Novas Mídias e Orientalismos
Novas Mídias e Orientalismos
Novas Mídias e Orientalismos
ORIENTALISMOS
André Bueno [org.]
Reitor
Mario Sérgio Alves Carneiro
Chefe de Gabinete
Bruno Redondo
Direção
Pró-reitora de Extensão e Cultura
Cláudia Gonçalves de Lima
Produção
Obra produzida e vinculada pelo Projeto Orientalismo,
Proj. Extens. UERJ Reg. 6078, coordenado pelo Prof.
André Bueno [Dept. História].
Rede
www.orientalismo.blogspot.com
Ficha Catalográfica
Bueno, André [org.]
Novas Mídias e Orientalismos. 1ª Ed. Rio de Janeiro: Proj. Orientalismo/ UERJ,
2022. 175 p.
ISBN: 978-65-00-54421-3
História da Ásia; Mídias; Comunicação; Orientalismo; Japão; Coreia.
André Bueno
Primavera, 2022
Cultura pop
Para contextualizar a presente discussão, exponho a obra organizada por
Luyten [2005]: “Mangá e a cultura pop”, tendo em vista que, a autora, pontua o
reconhecimento da palavra “pop” nos Estados Unidos interligada com o gênero
musical mais ouvido pelos jovens durante os anos 60 e 70. Contudo, o que
Luyten [2005] também nos conta é que foi mediante às obras de Roy
Lichtenstein, o qual teve inspiração nas histórias em quadrinhos produzidas no
Oriente, os famosos mangás, que o termo “pop art” passa a ser conhecido.
Consumo cultural
Há um apreço e um apoio muito grande pela cultura pop, marcada
principalmente pelo cosplay, o qual remete a uma cultura lúdica
contemporânea construída ao longo do século XX por pessoas apaixonadas
pela literatura ou mídia fantástica.
Mas é sempre importante ressaltar que apesar das mais vastas formas de se
fazer cosplay, a decisão pode exigir do indivíduo um certo investimento
monetário e, também o seu tempo. E isso é o mais notável nas respostas dos
colaboradores da pesquisa: “[...] avaliar o financeiro e tempo. [...]” [HOMEM-
ARANHA, 33 anos]; “[...] a falta de recursos financeiro atrapalha [...]”
[MEPHISTO, 22 anos]; “[...] uma ótima válvula de escape e forma de fazer
amigos, mas infelizmente virou um peso financeiro por causa da minha
situação financeira, estou em um hiato [...]” [HATSUNE MIKU, 23 anos].
É importante enfatizar que não se trata de considerar essa prática como fugas
desproporcionais da vida real, mas sim um jogo de faz de conta, que alimenta
as fantasias dos praticantes e, lhe dá suporte para significar o mundo, algo que
possa ir além de momentos de pura diversão e entretenimento, sendo também
e, principalmente, uma forma de se comunicar.
Pondera-se até mesmo fazer uma alusão com a noção de transe, possessão e
consequentemente o êxtase religioso, o qual Lewis [1977] aborda. Ele expõe
em sua obra “êxtase religioso: um estudo antropológico da possessão por
espírito e do xamanismo” como o transe se configura, expondo como a
ausência temporária ou completa da alma do indivíduo, representa até mesmo
uma possessão.
Faz com que seus praticantes fujam da realidade, mas não completamente,
pois tudo faz parte de um jogo, brincar de ser alguém que não é, sem deixar de
ser você mesmo. Ou seja, a atividade é vista como uma forma de controle
exercido sobre a vida cotidiana diante das agitações do mundo.
#VidasNegrasImportam
Os participantes de uma mesma subcultura ou grupo, nunca serão
homogêneos, pois cada um deles possuí múltiplas identidades sociais.
Marcos Antônio Bin [2015] expõe em seu ensaio denominado: “Espaço urbano,
performance e memória: a poética do corpo na poesia marginal e na cena
cosplay”, o espaço de muitos jovens e adultos adeptos da prática e, também
apresenta os problemas de preconceito, sendo eles os mais variados.
As imagens passam a ser o ideal de algumas pessoas, logo, por conta delas
que fazem parte de determinadas narrativas, o indivíduo passa a se esforçar
para ter essa idealização. Assim, há o preconceito quando o cosplay provém
de pessoas de biotipos, gêneros e raças diferentes dessas imagens
preconcebidas, pois para alguns a noção de uma representação apresenta
uma concepção estabelecida [GOFFMAN, 2002]. Contudo ao analisar uma
extensa bibliografia relacionada a temática e, relatos de pessoas que são
adeptos da prática há mais de 5 anos, o preconceito mais notável é o racial.
Como aponta Portelli [2016], história oral é uma arte da escuta, a qual é
baseada em um conjunto de relações. Portanto, aqui podemos perceber uma
troca mútua de experiências, isto é, há uma estruturação sobre um solo comum
que torna o diálogo possível. Mas é importante lembrar que: “[...] Pontos em
comum não precisam significar uma identidade compartilhada, mas sim uma
disposição compartilhada de ouvir e de aceitar o outro, criticamente. [...]”
[PORTELLI, 2016, p. 14].
Dessa forma, mais uma vez trago para a presente discussão acontecimentos
relacionados ao ano de 2020, o qual podemos salientar o engajamento sobre a
hashtag #VidasNegrasImportam a série de postagens com a divulgação de
trabalhos e referências de profissionais negros das mais diversas áreas são
uma forma de manifestações coordenadas na internet.
Sendo assim, diante do caso George Floyd, homem negro o qual foi
brutalmente assassinado por um policial branco nos Estados Unidos da
América no ano de 2020, o movimento tem tomado grandes proporções e
ganhado visibilidade nas mídias, principalmente por meio das redes sociais
com suas campanhas e ações coordenadas pelo mundo, inclusive aqui no
Brasil, que é o nosso enfoque.
Essas ações visam diferentes pautas no seio do movimento negro, tais como
reforma da imigração, violência policial, responsabilização política, interferência
em campanhas eleitorais políticas, investimentos públicos e alocação de
recursos para as comunidades negras.
Mas o que isso tem a ver com a cena cosplay e o perfil de seus praticantes?
Segundo Marcos Bin [2015], os corpos negros e das periferias, são marcados
pelo descaso secular, vivenciaram e vivenciam os obstáculos da dívida social e
racial, só recentemente conquistaram outras perspectivas de vida, como o
direito de inserirem-se no tempo da história.
Conclusão
Na contemporaneidade, muitos desejam construir identidades cada vez mais
rígidas, portanto, essas memórias plurais, móveis e mutáveis, são mobilizadas
para tentar construir as identidades que alguns desejam sempre mais estáveis
e duradouras, até mesmo essenciais, visto que hoje, muitas memórias são
destruídas ou desaparecem, mas, ao mesmo tempo, outras nascem menos
expansivas, mais particulares, mas frequentemente abundantes, por sua vez
elas se transforma em fundamentos de identidades em recomposição
[CANDAU, 2011].
Referências
Alexia Henning, possuí graduação em História Licenciatura pela Universidade
Estadual de Maringá. Membro do Grupo de Pesquisa em História das Crenças
e Ideias Religiosas [HCIR, CNPq]. Desenvolveu pesquisas na área de História,
História Cultural, Narrativas e Identidades no Brasil do século XXI, voltada para
o estudo da prática cosplay na contemporaneidade [2019-2021].
ALMEIDA, Cleusa Albilia de. Consumo Cultural nas práticas juvenis. Curitiba:
Appris, 2018.
LUYTEN, Sonia M. Bibe. Mangá e a cultura pop: um lugar para pertencer. In:
LUYTEN, Sonia M. Bibe. Cultura pop japonesa: Mangá e animê. [S. l.: s. n.],
2005.
PORTELLI, Alessandro. História oral como arte da escuta. São Paulo: Letra e
Voz, 2016.
“Existem três coisas que não podem ser interrompidas: o sonho dos homens, o
fluxo do tempo e o propósito herdado”. Palavras de Gol D. Roger que nos
dizem muito sobre a construção do mangá/anime (nas referências será deixado
um link de um vídeo do canal do Youtube All Blue sobre). Fundamentalmente,
essas palavras querem dizer o seguinte: no passado havia alguém que tinha
um sonho, mas não conseguiu completá-lo. Tal sonho foi adiado por muitos
anos. Aqui neste segundo momento entra a ação do fluxo do tempo. Alguém no
futuro irá completar o sonho passado (propósito herdado).
Em One Piece alguns exemplos que envolvem esta questão são visíveis, como
é o caso de Zeff e Sanji (herdou propósito de Zeff) e Roger com o Reino
Antigo. Um determinado propósito pode ser passado adiante por meio da
oralidade ou documentos escritos. Tudo isso é importante para demonstrar que
não se trata de uma escolha feita por determinado personagem devido à
linhagem sanguínea ou algo do tipo, mas sim de herdar a grande finalidade de
vida que outrora pertenceu a outra pessoa. Na própria história da humanidade
isso aconteceu, basta como exemplo a ordem criada por Francisco de Assis
que visava transparecer o “Cristo nu” (GOFF, 2011).
Sobre o Reino Antigo, para que aqui seja clara a dimensão do problema, ele foi
a explicitação de uma civilização próspera e avançada na qual as diferentes
raças conviviam sem grandes perturbações. Com a oposição de 20 Reinos ao
projeto One Piece (acerca do Projeto, isso é apenas uma hipótese, mas a
interpretação sobre a construção da narrativa é amplamente amparada pelos
acontecimentos do anime), que nada mais seria do que a eliminação da Red
Line (é uma faixa de terra que divide os oceanos) e, consequentemente, da
Grand Line (o oceano que compõe a primeira parte da obra), foi criado o
Governo Mundial e tudo o que envolve o Reino Antigo foi apagado, incluindo
indivíduos, povos que “sabiam demais” ou buscavam informações sobre o
Século Perdido (época em que o Reino antigo foi destruído).
