Os Ateliers Marques Abreu & C No Centro Português de Fotografia: À Descoberta de Um Acervo
Os Ateliers Marques Abreu & C No Centro Português de Fotografia: À Descoberta de Um Acervo
Os Ateliers Marques Abreu & C No Centro Português de Fotografia: À Descoberta de Um Acervo
setembro 20 19
Marta Sofia Esteves Neto
Relatório final de Estágio submetido como requisito parcial para obtenção do grau de
MESTRE EM PATRIMÓNIO, ARTES E TURISMO CULTURAL
Orientação
setembro 20 19
AGRADECIMENTOS
À minha mãe, por nunca desistir de mim, por acreditar sempre nas minhas
capacidades e por me ensinar que podemos conseguir tudo aquilo que queremos se for feito
com vontade e esforço. A ti, devo-te o mundo.
À Professora Fátima Lambert, por ser uma inspiração e um modelo, por todo o apoio
que demonstrou desde o primeiro dia e pela orientação e conhecimentos que me transmitiu
ao longo de todo o percurso.
Ao Professor Augusto Lemos, por toda a ajuda e disponibilidade que manifestou para
que este trabalho fosse possível.
À Dra. Aida Ferreira, por toda a atenção prestada como orientadora na instituição de
estágio, por todos os ensinamentos e por todo o apoio.
Aos meus “companheiros de guerra”, Seixo, Leonor, Marco, Francisca e Pedro, por
terem vivido esta experiência toda comigo e por estrarem sempre ao meu lado, nos bons e
maus momentos. Fomos grandes e somos gigantes!
Este relatório, apresenta o processo de estudo do acervo Ateliers Marques Abreu &
Cª de José Antunes Marques Abreu (1879-1958) e filho José Marques Abreu Júnior (1909-
1969). O trabalho por eles desenvolvido insere-se no contexto História da Fotografia na
Cidade do Porto, sendo ambos percursores de um relato documental através da fotografia e
fotogravura de monumentos históricos nacionais.
O recenseamento obtido servirá de base para uma posterior inventariação que irá ser
classificada, descrita e disponibilizada na plataforma DigitArq, de modo a tornar-se acessível
aos utilizadores dando a conhecer as obras e o percurso dos fotógrafos.
2
ABSTRACT
This report presents the process of studying the collection Ateliers Marques Abreu
& Cª of José Antunes Marques Abreu (1879-1958) and son José Marques Abreu Júnior
(1909-1969). The work developed by them is part of the History of Photography in Oporto,
both of which are precursors of a documentary report through photography and photogravure
of national historical monuments.
The study of this collection is based on the principles, norms and techniques of
archival, which are applied towards the collection, analysis, identification, organization,
description, storage and divulgation. The archivist allows the elaboration of several research
instruments that aim to identify, locate and summarize, to different degrees, collections,
sections, series and documentary units in a file, these are a form of description, being the
only one feasible way to reach users.
The CPF is involved in the preservation of the photographic heritage, whose mission
is to safeguard, enhance and promote it. Marques Abreu is an integral part of this heritage,
identifying the need for its conservation, analysis and divulgation.
Based on a study on the authors and using international standards of the International
Archives Council, ISAD (G) and SEPIADES, a census of documentation was carried out in
a Data Collection Sheet, which assists the physical analysis and the study of the constituent
elements.
The census obtained will serve as a basis for a subsequent inventory that will be
classified, described and published on the DigitArq platform, so that it becomes accessible
to users by showing the works and the path of the photographers.
3
ÍNDICE
RESUMO .............................................................................................................................. 2
ABSTRACT .......................................................................................................................... 3
INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 10
1. PROJETO DE ESTÁGIO ............................................................................................ 13
1.1. Identificação do Aluno .......................................................................................... 13
1.2. Identificação da Entidade Acolhedora .................................................................. 13
1.3. Estágio .................................................................................................................. 14
2. CARACTERIZAÇÃO DA INSTITUIÇÃO ................................................................ 18
2.1. Centro Português de Fotografia – Fundação e Breve História ............................. 18
2.1.1. Edifício Ex-Cadeia e Tribunal da Relação do Porto...................................... 23
2.1.2. Arquivo do Centro Português de Fotografia.................................................. 27
3. CONTRIBUTOS PARA O ESTUDO DO ACERVO ATELIERS MAQRUES ABREU
& Cª ..................................................................................................................................... 34
3.1. Síntese Histórica da Fotografia na Cidade do Porto ............................................. 34
3.2. Arquivo/Arquivo Fotográfico ............................................................................... 41
3.2.1. O Arquivo e os Arquivos ............................................................................... 41
3.2.2. Arquivos Fotográficos ................................................................................... 46
4. ATELIERS MARQUES ABREU & Cª ........................................................................ 49
4.1. Breve Biografia dos Fotógrafos ............................................................................ 49
4.2. Acervo Ateliers Marques Abreu & Cª .................................................................. 58
5. RECENSEAMENTO DE DOCUMENTAÇÃO .......................................................... 63
6. DESENVOLVIMENTO DO ESTÁGIO ..................................................................... 72
6.1. Metodologias de Investigação Utilizadas ............................................................. 72
6.2. Descrição Pormenorizada das Atividades ............................................................. 74
6.2.1. Recenseamento do Acervo Ateliers Marques Abreu & Cª ............................ 74
6.2.2. Caracterização do Acervo Ateliers Marques Abreu & Cª ............................. 91
ANÁLISE CRÍTICA E CONCLUSÃO ............................................................................ 103
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................... 108
LISTA DE APÊNDICES .................................................................................................. 113
LISTA DE ANEXOS ........................................................................................................ 114
4
LISTA DE ABREVIATURAS
CPF – Centro Português de Fotografia
FRD – Folha de Recenseamento de Dados
ISAD(G) – Norma Geral Internacional de Descrição Arquivística (General International
Standard Archival Description)
EAD – Encoded Archival Description
NODAC – Norma de Description Archivistica de Catalunya
SEPIADES - Recommendations for cataloguing photographic collections
ICA – International Council on Archives
PRACE - Programa de Restruturação da Administração Central do Estado
PREMAC - Plano de Redução e Melhoria da Administração Central
DGLAB – Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas
IPPC – Instituto Português do Património Cultural
UI – Unidade de Instalação
DGEMN – Direção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais
5
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 – Centro Português de Fotografia
Figura 3 – Conjunto de elementos gráficos dos Ateliers Marques Abreu & Cª: recibos, cartões
de visita, envelopes, panfletos, etc.
Figura 5 - A Arte Em Portugal – Tomar Nº6, volume pertencente ao Acervo Ateliers Marques
Abreu & Cª
Figura 9 – Modelo da Plataforma DigitArq: página web relativa às espécies com a autoria
dos Ateliers Marques Abreu e Cª presentes na coleção de António Garcia Nunes
Figura 12 – Unidade de Instalação do Acervo Ateliers Marques Abreu & Cª: negativos de
vidro e documento “Diversos”
Figura 13 – Acervo Ateliers Marques Abreu & Cª armazenado no “Depósito Sujo” do CPF
Figura 14 – Caixas de madeira originais do acervo Ateliers Marques Abreu & Cª onde
constavam os 751 envelopes
Figura 17 – Prova em Película a Cor do acervo Ateliers Marques Abreu & Cª (Conímbriga)
6
Figura 18 – Livros “Apreciações da Imprensa (desde Abril de 1904 a Janeiro de 1914)” e
“Apreciações da Imprensa (desde Janeiro de 1914 a ) 2º volume” do Acervo Ateliers
Marques Abreu & Cª
Figura 19 – Negativo de Vidro do Acervo Ateliers Marques Abreu e Cª, Selado com Cartões
de Conservação e Fita Filmoplast P90
7
ÍNDICE DE QUADROS
Quadro 1 – Cronograma das atividades a desenvolver em estágio (Outubro)
8
ÍNDICE DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Formatos de documentação que compõem o Acervo Ateliers Marques Abreu &
Cª
9
INTRODUÇÃO
No âmbito da Unidade Curricular Projeto/Estágio/Dissertação do segundo ano de
Mestrado em Património Artes e Turismo Cultural, da Escola Superior de Educação do
Politécnico do Porto, surgiu a ideia da realização de um estágio curricular na instituição
Centro Português de Fotografia. Foi devido ao grande interesse pela Fotografia e pela
história da mesma que se verificou a vontade de colaborar com o CPF na sua área
arquivística. A proposta de temática para o estudo de caso foi feita por parte da Dra. Aida
Ferreira (arquivista do CPF e responsável pelo arquivo) e esta consistia no estudo e
recenseamento documental do acervo pertencente aos Ateliers Marques Abreu & Cª que se
encontra sob posse da instituição.
10
O estágio curricular possibilitou a integração na atividade profissional fornecendo as
ferramentas necessárias para uma aprendizagem prática, para a aquisição de conhecimentos
de ética profissional e uma visão aplicada dos conceitos aprendidos durante a formação
académica fazendo a ligação entre o ensino e o mercado de trabalho, tão necessária nesta
fase de conclusão deste ciclo de estudos.
Este relatório de estágio foi elaborado segundo as normas APA (American Psychological
Association) e segundo as regras estabelecidas pelo Conselho Técnico-Científico da Escola
Superior de Educação do Porto. A estrutura do corpo de texto divide-se em seis Capítulos
que de uma forma geral compreende a prática do estágio, a principal tarefa realizada, a
contextualização teórica e a conclusão e análise de dados.
O capítulo três aborda duas temáticas distintas que se demonstraram essenciais para o
objeto de estudo, sendo elas uma breve síntese histórica da Fotografia na Cidade do Porto e
Arquivo/Arquivo Fotográfico. Relativamente à síntese, esta aborda o desenvolvimento da
fotografia em Portugal, mais precisamente no Porto, desde os seus primórdios até meados
do séc. XX, referindo vários nomes marcantes da fotografia e vários aspetos técnicos que
ajudam a compreender a evolução que se sucedeu na época relativamente à fotografia.
Posteriormente subcapítulo Arquivo/Arquivo Fotográfico apresenta sucintamente a história
dos arquivos, o seu aparecimento e a sua evolução até aos arquivos fotográficos, revelando
a sua importância e especificidades.
O Capítulo quatro apesenta uma breve biografia sobre ambos os fotógrafos e retrata a
história dos Ateliers Marques Abreu, contando com registos de jornais da época que
caracterizam os mesmos. Ainda neste capítulo é exposto o acervo dos Ateliers Maques Abreu
& Cª que foi submetido ao recenseamento de documentação, o seu processo de aquisição, os
seus conteúdos e especificidades. Contudo, o CPF já tinha em sua posse espécies dos
11
Marques Abreu que faziam parte de uma coleção e não do acervo comprado/doado
posteriormente pelos familiares, que foi analisado e estudado pela estagiária.
12
1. PROJETO DE ESTÁGIO
1.1. Identificação do Aluno
• Nome: Marta Sofia Esteves Neto
• Número de Aluno: 3170530
• Morada: Rua Vasco Lima Couto 120, 4445-395 Ermesinde
• Telemóvel: 916642756
• Email: marta.neto22@gmail.com
• Curso: Mestrado Património, Artes e Turismo Cultural
O Centro Português de Fotografia foi criado em 1997 pelo Ministério da Cultura. Este
tem sede no edifício da Ex-Cadeia e Tribunal da Relação do Porto, que só foi completamente
ocupado pela instituição em 2001. Em 2007, o CPF foi fundido com o Instituto dos Arquivos
13
Nacionais/Torre do Tombo. Desta junção, resultou então a criação da Direção-Geral de
Arquivos que passou a possuir a tutela do Centro Português de Fotografia. Mais tarde, na
extensão do Plano de Redução e Melhoria da Administração Central (PREMAC), foi
instituída a norma da nova Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas, resultado
da união entre a Direção-Geral do Livro e Bibliotecas com a Direção-geral de Arquivos.
Assim, o CPF passou a ser membro da nova organização.
Ainda no mesmo ano, o CPF ressurge com o novo objetivo de promover o conhecimento
e usufruto do património fotográfico que contém em sua posse. Para além disso, cabe a esta
instituição promover também a valorização e salvaguarda do património arquivístico e
fotográfico.
Das suas funções consta ainda um programa anual de exposições de cariz temporário,
um núcleo museológico permanente que alberga uma vasta coleção de câmaras fotográficas,
uma biblioteca, um serviço de visitas guiadas ao edifício e às exposições a decorrer.
1.3. Estágio
• Orientador do Estágio na organização: Doutora Aida Olímpia Freitas Ferreira
• Orientador do Estágio na ESE: Prof.ª Doutora Maria de Fátima Lambert
• Data de Início: 15/10/18
• Data prevista para a conclusão: 07/12/18
• Área temática: Arquivística
• Objetivos:
• Metodologias:
Para poder concluir um dos principais objetivos propostos para o estágio no CPF, foi
necessário recorrer a metodologias diretamente ligadas ao processo de recenseamento de
14
documentação fotográfica. Neste caso, fala-se de metodologia de carácter qualitativo1
que remete para a investigação histórica, sendo esta a metodologia utilizada com mais
frequência ao longo do processo devido a uma necessária recolha de dados. Este tipo de
investigação baseia-se no estudo, compreensão e na explicação de acontecimentos
passados, tendo como objetivo testar hipóteses ou encontrar respostas para questões que
correspondam às causas, aos efeitos ou às tendências dos acontecimentos passados, que
da mesma forma ajudem a entender acontecimentos mais recentes ou atuais e a fazer
uma previsão de acontecimentos que se irão realizar no futuro.
1
Metodologia Qualitativa – método de pesquisa que usa técnicas de recolha de dados descritivas e que é
caracterizado pela cuidadosa análise dos mesmos. Considera-se técnicas qualitativas aquelas que não se
baseiam numa pesquisa estatística nem numa experiência científica.
15
Aplica a observação de fenómenos, que num primeiro momento são
sensoriais. Com o pensamento abstrato elaboram-se as hipóteses e o ensaio é
projetado, a fim de reproduzir o objeto de estudo, controlando o fenómeno
para comprovar a validade das hipóteses (Rivero, 2008, p. 47).
• Cronograma:
Código de Cores:
Inserção da estagiária no CPF; Introdução aos instrumentos de pesquisa e
elementos essenciais a uma FRD no contexto de um arquivo fotográfico;
Compreensão da terminologia específica da documentação fotográfica.
Dias de Feriados
Outubro de 2018:
SEGUNDA - TERÇA - QUARTA - QUINTA - SEXTA -
SÁBADO DOMINGO
FEIRA FEIRA FEIRA FEIRA FEIRA
1 2 3 4 5 6 7
8 9 10 11 12 13 14
15 16 17 18 19 20 21
22 23 24 25 26 27 28
29 30 31 1 2 3 4
16
Novembro de 2018:
SEGUNDA - TERÇA - QUARTA - QUINTA - SEXTA -
SÁBADO DOMINGO
FEIRA FEIRA FEIRA FEIRA FEIRA
29 30 31 1 2 3 4
5 6 7 8 9 10 11
12 13 14 15 16 17 18
19 20 21 22 23 24 25
26 27 28 29 30 1 2
Dezembro de 2018:
17
2. CARACTERIZAÇÃO DA INSTITUIÇÃO
A instituição CPF foi então oficialmente criada em 1997, pelo Ministério da Cultura,
através do Decreto-Lei nº160/97 publicado no Diário da República de 25 de Junho. Esta
conta com a sua sede no edifício da Ex-Cadeia e Tribunal da Relação do Porto, inutilizado
desde 29 de Abril de 1975.
2
In https://www.evasoes.pt/ar-livre/porto-7-ideias-para-um-dia-inteiro-junto-ao-jardim-da-cordoaria/
[consultado em 13/02/19].
18
e cultural que é necessário preservar. Assim, o Governo, na prossecução de uma
política de intervenção cultural que tem como objetivo garantir aos cidadãos
condições para o conhecimento, utilização e fruição do seu património fotográfico
e, ao mesmo tempo, implementar uma apreciação crítica desse tipo de produção, bem
como assegurara transmissão da produção cultural da sociedade contemporânea, cria
o Centro Português de Fotografia (CPF). O CPF terá como responsabilidade o apoio
aos produtores fotográficos contemporâneos, a manutenção, atualização e
rentabilização de espólios históricos, a circulação das coleções, a promoção ou
cooperação em mostras fotográficas nacionais ou internacionais, a formação,
nomeadamente facultando aos produtores o acesso à obtenção de novos
conhecimentos, e a investigação no campo da fotografia.3
Apesar de, anteriormente, algumas salas do rés-do-chão terem sido utilizadas para
realização de exposições, o edifício histórico da Ex-Cadeia e Tribunal da Relação do Porto
só foi completamente ocupado pelo Centro Português de Fotografia em 2001, após ter sido
restaurado e adaptado às novas funções, tendo como principais arquitetos da obra Eduardo
Souto de Moura e Humberto Vieira, sendo que anteriormente este se encontrava instalado
no palacete Vilar d’Allen no Porto.
