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TCC Teologia - A IGREJA EM ATOS

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UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL - UNIFRAN

BACHARELADO EM TEOLOGIA

SÔNIA BRAGA GONÇALVES

A IGREJA EM ATOS: A IMPORTÂNCIA DA COMUNHÃO PARA A


ESPIRITUALIDADE CRISTÃ EM ATOS 4:32-37

São Gonçalo
2022
SÔNIA BRAGA GONÇALVES

A IGREJA EM ATOS: A IMPORTÂNCIA DA COMUNHÃO PARA A


ESPIRITUALIDADE CRISTÃ EM ATOS 4:32-37

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Programa de
Graduação em Teologia da
Universidade Cruzeiro do Sul –
UNIFRAN, como requisito parcial para
obtenção do título de Bacharel em
Teologia.

São Gonçalo
2022
RESUMO

A história da Igreja Cristã é marcada por muitos momentos de amor e preocupação


pelo próximo, tantas vezes manifestados de forma tão visível que se tornou notória.
Atos 4:32-37 mostra claramente que essa característica do cristão ainda está em
sua infância na igreja. Portanto, o objetivo deste artigo é refletir sobre a mensagem
de Atos 4:32-37, refletir sobre a comunhão na igreja primitiva e seu impacto na
espiritualidade dos indivíduos nela envolvidos. Por meio de pesquisa bibliográfica,
são examinados aspectos históricos, teológicos e culturais para compreender como
a comunicação afeta a espiritualidade.

Palavras-chave: Espiritualidade Cristã, Igreja Primitiva, Atos dos Apóstolos.

ABSTRACT

The history of the Christian Church is marked by many moments of love and concern
for others, so often manifested in such a visible way that it became notorious. Acts
4:32-37 clearly shows that this characteristic of the Christian is still in its infancy in
the church. Therefore, the purpose of this article is to reflect on the message of Acts
4:32-37, to reflect on communion in the early church and its impact on the spirituality
of the individuals involved in it. Through bibliographic research, historical, theological
and cultural aspects are examined to understand how communication affects
spirituality.

Keywords: Christian Spirituality, Early Church, Acts of the Apostles.


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.....................................................................................................................................5
1. UMA INTRODUÇÃO AO LIVRO DE ATOS DOS APÓSTOLOS............................................6
1.1. AUTORIA..................................................................................................................................7
1.2. DESTINATÁRIOS....................................................................................................................8
1.3. DATAÇÃO................................................................................................................................9
1.4. PROPÓSITOS DO LIVRO....................................................................................................10
1.5. PRINCIPAIS TEMAS............................................................................................................11
2. UMA ANÁLISE BÍBLICA DA COMUNHÃO CRISTÃ EM ATOS 4:32-37............................12
3. A IMPORTÂNCIA DA COMUNHÃO PARA A ESPIRITUALIDADE CRISTA A PARTIR
DE ATOS 4.32-37.............................................................................................................................17
3.1. A COMUNHÃO E O ASSISTENCIALISMO SÃO ELEMENTOS
INTERDEPENDENTES DA ESPIRITUALIDADE CRISTÃ.....................................................19
3.2. A COMUNHÃO ASSISTENCIAL CRISTÃ FAVORECE O TESTEMUNHO PÚBLICO
DA IGREJA LOCAL.....................................................................................................................21
3.3. A COMUNHÃO ASSISTENCIAL CRISTÃ CONSISTE EM UMA EXPRESSÃO DE
AMOR PRÁTICO...........................................................................................................................22
CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................................................23
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..............................................................................................25
INTRODUÇÃO

Ao analisar o livro de Atos, parece que a comunhão é um elemento muito


importante para a espiritualidade dos cristãos do século primeiro. A igreja primitiva
acreditava que o relacionamento entre os membros da comunidade de fé era um
elemento essencial que deveria ser mantido e desenvolvido no desenvolvimento de
uma visão cristã da fé. Em particular, o texto de Atos 4:32-37 expressa a forte
unidade da Igreja em Jerusalém, caracterizada não apenas pela confissão, mas
também pelo cuidado comunitário mútuo.
Diante dessa espiritualidade com implicações relacionais e comunitárias,
podemos ver o empenho dos membros da igreja primitiva em valorizar os outros e
cuidar dos membros de suas famílias de fé. Portanto, diante do exposto, são feitas
as seguintes perguntas: Qual a importância da comunhão em Atos 4:32-37 para a
espiritualidade cristã? Para responder a essa pergunta, o livro será dividido em três
capítulos que exploram as dimensões da unidade cristã e seu impacto na
experiência das relações cristãs por meio de um estudo de métodos bibliográficos.
No primeiro capítulo dessa pesquisa, “uma introdução ao livro de atos dos
apóstolos”, o livro será analisado a partir de elementos como, a autoria do livro,
destinatários, datas, propósitos e outras características e temas, visando entender o
que constitui Atos 4:32 -37, bem como, seus aspectos literários de contextos
históricos e bíblicos.
No segundo capítulo, intitulado “uma análise bíblica da comunhão cristã em
Atos 4:32-37”, serão abordados os textos bíblicos já citados, quais elementos são
relevantes para a unidade e comunhão da igreja primitiva em Jerusalém, e levar em
conta A análise analisa as mentes de estudiosos e teóricos que realizaram
pesquisas ou trabalhos em Atos, como Bob Utley, Warren Wiersbe, etc., o que
ajudará na compreensão do texto a ser analisado.
No terceiro e último capítulo, "a importância da comunhão para a
espiritualidade crista a partir de Atos 4.32-37", o relacionamento e o impacto
comunitário da teologia emergente em Atos 4:32-37 serão expostos na comunidade
cristã hoje, expressando a relevância do cuidado e ajuda à espiritualidade bíblica.
Este artigo é um estudo introdutório, não pretende ser exaustivo dos tópicos
discutidos, mas despertar os leitores para o estudo acadêmico da teologia bíblica em
Atos e a relevância da comunhão para a espiritualidade cristã.
1. UMA INTRODUÇÃO AO LIVRO DE ATOS DOS APÓSTOLOS

