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Gabriela Andrade Conrado Carvalho

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

MESTRADO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

IMPACTO DAS INTERVENÇÕES DO FARMACÊUTICO


CLÍNICO NO CUIDADO DE PACIENTES ONCOLÓGICOS:
UMA REVISÃO SISTEMÁTICA

Gabriela Andrade Conrado Carvalho

São Cristóvão/SE

Dezembro, 2018
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

MESTRADO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

IMPACTO DAS INTERVENÇÕES DO FARMACÊUTICO


CLÍNICO NO CUIDADO DE PACIENTES ONCOLÓGICOS:
UMA REVISÃO SISTEMÁTICA

Gabriela Andrade Conrado Carvalho

Dissertação apresentada ao Núcleo de Pós-


Graduação em Ciências Farmacêuticas da
Universidade Federal de Sergipe como
requisito final para obtenção do grau de
Mestre em Ciências Farmacêuticas.

Orientadora: Profa. Dra. Lucindo José Quintans Júnior

São Cristóvão/SE

Dezembro, 2018
CARVALHO / GABRIELA ANDRADE
2017
CONRADO IMPACTO DAS INTERVENÇÕES
Ficha catalográfica elaborada conforme normas da Biblioteca Central / UFS

Carvalho, Gabriela Andrade Conrado

Impacto das intervenções do farmacêutico clínico no cuidado de


pacientes oncológicis: Uma revisão sistemática - São Cristóvão, 2018.
Orientador: Profa. Dra. Lucindo José Quinstans Júnior
Dissertação (Mestrado em Ciências Farmacêuticas) – Universidade
Federal de Sergipe, Pró-reitora de Pós-Graduação e Pesquisa, Núcleo de Pós-
Graduação em Ciências Farmacêuticas.

1. Câncer 2. Serviço clínico farmacêutico 3. Desfechos em saúde


4. Oncologia I. Título
Gabriela Andrade Conrado Carvalho

IMPACTO DAS INTERVENÇÕES DO FARMACÊUTICO


CLÍNICO NO CUIDADO DE PACIENTES ONCOLÓGICOS:
UMA REVISÃO SISTEMÁTICA
Dissertação apresentada ao Núcleo de
Pós-Graduação em Ciências
Farmacêuticas da Universidade Federal de
Sergipe como requisito final à obtenção do
grau de Mestre em Ciências
Farmacêuticas.
Aprovada em: _____/_____/_____

___________________________________________
Orientador: Prof. Dr. Lucindo José Quintans Júnior

___________________________________________
1º Examinador: Prof. Dr. Alfredo Dias de Oliveira Filho

___________________________________________
2º Examinador: Prof. Dr. Giselle de Carvalho Brito

PARECER

_______________________________________________________________
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__________________
RESUMO

Introdução: O câncer é um dos principais problemas de saúde pública em todo

o mundo e sua terapia tornou-se altamente especializada e bem avançada nos

últimos anos. Embora as atividades realizadas por farmacêuticos na terapia

oncológica tenha aumentado nos últimos anos, há uma carência de revisões

sistemáticas sobre o tema. Objetivo do estudo é mostrar o impacto dos serviços

de farmácia clínica em pacientes com câncer. Metodologia: Foi realizada uma

revisão sistemática, onde foram incluídos estudos de intervenção quase-

experimentais, coorte, caso-controle e ensaios clínicos. A seleção dos estudos

foi realizada nas bases de dados COCHRANE, Embase, PubMed, SCOPUS e

Web of Science. Resultados: A busca inicial identificou 4.863 estudos, que após

o processo de seleção resultaram em 10 estudos incluídos na revisão. Os

principais serviços farmacêuticos reportados nos estudos foram a identificação

de eventos adversos a medicamentos e PRM’s, melhora na qualidade de vida,

controle da dor, atividades educacionais, satisfação do paciente, manejo de

terapias/pacientes específicos. Conclusões: Os serviços farmacêuticos podem

melhorar a qualidade de vida global, PRMs e otimizar a quimioterapia para

pacientes com câncer e reduzir custos médicos. A intervenção farmacêutica

diminui significativamente a incidência de vômitos e aumenta a adesão de

antieméticos.

Palavras-chaves: câncer, oncologia, farmácia clínica, atenção farmacêutica.


1

ABSTRACT

Introduction: Cancer is one of the major public health problems worldwide and

its therapy has become highly specialized and well advanced in recent years.

Although the activities performed by pharmacists in cancer therapy have

increased in recent years, there is a lack of systematic reviews on the subject.

The aim of this study is to show the impact of clinical pharmacy services in

cancer patients. Method: A systematic review was performed, including quasi-

experimental intervention, cohort, case-control, and clinical trials. The selection

of the studies was carried out in the COCHRANE, Embase, PubMed, SCOPUS

and Web of Science databases. Results: The initial search identified 4,863

studies, which after the selection process resulted in 10 studies included in the

review. The main pharmaceutical services reported in the studies were the

identification of adverse drug events and PRMs, improvement in quality of life,

pain control, educational activities, patient satisfaction, management of specific

therapies / patients. Conclusions: Pharmaceutical services can improve overall

quality of life, PRMs and optimize chemotherapy for cancer patients and reduce

medical costs. Pharmaceutical intervention significantly decreases the incidence

of vomiting and increases antiemetic compliance.

Key words: cancer, oncology, clinical pharmacy, pharmaceutical care.


2

SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 .................................................................................. 1

1INTRODUÇÃO........................................................................1

CAPÍTULO 2 ................................................................................... 3

2 REVISÃO DA LITERATURA ................................................... 3

2.1 Câncer .................................................................................... 3

CAPÍTULO 3 ................................................................................. 17

3 OBJETIVO GERAL ............................................................... 17

CAPÍTULO 4 ................................................................................. 18

4 DELINEAMENTO DE PESQUISA ......................................... 18

CAPÍTULO 5 ................................................................................. 23

5 RESULTADOS ...................................................................... 23

CAPÍTULO 6 ................................................................................. 37

6 DISCUSSÃO ......................................................................... 37

CAPÍTULO 7 ................................................................................. 41

CONCLUSÕES ............................................................................. 41
1

CAPÍTULO 1
1 INTRODUÇÃO

De acordo com estimativas mundiais do projeto Globocan 2012, da

Agência Internacional para Pesquisa em Câncer (International Agency for

Research on Cancer), da Organização Mundial da Saúde (OMS), houve 14,1

milhões de casos novos de câncer e um total de 8,2 milhões de mortes por

câncer, em todo o mundo, em 2012. Em 2013, o câncer provocou mais de 8

milhões de mortes em todo o mundo e pulou da terceira principal causa de

morte em 1990, para a segunda principal causa atrás apenas das doenças

cardiovasculares (GBD, 2013).

O aumento da demanda por serviços farmacêuticos na oncologia tem

acompanhado, naturalmente, este aumento da incidência. Neste cenário, muitos

estudos evidenciam que os serviços clínicos farmacêuticos em oncologia têm um

efeito positivo na qualidade de vida, segurança clínica do paciente, além do

impacto econômico na redução de custos durante o tratamento.

O câncer e seus tratamentos afetam diretamente a vida do paciente, pois

uma vez descoberta a doença, mudanças ocorrem em seus hábitos e modos de

viver, podendo comprometer sua qualidade de vida (QV) (Chaves, 2011). A

doença em si e a terapêutica podem acarretar problemas físicos, emocionais,

sociais e alterar suas atividades de vida diárias (Nicolussi, 2011).

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define QV como "a percepção

do indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e sistemas de valores

nos quais vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e

preocupações" (WHOQOL Group 1995).


2

Pacientes oncológicos são frequentemente submetidos a esquemas

terapêuticos complexos, e recebem medicamentos não só para tratar o câncer e

comorbidades, mas também para tratar a toxicidade e condições induzida por

terapia relacionada ao tratamento quimioterápico (Maggiore, 2010).

O uso de medicamentos quimioterápicos de câncer está associado a

eventos adversos (EAs) que vão de náusea leve a fatal mielossupressão.

Durante a última década tem sido demonstrado por um certo número de estudos

que a morbidade e mortalidade induzida é um dos principais problemas de saúde

pública. Reconhece-se também que os agentes quimioterápicos estão

associados com EAs graves que levam a prejuízos econômicos e diminuição da

qualidade de vida (Kirthi et al., 2014).

