Jogo de Ob1
Jogo de Ob1
Jogo de Ob1
Obì,O
Obì
O Òríÿà da boa sorte
ObìooOObì
São Paulo - 2008
Edição do autor.
Primeiro Módulo
Orlando J. Santos d’Ògún Dímõlõkõ
3 - Obì, o Òríÿà da boa sorte
Santos Orlando J.
KÖ-L’ÊKÖ, ÌYÀWÓ / Orlando J. Santos (Bàbá Olóòríÿà Ògún Dímõlõkõ).
- São Paulo : Autor, 2008. - (Série Aprenda Ìyàwó; V. 5)
97-1731 CDD-299.6
Introdução
Habitualmente usam-se somente Obì de quatro partes, mas a verdade é que Obì de
outros números de partes podem ser utilizados e com bastante sucesso para outros rituais.
Mas, quando o assunto é jogar Obì e fazer a leitura do Oráculo” somente o Obì de
quatro partes é utilizado, pois o Ifá nasce dentro do quatro.
Um exemplo disso é o Obì de três partes que ilustra esta página, que em algum momento
até pode ser usado para se fazer um “jogo de perguntas e respostas”, mas não pode ser
considerado como sendo um Oráculo completo.
Esse mesmo Obì de três partes deve ser consumido pelas filhas de Õÿun, por ser ewõ
para elas comer Obì de quatro partes.
Obì,
o Òríÿà da boa sorte
O Culto de Òríÿá é composto de vários elementos, e apesar das pessoas acharem que
o sangue é o principal deles, não é — a água é o principal elemento do Culto.
“Criticar acadêmico quando se é ignorante (no sentido de ignorar) é uma coisa esquisita
e até antiética, compreendo.”
Porém, em certas situações não podemos deixar de fazê-lo, principalmente, quando uma
informação falsa é absorvida de modo espetacular pelo povo. A questão aqui, é sangue: preto,
vermelho e branco.
— Se o galo, o pombo ou o bode é preto, a natureza do seu sangue é tido como preto para
fins de ritual, ou seja:
Acrescentar filosofia a isso, não acrescenta nada ao culto, só confunde. Das folhas só
podemos extrair o sumo ou clorofila. Poderosas, acalmam, enlouquecem, curam ou matam —
mas são folhas e não têm sangue!
— Os metais como ouro, cobre, bronze, ferro ou prata (preto, vermelho e branco), são
vistos pelo povo da tradição como “excrementos” da Mãe Terra — também não têm sangue!
—As bebidas nada mais são que combustíveis que dão energia para que haja a propulsão
e o àÿç alcance o fim proposto, o comando necessário para aquilo que estamos empreendendo.
Para se entender melhor a questão do uso do gim no ritual é preciso entrar no campo da física,
pois através do espargir da bebida sobre um ojúbô, altar, se cria um campo energético (eletrons
e prótons), onde a nossa palavra é acoplada para viajar dentro de um universo infinito, cujo som
jamais se dissolverá, aí, nem a respiração se perde, pois a respiração do sacerdote passa a ser a
respiração do próprio universo contida no micro-cosmo.
— Se a água é sangue, porque não se faz Òÿàlá com água e cachaça (sêmen), já que ele
não aceita o sangue vermelho; mas espertos, dizem que a cabra de Òÿàlá é branca, o que
encerra o significado da questão genética.
— Para encerrarmos esse assunto, devemos entender que as qualidades do sangue, são
inerentes à qualidade do animal que oferecemos, tomando-se o cuidado de oferecer apenas
animais perfeitos, isso basta, o resto são apenas conceitos.
— Não devemos deixar de frisar que não sendo o culto fundamentalista e sim tradicionalista,
para tudo há sempre outras opções, pois o maior erro cometido no culto de Òríÿà, é o
surgimento de pessoas que de fora apenas observam e põem no papel aquilo que acham,
acrescentando a isso sua visão pessoal.
