Admin, Art 108 BJD
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ISSN: 2525-8761
DOI: 10.34117/bjdv8n5-108
RESUMO
A Sequência Rápida de Intubação (SRI) surgiu com o objetivo de evitar a aspiração de
conteúdo gástrico, por meio da pressão na cartilagem cricóidea e da indução através do
uso de barbitúricos e da succinilcolina, ocorrência frequente nos processos de intubação
de emergência. Hoje, a condução da SRI na emergência é muito distinta daquilo que era
em seus primórdios. Todavia, seus objetivos ainda são os mesmos e revolvem,
principalmente, no estabelecimento e na manutenção de uma via aérea pérvia definitiva
e na prevenção da aspiração de conteúdos nasogástricos. Levando-se em consideração
tais aspectos, deve-se discorrer sobre os constantes desenvolvimentos da SRI, no preparo,
na pré-oxigenação, na indução da paralisia e no manejo do paciente durante o
posicionamento, da passagem do tubo e do período pós intubação, evidenciando alguns
dos avanços e discussões mais pertinentes em cada um desses tópicos. A indicação do
procedimento é bem definida para o paciente com insuficiência respiratória aguda, seja
hipoxêmica (por distúrbios das trocas dos gases) ou hipercápnica (por insuficiência
ventilatória) e, também, para o paciente que, devido a uma alteração do estado mental,
fica incapaz de proteger a própria vias aérea. A técnica de SRI deve contar com algumas
precauções e preparos antecipados para minimizar o risco de complicações e ser eficaz.
ABSTRACT
The Rapid Sequence Intubation (RSI) emerged with the objective of preventing aspiration
of gastric contents, through pressure on the cricoid cartilage and induction through the
use of barbiturates and succinylcholine, a frequent occurrence in emergency intubation
processes. Today, the management of RSI in the emergency is very different from what
it was in its beginnings. However, its objectives are still the same and mainly revolve
around the establishment and maintenance of a definitive patent airway and the
prevention of aspiration of nasogastric contents. Taking these aspects into account, one
should discuss the constant developments of RSI, in preparation, pre-oxygenation,
induction of paralysis and in the management of the patient during positioning, the
passage of the tube and the post-intubation period, highlighting some of the most relevant
advances and discussions in each of these topics. The indication for the procedure is well
defined for the patient with acute respiratory failure, either hypoxemic (due to gas
exchange disorders) or hypercapnic (due to ventilatory failure), and also for the patient
who, due to a change in mental status, becomes unable to protect the airway itself. The
RSI technique must have some precautions and preparations in advance to minimize the
risk of complications and be effective. In addition to preparation, patient monitoring
throughout the intubation procedure is critical.
1 INTRODUÇÃO
Inicialmente, buscou-se com a introdução da Sequência Rápida de Intubação
(SRI), uma alternativa para atenuar os riscos associados a aspiração de conteúdo gástrico,
inerentes às técnicas previamente usadas durante a intubação traqueal em cenários de
emergência, por meio da pressão na cartilagem cricóidea e da indução através do uso
barbitúricos e da succinilcolina (AVERY et al., 2021).
Atualmente, a condução da SRI na emergência evoluiu muito quando comparada
à conduta adotada em seus primórdios. Entretanto, a garantia de uma via aérea pérvia
definitiva e a prevenção da aspiração de conteúdo nasogástrico continuam como parte dos
critérios que ditam a indicação, ou não, da realização da SRI (AVERY et al., 2021;
SCHRADER; URITS, 2021).
Tendo em vista os constantes desenvolvimentos da SRI, no preparo, na pré-
oxigenação, na indução anestésica e no manejo do paciente durante o posicionamento, da
passagem do tubo e do período pós intubação, várias diretrizes surgiram com o objetivo
de sistematizar tais processos (HIGGS et al., 2018; AVERY et al., 2021).
2 OBJETIVO
O objetivo deste artigo é reunir informações, mediante análise de estudos recentes,
acerca dos aspectos inerentes à intubação orotraqueal, sobretudo a técnica de sequência
rápida de intubação.
3 METODOLOGIA
Realizou-se pesquisa de artigos científicos indexados nas bases de dados Latindex
e MEDLINE/PubMed entre os anos de 2017 e 2022. Os descritores utilizados, segundo o
“MeSH Terms”, foram: rapid sequence intubation, induction e anesthesia. Foram
encontrados 46 artigos, segundo os critérios de inclusão: artigos publicados nos últimos
5 anos, textos completos, gratuitos e tipo de estudo. Papers pagos e com data de
publicação em período superior aos últimos 5 anos foram excluídos da análise,
selecionando-se 15 artigos pertinentes à discussão.
