Location via proxy:   [ UP ]  
[Report a bug]   [Manage cookies]                

BIOETICA

Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 5

FACULDADE DE FILOSOFIA E TEOLOGIA PAULO VI

Curso: Filosofia.
Disciplina: Ética I – Dr. Profº João Figueiredo Nobre Cortese.
Aluno: João Gabriel de Morais Rodrigues Gonçalves. RGM: 20202242.

O termo “bioética” surge em 1970 em um artigo com o título the Science


of survival por um oncólogo chamado Van Rensselaer Potter. A ideia de Potter
era de uma “ética geral”, entretanto o desenvolvimento da bioética não foi a
concepção de Potter que prevaleceu. Vale ressaltar que o termo bioética era
para ser um sinônimo de ética biomédica, pois estaria relacionada as doenças
e a saúde dos seres humanos, sendo aplicada nos dilemas morais, que fazem
parte do desenvolvimento tecnológico que estava em expansão na época.
Como dito, o ideia de ética de Potter não prevaleceu, mas sim, os
princípios de Beauchamps e Childress, que foram propostos primeiramente no
relatório Belmont de 1978 para que pudesse orientar as pesquisar relacionadas
aos seres humanos, mas somente em 1983, em sua obra Principles of
biomedical ethics que a bioética foi estendida para as práticas médicas.
Beauchamps e Childress estabelece quatros princípios para facilitar o
enfretamento dos dilemas bioéticos, sendo eles o da beneficência e da não-
maleficência, o princípio do respeito pela autonomia e o princípio da justiça, os
autores não estabelecem uma hierarquia sobre qual princípios é mais
importante que o outro, ao passo que Diego Gracia estrutura o principialismo, e
na visão os princípios como não-maleficência e de justiça devem estar em
primeiro plano, já que é mais importante evitar fazer o mal, do que
propriamente fazer o bem, além do que esses dois princípios podem ser
olhados no espectro público, e o respeito a autonomia no espectro
privado/individual. Existem críticas sobre o principialismo, entretanto vale focar
no que apresenta cada um dos princípios estabelecidos por Beauchamps e
Childress.
Sobre os princípios da beneficência e da não-maleficência. A
beneficência significa “fazer o bem”, está voltado para a boa saúde (física ou
mental) do paciente, isso quer dizer que os profissionais da área da saúde, ou
da área de pesquisar, tem a obrigação moral de agir em benefício dos
pacientes. Já o princípios de não-maleficência significa “evitar o mal”,
consistindo basicamente, nos profissionais de saúde não prejudicarem
intencionalmente seus pacientes, sendo assim, evitando o mal. Esses dois
princípios forma postulados pelo pensador Hipócrates, onde Hipócrates diz
“Aplicarei os regimes para o bem do doente segundo o meu poder e
entendimento, nunca para causar dano ou mal a alguém”. 1
Nos dois princípios acimas podemos observar parâmetros como não
matar intencionalmente um paciente, não causa dor ou sofrimento sem
necessidade, além de estabelecer importante papel ao proibir experimentos
que podem gerar danos aos participantes, como o caso de 1950 e 1960, onde
o instituto de oncologia Chester Southam fez uma pesquisa para descobrir
como o sistema imunológico reagiria quando exposto às células cancerígenas,
a decisão dos pesquisadores foram de injetar as células nos pacientes. Assim
com esses dois princípios estabelecidos, o profissional e o pesquisador sempre
deve propor um tratamento digno do paciente, assim como diz respeito as
técnicas utilizadas, em suma, desejar o melhor para o seu paciente, para
restabelecer sua saúde, prevenir que se agrave a doença, ou para promover
sua saúde.
O terceiro princípio, o respeito pela autonomia, tem como base que cada
pessoa tem a liberdade de decisão sobre sua vida, sendo a autonomia a
capacidade de se autodeterminar, ou seja, a pessoa pode tomar as decisões
da sua própria vontade, sem pressões externo ou qualquer tipo de
subordinação para coagir a pessoa a tomar determinada escolha, mas também
vale ressaltar que no caso de uma criança ter que decidir, pela falta de
desenvolvimento psicomotor, é bem provável que ela tente escapar dos
procedimentos por julgar desconfortáveis, sendo assim caberá aos
responsáveis pela criança decidir o que deverá ser feito, ou qual tratamento
deve ser feito, sempre optando pelo tratamento mais adequado para criança,
esse limitação não se aplica somente a crianças, também pode ser aplicada
em pessoas que não conseguem ponderar o problema por causa de um
acidente ou deficiência cognitiva.
Por fim, o princípio da justiça que se refere a igualdade no tratamento e
a justa distribuição das verbas do Estado para a saúde, pesquisa etc.