— Na medicina do Culto as folhas são usadas não somente como remédios, mas também,
transformadas em pós, àgúnmu, que são verdadeiros antivírus, em àgbo, maceração vegetal,
usado em banhos rituais, para consagrar objetos do Culto, e delas, nada se perde, pois os
“bagaços” podem ser usados em outras finalidades...
— Já o mel, produto do néctar colhido das flores pelas abelhas, nada tem a ver com
sangue, pois é o símbolo da discrição, dentro do culto não é utilizado para adoçar e sim guardar
segredos, isso ocorre porque a doçura do mel faz com que qualquer um que o coloque na boca
não salive com piedade, nem diga que é amargo; simplesmente que é gostoso, assim, não tem
o sentido de doçura e sim de adoçar..., formar comunidades ou grupos sociais, de acordo com
a organização social das abelhas, união, aqui também entra a questão da transmissão genética e
de transmissão ancestral. O grifo é nosso!
— O epo-pupa, azeite de dendê, é o mais mal entendido dos elementos de àÿç, pois
utilizado pela maioria das pessoas como elemento que excita, na verdade é elemento apaziguador,
porque é êrô, calmante. Tomemos como exemplo o fogo, pois se colocarmos umas gotinhas
de dendê o fogo aumenta, mas se for muita quantidade, o fogo apaga, ou seja, apazigua. Logo
se o seu desejo é manter Èÿù apaziguado o conceito é este.
— Na música a maior expressão se encontra no som do agogo-ãgo, sino, e não nos
atabaques, Ilu, cujo meio tom da marcação do ritmo, promove a manifestação da Divindade
acoplada no homem. Logo não cabe, nesse sentido, dar ao Culto alcunha pejorativa de animismo,
pois animação vem de ânimo (alma), acendimento, entusiasmo, coragem ou força; e não significa
de modo algum, dar vida a objetos inanimados através dos rituais.
— Quando o assunto é sacrifício de frutos, o fruto mais importe é o Obì. Isso porque o
conceito é de semeadura, o que significa que frutas que não dão sementes não servem para
sacrifícios. Nesse sentido Obì já aparece como semente, por ser “Ele” um fruto que brota de
si mesmo — ou seja, é completo.
Consultar Obì é muito difícil, pois apesar de ser um jogo resumido, deveria ser usado
somente por profissionais de Ifá. Mesmo assim, as pessoas que não estão familiarizadas com o
Orlando J. Santos d’Ògún Dímõlõkõ
9 - Obì, o Òríÿà da boa sorte
Culto de Òríÿà, ou que praticam um Culto de Òríÿà resumido, também praticam esse tipo
de jogo, mas fazem isto não profissionalmente, e sim, para elas mesmas, cuja metodologia é a
própria visão e não a visão tradicional de Ifá, que é incontestável.
Encontra-se o quatro “do espaço” em nosso próprio corpo. Assim jogar Obì é como se
o indivíduo estivesse fazendo exercício corporal, jogando-se ao chão aleatoriamente para, a
partir daí, extrair a mensagem de Ifá e determinar como “Ele” mesmo se encontra dentro do
seu próprio espaço ou ambiente sagrado para poder descobrir qual o resultado do ritual
promovido.
É preciso que leve em consideração que os Odù, Códigos de Ifá, estão contidos dentro
desse jogo e, para encontrá-los, as pessoas especializadas (os profissionais de Ifá) o jogam
dentro de uma ritualidade específica. É como se fazendo uma linha X, e pela queda do Obì,
determina quem é macho, quem é fêmea e, fazendo referências a outras substâncias, sabe qual
é o código e chegam a uma conclusão do resultado da oferenda, çbô. Estou dizendo que isso
pode ser feito, mas não é aconselhável, pois é um tipo de Ifá bastante resumido e que somente
aqueles que possuem conhecimentos sobre os Odù Ifá conseguem ter uma visão ampla do
resultado alcançado.