Toki nasceu há cerca de 830 anos atrás, ou seja, durante o Século Perdido. Ela
viajou pelo tempo diversas vezes usando o poder de sua Akuma no Mi
chamada “Toki Toki no Mi”. As Akumas no Mi são misteriosas frutas que
concedem poderes aos seus usuários. O interessante é que Toki não viaja para
o passado, mas sempre foi para o futuro. Isso comprova como em One Piece o
passado não possui estatuto ontológico, ou seja, não “existe” em algum lugar
para onde se possa voltar. Aqui respeita-se o fluxo do tempo como algo que
não pode ser interrompido e, consequentemente, a irreversibilidade como
categoria da realidade.
Claro que se poderia indagar “Mas e se essa ação do Luffy já não for parte de
um destino, por mais que ele queira afirmar ser livre?”. Ainda assim o próprio
personagem refutaria isso, pois o mesmo quer se tornar o Rei dos Piratas e,
com isso, ter a maior liberdade do mundo, podendo viajar livremente pelos
mares (algo que somente seria possível com a já mencionada derrubada do
Governo Mundial). Mas... qual a resolução dessa tensão entre profecia/destino
versus liberdade?
Bem, esse desfecho ainda poderá ser melhor explicitado com o fim da obra
(One Piece). A princípio é possível refletir qual seria o resultado desta
contradição e se o anime vai caminhar para uma saída humanista. De um lado
tem toda uma profecia, inclusive prevista por uma tritã e do outro temos o
principal responsável pela mesma “cagando” para essa coisa de destino e
querendo se afirmar enquanto agente de sua própria história.
Eis a fórmula a que denominamos a jornada do herói. Mais do que isso, é uma
forma de contar uma história que inspira os jovens e que tem como mote o
arquétipo do herói solar: um tipo de aventureiro que se torna o centro dos
Por conseguinte, não há limites para o que podemos alcançar com nossas
ambições. A ideia é que nada que seja correto deve ser imposto. O sentido
ético da trama passa pela orientação subjetiva dos protagonistas. Ou seja,
O rei está nu. Esse é um dizer tão comum que faz parte de uma anedota sobre
a qual que poucas vezes refletimos. No capítulo 213 do mangá (ou episódio
128 do anime), o monarca de Alabasta abaixa a cabeça para os piratas que
acabaram de salvar seu reino e, após ser questionado sobre isso, justifica: “O
poder é algo que se veste sobre a roupa. Mas estamos no banho. Um rei nu
não é um rei. Como pai… e como cidadão desse país… eu sou muito grato a
todos vocês”. Antes de poder assinalar um gesto de submissão, tal postura
demonstra o sentimento de igualdade entre um membro da mais alta nobreza
do Governo Mundial e um infame grupo de criminosos.
O que se pode tirar dessa tensão entre destino e liberdade é que os chapéus
de palha precisam derrubar o Governo Mundial se quiserem ser donos de suas
próprias histórias e realizar seus sonhos. Ou seja, a cadeia determinística
somente findará quando aquela organização que colocou obstáculos que
restringem a liberdade das pessoas acabar. Até o momento no anime/mangá
não se diz (e aqui arriscamos dizer que na obra esse tipo de coisa não será
Referências
Arthur é mestrando em filosofia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
João é graduado em ciências sociais pela Universidade Federal de Minas
Gerais
GOFF, Jacques Le. São Francisco de Assis. Ed. 10. Rio de Janeiro: Record,
2011.
Embora tenha ficado conhecido inicialmente por suas obras voltadas ao público
mais infantil, esse título é considerado uma obra voltada ao público adulto, e
também, uma das mais importantes criadas por Tezuka.
"Se fosse possível, adoraria ter ido a Berlim, mas acabei não tendo
essa oportunidade. O mesmo aconteceu no caso de Kobe. Isso
significa que há uma grande parcela de chute nas coisas que
desenhei. O que me salvou foram os materiais de referência que a
editora me enviou. O editor responsável pela série trabalhava no
setor de arquivos e se empenhou bastante para coletar
informações para mim. Portanto, acredito que pelo menos as datas
e as estatísticas correspondam à realidade". [TEZUKA, 2006, p.8]
"Eu vivi a época da guerra, por isso sempre tive vontade de deixar
um registro ao meu estilo daquela época [...] As crianças de hoje
em dia vem a Segunda Guerra Mundial da mesma forma que
encaram a batalha de Sekigahara ou a Guerra Russo-Japonesa, ou
seja, a distância, através dos livros de história. Mas no meu caso
aquilo não foi história foi realidade. A cada ano que passa a menos
gente capaz de contar o que aconteceu naquela época por isso eu
quis fazer a minha parte deixando mangá para posteridade[...]
Muitas imagens se misturavam na minha cabeça, muitos temas e
um e vinham e talvez haja até alguns pontos incoerentes na
história, mas o que eu fiz foi levantar a questão. O resto fica a
cargo da imaginação dos leitores”. [TEZUKA, Osamu. 2006 s./p.]
Referências
Dr Janaina de Paula do Espírito Santo é professora de História na Universidade
Estadual de Ponta Grossa, onde pesquisa quadrinhos e mangás, e seu diálogo
com a história e a didática da história. É integrante do Grupo de Estudos em
Didática da História [GEDHI].
Introdução
Em sua constituição, Taiwan nunca havia experimentado um corpo de
legislações anti-homossexualidade. Até mesmo durante a Ocupação Militar
Japonesa no país (1895-1945) não existia nenhuma lei contra a
homossexualidade masculina – isto porque a própria tradição japonesa detinha
uma percepção do homoerotismo muito semelhante à da China pré-moderna,
ou seja, como uma forma de expressão e extensão do próprio poder social –,
entretanto as desigualdades de gênero cegavam a sociedade em relação ao
erotismo feminino [LEE, 2017].
Outro conflito veio à tona em 2015, quando na Parada do Orgulho LGBT+, com
o tema “Aja quem você é, não a sua idade”, a ramificação Frente Democrática
Popular discursou a favor da descriminalização das atividades sexuais
consensuais envolvendo crianças e jovens. Este ato afetou gravemente as
eleições parlamentares daquele ano de candidatos gays e lésbicas, dificultando
a sua participação e o diálogo com os eleitores. Sendo possível identificar as
formas como o Movimento era visto sob um caráter unitário, mesmo sendo
fortemente heterogêneo [LEE, 2017].
Apesar desses grandes avanços, a luta pela conquista desses direitos não foi,
e continua não sendo, fácil nem rápida; principalmente nos primeiros anos após
o fim da Lei Marcial. Isto porque, mesmo que Taiwan nunca tenha proibido a
homossexualidade, as pessoas da comunidade LGBTQIA+ sofriam com uma
forte e violenta discriminação, devido a inclusão da dicotomia
homo/heterossexual criada pelo Ocidente Moderno e forçada contra a Ásia
durante o Neo-Colonialismo [LEE, 2017].
O Diretor Patrick Liu relata que ao escrever o roteiro, por ter nascido e sido
criado em um ambiente cristão, pensou que: “ninguém pode desempenhar o
papel de Deus e julgar as pessoas por seu gênero ou por quem elas querem
amar”. Evidencia-se que 80% do arco de A-Han é baseado na própria
experiência do diretor, expondo que não tinha a intenção inicial de fazer um
filme gay, mas sim de uma experiência pessoal: “É sobre o meu primeiro amor
e, meu primeiro amor, aconteceu de ser uma história sobre um garoto gostando
de outro” [TIME, 2020, tradução própria].
Considerações finais
É notável a diferença histórica dos Direitos da Comunidade Queer em Taiwan,
que perpassou por períodos de normalidade para invisibilidade, agressões,
ilegalidade, legalidade e, a então busca por, inclusão social. O país deixou de
ser um lugar com uma discriminação opressiva em cima da comunidade
LGBTQIA+ no Século XX para uma das mais desenvolvidas em questão dos
direitos deste grupo no Século XXI.
E uma das formas de se manifestar e lutar por direitos é através dos setores de
comunicação – televisivos, cinematográficos e entre outros –, onde a
representação e o ato de normalizar práticas e identidades queers é essencial.
Encaixando-se nesta magnitude, um dos objetivos almejados pelo filme de
Patrick Liu, em mostrar que a comunidade LGBTIA+ pode ter liberdade e
esperança, mas sem nunca esquecer como ela foi conquistada.
Referências bibliográficas
Bacharel Kawanna Alano Soares, graduada pela Universidade da Região de
Joinville (Univille), no curso de Ciências Jurídicas, em 2020. Especialização em
Relações Internacionais: Geopolítica e Defesa, pela Universidade Federal do
Rio Grande do Sul em andamento. Currículo Lattes disponível em:
http://lattes.cnpq.br/7931975558100604.
FRANK, Anne. O Diário de Anne Frank. São Paulo: Círculo do Livro, 1985.
MOON, Kat. The Real Events That Inspired Your Name Engraved Herein,
Taiwan’s Highest-Grossing LGBTQ Film of All Time. Revista Time, 2020.
Disponível em: https://time.com/5922735/your-name-engraved-herein-true-
story/. Acesso em: 24 set. 2022.
TAI-LIN, Huang. White Terror exhibit unveils part of the truth. Revista Taipei
Times, 2005. Disponível em:
https://www.taipeitimes.com/News/taiwan/archives/2005/05/20/2003255840.
