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0 Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" Faculdade de Ciências Farmacêuticas Campus Araraquara

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

“JÚLIO DE MESQUITA FILHO”

FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

CAMPUS ARARAQUARA

AVALIAÇÃO DA ESTABILIDADE E ATIVIDADE ANTIOXIDANTE DA VITAMINA C

EM PREPARAÇÕES COSMÉTICAS

BEATRIZ WATANABE

Orientador: Prof. Dr. Marcos Antonio Corrêa

Araraquara - SP

2014
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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

“JÚLIO DE MESQUITA FILHO”

FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

CAMPUS ARARAQUARA

AVALIAÇÃO DA ESTABILIDADE E ATIVIDADE ANTIOXIDANTE DA VITAMINA C

EM PREPARAÇÕES COSMÉTICAS

BEATRIZ WATANABE

Orientador: Prof. Dr. Marcos Antonio Corrêa

Trabalho de Conclusão de Curso - TCC - apresentado ao

Curso de Graduação em Farmácia-Bioquímica da Faculdade

de Ciências Farmacêuticas de Araraquara, Universidade

Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, como parte dos

requisitos para a obtenção do grau acadêmico de

Farmacêutica-Bioquímica.

Araraquara – SP

2014
2

SUMÁRIO

1. Introdução

1.1 Histórico ........................................................................................................ 03

1.2 Estrutura química e características ............................................................... 04

1.3 Pele

1.3.1 Funções e composição ......................................................................... 06

1.3.2 Envelhecimento cutâneo ...................................................................... 08

1.3.3 Radicais livres ....................................................................................... 09

1.3.4 Antioxidantes ........................................................................................ 10

2. Objetivos ............................................................................................................... 14

3. Metodologia

3.1 Preparação das formulações

3.1.1 Preparo das soluções .......................................................................... 14

3.2 Quantificação do Ácido Ascórbico por iodimetria .......................................... 15

3.2.1 Padronização da solução de iodo ....................................................... 16

3.2.2 Padronização do tiossulfato de sódio .................................................. 17

4. Resultados e discussão

4.1 Quantificação de Ácido Ascórbico pelo método de iodimetria ..................... 18

4.2 Avaliação do teor de Ácido Ascórbico nas soluções ................................... 20

5. Conclusões ........................................................................................................... 26

6. Bibliografia ............................................................................................................ 27
3

1. Introdução

1.1 Histórico

Desde o início do século XV, quando ocorriam as grandes e longas viagens

marítimas, o escorbuto tornou-se uma epidemia entre os tripulantes, e, no final da

idade média, atingiu milhares de pessoas no norte e centro da Europa (SEIB et al.,

1982; CARPENTER, 1986; HALLIWELL, 2001). Essa doença é causada devido a

deficiência de ácido ascórbico (AA), também conhecido como vitamina C, sendo

caracterizado por fadiga, tonteiras, anorexia, manifestações hemorrágicas, edemas

nas articulações, alterações cutâneas e infecções, podendo ocasionar morte

(CRANDON, 1940).

Em 1747, James Lind, médico da Marinha Britânica, realizou um estudo

controlado correlacionando a mortalidade e morbidade dos marinheiros ingleses com

a deficiência de vitamina C (LIND, 1953). Ele comprovou que a ingestão diária de

duas laranjas e um limão melhorou o escorbuto após uma semana. Sendo assim, a

partir de 1795 tornou-se obrigatório a ingestão diária de frutas cítricas.

Pela primeira vez, em 1911, Casimir Funk utilizou o termo vitamina para

referir-se a substâncias alimentares imprescindíveis à saúde.

As vitaminas são substâncias orgânicas de pequena massa molecular sem

nenhum valor energético próprio, cuja ação é dependente de pequenas doses.

Promovem o crescimento, a manutenção da vida e a capacidade de reprodução dos

homens e animais (GUILLAND et al., 1995).


4

Em 1919, a função de prevenção do escorburto foi chamado de fator “C” por

Drummond, já que outras vitaminas foram anteriormente denominadas de A e B

(SHARMAN, 1974).

