Wa0081.
Wa0081.
Wa0081.
CENÁRIOS DA VELHICE
SOB A PERSPECTIVA
MULTIPROFISSIONAL:
avaliação de riscos,
prevenção, manejo
e experiências exitosas
Organizadores
E D I T O R A
Vilani Medeiros de Araújo Nunes
Gilson de Vasconcelos Torres
Organizadores
ORGANIZADORES DO LIVRO
Vilani Medeiros de Araújo Nunes
Gilson de Vasconcelos Torres
EDITORA EXECUTIVA
Paula F. Campos
2024 by Forma Midias Editora Copyright ©
Copyright do Texto © 2024 Os Autores
PRODUÇÃO EDITORIAL Copyright da Edição © 2024 Forma Mídias Editora
Fator Gestão Ltda
EDIÇÃO DE ARTE
Agência Forma Mídias
BIBLIOTECÁRIA
Eliane de Freitas Leite
IMAGENS DE CAPA
Forma Mídias
ÁREA DO CONHECIMENTO
Saúde Coletiva
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Vários autores.
ISBN 978-65-983613-0-3
10.5281/zenodo.11389251
EDITORA DE REDAÇÃO
Paula F. Campos
CONSELHO EDITORIAL
Profª Stella Regina Azevedo Alves dos Anjos | Bacharel em Letras (Português/Inglês)
Faculdade de Filosofia Ciências e Letras Oswaldo Cruz
CONSELHO CIENTÍFICO
Membros
Vilani Medeiros de Araújo Nunes (Coordenadora/UFRN/Brasil)
Gilson de Vasconcelos Torres (Coordenador Adjunt/UFRN/Brasil)
Ana Elza Oliveira de Mendonça (UFRN/Brasil)
Ricardo Filipe da Silva Pocinho (Instituto Politécnico de Leiria/PT)
Sara Maria de Oliveira Gordo (Instituto Politécnico de Leiria/PT)
Silvia Clara Laurido da Silva (Instituto Politécnico de Leiria/PT)
Rui Duarte Santos (Instituto Politécnico de Leiria/PT)
Membros:
Ana Carolina Patricio de Albuquerque Sousa (UFRN/Brasil)
Ana Elza Oliveira de Mendonça (UFRN/Brasil)
Angelo Maximo Soares de Araújo Filho (UFRN/Brasil)
Cecília Olívia Paraguai de Oliveira Saraiva (UFRN/Brasil)
Gilson de Vasconcelos Torres (UFRN/Brasil)
Maria Eduarda Silva do Nascimento (UFRN/Brasil)
Renata Galvão Diniz do Nascimento e Silva (Lisboa/PT)
Rita de Cássia Azevedo Constantino (UFRN/Brasil)
Susana Cecagno (UFRN/Brasil)
Vilani Medeiros de Araújo Nunes (UFRN/Brasil)
Viviane Peixoto dos Santos Pennafort (UFRN/Brasil)
APRESENTAÇÃO
Considerando as diversas situações de vulnerabilidade em que a
maioria das pessoas idosas se encontra e relacionando importantes acha-
dos relacionados aos indicadores do risco de quedas nessa população,
identifica-se a necessidade de qualificação de profissionais que atuam no
cuidado assistencial, principalmente da área da saúde. Nessa perspectiva
inseriu-se como ponto de destaque investir esforços na sensibilização das
equipes diante da prevenção de quedas no atendimento/cuidado a um gru-
po etário que quantitativamente e qualitativamente aumenta nos serviços
de saúde. Torna-se urgente e necessário buscar oportunidades de melhoria
no desenvolvimento de ações direcionadas aos profissionais diante do pro-
cesso de envelhecimento e do cuidado qualificado à população idosa em
diferentes contextos.
Esta obra originou-se de estudos realizados por integrantes do Grupo
Longeviver, Observatório do Envelhecimento e Pesquisa em Gerontogeria-
tria, que se insere nas linhas de pesquisa do Programa de Pós-Graduação
em Gestão da Qualidade em Serviços de Saúde (PPGqualisaúde) sediado no
Departamento de Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte (UFRN).
Foram elaborados 22 capítulos em diferentes cenários da vida em que
os longevos se encontram, desde o domicílio, estruturas residencias, tam-
bém conhecidas como instituições de longa permanência para idosos (ILPI)
e hospitais. A construção foi realizada ao longo de reuniões de estudo, pes-
quisas e ações de extensão em componentes curriculares da universidade,
por profissionais que atuam na segurança do paciente no âmbito hospitalar,
na Atenção Primária de Saúde (APS), nos territórios dos campos de estágio
de acadêmicos, mestrandos e doutorandos espalhados pelo Brasil, Portugal
e Espanha.
Todos os capítulos foram submetidos a um procedimento de revisão
textual e avaliação técnico-científica por pares a partir de um checklist con-
tendo normas padronizadas. Destacamos a valorosa participação de cola-
boradores da Rede Internacional de Pesquisa Brasil, Portugal e Espanha so-
bre Vulnerabilidade e Saúde da Pessoa Idosa sediada na UFRN que integra
parceiros em nosso livro com participação de docentes, discentes e profis-
sionais dos diversos cenários da atenção à pessoa idosa.
Apresentamos, portanto, algumas contribuições que poderão ser
úteis à prevenção de quedas em pessoas idosas a fim de manter sua funcio-
nalidade e uma velhice melhor. Fica, assim o convite a leitura e aproveitar
um pouco dos estudos que foram realizados e aprofundados em cada cená-
rio apresentado.
Seguimos buscando melhorar e aprofundar nossos conhecimentos
e experienciando possibilidades que possam contribuir para que a década
do envelhecimento saudável possa incluir as pessoas que se encontram em
situação de vulneravilidade, carentes de um olhar mais humanizado e com
menos desigualdades.
Maria Eduarda Silva do Enfermeira pela Universidade Federal do Rio Grande do Nor-
Nascimento te. Membro do Grupo Nepen - Núcleo de Estudos e Pesqui-
sas em Enfermagem em Nefrologia e do Grupo Longeviver/
UFRN. Membro da Rede Internacional de Pesquisa sobre
Vulnerabilidade, Saúde, Segurança e Qualidade de Vida do
Idoso: Brasil, Portugal e Espanha. E-mail: maria.nascimen-
to.016@ufrn.edu.br
Mayara Priscilla Nutricionista. Especialista em Nutrição Aplicada à Tercei-
Dantas Araújo ra Idade pela Universidade Estácio de Sá (2019). Mestre em
Saúde Coletiva pelo Programa de Pós-Graduação em Saúde
Coletiva (PPgSCol/UFRN). Doutoranda em Ciências da Saú-
de pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde
(PPGCSA/UFRN). Membro do Grupo Longeviver e da Rede
Internacional de Pesquisa sobre Vulnerabilidade, Saúde, Se-
gurança e Qualidade de Vida do Idoso: Brasil, Portugal e Es-
panha.
E-mail: mayaraaraujonutri@gmail.com
Rui Duarte Santos Licenciado em Serviço Social pelo Instituto Superior Bissaya
Barreto. Mestre em European Comparative Social Studies,
pela Universidade Norte de Londres. Doutor pela Universida-
de de Turim. Professor Adjunto na Escola Superior de Educa-
ção e Ciências Sociais do Instituto Politécnico de Leiria (ESE-
CS-IPL), Investigador do CICS. NOVA. IPLeiria.
E-mail: rui.d.santos@ipleiria.pt
Capítulo 1
As Quedas no Cenário da Velhice: Conceitos Básicos.............................................25
10.5281/zenodo.11402330
Capítulo 2
Avaliação, Medidas Preventivas e Conduta Pós-Queda
em Pacientes Idosos no Ambiente Hospitalar.........................................................34
10.5281/zenodo.11402468
Capítulo 3
Rastreio de Quedas em Pessoas Idosas nos Diversos
Cenários de Cuidado..................................................................................................48
10.5281/zenodo.11402499
Capítulo 4
Por Que as Quedas em Pessoas Idosas são mais preocupantes?
Quais as consequências?...........................................................................................56
10.5281/zenodo.11402527
Capítulo 5
Fatores de Risco para Quedas em Pessoas Idosas:
O Impacto dos Medicamentos de Alta Vigilância....................................................65
10.5281/zenodo.11402558
EIXO 2
Capítulo 1
Segurança da Pessoa Idosa na Prevenção
de Quedas em Diferentes Contextos.........................................................................76
10.5281/zenodo.11402589
Capítulo 2
Estratégias Fisioterapêuticas na Prevenção
de Quedas em Pessoas Idosas...................................................................................83
10.5281/zenodo.11402622
Capítulo 3
Elaborando Planos de Cuidados na Prevenção
de Quedas nos Domicílios.........................................................................................91
10.5281/zenodo.11402638
Capítulo 4
Plano de Cuidados na Prevenção de Quedas
em Pessoas Idosas: Porque é Necessário?..............................................................100
10.5281/zenodo.11402677
Capítulo 5
A Pessoa Idosa Hospitalizada: Uma Proposta
de Plano de Cuidado para Prevenção de Quedas..................................................110
10.5281/zenodo.11402681
Capítulo 6
Ambientes Seguros na Prevenção de Quedas às Pessoas Idosas..........................117
10.5281/zenodo.11402696
Capítulo 7
Estratégias de Prevenção da Ocorrências de Quedas
e do Medo de Cair da Pessoa Idosa.........................................................................126
10.5281/zenodo.11402702
Capítulo 8
Gerontecnologias voltadas para o Monitoramento
e Prevenção de Quedas em Pessoas Idosas............................................................135
10.5281/zenodo.11402708
EIXO 3
Capítulo 1
Experiência Exitosa na Prevenção de Quedas em
Pessoas Idosas na Atenção Primária à Saúde........................................................146
10.5281/zenodo.11402724
Capítulo 2
Avaliação e Prevenção do Risco de Quedas em Um
Hospital Universitário..............................................................................................157
10.5281/zenodo.11402732
Capítulo 3
Cenário Acadêmico das Quedas na População Idosa
Institucionalizada em Atividades Extensionistas..................................................165
10.5281/zenodo.11402756
Capítulo 4
RDC nº 502/2021 como instrumento da Vigilância
Sanitária em Instituições de Longa Permanência para Idosos.............................173
10.5281/zenodo.11402776
Capítulo 5
Projetos Educativos e a Prevenção de Quedas - Experiência em Portugal..........179
10.5281/zenodo.11402784
Capítulo 6
Casa Segura: Educação para Prevenção de Quedas
utilizando Jogo de Tabuleiro....................................................................................189
10.5281/zenodo.11402798
Capítulo 7
Relato de Experiência Sobre Prevenção de
Quedas em uma Clínica de Oncologia...................................................................198
10.5281/zenodo.11402804
Capítulo 8
Risco de Quedas em Pessoas Idosas Institucionalizadas:
Estudo Multicasos em Portugal...............................................................................208
10.5281/zenodo.11402812
Capítulo 9
Experiência Exitosa no Lar da Vovozinha:
Como estamos protegendo nossas idosas das quedas?........................................222
10.5281/zenodo.11402826
EIXO 1
APRESENTAÇÃO
26
DADOS EPIDEMIOLÓGICOS E DEMOGRÁFICOS
DAS QUEDAS NO MUNDO E NO BRASIL
Quedas são a segunda principal causa de mortes por lesões não inten-
cionais em todo o mundo. Anualmente, estima-se que 684.000 indivíduos
perdem suas vidas devido a quedas, sendo que mais de 80% dessas ocorrên-
cias concentram-se em países de baixa e média renda. Além disso, adultos
com mais de 60 anos são os mais afetados, representando a maior propor-
ção de quedas fatais. Paralelamente, ocorrem 37,3 milhões de quedas que
requerem atenção médica a cada ano. Esses números ressaltam a impor-
tância do problema das quedas como uma questão de saúde pública global,
conforme evidenciado pela Organização Mundial da Saúde (WHO, 2021)
Evidencia-se que a população idosa mundial está em crescimento.
Estima-se que o número de pessoas no mundo com 65 anos ou mais dobre
até 2050, atingindo 1,6 bilhão, em comparação com os 761 milhões registra-
dos em 2021 (ONU, 2023). No Brasil, de acordo com os dados do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2022) havia mais de 30 milhões
de pessoas com mais de 60 anos em 2022. Esse aumento populacional traz
desafios significativos para a saúde pública, como o aumento dos acidentes
por queda entre a população idosa.
Além disso, as pessoas idosas enfrentam o maior risco de morte ou
lesões graves em decorrência de quedas, sendo que esse risco aumenta
conforme avança a idade. Essa probabilidade elevada de queda pode ser
atribuída, em parte, às alterações físicas, sensoriais e cognitivas associadas
ao processo de envelhecimento, combinadas com ambientes que não estão
adaptados para uma população mais idosa (WHO, 2021).
Estudos realizados por Novaes et al., em 2023 revelam um crescimen-
to significativo no número de quedas, óbitos e custos entre os anos 2000 e
2020. O número de internações por quedas mais do que dobrou, totalizan-
do 128 mil internações em 2020, em comparação com as 51 mil registradas
no ano de 2000. Além disso, o número de óbitos cresceu continuamente,
alcançando 6.385 em 2020, quase o triplo do número do ano de 2000, onde
27
ocorreram 2.156 episódios. Os custos relacionados às quedas em 2020 tota-
lizaram R$ 212 milhões, representando mais de cinco vezes o valor de 2000,
que foi de R$ 37 milhões.
A situação das quedas no Brasil reflete as tendências globais, com
um aumento significativo nas taxas de hospitalização, custos e óbito entre
as pessoas idosas (Novaes et al., 2023). Entre a população idosa com idade
mais avançada, com 80 anos ou mais, a proporção de quedas chega a apro-
ximadamente 40% anualmente, sendo mais prevalentes entre os residentes
de asilos e casas de repouso, onde alcançam até 50% (Brasil, 2022). Assim,
estratégias de prevenção e intervenção são fundamentais para enfrentar
esse desafio de saúde pública no Brasil.
28
ABORDAGENS DE PREVENÇÃO E INTERVENÇÃO
29
pode ser mais seguro é muito valiosa, tornando os pacientes e acompanhan-
tes parceiros do cuidado, aumentando a conscientização e educação sobre
a segurança do paciente para prevenção de eventos adversos (OMS, 2021).
Para isto, é imprescindível que haja uma comunicação aberta, trabalho em
equipe, e aprendizado constante.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
30
REFERÊNCIAS
FERREIRA, Maria Janaína Resende et al. Intrinsic risk factors for falls among
institutionalized older adults. Acta Fisiátrica, v. 30, n. 2, p. 73-80, 2023.
Disponível em: https://doi.org/10.11606/issn.2317-0190.v30i2a200273.
Acesso em: 02 mar. 2024.
31
GONÇALVES, Ilana Carla Mendes et al. Mortality trend from falls in Brazilian
older adults from 2000 to 2019. Revista Brasileira de Epidemiologia,
v. 25, p. e220031, 2022. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1980-
549720220031.2. Acesso em: 02 mar. 2024.
NOVAES, A.D.C et al. Fall accidents in older people: a time trend analysis
of the period 2000-2020 and the estimated economic burden on the
Brazilian health system in 2025. Ciência & Saúde Coletiva, v. 28, n.
11, p. 3101–3110, 2023. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1413-
812320232811.15722022EN. Acesso em: 02 mar. 2024.
ONU. Organização das Nações Unidas. ONU quer mais apoio para
população em envelhecimento, 2023. Disponível em: https://news.un.org/
pt/story/2023/01/1807992. Acesso em: 02 mar. 2024.
32
Disponível em: http://sbgg.org.br/wp-content/ uploads/2015/10/OMS-
ENVELHECIMENTO-2015-port.pdf. Acesso em: 02 mar. 2024.
33
CAPÍTULO 2
AVALIAÇÃO, MEDIDAS PREVENTIVAS E
CONDUTA PÓS-QUEDA EM PACIENTES IDOSOS
NO AMBIENTE HOSPITALAR
Albirea Shinobu Inaoka Brito
Ana Beatriz de Almeida Medeiros Moura
Carlos Alexandre de Souza Medeiros
Manuela Pinto Tibúrcio
Patrícia Medeiros da Silva Oliveira
APRESENTAÇÃO
35
um escore, o qual é utilizado para atribuir o nível de risco. Quando o escore
é inferior a 25, o paciente tem baixo risco de queda. Se o escore estiver entre
25 e 44, o risco é moderado. Entretanto, se o escore for igual ou superior a 45,
o paciente apresenta alto risco de queda. Diante do risco de queda avaliado,
exige-se uma intervenção que contemple um plano preventivo personaliza-
do com várias medidas adaptadas aos distintos fatores de risco do paciente
(Morse, 1997).
Quadro 1 – Morse Fall Scale em inglês e na versão traduzida para o português do Brasil.
Porto Alegre, 2011.