Na Bíblia, o livro de Atos dos Apóstolos registra o início da Igreja de Cristo,


quando Jesus, logo depois de sua ressurreição 1, conclui seu ministério terreno, e,
posteriormente, depois da ascensão, e por meio dos apóstolos, acontece a definitiva
fundação da igreja primitiva em Jerusalém.
Esse importante livro do cânon bíblico, relata que após a ascensão de Jesus,
os discípulos permaneceram em Jerusalém, aguardando pelo cumprimento da
promessa da vinda do consolador2. De acordo com Atos 1:4 “Não saiam de
Jerusalém, mas esperem pela promessa de meu Pai, da qual lhes falei”.
A promessa do Espírito Santo na igreja de Cristo foi cumprida no dia de
Pentecostes. Naquela época, de acordo com o relato de Lucas em Atos 2:9-11,
havia muitos partos, medos, elamitas e os naturais da Mesopotâmia, Judeia,
Capadócia, Ponto e Ásia, da Frígia, da Panfília, do Egito e das regiões da Líbia, nas
imediações de Cirene, e romanos [...] tanto judeus como prosélitos, cretenses e
árabes. Naquele evento, seguindo o mandato do Espírito Santo, a igreja é
capacitada para testemunhar efetivamente o evangelho de Cristo. Desta forma, os
discípulos foram milagrosamente capazes de falar a todas as nações presentes, e
aqueles que ouviram a mensagem do evangelho os ouviram em sua própria língua,
“pois todos [os apóstolos] ficaram cheios do espírito santo e começaram a falar em
outras línguas, segundo o espírito lhes concedia que falassem” (Atos 2:4).
Este episódio é o ponto de partida da Igreja Cristã, expressando as forças
sobrenaturais que envolviam a igreja primitiva. Através da bênção do Espírito Santo,
as comunidades de fé podem se engajar em atividades evangelísticas e vivenciar
intensamente o aspecto corporativo inerente ao discipulado de Jesus. Portanto, para
atingir os objetivos deste estudo, a seguir, focaremos em aspectos fundamentais de
Atos, levando em consideração o contexto histórico e literário envolvido na escrita do
livro.

1
Depois da ressurreição de Jesus, o Messias permaneceu com os discípulos ensinando
coisas sobre o Reino de Deus por um tempo de 40 dias (Atos 1:3). Esse período teve
relevância para trazer provas incontestáveis de sua ressurreição aos seus opositores.
2
Nome atribuído ao Messias (Isaias 9:6) e, também, ao Espírito Santo (João 14:16,26;
15:26; 16:7). A palavra grega é parákletos, que significa “chamado ao teu lado para ajudar”.
1.1. AUTORIA

De acordo com Warren Wiersbe (2008, p. 298), o livro do Atos dos apóstolos
tem uma autoria definida. Lucas, o médico amado 3, seria o autor deste livro. Como
evidência externa, os registros da tradição da igreja afirmam a autoria lucana para o
evangelho de Lucas e o Atos. Kistemaker (2006, p. 37) afirma que o cânon
Muratoriano, Irineu de Lyon, Clemente de Alexandria, Orígenes e Tertuliano
apontam Lucas como o autor do Evangelho com esse nome e o Atos dos apóstolos.
“A tradição eclesiástica, porém, desde cedo não tem dúvidas de que o autor é
Lucas, antioqueno, médico e companheiro de viagem de Paulo” (BOOR, 2002, p.
17).
Como evidência interna, Paulo registra que Lucas, o médico, foi um de seus
colaboradores na pregação (Colossenses 4:14). Segundo Simon Kistemaker (2006,
p.37), “a partir de uma análise do vocabulário de Lucas no Evangelho e em Atos,
ficamos cientes de que o escritor poderia ter sido um médico, refletindo sua
profissão nos seus escritos”.
Não apenas isso, mas a introdução de Lucas e Atos revela a conexão entre
os dois livros: “igualmente a mim me pareceu bem, depois de acurada investigação
de tudo desde sua origem, dar-te por escrito, excelentíssimo Teófilo, uma exposição
em ordem [dos fatos sobre Jesus]” (Lc 1.3); “Escrevi o primeiro livro, ó Teófilo,
relatando todas as coisas que Jesus começou a fazer e a ensinar” (At 1.1). Assim,
no prefácio do livro de Atos, o autor afirma ser o mesmo homem que escreveu o
evangelho: à luz disso, Marshall (1982, p. 17) considera Atos como a segunda parte
de uma obra em dois volumes, no qual o Evangelho de Lucas é a primeira.
Em Atos 16:8-10, Lucas se junta ao grupo de Paulo em Trôade e, a partir daí,
passa de uma perspectiva narrativa para o uso do pronome "nós" em vez de "eles",
uma mudança de perspectiva: antes um mero observador, depois um participante da
narrativa, o que mostra claramente a inserção do autor na história de Paulo e reforça
a ideia da autoria lucana de Atos. Como aponta Rabusque (2012, p. 7):

Tradicionalmente, tem-se designado o autor como sendo Lucas, o


companheiro de Paulo. Nunca foi cogitado outro nome com
seriedade. Quem favorece a identidade argumentativa é a própria
análise interna de Atos. Argumenta-se que há unidade de estilo entre

3
Expressão utilizada pelo apóstolo Paulo em Colossenses 4:14 ao se referir a Lucas.
as seções nós e o restante do livro. Depois, começa-se a eliminar
todos os outros possíveis companheiros de Paulo. Restaria Lucas.
Então seria um cristão da primeira geração.

Segundo Pfeiffer e Harrison (2001), é impossível identificar a autoria de Lucas


por meio dos títulos, pois nem o Evangelho nem Atos dão o nome do autor, mas
pode ter sido Lucas, amigo e companheiro de Paulo. No entanto, a autoria de Lucas
pode ser identificada pela presença de três “nós” 4 na narrativa, que o autor e
coadjuvante Lucas propõem sorrateiramente.
Desta forma, e diante das evidências externas e internas apontadas, pode-se
concluir que Lucas foi o autor de Atos.

1.2. DESTINATÁRIOS

O Livro de Atos tem como destinatário o “excelentíssimo Teófilo”, que era o


nome ou título da pessoa mencionada em Lucas 1:3 e, bem como, em Atos 1:1.
Teófilo parece ser alguém que se converteu ao cristianismo, era grego, ou romano, e
precisava ter maior conhecimento sobre a nova fé. Segundo Pfeiffer e Harrison
(2001), ele pode ter sido um gentio que se converteu ao cristianismo, e Lucas
escreveu para ele para saber mais sobre as origens do cristianismo. Sem dúvida
uma autoridade de alguma importância, o autor se comprometeu a escrever duas
obras de longa extensão com pesquisa detalhada. Rabuske (2012, p. 10) entende
que o livro de Atos foi originalmente destinado a uma minoria socialmente
privilegiada e, posteriormente, às maiorias pobres e carentes.

O mais provável é que a comunidade de Lucas, lá pelos anos oitenta,


esteja sendo um pequeno espelho do que era uma cidade helenista
do império romano. Uma pequena burocracia romana que, em nome
do império, coopta a classe dominante local, formando assim uma
minoria privilegiada.