Somente em 1928, o médico-cientista húngaro Albert Szentgyorhyi isolou o

fator antiescorbuto em diversos alimentos e denominou-o vitamina C (SZENT-

GYORGY, 1928).

Em 1937, Szentgyorhyi recebeu o Prêmio Nobel pelo seu trabalho com a

vitamina C (CARPENTER, 1986). 61 anos mais tarde, na universidade de Duke,

Sheldon R. Pinnell demonstrou os benefícios da utilização tópica do ácido ascórbico

(PINNELL, 1998).

Em 2001, foi estabelecido um parecer técnico sobre a utilização da vitamina C

em produtos cosméticos (CATEC, 2010).

1.2 Estrutura química e características

O ácido ascórbico (Figura 1) possui fórmula C6H8O6, peso molecular de

176,13 g.mol-1, densidade de 1,65 g/cm3 e faixa de fusão entre 190-192oC. Essa

estrutura apresenta dois centros quirais, determinando quatro estereoisômeros,

sendo que apenas o ácido L-ascórbico possui atividade óptica (MACHLIN, 1991).

Figura 1. Fórmula estrutural do ácido ascórbico


5

A vitamina C apresenta-se sob a forma de pó ou cristais brancos ou amarelos

inodoros, com sabor ácido. É insolúvel na maioria dos solventes orgânicos e solúvel

em água na proporção 1g em 3mL. A exposição ao ar, ao calor e a meios alcalinos,

especialmente o contato com íons ferro e cobre ou enzimas oxidativas, aceleram

sua oxidação (HANDBOOK, 2006; GUILLAND et al., 1995; KOSSEVA et al., 1991;

KING et al., 1975). A máxima estabilidade do AA ocorre em pH entre 3,0 e 6,0.

O AA é o antioxidante mais abundante presente na pele (KELLER e FENSKE,

1998; MAIA et al., 2001; PINNELL et al., 2001; WEBER et al., 2009). Devido a sua

capacidade antioxidante, ele pode proteger células e tecidos contra os danos

oxidativos provocados pelos radicais livres e espécies reativas de oxigênio (EROs),

que são os responsáveis pelos danos foto oxidativos em ácidos nucléicos, proteínas

e lipídeos (GALLARATE et al., 1999).

Em pH fisiológico, devido ao seu pKa 4,25, a vitamina C torna-se um mono

ânion, que pode doar um elétron e formar o radical ascorbil, e desta forma com um

elétron desemparelhado, pode ser facilmente oxidado e formar o ácido

deidroascórbico (Figura 2) (WEBER et al., 2009). A enzima responsável por catalisar

essa reação de oxidação que origina o DHA a partir do AA é a redutase (PIRES,

2008).

ÁCIDO ASCÓRBICO ASCORBATO ÁCIDO DEIDROASCÓRBICO

Figura 2. Ácido ascórbico e sua oxidação para ascorbato e ácido deidroascórbico


6

A vitamina C é de extrema importância para o funcionamento celular,

principalmente no tecido conjuntivo durante a formação de colágeno (FENSKE e

LOBER, 1986; YAAR e GILCHREST, 1990). O AA está envolvido na formação da

hidroxiprolina e hidroxilisina (COUNSELL et al., 1981) e, além disso, é co-fator

enzimático e participa de reações de oxido-redução. Dessa forma, ele aumenta a

absorção de ferro e a inativação de radicais livres (PADH, 1991).

A hidroxiprolina e hidrolisina são constituintes do colágeno, a principal

proteína do tecido conectivo fibroso em animais, essencial para a manutenção da

pele (DAVIES et al., 1991). Já que não existe nenhum códon que codifica essas

substâncias, no momento em que o colágeno é sintetizado, a prolina e lisina são

hidroxiladas após a tradução, ambas necessitando de vitamina C para a reação de

hidroxilação. Portanto, a deficiência de ácido ascórbico por longos períodos pode

levar a uma errônea formação das fibras de colágeno. Acarretando, assim, lesões na

pele e fragilidade em outros tecidos (CAMPBELL, 2000).

