Celia Maria
Celia Maria
Celia Maria
Belo Horizonte
2009
Célia Maria Brandão Fróes
Belo Horizonte
2009
FICHA CATALOGRÁFICA
CDU: 658.012.2
A Deus, por estar sempre do meu lado em todos os momentos da minha vida.
À minha mãe, ao meu pai (in memoriam), às minhas irmãs e ao meu irmão, que
sempre incentivaram todos os meus estudos e por compreender a importância dessa
etapa em minha vida.
Ao Adilson, meu grande e sempre incentivador para novas conquistas, por tudo que
me ensinou.
A todos os entrevistados, que participaram das reuniões dos grupos de foco, pela
disponibilidade e pela valiosa contribuição à pesquisa.
Ao IGAM, por me liberar nos horários de aula e por viabilizar financeiramente esta
pesquisa.
Aos amigos Alberto Simon, Iude, Luiza de Marillac e Malu, pela sincera amizade e
pelo incentivo para que eu buscasse vencer mais esta etapa em minha vida.
Aos que fazem parte da minha vida, pois mesmo que indiretamente, sempre
contribuíram para o meu sucesso.
O rio nasce toda a vida.
Dá-se ao mar a alma vivida.
A água amadurecida, a face ida.
O rio sempre renasce.
A morte é vida.
(Guimarães Rosa)
RESUMO
This study aimed to examine the practices formal of management information used
by members of the Velhas river Basin Committee (CBH-Velhas) in the management
of water resources. The CBH-Velhas was chosen as a study case due to fact it of the
Watershed Committee of the to be one of the first Committees, established in the
State of Minas Gerais, with more time for action and better structured. The sources of
data collection were the documentary collection of the Committee and interviews with
three focus groups, composed of 5 to 8 members, organized as the segment they
represent the committee. The research examined whether members of the CBH-
Velhas practice formal of using management information in the management of water
resources, adopting as reference the theoretical model proposed by management
information Davenport (1998), referring to steps 1 (determination of the requirements
of information ) and 4 (use of information). Was used as a basis for formulation of the
variables studied, the minimum required by law, for preparing the Master Plan of
Water Resources. 10 questions were presented on determining the information
requirement, using the Master Plan of Water Resources of the river basin as the old
reference and the same 10 questions were repeated but with the focus on the use of
information. All questions were answered considering its importance on a scale from
0 to 10, with justification for each answer. The results showed that members use the
bit of information management practices formal in the management of water
resources, and they have not yet appropriated the information contained in the Plan
in decision making. Consider that are important but are difficult to use them as
support for the management of water resources in river basin Velhas.
TABELA 1 – Relação entre a área de cada trecho da Bacia Hidrográfica do rio das
Velhas e a sua população total ................................................................................. 60
TABELA 2 – Resultados para a determinação das exigências da informação –
passo 1 ...................................................................................................................... 85
TABELA 3 – Resultados para o uso da informação – passo 4 .................................. 91
TABELA 4 – Resultados do Grupo 1 (usuários de água) .......................................... 98
TABELA 5 – Resultados do Grupo 2 (poder público) .............................................. 100
TABELA 6 – Resultados do Grupo 3 (sociedade civil) ............................................ 101
LISTA DE SIGLAS
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 15
3 METODOLOGIA .................................................................................................... 70
4 RESULTADOS E ANÁLISE................................................................................... 74
APÊNDICES
1 INTRODUÇÃO
1
O gerenciamento de recursos hídricos é, segundo Lanna (1997), o conjunto de ações destinadas a
regular e controlar o uso das águas.
2
De acordo com Barth (1987) gestão de recursos hídricos é definida em sentido amplo como a forma
pela qual se busca equacionar e resolver as questões da escassez relativa à água.
16
3
Como fluxo de informação será adotado o conceito de Beal (2004), para a qual a atividade de
identificação de necessidades e requisitos de informação age como elemento acionador do processo,
que pode estabelecer um ciclo contínuo de coleta, tratamento, distribuição/armazenamento e uso
para alimentar os processos decisórios e/ou operacionais da organização, e leva também à oferta de
informações para o ambiente externo.
20
analisar como a informação é usada, se está atendendo o objetivo para o qual foi
proposta, isto é se está correta e adequada. Se as exigências da informação foram
determinadas com clareza, essas deverão ser usadas para uma tomada de decisão
segura pelos membros do Comitê.
O trabalho que aqui se apresenta está estruturado em cinco capítulos,
incluindo esta introdução, composta pelo tema, delimitação do tema, justificativa,
objetivo geral, problema e hipótese.
O segundo capítulo apresenta uma revisão da literatura abordando a teoria
sobre o gerenciamento da informação, especialmente o modelo de gerenciamento
da informação proposto pelo Davenport (1998), o gerenciamento de recursos
hídricos, os modelos de gestão de recursos hídricos, o papel dos Comitês de Bacias
Hidrográficas e uma descrição sobre o Comitê da Bacia Hidrográfica do rio das
Velhas.
No capítulo três é apresentada a metodologia adotada pela pesquisa.
No quatro são apresentados os resultados e análise, com descrição da coleta
de dados e discussão dos resultados.
Finalmente, no capítulo cinco, as conclusões principais da pesquisa sobre as
práticas formais de gerenciamento da informação utilizadas no gerenciamento de
recursos hídricos, tendo como estudo de caso o Comitê da Bacia Hidrográfica do rio
das Velhas.
