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FICHA CATALOGRÁFICA

MANUAL DE PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS


DELIMITAÇÃO DE PLANÍCIES DE
INUNDAÇÃO E DE ÁREAS INUNDÁVEIS
Janeiro/2023

INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO – IPT

Diretora Presidente do IPT


Liedi Légi Bariani Bernucci Diretor de Operações
Adriano Marim de Oliveira
Diretora de Estratégia e Relações
Institucionais Diretora de Novos Negócios, Inovação e
Claudia Echevenguá Teixeira IPT Open
Claudia Caparelli
Diretora Financeira e Administrativa
Flávia Gutierrez Motta

Unidade Cidades, Infraestrutura e Seção de Planejamento Territorial,


Meio Ambiente – CIMA Recursos Hídricos, Saneamento e
Florestas – SPRSF
Diretor Técnico
Fabrício Araújo Mirandola Gerente Técnica
Sofia Julia Alves Macedo Campos
COORDENAÇÃO
Filipe Antonio Marques Falcetta

AUTORES
Airton Marambaia Santa
Alessandra Gonçalves Siqueira
Ana Maria Azevedo Dantas Marins
Fausto Luis Stefani
Filipe Antonio Marques Falcetta
Juliana Thais Oliveira de Carvalho
Lucas Stefano Rissatto
Luiz Gustavo Faccini
Nivaldo Paulon
Omar Yazbek Bitar
Priscila Ikematsu
Priscilla Moreira Argentin
Sofia Julia Alves Macedo Campos
Zeno Hellmeister Junior

Acompanhamento e Colaboração
Prefeitura Municipal de Campinas Secretaria do Verde, Meio Ambiente e
Desenvolvimento Sustentável – SVDS
Prefeito
Coordenação
Dário Saadi
Daniel Prenda de Oliveira Aguiar
Vice-Prefeito Rafaela Bonfante Lançone
Wanderley de Almeida Equipe
Andrea Cristina de Oliveira Struchel
Secretário Municipal do Verde, Meio
Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
Ângela Cruz Guirao
Rogério Menezes Geraldo Magela Martins Caldeira
Geraldo Ribeiro de Andrade Neto
Heloísa Fava Fagundes
José Carlos Borges Aguiar da Silva
Apoio
Defesa Civil de Campinas
PREFÁCIO

O município de Campinas tem investido esforços no sentido de


promover a ocupação sustentável e planejada do seu território. Neste caminho,
a parceria com o Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo
(IPT) foi fundamental para o desenvolvimento do projeto de delimitação da
planície de inundação do Rio Capivari e seus afluentes.
As planícies de inundação são áreas de grande importância estratégica
para a preservação dos recursos hídricos. O conhecimento da sua dinâmica é
fundamental para garantir um desenvolvimento urbano sustentável,
principalmente frente aos desafios da agenda climática atual.
Neste trabalho o leitor irá encontrar uma série de instrumentos técnicos
que garantem transparência, eficiência e segurança aos atos da administração
pública. Em se tratando de um produto de caráter científico, também poderá
fomentar a pesquisa em outras frentes e temas relacionados.
A Secretaria Municipal do Verde, Meio Ambiente e Desenvolvimento
Sustentável espera, a partir desse conteúdo, contribuir para uma cidade mais
justa e resiliente, além de proporcionar melhorias aos indicadores de
sustentabilidade local e regional, ao passo que o trabalho reflete diretamente
na preservação de áreas verdes, uma vez que a metodologia proposta no
presente estudo poderá ser replicada em outras bacias hidrográficas da cidade.
Todo esse conteúdo inovador não teria sido alcançado sem a
contribuição dos técnicos de diversas pastas da administração pública
municipal e o empenho dos pesquisadores do IPT em entregar o melhor que o
conhecimento atual pode proporcionar.

Rogério Menezes
Secretário Municipal do Verde, Meio Ambiente e
Desenvolvimento Sustentável do Município de Campinas
LISTA DE SIGLAS

APA Área de Proteção Ambiental


APE Área de Proteção Especial
APP Área de Proteção Permanente
CETESB Companhia Ambiental do Estado de São Paulo
CN Curve Number
Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais, atual Serviço Geológico do
CPRM
Brasil
DAEE Departamento de Águas e Energia Elétrica
DNIT Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes
DPO Diretoria de Procedimentos de Outorga e Fiscalização
EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
EPI Equipamento de Proteção Individual
ESRI Environmental Systems Research Institute
ETA Estação de Tratamento de Água
ETE Estação de Tratamento de Esgoto
GPS Global Positioning System
HAND Height Above Nearest Drainage
HEC Hydrologic Engineering Center
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICLEI International Council for Local Environmental Initiatives
IG Instituto Geológico
IPT Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo
LASER Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation
LIDAR Light Detection And Ranging
MDE Modelo Digital de Elevação
MDT Modelo Digital de Terreno
MNT Modelo Numérico de Terreno
NASA National Aeronautics and Space Administration
NRCS Natural Resources Conservation Service
ODS Objetivos do Desenvolvimento Sustentável
ONG Organização Não-Governamental
PCJ Piracicaba/Capivari/Jundiaí
PNPDEC Política Nacional de Proteção e Defesa Civil
PNRH Política Nacional de Recursos Hídricos
RMC Região Metropolitana de Campinas
SBN Soluções Baseadas na Natureza
SCS Soil Conservation Service
SEADE Sistema Estadual de Análise de Dados
SiBCS Sistema Brasileiro de Classificação de Solos
SIG Sistema de Informação Geográfica
SRTM Shuttle Radar Topography Mission
SVDS Secretaria do Verde, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
UGRHI Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos
UNESCO United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization
USACE United States Army Corps of Engineers
VANT Veículo Aéreo Não Tripulado
WRI World Resources Institute
SUMÁRIO

1. Introdução.............................................................................................................. 1
2. Conceitos Básicos ................................................................................................. 3
3. Base Legal............................................................................................................. 6
4. Métodos e Procedimentos ................................................................................... 11
4.1. Levantamento de materiais bibliográficos e cartográficos ................................ 12
4.2. Trabalhos de campo ........................................................................................ 13
4.2.1. Materiais e procedimentos de campo .............................................................. 15
4.3. Delimitação de planícies de inundação............................................................ 16
4.3.1. Obtenção de dados topográficos básicos e de imagens .................................. 17
4.3.2. Geração das informações................................................................................ 20
4.3.3. Edição ............................................................................................................. 25
4.3.4. Identificação dos solos da planície .................................................................. 27
4.4. Mapeamento da suscetibilidade do meio físico a inundações .......................... 44
4.5. Mapeamento das Áreas Inundáveis ................................................................ 61
4.5.1. Modelagem hidrológica ................................................................................... 64
4.5.2. Modelagem hidráulica ................................................................................... 133
5. Análise e Comparação dos Resultados ............................................................. 149
5.1. Impacto da urbanização em bacias hidrográficas .......................................... 151
5.2. Procedimentos adotados para simular a ocupação futura e prever impactos nas
vazões e volumes escoados ..................................................................................... 155
6. Mitigação do Impacto da Urbanização ............................................................... 164
7. Considerações finais – Buscando a Resiliência Climática ................................. 168
8. Referências Bibliográficas ................................................................................. 171
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

1. Introdução
O município de Campinas, juntamente com outros 19 municípios, forma
a Região Metropolitana de Campinas (RMC). A RMC possui uma área de
aproximadamente 3.800 km2, sendo a segunda maior região metropolitana do
Estado de São Paulo em população, com mais de 3,2 milhões de habitantes
(população estimada para 2022 pela Fundação Seade).
A região apresenta um amplo sistema viário, com ligações a algumas
das principais rodovias do país, além do aeroporto de Viracopos, que
apresenta expressivo fluxo de cargas.
Com relação à economia apresenta posição de destaque, tanto regional
como nacional, com uma diversificada produção industrial moderna,
principalmente em setores dinâmicos e de alto grau científico e tecnológico,
além da estrutura agrícola e agroindustrial significativa. Também possui centros
de pesquisa científica e tecnológica, bem como importantes centros
universitários.
Todas essas características incentivam a ocupação da região, que sofre
com a forte pressão e expansão imobiliárias, sendo atingida por crescentes
taxas de urbanização e de antropização, sendo, portanto, necessários estudos
de planejamento territorial visando uma delimitação mais precisa das planícies
de inundação, das áreas suscetíveis a inundação e das áreas inundáveis, tanto
na situação atual de ocupação como em uma condição futura.
Estes estudos formam o arcabouço tecnológico que permitem balizar e
auxiliar as Prefeituras no processo de avaliação e aprovação de
empreendimentos imobiliários localizados próximos aos cursos d’água, visando
a diminuição ou a mitigação de possíveis prejuízos financeiros e até de vidas
humanas, que podem ocorrer em função de inundações e alagamentos.
Nesta publicação foi adotado um trecho da bacia do rio Capivari contido
no território do município de Campinas como área piloto para indicação dos
procedimentos metodológicos necessários para a realização das referidas
análises. Este corresponde a uma área aproximada de 220 km², localizada no
terço médio do curso d’água, abrangendo a porção sudoeste do município,
uma região marcada por urbanização consolidada nas proximidades das

1
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

rodovias SP-348 (dos Bandeirantes) e SP-075 (Santos Dumont) e núcleos


populacionais ao longo do curso do rio, em sentido ao município de Monte Mor.
A bacia do rio Capivari, em sua totalidade, abrange uma área
aproximada de 1.600 km² e é uma das componentes da Unidade de
Gerenciamento de Recursos Hídricos (UGRHI) nº 5 –
Piracicaba/Capivari/Jundiaí (PCJ) (Figura 1), a segunda mais populosa do
Estado de São Paulo, compreendendo 57 sedes municipais e uma população
estimada de aproximadamente 6 milhões de habitantes, sendo que cerca de
60 % deste total correspondem à RMC.

Figura 1 – UGRHI 5 PCJ – Bacias formadoras. Em destaque a bacia do rio Capivari.

Fonte: Consórcio PCJ.

Esta publicação se propõe a apresentar os procedimentos


metodológicos necessários à delimitação precisa das planícies de inundação, à
determinação das suscetibilidades do meio físico à inundação e ao
mapeamento das áreas inundáveis, de modo a possibilitar à Prefeitura
Municipal de Campinas e outros interessados a replicação das tarefas em
outras bacias hidrográficas.
Além dos procedimentos para realização dos mapeamentos, também
serão apresentados alguns conceitos básicos utilizados, a base legal, quais os
impactos que a urbanização pode trazer para a região e possibilidades que
poderiam ser exploradas para sua mitigação.

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Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

2. Conceitos Básicos
Neste capítulo são apresentados alguns conceitos básicos, relacionados
aos temas trabalhados neste manual.

Aluvião: diz-se de todo material, particularmente argila solta, lodo, areia ou


cascalho que foi depositado por água corrente em um leito de um rio, em uma
planície de inundação.

Bacia hidrográfica: conjunto de terras delimitadas pelos divisores de água e


drenadas por um rio principal, seus afluentes e subafluentes. A bacia
hidrográfica é considerada a unidade territorial de planejamento e
gerenciamento das águas, conforme Lei Federal nº 9.433/97 - Política Nacional
de Recursos Hídricos - PNRH.

Caracterização fluviomorfológica ou morfométrica: procedimento


executado nas análises ambientais, tendo como objetivo estimar, de forma
qualitativa, comportamentos relacionados à predisposição da bacia hidrográfica
a cheias, forma dos hidrogramas, dinâmica dos canais fluviais, capacidade de
infiltração, velocidade da onda de cheia etc. Os índices morfométricos são
indicadores que permitem comparar diferentes bacias hidrográficas. Por
exemplo, podem ser citados: densidade de drenagem, fator de forma, índice de
sinuosidade, coeficiente de manutenção, gradiente dos canais, relação de
relevo etc.

Compartimento hidrográfico: porção de um território que se constitui como


uma parte de uma bacia hidrográfica, em que os limites nem sempre são
formados pelo relevo, podendo ser, inclusive, político-administrativos.

Exutório: é um ponto de um curso d'água onde se concentra toda a vazão


gerada no interior de uma bacia hidrográfica banhada por este curso. O
exutório do curso principal coincide com o ponto mais inferior para onde
converge toda a descarga hídrica desta bacia. Cada afluente deste curso
principal tem seu próprio exutório, que coincide com o local onde este encontra
o curso principal.

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Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Inundação: fenômeno que ocorre quando as águas do rio transbordam em


função das chuvas e ocupam a área ao lado do rio, que são chamadas de
planícies fluviais ou várzeas. A enchente (ou cheia) é o fenômeno em que as
águas chegam até o ponto mais alto do rio, mas não transbordam.

Jusante: diz-se do trecho, num curso d'água, entre um observador e quaisquer


pontos que estejam abaixo desse trecho considerado, inclusive quando se
referir à sua foz. O mesmo que rio abaixo.

Modelagem hidráulica: representação matemática de uma rede de drenagem,


geralmente um rio e seus respectivos afluentes, em que são estimadas as
calhas necessárias para escoamento de uma determinada vazão.

Modelagem hidrológica: representação matemática de uma bacia


hidrográfica, em que geralmente são inseridos parâmetros climáticos, inclusive
precipitação, e do meio físico, como taxa de infiltração ou ocupação do solo,
visando a transformação destas variáveis de entrada em dado de vazão.

Montante: diz-se do trecho, num curso d'água, entre um observador e


quaisquer pontos que estejam acima desse trecho considerado, inclusive
quando se referir à sua cabeceira ou nascente. O mesmo que rio acima.

Planície de inundação / planície aluvial: faixa do vale fluvial composta por


sedimentos aluviais, que margeia um curso d'água e que é periodicamente
inundada pelas águas de transbordamento provenientes de um rio.

Singularidade hidráulica: diz-se de estrutura, geralmente de origem


antrópica, que provoca perturbação do escoamento natural de um curso
d’água. Pode ser classificada em pontual, quando as dimensões da estrutura
são pequenas, quando comparada ao curso d’água, tais como pontes, bueiros,
barramentos; ou linear, quando as dimensões da interferência são grandes e
percorrem grandes extensões do curso d’água, como os reservatórios e
canalizações.

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Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Soluções baseadas na natureza (SBN): termo guarda-chuva criado pela


União Europeia que contempla soluções de engenharia que mimetizam os
processos naturais. Também engloba os conceitos das Infraestruturas Verde,
Técnicas Compensatórias, Desenvolvimento de Baixo Impacto, Melhores
Práticas de Manejo e outros. Dessa forma, trata-se de uma definição ampla de
bioengenharia que contempla ampla variedade de abordagens relacionadas
aos ecossistemas e busca dar subsídios para questões e desafios
socioambientais. As SBN podem ser utilizadas sozinhas ou de maneira
integrada com outras soluções de engenharia clássica, visando a um ambiente
urbano mais sustentável, resiliente e saudável. Nesse contexto, têm o potencial
de limitar os impactos das mudanças climáticas, aumentar a biodiversidade e
melhorar a qualidade ambiental. Ao mesmo tempo contribuem para atividades
econômicas e para o bem-estar.

Terraço fluvial: são superfícies planas, em degraus que se formam na medida


em que o rio erode os sedimentos pertencentes à sua antiga planície de
inundação. Isso ocorre por uma elevação regional do terreno, por um
rebaixamento do nível de base, ou ainda por mudanças climáticas.

Vazão: ou descarga líquida; é o volume e/ou massa de determinado fluido que


passa por uma determinada seção de um conduto livre ou forçado, por unidade
de tempo.

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Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

3. Base Legal
A planície de inundação (Figura 2) possui diversas funções ambientais,
tais como: promover o equilíbrio hidrológico de um curso de água, a
regularização das vazões, o controle das cheias, a recarga do lençol freático, o
fornecimento de fontes alimentares ricas e diversificadas que sustentam uma
fauna aquática; e está comumente associada à presença de solos férteis.

Figura 2 – Planície de inundação no município de Campinas.

Fonte: elaborado pelos autores.

Para que essas áreas continuem cumprindo essas funções ambientais,


diversas leis regem a sua proteção no âmbito federal, conforme ilustra a Figura
3. Destacam-se o Código Florestal Brasileiro (Lei Federal nº 12.651/2012 e
alterações), que estabelece as áreas de preservação permanente, com a
função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade
geológica e a biodiversidade, assegurar o bem-estar das populações humanas;
e a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil – PNPDEC (Lei Federal nº
12.608/2012), que altera duas leis urbanas importantes – o Estatuto das
Cidades (Lei Federal nº 10.257/2001) e a Lei Lehman (Lei Federal nº
6.766/1979). Essas leis destacam a importância de manter as funções
ambientais das planícies e não ocupar terrenos sujeitos à inundação.

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Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Figura 3 – Legislações no âmbito federal relacionadas à proteção de planícies de inundação.

Fonte: elaborado pelos autores.

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Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Nas cidades, apesar de diversas legislações ambientais restringirem o


uso e a ocupação das planícies de inundação, muitas dessas áreas foram
ocupadas, a maioria de forma irregular. Com isso, criam-se condições de
exposição e vulnerabilidade da população, com perdas e impactos humanos,
materiais, econômicos e ambientais.
As intervenções urbanas, como a retificação e o tamponamento de
cursos d’água para a implantação de avenidas, aliadas ao vertiginoso
crescimento da população, observado principalmente nas décadas de 1970 e
1980 em inúmeras cidades brasileiras, causaram os problemas atuais do
ordenamento territorial urbano quanto à gestão dos cursos d’água e planícies,
principalmente ligados ao risco de inundações e à preservação das suas
funções ambientais.
Nesse contexto, o município, como executor da política de
desenvolvimento urbano, tem como grande desafio implementar uma gestão
eficiente frente à ocupação irregular do espaço urbano, principalmente de
notável importância ecológica e ambiental como as planícies, buscando
incorporar a gestão e a prevenção de desastres nas políticas de ordenamento
territorial, de recursos hídricos, saneamento, habitação, meio ambiente, entre
outros.
O município de Campinas possui um rol de leis ambientais e
urbanísticas que restringirem o uso das planícies, de forma a evitar a sua
ocupação e determinar o adequado uso e ocupação do solo urbano, evitando
que moradias sejam assentadas em áreas de risco ou suscetíveis a eventos
naturais. As principais normas municipais estão apresentadas no Quadro 1.

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Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Quadro 1 – Principais leis municipais relacionadas à importância de delimitação das planícies


de inundação.
Instrumento normativo Escopo Referência às planícies
Lei orgânica
Constituição Considera as várzeas urbanas como áreas
municipal, de 30 de
Municipal de proteção permanente (Art 190).
março de 1990
Plano Local de Proíbe o parcelamento, a edificação e a
Lei nº 9.199, de 27 de
Gestão Urbana de impermeabilização das áreas de planícies
dezembro de·1996
Barão Geraldo de inundação (Art. 4º).
Considera como Áreas de Proteção
Lei Municipal nº
Cria a APA de Especial - APE as planícies de inundação
10.850, de 07 de junho
Campinas excedentes às Áreas de Preservação
de 2001
Permanente - APP (Art. 54).
Medidas
preventivas e
Decreto Municipal nº Interdição de núcleos populacionais
interdição de
17.236, de 14 de assentados na planície fluvial do rio Atibaia
imóveis localizados
janeiro de 2011 (Beco do Mokarzel e Piracambaia).
em áreas sujeitas à
inundação
Não permite a regularização das
Regularização de construções clandestinas e/ou irregulares
Lei complementar nº
construções em faixas não edificáveis ao longo das
34, de 19 de abril de
clandestinas e/ou represas, lagos, lagoas, rios, córregos,
2012
irregulares fundos de vale e várzea sujeita à
inundação (Art. 1º).
As várzeas e as planícies de inundação
são objeto de conservação pelo
macrozoneamento (Arts 8 e 12), Sistema
de Áreas Verdes e Unidades de
Lei complementar nº
Plano Diretor Conservação(Art. 39) e áreas de proteção
189, de 08 de janeiro
Estratégico (Art. 41) e preservação (Art. 42)
de 2018
permanente municipais e parques lineares
(Art. 43) e proíbe novos parcelamentos do
solo nas várzeas ou planícies de
inundação.
Brejos e planícies de inundação são
Lei complementar nº Parcelamento,
incluídos para compor o percentual legal
208, de 20 de ocupação e uso do
de Áreas Permeáveis do parcelamento(Art.
dezembro de 2018 solo
17).
Critérios para
Resolução nº 19, de 30 Define os critérios para a delimitação da
delimitação de
de setembro de 2016 planície de inundação.
planície
As áreas ao longo de brejos ou várzeas
Lei complementar nº Altera a Lei de
úmidas na APA são consideradas área de
296, de 4 de dezembro criação da APA de
preservação permanente, em razão de seu
de 2020 Campinas
interesse difuso (Art. 16).
Pré-cadastramento,
cadastramento e
Decreto nº 21.857, de Determina que as planícies de inundação
emissão de
28 de Dezembro de devem constar da planta de levantamento
Certidão de
2021 topográfico.
Diretrizes
Urbanísticas
A proteção e recuperação dos recursos
Decreto nº 22.069, de Parque Natural hídricos, incluindo nascentes, cursos
29 de março de 2022 Municipal da Mata d`água e várzeas é um dos objetivos e
diretrizes ambientais do Parque (Art. 1º).
Fonte: elaborado pelos autores.

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Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Um grande desafio para a aplicação dessas normas é a correta


delimitação das planícies de inundação como forma de prevenção a possíveis
desastres naturais no futuro. Cabe, atualmente, à Resolução nº 19, de 30 de
setembro de 2016, elaborada pela Secretaria do Verde, Meio Ambiente e
Desenvolvimento Sustentável (SVDS), o estabelecimento de critérios para a
delimitação desta importante feição do território no município de Campinas.
Essa norma deve ser a base norteadora da gestão municipal por meio
de ações preventivas e mitigadoras com o intuito de impedir ou controlar a
ocupação antrópica nas planícies, dada a sua importância ambiental e
fragilidade intrínseca.
Considerando o dinamismo da ocupação do território promovido pela
urbanização, esta resolução deve ser constantemente revisada e atualizada
para garantir que sejam indicadas metodologias mais atualizadas, que
permitam o eficiente e preciso levantamento das planícies de inundação,
inclusive das áreas onde há maior prevalência de modificações antrópicas.
Neste sentido, esta publicação pode fornecer insumos para que a
Prefeitura Municipal de Campinas e outras prefeituras municipais elaborem e
atualizem suas normas próprias que possuam finalidade similar à resolução
citada.

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Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

4. Métodos e Procedimentos
Neste capítulo estão compilados os métodos e os procedimentos
consolidados para a elaboração dos estudos de planejamento territorial, sendo
considerados o arcabouço tecnológico necessário ao balizamento e à gestão
dos territórios urbanos localizados nas áreas de influência direta dos cursos
d’água.
Estes estudos de planejamento territorial consistem em:
1) Delimitação da planície de inundação: este estudo é considerado o
primeiro e mais importante, pois o limite das planícies de inundação
consiste na porção do território cuja modificação pode provocar, de
forma mais acentuada, o comprometimento das funções ambientais
necessárias à preservação dos rios e o desequilíbrio deste
importante ecossistema.
O limite da planície de inundação, como o próprio nome indica,
também indica a porção do meio físico mais sujeita ao fenômeno das
inundações, o qual pode vir a expor a população a situações de
perda e impacto humano, material, econômico e ambiental.
2) Mapeamento da suscetibilidade do meio físico a inundações:
construído a partir do limite da planície de inundação, tal
mapeamento apresenta a primeira aproximação das áreas que
estarão sujeitas a inundações, indicando a predisposição natural do
meio físico de sofrer tal fenômeno. Trata-se de levantamento
qualitativo, onde não é possível precisar a probabilidade de
ocorrência de inundações.
3) Mapeamento das áreas inundáveis: neste estudo são combinados
dois tipos de modelagem ambiental distintos, hidrológica e
hidráulica, nas quais a precipitação, associada a uma probabilidade
de recorrência, é transformada em uma estimativa de vazões de pico
nos trechos das linhas de drenagem e, posteriormente, na geometria
da calha dos cursos d’água capaz de escoá-las. Este é um
levantamento quantitativo que pode considerar, inclusive, cenários
de ocupação e urbanização futuros e estimar o impacto do avanço

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Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

da impermeabilização do território urbano no aumento da


probabilidade de inundações e das áreas inundáveis.
Estes estudos são complementares e a elaboração conjunta destes
permite direcionar as políticas ambientais municipais de modo a garantir a
preservação ambiental dos cursos d’água urbanos, a manutenção dos serviços
ecossistêmicos e a qualidade de vida da população mais afetada pela interação
área urbana/cursos d’água.
Nesta publicação, conforme já mencionado anteriormente, foi adotada a
porção referente à bacia do rio Capivari inserida nos limites do município de
Campinas como área experimental. Os itens subsequentes trazem os
procedimentos metodológicos necessários à elaboração de cada um dos
estudos supraindicados.

4.1. Levantamento de materiais bibliográficos e


cartográficos
Nesta fase, devem ser levantados trabalhos e dados obtidos
anteriormente na área de estudo, de modo a localizar materiais que possam
subsidiar os estudos que serão desenvolvidos.
Estes dados contemplam várias disciplinas referentes ao planejamento
territorial, entre os quais podem ser citados:
- Dados topográficos da bacia de contribuição, inclusive seções
topobatimétricas, caso disponíveis. Modelos Digitais de Elevação (MDEs),
Modelos Digitais de Terreno (MDTs), levantamentos aerofotogramétricos,
levantamentos obtidos por meio de perfilamento a Laser (LIDAR) entre outros
também se inserem na ampla gama de dados relacionados à topografia local;
- Dados geotécnicos, entre os quais boletins de sondagem e de ensaios
geotécnicos realizados na área de estudo;
- Dados pedológicos, inclusive mapas pedológicos, com indicação dos
diversos tipos de solo e dos perfis texturais das camadas de solo;
- Legislação municipal de zoneamento, Planos Diretores municipais,
planos de macrodrenagem e de manejo de águas pluviais etc.;

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Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

- Mapeamento de uso e ocupação do solo, detalhados em escala que


seja possível separar áreas urbanas consolidadas das em consolidação,
arruamentos urbanos, pequenas áreas verdes (como parques e praças) etc.;
- Mapeamentos geológicos/geomorfológicos, em diversas escalas;
Outros dados que se julgarem relevantes para o conhecimento do meio
físico podem ser considerados, sendo estes listados apenas como exemplo dos
mapeamentos necessários aos estudos.

4.2. Trabalhos de campo


Os trabalhos de campo são considerados essenciais para as atividades
relacionadas à delimitação das planícies de inundação, inclusive com a
identificação e classificação dos solos de planícies aluviais; determinação e
validação das classes de suscetibilidade a inundações; e para as modelagens
necessárias para a determinação das áreas inundáveis.
Com relação aos trabalhos de campo necessários à delimitação das
planícies de inundação e à caracterização pedológica, estes são realizados
com a finalidade de validar as interpretações realizadas primeiramente no
escritório com utilização de mapas pedológicos já existentes, imagens de
satélite, fotografias aéreas, delimitação da planície e pontos de checagem
mapeados em escritório.
Devem ser elaborados caminhamentos e observações de perfis
aflorantes ao longo da planície em campo, de posse do mapa de solo e da
delimitação preliminar da planície de inundação, de modo a identificar os tipos
de solos e a classificá-los no novo Sistema Brasileiro de Classificação de Solos
(EMBRAPA, 2013), além de validar as formas e quebras de relevo in loco.
A observação por meio de tradagem também é uma atividade
recomendada para as atividades de campo relacionadas à delimitação das
planícies de inundação, mas esta pode ser insatisfatória, havendo necessidade
de abertura de trincheiras (OLIVEIRA et al. 1992), isto porque são raros os
casos de os solos aluviais ocuparem áreas contínuas apreciáveis, pois estão
restritos às margens de cursos d’água onde geralmente ocupam pequenas
porções das várzeas.

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Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

A urbanização e antropização da planície de inundação, com


intervenções na forma de aterros, arruamentos, construções de moradias,
depósitos de assoreamento, cavas de mineração, represamentos entre outros
usos, configura obstáculo à tradagem e à abertura de trincheiras, sendo que as
análises de campo devem sempre se adaptar à realidade local.
Com relação aos trabalhos de campo necessários às modelagens
hidrológica e hidráulica, foi dada ênfase no cadastro das singularidades
hidráulicas, as quais se constituem em condições específicas que perturbam o
escoamento natural do rio e estão associadas a intervenções antrópicas.
Estas singularidades verificadas in loco podem promover efeitos
hidráulicos, como perdas de carga localizadas, e se apresentam como
barreiras ao fluxo natural dos cursos d’água, diminuindo sua energia, podendo
ocorrer em pontos localizados como na entrada e saída de tubulações, caixas
de drenagem (denominadas de bueiros), galerias, canais com trechos
impermeabilizados, bem como barramentos, pontes, estreitamentos do canal e
até supressão de drenagens em áreas com intensa intervenção antrópica.
As singularidades de origem antrópica são condições de contorno
importantes a serem consideradas na elaboração da modelagem hidráulica de
uma bacia, pois auxiliam na representação mais próxima possível da realidade
do fluxo de um rio com intervenções. Sua identificação, classificação por
categorias e verificação em campo antecedem a elaboração e calibração do
modelo hidráulico.
Os pontos de campo relativos a esta disciplina devem ser selecionados
com base no contexto hidrodinâmico do fluxo das drenagens a serem
modeladas, sendo necessário priorizar as singularidades localizadas nos
exutórios das sub-bacias ou em locais próximos destes, por ser o ponto de
convergência de vazões provenientes de bacias de diferentes magnitudes.
Como regra, pode-se resumir os trabalhos de campo relacionados ao
cadastramento das singularidades hidráulicas a necessidade de se avaliar: o
tipo de singularidade e/ou estrutura e suas características gerais; a situação do
local da singularidade frente à demanda hidráulica da sub-bacia; o grau de
urbanização da sub-bacia em que a singularidade está inserida; a presença de
impermeabilização do solo, a qual altera os padrões de escoamento superficial

14
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

e contribui para o aumento na frequência dos episódios de cheias; a condição


atual dos cursos d’água, se o mesmo se encontra em estado natural ou se
sofreu processos de canalização; e a presença de fatores perturbadores ao
fluxo, tais como sedimentos (assoreamento), rochas, restos vegetais
(galhos/troncos), resíduos sólidos urbanos (lixo), e fragmentos de estruturas de
concreto/contenção.
Este manual exemplifica os procedimentos a serem tomados em campo
com base no mapeamento realizado com objetivo de delimitar a planície aluvial
do rio Capivari, compreendida no município de Campinas, buscando constituir
um roteiro que pode ser utilizado para nortear mapeamentos similares em
outras bacias.
Estes procedimentos fazem uso de um conjunto de informações
pautadas em documentos cartográficos e com ações alinhadas no objetivo de
propor a utilização ordenada das terras em planícies aluviais, a fim de contribuir
com ações de planejamento ambiental, tendo em vista a sua importância para
a sociedade, sua transformação, planejamento e conservação.