Estudos mostraram que a vitamina C aplicada topicamente é capaz de

atenuar a resposta inflamatória da pele exposta à luz solar (DARR et al., 1992) e

também pode ser utilizada como clareador cutâneo inibindo a tirosinase (AZULAY et

al., 2003; HUMBERT, 2001) e antioxidante na pele (BUCHLI, 2002), fatores que

auxiliam no retardo do envelhecimento cutâneo.

1.3 Pele

1.3.1 Funções e composição

A pele é o maior órgão e o principal tecido protetor do corpo humano, agindo

como uma fronteira ativa entre o organismo e o ambiente. Corresponde a cerca de

5,5% da massa corpórea e é responsável pelo controle de perda de fluidos,


7

amortecimento de golpes mecânicos, regulação de perda de calor e transmissão de

estímulos, além de evitar a penetração de substâncias nocivas e radiação.

É composta por três camadas: epiderme, derme e hipoderme (WELLS et al,

2004; GOLDSMITH, 1990; LEONARDI, 2004).

A epiderme é formada por um epitélio estratificado pavimentoso queratinizado

que é sustentada e nutrida por uma camada de tecido conjuntivo, denso e

fibroelástico, a derme (JUNIOR, 2006). Uma de suas funções mais importantes é o

revestimento cutâneo, em sua totalidade. É composta por quatro tipos celulares: os

queratinócitos, os melanócitos, as células de Langerhans e as células de Merckel

(JUNQUEIRA & CARNEIRO, 2008).

Os queratinócitos são as células em maior abundância na epiderme

(HERNANDEZ & MERCIER-FRESNEL, 1999). A principal função da epiderme é

produzir o extrato córneo (MADISON, 2003), uma camada fina que minimiza a perda

de água, preservando a hidratação da pele e protegendo contra a penetração de

substâncias do ambiente (BLANK, 1969; ELIAS & FRIEND, 1975).

Os melanócitos apresentam organelas, os melanossomos, que iniciam a

síntese da melanina, responsável pela pigmentação da pele (JUNQUEIRA &

CARNEIRO, 2008).

As células de Langerhans são similares aos melanócitos, porém sem

pigmento, e se deslocam entre a derme e a epiderme. Apresentam função protetora,

fagocitando partículas estranhas; regulam as mitoses; estimulam a produção de

alguns linfócitos e atuam na maturação e queratinização de células da epiderme

(WILKINSON & MOORE, 1990; HERNANDEZ & MERCIER-FRESNEL, 1999).

Já as células de Merckel são as responsáveis por manterem contato com

fibras nervosas não-mielinizadas, formando um corpúsculo que age na inervação da


8

pele, conhecido como disco de Merckel (HERNANDEZ & MERCIER-FRESNEL,

1999).

A derme é constituída por fibras colágenas e elásticas imersas em um gel

mucopolissacarídico, sendo o fibroblasto o principal elemento celular. É um tecido de

sustentação e nutrição da epiderme e seus anexos (PRUNIERAS, 1994).

A hipoderme é um tecido conjuntivo frouxo que une a derme aos órgãos

profundos. Porém, ele não é considerado um constituinte da pele (JUNQUEIRA &

CARNEIRO, 2008). Apresenta as funções de reserva de gordura e lipólise, atuando

como fonte energética, além de agir na termogênese e como protetor mecânico

(HERNANDEZ & MERCIER-FRESNEL, 1999).

1.3.2 Envelhecimento cutâneo

O envelhecimento da pele é um processo resultante do desgaste celular em

que há a diminuição da renovação celular e da capacidade de realizar funções

normais (YAAR e GILCHREST, 2001). Em 1981, Harman criou a definição de

envelhecimento como perda de funcionalidade e perda da capacidade de se adaptar

ao estresse.

Fatores intrínsecos e extrínsecos são responsáveis pelo envelhecimento.

Quando ocorre de forma intrínseca, o fenômeno é devido à formação de espécies

reativas de oxigênio resultantes do metabolismo celular, considerado um fator

genético. Dentre os fatores extrínsecos, existem os fatores ambientais tais como o

fumo, o álcool, a má nutrição e o excesso de exposição ao sol (DRAELOS, 1999;

BERRA et al., 2006; MCCULLOUGH & KELLY, 2006).


