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Unidades de Conservação Do Município de Guarulhos: Avaliação Com Base em Aspectos Geoambientais e Instrumentos de Gestão

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UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DO MUNICÍPIO DE GUARULHOS:

AVALIAÇÃO COM BASE EM ASPECTOS GEOAMBIENTAIS


E INSTRUMENTOS DE GESTÃO
CONSERVATION AREAS OF THE GUARULHOS COUNTY: ASSESMENT BASED
ON geoenvironmental ASPECTS AND MANAGEMENT TOOLS

ÁREAS DE CONSERVACIÓN DEL MUNICIPIO DE GUARULHOS: EVALUACIÓN


BASADA EN ASPECTOS geoambientales Y HERRAMIENTAS DE GESTIÓN

Silmara Guerra Ferraz da Fonseca - Universidade de Guarulhos - Guarulhos - São Paulo - Brasil
guerra.silmara@gmail.com

Marcio Roberto Magalhães de Andrade - Universidade de Guarulhos - Guarulhos - São Paulo - Brasil
mmandrade@prof.ung.br

Antonio Manoel dos Santos Oliveira - Universidade de Guarulhos - Guarulhos - São Paulo - Brasil
aoliveira@prof.ung.br

Resumo
O município de Guarulhos integra a Região Metropolitana de São Paulo que é abrangida e envolvida pela
Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo (RBCV). Nesse contexto, Guarulhos tem um
papel estratégico ao apresentar um total de nove Unidades de Conservação da Natureza, espaços territoriais
especialmente protegidos que se estendem por uma área equivalente a 42,4% do território do município. Estas
Unidades de Conservação concentram-se notadamente na região norte de Guarulhos, em terrenos relacionados
ao Planalto Mantiqueira, uma região formada por relevo serrano intermediada por morros, em oposição à região
sul relacionada ao Planalto de São Paulo, onde o relevo colinoso inclui amplas planícies fluviais apresentando
intensa ocupação do solo. Dessa forma, as características geoambientais observadas nestas Unidades de
Conservação indicam uma clara vocação para serviços ambientais que garantem a manutenção da cidade e
região. Este artigo estabelece uma proposta de avaliação das Unidades de Conservação de Guarulhos com base
em aspectos geoambientais e instrumentos de gestão.
Palavras-chave: unidades de conservação, Guarulhos, geoambiental, gestão.

Abstract
The Guarulhos County is situated within the São Paulo Metropolitan Region which is comprised and surrounded
by the Biosphere Reserve of São Paulo City Green Belt. In this context Guarulhos has a strategic role since
there is a total of nine Nature Conservation Areas within its boundary. These Conservation Areas are special
protected territories and extend to 42,4% of the Guarulhos County extent. The Conservation Areas are notably
concentrated at the northern of Guarulhos on uplands of Mantiqueira. This landscape contrasts with the
Guarulhos southern where the contour is hilly and comprises extensive alluvial plain presenting intensive land
use. Thus the geoenvironmental features presented by these Conservation Areas indicate a clear vocation for
environmental services that should ensure the maintenance of the Guarulhos City and its surroundings. This
paper sets out a proposal for assessment of the Guarulhos Conservation Units based on their geoenvironmental
features and instruments of management.
Key words: conservation areas, Guarulhos, geoenvironmental, management.

ISSN: 1984-8501 Bol. Goia. Geogr. (Online). Goiânia, v. 34, n. 1, p. 55-72, jan./abr. 2014
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Resumen
El municipio de Guarulhos integra la Región Metropolitana de São Paulo, inclusa en la Reserva de la Biosfera del
Cinturón Verde de São Paulo (RBCV). En este contexto, Guarulhos tiene un papel estratégico por proporcionar
un total de nueve unidades de conservación de la naturaleza, áreas especialmente protegidas que se extienden
sobre un área equivalente al 42,4% del área del municipio. Estas áreas protegidas se concentran principalmente
en la región norte de Guarulhos en tierra relacionadas en la Sierra de la Mantiqueira. En oposición en el sur
ocurre la meseta de São Paulo, donde el terreno es de colinas com extensas llanuras fluviales y intenso uso de la
tierra. Por lo tanto, las características geoambientales observadas en estas áreas protegidas indican una clara
vocación de servicios ambientales que garanticen la sostenibilidad de la ciudad y de la región. En este trabajo se
presenta una propuesta para la evaluación de las Unidades de Conservación de Guarulhos basada en aspectos
geoambientales y herramientas de gestión.
Palabras clave: unidades de conservación, Guarulhos, geoambiental, gestión.

