Location via proxy:   [ UP ]  
[Report a bug]   [Manage cookies]                

TCC SusiAdjane FINAL

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 32

UNIVERSIDADE DO VALE DO PARAÍBA

FACULDADE DE ENGENHARIAS, ARQUITETURA E URBANISMO


CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

DESENVOLVIMENTO DE UM SOFTWARE PARA MEDIÇÃO DA


PROPAGAÇÃO E DA ABERTURA DE TRINCAS DE CORPOS DE
PROVA DE MISTURAS ASFÁLTICAS SUBMETIDOS AO ENSAIO
SEMICIRCULAR BENDING TEST POR PROCESSAMENTO DE
IMAGEM

Adjane de Fátima Machado Santos


Susi Batista dos Santos
Orientador: Prof. Dr. Guillermo E. Montestruque

JUNHO 2016
RESUMO

Na restauração de pavimentos é comum usar uma camada de recapeamento asfáltico sobre o


pavimento trincado. As cargas do tráfego provocam uma concentração de tensões na ponta da
trinca subjacente cuja propagação é um processo de fratura da massa asfáltica e não de fadiga.
Para quantificar os parâmetros de fratura da nova mistura asfáltica de recapeamento utiliza-se
o ensaio “Semicircular Bending Test”. Neste trabalho, apresenta-se o desenvolvimento de um
software para a medição da propagação e da abertura de trincas em misturas asfálticas
submetidos a este ensaio, utilizando-se o processamento digital de imagens. Considerando que
a instrumentação atual utiliza o “Crack propagation strain gage” de custo elevado, esta
pesquisa objetiva-se a criar um software no qual seja possível realizar tais medições com
menor custo, oferecendo, assim, dados confiáveis e maior praticidade ao usuário. Uma
extensa revisão bibliográfica foi realizada com o propósito de encontrar os subsídios teóricos
fundamentais para realizar essas medições. Utilizou-se a plataforma NetBeans, a linguagem
Java e a API OpenCV como fundamentais ferramentas para o desenvolvimento do software.
Acredita-se que este aplicativo será de extrema valia para a comunidade de Engenharia de
Pavimentos e contribuirá na obtenção de parâmetros de fratura.

Palavras-chave: Semicircular Bending Test; propagação e abertura de trincas; processamento


de Imagem.
ABSTRACT

The restoration of flooring is common to use a layer of asphalt resurfacing on the cracked
pavement. The charge traffic cause a stress concentration at the tip of the underlying crack
which propagation is a fracture process of the mixture asphalt and not fatigue. To quantify the
fracture parameters of the new asphalt mixture of resurfacing is used the test "Semicircular
Bending Test". In this work, we show the development of software for the measurement of
propagation and opening cracks in asphalt mixtures subjected to this test using digital image
processing. Whereas the current instrumentation, the "Crack propagation strain gage", has a
high cost, the objective is to create software in which it is possible to perform such
measurements at a lower cost, thus offering reliable data and greater convenience to the user.
An extensive literature review was conducted with the purpose of finding the fundamental
theoretical basis to perform these measurements. We also used the NetBeans platform, Java
and API OpenCV as key tools for software development. It is believed that this application
will be extremely valuable to the community of Pavement Engineering and contribute in
obtaining fracture parameters.

Keywords: Semicircular Bending Test; propagation and opening cracks; image processing.
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO............................................................................................................. 4

2. MATERIAIS E MÉTODOS ....................................................................................... 11

2.1 MATERIAIS ........................................................................................................ 11

2.2 MÉTODOS........................................................................................................... 12

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................. 18

4. CONCLUSÃO ............................................................................................................. 29

REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 30
1. INTRODUÇÃO

Com o intuito de fornecer subsídios cada vez mais confiáveis para elaboração de
projetos de pavimentação, dimensionamento estrutural e previsão do desempenho de
pavimentos, a aplicação de teorias da Mecânica de Pavimentos torna-se cada vez mais
importante e necessária [1].

A Mecânica de Pavimentos tem sua aplicação baseada em teorias e conceitos da


Mecânica do Contínuo, da Mecânica dos Solos e da Mecânica da Fratura. Na mecânica do
contínuo é realizada a determinação do estado de tensões e de deformação que as camadas de
um pavimento estão sujeitas; a mecânica dos solos busca a caracterização e compreensão do
comportamento dos solos e dos materiais granulares quando submetidos à aplicação de cargas
cíclicas e a mecânica da fratura, por sua vez, coopera com a previsão do trincamento das
camadas asfálticas e cimentadas [1].

