSO DE

AGROECOLOGIA
E AGRICULTURA
ORGÂNICA
APRESENTAÇÃO

Em geral, as publicações disponíveis relacionadas à produção sustentável


de alimentos são baseadas em realidades de outras regiões do país. A
presente cartilha pretende abordar o contexto amazônico da produção de
base agroecológica. Neste sentido, deve-se levar em consideração o
contexto local de cada município ou sub-região do estado e suas
peculiaridades, uma vez que as diferentes realidades mudam dependendo
das especificidades, sazonalidades e características, ambientais, sociais e
econômicas das localidades, tendo em vista a vasta dimensão territorial do
Amazonas, de modo que a combinação desses fatores propicia variações
climáticas, tipo de solo, vegetação, costumes, crenças, dinâmicas de
mercado, entre outras, as quais influenciam diretamente no sistema de
vida das populações locais. Assim, o desenho do sistema de produção
reflete as aspirações, criatividade e conhecimento dos agricultores, que
desenvolvem a agricultura a partir de sua cultura, para melhor satisfação
de seus desejos e necessidades. Neste contexto, há que se considerar a
vocação natural e a diversidade cultural de cada ambiente, bem como o
contexto histórico do território onde as comunidades estão inseridas,
tendo como orientação preferencial os princípios da agroecologia
enquanto eixo norteador da ação extensionista requerida para a
implementação do Projeto Prioritário de Agroecologia e Produção
Orgânica em municípios da região metropolitana de Manaus.
Assim, esta cartilha pretende ser um simples instrumento de consulta,
geração de conhecimento e socialização de tecnologias apropriadas à
produção orgânicano contexto da Agricultura Familiar amazonense, com
o propósito de ajudar a todos que sonham e lutam por um mundo melhor
e acreditam que os alimentos provenientes de solos sadios, têm
importância vital na promoção da qualidade de vida das pessoas, por
conterem as propriedades essenciais à prevenção e manutenção da saúde
e da vida.
SUMÁRIO

5
O que é Agroecologia?
O que é Agricultura orgânica? 5

PRÁTICAS DE MANEJO DE BASE 11


AGROECOLÓGICA 11
Adubação verde
16
Composto orgânico
19
Biofertilizantes orgânicos
Húmus de minhoca 28

MANEJO E CONTROLE ALTERNATIVO DE 29


PRAGAS E DOENÇAS
Captura e uso de Microrganismos
40
Eficientes- ME
44
Armadilha para insetos
Biochar 45

Água de vidro 47
NPK Caseiro 49
CONSIDERAÇÕES FINAIS
50
O que é Agroecologia?

É a ciência que gera os conhecimentos para a agricultura sustentável e estuda a


melhor forma de integrar o homem, o meio ambiente e a agricultura, sem o uso
de agrotóxicos. A agroecologia surge como base para o desenvolvimento
sustentável das atuais e futuras gerações, buscando promover o uso responsável
dos recursos naturais e ambientais (solo, água, ar, floresta).
A base da agroecologia é a agronomia e a ecologia, mas esse enfoque científico
interage com as diversas áreas do conhecimento, como: antropologia, sociologia,
biologia, veterinária, economia, pedagogia, comunicação, entre outras, inclusive
com o saber tradicional dos agricultores.
A agroecologia busca a integração entre as diversas culturas, a família, o cultivo
de plantas e a criação de animais para que o agricultor obtenha um melhor
aproveitamento dos recursos existentes na unidade de produção, respeitando as
dinâmicas da natureza e os agricultores como protagonistas de seu próprio
desenvolvimento.

O que é sistema orgânico de produção agropecuária ?

Segundo a Lei nº 10.831 de 23 de dezembro de 2003, artigo 1º – considera-se


sistema orgânico de produção agropecuária todo aquele em que se adotam
técnicas específicas, mediante a otimização do uso dos recursos naturais e
socioeconômicos disponíveis e o respeito à integridade cultural das
comunidades rurais, tendo por objetivo a sustentabilidade econômica e
ecológica, a maximização dos benefícios sociais, a minimização da dependência
de energia não-renovável, empregando sempre que possível, métodos culturais,
biológicos e mecânicos, em contraposição ao uso de materiais sintéticos, a
eliminação do uso de organismos geneticamente modificados e radiações
ionizantes, em qualquer fase do processo de produção, processamento,
armazenamento, distribuição e comercialização, e a proteção do meio ambiente.
O conceito de sistema orgânico de produção agropecuária e industrial abrange
diferentes denominações das agriculturas de base ecológica, como: agricultura
ecológica, biodinâmica, natural, regenerativa, biológica, agroecológica,
permacultura e outras que atendam os princípios estabelecidos na Lei de
Agricultura Orgânica.

O que é a agricultura orgânica ?


A agricultura orgânica surgiu de 1925 a 1930 com os trabalhos do inglês Albert
Howard, que ressalta a importância da matéria orgânica nos processos
produtivos e mostram que o solo não deve ser entendido apenas como um
conjunto de substâncias, tendência proveniente da química analítica, pois nele
ocorre uma série de processos vivos e dinâmicos essenciais à saúde das plantas
(“solo vivo”). A base da agricultura orgânica é o manejo do solo com o uso da
compostagem em pilhas, de plantas de raízes profundas, capazes de explorar as
reservas minerais do subsolo, e da atuação de micorrizas na produtividade e
“saúde das culturas”.
5
Qual a relação entre Agroecologia e Agricultura orgânica?
Em termos simples, agroecologia é a ciência que norteia os sistemas
orgânicos de produção, ao passo que a agricultura orgânica é a
aplicação prática dos conhecimentos gerados pela agroecologia e
abrange todas as linhas de base ecológica como citado acima.

O que é transição agroecológica?


É a passagem da maneira convencional de
produzir com agrotóxicos e outros insumos
contaminantes para novas formas de fazer
agricultura com tecnologias de base
agroecológica.

Bases e princípios dos sistemas orgânicos de produção agropecuário


Contribuição da rede de produção orgânica ao desenvolvimento local, social e
econômico sustentável.
Manutenção de esforços contínuos da rede de produção orgânica no
cumprimento da legislação ambiental e trabalhista pertinentes na unidade de
produção, considerada em sua totalidade.
Relações de trabalho baseadas no tratamento com justiça, dignidade e
equidade, independentemente das formas de contrato.
Incentivo à integração da rede de produção orgânica e à regionalização da
produção e comércio dos produtos, estimulando a relação direta entre o
produtor e o consumidor final.
Produção e consumo responsáveis, comércio justo e solidário baseados em
procedimentos éticos.
Desenvolvimento de sistemas agropecuários baseados em recursos renováveis e
organizados localmente.
Inclusão de práticas sustentáveis em todo o seu processo, desde a escolha do
produto a ser cultivado até sua colocação no mercado, incluindo o manejo dos
sistemas de produção e dos resíduos gerados.
Oferta de produtos saudáveis, isentos de contaminantes oriundos do emprego
intencional de produtos e processos que possam gerá-los e que ponham em
risco a saúde do produtor, trabalhador ou consumidor, e o meio ambiente.
Preservação da diversidade biológica dos ecossistemas naturais, a recomposição
ou incremento da diversidade biológica dos ecossistemas modificados em que
se insere o sistema de produção, com especial atenção às espécies ameaçadas
de extinção, à diversificação da paisagem e à produção vegetal.
·Uso de boas práticas de manuseio e de processamento com o propósito de
manter a integridade orgânica e as qualidades vitais do produto em todas as
etapas.
·Adoção de práticas na unidade de produção que contemplem o uso saudável
do solo, da água e do ar, de modo a reduzir, ao mínimo, todas as formas de
contaminação e desperdício desses elementos.
6
Utilização de práticas de manejo produtivo que preservem as condições de
bem-estar dos animais. O mane produtivo deve assegurar condições que
permitam aos animais viver livre de dor, sofrimento, angústia, em um ambiente
em que possam comportar-se como se estivessem em seu habitat original,
compreendendo movimentação, territorialidade, descanso e ritual reprodutivo.
A nutrição dos animais deve assegurar alimentação balanceada, correspondente
à fisiologia e comportamento de cada raça.
Incremento dos meios necessários ao desenvolvimento e equilíbrio da atividade
biológica do solo.
Emprego de produtos e processos que mantenham ou incrementem a
fertilidade do solo em longo prazo.
Reciclagem de resíduos de origem orgânica, reduzindo ao mínimo o emprego
de recursos não renováveis.
Manutenção do equilíbrio no balanço energético do processo produtivo.
Conversão progressiva de toda a unidade de produção para o sistema orgânico.

O que é a teoria da trofobiose?


De acordo com essa teoria, as plantas desequilibradas ficam mais suscetíveis ao
ataque de pragas (fungos, bactérias, insetos, nematoides e outros). Esse
desequilíbrio pode ser provocado por alterações fisiológicas, principalmente na
composição da seiva vegetal, em decorrência de excesso ou falta de fatores
nutricionais, de intoxicações químicas, do uso exagerado de produtos químicos
sintéticos e estresse hídrico, provocado por excesso ou falta de água. As pragas
não possuem a capacidade de digerir e aproveitar substâncias complexas e
insolúveis, mas são capazes de formá-las a partir de substâncias simples e
solúveis. Assim, o estado bioquímico das plantas e a presença ou ausência de
substâncias simples e solúveis essenciais à sobrevivências das pragas é que
determinam seu estabelecimento ou não e o aparecimento dos sintomas de
ataque. Como as moléculas simples e solúveis estão presentes nas plantas
desequilibradas, as desordens fisiológicas tornam-nas mais suscetíveis ao ataque
das pragas. Exemplo disso é o uso de agrotóxicos, que leva à carência de
micronutrientes nas plantas e à inibição da formação de substâncias complexas,
e o uso exagerado de adubos nitrogenados solúveis, que leva à produção de
substâncias mais simples, como os aminoácidos, alimento das pragas.

O que é equilíbrio ecológico?


Em sistemas orgânicos de produção, o equilíbrio ecológico, entre os macros e
micros organismos é fundamental para manter as populações de insetos-praga e
outros vetores de doenças em níveis que não causem danos econômicos às
culturas. Sistemas produtivos que utilizam adubos químicos sintéticos e
agrotóxicos provocam instabilidade no ambiente e desequilíbrios na nutrição das
plantas, levando ao aumento da população desses organismos. Os inimigos
naturais são insetos predadores, importantes no controle de insetos prejudiciais à
plantação. O controle biológico de pragas e doenças busca manter a estrutura,
produtividade e equilíbrio do sistema, associado ao emprego de métodos
culturais, biológicos e mecânicos. Esse controle natural é eliminado com o uso de
agrotóxicos.
7
Qual a relação e a importância da biodiversidade para a
agricultura orgânica ?
Um dos princípios da produção orgânica é a preservação e
ampliação da biodiversidade. A restituição da biodiversidade vegetal
permite o restabelecimento de inúmeras interações entre solo,
plantas e animais, resultando em efeitos benéficos para o
agroecossistema. Entre esses efeitos destacam-se:
A variedade na dieta alimentar e de produtos para o mercado.
O uso eficaz e a conservação do solo e da água, com a proteção da cobertura
vegetal contínua, do manejo da matéria orgânica e implantação de quebra-
ventos.
A otimização na utilização de recursos locais.
O controle biológico natural.

Como são tratados os aspectos sociais e econômicos da produção na


Agricultura orgânica?
A agricultura orgânica visa o desenvolvimento de sistemas agropecuários
sustentáveis organizados localmente, levando em consideração os contextos
culturais, sociais e econômicos. É um modelo de produção ambientalmente
correto, socialmente justo e economicamente viável em pequena, média e grande
escala, que visa otimizar o processo produtivo em vez de maximizar a
produtividade. A agricultura orgânica incentiva a integração da cadeia produtiva,
a regionalização da produção e do comércio de produtos, a relação direta entre
produtor e consumidor final, o consumo responsável, o comércio justo e solidário,
e relações de trabalho baseadas no tratamento com justiça, dignidade e
equidade, independentemente das formas de contrato de trabalho.

O que são as boas práticas da produção orgânica vegetal ?


As boas práticas da produção orgânica vegetal são procedimentos orientadores,
não obrigatórios, a serem adotados no manejo dos agroecossistemas, e
elaborados com a finalidade de serem incorporados, em médio e longo prazo, nos
regulamentos técnicos da produção orgânica.