O Obì mais comum de usar é o de quatro partes, embora a consulta possa ser feita com
Obì de duas partes, de três, de seis ou com dois Obì de quatro partes — quando o Obì é de
cinco partes a quinta parte é considerada infértil. O nome que se dá a essa quinta parte é òfúwá
= òfú = òfõ = palavras ou rezas que mudam uma situação no dia + wá = dividir em pequenos
pedaços. O que significa que essa parte do Obì deve ser mascada e soprada sobre “aquele
assentamento do Òríÿà” antes de se proceder ao ritual de oferecimento do Obì ou pode ser
oferecido para Ìyámi ou Èÿù.
— Isso significa que o Oráculo do Obì também conta o tempo do espaço, alcança a
consciência de Olódùmarè e esclarece sobre os elementos utilizados no ritual.
— É impossível fazer ritual de Obì se o indivíduo que o consulta não conhece o significado
de outros elementos como çfun, òsùn e iyèrosùn, animais e plantas, e mesmo o significado
do Obì em si, que aparece como testemunha dos infortúnios da vida e cabe a ele responsabilidade
de resolver essas questões em favor dos menos favorecidos, desde que despertado o seu Àÿç
adequadamente.
— Se o homem abrir os braços e as pernas, se encontrará dentro do quatro; as pernas
aparecem como a força da estrutura terrestre mantida pela força gravitacional, os braços como
elementos que indicam o espaço gerado em torno do ritual e a sua Orí, cabeça, dividida em
quatro, faz referência às quatro partes que compõem o Obì. O quinto elemento extraído do
Obì, que é embrião, representa o seu sacrifício, sem o qual não poderá ser aceito, assim como
a quinta parte, òkè-orí, alto da cabeça, estabelece o vínculo e a extração da consciência de
Olódùmarè – Õrúnmìlà.
— O profissional de Ifá deve levar em consideração que Obì é completo e que o jogo em
si é um ritual de confirmação de outro ritual já praticado, ou seja, é código sobre código. Não
se pode esquecer disto, pois qualquer alteração pode resultar na negativa de aceitação do ritual
anteriormente praticado. Toda vez que Obì é lançado, ali está um Odù-Ifá trazendo uma
mensagem, que não se pode estabelecer simplesmente, que Õkànràn seja um Odù negativo.
É preciso ver dentro de Õkànràn qual Odù-Ifá está escrito e isso vale para todas as aberturas
possíveis do Oráculo.
— O jogo do Obì faz parte de todos os rituais, desde Obì omi, Obì d´água, até o último
dos rituais promovidos na vida do ser humano, o Àjèjè, ritual fúnebre.
Ìtàn (relato)
A arrogância de Obì resulta em castigo
Olódùmarè viu que Obì era uma pessoa justa e simples. Então Olódùmarè decidiu
colocá-lo no alto da árvore, fazendo-o branco por dentro e por fora, dando-lhe, também, uma
alma imortal.
Èÿù, fiel servidor de Olódùmarè e também de Obì, conhecia todos os amigos de Obì
e Obì conhecia todos os amigos de Èÿù; pobres, ricos, limpos, maltrapilhos, bem vestidos,
bons, corretos, maldosos e malandros...
No dia que Obì fez aniversário encarregou Èÿù de convidar todos os seus amigos. Èÿù
viu que Obì havia se tornado arrogante, pretencioso e prepotente; aproveitando-se desta
situação, convidou todos os pobres e desafortunados da cidade para irem à festa. Quando Obì
viu sua casa repleta de pobres, maltrapilhos e imundos, ficou muito descontente e irritado,
perguntou:
— Quem os convidou?
Eles responderam:
— Èÿù foi quem nos convidou!
Obì retrucou:
— Ah, então foi Èÿù que os convidou?
— Sim, foi ele!
Obì retrucou novamente:
— Mas não tão maltrapilhos e sujos!