[1]
Rodrigues esclarece que uma carga de roda deslocando-se a uma determinada
velocidade aplica tensões transientes a um ponto qualquer do pavimento, no qual, a duração e
a intensidade do pulso de tensões irão depender, essencialmente, da profundidade do ponto
considerado. As deformações geradas por esse pulso de tensões terão dois componentes
básicos, sendo uma parcela recuperável, conhecida como deformações resilientes e outra
parcela irrecuperável ou plástica.

É importante ressaltar que defeitos intrínsecos aos materiais como descontinuidades,


presença de vazios, existência de entalhes no revestimento, trincas ou defeitos de estrutura
microscópica, além de outras condições defeituosas, ocasionam uma concentração de tensões
em um determinado ponto da estrutura e induzem a falhas no pavimento antes do tempo
previsto em projeto [2].

[3]
Pinto explica que um estado de tensões e de deformações elásticas repetidas dá
origem a um fenômeno conhecido como fadiga, que é um processo de deterioração estrutural
que resulta em trincas no revestimento asfáltico, após um número suficiente de repetições do
carregamento. Esse fenômeno se dá pela perda de resistência do material quando solicitado
repetidamente por uma carga, conforme ilustração da Figura 1.

4
Figura 1 - Tensões numa estrutura de pavimento

Fonte: Medina e Motta [4]

Outro fenômeno existente refere-se ao afundamento de trilha de roda que é resultado de


deformações plásticas, as quais se dão numa região determinada do pavimento, designada
trilha de roda, sendo esta, a região contida numa faixa de rolamento em relação à largura dos
veículos comerciais, no qual há uma concentração do tráfego [5], como se observa na Figura 2.

Figura 2 - Deformações num pavimento flexível

Fonte: Reis [6]


5
[7]
Poleti salienta, também, que o trincamento do pavimento pode-se originar pelo
processo de reflexão em pavimentos recapeados, no qual a ruptura é derivada da propagação
de trincas existentes na camada subjacente. Nesse processo, a região imediatamente acima da
trinca sofre uma concentração de tensões que proporciona a propagação da trinca para a
camada sobrejacente.

[8]
Segundo Montestruque , dois carregamentos críticos surgem diante da passagem de
uma carga de roda em movimento, sendo um referente à posição cisalhante e outro referente à
posição de flexão. Na posição cisalhante a trinca é forçada a crescer por movimentação em
seu próprio plano, decorrente de deformações cisalhantes (Figura 3 e 5) e na posição de flexão
a trinca é forçada a crescer diante das deformações de tração, normais ao plano da trinca e em
movimento de abertura (Figura 4). A “posição cisalhante” ocorre duas vezes a cada passagem
da carga de roda, enquanto que a “posição de flexão” ocorre uma vez apenas.

Figura 3 - Posição cisalhamento da carga de roda gerando deslocamento vertical.

[8]
Fonte: Montestruque

6
Figura 4 - Posição de flexão da carga de roda gerando abertura da trinca.

Fonte: Montestruque [8]

Figura 5 - Posição cisalhamento da carga de roda gerando deslocamento vertical.

Fonte: Montestruque [8]

Neste contexto, a propagação da trinca deve-se a um processo de fratura da massa


asfáltica devido à concentração de tensões de cisalhamentos e flexão impostos pelo
carregamento.

7
A Mecânica da Fratura vem contribuir com o dimensionamento e com a previsão do
desempenho de pavimentos, quantificando as condições sob as quais a estrutura pode chegar a
vidas de serviços extremamente curtas devido à propagação de uma ou várias trincas aí
contidas pela ação de um carregamento. Outro aspecto a ser destacado refere-se ao alto custo
envolvido na restauração de estruturas de um pavimento e a necessidade do desenvolvimento
de tecnologias para controle ou retardo da propagação da trinca dentro da camada de
recapeamento asfáltico.

Para a realização do controle tecnológico de misturas asfálticas são realizados diversos


testes e ensaios em laboratório que medem parâmetros fundamentais como: resistência à
tração, a compressão, a flexão, a fadiga, propagação de trincas, entre outros. Com esses
parâmetros é possível avaliar o desempenho da estrutura e até mesmo prever o tempo de vida
útil desta de acordo com as condições de serviço para qual ela está sendo projetada.