3
In https://dre.pt/application/conteudo/163597 [consultado em 13/02/19].
4
In https://arquivos.rtp.pt/conteudos/cadeia-da-relacao-do-porto-ira-albergar-o-centro-portugues-de-
fotografia/ [consultado em 08/08/19].
19
das Bibliotecas, resultado da fusão entre a Direção-Geral do Livro e Bibliotecas com a
Direção-geral de Arquivos. Deste modo, o CPF passou a ser membro desta nova estrutura
apresentada, DGLAB.
Esta instituição conta ainda com um programa anual onde estão presentes várias
exposições de cariz temporário, um núcleo museológico permanente que alberga uma
valiosa e rara coleção de câmaras fotográficas, uma biblioteca especializada (onde se
encontram também em funcionamento os serviços de consulta e reprodução de espécies),
um serviço (gratuito e de marcação prévia) de visitas guiadas ao edifício histórico e às
exposições existentes.
20
O espaço expositivo do Centro Português de Fotografia reserva sempre,
mesmo em caso de ciclos alargados […], um lugar de destaque para autores
portugueses, que, em conformidade com a política de conhecimento da fotografia
internacional inscrita na sua lei orgânica e tendo em atenção a importância única com
que a fotografia marca a identidade dos países na vida contemporânea, na arte, na
comunicação e na ciência, seleciona trabalhos da história da fotografia ou
representações portuguesas suficientemente representativas. (Siza, 2004, p.3).
Como um dos principais objetivos do CPF se centra na divulgação dos acervos que
fazem parte do arquivo da instituição, foram realizadas ao longo do tempo várias exposições
relacionadas com os mesmos. A primeira exposição realizada “Murmúrios do Tempo”
(1997-1998) foi uma exposição feita a partir de um acervo encontrado no edifício da Ex-
Cadeia e Tribunal da Relação do Porto que apresentava um conjunto de retratos dos
prisioneiros, datados entre o ano de 1902 e 1918.
A mais recente exposição feita a partir de um acervo foi “Barros Bastos: O Capitão
nas Trincheiras” (2015) de Artur de Barros Bastos. Uma exposição que retrata o conflito que
decorreu entre 1914-1918 – A Grande Guerra. Entre o acervo fotográfico e documental são
encontradas imagens cujos temas, explorando sempre a temática da guerra, vão desde os
soldados, os militares da infantaria e oficiais, os abrigos, os postos de comando, a artilharia,
até à devastação e aos terrores vividos na guerra.
21
[…] como que uma crónica extremamente viva e por vezes chocante, da vida
para além das trincheiras, onde os exércitos, diariamente, se esforçam por sobreviver.
[…] O interesse iconográfico e histórico desta exposição “Barros Basto: O Capitão
nas Trincheiras” e os eu valor no campo da fotografia leva à edição deste catálogo
para perpetuar e divulgar uma parte da vida do autor, através do seu olhar de
“repórter” de guerra. (Castro, 2015, p. 7)
Desde 1997 até 2010 o CPF contava com um total de cerca de 142 exposições
temporárias, concretizadas nas suas instalações.
22
i) Promover o conhecimento e a fruição do património fotográfico de que é depositário;
Como o próprio nome indica, o Centro Português de Fotografia não se resume apenas
a um arquivo nacional. Este é um local onde para além de se valorizar a conservação,
reabilitação, manutenção e divulgação de espólios fotográficos de elevado valor documental
e histórico, é criada uma oportunidade para a aprendizagem e para o crescimento do gosto
pela fotografia. Assim, o CPF possui várias funções e é através de um serviço de “Extensão
Cultural e Educativa” que visa promover atividades em prol da divulgação da arte e do seu
valor patrimonial. Como atividades podem ser encontradas: visitas de estudo, visitas
guiadas, eventos comemorativos, cursos, workshops e ateliers realizados pela equipa da
instituição e também por convidados e especialistas nas várias áreas de atuação.
5
In https://dre.pt/application/dir/pdf1sdip/2012/06/11700/0303903042.pdf [consultado em 13/02/19].
23
junto ao Convento S. Bento da Vitória e à Porta do Olival, foi então por fim o alojamento da
Cadeia e Tribunal da Relação do Porto.
Para a realização da distribuição dos vários presos era necessário seguir critérios de
seleção que tinham em conta o tipo de crime cometido pela pessoa, o seu estatuto social
e a capacidade financeira para pagar a estadia. Apesar desse detalhe, a ocupação das
celas deveria ser feita seguindo os regulamentos que existiam, contudo estes foram
muitas vezes postos de parte o que levou a sobrelotação dos espaços destinados aos
presos.
O pátio térreo aberto, ou também chamado de Saguão Principal foi elaborado com
alguns objetivos principais sendo eles o arejamento e a iluminação da área prisional. Em
1862, tornou-se no “Pátio dos Presos”, um espaço de grande importância para o edifício.
Desse modo, o tanque de grandes dimensões que lá existia perdeu a sua utilidade e as,
até àquele momento, janelas das Enxovias, passaram a ser as portas de acesso às mesmas.
6
As práticas de identificação criminal, adotaram em Portugal métodos antropométricos, ou seja, eram utilizadas
listas de medições do corpo e descrições físicas (cor dos olhos, cabelo, pele) que eram complementadas com a
fotografia do preso. Posteriormente, desenvolve-se técnica da dactiloscopia (possibilidade de identificar
indivíduos pela impressão digital).
25
Na mesma altura, uma das áreas da Cadeia foi destinada apenas para a “prisão de
menores”, pois até esse momento estes encontravam-se presos juntamente com os
restantes adultos. Já as mulheres desde início que se encontravam isoladas dos restantes,
ocupando a Enxovia de Stª Teresa e a saleta localizada no segundo piso. No entanto, nos
anos sessenta do séc. XIX, devido ao seu estatuto e distinção, foram presas duas
mulheres, entre elas Ana Plácido (grande paixão do escritor Camilo Castelo Branco), e
por esse motivo foi criado um espaço de detenção num corredor do último piso do
edifício.
Apesar de uma Cadeia previamente estruturada esta teve os seus dias contados, “O
conceito de prisão penitenciária que se divulgou no séc. XIX entrou, desde logo, em
conflito com esta velha prisão setecentista. Por soluções construtivas e infraestruturas
deficientes, aliadas à incapacidade financeira do Estado para fazer obras importantes de
recuperação, o edifício foi-se arruinando progressivamente ao longo dos anos”.7 Ao
contrário de outras cadeias a nível europeu, esta não teve possibilidade de sofrer
intervenções arquitetónicas, incapacitando a criação de celas, alojamentos isolados,
refeitórios, balneários, entre outros.
Após a saída do Tribunal, em 1937, para outro edifício, foram realizadas algumas
pequenas alterações mas em condições muito precárias, com baixo orçamento devido à
já idealização da transferência da instituição para um novo estabelecimento prisional no
Porto. Com a revolução do 25 de Abril de 1974, veio o fim da Cadeia da Relação do
Porto. Uns dias após o acontecimento o edifício foi desativado por razões de segurança
e os presos foram transferido para um outro estabelecimento prisional do Porto
conhecido pela Prisão de Custóias, ainda em construção naquela altura.
Por este edifício histórico passaram personalidades nacionais famosas como por
exemplo: Camilo Castelo Branco (quarto nº12) e a sua amada Ana Plácido, Duque da
Terceira, António José de Sousa Manuel de Meneses Severim de Noronha, Vicente
Urbino de Freitas, médico e catedrático da Escola Médico-cirúrgica do Porto, O Zé do
Telhado, entre outros. Em homenagem ao escritor Camilo Castelo Branco, o largo
situado em frente ao CPF foi batizado com o título de uma famosa obra do artista: “Amor
de Perdição”.
7
In http://cpf.pt/identificacao-institucional/historia-do-edificio/ [consultado em 13/02/19].
26
A partir de 1987, o edifício, cedido pela Direção Geral do Património do
Estado ao IPPC8 sofreu um conjunto de intervenções para suster o seu estado de
degradação, que foi acompanhado por sondagens arqueológicas, datação de
materiais, investigação histórica, etc. Em 1989 foi adjudicado o seu projeto de
recuperação e remodelação ao Arq. Humberto Vieira e ao Gabinete de Organização
e Projectos, Ldª. Em 2000 foi iniciada uma última intervenção de adequação às suas
novas funcionalidades – o Centro Português de Fotografia -, cujo projeto se deveu
aos Arqs. Eduardo Souto Moura e Humberto Vieira.9
A fotografia desde muito cedo que se revela a sua importância como documento
fotográfico, pois registou os acontecimentos passados de uma perspetiva que mais nenhum
tipo de documento conseguiu alcançar. Esta ao representar um certo momento, torna-se uma
fonte de pesquisa e passa assumir um papel de documento histórico, artístico, cultural e
8
Atual IPPAR – Instituto Português do Património Arquitetónico.
9
In http://cpf.pt/identificacao-institucional/historia-do-edificio/ [consultado em 13/02/19].
10
Pedro Miguel Frade (1960-1991) concluiu os seus estudos superiores no Departamento de Comunicação
Social da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, onde ficou a lecionar filosofia. Contudo, dedicou grande
parte da sua vida à epistemologia da Fotografia. Foi da sua autoria o primeiro grande trabalho de investigação
teórica de pensamento fotográfico e foi, ainda, autor de várias obras ligadas à fotografia sendo uma delas
“Figuras do Espanto: A fotografia antes da sua cultura”.
11
António Pedro Vicente (1938) doutorou-se em História pela Universidade de Paris em 1974. Este é professor
catedrático aposentado de História Contemporânea, da Universidade Nova de Lisboa. Sempre apresentou um
interesse pela fotografia como documento fundamental para a História Contemporânea, tendo iniciado então
uma coleção de câmaras fotográficas num período em que este tipo de interesse se revelava um pouco raro.
27
social. Não obstante, da fotografia ser reconhecida pelo seu valor artístico, em muitos casos
não é reconhecida pelo seu valor enquanto documento histórico. Antes da criação do CPF,
já a fotografia era armazenada pelos autores de forma organizada e sistemática, apesar de
nem todas as instituições ou pessoas demonstrarem essa preocupação e cuidado
desprezando-a como um documento relevante e histórico.
Devido à perceção da importância que este tipo de registo poderia vir a ter e após a
fotografia ser considerada como uma forma de arte (início do séc. XX), ergue-se uma forte
preocupação por parte de instituições pertencentes ao Estado, relativamente aos fatores de
conservação e posterior divulgação do património fotográfico de origem nacional. Contudo,
como visto anteriormente, só na década de 90 é que surge o projeto da criação de um
organismo coordenador da política nacional de fotografia, ou seja, o Centro Português de
Fotografia que desde o seus primórdios teve como objetivo o cuidado, a conservação e a
preservação dos espólios fotográficos.
12
“A Casa Allen foi mandada construir nos últimos anos da década de 1920 pelo 3º Visconde de Villa d’Allen
para a sua residência, segundo projeto do Arquiteto Marques da Silva. Foi erguida numa época em que o Porto
assistiu ao surgimento de um grande número de palacetes, que imprimiram à cidade uma marca burguesa. Está
atualmente afecta à Direção Regional da Cultura Norte.” In https://culturanorte.pt/pt/patrimonio/casa-de-allen/
[consultado em 20/08/19].
28
Deste modo, o CPF tem então como base uma estrutura organizativa que alberga
vários departamentos para que os seus objetivos principais sejam atingidos. O Departamento
Património e Arquivos contém um conjunto de coleções e espécies que se distribuem
nomeadamente pelo Arquivo de Fotografia de Lisboa e do Porto, a Coleção Nacional de
Fotografia e ainda coleções em depósito. No departamento de Coleção, Restauro e
Digitalização, encontram-se os setores de atividade fundamentais “de que dependem a
sobrevivência e a circulação de coleções, fazendo dos Arquivos organismos vivos e
imprescindíveis para a investigação e fruição da fotografia.” (Zambumba, Barros, &
Ferreira, 2004). A Unidade Informativa/Biblioteca Pedro Miguel Frade é nomeadamente o
departamento responsável por vários aspetos de elevada importância sendo eles a
valorização e o desenvolvimento da cultura fotográfica junto dos vários tipos de público.
Todo este processo de gestão de coleções passa por vários aspetos, sendo eles: preservar,
divulgar e disponibilizar as espécies. Isto é inserido primeiramente numa base de dados e só
posteriormente colocado na página Web da instituição. Contudo, nem todos os documentos
podem estar disponíveis em formato online devido aos direitos de autor presentes em alguns
deles.
29
existem em determinada coleção/fundo. É de grande importância o estudo e compreensão de
cada uma pois por vezes está presente a organização dada pelo próprio autor das espécies
(como por exemplo: numeração de unidades de instalação ou numeração de documentos
fotográficos).
Nos casos em que existe uma organização prévia a alterar, deve-se então
analisar qualquer registo que permita perceber a organização dessa coleção. Ao
efetuar as mudanças no acondicionamento não se pode correr o risco de perda de
informação, logo as decisões que envolvem novas localizações devem ter listas de
equivalência. Isto acontece com a maioria das coleções, sendo exemplo a coleção
Alberto Marçal Brandão, Ruben Garcia, Pinheiro da Rocha e o próprio Fundo Casa
Alvão. (Zambumba, Barros, & Ferreira, 2004, p. 09).
Ao cumprir a missão de preservar o património fotográfico, o CPF tem implícito nas suas
funções a colocação da documentação à disposição dos utilizadores. E para que tal aconteça
é não só necessário datar como também situar e disponibilizar o máximo de informações
referentes a cada espécie para que seja dado sentido à representação da mesma.
30
A fotografia é um documento sujeito a muitas interpretações. Cada indivíduo
poderá ter uma perceção diferente da imagem que observa, e é por isso que a
fotografia se torna num documento de características difíceis para a recuperação de
informação. (Zambumba, Barros, & Ferreira, 2004, p. 11).
31
descritores, o utilizador poderá encontrar temas com possível interesse para
satisfazer a sua necessidade de informação. (Zambumba, Barros, & Ferreira, 2004,
p. 12).
Até à data de realização deste relatório, o CPF tinha na sua posse aproximadamente 155
acervos (fundos e coleções) com cerca de 755.000 documentos recenseados, dos quais 115
têm ficha disponível online na plataforma DigitArq. Com base nos dados fornecidos pelo
13
“Embora o conceito de património documental se tenha afirmado sobretudo ao longo deste século, a
existência dos objetos que lhe estão associados – os documentos – remonta naturalmente a tempos muito
recuados, ou seja, à época da invenção da escrita. Esta surge, precisamente, pela necessidade de o Homem,
agindo em sociedade, comunicar e registar os seus atos, pensamentos ou sentimentos, materializando num
suporte a informação (social) que produz e/ou usa, com vista a criar uma memória a que possa recorrer a
posteriori” (Ribeiro, 1998-1999, p. 19).
32
software, os utilizadores podem aceder a 65.993 registos descritos e a cerca de 50.000
imagens/objetos digitais, dos quais 33.152 podem ser visualizados online. Os restantes
registos podem ser consultados presencialmente na Unidade de Informação/ Biblioteca
Pedro Miguel Frade.
33
3. CONTRIBUTOS PARA O ESTUDO DO ACERVO
ATELIERS MAQRUES ABREU & Cª
14
In O Panorama, 3º Vol., Nº 94, 16 de Fevereiro de 1839.
34
primeiros a passarem pelo nosso país eram ainda “daguerreotipistas” como E. Thiesson15,
Wenceslau Cifka16 (que foi mais tarde mestre de Carlos Relvas) e P.K. Corentin17. Estes
nomes foram seguidos por “calotipistas” como por exemplo o fotógrafo Frederick William
Flower18. Todavia, a passagem destes artistas por Portugal demonstrava-se, normalmente,
de pouca duração, pois estes deslocavam-se até aqui com o objetivo de realizar trabalhos
específicos, sendo que a sua estadia era divulgada nos jornais da época.
Afinal, a cidade tinha nesse ano apenas dez jornais, tendo acabado de
interromper a publicação cinco dos muitos que o Setembrismo19 fizera nascer. Mas
havia ainda 20 tipografias a funcionar. O número médio de nove retratistas (10 em
15
Fotógrafo francês cujas informações sobre a sua vida são imprecisas e escassas.
