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Delma Pillao

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE EDUCAÇÃO

DELMA PILLÃO

A pesquisa no âmbito das relações didáticas entre


matemática e música: estado da arte

SÃO PAULO
2009
2

DELMA PILLÃO

A pesquisa no âmbito das relações didáticas entre


matemática e música: estado da arte

Dissertação apresentada à Faculdade de


Educação da Universidade de São Paulo para
obtenção do título de Mestre em Educação.
Área de concentração: Ensino de Ciências e
Matemática.
Orientador: Prof. Dr. Oscar João Abdounur.

SÃO PAULO
2009
3

AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE


TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS
DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

Catalogação na Publicação
Serviço de Biblioteca e Documentação
Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo

375.3 Pillão, Delma


P641p A pesquisa no âmbito das relações didáticas entre matemática e música:
estado da arte/ Delma Pillão; orientação Oscar João Abdounur. São
Paulo: s.n., 2009.
109 p.; anexos

Dissertação (Mestrado – Programa de Pós-Graduação em Educação.


Área de Concentração: Ensino de Ciências e Matemática) - - Faculdade de
Educação da Universidade de São Paulo.

1. Matemática 2. Música 3. Educação I. Abdounur, Oscar João,


orient.
4

FOLHA DE APROVAÇÃO

DELMA PILLÃO

A pesquisa no âmbito das relações didáticas entre matemática e música: estado


da arte

Dissertação apresentada à Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo


para obtenção do título de Mestre em Educação.

Área de concentração: Ensino de Ciências e Matemática.

Aprovado em 24 de junho de 2009.

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. Oscar João Abdounur (orientador)


Instituição: Instituto de Matemática e Estatística (IME/USP)
Assinatura:

Profa. Dra. Adriana Cesar de Mattos Marafon


Instituição: Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP)
Assinatura:

Profa. Dra. Maria do Carmo Santos Domite


Instituição: Faculdade de Educação (FEUSP)
Assinatura:
5

A meus pais, Nelson e Maria, pelo imenso incentivo.

Ao meu esposo, Denver, pelo apoio nesta jornada.

Ao meu filho, Giovanni, fonte de muitas alegrias.


6

AGRADECIMENTOS

À Deus, por tudo.

Aos meus pais, que sempre me mostraram o valor do conhecimento e do trabalho.


Obrigada por todo o amor, paciência e apoio em diversos momentos nos quais não
mediram esforços para me ajudarem.

Ao Denver, pelo auxilio na finalização desta dissertação, lendo, corrigindo,


formatando e também pelo apoio, compreensão e amor, com os quais compartilhou comigo
esta jornada.

Ao meu orientador, prof. Oscar João Abdounur, por generosamente ter me acolhido
nesta jornada. Pelas preciosas indicações de leitura e pela paciência com que recebeu
minhas escolhas durante o caminho.

À profa. Maria do Carmo Domite, por tudo que me ensinou, desde a época de
graduação. Obrigada pelos muitos momentos de reflexão e indicações de leitura em
diferentes momentos da realização deste trabalho. Em especial por suas imprescindíveis
contribuições no Exame de Qualificação deste trabalho.

À profa. Adriana Marafon, pelas preciosas contribuições no Exame de Qualificação


deste trabalho.

Aos professores e funcionários da Faculdade de Educação da USP, pelo apoio


técnico durante a realização do curso de mestrado.

Aos coordenadores, professores, funcionários e alunos do Curso de Formação


Intercultural Superior do Professor Indígena do Estado de São Paulo, pelo apoio e pela
importância de tudo que ali aprendi.

À Secretaria de Estado da Educação do Estado de São Paulo, pela oportunidade de


participar do Projeto Bolsa Mestrado.

À todos que contribuíram e estiveram de algum modo presentes durante este


percurso, muito obrigada!
7

RESUMO

PILLÃO, D. A pesquisa no âmbito das relações didáticas entre matemática e


música: estado da arte. 2009. 109 f. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Educação,
Universidade de São Paulo, 2009.

Esta dissertação tem como objetivo desenvolver um estado da arte da produção


acadêmica no âmbito da relação entre matemática e música na área de educação, no Brasil,
no período de 1990 a 2008. A partir do objeto de estudo – dissertações de mestrado e teses
de doutorado identificadas por meio do banco de teses da Capes – foi construído um
diretório de pesquisas sobre o tema, na tentativa de compreender o que tem sido estudado
por estes pesquisadores, buscando conhecer suas principais preocupações e perspectivas,
bem como as dificuldades e tensões que precisam ser observadas no âmbito dos estudos
educacionais voltados para a utilização de música no ensino de matemática. Inicialmente,
foi realizado o mapeamento geral da produção, tendo por base seus resumos. Após esta
etapa foi realizada a leitura dos principais estudos. A análise de conteúdo, definida por
Bardin (2000), configurou-se como o principal o procedimento metodológico que orientou
a presente pesquisa, possibilitando a realização de uma investigação de cunho qualitativo.
O referencial teórico utilizado pautou-se nos estudos de autores como Ferreira (1999;
2002), D‘Ambrósio (1986; 1990; 1993; 1999; 2004; 2005; 2006), Cortella (1998), Morin
(2006), Biembengut (2002), Conrado (2005), Brejo (2007) entre outros, a fim de localizar
e aprofundar as questões trazidas pelos estudos. Desse modo, este estudo busca destacar o
valor, o papel e o significado dos trabalhos acadêmicos em torno dos estudos didáticos que
envolvem música e matemática, procurando contribuir para a ampliação das pesquisas
acadêmicas nesta área de estudos.

Palavras-Chave: Estado da arte, Matemática e Música.


8

ABSTRACT

PILLÃO, D. The research in the context of didactical interrelationships


between mathematics and music: state of the art. 2009. 109 f. Masters Dissertation –
Education College, Universidade de São Paulo (State University of São Paulo), 2009.

This dissertation aims at developing a State of the Art of the academic production
in the context of the interrelationships between mathematics and music with an educational
approach in Brazil, during the period from 1990 to 2008. From the object of study –
dissertations of Master and theories of Doctorate identified, by database of Thesis from
CAPES – it was built a directory of research on such a subject, in order to try to understand
what has been studied by these researchers. This thesis also tries to understand their main
concerns and perspectives, as well as the difficulties and tensions which are present in the
educational studies toward the use of music in mathematics education. Initially, the general
mapping of all the production was developed based on the abstract of each research. After
this, it was read the main searches on this subject. The content analysis is defined by
Bardin (2000), configured itself as the main methodological procedure that oriented this
research, enabling the achievement of an inquiry with a qualitative approach. The
theoretical framework used is guided by the studies of authors such as Ferreira (1999,
2002), D'Ambrosio (1986, 1990, 1993, 1999, 2004, 2005, 2006), Cortella (1998), Morin
(2006), Biembengut (2002), Conrad (2005), Brejo (2007) among others to find and to
develop the issues brought by the studies. Thus, this study aims to stand out the value, the
role and the meaning of academic works toward didactical studies involving music and
mathematics, in order to widen the academic research in this area of study.

Keywords: State of the Art, Mathematics and Music.


9

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ..................................................................................................11
História de vida e percurso como pesquisadora ...................................................................................... 12
Estrutura da dissertação .......................................................................................................................... 19

INTRODUÇÃO .......................................................................................................20

CAPÍTULO I A PESQUISA: UM PLANO EM CONSTRUÇÃO ...........................23


1. A área temática ............................................................................................................................. 24
2. Justificativa e problema de pesquisa ............................................................................................. 25
3. Pressupostos Básicos .................................................................................................................... 26
4. Fundamentos ................................................................................................................................. 28
4.1 FUNDAMENTO 1: A relação Matemática e Música na Antiguidade ..................................... 28
4.2 FUNDAMENTO 2: Cultura, Educação e Conhecimento......................................................... 30
4. 2.1 Cultura ................................................................................................................................ 30
4.2.2 Sociedade, educação e conhecimento ................................................................................. 32
4.3 FUNDAMENTO 3: LDB – Relação Música e educação ......................................................... 34
4.3.1 Breve histórico do movimento ............................................................................................. 34
4.4 FUNDAMENTO 4: Transdisciplinaridade .............................................................................. 36
5. Objetivos ....................................................................................................................................... 39
6. Pergunta de pesquisa ..................................................................................................................... 40
7. Metodologia .................................................................................................................................. 41
8. Procedimentos: a seleção das obras .............................................................................................. 41

CAPÍTULO II ESTADO DA ARTE: SIGNIFICADO, VALOR E PAPEL ...............44


1. Estado da arte: significado, valor e papel em educação ................................................................ 45
2. A visão panorâmica como ferramenta para novos caminhos ........................................................ 47

CAPÍTULO III A PESQUISA: O PLANO EM AÇÃO ..........................................50


1. Dos resumos das dissertações e teses ............................................................................................ 51
2. Do acesso às dissertações e teses .................................................................................................. 52
3. Pesquisa qualitativa em educação matemática .............................................................................. 53
4. Da construção das categorias ou indicadores ................................................................................ 54

CAPÍTULO IV UMA ANÁLISE DOS TRABALHOS ...........................................57


1. Abordagens de matemática e música ............................................................................................ 58
2. Categoria 01 .................................................................................................................................. 59
10

2.1 Síntese das pesquisas ............................................................................................................... 59


2.2 Características Gerais ............................................................................................................. 62
2.3 Metodologias de pesquisa ........................................................................................................ 63
2.4 Da História da Matemática ..................................................................................................... 64
2.5 Cultura ..................................................................................................................................... 64
2.6 Transdisciplinaridade .............................................................................................................. 64
3. Categoria 02 .................................................................................................................................. 66
3.1 Síntese das pesquisas ............................................................................................................... 66
3.2 Características Gerais ............................................................................................................. 67
3.3 Metodologias de pesquisa ........................................................................................................ 68
3.4 Da História da Matemática ..................................................................................................... 68
3.5 Cultura ..................................................................................................................................... 68
3.6 Transdisciplinaridade .............................................................................................................. 69
4. Categoria 03 .................................................................................................................................. 69
4.1 Síntese das pesquisas ............................................................................................................... 70
5. Categoria 04 .................................................................................................................................. 70
5.1 Síntese das pesquisas ............................................................................................................... 71

CAPÍTULO V CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................73

CAPÍTULO V REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...........................................77

CAPÍTULO VI ANEXOS ..................................................................................87


Anexo A – Trabalhos sobre estado da arte / estado do conhecimento .................................................... 88
Anexo B – Projeto de Lei 330/2006 ....................................................................................................... 94
Anexo C – Art. 26 - Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 que estabelece as diretrizes e bases da
educação nacional ................................................................................................................................... 95
Anexo D – Pesquisas provenientes da busca por matemática, música e educação ................................. 96
Anexo E – Resumos das pesquisas analisadas ........................................................................................ 99
Anexo F – Tabela com informações sobre as pesquisas analisadas ...................................................... 106
11

APRESENTAÇÃO

Sem paixão não se consegue nada – certamente


não em ciência pura. A frase “a paixão pela verdade”
não é uma mera metáfora. (POPPER, 1978, p.25)
12

Em todo trabalho de pesquisa, para encontrar o equilíbrio entre seus próprios


desejos e as necessidades da pesquisa, o pesquisador necessita de uma motivação, um
desafio, de certo modo, paixão pelo tema pesquisado. Devido a esta necessária dedicação,
em diversos estudos é possível observar que as experiências prévias do pesquisador podem
indicar um bom caminho para o início e desenvolvimento de seu projeto de pesquisa.

Podemos compreender a singularidade de cada percurso por meio do interesse pela


história de formação dos pesquisadores, em seus processos de desenvolvimento e de
aprendizagem, onde se constroem e se transformam saberes, representações, atitudes,
valores, hábitos, e ainda a própria imagem e identidade, em suma, tudo aquilo que faz
único cada ser (PERRENOUD, 2000).

Partindo desta perspectiva, a apresentação deste trabalho busca resgatar brevemente


em minha história de vida as possíveis motivações e vivências que culminaram na
realização de um trabalho de pesquisa sob o tema matemática, música e educação.

Naturalmente, a história de vida é um acontecimento único – ainda que as


memórias suscitadas em seu relato possam ser influenciadas pelo momento histórico em
que tal relato é escrito e intencionalidade nele imbricada – assim, utilizarei a primeira
pessoa do singular nesta apresentação, considerando que são experiências vividas
individualmente. A partir do Capítulo 1, utilizarei a primeira pessoa do plural – na mesma
linha de diversos trabalhos acadêmicos na área de educação – dado que considero que as
reflexões feitas a partir deste capítulo decorrem da vivência junto a um grupo/contexto
coletivo dentro da universidade.

HISTÓRIA DE VIDA E PERCURSO COMO PESQUISADORA


DA FORMAÇÃO BÁSICA

Matemática e música são dois temas pelos quais me interessei desde muito cedo.
Antes mesmo de entrar em uma escola formal, minha mãe ensinou-me alguns rudimentos
destas duas ciências – em canções de ninar e em diferentes espécies de cálculos. Aos
quatro anos eu já recitava tabuadas da multiplicação do 0 ao 5 (talvez sem compreender
13

muito bem o significado das seqüências de números). Mas estes poucos contatos iniciais
intensificaram o gosto pela Matemática e a relação com esta disciplina em toda a minha
vida escolar. Recordo-me de ser uma aluna bastante quieta, que muito apreciava as mais
variadas explanações matemáticas – tanto as mais simples como, por exemplo, extrair raiz
quadrada ou resolver equações quanto as mais complexas como o cálculo de
probabilidades.

Na fase do Ensino Médio, freqüentei a Escola Técnica Estadual ―Júlio de


Mesquita‖ na cidade de Santo André, optando pelo curso Técnico em Desenho de
Construção Civil. Naquela época, o curso era realizado em quatro anos, combinando as
disciplinas do Ensino Médio e as disciplinas técnicas. Nesse sistema, o aluno poderia
cursar os três primeiros anos e receber o certificado de conclusão do Ensino Médio ou
cursar os quatro anos, realizar o estágio e receber o certificado do curso técnico.

Sob forte influência do curso técnico, minha primeira opção de curso universitário
foi arquitetura. Após um ano, devido às escassas oportunidades na área aliadas a certa
dificuldade com as mensalidades da faculdade, decidi mudar de área e novamente prestei
vestibular – agora para o curso de matemática, minha segunda opção no ano anterior. Eis
que surpresa: sem o auxílio de um cursinho preparatório, realizando o ensino básico
exclusivamente em escolas públicas, passei na 1ª fase da Fuvest.

Fiquei bastante feliz, mas não havia nenhuma esperança para a 2ª fase. Naquele
ano, 1999, a segunda fase para o curso de matemática foi composta de três provas
dissertativas – Língua Portuguesa, Física e Matemática.

No primeiro dia, a prova era sobre Língua Portuguesa. Considerei esta prova
bastante tranqüila. A leitura sempre foi um grande prazer para mim, então, tinha lido os
livros indicados, estudado a bibliografia e tanto as perguntas quanto a redação não me
pareceram difíceis. No dia seguinte, foi a vez da prova de Física. E nessa prova... eu tive
um ―branco‖!!! Não me lembrava de praticamente nada do que havia estudado no colegial.
Um total desastre. E, assim, eu desisti de realizar a prova seguinte – Matemática. Com
certeza a prova que seria mais simples, pois era a disciplina que eu mais gostava.

Segundo o manual, o candidato que não obtivesse nota, ou seja tirasse zero em
alguma prova estava desclassificado, entretanto não havia ainda especificações para faltas.
14

E assim, considerando o bom desempenho em Língua Portuguesa, ingressei em uma das


mais importantes universidades brasileiras.

Pensando na música... esta arte esteve presente em todo o percurso do colegial e da


faculdade, apesar das dificuldades inerentes a seu estudo. Desde muito cedo, ouvindo uma
prima que estudava piano, o desejo por conhecer o universo da música esteve presente. O
estudo dessa arte/ciência foi iniciado tão logo foi possível, mesmo sem muito jeito, mas
com muita dedicação e vontade de aprender, primeiro na Escola Estadual onde estudei um
pouco de violão, mais tarde em aulas particulares de órgão e teclado eletrônico.

DA TRAJETÓRIA EM EDUCAÇÃO

A Licenciatura em matemática é um curso bastante instigante para quem aprecia


matemática e física. No Instituto de Matemática e Estatística-IME/USP, o curso é
composto por uma grade com disciplinas obrigatórias e disciplinas optativas. Agora,
lembrando de todo o curso, posso dizer que cada minuto de estudo foi precioso. Com
certeza, se precisasse/pudesse voltar no tempo, freqüentaria as aulas novamente, com
bastante afinco, realizando pequenas alterações na escolha das disciplinas optativas.

A licenciatura abre um leque bastante diversificado de disciplinas, nas áreas de


matemática pura, estatística, computação, física e educação e as disciplinas obrigatórias na
área de matemática são colocadas na grade curricular antes das disciplinas na área de
educação. Antes de participar das aulas específicas da licenciatura, todas as minhas
escolhas de disciplinas optativas estavam concentradas na área de computação ou
estatística – por uma questão de afinidade. Entretanto, depois que passei a freqüentar a
Faculdade de Educação, modifiquei os rumos do meu currículo escolar, freqüentando a
maior parte das disciplinas optativas nesta área.

A primeira disciplina que cursei na Faculdade de Educação foi Metodologia de


Ensino – ministrado pela professora Maria do Carmo Santos Domite. Eu ficava encantada
com as idéias levantadas durante as aulas, e o estágio na Escola de Aplicação – no primeiro
semestre junto a uma 5ª. Série do prof. Ernani de Moraes e no segundo semestre junto a
uma 7ª. Série do prof. Afonso Martins Andrade – foi um momento especial, meu primeiro
contato com a sala de aula sob a perspectiva de um professor.
15

Posteriormente realizei o estágio no Clube de Matemática, com o prof. Manoel


Oriosvaldo de Moura, como bolsista do Bolsa Trabalho da USP. Ali, acompanhei as
atividades e desenvolvidas pelos estagiários e ainda as reuniões de orientação do prof. Ori,
mas também mais no papel de observadora – pois a bolsa previa um trabalho mais
burocrático, de organização do espaço e arquivos dos projetos dos estagiários.

Em 2003, antes de terminar a graduação, prestei o concurso para professora do


Estado de São Paulo. Após a formatura, em 2006, assumi o cargo. Como professora de
matemática recém-formada, tinha muitos sonhos, muitos projetos para implementar com os
alunos para um aprendizado efetivo, e os estágios – sempre com excelentes professores
como supervisores – mostravam a sala de aula como um ambiente muito tranqüilo.

Entretanto, quando me deparei na prática em sala de aula e as políticas


educacionais, logo percebi que a realidade não era tão simples como eu havia idealizado.
Existiam diversas variáveis a serem administradas: além de desenvolver o raciocínio
matemático com aulas criativas, era necessário levar em conta o currículo a ser seguido,
juntamente com os outros professores, manter um bom relacionamento com os alunos e ao
mesmo tempo a disciplina em sala de aula, preparar os alunos para as avaliações oficiais
propostas, participar dos projetos propostos pela direção da escola entre outros fatores.
Assim, ao assumir minhas primeiras turmas – três 6as. Séries lecionando matemática e um
1º. Colegial lecionando física – como em todo início, me sentia um pouco insegura.

Nesse mesmo ano, comecei a trabalhar no Curso de Formação do Professor


Indígena do Estado de São Paulo, coordenado também pela professora Maria do Carmo.
Ali, recebi muito apoio, tanto da professora Maria do Carmo quanto da coordenadora
pedagógica do curso, a professora Claudia Georgia Sabba. Aprendi muito, participei de
várias reuniões sobre o ensino dos professores indígenas e também várias palestras,
encontros e minicursos sobre Educação Matemática, buscando informações para poder
ensinar matemática de uma forma mais interessante – o que, de certo modo, também foi
responsável pela realização deste trabalho de pesquisa.
16

DA TRAJETÓRIA COMO PESQUISADORA

Considero o trabalho junto à professora Maria do Carmo o início de minha


trajetória como pesquisadora. Foi por meio do convívio com os mestrandos e doutorandos
que freqüentavam a sala da professora já durante meu curso de graduação e
posteriormente, uma certa convivência com Grupo de Estudos e Pesquisa em
Etnomatemática (GEPEm), do qual a professora Maria do Carmo é organizadora, que
conheci um pouquinho do universo da pesquisa – adquirindo maior interesse pelos
trabalhos, pelos congressos, enfim, por esse universo.

A convivência com o grupo de estudantes da pós-graduação despertou o interesse


pelo conhecimento – cada um deles falava de modo tão interessante, alguns de modo
apaixonado, sobre seu próprio projeto que foi impossível não desejar ter o meu projeto
pessoal e compartilhar dessa paixão e deste mundo.

Assim nasceu o interesse em cursar a disciplina ―Projeto de Ensino‖, na qual havia


a exigência da produção de uma pesquisa nos moldes de um Trabalho de Conclusão de
Curso (TCC) como produto final da disciplina. Orientada pela professora Maria do Carmo,
foi muito gratificante chegar ao final do ano apresentando o TCC sob o título: ―De povo
em povo: jogando e aprendendo matemática‖. Em tal trabalho, após uma discussão sobre a
utilização de jogos no ensino e na aprendizagem de matemática, elencamos alguns jogos e
brincadeiras presentes no cotidiano de crianças pertencentes a diferentes povos e
enumeramos algumas das possíveis relações matemáticas básicas ali presentes.

A convivência mencionada também levou à participação na organização de dois


eventos; primeiro foi o VI EPEM- Encontro Paulista de Educação Matemática, em 2004,
participando na secretaria do evento; depois o IX EBRAPEM- Encontro Brasileiro de
Estudantes de Pós Graduação em Educação Matemática, em 2007, onde participei também
das reuniões para realização do evento desde o princípio. Além desses, participei de
diversos outros encontros e semanas de estudos da área de educação matemática.

Após a realização do TCC e a participação nos eventos mencionados, pareceu


natural escrever uma proposta para apresentar como Projeto de Mestrado na Faculdade de
Educação. Ao ser aprovada no exame de seleção da pós-graduação, com uma proposta
17

ainda insipiente, procurei o professor Oscar João Abdounur, que me acolheu como sua
orientanda e me deu a oportunidade de trabalhar junto ao seu grupo de estudos.

Assim, passei a freqüentar, às segundas-feiras, o grupo Matemática e Música –


sendo muito bem recebida por todo o pessoal do grupo de estudos do professor Oscar João.
Na vivência junto aos integrantes dos dois grupos de estudos – GEPEm e Matemática e
Música – este trabalho de pesquisa foi, aos poucos, se delineando, tomando forma, e assim,
o projeto inicial – sobre o uso de jogos no ensino de matemática – modificou-se e, aos
poucos, foi se configurando uma pesquisa do tipo estado da arte, sobre os trabalhos
acadêmicos no âmbito das relações entre matemática e música na área de educação.