Introdução

As Unidades de Conservação (UCs) no Brasil são áreas representa-


tivas sob o ponto de vista da proteção dos ecossistemas e das paisagens
notáveis, correspondendo a espaços protegidos por lei e demarcados no
território, com o objetivo de garantir a preservação dessas áreas que, mui-
tas vezes, contém atributos históricos, culturais e étnicos significativos
para a sociedade.
O município de Guarulhos participa do cinturão verde ao redor da
Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) que, segundo Rodrigues et al.
(2006), configura a Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de
São Paulo (RBCV) . Esta reserva revela-se um verdadeiro recurso estraté-
gico para a manutenção de serviços ecossistêmicos fundamentais para a
qualidade ambiental do meio urbano, como é na produção de água para o
abastecimento em bacias de mananciais, bem como na regulação de pro-
cessos microclimáticos e hidrodinâmicos, tão importantes para a saúde
pública e segurança social. A implantação de UCs como medida de pro-
teção do cinturão verde de São Paulo é um instrumento efetivo de gestão
ambiental que fortalece a resistência às tendências notáveis de pressão
pelo uso urbano do solo e pela redução de áreas naturais.
O desempenho ou cumprimento das funções de uma UC pode ser
avaliado por diversos fatores ambientais. Em relação ao meio físico, uma
UC desempenha tanto mais sua função quanto maior e quanto mais pro-
tege a fragilidade geoambiental da área ou sua suscetibilidade a processos
geológicos, também quanto à sua inserção em unidades geomorfológicas
consistentes, como uma bacia hidrográfica.
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Em relação ao meio biótico, seu desempenho pode ser medido, por


exemplo, por sua integridade, biodiversidade e expressão excepcional
como exemplar raro.
Quanto ao meio antrópico, a UC tem maior ou menor desempenho,
tendo em vista os serviços ecossistêmicos que mantém, favorecendo o
bem-estar humano, ou seja, na proximidade com áreas atenuando ilhas de
calor urbanas, sua acessibilidade a estudos, pesquisas, atividades cultu-
rais e de lazer, seu papel como provedora e protetora de recursos hídricos
locais etc.
Entretanto, se todos esses aspectos ambientais não estiverem ges-
tados, o desempenho pode ser reduzido. Assim, aos fatores ambientais
devem ser acrescentados os relativos à gestão da UC, que implicam o seu
desempenho, correspondem à fundamentação legal e se está adequada ou
não; ao plano de manejo, se existe e está em vigor; à gestão, se possui
conselho deliberativo e/ou consultivo. Em resumo, o Índice de Desempe-
nho das UCs (IDUC) é função de fatores ambientais (a) e de gestão (g) da
seguinte forma: IDUC = f(a;g).
O presente artigo propõe um índice que contém os fatores mais im-
portantes da avaliação do desempenho das UCs.

Objetivo

O objetivo deste trabalho é avaliar o desempenho ambiental das


UCs do município de Guarulhos/SP com uma proposta de produzir e as-
sociar índices básicos que relacionam a fragilidade geoambiental com a
cobertura das áreas preservadas com floresta nativa e a efetivação dos
instrumentos de gestão obrigatórios por lei. Dessa forma, pretende-se co-
laborar com a gestão dessas UCs por meio de um diagnóstico básico e uma
proposta de nota de avaliação elaborada através de um indicador sintético:
o Índice de Desempenho das Unidades de Conservação (IDUC).

Área de estudo

O município de Guarulhos está localizado no Estado de São Paulo e


inserido no quarto maior aglomerado urbano do planeta, a Região Metropo-
litana de São Paulo (RMSP). A Figura 1 apresenta a localização desse mu-
nicípio no continente sul-americano, e demais unidades administrativas.
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Figura 1: Localização do município de Guarulhos em relação à América do Sul, ao Brasil,


ao Estado de São Paulo e à RMSP. Em destaque, as UCs estudadas (hachurado) no
território de Guarulhos.