36
Quadro 2 – Definições operacionais de cada item da Morse Fall Scale traduzida
e adaptada para a língua portuguesa do Brasil. Porto Alegre, 2011.
37
O risco para quedas aumenta proporcionalmente ao número de fato-
res de risco, uma vez que raramente é atribuível a um único fator isolado. É
primordial que essa avaliação seja integrada ao plano de cuidados individu-
al como uma medida proativa de prevenção.
38
prevenir acidentes. O quadro a seguir apresenta as medidas para prevenção
de quedas.
39
- Verificar as condições de umidade do banheiro. O ba-
nheiro, por sua natureza úmida, pode apresentar pisos
escorregadios, aumentando o risco de acidentes. É fun-
damental que, antes de utilizá-lo, o paciente/acompa-
nhante verifique as condições desse local e, se possível,
o profissional responsável seja comunicado da situação
para realizar a higienização adequada do ambiente;
BANHEIRO
- Usar tiras antiderrapantes no chão do box;
- Avaliar a necessidade de cadeiras para banhos, em
caso de pacientes com dificuldade de locomoção;
- Manter pisos uniformes;
- Questionar se há sensação de tontura e se os membros
inferiores mantêm a força necessária para sustentação,
após a utilização do sanitário.
- Recomendar o uso de calçados confortáveis, preferen-
cialmente com solado antiderrapante, evitando solas
desgastadas ou lisas;
CALÇADOS
- Optar por calçados baixos e adequados contribuem
significativamente para a segurança ao caminhar e ofe-
recem maior estabilidade ao paciente.
- Acompanhar o paciente durante a sua caminhada pelo
hospital, tendo cuidado especial aos artigos médico-
-hospitalares que precisem ser transportados junto
com o paciente (ex.: suporte de soro, bomba de infusão,
CAMINHADA
bolsa coletora, dreno);
- Utilizar dispositivos auxiliares para marcha de pacien-
tes com mobilidade prejudica (ex.: muletas, andadores,
cadeira de rodas).
40
- Observar o aprazamento de medicamentos que
estimulam a diurese e as eliminações intestinais, por
exemplo, em horários noturnos;
MEDICAMENTOS
-As doses dos fármacos devem ser calculadas com cui-
dado e precisão para garantir uma administração segura
e eficaz.
- Colocar pulseira de identificação do risco de quedas
no membro do paciente com risco alto para quedas;
- Identificar o leito do paciente com placa amarela de
IDENTIFICAÇÃO risco de quedas;
- A pulseira de risco de quedas sinaliza aos profissionais
a necessidade de maior atenção aos cuidados relativos à
prevenção de quedas do paciente em uso.
41
paciente. Quando há possibilidade de lesão na coluna, o transporte do pa-
ciente deve respeitar a cinemática do trauma, utilizando-se prancha longa e
colar cervical, com mobilização em bloco (Zhao et al., 2019).
A equipe de enfermagem, responsável pelos cuidados de saúde di-
retos ao paciente e por permanecer maior tempo junto dele, geralmente é
a primeira a presenciar a queda ou receber o relato de sua ocorrência. Na
avaliação imediata, é primordial que seja verificado o nível de consciência
e as funções vitais do paciente idoso, incluindo a respiração e a circulação.
Deve ser realizada uma avaliação física cuidadosa para identificar sinais de
lesões, como contusões, deformidades, cortes, hematomas, edemas e fontes
de sangramentos. Se o paciente estiver consciente, deve-se questioná-lo so-
bre dor, desconforto ou incapacidade de mover alguma parte do corpo. Ofe-
recer apoio e conforto neste momento é crucial para acalmá-lo e orientá-lo.
Se o paciente estiver inconsciente ou com as funções vitais comprometidas,
os protocolos de emergência devem ser seguidos (Passos et al., 2022).
Em paralelo, devem ser investigados os aspectos clínicos e ambientais
relacionados ao incidente: histórico médico e recentes alterações no quadro
clínico, mobilidade e equilíbrio, função cognitiva, visão e audição, ambien-
te, segurança no leito (Rezende et al., 2020).
Neste momento, o profissional também precisa coletar informações
sobre as circunstâncias da queda, incluindo: quando e onde ocorreu a que-
da; atividades que o paciente estava realizando no momento da queda; se
o paciente tentava alcançar algo; deslocar-se ou levantar-se; se houve des-
maio, tontura ou outra sensação antes da queda. Conversar com testemu-
nhas pode ser valioso para obter suas perspectivas sobre como e por que a
queda ocorreu (Liu, Zhu, Song, 2021).
Ressalta-se que, mesmo que a queda pareça sem gravidade e sem le-
sões evidentes, é recomendado que o paciente seja avaliado também por
um profissional médico. Portanto, assim que possível, o médico responsável
pelo paciente ou o médico do plantão deve ser acionado (Paradela, 2014).
A depender da avaliação inicial e do exame físico, com enfoque nos
sistemas neurológico e musculoesquelético, podem ser necessários exames
42
de imagem, como radiografias, tomografias computadorizadas e ressonân-
cias magnéticas de modo a promover uma melhor análise de possíveis le-
sões internas. Caso seja identificada alguma lesão, o médico deve elaborar
um plano de tratamento, que pode incluir desde cuidados conservadores
até intervenções cirúrgicas, se necessário (Paradela, 2014; Santos Les et al.,
2021).
É válido salientar que o manejo de quedas envolve não apenas uma
abordagem clínico-funcional, mas também mitigar fatores de risco para
prevenir futuras quedas. Com base na avaliação da equipe multidisciplinar,
é necessário desenvolver ou atualizar o plano de prevenção de quedas do
paciente, abordando tanto os fatores de risco clínicos quanto ambientais
identificados (Cunha, Baixinho, Henriques, 2019; De Souza et al., 2019).
Imediatamente após garantir a segurança e realizar a avaliação inicial
do paciente, os profissionais devem documentar no prontuário do paciente,
de forma clara, precisa e detalhada, todos os aspectos relacionados à queda
(data e hora, local, descrição do evento e fatores contribuintes), à avaliação
do paciente (condição inicial em que ele se encontrava, sinais vitais, lesões
identificadas), às intervenções realizadas e as modificações no plano de cui-
dados, que devem incluir qualquer instrução dada ao paciente e à família
para prevenir novas quedas (Reiniack et al. 2017; Gorreis et al, 2021).
Por fim, devem realizar a notificação da queda, seguindo os protoco-
los específicos de gestão de incidentes da sua instituição. A notificação é o
primeiro passo para investigar as causas subjacentes e identificar fatores de
risco que contribuíram para o incidente (Visvanathan et al., 2023; Hermann
et al, 2023)
Cada queda é um sinal de alerta e uma oportunidade para revisar
e ajustar o cuidado ao idoso, visando reduzir o risco de futuras quedas e
promover um ambiente mais seguro. As equipes devem utilizar o inciden-
te como uma oportunidade para revisar e aprimorar as políticas e proce-
dimentos de prevenção de quedas em ambiente hospitalar, incluindo ca-
pacitação dos profissionais, educação em saúde para os pacientes e suas
famílias e melhorias no ambiente físico (Visvanathan et al., 2023; Hermann
et al, 2023).
43
CONSIDERAÇÕES FINAIS
44
REFERÊNCIAS
GIL, A.W.O. et al. Relationship between force platform and two functional
tests for measuring balance in the elderly. Rev Bras Fisioter. v.15, n. 6, p.
429-435, 2011.
45
HILL, K. D.; VU, M. WALSH, W. Falls in the acute hospital setting – impact
on resource utilization. Aust Health Rev. v. 31, n. 3, p. 471-477, 2007.
LIU, X.; ZHU, X.; SONG Y. Retrospective analysis and nursing management
of inpatient falls: Case series. Medicine (Baltimore). v.100, n. 47, 2021.
Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/34964790/. Acesso em:
01 mar. 2024.
46
URBANETTO, J. S. et al. Morse Fall Scale: translation and transcultural
adaptation for the portuguese language. Rev Esc Enferm USP. v. 47, n. 3,
p.568-574, 2013. DOI: Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S0080-
623420130000300007. Acesso em: 04 mar. 2024.
47
CAPÍTULO 3
RASTREIO DE QUEDAS EM PESSOAS
IDOSAS NOS DIVERSOS CENÁRIOS
DE CUIDADO
Raquel Spindola Samartini
Eilane Souza Marques dos Santos
Danila Cristina Paquier Sala
Carla Roberta Monteiro Miura
Meiry Fernanda Pinto Okuno
APRESENTAÇÃO
50
No TUG é solicitado que o indivíduo se levante de uma cadeira, per-
corra uma distância de três metros à frente, vire-se, retorne e sente-se no-
vamente na cadeira. O tempo necessário para completar a tarefa é crono-
metrado. Vale ressaltar que, tempos inferiores a 10 segundos sugerem risco
baixo; entre 10 e 20 segundos indicam risco médio, enquanto tempos maio-
res que 20 segundos demonstram risco elevado para queda (Monteiro, 2023;
Oliveira-Zmuda, 2022).
O POMA foi traduzido e validado no Brasil em pessoas idosas insti-
tucionalizadas, é uma escala composta em duas partes, uma que avalia o
equilíbrio, e a outra, a marcha. Totalizando 22 tarefas, sendo 13 relacionadas
ao equilíbrio e as outras nove à marcha (Gomes, 2003).
Ademais, essa escala engloba uma variedade de atividades repre-
sentativas das tarefas diárias, observadas pelo examinador. A Avaliação do
Equilíbrio Orientada pelo Desempenho pode ser classificada em: normal,
adaptativa e anormal, sendo as pontuações correspondentes a 3, 2 e 1, res-
pectivamente. A Avaliação da Marcha Orientada pelo Desempenho é classi-
ficada em: normal e anormal, correspondendo a pontuações 2 e 1, respec-
tivamente. Assim, as Avaliações de Equilíbrio e Marcha Orientadas somam,
no máximo, 39 e 18 pontos, respectivamente (totalizando até 57 pontos nas
duas escalas) (Gomes, 2003).
Os escores atualmente relatados na literatura correspondem à Escala
de Tinetti, originalmente composta por 14 tarefas (oito para equilíbrio e seis
para marcha), com pontuação máxima de 28 pontos. Pontuações abaixo de
19 e entre 19 e 24 pontos representam, respectivamente, alto e moderado
risco de quedas (Mascarenhas, 2023, Tinetti, 1986). Por conseguinte, é de
extrema importância a elaboração e validação de escalas de avaliação do
risco de queda direcionadas especificamente para o ambiente das ILPIs.
51
INSTRUMENTOS UTILIZADOS PARA AVALIAÇÃO
DO RISCO DE QUEDAS EM HOSPITAIS
52
CONSIDERAÇÕES FINAIS
53
REFERÊNCIAS
FILHO, Jarbas Melo et al. Versão brasileira do Home Falls and Accidents
Screening Tool (HOME FAST): tradução, adaptação transcultural,
validação e confiabilidade. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia.
v. 23, n. 1, p. e190180, 2020.
54
MORSE, Janice M et al. Development of a Scale to Identify the Fall-
Prone Patient. Canadian Journal on Aging / La Revue canadienne du
vieillissement. v. 8, n . 4, p. 366–377, 1989.
55
CAPÍTULO 4
POR QUE AS QUEDAS EM PESSOAS
IDOSAS SÃO MAIS PREOCUPANTES?
QUAIS AS CONSEQUÊNCIAS?
Mayara Priscilla Dantas Araújo
Sandra Maria da Solidade Gomes Simões de Oliveira Torres
Thaiza Teixeira Xavier Nobre
Carmelo Sergio Gómez Martínez
Gilson de Vasconcelos Torres
APRESENTAÇÃO
Ambiente domiciliar
Pessoas idosas que residem na comunidade devem ser atendidas pela
atenção primária à saúde e alguns fatores de risco para queda podem ser
observados pelos profissionais de saúde, como alterações da marcha, defi-
ciência de vitamina D, osteoporose, anemia, problemas auditivos e de visão,
tonturas, hipotensão ortostática, incontinência urinária, insuficiência veno-
sa e/ou arterial, deformações nos pés como pé de Charcot em pacientes dia-
béticos, e a presença de dor crônica e/ou aguda (Carlos et al., 2024, Teixeira
et al., 2019).
Além das implicações físicas, as quedas afetam diretamente o psicoló-
gico das pessoas idosas que caem. O medo de cair é comumente observado
nas pessoas que já caíram e tem grande impacto sobre sua independência
e autonomia. As pessoas idosas apresentam maior preocupação em manter
o equilíbrio e evitar novas quedas, o que representa que estão mais atentas,
porém, se tornam mais preocupadas devido às limitações econômicas e fí-
sicas que as impossibilitam de tornar o ambiente mais seguro, o que pode
gerar maior insegurança e sofrimento (Teixeira et al., 2019).
57
No ambiente domiciliar, as quedas ocorrem, principalmente, no
quarto, banheiro e quintal. Essas quedas se dão, sobretudo, da própria al-
tura e muitas pessoas idosas relatam que elas ocorreram devido a perda do
equilíbrio, tontura, pisos irregulares e escorregadios (Araújo et al., 2019).
Muitas ações de prevenção de quedas estão relacionadas a modifica-
ções nos ambientes para torná-los mais seguros, principalmente o quarto,
banheiro e quintal, que são locais de maior frequência de quedas nos domi-
cílios (Teixeira et al., 2019). Algumas situações, áreas e atividade realizadas
no domicílio são destacadas como problemáticas por favorecerem o risco
de quedas, sendo elas: entrar e sair do domicílio, andar dentro do domicílio,
subir escadas, uso da cozinha e do banheiro, pisos irregulares e escorrega-
dios, tapetes e fios soltos, objetos soltos no quintal/jardim (WHO, 2021).
Todos esses fatores de risco são relevantes em todos os contextos as-
sistenciais à saúde da pessoa idosa, porém, no ambiente domiciliar, onde
não se tem supervisão e acompanhamento diário, o risco de quedas e as
suas consequências podem ser maiores. Essas consequências envolvem
também a necessidade de ajuda para realizar atividades básicas de vida diá-
ria devido às limitações decorrentes dela, a perda de autonomia, isolamento
e depressão (Araújo et al., 2019). O contexto domiciliar requer mais esforços
da equipe de saúde e da rede de apoio e políticas públicas para promoção
de hábitos saudáveis, prevenindo a incapacidade, dependência e perda da
autonomia da pessoa idosa.
Ambiente institucional
As quedas são eventos comun s na população idosa, porém, em ins-
tituições de longa permanência (ILPI), as taxas de quedas são as mais altas.
A incidência média estimada de quedas em ILPI é 43% (Shao et al., 2023),
o que demonstra a importância de identificar as causas da sua ocorrência e
intervir sobre elas, sobretudo pelas características das pessoas idosas que
residem nessas instituições e pela sua organização.
A organização dessas instituições se dá, em parte, como um ambien-
te doméstico, com a presença de profissionais que auxiliam no cuidado da
58
pessoa idosa que não é mais capaz de se cuidar sozinha. Isso se deve à difi-
culdade de adaptação a novos ambientes enfrentada pelas pessoas idosas e
que, quando institucionalizadas, têm maiores chances de cair e sofrer gra-
ves consequências dessa queda quando comparadas às pessoas que vivem
em seus domicílios (WHO, 2021).
Além disso, os fatores de risco para quedas em ILPI são diferentes da-
queles observados no domicílio e em hospitais, assim como as condições
de saúde dessas pessoas, por isso a necessidade de estudar as quedas nesse
ambiente. As pessoas idosas institucionalizadas são mais prováveis de cair
devido a idade avançada, presença de declínio cognitivo e comorbidades,
diminuição da autonomia e independência e falta de suporte familiar e so-
cial (Shao et al., 2023).
Apesar dessas características, as pessoas idosas institucionalizadas
que requerem um menor nível de cuidado são as que têm maior probabi-
lidade de cair (WHO, 2021). Isso ocorre devido ao nível de vulnerabilidade
dessas pessoas, condição inerente à institucionalização, que conseguem re-
alizar algumas atividades sozinhas, mas precisam de algum nível de assis-
tência. As instalações físicas das ILPIs também requerem atenção. Os quar-
tos e banheiros são os principais locais de quedas, enquanto os momentos
em que as quedas são mais frequentes são antes das refeições, entre o perí-
odo da manhã e meio dia e no final da tarde (WHO, 2021).
Dentre as consequências físicas das quedas em pessoas idosas insti-
tucionalizadas, destacam-se as fraturas, sobretudo de fêmur, lesão cerebral
traumática, lesão da medula espinhal e vértebras, danos aos órgãos intra
abdominais e intra torácicos, danos às articulações e tecidos moles, contu-
sões e cortes (WHO, 2021). Essas consequências podem levar a pessoa idosa
à hospitalização e morte, por isso a necessidade e urgência de ações para
prevenção de quedas.
