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Subsidio Sobre Etica

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ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL

 APRESENTAÇÃO PESSOAL
 Docente: Andrew Paul Chimwemwe Mpanda (Maputo)
 Contactos: 828248281, 850706543, 878780377
(mpandaandrew@gmail.com/ andrewmpanda@hotmail.com)
 REGIME DE TUTORIAS: On-line.
 CALENDARIO: 2º Semestre, Bloco1

Apontamentos preparados por Mestre Andrew Chimwemwe Mpanda.

1. INTRODUÇÃO

Esta cadeira torna – se importante como elo de uma cadeia universal atenta aos
problemas do mundo em que operam, conscientes de que vivemos numa porção da
aldeia global. Os temas propostos vão permitir formar os técnicos ser conscientes da
sua profissão, com gosto no trabalho que fazem. Por isso deve prestar – se especial
atenção ao seu quotidiano (uma cadeira que continuamente vai refere-se ao dia e dia
da nossa vida).

N.B. Ética não é catequese, madraça, sessão de iniciação, ou uma simples exultação
para comporta-se bem. Invés, a ética é uma exigência existencial com bases científicas
e racionais.

2. OBJECTIVOS
1 – Levar os estudantes a adquirir as noções básicas sobre ética relativamente à
profissão que vão desempenhar;

2 – Levá-los a compreender que a ética é um dos elementos que contribuem para a


estruturação da personalidade e para uma vida saudável;

3- Levá-los a compreender que a ética contribui para a auto-estima (a pessoa gostar de


si mesma);

4 – Levá-los a compreender que só uma pessoa contente consigo mesma, é capaz de


desempenhar eficientemente a sua profissão.

Ética é um ramo da Filosofia que estuda o bem e o mal. Como também existem outros
ramos da Filosofia como, lógica (que conserva a verdade através o silogismo), a
estética que estuda o belo (o belo é para contemplação), a Cosmologia que estuda o
mundo físico (cosmos=mundo físico) a Metafisica que estudo o além do mundo físico
(conceitos como infinito, perfeição, Deus) ou a epistemologia que estuda o
conhecimento humano (sujeito que conhece e objecto que é conhecido.

3. O SER ETICO (O HOMEM)

A ética é possível, graças às três dimensões fundamentais do ser humano: racional,


livre e social. Não se exige nada de ética, por exemplo, aos animais!

Racional: “ Um animal racional” (cfr. Aristóteles). Homem é fundamentalmente


racional. Usa a faculdade da razão. A racionalidade é estreitamente ligada ao conceito
do Tempo. A racionalidade ajuda-nos a descobrir o tempo na sua dimensão como
passado através a memória. A racionalidade descobre o tempo na sua dimensão como
presente através a consciência e, por fim, a racionalidade nos coloca no futuro através
a esperança. As três dimensões temporais são fundamentais para um ser ético
(Homem): saber lembrar o passado, saber viver conscientemente no presente e saber
esperar o futuro. Mas não sempre o Homem é racional: por isso Aristóteles definiu o
ser humano como um animal racional. Há momentos em que homem se manifesta
mais como um animal do que um ser racional (holocausto, racismo, escravatura,
apartheid...etc.). Grandes figuras que enalteceram a racionalidade do ser humano
(voluntários nos campos de Auschwitz, Mahatma Gandhi, Madre Teresa de Calcutá,
Nelson Mandela, as nossas mães etc.).

Livre: “Onde termina a minha liberdade começa a liberdade do outro!” (cfr. Herbert
Spencer, Filosofo Inglês). É verdade que Homem é a expressão máxima do conceito da
liberdade. Mas existência humana não sempre reflete esta liberdade. A nossa
liberdade é relativa, limitada…nunca absoluta. Onde termina a minha liberdade
começa a liberdade d’outro! Precisamos reconhecer a presença do outro sujeito, com
os mesmos direitos e deveres como eu! Não vivo sozinho nesse mundo! Precisamos de
libertar-se do nosso egoísmo, pré-conceitos culturais e religiosos etc. O que é
importante é procurar entrar no horizonte da liberdade. Em breve, uma acção torna-se
ética quando é exercida em plena liberdade. Viver eticamente é fruto de uma
“obrigação interna” e não externa!