Guarulhos tem destaque regional por corresponder a uma das mais


fortes economias do Estado de São Paulo. Pesquisas revelam que seu Pro-
duto Interno Bruto (PIB), em 2008, encontrava-se atrás apenas do muni-
cípio de São Paulo (IBGE, 2009); da mesma forma, com seus 1.221.980
habitantes (IBGE, 2010) é a segunda cidade mais populosa do Estado de
São Paulo.
Essas expressivas grandezas demográficas e econômicas revelam o
extremo vigor nos fluxos humanos, no crescimento urbano, no comércio,
na indústria e nos serviços, produzindo uma forte pressão sobre a ocu-
pação territorial da região que se reflete sobre os espaços especialmente
protegidos.
A ocupação do território em Guarulhos demonstra uma marcada
diferenciação espacial que acompanha, por um lado, a forte periferização
da capital paulista e, por outro, uma distribuição urbana que privilegia
a ocupação em terrenos de topografia suave. Assim, praticamente toda
a ocupação urbana se estabeleceu na porção sul do território, nas terras
onde predominam colinas e planícies com topografia mais favorável, em
virtude da sua formação geológica sedimentar.
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Além disso, na região norte de Guarulhos, formada por terras eleva-


das onde predominam morros e serras de rochas cristalinas, a ocupação é
mínima e o relevo é coberto por amplos remanescentes de florestas, local
onde se encontra a maioria das UCs de Guarulhos. O modelo digital do
relevo dessa região e as respectivas UCs (Figura 2) revelam esse contraste
topográfico evidente entre as regiões norte e sul.

Figura 2: Modelo digital do relevo da região de Guarulhos para a observação das áreas de UCs
estudadas no município de Guarulhos e apresentadas na Figura 1.

Com o objetivo de manter e proteger áreas naturais ainda existentes


na região, foram criadas um total de nove UCs em Guarulhos que podem
ser observadas na Figura 3.
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Legenda: 1- Parque Estadual da Cantareira; 2- Reserva Biológica Burle Marx; 3- Parque Natural Municipal
da Cultura Negra Sítio da Candinha; 4- Parque Estadual do Itaberaba; 5- Estação Ecológica do Tanque
Grande; 6- APA do Rio Paraíba do Sul; 7- APA da Várzea do Rio Tietê; 8- Floresta Estadual de Guarulhos;
9- APA Cabuçu-Tanque Grande.
Figura 3: Mapa das UCs do município de Guarulhos.

Essas UCs foram criadas ao longo do tempo, muitas delas antece-


dendo a promulgação do Sistema Nacional das Unidades de Conservação
(SNUC), pelas esferas públicas Federal, Estadual e Municipal, conforme
apresentado no Quadro 1.
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Quadro 1: Unidades de Conservação de Guarulhos, com base no SNUC instituído pela


Lei Federal n. 9.985 de 18 de julho de 2000.
Categoria e denominação da unidade de Ano de
Grupos
conservação criação
Parque Estadual da Cantareira2 1963
Unidade de Reserva Biológica Burle Marx1 1990
conservação de Parque Natural Municipal da Cultura Negra
2008
proteção integral Sítio da Candinha1
Artigo 8º Parque Estadual do Itaberaba2 2010
Estação Ecológica do Tanque Grande1 2010
Área de Proteção Ambiental do Paraíba do Sul3 1982
Unidade de Área De Proteção Ambiental da Várzea do Rio
1987
conservação de uso Tietê2
sustentável Floresta Estadual de Guarulhos2 2010
Artigo 14 Área de Proteção Ambiental Cabuçu - Tanque
2010
Grande1
Legenda: Municipal1, Estadual2, Federal3

Quanto à distribuição espacial, verifica-se que elas formam um


significativo mosaico de unidades de conservação concentrado na região
norte do município e que, embora sejam autônomas, apresentam várias
sobreposições.
Com respeito à cobertura do solo, observa-se que onde estão con-
centradas as unidades de conservação, predomina uma paisagem rural.
No entanto, podem ocorrer usos diversificados e tomados por espaços ur-
banos de forma muito variada, especialmente naquelas unidades de con-
servação pertencentes ao grupo de Uso Sustentável.
No contexto geomorfológico, de acordo com Ross e Moroz (1997),
todas as unidades de conservação de Guarulhos, com exceção da Área de
Preservação Ambiental (APA) da Várzea do Rio Tietê e uma pequena parte
da APA Paraíba do Sul, encontram-se na região de abrangência do Pla-
nalto e da Serra da Mantiqueira. No caso da APA da Várzea do Rio Tietê, a
geomorfologia corresponde a Pequenas Planícies Fluviais, já naquela por-
ção da APA Paraíba do Sul à Bacia Sedimentar Cenozoica, ambas associa-
das ao Planalto de São Paulo.
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Métodos