Portanto, pode-se apontar que Teófilo era um membro da elite que vivia em
condições superiores e precisava de uma compreensão detalhada do ministério de
Jesus e da obra da igreja primitiva. Rabuske (2012) considera o Evangelho de Lucas
aquele que expõe as mais agudas contradições sociais, como Lázaro e o Rico
(Lucas 16:19-31); o Bom Samaritano (Lucas 10:29-37); a porta estreita (Lucas
4
Atos 16:10-17; 20:5-21:18; 27:1-28:16.
13:22-30) e outras passagens. O autor pode estar descrevendo uma injustiça
existente à autoridade competente, Teófilo, injustiças essas, provavelmente,
desconhecidas pelas elites.

1.3. DATAÇÃO

Lucas escreveu o livro de Atos por volta de 62 d.C. C. Pfeiffer e Harrison


(2001) aponta que as datas podem ser imprecisas porque o livro de Atos termina
com uma conclusão abrupta. Nesse sentido, Lopes (2012. p.7) explica esse fim
abrupto aponta para a não conclusão da história da igreja, o que indica que o Atos
dos Apóstolos não teria sido publicado até 90-100. Williams, por sua vez, defende
que o livro de Atos deve ter sido escrito no primeiro século:

não se tratar de mera crônica de eventos, mas ser claramente o


produto de muita reflexão. Atos apresenta uma interpretação da
história, o que implica, argumentam alguns, que o autor escreveu de
alguma distância temporal de seu assunto. (WILLIAMS 1990, p. 22)

Assim, é possível que o autor esteja a trinta ou quarenta anos de distância


dos acontecimentos registrados, para ter o ponto de vista que tem, ou seja, o livro
mostra os interesses e pontos de vista da igreja posterior (WILLIAMS. 1990, p. 22).
A conclusão da narrativa pós-evento parece levar ao ano 62. Williams (1990) sugeriu
que alguns autores datassem o livro de Atos entre 60 e 70. De acordo com os
editores da Bíblia em ordem Cronológica (2003), os ministérios de Paulo e Pedro
ocorreram entre 29 e 67, o que torna a data razoável.
Deve-se notar que o autor de Atos estava interessado em retratar a biografia
de Paulo, mas não mencionou sua morte, que deve ter ocorrido por volta de 67. No
entanto, pode-se argumentar também que o autor de Atos poderia estar interessado
em comunicar o progresso do Evangelho a Roma. Agora que as boas novas foram
anunciadas em Roma, dessa forma, o que teria acontecido com Paulo vai além
daquilo que seria escopo do trabalho (WILLIAMS, 1990).
Uma outra controvérsia sobre a aceitação da data de 60, se refere com o uso
do Evangelho de Marcos pelos autores de Atos, que segundo uma tradição anterior
foi escrito após a morte de Paulo, Atos poderia ser datado por volta de 75
(WILLIAMS. 1990, p. 23), Marcos teria sido escrito no final dos anos 60 ou início dos
anos 70.

1.4. PROPÓSITOS DO LIVRO

Segundo Pfeiffer e Harrison (2001), os escritos de Lucas não afirmam estar


relacionados à história da igreja primitiva, sugerindo que nem todas as ações
apostólicas aparecem na narrativa.
Dada a relação entre Lucas e Atos, o propósito de ambas as obras pode ser
descrito em Lucas 1:3-4:

pareceu bem, depois de acurada investigação de tudo desde sua


origem, dar-te por escrito, excelentíssimo Teófilo, uma exposição em
ordem, para que tenhas plena certeza das verdades em que foste
instruído.

Portanto, fica claro que um dos propósitos deste livro é que Teófilo esteja
completamente seguro da verdade que ele aceita. O propósito de Lucas era
documentar as origens da igreja de Jerusalém e sua expansão fora da cidade de
Jerusalém, com base nas observações do autor sobre a obra de Paulo e Pedro.
Para Pfeiffer e Harrison (2001), Lucas também não detalha as origens dos
anciãos da igreja, nem sobre a liderança de Tiago na igreja em Jerusalém, e muito
menos sobre a experiência de Paulo em Tarso após sua conversão. Lucas conta,
em seus sermões, sobre como Paulo e Pedro trabalharam na expansão do
evangelho e conta a Teófilo como essa expansão aconteceu no mundo gentio e
como começou a restauração do reino de Israel.
Lopes (2012 p.12) menciona John Stott 5 ao dizer que o livro de Atos é crucial
por seu registro histórico e inspiração contemporânea. O Livro de Atos narra a
história da Igreja Apostólica, desde seus primeiros passos em Jerusalém até
alcançar as cidades do Império Romano. Para ele, o objetivo do livro de Atos era
colocar o Espírito Santo e Jesus no centro do palco: “É Ele quem fala e faz. Os
homens de Deus são apenas instrumentos; o agente é o próprio Filho de Deus”
(LOPES, 2012 p.13).

5
John Robert Walmsley Stott foi um pastor e teólogo da igreja anglicana, conhecido como
um dos grandes nomes mundiais da igreja evangélica.
1.5. PRINCIPAIS TEMAS

O Livro de Atos é um evento escatológico com o próprio Senhor Jesus


seguindo o início do Reino, que inaugurou Seu Reino terreno de acordo com o
propósito divino (RICHARDS, 2008, p. 252). Essa situação pode ser vista na citação
de Pedro do profeta Joel6 em Atos 2:16-18:

isto é o que foi predito pelo profeta Joel: ‘Nos últimos dias, diz Deus,
derramarei do meu Espírito sobre todos os povos. Os seus filhos e as
suas filhas profetizarão, os jovens terão visões, os velhos terão
sonhos. Sobre os meus servos e as minhas servas derramarei do
meu Espírito naqueles dias, e eles profetizarão.

Assim, confirma-se que aqueles apóstolos entenderam por meio do Espírito


Santo que o fim dos tempos havia começado e, assim, o livro de Atos vêm com esse
tema como plano de fundo. Lopes (2012 p.13) acrescenta que “que o tema central
de Atos é ainda Cristo, mas agora é o Cristo ressuscitado, vivo, que dá poder, e que
desafia seus seguidores a irem por todo o mundo com a incomparável história do
amor de Deus”.
As palavras de Jesus se cumprem no livro de Atos: “vocês, serão minhas
testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra”
(Atos 1:8), porque desde Atos capítulo 2, no dia de Pentecostes, o evangelho
começou a se espalhar. Segundo Rabuske (2012), é no livro de Atos, no início da
igreja em Jerusalém, que podemos ver a ênfase em algumas personalidades
importantes para a igreja, testemunhas das ações de Jesus: Estevão, Filipe, Paulo e
Pedro.
A partir da conjuntura histórica em que Atos foi escrito, as missões saem da
Palestina e, na comunidade de Antioquia, as viagens missionárias de Paulo à
Macedônia/Grécia, Corinto, depois Ásia e Éfeso também são contadas; os
acontecimentos se desenvolvem até que Paulo chega a Jerusalém, onde foi
perseguido, acusado várias vezes e quase condenado, obrigado a apelar pelo fato
de ser cidadão romano e ter que ser julgado em Roma, onde passou dois anos na
prisão.

