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História Do Ramo Do Exército Moçambicano

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REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE

MINISTÉRIO DA DEFESA NACIONAL


ESTADO-MAIOR GENERAL
COMANDO DO EXÉRCITO

REPARTIÇÃO DE EDUCAÇÃO CÍVICO-PATRIÓTICA

HISTÓRIA DO RAMO DO EXÉRCITO

Dia do Ramo - 02 de Agosto de 1975

Maputo, Abril de 2022


FICHA TÉCNICA

Repartição de Educação Cívico - Patriótica (autores: Tenente -


Jacinto Manuel - Técnico Superior de Acção Social e 2º Cabo -
Comissão de Pesquisa:
Félix Cossa Tembe - Técnico Superior de Ensino de História
com Habilitações em Ensino de Geografia).
Produção e Redacção: 2º Cabo – Félix Cossa Tembe
Brigadeiro Xavier António; Tenente-Coronel Mário Pedro
Revisão: Moiane; Tenente-Coronel Ernesto Domingos Mariquele e 2º
Cabo Félix Cossa Tembe.
Maquetização: Tenente Jacinto Manuel.
Tenente-General na Reserva - Tobias Joaquim Dai; Major -
General na Reserva – Américo Mpfumo; Coronel na Reserva -
Orientação e
Mário Baraca; Coronel Otílio Pires; Tenente-Coronel Feliz
Supervisão:
Lumbela; Tenente-Coronel Nunes Fazenda; Major José Saica
Mário.
General de Exército na Reserva - Graça Chongo; Tenente -
Co-Orientadores: General na Reserva - António Hama Thai; Coronel na Reserva -
Mateus Óscar Kida.
Major Mário – Departamento de Gestão de Documentação e
Arquivo do Ministério da Defesa Nacional; dra Hortência –
Colaboradores: Gestora da Biblioteca de Pesquisa da História de Luta de
Libertação Nacional; Senhor João Hilario Ambrósio – Director
Nacional de História ambos do Ministério dos Combatentes.

ii
Índice Pág.

PREÂMBULO................................................................................................................ 4
METODOLOGIAS ........................................................................................................ 6
CAPÍTULO I .................................................................................................................. 8
BREVE HISTORIAL DA ORIGEM DAS FPLM/FADM ............................................ 8
CAPÍTULO II ............................................................................................................... 10
EVOLUÇÃO DAS FADM ........................................................................................... 10
CAPÍTULO III ............................................................................................................. 12
TRILHA DO RAMO DO EXÉRCITO ........................................................................ 12
Brigada de Mapai: ........................................................................................................ 15
Brigada de Chimoio ...................................................................................................... 16
Brigada de Tete ............................................................................................................. 17
Organização do Ramo do Exército ............................................................................... 19
CAPÍTULO IV ............................................................................................................. 20
CONCLUSÕES ............................................................................................................ 20
CAPÍTULO V............................................................................................................... 21
FUNDAMENTAÇÃO DA PROPOSTA DO DIA 02 DE AGOSTO DE 1975 .......... 21
Outras Datas Investigadas no Âmbito da Escolha do Dia Do Ramo ........................... 24
CAPÍTULO VI ............................................................................................................. 25
BIBLIOGRAFIA .......................................................................................................... 25

3
PREÂMBULO

O estudo histórico da vida de uma organização demonstra a necessidade de


perenizar a mesma, construindo assim um legado para as gerações vindouras,
permitindo que possam comemorar de forma sincrónica revitalizando assim as
memórias através de celebrações alusivas a origem ou aniversário das
organizações.

A revitalização destas memórias consiste na mobilização e adesão das massas


num movimento constante de comemorações de eventos históricos, conquistas
importantes ou lutas que ainda estão sendo travadas por um grupo. Algumas
destas datas comemorativas possuem alcance internacional, enquanto, outras
são especificamente de um país ou região.

A presente pesquisa surge pela necessidade de identificar a data comemorativa


do Ramo do Exército, em cumprimento das Instruções de Sua Excia Chefe do
Estado-Maior General das Forças Armadas de Defesa de Moçambique
(FADM), que ordena “ Celebração da data comemorativa do Ramo”, transcrito
e encaminhado pelo Departamento de Educação Cívico – Patriótica, sob ofício
nº 20/910/2022 de 13 de Janeiro de 2022.

Em Moçambique, as datas comemorativas das organizações militares são


determinadas pelo número 3 do artigo 50 da Estrutura Orgânica das FADM,
aprovado pelo Decreto 71/2016 de 30 de Dezembro que determina: "os Ramos,
estabelecimentos de ensino militar, órgãos, unidades têm um dia festivo para
consagração da respectiva memória histórica, definido por Diploma do Ministro
que superintende a área da Defesa Nacional. "

A data comemorativa da unidade militar constitui um marco importante para a


Unidade, pois proporciona de forma conjuntural as festividades da fundação da
mesma. As datas comemorativas revestem-se de capital importância por
representarem o esforço de se manter vivo na memória colectiva algum

4
acontecimento ou homenagem com certa relevância social para a Unidade
militar. Para além disso, elas são celebradas porque carregam um contexto
histórico e cultural.