4.2.1.Materiais e procedimentos de campo


Os trabalhos de campo devem ser executados por meio de
caminhamento, anotações e fotografia das áreas, deslocamento por veículo
adequado a áreas de difícil acesso e uso de EPIs que previnam acidentes e
doenças.
Para os procedimentos pré-campo sugere-se o mapeamento prévio de
pontos de dúvidas e pontos de controle, bem como a preparação dos mapas e
a listagem dos equipamentos de campo.
Para os trabalhos de campo sugere-se o uso de dispositivo eletrônico
tipo Tablet. O Tablet com dispositivo GPS auxilia na navegação e localização
das feições e a sua câmera fotográfica pode ser utilizada para o
georreferenciamento das fotografias. Também pode ser utilizada câmera
fotográfica comum, além de equipamentos de estudo pedológico, como:
martelo, enxadão, trado, facão entre outros.
No Tablet o aplicativo recomendado é o Avenza Maps, disponível
gratuitamente com uso limitado ou pago com uso livre. Esse aplicativo tem a

15
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

funcionalidade de trabalhar off-line com a base de dados pré-carregada no


escritório. A base de dados consiste nos layouts de mapa salvos no formato
pdf, os quais devem conter os elementos do mapeamento, limite da planície,
declividade, imagens, pontos de dúvidas entre outros. O Avenza permite o
salvamento dos pontos de campo com a respectiva coordenada, anotações e
fotografias, que podem ser exportados para o trabalho pós-campo.
Além do Avenza, também podem ser utilizados outros aplicativos. O SW
Maps, por exemplo, apresenta diferentes funcionalidades e características,
como carregar diretamente os shapefiles. O Qfield, aplicativo de campo do
QGIS, também é uma opção.

4.3. Delimitação de planícies de inundação


De acordo com Borges e Ferreira (2019), as planícies de inundação são
definidas como unidades geomorfológicas formadas por deposições
sedimentares desenvolvidas pela ação da água. Ocorrem em áreas de
gradiente topográfico baixo, nos vales dos rios, onde os declives mais brandos
favorecem a deposição e a permanência dos materiais transportados pela
água.
Ainda de acordo com os referidos autores, essas formações
sedimentares possuem, em sua composição, sedimentos predominantemente
finos que, juntamente com a presença da água, formam solos aluviais, ricos em
matéria orgânica.
A delimitação dos limites das planícies de inundação depende do
conhecimento da morfologia do canal fluvial, que por sua vez depende da
interação de processos hidrológicos e geomorfológicos, os quais consistem na
erosão, transporte e deposição dos materiais desagregados ao longo do canal
e de suas margens. No entanto, para entender a formação das planícies de
inundação, bem como seu funcionamento, é preciso ter conhecimento desses
processos de forma conjunta e compreender como eles atuam modelando a
paisagem.
É importante, portanto, definir antes do início da delimitação das
planícies aluviais, ou de inundação a escala do mapeamento, pois ela permitirá
que sejam visualizadas tantas quantas feições geomorfológicas sejam

16
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

necessárias para entender a paisagem mapeada. Neste manual, indicam-se os


procedimentos necessários para o mapeamento do limite das planícies de
inundação na escala 1:10.000.
Para tanto, as feições geomorfológicas devem ser avaliadas na escala
1:5.000 ou de maior detalhe, quando necessário. Deve-se preferir pela
utilização de Sistemas de Informação Geográfica (SIG), pois nestes é possível
combinar informações gráficas georreferenciadas com informações
alfanuméricas em um banco de dados. Esse tipo de ambiente computacional
permite a sobreposição de camadas, aplicação de efeitos, como transparência,
além de diferentes formas de visualização e processamento.
Os itens a seguir resumem os procedimentos que devem ser adotados
na elaboração desta delimitação, usando como exemplo a delimitação da
planície aluvial do rio Capivari.

4.3.1.Obtenção de dados topográficos básicos e de imagens


Dados topográficos
Os dados topográficos podem ser obtidos por diferentes métodos, sendo
usual nos SIGs a utilização de dados matriciais, denominados genericamente
de modelos digitais de terreno, os quais podem ser obtidos por meio da
interpolação geométrica de dados vetoriais como as curvas de nível, pontos
cotados e de outras feições topográficas.
Estes modelos digitais de terreno, construídos a partir das feições
vetoriais dos levantamentos topográficos dito tradicionais, são, então, utilizados
no cálculo e obtenção de outras informações relevantes à análise territorial que
se deseja executar.
Além do levantamento topográfico tradicional, os dados topográficos
também podem ser levantados de forma direta, por sensores
aerotransportados ou orbitais que geram modelos digitais de terreno, radares e
lasers, com diferentes resoluções. O dado topográfico obtido para o
mapeamento das planícies deve ser na escala compatível com o mapeamento,
não importando a fonte de obtenção.
Independente da origem, o dado topográfico deve ser convertido para o
formato matricial a fim de ser utilizado na geração de novas informações.

17
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Além dos dados topográficos em melhor escala, fruto de levantamentos


quase sempre realizados de forma local (em escala municipal ou até mesmo
em escala compatível aos empreendimentos imobiliários a serem implantados)
sugere-se a obtenção de dados de menor escala, como o SRTM (Shuttle Radar
Topography Mission), os quais auxiliam na delimitação e retirada de pontos de
dúvidas. O SRTM pode ser obtido do site do Serviço Geológico dos Estados
Unidos (https://earthexplorer.usgs.gov/).

Imagens aéreas de alta resolução


As imagens utilizadas podem vir de diferentes fontes, sensores
aerotransportados ou orbitais de alta resolução. Estas imagens podem estar
disponíveis na forma de arquivos salvos no computador ou como serviço via
internet.
Pode ser utilizado o base map do ArcGIS (Figura 4), com uma imagem
de alta resolução fornecida no programa. No QGIS, com a instalação de
complementos, podem ser obtidos diferentes tipos de imagem. O complemento
utilizado e sugerido é o QuickMapServices e nesse complemento foram
utilizadas imagens de satélite do Google Maps e do Bing Maps (Figura 5). As
imagens do ArcGIS Esri também estão disponíveis neste complemento.

Figura 4 - Base Map de imagem de satélite no ArcGIS.

Fonte: elaborado pelos autores.

18
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Figura 5 - Base map de imagem de satélite Bing maps no QGIS.

Fonte: elaborado pelos autores.

As imagens de alta resolução permitem uma maior sensibilidade para os


nuances do meio físico através do contraste dos usos do solo, por exemplo, em
colinas muito suaves próximas às planícies com diferentes tipos de vegetação
(Figura 6).

Figura 6 - Exemplo de área com contraste de vegetação.

Fonte: elaborado pelos autores.

19
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

4.3.2.Geração das informações


Declividade
A declividade é um dos primeiros dados resultantes do processamento
dos Modelos Digitais de Terreno (MDTs) em ambiente SIG. O procedimento
para se obter o mapa de declividade depende do software utilizado, mas o
arquivo resultante é sempre um mapa de declividade em graus, na forma de
um arquivo matricial, do tipo tif. A função Declive no QGis é executada com o
MDT como camada de entrada (Figura 7). A declividade utilizada é em graus,
não em porcentagens.

Figura 7 - Janela da função declive no QGIS.

Fonte: elaborado pelos autores.

Após a geração da declividade, esta deve ser classificada para sua


utilização, sugerindo-se três classificações diferentes, de modo a possibilitar a
diferenciação dos padrões e formas de relevo e a delimitação da planície
aluvial. A Figura 8 mostra a janela de propriedades da camada, onde pode ser
realizada a classificação.

20
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Figura 8 - Janela de classificação/simbologia no QGIS.

Fonte: elaborado pelos autores.

A primeira delimitação da planície aluvial consiste nas áreas próximas


aos cursos d’água com declividade igual ou inferior a 5 graus. Para isso,
classifica-se a declividade em duas classes: declividade ≤ 5° e declividade > 5°,
conforme exemplo na Figura 9.

Figura 9 – Classificação da declividade em 2 classes.

Fonte: elaborado pelos autores.

21
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Na segunda classificação a declividade é dividida em quatro classes,


permitindo uma melhor visualização das formas e quebras do relevo para a
delimitação das planícies. As quatro classes utilizadas, conforme exemplo na
Figura 10, são:
▪ Declividade ≤ 3º (planícies recentes, espelhos d’água, áreas
aplainadas antrópicas);
▪ Declividade entre 4º e 5º (planícies, terraços, diques);
▪ Declividade entre 6º e 20º (colinas, morros suaves); e
▪ Declividade > 20º (barrancos, morros ondulados, cortes).

Figura 10 – Declividade classificada em 4 classes.

Fonte: elaborado pelos autores.

A terceira classificação deve ser realizada dividindo a declividade de


grau em grau, possibilitando a visualização de detalhes não visualizados
anteriormente, conforme exemplo exposto na Figura 11.

22
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Figura 11 - Classificação da declividade de grau em grau.

Fonte: elaborado pelos autores.

A declividade também pode ser calculada com base no Modelo Digital


de Elevação (MDE) SRTM, com resolução espacial de 30 (trinta) metros.
Utilizam-se quatro classes, conforme exemplo da Figura 12. Este dado
intermediário auxilia na pré-visualização dos contornos da planície de
inundação e permite a utilização de uma fonte de dados secundária para
solução das ambiguidades.

Figura 12 - Declividade classificada a partir do MDE SRTM.

Fonte: elaborado pelos autores.

23
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Relevo sombreado
Relevo sombreado é uma forma de destacar as feições e rugosidades
do terreno. Uma simulação da incidência solar e sombra gera um contraste que
possibilita visualizar as áreas com encostas ou planas. O padrão da técnica
utiliza um azimute, ou seja, orientação solar em relação ao norte geográfico de
315 graus e uma altitude, ou seja, inclinação em relação ao horizonte de 45
graus. Na Figura 13 temos a janela do comando sombreamento do QGIS,
que permite gerar esse produto, cujo exemplo de resultado pode ser observado
na Figura 14.
Figura 13 - Janela da função Sombreamento no QGIS.

Fonte: elaborado pelos autores.

Figura 14 - Relevo sombreado

Fonte: elaborado pelos autores.

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Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

4.3.3.Edição
Delimitação da planície
Com as camadas de dados apresentadas anteriormente inicia-se o
processo de delimitação das planícies, que devem considerar o ambiente
natural, devendo ser desconsiderados aterros para edificações e vias, cavas de
mineração, represamentos e outras feições do mesmo tipo.
O processo utiliza as ferramentas de edição vetorial disponíveis nos
programas. O técnico habilitado no uso do programa e com conhecimento
sobre as formas de relevo, pode utilizar e combinar as diversas camadas,
modificar a ordem de visualização, aplicar transparência, contraste, entre
outros.
Exemplos:
• Declividade com transparência sobreposta à imagem de satélite
(Figura 15);
• Declividade com transparência sobreposta ao relevo sombreado
(Figura 16);
• Alternância entre as diferentes declividades;
• Uso único da imagem de satélite; e
• Uso único do relevo sombreado, com ou sem maior contraste.

Figura 15 - Declividade com transparência sobreposta à imagem de satélite.

Fonte: elaborado pelos autores.

25
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Figura 16 - Declividade com transparência sobreposta ao relevo sombreado.

Fonte: elaborado pelos autores.

No QGIS, para a edição vetorial utilizam-se as barras de ferramentas


“digitalizar” e “digitalização avançada”. As ferramentas mais utilizadas na
edição vetorial são: adicionar polígono, remodelar feições e dividir partes
(Figura 17). As ferramentas de edição são utilizadas na geração do dado e nas
correções pós trabalhos de campo.

Figura 17 - Localização das principais ferramentas de edição nas barras de ferramentas do


QGIS.

Fonte: elaborado pelos autores.

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Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Tabela de atributos
A tabela de atributos pode ser preenchida com informações relevantes
durante o processo de delimitação das planícies, conforme exemplo da Figura
18. Diferentes campos podem ser criados e preenchidos pelo operador.
Sugere-se uma coluna de identificação numérica, uma coluna para o cálculo da
área, uma coluna para o tipo de feição (planície, terraço, aterro...) e uma coluna
para o grau de antropização.

Figura 18 - Tabela de atributos.

Fonte: elaborado pelos autores.

4.3.4. Identificação dos solos da planície


Importante esclarecer que os conceitos e definições relacionados a
atributos e horizontes diagnósticos, bem como as informações sobre o Sistema
Brasileiro de Classificação de Solos – SiBCS, constantes desse documento,
representam o que está em vigor no Brasil até a data de sua publicação.
Fica, porém, o alerta de que podem vir a sofrer modificações ou ajustes,
em função das necessidades/conveniências atreladas ao desenvolvimento e
aperfeiçoamento do SiBCS.
Ao longo do texto as referências a tipos de solos, foram feitas de acordo
com a terminologia constante no Sistema brasileiro de classificação de solos
(EMBRAPA, 2013) e, quando julgado conveniente, foi mencionada em seguida

27
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

à denominação correspondente, a classificação usada anteriormente, entre


parênteses.
Estas informações foram em sua maioria extraídas de fontes
bibliográficas diversas, destacando-se: Normas e critérios para levantamentos
pedológicos, da Embrapa (1989); Manual técnico de pedologia, de Souza
(1995); Procedimentos normativos de levantamentos pedológicos, da Embrapa
(1995); Manual de descrição e coleta no campo, de Lemos e Santos (1996);
Manual para interpretação de análise de solo, de Tomé Junior (1997); Manual
de métodos de análise de solo, da Embrapa (1997); Sistema brasileiro de
classificação de solos, da Embrapa (2013) e Manual de descrição e coleta de
solo no campo, de Santos et al. (2005).
Nas áreas de planície aluvial o relevo influencia preponderantemente
nas características dos solos, principalmente nas áreas de planície de
inundação em que as baixas declividades e os regimes de inundação
imprimem características marcantes de hidromorfismo a partir da oxiredução de
compostos ferruginosos nos solos.
Nesse sentido, o conhecimento dos tipos de solos de planícies
relacionados às unidades de relevo pode viabilizar a exploração sustentada
dos recursos naturais para os diversos setores da atividade humana. Todavia
as reduzidas dimensões geográficas das planícies, em relação aos contextos
regionais podem ser o condicionante para o baixo número de trabalhos sobre
esses tipos solos.
Para Curcio (2006) um dos motivos pelo qual se evidencia essa carência
é o número notavelmente maior de prospecções pedológicas necessárias por
unidade de área que, na maioria das vezes, é difícil de ser estabelecido em
função dos regimes hídricos, prevalecentes nos solos das planícies. Segundo o
autor o desenvolvimento das planícies exerce um grande efeito sobre o
desenvolvimento pedogenético, fator que deve ser considerado ao se estudar
os solos dessas áreas.
No exemplo ilustrado pela presente publicação, relativo ao mapeamento
da planície aluvial do rio Capivari, no município de Campinas, os estudos dos
solos são quase inexistentes, destacando os trabalhos de mapeamento de
Oliveira et al. (1992), Coelho et al. (2008) e de Rossi (2017) que descreveram e

28
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

analisaram perfis de alguns tipos de solos na área dessa planície. Para o


reconhecimento dos tipos de solos da planície aluvial do rio Capivari foi
realizado um levantamento baseado no mapa de solos da área produzido por
Coelho et al. (2008) (Figura 19).

Figura 19 – Mapa pedológico da planície aluvial do rio Capivari, no trecho percorrido pelo
curso d’água no município de Campinas.

Fonte: Coelho et al., 2008.

A intensa urbanização da planície, lançamento de entulhos, aterros,


depósitos de assoreamento, impossibilitou a identificação por tradagem
manual, ficando escassos os afloramentos dos solos ali presentes. As Figuras
20 a 24 ilustram algumas dessas situações.

29
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Figura 20 – Afluente do rio Capivari onde a planície aluvial foi urbanizada, com aterramento,
canalização, arruamento e construção de casas, dificultando a delimitação e identificação
pedológica. (Ponto CA-01, Coord. UTM: 289.032/7.462.865)

Fonte: elaborado pelos autores.

Figura 21 – Detalhe da Foto anterior, destacando a espessura do aterro, dificultando a


sondagem manual a trado.

Fonte: elaborado pelos autores.

30
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Figura 22 – Afluente do rio Capivari onde a planície aluvial foi urbanizada, com aterramento,
canalização, arruamento e construção do parque linear, dificultando a delimitação e
identificação pedológica. (Ponto Parque Linear, Coord. UTM: 286.406/7.464.092)

Fonte: elaborado pelos autores.

Figura 23 – Afluente do rio Capivari. Detalhe da espessura do aterro lançado, dificultando a


sondagem manual a trado e a identificação pedológica. (Ponto CA-06, Coord. UTM:
284.627/7.464.385)

Fonte: elaborado pelos autores.

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Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Figura 24 – Afluente do rio Capivari onde a planície aluvial foi urbanizada, com aterramento,
canalização, arruamento e construção de casas, dificultando a delimitação e identificação
pedológica. (Ponto CAp-03, Coord. UTM: 282.995/7.460.289)

Fonte: elaborado pelos autores.

As planícies aluviais podem caracterizar-se por apresentar solos com


pouco desenvolvimento morfopedológico, de idade recente, proveniente de
sedimentos quaternários, sendo constantemente influenciados pela flutuação
do nível do lençol freático e eventuais inundações.
Por exemplo, de acordo com Coelho et al. (2008) (Figura 19),
predominam na planície aluvial do rio Capivari e seus afluentes, no trecho
percorrido pelo curso d’água no município de Campinas a associação
pedológica (GXb1) formada por um Complexo de Gleissolos Háplicos e
Melânicos, Tb, Distróficos e Eutróficos + Neossolos Flúvicos Tb, Distróficos e
Eutróficos, A moderado + Cambissolos Flúvicos Tb Distróficos e Eutróficos,
A moderado, todos com textura indiscriminada.
A título ilustrativo, no texto a seguir serão descritas as principais
características dos solos predominantes na planície aluvial do rio Capivari e
seus afluentes, conforme cartografados na (Figura 19). Estas características
devem ser observadas quaisquer seja a planície aluvial a ser mapeada, por
serem comuns a esta feição geomorfológica.

32
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Os Gleissolos compreendem solos minerais hidromórficos e, de acordo


com o SiBCS, estão representados na Figura 19 pelos Gleissolos Háplicos
(Glei Pouco Húmico, classificação anterior) e os Gleissolos Melânicos (Glei
Húmico, classificação anterior), inseridos na associação GXb1.
Esses solos apresentam características comuns no que concerne ao
horizonte subsuperficial Glei, porém distintas pelos horizontes diagnósticos
superficiais, conforme descrição contida no conceito que se segue. A distinção
entre Gleissolos Háplicos e os Gleissolos Melânicos baseia-se na expressão do
horizonte superficial, que é turfoso, ou o A chernozêmico ou o A húmico com
20 cm ou mais de espessura no Gleissolo Melânico, enquanto os Gleissolos
Háplicos, comumente tem horizonte A moderado (EMBRAPA, 2013).
Devido à circunstância de terem origem em situações de aportes de
coluviação ou de aluvionamento e devido ao micro-relevo dos terrenos, esses
solos não apresentam um padrão de distribuição uniforme das características
morfológicas e analíticas ao longo do perfil nem horizontalmente. A textura
pode ser bastante desuniforme ao longo do perfil e, normalmente, com
apreciáveis variações horizontais a curta distância, porém de classe franco-
arenosa ou mais fina.
De acordo com Embrapa (2013), os Gleissolos Háplicos são os solos
que não se enquadram nas classes anteriores, ou seja, não são Tiomórficos
(solos com horizonte sulfúrico), não são sálicos (solos com caráter sálico) e
não são melânicos.
Os Gleissolos Melânicos, também citados pelos autores acima, são
solos com horizonte H hístico com menos de 40 cm de espessura ou horizonte
A húmico, proeminente ou chernozêmico. Ambos são solos referenciados com
argila de atividade baixa (Tb, baixa capacidade de troca de cátions), Distróficos
(saturação por bases baixa, V < 50 %) e Eutróficos (saturação por bases alta, V
> 50 %).
Os Gleissolos não apresentam textura exclusivamente arenosa em todos
os horizontes dentro dos primeiros 150 cm a partir da superfície do solo ou até
um contato lítico ou lítico fragmentário, tampouco horizonte vértico em posição
diagnóstica para Vertissolos. Horizonte plânico, horizonte plíntico, horizonte
concrecionário ou horizonte litoplíntico, se presentes, devem estar à

33
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

profundidade superior a 200 cm a partir da superfície do solo (EMBRAPA,


2013).
Caracterizam-se pela forte gleização em decorrência do ambiente
redutor virtualmente livre de oxigênio dissolvido em razão da saturação por
água durante todo o ano ou pelo menos por um longo período. O processo de
gleização implica a manifestação de cores acinzentadas, azuladas ou
esverdeadas devido à redução e solubilização do ferro, permitindo a expressão
das cores neutras dos minerais de argila ou ainda a precipitação de compostos
ferrosos.
Esses solos têm sérias limitações ao uso agrícola, devido à presença de
lençol freático elevado e ao risco de inundações ou alagamentos frequentes.
Uma vez drenados, e, corrigidas as deficiências químicas, esses solos são
utilizados principalmente para pastagens, culturas anuais diversas, cana-de-
açúcar, bananicultura e olericultura (OLIVEIRA et al. 1992).
Outra classe de solos que foi identificada, foram os Neossolos Flúvicos.
De acordo com Embrapa (2013), Neossolos são solos pouco evoluídos
constituídos por material mineral ou por material orgânico com menos de 20 cm
de espessura, não apresentando qualquer tipo de horizonte B diagnóstico.
Diferentemente dos solos descritos anteriormente, os Neossolos
Flúvicos são solos pouco evoluídos, não hidromórficos, formado em depósitos
aluviais recentes, derivados de sedimentos aluviais com horizonte A assente
sobre camada ou horizonte C e que apresentam caráter flúvico dentro de 150
cm de profundidade a partir da superfície do solo. Caráter Flúvico, de acordo
com Embrapa (2013), é usado para identificar solos formados sob forte
influência de sedimentos de natureza aluvionar ou colúvio-aluvionar, que
apresentam pelo menos um dos seguintes requisitos:
a) Camadas estratificadas, identificadas por variações irregulares
(erráticas) de granulometria ou de outros atributos do solo em profundidade;
e/ou
b) Distribuição irregular (errática) do conteúdo de carbono orgânico em
profundidade, não relacionada a processos pedogenéticos.
Os Neossolos Flúvicos admitem um horizonte Bi (incipiente) com menos
de 10 cm de espessura. Ausência de gleização expressiva dentro de 50 cm da

34
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

superfície do solo. Nesta classe estão incluídos os solos que foram


reconhecidos anteriormente por Solos Aluviais.
Esses solos são relativamente fáceis de identificar, pois apresentam
estratificação bem distinta, e estão ainda sujeitos a deposições periódicas, o
que é muito importante na sua identificação. Por definição, desenvolvem-se
apenas nas planícies aluvionares, em depósitos recentes de origem fluvial,
marinha ou lacustre.
Devido a essas diferentes origens e situações fisiográficas diversas
(terraços, deltas, diques marginais, meandro) esses solos apresentam
propriedades que podem variar consideravelmente a curta distância vertical
e/ou horizontal. Isso dificulta o mapeamento e a escolha de um perfil
representativo, quer da classe de solo, quer da área cartografada em
levantamento pedológico.
Outro tipo de solo que foi identificado na planície aluvial em estudo
refere-se aos Cambissolos Flúvicos. Cambissolos enquadram num grupamento
de solos pouco desenvolvidos com horizonte B incipiente (Bi).
De acordo com Embrapa (2013), Cambissolos são solos constituídos por
material mineral com horizonte B incipiente subjacente a qualquer tipo de
horizonte superficial (exceto hístico com 40 cm ou mais de espessura) ou
horizonte A chernozêmico quando o B incipiente apresentar argila de atividade
alta e saturação por bases alta. Plintita e petroplintita, horizonte glei e horizonte
vértico, se presentes, não satisfazem os requisitos para Plintossolos,
Gleissolos e Vertissolos respectivamente.
Em função de sua gênese essencialmente fluvial, a distribuição dos
Cambissolos Flúvicos está restrita às planícies aluviais perfazendo, inclusive,
as margens do rio Capivari, na região de Campinas, por vezes associados aos
Neossolos Flúvicos.
Nas planícies aluviais os Cambissolos Flúvicos diferem dos Neossolos
Flúvicos pela presença de horizonte B incipiente. Nesses Cambissolos
Flúvicos, é muito comum a presença de grande quantidade de mica, facilmente
visível, mesmo a olho nu (OLIVEIRA et al. 1992).
A seguir será apresentada uma relação de figuras (Figuras 25 a 40),
que ilustram os pontos levantados em campo, com as considerações que

35
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

contribuíram para uma identificação dos solos que ocorrem da planície aluvial
do rio Capivari e seus afluentes, no trecho percorrido pelo curso d’água no
município de Campinas, e que podem contribuir com o mapeamento de outras
planícies aluviais de interesse do leitor.
Figura 25 – Camada de argila cinza escura na base do perfil. Gleissolo Háplico. (Ponto CAp-
02, Coord. UTM: 284.129/7.460.032)

Argila cinza escura

Fonte: elaborado pelos autores.

Figura 26 – Detalhe da foto anterior. Notar o nível d´água aflorante.

Fonte: elaborado pelos autores.

36
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Figura 27 – Afluente do rio Capivari, margem direita. Local de ocorrência de Cambissolo


Flúvico. Horizonte B incipiente (Bi). (Ponto CAp-04, Coord. UTM: 282.143/7.460.735).

Bi

Fonte: elaborado pelos autores.

Figura 28 – Camada de argila cinza/amarelada na base do perfil. Gleissolo Háplico (Ponto


CAp-05, Coord. UTM: 282.605/7.463.167).

Argila cinza/amarelada

Fonte: elaborado pelos autores.

37
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Figura 29 – Camada de argila pouco arenosa cinza/amarelada na base do perfil. Gleissolo


Háplico. Horizonte glei (Cg). Margem direita do rio Capivari. (Ponto CAp-08, Coord. UTM:
278.554/7.4459.899).

Horizonte Glei (argiloso)

Fonte: elaborado pelos autores.

Figura 30 – Local de ocorrência de Gleissolo Melânico, nível d´água raso. (Ponto CAp-10,
Coord. UTM: 272.767/7.460.174).

Fonte: elaborado pelos autores.

38
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Figura 31 – Mesmo local da foto anterior. Detalhe da camada de argila cinza escura/preta.
(Ponto CAp-10, Coord. UTM: 272.767/7.460.174).

Argila cinza escura/preta

Fonte: elaborado pelos autores.

Figura 32 – Local de ocorrência de Neossolo Flúvico. Margem esquerda do rio Capivari. (Ponto
CAp-10, Coord. UTM: 272.298/7.458.809).

Fonte: elaborado pelos autores.

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Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Figura 33 – Local de ocorrência de Neossolo Quartzarênico. Afluente do rio Capivari. (Ponto


CAp-13, Coord. UTM: 277.235/7.460.786).

Fonte: elaborado pelos autores.

Figura 34 – Camada de argila cinza na base do perfil. Gleissolo Háplico. Afluente do rio
Capivari. (Ponto CAp-14, Coord. UTM: 277.536/7.461.389)

Fonte: elaborado pelos autores.

40
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Figura 35 – Local de ocorrência de Neossolo Flúvico. Afluente do rio Capivari. (Ponto CAp-15,
Coord. UTM: 274.680/7.461.152).

Fonte: elaborado pelos autores.

Figura 36 – Local de ocorrência de Neossolo Flúvico. Afluente do rio Capivari. (Ponto CAp-16,
Coord. UTM: 274.135/7.461.192).

Fonte: elaborado pelos autores.

41
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Figura 37 – Local de ocorrência de Neossolo Flúvico. Margem esquerda do rio Capivari. (Ponto
CAp-23A, Coord. UTM: 283.326/7.459.478).

Fonte: elaborado pelos autores.

Figura 38 – Vista da planície aluvial do rio Capivari. Local de antiga extração de argila e areia.
(Ponto CAp-23, Coord. UTM: 283.314/7.459.583).

Fonte: elaborado pelos autores.

42
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Figura 39 – Vista da planície aluvial do afluente do rio Capivari. Local de ocorrência de


Neossolo Quatzarênico. (Ponto CAp-32, Coord. UTM: 276.549/7.459.054).

Fonte: elaborado pelos autores.

Figura 40 – Local de ocorrência de Neossolo Quatzarênico. Extração de areia, rio Capivari.


(Ponto CAp-33, Coord. UTM: 285.282/7.458.092).

Fonte: elaborado pelos autores.

43
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

4.4. Mapeamento da suscetibilidade do meio físico a


inundações
A fim de se mapear a suscetibilidade do meio físico a inundações, pode-
se utilizar dos procedimentos propostos por Bitar et al. (2014) e atualizados por
Conceição et al. (2019), conforme será apresentado no presente item.
O IPT (2015) elaborou a Carta de Suscetibilidade a Movimentos
Gravitacionais de Massa e Inundações do município de Campinas aplicando a
metodologia desenvolvida por IPT e Serviço Geológico do Brasil (CPRM) (Bitar
et. al., 2014) em atendimento à Política Nacional de Proteção e Defesa Civil
estabelecida pela Lei Federal n° 12.608/2012 (BRASIL, 2012) que previu a
identificação e avaliação de áreas suscetíveis a processos geológicos e
hidrológicos.
As Figuras 41 e 42 mostram a visualização total e detalhada da Carta
de suscetibilidade a movimentos gravitacionais de massa e inundação do
Município de Campinas, na escala 1:50.000.

Figura 41 - Visão geral da Carta de suscetibilidade a movimentos gravitacionais de massa e


inundação do Município de Campinas, na escala 1:50.000.

Fonte: IPT, 2015.

44
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Figura 42 - Detalhe da Carta de suscetibilidade a movimentos gravitacionais de massa e


inundação do Município de Campinas, com enfoque em parte do Rio Capivari.

Fonte: IPT, 2015.

Segundo Conceição et al. (2019), a suscetibilidade a inundação pode ser


determinada em ambiente SIG a partir de operações envolvendo álgebra de
mapas, que associam a cada local de uma área um valor quantitativo ou
qualitativo associado à propensão do meio físico a vir a ser atingido pelo
fenômeno (TOMLIN, 1990).
Conforme Pinheiro (2007), o fenômeno inundação se relaciona de forma
transdisciplinar a partir das características geológicas, topográficas e
morfológicas das bacias. Estes fatores podem ser divididos em: transitórios,
associados à ocorrência de chuvas, taxas de evapotranspiração e grau de
saturação do solo; permanentes, que correspondem às características
morfométricas da bacia de drenagem e à geologia; e mistos, que estão
relacionados ao tipo de uso e ocupação do solo (COOKE; DOORNKAMP,
1990).
A abordagem adotada para o mapeamento de áreas suscetíveis a
inundações apoia-se nos fatores permanentes, ou seja, nas condições

45
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

predisponentes dos terrenos, principalmente nas características geológicas,


topográficas e morfológicas das bacias que tendem a favorecer o
transbordamento do nível d’água, por ocasião de chuvas intensas.
Na metodologia original, desenvolvida em 2014, foram consideradas a
suscetibilidade a inundação das sub-bacias hidrográficas locais definida pelos
parâmetros morfométricos e a suscetibilidade natural do terreno a inundação,
por meio do cálculo das alturas relativas ao nível de base local definido pelos
talvegues da rede de canais, aplicando o modelo HAND (Height Above Nearest
Drainage ou Altura Acima da Drenagem mais Próxima), de acordo com Rennó
et al. (2008) e Nobre et al. (2016).
A suscetibilidade morfométrica de bacias de drenagem a inundações é
mapeada de acordo com as seguintes atividades: abordagem quali-quantitativa
baseada em índices morfométricos; área de estudo para aplicação dos índices
morfométricos segundo a bacia hidrográfica do rio principal do município;
hierarquização relativizada na bacia hidrográfica quanto à suscetibilidade a
inundações de cada uma das sub-bacias contribuintes; e proposta de
espacialização da inundação, que abrange o conjunto do território formado por
planícies e terraços fluviais.
Segundo a Nota Técnica Explicativa (BITAR et al., 2014) que
acompanha cada Carta de Suscetibilidade a Movimentos Gravitacionais de
Massa e Inundações – 1:25.000, os procedimentos de análise e classificação
consistem em três etapas básicas:
1) Identificação da suscetibilidade das sub-bacias a partir de índices
morfométricos;
2) Espacialização dos graus de suscetibilidade a partir da aplicação do
modelo denominado HAND (Height Above Nearest Drainage, altura
acima da drenagem mais próxima em tradução livre), conforme
Rennó et al. (2008); e
3) Cruzamento das classificações obtidas nas duas etapas anteriores,
aplicando-se o recorte do zoneamento nas áreas de planícies e
terraços.