Social: “ Eu existo porque nos existimos”. (Cfr. Filosofia Bantu, Placide Temples). O ser
humano, pela sua natureza, é chamado à socialização. A ética se vive com os outros, na
medida que tu descobres e reconhece a presença do outro. Na realidade, sabemos
quanto longe estamos a este chamamento. Mesmo assim, precisamos, todos os dias,
redescobrir esta dimensão da nossa vida: “ No man is an Island ”.

4. UMA ABORDAGEM FILOSOFICA

Porque uma abordagem filosófica? Primeiro, porque já afirmamos, a ética é um dos


vários ramos da filosofia. Depois, a nossa abordagem será uma reflexão filosófica para
evitar qualquer manipulação ideológica, religiosa ou política. A abordagem filosófica é
inclusiva, independentemente das inclinações ou convicções politicas, religiosas ou
culturais. O elemento determinante é a racionalidade da nossa reflexão ética.
Portanto, a ética se torna um discurso universal e não cultural ou de um determinado
contexto religioso, nem ligado a qualquer ideologia.

Ao mesmo tempo reconhecemos a dificuldade de “ensinar” a ética porque homem é


livre e imprevisível. (exemplo: Filhos da mesma família). A ética é uma “ciência” (não
ciência positiva, como, por exemplo, a matemática ou a física: mais fácil ensinar essas
ciências positivas que ensinar a ética!) A ética ajuda construir uma postura humana
(como vimos inicialmente nos objectivos da cadeira). Não podes obrigar uma pessoa a
ter uma postura ou um comportamento ético. A ética, invés, é um processo em
assumir valores humanos que são universais. Ė uma espécie de sabedoria que
consegue dar o sentido aos factos. A ciência positiva dá os factos/dados mas não
consegue dar o sentido a estes factos.

5. ALTERIDADE

Além de definir a ética como a ciência que estuda o bem e o mal, ela também é
considerada como a ciência das relações: ALTERIDADE. (“alter”= OUTRO). Assim a ética
é a ciência da nossa relação com o OUTRO.

Este OUTRO assume quatro dimensões:

EU, TU, MUNDO, ABSOLUTO.

 Eu- na medida em que sou capaz de fazer um exercício de autocritica, auto-


avaliação, exame de consciência; tornar-se objecto de análise. Neste exercício
eu assumo o papel de sujeito e objecto ao mesmo tempo. (Simbolismo do
espelho).
 Tu- enquanto outro sujeito como eu que me limita e me define. Não estou
sozinho neste mundo como sujeito racional. Onde termina a minha liberdade
começa a liberdade do outro. (Simbolismo da janela).
 Mundo- significa reconhecer a existência do mundo físico como dom…a
natureza, o cosmos. Significa uma relação responsável tendo em conta o
conceito do “bem comum”. Sensibilidade para respeitar o meio ambiente:
existiram pessoas antes de mim e existirão outras pessoas depois de mim.
 Absoluto- uma relação vertical com um Ser superior, supremo, transcendental
que, para muitas pessoas, orienta o seu comportamento, o seu agir no dia-a-
dia. No âmbito religioso este Absoluto é chamado Deus.
1. ITINERARIO ETICO:

Falamos de “itinerário (trajecto, percurso) ético” porque a ética não é um


facto, um acontecimento. Numa forma metafórica, a ética é um processo,
uma “viagem”, um caminho de vida com etapas específicas e distintas.
Temos que considerar todas as implicações duma viagem:
 O desejo de viajar (querer fazer o bem)
 A preparação adequada (uma educação ética; a família, sociedade
para sensibilizar a consciência.
 O cansaço de uma viagem: momentos de fragilidade e desvios da
vida, andar contra a corrente; tudo isso faz parte da viagem ética.
Temos que saber recuperar o desejo de fazer a viagem.
 A dimensão social: Uma viagem é agradável em companhia com os
outros.
 A ética tem 3 etapas para chegar ao seu destino: VER, JULGAR,
AGIR. O “destino” da ética é fazer o bem, agir no bem; conforme à
definição clássica da ética: o ramo da filosofia que estuda o bem e o
mal.

1. Ver: Não se trata só de um ver físico. Mas, percepção da realidade,


sabendo que o homem é um ser social, um ser dentro do tempo e
espaço. A realidade tem a sua cumplicidade; precisamos de ver o que
está atras de cada realidade, ver além daquilo que estás a ver. Por
exemplo, um pai existe porque existe um filho, frio porque há calor,
corruptos porque há corruptores etc. Não basta “ ver” mas ver com
consciência o que estamos a ver.