O câncer impõe um fardo econômico substancial para a sociedade. Altos

custos de saúde estão associados com a sua prevenção e tratamento.

(Commission of the European Communities). Os custos médicos diretos de

tratamento do câncer apenas nos Estados Unidos foram estimados em

aproximadamente US $ 125 bilhões em 2010 (Mariotto et. al, 2011). Tendo em conta a

evolução demográfica da população e as tendências epidemiológicas em câncer, o

custo deve subir para quase US $ 155 bilhões em 2020 (Svatek et. al, 2014).

Ante ao exposto, o objetivo do presente estudo é buscar na literatura, por

meio de uma revisão sistemática, estudos que descrevam os serviços de

farmácia clínica realizados em oncologia e seu impacto de contribuição aos

pacientes na qualidade de vida, segurança clínica e redução de custos

econômicos hospitalares e ambulatoriais.


3

CAPÍTULO 2
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Câncer

.O câncer é a principal causa de morte nos países economicamente

desenvolvidos e a segunda principal causa de morte em países em

desenvolvimento. Em 2030, prevê-se que haverá 26 milhões de novos casos de

câncer e 17 milhões de mortes por câncer por ano (WCR, 2008). Além disso, a

distribuição global e os tipos de câncer que hoje predominam, continuam a

aumentar, especialmente em países em desenvolvimento. Países de baixa e

média renda representaram cerca de metade (51%) de todos os cânceres em

todo o mundo em 1975; essa proporção aumentou para 55% em 2007 e está

projetado para atingir 61% em 2050 (Bray, 2006).

Câncer é o nome que se refere a uma classe de doenças, cuja

característica mais comum é o crescimento anormal de células que invadem

tecidos e órgãos, podendo espalhar-se para outras regiões do corpo

(MINISTÉRIO DA SAÚDE; INCA, 2011). Estas células dividem-se de forma

rápida, agressiva e incontrolável, designando a formação de tumores ou

neoplasias malignas (COSTA, 2012).

Os tipos de mais incidentes no mundo foram pulmão (1,8 milhão), mama

(1,7 milhão), intestino (1,4 milhão) e próstata (1,1 milhão). Nos homens, os mais

frequentes foram pulmão (16,7%), próstata (15,0%), intestino (10,0%), estômago

(8,5%) fígado (7,5%). Em mulheres, as maiores frequências encontradas foram

mama (25,2%), intestino (9,2%), pulmão (8,7%), colo do útero (7,9%) e estômago

(4,8%) (Globocan, 2012).


4

A estimativa para o Brasil, biênio 2016-2017, aponta a ocorrência de cerca

de 600 mil casos novos de câncer. Excetuando-se o câncer de pele não

melanoma (aproximadamente 180 mil casos novos), ocorrerão cerca de 420 mil

casos novos de câncer. O perfil epidemiológico observado assemelha-se ao da

América Latina e do Caribe, onde os cânceres de próstata (61 mil) em homens

e mama (58 mil) em mulheres serão os mais frequentes. Sem contar os casos

de câncer de pele não melanoma, os tipos mais frequentes em homens serão

próstata (28,6%), pulmão (8,1%), intestino (7,8%), estômago (6,0%) e cavidade

oral (5,2%). Nas mulheres, os cânceres de mama (28,1%), intestino (8,6%), colo

do útero (7,9%), pulmão (5,3%) e estômago (3,7%), figurarão entre os principais.

(INCA, 2016).

A quimioterapia é o método que utiliza compostos químicos, chamados

quimioterápicos, no tratamento de doenças causadas por agentes biológicos.

Quando aplicada ao câncer, a quimioterapia é chamada de quimioterapia

antineoplásica ou quimioterapia antiblástica. Os efeitos terapêuticos e tóxicos

dos quimioterápicos dependem do tempo de exposição e da concentração

plasmática do medicamento. A toxicidade é variável para os diversos tecidos e

depende do medicamento utilizado (INCA, 2016).

O quadro abaixo mostra exemplos de efeitos tóxicos dos quimioterápicos,

conforme a época em que se manifestam após a aplicação.


5

Precoces Ultra-tardios
Imediatos (de 7 a
(de 0 a 3 Tardios (meses)
(meses ou
21 dias)
dias) anos)
Náuseas Mielossupressão Miocardiopatia Infertilidade
Vômitos Mucosites Hiperpigmentação Carcinogênese
Cistite
hemorrágica
Mal estar Alopecia Mutagênese
devida à
ciclofosfamida
Distúrbio do
Adinamia Imunossupressão Pneumonite crescimento
em crianças
Potencialização
Sequelas no
Agitação dos efeitos das
Imunossupressão SNC
radiações
Fibrose/cirrose
Exantemas Neurotoxidade
hepática
Flebites Nefrotoxidade

Quadro I. Efeitos tóxicos dos quimioterápicos.

Quanto a classificação dos quimioterápicos, eles são divididos de acordo

com sua ação no ciclo celular e de acordo com a sua estrutura química. As

tabelas abaixo trazem a classificação dos principais quimioterápicos de acordo

com a sua estrutura química, com suas aplicações em diversos tipos de câncer.

AGENTES ALQUILANTES

Tipo Nome Aplicações


Mecloretamina; Linfoma Hodgkin; leucemias
Mostardas
Ciclofosfamida agudas, mama, ovário,
nitrogenadas
pulmão, colo do útero
Tiopeta; Busulfan; Ovário; bexiga; mama e
Etileniminas
Hexametilmelamina ovário
Carmustina; Linfomas Hodgkin e não
Nitrosúreias Lomustina; Semustina Hodgkin; melanoma;
estômago; cólon
Dacarbazina Hodgkin; melanoma;
Triazenos
sarcomas
6

ANTIMETABÓLITOS

Tipo Nome Aplicações


Metotrexato
Análogos do ácido Mama; cabeça e pescoço;
fólico pulmão
5- fluoracil; Citarabina Mama; cólon, estômago,
Análogos da
pâncreas, ovário, cabeça e
pirimidina
pescoço, bexiga.
6- mercaptopurina;
Análogos das purinas Tioguanina LMA e LLA

ANTIBIÓTICOS CITOTÓXICOS

Tipo Aplicações
Coriocarcinoma,
Actinomicina D rabdomiosarcoma, testículo

LMA, LLA
Daunorrubicina
Sarcomas de partes moles,
Hodgkin, não Hodgkin,
leucemias agudas, mama,
Doxorrubicina
genitourinário,tireóide,
pulmão, estômago,
neuroblastoma

Testículo, cabeça e pescoço,


Bleomicina pele, esôfago, pulmão,
linfomas
Mitramicina
Testículo
Estômago, colo de útero,
Mitomicina cólon, mama, pâncreas,
bexiga, cabeça e pescoço

A quimioterapia é um tratamento em que se utilizam medicamentos

capazes de destruir células neoplásicas, interferindo nas funções celulares,

como na sua divisão e lise. Contudo, essas medicamentos também podem


7

destruir células normais do organismo, causando inúmeros efeitos adversos

como náuseas, vômito, diarréia, constipação, mucosite, mielossupressão,

neutropenia, plaquetopenia, anemia, entre outros (Bonassa, 2013).

2.2 Farmácia clínica

Nos últimos anos, o conhecimento sobre as atividades realizadas por

farmacêuticos em oncologia clínica tem aumentado consideravelmente a partir

da publicação de muitos estudos que descrevem esses serviços. Além de

estudos que mostram intervenções gerais (Bremberg et al., 2006; Cioffi et

al.,2011; Chan et al., 2012).

Tal como acontece com outras profissões, a profissão farmacêutica

experimentou uma mudança de serviços orientados para os medicamentos,

como a distribuição e manipulação, para serviços orientados para o paciente. A

especialidade de farmácia oncológica desenvolveu e ganhou conhecimento e

experiência para atender às demandas de expansão do sistema de saúde em

matéria de cuidados oncológicos. A criação de serviços centrais para

composição de medicamentos quimioterápicos e padronização dos formulários

de pedidos de quimioterapia, foi uma das primeiras contribuições farmacêuticas

para diminuir erros de prescrição e dosagem e aumentar a segurança na

manipulação de medicamentos quimioterápicos (Liekweg, 2004).