Para o presente trabalho, atentar-se-á ao ensaio “Semicircular Bending Test” (SCB), que
objetiva a determinação de características à fratura de uma mistura asfáltica. Com essas
informações é possível comparar a resistência à fratura de diferentes tipos de misturas
asfálticas e, assim, determinar aquela com melhor desempenho.

De modo geral, o ensaio citado, realiza-se em amostras semicirculares advindas de um


corpo de prova, que, por processo de serragem, divide-se em amostras com formatos e
dimensões conhecidas, conforme Figuras 6 e 7, respectivamente.

Figura 6 - Preparação Corpo de Prova

Fonte: AASHTO Designation [9]

8
Figura 7 - Dimensões do Corpo de Prova

Fonte: AASHTO Designation [9]

Atualmente, a medição da propagação e da abertura da trinca se realizada por


instrumentação utilizando-se a tecnologia “Crack propagation strain gage” (Figura 8),
entretanto, seu custo é elevado, o que inviabiliza, muitas vezes, sua aplicação.

9
Figura 8 - Características típicas de um “Crack propagation strain gage”

Fonte: VISHAY [10]

Diante do exposto, esta pesquisa objetiva contribuir com o desenvolvimento de um


software para medição da propagação e da abertura de uma trinca em misturas asfálticas
submetidos ao ensaio “Semicircular Bending Test” por Processamento Digital de Imagens
(PDI). Com a criação do software os ensaios poderão ser realizados com praticidade.

10
2. MATERIAIS E MÉTODOS

2.1 Materiais

O software foi desenvolvido utilizando-se o ambiente de desenvolvimento integrado


(IDE) NetBeans, um ambiente de desenvolvimento gratuito e de código aberto, disponível
para desenvolvedores de softwares.

A linguagem de programação que norteia o desenvolvimento deste aplicativo é o Java.


Essa linguagem foi escolhida por ser multi-plataforma, "write once, run anywhere", ou seja, o
seu “bytecode” pode ser executado em qualquer máquina que tenha o ambiente de execução
[11]
Java, independentemente de seu sistema operacional, conforme explica Paula Júnior .
Segundo o autor, os programas em Java consistem em classes que contêm métodos, estes
realizam tarefas e retornam as informações ao completarem suas tarefas.

O Java dispõe de uma vasta gama de bibliotecas conhecidas como Java API’s
(Application Programming Interfaces – Interfaces de Programas Aplicativos). As API’s são
portáteis entre os sistemas operacionais e contêm operadores e métodos prontos que estão
disponíveis gratuitamente e podem ser utilizadas para diversos fins [12].

A API empregada neste trabalho foi a OpenCV (Open Source Computer Vision –
Biblioteca de Computação Visual em Código Aberto), uma biblioteca de programação
inicialmente desenvolvida pela Intel Corporation. A OpenCV possui interfaces para
diferentes linguagens como, por exemplo, as linhagens C, C++, Python e Java, e é suportada
pelos Sistemas Opearacionais Windows, Linux, Mac OS, iOS e Android [13].

Segundo Souza [14], a biblioteca OpenCV dispõe de mais de 2500 algoritmos otimizados
que podem ser usados para detectar e reconhecer rostos, identificar objetos, mover objetos e
realizar várias outras tarefas relacionadas ao processamento digital de imagens e tem grande
aplicação no meio acadêmico e comercial.

O processamento de imagens é realizado através de técnicas que representam as


imagens digitais por uma função bidimensional de intensidade da luz f(x, y), sendo x e y as
coordenadas espaciais. O valor de f em qualquer ponto (x, y) é proporcional ao brilho
(intensidade de luz) daquele ponto [11].
11
Neste contexto, utilizou-se a técnica de Limiarização que, segundo Gonzalez e Woods
[15]
, consiste no uso de um comparativo entre pixels, definindo um tom de cinza como limiar,
de forma que os pixels com intensidade menor ou igual ao limiar recebem o valor 0 e os
pixels com valor maior que o limiar recebem o valor 255. Assim a imagem se torna binária,
facilitando sua análise e a extração das informações.

