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Proposta Curricular - História

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VERSÃO PRELIMINAR

PROPOSTA CURRICULAR PARA O


ENSINO FUNDAMENTAL ANOS
FINAIS
6º AO 9º ANO
Compreensões e Referências Organizadoras dos
Processos Educativos das Escolas da Rede Pública
Municipal de Indaial

HISTÓRIA

2019
VERSÃO PRELIMINAR

Componente Curricular: HISTÓRIA

Coordenação: Profa. Dra. Yomara Feitosa Caetano de Oliveira Fagionato


Profa. Dra. Cintia Régia Rodrigues

APRESENTAÇÃO

Os debates recentes do campo da Didática e aprendizagens de História versam,


principalmente, sobre o entendimento de que as Propostas Curriculares são uma
construção social e cultural. A partir desta posição, o currículo é uma “invenção
sociocultural”, sendo resultado de um processo histórico, na perspectiva de que as
discussões das Propostas Curriculares e as didáticas e aprendizagens desta disciplina
buscam fundamentos nas pesquisas das proficiências históricas, com base nos PCN–
Parâmetros Curriculares Nacionais de História e na Base Nacional Comum Curricular
(BNCC), – os possíveis caminhos para uma construção de um currículo entendido “como
um documento de identidade”, conforme propõe Tomaz Tadeu Silva (2001). Com esta
visão inicial, os professores de História da Rede de Educação Municipal de Indaial
realizaram um movimento de pesquisa e debate sobre o “Local” da didática e
aprendizagem Histórica, tendo como referências as suas práticas, bibliografias diversas
do campo, e os diagnósticos prévios direcionados aos professores e estudantes. No
percurso dos encontros foram produzidos documentos coletivos sistematizados nesta,
vista como uma prática curricular.

De acordo com pesquisas realizadas pelos professores no Município de Indaial


com os estudantes da disciplina de história dos anos finais do Ensino Fundamental, a
Instituição Escola pouco auxilia para conhecer a história do lugar e de se perceberem
como sujeitos de sua própria história, e, ainda apresenta um conhecimento histórico não
contextualizado, superficial, factual e memorialista. Outro destaque sobre a pesquisa,
pois esta identificou novos arranjos familiares caracterizados como variados que, de
forma direta ou indireta, interferem nas relações socioeducativo do estudante.1

Sobretudo, a presente proposta denota da relação entre o conhecimento que


circula no mundo, as referências da ciência Histórica e o saber histórico produzido na
Instituição Escola que se interligam através dos conceitos básicos, que são: tempo

1Pesquisa diagnóstica realizada com os educandos de história durante o ano letivo de 2014, com base em
questões incluídas em um roteiro (Anexo1). Todos os professores e professoras, participantes do curso
aplicaram com suas turmas por amostragem. Em reuniões de trabalho, estes profissionais socializaram os
resultados do diagnóstico aplicados em cada turma e escola. A lista de Instituições e de professores e
professoras, que realizam a pesquisa diagnóstica estão no final deste documento. O grupo reuniu em uma
produção textual, com destaque no “recorte” do objeto de estudo da Ciência Histórica e uma apresentação
do Componente Curricular da História.
VERSÃO PRELIMINAR

histórico, sujeito histórico e fato histórico, de forma a integrar essas premissas nas
práticas das aprendizagens históricas é primordial o envolvimento do estudante como
uma figura ativa e o professor como agente social do conhecimento, ambos
compreendidos como sujeitos históricos.

Ao olhar para a produção do saber histórico escolar ou a história da sala de aula,


desta forma permite abordar o conceito de fato histórico como propõe os Parâmetros
Curriculares Nacionais e outros documentos oficiais da Educação do Ensino
Fundamental, entendido como as “ações humanas significativas” (BRASIL - PCN, 1997,
p.29). O que se debate é a possibilidade de escolha dos estudantes e professores de um
recorte de fatos com interesse em estudar em um determinado tema histórico. É nessa
autonomia de escolha de “fatos significativos” realizados pelos estudantes e professores,
que consiste o conceito de que o fato histórico, compreendido como um recorte
possível para a solução de uma problemática sugerida pelos estudantes e professores
permitem ocorrer à aprendizagem histórica para além da sala de aula.

Os estudantes se reconhecem como sujeito de sua própria história quando


percebem a relação de sentido entre o conhecimento que circula no mundo e a
aprendizagem de história na sala de aula. Como dito acima, a história apreendida
investiga seus temas através das fontes presentes no cotidiano da sociedade em que
vivem. Incluído nessa premissa, o saber histórico escolar trabalha um de seus sentidos,
quando os estudantes conseguem realizar sua localização histórica no tempo que vivem.
Para tanto, o saber histórico escolar gestado em sala de aula, pretende dialogar com os
sentidos e significados trazidos pelo estudante, compreendendo-o como um agente
ativo.