Após a queda, a pessoa idosa pode sofrer alterações na cognição e
funcionalidade que pode ser para estabilidade, declínio lento ou rápido, po-
rém, com maior chances de declínio lento e rápido (Trevisan et al., 2022).
Ou seja, a pessoa idosa dificilmente irá voltar a seu estado funcional e cog-
59
nitivo antes da queda, o que demonstra que as consequências das quedas
se estendem pelo resto da vida dessa pessoa, afetando negativamente sua
autonomia e independência.
Há também consequências psicológicas das quedas como o medo
de cair novamente, que é comum em pessoas idosas institucionalizadas,
principalmente entre pessoas idosas com deficiências sensoriais, e que tem
impacto significativo na sua qualidade de vida (Lach et al., 2020). Isso de-
monstra a complexidade das consequências das quedas, que se amplificam
quando se trata de pessoas frágeis e vulneráveis.
Ambiente hospitalar
Em decorrência das alterações próprias da senescência como a pre-
sença concomitante de doenças crônicas, uso de múltiplos medicamentos,
declínio funcional e perda de massa muscular, a pessoa idosa hospitalizada
tende a ser mais frágil e mais predisposta a sofrer quedas (Silva; Costa; Reis,
2019). Ao avaliar os fatores de risco para quedas no ambiente hospitalar, é
necessário atentar para os fatores intrínsecos e extrínsecos e quais deles são
modificáveis.
No Brasil, tem sido observado um aumento de internações por que-
das em pessoas idosas. Essas internações foram mais frequentes em idosos
mais jovens (60 a 69 anos), porém, a letalidade, custos e tempo de inter-
nação aumentaram à medida que a idade avança. Além disso, destaca-se
que, apesar de uma maior proporção de hospitalizações de mulheres, são os
homens que mais caem e sofrem as consequências das quedas (Lima et al.,
2022). No entanto, a idade e o sexo são dois fatores que não são passíveis de
modificação, sendo importante considerar essas características ao avaliar o
risco de queda, mas, a equipe de saúde também deve atentar para o que se
pode mudar e melhorar, como o estado nutricional e o uso de medicamen-
tos, condições que são manejadas em ambiente hospitalar e que requerem
atenção para o seu monitoramento.
A desnutrição é uma condição associada às quedas intra-hospitalares
e que aumenta o risco da sua ocorrência com danos, além de contribuir para
60
um maior tempo de internação (Lackoff et al., 2020). A triagem e avaliação
nutricional do paciente idoso na admissão hospitalar pode contribuir para
identificação oportuna desse fator de risco intrínseco que é modificável. A
adoção de intervenções nutricionais para recuperação do estado nutricio-
nal pode ser atribuída aos protocolos de prevenção de quedas como medida
de prevenção.
Os fatores extrínsecos para as quedas são diversos e, no ambiente
hospitalar, eles podem ser amplificados. Apesar do monitoramento cons-
tante, muitos medicamentos favorecem as quedas em pessoas idosas, so-
bretudo sedativos, antipsicóticos, antidepressivos, psicotrópicos, anti-hi-
pertensivos, diuréticos e laxantes (Araújo et al., 2022). Esses medicamentos
são amplamente utilizados por pessoas idosas e necessitam de monitora-
mento e revisão, tendo em vista que muitos são inapropriados para essas
pessoas por favorecerem eventos adversos à saúde como as quedas.
A organização do ambiente pode favorecer a ocorrência de quedas,
como o excesso de móveis nas enfermarias, no entanto, a reordenação do
mobiliário das enfermarias apresenta-se como uma medida simples e de
fácil execução, mas que ajuda a prevenir a ocorrência de quedas nesse am-
biente (Chaves et al., 2018).
As consequências das quedas em pacientes idosos hospitalizados são
diversas. O agravamento da condição clínica, limitações físicas, incapacida-
des são algumas das consequências físicas das quedas com danos, porém,
as quedas podem levar a problemas sociais, econômicos e psicológicas, so-
bretudo pelo medo de cair novamente (Luzia et al., 2019), condição mais
frequente em pessoas que já cairam alguma vez e que são menos ativas, e
que interfere diretamente na qualidade de vida dessas pessoas (Nguyen et
al., 2020).
Diante da complexidade do evento queda e do contexto hospitalar,
a eliminação de todos os fatores de risco, sejam eles intrínsecos ou extrín-
secos, não é possível (Luzia et al., 2019). A identificação de fatores de risco
modificáveis é uma estratégia a ser adotada no ambiente hospitalar a fim de
minimizar o risco de quedas e consequentemente, o agravamento da condi-
ção de saúde dos pacientes idosos.
61
CONSIDERAÇÕES FINAIS
62
REFERÊNCIAS
LACKOFF, Ariel S. et al. The association of malnutrition with falls and harm
from falls in hospital inpatients: Findings from a 5-year observational
study. Journal of Clinical Nursing, v. 29, n. 3-4, p. 429-436, 2020. DOI:
https://doi.org/10.1111/jocn.15098
63
LIMA, Juliana da Silva et al. Costs of hospital admission authorizations due
to falls among older people in the Brazilian National Health System, Brazil,
2000-2020: a descriptive study. Epidemiologia e Serviços de Saúde, v. 31, n.
1, 2022. DOI: https://doi.org/10.1590/s1679-49742022000100012
NGUYEN, Long Hoang et al. Fear of falling among older patients admitted
to hospital after falls in vietnam: Prevalence, associated factors and
correlation with impaired health-related quality of life. International
Journal of Environmental Research and Public Health, v. 17, n. 7, 2020.
DOI: https://doi.org/10.3390/ijerph17072493
SILVA, Adriane Kênia Moreira; COSTA, Dayane Carlos Mota da; REIS,
Adriano Max Moreira. Risk factors associated with in-hospital falls
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(São Paulo), v. 17, n. 1, 6 fev. 2019. DOI: https://doi.org/10.31744/einstein_
journal/2019AO4432
SHAO, Lu et al. Incidence and Risk Factors of Falls Among Older People
in Nursing Homes: Systematic Review and Meta-Analysis. Journal of the
American Medical Directors Association, n. 24, v. 11, p. 1708-1717, 1 nov.
2023. DOI: https://doi.org/10.1016/j.jamda.2023.06.002
64
CAPÍTULO 5
FATORES DE RISCO PARA QUEDAS EM
PESSOAS IDOSAS: O IMPACTO DOS
MEDICAMENTOS DE ALTA VIGILÂNCIA
Angelo Maximo Soares de Araujo Filho
Jessica Roberts Fonseca
Maria Fernandes Costa dos Santos Ricardo
Rita de Cássia Azevedo Constantino
Ana Elza Oliveira de Mendonça
APRESENTAÇÃO
66
CLASSES DE MEDICAMENTOS QUE INFLUENCIAM NAS QUEDAS:
Psicofármacos:
Na população com mais de 60 anos, as doenças afetivas, como de-
pressão e ansiedade, e as doenças neurodegenerativas, como Alzheimer e
Parkinson, têm uma alta prevalência, gerando problemas significativos de
saúde mental e aumentando o uso de medicamentos psicotrópicos. Esse ce-
nário é particularmente preocupante devido ao fato desses medicamentos
representarem um importante fator de risco para quedas (AGS, 2019). Isso
foi corroborado por um estudo que identificou certos medicamentos que
impactam o sistema nervoso central como associados a um maior risco de
quedas (Soares et al., 2022).
O risco de quedas ocasionado pelos psicotrópicos e os opioides, ocorre
devido ao fato deles poderem desencadear efeitos adversos como, tontura,
sedação, alteração da marcha e do equilíbrio, distúrbios posturais e déficit
cognitivo. Em um estudo conduzido por Woolcott et al (2009), os pesquisa-
dores encontraram uma associação significativa entre o uso de sedativos,
hipnóticos, antidepressivos e benzodiazepínicos e a ocorrência de quedas,
sendo que o uso de antidepressivos mostrou a associação mais forte.
Anti-hipertensivos:
Os medicamentos anti-hipertensivos são prescritos para o tratamen-
to da hipertensão arterial sistêmica (HAS) e são distribuídos nas seguintes
67
classes: Diuréticos, inibidores adrenérgicos, vasodilatadores diretos, anta-
gonistas do sistema renina-angiotensina e bloqueadores dos canais de cál-
cio. A escolha da terapia medicamentosa dependerá do estágio da doença,
sendo adotada a monoterapia no estágio 1 (130-139/85-89 mmHg) e asso-
ciação medicamentosa a partir do estágio 2 (160-179/100-109 mmHg), ou
estágio 1 com alto risco cardiovascular (Brasil, 2021).
No âmbito do SUS, os medicamentos são distribuídos de forma gra-
tuita nas Unidades Básicas de Saúde, além disso, 6 anti-hipertensivos es-
tão inclusos no programa farmácia popular, sendo eles: Atenolol, captopril,
enalapril, hidroclorotiazida, losartana e propranolol (Brasil, 2024).
Hipotensão ortostática: Se caracteriza por uma redução abrupta da
pressão arterial logo após assumir a posição ortostática (em pé) quando an-
teriormente se estava sentado ou deitado, levando a tontura, desmaio e po-
dendo resultar em perda de equilíbrio e queda (Dani et al., 2021).
Alteração no equilíbrio/marcha: Alguns anti-hipertensivos vasodi-
latadores podem resultar em alteração nos receptores sensoriais no sistema
nervoso central responsáveis por manter o equilíbrio e coordenação moto-
ra, levando a instabilidade durante a caminhada e potencializando o risco
de quedas (Albasri et al., 2021).
Desidratação: O uso dos diuréticos associado a redução na capacida-
de de retenção de água na pessoa idosa, leva a perda de eletrólitos respon-
sáveis por manter a função muscular intacta assim como também resulta
em excreção excessiva de água na urina. Em conjunto, esses fatores levam
a redução considerável da pressão arterial, resultando no desequilíbrio dos
fluidos corporais, vertigem e sensação de fraqueza generalizada, todos esses
fatores importantes para aumento no risco de quedas (Miller, 2015).
68
para quedas de maneira individualizada, o que consiste numa estratégia
crucial na elaboração de planos de educação em saúde personalizados para
cada pessoa (Bochnie et al., 2024) Para isso, é essencial que os profissionais
de saúde monitorem regularmente a lista de medicamentos prescritos aos
idosos, ponderando os riscos e benefícios de cada um.
Assim, torna-se evidente que a adoção de múltiplas estratégias pre-
ventivas é fundamental para abordar de forma abrangente a prevenção e a
gestão das quedas, assim como suas implicações (Silva et al., 2019).
Como avaliar?
Como já explicado anteriormente, a ocorrência de quedas, princi-
palmente na pessoa idosa, causa uma série de malefícios a sua saúde e é, em
sua maioria, um evento evitável. Diante disso, o uso de instrumentos para
rastreio do risco de quedas são essenciais para traçar estratégias eficientes
na redução de ameaças, sendo a combinação de escalas durante a avaliação
incentivada para que um maior nível de especificidade seja atingido (Mon-
teiro, 2023).
Visto a necessidade da avaliação do risco de quedas por uso de medi-
camentos, o Instituto de Práticas Seguras no Uso de Medicamentos (ISMP)
publicou no ano de 2017 o boletim “Medicamentos associados a ocorrência
de quedas”, no qual foi recomendado o uso da escala Medication Fall Risk
Score (MFRS). Essa escala define o grau de risco (alto, médio e baixo) a par-
tir da avaliação dos medicamentos que o paciente utiliza de forma contínua.
(ISMP, 2017).
69
Quadro 1. Distribuição dos itens avaliados conforme escala Medication Fall Risk Score (MFRS - BR).
Brasil, 2024.
Pontuação
Medicamentos Observações
(grau de risco)
Sedação, tontura,
distúrbios pos-
Opioides, antipsicóticos, anticonvulsivantes,
turais, alteração
3 (alto) benzodiazepínicos e outros hipnótico-seda-
da marcha e do
tivos
equilíbrio, déficit
cognitivo.
Indução do ortosta-
Anti-hipertensivos, medicamentos utilizados
tismo, comprometi-
2 (médio) no tratamento de doenças cardiovasculares,
mento da perfusão
antiarrítmicos e antidepressivos.
cerebral.
Aumento da deam-
1 (baixo) Diuréticos. bulação, indução
do ortostatismo.
70
devido ao conhecimento deficitário das classes farmacológicas, os resulta-
dos obtidos pelo estudo foram satisfatórios e considerou o instrumento váli-
do para utilização nos serviços de saúde brasileiro, com aprovação de 65,2%
dos profissionais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
71
REFERÊNCIAS:
BARROS, Suélem Silva de; SOUZA, Gleicy Fátima Medeiros de; UCHÔA,
Érica Patrícia Borba Lira. Correlação entre inatividade física, polifarmácia
e quedas em idosos. ConScientiae Saúde, [S. l.], v. 11, n. 1, p. 37–45, 2012.
DOI:10.5585/conssaude.v11n1.2919. Disponível em: https://periodicos.
uninove.br/saude/article/view/2919. Acesso em: 28 fev. 2024.
72
ECKERT, Vitória Ceia Ramos; MILLÃO, Luzia Fernandes; URBANETTO,
Janete de Souza. Medication Fall Risk Score e Evaluation Tools: Adaptação
Transcultural para o uso no Brasil. O Mundo da Saúde, v. 47, 1 jan. 2023.
Disponível em: https://doi.org/10.15343/0104-7809.202347e13752022p.
Acesso em: 29 fev. 2024.
73
NOVAES, Areta Dames Cachapuz et al. Acidentes por quedas na população
idosa: análise de tendência temporal de 2000 a 2020 e o impacto econômico
estimado no sistema de saúde brasileiro em 2025. Ciência & Saúde
Coletiva, v. 28, n. 11, p. 3101-3110, nov. 2023. Disponível em: https://doi.
org/10.1590/1413-812320232811.15722022. Acesso em: 28 fev. 2024.
74
EIXO 2
APRESENTAÇÃO
77
Deste modo, sugerir recomendações pontuais para minimizar riscos
e evitar acidentes no domicílio da pessoa idosa é vantajoso. Contudo, deve-
-se reconhecer os benefícios da adequação ambiental de forma ampla, para
que tais modificações possam, além de evitar as quedas, contribuir para a
redução dos impactos no sistema de saúde. Assim, as políticas públicas se
tornam tão relevantes nessa temática, considerando o Estado a fonte para
garantir uma forma de orientar e prover suporte para a adequação da mora-
dia, além das melhorias dos espaços públicos (Tissot et al., 2023).
Neste contexto, as gerontotecnologias se destacam como ferramentas
educativas eficazes na prevenção de quedas da pessoa idosa no domicílio.
Dentre elas, as cartilhas educativas e os jogos de memória demonstram po-
tencial para orientação dos cuidados de idosos com Doença de Parkinson
(DP). Um jogo elaborado com base na marcha e na memória, identificadas
como necessidades emergentes na avaliação realizada junto às pessoas ido-
sas com a DP, promoveu o autocuidado e esclareceu dúvidas sobre a DP, si-
nais e sintomas, trazendo novos conceitos e cuidados para evitar as quedas.
Dessa forma, a utilização de gerontotecnologias criativas e de fácil compre-
ensão, tornam-se mais atrativas e facilitam a interação da pessoa idosa na
aquisição de novos conhecimentos para mudança de hábitos e condutas na
prevenção de quedas (Ferreira et al, 2021).
78
pecializadas, sobrecarga de trabalho, ausência de formação e comunicação
das equipes.
O cuidado qualificado às pessoas idosas residentes em Instituições
de Longa Permanência para Idosos (ILPIs), requer profissionais preparados
para avaliá-lo de forma integral e que implementa intervenções fundamen-
tadas em atividades de prevenção e promoção da saúde, com o objetivo de
evitar uma série de agravos e incapacidades relacionados ao desempenho
das atividades de vida diária, a exemplo da prevenção de quedas (Coutinho
et al., 2021).
79
diferentes regiões anatômicas do pé, com propriedades antiderrapantes nos
pisos testados; e na maioria das situações, permitem uma boa mobilidade
dos dedos. Esse dispositivo apresentou características necessárias para ga-
rantir uma marcha segura, sendo recomendado para utilização em outros
contextos (Martins et al., 2023).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
80
REFERÊNCIAS
81
MEDEIROS, Mirlley de Jesus et al. Prevenção de quedas e casa segura: a
repercussão de um grupo de educação em saúde com idosos. Rev Saúde
Redes. v.9, (sup6), p.4317, 2023. Disponível em: doi: 10.18310/2446-
4813.2023 9 sup 6.4317. Acesso em: 1 mar.2024.
82
CAPÍTULO 2
ESTRATÉGIAS FISIOTERAPÊUTICAS
NA PREVENÇÃO DE QUEDAS
EM PESSOAS IDOSAS
Clarissa Fernandes Bezerra
Ana Beatriz de Oliveira Bezerra
Maria Clara Silva de Melo
APRESENTAÇÃO
ESTRATÉGIAS FISIOTERAPÊUTICAS
O calçado
Conhecer o tipo de calçado de uso habitual da pessoa idosa faz par-
te da avaliação fisioterapêutica, sendo papel do fisioterapeuta realizar ade-
quações e orientações quando necessário (Brasil, 2023).
