Location via proxy:   [ UP ]  
[Report a bug]   [Manage cookies]                

Apostila - Planejamento Tributario (Completa)

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 55

CENTRO

UNIVERSITÁRIO
DO MARANHÃO -
CEUMA

Planejamento
Tributário
Apostila

Profª. Célia Regina


PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

SUMÁRIO

1. Sistema Tributário Nacional ........................................................................ 1


Código Tributário Nacional – CTN .................................................................... 1
2. Tributos (Conceitos e espécies) .................................................................. 4
Espécies tributarias .......................................................................................... 5
Impostos .......................................................................................................... 6
Taxas ................................................................................................................ 7
Contribuições de Melhoria .............................................................................. 7
Contribuições Especiais ................................................................................... 7
Empréstimos Compulsórios ............................................................................. 8
3. Competência Tributária............................................................................... 9
Classificação das competências tributárias .................................................... 10
Características da Competência Tributária ..................................................... 11
4. Princípios Constitucionais Tributários ......................................................... 13
5. Impostos Federais ........................................................................................ 16
6. Contribuições Sociais ................................................................................... 20
7. Impostos Estaduais e Municipais ................................................................. 25
8. Evasão e Elisão Fiscal ................................................................................... 30
9. O Planejamento Tributário .......................................................................... 33
10. Simples Nacional ...................................................................................... 36
11. Lucro Real ................................................................................................. 40
12. Lucro Presumido ....................................................................................... 44
13. Regimes tributários (escolha)................................................................... 49
Referencias bibliográficas................................................................................ 53
PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO - Sistema Tributário Nacional 1

1 - Sistema Tributário Nacional

Neste tópico abordaremos os principais dispositivos que compõem o Sistema Tributário


Nacional, com enfoque aos regramentos do Código Tributário Nacional – CTN, norma que
compila os principais regramentos sobre a matéria tributária.

Código Tributário Nacional – CTN

O CTN é o instrumento legal que agrega a maioria dos regramentos em matéria tributária
com normas gerais aplicáveis à União, Estados, DF e Municípios.

LEI Nº 5.172, DE 25 DE OUTUBRO DE 1966 (DOU 27.10.1966, retificado no DOU 31.10.1966)

Dispõe sobre o sistema tributário nacional e institui normas gerais de direito tributário
aplicáveis à União, Estados e Municípios.

 DISPOSIÇÃO PRELIMINAR
Art. 1º. Esta Lei regula, com fundamento na Emenda Constitucional nº 18, de 1º de
dezembro de 1965, o sistema tributário nacional e estabelece, com fundamento no
artigo 5º, XV, b, da Constituição Federal, as normas gerais de direito tributário
aplicáveis à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, sem prejuízo da
respectiva legislação complementar, supletiva ou regulamentar.

 O Código é Nacional, pois é aplicável à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios
 Direito Tributário – ramo do Direito Público

 CTN – é uma Lei Complementar (sentido material) e ordinária em sentido formal.

Questão de Concurso sobre o tema:

(ESAF/AFTN/1998) Escolha, das afirmações a seguir, qual está de acordo com a teoria da
recepção das normas gerais contidas no Código Tributário Nacional - CTN.

a) O CTN continua com força de lei ordinária.


b) O CTN continua lei ordinária, mas com força de lei complementar.
c) O CTN foi recebido como lei complementar, mas é revogável por lei ordinária.
d) Sua força de lei complementar se adstringe aos conflitos de competência tributária
entre a União e os Estados.
e) O CTN é lei complementar em sentido formal, mas lei ordinária em sentido material.

CEUMA Profª CÉLIA REGINA


PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO - Sistema Tributário Nacional 2

Em seu Art. 2º o CTN informa que o Sistema Tributário Nacional será regido por um conjunto
de normas, que vão desde a Constituição Federal à leis complementares, resoluções e leis
estaduais e municipais.

Art. 2º. O sistema tributário nacional é regido pelo disposto na Emenda Constitucional nº
18, de 1º de dezembro de 1965, em leis complementares, em resoluções do Senado
Federal e, nos limites das respectivas competências, em leis federais, nas Constituições e
em leis estaduais, e em leis municipais.

Segue abaixo imagem da pirâmide de Kelsen, demonstrando a hierarquia das leis, com a
supremacia da Constituição Federal no topo da pirâmide:

A teoria da hierarquia das normas jurídicas é um sistema de escalonamento das normas, que
também é chamado de “Pirâmide de Kelsen” por que foi proposto por Hans Kelsen, jurista austríaco
nascido ao final do século XIX.

• Atualmente, o Sistema Tributário Nacional é regido pelos artigos 145 a 162 da


Constituição Federal – CF

• As Leis Federais, as Constituições Estaduais, as Leis Estaduais e as Leis Municipais só


poderão legislar dentro da competência estabelecida pelo CTN e Constituição Federal.

A Constituição Federal de 1988 aborda a matéria tributária a partir do seu art. 145, onde
identifica as principais espécies tributarias existente no país e elenca os entes políticos que
estão aptos a instituí-las, ou seja, aqueles com a competência tributária para tal.

Art. 145 (CF). A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir
os seguintes tributos:
I - impostos;
II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou
PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO - Sistema Tributário Nacional 3

potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou


postos a sua disposição;
III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.

• Competência Tributária é o poder indelegável que a Constituição Federal confere à


União, estados, Distrito Federal e municípios para legislar sobre determinada matéria,
instituindo tributos

CEUMA Profª CÉLIA REGINA


PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO - Tributos (conceitos e espécies) 4

2 - Tributos (conceitos e espécie )

Tributo

• Art. 3º (CTN). Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo


valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em
lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada

• Prestação pecuniária

Prestação =dever do cidadão


Pecúnia = dinheiro

Significa que o tributo deve ser pago em unidades de moeda corrente, inexistindo o
pagamento in natura ou in labore, ou seja o que é pago em bens ou em trabalho ou
prestação de serviços.

• Exceção (Art. 156 do CTN)

É a possibilidade de o contribuinte quitar sua dívida tributária, entregando determinado


imóvel (casa, apartamento ou terreno)

• Compulsória

Obrigação independente da vontade do contribuinte.


Obrigação imposta pelo Estado.

• Em moeda ou cujo valor se possa exprimir

Os tributos são expressos em moeda corrente nacional (reais) ou por meio de indexadores.

• Que não constitua sanção de ato ilícito

As penalidades pecuniárias ou multas não se incluem no conceito de tributo;

O CTN faz a distinção do que é tributo e do que é multa. A multa é decorrente de ato ilícito,
isto é, ato que vai de encontro à lei e por isso há a sanção. Punição com a devida obrigação
de pagamento em dinheiro.

CEUMA Profª CÉLIA REGINA


PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO - Tributos (conceitos e espécies) 5

• Tributo – pago em função de imposição por lei.

• Multa – Punição pelo descumprimento da obrigação em pagar ou pelo pagamento em


atraso.
• Juros – Atualização monetária em função da protelação do pagamento do tributo

• Instituída em lei

Só existe a obrigação de pagar o tributo se uma norma jurídica com força de lei estabelecer
essa obrigação

 Cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada

A autoridade não possui liberdade para escolher a melhor oportunidade de cobrar tributos,
a lei já estabelece todos os passos a serem seguidos.

Outros conceitos

• Obrigação tributária – é a relação de Direito Público na qual o Estado (sujeito ativo)


pode exigir do contribuinte (sujeito passivo) uma prestação (objeto) nos termos e nas
condições descrito na lei (fato gerador).
• Obrigação Tributária é toda prestação que nasce compulsoriamente com a ocorrência
de um fato jurídico, descrito na lei como gerador da obrigação (faz nascer a obrigação).

 Fato Gerador – é a situação definida na lei como necessária e suficiente para a sua
ocorrência. É o fato que gera a obrigação de pagar o tributo.
 Base de calculo – é o valor sobre o qual se aplica o percentual (ou alíquota) com a
finalidade de apurar o montante a ser recolhido.

 Alíquota – é o percentual definido em lei que, aplicado sobre a base de calculo,


determina o montante do tributo a ser recolhido.

Espécies Tributárias

 De acordo com a Constituição Federal e CTN

 IMPOSTOS
 TAXAS
 CONTRIBUIÇÕE DE MELHORIA

 De acordo com a Doutrina

 EMPRESTIMOS COMPULSÓRIOS
 CONTRIBUIÇÕES

CEUMA Profª CÉLIA REGINA


PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO - Tributos (conceitos e espécies) 6

Da CF88:
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os
seguintes tributos:
• I - impostos;
• II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou
potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou
postos a sua disposição;
• III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.

• Do CTN:

Art. 5° Os tributos são impostos, taxas e contribuições de melhoria.

• IMPOSTOS
Art. 16 (CTN). Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação
independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte.

 Os impostos são tributos não vinculados que incidem sobre a manifestação de


riqueza do sujeito passivo (devedor).

 Diz-se que o imposto é não vinculado porque o Estado não precisa realizar
nenhuma atividade especifica relativa ao contribuinte para legitimar a cobrança.

 Os impostos classificam-se em

a) Diretos e Indiretos
É direto aquele que não repercute, uma vez que a carga econômica é
suportada pelo contribuinte, ou seja, por aquele que deu ensejo ao fato
gerador (Ex: IR, IPTU, IPVA, ITBI, ITCM, etc. Indireto é aquele cujo ônus
tributário repercute em terceira pessoa, não sendo assumido pelo realizador
do fato gerador. (ICMS e IPI)

b) Pessoais e Reais
Os impostos pessoas levam em conta as qualidades individuas do
contribuinte, sua capacidade contributiva para pagamento do tributo (Ex.:
Imposto de Renda). Os reais levam em consideração a matéria tributária, isto
é, o bem ou coisa (Ex.: IPI, ICMS, IPTU, IPVA, ITR, IOF , etc)

c) Fiscais e Extrafiscais
Os impostos fiscais são aqueles que, possuindo intuito estritamente
arrecadatório, devem prover de recursos o Estado (Ex.: IR, ITBI, ITCM, ISS,

CEUMA Profª CÉLIA REGINA


PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO - Tributos (conceitos e espécies) 7

ICMS, etc) Os extrafiscais são aqueles com finalidade reguladora (ou


regulatória ) de mercado ou da economia (Ex.: II, IE, IPI, IOF, etc)

• TAXAS
O artigo 77 do CTN preconiza que “as taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito
Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato
gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de
serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição”.
Este ditame tem consonância com o 145, II da CF.