Hepler e Strand, 1990, utilizaram o termo “Pharmaceutical Care” pela

primeira vez na literatura. Esse termo foi traduzido para cuidados farmacêuticos

ou atenção farmacêutica com o significado de “provisão responsável do

tratamento farmacológico com o objetivo de alcançar resultados satisfatórios na

saúde, melhorando a qualidade de vida do paciente”.


8

Em 1992, Davies e colaboradores publicaram o desenvolvimento de um

sistema para quantificar as atividades clínicas do farmacêutico em um centro de

câncer ambulatorial. Eles dividiram atividades clínicas em duas categorias:

consulta / informação sobre medicamento e intervenções terapêuticas. Após um

período de coleta de dados de 12 meses, houve um total de 246 consultas e 343

intervenções terapêuticas.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) em 1994, discutiu o conceito de

cuidados farmacêuticos, definindo o seu papel: “estender o caráter de

beneficiário dos Cuidados Farmacêuticos ao público, no seu conjunto e

reconhecer, deste modo, o farmacêutico como dispensador da atenção sanitária

que pode participar, ativamente, na prevenção das doenças e da promoção da

saúde, em conjunto com outros membros da equipe sanitária”.

A missão principal do farmacêutico é prover a atenção farmacêutica, que

é a provisão responsável de cuidados relacionados com os medicamentos, com

o propósito de conseguir resultados concretos em resposta à terapêutica

prescrita, que melhorem a qualidade de vida dos doentes (Bisson, 2007).

A criação da especialidade “Farmácia Oncológica”, no ano de 1995, com

o título “The International Society for Oncology Pharmacy Practitioners”(ISOPP)

foi um fato importante para a farmácia. O objetivo da ISOPP é garantir o

tratamento médico ideal para pacientes com câncer e, assim, melhorar sua

qualidade de vida.

Em 2002, a American Society of Health System Pharmacists publicou

diretrizes para auxiliar profissionais da saúde a melhorar seu sistema de


9

prevenção de erros na prescrição de antineoplásicos, seguindo recomendações

da National Coordenationg Council for Medication Erros Reporting and

Prevention.

No Brasil, podemos destacar a publicação da RDC nº. 220 de 2004 da

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), a qual dispõe que o

responsável pela preparação da terapia antineoplásica, i.e., o farmacêutico, além

de avaliar a prescrição médica no que diz respeito à viabilidade, estabilidade e

compatibilidade físico-química dos componentes entre si, deve examinar a sua

adequação aos protocolos estabelecidos pela equipe multidisciplinar de terapia

antineoplásica e a legibilidade e identificação de registro no Conselho Regional

de Medicina (CRM). Brasil.

Atualmente, a atuação do farmacêutico em oncologia é uma realidade

presente em praticamente todos os serviços de quimioterapia pelo Brasil

(ESCOBAR, 2010). Suas atribuições excedem a simples dispensação da

prescrição médica, ou ainda a manipulação propriamente dita, uma vez que, sua

atuação é importante em várias etapas da terapia quimioterápica, com objetivo

de garantir assistência integral ao paciente oncológico (ANDRADE, 2009).

A atuação farmacêutica deve complementar os serviços médicos de modo

a informar o paciente oncológico sobre a finalidade dos antineoplásicos e terapia

de suporte utilizada, menção dos eventos adversos e possíveis interações

medicamentosas. A ocorrência de efeitos adversos e como devem ser

contornados e evitados também deve fazer parte da interação paciente-

farmacêutico (Oliveira, 2013).


10

O papel dos farmacêuticos clínicos no cuidado de pacientes

hospitalizados tem evoluído ao longo do tempo, com o aumento da ênfase no

cuidado colaborativo e interação com o paciente. Intervenções farmacêuticas

incluem economia, qualidade de vida, satisfação do paciente, medicamento

adequado, eventos adversos a medicamentos e reações adversas (Peter et. al,

2006).

2.3 Intervenção da Farmácia Clínica na Oncologia

Nas últimas quatro décadas, o crescente gasto com saúde vem elevando

a preocupação em relação ao melhor gerenciamento dos recursos destinados a

este fim. A área da avaliação econômica em saúde abrange vários

delineamentos de estudos, dentre eles as análises econômicas referentes ao

uso das farmacoterapias pela população. A esta subárea da economia em saúde

pode ser aplicada a denominação de farmacoeconomia (Meltzer 2001; Marin

2003).

O câncer é uma doença crônico-degenerativa, cujo perfil de morbi-

mortalidade tem crescido, em âmbito mundial, de maneira assombrosa, e apesar

das medidas de prevenção e dos avanços na terapia, está entre as doenças que

mais oneram e o sistema de saúde e a sociedade (Secoli, 2005).

Os custos médicos diretos de tratamento do câncer apenas nos Estados

Unidos foram estimados em aproximadamente US $ 125 bilhões em 2010

(Mariotto et. al, 2011). Tendo em conta a evolução demográfica da população e

as tendências epidemiológicas em câncer, o custo deve subir para quase US $

155 bilhões em 2020 (Svatek et. al, 2014).


11

Dranitsaris, 1995, avaliou a intervenção do farmacêutico no uso de

ondansetrona por um período de dez semanas, em um ensaio clínico prospectivo

randomizado. O controle de náuseas e vômitos foi avaliado em todos os

pacientes 24 a 72 h após a quimioterapia através de um questionário. Um total

de 76% (48/63) das prescrições cumpriu as orientações hospitalares no grupo

intervenção (monitorado por farmacêuticos) em comparação com 51,6% (33/64)

no grupo controle (P = 0,007). Durante o período do estudo, os médicos em

prescreveram $757 em valor para ondansetrona em comparação com $ 1814 no

controle. Avaliação de Medicamentos uso com intervenção farmacêutico era um

método eficaz de controlar os custos hospitalares desnecessárias e contribuiu

para o uso adequado de ondansetrona, sem comprometer o atendimento ao

paciente.

Durante o período de 12 meses, foram avaliados os custos dos erros de

medicação em pacientes oncológicos e o custo potencial da interceptação

destes erros para o sistema de seguro de saúde francês. Foi estimado em

92.907€, com 69.248 € (74%) atribuído à internação e 23.658 € (26%) ao custo

do medicamento. Além disso, se não for recebido, os erros de medicação

descritos acima seria levaram a 216 dias de hospitalização adicionais (Ranchon

e colaboradores 2011).

O câncer e seus tratamentos afetam diretamente a vida do paciente, pois

uma vez descoberta a doença, mudanças ocorrem em seus hábitos e modos de

viver, podendo comprometer sua qualidade de vida (QV) (Chaves, 2011). A

doença em si e a terapêutica podem acarretar problemas físicos, emocionais,

sociais e alterar suas atividades de vida diárias (Nicolussi, 2011).


12

A QV foi definida pelo grupo de Qualidade de Vida da Organização

Mundial de Saúde como a percepção do indivíduo de sua posição no contexto

da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus

objetivos, expectativas, padrões e preocupações. (OMS, 1995). Nesta definição

fica implícito que o conceito de QV é subjetivo, multidimensional e que inclui

elementos de avaliação positivos e negativos ( WHOQOL, 1999).

Os papéis dos farmacêuticos oncológicos são essenciais para melhorar a

qualidade de vida através de aconselhamento tratamento, acompanhamento de

terapia de suporte medicamentoso, educação do paciente através de programas

específicos, revisão e atualização de diretrizes locais.

O tratamento do câncer frequentemente se dirige não apenas à doença

em si, mas também à dor associada ao quadro, pois esta pode reduzir a QV

desses pacientes (National Comprehensive Cancer Network, 2010; Minton,

2008; Loprinzi, 2008). Pacientes com dor decorrente de câncer frequentemente

experimentam mais de um tipo de dor (neuropática, nociceptiva ou mista), que

pode ser constante ou intermitente. A dor do câncer pode ser causada por

diversos mecanismos, como invasão direta do tumor (local e sistêmica), resposta

à terapia ou ao diagnóstico do câncer (cirurgia, quimioterapia ou radioterapia, e

biópsia), ou problemas não relacionados ao câncer (por exemplo: hérnia de disco

e neuropatia diabética) (Minton, 2008; Stanton, 2005; Lawrence, 2004).