DO ÂMBITO PESSOAL

Durante a realização do curso de mestrado, diferentes acontecimentos marcaram


profundamente minha vida. O primeiro deles, certamente foi continuar morando no
Conjunto Residencial da USP (CRUSP). A vivência junto a outros alunos, diferentes
sonhos e esperanças, diversos modos de organização e noções sobre o mundo, é uma
experiência bastante importante na vida de todos que habitam aquele espaço. Ali, apesar
dos do arranjo dos apartamentos ser por afinidade, existe a consciência de que aquele é
apenas um momento de transição, e assim que possível, os alunos buscam um espaço mais
individual.

Depois da instalação da rede wireless no CRUSP, em 2006, eu passava grande parte


do tempo no computador, geralmente para a pesquisa de mestrado. Em alguns momentos,
entre as pesquisas, conversava pela internet com um amigo. Assim, surgiu esta palavrinha,
importante para toda convivência: afinidade. Depois de muitas horas no MSN, e alguns
passeios de final de semana, Denver e eu começamos a namorar.

Apesar da distância (ele morando em Mauá e eu na USP), nossa afinidade era


grande e quatro meses depois, em dezembro de 2006, ficamos noivos. No mês seguinte,
começamos a arrumar nosso pequeno apartamento. E, em julho de 2007, após onze meses
de namoro, celebramos nosso casamento.

Assim voltei a morar em Mauá, continuando com as disciplinas, as pesquisas e as


leituras necessárias ao curso de mestrado.
18

Nossa felicidade, os desejos e os planos para nossa nova família eram grandes, e
desde antes do nosso casamento, sonhávamos com um filho – projeto que seria
encaminhado logo que eu finalizasse o mestrado. No entanto, um pouco antes, faltando um
ano para o prazo de defesa da dissertação, Denver e eu soubemos que o Giovanni estava a
caminho. E assim, nosso filho – que nasceu no final de dezembro de 2008 – participou de
grande parte da escrita desta dissertação.
19

ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO
Esta dissertação estrutura-se em 7 capítulos. Neste tópico, apresentamos
brevemente a idéia central explicitada em cada um deles.

A apresentação não foi computada como um capítulo – pois versa sobre a história
de vida da pesquisadora e o tema de pesquisa não está nela diretamente contemplado. Ali,
estão em evidencia algumas motivações pessoais da pesquisadora em direção ao tema de
pesquisa escolhido.

No capítulo 1 ―A pesquisa: um plano em construção‖, esboçamos a pesquisa de


modo geral – a construção do tema e do problema de pesquisa, as justificativas, os
fundamentos, os objetivos e a metodologia selecionada para orientar os caminhos
escolhidos.

O capítulo 2, ―Estado da arte: significado, valor e papel‖, apresenta a modalidade


de pesquisa adotada neste trabalho. De modo geral, procuramos fornecer uma visão
abrangente do sentido atribuído às pesquisas denominadas estado da arte. Para tanto,
primeiro apresentamos um breve histórico do surgimento de pesquisas sob o leque de
termos que designam pesquisas do tipo estado da arte, a seguir, abordamos o valor e o
papel dessa modalidade de investigação.

No capítulo 3, ―A pesquisa: um plano em ação‖, foram retomados alguns dos


caminhos percorridos durante a investigação, buscando destacar as direções tomadas bem
como a concepção de pesquisa qualitativa adotada para a realização do processo de análise.

No capítulo 4, ―Análise dos trabalhos‖, construímos nossa análise da produção


acadêmica no âmbito das relações didáticas entre matemática e música.

No capítulo 5, ―Considerações finais‖, buscamos destacar o papel, o valor e o


significado da pesquisa no âmbito das relações entre matemática e música e seu potencial
no contexto escolar.

O capítulo 6, ―Referências bibliográficas‖, traz a bibliografia utilizada e,


finalizando o trabalho, no capítulo 7, ―Anexos‖, estão alguns documentos considerados
importantes, que não entraram no corpo do texto para não interferir na fluidez do mesmo.
20

INTRODUÇÃO

De fato, em todas as culturas encontramos


manifestações relacionadas e mesmo identificadas com
o que hoje se chama matemática (processos de
organização, classificação, contagem, medição,
inferência), geralmente mescladas ou dificilmente
indistinguíveis de outras formas identificadas como
arte, religião, música, técnicas, ciências. Em todos os
tempos e em todas as culturas, matemática, artes,
religião, música, técnicas, ciências foram
desenvolvidas com a finalidade de explicar, de
conhecer, de aprender, de saber/fazer e de predizer
(artes divinatórias) o futuro. Todas aparecem, num
primeiro estágio da história da humanidade e da vida
de cada um de nós, indistinguíveis como formas de
conhecimento. (D’AMBROSIO, 1996, p.27)
21

Ao longo da história da humanidade, a matemática apresenta como traço peculiar


uma íntima relação com várias áreas do conhecimento, em especial com a música. Desde a
Antiguidade já se encontravam estudos estabelecendo relações entre matemática e música.
Os gregos foram os primeiros, até onde se tem registro, a estabelecer tais relações na
cultura ocidental.

De fato, o primeiro registro explicitamente associando matemática e música ocorre


na escola pitagórica, por volta do século VI a.C. (ABDOUNUR, 1999). A idéia de um
registro explícito está aqui colocada no sentido de haver a preparação de um experimento
intencionalmente para verificar relações entre intervalos musicais e razões de números
inteiros, de modo mais geral, entre matemática e música. Desde então, foram
desenvolvidos inúmeros estudos envolvendo relações entre matemática e música de tal
forma que o desenvolvimento dos conhecimentos influenciou tanto a matemática quanto a
música.

A partir da década de 90 vêm sendo desenvolvidos vários estudos na área de


educação, em especial educação matemática – e então encontramos pesquisas
compreendendo não somente a história da relação música/matemática, mas também alguns
aspectos dessa relação na área de educação. Em outras palavras, têm sido realizadas
pesquisas buscando explorar algumas relações entre música e matemática de diversas
maneiras, tanto no ensino e na aprendizagem, de matemática ou de música, quanto de
modo filosófico.

Esta dissertação tem como objetivo desenvolver um estudo de publicações


acadêmicas voltadas para a área de educação que pesquisem as relações didáticas entre
matemática e música e possíveis implicações destas relações, em especial para o ensino de
matemática, na atualidade. Para tanto, foi realizado um levantamento referente ao período
de 1990 a 2008 identificando-se 09 dissertações e 03 teses – que constituem um acervo
bastante representativo da produção acerca do tema.

Naturalmente, reconhecemos que a leitura dos trabalhos no âmbito das relações


entre matemática e música encontrados no banco de dados pesquisado oferece uma história
dessa produção acadêmica, limitada pela realidade constituída pelo conjunto dessas obras.
Assim, esta pesquisa conta uma certa realidade própria dessa produção.
22

De todo modo, considerando as argumentações dos diferentes pesquisadores, por


meio de suas pesquisas, e tendo em vista nossas próprias reflexões, procuramos construir
um panorama de tais estudos – no âmbito das relações entre matemática e música – na área
de educação.
23

CAPÍTULO I A PESQUISA: UM PLANO EM CONSTRUÇÃO


24

Neste capítulo pretendemos esboçar a pesquisa em linhas gerais – a construção do


tema e do problema de pesquisa, as justificativas, os fundamentos, os objetivos e a
metodologia selecionada para orientar os caminhos escolhidos.

Salientamos que este trabalho adota a concepção de pesquisa de Bicudo que, ao


tratar da relação entre a pesquisa em educação matemática e a prática pedagógica, sustenta
as seguintes afirmações:

1) pesquisar é andar em torno do interrogado, buscando, de modo


sistemático e rigoroso pelo perguntado; 2) quando um professor de
matemática interroga o que faz ao estar-com-seus-alunos na sala de aula
de Matemática e persegue sua interrogação de modo sistemático e
rigoroso, está realizando pesquisa; 3) o pesquisar pode ocorrer de modos
diferentes, segundo concepções diferentes de ciência que embasam tal
pesquisa; 4) o modo pelo qual o pesquisador venha a se realizar na prática
docente está vinculado ao Projeto Pedagógico que sustenta tal prática.
(BICUDO, 1992, p.7 apud FIORENTINI, 1994, p.15)

Em especial nos itens 1 e 3, Bicudo trata da atividade de pesquisa como aqui a


imaginamos – um caminhar em torno do tema, buscando de modo sistemático e rigoroso
pelo perguntado. Segundo esta perspectiva, cada pesquisa torna-se única, ocorrendo
segundo as diferentes concepções de ciência escolhidas para embasar tal caminhar.

Com este ponto de vista, iniciamos nosso caminhar...

1. A ÁREA TEMÁTICA
Analisando como caracterizar um estudo no âmbito das relações didáticas entre
matemática e música, iniciamos pela caracterização do campo de atuação da educação
matemática.

Ponte (1999) caracteriza a Educação Matemática como um campo misto onde se


entrecruzam as lógicas profissionais e de investigação. Como campo de investigação seu
papel é formular e analisar os problemas do ensino e da aprendizagem em Matemática
proporcionando conceitos, estratégias e instrumentos que podem ser relevantes para quem
atua no campo profissional, para administração educativa e para todos aqueles que se
interessam pelo problema do ensino.
25

Este trabalho tem como foco pesquisas acadêmicas que se preocupam com o
aspecto didático da relação matemática e música, ou seja, com suas aplicações no ensino e
aprendizagem de matemática, assim, tendo como base o ponto de vista de Ponte, podemos
afirmar que este trabalho se insere no campo de investigação da educação matemática.

Com esta perspectiva, buscamos dentro do campo da educação matemática, como


situar as relações entre matemática e música em uma área temática.

Para formar um conceito mais claro de área temática, tomamos como base o
conceito de temáticas desenvolvido por Teixeira e Oliveira:

Aqueles aspectos que aparecem de forma explícita e estão


presentes em um ou mais trabalhos pesquisados. Simbolizam
preocupações que cercaram a definição dos objetivos das pesquisas, a
realização de suas análises e as conclusões sobre as abordagens que vem
sendo conferidas ao assunto. (OLIVEIRA E TEIXEIRA, 2001, p.142
apud BREJO, 2007, p.88)

De um modo geral, a presente investigação está relacionada às discussões que


envolvem o ensino e a aprendizagem de matemática. Com a atenção especialmente voltada
para as relações entre matemática e música buscamos o conhecimento que está em foco
nos trabalhos acadêmicos sobre o tema, na área de educação, em outras palavras, este
trabalho tem a atenção especialmente voltada para pesquisas acadêmicas que abordaram os
aspectos didáticos no âmbito das relações entre matemática e música.

Assim, este trabalho se insere no campo da educação matemática, na área temática


de ensino de ciências e matemática, com olhar mais situado na questão que envolve o
ensino utilizando as relações entre matemática e música, ou seja, na temática de ensino
interdisciplinar com aplicações.

2. JUSTIFICATIVA E PROBLEMA DE PESQUISA


Podemos destacar que, a partir da década de 90, têm sido cada vez mais comuns na
Brasil pesquisas denominadas ―estado da arte‖ – inúmeras pesquisas têm apresentado
―estado da arte de‖, ―estado do conhecimento de‖, ―panorama de‖ determinada área de
estudos (ver Anexo A).
26

Nesse mesmo período, tem crescido o número de pesquisas na área de educação,


em especial na área de educação matemática e, assim, pesquisas sob a temática matemática
e música também começaram a fazer parte do rol da produção científica na área de
educação matemática – além das dissertações e teses defendidas, tal tema tem sido
regularmente discutido nos encontros e congressos da área.

Além disso, a obrigatoriedade do ensino de música nas escolas – proposta aprovada


pelo Senado, que em 2008 foi introduzida oficialmente na LDB – traz novo fôlego aos
estudos interdisciplinares/transdisciplinares em educação e música.

Tanto movimento em torno do tema matemática-música-educação pede uma


reflexão/estudo. Assim, a partir do envolvimento com o tema – em parte pelo orientador
desta pesquisa há muito envolvido com o tema, em parte por aspiração/gosto pessoal,
como destacado na trajetória de vida da pesquisadora no início desta dissertação –
iniciamos em 2006 este projeto de pesquisa, com o objetivo primeiro de construir um
mapeamento da produção científica dos estudos relacionando matemática e música na área
de educação.

Dessa forma, nossa pesquisa se justifica pela importância e crescente ampliação das
pesquisas na área de educação em torno do tema matemática, música e educação. Tais
pesquisas sugerem, em geral, a utilização de relações entre matemática e música como
fator facilitador do desenvolvimento do pensamento do aluno.

No entanto, não parece haver grande divulgação deste conhecimento. Salientamos


que nosso interesse não é apenas inventariar e divulgar essa produção, mas também
analisá-la de modo reflexivo, a fim de revelar suas singularidades e enfoques. Em outras
palavras, buscamos o valor e as implicações destes trabalhos para a área de educação.

3. PRESSUPOSTOS BÁSICOS
Atualmente, em todas as áreas do conhecimento, a quantidade de informações tem
aumentado mais e mais a cada dia que passa. Por isso, vem aumentando também a
quantidade de conceitos e informações que precisa ser apreendida pelos educandos. Desse
modo, a escolha do conteúdo e, em especial, da metodologia de ensino tornam-se ponto
central na construção de um currículo.
27

Por outro lado, as dificuldades no ensino e na aprendizagem de matemática também


estão no centro das atenções/ações do professor de matemática.

Tais preocupações têm marcado as atividades de ensino da matemática,


impulsionando diversos estudos sobre o ensino e a aprendizagem no ambiente escolar.

Para auxiliar os professores a superar algumas das dificuldades existentes na


atividade docente, e apontar alguns parâmetros para a elaboração do currículo, foram
escritas tanto a Proposta Curricular para o Ensino da Matemática quanto os Parâmetros
Curriculares Nacionais.

Tais documentos consideram de fundamental importância a atuação do próprio


aluno na tarefa de construir significados sobre os conteúdos de aprendizagem e apontam
algumas referências que podem ser utilizadas pelos professores neste processo. Em
especial na Proposta Curricular, uma das idéias apresentadas está em utilizar os saberes
gerados pelo indivíduo dentro do seu grupo cultural, que podem ser tomados como um
possível ponto de partida para gerar novos conhecimentos, compartilhando a
responsabilidade sobre a aprendizagem com os alunos.

De fato, considerar o perfil dos estudantes e da comunidade onde estão inseridos


demonstra ser de fundamental importância na escolha do conteúdo – ou seja, as
informações, as definições, os conceitos – e dos procedimentos/metodologias para ensinar
tal conteúdo.

Tendo em vista estas idéias, consideramos que a vivência de relações e interfaces


entre o conhecimento prévio do educando, o conteúdo de matemática e deste com outras
áreas do conhecimento poderia facilitar o entendimento e o significado dos conceitos
matemáticos.

As tendências mais recentes em educação dão ênfase à criatividade, que é


responsável pela emergência de idéias novas, e à análise crítica da evolução do
conhecimento matemático ao longo da história (D‘AMBRÓSIO, 2005).

Uma possível forma de ensinar e aprender matemática com criatividade está no uso
das relações entre matemática e música. Esta investigação toma como pressuposto que
utilizar as relações entre matemática e música pode ser uma metodologia de ensino
criativa para ensino e aprendizagem de matemática na sala de aula, dado que se utiliza da
28

cultura, de um modo transdisciplinar, buscando promover um ensino com compreensão,


conhecimento e respeito – que também são necessários ao exercício da cidadania.

4 . F U N D A M EN TO S

4.1 FUNDAMENTO 1: A RELAÇÃO MATEMÁTICA E MÚSICA NA


ANTIGUIDADE

―As práticas educativas se fundam na cultura,


em estilos de aprendizagem e nas tradições, e a história
compreende os registros destes fundamentos. Por tanto,
é praticamente impossível discutir educação sem
recorrer a esses registros e a interpretações dos mesmos.
Isso é igualmente verdade ao se fazer o ensino das
várias disciplinas. Em especial da matemática, cujas as
raízes se confundem com a história da humanidade.‖
(D‘AMBROSIO, 1999. A história da matemática:
questões historiográficas..., em BICUDO, MAV,
Pesquisa em educação matemática: concepções e
perspectivas, 1999, p.97)

Os estudos estabelecendo relações entre matemática e música na área de educação


não são recentes. Desde a Antiguidade encontramos registros de pesquisadores que se
debruçaram sobre estes conhecimentos.

Na cultura ocidental, até onde se tem registro, ocorre na Grécia, na escola


pitagórica, o primeiro registro científico associando matemática e música. Isso aconteceu
por volta do século VI a.C., por meio da preparação de um experimento para verificar
relações entre intervalos musicais e razões de números inteiros. Naquele período,
matemática e música constituíam parte do programa básico de estudo. Naturalmente, a
matemática tinha lugar de destaque na organização curricular Grega, desenvolvida na
escola pitagórica. Isso estava associado ao fato de os pitagógicos considerarem os números
inteiros a ―causa última das várias características do homem e da matéria‖ (EVES, 2004, p.
97). Essa idéia levou a uma exaltação dos números e conferiu grande importância ao
estudo das suas propriedades, culminando no desenvolvimento da aritmética, da geometria,
da astronomia e também da música – consideradas as artes liberais básicas do programa de
estudo pitagórico (EVES, 2004, p.97).
29

Já na idade média, um pitagórico chamado Boécio tornou esse grupo de matérias


conhecido e utilizou pela primeira vez a denominação quadrivium. Boécio dividiu as artes
liberais pitagóricas em dois grandes grupos, o trivium – gramática, lógica e retórica – e o
quadrivium – aritmética, geometria, música e astronomia. As artes liberais chegaram a ser
consideradas a bagagem cultural necessária de uma pessoa culta (EVES, 2004, p.97).
Desse modo, os estudos sobre música eram desenvolvidos no campo das ciências
consideradas exatas.

Durante todo o período do século VI a.C. até o período do Renascimento (século


XVII d.C.) os estudos sobre música eram desenvolvidos por meio do estudo das
propriedades dos números inteiros. De certo modo, os estudos de música e de matemática
caminhavam muito próximos.

Durante o renascimento há uma contestação à razão pitagórica nos intervalos


musicais. Nesse período, Vincenzo Galilei se opõe á maneira que Pitágoras relacionou os
intervalos musicais por meio de razões de números naturais. Seguiu-se então uma
revolução científica, que influenciou tanto a matemática como a música. E, cada vez mais,
as relações entre matemática e música foram se sofisticando.

Como apontado, em diferentes períodos históricos, os estudos sobre música e


matemática estiveram conectados. Nesta dissertação, buscamos averiguar como estão se
dando as pesquisas no âmbito das relações entre matemática e música na atualidade, em
especial na área de educação.

Tendo em vista que um dos direcionamentos deste estudo está no ensino e na


aprendizagem de matemática, consideramos, ao relacionar música e matemática, o valor e
o significado da cultura para a aprendizagem pois, a utilização de algum conhecimento
musical no ensino e na aprendizagem de matemática pode se constituir numa tentativa de
explorar uma educação com compreensão, conhecimento e respeito das culturas que fazem
parte do cotidiano do educando.
30

4.2 FUNDAMENTO 2: CULTURA, EDUCAÇÃO E CONHECIMENTO

A busca por definições de cultura, educação e conhecimento explicita que este ato
exige, de algum modo, cautela. O emaranhado de idéias que poderiam suscitar
contribuições para esta dissertação é infinito.

Consideramos que existe uma certa circularidade entre tais conceitos – eles estão
intensamente relacionados – a cultura é transmitida pela educação (que pode ser
considerada como um meio de transportar o conhecimento para ser produzido e
reproduzido) e o conhecimento (entendimento, averiguação e interpretação sobre a
realidade) permite ao homem intervir na realidade, produzindo cultura.

Tais definições, assim simplificadas, apresentam o risco de limitar a ação humana.


No entanto, consideramos necessário fazer algumas escolhas para deixar claro o sentido
em que foram utilizados os conceitos mencionados.

4. 2.1 CULTURA

O conceito de cultura (do latim cultura, cultivar o solo, cuidar) foi desenvolvido
pioneiramente na antropologia. Foi o antropólogo Edward Burnett Tylor que, em 1871, na
obra Primitive Culture, utilizou esta palavra para designar ―o todo complexo
e metabiológico criado pelo homem‖. Segundo o autor, metabiológico pode ser
compreendido como tudo que não é biológico, criado pelo homem no convívio em
sociedade. Nesse sentido, a cultura é metabiológica, pois não tem origem na biologia
humana. Cultura engloba as práticas e ações sociais de um povo em espaço e tempo
determinados. Em outras palavras, se refere a crenças, comportamentos, valores,
instituições, regras morais que permeiam e identificam uma sociedade. Nesse sentido, a
cultura explica e dá sentido à identidade própria de um grupo humano em um território e
num determinado período.

Este conceito transitou por diversas áreas do conhecimento – na área de educação a


definição de Cortella (1998) nos chama a atenção para a relação ação-trabalho – segundo o
autor, cultura é o conjunto dos resultados da ação do ser humano sobre o mundo por
intermédio do trabalho.
31

Na visão de Cortella (1998) o homem, ser não especializado, tem a necessidade de


enfrentar a realidade natural, lutar contra ela e romper com a adaptação. Este processo, é
definido como necessidade e não como liberdade. Segundo Cortella, ―a medida que o
homem vence a necessidade ele consegue a liberdade - uma conquista da história do
homem, à medida que consegue vencer a necessidade – por exemplo, o homem tem a
liberdade de morar em lugares quentes ou frios da Terra, entretanto, no princípio de sua
história havia a necessidade de viver em lugares próximos aonde nascia.

O ser humano e a natureza estão em constante contradição é por meio da ação que o
homem pode enfrentar a realidade/natureza e interferir no mundo.

A ação nos diferencia dos animais. No argumento de Cortella

O que vai nos diferenciar, de fato, é que só o animal humano é


capaz de ação transformadora consciente, ou seja, é capaz de agir
intencionalmente (e não apenas instintivamente ou por reflexo
condicionado) em busca de uma mudança no ambiente humano que o
favoreça. (CORTELLA, 1998, p.41)

Nesse mesmo sentido, também D‘Ambrósio (1990), ao refletir sobre cultura, atenta
para a trilogia indivíduo, ação e realidade, considerando o ser humano um ser criador que
luta contra a sua extinção – sendo o único ser vivo que tem consciência deste fato – através
da criação de novas formas de perceber/manejar/modificar a realidade.

Esta ação transformadora consciente ou criação, exclusiva do ser humano, que o


diferencia dos animais, é o trabalho. (CORTELLA, 1998; D‘AMBROSIO,1990). Nesse
sentido, o trabalho faz parte do processo de hominização.

Por meio do trabalho o homem pode intervir e se apropriar da realidade natural


(mundo). Os produtos do trabalho são os fatos culturais, que representam criações humanas
e que fazem parte da ―nova‖ realidade, modificada. (D‘AMBROSIO,1990). Em outras
palavras, por meio do trabalho temos a produção de cultura e, sendo efeito direto do
trabalho, esta é inerente a todo ser humano que, ao interagir com o mundo, produz cultura.