Entende-se que os estudantes estão inseridos no cotidiano escolar e não estão


isolados em seu mundo de quatro paredes da sala de aula, e tampouco entendidos como
uma folha de papel em branco, esperando para ser preenchido pelos contornos de um
educador, mas sim os estudantes, entendidos como sujeitos históricos, vem até a sala
de aula, munido de conhecimentos provenientes das variadas socializações do âmbito
com a família, com os amigos, conhecidos, novas mídias, linguagens e culturas que
circulam nos espaços de sua casa, rua, bairro, cidade, país ou no globo. Portanto, os
estudantes compreendidos como agentes de ação social, que podem atuar em grupos ou
de forma isolada. Nesta perspectiva, outros grupos são significativos nos estudos
históricos, como a investigação e pesquisa contando com a participação de crianças,
mulheres, velhos, trabalhadores e etc. em eventos considerados como fatos da ciência
histórica.

A partir desse conceito de sujeito histórico no campo da sala de aula de História


temos outro indispensável para a produção do saber histórico escolar: o tempo
histórico. Entendido como “sentido de tempo que envolve alguma consciência de
duração” (WHITROE, 1993, p. 19), estamos aqui destacando as diversas temporalidades,
VERSÃO PRELIMINAR

e, pode-se usar o exemplo de nossa atualidade, como a noção de um tempo tecnológico,


ou ainda, noção de níveis de duração relacionados à percepção de mudanças ou de
permanências. Desta maneira, caberia o estudo e o pensamento de outras formas de
experiência do tempo, de forma mais complexa no sentido temporal (HARTOG, 2014), o
que significa elaborar uma crítica às formas tradicionais de se pensar o tempo histórico,
apenas através de identificações do tempo linear ou cronológico. Também se estuda o
tempo cronológico, mas se pretende o estudo do tempo histórico de forma mais ampla–
o que acarretariam outras experiências temporais, permitindo a aproximação do saber
histórico escolar com o cotidiano e as diversas relações sociais vivenciadas pelos
estudantes e professores. Então, vislumbra-se aqui que os conceitos temporais
adquiridos pelos estudantes estão relacionados ao desenvolvimento de sua linguagem,
corroborando com a concepção de que a palavra representa um mundo de relações e
significações (BELTRÃO, 2000).

Portanto, retomo que o estudante ao adquirir linguagem histórica ou narrativa


histórica se interliga com o estudo do tempo histórico e de suas diversas
temporalidades, o que permite apreender novas relações temporais, e assim ampliar sua
capacidade de conceituação temporal. Ainda, quando o estudante começa a perceber que
a experiência do tempo tem relação consigo mesmo, torna-se possível o
desenvolvimento da Memória. Assim, o sentido da memória no estudante envolve sua
própria experiência, sendo que a partir do seu próprio desenvolvimento percebe-se que,
também tem relação com a memória de seus entes familiares, e, posteriormente com a
memória coletiva ou social, formando os elos genealógicos e geracionais, entre tantos
outros. Aqui a memória individual ou coletiva pode ser utilizada como fonte histórica na
escrita de determinada pesquisa orientada pelos professores aos seus estudantes.

A noção de memória funciona como um meio a produção do conhecimento


histórico escolar que se interliga com a construção do patrimônio histórico, este último
compreendido e classificado a partir de objetos de memória representativos de uma
comunidade e/ou sociedade. Desta forma, o patrimônio histórico para ser considerado
como tal deve ter ressonância junto a um grupo social. Onde temos um aspecto
importante no conceito de patrimônio histórico considerado como pertencente às
culturas.

A cultura é produzida na ação, sendo composta por significados, portanto


culturas diferentes, historicidades diferentes. Para o antropólogo Marshal Sahlins as
culturas são como rios: não se pode mergulhar duas vezes no mesmo lugar, pois estão
sempre mudando. Aí está, em pinceladas, a noção de dinâmica cultural; a ideia de que a
cultura não é uma essência, uma vez que está sempre em transformação. Sendo que a
identidade cultural se estrutura, além da percepção de pertencimento a um determinado
grupo (sentimento de nação), também através do entendimento da diferença em relação
a outros grupos, quando se depara com a alteridade. A identidade nacional é a pretensão
de que, dentro de fronteiras politicamente construídas, todas as pessoas sintam-se como
VERSÃO PRELIMINAR

pertencentes a uma nação, aquela nação. A questão da diversidade cultural e pluralidade


étnica estão muito presentes no Brasil, principalmente após a elaboração da
Constituição de 1988, que tem como uma das prerrogativas reconhecer a diversidade
étnico-cultural. Nesse sentido foi promulgada, em 2003, a lei 10.639/03 que institui a
obrigatoriedade do Ensino de História e Cultura afro-brasileira e africana na educação
fundamental, instigando a discussão sobre as relações étnico-raciais na Educação Básica.
Da mesma forma, em 2008 foi criada a lei 11.645/08, que torna obrigatório o ensino da
História e da Cultura das Populações Nativas na Educação Básica no Brasil. Estas
legislações se complementam e são, na verdade, demandas sociais em nosso país.

