Agentes Políticos
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RESUMO
A aplicabilidade da Lei de improbidade administrativa (LIA) aos agentes políticos
não é assunto pacífico na doutrina e jurisprudência. Este trabalho pretende
demonstrar que, conjuntamente com as leis que disciplinam os crimes de
responsabilidade, a Lei de improbidade administrativa também é aplicável aos
agentes políticos. Estes indivíduos indubitavelmente respondem por atos de
improbidade, logo, a divergência está em definir se a responsabilização deve se
dar com base na Lei dos crimes de reponsabilidade (Lei nº 1.079/50 e Decreto-
Lei nº 201/67), com base na Lei de improbidade administrativa (Lei nº 8.429/92)
ou em ambas (dualidade de sanções). Através do método hipotético dedutivo e
pesquisa bibliográfica, com enfoque jurisprudencial, ficará evidente a solução
que melhor realiza e fortalece o princípio constitucional da moralidade na
Administração Pública, solução esta, por certo, que deve ser defendida.
Palavras-chave: Agentes políticos. Improbidade administrativa. Crimes de
responsabilidade.
1 INTRODUÇÃO
Ao regulamentar os artigos 37, p. 4º, e 15, inciso V, ambos da Constituição da
República Federativa do Brasil (CRFB), a Lei nº 8.429/92 (LIA) se tornou uma
espécie de “código de conduta” do agente público brasileiro, além de uma
esperança para a população, pois até então inexistia no Brasil instrumento legal
apto a responsabilizar adequadamente os agentes públicos ímprobos (BATISTI,
2015, p. 120).
Anteriormente à Constituição da República de 1988 foi editada a Lei nº 1.079/50,
assim como o Decreto-Lei nº 201/67, diplomas normativos, ambos
recepcionados, que dispõem sobre os crimes de responsabilidade (para os
agentes políticos) e regulam seu respectivo processo e julgamento.
Com o surgimento da Lei de Improbidade Administrativa muito se polemizou
sobre o seu alcance ou não aos agentes políticos. No momento atual, no qual se
busca conferir às normas jurídicas a máxima efetividade no combate à
corrupção, tal polêmica subsiste pertinente, estando ainda indefinida na doutrina
e jurisprudência, como se verá no decorrer do trabalho científico.
Este artigo pretende mostrar que, conjuntamente com as leis que disciplinam os
crimes de responsabilidade, a Lei de Improbidade Administrativa também é
aplicável aos agentes políticos, os quais são uma categoria de agentes públicos
indispensável para o funcionamento da Administração Pública.
De certo, os crimes de responsabilidade possuem natureza política e penal,
portanto, não se confundem com os atos de improbidade administrativa, que
possuem natureza cível, ou seja, natureza extrapenal, o que afasta qualquer
hipótese de ofensa à regra do ne bis in idem. Tais normatividades, nitidamente,
possuem escopos diversos, o que será demonstrado através do emprego de
método hipotético dedutivo e ampla pesquisa bibliográfica.