• A taxa é um tributo imediatamente vinculado à ação estatal, atrelando-se à


atividade pública e não à ação do particular.

• Decorrem do exercício regular do poder de policia ou fiscalização (Art. 78, CTN)


ou da utilização, efetiva ou potencial, de serviço público especifico e divisível,
prestado ao contribuinte ou posto a sua disposição( Art. 77 CTN).

• A taxa de policia, também chamada de taxa de fiscalização será exigida em


virtude de atos de policia (policia administrativa) que verifica o cumprimento de
exigências legais pertinentes a concessão de licenças, autorização, alvará e etc.

• A taxa de serviço, também denominada de taxa de utilização, será cobrada em


razão da prestação estatal de um serviço público especifico e divisível.

• CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA

"A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou
pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para fazer
face ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como
limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da
obra resultar para cada imóvel beneficiado". (Art. 81)

• As contribuições de melhorias são tributos vinculados, uma vez que a sua


cobrança depende de uma especifica atuação estatal, qual seja a realização de
uma obra pública que tenha como consequência um incremento do valor de
imóveis pertencentes aos potenciais contribuintes.

• A valorização imobiliária é fundamental para a cobrança da contribuição de


melhoria, ou seja, não basta a realização da obra, mas sim a sua consequência, a
valorização imobiliária.

CEUMA Profª CÉLIA REGINA


PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO - Tributos (conceitos e espécies) 8

 CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS

• As diretrizes das contribuições especiais estão na Constituição Federal. O artigo 149


da Carta Magna dispõe:

• “Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no


domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como
instrumento de sua atuação nas respectivas áreas”

• As contribuições especiais caracterizam-se pelo fato do produto de suas


arrecadações serem destinados para financiar atividades de interesse publico,
beneficiando certo grupo, e direta ou indiretamente o contribuinte.

• São tributos vinculados, ou seja, destinam-se aos objetivos para os quais foram
criados.

• EMPRESTIMOS COMPULSÓRIOS

O artigo 15 do CTN que somente a União, excepcionalmente, pode instituir


empréstimos compulsórios. São os casos de: guerra externa, ou sua iminência;
calamidade pública que exija auxílio federal impossível de atender com os recursos
orçamentários disponíveis; conjuntura que exija a absorção temporária de poder
aquisitivo.

• A aplicação dos recursos provenientes de empréstimos compulsórios será vinculado


à despesa que fundamentou a sua instituição. (Parágrafo Único, art 148 CF/88)

• Os empréstimos compulsórios são empréstimos forçados, coativos, porém


restituíveis. A obrigação de pagá-lo não nasce de um contrato, de uma manifestação
livre das partes, mas sim de determinação legal. Verificada a ocorrência do fato
gerador, surge a obrigação de “emprestar” dinheiro ao Estado. (ALEXANDRE, p 46)

CEUMA Profª CÉLIA REGINA


PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO - Competência Tributária 9

3 - Competência Tributária

Conceito

• A competência tributária é o poder conferido à União, aos Estados-membros, ao


Distrito Federal e aos Municípios de instituir tributos por meio do processo legislativo
discriminado nas normas constitucionais.
 Competência tributária é o poder outorgado pela Constituição à União, aos Estados,
ao Distrito Federal e aos Municípios para editar leis sobre a instituição, fiscalização,
cobrança e arrecadação de tributos.

Competência Tributária

 Poder outorgado pela constituição

 A União, Estados , DF e Municípios

 Para editar leis sobre Instituição, fiscalização, cobrança e


arrecadação de tributos

 competência tributária é o poder de criar tributos através de leis.


 Apenas os entes políticos são titulares de competência tributária (União, Estados e
Municípios).
PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO - Competência Tributária 10

 A CF/88 não institui os tributos, mas sim outorga a competência tributária para os
entes federativos criarem os tributos e descreve de que forma esta competência pode
ser exigida.
 O Código Tributário Nacional trata do tema nos artigos 6º a 8º

Classificação da competência tributária

• A competência tributária classifica-se como:

 exclusiva,
 residual,
 extraordinária,
 comum
 e cumulativa.

• Exclusiva

Se refere a competência da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios para
instituir os tributos que a Constituição prevê especificamente apenas para cada ente
federativo

• Residual

Se refere à competência da União para instituir, mediante lei complementar, impostos não
previstos na sua competência, desde que sejam não-cumulativos e não tenham fato gerador
ou base de cálculo próprios dos discriminados nesta Constituição

 Extraordinário

A competência da União para instituir na iminência ou no caso de guerra externa, impostos


extraordinários, compreendidos ou não em sua competência tributária, os quais serão
suprimidos, gradativamente, cessadas as causas de sua criação (art. 154, II)

• Comum ou concorrente

A competência de todos os entes políticos para instituição de taxas, contribuições de


melhoria e contribuição previdenciária dos seus servidores, dentro da esfera de competência

CEUMA Profª CÉLIA REGINA


PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO - Competência Tributária 11

político-administrativa de cada um.

• Cumulativa

A competência da União para instituir, em Território Federal, os impostos estaduais e, se o


Território não for dividido em Municípios, cumulativamente, os impostos municipais (art.
147, da CF/88)

Características da competência tributária

• Indelegabilidade

A competência tributária é indelegável, disposição expressa do artigo 7º do CTN (Código


Tributário Nacional), um ente político não pode delegar, conferir a outra pessoa de direito
público a competência tributária que tenha recebido da Constituição Federal. O poder de
tributar é exclusivo do ente político que o recebeu

 não desobedece à característica da indelegabilidade o ato legal de determinado ente


federativo que confere a outra pessoa jurídica de direito público às funções de arrecadar ou
fiscalizar tributos, ou de executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria
tributária

• Irrenunciabilidade

O ente político pode não exercer sua competência tributária, mas esta é irrenunciável, quem
a possui não pode dela abrir mão.

• Inalterabilidade

No sentido que o próprio ente federativo competente para instituir determinados tributos
pelo texto constitucional não pode ampliar por meio de norma ordinária
(infraconstitucional) a sua competência tributária

• Facultatividade

Uma vez que a competência tributária é uma faculdade que pode ou não ser utilizada pela
pessoa política, criando ou não o tributo, ou ainda, criando-o somente em parte.

CEUMA Profª CÉLIA REGINA


PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO - Competência Tributária 12

Todavia, diga-se que, depois de instituído o tributo, não há mais facultatividade para a
administração, uma vez que a atividade de cobrança é vinculada, conforme bem previsto no
art. 142 do CTN.

Capacidade Tributária ativa

• A competência tributária se distingue da capacidade tributária ativa.

• A primeira é o poder, a aptidão de criar tributos, é legislar instituindo tributos, já a


segunda é a capacidade de ser sujeito ativo da relação jurídica tributária.

 A capacidade tributária ativa é o poder de cobrar e fiscalizar o tributo, esta , ao


contrário da competência tributária, é delegável a outras pessoas jurídicas de direito
público

CEUMA Profª CÉLIA REGINA


PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO - Princípios Tributários 13

4 - Princípios Constitucionais Tributários

Neste capitulo abordaremos, dentre os vários Princípios Constitucionais Tributários


dispostos ao longo do texto Constitucional, aqueles mais relevantes para o desenvolvimento
da disciplina em foco.

Principio

Princípios de uma ciência são as proposições básicas, fundamentais, típicas que


condicionam todas as estruturas subsequentes. Princípios são os alicerces da
disciplina estudada.

• Os princípios tributários estão relatados pela Constituição Federal brasileira de 1988,


no Título VI, da Tributação e do Orçamento, Capítulo I, do Sistema Tributário Nacional,
Seção II, das limitações ao poder de tributar.

• Os princípios tributários previstos na Constituição Federal funcionam como


mecanismos de defesa do contribuinte frente ao avanço do Estado no campo tributário

Principio da Legalidade

O principio da legalidade, em matéria tributaria, está previsto no Art. 150 da CF

 Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à


União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça

 Para o tributo ser exigido tem que ser instituído por lei.

 Assim dispõe o art.5°, II, CF88:

Art.5°, II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude
de lei

Instituição de Tributo

E o que é INSTITUIR (= CRIAR) o tributo? É criar:


o Fato Gerador do tributo
o Sujeito Passivo do tributo
a Base de Cálculo do tributo

a Alíquota do tributo

CEUMA Profª CÉLIA REGINA


PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO - Princípios Tributários 14

Principio da Isonomia (Igualdade)

• Prevê o art.150, II:


Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à
União, aos Estados, ao
Distrito Federal e aos Municípios:
II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação
equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por
eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou
direitos;

TRATAR IGUALMENTE AQUELES QUE SE ENCONTREM NA MESMA SITUAÇÃO

TRATAR DESIGUALMENTE AQUELES QUE SE ENCONTREM EM SITUAÇÕES DESIGUAIS, NA


MEDIDA DE SUAS DESIGUALDADES

Principio da Capacidade Contributiva

 O Princípio da Capacidade Contributiva está expresso no art.145, §1°:


§1° - Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a
capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente
para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e
nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte

Principio da Irretroatividade

• Prevê o art.150, III, 'a', CF88:


Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União,
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: [...]

III - cobrar tributos:


a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver
instituído ou aumentado

CEUMA Profª CÉLIA REGINA


PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO - Princípios Tributários 15

 Não se pode cobrar tributo relativo a situações ocorridas antes do início da vigência
da lei que as tenha definido, ou seja, a lei sempre se aplicará a fatos geradores ocorridos
após o início da sua vigência.

Principio da Anterioridade
• Art.150, III. [...] é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios
cobrar tributos:

b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou
aumentou;
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os
instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b

 É proibido à União, Estados, DF e aos Municípios cobrar no mesmo exercício financeiro


e antes de 90 dias de publicada a lei que criou ou aumentou o tributo

Exceções

Art.150, §1° A vedação do inciso III, b, [anterioridade exercício financeiro] não se aplica aos
tributos previstos nos arts. 148, I [empréstimo compulsório - calamidade ou guerra], 153, I,
II, IV e V [II, IE, IPI, IOF]; e 154, II [imposto extraordinário]; e a vedação do inciso III, c
[anterioridade nonagesimal], não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I
[empréstimo compulsório - calamidade ou guerra], 153, I, II, III e V [II, IE, IR e IOF]; e 154, II
[imposto extraordinário], nem à fixação da base de cálculo dos impostos previstos nos arts.
155, III [IPVA], e 156, I [IPTU]

CEUMA Profª CÉLIA REGINA


PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO - Impostos federais 16

5 - Impostos Federais

Neste capitulo iremos abordar de forma exemplificativa, sem aprofundar o tema, a espécie
tributaria imposto, exclusivamente os impostos de competência da União, os conhecidos
impostos federais.