6
Joel 2:28-32
Assim, o relato de Atos pode ser resumido como: o início da igreja em
Jerusalém, os primeiros missionários, a missão fora de Jerusalém, a viagem
missionária de Paulo, a perseguição de Paulo.
A igreja de Jerusalém em Atos recebeu o Espírito Santo no Pentecostes, que
era o principal meio de comunhão na igreja. Neste caso é claro que todos os que
creem estão unidos e têm tudo em comum. (Atos 2:44). Atos 4:32 registra que “a
multidão dos que creram, uma era a mente e um o coração. Ninguém considerava
unicamente sua coisa alguma que possuísse, mas compartilhavam tudo o que
tinham”. Essa é uma direção prática de comunhão que uma igreja local deve
desenvolver e experimentar. Como Richards (2008, p. 251) coloca “da mesma
maneira, a união dos convertidos para formar a íntima comunhão descrita em 2:42-
47 e 4:32-37 serve para modelar os princípios universais da vida congregacional”.
Portanto, pode-se concluir que há um exemplo importante na igreja primitiva
que ajuda a moldar os princípios de comunhão que os cristãos devem cultivar. Além
disso, pode-se ver alguns traços de comunhão que são cruciais para a igreja em
todos os tempos, que podem ser encontrados nos textos de Atos 2:42-47 e 4:32-37 7.
Desta forma, diante da relevância que a comunhão tem na igreja primitiva e
sua importância para a espiritualidade cristã. Uma análise bíblica da comunhão
cristã em Atos 4:32-37 será realizada a fim de compreender e revelar as
informações do texto.

2. UMA ANÁLISE BÍBLICA DA COMUNHÃO CRISTÃ EM ATOS 4:32-37

A relação imparcial de Jesus com as pessoas deve ter sido um exemplo para
a comunidade cristã da igreja nascente, tão próxima que o texto bíblico diz que
quem crê tem um só coração (Atos 4:32). Mesmo a ação do Espírito Santo entre e
por meio desses cristãos significava que não havia necessidade entre eles, pois
sabiam lidar com as coisas para ajudar os irmãos da comunidade de fé (Atos 4:34).

7
A igreja primitiva se dedicava ao ensino dos apóstolos e a comunhão, ao partir do pão e às
orações (Atos 2:42), testemunhava a ressurreição do Senhor Jesus (Atos 4:33), anunciava
corajosamente a palavra de Deus (Atos 4:31), eram cheios de temor (Atos 2:43), louvavam a
Deus (Atos 2:47), tinham a simpatia de todo o povo (Atos 2:47), não haviam pessoas
necessitadas entre eles (Atos 4:34), mantinham-se unidos e tudo em comum (Atos 2:44),
possuíam uma mesma mente e coração (Atos 4:32), compartilhavam tudo o que tinham
(Atos4:32), juntos participavam das relações, com alegria e sinceridade de coração (Atos
2:46).
A esse respeito, Utley (2010, p.84) aponta que a igreja sentia a responsabilidade de
uns para com os outros.
No Antigo Testamento, os judeus tinham leis relacionadas ao bem-estar
(Levítico 25:35-38; Deuteronômio 15:7-11). No entanto, Atos 4:32-37 não trata
necessariamente do cumprimento da lei judaica, mas do serviço voluntário do bem
coletivo impulsionado pela ação do Espírito Santo na vida dessas pessoas. É
possível, no entanto, que Lucas tenha mostrado que as promessas de Deuteronômio
estavam sendo cumpridas pela igreja primitiva devido ao mandato do Espírito Santo
(GONZALEZ, 2011, p. 95). Essa é também a conclusão de Wiersbe (2008, p.311),
que afirma que o Espírito Santo também une os crentes de uma maneira tão
maravilhosa que eles vendem mercadorias e compartilham com os necessitados.
Como o evangelista Lucas documentou:

Da multidão dos que creram era um o coração e a alma. Ninguém


considerava exclusivamente sua nem uma das coisas que possuía;
tudo, porém, lhes era comum. Com grande poder, os apóstolos
davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos
eles havia abundante graça. Não havia nenhum necessitado entre
eles, porque os que possuíam terras ou casas, vendendo-as, traziam
os valores correspondentes e os depositavam aos pés dos apóstolos;
então se distribuía a cada um conforme a sua necessidade. Então
José, a quem os apóstolos chamavam de Barnabé, que quer dizer
filho da consolação, um levita natural de Chipre, vendeu um campo
que possuía, trouxe o dinheiro e o depositou aos pés dos apóstolos
(Atos 4:32-37).

O versículo 32 aponta para uma comunhão relacional: entre aqueles que


crêem de coração e alma. Ninguém considerava que as coisas lhe eram exclusivas;
mas tudo lhes era comum. Este é o resultado da verdadeira comunhão: cuidar dos
outros de tal forma que dedicar-se a relacionamentos tão genuínos proporciona a
separação das coisas materiais para o bem-estar dos outros e/ou da coletividade.
Williams (1990, p. 134) afirma que “Esta unidade, [era] baseada no
reconhecimento de que ‘[há] um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus
e Pai de todos’ (Efésios 4:5-6), em suma, em seu amor divino mútuo” o que leva
justamente ao tipo de comunhão que a igreja nascente vive, de modo que tudo lhes
é comum, esses cristãos estão muito conscientes do propósito da igreja em termos
de comunhão.
Não havia apenas a doações de itens, mas a doação da própria vida. Este é
um benefício incomum, um evento temporário que não exige que todos os cristãos
subsequentes façam o mesmo. Uma atitude válida e didática, porém, porque, como
argumenta Wiersbe (2008, p. 311-312), essa atitude é uma inspiração para os
cristãos de todos os tempos.
No versículo 32, cumpriu-se o que Jesus disse: assim como o Pai me amou,
eu também amei vocês; permaneçam no meu amor (João 15:10), porque o espírito
desses crentes é tão unido como a união do Filho e do Pai, e o amor compartilhado.
Dessa forma, Utley (2010, p.83) concluiu que ainda se pode ver uma correlação
entre Atos 4:32 e Lucas 14:26,27, em que Jesus disse

Se alguém vem a mim e não me ama mais do que ama o seu pai, a
sua mãe, a sua mulher, os seus filhos, os seus irmãos, as suas irmãs
e até a sua própria vida, não pode ser meu discípulo. E quem não
tomar a sua cruz e vier após mim não pode ser meu discípulo.