5 PREPARO E MONITORIZAÇÃO
A técnica de SRI deve contar com algumas precauções e preparos antecipados,
com intuito de minimizar o risco de complicações e ser eficaz. Primeiramente, deve-se
organizar uma equipe em que cada membro tenha sua função pré-estabelecida.
Normalmente, pelo menos 2 a 3 profissionais são necessários para realizar a SRI. Têm-
se o médico principal, responsável pelo procedimento e pela equipe, um enfermeiro,
designado a fornecer fármacos importantes, como medicações de indução e paralisantes
no início do procedimento, e um clínico, responsável pela monitorização do paciente e
operacionalização da máscara facial. Além disso, o clínico precisa verificar a posição e
colocação do tubo e repassar à equipe as possíveis alergias do paciente. Nem sempre
haverá disponibilidade de três profissionais, por isso um plano prévio deve ser traçado
entre os profissionais com a designação de tarefas (SCHRADER; URITS, 2021).
Ademais, além do plano principal, é preciso traçar planos paralelos caso ocorra
alguma intercorrência, como a equipe irá se comportar caso o paciente seja de difícil
manejo (HIGGS et al., 2018).
Após traçados os planos, devem ser preparados os equipamentos e os fármacos
que serão utilizados no procedimento, como por exemplo: tubo endotraqueal de tamanho
adequado, laringoscópio, máscara, equipamentos de monitorização, agentes de indução e
bloqueadores neuromusculares (SCHRADER; URITS, 2021; HIGGS et al., 2018).
Nesse mesmo momento, a técnica de pré-oxigenação, tão importante para o
sucesso da intubação, deverá ocorrer concomitantemente. A administração de oxigênio é
fundamental para manter razoavelmente os níveis de saturação de um paciente apneico
(SJÖBLOM et al., 2021).
Em seguida, deve-se partir ao preparo da técnica em si. Começa-se avaliando as
vias aéreas do paciente, se estão pérvias, sem nenhum trauma, por exemplo. Depois
avalia-se a pontuação de Mallampati, que verifica o quanto da faringe posterior e da úvula
podem ser vistos, quanto mais alto o score, mais difícil a via aérea. Ademais, é verificado
se o paciente é obeso ou se possui alguma obstrução da via. Por fim, é avaliado a
mobilidade do pescoço, quanto maior a sua mobilidade mais chance de sucesso da técnica
(SCHRADER; URITS, 2021).
Em sequência, deve-se posicionar o paciente adequadamente. O pescoço deve ser
estendido a nível de C1-C2 e flexionado a nível de C6-C7. A partir daí passa-se para a
fase da intubação propriamente dita (HIGGS et al., 2018).
Além do preparo, o monitoramento do paciente durante todo o procedimento da
intubação (antes, durante e após) é fundamental. Deve-se designar um integrante da
equipe para ser responsável por monitorar as funções vitais e o status hemodinâmico do
paciente. Normalmente, monitora-se: pressão arterial, oximetria, frequência cardíaca,
6 PRÉ OXIGENAÇÃO
A oxigenação antes da devida indução anestésica é o caminho para aumentar a
janela de tempo e a segurança da intubação, prolongando o tempo de apneia do paciente.
O procedimento substitui o nitrogênio encontrado na Capacidade Residual Funcional
(CRF) dos pulmões para alcançar uma maior concentração de oxigênio. Com o uso de
uma máscara facial bem ajustada por 3 a 5 minutos e um fluxo de oxigênio de 10 a 15
L/min. Dessa forma, o paciente pode aumentar seu tempo de apneia exponencialmente
(HIGGS et al., 2018).
O consumo médio de oxigênio de um paciente após indução anestésica é de 250
ml/minuto. A quantidade normal de oxigênio nos pulmões é cerca de 13% da CRF (290
ml), ou seja, com 290 ml de oxigênio a um consumo de 250 ml/minuto, o paciente demora
pouco mais de 1 minuto para dessaturar. Com o procedimento de pré-oxigenação, após a
desnitrogenação, a totalidade da CRF será preenchida por oxigênio (cerca de 2.000 a
2.500 ml). Logo, o tempo potencial de apneia aumenta de 1 minuto para 8 minutos
(AHMED; AZIM, 2018).
