Geri Atria 1
Geri Atria 1
Geri Atria 1
GERIATRIA Parte 1
Coordenadores
Roberto Alves Lourenço
Maria Angélica dos Santos Sanchez
Carlos Montes Paixão Junior
Editor da série
Roberto A. Lourenço
ISBN: 978-85-61175-78-8
CDU 616.053.9
GERIATRIA Parte 1
Coordenadores do volume
ROBERTO ALVES LOURENÇO
Médico. Doutor em Saúde Coletiva, Instituto de Medicina Social, Universidade do Estado
do Rio de Janeiro. Professor Associado, Disciplina de Geriatria, Departamento de Medicina
Interna, Faculdade de Ciências Médicas, Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Professor
Titular, Departamento de Medicina, Pontifícia Universidade Católica – Rio de Janeiro.
Especialista em Geriatria, Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG).
Apoio:
Equipe editorial
Comissão Científica Pedro Ernesto
Diretor do HUPE
Edmar José Alves dos Santos
Editor da série
Roberto Alves Lourenço
Coordenação do volume
Roberto Alves Lourenço
Maria Angélica dos Santos Sanchez
Carlos Montes Paixão Junior
Consultoria técnica
Edna Ferreira da Cunha
Revisão e copidesque
Michelle Borges Rossi
Revisão técnica
Roberto Alves Lourenço
Maria Angélica dos Santos Sanchez
Carlos Montes Paixão Junior
Prefácio
O cuidado com o paciente idoso impõe desafios aos profissionais, que preci-
sam deter habilidades plurais para lidar com situações variadas. Um único pa-
ciente idoso pode apresentar doenças simultâneas em diversos órgãos e sistemas,
com prejuízo marcante da sua funcionalidade: redução da acuidade visual, perda
auditiva, declínio cognitivo, histórico vascular de longa data, síndrome de fragili-
dade, incontinências, alterações de pele e tantas outras. Além disso, com alguma
frequência, tem indicação de abordagem paliativa ou se encontra em risco social
de negligência ou violência.
Para que uma intervenção seja bem-sucedida, tal complexidade exige trabalho
em equipe interdisciplinar. A soma dos saberes de cada participante da equipe é
vital para que todas as dimensões do cuidado sejam contempladas. Esse é justa-
mente o princípio da Avaliação Geriátrica Ampla: estabelecer um plano de cuida-
dos que contemple as necessidades do paciente e de sua família, após avaliação
por profissionais com habilidades complementares.
Os professores Roberto A. Lourenço, Maria Angélica S. Sanchez e Carlos Montes
Paixão Jr. têm reconhecimento notório no campo do envelhecimento e reuniram
colaboradores de competência inquestionável para a publicação das rotinas hos-
pitalares da Geriatria do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE), da Universi-
dade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). O lançamento do livro dá-se em momen-
to difícil para o HUPE-UERJ, assolado por uma carência de verbas que prejudicam
a assistência, conforme ampla divulgação. O esforço desses professores em levar
adiante o projeto das rotinas em situação tão adversa torna ainda mais brava a sua
iniciativa, demonstrando a capacidade de resiliência dos profissionais do hospital.
A adoção de rotinas no cuidado do paciente idoso, seja em ambiente ambu-
latorial ou hospitalar, permite uma assistência ainda mais atenta. O médico nor-
te-americano Atul Gawande, um entusiasta dos geriatras, em seu livro Checklist
– Como fazer as coisas benfeitas, defende que mesmo as tarefas mais complicadas
podem ser facilitadas pela padronização e pela decomposição em sequências de
tarefas mais simples. Nesse sentido, essas rotinas em Geriatria trazem uma contri-
buição inestimável para aprimorar o tratamento conferido aos idosos, provocan-
do um olhar meticuloso sobre vários aspectos do cuidado. Tenho a convicção
de que serão úteis para alunos de graduação, estagiários, residentes e profissio-
nais de todas as áreas que se dedicam ao atendimento de idosos no hospital,
promovendo uma política integrada e pormenorizada de avaliação e tratamento.
ARIETTE ROLLI
Médica. Especialista em Geriatria, Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia.
Mestranda, Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas, Universidade do
Estado do Rio de Janeiro.
FILIPE GUSMAN
Médico. Especialista em Geriatria, Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontolo-
gia. Presidente da Regional Sudeste da Academia Nacional de Cuidados Paliativos
(2014-2016). Professor, Curso de Medicina, Universidade Estácio de Sá. Professor
Orientador da Liga Acadêmica de Cuidados Paliativos, Universidade Estácio de Sá.
JAMES NASCIMENTO
Médico. Professor Auxiliar, Disciplina de Fisiatria e Medicina de Reabilitação,
Departamento de Medicina Interna, Faculdade de Ciências Médicas. Chefe, Serviço
de Fisiatria, Hospital Universitário Pedro Ernesto, Universidade do Estado do Rio de
Janeiro.
LILIAN HENNEMANN-KRAUSE
Médica. Medicina Paliativa. Especialista em Anestesiologia, Sociedade Brasileira
de Anestesiologia, Associação Médica Brasileira. Mestre em Ciências Médicas, Pro-
grama de Pós-Graduação em Ciências Médicas, Universidade do Estado do Rio de
Janeiro. Especialista em Medicina Paliativa AMB. Especialista em tratamento da dor
pela Sociedade Brasileira do Estudo da Dor. Pós-Graduação em Geriatria, Faculda-
de de Ciências Médicas, Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
MARIANGELA PEREZ
Médica. Doutora em Ciências Médicas, Programa de Pós-Graduação em Ciências
Médicas, Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Especialista em Geriatria,
Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia. Pesquisadora, Laboratório de
Pesquisa em Envelhecimento Humano – GeronLab. Médica-supervisora, Serviço de
Geriatria, Hospital São Vicente de Paulo.
ROBERTO GAMARSKI
Mestre em Cardiologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, RJ. Especialista em
Geriatria, Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia. Especialista em Cardio-
logia, Sociedade Brasileira de Cardiologia.
RODRIGO MARTINS RIBEIRO
Médico, Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, Universidade Federal do
Rio de Janeiro. Mestre em Ciências Médicas, Programa de Pós-Graduação em Ciên-
cias Médicas, Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Especialista em Geriatria,
Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia.
Parte 1
Protocolo 1. Triagem.................................................................................31
Apresentação da seção..................................................................................93
INTERDISCIPLINAR: PRINCÍPIOS
I INTRODUÇÃO
A avaliação do idoso, levando-se em conta as doenças mais prevalentes
nesta faixa etária, de ordem principalmente crônico-degenerativa, deve ser
norteada pelos princípios de avaliação funcional, em contraposição à clássica
avaliação orientada pela etiologia de doenças. A prática em saúde do idoso
hoje pressupõe uma visão baseada na participação efetiva dos profissionais
envolvidos no atendimento. Assim, elenca-se um conjunto de informações
que possam permitir uma visão global quanto ao quadro que o idoso apresenta
(Tabela 1).
Tabela 1. Objetivos da avaliação do paciente idoso
Saúde Física
- Lista tradicional de problemas
- Indicadores de gravidade de doenças
Habilidade Funcional Geral
- Atividades básicas e instrumentais de vida diária
- Medidas de marcha e equilíbrio
- Níveis de atividade física
Saúde Psicológica
- Testes cognitivos (estado mental)
- Instrumentos afetivos (depressão)
Parâmetros Sociais e Ambientais
- Necessidades e recursos de suporte social
- Adequação e segurança do ambiente
Equipe Central
• Enfermeiro
• Geriatra
• Assistente social
Equipe Estendida
• Cirurgião
• Dentista
• Farmacêutico
• Fisiatra
• Psicólogo
• Fisioterapeuta
• Neurologista
• Psiquiatra
• Urologista
• Nutricionista
• Podiatra
• Terapeuta Ocupacional
a. Os profissionais de saúde que trabalham com idosos raramente receberam treinamento for-
mal sobre interdisciplinaridade, embora se espere que trabalhem desta forma.
b. A maior parte dos profissionais de saúde e serviço social carece de conhecimento e base ex-
perimental no funcionamento interdisciplinar, gerontologia e geriatria.
c. As necessidades de cuidados complexos de saúde dos idosos frágeis, bem como a complexi-
dade crescente dos sistemas de saúde e seus componentes de dispensação de saúde exigem
conhecimento, treinamento e expertise que nenhuma disciplina, isoladamente, consegue
fornecer.
d. No atual sistema de reembolso por serviços de saúde, não há provisão para serviços presta-
dos por grupos interdisciplinares. Não há incentivo para este tipo de reembolso, e permane-
cem os pagamentos por atos profissionais individuais.
e. Há escassez de literatura científica rigorosa sobre os resultados ou manejos, treinamento,
prática e educação na área geriátrica.
I REFERÊNCIAS
LIPSCHITZ, S. Comprehensive geriatric assessment. Continuing Medical Education, v.
25, n. 9, 2007.
OSTERWEIL D., BRUMMEL-SMITH, K., BECK J. C. Comprehensive Geriatrica Assess-
ment. McGraw-Hill, 2000. 838 pp
PAIXÃO-JR C. M., REICHENHEIM, M. E. Uma revisão sobre instrumentos de avaliação do
estado funcional do idoso. Cad Saúde Pública, v. 21, n.1, p. 7-19, 2005.
STUCK, A. E., ILIFFE, S. Comprehensive geriatric assessment for older adults. BMJ, v. 343,
2011.
STUCK, A. E. et al. “Comprehensive geriatric assessment: a meta-analysis of controlled
trials.” The Lancet, v. 342, n. 8878, p. 1032-1036, 1993.
SEÇÃO 1
AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA
Protocolo 1
TRIAGEM Maria Angélica dos Santos Sanchez
Roberto Alves Lourenço
Carlos Montes Paixão Junior
I INTRODUÇÃO
O objetivo primordial da Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa é a recu-
peração, a manutenção da funcionalidade e a promoção da autonomia e da inde-
pendência dos indivíduos idosos, e a avaliação deste segmento etário deve centrar
suas investigações na capacidade funcional. Esta pode ser entendida como o poten-
cial que o indivíduo apresenta para viver desempenhar de modo independente as
atividades diárias. Quanto maior a sua funcionalidade melhor será o desempenho
nas tarefas diárias e menor será a possibilidade de necessitar da ajuda de terceiros.
O objetivo deste protocolo é apresentar os instrumentos que podem fazer
parte do processo de triagem, uma etapa do cuidado destinada a conhecer
o nível de capacidade funcional do indivíduo que chega a uma unidade de
atenção geriátrica, ou a uma unidade de atenção básica, assim como auxiliar
a tomar decisões quanto ao fluxo a ser seguido.
Na prática geriátrica interessa à equipe identificar as condições que possam
levar à perda de funções – o que geralmente é feito com o uso de instrumentos
de rastreio. Uma vez identificadas as condições geradoras de dependência,
podem ser tomadas decisões que permitam a recuperação da área que apre-
senta anormalidade, além de se adotarem medidas que possibilitem a preser-
vação da funcionalidade.
A triagem é um processo utilizado para classificar as prioridades de atendi-
mento do indivíduo em uma unidade de saúde. É um procedimento simples,
porém, depende de padronização e treinamento básico da equipe de saúde
para a aplicação de instrumentos breves de rastreio. Eles podem ser utilizados
por qualquer categoria profissional, sendo sugerida a realização pelo técnico
responsável pelo acolhimento do usuário no serviço de saúde.
Uma boa estratégia para se iniciar uma triagem é a avaliação funcional
breve (AFB), utilizando, por exemplo, um instrumento de rastreio multidimen-
sional. (geronlab.com)
32 PROTOCOLO 1
Função dos braços Incapacidade para realização de movimentos finos como se pentear, se
vestir e se alimentar.
Função dos braços Ampliar a avaliação com outros instrumentos aplicados por profissionais
da área de reabilitação.
Função de pernas Ampliar a avaliação com outros instrumentos aplicados por profissionais
da área de reabilitação.
Ambiente domiciliar Fornecer orientações básicas sobre ações que possam evitar acidentes.
Suporte social Identificar membros da rede pessoal do indivíduo que possam fornecer
suporte.
I REFERÊNCIAS
LACHS, M. S. et al. A simple procedure for general screening for functional disability in
elderly patients. Annals of Internal Medicine, v. 112, p. 699-706, 1990.
LINO, V. T. S. et al. Adaptação transcultural da Escala de Independência em Atividades da
Vida Diária (Escala de Katz). Cad. Saúde Pública, v. 24, n. 1, p. 103-112, 2008.
LAWTON, M. P. et al. Assessment of older people: self-maintaining and instrumental activ-
ities of daily living. Gerontologist, v. 9, n. 3, p. 179-86, 1969.
LOURENÇO, R. A. et al. Mini-Exame do Estado Mental: características psicométricas em
idosos ambulatoriais [Mini-Mental State Examination: psychometric characteristics in el-
derly outpatients]. Rev Saúde Pública,v. 40, p. 712-719, 2006.
YESAVAGE, J. A. et al. Development and validation of a geriatric depression screening
scale: a preliminary report. J Psichiatri Res, v. 17, n. 1, p. 37-49.
Protocolo 2
AVALIAÇÃO SOCIAL Maria Angélica dos Santos
Sanchez
I INTRODUÇÃO
A atuação geriátrica requer uma ação multidisciplinar que permita um olhar
ampliado sobre o que acomete o indivíduo em avaliação. Não obstante pro-
blemas biológicos serem os principais responsáveis pela busca de atenção
clínica, em geral, uma série de questões sociais atravessam tais problemas e
merecem um olhar diferenciado e aprofundado de forma a colaborar com a
construção de um plano terapêutico adequado.
A avaliação social é realizada com o objetivo de conhecer a realidade do
usuário do serviço e suas interações no contexto em que está inserido. Nesta
avaliação são analisadas as condições socioeconômicas, bem como os riscos
sociais e os conflitos na dinâmica familiar que podem interferir no restabe-
lecimento da saúde do indivíduo ou podem estar influenciando no apareci-
mento de novos problemas que afetam a sua saúde. Ela pode ser realizada por
meio de instrumentos específicos que avaliam as várias dimensões sociais, tais
como suporte social, bem-estar subjetivo, rede de suporte, etc.
A entrevista é um dos instrumentos mais utilizados na avaliação social, e
possibilita ao assistente social o conhecimento das reais demandas, tanto ex-
plícitas quanto implícitas. Ela tem como objetivos:
• Conhecer o usuário e a sua demanda.
• Reunir condições efetivas de intervenção profissional.
Por meio da avaliação social se obtém uma visão integral do sujeito que
adoece, favorecendo maior compreensão das implicações socioculturais na
saúde, conforme Tabela 1.
38 PROTOCOLO 2
Tabela 1. Dimensões, itens e condições que devem ser analisadas em uma entrevista inicial
na avaliação social
Dimensões Itens Condições avaliadas
Vive só ou acompanhado
Características
Número de pessoas que compõem a rede
estruturais da rede
Periodicidade da convivência entre os membros
social pessoal
Rede social Disponibilidade de convivência
Moradia própria
Habitação Saneamento básico
Condições de moradia
Acesso
• Condições de acesso.
• Quantas pessoas residem no domicílio.
• Condições de saneamento.
Ao analisar este item o profissional conhecerá, não somente a qualidade
do local de moradia, mas o bem-estar do idoso no local de moradia. Neste
momento o profissional pode, por exemplo, identificar as relações de poder
dentro do domicílio avaliando se o idoso mora de favor no domicílio ou ou-
tras pessoas moram de favor no domicílio do idoso. Muitos casos de violência
contra idosos, estão relacionados às relações de poder e dependência, além
dos conflitos causados por uso de moradia em comum.