Fatores psicossociais (por exemplo: depressão, ansiedade,

catastrofização e cognição) podem influenciar a percepção da dor e contribuir

para a intensidade da dor total (Yates, 2005). O tratamento segundo essas

diretrizes apresenta eficácia de 70 e 90% em todos os tipos de dor oncológica,


13

com a prescrição de analgésicos simples, opioides e adjuvantes por via oral

(Lawrence, 2004).

A fadiga também é um sintoma comum entre os pacientes com câncer,

1-4 e muitos estudos têm relatado a prevalência de fadiga relacionada ao câncer

(CRF) como superior a 60% 0,4-6 CRF tem sido identificada como a condição

mais angustiante afetando relacionada à saúde qualidade de vida (QV), mas está

sob reconhecido por médicos (Yates, 2008).

Obstipação e diarreia são altamente prevalentes em pacientes com

câncer que são sintomas físicos desagradáveis e influenciar negativamente a

qualidade de vida dos pacientes. Há muitas possíveis causas de obstipação e

diarreia relacionada com o cancro, incluindo fatores fisiológicos, fatores

psicológicos, drogas, dieta e tratamento do câncer (Clemens, 2008).

Em um estudo prospectivo, randomizado, controlado em pacientes com

Helicobacter pylori, Al-Eidan et ai. mostrou que os pacientes no grupo de

intervenção farmacêutico clínico tinham significativamente maior adesão ao

regime de medicação em comparação com o grupo de controlo (92,1% versus

23,7%, P = 0,02) (Eidan, 2002).

Lihara et. al, 2012 avaliou a intervenção do farmacêutico na correta

utilização de medicamentos anti-eméticos. O tempo gasto em educação do

paciente e monitoramento de reações adversas foi de 75h por mês, que resultou

em melhor controle de náusea induzida pela quimioterapia, com a redução do

custo para o antiemético em 16%.


14

A gestão de medicamentos de pacientes com câncer é complexa, pois

integra vários agentes (quimioterapia, cuidados de apoio e medicamentos para

co-morbidades) (Levêque, 2014). O uso de medicamentos quimioterápicos de

câncer está associado a eventos adversos (EAs) que vão de náusea leve a fatal

mielossupressão. Durante a última década tem sido demonstrado por um certo

número de estudos que a morbidade e mortalidade induzida é um dos principais

problemas de saúde pública. Reconhece-se também que os agentes

quimioterapêuticos estão associados com eventos adversos (EA) graves que

levam a prejuízos econômicos e diminuição da qualidade de vida (Kirthi et al., 2014).

Relatórios de Eventos Adversos (EAs) é obrigatório em investigação

clínica para garantir a segurança dos pacientes e compreender os perfis de

toxicidade dos tratamentos. Existem três categorias gerais de EAs no tratamento

oncológico: 1) eventos em laboratório (por exemplo, neutropenia), 2) observáveis

/ mensuráveis eventos (por exemplo, ruptura da retina), e 3) sintomática de

eventos adversos (por exemplo, náuseas) (Hay et al., 2014).

Um evento adverso a medicamento (EAM) pode ser associado a erros,

podendo ser evitável, ou prevenível. Os erros de medicação são muito mais

comuns do que EAM. Em um estudo, os erros de medicação foram encontrados

em 5,3% das prescrições, embora muitas vezes não resultem em danos (Bates

et. al., 1997).

Um dos papéis importantes dos farmacêuticos na quimioterapia é prevenir ou

aliviar reações adversas a medicamentos (RAMs), associados com

medicamentos quimioterápicos uma vez que a quimioterapia é muitas vezes

acompanhada de uma variedade de RAMs, incluindo náuseas, vômitos,


15

mielossupressão, moléstias infecciosas, mucosite oral, neuropatia periférica,

diarreia, dermatite, falha renal ou hepática aguda, insuficiência cardíaca

congestiva, a alopecia, e assim por diante (Lihara 2012).

No estudo de Nerich e colaboradores (2010), estima-se que a taxa média

de erros de prescrição de medicamentos antineoplásicos é de 15 erros por 1000

prescrições. Embora apenas 10% dos erros de medicação possam resultar em

um evento adverso, eles têm um impacto significativo para pacientes, famílias,

profissionais de saúde e sobre morbidade e mortalidade (Calabrese et al.,2001;

Barker et al.,2002). O relatório "Errar é humano", do Instituto de Medicina

estimou que entre 44.000 e 98.000 pacientes morrem a cada ano nos EUA, como

resultado de erros médicos.

Ranchon e colaboradores (2011), durante um período de estudo de 12

meses com pacientes oncológicos, observou que a unidade de farmácia recebeu

6, 607 prescrições correspondentes a 22, 138 fármacos anti-cancerígenos

distintas. No total, 449 erros de medicação foram detectados durante o processo

de uso de medicamentos, envolvendo 341 prescrições. Aproximadamente 91%

(408/449 erros) dos erros de medicação foram devidos a prescrições

inadequadas, com 405 sendo interceptadas. No total, 7,6% (31/405) erros

estavam ligados à escolha do regime antineoplásico. Em 48% (196/405) casos,

as prescrições estavam incompletas, com falta de dados, enquanto que em

40,9% (167/405) casos, foram registradas doses de medicamento erradas.


16
17

CAPÍTULO 3
3 OBJETIVO GERAL

• Avaliar qual o impacto das intervenções do farmacêutico clínico no

tratamento de pacientes oncológicos.

3.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Identificar quais intervenções farmacêuticas são aplicáveis no

tratamento oncológico;

• Avaliar os desfechos clínicos, humanísticos e econômicos;

• Avaliar o delineamento metodológico dos estudos;

• Descrever os principais resultados dos estudos e o impacto das

intervenções nos pacientes;

• Apontar as limitações e vieses dos estudos.


18

CAPÍTULO 4
4 DELINEAMENTO DE PESQUISA
Foi realizada uma revisão sistemática de acordo com a declaração

PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic reviews and Meta-Analyses).

Esta declaração fornece informações essenciais sobre a metodologia e

desenvolvimento de revisões sistemáticas como as seguintes: terminologia,

formulação da questão de pesquisa, identificação de estudos e de

processamento de dados, a qualidade do estudo, o risco de viés, a combinação

de dados (além da seleção de estudo) ou resultados de viés de publicação.

O tema do estudo não tem registro no PROSPERO. Ao colocar as

palavras chaves no PROSPERO: pharmacist, pharmaceutical care, cancer e

oncology, foi constatado 1776 registros e nenhum fala sobre revisão sistemática

do impacto do farmacêutico no tratamento de pacientes oncológicos.

PROSPERO é um banco de dados internacional de registro de revisões

sistemáticas, desenvolvido pelo Center for Reviews and Dissemination (CRD) da

Universidade de York na Inglaterra. O objetivo do registro é fornecer uma lista

detalhada de revisões sistemáticas registradas evitando a duplicação não

planejada e permitir a comparação de métodos de revisão relatados com o que

estava previsto no protocolo.

Pergunta da Pesquisa

Qual o impacto dos serviços de Farmácia Clínica no tratamento de

pacientes oncológicos?

Critérios de elegibilidade
19

A amostra foi composta por estudos experimentais (ensaios clínicos

randomizados e controlados), estudos quasi-experimentais (estudos controlados

antes e depois) e observacionais comparativos (coortes e caso-controle),

publicados de janeiro de 2000 a maio de 2016, nos idiomas português, inglês ou

espanhol. Além disso, os artigos indexados repetidamente em dois ou mais

bancos de dados foram considerados apenas uma vez. Nesta revisão

sistemática foram excluídos artigos teóricos, relatos de casos, estudos

descritivos, estudos transversais, resumos de congressos, cartas ao editor,

resultados e relatórios de prêmios, estudos que focaram na avaliação de

ferramentas, estudos realizados em ambientes distintos incluindo hospital e

ambulatório, sem que haja avaliação de resultados separados, estudos no qual

não há desfechos associados aos serviços farmacêuticos, estudos em pacientes

pediátricos, como também aqueles que não apresentavam o resumo ou texto

completo.