16
Fotógrafo Checo, nascido por volta de 1815, que veio para Portugal a pedido do futuro rei-consorte D.
Fernando de Saxe-Coburgo.
17
Fotógrafo francês que se deslocou a Portugal com o objetivo de ensinar “daguerreotipia”.
18
Fotógrafo escocês que nasceu em 1815 e veio para Portugal aos 17 anos. Estes realizou alguns dos primeiros
calótipos de paisagens de Portugal.
19
Setembrismo – “ […] política que nasceu da Revolução de setembro […] A Revolução de setembro teve
lugar em 1836, motivada pelo descontentamento produzido pela política de pendor liberal-cartista. Os seus
protagonistas foram democratas em conjunto com membros da burguesia industrial e os comerciantes, aos
quais se aliaram as classes baixas contra os grandes proprietários e os grandes burgueses ligados ao grande
comércio estrangeiro, defensores do ideário cartista” In https://www.infopedia.pt/$setembrismo [consultado
em 22.07.19]. Por “ideário cartista”, entende-se que é uma designação dada em Portugal à tendência mais
conservadora do liberalismo surgido após a revolução de 1820.
35
1844, 9 em 1845 e 7 em 1847) já era muito para a crise que se vivia, mas não
demasiado para a procura. Mas tirar retrato à “daguerreótipo” era ainda tão raro país,
que os fotógrafos de passagem anunciavam a sua estadia “breve” para apressar os
clientes eventuais. (Serén, 2001, p.5).
Desse grupo de retratistas, os mais reconhecidos e populares eram João Batista Ribeiro20
e Francisco António da Silva Oeirense21. Ambos os artistas se declaravam no Almanach
Portuense somente como retratistas. Passado alguns anos começaram a tornar pública a sua
atividade “daguerreotipistas”, pois “no Porto, como no resto do país, a guerra civil22 e as
suas sequelas iriam dominara vida e as consciências de todos até meados do século.” (Serén,
2001, p.5).
Sena (1998) refere que Corentin foi o autor da primeira publicação sobre Fotografia
(“Resumo Histórico da Photographia”) divulgada no nosso país em 1852. Um ano depois,
abriu um estúdio fotográfico no Porto, onde recebia clientes à tarde, aproveitando a claridade
da luz do dia, dispondo assim de tempo para lecionar cursos de fotografia. Este fica na cidade
20
Lente e diretor da Academia Politécnica, pintor, escultor e gravador, conhecido principalmente pela
veracidade dos seus desenhos.
21
Pintor, desenhador e colecionador de objetos de arte.
22
A Guerra Civil Portuguesa sucedeu-se entre 1832 e 1834. “A morte de D. João VI criou um problema na
sucessão dinástica, com dois príncipes candidatos ao trono, mas com visões de poder diferentes. As tentativas
de mediação falharam e o país caiu numa guerra civil que opôs absolutistas a liberais.” In
http://ensina.rtp.pt/artigo/guerra-civil-liberais-absolutistas/ [consultado me 22.07.19].
36
entre Janeiro e Agosto e é neste último mês que concretiza o curso que foi frequentado por
Miguel Novaes, Bernardo Ferreira23 e Domingos Pinto de Faria24.
23
Capitalista dos Vinhos do Porto.
24
Administrador da filial do Banco de Portugal na cidade do Porto.
25
“As cartes-de-visite foram patenteadas em 1854 pelo francês André-Adolphe-Eugène Disdéri. Disdéri
elaborou uma máquina com quatro lentes, que originava oito negativos de pequenas dimensões numa placa de
dimensões regulares. Esta placa era depois cortada em oito pequenos retratos, que eram colados em cartões.
Os custos reduzidos deste processo popularizaram-no e tornaram-no acessível a um maior número de pessoas.”
(Santos M. M., 2011, p. 48).
37
tempos pioneiros. Produtos dispendiosos, as primeiras fotografias representam as
classes altas e ricas; é nelas que se imprime a atitude de exigência fotográfica: a
cabeça elevada fixa por um torniquete no pescoço, para que a expressão não
afrouxasse com o tempo de toma da fotografia. A rigidez do rosto e da atitude serão,
em breve, símbolos de dignidade e cidadania pata o homem. À mulher pedia-se a
atitude de recato e indiferença, o olhar alheio, as mãos pousadas no regaço ou
pendentes. (Serén, 2001, p. 41).
Todavia, em 1863, já eram anunciados mais dois fotógrafos na cidade, Salla Laroche e
José da Rocha Figueiredo. Já em 1864, o número aumenta, contando agora também com
Amorim & Cª e Henrique Nunes.
Posteriormente, nos anos 70, a “Fotografia União”, iniciada por José da Rocha
Figueiredo em 1864, apresentava-se como a casa fotográfica mais popular da cidade.
Emílio Biel (Carl Emil Biel), de origem alemã, chegou a Portugal em 1857 e instalou-
se em Lisboa permanecendo lá por cerca de três anos para se estabelecer definitivamente na
cidade do Porto em 1860. Devido às suas empresas – fundou uma fábrica de botões, uma
empresa de instalação de luz, de transportes urbanos e diversas ligadas à fotografia e
tipografia – o fotógrafo adquiriu posses suficientes que lhe permitiram fazer o investimento
38
na oficina “Photographia Emílio Biel” e em várias tecnologias mais inovadoras, após estar
à frente da Casa Fritz (1863-1865). As temáticas representadas nas fotografias de Biel eram
as habituais naquela época variando entre – paisagens, arquitetura, costumes, e também neste
caso, linhas de caminho-de-ferro. Nos seus trabalhos contou com a colaboração de Cunha
Moraes um dos maiores historiadores e escritores de textos dos álbuns fotográficos, neste
caso, numa das obras mais relevantes: “ A Arte e a Natureza em Portugal” (1902-1908).
No virar do século, segundo Santos (2011) destaca-se um fotógrafo que enveredou por
temáticas um pouco diferentes do que fora praticado até à data, sendo ele, Aurélio Paz do
Reis.
Este, para além de fotógrafo foi o introdutor do cinema em Portugal (1896). As suas
fotografias mais conhecidas são as de rua (caracterizando como um “protofotojornalista”) e
as que representavam assuntos e acontecimentos ligados ao desenvolvimento do
republicanismo no país, tendo fotografado os seus líderes. “Conhecemos o Porto republicano
pelas suas imagens fabulosas de comícios, manifestações, pela suspensão no tempo, dos
discursos inflamados dos homens mais carismáticos da oposição republicana […].” (Serén,
2001, p. 136). Foi ainda autor dos registos de acontecimentos como as inundações e o surto
de peste bubónica em 1899.
No início do século, em 1900, surge a revista mensal “Sombra e Luz” (apresentava vários
temas: letras, arte, desporto, e fotografia) de Augusto Gama, que contou com a participação
de Marques Abreu, e em 1901 é fundado o Clube Fotográfico Portuense.
Marques Abreu surge então como fotógrafo no Porto, montando ainda em 1898 a sua
própria casa fotográfica e tipografia “Ateliers Marques Abreu”, fazendo parceria em 1900
com Cunha Moraes, estabelecendo-se desta forma na Rua de S. Lázaro.26
A biografia de Marques Abreu encontra-se no subcapítulo “4.1 Breve Biografia dos Fotógrafos” (p.49) de
26
39
Domingos Alvão é também um dos nomes a mencionar no contexto da história da
fotografia na Cidade do Porto. Santos (2011) afirma que, podemos facilmente considerar
que Alvão foi, e continua a ser, dos fotógrafos mais importantes e impactantes em Portugal.
Nasceu em 1869 e foi iniciou a sua carreira como fotógrafo do Porto, como aprendiz na
“Casa Biel” e discípulo do próprio Biel (percetível nas suas fotografias de paisagens e
costumes). Posteriormente, funda na Rua de Santa Catarina a sua casa de fotografia:
“Fotografia Alvão”.
No período em que se instala o Estado Novo, anos 30, “Domingos Alvão manifesta certa
sensibilidade às perspetivas da fotografia modernista, que então entusiasmava os fotógrafos
do mundo ocidental […] ”. (Serén, 2001, p. 223). Neste período a “Casa Alvão” era
contactada por várias entidades para a elaboração de trabalhos fotográficos, um desses casos
foi o do Instituto do Vinho do Porto que solicitou o fotógrafo, em 1933, para a realização de
um levantamento do território do Douro, ou seja, trabalhos ligados à produção,
27
“O pictorialismo surgiu na segunda metade do século XIX. […] Os fotógrafos pictorialistas tentavam através
das suas imagens fazer uma aproximação à pintura, manipulando muitas vezes as fotografias à mão.” In
https://www.infopedia.pt/$pictorialismo [consultado em 16.07.19].
28
Salonismo – “Estética ou tendência fotográfica dos salões de fotografia das décadas de 40 a 60 do séc. XX,
em geral conservadora e corporativista” In https://dicionario.priberam.org/salonismo [consultado em
16.07.19].
40
engarrafamento, exportação e transporte do Vinho do Porto. Juntamente, surgiram outras
encomendas feitas por parte de grandes empresas como a Empresa Fabril do Norte, a
Empresa Industrial de Santo Tirso, ente outras, ou ainda encomendas feitas por Câmaras
Municipais, Hospitais, Previdência, etc.
41
desenhos e símbolos, que nos dias de hoje são vistos como uma fonte de informação e nos
relatam e preservam uma parte da nossa história. Contudo, foi com o aparecimento da escrita,
a sua evolução e as mudanças na vida social que esta provocou, que se começou a dar valor
e a perceber a importância dos documentos e da informação neles contida.
Deste modo, é através da informação que surge o conceito de documento, operando como
suporte da mesma, transmitindo uma ideia ou uma mensagem. Ainda, se este for descrito de
uma forma mais específica, pode definir-se como uma declaração escrita que tem carácter
comprovativo, uma prova, um testemunho, uma confirmação. A sua principal função foca-
se em fixar e ajudar no conhecimento, assim como possibilitar a sua transmissão a longo
prazo.
Assim, desde que se iniciou o registo de atividades e pensamentos, que aos poucos se foi
tornando imprescindível adotar uma forma de armazenamento, que por sua vez deu origem
ao que denominamos de arquivo. Todavia, o conceito de arquivo não tem um sentido
definido sendo que este varia consoante o seu enquadramento. Porto (2013) afirma que já a
42
origem da palavra “arquivo”, transporta-nos até aos tempos mais remotos, surgindo do latim
“archivum” ou surgindo na Grécia Antiga como “arché” que posteriormente evolui para
“archeion” representando um local onde se escreviam, preservavam e depositavam os
documentos. De seguida o conceito foi adotado pelo povo romano que denominou o arquivo
de “tabularium”, que significava um espaço ou serviço onde eram conservados os
documentos antigos, e posteriormente alteraram a sua denominação para “archiuium”.
43
local e à estrutura à qual pertence. É de salientar que podem existir mais cópias do
documento em vários grupos de documentos, contudo cada cópia é única no local onde esta
se encontra arquivada.
Desta forma, a ideia de Arquivo Público é constituída por instituições como os arquivos
nacionais (têm como objetivo preservar a documentação de entidades centrais do Estado e
organismos públicos), arquivos regionais (têm como objetivo a reunião e armazenamento de
documentos de níveis intermédios do Estado). Registos distritais, arquivos municipais,
ministérios, notários, entidades administrativas diversas e escolas. Por vezes os arquivos
privados passam a pertencer ao Estado ou uma entidade pública, por doação ou compra,
fazendo com que estes adquiram um cariz também público, como é o caso do acervo dos
Ateliers Marques Abreu & Cª.
A fotografia desde cedo que se mostra um reflexo do seu tempo e das vivências do
fotógrafo, fosse o registo de imagem feito concetualmente, documentalmente ou
comercialmente, este providenciava informação sobre vários assuntos como, as atividades
socioculturais de uma determinada região, grupos sociais, organizações, eventos, entre
outros. Estes são registos que permitiram ao longo do tempo compreender a evolução das
diferentes áreas de interesse por parte da sociedade e que providenciaram material de estudo
e pesquisa histórica. É então, este tipo de informação que se pretende preservar e transmitir
a gerações vindouras.
29
Arquivos Eclesiásticos – guarda e gestão de documentos guardados em mosteiros ou catedrais.
44
Todavia, apesar dos arquivos constituírem uma área em que a fotografia se encontra
presente sistematicamente (arquivos públicos, privados, institucionais ou pessoais), como
mencionado anteriormente, nem sempre houve a consciência de lhe atribuir o devido valor
documental.
Pode afirmar-se que a entrada dos documentos fotográficos nos arquivos se sucedeu por
consequência do papel que estes tinham na sociedade. Desde o séc. XIX que em várias
instituições de ordem jurídica, médica, política ou científica, a fotografia era utilizada como
documento e arquivo devido à emergência de novas instituições e de novas práticas de
observação e armazenamento de registos. Esta era aplicada em vários domínios, como por
exemplo, nos arquivos policiais (para identificar criminosos), prisionais, de hospitais e
asilos, de escolas e fábricas. É neste contexto de mudança, que a noção de documentação
fotográfica começa a ganhar forma, “dentro de um horizonte no qual a observação e o registo
são lados de uma mesma moeda, a que possibilita a detenção do controle e do poder sobre o
conhecimento”. (Lacerda A. , 2008, p. 37).
45
variedade de instituições de recolha, instituições académicas e outras, como uma extensão
natural do seu trabalho. Assim, segundo Albuquerque (2012), deduz-se que a produção
fotográfica da altura sofreu “naturalmente” um processo de acumulação por parte das
instituições e quando este não acontecia, existia a produção de entidades que registavam os
feitos da história de empresas, entre outros, assim como a necessidade, ainda principiante,
de as conservar.
Dado que a fotografia é uma invenção da era moderna, inicialmente esta apresentava
uma inferior importância relativamente ao documento textual (que ainda domina em grande
parte o universo de estudo e pesquisa de informação), contudo foi progressivamente
reconhecida pelo seu valor documental histórico, aos quais são atribuídos os devidos
cuidados e manutenção, conquistando o seu lugar na área arquivística.
Contudo, ainda nos dias de hoje os arquivos enfrentam várias dificuldades que se
encontram diretamente relacionadas com a falta de verbas e a insuficiência de recursos
humanos especializados para garantir a manutenção e tratamentos dos espólios. Desta forma,
tendo em consideração que ambos os fatores colocam em risco a salvaguarda das espécies é
necessário tentar contornar os problemas levantados e atuar a nível de conservação
preventiva de modo a diminuir os riscos a que a documentação fotográfica se encontra
exposta.
46
relativa (HR), a temperatura (T), poluentes atmosféricos, fatores biológicos, luz, o
manuseamento e armazenamento incorretos. (Gaspar, 2015, p.30).
47
Outro cuidado a ter a quando do manuseamento de espécies fotográficas é a luz. A luz em
excesso, tanto natural como artificial pode causar danos aos documentos armazenados no arquivo.
Os danos provocados pela luz caracterizam-se pelo desvanecimento e alterações de cor permanentes.
Deste modo, é aconselhável a utilização de cortinas para filtrar a luz direta do sol e desligar as luzes
quando não são necessárias, não deixando os objetos expostos à mesma durante um longo período
de tempo.
No entanto, mesmo conseguindo ter as espécies armazenadas em condições ideais, se não existir
cuidado e controlo no manuseamento dos documentos fotográficos, estes podem estar sempre
sujeitos a danos. “A boa organização no acondicionamento e armazenamento, combinado com o
mapeamento dos depósitos, surge como uma das soluções para que não haja excesso de
manuseamento das fotografias.” (Gaspar, 2015, p.35).
48
4. ATELIERS MARQUES ABREU & Cª
José Antunes Marques Abreu, filho de José Alves Antunes e de Maria da Conceição,
nasceu a 14 de Fevereiro de 1879, em Pereira, freguesia de Mouronho, concelho de Tábua
(próximo de Oliveira do Hospital). Frequentou a Escola da Carapinha até aos seus 12/13
anos, período em que este fica ao cuidado do seu tio Dinis, proprietário de uma farmácia em
Tábua. Após passar o exame da instrução primária, vai trabalhar para a farmácia do seu tio
como aprendiz de farmácia.
Posteriormente, Marques Abreu muda-se para Coja, onde prolonga a sua estadia
arranjando emprego na Farmácia Quaresma.
Por esta altura da sua vida é curioso considerar um facto que se prende com
as suas ocupações de tempos livres: o gosto que desenvolveu por gravar carimbos e
sinetes com canivetes e buris. Desde cedo se parece ter refletido uma tendência quase
que natural para essa área em particular. (Santos M. M., 2011, p. 55).