1.1 Tema
FIGURA 1 – Mapa situação dos Comitês de Bacias Hidrográficas do Estado de Minas Gerais
Fonte: IGAM, 2008.
O Comitê da bacia do rio das Velhas foi criado em 1998, pelo Decreto
Estadual nº 39.692 (MINAS GERAIS, 1998), formado por 56 membros, sendo 28
titulares e 28 suplentes, representando, paritariamente, os poderes públicos
estaduais e municipais, usuários e sociedade civil organizada.
A bacia do rio das Velhas está localizada na região central do Estado,
compreendendo uma área de 29.173 km2, representando cerca de 5% da superfície
do Estado, onde estão localizados, total ou parcialmente, 51 municípios, abrigando
uma população estimada em cerca de 4,8 milhões de habitantes. Essa bacia
apresenta importante dinâmica produtiva, com o seu Produto Interno Bruto (PIB)
representando 22% do Estado (CAMARGOS, 2005).
O CBH-Velhas tem como competências, previstas no artigo 43 da Lei
Estadual nº 13.199 (MINAS GERAIS, 1999):
− Promover o debate das questões relacionadas com recursos hídricos e
articular a atuação dos órgãos.
24
4
Outorga de direito de uso de recursos hídricos é um instrumento legal, previsto na Lei Estadual nº
13.199 (MINAS GERAIS, 1999), que assegura ao usuário o direito de utilizar os recursos hídricos.
25
De acordo com Davenport (1998) alguns pontos devem ser observados nesta
etapa: se a informação está atendendo ao objetivo para qual será utilizada, a
preparação do usuário e a avaliação constante do uso das informações, o retorno ao
cliente e o acompanhamento da atualização constante das informações.
Portanto, analisar como é praticado o gerenciamento da informação pelos
membros do CBH-Velhas mostrou como ocorre o fluxo da informação no âmbito do
Comitê.
1.3 Justificativa
1.5 Problema
Segundo Diehl e Tatim (2004), vários métodos fornecem uma base lógica
para a investigação, entre eles, destaca-se o método hipotético-dedutivo. Os autores
afirmam que, segundo Popper apud Diehl e Tatim (2004), “quando os
conhecimentos disponíveis sobre um determinado assunto são insuficientes para a
explicação de um fenômeno, surge o problema” (DIEHL e TATIM, 2004, p. 49).
Assim, a definição do problema de pesquisa tem como função, responder a
pergunta: o que pesquisar?
Lakatos e Marconi (1991) com base em Popper asseguram que o problema
dá origem a um método que produz uma solução provisória. Segundo as autoras, a
pesquisa é desencadeada pelo problema “teórico/prático”, e mencionam Bunge, que
propõe as etapas para a colocação do problema:
1.6 Hipótese
2 REVISÃO DA LITERATURA
terá como base duas fases desses processos/tarefas, isto é, a determinação das
exigências e uso da informação, dentro das competências legais definidas para os
questionamentos realizados nos grupos focais.
Código, que chegou a ser aprovada pela Câmara de Deputados. Porém, o tema
ficou congelado até 1934.
O Código de Águas foi estabelecido pelo Decreto Federal nº 24.643 (BRASIL,
1934) e consolidou, à época, a legislação básica brasileira de águas. É considerado
por vários estudiosos e juristas como um ato legal avançado para o momento
histórico em que foi promulgado.
Jequitaí, todas inseridas na bacia do Rio São Francisco. A rede piloto é constituída
por 39 poços tubulares profundos, instalados em uma área aproximada de 36.000
km², contemplando cerca de 30 municípios do norte de Minas Gerais (IGAM, 2008).
Quanto à outorga de direito de uso de recursos hídricos, este foi o primeiro
instrumento que o IGAM focalizou e é hoje o mais desenvolvido, sendo referência
para o País. Com a implementação do Sistema Integrado de Meio Ambiente (SIAM)
pela SEMAD os processos autorizativos estão sendo realizados de forma integrada,
buscando assim, a compatibilização da gestão de recursos hídricos com a gestão
ambiental.
O IGAM já emitiu cerca de 17.000 autorizações para captações de águas
superficial e subterrânea, bem como para intervenções em rios, ribeirões e córregos,
possibilitando assim a gestão dos recursos hídricos de forma a garantir o acesso à
água a todos os usuários do Estado. A outorga é um instrumento legal que não dá
ao usuário a propriedade da água ou sua alienação, mas o simples direito de seu
uso. Portanto, a outorga poderá ser suspensa, parcial ou totalmente, em casos
extremos de escassez ou de não cumprimento pelo outorgado dos termos de
outorga previstos nas regulamentações, ou por necessidade premente de se
atenderem os usos prioritários e de interesse coletivo. O IGAM efetua também o
cadastro dos usos considerados insignificantes quanto à vazão e que não estão
sujeitos à outorga (IGAM, 2008).