Assim havia ali o desapego a qualquer coisa por amor a Jesus em primeiro
lugar, o que evidencia profunda devoção daqueles cristãos (WILLIAMS. 1990, p.
105).
Através de seu ministério e prática, Jesus ensinou o valor da comunhão
apostólica; ele também mostrou a necessidade de cuidar dos necessitados e levá-
los a amar como ele amou (João 13:34). Em Atos 4:32-37 podemos ver esses
ensinamentos sendo colocados em vigor poderosamente à medida que aqueles
crentes eram guiados pelo Espírito Santo e havia graça abundante em todos eles, e
assim pode ser entendido como um resumo das características da igreja original em
relação aos participantes da comunidade de fé (PFEIFFER; HARRISON, 2001, p.
23).
Pode-se dizer também que os discípulos de Jesus tinham uma dívida com
seu Senhor e, portanto, ajudaram. Neste caso, o bem-estar substitui o egoísmo, a
ganância e a ganância. Na mente dos primeiros cristãos, o bem-estar dos outros era
mais importante que a riqueza, e a riqueza só beneficiava quem a possuía.
(WILLIAMS, 1990, p. 105).
O versículo 32 refere-se a “os que creem”. Essa expressão está relacionada
ao discurso de Pedro no Pentecostes, quando foram acrescentados cerca de três mil
(Atos 2:41). Esse grupo de pessoas não considerava seus bens próprios e, depois
de entrar em contato com o evangelho, estavam dispostos a sacrificar seus bens se
sentissem a necessidade de suprir as necessidades dos "crentes". “Essa foi a
primeira experiência de um ministério de finanças. Era voluntária e mútua, não
obrigatória. Amor e preocupação, não a nível social ou governamental, esse era o
motivo!” (UTLEY, 2010, p.84).
A frase "um coração e uma mente" tem a ver com um acordo completo, e
essa aliança não tem exceções. Segundo Williams (1990 p.133), quando as pessoas
se reuniram para declarar Davi rei, foi o mesmo consenso que apareceu no primeiro
livro de Crônica 12:38. Todos têm o mesmo temperamento, as mesmas intenções, o
mesmo entendimento.
Para Swaggart (2014), essa vida comunitária era necessária e importante
devido à perseguição, e alguns cristãos primitivos viram-se expulsos de sinagogas
ou empregos após a conversão.
Esses cristãos viveram um momento único na história cristã porque os
apóstolos foram testemunhas poderosas da ressurreição do Senhor Jesus, e havia
graça abundante neles. É o poder do Espírito Santo que nos mantém falando sobre
o senhorio de Jesus ressuscitado. Os apóstolos testemunharam no sentido de
pagarem suas dívidas, então fica claro que os fatos que vivenciaram, principalmente
a ressurreição de Jesus, levaram a uma obrigação de se colocarem na posição de
testemunhas dos fatos. Tudo isso também reflete a abundância de graça em que
vive toda a comunidade de fé, conclui Williams (1990, p. 106).
A força adquirida por meio do Espírito Santo no Pentecostes os capacitou a
pregar com ousadia, assim como o enchimento do Espírito Santo tornou a pregação
do evangelho ousada (UTLEY, 2010, p. 83). A perseguição que já existia não lhes
tirou a coragem de evangelizar, como evidencia a afirmação de Pedro de que a
obediência a Deus é mais importante do que a obediência aos homens (Atos 5:29).
Percebe-se, diante disso, que o Espírito Santo pode pegar 11 indivíduos,
multiplicá-los por 120, e depois multiplicá-los por 3.000, mostrando que ao se
concentrar na vida compartilhada em Jesus, ele mesmo organizará a vida de acordo
com sua maravilhosa unidade, fornecendo discípulos multiplicadores (RICHARD,
2008).
Assim, aquela comunidade de fé experimentou uma espécie de ajuda sem
egoísmo, porque não havia pobres entre eles, porque os que possuíam terras ou
casas os vendiam, trazendo consigo o valor correspondente e os depositavam aos
pés dos apóstolos; depois, conforme a vontade de cada um. precisa ser atribuído a
todos. (v.34,35). Assim, ajude quando for perseguido, ajude quando estiver fraco e
seja misericordioso quando estiver sofrendo. Esta sociedade está de acordo com o
ensinamento do Senhor: ame-te como eu e ame-se uns aos outros (João 13:34).
Nessa comunidade de crentes, há uma visão das necessidades de todos.
Vale notar que aqueles que se convertem ao evangelho de Jesus não são apenas
socialmente desfavorecidos (SWAGGART 2014, p. 1971), mas também os ricos que
os vendem para o benefício de todos.
Deve-se ver também que, embora a história contada se chame Atos dos
Apóstolos, ela é rica em graça: há a obra da graça de Deus nos crentes, e a graça
entre eles, e a graça é também a graça do pessoas para com os crentes.
(WILLIAMS 1990, p. 106, 107). Em Atos dos Apóstolos esse tipo de ajuda aos
necessitados circulou por vários anos e serviu de exemplo para inspirar outros a
fazerem o mesmo, mesmo tendo bens que não foram vendidos do nada, mas foram
vendidos de acordo com as necessidades da comunidade, por isso os apóstolos
confiaram a gestão desses bens coletivos.
Um exemplo eloquente da generosidade cristã primitiva é encontrado nos
versículos 36 e 37 quando José, conhecido pelo apóstolo como Barnabé (que
significa Filho do Conforto, um levita nascido em Chipre) vendeu um pedaço de sua
própria terra, trouxe o dinheiro e depositou nos pés dos apóstolos. Isso chamou
tanto a atenção do evangelista Lucas que ele o menciona especificamente, claro,
Barnabé é um homem de importância pública, talvez por causa de seus esforços
missionários, ele pode ser um dos descendentes dos levitas (UTLEY, 2010, p. 84).
Esse esforço levou Lucas a registrar seu nome e local de nascimento, e é claro que
esse exemplo inspira outros a fazerem o mesmo pelo bom exemplo, e alerta para a
importância da mordomia, que fomentará o apoio ao trabalho missionário por um
período (WILLIAMS, 1990, pág. 136).
Nessa comunidade, a falta de comida não é um problema imediato, pois
também dividem a comida todos os dias, “partir o pão” significa que comem juntos,
compartilham a comida (GONZÁLEZ, 2011, p. 95). Eles compartilham tudo e comem
juntos porque isso é um coração e uma alma e há uma necessidade de um
relacionamento aqui que só pode ser alcançado despertando-os pelo Espírito Santo,
porque com o enchimento do Espírito Santo, os crentes caminham para uma
unidade espiritual e unidade, segundo Lopes (2012, p. 112).
Nesse caso, o amor é traduzido em ação, a pregação é fortalecida, o
altruísmo se manifesta, e esse é o modo de vida na adoração, de modo que os
crentes da história também vivem na forma de disposição de servir aos outros na
forma de adoração. doações, objetos e sua própria devoção, para que aqueles que
pertencem a Cristo façam dele um foco comum de suas vidas e tentem ajudar uns
aos outros a encontrar a liberdade do Espírito Santo em suas vidas, a marca da
comunidade cristã (RICHARDS, 2008, p. 257).
No entanto, pode-se dizer que alguns dos frutos da comunhão em Atos 4 são
exemplos de adoração, responsabilidade social, pregação capacitada e cristãos
primitivos que inspiraram os cristãos a viver de uma certa maneira ao longo dos
séculos. comunicar uns com os outros e procurar ajudar aqueles que não são
favorecidos de alguma forma.
Como Williams (1990, p.134) observou, é possível que esses cristãos tenham
feito algo errado:

A prontidão dos crentes em vender suas propriedades talvez se deva


em grande parte à ardente expectativa do regresso imediato de
Jesus [...]. Também pode ser verdade que isso teria contribuído para
piorar a situação financeira em que mais tarde se encontrariam.

No entanto, Williams (1990) argumenta que isso não dá aos leitores


modernos o direito de condená-los, pois o discipulado pode ter seu preço, e talvez
eles o paguem. A pobreza desses crentes também se tornou uma bênção para eles
e para aqueles que os servem.
Portanto, pode-se dizer que isso era característico da igreja primitiva, uma
igreja cheia do Espírito Santo, mostrando um senso de unidade no compartilhar
(PFEIFFER; HARRISON, 2001).
Essa aplicação do assistencialismo – relacionada ao amor em ação – precisa
ser avaliada em relação à intenção do autor do texto (UTLEY, 2010, p. 84). No
entanto, questões como unidade, comunhão, cuidado com os outros, desejo de
buscar ajuda para que não haja necessidade entre eles, testemunho da ressurreição
de Jesus e graça abundante relacionam-se de diversas maneiras com a vida cristã.
Com isso em mente, a importância da comunhão para a espiritualidade cristã
em Atos 4:32-37 será considerada abaixo para refletir a relevância da comunhão
assistida para a igreja local.
3. A IMPORTÂNCIA DA COMUNHÃO PARA A ESPIRITUALIDADE CRISTA A
PARTIR DE ATOS 4.32-37

A comunhão vivida pela igreja primitiva fez com que os participantes desta
comunidade de fé se desenvolvessem juntos em adoração e devoção a Deus e ao
Cristo ressuscitado. Os cristãos da igreja de Jerusalém têm “tudo em comum”,
inclusive a espiritualidade, que é fruto da comunhão, pois são elementos
interdependentes da espiritualidade cristã. Então essas pessoas:

continuavam a usar todas as coisas em comum. Para esses cristãos


a espiritualidade era inseparável da responsabilidade social (...).
Parece que o comunitarismo teria sido uma solução provisória neste
caso, e necessário naquela circunstância (WILLIAMS, 1990 p.94).

Dessa forma, pode-se dizer que ele é o núcleo daquela comunidade,


naturalmente motivado pelo Espírito Santo, a conviver, como demonstrado no
capítulo anterior.
A espiritualidade pode ser definida como a busca do contato com coisas
sobrenaturais que dão sentido à existência humana. Na visão cristã, os humanos
tendem a buscar sentido na vida, sentido na existência e, como resultado, criam
conceitos transcendentais que atendem às suas necessidades e buscam uma
conexão com algo maior do que os seres humanos que podem ser conectados por
meio da religião formal. noivado, ou não passou.

A espiritualidade está afeita a questões sobre o significado e o


propósito da vida, com a crença em aspectos espiritualistas para
justificar sua existência e significados (GUIMARÃES, AVEZUM,
2007).

A espiritualidade também está diretamente relacionada à crença religiosa,


pois acredita-se que a divindade esperada pode ser obtida por meio da religião, que
induz satisfação e conforto nos momentos mais adversos da vida, como discórdia e
confronto. É na religião que se encontra um ponto de apoio para esse conforto e
satisfação (GUIMARES; AVEZUM, 2007, p. 89).
Espiritualidade não é abandonar tudo, todas as coisas materiais e materiais, e
viver uma vida de monge. O próprio Jesus era uma pessoa material e pessoal e agia
no mundo material e no mundo material. Embora, priorize o aspecto espiritual do
ser. A compreensão da espiritualidade cristã é estabelecer uma relação espiritual
com Jesus por meio da presença do Espírito Santo, o que pode ser demonstrado
sob a orientação de 1 João 4:2-3.

Nisto reconheceis o Espírito de Deus: todo espírito que confessa que


Jesus Cristo veio em carne é de Deus; e todo espírito que não
confessa a Jesus não procede de Deus; pelo contrário, este é o
espírito do anticristo, a respeito do qual tendes ouvido que vem e,
presentemente, já está no mundo.

Gonzalez (2011, p. 33) enfatizou que o propósito deste livro de Atos é


descrever a ação do Espírito Santo para guiar o mesmo Jesus encarnado que atuou
na igreja por meio do Espírito Santo. O "espiritual", portanto, com base no exemplo
apresentado em Atos, é a busca de uma relação com Deus Pai por meio do Espírito
Santo, tendo Jesus como mediador, com ênfase no desenvolvimento de
comunidades de fé na devoção cristã e na Sagrada Comunhão segundo a Bíblia.
Assim, a relevância da Eucaristia cristã será considerada a partir da periferia de Atos
4:32-37.

3.1. A COMUNHÃO E O ASSISTENCIALISMO SÃO ELEMENTOS


INTERDEPENDENTES DA ESPIRITUALIDADE CRISTÃ.

A expansão do cristianismo pretendida por Jesus iria muito além das


fronteiras de Jerusalém, como disse: “[Vocês] serão minhas testemunhas tanto em
Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até os confins da terra” (At 1:8).
Dessa forma, Jesus derrubou o muro da separação e acabou com a “distância
espiritual”, tornando assim os crentes gentios e judeus um em Cristo (Efésios 2:11-
22) (WIERSBE, 2008: 128). Assim quando a igreja de Jerusalém demonstra o
assistencialismo também aos gentios fica evidente que pode haver a comunhão em
Jesus que une diferentes pessoas.
Em 2 Coríntios 8:1-3, Paulo declarou que a igreja macedônia havia
experimentado generosidade e voluntariado, que se manifestavam na ajuda aos
necessitados de outras religiões na comunidade.
irmãos, queremos que estejam informados a respeito da graça de
Deus que foi concedida às igrejas da Macedônia. Porque, no meio de
muita prova de tribulação, manifestaram abundância de alegria, e a
profunda pobreza deles transbordou em grande riqueza de
generosidade. Porque posso testemunhar que, na medida de suas
posses e mesmo acima delas, eles contribuíram de forma voluntária.