LINHAS ESTRUTURANTES

Os professores da rede propõem-se a enfrentar os desafios propostos para a


Escola do século XXI, e refletem o que a Instituição representa no tempo presente um
local importante para a construção do conhecimento histórico, no qual o
professor/historiador não é um mero transmissor/reprodutor. O desafio dos docentes
perpassa estabelecer uma Educação Histórica relacionada ao Ensino e Pesquisa
possibilitando o entendimento e a formação de identidades multiculturais dialogando
com a existência de multiplicidades de histórias de vida, atravessadas por relações
sociais de gênero, classe, raça/étnica e geração. Segundo o historiador Holien Gonçalves
Bezerra esta perspectiva pode ser compreendida com a seguinte citação:

[...] a História, concebida como processo, busca aprimorar o exercício da


problematização da vida social, como ponto de partida para a investigação
produtiva e criativa, buscando identificar as relações sociais de grupos locais,
regionais, nacionais e de outros povos; perceber as diferenças e semelhanças,
os conflitos contradições e as solidariedades, igualdades e desigualdades
existentes nas sociedades; comparar problemáticas atuais e de outros
momentos, posicionar-se de forma crítica no seu presente e buscar as relações
possíveis com o passado (BEZERRA, 2003, p.44).

Primordial valorizar o conhecimento prévio dos alunos, como dito, seria uma
forma de aprimorar sua formação conceitual como agente construtor da história, que
tem função social em nossa sociedade em constantes mudanças temporais. Inclusive
perceber as diferenças como um fator de valorização do multiculturalismo, que envolve
a sociedade brasileira. Nestes aspectos, o estudante poderá perceber-se enquanto
sujeito histórico, independentemente do local em que está inserido, relacionando-se
com grupos tanto locais, quanto regionais, nacionais e internacionais.

Neste campo conceitual da Educação Histórica, durante o percurso de escrita e


debates do grupo da Rede Municipal surgiram vários questionamentos, como: quais
práticas tem a disciplina de História no currículo do Ensino Fundamental dos anos
finais? Qual é o objeto de estudo deste campo de conhecimento a ser apropriado pelos
estudantes? Como os estudantes produzem suas narrativas históricas? O que entendem
VERSÃO PRELIMINAR

por local? Em que medida, esse local possui relações com o nacional, regional e
internacional? Qual regime de temporalidade os professores utilizam para distinguir
anterioridade, posterioridade e simultaneidade? Compreendem o que é e utilizam as
fontes históricas? Refletem sobre as transformações sociais e culturais? Quais
concepções de história têm apreendido? Que tipo de aprendizagens históricas tem
sobressaído? Que categorias de análises apropriam-se para contar sua história? A partir
destas problemáticas levadas pelos docentes aos estudantes entende-se a Didática e
aprendizagens de História com a responsabilidade de trazer aos estudantes visões
críticas, reflexivos, criativos, solidários, justos, e que consigam realizar debates éticos,
ainda com atitude participativa, enfim atuar na construção dos atuais e futuros cidadãos
do século XXI e atuantes como sujeitos históricos.

Portanto, a disciplina de história tem a função de auxiliar na tomada de decisões


individuais e coletivas, para sentir-se parte fundamental como sujeito histórico
produzindo perspectivas no espaço geográfico e no tempo histórico em que estão
inseridos, como ponte para uma orientação da sua vida prática. Neste sentido, o objeto
de estudo da história perpassa a noção de temporalidades múltiplas. A noção de tempo
histórico é o objeto conceitual a ser apropriado pelo estudante, assim cabe destacar o
pensamento da historiadora Maria Auxiliadora Schimidt quando enuncia.

[...] o trabalho com a construção de conceitos no ensino da História implica [...]


o respeito pelo conhecimento do aluno, o conjunto de representações que ele já
construiu acerca do mundo em que vive e que traz para sala de aula [...], mas
não centralizar e deter o ensino nesses conhecimentos, pois certas
compreensões podem ser insuficientes para explicar a realidade [...]
(SCHIMIDT, 2000, p.87).