Acesso em: 24 set. 2022.
UE, Tom. The Making of Your Name Engraved Herein: a Conversation with
Patrick Liu. Journal Of Gender Studies, [S.L.], v. 31, n. 2, p. 274-279, 16 fev.
2021. Informa UK Limited. http://dx.doi.org/10.1080/09589236.2021.1890004.
Acesso em: 24 set. 2022.
WIESEL, Elie. Acceptance Speech. The Nobel Prize, 1986. Disponível em:
https://www.nobelprize.org/prizes/peace/1986/wiesel/acceptance-speech/.
Acesso em: 24 set. 2022.
Introdução
A Segunda Guerra Mundial tem sido um tema de amplo debate na História
contemporânea. Fato que se deve principalmente pela sua retração na Cultura
Pop e suas grandes reverberações político sociais. Tendo sido um evento de
escala global que moldou o pensamento das décadas seguintes, é natural que
se tenha um interesse demasiado por esse nicho histórico.
Não obstante, isso não significa ignorar os crimes de guerra cometidos pelo
Império japonês, mas apenas uma separação do agente Estado do indivíduo
(civil), ilustrando como mesmo no Japão, o militarismo excessivo do Império
japonês, assim como sua estrita “cultura da honra”, eram nocivos inclusive a
própria população.
Conforme visto por Valim(2006. p. 201) esta linguagem própria do filme requer
uma abordagem “plano a plano” detalhada. Como plano a plano entende-se
nesta pesquisa os enquadramentos cinematográficos, em que toda vez que um
novo enquadramento surge na tela, há um novo “corte de plano”. O anime
apesar de não ser filmado e, mas sim animado, também é moldado na mesma
forma, suas cenas são animadas em enquadramentos de modo que o
telespectador sinta-se observando um filme. Logo, a animação também possui
recursos e técnicas do cinema, mesmo que produzidas de forma diferente.
Para análise serão utilizadas das propostas feitas por Valim (2006) em sua tese
de doutorado: uma a análise inserida em quatro etapas, contexto da produção,
narrativa fílmica, níveis semânticos e as redes temáticas ou representacionais.
Porém, neste ensaio será considerado um quinto elemento de análise fílmica,
partindo do filme enquanto “agente da história”, sob a conceituação do “lugar
de memória” de Pierre Nora (1993).
As opiniões do pai são vistas como atos de “traição”. Durante o Japão Imperial,
era esperado uma lealdade completa dos súditos que deveriam colocar as
necessidades da nação acima das próprias. Esse fato se intensifica ainda mais
mediante a entrada do império nos conflitos do pacífico. Assim, a perseguição
social e política sofrida pela família de Gen ocorre, pois, eles não são vistos
como cidadãos plenos do império. Fato que se intensifica ao considerar que o
único personagem a ter empatia pela família é um coreano, estrangeiro, semi
prisioneiro do Japão. Vê-se, além disso, que a repressão ocorre de maneira
orgânica sem necessariamente envolver órgãos estatais.
Considerações finais
Deste modo, percebe-se que o anime apresenta tópicos relevantes e densos
por trás de seus traços animados. Sua análise deve ser feita desconsiderando
um maniqueísmo banal que pinta vilões e mocinhos, levando em conta que a
principal mensagem do filme é antiguerra.
Há ainda o longa enquanto “lugar de memória”, uma vez que ele serve de
gatilho para determinadas narrativas e relembra os eventos da Segunda
Guerra Mundial. Entretanto, sua apreciação enquanto “lugar de memória”
depende de determinados contextos e narrativas em que seu interlocutor se
insere. Um estadunidense provavelmente associaria os eventos do anime ao
heroísmo estadunidense em combater o “eixo do mal” e o maligno Império
japonês, enquanto para um japonês a narrativa implícita é o sofrimento
causado não só pela cultura da honra imperial, como pelos bombardeios
atômicos. Em ambos os casos o filme se torna um agente da História,
implicando em leituras históricas baseadas nas memórias individuais e
coletivas que circulam o evento.
Cada espectador carrega seu subjetivismo para visualizar a obra e é isto que
torna possível a existência de diversas interpretações narrativas do anime,
enquanto “lugar de memória”. Não há objetivismo puro, nem mesmo por parte
do historiador. Mas, por meio da utilização de métodos de análise é possível
Referências Biográficas
Ms. Douglas Pastrello, doutorando em História política pela Universidade
Estadual de Maringá (UEM), pesquisador com ênfase em estudos da memória
e do Japão contemporâneo.
Referências
HADASHI NO GEN (Gen pés descalços). Direção: Mori Masaki.
ProdutorTakanori Yoshimuni, Yasutaka Iwase. Roteiro: Keiji Nakazawa Japão:
Madhouse/Gen Production. Distribuidora: Herald Enterprises. 1983. (85min):
sonoro, cores, animação.
Introdução
O presente texto analisa um exemplo do uso da propaganda de guerra para
encorajar a disposição ao sacrifício pela nação entre a população japonesa
durante o período imperial [1868-1945], mais especificamente nos dias da
Segunda Guerra Mundial [1939-1945].
Para isso será conduzido um estudo através de uma das obras do consagrado
cineasta Mizoguchi Kenji, que empregou seus talentos para a disseminação
das doutrinas do governo imperial ao longo de seus conflitos na década de
1930 e 1940, compondo assim não apenas a análise de um dos trabalhos
deste artista em prol do esforço de guerra nipônico, como também um estudo
de caso sobre o uso do cinema como veículo de propaganda no Japão do
período.
O trabalho com essa fonte será feito sob a luz dos conceitos de propaganda,
ideologia e necropolítica, segundo as definições apresentadas por Garth Jowett
e Victoria O’Donnel para o primeiro, Terry Eagleton para o segundo e Achille
Mbembe para o último.
Com isso o próprio modelo familiar reconhecido no país passou a ser baseado
nas antigas famílias samurais, e este entendimento da família se tornou a base
para a interpretação da natureza do Estado, na forma do Kazoku Kokka, o
“Estado-Família”, que tinha o Imperador como patriarca ao qual todos deviam
lealdade e obediência absolutas [Smith, 1997, p. 62].
Este episódio foi muito bem recebido pela opinião pública da época, e os 47
ronins rapidamente se tornaram heróis populares, e já em 1706 a história foi
Genroku Chushingura
O filme “Genroku Chushingura” foi uma adaptação cinematográfica da peça
teatral homônima dirigida por Mayama Seika entre 1934 e 1941 [Richie, 2005,
p. 278].
Na segunda parte do filme Oishi continua com sua encenação, sendo inclusive
repreendido por isso pela esposa de seu falecido senhor, que acredita que ele
se furtou de sua lealdade. Porém, após os ronins receberem a notícia de que o
Xogunato não aprovou a restituição das propriedades da família Asano, Oishi
finalmente os lidera em sua vingança. Ao fim todos se sacrificam por seppuku,
sob a aprovação da opinião pública e preservação de sua honra.
A opção por tal presença feminina na história não apenas é condizente com o
histórico cinematográfico de Mizoguchi, como também direciona a ideologia do
governo imperial, e sua necropolítica, para o interior das famílias japonesas,
demonstrando como estas deveriam se portar diante das exigências que o
bushido fazia a seus membros diretamente envolvidos na guerra, como
soldados e profissionais de apoio.
Além de propagar aos súditos a apologia ao sacrifício pelo dever, que naquele
momento da história japonesa era a lealdade ao Imperador, o filme de
Mizoguchi insere na narrativa o próprio monarca como personagem,
característica ausente das outras versões dessa história [Ohnuki-Tierney, 2002,
p. 149]. Embora não apareça diretamente, o Imperador é citado por cortesãos,
tendo lamentado o fracasso do Lorde Asano em tirar a vida de Kira no castelo
do Xogum, e também expressando sua aprovação na busca de vingança dos
ronins de Ako. Dessa forma a propaganda inserida no filme fecha o círculo; não
apenas difunde sua ideologia necropolítica, justificada sob a lealdade ao
Imperador, como também sugere que o próprio aprova estes ideais.
Conclusão
Em resumo, podemos concluir que, como peça de propaganda, o filme
“Genroku Chushingura” de Mizoguchi, buscou difundir a ideologia necropolítica
do governo imperial de forma direcionada às famílias japonesas. Esta obra
buscou encorajar a aceitação e a disposição aos sacrifícios exigidos pelo
bushido, lembrando o público da necessidade de superar os sentimentos
desviantes, também com a ênfase de que o próprio Imperador anseia por esta
conduta.
Referências
Edelson Geraldo Gonçalves é Doutor em História Social das Relações Políticas
pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES).
DOWER, John. War without Mercy: Race and Power in the Pacific War. Nova
Iorque: Pantheon Books, 1986.
DOWER, John. Japan in War and Peace: Selected Essays. Nova Iorque: New
Press, 1993.
IKEGAMI, Eiko. The Taming of the Samurai: Honorific Individualism and the
Making of Modern Japan. Cambridge, Londres: Hervard University Press, 1997.