Conforme o objetivo da pesquisa, o de se elaborar um índice de de-


sempenho das UCs, foi realizada uma primeira avaliação do desempenho
das condições das UCs de Guarulhos como estudo de caso. Como pri-
meiro passo, foram considerados três fatores apenas relativos à fragilidade
geoambiental, a quantidade da cobertura florestal nativa preservada e a
implantação de instrumentos básicos de gestão. Esses três fatores foram
equacionados na forma de um indicador sintético, o Índice de Desempe-
nho das Unidades de Conservação (IDUC), que foi adaptado do Índice de
Gestão das Unidades de Conservação utilizado pela Secretaria de Meio
Ambiente do Estado de São Paulo (SMA, 2011), especificamente quanto
aos parâmetros qualidade dos recursos protegidos e gestão.
O IDUC proposto para as UCs de Guarulhos (de zero a 10) foi equa-
cionado da seguinte forma: fragilidade geoambiental (FG), com peso 1
(10% da nota); grau de conservação com floresta nativa (GC), com peso 2
(20% da nota); e nível de organização institucional (NO), com peso 7 (70%
da nota), através da seguinte fórmula de avaliação:

IDUC = 0,1xFG + 0,2xGC + 0,7xNO

As análises foram efetuadas em ambiente de geoprocessamento (Ar-


cGIS) proporcionado pelo laboratório do curso de Mestrado em Análise
Geoambiental (MAG) da Universidade Guarulhos (UnG), onde foi mon-
tado um banco de dados espaciais a partir de dados políticos administra-
tivos (limites municipais e bairros), limites da UCs, dados topográficos
(curvas de nível, hidrografia e sistema viário), na forma de planos de in-
formação obtidos da base de dados espaciais da Prefeitura Municipal de
Guarulhos. Os dados de cobertura vegetal foram disponibilizados pelo
acervo do MAG, com origem no projeto Bases Geoambientais de Guaru-
lhos (Oliveira et al., 2009).
As informações sobre a instituição dos instrumentos de gestão, con-
forme determina o SNUC, foram obtidas através de trabalhos de campo e
consultas a técnicos envolvidos com a gestão ambiental em Guarulhos, no
caso, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Guarulhos e a Secreta-
ria Estadual do Meio Ambiente de São Paulo.
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Fragilidade Geoambiental (FG)

A fragilidade geoambiental foi baseada na avaliação das unidades


de relevo e índices geomorfológicos básicos como a declividade. Esta ava-
liação considera os pressupostos de Ross (1994) sobre a fragilidade poten-
cial quanto aos processos de dinâmica superficial das encostas, entre eles,
a erosão e a movimentação de massa, de forma que a declividade o é fator
considerado em escalas de detalhe.
Foram gerados modelos digitais do terreno com o uso de dados to-
pográficos da base cartográfica da Prefeitura Municipal de Guarulhos, na
escala compatível a 1:25.000, e efetuadas estatísticas sobre a declividade
de cada UC, de acordo com os limites de declividade propostos por Sa-
lomão (1999). Também foi quantificada, em cada UC, a abrangência das
unidades de relevo definidas por Andrade (1999). Essa composição foi
sintetizada no índice denominado Fragilidade Geoambiental (FG), cujo
critério de avaliação basicamente consistiu no seguinte:
a) Sendo a declividade média da Unidade de Conservação > 30%,
a sua fragilidade geoambiental é classificada como ALTA. Ha-
vendo relevo serrano, a classificação passa a ser MUITO ALTA;
b) Se a declividade média está entre 20 e 30%, a fragilidade geo-
ambiental é classificada como MÉDIA. Havendo relevo serrano,
a classificação passa a ser ALTA;
c) Quando a declividade média está abaixo de 20%, a fragilidade
geoambiental é classificada como BAIXA. Nesse caso, não
ocorre relevo serrano associado.

Para efeito de cálculo do índice sintético final, foram atribuídas es-


tas notas: 0,25 para a classe de fragilidade geoambiental BAIXA; 0,5 para
a classe de fragilidade geoambiental MÉDIA; 0,75 para a classe de fragili-
dade geoambiental ALTA; e 1,0 para a classe de fragilidade geoambiental
MUITO ALTA.