46
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Após a geração do modelo HAND, procede-se ao fatiamento, ou seja, à


escolha das elevações (ou alturas) acima do nível médio da drenagem para as
quais serão atribuídos os patamares ou classes de suscetibilidade.
Com base nas condições geomorfológicas e pedológicas dos terrenos
atribuem-se as seguintes classes (Figura 43):
- Alta: a partir do nível normal da drenagem até o início do baixo terraço
(englobando a planície aluvial atual);
- Média: do início do baixo terraço até o início do alto terraço;
- Baixa: a partir do início do alto terraço.
Cabe ressaltar que a denominação terraço, nesta situação, pode
representar diferentes níveis de dissecação da planície aluvial, sem
caracterizar necessariamente a condição geológica/pedológica.

Figura 43 – Classes de fatiamento adotadas no âmbito da aplicação do modelo HAND em


planícies e terraços.

Fonte: Bitar et al. (2014).

Esses valores, inicialmente atribuídos por meio de análise de seções


transversais típicas ao longo das drenagens principais, são avaliados e
validados com os trabalhos de campo, incluindo-se a verificação mediante
levantamento de perfis topográficos e de dados a respeito de marcas e
registros de inundações anteriores, quando disponíveis nos municípios
mapeados e, ainda, informações de relatos de moradores e técnicos,
especialmente da defesa civil, nas áreas afetadas.
O resultado da aplicação da metodologia consiste na integração dos
mapeamentos obtidos nas etapas anteriores, produzindo-se o zoneamento da
suscetibilidade a inundações no âmbito da área mapeada. Compreende o
cruzamento entre o grau de suscetibilidade do meio físico calculado por sub-

47
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

bacia hidrográfica e os resultados do HAND. A operação é realizada por meio


da utilização da matriz de correlação indicada na Figura 44, efetuando-se, nos
cruzamentos, adaptação em favor de um maior equilíbrio entre as classes
resultantes.

Figura 44 – Matriz de correlação entre as duas classificações de suscetibilidade obtidas,


segundo os índices morfométricos e o modelo HAND.

Fonte: Bitar et. al., 2014.

Os resultados obtidos são representados dentro dos limites das áreas de


planícies e terraços cartografados na geração dos Padrões de Relevo, para
delimitação das áreas sujeitas a inundações (Figura 45). Considera-se que as
áreas externas às de planícies e terraços tendem a ser desprezíveis em
relação ao atingimento da inundação.

48
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Figura 45 – Trecho de zoneamento de suscetibilidade a inundações, distinguindo-se as três


classes estabelecidas de acordo com a variação da tonalidade em azul (mais escuro: alta;
intermediário: média; mais claro: baixa).

Fonte: elaborado pelos autores.

Conceição et al. (2019) elaboraram uma revisão da metodologia anterior e


propuseram uma nova abordagem para o mapeamento das inundações.
Consideraram utilizar como parâmetros de modelagem os padrões de relevo e o
modelo HAND em função da fácil obtenção e aplicabilidade para o território
nacional e para a escala de execução das cartas de suscetibilidade (1:25.000 a
1:50.000).
O comportamento dos padrões de relevo frente à suscetibilidade a
inundação foi classificado seguindo as definições de Dantas e Teixeira (2013),
juntamente com informações de outros trabalhos que relatam o comportamento
dessas formas de relevo diante dos processos hidrológicos (DANTAS; MAIA,
2010; DANTAS et al. 2014).

49
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

A variável padrão de relevo é resultado de uma análise fotointerpretativa


em escala 1:25.000, utilizando imagens de alta resolução e produtos derivados
do Modelo Digital de Elevação – MDE (Figura 46), como declividade,
hidrografia, curvas de nível e relevo sombreado, com o objetivo de tecer a
caracterização fisiográfica da área de estudo e realizar a compartimentação do
território em unidades de terreno para avaliação do comportamento geológico-
geotécnico dos materiais e sua variabilidade espacial (DANTAS et al. 2014).

Figura 46 - Exemplo de Modelo Digital de Elevação – MDE – e rede de drenagem, em azul, em


parte da Bacia do Rio Capivari, Campinas/SP.

Fonte: elaborado pelos autores.

Os resultados obtidos a partir da interpretação dos dados acima


exemplificados são representados dentro dos limites das áreas de planícies e
terraços cartografados na geração dos Padrões de Relevo, para delimitação
das áreas sujeitas a inundações (Figura 47) e permitem classificar a

50
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

predisposição à inundação em três categorias: alta (peso 3); média (peso 2) e


baixa (peso 1).

Figura 47 - Áreas de planície de inundação (em amarelo).

Fonte: elaborado pelos autores.

Conceição e Simões (2021) acrescentaram um novo parâmetro para a


modelagem da suscetibilidade a inundação (Figura 48), denominado
“classificação da altitude” (altimetria). Esta classificação permite separar a área
de estudo de acordo com a altitude, sendo uma importante variável no
mapeamento das áreas suscetíveis a inundação, pois quanto menor a altitude,
maior a tendência de inundação em uma determinada região devido à ação da
lei da gravidade, que direciona a água para as regiões mais baixas.

51
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Figura 48 – Fluxograma para geração da suscetibilidade a inundação segundo a metodologia


revisada e complementada posteriormente.

Fonte: Conceição e Simões (2021).

Dessa forma, a suscetibilidade do meio físico a inundações passa a ser


o resultado de uma álgebra de mapas efetuada entre as classes de padrão de
relevo, as classes altimétricas e as classes do modelo HAND. A integração das
variáveis é essencial, pois representa o acúmulo de suscetibilidades de
diversas fontes, o que, por si só, aumenta a qualidade do modelo resultante.
Na modelagem de inundação, a informação de altitude é extraída
diretamente do MDT previamente recortado pelos Padrões de Relevo
suscetíveis a inundação. Utilizando Lógica Fuzzy, os valores de altitude são
classificados em uma escala de 0 a 1, em que os mais próximos a 1 tendem a
pertencer às áreas mais baixas, portanto, inundáveis. Posteriormente, o dado é
reclassificado para a escala de 1 a 3.
No software livre QGIS, os comandos de processamento situam-se no
menu Processamento | Caixa de ferramentas | Análise raster para esta
finalidade. Podem-se escolher os comandos Fuzzify raster (associação
grande) ou Fuzzify raster (pequena associação).
Utiliza-se o Modelo Digital de Terreno (MDT) como raster de entrada e
pode-se manter os demais parâmetros sugeridos pelo comando. O resultado é

52
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

um novo raster em tons de cinza, cuja simbologia pode ser refeita no menu
Propriedades do botão direito do mouse ou duplo clique, para mostrar
visualização compatível com os objetivos do trabalho. Sugere-se adotar os
parâmetros apresentados na Figura 49.

Figura 49 – Exemplo do menu propriedades, com parâmetros de configuração.

Fonte: elaborado pelos autores.

A camada planície é, então, utilizada para recortar e apresentar a


altimetria dentro dos limites da planície de inundação, conforme apresentado
na Figura 50. O comando para recortar raster pela camada de máscara está
situado na caixa de ferramentas em GDAL | extrair raster.

53
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Figura 50 – Altimetria cortada nos limites da planície.

Fonte: elaborado pelos autores.

Após, utiliza-se a calculadora raster existente no menu Raster para


transformar os valores gerados pela Lógica Fuzzy em classes de 1 a 3, para
que estes sejam passíveis de vetorização. Um exemplo de expressão raster é
apresentado na Figura 51.

54
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Figura 51 - Exemplo de expressão utilizada para transformar valores gerados pela Lógica
Fuzzy para classes passíveis de vetorização.

Fonte: elaborado pelos autores.

O resultado é um raster onde as áreas mais baixas recebem peso 3,


devido a sua alta suscetibilidade à inundação. Áreas intermediárias admitem
peso 2 e áreas elevadas, peso 1, devido à baixa suscetibilidade.
O passo seguinte é converter o arquivo raster em vetor para que este
seja combinado com o Modelo HAND e classes de relevo para gerar o mapa de
suscetibilidade a inundação.
Para tanto, utiliza-se o comando Raster para vetor (poligonizar)
presente no menu Raster | Converter.
A altura do terreno em relação à drenagem mais próxima é obtida
através do modelo HAND, que utiliza a diferença entre a altitude extraída do
MDE e a rede de drenagem de referência para calcular alturas relativas, que
possuem correlação com a profundidade do lençol freático e com a topografia

55
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

do terreno (RENNÓ et al., 2008), de forma que áreas com baixas alturas
relativas podem indicar regiões mais suscetíveis a inundação (SILVA et al.,
2013).
Para a elaboração do raster HAND da área de estudo deve-se utilizar o
MDE de melhor resolução espacial e precisão planialtimétrica possível.
Inicialmente o MDE deve ser pré-processado para remoção de depressões
(pixels expúrios). O pré-processamento do MDE pode ser realizado em
qualquer ambiente SIG utilizando uma função conhecida como Fill Sinks. No
QGIS é utilizada a função r.fill.dir.
Posteriormente são extraídas as direções de fluxo e as drenagens são
geradas considerando um determinado limiar de contribuição, que é a
quantidade mínima de células de fluxo acumulado necessárias para
estabelecer um canal a partir do qual as linhas de drenagem são iniciadas
(FERNÁNDEZ et al., 2012).
A extração das direções de fluxo e drenagens também pode ser
realizada em qualquer ambiente SIG utilizando uma função conhecida como
Flow Direction. No QGIS é utilizada a função r.flow.
Este limiar depende das condições morfológicas do relevo de cada área
de estudo. O resultado do HAND é uma imagem matricial onde todos os pixels
tem como valor a distância vertical (portanto, uma possível cota de inundação)
à drenagem mais próxima (CONCEIÇÃO et al., 2019).
Diversos softwares livres podem ser utilizados para gerar o modelo
HAND. O TerraView 4.2.2 e seu complemento TerraHidro 0.4.5 destaca-se pela
facilidade dos passos a serem implementados.
Inicia-se pela importação do MDE para o banco de dados do software.
Acessando-se o menu Arquivo | Importar raster, clicando-se no ícone
Hydrological tools para abrir o aplicativo TerraHidro. Escolhe-se o primeiro
passo (Flow extraction) e o MDE como entrada de dado, conforme Figura 52.

56
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Figura 52 - Entrada do dado MDE para o TerraHidro.

Fonte: elaborado pelos autores.

O processamento deste dado é utilizado para gerar a área de


contribuição de cada ponto da bacia hidrográfica e é mostrado na Figura 53.

Figura 53 - Definição da área de contribuição a partir do processamento das direções de fluxo


das drenagens.

Fonte: elaborado pelos autores.

57
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

O próximo passo consiste na extração da drenagem e é a única etapa


que necessita de escolha de valores por parte do operador. Com o dado
gerado na etapa anterior, escolhe-se o valor de limiar (threshold) que irá
influenciar a obtenção da densidade de drenagem. Valores baixos produzem
padrão de drenagem mais adensado e nascentes mais elevadas. Esta
ferramenta está apresentada na Figura 54.

Figura 54 - Extração de drenagem no modelo TerraHidro.

Fonte: elaborado pelos autores.

Por fim, a elaboração do Modelo HAND é obtida na aba HAND, onde


são inseridos os dados de entrada (MDE, direções de fluxo e rede de
drenagem), conforme Figura 55.

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Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Figura 55 - Processamento do Modelo HAND no aplicativo TerraHidro.

Fonte: elaborado pelos autores.

Outros softwares alcançam estes resultados com interfaces mais


modernas, como é o caso do QGIS, Grass e Whiteboxtools. Estes últimos
podem ser incorporados à caixa de ferramentas do QGIS. Por exemplo, no
Grass, utiliza-se o comando r.stream.distance para finalizar o processamento
do Modelo HAND.
Na etapa de integração, as três variáveis reclassificadas (relevo
suscetível, altitude suscetível e HAND) são somadas por álgebra de mapas,
originando um raster com valores de 3 a 9. A esses valores são atribuídas as
classes de suscetibilidade, como mostra a Tabela 1.

Tabela 1 - Classificação da suscetibilidade a inundações, de acordo com o peso atribuído.


PESO 3 4 5 6 7 8 9
CLASSE Baixa Baixa Baixa Média Média Alta Alta
Fonte: elaborado pelos autores.

Exemplo de expressão parcial para reclassificação de vetor por álgebra


de mapas realizada na calculadora de campo do software QGIS é apresentado
nas Figuras 56 e 57.

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Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Figura 56 - Apresentação das interfaces do software QGIS para a reclassificação de vetor por
álgebra de mapas.

Fonte: elaborado pelos autores.

Figura 57 - Apresentação das interfaces do software QGIS para a reclassificação de vetor por
álgebra de mapas.

Fonte: elaborado pelos autores.

A integração das variáveis é essencial, pois ela representa o acúmulo de


suscetibilidades de diversas fontes, o que, por si só, aumenta a qualidade do
modelo resultante.

60
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

4.5. Mapeamento das Áreas Inundáveis


A fim de mapear as áreas inundáveis propõe-se neste documento uma
metodologia que associa os resultados provenientes de dois tipos distintos de
modelagem: modelagem hidrológica, visando a transformação de eventos de
precipitação associados a suas respectivas probabilidades de recorrência em
vazão; e modelagem hidráulica, visando determinar as calhas hidráulicas
necessárias para conduzirem as vazões estimadas pelo modelo hidrológico.
As áreas inundáveis, por fim, são o resultado da combinação
cartográfica, em ambiente SIG, de manchas de inundação provenientes de
modelagem hidráulica.
O primeiro passo para a realização desta modelagem é a determinação
dos limites da área de estudo, essencialmente a área da bacia hidrográfica que
contribui com a formação de vazão escoada no exutório considerado,
geralmente correspondente ao ponto mais a jusante da área de estudo. Esta
área é convenientemente dividida em sub-bacias de menor área (tipicamente 5
a 10 km²) para permitir a obtenção de valores de vazões de enchente
(máximas) em diversos pontos da área de estudo.
Para a determinação dos limites da área de estudo e das sub-bacias
hidrográficas são utilizados dados topográficos a partir dos quais são obtidos
Modelos Numéricos de Terreno (MNTs), os quais também são importantes nos
passos seguintes, onde são obtidas as características geométricas dos canais
e das respectivas planícies de inundação.
Estes dados podem ser obtidos a partir de levantamentos topográficos
convencionais ou realizados por meio de voos aerofotogramétricos, sejam
tripulados ou com a utilização de Veículos Aéreos Não Tripulados (VANTs),
dotados ou não de sensores laser/LIDAR, cartas topográficas ou resultantes de
missões espaciais, como por exemplo, a SRTM (Shuttle Radar Topography
Mission), levantamento realizado pela NASA, em 2000, com o objetivo de obter
um modelo numérico de elevação planetário, com resolução espacial de 30 m.
Destaca-se, desde já, que a qualidade dos resultados obtidos e o tempo
despendido nas análises subsequentes é extremamente dependente da
qualidade do MNT utilizado. Um modelo LIDAR corrigido, no qual as
rugosidades do meio físico proporcionadas por copas de árvore, lâminas

61
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

d’água e edificações são filtradas, permite que as etapas subsequentes sejam


realizadas de forma eficiente e reduz a necessidade de determinação da
geometria das singularidades hidráulicas (pontes, bueiros, canalizações,
barragens etc.).
Para melhores resultados, é interessante que a área de estudo possua
dados de manchas de inundação reais, visando permitir uma melhor calibração
dos parâmetros hidráulicos do modelo e, eventualmente, os projetos ou as built
das obras que modificam a seção transversal natural do curso d’água, como,
por exemplo, pontes, bueiros, canalizações etc.
O segundo passo consiste na realização de mapas de uso e ocupação
do solo detalhados, preferencialmente em escala que seja possível separar
áreas urbanas consolidadas daquelas em consolidação, arruamentos urbanos,
pequenas áreas verdes (como parques e praças). Quanto maior o
detalhamento deste produto, em conjunto com dados pedológicos também
detalhados, melhor a aplicação e resultados obtidos da modelagem hidrológica.
O terceiro passo consiste em obter dados pluviométricos regionais, os
quais permitem obter os diversos eventos de chuva de projeto atrelados a
diversas probabilidades de ocorrência. A recomendação para o Estado de São
Paulo costuma ser a de utilizar dados pluviométricos das estações operadas
pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), realizando-se estudos
estatísticos de postos pluviométricos locais que possuam série histórica igual
ou superior a 20 (vinte) anos sem falhas, dando-se preferência, sempre que
possível, a postos que ainda continuam em operação.
As chuvas de projeto consistem em eventos sintéticos de precipitação
em que se busca representar as prováveis distribuições temporais da chuva na
bacia hidrográfica a ser modelada, sendo a duração total do evento associada
ao tempo de concentração de referida área de contribuição e o total precipitado
no evento associado ao período de retorno, ou seja, a probabilidade de
recorrência da precipitação.
De posse dos dados de uso e ocupação do solo, de pedologia e
pluviometria, são calculados os parâmetros necessários para aplicação do
modelo hidrológico chuva-vazão escolhido, dentre estes, podem ser citados:
área da bacia, tempo de concentração, abstração inicial, coeficiente de

62
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

escoamento superficial etc. Estes parâmetros serão detalhados posteriormente


ao longo deste documento.
Estes parâmetros são, então, utilizados como dado de entrada do
modelo hidrológico, o qual permite determinar o hidrograma (gráfico que
relaciona as variáveis vazão e tempo) da chuva de projeto utilizada para este
fim. Também é determinada a vazão de pico (ou, também chamada, vazão de
enchente) resultante do evento de precipitação, correspondente à maior vazão
resultante da modelagem hidrológica.
Este dado de vazão, combinado às características hidráulicas da
planície de inundação e dos canais de drenagem, é inserido no modelo
hidráulico, o qual procederá com a análise necessária para a determinação das
manchas de inundação, as quais combinadas em ambiente SIG formam o
mapeamento das áreas inundáveis, associadas ao cenário de ocupação do
solo considerado e à probabilidade de ocorrência das chuvas.
O procedimento metodológico pode ser mais bem compreendido no
fluxograma a seguir (Figura 58):

Figura 58 – Fluxograma dos passos necessários para determinação do mapeamento das


áreas inundáveis.

Fonte: elaborado pelos autores.

O presente manual exemplifica a aplicação da referida metodologia na


determinação das áreas inundáveis em uma área piloto correspondente a um
trecho da bacia do rio Capivari, localizado dentro do município de Campinas,

63
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

cujo exutório corresponde ao ponto de entrega do referido curso d´água ao


município de Monte Mor.

4.5.1.Modelagem hidrológica
A modelagem hidrológica é uma ferramenta que permite representar o
comportamento hidrológico de bacias hidrográficas e, entre outras finalidades,
possibilita estimar o escoamento superficial (vazão/deflúvio), com base em
informações de precipitação.
De acordo com Tucci (1998), os modelos hidrológicos podem ser
concentrados quando toda a bacia hidrográfica é representada por uma
precipitação média (geralmente um evento), e parâmetros hidrológicos
constantes para toda a bacia. São modelos utilizados para pequenas bacias,
onde não há grande distribuição espacial dos parâmetros.
Ainda segundo Tucci (1998), os modelos podem ser distribuídos em sub-
bacias quando se trabalha com uma variabilidade maior de dados e de
parâmetros físicos, de uso e ocupação do solo etc., ou módulos, quando uma
bacia é dividida em formas geométricas que não possuem relação direta com a
forma da bacia, com a vantagem de melhorar o detalhamento do resultado,
ainda que, para estes casos, exista a necessidade de detalhar melhor os dados
de entrada.
Diversos softwares foram desenvolvidos para implementar os diferentes
modelos hidrológicos existentes e mais comumente utilizados nas análises
hidrológicas, entre os quais está o HEC-HMS, utilizado neste documento.
O software HEC-HMS (Hydrologic Modeling System) foi desenvolvido
pelo Hydrologic Engineering Center do corpo de engenheiros do exército norte-
americano, e permite simular processos chuva-vazão em bacias hidrográficas
dendríticas, valendo-se de inúmeros modelos apresentados pela literatura.
O programa é aplicável em muitas situações, desde análises de cheias
em grandes bacias, até mesmo na determinação de vazões em sistemas de
microdrenagem em pequenas bacias urbanas.
Com relação ao modelo chuva-vazão adotado nesta análise, escolheu-
se o Método do Número da Curva (ou Hidrograma Unitário do SCS/NRCS), que

64
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

é um dos modelos hidrológicos mais utilizados para estimar o escoamento


superficial em bacias hidrográficas.

Passos iniciais da modelagem – inserção do MNT e divisão da área de


estudo em sub-bacias no software HEC-HMS
Um dos pontos fortes do software HEC-HMS é a interface amigável ao
usuário, que expõe ao mesmo a tela do modelo numérico assim que o
programa é aberto, como pode ser visto na Figura 59.

Figura 59 – HEC-HMS – Interface do usuário.

Fonte: elaborado pelos autores.

A primeira etapa na operação do modelo consiste em criar um projeto,


para tanto, é necessário clicar no menu File e, posteriormente, na opção New
(Figura 60). Na opção, é necessário escolher um nome para o projeto, uma
descrição (se desejável) e escolher o sistema de unidades que será utilizado
nas análises hidrológicas.

65
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Figura 60 – HEC-HMS – Tela de criação de um projeto.

Fonte: elaborado pelos autores.

O software HEC-HMS tem quatro principais componentes: Basin Model


(modelo da bacia), Meteorologic Model (modelo meteorológico), Control
Specifications (controle de especificações) e Input Data (dados de entrada,
tais como series temporais, dados em grid, dados de terreno).
O modelo da bacia (Basin Model) contém informações relevantes para
os atributos físicos do modelo, como área de drenagem, conectividade entre os
rios, dados de armazenamento de água etc. O modelo meteorológico
(Meteorologic Model) possui dados de chuva e outras componentes
climáticas. O controle de especificações (Control Specifications) tem
informações temporais do modelo, como quando a precipitação inicia, o
intervalo de tempo das observações e da modelagem etc.
Para se trabalhar com os dados de terreno ou elevação, deve-se utilizar
a interface Terrain Data Manager a fim de inserir um MNT da área de estudo.
O modelo da bacia hidrográfica é criado de forma semi-automática, uma vez
feita a importação do MNT no software. Para tanto, é necessário seguir os
passos:
1) Clique em Components, em Create Component e, por fim, em
Terrain Data, nomeie o terreno com o nome de sua preferência, neste caso
usou-se Capivari_DEM (Figura 61) e clique em Next.

66
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Figura 61 – HEC-HMS – Tela de inserção de modelo de elevação ou de terreno.

Fonte: elaborado pelos autores.

2) Procure pelo arquivo de elevação da sua área de estudo no seu


computador. Escolha Meters para Vertical Units e clique em Finish (Figura
62).

Figura 62 – HEC-HMS – Tela de escolha do arquivo do modelo numérico de terreno ou de


elevação.

Fonte: elaborado pelos autores.

67
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Esses passos vão criar um Terrain Data Component (indicado pelo


ícone de uma pasta) no Bacia Explorer (Figura 63). Se você abrir essa pasta
(clique no + do lado da pasta), você deve ver o terreno inserido, mas ainda não
é possível ver o terreno no Desktop. O próximo passo será criar o modelo da
bacia hidrográfica e vincular o terreno inserido a ela.

Figura 63 – HEC-HMS – Destaque para o modelo de terreno inserido no Editor de


Componentes.

Fonte: elaborado pelos autores.

Para tanto, clique em Components, em Create Component e, por fim,


em Basin Model. Na tela que surgir (Figura 64), escolha um nome para a
bacia hidrográfica a ser modelada, forneça uma descrição, caso necessário e
clique em Create.

Figura 64 – HEC-HMS – Tela de criação de bacia hidrográfica.

Fonte: elaborado pelos autores.

68
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Esses passos vão criar um componente de bacia vazio, o qual terá o


Modelo de Terreno inserido anteriormente processado e vinculado a ele. Clique
na bacia recém-criada no Bacia Explorer e verifique a abertura do modelo de
bacia vazio no Desktop (Figura 65).

Figura 65 – HEC-HMS – Bacia criada no Bacia Explorer, exibida vazia no Desktop.

Fonte: elaborado pelos autores.

Para vincular o modelo de terreno à bacia que será modelada, o primeiro


passo consiste no georreferenciamento do modelo da bacia ao terreno (Figura
66). Para tanto, clique em GIS, em Coordinate System e escolha a opção
Predefined, caso queira definir o Datum e a Projeção manualmente, ou
Browse, caso você tenha um arquivo com a projeção (.prj) cartográfica criado
em software de geoprocessamento.
Como no presente exemplo, o sistema de coordenadas do MDE é
conhecido, foi escolhida a opção Predefined e escolhida a Zona 23S da
projeção UTM, no Datum WGS84 e clicou-se, posteriormente, no botão Select.

69
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Figura 66 – HEC-HMS – Georreferenciamento do modelo de terreno da bacia hidrográfica a


ser modelada.

Fonte: elaborado pelos autores.

Após fechar a janela Coordinate System, deve ser possível visualizar o


terreno no Desktop. Caso ainda não seja possível visualizar o terreno, no
Editor de Componentes, com a bacia selecionada, selecione o terreno
adicionado no dropdown Terrain Data (Figura 67).

Figura 67 – HEC-HMS – Selecionado o terreno para a bacia a ser modelada.

Fonte: elaborado pelos autores.

70
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

O processo de divisão da área de estudo em sub-bacias e determinação


da geometria das drenagens é feito de forma automática pelo software HEC-
HMS utilizando rotinas de geoprocessamento embutidas no programa,
costumeiramente utilizadas em análises hidrológicas: remoção de depressões
(Sink Filling), cálculo da direção do fluxo (Flow Direction) e do fluxo acumulado
(Flow Accumulation), onde se localizam as linhas principais de drenagem.
Estes procedimentos estão descritos na sequência.
• Remoção de depressões:
Clique em GIS, posteriormente em Preprocess Sinks. O procedimento
criará um raster com o modelo de terreno preenchido e outro com a localização
das depressões removidas. Clicando-se com o botão direito no Desktop se
tem acesso ao Map Layer e podem-se desmarcar os elementos cartográficos
que não se deseja visualizar, ou mesmo, adicionar camadas de
geoprocessamento adicionais produzidas por outros ambientes SIG.
• Direção de fluxo e fluxo acumulado:
Além da remoção das depressões, os rasters de direção de fluxo
(Figura 68) e de fluxo acumulado (Figura 69) são considerados essenciais
para a determinação dos parâmetros morfológicos das sub-bacias e das
drenagens. O fluxo acumulado é baseado no número do total ou de uma fração
de células fluindo para cada célula no raster de saída. Já a Direção de fluxo
significa a direção em que o fluxo flui em cada célula.

Para tanto, clique novamente em GIS, posteriormente em Preprocess


Drainage. Essa etapa vai criar referidos rasters e pode demorar um pouco, a
depender da configuração do computador.

71
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Figura 68 – HEC-HMS – Raster apresentando a direção do fluxo.

Fonte: elaborado pelos autores.

Figura 69 – HEC-HMS – Raster apresentando as regiões onde há acúmulo de fluxo, como


redes de drenagem, naturais ou não, por exemplo.

Fonte: elaborado pelos autores.

• Determinação automática da rede de drenagem:


A rede de drenagem é determinada de forma automática, mas será
necessário escolher uma área mínima de fluxo acumulado que proporcionará a

72
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

ocorrência de uma linha de drenagem. Para tanto, clique em GIS,


posteriormente em Identify Streams (Figura 70).
Recomenda-se adotar valores que sejam próximos a 1 % da área de
estudo. Como a área piloto possui cerca de 440 km², adotou-se 5 km².

Figura 70 – HEC-HMS – Traçado automático da rede de drenagem.

Fonte: elaborado pelos autores.

• Especificação do exutório da bacia hidrográfica:


O modelo da bacia necessita que o usuário indique o ponto a ser
considerado como exutório da área estudada. Esse ponto deve estar localizado
em cima de uma célula do fluxo acumulado e o mais a jusante possível da área
de estudo.
Para tanto, siga os passos abaixo (Figura 71):
1) Dê um zoom na foz da bacia na região mais a jusante da área de
estudo até que seja possível observar as células de fluxo acumulado;

73
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

2) Use a ferramenta Break Point Tool para criar o ponto de saída da


bacia e clique sobre o curso d’água que foi criado anteriormente. Nem sempre
a localização de uma estação vai coincidir com o curso d’agua criado;
3) Nomeie a bacia como desejar e coloque informações na descrição; e
4) Clique em Create. Um ponto chamado de saída será adicionado ao
modelo da bacia no desktop.

Figura 71 – HEC-HMS – Especificando o exutório da bacia hidrográfica.

Fonte: elaborado pelos autores.

• Delimitação das sub-bacias hidrográficas e dos trechos de canal:


Após a definição do exutório, a área total da bacia hidrográfica e das
sub-bacias é definida de forma automática e constitui o último passo
necessário a ser feito para a inserção das geometrias e cálculo das dimensões
geométricas (áreas, comprimentos de canal, declividades etc.) no software
HEC-HMS, deixando-o pronto para receber os demais parâmetros hidrológicos,
que serão vistos na sequência deste documento.
Para tanto, clique em GIS, posteriormente em Delineate Elements.
Essa etapa vai criar sub-bacias (Sub-basins) e os trechos de rio (Reaches).
Forneça o prefixo para as sub-bacias e canais e clique em Delineate (Figura
72).

74
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Figura 72 – HEC-HMS – Sub-bacias hidrográficas.

Fonte: elaborado pelos autores.

No Watershed Explorer é possível selecionar os trechos de canal


(Reaches) e sub-bacias (Sub-basins) desejados. Uma vez selecionados, os
métodos e parâmetros associados a eles se localizam no Component Editor.
O HEC-HMS também tem outros elementos, que podem ser adicionados
manualmente no Desktop:
Sub-basin: usado para calcular as transformações chuva-vazão na
bacia;
Reach: usado para propagar (transportar) a vazão a jusante no
modelo da bacia;
Reservoir: usado para modelar a detenção ou atenuação de uma
hidrógrafa causada pela presença de um reservatório/barragem;
Junction: usado para combinar as vazões (fluxos) de trechos (canais)
e bacias a montante;

75
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Diversion: usado para modelar retirada de vazão (fluxo) do canal


principal;
Source: usado para introduzir vazão no modelo da bacia (de um
curso d’água fora do limite da região modelada). Source não tem
entrada de vazão (afluente); e
Sink: usado para representar a foz da bacia. Sink não tem saída
(efluente).