As melhores opções de calçados incluem sapatos fechados, sandálias
com tira posterior e superior, que sejam fáceis de calçar, confortável, de ta-
manho adequado, material resistente e preferencialmente antiderrapantes,
com solado emborrachado. Além disso, é necessário observar o nível de
desgaste desse calçado e a região com maior distribuição de pressão, optan-
do pela substituição em caso de desgaste excessivo e deformação (Hatton;
Rome, 2019).
A fim de aumentar a segurança, deve-se orientar a pessoa idosa quan-
to ao hábito de sentar-se para calçar o seu sapato, de manter a vigilância em
tiras e cadarços para garantir que estejam bem posicionadas e amarradas.
Orienta-se ainda que evitem andar descalço ou apenas com meias (Clem-
son et al., 2023).
Outro ponto importante diz respeito ao uso de sandálias ou chinelos
que apresentam uma tira em formato de Y que passa entre o primeiro e se-
gundo dedo do pé e uma sola chata em borracha. Esse modelo apresenta
elevado risco de queda por não ser fixo e, dessa forma, diminui o feedback
sensorial da sola do pé durante interações com ambientes externos e predis-
põem à queda (Cudejko et al., 2020).
84
O ambiente
Segundo a Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapaci-
dade e Saúde - CIF, o ambiente exerce forte influência no conceito de saúde
das pessoas a partir de barreiras ou facilitadores (OMS, 2004).
No que se refere à ocorrência de quedas em pessoas idosas, entende-
-se que potenciais barreiras podem ser importantes fatores de risco. Cerca
de 30% das quedas nessa população ocorrem devido a fatores ambientais
(Clemson et al., 2023). Sendo assim, há a necessidade da avaliação do con-
texto ambiental em que a pessoa idosa está inserida para que o fisioterapeu-
ta possa realizar adequações de forma a conter os episódios de queda.
Ambiente domiciliar
Durante uma avaliação domiciliar, o fisioterapeuta deve atentar-se
quanto ao espaço físico e a forma como os móveis e objetos estão dispos-
tos. A pessoa idosa e seus familiares devem ser orientados a evitar exces-
so de móveis, principalmente em espaços muito estreitos que dificultem
a locomoção. Ao possuírem tapetes, estes devem estar fixados ao solo, em
boas condições, sem fios soltos, sendo preferencialmente antiderrapantes.
Ainda, faz-se necessário a instalação de barras de apoio em áreas molha-
das e onde são realizadas transferências, como próximo à cama e ao vaso
sanitário, além de corrimão em locais com a presença de escadas e degraus
(Clemson et. al., 2023).
Para otimizar o tempo e garantir maior segurança, sugere-se organi-
zar os objetos mais utilizados em local de fácil acesso, evitando que o idoso
precise subir em cadeira e/ou escada e abaixar-se para alcançar algo. Com
relação a iluminação do ambiente, é essencial garantir que esteja adequada
e disponibilizar interruptor e lanterna próximos ao idoso, principalmente
no período noturno (Clemson et. al., 2023).
85
públicos e privados (Brasil, 2000). No entanto, o previsto por lei não é oferta-
do de forma satisfatória na maioria dos casos, gerando constrangimentos e
riscos. Sendo assim, estratégias individuais necessitam ser criadas para que
se evite episódios de quedas.
A recomendação do uso de sapatos adequados, como menciona-
do anteriormente, deve ser reforçada em condições externas ao domicílio.
Além disso, deve-se evitar locais muito cheios e com excesso de desníveis.
Ainda, recomenda-se que a pessoa idosa esteja acompanhada sempre que
possível, dependendo também do seu nível de dependência (Brasil, 2023).
O uso de transporte público pode ser, em muitos casos, o único meio
de transporte pelo qual a pessoa idosa tem acesso. Por isso, sugere-se que
evitem este meio em horários de grande fluxo de pessoas, como inícios da
manhã e da noite (Clemson et. al., 2023).
86
Uso de dispositivos auxiliares da marcha
A mobilidade é um dos aspectos mais relevantes da avaliação fisio-
terapêutica e está intimamente relacionada à locomoção e independência
funcional. Ao identificar o risco de queda na avaliação da pessoa idosa, faz-
-se necessário a prescrição de um dispositivo auxiliar à marcha, como ben-
gala, andador ou cadeira de rodas. A escolha de um desses itens deve ser
feita por um profissional de saúde capacitado e é baseada na necessidade da
pessoa idosa, considerando o grau de força muscular de membros, controle
de tronco, equilíbrio postural e função cognitiva. Após a seleção do disposi-
tivo, deve-se realizar possíveis adaptações, ajuste de altura, e o treino para
seu uso, no contexto de marcha e de transferências, de modo a diminuir o
risco de queda e evitar o abandono do dispositivo (Brasil, 2023).
A prescrição do tipo de dispositivo pode variar de acordo com o ní-
vel de deambulação. Por exemplo, o fisioterapeuta pode considerar para o
mesmo paciente o uso de andador no ambiente domiciliar, caracterizado
por curtas distâncias, e o uso de cadeira de rodas no contexto comunitário,
o qual demanda maior gasto energético (Viosca et al., 2005).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
87
REFERÊNCIAS
88
HATTON, Anna Lucy; ROME, Keith. Falls, Footwear, and Podiatric
Interventions in Older Adults. Clinics in Geriatric Medicine, [S. l.], v. 35,
n. 2, p. 161–171, 2019. DOI: 10.1016/j.cger.2018.12.001. Disponível em:
https://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S0749069018310553.
89
SHERRINGTON, Catherine; FAIRHALL, Nicola J.; WALLBANK, Geraldine K.;
TIEDEMANN, Anne; MICHALEFF, Zoe A.; HOWARD, Kirsten; CLEMSON,
Lindy; HOPEWELL, Sally; LAMB, Sarah E. Exercise for preventing falls in
older people living in the community. Cochrane Database of Systematic
Reviews, [S. l.], v. 2019, n. 1, 2019. DOI: 10.1002/14651858.CD012424.pub2.
Disponível em: http://doi.wiley.com/10.1002/14651858.CD012424.pub2.
90
CAPÍTULO 3
ELABORANDO PLANOS DE CUIDADOS
NA PREVENÇÃO DE QUEDAS
NOS DOMICÍLIOS
Leila Medeiros de Azevedo
Ana Luísa Silva Maciel
Betina Barbiero Saad Formiga
Beatriz Noele Azevedo Lopes
APRESENTAÇÃO
92
Sapatos
Os idosos devem usar sapatos com solas antiderrapantes e bem pre-
sos ao pé (preso ao calcanhar), evitando sandálias, chinelos de dedo, ou sa-
patos com salto alto.
Iluminação
Em toda a casa, é importante manter os ambientes bem iluminados,
mantendo interruptores em locais de fácil acesso e evitando que qualquer
deslocamento ou atividade sejam realizados com as luzes desligadas.
Chão e pavimentos
O uso de tapetes deve ser evitado, porém, caso necessário, eles devem
ser antiderrapantes ou fixados ao chão. O piso deve ser o menos escorre-
gadio possível, sendo mantido sempre seco e em boas condições, evitando
também a presença de obstáculos, como fios ou objetos pequenos espalha-
dos pelo chão. Em caso de lugares onde existam desníveis, devem ser usa-
das diferentes cores e texturas para destacar a mudança de nível. Caso seja
necessário, para caminhar, devem ser utilizados dispositivos auxiliares de
marcha, como andador e bengalas.
Escadas
As escadas devem ser bem iluminadas, com presença de corrimão
em ambos os lados. É importante que a pessoa idosa caminhe com calma e
cuidado ao descer as escadas, nunca se apressando. Caso possível, o uso de
fitas adesivas antiderrapantes coloridas deve ser feito para parar as bordas
dos degraus.
Banheiros
É o local que apresenta maior risco para quedas na casa, então é es-
sencial realizar as mudanças nesse cômodo. É importante que existam bar-
ras de proteção dentro do box e em frente ao vaso sanitário, a cerca de 75
93
cm do chão. É aconselhável que o idoso tome banho se segurando na barra
ou sentado em uma cadeira. Para evitar instabilidades posturais, uma boa
opção é o uso de pisos antiderrapantes ou tapetes emborrachados com ven-
tosas. Além disso, o vaso sanitário deve ser elevado (46 a 50 cm do chão).
Por último, é crucial pensar no posicionamento dos itens para evitar que o
chão fique molhado, dessa maneira, toalhas devem ser colocadas próximo
à área de banho.
Sala
É crucial não utilizar tapetes. Usar móveis fixos, evitando aqueles com
quinas pontudas ou com materiais facilmente quebráveis, como mesas de
vidro. Para sofás e poltronas, o ideal é que os assentos sejam elevados e te-
nham braços.
Cozinha
Nesse ambiente, os itens mais utilizados devem ser mantidos em lu-
gares de fácil acesso, a nível dos olhos, evitando o uso de escadas e bancos
para alcançar objetos mais altos. Ao manusear itens quentes, o uso de luvas
térmicas é indicado. Também, para evitar períodos prolongados em pé, po-
dem ser utilizados bancos e cadeiras para realizar as funções sentado.
Quarto
É essencial prezar pela iluminação adequada, utilizando de interrup-
tores ou abajures perto da cama, evitando qualquer deslocamento no escu-
ro. Além disso, manter óculos e telefone ao lado da cama é indicado. A cama
deve ter cabeceira e uma altura média de 50 cm, incluindo o colchão, deven-
do a pessoa idosa conseguir apoiar os pés no chão ao se sentar. É comum a
presença de tontura em idosos, em caso de mudanças bruscas de posição,
sendo importante orientar a necessidade de ficar alguns minutos sentados
antes de se levantar.
94
Peridomicílio
Em caso de deslocamentos para fora do ambiente domiciliar, é impor-
tante realizar a manutenção de calçadas e dos caminhos a serem utilizados,
evitando desníveis, folhas, musgos, árvores no caminho e possíveis obstácu-
los no chão. É vital instruir o idoso a evitar caminhadas em áreas pavimenta-
das molhadas e com árvores.
CAÍ, E AGORA?
95
A IMPORTÂNCIA DA ATIVIDADE FÍSICA
NA PREVENÇÃO DE QUEDA
CONSIDERAÇÕES FINAIS
96
A elaboração de um Plano de Cuidados voltado à prevenção de que-
das, por meio de adaptações nos domicílios, tem como enfoque a redução
de episódios traumáticos e deve ser realizada de forma individualizada,
considerando as particularidades de cada idoso. Adaptações simples, como
a retirada de tapetes do ambiente domiciliar, já configuram medidas essen-
ciais para a questão, conforme foi supracitado neste capítulo.
Os cuidadores devem, além de incluir a pessoa idosa na elaboração
do seu Plano de Cuidado, estimular a prática de exercícios físicos, de forma
supervisionada e respeitando as limitações de cada paciente.
97
REFERÊNCIAS
ANG, G. C.; LOW, S. L.; HOW, C. H. Approach to falls among the elderly
in the community. Singapore Medical Journal, v. 61, n. 3, p. 116–121, mar.
2020.
99
CAPÍTULO 4
PLANO DE CUIDADOS NA PREVENÇÃO
DE QUEDAS EM PESSOAS IDOSAS:
PORQUE É NECESSÁRIO?
Angélica Quirino da Costa
Cristiane Kalline Silva Costa de Araújo
Maria Elizabeth de Sousa
APRESENTAÇÃO
101
de dados sobre a mortalidade em pessoas idosas que foram vítimas de que-
da no Brasil, em série histórica de 2000 a 2019, evidenciou 135.209 óbitos
motivados pela queda (Gonçalves et al., 2022).
Nesse sentido, é fundamental a avaliação das pessoas no acolhimen-
to, identificando potenciais riscos que levem a ocorrência deste agravo por
intermédio de classificações e/ou escalas certificadas, que devem ser adota-
das pelas instituições para o planejamento das atividades e ações preventi-
vas de educação permanente em saúde com vistas a elevar a percepção das
pessoas idosas sobre os riscos (Sá et al., 2022; Soares et al., 2022).
O plano de cuidados desenvolvido pela equipe multidisciplinar da
instituição, contemplará abordagens para os diferentes fatores desencade-
adores de quedas. Na prática o gerenciamento poderá ocorrer pela coorde-
nação de enfermagem, por ser a equipe de assistência em tempo integral e
elo entre os demais profissionais, considerando, ainda, o fato que índice de
queda faz parte do rol do chamado indicador sensível à enfermagem (Mel-
leiro et al., 2015).
102
Essa anamnese, por vezes, sofre prejuízo pelo fato de alguns
idosos chegarem à instituição sem histórico de vida pregresso.
c) Aplicação dos instrumentos de avaliação protocolados na ins-
tituição. Os mais utilizados com idosos: Mini Exame do Estado
Mental (MEEM) – avalia a cognição; Escala de Depressão Ge-
riátrica (GDS) auxilia no rastreio de fatores intrínsecos; Escala
de avaliação do risco de queda Johns Hopkins-JH-FRAT; Índice
de Katz, avalia o grau de dependência do idoso baseado na ne-
cessidade ou não de auxílio para realizar atividades básicas da
vida diária; Teste Timed Up and GO TUG que avalia mobilidade
e equilíbrio. Com o decorrer do tempo, pode ser necessário re-
aplicar os instrumentos de avaliação, pois é comum que os ido-
sos apresentem alterações comportamentais devido à mudança
de ambiente e nova rotina. Além disso, as prescrições medica-
mentosas frequentemente sofrem modificações, sendo crucial
avaliá-las com critério e responsabilidade.
d) Interpretação dos resultados e acompanhamento do comporta-
mento desse novo morador. Ao acomodá-lo em seus aposentos,
apresentá-lo aos demais profissionais da instituição é necessá-
rio comunicar a classificação de risco para quedas (identificada
no momento da admissão), embora seja prudente considerar
todas as pessoas idosas recém-admitidas como de alto risco,
principalmente devido à falta de familiaridade com seu com-
portamento na prática.
e) A capacitação da equipe de cuidados diretos, técnicos de en-
fermagem e cuidadores, na abordagem dos fatores de riscos e
prevenção de quedas devem ocorrer de forma contínua para
que o plano de cuidados tenha êxito. Será essa equipe de cui-
dados diretos que fará o acompanhamento em tempo integral
dos residentes, portanto, desenvolver um olhar crítico, agir com
proatividade e manter uma comunicação eficiente com os de-
mais membros das equipes será determinante para reduzir a
ocorrência de quedas na instituição.
103
A capacitação não deve se restringir apenas aos profissionais da as-
sistência, aqueles que atuam no setor administrativo e que exercem outras
funções que não a assistência também tem papel fundamental na garantia
da segurança à saúde dessas pessoas (Resende; Quaresma; Lucas, 2021).
Todos os trabalhadores e voluntários de uma ILPI são cuidadores, uma vez
que o propósito dessas instituições é o cuidado da pessoa idosa. Por exem-
plo, a ocorrência de piso molhado é um fator extrínseco, totalmente contro-
lável, desde que o responsável pela limpeza esteja atento e siga o protocolo
institucional para lidar com essa situação.
Outro ponto que não pode deixar de ser contemplado no plano de
prevenção diz respeito ao ambiente físico, considerando, principalmente,
as áreas de convivência coletiva. Atualmente os órgãos reguladores em suas
visitas rotineiras possuem um olhar minucioso para as instalações físicas
das ILPIs, sempre sinalizando e exigindo as devidas correções a situações
de risco identificadas. A RDC n° 502/2021 orienta as condições de uso dos
ambientes necessários a edificações desse tipo. A norma aponta padrão
mínimo para funcionamento, itens de infraestrutura, desde a indicação do
programa de necessidades, que compreende os ambientes, usos e dimen-
sionamentos adequados. Nunes; Mendonça; 2023).
Dessa forma, os gestores das ILPIs precisam ter domínio sobre as exi-
gências das resoluções, normas técnicas e estatutos que regem e regulamen-
tam essas instituições, visando cumprir as diretrizes norteadoras e garantir
os direitos dos institucionalizados, incluindo a prevenção e a manutenção
da saúde da pessoa idosa (Brasil, 2003)
Destacamos, ainda, sobre as reformas estruturais, que podem repre-
sentar elevado risco para quebra dos pontos protocolares estabelecidos no
plano de prevenção. A gestão da ILPI precisa estar atenta às orientações téc-
nicas descritas na RDC n° 502/2021 e providenciar os ajustes necessários ao
plano de prevenção de quedas a fim de minimizar riscos de intercorrências
entre os moradores.
104
Finalizando o plano de cuidados para prevenção de quedas destaca-
mos duas ações de suma relevância.