As discussões sobre a cobrança pelo uso da água avançaram bastante, e
apesar de não estar implementada ainda no Estado, tem-se previsão de iniciá-la no
segundo semestre do ano de 2009 nas bacias hidrográficas do rio das Velhas, do rio
Araguari e da bacia dos rios Piracicaba e Jaguari. A cobrança visa o reconhecimento
da água como um bem natural de valor ecológico, social e econômico, cuja utilização
deve ser orientada pelos princípios do desenvolvimento sustentável, dando ao
usuário uma indicação de seu real valor pelo estabelecimento de um preço público
para seu uso. O objetivo deste instrumento é induzir os usuários de água, públicos e
privados, a utilizarem esse recurso natural de forma mais racional, evitando-se o seu
desperdício e garantindo, dessa forma, o seu uso múltiplo para as atuais e futuras
gerações. A Cobrança não é um imposto, uma vez que sua implementação ocorrerá
por bacia hidrográfica, a partir de iniciativa do respectivo Comitê de Bacia
Hidrográfica. Os recursos financeiros arrecadados com sua implementação serão
revertidos obrigatoriamente para a bacia onde foram gerados, sendo utilizados no
55
Segundo Muñoz (2000, p. 222) “bacia hidrográfica pode ser definida como
uma área topográfica, drenada por um curso de água ou um sistema de cursos de
água de forma que toda vazão efluente seja descarregada através de uma simples
saída”. Para o autor, no âmbito da ciência ambiental, a bacia hidrográfica contém o
conceito de integração, sendo que sua adoção, uso e aplicação para estudos de
problemas ambientais são fundamentais, pois contém informações físicas, biológicas
e socioeconômicas importantes para a gestão local.
A Lei Federal nº 9.433 (BRASIL, 1997) trouxe uma abordagem moderna e
inovadora ao colocar os Comitês no papel de entes centrais no processo de gestão
das águas. Eles são autoridades máximas em suas respectivas áreas de atuação
nas questões referentes aos recursos hídricos locais, têm como atribuição promover
o debate das questões relacionadas a recursos hídricos e articular a atuação de
outras entidades que queiram participar do processo.
A inclusão do Comitê no novo modelo de gestão adotado no País e no Estado
criou um espaço formal de participação da sociedade nas decisões acerca da gestão
das águas, o que reforça o motivo da gestão dos recursos hídricos ser entendida
como um fenômeno tão social quanto técnico.
Essas organizações desempenham um papel estratégico na política de
recursos hídricos, são elas que materializam a gestão descentralizada e
compartilhada, por meio da participação dos três setores e tendo a bacia hidrográfica
como a unidade de gestão.
Para Domingues e Santos (2002) os Comitês de Bacias Hidrográfica
constituem a base do sistema de gerenciamento, pois neles são promovidos os
debates das questões relacionadas a recursos hídricos da bacia, articulada a
atuação das entidades intervenientes, e resolvidos, em primeira instância, os
conflitos relacionados ao uso da água. Deles emanam as diretrizes gerais sobre o
uso, conservação, proteção e recuperação dos recursos hídricos da bacia.
Portanto, cabe aos Comitês o papel de participar do gerenciamento local dos
recursos hídricos, buscando soluções para os problemas que surgem na bacia, por
meio da articulação dos diversos segmentos da sociedade, consubstanciadas por
meio das negociações que permitem atingir um acordo social. E para isso faz-se
necessário o gerenciamento da informação para possibilitar um gerenciamento
adequado dos recursos hídricos. Os membros dos Comitês, mais especificadamente
do CBH-Velhas, objeto de estudo dessa pesquisa, para fazerem o seu papel dentro
59
De acordo com Camargos (2005) a bacia do rio das Velhas está localizada na
região central de Minas Gerais, entre as latitudes 17º 15’ 25”S e longitudes 43º 25’W
e 44º 50W, apresentando uma forma alongada na direção norte-sul (FIG. 5).
Ainda, segundo a autora, o rio das Velhas, com 761 km de extensão, nasce
na Cachoeira das Andorinhas, no município de Ouro Preto e deságua no rio São
Francisco na barra do Guaicuy. Toda a bacia compreende uma área de 29.173 km2,
onde estão localizados 51 municípios que abrigam uma população de
aproximadamente 4,8 milhões de habitantes. A bacia do rio das Velhas divide-se em
três regiões com diferenças relevantes no que diz respeito à população total,
aspectos políticos, sociais, culturais e econômicos, sendo elas denominadas por:
− Alto rio das Velhas: compreende toda a região denominada Quadrilátero
Ferrífero, tendo o Município de Ouro Preto como o limite ao sul e os
municípios de Belo Horizonte, Contagem e Sabará como limite ao norte.
Uma porção do município de Caeté faz parte do alto rio das Velhas, tendo
a Serra da Piedade como limite leste.
− Médio rio das Velhas: ao norte traça-se a linha de limite desse trecho da
bacia coincidindo com o rio Paraúna, o principal afluente do rio das
Velhas. No lado oeste, atravessa o município de Curvelo e, em outro
trecho, coincide com os limites do município de Corinto.
− Baixo rio das Velhas: compreende, ao sul, a linha divisória entre os
municípios de Curvelo, Corinto, Monjolos, Gouveia e Presidente
Kubitscheck e, ao norte, os municípios de Buenópolis, Joaquim Felício,
Várzea da Palma e Pirapora.
TABELA 1 – Relação entre a área de cada trecho da Bacia Hidrográfica do rio das Velhas e a sua
população total
2
Região População total % população Área (km ) % área
Baixo Velhas 202.446 5 18.576,01 48
Médio Velhas 1.121.337 25 16.970,70 44
Alto Velhas 3.082.407 70 3.347,60 8
Total 4.406.190 100 38.894,30 100
Continua
Conclusão
participam de cada passo, todos os problemas que surgem, pode indicar o caminho
para mudanças que realmente fazem a diferença.
Para Davenport (1998) quase todos os processos, geralmente, seguem os
mesmos passos, dependendo dos interesses de cada organização. Dessa forma,
propõe um processo genérico composto por quatro passos, a saber: determinação
das exigências, obtenção, distribuição e utilização da informação, conforme FIG. 6.