Introdução
Presente, analisado e causa de muitos debates - bem como de reflexões com
suas discussões - nos cursos de história de nível superior no Brasil, o
“Orientalismo” - abordado especificamente, a princípio, pelo conhecido
palestino-estadunidense e professor Edward Wadie Said em sua obra
“Orientalismo: O Oriente como invenção do Ocidente”, marca a graduação
universitária de muitos professores historiadores por “abrir os seus olhos” em
relação a visão equivocada e estereotipada que carregamos dos povos
orientais em razão de por muitos anos - e até nos dias de hoje, se refletirmos
bem - em vários meios - não só o acadêmico - se ter a predominância do
“oriente” que o ocidente descreve e/ou descreveu, logo uma descrição marcada
por interesses políticos e ideológicos, a qual se não for analisada de maneira
crítica acaba-se tendo uma visão “única”, preconceituosa e inferior das nações
orientais perante o ocidente (SAID. 1978). Assim, se tal visão preconceituosa
encontrada até nos dias de hoje é encontrada em diversos locais além da
academia acadêmica e por vários meios - jornais, filmes, quadrinhos, novelas,
desenhos entre outros - por que não se trabalhar o “orientalismo” do professor
Edward Wadie Said para além do nível superior? Ao abordá-lo, por exemplo,
na educação básica com objetivo de se tentar promover a criticidade dos
alunos em relação a esse olhar preconcebido e empobrecido que o ocidente
inventou do oriente, como diz Edward Wadie Said. Nesse sentido, o seguinte
trabalho tem como objetivo trazer algumas sugestões de como se trabalhar no
ensino fundamental e no ensino médio nas aulas de história, por meio do uso
de filmes, o “orientalismo” de maneira didática sem deixar de lado o
desenvolvimento da criticidade.
Procedimentos metodológicos
O referido trabalho visou estabelecer raízes nos estudos iniciais sobre o
“orientalismo” ou seja, na obra de Edward Wadie Said “Orientalismo: O oriente
como invenção do ocidente”. Nesse sentido, como o “orientalismo” poderia ser
trabalho de maneira didática no ensino básico na disciplina de história pelo
professor do componente curricular, e para isso foi realizado uma pesquisa de
artigos no Google acadêmico que sugerem formas diferentes e atraentes
perante os olhares dos estudantes de se ensinar história, chegando a sugestão
de utilizar recursos audiovisuais, como, por exemplo, filmes, como um recurso
Referências
Eduardo Bruno Da Silva é graduando de história pela UFCG. Ademais foi
monitor da disciplina de “estudos sobre história do oriente” e atualmente é
membro bolsista do programa de educação tutorial em história (PET-História)
da UFCG.
A proposta teve seu início a partir de falas dos próprios estudantes repetidas ao
longo de anos, que de certa forma não deixa de ser uma provocação para a
reflexão docente. Professor, “por que temos que estudar coisas lá do outro lado
do mundo?”
“Zero eterno”, coletânea composta por cinco volumes foi produzida por Naoki
Hyakuta com arte de Souichi Sumoto. Foi publicada originalmente em 2006 no
Japão e no Brasil no ano de 2015. O romance em forma de quadrinhos nos
conduz ao universo dos pilotos kamikazes que compunham as unidades
militares do Império Japonês que executavam ataques suicidadas contra alvos
inimigos no decorrer da Segunda Guerra Mundial. A narrativa nos faz refletir
sobre o militarismo e sobre a confiança destes soldados nas ordens do
imperador japonês. A obra nos possibilita conhecer outras versões sobre a
conflito mundial do ponto de vista japonês.
A segunda, foi produzida por Zerocalcare sob o título “Kobane Calling: ou como
fui parar no meio da guerra na Síria” (2017). Zerocalcare foi enviado por um
jornal italiano e atravessou a Turquia, o Iraque e o Curdistão Sírio para chegar
até a cidade de Kobani onde encontrou-se com o exército de mulheres curdas.
Estas mulheres lutavam contra o avanço do Estado Islâmico na cidade e na
região. Desta viagem o autor produziu a história em quadrinho. É uma obra
sobre experiência pessoal e profissional que nos possibilita adentar em
temáticas contemporâneas. Uma contribuição para consolidar os quadrinhos
como um meio de produzir conhecimento e de divulgar informações sobre
diferentes temáticas.
Apontamentos finais
Um dos grandes desafios das aulas de História é desnaturalizar certas ideias
ou concepções. Dentre estas ideias ou concepções é que o oriente seria uma
unidade, ou seja, é muito comum identificarmos falas e produções abordando o
oriente de maneira genérica, como se tudo o que fosse “distante” pudesse ser
nomeado de oriente. Porém, existem vários orientes, não somente na
nomenclatura geográfica, como Oriente Próximo, Oriente Médio e Extremo
Oriente, mas também inúmeras realidades locais ou regionais, cada uma
destas com suas identidades e culturas.
Referências bibliográficas
DELISLE, Guy. Crônicas Birmanesas. São Paulo: Zarabatana, 2012.
DELISLE, Guy. Shenzhen: uma viagem à China. São Paulo: Zarabatana, 2012.
EISNER, Will. Quadrinhos e arte sequencial. São Paulo: Martins Fontes, 1989.
HYAKUTA, Naoki. Zero eterno. (5 volumes). São Paulo: Editora JBC, 2015.
MACK, Stan. A história dos judeus, o povo do livro – uma aventura de 4.000
anos. São Paulo: Via Lettera, 2009.
NAKAZAWA, Keiji. Gen, pés descalços. (10 volumes). São Paulo: Conrad,
2011.
SACCO, Joe. Palestina: Notas sobre Gaza. São Paulo: Companhia das Letras,
2010.
SACCO, Joe. Palestina: uma nação ocupada. São Paulo: Conrad editora do
Brasil, 2000.
TAKEI, George. Eles nos chamam de inimigo. São Paulo: Devir, 2019.
Eva Friedel teria sido uma grande cantora de ópera que perdera não somente a
voz, mas também seu noivo Carlo Rambaldi, tragicamente assassinado. Não
conseguindo lidar com a morte de seu amado, isolou-se no espaço, onde
poderia continuar a viver somente com suas lembranças. Por diversas vezes os
cosmonautas percebem que há algo de errado, a comida, a bebida e os
pertences de Eva se desfazem ao toque. Os jardins repletos de rosas não
passam de hologramas. Ouvem, veem e vivenciam circunstâncias que não
condizem com aquele tempo, espaço e indivíduos. Quanto mais interagem com
as memórias de Eva, mais evidente fica a distorção da realidade e as intenções
do pedido de socorro.
Nesse contexto, as responsáveis por manter Eva viva seriam as suas próprias
memórias. Ou seja, enquanto elas existirem, ela existe. Porém, em Magnetic
Rose as memórias de Eva são as máquinas. Essas, por sua vez seriam então
os mnemones de toda esta história. Mnemones, segundo Le Goff [1990, p.
438], eram, antes da escrita, os responsáveis por conservar a memória, dita
útil, nas cidades e que, após o advento da escrita, tornam-se arquivistas. Ainda
conforme Le Goff [1990], ao contrário da memória humana, a memória
eletrônica não sofreria com instabilidades, não teria limite e não seria maleável,
mas ainda dependeria do humano para programá-la: “a memória eletrônica não
é senão um auxiliar, um servidor da memória e do espírito humano” [LE GOFF,
Como disse Morin: “Nós consideramos irreal o imaginário dos outros, que para
eles, no entanto, é bem real, sem nos dar conta de que nossa realidade
comporta constitutivamente elementos imaginários” [MORIN, 2020, p.24] e a
realidade “superior”, seguindo este pensamento, se daria pela soma ou conflito
de realidades individuais. No caso, todo o sistema presente na nave está, a
priori, isolado do resto do universo, sendo assim, não existiria uma
possibilidade de questionar o que supostamente teria acontecido, as memórias
de Eva. Isto ganharia peso se for considerado que:
Assim como Morin fala sobre a sucessão dos mitos, Yu-fu traz como os
fantasmas são os últimos seres supersensíveis a serem esquecidos, muitas
vezes sendo a própria substituição:
Mais uma vez o tempo passa, as gerações mudam, mas tudo se repete, os
nomes mudam, entretanto, a história de fundo continua a mesma. Essas lendas
se adaptam aos novos tempos, histórias de carruagens fantasma viram carros
fantasma, castelos, casas e mansões assombradas dão lugar à fábricas,
escolas, prédios. Nesta perspectiva, por que não uma nave. A sereia seria o
fantasma, o fantasma seria a/o máquina/holograma.
Com base nisso, em Magnetic Rose a única forma de se ver livre do ciclo
vicioso em que se encontram presos, seria por meio da destruição. Como foi
exposto, a tendência é a substituição, com novas comunidades, novas
histórias/mitos/lendas são criadas, muitas vezes as mesmas, porém
repaginadas, então, somente com a destruição máxima se estaria livre de tudo,
a libertação seria, enfim, a morte, quando as memórias deixariam de existir
para si. Sem um emissor, nem um receptor, nada mais existe, afinal, a
memória por si só não perdura, se faz necessário algo ou alguém para lembrar.
Referências
Pedro Gabriel de Souza e Costa é mestrando, pesquisador CAPES com bolsa
integral do PPGCom da Universidade Tuiuti do Paraná, Curitiba. Especialista
em metodologia do ensino de artes, graduado em fotografia e licenciado em
artes visuais.
Ainda que pareça inusitado, a hallyu ganhou mais força por meio da cultura pop
japonesa. No Brasil, por exemplo, desde o final da década de 1980 temos a
presença das animações japonesas (animes), histórias em quadrinhos
(mangás) e os seriados de ação com efeitos especiais (popularmente
chamados de tokusatsus) [GAJZÁGÓ; SACOMAN, 2019, p. 1291]. Com a
introdução de parte da cultura asiática no ocidente, obras sul-coreanas -
literárias, audiovisuais, dentre outras - não demoraram para se difundir em
nosso país, visto o empenho dos sul-coreanos para sua divulgação no mundo.