Buscar saber se houve mudança de casa por algum motivo que foi con-
Mudança de casa tra a vontade do idoso. Idosos, geralmente, sofrem ao ter que deixar
espaços que construíram ou em que viveram a maior parte da vida.
Cuidador de pessoa Identificar se cuida de pessoa doente ou em condição que cause so-
dependente brecarga e estresse.
I AVALIANDO A COGNIÇÃO
A impressão do familiar a respeito do desempenho do idoso nas atividades
cotidianas é fundamental para colaborar com a avaliação dos demais membros
da equipe multidisciplinar. Por outro lado, nem sempre a família consegue
compreender que determinadas ações de indivíduos idosos estão associadas
ao declínio cognitivo. Esta falta de conhecimento pode gerar situações
conflitantes e mal interpretadas. Não raro, ao se aplicarem instrumentos de
avaliação para este fim, o familiar entra em contato com situações as quais
não se destinava a entender. Instrumentos desenhados para a obtenção de
informações dos acompanhantes conhecedores do comportamento habitual
AVALIAÇÃO SOCIAL 43
do idoso são excelentes ferramentas de avaliação. Destacam-se aqui dois
instrumentos: o Informant Questionnaire on Congnitive Decline in the Elderly
– IQCODE-BR (Sanchez & Lourenço, 2013) (geronlab.com) e o Questionário
de Atividades Funcionais (Functional Activities Questionnaire) – FAQ (Sanchez
et al., 2011) (geronlab.com).
Este conjunto de avaliações propicia um maior conhecimento acerca das
condições de vida do idoso, da dinâmica familiar, das possibilidades e limites
de uma adesão ao plano terapêutico proposto, além de contribuir com a
prática interdisciplinar, tanto no acompanhamento ambulatorial quanto em
períodos de internação hospitalar, sendo a atuação em períodos de internação
mais complexa. Ainda que o profissional estabeleça um vínculo com a família
de modo a prepará-la para a alta do idoso, a inexistência de recursos auxiliares
para um pós-alta com qualidade é um fator negativo. Os obstáculos são muitos,
o que acarreta o abandono. Nestas circunstâncias, uma parceria com o CRAS
e Ministério Público pode ser uma alternativa.
I REFERÊNCIAS
DOMINGUES, M. A. R. C. et al. Revisão sistemática de instrumentos de avaliação de rede
de suporte social para idosos. Revista Temática Kairós Gerontologia, v. 15, n. 6, p. 333-
354, 2012.
KANE, R. A. Assessment of social function: recomendations for comprehensive geriatric
assessment. In: Rubenstain L.Z, Wieland D. Benrnabei R, editors. Geriatric Assessment
Tecnology: The state of the Art. New York: Spring Publish; 1995. p. 91-110.
SANCHEZ, M.A.S; CORREA, P.C.R; LOURENÇO, R.A. Cross-cultural Adaptation of the
“Functional Activities Questionnaire - FAQ” for use in Brazil. Dement Neuropsychol, v. 5,
n. 4, p. 322-327, 2011.
SANCHEZ, M.A. S; LOURENÇO, R. A. Screening for dementia: Brazilian version of
the Informant Questionnaire on Cognitive Decline on the Elderly and its psychometric
properties. Geriatr Gerontol Int. v. 13, p. 687–693, 2013.
SLUZKI, C. E. A rede social na prática sistêmica; Tradução Claudia Berliner. São Paulo:
Casa do Psicólogo, 1997.
Protocolo 3
AVALIAÇÃO DE ENFERMAGEM Graciete Saraiva Marques
Dayse Carvalho do
Nascimento
Rosa Maria Fernambel
Marques e Silva
Graziela Santana Borges
Clícia Vieira Cunha
Fernanda Rocha Rodrigues
I INTRODUÇÃO
Envelhecer é um processo heterogêneo, dinâmico e progressivo. O envelhe-
cimento humano traz desafios à saúde pública, e para nortear as políticas de
saúde faz-se necessário identificar o estado funcional do idoso, com o objetivo
de delinear o perfil de saúde e riscos desta população. Existem idosos ativos e
saudáveis (autônomos e independentes), porém há aqueles frágeis, com redu-
ção progressiva de capacidade funcional, que apresentam maior demanda por
serviços de saúde. Essa heterogeneidade dos perfis de idosos sugere diferentes
prioridades nas ações e no encaminhamento aos serviços de saúde geriátricos,
sejam eles ambulatoriais ou hospitalares.
Em termos de classificação para as diferentes abordagens, as seguintes situa-
ções são consideradas de risco:
• Idade acima de 80 anos.
• Idade acima de 60 anos com as seguintes características:
◦◦ polipatologias (3 ou mais diagnósticos);
◦◦ polifarmácia (5 ou mais drogas/dia);
◦◦ imobilidade parcial ou total;
◦◦ incontinência urinária ou fecal;
◦◦ instabilidade postural;
◦◦ quedas de repetição;
◦◦ declínio cognitivo:
▪▪ síndrome demencial;
▪▪ depressão;
▪▪ delirium.
• História de internações frequentes e/ou pós-alta hospitalar.
• Dependência nas atividades básicas de vida diária (ABVDs).
• Ausência de suporte familiar e em situação de vulnerabilidade social,
tanto nas famílias como institucionalizados.
AVALIAÇÃO DE ENFERMAGEM 45
O plano de cuidado para o idoso traçado pelo Ministério da Saúde (MS),
Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), orienta o atendimento em ní-
veis hierárquicos, de acordo com o grau de dependência e complexidade das
ações e reforça o pressuposto básico do risco de fragilidade que define o grau
de atenção que o idoso necessita. Infere-se como melhor estratégia o acom-
panhamento da saúde, visando a identificação precoce e o monitoramento
de agravos, ou seja, tê-lo sempre sob observação, variando apenas os níveis,
a intensidade e o cenário da intervenção. O MS, além de reforçar que saúde
não é sinônimo de assistência médica, ressalta que sem o cuidado ambulato-
rial e domiciliar, e, ainda, sem as instâncias intermediárias de apoio ou, even-
tualmente, o cuidado específico hospitalar, não se pode restabelecer a saúde.
Nesse contexto, faz-se necessário, nas esferas ambulatorial e hospitalar, ter
uma equipe multidisciplinar com capacitação gerontológica para atendimento
especializado e diversificado, com o objetivo de avaliar e traçar as melhores
condutas possíveis considerando as demandas individuais do idoso.
No âmbito da enfermagem, a prática de cuidados em saúde é função essen-
cial da profissão, reforçando o papel de ajudar as pessoas a realizar sua ca-
pacidade funcional ao máximo, independente do seu estado de saúde e faixa
etária. Enfatizamos a crescente formação de enfermeiros na área gerontológica
como indispensável na formação básica para integrá-los aos tipos de cuidados
especiais dessa população, correspondentes a necessidades específicas:
• nutrição, hidratação e eliminação;
• integridade da pele, mucosa e anexos;
• locomoção e mobilidade;
• sono e repouso;
• sensorial;
• proteção às infecções oportunistas;
• segurança, enquanto estiver hospitalizado;
• cirúrgicas;
• acolhimento no fim da vida.
O idoso apresenta demandas específicas em relação aos demais grupos etá-
rios, necessitando dos serviços de saúde com mais frequência por um longo
período. Os profissionais devem oferecer atitudes efetivas e de impacto na
atenção à saúde desse grupo populacional. O enfermeiro deve exercer um cui-
dado competente visando o benefício dos seus clientes com base no respeito à
dignidade humana, na responsabilidade, na justiça, na autonomia, na boa in-
ter-relação com a equipe de saúde e o paciente/familiar/cuidador. Esse tipo de
abordagem deve partir de um planejamento das ações, com questões inerentes
ao processo de envelhecimento que estimulem a autonomia dos usuários, as-
sim como o envolvimento do cuidador/familiar.
46 PROTOCOLO 3
Por meio da Portaria MS/GM nº 529, de 1º° de abril de 2013, o MS, instituiu
o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP). O tema segurança do
paciente tem gerado amplas discussões com o objetivo de contribuir para a
melhora nos cuidados em saúde e promover maior segurança no manejo dos
pacientes atendidos em estabelecimentos de saúde. A partir de 2013, a obri-
gatoriedade da implantação nos serviços de saúde do Núcleo de Segurança
ao Paciente forneceu estratégias de ações para a promoção da segurança do
paciente, além de orientar a vigilância e o monitoramento de eventos adver-
sos. Os eventos adversos são definidos como incidentes que ocorrem durante
a prestação do cuidado à saúde e que resultam em dano ao paciente, podendo
este ser físico, social e psicológico, incluindo doença, lesão, sofrimento, inca-
pacidade ou morte.
O crescimento da população idosa gera um aumento de internações em
ambientes que apresentam de antemão deficiências de infraestrutura e insufi-
ciência de programas específicos de atendimento ao idoso. Algumas questões
específicas incluem infecções hospitalares, complicações cirúrgicas, proce-
dimentos terapêuticos relacionados às drogas, lesões por pressão, quedas do
leito.
50 PROTOCOLO 3
I REFERÊNCIAS
AGÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE SUPLEMENTAR. BRASIL. Plano de Cuidado para Ido-
sos na Saúde Suplementar. Rio de Janeiro. 2012. 62 p. Disponível em:
BRASIL. CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. Resolução n° 358, de 15 de outubro
de 2009. Dispõe sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem e a implementação
do Processo de Enfermagem em ambientes, públicos ou privados, em que ocorre o cui-
dado profissional de Enfermagem e dá outras providências. Disponível em: <http://novo.
portalcofen.gov.br/resoluo-cofen-3582009_4384.html>
GONÇALVES, L. H. T.; TOURINHO, F. S. V. (orgs.). Enfermagem no cuidado ao idoso
hospitalizado. Barueri, SP: Manole, 2012. 436p.
AVALIAÇÃO DE ENFERMAGEM 51
LOURENÇO, R. et al. Assistência ambulatorial geriátrica: hierarquização da demanda. Rev
Saúde Pública, v. 39, n. 2, p. 311-8, 2005.
VERAS, R. P. A necessária gestão qualificada na área da saúde: decorrência da ampliação
do segmento etário dos idosos. J. Bras. Econ. Saúde, v. 3, n. 3, p. 31-39, 2011.
BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Plano de
cuidado para idosos na saúde suplementar. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/
bvs/publicacoes/plano_cuidado_idosos.pdf>. Acesso em: 10/04/2017.
Protocolo 4
AVALIAÇÃO MÉDICA Carlos Montes Paixão Junior
I INTRODUÇÃO
O indivíduo idoso frágil é o alvo primordial da avaliação funcional multi-
disciplinar, denominada Avaliação Geriátrica Ampla (AGA). Este indivíduo,
embora classificado como frágil, independentemente do método de avaliação
utilizado (Protocolo 18), pode se apresentar com múltiplos problemas, muitas
vezes em diversos sistemas e certamente necessitando de intervenções de múl-
tiplas áreas de atuação profissional.
Faz-se necessário priorizar as demandas, de tal sorte que os problemas e
queixas mais prementes e graves sejam avaliados prioritariamente. Por este
motivo, o formato clássico de anamnese clínica deve ser alterado com vistas a
uma avaliação do status funcional do indivíduo que chega a um ambulatório
geriátrico organizado para realizar a AGA. A participação ativa do paciente e
seu familiar/cuidador são essenciais para que tal empreendimento seja bem-
sucedido.
Outras funções importantes desta avaliação são: promoção de saúde e pre-
venção de doenças, rastreamento de condições assintomáticas ou oligossin-
tomáticas, frequentes nesta faixa etária, avaliação de medicações prescritas e
não prescritas, rastreamento de abuso ou mau uso de substâncias, problemas
psicológicos e sociais, incluindo risco de violência doméstica.
►► Exame físico
A Tabela 1 aponta para alguns itens relevantes do exame físico. No que tan-
ge à pressão arterial, alguns aspectos devem ser avaliados. Em primeiro lugar,
o exame deve ser feito nas diversas posições de decúbito e de pé, em busca de
hipertensão arterial sistêmica, bem como de hipotensão ortostática. Evidências
recentes direcionam para a necessidade de métodos mais precisos de avalia-
ção não invasiva, como a medida da pressão arterial ambulatorial, bem como
de aparelhos digitais, uma vez que é frequente a síndrome ou hipertensão do
jaleco branco.
Por outro lado, a avaliação nutricional do idoso também é assunto comple-
xo, a ser abordado no Protocolo 5. A medida do peso em relação à altura e,
especialmente, a informação sobre perda ou ganho recente de peso são dados
relevantes a se buscar.
Como mencionado, a prevalência de perdas sensoriais aumenta signifi-
cativamente com o envelhecimento e podem ter efeitos relevantes sobre a
cognição, o humor e a autonomia. Alguns métodos simples de rastreamento
podem ser utilizados no que tange à visão e audição, bem como o uso de ins-
trumentos específicos que incluem questionários ou testes de desempenho.
Tabela 1. Exame físico do paciente idoso
Intervalo
Item Instrumento Diagnóstico Intervenção (anos)
Comentários
O exame oral é dos itens mais negligenciados no exame físico, embora pro-
blemas relacionados à boca e seus componentes possam influenciar de forma
significativa o comportamento e o estado nutricional do indivíduo idoso. De
modo semelhante, a pele é uma região esquecida, contudo, especialmente em
país de alta incidência de luz solar e com atividades de lazer muito ligadas à
exposição solar, um exame cuidadoso de áreas expostas, como a pele da face,
pescoço, cabeça, membros inferiores, ombros e tórax, é obrigatório.
A prevalência de doença cardiovascular aumenta significativamente com a
idade, a ponto de este grupo etário ser o mais afetado por doença sintomática
ou assintomática, chegando a mais da metade dos indivíduos que se apresen-
tam em atendimento ambulatorial. O exame cardiovascular tradicional pode
identificar problemas potencialmente sérios e prevalentes, como estenose aór-
tica. Novas técnicas com aparelhos portáteis, como ecocardiografia de beira
de leito, podem melhorar muito a acurácia diagnóstica, e o médico clínico
geriatra deve ser treinado com tais tecnologias de ponta.
O rastreamento de câncer em indivíduos idosos possui características pecu-
liares. Em primeiro lugar, evidências indicam que esta faixa etária é negligen-
56 PROTOCOLO 4
ciada, embora seja, em geral, a mais afetada por estes agravos. Por outro lado,
ainda há várias controvérsias, especialmente no que tange ao rastreamento de
câncer de próstata, além de algumas questões recentes relacionadas à frequên-
cia e necessidade de mamografia antes dos 50 ou após os 75 anos de idade.
O câncer da região cervical uterina ainda é um problema grave no Brasil.
Muitas mulheres idosas não tiveram acompanhamento ginecológico adequa-
do ao longo de suas vidas e isto deve ser pesquisado. A incidência de câncer
de cervix e endométrio aumenta, e exames regulares podem ser necessários,
mormente se o acompanhamento foi irregular ao longo da vida da paciente.
►► Exames laboratoriais e complementares
Há controvérsias internacionais sobre a necessidade de exames regulares
para rastreamento e prevenção de doenças. Exames de dosagem de hormô-
nio estimulante da tireoide podem ser solicitados a cada 5 anos, glicemia e
hemoglobina glicosada, anualmente, e exames simples de urina podem ser a
cada 3 a 5 anos, respeitando-se certas assunções, como indicadas na Tabela 2.
Dosagem de colesterol e suas frações séricas, hemograma, eletrólitos são itens
controversos e, provavelmente, a indicação deverá ser individualizada.