Grau de Conservação (GC)

O grau de conservação das UCs foi avaliado por meio da quantifi-


cação da cobertura florestal nativa obtida a partir do plano de informação
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do uso e da ocupação do solo de Oliveira et al (2009) na escala compatível


com 1:25.000.
Com base na superfície relativa com cobertura florestal nativa de
cada UC, foram atribuídas notas da seguinte forma: 0,5 para a UC com
até 25% de cobertura florestal; 1,0 para a UC contendo entre 25 e 50% de
cobertura florestal; 1,5 para a UC contendo entre 50 e 75%; e 2,0 para a UC
com mais de 75% de cobertura florestal.

Nível de Organização Institucional (NO)

O critério assumido para a avaliação do Nível de Organização Insti-


tucional (NO) refere-se à implementação dos instrumentos principais pre-
vistos no SNUC, que são o plano de manejo e o conselho gestor. Conforme
dispõe o artigo 2º, item XVII do SNUC, o plano de manejo é o “documento
técnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos gerais da unidade
de conservação, se estabelece o seu zoneamento e as normas que devem
presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a im-
plantação das estruturas físicas necessárias à gestão da unidade”. O artigo
27 do SNUC determina claramente que as UCs devem dispor de um plano
de manejo.
A obrigatoriedade das UCs de disporem de conselhos consultivos
ou deliberativos é determinada pelo SNUC (artigos 15 para APA, 17 para
Florestal Estadual e 29 para as UCs de proteção integral) e, especialmente,
no seu regulamento dado pelo Decreto Federal 4.340/2002.
Dessa forma, o nível de organização institucional foi avaliado atra-
vés da verificação da instalação dos conselhos gestores e planos de ma-
nejo das respectivas UCs. Para a UC com Conselho Gestor, foi conferida a
nota 1,0 quando este é consultivo e nota 2,0, quando é deliberativo.
O plano de manejo é aqui considerado como o instrumento mais
importante para a gestão das UCs. Por isso, foi conferida para as que pos-
suem esse plano devidamente aprovado e implementado uma nota 5,0 que
corresponde a 50% da avaliação total do nível do IDUC.

Características das Unidades de Conservação no município de Guarulhos/SP

O panorama geral das UCs, em Guarulhos, revela que há sobreposi-


ção de áreas entre as suas diferentes categorias. Esse fato deve-se à criação
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de unidades de proteção integral que acabaram recobrindo áreas de uni-


dades de uso sustentável e vice-versa.
O primeiro exemplo é o da APA Paraíba do Sul criada no ano de
1983 que, em 2010, foi parcialmente englobada pelo Parque Estadual do
Itaberaba. Essa APA foi também sobreposta, no mesmo ano, por uma nova
unidade de uso sustentável: a Floresta Estadual de Guarulhos.
O segundo caso é o da APA Cabuçu-Tanque Grande que foi criada
pela Lei Municipal n. 6.798/2010, com um território que incluiu parte do
Parque Estadual do Itaberaba, criado pelo Decreto Estadual n. 55.662/2010,
e a totalidade do Parque Natural Municipal da Cultura Negra Sítio da
Candinha, criado em 2008 pela Lei n. 6.475/2008, e a Estação Ecológica do
Tanque Grande, criada pelo Decreto Municipal n. 28.273/2010.
Dessa forma, foi possível concluir que as UCs somadas recobrem
cerca de 42% do território de Guarulhos. A Tabela 1 apresenta a consoli-
dação destes resultados:

Tabela 1: Consolidação dos resultados de todas as UCs e respectivas


abrangências em Guarulhos, descontadas as sobreposições.
Espaços territoriais Área absoluta Área relativa
(ha) (%)
Superfície total de guarulhos 31.919,46 100
Superfície total das ucs de proteção integral 9.116,91 28,6
Superfície total das ucs de uso sustentável 4.423,09 13,9
Superfície total das ucs 13.540,00 42,4

Considerando os perímetros originais de todas as Unidades de Con-


servação existentes, nota-se que ocorre uma sobreposição de 5.750,68 ha,
ou seja, da superfície total da UC, 42,5% são áreas sobrepostas de uso
sustentável que estão hoje sob o regime de proteção integral.
As UCs de proteção integral possuem uma abrangência de 9.116,91
ha no território de Guarulhos. Na Tabela 2, pode-se observar a corres-
pondência das superfícies de cada UC de proteção integral em relação ao
município como um todo.
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Tabela 2: UCs de proteção integral e abrangência territorial no município de Guarulhos.