9

A radiação ultravioleta emitida pelo sol é uma das principais fontes de

formação de radicais livres no organismo, sendo o dano agravado

proporcionalmente ao tempo de exposição (THIELE et al.,1997; FUCHS et al.,1998;

FISHER et al., 2002; MIYAMURA et al., 2007). No processo de envelhecimento

ocorre espessamento da epiderme, aumento das rugas, perda da firmeza e da

elasticidade da pele, prejudicando sua permeabilidade e funcionamento. A

peroxidação causa a destruição dos lipídeos da pele, tornando-a seca e áspera

(MAGALHÃES, 2000; SCOTTI e VELASCO, 2003).

Ao longo do tempo surgem rugas finas, sinais de flacidez, possíveis

pigmentações além de aumento no aparecimento de neoplasmas benigno. No

período pós menopausa, a deficiência de estrógeno influencia na síntese de

colágeno na pele e na massa óssea, ocorrendo rápida diminuição em seu nível

(YAAR e GILCHREST, 2001).

1.3.3 Radicais livres

Os radicais livres são espécies reativas de oxigênio (EROs), que possuem um

ou mais elétrons não pareados, o que lhes confere grande instabilidade energética e

cinética (MAGALHÃES, 2000; GIACOMINI, 2007). Podem ser formados dentro do

próprio organismo através da respiração, ou então pela ação de raios UV vindos do

sol, cigarro, má alimentação, poluição, entre outros (BIANCHI e ANTUNES, 1999;

SCOTTI e VELASCO, 2003; GIACOMINI, 2007). Dentre as EROs temos o peróxido

de hidrogênio (H2O2), o ânion superóxido (O2•-), o radical hidroxila (OH•) e o oxigênio

singleto (1O2) (GIACOMONI, 2007).


10

As células desenvolveram mecanismos antioxidantes contra a toxicidade

promovida pelo oxigênio. Esses agentes consistem em: proteínas que protegem

contra danos oxidativos através de mecanismos não enzimáticos, enzimas que

removem radicais e espécies reativas, proteínas que reduzem a disponibilidade de

pró-oxidantes, além de moléculas de baixo peso molecular que captam as EROs

através de auto-oxidação como, por exemplo, vitaminas como α-tocoferol, ácido

ascórbico e β-caroteno (CADENAS, 1989; BERRA et al., 2006).

A ineficiência do sistema de defesa antioxidante contra a ação dos radicais

livres é um dos principais causadores do envelhecimento e, além disso, com o

passar do tempo, há aumento da concentração de radicais livres que deveriam ser

neutralizados (GIACOMINI, 2007). Para minimizar ou prevenir os efeitos dos radicais

livres, é recomendável o consumo mínimo de doses diárias de antioxidantes (LIU,

2003).

1.3.4 Antioxidantes

Atualmente, muitas são as estratégias adotadas para manter a pele saudável

e jovem (MENON et al., 2009). A fim de atenuar os efeitos do envelhecimento tem-

se sugerido o uso de compostos antioxidantes que atuam na defesa contra os

radicais livres e podem ser encontrados na dieta ou até mesmo de forma sintética

(DOROSHOW, 1983; HALLIWELL et al., 1995; WEIJL et al., 1997). De acordo com a

ABIHPEC, 2011, há uma tendência de valorização desse tipo de produto,

principalmente pelo público a partir dos 30 anos. Dentre os produtos para prevenção

do envelhecimento destacam-se aqueles que possuem ativos antioxidantes em sua

formulação.
11

Ácido ferúlico (Figura 3) é o nome comum dado para ácido 2-propenóico-3-(4-

hidroxi-3-metoxifenil). Plantas também produzem o ácido isoferúlico. O ácido ferúlico

(AF) isolado a partir de plantas normalmente se apresenta como isômero trans. O

seu peso molecular é 194 e o ponto de fusão, 174 °C (GRAF, 1992).