Empregaram-se, também, técnicas de filtragem de imagens com o método de


suavização e de detecção de bordas e contornos, através dos respectivos algoritmos do
OpenCV: bilateralFilter (desfocagem bilateral), medianBlur (desfocagem mediana), Canny
(detecção de borda) e findContours (contorno) [16]. As rotinas internas dessas funções seguem
detalhadas no Anexo A deste trabalho.

2.2 Métodos

A aplicação desenvolvida, nomeada como “Image Propagation Crack”, receberá e


processará uma sequência de imagens digitais, extraídas a partir da filmagem do ensaio SCB,
com a finalidade de fornecer as dimensões de propagação e de abertura da trinca do corpo de
prova, por meio de um relatório textual e de gráficos que representarão o comportamento dos
dados processados.

O algoritmo desenvolvido considera a seguinte premissa para que o processamento seja


executado corretamente: o usuário detém as imagens de interesse, com extensão PNG, que
devem ser armazenadas num diretório específico da máquina local e nomeadas com um
padrão singular (prefixo congênere mais um índice que definirá a sequência das imagens,
como por exemplo: Img001, Img002, Img003, etc.).

O software, inicialmente, fará a leitura de algumas informações, fornecidas pelo


usuário, antes de realizar o processamento propriamente dito. O primeiro dado a ser lido
refere-se ao diretório no qual as imagens estão salvas; em seguida, o nome da primeira
imagem com sua respectiva extensão, a quantidade total de imagens que serão processadas e o
intervalo de tempo entre as elas. O software irá reconhecer o padrão nominal para realizar a
leitura das imagens subsequentes.

12
Com a leitura das informações concluída, o software poderá realizar o processamento. A
primeira rotina de processamento será a de limiarização, para binarizar a imagens (padrão
preto e branco) e, em seguida, realizará a rotina que trata as imagens através de filtros que irão
suprimir os ruídos existentes e facilitar a análise e a extração das informações contidas na
imagem.

Imediatamente, a imagem correspondente ao “tempo zero” da realização do ensaio


(Figura 9) passará por uma rotina que contabilizará os pixels contidos na base do corpo de
prova. Essa rotina será essencial para se definir um parâmetro entre as dimensões reais do
corpo de prova e a quantidade de pixels existentes para a representação do objeto na imagem.

Figura 9 – Imagem correspondente ao “tempo zero” (início do ensaio)

Fonte: Montestruque [17]

As imagens subsequentes passarão por outra rotina que realizará a contagem dos pixels
contidos na trinca, tanto no eixo x para se conhecer a abertura, quanto no eixo y para se
definir a propagação desta.

Com a relação da quantidade de pixels existentes para se representar o corpo de prova


na imagem e o tamanho real deste, bem como a contagem dos pixels contidos na
representação da trinca, determinar-se-ão as medidas em milímetros da propagação e da
abertura da trinca, concretizando assim, a proposta deste estudo.
13
A Figura 10 apresenta o fluxograma que esquematiza, resumidamente, o funcionamento
da aplicação desenvolvida.

Figura 10 – Fluxograma da aplicação

Fonte: O Autor

O software dispõe, também, de funcionalidades particulares. O usuário poderá realizar o


tratamento das imagens individualmente através das técnicas e filtros implementados, tais
como: limiarização (Figura 11), suavização: cvtColor (Figura 12), bilateralFilter (Figura 13),
medianBlur (Figura 14), detecção de bordas: Canny (Figura 15) e detecção de contornos:
findContours (Figura 16). Foram implementadas funcionalidades extras como conversão de
14
imagens coloridas em tons de cinza, divisão de bandas e apresentação de imagens com display
duplo.

Figura 11 – Técnica de Limiarização

Fonte: O autor

Figura 12 – Técnica de Suavização com filtro cvtColor

Fonte: O autor

15
Figura 13 – Técnica de Suavização com filtro bilateralFilter

Fonte: O autor

Figura 14 – Técnica de Suavização com filtro medianBlur

Fonte: O autor

16
Figura 15 – Técnica de Detecção de Bordas com filtro Canny

Fonte: O autor

Figura 16 – Técnica de Detecção de contornos com filtro findContours

Fonte: O autor

17
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

O aplicativo é caracterizado por um layout de simples configuração que provê melhor


usabilidade e funcionalidade do programa. Sua estrutura foi definida tendo como base os
dados de que o programa necessita para realizar o processamento para qual foi desenvolvido e
de acordo com as opções de menu que estariam disponíveis para uso. A Figura 17 explicita a
configuração final do aplicativo.