— Eu o coloquei no alto da árvore e o fiz branco por dentro e por fora. Com isso você
se tornou orgulhoso a ponto de expulsar os infelizes de sua casa na ocasião de seu aniversário
e repetindo a mesma atitude comigo, seu Criador, Obì. Como você, eles também são meus
filhos!
Como castigo permanecerá na árvore, mas não nascerá tão alto como antes. Nunca mais
será tão elevado quanto eu, Olódùmarè. E, pelo tempo que a Terra existir você rolará no
chão e será verde ou negro por fora e somente sua alma imortal permanecerá branca.
— O negro servirá para lembrá-lo das ofensas contra os mendigos.
— O verde servirá para lembrá-lo que todas as pessoas são meus filhos.
— De agora em diante, você anunciará o bom e o mau acontecimento da vida, os
nascimentos e as mortes que ocorrerão sobre a Terra.
Este Ìtàn (relato) esclarece sobre o costume de se consultar Obì sobre as graças e
infortúnios.
Ìtàn (relato)
A Criação de Obì
No dia que Olódùmarè descobriu que as Divindades estavam lutando entre si, antes de
ficar esclarecido que Èÿù era o responsável pela confusão, Ele decidiu convidar as quatro
Divindades mais moderadas que existe:
— Irôra,paz;
— Irôlçconcórdia;
— Ajé, prosperidade;
— Ayé, a Vida, única divindade feminina presente, para resolver a questão do desrespeito
dos jovens contra os mais velhos — conforme a ordem de Olódùmarè. Eles rezaram pela
união e equilíbrio de todos.
Enquanto rezavam pela harmonia, Olódùmarè abriu e fechou a sua mão direita apanhando
ar. Em seguida, abriu e fechou a sua mão esquerda e, de novo, apanhou o ar. Foi para fora
plantou o conteúdo no chão — Olódùmarè plantou as orações e no dia seguinte uma árvore
surgiu no lugar — era a árvore de Obì, que cresceu, floresceu e deu frutos. Quando os frutos
amadureceram, começaram a cair ao solo.
— Ayé, a Vida, pegou os frutos e levou para Olódùmarè e este lhe disse para preparar
os frutos do jeito que mais lhe agradasse para comê-los.
— Primeiro Ayé os torrou, eles mudaram de textura e ficou com gosto muito ruim.
— No outro dia Ayé os cozinhou, eles mudaram de cor e não podiam ser comidos,
ficaram horríveis.
Orlando J. Santos d’Ògún Dímõlõkõ
16 - Obì, o Òríÿà da boa sorte
— Enquanto isso, Ajé, prosperidade, Irôra, paz, e Irôlç, concórdia, fizeram outros
experimentos, mas todos mal sucedidos. Então, Elas foram até Olódùmarè e disseram que era
impossível preparar os frutos.
— Como ninguém descobriu como preparar Obì, Elénìní, caluniador ou difamador,
Divindade do obstáculo, se ofereceu como voluntário. Todos os frutos colhidos foram entregues
a Ele.
— Elénìní partiu a cabaça de Obì, retirou os frutos “sementes”, lavou e os guardou
embrulhados em folhas por quatorze dias. Após este período, Ele percebeu que os frutos
estavam vigorosos e frescos. Então, começou comê-los crus e viu que não havia problema
algum.
— Ayé levou os frutos para Olódùmarè e disse que os frutos das orações, Obì, podiam
ser ingeridos crus sem qualquer perigo.
— Olódùmarè ordenou a Elénìní, a mais velha das Divindades de sua casa, descobridora
dos segredos dos frutos das orações, a avisar que daquele dia em diante os frutos de Obì não
seriam somente um alimento do Céu, mas também que onde fossem apresentados deveriam
ser oferecidos primeiro ao mais velho que estiver sentado no meio do grupo, e que seu consumo
fosse sempre precedido de orações.