3 METODOLOGIA
análise de exemplos que possam estimular a melhor compreensão dos fatos. Para
esta pesquisa ela se mostrou oportuna, já que não se conhece ainda temas
estruturados sobre o assunto, o que poderá surgir a partir deste estudo.
Segundo o procedimento técnico adotou-se a pesquisa bibliográfica e
documental. Foram utilizados livros e artigos científicos sobre gerenciamento da
informação e gerenciamento de recursos hídricos e documentos internos do Comitê
e do IGAM. De acordo com Diehl e Tatim (2004) as pesquisas bibliográfica e
documental são semelhantes, sendo a principal diferença entre elas a natureza das
fontes. Enquanto a pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já
elaborado, constituído principalmente por livros de referência, publicações periódicas
e impressos diversos, a pesquisa documental usa materiais que ainda não
receberam tratamento analítico. Já segundo Marconi e Lakatos (1990) uma das
características da pesquisa documental é o fato da fonte de coleta de dados estar
restrita a documentos escritos ou não (dados primários), sendo que esta coleta pode
ser feita no momento em que ocorre o fenômeno ou depois.
A pesquisa também se classificou como um estudo de caso. Para Yin (2001),
o estudo de caso é a estratégia adequada para investigar questões do tipo “como” e
“por que” e quando o pesquisador tem pouco controle sobre os eventos
pesquisados. Para esta pesquisa, o estudo de caso foi apropriado por que dentre os
34 (trinta e quatro) Comitês de Bacias Hidrográficas existentes no Estado, foi objeto
de estudo somente o CBH-Velhas.
O universo foi formado pelos membros dos 34 Comitês de Bacias
Hidrográficas de Minas Gerais. A amostragem foi não probabilística e intencional. A
amostra foi composta pelos 56 membros do Comitê da Bacia Hidrográfica do rio das
Velhas, sendo 28 titulares e 28 suplentes. Os sujeitos amostrados foram 30
membros do Comitê, sendo 10 escolhidos entre os representantes dos usuários de
água, 10 do poder público e 10 da sociedade civil.
As fontes de coleta de dados foram os documentos internos e observação
direta intensiva sistemática, também conhecida como grupo de foco, grupo focal ou
grupo de discussão.
Segundo Marconi e Lakatos (1990, p. 79), “a observação é uma técnica para
conseguir informações e utiliza os sentidos na obtenção de determinados aspectos
da realidade”. A observação pode ser assistemática ou não estruturada, sendo
também chamada de espontânea, informal, simples, livre e ocasional, e o
72
pesquisador não precisa usar meios técnicos especiais ou fazer perguntas diretas. É
mais empregada em estudos exploratórios, como se pretende nessa pesquisa,
segundo o objetivo geral.
De acordo com Morgan (1996) grupo focal é uma técnica de pesquisa para
coletar dados por meio da interação do grupo sobre um tópico determinado pelo
pesquisador. O propósito é criar uma situação informal na qual os integrantes do
grupo possam discutir sobre um tema que diz respeito a eles, com ajuda de um
moderador e na presença de um ou mais observadores. Um ambiente agradável
deve ser criado para que as pessoas possam se sentir à vontade para expressar
suas idéias e sentimentos.
Portanto, como uma forma de pesquisa qualitativa, os grupos de foco são
basicamente entrevistas em grupo, estabelecidas de acordo com um roteiro que tem
o propósito de atingir os objetivos pretendidos pelo pesquisador. Deve ser
coordenada por um moderador experiente, que conduza a entrevista de modo a
gerar a confiança e interação entre dos membros do grupo.
Quanto aos documentos internos, foram utilizadas atas das reuniões do
Comitê e do CERH/MG, deliberações normativas emitidas pelo CBH-Velhas e
Conselho Estadual de Recursos Hídricos e, ainda estudos desenvolvidos pelo IGAM
e pelo próprio Comitê sobre as suas demandas, principalmente aquelas relativas às
necessidades de dados e informações.
Foram criados 3 grupos de foco, com 5 a 8 membros cada um, buscando o
máximo de homogeneidade possível entre os representantes de cada grupo,
escolhidos intencionalmente de acordo com a formação escolar, o conhecimento
técnico e atividade exercida. Sendo escolhidos ainda, dentre aqueles que tiveram
mais iniciativa, participação e freqüência nas reuniões do CBH-Velhas, conforme
constatado nas atas e listas de presenças das reuniões do Comitê. Os grupos foram
formados de acordo com os segmentos que compõem o Comitê, um grupo
composto por representantes da sociedade civil organizada, um por representantes
do poder público e um por representantes dos usuários de água da bacia. A escolha
de 3 grupos possibilitou a comparação dos resultados obtidos de acordo com o
objetivo da pesquisa.
Foi elaborado um roteiro da entrevista de grupo com questões direcionadas
de acordo com o objetivo pretendido na pesquisa. Foram apresentadas questões
relativas ao gerenciamento da informação no gerenciamento dos recursos hídricos e
73
na atuação dos membros do Comitê, dentro das suas competências legais, para a
determinação das exigências da informação e do uso da informação, conforme
descrito no item 2.7.
Os dados foram analisados quantitativa e qualitativamente. No primeiro caso,
foi identificada a freqüência de respostas e no segundo, os dados foram comparados
e confrontados com o referencial teórico do modelo de gerenciamento da informação
proposto por Davenport (1998, p. 174).