• A União possui competência tributária para instituir os seguintes impostos, conforme


art. 153 da CF:
a) Imposto sobre importação – II
b) Imposto sobre exportação – IE
c) Imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza – IR
d) Imposto sobre produtos industrializados – IPI
e) Imposto sobre operações financeiras – IOF
f) Imposto sobre a propriedade territorial rural – ITR
g) Imposto sobre grandes fortunas – IGF

Imposto sobre importação - II

 O imposto sobre importação de produtos estrangeiros (II) incide sobre a importação de


mercadoria estrangeira e tem como fato gerador a entrada desses produtos
estrangeiros no território nacional (art. 19 do CTN).
 o fato gerador do II é o evento concreto ou acontecimento da entrada de determinado
produto ou mercadoria estrangeira no Brasil

 Fato Gerador: Entrada do produto estrangeiro no território nacional

 Sujeito ativo: União; Sujeito Passivo: o importador ou quem a ele a lei equiparar.
 O II é um imposto de função EXTRAFISCAL, pois, aumentando ou diminuindo suas
alíquotas, a União pode controlar as importações, podendo, por exemplo, proteger o
mercado nacional da concorrência de produtos estrangeiros similares

Imposto sobre exportação

 O imposto sobre exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados


(IE) tem como fato gerador a saída destes do território nacional (art. 23 do CTN c/c art.
1°, do Decreto- Lei 1.578/77).

 o fato gerador do imposto sobre exportação é


à saída do território nacional para o estrangeiro de produtos nacionais ou
nacionalizados

CEUMA Profª CÉLIA REGINA


PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO - Impostos federais 17

• Sujeito ativo: União; Sujeito Passivo (contribuinte): exportador ou quem a lei a ele
equiparar, assim considerado qualquer pessoa que promova a saída do produto do
território nacional.

• O IE também é um imposto de função EXTRAFISCAL, pois aumentando ou diminuindo


suas alíquotas, a União pode controlar as EXPORTAÇÕES, podendo, por exemplo, evitar
que o mercado interno fique desabastecido de determinado produto aumentando a
alíquota do IE sobre esse produto, dificultando sua exportação.

Imposto de Renda

 O imposto sobre renda e proventos de qualquer natureza (IR) tem como fato gerador
a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica: a) de renda, assim entendido o
produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos ; b) de proventos de qualquer
natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos como renda
(art. 43, do CTN).

• o fato gerador do IR é a aquisição de renda ou proventos, que se caracterizem como


riqueza nova (acréscimo patrimonial), podendo o contribuinte dispor livremente dessa
renda ou provento.
• O IR tem função predominantemente FISCAL, pois é responsável por grande parte da
arrecadação de tributos da União.

• o fato gerador do IR é classificado por parte da doutrina como fato gerador periódico,
eis que acontece ao longo de um período de tempo, que, segundo a legislação do IR, é
de 1° de janeiro até 31 de dezembro do mesmo ano
• O imposto de renda é dividido em: imposto de renda pessoa física - IRPF e o imposto
de renda pessoa jurídica – IRPJ.

O imposto de renda deve ser progressivo, geral e universal.


a) O critério da progressividade diz que o imposto deve respeitar a capacidade
contributiva dos contribuintes, ou seja, quanto mais a pessoa ganha, maior a
contribuição.

b) O critério da generalidade busca alcançar todas as pessoas passíveis de contribuição,


independente de qualquer outro.

c) Universalidade busca alcançar a tributação de todos os rendimentos do contribuinte,


mesmo que este tente colocar outro título para os rendimentos auferidos

CEUMA Profª CÉLIA REGINA


PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO - Impostos federais 18

Imposto sobre produtos industrializados - IPI

• O imposto sobre produtos industrializados (IPI) incide sobre produtos industrializados,


nacionais e estrangeiros.
• Produto industrializado é o resultante de qualquer operação definida no RIPI como
industrialização, mesmo incompleta, parcial ou intermediária.
• Caracteriza industrialização qualquer operação que modifique a natureza, o
funcionamento, o acabamento, a apresentação ou a finalidade do produto, ou o
aperfeiçoe para consumo.
 O IPI é necessariamente seletivo, de forma que suas alíquotas devem ser fixadas de
acordo com a essencialidade do produto, sendo menores para os gêneros considerados
essenciais e maiores para os supérfluos

 O objetivo final do principio é conseguir, de maneira indireta, graduar a carga tributaria


do imposto de acordo com a capacidade contributiva dos consumidores.

 O IPI apresenta uma função mista, tanto FISCAL quanto EXTRAFISCAL. FISCAL porque é
um dos tributos de maior arrecadação da União, mas também EXTRAFISCAL por ser
instrumento de regulação do mercado, como aconteceu na crise de 2008, em que o
Governo Federal, reduziu a zero a alíquota do IPI sobre vários produtos para estimular
o consumo.

Imposto sobre operações financeiras - IOF

 O IOF ocorre em qualquer tipo de operações de crédito, câmbio, seguro e qualquer


outro tipo de operações relacionadas a títulos e valores mobiliários.

 Possui função meramente EXTRAFISCAL, pois é instrumento importante para a União


intervir no mercado financeiro. É o caso do aumento do IOF-Crédito para tornar mais
caro o acesso ao crédito e assim reduzir o consumo, para conter a inflação.

Imposto territorial rural

• O ITR é previsto constitucionalmente, através do inciso VI do artigo 153 da Constituição


Federal.
• O Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR, de apuração anual, tem como
fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza,
localizado fora da zona urbana do município, em 1º de janeiro de cada ano.

CEUMA Profª CÉLIA REGINA


PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO - Impostos federais 19

• Considera-se imóvel rural a área contínua, formada de uma ou mais parcelas de terras,
localizada na zona rural do município.

• O ITR não incide sobre pequenas glebas rurais, quando as explore, só ou com sua
família, o proprietário que não possua outro imóvel.

• Contribuinte do ITR é o proprietário de imóvel rural, o titular de seu domínio útil ou o


seu possuidor a qualquer título.

 A função do ITR é precipuamente EXTRAFISCAL, já que a própria CF88 diz que as


alíquotas do ITR serão "fixadas de forma a desestimular a manutenção de
propriedades improdutivas" (art.153, §4°, I)

Imposto sobre grandes fortunas - IGF

 O art. 153, VII da CF/88 atribui à União a competência para instituir imposto sobre
grandes fortunas, nos termos da lei complementar.
 A União não utilizou tal competência, de forma que o tributo não foi efetivamente
instituído.

CEUMA Profª CÉLIA REGINA


PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO - Contribuições 20

6 - Contribuições

Contribuições Sociais – espécie tributaria previstas na CF/88, de competência privativa da


União (competência exclusiva) exceto quanto às contribuições para o custeio do regime
previdenciário dos servidores dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, a ser
cobrada desses servidores, pelos respectivos entes políticos (art.149, §1°)

• Classificação

1. Contribuições de Seguridade Social (art.195, I, II, III e IV)

2. Contribuições Sociais Gerais (Salário-Educação e Serviços Sociais Autônomos).

3. Contribuições especiais - (i) Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico


(CIDE); e (ii) Contribuições Corporativas (ou no Interesse de Categorias
Profissionais ou Econômicas)

1) Contribuições da Seguridade Social

 A Seguridade Social abrange a Previdência Social (arts.201 e 202, CF88), a Assistência


Social (arts.203 e 204, CF88) e a Saúde (arts.196 a 200, CF88).

 Ela deverá ser financiada por toda a sociedade:


- diretamente, com o recolhimento das contribuições para a Seguridade; e
-indiretamente: - na participação dos orçamentos dos entes federativos - na compra de
produtos e serviços pela população, onde há carga tributária embutida.

 Contribuições do empregador
1. Incidentes sobre a folha de salário
2. Incidentes sobre o faturamento
3. Incidentes sobre o lucro

• Incidentes sobre a folha de salário (art.195, I, 'a')

a) Contribuição Sobre a Remuneração Paga aos Segurados Empregados,


Trabalhadores Avulsos e Contribuintes Individuais


Conhecida como contribuição patronal – o INSS patronal
• Alíquota de 20% sobre a folha de salário (22,5% se o empregador for instituição

CEUMA Profª CÉLIA REGINA


PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO - Contribuições 21

financeira

b) Contribuição de Custeio do Acidente do Trabalho - SAT



É a contribuição devida pelas empresas para o financiamento dos benefícios
concedidos em razão do grau de incidência da incapacidade laborativa decorrente
dos riscos ambientais do trabalho.

 Ela incide, regra geral, a alíquotas de 1%, 2% e 3% sobre o total das remunerações
pagas aos segurados empregados e trabalhadores avulsos

• Incidentes sobre a Receita ou o faturamento


a) Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS)


O fato gerador da COFINS é auferir o "faturamento mensal, assim entendido o total das
receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou
classificação contábil“ (art.1°, Lei n° 10.833/03).
 As alíquotas devidas, regra geral, são de 3% (regime cumulativo) e 7,6% (regime não-
cumulativo).

b) Contribuição para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do


Servidor Público (PIS/PASEP)


Essa contribuição, com o advento da CF88, passou a financiar o programa do seguro-
desemprego e o abono salarial (salário-mínimo anual aos empregados que recebam até 2
salários mínimos de remuneração mensal, desde que seus empregadores contribuam para o
PIS/PASEP) (art.239, CF88).


O fato gerador da contribuição para o PIS/Pasep é auferir o "faturamento mensal, assim
entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua
denominação ou classificação contábil" (art.1°, Lei n° 10.637/02).


As alíquotas devidas, regra geral, são de 0,65% (regime cumulativo) e 1,65% (regime não-
cumulativo).

