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Artigo 8 Aba

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Análise do Comportamento Aplicada - Applied Behavior Analisis (ABA): as

Intervenções nos processos de aprendizagens dos alunos com TEA e demais


contextos da inclusão.

Simone Helen Drumond Ischkanian¹


Vinicius Guiraldelli Barbosa2
Tiago Moreno Lopes Roberto3
Rita de Cássia Soares Duque4
Eliana Drumond5
Vanélia Ramos Brito6

1. INTRODUÇÃO

A Análise do Comportamento Aplicada - Applied Behavior Analisis (ABA) foi


originada a partir da descoberta de B. F. Skinner, juntamente com outros pesquisadores
como Ivan Pavlov, Watson, John B. e Edward Thordike, pelo qual fundamentaram os
princípios que regiam o Behaviorismo Radical e foram considerados como pioneiros
que trataram sobre a temática. A esse respeito, Lear afirma que:
1
ISCHKANIAN, Simone Helen Drumond - Doutoranda em Educação, Professora
SEMED, UEA e IFAM – Autora do Método de Portfólios Educacionais (Inclusão –
Autismo e Educação). SHDI é autora de artigos e livros, é epigrafe citação e referencia
de TCCs, artigos, pesquisas e livros - simone_drumond@hotmail.com
2
GUIRALDELLI, Vinicius Barbosa – Autor de artigos e livros, é citação e referencia
em artigos de livros pela Editora Schreibe. Graduado em Ciências Contábeis (Centro
Universitário de Votuporanga) UNIFEV e Administração Pública (Universidade
Federal de Uberlândia) UFU. Especialista em Gestão Contábil. E-mail:
vinicius.barbosa@faculdadefutura.com.br.
3
ROBERTO, Tiago Moreno Lopes. Graduado em Psicologia (UNIFEV). Mestre em
Psicologia e Saúde (FAMERP). Especialista em Saúde Mental (FUTURA). Gestor de
Políticas Acadêmicas (FUTURA). Docente do Curso de Psicologia (UNIRP).
Doutorando em Ciências da Saúde (FAMERP). E-mail:
tiagomorenolopes@hotmail.com
4
DUQUE, Rita de Cássia Soares - Autora de artigos e livros, é citação e referencia em
artigos de livros pela Editora Schreibe e Arcoeditora. Formada em Pedagogia pela
Universidade Federal de Mato Grosso. Especialista em Docência do Ensino Superior
(Faculdade Afirmativo). Especialista em Educação Inclusiva e TGD / TEA (FAVENI).
Especialista em Psicologia Escolar e Educacional (FAVENI). Mestranda em Educação.
Orcid. https://orcid.org/0000-0002-5225-3603 E-mail: cassiaduque@hotmail.com
5
DRUMOND, Eliana de Carvalho Silva - Autora de artigos e livros, é citação em
artigos de livros pela Editora Schreibe. Psicopedagoga, Pós-Graduanda em ABA
(Analise do Comportamento Aplicada), no TEA. Especialista em Inclusão, Autismo e
Educação Clinica. E-mail. elianadrumond3@gmail.com
6
BRITO, Vanélia Ramos – Formação: Tecnóloga em Segurança do Trabalho (Estácio
do Amazonas). Pós graduada em Tecnologias Educacionais para Educação Profissional
e Tecnológica EPT - (UEA). Docência do Ensino Superior - (Estácio do Amazonas).
Docente de Educação Profissional e Segurança no Trabalho CETAM/AM. E-mail:
vaneliabrito@hotmail.com
No livro de B. F. Skinner, lançado em 1938, “The Behavior of Organisms”
(O comportamento dos organismos), Skinner descrevia sua mais importante
descoberta, o Condicionamento Operante, que é o que usamos atualmente
para mudar ou modificar comportamentos e ajudar na aprendizagem. (LEAR,
2004, p. 10).

Neste contexto é possível evidenciar que convivemos frequentemente com os


fundamentos do condicionamento operante e este é mais comum do que provavelmente
pensávamos. Lear (2004, p. 10) afirma que a “Análise do Comportamento Aplicada Applied
Behavior Analisis (ABA) é um termo [...] que observa, analisa e explica a associação entre
o ambiente, o comportamento humano e a aprendizagem”, ou seja, é por meio da interação
entre o indivíduo e o ambiente que a aprendizagem de comportamentos é observada e
explicada, através do Condicionamento Operante.

