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Epistemologia

O que é o conhecimento?
A Epistemologia é a disciplina filosófica que estuda o conhecimento, que procura
esclarecer e analisar criticamente problemas relativos à origem, às fontes, à natureza, à
possibilidade, aos fundamentos e aos limites do conhecimento.
O conhecimento é a relação cognitiva (direta) entre um sujeito (aquele que conhece)
e um objeto (aquilo que é conhecido).

Tipos de Conhecimentos

Géneros de Conhecimento Definição


Conhecimento por contacto (conhece) Consiste numa experiência direta dos
objetos
Conhecimento prático (verbo) Consiste em aptidões para realizar
tarefas ou ações
Conhecimento proposicional (sabe que) Consiste em conhecer proposições
(saber que são V)

• Conhecimento por contacto


É o conhecimento direto (através dos sentidos) de alguma realidade: pessoas, lugares,
estados mentais, etc.
Ex.: Eu conheço Veneza

• Conhecimento Prático
É o conhecimento que consiste na posse de aptidões, de capacidades para realizar
determinadas ações ou atividades.
Ex.: Eu sei cantar

• Conhecimento Proposicional
É o conhecimento de factos ou proporções verdadeiras
Ex.: Eu sei que Madrid é a Capital de Espanha

Definição Tripartida (Tradicional)


A definição do conhecimento começou a ser discutida por Platão. Este pode ser visto
como uma definição ou uma análise do conceito de conhecimento proposicional.
Em todo o conhecimento proposicional existe uma crença, já que não podemos
saber algo sem acreditar nisso. Todavia, ninguém possui conhecimento se não dispuser de
provas, razões ou evidências para justificar essa crença, ou seja, de acordo com Platão, o
conhecimento é uma crença verdadeira justificada (CVJ).
• Não se pode conhecer sem acreditar (crença)
• Não se pode conhecer sem que a crença seja verdadeira (verdadeira)
• Não se pode conhecer sem termos boas razões para acreditar nisso (justificação)

EX: S acredita que P; P é verdadeira; S dispõe de justificação ou provas para acreditar que
P; ou seja, é um conhecimento verdadeiro

Críticas à Definição Tripartida


A Definição tripartida (tradicional) foi aceite de forma consensual. Num artigo de
1963, Edmund Gettier critica a definição Tripartida referindo que esta é incompleta e
apresenta falhas, ou seja, refere que estas três condições (CVJ) são necessárias, mas não
suficientes para obter conhecimento.

EX:
“Os alunos do 12º organizaram um jantar de Natal e convidaram o diretor de turma.
O DT tinha de sair mais cedo e, por isso, foi um dos primeiros a aparecer no
restaurante, tendo chegado ao mesmo tempo que o Rodrigo.
Enquanto a turma não chegava, o DT foi conversando com o Rodrigo sobre o
ambiente da turma.
Uma das novidades que o Rodrigo partilhou com o DT foi. A de que o Paulo
namorava com a Micaela.
Entretanto, chegaram mais três colegas, que também confirmaram que o Paulo e a
Micaela namoravam, acrescentando que os namorados se inibiam diante dos professores.
O jantar correu muito bem e toda a turma participou; o DT acabou mesmo por sair
mais cedo e saiu convencido de que o namorado da Micaela estava no jantar.
Na realidade, porém, a Micaela tinha acabado o namoro com o Paulo no dia anterior
e, nesse mesmo dia, tinha começado a namoriscar secretamente com o Ambrósio, que era
do 12º e tinha sido o último a chegar ao jantar, já depois da saída do DT
Os novos namorados foram muito discretos durante o jantar (não queriam magoar o
Paulo)”.

O DT, quando saiu do jantar, estava convencido de várias coisas:


• Tinha crença de que o namorado da Micaela estava no jantar
• A crença do DT era verdadeira (“o namorado da Micaela foi ao jantar”)
• A crença do DT estava justificada (tem testemunhos de vários alunos fiáveis)
Porém, este caso sugere que ter um CVJ não é suficiente para ter conhecimento

Qual é a melhor definição para definir conhecimento?