Não se contentando com a vida que levava, o artista rapidamente deixou Coja e mudou-se
para Lisboa, onde a sua estadia também se revelou curta, acabando assim por se estabelecer
definitivamente no Porto, em 1893. Com apenas 15 anos, e com alguma experiência na área
da farmacêutica, conseguiu emprego em duas farmácias da cidade sendo elas: a Farmácia
Machado (Rua de Costa Cabral) e a Farmácia Magalhães (Rua Nova da Alfândega).
30
In “Apreciações da Imprensa (desde abril de 1904 a janeiro de 1914)”.
49
primeira zincogravura e posteriormente realizou trabalhos para a revista Sombra e Luz
(1900-1902) e Theatro Portuguez (1902).
Figura 3 – Conjunto de elementos gráficos dos Ateliers Marques Abreu & Cª: recibos, cartões de visita,
envelopes, panfletos, etc. (Fonte: Foto tirada por Marta Neto)
50
Em maio de 1904, foi lançada a monografia Gravura Chimica nas Ilustrações – seu
processo de execução” que contava com várias gravuras exemplificativas feitas por Marques
Abreu e que abordava as várias técnicas de fotogravura e similigravura.
Marques Abreu, artista de raça, apaixonado pela sua arte, que é para elle uma
religião, espalha nas quarenta páginas do seu livro, a plenas mãos, grande copia de
conhecimentos adquiridos durante a sua gloriosa vida de estudo e de lucta. E, n’uma
exposição clara, que a gravura vem ainda tornar mais facilmente assimilável, fornece
a gravadores, a typographos, a impressores, ao mesmo público, as mais preciosas
indicações e os mais correntes ensinamentos.31
Já em 1905, inicia a publicação da sua segunda revista, Arte: Arquivo de Obras de Arte, que
teve duração até dezembro de 1912 contando com um total de 96 publicações.
31
In “Apreciações da Imprensa (desde abril de 1904 a janeiro de 1914)” – “A Voz Pública”, 26.05.1904.
32
In “Apreciações da Imprensa (desde abril de 1904 a janeiro de 1914) ” – “Campeão das Províncias”,
13.03.1907.
33
Do primeiro casamento de Marques Abreu nasce o seu primeiro filho Eduardo Marques Abreu.
51
Exerceu a profissão de arquiteto e fotógrafo, colaborando com o seu pai nos ateliers.
Anos mais tarde começa a trabalhar ao serviço da Direção-Geral dos Edifícios e
Monumentos Nacionais. Ainda em 1909, o artista lança a publicação Na Livração – Casa
da Quintã, com fotografias suas. “Com tão bons elementos, não admira que este livro a que
nos referimos resultasse um mimo litterario e artístico, muito de apreciar pelos amadores.”34
Figura 4 - Marques Abreu (Pai e Filho) (Fonte: Homenagem ao homem e ao artista, Porto, 1956, pág. 8)
34
In “Apreciações da Imprensa (desde abril de 1904 a janeiro de 1914) ”.
52
Joaquim de Vasconcelos. Devemos notar que Marques Abreu, que é de há
muito um gravador distintíssimo, mostrou-se também agora um fotógrafo de
largos recursos, apresentando trabalhos maravilhosos de perfeição e de
beleza.35
No ano de 1917, o fotógrafo lança o Álbum do Porto – uma publicação para divulgar os
monumentos e atividades industriais e comerciais da cidade - e em 1919 as lança as
publicações A Capela de S. Frutuoso - restos da antiquíssima Igreja de S. Salvador de
Montélios - séc. VII, em S. Jerónimo de Real e A egreja de Vilar de Frades no concelho de
Barcelos.
35
In “Apreciações da Imprensa (desde abril de 1904 a janeiro de 1914) – “Ilustração Portuguesa, Nº416”,
09.02.1914.
53
Posteriormente é lançada A Cathedral de Santa Maria de Braga (Estudos críticos
arqueológico-artísticos) (1922), de Aguiar Barreiros e fotografias de Marques Abreu, com
a mesma editora e de seguida uma nova obra com os mesmos autores: A capela dos Coimbras
(dedicada a Nossa Senhora da Conceição da Guia em Braga) (1922).
Outras grandes produções editoriais de Marques Abreu surgem em 1923 Vila do Conde
e seu Alfoz (Origens e Monumentos, da autoria de Monsenhor José Augusto Ferreira, com
fotografias e edição de Marques Abreu e O Coro dos Coveiros, de Magalhães Lima, editado
e gravado por Marques Abreu.
O mesmo se repete em 1924, quando são editadas as obras: Vida Rústica – Costumes e
Paisagens, com texto de João Augusto Ribeiro e fotografia de Marques Abreu e Mobiliário
Artístico Português (elementos para a sua história), dois volumes (sendo apenas o primeiro
editado por Marques Abreu), da autoria de Albano Sardoeira e Alfredo Magalhães e
fotografias dos autores. A publicação Vida Rústica – Costumes e Paisagens era considerada
Entre 1926 e 1932, o artista lança a 2ª edição da revista Ilustração Moderna, desta vez
já com a participação do seu filho Marques Abreu Jr. E ainda em 1926, inicia uma coleção
intitulada Arte Portuguesa, com o primeiro título, Porto, de Carlos Passos. Por motivos de
reimpressão e ajustes de texto do autor, criaram-se conflitos entre o editor e o autor, que
colocaram fim a esta primeira coleção. Assim, Marques Abreu inicia uma nova coleção de
pequenos volumes em 1927, sendo estes A Arte em Portugal.
In “Apreciações da Imprensa (desde abril de 1904 a janeiro de 1914) – “Jornal do Comércio e das
36
54
Figura 5 – A Arte Em Portugal – Tomar Nº6, volume pertencente ao Acervo Ateliers Marques Abreu & Cª
(Fonte: Foto tirada por Marta Neto)
Esta coleção contava com 15 títulos sob a direção direta de Marques Abreu, tendo sido
posteriormente continuada pelo seu filho José Marques Abreu Jr., obtendo assim um total
de 24 títulos (nove a mais). A grande maioria das fotografias que apresentadas na coleção
eram da autoria de Marques Abreu, com a colaboração de Augusto Soucasaux e também
do seu filho.
Ainda em 1928, inicia uma colaboração com António Garcia Ribeiro de Vasconcelos,
com o primeiro título Inês de Castro. Estudo para uma série de lições no curso da história
de Portugal, por si editada e em 1929 segue-se o segundo título A Rainha Santa Isabel:
álbum recordatório, com as suas fotografias. De seguida, em 1930, surge o terceiro título
55
Isabel de Aragão - Rainha de Portugal, com fotografias do artista que apresentavam os
vários locais por onde a Rainha Santa estivera.
O seu trabalho na área das artes gráficas garantiu-lhe em 1932, o lugar de professor na
Escola Industrial Infante D. Henrique, possuindo o cargo de Mestre da Oficina de Gravura
Química.
A 25 de maio de 1933, Marques Abreu inaugurou, no Salão Silva Porto, a sua segunda
exposição composta pelos seus trabalhos fotográficos.
No ano seguinte sai a monografia A Igreja de S. Pedro de Lourosa, com texto de Aguiar
Barreiros, desenhos e plantas de José Vilaça e fotografias de Marques Abreu, que se veio a
tonar na base dos Boletins da DGEMN.
Em 1935, Marques Abreu lança O Ensino das Artes Gráficas, da sua autoria. No mesmo
ano é convidado por Gomes da Silva, para colaborar no futuro boletim da DGEMN,
utilizando como modelo a monografia sobre Lourosa. Neste ano, o artista abandona o ramo
da fotografia dedicando-se novamente só à impressão, edição e divulgação das artes gráficas.
Não se pode falar de Marques Abreu somente como um mestre das artes de
imprimir. Também foi fotógrafo de grande mérito. Fotografou para várias casas de
37
In “Apreciações da Imprensa (desde abril de 1904 a janeiro de 1914) – “O Primeiro de Janeiro”,
17.05.1933
56
fotografia por onde passou, mas foi a título individual que se acabou por destacar
neste meio. (Silva, 2015, p. 36).
É realizada em 1942 O Ensino das Artes do Livro, uma conferência na Secção do Porto
do Grémio Nacional dos Industriais de Tipografia e Fotogravura, que refletia a sua prática
letiva na Escola Industrial Infante D. Henrique.
No decorrer do ano 1948, o artista a obra Prof. Dr. António de Vasconcelos - para
duradoura lembrança, em homenagem ao seu grande amigo, colaborador e mentor.
Em 1954, são lançadas ao público as duas últimas obras que saíram dos ateliers de
Marques Abreu, e contavam com a sua direção e experiência, sendo estas: o Catálogo e guia
do Tesoiro da Sé Primaz de Braga e as Igrejas Medievas do Porto: obra póstuma.
José Antunes Marques Abreu morre a 2 de agosto de 1958, com 79 anos de idade
deixando para trás um riquíssimo legado.
É entre 1893 e 1958 que encontramos uma vasta obra dedicada à fotografia, à
reprodução da mesma através dos diversos sistemas de impressão e às edições. Na
cidade do Porto torna-se uma referência com a abertura de um espaço inovador e
único com atelier e oficina, capaz de responder às necessidades da época. Usa
técnicas exemplares que garantem grande qualidade aos mais variados clientes.
(Silva, 2015, p. 32).
Após a morte do fotógrafo, o seu filho José Marques Abreu Júnior tornou-se proprietário
e diretor das oficinas e ateliers Marques Abreu dando continuidade à obra do seu pai, com
o apoio do funcionário José de Jesus Alves Nunes. A qualidade dos serviços prestados pelos
38
É de salientar que as exposições que costumavam decorrer na sala de exposições da Faculdade de Belas
Artes do Porto eram maioritariamente sobre pintura ou escultura, sendo que esta foi uma exceção que promoveu
a fotografia e demonstra a importância e a qualidade do trabalho de Marques Abreu.
57
mesmos manteve-se presente em todos os seus trabalhos. Aquando da morte do Marques
Abreu filho, em 1969, a empresa ficou maioritariamente sob a orientação dos herdeiros.
O Acervo, recenseado durante as 150 horas de estágio, que teve como autores José
Antunes Marques Abreu (1879-1958) e José Marques Abreu Júnior (1909-1969) foi
adquirido pelo CPF em novembro de 2016, por compra (espécies fotográficas) e doação
39
In https://www.designportugues.pt/pt/mnemosine/marques-abreu-obra-e-espolio-grafico [consultado em
08.06.19]
40
António Garcia Nunes foi um fotógrafo e proprietário de uma casa fotográfica sediada em Lisboa. Este foi
também um colecionador de fotografias antigas. In https://digitarq.arquivos.pt/details?id=4746472 [consultado
em 02.09.19]
58
(cadernos de apontamentos, maquetes e livros) das herdeiras Conceição Maques Abreu41 e
Isabel Marques Abreu, respetivamente filhas e netas dos autores.
Como se pode verificar no “Gráfico 1”, no que toca à dimensão e suporte este acervo é
constituído por cerca de 12.000 negativos de vidro e película, entre 7.000 e 8.000 provas,
índices, fichas técnicas com estudos sobre gravura, fotografia e revelação, maquetes (de
livros editados e não editados), livros e cadernos de apontamentos, entre 1.200 e 1.300 cartas
recebidas e enviadas, câmaras fotográficas e equipamento fotográfico. As maquetes que
fazem parte deste conjunto correspondem aos livros e publicações ilustradas, editadas e
impressas nas oficinas Marques Abreu.
Figura 6 – Livro Ilustração Moderna 5ª, 6ª. 7ª Ano – 1930-1931-1932 (Fonte: Foto tirada por Marta Neto)
41
Atendendo à impossibilidade de entrevistar ou mesmo que a Dra. Conceição Abreu respondesse às questões
colocadas e enviadas via e-mail, houve aspetos que não foi possível esclarecer. A título de exemplificação o
guião de entrevista consta no Apêndice D.
59
As datas de produção do acervo vão desde 1898 (?) a 1969 (?) e as temáticas42
apresentadas nas espécies constituintes do acervo vão desde monumentos nacionais (de norte
a sul do país) - igrejas, mosteiros, castelos, pontes, capelas, torres, museus, cruzeiros,
pelourinhos, alminhas, palácios, etc. -, retratos, paisagens e costumes, mobiliário, frescos,
até às fotografias de âmbito familiar e mais privado.
Gráfico 1 – Formatos de documentação que compõem o Acervo Ateliers Marques Abreu & Cª
As objetivas utlizadas eram luminosas como por exemplo a Compur de 366 mm e f.1 de
diafragma e a F. Decrel Munchen. Ainda, para uma medição e focagem mais precisa,
Marques Abreu utilizava telémetros (dispositivo de precisão que se destina à medição de
distâncias em tempo real). Os negativos eram de vidro e de gelatina em diferentes formatos e
sensibilidades. Utilizou negativos a preto e branco que revelava e imprimia com base nas orientações
42
Para uma leitura mais aprofundada sobre as temáticas encontradas no acervo Ateliers Marques Abreu & Cª
remeter para o subcapítulo “6.2.2. Caracterização do Acervo Ateliers Marques Abreu & Cª” (p.91).
43
Estes equipamentos, cuja datação não foi facultada, foram encaminhados para a área do núcleo
museológico ficando a cargo da Dra. Ângela Carvalho.
60
dos fornecedores e em receitas químicas que ele próprio fez e testou previamente. (Silva, 2015, p.
87).
Embora o objetivo principal do estágio não seja aprofundar a temática dos processos
fotográficos utlizados na época (séc. XIX e XX) é necessário referir, identificar e
compreender o processo utlizado pelos fotógrafos de modo a tentar recolher informação
sobre as características e qualidade do trabalho fotográfico dos mesmos.
Este processo fotográfico, para além da gelatina apresentou outra grande novidade para
o mundo da fotografia: o uso de uma emulsão sensível à luz. Os processos fotográficos até
então aplicados não utilizavam emulsão, utilizavam uma substância sensível à luz que era
aplicada no final da preparação do suporte (papel ou vidro), através de um banho.
44
Conjunto de procedimentos, processos químicos e fotoquímicos que levam à obtenção de uma fotografia.
45
Elemento constituinte de uma fotografia – estrutura que fornece consistência ao objeto fotográfico. O suporte
pode ser de vários tipos: vidro, papel, película, entre outros.
46
Elemento constituinte de uma fotografia – Material transparente que aglutina e mantém os elementos que
formam a imagem fixos ao suporte.
47
Elemento constituinte de uma fotografia – Fornece os tons claros e escuros ou as cores com que é composta
a imagem.
48
Substância utilizada em fotografia que se trata de uma suspensão de cristais de prata sensíveis à luz que se
utiliza para revelar fotografias ou películas.
61
Os negativos de gelatina apresentam uma cor neutra, com os tons negros bem acentuados
nas zonas escuras. A camada de gelatina apresentava uma espessura rigorosamente uniforme
que cobria perfeitamente todo o suporte (incluindo cantos e arestas).
Este processo foi utilizado inicialmente por Marques Abreu em vidro e posteriormente
em película49, acompanhando a evolução da fotografia relativamente ao tipo de suporte, mas
mantendo o usufruto das possibilidades geradas pelo processo fotográfico de gelatina e sal
de prata que permitiu que os fotógrafos adquirissem as chapas já sensibilizadas
quimicamente, em vez de os mesmos terem de as preparar antecipadamente antes da
exposição, o que poupava tempo e trabalho.
Desta forma, o valor patrimonial deste acervo pode ser avaliado de duas formas. O valor
histórico dos elementos retratados alia-se ao valor intrínseco de cada tipo de suporte,
processo fotográfico e material fotográfico que relatam, de uma forma mais indireta, aquilo
que foi o crescimento da Fotografia em Portugal na sua génese. Pode afirmar-se ainda que
cada elemento constituinte do acervo Ateliers Marques Abreu & Cª apresenta-se como fonte
de informação e documento histórico que relata uma época, uma evolução, um estilo, um
país e as vivências de um povo, revelando sempre um valor patrimonial intrínseco, marcando
um período em que a cultura e o património português ganhavam visibilidade através de
relatos fotográficos publicados.
49
George Eastman foi um dos responsáveis pelo aperfeiçoamento dos processos fotográficos quando este se
interessou pela emulsão de gelatina a ponto de a começar a fabricar em série. Contudo, achava difícil o processo
ser realizada em chapas de vidro pois além de pesadas estas partiam com muita facilidade. Assim fez com a
fotografia se tornasse mais prática, substituindo a base da emulsão por uma mais flexível, igualmente
transparente, de nitrocelulose, ou seja a película.