Isso pode ser visto, por exemplo, com a crescente visibilidade mundial de obras
sul-coreanas como o filme “Parasita”, do diretor Bong Joon-ho 봉준호. Na 92ª
Referências biográficas
Gabriela dos Santos Schalcher é graduanda do curso de licenciatura em
História pela Universidade Estadual do Maranhão.
Referências bibliográficas
GAJZÁGÓ, Éva; Sacoman, Virgine Borges de Castilho, Introdução à hallyu: O
movimento da onda coreana entre o Brasil e a Hungria, em Caxias do Sul –
RS, de 30 de Setembro a 03 de Outubro de 2019, p.129.
KIM, Yaeri. The invention of the Mideu: redefining American television in South
Korea. Media, Culture & Society, v. 42, n. 1.
Apesar da pesquisa não estar localizada temporalmente nos anos da era Meiji,
a argumentação de Josepshon (2012) e André nos ajudam a compreender que
o budismo no Japão está interligado com a postura política e social de
determinado contexto. Mais próximo do momento histórico da publicação de
Buda, compreender a situação do budismo envolve dois campos de análise, o
cenário internacional e o nacional japonês.
A presença das religiões dos mangás é algo bastante variado e distinto de uma
obra para outro. Thomas (2008) indicou a existência de mangás por exemplo
que possuem críticas para com os grupos e instituições religiosas do Japão,
assim como mangás didáticos que apresentavam os fundamentos de
determinada religião, e também de mangás que se utilizaram do discurso
religioso para idealizarem pensamentos nacionalistas dentro das obras.
Para Thomas (2008), um dos potenciais dos mangás com conteúdos religiosos
está exatamente na possibilidade atrativa que podem vir a ter para com os
leitores dos mesmos, algo que muitos grupos religiosos perceberam com o
advento dos quadrinhos japoneses como produto popular de consumo. Apesar
de ser algo interessante, o autor reforçou que não era algo garantido, e que
mesmo com tal possibilidade, todo o processo criativo, editorial e público do
quadrinho também são peças que podem vir a interferir em tais resultados:
Referências bibliográficas
Gabriel Silvestre Ferraz é graduado em História pela Universidade Estadual de
Maringá (UEM), membro do grupo de Pesquisa em Ideia das Crenças e das
Ideias Religiosas (HCIR/LERR UEM).
Fontes
TEZUKA, Osamu. Buda. São Paulo: Editora Conrad, 2005.
SUSUMU, S. Japanese Buddhism and the Public Sphere: From the End of
World War II to the Post-Great East Japan Earthquake and Nuclear Power
Plant Accident. Journal of Religion in Japan. 2012, p. 203-225.
Sob os véus de Ísis, Arbaces, sacerdote egípcio, guia o culto à deusa entre
suas sacerdotisas e seus fiéis na busca de seus mistérios. Por essa sua
agência na trama dos Últimos Dias de Pompeia, um filme silencioso italiano de
1913, nos deparamos com uma problemática interessante à nossa pesquisa: a
elaboração de referências orientais e orientalistas em seu escopo. Afinal, a
religião isíaca nos parece ser exibida enquanto matéria de desvirtuamento, em
uma narrativa que ganha contornos nacionalistas e moralistas. Nesse sentido,
o culto emerge como um fator responsável pela disseminação da corrupção
entre pompeianas e pompeianos, restando-lhe ao Vesúvio a purgação da
cidade romana quanto a seus degenerados caracteres orientais. Este é, pois,
um dos aspectos que ronda o drama amoroso da película, que se mostra sob o
amor não correspondido de Nídia em relação a seu amo, Glauco, por sua vez
apaixonado por Ione, cujo interesse romântico é igualmente desejado por
Arbaces. Para tanto, o sacerdote age de modo a eliminar seu rival,
enlouquecendo-o com uma poção. Ainda assim, o herói recupera sua lucidez,
uma conquista que se dá momentos antes da ira vesuviana lançar-se sobre a
cidade, culminando em sua fuga e de sua amada [Cinemateca Brasileira,
2011].
Considerações Finais
Partindo dessas observações, pudemos constatar como os elementos da
natureza, seja ela objeto, seja entidade de agência na trama, são recuperados
aos Últimos Dias de Pompeia [1913] de modo a dar fundamentos a um
discurso particular sobre o misticismo oriental. Nessa linha, a criação de um
imaginário orientalista é delimitada a partir de evocações visuais que remetem
à própria Antiguidade, sinalizando para padrões figurativos já conhecidos entre
as pinturas parietais pompeianas. Ademais, determina-se desde a recuperação
de pinturas orientalistas e pompeianistas, as quais, pertinentes aos padrões de
criação dos oitocentos, foram aqui exemplificadas por criações de Alma-
Tadema e Jean-León Gérôme.
Referências
Heloisa Motelewski é graduanda em Licenciatura em História pela Universidade
Federal do Paraná (UFPR). Participa como voluntária do Programa de Iniciação
Científica da instituição sob orientação da Professora Doutora Renata Senna
Garraffoni. Dentre seus temas de pesquisa estão os Estudos de Recepção,
articulados com Pompeia, História da Itália, História do Brasil e História e
Gênero.
ACKERMAN, Gerald M. Jean-León Gérôme: His Life, His Work. Paris: ACR
Edition, 1997.
LING, Roger. Roman Painting. New York: Cambridge University Press, 1991.
MAU, Auguste. Pompeii: Its life and art. New York: Macmillan, 1902.
WINKLER, Martin M. Cinema and Classical Texts: Apollo’s New Light. New
York: Cambridge University Press, 2009.
Fontes:
ALMA-TADEMA, Lawrence. A spring festival (on road to the temple of Ceres).
1879. Original de arte, óleo sobre tela, 89 x 53,3 cm.
______. Egyptian Chess Players. 1879. Original de arte, óleo sobre tela, color.,
40,5 x 55,5 cm.
______. Return from the hunt. 1878. Original de arte, óleo sobre tela, 73,5 x 61
cm. Coleção particular.
GLI Ultimi Giorni di Pompei. Direção: Eleuterio Rodolfi. Itália: Società Anonima
Ambrosio, 1913. 1 filme (107 min), silencioso, legenda, p&b, 35 mm.
Esse filme, ainda, tem outros aspectos importantes que o destaca na carreira
cinematográfica de Kurosawa: foi a primeira película em que o diretor faz uso
sistemático de filmagem multicâmera; e a última parceria entre o diretor e o
músico e compositor Fumio Hayasaka, “principal colaborador de Kurosawa
desde Yoidore Tenshi [O Anjo Embriagado - 1948]” [YOSHIMOTO, 2000, p.
246-247], falecido durante as filmagens.
Logo, o filme traz em si dois debates: um de cunho social, em que vem à tona o
questionamento da complacência social com um mundo à beira de uma
autodestruição – evidenciando, assim, o papel crítico que Kurosawa e
Hayasaka entendiam ter como artistas para a sociedade em que atuavam
[PRINCE, 1991, p. 159] –; e outro de teor psicológico, em que se pode refletir
em torno dos limites da mente humana perante os movimentos do mundo.
Stephen Prince [1991, p. 165] ainda nota que o filme é construído a partir de
dois discursos: o de Nakajima, que vê a vida acima de qualquer coisa, tendo
sua atuação sempre motivada pela salvação daqueles que quer bem [seus
parentes e, pouco antes do agravamento de seu estado mental, os
trabalhadores da fundição]; e o de sua família, representada não só, mas
principalmente por seu segundo filho, Jirō [Minoru Chiaki], que vive de modo
resignado perante as questões coletivas que o rodeiam, pensando apenas no
dinheiro e abnegando suas responsabilidades sociais. É por esse viés,
principalmente a partir do ponto de vista do protagonista, que essa película é
por vezes colocada lado a lado com outras obras de Kurosawa de
características humanistas, como, por exemplo, Ikiru [Viver – 1952].
Após a exibição do filme à sua família, Nakajima visita cada um de seus outros
dependentes – uma amante, Satoko [Kiyomi Mizunoya], e sua filha Taeko
[Sahoko Yonemura]; seu filho Ryōichi, cuja mãe já falecera; e a amante Asako
[Akemi Negishi], que mora com seu pai [Kichijirō Ueda] e seu bebê, filho de
Nakajima – para convencê-los a emigrar ao Brasil. A cada tentativa de
persuasão, o patriarca recebe indiferença como resposta. Desde o pai de
Asako, que deixa sua casa indignado ao ouvir o plano do patriarca – “São
Paulo! Ele deve estar louco!” [Ikimono..., 1955, 00:27:40, tradução nossa] –, até
Ryōichi, que usa o fato de “não ser parte da família” [Ikimono..., 1955, 00:25:51,
tradução nossa] como justificativa para permanecer no Japão, o que se cria a
partir da reação de cada uma das personagens é uma imagem do Brasil
enquanto um país distante, que, no mínimo, é visto como um local de pouco
interesse para aqueles membros da sociedade que não veem na emigração a
solução de seus problemas. Talvez o melhor exemplo dessa visão esteja na
cena em que Nakajima busca convencer Satoko e sua jovem filha Taeko. A
mãe, diante do plano de fuga do patriarca, consegue apenas perguntar
incrédula “São Paulo?” [Ikimono..., 1955, 00:26:25]. Após a saída do patriarca
da casa, Taeko, então, expressa diretamente seu posicionamento contrário
com a pergunta em tom de voz irritado: “e quem quer ir ao Brasil?” [Ikimono...,
1955, 00:27:31, tradução nossa]. Pode-se entender o questionamento de
Taeko como as palavras que condensam a visão dos dependentes de
Nakajima em relação ao Brasil. Este posicionamento se soma ao dos filhos
legítimos, que buscavam, naquela altura do filme, a decisão judicial para
declarar o patriarca mentalmente incapaz. O que se vê nessas sequências,
Filmografia
IKIMONO NO KIROKU. Direção: Akira Kurosawa. Japão: Toho Company Ltd,
1955. 1 DVD [103 min.], son., p&b.