Condicionamento Operante significa que um comportamento seguido por um


estímulo reforçador resulta em uma probabilidade aumentada de que aquele
comportamento ocorra no futuro. Em português claro isso significa que, à
medida que você vai levando a vida, vão lhe acontecendo coisas que vão
aumentar ou diminuir a probabilidade de que você adote determinado
comportamento no futuro (LEAR, 2004, p. 11).

Applied Behavior Analisis (ABA) é a ciência que destaca extrema amplitude


podendo atuar em diferentes campos de atuação e intervenções como: “medos e fobias,
serviços de proteção à criança, estresse e relaxamento, aconselhamento de casal e família”
(2004, p. 11), contudo, caracterizando uma diversidade de públicos não apenas se detendo à
população atípica.
No Art. 1º É instituída a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência
(Estatuto da Pessoa com Deficiência), destinada a assegurar e a promover, em condições
de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com
deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania.
Parágrafo único. Esta Lei tem como base a Convenção sobre os Direitos das
Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, ratificados pelo Congresso
Nacional por meio do Decreto Legislativo nº 186, de 9 de julho de 2008 , em
conformidade com o procedimento previsto no § 3º do art. 5º da Constituição da
República Federativa do Brasil , em vigor para o Brasil, no plano jurídico externo,
desde 31 de agosto de 2008, e promulgados pelo Decreto nº 6.949, de 25 de agosto de
2009, data de início de sua vigência no plano interno.
A Declaração de Salamanca é considerada um dos principais documentos
mundiais que visam à inclusão social, ao lado da Convenção de Direitos da Criança
(1988) e da Declaração sobre Educação para Todos de 1990.
Uma das implicações educacionais orientadas a partir da Declaração de
Salamanca refere-se à inclusão na educação. Segundo o documento, “o princípio
fundamental da escola inclusiva é o de que todas as crianças deveriam aprender juntas,
independentemente de quaisquer dificuldades ou diferenças que possam ter.
Do Direito À Educação e do Dever de Educar Art. 4º. O dever do Estado com
educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de: III - atendimento
educacional especializado gratuito aos educandos com necessidades especiais,
preferencialmente na rede regular de ensino.
Por tanto, a execução na prática da lei será de estrema importância para que
nossas crianças com autismo tenham uma educação adaptada com ênfase na Applied
Behavior Analisis (ABA).

2. DESENVOLVIMENTO
2.1 Aprendizagem sem erro em Applied Behavior Analisis (ABA)
Applied Behavior Analisis (ABA) também dispõe da técnica da Aprendizagem
sem erro, propondo que no decorrer dos procedimentos de ensino sejam disponibilizados
alguns níveis e tipos de suporte ou ajuda para que a criança consiga concluir o que foi
solicitado, mesmo que sua ação não seja totalmente independente, ou seja, o aplicador a
todo o momento garantirá o acerto. Dessa forma, a criança, jovem ou adulto sempre irá
obter algo como consequência da sua ação.
Vinicius Guiraldelli Barbosa destaca que “essa técnica é utilizada para novos
procedimentos de ensino, pois permite que a criança não perca a motivação por ainda não
realizar o comportamento de forma independente”, com isso, impede que haja
comportamentos inadequados, como a tentativa de se esquivar daquela situação.
Para compreendermos melhor, Borba e Barros apresentam o seguinte exemplo:
Imagine, por exemplo, que você queira ensinar a criança a sentar. Nas
primeiras tentativas, pode ser necessário não apenas dizer à criança o
que ela precisa fazer (“senta”), mas também fornecer uma ajuda física,
por exemplo, pegando a criança pela mão levando até a cadeira e
auxiliando-a a sentar-se. Quando a criança começar a demonstrar mais
independência na tarefa essa ajuda será, vamos dizer, uma ajuda leve.
Neste caso, você deve fornecer a instrução “senta” e apenas indicar,
com um toque, por exemplo, o que ela deve fazer. Esse processo de
[sic] vai sendo continuado até que a criança emita respostas
independentes, ou seja, nesse caso a crianças [sic] sentaria na cadeira,
sem ajuda, quando ouvisse a instrução “senta” (BORBA E BARROS,
2018, n.p, grifo do autor).