Proposta de Platão Crença + verdade + fundamentação


Proposta de Gettier Crença + verdade + fundamentação Gettier diz que as
condições de Platão
objetivamente adequada (e não para o
subjetivamente adequada; a verdade da conhecimento são
crença não pode ser fruto de uma necessárias, mas
coincidência ou equívoco) não suficientes

Conhecimento a Priori e a Posteriori


Existe duas bases de justificação: razão(pensamento) e a experiência (sentidos)

Conhecimento a Priori (pensamento)


É constituído por crenças que podemos justificar recorrendo unicamente ao
pensamento, sem nos basearmos em quaisquer dados com base na experiência.
EX: Os solteiros não são casados

Conhecimento a Posteriori (experiência)


É aquele que depende da experiência, ou seja, dos nossos sentidos, os que nos
colocam em contacto com o mundo exterior, com aquilo que existe fora de nós. Também
podemos utilizar a experiência que encontramos dentro de nós, ou seja, as emoções,
desejos e sonhos, por exemplo.
EX: Estou muito feliz; O António é alto

Racionalismo (René Descartes) Empirismo (David Hume)


A origem é essencialmente racional (razão É uma teoria segundo a qual a existência (a
acima da experiência) posteriori) é a fonte principal do
conhecimento.
É uma teoria que afirma que a razão (a Os empiristas são pessimistas quanto ao
priori) é a fonte principal do conhecimento conhecimento priori (pensamento). Não o
negam totalmente, mas afirmam que vai
contra a lógica, matemática e às verdades
meramente linguísticas.

Não negam que exista conhecimento a Pensam que não existe conhecimento a
posteriori (experiência), mas não pode ser priori (pensamento) dos factos do mundo,
considerado universal e necessário. ou seja, que todo o conhecimento do
Supõem que, em vez do conhecimento mundo é a posteriori, ou seja, por
posteriori (experiência), o conhecimento experiência.
priori assenta em justificações certas ou
infalíveis

Pensam que, recorrendo unicamente à


razão ou ao pensamento (raciocínio),
podemos obter conhecimento factual ou
genuíno

O Desafio Cético
A noção de justificação é problemática:
• Racionalistas: O papel justificatório fundamental (A base e raiz do conhecimento)
pertence à razão (pensar)
• Empiristas: Só a experiência (através dos sentidos) é capaz de justificar crenças
acerca do mundo
Sobre o papel da experiência e da razão na formação das nossas crenças acerca do mundo,
podemos perguntar o seguinte:
• Racionalistas: A razão, por si só (sem recorrer aos sentidos), justifica crenças sobre
o mundo?
• Empiristas: Os sentidos são fiáveis, ou seja, são uma base fiável para a justificação?

Existe quem defenda que nenhuma base é satisfatório, nem a razão (priori), nem a
experiência (a posteriori) constituem bases seguras. Esta perspetiva é defendida pelos
Céticos (Pirro de Élis, Sexto Empírico...)

Ceticismo: Teses, argumentos e críticas (Nunca têm certeza)


Segundo os céticos, nenhuma das nossas crenças está justificada
• As bases tradicionais (razão e experiência) não garantem que não nos enganemos
• Nenhuma crença pode tornar-se conhecimento, ou seja, para os céticos, o
conhecimento é uma ilusão.
• Na vida real, oc céticos suspendem o juízo (V e F) acerca de qualquer crença

Os Céticos pressupõem algumas teses:


• Todos temos crenças, mas os céticos não tem justificações para afirmar se são V
ou F
• Algumas das nossas crenças são verdadeiras (ex.: Deus existe ou Deus não existe)

Os céticos usam dois argumentos:


• Divergência de Opiniões: não há certeza
• Regressão infinita de justificações: (A é justificada por B, B é justificada por C, C por
D ...)
Ceticismo Radical Ceticismo Moderado Dogmatismo
Defende-se que o valor do O fenómeno não permite Defende-se que o ser
conhecimento é nulo. conhecer o mundo de forma humano consegue
Entende-se que o fenómeno infalível. Contudo, mesmo conhecer a realidade de
é um obstáculo para o sem produzir verdades forma totalmente objetiva. O
conhecimento e entende-se absolutas, conseguimos fenómeno é encarado como
que o homem não produz desenvolver boas um meio eficaz de conhecer
senão ilusões. É possível explicações acerca do o universo e o homem
considerar que esta posição universo. Só em certos consegue produzir
é autoredundante, pois casos é possível o verdades definitivas (é uma
afirma-se que não há conhecimento. posição otimista e remete
nenhuma verdade exceto a Ex: o conhecimento do bem para uma confiança
verdade segundo a qual não e do mal (céticos morais); extrema no saber)
há verdades. existência ou inexistência Termo usado para designar
de Deus (céticos a aderência a críticas e a
agnósticos); conhecimento teses/posições; crenças
priori (céticos empiristas) sustentadas como certezas
injustificadas chamam-se
dogmas.