• Incidentes sobre o lucro (art.195, i, 'c')

a) Contribuição Social Sobre o Lucro das Pessoas Jurídicas (CSLL)

CEUMA Profª CÉLIA REGINA


PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO - Contribuições 22

Seu fato gerador é o auferimento de lucro por parte das pessoas jurídicas domiciliadas
no País e as que lhes são equiparadas pela legislação tributária.
A base de cálculo da CSLL é o valor do resultado do exercício, antes da provisão para o
imposto de renda.
A alíquota da CSLL é de 9%.
Aplicam-se à CSLL, no que couber, as disposições da legislação do imposto de renda.

 Contribuição do trabalhador

• Essa contribuição tem como fato gerador a remuneração paga ou creditada pelos
serviços prestados pelo segurado, independentemente do título que lhe seja dado.

• Contribuintes - o segurado empregado, inclusive o doméstico, e o trabalhador avulso.

• Base de cálculo - salário-de-contribuição mensal, definido em faixas de valores, sujeitas


a limites mínimo e máximo, sobre as quais se aplicam as alíquotas de 8%, 9% e 11%.
• Para os contribuintes individual e facultativo, aplica-se a alíquota de 20% sobre o
salário-de-contribuição

Contribuições sobre a Receita de Concursos de Prognósticos (Art.195, Iii)

 Concurso de prognósticos é todo e qualquer concurso de sorteios de números, loterias,


apostas, inclusive as realizadas em reuniões hípicas, nos âmbitos federal, estadual, do
Distrito Federal e municipal (art.26, §1°, Lei n° 8.212/91).

2 – Contribuições Sociais Gerais

a) Contribuição do Salário-educação
Art.212, § 5° A educação básica pública terá como fonte adicional de financiamento a
contribuição social do salário-educação, recolhida pelas empresas na forma da lei.

Alíquota de 2,5% sobre a folha de salário.

A educação básica pública abrange a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino


médio

b) Contribuições dos serviços sociais autônomos



São as contribuições destinadas ao chamado sistema "S", entidades privadas de
serviços sociais autônomos e de formação profissional, vinculadas ao sistema sindical

CEUMA Profª CÉLIA REGINA


PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO - Contribuições 23


Essas entidades utilizam tais contribuições para custear a prestação de serviços no
âmbito econômico e social e o ensino fundamental profissionalizante.

Sua base de cálculo é a folha de salários da empresa, sendo a alíquota, em regra, de
5,8%

Atualmente, essas entidades são em número de 11:


INCRA - Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
DPC - Diretoria de Portos e Costas do Comando da Marinha
FUNDO AEROVIÁRIO - Fundo vinculado ao Comando da Aeronáutica
SESC - Serviço Social do Comércio
SESI - Serviço Social da Indústria
SEST - Serviço Social de Transporte
SENAC - Serviço Nacional de Aprendizagem do Comércio
SENAI - Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
SENAT - Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte
SENAR - Serviço Nacional de Aprendizagem Rural
SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às Pequenas e Médias Empresas

3 – Contribuições Especiais

a) Contribuições de Intervenção no domínio publico (CIDE)

• Essas contribuições atuam como instrumentos regulatórios da economia, sendo


cobrados quase sempre dos integrantes do setor ao qual é dirigida a atuação de
intervenção da União.

• Possuem caráter nitidamente EXTRAFISCAL.

Exemplo
• CIDE – Combustíveis - Fato gerador - importação ou comercialização de petróleo e
seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool combustível

Destinação dos recursos arrecadados (art.177, §4°, II):


a) ao pagamento de subsídios a preços ou transporte de álcool combustível, gás
natural e seus derivados e derivados de petróeo;

b) ao financiamento de projetos ambientais relacionados com a indústria do petróleo


e do gás;
c) ao financiamento de programas de infra-estrutura de transportes.

CEUMA Profª CÉLIA REGINA


PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO - Contribuições 24

b) Contribuições de interesse de categorias profissionais ou econômicas (= contribuições


corporativas)
Nomenclatura: Contribuições de Interesse de Categorias Profissionais ou Econômicas =
Contribuições Profissionais = Contribuições Corporativas

Subdividem-se em:

(i) Contribuição Sindical (chamada de "imposto sindical");


(ii) Contribuição para Fiscalização do Exercício de Profissões Regulamentadas (=
Contribuição-Anuidade).

CEUMA Profª CÉLIA REGINA


PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO - Impostos Estaduais e Municipais 25

7 - Impostos Estaduais e Municipais

Abordaremos neste tópico os impostos de competência dos estados e municípios,


informando desde já que o capitulo não tem o foco de aprofundar no estudo dos tributos
em analise, haja vista que o foco da disciplina é o planejamento tributário.

Impostos Estaduais
Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:
I - transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos; ITDC
II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de
transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e
as prestações se iniciem no exterior (ICMS)
III - propriedade de veículos automotores. IPVA

Imposto Transmissão Causa Mortis e doação.

• O imposto sobre transmissão causa mortis e doação de quaisquer bens ou direitos é


denominado por várias siglas pelas legislações estaduais (ITCMD, ITCD, ICD, IHD, ITD),
abrangendo no seu campo de incidência quaisquer bens ou direitos ocorridos por
motivo de morte (herança), bem como doação.

• O imposto de transmissão de bens e direitos causa mortis tem como núcleo do fato
gerador, em regra, a transmissão de quaisquer bens ou direitos em face da morte

• A Resolução n° 9/92 do Senado Federal dispõe que a alíquota máxima do ITCMD será
de oito por cento (8%).

• A base de cálculo do ITCMD, em regra, é o valor venal do bem ou direito, ou o valor do


título ou crédito transmitido (art. 38, CTN). O valor venal é o valor corrente de
mercado, ou seja, em condições normais de livre concorrência.

ICMS

 Para que ocorra o fato gerador, é necessário que haja CIRCULAÇÃO e MERCADORIA.

 CIRCULAÇÃO DE MERCADORIA - para haver circulação de mercadoria, tem de haver


TRANSFERÊNCIA JURÍDICA DE TITULARIDADE.
 A circulação de mercadoria não se dá só por compra e venda, mas pode se dar por
qualquer ato ou negócio jurídico.

• MERCADORIA - bem móvel voltado para a prática de atos de comércio.


• FINALIDADE - O que caracteriza um bem como mercadoria é a sua
CEUMA Profª CÉLIA REGINA
PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO - Impostos Estaduais e Municipais 26

• FINALIDADE: - Bem adquirido para uso ou consumo próprio da empresa - não é, para
ela, mercadoria.
• - Bem adquirido para venda ou revenda por essa mesma empresa - é, para ela,
mercadoria.

HABITUALIDADE - se uma pessoa resolve vende seu carro usado, não incidirá ICMS nessa
venda, porque essa pessoa não a faz com habitualidade, não se caracterizando como
comerciante mas simplesmente uma alienante comum. Agora, se uma empresa vive da
compra e venda de carros usados, será contribuinte do ICMS, pois faz essas operações com
habitualidade.

 O contribuinte é qualquer pessoa, física ou jurídica, que realize, com habitualidade ou


em volume que caracterize intuito comercial, operações de circulação de mercadoria
ou prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de
comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior.
 É o ICMS um imposto predominantemente FISCAL, principal fonte de arrecadação dos
Estados.
 Alíquota interna do ICMS do Maranhão = 17%

IPVA

 O IPVA tem como fato gerador a propriedade de veículo automotor. Portanto, incide
IPVA sobre veículo automotor dotado de força motriz própria, ainda que
complementar ou alternativa de fonte de energia natural.
 Considera-se devido na data da aquisição, em relação a veículos nacionais novos; (ii) na
data do desembaraço aduaneiro, em relação a veículos importados; (iii) no dia 1° de
janeiro de cada ano, em relação a veículos adquiridos ou desembaraçados em anos
anteriores.

 Será cobrado no local (Estado ou DF) onde o veículo automotor deve ser registrado.
 Base de cálculo: valor de mercado do veículo;

 Alíquota: é a fixada na legislação estadual ou distrital, obedecendo à alíquota mínima


fixada por Resolução do Senado Federal.

IPVA Maranhão

• DA BASE DE
A base de cálculo do imposto é: Para veículo novo, o valor venal constante da nota

CEUMA Profª CÉLIA REGINA


PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO - Impostos Estaduais e Municipais 27

fiscal ou do documento que represente a transmissão da propriedade, não podendo o


valor ser inferior ao preço de mercado. Para veículo usado, o valor venal praticado no
mercado, expresso em tabela aprovada pelo titular da Receita Estadual.

• As alíquotas do IPVA são:


I - de 1,0% (um por cento) para ônibus, micro-ônibus, caminhões e
cavalo mecânico;
II - de 1,5% (um e meio por cento) para aeronaves;
III - de 2,0% (dois por cento) para motocicletas e similares;
IV - de 2,5% ( dois e meio por cento) para qualquer outro veículo automotor não
incluído nos incisos anteriores.

Impostos municipais e Distritais

 Os impostos de competência dos Municípios e do


Distrito Federal fixadas pela CF/88 são as seguintes:
 Imposto sobre propriedade predial e territorial urbana (IPTU);
 Imposto sobre transmissão inter vivos, por ato oneroso, de bens imóveis e de direitos
reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua
aquisição (ITBI);
Imposto sobre serviços de qualquer natureza (ISS/ISSQN), não compreendidos no ICMS,
definidos em lei complementar.

IPTU

• O IPTU tem como núcleo do fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de
bem imóvel por natureza ou por acessão física, como definido na lei civil, localizado na
zona urbana do Município.
• Em regra, a legislação municipal estabelece o momento da ocorrência do fato gerador
como sendo 1° de janeiro de cada exercício financeiro.
• A base de cálculo do IPTU é o valor venal do imóvel. O valor venal é o valor de mercado
do bem, em condições normais de venda à vista.

• Alíquota: é a fixada na legislação municipal ou distrital

• Em São Luis - MA

Especificação (Em R$) Alíquota (%)

Imóveis Resid até 25.000,00 não isentos 0,50


10.000,00 a 25.000,00 0,50

CEUMA Profª CÉLIA REGINA


PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO - Impostos Estaduais e Municipais 28

25.000,01 a 75.000,00 0,60


Maior que 75.000,01 0,70
Imóveis não Residenciais 1,20
Terrenos 2,60
ITBI

 O ITBI tem como aspecto material a transmissão inter vivos, a qualquer título, por ato
oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre
imóveis, exceto os de garantia; cessão, por ato oneroso, de direitos relativos à
aquisição de bens imóveis.