O reforçador é disponibilizado de acordo com o nível de dica que a mesma


recebeu, por exemplo, se a criança tem o tablet como reforçador e precisou de uma dica
total, o tempo que irá assistir no tablet será menor do que se tivesse feito a ação
independente.
Tiago Moreno Lopes Roberto reporta que “as dicas são aplicadas das que
oferecem mais apoio (ajuda) para aquelas que oferecem menos apoio ao indivíduo,
portanto, sendo esvanecidas ao longo das sessões para não gerar dependência” de ajuda no
indivíduo, ou seja, para que o indivíduo realize algo com independência, sem esperar pela
ajuda do profissional.
2.2 Dicas para intervenção na Applied Behavior Analisis (ABA)
Para a intervenção na Applied Behavior Analisis (ABA), podemos apresentar os
tipos de dicas que podem ser disponibilizadas para auxiliar no desempenho do indivíduo
durante sua intervenção ABA.
2.2.1 Dica física: constitui-se pelo apoio físico que o profissional dará à
criança para que esta execute um comportamento, podendo ser uma ajuda de nível total,
quando o profissional a conduz de maneira completa, ou de nível parcial, quando há
uma sutil ação física sobre a criança. Segundo Duarte et al (2018, p.75), “[...] diante da
demanda de „Dar tchau‟ para o interlocutor que está cumprimentando o aluno, o
professor posiciona sua mão sobre do aluno e realiza o movimento de „tchau‟
estendendo a mão aberta e balançando de um lado pra outro”. Nesse caso, o indivíduo
precisou de apoio total para realizar a ação.
2.2.2 Dica gestual: essa se constitui pelo gesto (apontar, olhar, acenar) que se
faz para levar a realização de uma resposta, o aplicador não faz contato físico com o
individuo ou com os estímulos. A professora Rita de Cássia Soares Duque exemplifica
que: o aplicador coloca uma bola e um lego sobre a mesa e pede que a criança o
entregue a bola, já tendo o conhecimento prévio que a criança ainda não sabe identificá-
los de forma independente, o aplicador fornece a dica quando aponta ou olha para a
bola, então a criança a entrega ao aplicador.
2.2.3 Modelação: este tipo de dica é utilizado para a obtenção de habilidades
motoras e verbais, se divide em total e parcial. Eliana Drumond evidencia que “o
aplicador realiza e/ou fala a instrução que deve ser repetida na forma de imitação
motora ou vocal”. Por exemplo: em uma dança, o aplicador solicita que a criança
“coloque a mão na cabeça” e realiza esta ação. Quando a modelação é parcial, apenas
uma das dicas é fornecida, vocal ou motora.
2.2.4 Dica verbal: são dicas apresentadas vocalmente em forma de perguntas
ou instrução. Estas são mais utilizadas com indivíduos que já dominam a vocalização.
Exemplificando, segundo Duarte et al (2018, p. 77), “[...] diante do cartão com a
imagem de uma galinha, o aluno deve dizer o nome do animal, o professor deve
fornecer pistas verbais, dizendo [...] „começa com ga...‟, ou „começa com a mesma
sílaba do gato‟.” Para este sentido, utilize as atividades do Método de Portfólios
Educacionais SHDI, disponíveis em: http://autismosimonehelendrumond.blogspot.com/
2.2.5 Dica visual ou textual: são tipos de ajuda que podem ser expressas por
meio de imagens ou textos, como cartas impressas que informam, através de imagens ou
frases, a rotina que será seguida no dia.
2.2.6 Dica contextual: são dicas que alteram o ambiente de forma a estimular
o indivíduo a responder corretamente as instruções. O terapeuta pode mudar objetos de
lugar, de maneira a favorecer uma resposta correta do indivíduo.

2.3 Breve descrição das funções do comportamento


2.3.1 Fuga de demanda: quando a criança/jovem/adulto escapa de uma
situação aversiva, como a realização de uma tarefa.
2.3.2 Busca de atenção: quando emite um comportamento em busca da
atenção de pessoas, por exemplo, os pais estão conversando na sala e a criança começa
a chorar, então o pai se aproxima dela e inicia brincadeiras, cócegas.
2.3.3 Comportamento auto estimulatório: quando tem por objetivo se
autorregular ou trazer consequências estimulantes, de acordo com Lear (2004, p.50)
“„agitar as mãos‟, repetir frases continuamente”.
2.3.4 Razões tangíveis: realiza alguns comportamentos buscando retirar algo
negativo, Lear (2004, p. 51) apresenta o exemplo de “A criança que tira a roupa pode
estar tentando reduzir o desconforto por estar quente ou molhada”.