O Racionalismo de Descartes
• Os céticos afirmam que nenhuma crença está devidamente justificada, logo não há
conhecimento.
• Descartes: terão os céticos razão? Como responder aos céticos?
• Método: um método para testar crenças, que consiste em duvidar do que for possível
• Aplicação do método: os sentidos enganam, ao sonhar não distingo os sonhos da
realidade, um génio maligno pode estar a manipular-me

Descartes: o percurso da dúvida


• Regra da Evidência- nunca aceitar uma proposição como verdadeira, sem a
conhecer como tal (regra de prudência intelectual); a clareza e a verdade garantem
a evidência; “eu duvido e só vou aceitar o que é evidente”
• Regra da Divisão (ou Análise) – devemos isolar cada passo dos nossos raciocínios
e proceder a uma análise exaustiva; analisar tudo ao pormenor para evitar erros
• Regra da síntese (ou ordem) – devemos proceder do simples para o complexo de
modo sintético; distinguir o que é essencial e acessório; primeiro analisar o mais
básico e só depois dimensões maiores; evitar ir do complexo para o simples
• Regra da enumeração- devemos proceder a revisões constantes, como garantia do
rigor (para evitar corrigir o erro)

Descartes não é um cético radical, como Pirro. A dúvida cartesiana é temporária e visa
o conhecimento (considerado impossível para o conhecimento radical).

Cogito (Penso, logo existo)


• Primeira crença que passa o teste (crença indubitável)
• Crença autojustificada (evidente por si)
• Uma ideia clara e distinta; evidência racional
• Sei que sou um ser que duvida: mente pensante
1. Penso, logo existo... e daí?
• Critério (padrão) da verdade;
• Prova que os céticos estão errados;
• Principío fundamental de todo o conhecimento
2. Ideia clara e distinta: Deus (Perfeição)
• Deus existe (porque é ilógico não existir; existir é uma perfeição)
• Deus existe (porque fui marcado pela ideia do criador da ideia da perfeição)
• Deus existe e é bom: garante o funcionamento do critério da verdade
3. O mundo existe (Matéria Física= Extensão)
• Tenho ideias claras e distintas sobre coisas materiais (sei que sou um corpo
material e que há outros corpos)
• Essas coisas materiais são verdadeiras; posso fazer ciência

Dúvida Cartesiana (Características)


• Metódica- um meio para atingir verdades (não é permanente); mostra que os céticos
estão errados. Descartes usa a dúvida como método para alcançar o conhecimento/
certeza
• Provisória- a constatação da existência das verdades limita a sua utilização (é
irracional usar a dúvida permanente)
• Universal- devemos duvidar de todas as crenças, sem exceção (à posteriori e à priori
e às nossas faculdades racionais)
• Hiperbólica- é aplicada de modo extremo (elevada ao seu expoente máximo)
• Purificadora- liberta-nos das crenças falsas, ilusoriamente verdadeiras
• Económica/seletiva- seleciona os elementos credíveis do conhecimento
• Voluntária- deriva do livre-arbítrio humano (é um exercício da vontade)
• Radical- atinge a raiz do conhecimento; embora não seja um cético radical, à
maneira de Pirro, Descartes entende que devemos duvidas das nossas crenças até
à sua raiz.

NOTA: Pirro duvida até à raiz mas não sai daí, enquanto Descartes duvida até à raiz e
encontra o conhecimento- crença indubitável (algo que não se pode questionar)

Aplicação da Dúvida Metódica


Descartes aplica a dúvida às bases das nossas crenças. O seu funcionamento é o
seguinte:
• Se o objetivo da dúvida resistir, então serve de fundamento do saber
• Se, pelo contrário, for possível dele duvidar de forma coerente, então, não serve de
fundamento para o conhecimento (a sua credibilidade fica em suspenso)
• Somente uma base indubitável pode servir de fundamento para o saber

Análise de Informação dos sentidos e a utilização do argumento de falibilidade


• Se os sentidos nos enganam por vezes, então é possível duvidar de modo coerente
da sua credibilidade;
• Assim sendo, uma vez que é possível deles duvidar, os sentidos não servem de
fundamento do saber (rejeição da posição empirista);
• Embora não sirvam de fundamento do saber, a sua credibilidade fica em suspenso
(não são rejeitados de forma definitiva)
• Exemplo do carácter erróneo dos sentidos: a observação do movimento aparente do
Sol

