NEUROCIENCIA
NEUROCIENCIA
NEUROCIENCIA
SUMÁRIO
Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
Neurociência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
As origens das Neurociências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
A visão do encéfalo na Grécia Antiga . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .10
A visão do encéfalo durante o Império Romano . . . . . . . . . . . . . . .11
A visão do encéfalo da Renascença ao século XIX . . . . . . . . . . . . . 12
A visão do sistema nervoso no século XIX . . . . . . . . . . . . . . . . . .14
As Neurociências Hoje . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
Níveis de análise . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .15
Algumas considerações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
As Neurociências Cognitivas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
Apresentando o cérebro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
Cérebro e plasticidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
Como as células nervosas se comunicam . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
Ação do tempo no sistema nervoso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
Ferramenta de Aprendizagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
Aprendente Neurocoaching . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
Glossário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
Referências bibliográficas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88
INTRODUÇÃO
Prezado(a) Aprendente, buscaremos compreender o funcionamento do sistema nervoso,
integrando suas diversas funções (movimento, sensação, emoção, pensamento, memória), e como
se pode processar a aprendizagem de forma eficiente e eficaz. Também buscaremos compreender,
em particular, o córtex cerebral, pois sua intervenção no processo de aprendizagem é uma etapa
importante.
Sabemos que o sistema nervoso é responsável por regular os mecanismos que garantem a
sobrevivência (respiração, digestão, liberação de hormônios, regulação da pressão arterial etc.), a
movimentação voluntária, as sensações e os comportamentos (pensamento, imaginação, emoção
etc.). Assim, entender a Neurociência não é algo simples, não somente pela complexidade de cada
uma dessas funções, mas principalmente pelo fato delas ocorrerem simultaneamente na maior
parte das vezes.
FIGURA 1 – Cérebro
• Sistema nervoso central (SNC): estruturas localizadas dentro da caixa craniana e da coluna
vertebral;
◊ Medula espinhal;
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• Sistema nervoso periférico (SNP): demais estruturas do sistema nervoso, distribuídas por
todo o organismo;
Uma das partes mais importantes do sistema nervoso é o córtex cerebral, uma fina camada
de substância cinzenta que reveste o centro branco medular do cérebro. Impulsos provenientes
de todas as vias sensoriais chegam até ele, onde são interpretadas e integradas, e dele saem os
impulsos nervosos que iniciam e comandam os movimentos voluntários. As diversas funções
intelectuais e psíquicas também acontecem ali. Para estudar as suas diversas funções, o córtex é
dividido em porções denominadas lobos cerebrais. Essas porções, porém, não operam isoladamente;
existe uma complexa integração para a execução das diversas funções mentais. Isso explica as
inúmeras variabilidades de comportamento existentes nos seres humanos. Igualmente, sabe-se que
o cérebro tem plasticidade, ou seja, é capaz de se modificar sob a ação de estímulos ambientais.
Esse processo ocorre graças à formação de novos circuitos neurais, à reconfiguração da árvore
dendrítica e a alteração na atividade sináptica de um determinado circuito ou grupo de neurônios.
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É essa característica de constante transformação do sistema nervoso que nos permite adquirir
novas habilidades motoras, cognitivas e emocionais, e aperfeiçoar as já existentes.
O funcionamento da mente humana é um dos enigmas mais apaixonantes que tem movido os
estudos científicos da humanidade. Há uma busca constante do ser humano em compreender como
funciona esse importante centro de criação, processamento e armazenamento de informações.
Aumenta a necessidade de entender como se dá, na mente do sujeito, a magia de aprender e
a importância da mediação neste processo. É esse o campo de estudo em foco: a busca pela
compreensão sobre como a mente humana funciona em relação à capacidade de aprender – como
se aprende, como realizar a mediação do processo – e como ocorrem a elaboração e a assimilação
de conhecimentos pelo sujeito a partir do estudo sobre suas competências cognitivas. Abordar os
estudos de como o sujeito aprende, fundamentado na cognição, destaca-se nesta sociedade em
que o conhecimento ganha cada vez mais espaço. Na era de pleno desenvolvimento tecnológico
e científico, saber como se processa o aprender é extremamente importante para buscar novos
caminhos na construção de um processo de aprendizagem mais eficiente. Saber como se aprende
significa propiciar condições teóricas para desenvolver uma nova ação pedagógica, voltada para
garantir um aprendizado melhor e, a todos os sujeitos, a possibilidade de encontrar seus próprios
meios de aprender.
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NEUROCIÊNCIA
Faz parte da natureza humana sermos curiosos a respeito do que vemos e ouvimos, do porquê
de algumas coisas serem prazerosas enquanto outras nos magoam, do modo como nos movemos,
raciocinamos, aprendemos, lembramos e esquecemos, da natureza da raiva e da loucura. Esses
mistérios estão começando a ser desvendados pela pesquisa em Neurociências.
Temos que a Neurociência é um termo guarda-chuva que engloba todas as áreas da ciência
– biologia, fisiologia, medicina, física, psicologia – que se interessam pelo sistema nervoso: sua
estrutura, função, desenvolvimento, evolução e disfunções.
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Há evidências que sugerem que até mesmo nossos ancestrais pré-históricos compreendiam
que o encéfalo era vital para a vida. Os registros pré-históricos são ricos em exemplos de crânios
de hominídeos, datando de um milhão de anos ou mais, apresentando sinais de lesões cranianas
letais, presumivelmente infligidas por outros hominídeos. Há cerca de 7.000 anos, as pessoas já
faziam orifícios no crânio de outros (um processo chamado trepanação), evidentemente com o
intuito de curar e não de matar. Tais crânios mostram sinais de cura após a operação, indicando que
esse procedimento era realizado em sujeitos vivos e não era meramente um ritual conduzido após a
morte. Alguns indivíduos sobreviveram a múltiplas cirurgias cranianas. Não temos muita clareza a
respeito do que esses cirurgiões primitivos queriam realizar, embora haja quem especule que esse
procedimento poderia ter sido utilizado para tratar dores de cabeça ou transtornos mentais, talvez
oferecendo aos “maus espíritos” uma porta de saída.
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FIGURA 5 – Evolução
Fonte: http://imprensaregional.cienciaviva.pt/img/artigos/historia-da-evolucao-humana.jpg
Escritos recuperados de médicos do Egito Antigo, datando de quase 5.000 anos atrás, indicam
que eles já estavam bastante cientes de muitos dos sintomas de lesões cerebrais. No entanto,
para eles, o coração, e não o encéfalo, era a sede do espírito e o repositório de memórias. De fato,
enquanto o resto do corpo era cuidadosamente preservado para a vida após a morte, o encéfalo
do morto era removido pelas narinas e jogado fora! O ponto de vista que sugeria ser o coração a
sede da consciência e do pensamento permaneceu até a época de Hipócrates.
Considere a noção de que as diferentes partes de seu corpo são diferentes porque servem a
diferentes propósitos. As estruturas dos pés e das mãos são muito diferentes, e elas executam
funções muito diferentes: caminhamos usando nossos pés e manipulamos objetos com nossas
mãos. Assim, podemos dizer que parece haver uma clara correlação entre estrutura e função.
Diferenças na aparência predizem diferenças na função. O que podemos prever sobre a função
observando a estrutura da cabeça?
Uma rápida inspeção e poucos experimentos (como fechar os olhos) revelam que a cabeça é
especializada em perceber o ambiente. Na cabeça estão os olhos e as orelhas, o nariz e a língua.
As dissecções mostram que os nervos desses órgãos podem ser seguidos através do crânio para
dentro do encéfalo. O que você pode concluir do encéfalo a partir dessas observações?
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Se sua resposta é que o encéfalo é o órgão das sensações, então você chegou à mesma
conclusão de muitos eruditos gregos do século IV A.C. O mais influente deles foi Hipócrates (460-
379 a.C.), o pai da medicina ocidental, que acreditava que o encéfalo não apenas estava envolvido
nas sensações, mas era também a sede da inteligência.
Entretanto, esse ponto de vista não era universalmente aceito. O famoso filósofo grego Aristóteles
(384-322 a.C.) se agarrava à crença de que o coração era o centro do intelecto. Que função Aristóteles
reservava para o encéfalo? Ele propunha que era um radiador para resfriar o sangue, o qual era
superaquecido pelo coração. O temperamento racional dos humanos era então explicado pela
grande capacidade de resfriamento do encéfalo.
Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Galen_detail.jpg
A figura mais importante na medicina romana foi o escritor e médico grego Galeno (130-200
d.C.), que concordava com a ideia de Hipócrates sobre o encéfalo. Como médico dos gladiadores,
ele deve ter testemunhado as infelizes consequências de lesões cerebrais e da medula espinhal.