Refletindo sobre a noção de tempo histórico como múltiplo sendo um dos


recortes de estudo do campo da história, deve-se ultrapassar o conhecimento prévio que
o estudante demonstra na sala de aula. Assim, com referência ao diagnóstico realizado
com os estudantes, se percebe uma grande influência e valorização da mídia, gerando
um saber fragmentado e superficial, no qual em seu tempo extracurricular dedicam-se
várias horas do seu cotidiano para as novas tecnologias, sendo os conteúdos midiáticos,
em certa medida, sensacionalistas, o que reforça o trabalho do docente em confrontar
este conhecimento midiático com outras fontes, documento ou narrativas.

Para o estudante compreender a cultura mediada e representada pelas mídias,


torna-se imprescindível, pois cada vez mais a cultura está acessível aos espectadores
jovens, assim se entende que o objeto de estudo da História ganha visibilidade quando
se infere sobre a noção de Tempo com uma atribuição histórica inserida nela mesma. O
grupo questiona: que tipo de memória está sendo produzida na sala de aula? Que tipo de
consciência histórica está sendo produzida? Queremos saber que intervenções os
historiadores/professores precisamos fazer? Sabemos que a mídia produz uma duração
que esfacela a linearidade passado/presente/futuro, introduzindo a duração o sentido
de velocidade e ausência de presente, colocando o instante em destaque. Além desse
VERSÃO PRELIMINAR

consumo midiático que outros consumos nossos alunos possuem que podem trazer
sentidos de pertencimentos, ou melhor, quais elos genealógicos e de pertencimento se
têm construído? Todas estas foram problemáticas debatidas em relação aos novos
arranjos familiares identificados e as novas socializações, que fazem parte da
aprendizagem do estudante.

É importante, então, que o estudante tenha acesso as diferentes fontes históricas,


e que se aproprie da noção de documento, para desenvolver sua própria competência
narrativa inserindo a noção de múltiplas temporalidades. Compreendendo que é a partir
deste confronto de narrativas, como por exemplo: narrativas memorialísticas,
midiáticas, ou científicas etc., que aparecem os aspectos para o estudante exercitar a
percepção e comunicação histórica, – compreendendo-a como uma competência
narrativa com a formação histórica ou Educação histórica, despertando a sua
curiosidade histórica através da (re)leitura das múltiplas versões temporais das
narrativas históricas.

A disciplina de história tem na aprendizagem histórica a partir de suas fontes e


documentos variados, a percepção da construção de fatos históricos, para assim
trabalhar na construção e transformação do conhecimento, tanto da docência, quanto
dos estudantes, ambos inseridos na sociedade em que convivem. Compreendendo que os
documentos são fundamentais como fontes de informações a serem interpretadas,
analisadas e comparadas sobre fatos e relações históricas. Com o cuidado em perceber
que estes não contam como aconteceu à vida no passado, mas os documentos são
entendidos como obras humanas, e, portanto, registram, de modo fragmentado,
pequenas parcelas das complexas relações coletivas. O ato de interpretá-los, então é tão
importante quanto o próprio documento. Assim, o trabalho de leitura de documentos,
considerando as particularidades de suas linguagens, como exemplos de modos de vida,
de visões de mundo, de possibilidades construtivas, específicas de cada época, estudados
tanto na sua dimensão material: elementos recriados da natureza, formas, tamanhos,
técnicas empregadas, como na sua dimensão abstrata e simbólica: linguagens, usos,
sentidos, mensagens, discursos, são tão fundamentais para o letramento histórico, aqui
trabalho no sentido da aprendizagem histórica.

Esclarece o historiador Marco Antônio Silva (2011, p. 116), que aborda os


conceitos de leitura e letramento em História, tem a seguinte citação.

Nesse contexto, de valorização da variedade de gêneros textuais, é pertinente


deduzir que a compreensão de textos de História, como das demais disciplinas
do conhecimento, é um componente importante na construção dessa
autonomia do cidadão/leitor.

Como o autor infere na questão da autonomia do cidadão como uma função


leitora, a Rede Municipal de Indaial se propõe trabalhar na prática curricular as
diferentes fontes, documentos, memórias, narrativas, que se fazem presentes nos mais
VERSÃO PRELIMINAR

diversificados contextos sociais e culturais como, exemplo: as comemorações e


cerimônias cívicas e políticas; nas exposições e museus; na produção dos diversos
artefatos culturais; na imprensa escrita e midiática; nos gêneros musicais; nos ritmos,
letras, melodias e instrumentos musicais; na literatura; nos jogos eletrônicos, com
enredos e tramas de caráter histórico e sociocultural; nos textos bíblicos; nos álbuns
familiares de fotografia; nos livros didáticos de História. Assim, o letramento em história
assume que a sua finalidade é a aprendizagem histórica.

