A Cadeira Humana
A Cadeira Humana
A Cadeira Humana
A cadeira humana
1 Pós-doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Estudos da Tradução (PGET) da Universidade Federal de Santa Catarina
(UFSC), Mestre e Doutora pelo mesmo programa e instituição. Graduada em Comunicação Social, com habilitação em
Jornalismo (FACHA-RJ); possui bacharelado e licenciatura em Letras-Inglê s (UFSC). Atuou como professora de Língua e
Cultura Japonesa; de Inglês; e de Português como Língua Estrangeira. Foi selecionada para o posto de Leitora Brasileira
(Capes/MRE) para exercer suas atividades na Universidade de Birmingham, UK. gisele.orgado@gmail.com
2 Vale destacar que em língua japonesa faz-se prática adotar o sobrenome familiar antes do nome próprio, o que foi mantido
neste artigo, muito embora encontrem-se, atualmente, adaptações para o estilo ocidental (nome-sobrenome) como medidas
de critério editorial, sobretudo face ao crescente número de títulos da literatura japonesa traduzidos para o inglês e para
português, e que induzem a tal medida. Inverter a ordem praticada pela língua japonesa causaria o apagamento intencional
criado pelo autor ao adotar seu pseudônimo, uma vez que este é constituído a partir do uso de ideogramas cuja leitura
intencionalmente se aproxima da pronúncia, em japonês, do nome “Edgar Allan Poe”.
3 Destaca-se que a primeira tradução de sua obra Japanese Tales of Mystery & Imagination (1956), foi feita por James B. Harris
em um trabalho arduamente elaborado em conjunto com o autor, considerando as limitações linguísticas de ambos: Ranpo,
capaz de ler e compreender perfeitamente o inglês, não tinha domínio suficiente da escrita ou da conversação; Harris, por
outro lado, fluente em japonês, era incapaz de ler ou escrever no idioma. Ademais, como agravante, seus encontros semanais
durante 3, dos aproximadamente 5 anos que dedicaram ao trabalho, ocorreram sob a ocupação americana na II Guerra
Mundial, enquanto Tóquio se recuperava lentamente dos ataques aéreos que destruíram grande parte da cidade
(JACOBOWITZ, 2015, p.9).
4 Expressão estética adotada a partir dos termos “erotic, grotesque, nonsense” no período entre guerras, frequentemente
definida como uma estranha convergência entre o desejo sexual e o surreal, obsceno e o grotesco, porém, apesar desta
simples definição, possui um significado profundo e desempenha um papel bem marcante nas ideologias sociais, culturais e
literárias japonesas contemporâneas.
5 江戸川 (Edogawa) tem o significado de ‘Rio Edo’, região onde vivia, e 乱歩 (Ranpo) seria uma combinação da figura do
そして、しばらくします Soshite, shibaraku After a while, I heard the Depois de um tempo, ouvi
と、多分廊下の方からで shimasu to, tabun rouka thump-thump-thump (I sons de tum tum tum
no hou kara desho, think it came from the (acho que vinha do
しょ、コツコツと重苦し
kotsukotsu to corridor) of someone corredor), de alguém
い足音が響いて来ました
omogurushii ashioto ga walking with a heavy andando com passadas
。それが、二三間むこう
hibiite kimashita. Sore ga, tread. The sound came to pesadas. O som chegou a
まで近付くと、部屋に敷
ni san gen mukou made within five or six yards of uns cinco ou seis metros
かれたじゅうたんのため chikazuku to, heya ni me, then became almost de mim, depois ficou
に、ほとんど聞きとれぬ shikareta jūtan no tame ni, inaudible due to the praticamente inaudível
ほどの低い音にかわりま hotondo kiki torenu hodo carpet on the floor. A
devido ao tapete no chão.
したが、間もなく、荒々 no hikui oto ni moment later, I heard a
kawarimashita ga, man's rough nasal Instantes depois, ouvi a
しい男の鼻息が聞こえ、
mamonaku, ara-arashii breathing, and before I forte respiração nasal de
ハッと思う間に、西洋人
otoko no hanaiki ga kikoe, could even get over my um homem e, antes que eu
らしい大きな身体が、私
HA- to omou ma ni, seiyō surprise, a large man – it pudesse me recuperar do
の膝の上に、ドサリと落
hito rashii ōkina karada had to be a Westerner – susto, um homem
ちてフカフカと二三度は
ga, watashi no hiza no ue plunked himself down on corpulento – devia ser um
ずみました。 ni, dosari to ochite my lap, then bounced ocidental – se jogou em
fukafuka to ni san do lightly up and down a meu colo, para então pular
hazumimashita. couple of times. levemente para cima e
para baixo algumas vezes.
6 Fonte: jisho.org/word/間-3.
9 Conto publicado na obra Japanese Tales of Mystery & Imagination (Tradução de James B. Harry, 1956).
10 Também conhecida como Cravo Rosa Soberbo ou Flor Divina, a Dianthus Superbus (fringed pink, em inglês; 撫子 nadeshiko,
em japonês) pertence à família dos Caryophyllaceae, originária da Europa e Norte da Ásia (Fonte: RHS – The Royal
Horticultural Society).
ITŌ, J. The Human Chair. In: Venus in the blind spot. Tradução de Jocelyne Allen. São
Francisco: VIZ Media, p.45-74, 2019.
EDOGAWA, R. The Human Chair. In: Japanese Tales of Mystery & Imagination. Tradução
de James B. Harris. Tokyo: Tuttle Publishing, 1956. p.12-25.
EDOGAWA, R. 人間椅子 The Human Chair. Tradução de Tom Christian. In: 江戸川乱歩 短編
集 Short Stories of Ranpo Edogawa. Tokyo: IBC Publishing, 2016. p.9-73.
SÁ, D. S. (Org.) O Gótico em Literatura Artes Mídia. Sã o Paulo: Rafael Copetti Editor,
2019.