Estes passos iniciais são iguais, independentemente do modelo


hidrológico chuva-vazão a ser adotado. Neste documento será abordada a
utilização do método do Número da Curva, também chamado de Hidrograma
Unitário do SCS/NRCS, a título de exemplo. O procedimento a ser adotado,
neste caso, é apresentado na sequência deste texto.

Modelo chuva-vazão escolhido: método do Número da Curva ou do


Hidrograma Unitário do SCS/NRCS
Hidrograma é o gráfico da variação da vazão resultante de uma chuva
efetiva. Quando esta chuva é unitária (por exemplo, uma chuva de 1 mm ou de
1 cm), o gráfico é denominado hidrograma unitário.
De acordo com Pinto et al. (1976) e Tucci (1993), o método do
hidrograma unitário, apresentado por Le Roy K. Sherman, em 1932, baseia-se
em propriedades do hidrograma de escoamento superficial.
O hidrograma de uma onda de cheia é formado pela sobreposição de
dois tipos distintos de afluxo, provenientes um do escoamento superficial e
outro do escoamento subterrâneo.
O escoamento superficial e o escoamento subterrâneo possuem
propriedades sensivelmente diversas, tornando conveniente o estudo em
separado do hidrograma de escoamento superficial, que, por suas
características próprias, melhor define o fenômeno das cheias.
A análise desses hidrogramas permitiu a Sherman observar certa
regularidade na sucessão das vazões de pico, e traduzir os princípios básicos
que regem as variações do escoamento superficial resultante de determinada
precipitação pluvial.
De acordo com Genovez (2011), esses princípios são listados abaixo:

76
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

a. Em uma dada bacia hidrográfica, o tempo de duração do


escoamento superficial é constante para chuvas de igual duração;
b. Duas chuvas de igual duração, produzindo volumes diferentes de
escoamento superficial, dão lugar a hidrogramas em que as
ordenadas em tempos correspondentes são proporcionais aos
volumes totais escoados; e
c. A distribuição, no tempo, do escoamento superficial de determinada
precipitação independe de precipitações anteriores.
Ainda de acordo com Pinto et al. (1976) e Tucci (1993), o método
Hidrograma Unitário Sintético foi desenvolvido na década de 1950 pelo
engenheiro Victor Mockus, do Soil Conservation Service (SCS), atualmente
Natural Resources Conservation Service (NRCS), do Departamento de
Agricultura dos Estados Unidos, com a finalidade de se obter um hidrograma
adimensional. Esse hidrograma é resultado da análise de um grande número
de hidrogramas unitários naturais de bacias das mais variadas localizações e
extensões dos Estados Unidos.
Diversos autores buscaram adaptar este método às condições naturais
brasileiras. Setzer e Porto (1979) adaptaram o método para as condições do
Estado de São Paulo.
A fórmula proposta pelo SCS é:
(𝑷 − 𝜶 × 𝑺)𝟐
𝑷𝒆 = 𝐜𝐨𝐦 𝑷 ≥ 𝜶 × 𝑺
[𝑷 + (𝟏 − 𝜶) × 𝑺]
Onde:
Pe: precipitação efetiva (parcela da chuva que gera escoamento superficial)
(mm);
P: precipitação (mm);
S: retenção potencial do solo (mm).

O parâmetro α x S é também chamado de abstração inicial, e


corresponde à diferença entre o total precipitado durante um evento qualquer
menos a precipitação efetiva. Essa última é entendida como a porção da chuva
que efetivamente se transforma em escoamento direto.
A abstração pode ser entendida como uma “perda” no contexto de
aumentar a vazão. Tal “perda” ocorre, basicamente, devido ao processo de

77
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

interceptação e infiltração que, em conjunto, fazem com que nem toda a chuva
de um evento se transforme em escoamento direto.
O SCS recomenda que seja adotado um valor de α = 0,2, mas diversos
autores como, por exemplo, Tomaz (2011), indicam que sejam utilizados
valores de α = 0,1 para bacias urbanizadas, como indicativo da redução das
perdas e, consequentemente, maior produção de escoamento superficial.
Neste sentido, recomenda-se que seja utilizada a expressão abaixo para se
determinar o valor de α.
𝜶 = 𝟎, 𝟐 − 𝑻𝒙𝑼𝒓𝒃 × 𝟎, 𝟏
Onde:
α: coeficiente utilizado para determinação da abstração inicial (adimensional);
TxUrb: percentual de ocupações urbanas na bacia ou sub-bacia hidrográfica,
sendo igual a 1 para uma ocupação totalmente urbanizada e 0 para uma
ocupação totalmente rural, assumindo valores entre 0 e 1 para condições de
ocupação intermediárias (adimensional).

O parâmetro S depende do tipo e do uso do solo e tem os valores tabelados.


Adota-se, de modo geral, a seguinte equação:
𝟐𝟓𝟒𝟎𝟎
𝑺= − 𝟐𝟓𝟒
𝑪𝑵

O parâmetro CN, denominado Número da Curva, depende de três


fatores:
- Umidade antecedente do solo;
- Tipo de solo; e
- Ocupação do solo.

Quanto à umidade antecedente do solo:


a. condição I: Solos secos pouco acima do ponto de murchamento;
b. condição II: Frequente em épocas chuvosas, em que as chuvas
nos últimos dias totalizam entre 15 mm e 40 mm; e
c. condição III: Solos quase saturados, após períodos de chuvas
fortes (5 dias) ou baixas temperaturas, em que o efeito da
evaporação é reduzido.

78
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Frequentemente, adotam-se os valores de CN correspondentes à


condição II, por representar uma situação média de saturação do solo.
Quanto ao tipo de solo, o SCS/NRCS divide os solos em quatro grupos
hidrológicos cuja classificação foi adaptada para solos do Estado de São Paulo
em Setzer e Porto (1979):
• Grupo A: Solos arenosos com teor de argila total inferior a 8 %. Não
há rocha nem camadas argilosas e nem mesmo densificadas até a
profundidade de 1,5 m. O teor de húmus é muito baixo, não atingindo
1 %;
• Grupo B: Solos arenosos menos profundos que os do grupo A, e com
maior teor de argila total, porém ainda inferior a 15 %. No caso de
terras roxas, este limite pode subir a 20 %, graças à maior
porosidade. Os dois teores de húmus podem subir, respectivamente,
a 1,2 % e 1,5 %. Não pode haver pedras e nem camadas argilosas
até 1,5 m, mas é quase sempre presente camada mais densificada
que a camada superficial;
• Grupo C: Solos barrentos com teor total de argila de 20 % a 30 %,
mas sem camadas argilosas impermeáveis ou contendo pedras até a
profundidade de 1,2 m. No caso de terras roxas, estes dois limites
máximos podem ser 40 % e 1,5 m. Nota-se, a cerca de 60 cm de
profundidade, camada mais densificada que no grupo B, mas ainda
longe das condições de impermeabilidade; e
• Grupo D: Solos argilosos (30 % a 40 % de argila total) e ainda com
camada densificada a 50 cm de profundidade, ou solos arenosos
como os do grupo B, mas com camada argilosa quase impermeável
ou horizonte de seixos rolados;
Setzer e Porto (1979) definiram para cada região do Estado de São
Paulo divisões denominadas zonas ecológicas, as quais ponderam o
percentual de cada grupo hidrológico do solo.
Para a definição do Grupo Hidrológico do Solo, recomenda-se utilizar as
proposições apresentadas por Sartori et al. (2005), por serem mais atualizadas
e seguirem a classificação proposta pelo Sistema Brasileiro de Classificação de

79
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Solos (EMBRAPA, 2006). Este trabalho pode ser considerado uma


complementação aos estudos de Setzer e Porto (1979).
Quanto à ocupação do solo, existem vários autores que tabelaram
valores para cada tipo de ocupação, seja ela urbana ou rural. A Tabela 2
sintetiza os valores de CN recomendados pelos autores de acordo com as
classes de uso do solo comumente encontradas no Estado de São Paulo, na
condição de umidade antecedente II.

Tabela 2 - Valores do CN de acordo com a ocupação do solo (condição II).


CN de acordo com o
Categoria de ocupação Grupo Hidrológico do Solo
A B C D
Aglomeração Subnormal (AS) 77 85 90 92
Área Urbana Consolidada (UC) 61 75 83 87
Área Urbana em Consolidação (UEC) 54 70 80 85
Campo Antrópico / Pastagem com conservação de solo (CA/P-CS) 32 44 58 70
Campo Antrópico / Pastagem sem conservação de solo (CA/P) 39 50 62 75
Campo Úmido / Vegetação de várzea (CU/VV) 33 44 57 70
Chácaras (CH) 54 62 70 79
Cobertura Vegetal Natural (CV) 23 36 50 62
Corpos d’água (ÁGUA e RIO) 100 100 100 100
Cultura Perene com conservação de solo (CP-CS) 48 55 65 73
Cultura Perene sem conservação de solo (CP) 50 60 67 75
Cultura Semiperene sem conservação de solo (CS) 48 60 72 78
Cultura Semiperene com conservação de solo (CS-CS) 45 55 67 75
Cultura Temporária com conservação de solo (CT-CS) 52 66 75 82
Cultura Temporária sem conservação de solo (CT) 60 72 81 87
Grande Equipamento (GE) 49 69 79 84
Infraestrutura (IE) 49 69 79 84
Loteamento em implantação (LI) 51 68 79 84
Mineração (M) 68 79 86 89
Reflorestamento (R) 30 42 55 68
Solo Exposto (SE) 68 79 86 89
Via Não-Pavimentada (VNP) 72 82 87 89
Via Pavimentada (VP) 98 98 98 98
Fonte: elaborado pelos autores, adaptado de Tucci (1993), Tomaz (2011) e Canholi (2014).

Os valores de CN de cada bacia hidrográfica são resultantes da média


ponderada dos valores constantes da Tabela 2 pelas áreas ocupadas pelas
diferentes classes de uso, grupo hidrológico do solo, na condição de umidade
antecedente escolhida (recomenda-se adotar a condição II).

80
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Exemplificação da determinação dos parâmetros CN e α para um trecho


da bacia do rio Capivari, da cabeceira do referido curso d’água até o limite
Campinas - Monte Mor
O Grupo Hidrológico do Solo pode ser determinado por meio da
utilização da composição cartográfica do Mapa Pedológico do Estado de São
Paulo, elaborado pelo Instituto Florestal (ROSSI, 2017) com o Mapa
Pedológico Semidetalhado do Município de Campinas, elaborado pela
Embrapa (VALLADARES; COELHO; CHIBA, 2008). Tal composição foi
realizada para a área piloto na bacia do Capivari e está ilustrada na Figura 73.
Nas áreas urbanas para as quais o mapa pedológico de Rossi (2017)
não aponta o tipo de solo, recomenda-se adotar o tipo de solo predominante no
entorno dos perímetros urbanos.

Figura 73 – Composição do mapa pedológico da porção da bacia do rio Capivari.

Fonte: Rossi (2017) e Valladares, Coelho e Chiba (2008). Adaptado pelos autores.

A reclassificação proposta dos tipos de solo para os grupos hidrológicos


do solo está apresentada na Tabela 3 e a distribuição espacial destes pode ser
observada no mapa apresentado na Figura 74.

81
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Tabela 3 – Grupos hidrológicos dos solos presentes no trecho analisado da bacia do rio
Capivari.
Grupo
Classificação dos solos (Rossi, 2017 ou PMC) Textura
Hidrológico
CXbd2 Cambissolo Háplico Média/Argilosa C
CXbd5 Cambissolo Háplico + Latossolo Bruno Argilosa C
CXbe2 Cambissolo Háplico Argilosa C
GX2 Gleissolo Háplico ou Melânico Indiscriminada D
GX5 Gleissolo Háplico + Neossolo Flúvico Indiscriminada D
GXb1 Gleissolo Háplico e Melânico + Neossolo Flúvico Indiscriminada D
LAd1 Latossolo Vermelho Média B
LVA10 Latossolo Vermelho Amarelo + Cambissolo Háplico Média/Argilosa C
LVA3 Latossolo Vermelho Amarelo Média/Argilosa B
LVAd1 Latossolo Amarelo + Vermelho Amarelo Média/Argilosa B
LVAd10 Latossolo Vermelho Amarelo + Neossolo Quartzarênico Arenosa/Média B
LVAd3 Latossolo Vermelho Amarelo Argilosa B
LVAd4 Latossolo Vermelho Amarelo Média B
LVAd5 Latossolo Vermelho Amarelo Argilosa B
LVAd6 Latossolo Vermelho Amarelo Média/Argilosa B
LVAd7 Latossolo Vermelho Amarelo e Amarelo Média/Argilosa B
LVd4 Latossolo Vermelho + Vermelho Amarelo Argilosa B
Argilosa/Muito
LVdf1 Latossolo Vermelho B
Argilosa
Argilosa/Muito
LVdf2 Latossolo Vermelho B
Argilosa
Arenosa/Argilo
PVA11 Argissolo Vermelho Amarelo + Neossolo Litólico D
sa
PVA19 Argissolo Vermelho Amarelo Arenosa/Média C
PVA21 Argissolo Vermelho Amarelo Argilosa C
PVA3 Argissolo Vermelho Amarelo + Argissolo Vermelho Arenosa/Média C
Argissolo Vermelho Amarelo + Latossolo Vermelho Argilosa e
PVA31 C
Amarelo/Amarelo Média/Argilosa
PVA36 Argissolo Vermelho Amarelo + Cambissolo Háplico Média C
PVAd1 Argissolo Vermelho Amarelo Arenosa/Média C
PVAd3 Argissolo Vermelho Amarelo Arenosa/Média C
PVAd6 Argissolo Vermelho Amarelo Média/Argilosa C
Argissolo Vermelho Amarelo + Latossolo Vermelho
PVAd7 Arenosa/Média C
Amarelo
Média e
PVAd9 Argissolo Vermelho Amarelo + Cambissolo Háplico C
Argilosa
PVAe2 Argissolo Vermelho Amarelo Média/Argilosa C
PVe1 Argissolo Vermelho Média C
RL13 Neossolo Litólico + Argissolo Vermelho Amarelo Média D
RQ2 Neossolo Quartzarênico Indiscriminada B
Neossolo Quartzarênico + Latossolo Vermelho Amarelo /
RQ3 Média B
Amarelo
RQ4 Neossolo Quartzarênico + Argissolo Vermelho Amarelo Média C
RQo1 Neossolo Quartzarênico + Argissolo Vermelho Amarelo Arenosa/Média C
Fonte: elaborado pelos autores.

82
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Figura 74 – Mapa dos grupos hidrológicos do solo da porção da bacia do rio Capivari.

Fonte: elaborado pelos autores.

Uso e ocupação do solo e número da curva (CN)


O mapeamento de uso e ocupação do solo da bacia do rio Capivari foi
elaborado na escala 1:10.000, por meio da digitalização dos polígonos em tela
utilizando-se o software de geoprocessamento ArcGIS 10.6, bem como as
imagens disponíveis no Basemap World Imagery, do ArcGIS 10.6 e no banco
de dados do Google Earth, que fornecem imagens de alta resolução mais
recentes.
As classes de uso e ocupação do solo foram definidas considerando a
metodologia consolidada pelo IPT em diversos trabalhos anteriores. Como
forma de auxiliar a elaboração do mapeamento, foram considerados os estudos
realizados na área por outras instituições e comitês de bacia, como é o caso do
mapeamento realizado pelo Instituto Geológico (IG), elaborado na escala
1:25.000 (CPLA/ IG, 2013), por meio de solicitação realizada pela agência PCJ
e do Inventário Florestal do Estado de São Paulo (SÃO PAULO, 2020).
Para a elaboração do mapa de uso e ocupação do solo o primeiro passo
é a definição das classes a serem delimitadas que sejam importantes para se
alcançar o objetivo do trabalho, bem como a escala de apresentação dos

83
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

resultados. Em seguida deve-se escolher o software mais adequado, as


imagens de satélite e ortofotos georreferenciadas atualizadas que estejam
disponíveis.
Outro passo importante é a busca por estudos e mapeamentos recentes
realizados na área de estudo, cujos dados muito auxiliam para validar a
classificação realizada em escritório. Um fator relevante na fotointerpretação do
uso do solo é a experiência do profissional que irá executar o trabalho, que
consiste na identificação das diferentes classes de uso do solo por meio das
formas, cores, tonalidades, padrões e texturas presentes na imagem de satélite
ou ortofoto.
No processo de fotointerpretação é comum o surgimento de dúvidas
referentes a algumas classes, especialmente nas áreas com presença de
vegetação e nas áreas com culturas. Para esclarecer essas dúvidas pode-se
recorrer a estudos prévios efetuados na área de estudo; consultar o banco de
dados do Google Earth, que disponibiliza imagens de anos anteriores; e, por
fim, deve-se fazer uma verificação em campo para finalizar o mapa de uso do
solo. Um recurso bastante interessante nos trabalhos de campo é a realização
de sobrevoos com o drone, especialmente nas áreas de difícil acesso e em
propriedades particulares.
O Quadro 2 sintetiza as classes de uso e ocupação do solo
estabelecidas para a área de estudo e respectivas descrições. Pode-se
observar na série de figuras, que vão desde a Figura 75 até a Figura 100,
exemplos de polígonos de cada classe de uso sobre a imagem de satélite.

84
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Quadro 2 - Descrição das classes de uso e ocupação do solo presentes na área de estudo.
Categoria de uso e
Descrição Exemplos
ocupação do solo
Área recoberta por vegetação secundária, resultante da
recuperação da Floresta Ombrófila Densa, em estágio
médio de regeneração e áreas com vegetação de
Cobertura Vegetal tipologia heterogênea (bosque heterogêneo), com Figuras 75 e 76
Natural diversas espécies arbóreas nativas ou exóticas, composta
por um misto de espécies paisagísticas e agrícolas, sendo
comum a presença de palmeiras, bananeiras, eucaliptos,
pinus e touças de bambu.

Campo Úmido/ Área com vegetação de composição variável, herbácea,


arbórea e/ou arbustiva, que sofre influência dos rios e
Vegetação de lagos, estando sujeita a inundações periódicas pelo
Figura 77
Várzea transbordamento de rios e lagos.
Áreas ocupadas por pastos ou aquelas sem uso
específico, caracterizadas pelo predomínio de vegetação
Campo
herbácea, podendo conter arbustos ou árvores esparsas. Figuras 78 e 79
Antrópico/Pastagem A área de pastagem compreende as terras ocupadas com
capins utilizados para criação animal.
Compreende as formações arbóreas e homogêneas,
Reflorestamento cultivadas pelo homem com fim econômico. Na área há Figura 80
predomínio de Eucaliptus sp.
Constitui as culturas de ciclo longo, sendo muitas vezes
necessário um período de vários anos para que se torne
Cultura Perene produtiva. Não perece necessariamente após a colheita,
Figuras 81, 82 e 83
diferentemente da cultura anual.
Corresponde àquelas culturas que possuem o ciclo de
vida numa estação e perecem após a colheita. Esse tipo
Cultura Temporária de cultura expõe o solo no período entressafra, podendo Figuras 84 e 85
gerar processos erosivos se não forem tomadas medidas
adequadas de conservação.
Consiste em culturas cujo ciclo de vida é menor que o das
culturas perenes e maior que o das culturas temporárias.
Cultura Semiperene O replantio é feito em torno de 4 a 5 anos. O exemplo
Figuras 86 e 87
mais comum de cultura semiperene é a cana-de-açúcar.
Compreende as áreas de chácaras residenciais ou de
Chácaras lazer; pequenos sítios, sedes de propriedades rurais, bem Figuras 88 e 89
como equipamentos associados ao uso rural.
Compreende áreas de uso residencial, com densidade
Área Urbana alta de ocupação e poucos espaços livres. Em geral, são
dotadas de infraestrutura básica (pavimentação, sistema
Figura 90
Consolidada
de drenagem, iluminação pública e saneamento).
Corresponde à área de expansão urbana em processo de
Área Urbana em ocupação, apresentando baixa a média densidade e
infraestrutura básica parcialmente instalada ou, por vezes,
Figuras 91 e 92
Consolidação
ausente.
Constitui as áreas de loteamentos em implantação, nos
Loteamento em quais é possível identificar arruamentos com ou sem
pavimentação, por vezes com presença de quadras e
Figura 93
Implantação
manchas de cobertura vegetal.
Consiste em áreas com a presença de grandes
edificações relacionadas a indústrias; galpões não
industriais de área expressiva (shopping, logística,
Grande
comércio, granjas com suas instalações para criação e Figuras 94, 95 e 96
Equipamento abate de frangos e produção de ovos); Cemitérios; Áreas
institucionais; Áreas de lazer e desporto (clubes,
pesqueiros etc.); ETE; ETA; e Subestações de energia.
Infraestrutura Compreende a área ocupada pelos dutos da Transpetro. Figura 97
Constitui áreas com exposição do solo por
Solo Exposto terraplenagens, preparação para plantio ou degradadas Figura 98
por processos erosivos.
Mineração Áreas com extração de substâncias minerais. Figura 99
Corresponde a pequenos reservatórios, lagos e lagoas
Corpos d’água presentes na área de estudo.
Figura 100
Fonte: elaborado pelos autores.

85
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Figura 75 - Exemplo de Cobertura Vegetal Natural. A textura na imagem de satélite ou


fotografia aérea mostra certa “rugosidade”, decorrente das diferentes configurações e graus de
descontinuidade da cobertura superior (dossel). A presença das embaúbas, de coloração mais
clara, também é um indicativo da vegetação nativa.

Fonte: elaborado pelos autores.


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Figura 76 - Exemplo de Bosque Heterogêneo. Observar a vegetação de tipologia heterogênea,


com diversas espécies arbóreas nativas ou exóticas, como eucaliptos e touças de bambu.

Fonte: elaborado pelos autores.


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86
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Figura 77 – Exemplo de Campo Úmido/ Vegetação de Várzea. Nessas áreas a vegetação é


herbácea (principalmente taboa), eventualmente arbórea/ arbustiva. Como são áreas úmidas,
situadas próximas a rios e lagos, na imagem de satélite aparecem em tons mais escuros. Sua
identificação nem sempre é fácil, requerendo, assim, verificação de campo.

Fonte: elaborado pelos autores.


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Figura 78 - Exemplo de Campo Antrópico/ Pastagem. Áreas sem uso definido, com predomínio
de vegetação herbácea (gramíneas), podendo conter arbustos ou árvores esparsas. Nas
pastagens é comum a presença de trilhas de pisoteio animal.

Fonte: elaborado pelos autores.


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87
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Figura 79 - Campo antrópico com conservação do solo (curvas de nível).

Fonte: elaborado pelos autores.


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Figura 80 - Exemplo de Reflorestamento. A textura na imagem de satélite é lisa e uniforme,


diferentemente da vegetação nativa (canto direito superior e lado esquerdo da imagem).
Observam-se limites regulares na vegetação e carreadores definidos.

Fonte: elaborado pelos autores.


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88
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Figura 81 - Exemplo de Cultura Perene. O plantio é feito geralmente de maneira uniforme, com
largos espaçamentos entre as plantas. Em algumas áreas é difícil diferenciar se é uma área de
cultura ou um campo antrópico, por isso é importante consultar imagens de satélite de anos
anteriores ou outros trabalhos relacionados com o tema do uso e ocupação do solo para dirimir
a dúvida.

Fonte: elaborado pelos autores.


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Figura 82 - Cultura perene.

Fonte: elaborado pelos autores.


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89
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Figura 83 - Cultura perene com plantio recente.

Fonte: elaborado pelos autores.


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Figura 84 - Exemplo de Cultura Temporária. Geralmente o cultivo é feito em formato de


retângulos ou em faixas. O aspecto na imagem é variável de acordo com a idade da cultura.

Fonte: elaborado pelos autores.


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90
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Figura 85 – Cultura temporária.

Fonte: elaborado pelos autores.


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Figura 86 - Exemplo de Cultura Semiperene (Cana-de-açúcar). A textura na imagem é bem


uniforme e a coloração varia de acordo com a idade do plantio. Observam-se carreadores em
meio à cultura.

Fonte: elaborado pelos autores.


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91
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Figura 87 - Cultura de cana-de-açúcar com conservação do solo (curvas de nível).

Fonte: elaborado pelos autores.


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Figura 88 - Exemplo de Chácaras. Ocupações no entorno do centro urbano ou mais afastadas,


constituindo chácaras residenciais ou de lazer caracterizadas por lotes grandes, com presença
de piscinas e pomares. Geralmente os acessos são feitos por estradas de terra.

Fonte: elaborado pelos autores.


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92
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Figura 89 - Outro exemplo de Chácaras: sedes de propriedades rurais, com presença de


culturas no entorno.

Fonte: elaborado pelos autores.


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Figura 90 - Exemplo de Área Urbana Consolidada. Áreas de uso predominantemente


residencial, com densidade alta de ocupação e poucos espaços livres, dotadas de
infraestrutura básica (sistema viário com pavimentação, sistema de drenagem, iluminação
pública e saneamento).

Fonte: elaborado pelos autores.


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93
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Figura 91 - Exemplo de Área Urbana em Consolidação. Corresponde à área de expansão


urbana em processo de ocupação, apresentando média densidade e infraestrutura básica
parcialmente instalada ou, por vezes, ausente.

Fonte: elaborado pelos autores.


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Figura 92 - Área Urbana em Consolidação.

Fonte: elaborado pelos autores.


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94
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Figura 93 - Exemplo de Loteamento em Implantação. Constitui as áreas de loteamentos em


implantação, com poucas unidades construídas, nas quais é possível identificar arruamentos
com ou sem pavimentação, por vezes com presença de quadras e manchas de cobertura
vegetal. É comum haver trechos de exposição do solo nessas áreas.

Fonte: elaborado pelos autores.


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Figura 94 - Exemplo de Grande Equipamento. Grandes edificações relacionadas a indústrias;


galpões não industriais de área expressiva (shopping, logística, comércio, granjas com suas
instalações para criação e abate de frangos e produção de ovos); Cemitérios; Áreas
institucionais (parques, escolas, unidades de saúde etc.); Áreas de lazer e desporto (clubes,
pesqueiros etc.); ETE; ETA; e Subestações de energia.

Fonte: elaborado pelos autores.


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95
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Figura 95 - Grande Equipamento - Cemitério localizado em Campinas.

Fonte: elaborado pelos autores.


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Figura 96 - Grande Equipamento – PUC Campinas.

Fonte: elaborado pelos autores.


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96
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Figura 97 - Exemplo de Infraestrutura - Trecho do duto da Transpetro na área de estudo.

Fonte: elaborado pelos autores.


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Figura 98 - Exemplo de Solo Exposto.

Fonte: elaborado pelos autores.


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97
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Figura 99 - Exemplo de área de Mineração em Campinas.

Fonte: elaborado pelos autores.


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Figura 100 - Exemplo de Corpo D’água - Trecho do Rio Capivari em Campinas.

Fonte: elaborado pelos autores.


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98
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Para a determinação do número da curva (CN) é importante contar com


um mapeamento de uso e ocupação do solo em escala de detalhe (pelo menos
1:10.000) e que esteja sempre atualizado. Como sugestão e para facilitar a
modelagem hidrológica, podem ser utilizadas as classes de uso apresentadas
e descritas no Quadro 2.
O parâmetro CN é calculado por meio da ponderação dos valores
apresentados na Tabela 2 com as porcentagens em relação à área total da
bacia das diversas classes de uso e grupos hidrológicos do solo. Como
exemplo, na Figura 101 é apresentado o procedimento de cálculo do CN para
a Sub-bacia 1, este cálculo foi efetuado para todas as sub-bacias da área de
estudo.

Figura 101 – Procedimento de cálculo do CN. Exemplo para a Sub-bacia 1.


Porcentagem da área total da sub-bacia Procedimento adotado para o cálculo do CN
Valores de CN de acordo com a classe de uso
ocupada pela classe de uso e o respectivo A B C D
e o respectivo Grupo Hidrológico do Solo
Grupo Hidrológico do Solo
AGUA 0,0% x 100 0,1% x 100 0,1% x 100 0,0% x 100
A B C D A B C D
AS 0,0% x 77 0,0% x 85 0,0% x 90 0,0% x 92
AGUA 100 100 100 100 AGUA 0,0% 0,1% 0,1% 0,0%
CA/P 0,0% x 39 9,2% x 50 14,7% x 62 0,0% x 75
AS 77 85 90 92 AS 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
CA/P-CS 0,0% x 32 0,1% x 44 0,9% x 58 0,0% x 70
CA/P 39 50 62 75 CA/P 0,0% 9,2% 14,7% 0,0%
CH 0,0% x 54 0,3% x 62 0,8% x 70 0,0% x 79
CA/P-CS 32 44 58 70 CA/P-CS 0,0% 0,1% 0,9% 0,0%
CP 0,0% x 50 0,0% x 60 0,0% x 67 0,0% x 75
CH 54 62 70 79 CH 0,0% 0,3% 0,8% 0,0%
CP-CS 0,0% x 48 0,0% x 55 0,0% x 65 0,0% x 73
CP 50 60 67 75 CP 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
CS 0,0% x 48 0,0% x 60 0,0% x 72 0,0% x 78
CP-CS 48 55 65 73 CP-CS 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
CS-CS 0,0% x 45 0,0% x 55 0,0% x 67 0,0% x 75
CS 48 60 72 78 CS 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
CT 0,0% x 60 0,0% x 72 0,1% x 81 0,0% x 87
CS-CS 45 55 67 75 CS-CS 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
CT-CS 0,0% x 52 0,0% x 66 0,0% x 75 0,0% x 82
CT 60 72 81 87 x CT 0,0% 0,0% 0,1% 0,0% = CU/VV 0,0% x 33 0,0% x 44 0,0% x 57 0,0% x 70
CT-CS 52 66 75 82 CT-CS 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
CV 0,0% x 23 3,7% x 36 6,9% x 50 0,0% x 62
CU/VV 33 44 57 70 CU/VV 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
GE 0,0% x 49 9,5% x 69 1,5% x 79 0,0% x 84
CV 23 36 50 62 CV 0,0% 3,7% 6,9% 0,0%
IE 0,0% x 49 0,1% x 69 0,2% x 79 0,0% x 84
GE 49 69 79 84 GE 0,0% 9,5% 1,5% 0,0%
LI 0,0% x 51 0,0% x 68 0,0% x 79 0,0% x 84
IE 49 69 79 84 IE 0,0% 0,1% 0,2% 0,0%
M 0,0% x 68 0,7% x 79 0,1% x 86 0,0% x 89
LI 51 68 79 84 LI 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
R 0,0% x 30 0,3% x 42 2,6% x 55 0,0% x 68
M 68 79 86 89 M 0,0% 0,7% 0,1% 0,0%
RIO 0,0% x 100 0,2% x 100 0,1% x 100 0,0% x 100
R 30 42 55 68 R 0,0% 0,3% 2,6% 0,0%
SE 0,0% x 68 0,1% x 79 0,5% x 86 0,0% x 89
RIO 100 100 100 100 RIO 0,0% 0,2% 0,1% 0,0%
UC 0,0% x 61 27,4% x 75 4,5% x 83 0,0% x 87
SE 68 79 86 89 SE 0,0% 0,1% 0,5% 0,0%
UEC 0,0% x 54 0,3% x 70 0,3% x 80 0,0% x 85
UC 61 75 83 87 UC 0,0% 27,4% 4,5% 0,0%
VNP 0,0% x 72 0,0% x 82 0,1% x 87 0,0% x 89
UEC 54 70 80 85 UEC 0,0% 0,3% 0,3% 0,0%
VP 0,0% x 98 11,9% x 98 2,2% x 98 0,0% x 98
VNP 72 82 87 89 VNP 0,0% 0,0% 0,1% 0,0%
CN calculado Soma de todos os valores da tabela = 70,03
VP 98 98 98 98 VP 0,0% 11,9% 2,2% 0,0%

Fonte: elaborado pelos autores.