É a partir das interpretações das fontes e documentos construídos na sociedade


entendidos como artefatos culturais únicos, que mostram as mais diferentes nuancem da
história, que o letramento histórico tendo como base a aprendizagem histórica. Assim, o
grupo pode relacionar, a partir desta competência narrativa uma formação histórica
mais ampla e complexa, estando em constante diálogo com os contextos e historiografias
produzidas pelas sociedades atuais. Todo este enfoque curricular visa enfrentar o
desafio de conhecer a história local, regional, nacional, internacional, global ou
conectada, e, ainda os estudantes se perceberem como sujeitos de sua própria história,
através do conhecimento histórico, não superficial, não factual e não tão somente
memorialista. Como temas debatidos e levantados a partir do diagnóstico docente junto
aos estudantes temos as noções de sujeito histórico, tempo histórico, fato histórico,
memória, patrimônio histórico, operando em cada ano através dos seguintes temas:

ANO TEMAS
6º ano Eu e a história, biografia, a família, autobiografia, pais, brincadeiras,
brinquedos, entre outros.
7º ano Amor, amizade, filhos, bairros, cidades, escola, animais, entre outros.
8º ano Culturas, povos da floresta, patrimônio cultural, migrações, populações,
urbanidades, museus, entre outros.
9º ano Cultura jovem, novas tecnologias, relações de afetividades, sociabilidade e
cultura política.

Para tanto, a ação de interpretar fontes e documentos em história está


intimamente ligado aos conceitos de tempo e memória, ou melhor, a duração do “sentir
o tempo” que está ligado ao sentido de pertencimento que ativa a consciência histórica
de um determinado momento histórico interpretado.Entende-se por consciência
história uma representação do passado em um inter-relacionamento com o presente,
sempre norteado por conceitos de mudança temporal e por reivindicações de
veracidade. Nota-se que os conhecimentos da história humana inseridos no “sentir o
tempo” partilhado com a emergência da noção de múltiplas temporalidades e da
noção de consciência histórica, que se cria a possibilidade de compreender as formações,
processos e discursos sociais e culturais, para a formação de uma “outra” aprendizagem
histórica do/a educando/a, na qual se possibilita (re)significar os antigos saberes e
produzir novos, perante este jogo das múltiplas temporalidades sociais e culturais.
Portanto, pensar na prática em sala de aula a aprendizagem histórica é reconhecer a
“consciência” de sua própria história enquanto uma prática cultural carregada da função
VERSÃO PRELIMINAR

do letramento histórico. Uma forma de operar a avaliação da proficiência em História


dos estudantes segue:

1. Situar-se (identificação)
- Temporalidade (linha do tempo)
- Identificar informações
- Fontes e autores (perceber historicidade)
- Gráficos e tabelas
- Imagens
2. Estabelecer relações
- Inserir informações em um contexto (informações vinculadas ao
contemporâneo)
- Temporalidade (ordenação e simultaneidade)
3. Generalizar e comparar
- Temporalidade (percepção de ruptura e continuidade/compreensão de
calendários como manifestações culturais)
- Inferências/elaborar hipóteses
- Inferir a partir de fontes históricas (2 ou mais)
- Comparar pontos de vistas
- Inferir a partir de dados contemporâneos
- Identificação/relações/comparações e generalizações.

DIAGRAMA

Em síntese:
VERSÃO PRELIMINAR

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

Espera-se que os estudantes, de cada ano e ao final de nove anos aprendendo


História na escola sejam capazes de:
VERSÃO PRELIMINAR

6º ANO
Objetivo Geral: Proporcionar ao estudante conhecer e compreender os sentidos, os
significados do fazer historiográfico.
TEMA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
1. Conceitos de história:  Perceber relações entre a história individual e a história
Tempo, espaço, formas coletiva.
de registro, fontes,  Conceituar História e diferenciar história e passado.
sujeitos, culturas e  Conhecer as diversidades étnicas que compõem a sua
relações sociais. história.
 Conceituar tempo histórico e criar linhas do tempo.
 Perceber as diferentes formas de contar o tempo em
nossa sociedade.
 Identificar as diferentes concepções de família hoje e em
diversos contextos históricos.
 Utilizar tecnologias para acesso às fontes históricas em
pesquisa sobre acontecimentos passados.
 Identificar fontes históricas reconhecendo-as como
ferramentas para a produção de narrativas.
 Conhecer e reconhecer diversas maneiras de contagem e
de registro do tempo discutindo usos e adequações.
 Dimensionar a duração de períodos históricos, tendo
como referência materiais que possibilitem concretizar
as relações de grandeza entre anos, décadas, séculos,
milênios e eras, por meio de múltiplas linguagens.
 Identificar e discutir características, pessoas, instituições,
ideias e acontecimentos relativos a cada um desses
períodos históricos: Idade Antiga, Idade Média, Idade
Moderna e Idade Contemporânea.

