SumariosEc20 07
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Departamento de Direito
INTRODUÇÃO À ECONOMIA
Cursos de Direito.
(1.º Ano - 1.º Semestre)
Ano 2020-2021.
Sumários desenvolvidos
Capítulo VII
Oferta nos mercados concorrenciais
7.1 Os custos do produtor. Custos médios e custos marginais.
7.2 As funções da produção. Os custos de curto e longo prazos.
7.3 Excedente do produtor, lucro económico e renda económica. Vencimento de
transferência, efeito de quase-renda.
7.4 As opções de investimento.
7.5 O multiplicador de investimento.
7.6 O acelerador.
7.7 As empresas. Economias de escala. Rendimentos crescentes.
O produtor, quando decide o que produzir, como produzir, quanto produzir, como vender
e que preço aplicar, vai sempre ponderar o custo de produção. Assim, a disposição para
vender ocorre em função dos custos de produção. O objetivo de um produtor é o de obter
uma receita, um rendimento, que seja superior ao custo total, de modo a poder beneficiar
da diferença entre os dois valores, ou seja, do lucro.
O rendimento total é, deste modo, o somatório dos resultados obtidos pela venda dos
bens ou dos serviços no mercado. Obtém-se pela multiplicação do número total de
unidades vendidas pelo preço de cada unidade.
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O custo total é o somatório de todas as despesas que o vendedor tem de fazer para que os
bens vendidos sejam produzidos e cheguem ao mercado. Estamos, deste modo, perante o
conjunto das remunerações dos diversos fatores de produção. O custo total corresponde à
soma dos custos fixos e dos custos variáveis. O custo fixo está ligado às máquinas que
produzem os bens (p. ex. as máquinas que produzem alfinetes). O custo variável está ligado
aos trabalhadores que têm de empregar para produzir mais ou menos bens de acordo com
a evolução da procura.
O custo médio corresponde ao encargo médio necessário para produzir cada unidade - se
dividir o custo total pelo número de alfinetes produzidos sei qual é o custo médio de cada
alfinete. Os custos fixos médios tendem à decrescer à medida que se produz mais. Os
custos variáveis médios já tendem a crescer à medida que se produz mais. Os custos
médios totais tendem a descer até um determinado limiar, vindo a crescer a partir daí -
segundo uma curva em U.
O custo marginal indica ao produtor quanto custa produzir a próxima unidade, isto é, o
próximo alfinete, ou quanto custa produzir o último. Os custos marginais têm tendência
para crescer, se tivermos um fator produção fixo. Começam por ser inferiores aos custos
médios totais enquanto eles descem, passando a ser superiores depois do limiar atrás
referido e a crescer mais intensamente do que os custos médios. Como vimos, nas
economias industriais, estando em causa a variação de todos os fatores de produção o
custo marginal tende a ser decrescente – em ligação com a lei dos rendimentos crescentes à
escala.
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Uma variação da escala de produção pode ter um de três efeitos possíveis:
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Importa ainda referir, a este propósito, o que se entende por renda económica - trata-se
de um excedente do produtor devido a qualidades deste que têm a ver com o seu prestígio,
com a sua experiência ou com a excecional confiança que goza. Aqui o excedente não é
devido à sua capacidade inovadora, mas sim à posição favorável que tem no mercado (por
exemplo os “Rolling Stones” em comparação com uma outra banda de garagem de
qualidade mas desconhecida). O lucro tem essa razão específica caso o produtor com
entrada reservada no mercado aufira um benefício por esse facto.
A opção que envolve maior risco corresponde a uma aposta na incerteza da inovação. À
partida não se sabe qual será a reação do mercado. Não se trata, porém, de puro jogo ou de
uma aposta na sorte, no azar ou no acaso, mas sim de uma escolha racional de
consequência incerta e insegura.
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7.5. O multiplicador de investimento.