Entretanto, a opinião de Galeno a respeito do encéfalo deve ter sido muito influenciada por suas
cuidadosas dissecções em animais. Assim como somos capazes de deduzir funções a partir da
estrutura das mãos e dos pés, Galeno tentou deduzir a função a partir das estruturas do cérebro e
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do cerebelo. Cutucando com o dedo um encéfalo recentemente dissecado, percebeu que o cerebelo
é mais firme, e o cérebro, mais macio. A partir dessa informação, Galeno sugeriu que o cérebro
deveria ser o receptáculo das sensações, e o cerebelo deveria comandar os músculos. Por que ele
propôs essa distinção? Ele reconheceu que, para formar memórias, sensações devem ser impressas
no tecido nervoso. Naturalmente, isso deveria ocorrer no cérebro, mais macio. Não importa quanto
improvável esse raciocínio possa ser, as deduções de Galeno não estavam tão longe da verdade.
O cérebro está, de fato, bastante comprometido com as sensações e percepções, e o cerebelo é
primariamente um centro de controle motor. Além do mais, o cérebro é um repositório da memória.
Veremos que esse não é o único exemplo na história das Neurociências em que a conclusão geral
está correta, partindo de um raciocínio errôneo. Como o encéfalo recebe as sensações e movimenta
os membros? Galeno abriu um encéfalo e observou que ele era escavado internamente. Nestes
espaços escavados, chamados ventrículos (assim corno as câmaras do coração), havia um fluido.
Para Galeno, essa descoberta adequava-se perfeitamente à teoria de que o corpo funcionava de
acordo com o balanço de quatro fluidos vitais, ou humores. As sensações eram registradas e os
movimentos iniciados pelo movimento do humor a partir dos – ou para os – ventrículos cerebrais,
através dos nervos, que se acreditavam ser tubulações ocas, exatamente corno os vasos sanguíneos.
A visão de Galeno a respeito do encéfalo prevaleceu por quase 1.500 anos. Mais detalhes foram
adicionados à estrutura do encéfalo pelo grande anatomista Andreas Vesalius (1514-1564), durante
a Renascença. Entretanto, a localização ventricular da função cerebral permaneceu inalterada. Na
realidade, todo esse conceito foi reforçado no início do século XVII, quando inventores franceses
começaram a desenvolver dispositivos mecânicos controlados hidraulicamente. Esses aparelhos
reforçaram a noção do encéfalo como um tipo de máquina executando uma série de funções: um
fluido forçado para fora dos ventrículos através dos nervos poderia literalmente “bombear” e mo
vimentar os membros. Afinal de contas, os músculos não “incham” quando se contraem? O grande
defensor dessa “teoria de fluido mecânico” do funcionamento encefálico foi o matemático e filósofo
francês René Descartes (1596-1650). Apesar de pensar que essa teoria podia explicar o encéfalo e
o comportamento de outros animais, era inconcebível para ele que essa teoria explicasse o amplo
espectro de comportamentos humanos. Ele considerava que, diferente de outros animais, as
pessoas possuíam intelecto e uma alma dada por Deus. Assim, Descartes propôs que mecanismos
cerebrais controlavam o comportamento humano somente à medida que esse se assemelhasse
ao dos animais. Capacidades mentais exclusivamente humanas existiriam fora do encéfalo, na
“mente”. Descartes acreditava que a mente era uma entidade espiritual que recebia sensações e
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Ao redor do final do século XVIII, o sistema nervoso já havia sido completamente dissecado,
e sua anatomia, descrita em detalhes. Reconheceu-se que o sistema nervoso tinha uma divisão
central, consistindo no encéfalo e na medula espinhal, e uma divisão periférica, que consistia na
rede de nervos que percorrem o corpo. Um importante passo na neuroanatomia foi a observação
de que o mesmo tipo de padrão de saliências (os hiros) e sulcos (ou fissuras) podia ser identificado
na superfície cerebral de cada sujeito. Esse padrão, que permite a divisão do cérebro em lobos, foi
a base da especulação de que diferentes funções estariam localizadas em diferentes saliências do
cérebro. O cenário estava armado para a era da localização cerebral.
FIGURA 7 – “Andreas Vesalius em Pádua”, 1859 (óleo sobre tela), quadro de Edouard Hamman
Fonte: Musee des Beaux-Arts, Marseille, France / The Bridgeman Art Library
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ACONTECEU
O cérebro sempre fascinou o homem desde a Antiguidade. Conheça um pouco sobre a história da
exploração do cérebro: http://www.cerebromente.org.br/n16/history/mind-history.html
Durante os cem anos que se seguiram, aprendemos mais sobre as funções do encéfalo do
que foi aprendido em todos os períodos anteriores da história. Esse trabalho propiciou a sólida
fundamentação sobre a qual repousam as Neurociências atuais.
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As Neurociências Hoje
A Neurociência é o estudo do cérebro e da função neuronal. Pode-se primeiro entender o
funcionamento normal do cérebro e a neurotransmissão para detectar e compreender as alterações
neurobiológicas que causam distúrbios psiquiátricos e neurológicos. A neurobiologia é utilizada
como ferramenta para interagir seletivamente com enzimas e receptores e sistemas de controle do
DNA (ácido desoxirribonucleico) e RNA (ácido ribonucleico) para elucidar seus papéis no cérebro.
É uma disciplina que fornece ferramentas básicas para entender e tratar doenças do SNC.
A história moderna das Neurociências ainda está sendo escrita. Vamos considerar como são
conduzidos os estudos sobre o encéfalo hoje em dia, e por que sua continuidade é importante para
a sociedade.
Níveis de análise
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Algumas considerações
As Neurociências são empreendimentos distintivamente humanos. As fundações históricas
das Neurociências foram lançadas por muitas pessoas, ao longo de muitas gerações. Homens e
mulheres hoje em dia estão trabalhando em todos os níveis de análise, utilizando todos os tipos
de tecnologia para trazer alguma luz ao estudo do encéfalo.
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FIGURA 9 – Neurônios
Fonte: vitstudio/shutterstock
A meta das Neurociências é compreender como o sistema nervoso funciona. Muitas percepções
importantes podem ser adquiridas a partir de um “ponto de vista” externo ao cérebro e à própria
cabeça. Uma vez que a atividade cerebral se reflete no comportamento, registros comportamentais
cuidadosos nos informam acerca das capacidades e limitações da função cerebral. Modelos
de computador que reproduzem as propriedades computacionais do encéfalo podem ajudar a
compreender como essas propriedades se desenvolveram. Podemos medir ondas cerebrais que
nos dizem algo a respeito da atividade elétrica de diferentes partes do encéfalo durante diversos
estados comportamentais. Novas técnicas computadorizadas de neuroimagem permitem aos
pesquisadores examinarem a estrutura do encéfalo vivo, dentro do crânio. E, utilizando métodos
ainda mais sofisticados de imagem, estamos começando a ver quais as diferentes regiões do
encéfalo humano que se tornam ativas sob diferentes condições.
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AS NEUROCIÊNCIAS COGNITIVAS
As neurociências apontam os estudos dos conteúdos do cérebro, seus circuitos, as modificações
produzidas por substâncias ou por processos patológicos, as comparações entre o funcionamento do
cérebro humano e de outras espécies, a filogenia (filogenicamente) e a ontogenia (ontogenicamente),
objetivando a abordagem das funções mentais superiores (cognitivas) do ponto de vista do
funcionamento do cérebro.
O termo “neurociência cognitiva” surgiu recentemente (não mais de trinta anos). Relaciona-se
com a ciência dos neurônios, do sistema nervoso.
Para subsidiar o estudo das referidas investigações, e garantir a todos a aprendizagem dos
conhecimentos elaborados pela história da humanidade, partimos das primícias de que o cérebro
apresenta seu funcionamento através de estágios:
1. Das moléculas que permitem que os neurônios se comuniquem entre si. Temos, então, a
neurobiologia molecular ou neurociências moleculares.
2. Da célula; no caso especifico do cérebro, isto nos remete aos neurônios, mas também às
células gliais; trata-se da neurobiologia ou de neurociências celulares.
3. Do campo da integração; os neurônios organizados em redes complexas formam sistemas
integrados como, por exemplo, o sistema visual, neste caso o termo relacionado é o de
neurociências integradas.
4. As neurociências cognitivas estudam os mecanismos dos sistemas neuronais mais
complexos associados às funções mentais superiores como linguagem, memória, atenção,
representações mentais.