2. Periodização da Pré-  Reconhecer a existência de uma história da humanidade


História e os diferentes que antecede o advento da escrita e as experiências de
povos (evolução sociedades ágrafas a partir de múltiplos registros.
humana, nomadismo e  Conhecer e problematizar as diferentes formas de
sedentarismo). periodização dos processos históricos, identificando
como o Brasil se insere nesta periodização.
 Conhecer e problematizar as diferentes versões sobre as
prováveis rotas do ser humano para a América, tais como
via Estreito de Bering, via do Atlântico ou via do Pacífico.

3. Povos: Antiguidade  Identificar aspectos e formas de registro das sociedades


na África, no Oriente antigas na África, no Oriente Médio e nas Américas,
Médio e nas Américas. distinguindo alguns significados presentes na cultura
material e na tradição oral dessas sociedades. 
 Identificar os espaços territoriais ocupados e os aportes
culturais, científicos, sociais e econômicos dos astecas,
maias e incas e dos povos indígenas de diversas regiões
brasileiras. 
VERSÃO PRELIMINAR
 Reconhecer-se como cidadão brasileiro e conhecer as
diferentes definições de cidadania em outros tempos e
lugares.

4 – Ocidente Clássico:  Discutir o conceito de Antiguidade Clássica, seu alcance e


Grécia e Roma limite na tradição ocidental, assim como os impactos
sobre outras sociedades e culturas.
 Associar o conceito de cidadania a dinâmicas de inclusão
e exclusão na Grécia e na Roma antigas.
VERSÃO PRELIMINAR

7º ANO
Objetivo Geral: Proporcionar ao estudante a análise de processos e conceitos históricos
em diferentes espaços e temporalidades, promovendo a construção da consciência
histórica.
TEMA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
1. Idade Média: Povos  Analisar o papel da religião cristã na cultura e nos modos
Germânicos e Orientais, de organização social no período medieval.
Feudalismo e  Analisar a reorganização da sociedade europeia no
Religiosidade. período medieval.
 Conhecer os aspectos culturais e tecnológicos no Oriente
na Idade Média
 Estudar a dinâmica social, cultural, econômica e política a
partir das religiosidades.

2. Renascimento,  Reconhecer a Conquista da América como parte do


Reformas Religiosas, processo de expansão ultramarina europeia, por meio do
Estado Moderno, e estudo das relações econômicas nas quais os portugueses
Expansão Marítima. estavam inseridos entre os séculos XIV e XV.
 Conhecer e compreender o contexto político dos povos
indígenas habitantes do território brasileiro, ao tempo da
Conquista, por meio do estudo da diversidade de povos e
da importância da guerra nas relações interétnicas.
 Reconhecer a expansão ultramarina como parte da
reformulação das ideias proporcionada pelo
Renascimento europeu, por meio do estudo das inflexões
ocorridas no campo das Artes e da Ciência.
 Identificar aspectos e processos específicos das
sociedades africanas e americanas antes da chegada dos
europeus, com destaque para as formas de organização
social e o desenvolvimento de saberes e técnicas.
 Identificar e relacionar as vinculações entre as reformas
religiosas e os processos culturais e sociais do período
moderno, na Europa e América.
 Comparar as navegações do Atlântico e no Pacífico entre
os séculos XIV e XVI.
 Descrever os processos de formação e consolidação das
monarquias e suas principais características com vistas a
compreensão das razões da centralização política.

3. Colonização da  Identificar sujeitos e processos históricos relacionados à


América – Lógicas formação do povo brasileiro em diferentes fontes.
culturais, econômicas e  Vivenciar, por meio de múltiplas linguagens os resultados
Relações interétnicas de pesquisas acerca de sujeitos e processos históricos
relacionados à formação do povo brasileiro.
 Discutir princípios dos direitos humanos e civis dos
brasileiros, posicionando-se sobre modos de tratamento,
VERSÃO PRELIMINAR
estereótipos, preconceitos e atitudes discriminatórias em
diferentes temporalidades.
 Reconhecer diferentes concepções e condições de vida de
povos indígenas, colonizadores e migrantes europeus,
povos africanos e afro-brasileiros, relacionando-as às
diversas formas de organização da vida e do trabalho, dos
valores e necessidades de cada grupo, desnaturalizando
preconceitos e estereótipos.
 Reconhecer os diferentes processos de escravidão
ocorridos no Brasil – Escravidão de africanos e Escravidão
de indígenas – relacionando-os à formação política,
econômica, cultural e social das diferentes regiões do
Brasil.
 Conhecer e compreender diferentes formas de exploração
e produção econômica e de relações políticas no Brasil,
por meio do estudo dos ciclos da cana de açúcar, entre
outros ocorridos nos séculos XVI e XVIII.