Tabela 2. Exames de laboratório na AGA
Intervalo
Exame Objetivo Intervenção Comentários
(anos)
Hemograma Anemia Específico por 5-10
_______
patologia
Bioquímica Múltiplos Específico por 5-10
_______
sérica patologia
Estudos de Aterosclerose Farmacológica ou 5-10 Caros, controversos
lipídios dietética com cuidados
Glicemia de Diabetes Dietas, fármacos se 5 Mais importante em
jejum, mellitus necessários pacientes de risco
hemoglobina (obesos, outros riscos
glicosilada cardiovasculares,
história familiar)
Hormônio Hipo ou Específico por 5 Especialmente em
estimulante da hipertireoidismo patologia mulheres
tiroide Controverso em
homens
Urinálise Infecção, Específico por 3-5 Mais útil em pessoas
patologia renal patologia de risco (história
pregressa, procedi-
mento invasivo)
Antígeno Câncer Específico por 5 Altamente controverso
específico da patologia Individualizar a
próstata necessidade
Fonte: Applegate (1995).
AVALIAÇÃO MÉDICA 57
►► Imunizações
O envelhecimento do sistema imune promove modificações que sensibili-
zam o idoso a certas infecções, especialmente virais, por germes encapsula-
dos, como o pneumococo e o Haemophilus influenzae, e micobactérias.
No que tange às imunizações em idosos, a primeira grande recomendação
foi dada em 1994, quando vários países iniciaram imunizações nesta popula-
ção visando à influenza. Entretanto, as políticas de imunização na faixa etária
mais velha não têm conseguido alcançar objetivos mínimos de segurança, por
conta da veiculação ineficiente das inúmeras evidências apoiando este tipo de
intervenção. A administração regular de algumas destas vacinas são atualmen-
te consideradas indispensáveis para o idoso (Tabela 3).
Tabela 3. Plano de imunizações periódicas para o idoso
Intervalo
Vacina Objetivo Intervenção Comentários
(anos)
Influenza Prevenção Específico por 1
patologia
Pneumococo Prevenção Específico por Uma dose de PCV-13
patologia _____ seguida de uma dose de
PPV-23 2-6 meses mais tarde
Tétano Prevenção Farmacológica ou 10 Vacina trivalente tétano,
dietética com cuidados difteria pertussis
recomendada
Varicela/zoster Prevenção Dietas, fármacos se 5 Parece ser mais efetiva na
necessários faixa 60-69 anos
Pertussis Prevenção Específico por Vacina trivalente tétano
patologia _____ difteria pertussis
recomendada
Fonte: SBGG (2016).
I REFERÊNCIAS
APPLEGATE, W. B. The Medical Evaluation. In: Geriatric Assessment Technology: State
of The Art. Rubenstein LZ, Wieland D, Bernabei R. Kurtis-Milano, 1995. p. 41-50.
BRADLEY, S. F. Vaccinations for Older Adults, An Update. Curr. Geri. Rep., v. 3, p. 66-
72, 2014.
ELSAWY, B.; HIGGINS K. E. The geriatric assessment. Am. Fam. Physician, v. 83, p. 48-
54, 2011.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE GERIATRIA E GERONTOLOGIA (SBGG); Sociedade Brasi-
leira de Imunizações (SBim). Guias. Guia de Vacinação Geriatria 2016/2017. Guias
pdf, 2016. Disponível em: http://sbim.org.br/images/files/guia-geriatria-sbim-sbgg-3a-ed-
-2016-2017-160525-web.pdf. Acesso em: 30/abr/2017.
Protocolo 5
AVALIAÇÃO NUTRICIONAL Glaucia Cristina de Campos
I INTRODUÇÃO
A avaliação nutricional do idoso é composta por vários métodos e é comple-
xa, pois abarca não somente métodos tradicionais, mas informações relaciona-
das à saúde biopsicossocial que podem levar a situações de risco nutricional e
desnutrição. A avaliação é essencial para o diagnóstico nutricional e deve ser
realizada no início da internação de modo que a desnutrição, ou o seu risco,
seja precocemente diagnosticada, permitindo a adoção de medidas eficazes
para reversão deste quadro. A avaliação nutricional foi definida por Jelliffe como
“a medida das variações das dimensões físicas e da composição total do corpo
humano nas diferentes idades e nos diferentes níveis de nutrição”.
A realização da avaliação nutricional do idoso é determinante na assistência
nutricional, pois a institucionalização e a hospitalização são condições que
podem contribuir para situações de risco nutricional devido às diversas co-
morbidades, incapacidade funcional, medicamentos que podem causar efei-
tos colaterais e restrições alimentares.
Neste contexto os principais objetivos na avaliação nutricional são:
• Realizar a triagem nutricional e identificar os indivíduos em risco nutri-
cional e desnutrição.
• Concretizar o diagnóstico nutricional através da antropometria e medi-
das de composição corporal para identificação precoce da pré-sarcope-
nia, sarcopenia, obesidade e obesidade sarcopênica.
• Aplicar a intervenção nutricional com o plano de cuidados nutricionais
para a promoção da saúde, prevenção e controle das patologias e moni-
torar periodicamente o estado nutricional do idoso.
AVALIAÇÃO NUTRICIONAL 61
►► Perda ponderal
Fórmula para calcular a velocidade da perda de peso (VPP):
VPP (%) = peso habitual (kg) – peso atual (kg) x 100/peso habitual (kg).
A classificação da velocidade de perda de peso consta na Tabela 3.
Tabela 2. Classificação da velocidade de perda de peso
Tempo Perda de peso significante (%) Perda de peso grave (%)
1 semana 1a2 >2
1 mês 5 >5
3 meses 5a7 >7
6 meses 10 > 10
►► Perímetro da cintura
A medida do perímetro da cintura tem sido recomendada como um dos
melhores preditores antropométricos de gordura visceral. Essa medida deve
ser verificada entre as costelas inferiores e as cristas ilíacas. A leitura é feita no
momento da expiração. A Tabela 4 apresenta os valores de circunferência da
cintura considerados como risco para doenças associadas à obesidade.
Tabela 4. Valores de circunferência da cintura considerados como risco para doenças asso-
ciadas à obesidade
Risco elevado Risco muito elevado
Mulheres ≥ 80 cm ≥ 88 cm
Homens ≥ 94 cm ≥ 102 cm
Fonte: OMS (1995).
►► Circunferência do braço
A medida da circunferência do braço (CB) estabelece o padrão muscular. Para
realizar a medida, o braço deve pender relaxado ao longo do corpo. A circunfe-
rência é medida no ponto médio entre o processo acromial da escápula e o ole-
64 PROTOCOLO 5
crano da ulna com uma fita métrica inelástica no braço não dominante flexionado
formando um ângulo reto.
• Padrão de normalidade de CB para homens:
◦◦ 55 a 69,9 anos = 31,7 cm;
◦◦ 65 a 74,9 anos = 30,7 cm.
• Padrão de normalidade de CB para mulheres:
◦◦ 55 a 69,9 anos = 30,3 cm;
◦◦ 65 a 74,9 anos = 29,9 cm.
►► Prega cutânea tricipital
A prega cutânea tricipital é utilizada para monitorar e avaliar a reserva do
tecido adiposo. É considerado o local mais representativo da camada subcutâ-
nea de gordura. A prega cutânea tricipital deve ser aferida com um adipômetro
no braço não dominante relaxado e estendido ao lado do corpo, com o idoso
na posição vertical. Inicialmente, deve-se identificar o ponto médio entre o
acrômio e o olécrano, na região posterior, com o braço flexionado, formando
um ângulo de 90 graus.
O examinador deve segurar a prega firmemente entre o polegar e o dedo
indicador da mão esquerda 1 cm acima do local a ser medido. Posteriormente,
com a mão direita, o adipômetro deve estar posicionado perpendicularmente
à dobra, exatamente no local marcado, permanecendo a pinçada por 4 segun-
dos para a leitura, expressa em milímetros.
►► Circunferência da panturrilha
A circunferência da panturrilha (CP) fornece a medida mais sensível da mas-
sa muscular. Para medir a CP, o avaliador deverá posicionar a fita métrica
inextensível na perna esquerda, no perímetro mais protuberante. Deve-se con-
siderar normal a circunferência maior ou igual a 31 cm para ambos os sexos.
I AVALIAÇÃO DIETÉTICA
Avaliar a ingestão alimentar do idoso em algumas situações é um exercício
difícil, principalmente se o idoso estiver com comprometimento cognitivo.
Assim, na avaliação dietética, caso haja inconsistência das respostas, deve-se
aplicar o instrumento com o cuidador ou familiar. As recomendações para a
dieta do idoso podem ser vistas na Tabela 5.
Tabela 5. Principais recomendações para a dieta do idoso
Características Metas nutricionais* Obs.*
Número de refeições 4 a 6/dia
Intervalo entre refeições 3 horas
Quantidade ≥ 75% do volume dos alimentos/dia
AVALIAÇÃO NUTRICIONAL 65
Tabela 5. Principais recomendações para a dieta do idoso (cont.)
Características Metas nutricionais* Obs.*
Consistência Dieta normal
Ingestão de líquidos 25 a 30 mL/kg atual/dia ou 8 copos/dia
Qualidade da dieta* Leite e derivados ≥ 2 porções/dia
Leguminosas ≥ 2 porções/dia
Carnes (bovinas, aves, peixes) ou ovos 2 porções/dia
Legumes e verduras 3 porções/dia
Frutas 3 a 5 porções/dia
Fonte: Najas (2011) e Brasil (2009).
* Porções e agrupamento conforme proposto por Guigoz et al. (1994).
I AVALIAÇÃO BIOQUÍMICA
Os marcadores bioquímicos compreendem mais uma etapa da avaliação
do estado nutricional. Através deles é possível avaliar a condição de reserva
de proteínas viscerais e proteína somáticas, entretanto existem condições e
fatores que limitam a utilização, como algumas drogas, estado fisiológico, es-
tresse, injúria, inflamação e presença de algumas doenças, como neoplasias,
doenças renais e hepáticas (Tabela 6).
Tabela 6. Principais marcadores bioquímicos utilizados na avaliação do estado nutricional de
idosos hospitalizados
Proteínas Depleção Depleção Depleção
Referência Vida média
totais leve moderada grave
Albumina 3-3,5 2,4-2,9 < 2,4 ˃ 3,5 mg/dL 14-21 dias
Transferrina 150-200 100-149 < 100 > 200 mg/dL 7 - 8 dias
Pré-albumina 11-15 5-10 <5 > 15 mg/dL 2 dias
≥ 160 mg/dL
Colesterol
e < 200
Fonte: Sampaio, Mannarino (2007).
I REFERÊNCIAS
NAJAS, M. (Coord.). I Consenso Brasileiro de Nutrição e Disfagia em Idosos
Hospitalizados. Barueri: Minha Editora, 2011.
MIRANDA, D.E.G.A. et al. Manual de Avaliação Nutricional do adulto e do idoso.
Editora Rubio, 2012.
SAMPAIO, A. R. D.; MANNARINO, I. C.; DUARTE, A. C. Medidas bioquímicas de avaliação
do estado nutricional. In: DUARTE, A. C. Avaliação nutricional: aspectos clínicos e
laboratoriais. São Paulo: Atheneu, p. 69-76, 2007.
VALENTIM, Andréa Abdala. Nutrição no envelhecer. 2a. ed. São Paulo: Atheneu, 2012.
THIBAULT, R.; GENTON, L.; PICHARD, C. Body composition: why, when, and for who?
Clinical nutrition, v. 31, n. 4, p. 435-447, 2012.
WHO, World Health Organization. Physical status: the use and interpretation of anthro-
pometry. WHO technical Report Series, Geneva, 1995. 854p.
Protocolo 6
AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA Flávia Moura Malini
Drummond
Simone da Costa Mazzei
Vânia Otero Bombinho
Cezario
I INTRODUÇÃO
A avaliação funcional e física tem como objetivo mensurar o desempenho
nas atividades de vida diária. Para que o idoso tenha sua capacidade funcional
preservada, deve haver interação das dimensões física, cognitiva, clínica, nutri-
cional, econômica, espiritual, ambiental e condições de suporte social. Esta in-
teração é mediada pelas habilidades e competências desenvolvidas e adquiridas
ao longo da vida.
O domínio físico e funcional compreende a avaliação da mobilidade, da
força muscular e do equilíbrio e da marcha. Este domínio deve ser avaliado
por fisioterapeuta treinado para a utilização correta de instrumentos validados
e confiáveis.
A avaliação é um método de mensuração sistematizado e objetivo dos ní-
veis funcionais de um indivíduo, por meio de medidas objetivas e padroniza-
das, que servem para classificá-lo. Os resultados obtidos devem favorecer e
permitir uma boa comunicação entre os membros da equipe interdisciplinar.
Esta avaliação é realizada através da observação direta, quando o idoso reali-
za as tarefas solicitadas pelo examinador, e possui as vantagens de ter melhor
reprodutibilidade, maior sensibilidade para detectar mudanças, além de pos-
sibilitar a avaliação de indivíduos analfabetos, ou aqueles com alteração cog-
nitiva e visual. As desvantagens são a demanda maior de tempo e necessidade
de examinadores treinados.
Por meio da avaliação por observação direta, devemos mensurar o real es-
tado físico do idoso, permitindo uma análise qualitativa e quantitativa do qua-
dro. Esta avaliação deve ser minuciosa e individualizada, pois fornecerá subsí-
dios para a identificação de incapacidades e de riscos à saúde, será preditora
de desfechos negativos, como hospitalização, quedas e institucionalização,
indicará efetividade de intervenções terapêuticas e fornecerá parâmetros de
AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA 71
admissão e alta dos serviços, sejam ambulatoriais, hospitalares ou domicilia-
res.
Na avaliação de desempenho físico e mobilidade, deve-se avaliar o nível
estrutural dos sistemas musculoesqueléticos e o mais importante, como estes
sistemas se comportam no desempenho de atividades e na participação social.
Esta avaliação pode estar baseada nos conceitos e domínios propostos pela
Classificação Internacional de Funcionalidade (CIF): funções e estruturas cor-
porais, atividades, participação e também os fatores pessoais e ambientais.
Figura 1. Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF)
Fatores Fatores
ambientais individuais
I FUNÇÕES E ESTRUTURAS
►► Prognóstico de aderência
Inicia-se a avaliação com o prognóstico de aderência para verificar a possi-
bilidade de começar o tratamento fisioterapêutico, que deve ser continuo por,
no mínimo, duas vezes por semana, até o momento da reavaliação (aproxima-
damente 20 sessões) e possível alta. São inseridos no Serviço aqueles indiví-
duos que poderão frequentar a fisioterapia no mínimo duas vezes por semana.
Aqueles que não podem, porém necessitam de tratamento fisioterapêutico,
devem ser encaminhados para serviços próximos de seu local de residência e/
ou receber orientação para exercícios domiciliares.
►► Inquérito de quedas, medo de cair e exercício físico
Avalia-se o histórico de quedas no último ano, através da pergunta: “Houve
alguma queda nos últimos 12 meses?” Caso a resposta seja positiva, continuar
o inquérito seguindo o roteiro:
• Número de quedas.
• Local em que ocorreu (quedas mais recentes ou a que o idoso lembrar).
AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA 73
• Sintoma que apresentou no momento da queda, como por exemplo:
tonteira, desequilíbrio, tropeço, perda de consciência.
• Questionar se o idoso conseguiu levantar sozinho ou se necessitou de
ajuda.
• Consequências pós quedas, por exemplo, uso de bengala ou andador,
precisou ir ao médico ou serviço de saúde, se houve fratura ou não.
• Perguntar ao idoso se ele tem medo de cair.
• Verificar se o idoso tem a sensação de desequilíbrio.
Observação: Caso a resposta ao medo de cair seja positiva, será aplicada
uma escala para mensurá-lo, aplicando a Escala de autoeficácia de quedas
(FES-I-BR) (geronlab.com).