Apresentando o cérebro
O cérebro, ou encéfalo, é o órgão onde se opera a sensibilidade consciente, a mobilidade voluntária
e a inteligência; por este motivo é considerado como o centro nervoso mais importante de todo o
sistema. Contém os centros nervosos relacionados com os sentidos, a memória, o pensamento
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Observando a figura de um encéfalo vemos que ele possui grandes subdivisões anatômicas
que oferecem um mapa de suas capacidades. São bilateralmente simétricos, e seus hemisférios
direito e esquerdo são conectados pelo corpo caloso e outras conexões axonais. Sua base consiste
de estruturas como o bulbo, que regula as funções autônomas incluindo respiração, circulação e
digestão, e o cerebelo, que coordena o movimento. Em seu interior está a estrutura que controla o
comportamento emocional, a memória e outras funções.
A superfície que envolve os hemisférios cerebrais é chamada córtex. Tem cerca de 2 milímetros
de espessura e, se esticada, pode atingir o tamanho de 1,5 m². A parte do córtex que se desenvolve
primeiro é o sistema límbico. O neocórtex, que surge depois, é dividido nos lobos frontal, temporal,
parietal e occipital, que são separados por sulcos. Os impulsos nervosos que geram a percepção e
o pensamento, conhecidos como potenciais de ação, movem-se através do córtex. Algumas regiões
do cérebro com funções específicas têm sido estudadas em detalhes, como o córtex motor e o
córtex somatossensorial.
Fonte: http://www.portalsaofrancisco.com.br/
Utilizamos o cérebro para desempenhar todas as atividades. Quase não percebemos que, para
fazer uma conta no supermercado, o cérebro é tão importante e necessário quanto para fazer uma
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caminhada. Seu poder não é sensível à primeira vista. Quando se pensa, uma rede elétrica trafega
numa velocidade surpreendente, formando conexões entre as células nervosas, resultando numa
rede complexa e sofisticada. As mensagens são enviadas através de nossos sentidos para serem
decodificadas e interpretadas. No cérebro tais mensagens são transformadas em conhecimentos;
tudo o que ele aprende e vivencia fica guardado nele. Sendo o berço das ideias, a casa da consciência,
o cérebro comanda os movimentos voluntários e involuntários, a coordenação psicomotora, a
atenção, a concentração e a percepção. É o órgão mais complexo do corpo humano, capaz de nos
dar a inteligência.
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Fonte: http://www.psiquiatriageral.com.br/cerebro/texto6.htm
Cérebro e plasticidade
Sendo assim, os neurônios são responsáveis pelo envio e recebimento de sinais nervosos,
são verdadeiros “bits” de informações capazes de codificar tudo o que sentimos e pensamos.
Apresentam a função de combinar informações genéticas, moleculares e bioquímicas com os
dados que recebemos do mundo.
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SAIBA MAIS
Entretanto, algumas pesquisas mostram que, sob certas circunstâncias, o poder de plasticidade
cerebral pode ajudar mentes adultas a crescer. Embora o cérebro tenda a declinar com a idade, existem
estratégias que as pessoas podem realizar para mudar a plasticidade e revigorar suas máquinas.
O cérebro deve ser mantido com uma série de exercícios direcionados à plasticidade cerebral para
funcionamento saudável. A chave e o desafio estão em identificar quais os mecanismos cerebrais
para atingi-lo e como exercê-los eficazmente.
Neuroplasticidade e os sentidos
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O cérebro é dividido em quatro lobos: frontal, parietal, occipital e temporal. Os lobos cerebrais
são as regiões responsáveis por cada área ou funções específicas da mente humana. Nos lobos
existem mais de um bilhão de células nervosas, os neurônios, que são responsáveis pelo envio
e recebimento de impulsos e sinais nervosos. Existe uma comunicação eficiente entre os lobos.
Nenhuma área do cérebro funciona independente da outra; cada neurônio comunica-se com outros
neurônios por meio de estruturas especializadas chamadas sinapses, que são espaços que contêm
diferentes substâncias químicas chamadas neurotransmissores. A ação conjunta dos neurônios
forma as redes neurais ou circuitos, criando cada vez mais novas conexões ao exercitá-lo. Essa é
a verdadeira comunicação que o cérebro exerce.
Fonte: http://www.neuroeducacao.com.br/neurociencias.asp
O cérebro não está envolvido somente com funções de mobilidade e sensitivas, ele também possui
áreas de associação importantes. Todo o circuito cerebral das funções intelectuais se relaciona com
diferentes regiões do cérebro de um mesmo hemisfério cerebral ou dos dois em conjunto, permitindo
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que tais funções constituam sistemas funcionais complexos que possam apresentar grande poder
de rearranjo funcional ou plasticidade cerebral. As funções mentais são um produto de uma longa
evolução biológica e social. A capacidade de captar, reagir, operar estímulos recebidos do mundo
externo é uma diferenciação do organismo do homem, com grande capacidade de adaptação, o
que assegura sua sobrevivência.
O sistema nervoso sofre com a ação do tempo, e o cérebro, após atingir sua maturidade,
também envelhece, surgindo algumas mudanças anatômicas e fisiológicas. Com o fenômeno do
envelhecimento, a partir dos 60 anos ocorre diminuição do peso do cérebro na mulher e a partir dos
70 anos nos homens. Com o avançar da idade, também ocorre alargamento de espaços e atrofia.
Há uma diminuição do hipocampo, uma área importante para a memória, e também o metabolismo
cerebral diminui. A partir dos 80 anos ocorre perdas de neurônios, com consequente redução de
50% das sinapses. Esses fatores são importantes e considerados como de risco para quadros de
doenças neurodegenerativas, como a demência.
O cérebro humano, contudo, ainda permanece um mistério quando se trata de estudar suas
capacidades, sobretudo o comportamento humano. Cada um dos neurônios tem um papel muito
específico. A atividade de um deles influencia a atividade de milhares de outras células. Dessa
forma, torna-se evidente que os caminhos dos impulsos nervosos tomam circuitos diferentes em
diferentes momentos, e que podem variar em diferentes regiões do cérebro, seja para uma atividade
sensorial ou motora. É daí que surge a grande variabilidade do comportamento humano.
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técnica durante o treinamento de memória e também estimular outras funções como atenção,
concentração, linguagem, cálculo, o raciocínio abstrato, a criatividade, dentre outras.
O funcionamento mental implica nas capacidades de pensar, lembrar, raciocinar, formar estruturas
complexas de pensamento, decidir, resolver problemas e, enfim, produzir respostas adaptativas às
solicitações do ambiente. Tais capacidades do ser humano são influenciadas por características
pessoais e individuais, como idade, educação, interesses, estilo de vida, saúde, atividades que o
indivíduo desenvolve, quantidade de estímulo a que é exposto, além de aspectos emocionais e
condições socioculturais.
A disposição do sistema nervoso pode ser compreendida por dois pontos de vista: microscópico
e macroscópico.
O primeiro nos leva à célula, ou melhor, ao tecido nervoso. O segundo, às grandes subdivisões
do sistema nervoso relacionado ao seu funcionamento.
1. Células nervosas (ou neurônios, com um grande estimado de 100 bilhões somente no cérebro)
2. Células gliais ou simplesmente glia ainda mais numerosas
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Os neurônios
ATIVIDADE REFLEXIVA
http://www.youtube.com/watch?v=ONgPYGHHmQ0
Neurônios são diferentes da maioria das outras células do corpo humano por apresentar
extensões que realizam funções especiais. Eles são células excitáveis do sistema nervoso que
veiculam as informações entre a periferia do SNC e, reciprocamente, entre suas diversas regiões.
Constituem as células de base aquelas que permitem retirar informação do ambiente e agir
sobre o mesmo, mas também permitem pensar, memorizar, antecipar, identificar, comparar, analisar,
sintetizar, classificar, codificar, decodificar, fazer relações virtuais, diferenciar, ter raciocínio:
• divergente;
• hipotético inferencial;
• transitivo;
• analógico;
• lógico;
• silogístico.
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FIGURA 15 – Neurônio
Todos os estímulos do ambiente que podem causar sensações como dor, calor, sentimentos,
pensamentos, respostas emocionais, motoras, aprendizagem, memória, atenção, a ação de drogas
psicoativas, as causas de distúrbios mentais, qualquer outra ação ou sensação do ser humano,
não podem ser entendidos sem o atraente conhecimento do processo de comunicação entre os
neurônios.
A maioria dos neurônios possui três regiões responsáveis por funções especializadas:
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outra. É um prolongamento único, condutor dos impulsos nervosos a outras células, como
as musculares, glandulares ou mesmo outros neurônios. Divide-se em sua extremidade
em finas ramificações (ramificações axonais ou terminações sinápticas). A grande
maioria dos neurônios possui um axônio, que apresenta comprimento muito variável,
podendo ser de alguns milímetros ou mais de um metro. A porção terminal do axônio
sofre várias ramificações para formar de centenas a milhares de terminais axônicos, no
interior dos quais são armazenados os neurotransmissores químicos. Portanto, o axônio é
especializado em gerar e conduzir o potencial de ação.