62
5. RECENSEAMENTO DE DOCUMENTAÇÃO
O processo de Recenseamento de Documentação, neste caso de documentação
maioritariamente fotográfica, foi a base de todo o desenvolvimento da investigação e recolha
de dados realizada durante a permanência no CPF.
Figura 7 – Estagiária a efetuar o Recenseamento de Dados do acervo Ateliers Marques Abreu & Cª nas
instalações do CPF (Fonte: Foto tirada por Aida Ferreira)
63
Não se trata mais da utilização do documento pelo produtor, do seu valor
primário, ligado à própria razão de ser do ato escrito consignado no documento; a
descrição destina-se àquele cuja tarefa é explorar o que restou, após ter-se cumprido
a finalidade administrativa ou jurídica do ato. Abre-se uma potencialidade
informacional – valor secundário do documento – infinitamente mais ampla do que
a estrita razão funcional que motivou a geração do documento […] (Bellotto, 2004,
p. 179).
Bellotto (2004) defende que os instrumentos de pesquisa são, na sua principal essência,
obras de referência que têm como objetivo identificar, resumir e localizar em diferentes
graus e amplitudes, os fundos, as séries documentais e/ ou as unidades documentais
existentes num arquivo.
Dentro da categoria dos instrumentos de pesquisa podem ser encontrados alguns mais
genéricos e globais, como por exemplos os Guias50, e outros mais específicos e com relatos
mais detalhados e minuciosos apenas sobre partes do acervo, como por exemplo os
Inventários51, os Catálogos52 e Índices. É ainda de salientar que existem também alguns
instrumentos de pesquisa de uso interno que têm como função a orientação do trabalho do
arquivista relativamente à ordenação e descrição dos documentos, como por exemplo as
listagens que acompanham as aquisições dos fundos/coleções.
50
O Guia é o instrumento de pesquisa mais abrangente. Este tem como objetivo proporcionar uma visão geral
sobre os serviços relativos ao arquivo, de modo a que seja possível ao utilizador ficar a conhecer os recursos,
a origem e o nível de interesse dos fundos/coleções que este alberga e os instrumentos de pesquisa disponíveis.
É considerado um instrumento de pesquisa de nível prático e descritivo.
51
É o instrumento de pesquisa utilizado para descrever parcelas de um fundo/coleção ou conjuntos
documentais. Inventário consiste na descrição pormenorizada ou enumeração dos dados em forma de listagens.
Consiste na relação de bens que pertencem a alguém.
52
O Catálogo é o instrumento de pesquisa que descreve de forma unitária os elementos documentais presentes
numa série/séries, ou então de um conjunto documentos. Trata-se de uma representação descritiva, documento
a documento.
64
análise realizada a um nível mais profundo após a aquisição de um fundo/coleção que
possibilita a descrição de um fundo/coleção no seu geral, “[…] de modo a identificar e
descrever até ao nível da série, referindo e enumerando as respetivas unidades de instalação,
tal como acontece no inventário, mostrando a final o quadro de classificação, que norteou a
sua organização.” (Ferreira, 2011, p.1).
Para a consideração dos campos apresentados inseridos na FRD utilizada pelo CPF, foi
necessário utilizar como base várias normas da arquivística sendo elas: a ISAD (G) – Norma
Geral Internacional de Descrição Arquivística, a EAD – Encoded Archival Description, a
NODAC – Norma de Description Archivistica de Catalunya, e ainda a norma SEPIADES –
Recommendations for Cataloguing Photographic Collections.
A norma ISAD(G), aplicável a todo o tipo de arquivos, tem como objetivo estabelecer
diretrizes gerais para a preparação de descrições arquivísticas.
65
importância e utilização, contudo expostos noutra ordem e apresentação. Considerando
alguns estudos previamente realizados noutros países, o ICA apresentou em 2000 a norma
ISAD(G) como norma geral na utilização arquivística.
Ao definir uma hierarquia de descrições devem ser aplicadas quatro regras que se
mostram fundamentais, sendo elas: Descrição do Geral para o Particular; Informação
Relevante para o Nível de Descrição; Ligação entre Descrições; Não Repetição de
Informações.
53
Terminologias portugueses utilizadas para os níveis de descrição, existem outros termos para outras línguas.
66
facultar informações detalhadas sobre o conteúdo de processos se a unidade de descrição for
um fundo; não facultar a história administrativa de uma organização como um todo se o
produtor da unidade de descrição for uma divisão ou um sector.” (ISAD(G): Norm Geral
Internacional da Descrição Arquvística, 2002, p. 16).
Quanto à regra “Ligação entre Descrições”, esta tem como objetivo tornar explícita a
posição que a unidade de descrição ocupa hierarquicamente. É necessário fazer a ligação de
cada descrição à unidade de descrição imediatamente superior, se for o caso.
Por fim, a utilização da norma ISAD(G) refere também, segundo a última regra de
descrição, que é necessário evitar a existência de redundância de informação nas descrições
arquivísticas que se encontram hierarquicamente relacionadas, ou seja, “No nível superior
apropriado, fornecer a informação comum às partes que o compõem. Não repetir num nível
inferior informação que já tenha sido dada num nível superior.” (ISAD(G): Norm Geral
Internacional da Descrição Arquvística, 2002, p. 16).
67
O primeiro campo a preencher é o “Número de Referência”. Este campo é utilizado
quando não existe qualquer tipo de codificação ou referenciação feita pelo produtor ou até
mesmo pelo colecionador que possibilite a identificação ou localização de forma correta das
unidades de instalação. Assim, neste caso, o arquivista durante o recenseamento, deve
proceder à realização de uma numeração das unidades de instalação (ex.: caixas, pastas,
gavetas, etc.) de forma a atribuir a cada uma um número de referência para ser utilizado na
FRD. Este procedimento acaba por ser uma forma de prevenir, quando se está perante uma
grande quantidade de documentos, que estes alterem a sua ordem primária.
A numeração dada por parte do arquivista deve ser feita de forma discreta sem danificar
com os possíveis dados contidos na unidade de instalação, é recomendável que seja aplicada
através de etiquetas ou tiras de papel. A numeração deve ser realizada “[…] descendo ao
nível mais baixo da unidade de instalação antes do documento simples, quando mude o
formato e o suporte” (Ferreira, 2011, p.2). Pode acontecer que dentro de uma UI existam
outras unidades de instalação de menores dimensões, deste modo, o arquivista deve proceder
a uma primeira numeração (por exemplo desde a caixa número 1 à 20). Posteriormente, ao
encontrar as unidades de instalação menores estas devem também receber uma numeração
(por exemplo: 1. Caixa; 1.1 Envelope dentro da Caixa 1).
68
O quarto campo a preencher corresponde às “Inscrições, Legendas ou Anotações na
Unidade de Instalação”. Este campo tem como objetivo registar a palavra, a frase, ou grupo
de caracteres que o autor apontou como unidade de descrição.
Quanto ao “Formato” este pode ser registado segundo o sistema métrico, ou seja, através
da respetiva unidade de medida, devendo corresponder a altura x a largura x a profundidade
ou a altura x a largura. Na fotografia, o formato que se tem registado ao longo dos tempos
varia entre o formato métrico e o formato imperial. Os formatos métricos (em centímetros)
apresentam-se como: 6x9cm, 9x12cm, 10x15cm, 13x18cm, 18x24cm, 24x30cm e 30x40cm
(medidas standard). No entanto, o uso das medidas 24x30cm e 30x40cm decresceu no final
do séc. XIX. Os formatos imperiais (em polegadas) apresentam-se como: 4x5’’,
5x7’’,8x10’’, 11x14’’, 16x20’’ e 20x24’’. Os rolos de película são produzidos com as
larguras de 35mm, 60mm, 70mm, tendo sido anteriormente produzidos com os tamanhos de
110mm, 126mm, 127mm e até mesmo 620mm.
69
vidro, metal-ferro, metal-cobre ou metal-outros, plástico-película, plástico-acetato ou
plástico-poliéster e papel. Quanto à “Polaridade” do suporte esta pode apresentar-se como
negativa (imagem invertida relativamente às cores e à posição horizontal/vertical), positiva
(áreas escuras ficam claras e vice-versa) e positiva slide ou diapositivo (filme positivo
colorido para transparências). A cor pode ser: preto e branco, preto e branco-sépia e cor.
Neste campo, deve ainda ser registado o processo fotográfico que se pode apresentar na
forma positiva e na forma negativa sendo que nos negativos em suporte de vidro os processos
fotográficos podem ser: albumina, colódio húmido ou seco, gelatina e sal de prata; positivos
em suporte de plástico (película) os processo fotográfico podem ser de gelatina e sal de prata;
positivos em suporte direto de vidro ou metal os processos fotográficos podem ser:
daguerreótipo (suporte de cobre), ferrótipo (suporte de ferro), ambrótipo (suporte de vidro);
positivo ou provas em papel a partir de um negativo com imagens formadas por sais de prata
os processos fotográficos podem ser: talbótipos/calótipos e papéis salgados, albuminas,
gelatinas-sal de prataferrótipo (suporte de ferro), ambrótipo (suporte de vidro); positivo ou
provas em papel a partir de um negativo com imagens formadas por outros sais metálicos ou
pigmentos os processos fotográficos podem ser: cianótipos, planotípias, cromotipias ou
carvões, carbros, óleos e bromóleos, gomas bicromadas.54
O sétimo campo, a preencher na FRD, refere-se ao “Âmbito e Conteúdo”. Este tem como
função estimar a importância da unidade de descrição de cada UI e apresentar informação
sobre o assunto em questão. O “Âmbito” remete para períodos cronológicos e áreas
geográficas. Já o “Conteúdo” remete para outros pontos como: assuntos, atividades, funções,
eventos, pessoas (singulares, coletivas ou famílias).
O oitavo campo, “Conservação” tem como objetivo fazer uma avaliação geral do estado
de conservação da UI, para isso são utilizados termos específicos sendo eles: Excelente,
Muito Bom, Bom, Razoável, Mau. No primeiro contacto com o fundo/coleção é possível
fazer uma avaliação prévia acerca dos aspetos da conservação, contudo, ao realizar o
recenseamento de documentação é fundamental registar ocorrências e possíveis tratamentos
a efetuar. Os casos mais comuns passam por: chapas de vidro partidas, rachadas ou com a
emulsão a descolar, presença de insetos ou roedores, presença de bolor, humidade e água,
películas em mau estado. É também, quando encontrado, essencial retirar fita-cola, clips e/ou
54
Devido aos processos fotográficos serem muitos e alguns apresentarem elevada complexidade, é aconselhado
por vezes a que o arquivista consulte um especialista na área de restauro e conservação de fotografia.
70
agrafos que podem estar a danificar o documento. Deste modo, cabe então ao arquivista
realizar um pouco de prevenção e conservação a quando do recenseamento de documentos,
facilitando assim a sua recuperação e duração.
Por último, o nono campo a preencher na FRD destina-se às “Notas”. Este campo existe
com o objetivo de incluir tudo aquilo que não cabe nos outros campos, mas que apesar disso
pode ser pertinente e relevante no estudo dos documentos e ajudar na pesquisa de informação
sobre os mesmos.
Figura 9 – Modelo da Plataforma DigitArq: página web relativa às espécies com a autoria dos Ateliers
Marques Abreu e Cª presentes na coleção de António Garcia Nunes
Desta forma, a informação relativa aos dados tratados, durante o período de estágio, fica
acessível aos utilizadores fornecendo mais conhecimento acerca dos trabalhos fotográficos
e do percurso dos dois fotógrafos e do seu atelier.
55
A base de dados DigitArq tem como intuito simplificar e permitir aos utilizadores que possam usufruir,
através da internet, de um certo conjunto de serviços que só se encontram disponibilizados presencialmente no
Arquivo. Esta permite, consultar o catálogo do CPF, visualizar os vários documentos já digitalizados, requisitar
reproduções digitais, reservar documentos para leitora na biblioteca da instituição, entre outros.
71
6. DESENVOLVIMENTO DO ESTÁGIO
Após ter sido definido o acervo dos Ateliers Marques Abreu & Cª como objeto de estudo,
foram realizadas várias etapas que se basearam e inseriram em vários métodos de
investigação.
Numa primeira fase, seguindo o método histórico - que se baseia numa procura e recolha
de dados, documentação e informações biográficas e iconográficas - procedeu-se a uma
pesquisa sobre a instituição, a sua história, as suas funções, objetivos e património
fotográfico de que o CPF é detentor, de modo a compreender a importância da existência de
um arquivo especificamente relacionado com a fotografia a nível nacional e a preservação e
divulgação da mesma.
De seguida, mantendo como base o mesmo método de investigação, foi realizada uma
pesquisa sobre os artistas Marques de Abreu pai e filho, as suas vidas e os seus percursos
como impulsionadores da arte fotográfica, editorial e de impressão em Portugal. Ainda sobre
o mesmo assunto, foi necessário realizar uma recolha de informação sobre o acervo a tratar
durante o estágio, nomeadamente: processo de aquisição, história e temáticas apresentadas
no mesmo.
56
Para uma leitura complementar e mais específica sobre as metodologias utilizadas no processo de estágio,
remete-se para o Capítulo 1 (p.13).
72
como referência, assim como documentos guia (modo de manuseamento de negativos,
processos de restauro e cuidados a ter no local de trabalho, entre outros) elaborados e
fornecidos pelas técnicas da instituição e, por fim, a norma ISAD (G) – General International
Standard Archival Description.
73
caracterização do mesmo, foi empregada a metodologia experimental que comprova a
validade das hipóteses anteriormente abordadas.
A aplicação correta destas metodologias só foi possível com o apoio e orientação atenta
da Dra. Aida Ferreira pela sua experiência e conhecimento na área do arquivo e arquivo
fotográfico. A sinergia criada entre a aplicação prática das metodologias de recenseamento
aplicadas e orientadas pelo CPF e os conhecimentos teóricos decorrentes da formação
académica e pesquisa bibliográfica proporcionada pela ESE permitiu de uma forma expedita
a realização com sucesso dos objetivos propostos.
Para que o objetivo do estágio no CPF fosse atingido, foi determinada a tarefa de
preenchimento de Folhas de Recenseamento de Dados relativas às espécies pertencentes ao
acervo Ateliers Marques Abreu & Cª de forma a que numa fase mais avançada seja possível
disponibilizar a informação na plataforma online DigitArq de acesso aos utilizadores
interessados. É de salientar que as UI pertencentes ao acervo foram recenseadas no CPF
naquilo que não foi uma ação direta dos autores, pois existiu posteriormente uma
manipulação feita por parte da neta Conceição Abreu.
74
A explicação mais detalhada das tarefas realizadas ao longo das 150 horas de estágio
encontra-se dividida em duas categorias, apresentadas já de seguida.57
Posteriormente, foi feita a leitura dos documentos relativos aos Ateliers Marques
Abreu e Cª e ao processo de aquisição do acervo, referido anteriormente no Capítulo 4.
Existiu também um momento de elucidação relativamente aos documentos já existentes na
posse do CPF, antes da compra/doação do acervo geral dos Marques Abreu, tendo levado,
deste modo, ao primeiro contato com a plataforma DigitArq e de seguida com a FRD
(protótipo em tabela Excel) que iria ser completada na sequência do estágio.
Para fazer uma contextualização mais aprofundada foi necessária a leitura de livros
relacionados com a arquivística e os seus conceitos mais importantes, uma leitura das
principais normas utilizadas (ISAD(G)) E SEPIADES, uma leitura sobre tratamento de
documentos e uma leitura sobre conservação de coleções fotográficas onde são apontados
vários assuntos mais técnicos relativos à fotografia relevando a importância de conhecer as
especificidades e características do tipo de documentos em estudo e observação durante o
tempo passado na sala de trabalho. Também é importante realçar que existiu, ao longo do
estágio, um contacto com os cadernos de apontamentos, os índices, fichas técnicas com
estudos sobre gravura, fotografia e revelação, maquetes (de livros editados e não editados)
pertencentes ao acervo, que de certo modo facilitou o recenseamento dos dados e a sua
identificação, acrescentando informação valiosa ao estudo de caso.
57
Ao longo do estágio foi feito um registo das atividades e tarefas diárias, indicando o dia e a quantidade de
unidades de instalação analisadas no mesmo. Este encontra-se em apêndice (Apêndice B) e designa-se Diário
de Bordo.
75
Foram ainda, recenseados e consultados dois cadernos intitulados “Apreciações da
Imprensa (desde abril de 1904 a janeiro de 1914)” e “Apreciações da Imprensa (desde janeiro
de 1914 a…), que resultaram numa compilação de recortes de jornais da época com notícias
sobre os Ateliers Marques Abreu & Cª ou sobre os próprios. Esta coleção de recortes foi
elaborada por ambos os fotógrafos, sendo que o último caderno apresenta notícias sobre a
morte de Marques Abreu, tendo sido o filho a concluí-lo. As edições dos jornais a que as
várias notícias correspondiam e as datas das mesmas foram registadas nos cadernos pelos
próprios autores. Estes revelaram-se muito importantes na recolha de informação biográfica
sobre ambos os fotógrafos e no estudo dos mesmos.
