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Foco 043

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Cristianne Maia Lopes, Luciana Leite de Oliveira, Loyane Figueiredo Cavalcanti

Lima, Samantha Viana Nunes, Eunice Fernandes da Silva, Norma Kelly Freire Lima
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ESTUDO DA VIABILIDADE DO REUSO DA ÁGUA REJEITADA


PELO SISTEMA DE OSMOSE
REVERSA EM UM SERVIÇO DE HEMODIÁLISE

STUDY OF THE FEASIBILITY OF THE USE OF WATER


REJECTED BY THE OSMOSIS SYSTEM
REVERSE IN A HAEMODIALYSIS SERVICE

ESTUDIO DE LA VIABILIDAD DEL AGUA RECHAZADA POR EL


SISTEMA OSMOSE
REVERTIR A UN SERVICIO DE HEMODIÁLISIS

Cristianne Maia Lopes1


Luciana Leite de Oliveira2
Loyane Figueiredo Cavalcanti Lima3
Samantha Viana Nunes4
Eunice Fernandes da Silva5
Norma Kelly Freire Lima6

DOI: 10.54751/revistafoco.v16n10-043
Recebido em: 01 de Setembro de 2023
Aceito em: 02 de Outubro de 2023

RESUMO
O uso da água é vital às atividades e necessidades populacionais básicas, entretanto,
crescem evidências dos impactos decorrentes do uso contínuo e muitas vezes
desordenado desses recursos hídricos, além de gestões inadequadas, incapazes de
garantir a sustentabilidade (UNESCO, 2018). Este estudo trata-se de uma pesquisa
descritiva de abordagem quantitativa que teve como objetivo principal, verificar a
viabilidade do reaproveitamento da água rejeitada pelo processo de tratamento por
osmose reversa no setor de hemodiálise de um hospital universitário de Natal-RN. Para
tanto foi necessário medir a quantidade de água descartada pelo sistema num período
de 30 dias e fazer a análise físico-química e microbiológica dessa água, para confirmar
a praticabilidade do reuso. Verificou-se que a média do volume de rejeito descartado foi

1
Mestre em Gestão de Processos Institucionais pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Hospital
Universitário Onofre Lopes. Avenida Nilo Peçanha, 620, Natal - RN. E-mail: crismaia32@gmail.com
2
Mestranda em Gestão de Processos Institucionais pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Hospital
Universitário Onofre Lopes. Avenida Nilo Peçanha, 620, Natal - RN. E-mail: luciana-bl@uol.com.br
3
Mestre em Ciências da Saúde em Tecnologia pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). Rua Baraúnas, 351,
Campus Universitário, Campina Grande - PB. E-mail: loyannecavalcanti@gmail.com
4
Especialista em Terapia Intensiva pelo Centro Universitário de Patos (UNIFIP). Prefeitura Municipal de Campos dos
Goytacazes. Estrada do Açúcar, s/n, Goytacazes, Campos dos Goytacazes - RJ.
E-mail: samanthanunesacademico@gmail.com
5
Mestre em Enfermagem pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Hospital Universitário Onofre
Lopes. Avenida Nilo Peçanha, 620, Natal - RN. E-mail: eunicefsilva123@hotmail.com
6
Especialista em Análises Clínicas. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Avenida Nilo Peçanha, 620,
Petrópolis, Natal - RN. E-mail: nkflima@yahoo.com.br

Revista Foco |Curitiba (PR)| v.16.n.10|e3170| p.01-16 |2023


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ESTUDO DA VIABILIDADE DO REUSO DA ÁGUA REJEITADA PELO SISTEMA
DE OSMOSE REVERSA EM UM SERVIÇO DE HEMODIÁLISE
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de 910, 4 litros por dia e os resultados das análises da água, tanto do ponto de vista
microbiológico quanto físico-químico, mostraram-se satisfatórios para classificação da
água em vários procedimentos de reuso, atendendo às quatro classes sugeridas pela
NBR 13969/97. Os resultados do estudo serão úteis para a gestão hospitalar no que
tange ao uso sustentável dos recursos hídricos, bem como ao seu melhor
reaproveitamento e, servirá também como estímulo e base de dados para futuras
pesquisas relacionadas ao tema.

Palavras-chave: Água de reuso; osmose reversa; hemodiálise.

ABSTRACT
Water use is vital to basic activities and population needs, however, there is growing
evidence of the impacts resulting from the continuous and often disorderly use of these
water resources, as well as inadequate management, incapable of ensuring
sustainability (UNESCO, 2018). This study is a descriptive research of quantitative
approach that had as its main objective, to verify the viability of the reuse of water
rejected by the process of treatment by reverse osmosis in the sector of hemodialysis of
a university hospital of Natal-RN. To do so, it was necessary to measure the quantity of
water discarded by the system over a period of 30 days and to carry out a physical-
chemical and microbiological analysis of this water, to confirm the practicability of reuse.
It was found that the average volume of waste discarded was 910.4 liters per day and
the results of the water analyzes, both from the microbiological and physico-chemical
point of view, proved satisfactory for the classification of water in various reuse
procedures, meeting the four classes suggested by NBR 13969/97. The results of the
study will be useful for hospital management as regards the sustainable use of water
resources, as well as their better reuse and, will also serve as a stimulus and database
for future research related to the theme.

