Resumo de Direito Fiscal
Resumo de Direito Fiscal
Resumo de Direito Fiscal
CAPÍTULO I
ORDENAMENTO JURÍDICO-FISCAL
Numa perspectiva hierá rquica, a Constituiçã o é sem dú vida a primeira das fontes
ou modos de revelaçã o das normas jurídico-fiscais. Efectivamente, nã o há a menor
dú vida de que o direito dos impostos se apresenta fortemente moldado pela
chamada “constituiçã o fiscal”, isto é, por um conjunto de princípios jurídico-
constitucionais disciplinadores, ao mais elevado nível, quer de quem, que como e
de quando pode tributar, quer do que (é que) e do quanto tributar, estabelecendo
assim toda uma teia de limites à tributaçã o – de cará cter formal, os primeiros, e de
cará cter material, os segundos.
Estado Fiscal é aquele que tem por suporte financeiro determinante ou típico a
figura dos impostos. Ou seja, tem o imposto como o principal meio de arrecadaçã o
de receitas (cfr., art. 101º da CRA) Diferente do Estado patrimonial ou
empresarial, cuja base financeira é constituída fundamentalmente por receitas
provenientes da propriedade e da actividade empresarial do Estado.
Angola para além de Estado fiscal é também um Estado Social (formal) uma vez
que utiliza imposto (imposto extrafiscal) como instrumento de realizaçã o dos
objectivos econó micos e sociais do Estado social por um lado, por outro lado é o
Estado fiscal que paga a conta do Estado social. Um conta quase nã o tem cessado
de aumentar atendendo á s multíplicas e diversificadas tarefas que sucessivamente
têm vindo a ser postas a cargo do Estado (arts. 2ª parte do art. 101º , 99º , 21º
90º, todos da CRA).
A. O dereito de não pagar impostos a nã o ser aqueles que hajam sido criados
nos termos da Constituiçã o, nã o tenham naturaza retroactiva e cuja
liquidaçã o e cobrança se façam nos termos da lei;
B. O direito de exigir que todos os outros membros da comunidade também
contribuam para seu suporte financeiro, o que implica para o Estado que
todos os membros da mesma sejam constituídos em destinatá rios desse
dever (tarefa do legislador) e, bem assim, que todos eles sejam
efectivamente obrigados ao cumprimento do mesmo ( tarefa da AGT);
C. O direito à efeciência da despesa pública, o que significa que o dever
fundamental de pagar impostos apenas se conterá dentro dos limites
constitucionais se a despesa pú blica assegurar um adequado retorno à
sociedade do montante dos impostos através de prestaçã o, em quantidade e
qualidade, dos correspondentes serviços pú blicos.
Este princípio implica igual imposto para os que dispõ em de igual capacidade
contribuitiva (igualdade horizontal) e diferente imposto (em termos qualitativos e
quantitativos) para os que dispõ em de diferente capacidade contributiva na
proporçã o desta diferença (igualdade vertical)
Capacidade contribuitiva
c) As cláusulas anti-abuso
Estas visam prevenir e repremir a crescente prá tica de evasã o e fraude fiscal. Elas
podem ser:
Método de isenção
Método da imputação ou do crédito de imposto
CAPÍTULO II
a) O contribuinte;
b) Os substitutos;
c) Os retentores;
d) Os responsá veis fiscais;
e) Os suportadores econó micos do imposto (em caso de repercussã o); e
f) Os sujeitos passivos das mú ltiplas e diversificadas obrigaçõ es ou deveres
acessó rios.
a) Relaçã o de imposto; e
b) Relaçõ es jurídicas acessó rias.
Dica ninja: Em princípio, serã o sujeitos passivos das relaçõ es jurídicas tributá rias
os detentores de personalidade jurídica. Só assim nã o será quando a lei fiscal diga
o contrá rio, como acontece em diversas situaçõ es em que considera sujeitos
tributá rios entidades desprovidas de personalidade jurídica (por exemplo, as
sociedades irregulares e a herança jacente, ver os artigos 28º, nº4 e 29º do CGT e
al.b),nº1 do art.5º do Có digo do Imposto Industrial) ou, ao invés, nã o considera
sujeitos tributá rios entidades detentoras de personalidade jurídica (por ex.,em vez
de serem tributados os agrupamentos de empresas sã o tributadas as sociedades
integrantes do agrupamento).