Quais são as boas práticas de diversificação da paisagem na produção


orgânica vegetal ?
Rotação de culturas diversas e versáteis que incluam adubos verdes,
leguminosas e plantas de raízes profundas, ou outras práticas promotoras de
diversidade.
Diversificação entre e dentro das espécies cultivadas.
Utilização de cordões de contorno (barreiras vegetais).
Promoção da biodiversidade vegetal e animal em áreas em que esteja cultivada
uma só espécie vegetal, com o plantio de várias espécies de plantas,
preferencialmente árvores nativas, ou da implantação de faixas de vegetação
intercaladas à cultura principal, criando corredores ecológicos.
Cobertura apropriada do solo com espécies diversas pelo maior período
possível.
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Quais as boas práticas no manejo orgânico e na conservação do solo e da
água ?
A unidade produtora deve destinar áreas apropriadas cujo manejo respeite o
habitat de espécies silvestres, preserve a qualidade das águas e a saúde do solo. As
práticas recomendadas são:
Adoção de medidas para prevenir a erosão, a compactação, a salinização e
outras formas de degradação do solo.
Minimização das perdas do solo.
Utilização de matéria orgânica.
Planejamento de sistemas que utilizem os recursos hídricos de forma
responsável e apropriada ao clima e à geografia local.
Planejamento e manejo de sistemas de irrigação considerando as
características de cada cultura.
Manutenção e preservação de nascentes e mananciais hídricos.
Utilização de quebra-ventos.
Integração da produção animal e vegetal.
Implantação de sistemas agroflorestais.

Quais as boas práticas para a fertilidade dos


solos e a fertilização ?
A nutrição de plantas deve fundamentar-se nos recursos do solo, e a base para o
programa de adubação deve ser o material biodegradável produzido nas
unidades de produção e nos sistemas produtivos com o uso integrado de várias
práticas. O manejo da adubação deve minimizar as perdas de nutrientes, assim
como evitar o acúmulo de metais pesados e outros poluentes. Os insumos, em
seu processo de obtenção, utilização e armazenamento, não devem comprometer
a estabilidade do habitat natural. A manutenção de quaisquer espécies presentes
na área de cultivo não deve representar ameaça ao meio ambiente ou à saúde
humana.
Desequilíbrio das plantas
As plantas desequilibradas ficam mais sujeitas ao ataque de fungos, bactérias,
vírus, insetos, nematoides e outros. Esse desequilíbrio pode ser provocado por
alterações na composição da seiva vegetal, devido ao excesso ou deficiência de
fatores nutricionais, de intoxicações químicas, do uso excessivo de produtos
químicos sintéticos e de estresse hídrico, provocado pelo excesso ou falta de água.
Vegetal saudável, equilibrado, dificilmente será atacado por pragas e doenças
devido o funcionamento de suas funções metabólicas, conferindo resistência às
plantas.

Diversidade do sistema
A monocultura representa um dos maiores problemas do modelo agrícola
convencional, porque não havendo diversidade de espécies, numa determinada
área, as pragas e doenças ocorrem de forma mais intensa sobre a cultura
cultivada, por ser a única espécie presente no local.

9
Outro aspecto do monocultivo é que as plantas exploram os mesmos nutrientes
para satisfazer suas exigências nutricionais, causando desequilíbrio e
esgotamento do solo. O aumento da diversidade nos sistemas, além de evitar que
isto ocorra, favorece a interação positiva entre as espécies, diversificando a
paisagem.
O termo “praga” não é adequado na agricultura orgânica, pois o
que há na verdade, são insetos e microrganismos com
necessidades vitais de sobrevivência (uma delas é a fome),
cumprindo funções ecológicas na natureza, a fim de garantir que
os indivíduos a permanecerem no ambiente para perpetuação da
espécie, sejam os mais fortes, vigorosos e saudáveis, resultantes
do processo de seleção natural.

Manejo e conservação do solo como parte integrante do sistema


Na agricultura orgânica o solo é um “organismo vivo” e representa a base do
sistema de produção. Logo, deve-se manejar o sistema como um todo, a fim de
mantê-lo fértil e saudável, visando fazer agricultura por longo prazo para as atuais
e futuras gerações. Alguns cuidados são essenciais: manter o solo sempre coberto;
evitar queimadas em grandes áreas, fazendo uso racional do fogo (moderado,
localizado, controlado); fazer adubação verde; deixar a matéria orgânica no solo
para aumentar a diversidade biológica. A relação solo/planta/solo deve ser
respeitada para manter essa coexistência. Assim, o solo faz a planta e a planta faz
o solo, estão intimamente relacionados, é um princípio da natureza, não se trata
de um substrato inerte apenas para fixar as plantas.

Ciclagem de nutrientes/reciclagem da matéria orgânica


Em sistemas orgânicos, a reciclagem de resíduos como
estercos de animais e biomassas vegetais, permite a
produção de compostos orgânicos para uso na agricultura,
reduzindo o custo de produção e a dependência de
insumos externos. Além de promover o uso dos benefícios
da matéria orgânica em todos os níveis. Esse ensinamento
provém do processo ecossistêmico da ciclagem de
nutrientes que ocorre na floresta.

Mínima dependência de insumos externos


Um dos objetivos da agricultura orgânica é promover a autonomia dos
agricultores com a autossuficiência da unidade de produção, aproveitando o
máximo de recursos existentes na propriedade para a produção de insumos e
manejo dos sistemas orgânicos. Isto evita a dependência da compra de insumos
vindos de fora da propriedade, os quais elevam o custo de produção, reduzindo a
margem de lucro e a competitividade dos agricultores. Além de comprometer o
bem estar das famílias.

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Soberania e segurança alimentar
A diversidade dos agroecossistemas deve proporcionar uma mesa farta para
alimentação equilibrada das famílias, tanto em quantidade quanto em qualidade,
possibilitando a liberdade de escolha dos alimentos que desejam consumir,
alimentos seguros, livres de contaminantes. A diversificação das culturas também
se constitui em uma estratégia socioeconômica da agricultura familiar em
garantir, prioritariamente, o autoconsumo da família com a produção de
alimentos básicos e a geração de renda, bem distribuída, ao longo dos anos, o que
não seria possível no caso de monocultivo.
Sustentabilidade a partir da Agroecologia
A sustentabilidade é uma premissa da agroecologia que busca o
desenvolvimento rural sustentável e, por conseguinte, da agricultura orgânica,
enquanto agricultura de base agroecológica. Não há desenvolvimento sem
sustentabilidade, nem sustentabilidade sem desenvolvimento. Nesta
interdependência a sustentabilidade se dá pelo equilíbrio entre as dimensões
ambiental, social e econômica. Não dá pra dissociar. Logo, a agricultura orgânica é
uma agricultura sustentável. Portanto, o argumento de que é permitido o uso de
mão-de-obra escrava e infantil, monocultivo, problemas ambientais, no processo
produtivo orgânico, são na verdade distorções, visto que fere o princípio da
sustentabilidade.

PRÁTICAS DE MANEJO DE BASE AGROECOLÓGICA

Respeito à vocação do solo


Usar espécies e variedades adaptadas às condições ambientais locais, por serem
menos exigentes em termos nutricionais, em insumos e tratos culturais (manejo).
Como as culturas da região, as plantas alimentícias não convencionais (PANC) e
outras da agrobiodiversidade local. Os solos do Amazonas talvez não sejam
apropriados para o cultivo de morango ou de uva, mas são excelentes para o
cupuaçu, mandioca, açaí, etc.

Adubação verde
O uso de leguminosas como adubo verde em sistemas orgânicos além de
contribuir na nutrição dos vegetais, previne o surgimento de pragas e doenças
nas plantas, seja na parte aérea ou no sistema radicular, por melhorar as
condições de saúde do solo (fertilidade, textura, vida), com destaque para a fixação
biológica de nitrogênio atmosférico, elemento indispensável ao bom
desenvolvimento dos vegetais. Além das leguminosas, outras plantas
(adubadeiras, companheiras) podem ser usadas na adubação verde. Na
atualidade, pode-se conceituar a adubação verde como a utilização de plantas em
rotação, sucessão ou consorciação com as culturas, incorporando-as ao solo ou
deixando-as na superfície, visando-se à proteção superficial, bem como a
manutenção e melhoria das características físicas, químicas e biológicas do solo:

11
Puerária e mucuna preta – favorecem o controle da erosão e de ervas
invasoras, a exemplo do capim-sapê. Também fornecem matéria orgânica. A
mucuna contém compostos nematicidas;
Feijão guandu – planta rústica de crescimento inicial lento, bastante resistente
à seca e pouco exigente em fertilidade, raiz pivotante profunda boa na
recuperação de solos compactados e controle de ervas invasoras, produtora de
grãos para alimentação humana ou forrageira rica em proteínas para
alimentação animal;
Feijão-de-porco – adubação verde intercalar e controle da proliferação de
plantas espontâneas, como a tiririca, capim-sapê;
Crotalária (spectabilis e juncea) – adubação intercalar, rotação de culturas,
com vantagem de controlar nematoides, não ser trepadeira e aceitar poda;
Gliricidia – leguminosa arbórea, introduzida da América Central, crescimento
rápido, fácil decomposição e rápida liberação de nutrientes, repelente para
formigas;
Ingazeira – adubação verde intercalar, boa produção de biomassa,
crescimento rápido, com vantagem de não ser trepadeira e ser da região;
Mamona – fonte de Nitrogênio (N), crescimento rápido e repelente de insetos;
Margaridão mexicano (Tithonia) – rápido crescimento, fonte de fósforo (P),
potássio (K) e alto volume de biomassa;
Gramíneas – fonte de fósforo. Promovem a descompactação e estruturação do
solo.
Nim – planta indiana que possui efeito nematicida contém compostos que
possuem propriedades químicas (azadiractina) capazes de afetar mais de 200
espécies de insetos.
Pimenta longa ou pimenta-de-macaco – apresenta propriedades inseticidas.
Cana-de-açúcar – gramínea com palhada excelente para cobertura de solo.
Também fornece a garapa que é fonte de alimento para microrganismos,
largamente utilizada na propriedade, essencial no preparo de biofertilizantes e
microrganismos eficientes (EM).

Funções da adubação verde


Proteger o solo das chuvas de alta intensidade;
Manter elevada a taxa de infiltração de água no solo, pelo efeito combinado
do sistema radicular com a cobertura vegetal;
Elevar o teor de matéria orgânica ao longo dos anos;
Aumentar a capacidade de retenção de água no solo;
Atenuar as oscilações térmicas das camadas superficiais do solo e diminuir a
evaporação;

12
Promover mobilização e reciclagem mais eficiente de nutrientes;
Promover o aporte de nitrogênio por meio da fixação biológica;
Diminuir a lixiviação de nutrientes como o nitrogênio;
Reduzir a população de ervas invasoras, em função do crescimento rápido e
agressivo de algumas espécies de adubos verdes;
Criar condições ambientais favoráveis ao incremento da diversidade
biológica do solo.

Cobertura vegetal
A cobertura vegetal do solo tanto pode ser viva com leguminosas e/ou capins ou
cobertura morta, prática cultural que consiste na aplicação de material orgânico
(palhas, capins, folhas ou qualquer outro resto vegetal) como cobertura da
superfície do solo, sem que seja incorporado. Usa-se a cobertura para influenciar
positivamente as qualidades físicas e biológicas do solo, diminuindo a erosão,
plantas invasoras e criando condições adequadas para o crescimento das raízes
(sistema radicular).
Quanto à época de aplicação é recomendável empregar a cobertura morta antes
do período de verão para a obtenção dos efeitos positivos no desenvolvimento das
plantas pela retenção de umidade e equilíbrio da temperatura do solo. Por outro
lado, a utilização da cobertura antes de períodos chuvosos melhora o controle da
erosão e a proteção do solo, evitando que os nutrientes sejam lavados,
principalmente em áreas inclinadas.

Consorciação
Em consórcios é recomendável a utilização de plantas de diferentes famílias com
variadas exigências nutricionais e diferentes sistemas radiculares, em uma mesma
área, que se complementam, como por exemplo, a associação de plantas de raízes
profundas com plantas de raízes superficiais, permite melhor aproveitamento dos
nutrientes em diferentes profundidades do solo ou solanáceas (berinjela)
plantadas com leguminosa (feijão de metro). A intenção é que as plantas
consorciadas possam interagir e se ajudar mutuamente.

Rotação de culturas
A rotação de cultura inspirada na sucessão natural é feita com o objetivo de
controlar pragas e doenças, que atacam as monoculturas de forma constante,
quebrando o ciclo biológico dos organismos pela alternância de espécies vegetais,
preferencialmente de diferentes famílias botânicas, no mesmo local e na mesma
estação anual, principalmente hortaliças com características fitossanitárias
distintas.