Eles devem desencadear informações sobre o estado interno do organismo e seu ambiente
externo, avaliar esta informação e coordenar atividades apropriadas à situação e às necessidades
das pessoas. A informação é, então, processada através de um evento conhecido como impulso
nervoso, que é a transmissão de um sinal codificado de um dado estímulo ao longo da membrana
do neurônio a partir do ponto em que ele foi estimulado.
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FIGURA 16 – Neurotransmissores
Talvez já tenha ouvido o termo “matéria cinzenta” para o cérebro. Em uma secção transversal
feita no cérebro, é fácil ver as áreas cinzentas e brancas. O córtex e outras células nervosas são
cinzentos, e as regiões entre eles, brancas.
Nenhum neurônio tem conexão direta com outro. No final do axônio encontram-se filamentos
terminais, e estes estão próximos de outros neurônios. Eles podem estar próximos dos dendritos
de outros neurônios (algumas vezes em estruturas especiais chamadas espinhas dendríticas, ou
próximos ao corpo celular).
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Fonte: http://www.guia.heu.nom.br/images/Cortex2.jpg
Tipos de neurônios
Existem vários tipos de neurônios que diferem entre si pela morfologia, pelo soma e, principalmente,
pelos prolongamentos (dendritos e axônios, que também são chamados de neuritos).
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modificação, já que ocorre sinapse numa grande distância. Mas o funcionamento desses longos
prolongamentos necessita que grande quantidade de nutrientes lhes seja fornecida pelo soma.
Três grandes categorias de neurônios podem ser citadas. O número, o comprimento e o modo
de ramificação dos prolongamentos do pericário são a base morfológica para a classificação dos
neurônios em:
Fonte: Designua/shutterstock
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Fonte: Silbervogel/shutterstock
De acordo com suas funções na condução dos impulsos, os neurônios podem ser classificados
em:
Diâmetro do neurônio
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A sinapse
Sinapse é um tipo de junção especializada em que um terminal axonal faz contato com outro
neurônio ou tipo celular. As sinapses, como vimos anteriormente, podem ser elétricas ou químicas
(maioria).
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Sinapses elétricas
Fonte: http://www.afh.bio.br/nervoso/img/juncoes%20gap.gif
Sinapses químicas
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nervoso ocorre sempre do axônio de um neurônio para o dendrito ou corpo celular do neurônio
seguinte. Podemos dizer então que nas sinapses químicas, a informação que viaja na forma de
impulsos elétricos ao longo de um axônio é convertida, no terminal axonal, em um sinal químico
que atravessa a fenda sináptica. Na membrana pós-sináptica, este sinal químico é convertido
novamente em sinal elétrico.
Fonte: Tefi/shutterstock
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Fonte: http://www.afh.bio.br/nervoso/img/sinapses1.jpg
As sinapses químicas também ocorrem nas junções entre as terminações dos axônios e os
músculos; essas junções são chamadas placas motoras ou junções neuromusculares. Por meio
das sinapses, um neurônio pode passar mensagens (impulsos nervosos) para centenas ou até
milhares de neurônios diferentes.
Portanto, a glia (do grego glia, significa visco, cola), ou neuroglia (cola de neurônios), proporciona
ao mesmo tempo a sustentação das células nervosas – ela age “como cola” – e sua nutrição.
Diferenciam-se em forma e função; cada uma desempenha um papel diferente na estrutura e
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Fonte: Designua/shutterstock
Os oligodendrócitos são responsáveis pela formação da bainha de mielina dos neurônios. São
encontrados apenas no SNC, e tem função de manutenção dos neurônios. Devem exercer papéis
importantes na manutenção dos neurônios, uma vez que, sem eles, os neurônios não sobrevivem em
meio de cultura. Um único oligodendrócito contribui para a formação de mielina de vários neurônios
(no sistema nervoso periférico, cada célula de Schwann mieliniza apenas um único axônio)
Os astrócitos são as maiores células da neuroglia e fazem a sustentação e nutrição dos neurônios.
Situam-se entre os neurônios e tem potencial para interferir nas funções neuronais normais e
também regular os neurotransmissores (restringem a difusão de neurotransmissores liberados e
possuem proteínas especiais em suas membranas que removem os neurotransmissores da fenda
sináptica). Estudos recentes também sugerem que os astrócitos podem ativar a maturação e a
proliferação de células-tronco nervosas adultas e, ainda, que fatores de crescimento produzidos
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pelos astrócitos podem ser críticos na regeneração dos tecidos cerebrais ou espinhais danificados
por traumas ou enfermidades.
Fonte: http://eresbiologia.blogspot.com.br/2015/03/celulas-de-la-glia.html
Os sinais neurais
Os neurônios são células excitáveis que se comunicam entre si por meio de sinapses. O termo
influxo nervoso é utilizado para designar a mensagem veiculada de neurônio em neurônio.
Membrana do neurônio
O neurônio é envolvido por uma membrana (a membrana plasmática) composta de uma dupla
camada de células lipídicas que separa o espaço extracelular (no exterior do neurônio) do espaço
intracelular (o citoplasma, espaço no interior do neurônio). Esses dois espaços são meios líquidos
de composição diferente, ambos líquidos condutores.
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Quando cargas elétricas estão separadas há uma diferença de energia potencial elétrica através
da membrana. Se fosse permitido que as cargas se juntassem, teriam um potencial de trabalho.
O trabalho que poderia ser realizado pode ser expresso em milivolts. No neurônio em repouso, a
diferença de potencial através da membrana plasmática é chamada de potencial de membrana ou
potencial de repouso.
Potencial de Ação
Ao considerarmos o quão rapidamente um impulso pode passar pelo axônio, duas características
tornam-se muito importantes:
• mielinização;
• diâmetro do neurônio.
Células de Schwann
Certos tipos de neurônios são envolvidos por células especiais, as células de Schwann. Essas
células se enrolam dezenas de vezes em torno do axônio e formam uma capa membranosa, chamada
bainha de mielina.
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Fonte: http://www.sobiologia.com.br/figuras/Histologia/Celulas_de_Schwann.jpg
Bainha de Mielina
Os axônios da maioria dos neurônios motores são mielinizados, significando que são recobertos
por uma bainha composta por mielina, uma substância gordurosa que isola a membrana celular. A
bainha não é contínua. Ao longo do axônio, a bainha de mielina apresenta espaços entre células de
Schwann adjacentes, deixando o axônio não isolado nesses pontos. Esses espaços são denominados
nódulos de Ranvier. A bainha de mielina atua como um isolamento elétrico e aumenta a velocidade
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O potencial de ação salta de um nódulo ao nódulo seguinte quando ele percorre uma fibra
mielinizada. Esse fenômeno é denominado condução saltatória, um tipo de condução muito mais
rápida do que os das fibras não mielinizadas.
Neurotransmissores
FIGURA 30 – Neurotransmissor
Fonte: Designua/shutterstock
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Fonte: http://www.afh.bio.br/nervoso/img/Nervos49.jpg
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FIGURA 32 – Tipos de Neurotransmissores
Os aminoácidos e as aminas são pequenas moléculas orgânicas com pelo menos um átomo
de nitrogênio, armazenadas e liberadas em vesículas sinápticas. Sua síntese ocorre no terminal
axonal a partir de precursores metabólicos ali presentes. As enzimas envolvidas na síntese de tais
neurotransmissores são produzidas no soma e transportadas até o terminal axonal e, neste local,
rapidamente dirigem a síntese desses mediadores químicos. Uma vez sintetizados, os aminoácidos
e aminas são levados para as vesículas sinápticas que liberam seus conteúdos por exocitose. Nesse
processo, a membrana da vesícula funde-se com a membrana pré-sináptica, permitindo que os
conteúdos sejam liberados. A membrana vesicular é posteriormente recuperada por endocitose e
a vesícula reciclada é recarregada com neurotransmissores.
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◊ O primeiro grupo regula os movimentos. Uma deficiência de dopamina neste sistema provoca
a doença de Parkinson, caracterizada por tremores, inflexibilidade e outras desordens
motoras, e em fases avançadas pode provocar demência.
◊ O terceiro grupo, o mesocortical, projeta-se apenas para o córtex pré-frontal. Esta área do
córtex está envolvida em várias funções cognitivas, memória, planejamento de comportamento
e pensamento abstrato, assim como em aspectos emocionais, especialmente relacionados
com o estresse. Distúrbios nos dois últimos sistemas estão associados com a esquizofrenia.