4. Representações de  Identificar, problematizar e emitir opiniões sobre as


várias concepções causas da exclusão social de migrantes de diferentes
socioculturais procedências, povos indígenas e afro-brasileiros, no
tempo presente.
 Compreender os sentidos, os significados e as
representações da escravidão no Brasil (séculos XVI – XIX)
considerando as relações de saber e poder.
 Conhecer os processos de resistência à Escravidão
protagonizados por diversos grupos sociais e suas
repercussões ao longo da história, verificando-se
motivações e consequências do 13 de maio e 20 de
novembro para a população negra e a formação do
movimento negro.
 Conhecer e compreender os sentidos, os significados e as
representações dos movimentos indígenas no Brasil.
 Discutir, considerando as categorias etnocentrismo e
alteridade, obras literárias, hipertextuais e iconográficas,
produzidas entre os séculos XVI e XXI, sobre a formação
do povo brasileiro, remetendo aos seus contextos de sua
produção.
 Explicar o significado de “modernidade” e suas lógicas de
inclusão e exclusão, com base em uma concepção
europeia.
VERSÃO PRELIMINAR

8º ANO
Objetivo Geral: Proporcionar ao estudante realizar análises de processos históricos
percebendo as múltiplas temporalidades.
TEMA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
1. Expansão e Formação  Perceber como se formam os espaços de sociabilidades
do Brasil Colonial em diferentes épocas.
 Compreender a importância dos ciclos econômicos na
expansão e formação do Brasil colonial
 Analisar as consequências econômicas, políticas e sociais
da descoberta do ouro.

2. Era das Revoluções  Conhecer e contextualizar o conceito de revolução nas


múltiplas temporalidades.
 Perceber as influências dos momentos filosóficos
modernos nos processos históricos na América e na
Europa.
 Problematizar os processos revolucionários na Europa e
na América.
 Identificar os principais aspectos conceituais do
iluminismo e do liberalismo e discutir a relação entre eles
e a organização do mundo contemporâneo. 
 Identificar as particularidades político-sociais da
Inglaterra do século XVII e analisar os desdobramentos
posteriores à Revolução Gloriosa. 
 Analisar os impactos da Revolução Industrial na produção
e circulação de povos, produtos e culturas.
 Identificar e relacionar os processos da Revolução
Francesa e seus desdobramentos na Europa e no mundo. 

3. Processos de  Inferir, a partir de fontes diversas, o protagonismo de


Independência na sujeitos em processos históricos no Brasil expressos em
América diversos movimentos sociais.
 Conhecer e compreender a Independência do Brasil como
um processo que se estende do início a meados do século
XIX, permeado por conflitos, disputas e negociações.
 Identificar fontes bibliográficas e documentais que
expressem vínculos entre processos históricos vividos no
Brasil e processos históricos ocorridos em outros espaços
e períodos do Continente Americano.
 Comunicar, por meio de múltiplas linguagens, resultados
de estudos e pesquisas acerca dos nexos que vinculam
processos históricos vividos no Brasil a outros espaços e
períodos.
VERSÃO PRELIMINAR
 Aplicar os conceitos de Estado, nação, território, governo
e país para o entendimento de conflitos e tensões.
 Identificar e contextualizar as especificidades dos diversos
processos de independência nas Américas, seus aspectos
populacionais e suas conformações territoriais.
 Conhecer o ideário dos líderes dos movimentos
independentistas e seu papel nas revoluções que levaram
à independência das colônias hispano-americanas.

