Esenvolvimento Infantil Facilitação DO Meio Holding Violências Resiliência E Estilos Cognitivo Afetivos
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experiências das mães de classe média cujos e abertura com as crianças, repetindo
bebês ficavam com “babás” despreparadas ou já ocorrências vividas na sua infância, associados
precocemente institucionalizados. Por outro lado, a depressões, doenças, abandonos e convi-
estas condições saudáveis se apresentavam mais vências com pais alcoólatras. Observou-se nas
nas mães de baixa renda, por obterem suporte famílias nucleares, em que havia deslocamento
de tios e avós que moram na própria casa ou para os cuidados de avós, uma tendência a
nas proximidades. Na escola de educação compensações de acolhimentos, possibilitando
infantil de classe média “tipo A” já se desenvolvia maior vitalidade diante da frágil condição
uma necessidade da presença, da abertura para materna da mãe. Algumas dessas crianças, que
escutar a criança, aspectos muito trabalhados não têm outros apoios, apresentavam uma falsa
pela profissional com formação psicopedagógica. auto-sustentação (falso self) com desconfianças
Segundo suas avaliações, muitas crianças já diante da ajuda e escuta do outro.
chegavam com a experiência da ausência vivida A “mãe-tecnológica”: função da mãe e
no âmbito familiar, o que gerava maiores valores do ambiente cultural associados ou
dificuldades para o acolhimento no âmbito sustentados pelas máquinas, de forma que a “a
escolar. Estas avaliações e processos apontaram criança é apresentada em mundo onde não se
a necessidade de projetos focalizando a vislumbra a presença humana em seu meio
aprendizagem familiar que irá ocorrer no ambiente. Os cuidados recebidos não se
próprio espaço da escola, apesar de se perceber remetem à corporeidade humana e sim às
e termos consciência que muitos destes pais não medidas e às mediações das máquinas.
se aproximam da escola como parceiros A mãe-tecnológica se manifestou mais na
educadores. Foram observados tanto na escola escola Tipo B, de grande porte, com número
A como B muitos traços de crianças precocemente grande de crianças. Havia muitos recursos
solitárias que geravam desadaptações e eletrônicos que mobilizavam as crianças a ponto
dificuldades de atenção. Observou-se na escola de afastarem-se dos contatos com os cuidadores,
tipo A que, após as acolhidas no ambiente que, por sua vez, se distanciavam, compen-
escolar, depois de um certo tempo, essas crianças sando-se pelos apoios das técnicas, descui-
que chegam apáticas e ficam “soltas no espaço”, dando-se da atenção pessoal necessária e da
com os contatos e atenção dos cuidadores, necessária presença corpórea como “pessoa-
demonstram progressivamente um grau de educador ” . Na escola de educação infantil Tipo
vitalidade e espontaneidade, mas retornam a A, de pequeno porte, as crianças sempre estavam
postura de tristeza e isolada em cada momento acompanhadas dos cuidadores, revelando na
inicial de chegada à escola. rotina a presença corpórea intensa, apesar de
3 - A “mãe adoecida”: função da mãe e contatos e brinquedos eletrônicos num tempo
valores do ambiente cultural carregados de suficiente, não ocupando o espaço para a
fragilidade, sofrimento, impotência e medos, de presença corpórea do outro. Nesta escola A,
forma que a criança fica impossibilitada de contribuíam muito para estes contatos
confiar suficientemente para receber o que interpessoais as experiências de artes, trabalhos
precisa na relação de dependência absoluta. corporais e contatos com a natureza. Na
Nessa condição, o bebê mobiliza defesas e fica orientação familiar, constatou-se, durante as
incapaz de expressar seu gesto criativo, em sensibilizações com os pais de classe média,
busca do “eu-sou”. Observou-se, nos dois muita dificuldade de contatos consigo próprios,
grupos familares (Fam.1 e Fam.2), grande com os colegas e relatos sobre este distan-
incidência de fragilidade daqueles que se ciamento com seus filhos. Valorizavam as escolas
colocam na função materna. Muitas dessas que apresentavam maior número de recursos
mulheres apresentavam dificuldades de contatos técnicos e eletrônicos. Algumas mães comen-
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tavam como estavam distantes destas expe- ambiente”, entre muitos outros diferenciados por
riências que requerem mais brincadeiras e Safra, revelam níveis de violências gerando
contatos com seus filhos e até com elas mesmas. fraturas e sofrimentos psíquicos no desen-
Esta característica de ausência corpórea foi volvimento da criança, repercutindo na adoles-
menor entre os integrantes familiares de baixo cência e na fase adulta.