• Mesa de Trabalho;
• Lâmpada com Incorporação de Lupa;
• Hotte (no caso dos negativos mais deteriorados que libertam gases nocivos –
ex.: películas de nitrato);
• Mesa de Luz;
• Bata;
• Máscara;
• Luvas de Algodão;
• Luvas de Plástico;
• Papel Mata-borrão;
• Lápis e borracha;
76
• Folhas de Rascunho;
• Régua;
• Envelopes em Papel de Conservação;
• Caixas de Conservação;
• Papel de Conservação;
• Cartão de Conservação;
• Fita Filmoplast P90;
• Pêra de Soprar.
Antes de iniciar a atividade foi sempre colocada uma bata como forma de proteção.
As mãos foram lavadas frequentemente durante períodos longos de contacto com os
materiais dos acervos/coleções. Nunca aplicado creme nas mãos antes de iniciar o
manuseamento das espécies, pois podia levar a que tivessem sido causados danos nos
documentos. O espaço de trabalho foi sempre previamente organizado e os materiais
necessários ao processo foram colocados sobre a mesa. Esta este constantemente coberta
com Papel Mata-borrão, que se foi renovando sempre que se mostrou necessário. Após a
organização do espaço de trabalho, foram colocadas as luvas de algodão para que fosse
possível estabelecer o contacto direto com as espécies em análise. As luvas foram e devem
sempre utilizadas nas duas mãos.
Relativamente ao manuseamento das espécies, este foi sempre realizado com o maior
cuidado possível, de modo a evitar danos. Antes de se movimentar uma espécie fotográfica,
o estado da mesma deve foi avaliado, pois se esta se encontrava num estado de deterioração
avançado foi necessário proceder à sua isolação, relativamente às restantes espécies, para
seguir para restauro e não contaminar, se for o caso (ex.: fungos), os outros documentos.
77
Nestes casos as espécies foram colocadas numa caixa de conservação à parte e devidamente
identificadas com o número da UI a que pertencem.
Os negativos foram manuseados com as duas mãos de modo a evitar que se partissem ou
danificassem. Em alguns casos, quando necessário, os cartões de conservação foram
utilizados para ajudar na mobilização das espécies dando apoio às mesmas. As espécies em
análise foram mantidas sempre sob superfícies lisas e estáveis, sendo feita sempre a sua
observação sobre uma mesa. Por precaução, não foi feita a circulação pela sala de trabalho
com os negativos na mão. Todos os negativos, neste caso de vidro (principalmente os 18x24
cm ou maiores), mantiveram-se nas suas UI, sempre que não estavam a ser observados ou
analisados. As espécies nunca foram empilhadas diretamente umas sobre as outras, salvo a
exceção de quando se encontravam separadas por uma folha de material de conservação ou
envolvidas por uma embalagem de conservação apropriada. Neste caso, ao guardar os
negativos foi necessário ter um acerta atenção na forma como estes eram colocados
novamente na UI, pois o lado da emulsão (lado brilhante) tinha de ficar sempre sobre o lado
do suporte (lado baço), de modo a evitar o contacto entre as emulsões, pois este pode
provocar danificações. Espécies de formatos e pesos muito distintos também não devem ser
empilhadas, sob o risco de perderem estabilidade.
78
apropriadas de modo a que a luz não incidisse diretamente nas mesmas, pois poderia causar
deterioração.
A visualização dos negativos foi feita sobre uma mesa ou caixa de luz, pois não é
aconselhável levantar o negativo em frente à luz natural (ex.: janela) para o observar. Por
vezes, é sentida alguma dificuldade na remoção do negativo da mesa de luz, já que esta é
constituída por uma superfície semelhante ao negativo e que causa adesão entre os dois
materiais. Para facilitar o deslocamento do negativo intercala-se uma folha de papel
translúcido, que evita riscos e ajuda no manuseamento.
Figura 11 – Mesa de Luz utilizada no recenseamento de dados do acervo Ateliers Marques Abreu &
Cª. Negativos de vidro. (Fonte: Foto tirada por Marta Neto)
Cada “Unidade de Instalação” após ser analisada e estudada foi identificada através
de uma tira de papel de conservação (colocado no exterior da caixa deixando apenas um
pouco da tira de fora da mesma) com a devida numeração dada pelo arquivista.
79
Por vezes nas UI, juntamente com os negativos ou provas, foram encontrados alguns
documentos como por exemplo listas (de locais e pessoas) e anotações do autor, estes foram
preservados na mesma UI onde foram encontrados e o seu conteúdo foi apontado e redigido
no campo das “Notas” correspondente a essa “Unidade de Instalação” na FRD.
Figura 12 – Unidade de Instalação do Acervo Ateliers Marques Abreu & Cª: negativos de vidro e
documento “Diversos” (Fonte: Foto tirada por Marta Neto)
80
As várias UI analisadas encontravam-se numa das salas do arquivo do CPF
denominada de “Depósito Sujo”, ou seja, onde se encontram guardadas as coleções/acervos
em análise ou tratamento, num ambiente privado de luz natural. Posteriormente, foram
retiradas desse mesmo ambiente e transportadas para a sala de trabalho onde decorreu o
estudo das espécies. As UI foram analisadas à vez e após ter sido recolhida toda a informação
estas foram colocadas novamente numa caixa de conservação corretamente identificada
(nome do acervo/coleção e a numeração das UI que consta nessa caixa – ex.: Marques Abreu:
UI 70 à UI 82). A organização das caixas de conservação, onde são armazenados os
documentos, foi realizada da melhor forma, de modo a que as várias UI ficassem encaixadas
e o mais estáveis possível, de modo a não causar danos aquando das suas deslocações ou
movimentações. Quando foi viável, as UI foram organizadas pela ordem numérica atribuída
pela estagiária. Depois de analisadas as várias UI contidas nas caixas de conservação, estas
voltaram a ser colocadas nas estantes “Depósito Sujo”, seguindo uma organização
específica, de maneira a que as etiquetas sejam lidas de forma sequencial, da esquerda para
a direita e de cima para baixo entre as prateleiras.
Figura 13 – Acervo Ateliers Marques Abreu & Cª armazenado no “Depósito Sujo” do CPF (Fonte:
Foto tirada por Marta Neto)
81
assim a informação sobre o seu local de origem, de maneira a que após o seu tratamento e
restauro estas sejam devolvidas às mesmas.
No caso das UI 235, 236 e 237, tornou-se num processo de análise um pouco mais
demorado e complexo pois, os 751 envelopes contidos nestas UI foram retirados
originalmente de três caixas de madeira58 (mau material para conservação de espécies devido
à humidade que liberta) e foram colocados em três caixas de conservação. Os envelopes
encontravam-se todos numerados e na sua grande maioria estes continham a inscrição do
local ou monumento a que as espécies correspondiam.
58
As caixas originais que se encontravam no acervo, após a remoção dos envelopes que continham, foram
guardadas para uma possível utilização numa futura exposição sobre os Ateliers Marques Abreu & Cª, visto
que era um tipo de elemento comum utilizado pelos autores para armazenamento de espécies fotográficas.
82
Após iniciado o recenseamento dos dados contidos nos envelopes, foram necessárias
mais quatro caixas de conservação para separar as diferentes espécies que constavam dentro
de cada envelope, ou seja, uma caixa para os negativos de vidro, uma caixa para os negativos
de película, uma caixa para as provas e uma caixa para as espécies encaminhadas para
restauro. Não foi necessário fazer segregação de materiais em todos os envelopes. Durante
o recenseamento de dados dos envelopes, foram utilizados três índices e uma listagem
(Caderno Diário) feitos pelos autores. Cada um deles apresentava a numeração e o local e
ou monumento a que esta correspondia. De seguida, a informação retida da análise foi
registada no modelo da FRD59.
Figura 16 – Índices e Caderno de Listagem correspondentes aos envelopes das Unidades de Instalação 235,
236 e 237 do Acervo Ateliers Marques Abreu & Cª (Fonte: Foto tirada por Marta Neto)
83
Relativamente ao preenchimento dos campos da “Folha de Recenseamento de
Dados”, ao longo do estágio e do estudo do acervo, foram registados, de uma forma mais
geral, as seguintes informações:
Maquete/Livro, Pasta, 2%
10%
Mica, 0.4%
Caixa, 45%
Envelope, 43%
Numeração Original – Não foi encontrado em nenhum tipo de UI, numeração original
definida por parte dos autores do acervo, deste modo foi atribuída uma numeração por parte
da arquivista Aida Ferreira e posteriormente por parte da estagiária.
84
UI COM INSCRIÇÕES, LEGENDAS OU ANOTAÇÕES
Com Inscrições, Legendas ou Anotações Sem Inscrições, Legendas ou Anotações
1%
99%
Gráfico 3 – Percentagem de UI com Inscrições, Legendas ou Anotações do acervo Ateliers Marques Abreu e
Cª
Datas – Entre um vasto número de espécies fotográficas não datadas pelos autores, foram
encontradas algumas inscrições, em algumas tipologias de UI (caixas, envelopes e
maquetes/livro), que remetiam para as décadas de 30, 40, 50 e 60 do séc. XX, período onde
ocorreram várias deslocações por todo o país para ser realizado o registo fotográfico dos
diversos monumentos e paisagens nacionais. No caso das UI maquetes/livros foram
registadas várias datas, também entre o mesmo período de tempo, referentes às datas das
edições e publicações dos Ateliers Marques Abreu & Cª. Contudo, como se pode observar
no “Gráfico 4” a maioria das unidades de instalação não se encontram datadas.
Datadas,
18.40%
Não datadas,
81.60%
Gráfico 4 – Percentagens de UI datadas e não datadas presentes no acervo Ateliers Marques Abreu & Cª
85
Formato – Relativamente aos negativos e às provas, os formatos mais comuns registados
durante a análise do acervo foram os seguintes: 6x6cm, 6x9cm, 10x15cm, 13x18cm,
18x24cm e rolos de película de 35mm. Quando o tamanho da espécie em estudo não era
percetível, esta era ser medido com a ajuda de uma régua. Este caso foi muito recorrente
durante a análise das provas pois normalmente estas encontravam-se alteradas
(apresentavam um tamanho inferior à medida standard devido a ajustes feitos pelos autores).
No caso dos livros, pastas e cadernos o formato registado era referente à largura, altura e
profundidade do documento (ex.: 18x23x3,5cm).
Papel, 0.2%
Vidro,
Prova papel, 9.4%
11.6%
Película, 78.7%
Gráfico 5 – Percentagens de tipos de material encontrados no acervo Ateliers Marques Abreu & Cª
86
Suporte – Neste campo, a informação recolhida no recenseamento do acervo indica,
relativamente às espécies fotográficas, que a sua polaridade variava entre o negativo e o
positivo (sendo o acervo composto maioritariamente por negativos) e a cor é
predominantemente era o preto e branco, sendo que foram apenas encontradas duas provas
em película a cores.
Figura 17 – Prova em Película a Cor do acervo Ateliers Marques Abreu & Cª (Conímbriga) (Fonte: Foto
tirada por Marta Neto)
87
impressão, onde foram anotados os vários conceitos abordados nos documentos (ex.:
Conteúdos sobre as cores complementares, diafragmas, exposição, luz, objetivas e rede).
Figura 18 – Livros “Apreciações da Imprensa (desde Abril de 1904 a Janeiro de 1914)” e “Apreciações da
Imprensa (desde Janeiro de 1914 a ) 2º volume” do Acervo Ateliers Marques Abreu & Cª (Fonte: Foto
tirada por Marta Neto)
88
Figura 19 – Negativo de Vidro do Acervo Ateliers Marques Abreu e Cª, Selado com Cartões de Conservação
e Fita Filmoplast P90 (Fonte: Foto tirada por Marta Neto)
Notas – Este campo da FRD, tal como referido anteriormente no Capítulo 5 (pág.49), tem
como propósito o registo de toda a informação que não está contida na UI ou nas espécies e
que o arquivista considera pertinente registar para facilitar o estudo do acervo ou até mesmo
para alertar sobre algumas especificidades detetadas nas espécies ao longo do processo de
análise das mesmas. Desta forma, foi indicado ao longo do processo todos os negativos
encontrados que apresentavam tinta de retoque, máscaras, fita-cola ou falta de um dos cantos
(no caso dos negativos de vidro); negativos que sofreram o processo de selagem; provas com
apontamentos dos autores, máscaras, tintas de retoque, recortadas ou coladas em cartão; UI
que continham listas de locais, pessoas ou papéis com apontamentos; tiras de película
encontradas nas UI; maquetes encontradas nas UI, incluindo maquetes para os livros da
coleção A Arte em Portugal. Relativamente aos envelopes das UI 235, 236 e 237, este campo
da FRD serviu também para anotar envelopes mal numerados, envelopes que continham uma
descrição ou numeração que não correspondia à descrição da listagem ou do índice de apoio
e a existência de outros envelopes com a mesma temática. Na fase final do recenseamento,
quando as unidades de instalação se apresentavam como maquetes/livros e pastas, as Notas
deram lugar a anotações relativas ao número de páginas de cada maquete/livro, se estas
continham provas ou ilustrações e sobre o conteúdo e organização das várias pastas. Por fim,
as Notas serviram também para indicar se algum negativo ou negativos de certa UI foram
89
separados para restauro, ou em alguns casos, se todas as espécies da UI foram separadas para
restauro.
Figura 20 – Películas Virgem do Acervo Ateliers Maques Abreu & Cª (Fonte: Foto tirada por
Marta Neto)
Por se tratar de uma análise bastante pormenorizada de um acervo longo, não foi
possível à estagiária terminar o recenseamento de todos os documentos pertencentes ao
mesmo, dentro do tempo estipulado para o estágio, ficando deste modo por analisar algumas
provas em papel, a correspondência enviada e recebida e alguns documentos técnicos e
apontamentos dos autores.
90
qualquer informação que se queria rastrear. Esta irá permitir também que a informação
recolhida seja transferida para a plataforma DigitArq, de acesso ao utilizador com o objetivo
de partilhar o máximo de informação possível sobre o assunto. Assim, é pertinente a
colocação da FRD devidamente preenchida nos apêndices deste relatório. Contudo, as
fotografias ainda não se encontram disponíveis para visualização online, pois estas irão
sofrer um a processo moroso de restauro e digitalização o que faz com esta seja a última
informação a ser colocado na base de dados.
• Fotografia de Arquitetura/Monumentos;
• Fotografia de Costumes e Paisagens;
• Retratos;
• Fotografia de Âmbito Familiar;
• Fotografia de Mobiliário;
• Diversos.
91
2% 2% 1%
5%
10%
1%
Âmbito familiar
Diversos
Envelopes vazios
Mobiliário
Monumentos/Arquitetura
Paisagens/Costumes
Retratos
79%
Marques Abreu iniciou o seu percurso na área da Fotografia por iniciativa própria,
mesmo antes dos seus trabalhos se tornarem públicos. “Foi um homem que fazia constantes
e longas viagens para fotografar. Inicialmente fotografou por motivação e gosto próprio.
Sempre soube o que fotografar e como fotografar”. (Silva, 2015, p. 66).
92
trabalhos publicados nos boletins da Direção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais,
que se baseavam em grande parte no registo fotográfico de monumentos românicos.
A revista “A Ilustração Moderna” caracteriza-se por ser uma das publicações mais
importantes no que toca ao culto dos monumentos nacionais, pois esta agrupava textos de
várias personalidades com um papel relevante na cidade do Porto, e diversos clichés da
autoria de Marques Abreu. As inúmeras excursões que foram feitas pelo país (com objetivos
de averiguar o estado de conservação de determinados monumentos ou até mesmo de visitar
as obras de restauro que ocorriam nas edificações) eram publicadas nesta revista e
posteriormente relatadas e ilustradas com fotografias muitas vezes de Marques Abreu e do
seu filho. Especificamente nesta publicação os textos e as imagens sobre o património
nacional eram maioritariamente sobre a arquitetura românica do país. Esta revista
representou o início do trabalho de Marques Abreu como editor, diretor e fotógrafo.
O “Álbum do Porto” era constituído por clichés da autoria do artista sobre vários
assuntos da cidade do Porto. Neste, pode destacar-se o caso particular da degradação do
Convento da Serra do Pilar e do interior de Igreja de S. Francisco. Deste modo, este tipo de
fotografia transmitia o grande interesse e vontade que Marques Abreu em divulgar e
sensibilizar as pessoas relativamente à preservação dos monumentos nacionais.