Fonte: Psicopedagoga Eliana Drumond (imagem autorizada para publicação neste artigo)

2.4 Programas para Applied Behavior Analisis (ABA)


As habilidades específicas são introduzidas na terapia da pessoa com TEA com
objetivos a serem conquistados de acordo com os déficits que a mesma apresenta nas
variadas áreas e estas visam minimizá-los. As habilidades podem ser de atenção,
comunicação, linguagem, imitação, dentre outros, para cada uma dessas há um
programa específico que visa desenvolvê-las ou aprimorá-las.
2.4.1 Programa Mando - Este programa baseia-se no ato de pedir algo.
Segundo Lear (2004, p. 74), “trata-se de pedir itens reforçadores que se desejam, tais
como objetos, atividades ou informação”. O programa é altamente motivador, pois
assim que o item é solicitado, automaticamente é entregue a quem o pediu. Ainda de
acordo com Lear (2004, p. 74) “é considerado de fundamental importância no ensino de
comportamento verbal”. De acordo com Klin (2019, n.p) cerca de 20 a 30% daqueles
diagnosticados com TEA, não vão se apropriar da linguagem verbal, para isso, foi
desenvolvido o Sistema de Comunicação por Troca de Imagens (PECS), isto é, um
sistema de comunicação alternativa que contém figuras impressas com diversas
atividades rotineiras como: café da manhã, almoço, jantar, tomar banho, ir ao banheiro,
hora de dormir, brincar, descansar, além de brinquedos e comidas preferidas, atividades
de lazer como ir à piscina, assim como, acadêmicas. Estas podem ser selecionadas pelo
indivíduo, pela ação de apontar ou pegar e ser entregue ao aplicador ou membro
familiar demonstrando a solicitação de algum item.
2.4.2 Programa de Imitação Motora – o terapeuta realiza um movimento
com objetos ou com o corpo para que o indivíduo possa reproduzi-lo. Tais movimentos
podem ser realizados com a coordenação motora fina e grossa, partes do corpo como pé
e mão, “movimentos fonoarticulatórios” como colocar a língua para fora ou soprar e
sequência de movimentos. Essas ações visam tornar o indivíduo independente, por
exemplo, ao ensinar o movimento de pentear o cabelo, além de outras finalidades.
2.4.3 Programa de Emparelhamento – combinar cores, formas, imagens
idênticas, semelhantes, ou ordenar a sequência cronológica de acontecimentos.
2.4.4 Programa de Linguagem Receptiva – o indivíduo deve desenvolver ou
já possuir o conhecimento discriminativo de objetos, pessoas, figuras. A princípio,
seguir instruções simples, partindo para as mais complexas que exigem mais de uma
ação.
Nesses programas, é necessário que os aplicadores estejam alinhados quanto ao
comportamento emitido, ou seja, será fundamental que este comportamento seja
descrito e criterioso. Ao observarem o comportamento de sentar, quais critérios foram
definidos para que este comportamento seja registrado como emitido? A título de
exemplo, será considerado o comportamento de sentar, quando a criança flexiona as
pernas e apoia as nádegas em assento por 5 segundos.