Com isso em mente, Paulo orienta a igreja de Corinto a continuar dando para
que não haja pobres: os crentes devem trazer dízimos e ofertas no primeiro dia da
semana para atender os necessitados e testemunhar pela igreja. (WIERSBE, 2008,
p. 536).
Vale, portanto, notar que a Igreja é conhecida por um exemplo ainda
desconhecido de convivência, e que é motivada pelo Espírito Santo, o que as torna
propensas à comunhão solícita.
“De forma específica, na igreja de Jerusalém, está expresso o que Jesus
pretendeu para a Igreja quando orou a Deus: [...] a fim de que todos sejam um. E
como tu, ó Pai, estás em mim e eu em ti, também eles estejam em nós [...]” (João
17:21). As pessoas na igreja primitiva cuidavam umas das outras como se todos
estivessem cuidando de si mesmos para que não houvesse ninguém em
necessidade, algo que não existia na comunidade judaica no século primeiro,
influenciados pelas crenças religiosas dos fariseus.

Os fariseus roubavam as viúvas pobres ao tirar suas posses sob o


pretexto de usá-las para Deus (Mt.26.14). Eles eram mentirosos,
avarentos e espoliadores religiosos. Os valores deles eram confusos
(Mt.26. 16-22). Estavam interessados no ouro e nas ofertas, mas não
na adoração espiritual no templo [...] (WIERSBE, 2008 p. 89)

O assistencialismo que os primeiros cristãos experimentaram também se


tornou a força motriz do evangelho, uma força mais forte que o poder político porque
era o desejo espontâneo daqueles cristãos.
Os exemplos deixados por esta comunidade de fé expressam a relevância da
comunhão associada à generosidade e à espiritualidade profunda. Assim, esta
espiritualidade de prática e experiência é uma das necessidades da igreja moderna.
Jesus ensinou - inclusive a atitude - sobre o relacionamento imparcial que
deveria ser praticado entre seus discípulos, na igreja primitiva havia judeus que se
converteram ao cristianismo, mas logo, pela ação do Espírito Santo, o evangelho
alcançaria além dos laços, e a aceitação seria necessário. Sem preconceitos. Dada
a necessidade de relacionamentos humanos, esse relacionamento espiritual e vivo
entre os cristãos da igreja de Jerusalém será desejado por outros povos. Isso só é
possível pelo poder do Espírito Santo. Lopes (2012, p. 37) afirma:

O período de testemunho e missão deve anteceder a volta de Jesus.


Em vez de conhecer tempos ou épocas, eles seriam revestidos com
o poder do Espírito para serem testemunhas (2.33). Não lhes
bastaria o poder do intelecto, da vontade ou da eloquência humana.
Era preciso que o Espírito agisse neles, dentro deles e através deles.

A igreja hoje pode vivenciar o trabalho missionário empreendido pelos


primeiros cristãos vivenciando a comunhão desta comunidade, pois não há
necessidade de os apóstolos no meio deles se dedicarem à leitura da Bíblia e à
oração 8, pois haverá dias em que todos os dias não faltará comida, para que as
igrejas de todos os tempos, ao viverem na Eucaristia, possam progredir nos projetos
missionários que empreendem (LOPES, 2012, p.271, 272).

3.2. A COMUNHÃO ASSISTENCIAL CRISTÃ FAVORECE O TESTEMUNHO


PÚBLICO DA IGREJA LOCAL

Os grupos religiosos de Jerusalém começaram a ganhar respeito pelo tipo de


bem-estar que ali vivia, que não se disfarçava de legalismo judaico, o que os tornava
testemunhas para o povo, fossem eles judeus ou não. Porque Atos 4:32-37
descreve uma comunidade em que o amor mútuo é tão grande que, se um tem
necessidades, os outros vendem seus imóveis para atender a essas necessidades.
(GONZALEZ, 2011, p. 95). Este modelo de ajuda testemunha não só os primeiros
cristãos, mas também outras nações e cristãos de todas as épocas.
Richards (2008 p. 257) compara essa partilha na igreja primitiva ao “correr
junto”, o que certamente torna a igreja um órgão sensível às questões sociais dos
outros, caminhando com a comunidade de forma positiva e relevante. Richard (2008,
p. 257) também compara a igreja à ideia de uma orquestra, onde diferentes
instrumentos têm sons diferentes para criar uma harmonia que as pessoas que
compõem sua comunidade podem ouvir com alegria, se sob o controle do Espírito
Santo, é uma igreja indispensável hoje, independente em seu lugar.
A igreja nascente tornou-se tão visível que incomodou as autoridades
religiosas e políticas do primeiro século. Por um lado, algumas pessoas têm medo
de fazer parte dessa comunidade, vendo-a como um alto padrão. Por outro lado,
algumas pessoas a desprezam porque a entendem como uma seita que logo se
dissipará (WIERSBE, 2008, p. 314). O que pode ser visto, no entanto, é uma igreja
tão ativamente testemunhando a fé que perturba a autoridade religiosa do judaísmo.
Quando você tem uma igreja que está envolvida em questões sociais e seus
participantes, esse tipo de ajuda aos necessitados é levado ao conhecimento das
autoridades para que esse tipo de ajuda não seja menosprezado e a igreja seja vista
e vista. comunidade de alto padrão. As autoridades começaram a contar com a
ajuda da igreja, desde que eles - como a igreja primitiva - estivessem realmente
tentando ajudar nas necessidades sociais.
Richards (2008) defende que a igreja “correndo juntos”, inserida no contexto
de uma comunidade em crise, deve estar relacionada a questões humanitárias,
necessidades sociais, questões vivenciadas pela sociedade, sendo, portanto,
ferramentas sagradas para ajudar as pessoas.