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Faixas de retenção
São faixas feitas em curvas de nível para evitar a erosão em terrenos acidentados.
As faixas são permanentes, nas quais deve-se deixar crescer a vegetação para
servir de abrigo, fonte de alimentos e permitir a reprodução dos inimigos naturais
dos insetos nocivos à lavoura, restabelecendo o equilíbrio ecológico do sistema.
As faixas também servem de quebra-ventos que protegem as plantas contra a
ação de ventos fortes que poderiam prejudicar as culturas, evita o ressecamento
do solo pelo vento e protege contra a entrada de pragas.
As faixas não devem ser feitas somente em terras com declive acentuado. Pode-
se ainda plantar dentro das faixas, espécies que atuam como repelentes para
insetos, que tenham alguma utilidade e que retenham água.
Exemplos de espécies que podem ser plantadas nas faixas de retenção: pimenta,
arruda, capim santo, cariru, capim napier, hortelã, capim citronela, cana-de-
açúcar, bambu, milho, margaridão.
Pousio
Em geral, o pousio é uma prática simples que consiste em deixar a área em
repouso por determinado tempo pra que a vegetação natural se recomponha,
elimina nematoides por inanição, tendo em vista a ausência do hospedeiro e a
quebra do ciclo evolutivo. Porém, a exposição do solo a erosão, perda de matéria
orgânica, redução da fertilidade do solo e da retenção de nutrientes, custos
elevados com a manutenção do solo e a diminuição populacional de organismos
benéficos na área, são alguns dos entraves para a realização dessa prática.
Manejo e controle de plantas espontâneas
A vegetação local é muito importante para o equilíbrio ecológico da população de
insetos em sistemas orgânicos, se mal manejada as plantas espontâneas podem
provocar perdas de rendimento comercial em várias culturas. Recomenda-se a
capina, em faixas, de forma a evitar a presença dessas plantas próximas à cultura
de interesse comercial, deixando-se uma estreita faixa de vegetação nas
entrelinhas do plantio.

Solarização do solo
Para áreas que apresentam alta infestação de plantas indicadoras persistentes,
como a tiririca (capim barba-de-bode), capim-sapê (furão), entre outras, o cultivo é
dificultado em sistemas orgânicos, uma vez que não é permitido o emprego de
herbicidas sintéticos. Assim recomenda-se o aquecimento do solo para a
eliminação dos patógenos, insetos e plantas invasoras.
A solarização é um método de desinfecção do solo de canteiros, para controle de
patógenos, pragas e plantas invasoras por meio dos raios solares. Consiste na
cobertura do solo, devidamente preparado, com filme plástico transparente (se
não houver, utiliza-se o preto), antes do plantio, preferencialmente no período de
maior incidência de radiação solar (verão).

14
A solarização é indicada para o controle de pragas e patógenos de solo
(Sclerotinia sclerotiorum, Sclerotium rolfsii, Verticillium, e Rhizoctonia solani, entre
outros, pois são sensíveis ao calor).
Para a colocação do plástico, o terreno deve ser preparado com aração e
gradagem. Devem ser retirados materiais pontiagudos e saturado com água.
Colocar o plástico manualmente sobre o terreno, eliminando as bolsas de ar,
enterrando-se as bordas em sulcos no solo. Deixar o solo solarizando por 30 a 50
dias.

Uso de cinza e pó de carvão


Outra prática pouca utilizada pelos agricultores é o uso da cinza e do pó de carvão
no manejo das plantas e do solo.
A cinza de origem vegetal é um excelente adubo e corretivo, por fornecer
nutrientes às plantas, como potássio e cálcio. Além de atuar na redução da acidez
do solo.
O pó de carvão também é importantíssimo na retenção de água e fornecimento
de minerais para as plantas, assim como na recuperação da estrutura do solo, pois
melhora as relações entre solo e microrganismos. Essa biomassa carbonizada atua
como condicionador do solo, melhorando a porosidade, aeração e a capacidade
de penetração das raízes, e por consequência, o desenvolvimento radicular das
plantas. Ajuda também a reduzir a acidez do solo.

Adubação orgânica
As consequências danosas causadas pelo processo de degradação progressiva
dos solos amazônicos pelas práticas convencionais de produção agropecuária
podem e devem ser amenizadas por meio de tecnologias sustentáveis. Neste
sentido, o uso da matéria orgânica é uma realidade, com base principalmente no
uso do esterco animal curtido e compostado. Conhecer os efeitos benéficos que a
matéria orgânica provoca nas estruturas químicas, físicas e biológicas de solos
tropicais, aliados aos métodos que potencializem a produção de adubo orgânico
são fundamentais na busca da sustentabilidade agrícola, pois a forma mais fácil e
barata de se conseguir uma nutrição saudável e equilibrada é através da
adubação orgânica.
Compostagem orgânica
A compostagem é o processo de transformação biológica de resíduos orgânicos
grosseiros, como galhos, palhadas, estrumes, em compostos orgânicos usados na
agricultura. Esse processo envolve transformações complexas de natureza
bioquímica, promovidas por milhões de microrganismos que têm na matéria
orgânica sua fonte de energia. A compostagem é um método de reciclagem que
promove a fermentação da matéria orgânica de origem animal e vegetal, no qual
a relação carbono/nitrogênio (C/N), o controle da umidade e temperatura são
fundamentais.

15
A montagem da pilha (monte, leira) demanda o máximo de quantidade e
variedade de restos e rejeitos orgânicos (folhas de hortaliças, talos, cascas,
sementes) que são ricas fontes de nutrientes, fibras, vitaminas, minerais e carbono
que podem e devem ser reaproveitados, adicionando-os a resíduos de animais.
Geralmente são usados esterco de animais, restos culturais, serragem, paú, ervas,
cascas, folhas verdes e secas, palhas, apara de grama, folhas, galhos, restos de
culturas agrícolas, enfim, todo material orgânico de origem animal e/ou vegetal.
Quanto mais variado e picado os componentes utilizados, melhor será a qualidade
do composto e mais rápido o processo de preparo.
Durante os primeiros dias, a pilha pode ter seu volume reduzido até um terço do
inicial, tornando as camadas inferiores mais densas, para isso, recomenda-se fazer
o revolvimento da pilha. O ideal é que sejam feitos, pelo menos, três revolvimentos
no primeiro mês, aos 7, 17 e 30 dias, aproximadamente. Não se deve deixar de
verificar a umidade da pilha, caso seja necessário, irrigar o material para umedecê-
lo, mas sem encharcar. No verão, se o composto estiver a pleno sol, é bom cobri-lo
com folhagens ou palha para evitar o excesso de evaporação da água. Após a
conclusão da pilha de compostagem, não se deve acrescentar novos materiais.

Composto orgânico
É o resultado da decomposição controlada da matéria orgânica, em condições de
aeração (oxigênio). Esse processo gera trocas gasosas, calor, água e a matéria
orgânica compostada. Seu uso no solo aumenta o número de minhocas, insetos e
microrganismos benéficos, ajuda na nutrição das plantas e reduz a incidência de
doenças.
O composto orgânico pode ser incorporado ou lançado sobre o solo, formando
uma cobertura chamada "mulch" que influencia nas propriedades físicas,
químicas e biológicas do solo, favorecendo o desenvolvimento das raízes, a
capacidade de absorção de água e nutrientes, o aumento da capacidade de
infiltração de água, a estabilidade de temperatura e pH do solo e a reprodução de
microrganismos benéficos às culturas agrícolas. Além de reduzir o risco de erosão.
O composto maduro tem cheiro agradável e fica pronto para uso entre 60 a 120
dias. Os resíduos usados formam um material escuro e homogêneo. Depois de
pronto, o composto não deve ficar exposto à ação do tempo. Enquanto não for
utilizado deve permanecer umedecido e protegido do sol e da chuva.

Atenção! Deve-se evitar o uso de resíduos de


madeira tratada com produtos químicos contra
cupins ou envernizadas, bem como vidro, metal,
óleo, tinta, plástico, pois além de prejudicar o
processo de fermentação são de difícil degradação
e prejudiciais às lavouras.

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Importante! O composto é bastante utilizado em culturas de ciclo curto como
as hortaliças, pela necessidade de uso constante do adubo no preparo sucessivo
do solo, bem como na fase de estabelecimento de pomares. No entanto, não se
recomenda a produção de composto para uso em áreas maiores com cultivo de
culturas perenes, por se tornar inviável em função da grande quantidade de
materiais necessários e mão de obra dispendiosa, gasta no processo. Neste caso,
recomenda-se o uso da compostagem laminar.

Montagem da pilha
1. Escolher um local de fácil acesso com disponibilidade de água, plano ou
levemente inclinado e protegido de enxurradas.
2. Formar pilha (monte, leira), em forma piramidal (época das chuvas), com
altura entre 1,0 m a 1,5 m, com 2,5 a 3,0 m na base ou no formato trapezoidal (no
verão), com altura entre 1,0 m a 1,5 m, com 2,5 a 3,0 m na base e 1,0 m na parte
superior. O comprimento varia dependendo da necessidade de composto,
quantidade de resíduos e espaço disponível.
3. Os materiais mais fibrosos devem ser colocados na parte de baixo e na parte
de cima da pilha, colocando-se sempre no meio, os materiais de apodrecimento
mais rápido, que podem exalar cheiro desagradável ou atrair insetos e roedores.
4. Escolher dentre os materiais, aqueles mais difíceis de decompor, os quais
devem ser colocados na parte de baixo da pilha, com exceção dos galhos de
árvores, que terão função mais importante. Esses materiais podem ser a casca
de arroz e o pó de serra.
5. Procedimentos para a montagem da pilha:
·Colocar na base, uma camada de 20 cm de altura de casca de arroz ou pó de
serra. A largura e comprimento da base variam conforme indicado no item 2;
·Lançar sobre a primeira camada um pouco de esterco animal (3 a 5 cm);
·Espalhar acima da fina camada de esterco, outra camada de aproximadamente
20 cm, de outro material vegetal e assim sucessivamente, sempre alternado
resíduos de origem vegetal e animal, até alcançar 1,5 m de altura.

Materiais como pó de serra e palha de arroz, devem ter camadas


Dicas !! de no máximo 20 cm de altura. Camadas com espessura
superior irão dificultar a penetração de água e a circulação de ar
dentro da pilha, dificultando a combustão e degradação
biológica;
Galhos de árvores podem ser picados com facão em tamanho
de 20 a 30 cm, servindo como depósito de ar entre as camadas
de materiais mais finos;
·Não iniciar, nem finalizar a pilha com camada de esterco.
Camadas de esterco no centro da pilha evitam mau cheiro e a
perda de nutrientes por lixiviação ou pela ação do sol;

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Restos de comida, animais e vísceras de peixe, devem ser colocados no
centro da pilha, preservando-se 20 cm de largura nas laterais. Isto evitará o
aparecimento de ratos e insetos.
Durante a montagem da pilha, regar bem a cada 40 a 50 cm de altura para
umedecer os resíduos;
Reserve sempre uma quantidade razoável de composto pronto ou semi-
pronto para adicionar em novas pilhas;
Depois de construída, a pilha deve ser molhada em intervalos de 2 a 3 dias.
Mas se chover não precisa, o importante é manter a pilha úmida, nunca
encharcada;

Atenção! Uma forma simples de verificar a umidade da pilha é pegando um


punhado composto e apertar na mão, de modo que ao abri-la, forme um torrão,
o qual será desfeito ao ser pressionado com o dedo, é sinal que a umidade está
boa. Porém, se ao pressionar o torrão com a mão, escorrer água entre os dedos,
é sinal que a pilha está muito úmida e deve-se controlar a rega.
Importante! A temperatura é facilmente medida com o auxílio de um pedaço
de vergalhão que deverá ser introduzido no centro da pilha e monitorado
semanalmente, retirando-o de dentro da pilha e pegando na parte em contato
com os resíduos, com as mãos sem luva. Caso o vergalhão esteja quente que não
dê pra suportar, é sinal que a temperatura está elevada (em torno de 70º),
indicando que é preciso revirar e molhar aos poucos. Se der pra suportar o calor,
a temperatura estará em níveis adequados (50º a 60º).