 Em regra, tem-se por ocorrida a transmissão do imóvel ou de direitos a ele relativo, no


momento do respectivo registro imobiliário junto ao cartório de imóveis competente,
nos termos da lei civil

 A base cálculo do ITBI é o valor venal dos bens, ou dos direitos transmitidos, isto é, o
valor de mercado que o bem transmitido atingiria em uma venda à vista em
condições normais

CÁLCULO DO IMPOSTO (São Luís-MA)

• Nos casos de financiamentos imobiliários residenciais, e desde que o valor da


estimativa fiscal do imóvel seja igual ou menor do que o teto estabelecido para os
financiamentos do

• Sistema Financeiro da Habitação – SFH, sobre o valor efetivamente financiado ou


constante da carta de crédito, até o limite de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais):
alíquota de 0,5% (meio por cento); sobre o valor restante: alíquota de 2% (dois por
cento).

• Nas demais transmissões, a alíquota é de 2% (dois por cento).

ISS

• O ISS tem como aspecto material a prestação de serviços constantes da lista anexa a LC
116/03, ainda que esses não se constituam como atividade preponderante do
prestador. Ou seja, a lista anexa a LC 116/03 estabelece as hipóteses de prestação de
serviço que podem ser tributadas, sendo uma lista taxativa e não exemplificativa.

• Tem-se por ocorrido o fato gerador do ISS no momento em que o serviço é


disponibilizado ao tomador

CEUMA Profª CÉLIA REGINA


PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO - Impostos Estaduais e Municipais 29

• O art. 3° dispõe que o serviço considera-se prestado e o imposto devido no local do


estabelecimento prestador ou, na falta do estabelecimento, no local do domicílio do
prestador, exceto nas hipóteses previstas nos incisos I a XXII, como é o caso das
instalações, execuções de obra, limpezas, jardinagem, diversão etc, quando o imposto
será devido basicamente no local da execução dos serviços.

• A base de cálculo do ISS é o preço do serviço, que pode ser indicado em previsão
contratual ou nota fiscal. Em regra, não se admitem abatimentos ou compensadores
do preço real do serviço, com a exceção do valor dos materiais fornecidos pelo
prestador dos serviços de empreitada e reformas (itens 7.02 e 7.05 da lista anexa a LC
116/03, respectivamente).

 A LC 116/2003 fixou somente a alíquota máxima do ISS em 5% (art. 8°). Não houve
previsão da alíquota mínima, valendo, assim, a previsão de 2% constante no art. 88 do
Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT). Nesse intervalo de 2% a 5 %,
em regra, compete a lei municipal estabelecer suas alíquotas.

CEUMA Profª CÉLIA REGINA


PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO - Elisão e Evasão fiscal 30

8 - Evasão X Elisão Fiscal

Se o contribuinte pretende diminuir os seus encargos tributários, poderá fazê-lo de forma


legal ou ilegalmente. A maneira legal chama-se elisão fiscal ou economia legal
(planejamento tributário) e a forma ilegal denomina-se sonegação fiscal

Sonegação (evasão fiscal)


• A fraude ou sonegação fiscal consiste em utilizar procedimentos que violem
diretamente a lei fiscal ou o regulamento fiscal.

• É flagrante e caracteriza-se pela ação do contribuinte em se opor conscientemente à


lei.

• Desta forma, sonegação é um ato voluntário, consciente, em que o contribuinte busca


omitir-se de imposto devido

 A evasão fiscal provém de artifícios dolosos nos quais o contribuinte, em afronta à


legislação, reduz sua carga tributária, o que pode ser entendido como sonegação.
 A evasão fiscal está prevista e capitulada na Lei nº 8.137/90 (Lei dos crimes contra a
ordem tributária, econômica e contra as relações de consumo). Essa define que
constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo mediante algumas
condutas discriminadas em seu texto

Crimes contra a ordem tributária (Lei 8.137/1990)

 Art. 1o. Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou
contribuição social e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas:
I - omitir informação, ou prestar declaração falsa às autoridades fazendárias;
II - fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos, ou omitindo operação de
qualquer natureza, em documento ou livro exigido pela lei fiscal;
 - falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda, ou qualquer outro
documento relativo à operação tributável;
IV - elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar documento que saiba ou deva saber falso
ou inexato;
V - negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório, nota fiscal ou documento equivalente,
relativa a venda de mercadoria ou prestação de serviço, efetivamente realizada, ou
fornecê-la em desacordo com a legislação.
Pena - reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
Parágrafo único. A falta de atendimento da exigência da autoridade, no prazo de 10 (dez)
dias, que poderá ser convertido em horas em razão da maior ou menor complexidade da
matéria ou da dificuldade quanto ao atendimento da exigência, caracteriza a infração
prevista no inciso V.
PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO - Elisão e Evasão fiscal 31

Art. 2° Constitui crime da mesma natureza:


I - fazer declaração falsa ou omitir declaração sobre rendas, bens ou fatos, ou empregar
outra fraude, para eximir-se, total ou parcialmente, de pagamento de tributo;
II - deixar de recolher, no prazo legal, valor de tributo ou de contribuição social, descontado
ou cobrado, na qualidade de sujeito passivo de obrigação e que deveria recolher aos
cofres públicos;
III- exigir, pagar ou receber, para si ou para o contribuinte beneficiário, qualquer
percentagem sobre a parcela dedutível ou deduzida de imposto ou de contribuição
como incentivo fiscal;
IV - deixar de aplicar, ou aplicar em desacordo com o estatuído, incentivo fiscal ou parcelas
de imposto liberadas por órgão ou entidade de desenvolvimento;
V - utilizar ou divulgar programa de processamento de dados que permita ao sujeito passivo
da obrigação tributária possuir informação contábil diversa daquela que é, por lei,
fornecida à Fazenda Pública.

Elisão Fiscal (planejamento tributário)

• A elisão fiscal, por sua vez, consiste no ato formal, substancialmente legítimo e lícito,
praticado antes do surgimento do fato gerador do tributo, com o fim de evitar a
incidência tributária plena ou diminuir o valor do tributo

• “A elisão fiscal é uma forma lícita de o contribuinte conseguir reduzir a carga tributária,
aproveitando-se de lacunas ou imperfeições da lei tributária, já que o legislador não
pode ser “oniprevidente” deixando, em conseqüência, malhas e fissuras no sistema
tributário

• Há duas espécies de elisão fiscal:

a) aquela decorrente da própria lei;


No caso da elisão decorrente da lei, o próprio dispositivo legal permite ou até mesmo induz
a economia de tributos. Existe uma vontade clara e consciente do legislador de dar ao
contribuinte determinados benefícios fiscais.

b) a que resulta de lacunas e brechas existentes na própria lei.

Já a segunda espécie, contempla hipóteses em que o contribuinte opta por configurar seus
negócios de tal forma que se harmonizem com um menor ônus tributário, utilizando-se de
elementos que a lei não proíbe ou que possibilitem evitar o fato gerador de determinado
tributo com elementos da própria lei.
PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO - Elisão e Evasão fiscal 32

Elisão X Evasão

A elisão é expressa por ato legítimo e lícito, praticado antes do surgimento do fato
gerador, com o fim de evitar a incidência tributária plena ou diminuir o tributo, ao passo que
a sonegação é o ato de omissão praticado após a ocorrência do fato gerador com o fim de
evitar, reduzir ou retardar o pagamento do título, do que se extrai como critérios de
distinção entre tais espécies o critério da licitude/ilicitude (atos lícitos ensejam a elisão e
ilícitos, a evasão) e o critério temporal atos praticados antes do fato gerador caracterizariam
elisão e depois, a evasão)
PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO – Planejamento Tributário 33

9 - Planejamento Tributário

O que é Planejamento:

• Planejamento é uma palavra que significa o ato ou efeito de planejar, criar um plano
para otimizar a alcance de um determinado objetivo.

• O planejamento consiste em uma importante tarefa de gestão e administração, que


está relacionada com a preparação, organização e estruturação de um determinado
objetivo.

• Planejamento Tributário

“É o processo de escolha de ação, não simulada (elisão), anterior à ocorrência do fato


gerador, visando direta ou indiretamente à economia de tributos.” (CHAVES, 2010)

“Entende-se por Planejamento Tributário uma forma licita de reduzir a carga fiscal, o que
exige alta dose de conhecimento técnico e bom-senso dos responsáveis pela decisões
estratégicas no ambiente corporativo.” (OLIVEIRA, 2011)

• O Planejamento Tributário é umas das ferramentas estratégicas da gestão que visam a


redução dos custos do empreendimento.

• O Planejamento Tributário é fator de competitividade empresarial, uma vez que


reduzidos os custos as empresas podem reduzir preços, gerar mais empregos e realizar
novos investimentos.

• A finalidade do Planejamento Tributário é a redução da carga tributária, reduzir o


montante dos tributos, através de ações que evitem a incidência, diminua ou
postergue o pagamento do tributo.

• Planejamento Tributário não se confunde com sonegação fiscal (fraude, simulação,


dissimulação, meios ilegais). Planejar é escolher, entre duas ou mais opções licitas, a
que resulte em menor tributo a pagar.

 O Planejamento Tributário é obrigação dos Administradores.

“Pode-se verificar na Lei 6.404/76 (Lei das S/A), em seu Artigo 153, prevê, por parte dos
sócios administradores, a obrigação de realizar o planejamento tributário: “O administrador
da companhia deve empregar, no exercício de suas funções, o cuidado e diligência que todo
homem ativo e probo costuma empregar na administração dos seus próprios negócios”.

CEUMA Profª CÉLIA REGINA


PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO – Planejamento Tributário 34

• O Planejamento Tributário é a forma licita de redução de tributos, que podem decorrer


da própria lei ou das lacunas da lei, ou seja, sem que seja proibidos em lei.