Keywords: Reuse water; reverse osmosis; hemodialysis.

RESUMEN
El uso del agua es vital para las necesidades y actividades básicas de la población, pero
cada vez es mayor la evidencia de los efectos del uso continuo y a menudo desordenado
de esos recursos hídricos, así como la gestión inadecuada, que no puede garantizar la
sostenibilidad (UNESCO, 2018). Este estudio es un estudio descriptivo de un enfoque
cuantitativo, cuyo principal objetivo fue verificar la viabilidad de la reutilización del agua
rechazada por el proceso de tratamiento de la ósmosis inversa en el sector de la
hemodiálisis de un Hospital Universitario de Natal-RN. Para ello, fue necesario medir la
cantidad de agua desechada por el sistema durante un período de 30 días y realizar el
análisis físico-químico y microbiológico de este agua, para confirmar la viabilidad de la
reutilización. Se constató que el volumen medio de desechos descartados era de 910,4
litros diarios y que los resultados de los análisis de agua, desde el punto de vista
microbiológico y fisicoquímico, fueron satisfactorios para clasificar el agua en diversos
procedimientos de reutilización, teniendo en cuenta las cuatro clases propuestas por el
NBR 13969/97. Los resultados del estudio serán útiles para la gestión hospitalaria en
relación con el uso sostenible de los recursos hídricos, así como su mejor y mejor
utilización, y también servirán de estímulo y base de datos para futuras investigaciones
relacionadas con el tema.

Palabras clave: Reutilizar el agua; osmosis inversa; hemodiálisis.

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Lima, Samantha Viana Nunes, Eunice Fernandes da Silva, Norma Kelly Freire Lima
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1. Introdução
Em 2022, o Dia Mundial da Água, comemorado em 22 de março, teve
como tema, “Valorizando a água” e lançou a seguinte pergunta: “o que a água
significa para você?”. Para o secretário-geral da ONU, António Guterres, “o valor
da água é profundo e complexo, porque não há nenhum aspecto do
desenvolvimento sustentável que não dependa fundamentalmente dela e que a
água é além, ela é sinônimo de proteção, de defesa contra problemas de saúde
e indignidade e é uma resposta aos desafios de um clima em constante mudança
e crescente demanda global” (ONU NEWS, 2022). Segundo relatório Mundial
das Nações Unidas sobre o desenvolvimento dos recursos hídricos de 2018, a
demanda por água cresce 1% a cada ano no mundo, sendo esse dado
justificável pelo crescimento populacional, desenvolvimento econômico,
mudanças climáticas, aumento do consumo e outros fatores. Nesse contexto, o
seu uso é vital às atividades e necessidades populacionais básicas, entretanto,
crescem evidências dos impactos decorrentes do uso contínuo e muitas vezes
desordenado desses recursos hídricos, além de gestões inadequadas,
incapazes de garantir a sustentabilidade (UNESCO, 2018).
Hoje, ainda de acordo com este relatório, estima-se que, 3.600 milhões
de pessoas vivem em áreas com risco de sofrer escassez de água por pelo
menos 1 mês e esses números poderiam chegar a 5.700 milhões em 2050
(UNESCO, 2018), números estes que evidenciam a necessidade de se ter um
olhar mais voltado ao uso sustentável da água. Além disso, as mudanças
climáticas produzem riscos adicionais à infraestrutura hídrica, o que requer cada
vez mais medidas de adaptação, como considerar recursos hídricos “não
convencionais” no planejamento futuro, recursos como o reuso da água,
alternativa confiável para vários usos, desde que seja tratada e/ou usada com
segurança (UNESCO, 2020).
Segundo Ferreira et.al, 2020, a água para hemodiálise é de extrema
importância e, quando inadequadamente tratada, coloca em risco a vida e a
segurança do paciente com insuficiência renal, portanto, a garantia da sua
qualidade para hemodiálise não depende somente do sistema de tratamento,
mas também de manutenção eficiente de seus componentes.