A primeira trata da construção de instrumento para registro das que-
das ocorridas. Tal instrumento deverá ser extremamente detalhado, con-
tendo todas as informações relevantes ou não, para que sirva de material
para estudo e análise. A qualidade dos dados registrados irá determinar o
êxito na segurança do paciente (Araújo et al., 2018). Importante contem-
plar também as ações adotadas na assistência imediata, o fluxograma de
encaminhamentos de ações, serviços e pessoas envolvidas. Ao final dessa
etapa espera-se que a equipe consiga identificar se houve falhas na atua-
ção dos profissionais, falha no plano de prevenção implementado ou se a
ocorrência foi totalmente inevitável. Com o domínio dessas informações e
conclusões, uma reavaliação de condutas deverá ser estudada e aprovada.
A segunda ação, de igual forma indispensável para o êxito do plano
de prevenção é o desenvolvimento de um programa de apoio aos idosos
que sofreram quedas. Após um episódio de queda, de 21% a 39% dos indi-
víduos caidores desenvolvem medo de cair; e idosos que temem uma nova
queda podem tornar-se mais suscetíveis à reincidência deste episódio, visto
que restringem suas atividades, reduzem o nível de atividade física e apre-
sentam uma qualidade de vida reduzida de acordo com Silva et al., (2020).
Orientações e escuta ativa para idosos “não caidores” também precisam ser
inseridas no planejamento da prevenção.
105
CONSIDERAÇÕES FINAIS
106
REFERÊNCIAS
107
CAMARANO, A. A. Instituições de Longa Permanência e Outras
Modalidades de Arranjos Domiciliares para Idosos. In: NÉRI, Anita. Idosos
no Brasil: vivências, desafios e expectativas na terceira idade. São Paulo:
Editora Fundação Perseu Abramo; Sesc, 2007a. p. 169-190
DIAS, Adriana Luna Pinto. Et al. Fall risk and the frailty syndrome in older
adults. Acta Paul Enferm, v. 36, 2023.
108
Resolução RDC nº 502, de 27 de maio de 2021 Dispõe sobre o funcionamento
de Instituição de Longa Permanência para Idosos, de caráter residencial.
ANVISA, 2021
109
CAPÍTULO 5
A PESSOA IDOSA HOSPITALIZADA:
UMA PROPOSTA DE PLANO DE CUIDADO
PARA PREVENÇÃO DE QUEDAS
Giselle Karine Muniz de Melo
Karen Valessia da Silva
Thaiza Teixeira Xavier Nobre
Vilani Medeiros de Araújo Nunes
APRESENTAÇÃO
111
PROPOSTA DE UM PLANO DE CUIDADOS PARA PREVENÇÃO
DE QUEDAS EM PACIENTES IDOSOS, NO ÂMBITO HOSPITALAR
113
com duas pessoas no mínimo, e com dispositivos que possam
facilitar essa transferência;
m) Colocar o paciente próximo ao posto de Enfermagem, sempre
que possível (EBSERH, 2022);
n) Manter óculos e aparelhos auditivos acessíveis;
o) Deixar dispositivos de apoio à marcha, como andador, cadeiras
de rodas e cadeiras de banho, disponíveis em condições de uti-
lização segura e acessíveis (DQS, 2019);
p) Colocar sinalização visual para identificação de risco de que-
da, a fim de alertar toda a equipe de cuidado, além de registar
no prontuário do paciente todos os procedimentos realizados
(BRASIL, 2014).
A natureza multifatorial da queda justifica a intervenção de uma equi-
pe multiprofissional, composta por médicos, enfermeiros, fisioterapeutas,
farmacêuticos, terapeutas ocupacionais, nutricionistas e psicólogos (Dege-
lau, 2010).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
114
REFERÊNCIAS
115
Fundo de População das Nações Unidas - UNFPA. Envelhecimento no
Século XXI: Celebração e Desafio Resumo Executivo. Londres: Fundo de
População das Nações Unidas (UNFPA) e HelpAge International, 2012.
Disponível em: https://www.unfpa.org/sites/ default/files/pub-pdf/
Portuguese-Exec-Summary_0.pdf. Acesso em: 25 fev. 2024.
SENA AC, ALVAREZ AM, NUNES SFL, COSTA NPS. Nursing care related
to fall prevention among hospitalized elderly people: an integrative
review. Rev Bras Enferm. 2021;74(Suppl 2):e20200904. https://doi.
org/10.1590/0034-7167-2020-0904
Vaccari E, Lenardt MH, Willig MH, Betiolli SE, Andrade LA. Segurança
do paciente idoso e o evento queda no ambiente hospitalar. Cogitare
Enferm [Internet]. 2016; 21(5):1-9. Disponível em: https://revistas.ufpr.br/
cogitare/article/view/45562
APRESENTAÇÃO
118
O CENÁRIO DA CIDADE NO CONTEXTO DA ACESSIBILIDADE -
ESTÍMULO PARA A FUNCIONALIDADE E AUTONOMIA.
119
representa a sua identidade e sua construção de bem estar com o convívio
social (Tissot; Vergara, 2023).
A representação social das pessoas idosas alicerçadas nas instituições
de longa permanência, retratam as manifestações geriátricas, como encur-
tamento dos passos, alterações cognitivas e baixa funcionalidade espacial
(Santos et al., 2023). Desse modo, essas transformações comprometem as
atividades de vida diária (AVD), fazendo com que o ambiente se adeque às
condições de vida do indivíduo, em razão disso, a ambiência coletiva de
idosos necessitam de um cuidado maior e qualificado, que vise promover e
proteger a saúde dos mesmos, na concepção de que eles se sintam acolhi-
dos e seguros na instituição.
Então é necessário observar esses espaços físicos, com o objetivo de
identificar possíveis fatores extrínsecos que promovam a aumento de risco
de quedas, tais como: soleiras em relevo; presença de tapetes; piso desnive-
lado; mobiliária pontiagudas e maçanetas de difícil manuseio (Lana et al.,
2021). A Política Nacional da Pessoa Idosa, decretada em 1994, objetiva as-
segurar os direitos sociais do cidadão idoso, trazendo como diretrizes que os
espaços dos residentes devem desenvolver atividades que levem as pessoas
a se sentirem vivas e acolhidas, oferecendo condições de habitabilidade, se-
gurança, salubridade e a acessibilidade (Brasil, 2006).
120
à insegurança e à falta de adequação do ambiente, com medidas de segu-
rança, de modo a evitar quedas e suas possíveis consequências (Tavares;
Araújo; Nunes, 2021). Além disso, é interessante frisar que, as quedas co-
laboram com a diminuição da autonomia e funcionalidade. Assim como,
representam uma questão de saúde pública, por serem os principais fatores
de lesões, traumas, hospitalização, podendo chegar ao óbito (Giacomini;
Fhon; Rodrigues, 2020).
Dada a relevância que o peridomicílio exerce na vida das pessoas, re-
comenda-se realizar adaptações, como: o nivelamento de calçadas, uso de
pisos e tapetes antiderrapantes, tapetes fixos, uso de barras de apoio e cor-
rimão, adequação de iluminação, manter áreas livres para locomoção, a fim
de garantir tornar o ambiente um local seguro, consequentemente, evitando
quedas e fechos diversos a saúde (Tavares; Araújo; Nunes, 2021).
121
Dessa forma, se faz necessário que os profissionais de saúde desen-
volvam estratégias e atividades educativas com a comunidade, objetivando
promover a autonomia e independência da pessoa idosa, assim como, a re-
dução de risco de quedas (Teixeira et al., 2019).
Outro ponto relevante ao debate, refere-se à funcionalidade do an-
cião. Naturalmente, ao longo da vida, o indivíduo vai perdendo sua capa-
cidade funcional. Essa redução também está relacionada à percepção de
autonomia, ou seja, quanto mais funcional o idoso, maior sua percepção
de autonomia, do mesmo modo, quanto maiores as necessidades de ajuda
para realização de atividades da vida diária (AVDs), menor será a percepção
de autonomia (Gomes et al., 2021).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
122
REFERÊNCIAS
123
BRITO, T.R.P; NUNES,D.P; DUARTE, DUARTE,Y. A. O; LEBRÃO, M.L.et
al.,. Redes sociais e funcionalidade em pessoas idosas: evidências do
estudo Saúde, Bem-Estar e Envelhecimento (SABE). Revista Brasileira
de Epidemiologia [online]. 2019, v. 21, n. Suppl 02, e180003. DOI:
10.1590/1980-549720180003.supl.2 Disponível em: https://www.scielo.
br/j/rbepid/a/vSRrDzmZCvQyVQCJ463WhBp/?format=pdf&lang=pt.
Epub 04 Fev 2019. ISSN 1980-5497. Acessado 4 Março 2024
124
Prado, Adélia. Poesia Reunida. 7. ed. Editora Siciliano, 1991.
125
CAPÍTULO 7
ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO DA
OCORRÊNCIAS DE QUEDAS E DO MEDO
DE CAIR DA PESSOA IDOSA
Kamilla Sthefany Andrade de Oliveira
Angelo Maximo Soares de Araujo Filho
Maria Luiza de Sousa Belém
Milla Iasmim Queiroz Freitas
APRESENTAÇÃO
128
Percebe-se, então, que o medo de cair novamente não apenas res-
tringe a vida do indivíduo fisicamente, mas também a aprisiona emocio-
nalmente. O isolamento se torna, então, uma fortaleza contra o perigo per-
cebido, privando o indivíduo não apenas da liberdade física, mas também
do contato social e da rede de relacionamento que torna a vida significativa
(Oliveira et al., 2021).
129
riais, controle de estabilidade, rotação do tronco e treinos de fortalecimento
muscular (Silva, 2019), mas também atividades como o Tai Chi Chuan, vem
sendo reconhecidas dentre profissionais da área como um aliado direto no
cuidado com a saúde da pessoa idosa (Bertolini, 2022).
Apesar do uso de antipsicóticos, anticonvulsivantes, opioides, antide-
pressivos e outros hipnóticos-sedativos se enquadrarem como potenciais
agravantes para a ocorrência de quedas, em função de sua gama de efei-
tos adversos (CRF, 2020), o uso prolongado e irracional de benzodiazepí-
nicos segue em destaque como um dos maiores causadores desses aciden-
tes (Freire et al., 2022). Para tanto, faz-se necessário um acompanhamento
farmacêutico para a ponderação entre a real necessidade da prescrição de
alguns medicamentos de alto risco, o que inclui o monitoramento periódi-
co dos seus efeitos adversos, ajuste de dosagem se necessário, desencora-
jamento quanto a automedicação e identificação de potenciais interações
medicamentosas, gerando a possibilidade de reversibilidade de condições
adversas (CRF, 2020).
Ainda nesse cenário, intervenções psicológicas, dentro de uma abor-
dagem multidisciplinar, são bem vindas e demonstraram sua eficácia. A
atuação do psicólogo, que é orientada para as necessidades individuais do
paciente, direciona o processo de intervenção que visa capacitar o paciente
a enfrentar com sucesso as possíveis limitações inerentes a esta fase da vida
(Santos; Santos, 2014).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
131
REFERÊNCIAS
133
SILVA, Mariana Resende et al. Efeitos do treinamento multissensorial na
mobilidade de tronco e no equilíbrio em idosos comunitários. Revista
Família Ciclos de Vida e Saúde no Contexto Social, v. 7, n. 4, p. 470, 7 out.
2019. Disponível em: https://seer.uftm.edu.br/revistaeletronica/index.
php/refacs/article/view/3619. Acesso em: 14 mar. 2024.
134
CAPÍTULO 8
GERONTECNOLOGIAS VOLTADAS PARA
O MONITORAMENTO E PREVENÇÃO
DE QUEDAS EM PESSOAS IDOSAS
Kellen Rosa Coelho Sbampato
Cláudia Martins da Costa
Thalyta Cristina Mansano Schlosser
Gilson de Vasconcelos Torres
Eulália Maria Chaves Maia
APRESENTAÇÃO
137
Por toda esta problemática, torna-se relevante e se faz necessário a
inovação do cuidado com o desenvolvimento de gerontecnologias capazes
de prevenir, monitorar e mitigar as consequências das quedas na população
idosa. Além de possibilitar uma reflexão sobre o tema, estimular o raciocínio
e propiciar a troca de saberes, o que favorece a pessoa idosa a obter maior
autonomia e empoderamento para se tornar agente de mudança de sua re-
alidade e, consequentemente, para prevenir quedas (Ferreira et al., 2019).
ESTRATÉGIAS GERONTOTECNOLÓGICAS
138
(Hamm; Money; Atwal, 2017). No estudo de Lima e colaboradores, (Lima et
al., 2021) a gerontecnologia educacional tridimensional do tipo maquete se
mostrou uma estratégia válida para ser utilizada na promoção da saúde em
diferentes contextos, sobretudo no que se refere a identificação de risco para
quedas em pessoas idosas dentro do domicílio.
Alguns estudos apresentaram também a visita domiciliar como po-
tente gerontecnologia educacional, utilizada como estratégia de cuidado
pelos profissionais da Atenção Primária à Saúde na prevenção de quedas.
A visita domiciliar permite a identificação dos fatores de riscos que podem
estar relacionados à ocorrência de quedas na população idosa, para que, as-
sim, sejam ofertados orientações e esclarecimentos que propiciem ao idoso
o empoderamento necessário para agir diante dos riscos e prevenir episódio
de quedas, sobretudo no ambiente domiciliar (Dourado Júnior et al., 2022).
Como inovação tecnológica capaz de contribuir com a gerontecno-
logia, tem-se a Internet das Coisas (IoT). Esta permite que objetos físicos
vejam, ouçam, pensem, executem tarefas, compartilhem informações, pro-
cessem dados, capturem variáveis ambientais e mudanças externas por
meio de uma rede sem fio, que se comunica usando a Internet, incorporan-
do dispositivos, sensores, sistemas, aplicativos, dentre outros, para prover
um monitoramento mais completo e visando a um maior cuidado para os
idosos (Diniz et al., 2022).
As gerontecnologias IoT voltadas para a mobilidade e equilíbrio do
indivíduo estão sendo utilizadas para prevenção de quedas em pessoas ido-
sas. Estudo recente de Diniz e colaboradores, encontraram gerontecnolo-
gias IoT que abordavam sistemas, sensores, dispositivos, jogos sérios, exer-
games, robôs, realidade virtual, aplicativos, além de dispositivos vestíveis
(wearables) e dispositivos presentes no domicílio (smart home), com o obje-
tivo de auxiliar no monitoramento e prevenção das quedas, as quais podem
ser evitadas com o monitoramento em tempo real (Diniz et al., 2022). Ade-
mais, as gerontecnologias IoT desenvolvidas para utilização em instituições
hospitalares podem agir diretamente na redução dos custos assistenciais
(Sadoughi; Behmanesh; Sayfouri, 2020).
139
Dentre as gerontecnologias IoT, percebe-se a predominância de
dispositivos vestíveis para a criação das soluções voltadas para o monito-
ramento de idosos na prevenção de quedas, principalmente por meio de
sensores do tipo acelerômetro que conseguem medir a quantidade de pas-
sos e a aceleração do corpo. Essa maior utilização destes dispositivos se dá
pela ocorrência da maior adesão da população idosa e por também poder
realizar o monitoramento de outros dados fisiológicos, como a frequência
cardíaca, pressão arterial e calorias gastas, o que é visto pelos idosos como
algo relevante para a sua saúde (Lee; Lee, 2018).
As estratégias gerontecnológicas de monitoramento e prevenção de
quedas devem ser adaptadas aos diferentes contextos em que as pessoas
idosas vivem e recebem cuidados. Por exemplo, em um ambiente domici-
liar, a instalação de sensores de movimento em áreas de alto risco, como
escadas e banheiros, pode ajudar a identificar riscos de queda e fornecer
alertas precoces para intervenção (Jiang et al., 2020).
No ambiente hospitalar, estratégias tecnológicas para monitoramento
e prevenção de quedas, com o uso de hardwares e softwares, sensores e tec-
nologia da informação, possibilitam a ampliação do acesso às informações
e ao cuidado. Também são utilizados dispositivos para ambientes, tais como
monitoramento por vídeo, com sensor detector de movimento; sistemas in-
tegrados de alarmes, através de sensores acoplados a cama, capazes de si-
nalizar a tentativa e a saída do paciente do leito; equipamentos mecânicos
para contenção, como dispositivo desenvolvido para uso seguro do vaso sa-
nitário (Camargo; Colichi; Lima, 2023).
Em Instituições de Longa Permanência para Idosos, a prevenção de
quedas pode ser eficaz por meio da integração de sistemas de monitora-
mento remoto, que detectam mudanças na atividade e comportamento
dos residentes e alertam a equipe de cuidados sobre o risco de quedas imi-
nentes. Além disso, e tecnologias de mobilidade assistida, como andadores
equipados com sensores de estabilidade, podem ajudar a reduzir o risco de
quedas durante a locomoção (Hanson et al., 2019).