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• Ácido glutâmico ou glutamato: principal neurotransmissor estimulador do SNC. Sua ativação
aumenta a sensibilidade aos estímulos dos outros neurotransmissores.
CURIOSIDADE
A química do amor
As substâncias químicas que agem no cérebro determinam não só nosso comportamento, mas
também influenciam grande parte de nossas ações, até em nossos relacionamentos afetivos. Leia
mais em: http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/quimica/a-quimica-amor.htm
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O cérebro propriamente dito é constituído pelos hemisférios cerebrais e pelo diencéfalo, mas,
por extensão, o termo cérebro é usado para designar o conjunto do encéfalo – cérebro anterior,
cérebro médio e cérebro posterior.
O termo “tronco cerebral” engloba o cérebro posterior e o cérebro médio. Notemos que certos
anatomistas colocam o diencéfalo no tronco cerebral. O cérebro posterior comporta o cerebelo, a
formação reticulada, a ponte (ou pons) e o bulbo. O tectum – com seu colículo superior e colículo
inferior – e o tegumento – com seus numerosos núcleos, entre os quais a substância negra –
constitui o cérebro médio.
As três principais estruturas do cérebro anterior são o córtex, o sistema límbico e os gânglios
da base.
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Fonte: http://www.afh.bio.br/nervoso/img/Nervos34.jpg
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Fonte: http://www.afh.bio.br/nervoso/img/Nervos36.jpg
Os hemisférios cerebrais
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Fonte: cesc_assawin/shutterstock
No homem, eles são tão volumosos (85% do peso total do cérebro) que dissimulam as outras
partes do cérebro – exceto o cerebelo, o bulbo e a ponte, observáveis num corte lateral.
A superfície dos hemisférios cerebrais, ou córtex – que significa casca, cortiça – é bastante
pregueada e apresentam assim circunvoluções – ou giros – e sulcos – ou sulci – cujos maiores
são as fissuras. De espessura variando de 1,5 a 4,5 mm conforme a região, o córtex é constituído
de várias camadas de células (o número de camadas depende da região): contêm os somas, os
dendritos e uma parte dos axônios dos neurônios dessas camadas, os axônios e terminações
dos neurônios oriundos de outras regiões e os vasos sanguíneos. São, entretanto, os somas dos
neurônios que predominam, o que dá ao córtex uma coloração cinzenta, daí o nome substância
cinzenta. O córtex constitui 80% do volume do cérebro anterior.
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espessa nas regiões sensoriais, enquanto a camada V, de onde partem as informações eferentes,
é a mais densa e a mais espessa nas áreas motoras.
Os sulcos mais profundos que os outros, as fissuras, repartem cada um dos hemisférios cerebrais
em quatro grandes partes ou lobos: o sulco lateral (ou fissura de Sylvius) separa o lobo frontal
do lobo temporal, o sulco central (ou fissura central, ou, ainda, fissura de Rolando) separa o lobo
frontal do lobo parietal, o sulco parieto-occipital separa o lobo parietal do lobo occipital. A fissura
inter-hemisférica separa os hemisférios direito e esquerdo. Podemos associar funções principais
a cada lobo. Assim, o lobo occipital contém as áreas de tratamento visual, o lobo parietal contém
as áreas somestésicas, o lobo temporal contém as áreas de tratamento auditivo, e o lobo frontal
contém as áreas motoras e caracteriza-se por seu papel primordial nas funções executivas.
FIGURA 37 – Neocortex
Fonte: http://www.afh.bio.br/nervoso/img/Nervos3.jpg
O telencéfalo
O encéfalo humano contém cerca de 35 bilhões de neurônios e pesa aproximadamente 1,4 kg.
O telencéfalo ou cérebro é dividido em dois hemisférios cerebrais bastante desenvolvidos. Entre os
hemisférios, estão os ventrículos cerebrais (ventrículos laterais e terceiro ventrículo); contamos ainda
com um quarto ventrículo, localizado mais abaixo, ao nível do tronco encefálico. São reservatórios
do líquido cefalorraquidiano (líquor), participando na nutrição, proteção e excreção do sistema
nervoso. Em seu desenvolvimento, o córtex ganha diversos sulcos para permitir que o cérebro esteja
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suficientemente compacto para caber na calota craniana, que não acompanha o seu crescimento.
Por isso, no cérebro adulto, apenas 1/3 de sua superfície fica “exposta”, o restante permanece por
entre os sulcos.
O córtex cerebral está dividido em mais de quarenta áreas funcionalmente distintas, sendo a
maioria pertencente ao chamado neocórtex.
Cada uma das áreas do córtex cerebral controla uma atividade específica:
1. Hipocampo: região do córtex que está dobrada sobre si e possui apenas três camadas
celulares; localiza-se medialmente ao ventrículo lateral.
3. Neocórtex: córtex mais complexo; separa-se do córtex olfativo mediante um sulco chamado
fissura rinal; apresenta muitas camadas celulares e várias áreas sensoriais e motoras. As
áreas motoras estão intimamente envolvidas com o controle do movimento voluntário.
Fonte: http://kenraggio.com/Reptilian-Limbic-Neocortex-Brain.jpg
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Fonte: http://www.afh.bio.br/nervoso/img/Nervos35.jpg
Fonte: https://youcanalso.files.wordpress.com/2010/11/slimbico.jpg
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paralelos, sendo apenas alguns poucos de função motora. Outros circuitos estão envolvidos em
certos aspectos da memória e da função cognitiva.
Algumas das funções mais específicas dos gânglios basais relacionadas aos movimentos são:
1. Núcleo caudato: controla movimentos intencionais grosseiros do corpo (isso ocorre a nível
inconsciente e consciente) e auxilia no controle global dos movimentos do corpo.
3. Globo pálido: controla a posição das principais partes do corpo quando uma pessoa inicia um
movimento complexo, isto é, se uma pessoa deseja executar uma função precisa com uma
de suas mãos, deve primeiro colocar seu corpo numa posição apropriada e, então, contrair
a musculatura do braço. Essas funções são iniciadas, principalmente, pelo globo pálido.
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Fonte: http://www.afh.bio.br/nervoso/img/Nervos33.jpg
Córtex Cerebral
Fonte: http://www.afh.bio.br/nervoso/img/Nervos43.jpg
Funções:
• Pensamento;
• Movimento voluntário;
• Linguagem;
• Julgamento;
• Percepção.
A palavra córtex vem do latim “casca”. Isto porque o córtex é a camada mais externa do cérebro.
A espessura do córtex cerebral varia de 2 a 6 mm. Os lados esquerdo e direito do córtex cerebral
são ligados por um feixe grosso de fibras nervosas chamado de corpo caloso. Os lobos são as
principais divisões físicas do córtex cerebral.
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Os gânglios da base
Os gânglios da base são chamados de núcleos cinzentos centrais (NCC). São três núcleos
subcorticais, profundamente enterrados nos hemisférios: o núcleo caudado, o putamen e o globo
pálido. Trata-se, portanto, de um aglomerado de neurônios que recebem os aferentes do córtex e
estão envolvidos com as funções motoras complexas.
Sistema límbico
O sistema límbico está localizado abaixo do córtex cerebral. Este sistema é o centro do pensamento
emocional. O sistema límbico está diretamente envolvido com o que faz rir.
Por trás de cada pedaço de informação ou ação um aprendente aprende ou aprende a fazer;
é uma riqueza de estruturas complicadas do cérebro. Como ensinante, você deve pensar em si
mesmo como um neurocientista, navegando os cérebros de seus aprendentes, a fim de crescer e
mudá-los com cada nova lição. Isso pode ser chamada “aprendizagem cérebro”. A fim de assumir
esta importante tarefa, é importante primeiro entender as partes do cérebro e os papéis que
desempenham na aprendizagem e cognição.
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para sinalizar que há ação. Principalmente ele controla a temperatura corporal, sede, fome e
ciclos de sono.
• A glândula pituitária: A glândula pituitária é apenas do tamanho de uma ervilha, mas desempenha
um papel importante na função cerebral. Está localizada na base do cérebro, na parte inferior
do hipotálamo. A glândula pituitária regula os hormônios e, portanto, desempenha um papel
no crescimento, puberdade, metabolismo, pressão arterial e nos níveis de açúcar.
Sistema Límbico
Funções:
• Comportamento Emocional;
• Memória;
• Aprendizado;
• Emoções;
• Vida vegetativa (digestão, circulação, excreção etc.).
O sistema límbico é um grupo de estruturas que inclui hipotálamo, tálamo, amígdala, hipocampo,
os corpos mamilares e o giro do cíngulo. Todas estas áreas são muito importantes para a emoção
e reações emocionais. O hipocampo também é importante para a memória e o aprendizado.