3.3. A COMUNHÃO ASSISTENCIAL CRISTÃ CONSISTE EM UMA EXPRESSÃO


DE AMOR PRÁTICO

Para os cristãos do primeiro século, o ensino de cuidar dos outros viria de seu
próprio Senhor, assim como o ensino de Jesus dando o exemplo. Cristo equipa os
doze apóstolos para o serviço. Segundo Wiersbe (2008, p. 342), a igreja de
Jerusalém recebia alimento espiritual, participava da comunhão cristã e tinha a
oportunidade de servir ao cristianismo.
Nessa comunidade, o amor se traduz em ação, com motivos puros, no
sentido da família - sem egoísmo - no nível social do amor e da compreensão: há
um tesouro para atender às necessidades sociais do momento (UTLEY, 2010, p.
84).
Os primeiros cristãos desejavam servir a Cristo, sob o controle do Espírito
Santo, a todo custo - o que poderia ter um custo financeiro - mas compartilhavam o
sentimento de Jesus Cristo e, em comunhão com o Redentor, a igreja o imitava.
amor pelo próximo

os líderes estavam dispostos a pagar qualquer preço para servir a


Cristo, e as pessoas viviam sua fé no dia a dia. [...] (1) serviço cristão
diário; (2) serviço na casa de Deus; (3) serviço de casa em casa; (4)
trabalho de todos os membros; (5) serviço contínuo; (6) ensino e
pregação da Palavra; (7) exaltação de Jesus Cristo. (WIERSBE,
2008, p.316)

Aqui, uma igreja completa é considerada serviço (para Deus e para os outros)
porque, segundo Richards (2008, p. 258), “o amor aos outros nasce do amor a
Deus”. Desta forma, amar a Deus, amar o próximo e ajudar os necessitados podem
ser vistos como inseparáveis e interdependentes nesta comunidade de fé.
Portanto, a igreja local deve expressar preocupação com as dificuldades
enfrentadas pelos outros. A participação na vida e a responsabilidade pelo bem-
estar dos outros são as marcas necessárias na vida diária das igrejas locais que
estão comprometidas com Cristo e a Bíblia. Nesse sentido, a igreja primitiva deu um
exemplo para a comunidade cristã de hoje como um excelente exemplo de amor
prático.
Wiersbe (2008, p. 196) argumenta que o ideal de ser uma bênção para os
outros precisa permear a igreja hoje. A comunhão e o compromisso dos primeiros
cristãos é algo que os cristãos podem imitar.
Seguindo o exemplo de seus mestres, as comunidades de fé do primeiro
século demonstraram claramente o tipo de amor que deveria existir na igreja de
todas as épocas. Aquela igreja se preocupou tanto com a situação dos outros que
conseguiu renunciar ao que normalmente seria reservado para os outros, então na
forma de atitude, o amor estava vivo e era um testemunho para quem se beneficiava
e seu Cristo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A igreja primitiva experimentou uma intensa comunhão em que as pessoas da


comunidade se preocupavam em viver juntos, compartilhando tempo, comida e até
bens materiais juntos. A comunhão em que vivem esses cristãos é contagiante e
chamou a atenção das autoridades e do povo. Em vista disso, é necessário estudar
este tópico para entender as aplicações que podem ser transportadas de Atos 4:32-
37 para a igreja moderna.
Constatou-se que o livro de Atos foi escrito em forma de carta a um homem
chamado Teófilo de alguma importância política ou mesmo religiosa, pois havia se
convertido ao cristianismo, mas precisava detalhar o ministério de Cristo e da
Segunda Igreja.
Também é reconhecido que o propósito do livro de Atos era revelar a obra do
fim dos tempos com base no registro da promessa feita pelo profeta a Cristo.
Também o início da Igreja de Jesus de Jerusalém e seus primeiros líderes; a
comunhão que existia entre eles; a conversão de Saulo; o início do trabalho
missionário e a expansão da Igreja.
Analisando a importância da comunhão vivida pelos primeiros cristãos da
igreja nascente, vale notar o fato de que não havia pobres entre eles, pois cada um
compartilhava o que tinha e até comia alegremente juntos.
Este artigo também buscou compreender a comunhão em que vivem as
comunidades dessa fé e como elas aplicam os ensinamentos de Jesus nessa
comunhão, pois se trata da separação dos objetos para o bem comum, que é
entendido como amor em ação, portanto, É uma análise de Atos 4:32-37 que
compreende a experiência registrada de comunhão de Lucas na igreja primitiva.
Constatou-se que a motivação do grupo de fé em abrir mão de itens para
ajudar os necessitados está relacionada ao amor ensinado pelo Senhor Jesus, que
ensinou em palavras e ações.
Verificou-se que a espiritualidade sincera leva a uma comunhão tão
verdadeira que os membros dessa comunidade doam para o bem-estar e o bem
comum dos outros. A comunhão dos primeiros cristãos tinha a ver com a comunhão
entre Deus Pai e Deus Filho, e a transcendência tinha a ver com o amor
demonstrado por Jesus como eles o entendiam como dívida para com seu Senhor, o
que é evidência de profunda devoção Esta comunhão era considerada pelos cristãos
da igreja primitiva como um coração e alma, uma comunidade verdadeiramente
religiosa, um fato necessário diante da perseguição que a igreja começou. Também
descobrimos que entre esses cristãos há uma abundância de graça, dada pelo
Espírito Santo, que os impele a testemunhar com ousadia de tudo o que viram,
ouviram e experimentaram. A mesma abundância de graça os leva a favorecer os
outros em detrimento de sua propriedade.
Procurando entender o tipo de espiritualidade que os primeiros cristãos viviam
e descobriram que queriam uma espiritualidade como Jesus, que viveu como um
homem comum, tratou com pessoas comuns e, sob o poder do Espírito Santo,
enfrentou pessoas e seres humanos comuns. Por isso, os cristãos, com a ajuda do
Espírito Santo e a mediação de Jesus, dedicam-se a Deus e assim ajudam os
necessitados.
Constatou-se que a expansão da igreja no modelo de Jerusalém mostrou a
outros povos que Jesus também queria comunhão com os gentios, e que o
corporativismo transcendia os gentios, de modo que a possibilidade de profunda
espiritualidade, comunhão e generosidade se tornou comum. entre os cristãos de
Jerusalém.
Também foi apontado que o tipo de espiritualidade entre os cristãos do
primeiro século levou a uma abundância de graça e aprovação entre pessoas de
diferentes classes sociais. Os objetivos de vida dessas pessoas são a devoção, a
comunhão e a oração, que levam à comunhão e ao desapego material. Este modo
de vida tem despertado ampla atenção das autoridades e da sociedade, alguns a
entendem como uma comunidade de alto padrão e outros como uma seita, mas atua
naquelas pessoas como um testemunho visível do poder do Espírito Santo.
Entende-se que o tipo de comunhão entre os primeiros cristãos estava
relacionado ao amor real, como Jesus demonstrou muito bem em seu modo de vida,
preocupação com os outros e tipo de morte. Desta forma, a comunidade cristã
també
Jerusalém é vista como uma igreja completa em termos de serviço a Deus e
ao próximo, espiritualidade, testemunho público e participação na sociedade. Tudo
isso serve de exemplo para igrejas em outros tempos e lugares dá exemplo de amor
cristão, seja o custo dessa escolha financeiro ou material.

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