A FES-I-BR mensura o medo de cair na realização de 16 atividades do co-
tidiano. Possui pontuação que é graduada de 1 a 4, na qual 1 significa que o
indivíduo não está preocupado e 4 significa que ele está extremamente preo-
cupado em cair ao realizar determinada atividade. O escore total é de 64
pontos. A pontuação de 23 ou mais pontos indica medo de cair.
Prática de exercício físico
Deve-se verificar se o idoso pratica algum tipo de exercício físico regular, qual
modalidade e frequência. Além disso, é importante saber se ele realiza tratamen-
to fisioterapêutico em outro serviço e, em caso positivo, para qual problema.
►► Amplitude de movimento
Analisa-se a amplitude de movimento articular (ADM) dos membros infe-
riores e superiores, com objetivo de avaliar se há presença de encurtamen-
tos, deformidades ou restrições articulares. A avaliação tem início na posição
decúbito dorsal em posição anatômica. Inicia-se com a ADM ativa, para ser
avaliado o padrão do movimento, presença de dor, quando ocorre o início da
dor e presença de restrição. Após o movimento ativo, deve-se avaliar de forma
passiva, ou seja, sem o auxílio do idoso. Estes movimentos fornecem infor-
mações sobre a integridade das superfícies articulares, cápsulas, ligamentos,
músculos e a sensação final do movimento.
►► Força muscular
Força muscular global
É analisada pelo Teste Muscular Manual.
• Cada grupamento muscular é avaliado e classificado em seis categorias:
◦◦ Grau 0: ausência de movimento, paralisia.
◦◦ Grau 1: esboço de contração.
◦◦ Grau 2: incapaz de mover contra a gravidade, mas realiza o movi-
mento.
74 PROTOCOLO 6
Arco de movimento articular Passivo e ativo – uso de goniômetro para verificação do grau de
amplitude
Baropodometria computadorizada
É um equipamento que realiza uma avaliação biomecânica dos pés identi-
ficando as alterações em repouso e durante a marcha. Avalia também a distri-
buição das pressões do contato do pé com o solo, pressões máximas, medidas
estabilométricas para análise das oscilações corporais e consequente distúr-
bios de equilíbrio.
I CONSIDERAÇÕES FINAIS
Se considerarmos o fato de que as atividades diárias são determinadas pela
integração de diversas capacidades e habilidades físicas, há muitos testes úteis
como ferramentas para determinar o perfil de funcionalidade do idoso. Além
da possibilidade de predizer possíveis alterações nesse perfil, podem também
ser utilizados para avaliar os efeitos causados por intervenções baseadas em
programas de exercícios.
Após reunir todas as informações necessárias obtidas na avaliação fisiote-
rapêutica funcional do idoso, consegue-se identificar os aspectos referentes
a mobilidade e desempenho, condições primordiais e foco de interesse do
fisioterapeuta.
Adicionalmente ao uso de instrumentos, deve-se ter um roteiro de avaliação
sistematizado, no qual serão coletadas informações da avaliação da fisiotera-
pia que poderão subsidiar as intervenções.
Aspectos importantes na avaliação:
• sexo;
• idade;
• se vive só ou com parentes;
• estado civil;
• escolaridade;
• se trabalha ou se é aposentado;
• história patológica pregressa;
• história da doença atual;
• história social;
• queixa principal;
• presença de dor;
• uso de medicamentos;
• realização de tratamentos fisioterapêuticos anteriores e resultados;
• cognição;
• estado nutricional;
• exames anteriores;
• histórico de quedas;
AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA 79
• uso de dispositivos de auxílio à marcha e risco de quedas.
Alguns aspectos podem interferir nos resultados do processo de avaliação
do idoso:
• motivação;
• estado de fadiga;
• audição;
• visão;
• ambiente apropriado com poucos ruídos e poucas demandas competi-
tivas;
• cognição;
• treinamento e habilidade do examinador;
Este processo de avaliação inclui:
• explicar os objetivos da avaliação ao idoso e cuidadores/familiares;
• analisar expectativas e resultados prévios do idoso;
• obter as informações, coletar os dados;
• analisar os resultados dos testes;
• explicar o resultado final para o idoso e familiares/cuidadores;
• planejar o plano de tratamento;
• definir tempo e metas para reavaliações.
I REFERÊNCIAS
MOREIRA, V. G.; LOURENÇO, R. A. Prevalence and factors associated with frailty in an
older population from the city of Rio de Janeiro, Brazil: the FIBRA-RJ Study, Clinics, v. 68,
n. 7, p. 979-985, 2013.
PAIXÃO, C. P.; REICHENHEIM, M. E. Uma revisão sobre instrumentos de avaliação do es-
tado funcional do idoso. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 21, n. 1, p. 7-19, jan-fev,
2005.
RAMOS, L. R. Fatores determinantes do envelhecimento saudável em idosos residentes em
centro urbano: Projeto Epidoso, São Paulo. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 19, n.
3, p. 793-798, mai-jun, 2003.
ROSA, T. E. C. et al. Fatores determinantes da capacidade funcional entre idosos. Ver.
Saúde Pública, v. 37, n. 1, p. 40-8, 2003.
SHUMWAY-COOK, A, W. Controle motor: teoria e aplicações práticas, 2a ed. São
Paulo: Manole, 2003.
Protocolo 7
AVALIAÇÃO NEUROCOGNITIVA Maristela Vômero Dias
Alina Lebreiro Guimarães
Teldeschi
I INTRODUÇÃO
A Neuropsicologia Clínica pode ser definida como uma ciência aplicada
destinada ao estudo das disfunções cerebrais, por meio de sua expressão com-
portamental. O método investigativo utilizado é a avaliação neuropsicológica,
cuja importância para o entendimento do funcionamento cerebral, da cogni-
ção e do comportamento já está bem estabelecida. (Lezak, et al., 2012)
O escopo da avaliação neuropsicológica é amplo, como se pode observar,
na Tabela 1.
Tabela 1. Objetivos da avaliação neuropsicológica
Para quê? Como?
Memória
Velocidade de Funções
processamento execu vas
Inteligência
Praxias Atenção
Percepção Linguagem
Entrevista
• coerência;
• circunstancialidade;
• tangencialidade;
• deficit auditivos;
• anomia;
• circunlóquio;
• lentidão;
• pausas na fala.
Pensamento abstrato
Funções Fluência ideacional Semelhança entre objetos, utilidades diferentes para
executivas Fluência verbal uma garrafa, teste com formas geométricas coloridas.
Raciocínio visual
I APROFUNDAMENTO DA AVALIAÇÃO
Nesta etapa, algumas funções cognitivas podem ser avaliadas de maneira
mais aprofundada.
Vale frisar que, em um contexto de saúde pública, em geral, a escassez
de recursos inviabiliza a utilização de instrumentos neuropsicológicos comer-
cializados. A reprodução desses materiais, sem autorização, caracteriza ação
ilegal, violando direitos autorais. Dessa forma, o neuropsicólogo deve recorrer
ao uso de instrumentos padronizados de domínio público para realizar seu
trabalho (Tabela 3), complementando-o com outras atividades que permitam
uma avaliação ecológico-qualitativa do paciente.
AVALIAÇÃO NEUROCOGNITIVA 89
Tabela 3. Alguns instrumentos utilizados para aprofundar a investigação
Domínios cognitivos Subdomínios Instrumento
Abstração FAB
I REFERÊNCIAS
CAIXETA, L.; TEIXEIRA, A. L. (Org.). Neuropsicologia geriátrica: neuropsiquiatria cog-
nitiva em idosos. Porto Alegre: Artmed, 2014.
CHAVES, M. L. F. et al. Doença de Alzheimer: avaliação cognitiva, comportamental e fun-
cional. Dement. Neuropsychol., São Paulo, v. 5, Suppl 1, p. 21-33, jun. 2011.
DE PAULA, J. J. et al. Screening for executive dysfunction with the frontal assessment bat-
tery: psychometric properties analysis and representative normative data for Brazilian older
adults. Psicologia em Pesquisa UFJF, v. 7, n.1, p. 89-98, jan/jun. 2013.
LEZAK, M. D. et al. Neuropsychological Assessment. 5. ed. New York: Oxford Univer-
sity Press, 2012. E-book.
PARADELA, E. M. P.; LOPES, C. de S.; LOURENCO, R. A. Adaptação para o português do
Cambridge Cognitive Examination-Revised aplicado em um ambulatório público de geria-
tria. Cadernos de Saúde Pública, v. 25, n. 12, p. 2562-2570, dez. 2009.
SEÇÃO 2
MANUAL DE INSTRUÇÕES DOS
INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO
APRESENTAÇÃO DA SEÇÃO
Esta seção tem como objetivo apresentar instruções que orientem o leitor a
seguir um padrão para a realização de um atendimento sistematizado. O pre-
sente trabalho serve como eixo das atividades e guia das rotinas específicas,
sendo o ponto de referência no expediente diário de uma equipe. Este guia
contém os instrumentos utilizados na avaliação que ocorre quando o idoso
tem seu primeiro atendimento no ambulatório, bem como aqueles utilizados
nas consultas sequenciais do Serviço de Geriatria Professor Mario A. Sayeg de
Cuidado Integral à Pessoa Idosa (CIPI).
O Serviço de Geriatria é uma unidade de atenção secundária que funciona
na Policlínica Piquet Carneiro (PPC) da Universidade do Estado do Rio de
Janeiro (UERJ) e tem como objetivos fazer o rastreio de deficit funcionais e
cognitivos a partir de uma avaliação geriátrica ampla, realizar o diagnóstico e
mapear os principais problemas, bem como estabelecer um plano terapêutico
voltado para a reabilitação da capacidade funcional.
A sequência do processo de trabalho foi elaborada a partir de uma avalia-
ção inicial com a aplicação dos instrumentos que analisam brevemente as
atividades de vida diária, o estado cognitivo, o humor e o estado nutricional.
Tais avaliações podem ser realizadas por qualquer membro da equipe multi-
disciplinar, desde que tenha passado por treinamento para a padronização da
aplicação. Após esta etapa inicial, o idoso segue para consultas mais acuradas
que são realizadas por uma equipe mínima.
Como toda prática interdisciplinar pressupõe o envolvimento de todos os
integrantes da equipe com decisões consensuais, esse conjunto de dados co-
letados são sintetizados e levados para uma discussão de caso, quando outros
profissionais se incorporam para a inserção de avaliações complementares
que assegurem um diagnóstico preciso e um plano de cuidados adequado à
singularidade de cada indivíduo em acompanhamento no serviço.
Instruções do Protocolo 1
TRIAGEM Maria Angélica dos Santos
Sanchez
I INTRODUÇÃO
A triagem é parte da avaliação multidisciplinar inicial (AMI). Esta consiste na
avaliação por instrumentos de rastreio, aplicados por um integrante da equipe,
independente de sua área profissional, visto que se trata do uso de instrumen-
tos de domínio público, não sendo da alçada específica de determinada área
de atuação. Os resultados destes testes servem para avaliar a capacidade fun-
cional do indivíduo que será acompanhado no serviço e assim direcionar o
rumo das condutas posteriores.
Antes de iniciar a aferição por instrumentos, é necessário preencher uma fi-
cha de identificação contendo dados sociodemográficos e outras informações
que servirão para um perfil inicial do usuário.
I IDENTIFICAÇÃO DO USUÁRIO
O idoso ingressa no serviço por meio de consulta agendada e fornece infor-
mações para um profissional administrativo. Trata-se da folha de rosto com os
itens 1 a 10.
TRIAGEM 95
Endereço: _______________________________________________________________________
14. Situação previdenciária: ( ) (1) aposentado (2) pensionista (3) aposentado e pensionista (4) outros
16. Qual o motivo pelo qual o(a) sr.(a) procurou o serviço: _________________________________
19. Tem algum plano de saúde privado: ( ) (1) sim (2) não
Item 11. Marcar no campo em aberto quem responde às questões com coe-
rência. Item 12 Preencher com o nome completo do principal acompanhante
96 INSTRUÇÕES DO PROTOCOLO 1
do paciente. Item 13. Explicitar qual o vínculo dela com o idoso. Item 14.
Informar a situação de vínculo com a previdência. Item 15. Perguntar durante
quantos anos o idoso estudou. Item 16. Descrever exatamente o motivo ex-
plicitado pelo idoso para procurar o serviço. Item 17. Perguntar se é acompa-
nhado regularmente em outro serviço. Item 18. Destacar a especialidade na
qual tem atendimento regular. Item 19. Perguntar se ele tem plano de saúde.
Item 20. Escrever qual o plano. Nestas duas questões é importante esclarecer
para o idoso que esta informação é para o caso de ele precisar fazer exames
que não estejam sendo feitos no serviço público.
No item 21 o profissional deve anotar todos os escores dos testes aplicados.
Esta parte é imprescindível para dar sequência ao restante da avaliação.
d) Nutrição ( ) _____/______/______
e) Psicoterapia ( ) _____/______/______
f) Neuropsicologia ( ) _____/______/______
h) Outros ( ) _____/______/______
qual: ___________________________________
TRIAGEM 97
Terminada esta entrevista, o profissional deverá aplicar os seguintes testes
na ordem que segue.
2. Vestir-se (pega roupa, inclusive peças íntimas, nos armários e gavetas, e manuseia fecho, inclusive
os de órteses e próteses, quando forem utilizadas)
(I) Pega as roupas e veste-se completamente, sem ajuda
(I) Pega as roupas e veste-se sem ajuda, exceto para amarrar os sapatos
(D) Recebe ajuda para pegar as roupas ou vestir-se, ou permanece parcial ou completamente sem
roupa
98 INSTRUÇÕES DO PROTOCOLO 1
3. Uso do vaso sanitário (ida ao banheiro ou local equivalente para evacuar e urinar; higiene íntima
e arrumação das roupas)
(I) Vai ao banheiro ou lugar equivalente, limpa-se a ajeita as roupas sem ajuda (pode ser objeto para
apoio como bengala, andador ou cadeira de rodas e pode usar comadre ou urinol à noite, esvazian-
do-o de manhã)
(D) Recebe ajuda para ir ao banheiro ou local equivalente, ou para se limpar, ou para ajeitar as rou-
pas após evacuação ou micção, ou para usar a comadre ou urinol à noite
(D) Não vai ao banheiro ou equivalente para eliminação fisiológica
4. Transferências
(I) Deita-se e sai da cama, senta-se e levanta-se da cadeira sem ajuda (pode estar usando objeto
para apoio como bengala, andador)
(D) Deita-se e sai da cama e/ou senta-se e levanta-se da cadeira com ajuda
(D) Não sai da cama
5. Continência
(I) Controla inteiramente a micção e a evacuação
(D) Tem “acidentes” ocasionais
(D) Necessita de ajuda para manter o controle da micção e evacuação; usa cateter ou é incontinente
6. Alimentação
(I) Alimenta-se sem ajuda
(I) Alimenta-se sozinho, mas recebe ajuda para cortar carne ou passar manteiga no pão
(D) Recebe ajuda para alimentar-se, ou é alimentado parcialmente ou completamente pelo uso de
cateteres ou fluídos intravenosos
0: Independente em todas as seis funções; 1: Independente em cinco funções e dependente em uma função;
2: Independente em quatro funções e dependente em duas funções; 3: Independente em três funções
e dependente em três funções; 4: Independente em duas funções e dependente em quatro funções; 5:
Independente em uma função e dependente em cinco funções; 6: Dependente em todas as seis funções.
Legenda: I: independente; D: dependente.
6. O(a) sr(a). tem medo que algum mal vá lhe acontecer? (Sim)
8. O(a) sr(a). sente que sua situação não tem saída? (Sim)
9. O(a) sr(a). prefere ficar em casa a sair e fazer coisas novas? (Sim)
10. O(a) sr(a). se sente com mais problemas de memória do que a maioria? (Sim)
14. O(a) sr(a). acha que sua situação é sem esperança? (Sim)
15. O(a) sr(a). sente que a maioria das pessoas está melhor que o(a) Sr(a).? (Sim)
Total
Avaliação:
0 = Quando a resposta for diferente do exemplo entre parênteses.