Estratégia de Busca

A busca dos estudos foi realizada nas bases de dados COCHRANE,

PubMed, SCOPUS, Web of Science e EMBASE. Adicionalmente, foi realizada a

busca manual por meio da análise das referências dos artigos incluídos. Para

identificação dos artigos foram utilizados os seguintes descritores do Medical

Subject Headings (MeSH): “phamaceutical services ,“pharmacy service”,

“pharmaceutical care” , “pharmacists”, “clinical pharmacists’’, “clinical pharmacy’’,

“cancer”, “oncology” . Para abranger a pesquisa às demais línguas e agrupar

uma gama maior de publicações, cada palavra-chave descrita anteriormente foi

agrupada através do operador booleano “OR” a seus sinônimos e subcategorias

nas três línguas usando o DeCS (Descritores em Ciências da Saúde). Os


20

descritores foram adaptados para cada base de dados e combinados por meio

dos operadores booleanos (OR, AND e NOT).

Processo de Seleção dos Estudos

Dois revisores de forma independente conduziram a avaliação inicial de

títulos relevantes, posteriormente resumos e por fim texto completo. A partir

desta ação, foi criada uma coleção de estudos a serem avaliados pelos

revisores. As divergências de seleção foram resolvidas através de discussão

com um terceiro revisor (juiz), e pela obtenção de consenso. Após reunião de

consenso foram excluídos artigos que não possuíam dados que se enquadrarem

no objetivo desta revisão. A estatística Kappa de Cohen foi utilizada para medir

a confiabilidade entre os avaliadores em cada etapa do processo de seleção.

Avaliação da Qualidade Metodológica e risco de víeis

A avaliação da qualidade metodológica e do risco de viés dos estudos

experimentais foi realizada utilizando a escala tema de JADAD, onde a

pontuação varia de 0 a 5 pontos, onde um estudo é considerado de má qualidade

se obtiver pontuação abaixo de 3 pontos. A escala de Newcastle-Ottawa foi

utilizada para avaliação da qualidade metodológica dos estudos de coorte e

caso-controle. Essa escala foi desenvolvida para avaliar a qualidade de estudos

observacionais e contém oito itens que analisam três dimensões: seleção,

comparabilidade e resultado (em caso de estudo de coorte) ou exposição (caso-

controle). Para cada item há uma série de opções em que aquela que reflete

melhor a qualidade é pontuada por uma estrela, e quanto maior a quantidade de

estrelas mais elevada é a qualidade do estudo. Essa escala pontua entre zero e
21

nove pontos. Estudos com pontuação igual ou superior a seis foram

considerados de boa qualidade metodológica.

Síntese dos Dados e desfechos de interesse

Os trabalhos resultantes da busca eletrônica foram revisados

manualmente de forma independente por dois revisores onde nesse momento

foram categorizados de acordo com o tipo de estudo, avaliadas a qualidade dos

trabalhos e realizada coleta dos dados utilizando formulários padronizados

previamente. As informações extraídas incluíram a identificação dos estudos

(local de realização, nº de pacientes); a metodologia empregada (delineamento

do estudo, tempo do estudo, variáveis coletadas, analise de dados utilizados);

serviço de farmácia clínica desenvolvido (resultados obtidos; desfechos

avaliados; limitações e vieses na metodologia que possam comprometer os

resultados). Os desfechos do impacto dos serviços de interesse para o presente

estudo foram: redução de problemas relacionados ao medicamento ou eventos

adversos a medicamentos relacionados ao tratamento oncológico; tempo de

internação em dias; avaliação e controle da dor; controle de náuseas e vômitos;

adesão à farmacoterapia; medidas educacionais; qualidade de vida; percentual

de intervenções farmacêuticas; redução de custos em U$ por fármaco; redução

de custos com a assistência ao paciente em U$.

Síntese e Análise dos Dados

Foi realizada a análise qualitativa (descritiva) dos resultados encontrados.

A heterogeneidade entre os estudos foi avaliada utilizando-se o método


22

estatístico I² e o valor de p do teste Q. Essa análise estima o percentual de

variação na estimativa do efeito devido à heterogeneidade, sendo 0 % indica não

heterogeneidade entre os estudos, 25% indica baixa heterogeneidade, próximo

a 50% indica moderada heterogeneidade, e próximo a 75% alta heterogeneidade

entre os estudos. O percentual de heterogeneidade e o número de estudos

encontrados serão utilizados na escolha do modelo a ser utilizado (modelo de

efeito fixo ou efeitos randômicos).


23

CAPÍTULO 5
5 RESULTADOS
A busca inicial identificou 4.863 estudos, que após a exclusão das

duplicidades resultou em 4.027 títulos, dos quais forneceram 523 resumos que

foram considerados potencialmente relevantes. Após a revisão dos resumos, 46

destes foram selecionados para avaliação do texto completo, resultando em 10

estudos incluídos na revisão. A Figura 1 ilustra o processo de seleção.

Figura 1 Fluxograma de seleção dos artigos incluídos na análise

Referências identificadas através


da busca nas bases eletrônicas
(após exclusão de artigos
repetidos).

(n = 4.863)

Publicações excluídas (após


remoção de duplicatas)

n= 836

Publicações mantidas para


análise dos títulos

(n= 4.027)

Exclusões baseadas nos títulos:

Kappa = 0,74 n = 3504

Avaliação dos resumos

(n = 523)

Exclusões baseadas nos


resumos: n = 477
Kappa = 0,66

Textos completos para avaliação


manual

(n = 46)
Exclusões baseadas na leitura dos artigos
completos (36):
Kappa = 0,88
1. Estudos transversais: 19
Artigos incluídos na revisão 2. Não avalia o impacto das
(n = 10) intervenções farmacêuticas: 11
3. Estudos não disponíveis na íntegra: 6
24

Os estudos incluídos nesta revisão totalizam uma população de 3.239

pacientes, incluindo 6 estudos em hospitais e 4 em ambulatórios. Os

delineamentos metodológicos dos estudos selecionados foram estudos

observacionais comparativos sendo sete estudos de coorte e três estudos

experimentais (ensaio clínico). A tabela 1 representa a caracterização dos

estudos incluídos na revisão.

A avaliação do risco de viés foi realizada utilizando a escala NOS para os

estudos de coorte, onde todos os estudos obtiveram pontuação acima de seis

pontos. A avaliação da qualidade metodológica e do risco de viés dos estudos

experimentais foi realizada utilizando a escala tema de JADAD, onde todos os

estudos obtiveram pontuação superior a três pontos.

Os principais serviços farmacêuticos reportados nos estudos foram à

identificação de eventos adversos a medicamentos e PRM’s (Chen; Wang;

Chew; Coutsouvelis; Ribed), melhora na qualidade de vida (Chen et. al, , Wang

et. al, Caracuel et. al.) Efeitos da assistência farmacêutica sobre a incidência de

náusea e vômitos (Chen et. al, Caracuel et. al,Liekweg et. al, Lihara et. al) ,

controle da dor ( Chen et. al), atividades educacionais (Chen et. al, Wang et. al),

satisfação do paciente (Liekweg et, al, Rosa et. al) manejo de terapias/pacientes

específicos (Lihara et. al) adesão de antieméticos (Caracuel et. al),

desenvolvimento, comparação de dois modelos de assistência farmacêutica,

com e sem a participação farmacêutica na equipe clínica, em pacientes onco-

hematológicos (Cavero et. al), intervenções para redução das despesas médicas

relacionadas com o tratamento de neutropenia, causada pela

quimioterapia(Hayashi et. al).


25

Tabela 1. Características dos estudos incluídos na revisão sistemática.

Estudo País Local de Número de Tipo Duração de Serviços Desfechos avaliados Principais Limitações
estudo pacientes de estudo desenvolvidos conclusões
estudo
Chen et China Hospital 542 Coorte 11 meses avaliação da dor; média da dor; se houve O estudo confirmou Os pacientes não
al., 2014 educação; náuseas, vômitos, que um um foram
entrevistas constipação, delírio, farmacêutico randomizados. Os
telefônicas ou sedação excessiva, liderando a equipe dados não
pessoais com os dependência,ou outros multidisciplinar estavam cegos
pacientes; EAs; qualidade de vida. melhorou quanto ao grupo
prevenção e significativamente de intervenção.
tratamento de a padronização e Alguns dados
EAMs. eficácia da terapia foram obtidos por
oncológica. telefone.

Wang et China Hospital 149 Ensaio 2 meses assistência Qualidade de vida; O serviço de Número de
al., 2015 Clínico farmacêutica; reações adversas assistência pacientes baixo
medidas farmacêutica pode
educativas (uso melhorar a
racional de qualidade de vida
medicamentos, global. O
orientação farmacêutico,
dietética razoável, contribui
e outros). significativamente
para reduzir os
PRMs .
26

Continuação da Tabela 1. Características dos estudos incluídos na revisão sistemática.