Reviramento
Aconselha-se a primeira virada após 20 dias e as próximas de 10 a 15 dias. Caso
não seja possível revirar nesse prazo, revolver de acordo com as condições.
Porém, não se deve esquecer de controlar a umidade e temperatura, uma vez
que temperaturas acima de 65º pode matar os microrganismos, afetando o
processo. Caso isto aconteça revirar imediatamente a pilha, molhando aos
poucos. O tempo para a conclusão do processo depende do material usado e da
frequência de reviradas, variando entre 2 a 4 meses com reviramento e de 4 a 6
meses sem reviramento. O importante é aproveitar todo resíduo orgânico que
conseguir para transformar em adubo, evitando o risco de contaminação
ambiental.

Compostagem laminar
Consiste em se acumular os resíduos nas entrelinhas de plantio e deixar que a
própria natureza se encarregue de decompor os materiais, como ocorre na
floresta, de forma a disponibilizar os nutrientes para as culturas.

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Biofertilizantes orgânicos
São fermentados orgânicos usados como adubo desde a antiguidade e sua
utilização está sendo resgatada pela agricultura orgânica. Os biofertilizantes
equilibram a nutrição das plantas alimentando-as de acordo com suas
necessidades. Fortalecidas, as culturas apresentam resistência ao ataque de
pragas e doenças, dispensando o uso de insumos químicos, contribuindo para o
equilíbrio ecológico da flora e fauna, indispensáveis ao desenvolvimento de
todas as espécies.
Os biofertilizantes orgânicos podem ser aplicados diretamente no solo, via
sistema de irrigação ou em pulverização foliar, constitui alternativa de baixíssimo
custo à suplementação e suprimento de nutrientes dos vegetais.
O biofertilizante líquido deverá ser diluído em água, em várias concentrações
para diferentes usos e aplicações, não podendo ser armazenado por muito
tempo. Após ser coado, poderá reduzir o seu efeito fitossanitário e nutricional,
sendo preferível o uso de imediato ou até 03 meses.
Não há uma receita fixa para o preparo de biofertilizantes. Na verdade, existem
inúmeras formulações, fruto das iniciativas dos agricultores. Mesmo na falta de
alguns ingredientes o biofertilizante pode ser feito.
A formulação do biofertilizante varia conforme o local ou região, ingredientes
utilizados e a cultura. A fermentação provoca mudanças nos produtos
adicionados durante o processo, tornando-os facilmente disponíveis para as
plantas.
Os biofertilizantes também podem ser enriquecidos com micronutrientes, que
são modificados pelo processo de quelação. Uma vez quelatizados os nutrientes
são mais facilmente absorvidos pelas raízes e folhas. O processo de fermentação
promove o surgimento de vitaminas, hormônios, enzimas, antibióticos, sais
minerais, importantes no equilíbrio alimentar das plantas. Os bioferetilizantes
podem ser enriquecidos com ingredientes do tipo: farinha de carne, restos
moídos de fígado, sangue de animais abatidos, restos de peixe. São materiais
ricos em minerais, substâncias orgânicas e microrganismos.

Biofertilizante aeróbio

O esterco é misturado em água pura, não clorada e colocada em uma bomba


plástica (200 litros), deixando-se um espaço vazio de 15 a 20 cm no seu interior
para a circulação do gás.

19
Ingredientes Modo de preparo Como usar
100 litros de água; Depois de pronto,
Colocar todos os
30 kg de esterco bovino misturar 01 litro de
ingredientes num
(novo e fresco); adubo para 03 litros
tambor de 200
02 litros de leite fresco de água. Regar as
litros (bombona) ou
ou colostro; plantas adultas e o
caixa d’água.
05 litros de caldo de solo em volta das
Misturar bem e
cana ou melaço; raízes, nas horas mais
deixar fermentar
02 kg de fosfato natural; frescas do dia.
durante 30 dias,
0,5 (meio) kg de folhas No caso de plantas
mexendo uma vez
de Nim ou de mamona; jovens (mudas) e
por dia.
0,5 (meio) kg de folhas hortaliças, usar a
de leguminosas (ingá, proporção de 200 ml a
puerária, gliricídia, 500 ml para 20 litros
mucuna, feijão de de água. Coar antes
praia). de pulverizar.

Atenção! Esta receita resultará em 400 litros de adubo líquido, depois de


misturado com água, a um custo bastante reduzido.

Biofertilizante “adubo bomba”

Ingredientes Modo de preparo Como usar


Colocar todos os Depois de pronto,
450/500 litros de ingredientes numa misturar 02 litros de
água; caixa d’água de 500 adubo para 10 litros
06 baldes/120 litros litros. de água. Regar as
de esterco de Misturar bem e plantas adultas e o
galinha deixar fermentar solo em volta das
(semifermentado); durante 30 dias, raízes, a cada 15 dias,
02 baldes de 20 litros mexendo duas vezes nas horas mais
de serrapilheira da por dia. Da próxima frescas do dia.
mata; vez deixar 50 litros do No caso de plantas
02 kg de açúcar adubo antigo para jovens (mudas) e
mascavo ou 05 litros inocular os novos hortaliças, usar 500
de caldo de cana ou ingredientes, ml para 20 litros de
04 litros de melaço. abreviando o tempo água. Coar antes de
para 15 dias. pulverizar.

Atenção! Esta receita resultará em 2.500 litros de adubo líquido, depois de


misturado com água, a um custo bastante reduzido.
20
Biofertilizante “anaeróbio”

Durante o preparo a bombona é fechada hermeticamente, adaptando-se à


tampa, uma mangueira plástica. A outra extremidade da mangueira é
mergulhada em uma garrafa com água, para permitir a saída do gás metano,
produzido no sistema e não deixar entrar oxigênio, que alteraria o processo de
fermentação e a qualidade do produto.

Ingredientes Modo de preparo Como usar


30 kg de esterco de
Colocar todos os Após 40 dias coar
curral (novo e
ingredientes num em uma tela
fresco);
tambor de 200 litros (sombrite) e usar em
01 litro de soro de
(bombona), misturar pulverizações ou
leite ou 500 ml de
bem e deixar regas de plantas
leite fresco (não
fermentar durante adultas na
fervido);
40 dias com a tampa proporção de 500 ml
05 litros de caldo de
vedada. a 01 litro para 20
cana ou 01 kg de
Conectar a litros de água.
açúcar mascavo;
extremidade do Em plantas jovens
100 gramas de pó de
pedaço de (mudas) e hortaliças,
osso;
mangueira (1,5 m) na usar a proporção de
01 kg de folhas e
tampa e a outra 200 ml a 400 ml
talos verdes de
extremidade, colocar para 20 litros de
pimenta longa;
dentro de uma água.
01 kg de folhas e
garrafa (Pet) com
vagens de
água, a fim de
leguminosas picadas
permitir a saída de
(ingá, puerária,
gás e não entrar ar
leucena, mucuna,
(oxigênio).
feijão de praia);
0,5 (meio) kg de
folhas e talos de
urtiga;
0,5 (meio) kg de
folhas de Nim ou
Cipó-alho.

Atenção! Considerando a dosagem mais forte (01 litro para 20 litros de água),
esta receita resultará em 2.000 litros de adubo líquido, depois de misturado com
água, a um custo muito baixo.

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Biofertilizante “Supermagro”
É um fertilizante foliar completo que contém, praticamente, todos os nutrientes
que as plantas precisam. Usado para adubar e melhorar a saúde dos vegetais,
suas principais funções são:
Ajuda a controlar alguns insetos e doenças;
Deixa as plantas mais resistentes contra insetos e doenças;
Melhora o crescimento, vigor vegetativo e a produção.
O Supermagro é uma mistura de materiais orgânicos, minerais, esterco e água.

Ingredientes Modo de preparo Como usar


Mistura proteica: Colocar 20 kg de Na hora da
1 litro de leite fresco esterco bovino aplicação, mexer
ou soro de leite fresco e 100 litros de bem o supermagro,
bovino; água em um tambor pegar a quantidade
5 litros de garapa ou de plástico de 200 que vai usar, coar em
01litro de melaço de litros. uma peneira fina
cana; No 1º dia colocar o para separar a parte
200 ml de sangue primeiro dos grosseira, diluir em
bovino; nutrientes no água e coar a mistura
200 g de fígado tambor, junto à uma novamente em pano
bovino moído; mistura proteica. ou tela fina para não
200 g de farinha de Depois, ir colocando entupir o bico do
osso; todos os minerais e pulverizador.
200 g de calcário; mistura proteica de Dosagem para
200 g de pó de rocha 3 em 3 dias. hortaliças: 600 ml
(Arad); Toda vez que para 20 litros de
30 kg de esterco de colocar um água.
vaca (leiteira). nutriente Dosagem para
Componentes minerais: acrescentar frutíferas: 1 litro para
2 kg de sulfato de também uma 20 de água.
zinco; mistura proteica e
2 kg de sulfato de mexer bem. No Importante: em plantas
magnésio; quarto nutriente jovens, usar a metade da
2 kg de cloreto de acrescentar 10 kg de dosagem acima.
cálcio; esterco fresco e 20
1 kg de ácido bórico; litros de água.
300 g de sulfato de No final, completar
manganês; com água até
300 g de sulfato de encher o tambor,
cobre; depois é só deixar
300 g de sulfato de fermentar por 01
ferro. mês em local fresco,
na sombra e estará
pronto.

22
Biofertilizante “Agrobio”
O biofertilizante Agrobio é um produto usado como fertilizante foliar em
produção de mudas, hortaliças e culturas perenes. Sua aplicação aumenta a
resistência natural ao ataque de pragas e doenças e seu preparo é feito
utilizando esterco bovino e micronutrientes.
Para a produção de 500 litros do Agrobio são necessários:

Ingredientes Modo de preparo Como usar

200 litros de água; Misturar bem e deixar Hortaliças folhosas:


100 litros de esterco fermentar por uma
fresco bovino; semana em uma caixa 800 ml de Agrobio em
20 litros de leite de d'água de plástico com 20 litros de água 1 vez
vaca ou soro de leite; tampa, com capacidade por semana ou 400 ml
3 kg de melaço. de 500 litros. 2 vezes por semana.
A esse caldo nutritivo,
nas sete semanas
seguintes, são Hortaliças de frutos:
acrescentados,
semanalmente, e em 800 ml de Agrobio em
sequência, os seguintes 20 litros de água 1 vez
ingredientes por semana.
previamente dissolvidos
em água: Culturas perenes
- 430 g de bórax ou adultas:
ácido bórico; 800 ml de Agrobio em
- 570 g de cinza de 20 litros de água 5
lenha; vezes ao ano.
- 850 g de cloreto de Aplicações realizadas
cálcio; após podas, colheitas e
/ou estresse hídrico.
- 43 g de sulfato ferroso;
- 60 g de farinha de
osso;
- 60 g de farinha de
carne;
- 143 g de termofosfato
silício-magnesiano;
- 1,5 kg de melaço;
- 30 g de molibdato de
sódio;
- 30 g de sulfato de
cobalto;
- 43 g de sulfato de
cobre;
- 86 g de sulfato de
manganês;
23
- 143 g de sulfato de
magnésio;
- 57 g de sulfato de zinco;
- 29 g de torta de
mamona;
- 30 gotas de solução de
iodo a 1%.
Nas quatro últimas
semanas, são adicionados
500 ml de urina de vaca.
A calda deve ser bem
misturada duas vezes por
dia. Após oito semanas o
volume deve ser
completado para 500
litros de água e coado. O
Agrobio pronto apresenta
cor bem escura e odor
característico de produto
fermentado, pH na faixa
de 5 a 6.
A análise química do
biofertilizante forneceu
os seguintes resultados:
34,69 g/l de matéria
orgânica; 0,8% de
carbono; 631 mg/l de N;
170 mg/l de P; 1,2 g/l de K;
1,59 g/l de Ca e 480 mg/l
de Mg, além de traços
dos micronutrientes
essenciais às plantas.
Testes microbiológicos
não detectaram
coliformes fecais,
bactérias potencialmente
patogênicas em produtos
preparados conforme as
recomendações.

24
Importante! A quantidade máxima permitida na legislação orgânica atual é 6 kg
de cobre/ha/ano. O uso de sulfato de cobre é proibido em pós-colheita. O sulfato
de magnésio usado para fertilização e correção do solo é permitido desde que sua
origem seja natural. Produtores orgânicos devem consultar a Organização de
Controle Social (OCS) ou Organismo de Avaliação da Conformidade (OAC) para
autorização do uso de biofertilizantes, principalmente quanto à aplicação em
partes comestíveis das plantas. O uso de biofertilizante é permitido desde que
esteja fermentado e bioestabilizado (curado). Para produção e venda comercial, os
biofertilizantes devem ter registro junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (Mapa).