A origem do Ramo do Exército tem uma ligação embrionária com a evolução


das Forças Populares de Libertação de Moçambique (FPLM), resultantes da
transformação da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) enquanto
Movimento militar em Forças Regulares (Exército Regular).

5
METODOLOGIAS

A elaboração da pesquisa compreendeu duas fases nomeadamente:

1ª Fase – Pesquisa da História Militar no Ministério dos Combatentes


(biblioteca de pesquisa em História de Libertação Nacional); Imprensa
Nacional; Imprensa das FADM; Departamento de Gestão de Documentação e
Arquivo e Direcção de Recursos Humanos, ambos do Ministério da Defesa
Nacional. Esta fase foi caracterizada pela busca do arcabouço literário que
aborda os momentos, as emoções da Independência e consequente criação dos
Ramos das FPLM/FADM.

2ª Fase – Entrevista com os primeiros Comandantes das Forças


Terrestres/Exército Popular. Neste momento, procurou-se compreender através
da história oral as emoções da criação do Ramo do Exército, a partir das
transformações de Guerrilha para o Exército Regular, criação de Comandos
Militares Provinciais, e consequente estruturação do Exército regular em áreas
(Ramo) específicas de actuação nomeadamente: Ramo do Exército Popular1;
Marinha Popular2 e Força Aérea Popular3.

De referir que, foi privilegiado o uso do método histórico que consiste na


pesquisa do passado para reconstruir ou compreender o presente. Neste sentido,
a origem das FADM constituiu a base para a compreensão da origem do actual
Ramo do Exército.

A pesquisa teve como universo os Antigos Combatentes da Luta de Libertação


Nacional, e usou uma amostra de seis (06) compostos por Generais e Coronéis.
É relevante realçar que recorreu-se à amostragem do tipo por Tipicidade, pois
devido as localizações aleatórias e impossibilidades de alcance dos alvos da
pesquisa não foi possível abarcar a todos, mas sim aos que foram acessíveis.

1
Hoje Ramo do Exército.
2
Hoje Ramo da Marinha de Guerra de Moçambique.
3
Hoje Força Aérea de Moçambique.

6
Numa extensão temporal de três meses (Janeiro, Fevereiro e Março), a
investigação seguiu técnicas de entrevistas semiestruturadas, entrevistas por
telefones, revisão bibliográfica nos jornais nacionais dos anos 70 e 80, consultas
literárias na Biblioteca Nacional, compilação de dados, produção, correcções e
apresentação final.

7
CAPÍTULO I

BREVE HISTORIAL DA ORIGEM DAS FPLM/FADM

A história das Forças Armadas de Defesa de Moçambique é intrinsecamente


ligada a origem do movimento de libertação nacional – FRELIMO criado em
1962. Já antes de 1962, sucediam manifestações de resistências e revoltas
militares contra o colonialismo português em Moçambique, são exemplos de
batalha de Marracuene, batalha de Magul, resistência do império de Gaza,
revolta de Bárruè dirigida pelos heróis Maguigwani, Ngungunhane,
Kambuemba, Mucutumunu, Farlai de Angónia Mataca e Mussa de Nampula.

Aquelas guerras de resistência ocorridas ao longo do território nacional, foram


enfraquecidas pelo colonialismo devido ao desacelerado desenvolvimento da
consciência de Nação (País), falta de unidade entre todos residentes no território
moçambicano e fragilidade do material bélico de pouco alcance comparado com
o do colono.

A partir de 1964, o regime colonial em Moçambique, como noutras partes de


África, deparou-se com uma organização militar mais desenvolvida
conscientemente, mais preparada militarmente e acima de tudo unida através de
uma única ideologia nacionalista e objectivo comum de libertação da terra e dos
homens.

No caso concreto de Moçambique, em meio da preparação da luta armada de


libertação nacional foram enviados os primeiros homens à Argélia para
formação militar e treino de guerrilha. Este grupo retornou e constituiu um
comando/movimento de guerrilheiros abrindo frentes em quase todos lados do
território moçambicano, para resistir contra o avanço do colonialismo português
aplicando todas técnicas e meios possíveis.