1 = Quando a resposta for igual ao exemplo entre parênteses.
Total > 5 = suspeita de depressão
I REFERÊNCIAS
LAWTON, M. P. et al. Assessment of older people: self-maintaining and instrumental activ-
ities of daily living. Gerontologist, v. 9, n. 3, p. 179-86, 1969.
LINO, V. T. S. et al. Adaptação transcultural da Escala de Independência em Atividades da
Vida Diária (Escala de Katz). Cad. Saúde Pública, v. 24, n. 1, p. 103-112, 2008.
LOURENÇO, R. A. et al. Mini-Exame do Estado Mental: características psicométricas em
idosos ambulatoriais [Mini-Mental State Examination: psychometric characteristics in el-
derly outpatients]. Rev Saúde Pública, v. 40, p. 712-719, 2006.
MACHADO, R. S. P. Validade da versão em português da Mini Avaliação Nutricional /
Renata Santos Pereira Machado; orientação Prof. Dr. Renato Veras, Rio de Janeiro, 2014.
114 p. Tese (doutorado). Universidade Estadual do Rio de Janeiro, Faculdade de Ciências
Médicas, 2014.
PARADELA, E. M. P.; LOURENÇO, R. A.; VERAS, R. P. Validação da escala de depressão
geriátria em um ambulatório geral. Rev Saúde Pública, v. 39, n. 6, p. 918-923.
YESAVAGE, J. A. et al. Development and validation of a geriatric depression screening
scale: a preliminary report. J Psichiatri Res, v. 17, n. 1, p. 37-49.
Instruções do Protocolo 2
AVALIAÇÃO SOCIAL Maria Angélica dos Santos Sanchez
Débora Regina de Oliveira Silveira
I INTRODUÇÃO
Na avaliação social busca-se, por meio de entrevista, identificar os princi-
pais determinantes que perpassam o processo saúde-doença, e que interferem
na condição de vida dos idosos e suas famílias. A partir daí, são elaboradas es-
tratégias de enfrentamento dos problemas identificados, e o plano de cuidado
é definido em conjunto com a equipe multidisciplinar.
Este também é um momento oportuno para conhecer a rede sociofamiliar e
definir ações que auxiliem na construção e fortalecimento de rede de suporte
social. Este momento requer do profissional um olhar atento não só para as de-
mandas explícitas, mas também para aquelas que nem sempre são esboçadas
claramente, mas que, a partir de uma avaliação social acurada, são possíveis
de serem identificadas.
É necessário, sempre que possível, estabelecer uma dinâmica que estimule a
autonomia do indivíduo, priorizando a realização de entrevista com o idoso e
estabelecendo outros momentos para atendimento aos familiares e aos acom-
panhantes, respeitando o sigilo e garantindo o espaço de fala dos usuários. A
maioria das perguntas da avaliação social deve ser direcionada exclusivamen-
te ao idoso. Por mais que pareçam simples, são pessoais e algumas, subjetivas.
Nos casos em que os idosos estejam impossibilitados de entender as perguntas
ou não tenham condições de se expressarem claramente, deve-se utilizar o ter-
mo “não se aplica”. É importante que o profissional ouça do idoso as respostas
de situações que dizem respeito à própria vida.
A seção de avaliação social tem por objetivo fornecer subsídios para a
análise da realidade sociofamiliar dos idosos, sendo um instrumento facilita-
dor para a compreensão das condições de vida, situações socioeconômicas
e habitacionais que possam interferir no processo saúde-doença. Portanto,
se faz necessário olhar o indivíduo de maneira integral não apenas como
um corpo que precisa de cuidados, mas sim um ser humano intrinsecamente
AVALIAÇÃO SOCIAL 105
ligado ao seu ambiente, que pode influenciar ou ser influenciado por ele.
(Mendes e Oliveira, 2007)
I IDENTIFICAÇÃO
Este é um espaço para fazer uma identificação breve do idoso e de seu
acompanhante.
IDENTIFICAÇÃO
6. Idade:________ 7. Vínculo:___________
I RELAÇÃO FAMILIAR
Este item avalia o contexto familiar para maior compreensão da sua compo-
sição, dos laços de afetividade e do viver em família. É fundamental verificar a
rede de apoio sociofamiliar dos idosos.
A família é, na maioria das vezes, o contexto social mais próximo dos idosos,
sendo importante verificar quem são as pessoas que convivem com eles e a
forma como esse arranjo familiar está configurado, bem como os aspectos po-
sitivos e negativos que dele decorrem para a elaboração do plano de cuidados.
Aqui se verifica a convivência com outros familiares e a qualidade do rela-
cionamento. Neste momento o profissional pode, por exemplo, perguntar se
ele se sente amparado por todos os membros da sua família, aprofundando os
aspectos considerados relevantes na fala do idoso.
Deve-se anotar o número de parentes que possuem convivência com o ido-
so e verificar como essas relações são construídas. Também é preciso identifi-
car quem ele considera ser referência no seu cuidado e suporte social.
Caso o idoso more sozinho, deve-se registrar há quantos anos ele vive nesta
condição. Do contrário, deve-se descrever a composição familiar considerando
aqueles que residem no mesmo domicílio do usuário, registrando nome, idade,
grau de parentesco e quanto tempo passam no domicílio, especificado por turnos.
106 INSTRUÇÕES DO PROTOCOLO 2
RELAÇÃO FAMILIAR
Para os casos não previstos, aplicar (9) Não se aplica (1) Sim (2) Não
14. O(A) sr(a). mora sozinho? ( ) (1) sim (2) não 15. Tempo: _______________________
I RELAÇÕES EXTRAFAMILIARES
É importante assinalar que não só a família pode ser uma fonte de apoio
social para o idoso. É necessário ampliar a visão para as relações de amizade
e vizinhança, a fim de identificar como se organiza esta rede fora do âmbito
familiar. Em alguns casos, amigos e vizinhos fornecem um suporte que a fa-
mília não consegue fornecer. Dependendo da situação, eles são as principais
AVALIAÇÃO SOCIAL 107
fontes de apoio emocional, nos casos de conflitos familiares. Muitas vezes,
tais vizinhos e amigos são grandes aliados da equipe de saúde. É importante
verificar qual é a qualidade dessa relação no provimento de suporte social nas
mais variadas situações vivenciadas pelo usuário. O objetivo é identificar e
articular essas redes.
RELAÇÕES EXTRAFAMILIARES
19. O(A) sr(a). tem amigos(as) próximos(as) ou vizinhos com os quais pode contar? ( )
I RELAÇÕES COMUNITÁRIAS
De modo semelhante às relações com vizinhos e amigos, as relações co-
munitárias são fundamentais para uma boa qualidade de vida. A participação
social e comunitária pode favorecer um envelhecimento mais ativo. Portanto,
deve ser avaliada e estimulada pela equipe de saúde.
A fragilidade das relações sociais é fator de risco para o adoecimento. O
engajamento social do indivíduo é fator importante para o não isolamento,
e consequentemente para o não adoecimento, visto que indivíduos com boa
interação com o seu meio social têm maiores possibilidades para o exercício
de sua cidadania. (Buchanan, 2002)
Dentro das limitações e do desejo do idoso, é possível fortalecer as relações
comunitárias de forma a estimular sua socialização.
Outro item a ser analisado é o sistema de crenças e espiritualidade do idoso,
uma vez que a prática religiosa tem impactos na saúde e na qualidade de vida.
É importante verificar como a integração social e emocional da religiosidade
influencia na promoção da saúde do idoso e de que forma auxilia no enfrenta-
mento e amparo no processo de envelhecimento. Diferença de credos religio-
sos no âmbito familiar também precisam ser verificadas pelo profissional, na
medida em que podem culminar em situações de conflito familiar.
Frequentar espaços religiosos e participar de atividades a eles ligadas podem
trazer ao idoso um senso de produtividade e maior sociabilidade. Ao se inda-
gar sobre a não participação nestas atividades, é importante conhecer qual é o
motivo, a fim de identificar elementos que possam dificultar essa participação.
No item “outras inserções comunitárias”, o profissional busca identificar se
o idoso participa de outras atividades como, por exemplo, grupos ou centros
de convivência, associações, grupos de autoajuda. Trata-se de um momento
importante para mostrar ao idoso o leque de oportunidades disponíveis.
108 INSTRUÇÕES DO PROTOCOLO 2
RELAÇÕES COMUNITÁRIAS
20. O(A) sr(a). tem religião? ( ) Qual? ( ) (1) católica (2) evangélica (3) espírita (4) outras___________
I SITUAÇÃO HABITACIONAL
A habitação dever ser considerada como um dos determinantes sociais da
saúde, sendo necessário verificar se oferece condições mínimas que contri-
buam para a saúde e o bem-estar de seus moradores voltando o olhar não
apenas para as condições físicas, mas também econômicas e sanitárias. Con-
dições sanitárias adequadas, tais como rede de esgoto, água encanada e sa-
neamento básico são direitos da população, tendo o Estado o dever de prover
estes serviços. Na identificação desta deficiência, o Estado deve ser acionado
para fazer valer este direito social.
As condições de moradia do idoso requerem cuidados quanto a possíveis
inadequações que possam oferecer riscos de quedas e fraturas, sendo importante
orientar a família no sentido de adotar algumas medidas necessárias para tornar
o ambiente mais seguro, levando em consideração as possibilidades da família
e do idoso em prover as devidas adaptações. Neste contexto, é importante
que o profissional verifique também como se dá a acessibilidade à moradia,
analisando as circunstâncias que possam dificultar o acesso, detalhando-as no
campo específico.
A dependência habitacional do idoso também deve ser avaliada, verifican-
do se esta relação de dependência gera algum prejuízo ou conflito familiar.
Todas as observações extras devem ser anotadas no item “observação”. Isto
facilita a tomada de decisões pela equipe.
AVALIAÇÃO SOCIAL 109
SITUAÇÃO HABITACIONAL
Para os casos não previstos, aplicar (9) Não se aplica (1) Sim (2) Não
27. O(A) sr(a). reside em: ( ) (1) casa térrea (2) casa duplex (3) apartamento (4) instituição
28. A sua moradia é: ( ) (1) própria (2) alugada (3) cedida (4) outros: ______________________
Observação: _______________________________________________________________
I SITUAÇÃO TRABALHISTA/PREVIDENCIÁRIA/ASSISTENCIAL
O processo de ajuste e reestruturação produtiva dos últimos anos vai agra-
var o quadro social do Brasil e trazer fortes impactos sobre a organização e
as condições de vida das famílias, assim como sua capacidade de atender às
necessidades básicas de seus membros. Com isso, ao mesmo tempo em que se
reduz o tamanho das famílias, aumenta-se o número de dependentes da renda
da família devido ao aumento do desemprego e da vulnerabilidade entre os
diversos segmentos da população. Neste contexto, muitas vezes o idoso acaba
se tornando o principal provedor da subsistência da família, sendo necessário
avaliar como se dá o nível de dependência financeira da família, pois a preca-
riedade de renda e condições de subsistência trazem impactos negativos para
a saúde.
A definição de um plano de cuidados para o idoso requer uma avaliação
das suas reais condições econômica e financeira, bem como de sua família
para que este seja traçado de forma adequada a essa realidade social. Neste
item é possível avaliar se o idoso atende a critérios para a concessão de bene-
fícios assistenciais e previdenciários que possam compor sua renda e favorecer
maiores níveis de saúde e qualidade de vida. Neste eixo, é possível identificar
outras situações de vulnerabilidade social no âmbito familiar, como desem-
prego, pobreza, baixa renda, relações de dependência financeira, situações de
violência financeira e patrimonial, entre outros.
É importante não destacar apenas a renda do usuário, mas os gastos relevan-
tes que comprometem a vida financeira, como por exemplo, gastos com saú-
de, subsistência familiar, empréstimos consignados e situações de violações de
direitos como a apropriação indevida de seus recursos por terceiros.
110 INSTRUÇÕES DO PROTOCOLO 2
31. O(A) sr(a). exerceu atividade remunerada ao longo da sua vida? ( ) 32. Qual? ________________
33. Caso tenha exercido atividade remunerada ao longo da vida, há quanto tempo parou de
trabalhar? ____________________________
Identificar a ocorrência das situações abaixo que tenham repercussão no momento atual.
Observação:______________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
112 INSTRUÇÕES DO PROTOCOLO 2
OUTRAS INFORMAÇÕES DE SAÚDE Para casos não previstos (9) não se aplica (1) Sim (2) Não
43. Diagnóstico:___________________________________________________________________
I INSTRUMENTOS COMPLEMENTARES
A Avaliação Geriátrica Ampla pressupõe participação de uma equipe mul-
tidisciplinar para atender às demandas dos usuários inseridos em serviços am-
bulatoriais e hospitalares.
Outros instrumentos estão disponíveis para utilização em unidades geriá-
tricas. Tais ferramentas são usadas em vários países para a avaliar o suporte
social, uma das variáveis mais importantes na manutenção da saúde do idoso,
bem como para avaliar o cuidador familiar. Este, por ser a pessoa mais próxi-
ma do idoso, quando ocupa a função de provedor de todo o cuidado, também
necessita de atenção especial e não deve ficar de fora do olhar profissional.
No Brasil, existem alguns instrumentos que foram validados para a avalia-
ção do suporte social. No Serviço de Geriatria, além da clássica avaliação
social realizada através de uma entrevista como processo de escuta acurada
optou-se também pelo uso do APGAR da família para avaliar o nível de su-
porte social. E, para avaliar os familiares, optou-se pela escala de sobrecarga
em decorrência do cuidado, a Escala de Rastreio de Sintomas Depressivos e
a Escala de Rastreio da Violência. Estes instrumentos servem como um roteiro
padronizado para que o profissional organize sua proposta de intervenção.
►► APGAR da família
Para avaliar a satisfação com o suporte que é destinado ao idoso, o profissio-
nal pode utilizar o APAGAR. A denominação APGAR é uma sigla das dimen-
sões avaliadas pelo instrumento: Adaptation, Participation, Growth, Affection
e Resolution
O APGAR tem como vantagens o número reduzido de itens e a facilidade
na aplicação. Trata-se de um instrumento para ser respondido exclusivamente
pelo idoso com o objetivo de avaliar o seu grau de satisfação com a família.
É constituído por cinco perguntas, cada uma com três opções de respostas, e
pontuação que varia de 0 (zero) a 2 (dois) pontos. O somatório poderá ser de
0 (zero) a 10 (dez) pontos e o nível de satisfação com a família pode variar de:
totalmente satisfeito (7-10) e insatisfeito (< 6). A insatisfação ainda pode ser
classificada em leve (> 2 e < 7) e totalmente insatisfeito (≤ 2)
114 INSTRUÇÕES DO PROTOCOLO 2
7. O(A) sr(a). muitas vezes se sente tão cansado(a) e exausto(a) que não consegue
dar conta das necessidade de S*?
8. O(A) sr(a). muitas vezes acha que tem que gritar com S*?
O Case deve ser aplicado sempre que o idoso sinalizar que está sofrendo al-
gum tipo de violência, ou quando o profissional perceber um comportamento
hostil e/ou identificar situações que possam sugerir violência. Caso a maioria
das respostas seja positiva, cabe ao profissional realizar uma avaliação mais
detalhada, buscando conhecer a motivação para tais atos, informar sobre os
direitos da pessoa idosa, refletir sobre as penalidades que podem ser impostas
a quem comete maus-tratos e buscar alternativas para mudanças de comporta-
mento, substituição da pessoa que cuida. Uma vez comprovada a perpetração
da violência, cabe ao profissional notificar, em formulário próprio, à Vigilância
em Saúde e encaminhar para o CREAS da região para análise da situação e
possível trabalho de fortalecimento de vínculos.