Estudo País Local de Número de Tipo Duração de Serviços Desfechos avaliados Principais Limitações
estudo pacientes de estudo desenvolvidos conclusões
estudo
Chew et al., Singapura Ambulatório Não relata. Coorte 2 meses Intervenções Problemas relacionados Cerca de metade Ausência de
2014 Descreve o feitas por a medicamentos das intervenções instrumentos
nº de farmacêuticos feitas por padronizados e
intervenções foram farmacêuticos na validados ou
(331) classificados em farmácia métodos para
três grandes oncológica avaliar o
categorias: ambulatorial foram significado clínico
relacionados com classificados pelos de cada
o medicamento, avaliadores como intervenção. O
baseada nos tendo impacto trabalho não foi
custos e fluxo de clinicamente multicêntrico.
trabalho. "significativo" ou
"muito
significativo".
Coutsouvelis Austrália Hospital 52 Ensaio Pré As intervenções Redução de pacientes Os farmacêuticos
et al., 2009 clínico implementação: definidas como que necessitaram de melhoram a
10 meses. Pós qualquer erros ou intervenções; redução continuidade dos
implementação: omissões em global no número de cuidados quando
9 meses prescrição ou intervenções; redução seus pacientes são
administração de de transferência para a transferidos para
medicamentos UTI; terapias outras unidades;
detectado pelo administradas no tempo redução dos erros
farmacêutico correto. e omissões das
clínico e terapias
quaisquer específicas e
também impactou
positivamente
sobre a
administração de
estas terapias.
27

Continuação da Tabela 1. Características dos estudos incluídos na revisão sistemática.

Estudo País Local de Número de Tipo Duração de Serviços Desfechos avaliados Principais Limitações
estudo pacientes de estudo desenvolvidos conclusões
estudo
Caracuel et Espanha Hospital 102 Coorte 4 meses Intervenção vômitos; náuseas; A intervenção Não é um estudo
al., 2014 farmacêutica adesão de antieméticos; farmacêutica multicêntrico.
constituída por: diminui Parte do
revisão de regime significativamente questionário foi
antiemético; a incidência de preenchido em
diminuição de NV vômitos na fase casa pelos
(dieta e outros), tardia do pacientes.
regime tratamento e
antiemético aumenta a adesão
orientado por de antieméticos.
farmacêuticos;
entrevista com o
paciente.
Liekweg et Alemanha Ambulatório 98 Coorte Não cita A intervenção Náusea e vômito / Melhoria da Amostra pequena.
al., 2012 consistiu de dois Qualidade de vida / resposta anti- Não randomizado.
componentes Satisfação do paciente emética e Diferença na
principais: a com a avaliação satisfação do média de idade
aplicação de um paciente. entre os dois
algoritmo para a grupos.
profilaxia
antieméticos
baseadas em
evidências e
tratamento e
aconselhamento
medicação dos
pacientes antes e
durante suas
sessões de
quimioterapia.
28

Continuação da Tabela 1. Características dos estudos incluídos na revisão sistemática.

Estudo País Local de Número de Tipo Duração de Serviços Desfechos avaliados Principais Limitações
estudo pacientes de estudo desenvolvidos conclusões
estudo
Ribed et al., Espanha Hospital 249 Ensaio 6 meses Entrevistas PRM; dano; interações demonstra o valor considerou-se mais
2015 clínico clínicas sobre o medicamentosas; da farmácia clínico importante e
quimioterápico; a adesão de relacionado aos eticamente oferecer
administração medicamentos; eventos quimioterápicos o serviço a todos
correta adversos. orais: detecção e os
e potenciais resolução de erros pacientes;pacientes
interações; de medicação e do grupo controle
detecção e interações, avaliados
controle de prevenção e retrospectivamente;
RAMs;medidas gestão de EAs; pacientes que não
educativas para a aumento da a falavam a língua
adesão. adesão e nativa foram
satisfação do excluídos.
paciente.
Hayashi et Japão Ambulatório 108 Coorte 1 ano Farmacêutico Custo total relacionado os farmacêuticos a contagem de
al., 2015 analisa o regime; com o neutropenia devem intervir neutrófilos não foi
administração e (NRC) de tratamento, conforme o diária; a RDI
dosagem de custos de consultas necessário para (intensidade
medicamentos; ambulatoriais e de melhorar o relativa da dose) foi
contagem de internação. cumprimento usada como o
neutrófilos; regime. A índice de o efeito
análise de custos intervenção do da quimioterapia.
farmacêutico pode Um melhor índice
contribuir para seria a sobrevida
reduzir os custos global
médicos.
29

Continuação da Tabela 1. Características dos estudos incluídos na revisão sistemática.

Estudo País Local de Número de Tipo Duração de Serviços Desfechos avaliados Principais Limitações
estudo pacientes de estudo desenvolvidos conclusões
estudo
Cavero et Espanha Hospital 1939 Coorte 2 anos e 2 Comparacão de PRM; Número de O farmacêutico principal limitação
al., 2007 meses dois modelos de intervenções clínico melhora a é a dificuldade em
atenção farmacêuticas; qualidade da estabelecer se as
farmacêutica (AF); assistência diferenças
Identificação de farmacêutica, uma observadas são
oportunidades de vez que oferece devido aos
melhorar o uma melhor diferentes
tratamento oportunidade de modelos de AF,
farmacoterapêutico; identificar PRMs uma vez que a
realização de em pacientes, influência de
intervenções especialmente possíveis fatores
farmacêuticas PRMs evitáveis; como o número
clinicamente interceptar erros de de medicamentos
significativas que medicação antes prescritos, o
reduzem o risco de que eles causem diagnóstico e o
DRM (Morbidade PRM para os tempo de
relacionada ao pacientes permanência
medicamento) em hospitalar, ou o
pacientes onco- farmacêutico que
hematológicos. participou em
cada um dos
modelos
estudados, não
foram analisados.
Iihara et al., Japão Ambulatório 60 Ensaio 1 ano acompanhamento Redução da carga de As intervenções Não cita
2012 clínico EAMs; informação trabalho de outros farmacêuticas
sobre o profissionais; tempo resultaram
medicamento; médio de medidas reduções dos
controle de náusea educativas; número de custos em 16%.
e vômito pacientes atendidos;
custo financeiro
30

Caracuel et al., 2014 analisou os efeitos da assistência farmacêutica na

incidência de náusea e vômitos induzidos pela quimioterapia (NVIQ) no câncer de adulto

no grupo controle (GC) e no grupo de intervenção (GI), bem como a adesão dos

pacientes aos antieméticos. A intervenção farmacêutica consistiu em: revisão do

protocolo antiemético e orientações para os pacientes. Na fase tardia, a resposta

completa (ausência de vômitos e nenhum tratamento de suporte) foi alcançada em

84,8% dos pacientes do grupo intervenção, em comparação com 69,6% no grupo

controle. Em relação à ausência de vômito, a diferença foi maior (71,0 GC vs 97,0% GI).

Ausência de náuseas também foi melhor no GI (61 vs. 52%). A adesão dos pacientes

aumentou de 59% para 76%.

A literatura ressalta que o fracasso para (NVIQ) aumenta a

probabilidade dos pacientes incorrerem a essa reação adversa em episódios

posteriores (Hassan e Yusoff, 2010). No entanto, esses efeitos podem ser

evitados ou limitados. Com o uso correto de tratamentos anti-eméticos, NVIQ

pode ser reduzido em até 80% dos pacientes submetidos à quimioterapia

(Philip andGeorge, 2014;. Jordan et al, 2014). Chen e colaboradores (2008),

propuseram uma escala de 1 a 5 pontos, onde 5 como sendo mais eficaz e 1

como sendo menos eficaz, mais de 75% dos oncologistas apontaram como 4

ou acima para a eficácia dos farmacêuticos no aconselhamento antiemético.

A colaboração entre os farmacêuticos oncológicos e médicos oncologistas em

matéria de avaliação de riscos na emese de pacientes e seleção criteriosa

dos regimes antieméticos adequados, pode levar a melhores resultados para

o paciente e, finalmente, pode resultar em redução de custos.