A análise de dados da pesquisa foi realizada utilizando o método de análise
de conteúdo. De acordo com Dellagnelo e Silva (in VIEIRA e ZOUAIN, 2005), a
análise de conteúdo é um método de análise de dados que pode utilizar diferentes
técnicas para tratamento do material coletado. Para Bardin a análise de conteúdo é
um conjunto de técnicas de análise das comunicações, que visam, por meio de
procedimentos sistemáticos e objetivos, obter os significados que vão além das
mensagens concretas (apud DELLAGNELO e SILVA, in VIEIRA e ZOUAIN, 2005).
Esta pesquisa foi uma pesquisa bibliográfica, documental, de caráter
qualitativa, exploratória e, dado a análise ser realizada em um Comitê de Bacia
Hidrográfica, tratou de um estudo de caso e por se tratar de um estudo de caso, não
poderá ter os seus resultados generalizados para outros Comitês do Estado.
74
4 RESULTADOS E ANÁLISE
os temas mais discutidos nas reuniões neste período. Diante disso, buscou-se criar
variáveis que possibilitassem analisar, sob a perspectiva do modelo referencial do
Davenport (1998) quanto aos passos 1 e 4, como as informações contidas no Plano
Diretor poderiam ser identificadas como a determinação das exigências da
informação para os membros do CVB-Velhas e como estas informações seriam
usadas para a aprovação da outorga. Para isto foram elaboradas 10 perguntas
baseadas no conteúdo mínimo previsto na legislação, tendo sido selecionados os
itens considerados pela pesquisadora como os mais importantes para serem
utilizados na aprovação da outorga.
Foram realizadas três reuniões com os grupos focais que ocorreram no
período de 13 a 21 de outubro de 2008, no horário das 19 horas às 21 horas. Foi
utilizado um espaço próprio para fazer esse tipo de entrevista, com ambientação
apropriada, confortável e equipado com aparelhagem para gravação e filmagem. O
ambiente era composto por duas salas; em uma ficaram os entrevistados com a
moderadora e na outra sala, anexa, com uma parede espelhada, ficaram os
observadores sem serem vistos pelos entrevistados. Foi contratada uma profissional
experiente para fazer a moderação dos grupos focais. Durante as três reuniões
estiveram acompanhando as entrevistas dois observadores de cada vez, dentre os
quais colegas da Fundação João Pinheiro, do IGAM e o co-orientador da
pesquisadora. Para cada reunião foram convidados 10 membros por segmento.
A primeira reunião ocorreu no dia 13 de outubro de 2008, com a participação
de 7 membros representantes do segmento Usuários de Água, o equivalente a 70%
do número de convidados. Estiverem presentes:
− 1 representante da Companhia de Saneamento de Minas Gerais
(COPASA).
− 1 representante da Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG).
− 2 representantes da Vale,
− 1 representante da Cimento Holcim.
− 1 representante do Serviço de Água e Esgoto de Sete Lagoas (SAAE).
− 1 representante da Federação da Agricultura do Estado de Minas Gerais
(FAEMG).
76
Neste item são apresentados os resultados obtidos com a análise dos dados
coletados nas entrevistas com os três grupos de foco.
Para a análise dos dados procurou-se reunir as respostas dos membros do
CBH-Velhas quanto aos questionamentos apresentados sobre as práticas formais de
77
Neste item foram analisados os resultados apresentados nas TAB. 2 (f. 85),
TAB. 3 (f. 91), TAB. 4 (f. 98), TAB. 5 (f. 100) e TAB. 6 (f. 101).
Buscando tornar mais clara a análise e interpretação dos resultados, a
pesquisadora adotou o critério do QUADRO 2 para a pontuação na escala de 0 a 10,
quanto ao grau de importância às perguntas apresentadas aos grupos de foco.
A adoção deste critério deveu-se ao fato de que durante as entrevistas
observou-se que para os representantes dos grupos as notas 10 ou 9 tinham o
mesmo valor de importância. Muitas vezes os grupos preferiram pontuar
determinada questão com nota 9 no lugar de 10, simplesmente para não dar nota
máxima, mas entendendo ser a questão muito importante como informação a ser
apresentada no Plano. Nas demais faixas de pontuação o comportamento dos
grupos também foi o mesmo.
85
Pontuação Grau
10 a 9 Muito importante
8a6 Importante
5a3 Pouco importante
2a0 Não importante
Continua
Continua
nota 10, sendo considerada como muito importante. Para eles qualidade e
quantidade de água são parâmetros indissociáveis, sendo que quase sempre a
quantidade é garantia de qualidade de água. Ressaltaram, porém que essas
informações estão desatualizadas no Plano Diretor de Recursos Hídricos da Bacia
do Rio das Velhas.
A questão nº 6 que dispõe sobre a importância da análise das demandas
hídricas atuais e futuras, em quantidade apresentadas no Plano, teve nota 10 pelos
três grupos de segmentos Usuários, Poder Público e Sociedade Civil. Todos eles
consideraram essa questão muito importante já que essa informação significa
conhecer quem são os usuários de água da bacia e juntamente com as informações
sobre disponibilidade é possível ter o balanço de água, isto é, saber quanto
realmente se tem de água e assim fazer um gerenciamento adequado. Neste caso
também foi informado que o cadastro de usos e usuários de água da bacia está
desatualizado e precisa urgentemente de atualização.