Para o procedimento, pode ser utilizado máscara facial ou cânula nasal. No uso
da cânula nasal o volume corrente indicado é 5 litros/minuto, após a indução anestésica
esse volume deve ser aumentado para 15 litros/minuto. Recentemente discussões têm
surgido entre o uso da máscara facial ser preferencial sobre a cânula nasal; especialistas
indicam que a porcentagem de oxigênio é maior na primeira respiração após pré-
oxigenação naqueles que usaram máscara facial, isso aconteceria por dois motivos: o
primeiro, que os tubos do ventilador, quando em uso da cânula nasal, não estariam
inicialmente preenchidos com oxigênio a 100%, diferente do que acontece com a máscara
facial; segundo, pacientes em uso de pré-oxigenação por cânula nasal podem respirar
concomitantemente pela boca, inspirando ar ambiente e diminuindo a concentração de
oxigênio pulmonar. Pesquisadores também concluíram que o tempo necessário para uma
boa pré-oxigenação é menor quando se usa máscara facial em detrimento da cânula nasal.
Nesse sentido, a máscara facial ganha maior destaque, tornando-se a melhor opção para
a pré-oxigenação (SJÖBLOM et al., 2021).
7 PRÉ TRATAMENTO
O acesso às vias aéreas pela intubação orotraqueal (IOT) é o procedimento mais
utilizado nas emergências médicas para preservar a vida do paciente em estado crítico.
Entretanto, os efeitos fisiológicos adversos como hipóxia, acidose, hipertensão e
hipoperfusão tecidual, frequentemente observadas na IOT e nas ventilações assistidas,
são fatores que elevam a taxa de mortalidade. Assim, deve-se discutir na comunidade
médica como mitigar o surgimento desses efeitos negativos. Dentro dos tópicos de
discussão, o pré-tratamento adequado é uma das etapas cruciais para evitar maiores danos
nas etapas seguintes da SRI (MERELMAN; PERLMUTTER; STRAYER, 2019).
O pré-tratamento consiste na administração de drogas que assegurem a
estabilidade hemodinâmica do paciente, dependendo da fisiopatologia apresentada.
Dentre estas, estão as drogas vasoativas, para situações de choque, como atropina,
dopamina, noradrenalina, bem como analgésicos e anestésicos que diminuirão o efeito
simpático associado à laringoscopia. Sobre estas últimas, o fentanil (3 mcg/kg) e a
lidocaína (1,5 mg/kg) são opções pré-tratamento para a IOT mais comumente utilizadas
(AHMED; AZIM, 2018).
Apesar da lidocaína e do fentanil serem amplamente utilizados como drogas de
pré-tratamento, é importante levar em consideração que a escolha das drogas a serem
administradas deve ser determinada pela fisiopatologia do paciente. (AHMED; AZIM,
2018). Por exemplo, pacientes com injúria cerebral sofrem com hipertensão intracraniana
e a utilização da lidocaína não tem demonstrado como atenuá-la, além de não contribuir
para a mitigação de efeitos colaterais, como hipotensão. Desse modo, não é recomendada
a utilização da lidocaína como pré-tratamento em IOT nessas situações (KRAMER et al.,
2018).
A utilização de fentanil tem demonstrado diminuição da pressão arterial e da
frequência cardíaca, devido à diminuição da resposta cardiovascular e do estímulo
simpaticomimético provocado pela laringoscopia. Atualmente, é recomendada a
utilização de fentanil (2 – 3 mcg/kg) para a neuroproteção de pacientes com aumento de
pressão intracraniana (KRAMER et al., 2018).
8 INDUÇÃO
8.1 ETOMIDATO
A indução anestésica pela técnica de sequência rápida relaciona-se à colocação
bem sucedida do tubo endotraqueal na primeira tentativa e a uma menor incidência de
aspiração de conteúdo gástrico. No entanto, os agentes de indução se associam a um risco
de hipotensão em pacientes com doenças agudas (SHARDA; BHATIA, 2022).
Devido ao seu perfil hemodinâmico, o etomidato é uma droga muito estimada na
técnica de SRI. Consiste em um derivado do imidazol, que promove o bloqueio da
neuroexcitação, agindo no receptor GABA. Quando comparado à cetamina, observou-se
menor risco de hipotensão no período pós-intubação, em pacientes com doenças agudas
(SHARDA; BHATIA, 2022).