8
A guerrilha como um tipo de guerra não convencional dirigida pelos pequenos
grupos, foi um sucesso para a derrocada do colonialismo português em
Moçambique. Num percurso cronológico de cerca de 10 anos a força
combatente, travou uma guerra militar do tipo guerrilha contra o Exército
convencional português, desde o levante armado em Chai no distrito de Mueda
em Cabo Delgado em Setembro de 1964, superando grandes operações como a
de Nó Górdio em 1974, até ao fim da última façanha, o assalto ao quartel de
Omar em 01 de Agosto de 1974, último evento perpetuado pelos guerrilheiros
nacionais, facto que precipitou o prenúncio da independência nacional.

A luta armada desencadeada pelos guerrilheiros nacionais, teve seu auge com a
proclamação da independência total e completa em 25 de Junho de 1975, fim da
opressão colonialista portuguesa. Marcava-se então uma era da história de
Moçambique.

De guerrilha ou Frente de Libertação de Moçambique passou para Forças


Populares de Libertação de Moçambique o que sucedeu evolutivamente para
Forças Armadas de Moçambique hoje Forças Armadas de Defesa de
Moçambique.

Esta descrição é meramente introdutória para se compreender os conteúdos da


origem do Ramo do Exército, e não interessa a profundidade como tal, mas de
forma superficial para suportar a fundamentação do estudo. Este é o alicerce da
actual Força Armada de Defesa de Moçambique.

9
CAPÍTULO II

EVOLUÇÃO DAS FADM

Ao longo do ano de independência nacional (1975), a guerrilha viu-se obrigada


a oficializar-se em um Exército Regular a título dos padrões internacionais. Se
antes era um pequeno grupo armado que desempenhava todas funções
equiparadas a um Exército convencional, agora, era necessário oficializar. E
para tal recorreu-se a um dos critérios que é o desmembramento funcional de
cada arma que os guerrilheiros utilizavam. Por isso, nos dias 01 a 09 de Maio de
19754 sob a supervisão da Comissão Mista, o Departamento de Defesa realizou
uma reunião em Boane província de Maputo com os quadros do Departamento
de Defesa e combatentes, cujo objectivo era a transferência total dos
equipamentos e instalações dos comandos do Exército português para as Forças
Populares de Libertação de Moçambique; sintetizar as experiências adquiridas
no período de transição e formular algumas importantes linhas de orientação.
Terá sido naquela conferência que se pensou no processo de regularização do
Exército e com possibilidades de especificidade das armas.

Após a proclamação de independência em 25 de Junho de 1975, o


Departamento de Defesa realizou uma grande Reunião Nacional designada 4ª
Conferencia5 do Departamento de Defesa nos dias 25 de Julho a 02 de Agosto
de 1975, dirigida pelo, Presidente da República Popular de Moçambique
Samora Moisés Machel, com a participação de membros do Comité Central e
do Comité Executivo da FRELIMO e do Estado-Maior das FPLM, bem como
quadros e combatentes de todo país. Foi nesta Conferência que se decidiu:

 […] Impõe-se a edificação das forças armadas regulares populares com as


diferentes armas e serviços;
 As FPLM […] são Comandadas pelo Presidente da FRELIMO;

4
Segundo Jornal Noticias de 04 de Agosto de 1975.
5
Jornal Noticias de 04 de Agosto de 1975.

10
 De par com o desenvolvimento económico temos que, progressivamente,
edificar os diferentes ramos das nossas Forças Armadas. As Forças Populares
de Libertação de Moçambique deverão ser constituídas pelo: Exército
Popular, Marinha Popular, Forças Populares Aéreas e outras armas e
serviços.

Terminada a Conferência no dia 02 DE AGOSTO de 19756, o Ramo do


Exército começou a sua história de forma particular sem a miscelânea doutras
armas.

Esta conferência produziu grandes mudanças para um novo rumo e espectro das
Forças Terrestres pelo facto de ter gerado necessidades de preenchimento em
meios humanos e fortificação em armamento para defender o espaço de
actuação terrestre.

Os Ramos foram criados de forma estrutural, contudo, sem seu preenchimento


orgânico nem infra-estruturas como é o caso da Força Aérea, que só acederam o
arsenal bélico da Força Aérea Portuguesa em 19797. Segundo Major-General
Américo Mpfumu com suas propostas conseguiu unificar o Ramo da Defesa
Anti-Aérea e Força Aérea Popular em único Ramo da Força Aérea em 1980, e
assim se constituiu o actual Ramo da Força Aérea.

6
O dia em que auto-intitulou-se Ramo Especifico das FPLM.
7
Comunicação Pessoal, Major-General Américo Mpfumu, no dia 14.02.2022, no seu escritório localizado no
Bairro Sommershild, em frente da Embaixada da Líbia, Maputo.

11
CAPÍTULO III

TRILHA DO RAMO DO EXÉRCITO

Separados por armas, os militares que desempenhavam as funções de armas de


combate terrestre trilharam pelo caminho da defesa terrestre e devido o início
dos ataques do Iam Smith em 23 de Fevereiro de 1976, foram urgentemente
revitalizados os Comandos Provinciais, fortificados, reorganizados e montados
alguns batalhões como de Pafuri, de Limpopo para travar a nova invasão.