Análise da Realidade Física e a utilização do argumento do sonho (Vigília-Sono)


• Se a minha consciência nem sempre distingue o sonho da vigília (estar acordado),
então ter consciência de um objeto não garante a sua existência
• Assim sendo, a crença da existência do mundo é colocada em suspenso
• O autor conclui, deste modo, que a realidade física não é o primeiro fundamento do
saber (o autor não defende que o mundo é uma ilusão; defende apenas que
podemos duvidar da sua existência, de modo coerente)
Análise das proposições matemáticas e utilização do argumento do Génio Maligno (Deus
Enganador)
• Neste momento da filosofia do autor, como ainda não se encontrou nenhuma
verdade inabalável, não é impossível que haja um Deus enganador que nos faça
acreditar em falsidades como se fossem verdades
o Ter a certeza de algo não garante a sua verdade
• Assim sendo, podemos duvidar de modo coerente da matemática, não sendo esta
o primeiro fundamento do saber
• Essa espécie de divindade tem o poder de manipular, sistematicamente, sem que
eu me aperceba dessa manipulação
• Se existir um génio maligno, mesmo na matemática seremos induzidos em erros
contínuos (quem sabe se 2+2=5?), e tudo aquilo que julgamos existir à nossa volta
(ou no nosso corpo) não passará de uma ilusão
o Descartes não diz que o génio existe mesmo, ou que 2+2=4 é falso;
o Descartes diz que não podemos excluir a possibilidade desse ser existir, e
que se ele existir, quase tudo será falso

Cógito Cartesiano
• Ainda que nenhuma das nossas crenças seja certa, Descartes defende que há algo
que resiste ao teste da dúvida (nem o génio maligno abala)
• Afinal, se estamos a colocar as nossas crenças em dúvida, estamos a duvidar, e
duvidar é uma forma de pensar
• E, se estamos a pensar, então existimos. Cada um de nós pode afirmar com toda a
segurança (a afirmação seguinte é conhecida por cogito): eu penso logo existo
• Para Descartes o cogito constitui o fundamento certo do conhecimento pois nem
mesmo um génio maligno poderia enganar-nos no que respeita à nossa existência
• O cogito apenas nos assegura da nossa própria existência enquanto seres
pensantes
• Descartes estabelece a distinção entre duas naturezas inteiramente diferentes, a
alma (ou mente ou espírito) e o corpo (ou matéria ou extensão) – dualismo
cartesiano (dualismo mente-corpo)
• Descartes defende ainda que a alma é “mais fácil de conhecer” do que o corpo; e
que a alma pode existir sem o corpo (“ainda que este não existisse, ela não deixaria
de ser tudo o que é”)

1- O Cógito é a primeira crença certa e é autojustificada (autoevidente)- é de tal forma


evidente que se justifica a si própria= quanto mais Descartes pensava que poderia
não existir, mais claro se tornava que era um ser pensante; o próprio ato de duvidar
(pensar que podia não existir [via génio maligno]) era evidência de que existia
2- O Cógito é uma crença intuitiva racional (intuição ou evidência racional) - é
racionalista (o fundamento de todas as crenças reside na razão e não nos sentidos);
recorrendo à dúvida metódica descobrimos (por intuição ou evidência racional) o
cogito: mas o que torna o cógito certo?
• Estamos absolutamente certos de que o eu penso, logo existo é uma
verdade porque compreendemos (a priori) com toda a clareza e distinção
que para pensar é preciso existir
3- O cógito é certo porque é uma ideia clara e distinta- são verdadeiras todas as
crenças que satisfaçam o critério da clareza e distinção
Deus como garantia da verdade
• Cogito = fundamento + justificação do conhecimento + padrão para
distinguir V/F
• tudo o que, como o cogito, for claro e distinto para o pensamento
será também verdadeiro
• Nada impede que o cogito esteja a dar um passo em falso ao
confiar no que é muito claro e distinto
• O génio maligno poderia fazer com que eu, ao aplicar esse
critério, concebesse coisas falsas
• Descartes conclui que precisa de alguma garantia de que o
critério funciona corretamente
• Descartes sustenta que nada nem ninguém, a não ser Deus pode
dar essa garantia: só um ser poderoso e, ao mesmo tempo,
benevolente (bom) pode garantir que não me engano quando
concebo algo clara e distintamente – Deus é a garantia da
verdade