A maior parte do potencial antioxidante do ácido ferúlico vem da sua

capacidade de neutralizar radicais livres, através da doação de átomos de

hidrogênio a essas moléculas e de quelar metais catalíticos, complexando íons

metálicos (principalmente cobre e ferro) que catalisam a oxidação lipídica (GRAF,

1992).

Figura 3. Fórmula estrutural do ácido ferúlico

Os sulfitos são substâncias químicas amplamente utilizadas na indústria

farmacêutica para reduzir ou evitar a oxidação (CHESSEX et al., 1994). O bissulfito

de sódio (BS), de fórmula molecular NaHSO3, é comercializado seco e composto

predominantemente por metabissulfito de sódio, Na2S2O5, que é o derivado

desidratado de duas moléculas de bissulfito.

O metabissulfito de sódio (Figura 4) está entre os antioxidantes mais

utilizados para sistemas aquosos na industria farmacêutica. Antioxidantes

hidrossolúveis exercem sua ação por se oxidarem antes do fármaco, assim, os sais
12

de ácido sulfuroso tem a capacidade de perder um radical hidrogênio ou um elétron

(LACHMAN, 2001).

A eficácia desse antioxidante vai depender da concentração usada, quer seja

usado individualmente ou em combinação com outros fatores: pH da solução,

integridade e reatividade da embalagem (LACHMAN, 2001).

Embora o metabissulfito de sódio tenha sido e continue a ser considerado

como um antioxidante eficaz, dados recentes indicam que sua atividade antioxidante

é inibida por compostos que podem inclusive sofrer degradação (LACHMAN, 2001).

A eficácia do metabissulfito de sódio como antioxidante nas formulações de

medicamentos depende da facilidade com que esse composto se oxida em relação

ao fármaco que vai proteger (LACHMAN, 2001).

Figura 4. Fórmula estrutural do metabissultito de sódio

Ditionito de sódio (Figura 5), também conhecido como hidrossulfito de sódio, é

um pó branco cristalino com um fraco odor sulfuroso. É um sal sódico de ácido

disulfúrico. Embora seja estável na maioria das condições, ele pode se decompor

em água quente e em soluções ácidas. Ele pode ser obtido a partir de bissulfito de

sódio pela seguinte reação :

2 NaHSO3 + Zn → Na2S2O4 + Zn (OH)2


13

A solução aquosa de ditionito de sódio (DS) é ácida e se decompõe para

tiossulfato de sódio e bissulfito de sódio. A taxa de reação aumenta com o aumento

da temperatura. Além disso, a taxa é maior sob forte acidez.

2 Na2S2O4 + H2O → Na2S2O3 + 2 NaHSO3

Na presença de oxigênio se decompõe em bissulfato de sódio e bissulfito de

sódio.

Na2S2O4 + O2 + H2O → NaHSO4 + NaHSO3

Por ser um agente redutor, ele se oxida com facilidade e pode ser utilizado

como antioxidante em preparações de uso tópico. Ditionito de sódio também pode

ser usado para o tratamento de água e em processos industriais, como um agente

de sulfonação ou uma fonte de ions de sódio. Além da indústria têxtil, este composto

é usado em indústrias envolvidas com o couro, os alimentos, os polímeros, a

fotografia, e muitos outros. A sua utilização é largamente atribuída à sua baixa

toxicidade e, consequentemente, a sua vasta gama de aplicações (HOUSECROFT

& SHARPE, 2008).

Figura 5. Fórmula estrutural do ditionito de sódio


14

2. Objetivos

Este trabalho teve como objetivo avaliar a estabilidade do ácido ascórbico em

associação com outros antioxidantes, de forma a obter um sistema que mantenha a

vitamina C em sua forma ativa ao longo do tempo.

3. Metodologia

3.1 Preparação das formulações

3.1.1 Preparação das soluções

Foram preparadas quatro soluções de ácido ascórbico (AA) a 0,01 g/mL. Na

primeira, utilizou-se apenas ácido ascórbico. Nas outras três, em cada uma

adicionou-se um tipo de antioxidante diferente: ácido ferúlico, bissulfito de sódio e

ditionito de sódio (Tabela 1). Foi utilizado como sistema solvente a água.