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Desde a Resolução 154/2004, que o tratamento da água nos centros de


hemodiálise brasileiros deverá ser feito exclusivamente através do processo de
osmose reversa. Hoje, essa resolução foi substituída pela RDC n° 11, de 13 de
março de 2014 (FARIA, 2018 apud ANVISA, 2014).
A osmose reversa é um fenômeno físico-químico, que ocorre quando duas
soluções de diferentes concentrações são separadas apenas por uma
membrana semipermeável, sendo um processo em que ocorre naturalmente a
passagem do solvente da solução diluída para a mais concentrada, até que se
atinja um equilíbrio (ALMODOVAR et.al, 2018).
Com o domínio da técnica de osmose reversa, o tratamento para os
pacientes renais tornou-se bem mais seguro, contudo, este processo desperdiça
água em volume significativo e o mais grave é que poucos centros de
hemodiálise reaproveitam a água descartada por este método de tratamento.
Nesse contexto, é possível destacar as seguintes questões norteadoras: é
possível reaproveitar a água rejeitada pelo sistema de tratamento por osmose
reversa e para quais fins? Atualmente, há uma preocupação crescente em torno
da escassez de água e, também, sobre o que deve ser feito para sua melhor
utilização, desta forma adotar estratégias para o reuso da água rejeitada pelo
sistema de osmose reversa em clínicas de hemodiálise, no sentido de evitar o
desperdício e reduzir o consumo de água, será um avanço social, econômico e
uma forma de preservação do meio ambiente. Essas estratégias de reuso da
água proporcionarão aos hospitais e às clínicas de hemodiálise relevantes
benefícios, como financeiros, preservação deste recurso natural vital, bem como
do meio ambiente, além de servir de base e incentivo para novas pesquisas.
O estudo teve como objetivo principal, verificar a viabilidade do
reaproveitamento da água rejeitada pelo processo de tratamento por osmose
reversa no setor de hemodiálise de um hospital universitário de Natal-RN. Para
alcançar tal objetivo, foi necessário medir a quantidade de água de rejeito gerada
no processo de tratamento por osmose reversa; realizar análises microbiológicas
e físico-químicas da água do rejeito; avaliar as alternativas possíveis para a
reutilização e; propor à gestão do Hospital Universitário Onofre Lopes a
implementação de estratégias para o reaproveitamento da água.

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2. Materiais e Método
2.1 Tipo de Estudo
Trata-se de uma pesquisa descritiva de abordagem quantitativa, onde
foram realizadas mensurações do volume da água de rejeito proveniente do
sistema de tratamento por osmose reversa no setor de hemodiálise do Hospital
Universitário Onofre Lopes (HUOL), bem como análises físico-químicas e
microbiológicas desta água, a fim de verificar a viabilidade do seu
reaproveitamento na própria instituição.

2.2 Caracterização do Espaço Físico


A pesquisa aconteceu no setor de hemodiálise do Hospital Universitário
Onofre Lopes (HUOL), localizado na cidade de Natal, Rio Grande do Norte, por
ser este o serviço de referência no estado do Rio Grande do Norte no tratamento
hemodialítico de pacientes acometidos pela insuficiência renal aguda e crônica
agudizada. O setor conta com 08 máquinas de hemodiálise instaladas, que
recebem água tratada por um sistema de osmose reversa, sendo que são
realizadas em média, de 200 a 250 sessões de hemodiálises por mês, com
esquema tradicional de três sessões de quatro horas de diálise a cada semana.
A água potável que chega ao sistema de tratamento por osmose reversa provém
da caixa d’água do HUOL, com capacidade para 30.000 litros, que é abastecida
pela estação de tratamento de água da cidade, operada pela Companhia de
Água e Esgotos do Rio Grande do Norte (CAERN). A água é submetida a
análises físico-químicas diárias e microbiológicas mensais antes e depois de
serem processadas pelos filtros de areia, carvão, sal, resina e, finalmente, pelo
sistema de tratamento por osmose reversa.
Em clínicas de hemodiálise é necessário um tratamento da água potável,
visando restringir ainda mais a presença de elementos orgânicos e inorgânicos
que são aceitáveis dentre os padrões de potabilidade. Nesse caso, a segurança
dos pacientes em terapia, é pautada pelos parâmetros definidos pelo Ministério
da Saúde, através da Resolução da Diretoria Colegiada RDC Nº 11, da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (FARIA, 2018 apud ANVISA, 2014).

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2.3 Etapas do Processo de Análise da Água


Foi registrada a quantidade de pacientes e de sessões de hemodiálise
realizadas, assim como o tempo médio de cada uma, em um período de 30 dias.
Esse registro foi importante para que esses números pudessem ser relacionados
ao período de maior e menor descarte de água rejeitada pelo sistema de osmose
reversa nesse mesmo período. Para investigar a potencialidade da reutilização
da água do rejeito, foi necessário investigar quantitativamente o volume total
desprezado pelo sistema de tratamento, rejeito este que é descartado
diretamente na rede de esgoto público A vazão descartada será determinada por
leituras diárias, sempre no mesmo horário, através de um hidrômetro instalado
na canalização de água rejeito do aparelho de osmose reversa, em um período
de trinta dias, coincidindo com o período de contagem do número de pacientes
em tratamento
O hidrômetro faz uma leitura fidedigna do volume diário descartado, em
metros cúbicos (m3) e em litros, sempre que o equipamento de osmose reversa
estiver em produção. Os registros foram feitos em formulários próprios e estão
disponíveis exclusivamente para os pesquisadores e colaboradores da pesquisa.