— Olódùmarè, decretou também, que como símbolo das orações a árvore do Obì
somente cresceria em lugares onde os mais jovens respeitassem os mais velhos.
— Naquele Ìpádè Õrún, Reunião no Céu, Olódùmarè abriu o primeiro Obì, que
tinha somente duas partes: Ele deu uma parte para Elénìní, a mais antiga divindade presente.
— O segundo Obì tinha três partes, as quais representavam as três divindades masculinas
que fizeram as orações que deram origem ao nascimento da árvore de Obì.
— O terceiro Obì tinha quatro partes, e representava Ayé, a Vida, única divindade
feminina presente na reunião.
Orlando J. Santos d’Ògún Dímõlõkõ
17 - Obì, o Òríÿà da boa sorte
O sacrifício do Obì
Òfùwà é o nome dado à quinta parte do Obì. Òfù = Ofõ = aquilo que se usa para
mudar uma situação + Wà = existir.
Também, essa mesma palavra é usada no momento de se fazer o sacrifício do Obì: Obì
mo òfúwà ni! Obì eu mudo a sua existência! Isso tem o significado de sacrificar o Obì
retirando o embrião (o futuro broto do Obì) com as unhas para justificar o ato. Pois não é
somente o sacrifício com sangues, sacrifícios – feijão cozido, por exemplo, não nasce, broto de
árvore macerado, não brota, de ovo cozido não nasce pinto...
A parte externa do Obì se chama tegumento, a pele.
A parte carnosa da semente “fruto” é chamada de endosperma.
Ìtàn (relato)
Por que Obì é jogado no chão
Obì era um rapaz forte e saudável, cujo trabalho era levar os recados dos homens, para os
Òríÿà. Toda vez que alguém necessitasse fazer alguma oferenda precisava falar no ouvido
de Obì, suas orações, pedidos e desejos, para transmitir os recados e trazer a resposta dos
Òríÿà. Assim Obì ficou famoso e passou a ser muito requisitado, pois com a sua ajuda os
problemas eram mais facilmente solucionados, pois a resposta era imediata — todos dependiam
de Obì.
— Envaidecido, Obì tornou-se orgulhoso e cobrando altos preços pelos seus serviços,
juntou muitas riquezas.
— Assim, Obì agia livremente, andava pelas ruas sem falsa modéstia, dizendo o quanto as
pessoas precisavam de seus favores.
Com o tempo essas atitudes de Obì passaram a incomodar Èÿù.
Sendo Èÿù aquele que transita entre Céu e Terra, um dia foi relatar à Olódùmarè o mau
comportamento de Obì.
Olódùmarè que nunca havia saído do Céu, ao tomar conhecimento, entristecido, foi
pessoalmente à casa de Obì para ouvir seus argumentos. Obì sem saber quem batia à porta, ao
abri-la assustou-se tanto que caiu de costas estático, nisso, Olódùmarè disse:
— Por causa da tua vaidade e orgulho Obì; vim do Õrún, Céu, à sua casa com muita
tristeza e descontentamento. Para reparar seus erros, desde agora nunca mais falará de pé,
sempre que alguém precisar do teu trabalho é no chão que deverás ser invocado, esse será o teu
castigo para todo o sempre.
Orlando J. Santos d’Ògún Dímõlõkõ
20 - Obì, o Òríÿà da boa sorte
Foo
Ôfõ l’Omi.
Ofõ Obì
— Se sacrifica o obì e reza:
Usa-se um prato branco e um pouco de água. Coloca-se um pouco de água no prato (que
simboliza estarmos fertilizando o solo em pedido de prosperidade) e reza-se o ofõ:
Omi tútù.
A água é fresca
Omi l’õna tútù.
Água para um caminho de paz.
Omi Ilê tútù.
A água refresca a terra.
Omi tútù Èÿù.
A água esfria Exu.
Então se parte com as mãos, nunca com a faca, o Obì de quatro partes e segura-se as
quatro partes na mão direita e reza:
Õrúnmìlà Obì ré o!