Biofertilizante “Bionegão”
Biofertilizante utilizado pelo agricultor Jorge Luiz dos Santos no plantio de
abacaxi:
Para a produção de 500 litros do Bionegão são necessários:

Ingredientes Modo de preparo Como usar

250 litros de água; Após colocar todos os Depois de 50 dias,


60 kg de esterco ingredientes, coar em uma tela
bovino fresco; acrescentar água até (sombrite) e usar em
2 kg de fosfato natural; completar 500 litros. pulverizações ou
20 litros de urina de Misturar bem e deixar regas no plantio de
vaca; fermentar por 50 dias, abacaxi ou em
20 kg de cebola podre; mexendo uma vez plantas adultas na
5 litros de caldo de por dia, em uma caixa proporção de 500 ml
cana (garapa); d'água de plástico para 20 litros d’água,
2 litros de leite fresco com tampa, com a cada 15 dias.
(cru); capacidade para 500 Essa mistura também
3 litros de soro de leite; litros. serve para irrigar em
2 kg de folhas novas volta das raízes e
de embaúba (picadas); canteiros. Em plantas
2 kg de folhas novas jovens (mudas) e
de ingá (picadas); hortaliças, pulverizar
2 kg de folhas de com 250 ml para 20
citronela (picadas); litros d’água, nas
20 frutos de abacaxi horas mais frescas do
danificados, dia.
começando a
apodrecer (cortados
em pedaços menores).

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Tucupi Cru
O tucupi cru pode ser utilizado para fertilizar o solo, tornando-o mais rico em
nutrientes e servindo também para controlar os vermes (nematoides) que
prejudicam o desenvolvimento das plantas. O uso no solo deve ser feito 24 horas
após sua produção.

Ingredientes Modo de preparo Como usar

Para fertilizar o solo: Solo: Aplicar de 2 a 4


Recomenda-se a litros por metro linear
diluição na água na de sulco, deixando o
proporção de 1 litro de solo descansar por 8 ou
tucupi cru para 1 litro de mais dias após a
água para. aplicação. Para a
semeadura deve-se
Tucupi cru
Para fertilização revolver bem o solo.
foliar:
Recomenda-se a Foliar: Pulverizar as
diluição de 1 litro de folhas das culturas com
tucupi cru para 6 ou o líquido diluído. Fazer
mais litros de água. uma aplicação por
semana (mínimo de 6
semanas e máximo de
10 semanas).

Bokashi
É um adubo farelado e fermentado desenvolvido pelos japoneses, usado na
agricultura natural. Esta formulação foi adaptada pelo produtor orgânico
Raimundo Moura, para a realidade local.

Ingredientes Modo de preparo Como usar

500 kg de solo de Retirar as raízes maiores Depois de 50 dias, coar


mata (terra virgem); da terra e misturar, um a em uma tela (sombrite)
60 kg de esterco de um, todos os e usar em pulverizações
gado; ingredientes sólidos a ou regas no plantio de
60 kg de esterco de ela, e ao mesmo tempo abacaxi ou em plantas
galinha; molhar com regador de adultas na proporção
04 litros de melaço crivo no bico, com a de 500 ml para 20 litros
ou 10 litros de cana- calda de melaço e EM d’água, a cada 15 dias.
de-açúcar ou 04 kg que deve ser preparada
de açúcar mascavo; previamente (durante a
01 saco de fosfato mistura dos
natural; ingredientes).

26
50 kg de vísceras de Ao final, deixar o Peneirar o Bokashi
peixe; preparado no formato de antes de usá-lo na
30 kg de farelo de monte e cobrir com lona adubação de hortaliças.
arroz ou de trigo; plástica. Revirar uma Usar 2 kg/m² de canteiro
05 kg de farinha ou vez/dia, durante 15 dias. e 2 kg/cova (frutíferas).
05 kg de macaxeira Também pode ser Também pode ser
cozida ou 03 kg de preparado de forma misturado com
arroz cozido (do mais anaeróbica. Neste caso, composto, na proporção
barato); recomenda-se colocar o de 2 kg para 3 kg de
100 kg de mamona material preparado em composto orgânico.
triturada (folhas e sacos de ráfia (sacos de
galhos novos); trigo vazios) revestidos
20 kg de carvão com sacos plásticos de
triturado ou cinza; lixo para evitar entrada
01saco de calcário de ar, os quais deverão
dolomítico; ser vedados.
30 litros de água, Após 20 a 30 dias o
aproximadamente adubo estará pronto
(dependendo do teor para uso.
de umidade dos
ingredientes).

Biocalda- Fertilizante natural

FUNÇÃO: Tonificação da planta e revitalização do solo.

Ingredientes Modo de preparo


Como usar
150 kg de esterco Colocar os ingredientes Solução a 10% em
bovino (fresco); em uma caixa d’água de plantas com folhas
15 kg de pó de rocha; mil litros e completar maduras. Solução a 5%
30 litros de melaço com água não clorada. em plantas de porte
de cana ou garapa de Mexer duas vezes ao dia pequeno. Solução a 2,5%
cana; por volta de 10 minutos, em mudas e hortaliças.
15 litros de durante 28 dias. As aplicações devem ser
microrganismos (EM); via foliar e via solo,
10 kg de material conforme necessidade
vegetal verde (urtiga, de tonificação da planta
mangará de e revitalização do solo.
bananeira, embaúba,
cega-burro, cipó-alho,
lantana/ chumbinho,
pimenta longa, mata-
pasto, artemísia, etc);

27
Humus de minhoca
A minhocultura, criação racional de minhocas é uma excelente atividade para a
multiplicação de minhocas, visando à produção de fertilizante orgânico nas
propriedades rurais por meio da vermicompostagem. A obtenção do húmus
pode ser usado esterco bovino semi-curtido ou pré-compostado ou composto a
partir de estercos, cascas e restos de frutas e verduras. Além de promover a
decomposição do esterco, transformando-o em húmus, as minhocas melhoram a
qualidade do solo. A cada dois meses a população de minhocas é duplicada, um
vantajoso atributo para os criadores desses anelídeos que também servem de
alimentação animal. As minhocas vermelhas-da-Califórnia são as preferidas para
a produção de húmus.
O húmus é o excremento da minhoca, maior produtora biológica de húmus. A
utilização de húmus antecipa e aumenta a florada e a frutificação/produção,
equilibra o pH, agrega as partículas do solo proporcionando maior liga, tornando
o solo mais resistente à ação das intempéries (ventos, chuvas, sol), retém água,
diminuindo os efeitos da seca, promove a elevação do nível de cálcio, ajudando
na correção do solo.
O minhocário deve ser construído acima do nível do solo em local plano e
levemente inclinado para evitar o acúmulo de água.
Mesmo sendo grandes produtoras de húmus, apenas 60% da matéria orgânica
consumida pela minhoca Vermelha-da-Califórnia é transformada em húmus. Os
demais 40% a minhoca usa para seu próprio desenvolvimento e reprodução.
Assim, para cada 10 kg de esterco serão produzidos aproximadamente 6 kg de
húmus.
Apesar desta diferença em quilos, o húmus de minhoca é um produto muito
superior ao esterco. As minhocas conseguem concentrar e disponibilizar, no
húmus, os elementos nutricionais necessários às plantas de forma mais rápida do
que a decomposição natural do esterco. O húmus ainda possui uma grande
quantidade de hormônios vegetais importantes para o crescimento e
desenvolvimento das plantas, além de conter uma grande quantidade de
microorganismos que auxiliam na decomposição da matéria orgânica e na
microbiodiversidade do solo.

28
Como construir e preparar um minhocário Como usar
1 – Construir os canteiros do minhocário, de madeira Fruteiras:
ou alvenaria em local coberto ou sombreado com 1m - 400 a 600 g/cova.
de largura e 30 cm de altura. O comprimento varia, - Utilizar de 1 a 2 kg por
mas não deve ultrapassar 20 m; ano/planta.
2 – Colocar uma camada inicial de esterco de 20 Hortaliças:
centímetros no canteiro (usar luvas de plástico para - 600 g a 1 kg g/m² de
manejar o esterco) juntamente com a população canteiro ou 200 g/m
inicial de minhocas. Para uma camada de 20 cm de linear ou 200 a 300
altura e 1 m² de superfície, recomenda-se uma g/cova.
população inicial de 1.000 a 1.200 minhocas adultas;
3 – Colocar a segunda camada de 20 cm é colocado É possível também
somente quando a primeira tiver sido toda aplicar o húmus na
consumida; forma líquida:
4 – Assim, as minhocas tendem a migrar da camada Para preparar o húmus
de baixo para a de cima, onde há alimento novo; líquido, usa-se a
5 – Posteriormente, esta prática facilitará a retirada proporção de 1:10, onde 1
das minhocas para a coleta do húmus pronto; kg de húmus é
6 – A colocação das camadas seguintes segue esta misturado em 10 litros de
mesma lógica, ou seja, apenas é colocada a próxima água. Esta concentração
quando a anterior já tiver sido transformada em pode variar, mas em
húmus, até encher o canteiro; geral não se usa mais do
7 – Regar com um pouco de água, apenas para que 02 partes de húmus
manter o alimento das minhocas úmido, sem para 10 partes de água.
encharcar;
8 – Cobrir o canteiro com palha ou aparas de grama,
para manter o ambiente úmido e fresco;
9 – Os canteiros devem ser de preferência, cobertos
com palha ou telhas de baixo custo, a fim de manter
o ambiente sombreado, protegido da chuva e do
excesso de luminosidade;
10 – Umedecer sempre que necessário.

28
MANEJO E CONTROLE ALTERNATIVO DE PRAGAS E DOENÇAS

Na agricultura orgânica o que se busca é o restabelecimento do equilíbrio


ecológico, por meio das técnicas descritas anteriormente, como a escolha de
espécies e variedades resistentes, o aumento da diversidade, o manejo correto do
solo e do sistema, a adubação orgânica com fornecimento equilibrado de
nutrientes às plantas, o manejo adequado das espécies nativas, a irrigação bem
feita, o uso de rotação e consórcios de culturas, entre outras.
Em sistemas orgânicos, o uso e a reciclagem constante da matéria orgânica
permitem minimizar problemas fitossanitários de forma proativa. A maneira
correta de proteger as plantas dos ataques de insetos e de doenças é agindo
preventivamente, evitando que a praga se instale nos cultivos. Para tanto, é
importante entender que as pragas são atraídas em função de três fatores
básicos vitais ao seu ciclo evolutivo: alimento, água e abrigo. Assim, a melhor
prevenção é evitar que os ambientes se tornem propícios à proliferação dos
agentes que possam causar danos econômicos, utilizando as práticas de manejo.

Defensivos naturais
São produtos que estimulam o metabolismo das plantas quando pulverizados
sobre elas. Esses compostos, geralmente preparados pelo agricultor, não são
tóxicos e são de baixo custo. A exemplo dos biofertilizantes enriquecidos, água de
vermicomposto, cinzas, soro de leite, enxofre, calda bordalesa, calda sulfocálcica,
entre outros. Os inseticidas naturais podem ser preparados a partir de minerais
ou plantas que não ofereçam riscos à saúde humana e ao ambiente.
Para serem considerados insumos alternativos ou produtos fitossanitários aceitos
na agricultura orgânica, todos os produtos e substâncias (minerais, orgânicos,
biológicos ou naturais) devem atender a alguns requisitos:

Ter mínima ou nenhuma toxicidade;


Ter eficiência no combate a insetos ou microrganismos
nocivos as plantas;
Ter custo de aquisição reduzido para emprego na
lavoura;
Ser de fácil obtenção, simples aplicação e manejo.

Urina de vaca
Por que o agricultor deve usar urina de vaca?
Diminui a necessidade do uso de agrotóxicos e adubos químicos;
Reduz o custo de produção;·Nutre corretamente as plantas, aumentando as
brotações, folhas e flores;
Aumenta a produção;
Não causa risco a saúde dos agricultores e consumidores;
Está pronta para uso, bastando acrescentar água;
Pode ser utilizada em quase todas as culturas e o efeito é rápido, além de ser
facilmente obtida.
29
A urina de vaca pode ser guardada?
Recomenda-se guardar em recipientes plásticos com tampa,
onde deve permanecer por três dias antes de usar. Afrouxar a
tampa uma vez ao dia para liberar o gás. Em recipientes
fechados, a urina poderá permanecer por até 1 ano sem perder
propriedade.
- Como usar a urina de vaca?
Misturada com água na proporção de 200 ml de urina
fermentada para 20 litros de água, isto para plantas jovens
(mudas) e hortaliças. A aplicação deverá ser feita nas horas
mais frescas do dia.