Bibliografia
BOCK. Audie. Japanese Film Directors. Tóquio, Nova Iorque e São Francisco:
Kodansha International, 1980.
GOODWIN, James. “Akira Kurosawa and the Atomic Age” in BRODERICK Mick
(Ed.) Hibakusha Cinema. Hiroshima, Nagasaki and the Nuclear Image in
Japanese Film. Londres e Nova Iorque: Kegan Paul International, 1996, p. 178-
202.
Dessa forma, considero que a História Asiática tem muito a contribuir com
nosso campo de estudos. Aqui farei um pequeno recorte no imenso e profundo
nicho da História da Ásia, pretendo trabalhar duas Graphic Novels
contemporâneas da quadrinista sul-coreana Keum Suk Gendry-Kim, Grama
(2020) e A Espera (2021), pois ambas fazem uso da História e da recordação
como recurso narrativo. Assim, pretendo contribuir para a pesquisa sobre o
recorte temporal da primeira metade do século XX no Leste Asiático, tomando
como recorte espacial a península coreana e o império japonês. Acredito que
este reforço pode estimular os pares a implementar tais conteúdos em suas
práticas docentes, ou até mesmo ampliar o número de referências sobre o
assunto.
Contudo, caro leitor, acredito que neste ponto se você não leu as obras a que
me referi como objeto deve estar ansioso para saber do que se trata. Pois bem,
a graphic novel, Grama, foi publicada originalmente em 2017 na Coréia do Sul
e conta a história das “mulheres de conforto” do exército japonês, em especial
da coreana Ok-Sun Lee. O caso retratado na obra é uma experiência
individual, ocorrida em 1942, Ok-sun, sofreu ao ser separada da família, levada
para um estado fantoche japonês e tornada escrava sexual dos soldados
japoneses durante anos [GENDRY-KIM, 2020, p.481]. Além disso, a
quadrinista destrincha várias particularidades da sociedade coreana da época,
como a “adoção” de jovens garotas por outras famílias, para que as meninas
trabalhassem como empregadas ou até prostitutas em troca de comida ou
algum dinheiro para os pais. Gendry-Kim critica a pobreza e as diferenças de
classe, assim como o colonialismo japonês e a violência do
machismo/patriarcado sobre a vida das meninas e mulheres coreanas, com
vários graus de violências vivenciados por suas personagens.
Em seguida, a vemos ser mandada para ainda mais longe de casa, onde é
abusada sexualmente tanto por um prisioneiro, como, e neste caso diversas
vezes, por soldados japoneses. Ao fim da guerra, quando o campo onde era
mantida foi esvaziado, ela vaga sem qualquer suporte, até conseguir um novo
A memória dessas mulheres foi sublimada por anos, não só por terceiros, mas
por si próprias, por ser traumática, afinal muitas delas sequer conseguem
contá-las por décadas [ASSMANN, 2011, p.249]. Tanto a autora, quanto a
própria Ok-Sun relatam que muitas daquelas que passaram por esses
processos de violência tiraram a própria vida, devido a extrema “desonra” que
isto representaria para sua família. Tal impossibilidade de falar sobre os
ocorridos por décadas denota a sensibilidade e complexidade das entrevistas
feitas pela quadrinista coreana, não por acaso foram anos para finalizar as
entrevistas. Isso também corrobora para que o público em geral tenha contato
com um período de tanta violência que por anos foi abafado, e que segue
gerando discussões calorosas entre comunidades políticas.
Keum Suk Gendry-Kim, por meio de sua arte, faz com que a história que
representa às memórias de suas entrevistas, venham ao leitor carregadas de
emoções, com seus traumas evidenciados e visíveis. Segundo Lekshmi, Arathi
e Krishna Priya: “a angústia de suas almas, que nunca pode ser traduzida no
meio tangível das palavras, encontra alívio na arte honesta e controlada de
Keum Suk Gendry-Kim. Um romance gráfico é único porque, onde as palavras
param, a arte começa e o verdadeiro artesão cria sem esforço uma mistura
harmoniosa de ambos os meios” [LEKSHMI, ARATHI, KRISHNA PRIYA, 2021,
p.2924].
Referências biográficas:
Mestre no Programa de Pós-graduação em História e Espaços da UFRN.
Graduada em História Licenciatura pela Universidade Federal do Rio Grande
do Norte.
Referências bibliográficas:
ASSMANN, Aleida. Espaços da recordação: formas e transformações da
memória cultural. São Paulo: Unicamp, 2011.
GENDRY-KIM, Keum Suk. A Espera. São Paulo: Pipoca & Nanquim, 2021.
GENDRY-KIM, Keum Suk. Grama. São Paulo: Pipoca & Nanquim, 2020.
LEKSHMI, S.P. ARATHI, P.S. KRISHNA PRIYA, M.T. Role of Translation in the
Rise of Asian Graphic Novels. Annals of R.S.C.B., ISSN:1583-6258, Vol. 25,
Issue 5, 2021, Pages: 2920 – 2926.
Introdução
No Brasil, existem dois discursos conflitantes sobre os animes (animação
japonesa) e os mangás (quadrinhos japoneses). De um lado, há uma incitação
negativa sobre as obras, encarando-as como objetos nocivos; do outro,
observa-se um tratamento apaixonado, quase visceral. Apesar de dissonantes,
os discursos se coadunam na medida em que imaginam o Japão; seja na sua
forma negativa, seja na sua forma romantizada. Analisemos os casos.
O Japão maravilhoso
Se existem aqueles que depreciam a cultura japonesa, também existem
aqueles que a apreciam profundamente. A garantia de sucesso no Brasil pode
ser devido ao fato de haver em solo nacional a maior comunidade nipônica fora
do arquipélago, mas o triunfo dos animes e mangás vai além das nossas
fronteiras, sendo um fenômeno mundial.
Outro motivo para o êxito internacional se deve em boa parte aos produtos
conhecidos como mukokuseki, literalmente “sem nacionalidade, sem estado”.
Em outras palavras, a ausência de marcas culturais que identifiquem as
origens das obras, possibilita um acolhimento maior em países para além do
arquipélago. Convém lembrar aqui alguns sucessos, cujos títulos não possuem
nomes japoneses e também ambientam-se em mundos imaginários: Zelda,
Mario e Sonic [MANGIRÓN, 2012, p. 35]. O sucesso dessas obras deve-se,
portanto, à identificação que geram em diferentes públicos.
Mas nem tudo é belo como aparenta. Assim como toda base de fãs, existem
aqueles que se deixam levar pelas paixões. Frequentemente, entre os otakus,
disseminam-se pensamentos sobre o valor cultural do Japão em detrimento do
Brasil, o sonho da residência no arquipélago e a superioridade étnica dos
japoneses. Em qualquer um desses cenários, desconsidera-se a realidade
nipônica. A imagem que os fãs projetam sobre o Japão é idealista, portanto,
descolada da realidade. A bem da verdade, existem diversos impedimentos
para um estrangeiro morar no arquipélago. Mesmo quem nasce no país não
tem direito à cidadania, uma vez que lá imperam as regras do jus sanguinis
(citando apenas um dos embargos ao direito da cidadania). Quanto à ideia de
superioridade japonesa por estrangeiros, algumas observações devem ser
feitas. Muito do que se idealiza sobre o arquipélago, deve-se ao imaginário
Orientalista, que prega sobre o excessivo coletivismo japonês, a estrutura
hierárquica da sociedade, a produtividade no trabalho e o sucesso educacional.
Ao deparar-se com esses fatos, que na verdade configuram-se como
problemas sociais no Japão, os fãs estrangeiros de anime e mangá
romantizam de forma insensata o país que é objeto de sua adoração — como
exemplo, podemos citar o fato do Japão ser um dos únicos lugares no mundo
que adotou um conceito próprio para designar aqueles que morrem por
excesso de trabalho: karoshi. Portanto, longe de ser admirável, o labor em
demasia é um problema social grave.
Conclusão
Como observamos, muito do que se julga sobre o Japão, se julga por meio dos
produtos culturais exportados pelo país. Se existem olhares censuradores e
moralistas, também existem olhares demasiadamente românticos. Com isso
observamos não apenas a importância da cultura pop para a autoimagem do
Japão, como analisamos também que o entendimento sobre o arquipélago é
caracterizado pelo Orientalismo, pois mesmo aqueles que veem com amor o
país, o fazem se apropriando dos estereótipos acerca dele.
Importante é mencionar que, apesar das visões negativas sobre o Japão, pelas
lentes conservadoras, prevalece um olhar mais receptivo nas sociedades
ocidentais sobre os animes e mangás. Esse é um movimento geracional que
aceita e convive melhor com a cultura pop, de modo geral. O que não quer
dizer que se deva baixar a guarda para as análises críticas sobre as mídias
japonesas, uma vez que elas fazem parte do movimento Japan Cool.
O Japan cool é caracterizado pela noção de soft power de Joseph Nye (1990).
Basicamente, este último conceito se refere ao alinhamento político de uma
nação com as produções culturais gestadas no interior do país, sendo essa
estratégia conhecida pela faceta de um imperialismo brando. No caso do
Japão, a imagem que suas mídias projetam é de um país jovem, descolado e
alegre; portanto, uma imagem amistosa [NYE, 1990 apud MCCLELLAND,
2017, p. 6]. Esse seria o Japan Cool. Assim, enfatizamos a importância de
Referências
Lucas Marques Vilhena Motta é doutorando em História pela UFPel
Luciana de Ávila Freitas é mestranda em História pela UFPel
Dessa forma, à luz dessas discussões preliminares, este trabalho tem por
objetivo apresentar o que já foi observado dos marcadores de gênero presente
na linguagem jornalística da mídia sul-coreana e como esses dão indícios de
uma estrutura social que já determina o papel da mulher na sociedade.