Somos, assim, um produto cultural: formados socialmente – com valores, crenças,


desejos, tradições entre outros – e historicamente determinados – com condições e
concepções da época na qual vivemos – dentro de uma cultura, que é nosso ambiente.
32

O humano e a cultura aparecem simultaneamente: onde começa a cultura começa o


humano e vice-versa. Cortella assim explicita a relação humano/mundo

Da relação humano/mundo, por meio do trabalho, resultam os


produtos culturais, esses produtos, por nós criados por meio de nossa
intervenção na realidade são de duas ordens: as idéias e as coisas.
(CORTELLA, 1998, p.41)

Há uma interdependência entre ―idéias‖ e ―coisas‖ – em todas as ações, primeiro


existe um pensamento. Desse modo, nenhuma idéia é gerada fora do contato ativo com o
mundo material e nenhuma coisa se origina fora da nossa capacidade de pensá-la antes.

Os produtos culturais têm como característica básica serem úteis para nós; por isso
podem também ser conceituados como bens. Entretanto, não basta somente produzir
cultura, mas para que ela não se esgote é necessário reproduzi-la constantemente. Assim, a
cultura abrange dois tipos de bens: os bens de consumo (para consumir) e bens de
produção (para produzir outros bens e assim criar e re-criar a cultura).

O mais importante bem de produção é o próprio ser humano – a cada geração ele se
apropria da cultura, a recria e a supera. Mas existem outros dois bens de produção
imprescindíveis para nossa sobrevivência: o conhecimento e a educação.

4.2.2 SOCIEDADE, EDUCAÇÃO E CONHECIMENTO

No decorrer de toda a história do desenvolvimento humano, o homem mostra ser


fundamentalmente um ser de natureza social. No convívio em sociedade, o homem produz,
re-cria e transmite cultura. Nesse sentido, sua fonte de hominização provém dessa vida em
sociedade, no seio da cultura gerada por toda a humanidade. Porém, esta fonte de recursos
para o processo de hominização se apresenta em um constante movimento, pois tanto os
seres humanos quanto as condições de vida se modificam constantemente no decorrer do
tempo. Desse modo, torna-se necessário descobrir uma forma de fixação e transmissão
destes recursos, já que eles não são hereditários.

Essas idéias não são novas. Diversos autores, por exemplo, Leontiev (1978),
Cortella (1998) e D‘Ambrósio (1999), já se dedicaram a pensar sobre o modo como a cada
geração se dá a apropriação do patrimônio cultural do mundo e se desenvolvem as
características de cada grupo social. Uma idéia comum é que a educação e o conhecimento
33

são bens de produção, apropriação e transmissão do patrimônio cultural imprescindíveis


para a sobrevivência humana. Assim, a educação e o conhecimento, decorrentes da vida
em sociedade, são importantes formas de hominização.

Cortella (1998), enfatiza o conhecimento como um processo de entendimento,


averiguação e interpretação sobre a realidade – que permite ao homem intervir no
mundo/realidade. Nesta perspectiva, a educação pode ser comparada a um veículo que
transporta o conhecimento para ser produzido e reproduzido.

Assim, a educação pode ser interpretada como um produto cultural, mas também é
uma importante prática social, uma vez que configura um processo permanente de
crescimento e desenvolvimento integral do indivíduo (CORTELLA, 1998). E como os
homens são diferentes, têm diferentes histórias/encontros/conhecimento acumulado,
eles/elas lidam diferentemente com o conhecimento.

Dessa maneira, a educação caracteriza-se por ser um fenômeno social, universal e,


como tal, constitui uma atividade eminentemente humana que se desenvolve em todas as
sociedades ou grupos humanos sem exceção – mesmo onde não existe o conceito formal de
escola. Em todos os lugares/espaços onde existe algum tipo de relação interpessoal sempre
existe a possibilidade de aprendizagem.

Gerado no interior das culturas e nas diferentes relações que os povos estabelecem
com o mundo (fisico-político-econômico-social), o conhecimento (em especial o
matemático), está impregnado de significados e valores que se modificam de povo para
povo. Em diferentes culturas, que têm diferentes valores, diferentes modos de apreender a
realidade, de recriá-la, de manipulá-la e de transmitir seus saberes, naturalmente, cada área
de conhecimento é desenvolvida diferentemente pelos diversos grupos culturais. Isso
significa pensar que as diversas áreas do conhecimento não seriam constituídas de saberes
únicos, mas sim de saberes diferentes, produtos de diferentes culturas.

Por isso torna-se significante considerar a cultura produzida pelos diferentes grupos
na educação formal dos educandos.

Atualmente, o modelo de relação pedagógica reserva ao aluno o centro do processo


de aprendizagem. Neste modelo – que deveria estimular o aluno à participação, à atividade
construtiva, à pesquisa, ao comportamento e ao posicionamento crítico – educação é
34

considerada ―o conjunto de estratégias desenvolvidas pela sociedade com a finalidade de


possibilitar, a cada indivíduo atingir o seu potencial criativo, estimulando e facilitando a
ação comum com o intuito de viver em sociedade e exercer a cidadania‖. (D‘AMBROSIO,
1999 apud ANDRADE, 2007).

Assim, temos novamente a educação como meio para acesso ao conhecimento para
produção de cultura, facilitando o convívio em sociedade e possibilitando o processo de
hominização, ou seja, o homem tornar-se homem, e exercer sua cidadania.

4.3 FUNDAMENTO 3: LDB – RELAÇÃO MÚSICA E EDUCAÇÃO

O cenário atual dos estudos sobre música e educação no Brasil está bastante
favorável. Na década de 70 a educação musical foi retirada do currículo escolar. Quando a
nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação-LDB foi promulgada, em 20 de dezembro de
1996, o ensino de música ficou apenas implícito no texto oficial, nas aulas da disciplina
educação artística – hoje, chamada de artes.

Em 2008, o ensino de música obrigatório nas escolas entrou em discussão no


senado. No dia 18 de Agosto, o presidente da República sancionou o Projeto de Lei da
senadora Roseana Sarney, tornando o ensino de música obrigatório em todas as escolas de
educação básica brasileiras. Foi dado o prazo de três anos para que as escolas adaptem os
currículos das aulas de artes para contemplar o ensino de música.

Segundo a proposta (ver Anexo B), as aulas de música devem ser ministradas para
estudantes do Ensino Fundamental e do Ensino Médio durante as aulas de Artes – pois a
música está entre a ―multiplicidade de interpretações‖ que o ensino de artes denota.
Entretanto, não será exigida qualificação específica na área de música ao professor que
ministrará as aulas.

4.3.1 BREVE HISTÓRICO DO MOVIMENTO

Este tópico foi escrito com base nas informações contidas no sítio
<http://www.queroeducacaomusicalnaescola.com> acessado em 16 de fevereiro de 2009. Segundo este
sítio, para tratar da questão da volta da educação musical no currículo escolar, foi criado
um grupo de trabalho, o Grupo de Articulação Parlamentar Pró-Música (GAP), com a
35

participação de entidades representativas do setor com a finalidade de discutir a estratégia


e montar uma equipe de palestrantes para a instrução dos Senadores em uma audiência
pública convocada pela Comissão de Educação no Senado Federal.

O grupo contou com a participação de especialistas representantes da Associação


Brasileira de Educação Musical (ABEM), Associação Nacional de Pesquisa e Pós-
Graduação em Música (ANPPOM) e International Society for Music Education (ISME).
Após diferentes reuniões, os membros do GAP concordaram que o principal impedimento
para a implementação plena da educação musical: o texto da LDB previa a obrigatoriedade
do ―ensino de arte‖, mas não garantia o ensino de música.

A redação da lei permitia variadas interpretações, que acarretavam a manutenção


de práticas polivalentes de educação artística e, na maioria dos casos, a ausência do ensino
de música nas escolas. Assim, o GAP desenvolveu a estratégia de abordagem
exclusivamente do ponto de vista legal, procurando atuar sobre a redação da LDB.

Assim, o grupo organizou material de fundamentação para a elaboração de um


manifesto aberto a adesões, veiculado nacionalmente via Internet e por meio de ações
locais em várias regiões do país. O resultado foi bastante significativo – somente no
primeiro trimestre, o manifesto foi apoiado por 61 entidades ligadas à música (do Brasil e
do exterior) e foram recolhidas 2.348 assinaturas de pessoas físicas.

Em 22 de novembro de 2006, o manifesto foi entregue em audiência pública


convocada pela Comissão de Educação do Senado. Como conseqüência direta desta
audiência, dois Projetos de Lei foram elaborados com base no texto do manifesto pela
Comissão de Educação do Senado: O primeiro, dentro da Comissão de Educação do
Senado, de autoria do então Senador Roberto Saturnino (PLS343/2006) com as assinaturas
dos Srs. Senadores Sérgio Zambiasi, Romeu Tuma, Roberto Saturnino, Cristovam
Buarque, Juvêncio da Fonseca e Leonel Pavan; e um outro de autoria da Senadora Roseana
Sarney - PMDB-MA (PLS330/2006), que tendo sido apresentado para entrada em data
anterior ao primeiro e com redação idêntica, teve a preferência de votação em prejuízo do
PLS343/2006.

A tramitação deu-se dentro da Comissão de Educação, durante todo o ano de 2007,


recebendo a relatoria favorável à aprovação da Senadora Marisa Serrano (PSDB-MT).
36

Em 4 de dezembro de 2007, o projeto de lei foi aprovado por unanimidade no


Senado Federal. Em 2008, foi aprovado na Câmara dos Deputados e sancionado pelo
Presidente da República.

4.4 FUNDAMENTO 4: TRANSDISCIPLINARIDADE

―A transdisciplinaridade é um modo de
conhecer e de conhecer o conhecimento. Um modo de
pensar e de pensar o pensamento. Recusa a separação
rígida dos saberes e os especialismos cegos. Religa o
que o pensamento cartesiano separou e os mecanicismos
dilaceraram. (...) Recusa a fratura entre subjetividade e
objetividade. Recusa a cisão entre inteligência e
sensibilidade. Recusa o abismo entre as ciências, e entre
elas e a filosofia, a arte, a poesia, a experiência vivida
no cotidiano.‖ ANTONIO (2002, p. 27 e 28)

As raízes etmológicas da palavra trans-disciplinaridade sugerem a seguinte


definição: trans – prefixo de origem latina que indica algo que vai além de (que
supera/ultrapassa); disciplinaridade – qualidade de disciplina – regime, norma, regra.

Entendemos aqui disciplina, como ―uma categoria organizadora dentro do


conhecimento científico; ela institui a divisão e a especialização do trabalho e responde à
diversidade das áreas que as ciências abrangem‖ (MORIN, 2006, p.105). De fato, o termo
se aplica tanto nesse sentido – às disciplinas científicas (ramos do saber) – quanto às
disciplinas escolares (entidades curriculares) (LUCENA, 2005, p.26).

Para Morin, embora a disciplina esteja inserida num conjunto mais amplo, tende à
autonomia, em especial pela ―delimitação das fronteiras, da linguagem em que ela se
constiui, das técnicas que é levada a elaborar e a utilizar e eventualmente, pelas teorias que
lhe são próprias‖ (MORIN, 2006, p.105).

Sobre sua gênese, Morin explica que

A disciplina foi instituída no século XIX, notadamente com a


formação das universidades modernas; desenvolveu-se depois, no século
XX, com o impulso dado à pesquisa científica; isto significa que as
disciplinas tem uma história: nascimento, institucionalização, evolução,
esgotamento etc.; essa história está inscrita na da Universidade, que, por
sua vez, está inscrita na história da sociedade; daí resulta que as
disciplinas nascem da sociologia das ciências e da sociologia do
conhecimento. Portanto, a disciplina nasce não apenas de um
37

conhecimento e de uma reflexão interna sobre si mesma, mas também de


um conhecimento externo. Não basta, pois, estar por dentro de uma
disciplina para conhecer os problemas referentes a ela. (MORIN, 2006,
p.105)

Morin destaca que o pesquisador deve ficar atento aos riscos da


hiperespecialização, ou seja, a especialização que se fecha em si mesma não se integrando
em uma concepção de conjunto do objeto/conhecimento do qual ela se considera apenas
um aspecto – e conseqüente isolamento das disciplinas entre si e também dos problemas
que se sobrepõe às disciplinas.

Com a hiperespecialização há um retalhamento dos conhecimentos que ―torna


impossível apreender ‗o que é tecido junto‘, isto é, o complexo, segundo o sentido original
do termo (MORIN, 2006, p.14).

Nesta perspectiva, a abertura entre as disciplinas é bastante importante para permitir


sua integração em problemáticas globais. Esta idéia de abertura nos remete diretamente aos
conceitos de interdisciplinaridade, poli ou pluridisciplinaridade e, finalmente,
transdiscipliaridade.

A interdisciplinaridade, segundo Lucena, não se apresenta como uma proposta


pedagógica – nasce como um desejo/aspiração dos professores ―que, cansados da rotina
disciplinar buscam novos pares para compor idéias rumo a trocas de experiências e de
pontos de vistas‖ (LUCENA, 2005, p.27).

A pluridisciplinaridade pode ser entendida como uma coordenação entre


disciplinas, nas quais existe uma fraca interação, a qual

Corresponderá, fundamentalmente, a situação em que é mínima a


interação entre disciplinas, não exigindo senão que os professores
coordenem entre si [...] o momento para trabalhar em sala de aula um
assunto comum às disciplinas que lecionam (por exemplo, o tema da
hereditariedade em Biologia e Psicologia), ou assuntos diferentes em
cada uma, cuja aprendizagem tem, nessas disciplinas, implicações
recíprocas (por exemplo, o tratamento da Idade Média na disciplina
História e o estudo da poesia medieval em Português). (POMBO;
GUIMARÃES; LEVY, 1994, p.37 apud LUCENA, 2005, p.27, grifo do
autor)

Segundo Lucena (2005), a transdisciplinaridade, em sua essência, tem como


propósito a religação de saberes, envolve e ultrapassa os limites da inter e da
38

pluridisciplinaridade, ―estabelece-se como uma fusão entre várias displiciplinas


envolvidas‖. (LUCENA, 2005, p.27, grifo do autor).

Esta perspectiva vai ao encontro da idéia desenvolvida por Morin sobre a abertura
entre as disciplinas. Entretanto, Morin fala, primeiramente, de inter-poli-
transdisciplinaridades como tendo uma história única – que se desenvolveu ao lado da
história das ciências – e esta história ―abrange, ao mesmo tempo, a das rupturas entre as
fronteiras disciplinares, da invasão de um problema de uma disciplina por outra, da
circulação de conceitos, de formação de disciplinas híbridas que acabam tornando-se
autônomas; enfim, é também a história da formação de complexos, onde diferentes
disciplinas vão ser agregadas e aglutinadas.‖ (MORIN, 2006, p.107). Posteriormente,
Morin passa a considerar apenas o termo transdisciplinaridade.

Morin acredita que a divisão do conhecimento em disciplinas é uma forma bastante


válida para o estudo da realidade:

Intelectualmente, as disciplinas são plenamente justificáveis,


desde que preservem um campo de visão que reconheça e conceba a
existência das ligações e das solidariedades. E mais: só serão plenamente
justificáveis se não ocultarem realidades globais. (MORIN, 2006, p.113)

Entretanto, as disciplinas não devem se distanciar da realidade global, nas palavras


de Morin, ―o conhecimento pertinente é o que é capaz de situar qualquer informação em
seu contexto e, se possível, no conjunto em que está inscrita.‖ MORIN (2006, pg. 15).
Desse modo, a transdisciplinaridade auxilia a não perder de vista os múltiplos aspectos da
realidade por meio da re-ligação de saberes – muitas vezes separados em disciplinas.

Tal ponto de vista também é compartilhado por D‘Ambrósio

A transdisciplinaridade é um enfoque holístico ao conhecimento


que se apóia na recuperação das várias dimensões do ser humano para a
compreensão do mundo na sua integridade. (D‘AMBRÓSIO, 2004, p. 19)

Na atualidade, D`Ambrósio, alerta que a realidade possui diversas dimensões:

- individual, que inclui o imaginário;


- social, que inclui o cultural;
- planetária, que inclui a natureza e
- cósmica, que serve de suporte às religiões.
39

Tais dimensões estão imbricadas em nosso cotidiano, e uma visão do conhecimento


apenas separado em disciplinas não consegue, a priori, contemplar todas essas dimensões,
ns palavras de D‘Ambrósio

A percepção e as explicações para todas essas dimensões


dependem, essencialmente, do contexto sociocultural-natural, e
demandam uma postura transdisciplinar e transcultural na análise do
conhecimento. As implicações pedagógicas são óbvias e se manifestam
nas tendências educacionais identificadas como multiculturalismo e
transdisciplinaridade. Essas tendências demandam uma visão mais ampla
de história, tentando identificar as origens emanadas do povo para a
produção do conhecimento, portanto, baseada em leituras multiculturais
de narrativas perdidas, esquecidas ou eliminadas. (D‘AMBRÓSIO, 2004,
p.15)

O enfoque transdisciplinar substitui a arrogância do pretenso


saber absoluto pela humildade da busca incessante, evita comportamentos
incontestados e soluções finais e, portanto, tem como conseqüência
respeito, solidariedade e cooperação. (D‘AMBRÓSIO, 2004, p.19)

Tanto o enfoque interdisciplinar, quanto o enfoque transdisciplinar estão


contemplados nos trabalhos sobre matemática e música. Em um contexto escolar, de um
lado, temos essas duas ciências no currículo de diferentes disciplinas (matemática e artes),
por outro lado, ensinar ou aprender matemática por meio das relações entre matemática e
música, partindo da história do desenvolvimento do conhecimento, pode situar esse
conhecimento em um contexto, em uma realidade, pode-se então realizar atividades que
contemplem os enfoques citados.

De modo a utilizar conhecimentos no âmbito das relações entre matemática e


música, em especial em sala de aula, o professor necessita modificar a proposta de um
saber absoluto/pronto para uma busca incessante junto aos alunos, resultando em respeito,
solidariedade e cooperação.

5. OBJETIVOS
A pesquisa aqui encaminhada pretende delinear um panorama dos estudos no
âmbito das relações entre matemática e música, em especial, no que se refere ao uso de tais
relações em educação (matemática) – procurando identificar o que os pesquisadores vêm
pensando a respeito de tais relações no âmbito didático.
40

Tendo em vista que a realização de uma pesquisa como aqui foi proposto está, de
algum modo, cerceada principalmente pelo tempo – de maturação das idéias, de
organização dos materiais, de realização de algumas experiências, de troca/busca de
informações, de criação de outras idéias – e isso demanda a decisão/escolha de alguns
parâmetros para orientar nossa busca. Em outras palavras, existe a necessidade de alguns
direcionamentos para organizar as reflexões vivenciadas durante a pesquisa.

Neste sentido, os objetivos que orientaram esta pesquisa podem ser assim
explicitados:

Investigar a produção de dissertações e teses que exploraram o tema matemática e


música, relacionados à área de educação, de modo a compreender o valor e o papel destes
trabalhos para essa área e, de algum modo, contribuir com a divulgação destes trabalhos.

Refletir sobre as contribuições de tais trabalhos para o ensino e a aprendizagem de


matemática;

Discutir, a partir do levantamento das propostas apresentadas nas investigações, as


possíveis implicações destas propostas sobre o ensino e a aprendizagem de conhecimentos
matemáticos.

6. PERGUNTA DE PESQUISA
Com os objetivos em mente e os trabalhos em mãos, diferentes questões povoam
nosso imaginário: É possível verificar contribuições desses trabalhos para a melhoria da
qualidade do ensino da matemática no Brasil? A forma de enfrentamento destes problemas
teria se modificado ao longo destes anos? Quais as metodologias de investigação
preferidas? Em que fundamentos teóricos se assentam estes estudos? A divulgação destes
trabalhos em Congressos e/ou Encontros tem estimulado a produção de outros estudos?

Frente à grande quantidade de questões acerca dessa produção que, embora


relevantes, não podem todas ser respondidas por uma só investigação, de um modo mais
geral, este focalizou as seguintes questões:

- Qual o atual estado dos conhecimentos produzidos na área de educação sobre a


relação música e matemática?
41

- As pesquisas acadêmicas no âmbito das relações entre matemática e música, em


especial na área de educação, consideram a questão didática?

- Como os conhecimentos produzidos estão sendo utilizados?

Nesse sentido, de modo a melhor organizar nossa busca por compreender o valor e
o papel da pesquisa no âmbito da relação matemática e música na área de educação, no
Brasil, a pergunta central deste estudo foi assim elaborada:

Qual o valor, o papel e o significado, assim como as dificuldades e tensões dos


trabalhos em torno dos estudos que envolvem música e matemática, na área de educação, a
partir de um estudo panorâmico das dissertações e teses brasileiras em torno do tema?

7. METODOLOGIA
Esta pesquisa é do tipo histórico-bibliográfico e utiliza-se do método
qualitativo/documental. O material de estudo é constituído de dissertações de mestrado e
teses de doutorado produzidas no Brasil, de 1990 a 2008, na área de Educação, e que tem
como foco de estudo as ―relações entre Matemática e Música‖, sobretudo no processo de
ensino e aprendizagem da matemática. No capítulo III, discorreremos mais detalhadamente
sobre o método qualitativo, adotado para análise dos trabalhos acadêmicos.

8. PROCEDIMENTOS: A SELEÇÃO DAS OBRAS


Para a seleção dos trabalhos a serem tratados foi realizado um levantamento, por
meio de buscas na internet, das dissertações e teses defendidas no Brasil entre 1990 e 2008.

O Banco de Teses da CAPES foi a principal fonte de dados para tal pesquisa.
Segundo o sítio oficial da CAPES <www.capes.gov.br>

A Capes tem sido decisiva para os êxitos alcançados pelo sistema


nacional de pós-graduação, tanto no que diz respeito à consolidação do
quadro atual, como na construção das mudanças que o avanço do
conhecimento e as demandas da sociedade exigem.

Um dos objetivos da CAPES está no acesso e na divulgação da produção científica


brasileira, o Banco de Teses pode ser considerado uma referência dos trabalhos brasileiros.
42

Para as buscas foram utilizados três indicadores (palavras-chave) – matemática,


música e educação – em diferentes combinações. Assim, realizamos 03 buscas no Portal
de Periódicos da Capes, a saber:

Primeira busca: indicadores utilizados – educação matemática e música


Resultado: 07 trabalhos

Segunda busca: indicadores utilizados – matemática e música


Resultado: 33 trabalhos (com 04 em repetição da busca anterior)

Terceira busca: indicadores utilizados – educação e música


Resultado: 585 trabalhos (com 07 em repetição das buscas anteriores)

Tais buscas foram realizadas no intuito de contemplar diferentes indicações para


trabalhos no âmbito da relação matemática e música, na área de educação.