Tucupi cru
Pode-se pulverizar 3 ou mais vezes sobre a plantação, com descanso de 1 semana
entre cada aplicação. O agricultor deve realizar testes numa pequena área do
cultivo, para saber a dosagem ideal para a plantação.
Controle de pragas: em fruteiras maiores como laranjeiras, limoeiros,
goiabeiras e mangueiras, recomenda-se pulverizar com diluições de 1 ml para
1 litro de água.
Controle de insetos: nas plantas de pequeno porte como maracujazeiro,
abacaxizeiro, pode-se pulverizar uma diluição de 1 para 2.
Em hortaliças: berinjela, pimentão e tomate, recomenda-se pulverizar
diluições de 1 para 3 ou mais.
Controle de formigas: é recomendado despejar 1 litro de tucupi puro em cada
olheiro, que depois deve ser fechado.
Controle de carrapatos: na pulverização de rebanho, com 3 aplicações
semanais.
Recomenda-se diluições de 2 para 2 acrescidos de 1 litro de óleo vegetal.

Macerado de alho
FUNÇÃO: controle de pulgões.

Ingredientes Modo de preparo Como usar


10 dentes de alho; Esmagar o alho, misturar Passe o líquido em um
2 litros de água com a água e deixar coador para retirar os
descansando por 13 dias. restos do alho e
impurezas.
Misturar em 20 litros de
água e pulverizar nas
plantas.

30
Inseticida de sabão e óleo mineral
FUNÇÃO: controle de cochonilha, pulgões e outros insetos. Necessidade de
autorização pelo Organismo de Avaliação da Conformidade (OAC) ou pela
Organização de Controle Social (OCS)

Ingredientes Modo de preparo Como usar


200 gramas de sabão Derreter o sabão na Depois de pronto, usar
de coco; água quente e depois 200 ml da mistura em 20
0,5 (meio) litro de óleo misturar ao óleo mineral. litros de água e
mineral; pulverizar as plantas.
0,5 (meio) litro de Repetir a pulverização a
água. cada 15 dias.

Inseticida de enxofre
FUNÇÃO: controle de doenças como oídio em pepino e melancia; controle de
cochonilha, ácaro, caruncho e gorgulho. Necessidade de autorização pelo
Organismo de Avaliação da Conformidade (OAC) ou pela Organização de
Controle Social (OCS).

Ingredientes Modo de preparo Como usar


100 gramas de Umedecer aos poucos o Pulverizar sobre as
enxofre; enxofre até fazer uma plantas, evitando usar na
20 ml de óleo mineral; pasta, depois acrescentar época do florescimento.
20 litros de água. o resto da água, misturar
bem. Então acrescentar o
óleo mineral, misturando
mais uma vez.

Isca fermentada
FUNÇÃO: atrair as moscas e evitar que coloquem os ovos e assim diminuir o nível
de infestação de broca das frutas.

Ingredientes Modo de preparo Como usar


1 litro de suco de Esmagar o alho, misturar Pendurar os frascos em
frutas disponível na com a água e deixar arvores a cerca de 1,5 m
propriedade; descansando por 13 dias. de altura, sempre do lado
5 ml de vinagre (1 que o sol nasce.
colher de sopa); Distribuir os frascos pelo
5 litros de água. pomar. Trocar a mistura 1
vez por semana.

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Inseticida de água com cinza
FUNÇÃO: a cinza originada da queimada de madeira ou lenha contém Potássio
(K) e outros minerais, que além de fertilizante serve como repelente de pragas.

Ingredientes Modo de preparo Como usar


2 kg de cinza; Juntar a cinza e misturar Depois de pronto coar e
10 litros de água. a 10 litros de água. Após pulverizar sobre as
isso, deixar descansar plantas.
durante 24 horas.

Silicato de cinza e cal


FUNÇÃO: tornar as hortaliças mais resistentes e crocantes. Além de controlar
lagartas, vaquinhas e algumas doenças.

Ingredientes Modo de preparo Como usar


1 kg de cinza de Misturar os
madeira (lenha); componentes e deixar Pulverizar sobre as
1 kg de cal; repousar, pelo menos, 24 plantas, evitando usar na
100 litros de água. horas. época do florescimento.
No dia seguinte, mexer
bem e coar em um pano
ou coador para não
entupir o pulverizador.
Mistura pronta para uso.

Isca fermentada
FUNÇÃO: atrair as moscas e evitar que coloquem os ovos e assim diminuir o nível
de infestação de broca das frutas.

Ingredientes Modo de preparo Como usar


1 litro de suco de Esmagar o alho, misturar Pendurar os frascos em
frutas disponível na com a água e deixar arvores a cerca de 1,5 m
propriedade; descansando por 13 dias. de altura, sempre do lado
5 ml de vinagre (1 que o sol nasce.
colher de sopa); Distribuir os frascos pelo
5 litros de água. pomar. Trocar a mistura 1
vez por semana.

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Inseticida de água com cinzal
FUNÇÃO: a cinza originada da queimada de madeira ou lenha contém Potássio
(K) e outros minerais, que além de fertilizante serve como repelente de pragas.

Ingredientes Modo de preparo Como usar


2 kg de cinza; Juntar a cinza e misturar Depois de pronto coar e
10 litros de água. a 10 litros de água. Após pulverizar sobre as
isso, deixar descansar plantas.
durante 24 horas.

Silicato de cinza e cal


FUNÇÃO: tornar as hortaliças mais resistentes e crocantes. Além de controlar
lagartas, vaquinhas e algumas doenças.

Ingredientes Modo de preparo Como usar


1 kg de cinza de Misturar os
madeira (lenha); componentes e deixar Pulverizar sobre as
1 kg de cal; repousar, pelo menos, 24 plantas, evitando usar na
100 litros de água. horas. época do florescimento.
No dia seguinte, mexer
bem e coar em um pano
ou coador para não
entupir o pulverizador.
Mistura pronta para uso.

Preparado da agricultora “Mariete” do PA (Espigão do Arara)


FUNÇÃO: controlar insetos em geral e prevenir doenças nas plantas.

Ingredientes Modo de preparo Como usar


1 barra grande de Diluir o sabão em água Pulverizar sobre as
sabão grosso; quente e misturar aos plantas nas horas mais
1 kg de pimenta do poucos com 5 litros de frescas do dia, evitando
reino, de preferência, água. usar na época do
moída na hora; Acrescentar os outros florescimento.
2 copos de 300 ml de ingredientes, deixar
água sanitária; repousar por 10 dias.

33
2 copos de 300 ml de No dia seguinte, mexer
detergente neutro bem e coar em um pano
marca Ipê; ou coador para não
80 litros de água. entupir o pulverizador.
Armazenar até 6 meses.

Inseticida de leite

FUNÇÃO: controle de insetos e algumas doenças, principalmente Oídio em


tomateiro.

Ingredientes: Modo de preparo:


1 litro de leite fresco Misturar os ingredientes, coar
de vaca (cru); em um pano ou coador para
10 a 20 litros de água. não entupir o pulverizador.
Pronto para uso.
Aplicar de 3 em 3 dias ou de
Como usar: acordo com a severidade do
Pulverizar sobre as plantas. ataque. Caso o leite vire soro,
Repetir depois de 3 semanas para insetos e 10 este poderá ser usado para
dias para doenças. combater ácaros.

Extrato de primavera (Bougainvillea/SP)


Evitar a ocorrência e dar resistência à infecção do vírus vira-cabeça
do tomateiro e alface, causada por tripes.

Ingredientes: Modo de preparo


200 gramas de folhas Lavar as folhas e bater no
sadias e maduras liquidificador com um pouco de
(rosa ou roxa); água. Derreter o sabão em um
50 gramas de sabão pouco de água. Coar a solução
neutro; batida no liquidificador em um
20 litros de água. pano ou coador para não
Como usar: entupir o pulverizador.
Pulverizar imediatamente nas horas mais Colocar no pulverizador,
frescas do dia quando o tomateiro estiver com acrescentar o sabão derretido e
10 dias de germinação até os 45 dias. completar os 20 litros d’água,
Usar 3 vezes por semana, de preferência pela misturando bem.
manhã, quando o trips costuma parecer.
Parar de usar a calda quando as flores
começarem a aparecer.

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Inseticida de pimenta malagueta
FUNÇÃO: controle de pulgões, cochonilha e insetos em geral.

Ingredientes: Modo de preparo:


200 gramas de Coloque a pimenta numa vasilha e soque-a até
pimenta malagueta; triturar bem. Cubra com água e deixe descansar por
2 litros de água. 24 horas.
No dia seguinte, mexa bem e coe em um pano ou
coador para não entupir pulverizador.

Como usar:
Pulverizar sobre as plantas, evitando usar na época do
florescimento.

Inseticida de cebola
FUNÇÃO: controle’ de lagarta, broca e ferrugem em plantas, também combate
pulgões.

Ingredientes: Modo de preparo: Como usar:


1 cebola (grande); Corte a cebola em fatias Pulverizar sobre as
0,5 (meio) litro de ou bata no liquidificador plantas 2 vezes por dia
água. com água. em intervalo de 5 dias.

Inseticida de alcool, pimenta-do-reino e alho


FUNÇÃO: controle de pulgões, cochonilhas e insetos sugadores em geral.

Ingredientes:
100 gramas de pimenta do reino; Modo de preparo:
100 gramas de alho; Colocar a pimenta e o alho em 1 litro de
1 litro de álcool. álcool. Bater bem em liquidificador.
Deixar descansar por 3 dias numa
garrafa fechada.
Depois, agitar bem e coar em um pano
ou coador para não entupir pulverizador
e armazenar em local fresco e ventilado.

Como usar:
Pulverizar sobre as plantas nas horas mais
frescas do dia, usando 200 ml do preparado
para 20 litros de água, evitando usar na época
do florescimento.

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Inseticida de folhas de mamonas
FUNÇÃO: controle de insetos em geral.

Ingredientes:
6 folhas de mamona; Modo de preparo:
1 litro de água. Cortar 3 folhas grande de mamona em pedaços
menores e bater no liquidificador com 500 ml de
água. Repetir a operação com as 3 folhas
restantes. Coloque em um recipiente e tampar.
Mantenha em local fechado ao abrigo da luz
durante 8 dias para então usar. Ou se preferir,
ferver as 6 folhas em 1,5 litro de água. Usar ao
esfriar.
Como usar:
Diluir em água 300 ml para 20 litros de água e pulverizar, molhando bem as
plantas atacadas, a cada de 15 dias.
Ter cuidado para não deixar o concentrado ou a calda ao alcance de crianças.
Planta tóxica.

Inseticida de detergente neutro (Ipê)


FUNÇÃO: controle de cochonilha, pulgões e insetos sugadores em geral.
Ingredientes: Modo de preparo: Como usar:
300 ml de Misturar o detergente Pulverizar sobre as
detergente; com a água. plantas a cada 10 ou 15
20 litros de água. dias, nas horas mais
frescas do dia.

Inseticida de raiz de Timbó)


FUNÇÃO: combater diversos insetos como, pulgões, cochonilhas, lagartas, tripes,
além de ácaros e carrapatos.
Modo de preparo:
Ingredientes: Cortar as raízes de timbó em pedaços finos e
500 ml de raízes de timbó; deixar secar à sombra por 3 a 4 dias.
2 copos e meio de acetona Depois de secos triturar os pedacinhos, colocar
ou álcool (etanol); num vidro com tampa e acrescentar os 2 copos
10 litros de água. e meio de acetona ou álcool (etanol).
Tampar bem e deixar descansar por 24 horas.

Como usar:
Coar o preparado em um pano fino. Usar 100 ml do produto para cada 10 litros
de água e pulverizar sobre os animais e plantas, nas horas mais frescas do dia.
Não aplicar na cara dos animais para evitar ingestão.

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Calda bordalesa 1%
A Calda Bordalesa é obtida pela mistura de uma solução de sulfato de cobre
com uma suspensão de cal virgem ou hidratada.
A calda bordalesa é um fungicida preventivo, eficiente no controle de várias
doenças, como: antracnose, pinta preta, requeima, cercosporiose (mancha de
cercospora), mancha púrpura, tombamento, ferrugem, verrugose, míldio.
Apresenta efeito também sobre vaquinha verde, cigarrinha, cochonilha, tripes.

Ingredientes:
Quantidade maior:
1 kg de sulfato de cobre;
1 kg de cal virgem;
100 litros de água.
Quantidade menor:
200 g de sulfato de cobre;
200 g de cal vigem;
20 litros de água.