2.4 Caracterização Qualitativa e Análises da Água de Rejeito


Após ter o volume de água do rejeito através dos hidrômetros e do volume
de água produzida (permeado) por estimativa conhecidos, foram realizadas
coletas de amostras da água do rejeito, visando não somente confirmar se a
reutilização desta água é segura para fins menos nobres como também
identificarem outras aplicações para seu uso.
As amostras da água de descarte foram analisadas em laboratório externo
ao hospital, mais precisamente no Núcleo de Análises de Águas, Alimentos e
Efluentes (NAAE), que faz parte do Instituto Federal do Rio Grande do Norte
(IFRN) em Natal-RN, sendo que foram coletadas em três recipientes de 1L e três
de 250 ml estéreis para análises microbiológicas, devidamente identificados pelo
pesquisador responsável e, em seguida, transportadas imediatamente ao
laboratório em maleta térmica com gelo. Foram analisados os seguintes
parâmetros: análise microbiológica (bactérias heterotróficas, coliformes fecais,

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coliformes termotolerantes); análise físico-químico (amônia, cloreto, cloro


residual livre, dureza total, ferro total, nitrato e nitrito, sulfato, sólidos dissolvidos
totais, turbidez, potencial hidrogeniônico (pH)); características organolépticas,
aferidas pelo próprio pesquisador e responsável técnico do setor.
As avaliações dos parâmetros seguiram as referências da portaria MS-
2914/11, associados à NBR 13969/97 - Tanques sépticos - Unidades de
tratamento complementar e disposição final dos efluentes líquidos - Projeto,
construção e operação.
Avaliação das alternativas possíveis para o reuso da água rejeitada. Após
análise do volume descartado no tratamento de água pela osmose reversa e
após análises qualitativas dessa água rejeitada, foi realizada uma avaliação
criteriosa e levantamento de onde e como a água de rejeito poderia ser
reutilizada, de acordo com os critérios estabelecidos pela NBR 13969/97, suas
classes e devidas aplicações.

Tabela 1. Classes de água de reuso pela norma NBR 13969/ 1997 e padrão de qualidade.
Classe das águas de Aplicações Padrões de qualidade
reuso
Classe 1 Lavagem de carros e outros usos Turbidez < 5 µT Coliformes
com contato direto com o usuário Termotolerantes < 200
NMP/100 mL Sólidos
Dissolvidos Totais < 200
mg/L pH entre 6 e 8 Cloro
residual entre 0,5 e 1,5 mg/L
Classe 2 Lavagem de pisos, calçadas e Turbidez < 5 µT Coliformes
irrigação de jardins, manutenção de Termotolerantes < 500
lagos e canais paisagísticos, exceto NMP/100 mL Cloro residual
chafarizes superior a 0,5 mg/L
Classe 3 Descarga em vasos sanitários Turbidez < 10 µT Coliformes
Termotolerantes < 500
NMP/100 mL

Classe 4 Irrigação de pomares, cereais, Coliformes Termotolerantes <


forragens, pastagem para gados e 5.000 NMP/100 mL* Oxigênio
outros cultivos através de dissolvido > 2,0 mg/L
escoamento superficial ou por
sistema de irrigação pontual
Fonte: (ABNT, 1997)

3. Resultados e Discussão
3.1 Avaliação do Volume da Água de Rejeito Através dos Hidrômetros
A partir da medição do volume de água através do hidrômetro instalado

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na canalização de saída de água de rejeito do aparelho de osmose reversa, em


um período de trinta dias, entre os dias 16 de janeiro e 15 de fevereiro de 20117,
foi possível verificar o volume de água em litros descartados pelo processo de
tratamento por osmose reversa no setor de hemodiálise do HUOL, conforme
apresentado no Quadro 1.

Quadro 1: Medida do descarte da água de rejeito pelo hidrômetro.