As quatro soluções foram armazenadas em frascos de vidro ao abrigo da luz

e do calor e foram quantificadas em relação ao teor de AA ao longo do tempo.

Tabela 1. Composição percentual das soluções


1 2 3 4
Ácido Ascórbico 1,00% 1,00% 1,00% 1,00%
Ácido Ferúlico - 0,10% - -
Bissulfito de Sódio - - 0,10% -
Ditionito de Sódio - - - 0,10%
Água qsp 100,00% qsp 100,00% qsp 100,00% qsp 100,00%

Em todos os frascos foi adicionado 5% de DMSO, visto ter sido necessário

sua inclusão para solubilizar o ácido ferúlico.


15

3.2 Quantificação de AA por iodimetria

O método de quantificação escolhido foi a iodimetria, método que utiliza o

iodo como agente titulante e é de baixo custo e fácil reprodutibilidade. Este é um

método de quantificação farmacopeico, não havendo necessidade de validação.

Foram utilizadas vidrarias calibradas e o mesmo operador realizou todas as medidas

a fim de minimizar interferência dos equipamentos e erro operacional durante o

processo.

Este método de quantificação do AA, estabelecido pela Farmacopéia

Brasileira (2010), estabelece a adição de 2 mL da solução de AA em 100 mL de

água isenta de dióxido de carbono acrescida de 25 mL de ácido sulfúrico 10% (p/v)

(Figura 6). Após a realização deste procedimento, a solução foi imediatamente

titulada com iodo 0,05 M e próximo ao ponto de viragem, 1mL de amido foi

acrescentado. Cada mL de iodo 0,05 M equivale a 8,806 mg de C 6H8O6.

As determinações do teor de AA foram realizadas ao longo de 90 dias e todas

as medidas foram realizadas em sextuplicata. Foram determinadas a média e o

desvio padrão, além de análise de variância ANOVA seguida pelo teste de Tukey

(p<0,05), quando adequado. A análise estatística e plotagem dos gráficos foram

realizadas utilizando o software Origin 7.


16

Figura 6. Esquema demonstrando o procedimento para quantificação do AA por


iodimetria (MAGNANI et al., 2011).

Para preparar a solução de iodo, 13 g de iodo foram solubilizados em 100 mL

de solução de iodeto de potássio (KI) a 20% e o volume completado para 1 litro com

água.

3.2.1 Padronização da solução de iodo

Em um erlenmeyer foram adicionados 5 mL de solução de iodo, 5 mL de

solução KI 4%, 1 mL ácido acético glacial e 1 mL de amido. A titulação foi realizada

com solução de tiossulfato de sódio (3,11585 g/100 mL de água) (Figura 7).

Figura 7. Esquema do procedimento realizado para a padronização da solução de


iodo (MAGNANI et al., 2011).
17

3.2.2 Padronização do tiossulfato de sódio

Em outro erlenmeyer foram adicionados 5 mL de KI 20%, 5 mL de HCl 6N, 5

mL de solução de KBrO3 (2,79.10-3g/mL), utilizado como padrão primário e 1 mL de

amido, quando a titulação estava próximo ao ponto de viragem, utilizando o

tiossulfato de sódio como agente titulante (Figura 8).

Figura 8. Esquema da padronização da solução de tiossulfato de sódio (MAGNANI


et al., 2011).
18

4. Resultados e Discussão

4.1. Quantificação de AA pelo método de iodimetria

O método da iodimetria baseia-se na conversão de iodo molecular em íon

iodeto, de acordo com a semi-reação:

I2(aq) + 2 e- → 2 I-(aq)

O iodo molecular é um agente oxidante de poder moderado, de tal modo que

oxida o AA somente até ácido deidroascórbico (Figura 9).

Figura 9. Reação de oxidação do ácido ascórbico à ácido deidroascórbico.

Durante o processo de titulação, à solução de AA foi adicionada solução de

amido, que é o indicador, e quantidade de iodo suficiente para reagir completamente

com o AA presente na solução.