2.5 Applied Behavior Analisis (ABA) na sala de aula e na universidade


Os alunos com necessidades educacionais especiais têm o direito de serem
acompanhados por um professor de Atendimento Educacional Especializado (AEE) ou
acompanhante especializado. No caso da aplicação da ABA, se faz necessário a figura
desse acompanhante especializado, graduado ou ainda com pós-graduação, mestrado ou
doutorado em ABA. Este aplicará os princípios da abordagem comportamentalista
visando dar suporte ao indivíduo em suas atividades acadêmicas, sociais e de
autocuidado.
Applied Behavior Analisis (ABA) na sala de aula e na universidade destaca
que o aluno com TEA deve ser assistido por seu acompanhante especializado, este
profissional foi selecionado pela família para aplicar essa abordagem específica, tendo
em vista que, caso fosse atendido por um professor de AEE, este teria um leque de
abordagens para selecionar e então aplicar a intervenção com o indivíduo, tendo
possibilidades de não ser a intervenção ABA.
Este acompanhante especializado também atuará como facilitador das
interações entre professor-aluno e aluno-aluno, de forma que orientará a maneira
adequada de se aproximar e se comunicar com o aluno com TEA. Reafirmando o
pensamento, Gaiato (2018, p. 103) garante que “é importante que os profissionais da
escola saibam como reforçar comportamentos adequados e eliminar comportamentos
indesejáveis, para o bom funcionamento da criança nesse ambiente”. Tais orientações
serão oferecidas de maneira informal, de acordo com as necessidades ocasionadas no
cotidiano escolar, a título de exemplo, a criança começa a chorar, logo alguém a entrega
o tablet, a criança por receber o objeto para de chorar.
Os princípios da Applied Behavior Analisis (ABA) na sala de aula e na
universidade ressalta que esse comportamento de “chorar” foi fortalecido pela entrega
do tablet e terá a possibilidade de ocorrer novamente quando a criança quiser o aparelho
eletrônico. Nesse caso, o acompanhante especializado poderá orientar o profissional da
escola de que maneira proceder diante desse comportamento.
Na sala de aula (do Ensino Infantil aos cursos de graduação, mestrado,
doutorado ou qualquer nível educacional que o aluno esteja inserido), o indivíduo com
Transtorno do Espectro do Autismo realizará as atividades acadêmicas cabíveis e
necessárias, sempre levando em consideração sua condição diante do espectro, pois
precisará de mais ou menos apoio.
Os indivíduos com deficiência precisam de um atendimento individualizado,
assim acontece com os que têm TEA, que utilizam como intervenção a metodologia
Applied Behavior Analisis (ABA) na sala de aula, pois os atendimentos também se
baseiam em procedimentos de um para um e estes poderão ser realizados na sala de
Atendimento Educacional Especializado (AEE), assim como, na sala de aula juntamente
com os colegas e a professora, o que possibilitaria a interação e generalização de
comportamentos aprendidos.
O ambiente da sala de aula propicia obstáculos para esse atendimento, alguns
deles são: professores que discordam da metodologia dessa abordagem, superlotação
das salas de aula e ruídos produzidos pelos alunos podendo inviabilizar a aplicação da
intervenção, além de tornar o ambiente aversivo para a criança com TEA, bem como, a
possibilidade de desvio da atenção dos outros alunos durante a aplicação da Applied
Behavior Analisis (ABA) na sala de aula e na universidade.
2.6 Avaliação Comportamental na Applied Behavior Analisis (ABA)
A avaliação comportamental é a fase da descoberta da Applied Behavior
Analisis (ABA) e visa à identificação e o entendimento de alguns aspectos relativos à
criança, jovem ou adulto com autismo e seu ambiente. Alguns dos objetivos da
avaliação são:
2.6.1 Entender o repertório de comunicação do indivíduo: presença ou não
de linguagem funcional, contato visual, atendimento de ordens, entre outros.
2.6.2 Como o indivíduo se relaciona em seu ambiente: objetos preferidos,
apresenta birras frequentes, como reage às pessoas.
2.6.3 Comportamento pessoal: qual a função de seus comportamentos.
2.6.4 Frequência e intensidade de fatos: em que circunstâncias certos
problemas ocorrem ou deixam de ocorrer com maior frequência ou intensidade?
2.6.5 Comportamento problema: quais as conseqüências fornecidas a esses
comportamentos problema?
2.6.6 Modificando os antecedentes podemos prevenir que o
comportamento problema aconteça: evitando situações ou pessoas que sirvam como
antecedentes para o comportamento problema.
2.6.7 Controlando o meio ambiente: no decorrer da vida do indivíduo o
ambiente modela, cria um repertório comportamental e o mantém. O ambiente ainda
estabelece as ocasiões nas quais o comportamento acontece, já que este não ocorre no
vácuo.
2.6.8 Aprendizagem sem erro: Dividindo as tarefas em passos menores e
mais toleráveis é o que chamamos de aprendizagem sem erro. Toda a intervenção está
baseada na aprendizagem sem erros, ou seja, deixamos de lado o histórico de fracassos e
ensinamos a criança a aprender.
Esta aprendizagem deve ser prazerosa e divertida para a criança, jovem ou
adulto, podendo-se usar reforçadores para manter o individuo motivado. Um reforço é
uma conseqüência que aumenta a probabilidade de esta resposta acontecer novamente.
Quando um comportamento é fortalecido, é mais provável que ele ocorra no futuro.
2.7 A INTERVENÇÃO PRECOCE e as atividades do Método de
Portfólios Educacionais SHDI para reduzir sintomas
A Neuroplasticidade refere-se à capacidade do cérebro de mudar, se adaptar e
desenvolver novas conexões sinápticas entre os neurônios. Entretanto, apesar de ser
possível a criação de novas conexões neuronais em indivíduos adultos, o cérebro é mais
plástico até a idade de cinco anos. Neste sentido, as atividades do Método de Portfólios
Educacionais SHDI são delineadoras do desenvolvimento de diversas habilidades.