No dia 03 de Março de 1976, o governo moçambicano decidiu fechar as


fronteiras entre Moçambique e a Rodésia do sul, a luz das sanções decretadas
pelas Nações Unidas, o que aumentou a tensão na região e levou o regime de
Iam Smith a intervir militarmente em território moçambicano.

A fortificação dos Ramos carecia de preenchimento orgânico em meios


humanos (efectivos, instrutores e monitores) e materiais (armamento) em curto
espaço temporal para fazer face as ameaças. Por isso, era necessário manter
alianças com alguns países que auxiliaram a luta pela independência, caso da
URSS, Cuba, China etc. Não é por acaso, que o então Ministro de Defesa
Nacional8 Alberto Chipande, visitou a União das Repúblicas Socialistas
Soviéticas no dia 22 de Abril de 1976 acompanhado por alguns membros da
direcção das FPLM: Joaquim Munhepe9; Jacinto Veloso; Sérgio Viera; Pedro
Odala; Cândido Mondlane; Estevão Dimaca; Bernardo GoiGoi; Feliciano
Gundana e Matias Juma, tinha objectivo de estabelecer novas relações na fase
actual da vitória e sobretudo, na cooperação em edificar o Exército Regular
Moçambicano.

Neste sentido, em Agosto de 1976, o primeiro grupo rumou à URSS para uma
formação de Comando Superior chefiado por General de Exército Sebastião
8
Jornal Noticias de 22 de Abril de 1976.
9
O Major-General Joaquim Munhepe, foi formado na China (Cp. Major-General Tobias Dai, 07.03.22, no seu
Escritório localizado na Baixa da Cidade de Maputo).

12
Marcos Mabote, integrando os generais: Fondo; Tobias Dai; Atanásio
M´tumuke, cuja finalidade era para preencher os Ramos recentemente criados.
Paralelamente a isso, Matusse (2018, p. 185) […] sustenta que foi formado na
URSS o primeiro grupo de quadros superiores em dois anos Agosto de 1976 10 e
Abril de 1978, estes que seriam os pilares do processo dos Comandos, até então
existentes, em Ramos11 das Forças Armadas.

Para além da formação destes quadros no exterior, no dia 09 de Maio de 1976


iniciou no Centro de Preparação Político Militar de Boane, um curso de
integração e uniformização das marchas, que veio a ser designado 25 de
Setembro12 em homenagem ao dia do seu encerramento (25 de Setembro de
1976), com o intuito de preencher os Ramos nas áreas de Instrutores,
Comandantes e Monitores. Este curso foi encerrado pelo Presidente da
República Popular de Moçambique no Estádio da Machava no dia 25 de
Setembro de 1976, encerramento que concretizou os planos de edificar o
Exército regular fortemente desenvolvido.

Das relações amigáveis mantidas pelo Ministério da Defesa com a URSS, Cuba,
China, Tanzania e outros países vieram instrutores e professores que auxiliaram
na formação dos militares para o Ramo do Exército nas várias especialidades.
Em 1978, no dia 02 de Outubro iniciou o primeiro curso de quadros na Escola
Militar em Nampula uma formação dos militares para seguir o objectivo de
preencher o Exército Convencional recentemente regularizado13.

No meio do ambiente hostil protagonizado pelos regimes racistas da República


sul-africana e do Zimbabwe, o Presidente da República Popular de

10
O primeiro grupo: General Tobias Dai; General Atanásio Mtumuke; General Fondo (Fonte: Cp. Tenente-
General Tobias Dai, 07.03.22, no seu Escritório localizado na Baixa da Cidade de Maputo, as 10horas).
11
O Exército, Comandado pelo Major-General Joaquim Munhepe, a Força Aérea, pelo Major-General João
Américo Mpfumo, a Defesa Antiaérea, pelo Major-General António HamaThai, as Tropas Guarda Fronteira
pelo Major-General Tomé Eduardo e a Marinha de Guerra pelo Brigadeiro Matias Juma.
12
Jornal notícias de 25 de Septembro de 1976.
13
Cp. Tenente-Coronel Feliz Lumbela, Tenente-Coronel Alves Bainete e Major José Saica Mario. Repartição de
Educação Cívico - Patriótica. Comando do Exercito. 12.04.2022.

13
Moçambique, Comandante-Chefe das FPLM, reuniu-se frequentemente com os
quadros das FPLM, entre 16 de Janeiro e 15 de Abril de 1977, para resolver de
forma iminente a situação militar actual do país. Dentre outras decisões, as
reuniões determinaram a criação de 04 Brigadas de Infantaria Motorizada14 para
defender as ameaças do Regime do apartheid sul-africano e do rodesiano.