Figura 21 – Fotografia em Álbum do Porto (p.2) (Fonte: Silva, M. d. (2015). Edições Marques Abreu (Porto,
1898-1974). Universidade Politécnica de Valencia.)
93
Contudo, apesar de Marques Abreu não se ter focado somente na arquitetura
românica, esta apresentou uma grande marca no seu trabalho e na valorização da cultura
patrimonial.
Posto isto, existem alguns aspetos estéticos e formais presentes nesta tipologia de
fotografias do artista.
Pode-se afirmar que uma fotografia tirada com destino à inventariação é importante
que represente o seu conjunto. Para além das representações gerais dos edifícios, é habitual
que seja atribuído algum destaque a pormenores arquitetónicos de grande relevância, que
identificam e caracterizam os edifícios e possibilitam uma visão mais aprofundada do seu
estado de conservação e participam na atribuição do valor arquitetónico das edificações
94
fotografadas. Assim, é feito um registo fotográfico de diversas frações constituintes de cada
edifício, tanto no interior como no exterior.
A sua fotografia era inovadora com planos e composições, que até então não
era comum encontrar. Quando fotografava um edifício, explorava diversos
enquadramentos e estudava a melhor luz. Tinha sempre em atenção a luz, a
perspetiva, as sombras, o tempo de exposição e a composição. (Silva, 2015, p. 69).
Figura 22 – Fotografia de Marques Abreu da Igreja de S. Pedro de Roriz (Fonte: Borges, J. P. (2013).
Marques Abreu: A Fotografa e a Edição Fotográfica na Defesa do Património Cultural. Lisboa:
Uniiversidade Nova de Lisboa.)
A inclusão de um elemento humano nas fotografias era mais uma das características
das representações de arquitetura românica feitas por Marques Abreu. Esta integração
parecia propositada na medida em que poderá ter um propósito estético, sendo usada como
fator escala, para permitir uma melhor perceção das dimensões do edifício e atribuindo à
fotografia uma certa ruralidade.
95
[…] esta característica serviria de alerta para o facto de esta arquitetura fazer
ainda parte da vida da população, pelo que seria premente a conservação destas
edificações, muitas em elevado estado de degradação. (Santos M. M., 2011, p. 67).
Figura 23 – Fotografia de Marques Abreu do Paço Real de Leiria (Fonte: Borges, J. P. (2013). Marques
Abreu: A Fotografa e a Edição Fotográfica na Defesa do Património Cultural. Lisboa:
Uniiversidade Nova de Lisboa.)
60
In https://designportugues.pt/pt/mnemosine/marques-abreu-obra-e-espolio-grafico [consultado em
14.08.19]
96
Figura 24 – Fotografia de Marques do Aspeto Geral da Igreja de S. Francisco (Fonte: Silva, M. d. (2015).
Edições Marques Abreu (Porto, 1898-1974). Universidade Politécnica de Valencia.)
Marques Abreu não utilizava qualquer tipo de manipulação nas suas personagens,
procurando-lhes a “naturalidade”, a sua forma de estar. As indumentárias eram as mesmas,
97
tal como as atividades que habitualmente realizavam, e o espaço onde estas se encontravam
inseridas.
[…] não as encenava; descartando-se das características da fotografia de
género e do retrato pictorialista. Não recorria a técnicas de impressão pictorialistas,
com bromóleos61, nem ao uso de objetivas especiais. Poderemos referir alguma
preocupação com a escolha das poses, adotando a iluminação do momento, ou o
enquadramento mais adequado. (Borges, 2013, p. 77).
Nesta temática está também refletido o interesse do artista no património românico,
pois este atrai inevitavelmente a produção fotográfica de Marques Abreu para o meio rural,
onde se encontram edificados a grande maioria dos monumentos. Ainda, o facto de ter
nascido e vivido parte da sua vida numa localização de matriz campestre, vai ser um ponto
essencial na sua formação e no seu desenvolvimento como fotógrafo. O contacto com a
natureza é algo que se vai refletir nas suas obras. Deste modo, “[…] a vivência nestes
ambientes, aliada à consequente afinidade pelas origens do povo leva à integração destas
temáticas na sua obra”. (Santos M. M., 2011, p. 62).
61
“Alguns fotógrafos propunham a manipulação da cópia fotográfica por meio de inúmeros processos de
pigmentação, como é o caso do bromóleo. Este processo (…) “de efeitos altamente artísticos” teve grande
sucesso até à década de 1920 e foi bastante popular entre os fotógrafos amadores que através da fotografia
tentavam obter a condição de “artista” e ver as suas obras reconhecidas como arte. No processo de bromóleo,
a prova é branqueada numa solução de Bicromato de Potássio – K2Cr2O7 e posteriormente revestida com um
pigmento oleoso que conferia às cópias a aparência de uma autêntica pintura a óleo.” In http://cpf.pt/o-
processo-do-bromoleo/ [consultado em 17/08/19].
98
Um dos seus grandes trabalhos relativos ao registo fotográfico de Costumes e
Paisagens foi a obra “Vida Rústica” (editada em 1924), onde se pode encontrar uma série de
fotografias que representam no seu todo o estilo e a vida rural, nomeadamente, mulheres a
trabalhar nos campos ou regressar dos mesmos, rios e regatos, trilhos e caminhos de várias
aldeias, e casas inseridas nas paisagens naturais.
Neste caso, quando a intenção era dar destaque à figura humana, mais precisamente
à figura feminina, Marques Abreu recorre à profundidade. O primeiro plano da fotografia
acaba por se destacar dos outros, “ […] originando por vezes uma certa envolvência poética
e mítica. As suas paisagens apresentam uma grande nitidez em todos os seus planos com
uma forte intensidade pictórica.” (Silva, 2015, p. 72).
A Fotografia de Âmbito Familiar segue de certa forma a linha temática anterior sendo
que os clichés são maioritariamente retratos de elementos da sua família (pai, avô e até
mesmo auto-retratos) ou amigos num ambiente mais casual, normalmente com o cenário da
sua terra natal, Pereira (Tábua), atrás ou em viagens e passeios. Por vezes, as fotografias
eram captadas dentro de casa ou no jardim, numa tomada de vista que apresentava a sua casa
62
António Augusto Gonçalves (1848-1932) foi professor de desenho, pintor, escultor e arqueólogo.
99
de família, mostrando uma vertente mais pessoal e íntima da fotografia do artista. Contudo,
a maioria dos elementos presentes nos retratos não se encontravam identificados.
Para além das temáticas indicadas anteriormente, ao recensear o acervo foi possível
detetar outro tipo de temáticas o que nos leva a definir o campo “Diversos”. Aqui encontram-
se incluídas as espécies que representam reproduções de obras de arte de pintura e escultura.
A sua revista “Arte. Archivos de Obras de Arte” (1905-1912) focava-se essencialmente no
panorama artístico a nível nacional, expondo trabalhos de artistas de nacionalidade
portuguesa, nomeadamente os escultores Teixeira Lopes e Soares dos Reis.
Apesar de Marques Abreu ter iniciado a sua carreira nas artes gráficas na cidade do
Porto e o seu atelier se encontrar na mesma, através do estudo do seu percurso, da sua vida
e, principalmente, do seu acervo foi possível perceber que este não se limitou apenas a
exercer a sua arte na cidade nortenha. O fotógrafo levou o seu trabalho mais longe, e realizou
viagens e deslocações por todo o país para documentar e relatar vários aspetos da história
nacional, em grande maioria a nível arquitetónico, o que proporcionou a existência de um
novo panorama sobre a preservação e conservação patrimonial dos bens Portugueses.
Como se pode observar no “ Gráfico 7”, a maioria das espécies fotográficas foram
registadas em vários locais do país, fora da Cidade do Porto, demonstrando a preferência por
zonas mais rurais. Uma parte das espécies não continham qualquer tipo de identificação
sobre o local e os envelopes vazios não permitiram confirmar a localização.
100
Foi percetível que os seus trabalhos fotográficos, executados ao longo do território
nacional, foram elaborados com o objetivo de posteriormente incorporar as várias
publicações realizadas e editadas por Marques Abreu. Apesar de não ter sido o primeiro a
fazer este tipo de trabalho, pois Emílio Biel já havia fotografado para publicações como “A
Arte e a Natureza em Portugal” (1902-1908), Marques Abreu teve um papel marcante no
que toca a associar as fotografias aos textos escritos por especialistas da área da história e
história da arte.
O artista após fazer os seus registos de imagem voltava ao atelier do Porto, para se
dedicar às edições que se relacionavam de forma direta com a sua fotografia.
Entre 1898 e 1954 travou uma longa luta que se espelhou nos diferentes
projetos editoriais que construiu, desdobrados em revistas e monografias onde, à
qualidade dos textos e dos autores se associou a fotografia. A sua atividade de
fotogravador permitiu-lhe um controle absoluto das provas tipográficas e
fotográficas, maioritariamente suas, o que garantia uma qualidade inexcedível das
edições. (Borges, 2013, p. 7).
Segundo Dubois (1993), inicialmente no séc. XIX a fotografia era vista como uma
representação fiel da realidade devido à semelhança entre o real e o seu referente, ou seja, a
imagem real e a imagem registada na chapa. A fotografia era a representação daquilo que se
via, através da lente de uma máquina, tornando-a como a imitação mais perfeita do realismo.
Deste modo, cria-se um debate sobre a imagem como obra de arte ou não, pois parecia ser
uma imagem registada de forma automática e natural sem a intervenção de um artista na
captação da imagem. Contudo, posteriormente, refere-se que a fotografia é o olhar do
fotógrafo e que a máquina fotográfica é apenas uma ferramenta utilizada pelo mesmo, pois
quem escolhe o ângulo e o enquadramento é o artista. A máquina fotográfica não interpreta,
apenas regista, e é aqui que se se reconhece a importância do artista na fotografia.
101
annos! E deixam a ficar, a perder-se, o que há de mais interessante.”63, enquanto que as
fotografias de Marques Abreu procuravam representar os objetos através de várias
perspetivas e enquadramentos, salientando os pormenores mais importantes e chamativos
para cada estudo de caso e situação, valorizando e alertando para o cuidado e preservação
do património de que o nosso país é detentor.
Através das publicações da autoria dos Marques Abreu, foi possível identificar o
papel dos fotógrafos e editores relativamente à sua posição naquilo que pode ser a serventia
da Fotografia em Portugal enquanto documento histórico. Estes foram percursores de relatos
de elevada importância relativamente ao património nacional e à importância de conhecer
os monumentos, obras de arte e paisagens do nosso país, motivando uma maior preocupação
e dedicação à sua preservação, conservação e divulgação. As publicações dos Ateliers
Marques Abreu & Cª, que se viam enriquecidas, muitas vezes, pelas suas fotografias tão
típicas, tornaram-se uma forte fonte de informação e conhecimento que divulgou, naquela
época, o desconhecido.
63
In Cartas de Joaquim de Vasconcelos (para António Augusto Gonçalves), 1973, Porto: Edições Marques
Abreu.
102
ANÁLISE CRÍTICA E CONCLUSÃO
Como projeto final de mestrado pretendia-se realizar um trabalho vantajoso, quer para
a Estagiária, quer para a Instituição onde decorreram as 150h de estágio. Após ter surgido a
proposta de trabalhar o acervo Ateliers Marques Abreu & Cª, pertencente ao arquivo do
Centro Português de Fotografia, ficou definida a tarefa de Recenseamento de Dados das
espécies referentes ao mesmo.
103
Paralelamente a esta concretização foi efetuado o registo numa Folha de
Recenseamento de dados, elaborada e fornecida pelo CPF em formato Excel que apesar de
não ser um programa de gestão de base de dados, pode ser facilmente transferida a
informação para um, e permite ainda uma organização flexível dos dados recolhidos, que
por sua vez torna a pesquisa mais eficaz.
104
Ainda sobre este tema, ao analisar a FRD conclui-se que a maioria dos locais onde
foram registadas as fotografias não se encontram identificados. Contudo, devido às
publicações de Marques Abreu, sabe-se que a maioria foi captada no Norte do país.
A temática “Retratos”, que também constitui cerca de 2% das espécies, na sua forma
de disposição no acervo, vai revelar-se muito semelhante à temática anterior. Os vários
elementos fotográficos estavam armazenados em várias UI ao longo do acervo, não se
encontrando todas juntas numa só unidade de instalação. Na sua grande maioria havia a
indicação de que eram retratos, mas os retratados não estavam identificados, com a exceção
de casos como os dos retratos de Joaquim de Vasconcelos ou António Augusto Gonçalves.
Contudo, nem todos esses se encontravam na mesma UI. Tal como na “Fotografia de
Monumentos/Arquitetura”, também as UI relativas a esta temática de encontravam dispersas
nos registos da FRD.
Durante todo o processo a maior dificuldade sentida por parte da estagiária sucedeu-
se aquando do recenseamento dos 751 envelopes contidos nas Unidades de Instalação (235,
236 e 237). Por vezes, a identificação que constava nos envelopes não correspondia aos
índices de apoio. Deste modo, era necessário voltar a analisar as espécies contidas no
envelope para confirmar se correspondiam ao que estava indicado no envelope ou no índice.
105
Ainda, por vezes, a temática presente nas espécies não correspondia à temática do envelope.
Um grande número de envelopes apesar de identificado não continha espécies fotográficas,
o que impossibilitou a confirmação da informação contida no envelope e nos vários índices
utlizados no estudo. Estes envelopes eram classificados como “vazio”, não contando para a
distinção das várias temáticas.
É de salientar que após a análise dos dados registados na FRD se conclui que, apesar
da obra dos Marques Abreu servir várias vertentes, o seu tempo e trabalho foi
maioritariamente dedicado à Fotografia de Monumentos e Arquitetura por todo o país,
marcando a sua posição como percursor deste tipo de fotografia e defensor do Património
Nacional. Consciencializando as pessoas, através das suas obras, para a necessidade de
preservação e conservação do mesmo.
Foi com enorme gosto que este trabalho foi realizado, e sendo um acervo de especial
interesse cultural, seria adequada a preparação e realização de uma exposição dos trabalhos
fotográficos e editoriais dos Ateliers Marques Abreu & Cª, privilegiando o público
106
interessado e divulgando de uma forma mais abrangente o acervo. Dados os resultados da
análise da FRD, pode ainda sugerir-se que esta se encontre organizada por núcleos ou
temáticas iconográficas, conforme a caracterização do acervo elaborada neste relatório. Seria
ainda fundamental, incorporar uma secção dedicada ao processo que o acervo sofreu até ser
exposto. Esta componente da exposição revelar-se-ia muito importante, pois seria
transmitido aos espetadores uma noção do trabalho realizado pelos profissionais do CPF,
que vai para além do produto final exposto. Desta forma, o trabalho de equipa que provém
das várias áreas de atuação da instituição como o arquivo, a conservação e a digitalização,
seria valorizado e realçado, expondo a necessidade de um trabalho exploratório e analítico
do acervo e não apenas a sua exposição tal qual este chega ao CPF, permitindo este processo,
a recolha de informação relevante e o enriquecimento do valor cultural e histórico da
exposição.
107
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112
LISTA DE APÊNDICES
Apêndice A – Cronologia Marques Abreu
Apêndice C – Folha de Recenseamento de Dados do Acervo dos Ateliers Marques Abreu &
Cª
113
LISTA DE ANEXOS
Anexo 1 - Planta do Edifício do Centro Português de Fotografia
114
MESTRADO EM PATRIMÓNIO, ARTES E TURISMO
CULTURAL
setembro 20 19
APÊNDICES
3
1923 Vila do Conde e seu Alfoz (Origens e
Monumentos), obra da autoria de
Monsenhor José Augusto Ferreira,
com fotografias e edição de Marques
Abreu;
O Coro dos Coveiros, de Magalhães
Lima, editado e gravado por Marques
Abreu.
1924 Vida Rústica – Costumes e Paisagens,
texto de João Augusto Ribeiro e
fotografia e edição de Marques
Abreu;
Mobiliário Artístico Português
(elementos para a sua história),
composto por dois volumes, de
Albano Sardoeira e Alfredo
Magalhães, com fotografias dos
autores e primeiro volume editado
por Marques Abreu.
1925 Edita Os Túmulos do Mosteiro de
Santa clara de Vila do Conde: estudo
histórico, seguido de catálogo das
Abadessas do referido Mosteiro, no
qual estão representadas as
principais “Casas Nobres” do Entre
Douro e Minho, da autoria de Mons.
José Augusto Ferreira, com
fotografias de Marques Abreu.