K = R ou KI = R
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Se num dado período o investimento aumentar 100 unidades de conta e a propensão marginal
para o consumo for de 4/5 o multiplicador será de 5 e o acréscimo de rendimento será de 500
unidades de conta.
Porquê? Num primeiro momento, o investimento de 100 vai originar 4/5 de consumo e
1/5 de poupança. As 80 unidades de conta orientadas para o consumo vão traduzir-se num
acréscimo de rendimento de idêntico valor. Este vai, de novo, ser dividido em consumo e
poupança. As 64 unidades de conta de consumo vão gerar novo aumento de rendimento. E
assim sucessivamente, até o efeito se esgotar, quando se chegar ao acréscimo de
rendimento de 500 (100+80+64+51,2+41+32,8+….=500).
7.6. O acelerador.
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rendimento, o acelerador parte do aumento da procura para o acréscimo de investimento.
Suponhamos uma unidade da indústria têxtil que tem 100 teares, que permite a produção
de 300 mil peças de tecido. Consideramos ainda que a amortização do investimento feito
nos teares é de 1/10 por ano.
Num primeiro momento a procura aumenta 10% (mais 30 mil peças de tecido). Para fazer
face a esse aumento é necessário adquirir mais dez teares, o que aumenta o investimento de
100% (10 mil unidades de conta, que se somam à amortização anual). Num segundo
momento a procura aumenta 9% (mais 30 mil peças). É preciso adquirir mais dez teares.
Mas o investimento adicional é nulo, pois é idêntico ao do período anterior. Por fim, o
aumento da procura é de apenas 4% (mais 15 mil peças). Então precisamos de comprar
mais cinco teares. Mas há uma redução em 25% no investimento adicional.
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Para Joseph Schumpeter (1883-1950) o empresário é o indivíduo que toma a iniciativa de
introduzir no circuito económico inovações (novos produtos, novas técnicas, novas fontes
de abastecimento de matérias primas, novos mercados, novas formas de organização das
empresas) e novas combinações produtivas de que resulta o desenvolvimento económico.
O empresário dinâmico promove a mudança e é a ação que o caracteriza. Schumpeter fala,
por isso, de "destruição criadora" - e da necessidade de se compreender que há
momentos diferentes na atividade económica. Em cada período consomem-se os
resultados da atividade produtiva do período anterior e produzem-se os bens que irão ser
consumidos no período seguinte, sem que a produção ou o consumo sofram qualquer
alteração qualitativa ou quantitativa. A economia fica estacionária.
Sem inovação não há criação de nova riqueza. Joseph Schumpeter, a partir da empresa e do
conceito de inovação, chega a um novo conceito de desenvolvimento, que contrapõe ao de
mero crescimento. O crescimento económico representa uma mera alteração quantitativa
(o incremento do Produto Interno Bruto), enquanto o desenvolvimento económico e
social obriga à consideração de elementos qualitativos, ligados à organização social, à
qualificação e à educação dos agentes económicos, à capacidade inovadora, ao meio
ambiente, à qualidade de vida e à competitividade… Os ciclos económicos são
determinados pelo desenvolvimento. A expansão corresponde à fase dos efeitos positivos
da inovação, a depressão à dos efeitos da especulação e da inércia.
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BIBLIOGRAFIA:
PEDRO SOARES MARTÍNEZ, Economia Política, Almedina, 1996 (pp.400-412)
PAUL SAMUELSON E WILLIAM NORDHAUS, Economia, MacGraw Hill, Queluz, 2005
(pp. 107 a 133 e pp. 493 a 495).
JOÃO CÉSAR DAS NEVES, Introdução à Economia, Verbo, Lisboa, Reimp. 2005 (pp. 137-154).
FERNANDO ARAÚJO, Introdução à Economia, Almedina, Coimbra, 2005 (Cap. 7, pp. 269-282 e
Cap.20, pp. 752 a 758).
A. JACQUEMIN, H. TULKENS; P.MERCIER, Fondements d'économie politique, De Boek,
2001 (pp.58-87).