Debaixo de fogo de Iam Smith foi criada a 1ª Brigada de Infantaria Motorizada


de Boane que se localizava no mesmo distrito, a 2ª Brigada de Infantaria
Motorizada estava sedeada em Mapai (Gaza), a 3ª Brigada de Infantaria
Motorizada em Chimoio e a 4ª Brigada de Infantaria Motorizada estava
localizada em Tete.

De forma estratégica a implantação daquelas brigadas visava defender as


fronteiras com África do Sul e Rodésia (actual Zimbabwe) dos seus regimes
racistas.

Estando ainda o primeiro grupo na URSS, o General Joaquim Munhepe antigo


Chefe das Comunicações do Departamento de Defesa, acompanhou o processo
de formação das brigadas e foi destacado Comandante das Forças Terrestres
compostas por quatro Brigadas até então, e noutros despachos presidenciais, n°
34/78 de 06 de Julho de 1978, I SERIE numero 80 é nomeado Vice-Comissário
Político Nacional das Forças Populares de Libertação de Moçambique.

Na mesma altura de 1978, o primeiro grupo de Comando Superior regressou da


URSS e foi destacado a assumir alguns cargos de Comandância: Tenente-
General Tobias Dai foi nomeado Vice-Comandante e Chefe do Estado-Maior
das Forças Terrestres; no mesmo período é indicado o Tenente-General António
Hama Thai para o Cargo de Comandante da Defesa Anti-Aérea, o Major-
General Américo Mpfumu para Comandante da Força Aérea; Major-General

14
Grifo do autor e Cp.Tenentes-Coroneis Feliz Lumbela e Nunes Fazenda no dia 21.02.2022 na Repartição de
Educação Cívico - Patriótica, Comando do Exercito.

14
Tomé Eduardo para Comandante da Guarda Fronteira, e Brigadeiro Matias
Juma para a Marinha de Guerra.

Os ataques do regime racista rodesiano produziram alguns efeitos nefastos e


outros gloriosos por parte das Forças Terrestres do Exército Moçambicano. Eis
algumas façanhas das brigadas contra o ataque rodesiano:

Brigada de Mapai:

 No domingo do dia 29 de Maio de 1977 as Forças de Smith munidas de


artilharia e infantaria atacaram as posições de Chilonga e Chicualacuala,
tendo sido ressachados ferozmente pelas forças terrestres. O inimigo
desviou a rota e penetrou pelas zonas desérticas do distrito de
Chicualacuala, avançando ao longo do rio Muanetse até Mapai, onde fora
travar um combate mortal com as Forças Terrestres ali estacionadas.
Destruídas as comunicações, a rede ferroviária deixando o distrito de
Mapai incomunicável com a capital Maputo. Contudo, foram bravamente
vencidas pelas forças terrestres com maior vitória no dia 02 de Junho15 do
mesmo ano. Esta operação foi considerada de maior envergadura já
registada naquele ano.
 No dia 13 de Junho de 1977, as forças racistas de Smith atacaram
novamente a província de Gaza na zona de Mapai, num grande confronto
que resultou na vitória das FPLM através de abate de dois caças-
bombardeiros e um helicóptero.
 No mesmo mês de 25-28 de Junho de 1977, as tropas de Iam Simith
invadem e atacam em Chicualacuala. Contudo, são repelidos e vencidos
pelas Forças Terrestres.
 No dia 27 de Outubro de 1977, Iam Smith ataca contra o nosso país na
zona de Mapai. Este ataque consistiu no lançamento de pára-quedistas

15
Jornal Noticias de 1976.

15
para a realização de emboscadas contra a população indefesa. Porém,
foram repelidos ferozmente pelas Forças Terrestres resultando em vitória.

Brigada de Chimoio

 No dia 22 a 23 de Junho de 1977, Iam Smith agrediu a população de


Manica num ataque ferroz tendo matado um casal de técnicos da Fao e 17
refugiados, mas, felizmente e bravamente as forças terrestres venceram.
Aquele ataque foi caracterizado por bombardeamentos aéreos, apoiados
por forças heli-transportadas e terrestres. Mas as Forças terrestres
defrontaram o combate através de uma resposta acirrada em colaboração
estreita e activa da população em geral obrigando as forças racistas a
recuar.
 No dia 23 e 2516 de Novembro de 1977, os mercenários de Iam Smith
atacaram novamente a mesma zona de Manica utilizando artilharia
pesada, caças bombardeios, nomeadamente Mirages, tropas heli-
transportadas e paraquedistas. A soldadesca criminosa rodesiana atacou e
assassinou no campo de refugiados zimbabweano, Tembue, onde foram
massacradas mais de 70 pessoas indefesas. Vários aviões sobrevoaram
atacando apoiados pelos pára-quedistas e tropas heli-transportadas, tendo
sido mortas 04 mulheres moçambicanas e 39 feridos. Numa resposta
fogosa, as FPLM ripostaram ao ataque forçando o inimigo a retira-se por
via aérea. As forças inimigas sofreram bastante e devido a pressa para a
retirada abandonaram 05 cadáveres17.