O AA provoca a redução do iodo a iodeto que em solução aquosa é incolor. O

iodo reduzido não pode reagir com a molécula de amido, mas quando ocorre o

consumo total das moléculas de AA, as moléculas de iodo em presença de iodeto

reagem com as macromoléculas de amido formando complexos de adsorção com os

íons triiodeto, conferindo coloração azul intensa à mistura de reação. Isto ocorre

porque o amido é uma substância formada por dois constituintes chamados de:
19

amilose, solúvel em água, e amilopectina, insolúvel em água. A amilose é uma parte

do amido que dá a cor azul intensa quando reage com as moléculas de iodo,

formando o complexo de amido-iodo.

Para determinação da massa de AA presente nas soluções, foram realizados

os seguintes cálculos que são válidos para o método analítico utilizado:

Normalidade (N) do KBrO3 = (massa pesada de KBrO3/PM/6) / volume em litros da

solução preparada.

N do tiossulfato de sódio que reagiu com o KBrO 3:

(volume KBrO3 x N encontrada) / Volume gasto

N do IODO que reagiu com o tiossulfato de sódio:

N IODO = (Ntiossulfato x Vtio) / V IODO

Massa de AA (mAA) = V IODO x N IODO x 88,06

Para encontrar a porcentagem de AA presente em solução, realiza-se o


cálculo:

100 mL de solução --- 1 grama de AA

2 mL de solução --- X

X = 0,02g de AA (massa inicial)

0,02g --- 100%

mAA --- X
20

4.2 Avaliação do teor de AA nas soluções

O teor de AA nas soluções foi avaliado durante 90 dias.

Através das figuras de 10 a 18 é possível verificar queda de concentração de

ácido ascórbico em solução ao longo dos 90 dias. Logo após o preparo das

soluções, no dia 0, foi considerada a concentração máxima de AA, portanto 100%.

a a
100 a,b a,b b
b b
c
d
Concentração AA (%)

80
f
e
60

40

20

0
0 20 40 60 80 100
Tempo (dias)

a,b,c,d,e,f
Letras diferentes indicam valores estatisticamente diferentes (p<0,05)

Figura 10. Gráfico comparativo da quantidade de ácido ascórbico ao longo do tempo


(1, 3, 7, 10, 14, 21, 28, 35, 45, 60 e 90 dias), empregando-se a Iodimetria como
método analítico.

180

160

140
Concentração AA (%)

120

100

80

60

40

20

0
0 20 40 60 80 100
Tempo (dias)

Figura 11. Quantificação de ácido ascórbico por iodimetria.


21

Até o dia 10, a solução composta apenas de AA, sem qualquer antioxidante,

apresentou concentração estatisticamente semelhante de AA em relação ao dia 0. A

partir do dia 14 houve redução no teor de ativo ao longo do tempo, sendo que a

maior redução foi observada no dia 60, comprovando que quanto maior o tempo de

armazenamento, maior a perda de ativo. Após 90 dias de medição, constatou-se a

queda de concentração de AA para 66,70% da concentração inicial, ou seja,

degradação de 33,30% do ativo.

120
a a a
a a a b
a b
100 c
Concentração AA + DS (%)

80

60

40

20

0
0 20 40 60 80 100
Tempo (dias)

a,b,c,d
Letras diferentes indicam valores estatisticamente diferentes (p<0,05)

Figura 12. Gráfico comparativo da quantidade de ácido ascórbico em solução com


ditionito sódico ao longo do tempo (1, 3, 7, 10, 14, 21, 28, 35, 45, 60 e 90 dias),
empregando-se a Iodimetria como método analítico.
22

180

160

140

Concentração AA + DS (%)
120

100

80

60

40

20

0
0 20 40 60 80 100
Tempo (dias)

Figura 13. Quantificação de ácido ascórbico em solução com ditionito sódico por
método iodimétrico.