Outro parâmetro do modelo do hidrograma unitário do SCS/NRCS é o


coeficiente de abstração inicial (α) que, neste trabalho, como já apresentado,
foi adotado um valor que depende da taxa de urbanização (TxUrb) de cada
sub-bacia. A taxa de urbanização foi adotada como sendo a soma da
porcentagem da área ocupada pelas classes de uso urbano, quais sejam:
aglomerações subnormais (AS); loteamentos em implantação (LI); área urbana
consolidada (UC); área urbana em consolidação (UEC) e Via Pavimentada
(VP).

99
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Desta forma, exemplificando para a Sub-bacia 1, temos:


TxUrbSB-01 = %ÁreaAS + %ÁreaLI + %ÁreaUC + %ÁreaUEC + %ÁreaVP
TxUrbSB-01 = 0,04 % + 0,00 % + 31,91 %+ 0,53 % + 14,18 % = 46,66 %
αSB-01 = 0,2 – (TxUrbSB-01) x 0,1 = 0,2 – (46,66 %) x 0,1 = 0,153
A Tabela 4 apresenta, a título de exemplo, tanto o valor de CN
ponderado para cada sub-bacia da área piloto, a porcentagem de urbanização
e o valor adotado para o coeficiente de abstração inicial.

Tabela 4 – CN ponderado pela área de cada sub-bacia de acordo com as classes de uso, taxa
de urbanização e coeficiente de abstração inicial.
CN CN
Sub- % de α Sub- % de α
ponderado ponderado
bacia urbanização adotado bacia urbanização adotado
pela área pela área
SB-1 70,03 46,66 % 0,153 SB-29 61,86 8,07 % 0,192
SB-2 75,45 75,82 % 0,124 SB-30 68,72 13,72 % 0,186
SB-3 55,15 4,44 % 0,196 SB-31 67,65 5,84 % 0,194
SB-4 63,28 11,78 % 0,188 SB-32 68,38 31,06 % 0,169
SB-5 69,28 46,30 % 0,154 SB-33 70,50 48,77 % 0,151
SB-6 73,02 61,75 % 0,138 SB-34 63,17 2,58 % 0,197
SB-7 65,84 19,93 % 0,180 SB-35 65,70 16,88 % 0,183
SB-8 60,43 4,18 % 0,196 SB-36 70,90 13,40 % 0,187
SB-9 62,74 23,42 % 0,177 SB-37 64,02 4,20 % 0,196
SB-10 70,38 34,55 % 0,165 SB-38 68,25 12,35 % 0,188
SB-11 71,07 42,86 % 0,157 SB-39 68,90 29,55 % 0,170
SB-12 66,77 18,67 % 0,181 SB-40 63,49 6,30 % 0,194
SB-13 64,97 15,22 % 0,185 SB-41 61,27 8,70 % 0,191
SB-14 78,76 67,37 % 0,133 SB-42 70,88 40,80 % 0,159
SB-15 63,80 15,34 % 0,185 SB-43 65,92 16,54 % 0,183
SB-16 62,09 4,87 % 0,195 SB-44 61,99 5,89 % 0,194
SB-17 75,74 66,19 % 0,134 SB-45 71,24 57,08 % 0,143
SB-18 68,66 48,36 % 0,152 SB-46 69,44 20,23 % 0,180
SB-19 61,34 5,50 % 0,194 SB-47 68,59 47,19 % 0,153
SB-20 69,84 19,59 % 0,180 SB-48 67,38 25,01 % 0,175
SB-21 74,47 65,59 % 0,134 SB-49 69,43 0,00 % 0,200
SB-22 60,62 2,23 % 0,198 SB-50 75,39 50,74 % 0,149
SB-23 62,30 10,72 % 0,189 SB-51 65,84 36,15 % 0,164
SB-24 58,79 1,07 % 0,199 SB-52 67,68 21,58 % 0,178
SB-25 71,33 32,53 % 0,167 SB-53 57,80 0,20 % 0,200
SB-26 66,54 13,62 % 0,186 SB-54 57,45 11,66 % 0,188
SB-27 58,49 8,03 % 0,192 SB-55 60,37 0,00 % 0,200
SB-28 63,51 15,07 % 0,185
Fonte: elaborado pelos autores.

Características fluviomorfológicas da área de estudo


Uma vez que as sub-bacias foram geradas de forma automática pelo
HEC-HMS, todas as principais características fluviomorfológicas essenciais
para a modelagem são calculadas automaticamente pelo software. Para

100
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

acessá-las, basta clicar no menu Parameters, posteriormente selecionar a


opção Characteristics e clicar em Sub-basin. Uma tabela com os parâmetros
necessários se abrirá na tela do software (Figura 102). Para garantir que todas
as sub-bacias apareçam na tabela, em Filter, escolha –None--.

Figura 102 – HEC-HMS – Acessando os parâmetros fluviomorfológicos das sub-bacias da área


de estudo.

Fonte: elaborado pelos autores.

Os parâmetros mais importantes são a área (acessível pelo menu


Parameters, clicando-se na opção Subbasin Area), fator de forma
(Elongation Ratio), comprimento do talvegue principal (Longest Flowpath
Length) e a declividade do talvegue (Longest Flowpath Slope).
Na Tabela 5 são apresentadas as características fluviomorfológicas de
cada sub-bacia da área de estudo. Algumas sub-bacias não foram indicadas na
tabela, pois apenas servem de artifício de cálculo do modelo hidrológico e não
apresentam área de contribuição.

101
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Tabela 5 - Características fluviomorfológicas das sub-bacias do rio Capivari inseridas na


área de estudo.
Comprimento do Declividade do
Nome da sub-bacia Área (km²) Fator de Forma
talvegue principal (km) talvegue (m/m)
SB-1 43,77 0,353 21,14 0,0104
SB-2 5,49 0,578 4,57 0,0271
SB-3 5,95 0,544 5,06 0,0176
SB-4 14,93 0,498 8,75 0,0224
SB-5 7,95 0,447 7,11 0,0173
SB-6 5,62 0,611 4,38 0,0242
SB-7 10,48 0,492 7,43 0,0197
SB-8 5,61 0,476 5,61 0,0255
SB-9 7,43 0,556 5,53 0,0148
SB-10 22,26 0,535 9,95 0,0198
SB-11 6,94 0,559 5,32 0,0233
SB-12 8,80 0,550 6,08 0,0141
SB-13 12,92 0,501 8,10 0,0119
SB-14 6,12 0,402 6,95 0,0209
SB-15 14,51 0,643 6,69 0,0422
SB-16 12,14 0,623 6,31 0,0201
SB-17 2,38 0,595 2,93 0,0313
SB-18 6,49 0,592 4,85 0,0175
SB-19 9,98 0,475 7,50 0,0265
SB-20 7,59 0,477 6,52 0,0167
SB-21 7,57 0,457 6,79 0,0153
SB-22 7,96 0,463 6,88 0,0412
SB-23 10,39 0,639 5,69 0,0275
SB-24 5,73 0,485 5,57 0,0167
SB-25 15,02 0,572 7,64 0,0158
SB-26 6,22 0,564 4,98 0,0191
SB-27 7,14 0,480 6,29 0,0146
SB-28 9,36 0,649 5,32 0,0250
SB-29 14,24 0,419 10,16 0,0217
SB-30 14,15 0,474 8,96 0,0196
SB-31 0,86 0,481 2,17 0,0133
SB-32 5,79 0,655 4,14 0,0198
SB-33 3,53 0,479 4,43 0,0173
SB-34 5,14 0,720 3,55 0,0201
SB-35 7,87 0,520 6,09 0,0319
SB-36 0,03 0,450 0,42 0,0165
SB-37 8,55 0,581 5,68 0,0178
SB-38 0,77 0,624 1,59 0,0208
SB-39 3,79 0,613 3,58 0,0218
SB-40 4,43 0,547 4,34 0,0259
SB-41 10,03 0,584 6,12 0,0209
SB-42 1,58 0,538 2,64 0,0231
SB-43 17,95 0,575 8,32 0,0102
SB-44 5,65 0,439 6,11 0,0257
SB-45 6,62 0,484 6,00 0,0180
SB-46 3,14 0,558 3,58 0,0246
SB-47 9,32 0,488 7,06 0,0154
SB-48 2,03 0,484 3,32 0,0307
SB-49 0,00 0,492 0,04 0,0252
SB-50 1,48 0,588 2,33 0,0304
SB-51 3,41 0,572 3,64 0,0209
SB-52 5,71 0,554 4,87 0,0185
SB-53 0,08 0,265 1,22 0,0295
SB-54 16,13 0,593 7,65 0,0131
SB-55 0,03 0,545 0,38 0,0773
Fonte: elaborado pelos autores.

102
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Tempo de concentração, tempo de retardo (lag time) e velocidade de


trânsito da onda de cheia
De acordo com Pinto et al. (1976), tempo de concentração (tc) é o
intervalo de tempo contado a partir do início da precipitação para que toda a
bacia hidrográfica correspondente passe a contribuir na seção estudada.
Para determinação do tempo de concentração, podem ser utilizadas
diversas fórmulas empíricas que levam em conta parâmetros fluviomorfológicos
da bacia, de modo geral função do comprimento do talvegue, do desnível total,
área, entre outros.
A estimativa dos tempos de concentração foi realizada utilizando
diversas fórmulas empíricas presentes na literatura (TSUCHIYA, 1978; TUCCI,
1993; COLISCHONN; DORNELLES, 2013).

Fórmula de Kirpich: 𝑡𝑐 = 3,989 ∙ 𝐿0,77 ∙ 𝑆 −0,385


0,7
0,8
1000
Fórmula do SCS: 𝑡𝑐 = 3,42 ∙ 𝐿 ∙ ( − 9) ∙ 𝑆 −0,5
𝐶𝑁
𝐿 0,79
Fórmula de Watt & Chow: 𝑡𝑐 = 7,68 ∙ ( )
𝑆 0,5
Fórmula de Dooge: 𝑡𝑐 = 21,88 ∙ 𝐴0,41 ∙ 𝑆 −0,17
Áreas rurais: 𝑡𝑐 = 0,83 ∙ 𝐿 ∙ 𝑆 −0,6
Fórmula de Tsuchiya:
Áreas urbanas: 𝑡𝑐 = 0,36 ∙ 𝐿 ∙ 𝑆 −0,5

Onde:
tc: tempo de concentração em minutos;
L: comprimento do curso d’água principal em km;
S: declividade do talvegue em m/m;
A: área da sub-bacia em km²;
CN: Curve Number da sub-bacia (adimensional).

Para auxiliar na escolha da melhor equação a ser utilizada, podem ser


usadas duas informações importantes: 1) a Instrução Técnica DPO nº 11, de
30/05/2017, editada pelo DAEE, não recomenda a utilização de valores de
tempo de concentração superiores aos calculados pela fórmula de Kirpich; 2)
usar a verificação da velocidade da onda de cheia, conforme tabela proposta
por Tomaz (2011) e reproduzida neste documento (Tabela 6).

103
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Tabela 6 – Velocidades médias da onda de cheia em m/s para validação do tc calculado


(valores em m/s).
Descrição do Declividade Declividade Declividade Declividade
escoamento 0a3% 4a7% 8 a 11 % > 12 %
Florestas 0 a 0,5 0,5 a 0,8 0,8 a 1,0 > 1,0
Pastos 0 a 0,8 0,8 a 1,1 1,1 a 1,3 > 1,3
Áreas Cultivadas 0 a 0,9 0,9 a 1,4 1,4 a 1,7 > 1,7
Pavimentos 0 a 2,6 2,6 a 4,0 4,0 a 5,2 > 5,2
Fonte: adaptado de Tomaz (2011)

Recomenda-se, normalmente, a utilização da fórmula de Kirpich para


estimar os tempos de concentração de cada sub-bacia, por ser a equação que
fornece os valores mais razoáveis de onda de cheia para bacias de diversos
formatos e dimensões, por ter parâmetros de obtenção direta pela interface do
software HEC-HMS, além de atender às recomendações da referida Instrução
Técnica.
A velocidade de trânsito da onda de cheia pode ser calculada de forma
simplificada, em uma aproximação razoável da realidade, utilizando-se da
fórmula da velocidade média, assim:

∆𝒔 𝑳 × 𝟏𝟎𝟎𝟎
𝒗= =
∆𝒕 (𝒕𝒄/𝟔𝟎)
Onde:
v: estimativa da velocidade de trânsito da onda de cheia (m/s)
L: comprimento do talvegue principal (km)
tc: tempo de concentração estimado pela fórmula escolhida (minutos).

Também se faz necessária a determinação do tempo de retardo (lag


time) da bacia hidrográfica, uma vez que o software HEC-HMS considera esta
variável, que consiste no tempo em que determinado evento de precipitação
demora a provocar um pico na vazão de uma determinada bacia hidrográfica,
ao invés de considerar o tempo de concentração diretamente. O SCS
recomenda que seja adotado para este parâmetro 60 % do valor do tempo de
concentração, ou seja, 𝒕𝒍𝒂𝒈 = 𝟎, 𝟔 ∙ 𝒕𝒄

Desta forma, exemplificando para a Sub-bacia 1 o cálculo dos tempos de


concentração, velocidade de trânsito da onda de cheia e o lag time, temos:

104
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

tcSB-01 = 3,989 ∙ 𝐿0,77 ∙ 𝑆 −0,385 = 3,989 ∙ 21,140,77 ∙ 0,0104−0,385 = 242,4 min


𝑳×𝟏𝟎𝟎𝟎 𝟐𝟏,𝟏𝟒×𝟏𝟎𝟎𝟎
vSB-01 = = = 1,45 m/s
(𝒕𝒄/𝟔𝟎) (𝟐𝟒𝟐,𝟐/𝟔𝟎)

tlagSB-01 = 𝟎, 𝟔 ∙ 𝒕𝒄 = 𝟎, 𝟔 ∙ 𝟐𝟒𝟐, 𝟒 = 145,5 min


Estes cálculos foram realizados para todas as sub-bacias da área piloto.
Estes parâmetros são inseridos na tela do software HEC-HMS, no
Editor de Componentes (Figura 103), clicando-se em cada uma das sub-
bacias, com exceção da área que já é preenchida automaticamente, quando da
delimitação das mesmas.
Para cada sub-bacia, selecionadas uma a uma, na aba Subbasin do
Editor de Componentes, verifica-se se a área da sub-bacia já se encontra
preenchida e seleciona-se –None-- para Canopy Method, Surface Method e
Baseflow Method; em Loss Method, escolhe-se SCS Curve Number; em
Transform Method, seleciona-se SCS Unit Hydrograph.
Na aba Loss, insere-se o valor da abstração inicial (Initial Abstraction)
calculando-se a expressão α x S, com S sendo S = (25400/CN) – 254 e o CN
(Curve Number), mantendo-se Impervious com o valor zero.
Por fim, na aba Transform, insere-se o tempo de retardo (Lag Time).

Figura 103 – HEC-HMS – Inserção dos parâmetros das sub-bacias.

Fonte: elaborado pelos autores.

Procedimentos para determinação das chuvas de projeto


As chuvas de projeto são eventos sintéticos de precipitação, de duração
definida, tipicamente adotada como sendo igual ao tempo de concentração de
cada sub-bacia analisada, associadas a períodos de retorno específicos.

105
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Para determinar estes eventos sintéticos de precipitação, primeiramente


analisam-se quais postos pluviométricos localizam-se na área de estudo e na
vizinhança dela.
Recomenda-se a escolha de postos pluviométricos que são (ou foram)
operados pelo DAEE, mantendo-se na análise apenas os postos com tamanho
efetivo da amostra (i.e., número de anos hidrológicos completos sem falhas)
maior que 20 anos, a fim de se garantir a qualidade da análise estatística.
Idealmente, recomenda-se adotar apenas os postos pluviométricos que
ainda estão em operação ou que operaram até anos recentes. Entretanto, nem
sempre é possível garantir esta condição.
Na Tabela 7, constam os postos pluviométricos utilizados na modelagem
hidrológica da área piloto.

Tabela 7 - Postos pluviométricos operados pelo DAEE utilizados na modelagem hidrológica.


Extensão Tamanho
Município Prefixo Nome Altitude Lat / Long da Série efetivo da
Histórica amostra
Fazenda Sete
Campinas D4-011 620 m 22°58'S / 47°05'O 1954-2018 23 anos
Quedas
Campinas D4-044 Campinas 710 m 22°52'17"S / 47°04'39"O 1941-atual 62 anos
Monte Mor D4-083 Bairro Pavioti 563 m 22°56'37"S / 47°16'50"O 1951-atual 36 anos
Vinhedo E3-017 Vinhedo 700 m 23°02'S / 46°58'O 1936-1995 48 anos
Jundiaí E3-025 Jundiaí (CPEF) 710 m 23°11'S / 46°52'O 1936-1971 27 anos
Jundiaí E3-084 Jundiaí (IAC) 700 m 23°07'S / 46°56'O 1941-1972 22 anos
Itupeva E4-062 Fazenda Buriti 690 m 23°05'S / 47°03'O 1963-2002 24 anos
Campinas E4-123 Viracopos 640 m 23°01'S / 47°08'O 1970-1996 23 anos
Fonte: elaborado pelos autores.

Análise estatística dos postos pluviométricos utilizados na modelagem


hidrológica
• D4-011:
A Figura 104 indica os valores máximos de precipitação diária medida
no posto D4-011 para cada ano hidrológico (período compreendido entre o
início da estação chuvosa de um ano e o seguinte para a região). O ano
hidrológico inicia-se em outubro, e encerra-se em setembro do ano seguinte. A
linha vermelha indica a tendência histórica para a média das precipitações
máximas diárias.

106
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Figura 104 - Precipitações máximas diárias anuais por ano hidrológico (posto D4-011).
140

Precipitação máxima diária (mm)


120

100

80

60

40

20

0
1954
1956
1958
1960
1962
1964
1968
1971
1973
1975
1977
1979
1981
1983
1985
1987
1989
1991
1993
1995
2018
Ano Hidrológico

Fonte: elaborado pelos autores.

A Figura 105 apresenta o ajuste estatístico dos pontos da série histórica


com os valores previstos na distribuição de Gumbel, mostrando o bom ajuste
dos dados (coeficiente angular e R² próximos de 1).

Figura 105 - Ajuste da série histórica do posto D4-011 à distribuição probabilística de Gumbel.
140
Precipitação máxima diária estimada
pela distribuição de Gumbel (mm)

120

100

80

60

40

20 y = 1x
R² = 0,9976
0
0 20 40 60 80 100 120 140
Precipitação máxima diária medida (mm)

Fonte: elaborado pelos autores.

Na Tabela 8 são apresentados os valores de precipitação máxima diária


no posto D4-011 para 2, 5, 10, 25, 50 e 100 anos.

107
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Tabela 8 - Precipitações máximas diárias para cada Tr para os dados do


posto D4-011.
Tr – Período de Retorno (em anos)
2 5 10 25 50 100
70,9 mm 89,9 mm 102,5 mm 118,4 mm 130,2 mm 141,9 mm
Fonte: elaborado pelos autores.

Na Tabela 9 são apresentadas as alturas pluviométricas


correspondentes a cada duração sub-diária, calculadas utilizando os
coeficientes de desagregação (CETESB, 1986) também indicados na mesma
tabela.

Tabela 9 – Desagregação temporal da precipitação do posto D4-011.


Relação entre Coeficiente de Altura pluviométrica (mm) para cada período de retorno (Tr)
alturas desagregação
pluviométricas (CETESB, 1986) 2 anos 5 anos 10 anos 25 anos 50 anos 100 anos
05 min / 30 min 0,34 8,5 10,7 12,2 14,1 15,5 16,9
10 min / 30 min 0,54 13,4 17,0 19,4 22,5 24,7 26,9
15 min / 30 min 0,70 17,4 22,1 25,2 29,1 32,0 34,9
20 min / 30 min 0,81 20,2 25,6 29,2 33,7 37,0 40,4
25 min / 30 min 0,91 22,7 28,7 32,8 37,8 41,6 45,3
30 min / 1 hora 0,74 24,9 31,6 36,0 41,6 45,7 49,8
01 h / 24 horas 0,42 33,6 42,7 48,6 56,2 61,8 67,3
06 h / 24 horas 0,72 57,7 73,1 83,4 96,3 105,9 115,4
08 h / 24 horas 0,78 62,5 79,2 90,3 104,3 114,7 125,1
10 h / 24 horas 0,82 65,7 83,3 95,0 109,7 120,6 131,5
12 h / 24 horas 0,85 68,1 86,3 98,4 113,7 125,0 136,3
24 horas 1,13 80,1 101,6 115,8 133,8 147,1 160,3
Fonte: elaborado pelos autores.

• D4-044:
A Figura 106 indica os valores máximos de precipitação diária medida
no posto D4-044 para cada ano hidrológico (período compreendido entre o
início da estação chuvosa de um ano e o seguinte para a região). O ano
hidrológico inicia-se em outubro, e encerra-se em setembro do ano seguinte. A
linha vermelha indica a tendência histórica para a média das precipitações
máximas diárias.

108
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Figura 106 - Precipitações máximas diárias anuais por ano hidrológico (posto D4-044).
160

Precipitação máxima diária (mm)


140

120

100

80

60

40

20

0
1941
1944
1947
1950
1953
1956
1959
1962
1965
1968
1971
1974
1977
1980
1983
1986
1989
1992
1995
1998
2001
2004
2007
2010
2013
2016
2019
Ano Hidrológico

Fonte: elaborado pelos autores.

A Figura 107 apresenta o ajuste estatístico dos pontos da série histórica


com os valores previstos na distribuição de Gumbel, mostrando o bom ajuste
dos dados (coeficiente angular e R² próximos de 1).

Figura 107 - Ajuste da série histórica do posto D4-044 à distribuição probabilística de Gumbel.
160
Precipitação máxima diária estimada
pela distribuição de Gumbel (mm)

140

120

100

80

60

40

20 y = 1x
R² = 0,9991
0
0 20 40 60 80 100 120 140 160
Precipitação máxima diária medida (mm)

Fonte: elaborado pelos autores.

Na Tabela 10 são apresentados os valores de precipitação máxima


diária no posto D4-044 para 2, 5, 10, 25, 50 e 100 anos.

109
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Tabela 10 - Precipitações máximas diárias para cada Tr para os dados do posto D4-
044.
Tr – Período de Retorno (em anos)
2 5 10 25 50 100
75,4 mm 94,6 mm 107,3 mm 123,4 mm 135,3 mm 147,1 mm
Fonte: elaborado pelos autores.

Na Tabela 11, são apresentadas as alturas pluviométricas


correspondentes a cada duração sub-diária, calculadas utilizando os
coeficientes de desagregação (CETESB, 1986) também indicados na mesma
tabela.

Tabela 11 – Desagregação temporal da precipitação do posto D4-044.


Relação entre Coeficiente de Altura pluviométrica (mm) para cada
alturas desagregação período de retorno (Tr)
pluviométricas (CETESB, 1986) 2 anos 5 anos 10 anos 25 anos 50 anos 100 anos
05 min / 30 min 0,34 9,0 11,3 12,8 14,7 16,2 17,6
10 min / 30 min 0,54 14,3 17,9 20,3 23,4 25,7 27,9
15 min / 30 min 0,70 18,5 23,3 26,4 30,3 33,3 36,2
20 min / 30 min 0,81 21,4 26,9 30,5 35,1 38,5 41,9
25 min / 30 min 0,91 24,1 30,2 34,3 39,4 43,2 47,0
30 min / 1 hora 0,74 26,5 33,2 37,7 43,3 47,5 51,7
01 h / 24 horas 0,42 35,8 44,9 50,9 58,5 64,2 69,8
06 h / 24 horas 0,72 61,3 76,9 87,3 100,4 110,1 119,7
08 h / 24 horas 0,78 66,4 83,4 94,6 108,7 119,2 129,7
10 h / 24 horas 0,82 69,8 87,6 99,4 114,3 125,4 136,3
12 h / 24 horas 0,85 72,4 90,8 103,1 118,5 129,9 141,3
24 horas 1,13 85,2 106,9 121,2 139,4 152,9 166,2
Fonte: elaborado pelos autores.

• D4-083:
A Figura 108 indica os valores máximos de precipitação diária medida
no posto D4-083 para cada ano hidrológico (período compreendido entre o
início da estação chuvosa de um ano e o seguinte para a região). O ano
hidrológico inicia-se em outubro, e encerra-se em setembro do ano seguinte. A
linha vermelha indica a tendência histórica para a média das precipitações
máximas diárias.

110
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Figura 108 - Precipitações máximas diárias anuais por ano hidrológico (posto D4-083).
140

Precipitação máxima diária (mm)


120

100

80

60

40

20

0
1951
1953
1955
1957
1959
1961
1969
1971
1973
1975
1977
1979
1981
1983
1985
1987
1989
1991
1993
1995
1997
1999
2001
2003
2005
2008
2010
2012
2014
2016
2018
2020
Ano Hidrológico

Fonte: elaborado pelos autores.

A Figura 109 apresenta o ajuste estatístico dos pontos da série histórica


com os valores previstos na distribuição de Gumbel, mostrando o bom ajuste
dos dados (coeficiente angular e R² próximos de 1).

Figura 109 - Ajuste da série histórica do posto D4-083 à distribuição probabilística de Gumbel.
160
Precipitação máxima diária estimada
pela distribuição de Gumbel (mm)

140

120

100

80

60

40

20 y = 1,0003x
R² = 0,9987
0
0 20 40 60 80 100 120 140
Precipitação máxima diária medida (mm)

Fonte: elaborado pelos autores.

Na Tabela 12 são apresentados os valores de precipitação máxima


diária no posto D4-083 para 2, 5, 10, 25, 50 e 100 anos.

111
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Tabela 12 - Precipitações máximas diárias para cada Tr para os dados do


posto D4-083.
Tr – Período de Retorno (em anos)
2 5 10 25 50 100
74,1 mm 95,2 mm 109,1 mm 126,7 mm 139,7 mm 152,7 mm
Fonte: elaborado pelos autores.

Na Tabela 13, são apresentadas as alturas pluviométricas


correspondentes a cada duração sub-diária, calculadas utilizando os
coeficientes de desagregação (CETESB, 1986) também indicados na mesma
tabela.

Tabela 13 – Desagregação temporal da precipitação do posto D4-083.


Relação entre Coeficiente de Altura pluviométrica (mm) para cada período de retorno (Tr)
alturas desagregação
pluviométricas (CETESB, 1986) 2 anos 5 anos 10 anos 25 anos 50 anos 100 anos
05 min / 30 min 0,34 8,9 11,4 13,0 15,1 16,7 18,2
10 min / 30 min 0,54 14,1 18,0 20,7 24,0 26,5 29,0
15 min / 30 min 0,70 18,2 23,4 26,8 31,1 34,4 37,5
20 min / 30 min 0,81 21,1 27,1 31,0 36,0 39,8 43,4
25 min / 30 min 0,91 23,7 30,4 34,9 40,5 44,7 48,8
30 min / 1 hora 0,74 26,0 33,4 38,3 44,5 49,1 53,6
01 h / 24 horas 0,42 35,2 45,2 51,8 60,1 66,3 72,5
06 h / 24 horas 0,72 60,3 77,4 88,8 103,1 113,7 124,2
08 h / 24 horas 0,78 65,3 83,9 96,2 111,7 123,2 134,6
10 h / 24 horas 0,82 68,7 88,2 101,1 117,4 129,5 141,5
12 h / 24 horas 0,85 71,2 91,4 104,8 121,7 134,2 146,7
24 horas 1,13 83,8 107,5 123,3 143,2 157,9 172,6
Fonte: elaborado pelos autores.

• E3-017:
A Figura 110 indica os valores máximos de precipitação diária medida
no posto E3-017 para cada ano hidrológico (período compreendido entre o
início da estação chuvosa de um ano e o seguinte para a região). O ano
hidrológico inicia-se em outubro, e encerra-se em setembro do ano seguinte. A
linha vermelha indica a tendência histórica para a média das precipitações
máximas diárias.

112
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Figura 110 - Precipitações máximas diárias anuais por ano hidrológico (posto E3-017).
180

Precipitação máxima diária (mm)


160

140

120

100

80

60

40

20

0
1936
1938
1940
1942
1944
1946
1948
1950
1952
1954
1956
1958
1960
1962
1964
1966
1968
1970
1972
1974
1976
1978
1980
1982
1984
1986
1988
1990
1992
1994
Ano Hidrológico

Fonte: elaborado pelos autores.

A Figura 111 apresenta o ajuste estatístico dos pontos da série histórica


com os valores previstos na distribuição de Gumbel, mostrando o bom ajuste
dos dados (coeficiente angular e R² próximos de 1).

Figura 111 - Ajuste da série histórica do posto E3-017 à distribuição probabilística de Gumbel.
180
Precipitação máxima diária estimada
pela distribuição de Gumbel (mm)

160

140

120

100

80

60

40

20 y = 1,0001x
R² = 0,9981
0
0 50 100 150 200
Precipitação máxima diária medida (mm)

Fonte: elaborado pelos autores.

Na Tabela 14 são apresentados os valores de precipitação máxima


diária no posto E3-017 para 2, 5, 10, 25, 50 e 100 anos.

113
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Tabela 14 - Precipitações máximas diárias para cada Tr para os dados do


posto E3-017.
Tr – Período de Retorno (em anos)
2 5 10 25 50 100
75,6 mm 102,3 mm 120,0 mm 142,4 mm 159,0 mm 175,4 mm
Fonte: elaborado pelos autores.

Na Tabela 15, são apresentadas as alturas pluviométricas


correspondentes a cada duração sub-diária, calculadas utilizando os
coeficientes de desagregação (CETESB, 1986) também indicados na mesma
tabela.

Tabela 15 – Desagregação temporal da precipitação do posto E3-017.


Relação entre Coeficiente de Altura pluviométrica (mm) para cada período de retorno (Tr)
alturas desagregação
pluviométricas (CETESB, 1986) 2 anos 5 anos 10 anos 25 anos 50 anos 100 anos
05 min / 30 min 0,34 9,0 12,2 14,3 17,0 19,0 20,9
10 min / 30 min 0,54 14,3 19,4 22,8 27,0 30,1 33,3
15 min / 30 min 0,70 18,6 25,2 29,5 35,0 39,1 43,1
20 min / 30 min 0,81 21,5 29,1 34,1 40,5 45,2 49,9
25 min / 30 min 0,91 24,2 32,7 38,4 45,5 50,8 56,1
30 min / 1 hora 0,74 26,5 35,9 42,1 50,0 55,8 61,6
01 h / 24 horas 0,42 35,9 48,6 57,0 67,6 75,4 83,3
06 h / 24 horas 0,72 61,5 83,2 97,6 115,8 129,3 142,7
08 h / 24 horas 0,78 66,6 90,2 105,8 125,5 140,1 154,6
10 h / 24 horas 0,82 70,0 94,8 111,2 131,9 147,3 162,6
12 h / 24 horas 0,85 72,6 98,3 115,3 136,8 152,7 168,5
24 horas 1,13 85,4 115,6 135,6 160,9 179,6 198,2
Fonte: elaborado pelos autores.