Para a 7ª pergunta onde é questionada a importância da análise das
demandas hídricas atuais e futuras em qualidade apresentadas no Plano,
novamente os três grupos deram nota 10, com grau de muita importância. Para eles
essa informação é muito importante por que ela é um indicativo de melhoria da
qualidade da água da bacia e consequentemente daqueles que vivem nela A meta
2010 é o primeiro passo para se atingir o desejo de ter todos os cursos de água da
bacia despoluídos. A meta é inicialmente tornar o trecho do rio das Velhas que
passa pela região metropolitana de Belo Horizonte em condições de se nadar,
pescar e navegar até o ano 2010. Hoje, neste trecho do rio, praticar estas atividades
é inviável devido ao alto grau de poluição existente.
A pergunta nº 8 sobre a importância da análise das prioridades de outorga de
direito de uso definidas no Plano, foi mais polêmica. Os grupos 2 e 3, representantes
do Poder Público e Sociedade Civil deram nota 9 e 10, respectivamente,
considerando-a muito importante. Para eles apesar desta informação não constar no
Plano, trata-se de uma informação relevante, pois será por meio dela que o Comitê
terá a possibilidade de atender a todos os usuários de água da bacia de forma
igualitária. No caso de escassez, como previsto na Lei nº 9.433 (BRASIL, 1997) o
uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo humano e a dessedentação de
animais. Os demais usos deverão ter suas prioridades de uso definidas no Plano
Diretor de Recursos Hídricos. Já o grupo 1, representante dos Usuários de Água,
89
entendeu que esta questão não deveria ser respondida pelo fato do Plano não
constar esta priorização, apesar de ser uma exigência legal de constar no Plano
como conteúdo mínimo.
Para a pergunta nº 9 sobre a importância da análise das propostas para
criação de áreas sujeitas à restrição de uso, com vistas à proteção dos recursos
hídricos e de ecossistemas aquáticos apresentadas no Plano, os três grupos a
consideraram muito importante, com pontuação de nota 9 para o segmento Usuários
de Água, e nota 10 para os segmentos Poder Público e Sociedade Civil. Para eles
esta informação é fundamental para o gerenciamento das águas da bacia, pois a
definição destas áreas de restrição de uso é uma forma de se fazer a preservação e
manutenção das áreas de recarga de água da bacia e assim ter garantia de água
para as gerações atuais e futuras. Foi ressaltado por todos que no Plano ainda não
consta esta informação, que deverá se incluída na sua próxima atualização.
A 10ª pergunta, sobre a importância das metas de melhoria da qualidade dos
recursos hídricos apresentadas no Plano, foi pontuada com nota 10 pelos três
grupos, sendo considerada muito importante. Para eles a definição destas metas é
um dos negócios do Comitê, já que este tem sempre que trabalhar com vistas à
melhoria da qualidade dos recursos hídricos da bacia. Ainda para eles o alcance
destas metas é a garantia de água para as gerações atuais e futuras.
por meio dela torna-se possível ao Comitê fazer projeções de curto, médio e até
mesmo de longo prazo de como a bacia deverá se comportar em relação à locação
de água. Com relação à pergunta nº 8, para a qual o grupo não deu responda, pelo
fato desta informação ainda não constar no Plano, também se percebe que o
comportamento do grupo foi uma forma de evitar o assunto. Esta informação,
prioridades de outorga de direito de uso de recursos hídricos, é muito importante
para que o gestor faça a repartição dos recursos hídricos da bacia de forma
eqüitativa, sem privilegiar nenhum usuário ou segmento.
Para o grupo 2, representantes do segmento Poder Público, houve uma
coerência na atribuição das notas das dez questões apresentadas, que foram
pontuadas com notas 9 e 10. Portanto, 100% das perguntas foram consideradas
como informações muito importantes. Durante a entrevista observou-se que de
forma unânime todos os participantes do grupo consideravam todas as informações
muito importantes. As três perguntas iniciais (1, 2 e 3) receberam nota 9, não por
não serem consideradas muito importantes, mas sim pelo fato de que no início das
discussões eles entenderam que não seria conveniente dar nota 10 para todas as
questões, no entanto no desenrolar da entrevista eles mudaram de idéia e
pontuaram as demais com nota 10. Diante disto observa-se que este grupo
comportou-se como um gestor preocupado com as informações consideradas muito
importantes para o gerenciamento adequado dos recursos hídricos. Para eles,
mesmo que algumas informações ainda não constem no Plano, o importante é
buscar a sua atualização para que o mesmo sirva como instrumento de apoio às
tomadas de decisões.
O grupo 3, composto por representantes do segmento Sociedade Civil, foi
totalmente coerente em suas notas para as dez perguntas. Isto é, 100% das
questões foram pontuadas com nota 10, consideradas muito importantes. Portanto,
percebe-se que o grupo, formado em sua maioria por ambientalistas, tem uma
grande preocupação com a preservação e conservação dos recursos hídricos da
bacia hidrográfica do rio das Velhas. Para eles qualquer informação é essencial para
o gerenciamento adequado das águas da bacia e o Plano é o instrumento que
congregará todas as informações que servirão de suporte às tomadas de decisões,
tanto para as questões que envolvem gerenciamento de recursos hídricos como
para as questões ambientais no sentido mais amplo.
91
Esta análise entre os três grupos buscou verificar como cada segmento
considera, em grau de importância, o uso das informações constantes no Plano
Diretor de Recursos Hídricos da Bacia do Rio das Velhas para a aprovação da
outorga de direito de uso de recursos hídricos para empreendimentos de grande
porte e potencial poluidor. Esta é uma análise importante por que possibilitou à
pesquisadora analisar se as informações constantes no Plano são usadas pelos
representantes dos Usuários de Água, Poder Público e Sociedade Civil, no momento
de se tomar decisão em relação à aprovação da outorga.