Figura 17 – Layout

Fonte: O Autor

A seguir, demonstrar-se-á o funcionamento do software realizando o processamento de


uma imagem da base de dados fornecida pelo Prof. Dr. Guilhermo Montestruque, professor
desta universidade e orientador deste trabalho.

O software irá carregar uma seqüência de imagens através do botão “Carregar


imagens”. Nesta etapa, o usuário deverá indicar o diretório em que as imagens estão salvas, o
nome e extensão do arquivo e a quantidade de imagens existentes. Após o preenchimento dos
dados solicitados, o usuário deverá clicar no botão “Carregar imagens” e este retornará
quando todas as imagens estiverem carregadas, conforme explicita a Figura 18.

18
Figura 18 – Carregamento das Imagens

Fonte: O Autor

Quando o carregamento estiver concluído, o usuário poderá iniciar o processamento


clicando no botão “Iniciar Processamento”.

Conforme explicado no capítulo anterior, o algoritmo implementado realizará uma série


de processamentos para determinar e retornar os dados desejados. A primeira atividade
realizada pelo algoritmo refere-se ao tratamento das imagens com a utilização de filtros e
técnicas de PDI, em seguida, há a análise da primeira imagem da sequência a fim de se
determinar a relação entre a quantidade de pixels na base do corpo de prova e suas dimensões
reais em milímetros (Figura 19); depois, a identificação das medidas de abertura e de
propagação da trinca para as imagens subsequentes.

19
Figura 19 – Primeira imagem tratada com a identificação dos pixels na base do corpo de prova

Fonte: O Autor

As Figuras 20, 21, 22, 23, 24 e 25 demonstram, respectivamente, o processo de


tratamento das imagens para a imagem obtida aos 31 minutos após o início do ensaio (última
imagem do ensaio), conforme explicado no capítulo anterior.

Figura 20 – Imagem Limiarizada

Fonte: O autor
20
Figura 21 – Imagem Suavizada com filtro cvtColor

Fonte: O autor

Figura 22 – Imagem Suavizada com filtro bilateralFilter

Fonte: O autor
21
Figura 23 – Imagem Suavizada com filtro medianBlur

Fonte: O autor

Figura 24 – Detecção de Bordas Imagem do corpo de prova com filtro Canny

Fonte: O autor

22
Na última rotina de tratamento da imagem, tratamento, o corpo de prova nela receberá a
cor Ciano, com o intuito de possibilitar a determinação de um padrão de cores e diferenciá-lo
do objeto de estudo, neste caso a trinca, conforme Figura 25.

Figura 25 – Detecção dos contornos com filtro findContours

Fonte: O autor

O processamento para definir as dimensões desejadas realizará as seguintes etapas:


I. Leitura da imagem como uma matriz de pixels de coordenadas x,y.
II. Identificação do contorno da trinca, de modo a identificar as coordenadas
correspondentes ao pico da trinca e as coordenadas correspondentes a
extremidades de abertura da trinca.

A definição das coordenadas (x,y) são determinadas pela análise de cores dos pixels, de
modo a encontrar um padrão que a caracterize. Quando se encontra um padrão de cores
ciano/preto para pixels “vizinhos” (cores definidas para o corpo de prova no processo de
tratamento das imagens), ali se define a lateral esquerda da trinca. O primeiro ponto
encontrado neste padrão será a coordenada para o pico da trinca; já o último ponto encontrado
será a extremidade esquerda correspondente à abertura da trinca, conforme ilustra a Figura 26.

23
Figura 26 – Pico da trinca e extremidade esquerda correspondente à abertura desta.

Fonte: O Autor

Para definição da lateral direita da trinca, será realizada a análise de cores num padrão
preto/ciano. O último par de coordenadas encontrado nesse padrão definirá a extremidade
direita da abertura da trinca, conforme ilustra Figura 27.

Figura 27 – Extremidade direita correspondente à abertura desta.

Fonte: O Autor

24
Com os valores de coordenadas encontrados, será possível determinar quantos pixels
existem no eixo y, sendo este, a diferença entre as coordenadas do primeiro e do último ponto
encontradas pelo padrão de análise ciano/preto. Tal diferença determinará a altura da trinca
em pixels. Em seguida, para definição da abertura, será realizada a diferença de coordenadas
no eixo x do último ponto no padrão de análise preto/ciano, com o último ponto de análise
ciano/preto.