Área de
Área relativa
Espaços territoriais abrangência
(%)
(ha)
Superfície total de Guarulhos 31.919,46 100
Parque Estadual do Itaberaba (pei) 6.227,73 19,5
Parque Estadual da Cantareira (pec) 2.674,15 8,4
Parque Natural Municipal da Cultura Negra 109,12 0,3
Sítio da Candinha (pnmcnsc)
Estação Ecológica do Tanque Grande (eetg) 86,30 0,3
Reserva Biológica Burle Mmarx (rbbm) 19,61 0,1
Total 9.116,91 28,6

Considerando a área total das UCs de proteção integral, em relação


a cada uma delas, é possível perceber que há uma discrepância signi-
ficativa entre aquelas criadas pelo governo do Estado de São Paulo e as
demais de caráter municipal, uma vez que 97,6% de toda a área relativa às
UCs de proteção integral é estadual: Parque Estadual da Cantareira (PEC)
e Parque Estadual do Itaberaba (PEI). Pela análise das UCs de uso susten-
tável em seus perímetros originais, ou seja, sem descontar a sobreposição
com as de proteção integral, sabe-se que elas possuem uma abrangência
de 10.173,77 ha no território de Guarulhos. Na Tabela 3, é possível obser-
var a correspondência das superfícies de cada UC de uso sustentável em
relação ao município como um todo:

Tabela 3: UCs de uso sustentável e abrangência territorial no município de Guarulhos.


Área absoluta Área relativa
Espaços territoriais
(Ha) (%)
Superfície total de Guarulhos 31.919,46 100
Área de Proteção Ambiental do Rio Paraíba 6.095,16 19,1
do Sul (Apaps)
Área de Proteção Ambiental do Cabuçu- 3223,37 10,1
Tanque Grande (Apactg)
Área de Proteção Ambiental da Várzea do 763,03 2,4
Rio Tietê (Apavt)
Floresta Estadual de Guarulhos (Feg) 92,21 0,3
Total 10.173,77 31,9
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Considerando a área total das UCs de uso sustentável, em relação a


cada uma delas, é possível perceber que apenas a APA do Paraíba do Sul
representa quase 60% de toda a superfície de UCs de uso sustentável.

Fragilidade Geoambiental (FG)

A análise da fragilidade geoambiental das UCs permitiu classificá-


-las em níveis diferenciados apresentados no Quadro 2:

Quadro 2: Classificação da fragilidade geoambiental da UC de Guarulhos.


Classe de UC de Declividade média Proporção com
fragilidade Guarulhos (%) relevo Serrano (%)
Pec 32,05 18,9
Muito Pei 32,03 15,5
Alta Apaps 31,63 16,3
Apavt* -------- -------
Pnmcnsc 33,55 ---
Alta Feg 31,73 ---
Apactg 23,27 2,5
Média Eetg 28,28 ---
Baixa Rbbm 16,45 ---
*A APAVT é enquadrada nesta classificação por outros fatores.

Vale destacar que, no caso da APA da Várzea do Rio Tietê, prevalece


uma dinâmica geoambiental diferenciada, pois se trata de uma área de
planície aluvionar sujeita a processos deposicionais. Assim, essa UC tam-
bém foi considerada com fragilidade geoambiental MUITO ALTA, pelos
processos de assoreamento e pela contaminação hídrica.

Grau de Conservação (GC)

A cobertura florestal nativa das UCs de proteção integral totaliza


8.202,07 ha de florestas preservadas. A quantidade de floresta de cada
uma delas, com base no levantamento da cobertura do solo (Oliveira et al.,
2009), é apresentada na Tabela 4.
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Tabela 4: Quantidade de cobertura florestal das UCs de proteção integral em Guarulhos.


Área de Área Relativa
Unidade de Conservação de Proteção Integral
Floresta (Ha) (%)
Parque Estadual do Itaberaba (Pei) 5.424,11 66,1
Parque Estadual da Cantareira (Pec) 2.624 32
Parque Natural Municipal da Cultura Negra
79,79 1
Sítio da Candinha (Pnmcnsc)
Estação Ecológica do Tanque Grande (Eetg) 62,32 0,8
Reserva Biológica Burle Marx (Rbbm) 11,85 0,1
Total 8.202,07 100

A avaliação da quantidade de cobertura florestal das UCs de uso


sustentável corresponde a um total de 6.580,68 ha de florestas preserva-
das nessas UCs. A quantidade de floresta de cada uma delas, com base no
levantamento da cobertura do solo (Oliveira et al., 2009), é apresentada na
Tabela 5:

Tabela 5: Quantidade de cobertura florestal das UCs de uso sustentável em Guarulhos.