A outorga de direito de uso de recursos hídricos é o instrumento por meio do
qual se faz a repartição dos recursos hídricos disponíveis entre os diversos usuários
da bacia. A base para se fazer esta repartição são as informações sobre a
disponibilidade e demanda de água (balanço hídrico), informações sobre o tipo de
uso, local de captação, periodicidade do uso, quantidade de água e outras
informações que porventura possam ser necessárias à tomada de decisão. Todas
estas informações devem ser analisadas sempre com a visão sistêmica da bacia,
isto é, devem ser considerados todos os usos e usuários existentes na bacia, bem
como as projeções de demandas futuras, de forma a garantir água para as gerações
atuais e futuras.
No caso de outorga para empreendimentos de grande porte e potencial
poluidor o critério de análise e aprovação é o mesmo, o que a diferencia das
outorgas de empreendimentos de pequeno e grande porte é o fato de que somente
este tipo de outorga deve ser submetida à aprovação pelo Comitê de Bacia
Hidrográfica. Trata-se de previsão legal, conforme disposto no art. 43, inciso V da Lei
nº 13.199 (MINAS GERAIS, 1999).
Para a pergunta nº 1 sobre a importância do uso da informação sobre as
opções de crescimento demográfico apresentadas no Plano para aprovação da
outorga de grande porte e potencial poluidor, a pontuação foi bastante diferenciada
entre os três grupos. Para o grupo 1, composto por representantes do segmento
Usuários de Água, a nota foi zero. Eles entendem que para aprovar a outorga não se
precisa recorrer a essas informações do Plano, os critérios de outorga são muito
específicos e, portanto, o uso desta informação não tem importância para a sua
93
Para eles o fato desta informação ainda não constar no Plano, não significa que não
seja relevante para a aprovação da outorga. A prioridade de outorga servirá para
definir os usos considerados prioritários para bacia, de acordo com a sua vocação.
Por isto é uma informação tão importante para a tomada de decisão sobre outorga.
No grupo 3 não houve muito consenso sobre a importância do uso desta informação.
Para dois participantes trata-se de informação onde o seu uso para aprovação da
outorga não é importante e deram nota zero. Já para os demais o seu uso é
considerado muito importante e deram nota 10. Eles entendem que o uso desta
informação irá propiciar o gerenciamento adequado dos recursos hídricos da bacia.
A média das notas do grupo ficou em 6, considerando o uso da informação como
importante.
Para a pergunta 9, sobre a importância do uso das propostas para criação de
áreas sujeitas à restrição de uso, com vistas à proteção dos recursos hídricos e de
ecossistemas aquáticos apresentadas no Plano para aprovação da outorga de
grande porte e potencial poluidor, o grupo 1 considerou o uso não importante,
atribuindo nota zero. Para eles esta informação ainda não consta no Plano e,
portanto, seu uso não deve ser considerado para a aprovação da outorga. O grupo
2, composto por representantes do Poder Público, deu nota 10 considerando o uso
desta informação como muito importante para a aprovação da outorga. Eles
entendem que esta informação possibilitará ao Comitê conhecer as aéreas da bacia
onde os recursos hídricos deverão ser preservados e conservados, restringindo
assim a emissão de outorga nestas aéreas. Já o grupo 3 considerou o uso desta
informação para aprovação da outorga não importante, com nota 2, a partir da média
das notas dos participantes. Para esta pergunta dois participantes do grupo
atribuíram nota zero e três nota 5. Eles entendem que esta informação não deve ser
contemplada no Plano Diretor, já que existe uma legislação específica para tal.
Para a pergunta nº 10 sobre a importância do uso das metas de melhoria de
qualidade dos recursos hídricos apresentadas no Plano para aprovação da outorga
de grande porte e potencial poluidor, o grupo 1 deu nota zero, considerando-o não
importante, pelos mesmos motivos apresentados na 9ª questão. Os grupos 2 e 3
deram nota 8, considerando o uso desta informação para aprovação da outorga
como importante. No caso do grupo 3, se fosse excluída a nota zero de um dos
participantes, a nota a partir da média do demais seria 10, portanto, considerando o
uso muito importante.
97
não conseguiam chegar a um consenso de uma única nota para o grupo. Um dos
participantes decidiu atribuir a todas as perguntas a nota zero, por considerar que
para todas as informações apresentadas o seu uso não é importante para a
aprovação da outorga de grande porte e potencial poluidor. Ele entende que o órgão
gestor (IGAM) é que tem a responsabilidade de usar todas estas informações no
momento em que emite o parecer técnico sobre a outorga. Ainda para ele, este
parecer, o qual é encaminhado para todos os membros do Comitê, deverá servir de
instrumento de apoio à tomada de decisão pelos membros. Diante da posição deste
participante os demais ficaram indecisos no momento de decidirem as suas notas.
No geral, eles consideraram que para 80% das perguntas o uso de suas
informações é importante para a aprovação da outorga. No caso de se
desconsiderar a nota zero, para a nova a média das notas, 70% das perguntas
teriam o uso de suas informações considerado como muito importante, mostrando a
influência da pontuação zero para o resultado final.
Continua
Conclusão
8. Prioridades de outorga. 9 10
9. Propostas para criação de
áreas sujeitas à restrição de
uso, com vistas à proteção dos 10 10
recursos hídricos e de
ecossistemas aquáticos.