I REFERÊNCIAS
BATISTONI, S. S. T.; NERI, A. L.; CUPERTINO, A. P. F. B. Validade da escala de depressão
do Center for Epidemiological Studies entre idosos brasileiros. Rev. Saúde Pública, v. 41,
n. 4, 2007.
BUCHANAN, A. A legitimidade interna de interação humanitária. Artigo publicado on line:
16 de dezembro de 2002. Disponível em: http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/1467-
9760.00066/abstract.
KANE, R. A. Assessment of social function: recomendations for comprehensive geriatric
assessment. In: RUBENSTAIN, L. Z; WIELAND, D.; BENRNABEI, R., editors. Geriatric As-
sessment Tecnology: The state of the Art. New York: Spring Publish, 1995. p. 91-110
MENDES, A.O.; OLIVEIRA, F.A. de. Visitas domiciliares pela equipe de saúde da família:
reflexões para um olhar ampliado do profissional. Rev Bras Med Fam e Com. Rio de
janeiro, v. 2, n. 8, jan-mar 2007.
PAIXÃO JR., C. M.; REICHENHEIM, M. E.; MORAES, C. L. Adaptação transcultural para o
Brasil do instrumento Caregiver Abuse Screen (CASE) para detecção de violência de cuida-
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SANCHEZ M. A. S., MOTA, G. M. S. A entrevista social no processo de avaliação geriátrica
ampla. Rev Bras Geriatr Gerontol., v. 12, n. 1, p. 25-33.
SCAZUFCA, M. Brazilian version of the Burden Interview scale for the assessment of bur-
den of care in carers of people with mental illnesses. Rev Bras Psiquiatr., v. 24, n. 1, p.
12-7, 2002.
VERA I., et al. Índex APGAR de Família na avaliação de relações familiares do idoso: revi-
são integrativa. Rev Bras Psiquiatr., v. 24, n. 1, p. 12-7, 2002.
Instruções do Protocolo 4
AVALIAÇÃO MÉDICA Ariette Rolli
Ana Cristina Canêdo Speranza
Mariângela Perez
Eduardo Magalhães Costa
Roberto Alves Lourenço
I INTRODUÇÃO
Os principais diagnósticos em geriatria são pautados nos aspectos clínicos
do paciente, considerando-se que os marcadores biológicos não estão dispo-
níveis para grande parte das doenças mais prevalentes no idoso. Portanto, a
anamnese cuidadosa e o exame físico criterioso e atento constituem o alicerce
para o sucesso diagnóstico. A seguir serão descritos os aspectos mais impor-
tantes de cada etapa da avaliação médica.
I ANAMNESE
►► Queixa principal e história da doença atual
Diferente do que em geral acontece durante consultas com adultos não
idosos, é comum que o paciente geriátrico venha à consulta por inúmeros
motivos e não por uma única queixa principal.
Por outro lado, o paciente pode estar assintomático, caso esteja à procura
apenas de um acompanhamento preventivo. Sendo assim, deve-se iniciar o
atendimento retomando o motivo pelo qual o paciente procurou o serviço e
verificar se esta foi uma iniciativa da família ou do próprio paciente.
Queixa principal:
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
Caso o paciente tenha muitas queixas, peça que ele inicie a consulta des-
crevendo o sintoma que mais o incomoda e, caso seja assintomático, iniciar
pela história patológica pregressa (listar as comorbidades e medicações).
Se o motivo da consulta for alteração da memória, descrever em detalhes
quando iniciou, se houve relação com algum evento (internação, morte na fa-
AVALIAÇÃO MÉDICA 121
mília, uso de nova medicação, etc.), solicitar exemplos de episódios de esque-
cimento, das atividades prejudicadas pela cognição e pesquisar por alterações
do humor e do comportamento associadas.
Mesmo que o paciente procure o geriatra por uma queixa específica (p. ex.
memória), a avaliação deverá ser sempre global e, durante a revisão de siste-
mas, deve-se sempre identificar novos problemas.
Além disso, é importante averiguar se o paciente faz acompanhamento re-
gular com outros especialistas, pois isto vai interferir na estratégia de acompa-
nhamento.
HDA: ___________________________________________________________________________
Legenda: HAS: hipertensão arterial sistêmica; DPOC: doença pulmonar obstrutiva crônica.
122 INSTRUÇÕES DO PROTOCOLO 4
►► Uso de medicações
Avaliar o uso de medicações nos últimos três meses:
Faz uso de medicação (em uso corrente nos 3 últimos meses) ( ) (1) Sim (2) Não
Quais:______________________________
►► História social
Neste tópico o profissional deve investigar sobre etilismo e tabagismo.
►► História familiar
Deve-se investigar sobre doenças crônicas (principalmente: hipertensão
arterial sistêmica, diabetes mellitus, doença coronariana, cerebrovascular e
doenças neurodegenerativas, como demências e Parkinson) e neoplasias. Per-
guntar, especificamente, sobre pais, irmãos e filhos.
►► História fisiológica
Checar a história vacinal especificamente para o calendário do idoso. Para
as mulheres, registrar a data da menopausa e se fez terapia de reposição hor-
monal.
AVALIAÇÃO MÉDICA 123
VACINAÇÃO: ( )
(1) em dia (2) atrasada (3) não sabe informar
VACINAÇÃO PERIODICIDADE DATA DA ÚLTIMA VACINAÇÃO
Hepatite B -
Zoster -
►► Revisão de sistemas
A revisão de sistemas é crucial para a identificação de novos problemas.
Durante a avaliação inicial, devemos pesquisar por todos os itens descritos
na lista e, a cada item identificado, detalhar nas linhas abaixo para que sejam
abordados e tratados.
Roteiro para revisão de sistemas
SISTEMAS SINAIS E SINTOMAS
( ) Cefaleia
Olhos
( ) Diminuição de visão ( ) Prótese ocular
Ouvidos
( ) Diminuição de audição ( ) Zumbido
Cabeça
( ) Déficit auditivo
Boca
( ) Prótese/dentadura ( ) Perda do paladar
( ) Boca seca ( ) Halitose
( ) Dor ( ) Queimação
( ) Aumento de volume ( ) Disfagia
Pescoço
( ) Rouquidão
( ) Dor torácica ( ) Tosse
Tórax e pulmões ( ) Hemoptise ( ) Dispneia
( ) Dispepsia ( ) Constipação
( ) Dor abdominal ( ) Diarreia
Gastrintestinal ( ) Flatulência ( ) Incontinência fecal
( ) Náuseas ou vômitos ( ) Sangramento
124 INSTRUÇÕES DO PROTOCOLO 4
I O EXAME FÍSICO
O exame físico completo é determinante para vários diagnósticos do pa-
ciente idoso, uma vez que a maioria das doenças neurodegenerativas não pos-
sui marcadores a serem medidos por exames complementares. Grande parte
das condições que acometem o paciente idoso tem a sua detecção apoiada
na anamnese e no exame físico. Portanto, ser minucioso e perspicaz e saber
o que se está procurando é fundamental na avaliação. Deve-se ter em mãos
os instrumentos pessoais de consulta, como o estetoscópio, o esfignomanô-
metro, o martelo neurológico e o otoscópio. Ter diapasão e oftalmoscópio é
recomendável.
Para iniciar o exame físico, avalie todos os itens listados na seção corres-
pondente e assinale (1) em caso de alteração e faça a descrição objetiva desta
no espaço abaixo; (2) se normal e (3) no caso de impossibilidade de avaliação
do item e justifique. A ectoscopia oferece muitas informações sobre o estado
de saúde do idoso. Abaixo estão algumas orientações sobre o exame físico do
idoso.
AVALIAÇÃO MÉDICA 125
EXAME FÍSICO (1) alterado (2) normal (3) não se aplica
( ) Vestimentas/higiene ( ) Fácies ( ) Dentes
Ectoscopia
( ) Estado geral ( ) Cabelo ( ) Unhas
Pele ( ) Coloração ( ) Hidratação ( ) Integridade
Mucosas ( ) Coloração ( ) Hidratação ( ) Integridade
( ) Orofaringe ( ) Carótidas ( ) Tireoide
Pescoço
( ) Gânglios ( ) Jugular
Mamas ( ) Pele ( ) Simetria ( ) Nódulo
Aparelho ( ) Ritmo ( ) Sopros ( ) Pulsos periféricos
cardiovascular ( ) Bulhas ( ) Ictus
Aparelho respiratório ( ) Murmúrio vesicular ( ) Ruídos adventícios
( ) Volume ( ) Palpação ( ) Aorta
Abdome ( ) Peristalse ( ) Fígado ( ) Hérnia
( ) Timpanismo ( ) Baço ( ) Ânus
( ) Coluna ( ) Cotovelo ( ) Joelho
Osteoarticular ( ) Cintura scapular ( ) Punho e mão ( ) Tornozelo e pé
( ) Cintura pélvica ( ) ATM
( ) Interação ( ) Coordenação ( ) Sensibilidade
( ) Consciência ( ) Tônus ( ) Reflexos superficiais
Neurológico
( ) Postura e marcha ( ) Movimento ( ) Reflexos profundos
( ) Equilíbrio ( ) Força ( ) Pares cranianos
Legenda: ATM: Articulação Temporomandibular.
►► Ectoscopia
Estado geral – observe se o paciente parece bem cuidado, ou não, e se apre-
senta aspecto robusto ou frágil.
Higiene – observe se as roupas estão limpas e adequadas e a presença de
odores.
Cabelos – observe a presença de alopecia, coloração e lesões em couro
cabeludo.
Dentes – observe a presença, ou não, das unidades dentárias, a sua higiene,
a língua, a presença de cáries e inflamação nas gengivas. Se houver dentadura,
se está bem adaptada e em bom estado.
Fácies – veja a expressão facial do idoso, se tem depressão ou apatia.
Unhas – observe o estado das unhas, sua integridade, presença de lesões e
a coloração.
►► Pele
Investigue a presença de lesões hipo ou hipercrômicas, de úlceras por pres-
são, especialmente sacra, trocantérica ou nos calcâneos; dermatoftoses, úlce-
126 INSTRUÇÕES DO PROTOCOLO 4
►► Exame neurológico
Esse é um momento de especial atenção no exame físico do idoso e deve
ser priorizado. Deve-se reservar um tempo da consulta para fazer o exame
detalhado. Inicia-se observando a marcha – se atípica (normal) ou se alterada
– cambaleante, atáxica, com pequenos passos, etc., ou se o paciente se apre-
senta em cadeira de rodas. Faça isso no momento em que estiver realizando o
teste de velocidade da marcha. Descreva o que observou. Analise o equilíbrio.
Em seguida, observe o estado mental do idoso e a sua linguagem: se fluente e
coerente.
Tônus – investigue a presença de rigidez nos quatro membros e também no
tronco. Observe se a força está presente e sua simetria.
Reflexos profundos – use o martelo neurológico para pesquisar os reflexos
bilateralmente – biciptal, triciptal, patelar, aquileu. Pesquise hipo/hiperreflexia
e simetria.
Reflexos superficiais – avalie o reflexo cutâneo abdominal.
Sensibilidade – veja se há hiper/hipoestesia cutânea. Pesquise a sensibilida-
de tátil.
Movimento – observe se há movimentos anormais como tremor. Caso haja,
descreva a sua característica – de repouso ou movimento, qual o seguimento
corporal atingido e a sua simetria. Observe se há discinesia, balismo, atetose
ou tiques e descreva.
Pares cranianos – examine os pares cranianos com especial atenção para o
movimento ocular. Pesquise a mobilidade, a presença de nistagmo e a aco-
modação.
Utilizando um oftalmoscópio, examine o fundo de olho.
►► Toque retal
Na anuscopia, observe a presença de hemorroidas, fissuras ou outras lesões.
No toque retal, pesquise massas, fecaloma, presença de sangue na luva e, no
caso de paciente masculino, veja o tamanho e a consistência da próstata.
►► Otoscopia
Avalie se há presença de rolhas de cerume e de lesões no canal auditivo.
Anote.
Otoscopia: _______________________________________________________________________
128 INSTRUÇÕES DO PROTOCOLO 4
I MEDIDAS OBJETIVAS
Medida da pressão arterial – verifique a pressão arterial em ambos os braços,
com o paciente sentado. Verifique se há diferença. Quando houver diferença,
use o braço que tiver o maior valor de pressão para verificar nas posições dei-
tada e em pé. Observe se há hipotensão postural, que é a diferença maior ou
igual a 20 mmHg na pressão arterial na mudança da posição deitada para a
supina. Anote.
Verifique a frequência cardíaca através do pulso radial e a frequência respi-
ratória. Anote.
Medidas Objetivas:
Legenda: be: braço esquerdo; bd: braço direito; FC: frequência cardíaca; FR: frequência respiratória; bpm:
batimentos por minuto; irpm: incursões respiratórias por minuto.
I REFERÊNCIAS
DEL-BEN, C. M. et al. “Confiabilidade de” Entrevista Clínica Estruturada para o DSM-IV-
--Versão Clínica” traduzida para o português.” Revista Brasileira de Psiquiatria, 2001.
GALLO, J. J.; FULMEN, T.; PAVEZA G. J., REICHEL W. Handbook of Geriatric Assessment.
Gaithrsburg, Maryland: Aspen, 2000.
MOREIRA, V. G.; LOURENÇO, R. A. Prevalence and factors associated with frailty in an
older population from the city of Rio de Janeiro, Brazil: the FIBRA-RJ Study. Clinics. v. 68,
n. 07, p. 979-985, 2013.
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ment, v. 6, n. 13, p. 1-21, 1987.
PFEIFER, E. Some basic principles of working with older patients. J Am Geriatr Soc., v. 33,
n. 1, p. 44-7, 1985.
STUCK, A. E.; ILIFFE, S. Comprehensive geriatric assessment for older adults. BMJ, v. 343,
2011.
Instruções do Protocolo 5
AVALIAÇÃO NUTRICIONAL Verônica Costa Melo
I INTRODUÇÃO
A antropometria é um método simples, não invasivo, de rápida aplicação e
baixo custo. Para esta avaliação são utilizados o índice de massa corporal, a
circunferência do braço, a prega cutânea triciptal e o perímetro da cintura. A
descrição dos métodos de aferição destes indicadores encontra-se na Seção 1,
Protocolo 5.
As instruções abaixo referem-se a três outros itens: a anamnese alimentar, a
avaliação do consumo alimentar, a orientação nutricional e a Miniavaliação
Nutricional.
I ANAMNESE ALIMENTAR
A anamnese alimentar é um processo fundamental na avaliação nutricional.
Trata-se de uma entrevista para o registro de informações junto ao paciente
com o propósito de obter dados necessários para análise e assim definir metas
para o tratamento.
A anamnese é dividida em:
• Dados pessoais (nome, gênero, estado civil, idade, ocupação ou apo-
sentadoria).
• Dados clínicos (queixa principal, história da doença e evolução, uso de
medicamentos, função intestinal).
• Dados sobre o estilo de vida (tabagismo, etilismo, religião, prática de
atividade física).
• Aspectos físicos (alteração de peso, condições sobre dentição, mastiga-
ção e deglutição, capacidade funcional).
Aspectos dietéticos (alergia, intolerância e aversões alimentares, hidratação).
AVALIAÇÃO NUTRICIONAL 131
As perguntas devem ser claras, de fácil entendimento e sempre que ne-
cessário complementadas com questões que nem sempre estão presentes em
roteiros previamente definidos.