• E3-025:
A Figura 112 indica os valores máximos de precipitação diária medida
no posto E3-025 para cada ano hidrológico (período compreendido entre o
início da estação chuvosa de um ano e o seguinte para a região). O ano
hidrológico inicia-se em outubro, e encerra-se em setembro do ano seguinte. A
linha vermelha indica a tendência histórica para a média das precipitações
máximas diárias.

114
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Figura 112 - Precipitações máximas diárias anuais por ano hidrológico (posto E3-025).
160

Precipitação máxima diária (mm)


140

120

100

80

60

40

20

0
1936
1937
1938
1939
1940
1941
1942
1943
1944
1945
1946
1947
1948
1949
1950
1951
1952
1953
1954
1955
1956
1957
1958
1959
1960
1961
1962
1963
1964
1965
1966
1967
1968
1969
1970
1971
Ano Hidrológico

Fonte: elaborado pelos autores.

A Figura 113 apresenta o ajuste estatístico dos pontos da série histórica


com os valores previstos na distribuição de Gumbel, mostrando o bom ajuste
dos dados (coeficiente angular e R² próximos de 1).

Figura 113 - Ajuste da série histórica do posto E3-025 à distribuição probabilística de Gumbel.
160
Precipitação máxima diária estimada
pela distribuição de Gumbel (mm)

140

120

100

80

60

40

20 y = 0,9971x
R² = 0,9916
0
0 20 40 60 80 100 120 140 160
Precipitação máxima diária medida (mm)

Fonte: elaborado pelos autores.

Na Tabela 16 são apresentados os valores de precipitação máxima


diária no posto E3-025 para 2, 5, 10, 25, 50 e 100 anos.

115
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Tabela 16 - Precipitações máximas diárias para cada Tr para os dados do


posto E3-025.
Tr – Período de Retorno (em anos)
2 5 10 25 50 100
72,2 mm 93,9 mm 108,2 mm 126,3 mm 139,7 mm 153,0 mm
Fonte: elaborado pelos autores.

Na Tabela 17, são apresentadas as alturas pluviométricas


correspondentes a cada duração sub-diária, calculadas utilizando os
coeficientes de desagregação (CETESB, 1986) também indicados na mesma
tabela.

Tabela 17 – Desagregação temporal da precipitação do posto E3-025.


Relação entre Coeficiente de Altura pluviométrica (mm) para cada período de retorno (Tr)
alturas desagregação
pluviométricas (CETESB, 1986) 2 anos 5 anos 10 anos 25 anos 50 anos 100 anos
05 min / 30 min 0,34 8,6 11,2 12,9 15,1 16,7 18,3
10 min / 30 min 0,54 13,7 17,8 20,5 24,0 26,5 29,0
15 min / 30 min 0,70 17,8 23,1 26,6 31,0 34,3 37,6
20 min / 30 min 0,81 20,5 26,7 30,8 35,9 39,7 43,5
25 min / 30 min 0,91 23,1 30,0 34,6 40,4 44,7 48,9
30 min / 1 hora 0,74 25,4 33,0 38,0 44,4 49,1 53,8
01 h / 24 horas 0,42 34,3 44,5 51,3 59,9 66,3 72,6
06 h / 24 horas 0,72 58,8 76,4 88,0 102,8 113,7 124,5
08 h / 24 horas 0,78 63,7 82,7 95,4 111,3 123,1 134,9
10 h / 24 horas 0,82 66,9 87,0 100,3 117,0 129,5 141,8
12 h / 24 horas 0,85 69,4 90,2 103,9 121,3 134,2 147,0
24 horas 1,13 81,6 106,1 122,3 142,7 157,9 172,9
Fonte: elaborado pelos autores.

• E3-084:
A Figura 114 indica os valores máximos de precipitação diária medida
no posto E3-084 para cada ano hidrológico (período compreendido entre o
início da estação chuvosa de um ano e o seguinte para a região). O ano
hidrológico inicia-se em outubro, e encerra-se em setembro do ano seguinte. A
linha vermelha indica a tendência histórica para a média das precipitações
máximas diárias.

116
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Figura 114 - Precipitações máximas diárias anuais por ano hidrológico (posto E3-084).
140

Precipitação máxima diária (mm)


120

100

80

60

40

20

0
1941
1942
1943
1944
1945
1946
1947
1948
1949
1950
1951
1952
1953
1954
1955
1956
1957
1958
1959
1960
1961
1962
1963
1964
1965
1966
1967
1968
1969
1970
1971
1972
Ano Hidrológico

Fonte: elaborado pelos autores.

A Figura 115 apresenta o ajuste estatístico dos pontos da série histórica


com os valores previstos na distribuição de Gumbel, mostrando o bom ajuste
dos dados (coeficiente angular e R² próximos de 1).

Figura 115 - Ajuste da série histórica do posto E3-084 à distribuição probabilística de Gumbel.
140
Precipitação máxima diária estimada
pela distribuição de Gumbel (mm)

120

100

80

60

40

20 y = 1,0009x
R² = 0,9996
0
0 20 40 60 80 100 120 140
Precipitação máxima diária medida (mm)

Fonte: elaborado pelos autores.

Na Tabela 18 são apresentados os valores de precipitação máxima


diária no posto E3-084 para 2, 5, 10, 25, 50 e 100 anos.

117
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Tabela 18 - Precipitações máximas diárias para cada Tr para os dados do


posto E3-084.
Tr – Período de Retorno (em anos)
2 5 10 25 50 100
76,8 mm 95,8 mm 108,4 mm 124,4 mm 136,2 mm 147,9 mm
Fonte: elaborado pelos autores.

Na Tabela 19, são apresentadas as alturas pluviométricas


correspondentes a cada duração sub-diária, calculadas utilizando os
coeficientes de desagregação (CETESB, 1986) também indicados na mesma
tabela.

Tabela 19 – Desagregação temporal da precipitação do posto E3-084.


Relação entre Coeficiente de Altura pluviométrica (mm) para cada período de retorno (Tr)
alturas desagregação
pluviométricas (CETESB, 1986) 2 anos 5 anos 10 anos 25 anos 50 anos 100 anos
05 min / 30 min 0,34 9,2 11,4 12,9 14,9 16,3 17,7
10 min / 30 min 0,54 14,6 18,2 20,6 23,6 25,8 28,1
15 min / 30 min 0,70 18,9 23,6 26,7 30,6 33,5 36,4
20 min / 30 min 0,81 21,8 27,3 30,8 35,4 38,7 42,1
25 min / 30 min 0,91 24,5 30,6 34,7 39,7 43,5 47,3
30 min / 1 hora 0,74 27,0 33,6 38,1 43,7 47,8 52,0
01 h / 24 horas 0,42 36,4 45,5 51,5 59,0 64,6 70,2
06 h / 24 horas 0,72 62,4 78,0 88,2 101,2 110,8 120,4
08 h / 24 horas 0,78 67,7 84,4 95,6 109,6 120,0 130,4
10 h / 24 horas 0,82 71,1 88,8 100,5 115,2 126,2 137,1
12 h / 24 horas 0,85 73,7 92,0 104,1 119,5 130,8 142,1
24 horas 1,13 86,7 108,3 122,5 140,5 153,9 167,2
Fonte: elaborado pelos autores.

• E4-062:
A Figura 116 indica os valores máximos de precipitação diária medida
no posto E4-062 para cada ano hidrológico (período compreendido entre o
início da estação chuvosa de um ano e o seguinte para a região). O ano
hidrológico inicia-se em outubro, e encerra-se em setembro do ano seguinte. A
linha vermelha indica a tendência histórica para a média das precipitações
máximas diárias.

118
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Figura 116 - Precipitações máximas diárias anuais por ano hidrológico (posto E4-062).
160

Precipitação máxima diária (mm)


140

120

100

80

60

40

20

Total…
1963
1965
1967
1969
1971
1973
1975
1977
1979
1981
1983
1985
1987
1989
1991
1993
1995
1997
1999
2001
Ano Hidrológico

Fonte: elaborado pelos autores.

A Figura 117 apresenta o ajuste estatístico dos pontos da série histórica


com os valores previstos na distribuição de Gumbel, mostrando o bom ajuste
dos dados (coeficiente angular e R² próximos de 1).

Figura 117 - Ajuste da série histórica do posto E4-062 à distribuição probabilística de Gumbel.
160
Precipitação máxima diária estimada
pela distribuição de Gumbel (mm)

140

120

100

80

60

40

20 y = 1,0008x
R² = 0,9987
0
0 20 40 60 80 100 120 140 160
Precipitação máxima diária medida (mm)

Fonte: elaborado pelos autores.

Na Tabela 20 são apresentados os valores de precipitação máxima


diária no posto E4-062 para 2, 5, 10, 25, 50 e 100 anos.

119
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Tabela 20 - Precipitações máximas diárias para cada Tr para os dados do


posto E4-062.
Tr – Período de Retorno (em anos)
2 5 10 25 50 100
85,7 mm 110,8 mm 127,4 mm 148,4 mm 164,0 mm 179,5 mm
Fonte: elaborado pelos autores.

Na Tabela 21, são apresentadas as alturas pluviométricas


correspondentes a cada duração sub-diária, calculadas utilizando os
coeficientes de desagregação (CETESB, 1986) também indicados na mesma
tabela.

Tabela 21 – Desagregação temporal da precipitação do posto E4-062.


Relação entre Coeficiente de Altura pluviométrica (mm) para cada período de retorno (Tr)
alturas desagregação
pluviométricas (CETESB, 1986) 2 anos 5 anos 10 anos 25 anos 50 anos 100 anos
05 min / 30 min 0,34 10,2 13,2 15,2 17,7 19,6 21,4
10 min / 30 min 0,54 16,3 21,0 24,2 28,2 31,1 34,0
15 min / 30 min 0,70 21,1 27,2 31,3 36,5 40,3 44,1
20 min / 30 min 0,81 24,4 31,5 36,3 42,2 46,7 51,1
25 min / 30 min 0,91 27,4 35,4 40,7 47,4 52,4 57,4
30 min / 1 hora 0,74 30,1 38,9 44,8 52,1 57,6 63,0
01 h / 24 horas 0,42 40,7 52,6 60,5 70,5 77,8 85,2
06 h / 24 horas 0,72 69,7 90,2 103,7 120,8 133,5 146,0
08 h / 24 horas 0,78 75,5 97,7 112,3 130,8 144,6 158,2
10 h / 24 horas 0,82 79,4 102,7 118,1 137,5 152,0 166,3
12 h / 24 horas 0,85 82,3 106,4 122,4 142,6 157,5 172,4
24 horas 1,13 96,8 125,2 144,0 167,7 185,3 202,8
Fonte: elaborado pelos autores.

• E4-123:
A Figura 118 indica os valores máximos de precipitação diária medida
no posto E4-123 para cada ano hidrológico (período compreendido entre o
início da estação chuvosa de um ano e o seguinte para a região). O ano
hidrológico inicia-se em outubro, e encerra-se em setembro do ano seguinte. A
linha vermelha indica a tendência histórica para a média das precipitações
máximas diárias.

120
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Figura 118 - Precipitações máximas diárias anuais por ano hidrológico (posto E4-123).
160

Precipitação máxima diária (mm)


140

120

100

80

60

40

20

0
1970
1971
1972
1973
1974
1975
1976
1977
1978
1979
1980
1981
1982
1983
1984
1985
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
Ano Hidrológico

Fonte: elaborado pelos autores.

A Figura 119 apresenta o ajuste estatístico dos pontos da série histórica


com os valores previstos na distribuição de Gumbel, mostrando o bom ajuste
dos dados (coeficiente angular e R² próximos de 1).

Figura 119 - Ajuste da série histórica do posto E4-123 à distribuição probabilística de Gumbel.
160
Precipitação máxima diária estimada
pela distribuição de Gumbel (mm)

140

120

100

80

60

40

20 y = 1,0002x
R² = 0,9967
0
0 20 40 60 80 100 120 140 160
Precipitação máxima diária medida (mm)

Fonte: elaborado pelos autores.

Na Tabela 22 são apresentados os valores de precipitação máxima


diária no posto E4-123 para 2, 5, 10, 25, 50 e 100 anos.

121
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Tabela 22 - Precipitações máximas diárias para cada Tr para os dados do


posto E4-123.
Tr – Período de Retorno (em anos)
2 5 10 25 50 100
70,9 mm 95,0 mm 111,0 mm 131,2 mm 146,1 mm 161,0 mm
Fonte: elaborado pelos autores.

Na Tabela 23 são apresentadas as alturas pluviométricas


correspondentes a cada duração sub-diária, calculadas utilizando os
coeficientes de desagregação (CETESB, 1986) também indicados na mesma
tabela.

Tabela 23 – Desagregação temporal da precipitação do posto E4-123.


Relação entre Coeficiente de Altura pluviométrica (mm) para cada período de retorno (Tr)
alturas desagregação
pluviométricas (CETESB, 1986) 2 anos 5 anos 10 anos 25 anos 50 anos 100 anos
05 min / 30 min 0,34 8,5 11,3 13,3 15,7 17,5 19,2
10 min / 30 min 0,54 13,5 18,0 21,1 24,9 27,7 30,5
15 min / 30 min 0,70 17,4 23,4 27,3 32,3 35,9 39,6
20 min / 30 min 0,81 20,2 27,0 31,6 37,3 41,6 45,8
25 min / 30 min 0,91 22,7 30,4 35,5 41,9 46,7 51,5
30 min / 1 hora 0,74 24,9 33,4 39,0 46,1 51,3 56,5
01 h / 24 horas 0,42 33,7 45,1 52,7 62,3 69,4 76,4
06 h / 24 horas 0,72 57,7 77,3 90,3 106,7 118,9 131,0
08 h / 24 horas 0,78 62,5 83,8 97,8 115,6 128,8 141,9
10 h / 24 horas 0,82 65,7 88,1 102,9 121,6 135,4 149,2
12 h / 24 horas 0,85 68,1 91,3 106,6 126,0 140,4 154,6
24 horas 1,13 80,2 107,4 125,4 148,2 165,1 181,9
Fonte: elaborado pelos autores.

Adicionalmente, seguindo as recomendações do U.S. Weather Bureau, a


altura pluviométrica total também deve ser corrigida em função da área de cada
sub-bacia e a duração da chuva de projeto, usando as relações entre chuva no
ponto e chuva na área, comumente referidas na literatura especializada como
sendo a letra K (Figura 120).
A adoção de sub-bacias de dimensões reduzidas, tendo a maior cerca
de 45 km² e as demais próximas a 10 km² permite adotar, a favor da
segurança, K = 1,00 para todas elas.

122
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Figura 120 – Curvas de relação entre chuva no ponto e chuva na área.

Fonte: U.S. Weather Bureau apud Cetesb (1986)

Depois de realizada a análise estatística de cada um dos postos


pluviométricos, o valor da altura pluviométrica máxima diária para cada período
de recorrência para cada sub-bacia foi estimado através de uma ponderação
por meio do inverso do quadrado das distâncias planares entre os centroides
das sub-bacias e as localizações dos postos pluviométricos (Figura 121).

Figura 121 – Localização espacial dos postos pluviométricos utilizados na análise e área de
estudo considerada (mapa ilustrativo – sem escala; a posição dos postos pluviométricos está
correta).

Fonte: elaborado pelos autores.

123
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Dados hidrológicos são variáveis aleatórias, pois apresentam variações


sazonais que podem vir a ser irregulares e isto possibilita a ocorrência de
extremos.
Assim, sempre se associam as variáveis hidrológicas a uma
probabilidade de ocorrência, o que permite se valer da teoria estatística para
avaliar fenômenos hidrológicos com determinada magnitude para determinado
período de retorno, ou recorrência.
O período de recorrência pode ser definido como sendo o intervalo
médio de anos para um dado evento hidrológico ser igualado ou superado.
Assim, foi realizada uma previsão de valores, associada ao risco da
ocorrência do fenômeno hidrológico, utilizando-se distribuições de
probabilidade. Em estudos hidrológicos de eventos extremos, as distribuições
de probabilidade mais usuais são: Normal, Log Normal, Gama, Gumbel e Log
Pearson tipo III.
Recomenda-se para estudos hidrológicos no Estado de São Paulo a
adoção da distribuição de Gumbel, por costumeiramente apresentar bom ajuste
com os dados de pluviometria deste Estado, com base na experiência deste
Instituto em análises estatísticas de dados de precipitação.
Finalizada a análise estatística, a qual resultou nos valores máximos
diários de precipitação associados aos períodos de retorno escolhidos (2, 5, 10,
25, 50 e 100 anos) para cada sub-bacia. Estes valores foram transformados em
precipitação máxima de 24 horas por meio da aplicação do fator de 1,13
(CETESB, 1986).
Este trabalho optou pela divisão da área de estudo em sub-bacias de
médio porte, portanto, a duração da precipitação de projeto é sub-diária; nestes
casos, devem ser utilizados critérios de desagregação da chuva (CETESB,
1986) para obtenção da precipitação de projeto, como os apresentados na
Tabela 24.

124
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Tabela 24 – Coeficientes de desagregação das chuvas diárias de acordo com a


duração da chuva de projeto.
Coeficiente de desagregação temporal
Relação entre alturas pluviométricas
da chuva diária
05 min / 30 min 0,34
10 min / 30 min 0,54
15 min / 30 min 0,70
20 min / 30 min 0,81
25 min / 30 min 0,91
30 min / 1 hora 0,74
01 h / 24 horas 0,42
06 h / 24 horas 0,72
08 h / 24 horas 0,78
10 h / 24 horas 0,82
12 h / 24 horas 0,85
24 horas 1,13
Fonte: adaptado de Cetesb (1986).

A Tabela 25 apresenta um resumo das alturas pluviométricas totais de


cada uma das chuvas de projeto adotadas para cada sub-bacia.
As chuvas de projeto totais constantes da Tabela 25 devem ser
discretizadas em intervalos menores, denominados de durações unitárias – du,
com du = 0,133tc seguindo-se as recomendações expostas em DNIT (2005). A
quantidade de chuva precipitada em cada intervalo de tempo segue os critérios
definidos em cada um dos quatro quartis de Huff, seguindo as orientações
dispostas em Tomaz (2011) e apresentadas na Tabela 26.

125
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Tabela 25 – Resumo das chuvas de projeto adotadas em cada sub-bacia.


Duração Altura pluviométrica total (mm)
Sub-
Área (km²) chuva de TR2 TR5 TR10 TR25 TR50 TR100
bacia
projeto (min)
SB-1 43,77 245 56,8 72,3 82,6 95,7 105,3 114,9
SB-2 5,49 60 36,7 46,8 53,5 62,0 68,3 74,5
SB-3 5,95 70 40,0 52,5 60,7 71,1 78,8 86,5
SB-4 14,93 105 46,5 59,5 68,2 79,1 87,2 95,2
SB-5 7,95 90 42,5 54,5 62,4 72,5 80,0 87,4
SB-6 5,62 60 37,0 47,4 54,3 63,1 69,6 76,0
SB-7 10,48 90 44,4 57,9 66,8 78,1 86,5 94,8
SB-8 5,61 70 45,5 58,9 67,8 79,0 87,3 95,5
SB-9 7,43 90 42,7 55,1 63,3 73,6 81,3 88,9
SB-10 22,26 120 46,1 58,9 67,3 78,0 85,9 93,8
SB-11 6,94 70 41,6 55,0 63,8 75,0 83,3 91,6
SB-12 8,80 90 45,3 58,3 67,0 77,9 86,0 94,0
SB-13 12,92 120 47,2 61,0 70,1 81,6 90,2 98,6
SB-14 6,12 90 41,5 52,8 60,3 69,7 76,7 83,7
SB-15 14,51 60 38,9 51,2 59,3 69,7 77,3 84,9
SB-16 12,14 80 45,4 58,8 67,7 78,9 87,2 95,5
SB-17 2,38 35 30,0 38,8 44,6 51,9 57,4 62,8
SB-18 6,49 70 39,1 51,3 59,3 69,5 77,1 84,6
SB-19 9,98 90 49,3 63,8 73,4 85,5 94,5 103,4
SB-20 7,59 90 44,7 56,8 64,8 75,0 82,5 90,0
SB-21 7,57 90 41,8 54,8 63,4 74,3 82,3 90,3
SB-22 7,96 70 41,2 53,3 61,3 71,4 78,9 86,4
SB-23 10,39 70 40,8 52,4 60,0 69,7 76,9 84,0
SB-24 5,73 80 40,9 53,5 61,8 72,4 80,2 88,0
SB-25 15,02 105 47,2 62,3 72,3 84,9 94,2 103,5
SB-26 6,22 70 41,4 51,8 58,6 67,3 73,7 80,1
SB-27 7,14 90 42,1 55,3 64,0 75,1 83,2 91,4
SB-28 9,36 60 40,7 53,2 61,4 71,8 79,5 87,1
SB-29 14,24 105 45,7 58,8 67,5 78,4 86,5 94,6
SB-30 14,15 105 45,1 58,4 67,1 78,2 86,4 94,6
SB-31 0,86 40 36,0 46,8 53,9 62,9 69,5 76,2
SB-32 5,79 60 39,1 49,0 55,5 63,8 70,0 76,1
SB-33 3,53 60 37,4 48,4 55,7 65,0 71,9 78,7
SB-34 5,14 50 38,0 49,5 57,0 66,6 73,7 80,8
SB-35 7,87 70 45,5 58,9 67,8 79,0 87,3 95,6
SB-36 0,03 10 12,8 16,3 18,6 21,5 23,6 25,7
SB-37 8,55 80 43,1 56,1 64,7 75,6 83,7 91,7
SB-38 0,77 30 29,3 38,3 44,3 51,8 57,4 63,0
SB-39 3,79 50 34,3 43,7 50,0 57,9 63,8 69,6
SB-40 4,43 60 37,4 48,5 55,9 65,2 72,1 78,9
SB-41 10,03 80 42,6 54,0 61,6 71,1 78,2 85,2
SB-42 1,58 40 31,7 40,6 46,5 54,0 59,6 65,1
SB-43 17,95 120 46,1 59,3 68,0 79,1 87,3 95,4
SB-44 5,65 70 41,4 52,0 59,0 67,9 74,5 81,0
SB-45 6,62 80 40,3 52,2 60,0 69,9 77,2 84,5
SB-46 3,14 50 36,8 46,5 52,8 60,9 66,8 72,8
SB-47 9,32 90 42,2 54,7 63,0 73,4 81,1 88,8
SB-48 2,03 40 33,7 42,7 48,6 56,1 61,7 67,2
SB-49 0,00 5 4,4 5,7 6,6 7,7 8,5 9,3
SB-50 1,48 30 29,1 37,3 42,6 49,4 54,5 59,5
SB-51 3,41 50 35,1 45,7 52,7 61,5 68,0 74,5
SB-52 5,71 70 41,5 53,8 62,0 72,3 79,9 87,5
SB-54 16,13 105 44,9 58,3 67,1 78,3 86,5 94,8
SB-55 0,03 10 13,3 17,2 19,7 22,9 25,3 27,7
Fonte: elaborado pelos autores.

126
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Tabela 26 – Quartis de Huff – usados para discretização temporal das chuvas de projeto.
Porcentagem
Porcentagem acumulada do total precipitado
acumulada da
(em cada quartil de Huff)
duração da chuva
de projeto 1º quartil 2º quartil 3º quartil 4º quartil
5% 16 % 3% 3% 2%
10 % 33 % 8% 6% 5%
15 % 43 % 12 % 9% 8%
20 % 52 % 16 % 12 % 10 %
25 % 60 % 22 % 15 % 13 %
30 % 66 % 29 % 19 % 16 %
35 % 71 % 39 % 23 % 19 %
40 % 75 % 51 % 27 % 22 %
45 % 79 % 62 % 32 % 25 %
50 % 82 % 70 % 38 % 28 %
55 % 84 % 76 % 45 % 32 %
60 % 86 % 81 % 57 % 35 %
65 % 88 % 85 % 70 % 39 %
70 % 90 % 88 % 79 % 45 %
75 % 92 % 91 % 85 % 51 %
80 % 94 % 93 % 89 % 59 %
85 % 96 % 95 % 92 % 72 %
90 % 97 % 97 % 95 % 84 %
95 % 98 % 98 % 97 % 92 %
Fonte: adaptado de Tomaz (2011).

Exemplo de cálculo das chuvas de projeto para a Sub-bacia 1


Como forma de exemplificar a determinação das chuvas de projeto,
segue o cálculo passo a passo realizado com esta finalidade para a Sub-bacia
1 e Tr = 2 anos da área de estudo (Figura 122). O procedimento a seguir foi
efetuado de forma análoga para determinar as chuvas de projeto para os
demais períodos de recorrência para a sub-bacia 1 e, posteriormente, para
cada uma das sub-bacias.
Sub-bacia 1 - total de chuva acumulada para Tr = 2 anos (Tabela 27):
56,8 mm;
Duração da chuva de projeto (t): tcSB-1 = 242,4 min, portanto t = 240 min;
Duração unitária (du): du = 0,133 * tc = 32,2 min, adotado du = 30 min.

127
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Figura 122 – Exemplo de hietograma de projeto para a Sub-bacia 1 e Tr = 2 anos para os


quatro quartis de Huff.
Huff 1 Huff 2 Huff 3 Huff 4

25
Chuva no intervalo considerado
para Tr = 2 anos na SB-1 (mm) 20

15

10

0
30 60 90 120 150 180 210 240
Tempo decorrido desde o início do evento de precipitação
(min)
Fonte: elaborado pelos autores.

Tabela 27 – Planilha de cálculo da chuva de projeto para a Sub-bacia 1.


Porcentagem de precipitação no intervalo
Porcentagem acumulada do total precipitado
t (min) %t considerado
% Huff 1 % Huff 2 % Huff 3 % Huff 4 % Huff 1 % Huff 2 % Huff 3 % Huff 4
30 13 % 39,0 % 10,4 % 7,8 % 6,8 % 39,0 % 10,4 % 7,8 % 6,8 %
60 25 % 60,0 % 22,0 % 15,0 % 13,0 % 21,0 % 11,6 % 7,2 % 6,2 %
90 38 % 73,4 % 46,2 % 25,4 % 20,8 % 13,4 % 24,2 % 10,4 % 7,8 %
120 50 % 82,0 % 70,0 % 38,0 % 28,0 % 8,6 % 23,8 % 12,6 % 7,2 %
150 63 % 87,2 % 83,4 % 64,8 % 37,4 % 5,2 % 13,4 % 26,8 % 9,4 %
180 75 % 92,0 % 91,0 % 85,0 % 51,0 % 4,8 % 7,6 % 20,2 % 13,6 %
210 88 % 96,6 % 96,2 % 93,8 % 79,2 % 4,6 % 5,2 % 8,8 % 28,2 %
240 100 % 100 % 100 % 100 % 100 % 3,4 % 3,8 % 6,2 % 20,8 %

Porcentagem de precipitação no intervalo Precipitação no intervalo considerado –


t (min) %t considerado exemplo para Tr = 2 anos (chuva de projeto)
% Huff 1 % Huff 2 % Huff 3 % Huff 4 % Huff 1 % Huff 2 % Huff 3 % Huff 4
30 13 % 39,0 % 10,4 % 7,8 % 6,8 % 22,2 mm 5,9 mm 4,4 mm 3,9 mm
60 25 % 21,0 % 11,6 % 7,2 % 6,2 % 11,9 mm 6,6 mm 4,1 mm 3,5 mm
90 38 % 13,4 % 24,2 % 10,4 % 7,8 % 7,6 mm 13,7 mm 5,9 mm 4,4 mm
120 50 % 8,6 % 23,8 % 12,6 % 7,2 % 4,9 mm 13,5 mm 7,2 mm 4,1 mm
150 63 % 5,2 % 13,4 % 26,8 % 9,4 % 3,0 mm 7,6 mm 15,2 mm 5,3 mm
180 75 % 4,8 % 7,6 % 20,2 % 13,6 % 2,7 mm 4,3 mm 11,5 mm 7,7 mm
210 88 % 4,6 % 5,2 % 8,8 % 28,2 % 2,6 mm 3,0 mm 5,0 mm 16,0 mm
240 100 % 3,4 % 3,8 % 6,2 % 20,8 % 1,9 mm 2,2 mm 3,5 mm 11,8 mm
Total precipitado após 240 min: 56,8 mm
Fonte: elaborado pelos autores.

128
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Inserção dos dados meteorológicos no software HEC-HMS e das


especificações de controle
Os passos a seguir são necessários para a inserção dos dados
meteorológicos (neste caso, de precipitação) no modelo. Os dados irão
aparecer no Bacia Explorer, juntamente com os dados inseridos previamente.
Para tanto, clique em Components, em Create Component e, por fim,
em Meteorologic Model. Na tela que surgir (Figura 123), escolha um nome
para o modelo meteorológico, forneça uma descrição, caso necessário e clique
em Create. Esta opção é similar à criação do modelo de bacia hidrográfica.

Figura 123 – HEC-HMS – Tela de criação de um modelo meteorológico.

Fonte: elaborado pelos autores.

Observação: a opção Replace Missing, que aparece no modelo


meteorológico, deve ser modificada usando o Editor de Componentes para a
opção Set To Default, caso contrário o modelo não calculará corretamente os
intervalos de tempo com precipitação zero. Certifique-se de que a opção
Precipitation está configurada para Specified Hyetograph na mesma tela.
Para adicionar os hietogramas com as precipitações de projeto, é
necessário criar séries temporais utilizando o menu Components e a opção
Time-Series Data Manager. Na janela que se abrir, em Data Type, todos os
dados possíveis de serem trabalhados no HEC-HMS serão exibidos, devendo-
se escolher Precipitation Gages. O passo seguinte consiste em clicar New...,
definir um nome e, por fim, clicar em Create (Figura 124). Repita isso para

129
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

criar todos os hietogramas de projeto. Nesta etapa ainda não serão inseridos
os dados de chuva.

Figura 124 – HEC-HMS – Time-Series Data Manager. Criação das séries temporais de
precipitação.

Fonte: elaborado pelos autores.

No Bacia Explorer será criada a pasta Time-Series Data. Nesta, para


cada hietograma de projeto criado, é possível definir o Gage correspondente.
Para tanto, siga os passos da Figura 125.

Figura 125 – HEC-HMS – Time-Series Data Manager. Criação das séries temporais de
precipitação.

Fonte: elaborado pelos autores.

130
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Agora, é necessário associar o modelo da bacia com o meteorológico,


bastando para isso, selecionar o modelo meteorológico no Bacia Explorer e,
na aba Basins do Editor de Componentes, colocar Yes na opção Include
Subbasins (Figura 126).

Figura 126 – HEC-HMS – Associação do modelo da bacia ao modelo meteorológico.

Fonte: elaborado pelos autores.

Também é necessário criar uma especificação de controle para definir


os intervalos de tempo inicial e final da simulação. O ideal é definir um tempo
tal em que todo o hidrograma da cheia proporcionada pela precipitação de
projeto seja exibido, portanto, podem ser necessários testes até definir o
melhor intervalo de tempo para a resposta do modelo.
Esta especificação é definida no menu Components, opção Control
Specifications Manager de modo análogo aos demais componentes já criados
anteriormente. Com a especificação criada, basta selecioná-la no Bacia
Explorer, e definir o início e o fim da simulação, tal como é mostrado na Figura
127.