Além disso, o etomidato, assim como o fentanil, tem demonstrado propriedades
neuroprotetoras, ao reduzir o fluxo sanguíneo cerebral, a pressão intracraniana e a
demanda metabólica cerebral, mantendo estáveis a pressão arterial e a pressão de perfusão
cerebral. No entanto, uma desvantagem desta droga é a inexistência de propriedades
analgésicas (KRAMER et al., 2018).
8.2 CETAMINA
A cetamina é uma droga dissociativa que age como antagonista do receptor N-
metil-D-aspartato, comumente utilizada na indução de sequência rápida (SHARDA;
BHATIA, 2022).
A cetamina tornou-se um agente de escolha para a indução, graças à sua
estabilidade hemodinâmica e capacidade de manter a perfusão tecidual durante e após a
intubação, quando comparada ao fentanil, midazolam e ao propofol (MERELMAN;
PERLMUTTER; STRAYER, 2019). Isto se deve ao efeito simpaticomimético indireto
da cetamina, ao inibir a recaptação de catecolaminas endógenas (SHARDA; BHATIA,
2022).
Outra importante vantagem é a longa duração de sua ação, quando comparada ao
propofol e ao etomidato. Além disso, esta droga é capaz de promover analgesia, amnésia
e sedação, tornando-a propícia também para sedação pós-intubação. Por fim, acredita-se
no efeito broncodilatador da cetamina, tornando-a droga de escolha em pacientes
intubados por doença pulmonar obstrutiva (MERELMAN; PERLMUTTER; STRAYER,
2019).
8.3 PROPOFOL
O propofol é um medicamento muito utilizado para sedação pós-intubação, no
entanto, não apresenta ação analgésica, dessa forma carece da combinação com
medicamentos adicionais para a dor. Compreende benefícios pela ação de início rápido
e de curta duração, de maneira a viabilizar a rápida passagem de seus efeitos para a
realização de exames neurológicos seguidos de nova aplicação com ação total
(KRAMER et al., 2018).
Dentre os efeitos cerebrovasculares, o propofol pode resultar em queda
significativa da pressão arterial, dificultando o fluxo sanguíneo cerebral, evidenciando a
necessidade de um cuidado maior em sua aplicação em pacientes hipotensos. Seu uso
pode ser benéfico na redução dos episódios de hipertensão intracraniana e apresentar
efeitos neuroprotetores em casos de trauma cranioencefálico leve (KRAMER et al.,
2018).
8.4 MIDAZOLAM
O midazolam, é uma medicação análoga ao propofol, não apresenta ação
analgésica, sendo constantemente combinado com um opióide. Compreende ação de
início rápido, com meia-vida de um hora, no entanto, em caso de acúmulo nos tecidos,
pode acarretar em despertar tardio, o que resulta em coma prolongado e aumento dos dias
de ventilação e de internação em UTI. Dentre seus benefícios, o midazolam apresenta
efeitos ansiolíticos, anticonvulsivantes e perfil hemodinâmico relativamente neutro, ainda
que possa provocar queda da PA resultando em baixa pressão de perfusão cerebral
(KRAMER et al., 2018).
9 BLOQUEIO NEUROMUSCULAR
Os bloqueadores neuromusculares (BNMs) são utilizados na anestesia com o
intuito de mitigar a transmissão neuromuscular e propiciar o relaxamento da musculatura
esquelética corporal. Através do uso dessas medicações o anestesiologista atinge
melhores condições operatórias (KRAMER et al., 2018).
O fármaco mais comumente usado dentro da classe dos BNMs é a succinilcolina,
o único agente despolarizante disponível, que age através da despolarização da
membrana, resultando rapidamente em contrações musculares, que são visíveis
clinicamente através de fasciculações. Esta droga tem como benefício um rápido início
de ação e curta duração (cerca de 6 a 10 minutos). Apesar do seu uso difundido,
principalmente em indução de sequência rápida, o seu uso não é isento de risco, devendo
atentar-se à possibilidade de hipercalemia, mialgia, bradicardia e aumento da pressão
intraocular (TRAN et al., 2017).
No que se refere a fármacos alternativos, encontra-se a classe de BNMs
adespolarizantes, que inclui alguns exemplos, como o atracúrio e cisatracúrio, compostos
benzilisoquinolínicos, pâncurônio, rocurônio e compostos aminoesteróides (TRAN et al.,
2017).