• Assim, observa-se para um bom Planejamento tributário a necessidade de um grande


conhecimento da legislação tributaria, principalmente no tocante aos seguintes
aspectos:

a) Conhecer todas as situações em que é possível o credito tributário, principalmente


com relação aos chamados impostos não cumulativos (ICMS e IPI) alem das
contribuições (PIS e COFINS);

b) Conhecer todas as situações em que é possível o diferimento (postergação) dos


recolhimentos dos impostos, permitindo melhor gerenciamento do fluxo de caixa;

c) Conhecer todas as despesas e provisões permitidas pelo fisco como dedutíveis no


calculo do lucro tributável;

d) Ser oportuno e aproveitas as lacunas deixadas pela legislação, para tanto ficando
atento às mudanças nas normas e aos impactos nos resultados da empresa,
observando criteriosamente as atividades desenvolvidas;

e) Identificar todos os incentivos e benefícios fiscais concedidos pelos governos federal,


estadual e municipal.

• Dentre os incentivos fiscais podemos citar:

a) Incentivo as atividades culturais e artísticas (art. 475 RIR)

As pessoas jurídicas, tributadas com base no lucro real, poderão deduzir do imposto devido :
(i) 40% das doações e 30% dos patrocínios, não podendo exceder 4% do imposto devido; (ii)
poderá deduzir integralmente como despesa operacional o valor das doações e patrocínios.

b) Incentivos as atividades audiovisuais (art. 484 RIR)

• As pessoas jurídicas poderão deduzir as quantias referentes aos investimentos feitos na


produção de obras audiovisuais – até 2003 (cinemas)

• Poderão ser deduzidos até 3% do imposto devido.

c) Incentivos a programas de desenvolvimento tecnológico, industrial e agropecuário. (art.


490 a 508 RIR)

CEUMA Profª CÉLIA REGINA


PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO – Planejamento Tributário 35

 Pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real.

Incentivos – depreciação acelerada, amortização acelerada.

d) Guerra fiscal

• Estados da Federação oferecem redução da carga tributária para concorrer com outros
na instalação de novas empresas.
• Os municípios, principalmente na área de prestação de serviços, geralmente oferecem
a redução das alíquotas do ISS.

• Nos Estados e nos municípios são criadas as zonas industriais ou comerciais, cujos lotes
de terrenos são oferecidos para implantação de indústrias, armazéns gerais, depósitos
de mercadorias de grandes empresas e mercados atacadistas e varejistas.

• Vários Estados no passado ofereceram prazos maiores para recolhimento de impostos


e principalmente do ICM, o que também era oferecido pelos Municípios na sua área
tributária.

e) Aproveitamento das diferentes formas de tributação.


• O Planejamento Tributário consiste, também, em aproveitar as diferentes formas de
tributação dos diversos segmentos econômicos existentes, procurando enquadrar-se
naquele em que a tributação é menos onerosa:


Simples Nacional
 lucro real
 lucro presumido

CEUMA Profª CÉLIA REGINA


PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO – Simples Nacional 36

10 - Simples Nacional

O Simples Nacional é um regime compartilhado de arrecadação, cobrança e fiscalização de


tributos aplicável às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, previsto na Lei
Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006

Previsão constitucional: artigo 146, III, d


Art. 146. Cabe à lei complementar: (…)

d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas e para as


empresas de pequeno porte, inclusive regimes especiais ou simplificados no caso do
imposto previsto no art. 155, II, das contribuições previstas no art. 195, I e §§ 12 e 13, e da
contribuição a que se refere o art. 239.

 A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios dispensarão às microempresas


(ME) e às empresas de pequeno porte (EPP) tratamento jurídico diferenciado, visando a
incentivá-las pela simplificação de suas obrigações administrativas, tributárias,
previdenciárias e creditícias, ou pela eliminação ou redução destas por meio de lei (art.
179).

 Diz a Constituição que “poderá ser instituído um regime único de arrecadação dos
impostos e contribuições da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios”,
observado que:
I - será opcional para o contribuinte;
II - poderão ser estabelecidas condições de enquadramento diferenciadas por Estado;

III - o recolhimento será unificado e centralizado e a distribuição da parcela de recursos


pertencentes aos respectivos entes federados será imediata, vedada qualquer
retenção ou condicionamento;

IV - a arrecadação, a fiscalização e a cobrança poderão ser compartilhadas pelos entes


federados, adotado cadastro nacional único de contribuintes.

 Nesse sentido, foi publicada a Lei Complementar no. 123 (dez/2006), que instituiu o
“Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte (MP e EPP), com
os seguintes efeitos:

a) Regime de tributação favorecida – “Simples Nacional”


b) Sistema de arrecadação unificada
c) Vigência a partir de 01 de julho de 2007

• Abrange a participação de todos os entes federados (União, Estados, Distrito Federal e

CEUMA Profª CÉLIA REGINA


PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO – Simples Nacional 37

Municípios).

É administrado por um Comitê Gestor composto por oito integrantes: quatro da


Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), dois dos Estados e do Distrito Federal e
dois dos Municípios.

 Para o ingresso no Simples Nacional é necessário o cumprimento das seguintes


condições:

enquadrar-se na definição de microempresa ou de empresa de pequeno porte;

cumprir os requisitos previstos na legislação; e


formalizar a opção pelo Simples Nacional

• Consideram-se Microempresa - ME ou Empresa de Pequeno Porte - EPP a


sociedade empresária, a sociedade simples e o empresário, devidamente registrados
no Registro de Empresas Mercantis ou no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, conforme
o caso, desde que:

• No caso da ME, o empresário, a pessoa jurídica, ou a ela equiparada, aufira, em cada


ano-calendário, receita bruta anual igual ou inferior a R$ 360.000,00 (trezentos e
sessenta mil).

• No caso da EPP, o empresário, a pessoa jurídica, ou a ela equiparada, aufira, em cada


ano-calendário, receita bruta anual superior a R$ 360.000,00 e igual ou inferior a R$
3.600.000,00 (três milhões e seiscentos mil).

SIMPLES Nacional - Características


1. ser facultativo;
2. ser irretratável para todo o ano-calendário;
3. abrange os seguintes tributos: IRPJ, CSLL, PIS/Pasep, Cofins, IPI, ICMS, ISS e a
Contribuição para a Seguridade Social destinada à Previdência Social a cargo da
pessoa jurídica;
4. apuração e recolhimento dos tributos abrangidos mediante documento único de
arrecadação;
5. disponibilização às ME e às EPP de sistema eletrônico para a realização do cálculo do
valor mensal devido;
6. apresentação de declaração única e simplificada de informações socioeconômicas e
fiscais;
7. vencimento no último dia útil da primeira quinzena do mês subsequente ao do período
de apuração;
8. possibilidade de os Estados adotarem sublimites de EPP em função da respectiva

CEUMA Profª CÉLIA REGINA


PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO – Simples Nacional 38

participação no PIB
• Vantagens

Tributação menor do que em relação a outros regimes tributários (como Lucro Real ou
Presumido).

Maior facilidade no atendimento da legislação tributária, previdenciária e trabalhista.


Simplificação no pagamento dos diversos tributos abrangidos pelo sistema, mediante
recolhimento por guia única.

- Possibilidade de tributar as receitas à medida do recebimento das vendas ("regime de
caixa")

Nas licitações será assegurada, como critério de desempate, preferência de
contratação para as microempresas e empresas de pequeno porte. O Decreto
6.204/2007 regulamenta o tratamento favorecido, diferenciado e simplificado para as
microempresas e empresas de pequeno porte nas contratações públicas de bens,
serviços e obras, no âmbito da administração pública federal.

Alíquotas
• Embora o programa propõe uma guia única de imposto, as alíquotas diferem de
acordo com a atividade exercida. As alíquotas iniciais variam de 4,5% até 16,93%
sobre o valor bruto faturado.

• Cada atividade permitida no Simples Nacional está enquadrada dentro de 1 dos 6


anexos do programa.

• Por isso, é possível que uma empresa que possua mais de uma atividade tenha que
pagar diferentes alíquotas de imposto.

Por exemplo, vamos supor uma empresa que possui:

 Atividade primária: 6209-1/00 - Suporte Técnico, Manutenção e outros serviços em


tecnologia da informação.
 Atividade secundária: CNAE 6201-5/00- Desenvolvimento de programas de
computador sob encomenda.

 A atividade primária de Suporte Técnico está enquadrada no Anexo 3 e, portanto,


tem alíquota inicial de 6% sobre o valor faturado. Já a atividade de Desenvolvimento
de Programas de Computador está enquadrada no Anexo 5, com alíquota inicial de
17,5% + 2% de ISS (totalizando 19,5%).
 Toda a vez que esta empresa emitir nota fiscal referente a atividade primária de

CEUMA Profª CÉLIA REGINA


PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO – Simples Nacional 39

suporte técnico, ela pagará 6% de imposto sobre o valor faturado.

A seguir as informações contidas em cada tabela do Simples Nacional:

• Tabela 1 Simples Nacional: Anexo 1 - Comércio


• Tabela 2 Simples Nacional: Anexo 2 - Indústria
• Tabela 3 Simples Nacional: Anexo 3 - Prestadores de Serviço
• Tabela 4 Simples Nacional: Anexo 4 - Prestadores de Serviço
• Tabela 5 Simples Nacional: Anexo 5 - Prestadores de Serviço
• Tabela 6 Simples Nacional: Anexo 6 - Prestadores de Serviço (Novo - a partir de 2015)

CEUMA Profª CÉLIA REGINA


PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO – Lucro Real 40

11 - Lucro Real

• Lucro Real é a regra geral para a apuração do Imposto de Renda e da Contribuição


Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) da pessoa jurídica.

• Ao mesmo tempo em que é o “regime geral” também é o mais complexo.

• A sistemática de tributação sob o Lucro Real é disciplinada pelos artigos 246 a 515 do
Regulamento do Imposto de Renda ( Decreto 3.000/1999).