Deus= Infinito = Perfeição


• O autor acredita que é possível provar categoricamente a existência de Deus
• O homem não se cria a si próprio nem deriva do nada. Consequentemente e uma
vez que o inferior não cria o superior, temos de admitir que é Deus, enquanto ser
perfeito que cria o ser humano, enquanto ser imperfeito
• Temos de admitir que Deus existe para poder explicar a origem do “cógito”

Argumento Ontológico Argumento de Marca


Ponto de Partida Penso e tenho a ideia de Penso e tenho a ideia da
Deus (perfeito, tem todas as perfeição
perfeições)
Pressupostos se algo é absolutamente Tudo o que existe (incluindo
perfeito, então tem de existir ideias) tem uma causa; há
(ou não seria perfeito) graus de realidade; o menos
perfeito não pode dar
origem a algo mais perfeito
Slogans “a existência é uma das “eu, ser imperfeito, fui
perfeições incluídas na ideia marcado pela perfeição
de Deus”; “é ilógico pensar (Deus)”
em Deus (na noção de ser
perfeitíssimo) como algo
inexistente”
Críticas/Fragilidades ao aceitar esta prova de Podemos mesmo conhecer
Deus, estaríamos a perfeição de Deus?;
condenados a encher o duvidar pode ser mais
mundo de uma imensidão perfeito do que saber
de coisas perfeitas;
podemos mesmo saber que
Deus é perfeito?

Argumento Ontológico-
• Quando examino a ideia de triângulo, compreendo (clara e distintamente) que, em
essência, os seus 3 ângulos têm de ser iguais a 2 ângulos retos
• Do mesmo modo, quando examino a ideia de um ser todo perfeito (a ideia de Deus),
compreendo (clara e distintamente) que este tem de existir
• A propriedade de existir é algo que um ser perfeitíssimo não pode deixar de ter: se
não existir, não será perfeito, pois faltar-lhe-á essa perfeição
▪ P1: Se deus não existisse, então Deus não era perfeito
P2: Deus por natureza ou essência é perfeito Modus tollens
C: Logo, Deus existe
• Uma vez que Deus existe e não é enganador (pois enganar seria uma imperfeição),
não iria criar-nos de modo a que fôssemos incapazes de conhecer seja o que for

Conclusão da Argumentação- “Deus existe”, os dois argumentos tentam provar a existência


de Deus
Movimento da Argumentação- de ideias claras e distintas (ideia de Deus, ideia da perfeição)
para a própria existência de Deus
Tipo de Argumentação- “a priori” (as premissas não recorrem à experiência, usa o pensar,
como é próprio de um racionalista)
Propósito das Provas- garantir a verdade das ideias claras e distintas atuais e passadas

Os Três Princípios da Filosofia Cartesiana


1. O sujeito pensante-
• é a primeira evidência proporcionada pelo percurso da dúvida: «eu penso, logo
existo» (esta afirmação chama-se “cogito [«cogito ergo sum»]”);
• é uma individualidade cuja existência se limita ao pensamento (coisa pensante [«res
cogitans»]; com ideias adventícias, factícias e inatas).

2. Deus-
• é uma realidade divina que está presente na ideia inata de perfeição; como a ideia
inata de perfeição implica um ser que (sendo perfeito) tem de existir, a existência de
Deus é necessária;
• permite restabelecer o critério de verdade; se Deus existe e é infinito, então o sujeito
pensante finito (e criado por Deus) jamais se pode enganar quando perceciona algo
de forma clara e distinta;
• permite ultrapassar o solipsismo do sujeito pensante.

3. Extensão-
• é a realidade física [«res extensa»] cujo conhecimento só pode ser alcançado por
intermédio da razão; se o sujeito percecionar algo relativo à realidade física
socorrendo-se de um bom uso da razão, então está a conhecê-la tal qual como ela
é.
Críticas ao Cartesianismo
• Círculo Cartesiano-
o Descartes caiu na falácia da circularidade ou petição de princípio;
o de facto, é a partir da razão que, Descartes “prova” que Deus existe, e é a
partir da defesa da existência de Deus que o autor legitima o uso da razão.
Assim sendo, o raciocínio exposto é circular e nada prova, segundo os
críticos.
• Dualismo cartesiano-
o A mente não pode interagir ou interferir com o corpo
o Um dos críticos de Descartes é António Damásio
• Objeções às provas de Deus-
o Ontológico: a ideia de Deus como ser perfeitíssimo não é consensual, não é
conhecível pela razão, a perfeição implicaria a multiplicação de entidades
o Marca: não tem como saber se essas ideias são verdadeiras

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