Desde o início de seu governo, Park teve que lidar com as desconfianças de
que ela traria de volta o autoritarismo, com os valores que vão de contra a
democracia, que esteve tão presente no governo de seu pai. O fato de sua
campanha eleitoral carregar o slogan igual ao do pai, mesmo ela tendo se
desculpado publicamente por todos aqueles que sofreram ou tiveram suas
vidas afetadas de alguma forma durante a ditadura, trazia à tona feridas que
ameaçavam um sistema democrátco com pouco mais de 30 anos. Apesar
disso, o trecho abaixo mostra que, nos anos iniciais, seu índice de aprovação
era elevado e, frequentemente, superior a seus antecessores:
Referências
Maria Clara Moraes é mestra em engenharia de sistemas pela Universidade de
Pernambuco (UPE), pesquisadora associada da Coordenadoria de Estudos
Asiáticos [CEÁSIA], vinculado ao Centro de Estudos Avançados da
Universidade Federal de Pernambuco [CEA-UFPE].
HAHM, S.D.; Heo, U. The First Female President in South Korea: Park Geun-
hye’s Leadership and South Korean Democracy. Journal of Asian and African
Studie; v.53; n.5; p.1-17; 2017.
Filmes são representações que têm efeitos reais sobre o mundo e trazem junto
consigo visões sobre relações sociais e culturais [SHOHAT; STAM, 2006].
Considerando o momento histórico de produção de “Nausicä”, parece-me que
ver o anime apenas pelo viés ambiental ou pacifista relega ao segundo plano
reflexões que as próprias imagens do longa pedem [MITCHEL, 2015], a saber:
o fato da personagem principal ser uma mulher jovem que está disposta a dar a
vida em prol de outros. Assim, quero sugerir que o impacto produzido por
“Nausicaä” não está tanto na discussão ambiental que ele pode suscitar, mas
na disposição da personagem principal ao sacrifício e na maneira como isso é
construído imageticamente. Tendo em vista que é papel do criador/diretor
elaborar estratégias pelas quais se torna possível produzir determinados
efeitos sobre os espectadores, será realizada a análise fílmica de “Nausicaä” a
partir desses efeitos, investigando que recursos foram empregados e como
foram utilizados com o fito de produzir certo tipo de experiência [GOMES,
2004]. Desde essa perspectiva, não me parece que se nos emocionamos com
o desfecho do filme em questão seja porque a personagem principal, Nausicaä,
atuou de modo ecológico e restabeleceu a harmonia entre as diferentes formas
de vida, mas porque ela sobrevive – ainda que se sacrifique.
O filme e a sequência
Com o objetivo de refletir a respeito de como alguns personagens são
apresentados ao espectador [SHOHAT; STAM, 2006] escolheu-se um
segmento de 13 segundos composto por seis planos que se inicia em 1h 40min
56s. Nele, Nausicaä enfrenta seus oponentes desarmada e de braços abertos
depois de se esquivar de uma série de tiros. Esse trecho faz parte dos 20
minutos finais do filme em que a narrativa se encaminha para o desfecho e é o
primeiro momento em que a personagem deixa claro que está disposta a se
sacrificar para salvar a vida de outros. Antes de proceder às análises
específicas, será feita uma breve apresentação do enredo do filme. Cabe
pontuar que a narrativa é uma saga épica e algumas passagens são contadas
tão rapidamente que dificultam a compreensão do anime quando visto pela
primeira vez.
Como se pode observar na Figura 1, a maior parte dos takes é ocupada pelos
personagens masculinos e eles são enquadrados mais próximos da câmera.
No entanto, o fato de os homens não terem nome, junto com as composições
Considerações finais
O presente trabalho investigou uma sequência de “Nausicaä do Vale do Vento”
[1984], filme de Hayao Miyazaki que foi amplamente difundido como tendo
caráter ambiental. Propõe-se que, se por um lado, tal marca pode ter
contribuído para aumentar o alcance e visibilidade do anime, por outro, acaba
por eclipsar o que aqui se levanta como hipótese que seja o assunto principal
do longa-metragem: a disposição de uma mulher jovem a se sacrificar para
salvar os outros. Nessa direção, foi empregada a análise poética do filme em
uma sequência de seis planos com o objetivo de rastrear como foram
construídos alguns dos efeitos propostos pela obra. Observou-se que a
continuidade dos frames faz com que o espectador seja colocado no lugar de
Nausicaä e que tal composição comunica que atirar na personagem principal
equivale a atirar contra os espectadores. A postura serena e decidida de
Nausicaä é acompanhada de música, o que reforça as estratégias de
mobilização da plateia em relação à personagem. Adicionalmente, as
Referências
Thereza Cristina de Oliveira e Silva é mestranda do Programa de Pós-
Graduação em História Social da Universidade Estadual de Londrina.
GOMES, Wilson. “La poética del cine y la cuestión del método en el análisis
fílmico” in SIGNIFICAÇÃO: REVISTA DE CULTURA AUDIOVISUAL, v. 31, n.
21, Jan-Jun, 2004, p. 85-105.
HAYAO Miyazaki in IMDb (Internet Movie Database). [S. l., s.d.]. Disponível em:
https://www.imdb.com/name/nm0594503/#director.
Por sua vez, “com a descolonização e após o fim da Guerra Fria, um resgate
da abordagem orientalista coincide com o posicionamento do mundo islâmico
como um entrave às aspirações ocidentais. O fortalecimento do Orientalismo
torna-se ainda mais notório após os atentados terroristas de 11 de setembro de
2001” [SILVA, 2013, p. 56].
Por sua vez, os considerados terroristas têm a sua própria versão e se colocam
como insurgentes e guerreiros da liberdade. "O terrorismo que praticamos é o
do tipo louvável porque é dirigida aos tiranos e aos agressores e inimigos de
Alá, os tiranos, aos traidores que cometem atos de traição contra os seus
próprios países". [BIN LADEN apud ALCÂNTARA, 2015, p. 19].
O sujeito discursivo deve ser considerado um ser social que faz parte de um
espaço coletivo. O que significa que ele é inserido em uma conjuntura social e
que é heterogêneo. Encontra-se imerso na diversificação, seja pelas relações
que estabelece com outro, seja pelas interações em diferentes lugares da
sociedade [FERNANDES, 2007].
Referências
Vanessa dos Santos Bodstein Bivar é doutora em História Econômica pela
Universidade de São Paulo e docente do curso de licenciatura em História da
Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (FACH/UFMS).
Fonte primária: @fabiolaoliver
MAGALHÃES, Célia. Reflexões sobre a análise crítica do discurso. 2ª. ed. Belo
Horizonte: Fale - UFMG, 2001.
VIANNA. Luciano José. “Do presente para o passado: uma reflexão sobre o
Ensino de História Medieval na contemporaneidade”. Revista Tel, v. 8. n. 2, p.
16-31, jul./dez, 2017.
Síntese da obra
Onibaba é um filme de drama histórico lançado no ano de 1964 e dirigido por
Kaneto Shindo (1912-2012), cuja sinopse retrata a luta pela sobrevivência de
uma senhora (Nobuko Otowa) e sua nora (Jitsuko Yoshimura) durante o
Considerações finais
Pensar Onibaba enquanto um exemplo de película histórica remete a
necessidade de analisar cada um de seus pormenores, desde o retrato de um
país em guerra e as condições de pobreza na qual os personagens principais
se encontram, ao pano de fundo onde a realização do filme está inserida.
Conforme exposto neste trabalho, uma obra cinematográfica também é fruto
direto da sociedade que a produziu, podendo utilizar-se de elementos fictícios e
períodos cronológicos distintos para indicar o funcionamento de sua referida
trama.
A obra dirigida por Kaneto Shindo pode ser interpretada não apenas como uma
forma de estabelecer um exercício de entendimento do passado outrora vivido
pelo povo japonês, mas também busca repassar aos espectadores elementos
latentes de um período caracterizado pela reestruturação de toda uma nação,
mostrando os traumas evidentes que os conflitos intermitentes podem causar
em uma população inteira, afetando todos as esferas sociais e revelando um
profundo abismo entre os menos favorecidos e os senhores das armas e do
poder, onde os únicos que possuem seu destino reservado são os mortos, tal
qual aqueles que foram lançados ao abismo pela senhora e sua nora.
Referências
Vinicius Maciel Braga é graduado em Licenciatura em História pela
Universidade Federal do Amazonas.
BO, João Lanari. Cinema japonês: filmes, histórias, diretores. São Paulo:
Giostri, 2016.
Todo grupo ou solista que deseja participar da indústria de música pop sul-
coreana (K-pop) passa por um período de preparação e treinamento nas
agências de entretenimento sul-coreanas antes de debutar e se tornar um idol.