Área de Área Relativa


Unidade de Conservação de Uso Sustentável
Floresta (Ha) (%)
Área de Proteção Ambiental do Rio Paraíba do
4.994,84 75,9
Sul (Apaps)
Área de Proteção Ambiental do Cabuçu-
1.471,36 22,4
Tanque Grande (Apactg)
Floresta Estadual de Guarulhos (Feg) 74,79 1,1
Área de Proteção Ambiental da Várzea do Rio
39,69 0,6
Tietê (Apavt)
Total 6.580,68 100

Índice de Desempenho das Unidades de Conservação (IDUC) de Guarulhos

A partir das avaliações antecedentes, foi calculado o IDUC de Gua-


rulhos. A Tabela 6 apresenta de forma sistematizada o resultado desta
avaliação efetuada de forma qualitativa para as UCs de proteção integral e
a Tabela 7 para as UCs de uso sustentável.
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ISSN: 1984-8501 Bol. Goia. Geogr. (Online). Goiânia, v. 34, n. 1, p. 55-72, jan./abr. 2014

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Tabela 6: Avaliação do IDUC de proteção integral de Guarulhos.


Grau de Organização
Unidade de Fragilidade
Conservação Institucional Iduc
Conservação Natural (Fn)
(Gc) (No)
Pe Cantareira 1 1 6 9
Pnmcns Candinha 0,75 1,5 0 3,25
Pe Itaberaba 1 2 0 3
Ee Tanque Grande 0,5 1,5 0 2
Rb Burle Marx 0,25 1,5 0 1,75

Tabela 7: Avaliação do IDUC de uso sustentável de Guarulhos.


Unidade de Fragilidade Grau de Organização
Iduc
Conservação Natural Conservação Institucional
Apa Cabuçu-
0,75 1 2 3,75
Tanque Grande
Apa Várzea do Rio
1 0,5 2 3,5
Tietê
Apa Paraíba do Sul 1 2 0 3
Fe Guarulhos 0,75 2 0 2,75

Os resultados demonstram que a UC de Proteção Integral com me-


lhor qualidade na gestão ambiental corresponde ao Parque Estadual da
Cantareira. O índice de gestão do PEC não atingiu nota máxima simples-
mente porque não possui conselho gestor deliberativo, fato esse que pode
ser alterado a qualquer momento pelo órgão responsável pela gestão da
respectiva UC.
Com relação às UCs de uso sustentável, a APA do Cabuçu-Tanque
Grande destaca-se e ganha melhor posição do que a APA da Várzea do Rio
Tietê, pelo fato de essa última ter baixo grau de conservação. A ausência
dos planos de manejo em ambas as UCs, nesse caso, foi significativa para
que as notas atribuídas tivessem valores bem baixos.
De forma geral, conclui-se que existem apenas quatro conselhos
atuantes: Conselho do Parque Estadual da Cantareira (PEC); da Área de
Proteção Ambiental Várzea do Tietê (APAVT); da Área de Proteção Am-
biental Cabuçu Tanque-Grande (APACTG) e do Parque Natural Municipal
da Cultura Negra Sítio da Candinha (PNMCNSC). Insta, ainda, destacar
que a única unidade de conservação com plano de manejo efetivado até o
momento é o Parque Estadual da Cantareira (PEC).
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Unidades de Conservação do município de Guarulhos: avaliação com base em aspectos...