A partir da leitura dos resumos, selecionamos os trabalhos que se referiam de algum


modo a matemática, música e educação. As duas primeiras buscas originaram mais
trabalhos, na terceira busca, no entanto, o resultado dos indicadores educação e música
acrescentou apenas 01 trabalho às buscas anteriores, dado que a grande maioria das
pesquisas nessa busca, após uma leitura inicial dos títulos e resumos mostrou não estar
relacionada de nenhum modo com a área de matemática.

Os trabalhos selecionados nesse primeiro momento – que apontavam, de algum


modo, matemática, música e educação – estão listados a seguir, conforme a busca em que
foram selecionados.

a) trabalhos selecionados na primeira busca (música e educação matemática)


Título Autor Orientador Ano
Alfabetização Musical: uma construção Ana Beatriz Bacchiega Regina Bochniak
1 1996
interdisciplinar Marcondes Pereira
O design e o uso de um micromundo musical para Edith Valladão Campos Siobhan Victoria
2 2007
explorar relações multiplicativas Ribeiro Healy
Vozes dos Alunos do Ensino Fundamental:
Percepções, Sentimentos e Expectativas sobre o Célia Margutti do
3 Rosana Rosolen. 1999
processo da Resolução de Problemas de Amaral Gurgel.
Matemática.
Angela Maria Brasil
Psicogênese do som e do ritmo a luz da teoria do
4 Zeny Oliveira de Moraes. Biaggio e Thereza 1989
desenvolvimento de Piaget: um estudo de caso
Penna Firme
43

5 Educação Ambiental em aulas de Matemática no Marinete Aparecida Assencio Maria de Lourdes 2006
Ensino Fundamental. da Silva. Spazziani

b) trabalhos selecionados na segunda busca (música e matemática)


Título Autor Orientador Ano
Textura musical em "Minuano", de Pat Metheny: Alexandre Padrão de João Guilherne Ripper
6 2004
proposta de uma nova abordagem analítica. Carvalho. Vianna.
O ensino dos logaritmos a partir de uma
7 Andréia Júlio de Oliveira. Arlete de Jesus Brito 2005
perspectiva histórica.
5 A música em Descartes. Carmem Lúcia Melges Gattás. Lafayette de Moraes. 2001
O ensino de uma disciplina básica de matemática
Cristiana Abud da Silva Marcos Tarciso
8 (geometria analítica e cálculo vetorial) num curso 2002
Fusco. Masetto.
de engenharia.
Música e Matemática: Novas tecnologias do Leonardo José Leite da Marcos Oliveira de
9 2006
Ensino em uma experiência Multidisciplinar. Rocha Vaz. Pinho
O Pensamento Analógico na Construção e
Nilson José Machado
10 Reconstrução de Significados: um estudo das Oscar João Abdounur. 1997
e Seiji Hariki.
relações entre a matemática e a música

c) trabalho selecionado na terceira busca (música e educação )


Música, conhecimento e educação: harmonizando Granja, Carlos Eduardo de
11 Nilson José Machado 1999
os saberes na escola. Souza Campos.

Os resumos destes trabalhos estão reproduzidos no Anexo E. Juntamente com os


resumos, o sítio da CAPES apresenta outras informações mais gerais sobre os trabalhos. A
partir destas primeiras informações, estruturamos uma tabela (ver ANEXO F) contendo
campos relativos ao nome e sobrenome do autor, título do trabalho, assuntos abordados,
tipo de documento (dissertação ou tese), área temática, ano, número de páginas, nome da
instituição de origem, estado e nome do orientador.

Após este primeiro fichamento dos trabalhos, procuramos extrair, além destas
informações mais gerais, outras mais específicas e pertinentes aos objetivos do estudo em
questão, tais como: problema ou questão de investigação; aportes teóricos; objetivos;
procedimentos metodológicos de pesquisa; e principais resultados.

Esta leitura completa das dissertações e teses, foi apresentada detalhadamente nos
Capítulos III e IV.
44

CAPÍTULO II ESTADO DA ARTE: SIGNIFICADO, VALOR E

PAPEL
45

Estado da arte tem sido entendido como uma modalidade de pesquisa, adotada e
adaptada/interpretada por diferentes pesquisadores de acordo com suas questões
investigativas. Algumas vezes utilizando diferentes denominações – estado da arte, estado
do conhecimento, mapeamento, tendências, panorama entre outras – os trabalhos
envolvidos nessa modalidade de pesquisa apresentam em comum o foco central – a busca
pela compreensão do conhecimento acumulado em um determinado campo de estudos
delimitado no tempo e no espaço geográfico.

Baseados no estudo de alguns dos trabalhos pertencentes a esta modalidade,


produzidos em diferentes campos de pesquisa, em especial na área de Educação,
procuramos neste capítulo, fornecer ao leitor uma visão abrangente do sentido atribuído à
denominação estado da arte.

Primeiramente apresentamos um breve histórico do surgimento de pesquisas sob o


leque de termos que designam pesquisas do tipo estado da arte, buscando uma melhor
compreensão da expressão ―estado da arte‖. A seguir, abordamos os processos
metodológicos dessa modalidade de investigação, assim como suas possíveis limitações
epistemológicas.

1. ESTADO DA ARTE: SIGNIFICADO, VALOR E PAPEL EM


EDUCAÇÃO

No início desta pesquisa, recorremos à enciclopédia digital Wikipedia


<http://en.wikipedia.org/wiki/State_of_art>, buscando uma definição mais específica para
a expressão estado da arte. Encontramos a seguinte definição: ―Estado da arte é o mais alto
nível de desenvolvimento – de um dispositivo, de uma técnica científica ou de um campo –
em um determinado momento‖. A enciclopédia aponta um manual de engenharia intitulado
―Gas Turbine‖, produzido em 1910, como provável início deste uso da expressão.

Embora este manual de engenharia possa ter sido considerado de algum modo um
marco, por conter a expressão, a provável origem deste tipo de pesquisa pode estar
vinculada à trajetória do ser humano ao longo de sua história, como compreende
Biembengut
46

O ser humano por toda a sua longa trajetória, seja em prol da


sobrevivência, conforto e segurança, seja na tentativa de ‗decifrar o
desconhecido‘, vem cada vez mais, criando novas técnicas, novas
economias, novas formas de representar alguma coisa, assinalando novos
caminhos, novos espaços. (BIEMBENGUT, 2002, p.16)

Slongo (2004) aponta como justificativa para elaboração de pesquisas do tipo


―estado da arte‖ o aspecto quantitativo – o significativo crescimento numérico – e um
importante aspecto qualitativo – a diversidade de enfoques.

De todo modo, consideramos tais pesquisas significativas de modo a localizar e


delinear a extensão em que os trabalhos em uma área do conhecimento estão inseridos, de
forma a estudar seus traços intrínsecos, vinculados às possíveis influências do meio –
tempo, espaço geográfico, relações históricas e questões culturais.

O crescimento dos trabalhos do tipo ―estado da arte‖ tem sido corroborado em


diversos artigos e trabalhos acadêmicos. Assim, realizamos um breve estudo dos trabalhos
que se denominam dentro do leque dos ―estado da arte‖ ou ―estado do conhecimento‖ de
modo a verificar a existência de algum estudo semelhante a esta dissertação e estudos que
colaborassem para a realização da mesma.

Desse modo, tomando novamente como referência o Portal de Periódicos da Capes,


realizamos 02 buscas simples, com a intenção de contemplar possíveis indicações para
trabalhos estes trabalhos. Assim, realizamos as seguintes buscas por palavras-chave:

Busca: expressão ―estado da arte‖ Resultado: 22 trabalhos

Busca: expressão ―estado do conhecimento‖ Resultado: 46 trabalhos

As pesquisas que resultaram dessas buscas (Anexo A), nos mostraram que esta
modalidade de pesquisa vem sendo cada vez mais freqüente, desde a década de 90, em
especial em Dissertações de Mestrado – a busca resultou em 19 teses e 49 dissertações, ou
seja, as pesquisas em nível de mestrado representam 72% do total dos trabalhos.
47

2. A VISÃO PANORÂMICA COMO FERRAMENTA PARA NOVOS


CAMINHOS

A produção acadêmica na área de educação, em especial educação matemática,


cresceu bastante ao longo dos últimos trinta anos. Muito conhecimento novo vêm sendo
produzido sistematicamente na área. Entretanto, Severino salienta que

Para que essa produção cumpra seu papel no seio da sociedade,


ela precisa ser também amplamente divulgada, compartilhada com a
comunidade investigativa, já que a construção do conhecimento científico
é tarefa histórica e coletiva, realizando-se no permanente processo de
retomada, crítica e de criação das conquistas já alcançadas. (Severino, in
BATTAGLIA, 2003, p.05)

Nesta perspectiva, entendemos que um trabalho de pesquisa que realize um


mapeamento de outros trabalhos científicos, retomando os estudos já realizados
criticamente, divulgando-os e procurando delinear as conquistas alcançadas e, até mesmo,
as possíveis lacunas – de forma a criar um panorama do campo estudado – mostra-se
valioso para que a produção possa cumprir seu papel na sociedade.

Nesse mesmo sentido, as autoras Carvalho e Bueno, no editorial da Revista


Educação e Pesquisa número 1 do volume 30 (dedicado especialmente a artigos escritos a
partir de trabalhos de pesquisa sobre estado da arte) levantam alguns aspectos da atual
produção científica

Diante desse processo acelerado de produção acadêmica, os


pesquisadores se vêm certamente muito favorecidos pelas facilidades que
as tecnologias de comunicação oferecem, mas também diante de grandes
desafios. Como acompanhar com agilidade o ritmo dessa produção? Com
que instrumentos contar para que se assegurem do caráter original de suas
pesquisas? Que critérios tomar para saber o que é mais ou menos
relevante? (CARVALHO & BUENO, 2004, p.07)

No decorrer de todo o editorial, Carvalho e Bueno discorrem sobre os esforços no


sentido de evitar a dispersão dos trabalhos acadêmicos. As autoras apontam os estudos do
tipo Estado da Arte como uma alternativa para oferecer uma visão sintética e crítica sobre
uma área específica colaborando para a divulgação e reflexão acerca dos conhecimentos
produzidos. Desse modo, os próximos pesquisadores poderiam se inteirar das pesquisas
mais rapidamente e poderiam encaminhar suas próprias pesquisas conhecendo alguns dos
caminhos considerados mais relevantes pelos trabalhos já realizados.
48

Nessa mesma perspectiva, Conrado define as pesquisas em estado da arte

Tem sido cada vez mais freqüente no Brasil, especialmente a


partir da década de 90, a presença de trabalhos e pesquisas com objetivos
gerais centrados na compreensão do conhecimento acumulado numa
determinada área, a fim de mapeá-lo e discuti-lo, apontando tendências
teórico-metodológicas e temáticas mais freqüentes; são os chamados
estado da arte ou estado do conhecimento. (CONRADO, 2005, p.16)

Ainda segundo Conrado,

Essa prática, de algum modo, tem sido influenciada pelos


conhecidos trabalhos em âmbito internacional denominados State of the
Art, já há muito desenvolvidos em países que, se comparados ao Brasil,
acumulam uma maior produção científica, em geral desenvolvidas em
períodos de tempo mais extensos que em nosso país. (CONRADO, 2005,
p.17)

A relevância de um estudo do tipo estado da arte, como mencionado, tem sido


corroborada por diferentes autores. Estes estudos não são novidade no âmbito
internacional. No Brasil eles tornaram-se mais freqüentes em especial a partir da década de
90, e tem buscado auxiliar na compreensão do conhecimento acumulado numa área
específica, de forma crítica e sintética, colaborando para o desenvolvimento dos campos de
pesquisas.

Conrado, ao destacar o crescente número de publicações sobre esta modalidade de


pesquisa, aponta

No entanto, ainda que a crescente produção dos trabalhos sobre o


estado da arte de certas áreas do conhecimento seja considerada notável,
ainda alguns a reconhecem como insuficiente, uma vez que pesquisas e
trabalhos dessa modalidade cumprem um papel primordial na elaboração
de políticas públicas para a ciência e tecnologia do país. Neste sentido,
esses estudos podem se configurar como divulgadores da produção
científica brasileira, tanto na esfera acadêmica, quanto na esfera
pública/social. (CONRADO, 2005, p.18)

De fato, apesar do crescente número de trabalhos que se propõe a pesquisar o


estado da arte de determinada área do conhecimento, estes estudos ainda podem ser
considerados insuficientes – em especial, pelo papel que cumprem na divulgação e busca
da integração do conhecimento produzido em cada campo de pesquisa.

A presente investigação pretende-se uma pesquisa do tipo estado da arte, pois


objetiva esboçar um panorama dos atuais estudos sobre a relação matemática-música, na
49

área de educação, levando em conta o crescente número de trabalhos nesta linha de


pesquisa – tanto no âmbito acadêmico, nos congressos e encontros da área de educação
matemática quanto nos relatos de prática em sala de aula – bem como o número de
pesquisadores envolvidos com a temática.
50

CAPÍTULO III A PESQUISA: O PLANO EM AÇÃO


51

Neste capítulo apresentamos nossa análise da produção acadêmica no âmbito da


relação matemática e música – tendo sempre como foco os trabalhos na área de educação –
construindo, desse modo, nossa representação do atual estado da arte deste conhecimento.

Para tanto, retomamos os caminhos percorridos durante a investigação, em especial


seus objetivos e métodos, buscando avaliar as direções tomadas bem como as dificuldades
vivenciadas durante o processo. Nosso intuito aqui está em apresentar as ferramentas que
utilizamos para ponderar sobre a coletânea de trabalhos, de modo a destacar as
características gerais essa produção científica assim como nossa análise.

1. DOS RESUMOS DAS DISSERTAÇÕES E TESES


As leituras iniciais do conjunto de resumos das dissertações e teses apontavam a
diversidade presente nos estudos tanto em relação aos temas e objetivos propostos quanto
em relação aos referenciais adotados.

Tendo como base as recomendações de Ferreira (2002) nos deparamos com as


dificuldades de construir uma pesquisa na modalidade estado da arte baseada apenas na
leitura dos resumos das dissertações e teses. Segundo Ferreira, tais dificuldades decorrem
de os resumos serem elaborados para atingir um objetivo pré-determinado – seja atender ao
espaço e exigências do instituto de pesquisa ou meio de divulgação, ou seguir a formatação
de um catálogo específico – e, assim, o resumo pode privilegiar alguns aspectos da
produção em detrimento de outros, apresentando uma realidade parcial. Além disso, podem
ser escritos diferentes resumos para uma mesma publicação, por autores diversos,
dificultando também a escolha de um resumo que melhor reflita o conteúdo da pesquisa a
que se refere.

Entretanto, Ferreira (2002) também ressalta a capacidade que os resumos possuem


de traduzir e evidenciar aspectos considerados valiosos pelo autor que o elaborou, ainda
que em um momento específico – ou seja, são bastante valiosos mesmo podendo omitir
alguns dados significativos.

A partir desta perspectiva, utilizamos os resumos em nossa investigação


inicialmente como ferramenta para identificar as pesquisas na área de educação no âmbito
das relações entre matemática e música, em especial aqueles que revelassem uma
52

preocupação com os aspectos didáticos de tal relação. Os resumos também apresentaram


importância como elemento complementar de análise, em especial levando em conta a
dificuldade de acesso a alguns trabalhos – em que os resumos puderam indicar algumas
idéias e encaminhamentos propostos pelos autores.

2. DO ACESSO ÀS DISSERTAÇÕES E TESES


Uma das características desta dissertação está centrada na leitura das pesquisas
acadêmicas nele incluídas. Assim, obter uma cópia de cada dissertação e tese envolvida no
estudo, era uma necessidade para tornar possível desenvolver uma análise das mesmas.
Apresentamos aqui as diferentes formas de acesso foram utilizadas nessas tentativas,
devido à importância que cumprem como meios de divulgação da produção científica
brasileira.

No entanto, destacamos que as dificuldades quanto ao acesso da produção estão, a


cada dia diminuindo. Com a iniciativa da implementação de Bibliotecas Virtuais ou
Bancos Digitais de Teses, o trabalho de pesquisa está significativamente facilitado. Em tais
bibliotecas, os trabalhos foram digitalizados e assim, pode ser feito download das
dissertações e teses, facilitando o acesso ao acervo. Enfatizamos novamente a importância
do banco de teses da CAPES, do CNPq – o principal meio de pesquisa utilizado nesta
dissertação – além da base de dados do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e
Tecnologia-IBICT, disponível no endereço eletrônico www.ibict.br e das Bibliotecas
Digitais de diversas Universidades – destacamos aqui a biblioteca da Universidade de São
Paulo (USP), disponível em http://www.teses.usp.br/, da Pontifícia Universidade Católica
de São Paulo (PUC-SP), disponível em http://biblio.pucsp.br/, e também da Universidade
Estadual de Campinas (UNICAMP), disponível no endereço eletrônico www.unicamp.br,
entre diversas outras. Até o momento, somente o acervo da Faculdade de Educação da
UNICAMP está totalmente digitalizado.

Outra importante tentativa de obtenção das pesquisas esteve centrada na localização


dos autores via correio eletrônico. Os e-mails foram obtidos por meio dados informados
nos currículos cadastrados na Plataforma Lattes do CNPq e os autores contatados
gentilmente nos enviaram suas pesquisas.
53

3. PESQUISA QUALITATIVA EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA


A pesquisa em educação, particularmente a pesquisa qualitativa, é uma área em
elaboração e, possivelmente continuará assim. (D‘ AMBRÓSIO, 2006). Entendemos que,
ao realizar uma pesquisa sobre o estado da arte das pesquisas no âmbito da relação entre
matemática e música, recorrendo aos documentos escritos e analizando-os à luz da teoria
que escolhemos como fundamentação, esta pesquisa pode ser caracterizada como
qualitativa, de acordo com as características apontadas por Bogdan e Biklen (1994).

Segundo estes autores, as pesquisas qualitativas tem algumas características


específicas, presentes com maior ou menor eloqüência em cada trabalho, a saber, ter o
investigador como instrumento principal na obtenção dos dados, ser descritiva, focar mais
os processos que os resultados ou produtos, desenvolver uma análise indutiva e atribuir
significado aos dados, embora seja possível que um ou outro estudo qualitativo seja
desprovido de qualquer dessas características.

Sobre a ―análise indutiva‖ dos dados, estes autores entendem que o processo de
análise vai sendo construído pelo pesquisador durante o desenvolvimento da pesquisa.
Algumas das questões relevantes da pesquisa vão sendo identificadas pelo pesquisador no
contato que estabelece com os dados. Nas palavras de Bogdan e Biklen, os pesquisadores

Não recolhem dados ou provas com o objetivo de confirmar ou


infirmar hipóteses construídas previamente: ao invés disso, as abstrações
são construídas à medida que os dados particulares que foram recolhidos
se vão agrupando [...] O processo de análise dos dados é como um funil:
as coisas estão abertas de início (ou no topo) e vão-se tornando mais
fechadas e específicas no extremo (BOGDAN; BIKLEN, 1994, p.50)

Dessa forma, a compreensão do problema de pesquisa, bem como o caminho


encontrado para a análise dos dados só é possível a partir do referencial teórico e de como
este se constituiu como orientador das ações de pesquisa. Nesse sentido, concordamos com
D‘AMBRÓSIO (2006, p.20) quando esse autor refere-se à pesquisa qualitativa com a
citação do poeta Antonio Machado, a saber, ―como dizia Antonio Machado: ‗Caminhante,
não há caminho. Faz-se caminho ao andar‘.

Segundo D‘Ambrósio
54

A pesquisa qualitativa [...] é o caminho para escapar da mesmice.


Lida e dá atenção às pessoas e às suas idéias, procura fazer sentido dos
discursos e narrativas que estariam silenciosas. E a análise dos resultados
permitirá propor os próximos passos. Qual a boa pesquisa qualitativa? É
muito difícil adotar critérios, sem o grande risco de despersonalizar e
manietar o pesquisador. A análise comparativa de uma variedade de
pesquisas, conduzidas com metodologias distintas, pode definir cursos de
ação, mas seus resultados jamais poderão ser considerados definitivos.
(D‘AMBRÓSIO, 2006, p.20)

Nesse sentido proposto por D‘Ambrósio a pesquisa qualitativa vem ao encontro das
características desejáveis para uma pesquisa sobre o estado da arte de uma área do
conhecimento – neste caso, corrobora as características de nossa pesquisa sobre o estado da
arte das pesquisas acadêmicas no âmbito da relação entre matemática e música na área de
educação.

4. DA CONSTRUÇÃO DAS CATEGORIAS OU INDICADORES


Nesta perspectiva, após a conclusão das disciplinas do curso de mestrado e a leitura
de diversos autores que fundamentam este trabalho, buscamos definir alguns critérios para
leitura para realizar a análise dos discursos dos trabalhos acadêmicos que fazem parte deste
estado da arte. Assim, buscamos um modo de agrupar os textos por semelhanças para a
construção de grupos de significativos que possibilitassem a elaboração de uma análise da
produção. Para tanto, na análise dos textos completos das dissertações e teses, foi tomado
como inspiração o referencial metodológico de análise de conteúdo.

Segundo Bardin (1977), a análise de conteúdo pode ser entendida como um


conjunto de técnicas de análise que tem como objeto as mensagens (comunicação) e como
objetivo a manipulação das mensagens (conteúdo e sua expressão) com vistas a inferência
a uma outra realidade que não a da mensagem.

Tal análise se insere no âmbito da pesquisa qualitativa, pois busca trabalhar com as
mensagens dos documentos – ou seja, o universo de significados, valores, motivações,
crenças e atitudes – e também com o conteúdo e a expressão destas mensagens,
correspondendo a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos
que não podem ser reduzidos diretamente à manipulação de variáveis (MINAYO, 1994).
55

Neste método de tratamento é realizada a análise das informações colhidas por


meio de técnicas de coleta de dados, consubstanciadas em um documento. ―A técnica se
aplica a análise de textos escritos ou de qualquer comunicação (oral, visual e gestual)
reduzida a um texto ou documento.‖ (CHIZZOTTI, 1995, p.98).

Assim, a coleta e análise dos dados exigem do pesquisador flexibilidade e, de


algum modo, criatividade. A representatividade dos dados coletados ―está relacionada à
capacidade do pesquisador de possibilitar a compreensão do significado e a ‗descrição
densa‘ dos fenômenos analisados em seus contextos e não à sua descrição numérica‖
(GOLDENBERG, 1997, p.50). A abordagem qualitativa nos permite responder a questões
muito particulares, enfocando um nível de realidade que não pode ser diretamente
quantificado.

Nesta perspectiva, após uma análise inicial das dissertações e teses, procuramos
ampliar o conhecimento sobre o tema de nossa pesquisa, articulando-o com seu contexto.
Foi necessário certo subjetivismo na interpretação, de forma a realizar uma análise dos
referidos trabalhos acadêmicos de forma mais distanciada.