 Neste regime, o imposto de renda é determinado a partir do lucro contábil, apurado


pela pessoa jurídica, acrescido de ajustes (positivos e negativos) requeridos pela
legislação fiscal, conforme esquema a seguir:

Lucro (Prejuízo) Contábil


(+) Ajustes fiscais positivos (adições) (-) Ajustes fiscais negativos (exclusões)
(=) Lucro Real ou Prejuízo Fiscal do período

Obrigatoriedade do Lucro Real


Empresas que faturam acima de R$ 48 milhões/ano ou desenvolvem qualquer uma das
seguintes atividades estão obrigatoriamente no regime de Lucro Real:

bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de desenvolvimento, caixas
econômicas, sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades de
crédito imobiliário, sociedades corretoras de títulos, valores mobiliários e câmbio,
distribuidora de títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil,
cooperativas de crédito, empresas de seguros privados e de capitalização e entidades
de previdência privada aberta;


tiverem lucros, rendimentos ou ganhos de capital oriundos do exterior;


usufruam de benefícios fiscais relativos à isenção ou redução do imposto, autorizadas
pela legislação tributária;


no decorrer do ano-calendário, tenham efetuado pagamento mensal pelo regime de
estimativa, na forma do artigo 2o da Lei 9.430/1996;


explorem as atividades de prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria

CEUMA Profª CÉLIA REGINA


PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO – Lucro Real 41

creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção e riscos, administração de contas


a pagar e a receber, compras de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a
prazo ou de prestação de serviços (factoring).

Base de cálculo para IRPJ e CSLL

• A base de cálculo do imposto, determinada segundo a lei vigente na data de


ocorrência do fato gerador, é o lucro real correspondente ao período de apuração.

• No Lucro Real, a base de cálculo é o que torna esse regime de tributação mais
complexo, pois em síntese, a tributação do IRPJ e CSLL se dará sobre o lucro líquido
apurado na contabilidade de cada pessoa jurídica, ajustado pelas adições e exclusões
autorizadas pela legislação fiscal (veja mais abaixo)

Alíquotas de IRPJ e CSLL e prazos de recolhimento



A alíquota para pagamento de IRPJ é de 15% e a CSLL normalmente é de 9%, ambos
calculados sobre o lucro real apurado.


Nos casos de instituições financeiras, pessoas jurídicas de seguros privados e de
capitalização, a partir de 01/05/2008 a alíquota de CSLL passou a ser é 15% igual ao
IRPJ.

Adicional de IRPJ

• Para lucro acima de R$ 20 mil por mês (R$ 60 mil por trimestre ou R$ 240 mil no ano),
é obrigatório o pagamento de um percentual de 10% sobre o valor excedente – esse
tributo é chamado de Adicional do IRPJ

As alíquotas dos tributos para cálculo do IRPJ e da CSLL nessa modalidade são:
IRPJ: 15% para Lucro até R$ 20.000,00/mês;
IRPJ: 25% para Lucro acima de R$ 20.000,00/mês;
CSLL: 9% sobre qualquer Lucro apurado.

Em resumo, no Lucro Real os dois tributos variam de 24% (9% + 15%) a 34% (9% + 25%),
aplicados sobre o Lucro e não sobre o faturamento.

CEUMA Profª CÉLIA REGINA


PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO – Lucro Real 42

• Período de apuração

O IRPJ e CSLL podem ser apurados de duas formas no Lucro Real:

• Trimestral: os lucros são apurados nos meses de Março, Junho, Setembro e Dezembro;

• Mensal (com ajuste anual): os lucros são apurados todo mês através de Balanço de
Suspensão e Redução ou pelo cálculo de estimativa.

• O recolhimento do IRPJ e CSLL é realizado através do Documento de Arrecadação de


Receitas Federais (DARF) e seu vencimento é o último dia útil do mês subsequente ao
fechamento do trimestre.

• Ou seja, ultimo dia útil dos meses Abril, Julho, Outubro e Janeiro, quando a apuração
for trimestral, ou no ultimo dia útil do mês subsequente, quando se tratar de apuração
mensal.

O que pode ser adicionado ou excluído do cálculo do lucro líquido

Para definir o lucro real (a ser tributado), existem adições e exclusões possíveis no cálculo:
Adições:

Os custos, despesas, encargos, perdas, provisões, participações e quaisquer outros
valores deduzidos na apuração do lucro líquido que, de acordo com a legislação
tributária, não sejam dedutíveis na determinação do lucro real (exemplos: resultados
negativos de equivalência patrimonial; custos e despesas não dedutíveis);


Os resultados, rendimentos, receitas e quaisquer outros valores não incluídos na
apuração do lucro líquido que, de acordo com a legislação tributária, devam ser
computados na determinação do lucro real (exemplos: ajustes decorrentes da
aplicação dos métodos dos preços de transferência; lucros aferidos por controladas e
coligadas domiciliadas no exterior).

Exclusões:

Os valores cuja dedução seja autorizada pela legislação tributária e que não tenham
sido computados na apuração do lucro líquido do período de apuração (exemplo:
depreciação acelerada incentivada);


Os resultados, rendimentos, receitas e quaisquer outros valores incluídos na apuração
do lucro líquido que, de acordo com a legislação tributária, não sejam computados na

CEUMA Profª CÉLIA REGINA


PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO – Lucro Real 43

determinação do lucro real (exemplos: resultados positivos de equivalência


patrimonial; dividendos).

PIS e COFINS

A escolha pelo regime de tributação com base no Lucro Real interfere no calculo das
contribuições PIS e COFINS, que passam a ser calculadas no regime de não-cumulatividade e
as alíquotas incidentes são 1,65% e 7,60% respectivamente.

CEUMA Profª CÉLIA REGINA


PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO – Lucro Presumido 44

Lucro Presumido

• O Lucro Presumido é uma forma de tributação simplificada para determinação da base


de cálculo do imposto de renda e da Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido - CSLL
das pessoas jurídicas.

• A sistemática é utilizada para presumir o lucro da pessoa jurídica a partir de sua receita
bruta e outras receitas sujeitas à tributação.

• Em termos gerais, trata-se de um lucro fixado a partir de percentuais padrões aplicados


sobre a Receita Operacional Bruta - ROB. Assim, por não se tratar do lucro contábil
efetivo, mas uma mera aproximação fiscal, denomina-se de Lucro Presumido.

• A sistemática de tributação pelo Lucro Presumido é regulamentada pelos artigos 516 a


528 do Regulamento do Imposto de Renda (Decreto 3.000/1999).

Base de cálculo da alíquota do IRPJ e CSLL


• O regime de tributação do Lucro Presumido tem esse nome pois, dependendo da
atividade da empresa, ela tem seu lucro presumido por um percentual aplicado sobre a
receita bruta.

• Independente de qual foi o resultado real da empresa, o Fisco presumirá que o lucro
foi de um percentual fixo da receita bruta, variando de acordo com a atividade da
empresa. Esse lucro servirá como base de cálculo do IRPJ e CSLL.
 A base de cálculo da CSLL corresponde aos seguintes percentuais da receita bruta:

Atividades percentual
a) atividades comerciais, industriais,
serviços hospitalares e de transporte 12%

a) prestação de serviços em geral,


exceto a de serviços hospitalares e
transporte;
b) intermediação de negócios;
32%
c) administração, locação ou cessão
de bens imóveis, móveis e direitos
de qualquer natureza.

CEUMA Profª CÉLIA REGINA


PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO – Lucro Presumido 45

Para fins de determinação do IRPJ os percentuais são diversificados, conforme tabela a


seguir:

Percentuais sobre a
ESPÉCIES DE ATIVIDADES: receita

Revenda a varejo de combustíveis e gás


natural
1,6%

Venda de mercadoria ou produtos


Transporte de cargas
Atividades imobiliárias (compra, venda, loteamento,
incorporação e construção de imóveis)
Serviços hospitalares
8%
Atividade Rural
Industrialização com materiais fornecidos pelo encomendante
Outras atividades não especificadas (exceto prestação de serviços)

Serviços de transporte (exceto o de cargas)


16%
Serviços gerais com receita bruta até R$ 120.000/ano - ver nota (1)
· Serviços profissionais (Sociedades Simples - SS, médicos,
dentistas, advogados, contadores, auditores, engenheiros, consultores,
economistas, etc.)
· Intermediação de negócios
· Administração, locação ou cessão de bens móveis/imóveis ou direitos
32%
Serviços de construção civil, quando a prestadora não empregar materiais
De sua propriedade nem se responsabilizar pela execução da obra (ADN
Cosit 6/97).
·
Serviços em geral, para os quais não haja previsão de percentual específico

No caso de exploração de atividades diversificadas, será aplicado sobre a receita bruta de


cada atividade o respectivo percentual

CEUMA Profª CÉLIA REGINA


PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO – Lucro Presumido 46

• Alíquotas e prazos de recolhimento do CSLL e IRPJ

Qualquer empresa do lucro presumido, independente de sua atividade, pagará 15% de IRPJ e
9% de CSLL, ambos calculados sobre o Lucro Presumido (alíquotas para o cálculo mostradas
acima).

Exemplo: Empresa comercial


Calculo do IRPJ (8% de acordo com a tabela)
Faturamento = R$ 100 mil
Base de Calculo do IRPJ = 8% do faturamento = 100.000 x 8% = 8.000
Aliquota do IRPJ = 15% da base de calculo IRPJ a pagar = 15% x 8.000 = 1.200,00

Calculo do CSLL (12% de acordo com a tabela)


Faturamento = R$ 100 mil
Base de Calculo do CSLL = 12% do faturamento = 100.000 x 12% = 12.000
Aliquota do CSLL = 9% da base de calculo IRPJ a pagar = 9% x 12.000 = 1.080,00

Adicional do IRPJ
 Por fim, empresas que tenham o Lucro Presumido superior a R$ 60 mil por trimestre
(R$ 240 mil no ano) devem pagar um percentual de 10% sobre o valor excedente e tal
recolhimento é denominado como Adicional do IRPJ.

 Para exemplificar, vamos imaginar uma empresa de “Comércio e indústria” (margem


presumida de 8%) que faturou R$1.25 milhão no trimestre, terá um lucro presumido de
R$100 mil (R$40 a mais do que os R$60 mil estipulados).

 Nesse caso, ela terá que pagar R$4 mil de Adicional do IRPJ.

Prazo e forma de pagamento

Apuração da CSSL e IRPJ com base no Lucro Presumido têm um prazo trimestral de
apuramento:

1º Trimestre: 31/03 de cada ano

2º Trimestre: 30/06 de cada ano

3º Trimestre: 30/09 de cada ano

CEUMA Profª CÉLIA REGINA


PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO – Lucro Presumido 47


4º Trimestre: 31/12 de cada ano

 Soma-se a receita bruta obtida em cada trimestre e sobre esse valor apuram-se os
valores de IRPJ e CSLL devidos.