DATA HORA LEITURA DO VOLUME REALIZADO
HIDRÔMETRO REJEITADO POR
(M3) EM LITROS
(24H)
16/01/17 12:00 00074115 918 Cristianne
17/01/17 12:00 00075033 391 Cristianne
18/01/17 12:00 00075424 1485 Cristianne
19/01/17 12:00 00076909 632 Cristianne
20/01/17 12:00 00077541 596 Cristianne
21/01/17 12:00 00078137 193 Cristianne
22/01/17 12:00 00078330 127 Ronaldo
23/01/17 12:00 00078457 1117 Ronaldo
24/01/17 12:00 00079574 536 Cristianne
25/01/17 12:00 00080060 820 Cristianne
26/01/17 12:00 00080880 406 Cristianne
27/01/17 12:00 00081286 915 Cristianne
28/01/17 12:00 00082201 64 Ronaldo
29/01/17 12:00 00082265 940 Ronaldo
30/01/17 12:00 00083205 1267 Cristianne
31/01/17 12:00 00084472 836 Ronaldo
01/02/17 12:00 00085308 1922 Cristianne
02/02/17 12:00 00087230 2747 Cristianne
03/02/17 12:00 00089977 1101 Cristianne
04/02/17 12:00 00091078 68 Cristianne
05/02/17 12:00 00091146 1116 Ronaldo
06/02/17 12:00 00092262 860 Cristianne
07/02/17 12:00 00093122 972 Cristianne
08/02/17 12:00 00094094 1084 Ronaldo
09/02/17 12:00 00095178 762 Cristianne
10/02/17 12:00 00095940 950 Cristianne
11/02/17 12:00 00096890 1504 Cristianne
12/02/17 12:00 00098394 609 Cristianne
13/02/17 12:00 00099003 1268 Ronaldo
14/02/17 12:00 00100271 1106 Cristinne
15/02/17 12:00 00101377 ------ ------
Total 27.312 910,4
Fonte: Autoria própria (Natal-RN, Brasil, 2023)

Através dos dados do quadro acima, verificou-se que a média do volume


de rejeito descartado nesse período de estudo foi de 910, 4 litros por dia, um
pouco inferior à média conhecida de 1.000 litros diários rejeitados pela osmose

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reversa. Essa diferença deveu-se à baixa demanda de pacientes nos meses de


janeiro e fevereiro, atingindo o número de somente 218 sessões de diálise no
período de estudo de 30 dias, sendo que este número pode chegar a 250 ou até
a 300 sessões de diálise nos meses de alta demanda, o que aumentaria
consideravelmente a quantidade de água produzida e desprezada como rejeito.
No período de 30 dias o volume total descartado foi de 27.312 litros ou 27 m 3.
A quantidade de pacientes e de sessões de diálise também foi registrada
nesse mesmo período, afim de estabelecer um referencial de consulta em função
do volume de água descartado. O número de pacientes e de sessões com os
respectivos tempos de diálise é mostrado no Quadro 2 a seguir.

Quadro 2: Contagem diária de pacientes em hemodiálise.


Data Número de Pacientes Tempo de Diálise (Média de
4h/ paciente/ dia
16/01/17 08 32 horas
17/01/17 06 24 horas
18/01/17 07 28 horas
19/01/17 06 24 horas
20/01/17 08 32 horas
21/01/17 05 20 horas
22/01/17 01 4 horas
23/01/17 10 40 horas
24/01/17 05 20 horas
25/01/17 07 28 horas
26/01/17 05 20 horas
27/01/17 07 28 horas
28/01/17 04 16 horas
29/01/17 07 28 horas
30/01/17 08 32 horas
31/01/17 07 28 horas
01/02/17 10 40 horas
02/02/17 07 28 horas
03/02/17 12 48 horas
04/02/17 07 28 horas
05/02/17 05 20 horas
06/02/17 10 40 horas
07/02/17 09 36 horas
08/02/17 11 44 horas
09/02/17 05 20 horas
10/02/17 07 28 horas
11/02/17 10 40 horas
12/02/17 04 16 horas
13/02/17 10 40 horas
14/02/17 10 40 horas
TOTAL 218 29 horas
Fonte: Autoria própria (Natal-RN, Brasil, 2023)

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Observando os quadros 1 e 2, constatou-se que nem sempre um número


maior de pacientes significava maior quantidade de água de rejeito descartada.
No dia 28 de janeiro, por exemplo, foram realizadas 4 sessões de diálise para
um descarte de apenas 64 litros nas 24h e no dia 4 de fevereiro foram 7 pacientes
com descarte de 68 litros de rejeito, já no dia 2 de fevereiro aconteceu o contrário,
foram realizadas as mesmas 7 sessões todas de 4 horas de duração, sendo que
o descarte de água foi bem maior, de 2.747 litros. Esta incongruência deveu-se
ao fato de que a máquina de osmose reversa só é ligada quando os níveis de
água do reservatório de 1.300 litros encontram-se diminuídos ao ponto de ativar
os sensores de funcionamento, por esse motivo, pode haver pouca produção de
água mesmo com uma quantidade considerável de pacientes e de sessões de
diálise no dia. Já o descarte excessivo observado nos dias 1º e 2 de fevereiro,
1.922 e 2.747 litros respectivamente, foi em consequência de esses dias
coincidirem com os dias de desinfecção do sistema, processo este que demanda
gasto extra de água.