4. Primeiro Reinado,  Reconhecer as construções textuais como formulações


Regências e Segundo interessadas, relacionadas às disputas e conflitos vividos
Reinado no Brasil pela sociedade que as produz, conhecendo as realidades
regionais.
 Reconhecer mudanças e permanências nas relações de
trabalho na sociedade brasileira, a partir da consideração
do lugar do trabalho no Brasil do século XIX e do Brasil
contemporâneo.
 Compreender o comércio de escravos africanos como
construção do tempo histórico relacionando-o aos
interesses das elites africanas, europeias e americanas.
 Reconhecer os nexos entre o processo de reordenamento
da mão de obra, a vinda de imigrantes europeus e os
interesses políticos das elites brasileiras por meio do
estudo das teorias pseudocientíficas.
 Analisar a importância da escrita e da oralidade em
diferentes sociedades.
 Conhecer, compreender e valorizar o patrimônio cultural
e histórico da sua cidade ou bairro.
 Compreender como são construídos os espaços públicos
e privados.
 Pesquisar a cultura política de sua região ou município.
 Identificar, comparar e analisar a diversidade política,
social e regional nas rebeliões e nos movimentos
contestatórios ao poder centralizado.
 Identificar as questões internas e externas sobre a atuação
do Brasil na Guerra do Paraguai e discutir diferentes
versões sobre o conflito.
 Identificar e relacionar aspectos das estruturas sociais da
atualidade com os legados da escravidão no Brasil e
discutir a importância de ações afirmativas.
VERSÃO PRELIMINAR

9º ANO
Objetivo Geral: Proporcionar ao estudante pensar historicamente ao analisar processos
históricos diversos ao longo da história da humanidade.
TEMA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
1. Primeira República  Descrever e contextualizar os principais aspectos sociais,
culturais, econômicos e políticos da emergência da
República no Brasil.
 Identificar fontes bibliográficas e documentais que
expressem vínculos que relacionam processos históricos
vividos no Brasil, relativos à Economia e à Política no
século XX, a processos históricos ocorridos em outros
espaços e períodos.
 Reconhecer conflitos e tensões sociais como dimensões
inerentes da vida social, resultado da diversidade de
interesses e de visões de mundo.

2. Imperialismo,  Conhecer e compreender nos séculos XX e XXI a expansão


Totalitarismo e do colonialismo.
Conflitos Mundiais  Identificar as especificidades e os desdobramentos
mundiais da revolução Russa e seu significado histórico.
 Analisar a crise capitalista de 1929 e seus
desdobramentos em relação à economia global.
 Descrever e contextualizar os processos da emergência do
fascismo e do nazismo, a consolidação dos estados
totalitários e as práticas de extermínio (como o
holocausto).
 Identificar e relacionar as dinâmicas do capitalismo e suas
crises, os grandes conflitos mundiais e os conflitos
vivenciados na Europa.

3. Era Vargas e Brasil  Compreender uma noção de Brasil e de brasileiros,


1945-1964 emergida da atuação política de setores médios urbanos
e das políticas culturais do Estado Novo, por meio do
estudo do Modernismo.
 Conhecer e compreender o lugar do Brasil no comércio
mundial no século XX.
 Identificar e analisar processos sociais, econômicos,
culturais e políticos do Brasil entre 1946 e 1964.

4. Guerra Fria  Identificar e analisar aspectos da Guerra Fria, seus


principais conflitos e as tensões geopolíticas no interior
dos blocos liderados por soviéticos e estadunidenses.
 Identificar e compreender os movimentos sociais do
século XX.
 Identificar a emergência da cultura jovem.
 Identificar e analisar aspectos da guerra fria na polarização
do mundo contemporâneo. (mundo bipolar)
VERSÃO PRELIMINAR

5. Regime Civil Militar e  Conhecer e compreender a Constituinte de 1988 como


Redemocratização do resultado de demandas da sociedade civil organizada, por
Brasil meio do estudo do Movimento Negro, dos Movimentos
Indígenas, de movimentos de mulheres e de movimentos
de ampliação dos direitos de crianças e adolescentes.
 Compreender e problematizar os séculos XX e XXI no
mundo do trabalho, e na construção da cidadania.
 Identificar e compreender o processo que resultou na
ditadura civil militar no Brasil e discutir a emergência de
questões relacionadas a memória e a justiça sobre os
casos de violação dos direitos humanos.
 Analisar fontes históricas dos processos de resistência e
de reorganização da sociedade durante a ditadura civil
militar
 Relacionar aspectos das mudanças econômicas, culturais
e sociais ocorridas no Brasil a partir da década de 1990
ao papel do país no cenário internacional na era da
globalização.

6. Globalização e  Reconhecer o século XX e XXI como um momento de


Tensões Atuais intensificação de relações em nível planetário e de maior
interdependência entre as economias dos diversos países
e continentes.
 Analisar mudanças e permanências associadas ao
processo de globalização, considerando os argumentos
dos movimentos críticos às políticas globais.
 Analisar as transformações nas relações políticas locais e
globais geradas pelo desenvolvimento das tecnologias
digitais de informação e comunicação.
 Analisar os aspectos relacionados ao fenômeno do
terrorismo na contemporaneidade, incluindo os
movimentos migratórios e os choques entre diferentes
grupos e culturas.
 Identificar e discutir as diversidades identitárias e seus
significados históricos no início do século XXI,
combatendo qualquer forma de preconceito e violência.

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