31

O impacto dos serviços farmacêuticos na identificação e redução de

náuseas e vômitos, eventos advseros, PRMs, custos econômicos, interações

medicamentosas, intervenções farmacêuticas, são apresentados na tabela 2.

No que se refere a comparação da qualidade de dois modelos

assistenciais (a centralizada, envolvendo monitorização da farmacoterapia pelo

departamento de farmácia, e um modelo descentralizado, com a participação do

farmacêutico na equipe clínica interdisciplinar, para identificar oportunidades de

melhorar a farmacoterapia e realizar intervenções farmacêuticas) Caver e

colaboradores, demonstraram que o impacto do farmacêutico clínico melhora a

qualidade da assistência farmacêutica fornecida a pacientes onco-

hematológicos, uma vez que oferece uma melhor oportunidade de identificar

PRMs, especialmente PRMs evitáveis e realizar intervenções farmacêuticas

clinicamente significativas.

Na literatura, Delpeuch e colaboradoes (2015) analisaram um total de

4.393 prescrições de 489 pacientes oncológicos. O farmacêutico identificou 552

PRMs (12,6% das receitas) relacionados principalmente a antimicrobianos

(59,5%). PRMs incluíram medicamentos inadequados (20,6%), indicações não

tratadas (14,8%), administrações inadequadas (14,1%), subdosagem (11,7%),

interações medicamentosas (14,3%), falta de acompanhamento (9,6%),

sobredosagem (8.9 %), omissões de administração (3,5%) e reações adversas

(2,5%). As intervenções (n = 552) levaram à descontinuação do tratamento

(26,2%), ajustes de dose (21,5%), adições de medicamentos (16,9%), rotas

alternativas de administração (11,7%), substituição de um medicamento por

outro (10,7%). A maioria (96%) das intervenções foram aceites e aplicadas pela

equipe médica.
32

Tabela 2: Impacto dos Serviços Farmacêuticos nos eventos adversos a medicamentos, PRMs,
custos.
Estudo Evento avaliado Pré-intervenção Pós- intervenção p

Chen et al., Controle da dor 4.2 3.1 0,038


2014 (ossos);
Dor no corpo 3,6 1,2 0,041

Dor visceral 3,1 1,9 0,024

Qualidade de vida 37,6 48,3 0,032

Náusea 22,8 15,1 0,028

Vômito 22,1 15,7 0,58

Distúrbios relacionados
a opióides:
Delírio 11,2 7,3 0,088

Sedação excessiva 6,7 4,1 0,062

Vício 0,0 1,8 ____

Wang et al., Qualidade de vida 54,23 59,09 0,000


2015
Náusea e vômito 37.04 30,95 0,000

Dor 31,25 23,38 0,000

Constipação 34,70 27,22 0,001

Diarréia 29,17 19,91 ____


Caracuel et al., Constipação 38 16 0,025
2014
Náusea e vômito 30 28 0,034
Liekweg et al., Náusea(fase aguda) 3,3 2,0 0,131
2012
Náusea (fase tardia) 11,9 7,8 0,324

Vômito(fase aguda) 0,3 0,0 <0,001

0,1 0,0 0,002


Vômito (fase tardia)
-8,3 0,0 0,020
Sobrevida global
Ribed et al., Reações adversas 10,2% 1,8% Não cita
2015
Erro de duplicação 1,8% 0,6%

Erro de omissão 0,9% 2,9%

Dosagem superior à 6,5% 8,8%


prescrita

Erro de dose (dosagem 0,0% 18,2%


alta)

Interação 71,3% 48,8%


33

Continuação da Tabela 2: Impacto dos Serviços Farmacêuticos nos eventos adversos a


medicamentos, PRMs, custos.
Estudo Evento avaliado Pré-intervenção Pós- intervenção p

Hayashi et al., Duração do G-CSF 20,7 10,7 0,049


2015 (dias)
O custo total de G-CSF 166,968 112,763
(dias)
Custo da consulta 16,825 9,306
ambulatorial (dólar)
Custo de hospitalização 150,143 103,457
(dólar)
NRC (dólar / paciente 4,394 1,944
0,044
Lihara et al. Controle de náusea e 96% 43% <0,01
vômito

Custo para 147,7 dólares 124,5 dólares <0,01


antieméticos

Renda clínica mensal


(ambulatório 111 mil dólares 221,2 mil dólares <0,001
quimioterapia)

Renda anual 1,42 milhões de 2,84milhões de ________


dólares dólares
Cavero et al., Pacientes com PRM 10,8 31,2 0,001
2007
PRM evitável 8,7 30,8 <0,001

Erros de medicamento 4,5 9,8 <0,001


prevenível

Morbidade relacionada
a erro de medicamento 23,5 50,0
prevenível

Intervenção
farmacêutica 12,4 50,7 ____________
clinicamente
significativa
34

Continuação da Tabela 2: Impacto dos Serviços Farmacêuticos nos eventos adversos a


medicamentos, PRMs, custos.
Estudo Evento avaliado Pré-intervenção Pós-intervenção p

Cavero et al., Pacientes que 100% 31,2 0,001


2007 necessitaram de
intervenção
Número total de 144 26 <0,001
intervenções
Média de intervenções
por transferência 4,8 1,18 <0,001

Total de erros ou 83% 39%


omissões

Média de erros ou 3.97 0,45 <0,0001


omissões por
transferência

Erros ou omissões na 10 2
quimioterapia
<0,0001
Erros ou omissões com 64 4
antibióticos

Total de intervenções 17% 61%

Média de consulta por 0,83 0,73 ___________


transferência
35

No que se refere às intervenções educativas, dois estudos (Chen; Wang),

desenvolveram programas com o objetivo de educar os profissionais médicos e

pacientes, relacionados ao câncer e terapia da dor, preparação de quimioterapia

e avaliação; prevenção e gestão de reações adversas aos medicamentos,

minimizando efeitos colaterais / toxicidade; otimização de regimes quimioterapia,

oferecendo educação e apoio psicológico a fim de melhorar o resultado e

qualidade de vida dos pacientes. A tabela 3 descreve essas intervenções e seus

respectivos resultados.

Na literatura, Lisa, 2014, relata que o desenvolvimento de ferramentas

educacionais e implementação de programas educacionais (estratégias, por

exemplo, de avaliação e redução do risco, gestão de formulário) são integrados

em responsabilidades dos farmacêuticos. Além de seu papel de educadores de

pacientes, farmacêuticos oncológicos são reconhecidos como um componente

essencial da educação dos medicamentos para outros profissionais de saúde

(por exemplo, educação experimental e didática, em serviços e programas de

educação continuada). O farmacêutico oncológico é especialmente adequado e

posicionado para ser responsável pelo paciente (atendimento bom e seguro),

pela instituição (responsabilidade financeira) e pelos colegas de saúde e da

comunidade.
36

Tabela 3. Impacto das intervenções farmacêuticas educacionais relacionadas ao câncer.

ESTUDO DESCRIÇÃO DA INTERVENÇÃO RESULTADOS


Chen et al., Os membros da equipe foram responsáveis pela Um total de 531 pacientes completaram o questionário de feedback, 259 do
2014 formação de profissionais médicos e pacientes grupo CPGT e 272 do grupo controle. Escores significativamente mais altos
durante as reuniões antes do tratamento. Os membros no grupo de intervenção CPGT em todas as quatro perguntas: 1)Você está
também prepararam e divulgaram materiais educativos familiarizado com farmácia clínica? 2) Você sabe como o farmacêutico
relacionados com a terapia da dor oncológica. A clínico contribuiu para o seu tratamento? 3) Você está satisfeito com o
administração de medicamentos padronizados pelo resultado deste tratamento? 4) Se houvesse um problema relacionado ao
farmacêutico clínico através da educação e regular tratamento medicamentoso, se você procurar ajuda de um farmacêutico
monitorização do tratamento, e consulta. clínico?.

Wang et al., A assistência farmacêutica incluiu a educação sobre o Os resultados mostraram que as nossas intervenções farmacêuticas
2015 medicamento (URM, dieta e outros) e serviço de obtiveram eficácia óbvia em pacientes de câncer efetivamente aumentar os
aconselhamento psicológico fornecido pelo farmacêutico conhecimentos relacionados com a quimioterapia, melhorando as emoções
clínico em 2 sessões por semana durante 2 meses. positivas, e corrigir alguns maus comportamentos.
Cada sessão durou durante aproximadamente 30
minutos.
Farmacêuticos mantiveram pleno contato com pacientes
(telefone, email) durante todo o período. Os pacientes
no grupo de controle receberam apenas o serviço
médico de rotina.

