Location via proxy:   [ UP ]  
[Report a bug]   [Manage cookies]                

Apostila 23-Final-43-48

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 6

A DOUTRINA DA APLICAÇÃO DA REDENÇÃO | 43

AULA 08
A Perseverança dos Santos
(Conservar-se Cristão) - Como saber se
realmente nascemos de novo?

Explicação e Base Bíblica:


O tema da perseverança dos santos trata dessas questões. Pela perseve-
rança dos santos, todos aqueles que verdadeiramente nasceram de novo serão
guardados pelo poder de Deus e perseverarão como cristãos até o final da vida,
e só aqueles que perseverarem até o fim realmente nasceram de novo. Essa
definição tem duas partes. Indica primeiro que há uma garantia a ser dada
àqueles que realmente nasceram de novo, pois lembra-lhes de que o poder de
Deus irá conservá-los cristãos até a morte e que certamente viverão com Cristo
para sempre. Por outro lado, a segunda metade da definição deixa claro que a
perseverança na vida cristã é uma das evidências de que a pessoa realmente
nasceu de novo.

Todos os que verdadeiramente nasceram de novo perse-


verarão até o fim:
Muitas passagens pregam que aqueles que verdadeiramente nasceram
de novo, que são realmente cristãos, continuarão na vida cristã até a morte, e
então viverão com Cristo no céu. Diz Jesus:
Eu desci do céu, não para fazer a minha própria vontade, e sim a vontade
daquele que me enviou. E a vontade de quem me enviou é esta: que nenhum
eu perca de todos os que me deu; pelo contrário, eu o ressuscitarei no último
dia. De fato, a vontade de meu Pai é que todo homem que vir o Filho e nele crer
tenha vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia (Jo 6:38-40).
44 | AULA 08

Aqui diz Jesus que todos os que creem nele terão vida eterna. Diz que irá
ressuscitar essa pessoa no último dia - o que, nesse contexto de crer no Filho e
ter vida eterna, significa claramente que Jesus ressuscitará essa pessoa para a
vida eterna ao lado dele (não somente a ressuscitará para juízo e condenação).
Parece difícil evitar a conclusão de que todos os que verdadeiramente creem
em Cristo permanecerão cristãos até o dia da ressurreição final para as bênçãos
da vida na presença de Deus. Além disso, esse texto enfatiza que Jesus faz a
vontade do Pai, ou seja, “que nenhum eu perca de todos os que me deu” (Jo
6:39). Reafirma-se então: os que foram dados ao Filho pelo Pai não se perderão.
Os textos de Paulo e outras epístolas do Novo Testamento também trazem
elementos que indicam que os que verdadeiramente nascem de novo perseve-
rarão até o fim. “Já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus”
(Rm 8:1); portanto, seria injusto que Deus reservasse algum tipo de castigo
eterno para os cristãos - nenhuma condenação há para eles, pois a penalidade
dos seus pecados já foi expiada integralmente.
Outras provas de que Deus guarda os que nascem de novo para a eterni-
dade é o “selo” que Deus coloca em nós. Tal “selo” é o Espírito Santo que habita
em nós, que também funciona como “penhor” divino de que receberemos a
herança que nos foi prometida: “Em quem também vós, depois que ouvistes a
palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido,
fostes selados com o Santo Espírito da promessa; o qual é o penhor da nossa
herança, até ao resgate da sua propriedade, em louvor da sua glória” (Ef 1:13-14).
A palavra grega traduzida como “penhor” nessa passagem (arrabõn) é um
termo legal e comercial que significa “primeira prestação, depósito, entrada,
caução” e representa “um pagamento que obriga a parte contratante a fazer
novos pagamentos”. Quando Deus nos concedeu o Espírito Santo, ele se com-
prometeu a dar as outras bênçãos da vida eterna e uma grande recompensa no
céu ao lado dele.
Outro exemplo da garantia de que os crentes perseverarão até o fim se
encontra na declaração de Paulo aos filipenses: “Estou plenamente certo de
que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de
Cristo Jesus” (Fp 1.6). O plural “vós” (gr. hymas) indica que Paulo se refere aos
cristãos da igreja filipense em geral, mas mesmo assim ele fala dos crentes aos
quais escreve e diz que a boa obra que Deus começou neles continuará e será
completada no dia da volta de Cristo.
A DOUTRINA DA APLICAÇÃO DA REDENÇÃO | 45