Com a relação da quantidade de pixels existentes para se representar o corpo de prova


na imagem e o tamanho real deste e a quantidade de pixels encontrados pela diferença entre as
coordenadas dos pontos, o programa irá concluir sua última etapa de processamento,
determinando as medidas finais da abertura e da propagação da trinca (mm).

Os resultados serão demonstrados ao final do processamento com a apresentação de um


display duplo mostrando a imagem original e a imagem tratada com as respectivas medidas de
propagação e de abertura da trinca; os dados serão armazenados em um arquivo de texto e
poderão ser analisados com a apresentação de dois gráficos que demonstrarão o
comportamento do ensaio, conforme apresentam as Figura 28, 29, 30 e 31, respectivamente.

Figura 28 – Display Duplo

Fonte: O autor

25
Figura 29 – Relatório .txt

Fonte: O Autor

Figura 30 – Propagação da trinca

Fonte: O Autor
26
Figura 31 – Abertura da trinca

Fonte: O Autor

As imagens tratadas serão armazenadas no mesmo diretório que as imagens originais e


poderão ser analisadas pelo o usuário posteriormente, conforme demonstra.

O usuário não irá interagir com o processamento acima exposto, essas rotinas serão
realizadas internamente. Ele receberá e acessará apenas as informações de interesse que são
apresentadas através do relatório e dos gráficos.

Contudo, para efeitos de análise no processo de desenvolvimento, criaram-se métodos


auxiliares que permitem identificar se o algoritmo estava funcionando corretamente e se
encontrava as coordenadas de pixels verdadeiras. Neste sentido é que se explica a cores
amarelas e verdes no entorno da trinca. A cor amarela representa o comportamento do
software para encontrar o padrão de cores ciano/preto; a cor verde representa o padrão de
análise preto/ciano, desenhando assim a trinca, conforme ilustra a Figura 32.

27
Figura 32 – Padrão de análise para o processamento

Fonte: O Autor

Foram disponibilizadas, também, opções extras de menu, para que o usuário pudesse
usufruir de todas as ferramentas implementadas no decorrer do desenvolvimento do software
de maneira independente do processamento principal, tendo a opção de realizar os seguintes
tratamentos de imagens: limiarização, suavização (cvtColor, bilateralFilter e medianBlur),
detecção de bordas (Canny) e detecção de contornos (findContours), conversão de imagens
coloridas em tons de cinza, divisão de bandas e apresentação de imagens com display duplo.

Diante dos resultados obtidos, percebe-se que o software desenvolvido realiza as


medições inicialmente propostas neste estudo, configurando-se como uma nova ferramenta
para o controle tecnológico de misturas asfálticas no que se refere à fratura da mistura. Com
os dados por ele apresentados, será possível se determinar os parâmetros à fratura de uma
mistura asfáltica, assim como, determinar qual corpo de prova ensaiado tem menor velocidade
de propagação e abertura de trinca correspondente, que se traduz em um melhor desempenho
desta mistura para uma rodovia em serviço.

28
4. CONCLUSÃO

Este trabalho, desenvolvido de forma pioneira na área de Engenharia de Pavimentos,


alcança as seguintes conclusões:

· As técnicas de processamento de imagens, limiarização, filtros de suavização,


contorno e detecção de objetos são válidas para determinar as medições de propagação e de
abertura de trincas em misturas asfálticas, submetidos ao ensaio “Semicircular Bending Test”
· O software, desenvolvido neste trabalho, constitui uma nova ferramenta muito
importante para o controle tecnológico no quesito de aquisição de parâmetros de resistência à
fratura em misturas asfálticas.
· A análise final dos parâmetros determinados permite a definição da mistura
asfáltica mais resistente a propagação de uma trinca, que se traduz em uma maior vida de
serviço da camada de recapeamento asfáltico. Permitindo, assim, detectar o melhor custo
benefício entre as misturas ensaiadas.