131
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Figura 127 – HEC-HMS – Definição do início e fim da simulação.

Fonte: elaborado pelos autores.

Finalmente, no menu Compute, opção Create Compute > Simulation


Run, define-se os parâmetros que irão possibilitar os cálculos do modelo,
bastando se executar e ler os resultados na aba Results do Bacia Explorer
(Figura 128).

Figura 128 – HEC-HMS – Exibição dos resultados da simulação.

Fonte: elaborado pelos autores.

Estes resultados podem ser copiados e colados em softwares de


planilha eletrônica ou no formato de tabela no editor de texto de sua

132
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

preferência. Neste exemplo, na planilha eletrônica foram calculados os valores


máximos de vazão para cada seção de controle e afluente e os respectivos
volumes escoados.
A Tabela 28 contém os resultados exportados diretamente da interface
do HEC-HMS que foram utilizados para a determinação das áreas inundáveis
da área piloto, sendo treze cenários de vazão, formados pela máxima vazão
em cada seção de controle no rio Capivari e pelas vazões máximas em cada
um dos afluentes do rio Capivari.
Neste exemplo, os resultados são relacionados ao cenário de
precipitação correspondente ao segundo quartil de Huff e o período de
recorrência igual a 5 anos.

Tabela 28 – Manipulação dos resultados exportados das simulações do HEC-HMS para


geração dos dados que serão utilizados para alimentar o modelo hidráulico. Valores de vazão
são expressos em m³/s e volumes em m³.
Trecho Seção Q1 Q2 Q3 Q4 Q5 Q6 Q7 Q8 Q9 Q10 Q11 Q12 Q13 Volume
Reach 16 132039 45,7 44,3 44 45,4 44,1 44,8 45,5 45,7 34,3 31,9 31,3 24,4 23,9 1087218
Reach 15 118407 45,7 47,9 47,8 45,7 47,9 46,1 45,7 45,7 37,4 35,3 34,7 28,3 27,9 1173558
Reach 14 103377 50,2 55,1 56,4 51,8 56,2 54 51,3 49,3 40,8 39 38,5 33 32,6 1338198
Reach 11 92949 52,3 38,7 43,6 52,6 42,6 51,7 52,6 51,8 42,8 41,3 40,8 35,9 35,6 1352766
Reach 9 66698 60,6 77,5 78 64,7 78,1 70,4 63,4 57,7 45,2 44,6 44,4 41,9 41,7 1847364
Reach 8 58126 69,1 60,2 65,8 71,5 64,6 72,8 70,8 66,8 45,8 45,3 45,2 43,2 43 1924962
Reach 7 52813 71,1 49,4 55,8 71,4 54,4 69,1 71,5 70 46,1 45,6 45,5 43,8 43,6 1983462
Reach 6 46953 70,8 60,3 59,9 69 59,8 65,4 69,6 71,4 46,9 46,2 46 44,5 44,4 2158482
Reach 4 30962 76,8 79,8 79,4 76 79,6 76,2 76,2 77,9 103,6 103,1 102,6 91,4 90,4 3292212
Reach 3 26077 76,7 72,4 75,8 77,1 75,2 77,8 76,9 76,8 101,8 103,1 103,1 96,5 95,6 3320514
Reach 2 23927 77 70,9 75 77,6 74,3 78,3 77,4 76,8 101,4 102,9 103,1 97,4 96,6 3330336
Reach 1 5967 68,3 46,1 52,7 67,1 51,3 64,4 67,5 68,9 90 93,6 94,5 99,6 99,6 3465588
Final 286 68 43,6 50,6 66,6 49,1 63,5 67 68,7 89,5 93,2 94,1 99,5 99,6 3465528
SB-1 59,5 59,5 59,5 59,5 59,5 59,5 59,5 59,5 59,5 59,5 59,5 59,5 59,5 848964
SB-2 19,6 19,6 19,6 19,6 19,6 19,6 19,6 19,6 19,6 19,6 19,6 19,6 19,6 61482
SB-3 1,1 1,1 1,1 1,1 1,1 1,1 1,1 1,1 1,1 1,1 1,1 1,1 1,1 3750
SB-5 14,8 14,8 14,8 14,8 14,8 14,8 14,8 14,8 14,8 14,8 14,8 14,8 14,8 73566
SB-6 16,5 16,5 16,5 16,5 16,5 16,5 16,5 16,5 16,5 16,5 16,5 16,5 16,5 51678
SB-9 7,6 7,6 7,6 7,6 7,6 7,6 7,6 7,6 7,6 7,6 7,6 7,6 7,6 33564
SB-10 40,9 40,9 40,9 40,9 40,9 40,9 40,9 40,9 40,9 40,9 40,9 40,9 40,9 255612
SB-13 15,1 15,1 15,1 15,1 15,1 15,1 15,1 15,1 15,1 15,1 15,1 15,1 15,1 95310
SB-17 8,4 8,4 8,4 8,4 8,4 8,4 8,4 8,4 8,4 8,4 8,4 8,4 8,4 16836
SB-18 13,2 13,2 13,2 13,2 13,2 13,2 13,2 13,2 13,2 13,2 13,2 13,2 13,2 49296
SB-21 21,4 21,4 21,4 21,4 21,4 21,4 21,4 21,4 21,4 21,4 21,4 21,4 21,4 108414
SB-24 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 9792
SB-27 3,4 3,4 3,4 3,4 3,4 3,4 3,4 3,4 3,4 3,4 3,4 3,4 3,4 15342
SB-33 7,8 7,8 7,8 7,8 7,8 7,8 7,8 7,8 7,8 7,8 7,8 7,8 7,8 26604
SB-45 15,4 15,4 15,4 15,4 15,4 15,4 15,4 15,4 15,4 15,4 15,4 15,4 15,4 66612

Fonte: elaborado pelos autores.

4.5.2.Modelagem hidráulica
As atividades relacionadas a este produto no período consistiram na
elaboração de modelagem hidráulica unidimensional em regime permanente do
rio Capivari visando a determinação das manchas de inundação decorrentes de
eventos de precipitação atrelados a diferentes probabilidades de ocorrência.

133
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

A modelagem hidráulica foi realizada com auxílio do software HEC-RAS


(River Analysis System), versão 5.0.7, desenvolvido pelo Centro de Engenharia
Hidrológica (Hydrologic Engineering Center) do Corpo de Engenheiros do
Exército dos EUA (US Army Corps of Engineers - USACE).

Download do software e configuração do computador


O software HEC-RAS está disponível para download no link:
https://www.hec.usace.army.mil/software/hecras/download.aspx.
Devido ao software ter sido desenvolvido pelo exército dos Estados
Unidos da América, é necessário configurar o computador com região, hora,
data e idioma, como “Estados Unidos” e “Inglês”. É necessário também fazer a
configuração numérica, com mudança do separador decimal para (.) e o de
milhar para (,), ou seja, trocar o ponto pela vírgula. Após realizar a instalação e
as configurações é recomendado reiniciar o computador.
Recomenda-se criar uma pasta num arquivo raiz para cada projeto que
será desenvolvido, evitando caminhos e nomes longos para os arquivos, assim
como não devem ser utilizados caracteres especiais como “_”, “ç” e acentos
gráficos de modo geral. Esse procedimento evita que ocorram “bugs” e erros
durante a modelagem.
Ao abrir o HEC-RAS é necessário fazer a configuração do sistema de
unidades que será adotada para os trabalhos. Em Options selecionar Unit
System (US Customary/SI) e selecionar System International (Metric
System) (Figura 129).

Figura 129 – Tela programa HEC-RAS e ícone para configuração do sistema de unidades.

Fonte: elaborado pelos autores.

134
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Dados de entrada do modelo


A etapa inicial, anterior às simulações da mancha de inundação, é
realizada por meio da preparação dos dados de entrada no programa HEC-
RAS. A base do modelo é feita a partir dos dados de informação do terreno da
área estudada, com auxílio da ferramenta RAS Mapper.
Para esse projeto foi utilizado o Modelo Digital de Terreno (MDT),
fornecido pela Prefeitura Municipal de Campinas, com resolução de 1 m, obtido
a partir de levantamento feito com perfilamento a laser, conhecido por Light
Detection and Ranging (LIDAR).
Os dados obtidos na modelagem hidrológica (HEC-HMS), finalizada em
etapa anterior deste projeto, também foram utilizados como dados de base
para as simulações hidráulicas. Os eventos de precipitação foram
transformados em hidrogramas de vazão excedente e as vazões de pico ao
longo do trânsito da cheia no rio Capivari foram inseridas em diferentes seções
de controle do modelo hidráulico, localizadas preferencialmente a jusante do
aporte de água proveniente dos afluentes principais do curso d’água.
Foram utilizadas também as informações obtidas em campo referentes
às singularidades presentes ao longo do rio Capivari, bem como as
características do leito no trecho estudado. Essas informações auxiliaram no
ajuste do coeficiente de Manning, feito por observação e semelhança com
valores indicados na literatura, consolidados em Tomaz (2011).

Entrada de dados geométricos no modelo hidráulico


A criação da geometria do rio em formato raster no software HEC-RAS
se inicia com a utilização da ferramenta de geoprocessamento RAS Mapper
(Figura 130). Essa ferramenta possibilita o desenvolvimento do pré-
processamento dos modelos hidráulicos criados no HEC-RAS e a avaliação
dos resultados de forma gráfica. Nela as feições de interesse ao modelo
hidráulico são editadas / digitalizadas diretamente sobre o modelo numérico do
terreno, o que torna a edição mais prática, pois já contempla a função SIG em
sua plataforma, substituindo as etapas de edição e exportação de geometria
feitas no HEC-GeoRAS, existente nas versões anteriores do software.

135
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Figura 130 – Tela inicial do programa HEC-RAS e ícone para abrir a aba da ferramenta RAS
Mapper para criação da geometria do rio.

Fonte: elaborado pelos autores.

A ferramenta RAS Mapper apresenta diferentes abas que possibilitam ao


usuário a inserção de múltiplos arquivos de imagens e shapes, além da edição
da geometria. Permite, também, o desenvolvimento de modelos de terreno
para uso em modelagem 2D e visualização de resultados de modelos 1D/2D.
Vários tipos de resultados da camada de mapa podem ser gerados, tais como:
profundidade da água; elevações da superfície da água; velocidade; limite de
inundação; e direção de fluxo. As abas existentes no RAS Mapper são:
Features, Geometries, Results, Map Layers e Terrains (Figura 131).

Figura 131 – Abas disponíveis para edição gráfica na ferramenta RAS Mapper.

Fonte: elaborado pelos autores.

A inserção do modelo numérico do terreno é feita na aba Terrains, com


a função Add Existing RAS Terrain (Figura 132). Na sequência, seleciona-se
o arquivo de modelo de terreno disponível para o trabalho, que será adicionado
à tela para edição da geometria (Figura 133).

136
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Figura 132 – Função Terrains na ferramenta RAS Mapper, para inserção de modelo numérico
de terreno.

Fonte: elaborado pelos autores.

Figura 133 – Modelo Digital de Terreno utilizado no modelo hidráulico da área estudada.

Fonte: MDT: Prefeitura Municipal de Campinas, imagem obtida na ferramenta RAS


Mapper – software HEC-RAS, elaborado pelos autores.

A aba Map Layers permite a adição de mapas, sejam eles criados pelo
usuário ou disponíveis na internet, assim como inserção de imagem de satélite.
Para a inserção das imagens e ou mapas é necessário que, ao iniciar um
projeto no RAS Mapper, seja definida a projeção onde se está trabalhando,
para que o software utilize a referência geográfica como base. A definição da
projeção é feita a partir da função Tools e na sequência Set Projection for
Project (Figura 134). O arquivo .prj deve ser selecionado e depois de clicar no
botão OK acionar a função Map Layers com o botão direito do mouse, onde

137
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

uma janela com diferentes opções de inserção de produtos cartográficos estará


disponível (Figura 135).

Figura 134 – Função de ajuste da projeção geográfica no RAS Mapper.

Fonte: elaborado pelos autores.

Figura 135 – Função de inserção de mapas no RAS Mapper.

Fonte: elaborado pelos autores.

Após essas etapas é possível iniciar o traçado da geometria do rio, a


partir da aba Geometries, na função Add New Geometries (Figura 136). A
vetorização do rio deve ser feita seguindo a direção do fluxo, de montante para
jusante (Figura 137). Ao finalizar a edição deve-se dar um clique duplo com o
botão esquerdo do mouse. Nessa etapa uma janela será aberta para que seja
definido o nome do rio cuja geometria foi digitalizada.

138
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Figura 136 – Função de criação da geometria no RAS Mapper.

Fonte: elaborado pelos autores.

Figura 137 – Vetorização do rio Capivari no RAS Mapper.

Fonte: elaborado pelos autores.

Na sequência é feita a vetorização das margens do rio (Bank Lines) e a


delimitação do limite do caminho do fluxo lateral (Flow Path - correspondente à
planície de inundação) a partir da aba Geometries, nas funções Bank Lines e
Flow Path (Figura 138). As margens e os caminhos de fluxo também são
traçados de montante para jusante, iniciando-se pela margem esquerda. O
limite do caminho de fluxo lateral (Flow Path) também corresponde ao limite do
modelo hidráulico.
Para vetorização de afluentes, suas margens e caminho de fluxo utiliza-
se o mesmo procedimento descrito anteriormente.

139
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Figura 138 – Exemplo de vetorização das margens (linhas vermelhas) e limites do caminho do
fluxo (linhas na cor ciano) do rio Capivari no RAS Mapper.

Fonte: elaborado pelos autores.

No RAS Mapper este processo é feito manualmente, mas layers


existentes podem ser importadas para serem utilizadas como guia no traçado
destas feições, como as margens e os rios, por exemplo.
Após a definição dos traçados de geometria do rio e de seus afluentes
são criadas as seções transversais, a partir da aba Cross Sections, na função
Edit Geometry. As seções transversais são utilizadas para extrair os dados de
elevação do terreno e criar um perfil do solo do canal. O HEC-RAS utiliza a
intersecção das seções com as demais linhas criadas anteriormente para
calcular diversos parâmetros e dimensões, sendo assim, um número adequado
de seções transversais é necessário para proporcionar uma boa
representação, tanto do leito do canal como da planície de inundação.
Seções transversais precisam seguir os seguintes conceitos: (a) são
perpendiculares à direção do fluxo; (b) precisam ocupar toda a distância entre
as linhas que definem os limites da planície de inundação; (c) devem ser
traçadas da esquerda para a direita (olhando para jusante); e (d) uma seção
transversal não pode se cruzar com outra.
É recomendável colocar seções transversais sempre a montante e a
jusante de singularidades hidráulicas, curvas no curso d’água e, nos trechos
retos, idealmente uma seção a cada 500 m, pelo menos.

140
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Na Figura 139 é apresentado um trecho do rio Capivari com o traçado


das seções transversais definidas.
Figura 139 – Trecho do rio Capivari com seções transversais definidas no RAS Mapper.

Fonte: elaborado pelos autores.

Após a criação das seções transversais são efetuadas as definições de


seus atributos geométricos. Deve-se atentar às colunas da tabela de atributos e
verificar se existem valores inválidos ou iguais a zero (Figura 140). Caso isto
ocorra, pode ser necessário rever o traçado das seções transversais, a fim de
corrigir possíveis problemas em seu traçado. Na tela principal do HEC-RAS é
possível verificar e gerenciar as seções transversais criadas, bem como
apontar presença de diques e barreiras laterais ao canal por meio das abas
Edit and/ or Creat Cross Section → Cross Section Data (Figura 141).

Figura 140 – Tabela de atributos das seções transversais definidas no RAS Mapper.

Fonte: elaborado pelos autores.

141
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Figura 141 – Gerenciador das seções transversais - tela principal do HEC-RAS.

Fonte: elaborado pelos autores.

As etapas de vetorização da geometria criada podem ser salvas a


qualquer momento da digitalização, num arquivo criado no RAS Mapper por
meio da aba Save Geometry As e o arquivo completo por meio do comando
Save (Figura 142). O projeto criado também deve ser salvo por meio da aba
Save Project As na tela principal do HEC-RAS (Figura 143).

142
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Figura 142 – Tela do RAS Mapper– abas para salvar a geometria digitalizada e o projeto.

Fonte: elaborado pelos autores.

Figura 143 – Tela do menu principal do HEC-RAS – aba para salvar o projeto criado.

Fonte: elaborado pelos autores.

143
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Coeficiente de rugosidade - Manning


O coeficiente de rugosidade de Manning representa um cálculo
aproximado sobre a resistência ao escoamento de um canal, seja natural ou
artificial, e depende de alguns fatores como: características dos materiais que o
compõem (tamanho dos grãos), presença de rochas ou de sedimentos no leito,
ocorrência de processos de sedimentação e tipo de material depositado,
presença de vegetação (altura, tipo, densidade de árvores), se o rio é
canalizado ou não, tipo de material de revestimento em caso de canalizações,
presença de barreiras que possam obstruir o fluxo do canal e a variação do
nível d’água.
Os valores de rugosidade (“n”) de Manning foram adotados por
observação (pontos visitados em campo) e semelhança com valores indicados
em estudos de rios.
Para os trechos do leito do rio Capivari com presença de rochas e/ ou
grande quantidade de lixo utilizaram-se valores iguais a n = 0,080. Nos trechos
do leito do rio Capivari com predomínio de material areno-argiloso utilizaram-se
valores iguais a n = 0,035 e com predomínio de material areno-argilo-siltoso
valores iguais a n = 0,050. Adotou-se n = 0,12 para a planície de inundação,
conforme recomendações expostas em Tomaz (2011) e adaptadas de Chow
(1959) (Figura 144).

144
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Figura 144 – Coeficientes de rugosidade de Manning, segundo Chow (1959).

Fonte: Chow (1959).

A Figura 145 apresenta fotos de alguns locais que subsidiaram as


avaliações das condições do rio para a adoção do coeficiente de Manning em
seus diferentes trechos, tanto no rio Capivari quanto em seus afluentes.

145
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Figura 145 – Exemplos das condições do leito em alguns trechos do rio Capivari e de seus
afluentes utilizados para adoção dos valores do coeficiente de rugosidade de Manning.

a) Rio Capivari – Rodovia Lix da Cunha sob b) Rio Capivari – Estrada Municipal Cam-268. Leito
Rodovia dos Bandeirantes. Leito com rocha e areno-argiloso e presença de lixo. Coeficiente de
presença de lixo. Coeficiente de rugosidade de rugosidade de Manning = 0,035.
Manning = 0,080.

c) Afluente do rio Capivari – Avenida Luis Antonio d) Ribeirão Piçarrão - Av. Prefeito Magalhães
Pinheiro Porto nº 86. Sub-bacia hidrográfica do Teixeira sob Av. Prestes Maia. Trecho canalizado a
Córrego Friburgo. Leito areno-argiloso. Coeficiente céu aberto, com concreto. Coeficiente de
de rugosidade de Manning = 0,035. rugosidade de Manning = 0,015.

Fonte: elaborado pelos autores.

Simulações hidráulicas - Cálculo da mancha de inundação


O cálculo da mancha de inundação foi feito utilizando-se o modelo
permanente, por meio da aba Edit - Steady Flow Data ( ) do menu principal
do software HEC-RAS.
O software HEC-RAS subdivide o rio principal que está sendo analisado
em diferentes subtrechos, de acordo com os locais onde seus afluentes
desaguam. Para cada subtrecho é indicada a vazão de pico correspondente
aos valores A montante de cada Compartimento Hidrográfico (Figura 146). As

146
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

condições de contorno (Reach Boundary Conditions) adotadas foram


consideradas iguais à profundidade normal, como critério simplificador.

Figura 146 – Vazões e condições de contorno adotadas no rio Capivari e seus afluentes.

Fonte: elaborado pelos autores.

Para a realização dos cálculos na simulação hidráulica deve-se usar o

botão Perform a Steady Flow Simulation ( ), localizado no menu principal do


software HEC-RAS. São apresentadas três opções de regime de fluxo:
Subcritical, Supercritical e Mixed. É importante selecionar a opção
Floodplain Mapping para construção das manchas de inundação (Figura
147).

147
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Figura 147 – Opções para cálculo da mancha de inundação no regime permanente.

Fonte: elaborado pelos autores.

As manchas de inundação obtidas na simulação hidráulica podem ser


visualizadas no RAS Mapper, na aba Results (Figura 148).

Figura 148 – Visualização da mancha de inundação calculada na aba Results, RAS Mapper.

Fonte: elaborado pelos autores.

148
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

5. Análise e Comparação dos Resultados


O Capítulo 4 anterior abordou os procedimentos metodológicos
necessários à elaboração dos estudos de planejamento territorial, que estão
sendo considerados como o arcabouço tecnológico necessário ao balizamento
e à gestão dos territórios urbanos localizados nas áreas de influência direta dos
cursos d’água.
Antes de se fazer uma análise crítica e comparar os resultados obtidos
pelas três abordagens, convém destacar as diferenças metodológicas
existentes entre os mapeamentos da suscetibilidade do meio físico a
inundações e o de áreas inundáveis, que, embora sejam complementares em
sua essência, sua obtenção e resultados diferem por conta dos objetivos e
metodologia distinta.
De um lado, o mapeamento de suscetibilidade do meio físico a
inundações não leva em conta o principal fenômeno físico determinante para
sua ocorrência: a precipitação. Portanto, o resultado deste mapeamento está
associado à predisposição do meio físico a sofrer inundações.
Destaca-se também que, embora as classes de suscetibilidade tragam
uma informação que indiretamente está ligada à probabilidade da ocorrência do
fenômeno de inundação, esta ainda é de ordem qualitativa, não sendo possível
precisar com clareza que evento de precipitação e, consequentemente, a
probabilidade de ocorrência deste, provocará o fenômeno nas áreas mapeadas
como suscetíveis.
Por outro lado, no mapeamento das áreas inundáveis, a precipitação é
um dos parâmetros mais importantes da metodologia, pois é o dado de chuva
que, por meio da utilização de modelo hidrológico, se transforma nas vazões de
pico nos trechos das linhas de drenagem e, por fim, estas são utilizadas como
dado de entrada para um modelo hidráulico o qual permite estimar a geometria
da calha dos cursos d’água capaz de escoá-las.
Como os dados de precipitação foram produzidos a partir de uma
análise estatística de séries temporais, eles estão atrelados a uma
probabilidade de recorrência. Consequentemente, pode-se dizer que as
manchas de inundação por estes definidos também têm atreladas a elas a

149
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

mesma probabilidade. Desta forma, a probabilidade de ocorrência das áreas


inundáveis é definida de forma quantitativa.
Outro parâmetro utilizado no mapeamento das áreas inundáveis é o
padrão de ocupação e, desta forma, o grau de antropização das bacias
hidrográficas. Isto porque quanto maior a urbanização, maiores as taxas de
impermeabilização dos terrenos e, consequentemente, maiores as vazões nas
sub-bacias.
Desta forma, o mapeamento das áreas inundáveis pode ser utilizado
para subsidiar políticas de planejamento urbano e territorial, com a utilização de
estimativas climáticas tendenciais e de considerações quanto aos cenários de
ocupação do solo futuros nas sub-bacias hidrográficas.
Este tipo de mapeamento permite, por exemplo, realizar a priorização de
políticas públicas e ações afirmativas nas sub-bacias onde existe uma parcela
maior da população atingida por inundações de baixo período de recorrência
na condição de uso do solo atual ou em locais onde há a possibilidade
aumentada de uma parcela maior da população ser atingida pelos eventos de
inundação devido ao avanço da urbanização e impermeabilização dos terrenos.
De modo geral, o mapeamento de áreas inundáveis resulta em áreas
que são inferiores às áreas das planícies de inundação e das cartas de
suscetibilidade a inundações e que, muito provavelmente, não atingem os
terraços fluviais, por definição geomorfológica destas feições de relevo.
Entretanto, com o avanço da urbanização, com consequente aceleração
do escoamento e da impermeabilização proporcionada pela ocupação do solo
urbano, há incrementos significativos nas vazões de enchente e aumento das
probabilidades de recorrência destas (i.e. vazões maiores passam a acontecer
com maior frequência e menores magnitudes de precipitação), as quais podem
vir a atingir os terraços fluviais em situações de expressiva urbanização e
impermeabilização, sobretudo nos afluentes de menores dimensões.
A complementaridade entre os dois tipos de mapeamento ganha
relevância à medida que permite avaliar as consequências do grau de
antropização atual da bacia hidrográfica estudada e direcionar as políticas
ambientais futuras de modo a mitigar o binômio urbanização-
impermeabilização e, consequentemente, não agravar os riscos de inundações

150
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

já existentes e não submeter parcelas crescentes de população a estes,


preservando-se o meio ambiente e garantindo a sustentabilidade ambiental
necessária às populações urbanas futuras.
As análises apresentadas na sequência, ainda no presente Capítulo,
reforçam a complementaridade dos produtos apresentados no presente
documento e devem ser adotadas como um esboço das possíveis
considerações a serem adotadas com relação à cenarização da ocupação
urbana futura das bacias hidrográficas e que podem ser replicadas em bacias
hidrográficas localizadas em regiões periurbanas e de expansão urbana.

5.1. Impacto da urbanização em bacias hidrográficas


Normalmente, quando se estuda os inúmeros aspectos que envolvem a
água em meio urbano, há um claro enfoque na ocorrência das cheias urbanas.
Isto porque os problemas relacionados às cheias em área urbana são,
mundialmente, significativos, uma vez que muitas cidades desenvolveram suas
malhas urbanas ao longo dos leitos dos rios, o que, naturalmente, coloca em
risco a população periodicamente, na medida em que as drenagens
transbordam em consequência de chuvas intensas e concentradas.
Segundo Mirandola et al. (2005), processos de enchente e inundação
correspondem aos principais acidentes naturais que os municípios enfrentam
durante o período chuvoso, deflagrados por eventos pluviométricos intensos,
potencializados pela fragilidade natural dos terrenos e por formas inadequadas
de uso e ocupação do solo.
A urbanização das bacias hidrográficas aumenta a magnitude dos
impactos, à medida que impermeabiliza o solo e aumenta a capacidade de
produção de escoamento superficial, o qual passa a ocorrer de forma mais
intensa, mesmo em eventos pluviométricos de baixa magnitude e de maior
frequência de ocorrência.
Este incremento de vazão acaba por tornar progressivamente mais
dispendiosas as obras de drenagem, que precisam ser cada vez maiores, de
modo a não oferecer obstáculo ao escoamento dos cursos d’água, o que
ocasionaria o agravamento da situação de cheia urbana.

151
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

A impermeabilização de áreas extensas gera, como consequência, a


diminuição da absorção de águas pluviais pelo solo, alterando, assim, a
disponibilidade de recursos hídricos e o aumento do escoamento superficial,
que interfere no abastecimento da cidade e contribui para elevação do nível
d’água nas drenagens urbanas.
Ademais, a ocupação urbana ocorre após a remoção da cobertura
vegetal, que potencializa o efeito de perda de solo, ocasionando o
assoreamento dos cursos d’água, podendo provocar a redução de até 80 % da
capacidade original de vazão das drenagens urbanas (SANTOS, 2012).
Há, entretanto, outro aspecto importante a ser considerado quando se
estuda a água em meio urbano, que é o uso do recurso hídrico como fonte
primária de abastecimento da população, seja para consumo direto, como
também para utilização em atividades agrícolas (irrigação), dessedentação
animal e atividades industriais.
Com a urbanização ocorrendo de forma acelerada e, muitas vezes, com
falhas no planejamento urbano, tem-se importante conflito no uso da água para
consumo e no processo de urbanização das bacias hidrográficas.
De modo geral, conforme Tucci (1997), à medida que a cidade se
urbaniza, ocorrem os seguintes impactos:
• Aumento das vazões de enchente (máximas) devido ao aumento
da capacidade de escoamento e da impermeabilização das
superfícies naturais;
• Aumento da produção de sedimentos devido à perda de proteção
das superfícies e produção de resíduos sólidos;
• Deterioração da qualidade da água, devido a inúmeras fontes de
poluição, transporte de material sólido e ligações clandestinas de
esgoto sanitário e pluvial nos cursos d’água; e
• Redução nas vazões mínimas, de importância para a
disponibilidade hídrica, devido à redução na infiltração motivada
pela impermeabilização da superfície do terreno.
Vários autores resumem os impactos listados acima apontando as
modificações induzidas no ciclo da água por ocasião da urbanização (Figura
149), os quais poderiam ser mitigados com a adoção de políticas de

152
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

saneamento e de gestão do uso do solo urbano quando da elaboração dos


Planos Diretores Municipais e dos Planos de Macrodrenagem.

Figura 149 – Consequências da urbanização para o balanço hídrico.

Fonte: adaptado de Tucci (1997).

A urbanização muda não só de forma qualitativa e quantitativa as


diferentes componentes do balanço hídrico, mas também interfere na forma do
hidrograma resultante nas bacias hidrográficas (Figura 150), onde pode ser
percebido um incremento significativo nas vazões de pico e uma redução nas
vazões de maior permanência, essenciais para o aproveitamento dos
mananciais para abastecimento público.

Figura 150 – Consequências da urbanização para o hidrograma das bacias.

Fonte: adaptado de Tucci (1997).

153
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Por exemplo, a título de ilustração das prováveis consequências da


urbanização nos hidrogramas de enchente da bacia do córrego do Pinheirinho,
afluente do rio Jundiaí, que corta o município de Várzea Paulista, é possível
observar na Figura 151 nos resultados da modelagem hidrológica realizada
para três cenários distintos de ocupação um claro incremento nas vazões de
pico e na rápida redução nas vazões após a ocorrência de evento de chuva.

Figura 151 – Resultados de simulações hidrológicas na bacia do córrego do Pinheirinho,


em Várzea Paulista – SP, para três cenários prováveis de ocupação do solo na bacia.

Fonte: Mariano e Falcetta (2021).

A curva de permanência de vazões (Figura 152), portanto, sofre um


incremento nas vazões extremas, associadas a eventos cada vez mais severos
de inundação e uma redução importante nas vazões de permanência mais
longa, mínimas, essenciais para abastecimento público da população.

154
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Figura 152 – Curva de permanência de vazões. Impactos da urbanização.

Vazões extremas: tendem a aumentar.

Vazões mínimas: tendem a diminuir.

Fonte: adaptado de Tucci (1997).

É necessário, portanto, que sejam incorporados aos instrumentos de


planejamento urbano incentivos a adoção de técnicas de drenagem urbana que
visem o resgate da capacidade natural de controle de cheias, presentes nas
bacias sem influência humana, buscando promover a construção de estruturas
que visem reduzir a impermeabilização do solo das cidades, com a utilização
de pavimentos e telhados permeáveis, aumento das áreas verdes com alta
capacidade de infiltração etc.