Fonte: http://www.afh.bio.br/nervoso/img/feridas2.jpg
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Tálamo
Todas as mensagens sensoriais, com exceção das provenientes dos receptores do olfato,
passam pelo tálamo antes de atingir o córtex cerebral. Esta é uma região de substância cinzenta
localizada entre o tronco encefálico e o cérebro. O tálamo atua como estação retransmissora de
impulsos nervosos para o córtex cerebral. É responsável pela condução dos impulsos às regiões
apropriadas do cérebro onde eles devem ser processados. Também está relacionado com alterações
no comportamento emocional que decorre não só da própria atividade, mas também de conexões
com outras estruturas do sistema límbico (que regula as emoções).
FIGURA 45 – Tálamo
Fonte:
Funções:
• Integração Sensorial;
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• Integração Motora.
O tálamo recebe informações sensoriais do corpo e as passa para o córtex cerebral. O córtex
cerebral envia informações motoras para o tálamo que posteriormente são distribuídas pelo corpo.
Participa, juntamente com o tronco encefálico, do sistema reticular, que é encarregado de “filtrar”
mensagens que se dirigem às partes conscientes do cérebro.
Hipotálamo
O hipotálamo, também constituído por substância cinzenta, é o principal centro integrador das
atividades dos órgãos viscerais, sendo um dos principais responsáveis pela homeostase corporal.
Ele faz ligação entre o sistema nervoso e o sistema endócrino, atuando na ativação de diversas
glândulas endócrinas. É o hipotálamo que controla a temperatura corporal, regula o apetite e o
balanço de água no corpo, o sono e está envolvido na emoção e no comportamento sexual. Tem
amplas conexões com as demais áreas do prosencéfalo e com o mesencéfalo. Desempenha,
ainda, um papel nas emoções. As partes laterais são envolvidas com o prazer e a raiva, enquanto
que a porção mediana está mais ligada à aversão, ao desprazer e à tendência ao riso (gargalhada)
incontrolável.
FIGURA 46 – Hipotálamo
Fonte: http://www.afh.bio.br/nervoso/img/Nervos15.gif
O tronco encefálico
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2. Contém circuitos nervosos que transmitem informações da medula espinhal até outras regiões
encefálicas e, em direção contrária, do encéfalo para a medula espinhal (lado esquerdo do
cérebro controla os movimentos do lado direito do corpo; lado direito do cérebro controla
os movimentos do lado esquerdo do corpo);
3. Regula a atenção, função esta que é mediada pela formação reticular (agregação mais ou
menos difusa de neurônios de tamanhos e tipos diferentes, separados por uma rede de
fibras nervosas que ocupa a parte central do tronco encefálico). Além destas três funções
gerais, as várias divisões do tronco encefálico desempenham funções motoras e sensitivas
específicas.
Fonte: http://goianoycolombia.blogspot.com.br/2007/05/o-encfalo.html
Tronco Encefálico
Funções:
• Respiração;
• Ritmo dos batimentos cardíacos;
• Pressão arterial;
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Mesencéfalo
Funções:
• Visão;
• Audição;
• Movimento dos olhos;
• Movimento do corpo;
O tronco encefálico é uma área do encéfalo que fica entre o tálamo e a medula espinhal. Possui
várias estruturas como o bulbo, o mesencéfalo e a ponte. Algumas destas áreas são responsáveis
pelas funções básicas para a manutenção da vida como a respiração, o batimento cardíaco e a
pressão arterial.
O cerebelo
Situado atrás do cérebro está o cerebelo, que é primariamente um centro para o controle dos
movimentos iniciados pelo córtex motor (possui extensivas conexões com o cérebro e a medula
espinhal). Como o cérebro, também está dividido em dois hemisférios. Porém, ao contrário dos
hemisférios cerebrais, o lado esquerdo do cerebelo está relacionado com os movimentos do lado
esquerdo do corpo, enquanto o lado direito, com os movimentos do lado direito do corpo.
O cerebelo recebe informações do córtex motor e dos gânglios basais de todos os estímulos
enviados aos músculos. A partir das informações do córtex motor sobre os movimentos musculares
que executa e de informações que recebe diretamente do corpo (articulações, músculos, áreas de
pressão do corpo, aparelho vestibular e olhos), avalia o movimento realmente executado. Após a
comparação entre desempenho e aquilo que se teve, estímulos corretivos são enviados de volta ao
córtex para que o desempenho real seja igual ao pretendido. Dessa forma, o cerebelo relaciona-se
com os ajustes dos movimentos, equilíbrio, postura e tônus muscular.
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Cerebelo
Funções:
• Movimento;
• Equilíbrio;
• Postura;
• Tônus muscular.
A palavra cerebelo vem do latim para “pequeno cérebro”. O cerebelo fica localizado ao lado do
tronco encefálico. É parecido com o córtex cerebral em alguns aspectos: o cerebelo é dividido em
hemisférios.
FIGURA 48 – Cerebelo
Fonte: http://www.afh.bio.br/nervoso/img/Nervos21.jpg
A medula espinhal
Partem da medula 31 pares de nervos raquidianos que se ramificam. Por meio dessa rede de
nervos, a medula se conecta com as várias partes do corpo, recebendo mensagens em vários
pontos e enviando-as para o cérebro, e recebendo mensagens do cérebro e transmitindo-as para
as várias partes do corpo. A medula possui dois sistemas de neurônios:
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• o sistema descendente controla funções motoras dos músculos, regula funções como pressão
e temperatura e transporta sinais originados no cérebro até seu destino;
• o sistema ascendente transporta sinais sensoriais das extremidades do corpo até a medula,
e de lá para o cérebro.
FIGURA 49 – Medula espinhal
Fonte: http://www.afh.bio.br/nervoso/img/Nervos26.gif
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Fonte: http://www.afh.bio.br/nervoso/img/medulaespinhal.gif
O vírus da poliomielite causa lesões na raiz ventral dos nervos espinhais, o que leva à paralisia
e atrofia dos músculos.
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O cérebro e a medula espinhal são protegidos pelos ossos do crânio e as vértebras, e também
são envolvidos por três membranas, que são as meninges. A mais externa e a mais resistente é a du
ra-máter. A mais interna é a pia-máter, fina membrana fortemente aderente ao cérebro e atravessada
por numerosos vasos sanguíneos. Entre essas duas membranas, a aracnoide é a mais delicada.
O espaço entre a pia-máter e a aracnoide contém o líquido cefalorraquidiano (LCR), líquido claro e
transparente que alimenta o cérebro, amortece choques e acolchoa o cérebro e a medula espinhal.
Graças ao LCR, um choque ou a aceleração da cabeça não provocam o movimento do cérebro na
caixa craniana.
Para funcionar, como qualquer célula, os neurônios precisam de muita energia (um combustível
em forma de glucose e oxigênio para realizar as combustões necessárias à transformação desse
combustível em energia). O cérebro não possui reservas de oxigênio e glucose. É então necessário
que seja suprido de um aporte constante. Isso é possível graças à rede sanguínea extremamente
densa, vasos sanguíneos oriundos de pequenas artérias, elas mesmas originárias das grandes
artérias. As artérias vertebrais e as carótidas são as duas grandes vias de base que se subdivi
dem em artérias menores, distribuindo as diferentes regiões do cérebro que se dividem, por sua
vez, em vasos sanguíneos que percorrem a pia-máter antes de penetrar e aprofundar no cérebro
subjacente. Há distribuição dos nutrientes aos neurônios das diferentes partes do cérebro assim
que a eliminação dos dejetos é efetuada pelos capilares sanguíneos, cujas paredes são bem mais
estanque que as paredes dos capilares do restante do corpo; assim, os capilares do SNC deixam
passar água, elementos nutritivos (glucose, ácidos aminados), mas filtram as grandes moléculas
(dejetos, proteínas e toxinas) suscetíveis de danificar o tecido nervoso. Esse mecanismo, que
assegura a proteção do SNC, é chamado de barreira hematoencefálica.
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FIGURA 51 – Meninges
O sistema nervoso somático é formado por nervos encarregados de fazer as ligações entre o SNC
e o corpo. Os nervos que o compõem transmitem a informação do SNC (cérebro e medula espinhal)
para a periferia (músculos) pelas vias motoras e da periferia para o SNC pelas vias sensoriais. Nervo
é a reunião de várias fibras nervosas, que podem ser formadas de axônios ou de dendritos.