10. Metas de melhoria da
qualidade dos recursos 10 8
hídricos.
5 CONCLUSÃO
Usuários de Água fortalece ainda mais a visão utilitarista que eles têm da água. É
possível verificar, portanto, que o grupo 1 utiliza em parte as práticas formais do
gerenciamento da informação no gerenciamento dos recursos hídricos da bacia do
rio das Velhas quanto à determinação das exigências da informação, mas não fazem
o mesmo quanto ao uso da informação.
O grupo 2, composto pelos representantes do Poder Público, foi bastante
coerente nas suas respostas. Para eles 100% das informações apresentadas no
Plano são muito importantes para a determinação das exigências da informação, e o
seu uso para a aprovação da outorga de grande porte e potencial poluidor é
considerado como muito importante e importante (80% e 20%, respectivamente).
Esta coerência confirma o papel de gestor que os representantes do Poder Público
exercem no gerenciamento da informação e dos recursos hídricos, sempre com
vistas na valorização do uso da informação nas tomadas de decisão. É possível
verificar, portanto, que mesmo diante de algumas dificuldades estruturais, ainda
existentes no Comitê, este grupo 2 já utiliza um pouco das práticas formais de
gerenciamento da informação no gerenciamento dos recursos hídricos.
Para os representantes da Sociedade Civil as divergências no momento de
atribuição das notas levaram a algumas incoerências nos resultados. Pelas
respostas às perguntas nº 1 e 9 as informações apresentadas no Plano foram
consideradas como muito importante, mas o seu uso como pouco importante e não
importante. No entanto, de um modo geral 60% dos resultados foram coerentes
entre si. Para eles 100% das informações apresentadas no Plano foram
consideradas como muito importantes para a determinação das exigências da
informação. Quanto à importância do uso destas informações para a aprovação da
outorga de grande porte e potencial poluidor, como houve necessidade de se fazer o
cálculo da média das notas, chegou-se que 70% do uso destas informações são
importantes. Desconsiderando-se a nota zero atribuída a todas as perguntas por um
dos participantes do grupo, o grau de importância para este percentual iria para
muito importante, demonstrando assim a coerência entre as respostas do grupo 3. A
incoerência nas respostas de um dos participantes do grupo que considerou todas
as informações apresentadas no Plano como muito importantes, mas o seu uso para
aprovação da outorga como não importante, pode ser entendida como conseqüência
da sua atuação como um profissional que trabalha a muitos anos na área de
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REFERÊNCIAS
CARDOSO, Maria Lúcia M. A democracia das águas na sua prática: o caso dos
comitês de Bacia Hidrográfica de Minas Gerais. 2003. 243 f. Tese (Doutorado) –
Antropologia Social do Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio
de Janeiro, 2003. Disponível em: <http//: www.marcadagua.org.br>. Acesso em: 30
de abr. 2008.
CUNHA, Luís Veiga da. Perspectivas da Gestão da Água para o Século XXI: Desafio
e Oportunidades. Revista Brasileira de Recursos Hídricos – RBRH. Porto Alegre,
v.7, n.4, out/dez, p.65-73, 2002.
FREITAS, Adir José. Gestão de Recursos Hídricos. In: SILVA, Demetrius David da e
PRUSKI, Fernando. Gestão de Recursos Hídricos: Aspectos legais, econômicos,
administrativos e sociais. Brasília: Secretaria de Recursos Hídricos, Viçosa:
Universidade Federal de Viçosa, Porto Alegre: ABRH, 2000.
REBOUÇAS, Aldo Cunha. Água Doce no Mundo e no Brasil. In: REBOUÇAS, Aldo
Cunha; BRAGA, Benedito; TUNDISI, José Galizia. (Org). Águas doces no Brasil:
capital ecológico, uso e conservação. São Paulo: Escrituras, 1999.
TUNDISI, José Galizia. Água no terceiro milênio. In: BARBOSA, Francisco. (Org).
Ângulos da Águas: Desafios da integração. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2008.
APÊNDICES
Prezado (----),
AQUECIMENTO
Temos algumas regras: eu tenho que sair daqui com algumas respostas.
Portanto, não podemos discutir somente um assunto durante toda a reunião e nem
posso deixar que alguns poucos monopolizem a conversa. É importante ouvir a
opinião de todos. Não há opinião certa ou errada, toda e qualquer opinião é
igualmente importante. O que importa mesmo são a espontaneidade e a sinceridade
de vocês.
Ninguém tem que ter resposta pronta pra tudo, mas se alguém não entender
o que estou perguntando, é só me pedir para explicar melhor.
Alguma dúvida?
INTRODUÇÃO
3. Quais foram os principais motivos que levaram vocês a participar desse Comitê?
4. Sabem que existe o Plano Diretor de Recursos Hídricos da bacia do rio das
Velhas? Que esse Plano foi elaborado em 1998 e atualizado em 2004? Se não
surgir espontaneamente: Vocês conhecem o conteúdo desse plano?
Participaram da sua elaboração e aprovação? Como este processo ocorreu?
5. Vocês sabiam que existe um conteúdo mínimo exigido na lei de recursos hídricos
para compor esse Plano? E que quando o Plano foi elaborado todo esse
conteúdo mínimo teve que ser obedecido ou não? (ENTREGAR O PLANO)
10.Se não surgir: vocês acreditam que as informações contidas no Plano Diretor de
Recursos Hídricos são necessárias para tomarem alguma decisão no Comitê, ou
não?
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PASSO 1
PASSO 4