I ORIENTAÇÃO NUTRICIONAL
A orientação nutricional deve abordar todos os pontos da anamnese e ser
realizada de forma gradual, seguindo estratégias de vivência, dificuldades e
dúvidas do paciente. A linguagem adotada é de grande importância, a fim de
favorecer a compreensão das informações. As orientações devem ser orais e
escritas. Além das orientações, o paciente deve receber a prescrição dietética
com lista de substituição de alimentos, com objetivo de variar a dieta proposta.
O trabalho de uma equipe interdisciplinar torna-se necessário para recu-
peração e manutenção do estado nutricional, com o objetivo de melhorar a
qualidade de vida dessa população.
I MINIAVALIAÇÃO NUTRICIONAL
A Miniavaliação Nutricional (MAN) tem sido fortemente utilizada para iden-
tificar risco de desnutrição. No serviço este instrumento tem sido utilizado
no momento da avaliação inicial para ingresso no programa. Na sequência
apresentamos as orientações sobre a aplicação deste instrumento. Geralmen-
te, nos processos de triagem se usa a versão reduzida e, na dependência dos
resultados, amplia-se para a avaliação global.
AVALIAÇÃO NUTRICIONAL 133
Miniavaliação Nutricional (versão reduzida)
Nome:____________________________________________________
A) Nos últimos três meses houve diminuição da ingestão alimentar devido à perda do apetite, pro-
blemas digestivos ou dificuldade para mastigar ou deglutir?
Caso haja dificuldade de entendimento do item, usar as seguintes perguntas: “Você comeu menos
do que o normal nos últimos três meses? ”
“Isso se deve à falta de apetite ou dificuldade para mastigar ou engolir?”
0 = diminuição severa da ingestão
1 = diminuição moderada da ingestão
2 = sem diminuição da ingestão
C) Mobilidade
Para este item usar as seguintes perguntas:
“Você consegue sair da cama atualmente? ”
“Você consegue sair de casa sozinho”
0 = restrito ao leito ou a cadeira de rodas
1 = deambula, mas não é capaz de sair de casa
2 = normal
D) Passou por algum estresse psicológico ou doença aguda nos últimos três meses?
Na dificuldade de entendimento, usar como exemplo:
“Sofreu a perda de um ente querido recentemente”
0 = sim 1 = não
E) Problemas neuropsicológicos
O cuidador do paciente e a história clínica podem oferecer informações sobre a severidade dos
problemas neuropsicológicos do paciente. Por exemplo, por perguntar:
“Algum médico já deu um diagnóstico de demência ou depressão?”
0 = demência ou depressão grave
1 = demência leve
2 = sem problemas psicológicos
I REFERÊNCIAS
FRANCO, F. S. et al. Processos de Cuidados em Nutrição. In: TINÔCO, A. L. A., ROSA, C.
O. B. Saúde do Idoso - Epidemiologia, Aspectos Nutricionais e Processo de Envelhe-
cimento. 1ª edição, Rio de Janeiro: editora Rubio, 2015. p.395-422.
NESTLÉ® NUTRITION INSTITUTE. Um Guia para completar a Mini Avaliação Nutricional®.
Disponível em: http://www.mna-elderly.com/forms/mna_guide_portuguese.pdf. Acesso
em: 31/07/17.
TOASSA, E. C.; Leal, G. V. S. Atendimento ao Idoso em Consultório. In: SILVA, M. L. N.;
Marucci, M. F. N.; Roediger, M. A. Tratado de Nutrição em Gerontologia. Barueri, São
Paulo: Editora Manole, 2016. p. 312-326.
SILVA, E. C. Goulart; R. M. M.; Aquino, R. C. Atendimento ao Idoso em Ambulatório. In:
SILVA, M. L. N., Marucci, M. F. N., Roediger, M. A. Tratado de Nutrição em Gerontologia.
Barueri, São Paulo: Editora Manole. 2016. p. 327-340.
Instruções do Protocolo 6
AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA Flávia Moura Malini
Drummond
I INTRODUÇÃO
A avaliação funcional realizada pela equipe de fisioterapia tem como objeti-
vo fornecer informações importantes sobre a mobilidade, equilíbrio, marcha e
risco de quedas dos idosos. Também é necessária para auxiliar na elaboração
de condutas, avaliar a eficácia das intervenções e evolução longitudinal dos
idosos. Através do diagnóstico cinético-funcional, juntamente com as informa-
ções obtidas pelos outros profissionais, o fisioterapeuta poderá elaborar seus
objetivos e condutas de tratamento.
I PROGNÓSTICO DE ADERÊNCIA
Para avaliar o prognóstico de aderência ao tratamento, devemos iniciar a
avaliação fisioterapêutica com uma pergunta simples. Esta pergunta deve ser
respondida pelo próprio idoso ou pelo acompanhante/familiar.
Caso a resposta seja “sim”, ao final da avaliação, se o paciente apresentar cri-
térios para acompanhamento regular, deve ser inserido no Serviço, para aten-
dimento no mínimo 2 vezes por semana. Este atendimento pode ser feito de
forma individual ou em grupo, de acordo com as necessidades apresentadas.
Em caso de resposta negativa, se o idoso tiver necessidade de atendimento,
deve ser elaborado um relatório com os resultados dos testes e encaminhado
para tratamento fisioterapêutico em outro local.
Esta pergunta visa adequar a necessidade e condição do idoso e do Serviço,
otimizando as orientações e evitando filas de espera desnecessárias.
ADERÊNCIA
Se o tratamento de fisioterapia for necessário, o(a) sr(a). pode comparecer ao serviço 2x/
semana? ( )
I INQUÉRITO DE QUEDAS
Avalia-se o histórico de quedas no último ano com uma pergunta sim-
ples: “Houve alguma queda nos últimos 12 meses?”. Esta pergunta deve ser
respondida pelo próprio idoso, reforçando, se necessário, sobre quais meses
estamos falando. Por exemplo: “De julho do ano passado até julho deste ano,
houve alguma queda?”. Esta pergunta é altamente influenciada pela memória
do indivíduo, e muitas vezes, pode ser subestimada. Podemos confirmar esta
resposta perguntando também ao acompanhante/familiar.
O número de quedas também deve ser questionado, assim como o local
onde cada uma ocorreu, em quais circunstâncias, quais foram os sintomas
apresentados no momento da queda, como por exemplo, tonteira, tropeços,
desequilíbrios, desmaios, etc.
É de suma importância perguntar se ele conseguiu se levantar sozinho ou
se precisou de ajuda. E também quais foram as consequências da queda: se
precisou procurar algum serviço de saúde/emergência, se houve alguma lesão,
local da lesão, se houve fratura e em que local.
Estas perguntas são avaliadas de forma aberta, visando coletar o maior nú-
mero de informações possíveis.
Em seguida, avaliamos a presença de medo de cair através de uma pergunta
simples: “O(A) sr(a). tem medo de cair?”. Esta pergunta deve ser feita inclusive
para aqueles que nunca caíram.
Avaliamos a percepção do indivíduo quanto ao seu equilíbrio com a se-
guinte pergunta: “O(A) sr(a). acha que tem problema de equilíbrio?”. Caso
haja dificuldade de compreensão, podemos explicar como: “Acha que anda
com dificuldade?”, ou: “Acha que tem desequilíbrio, parece que vai cair?”.
Esta avaliação é considerada importante preditora de quedas, mesmo com os
resultados de testes de equilíbrio e marcha normais.
Perguntamos quanto à prática de exercício físico regular, qual modalidade
e frequência. Devemos diferenciar aqui a prática de exercícios físicos, que
seriam exercícios programados e sistematizados com algum objetivo especí-
fico, de atividade física de forma ampla e geral, como por exemplo: limpar e
arrumar a casa, andar até o ponto de ônibus, etc. Com esta pergunta, quere-
mos obter a informação sobre exercícios físicos diferenciando das atividades
de rotina.
Também é importante avaliar se o idoso está em tratamento fisioterapêutico
no momento e para qual problema.
AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA 137
HISTÓRICO DE QUEDAS
Houve alguma queda nos últimos 12 meses?: ( ) (1) Sim (2) Não
Número de quedas: ( )
Sintomas ao cair:__________________________________________________________________
O(A) sr(a) acha que tem problema de equilíbrio? ( ) (1) Sim (2) Não
Qual: ___________________________________________________________________________
Encontra-se em tratamento com fisioterapia em outro local? ( ) (1) Sim (2) Não
Se sim, para qual problema? ________________________________________________________
Além disso, a ASHT recomenda que seja utilizada a segunda posição da ma-
nopla do dinamômetro do tipo JAMAR por ser a posição da alça mais eficiente
para realização da medida. Outros autores recomendam que a segunda posição
da alça seja utilizada para mulheres e a terceira posição para homens. Porém,
caso o idoso tenha a mão anatomicamente maior ou menor em relação à média
das pessoas, pode-se utilizar em outra posição acima ou abaixo dessas marcas.
Durante a realização das medidas de FPP, as instruções específicas são im-
portantes, assim como o volume em que são transmitidas. Por isso, é importan-
te uniformizar os comandos dados aos avaliados, como também usar o mesmo
tom de voz durante as instruções. A medida é realizada no membro superior
dominante, solicitando para o avaliado aplicar a força mais elevada possível
nas três tentativas. A contração máxima pode ser mantida por 3 ou 6 segundos,
sendo suficientes para fornecer a leitura da FPP, e o tempo ideal de descanso
para realização de uma nova medida pode ser em torno de 60 segundos.
A FPP fornece uma aproximação da força muscular global e está fortemente
ligada à funcionalidade. Os idosos que geralmente apresentam FFP reduzida
são sedentários, possuem redução de massa corporal, problemas de saúde e
limitações funcionais em atividades que precisem da utilização dos membros
superiores e inferiores.
(Dinamômetro JAMAR)
1ª medida de força de preensão kgf
2ª medida de força de preensão kgf
3ª medida de força de preensão kgf
Média: 1ª+ 2ª + 3ª/ 3 kgf
►► Força muscular
A avaliação da força muscular deve ser realizada através do Teste Muscular
Manual. Deve ser realizado nos grupamentos musculares de membros supe-
riores e inferiores, de acordo com os movimentos.
AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA 139
O idoso deve estar na posição sentada, de maneira confortável, e deve ser
realizado e anotado o grau de força dos seguintes movimentos:
Membros superiores:
• flexão e abdução de ombros;
• flexão e extensão de cotovelos;
• flexão e extensão de punhos.
Membros inferiores:
• flexão de quadril;
• flexão e extensão de joelhos;
• abdução e adução de quadril;
• dorsiflexão e plantiflexão de tornozelos.
Cada grupamento muscular é avaliado e classificado em 6 categorias:
Grau 0: ausência de movimento, paralisia.
Grau 1: esboço de contração.
Grau 2: incapaz de mover contra a gravidade, mas realiza o movimento.
Grau 3: vence a força da gravidade sem resistência.
Grau 4: vence a força de gravidade com uma pequena resistência.
Grau 5: vence a força de gravidade com uma grande resistência.
Observação:
Ao realizar a avaliação da amplitude de movimento e força muscular, o pro-
fissional deve observar o padrão e a qualidade de movimento, presença, local
e intensidade da dor. A avaliação pode ser complementada de acordo com a
necessidade específica e a condição do idoso. Por exemplo, avaliar o tônus
muscular, coordenação, goniometria, etc.
Comentários: _____________________________________________________________________
►► Amplitude de movimento
A avaliação da amplitude de movimento deve ser realizada na postura em
decúbito dorsal, preferencialmente, ou na postura sentada. Deve-se avaliar a
amplitude de movimento articular (ADM) dos mesmos movimentos citados
acima para avaliação da força muscular.
Inicia-se com a ADM ativa, ou seja, pedindo ao idoso que realize o movi-
mento completo, ou até o limite. A avaliação do movimento ativo é importan-
te para que se avalie padrão, ritmo e qualidade do movimento, presença de
dor, em qual amplitude ocorre o início da dor, se a intensidade aumenta com
o movimento e presença de restrição ou bloqueio.
140 INSTRUÇÕES DO PROTOCOLO 6
Comentários:____________________________________________________________________
Tempo:________seg. Velocidade____________m/s
Resultado do teste: ( )
Pré teste: levantou sem usar os braços ( ) (1) Sim (2) Não
Resultado do teste ( )
I O TESTE DE DUPLA-TAREFA
A dupla tarefa (DT) consiste na prática de duas tarefas simultâneas, em que
uma é considerada primária e a outra, secundária, e tem sido utilizada para
avaliar a relação entre cognição, marcha e quedas.
A marcha é tida como evento principal ou tarefa primária e as tarefas secun-
dárias, de um modo geral, são motoras ou cognitivas.
Parte-se da premissa de que duas tarefas realizadas ao mesmo tempo com-
petem por recursos corticais, o que pode interferir, tanto no desempenho de
uma delas, como no de ambas.
No Serviço, optou-se pela utilização do Timed Up and Go (TUG), como
instrumento de avaliação de marcha/equilíbrio e, como tarefa cognitiva, se-
cundária à marcha, adotou-se a fluência verbal semântica (categoria animais).
I INSTRUMENTOS COMPLEMENTARES
Os outros instrumentos utilizados para complementar a avaliação são: a
Escala de Autoeficácia de Quedas (FES-I-BR) e o Índice Dinâmico da Marcha
(DGI).
►► Escala de Autoeficácia de Quedas
Esta escala tem como objetivo avaliar a percepção de autoeficácia nas que-
das, medindo o grau de confiança que o indivíduo tem na realização de deter-
minadas tarefas sem cair ou perder o equilíbrio. Consiste em um instrumento
composto por 16 itens com as seguintes opções de resposta: nem um pouco
preocupado, um pouco preocupado, muito preocupado e extremamente preo-
cupado. O indivíduo é questionado quanto à preocupação em cair ao realizar
as seguintes atividades: limpando a casa, vestindo ou tirando a roupa, preparan-
do refeições simples, tomando banho, indo às compras, sentando ou levantan-
do de uma cadeira, subindo ou descendo escadas, caminhando pela vizinhan-
ça, pegando algo acima de sua cabeça ou do chão, indo atender ao telefone
antes que pare de tocar, andando sobre superfície escorregadia, visitando um
amigo ou parente, andando em lugares cheios, caminhando sobre superfície
irregular, subindo ou descendo uma ladeira e indo a uma atividade social.
Caso o idoso relate que não realiza alguma das atividades, ele deve ser
questionado quanto à possibilidade de realizá-la. O escore total pode variar
de 16 a 64 e, quanto maior a pontuação, maior sua preocupação em relação
às quedas. O ponto de corte utilizado é de 23 ou mais pontos para que seja
considerado um individuo com medo de cair, o que está associado a ocorrên-
cia de quedas.
154 INSTRUÇÕES DO PROTOCOLO 6
pera o equilíbrio sem ajuda (estágio 2,5). Pacientes com instabilidade podem
cair se não foram amparados pelo terapeuta.
►► Escala Unificada de Avaliação da Doença de Parkinson
A Escala Unificada de Avaliação da Doença de Parkinson (UPDRS) avalia
os sinais, sintomas e determinadas atividades dos pacientes por meio do autor-
relato e da observação clínica. É composto por 42 itens, divididos em quatro
partes: atividade mental, comportamento e humor, atividades de vida diária
(AVDs), exploração motora e complicações da terapia medicamentosa. Cada
item varia de 0 a 4 pontos. O valor máximo indica maior comprometimento
pela doença e o mínimo indica normalidade.
As outras medidas de avaliação, como velocidade de marcha, Timed Up
and Go, Short Physical Performance Battery (SPPB) não são de uso específico
para doença de Parkinson, mas também são úteis à medida que auxiliam no
uso de estratégias sistematizadas de acompanhamento destes pacientes. Por
ser uma doença progressiva, as avaliações devem ser realizadas de forma roti-
neira e reavaliadas ao longo do tempo e das sessões.