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As fibras nervosas, formadas pelos prolongamentos dos neurônios (dendritos ou axônios) e seus
envoltórios, organizam-se em feixes. Cada fibra nervosa é envolvida por uma camada conjuntiva
denominada endoneuro. Cada feixe é envolvido por uma bainha conjuntiva denominada perineuro.
Vários feixes agrupados paralelamente formam um nervo. O nervo também é envolvido por uma
bainha de tecido conjuntivo chamado epineuro. No corpo existe um número muito grande de nervos.
Seu conjunto forma a rede nervosa.
Os nervos que levam informações da periferia do corpo para o SNC são os nervos sensoriais
(nervos aferentes ou nervos sensitivos), que são formados por prolongamentos de neurônios
sensoriais (centrípetos). Aqueles que transmitem impulsos do SNC para os músculos ou glândulas
são nervos motores ou eferentes, feixe de axônios de neurônios motores (centrífugos).
Existem ainda os nervos mistos, formados por axônios de neurônios sensoriais e por neurônios
motores. Quando partem do encéfalo, os nervos são chamados de cranianos; quando partem da
medula espinhal denominam-se raquidianos. Do encéfalo partem doze pares de nervos cranianos.
Três deles são exclusivamente sensoriais, cinco são motores e os quatro restantes são mistos.
Conforme tabela abaixo:
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Fonte: http://www.afh.bio.br/nervoso/nervoso4.asp
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Fonte: AMABIS, José Mariano; MARTHO, Gilberto Rodrigues. Conceitos de Biologia. São Paulo, Ed. Moderna, 2001. Vol. 2.
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O SNP autônomo ou visceral funciona independentemente de nossa vontade e tem por função
regular o ambiente interno do corpo, controlando a atividade dos sistemas digestório, cardiovascular,
excretor e endócrino. É o sistema que assegura a regulação automática, não voluntária e não
consciente, da atividade das vísceras, das glândulas e da vascularização. O funcionamento do SNA
é regulado essencialmente pelo hipotálamo.
Contém fibras nervosas que conduzem impulsos do SNC aos músculos lisos das vísceras e
à musculatura do coração. Um nervo motor do SNP autônomo difere de um nervo motor do SNP
voluntário pelo fato de conter dois tipos de neurônios, um neurônio pré-ganglionar e outro pós-
ganglionar. O corpo celular do neurônio pré-ganglionar fica localizado dentro do SNC e seu axônio vai
até um gânglio, onde o impulso nervoso é transmitido sinapticamente ao neurônio pós-ganglionar.
O corpo celular do neurônio pós-ganglionar fica no interior do gânglio nervoso e seu axônio conduz
o estímulo nervoso até o órgão efetuador, que pode ser um músculo liso ou cardíaco.
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• Dois ramos nervosos situados ao lado da coluna vertebral. Esses ramos são formados por
pequenas dilatações denominadas gânglios, num total de 23 pares.
• Um conjunto de nervos que liga os gânglios nervosos aos diversos órgãos de nutrição, como
o estômago, o coração e os pulmões.
• Um conjunto de nervos comunicantes que ligam os gânglios aos nervos raquidianos, fazendo
que os sistemas autônomos não sejam totalmente independentes do sistema nervoso
cefalorraquidiano.
O SNP autônomo simpático, de modo geral, estimula ações que mobilizam energia, permitindo
ao organismo responder a situações de estresse. Por exemplo, o sistema simpático é responsável
pela aceleração dos batimentos cardíacos, pelo aumento da pressão arterial, da concentração de
açúcar no sangue e pela ativação do metabolismo geral do corpo. Já o SNP autônomo parassimpático
estimula principalmente atividades relaxantes, como as reduções do ritmo cardíaco e da pressão
arterial, entre outras.
Uma das principais diferenças entre os nervos simpáticos e parassimpáticos é que as fibras
pós-ganglionares dos dois sistemas normalmente secretam diferentes hormônios. O hormônio
secretado pelos neurônios pós-ganglionares do sistema nervoso parassimpático é a acetilcolina,
razão pela qual esses neurônios são chamados colinérgicos. Os neurônios pós-ganglionares do
sistema nervoso simpático secretam principalmente noradrenalina, razão por que a maioria deles
é chamada neurônios adrenérgicos. As fibras adrenérgicas ligam o SNC à glândula suprarrenal,
promovendo aumento da secreção de adrenalina, hormônio que produz a resposta de “luta ou fuga”
em situações de stress.
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Fonte: http://www.afh.bio.br/nervoso/nervoso4.asp
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• Reflexos calóricos: o calor aplicado à pele determina um reflexo que passa através da medula
espinhal e volta a ela, dilatando os vasos sanguíneos cutâneos. Também o aquecimento do
sangue que passa através do centro de controle térmico do hipotálamo aumenta o grau de
vasodilatação superficial, sem alterar os vasos profundos.
• Exercícios: durante o exercício físico, o metabolismo aumentado nos músculos tem um efeito
local de dilatação dos vasos sanguíneos musculares; porém, ao mesmo tempo, o sistema
simpático tem efeito vasoconstritor para a maioria das outras regiões do corpo. A vasodilatação
muscular permite que o sangue flua facilmente através dos músculos, enquanto a vasoconstrição
diminui o fluxo sanguíneo em todas as regiões do corpo, exceto no coração e no cérebro.
Nas junções neuromusculares, tanto nos gânglios do SNPA simpático como nos do parassimpático,
ocorrem sinapses químicas entre os neurônios pré-ganglionares e pós-ganglionares. Nos dois
casos, a substância neurotransmissora é a acetilcolina. Esse mediador químico atua nas dobras
da membrana, aumentando a sua permeabilidade aos íons sódio, que passa para o interior da
fibra, despolarizando essa área da membrana do músculo. Essa despolarização local promove um
potencial de ação que é conduzido em ambas as direções ao longo da fibra, determinando uma
contração muscular. Quase imediatamente após a acetilcolina ter estimulado a fibra muscular, ela
é destruída, o que permite a despolarização da membrana.
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Fonte: http://www.afh.bio.br/nervoso/img/SN%20aut%C3%B4nomo.gif
Algumas considerações
O peso do encéfalo de um homem adulto é de 1,3 kg, e na mulher é de 1,2 kg. Admite-se que
no homem adulto de estatura mediana o menor encéfalo compatível com a inteligência normal
seria de 900 gr. Acima deste limite as tentativas de se correlacionar o peso do encéfalo com o
grau de inteligência esbarram em numerosas exceções (este se refere ao peso corporal e não ao
grau de inteligência, pois ainda não se conseguiu provar de forma alguma qual dos dois sexos
é mais inteligente). A inteligência não se refere somente na quantidade de massa cinzenta, mas
sim na capacidade que os seres humanos têm de entender, raciocinar, interpretar e relacionar o
conhecimento sobre experiências vividas e não vividas e a capacidade adaptativa do ser humano
a novas situações.
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Aprendizagem e memória
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Os modelos da memória nos ensinam os seus estágios que compreendem, ou seja, a codificação
(isto é, o processamento da informação com vistas ao armazenamento, por um lado, a aquisição
relacionada aos processos sensoriais e, por outro lado, a consolidação que permite a construção
de uma representação), o armazenamento e a recuperação.
A memória sensorial
É uma forma de memória automática que não depende do campo da consciência e cuja forma de
representação é sensorial. Muito breve, o traço sensorial consecutivo à estimulação só dura algumas
centenas de milissegundos para o sistema visual (memória icônica), dois ou três segundos para o
sistema auditivo (memória ecoica). A codificação da informação dessa memória é semelhante à
da experiência sensorial original da qual oferece uma representação fiel. Sua capacidade é muito
grande e, sem dúvida, corresponde à capacidade de recepção e de processamento do órgão sensorial.
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FIGURA 57 – Memória
Fonte: Lightspring/shutterstock
A cada etapa desse processo há perda de informação por declínio e/ou interferência. Nos modelos
mais recentes, a permanência na memória de curto prazo não é suficiente para a memorização
de longo prazo: intervêm igualmente fatores como a profundidade de processamento durante a
codificação e a repetição mental, as pesquisas na memória de longo prazo que permitem organizar
e processar a informação em curso de codificação, estabelecer as ligações semânticas entre a
nova informação e os conhecimentos antigos. A informação não é somente mantida, mas também
processada.
A memória de trabalho
Como o nome indica, permite efetuar um “trabalho”, isto é, um processamento cognitivo sobre
as informações memorizadas temporariamente. Provavelmente é constituída de vários subsistemas
de processamento dos quais somente uma parte chega à consciência. Esse modelo de memória
de trabalho modificou a maneira de abordar a questão dos mecanismos de passagem da memória
de curto prazo para a memória de longo prazo.
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Podemos então perguntar: quando falar de memória de curto prazo, quando falar de memória
de longo prazo?