1
Juramento de Hipócrates - Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul
(cremers.org.br).
também deve-se levar em conta o princípio de justiça como conceito de
equidade, dando a cada paciente o que lhe é devido, baseando-se em sua
necessidade, ou seja, entendendo que cada individuo é diferente, e suas
necessidades também, além da obrigação ética de tratar cada indivíduo
conforme o que é moralmente correto e adequado. Também vale ressaltar que
se deve respeitar sem discriminação nenhuma, sendo elas, aspectos sociais,
culturais, religiosos, financeiros ou outros que possam interferir na relação
médico-paciente. Todos os quatro princípios estruturados por Beauchamps e
Childress, são o que fundamenta a bioética na atualidade.
Os temas que a bioética trata são extensos, na maiorias das vezes são
temas rodeados de tabus, com certa dificuldade em resolver os problemas
postos, exemplo disso é o aborto, eutanásia, fertilização in vitro etc. além de
tratar questões com cientistas e cobaias. O principialismo estabelece
fundamento principalmente para relação médico e paciente e cientista e cobaia,
supondo uma conduta correta. É com base nos princípios estabelecidos por
Beauchamps e Childress, que a bioética discute assuntos como clonagem,
engenharia genética, uso de células troncos, experimento em animais e os
acimas citados.
Vale analisar como o principialismo deve resolver algumas dos temas
posto, ou pelo menos ajudar a ponderar sobre. Pegamos o melhoramento
genético nos seres humanos, em geral, refere-se ao processo de modificar
traços não patológicos, entretanto vale ressaltar que também pode ser aplicado
para prevenção ou tratamento de uma patologia. O termo melhoramento
genético diz respeito a um conjunto de técnicas da biologia molecular e
embrionária, utilizadas para aprimorar as características do seres vivos,
humanos, animais e plantas, essa prática está voltada em otimizar a
capacidade natural dos organismos através de modificações no código
genético. Consideramos como exemplo:

Em novembro de 2018, uma mulher na China deu a luz à duas


meninas gêmeas, Lulu e Nana, nomes fictícios, provavelmente. O
processo de formação dos embriões e a implantação no útero
materno foi o de fertilização in vitro (FIV). Até aqui, nenhuma
surpresa. Milhões de crianças já foram concebidas dessa forma
desde 1978, ano em que a FIV foi realizada pela primeira vez na
Inglaterra. O inventor dessa técnica, o britânico Robert G. Edwards,
foi agraciado com Prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia em 2010. A
novidade no caso de Lulu e Nana é que, de acordo com o cientista
chinês He Jiankui, o genoma dos embriões foi editado: ou seja,
foram introduzidas, de forma artificial, mutações no gene CCR5 dos
embriões, na fase em que eles eram formados por apenas uma única
célula. O CCR5 codifica uma proteína presente na membrana dos
glóbulos brancos, uma célula do sistema imunológico. Esse gene é
especialmente importante no contexto da infecção do ser humano
pelo vírus causador da aids, o HIV. Isso porque, para penetrar a
célula, o vírus deve, primeiro, reconhecer e ligar-se a essa proteína. 2

Este exemplo, e considerando a diferença entre tratamento e


melhoramento genético, tendo como objetivo e primeiro caso a cura de uma
patologia. A mãe das meninas gêmeas, Lulu e Nana, fez um melhoramento
genético em suas filhas, afinal pelo que se sabe as meninas não tinham
nenhuma doença, a mãe apenas concebeu uma vantagem biológica, ao invés
de deixar aos cuidados da natureza genética, a mãe está errada por isso? O
principialismo poderia observar que neste caso o melhoramento genético
poderia ser concebido, afinal não causou nenhuma maleficência, além do que
pode trazer o benefício biológico contra as doenças como a aids e o HIV.
Alguns poderia argumentar que o respeito a autônima, foi violado já que a mãe
acabou por determinar uma condição na vida das gêmeas, mas contra essa
argumentação pode-se esclarecer que assim como a educação e o bem-estar
das crianças são responsabilidades dos pais até dos 18 anos, onde atinge por
lei (No Brasil) a maioridade, ou seja, capacidade absoluta para exercer os atos
civis de sua vida, sem a necessidade de assistência ou representação de
outras pessoas.
Em suma, pode-se considerar que os demais temas da bioética, assim
como o acontecimento acima são princípios que se aplicam em casos
particulares, sendo responsabilidade dos médicos e cientistas aplicarem os
valores a fim de conciliar um possível dilema. No tratamento ou melhoramento
genético, devemos ponderar até onde podemos ir com as modificações do
códigos genéticos, se deveríamos poder melhorar a natureza dos próprios
filhos, a fim de possibilitar uma vantagem, como por exemplo, conceber altura
para criança, a fim de possibilitar uma vantagem nos esportes como basquete,
natação ou vôlei.

2
Edição genética em humanos: técnica e ética | Questão de Ciência
(revistaquestaodeciencia.com.br)
As preocupações bioéticas conciliam as questões cientificas e
filosóficas, pois refleti sobre até que ponto é certo usar a ciência para
promover o melhoramento humano? E quais os valores morais que estão em
jogo na nossa escolha por fazer isso ou não? Michael J. Sandel, argumento
dos riscos do melhoramento genético, em seu livro “Contra a perfeição”, onde
explora os dilemas morais relacionados com a busca por aperfeiçoar a nós
mesmos e a nossos filhos. O principialismo não é uma ética universal, assim
como não é a única, mas sim a que está consolidada na atualidade. Cabe
analisar cada tema, a fim de solucionar os dilemas, o principialismo é um
esforço disso, assim como as instruções feitas pelo cardeal William Levada, na
Dignitas Personae.

Você também pode gostar