Õrúnmìlà o Obì será será bom para vós.
Obì rç o!
O Obì é seu!
Obì rç o!
O Obí é é bom para vós!
— Em seguida se molha uma a uma as partes do Obì na água com a mão direita
enquanto se reza:
Obì kò’si ikú.
Obì confronta há algum tempo as mortes.
Obì kò’si àrun.
Obì confronta há algum tempo as doenças.
Obì kò’si ofo.
Obì confronta há algum tempo as perdas.
Obì kò’si êjê.
Obì confronta há algum tempo os derramamentos de sangue.
Obì kò’si fiti bö
Obì confronta há algum tempo, pondo um ponto final, remove.
Obì kò’si ara ikú. Bàbá a wà o.
Obì confronta há algum tempo completamente a morte. Pai nos olhe muito bem.
— Repete-se a operação agora molhando o Obì com a mão esquerda, enquanto se reza:
Obì níbi ikú.
Obì neste lugar há mortes.
Obì níbi àrun.
Obì neste lugar há doenças
Obì níbi ofo.
Obí neste lugar há perdas
Obì níbi êjê.
Obì neste lugar há derramamentos de sangue.
Obì níbi ìdínà.
Orlando J. Santos d’Ògún Dímõlõkõ
25 - Obì, o Òríÿà da boa sorte
— Se segue rezando:
Obì ni àfi bç ikú.
Obì ni àfi bç àrun.
Bà bç ikú.
Bà bç àrun.
Bà bç ìjá.
Bà bç ofõ ibi.
Bà bç jç fún çnyin o (ou: fún wa).
Obì com facilidade toma a frente da morte.
Obì com facilidade toma a frente da doença.
Pedimos previamente, tome a frente da morte.
Pedimos previamente, tome a frente da doença.
Pedimos previamente, tome a frente dos conflitos.
Pedimos previamente, tome a frente dos infortúnios.
Pedimos previamente, vença-os para ela (ou: para nós).
(Esta é a forma de se oferecer Obì para todos os Òríÿà, bastando substuir o nome
de Õrúnmìlá, por exemplo, pelo nome do Òríÿà dono da oferenda.
Orlando J. Santos d’Ògún Dímõlõkõ
26 - Obì, o Òríÿà da boa sorte
Odù Õkànràn
(1 aberto e 3 fechados)
Odù Õkànràn
(1 aberto e 3 fechados)
— Õbàrà Méjì surge como se fosse linhas brancas misturadas com linhas pretas.
Como as suas mensagens não são claras e objetivas, nos deixam confusos ou cheios de
incertezas e incapazes de tomar decisões acertadas.
— Os filhos deste Odù sofrem de complexo “ bipolar” conhecido dentro do Culto
por “ mania de gradeza”, têm manias de comprar tudo que vêem pela frente sem se
importar se podem ou não pagar a conta. Assim, tornam-se vítimas de suas próprias
ilusões. São pessoas agitadas, que vivem às pressas, lamentando suas decisões impulsivas.
— Para prosperarem precisam aplacar a ira de suas “Almas Guardiãs” no Céu, ofere-
cendo çbôrí e oferendas aos seus Ancestrais, relacionados ao Ìpõnrí, que também têm
fundamentos com a Orí, cabeça, frequentemente.
— Quando surge para alguém que está lidando com negócios, Ifá diz que essa
pessoa para ter muitos clientes e amigos, terá que oferecer sacrifícios à Èÿù e ßàngó e ser
iniciado em Ifá. Pois, parte das dificuldades financeiras surge porque o consulente vive
rodeado de inimigos que fazem grandes armadilhas e atacam de surpresa.
— As dificuldades financeiras serão amenizadas e os inimigos derrotados quando
concordar em realizar os sacrifícios prescritos. Assim, os inimigos e as origens dos proble-
mas serão desvendados.