As figuras 12 e 13 representam os valores de concentração de AA presentes

em solução com ditionito sódico em relação ao tempo. Através de sua análise pelo

método de iodimetria, foi possível verificar que a concentração de AA manteve-se

inalterada até o dia 35, apresentando oscilações significativamente irrelevantes de

acordo com o teste estatístico ANOVA. Transcorridos 90 dias, na última

quantificação, observou-se que a concentração de ativo diminui para 87,40% da

quantidade inicial.
23

120
a
a,b a,b b
100 b b b
b,c
Concentração AA + BS (%)

c,e
e,d
80 d

60

40

20

0
0 20 40 60 80 100
Tempo (dias)

a,b,c,d,e
Letras diferentes indicam valores estatisticamente diferentes (p<0,05)

Figura 14. Gráfico comparativo da quantidade de ácido ascórbico em solução com


bissulfito sódico ao longo do tempo (1, 3, 7, 10, 14, 21, 28, 35, 45, 60 e 90 dias),
empregando-se a Iodimetria como método analítico.

180
170
160
150
140
Concentração AA + BS (%)

130
120
110
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
0 20 40 60 80 100
Tempo (dias)

Figura 15. Quantificação de ácido ascórbico em solução com bissulfito sódico por
método iodimétrico.

Analisando-se as figuras 14 e 15, pode-se observar que a concentração de

ácido ascórbico manteve-se estável do dia 3 até o dia 35, apresentando oscilações

não significativas de acordo com o teste de variância ANOVA. A partir do dia 45 do


24

experimento, houve redução progressiva do teor de ativo. No último dia de

quantificação, notou-se que a concentração de AA era 73,70% da medida inicial.

a
100 b,c a,c
b b,d b,e b,c b,c
b,f
Concentração AA + AF (%)

d,e,f
80
g
60

40

20

0
0 20 40 60 80 100
Tempo (dias)

a,b,c,d,e,f,g
Letras diferentes indicam valores estatisticamente diferentes (p<0,05)

Figura 16. Gráfico comparativo da quantidade de ácido ascórbico em solução com


ácido ferúlico ao longo do tempo (1, 3, 7, 10, 14, 21, 28, 35, 45, 60 e 90 dias),
empregando-se a Iodimetria como método analítico.

180

160

140
Concentração AA + AF (%)

120

100

80

60

40

20

0
0 20 40 60 80 100
Tempo (dias)

Figura 17. Quantificação de ácido ascórbico em solução com ácido ferúlico por
método iodimétrico.
25

A solução de ácido ascórbico e ácido ferúlico apresentou valores

estatisticamente semelhantes em relação ao teor de AA até o dia 45. A partir do dia

60, queda crescente na quantidade de ativo até que no dia 90 de armazenamento, a

quantificação por iodimetria apresentou a maior perda de ativo em relação aos

demais sistemas, 42,4%.

AA
180 AA + AF
AA + BS
160 AA + DS

140
Concentração AA (%)

120

100

80

60

40

20

0
0 20 40 60 80 100
Tempo (dias)

Figura 18. Gráfico comparativo da concentração de ácido ascórbico em


porcentagem nas soluções ao longo do tempo (1, 3, 7, 10, 14, 21, 28, 35, 45, 60 e
90 dias).

Analisando o gráfico da figura 18, podemos observar a redução no teor de AA

com o passar do tempo, sendo que as maiores perdas ocorreram após o dia 35. O

DS protegeu o AA da oxidação, uma vez que o teor apresentou-se mais alto ao final

dos 90 dias que a solução de AA puro. Sendo assim, quanto maior o tempo de

armazenamento, maior a perda de ativo.


26

5. Conclusões

Entre as 4 formulações, podemos concluir que a que mais preservou o ácido

ascórbico, avaliando-se pelo método iodimétrico, foi a que continha o ditionito

sódico. Após 90 dias de armazenamento, a solução apresentou 87,40% de ativo, em

comparação a 67,70% de ácido ascórbico na solução sem qualquer antioxidante.

Este fato mostra que a associação de substâncias ao ácido ascórbico pode

diminuir a taxa de degradação desse ativo. Desta maneira, sugere-se que a

utilização de AA em formulações cosméticas com finalidade de prevenção do

envelhecimento cutâneo seja realizada concomitantemente a outra substância

antioxidante capaz de proteger o AA e, assim manter seu teor por mais tempo na

formulação garantindo um maior prazo de validade para o produto.


27

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