Lihara et al., Informação sobre o medicamento, quimioterapia, A participação de dois farmacêuticos na equipe de oncologia levou a uma
2012 tratamento de suporte e RAM a cada mês. redução da carga de trabalho de outros profissionais.
O tempo médio gasto na educação do paciente foi de A média do número mensal de pacientes foi significativamente
32,3 minutos por paciente e número anual de educação maior após o envolvimento dos farmacêuticos na equipe do que antes
do paciente era 1573 pacientes durante um ano antes (128 vs. 183, P <0,001) e anual número de pacientes aumentou 1573-2193.
da atribuição dos farmacêuticos, indicando que os
farmacêuticos realizado educação do paciente por 75
horas em 1 mês (31% do total de horas) e 904 horas em
1 ano.
37

CAPÍTULO 6
6 DISCUSSÃO

Serviços farmacêuticos no manejo de terapias específicas com

quimioterápicos foi reportadas por (lihara). O efeito da intervenção farmacêutica

no controle de náusea e vômito em pacientes com câncer da mama que

receberam uma quimioterapia de combinação de antraciclina e ciclofosfamida. A

prevalência de pré-medicamentos para a prevenção de náusea e vômitos era

menor antes da intervenção do que após a intervenção (43% versus 96%, P

<0,01). Antes de intervenção, uma combinação de granisetron por via oral e

metoclopramida (nos dias 2-4) foi predominantemente prescrito para a

prevenção de náusea e vômito. No entanto, após a intervenção, dexametasona

por via oral (4-8 mg nos dias 2-4) e proclorperazina (5 mg nos dias 2-4) foram

quase exclusivamente prescritos para a prevenção de eventos tardios. A

resposta completa (sem náuseas e sem vômitos) durante períodos agudos,

posteriores e globais aumentou, embora não significativamente, por 13%, 12%

e 12%, respectivamente.

No que se refere ao impacto econômico das intervenções farmacêuticas,

foram avaliados pacientes que desenvolveram neutropenia. Um dos principais

efeitos secundários da quimioterapia é a neutropenia e é um critério de exclusão

em vários regimes. Quando um paciente a desenvolve, além de diminuir a

intensidade relativa da dose (RDI) prolongando o intervalo entre os ciclos, pode

ser necessária a administração de granulócitos factor estimulador de colónias

(G-CSF). Sob estas circunstâncias, os pacientes muitas vezes não apenas

recebem tratamento inadequado, mas os custos médicos são aumentados.


38

Os custos foram investigados por Hayashi (2015), através do cálculo dos

custos médicos diretos relacionados com neutropenia. O custo total relacionado

com o neutropenia (CRN) de tratamento, incluindo os custos de consultas

ambulatoriais e de internação, foi de $ 279,731 dólares, divido em $ 112,763

dólares no grupo controle e $ 166,968 dólares no grupo não controle. O CRN

médio por paciente mostrou uma diferença significativa entre os dois grupos

(1.944 ± 412 dólares, o grupo não controle: 4.394 ± 837 dólares, P = 0,044 grupo

controle). O efeito económico mais de um ano foi 54,205 dólares. Custo da

consulta ambulatorial (dólar) total: 26.131 dólares. Grupo controle (58 pacientes)

9.306 dólares; grupo não controle (38 pacientes) 16.825 dólares. Custo de

hospitalização (dólar) total: 253.600 dólares. Grupo controle (58 pacientes)

103.457 ; grupo não controle (38 pacientes) 150.143 dólares.

A literatura descreve o estudo prospectivo em oito hospitais da Austrália,

realizado por Dooley e colaboradores (2003), que teve como objetivo determinar

as mudanças nos gastos com pacientes oncológicos internados pela intervenção

farmacêutica realizada. Os farmacêuticos registravam as intervenções propostas

e estas eram encaminhadas para a aprovação ou indeferimento por um corpo

clínico independente, que calculava os gastos posteriores como, tempo de

permanência, readmissão no tratamento, procedimentos médicos e recursos

laboratoriais gastos. Foram documentadas um total de 1.399 intervenções, 835

das quais impactaram diretamente nos gastos com medicamentos, onde 511

intervenções tiveram impactos sobre o tempo de permanência, readmissão no

tratamento e gastos laboratoriais. Houve uma economia de 231.221 dólares para

os 8 hospitais, o que em 1 ano representou uma economia de 4.444.794 dólares.


39

A qualidade de vida foi descrita em três estudos (Chen; Wang; Liekweg).

Liekweg et al., ANOOOOOOO determinou como itens para a avaliação da

qualidade de vida: capacidades física, emocional, cognitiva e social, fadiga,

náusea e vômito, dor, dispinéia, insônia, perda de apetite, constipação, diarreia

e dificuldades financeiras, a partir do questionário EORT QLQ-C30. Os

resultados relativos da qualidade de vida mostraram que a saúde global como

um determinante da qualidade de vida global foi significativamente melhorada no

grupo de intervenção.

Wang e colaboradores também utilizaram o questionário EORT QLQ-C30,

onde os resultados mostraram que os aumentos da função cognitiva e emocional

foram significativamente no grupo intervenção (𝑃 <0,05). Ffadiga, náuseas /

vómitos, dor, distúrbios do sono, constipação e diarréia também diminuíram

significativamente no grupo intervenção (𝑃 <0,05).

Chen e colaboradores definiram a qualidade de vida a partir das reações

gastrintestinais (constipação, náusea e vômito), onde a incidência de eventos

advseros gastrintestinais foram significativamente menores no grupo intervenção

(constipação: p= 0,041; náusea: p= 0,028 e vômito: p= 0,035) e a qualidade de

melhorou (p=0,032).

Qualidade de vida como um constructo multidimensional está sujeita a

uma grande variabilidade e vários fatores que influenciam diferentes

personalidades (Por exemplo, otimista ou pessimista), bem como estratégias de

enfrentamento afetar a qualidade de vida substancialmente (Carver 2003; Schou

2005).
40

A literatura afirma que os atores de risco funcional e de saúde devem ser

identificados para ajudar a estratificar a qualidade de vida (QV) e informar se a

intervenção terapêutica está sendo apropriada para o doente, pois de acordo

com os trabalhos de (SPRANGERS e AARONSON 1992; LOPRINZI et al. 2004)

as informações clínicas coletadas diretamente do paciente são parte importante

para determinar e estratificar a QV (SPRANGERS e AARONSON 1992;

HERNDON et al. 1999; LOPRINZI et al. 2004; CLAASSENS et al. 2011).

Existem controvérsias e discussões sobre qual seria o instrumento mais

adequado para avaliar QV devido aos seus aspectos subjetivos e

multidimensionais. Não existe um padrão-ouro. A escala EORT QLQ-C30

incorpora cinco escalas funcionais (física, papel, cognitivo, emocional, social),

três escala de sintomas (fadiga, dor, náuseas e vómitos), uma escala global de

status / QV saúde e itens únicos avaliação de sintomas adicionais que são

comumente relatados por pacientes com câncer (dispnéia, perda de apetite,

insônia, constipação, diarréia).


41

CAPÍTULO 7
CONCLUSÕES
A avaliação dos estudos incluídos na revisão evidencia que embora os

estudos individuais apresentem diferentes métodos de mensuração de

desfechos e adotem diferentes abordagens de identificação, os serviços

farmacêuticos clínicos em pacientes oncológicos têm um impacto positivo na

identificação, redução de eventos adversos a medicamentos, incluindo erros de

medicação. Adicionalmente, as intervenções educativas direcionadas à adesão

de medicamentos, aumentam o conhecimento da equipe e reduz eventos

relacionados a esse processo, como também reflete em redução da carga de

trabalho de outros profissioanis. A avaliação do impacto econômico, apresentou

a redução de custos com medicamentos, como também a redução significativa

dos custos. Ademais, não foi demonstrado impacto sobre o tempo de internação,

tempo de internação hospitalar e na mortalidade em pacientes que receberam

intervenções farmacêuticas.
42

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