A representaçã o voluntá ria concretiza-se através do mandato fiscal. Este pode ser
celebrado pelos pró prios contribuintes e demais sujeitos passivos ou pelos seus
representantes legais, podendo abranger a prá tica de quaisquer actos de natureza
procedimental ou processual tributá ria que nã o tenham natureza pessoal.
A gestã o de negó cios está previsto no artigo 35º do CGT. Esclareça-se, a título
complementar, que a lei civil para qual remete o artigo 35º sã o os arts. 464º a 472º
do Có digo Civil e, bem assim, que a presunçã o contida no nº 3 do art. 35º constitui
um presunçã o elidível.
Dispõ e o artigo 36º da Lei nº 21/20 de 9 de Julho – Lei que altera o Có digo Geral
Tributá rio que, para efeitos tribitá rios, todo o contribuinte tem um domicílio fiscal
físico que consta da sua ficha de cadastro e um domicílio fiscal electró nico, definido
em diploma pró prio.
Dica ninja: A lei prevê a existência de estabelecimentos está veis sem a presença
de uma instalaçã o fixa, ou seja, de estabelecimentos pessoais, como é o caso,
contemplado no nº 3 do art. 39º do CGT, de uma pessoa que, nã o sendo de
considerar agente independente, actue no territó rio angolano por conta de uma
empresa e exerça habitualmente poderes de intermediaçã o e de conclusã o de
contratos que vinculem a empresa.
Nos termos do art.45º do CGT a “a substituiçã o tributá ria verifica-se quando, por
imposiçã o da lei, a prestaçã o tributá ria for exigida a pessoa diferente do
contribuinte” (nº 1), sendo a mesma “efectivda através do mecanismo da retençã o
na fonte do imposto devido” (nº 2).
Espécies:
De acordo com art. 74º do CGT, há na substituiçã o tributá ria três situaçõ es de
responsabilidade tributá ria, a saber: (1) no caso de o imposto ter sido retido e nã o
entre nos cofres do Estado, o substituto é o ú nico responsá vel, ficando o
substituído desonerado de qualquer responsabilidade pelo seu pagamento; (2) na
hipó tese de a retençã o ter natureza de pagamento por conta do imposto do
substituído ou contribuinte devido a final, cabe a este a responsabilidade originá ria
pelo imposto nã o retido e ao substituto a responsabilidade subsidiá ria, ficando
ainde este sujeito aos juros compensá tó rios desde o termo do prazo para
apresentaçã o da declaraçã o pelo contribuinte até à data data da entrega do
3. A responsabilidade tributária
solidá ria
Subsidiá ria
Dica ninja: O que importa destar aqui é a alteraçã o introduzida pela lei nº 21/20
de 9 de Julho – lei que altera o Có digo Geral Tributá rio – no nº2 do art.72º,
relativamente a distribuição do ónus da prova. Assim sendo, cabe à
Administraçã o Tributá ria a prova da culpa dos ex-administradores ou ex-gerentes
relativamente à s dívidas tributá rias cujo facto constitutivo se tenha verificado no
período de exercício do seu cargo ou cujo prazo legal de pagamento ou entrega
tenha terminado depois do referido prazo. E aos administradores ou gerentes em
funçõ es cabe prova de ausência de culpa na insuficiência do patrimó nio da
sociedade no respeitante à s dívidas tributá rias cujo prazo legal de pagamento ou
entrega tenha terminado no período do exercício do cargo.
Para que se verifique a sub-rogaçã o tributá ria é necessá rio que o terceiro
proceda ao pagamento da totalidade da dívida e se verifiquem certas
condiçõ es:
A forma normal de extinçã o da obrigaçã o fiscal é o seu cumprimento, que pode ser
voluntá rio ou coercivo ( art.55º alterado lei nº 21/20 de 9 de Julho e 36º do Có digo
de Execuçã o Fiscal).
Dica ninja: quando docorre o prazo para o pagamento voluntá rio, começam a
contar juros de mora. Quando o contribuinte nã o possa cumprir integralmente de
uma vez a dívida tributá ria poder requerer o pagamento em prestaçõ es, quer no
decurso do prazo voluntá rio, quer no â mbito do processo de execuçã o – art.72º do
Có digo de Execuçã o Fiscal.
Já os juros compensató rios sã o devidos “quando, por facto imputá vel ao sujeito
passivo, for retardada a liquidaçã o de parte ou da totalidade do imposto devido ou
a entrega de imposto retido ou a reter no â mbito da substituiçã o tributá ria”, sendo
a sua taxa de 1% devida por cada mês (cfr., 51º do CGT altera pela lei nº 21/20 de
9 de Julho).