Para as crianças com autismo, o diagnostico precoce é de fundamental


importância. Por isso, os pediatras precisam observá-las com muito critério desde
o nascimento e, a qualquer alteração notada deve encaminhá-las a um especialista
mesmo que não tenham certeza do diagnostico [...]. (GAIATO,2012,p.137).
Fonte: Vanélia Ramos Brito (imagem autorizada para publicação neste artigo)

Uma das primeiras podas neuronais ocorre na primeira infância, coincidindo,


muitas vezes, com a época em que os pais relatam regressão e perda de habilidades por
parte de seus filhos. Ou seja, os pais podem relacionar a regressão a causas ambientais e
ela ter causas neurológicas. De qualquer forma, perdas de habilidades, em qualquer
tempo, não podem ser desconsideradas. Mais que lamentar por elas, os pais devem vê-
las como um sinal que está ali para mostrá-los que algo não está bem, precisa ser
investigado e requer tomada de providências. Considerando todos esses fatores (podas
neuronais e plasticidade cerebral), a época em que as intervenções são iniciadas faz
muita diferença: quanto mais cedo, melhor.
2.8 Quais são os resultados obtidos com a análise do comportamento
aplicada em pacientes com TEA?
Uma pesquisa que demonstrou de forma pioneira a efetividade de formas de
intervenção aos TEA baseadas em ABA, foi realizada por Lovaas, em 1987, nos
Estados Unidos. Desde então, isso vem sendo confirmado por outros estudos. Os
estudos têm mostrado que cerca de 80% dos casos de TEA submetidos a intervenções
baseadas em ABA mostram boa ou excelente evolução. Isso quer dizer que essas
pessoas suprem significativamente seus déficits e reduzem comportamento-problema a
ponto de funcionarem nos diferentes âmbitos sociais com pouca ou até nenhuma ajuda.
Infelizmente, há casos onde o comprometimento é muito severo e o progresso é
pequeno. Nesses casos, a pessoa pode não desenvolver plenamente a linguagem, seja
falada ou por forma alternativa, e precisar de assistência por tempo indeterminado.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
ABA é a terapia comportamental que funciona porque é intensiva, sistemática e
ensina habilidades. O autismo não é curável, mas é educável. Foi a partir de 1989 que os
indivíduos com desenvolvimento atípico passaram a ser os sujeitos privilegiados nas
intervenções relatadas no JABA (Journal of Applied Behavior Analysis), chegando
muito perto de 50% do total de artigos até 1988 e crescendo progressivamente até
atingir 75% em 1992. A proposta básica da ABA resume-se em estimular
comportamentos funcionais e fortalecer as habilidades existentes, além de modelar
aquelas que ainda não foram desenvolvidas, de forma que o indivíduo aprenda a
interagir com a sociedade.

REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO PSIQUIATRICA AMERICANA (APA). Manual diagnóstico e estatístico de
transtornos mentais: DSM-5. 5.ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.

BORBA, M. M. C.; BARROS, R. S. Ele é autista: como posso ajudar na intervenção? Um guia
para profissionais e pais com crianças sob intervenção analítico-comportamental ao autismo.
Cartilha da Associação Brasileira de Psicologia e Medicina Comportamental (ABPMC), 2018.

DUARTE, C. P.; SILVA, L. C.; VELLOSO, R. L. Estratégias da Análise do Comportamento


Aplicada para pessoas com Transtorno do Espectro do Autismo. São Paulo : Memnon
Edições Científicas, 2018.

GAIATO, Mayra; TEIXEIRA, Gustavo. Reizinho autista: guia para lidar com comportamentos
difíceis. – São Paulo: ed. nVersos, 2018.

GAIATO, Mayara Bonifácio; REVELES, Leandro Thadeu; SILVA, Ana Beatriz Barbosa.
Mundo Singular: Entenda o autismo. FONTANAR, São Paulo - SP, 2012.

LEAR, Kathy. Ajude-nos a aprender (Help us learn) Um Programa de Treinamento em ABA


(Analise do Comportamento Aplicada) em ritmo auto-estabelecido. Toronto, Ontario – Canada,
2a edição, 2004.

SELLA, A. C.; RIBEIRO, D. M. Análise do Comportamento Aplicada ao Transtorno do


Espectro do Autismo. 1. ed. - Curitiba: Appris, 2018.

SILVA, A. B. B.; GAIATO, M. B.; REVELES, L. T. Mundo singular: entenda o autismo. Ed.
Fontanar, 2012.

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