Neste período de preparação para sua apresentação ao público, os indivíduos
aprendem ou aperfeiçoam técnicas de canto e dança, têm aulas de educação
física e inspeções de rotina de peso e controle diário da dieta, e também
podem estudar atuação e línguas estrangeiras (por exemplo inglês, japonês e
mandarim para os sul-coreanos e coreano para os estrangeiros). Para
analisarmos a constituição de um grupo de K-pop a partir de uma perspectiva
editorial, considerar este momento pré-debut é de extrema importância, pois, é
nele que são definidas as características que serão evidenciadas em cada
integrante do grupo, os gêneros musicais abordados, os conceitos de
vestimenta e maquiagem e outros tantos aspectos, mas também processo de
lançamentos posteriores podem trazer informações caras ao desenvolvimento
da análise. Assim, neste texto fazemos um exercício conceitual, colocando o
conceito de objeto editorial como método, e analisamos o grupo sino-coreano
EXO como um objeto editorial, preparado para ter uma vida pública e partícipe
de uma cadeia criativa e produtiva.
Com doze membros, o EXO (em coreano, 엑소) debutou em 8 de abril de 2012
sob a tutela da SM Entertainment (SM), empresa de entretenimento sul-
coreana criada por Lee Soo-Man em fevereiro de 1995 e desenvolveu um
sistema interno de produção de artistas, começando com os grupos H.O.T. em
1996, S.E.S. em 1997, Shinhwa em 1998, a dupla de R&B Fly to the Sky em
1999, e a solista BoA em 2000.
A SM, como várias outras empresas da Coreia do Sul, cria seus próprios
talentos e seleciona o conceito, imagem e visão musical de cada artista. Este
processo geralmente envolve um treinamento rigoroso para criar um idol ideal,
em termos de corpo, personalidade e comportamento, que os fãs irão “venerar”
e se espelhar — e, em muitos casos, também tratar como um produto, mas
esta é uma discussão para outro momento. Antes da estreia do grupo, os
integrantes assinam contratos como trainees (neste caso, aspirante a artista) e
passam pelo treinamento sistemático na SM — por exemplo, o líder do EXO,
Suho (Kim Junmyeon), foi o primeiro integrante a entrar na agência e passou
sete anos como trainee (conferir Figura 1). Se o período como trainee é o
momento de preparação, modelação, refinamento para se tornarem idols e
“Objetos editoriais são objetos técnicos que supõem uma cadeia criativa e uma
cadeia produtiva, nas quais técnicas e normas são administradas por diferentes
atores, com vistas à formalização material de uma síntese de valor sígnico, que
enseja uma circulação pública, apontando para uma autoria.” [Salgado, 2021,
slide 6]
Figura 3 – X-EXO
Fonte: SMTOWN 신곡 포스트 [2019].
Figura 5 – EXO
Fonte: SMTOWN 신곡 포스트 [2019].
É importante notar também que a produção do EXO converge não apenas para
o visual dos integrantes, temas de lançamentos e escolhas musicais, sua
produção chega ao campo da literatura e de outras esferas do entretenimento.
Por exemplo, em álbum anterior, The War: The Power of Music (lançado em
2017), o grupo lançou uma revista de história em quadrinhos (“The War: The
Eve”) contando mais da história criada para o embasamento das atividades do
grupo e reafirmando a autoria da SM pela SM Comics; seus shows ao vivo
também seguem o conceito e costumam levar o título de “EXO Planet” (como
EXO Planet 2 – The Exo'luxion, EXO Planet 3 – The Exo'rdium etc.); e até
mesmo em campanhas publicitárias para outras empresas que não a SM
aparecem seus “poderes especiais” quando são identificados como um dos
integrantes do EXO — em campanha recente da Olive Young (marca de
produtos de beleza e saúde sul-coreana), por exemplo, Kai aparece se
teletransportando, que é seu poder especial. Estes exemplos também nos
ajudam a perceber que há, no caso do EXO, um pacto de suspensão da
descrença, um acordo ficcional [Eco, 1994] em que o público acredita em seus
poderes e não se surpreendem com as menções ou usos fora das produções
principais do grupo.
Com tudo o que foi descrito e analisado aqui, conseguimos afirmar o caráter de
objeto editorial de um grupo de K-pop, neste caso, o EXO. Fica explícito a
participação da SM Entertainment nas cadeias produtivas e criativas da
indústria do K-pop, e sua marca autoral é sempre reafirmada com o
lançamento de novos álbuns do EXO ao reutilizar ou ampliar a narrativa
iniciada no debut do grupo. Ao mesmo tempo, um grupo de K-pop é preparado,
treinado, para refletir a expertise da empresa agenciadora e suas principais
Referências
Ma. Vitória Ferreira Doretto é doutoranda e mestra em Estudos de Literatura
pela Universidade Federal de São Carlos com bolsa CAPES (código de
financiamento 001), professora-voluntária de português língua estrangeira no
Instituto de Línguas/UFSCar e integrante do Grupo de Pesquisa COMUNICA -
inscrições linguísticas na comunicação (UFSCar/CEFET-MG/CNPq) e do
Laboratório de Escritas Profissionais e Processos de Edição (CEFET-
MG/UFSCar). E-mail: vitoriaferreirad23@gmail.com
ECO, Umberto. Seis passeios pelos bosques da ficção. Trad. Hildegard Feist.
São Paulo: Companhia das Letras, 1994.
GLASBY, Taylor. “Meeting the K-Pop band who are bigger than One Direction”,
in Dazed, 2016. Disponível em:
www.dazeddigital.com/music/article/32019/1/the-nine-koreans-who-make-up-
the-world-s-biggest-boyband.
OKWODU, Janelle. “EXO’s Sehun Was Louis Vuitton’s Best Dressed Man”, in
Vogue, 2017. Disponível em: www.vogue.com/article/paris-fashion-week-fall-
2017-louis-vuitton-front-row-sehun.
A adaptação televisiva feita pela emissora sul-coreana tvN foi exibida entre 9
de dezembro de 2020 e 4 fevereiro de 2021 — com 16 episódios que podem
ser assistidos internacionalmente através da plataforma de streaming como
Viki. A webtoon, ainda não finalizada, está no capítulo 222 e tem atualizações
semanais.
A adaptação da tvN fez com que a webtoon fosse tomada de novos leitores,
mas também que a autora passasse a ser buscada nas redes sociais e se
tornasse conhecida. Seu perfil no Instagram (@meow91_) hoje conta com 1,4
milhões de seguidores e possui 133 publicações — aqui cabe comentar que
entre o primeiro período de análise de dados (outubro de 2021) e o momento
Contudo, não foi apenas a beleza da autora que surpreendeu seus seguidores,
mas também o fato de falar abertamente sobre ser mãe solteira, divorciada e
não ter intenção de casar novamente — estes temas foram abordados em
carta aberta postada em seu perfil no Instagram em 16 de fevereiro de 2021.
Sua vida pessoal, então, entrou para os holofotes tanto quanto sua webtoon, o
que não ocorreu com nosso próximo autor.
Por ser uma produção mais antiga que a de Yaongyi, “From a Distance, a
Green Spring” foi adaptada para diferentes meios: foi impresso pela editora
Garden of Books em três livros, cada um contendo uma temporada da
webtoon, lançado como um áudio drama, em 2015, por meio de um processo
de crowdfunding organizado pelos fãs e, mais recentemente, para a televisão
em formato de drama.
Genie parecia muito sincero nos posts e falava abertamente sobre suas
incertezas, irritações, frustrações, e sempre esclarecia que, apesar dos leitores
serem apreciadores de sua obra, ela ainda pertencia a ele — como fica
evidente no post “Por favor distinga entre o original e a adaptação”:
Tanto Yaongyi quanto Genie’s Picture são levados a criar perfis e utilizar redes
sociais (Instagram no primeiro caso, Twitter e Naver Blog no segundo) em
razão do sucesso de suas publicações. O uso desses perfis, no entanto, não é
o mesmo.
Yaongyi faz publicações sobre sua vida pessoal, conta detalhes de sua
biografia e posta fotos de si mesma — é a partir de sua imagem que surge o
apelido “um anjo desenhando outro anjo” —, sua projeção como autora está
intrinsecamente ligada ao aspecto pessoal de sua vida. Conforme aponta
Maingueneau [2006, p. 156], os autores precisam “multiplicar os gestos
conjuradores, mostrar a si mesmo e ao público os sinais de sua legitimidade” e
Yaongyi, enquanto sua webtoon era publicada e adaptada, era levada a buscar
legitimação tanto de si mesma como autora quanto de sua obra, por isso
reforçava as influências de construção de seus personagens em si mesma (no
caso da personagem principal) e em outras celebridades sul-coreanas [Oliveira,
2022]. Por outro lado, nas publicações em seu blog (agora privado), Genie’s
Picture não buscava legitimação, mas afirmação de seu papel como autor — o
que envolvia suas escolhas narrativas — e reconhecimento da comunidade
leitora como tal.
Referências
Ma. Vitória Ferreira Doretto é doutoranda em Estudos de Literatura pela
Universidade Federal de São Carlos com bolsa CAPES (código de
financiamento 001), professora-voluntária de português língua estrangeira no
Instituto de Línguas/UFSCar e integrante do Grupo de Pesquisa COMUNICA -
inscrições linguísticas na comunicação (UFSCar/CEFET-MG/CNPq) e do
Laboratório de Escritas Profissionais e Processos de Edição (CEFET-
MG/UFSCar).
KOO, Min-ki. “How Korean platform giants disrupted the digital comics market
with webtoons” in The Korea Economy Daily Global Edition, 2020. Disponível
em: www.kedglobal.com/newsView/ked202008200004. Acesso em: out. 2021.
OLIVEIRA, Greyce. “Yangyi, autora de ‘true beauty’ revela quais idols estão no
seu radar como inspiração”, in KoreaIN, 2022. Disponível em:
https://revistakoreain.com.br/2022/04/yaongyi-autora-de-true-beauty-revela-
quais-idols-estao-no-seu-radar-como-inspiracao/. Acesso em: 16 set. 2022.