Pedro diz aos seus leitores que são eles os que são “guardados pelo poder de
Deus, mediante a fé, para a salvação preparada para revelar-se no último tem-
po” (I Pe 1:5). A palavra “guardados” (gr. phroureõ) pode significar tanto “impedi-
dos de fugir” quanto “protegidos de ataque”, e talvez os dois sentidos estejam
implícitos aqui: Deus impede que os crentes fujam do seu reino, e os protege
de ataques externos. Assim podemos definir o sentido do versículo dizendo
que “Deus está continuamente usando o seu poder para guardar o seu povo
mediante a fé desse povo”, uma declaração que parece implicar que o poder
divino na verdade fortalece e continuamente sustenta a fé do indivíduo. No
entanto, o poder de Deus age continuamente “mediante” a sua fé. E se os cren-
tes quiserem saber se Deus os está guardando? Ora, se eles persistem na fé em
Deus por meio de Cristo, Deus atua para guardá-los e por isso merece reconhe-
cimento. Essa ênfase na proteção de Deus combinada à nossa fé proporciona
uma transição natural à segunda metade da doutrina da perseverança.

Aqueles que acabam se afastando podem dar muitos sina-


is exteriores de conversão:
Será sempre fácil distinguir os membros da igreja que têm autêntica fé
salvífica daqueles que têm apenas um convencimento intelectual da verdade
do evangelho, mas não a autêntica fé no coração? Não, nem sempre é fácil, e a
Bíblia afirma em várias passagens que descrentes em aparente comunhão
com a igreja podem dar alguns sinais ou indicações exteriores que os façam
parecer crentes verdadeiros. Por exemplo, Judas, que traiu Cristo, deve ter
agido quase exatamente como os outros discípulos durante os três anos em
que esteve com Jesus.
Tão convincente era a sua conformidade à conduta dos outros discípulos
que ao final dos três anos de ministério de Jesus, quando ele declarou que um
dos seus discípulos o trairia, nem todos suspeitaram de Judas, mas “começa-
ram um por um a perguntar-lhe: Porventura, sou eu, Senhor?” (Mt 26:22; cf. Mc
14:19; Lc 22:23; Jo 13:22). Porém, Jesus sabia que não havia fé genuína no coração
de Judas, pois disse a certa altura: “Não vos escolhi eu em número de doze?
Contudo, um de vós é diabo” (Jo 6:70). João mais tarde escreveu no seu evange-
lho que “Jesus sabia, desde o princípio, quais eram os que não criam e quem o
havia de trair” (Jo 6:64), mas os discípulos mesmos não sabiam.
46 AULA 08

Podemos ver isso também na declaração de Jesus sobre o que acontecerá


no juízo:
Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas
aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos, naquele dia,
hão de dizer- me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em
teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fize-
mos muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci.
Apartai-vos de mim, os que praticais a iniquidade (Mt 7:21-23).
Embora essas pessoas profetizassem, expulsassem demônios e fizes-
sem “muitos milagres” em nome de Jesus, a capacidade de fazer tais obras
não garantia que eram cristãs. Diz Jesus: “Nunca vos conheci”. Não diz: “Eu
vos conheci um dia, mas já não vos conheço” nem “Eu vos conheci um dia,
mas vos afastastes de mim”, e sim: “Nunca vos conheci”. Nunca foram cren-
tes de verdade.
Finalmente, há uma passagem de Hebreus que também afirma que
aqueles que acabam se afastando podem dar muitos sinais exteriores de
conversão e parecer cristãos em muitos aspectos. Escreve o autor:
É impossível, pois, que aqueles que uma vez foram iluminados, e prova-
ram o dom celestial, e se tomaram participantes do Espírito Santo, e provaram
a boa palavra de Deus e os poderes do mundo vindouro, e caíram, sim, é impos-
sível outra vez renová-los para arrependimento, visto que, de novo, estão cruci-
ficando para si mesmos o Filho de Deus e expondo-o à ignomínia (Hb 6:4-6).
O autor diz que “uma vez foram iluminados” (Hb 6:4), mas essa ilumina-
ção significa simplesmente que eles compreenderam as verdades do evan-
gelho, não que tenham respondido a essas verdades com genuína fé salvífi-
ca, provaram a bondade da Palavra de Deus, mas depois, apesar de tudo isso,
se “caíram [...] crucificando para si mesmos o Filho de Deus e expondo-o à
ignomínia” (Hb 6:6), então rejeitaram deliberadamente todas essas bênçãos
e se voltaram decididamente contra elas. E possível que todos conheçamos
(às vezes pela sua própria confissão) pessoas que estão há muito tempo na
comunhão da igreja sem ser cristãs nascidas de novo. Há muito tempo pon-
deram o evangelho, mas continuam a resistir ao chamado do Espírito Santo,
talvez por causa da relutância em entregar a sua soberania a Jesus, preferin-
do apegar-se a si mesmas.
A DOUTRINA DA APLICAÇÃO DA REDENÇÃO | 47

O que pode dar ao crente a plena segurança?