Código de Õbàrà
Código de Òtúrùpõn
— Este Odù avisa sobre a criação dos filhos, ou seja, para que os filhos sejam
saudáveis e bem comportados é necessário oferecer sacrifícios aos Egúngun
(Antepassados) e a Òríÿàlá.
— Os filhos desse Odù tendem a ser complacentes. Para mudar esse comportamento
e aprender a tomar decisões sábias, devem ouvir os conselhos de seus pais e respeitar as
opiniões dos mais velhos.
São pessoas que possuem bastante força espiritual e podem suportar sem muito
sofrimento as necessidades e adversidades da vida. Entretanto, são inconsequentes,
demasiadamente imprudentes, teimosos e completamente confusos; costumam ser rudes
com os outros.
— Para ajudá-los a não se perderem na vida e a manter suas concentrações é preciso
çbôrí, oferenda à cabeça, e sacrifícios à Ifá, sejam realizados constantemente. A pesar de
serem persistentes, vigorosos e determinados.
— Este Odù alerta sobre as preocupações desmedidas e pede por moderação, pois
com os sacrifícios corretos é possível contornar a situação.
— Os filhos deste Odù estão sempre cercados de pessoas dispostas a causar
sofrimentos aos outros e estão tentando bloquear seus caminhos e/ou oportunidades lhes
causando dificuldades financeiras. Precisam então, estar prevenidos; pois nem mesmo com
os familiares podem contar nesses momentos de dificuldades. Além disso, sofrem por falta
de filhos e, quando os têm, não são confiáveis.
— O momento merece reflexão para reavaliar os erros cometidos, pois na vida
colhe-se aquilo que se planta.
São pessoas que necessitam oferecer çbôrí freqüentemente para ajudar nas tomadas
de decisões e escolhas.
— Entretanto, podem tornarem-se completamente realizados, caso ofereçam
sacrifícios para Ògún e Ifá. Assim se tornarão produtivos e bem sucedidos, pois as
oportunidades serão ilimitadas.
Código de Ìka
Awo Ata-ndé, Sábio da Pimenta que atinge, consultou Ifá para Çyin, Fruto da
palmeira, que foi orientado a fazer o sacrifício de um galo e de qualquer outra coisa escolhida
pelo Bábálawo, para evitar aborrecimentos.
Çyin disse que com a magnífica coroa que possuia, jamais admitiria ir a qualquer
Bàbálawo para fazer sacrifícios e se recusou a realizar o sacrifício prescrito.
Ifá diz:
“Para qualquer um que este Odù for divinado, significa que a pessoa está com
problemas”. Isso porque Ìka Méjì aparece no Ifá como o maldoso.
Código de Õkànràn
— Este Odù significa más vibrações, problemas com a justiça e muito sofrimento.
Os filhos desse Odù, ao contrário do que dizem, acertam sempre, pois fazem e
dizem exatamente o que é certo.
— É um grande erro “achar” que essas pessoas são agressivas e mandonas; isso
acontece porque elas prevalecem sobre todos e sobre todas as probabilidades. São rebeldes
e absolutamente contra as convenções da sociedade e, consequentemente, criam problemas
para elas mesmos. Mas, qualquer coisa que façam, resolvem os problemas.
— Suas fragilidades estão relacionadas à saúde, pois são propensas a infecções e
precisam tomar cuidado, pois pequenos males podem transformar-se em doenças crônicas.
— Ifá diz que a pessoa a quem este Odù for divinado, estar tendo problema com os
filhos, sofre por falta de dinheiro e outras coisas boas da vida, mas se acreditar em Õrúnmìlà
e cultuar Ifá, todos os problemas serão resolvidos.
Para vencer os inimigos e controlar as dificuldades, terá que oferecer sacrifícios à
ßàngó e Èÿù.
Leitura recomendada:
Kõ-l’êkö, Ìyáwó
(Aprenda a doutrina, Iauô)
Èÿù- ìgidi ÿ
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