Segundo Bardin, a análise dos conteúdos pode ser entendida como:

Um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando


obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do
conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que
permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de
produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens. (BARDIN,
1977, p.42)

O ponto de vista de Bardin foi fundamental como instrumento de análise para a


compreensão dos dados fornecidos pelos trabalhos acadêmicos analisados.

Com base no campo de atuação proposto por Bardin, a análise de conteúdo permite
uma infinidade de investigações no caso específico deste estudo, a análise de conteúdo será
um procedimento metodológico para verificar relações entre educação matemática e
música.

Para Bardin a principal característica da análise de conteúdo é inferência, quer as


modalidades de inferência se baseiem ou não, em indicadores quantitativos. Na análise
quantitativa, o que serve de informação é a freqüência com que surgem certas
características do conteúdo. Na análise qualitativa é presença ou a ausência de uma dada
56

característica num determinado fragmento de mensagem que é tomado em consideração


(BARDIN, 1977).

Dentre as formas de interpretação da comunicação, Bardin (1977) apresenta seis


técnicas de análise de conteúdo: análise categorial, análise de avaliação, análise da
enunciação, análise da expressão, análise das relações e análise do discurso.

Neste trabalho utilizaremos a análise categorial: a mais antiga das técnicas e


também a mais utilizada ―funciona por desmembramentos do texto em unidades, em
categorias segundo reagrupamentos analógicos‖ (BARDIN, 1977, p.153). Em outras
palavras, na análise categorial o texto é desmembrado em unidades – ou categorias – cada
qual reunindo um grupo de elementos com características em comum.

Análise do discurso: pode ser quantitativa (considera a freqüência do aparecimento


do conteúdo) ou qualitativa (presença ou ausência de uma característica).

As categorias são obtidas no decorrer da leitura dos documentos – neste caso das
09 dissertações e 03 teses – ou seja, emergem dos próprios trabalhos pesquisados. Dessa
forma, podemos entender que a análise de conteúdo permite a inferência dos
conhecimentos por meio de indicadores, obtidos na leitura dos próprios textos analisados.
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CAPÍTULO IV UMA ANÁLISE DOS TRABALHOS


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A leitura dos trabalhos acadêmicos secionados para esta pesquisa, foi realizada
seguindo as técnicas sugeridas pela análise de conteúdo, primeiro uma leitura
―verticalizada‖ – uma pré-análise onde foram observadas a estrutura dos trabalhos e a
organização dos capítulos. A seguir, foi realizada uma leitura ―horizontal‖, e os trabalhos
foram divididos em três categorias principais, segundo as suas abordagens de matemática e
música. Por fim, em uma nova leitura dos trabalhos, buscamos identificar palavras, frases
ou parágrafos relacionados às fundamentações desta pesquisa. Dessa maneira,
identificamos grupos comuns de significados aos agrupamentos apresentados.

1. ABORDAGENS DE MATEMÁTICA E MÚSICA


Durante a seleção de trabalhos para configurarem nosso rol de pesquisas no âmbito
das relações entre matemática e música agrupamos todas as pesquisas em que os resumos
mencionavam as palavras matemática, música e educação. Assim, da leitura completa dos
trabalhos emergiram quatro categorias, nas quais as pesquisas foram reunidas segundo o
tipo de abordagem de matemática e música. A seguir, relacionamos as quatro categorias
associando-as a alguns indicadores, de forma a acentuar as diferenças e semelhanças de
cada uma delas.

CATEGORIA 01 – Os conhecimentos no âmbito da relação entre matemática e


música são utilizados, por meio de analogias, para estruturar/auxiliar na aprendizagem dos
educandos.

Indicadores: História da matemática/música; relação matemática/música;


pensamento analógico; interdisciplinaridade; tecnologias da informação; seqüências
didáticas.

CATEGORIA 02 – A música é utilizada apenas como ferramenta auxiliar no


ensino de matemática.

Indicadores: estratégias nos processos cognitivos; cognição na relação didática;


matemática/música; recursos didáticos

CATEGORIA 03 – A matemática aplicada na composição musical.


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Indicadores: História da música; relação matemática/música; composição musical;


estudo de música; matemática na criação musical.

CATEGORIA 04 – Trabalhos de cunho filosófico no âmbito da relação


matemática e música.

Indicadores: História da matemática/música; relação matemática/música; filosofia


da ciência.

2. CATEGORIA 01
As pesquisas acadêmicas selecionadas nessa categoria utilizam conhecimentos no
âmbito da relação entre matemática e música, por meio do uso de analogias em ambientes
computacionais ou de seqüências didáticas, para estruturar/auxiliar no ensino e na
aprendizagem de matemática.

Constituem esta categoria os estudos de Abdounur (1997), Granja (1999), Oliveira


(2005), Vaz (2006) e Ribeiro (2007). A seguir, esboçamos uma breve síntese de cada uma
destas pesquisas, destacando alguns aspectos que dialoguem com a relação entre
matemática e música.

2.1 SÍNTESE DAS PESQUISAS

A pesquisa de Abdounur (1997), ―O Pensamento Analógico na Construção e


Reconstrução de Significados: um estudo das relações entre a matemática e a música‖,
aborda a importância do pensamento analógico no ensino e na aprendizagem. Mostra como
as analogias podem servir de conector entre âmbitos afetivos e cognitivos. O trabalho é
muito bem fundamentado principalmente por meio da teoria de Inteligências Múltiplas de
Gardner e de Redes de Significados de Levy. Aborda séries harmônicas e temperamento
em música associados respectivamente a Séries de Fourier e Logaritmo. Realiza um
apanhado histórico cuidadoso da interação entre matemática e música na cultura ocidental
desde a Grécia Antiga até o século XIX. Posteriormente apresenta um panorama histórico
da presença de analogias no período em questão. Atentando para a semelhança entre
metáforas e analogias, o autor apresenta uma contextualização histórica de metáfora,
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destacando a participação da cognição e do afeto no processo metafórico. Fala da


importância do espírito crítico na interpretação de analogias. Estimulando o afloramento de
aptidões sensíveis, afetivas e cognitivas, a atividade musical mostra-se como um exercício
de presença em diversos âmbitos, tanto por envolver de forma significativa os sentidos
quanto por exigir atenção simultânea a vários aspectos no tempo e espaço.

Granja (1999), em sua pesquisa ―Música, conhecimento e educação:


harmonizando os saberes na escola‖, inicia investigando as principais características que
fizeram da música um elemento central na educação da Antigüidade; o papel da percepção
nos processos cognitivos e as características da escuta musical; o valor da música como
conhecimento e algumas possibilidades de integração da música na educação básica.
Apresenta uma concepção sobre percepção musical, relacionando-a com os processos
cognitivos em geral. Busca, assim, entender a contribuição da música para uma maior
articulação entre o conhecimento perceptivo e o conhecimento conceitual na escola.
Quando discute a inserção da música na escola, fundamenta suas idéias na teoria de
inteligências múltiplas de Gardner (1994) e Machado (1999). Levanta algumas
possibilidades de trabalho com a música na escola, a saber, projetos em: música e corpo;
música, matemática e física; música e palavra; música e tecnologia; música e cultura. Entre
as diversas atividades descritas, relata um estudo de funções trigonométricas utilizando
relações entre matemática e música. Desenvolve uma atividade utilizando dois softwares o
Graphmat e depois o Goldware para estabelecer relações entre o som musical, as funções
trigonométricas e suas representações gráficas.

A pesquisa de Oliveira (2005), ―O ensino dos logaritmos a partir de uma


perspectiva histórica‖, apresenta uma seqüência didática para o ensino de logaritmos, por
meio das relações entre matemática e música, utilizando como fio condutor a história da
matemática. Embora tenha sido realizada uma pesquisa histórica, a concepção do trabalho
é pedagógica, uma vez que foi aplicada uma seqüência de atividades buscando verificar o
potencial de uma seqüência didática empregando a historia do logaritmo no processo de
ensino e aprendizagem desse conteúdo. São contemplados os conceitos de logaritmos,
Progressão Aritmética e Progressão Geométrica relacionados aos conceitos de escalas
diatônicas e freqüência.
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Vaz (2006), em ―Música e Matemática: Novas tecnologias do Ensino em uma


experiência Multidisciplinar‖, propõe o ensino dos números racionais a alunos do Ensino
Fundamental, com o auxílio de novas tecnologias. Discute a importância das frações e dos
números racionais, das operações fundamentais que podem ser efetuadas com essa classe
de números e a eficácia da abordagem tradicional. O trabalho baseia-se principalmente na
concepção de conhecimento como rede de significados preconizada por Levy e Machado;
na teoria de inteligências múltiplas de Gardner e na teoria do desenvolvimento cognitivo
de Piaget. Apresenta brevemente a história da música, enfatizando aspectos matemáticos,
em especial relacionados com os números racionais. Apresenta o modelo tradicional de
ensino de frações na 4ª. e na 5ª. séries do Ensino Fundamental por meio da análise de
livros didáticos dedicados a estes níveis de ensino. Busca relações entre matemática e
música nas coleções de livros didáticos analisadas. Propõe uma série de oficinas, para
alunos de 5ª. 6ª. e 7ª. séries do Ensino Fundamental. Por meio de uma experiência
audiovisual, com o uso software ―Band in a box‖, busca integrar os raciocínios musical e
visual ao raciocínio lógico-matemático. Ao final, compara com a abordagem tradicional e a
abordagem utilizando o software.

A pesquisa de Ribeiro (2007), ―O design e o uso de um micromundo musical para


explorar relações multiplicativas‖, tem como foco diferentes aspectos do campo
multiplicativo. Tais aspectos foram explorados por meio da construção de um
―micromundo‖ musical. Segundo a concepção da autora, micromundo é um mundo
computacional no qual idéias matemáticas podem ser expressas e desenvolvidas com a
finalidade de apropriação do conhecimento. A metodologia de pesquisa utilizada foi
Experimento de ensino – uma metodologia caracterizada pela insolubilidade entre os
papéis de professor e pesquisador. As sessões de experimento foram realizadas com alunos
de 4ª. e 5ª. séries do Ensino Fundamental de um Escola Estadual. Cada sessão de
experimento foi filmada para permitir uma análise detalhada do processo. A pesquisadora
utilizou um software educacional denominado Imagine, que emprega a linguagem Logo de
programação, e possui recursos de som com instrumentos musicais variados. Foram
realizadas, por cada um dos dois grupos que participaram da pesquisa, 05 sessões de
atividades para Introdução ao uso do computador e 03 sessões de atividades para
construção/experimentação do micromundo. A pesquisa explorou os conceitos de metade e
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dobro e a diversidade de registros de representação dos conceitos de multiplicação, a saber,


representação geométrica, representação simbólica, representação na língua materna e
representação decimal. A utilização/criação de composições musicais pelos alunos, a
princípio não revelou conexões com a matemática. A pesquisadora, baseada nos PCN`s,
discorre sobre a importância da interdiscplinaridade no processo de aprendizagem.

2.2 CARACTERÍSTICAS GERAIS

Buscando as características gerais das pesquisas desta primeira categoria voltamos


a analisar a tabela do Anexo F, segue abaixo um resumo das informações utilizadas neste
momento:
Título Autor Estado Título Ano
O Pensamento Analógico na Construção e D
01 Reconstrução de Significados: um estudo das Oscar João Abdounur. São Paulo 1997
relações entre a matemática e a música
Música, conhecimento e educação: Granja, Carlos Eduardo de M
02 São Paulo 1999
harmonizando os saberes na escola. Souza Campos.
O ensino dos logaritmos a partir de uma Rio Grande do MP
03 Andréia Júlio de Oliveira. 2005
perspectiva histórica. Norte
Música e Matemática: Novas tecnologias do Leonardo José Leite da M
04 Rio de Janeiro 2006
Ensino em uma experiência Multidisciplinar. Rocha Vaz.
O design e o uso de um micromundo musical Edith Valladão Campos M
05 São Paulo 2007
para explorar relações multiplicativas Ribeiro

A primeira característica que pode ser observada nos estudos no âmbito da relação
didática entre matemática e música é que os trabalhos estão situados, em sua maioria, no
nível de mestrado (M) ou mestrado profissionalizante (MP), são 04 dissertações e apenas
01 tese.

A maior parte das pesquisas foi realizada na região Sudeste, em especial no Estado
de São Paulo. Assim, mesmo com uma quantidade pequena de trabalhos, se mantém a
tendência destacada por Ferreira (1999) e Brejo (2007) que a maior parte das pesquisas de
Pós-Graduação são realizadas na região Sudeste. Ferreira (1999, p.52) aponta que este fato
se deve a esta ser a ―região que acumula maior número de Programas de Pós-Graduação e
diversos centros de pesquisa já consolidados‖.
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Quanto à área do programa de pós-graduação, todas as pesquisas pertencem à área


temática de ―Ensino de Ciências e Matemática‖, em instituições de Ensino Públicas.

Quanto ao foco da pesquisa, a maior parte dos trabalhos está direcionada a alunos
do Ensino Fundamental e do Ensino Médio, também a exceção é o trabalho de Abdounur
(1997).

Quanto à população estudada, as pesquisas foram realizadas tendo como foco


somente alunos.

Vale também destacar o valor do trabalho de Abdounur (1997), a única tese de


doutorado entre os cinco trabalhos. Por esta pesquisa estar muito bem fundamentada e
também por ser a primeira pesquisa escrita nessa categoria, serviu de referência para os
demais trabalhos pois encontramos as idéias de Abdounur aplicadas em diferentes
situações nas dissertações de mestrado.

2.3 METODOLOGIAS DE PESQUISA

Quanto às metodologias de pesquisa, todos os trabalhos aqui analisados se inserem


nos moldes da metodologia de pesquisa qualitativa.

As pesquisas de Oliveira (2005), Vaz (2006) e Ribeiro (2007) explicitam bem


diversas das características apontadas para a pesquisa qualitativa na concepção de Bogdan
e Biklen, a saber, o investigador é o instrumento principal na obtenção dos dados, são
descritivas, focam bastante os processos de construção dos resultados.

Os estudos relacionam ainda a dimensão cognitiva tomando como referencial


teórico Piaget, Vygotski, Lévy, Gardner, Michael Polanyi, Maurice Merleau-Ponty, José
Antonio Mariana, José Miguel Winisk, Lúcia Santaella e Charles Pierce.
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2.4 DA HISTÓRIA DA MATEMÁTICA

Alusões e capítulos destinados à história da matemática e à história da música estão


presentes em todos os trabalhos analisados nesta categoria. Em geral, buscam destacar os
pontos da história de ambas as ciências onde foram desenvolvidas as relações utilizadas ao
longo das pesquisas.

2.5 CULTURA

As reflexões aqui desenvolvidas estão baseadas na subjetividade presente na


definição de cultura bem como no caráter dinâmico a ela relacionado. Nenhum dos
trabalhos presentes nessa categoria desenvolve a definição de cultura propriamente dita,
ainda que se utilizem da palavra e do conceito ao relacionar matemática e música.

2.6 TRANSDISCIPLINARIDADE

Resgatando a reflexão realizada nos fundamentos deste trabalho, o termo


transdisciplinaridade foi escolhido no sentido atribuído por Lucena (2005) e Morin (2006),
tendo como essência um re-ligação de saberes, ao mesmo tempo englobando e
ultrapassando os limites da interdisciplinaridade e da pluridisciplinaridade.

Em nossa leitura, foi possível identificar que, apesar de todos os trabalhos no


âmbito da relação entre matemática e música se utilizarem em diversos momentos das
idéias da transdiciplinaridade – tanto no decorrer do texto quanto nas conclusões – os
trabalhos se identificam mais como interdisciplinares.

A pesquisa de Granja (1999) se mostra claramente transdisciplinar, pois trabalha


com projetos envolvendo música e educação e música e matemática. Segundo Granja

É na aproximação com a idéia de projeto, menos disciplinar e


mais flexível, que o eixo intra/transdisciplinar mostra-se mais fecundo.
Como projeto, muitos temas podem ser desenvolvidos e aprofundados
sem a rigidez característica da organização disciplinar (...) Pensamos que
a música deve fazer parte do currículo escolar num contexto
intra/transdisciplinar, onde seja possível não só uma articulação
transversal com outras disciplinas, mas também contemplando uma nova
abordagem metodológica, onde a dimensão perceptiva seja valorizada
tanto quanto a dimensão conceitual (GRANJA, 1999, p. 102)
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De modo geral, as pesquisas não se aprofundaram nos aspectos da


transdisciplinaridade ou mesmo da interdisciplinaridade. No entanto, foi possível
identificamos no decorrer do texto das pesquisas diferentes trechos que destacam a
necessidade de relacionar o conhecimento matemático ou musical à realidade,
ultrapassando os limites da disciplina. Vaz, por exemplo,

Desse modo, ao lecionar um determinado assunto, o mestre deve


valorizar a interconexão desse com outros assuntos, mesmo que de outras
áreas, não se justificando a idéia de um conhecimento puro, o ―saber pelo
saber‖.
Por exemplo, ao abordar um determinado conteúdo, um professor
de matemática pode procurar relacioná-lo à física, à música ou à
geografia. Seria priorizada não a apreensão do conteúdo específico mas
sim a capacidade do aprendiz descobrir estas conexões e resolver
problemas práticos. (VAZ, 2006, p. 13)

Uma das habilidades bastante em voga é a de estabelecer


analogias. O pensamento analógico ganha cada vez mais força. Cada vez
mais se fala em interdisciplinaridade, que é justamente a analogia feita
entre duas ou mais áreas do conhecimento. Alguns vestibulares, como o
da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, por exemplo, já não mais
dividem suas provas pelas disciplinas tradicionais, como ―Matemática‖ e
―História‖, mas sim em grandes blocos interdisciplinares, a saber:
―Ciências da Natureza‖, ―Ciências Humanas‖, ―Linguagens, Códigos e
suas Tecnologias‖. (VAZ, 2006, p. 13)

Em Abdounur, a palavra transdisciplinaridade não aparece, mas o conceito, como


foi desenvolvido na concepção de Morin (2006), está presente quando o autor se refere a
‗capacidade de enlaçar campos diversos, fator essencial ao resgate de cenários e
estabelecimento de relações entre seus elementos na organização do pensamento analógico

Neste ponto, torna-se efetivo uma educação que aponte para o


resgate e desenvolvimento da capacidade analógica. Sistemas
profissionais e de educação excessivamente especializados com
organizações departamentais e desprovidos de um princípio articulador,
divisões escolares em disciplinas tratadas como terrenos estanques, a
distância entre a educação familiar e escolar, costumes familiares em que
a palavra perde seu valor e potência originais em favor do poder
monetário, hábitos de pensamento que supervalorizam o raciocínio
dedutivo, encadeado, linear e diretivo endossados provavelmente pela
concepção cartesiana de busca do ideal, preciso, certo, absoluto, racional,
impregnam o inconsciente individual e coletivo de simbolismos
determinantes de organizações de cognição e afeto responsáveis
tacitamente pelo hábito de pensar e agir quase que exclusivamente à luz
de concepções separatistas e lógico-matemáticas. Tal postura
compromete seriamente não somente aquelas competências intelectuais
em que sensações possuem papel mais relevante, mas num âmbito mais
amplo, a afetividade, fator imprescindível em processos de
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desenvolvimento cognitivo eficazes. De modo mais direto, os aspectos


supracitados podem comprometer ou mesmo atrofiar a capacidade de
enlaçar campos diversos, fator essencial ao resgate de cenários e
estabelecimento de relações entre seus elementos na organização do
pensamento analógico. O desenvolvimento deste raciocínio estabelece
silenciosamente esquemas mentais que favorecem a observação
gradativamente mais sincrônica de significados em distintos âmbitos a
partir de um terreno particular, dinâmica essa que ressoa naturalmente em
condutas mais amplas e de caráter mais simultâneo. Neste sentido,
analogias tornam-se agentes que, utilizando da busca de princípios
comuns em formas e dinâmicas aparentemente distintas, ocultam e
permeiam a construção e entretecimento dos diferentes e semelhantes
significados que enredam nossa existência colaborando, numa dimensão
mais abrangente, para a integridade da personalidade humana.
(ABDOUNUR, 1999, p.130)

3. CATEGORIA 02
Nessa categoria estão as pesquisas acadêmicas em que a música foi utilizada apenas
como uma ferramenta, entre várias outras, para o ensino de matemática.

Fazem parte desta categoria os estudos de Rosolen (1999), Fusco (2002) e Silva
(2006). A seguir, esboçamos uma breve síntese de cada uma destas pesquisas, destacando
os principais aspectos das investigações.

3.1 SÍNTESE DAS PESQUISAS

A investigação de Rosolen (1999), ―Vozes dos alunos do Ensino Fundamental:


percepções, sentimentos e expectativas sobre o processo da resolução de problemas de
matemática‖, buscou conhecer, por meio entrevistas semi-estruturadas realizadas com
alunos do ensino fundamental, de gravações em vídeo e, ainda de desenhos, as percepções,
os sentimentos e as expectativas desses alunos em relação ao processo de ensino-
aprendizagem de resolução de problemas matemáticos. A pesquisa, realizada com alunos
de 7ª. e 8ª. séries da rede pública de ensino, investigou o campo da Educação Matemática,
apontando a problemática da falta de articulação e de contextualização do conteúdo
matemático. A música é utilizada como uma dentre as diferentes práticas pedagógicas
aplicadas em sala de aula como estratégias de ensino de resolução de problemas.
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Em sua pesquisa ―O ensino de uma disciplina básica de matemática (geometria


analítica e cálculo vetorial) num curso de engenharia‖, Fusco (2002) desenvolve um
trabalho de campo com a disciplina Geometria Analítica e Calculo Vetorial, disciplina
básica da área de matemática, no curso de Engenharia Elétrica da Pontifica Universidade
Católica de São Paulo (PUC-SP). Investigar as novas exigências para a formação do
engenheiro das primeiras décadas do século XXI, o significado de currículo e o papel do
professor em sala de aula. A música é utilizada como uma dentre as diferentes estratégias
de ensino/aprendizagem aplicadas no plano de trabalho desenvolvido pela pesquisadora.

Silva (2006), em ―Educação Ambiental em aulas de Matemática no Ensino


Fundamental‖, realiza uma investigação sobre os fundamentos da Educação Matemática a
partir de práticas imersas no contexto da Educação Ambiental. Trata-se de uma pesquisa-
ação que se desenvolveu numa escola pública da rede estadual do Estado de São Paulo,
junto a alunos da 7ª série do Ensino Fundamental. O estudo se baseou em diferentes tipos
de registros: diário de campo, gravações em áudio e reflexões do professor, em sala de
aula. A música é utilizada como uma dentre as diferentes estratégias de
ensino/aprendizagem aplicadas em sala de aula para contextualizar atividades de
matemática com a temática ambiental.