5.2. Procedimentos adotados para simular a ocupação


futura e prever impactos nas vazões e volumes
escoados
Adicionalmente às simulações hidrológicas para a situação de ocupação
atual, recomendam-se adicionar nos estudos de planejamento urbano
simulações considerando cenários futuros de urbanização intensificada para as
bacias hidrográficas.
Esta atividade deve ser elaborada com foco em estimar alguns dos
impactos decorrentes da urbanização na bacia hidrográfica, sendo os
principais:
- Incremento nas vazões de pico, o que poderia acarretar inundações
caso as redes de macrodrenagem não comportem a vazão adicional; e

155
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

- Incremento nos volumes de escoamento superficial, os quais precisam


ser amortecidos por meio de estruturas de infiltração, retenção e detenção do
escoamento (popularmente chamadas de “piscinões”).
Para tanto, procede-se com a alteração dos parâmetros do modelo
hidrológico, quais sejam: coeficiente de escoamento (CN) e coeficiente de
abstração inicial (α).
Como é possível correlacionar a porcentagem de usos do solo urbanos
com o coeficiente de escoamento do método do Número da Curva (Figura
153), sugere-se realizar uma avaliação temporal do incremento dos usos do
solo urbanos na área de estudo considerados pelos levantamentos realizados
pelo projeto MapBiomas e, por meio de técnicas de análise de tendência,
estimar qual seria a ocupação urbana em uma data futura e, por fim,
determinando quais seriam os valores dos parâmetros a serem inseridos no
modelo hidrológico.

Figura 153 – Porcentagem de usos do solo urbanos versus coeficiente de escoamento.


100
superficial (CN) - Uso do solo atual

90
Coeficiente de escoamento

80
70
60
50
40
30
20
10 y = 60,977e0,2143x
R² = 0,7426
0
0,00% 20,00% 40,00% 60,00% 80,00% 100,00%
Porcentagem de usos do solo urbanos na sub-bacia - MapBiomas (2020)

Fonte: elaborado pelos autores.

O projeto MapBiomas consiste em uma iniciativa do Observatório do


Clima, cocriada e desenvolvida por uma rede multi-institucional envolvendo
universidades, ONGs e empresas de tecnologia com o propósito de mapear
anualmente a cobertura e uso da terra do Brasil e monitorar as mudanças do
território.
Para a área piloto, foram calculados os porcentuais de ocupação urbana
(classe 24 na Coleção 7 do MapBiomas) de cada uma das sub-bacias a cada 5

156
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

anos e aplicada a suavização exponencial para determinação da taxa de


urbanização prevista para 2050. Este resultado pode ser visto na Tabela 29 e
no gráfico na Figura 154.

Tabela 29 – Evolução dos usos de solo urbanos em cada uma das sub-bacias da área piloto.
Sub-
1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020 Est. 2050
bacia
SB-1 59,30% 62,10% 63,87% 66,14% 67,22% 66,66% 66,62% 67,18% 69,63%
SB-2 94,03% 96,75% 96,92% 97,16% 97,40% 97,52% 97,61% 97,84% 100,00%
SB-3 2,72% 5,19% 5,08% 5,69% 6,50% 6,50% 6,83% 7,58% 10,94%
SB-4 5,69% 7,69% 8,80% 10,10% 10,62% 10,91% 11,32% 11,39% 12,22%
SB-5 31,20% 38,96% 45,60% 51,18% 52,30% 54,96% 57,93% 59,41% 70,36%
SB-6 69,15% 86,65% 92,36% 93,67% 93,91% 94,45% 94,79% 95,35% 100,00%
SB-7 23,08% 26,81% 28,33% 29,80% 30,45% 30,95% 31,30% 31,53% 38,06%
SB-8 1,96% 3,77% 3,31% 3,24% 2,93% 2,52% 3,35% 3,63% 3,62%
SB-9 16,71% 28,65% 34,42% 40,20% 40,93% 40,81% 41,23% 42,32% 48,72%
SB-10 19,47% 22,37% 26,01% 27,58% 29,28% 44,48% 46,65% 47,39% 75,85%
SB-11 34,34% 40,31% 45,42% 55,16% 59,20% 63,43% 64,87% 65,66% 69,98%
SB-12 19,55% 23,53% 24,62% 25,40% 29,52% 30,43% 31,95% 32,38% 44,12%
SB-13 13,99% 19,52% 22,80% 28,70% 30,30% 30,84% 30,93% 31,10% 30,91%
SB-14 46,70% 58,42% 73,55% 81,55% 83,17% 84,78% 91,32% 94,01% 100,00%
SB-15 5,03% 7,14% 11,13% 12,58% 15,08% 18,80% 21,61% 23,14% 39,78%
SB-16 4,38% 7,33% 7,63% 10,53% 11,74% 11,58% 12,15% 12,25% 18,95%
SB-17 49,58% 62,30% 81,38% 92,95% 95,03% 95,59% 95,83% 96,84% 100,00%
SB-18 22,28% 30,05% 37,67% 46,84% 50,71% 53,28% 60,45% 62,17% 96,98%
SB-19 1,67% 3,58% 3,83% 4,71% 6,67% 6,58% 6,49% 6,57% 10,86%
SB-20 40,66% 46,41% 50,41% 53,60% 55,62% 58,92% 60,53% 60,89% 65,47%
SB-21 67,04% 86,65% 90,35% 93,92% 94,99% 96,08% 96,21% 96,86% 100,00%
SB-22 0,37% 0,81% 0,46% 0,24% 0,24% 0,32% 0,25% 0,25% 0,00%
SB-23 4,77% 5,68% 6,26% 6,99% 7,16% 7,37% 7,98% 8,22% 11,04%
SB-24 0,00% 0,00% 0,00% 0,17% 0,12% 0,00% 0,00% 0,00% 0,02%
SB-25 35,18% 43,43% 45,78% 49,79% 53,30% 56,99% 60,35% 61,04% 83,42%
SB-26 18,62% 22,98% 26,35% 26,90% 27,96% 29,96% 30,52% 30,72% 40,47%
SB-27 0,87% 1,50% 8,45% 11,92% 12,28% 12,16% 12,16% 12,16% 22,63%
SB-28 6,14% 9,13% 11,77% 16,72% 20,40% 21,54% 24,34% 24,67% 41,98%
SB-29 9,23% 12,16% 12,80% 14,04% 14,43% 14,69% 15,57% 15,52% 20,41%
SB-30 26,24% 28,27% 30,33% 32,24% 34,05% 35,39% 36,89% 37,58% 42,30%
SB-31 16,86% 21,87% 25,34% 27,65% 30,92% 34,97% 35,16% 35,07% 51,52%
SB-32 23,65% 31,13% 33,67% 34,55% 35,95% 37,95% 41,17% 41,68% 55,47%
SB-33 37,37% 52,51% 57,56% 66,11% 69,82% 73,93% 74,23% 74,73% 74,61%
SB-34 1,36% 1,20% 1,09% 1,68% 1,60% 1,70% 1,68% 1,39% 2,03%
SB-35 5,03% 6,54% 6,12% 6,51% 7,21% 7,46% 9,78% 10,38% 14,05%
SB-36 0,00% 0,00% 24,24% 24,24% 27,27% 27,27% 27,27% 27,27% 52,85%
(Continua)

157
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

(Continuação)
Tabela 29 – Evolução dos usos de solo urbanos em cada uma das sub-bacias da área piloto.
SB-37 3,72% 4,62% 5,54% 5,81% 5,83% 5,81% 5,89% 5,89% 7,49%
SB-38 54,33% 59,36% 59,79% 60,32% 60,53% 60,64% 61,39% 63,96% 69,55%
SB-39 45,82% 56,01% 62,29% 65,38% 66,55% 67,59% 68,33% 68,31% 85,18%
SB-40 5,82% 10,32% 10,41% 10,71% 10,78% 10,99% 12,53% 12,65% 17,11%
SB-41 3,43% 4,83% 5,18% 6,24% 6,54% 6,61% 6,80% 7,03% 9,90%
SB-42 60,39% 75,37% 77,56% 78,55% 79,02% 82,67% 85,39% 89,35% 100,00%
SB-43 15,94% 21,16% 22,45% 25,74% 28,56% 30,76% 32,84% 32,99% 48,26%
SB-44 1,63% 3,25% 3,37% 3,68% 3,70% 3,97% 4,46% 4,67% 6,78%
SB-45 62,84% 77,06% 81,91% 84,19% 87,05% 87,24% 87,96% 88,93% 100,00%
SB-46 37,21% 44,42% 48,45% 49,97% 50,74% 52,29% 56,24% 57,50% 72,88%
SB-47 27,59% 45,13% 52,45% 59,52% 62,55% 66,48% 68,79% 70,70% 100,00%
SB-48 23,99% 27,39% 29,74% 31,40% 32,82% 33,75% 35,33% 36,75% 46,97%
SB-49 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00%
SB-50 60,15% 68,59% 75,13% 77,47% 78,54% 80,04% 81,50% 82,90% 91,32%
SB-51 35,09% 40,67% 42,10% 45,79% 46,91% 49,67% 50,89% 50,84% 64,30%
SB-52 23,27% 32,40% 33,40% 38,56% 41,19% 44,90% 49,86% 52,34% 76,31%
SB-53 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00%
SB-54 5,09% 8,45% 12,97% 14,24% 15,24% 16,15% 16,23% 16,20% 25,29%
SB-55 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00%
Fonte: elaborado pelos autores.

Figura 154 – Evolução dos usos de solo urbanos - gráfico.


100,00%

90,00%

80,00%

70,00%

60,00%

50,00%

40,00%

30,00%

20,00%

10,00%

0,00%
1985 1995 2005 2015 2025 2035 2045

Fonte: elaborado pelos autores.

Para se estimar o valor de CN a ser adotado na modelagem hidrológica,


utilizou-se a expressão indicada na Figura 153 (ou seja, 𝑦 = 60,977 × 𝑒 0,2143𝑥 )
adotando para x os valores correspondentes à porcentagem de usos urbanos
em 2020 (considerada situação atual) e a porcentagem estimada para 2050
(situação futura). Determinou-se uma relação entre os valores de x obtidos

158
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

para ambos os cenários e, por fim, multiplicou-se este resultado pelo valor de
CN estimado para a situação atual em cada uma das sub-bacias (Tabela 30).

Tabela 30 – Valores de CN adotados no modelo hidrológico. Situação atual e futura estimada.


Sub-bacia x = 2020 (a) x = 2050 (b) (b) / (a) CN atual CN futuro
SB-1 70,443 70,830 1,005 70,029 70,414
SB-2 75,459 75,826 1,005 75,453 75,820
SB-3 61,624 62,090 1,008 54,943 55,359
SB-4 62,153 62,269 1,002 63,433 63,551
SB-5 69,225 70,947 1,025 69,252 70,975
SB-6 75,039 75,826 1,010 73,024 73,790
SB-7 65,026 65,987 1,015 65,809 66,781
SB-8 61,081 61,079 1,000 60,428 60,426
SB-9 66,621 67,584 1,014 62,744 63,651
SB-10 67,383 71,826 1,066 70,397 75,039
SB-11 70,203 70,887 1,010 71,058 71,750
SB-12 65,150 66,890 1,027 66,766 68,549
SB-13 64,964 64,936 1,000 64,968 64,940
SB-14 74,814 75,826 1,014 78,765 79,830
SB-15 63,814 66,242 1,038 63,781 66,208
SB-16 62,274 63,217 1,015 62,108 63,049
SB-17 75,290 75,826 1,007 75,736 76,276
SB-18 69,655 75,315 1,081 68,664 74,244
SB-19 61,484 62,080 1,010 62,142 62,743
SB-20 69,456 70,173 1,010 69,868 70,589
SB-21 75,295 75,826 1,007 74,474 75,000
SB-22 60,619 60,585 0,999 60,463 60,430
SB-23 61,713 62,105 1,006 62,258 62,653
SB-24 60,585 60,587 1,000 58,941 58,944
SB-25 69,479 73,058 1,052 71,342 75,017
SB-26 64,909 66,344 1,022 66,619 68,092
SB-27 62,261 63,741 1,024 58,554 59,945
SB-28 64,034 66,570 1,040 63,465 65,978
SB-29 62,733 63,425 1,011 61,765 62,446
SB-30 65,916 66,617 1,011 68,712 69,443
SB-31 65,545 68,010 1,038 67,649 70,193
SB-32 66,525 68,616 1,031 68,411 70,561
SB-33 71,646 71,626 1,000 70,502 70,483
SB-34 60,775 60,862 1,001 63,137 63,227
SB-35 62,012 62,526 1,008 65,671 66,215
SB-36 64,409 68,213 1,059 70,896 75,084
SB-37 61,391 61,612 1,004 63,735 63,964
SB-38 69,935 70,819 1,013 70,820 71,715
(Continua)

159
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

(Continuação)
Tabela 30 – Valores de CN adotados no modelo hidrológico. Situação atual e futura estimada.
Sub-bacia x = 2020 (a) x = 2050 (b) (b) / (a) CN atual CN futuro
SB-39 70,622 73,346 1,039 68,902 71,560
SB-40 62,329 62,956 1,010 63,398 64,037
SB-41 61,549 61,946 1,006 61,274 61,670
SB-42 74,036 75,826 1,024 70,886 72,600
SB-43 65,240 67,515 1,035 65,924 68,223
SB-44 61,223 61,514 1,005 62,038 62,333
SB-45 73,966 75,826 1,025 71,243 73,035
SB-46 68,929 71,349 1,035 69,285 71,717
SB-47 71,001 75,826 1,068 68,777 73,451
SB-48 65,793 67,320 1,023 67,465 69,030
SB-49 69,430 69,430 1,000 69,430 69,430
SB-50 72,971 74,363 1,019 75,261 76,696
SB-51 67,906 69,989 1,031 66,169 68,198
SB-52 68,135 71,900 1,055 67,624 71,361
SB-53 60,585 60,585 1,000 57,796 57,796
SB-54 62,828 64,122 1,021 57,551 58,736
SB-55 60,585 60,585 1,000 60,371 60,371
Fonte: elaborado pelos autores.

De modo análogo, para se estimar o coeficiente de abstração inicial (α)


futuro, determinou-se uma relação entre o percentual de usos urbanos
estimados para 2050 e o percentual de usos urbanos em 2020 e multiplicou-se
este resultado pelo valor adotado para a urbanização na situação atual em
cada uma das sub-bacias. A Tabela 31 mostra as taxas de urbanização
utilizadas para calcular o referido parâmetro.

Tabela 31 – Taxa de urbanização usada para calcular o coeficiente de abstração inicial (α).
Situação atual e futura estimada.
Sub-bacia MapBiomas 2020 (a) MapBiomas 2050 (b) (b) / (a) Tx Urb Atual Tx Urb Futura
SB-1 67,18% 69,63% 1,036 46,66% 48,36%
SB-2 97,84% 100,00% 1,022 75,82% 77,50%
SB-3 7,58% 10,94% 1,443 4,44% 6,41%
SB-4 11,39% 12,22% 1,073 11,78% 12,64%
SB-5 59,41% 70,36% 1,184 46,30% 54,83%
SB-6 95,35% 100,00% 1,049 61,75% 64,76%
SB-7 31,53% 38,06% 1,207 19,93% 24,06%
SB-8 3,63% 3,62% 0,996 4,18% 4,16%
SB-9 42,32% 48,72% 1,151 23,42% 26,96%
SB-10 47,39% 75,85% 1,601 34,55% 55,30%
SB-11 65,66% 69,98% 1,066 42,86% 45,68%
SB-12 32,38% 44,12% 1,363 18,67% 25,45%
(Continua)

160
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

(Continuação)
Tabela 31 – Taxa de urbanização usada para calcular o coeficiente de abstração inicial (α).
Situação atual e futura estimada.
Sub-bacia MapBiomas 2020 (a) MapBiomas 2050 (b) (b) / (a) Tx Urb Atual Tx Urb Futura
SB-13 31,10% 30,91% 0,994 15,22% 15,12%
SB-14 94,01% 100,00% 1,064 67,37% 71,66%
SB-15 23,14% 39,78% 1,719 15,34% 26,38%
SB-16 12,25% 18,95% 1,547 4,87% 7,54%
SB-17 96,84% 100,00% 1,033 66,19% 68,35%
SB-18 62,17% 96,98% 1,560 48,36% 75,45%
SB-19 6,57% 10,86% 1,654 5,50% 9,10%
SB-20 60,89% 65,47% 1,075 19,59% 21,06%
SB-21 96,86% 100,00% 1,032 65,59% 67,72%
SB-22 0,25% 0,00% 0,000 2,23% 2,23%
SB-23 8,22% 11,04% 1,343 10,72% 14,39%
SB-24 0,00% 0,02% 1,000 1,07% 1,07%
SB-25 61,04% 83,42% 1,367 32,53% 44,46%
SB-26 30,72% 40,47% 1,317 13,62% 17,94%
SB-27 12,16% 22,63% 1,860 8,03% 14,93%
SB-28 24,67% 41,98% 1,701 15,07% 25,65%
SB-29 15,52% 20,41% 1,315 8,07% 10,61%
SB-30 37,58% 42,30% 1,125 13,72% 15,44%
SB-31 35,07% 51,52% 1,469 5,84% 8,58%
SB-32 41,68% 55,47% 1,331 31,06% 41,34%
SB-33 74,73% 74,61% 0,998 48,77% 48,69%
SB-34 1,39% 2,03% 1,457 2,58% 3,76%
SB-35 10,38% 14,05% 1,354 16,88% 22,87%
SB-36 27,27% 52,85% 1,938 13,40% 25,97%
SB-37 5,89% 7,49% 1,271 4,20% 5,34%
SB-38 63,96% 69,55% 1,088 12,35% 13,43%
SB-39 68,31% 85,18% 1,247 29,55% 36,84%
SB-40 12,65% 17,11% 1,353 6,30% 8,52%
SB-41 7,03% 9,90% 1,407 8,70% 12,25%
SB-42 89,35% 100,00% 1,119 40,80% 45,66%
SB-43 32,99% 48,26% 1,463 16,54% 24,21%
SB-44 4,67% 6,78% 1,453 5,89% 8,55%
SB-45 88,93% 100,00% 1,124 57,08% 64,19%
SB-46 57,50% 72,88% 1,267 20,23% 25,64%
SB-47 70,70% 100,00% 1,414 47,19% 66,75%
SB-48 36,75% 46,97% 1,278 25,01% 31,97%
SB-49 0,00% 0,00% 1,000 0,00% 0,00%
SB-50 82,90% 91,32% 1,102 50,74% 55,89%
SB-51 50,84% 64,30% 1,265 36,15% 45,73%
SB-52 52,34% 76,31% 1,458 21,58% 31,46%
SB-53 0,00% 0,00% 1,000 0,20% 0,20%
SB-54 16,20% 25,29% 1,561 11,66% 18,19%
SB-55 0,00% 0,00% 1,000 0,00% 0,00%
Fonte: elaborado pelos autores.

161
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Os resultados obtidos para a área piloto permitem observar que a


metodologia sugerida fornece importantes subsídios ao planejamento urbano,
tanto de forma qualitativa como de forma quantitativa.
Por exemplo, de forma qualitativa, na Figura 155 é possível observar as
sub-bacias com maior potencial de incremento no escoamento superficial
estimado para 2050, indicadas em vermelho e laranja, espacializando-se a
relação apresentada na Tabela 30.

Figura 155 – Bacias classificadas de acordo com o potencial de incremento no escoamento


superficial entre 2020 e 2050.

Fonte: elaborado pelos autores.

De forma mais quantitativa, é possível observar na Figura 156 uma


estimativa de incremento de vazão de pico para as diversas seções de controle
da área piloto no rio Capivari, destacando-se espacialmente e no gráfico o
trecho mais crítico neste sentido, com incremento estimado de vazões da
ordem de aproximadamente 30 %.
O trecho crítico reflete diretamente os pontos a jusante das bacias
destacadas como críticas na Figura 155.

162
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Figura 156 – Incremento de vazões de pico. Valores estimados para a situação atual e
esperado para 2050.
Sit. Atual Simulação 2050
130,0
Vazão máxima simulada pelo modelo

120,0
110,0
hidrológico - TR 5 anos (m³/s)

100,0
90,0
80,0
70,0
60,0
50,0
40,0
30,0
20,0
10,0
23,4% 16,7% 12,1% 12,5% 30,3% 29,4% 29,1% 28,6% 10,5% 10,8% 10,8% 12,0% 12,0%
0,0
132018 118410 103376 92985 66698 58126 52813 46953 30962 26077 23927 5967 286
Seção de Controle no rio Capivari

5967
52813
58126
SB-10
286
23927 46953 66698
30962

26077 SB-27 SB-18

92985

103376

118410

132018

Fonte: elaborado pelos autores.

163
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

6. Mitigação do Impacto da Urbanização


Conforme mostrado no capítulo anterior, a impermeabilização excessiva
causada pelo crescimento das cidades, principalmente nas áreas das planícies
aluvionares, impede as águas da chuva de infiltrarem no solo, aumentando a
frequência e a intensidade do escoamento superficial, mesmo em eventos
pluviométricos de baixa magnitude. Com isso, os processos naturais são
alterados, causando o agravamento das cheias urbanas e das inundações e
alagamentos.
Nesse contexto, transformar a construção e a gestão dos espaços
urbanos por meio de um planejamento que considere o aumento de resiliência
dos assentamentos humanos e as necessidades diferenciadas das áreas
rurais, periurbanas e urbanas, é um dos Objetivos do Desenvolvimento
Sustentável (ODS).
A Nova Agenda Urbana, acordada em outubro de 2016, durante a III
Conferência das Nações Unidas sobre Moradia e Desenvolvimento Urbano
Sustentável estabeleceu 17 ODS. O ODS 11 - Cidades e Comunidades
Sustentáveis visa tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos,
seguros, resilientes e sustentáveis.
Historicamente, o controle das cheias, sejam elas enchentes ou
inundações, tem sido feito por meio de medidas estruturais de caráter corretivo,
ou seja, aquelas que envolvem obras de engenharia que modificam o sistema
fluvial. No entanto, medidas não-estruturais preventivas também poderiam ser
mais adotadas, como ações e políticas para reduzir ou eliminar os prejuízos
associados aos efeitos desses processos (BERTONI; TUCCI, 2003).
De fato, a urbanização tradicional é baseada em medidas de engenharia
tradicionais, também denominada infraestrutura cinza, que adotam tecnologias
próprias das engenharias civil e mecânica para construir sistemas de
esgotamento sanitário e drenagem focados no afastamento das águas pluviais
de forma rápida, com modificação do ambiente natural (HERZOG, 2010).
Por outro lado, vem ganhando importância o uso de Soluções Baseadas
na Natureza (SBN) para mitigar a degradação da paisagem urbana, além de
proporcionar serviços ambientais essenciais para a sustentabilidade das
cidades (MARQUES et al., 2021). A conservação e a restauração da paisagem

164
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

natural, como florestas, banhados e áreas de inundação, são componentes


essenciais da chamada infraestrutura verde. Quando estas áreas sensíveis são
protegidas ou implantadas, ocorre uma melhoria da qualidade ambiental e,
também, da qualidade de vida dos cidadãos e do bem-estar humano (IPT,
2020).
A inserção de superfícies vegetadas, de zonas apropriadas para o
acúmulo de água, de coberturas verdes em edifícios, entre outras, gera
condições para que a cidade retenha e filtre ativamente as águas das chuvas.
Mas os benefícios ultrapassam as questões hídricas, pois contribuem, também,
com um maior sequestro de carbono, com a melhoria da qualidade do ar, com
a atenuação do efeito das ilhas de calor, com a criação de mais espaços para
flora/fauna, e com a oferta de mais oportunidades de recreação ou atividades
de lazer (PICARELLI; KASECKER, 2020).
A UNESCO aponta, no Relatório Mundial das Nações Unidas sobre
Desenvolvimento dos Recursos Hídricos (KONCAGÜL; TRAN; CONNOR,
2021), que o equilíbrio na utilização das duas infraestruturas (cinza e verde) é a
melhor alternativa para a gestão das águas nas cidades.
De acordo com referido Relatório, os investimentos nesses dois tipos de
intervenções têm o potencial de proporcionar bons retornos econômicos, além
de retornos sociais e de bem-estar humano, que muitas vezes não são
quantificáveis. Medidas não estruturais podem ser empregadas
concomitantemente, de forma a minimizar os problemas econômicos,
ambientais e sociais, e, também, para instruir a população de forma a evitar
novas perdas de vidas e de bens.
A Figura 157 apresenta exemplos de medidas tradicionais (estruturais e
não estruturais) e algumas Soluções baseadas na Natureza (infraestrutura
verde) que podem ser aplicadas para minimizar os impactos negativos das
cheias nas cidades e na população residente.

165
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Figura 157 – Exemplos de medidas tradicionais (estruturais e não estruturais) e algumas


Soluções baseadas na Natureza para problemas relacionados às inundações.

Fonte: elaborado pelos autores.

Em Campinas, as Soluções baseadas na Natureza estão integrando


políticas públicas voltadas ao planejamento urbano sustentável e à
recuperação ambiental do território, abrangendo estratégias de
desenvolvimento regional, adaptação às mudanças climáticas, gestão de
recursos hídricos e prevenção do risco de desastres naturais (TRAMONTIN et
al., 2022).
Além da inserção das planícies de inundação e áreas de várzea como
elementos a serem protegidos pela legislação municipal, conforme mostrou o
Capítulo 3, o município estabeleceu parcerias e ações conjuntas com o
International Council for Local Environmental Initiatives - ICLEI América do Sul
e o WRI Brasil, resultando no Mapeamento de áreas de conectividade em
Campinas (WRI, 2020) e no Plano de Ação para Implementação da Área de
Conectividade da Região Metropolitana de Campinas (ICLEI, 2021).
Compromissos nacionais e internacionais sobre os temas de
biodiversidade e resiliência climática também foram firmados. Alguns marcos
aconteceram em 2021, quando a cidade atingiu a marca de liderança climática
na plataforma CDP Cities; e em 2022, quando foi reconhecida como o primeiro
Centro de Resiliência do Brasil pelo Comitê de Coordenação Global da

166
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Iniciativa Construindo Cidades Resilientes e pelo Escritório das Nações Unidas


para Redução de Risco de Desastres (TRAMONTIN et al., 2022).
Deve-se ressaltar, finalmente, que, para dar continuidade à inserção dos
serviços e funções ambientais associados às áreas de várzeas e áreas úmidas
nas decisões de gestão sobre o uso da terra e da água, as soluções devem ser
pensadas para toda a bacia hidrográfica, tendo em vista a importância
hidrológica das planícies de inundação.
Os resultados apresentados neste manual para a área piloto visam
estimular a consolidação dos elementos necessários ao desenvolvimento de
políticas públicas efetivas que considerem as dinâmicas naturais, os diferentes
interesses sociais e econômicos e suas inter-relações. A adoção das bacias
hidrográficas como território natural à adoção das presentes metodologias
requer um esforço político de discussão com a sociedade, articulação entre
municípios e incorporação aos Planos Diretores de Desenvolvimento Municipal
e Regional.
Portanto, reforça-se a intenção de que este documento possui de
consolidar o arcabouço tecnológico necessário ao balizamento e à gestão dos
territórios urbanos localizados nas áreas de influência direta dos cursos d’água,
fomentando a replicação das metodologias aqui dispostas nas bacias
hidrográficas localizadas nas áreas urbanas, periurbanas e zonas de expansão
urbana.

167
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

7. Considerações finais – Buscando a


Resiliência Climática
Neste manual foram compilados os métodos e procedimentos
consolidados que visam à elaboração dos estudos de planejamento territorial
os quais podem ser considerados o arcabouço tecnológico necessário ao
balizamento e à gestão dos territórios urbanos localizados nas áreas de
influência direta dos cursos d’água.
Os três estudos aqui apresentados são complementares entre si e juntos
permitem que os municípios elaborem um diagnóstico das áreas contidas pelas
planícies de inundação, naturalmente, como o próprio nome já sugere,
suscetíveis a eventos de cheia periódicos que, por vezes, podem vir a superar
a capacidade de descarga das calhas dos cursos d’água nelas presentes e
extravasar para áreas marginais.
Pode-se dizer que as cheias de rios são fenômenos naturais necessários
inclusive para a manutenção de ecossistemas e preservação de espécies de
animais as quais dependem destes fenômenos para sua sobrevivência.
Consequentemente, as planícies de inundação possuem diversas funções
ambientais, os quais dispositivos legais buscam fornecer insumos para a
preservação destes.
A urbanização das bacias hidrográficas aumenta a magnitude dos
impactos, à medida que impermeabiliza o solo e aumenta a capacidade de
produção de escoamento superficial, o qual passa a ocorrer de forma mais
intensa, mesmo em eventos pluviométricos de baixa magnitude e de maior
frequência de ocorrência.
A ocupação das áreas de várzea e a impermeabilização progressiva do
solo promovida pelo tecido urbano, atreladas a concepções estruturais
históricas dos sistemas de drenagem tornaram a solução do problema das
cheias urbanas difícil e custosa; ações mitigadoras devem prever a atuação
conjunta da sociedade e poder público.
Desta forma, torna-se imprescindível a participação da sociedade e do
poder público na elaboração de um diagnóstico preciso do problema, o que
passa necessariamente pela elaboração de estudos de planejamento territorial
que permitem delimitar as áreas mais afetadas pelas inundações e na

168
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

construção de cenários futuros, considerando as tendências climáticas e o


avanço contínuo da urbanização e impermeabilização do solo.
Além do diagnóstico, os estudos aqui apresentados permitem a adoção
de políticas públicas e de educação ambiental, e colocam a população como
agente transformador do paradigma atual para uma situação em que se possa
conviver e amenizar o impacto das cheias sem que haja prejuízo para a cidade
e seus residentes.
Os resultados das modelagens hidrológica e hidráulica da área de
estudo mostrados nesta publicação também indicam a necessidade de
atualização regular dos estudos aqui apresentados, de modo a considerar
cenários mais realistas da ocupação urbana futura e, inclusive, adotar modelos
numéricos de terreno atualizados para garantir a precisão necessária à
determinação das áreas inundáveis frente às modificações do meio físico
induzidas pelo processo da urbanização, com retificação, canalização e/ou
tamponamento de cursos d’água, realização de cortes e aterros nas planícies
de inundação e implantação de grandes equipamentos urbanos que
modifiquem o curso natural das águas.
Sugere-se que a atualização do MDT seja realizada, pelo menos,
concomitante à revisão do Plano Diretor, ou seja a cada dez anos. Quanto ao
mapeamento de uso do solo, recomenda-se que ele seja atualizado
minimamente juntamente com o MDT, mas, caso seja necessário realizar as
modelagens hidrológica e hidráulica com fins de determinação das áreas
inundáveis, este mapa precisa ser o mais atualizado quanto possível.
Cumpre destacar que em um cenário de mudanças climáticas já em
curso, o qual aponta para prevalência de cenários extremos de precipitação,
com eventos de chuva cada vez mais intensos e concentrados, associado ao
avanço da urbanização, com consequente aumento das taxas de
impermeabilização do solo, reforçam a importância de se adotar as
metodologias apresentadas nesta publicação como instrumentos sistemáticos
de planejamento urbano e como fomentadoras de políticas de governança
climática e replicados, na medida do possível, para todas as bacias do
município, sobretudo as localizadas em áreas periurbanas e em zonas de
expansão urbana.

169
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

Desta forma, é possível e viável estreitar a relação existente entre


drenagem urbana e a legislação urbanística municipal, possibilitando
vislumbrar um modelo de cidade mais justa, ambientalmente sustentável e
resiliente aos desafios que a agenda climática e as necessidades de
crescimento populacional urbano impõem.

170
Manual para delimitação de planícies de inundação e de áreas inundáveis

8. Referências Bibliográficas

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