Modo de preparo:
1- No dia anterior ao preparo da calda, Para medir o pH, pode-se usar um
colocar o sulfato de cobre dentro de um facão de metal. Estando ácida
saco de pano e deixá-lo dissolvendo em (abaixo de 7,0) deve-se acrescentar
água (usar metade do volume de água, mais cal até que esteja
ou seja, 50 ou 10 litros, de acordo com a neutralizado o cobre (pH em torno
dosagem acima) em recipiente plástico. de 7,0). Colocar o facão dentro da
A cal também deve ser hidratada no dia calda por aproximadamente 3
anterior ao preparo, utilizando a outra minutos. Ao retirar, se a parte do
metade de água (50 ou 10 litros), facão em contato com a calda ficar
também em recipiente plástico. Nunca com aspecto de ferrugem é sinal
usar vasilhame de ferro ou alumínio que está ácida e precisa
para o preparo da calda. acrescentar cal. Caso contrário, está
2- No dia seguinte, coar as soluções de no ponto de uso.
cal e sulfato de cobre, utilizando peneira
fina e, em seguida, colocar a solução de
cal num recipiente maior (com
capacidade para 100 ou 20 litros,
conforme opção do agricultor) e ir
adicionando lentamente a solução de
sulfato de cobre na solução de cal,
mexendo a solução a todo instante.
Após essa operação, a calda estará
pronta para ser usada.

37
Considerações gerais:
Preparar um volume de calda suficiente para ser usado em um único dia, de
forma a evitar sobras. Caso necessário, armazenar a calda por, no máximo 24
horas, pois perde eficácia com rapidez.
Pulverizar a calda nas horas mais frescas do dia, cobrindo toda a planta.
A calda bordalesa não entra na planta, devendo ser aplicada logo no início da
doença.
Apesar da calda bordalesa ser muito pouco tóxica (classe toxicológica IV),
deve-se usar equipamento de proteção individual (macacão, luvas, óculos,
máscara e botas) nas pulverizações, e lavar bem o produto pulverizado antes
de ser consumido, 3 a 5 dias após a aplicação.
calda bordalesa pode ser misturada com os inseticidas naturais como
extratos vegetais, óleo de Nim e outros.
Não misturar agrotóxicos à calda bordalesa, pois muitos desses produtos são
desativados pelo efeito do pH elevado nas folhas.
Alguns produtores estão usando 20 litros de calda bordalesa, misturada a 350
ml de calda sulfocálcica nas culturas de maxixe e quiabo, obtendo bons
resultados.
No controle da requeima em tomateiros, a calda bordalesa também pode ser
usada misturada à calda de cinza.
Na época de verão e em plantas novas ou em plena floração, a calda
bordalesa deve ser usada em concentrações mais baixas (0,5%), ou seja, 100 g
de sulfato de cobre e 100 g de cal virgem para 20 litros de água.

Calda sulfocálcica
A calda sulfocálcica é considerada um excelente fungicida, acaricida e inseticida,
além de fertilizante foliar (fornece Ca e S), sendo eficiente no controle de várias
doenças e pragas, como: oídio, ferrugem, antracnose, mancha púrpura,
cochonilhas, tripes, ácaros e outros insetos. Também apresenta ação ovicida
(mata ovos de insetos) e possui ação repelente contra brocas que atacam tecidos
lenhosos.

Ingredientes: Modo de preparo:


2 kg de enxofre agrícola; 1- Dissolver a cal em 10 litros de água,
1 kg de cal virgem; utilizando um latão de 20 litros com alça ou
10 litros de água. “pega” de madeira nas laterais.
2- Colocar a solução de cal no fogo e no início
da fervura adicionar o enxofre lentamente e
misturar durante 1 hora, mantendo sempre a
fervura e mexendo a mistura (o fogo deve
permanecer forte durante todo o tempo da
fervura).

38
3- Deixar uma vasilha menor com água no fogo, ao lado do latão para
acrescentar água quente, a fim de manter os 10 litros da solução, sempre que
necessário.
4- Após uma hora de fervura, a calda ficará com coloração pardo avermelhada
(cor que lembra vinho de buriti). Tirar a solução do fogo, deixar esfriar, coar e usar
ou guardar em garrafas plásticas completamente cheias e bem fechadas,
podendo ser armazenada por 6 meses fora do alcance de crianças e do contato
com o ar, ao abrigo da luz.
5- A borra restante poderá ser empregada na caiação de culturas como a
graviola para prevenir a broca do tronco.

Como usar:
A calda sulfocálcica deve ser utilizada nas concentrações de 2,5 a 5%, ou seja,
diluição de 0,5 a 1,0 litro de calda em 20 litros d’água para aplicação em plantas
adultas ou fruteiras.
Para limpar troncos de fruteiras, usar 2 litros de calda sulfocálcica para 20 litros de
água.
Em hortaliças folhosas ou plantas muito novas (mudas), usar calda sulfocálcica a
1% (200 ml para 20 litros de água).
A calda pode provocar uma pequena e suportável queda de folhas velhas.
Evitar aplicar durante a florada.
Aplicar a calda em períodos frescos do dia, de preferência à tarde.
Após usar o pulverizador, lave-o bem. Pode-se usar um pouco de suco de limão
ou vinagre (01parte de vinagre ou limão para 10 partes de água).
As caldas bordalesa e sulfocálcica além de protegerem as plantas contra
determinados insetos-praga e patógenos fornecem nutrientes essenciais (cobre,
enxofre e cálcio) às plantas, melhorando o desenvolvimento vegetativo, a
produtividade e a qualidade dos frutos. O uso dessas caldas nos sistemas
orgânicos deve ser feito mediante consulta e autorização do Organismo
Participativo de Avaliação da Conformidade (OPAC) ou da Organização de
Controle Social (OCS).
Produtos à base de cobre e enxofre, como as caldas bordalesa e sulfocálcica,
podem provocar desequilíbrio populacional, recomenda-se usar de forma
alternada com outros produtos (caldas e extratos) de classe diferente.

39
Considerações gerais:
Apesar da calda sulfocálcica ser pouco tóxica (classe toxicológica IV), deve-se
usar equipamento de proteção individual (macacão, luvas, óculos, máscara e
botas) nas pulverizações, e lavar bem o produto pulverizado antes de ser
consumido, 3 a 5 dias após a aplicação.
A calda sulfocálcica apresenta cerca de 19% de S e 8% de Ca, contribuindo
significativamente para nutrição das plantas.
Não aplicar junto com óleo mineral, micronutrientes ou fertilizantes foliares.
A calda sulfocálcica pode ser usada junto com a calda bordalesa, na
proporção de 350 ml de calda sulfocálcica para 20 litros de calda bordalesa.

Atenção! Após o uso aguardar, de 3 a 5 dias, para colher ou


consumir. Isso vale para todos os defensivos desta cartilha.

Captura e uso de Microrganismos Eficientes- ME

Método caseiro de captura dos microrganismos e de preparo do EM/solo


(composto microbiano fermentado de uso em solos) e ao EM/planta
(composto microbiano fermentado de uso em plantas). Será adotada nesta
cartilha a denominação EM/solo e EM/planta. A produção do EM pela família
permite que essa tecnologia social seja mais adaptável às condições locais e
seja acessível, pelo baixo custo e pelas facilidades. Os microrganismos deverão
ser capturados em solo saudável, sob mata, na unidade de produção onde
mora a família, ou em área próxima. Os microrganismos de cada região estão
mais adaptados às condições locais, facilitando o processo de reconstrução da
vida do solo.

Captura dos microrganismos eficientes


Cozinhar aproximadamente 1 kg de arroz sem
sal. Colocar o arroz cozido em uma bandeja de
plástico ou de madeira ou em calhas de
bambu.

40
Colocar a bandeja com arroz dentro da mata
virgem, protegida com tela fina para a
captura dos microrganismos. Afastar a
matéria orgânica (serrapilheira, liteira), no
local onde a bandeja ficará. Depois, cobrir a
bandeja com a matéria orgânica,
protegendo-a com uma tela sobre a qual
será colocado um pedaço de lona ou plástico
para evitar que entre água da chuva na
bandeja, o que prejudicaria o processo. Após
05 a 10 dias os microrganismos já estarão
capturados e criados.
As partes do arroz que ficarem com
colorações rosada, azulada, amarelada e Figura 1. Instalação de
alaranjada, estarão os microrganismos armadilhas para coleta de EM.
eficientes (regeneradores). As partes com
colorações cinza, marrom e preto devem ser
descartadas (deixar na própria mata).
Atenção! As colorações no arroz variam em
função do tipo de mata onde foram
capturados os microrganismos. Quanto mais
diversificada e estruturada for a mata mais
cores estarão presentes.
Ativar Microrganismos eficientes
Distribuir o arroz colorido em 5 garrafas
plástica de 2 litros. Colocar 200 ml de melaço
ou 200 g de açúcar mascavo em cada garrafa.
Completar as garrafas com água limpa (sem
Figura 2. Coleta de EM.
cloro) ou água de arroz. Fechar as garrafas e
deixar à sombra por 05 a 10 dias. Liberar o gás
armazenado nas garrafas de 2 em 2 dias. Basta
afrouxar a tampa e apertar a garrafa pelos
lados, retirando o ar que ficou dentro (a
fermentação deve ser anaeróbica, ou seja, sem
ar, sem a presença do oxigênio). Depois desse
período o EM estará pronto. Apertar bem a
tampa (neste momento não haverá mais
produção de gás dentro da garrafa). O EM tem
coloração alaranjada, podendo ser mais clara
ou mais escura, o que depende da matéria-
prima, não implicando na qualidade do
produto. O cheiro é forte e agradável. Pode ser
armazenado por até 1 ano. No caso de
Figura 3. Ativação de EM.
apresentar mau cheiro o EM não deve ser
usado.
41
Atenção! A água tratada com cloro (água de rua, água da cidade) deve ser
previamente colocada em recipiente destampado. Somente após 24 horas a
água poderá ser usada. Isto porque o cloro mata os microrganismos. A água de
igarapé ou fontes naturais é usada diretamente. O melado pode ser substituído
por caldo de cana ou açúcar mascavo, alimento dos microrganismos. Por isso faz
crescer a comunidade microbiana ativa que pelas reações de fermentação,
produzem ácidos orgânicos, hormônios vegetais (giberelinas, auxinas e
citocininas), além de vitaminas, antibióticos e polissacarídeos, enriquecendo a
solução.

Onde utilizar os microrganismos eficientes?


Os microrganismos eficientes trabalham na matéria orgânica e por esse motivo
têm ampla atuação.
- Nos solos todos os seres vivos coexistem e se desenvolvem com os
microrganismos. A base que sustenta a cadeia alimentar é o solo, nele habitam
os menores seres vivos que são os microrganismos. Baseando-se nesse conceito,
descobriu-se que o uso do EM contribui com o fortalecimento natural do solo. Os
microrganismos eficientes têm sido utilizados na revitalização do solo. A
presença dos microrganismos eficientes torna o solo mais rico em energia vital,
fazendo com que a capacidade natural de produção seja plena. Para que o solo
manifeste sua força e tenha seu equilíbrio, é preciso conservá-lo sempre puro.
Quanto mais puro o solo estiver, maior será sua força no desenvolvimento das
plantas. Todos os microrganismos que coexistem no EM realizam trabalhos
importantíssimos, equilibrando o ambiente do solo. Há o controle de
microrganismos nocivos, e os microrganismos úteis tornam-se mais numerosos.
Esse ambiente no solo favorece a produção agrícola e as doenças dificilmente
ocorrerão. As respostas do solo tratado com EM são principalmente e
diretamente:
a) Recompor a microbiota saudável do solo. Quanto maior a quantidade e a
diversidade da vida no solo, melhor será a qualidade do alimento produzido.
Lembrete: a diversidade de plantas implica em diversidade de microrganismos
no solo;
b) Restaurar as condições físico-químicas e microbiológicas do solo;
c) Estimular a emergência total das plantas (inclusive as plantas medicinais e as
plantas companheiras) facilitando o manejo e a cobertura do solo;
d) Atuar juntamente na adubação verde, diminuindo a compactação do solo.
Aumentar a agregação, a porosidade do solo, a infiltração de água, a água
disponível no solo e a profundidade de enraizamento. Como consequência há
redução da erosão e da frequência de irrigação;
e) Facilitar a decomposição da matéria orgânica. Favorecer a mineralização e a
disponibilidade de nutrientes essenciais às plantas;
f) Permitir a redução ou a dispensa de fertilizantes químicos;
g) Biorremediar solos contaminados, neutralizando os metais pesados e os
resíduos de agrotóxicos. Na compostagem também poderá neutralizar resíduos
de petróleo e outros óleos;
42
- Nas Plantas. As diversas espécies de microrganismos que compõem o EM,
produzem ácidos orgânicos, hormônios vegetais (giberelinas, auxinas e
citocininas), além de vitaminas, antibióticos e polissacarídeos. Todos esses
produtos exercem, direta ou indiretamente, influência positiva no crescimento
da planta. O EM é utilizado no cultivo de hortaliças, grãos, frutas e flores pelas
seguintes razões:
a) Melhora o metabolismo das plantas (a capacidade fotossintética);
b) Ativa o crescimento radicular;
c) Aumenta a germinação, florescimento e frutificação;
d) Ativa a maturidade dos frutos e grãos;
e) Faz adubação foliar (semelhante à adubação nitrogenada);
f) Aumenta a produtividade agrícola;
g) Melhora a qualidade dos produtos colhidos (aumenta o teor de proteínas,
óleos e o peso de grãos);
h) Reduz os prejuízos causados pelo plantio consecutivo;
i) Reduz os danos causados por insetos;
j) Elimina o uso de inseticidas pela maior resistência das plantas
(principalmente quando associada à homeopatia).