O atendimento fisioterapêutico pode ser realizado por meio de acompanha-
mento individual no qual, incialmente, são realizadas 20 sessões duas vezes
por semana, por 50 minutos, aproximadamente, cada uma, e os grupos são
organizados em sessões realizadas duas vezes por semana. Contudo, podem
variar conforme com a demanda apresentada.
I REFERÊNCIAS
ALENCAR, M. A. et al. Força de preensão palmar em idosos com demência: estudo da
confiabilidade. Revista Brasileira de Fisioterapia, São Carlos, v. 16, n. 06, p. 510-514,
nov./dez. 2012.
CAMARGOS, F. F. O. et al. Adaptação transcultural e avaliação das propriedades psico-
métricas da Falls Efficacy Scale-International em idosos brasileiros (FES-I-BRASIL). Revista
Brasileira de Fisioterapia. v.14, p.237-243, 2010.
DE CASTRO, S. M.; PERRACINI, M. R.; GANANÇA, F. F. Versão brasileira do Dynamic Gait
Index. Rev Bras Otorrinolaringol. v..72, n. 6, p.817-25, 2006.
FERNANDES, A. de A.; MARINS, J. C. B. Teste de força de preensão manual: análise meto-
dológica e dados normativos em atletas. Fisioterapia em Movimento, Curitiba, v. 24, n.
3, p. 567-578, jul./set. 2011.
FIGUEIREDO, I. A. et al. Teste de força de preensão utilizando o dinamômetro Jamar. Acta
Fisiátrica, v. 14, n. 02, p. 104-110, 2007.
AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA 159
GERALDES, A. A. R. et al. A Força de Preensão Manual é Boa Preditora do Desempenho
Funcional de Idosos Frágeis: um Estudo Correlacional Múltiplo. Revista Brasileira de
Medicina do Esporte, v. 14, n. 01, jan./fev. 2008.
GOULART, F.; PEREIRA, L. X. Uso de escalas para avaliação da doença de Parkinson em
fisioterapia. Fisioterapia e Pesquisa, v. 2, Jan-Abril 2005.
MARTIGNONI, E. et al. Psychometric properties of the unified Parkinson’s disease rating
scale and of the short Parkinson’s evaluation scale. Neurol Sci., v. 24, p. 190-1, 2003.
NAKANO, M. M.; DIOGO, M. J. D; FILHO, W. J. Brazilian Version of the Short Physical
Performance Battery SPPB: Cross-Cultural Adaptation and reliability study. Campi-
nas, 2007. Dissertação (Mestrado em Gerontologia) – Faculdade de Educação, Universida-
de Estadual de Campinas – UNICAMP.
SCHENKMAN, M. et al. Lon- gitudinal evaluation of economic and physical impact of
Parkinson’s disease. Parkinson Related Disord., v. 8, p. 41-50, 2001.
Instruções do Protocolo 7
AVALIAÇÃO COGNITIVA Maristela Vômero Dias
Maria Angélica dos Santos
Sanchez
I INTRODUÇÃO
Define-se como cognição a atividade mental capaz de produzir respostas às
solicitações e estímulos externos (Vieira, 1995). É um processo complexo de
aquisição do conhecimento que se dá através da percepção, atenção, associa-
ção, memória, raciocínio, juízo, imaginação, pensamento e linguagem.
Para uma avaliação adequada da cognição do indivíduo, é fundamental
termos um ambiente propício para concentração e atenção, que inclui tanto
um ambiente com poucos ruídos, como também o uso adequado de órteses,
óculos e aparelho auditivo, além de celulares desligados ou no silencioso.
Ao realizar a testagem, o examinador necessita falar de forma clara e pausa-
da, olhando para o paciente, e com um tom de voz que tenha certeza que es-
teja audível. Não pode dar dicas e não deve confirmar ao paciente se ele está
correto ou não, apenas passando ao próximo item. Não se devem corrigir as
respostas erradas do paciente, ou avaliar positivamente utilizando expressões
como “parabéns”, “muito bem”, etc.
O relato de um informante qualificado também é um dos itens que preen-
chem os critérios estabelecidos por instituições internacionais para o diagnós-
tico da demência (McKhann et al., 1984; APA, 1994). Neste caso, aproveita-se
o momento em que o idoso está realizando os testes neurocognitivos para
realizar a avaliação de seu acompanhante.
“Agora eu vou fazer outras perguntas que estão relacionados ao comportamento diário do(a) sr(a).
X. Nesta etapa, o(a) sr(a). vai me dizer o que o observa no dia a dia dele.”
Certifique-se de que a pessoa entendeu o que você vai começar a fazer.
“Gostaria que o(a) senhor (a) recordasse o estado em que o(a) sr(a). X (FALAR O NOME DO IDOSO)
se encontrava há dez anos, no ano XXXX (informar ano atual menos dez), e o comparasse com seu
estado atual. Descrevemos abaixo situações em que ele(a) tenha de usar a memória ou o raciocínio
e eu gostaria que o(a) sr(a). dissesse se, nesse aspecto, ele(a) melhorou, piorou, ou permaneceu na
mesma nos últimos 10 anos.
É muito importante comparar o desempenho atual do(a) sr(a). X com o de 10 anos atrás. Deste
modo, se há dez anos ele(a) sempre esquecia onde havia deixado as coisas e isso ainda acontece,
então isto será considerado como “POUCA MUDANÇA”. Diga-me, a seguir, as mudanças que o(a)
senhor(a) observou, apontando no cartão a melhor resposta para cada item.
Comparado com seu estado há dez anos, como está o(a) sr(a). X em...”
Caso haja algum item que o respondente não esteja entendendo, siga as
instruções que seguem no quadro abaixo. Não crie novas opções de respostas.
Siga exatamente as opções fornecidas.
AVALIAÇÃO COGNITIVA 165
Manual de instruções resumido para aplicação da Versão do IQCODE-BR
1. Lembrar-se dos rostos de parentes e amigos. Pessoas com as quais tenha contato.
2. Lembrar-se dos nomes de parentes e amigos. Pessoas com as quais tenha contato.
3. Lembrar-se de fatos relacionados a parentes e Profissões ou locais onde trabalham, aniversá-
amigos como, por exemplo: suas profissões, ani- rios e onde moram.
versários e endereços.
4. Lembrar-se de acontecimentos recentes. Qualquer evento importante que tenha aconte-
cido nos últimos três meses. (uma festa, nasci-
mento ou morte de algum conhecido, viagem,
hospitalização).
5.Lembrar-se de conversas depois de poucos Qualquer conversa nos últimos três dias.
dias.
6. No meio de uma conversa, esquecer o que Quando a pessoa está conversando, para e es-
ele(a) queria dizer. quece o que estava dizendo e muda de assunto.
7. Lembrar-se do próprio endereço e telefone. Lembrar o nome da rua onde mora e telefone de
sua residência.
8. Saber o dia e o mês em que estamos. Esquecer frequentemente o dia e o mês, suge-
rindo desorientação temporal.
9. Lembrar onde as coisas são geralmente guar- Coisas que são colocadas sempre no mesmo
dadas. lugar.
(Por exemplo, as roupas e os talheres).
10. Lembrar onde encontrar coisas que foram Coisas que não têm lugar fixo e, geralmente, são
guardadas em lugares diferentes daqueles em deixadas em locais diversos. Importante saber se
que costuma guardar. isto acontece com frequência.
(por exemplo, os óculos, as chaves, o dinheiro).
11. Adaptar-se a qualquer mudança no dia a dia. Quando ocorrem mudanças nas ações comu-
mente realizadas, saber se o idoso se adapta
com tranquilidade e apresenta alterações de
comportamento.
12. Saber utilizar aparelhos domésticos. Qualquer aparelho dentro de casa usado diaria-
mente (por exemplo, liquidificador, ferro elétri-
co, fogão, gás).
13. Aprender a utilizar um novo aparelho exis- Aparelho comprado recentemente que exija al-
tente na casa. gum aprendizado para o uso (eletrodoméstico
em geral).
(Algum aparelho novo que tenha comprado re-
centemente).
14. Aprender coisas novas em geral. Capacidade de aprender a manusear algum apa-
relho ou executar uma nova receita.
15. Lembrar das coisas que aconteceram na ju- Lembrar de fatos importantes que aconteceram
ventude. na juventude.
16. Lembrar de coisas que ele(a) aprendeu na Alguma atividade como consertos em casa ou
juventude. qualquer equipamento. Atividades artesanais ou
culinárias.
17.Entender o significado de palavras pouco uti- Palavras que não são utilizadas corriqueiramente.
lizadas. Caso seja incluída uma palavra deste tipo
em alguma conversa, o sentido deixa de ser
entendido.
166 INSTRUÇÕES DO PROTOCOLO 7
I REFERÊNCIAS
LOURENÇO, R. A; VERAS, R. P. Mini-Exame do Estado Mental: características psicométri-
cas em idosos ambulatoriais [Mini-Mental State Examination: psychometric characteristics
in elderly outpatients]. Rev Saúde Pública, v. 40, p. 712-719, 2006.
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MONTAÑO, M. B. M. M.; RAMOS, L. R. “Validade da versão em português da Clinical
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AVALIAÇÃO COGNITIVA 167
PARADELA, E. M. P.; LOPES, C. S., LOURENÇO, R. A. “Reliability of the Brazilian version
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Apêndice 1
DIAGRAMA DA AVALIAÇÃO
GERIÁTRICA AMPLA
I IMPRESSÕES
AVALIAÇÃO SOCIAL
1.Principais impressões: ____________________________________________________________
2. Conduta: ______________________________________________________________________
AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA
1.Principais impressões: ____________________________________________________________
2. Conduta: ______________________________________________________________________
AVALIAÇÃO MÉDICA
1.Principais impressões: ____________________________________________________________
2. Conduta: ______________________________________________________________________
I CONDUTAS
Uma avaliação extensa e acurada requer a tomada de decisões que possa
proporcionar uma atenção de qualidade objetivando a manutenção e/ou res-
gate da capacidade funcional. A primeira ação a ser feita deve ser a reunião
de equipe para a discussão do caso. Seguido a isso, a decisão de alta também
pode ser uma possibilidade e, nos casos de inserção no Serviço, a reavaliação
anual da AGA.
►► A reunião de equipe
A reunião é o momento em que todos os profissionais da equipe se reúnem
para discutir o caso, inclusive aqueles que não participaram da avaliação ini-
170 APÊNDICE 2
( ) Alteração comportamento
( ) Insônia
( ) Doença de Parkinson
( ) Incontinência. Qual?
( ) Risco nutricional
( ) Inapetência/perda de apetite
( ) Polifarmácia
( ) Dependência funcional
Decisões:
►► A alta no serviço
A AGA é um instrumento importante para a detecção de fatores que podem
levar à incapicade funcional. Alguns idosos são referenciados ao serviço, po-
rém não apresentam critérios para permanecer. Ainda que estejamos diante de
uma condição que beira a perversidade, é importante ter em mente que diante
da ausência de recursos de toda natureza, é imprescindível prestar um serviço
de qualidade a quem realmente se beneficiará de uma estrutura interdisci-
plinar. Assim sendo, idosos que não preencham os critérios, isto é, aqueles
que não são portadores de síndromes geriátricas, devem ser encaminhados ou
reencaminhados à Rede de Saúde conforme seu perfil. Por exemplo, idosos
INSTRUÇÕES PARA IMPRESSÕES, CONDUTAS E ACOMPANHAMENTOS 171
com capacidade funcional preservada, mas que são acometidos por doenças
crônicas, como o diabetes e a hipertensão sem maiores agravos, podem ser
referenciados para a atenção básica e inseridos em programas de acompanha-
mento, promoção de saúde e prevenção de doenças. Contudo, é importante
enviar os resultados da avaliação explicitando o motivo pelo qual o idoso não
ficará em acompanhamento.
Nome___________________________________________________________________________
Resumo anamnese_________________________________________________________________
Conduta _________________________________________________________________________
Outros:
Atualiza-se a lista medicamentosa para sempre tentar a retirada de medica-
ções e evitar iatrogenias.
8 - Outras condições:
__________________________________
Carimbo/ Assinatura
Apêndice 3
ELABORAÇÃO DO PLANO DE CUIDADOS Maria Angélica dos Santos
Sanchez
I INTRODUÇÃO
A Avaliação Geriátrica Ampla fornece um conjunto de informações acerca
do estado funcional, cognitivo e social. Estes dados coletados por uma equipe
multidisciplinar vão permitir o desenvolvimento de um plano de cuidados que
se constitui em um processo de intervenção sistematizada.
A eficiência deste plano vai depender da extensão e acurácia da avaliação.
No momento da discussão de caso, a avaliação é sintetizada e são apresenta-
das a informações que permitam estabelecer disgnósticos, gerenciar prognós-
ticos e prevenir problemas futuros.
O plano de cuidados é um produto da avaliação multidisciplinar. No mo-
mento de sua elaboração é possível delinear que ações são necessárias para o
alcançe de resultados positivos.
Para tanto, a discussão de deve ocorrer com:
• dinâmica participativa;
• decisões consensuais;
• planejamento de intervenções adequado.
Objetivos do plano de cuidados:
• identificar as demandas e os serviços necessários;
• planejar em conjunto a utilização de serviços;
• organizar um cuidado integrado evitando ao máximo a fragmentação
das ações;
• alcançar uma comunicação eficiente;
• analisar as respostas obtidas.
Para elaborar um plano de cuidados se faz necessário identificar:
• os problemas que impactam a saúde e a qualidade de vida;
• os recursos disponíveis e os necessários;
• o responsável pelo cuidado no domicílio do idoso.
ELABORAÇÃO DO PLANO DE CUIDADOS 175
Na hora de executar o plano é imprescindível saber:
• o que fazer;
• que profissionais serão responsáveis;
• quando será iniciada a intervenção;
• que resultados são esperados.
►► Avaliação fisioterapêutica
Destacar somente as anormalidades da avaliação apresentando o resultado dos testes:
OBS:
Impressão: ______________________________________________________________________
Conduta: ________________________________________________________________________
►► Avaliação clínica
História da Doença Atual ― em tópicos, escrever os pontos mais relevantes
da história atual.
Exame físico ― em tópicos, sumarizar os aspectos relevantes do exame físico.
Medicamentos em uso ― em tópicos, elencar as medicações em uso.
Hipóstes diagnósticas ― elencar as hipóteses diagnósticas depois de discu-
tidas com o supervisor.
Conduta ― destacar as condutas definidas.
Ao final da apresentação, começa a ser definido o plano de cuidados. É
importante cada profissional sinalizar sua proposta para minimizar os obstá-
culos, buscar adesão ao tratamento e dar resolubilidade ao caso. A execução
do plano de cuidados deve ser clara quanto ao estabelecimento de prioridades
e identificação do profissional que iniciará a intervenção, sempre levando em
consideração o equilíbrio entre os recursos necessários e os disponíveis.
I REFERÊNCIAS
ADLER, S. L. et al. Collaboration: the solution to multidisciplinary care-planing. Orthopae-
dic Nursing, v.. 14, n2, p. 21-29, 1995.
SANCHEZ, M. A. S. O Plano de Cuidados: a avaliação geriátrica ampla como estratégia de
otimização de cuidados. In: Renato Veras; Roberto Lourenço. (Org.). Formação Humana
em Geriatria e Gerontologia: uma perspectiva mulstidisciplinar. Rio de Janeiro: UnA-
TI/UERJ, 2006, p. 98-101.
Texto composto nas fontes das famílias Optima, Futura e Calibri.
Miolo impresso em papel offset 90 g, em sistema de impressão offset, no formato 17 x 25 cm.
Capa impressa em papel-cartão supremo 350 g, em sistema de impressão offset.