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Silmara G. F. da Fonseca; Marcio Roberto M. de Andrade; Antonio Manoel dos S. Oliveira

Considerações finais

O município de Guarulhos, apesar da influência exercida pela


enorme expansão urbana, possui, inseridas em seu território, nove uni-
dades de conservação da natureza federais, estaduais e municipais, per-
tencentes às seguintes categorias: Estação Ecológica, Reserva Biológica,
Parque, Área de Proteção Ambiental e Floresta Estadual, cujas definições
encontram-se, respectivamente, nos artigos 9º, 10, 11,15 e 17 da Lei n.
9.985/2000.
Nesse contexto, Guarulhos é um lugar especial por conter inúmeras
áreas naturais protegidas, pois constata-se, neste estudo, que aproximada-
mente 42% de seu território, descontadas as sobreposições, especialmente
na região norte, está constituído por Unidades de Conservação, ou seja,
quase a metade do território total do município.
O parque da Cantareira, do Itaberaba e o da Cultura Negra Sítio
da Candinha, a APA do Paraíba do Sul e a do Cabuçu-Tanque Grande
e a Estação Ecológica Tanque Grande estão associadas à região norte de
Guarulhos e com o corredor ecológico da Mantiqueira; cada uma dessas
áreas apresenta uma função primordial no mosaico de conservação da
Cantareira. Além de extremamente necessárias pela contribuição ao equi-
líbrio ecológico urbano, pela regulação térmica e de prevenção de proces-
sos geo-hidrológicos, provisão de água e da qualidade do ar, vale ressaltar
que essas áreas também podem ser geradoras de emprego, renda, lazer e
de outros benefícios sociais ao município.
O Parque Estadual da Cantareira e o Parque Estadual de Itaberaba
representam 98% da cobertura florestal das UCs de proteção integral. Já a
APA do Paraíba do Sul e a do Cabuçu-Tanque Grande representam igual-
mente 98% da cobertura florestal das UCs de uso sustentável. Assim, es-
sas UCs podem ser consideradas as mais importantes sob o ponto de vista
da conservação florestal.
De forma geral, considerando os dois grupos determinados pelos ar-
tigos 8º e 14 da Lei n. 9.985/2000, existem apenas três conselhos atuantes:
Conselho do Parque Estadual da Cantareira (PEC); da Área de Proteção
Ambiental Várzea do Tietê (APAVT); e da Área de Proteção Ambiental
Cabuçu-Tanque Grande (APACTG). Dessa forma, como as unidades de
conservação de Guarulhos formam um mosaico de unidades, em nível
federal, estadual e municipal, e que apenas 1/3 dessas áreas possuem con-
selho gestor, um grande desafio que se revela para a gestão dessas unida-
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des de conservação é a instituição de um conselho de mosaico integrado


à Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo (RBCV),
em cumprimento ao artigo 9º da Lei n. 9.985/2000. Isso facilitaria a gestão
integrada das áreas sobrepostas, com o estabelecimento de regras claras e
bem definidas para evitar futuros conflitos de competência.
Por fim, constata-se que, apesar de todo o esforço na gestão das duas
APAs (APAVT e APACTG) e dos dois Parques (PEC e PNMCNSC), as ações
do Poder Público Estadual e Municipal, no gerenciamento das unidades
de conservação inseridas em Guarulhos/SP, ainda precisam avançar para
atingir os objetivos motivadores de sua criação, posto que os efetivos ga-
nhos socioambientais das UCs só acontecem com contínuos esforços. O
ato de criar é apenas o fator que abre esta oportunidade.

Referências

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cípio de Guarulhos/SP. Dissertação (Mestrado em Geografia) – FFLCH, USP, São
Paulo, 1999. 154p.
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Disponível em: <http//www.ibge.gov.br>. Acesso em: 20 jan. 2012.
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Silmara G. F. da Fonseca; Marcio Roberto M. de Andrade; Antonio Manoel dos S. Oliveira

SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE/COORDENADORIA DE PLANEJAMENTO


AMBIENTAL. Painel da qualidade ambiental. São Paulo: SMA/CPLA, 2011. 132 p.

Silmara Guerra Ferraz da Fonseca - Possui Mestrado em Análise Geoambiental pela Universidade Guarulhos
e é Especialista em Direito Ambiental e Bioética pela Universidade de São Paulo. Atualmente é professora na
Universidade Guarulhos.

Marcio Roberto Magalhães de Andrade - Possui Graduação em Geologia pela Universidade de São Paulo,
Mestrado e Doutorado em Geografia pela mesma Universidade. Atualmente é professor da Universidade
Guarulhos.

Antonio Manoel dos Santos Oliveira - Possui Graduação em Geologia pela Universidade de São Paulo, Mestrado
em Geociências e Doutorado em Geografia pela mesma Universidade. Atualmente é professor na Universidade
Guarulhos.

Recebido para publicação em 9 de novembro de 2013


Aceito para publicação em 3 de fevereiro de 2014

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