140
CONSIDERAÇÕES FINAIS
141
REFERÊNCIAS
142
HAMM, J.; MONEY, A.; ATWAL, A. Fall Prevention Self-Assessments Via
Mobile 3D Visualization Technologies: Community Dwelling Older Adults’
Perceptions of Opportunities and Challenges. JMIR Human Factors, v. 4,
n. 2, p. e15, 19 jun. 2017. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/
pmc/articles/PMC5495970/>. Acesso em: 14 de março de 2024.
144
EIXO 3
APRESENTAÇÃO
147
Conhecer os fatores potencialmente geradores do evento torna pos-
sível traçar medidas com vistas à prevenção, como a prática de atividades
físicas; ações multicomponentes e, atualmente, também, utilizar medidas
tecnológicas para essa finalidade.
149
forma a permitir um olhar direcionado e desempenho de maiores esforços
com vistas à prevenção do evento em pessoas com maior risco.
É crucial reconhecer a importância de identificar o risco de queda
em idosos, pois isso permite uma abordagem proativa na implementação
de medidas preventivas. Ao utilizar ferramentas de avaliação para exami-
nar a mobilidade, equilíbrio e risco de queda, como os testes mencionados,
é possível determinar quais idosos estão em maior vulnerabilidade. Essa
conscientização permite a implementação de intervenções preventivas di-
recionadas, através das intervenções multicomponentes, com a união de
programas de exercícios, modificações no ambiente doméstico e orienta-
ções e esclarecimento às pessoas idosas, familiares e cuidadores, auxiliando
na mitigação do risco de quedas.
150
no do corpo, como as câmeras e o piso inteligente com sensores de pressão
que monitoram parâmetros como velocidade, comprimento da passada e
largura do passo. A análise dos dados ocorre através de algoritmos (Mohan
et al., 2024; Nascimento; Silva; Juchem, 2022; Rajagopalan; Litvan; Jung,
2017).
No entanto, tanto os sensores vestigiais, como o uso de sensores am-
bientais têm pontos negativos. Os primeiros podem gerar desconforto na
pessoa idosa durante o uso e os sensores ambientais podem afetar a sua pri-
vacidade, além do investimento financeiro requerido, não sendo acessível a
toda a população idosa (Mohan et al., 2024).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
151
bientais com a análise de algoritmos a fim de promover uma avaliação da
pessoa idosa na comunidade que possibilite uma melhor predição e pre-
venção deste evento adverso.
Futuras pesquisas devem se concentrar na integração de dados pro-
venientes de sensores tecnológicos para avaliar diversos fatores de risco de
quedas em idosos, não deixando de lado a importância das demais medidas
já atualmente praticadas com esse intuito.
152
REFERÊNCIAS
153
FONSECA, Renata Francielle Melo dos Reis; MATUMOTO, Silvia. Prevenção
de quedas nos idosos: o que dizem as publicações oficiais brasileiras? /
Falls prevention in elderly: what official brazilian publications say? Journal
of Nursing and Health, v. 10, n.3, 2020. Disponível em: https://periodicos.
ufpel.edu.br/index.php/enfermagem/article/view/18501/11988. Acesso
em 04 mar. 2024.
GARCIA, Paola Gonçalves Leite et al. Sarcopenia and falling in the elderly.
Brazilian Journal of Development, v. 8, n. 1, p. 2774-2779. 2022. DOI:
10.34117/bjdv8n1-182. Disponível em: https://scholar.archive.org/work/
t3f76vvtqzdaxdakdncgubus5y/access/wayback/https://brazilianjournals.
com/ojs/index.php/BRJD/article/download/42557/pdf. Acesso em: 05
mar. 2024.
154
NASCIMENTO, Marcelo de Maio; SILVA, Paloma Sthefane Teles; JUCHEM,
Luciano. Tecnologias Assistivas: Aplicações na prevenção de quedas de
idosos. Saúde e Desenvolvimento Humano, Canoas, v. 10, n.1. 2022. DOI:
https://doi.org/10.18316/sdh.v10i1.8492. Disponível em: https://revistas.
unilasalle.edu.br/index.php/saude_desenvolvimento/article/view/8492.
Acesso em: 05 mar. 2024.
155
SILVEIRA, Filipe José da et al. Internações e custos hospitalares por
quedas em idosos brasileiros. Scientia Medica, v. 30, n. 1, p. 1-10. 2020.
DOI: https://doi.org/10.15448/1980-6108.2020.1.35751. Disponível em:
https://revistaseletronicas.pucrs.br/index.php/scientiamedica/article/
view/36751. Acesso em: 05 mar. 2024.
156
CAPÍTULO 2
AVALIAÇÃO E PREVENÇÃO DO RISCO
DE QUEDAS EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO
Carlos Alexandre de Souza Medeiros
Manuela Pinto Tiburcio
Albirea Shinobu Inaoka Brito
Ana Beatriz de Almeida Medeiros Moura
Patrícia Medeiros da Silva Oliveira
APRESENTAÇÃO
158
DIAGNÓSTICO SITUACIONAL DAS QUEDAS
E PLANEJAMENTO DAS AÇÕES
159
Figura 2 – Exemplo de ideias de mudança
INTERVENÇÃO
161
PDSA PARA O AUMENTO DA PRESCRIÇÃO DE CUIDADOS
ADEQUAÇÃO AO RISCO DE QUEDA
162
CONSIDERAÇÕES FINAIS
163
REFERÊNCIAS
JACQUES, Fernanda Boaz Lima et al. Projeto Paciente Seguro – Fase I: relato
de experiência. Revista Científica da Escola Estadual de Saúde Pública de
Goiás. V.7, p.1-13, 2021.
164
CAPÍTULO 3
CENÁRIO ACADÊMICO DAS QUEDAS
NA POPULAÇÃO IDOSA INSTITUCIONALIZADA
EM ATIVIDADES EXTENSIONISTAS
Clemer Mateus Gomes Teixeira
Ítalo Henrique Martins Corrêa
Josiane Pereira dos Santos
Júlia Danielle de Medeiros Leão
Luiza Lisboa Krause de Araujo e Lima
APRESENTAÇÃO
166
conhecimento, bem como medidas de proteção e prevenção de quedas no
âmbito de instituições de longa permanência para Idosos (ILPIs), e como
esta pode contribuir para a capacitação de seus cuidadores.
167
RELATO DA EXPERIÊNCIA EXTENSIONISTA
168
ta forneceu sugestões simples que poderão ser adaptadas na prevenção des-
ses incidentes junto com soluções para a melhoria desses ambientes, tais
quais, estão inclusos, barras de ferro, adesivos antiderrapantes e câmeras.
O segundo momento do seminário foi direcionado para o tema do uso
seguro de medicamentos pela população idosa, com ênfase na necessidade
de acompanhamento constante das prescrições pela equipe de profissio-
nais que atuam na assistência, a fim de que problemas decorrentes de iatro-
genia e interação medicamentosa sejam evitados nos residentes.
Destacam-se algumas orientações presentes no manual de orienta-
ção ao farmacêutico, que consideram a complexidade do cuidado à pessoa
idosa, tendo em vista a presença comum de comorbidades, fragilidade e uso
de múltiplos medicamentos, reforçando a importância da implementação
de atividades relacionadas à assistência farmacêutica nessas instituições.
Essas atividades visam garantir um melhor controle dos medicamentos
utilizados, promover uma boa integração com a equipe de saúde multidis-
ciplinar e alcançar os resultados desejados na terapia medicamentosa, in-
cluindo a manutenção da saúde, a redução de custos e o uso racional de
medicamentos (CRF, 2021).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
169
uma perspectiva ampla e sensível, e elevando a qualidade das práticas de
assistência prestadas à pessoa idosa.
Importante destacar ainda a educação continuada dos profissionais
que prestam assistência às pessoas idosas, seja em ambiente domiciliar,
hospitalar ou institucional, como uma medida fundamental para a pre-
venção do risco de quedas. Assim, as ações extensionistas, como método
de educação em saúde, proporcionam melhorias significativas, incluindo a
identificação precoce dos fatores de risco e a implementação de medidas
preventivas, permitindo que os profissionais ajam com prontidão e eficiên-
cia em caso de quedas, reduzindo lesões e proporcionando uma assistência
de qualidade.
170
REFERÊNCIAS:
172
CAPÍTULO 4
RDC Nº 502/2021 COMO INSTRUMENTO
DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA EM INSTITUIÇÕES
DE LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSOS
Alice Alves de Souza
Tatiana de Almeida Jubé
APRESENTAÇÃO
174
INOVAÇÃO: PROPOSTA DE AVALIAÇÃO DO SERVIÇO A PARTIR DE
NOTIFICAÇÃO DE INDICADORES
CONSIDERAÇÕES FINAIS
175
A avaliação da qualidade dos serviços prestados pela ILPI parece ser
um fator a ser observado nessa análise, sendo as notificações de queda um
grande orientador dessa qualidade pela sua importância na manutenção
do estado de saúde da pessoa idosa. É preciso verificar, por exemplo, se o
acesso às notificações bem como seu tratamento estão sendo trabalhados
conjuntamente pela Vigilância Sanitária e pela Vigilância Epidemiológica,
conforme proposto pela resolução. Outro ponto é identificar se o procedi-
mento para a notificação é acessível e compreendido pelas ILPIs.
É notório que essa discussão deve contar com diversos atores além
das vigilâncias sanitária e epidemiológica, envolvendo a assistência social,
direitos humanos, tanto em nível da administração pública quando de orga-
nizações que tratam o tema, para que essas notificações sejam reconhecidas
dentro da estrutura de qualidade de serviço das ILPIs.
176
REFERÊNCIAS
177
Guia de Análise de Impacto Regulatório Guia nº 17/2021 – versão 4 chrome-
extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://antigo.anvisa.
gov.br/documents/10181/6328934/Guia+17_2021_vers%C3%A3o+4_
de_13+12+22.pdf/96c97aba-de44-47f6-8a22-65f003a9d6e8
178
CAPÍTULO 5
PROJETOS EDUCATIVOS E A PREVENÇÃO
DE QUEDAS - EXPERIÊNCIA EM PORTUGAL
Ricardo Filipe da Silva Pocinho
Rui Miguel Duarte Santos
Cristóvão Adelino Fonseca Franco Ribeiro Margarido
Sílvia Clara Laurido da Silva
Sara Maria de Oliveira Gordo
APRESENTAÇÃO
Envelhecer em Portugal
Dados da PORDATA (2022) indicam que Portugal é o quarto país do
mundo com mais pessoas com uma idade igual ou superior a 65 anos repre-
sentando, esta faixa etária, quase 25% da população portuguesa. Em 2021, a
percentagem de população idosa era de 23,4% enquanto a de jovens era de
apenas 12,9%, sendo que o índice de envelhecimento da população portu-
guesa é atualmente de 182 idosos por cada 100 jovens. Paralelamente a este
crescimento, assistimos a um aumento do número de idosos frágeis e de-
pendentes de terceiros para a realização das tarefas da vida diária, aumen-
tando consequentemente a procura pela opção de cuidados institucionais
(Pocinho, 2022).
Efetivamente, o envelhecimento normal está associado a uma fra-
gilidade física, psicológica e social, ainda que com intensidade variável A
fragilidade pode assim representar uma fase de transição entre o envelheci-
mento bem-sucedido e a incapacidade funcional e, consequente institucio-
nalização (Cesari et al., 2017; Tavares, Grácio & Nunes, 2020).
Têm sido vários os fatores de risco que contribuem para a institucio-
nalização, nomeadamente, a fragilidade física e psíquica, a sobrecarga dos
cuidadores, a falta de apoio sociofamiliar, as alterações neurocognitivas,
psicopatológicas, a presença de múltiplos diagnósticos, a polimedicação, os
episódios de hospitalização, e as quedas (Dixe et al., 2023; Jerez-Roig et al,
2017; Wang et al., 2018).
A maior propensão a quedas está relacionada ao fenómeno de fragi-
lidade, nomeadamente a fatores intrínsecos como alterações nos sistemas
musculoesquelético, perda de massa muscular, diminuição de equilíbrio,
défices sensoriais, vestibulares e cognitivos e, a fatores extrínsecos relacio-
nados ao ambiente como as condições habitacionais, o acesso a meios de
transporte e/ou a serviços saúde (Giacomini, Fhon & Rodrigues, 2020; Ma-
rinho et al., 2020).
Segundo a Organização Mundial de Saúde (2018) estima-se que um
terço dos idosos acima de 65 anos vivencie um episódio de queda anual-
mente, o que contribui para um declínio funcional e à perda de autonomia,
de qualidade de vida e bem-estar. Inclusivamente, quanto maior a fragilida-
de maior a propensão a quedas, pois esta afeta a resistência física, altera o
equilíbrio, potencializa fraqueza muscular e reduz o desempenho motor do
idoso (Giacomini et al., 2020)
Considerando os fatores associados ao risco de queda e consequen-
te institucionalização, torna-se assim fundamental repensar os paradigmas
associados à prestação de cuidados às pessoas mais velhas, elegendo o de-
senvolvimento de mecanismos preventivos através de programas de inter-
venção multidimensionais.
180
des estímulo validadas cientificamente para prevenção da fragilidade e con-
sequente institucionalização de pessoas idosas residentes no seu domicílio.
Com enfoque na intervenção na comunidade foram definidos quatro
eixos de intervenção para 100 participantes idosos residentes no seu domi-
cílio:
Eixo 1. Domínio de saúde mental : são desenvolvidas atividades de estimu-
lação das i) Funções cognitivas: memória a curto e longo prazo; linguagem
expressiva e recetiva; orientação temporal e espacial; atenção/concentração
seletiva e motora; perceção e associação; e funções executivas e das ii) Com-
petências Emocionais: cuja avaliação é efetuada pela triagem de presença
de sintomatologia ansiosa e depressiva potencialmente patológica para pos-
terior encaminhamento em articulação com o sistema nacional de saúde;
Eixo 2. Domínio de saúde física: são desenvolvidas atividades de esti-
mulação das i) Capacidades físicas e motoras: treino do equilíbrio, pos-
tura corporal, mobilidade e deambulação com avaliação do risco de
quedas, coordenação motora: membros superiores e inferiores e esta-
do nutricional; ii) Funcionalidade com treino de atividades básicas da
vida diária (estratégias de alimentação, vestir, deambular, higiene pes-
soal) e de atividades instrumentais da vida diária (estratégias para gerir
a medicação, seguir uma dieta rica e equilibrada, manter um nível ade-
quado de limpeza, tratar das suas roupas e manuseamento de dinheiro);
Eixo 3. Domínio de saúde social: são desenvolvidas atividades de
avaliação da rede sociofamiliar de apoio, o risco de institucionali-
zação. As atividades estímulo são realizadas numa vertente socio-
cupacional em grupo com vista a reduzir a solidão e isolamento; e
Eixo 4. Domínio meio ambiente são desenvolvidas atividades estímulo de
capacitação de competências técnicas adaptadas as necessidades, gostos e
interesses dos participantes, nomeadamente através da promoção da litera-
cia em saúde, literacia digital, alfabetização, Línguas, Lazer e Bem-estar. É
também efetuado um mapeamento das fragilidades habitacionais e socioe-
conómicas com respetivo encaminhamento quando necessário.
No âmbito de prevenção de quedas foi desenhada a Oficina MOVE-TE
que ocorre três vez por semana com atividades de i) Saúde & Bem-estar que
181
inclui ações de sensibilização de segurança e cuidados a ter no domicílio
(barreiras arquitetónicas), como atuar em caso de urgência, o que fazer em
caso de queda, e mecanismos wearables de monitorização da saúde; ii) Ioga
Sénior; iii) Zumba Sénior; iv) Ginástica com classes de movimentos e dança.
Estas atividades foram escolhidas com intuito de promover o equilíbrio, a
agilidade e coordenação motora; o treino de força e a massa muscular dos
membros superiores e inferiores; promover a dinâmica grupal e a socializa-
ção.
De forma a validar cientificamente as atividades desenvolvidas foi de-
senvolvido um protocolo de avaliação inicial e respetiva reavaliação decor-
ridos 12 meses de intervenção piloto, para testar o impacto da intervenção.
São utilizados os seguintes instrumentos de avaliação:
Avaliação da Fragilidade
Para medir a fragilidade é utilizado o TFI – Tilburg Frailty Test validado
para a população portuguesa por COELHO et al, (2015). Este teste encontra-
-se estruturado em 3 subdomínios: o físico, o psicológico e social. Confere
uma pontuação global e por subdomínios sendo que o ponte de corte para
a população portuguesa é de 8 pontos.