1926 Igrejas e Capelas Românicas da
Ribeira Lima, novo projeto do Padre
Manuel de aguiar Barreiros, com
fotografias de Marques Abreu;
Lança a sua 3ª revista, Ilustração
Moderna, 2ª edição (1926 – 1932).
1927 A Arte em Portugal, contava com 15
títulos sob a direção direta de
Marques Abreu, tendo continuado
posteriormente pela mão do seu
filho José Marques Abreu Júnior, que
completaria 24 títulos (mais nove),
sendo que as fotografias eram
maioritariamente de Marques Abreu
mas também contavam com a
colaboração de Augusto Soucasaux e
do seu próprio filho;
Porto — Origens Históricas e seus
Principais Monumentos — Catedral,
Santa Clara, S. Francisco e Cedofeita.
N.º 1. Coleção: A Arte em Portugal.
Editaria Poda de Fruteiras, de
Joaquim Vieira Natividade;
4
A 12 de Janeiro, O Governo da
República Portuguesa concede a
Marques Abreu voto de louvor, em
homenagem à publicação da “série
de eruditas monografias sobre
arqueologia e história da Arte
Portuguesa a que tem prestado a sua
colaboração valiosíssima de artista
gravador, constituindo esse notável
esforço editorial um verdadeiro
inventário crítico e documentário do
património do Norte de Portugal […]”
— O Ministro da Instrução Pública,
José Alfredo Mendes de Magalhães
(Jornal o Gráfico, n.º 53, Maio de
1948, pag. 9).
1928 Inicia a colaboração com António
Garcia Ribeiro de Vasconcelos, com o
primeiro título: Inês de Castro. Estudo
para uma série de lições no curso da
história de Portugal, editada por
Marques Abreu;
A Presidência da República conferiu o
grau de oficial da ordem Militar de
Santiago da Espada a José Antunes
Marques Abreu;
Braga — Braga Monumental — A
Catedral, A Capela dos Coimbras e a
Capela de S. Frutuoso. N.º 2. Coleção:
A Arte em Portugal;
Villa do Conde — Matriz e Igrejas do
Mosteiro de Santa Clara de Azurara e
de Rio Mau. N.º 3. Coleção: A Arte em
Portugal.
1929 Colaboração com António Garcia
Ribeiro de Vasconcelos, segundo
título: A Rainha Santa Isabel: álbum
recordatório, com fotografias de
Marques Abreu;
Alcobaça — A Igreja, Os Túmulos, O
Mosteiro. N.º 4 — Coleção: A Arte em
Portugal;
Coimbra — Universidade, Biblioteca
— Santa Cruz, Púlpito, Túmulos,
Sacristia — Santa Clara — Claustro
da Misericórdia, Claustros de Celas,
— Igreja de S. Salvador, — Museu
Machado de Castro, Sala Romana,
Medieval, e Renascença, Escultura
em Pedra e Madeira, Pintura,
Mobiliário — Museu de Ourivesaria e
Tecidos, — Sé Velha, Retábulo,
5
Claustro — Arco d’ Almeida. N.º 5.
Coleção: A Arte em Portugal;
Tomar — Castelo dos Templários e
Convento de Cristo. — Igreja de Santa
Maria do Olival. — Antiga Sinagoga.
— Igreja de S. João Baptista. — Igreja
de Santa Iria — Ermida de Nª Senhora
da Conceição. N.º 6. Coleção: A Arte
em Portugal;
Viana e Caminha. N.º 7. Coleção: A
Arte em Portugal.
1930 Colaboração com António Garcia
Ribeiro de Vasconcelos, terceiro
título: Isabel de Aragão – Rainha de
Portugal, com fotografias de
Marques Abreu dos locais onde a
Rainha Santa esteve presente;
Évora: Na história e na arte — O
templo romano, a Catedral e a Igreja
de S. Francisco. N.º 8 — Coleção: A
Arte em Portugal;
Monumento de Mafra. N.º 9.
Coleção: A Arte em Portugal;
Mosteiro de Belém (Jerónimos). N.º
10. Coleção: A Arte em Portugal;
Guimarães (Guimarães
Monumental). N.º 11. Coleção: A Arte
em Portugal;
Mosteiro da Batalha. N.º 12. Coleção:
A Arte em Portugal.
1931 Sé de Lisboa. N.º 13. Coleção: A Arte
em Portugal;
Santarém — S. João de Alporão —
Igreja da Graça — Convento de S.
Francisco — Igreja de Santa Clara —
Capela da Senhora do Monte —
Igreja da Misericórdia — Igreja do
Seminário — Igreja de Santa Maria
de Alcaçova — Igreja do Milagre —
Ermida do Milagre — Igreja de
Marvila — Fonte das Figueiras. N.º
14. Coleção: A Arte em Portugal.
1932 A 1 de Novembro, Marques Abreu é
nomeado Mestre-provisório da
Oficina de Gravura Química da Escola
Industrial Infante D. Henrique do
Porto;
Sintra. N.º 15. Coleção: A Arte em
Portugal.
1933 A partir de 1933 até 1935, Marques
Abreu prepararia e entregaria à
academia Nacional de Belas Artes, a
6
pedido de Garcez Teixeira, um
conjunto de oito carteiras de
fotografias, coladas sobre cartão, à
semelhança da publicação Arte
Românica, intitulado de
Monumentos Nacionais;
A 25 de maio, Marques Abreu
inaugura, no Salão Silva Porto, uma
exposição de trabalhos fotográficos
com a presença do Diretor Geral dos
Edifícios e Monumentos Nacionais;
No mês de novembro, participa na
Exposição dos Amigos do Mosteiro
da Serra do Pilar - Exposição de
Fotografia Artística de Monumentos
do Norte de Portugal no Mosteiro da
Serra do Pilar, com 10 fotografias,
fazendo-se acompanhar so seu filho.
Arquiteto Marques Abreu Jr.
1934 A 11 de abril Marques Abreu é
nomeado Mestre-provisório da
Oficina de Gravura Química da Escola
Industrial Infante D. Henrique do
Porto;
A 30 de julho Marques Abreu é
contratado para mestre da Oficina de
Gravura Química da Escola Industrial
Infante D. Henrique do Porto;
É lançada a monografia A Igreja de S.
Pedro de Lourosa, com texto de
Aguiar Barreiros, desenhos e plantas
de José Vilaça e fotografias de
Marques Abreu, que se tornaria na
matriz dos Boletins da DGEMN.
1935 É lançado O Ensino das Artes
Gráficas, obra da sua autoria;
Marques Abreu é convidado, por
Gomas da Silva, para colaborar no
futuro Boletim da DGEMN, sobre
modelo da monografia de Lourosa.
1937 Soares dos Reis – Recordações,
edição de um pequeno volume de
homenagem a Soares dos Reis, de
Diogo José de Macedo Jr.
1940 A 23 de Maio foi aprovado o contrato
com Marques Abreu para exercer as
funções de professor da disciplina de
Tecnologia do curso de Gravador
Químico da Escola Industrial do
Infante D. Henrique do Porto;
7
Colaborou como gravador e
fotógrafo, em Guimarães - Guia de
Turismo, de Alfredo Guimarães.
1941 Subsídios para a organização dos
trabalhos de Fotogravura, da sua
autoria.
1942 A 16 de Maio, Marques Abreu realiza,
na Secção do Porto do Grémio
Nacional dos Industriais de Tipografia
e Fotogravura, uma conferência — O
Ensino das Artes do Livro. E no dia 21
desse mês realizou igual conferência
no Grémio de Lisboa;
Santa Isabel na Doença e na Morte,
publicação de Dr. José Crespo com
fotografias e gravuras de Marques
Abreu.
1943 Igreja de Lourosa: subsídios para a
sua restauração/Projeto de José Luís
da Cruz Vilaça, homenagem de
Marques Abreu ao seu colaborador
dos diversos projetos de restauro.
1948 Prof. Dr. António de Vasconcelos -
para duradoura lembrança, obra com
gravuras e fotografias de Marques
Abreu, em homenagem ao grande
amigo e colaborador.
1950 A última obra da parceria Marques
Abreu/Cónego Manuel de Aguiar
Barreiros seria S. Pedro de Varais.
Uma capela românica do concelho de
Caminha.
1951 Colaborou como mestre gravador, no
Património Artístico da Ilha da
Madeira. Catálogo Ilustrado da
Exposição de Ourivesaria Sacra, de
Luiz Peter Clode e Padre Manuel J. P.
Ferreira.
1952 Aveiro. N.º 16 — Coleção: A Arte em
Portugal, publicação já com a
parceria do seu filho José Marques
Abreu Jr.
1954 As duas últimas obras que tiveram
como origem os seus ateliers, e que
contariam com a sua mão e
experiência foram o Catálogo e guia
do Tesoiro da Sé Primaz de Braga, do
Cónego Manuel de Aguiar Barreiros e
Igrejas Medievas do Porto: obra
póstuma, de Manuel Monteiro, e
fotografias de Marques Abreu.
8
1955 A 13 de junho é inaugurada a
Exposição de homenagem Marques
de Abreu e a sua obra, no Pavilhão
das Exposições da Escola Superior de
Belas Artes do Porto;
Uma segunda homenagem teve lugar
a 27 de agosto, por ocasião do 19º
Aniversário do Sindicato Nacional
dos Tipógrafos e Litógrafos do
Distrito do Porto.
1958 Museu Nacional de Arte Antiga de
Lisboa. Publicação: João Couto
(Director do Museu Nacional de Arte
Antiga). N.º 18. Coleção: A Arte em
Portugal;
José Antunes Marques Abreu falece
a 2 de Agosto, com 79 anos, no
Porto.
1959 Viseu. N.º 19. Coleção: A Arte em
Portugal, continuação por José
Marques Abreu Jr (clichés pai e filho).
1960 Mosteiro de Arouca. N.º 20. Coleção:
A Arte em Portugal, continuação por
José Marques Abreu Jr (clichés pai e
filho).
1961 Vila Viçosa. N.º 17. Coleção: A Arte
em Portugal, continuação por José
Marques Abreu Jr (clichés pai e filho).
1962 Monsaraz. N.º 21. Coleção: A Arte em
Portugal, continuação por José
Marques Abreu Jr (clichés pai e filho).
1964 A 30 de novembro — Exposição do
50.º aniversário — Arte Românica em
Portugal. Homenagem a José
Antunes Marques Abreu e a José
Marques Abreu Júnior;
Os Cinco Castelos da Fundação da
Casa de Bragança. N.º 22. Coleção: A
Arte em Portugal, continuação por
José Marques Abreu Jr. (clichés pai e
filho);
O Museu Nacional de Soares dos Reis.
N.º 23. Coleção: A Arte em Portugal,
continuação por José Marques Abreu
Jr. (clichés pai e filho).
1967 Museu Municipal de Viana do
Castelo. N.º 24 — Coleção: A Arte em
Portugal, continuação por José
Marques Abreu Jr (clichés pai e filho).
1973 Cartas de Joaquim de Vasconcelos,
publicação de Joaquim António da
9
Fonseca Vasconcelos e edição
Ateliers Marques Abreu.
10
preenchimento da FRD – da UI 83 à 86. Aprender
o processo de selagem de negativos
estalados/partidos como medida de prevenção,
estabilização e conservação das espécies.
25.10.18 CPF 9h – 13h Organização do posto de trabalho. Continuação
do processo de Recenseamento e
preenchimento da FRD – da UI 87 à 89.
29.10.18 CPF 9h – 14h Organização do posto de trabalho. Continuação
do processo de Recenseamento e
preenchimento da FRD – da UI 90 à 100.
30.10.18 CPF 9h – 14h Organização do posto de trabalho. Continuação
do processo de Recenseamento e
preenchimento da FRD – da UI 101 à 122.
31.10.18 CPF 9h – 14h Organização do posto de trabalho. Continuação
do processo de Recenseamento e
preenchimento da FRD – da UI 123 à 134.
Selagem de espécies partidas.
02.11.18 CPF 9h – 14h Organização do posto de trabalho. Continuação
do processo de Recenseamento e
preenchimento da FRD – da UI 135 à 145.
05.11.18 CPF 9h – 13h Organização do posto de trabalho. Continuação
do processo de Recenseamento e
preenchimento da FRD – da UI 145 à 160.
06.11.18 CPF 9h – 13h Organização do posto de trabalho. Continuação
do processo de Recenseamento e
preenchimento da FRD – da UI 161 à 173.
07.11.18 CPF 9h – 13h Organização do posto de trabalho. Continuação
do processo de Recenseamento e
preenchimento da FRD – da UI 174 à 199.
08.11.18 CPF 9h – 13h Organização do posto de trabalho. Continuação
do processo de Recenseamento e
preenchimento da FRD – da UI 200 à 216.
09.11.18 CPF 9h – 13h Organização do posto de trabalho. Continuação
do processo de Recenseamento e
preenchimento da FRD – da UI 217 à 222.
12.11.18 CPF 9h – 13h Organização do posto de trabalho. Continuação
do processo de Recenseamento e
preenchimento da FRD – da UI 223 à 234.
13.11.18 CPF 9h – 13h Organização do posto de trabalho. Organização
235, 236 e 237 (ordenação dos envelopes
contidos nas UI).
14.11.18 CPF 9h – 13h Organização do posto de trabalho. Continuação
do processo de Recenseamento e
preenchimento da FRD – UI 235 (envelope 1 ao
50).
15.11.18 CPF 9h – 13h Organização do posto de trabalho. Continuação
do processo de Recenseamento e
preenchimento da FRD – UI 235 (envelope 51 ao
115).
16.11.18 CPF 9h – 13h Organização do posto de trabalho. Continuação
do processo de Recenseamento e
11
preenchimento da FRD – UI 235 (envelope 116
ao 157).
19.11.18 CPF 9h – 13h Organização do posto de trabalho. Continuação
do processo de Recenseamento e
preenchimento da FRD – UI 235 (envelope 158
ao 191) e 236 (envelope 192 ao 212).
20.11.18 CPF 9h – 13h Organização do posto de trabalho. Continuação
do processo de Recenseamento e
preenchimento da FRD – UI 236 (envelope 213
ao 280).
21.11.18 CPF 9h – 13h Organização do posto de trabalho. Continuação
do processo de Recenseamento e
preenchimento da FRD – UI 236 (envelope 281
ao 299) e 237 (envelope 300 ao 335).
23.11.18 CPF 9h – 13h Organização do posto de trabalho. Continuação
do processo de Recenseamento e
preenchimento da FRD – UI 237 (envelope 336
ao 399).
26.11.18 CPF 9h – 13h Organização do posto de trabalho. Continuação
do processo de Recenseamento e
preenchimento da FRD – UI 237 (envelope 400
ao 435).
27.11.18 CPF 9h – 13h Organização do posto de trabalho. Continuação
do processo de Recenseamento e
preenchimento da FRD – UI 237 (envelope 436
ao 512).
28.11.18 CPF 9h – 13h Organização do posto de trabalho. Continuação
do processo de Recenseamento e
preenchimento da FRD – UI 237 (envelope 513
ao 625).
29.11.18 CPF 9h – 13h Organização do posto de trabalho. Continuação
do processo de Recenseamento e
preenchimento da FRD – UI 237 (envelope 626
ao 720).
30.11.18 CPF 9h – 13h Organização do posto de trabalho. Continuação
do processo de Recenseamento e
preenchimento da FRD – UI 237 (envelope 721
ao 747). Vista ao Núcleo Museológico do CPF
(visita guiada feita pela Dra. Ângela Carvalho).
03.12.18 CPF 9h – 13h Organização do posto de trabalho. Continuação
do processo de Recenseamento e
preenchimento da FRD – UI 238 à 249.
04.12.18 CPF 9h – 13h Organização do posto de trabalho. Continuação
do processo de Recenseamento e
preenchimento da FRD – UI 250 à 262.
05.12.18 CPF 9h – 13h Preparação da apresentação pública do projeto
de Mestrado de Património, Artes e Turismo
Cultural.
06.12.18 CPF 9h – 13h Organização do posto de trabalho. Continuação
do processo de Recenseamento e
preenchimento da FRD – UI 263 à 298.
12
07.12.18 CPF 9h – 13h Organização do posto de trabalho. Finalização do
processo de Recenseamento e preenchimento
da FRD – UI 299 à 316. Verificação das espécies
soltas ou mal identificadas através da FRD.
13
Apêndice D – Guião da Entrevista a Conceição Abreu
4 – Recorda-se de observar o seu avô e o seu pai a trabalhar em algum dos elementos
que compõem o acervo?
10 – Alguma vez pensou em dar continuidade ao trabalho do seu avô e do seu pai?
48
ANEXOS
48