16
A agressão que decorre ontem é, porém, a maior já desencadeada até hoje contra Moçambique pelo regime
rebelde de Salisburia (Notícias da Beira, sexta-feira, 25 de Novembro de 1977.
17
Notícias da Beira, Sábado, 02 de Dezembro de 1977.

16
Brigada de Tete

 Dia 28 de Maio de 1977 as forças rodesianas de Smith de novo atacam


contra Chioco na província de Tete, mas, as forças determinadas das
FPLM repeliram-os com sucesso. Durante este ataque os racistas
rodesianos lançaram bombas de napalm, contra a povoação daquela zona.
As Forças terrestres ripostaram de imediato ao fogo do inimigo, tendo
abatido dois aviões e um helicóptero e pondo em seguida o inimigo em
fuga desordenada18.
 No dia 27 de Novembro de 1977 o inimigo bombardeou contra localidade
de Espungabera, tendo atingido algumas zonas. A aviação inimiga
bombardeou e destruiu as pontes sobre o rio Buzi, a 10 quilómetros a
leste de Espungabera e Matapa, em Dombe, na tentativa de dificultar a
mobilidade das FPLM, que entretanto responderam resolutamente a
agressão. Aquele ataque resultou em vários danos humanos, mas as
Forças terrestres expulsaram os mercenários numa vitória imbatível.
 Dois dias depois, 29 de Novembro prosseguiram os bombardeamentos do
inimigo, destruindo uma serração próxima do rio Lucite, junto da
fronteira. No outro acto de vandalismo, aviões Mirage, atacaram e
destruíram vários carros de civis, ferindo alguns dos seus ocupantes.
Posteriormente, os mesmos sobrevoaram o rio Pungue, Vila Machado e o
campo de refugiados de Doeroi.19.

De referir que, foram destacadas as quatro Brigadas com objectivo de


referenciar os primeiros feitos das Forças Terrestres no pós Ramificação do
Exército, encontrando deste modo, o Ramo do Exército a trilhar seu caminho
singularmente.

18
Jornal Noticias 1977, terça-feira, 31 de Maio de 1977.
19
Notícias da Beira, Sábado, 02 de Dezembro de 1977.

17
Ao interesse da Defesa interna, pressionada pela extensão territorial nacional,
houve necessidade de proteger a costa moçambicana por onde funcionara a
entrada e saída de mercadorias - o porto, formou-se então, em 1978 a 5ª Brigada
de Infantaria Motorizada de Beira, na zona costeira da província de Sofala. E
para reforçar as Forças Terrestres contra todo tipo de ameaça bélica, em 1979
criou-se a 6ª Brigada de Tanques em Matola-Gare província de Maputo.

Para controlar a fronteira do norte e retaguarda na defesa das infra-estruturas


económicas, sociais e garantir a segurança da população após a independência
nacional e defendê-las na Guerra de 16 anos que já tinha seus indícios levada a
cabo pela Renamo, foi criada a 7ª Brigada de Infantaria Motorizada de Cuamba
em 1979, no mesmo ano, foram criadas: a 8ª Brigada de Infantaria Motorizada
de Chókwè, cujo foco era a garantia de efectivos e flexibilização para a
realização de operações combativas; a 9ª Brigada de Infantaria Motorizada de
Gorongosa (Sofala) e nos meados da década de 1980 criou-se a 10ª Brigada de
Infantaria Motorizada Nyanga de militares moçambicanos formados em
Zimbabwe, mais conhecido por Brigada Nyanga, instalada ao longo do corredor
do Limpopo na província de Maputo.

Em 1987, o Exército Regular evoluiu, das Forças Populares de Libertação de


Moçambique para Forças Armadas de Moçambique (FAM), o Ramo das Forças
Terrestres passou a assumir o cognome do Ramo do Exército. E para a direcção
do Ramo foi nomeado o Tenente-General Tobias Joaquim Dai, Comandante do
Ramo do Exército e o Chefe do Estado-Maior do Ramo o Coronel Graça Tomas
Chongo, missão terminada em 1992.

Na sequência de acordo geral de paz, o Major-General Tobias Joaquim Dai é


substituído em 1994 pelo Major-General Olímpio Cardoso Cambona, que
Comandou o Exército, com o Brigadeiro Júlio dos Santos Jane como vice-
Comandante até 2008. Cessadas as funções, assumiu o cargo de Comandante o

18
Major-General Graça Tomas Chongo em 2008 com o Brigadeiro Eugénio
Ussene Mussa como Chefe do Estado-Maior e veio a terminar o mandato em
2011.