3.2 CARACTERÍSTICAS GERAIS

Do mesmo modo que procedemos na categoria 01, importamos algumas


informações encontradas na tabela do Anexo F, segue abaixo um resumo
Título Autor Estado Título Ano
Vozes dos Alunos do Ensino Fundamental: M
Percepções, Sentimentos e Expectativas sobre o
01 Rosana Rosolen São Paulo 1999
processo da Resolução de Problemas de
Matemática.
O ensino de uma disciplina básica de matemática D
Cristiana Abud da Silva
02 (geometria analítica e cálculo vetorial) num curso de São Paulo 2002
Fusco
engenharia
Educação Ambiental em aulas de Matemática no Marinete Aparecida MP
03 São Paulo 2006
Ensino Fundamental. Assencio da Silva.

Nesta categoria podemos verificar que todas as pesquisas encontradas foram


realizadas na região Sudeste, mais especificamente no Estado de São Paulo.
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Quanto à titulação, encontramos um doutorado e dois mestrados (sendo um


Mestrado Profissionalizante, ou lato sensu, e um Mestrado Acadêmico, ou strito sensu).
Mesmo com a pequena quantidade de trabalhos é possível verificar que se mantém a
mesma tendência: maior quantidade de mestrados e concentrados na Região Sudeste.

O foco das pesquisas, assim como na categoria 01, também está direcionado a
alunos do Ensino Fundamental, aqui a exceção é o doutorado de Fusco (2002), voltado
para alunos do Ensino Superior. Nos três trabalhos a população estudada foram somente
alunos.

3.3 METODOLOGIAS DE PESQUISA

Os trabalhos aqui analisados também se inserem nos moldes da metodologia de


pesquisa qualitativa. Em especial na metodologia de pesquisa-ação, desenvolvidas durante
aulas de turmas regulares.

3.4 DA HISTÓRIA DA MATEMÁTICA

Nenhuma das pesquisas da categoria 02 faz menção à história da matemática.

3.5 CULTURA

Aqui também os trabalhos se referem ao termo cultura sem adotar uma definição
mais precisa de tal termo.

Ainda que Fusco, na metodologia do trabalho, ao configurar a etnografia, relacione


a palavra cultura ao significado que possuem as ações para as pessoas ou grupos estudados,

Alguns desses significados são diretamente expressos pela


linguagem, outros são transmitidos indiretamente por meio de ações.Os
sistemas de significado constituem a cultura do indivíduo. (FUSCO,
2002, p.26)

Esta foi a passagem mais próxima a uma definição de cultura.


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3.6 TRANSDISCIPLINARIDADE

A música esteve presente nos estudos pertencentes à categoria 02 apenas como


ferramenta. Ainda assim, foi possível identificar em alguns momentos a idéia da
transdiciplinaridade segundo nosso referencial teórico. Este é o caso de Fusco

Dessas concepções de ensino, a que mais se aproxima do nosso


conceito de aprendizagem é, sem dúvida, aquela que procura valorizar o
estágio atual de conhecimento do estudante, porque é considerada um
processo de transformação, em que o professor atua como facilitador que
vai além de conteúdos técnicos específicos . Procura-se propiciar ao
aluno situações nas quais tenha de desenvolver habilidades e atitudes
desejáveis na sua formação profissional, bem como revelar a preocupação
de que o conteúdo específico a ser ensinado esteja contextualizado na
realidade profissional do aluno. Para que o professor possa facilitar os
processos de reconstrução e transformação do pensamento dos alunos,
faz-se necessário o conhecimento das múltiplas influências que, previstas
ou não, acontecem na complexa vida da aula, intervindo decisivamente
tanto no modo como os estudantes aprendem quanto nos modos de
aprender. Essas novas competências desejáveis ao professor e às questões
de aprendizagem discutidas anteriormente levam-nos refletir acerca das
características da formação de um professor que vivencie, na prática, as
exigências dessa nova sociedade do conhecimento. (FUSCO, 2002, p.78 -
79)

Contudo, as pesquisas, de um modo geral não se aprofundaram nos aspectos da


transdisciplinaridade ou mesmo da interdisciplinaridade.

4. CATEGORIA 03
Na categoria 03 temos os trabalhos em que a matemática foi aplicada na
composição musical. O trabalho de Carvalho (2004) foi selecionado na busca com as
palavras-chave matemática e música. Embora nos anexos do trabalho estejam propostas
oficinas, elas são para análise musical. Não há a preocupação com o ensino de matemática.

Algo similar acontece com as pesquisas de Moraes (1999) e Marcondes (1996),


selecionadas na busca com as palavras-chave música e educação matemática. Apesar de
conterem todas as três palavras no resumo, não existe conexão com o ensino de
matemática.
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Dado que estes trabalhos não estão completamente no âmbito de preocupações


desta dissertação, que compreende o ensino e a aprendizagem de matemática, para esta
categoria apenas esboçamos uma breve síntese de cada pesquisa.

4.1 SÍNTESE DAS PESQUISAS

Marcondes (1996), em ―Alfabetização musical: uma construção interdisciplinar‖


realiza uma análise dos componentes teóricos presentes em sua prática pedagógica
alfabetizadora musical, por meio do relato de histórias ocorridas em cursos de
"Alfabetização Musical para Adultos" ministados pela mesma. A interdisciplinaridade do
trabalho fica por conta das analogias entre os processos de Alfabetização Musical e
Alfabetização na Língua. Apesar de no resumo a autora evidenciar os sujeitos da pesquisa
como ―construtores do conhecimento, seja este conhecimento o da Música, o do Português,
o da Matemática‖, durante a pesquisa não foram colocados em destaque os conhecimentos
matemáticos utilizados para a aprendizagem musical. A utilização de conhecimentos
matemáticos esteve apenas implícita na aprendizagem da música.

Carvalho (2004), em ―Textura Musical em ‗Minuano‘, de Pat Metherny: proposta


de uma nova abordagem analítica‖ utiliza os princípios matemáticos de análise
combinatória como ferramenta para analisar textura musical. Analisou a peça "Minuano",
de Pat Metheny e Lyle Mays, evidenciando relações entre textura e forma por meio da
confecção de gráficos e tabelas que permitiram uma visão da atividade textural ao longo da
obra. A matemática foi utilizada apenas como ferramenta para análise musical.

Moraes (1999) em ―Psicogênese do som e do ritmo a luz da teoria do


desenvolvimento de Piaget: um estudo de caso‖, a autora desenvolve, a partir da teoria do
desenvolvimento cognitivo de Piaget, um estudo descritivo das manifestações espontâneas
ritmico-melódicas nos dois primeiros a nos de vida de um menino nascido de parto natural.

5. CATEGORIA 04
Na categoria 04 alocamos as pesquisas onde foi possível identificar um viés
filosófico no âmbito da relação matemática e música. Como podemos verificar já pelos
indicadores, esta categoria tem um pouco em comum com a categoria 01.
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Indicadores da categoria 01: Indicadores: História da matemática/música; relação


matemática/música; analogias; interdisciplinaridade; uso do computador/ tecnologias da
informação; seqüências didáticas.

Indicadores da categoria 04: História da matemática/música; relação


matemática/música; filosofia da matemática.

Desse modo, temos duas pesquisas que foram analisadas na categoria 01 que
também se enquadram na categoria 04, devido às discussões filosóficas apresentadas ao
longo do texto, a saber, Abdounur (1997) e Granja (1999).

O terceiro estudo que compõe esta categoria, Gattás (2001), foi proveniente da
busca com as palavras-chave matemática e música. Aqui, existe a relação entre estas duas
ciências mas apenas no âmbito filosófico, não existe conexão com o ensino de matemática.

Esta categoria pede uma análise sob a perspectiva filosófica, que não está associada
às preocupações desta dissertação, que compreendem o ensino e a aprendizagem de
matemática. Portanto, as pesquisas que se encontram nesta categoria não serão analisadas
sob esta perspectiva. A seguir, buscamos salientar alguns pontos filosóficos de tais
pesquisas, apenas para justificar o por quê de sua inclusão nesta categoria.

5.1 SÍNTESE DAS PESQUISAS

No item 2.1, pág. 67 e 68 já havíamos feito sínteses das pesquisas de Abdounur


(1997) e Granja (1999). Entretanto, o objetivo destas novas sínteses está em ressaltar
algumas das características filosóficas dessas pesquisas.

A pesquisa de Abdounur (1997), ―O Pensamento Analógico na Construção e


Reconstrução de Significados: um estudo das relações entre a matemática e a música‖,
considera a importância do pensamento analógico. As discussões sobre como as analogias
podem servir de conector entre âmbitos afetivos e cognitivos e sobre a semelhança entre
metáforas e analogias, em que o autor destaca a participação da cognição e do afeto no
processo metafórico, são claramente de cunho filosófico. Também no capítulo destinado à
história da matemática e da música, são destacadas várias discussões filosóficas originadas
da relação entre estas duas ciências. Enfim, todo o trabalho está fundamentado em
discussões de cunho filosófico. De todo modo, em diferentes momentos existe a
72

preocupação de exemplificar relações analógicas entre matemática e música que podem ser
utilizadas no ensino de matemática, existe ainda um item dedicado a apresentar ―Uma
visão didático/pedagógica das relações estabelecidas‖, características pertencentes à
categoria 01, entretanto as discussões filosóficas garantiram que esta dissertação também
pertencesse à categoria 04.

Granja (1999), ―Música, conhecimento e educação: harmonizando os saberes na


escola‖, também foi integrado a esta categoria pois as discussões apresentadas em sua
dissertação tem visivelmente um viés filosófico. Granja discorre sobre ―o amplo
significado que a música teve na educação ao longo da história‖. A seguir, discute o
conceito de percepção buscando ―ultrapassar definições genéricas e entender o conceito de
percepção como uma forma de conhecer própria do ser humano‖, depois, usando
elementos das semiótica busca aproximar música, percepção e cognição. Assim, além de
pertencer à categoria 01, pois apresenta oficinas explorando a relação matemática e música
em contextos didáticos, esta dissertação também pertence à categoria 04, de cunho mais
filosófico.

A investigação de Gattás (2001), ―A música em Descartes‖, apresenta uma


tradução do Compêndio e uma análise dos fundamentos sobre os quais se desenvolveram
as obras posteriores de Descartes, tanto em torno da aplicação matemática, como da
realidade física, da psicologia e da teoria das paixões. Aborda lógica e teoria do
conhecimento. Realiza uma análise das linguagens formais e ordinárias, sua
fundamentação filosófica e seu desenvolvimento histórico. E ainda, uma análise dos
pressupostos lógicos, ontológicos e epistemológicos dos sistemas filosóficos singulares.
73

CAPÍTULO V CONSIDERAÇÕES FINAIS


74

De modo a encaminhar as conclusões do trabalho consideramos importante fazer


um retrospecto das etapas percorridas para dar conta de nosso objetivo inicial.

Dessa forma, neste capítulo será realizada uma retomada sucinta dos caminhos
percorridos procurando compreender as opções realizadas ao longo da pesquisa, suas
possíveis limitações e potencialidades, procurando ainda apresentar uma interpretação
sobre os desafios e perspectivas das pesquisas no âmbito didático da relação matemática e
música.

Ao realizarmos as discussões teóricas do capítulo 1, buscamos subsídios para a


leitura e análise das pesquisas. A escolha dos fundamentos foi baseada principalmente em
dois grupos de referências, a saber, em algumas indicações dos PCN‘s de matemática e
também nas pesquisas analisadas.

Ao longo do trabalho, evidenciamos nossa escolha por realizar um trabalho na


modalidade de pesquisa Estado da Arte e apresentamos os procedimentos metodológicos
utilizados.

A metodologia de pesquisa qualitativa foi nossa referência para a realização da


análise das pesquisas, e foram consideradas as categorias de análise que emergiram da
leitura dos trabalhos.

Obtivemos, assim, quatro categorias principais, que foram associadas a alguns


indicadores, para melhor visualização da divisão das pesquisas, a saber,

CATEGORIA 01 – Os conhecimentos no âmbito da relação entre matemática e


música são utilizados, por meio de analogias, para estruturar/auxiliar na aprendizagem dos
educandos.

Indicadores: História da matemática/música; relação matemática/música; analogias;


interdisciplinaridade; uso do computador/ tecnologias da informação; seqüências didáticas.

CATEGORIA 02 – A música é utilizada apenas como ferramenta auxiliar no


ensino de matemática.

Indicadores: processos cognitivos; cognição na relação didática;

CATEGORIA 03 – A matemática aplicada na composição musical.


75

Indicadores: História da música; relação matemática/música; composição musical;


estudo de música; matemática e criação musical.

CATEGORIA 04 – Trabalhos de cunho filosófico no âmbito da relação


matemática e música.

Indicadores: História da matemática/música; relação matemática/música; filosofia


da matemática.

A partir das categorias, realizamos uma análise mais detalhada das pesquisas,
segundo o nosso referencial teórico. Dado que nas categorias 03 e 04 as pesquisas não tem
como foco o ensino de matemática, e na categoria 02 as pesquisas fazem uso de uma
abordagem que não tem como foco principal a relação matemática e música, nos
concentramos majoritariamente na análise da categoria 01 – pesquisas no âmbito das
relações entre matemática e música, sob uma perspectiva histórica/epistemológicas e de
alguma maneira relacionadas a um contexto didático.

Esta análise mostrou que tais pesquisas vem sendo realizadas principalmente na
Região Sudeste, em Instituições Públicas de Ensino, nos cursos de mestrado, em especial
na área temática de Ensino de Ciências e Matemática. A população pesquisada é,
sobretudo, a de alunos de Ensino Fundamental.

Existem alguns aspectos comuns a todas as pesquisas, em especial o uso da história


da matemática, a metodologia de pesquisa qualitativa e a menção do trabalho de Abdounur
(1997), o único trabalho em nível de doutorado e referência comum a todas as pesquisas de
mestrado.

Outra tendência que pode ser evidenciada nas pesquisas é a sua dimensão cognitiva,
que aparece em todas as pesquisas, fundamentada pelas teorias de Piaget, Vygotski, Lévy,
Gardner, Michael Polanyi, Maurice Merleau-Ponty, José Antonio Mariana, José Miguel
Winisk, Lúcia Santaella e Charles Pierce.

Frente à quantidade de trabalhos acadêmicos no âmbito da relação matemática e


música em todas as áreas do conhecimento, ainda são poucos os trabalhos onde houve a
preocupação de explorar tais relações no âmbito didático, em particular, em sala de aula
(apenas 05 trabalhos). Assim, podemos verificar que existe uma certa carência de
76

pesquisas sobre matemática e música, na área de educação, em especial pautando-se nas


recomendações dos PCN‘s.

Tanto nas pesquisas onde os conhecimentos no âmbito da relação entre matemática


e música foram utilizados na forma de analogias, em papel e também com o auxílio de
softwares computacionais, quanto nas pesquisas em que tais relações foram utilizadas em
projetos e seqüências didáticas, em uma abordagem sem a intervenção informatizada, a
música se apresentou como agente facilitador e integrador do processo educacional e os
pesquisadores relatam significativo entendimento do conteúdo matemático associado à
atividade.

De todo modo, acentuar a curiosidade do educando introduzindo conhecimentos no


âmbito da relação entre matemática e música, no contexto escolar, parece ser um
interessante ponto de partida para a significação de alguns conteúdos matemáticos e na
apreensão dos mesmos – inspirando maneiras criativas de desenvolver situações de
observação e de ação que envolvam os alunos.
77

CAPÍTULO V REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


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87

CAPÍTULO VI ANEXOS
88

ANEXO A – TRABALHOS SOBRE ESTADO DA ARTE / ESTADO DO


CONHECIMENTO

Em diversos estudos na modalidade de pesquisa estado da arte ou estado do


conhecimento encontramos a afirmação de que a partir da década de 90 vem sendo cada
vez mais comuns os estudos nessa modalidade. Buscando um embasamento para tal
afirmação, realizamos 02 buscas simples no sítio da CAPES. Tendo como base as
informações das buscas, construímos dois gráficos, o primeira agrupa as pesquisas segundo
a titulação, e o segundo agrupa as pesquisas segundo o ano de defesa.

Classificação quanto à titulação

60
49
50

40
Quantidade

30
19
20

10

0
Mestrado Doutorado

Titulo

Classificação quanto ao Ano

30
24
25 23

20
Quantidade

14
15

10
5
5 2

0
1990 |- 1994 1994 |- 1998 1998 |- 2002 2002 |- 2005 2005 |- 2008

Periodo

Por meio dos gráficos, podemos verificar que as tendências apresentadas em


CONRADO (2002) – o aumento das pesquisas na modalidade estado da arte – e em
FERREIRA (1999) – maior quantidade de mestrados nesta modalidade – tem se mantido
até a realização desta pesquisa.
Na tabela a seguir podemos ver as pesquisas que deram origem aos gráficos,
organizadas segundo a busca em que foram encontradas e o ano de defesa.
89

PRIMEIRA BUSCA: realizada tendo como base o indicador “estado da arte”.


Ano Autor/Pesquisa Titulo

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Marta Olinda dos Santos Cara. O ESTADO DA ARTE DOS ESTUDOS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM
MATO GROSSO DO SUL: A PRODUÇÃO DOS CURSOS DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO-SENSU. 1v.
2006 M
69p. Mestrado. UNIV. PARA O DESENVOL. DO ESTADO E DA REGIÃO DO PANTANAL - MEIO AMBIENTE
E DESENVOLVIMENTO REGIONAL
Nilva Volpi. EDUCAÇÃO INFANTIL: O QUE DIZEM AS PUBLICAÇÕES NOS ANOS DE 1997 A 2004. 2v.
2006 M
123p. Mestrado. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ – EDUCAÇÃO

ALMIR MARTINS VIEIRA. CULTURA ORGANIZACIONAL EM INSTITUIÇÕES DE ENSINO: MAPEAMENTO


2007 E ANÁLISE DESCRITIVO-INTERPRETATIVA DA PRODUÇÃO ACADÊMICA (1990-2005). 1v. 150p. D
Doutorado. UNIVERSIDADE EST.PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO/MARILIA – EDUCAÇÃO

Fabiane Maria Picheth. PEARTE: UM AMBIENTE COLABORATIVO PARA A FORMAÇÃO DO


PESQUISADOR QUE ATUA NO ENSINO SUPERIOR POR MEIO DA PARTICIPAÇÃO EM PESQUISAS DO
2007 M
TIPO ESTADO DA ARTE. 2v. 137p. Mestrado. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ –
EDUCAÇÃO
:

SEGUNDA BUSCA: realizada tendo como base o indicador “estado do


conhecimento”.
Ano Autor/Pesquisa Titulo
SERGIO HADDAD. ESTADO E EDUCACAO DE ADULTOS (1964-1985). 2v. 360p. Doutorado.
1991 D
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO – EDUCAÇÃO

MARY NEIDE DAMICO FIGUEIRO. EDUCACAO SEXUAL NO BRASIL: ESTADO DA ARTE DE 1980 - 1993.
1995 1v. 272p. Mestrado. UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - PSICOLOGIA ESCOLAR E DO M
DESENVOLVIMENTO HUMANO
MALU ALVES DE SOUZA. Variação Linguística e Alfabetização no Brasil: o estado da arte de 1980 à 1994.
1996 1v. 107p. Mestrado. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO - EDUCACAO (PSICOLOGIA M
DA EDUCACAO)

ADRIANA MACHADO SIMÕES. A REPRESENTAÇÃO SOCIAL DA AIDS CONSTRUÍDA A PARTIR DAS


INFORMAÇÕES VEICULADAS NOS JORNAIS DIÁRIOS: análise da cobertura sobre AIDS no jornal "Estado
1997 M
de Minas". 1v. 195p. Mestrado. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS - CIÊNCIA DA
INFORMAÇÃO
91

CARMEN APARECIDA BASSO CARVALHO. "A EDUCAÇÃO AMBIENTAL DE 5a. A 8a. SÉRIES; UMA
1997 ANÁLISE CRÍTICA". 1v. 144p. Mestrado. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO - M
EDUCACAO (SUPERVISAO E CURRICULO)

ADOLFO RAMOS LAMAR. A PESQUISA EDUCACIONAL E A CONCEPÇÃO "KUHNIANA DA CIÊNCIA": O


1998 CASO DAS TESES DE DOUTORADO. 1v. 180p. Doutorado. UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS - D
EDUCAÇÃO
MARIA LOURDES FERNANDEZ G. AIRES. A FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA O ENSINO
1998 FUNDAMENTAL E MÉDIO NA UNITINS - UMA AVALIAÇÃO PRELIMINAR NO PERÍODO DE 1986/1996. 1v. M
190p. Mestrado. UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS - EDUCAÇÃO
ANTONIO RODOLFO BARRETO. UMA ABORDAGEM HISTORICA DO DESENVOLVIMENTO DA
1999 ESTATISTICA NO ESTADO DE SAO PAULO. 1v. 139p. Mestrado. UNIVERSIDADE EST.PAULISTA JÚLIO M
DE MESQUITA FILHO/RIO CLARO - EDUCAÇÃO MATEMÁTICA
SILVÂNIA PORTILHO FLORIANI. A ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL FRENTE ÀS POLÍTICAS
1999 EDUCACIONAIS MINEIRAS NOS ANOS 80 E 90. 1v. 161p. Mestrado. UNIVERSIDADE FEDERAL DE M
UBERLÂNDIA - EDUCAÇÃO

CARLOS ALBERTO JALES COSTA. POLÍTICA E PRIVATIZAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR: O CASO DOS
2000 INSTITUTOS PARAIBANOS DE EDUCAÇÃO - IPE (1971-1997). 1v. 212p. Doutorado. UNIVERSIDADE D
FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE - EDUCAÇÃO
MARIA INES CORREIA MARQUES. UFBA NA MEMÓRIA: 1946 - 2006. 1v. 583p. Doutorado.
2000 D
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA - EDUCAÇÃO
MIGUEL DE JESUS CASTRIANI. A educação do educador: a formação do pedagogo na PUCPR, de 1968 a
2000 M
1988. 2v. 182p. Mestrado. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ - EDUCAÇÃO
ADRIANA APARECIDA PINTO. A Eschola Publica: (1893-1897) um estudo da Pedagogia paulista no século
2001 XIX. 1v. 127p. Mestrado. UNIVERSIDADE EST.PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO/MARILIA - M
EDUCAÇÃO

2001 Agripino Alvez Luz Júnior. Gênero e Educação Física: o que diz a produção teórica brasileira dos anos 80 e M
90. 2v. 122p. Mestrado. UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA - EDUCAÇÃO FÍSICA
Jean Max Tavares. A Contribuição da Educação e da Infra-Estrutura para o Crescimento da Produtividade e
2001 do Produto nos Estado Brasileiros: 1986 - 1998. 1v. 72p. Mestrado. UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ - M
ECONOMIA
RITA DE CÁSSIA DE SOUZA. SUJEITOS DA EDUCAÇÃO E PRÁTICAS DISCIPLINARES: UMA LEITURA
2001 DAS REFORMAS EDUCACIONAIS MINEIRAS A PARTIR DA REVISTA DO ENSINO (1925-1930). 1v. 308p. M
Mestrado. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS - EDUCAÇÃO
Adalberto dos Santos Souza. O Conhecimento dos Professores da Leste 2 de São Paulo sobre a Produção
2002 Acadêmica da Educação Física nas Décadas de 1980 e1990. 1v. 90p. Mestrado. UNIVERSIDADE M
ESTADUAL DE CAMPINAS - EDUCAÇÃO FÍSICA