Dentre as drogas citadas anteriormente, a de maior visibilidade é o rocurônio, um
composto aminoesteróide, que demonstra início de ação mais rápida dentre os BNMs
alternativos. O uso deste fármaco promove condições ideais para intubação traqueal cerca
de 60-90 segundos após a dose de indução, sendo a duração da ação intermediária (cerca
de 37 a 72 minutos com a utilização de dose padrão). Exercer efeitos cardiovasculares
mínimos é uma de suas vantagens, apesar de ser a droga com maior incidência de
anafilaxia dentre os BNMs aminoesteróides (TRAN et al., 2017).
e não conseguiram comprovar esse benefício. Além disso, puderam sugerir que a ausência
de padrão nas forças de compressões aplicadas podem lesionar a via aérea do paciente e
prejudicar a passagem do tubo (BIRENBAUM et al., 2019; AVERY et al., 2021).
Uma vez que todas as etapas de preparação para a intubação tenham sido aplicadas
e o procedimento não tenha sido bem sucedido, o médico responsável pode já declarar a
tentativa de intubação como frustrada ou tentar no máximo mais duas vezes. Caso não dê
certo, o próximo passo é acionar alguém mais capacitado para uma quarta tentativa ou
seguir para uma via aérea cirúrgica, como a cricotireoidostomia ou traqueostomia.
Previamente ao procedimento cirúrgico, a oxigenação do paciente deve ser restabelecida
através de equipamentos supraglóticos de segunda geração como a máscara laríngea ou o
tubo esofágico com 2 balonetes. O paciente estabilizado aguarda-se o cirurgião ou pode-
se seguir com uma tentativa de intubação guiada por fibroscópio (HIGGS et al., 2018;
AVERY et al., 2021).
11 PÓS-INTUBAÇÃO
Como citado anteriormente, para uma intubação satisfatória o tubo é posicionado
a uma distância mais apropriada, a fim de se evitar a ventilação seletiva. Nesse contexto,
insufla-se o cuff e torna-se necessário confirmar o sucesso do procedimento através da
observação da onda de capnografia e da ausculta pulmonar, sendo a capnografia o método
padrão-ouro. A ausência de traçado à capnografia, indica falha da intubação. Ainda que
raro, outras causas podem promover ausência de resposta pelo capnógrafo, como a
obstrução do tubo por edema agudo de pulmão, broncoespasmo e sangramentos. Para
verificar o posicionamento correto do tubo, em determinadas situações, a radiografia de
tórax pode ser utilizada (KRAMER et al., 2018).
A anestesia e a intubação são procedimentos que modificam os padrões
fisiológicos do sistema respiratório e suas trocas gasosas, por isso são necessárias
medidas para manter a estabilidade hemodinâmica. A escolha correta da medicação no
momento da indução anestésica tem relevância na manutenção da homeostase do
indivíduo. Sendo assim, em situações em que o paciente encontra-se hipotenso, opta-se
por midazolam e fentanil e até mesmo a cetamina. Já nos casos em que os pacientes estão
estáveis hemodinamicamente é possível utilizar propofol e fentanil, além de uma correta
hidratação e, se necessário, drogas vasoativas também podem ser requisitadas. Não
obstante, além de técnica de intubação e manutenção da homeostase corpórea, é
necessário uma ventilação satisfatória para o sucesso completo do procedimento, com
isso faz-se necessário que forneça uma ao indivíduo uma pressão inspiratória de cerca de
30 a 40 cm H2O por cerca de 25 a 30 segundos, levando assim ao crescimento do volume
pulmonar, da oxigenação e da diminuição das atelectasias sem efeitos adversos (HIGGS
et al., 2018).
12 CONCLUSÃO
Diante das informações expostas, é possível determinar que as principais
indicações da SRI, para pacientes com insuficiência respiratória aguda, com alterações
do estado mental ou com sangramentos do trato gastrointestinal, já são consolidadas. A
ordem dos procedimentos que constituem a SRI é estruturada em: preparo e
monitorização, pré- oxigenação, pré-tratamento, indução, posicionamento do paciente,
passagem do tubo e pós intubação. As particularidades de cada uma dessas etapas são
motivo de amplo debate no meio médico em todo mundo e, com intuito de tornar esse
processo ainda mais eficiente e aumentar a sobrevida dos pacientes, uma abordagem ainda
mais ampla e multidisciplinar é necessária.
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