Em 2012, toma o lugar o Major-General Eugénio Ussene Mussa e veio a cessar


em 2016, quando entra o Major-General Lazaro Henriques Menete de 2016-
2017, tendo sido substituído pelo Major-General Ezequiel Isac Muianga entre
2017 a 2021. No ano 2021, o Major-General Cristóvão Artur Chume assume as
funções, e no mesmo ano cessa as funções deixando o Exército num intervalo
temporal sem Comandante. Foi então que em 2022 é nomeado o Major-General
Tiago Alberto Nampele Comandante do Ramo do Exército e Brigadeiro Xavier
António, Chefe do Estado-Maior do Exército.

Organização do Ramo do Exército

O Ramo do Exército é dirigido pelo Comandante do Ramo com a patente de


Major-General, coadjuvado por um Chefe do Estado-Maior e um Inspector do
Ramo ambos, com as patentes de Brigadeiro.

O Ramo do Exército é constituído por: Repartições, Unidades e


Estabelecimentos de Ensino. Funcionam ainda no Comando do Exército: o
Conselho Militar do Ramo; o Conselho de Disciplina do Ramo e a Inspecção do
Ramo.

Na dependência directa do Comandante do Ramo do Exército funcionam o:


Gabinete do Comandante; Gabinete Jurídico; Gabinete de Cooperação;
Destacamento de Apoio e Serviços e a Unidade Cerimonial.

O Ramo compreende as seguintes especialidades: Infantaria, Blindados,


Educação Cívico-Patriótica, Informações Militares, Policia Militar, Operações
Especiais, Paraquistas, Artilharia Terrestre, Artilharia Anti-Aérea, Comandos,
Reconhecimento, Comunicações, Engenharia Militar, Administração Militar.

19
CAPÍTULO IV

CONCLUSÕES

 A história das Forças Armadas de Defesa Moçambique está


intrinsecamente ligada a origem da Frente de Libertação de Moçambique;
 As Forças Armadas encontram um suporte histórico partindo dos
Guerrilheiros da Frente de Libertação de Moçambique, que passaram para
Forças Populares de Libertação de Moçambique (FPLM), repartidas em
Ramos, no caso específico, Ramo da Força Terrestre, progredindo para o
Ramo do Exército actual;
 O Ramo do Exército obedeceu uma evolução semelhante a qualquer
órgão administrativo militar. A sua missão de raiar e içar a Bandeira de
Moçambique é contínua, garante a segurança e defesa da integridade
territorial do Rovuma ao Maputo e do Zumbo ao Índico desde o dia que
trilhou o seu caminho de forma particular. Por isso, propõe-se o dia 02 de
Agosto de 1975 como data comemorativa do Ramo do Exército.

Constrangimentos

A insuficiência de condições financeiras dificultou o enriquecimento da


Pesquisa da História do Ramo com fotos ilustrativas, contudo, com os esforços
da Comissão de Pesquisa produziu-se a presente redacção de forma inspiradora.

Propostas

Propõe-se que o Comando do Ramo crie condições logísticas e financeiras


como forma de alargar a pesquisa e consequente produção de um arcabouço
literário da História do Ramo do Exército.

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CAPÍTULO V

FUNDAMENTAÇÃO DO DIA 02 DE AGOSTO DE 1975 – DIA DO RAMO DO


EXÉRCITO

A criação da data comemorativa de uma organização pode tomar como critério


dois pressupostos, nomeadamente:

1. A origem: a data em que se formou a determinada instituição com


carácter administrativo, vinculativo para tal organização;
2. Data histórica simbólica: uma data que sustenta um evento significativo
e vinculativo para os membros da organização. Contudo, esta via é da
dependência da aprovação do conjunto de figuras humanas os quais de
forma unânime elegem diante de variantes ou forçosamente pelo
governante.

No caso desta pesquisa privilegiou-se o primeiro critério de determinação da


data pela origem. A escolha deste caminho deveu-se ao facto desta técnica
vincular os diversos membros das Forças Terrestres, de forma administrativa a
partir do dia 02 de Agosto de 1975, dia oficial em que o Ramo começou de
forma singular o seu percurso. Ademais, foi uma conclusão dos autores da
pesquisa fundamentada com o trabalho de investigação.

A não escolha do critério da data histórica simbólica deveu-se ao facto dos


diversos atores das Forças terrestres terem desenvolvidos acções, batalhas com
determinada relevância, mas sem superioridade das outras e em tempos
variados. Portanto, tornou-se difícil escolher uma data em detrimento da outra
de forma simbólica, que poderia ser vinculativa e aprovada em unanimidade,
pois, beneficiaria alguns e menosprezaria outros.