3.2 Avaliação o Volume de Água Produzida por Estimativa


Para verificar se a quantidade de água desprezada pela osmose reversa
era relevante, foi essencial estabelecer a média de produção de água
(permeado) por estimativa, ou seja, a capacidade de produção da Osmose
Reversa quando o equipamento se encontrava em funcionamento. Buscou-se
informações nos registros internos do setor de hemodiálise do HUOL, referentes
ao tratamento de água nesta clínica, sendo que foram levantadas informações
sobre o fluxo do permeado, que é o volume de água produzida pela osmose
reversa e o fluxo do concentrado, que é a água altamente salinizada descartada
durante o processo, no mesmo período de verificação do volume de água
descartado através dos hidrômetros e levantamento da quantidade de pacientes;
os fluxos do permeado e do concentrado podem ser medidos através dos
rotâmetros do próprio aparelho de osmose reversa.

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Cristianne Maia Lopes, Luciana Leite de Oliveira, Loyane Figueiredo Cavalcanti
Lima, Samantha Viana Nunes, Eunice Fernandes da Silva, Norma Kelly Freire Lima
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Tabela 2. Registro do fluxo de permeado e do fluxo do concentrado coletados verificados nos


meses de janeiro e fevereiro de 2017.
Data da Leitura Fluxo do Permeado Fluxo do Rejeito
Recirculação
(LPM) (LPM)
16/01/17 25 14 64%
17/01/17 25 18 58%
18/01/17 24 14 63%
19/01/17 25 14 64%
20/01/17 24 15 61%
23/01/17 23 25 48%
24/01/17 24 18 57%
25/01/17 25 17 59%
26/01/17 24 16 60%
27/01/17 25 18 58%
30/01/17 24 19 56%
31/01/17 23 18 56%
01/02/17 24 14 63%
02/02/17 23 17 57%
03/02/17 24 18 57%
06/02/17 24 16 60%
07/02/17 24 18 57%
08/02/17 25 18 58%
09/02/17 24 18 57%
10/02/17 25 19 57%
13/02/17 24 18 57%
14/02/17 24 17 58%
15/02/17 22 18 55%
Média 24 17 58%
LPM: Litros Por Minuto
Fonte: Autoria própria (Natal-RN, Brasil, 2023)

Através desses dados, foi possível conhecer o fluxo médio do permeado,


ou seja, o fluxo de água produzida nesse período. A média do fluxo do permeado
obtido foi de 24 LPM e a média do fluxo do concentrado (rejeito) foi de 17 LPM,
o que significa dizer que a cada minuto 24 litros de água eram produzidos e 17
litros de água eram descartados.

3.3 Resultados Analíticos das Amostras de Água de Rejeito


As amostras da água de descarte foram analisadas no Núcleo de Análises
de Águas, Alimentos e Efluentes (NAAE), que faz parte do Instituto Federal do
Rio Grande do Norte (IFRN) em Natal/ RN, tendo como resultados os
apresentados e discutidos abaixo. Esses resultados foram comparados aos
parâmetros estabelecidos pela Portaria MS nº 2914, de 12 de dezembro de 2011,
que dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da
água para consumo humano e seus padrões de potabilidade, associados

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também à NBR 13969/97 (FARIA et al., 2018 apud BRASIL, 2011).


Na sequência, estão listados os parâmetros e as respectivas discussões,
baseados nos laudos do laboratório e portarias supracitadas:
Cloro Residual: com resultados de <0,05 mg/L nas três amostras, sendo
obrigatória a manutenção de, no mínimo, 2 mg/L de cloro residual combinado ou
de 0,2 mg/L de dióxido de cloro em toda a extensão do sistema de distribuição
(reservatório e rede). Este resultado é satisfatório para os padrões da qualidade
da água tratada utilizada na preparação da solução de diálise, que deve ser de
no máximo 0,1mg/L (vide quadro 1), mas para o reuso, de acordo com a NBR
13.969/97 é insatisfatório, porém, este resultado não traz prejuízo à viabilidade
do reuso da água residuária, pois esta água pode passar por um pós-tratamento
e ser adicionado cloro a ela.
Condutividade Elétrica: não há nenhum valor determinado pela
legislação para limites permissíveis, sendo que os resultados foram bem
próximos nas três amostras, 403 µS/cm em duas amostras e 401 µS/cm em
outra.
Turbidez: os valores foram satisfatórios nas 3 amostras, 1,22 NTU em
uma e 1,02 NTU nas demais, sendo o valor máximo permitido de 5 NTU.
Sólidos Totais Dissolvidos: resultado igual a 198,0 mg/L em duas
amostras e 197 mg/L em outra, sendo o valor máximo permitido de 1000,0 mg/L.
Nitrogênio Amoniacal (amônia): com resultados de 0,19 mg/L e 0, 18
mg/L, sendo o valor máximo permitido de 1,5 mg/L e o Limite de Quantificação
do Método Analítico Utilizado em 0,02 mg/L. Este parâmetro também não está
entre os listados pela NBR 13.969/97
Nitrato: os resultados foram insatisfatórios, iguais a 15,32 mg/L,15,35
mg/L e 15,34 mg/L sendo o valor máximo permitido de 10,0 mg/L. Este resultado
inviabiliza o reuso para fins potáveis, mas não o reuso para outros fins.
Nitrito: resultados < 0,10 mg/L para as três amostras, sendo o valor
máximo permitido é de 1,0 mg/L.
Ferro: com resultado < 0,05 mg/L para as três amostras, sendo o valor
máximo permitido de 0,3 mg/L.
Sulfato: os resultados foram 4,85 mg/L, 5,06 mg/L e 5,25 mg/L,