Antonio Luiz Rodrigues Jr. O uso da média de estimadores CuSum por categoria de exposição como medida
2002 de incidência de AIDS em um estudo espaço-temporal, Brasil, 1990-1998. 1v. 76p. Doutorado. D

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - SAÚDE PÚBLICA

EDNA DUARTE SOUZA BORBA. FORMAÇÃO E PROFISSIONALIZAÇÃO DOCENTE - UM RETRATO


2002 DELINEADO A PARTIR DO ESTUDO DAS LICENCIATURAS DAS IEES-1991-1998. 1v. 220p. Mestrado. M
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS - EDUCAÇÃO
Joana Paulin Romanowski. As licenciaturas no Brasil: um balanço das teses e dissertações dos anos 90. 1v.
2002 D
132p. Doutorado. UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - EDUCAÇÃO
92

José Cassio Masculo. Concursos de professores de história da rede pública frente às práticas e ao
2002 conhecimento histórico (São Paulo:1970-1998). 1v. 142p. Mestrado. UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - M
EDUCAÇÃO

MARIA VITÓRIA FABRINO BATISTA ROSSINHOLI. UM ESTUDO SOBRE A ESCOLARIZAÇÃO DA


2002 INFÂNCIA: SÃO PAULO - 1890/1920. 1v. 132p. Mestrado. UNIVERSIDADE EST.PAULISTA JÚLIO DE M
MESQUITA FILHO/MARILIA - EDUCAÇÃO

2003 Antônio Carlos Pinheiro. Trajetória da pesquisa acadêmica sobre o Ensino de Geografia no Brasil - 1972 - D
2000. 1v. 370p. Doutorado. UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS - GEOCIÊNCIAS
ERICA COELHO DE FRANÇA. ANÁLISE DO THE JOURNAL OF ENVIRONMENTAL EDUCATION (1996-
2003 M
2000). 1v. 194p. Mestrado. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS - PSICOLOGIA

MAGDA DO CANTO ZURBA. MODOS DE SUBJETIVAÇÃO E PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO NA VIDA


2003 COTIDIANA: UM ESTUDO NA VILA CACHOEIRA. 1v. 158p. Doutorado. UNIVERSIDADE FEDERAL DE D
SANTA CATARINA - EDUCAÇÃO

MARIANGELA CAMBA DE ALMEIDA. SD POLÍTICAS PÚBLICAS DE AVALIAÇÃO: ANÁLISE DA


2003 PRODUÇÃO ACADÊMICA EM PERIÓDICOS NACIONAIS 1995-2001. 1v. 108p. Mestrado. PONTIFÍCIA M
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO - EDUCAÇÃO (CURRÍCULO)

2004 Adriano Luiz de Almeida Carneiro. Apropriações da obra de Pierre Bourdieu no campo educacional brasileiro ( M
anos 90 a 2003). 1v. 217p. Mestrado. UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SANTOS - EDUCAÇÃO

Dumara Coutinho Tokunaga Sameshima. Avaliação Institucional: Uma análise da Produção do Conhecimento
2004 (1990-2002). 1v. 376p. Doutorado. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO - EDUCAÇÃO D
(CURRÍCULO)
Gilmar Antônio Walker. O ENSINO DA GEOGRAFIA E A PESQUISA NA CONSTRUÇÃO DO
2004 CONHECIMENTO. 1v. 112p. Mestrado. UNIV. REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE M
DO SUL - EDUCAÇÃO NAS CIÊNCIAS
Madlene Maria Provençano do Outeiro. Atores sociais em luta pela hegemonia e o papel da educação popular
2004 nos anos 90: análise da produção acadêmica. 1v. 195p. Mestrado. UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ - M
EDUCAÇÃO
Márcia Regina Barros da Silva. O mundo transformado em laboratório : ensino médico e produção de
2004 conhecimento em São Paulo de 1891 a 1933. 1v. 261p. Doutorado. UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - D
HISTÓRIA SOCIAL

2005 Aliane Vera Ferreira Pereira. A Faculdade de Filosofia de Campo Grande e a Educação na Zona Oeste do Rio M
de Janeiro – 1970 a 1980. 1v. 92p. Mestrado. UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PETRÓPOLIS - EDUCAÇÃO

CARLOS ROBERTO DA SILVA MACHADO. ESTADO, POLÍTICA e GESTÃO na/da EDUCAÇÃO em PORTO
2005 ALEGRE (1989-2004): avanços e limites na produção da democracia sem fim. 1v. 254p. Doutorado. D
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL - EDUCAÇÃO

Marcia Yoshiko Nakae. Estudo do conhecimento sobre a hanseniase em alunos do ensino médio no município
2005 de Mogi das Cruzes. 1v. 399p. Mestrado. UNIVERSIDADE BRAZ CUBAS - SEMIÓTICA, TECNOLOGIAS DE M
INFORMAÇÃO E EDUCAÇÃO
Zaíra Portela de Souza. A política de ensino médio do Estado de Mato Grosso do Sul: A Escola Guaicuru de
2005 1999 / 2002. 1v. 156p. Mestrado. FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL - M
EDUCAÇÃO
93

André Luiz Francisco Ferreira. UNIVERSIDADES CORPORATIVAS: ESTADO DO CONHECIMENTO E


2006 IMPLICAÇÕES PARA A ÁREA DA EDUCAÇÃO. 1v. 96p. Mestrado. UNIVERSIDADE CATÓLICA DE M
PETRÓPOLIS - EDUCAÇÃO
Andreia Ferreira Ramos. A CONTRIBUIÇÃO DOS OBJETOS DE APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO: UM
2006 ESTUDO DE CASO SOBRE O OBJETO DE APRENDIZAGEM "CONVERSA VIRTUAL COM PASTEUR". 2v. M
97p. Mestrado. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ - EDUCAÇÃO

Célia Regina Teixeira. A CONCEPÇÃO DE AVALIAÇÃO EDUCACIONAL VEICULADA NA PRODUÇÃO


2006 D
ACADÊMICA DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO: CURRÍCULO (1975-2000). 1v.
227p. Doutorado. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO - EDUCAÇÃO (CURRÍCULO)
Emir Guimarães Andrich. A Educação Superior no Brasil: uma análise dos aspectos da legislação
2006 relacionados à privatização do sistema e à qualidade do ensino, 1990-2006. 1v. 160p. Mestrado. M
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ - EDUCAÇÃO
Kenia Hilda Moreira. Leituras sobre o Livro Didático de História: pesquisas na região Sudeste (1980 a 2000).
2006 1v. 171p. Mestrado. UNIVERSIDADE EST.PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO/ARARAQUARA - M
EDUCAÇÃO ESCOLAR

MARIA LUISA CENAMO CAVALHEIRO. Formação Permanente de Professores e Práticas de Leitura: Um


2006 M
Estudo a partir do Jornal Bolando aula de História (1998-2002). 1v. 155p. Mestrado. PONTIFÍCIA
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO - EDUCAÇÃO: HISTÓRIA, POLÍTICA, SOCIEDADE
Nilva Volpi. EDUCAÇÃO INFANTIL: O QUE DIZEM AS PUBLICAÇÕES NOS ANOS DE 1997 A 2004. 2v.
2006 M
123p. Mestrado. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ - EDUCAÇÃO

ROBERTA ROTTA MESSIAS DE ANDRADE. A formação de professores nas dissertações e teses defendidas
2006 em programas de educação entre os anos de 1999 e 2003. 1v. 82p. Mestrado. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE M
CATÓLICA DE SÃO PAULO - EDUCAÇÃO (PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO)

ALMIR MARTINS VIEIRA. CULTURA ORGANIZACIONAL EM INSTITUIÇÕES DE ENSINO: MAPEAMENTO


2007 D
E ANÁLISE DESCRITIVO-INTERPRETATIVA DA PRODUÇÃO ACADÊMICA (1990-2005). 1v. 150p.
Doutorado. UNIVERSIDADE EST.PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO/MARILIA - EDUCAÇÃO

2007 Janayna Alves Brejo. Estado do conhecimento sobre a formação de profissionais da educação infantil no M
Brasil (1996-2005). 2v. 907p. Mestrado. UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS - EDUCAÇÃO

MARIA DA LUZ SANTOS RAMOS. É BOM SER CRIANÇA, TER DE TODOS ATENÇÃO...UM RECORTE DO
2007 ESTADO DO CONHECIMENTO DE PUBLICAÇÕES EM EDUCAÇÃO INFANTIL (1996 - 2006). 1v. 170p. M
Mestrado. UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS – EDUCAÇÃO
94

ANEXO B – PROJETO DE LEI 330/2006

TEXTO FINAL APROVADO PELA COMISSÃO DE EDUCAÇÃO


PROJETO DE LEI DO SENADO Nº 330, DE 2006
Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro
de 1996, Lei de Diretrizes e Bases da
Educação, para dispor sobre a
obrigatoriedade do ensino da música na
educação básica.
O CONGRESSO NACIONAL decreta:
Art. 1º O art. 26 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar
acrescido dos seguintes §§:
―Art. 26. ..................................................................
.................................................................................
§ 6º A música deverá ser conteúdo obrigatório, mas não exclusivo, do
componente curricular de que trata o § 2º.
§ 7º O ensino da música será ministrado por professores com
formação específica na área.‖(NR)
Art. 2º Os sistemas de ensino terão 3(três) anos letivos para se adaptarem às
exigências
estabelecidas no art. 1º.
Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
95

ANEXO C – ART. 26 - LEI Nº 9.394, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1996


QUE ESTABELECE AS DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO

NACIONAL

Art. 26. Os currículos do ensino fundamental e médio devem ter uma base nacional
comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar, por
uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da
cultura, da economia e da clientela.
§ 1º. Os currículos a que se refere o caput devem abranger, obrigatoriamente, o
estudo da língua portuguesa e da matemática, o conhecimento do mundo físico e natural e
da realidade social e política, especialmente do Brasil.
§ 2º. O ensino da arte constituirá componente curricular obrigatório, nos diversos
níveis da educação básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos.
§ 3º. A educação física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente
curricular da Educação Básica, ajustando-se às faixas etárias e às condições da população
escolar, sendo facultativa nos cursos noturnos.
§ 4º. O ensino da História do Brasil levará em conta as contribuições das diferentes
culturas e etnias para a formação do povo brasileiro, especialmente das matrizes indígena,
africana e européia.
§ 5º. Na parte diversificada do currículo será incluído, obrigatoriamente, a partir da
quinta série, o ensino de pelo menos uma língua estrangeira moderna, cuja escolha ficará a
cargo da comunidade escolar, dentro das possibilidades da instituição.
96

ANEXO D – PESQUISAS PROVENIENTES DA BUSCA POR


MATEMÁTICA, MÚSICA E EDUCAÇÃO
Aqui estão relacionados todos os trabalhos originados nas duas primeiras buscas
realizadas com o intuito de localizar trabalhos para a realização da pesquisa. Para a seleção
dos trabalhos acadêmicos que analisamos em nossa pesquisa, foi realizada uma primeira
triagem por meio da leitura dos resumos de todos os trabalhos que emergiram das buscas e
selecionados os que se referiam às palavras matemática e música em algum contexto
didático.
Os trabalhos originados na terceira busca, utilizando os indicadores música e
educação, eram em grande número, 585 pesquisas, contudo agregaram apenas mais uma
pesquisa à nossa amostra que contemplava os três itens buscados. Esta busca não foi aqui
relacionada pois, em geral, as pesquisas fugiam totalmente do tema desta pesquisa.

PRIMEIRA BUSCA
Indicadores utilizados – educação, matemática e música
Resultado: 07 trabalhos
Título Autor Orientador Ano
Alfabetização Musical: uma construção Ana Beatriz Bacchiega Regina Bochniak
1 1996
interdisciplinar Marcondes Pereira
A inserção da dança escolar como possibilidade de Lucia Helena
2 Dulce Maria Rosa Cintra 2007
educação integral Tiosso Moretti
O design e o uso de um micromundo musical para Siobhan Victoria
3 Edith Valladão Campos Ribeiro 2007
explorar relações multiplicativas Healy
Educação Ambiental em aulas de Matemática no Marinete Aparecida Assencio da Maria de Lourdes
4 2006
Ensino Fundamental. Silva. Spazziani
O espaço do contrapoder: o acesso à Universidade
Norma da Luz Ferrarini José Henrique de
5 Pública e o perfil socioeconômico educacional dos 2005
Zandoná Faria
candidatos ao vestibular da UFPR
Vozes dos Alunos do Ensino Fundamental:
Percepções, Sentimentos e Expectativas sobre o Célia Margutti do
6 Rosana Rosolen. 1999
processo da Resolução de Problemas de Amaral Gurgel.
Matemática.
Angela Maria Brasil
Psicogênese do som e do ritmo a luz da teoria do
7 Zeny Oliveira de Moraes. Biaggio e Thereza 1989
desenvolvimento de Piaget: um estudo de caso
Penna Firme
97

SEGUNDA BUSCA
Indicadores utilizados – matemática e música
Resultado: 33 trabalhos (com 1 em repetição da busca anterior)
Título Autor Orientador Ano
Textura musical em "Minuano", de Pat Metheny: Alexandre Padrão de João Guilherne Ripper
1 2004
proposta de uma nova abordagem analítica. Carvalho. Vianna.
Criação de núcleos específicos para determinados
Marco Dimas
2 problemas de classificação usando máquinas de Alfredo Roberto Junior 2007
Gubitoso
suporte vetorial (SVM)
Alfabetização Musical: uma construção Ana Beatriz Bacchiega Regina Bochniak
3 1996
interdisciplinar. Marcondes. Pereira
O ensino dos logaritmos a partir de uma
4 Andréia Júlio de Oliveira. Arlete de Jesus Brito 2005
perspectiva histórica.
5 A música em Descartes. Carmem Lúcia Melges Gattás. Lafayette de Moraes. 2001
A tradição em revista: a indexação da Revista
6 Claudiner Buzinaro Diléa Zanotto Manfio 2000
Brasileira (1879-1881)
O ensino de uma disciplina básica de matemática
Cristiana Abud da Silva Marcos Tarciso
7 (geometria analítica e cálculo vetorial) num curso 2002
Fusco. Masetto.
de engenharia.
A inserção da dança escolar como possibilidade de Lucia Helena Tiosso
8 Dulce Maria Rosa Cintra. 2007
educação integral. Morett
Dulce Tamara Lamego Silva E
9 A dança como tessitura do espaço. Helena Tânia Katz 1999
Aquino
O design e o uso de um micromundo musical para Edith Valladão Campos Siobhan Victoria
10 2007
explorar relações multiplicativas Ribeiro Healy
Relação entre a arquitetura moderna brasileira e a
11 Eduardo José Gorini da Veiga Benamy Turkienicz 2003
música
Francisco Pedro Cavalcanti José Mauro Pedro
12 Transcrição Automática de Harmonia Musical. 2005
Sant'Anna. Fortes
Frederico Andre
13 Arquiteturas e Música. Intersecções polifônicas Frederico Andre Rabelo. 2007
Rabelo.
“Uma cantiga de se fechar os olhos”: mito e música
14 Gabriela Frota Reinaldo Olga de Sá 2002
em Guimarães Rosa.
O Pensamento Dissonante: Schopenhauer,
Roberto Cabral de
15 Wagner, Nietzsche e o Nascimento da Filosofia Jorge Chaves de Moraes 2002
Melo Machado
Musical
Rizómata: uma introdução às raízes da música de Fernando Henrique de
16 Leandro da Silva Neto 2006
Iannis Xenakis Oliveira Iazzetta
Música e Matemática: Novas tecnologias do Leonardo José Leite da Marcos Oliveira de
17 2006
Ensino em uma experiência Multidisciplinar. Rocha Vaz. Pinho
Representações numericas de tempo como Marcelo de Campos Velho Anselmo Guerra De
18 2006
algoritmos geradores de timbre Birck Almeida
Projeto da nova sede da Escola de Música da Marcos Antônio Menezes
19 Ana Maria Fernandes 2003
UFBA Queiroz
20 Panos Collage Interligação de Expressões Maria Leonor de Mello Norberto Stori 2002
98

Artísticas Miranda Mendes


Educação Ambiental em aulas de Matemática no Marinete Aparecida Assencio Maria de Lourdes
21 2006
Ensino Fundamental. da Silva. Spazziani
Viagem a "Mojave-Óki!": a trajetória na
Cláudio Roberto
22 identificação das altas habilidades/superdotação Nara Joyce Wellausen Vieira 2005
Baptista
em crianças de quatro a seis anos
23 Análise da Distorção Musical de Guitarras Elétricas Nicolau Leal Werneck Furio Damiani 2007
O espaço do contrapoder: o acesso à Universidade
Norma da Luz Ferrarini José Henrique de
24 Pública e o perfil socioeconomico educacional dos 2005
Zandoná Faria
candidatos ao vestibular da UFPR
O Pensamento Analógico na Construção e
Nilson José Machado
25 Reconstrução de Significados: um estudo das Oscar João Abdounur. 1997
e Seiji Hariki.
relações entre a matemática e a música
Quando a paisagem se torna obra: uma
Rael Bertarelli Gimenes Edson Sekeff
26 abordagem ecológica das composições do tipo 2004
Toffolo Zampronha
paisagem sonora
Consonâncias Planetárias: apresentações e
fundamentação da terceira lei do movimento
27 Renato Casemiro José Luiz Goldfarb 2007
planetário no livro v harmonices mundi (1691) de
Johannes Kepler (1571-1630)
A Teoria da Harmonia em Platão: Um estudo sobre
28 Ricardo Rizek Amilcar Zani Netto 2003
a identidade da Música Ocidental
Vozes dos Alunos do Ensino Fundamental:
Percepções, Sentimentos e Expectativas sobre o Célia Margutti do
29 Rosana Rosolen. 1999
processo da Resolução de Problemas de Amaral Gurgel.
Matemática.
A criatividade como estímulo das Inteligências
30 Silvana Fiorentini Claudete Ribeiro 2003
Múltiplas
Teia de sincretismo: uma introdução à poética dos Roland Gerhard Mike
31 Tânia Maria de Araújo Lima 2007
mangues Walter
32 Métodos de Estimação de Ângulos DOA Yroá Roblêdo Ferreira Rodrigo Pinto Lemos 2005
Angela Maria Brasil
Psicogênese do som e do ritmo a luz da teoria do
33 Zeny Oliveira de Moraes. Biaggio e Thereza 1989
desenvolvimento de Piaget: um estudo de caso
Penna Firme
99

ANEXO E – RESUMOS DAS PESQUISAS ANALISADAS


As pesquisas foram ordenadas pelo sobrenome do autor.

01) ABDOUNUR, Oscar João. O Pensamento Analógico na Construção e


Reconstrução de Significados: um estudo das relações entre a matemática e a música..
01/10/1997 1v. 312p. Doutorado. UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - EDUCAÇÃO
Resumo da tese: O presente trabalho tem como objetivo explicitar a importância do
pensamento analógico na permanente construção/reconstrução de significados,
característica da elaboração do conhecimento em todas as áreas. Em um cenário onde
despontam idéias como as de conhecimento como rede (Machado), inteligência como
espectro de múltiplas competências (Gardner), a tese subjacente é a de que analogias
constituem um instrumento fundamental, transcendendo em muito o estatuto de ornamento
ou de meros acessórios, nos processos cognitivo/afetivos. O ponto de partida será o estudo
das relações entre a matemática e a música, do ponto de vista
histórico/epistemológico/didático, dedicando especial atenção às dinâmicas
epistemológicas subjacentes ao enredamento dos conceitos de Série Harmônica e
Temperamento, estreitamento relacionados às idéias de Série de Fourier e Logaritmo. O
presente trabalho visa a refletir as concepções anteriormente mencionadas ao eixo
matemática/música revelando, a partir da comparação das trajetórias das ciência/artes
referidas, esquemas comuns na dinâmica de construção de significados. Do ponto de vista
didático/pedagógico, busca-se operacionalizar a proposta acima através de oficinas
interdisciplinares que utilizando-se de distintas linguagens, atingem âmbitos de primeiro,
segundo e terceiro graus. Ao ressaltar a importância do pensamento analógico na
(re)construção de significados, pretende-se fornecer subsídios para interligar
conhecimentos regidos por esquemas comuns, recuperar concepções organicistas, bem
como integrar razão e emoção, fato estreitamente relacionado à indissociação
afeto/cognição. Possibilitando o acesso e (re)construção de significados por meio de
distintos canais e fornecendo um sentido mais amplo para as idéias de conhecimento e
inteligência, o pensamento analógico propicia condições para efetivamente sentir-se o
conhecimento. Espera-se mostrar que analogias estabelecem atalhos no acesso ao
conhecimento, pedras angulares na construção de significados, abre-te-sésamo na remoção
das grandes pedras que impedem a construção do saber.

02) CARVALHO, Alexandre Padrão de. Textura musical em "Minuano", de Pat


Metheny: proposta de uma nova abordagem analítica. 01/02/2004 1v. 118p. Mestrado.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO - MÚSICA
Resumo da dissertação: O objetivo da dissertação foi criar um ferramental analítico
aplicado à textura musical, alicerçado em princípios matemáticos de análise combinatória,
tomando como ponto de partida o influente trabalho de Wallace Berry (1976). O aparato
teórico desenvolvido foi utilizado na análise textural de uma obra do repertório jazzístico
contemporâneo, repertório menos contemplado em trabalhos teóricos, especialmente no
100

Brasil. A peça "Minuano", de Pat Metheny e Lyle Mays, foi escolhida por apresentar
significativa atividade textural. Elucidativas relações entre textura e forma foram
evidenciadas através da confecção de gráficos e tabelas que permitiram uma visão clara e
objetiva da atividade textural ao longo da obra.