1) Será que confio hoje na salvação de Cristo?


Paulo diz aos colossenses que eles serão salvos no último dia, “se é que
permaneceis na fé, alicerçados e firmes, não vos deixando afastar da esperança
do evangelho que ouvistes” (Cl 1:23). Portanto, a pessoa deve perguntar-se:
“Será que hoje confio em que Cristo perdoará os meus pecados e me levará
inculpável ao céu, para a eternidade? Será que tenho no meu coração a fé de
que ele já me salvou? Se eu fosse morrer hoje à noite e comparecesse perante o
tribunal de Deus, e se ele me perguntasse por que haveria de me admitir no
céu, será que eu pensaria nas minhas boas ações, confiando nelas, ou sem
hesitar diria que confio nos méritos de Cristo, com absoluta certeza de que ele é
o meu pleno Salvador?”

2) Há porventura no meu coração provas da obra regeneradora do


Espírito Santo?
Primeiro, há a ação subjetiva do Espírito Santo dentro do nosso coração,
testemunhando que somos filhos de Deus (Rm 8:15-16; I Jo 4:13). Esse testemu-
nho será geralmente acompanhado de um senso da orientação do Espírito
Santo pelos caminhos da obediência à vontade de Deus (Rm 8:14).
Além disso, se o Espírito Santo estiver realmente ativo em nós, ele produzi-
rá as virtudes que Paulo chama de “fruto do Espírito”. Ele lista várias atitudes e
virtudes geradas pelo Espírito Santo: “amor, alegria, paz, longanimidade,
benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio” (Gl 5:22-23). É
claro que a questão não é “será que exemplifico perfeitamente todas essas
virtudes?”, mas sim “será que essas coisas caracterizam em geral a minha vida?
Será que sinto no meu coração essas virtudes? Será que os outros (especial-
mente os mais próximos de mim) veem em mim essas virtudes? Venho por
acaso me aperfeiçoando nelas ao longo dos anos?”
Outra prova da obra do Espírito Santo é continuar a crer e aceitar o bom
ensinamento da igreja. Aqueles que começam a negar importantes doutrinas
da fé dão graves sinais negativos a respeito da sua salvação: “Todo aquele que
nega o Filho, esse não tem o Pai [...] Se em vós permanecer o que desde o princí-
pio ou vistes, também permanecereis vós no Filho e no Pai” (I Jo 2:23-24). João
48 | AULA 08

também diz: “Aquele que conhece a Deus nos ouve; aquele que não é da parte
de Deus não nos ouve” (I Jo 4:6).

3) Será que percebo uma tendência constante de crescimento na


minha vida cristã?
Pedro dá mais um tipo de teste que podemos fazer para verificar se somos
crentes autênticos. Ele nos diz que há algumas virtudes que, cultivadas conti-
nuamente, garantem que não tropeçaremos “em tempo algum” (2 Pe 1:10). Ele
aconselha aos seus leitores acrescer à sua fé “virtude [...] conhecimento [...]
domínio próprio [...] perseverança [...] piedade [...] fraternidade [...] amor” (2 Pe
1:5-7). Depois diz que essas coisas devem existir nos seus leitores, “aumentando”
continuamente (2 Pe 1:8). Pedro ainda acrescenta que eles devem procurar
“com diligência cada vez maior, confirmar a [...] vocação e eleição [deles]” e diz
depois que “procedendo assim (literalmente, “fazendo essas coisas”, com
referência às virtudes mencionadas nos v. 5-7), não tropeçareis em tempo
algum” (2 Pe 1:10).
O modo de confirmar a vocação e eleição é, então, continuar crescendo
“nessas coisas”. Isso implica que a nossa certeza de salvação pode crescer ao
longo do tempo.
O resultado dessas três perguntas que podemos fazer a nós mesmos deve
ser uma certeza mais firme para os verdadeiros crentes. Dessa forma a doutrina
da perseverança dos santos será uma doutrina tremendamente tranquilizado-
ra. Ninguém que tenha tal certeza deve perguntar-se: “Serei capaz de perseve-
rar até o final da vida, sendo, portanto, salvo?” Todos os que adquirem essa
certeza por meio desse exame de consciência devem pensar de outro modo:
“Verdadeiramente nasci de novo; logo, com toda a certeza perseverarei até o
final, pois sou guardado 'pelo poder de Deus' que age por intermédio da minha
fé (I Pe 1:5) e, portanto, jamais me perderei. Jesus me ressuscitará no último dia
e entrarei no seu reino para sempre” (Jo 6:40).

Você também pode gostar