 O recolhimento do IRPJ e CSLL são realizados através do Documento de Arrecadação de


Receitas Federais (DARF) e seu vencimento é o último dia útil do mês subsequente ao
fechamento do trimestre, ou seja, ultimo dia útil dos meses Abril, Julho, Outubro e
Janeiro.

Impeditivos ao Lucro Presumido

• Empresas que faturam acima de R$ 78 milhões/ano ou desenvolvam qualquer uma das


seguintes atividades estão fora do Lucro Presumido:

• bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de desenvolvimento, caixas


econômicas, sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades de
crédito imobiliário, sociedades corretoras de títulos, valores mobiliários e câmbio,
distribuidora de títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil,
cooperativas de crédito, empresas de seguros privados e de capitalização e entidades
de previdência privada aberta;

• lucros, rendimentos ou ganhos de capital oriundos do exterior;

 usufruam de benefícios fiscais relativos à isenção ou redução do imposto, autorizadas


pela legislação tributária;

 no decorrer do ano-calendário, tenham efetuado pagamento mensal pelo regime de


estimativa, na forma do artigo 2o da Lei 9.430/1996;

 explorem as atividades de prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria


creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção e riscos, administração de
contas a pagar e a receber, compras de direitos creditórios resultantes de vendas
mercantis a prazo ou de prestação de serviços (factoring).

• Embora não seja um regime obrigatório, o Lucro Presumido é bastante difundido


devido a sua simplicidade e, principalmente, por questões de estratégia tributária, pois
pode representar economia tributária, sobretudo nas empresas altamente lucrativas.
Portanto, se não houver impedimento, pode ser uma boa ferramenta de planejamento

CEUMA Profª CÉLIA REGINA


PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO – Lucro Presumido 48

tributário.

• A opção pelo regime de tributação com base no Lucro Presumido será manifestada
com o pagamento da primeira ou única quota do imposto devido correspondente ao
primeiro período de apuração de cada ano-calendário. A saída do sistema de
tributação pelo lucro presumido pode ocorrer anualmente por opção ou,
obrigatoriamente, quando a pessoa jurídica deixar de se enquadrar nas condições para
permanecer no sistema.

PIS e COFINS

A escolha pelo regime de tributação com base no Lucro Real interfere no calculo das
contribuições PIS e COFINS, que passam a ser calculadas no regime de cumulatividade e as
alíquotas incidentes são 0,65% e 3% respectivamente.

CEUMA Profª CÉLIA REGINA


PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO – Regimes Tributários 49

13 - Regimes de Tributação

• O Planejamento Tributário consiste em identificar dentre as alternativas licitas aquela


que melhor se adéqua à realidade das empresas visando reduzir a carga tributária.
• Dentre as possibilidades de redução de carga tributaria temos a escolha do regime
tributário ao qual poderá enquadrar-se a empresa

Como vimos nas aulas anteriores os regimes tributários atualmente disponíveis são:
• Simples nacional

• Lucro real
• Lucro presumido

 Simples Nacional
O Simples Nacional é uma opção tributária para empresas que faturam até R$ 3,6
milhões/ano e não desenvolvam atividades impeditivas para esse perfil, como por exemplo:
empresas de consultoria, engenharia ou gestão.

 Lucro Presumido
Opção para empresas que faturam até R$ 78 milhões de reais por ano e que não
desenvolvam atividades impeditivas para esse perfil, como por exemplo: bancos comerciais,
bancos de investimento, arrendamento mercantil e seguradoras.

 Lucro Real
Todas as demais empresas que não estão enquadradas no simples ou lucro presumido. O
lucro real é a regra. É a tributação com base no lucro efetivamente apurado pelas empresas.

A definição da melhor escolha leva em consideração vários fatores, tais como:

 Enquadramento na Legislação aplicável a cada regime


 Ramo da atividade da empresa (que influenciam diretamente os tipos de imposto ao
qual o empreendimento estará obrigado a pagar)

 Análise da lucratividade da empresa.


 A opção por esses regimes afeta o cálculo dos seguintes tributos: IRPJ, CSL, PIS e
COFINS

CEUMA Profª CÉLIA REGINA


PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO – Regimes Tributários 50

Lucro real x Lucro presumido

A escolha entre os dois regimes está diretamente relacionados à lucratividade do negocio.


Sabemos que no lucro presumido as faixas para a apuração do lucro são:
 comércio 8%
 Indústria 8%
 construção civil 8%

 serviços 32%

Exemplo 1
Uma empresa comercial
Faturamento 1.000.000,00

Lucratividade 12% = 120.000,00

Calculo do IR = alíquota de 15% sobre o lucro


Pelo Lucro presumido 8% = 80.000,00
15% x 80.000 = 12.000,00
Pelo lucro real : lucro de 120.000

15% x 120.000 = 18.000,00


Obs.: Neste caso o lucro presumido (8%) é mais vantajoso. Porém, se a lucratividade for de
5% (50.000,00), deve estudar a alternativa pelo lucro real.

Análise da opção na atividade comercial:


Para optar pelo lucro real no comércio, a lucratividade deve ser menor que 8%, se for maior
compensa permanecer no lucro presumido, em que a presunção é 8%.
Lucratividade maior que 8% = vantagem Lucro Presumido

Lucratividade menor que 8% = vantagem Lucro Real

Exemplo 2
Uma empresa prestadora de serviço
Faturamento 1.000.000,00
Lucratividade 12% = 120.000,00

CEUMA Profª CÉLIA REGINA


PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO – Regimes Tributários 51

Calculo do IR = alíquota de 15% sobre o lucro

Pelo Lucro presumido 32% =320.000,00


15% x 320.000 = 48.000,00
Pelo lucro real : lucro de 120.000
15% x 120.000 = 18.000,00
Obs.: Neste caso o lucro real é mais vantajoso. Porém, se a lucratividade for de 40%
(400.000,00), a vantagem é o lucro presumido.

Análise da opção na prestação de serviço:

• Para optar pelo lucro real na prestação de serviço, a lucratividade deve ser menor
que 32%, se for maior compensa permanecer no lucro presumido, em que a
presunção é 32%.

Lucratividade maior que 32% = vantagem Lucro Presumido

Lucratividade menor que 32% = vantagem Lucro Real

 Como vimos, na atividade comercial a margem de lucro presumida é de 8% da receita


bruta. Na prestação de serviços, a margem é de 32%.
 Assim, mesmo que a empresa tenha obtido uma margem de lucro maior, a tributação
recairá apenas sobre a margem pré-fixada.
 Sem a devida análise da lucratividade da empresa o empresário pode acabar
recolhendo tributos a maior, afetando diretamente os custo da empresa.

Calculo das contribuições

• Outro fator a ser analisado na escolha do lucro real ou presumido é o calculo das
contribuições PIS e COFINS que incidem sobre o faturamento.

• Dependendo do regime adotado para a apuração do IRPJ e da CSL (Lucro Presumido


ou Lucro Real), temos:
 Lucro real: 1,65% PIS e 7,60% COFINS
 Lucro Presumido: 0,65% PIS e 3% COFINS

• Para as empresas que adotam o Lucro Presumido, o PIS e a COFINS deverão ser
apurados pelo regime cumulativo dessas contribuições, no qual a alíquota total é de
3,65% sobre o faturamento e não há direito ao abatimento de créditos.

CEUMA Profª CÉLIA REGINA


PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO – Regimes Tributários 52

• Por outro lado, as empresas que adotam o Lucro Real, com algumas exceções,
deverão calcular o PIS e a COFINS pelo regime não-cumulativo.

• Nesse caso, a alíquota total é de 9,25% sobre o faturamento e, do valor apurado, a


empresa poderá descontar créditos calculados com base em diversos fatores (ex:
valor dos insumos adquiridos, montante da depreciação de ativos, consumo de
energia elétrica etc.).

• Por fim, vale destacar que a opção pelo Lucro Real também acarreta, para o
empreendedor, a obrigação de apresentar à Receita Federal diversas declarações e
controles que não são exigidos das empresas que optam pelo Lucro Presumido.

• Os gastos adicionais para o atendimento dessas exigências (ex: pessoal, sistemas, e


consultoria externa) devem ser adequadamente dimensionados, por ocasião da
opção por um desses regimes, evitando-se surpresas desagradáveis.

CEUMA Profª CÉLIA REGINA


PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CHAVES, Francisco Coutinho. Planejamento Tributário na prática: gestão tributária aplicada.


2. Ed. São Paulo: Atlas, 2010.
BORGES, Humberto Bonavides. Planejamento Tributário: IPI, ICMS, ISS e IR. 13.ed. rev.,
atual e ampl. São Paulo: Atlas,2014.
ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário esquematizado. 9. ed. rev.atua. e ampl. São Paulo:
Método,2015.
SABBAG, Eduardo. Manual de Direito Tributário. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
NEVES, Silvério das. Manual Prático de Apuração do IRPJ, CSLL, PIS e COFINS: cálculo da
receita bruta e receita líquida atualizado com base na Lei 12.973/2014. São Paulo: Foco
Fiscal,2014.
OLIVIEIRA, Luís Martins de et al. Manual de Contabilidade Tributária: textos e testes com
respostas. 10 ed. São Paulo: Atlas, 2011.
PINTO, Fabiana Lopes. Direito Tributário. São Paulo: Monde, 2012
BRASIL. 5.172 de 25 de outubro de 1966.
BRASIL. Constituição , 1988
BRASIL. Decreto nº 3.000 de 26 de março de 1999. (Regulamento do Imposto de Renda)
BRASIL. Lei Complementar nº 123 de 14 de dezembro de 2006.
BRASIL. Lei 8137 de 27 de dezembro de 1990.
BRASIL. Lei complementar 116 e3 31 de julho de 2003.
BRASIL. Lei 10.833 de 29 de dezembro de 2003.
BRASIL. Lei 10.637 de 30 de dezembro de 2002.
http://www.portaltributario.com.br/planejamento.htm

http://www.valortributario.com.br/planejamento-tributario-ferramenta-importante.asp

http://valdivinodesousa.jusbrasil.com.br/artigos/121944135/planejamento-tributario-elisao-
fiscal?print=true

http://www8.receita.fazenda.gov.br/SimplesNacional/Documentos/Pagina.aspx?id=3

https://endeavor.org.br/lucro-real-ou-presumido-qual-o-melhor/

http://www.abrasuapj.com.br/artigos/tributos/lucro-real-mais-informacoes/

Você também pode gostar