poder aquisitivo, mas também estas mães Outro aspecto avaliado e aprofundado na
apresentavam, no seu imaginário, o valor pesquisa diz respeito às condições de resiliência,
positivo e a necessidade de aumentar as nas relações da criança com a “mãe ambiente” e
intermediações tecnológicas que compensariam nas situações de aprendizagem em que há
algumas horas de dedicação mais presencial. aceitação e valorização dos diferentes estilos
A “mãe status social”: a função materna e cognitivo-afetivos. Como então podemos
ambiente cultural cuida do bebê como um signo responder à questão: Quais as capacidades e
social , um objeto que dá prestígio ou que precisa fragilidades do “ambiente-mãe-cultura” em
atender ao status social , ao sucesso. A escola de relação ao ato de receber e ao reconhecimento
educação infantil B, de grande porte, com grande dos valores criativos das crianças, levando em
número de pessoas de classe média e alta, que conta as características dos diferentes estilos
tende a valorizar as condições de sucesso e cognitivo-afetivos?
prestígio dos seus alunos, reproduzindo as Para responder a esta questão, foram
expectativas das famílias e antecipando as considerados os estudos iniciais que desenvolvo
assimilações de conhecimentos acadêmicos, nas pesquisas desde 1990 sobre os estilos
tendo em vista os resultados e sucessos futuros. cognitivo-afetivos, os estudos e pesquisas sobre
Este excesso de conhecimentos ocupa o espaço educação infantil que Analu Gonçalves desen-
que deveria ser dedicado ao contato e à volveu em sua monografia sob a minha
socialização das crianças. A escola A valoriza mais orientação (2002- Instituto Sedes Sapientiae)12
as construções artísticas, lúdicas e as expressões e as complementações e atualizações de
corporais, não expondo a criança às dinâmicas e pesquisas e projetos (2005 a 2009) realizadas
às aprendizagens que objetivam socialmente a por psicólogos e psicopedagogos integrantes da
criança. Segundo expressões dos profissionais Ong Interação: Regina Del Coco, Liliane
desta Instituição, estes valores de aprendizagem Henriques, Carla Marquart, Denise Formenton
são gerados pelas próprias exigências de uma e Irene Maluf. Atualmente esta equipe inter-
parcela de pais de classe média que tendem a disciplinar aprofunda-se nas facilitações e
olhar seus filhos como signo social, projetando condições de resiliência das “mães-ambientes-
neles o sucesso e prestígio a ser alcançado. culturas”, fazendo associações entre os estudos
Outro fator que merecia ser aprofundado e de Gilberto Safra8,9 e as condições de resiliência
que não destaco neste artigo refere-se à “mãe relacionadas à aprendizagem e aos diferentes
ambiente”, em que ocorreu violências associadas estilos cognitivo-afetivos2,10,13.
a agressões físicas e sexuais, geradoras de Sintetizamos, a seguir, alguns destes indi-
traumas que repercutem na criança e no seu cadores e análises das respostas e avaliações
desenvolvimento até a fase adulta, com efeitos dos projetos e pesquisas.
psicossomáticos e anti-sociais. Nesses grupos de
pesquisa, no entanto, houve pouca incidência Facilitação da “mãe-ambiente” com valo-
dessas experiências e não foram pesquisadas em rização do estilo cognitivo-afetivo intuitivo
profundidade estas dimensões de fraturas, (Abertura para as brincadeiras que incitam a
apesar de estar muito presente na nossa cultura imaginação, por meio de jogos de faz de conta)
contemporânea. De qualquer forma, todos esses Atividades que requerem o diálogo com os
indicadores de desvios nas relações “bebê-mãe- sonhos, associações livres de imagens,
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SUMMARY
Child development through facilitation (Holding): violence, resilience
and cognitive-affective style
This paper aproaches the importance of the maturational process and the
environment facilitation in the children´s development, according to
Winnicott´s and Safra´s psychoanalitical theory .The study focuses on the
relationships distortions “children – family- school- culture” and also on
different violences, putting emphasis on the possibility of human integration
and cultural creation. The research discuss some essential aspects for an
efficient learning in the family, at school, in the community and in therapies.
This work presents the satisfactory relationship “children- parent”, the
holding, the different cognitives and affectives styles, Carl Jung, WonFranz
and art-therapeutics processes, opening the doors to the psychopedagogics´,
families´ and children´s learning.
AGRADECIMENTOS
Agradecimentos a equipe de profissionais psicopedagogos, psicólogos e
arteterapeutas da Ong Interação, em especial a Regina Del Coco, Carla
Marquart que dão suporte às orientações familiares e Denise Formenton
pela excelente realização e bons resultados dos projetos desenvolvidos na
escola de educação infantil.
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