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compatíveis com o valor permissível de 250 mg/L


Cloreto: os resultados foram 73,06 mg/L, 72,05 mg/L e 71,54 mg/L, todos
compatíveis com o valor permitido de 250 mg/L.
Coliformes Totais: o valor máximo permitido pela Portaria nº 2914/2011
deve ser < 1.1 NMP/100ml, sendo que os resultados obtidos para as amostras
enviadas para laboratório, foram: < 1,1 NMP/100ml em uma amostra, 2,2
NMP/100ml e 3,6 NMP/100ml. Como uma das amostras foi considerada viável,
admite-se que pode ter havido contaminação no momento da coleta, no entanto,
mesmo com esta contaminação, o reuso da água não é inviabilizado, pois isto
pode ser contornado com a adição de hipoclorito a 10%.
Coliformes Termotolerantes: resultado menor que 1,1 NMP/100 ml para
as três amostras, sendo que os limites permissíveis pela Portaria 2914/2011 é
também < 1,1 NMP, admitindo-se, portanto, a ausência de bactérias ou grupo
pesquisado em 100 ml da amostra. Os limites aceitáveis de acordo com a NBR
13969/97 que trata das classes de água de reuso, suas aplicações e padrões de
qualidade é: < 200 NMP/100ml para a classe 1, o< 500 NMP/100ml para as
classes 2 e 3 e < 5.000NMP/100ml para a classe 4.
Bactérias Heterotróficas: o resultado desta análise apresentou os
seguintes resultados, 3 UFC/ml, 5 UFC/ml e 29 UFC/ml para as três amostras.
Os limites permissíveis foram de até 500 UFC/ml de acordo com Portaria
2914/2011. Desta forma, observa-se que a água de rejeito com relação a este
parâmetro, mostra-se adequada.
Características Organolépticas: as características observadas foram
cor, odor e sabor e para se chegar aos resultados das análises usou-se alguns
materiais essenciais como, tubos de ensaio tipo Becker de 100 ml e lupa para
verificar a homogeneidade das amostras e a cor; o odor e o sabor foram
verificados de forma natural (sensorial), já que muitas substâncias orgânicas tem
o cheiro e o sabor extremamente característicos, particularmente as de baixo
peso molecular e, com a experiência e o conhecimento tácito do técnico
responsável, pode-se chegar aos resultados descritos.

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3.4 Alternativas Possíveis de Reuso da Água Descartada pelo Sistema de


Tratamento por Osmose Reversa
Após conhecer os resultados das análises das amostras de água de
rejeito, foi feito um levantamento de como essa água poderia ser reutilizada. Este
estudo teve como referência para o reaproveitamento da água, a NBR 13969/97,
com título “Tanques sépticos - Unidades de tratamento complementar e
disposição final dos efluentes líquidos - Projeto, construção e operação”. Apesar
de esta norma ser muito abrangente, ela contempla o reaproveitamento de água
local em somente um tópico, todos os demais relacionam-se à destinação de
efluentes líquidos para lançamento em corpo receptor.
De acordo com os resultados das amostras analisadas em laboratório, a
água descartada pelo sistema de tratamento por osmose reversa do setor de
hemodiálise do HUOL, é totalmente aproveitável para pelo menos 3, das 4
classes de água de reuso e suas respectivas aplicações, que podem ser vistas
na Tabela 1. Não foi possível confirmar a reuso para a classe 4, pois não houve
quantificação do Oxigênio Dissolvido.
Avaliando as 4 classes de aplicações da água de reuso, pode-se afirmar
que a água de rejeito analisada atende a maioria dos parâmetros da Portaria nº
2914/11, com exceção do cloro residual (limite permissível de 2,0 mg/L) e
coliformes totais (limite permissível < 1,1NMP/100ml), entretanto, este resultado
não inviabiliza o reuso, já que esta água pode passar por um pós tratamento,
com adição de cloro e hipoclorito a 10% no reservatório que será armazenada,
adequando-se às exigências da portaria e da NBR 13.969/97. A água de rejeito
descartada pode ser reaproveitada no próprio setor de hemodiálise e até em
outros setores do HUOL de diversas formas, como na lavagem de pisos e
calçadas, descargas de vasos sanitários e irrigação de jardins.
Vários estudos, como os desenvolvidos por Faria et.al., (2018), Santos,
2019, Tomaz, 2019, todos comprovam a viabilidade do reuso da água rejeitada
pelo sistema de tratamento por osmose reversa, tanto do ponto de vista
microbiológico e físico-químico, quanto do volume de água descartado como
rejeito.