29
REFERÊNCIAS

[1]
RODRIGUES, R. M. Engenharia de Pavimentos, Instituto Tecnológico De Aeronáutica,
Divisão De Engenharia Civil-Aeronáutica, São José dos Campos, 2013.
[2]
CALLISTER, JR. W. D. Ciência e Engenharia de Materiais. Rio de Janeiro - RJ: LTC,
2000. 5ª Edição.
[3]
PINTO, S. Estudo do comportamento à fadiga de misturas betuminosas e aplicação na
avaliação estrutural de pavimentos. Tese de Doutorado, COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ,
Brasil. 1991.
[4]
MEDINA, J.; MOTTA, L. M. G. Mecânica dos Pavimentos. 2ª Edição. Editora UFRJ.
ISBN 85-905987-3-3. Rio de Janeiro. Brasil. 2005.
[5]
MIRANDA, A.C.O. Propagação de trincas por fadiga em geometrias 2d complexas sob
cargas cíclicas variáveis. Tese de doutorado. PUCRIO, Rio de Janeiro, RJ, 2003.
[6]
REIS, N. F. S. D. Análise estrutural de pavimentos rodoviários. Aplicação a um
pavimento reforçado com malha de aço. Dissertação de Mestrado, Instituto Superior
Técnico. Universidade Técnica de Lisboa. Portugal, 2009.
[7]
POLETI, M.S. Interpretação numérica de ensaios de fadiga em concreto asfáltico
reforçado com geogrelha. Dissertação de mestrado. ITA. São José dos Campos, 2005.
[8]
MONTESTRUQUE, G. E – Geogrid Effects on the Resistence to Crack-Growth and
Fracture of Asphalt Concrete Mixtures, 10th International Conference on Geosynthetics,
Berlim/Alemanha, 2014.
[9]
STANDARD METHOD OF TEST FOR. Determining the Fracture Energy of Asphalt
Mixtures Using the Semi Circular Bend Geometry (SCB), AASHTO Designation: L nnn-
YY.
[10]
VISHAY, Special Use Sensors—Crack Propagation Sensors, 2014.
Disponível em: <http://www.vishaypg.com/docs/11521/crack-propagation.pdf>. Acesso em:
05 nov. 2016.
[11]
PAULA JÚNIOR, I. C., Técnicas de Processamento Digital de Imagens com Java,
2009, (Curso de curta duração ministrado/Outra). Disponível em:
<http://www.dainf.ct.utfpr.edu.br/~ionildo/pdi/ercemapi2009-pdf-091031135848-
phpapp01.pdf> Acesso em 25 mar. 2016.
[12]
DEITEL, HARVEY. M.; DEITEL, PAUL. J. Java, Como Programar; trad. Carlos
Arthur Lisboa. 4ª Edição. Editora Bookman ISBN 8536301236. Rio Grande do Sul. Brasil.
2003.
[13]
HIRAMA, E. T., Trabalho de Conclusão de Curso Graduação: Desenvolvimento de
Aplicação Android para Reconhecimento Óptico de Caracteres em Brinco de
30
Identificação Animal, 2014. Disponível em:
<http://www.tcc.sc.usp.br/tce/disponiveis/97/970010/tce-23022015-
112413/publico/Hirama_Edgar_Tamio.pdf>. Acesso em: 25 out. 2016.
[14]
SOUZA, F. V. M., Trabalho de Conclusão de Curso Graduação: Comparação de
Sistemas de Visão Estereoscópica para Medição de Distância de Objetos Heterogêneos,
2013. Disponível em:
<http://bibliodigital.unijui.edu.br:8080/xmlui/bitstream/handle/123456789/2007/TCC.pdf?seq
uence=1>. Acesso em: 25 out. 2016.
[15]
GONZALEZ, R. C., WOODS, R.D E. Processamento de Imagens Digitais; trad. Roberto
Marcondes Cesar Junior, Luciano de Fontoura Costa. 3ª Edição. Editora Edgard Blücher
ISBN 9788521202646. São Paulo. SP. 2000.
[16]
SANTOS, R. M., Trabalho de Conclusão de Curso Graduação: Um Estudo de
Processamento de Imagens com OPENCV, 2011. Disponível em:
<https://www.academia.edu/8424043/Um-Estudo-de-Processamento-de-Imagens-com-
OPENCV>. Acesso em: 20 out. 2016.
[17]
MONTESTRUQUE, G. E – Utilização do “Crack Activity Meter” na Restauração de
Pavimentos com o Sistema Anti-reflexão de trincas: Strata – Geogrelha – SMA. Relatório
Final de Pesquisa de Pós-Doutorado, USP, 2008.

31

Você também pode gostar