182
Avaliação da Fragilidade Física
No protocolo da Escala de Morse para avaliação do risco de queda
(versão portuguesa de Costa-Dias, Ferreira & Oliveira, 2014); cuja pontu-
ação varia entre 0 e 125 pontos, as pessoas são discriminadas em função
da sua pontuação em: Sem risco (0 e ≤ 24 pontos); Baixo risco (≥ 25 e ≤ 50
pontos); Alto risco (≥ 51 pontos); a SARC-F para avaliação do risco de sarco-
penia (versão portuguesa de FARIA et al., 2021); o Sénior Fitness Teste que
inclui os teses: Timed Up and Go; Sit and Reach; Back Scratch e Chair Stand
Test (validado para a população portuguesa por Baptista & Sardinha, 2005);
a Escala de Barthel para avaliação das atividades básicas da vida diária, ver-
são portuguesa de Araújo, Ribeiro, Oliveira e Pinto (2007), que estipula qua-
tro níveis de dependência: Dependência total (0 – 20 pontos); Dependência
grave (21 – 60 pontos); Dependência moderada (61 – 90 pontos); Dependên-
cia muito leve (91 – 99 pontos); e Independência (100 pontos); e o Indice de
Lawton e Brody para avaliação das atividades instrumentais da vida diária,
versão portuguesa de Araújo., Pais-Ribeiro, Oliveira, Pinto E Martins (2008),
que estipula três níveis de dependência: Independente (8 pontos); Modera-
damente dependente, necessita de uma certa ajuda (9 a 20 pontos); e Seve-
ramente dependente, necessita de muita ajuda (> 20 pontos).
Fragilidade psicológica
Para avaliação do funcionamento cognitivo é utilizado o Teste de De-
clínio Cognitivo de 6 Itens (6 CIT) versão portuguesa de Apóstolo e Paiva
(2017). Avalia a capacidade de orientação temporo-espacial, linguagem,
memória e atenção/concentração. É composto por seis perguntas simples e
que não exigem uma interpretação complexa. Quanto aos pontos de corte,
pontuações de 0-7 são consideradas normais, enquanto as iguais a 8 ou su-
periores são consideradas significativas para compromisso
Para avaliação da sintomatologia ansiosa é utilizado o Inventário de
Ansiedade Geriátrica, versão portuguesa de Ribeiro, Paúl, Simões e Firmino
(2011), que através de uma escala de Concordo/Discordo sinaliza a presen-
ça de sintomatologia ansiosa, cujo ponto de corte para a população portu-
guesa é de 13 pontos.
183
Para avaliação da sintomatologia depressiva é utlizada a Escala de
Depressão Geriátrica, versão portuguesa de Pocinho, Farate, Dias, Lee e Ye-
savage (2009), que através de uma escala de Sim/Não sinaliza a presença
de sintomatologia depressiva, cujos pontos de corte para a população por-
tuguesa são: “Sem depressão” (0 – 5 pontos) e “Com depressão” (Mais de 5
pontos).
Fragilidade social
Para avaliação da fragilidade social é utilizada a Escala de Solidão
(UCLA) que avalia duas dimensões (isolamento social e afinidades) com
um ponto de corte de >32 que indica a presença de sentimentos negativos
de solidão (versão portuguesa de Pocinho, Farate & Amaral Dias, 2010); a
Escala de Gijón que avalia o risco social com um ponto de corte de 13 pontos
(versão portuguesa de Mourão, 2008).
Resultados preliminares permitiram observar que após 12 meses de
intervenção de atividades de estimulação físico-motora, três vezes por se-
manas, os participantes reduziram o seu nível de fragilidade global em 23%,
sendo que na avaliação inicial 73% dos participantes apresentava fragilida-
de em comparação com os 50% obtidos na reavaliação. Em relação aos sub-
domínios de fragilidade, verificámos uma melhoria de 12% na fragilidade
física, sendo que as principais queixas que se mantiveram prendem-se com
a falta de força nas mãos por artroses, dificuldades visuais ainda que corrigi-
das e dificuldades de deambulação por dores articulares.
Quanto à fragilidade psicológica, observámos uma melhoria de 15%,
sendo que em alguns dos participantes se mantêm queixas na memória a
curto-prazo. Mais especificamente verificamos uma uma melhoria de 16%
nas funções cognitivas, uma redução de 56% dos sintomas ansiosos e uma
redução de 46% de sintomas depressivos.
Quanto à fragilidade social obtivemos uma melhoria de 17%, sendo
que as principais manifestações que se mantiveram estão relacionadas com
o fato de viverem sozinhos.
184
CONSIDERAÇÕES FINAIS
185
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
186
DIXE, M. D. A., PINHO, J., PEREIRA, F., VERLOO, H., MEYER-MASSETTI,
C., & PEREIRA, S. G. (2023). Patterns of Medication Management and
Associated Medical and Clinical Features among Home-Dwelling Older
Adults: A Cross-Sectional Study in Central Portugal. International journal
of environmental research and public health, 20(3), 1701, 2023. Doi:
https://doi.org/10.3390/ijerph20031701
GIACOMINI S., B., FHON, J., R. & RODRIGUES, R., A. Fragilidade e risco de
queda em idosos que vivem no domicílio. Acta Paulista de Enfermagem.
2020. Doi: http://dx.doi.org/10.37689/actaape/2020AO0124
POCINHO, M., FARATE, C., AMARAL DIAS, C., A., LEE M., D, M. &.
YESAVAGE, J. Clinical and Psychometric Validation of the Geriatric
Depression Scale (GDS) for Portuguese Elders, Clinical Gerontologist,
32:2, 223-236, 2009.
187
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sobre prevenção de quedas na velhice. Disponível :https://bvsms.saude.
gov.br/bvs/publicacoes/relatorio_prevencao_quedas_velhice.pdf
WANG, H., LI, C., LO, C., CHIAO, C., HSIAO, C., WU, H., LEE, M., & LIAO,
W. (2018). Effect of Social support on changes in instrumental activities
of daily living in elderly: A national population-based longitudinal study.
International Journal of Gerontology, 13, pp. 17–22, 2018, Doi: https://doi.
org/10.1016/j.ijge.2018.06.004
188
CAPÍTULO 6
CASA SEGURA: EDUCAÇÃO PARA
PREVENÇÃO DE QUEDAS UTILIZANDO
JOGO DE TABULEIRO
Wendy Sousa de Oliveira
Marianne Silva de Azevedo
Márcia Vieira de Alencar Caldas
Kadma Lanúbia da Silva Maia
Tamires Carneiro de Oliveira Mendes
APRESENTAÇÃO
190
Figura 1. Banner sobre cuidados com o ambiente doméstico, Natal/RN 2023.
192
tas distintas de um domicílio e identificadas por uma cor específica. Além
disso, foram acrescentados elementos representativos que remetem a cada
local, como sofá, camas, chuveiro e degraus, proporcionando assim uma ex-
periência mais imersiva aos jogadores.
A missão do jogo é percorrer o tabuleiro e responder corretamente às
perguntas sobre a prevenção de quedas em pessoas idosas, em ambiente
doméstico. O jogador que chegar primeiro ao final do tabuleiro, com o maior
número de respostas corretas, vence. No tabuleiro, existem quatro casas es-
peciais que oferecem ações compensatórias, fornecendo dicas relacionadas
a diferentes ambientes domésticos, e três ações punitivas, que servem como
alertas relacionados a possíveis riscos de queda em seus respectivos locais.
Cada cômodo contém cartas correspondentes às cores do tabuleiro
que são lidas à medida em que os jogadores estiverem naquele cômodo. Na
sala, por exemplo, as cartas abordam a altura do sofá, a presença de tape-
tes, a exposição de fiação e a disposição da mobília, considerando possíveis
pontos de esbarrões, assim, até os jogadores passarem por todos os cômo-
dos. O jogo permite que os jogadores interajam com o facilitador e discutam
sobre os questionamentos apresentados nas cartas, compartilhando expe-
riências e aprendendo uns com os outros. Dessa forma, o jogo não apenas
fornece informações, mas também promove a troca de conhecimentos e o
fortalecimento de vínculo entre os participantes.
193
trazendo uma reflexão aos participantes sobre a situação de suas moradias,
das ruas e calçadas, ajudando-os a reconhecer e mitigar esses riscos em seus
próprios lares. Realizada a discussão e trocas de experiências, no intuito de
conscientizá-los sobre a prevenção de quedas, foi iniciado o jogo "Minha
casa Segura".
Figura 3. Foto com participantes do jogo “Minha casa segura”, Natal/RN 2024.
194
ambientes domésticos. A ação os levou a refletir sobre a importância de ob-
servar sobre riscos de quedas e medidas de prevenção desses riscos em seu
ambiente doméstico.
Para avaliar o impacto da ferramenta como instrumento de apoio
para a compreensão das orientações sobre a prevenção de quedas em pes-
soas idosas, ao final do jogo, foi solicitado aos participantes que exprimis-
sem suas opiniões sobre as características físicas, clareza, relevância e sua
capacidade de proporcionar maior consolidação dos conhecimentos cons-
truídos durante as discussões. Espontaneamente, os participantes respon-
deram às seguintes perguntas: "O que vocês acharam do jogo?"; "Tiveram
dificuldade quanto ao design e organização do jogo?";"O jogo foi explicado
com clareza”; "O conteúdo do jogo é relevante?". Em respostas a esses ques-
tionamentos, as manifestações foram bem positivas, no sentido de que as
informações recebidas foram de grande importância para a compreensão
de como prevenir quedas, pois muitos dos riscos eram desconhecidos por
eles e estavam presentes nos seus domicílios. Relataram, ainda, que as in-
formações e orientações tinham sido transmitidas de forma lúdica e clara,
e que a participação no jogo proporcionou uma espécie de diversão educa-
tiva para o grupo, além de conscientizar sobre a prevenção deste agravo tão
relevante.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Jogo “ Minha Casa Segura”, que tem como lema a educação para
prevenção de quedas utilizando jogo de tabuleiro, apresentou-se como
uma ferramenta importante e eficaz para auxiliar na compreensão e con-
solidação das informações e orientações sobre prevenção de quedas. Os
participantes fizeram relatos de que o jogo contribuiu com o autocuidado
por meio de uma diversão educativa, ou seja, um momento de interação,
aprendizado e entretenimento. Assim, a utilização do jogo se destacou no
processo educativo pelo mérito que essa ferramenta tem de representar o
lúdico da cultura e pelo incentivo do diálogo entre jogadores e facilitadores.
Pressupõe-se uma dimensão social transformadora e questionadora, por
195
meio de intervenções sociais e processos de aprendizagem que possibilitam
o desenvolvimento individual e coletivo.
Sendo assim, o jogo desenvolvido e testado pode ser utilizado como
recurso de apoio educacional, associado a uma orientação teórica, nas abor-
dagens referentes à prevenção de quedas em pessoas idosas, considerando
que seu método e sua fácil aplicação pode otimizar a compreensão dessas
pessoas quanto às temáticas e conscientização sobre autocuidado.
196
REFERÊNCIAS
197
CAPÍTULO 7
RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE
PREVENÇÃO DE QUEDAS EM
UMA CLÍNICA DE ONCOLOGIA
Albertina Proença Rodrigues Alves
Joseana da Costa Guimarães Barbosa
Juliana Palácio de Queiroz Ventura Barros
Susana Cecagno
Vilani Medeiros de Araújo Nunes
APRESENTAÇÃO
O câncer pode ser definido como uma doença crônica e sua frequ-
ência aumentada com a idade, ocorre pelo acúmulo de fatores de risco as-
sociada a menor eficácia de reparação celular nos idosos, que afeta a inte-
gridade física e psicológica da pessoa adoecida e envolve todo o contexto
familiar (Frietino, 2020).
Em publicação realizada pela SBGG (2020), o texto faz referência a
American Cancer Society que demonstra que aproximadamente 60% dos
tipos de câncer acometem pessoas com 60 anos ou mais e que além disso,
cerca de 70% das mortes pela doença acontecem em idosos. Estes mesmos
dados são encontrados em publicação do IBGE (2018).
Gomes (2022) esclarece que dentro desse contexto de fragilidade fí-
sica e mental, as quedas dos pacientes ainda são eventos adversos comuns
relacionados e relatados em ambulatórios de atendimento, podendo gerar
morbidade, mortalidade, o medo contínuo de cair e perda prolongada da
mobilidade. Relata ainda, que as quedas podem se tornar eventos graves a
depender da especificidade de cada paciente. O mesmo autor enfatiza que,,
pacientes em tratamento oncológico podem apresentar queda relacionada
a fatores fisiopatológicos como anemia e fadiga; efeito de diferentes trata-
mentos - como quimioterapia, radioterapia, pós cirurgia, tais como diarreia,
vômitos, tonturas, fraqueza muscular, mobilidade limitada, neuropatias pe-
riféricas e manifestações da doença.
Frente ao exposto, este capítulo tem como objetivo relatar a experi-
ência da implementação de ações assistenciais e gerenciais em um serviço
ambulatorial de oncologia do Ceará. A instituição é representativa no con-
texto local e brasileiro no que se refere aos desafios de trabalhar a meta de
segurança internacional da Organização Mundial de Saúde de Prevenção de
Quedas (Brasil, 2021) em um cenário ambulatorial de pacientes portadores
de doença ameaçadora de vida como o câncer.
Realiza em média duas mil consultas e mil infusões de quimioterapia
e medicamentos de suporte mensal. No que se refere a gestão da qualidade,
é uma instituição certificada como ONA 1, certificado emitido pela Organi-
zação Nacional de Acreditação para instituições de saúde que atinjam 70%
ou mais dos padrões brasileiros de qualidade e segurança em saúde.
O perfil epidemiológico da clínica do ano de 2023, é constituído por
76% de mulheres, 59% acima de 60 anos e portadores de câncer de mama
em 46,9% dos casos e por isso a necessidade de capacitar-se para o atendi-
mento voltado à pessoa idosa.
A rotina da pessoa idosa em tratamento oncológico exige que ele com-
pareça presencialmente à Clínica de Oncologia para realizar seu tratamento
na maior parte das vezes, sendo sua ocorrência determinada pelo tipo de
protocolo, podendo ser semanal, quinzenal, mensal ou até trimestral.
Neste contexto, visando o gerenciamento de risco e a segurança dos
pacientes oncológicos assistidos no ambulatório de quimioterapia, consta-
tamos a necessidade de implementar ações que reduzissem o risco, aumen-
tando a segurança do serviço prestado.
Com o intuito de reduzir a possibilidade de quedas nos pacientes, em
especial nas pessoas idosas, o Núcleo de Segurança do Paciente da clínica
em estudo mapeou a jornada do paciente dentro da clínica na intenção de
promover um ambiente mais seguro:
199
ENVOLVIMENTO DOS PROFISSIONAIS
NA PREVENÇÃO DE QUEDAS
201
Figura 1: link para vídeo de treinamento sobre Risco de Quedas - Pronutrir
202
cida e por isso amplia a necessidade de esclarecimento também a rede de
apoio.
O apoio psicológico visa auxiliar no processo de aceitação e enfrenta-
mento do paciente em toda essa jornada e assim, auxiliar na adesão a todas
as orientações fornecidas. Além disso, em Gomes (2022) lê-se que fatores
como depressão e ansiedade podem aumentar a necessidade do uso de an-
tidepressivos e ansiolíticos que podem causar desorientação e sonolência
aumentando assim o risco de queda na pessoa idosa.
O ACOMPANHAMENTO CONTÍNUO
203
Figura 2: Painel de Comunicação localizado acima das poltronas das Unidades de Oncologia Pronutrir,
Fortaleza - CE, 2024
O CICLO DE APRENDIZADO
204
mensurados sobre isso na clínica até o momento. Uma outra percepção da
equipe é que o paciente e seus cuidadores têm dificuldade em entender o
próprio conceito de quedas (Brasil, 2021) que inclui a “quase queda”, situ-
ação em que para que a queda não aconteça, a pessoa necessita se apoiar
em algo ou ter ajuda de outra pessoa e por isso, essa informação pode estar
sendo subnotificada.
A vigilância constante e o reforço das orientações durante toda a jor-
nada são ações necessárias. O foco do paciente e seu grupo de apoio duran-
te este período é voltado para o tratamento do câncer, a queda, dificilmente
se apresenta como o alvo de cuidados e por isso, a importância da atenção
de toda a equipe.
O indicador de quedas foi instituído na clínica há mais de dois anos.
O cálculo é baseado no número de quedas x o número de atendimentos. Em
um recorte realizado com as pessoas idosas (mais de 60 anos), foram iden-
tificadas 4 quedas dentro da clínica nos anos de janeiro de 2022 a dezembro
de 2023. Não identificamos dados publicados sobre quedas em pacientes
idosos em unidades ambulatoriais de oncologia para análise comparativa.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
PAUTASSO FF, Lobo TC, Flores CD, Caregnato RCA. Enfermeiro navegador:
desenvolvendo um programa no Brasil. Rev. Latino-Am Enfermagem.
2020;
206
SILVEIRA, FM et al. Impacto do tratamento quimioterápico na qualidade
de vida de pacientes oncológicos. Acta Paul Enferm, v.34, 2021.