A origem das Forças Terrestres remota a evolução das FPLM em Exército


Regular. Neste sentido, entendemos que o Ramo do Exército possui uma

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história singular de forma administrativa a partir da data que se separou do
Exército geral no âmbito da regularização das Forças Armadas.

O período que antecede a criação dos ramos espelha uma época dos
guerrilheiros imbuídos pelo objectivo urgente de curto prazo de libertação da
pátria no sentido político, mas sem visão de Exército como uma entidade
Administrativa militar Legal.

Devido o nome - Exército e seu espaço de actuação – Terrestre, o Ramo do


Exército confunde-se até hoje com o próprio Exército generalizado. Desde as
ramificações o Ramo do Exército foi destacado o Maior Ramo do Exército
moçambicano. Graças a IV Conferência do Departamento de Defesa que
clarificou e dividiu as áreas de actuação de cada Ramo. Logo, coube desde
então ao Ramo do Exército defender os homens e mulheres, velhos e crianças,
infra-estruturas económicas, sociais assentes no espaço terrestre.

O 02 de Agosto de 1975 marcou uma nova era para o Ramo do Exército em


particular e para as Forças Populares de Libertação de Moçambique em
evolução. A partir deste simpósio, o Ramo da Força Terrestre tomou por
singularidade as funções, as armas e espaço de actuação. Simpósio presidido
pelo Presidente da República Popular de Moçambique, Samora Moisés Machel,
aos ouvidos dos presentes e de toda nação, o Exército Moçambicano entrou
numa nova fase organizacional que estruturou e mobilizou esforços para
construir e consolidar as Forças Terrestres.

O 02 de Agosto é uma data vinculativa a todos atores do Ramo do Exército sem


exclusão, nem exaltação de uns em detrimento de outros. Esta é uma data
meramente administrativa, mas de grande valor para o Ramo do Exército. Ela
suprime os excertos egocêntricos de auto-afirmação e autodeterminação de
atores que se sentem como elementos chaves da existência do Ramo do Exército
e engloba-os numa festividade naturalmente administrativa. Lembrar que uma

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data assume um capital valor quando é emancipado, promovido e celebrado
sincronicamente, embora possa não dispor de uma ligação intrínseca com um
individuo, mas invoca-se emocionalmente o sentimento de pertença a todos
atores do Ramo do Exército.

A escolha da data não se inclinou para os eventos das façanhas por não serem
vinculativos a todos. Contudo, com esta escolha sabe-se que, nem todas poderão
comungar da ideia, por não se sentirem tocados ou representados por esta data,
mas, foi única data que o Ramo do Exército, particularmente, assumiu a trilha
do seu próprio caminho separado doutras armas.

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Outras Datas Investigadas no Âmbito da Escolha do Dia Do Ramo

 01 de Agosto de 1974

A referência de 01 de Agosto de 1974 é o assalto ao quartel de Omar, evento


que prenunciou a independência nacional destacando-se como ultima façanha
realizada pelos guerrilheiros da FRELIMO sob Comando do Major-General
Atanásio M´tumuke. Nesta data todo Exército tem seu orgulho sem
identificação dos Ramos, ademais, foi antes da Regularização e Ramificação do
Exército.

 09 de Maio de 1975

O que destaca esta data é a conferência realizada em Boane antes da


independência cujo objectivo era entrega total das instalações e materiais do
Exército português. É uma data representativa de todo Exército, pois
firmemente destinava-se a todas forças sem especificidade.

 09 de Maio de 1976

Após a independência o 09 de Maio de 1976 constituiu uma data da qual iniciou


um curso de formação ou melhor adequação das marchas com vista a
uniformizar a tropa, formar instrutores e monitores. Foi uma formação para o
benefício das Forças Armadas.

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CAPÍTULO VI

BIBLIOGRAFIA

Jornal Noticias. Maputo. 1974, 1975, 1976, 1977, 1978.

MATUSSE, Renato. Coronel Mateus Óscar Kida. Maputo. 2018. 167p.

Notícias da Beira. Beira. 1975, 1976, 1978.

Entrevistados

General de Exército - Graça Tomas Chongo. Maputo. 15 de Março de 2022.


Entrevista por telefone.

Tenente - General na Reserva - Tobias Joaquim Dai. Maputo. Dias 08 de


Fevereiro; 07 de Março de 2022.

Tenente – General na Reserva – António Hama Thai. Maputo. 04 de Março de


2022. Entrevista por telefone.

Major - General na Reserva – Américo Mpfumo - Maputo. 14 de Fevereiro; 07


de Março de 2022.

Coronel na Reserva – Mário Joaquim Barraca. Maputo. 31 de Janeiro de 2022.


Maputo.

Coronel na Reserva – Mateus Óscar Kida. Maputo. 25 de Fevereiro de 2022.


Conversa por Telefone.

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