Como usar:
Pulverização das plantas
A pulverização das plantas é feita com o
EM/planta. Adicionar em 100 litros de EM/solo, 0,5
(meio) litro de vinagre. Está pronto o EM/planta. É
indicado após a germinação ou em culturas já
estabelecidas. Aplicar via pulverizações foliares ou
via regador. Fazer aplicação semanal até melhorar
a estrutura do solo ou melhorar a saúde das
plantas. Depois fazer pulverizações quinzenais. No
ano em que se começa a usar o EM, o número de
aplicações é maior. Se as condições de
crescimento das plantas estiverem em ordem,
ano após ano, a frequência pode diminuir.
Pulverizar no período da manhã ou após a chuva.

Inoculação de sementes
Coloque as sementes imersas em solução de EM/solo
durante 1 hora. Sementes que absorvem mais água ficam
tempo menor. Sementes que absorvem menos água
ficam maior tempo imersas. Pode ser feita a peletização
das sementes. Umedecer sementes com a solução
EM/solo. Acrescentar cinza de fogão ou farelo (pode ser
farelo de arroz, soja, mamona, etc.) envolvendo as
sementes. Pronto, está feita a peletização.

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Compostagem
Faça a compostagem dos resíduos como indicado na apostila. Umedecer a leira
com a solução EM/solo. O volume a ser aplicado deve equivaler à quantia de
água a ser usada pra umedecer a pilha de compostagem.

Solos e berçário de plantio


Diluir 1 litro do EM em 100 litros
de água. Está pronto o EM/solo
(solução de aplicação ao solo).

Importante!! O EM/solo é utilizado na pulverização da terra como


ativador/acelerador da decomposição da matéria orgânica, contribuindo com o
aumento da vida no solo. É tecnologia de mobilização dos nutrientes. O bom
preparo do solo é feito cobrindo-o com materiais naturais de origem vegetal
(folhas, adubação verde, capim picado, restos de cultura, etc.) e de origem
animal (esterco, cama de galinha). Molhar o solo ou as leiras com a solução de
EM/solo. Atenção! Molhar bem as leiras. Após a aplicação do EM/solo cobrir as
leiras com capim ou palha. Manter o solo úmido. Esperar 7 a 10 dias até o semeio
ou o transplante das mudas. Além de aplicado diretamente sobre o solo a ser
cultivado, o EM pode ser aplicado sobre a cobertura verde do solo, como
pastagens, gramados ou plantações. Na recuperação de solos degradados a
sugestão de dosagem e frequência de uso é a seguinte: • 100 a 200 litros por ha,
realizando 4 a 8 aplicações anuais. • 1º ano ‒ 200 litros por ha/8 aplicações por
ano • 2º ano ‒ 150 litros por ha/6 aplicações por ano • 3º ano em diante ‒ 100
litros por ha/4 aplicações por ano. O agricultor orgânico deve ser criativo,
observando o solo e o ambiente. Essas sugestões podem ser alteradas mediante
as necessidades locais.

Armadilha para insetos

O que é ?
São armadilhas que servem para o controle de insetos
nas hortas, pomares e lavouras. As garrafas pintadas
de amarelo atraem moscas, pulgões e besouros, e as
garrafas pintadas de azul controlam os insetos tripes
que se alimentam da seiva das plantas.
Esta tecnologia pode ser usada para controlar os
insetos de forma mais sustentável.
Ingredientes:
10 Garrafas PET (transparentes) de 500ml
Tinta acrílica azul e/ou amarela
Barbante ou cordas
40g Breu
20ml Óleo de soja

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O segredo para atrair os insetos está na cor, pois
enxergam determinadas cores no comprimento de
ondas de seus olhos, e algumas são mais atrativas
como amarelo ou azul.

Biochar
O que é ?
O biochar ou biocarvão é um material sólido rico em carbono, produzido a partir
da queima, sem oxigênio, de madeiras e cascas, que possui alta porosidade,
grande área de superfície específica.

Diferença entre Biocarvão e Biochar


O biocarvão é produzido a partir de biomassa
mais homogênea (picada) sob condições
controladas de temperatura e baixa
disponibilidade de oxigênio, ao passo que a
produção de carvão vegetal ocorre via
queima natural sob condições não
controladas de temperatura e disponibilidade
de oxigênio, sendo o material composto por
uma maior diversidade de tamanhos e
espécies vegetais.

Benefícios do uso do Biochar


Uma das principais finalidades do biocarvão é a aplicação no solo, funcionando
como condicionador de solo, onde ele atua principalmente melhorando a
agregação do solo, a retenção de nutrientes e de água, a remediação de
contaminantes e favorecendo os microrganismos do solo.

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Modelo de forno

Em um recipiente metálico de 200 L remove-se uma das


extremidades que será utilizada como tampa.
Na parte inferior do recipiente deverão ser efetuados
alguns furos (2 cm de diâmetro).

Modo de preparo
1. Previamente recomenda-se cortar madeiras de
diferentes espessuras para alimentar o forno, sendo
inicialmente utilizados gravetos com a bitola da largura
de um dedo da mão e comprimento de 20 – 40 cm e ao
final chegar a bitola de no máximo 7 cm e comprimento
20 – 40 cm.

2. O fogo deverá ser iniciado no fundo do recipiente, e após ignição, iniciar com
o fornecimento dos materiais de bitola mais fina. Esses gravetos deverão ser
colocados em uma determinada orientação em camada de até 20 cm, na
próxima camada, a orientação deverá ser cruzada e a bitola um pouco mais
grossa.

3. A camada subsequente será colocada quando a anterior


estiver ficando preta e sendo observada alguma cinza. Este
procedimento deverá ser repetido até chegar ao topo do
recipiente com as madeiras de bitola de 7 cm.

4. Assim deve-se fazer o fechamento do tambor com a


tampa e selar os orifícios do fundo do tambor com barro
para cessar a entrada de oxigênio. O processo de queima
leva em torno de 5 horas. Ao final deve-se despejar o
biocarvão em uma superfície que permita ser pulverizado
até virar pó.

Como usar:
1 kg de biocarvão/ m²

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Água de vidro

O que é?
É o nome popular dado ao produto à BASE DE compostos de silício. Estes
compostos são abundantes no planeta e estão presentes em cristais, rochas e
chifres de animais
FUNÇÃO: A água de vidro atua enrijecendo,
endurecendo principalmente a superfície das
folhas e aumentando a camada externa,
formando uma barreira protetora para a
planta, auxiliando contra o ataque de fungos,
bactérias e insetos, pois dificulta a entrada
desses patógenos.
Ingredientes:
4 partes de Cinzas
1 parte de Cal hidratada Importante!! A melhor forma de PREPARAR A
5 partes de água quente ÁGUA DE VIDRO é utilizando cinzas e, dentre
95 partes de água fria estas, a melhor é a de casca de arroz, pois a
Balde palha da casca de arroz possui mais de 90% de
Peneira compostos de silício. É um importante protetor
Recipiente de vidro das plantas contra o desenvolvimento de
doenças fúngicas e bacterianas, e contra
insetos picadores.

Como preparar:
Utilize um copo de vidro de 200 ml como medida! Use
sempre os equipamentos de proteção individual, luvas,
óculos, máscara.
1. Em um balde, misture 1 copo de cal (virgem ou
hidratada) e 4 copos de cinzas (arroz ou bambu ou
fogão a lenha) a seco até ficar bem homogêneo.
2. Adicione 1 litro de água quente para solubilizar a
cinza, e mexa bem.
Depois de esfriar...
3. Adicione 19 litros de água em temperatura
ambiente. A mistura vai ficar translúcida. Coar a
mistura com peneira e pano limpo, para filtrar os grãos
de cinza.
4. Coar a mistura com peneira e pano limpo, para
filtrar os grãos de cinza.

Importante!!
Não guarde em garrafas PET ou outros plásticos, pois o produto é corrosivo.

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COAR A MISTURA COM
PENEIRA E PANO LIMPO;
COMO PREPARAR ?


4 PARTES 1 PARTE CAL
DE CINZAS HIDRATADA


ARMAZENAR
EM VIDRO

5 PARTES DE UTILIZE FRASCOS DE VIDRO
ÁGUA QUENTE PARA ARMAZENAR, ASSIM
PODERÁ SER ARMAZENADO
POR ATÉ 01 ANO.

COMO UTILIZAR?
DILUIR 250 ML DE ÁGUA DE
VIDRO EM 20 LITROS DE ÁGUA;
REALIZAR A APLICAÇÃO A CADA
15 DIAS
95 PARTES DE
3º ÁGUA FRIA

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NPK caseiro

O que é?
São adubos que tem em sua formulação: Nitrogênio (N), Fósforo (P) e Potássio (
K), que são os macro nutrientes, ou seja, os nutrientes que as plantas precisam
em maior quantidade para se desenvolver.

Para que serve?


Nitrogênio: Responsável pelo crescimento
das plantas;
Fósforo: Responsável por aumentar a
absorção de nutrientes do solo e aumentar
a qualidade dos frutos e sementes.
Potássio: aumenta a resistência da planta
contra pragas, tornando-as menos
suscetíveis a ficarem com folhagens
danificadas.

Ingredientes:
5 Kg de folhas de ingá (N)
5 Kg de folhas e flores do
margaridão mexicano (P)
5 Kg de folhas de embaúba
(P)
5 Kg de folhas de urucum (K)
Recipiente com capacidade
de 200 litros

Como preparar:
1. Colocar os materiais em uma caixa d’água
com capacidade de 200 litros;
2. Acrescentar 100 litros de água;
3. Mexer os ingredientes na caixa d’água;
4. Deixar fermentando por cerca de 60 dias;
5. Peneirar e separar o líquido da parte
sólida;
6. Acondicionar o adubo líquido em garrafas
Pets e armazenar em local seco e seguro.

Como usar:
Diluir 2 L da solução em 20 L de água
(10%).
Realizar as aplicações semanalmente.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

É bom sempre lembrar que a agricultura de base agroecológica ou orgânica


não são receitas de bolo. O que serve para um determinado agricultor poderá
não servir para outro, porque o contexto muda.
O limite para o desenvolvimento da produção sustentável consiste na
criatividade dos agricultores, cada um construirá o seu próprio conhecimento
que dependerá de sua disposição e interesse em buscar. Deste modo, as
formulações de fertilizantes e defensivos naturais contidos nesta cartilha são
apenas uma pequena amostra das tecnologias agroecológicas e conhecimentos
acumulados. Muitas delas, feitas pelos próprios agricultores experimentadores
que são. Neste contexto, a riqueza da biodiversidade amazônica representa
além de um grande desafio, um imenso potencial para novas descobertas,
inovações tecnológicas e avanço da biotecnologia, afinal há uma infinidade de
possibilidades, recursos genéticos, plantas e ervas extraordinárias que só
existem aqui e que jamais foram testadas para uso na agricultura orgânica.
Portanto, o limite é o céu... o desafio está lançado!
Há um mundo a ser descoberto que poderá significar não apenas vida, mas vida
com abundância para o mais humilde agricultor que pode acessar
gratuitamente os recursos disponíveis na natureza, onde quer que ele esteja,
como a fantástica energia solar, o poderoso nitrogênio atmosférico, a imensa
disponibilidade de biomassa, a capacidade transformadora dos microrganismos,
a diversidade de adubos verdes, entre outros.

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