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4. Conclusões
Através deste estudo foi possível demonstrar a viabilidade do reuso da
água rejeitada pelo sistema de osmose reversa em um serviço de hemodiálise.
A partir dos resultados, pode-se concluir que se descarta por dia 910, 4 litros e
por mês 27.312 litros ou 27m 3 em média de água de rejeito, água essa com
qualidade suficiente para ser usada em diversas aplicações. Tanto do ponto de
vista físico-químico quanto microbiológico, os relatórios das amostras de água
coletadas mostraram-se satisfatórios de acordo com as exigências da Portaria
nº 2914/11 e para classificação em vários procedimentos de reuso, atendendo
perfeitamente às quatro classes sugeridas pela NBR 13969/97. Esse volume
descartado por mês parece ser irrelevante, mas diante da gravidade da escassez
de água no mundo, cada esforço em preservar, em economizar e reaproveitar
este recurso hídrico vital é importante e, se cada um fizer sua parte, talvez se
consiga garantir água para as gerações futuras. Foram feitas orientações e
recomendações à gestão quanto ao reuso da água de rejeito do pós-tratamento
por osmose reversa do serviço de hemodiálise do HUOL, tais como: realizar o
pós-tratamento da água de rejeito, adicionando cloro e hipoclorito a 10%, como
forma de controle microbiológico antes do uso; uso da água de rejeito nas
atividades de limpeza de piso do próprio setor de hemodiálise; uso nas caixas
de descargas de vasos sanitários; uso para lavagens de calçadas e irrigação dos
jardins do hospital. Estudos como este devem ser estimulados, tendo em vista
o grande interesse público, em consequência da escassez preocupante
atualmente, pois o reuso além de gerar economia, ainda promove a
sustentabilidade e a preservação do meio ambiente.

REFERÊNCIAS

ABNT. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13969.


Tanques sépticos: unidades de tratamento complementar e disposição final dos
efluentes líquidos, projeto, construção e operação. Rio de Janeiro, 1997. 60p A.

Almodovar, A.A.B. et.al. Efetividade do programa de monitoramento da


qualidade da água tratada para diálise no estado de São Paulo. Braz J Nephrol.
v. 40, n 4, p. 344-350 2018.

BRASIL, Ministério da Saúde. Portaria nº 2.914, de 12 de dezembro de 2011.

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DE OSMOSE REVERSA EM UM SERVIÇO DE HEMODIÁLISE
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Dispõe sobre normas de potabilidade de água para o consumo humano. Brasília:


SVS, 2011.

FARIA, P. G. S. et al. Avaliação do reaproveitamento dos efluentes gerados


por sistemas de tratamento de água para hemodiálise. 2018. Dissertação de
Mestrado. Universidade Tecnológica Federal do Paraná.

FERREIRA, A. et al. Importância do tratamento da água no setor de terapia


renal. CuidArte, Enferm, v.14, n 2, p. 181-187, jul-dez. 2020.

ONU News Perspectiva Global Reportagens Humanas. Dia Mundial da Água


realça valor e significado do recurso para o mundo. Pesquisa realizada em: 11/09
de 2022. Acesso disponível em: https://news.un.org/pt/story/2021/03/1745132

SANTOS, J. M.D. et al. Descarte da água de rejeito gerada pela osmose


reversa em uma clínica de hemodiálise no município de Salvador- BA. 2019.
Dissertação de Mestrado. Universidade Católica de Salvador.

TOMAZ, L.S. tratamento e reuso da água proveniente de tanques de


sistemas de hemodiálise. 2018. Trabalho de Conclusão de Curso de
Engenharia Civil da Faculdade Doctum de Juiz de Fora- MG.

UNESCO. Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a


Cultura. Relatório mundial das Nações Unidas sobre o desenvolvimento dos
recursos Hídricos WWRD. 2018, p.2 e 3. Disponível em:<
http://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000261579_spa>. Acesso em 11 set
.2022.

UNESCO. Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a


Cultura. Relatório mundial das Nações Unidas sobre o desenvolvimento dos
recursos Hídricos WWRD. 2020, p.3 e 4. Disponível em:<
https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000372882_por Acesso em 11 set
.2022.

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