03) FUSCO, Cristiana Abud da Silva. O ensino de uma disciplina básica de


matemática (geometria analítica e cálculo vetorial) num curso de engenharia. 01/11/2002
3v. 195p. Doutorado. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO -
EDUCAÇÃO (CURRÍCULO)
Resumo da tese: É de conhecimento geral que a forma tradicional de ensino, aquela
que se utiliza giz, lousa e aulas expositivas, não tem proporcionado resultados esperados de
forma eficaz. Especialmente se consideramos o ensino superior, constatamos que as
inovações pedagógicas são praticamente são praticamente nulas e que não encontramos
com facilidades publicações a respeitos de mudanças na pratica pedagógica deste nível de
ensino. Na universidade espera-se que o aluno adquira não só conhecimento técnico
especifico, mas também desenvolva habilidades e atitudes compatíveis com a sua futura
área de atuação. Desse modo, realizamos uma pesquisa desenvolvendo um trabalho de
campo com a disciplina Geometria Analítica e Calculo Vetorial, que é básica da área de
matemática, no curso de Engenharia Elétrica da Pontifica Universidade Católica de São
Paulo (PUC-SP). Os objetivos dessa pesquisas foram, inicialmente, investigar as novas
exigências para a formação do engenheiro das primeiras décadas do século XXI, o
significado de currículo e o papel do professor como aquele que interfere na elaboração e
aplicação de currículo em sala de aula. Em seguida, tínhamos como finalidade elaborar um
plano de trabalho envolvendo diferentes técnicas de aula e aplica-lo a fim de colaborar para
a formação desse profissional, seguindo o perfil esperado. Como planejamos propor
alterações na pratica docente, promovendo intervenções planejadas como coleta
sistemática de dados para posterior relato e analise, a metodologia foi a de pesquisa-ação.
Investigamos o novo perfil do engenheiro, considerando o referencial de Bazzo, Pereira e
Bringhenti e as Diretrizes Curriculares para os cursos de Engenharia. No que diz respeito
ao currículo o papel do professor apoiamo-nos na fundamentação teórica de Sacristán,
Gómez, Schön, Fiorentini, Masetto, entre outros. Com a realização da pesquisa de campo,
durante o primeiro semestre letivo de , demonstrou-se que é viável trabalhar em sala de
aula de ensino superior de forma diferente da tradicional, utilizando diferentes estratégias,
como, por exemplo, realização de atividades em laboratórios de computação (uso de
computador e de programas adequados); utilização de musica e formação de pequenos
grupos para produção de desenho, aquisição de novo conhecimento, aprofundamento de
conhecimento, elaboração de textos e resolução de exercícios. Lançar mão de tais técnicas
permitiu que o aluno não só adquirisse conhecimento cientifico mas, também,
desenvolvesse a criatividade e as habilidades de atuar em equipe, comunicar-se (nas
formas escritas, orais e gráficas) e utilizar não só nova tecnologia (software Cabri-
Geometre) como também conceitos da disciplina básica para resolução de problemas de
sua área especifica de formação.
101

04) GATTÁS, Carmem Lúcia Melges Elias. A Música em Descartes. 01/04/2001.


1v. 118p. Mestrado. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO –
FILOSOFIA.
Resumo da dissertação: A "Música" em Descartes faz parte de uma de suas mais
pretensiosas investigações que deu origem a sua primeira obra o Compêndio de Música.
Esta dissertação apresenta uma tradução do Compêndio (em apêndice) e uma análise dos
fundamentos sobre os quais se desenvolveram suas obras posteriores, tanto em torno da
aplicação matemática, como da realidade física, como da psicologia e da teoria das
paixões. No Compêndio já é possível vislumbrar os aspectos inovadores de Descartes,
tanto do ponto de vista filosófico como musical. Entre os sucessos desta obra estão as
questões em torno de uma música racional, que um século mais tarde levará Rameau a
escrever seu famoso Tratado da Harmonia, cujo teor é cartesiano.

05) GRANJA, Carlos Eduardo de Souza Campos. Música, conhecimento e


educação: harmonizando os saberes na escola. 01/08/1999 1v. 147p. Mestrado.
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - EDUCAÇÃO
Resumo da dissertação: Este trabalho tem por objetivo analisar a importância da
música na formação das pessoas e as possibilidades de sua inserção no currículo escolar.
Partimos da observação de que a música vem perdendo espaço na escola, principalmente
nas séries mais avançadas do ensino básico. Quando mantida no currículo, é geralmente
tratada como disciplina isolada, desvinculada de um projeto educacional integrado.
Observamos também uma supervalorização do conhecimento de natureza conceitual em
detrimento daquele de natureza perceptiva. O desafio deste trabalho é entender de que
maneira a música pode contribuir para a construção do conhecimento na escola. Iniciamos
nossa pesquisa investigando as principais características que fizeram da música um
elemento central na educação da Antigüidade. Também investigamos o papel da percepção
nos processos cognitivos e as características da escuta musical segundo a perspectiva de
alguns autores como Michael Polanyi, Maurice Merleau-Ponty, José Antonio Marina, José
Miguel Wisnik, Lúcia Santaella e Charles Peirce. Analisamos também o valor da música
como conhecimento e algumas possibilidades de integração da música na educação básica.
Verificamos enfim, que a natureza específica do conhecimento musical pode favorecer a
articulação entre diferentes formas de conhecimento - conceitual e perceptiva, tácita e
explícita, corporal e intelectual. Por essa razão, a música deveria ser contemplada pela
escola como parte fundamental da educação.

06) MARCONDES, Ana Beatriz Bacchiega. "Alfabetização Musical: uma


construção interdisciplinar". 01/10/1996 1v. 145p. Mestrado. UNIVERSIDADE
FEDERAL DE SÃO CARLOS - EDUCAÇÃO
Resumo da dissertação: Procuro, neste trabalho, analisar e discutir os componentes
teóricos presentes em minha própria prática pedagógica enquanto alfabetizadora musical,
através do relato de histórias ocorridas nos cursos de "Alfabetização Musical para Adultos"
realizados nas Oficinas Culturais Regionais "Cândido Portinari" de Ribeirão Preto e
"Sérgio Buarque de Hollanda" de São Carlos; no Centro Cultural da Universidade de São
102

Paulo - Campus de São Carlos - e no Departamento de Artes da Universidade Federal de


São Carlos. Partindo das histórias subjacentes à idealização e à realização destes cursos,
bem como à idealização e à realização desta pesquisa ou seja, dos caminhos percorridos até
a chegada ao curso de Pós-Graduação em Educação da UFSCar, vou em busca das
parcerias fundamentadoras do meu fazer musical, do meu fazer pedagógico, do meu fazer
pesquisador. Ao "re-visitar" este trajeto, caminhando desde a minha própria Alfabetização
Musical e na Língua até a realização desta pesquisa, descubro a presença evidente de
Vygotsky, Ferreiro e Teberosky, em minha prática, o que me leva a situar o "fio-condutor"
do trabalho: as analogias entre os processos de Alfabetização Musical e Alfabetização na
Língua. Através destas analogias, destaco alguns "ambientes típicos" destes processos, a
fim de contribuir com reflexões a respeito dos sujeitos - alfabetizando e alfabetizador -
como construtores do conhecimento, seja este conhecimento o da Música, o do Português,
o da Matemática, o do cotidiano de nossas vidas. Reflexões a respeito da construção de
uma nova maneira de se perceber e de agir no mundo.

07) MORAES, Zeny Oliveira de. Psicogênese do som e do ritmo a luz da teoria
do desenvolvimento de Piaget: um estudo de caso. 01/09/1999 1v. 320p. Doutorado.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL – EDUCAÇÃO
Resumo da tese: esta pesquisa tem como quadro de referencia a teoria do
desenvolvimento cognitivo de J.Piaget, consiste de um estudo descritivo longitudinal das
manifestações espontâneas ritmico-melódicas nos dois primeiros a nos de vida, de um
menino nascido de parto natural. Optou-se pela concepção do desenvolvimento da
inteligência de J.Piaget, porque seu embasamento biológico e lógico-matemático e que
propicia uma melhor compreensão do desenvolvimento musical, levando em consideração
a natureza da musica. O objetivo desta investigação e o de verificar se a manifestação
espontânea da organização da inteligência musical do sujeito da pesquisa mediante
filmagens mensais do sujeito durante 24 meses. Os episódios relativos aos 5 primeiros
meses foram filmados em ambiente natural. Os 19 restantes foram documentados no centro
de produções do curso de pós-graduação em educação da UFRGS. A analise das atuações
do sujeito da pesquisa foi feita de acordo com as 6 fases do desenvolvimento da
"inteligência-sensório-motora" segundo Piaget.

08) OLIVEIRA, Andréia Júlio de. O ensino dos logaritmos a partir de uma
perspectiva histórica. 01/04/2005 1v. 123p. Profissionalizante. UNIVERSIDADE
FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE - ENSINO DE CIÊNCIAS NATURAIS E
MATEMÁTICA
Resumo da dissertação: O presente estudo tem como objetivo apresentar uma
seqüência de atividades para o trabalho pedagógico, tendo como fio condutor a historia da
matemática, buscando a origem do conceito de logaritmos, e a relação da matemática com
a música, com o objetivo de entender qual o potencial que uma atividade sob uma
perspectiva histórica, teria no que diz respeito ao processo de ensino aprendizagem. Para
atingir esse objetivo, realizamos uma pesquisa sobre as potencialidades pedagógicas do uso
da historia da matemática. Em seguida realizamos uma pesquisa histórica sobre os
103

logaritmos, numa tentativa de mostrar sua relevância histórica e a relação da matemática


com a música, buscando relatar a descoberta dessa relação, assim como abrir caminhos
para o surgimento de novas pesquisas. Realizadas as pesquisas apresentamos nossa
metodologia para a análise das atividades. Em seguida realizamos a aplicação da atividade
em sala de aula. Finalmente tendo por base as atividades realizadas e nossas pesquisas,
analisamos os resultados assim como elaboramos nossa conclusão.

09) RIBEIRO, Edith Valladão Campos. O design e o uso de um micromundo


musical para explorar relações multiplicativas. 01/05/2007. 1v. 225p. Mestrado.
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO - EDUCAÇÃO
MATEMÁTICA
Resumo da dissertação: Este trabalho tem como objetivo o design e a avaliação de
um micromundo musical para a exploração de conceitos multiplicativos. Dentro de uma
perspectiva construcionista, partiu-se da hipótese de que, no contexto da construção de um
ritmo musical, os aprendizes possam interagir com diferentes aspectos do campo
multiplicativo. Foi elaborado um experimento de ensino composto por duas fases: a fase de
design do micromundo e a fase de experimentação. As análises em ambas as fases foram
baseadas na distinção feita nas pesquisas de Confrey entre o mundo da contagem e o
mundo de splitting. Na fase de design, a atenção foi dada aos aspetos do micromundo que
permitissem os aprendizes ampliar as concepções do campo multiplicativo, indo além de
uma visão de multiplicação como adição repetida. A fase de experimentação contou com
dois grupos de seis alunos da 5.ª série do Ensino Fundamental de uma escola pública
localizada na cidade de São Paulo. Por meio das interações dos estudantes durante a
construção de suas próprias composições rítmicas, as análises exploraram as diferentes
maneiras pelas quais os aprendizes interagiram com as ferramentas do micromundo e em
particular as formas utilizadas para expressar concepções relativas a noções, tais como
razão e proporção. Como resultado, foi observado que, com o apoio destas ferramentas, os
alunos gradualmente associaram suas atividades musicais com propriedades e conceitos
matemáticos. Em particular, todos os alunos conseguiram, ao longo do experimento,
explorar as relações de ―dobro‖ e ―metade‖ em uma perspectiva coerente com o mundo de
splitting e utilizaram uma variedade de formas para representar estas relações.

10) ROSOLEN, Rosana. Vozes dos Alunos do Ensino Fundamental: Percepções,


Sentimentos e Expectativas sobre o processo da Resolução de Problemas de Matemática.
01/08/1999 1v. 154p. Mestrado. UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA -
EDUCAÇÃO
Resumo da dissertação: Esta investigação buscou conhecer, através das vozes dos
alunos do ensino fundamental, suas percepções, sentimentos e expectativas em relação ao
processo de ensino-aprendizagem de resolução de problemas matemáticos, para além do
lápis e papel. Considerando esta prática pedagógica, o coração da abordagem do ensino das
Ciências Matemáticas nas escolas, a pergunta a ser respondida, para efeito dos objetivos da
pesquisa, foi: em que termos os indicadores das respostas dos alunos podem contribuir para
uma reorientação da prática pedagógica do professor de Matemática nesse processo de
104

ensino? A Educação Matemática, em âmbito nacional e internacional, tem tido um


problema de visão de campo quando se centra apenas em pontos desarticulados e
descontextualizados do conteúdo matemático e o professor deixa de ser um dos
protagonistas da mudança e/ou inovação desse processo educativo. Para tanto, é necessário
que ele tenha uma atitude permanente de investigação e reflexão sobre sua prática
pedagógica, com clareza de suas perspectivas e metas. O contexto investigado, para este
estudo, foi o Núcleo de Educação Integrada da Fundação Romi, da cidade de Santa
Bárbara D'Oeste-SP, que atende alunos da rede pública que buscam por estudos
alternativos, com acompanhamento contínuo e permanente, após as aulas diárias em suas
escolas. Oitenta alunos de 7a e 8a séries foram acompanhados, durante os anos de 1998 e
início de 1999, com práticas pedagógicas inovadoras no ensino de resolução de problemas,
tais como jogos, músicas, situações-problemáticas abertas, a partir de trabalhos coletivos e
compartilhados. Os registros dos dados observados ocorreram através de entrevistas
formais semi-estruturadas, gravadas e, ainda, gravações em vídeo e desenhos. Sobre os
resultados mais relevantes para que o professor reoriente sua prática pedagógica nessa
abordagem de ensino, destacaram-se, dentre outros: a necessidade de busca contínua de um
ensino interlocucional entre professor e aluno; busca de um ensino compartilhado na
escola; formação para a autonomia e maior conhecimento da História e Filosofia das
Ciências Matemáticas.

11) SILVA, Marinete Aparecida Assencio da. Educação Ambiental em aulas de


Matemática no Ensino Fundamental. 01/09/2006 1v. 174p. Mestrado. CENTRO
UNIVERSITÁRIO MOURA LACERDA - EDUCAÇÃO
Resumo da dissertação: Educação Ambiental em aulas de Matemática no Ensino
Fundamental: é uma investigação sobre os fundamentos da educação matemática a partir
de práticas imersas no contexto socioambiental. E tem como norteadora a seguinte questão:
A Educação Matemática contemplada a partir dos pressupostos da Educação Ambiental,
favorece o processo ensino/aprendizagem? Para tanto, a dotou-se a pesquisa-ação como
alternativa metodológica de investigação. A pesquisa se desenvolveu numa escola pública
da rede estadual do Estado de São Paulo, em que o professor de matemática e seus alunos
da 7ª série do Ensino Fundamental, 2005, participaram como sujeitos do processo. As
informações nas quais este estudo se baseou compreendem: registros em diário de campo,
gravações em áudio e reflexões, em sala de aula. A partir dessas informações foram
elaboradas narrativas reflexivas escritas que se constituem tanto no modo de apresentação,
na organização e na análise das informações quanto no objeto de estudo deste trabalho. Os
resultados obtidos e a análise deste estudo indicam que é possível desenvolver atividades
na sala de aula contextualizadas com a temática ambiental, envolvendo um amplo campo
de diversidade como: música, quadro, situações do cotidiano familiar de consumo de água,
trabalho de campo dos alunos no contexto sócio-ambiental da cidade. Esse processo
educativo formal, por meio de atividades de educação ambiental, tem sido uma proposta
viável na tentativa de conscientização na questão da água, é nesse contexto de busca, que a
matemática se torna algo vivo e dinâmico.
105

12) VAZ, Leonardo José Leite da Rocha. Música e Matemática: Novas


tecnologias do Ensino em uma experiência Multidisciplinar. 01/10/2006 1v. 85p.
Profissionalizante. CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECN. CELSO SUCKOW DA
FONSECA - ENSINO DE CIÊNCIAS E MATEMÁTICA
Resumo da dissertação: O objetivo desta dissertação é propor uma alternativa de
contextualização do ensino dos números racionais a alunos do Ensino Fundamental, com o
auxílio de novas tecnologias. Discutir-se-á a importância das frações e dos números
racionais, das operações fundamentais que podem ser efetuadas com essa classe de
números e a eficácia da abordagem tradicional. Serão levados em conta aspectos como
conceituação, operacionalização e aplicação prática. Matemática e Música serão
relacionadas tomando por base o pensamento analógico, preconizado por Levy e Machado;
a teoria das Inteligências Múltiplas, de Gardner; e, ainda, os diversos estágios do
desenvolvimento cognitivo, postulados por Piaget. Serão explicados os elementos básicos
da música: ritmo, melodia e harmonia. A dissertação irá abordar a formação da escala
ocidental de notas musicais através da experiência do matemático grego Pitágoras e seu
monocórdio. Alguns dos principais elementos das ondas sonoras, como altura e freqüência,
serão relacionados aos números racionais. O trabalho também propõe uma série de
oficinas, cujo público-alvo seria formado, principalmente, por estudantes da quinta e sexta
séries do Ensino Fundamental. Através de uma experiência audiovisual, que integra os
raciocínios musical e visual ao raciocínio lógico-matemático, é sugerida uma nova
abordagem no ensino das frações. A avaliação final irá compará-la com a abordagem
tradicional, analisando aspectos como motivação e capacidade de aplicação dos conteúdos
aprendidos.
ANEXO F – TABELA COM INFORMAÇÕES SOBRE AS PESQUISAS ANALISADAS

A
Tipo Agência Área do
n Autor Trabalho Pág. Indicadores Instituição Estado Linha de pesquisa Orientador
(M/D) Financiadora conhecimento
o

Psicogênese do som
1 e do ritmo a luz da Piaget, Som e UNIVERSIDADE Ângela Maria
Zeny
9 teoria do Ritmo, FEDERAL DO Rio Grande Desenvolvimento Brasil Biaggio
Oliveira de 320 D Não houve EDUCAÇÃO
8 desenvolvimento de Inteligência RIO GRANDE do Sul Humano e Thereza
Moraes.
9 Piaget: um estudo Musical DO SUL Penna Firme
de caso
1 Alfabetização Form. continuada
Ana Beatriz Alfabetização Regina
9 Musical: uma CAPES – de profs.
Bacchiega 145 musical; M UFSCar São Paulo EDUCAÇÃO Bochniak
9 construção Outros processos de
Marcondes construtivismo Pereira
6 interdisciplinar. socialização
A Linguagem no
Ensino de
O Pensamento
Ciências e de
Analógico na
Matemática.
1 Construção e
ENSINO DE Relações entre a Nilson José
9 Oscar João Reconstrução de
312 Não informado D Não houve FEUSP São Paulo CIÊNCIAS E língua corrente e Machado e
9 Abdounur. Significados: um
MATEMÁTICA as linguagens Seiji Hariki.
7 estudo das relações
científicas;
entre a matemática e
interface
a música
Ciências/Linguage
ns na Educação
107

Granja, Música,
1 Música,
Carlos conhecimento e ENSINO DE
9 percepção, Nilson José
Eduardo de educação: 147 M Não houve FEUSP São Paulo CIÊNCIAS E Não informada
9 conhecimento, Machado
Souza harmonizando os MATEMÁTICA
9 educação
Campos saberes na escola.
Vozes dos Alunos do
Ensino
EDUCAÇÃO
Fundamental: Resolução de Resolução de
ENSINO-
1 Percepções, problemas, UNIVERSIDADE problemas,
APRENDIZAGE Célia Margutti
9 Rosana Sentimentos e educação CAPES – DS METODISTA DE educação
154 M São Paulo M do Amaral
9 Rosolen Expectativas sobre o matemática, CNPq PIRACICABA- matemática,
MÉTODOS E Gurgel.
9 processo da Ensino UNIMEP, INEP Ensino
TÉCNICAS DE
Resolução de Fundamenta Fundamental
ENSINO
Problemas de
Matemática.

2 Lógica e Teoria do

0 Conhecimento;
Análise das
0
linguagens formais e
1
ordinárias, sua
Carmem PONTIFÍCIA
Som; fundamentação
Lucia A música em UNIVERSIDADE filosófica e seu Lafayette de
118 Praenotandas; M Não houve São Paulo FILOSOFIA
Melges Descartes CATÓLICA DE desenvolvimento Moraes.
Paixões
Gattás SÃO PAULO histórico. Análise dos
pressupostos
lógicos, ontológicos e
epistemológicos dos
sistemas filosóficos
singulares.
108

O ensino de uma
disciplina básica de Ensino de
2 Cristiana PONTIFÍCIA
matemática matemática; Formação de
0 Abud Da UNIVERSIDADE CURRÍCULO Marcos Tarciso
(geometria analítica 195 curso de D Não houve São Paulo professores
0 Silva CATÓLICA DE EDUCAÇÃO Masetto.
e cálculo vetorial) engenharia; Prática educativa.
2 Fusco. SÃO PAULO
num curso de ensino.
engenharia.
Textura musical em
2 Análise UNIVERSIDADE
Alexandre "Minuano", de Pat Composição João
0 musical; FEDERAL DO Rio de
Padrão de Metheny: proposta 118 M MÚSICA musical; Guilherme
0 Composição; CAPES - DS RIO DE Janeiro
Carvalho. de uma nova Música Ripper Vianna.
4 Música JANEIRO
abordagem analítica.
Cultura Científica
2 O ensino dos História da UNIVERSIDADE
Andréia ENSINO DE e Produção de
0 logaritmos a partir de matemática; FEDERAL DO Rio Grande Arlete de Jesus
Júlio De 123 MP CAPES – DS CIÊNCIAS E Conhecimento nas
0 uma perspectiva Logaritmos; RIO GRANDE do Norte Brito
Oliveira. MATEMÁTICA Ciências Naturais
5 histórica. Pedagógico. DO NORTE
e Matemática.
CIÊNCIAS
CENTRO HUMANAS
Música e
Ensino de FEDERAL DE ENSINO
2 Leonardo Matemática: Novas Novas
matemática EDUCAÇÃO ENSINO DE Marcos
0 José Leite tecnologias do Rio de Tecnologias no
85 música - MP Não houve TECN. CELSO CIÊNCIAS E Oliveira de
0 Da Rocha Ensino em uma Janeiro Ensino da
inteligências SUCKOW DA MATEMÁTICA Pinho
6 Vaz. experiência Matemática
múlti – frações FONSECA- ENSINO-
Multidisciplinar.
CEFET-RJ APRENDIZAGE
M
109

Pesquisa -
Educação Ambiental
2 Marinete ação, CENTRO
em aulas de Bolsa Constituição do Maria de
0 Aparecida educação UNIVERSITÁRI
Matemática no 174 M Mestrado - São Paulo EDUCAÇÃO sujeito no contexto Lourdes
0 Assencio matemática e O MOURA
Ensino SEE/SP escolar Spazziani
6 Da Silva. educação LACERDA
Fundamental.
ambiental
Formação de
professores
O design e o uso de
2 Edith Educação Currículo
um micromundo ENSINO DE
0 Valladão Matemática, Ensino Siobhan
musical para 225 M SEE-SP PUC-SP São Paulo CIÊNCIAS E
0 Campos Tecnologias Fundamental e Victoria Healy
explorar relações MATEMÁTICA
7 Ribeiro da Informação Médio
multiplicativas
Práticas de
Ensino.

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