SBGG. População idosa corresponde a 60% dos brasileiros com câncer. Rio
de Janeiro, 2020. Disponível em: https://sbgg.org.br/populacao-idosa-
corresponde-a-60-dos-brasileiros-com-cancer/. Acesso em: 25 fev. 2024.
207
CAPÍTULO 8
RISCO DE QUEDAS EM PESSOAS IDOSAS
INSTITUCIONALIZADAS: ESTUDO MULTICASOS
EM PORTUGAL
Marta Cristina Pinheiro Rodrigues
Maria José Abrantes Bule
Maria Gorete Mendonça Reis
Vilani Medeiros de Araújo Nunes
Maria Laurência Parreirinha Gemito
APRESENTAÇÃO
1 O índice de envelhecimento refere-se ao número de pessoas a partir dos 65 anos a cada 100 menores de 15 anos
(Pordata, 2023).
mentos (DGS, 2019) nas quais, definem que de acordo com o risco, deve ser
instituído um plano de cuidados individualizado com o objetivo de evitar a
queda.
Em instituições e na comunidade o uso de instrumentos preditores
do risco é uma estratégia eficaz (Mendes; Pereira; Gemito; Miranda et al.,
2022). Os dados da Direção-Geral da Saúde (DGS) referentes a 2019 relatam
a ocorrência de 9.124 quedas em contexto de cuidados de saúde, e uma ele-
vada percentagem de instituições com planos de prevenção (aproximada-
mente 85%) (DGS, 2021).
A internação de pessoas idosas representa uma disrupção com o con-
texto ambiental, acrescida da complexidade de materiais e equipamentos e
do incremento da fragilidade pela condição de doença. As quedas ocorridas
durante as internações são um evento adverso e a sua prevenção está, fre-
quentemente, associada à restrição da mobilidade, fator de risco para a de-
pendência funcional. Além disso, o internamento nos idosos está associado
a um declínio funcional com aumento da dependência (Rodrigues Mendes;
Santos; Preto; Azevedo, 2023).
Os enfermeiros de reabilitação desenvolvem o processo de cuidados
com vista à recuperação da funcionalidade e à reinserção das pessoas no
contexto social, familiar e profissional, com uso de estratégias de capacita-
ção (Reis; Bule, 2017). Os cuidados de enfermagem de reabilitação às pesso-
as idosas internadas têm como enfoque atrasar as perdas, potenciar ganhos
e capacitá-las para a adaptação (Reis; Bule; Sousa; Marques-Vieira et al.,
2021).
Neste capítulo são apresentados os resultados de um projeto de in-
tervenção2 (Rodrigues, 2022) cujo objetivo é capacitar para os autocuidados
às pessoas idosas internadas. Foi desenvolvido segundo a metodologia de
estudo de caso, com as etapas do processo de enfermagem (Marques-Viei-
ra; Gonçalves, 2021), enquadrado conceitualmente nas teorias de Dorothea
Orem. Os resultados evidenciam o aumento do risco de queda que acompa-
209
nha a recuperação da independência para os autocuidados, sem que tenha
ocorrido nenhum evento adverso.
210
Para avaliação do risco de quedas foi aplicada a Escala de Morse
(DGS, 2021), validada para a população portuguesa (Costa-Dias; Ferreira;
Oliveira, 2014). A pontuação varia de zero a 125 pontos, e classifica como
sem risco (0-24 pontos), baixo risco (25-50 pontos) e alto risco (≥ 51 pontos)
(DGS, 2019).
A recolha de dados realizou-se em três momentos: inicial, intermédio
e final. Os dados obtidos foram primeiramente analisados na perspetiva clí-
nica de modo a serem identificados os focos de enfermagem de reabilitação,
formulados e validados os diagnósticos e definidos os planos de interven-
ção individualizados. Em conformidade com a Teoria do Défice de autocui-
dados foram planeadas intervenções nos níveis de assistir, orientar, ensinar,
treinar e apoiar (Petronilho; Margato; Mendes; Areias et al., 2021).
O número mínimo de sessões de cuidados realizadas foram 15 e o
máximo 45 (média=33,9; DP3=11,39), a variabilidade deveu-se à duração do
internamento. Cada sessão teve duração média de 30 minutos. Todas as ses-
sões foram realizadas pela mesma enfermeira.
Para análise dos dados foi usado o IBM SPSS Statistics 24.
3 DP – Desvio padrão
211
Todos os participantes apresentavam dependência funcional na ava-
liação inicial, 6 na categoria ligeira (MIF>80) e 4 na categoria moderada
(80>MIF<40). Na avaliação final todos os participantes apresentavam ligeira
dependência funcional (Minino=111 pontos; máximo=126 pontos) (Tabela
1).
212
Figura 1 - Comparação múltipla de médias das ordens das avaliações da funcionalidade (MIF)
213
A diferença estatisticamente significativa verificou-se entre a primeira
e a última avaliação, o que corresponde à evolução favorável obtida com a
assistência, treino e instrução nos autocuidados realizada por enfermeiro
de reabilitação
O risco de queda foi determinado pela Escala de Morse, tendo-se ve-
rificado que na avaliação inicial três participantes não apresentavam risco,
dois tinham baixo risco e cinco alto risco de queda. Na avaliação intermé-
dia assistiu-se ao aumento do risco em todos os participantes (Baixo risco
n=4; alto risco n=6). Na avaliação final, três participantes mantinham baixo
risco e sete alto risco de queda. Medidas estatísticas não paramétricas não
demonstraram diferenças significativas entre as avaliações, nem associação
dos valores de risco de queda com a independência funcional.
214
sidades, as quais devem ser atendidas e consideradas numa perspetiva de
cuidados integrados e de autocuidado (Lopes, 2021; Sakelarides, 2021).
O projeto de intervenção desenvolveu-se efetivamente centrado nos
participantes, partiu de uma avaliação diagnóstica detalhada que permitiu
definir e implementar cuidados de enfermagem de reabilitação personali-
zados, participativos e colaborativos, integrados nos valores e nos objetivos
pessoais de cada participante.
A ocorrência de queda nos três meses anteriores ao internamento es-
teve presente em nove dos dez participantes, facto que salienta o relevo des-
te problema para a saúde pública e para a economia (WHO, 2021). A queda
é um evento com potencial para agravar os custos relacionados com a inter-
nação (Alves Sobral Sousa; Valente; Lopes; Ribeiro et al., 2023), a qualidade
de vida ou mesmo a sobrevida dos doentes idosos (WHO, 2021).
A independência funcional e a vida independente são pilares do en-
velhecimento ativo e saudável. Os resultados do projeto revelam a evolução
favorável que os participantes obtiveram com cuidados de enfermagem de
reabilitação centrados na reaprendizagem do autocuidado. A recuperação
do equilíbrio e da marcha foram determinantes na concretização dos obje-
tivos individuais. Recuperar a marcha é determinante para a recuperação da
mobilidade, da independência, reduz custos assistenciais e tempo de inter-
namento (Alves Sobral Sousa; Valente; Lopes; Ribeiro et al., 2023).
Verificou-se que o risco de queda dos participantes aumentou da ava-
liação inicial para a avaliação intermédia e mostrou tendência para dimi-
nuição na avaliação final. O resultado pode ter sido influenciado pelo fato
de a maioria dos participantes estarem na fase inicial da restrição ao leito,
sem mobilidade independente ou assistida e, nessa condição, sem risco de
queda. Aparentemente, mitigar as complicações da imobilidade faz aumen-
tar o risco de queda, mas, também se verificou que a recuperação da mobi-
lidade e da independência promovida por especialistas em enfermagem de
reabilitação não esteve associada a eventos adversos.
Estudos mostram que o aumento da mobilidade reduz o risco de que-
das (Alves et al., 2023; Preto et al., 2023; Rodrigues Mendes et al., 2023),
215
mas os resultados no projeto de intervenção não o revelam, provavelmente
pelas características dos participantes na fase inicial e também pela dura-
ção da intervenção. Pode-se questionar se a continuidade dos cuidados não
refletiria também na redução do risco, pois os valores da avaliação final são
indicadores desse trajeto. Capacitar os idosos, as famílias e os cuidadores
para o problema das quedas é não só uma estratégia para as reduzir como
também uma medida de saúde pública (Rocha; Gemito; Caldeira; Coelho et
al., 2022).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
216
A realização do autocuidado é, na essência, uma tarefa múltipla e
complexa, pois requer atenção, concentração, memória, força, coordena-
ção e resistência. Assistir, treinar e instruir para os autocuidados é também
uma estratégia de capacitação motora que previne as quedas. Recuperar a
capacidade para a marcha independente, mesmo com um meio auxiliar, é
essencial para a independência.
O projeto de intervenção revelou que à medida que a mobilidade dos
participantes aumentou, fez igualmente elevar o risco de queda, pois, pela
escala de Morse, o confinamento no leito faz reduzir o risco. Este dado refor-
ça a necessidade de cuidados especializados que garantam a segurança do
processo de recuperação funcional.
O estudo das quedas em idosos e em particular em contextos de in-
ternamento carece de estudos epidemiológicos que permitam estratificar os
riscos nas diferentes tipologias de internamento, mas também nos fatores
intrínsecos de risco.
Em Portugal as alterações estruturais nos cuidados de saúde fizeram
emergir novas respostas em cuidados (como as Unidades de Hospitalização
Domiciliária) mas também a redução na duração do internamento hospi-
talar. Do mesmo modo, o contexto pandêmico que se viveu recentemente
evidenciou que os idosos em instituições como lares e residências de aco-
lhimento precisam de cuidados de saúde. Estas são algumas mudanças que,
sendo estruturais, também acarretam perfis diferentes nas pessoas interna-
das/institucionalizadas.
As quedas nos idosos devem ser consideradas numa perspetiva de
abordagem multiprofissional e os estudos devem igualmente procurar evi-
dências sobre as estratégias de intervenção que conciliam a redução do
evento e simultaneamente a preservação ou recuperação da funcionalida-
de, em prol do envelhecimento ativo e saudável.
217
REFERÊNCIAS
ALVES SOBRAL SOUSA, E. S.; Valente, S.; Lopes, M.; Ribeiro, S. et al. O
impacto de programas de reabilitação da marcha no tempo de internamento
hospitalar – Scoping Review. Revista Portuguesa de Enfermagem de
Reabilitação, v.6, n. 1, p. e313, 2023. DOI: 10.33194/rper.2023.313.
Disponível em: https://rper.aper.pt/index.php/rper/article/view/313.
Acesso em: 05/30.
218
LOPES, M. Uma estratégia de envelhecimento ativo e saudável. In: Lopes,
M. e Sakelarides, C. (Ed.). Os cuidados de saúde face aos desafios do
nosso tempo: Contributos para a gestão da mudança. Évora: Imprensa da
Universidade de Évora, 2021. cap. 18, p. 210-216. (Coleção azulejo).
219
PRETO, L. S. R.; Nozes, N. A. M.; Henriques, G. M. M.; Mendes, M. E. et
al. Risco de quedas em idosos institucionalizados: prevalência e fatores
associados. In: Aragão, J. A.;Molin, R. S. D., et al (Ed.). Envelhecimento
humano e contemporaniedade. Tópicos atuais em pesquisa. 1ª ed. São
Paulo: Cientifica Digital, 2023. v. 2, cap. 23, p. 396-405. Disponível em:
https://bibliotecadigital.ipb.pt/bitstream/10198/28837/3/Risco%20
de%20quedas%20em%20idosos.pdf. Acesso em: 23 Feb 2024.
220
SAKELARIDES, C. Das doenças às pessoas com morbilidade múlti-
pla. In: Lopes, M. e Sakelarides, C. (Ed.). Os cuidados de saúde face aos
desafios do nosso tempo: Contributos para a gestão da mudança. Évora:
Universidade de Évora, 2021. cap. 15, p. 164-176.
221
CAPÍTULO 9
EXPERIÊNCIA EXITOSA NO LAR DA
VOVOZINHA: COMO ESTAMOS PROTEGENDO
NOSSAS IDOSAS DAS QUEDAS?
Angelica Quirino da Costa
Cristiane Kalline Silva Costa de Araújo
APRESENTAÇÃO
223
mária objetiva eliminar os fatores de risco de doença ou condição, visando
reduzir sua incidência, enquanto a prevenção secundária vai identificar e
corrigir individualmente esses fatores para diminuir a incidência (Nunes,
2023).
DEFINIÇÃO DE QUEDAS
Anamnese
Objetiva reconhecer os riscos potenciais para a ocorrência de quedas.
A primeira avaliação ocorre com a triagem realizada pelo serviço social, an-
224
tes do acolhimento. O instrumento de anamnese social possui alguns cam-
pos voltados à identificação de potenciais fatores intrínsecos desencadea-
dores de quedas. No dia do acolhimento, somam-se os dados coletados na
anamnese de enfermagem e de fisioterapia.
225
Teste Timed Up and Go (TUG) que avalia a mobilidade e equilíbrio.
Esse teste tem resultados positivos quando complementado por outro teste
(Andrade, 2021).
Ressaltando que a aplicação da escala ocorrerá sempre que surgir al-
guma mudança na rotina da pessoa idosa. Algumas situações: Internação
hospitalar; Declínio cognitivo; Mudança na prescrição (avaliando a neces-
sidade conforme natureza do medicamento introduzido/retirado); Queixas
de tonturas Mudança de ambiente; Problemas neurológicos; quedas (Mais
de dois terços dos idosos que sofrem uma queda cairão novamente nos seis
meses subsequentes. Isto significa que a história de queda anterior, em pelo
menos seis meses passados, é um fator preditor de uma nova queda.
226
cuidadores buscam manter a tranquilidades nos outros residentes da insti-
tuição; Um dos cuidadores já se prepara para a necessidade de acompanhar
a pessoa idosa em atendimento de urgência externo.
Profissional da enfermagem (Técnico ou enfermeiro): No caso de
queda com lesão iniciar avaliando lesões aparentes e exigência de interven-
ção imediata; avaliar nível de consciência; acionar o SAMU (pode solicitar
para outro profissional); continuar inspeção/verificação de sinais vitais; Ca-
sos de queda sem lesão dar seguimento ao fluxograma (figura 1).
Figura 1. Fluxograma a ser seguido na ocorrência de queda sem lesão no Lar da Vovozinha, Natal - RN.
227
Ações da equipe após estabilização da intercorrência:
O técnico de enfermagem assume a responsabilidade pelo registro da
ocorrência no prontuário, preenchimento do instrumento de registro e ava-
liação de quedas e administração da prescrição/orientação do profissional
médico, fisioterapeuta e enfermeiro, se necessário. O Enfermeiro: supervi-
siona registros, avalia imagens das câmeras, ouve relatos dos presentes ao
fato, busca identificar falhas na prevenção. Ao descartar fatores extrínsecos,
avalia fatores intrínsecos ao idoso (alteração glicemia, HAS, mudança pres-
crição, alteração padrão do sono, etc), comunica ao serviço social e direção
da instituição, notifica à Vigilância Sanitária, preenche relatório e resume
em prontuário. Acompanha a evolução da pessoa idosa na instituição ou
ambiente hospitalar. Promove encontro com equipe do plantão do dia da
ocorrência para uma roda de conversa e reflexões sobre o ocorrido. Reavalia
risco de queda por meio do emprego das escalas.
A atuação da assistente social é informar familiares/responsáveis pela
ocorrência, fazer contato com o serviço social da unidade hospitalar caso o
residente seja hospitalizado, conversar com demais residentes no intuito de
acalmá-los. Esse profissional será o elo entre equipe hospitalar e equipe da
ILPI. O Fisioterapeuta irá avaliar a condição motora, investigar mudanças
nos padrões anteriormente encontrados. Presta assistência para sequelas
da queda, caso apresente, aplica instrumentos de avaliação protocolados e
inicia o processo de reabilitação, se for o caso.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Quedas são um evento comum entre a população idosa, com uma in-
cidência ainda maior dentro das instituições de longa permanência, muitas
vezes acarretando consequências graves para a saúde física e psicológica.
Conscientes dessa questão, os gestores e as equipes multidisciplinares do
Lar da Vovozinha buscam implementar protocolos assistenciais de preven-
ção de quedas, buscando reduzir a ocorrência desse evento tão danoso à
saúde das pessoas idosas residentes em instituições de longa permanência
e, em geral, garantir sua segurança.
228
REFERÊNCIAS
229
LINDER Lorrane Rodrigues et al. Quedas em idosos institucionalizados:
ocorrência e consequências. J. nurs. health. 2020;10(1): http://www.
scielo.br/pdf/rbgg/v19n6/1809-9823-rbgg-19-06-01004.pdf. Acessado em
06/03/2024
ROSA Vítor Pena Prazido et al. Análise dos fatores de risco para queda em
idosos institucionalizados. Rev. bras. geriatr. geronto. lRio de Janeiro, vol.
22(1), e180138, 2019 https://doi.org/10.1590/1981-22562019022.180138.
Acesso em 04/03/2024.
230