2. Julgar: Talvez a etapa mais crucial na nossa “ viagem ética.” Não se


trata de julgar os outros porque nos somos os melhores, não! Mas dar a
nossa opinião face à uma acção, ao um facto! O julgar nos obriga a
fazer uma escolha, tomar posição, definir-se. Por isso, na medida que
julgamos os outros julgamos a nos mesmos. Não julgamos conforme a
“moda”, a corrente existente, mas conforme os valores éticos. O grande
perigo nessa fase é o “achismo”: postura de fazer comentários sem
conhecimento suficiente sobre a matéria. Deduzir tudo a partir da tua
experiencia pessoal.

3. Agir: O agir é a última etapa da nossa “viagem” ética, o nosso destino.


Não basta ver e julgar mas precisa fazer algo. Traduzir palavras, teorias
em acções concretas. Ainda não se chega ao destino, somente com
palavras, discursos. O mundo, especialmente o mundo juvenil, está
“cansado” de palavras, discursos, conferências, etc. Não basta
“profetas”, o mundo precisa de “modelos” de vida.

2. ETICA VS RELATIVISMO

Um dos problemas mais sérios que encontramos ao estudar certas disciplinas


filosóficas, como a Ética, consiste no relativismo. consiste no relativismo.

O relativismo é uma postura de interpretação da realidade que sugere que tudo


deve ser encarado segundo o conceito da relatividade, ou seja, a percepção de
determinado fenómeno está condicionada à realidade do interlocutor (sujeito), e
não poderia, portanto, ser tomada como uma conclusão válida no plano geral, e
sim apenas no plano particular. Em outras palavras, a verdade no relativismo é
aquilo que eu percebo como verdade, independentemente da opinião alheia ou
das conclusões obtidas pelos outros. O que é verdade para mim pode não ser
verdade para o outro, mas isso não importa. E, assim como eu não pretendo
impor meu conceito de verdade a ninguém, também não aceito que ninguém
me apresente ou imponha outra interpretação da verdade. Uma espécie de
“cada um na sua”. Invés, sabemos que a Ética é construída na base de valores
humanos que são objectivos e universais, independentemente do ponto de
vista particular, subjectivo. O Relativismo afirma tudo depende em relação à
mim.

É claro que a Ética não trabalha com imposições. Sabemos para que uma
acção tenha um valor ético, deve ser fruto da liberdade humana (livre arbitro).
Uma máxima muito válida na Filosofia é a de que o filósofo só aceita “a força
do argumento, e não o argumento da força”. Mas é necessário perceber que
o relativismo é perigoso em certas áreas do relacionamento humano, e que as
relações humanas precisam ser construídas sobre certos valores universais,
como confiança e comprometimento mútuo. Isso não só é saudável como
também não deve ser relativizado! Afinal, seria muito decepcionante confiar um
segredo a uma pessoa que considere “relativa” sua obrigação de guardá-lo, ou
conviver com um colega de trabalho que considere “relativa” sua obrigação de
respeitar o trabalho alheio. O resultado disso seria correr o risco de ver seus
segredos expostos ou de conviver com traições e “puxadas de tapete”.

Neste caso, o relativismo deteriora as relações humanas e conduz a um


ambiente de desconfiança mútua. O mundo em que vivemos hoje e as relações
que construímos ao nosso redor trazem muito deste “pessimismo” em relação
ao próximo, o que leva muitos de nós a declarar com certa dose de orgulho
triste: “eu não confio em ninguém”. Neste caso, não existe o Bem Comum
porque cada pessoa considera o bem, segundo o seu ponto de vista.

Além disso, o relativismo aplicado à Política tende a levar as pessoas à


omissão, por desistirem de insistir em ter seu destino em suas próprias mãos.
As decepções constantes, os maus exemplos e os sedutores discursos dos
políticos nos levam a crer que a verdade não está disponível, e que nunca
saberemos o que realmente acontece nos bastidores do mundo político.
Desenganados, perdemos mais uma vez a confiança que tínhamos nos outros
e em nossa própria capacidade de compreender a realidade. Costumamos
dizer que o discurso dos políticos é “perigoso”, pois “eles conseguem
convencer qualquer um de qualquer coisa”. Será? Eles nos convencem ou nós
nos deixamos convencer porque não temos convicção da verdade?

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