Dois fenômenos facilmente observáveis ilustram essa distinção. Trata-se do efeito de primazia
e do efeito de recência: se uma lista de palavras é apresentada a um sujeito e lhe é pedido que
restitua o maior número de palavras possível da lista, ele se lembra das primeiras palavras da lista
(efeito de primazia) e das últimas (efeito de recência) enquanto as do meio da lista foram esquecidas.
Esses dois efeitos são interpretados como testemunhos respectivamente do depósito na memória
de longo prazo e da manutenção na memória de curto prazo.
Assim sendo, o processo de depósito na memória de longo prazo “leva tempo”: horas, meses,
anos. Assim, os fatos recentes que não pertencem mais ao domínio da memória de trabalho nem
por isso estão definitivamente memorizados. Por outro lado, é provável que o traço dos fatos antigos
que memorizamos não seja apagado, exceto pela destruição dos circuitos neuronais, mesmo que
tenhamos dificuldades de acessar essas lembranças em um dado momento.
O funcionamento da memória de longo prazo pode ser descrito em três etapas: memorização
ou codificação, conservação ou retenção, restituição ou evocação.
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transmissão do saber de forma escrita, visual e sonora (memória semântica). Assim, então, as
memórias explícitas são aquelas sobre as quais podemos falar, como o jantar de ontem à noite ou a
data de um acontecimento histórico. Tais memórias envolvem o pensamento consciente. Sabemos
que o hipocampo é necessário para a aquisição desses tipos de memórias, pois as lesões nessa
região impedem os sujeitos de estabelecerem novas memórias explícitas. É possível, no entanto,
recuperar memórias explícitas mais antigas, que foram armazenadas antes que ocorresse a lesão.
Para relembrar!
Fonte: http://www.scielo.br/pdf/rbp/v26n3/a11v26n3.pdf
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FERRAMENTA DE APRENDIZAGEM
Aprendente Neurocoaching
As nações BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) estão entre os mais rápidos e
emergentes mercados em desenvolvimento econômico. Sendo a décima maior economia do mundo
no mercado das taxas de câmbio e a nona pela paridade do poder aquisitivo, prevê-se que até 2050
o Brasil terá o quarto maior PIB do mundo. Mesmo que tenha a mão de obra e os recursos para
cumprir e até ultrapassar esta missão, o sucesso dependerá, em grande parte, de pessoas que
sejam capazes de vislumbrar o sucesso apesar dos desafios existentes na economia global. Mas
como o Brasil irá se distinguir competitivamente, e como as pessoas desenvolverão o conhecimento
necessário e as habilidades para que possam atualizar manter e fazer crescer o potencial inerente
a esta infraestrutura?
Tradicionalmente, os líderes têm crescido por meio do estudo dos padrões econômicos e eles
têm instituído ações com base nesses padrões. No entanto, mais recentemente, tornou-se evidente
que “os padrões econômicos” são gerados por pessoas; e pela compreensão a respeito das pessoas,
poderemos compreender mais profundamente esses padrões. No entanto, quando analisamos as
pessoas, estamos analisando comportamentos: manifestações externas que possam dar origem
à dinâmica das sociedades e dos padrões econômicos. Determinamos seus comportamentos sem
saber exatamente o que está acontecendo em seus cérebros. Os economistas reconhecem que,
para ter uma compreensão global da dinâmica das sociedades e dos padrões econômicos, temos
que tentar compreender a origem de seus comportamentos.
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FIGURA 59 – Coaching
O Aprendente Coaching, também, poderá utilizar de três competências de liderança que serão
fundamentais para as pessoas desenvolverem e compreenderem como enfrentarão os desafios e as
prioridades para satisfazerem e até excederem as suas metas. Estas três prioridades têm impacto
na tomada de decisão de forma significativa, e na compreensão de como os líderes se posicionarão
para fazerem as mudanças necessárias e para melhorarem o seu próprio desempenho.
Baseado em pesquisa informal sobre líderes nos negócios no Brasil, e em um artigo da Harvard
Business Review as três principais competências que podem ser abordadas são as seguintes:
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CONCLUSÃO
Observamos uma visão geral sobre alguns conceitos básicos relacionados ao cérebro. Para
muitos, esta informação pode ter sido nova, mas não se distraíam com a terminologia. Ao invés disso,
concentrem-se nos conceitos e como podem usá-Ios em suas próprias práticas ou nos negócios
para instituir alterações na forma de planejá-los.
Fonte: wavebreakmedia/shutterstock
GLOSSÁRIO
Ansiolítico
Axonais
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ax%C3%B3nio
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Cognição
Córtex
A cama externa de um órgão, por exemplo, o córtex cerebral que se refere a parte externa do
cérebro com cerca de 2 a 4mm de espessura, formada por um grande número de neurônios e
responsável pelo processamento de informações mais sofisticado e complexo.
https://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%B3rtex_(zoologia)
https://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%B3rtex_cerebral
Despolarização
Quando uma célula sai do repouso e fica mais positiva devido a entrada de íons.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Despolariza%C3%A7%C3%A3o
Dissecções
O procedimento de explorar o corpo humano utilizando cortes para expor a anatomia dos órgãos
para possibilitar o estudo.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Dissec%C3%A7%C3%A3o
Divergente
https://www.priberam.pt/dlpo/divergente
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Eletrostática
https://pt.wikipedia.org/wiki/Eletrost%C3%A1tica
Encéfalo
O centro do sistema nervoso, composto pelo cérebro, cerebelo, e tronco encefálico (o mesencéfalo,
ponte e bulbo).
https://pt.wikipedia.org/wiki/Enc%C3%A9falo
Endocitose
Processo em que uma célula absorve material do exterior através da membrana celular.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Endocitose
Enzimas
Substâncias orgânicas, de origem proteica na maioria, que agem dentro ou fora das células
iniciando ou acelerando reações químicas, as quais dificilmente aconteceriam sem a sua ação,
possibilitando o metabolismo dos seres vivos.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Enzima
Exocitose
Processo em quem célula libera substâncias para o meio extracelular, em que há a formação
de vesículas que contém a substância a ser secretada, que depois funde-se a membrana celular e
libera seu conteúdo para o exterior.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Exocitose
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Filogenia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Filogenia
Gânglios
https://pt.wikipedia.org/wiki/G%C3%A2nglio_nervoso
Glia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Neur%C3%B3glia
Hipócrates
Considerado o “Pai da Medicina”, foi um grego antigo que praticava os “cuidados da saúde”,
como se referiam na Grécia, que estudou o corpo humano e as doenças.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Trepana%C3%A7%C3%A3o
Íons
https://pt.wikipedia.org/wiki/Íon
Lipídicas
Compostos orgânicos naturais, como a gordura, ceras e esterois, que não se misturam na água.
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https://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADpido
Mielina
https://pt.wikipedia.org/wiki/Mielina
Ontogenia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ontogenia
Pericário
Citoplasma de um neurônio.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Soma_(neurologia)
Plasticidade
Primícias
Psíquicas
Semânticas
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https://pt.wikipedia.org/wiki/Sem%C3%A2ntica
Silogístico
Argumento com três proposições com uma conclusão resultante da maior através da menor.
https://www.priberam.pt/dlpo/silogismo
Trepanação
Termo da medicina que descreve o ato de abrir um buraco no crânio através de uma broca
cirúrgica. Procedimento utilizado na Antiguidade para tratar indivíduos com o fim de “retirar os
demônios ou espíritos” da cabeça ou do corpo.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Trepana%C3%A7%C3%A3o
Ventrículos
Nome dado a um cavidade do corpo humano, como os ventrículos cerebrais, pequenas cavidades
dentro do cérebro que comunicam-se entre si contínuas com o canal da medula espinhal.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema_ventricular
Vesículas
Um saco membranoso semelhante a uma bexiga, que, em geral, está preenchida com alguma
substância produzida pelo corpo.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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2008.
CARDOSO, Silvia Helena. Neurônios: nossa galáxia interna. Disponível em: <http://www.cerebromente.
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COELHO, Lucia M. S. Rorschach Clínico, Manual Básico. São Paulo: Terceira Margem, 2002.
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Alegre: Artmed, 2011.
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www.nejm.org/doi/pdf/10.1056/NEJM199202203260806>. Acesso em: 01 fev. 2017.
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em: 08 mar. 2017.
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SAGAN, Carl. O romance da ciência. 3. ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1985.
SONENREICH, C; CORRÊA, F. K. Escolhas do psiquiatra: saber e carisma. São Paulo: Manole. 1985.
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<http://www.afh.bio.br/nervoso/nervoso1.asp>. Acesso em: 08 mar. 2017.
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